hoje macau 17 abr 2015 #3312

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LIVRARIAS DE MACAU A IDADE DA PRATELEIRA AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 17 DE ABRIL DE 2015 ANO XIV Nº 3312 hojemacau A grande aposta RAIMUNDO DO ROSÁRIO SUBLINHA IMPORTÂNCIA DE UM PLANO DIRECTOR O novo Secretário para as Obras Públicas e Transportes quer um plano director para a cidade. Mas são tantas as portas a que vai ter de bater que parece uma aposta difícil de ganhar. Quanto ao metro ligeiro, Raimundo do Rosário pediu desculpas por não poder “justificar o injustificável”. E prometeu cuidar da habitação, transportes e ambiente. O Orpheu dá cá o meu! PÁGINAS 4-6 PÁGS 16-17 EVENTOS CENTRAIS BRUNO BRITO Na pele do leão PÁGINAS 2-3 EPM ´ GONÇALO LOBO PINHEIRO

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Hoje Macau N.º3312 de 17 de Abril de 2015

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Page 1: Hoje Macau 17 ABR 2015 #3312

livrarias de macau

a idade daprateleira

AgênciA comerciAl Pico • 28721006

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Director carlos morais josé www.hojemacau.com.mo Mop$10 s e x ta - f e i r a 1 7 D e a b r i l D e 2 0 1 5 • a N o x i v • N º 3 3 1 2

hojemacau

a grande aposta

raimundo do rosário sublinha importância de um plano director

O novo Secretário para as Obras Públicase Transportes quer um plano director para a cidade.Mas são tantas as portas a que vai ter de bater que

parece uma aposta difícil de ganhar. Quanto ao metro ligeiro, Raimundo do Rosário pediu desculpas por não poder “justificar o injustificável”. E prometeu cuidar

da habitação, transportes e ambiente.

O Orpheudá cáo meu!

páginas 4-6

Págs 16-17

eventos ceNtrais

bruno britona pele do leão

PágiNas 2-3

EPM´

gonçAlo lobo Pinheiro

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hoje

mac

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2 hoje macau sexta-feira 17.4.2015reportagem

Flora [email protected]

e xistem em macau cerca de vinte livrarias. este não é, indubitavelmente, um negócio lucrativo, pelo

menos pelas declarações dos livrei-ros contactados pelo Hm. O ramo está a ser fortemente afectado pelo aparecimento relativamente recente dos downloads gratuitos online e dos e-books – livros em formato digital, pelo custo de vida elevado da cidade e pelo fraco interesse da população local pela leitura. Contudo, é inegável o facto de elas existirem e sobreviverem a todos estes obstáculos. mas como? O Hm andou pela cidade e foi saber, junto de alguns proprietários, qual é a experiência de deter um espaço destes, hoje em dia inserido na área das indústrias culturais e criativas.

Difícil, mas viávelNa comunidade portuguesa e macaense, a Livraria Portuguesa é, muito provavelmente, a livraria mais procurada de macau. são vendidas novelas de autores dos países de língua portuguesa, livros que versam sobre a História do território, literatura de viagem e até mesmo sobre Direito e Admi-nistração Pública, histórias infantis e materiais para aprender línguas estrangeiros, economia ou História da China. Ricardo Pinto, conces-sionário da livraria, afirmou que existem dificuldades no ambiente negocial das livrarias locais, mas que tal acontece por esse mundo fora e começou com a proliferação e democratização dos livros electró-nicos. Outro factor está relacionado com a existência, cada vez maior, de várias publicações gratuitas. “De facto, hoje em dia o negócio é cada vez mais complicado. No caso da Livraria Portuguesa, poderá ser ainda mais grave. Como a maioria dos livros vendidos na nossa livraria é importada de Portugal e estes já são caros, mas nós ainda temos de pagar transporte e taxas”, lamentou o concessionário. Além disso, como não pode trabalhar à consignação – em modelo de freelancer – a livraria tem de comprar os livros e tudo aquilo que não é vendido é dado como prejuízo. “tudo isso torna o negócio da Livraria Portuguesa em macau particularmente difícil”, completou Ricardo Pinto. mas to-dos os negócios têm os seus pontos

Livrarias E-books E falta dE intErEssE pEla lEitura afEctam o comércio

ser ou não ser livreiro, eis a questãoOs livreiros locais lucram pouco com as livrarias e não recebem apoios do Governo, mas sobrevivem. No entanto, este ramo de negócio enfrenta vários desafios por causa dos e-books, do aumento do custo de vida e do pouco interesse da população pela leitura

negativos e positivos e o mundo das letras e da escrita não é excepção e o empresário luso descarta a hipótese da venda dos livros ser uma tarefa impraticável. “se não fosse viável não estaríamos a explorar esta actividade. só não se vivem é dias muito fáceis nisto”, acrescentou.

será, no entanto, que o Governo apoia estas estruturas no caso de pas-sarem por dificuldades financeiras? No caso da Livraria Portuguesa, Ri-cardo Pinto não hesita: não recebem subsídios de qualquer espécie, mas há a vantagem de não pagarem renda pelo espaço que ocupam, mesmo no nervo central da cidade, junto ao Leal senado e a caminho das maria-zinhas. “todo o tipo de actividades culturais que promovemos, como o lançamento de livros ou organização de exposições e outros encontros na galeria, têm que ser financiados pela nossa empresa”, explicou o respon-sável ao Hm.

O português radicado em ma-cau deixou ainda a sugestão de ser necessário que haja mais apoios à edição e publicação de obras no território, bem como políticas de promoção mais fortes e que che-gassem melhor ao público. “isto [políticas de promoção] poderia acontece nas escolas de uma for-ma sistemática, nomeadamente no caso da divulgação do livro e da literatura. estes são passos que podem ser dados no futuro e é um objectivo que une muita gente em macau”, colmatou Ricardo Pinto.

O gOstO traDiciOnalÀ porta da Livraria Portuguesa estava Yao Jingming, poeta e professor da língua portuguesa na Universidade de macau (Um). Questionado pelo Hm, Yao disse concordar com o facto do ambiente de negócio da venda de livros não ir propriamente de vento em popa. em parte, acredita que tal se deve ao facto das livrarias online mudarem o modelo de aquisição dos livros e pela influência do desenvolvimento rápido do formato e-book. “existem demasiadas coisas que nos atraem hoje em dia, sobretudo nas redes sociais e muitos jovens lêem to-dos os dias, mas apenas nos seus telemóveis”, lamentou o escritor.

Apesar disso, Yao acredita que existe muitos leitores que ainda op-tam pelo modelo original por preferir o tradicional. “inspirar o cheiro da tinta impressa nas folhas de papel”, lembra o também professor.

O Festival da Cultura de Livros 2015, que teve lugar no Pavilhão Po-lidesportivo do tap seac no início deste mês contou com a participação de Yao Jingming. No entanto, em-bora apoie a organização deste tipo de iniciativas, o escritor lamentou o facto de haver pouca variedade disponível. “Foi difícil encontrar livros que eu queira ler, até porque o mercado de macau é demasiado pequeno e os comerciantes não podem importar todos os tipos de livros para satisfazer o interesse dos diferentes leitores”, disse. A maioria das obras à vista, afirmou, são ma-nuais escolares e de apoio educativo destinados a jovens. A feira permitiu ainda que Yao se apercebesse que a dificuldade na venda de livros em macau também está dependente do facto destes serem bastante mais

baratos no interior da China, onde há também mais variedade.

leitura De pOucO lucrOChan U ion é o director geral da livraria Plaza Cultural de macau, uma das maiores livrarias da comunidade chinesa local. Para o responsável, há que culpar o

aumento do custo dos livros – por vezes até duas vezes o preço original da obra –, a renda e o transporte pelo agravamento das dificuldades sentidas no sector. No entanto e mesmo reconhecendo que esta arte está cada vez mais difícil de manter, Chan admite que “todas as cidades mais desenvolvidas sabem que é

“Hoje em dia o negócio é cada vez mais complicado. No caso da Livraria Portuguesa, poderá ser ainda mais grave. Como a maioria dos livros vendidos na nossa livraria é importada de Portugal e estes já são caros, mas nós ainda temos de pagar transporte e taxas”ricardo Pinto concessionário da Livraria Portuguesa

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3 reportagemhoje macau sexta-feira 17.4.2015

Livrarias E-books E falta dE intErEssE pEla lEitura afEctam o comércio

ser ou não ser livreiro, eis a questão

preciso manter as livrarias físicas”, mesmo que a par com as digitais. “A tendência de leitura é afectada pelas redes sociais, obviamente. Existem escritores online que não eram conhecidos mas venderam bem os livros publicados primeiro online e depois em formato impresso”, começa o director geral por explicar. “Por outro lado, muitos escritores tradicionais tiveram dificuldade em publicar as suas obras e venderam apenas uns 50 livros. Na minha opinião, o acesso à internet é de facto apenas uma parte da leitura, até porque os livros impressos com-põem uma grande parte da absorção de conhecimentos”, disse. A sede da Plaza Cultural situa-se Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida, onde a loja pertence ao proprietário, que por sua vez precisa de pagar

rendas pelas sucursais que detém na Universidade de Macau e no centro comercial New Yaohan. Chan U Ion confessou ao HM que no ambiente actual de “chuva e ondas” pelo qual as livrarias passam, a titularidade do imóvel ajuda muito à sobrevivência. “O caso da livraria Easy Study, por exemplo. O espaço fechou em Outubro do ano passado e operava há mais de dez anos com contribui-ções, até que as vendas deixaram de fazer face ao desenvolvimento económico e a renda era demasiado alta, o que é triste”, lamentou o responsável. Na altura do fecho, muitos compradores mostraram-se desagradados e surgiram uma série de comentários e elogios à livraria nas redes sociais, porque perderam um espaço bom. Chan acrescenta, no entanto, que nos últimos tempos, as livrarias online já não afectam tanto os seus três negócios. “As encomendas de livrarias online são normalmente de um ou dois livros por cliente, mas surgiu uma grande situação de carência de re-cursos humanos para tratar destes assuntos, pelo que não existe uma grande margem de lucro de vendas e a chegada dos produtos às vezes atrasa-se”, começa o proprietário por explicar. Neste contexto, diz, as livrarias físicas ganham algum terreno. Quando se fala em apoios do Governo, o director disse que no continente existe uma percen-tagem bastante mais elevada de financiamento do que em Macau. “Em Xangai, Hangzhou e Cantão, os Governos dão apoios financei-ros que podem ir de dois a cinco milhões de renmibis e a verdade é que isso não acontece aqui”, lamen-tou. Para se manter na indústria, a Plaza Cultural vende muitos livros de ensino, mas o lucro total anda apenas entre os 3% e os 5%. “Não somos vendedores de legumes ou de carnes, que são áreas onde se pode duplicar ou até triplicar os lucros. O pior acontece no caso de livros publicados em Hong Kong, onde só é mesmo possível lucrar 2%”, esclareceu o responsável. No entanto, a venda de livros de ensino traz, para Chan, uma vantagem, ainda que indirectamente falando: um maior fluxo e movimento de clientes que passeiam para escolher mais livros e que ajuda a manter o negócio.

Cupões, sei para que vos queroO membro da Associação de Nova Juventude Chinesa, Chan Chi Weng, sugeriu ao Governo que possibilite às livrarias uma descida de imposto e um subsídio para que estas promovam a leitura através de seminários, teatros, filmes e outras

formas, fazendo com que a situação “mortas-vivas” das livrarias dê uma reviravolta.

Contudo, para o director ge-ral da Plaza Cultural, a ideia de diminuição de imposto já não faz sentido porque o lucro não é alto e, a ser implementada, esta medida não diminuiria as taxas ao nível que seria necessário. Chan apoia, sim, um formato mais tradicional de ajuda: cupões de livros. “A oferta de mais cupões em forma de pre-sentes, poderia ser implementada para impulsionar os residentes a passear nas livrarias. Caso este hábito se crie, acabaria também por se tornar uma maneira de formar

talentos”, lembra o responsável. Outra das medidas proposta passa pela atribuição anual de subsídios de leitura aos alunos de escolas para que estes pudessem ir às livrarias escolher livros com apenas 30 ou 50 patacas. Como o movimento está cada vez menor, a livraria continua cooperar com outros espaços do género na organização de exposições e feiras literárias em escolas, onde os pais vão com frequências com os filhos.

a feliCidade faz-sede pequenas CoisasPara chegar à livraria Pin-to Livros, é preciso dar de caras com uma das zonas mais movimentadas de Macau: o Largo do Senado. O espaço, que fica num edifício antigo daquela zona, é pequeno mas o silêncio que lá se sente

diverge totalmente do barulho que se faz ouvir nas sapatarias e restantes lojas ali de perto. Entre cadeiras e livros, ouvia-se música independente, que a funcionária mais tarde explicou ser originária do andar de cima, que vende discos de músicas estrangeiros. A livraria abriu há 11 anos e Wendy, uma das funcionárias explicou ao HM que a sua criação tem principalmente que ver com a necessidade sentida em trazer para Macau obras raras e que dificilmente se encontram por estas paragens, sobretudo livros de Hong Kong e Taiwan. Em cantonês, “Pin--to” significa “onde”, o que traduz o nome daquele local como “onde se

podem comprar livros”. Dois dos cantos do espaço estão dotados de publicações independentes locais, principalmente relacionados com arte e cultura, literatura e obras teóricas. Há ainda oportunidade de levar para casa revistas sobre moda, fotografia e gastronomia. A variedade oferecida faz com que a grande maioria da clientela seja de artistas locais, explicou Wendy. A funcionária conhece a livraria como a palma das suas mãos e, na sua opinião, os e-books não conseguem transmitir a felicidade que se sente num espaço daquele género. “A compra de livros nas redes sociais obrigam normal-mente ao envio ao domicílio, o que por vezes faz com que se perca a felicidade real de passear nas livrarias”, confessa a jovem. Wendy acrescenta que esta é uma

“Não somos vendedores de legumes ou de carnes, que são áreas onde se pode duplicar ou até triplicar os lucros”Chan U ion Director geral da livraria Plaza Cultural

actividade destinada a pais e filhos e que aproxima pessoas. No caso dos jovens, diz, estas experiências produzem o mesmo efeito e ajudam à criação de relações.

pressão das rendasRoger Kwan é dono da livraria Cultura Energética, localizada na Rua de Coelho do Amaral. Aqui vendem-se essencialmente livros pré-escolares e infantis, pelo que a esmagadora maioria da clientela se resume a progenitores do terri-tório. “A proliferação dos livros electrónicos não é grave para nós” disse o dono, que justificou a afir-mação com o facto das mães não permitirem que os seus rebentos utilizem artigos electrónicos. A loja mantém-se há nove anos e funciona num espaço arrendado. Kwan admite que sente pressão relativamente ao preço a pagar pelo local. “Enfrentando a economia desenvolvida de Macau, o nosso sector pouco lucrativo consegue sobreviver, mas apenas se a renda não for demasiada elevada e feliz-mente, a renda da loja não chega às 80 mil patacas, caso contrário já teríamos fechado portas”, diz.

Tal como a Livraria Portugue-sa, também Kwan refere que não recebe qualquer subsídio do Go-verno, sem contar com a atribuição de vagas para a participação em exposições e feiras literárias. No entanto, o proprietário deixou de entrar nestas iniciativas devido ao elevado preço a pagar pelo tempo de duração do evento. “As livrarias não podem ser como outras indús-trias culturais e criativas e pedir subsídios ao Governo, porque se acha sempre que nós ganhamos dinheiro”, refere Kwan.

O lucro do negócio não aumen-tou muito, ao contrário dos custos de suporte a que este negócio obriga. “Comparando com antiga-mente, estamos a passar por uma situação mais complicada e não podemos usufruir dos resultado do desenvolvimento económico da cidade”, lamentou. Questionado sobre como é que o Governo pode ajudar, Roger Kwan respondeu que a solução passaria pela atribuição de espaços gratuitos para a ex-posição de livros. O proprietário concorda com Chan relativamente à atribuição de cupões de oferta. “Será possível que sejam criados vales para as livrarias como são os vales de saúde? Não apenas em determinadas livrarias, mas um mecanismo que abranja todas as livrarias de pequena e média di-mensão?”, sugeriu o responsável.

No fundo, os livreiros do terri-tório parecem conseguir manter os seus negócios de pé, sendo o amor à leitura, a aprendizagem e o valor das páginas e da escrita que ainda mantêm estas pessoas pelas ruas e ruelas da cidade, fazendo os pos-síveis para manter viva a tradição da tinta e do papel, da língua e das histórias.

“A compra de livros nas redes sociais obrigam normalmente ao envio ao domicílio, o que por vezes faz com que se perca a felicidade realde passear nas livrarias”WenDy Funcionária da livraria Pin-to Livros

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gcs

4 hoje macau sexta-feira 17.4.2015lag 2015

Captação de recursos humanos é dificuldade

Fil ipa araújo [email protected]

“a definição de um Plano Director é a nossa pri-meira grande meta”, avançou ontem Rai-

mundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, relembrando que este plano tem como vista a melhor organização do espaço urbano. Contudo, o plano director só será feito após a definição de outras estratégias. “As normas regulamentares des-se Plano Director resultarão da prévia definição de uma estratégia do desenvolvimento urbano com base em três grandes princípios orientadores”, frisou.

Estes são a “adequada diversi-ficação” da economia de Macau, o segundo a insistência em tor-nar Macau um Centro Mundial de Turismo e Lazer e o terceiro fomentar o território como uma “plataforma de serviços de coo-peração económica entre a China

Raimundo do Rosário mostrou que a sua equipa, ainda incompleta, tem como prioridade a definição do plano director para Macau, mas antes deste ser feito terão de ser pensadas outras estratégias. Transportes e ambiente foram as linhas mestras do primeiro dia de apresentação das LAG para as Obras Públicas e Transportes, onde se ficou a saber que o Governo vai mesmo avançar com um estudo sobre novos tipos de habitaçãopara jovense recém-casados

Raimundo do RosáRio tRaça objectivos paRa as obRas públicas

“Plano director é PrinciPal meta”e os países de língua portuguesa”. Só depois disto, diz, haverá “con-dições de iniciar os trabalhos para a elaboração do Plano Director, procedendo com rigor a uma análise científica e à recolha das opiniões da sociedade.

O plano seguirá as orientações do Chefe do Executivo, Chui Sai On, e só depois da definição desta estratégia é que, esclarece o Secre-tário, a equipa conseguirá iniciar os trabalhos para a elaboração do plano.

“Tendo em vista a melhor organização do espaço urbano, pretende-se dotar a RAEM de um instrumento de impacto a longo prazo que defina, de forma clara e objectiva, os princípios programá-ticos que presidem ao ordenamento do território”, aponta Raimundo do Rosário.

Mas, a apresentação das tão esperadas LAG para a pasta dos Transportes e Obras Públicas, que começou no dia de ontem, trouxe para cima da mesa a discussão de

outros temas mais importantes para Macau: habitação, transportes e ambiente.

O Secretário Raimundo do Rosário fez as honras com um discurso em português e sinte-tizado.

“Definimos três objectivos primordiais para a áreas de Trans-portes e Obras Públicas”, começou por afirmar. Além da criação de um Plano Director, implementar solu-ções na área dos transportes e obras públicas e por fim, o lançamento

de dois grandes empreendimentos, sendo esta relativa aos tribunais, são as metas.

“Aqui [na Zona B dos novos aterros] será criada uma Zona Administrativa e Judiciária, que albergará as novas instalações dos Tribunais da Última Instân-cia, Segunda Instância, Judicial de Base do Ministério Público, do Comissariado da Auditoria e dos Serviços de Polícia Unitários que se encontram actualmente dispersos pela cidade, permitindo, assim, a sua concentração numa só área”, referiu.

Um planeamento das infra--estruturas é também um ponto avançado pelo Secretário. “Iremos proceder, de forma pro-activa, a um planeamento que venha dar respostas às necessidades futuras”, avançou o Secretário, dando como exemplo a “Central de Incineração de Resíduos Sólidos, as Estações de Tratamento de Águas Residuais” e outras instalações de protecção ambiental, que, segundo Raimundo do Rosário, “já não acompanham o rápido desenvolvimento da cidade”.

Jovens e casados com casa novaRaimundo do Rosário explicou que os trabalhos da sua equipa

RAIMUnDO do Rosário disse ontem que ainda não

teve tempo, desde a sua tomada de posse, para “estabilizar” a equipa de trabalho das Obras Públicas e Transportes. Algo que tem sido demasiado difícil, admitiu o Secretário da tutela, no primeiro dia de apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG).

O responsável explicou, durante o momento de esclare-cimento aos deputados, que já fez vários convites “a algumas pessoas” para ocuparem os car-

gos que ainda faltam ocupar nas diversas direcções, mas que “elas não aceitaram”, já que encontrar quem queira assumir os cargos dos serviços que esta pasta englo-ba tem sido “muito difícil”. Com 15 serviços, 3200 funcionários e sem autorização para aumentar o número de trabalhadores, Rai-mundo do Rosário vê-se agora com um problema.

“não tenho uma equipa es-tável e nos próximos meses se calhar não vou ter. Há problemas que não conseguimos resolver, temos muito trabalho e poucas

pessoas. As pessoas não querem trabalhar para esta área”, fri-sou, acrescentando que mesmo fora da Administração Pública ninguém quer aceitar a oferta de trabalho nas Obras Públicas devido ao salário oferecido. “É uma verdadeira dificuldade.”

Recorde-se que foram diver-sos os responsáveis de departa-mentos que deixaram os cargos, como foi o mais recente caso de André Ritchie, que deixou o cargo de coordenador do Gabi-nete para as Infra-Estruturas dos Transportes. - F.a.

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5 lag2015hoje macau sexta-feira 17.4.2015

Orçamentos Derrapar é inevitável

N ão há condições para serem dadas informações sobre prazos ou orçamen-

tos para o metro ligeiro. Isso mesmo admitiu ontem Raimundo do Rosário, na apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a sua tutela. o atraso nas obras levou mesmo o Secre-tário para as obras Públicas e Transportes a pedir várias vezes desculpa.

“Infelizmente, excederam--se os prazos e os orçamentos inicialmente previstos e não estamos ainda sequer em condi-ções de anunciar quando poderá a população começar a usufruir da primeira fase deste novo sistema de transporte, nem quanto ele cus-tará”, disse. “Na impossibilidade de justificar o injustificável, não nos resta outra alternativa senão pedir sentidas desculpas a toda a população”, rematou.

o deputado Ng Kuok Cheong, assim como o deputado Cheung Lap Kwan, atribuíram ao Go-verno a culpa do atraso da obra, pedindo que fossem avançadas datas para a sua conclusão. Em resposta, o Secretário voltou a lamentar a situação e avançou que são necessárias novas contas, devido às paragens da obra, mas também às negociações em curso.

“Esta obra está em vias da área judicial, como compreendem não posso estar a falar disso, mas os meus colegas vão continuar a conversar [com as empresas]”, realçou.

Raimundo do Rosário, que tomou posse em Dezembro do ano passado, disse compreender a preocupação da população face

“Tendo em vista a melhor organização do espaço urbano, pretende-se dotar a RAEM de um instrumentode impacto a longo prazo que defina, de forma clara e objectiva, os princípios programáticosque presidemao ordenamentodo território”

Raimundo do RosáRio tRaça objectivos paRa as obRas públicas

“Plano director é PrinciPal meta”vão focar-se principalmente nos problemas de trânsito, habitação e protecção ambiental.

Sobre a habitação, Raimundo do Rosário avançou que o Governo vai iniciar um estudo sobre um novo tipo de habitação pública, sendo que posteriormente vai ser dado início a uma consulta pública.

“Teremos como referência o regime de habitação social em vigor, mas os grupos beneficiários serão diferentes, nomeadamente, jovens, recém-casados e pessoas com rendimento médio sem ca-pacidade aquisitiva no mercado privado”, explicou. Uma maior fiscalização do uso das fracções já atribuídas é outra das promessas.

Sem grandes novidades no bol-so, o Secretário explicou que no que respeita ao autocarros, será incenti-vada a “inclusão de mais autocarros movidos a gás natural e eléctricos nas frotas das companhias”, apro-veitando o momento de negociação de revisão do contrato de serviço público de transportes colectivos rodoviários de passageiros com as respectivas companhias. Relativa-mente aos táxis, sem novidades, Raimundo do Rosário defende que a situação tende a melhorar, “algo que já é visível depois do aumento de fiscalização do sector”.

metro sem datas ou orçamento Para obras

Apresentadas desculpasa toda a população

Por fim, a protecção ambien-tal terá um lugar de destaque no calendário de trabalho do Secretário que continuará a im-plementar o “Planeamento da Protecção Ambiental de Macau 2010-2020”.

A novidade é que será rea-lizada uma consulta pública, “com vista à definição de um Regime de Avaliação de Impacto Ambiental e com o intuito de se acelerar os trabalhos legislati-vos” deste. Promover, “através de acções de sensibilização, a consciencialização dos sectores sociais para esta questão” é outra das promessas.

aos atrasos, salientando mesmo que entende que “já lá vão oito anos” e que muito dinheiro foi gasto. “Também sou cidadão de Macau”, frisou.

Ainda assim, o Secretário fez questão de alertar que “para con-seguir concluir um projecto de tal dimensão e nunca antes realizado em Macau, é imprescindível um forte empenho e sentido de res-ponsabilidade social de todos”, incluindo das responsáveis pelas obras.

“As empresas que connosco estão a desenvolver este em-preendimento devem, por isso, também ter bem presentes as suas responsabilidades nesta matéria. Contamos, não apenas com o empenho e competências contratualizadas, mas também com o bom senso e a colabora-ção”, referiu, acrescentando que, muitas vezes, as obras Públicas são alvo de “incompreensões e até injustiças”.

Pac On PrOntO nO fim dO anOUm dos calcanhares de Aquiles da tutela são os atrasos nas obras pú-blicas e muitos foram os pedidos de esclarecimento por parte dos deputados. Raimundo do Rosário frisou mesmo que esta é uma das coisas que está a tentar resolver de forma mais breve.

“os atrasos e suspensões de algumas empreitadas públicas merecem a nossa maior atenção, designadamente as obras de construção do Parque de Mate-riais e Oficina da primeira fase do sistema de metro ligeiro na Taipa, do Terminal Marítimo do Pac on e da habitação pública do

Bairro Tamagnini Barbosa e de Mong-Há”, frisou, acrescentan-do: “as obras estão paradas. Não quero saber o que se passou no passado, tenho obras paradas e quero resolver esses problemas”.

Para isso, Raimundo do Ro-sário assegurou estarem a ser feitas negociações e garante que o Terminal Marítimo do Pac on estará “pronto até ao final do ano”, seguindo-se depois a instalação dos respectivos serviços.

A polémica obra já deveria ter sido concluída. Recorde-se que, recentemente, o Gabinete de Desenvolvimento de Infra--Estruturas (GDI) assegurou ao HM estarem a ser feitas negocia-ções com a construtora. ontem, Raimundo do Rosário anunciou ter sido atingido um acordo com a empresa responsável pela obra e, por isso, a construção será retomada.

“Vamos pagar mais e precisar de mais tempo, mas vai ser fina-lizado no final do ano”, rematou.

Habitações Públicas em cursOo Secretário explicou ainda que a situação das habitações públicas de Mong-Há e do Bairro Tamag-nini Barbosa, a de Toi San, está também a ser resolvida.

“No que se refere à segunda fase da habitação pública de Mong-Há, mantemos conver-sações com o adjudicatário da obra e chegámos já a acordo para a resolução do contrato relativo à empreitada de construção de habitação pública no Bairro Tamagnini Barbosa”, depois das conversações entre o empreiteiro da obra e o Governo. - f.a.

SoBRE as derrapagens orça-mentais derivadas dos atrasos

e alterações às obras públicas, questionado principalmente pela deputada Ella Lei, o Secretário para os Transportes e obras Públicas diz não poder assumir o compromisso de que não haverá esses problemas. Por várias razões, tais como even-tuais catástrofes naturais, ou chuvas intensas, ou a subida dos preços dos materiais.

“É muito difícil determinar o custos e prazos [finais] das grandes construções”, começou por dizer. “É difícil dizer que uma construção acaba no dia em que é suposto”, assim como que não vai ultrapassar o orçamento estipulado. “Imagine

que uma obra tem dez portas, mas precisa de mais uma, é claro que isso tem custos”, começou por exemplificar. “Se houver altera-ções necessárias, temos de pagar mais, tal como se os materiais das várias obras encarecerem.” Rai-mundo do Rosário explicou que muitas vezes é necessário alterar os planos e isso acarreta aumento de custos. “Somos um Governo, não somos uma empresa, se algo está mal precisamos que os nossos engenheiros e arquitectos façam um relatório, que depois passará por outros departamentos até chegar ao Secretário”, burocracia que poderá atrasar a obra e só por aí encarecê-la. Respondendo

à perguntas de Ella Lei sobre a introdução das cláusulas penais compensatórias nos contratos das obras públicas, permitindo atribuir responsabilidades às empresas que não cumpram o estipulado, o Secretário garantiu que o Governo tem trabalhadores a trabalhar nessa área e irá analisar o problema. “Vamos ver o que se consegue ou não se consegue fazer”, rematou.

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6 lag2015 hoje macau sexta-feira 17.4.2015

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AnúncioHM - 2ª vez - 17.4.2015

Execução de Sentença sub a forma CV3-12-0054-CAO-B 3º Juíze CívelSumária n.º

EXEQUENTE: XIAO JIANJUN, masculino, residente na China (廣東省佛山市綠景三路22號帝景卡士603室).EXECUTADO: TSYUY, VEYDUN, masculino, com última residência conhecida em Macau, na Avenida da Amizade, San Hau On, nº 1163-C, La Oceania, 8 A, ora ausente em parte incerta.

***

Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos da executada para, no prazo de QUINZE DIAS, que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado sobre que tenham garantia real e que é o seguinte:

Imóvel penhorado Denominação:”A8” do 8 º andar “A”.Situação: Avenida da Amizade, nº 1137-A a 1163-G e Rua

de Xiamen, nº 18-U a 18-Y.Fim: Para habitação. Número de matriz:073494Número de descrição na Conservatória do Registo

Predial:22659 a fls.85. do Livro B76K.Macau, 16 de Janeiro de 2015.

Quarta ligação Macau - -Taipa decidida este anoA quarta ligação entre Macau e a Taipa vai ficar definida este ano. Raimundo do Rosários explicou que quer que, durante este ano, “seja decidido se a quarta ligação será ponte ou túnel”. Para além deste decisão, afirmou o Secretário, serão ainda lançados os trabalhos preparatórios para o início da respectiva empreitada. “Esta nova ligação permitirá aliviar os actuais acessos entre Macau e a Taipa, tornando mais fluída a circulação de veículos entre essas áreas, com um consequente impacto na melhoria da qualidade da vida dos cidadãos”, rematou.

De visita ao Sin FongO Secretário para os Transportes e Obras Públicas disse ontem na Assembleia Legislativa que visitou pessoalmente o edifício Sin Fong Garden, “desde o rés-do-chão ao terraço”, para perceber os problemas do prédio. O responsável disse não lhe ser possível dar respostas sobre a solução que vai ter de ser encontrada para o prédio, evacuado em Outubro de 2012 por estar em risco de ruína, mas assegura que vai haver uma nova reunião com os condóminos daqui a um mês. Recorde-se que o prédio ainda não viu uma solução por falta de concordância entre os proprietários sobre a reparação ou a demolição e reconstrução do edifício.

Fil ipa araújo*[email protected]

S ó a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e a Melco Crow aceitaram, até agora, transportar os trabalhadores

não-residentes que têm a seu cargo. Isso mesmo disse ontem Raimundo do Rosário, que acrescentou que o próprio Chefe do Executivo defende que as operadoras de Jogo devem assumir uma posição de responsabili-dade social e que, uma dessas formas de responsabilidade, é a possibilidade das próprias empresas ficarem encar-regues do transporte dos seus TNR até aos seus locais de trabalho.

“Até ao momento duas das seis operadoras aceitaram e assumiram essa responsabilidade”, avançou o Secretário para as Obras Públicas e Transportes. “É difícil arranjar autocarros [públicos] que em menos de uma hora transportem 200 mil pessoas, por isso falámos com as operadoras e só duas aceitaram.”

Durante o primeiro dia da apresen-tação das Linhas de Acção Governati-va (LAG) para a tutela dos Transportes e Obras Públicas, a deputada Ella Lei defendeu que esta responsabilidade não deve ser conversada com as ope-radoras, mas sim assumida.

“As concessionárias de Jogo tem que assumir, não é uma negociação é a sua responsabilidade”, argumen-tou, defendendo que era importante perceber quais as operadoras que não aceitaram esta responsabilidade.

“Uma delas é a SJM e a outra é a Melco [Crown]”, esclareceu, por sua vez Raimundo do Rosário, indicando que a operadora de Stanley Ho vai começar o transporte a 1 de Maio e a de Lawrence Ho já no próximo dia 21 de Abril.

A deputada disse que esta questão deveria ser tida em conta na revisão intercalar dos contratos, sendo que Wong Wan, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), disse que já foi deixado o alerta.

“Umas [operadoras] estão a co-laborar, outros a tentar atrasar, mas tivemos uma reunião e eu falei da revisão dos contratos e disse que, se não dessem uma resposta... fiz uma cara para eles perceberem”, indicou o responsável.

Raimundo do Rosário assumiu que esta é uma das questões mais difíceis de resolver e Wong Wan admitiu que foi pedido às operadores que resolvessem o problema do longo percurso desde as Portas do Cerco aos locais de trabalho, que se situam, normalmente, no Cotai, pelo que o director da DSAT indicou que seria melhor efectuar o transporte a partir da fronteira da Flor de Lótus onde não há tanta pressão “nas vias públicas”. - * com Joana Freitas

TNR SJM E MELcO cROwn AcEiTARAM TRAnSPORTAR TRAbALhAdORES

A tal responsabilidade social

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7sociedadehoje macau sexta-feira 17.4.2015

AAM fala com Sónia Chan sobre reforma jurídica A Associação de Advogados de Macau (AAM) disse, num encontro com a Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, que o Centro de Formação Jurídica e Judiciária tem desempenhado um papel importante no ensino específico. “Foi realçado [durante o encontro] o relevante papel do Centro de Formação Jurídica e Judiciária, através das suas acções de formação, a fim de elevar o nível das profissões jurídicas”, escreveu a AAM em comunicado. A iniciativa, que teve lugar no passado dia 14, serviu para discutir matérias como a reforma jurídica, a formação de quadros especializados na área do Direito, tendo os membros da AAM feito algumas sugestões quanto à melhor forma de proceder à reforma administrativa. No encontro estiveram presentes os advogados e membros da direcção da Associação Jorge Neto Valente e Luis Zhang e o director da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça, Liu DeXue, e Iao Man Leng, Chefe do Gabinete da Secretária.

Aumenta índice de preços turísticos Os visitantes que chegaram a Macau entre Janeiro e Março viram os produtos e bens adquiridos mais caros 1,51%, comparativamente ao período homólogo de 2014, indicam dados oficiais divulgados ontem. Segundo os Serviços de Estatística e Censos, as subidas mais significativas que levaram ao aumento do Índice de Preços Turísticos (IPT) verificaram-se nas áreas da restauração (+7,86%); vestuário e calçado; (+5,49%) e entretenimento e actividades culturais (+5,18%). Em contrapartida, os preços dos quartos de hotel desceram 4,33% face ao mesmo trimestre do ano passado. Face ao último trimestre de 2014, o IPT registou uma subida de 0,33%. A variação do IPT médio dos quatro trimestres terminados no de referência, em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores, aumentou 3,63%. O IPT, com o período base de 2009/2010, reflecte a variação de preços dos bens e serviços adquiridos pelos visitantes em Macau. Macau recebeu, nos primeiros dois meses do ano, 5.141.636 visitantes, mais 1,5% face ao período homólogo de 2014.

AndreiA SofiA [email protected]

o s custos de ges-tão e recursos humanos eram elevados e por

isso fecharam portas. Macau chegou a ter cantinas sociais geridas pelo Instituto de Acção social (IAs), tendo a Cantina da Taipa fechado portas em 2004 e a Cantina da Praia do Manduco en-cerrado em 2009. O regula-mento administrativo que as regula mantém-se em vigor, mas o Governo confirmou ao HM que não existe qual-quer plano ou política para a abertura de mais cantinas sociais no território.

Contactado pelo HM, Paul Pun, secretário-geral da Cáritas, assume que a criação de mais cantinas seria uma boa aposta para aqueles que mais precisam. Mas a sua gestão não teria necessariamente de ficar sob alçada do Executivo.

“O Governo abrir mais cantinas, ou as Organiza-ções Não Governamentais

Em 2009 fechou portas a última cantina gerida pelo Instituto de Acção social, que não tem quaisquer planos para abrir mais espaços. Paul Pun, secretário-geral da Cáritas, diz que seria mais eficiente abrir cantinas geridas por associações privadas. Já António José de Freitas desdramatiza estes encerramentos

IAS SEM PLANOS PArA AbrIr CANTINAS SOCIAIS

A pão e água“Poderia ser uma boa ideia ter uma cantina em Macau, porque muitas pessoas não têm cozinha e comer fora está mais caro”PAul PunSecretário-geralda Cáritas

(ONG) abrirem mais, mas com o apoio do Governo, poderia ser uma possibili-dade. Mas para uma melhor gestão, seria melhor se as ONG pudessem ter as canti-nas sociais, poderia ser mais eficiente”, apontou.

Num território onde a inflação é um dos maiores problemas económicos, Paul

Pun fala de pessoas que não têm cozinha nas suas casas ou quartos arrendados e que, por isso, têm de consumir as suas refeições fora.

“Poderia ser uma boa ideia ter uma cantina em Ma-cau, porque muitas pessoas não têm cozinha e comer fora está mais caro. Pagar 35 patacas por almoço é muito

para pessoas com baixos rendimentos”, apontou. “Muitas pessoas não têm cozinha, arrendam a cama mas não os deixam utilizar a cozinha. Então as cantinas sociais servem para respon-der a essas necessidades.”

Data de 2004 o Regime de Utilização das Cantinas do IAs, que determina que

as cantinas e os seus “equipa-mentos sociais” seriam “des-tinados a fornecer refeições a estudantes ou a indivíduos necessitados”, sendo que essas pessoas são “os idosos que vivem sozinhos, privados da capacidade de tomar conta de si próprios, ou os indivíduos em situação de carência”.

Para fazer refeições nas cantinas, os utentes tinham de fazer o pedido junto do IAs, apresentando provas de rendimentos para terem aces-so à taxa mensal. As cantinas funcionavam de segunda-feira a sábado, sendo que os menus eram elaborados por nutricio-nistas dos Serviços de Saúde.

Não há NecessidadeJá António José de Freitas, provedor da santa Casa da Misericórdia (sCM), conside-ra que não existe necessidade de abertura de mais cantinas. “se o Governo diz que en-cerrou as cantinas devido aos elevados custos, penso que não é algo justificável, já que, se houvesse essa neces-sidade, o Governo devia ter

a obrigação de assumir essa responsabilidade. Mas hoje em dia, se calhar, não é tão justificável”, referiu.

“Temos de ser justos: o Governo já dá subsídios às pessoas que estão no limite de sobrevivência e, se houver mais pessoas sem eira nem beira, se calhar não são muitas. Penso que o encerramento dessas cantinas se deve à fraca adesão das pessoas, que se ca-lhar não compensava os custos de funcionamento”, concluiu o provedor da sCM.

Tufões Realizado simulacro Foi ontem realizado o exercício anual de tufão, designado “Tin Wu”, pelo Gabinete do Coordenador da Segurança, no Centro de Operações de Protecção Civil. Com a participação de 27 serviços e organismos públicos, o simulacro cumpriu, segundo um comunicado, os objectivos propostos, de “atestar a capacidade de comunicação, coordenação e resposta aos incidentes por parte dos membros da estrutura de Protecção Civil”. O sinal 8 de tufão foi içado por volta das 9h30 e no simulacro ocorreram 26 “eventuais acidentes”, tais como o “desabamento de um prédio antigo desocupado, interrupção de energia eléctrica, avaria das redes de telecomunicações e de televisão, veículos danificados pelos objectos caídos devido ao vento forte cujos passageiros retidos necessitam de ser resgatados, inundações com residentes retidos”. O exercício terminou perto das 12h30.

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8 sociedade hoje macau sexta-feira 17.4.2015

Leonor Sá [email protected]

U ma das infracções que registou mais ocorrências em 2014 foi a de ex-

cesso de velocidade na Ponte da amizade, cujo número de casos aumentou 688,4% no ano passado. Os números, publicados num relatório da Polícia de Segurança Pública (PSP), mostram que foram registados 1395 casos deste tipo no ano passado, valor bastante superior ao verificado em 2013, quando se registaram apenas 177.

Recorde-se que as velo-cidades mínima e máxima permitidas naquela ponte – que liga a ilha da Taipa à península de macau e serve todo o tipo de veículos – são de 40 e 80 quilómetros por hora. No entanto, vários condutores têm sido multados por andar a mais 30 ou 40 quilómetros do limite legal permitido. Os valores das coimas podem ir das 500 às 2500 patacas pelo não cumprimento da veloci-dade mínima, e das duas mil às dez mil patacas no caso da máxima.

Pior do que o tabacoTambém no que diz respeito à poluição, a PSP registou uma série de casos de veí-culos pesados a emitirem fumos poluentes, tendo o números destes casos au-mentado 21% de 2013 para o ano passado. O documento regista 23 casos em 2014.

No entanto, o lançamen-to de fumos por automóveis ligeiros e táxis viu um de-créscimo de 1,1% e 35,3% respectivamente, ficando as motas fora desta lista de veículos poluidores do ar. Este tipo de transporte foi, no entanto, o que mais poluição ruidosa provocou, tendo a PSP registado um total de 67 casos de “perturbações sonoras” causadas por mo-

Au Kam San quer lar de idosos no espaço do Canídromo O deputado Au Kam San defende a abertura de um lar de idosos no espaço onde actualmente funciona o Canídromo, no Fai Chi Kei, caso o contrato de concessão não seja renovado em Outubro. Em declarações ao jornal Hou Kong, Au Kam San referiu que “é difícil terminar com os elementos de jogo no Canídromo, já que é um sector característico em Macau”. Para o membro do hemiciclo, o Governo deve analisar o mais depressa possível os casos do Canídromo e Jockey Club de Macau. Estas declarações surgem depois da ANIMA ter criado uma petição a pedir o fecho do Canídromo. “Como o Canídromo e o Centro Desportivo Lin Fong estão ligados, não espero que sejam substituídos por mais espaços sociais, já que muitos residentes fazem exercícios neste centro. Mas podia-se aproveitar o espaço para criar um lar de idosos e de reabilitação, bem como instalações para pessoas desfavorecidas”, disse ao jornal chinês.

Ilha da montanha com Vale do Empreendedorismo

688,4%aumento de casos de excesso de velocidade em 2014

Ponte da amizade CASOS DE ExCESSO DE vELOCIDADE DISPArAM

tudo a abrir e a cortar o vento De acordo com dados da PSP, os casos de excesso de velocidade na Ponte da amizade aumentaram exponencialmente comparando com 2013. Também a poluição automóvel continua a aumentar, nomeadamente ao nível do ruído das motas e da emissão de fumos pelos carros, bem como os casos de condução sem documentos

a Companhia de Inves-timento e Finanças da

Ilha da montanha confir-mou ontem ao jornal Ou mun que já há dez equipas de jovens empresários que poderão investir no “Vale de Empreendedo-rismo de Jovens de macau na Ilha da montanha”, com negócios nas áreas da informação, tecnolo-gia, inovação e cultura. alguns pedidos são ainda fruto de uma cooperação

com jovens do interior da China.

O espaço está localiza-do em frente ao campus da Universidade de macau (Um) e a sua utilização vai começar a ser feita a partir de Junho deste ano. Cabe à Companhia de Investimento e Finanças a construção e funciona-mento do vale, bem como pela oferta de planos de baixo custos e riscos para os jovens empresários.

a empresa disponibiliza ainda escritórios e acon-selhamento.

Zhao Guopei, vice-di-rector executivo da empre-sa, referiu que as condições de acesso ao vale são abran-gentes. Podem participar pessoas dos 18 aos 45 anos que trabalhem, estudem ou vivam em macau. Estas podem ser residentes ou então serem portadores de passaportes estrangeiros ou do interior da China.

“O vale oferece escri-tórios gratuitos por um mínimo de um ano, bem como comunicações gra-tuitas. Vão ainda existir espaços para conferên-cias, exposições e outras instalações. a nossa em-presa está a comunicar com o Governo da RaEm para que o Plano de apoio a Jovens Empreendedores possa ser utilizado no Vale de Empreendedoris-mo de Jovens de macau na Ilha da montanha” rematou. - F.F.

tociclos, o que representa um aumento de 34% face a 2013.

Outro tipo de infracção rodoviária que não fica atrás está relacionada com a viabilidade dos residen-tes para conduzir, tendo sido detectados 387 casos de pessoas ao volante sem habilitações para tal. O relatório aponta para um

crescimento de 17% desta tendência.

Também a falta de do-cumentos foi uma infracção frequente, que teve mais relevância ao nível da falta do imposto de circulação, cuja presença no veículo é obrigatória. a falta de docu-mentos necessários perfez quase 2900 casos, enquanto

a inexistência do imposto de circulação se ficou pelos 1250, representando um aumento de quase 80% face a 2013.

Já no que diz respeito aos

acidentes de viação, a PSP afirma terem sido registados quase mais mil casos no ano passado do que no ano anterior, fixando-se um total

de pouco mais de 16 mil. No entanto, se o número de sinis-tros aumentou, o mesmo não aconteceu com o volume de vítimas graves, que diminuiu cerca de 10% de um ano para o outro. O mesmo aconteceu com o número de fatalidades nas estradas da cidade, que passou das 19 em 2013, para 14 no ano passado.

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9 sociedadehoje macau sexta-feira 17.4.2015

Joana [email protected]

A União Interna-cional de Enge-nheiros Operacio-nais do Nevada

(IUOE, na sigla inglesa) voltou a pedir ao Governo que tornasse públicos documentos sobre o terreno adquirido pela Wynn Macau no Cotai. A luta já é antiga e baseia-se na suspeita de que a operadora de Jogo tenha de ter pago a um grupo de Pequim para poder ficar com o terreno no Cotai onde vai ser desenvolvido o novo resort. Mas traz agora novos contornos.

“Em particular, pedimos mais informação sobre qual o papel desempenhado pelo anterior Chefe do Executivo, Edmund Ho, no que con-cerne à promessa sobre os direitos do terreno”, escreve Jeffrey Fiedler, membro da Comissão de Revisão de Economia e Segurança dos Estados Unidos-China e também director da União, que é accionista da Wynn.

Nos documentos en-viados ao HM, a IUOE diz ter decidido voltar a pedir informações a Chui Sai On depois de ter recebido “mais de 200 páginas” de infor-mação pública, que pediu à própria Direcção dos Servi-ços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Um dos maiores problemas apontados reside no facto de, de acordo com a IUOE, a Wynn Resorts ter tido de

Galaxy com quebra de 13,7 milhões Pedido imposto mais pesado para compra de casa

Cotai IUOE vOlta a EnvIar carta a chUI SaI On

terras de quem?A União Internacional de Engenheiros Operacionais do Nevada volta à carga sobre a questão dos terrenos da Wynn, no Cotai. A União lança suspeitas de pagamentos a Pequim para a aquisição da terra

negociar com uma empresa para obter os seus próprios direitos de desenvolvimento do terreno. A Wynn Resorts alegadamente concordou em pagar à Companhia de Investimento e Entreteni-mento Tien Chiao 50 milhões de dólares americanos, para

que esta cedesse os direitos que detinha desde 2006, de forma a que a Wynn pudesse desenvolver o seu próprio resort no local.

Novas descobertas“Como sabe estamos a investigar [a situação] e

descobrimos muito mais sobre os accionistas da empresa, que eram, de acordo com notícias, pouco conhecidos. Descobrimos mais sobre o homem por trás da empresa e sobre a sua companhia anterior, a Companhia de Entrete-

nimento e Investimento Chinese Limitada”, come-ça por apontar Fiedler na carta ao Executivo. “Por exemplo, informação pú-blica indica que algumas das pessoas por trás da empresa são cidadãos de Pequim, que actuam em Macau sob pseudónimos.”

Uma dessas pessoas será, de acordo com a IUOE, Ho Ho, que “é He Gangyong e que usa o nome He Japo em Hong Kong”. Outra, será Cliff Cheong Vai Chi, ou José, que disse em tribunal que “foi um dos facilitadores-chave do ex--Chefe do Executivo durante o processo de legalização do Jogo, em 2012”.

De acordo com notí-cias da imprensa local e internacional, José Cheong processou a Las Vegas Sands em 2006 por não ter recebido a compensação alegadamente prometida pela operadora quando este ajudou a Sands a “obter a li-cença” de jogo em Macau. O caso foi resolvido fora do tribunal, tendo a Sands pago mais de 40 milhões de dólares americanos a Cheong e a outra duas pessoas.

Já o envolvimento de Ho Ho, diz a IUOE na carta, surge porque Steve Wynn terá dito que Edmund Ho prometeu a terra do Cotai a este empresário. “Numa en-trevista ao Macau Business Magazine, disse ainda que o local tinha sido prometido a

um empresário de Pequim, para se construir uma Casa de Taiwan, ainda que nada fosse oficializado.”

Wynn, continua Fiedler, disse ainda que era assim que funcionava nos anos 2000 e que até a Sands só teve a adjudicação do lote do Venetian oficializada uns meses antes da inauguração do casino. E, por isso, a questão colocada na carta ao Chefe do Executivo.

Muitas dúvidas“Perguntamos se os repre-sentantes do Executivo de Macau tinham o poder de atribuir terrenos de forma não documentada, nessa altura ou em qualquer ou-tra”, começa por enumerar a IUOE. Outras questões foram colocadas, como por exemplo se a terra foi realmente prometida, quem detinha esses direitos e se isso está documentado e, se não estiver, porquê.

A IUOE assegura que a investigação alegadamente iniciada pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que o próprio organismo já disse ao HM não querer comentar, continua.

A IUOE tem a andado a investigar este negócio desde o lançamento do site Cotai Land Deal, que substitui o CasinoLeaks Macau. A IUOE, de acordo com a lei, tem direito a obter informações devido à sua participação na Wynn Resorts.

O Galaxy Entertainment Group anunciou ontem

uma queda homóloga de receitas de 32% para 13,7 milhões de dólares de Hong Kong no primeiro trimestre do ano. Os resultados da operadora de Jogo traduzem também uma queda de 15% face ao último trimestre de 2014.

Só no primeiro trimestre deste ano, as receitas dos casinos das seis operadoras caíram em termos homó-logos 36,6% para 64,777

milhões de patacas. O Ebitda ajustado (resultados antes de impostos, juros, depre-ciações e amortizações) da Galaxy caiu em termos homólogos 40% para 2,3 milhões de dólares de Hong Kong, reflectindo também uma descida de 14% contra o último trimestre de 2014. Em nota enviada à imprensa, a Galaxy explica que a se-gunda fase do seu complexo no Cotai, os aterros entre as ilhas da Taipa e de Coloane onde estão concentrados

vários empreendimentos ligados ao sector do jogo, mantém a data de abertura para 27 de Maio deste ano e que o orçamento está dentro do planeado.

A Galaxy investiu cerca de 25 mil milhões de dólares de Hong Kong na segunda fase, aumentando a sua capacida-de hoteleira com três novas unidades, além de espaços de jogo, comércio e lazer. Já a terceira e quarta fases, em que a empresa prevê um investimento não inferior a 50 mil milhões de dólares de Hong Kong, deverão arrancar ainda este ano.

LOI Man Keong, vice--presidente do Centro

da Política da Sabedoria Colectiva, sugeriu a imple-mentação de políticas de limitação de aquisição de imóveis e o aumento dos impostos para a compra da segunda casa, em prol da diminuição da especulação do mercado de bens imóveis.

Em declarações ao Jornal Ou Mun, o vice-presidente recordou que o Governo já implementou medidas para combater a especulação. No

entanto, acha que são dema-siado leves, existindo falta de acompanhamento contínuo. No relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG), apresentado este ano pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, mas Loi Man Keong não viu medidas concretas para o mercado.

“Comparado com Hong Kong, onde foram im-plementadas nos últimos anos medidas frequentes para controlar os preços de imóveis, em Macau, o Go-

verno apresenta sempre as desculpas de que o mercado é livre e que há necessidade de maior investigação para controlar o aumento de preços. É inevitável que a população suspeite que o Governo nunca respondeu às suas solicitações” disse.

A especialista espe-ra que o Governo tenha determinação em tomar essas medidas, mudando a postura de “ser positivo na atitude, mas devagar a agir”. - F.F.

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10 china hoje macau sexta-feira 17.4.2015

a s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa atingiram 15,02 mil

milhões de dólares até Fevereiro, valor que traduz uma queda de 23,6% face aos dois primeiros meses de 2014.

Dados dos serviços de Al-fândega da China, divulgados pelo secretariado Permanente do Fórum Macau, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 7,09 mil milhões de dóla-res – menos 44,9% – e vendeu produtos no valor de 7,94 mil milhões de dólares, mais 16,5% em termos anuais.

O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se, até Fevereiro, em 9,79 mil mi-lhões de dólares, menos 18,4% do que no período homólogo do ano passado.

As exportações da China para o Brasil atingiram 5,81 mil milhões de dólares, traduzindo um aumento

Oferta de assistência de emergência a Moçambique Foi realizada uma cerimónia esta quarta-feira em Maputo, capital de Moçambique, para a transferência oficial da assistência chinesa ao governo moçambicano. Segundo o embaixador chinês no país africano, a assistência, que inclui 500 mil dólares em verbas e 280 toneladas de arroz, será destinada a ajudar as pessoas atingidas pelas cheias no centro e norte do país, assim como a reconstrução das regiões afectadas. O vice-ministro de Administração Estatal e Função Pública de Moçambique, Roque Silva Samuel, aceitou, em nome do governo, a ajuda chinesa. Roque Silva Samuel agradeceu o apoio chinês e prometeu que os recursos vão chegar às regiões e pessoas com maior necessidade.

Investimento externo de 34.880 milhões de dólares no 1.º trimestre

COMéRCiO COM PAíSES dE línguA PORtuguESA CAiu 23,6%

Brasil mantém posição privilegiada Portugal e Moçambique são a excepção na quebra dos valores das trocas comerciais com a China até Fevereiro

Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo de países de língua portuguesa, o comércio bilateral ascendeu a 789,2 milhões de dólares – mais 25,6% –, numa balança comercial favorável a Pequim que vendeu a Lisboa bens de 546,4 milhões de dólares

de 4,2%, enquanto as importações totalizaram 3,97 mil milhões de dólares ( caindo 38,1%).

Com Angola, o segundo par-

A China atraiu 34.880 milhões de dólares em investimento

externo directo no primeiro tri-mestre de 2015, num aumento de 11,3% em relação a igual período do ano anterior, anunciou ontem o ministério chinês do Comercio.

Cerca de 62% daquele valor foi investido no sector dos ser-viços, nomeadamente finanças, distribuição e transportes, e o número de empresas com capitais externos constituídas entre Janei-ro e Março aumentou 22,4%, para 5.861, precisou a mesma fonte.

A lista dos dez maiores inves-tidores é encabeçada por Hong Kong, seguindo-se a Coreia do sul, Taiwan, singapura e Japão.

Os Estados Unidos ocupam

ceiro chinês no universo da luso-fonia, as trocas comerciais caíram 41,05% para um total de 3,97 mil milhões de dólares até Fevereiro.

Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 1,20 mil milhões de dólares – quase o dobro face aos primeiros dois meses de

2014 (+96,5%) – mas, em con-trapartida, comprou mercadorias avaliadas em 2,77 mil milhões de dólares, ou seja, menos de metade comparativamente a igual período do ano passado (-54,8%).

Em sEntido contrárioJá com Portugal, terceiro parceiro da China no universo de países de língua portuguesa, o comércio bilateral ascendeu a 789,2 milhões de dólares – mais 25,6% –, numa balança comercial favorável a Pe-quim que vendeu a Lisboa bens de 546,4 milhões de dólares – mais 27,2% – e comprou produtos avaliados em 242,7 milhões de dólares, isto é, mais 21,2% em termos anuais homólogos.

Também com aumentos em toda a linha estiveram as trocas entre a China e Moçambique. O comércio bilateral cresceu 60,5% para 442,3 milhões de dólares, com as exportações chinesas a darem um salto de 92,3% para 344,2 milhões de dólares e as importações de Pequim a Maputo a subirem ligeiramente (1,6%) para 98,09 milhões de dólares (92,53 milhões de euros) nos primeiros dois meses.

só em Fevereiro, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa cifraram-se em 6,89 mil milhões de dólares, caindo 15,4% face ao mês anterior.

Os dados divulgados incluem são Tomé e Príncipe, apesar de o país manter relações diplomáticas com Taiwan e não participar direc-tamente no Fórum Macau.

A China estabeleceu a Região Administrativa Especial como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e co-mercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau, que reúne ao nível ministerial de três em três anos.

o sexto lugar, à frente da Ale-manha, Reino Unido, França e Arábia saudita.

segunda economia mundial, a China é dos países que atrai mais investimento externo, sendo considerada em muitos aspectos “a fábrica do mundo”.

Trata-se também do maior exportador do planeta, com cerca de 1.350 milhões de habitantes e reservas cambiais estimadas em 3,8 biliões (3.800.000.000.000) de dólares.

Os números sobre o investi-mento externo directo na China foram os últimos dados divulga-dos esta semana pelo governo chinês acerca do desempenho económico do país no primeiro trimestre de 2015.

Entre Janeiro e Março, o cres-cimento do Produto Interno Bruto (PIB) chinês abrandou para 7%, o valor mais baixo no espaço de seis anos, e o comércio externo caiu 6% em relação a igual período de 2014.

segundo prevê o Fundo Mo-netário Internacional, a econo-mia chinesa deverá crescer este ano 6,8%, o que corresponde a quase o dobro da média global (3,5%), e abrandará ainda mais em 2016, para 6,3%.

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11regiãohoje macau sexta-feira 17.4.2015

AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º 10/2013 <<Lei de Terras>>, de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo auto-maticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Localização dos terrenos:- Avenida de Guimarães, n.ºs 95 a 179, Rua de Seng Tou

n.ºs 281 a 559, Avenida de Kwong Tung, n.ºs 490 a 550 e Rua de Bragança n.ºs 208 a 500, na Ilha da Taipa (Edifício Urbanização da Nova Taipa – Fase 1).

2. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 diassubsequentes à data da notificação, se dirijam à Recebedoria destes serviços, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para os efeitos do respectivo pagamento.

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o dis-posto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.

Aos, 6 de Março de 2015.

A Directora dos Serviços de Finanças,

Vitória da Conceição

COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTAS

Aviso Torna-se público que já se encontra finalizada a correcção da segunda prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, realizadas no ano de 2014 nos termos do disposto na alínea c) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia 17 de Abril solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. Wong, através do nº 85995343 ou 85995344 caso não recebam a mencionada notificação.

Direcção dos Serviços de Finanças, aos 30 de Março de 2015

O Presidente do Júri,Iong Kong Leong

o Japão ultrapassou a China enquanto primeiro detentor de títulos de dívida pú-

blica dos EUA em Fevereiro, pelas informações publicadas ontem pelo Departamento do Tesouro, o que acontece pela primeira vez desde Agosto de 2008.

A ultrapassagem da China pelo Japão deveu-se ao facto de Pequim ter cortado mais do que Tóquio os seus activos em dívida pública norte-americana desde Janeiro.

O Japão terminou o mês de Fevereiro com 1,2244 biliões (mi-lhão de milhões) de dólares, acima dos 1,2237 biliões detidos pela China, excluindo Hong Kong.

Em terceiro lugar, mas muito distantes, aparecem centros finan-ceiros sedeados nas Caraíbas, com

Coreia do Sul Navio Sewol vai ser retirado do fundo do marA Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-Hye, prometeu ontem que o ‘ferry’ Sewol, afundado há um ano, vai ser retirado do fundo do mar “o mais rapidamente possível”, acedendo a uma das principais reivindicações dos familiares das vítimas. “Eu vou tomar as medidas necessárias para resgatar o navio o mais rapidamente possível”, disse Park durante uma visita à ilha de Jindo para assinalar o primeiro aniversário do desastre do Sewol, que causou a morte de 304 pessoas, a maioria estudantes. Nove pessoas continuam desaparecidas desde o naufrágio ocorrido a 16 de Abril de 2014. Na quarta-feira, véspera do primeiro aniversário do naufrágio, mais de cem familiares das vítimas realizaram um percurso de barco e em frente a Jindo prestaram tributo aos seus entes queridos, nas mesmas águas em que o navio se afundou e onde se encontra a 40 metros de profundidade. O naufrágio do ‘ferry’ Sewol é considerado a maior tragédia humana da Coreia do Sul nas últimas décadas.O capitão e 14 membros da tripulação, assim como dirigentes da empresa e funcionários públicos, foram punidos com penas de prisão por diversas irregularidades na origem do incidente.

EUA JAPãO SuPlANtA CHiNA COmO PrimEirO titulAr dE dívidA PúbliCA

Ultrapassagem nipónicaA passagem do Japão a primeiro detentor de títulos de dívida pública dos EUA deveu-se sobretudo ao facto da China ter cortado mais do que Tóquio os seus activos de dívida americana em Janeiro

O Japão terminou o mês de Fevereiro com 1,2244 biliões (milhão de milhões) de dólares, acima dos 1,2237 biliões detidos pela China, excluindo Hong Kong

350,6 mil milhões. Estes centros estão instalados em Bonaire, St. Eustatius e Saba, Bahamas, Ber-muda, Ilhas Caimão, Curacao, Sint Maarten, e Panamá. Uma nova série estatística, iniciada em Junho de 2006, também inclui as Ilhas Virgens Britânicas.

Seguem-se a Bélgica, com 345,3 milhões, os países exportadores de petróleo, com 296,8 milhões, e o Brasil, com 259,9 milhões.

Os dez primeiros lugares são completados com Suíça (201,7 milhões), Reino Unido (192,3 milhões), Luxemburgo (179,2 milhões) e Hong Kong, com 1754 milhões de dólares.

As necessidades de financia-mento do governo federal dos EUA declinaram acentuadamen-te com a contracção do défice orçamental nos últimos três anos, depois de uma expansão rápida para apoiar a economia após a grande recessão, iniciada em 2008.

O défice orçamental federal em 2014 caiu para 483 mil milhões de dólares, no que é o seu nível mais baixo em seis anos, e para o equivalente a menos de três por cento do produto interno bruto, uma novidade desde 2007.

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12 hoje macau sexta-feira 17.4.2015eventos

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

a Família poRTugueSa no Século xxi • vários autoresAbordando problemáticas tão diversas como o divórcio, as novas for-mas de casamento e de família, a adopção, o acolhimento e a mediação familiar, a delinquência, a violência ou a doença no seio da família, entre muitas outras realidades, cerca de trinta especialistas da família dão-nos, pela primeira vez em Portugal, em textos rigorosos e científicos, o seu parecer sobre os (des)conhecidos e muito distintos universos familiares. A Família Portuguesa no Século XXI é um livro fundamental para olhar com rigor a sociedade portuguesa dos nossos dias.

aTé Que conSigaS voaR • José gameiroUm livro pessoal e profundo, em que o psiquiatra é tão humano como os pacientes; em que todos somos muito parecidos no sofrimento e na esperança. Quando as pes-soas chegam ao consultório de um psiquiatra, já esgotaram todas as suas alternativas. Sentem-se perdidas, vazias ou profundamente tristes. Neste livro, José Gameiro, psi-quiatra há 40 anos, dá-nos a oportunidade de sermos os seus olhos e os seus ouvidos. Em Até que consigas voar, encontramos relatos intimistas sobre o luto, os medos, a conjugalidade e todo um conjunto de feridas que não se vêem. Mostra-nos que pode-mos voltar a encontrar um rumo, mesmo quando enfrentamos o pior dos desgostos.

Há cem anos, publicava-se a revista Orpheu, que daria início ao movimento Modernista e a uma nova forma de fazer literatura em Portugal. Ontem, os alunos da Escola Portuguesa de Macau lembraram os textos de Pessoa e Mário Sá-Carneiro, com a presença do académico José Carlos Seabra Pereira

EPM Centenário da revista orpheu lembrado

Aqui, hoje, o ModernismoAndreiA SofiA [email protected]

o século XX arrancou em Portugal com um novo movimento que mudaria para sempre

o panorama literário. Estava-se em 1915 e um grupo de jovens escritores e artistas, como Mário de Sá-Car-neiro, Fernando Pessoa ou Almada Negreiros, começavam a publicar a revista Orpheu. A publicação só teve dois números devido à falta de financiamento, mas o começo do chamado movimento Modernista começava ali.

Ontem a Escola Portuguesa de Macau (EPM) celebrou a efeméride com um grupo de alunos que leram em palco alguns dos textos que saí-ram na Orpheu. Ao HM, a docente de Português do ensino secundário Alexandra Domingues mostrou grande orgulho do evento.

“Uma vez que a EPM é a casa da língua e cultura portuguesas

faz todo o sentido divulgarmos este centenário desse grande mo-vimento, não apenas a revista mas também o grupo Orpheu. É talvez dos movimentos mais revolucioná-rios que a literatura conheceu em Portugal, com um grupo de gente que inicia um movimento vanguar-dista, mas ainda hoje estamos a sentir o efeito.”

O académico José Carlos Seabra Pereira, da Universidade de Coimbra (UC), foi um dos convidados, ten-do falado da revista Orpheu como algo que fez nascer todos os outros movimentos literários nas décadas seguintes.

“Embora logo naquela circuns-tância não tenha sido devidamente compreendido, passado pouco tempo e cada vez mais, até aos nossos dias, foi sendo reconheci-do como o grande acontecimento literário da modernidade literária em Portugal. Mesmo para alunos que não possam captar os aspec-tos dessa revolução modernista, ficará sempre como uma lição de inconformismo e confiança na mo-dernidade, em que os escritores do Orpheu eram jovens inconformis-tas e cosmopolitas. Será sempre uma boa lição para alunos jovens que são convidados à leitura da

revista e das obras dos autores”, disse à margem do evento.

maRcaS da HiSTóRiaOs dois números da Orpheu foram tão marcantes que, ainda hoje, o Modernismo é influência nas pa-lavras que se escrevem, apontou Seabra Pereira. “Começámos a sentir a necessidade de falar de um segundo Modernismo, dos escrito-res nos finais dos anos 20 e 30 que dominam a cena literária, depois há outra geração dos finais dos anos 30 e 40 que parece ir no sentido do neo-realismo, uma literatura de grande investimento ideológico,

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13 eventoshoje macau sexta-feira 17.4.2015

Sands Prova com vinhosde todo o mundo O casino e hotel Sands vai organizar uma prova de vinhos no Paiza Lounge e que acontece das 18h00 às 21h00 do próximo dia 24. Desta feita, estarão disponíveis oito vinhos da Claret Wines para a prova, nomeadamente cinco tintos e três brancos. De acordo com a organização, esta é “uma prova única e que não deverá ser perdida”, pelo que inclui vinhos franceses, da Nova Zelândia, Austrália, EUA e Argentina. A entrada no evento custa 158 patacas por pessoa e traz alguns aperitivos para acompanhar.

Música DJ português JEPE na Live Music Association

C oM “noventa por cento” do elenco da próxima edição de Cannes fixada, e ainda com

títulos a negociar para as várias secções da selecção oficial, Thierry Frémaux, delegado-geral do fes-tival, acaba de anunciar em Paris Jacques Audiard, Matteo Garrone, Todd Haynes, Hou Hsiao Hsien, Nanni Moretti ou Gus Van Sant para o concurso, Woody Allen e a nova animação da Pixar, Inside Out, fora de concurso, os romenos Corneliu Porumboiu e Radu Mihileanu na secção Un Certain Regard...

Faltam ainda títulos, que virão a público nos próximos dias. Por isso mesmo... e portugueses? “Até ao lavar dos cestos é vin-dima”, diz ao PÚBLICO Luís Urbano, produtor de As Mil e uma Noites, o filme de mais de seis horas e em três capítulos de Miguel Gomes.

A abertura, a 13 de Maio, será feita, como já anunciado, com La Tête haute, de Emmanuelle Bercot, filme que tem Catherine Deneuve e Benoît Magimel, mas a que faltam os condimentos habituais do “filme de abertura” para servirem o tapete vermelho (a propósito: a direcção do festival promete “desacelerar” a prática “ridícula”, no tapete, do selfie, essa “photo de lui même avec lui même”).

Segundo Frémaux foi uma decisão muito vincada começar com esse filme e não, por exem-plo, com Mad Max: Fury Road, de George Miller, com Tom Hardy (que está fora de concurso): para mostrar que Cannes pode perfei-tamente abrir com um título que tem os condimentos da compe-tição, os seus códigos e temáti-cas – neste caso, a delinquência juvenil, a educação (segunda colaboração de Deneuve com a cineasta, depois de Elle s’en Va, em 2013).

“Belle année française”, se-gundo Frémaux, foi complicado escolher, houve títulos que ficaram de fora – o novo de Arnaud Des-plechin, Trois Souvenirs de ma jeunesse, poderá ser repescado. Vai ser então o regresso de Jacques Audiard (Regarde les hommes tomber na Semana de Crítica; em competição teve antes Un Pro-phète e De Rouille et d’os, com Marion Cotillard), que desta vez traz um filme sem vedetas, Erran, a aventura de um guerrilheiro Tamil em França, onde trabalha como porteiro; ainda Maïwenn (Prémio do Júri em Cannes 2011, com Polisse), agora com Mon Roi, que tem com o actriz principal Emmanuelle Bérco, a realizado-ra do filme de abertura, La Loi

du Marché, de Stéphane Brizé, com Vincent Lindon, e Margue-rite et Julien de Valerie Donzelli.

Vencedores de VoltaA propósito de regressos, dois ven-dedores da Palma de ouro poderão habilitar-se a entrar para o clube dos duplamente premiados com o galardão máximo: Nanni Moretti, com Mia Madre ( ainda as dúvidas criativas de um cineasta em crise), Gus Vant Sant com The Sea of Trees. E se se fala em regresso, ei-lo, Todd Haynes, prémio da melhor contribuição artística a Velvet Goldmine no já longínquo Cannes 1998, compete com Carol, com Cate Blanchett e Rooney Mara, história de amor entre duas mulhe-res na Nova Iorque dos anos 50.

Moretti não é o único italiano, a ofensiva é intimidante: Il racconto dei racconti, de Mattéo Garrone, e La giovinezza, de Paolo Sorrentino, um filme sobre a velhice (como A Grande Beleza era um filme sobre a fealdade) com Michael Caine, Jane Fonda, Harvey Keitel. Mais eis os asiáticos: The assassin de Hou Hsiao-Hsien (filme de artes mar-ciais), Mountains May Depart de Jia Zhangke (a China contemporânea, de novo, depois de A Touch of Sin) e Notre Petite Soeur de Hirokazu Kore-Eda. - Vasco câmara - Público

o DJ luso JEPE, que é também pro-prietário da editora alemã Blossom

Kollektiv, estará hoje no espaço Live Music Association (LMA) para mais uma noite de música electrónica. O DJ, que teve a sua primeira residência na discoteca Estação da Luz, em Aveiro, de onde é, mora actual-mente em Berlim, e aterra pela primeira vez em Macau.

JEPE é o nome de código nocturno de João Silva, que integra esta noite no território na

sua tournée de concertos pela Ásia. Foi em 1997 que iniciou o seu percurso como DJ. No entanto, JEPE anda pelos meandros da música desde cedo. O artista é parte integrante dos Johnwaynes, banda que alia sonoridades elec-trónicas a uma voz feminina. JEPE é também proprietário da Blossom Kollektiv, editora que vai já no seu quinto álbum lançado, contando também com uma estreia em formato vinil.

A festa acontece na LMA, no 11º andar do número 50 da Avenida Coronel

Mesquita, e o evento será organizado pelo Flipside, colectivo que tem vindo a fazer e a participar numa série de eventos pela Ásia, nomeadamente em Macau e Hong Kong.

A noite conta ainda com a presença dos DJ Devlar, norte-americano radicado em Macau, e Sérgio Rola, também a viver no território, ambos do Flipside.

A entrada para o evento, que tem início às 23h00, custa 120 patacas e dá direito a uma bebida à escolha.

Cannes 2015 RegResso de Haynes, gus Vant sant e MoRetti

De volta à passadeira vermelha

ePM CENtENáriO DA rEviStA OrPhEU LEmbrADO

aqui, hoje, o Modernismode protesto social, de intervenção política, mas essa neo-realista não deixou de prestar o seu tributo a conquistas da geração do Orpheu e ao Modernismo.”

Houve, com a revista, “uma mudança de linguagem, despindo--a de formalismos académicos e aproximando-se da linguagem do quotidiano. Os anos 60 parecem receber outras inspirações, mas no fundo estão ainda muito ligados ao enorme fascínio [da revista]”.

até aos nossos diasMesmo a literatura contemporâ-nea continua com o espírito da

Orpheu bem presente. “Há uma nova poesia que está a surgir no início do século XXI, que é uma geração forte, um bocado pós tudo, e aparentemente pós Pessoana, pós modernista, mas o próprio facto de querermos fazer essas designações mostra que há um quadro de referência. Por isso ainda continua a haver um legado desse período modernista, e aqui também em Macau.”

Seabra Pereira considerou ainda que os alunos da EPM, que, à seme-lhança de Portugal, têm contacto com as obras de Pessoa e Sá-Carneiro no ensino secundário, conseguem captar a mensagem deixada pelo movimento.

“Uma escola com um projecto tão interessante e forte como o da EPM tem professores que conse-guem motivar os alunos para isso e vai conseguir com que os alunos avancem na compreensão das várias gerações literárias. Vivemos no pro-longamento de um ciclo que teve ali o seu marco inicial.”

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14 hoje macau sexta-feira 17.4.2015

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N um dos últimos artigos fa-lamos do feitor e escrivão Jorge Álvares, nascido em Freixo de Espada à Cinta,

Trás-os-montes e que foi um dos pri-meiros portugueses a viajar até à China. Efectuou três viagens à China, tendo a última ocorrido a 1521 quando, em Lin Tin morreu nesse mesmo ano a 8 de Ju-lho. Ora a 20 de Abril de 1521 falecera em Beijing o Imperador ming Zheng De (1506-21) e por tal razão, a embaixada de Tomé Pires já na capital, segundo o costume, teve que daí sair e seguir para Cantão, a aguardar que o novo Impera-dor o recebesse. É então que, a “27 de Junho de 1521 chegou ao porto de Ta-mão o capitão Duarte Coelho (amigo de Jorge Álvares) num junco bem armado e acompanhado de outro junco perten-cente aos habitantes de malaca. Estes dois juncos, bem como o navio madale-na de Diogo Calvo e sete ou oito outros juncos portugueses, que se encontravam nesse porto, foram cercados e atacados por cinquenta juncos chineses.” Tal in-formação fornecida por Beatriz Basto da Silva ajusta-se com a data do falecimen-to de Jorge Álvares e da primeira bata-lha entre os portugueses e chineses. Este confronto desenrolou-se perto do porto de Tunmen e os chineses venceram-no. Segundo um outro documento, escrito mais tarde por Cristóvão Vieira, um so-brevivente da embaixada de Tomé Pires à China, desdiz a história contada por João de Barros e refere: “Jorge Álvares teria sido aprisionado em 1521 e mor-to por açoutes antes de 1524.” mas tal documento, pelo seu carácter confuso e outras imprecisões que apresenta, não parece merecer grande confiança, ou então...

O CapitãO JOrge Álvares

Aqui, para este artigo, interessa-nos agora registar a história de um outro freixenista, também do século XVI e cujo nome era o mesmo, Jorge Álva-res. mas este Jorge Álvares era capitão de um navio e um abastado mercador, sendo amigo do padre jesuíta Francisco Xavier. Conheceu Fernão mendes Pin-to em 1546, numa viagem realizada de malaca para o Japão, na nau pertença de Simão de mello, da qual Jorge Ál-vares era capitão. Durante o tempo de navegação, Fernão mendes Pinto, que vinha pela segunda vez ao Japão, ficou

O CAPITÃO JORGE ÁLVARESAMIGO DE FRANCISCO XAVIER

a saber ter Jorge Álvares nascido em Freixo de Espada à Cinta.

Pouco se conhece sobre esta perso-nagem e não fosse a sua amizade com o Padre Francisco Xavier e mendes Pinto, teria Jorge Álvares ficado no anonimato. No entanto, Capitão Jorge Álvares foi um dos primeiros portugueses a visitar o Ja-pão, tendo registado por escrito esse país e a sociedade que aí encontrou.

O padre mestre Francisco Xavier “durante a sua passagem por malaca, em finais de 1545, diligenciou junto da comunidade luso-asiática ali residente no sentido de obter notícias detalhadas sobre os portos da China. Encomendou mesmo expressamente aos mercadores portugueses que navegassem para aquelas partes a obtenção de informações sobre as cerimónias e costumes que entre eles se guardam.” E prosseguindo ainda com o que escreve Rui manuel Loureiro “E foi encarado com devida seriedade pe-los mercadores portugueses, pois, no seu regresso a malaca, pouco menos de dois anos mais tarde o padre jesuíta receberia (...) um detalhado relatório sobre o Ja-pão, preparado por Jorge Álvaro, o qual respondia a diversas questões de nature-za cultural e constituía nada menos que a primeira Informação vivencial portuguesa sobre o arquipélago nipónico...”

Esta Informação de Japão foi entre-gue ao jesuíta em 1547, depois de Jor-ge Álvares chegar a malaca vindo do Japão e consigo ter transportado An-jiro, um japonês procurado pela justi-ça. Nessa praça apresentou-o ao Padre Francisco Xavier, o que teve um papel fundamental na decisão deste em ir ao Japão, o que veio a ocorrer em 1549.

a fuga de anJirO

Encontrava-se o Capitão Jorge Álvares em certo porto do Japão, preparando-se para zarpar, quando Dom Fernando lhe apareceu com um japonês disfarçado e que lhe fora confiado por Álvares Vaz, pois a sua partida ainda estava demorada. A urgência de fazer sair este japonês do seu país devia-se a Angiro haver morto um homem e andar fugido às autorida-des. mas Wenceslau de moraes escreve: “Preparava-se para largar do Japão a nau de Jorge Álvares, quando foram vistos de bordo, na terra em frente, dois japoneses, acenando com uma toalha e pedindo que os recebessem e levassem. Para saber o que era aquilo, mandou o capitão um bote

a terra, no qual ia mendes Pinto. Insis-tiram no seu propósito aqueles homens, um de nobre origem, o outro seu criado, fugidos à justiça do país. mendes Pinto consentiu e trouxe-os para a nau”...”A nau de Jorge Álvares largava de Yamagawa no dia 16 de Janeiro de 1547.”

O japonês Yajiro, que ficou conhe-cido pelos europeus por Anjiro, era de Satsuma e já anteriormente se ha-via relacionado com os portugueses. Tratava-se de um homem nobre, mas como o caso era do domínio público e muito comentado e sendo ele uma pessoa conhecida, era preciso muita prudência. Por isso, era necessário ser tudo feito em segredo, já que se cor-ria o perigo de ser descoberto. É de

lembrar que só haviam passado quatro anos da primeira chegada dos portu-gueses às ilhas do Sol Nascente, que Wenceslau de moraes refere: “no ano de 1542, reinando o imperador Go--Nara e sendo xôgun Ashikaga Yoshi-teru”. De salientar ser Álvares Vaz pa-rente de Jorge Álvares.

A surpresa de um japonês, que se lhe apresentava para o acompanhar à Índia, devia ser para Jorge Álvares de grande alegria, por o poder levar como fonte viva a Francisco Xavier, “mas não pode-ria deixar, por outro lado, de embaraçá--lo a decisão de ocultar em seu navio um homicida que a lei perseguia”, como escreve Luís Keil e com este historiador seguimos. “O resoluto capitão do navio,

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 17.4.2015

José simões morais

“Encontrava-sE o capitão JorgE ÁlvarEs Em cErto porto do Japão, prEparando-sE para zarpar, quando dom FErnando lhE aparEcEu com um Japonês disFarçado E quE lhE Fora conFiado por ÁlvarEs vaz, pois a sua partida ainda Estava dEmorada. a urgência dE FazEr sair EstE Japonês do sEu país dEvia-sE a angiro havEr morto um homEm E andar Fugidoàs autoridadEs”

porém, sobrepondo-se a todas estas lí-citas apreensões, e pensando, antes, na consolação do seu grande amigo, Padre Mestre Francisco, quando lhe apresen-tasse tão inesperado como valioso au-xiliar para a sua entrada no Japão, re-cebeu Anjirô na sua embarcação.” <El qual Jorge Alvarez me trouxe consigo e me fez mucho agasalhado, trazendo--me em su voluntad, para me entregar al Padre myo maestro Francisco, de quien es grande su amigo.>

No entanto, a carta escrita por Fran-cisco Xavier a 20 de Janeiro de 1548 aos padres da Companhia residentes em Roma refere: “Veio com estes mer-cadores portugueses um japonês, cha-mado Angero, em busca de mim, por-quanto os portugueses que ali foram de Malaca lhe falaram de mim. Este Angero vinha com desejo de confessar--se comigo, por quanto deu parte aos portugueses de certos pecados, que na sua juventude tinha feito...”

Mas quando Angiro chegou a Malaca

“EstE JorgE ÁlvarEs Era capitão dE um navio E um abastado mErcador, sEndo amigo do padrE JEsuíta Francisco XaviEr. conhEcEu FErnão mEndEs pinto Em 1546, numa viagEm rEalizada dE malaca para o Japão, na nau pErtEnça dE simão dE mEllo, da qual JorgE ÁlvarEs Era capitão”

já o Padre Xavier, S.J. aí não se encon-trava, por ter ido missionar às Molucas. Angiro terá querido ser baptizado, mas o vigário de Malaca não lhe permitiu, tal-vez interpretando mal o sentido do impe-dimento de disparidade de culto. Perante tudo isto, Angiro desanimado resolveu regressar ao Japão, mas a meio da viagem um tufão arrastou o barco em que seguia para a costa chinesa, onde reencontrou Álvares Vaz, que o convenceu a regressar com ele para Malaca. Já Francisco Xavier, na dita carta de 1548 diz: “Estando já à vista das ilhas do Japão, deu-lhes uma tor-menta tão grande de ventos, que se hou-veram de perder. Tornou então outra vez o navio em que ia, caminho de Malaca, de onde me achou...”

Álvares apresentaangero ao padre Xavier

De novo nessa praça, corria o ano de 1548, aí ainda se encontrava Jorge Ál-vares, a quem o seu irmão entregou ao

cuidado o japonês com o seu criado, que sem-pre o acompanhara. As-sim em Malaca, no ano de 1547, Jorge Álvares apresentou Anjiro ao Padre Francisco Xavier, quando o jesuíta pela se-gunda vez aqui fez uma breve escala.

Ao ser entregue, en-tão, ao Padre Mestre Francisco que havia já regressado àquela cida-de, “Anjirô não era um simples gentio, carre-gado de preconceitos e doutrinas extravagantes, em busca de um Mestre que lhe resolvesse as dúvidas, ou com quem pudesse discutir as suas ideias; mas era já um ca-tecúmeno, bem-dispos-to e preparado a receber a graça do baptismo, que muito desejava lhe fosse administrado por um santo, cuja fama e virtudes tanto acredita-vam a religião que pre-gava.” Informação de Luís Keil.

Voltando de novo à carta de Francisco Xa-vier, S.J.: “... (Angero) me vinha buscar com muitos desejos de saber coisas da nossa lei. Ele sabe português razoavel-mente, de maneira que ele me entendia tudo o

que lhe dizia e eu a ele o que me fala-va. Se assim são todos os japoneses tão curiosos de saber como Angero, parece--me que é gente mais curiosa de quantas terras são descobertas. Este Angero es-crevia os artigos de fé sobre a doutrina cristã. E ia muitas vezes à igreja rezar; fazia-me muitas perguntas; (...) Daí a oito dias que Angero chegou a Malaca, parti para a Índia e folgava muito que viesse este japonês na nau em que eu ia mas, pelo conhecimento que tinha com outros portugueses que vinham à Índia, não lhe pareceu bem deixar a compa-nhia da qual tinha recebido muitas hon-ras e amizade. Espero em Cochim por ele daqui a dez dias.”

Percebia-se estar o Padre Xavier muito entusiasmado pelas boas pers-pectivas de uma rápida evangelização do Japão, abertas tanto por este japo-

nês, de quem Rui Manuel Loureiro diz ser samurai, como das informações que em Malaca recebeu de Jorge Álvares e de Fernão Mendes Pinto, entre outros mercadores.

Em 1548, já na Índia, Angiro e o seu companheiro criado estudaram no Co-légio de S. Paulo de Goa onde apren-deram português e as Sagradas Escri-turas. Dele falou o Padre Fróis. S.J.: “Bastaram-lhe seis meses de colégio para aprender a ler e escrever portu-guês e que havia muito poucos alunos na casa que mostrassem mais aptidão do que ele.”

“Tão estudiosos e inteligentes pro-varam ser, que no dia de Pentecostes do ano de 1548, Anjiro e o seu criado foram baptizados na Sé de Goa, pelo respectivo Bispo.” Informação dada por C. R. Boxer. E Luís Keil adita: “Esta ceri-mónia revestiu-se de grande solenidade e causou grande regozijo, pois sentia--se que, por graça de Deus, se abriam as portas da Igreja ao povo do grande Japão, por onde, naquele momento, An-jirô era o primeiro japonês a entrar.”

Angero converteu-se ao cristianis-mo, sendo baptizado com o nome de Paulo de Santa Fé.

Segundo Rui Manuel Loureiro: “O próprio Anjiro escreveria pouco de-pois, em Novembro de 1548, que es-tava a aprender de cor o Evangelho de São Mateus, passando-o a escrito em ‘letra de Japon y en puntos’, para facili-tar a respectiva memorização.”

Ainda na Carta de Francisco Xa-vier de 1548: “Perguntei a Angero, se eu fosse com ele à sua terra, far-se-iam cristãos os do Japão? Respondeu-me que os da sua terra não se fariam cris-tãos logo, dizendo-me que primeiro me fariam muitas perguntas e veriam o que lhes respondia e o que eu enten-dia e sobre tudo se vivia conforme o que falava; e se fizesse duas coisas, fa-lar bem e satisfazer as suas perguntas e viver sem que me falassem em que me repreender, que meio ano depois que tivessem experiência de mim, o rei e a gente nobre, e toda a gente de descri-ção se fariam cristãos, dizendo que eles não são gente que se rejam senão pela razão.” E todos os mercadores portu-gueses que regressavam do Japão pude-ram confirmar tais palavras.

Estavam agora reunidas as condi-ções formuladas pelo jesuíta Francisco Xavier como necessárias para a evan-gelização do Japão e como se pode entender, tal se deve muito ao que o Capitão Jorge Álvares escreveu na In-formação de Japão, compilada com os conhecimentos adquiridos no local e complementada com o que Anjiro lhe contou durante a viagem para Malaca.

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16 desporto hoje macau sexta-feira 17.4.2015

Gonçalo lobo [email protected]

É o capitão e um dos jogadores mais influentes do Sporting de Macau. Bruno Brito, nascido na linha de Cascais, conversou

com o HM e agradeceu a oportunidade dada pelo clube dirigido por António Conceição Júnior. Sportinguista as-sumido, acha que o FC Porto ainda conseguirá ser campeão nacional este ano, porque em “momentos de pressão, o FC Porto raramente vacila”. Consi-derado o jogador mais valioso da Liga de Elite no ano de 2014, Bruno Brito não vive obcecado por reconquistar o troféu.

Quem é o Bruno Brito?Sou um jogador de futebol que cresci com o sonho de ser alguém no mundo do futebol e que, neste momento, me sinto realizado por ter feito, ou estar a fazer, uma carreira ligada ao futebol a nível profissional.

E começou nestas lides com que idade?Comecei como jogador federado aos nove anos no Carcavelos e agora, aos 30 anos, ainda cá ando [risos].

E por mais quantos anos?Talvez mais quatro. Vamos ver em termos de lesões. Felizmente tenho tido sorte por não ter lesões muito graves.

Voltando então ao início disto tudo. Diz-me que começou com nove anos e depois, qual foi o seu percurso?Fiz escolinha até aos juniores de pri-meiro ano no Carcavelos. Nos infantis fui colega de equipa do Jorge Tavares [actual companheiro no Sporting de Macau]. Depois, nos juniores de segun-do ano, fui para o 1.º de Dezembro onde me sagrei campeão distrital. Na época seguinte, o clube emprestou-me ao Trajouce e mais um para o Odivelas B. Contudo, depois destes empréstimos, acabei por me desvincular do 1.º de Dezembro e arrisquei jogar na Torre a convite de um treinador que conhecia o meu percurso.

Tudo na zona de Lisboa?Sim. Mas, na época seguinte a jogar na Torre, acabei por aceitar um convite para jogar no Praiense que disputava a 3.ª Divisão, série Açores. Lá fui campeão nacional. Depois jogámos na 2.ª Divisão B. Descemos mas continuei e voltei a competir na 3.ª Divisão. Após isso, apeteceu-me algo mais. Nessa altura tinha a ideia que poderia dar um passo mais em frente e assinei pelo Atlético Clube de Portugal. Joguei lá, fomos campeões e su-bimos à II Liga.

Mas não jogou nos campeonatos profissionais.Não. Depois de subir com o Atlético decidi arriscar – provavelmente um pouco mal – e meti-me numa aventura no Chipre a convite de um amigo e de um empresário. Mas cheguei lá e as coisas não correram como tinham sido

combinadas. Foram tempos complica-dos apesar de ter ficado a jogar numa equipa da 3.ª Divisão, o Frenaros, que não era de todo o que estava planeado mas teve de ser. Joguei a época inteira e no final apareceu uma possibilidade de jogar na I Liga, caso assinasse um contrato com um empresário, mas correu mal. Voltei a Portugal a pensar que iria regressar ao Chipre para uma equipa melhor mas nada aconteceu. Acabei por aceitar vir para Macau, representar o Sporting no final de 2013.

Custou-lhe essas indefinições?Foi aí que comecei a perceber que no futebol não basta apenas ter talento. Temos de ter aquela ponta de sorte ou estar ligado a uma pessoa influente. A partir daí comecei a pensar mais na minha vida pessoal e decidi dar um tempo. Depois disso, ainda recebi um convite do Chipre mas acabei por vir para Macau. Estive um ano parado e, devido às convulsões do futebol cipriota, decidi vir represen-tar o Sporting.

Voltando um pouco atrás, e porque o Atlético é capaz de ter sido o clu-be mais conceituado onde jogou, porque não ficou no clube? Com-panheiros seus desse plantel jogam hoje na I Liga...Provavelmente a minha carreira teria sido diferente mas, na verdade, o Atlé-tico não foi uma grande experiência. Tenho a consciência que não dei tudo o que tinha de dar no clube e isso traduziu-se num ano menos bom para mim. Contudo, e apesar desse cená-rio, tinha boas relações com pessoas que, mesmo não ficando no Atlético, poderiam ter-me proporcionado uma outra carreira caso tivesse optado por ficar em Portugal. Mas isto são os ses da vida...

Neste momento com 30 anos e no Sporting de Macau, quais são as perspectivas?Não posso fechar as portas a uma continuidade em Macau. Gosto do clube e sou sportinguista. Respeito muito toda a direcção do Sporting e é claro que existe sempre a vontade de ficar. Contudo, também não fecho as portas a outras realidades. Apesar de já não ser um sonho, estou disposto a experimentar outras coisas. Neste momento quero estar empregado to-dos os anos e não fujo à regra de ter o melhor salário e as melhores condições possíveis, como qualquer trabalhador. Vamos ver o que acontece até final da temporada.

O Bruno vê-se com andamento para um campeonato mais competitivo?É muito complicado dizer ou pensar isso neste momento. Estar num cam-

peonato como a II Liga ou o Campeo-nato de Seniores, em Portugal, é um ritmo totalmente diferente de estar na Liga de Elite de Macau. Estando aqui, parecendo que não, paramos um pouco no tempo enquanto atletas. Para jogar num desses campeonatos, por exem-plo, é muito complicado para quem, como eu, tem as rotinas de Macau. É preciso até, caso esse fosse um cenário a ter em conta, que estivesse em pre-paração constante antes da pré-época para poder chegar forte.

Muitos jogadores que tenho vindo a entrevistar dizem mesmo que os clubes, principalmente os de Por-tugal, torcem o nariz quando vêem que vêm de Macau. É difícil voltar ao campeonato português depois de Macau?O campeonato de Macau não tem qualquer visibilidade. É um campeo-nato totalmente amador e há quem compare este campeonato com uma 2.ª Divisão distrital, o que parece, talvez, um pouco exagerado. No entanto, penso que em Macau evoluem bons jogadores que, com o devido treino e preparação, estão aptos a jogar em ligas mais competitivas. Se alguém me conhecer em Portugal, saiba do meu valor e apostar em mim, as coisas tornam-se mais fáceis. Caso contrário, é muito difícil voltar por mim mesmo. Ninguém está a par do que se passa no futebol de Macau. Essa é a grande verdade.

Que balanço faz destes dois anos em Macau?Faço um balanço positivo. Penso que, no ano passado, o Sporting cumpriu os objectivos e este ano estamos na luta. Na minha óptica ainda temos uma palavra a dizer. Faltam nove jornadas para o fim da temporada e penso que podemos chegar mais longe, quiçá igual ao do ano passado. Uma coisa é certa: vamos lutar até ao fim por sermos melhores. Ao nível pessoal, é bom estar aqui. Tenho de agradecer ao Sporting pois foi a equipa que me empregou.

Mas o título, sejamos pragmáticos, é difícil. O Sporting depende de três equipas para se chegar à frente e é preciso que os outros percam. O que é que vos vai na alma dentro do balneário e dentro do campo?Sabemos que é complicado. As equipas da frente vão sempre perder pontos, pois jogam entre si e, ou perdem, ou empatam. Por isso, tanto Benfica, como Ka I ou Monte Carlo ainda vão perder pontos. Depois também têm de jogar contra nós. E se ganharmos aos três? Tudo pode acontecer. Penso que a segunda volta vai trazer surpresas na classificação. É preciso, claro, alguma sorte para que este cenário nos seja

benéfico. Sorte, essa, que em alguns momentos não nos sorriu.

O trajecto não tem sido muito regular. Como explica uma vitória e boa exibição ante um candidato ao título como o Monte Carlo e um jogo sofrível ante uma equipa que luta para não descer, como é a Casa de Portugal?Cada jogo tem a sua história. O que conta, na verdade, é a vitória. Penso

que isso é o mais importante: vencer. Claro que gostaríamos de estar por cima, fazer boas exibições e não sofrer, mas nem sempre isso é possível. Tal-vez essa seja a explicação para tantos empates [o Sporting é a equipa com mais empates, quatro], uma vez que só temos uma derrota. Penso que contra o Monte Carlo tivemos uma grande atitude. Quisemos mostrar para fora que não estamos aqui a brincar e que somos o Sporting. Contra a Casa de

EntrEvista Bruno Brito, jogador de futeBol e capitão do Sporting de Macau

“O sporting ainda tem uma palavra a dizer”

DADOS PESSOAIS

Nome: Bruno António Lobo BritoNacionalidade: PortugalData de Nascimento: 28-11-1984 (30 anos)Posição: Médio OfensivoAltura: 185 cmPeso: 70 kg

CLuBes POr ONDe PAssOu2015 sporting de Macau (MAC)2014 sporting de Macau (MAC)2013 sporting de Macau (MAC)2011/12 Frenaros (CYP)2010/11 Atlético CP (POr)2009/10 Praiense (POr)2008/09 Praiense (POr)2007/08 Praiense (POr)2006/07 Torre (POr)2005/06 Torre (POr)2004/05 Odivelas [B] (POr)2003/04 Trajouce (POr)2002/03 1.º Dezembro (POr)2001/02 Carcavelos (POr)

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17 desportohoje macau sexta-feira 17.4.2015

Portugal, talvez nos tenhamos deslei-xado depois de ter estado a vencer por 3-0. Acabámos por sofrer um pouco mas saímos vencedores e isso é o que importa.

Ao nível do plantel, o Sporting está mais forte ou mais fraco, este ano?Sem dúvidas que está mais forte este ano. Penso que tem mais qualidade. O problema é que os jogadores, como há mais talento, tem menos respeito posicional. Esse é um ponto que os treinadores estão a tentar corrigir agora. Com mais respeito pela táctica penso que vamos conseguir mostrar que temos muito melhor equipa que no ano passado. Muitos pensam que estamos em baixo e somos inofensivos, mas as coisas não são bem assim visto que fomos os únicos roubar pontos ao Benfica e vencemos o Monte Carlo com categoria. Agora, queremos rou-bar pontos a quem está à nossa frente e as contas, depois, fazem-se no final.

Globalmente, como vê a Liga de Elite deste ano?Penso que está competitivo. O Benfica está, como é habitual, com um plantel forte. Não há surpresas nos encarnados. O Ka I tem um plantel interessante.

A meu ver muito melhor que o ano passado. No Monte Carlo, o forte são os jogadores locais. Eles têm bons jogadores locais. O CPK com a entrada de um ou outro jogador, melhorou. Conseguem ter muito mais posse de bola. No ano passado, penso que havia o Benfica e o Monte Carlo, para além de nós. O CPK era mais defensivo, o Ka I jogava com o coração. Este ano, não. Este ano existe muito mais qualidade e mais equilíbrio. No final da primeira volta, a realidade está à vista de todos. O Benfica se ganhar ao Ka I e, depois, ao Monte Carlo é campeão. Na verdade, e a meu ver, só existem três equipas com capacidade para tirar pontos ao Benfica: nós, o Ka I e o Monte Carlo. Fora isso, tudo é mais fácil para que eles revalidem o título.

Qual é a apreciação que faz ao fute-bol de Macau?Enquanto não melhorarem as infra--estruturas é impossível ter um futebol melhor. Penso que a Associação de Futebol de Macau e o Instituto do Des-porto têm de pensar mais e melhor. As pessoas têm de ver que os atletas que representam o território evoluem nos clubes e os clubes não têm condições de treinos dignas. Como é possível que

esses jogadores locais, alguns deles com margem de progressão na carreira, possam evoluir? Essa é a pergunta à qual os responsáveis têm de encontrar a resposta certa. Macau precisa de apostar mais no futebol. Caso contrário, o futebol de Macau será sempre pobre.

Concorda com a afirmação, já ouvida por diversas vezes, de que o futebol de Macau é um “futebol zero”?Macau é futebol zero sem dúvida algu-ma. Digo isto porque sinto isso. Aqui jogamos futebol sem bola e chegamos aos jogos, o campo é gigante a bola atrapalha.

A TDM vai começar a transmitir, já a partir deste fim-de-semana, o principal jogo da jornada em direc-to. Uma evolução, portanto.Estou muito satisfeito com isso. Penso ser uma aposta certa da TDM. Pode ser que, daqui para a frente, o futebol comece a ser visto com outros olhos e as pessoas tenham vontade de acom-panhar de perto o fenómeno, indo ao estádio. Estamos perante uma situação que pode vir a mudar, para melhor, o rumo do futebol do território. Assim espero. Parabéns à TDM.

Futebol de 11 ou Bolinha?Futebol de 11, sem dúvida. Penso que a Bolinha é uma especificidade de Macau. Esta Bolinha é um pouco contraditória pois usa uma baliza de futebol de seis e um campo de seis e meio [risos]. A tradição em si é engraçada, até porque a Bolinha leva muita gente ao estádio. Contudo, o que é, a meu ver, errado prende-se com a obrigatoriedade dos clubes a participa-rem no campeonato, sob pena de não poderem depois disputar o futebol de 11. Isso é que está errado, pois uma coisa não tem nada a ver com a outra. São dois tipos de futebol diferente. A participação na Bolinha deveria ser feita por convite e não por obrigação.

O ano passado foi considerado o melhor jogador a actuar na Liga de Elite. E este ano, essa é mais uma meta a atingir?Não vivo obcecado por isso. O ano passado havia bons jogadores e nunca imaginei conquistar o troféu. Fiquei, obviamente, muito satisfeito com a distinção mas penso ser difícil dar o troféu à mesma pessoa dois anos seguidos. Na verdade, a minha grande obsessão o ano passado era ter sido o melhor marcador, algo que não con-segui por um golo.

Esse particular, também está mais longe este ano.Exacto. Vai ser muito complicado mas tudo pode acontecer nas nove jornadas que faltam. Tanto o Leonel como o William, do Benfica, são pontas-de--lança muito fortes e têm marcado muitos golos. Não estou tão perto da baliza mas também não estou muito longe. Vamos ver. A nível pessoal quero continuar a marcar golos, não só para ajudar o Sporting como também para estar perto dos primeiros lugar na lista dos melhores marcadores.

Quem é, ou são, os adversários que mais teme dentro de campo? Aquele defesa ou médio defensivo que não o larga?Vejo vários jogadores capazes de me dificultarem as movimentações. O Filipe Duarte é um grande jogador, toda a gente sabe. O Juary tem uma boa formação. A questão é que, mesmo aparecendo algumas vezes na frente, não sou avançado. Dentro de campo existem alguns jogadores que podem ser incómodo. Se formos pensar na luta pelo melhor jogador a actuar em Macau, aí a coisa torna-se mais compli-cado pois existem diversos jogadores merecedores desse prémio, como o William, o Leonel, o Filipe Duarte, o Diego Patriota, entre muitos outros.

Na luta pela descida, como vês o campeonato?Lai Chi, Sub-23 e Casa de Portugal. Penso que o Chuac Lun excedeu as expectativas e agora, treinando com alguma regularidade, eles conseguiram atingir qualquer coisa. A Polícia é sem-pre aquela equipa de meio da tabela e costuma fazer boas segundas voltas. Penso que a luta pela permanência, agora mais ao rubro depois de a Casa

de Portugal ter ganho ao Lai Chi, fica entregue a estas equipas e aos Sub-23 que já estão um pouco distantes da linha de água. A Casa de Portugal, se conseguir vencer aos Sub-23, ao Chuac Lun, ao Lai Chi e, porque não à Polí-cia, tem hipóteses de ficar. Basta-lhes vencer mais alguns jogos.

O Bruno é sportinguista assumido. Como vê o campeonato do Sporting Clube de Portugal?No início da época o objectivo é ser campeão, mas, neste momento, não estou insatisfeito com este terceiro lugar e com a presença na final da Taça de Portugal. O terceiro lugar no campeonato permite uma presença na pré-eliminatória da Liga dos Cam-peões. Assumo que não realizámos um campeonato regular mas perdemos al-guns pontos que seriam preciosos para estar mais próximo do segundo lugar.

E quem será campeão, o Benfica ou o FC Porto?Acho que vai ser o FC Porto. Não sou contra o Benfica mas penso que vai ser o FC Porto. O próximo jogo do Benfica contra o Belenenses pode ser muito importante para definir a situa-ção do primeiro posto pois antecede o jogo grande contra o FC Porto. Tenho visto alguns jogos do Belenenses e sei que é uma equipa com valor. Se, por acaso, vencerem contra o Benfica e o FC Porto vencer também, penso que os do norte não vão dar qualquer hipótese no jogo seguinte que é um confronto directo. Seja como for, o Benfica tem uma equipa muito forte e um Jonas inspirado. Em condições de pressão, o FC Porto é sempre mais forte e vacila menos que o Benfica, nas mesmas condições.

Quem é o seu ídolo?Neste momento já não joga apesar de ter tido uma carreira longa. Cresci a admirar o brasileiro Rivaldo. Sempre me identifiquei com ele. Excelente jogador.

Cristiano Ronaldo como melhor do mundo. É merecido?Sem dúvida. Ronaldo é o melhor do mundo. É um jogador incrível e dá gos-to ver um jogo de Ronaldo inspirado, apesar de ser um jogador totalmente diferente do que era quando jogava pelo Manchester United. Obviamente que Messi é um excelente jogador, mas Ronaldo tem uma velocidade incrível e um remate estupendo. Aliás, ao ní-vel de Portugal, Cristiano Ronaldo é mesmo o melhor de todos os tempos, independentemente do que Eusébio fez e conquistou.

“Não posso fechar as portas a uma continuidade em Macau. Gosto do clube e sou sportinguista”

EntrEvista Bruno Brito, jogador de futeBol e capitão do Sporting de Macau

“O sporting ainda tem uma palavra a dizer”

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a caminho dos 5500 amigosJunta-te a opera!

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Hoje Flipside apresenta dJ Jepe

live Music association, 23h00

Bilhetes a 120 patacas, com direito a bebida

amanhãapresentação do ep da banda ConCrete/lotus

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Festival de MúsiCa do Mundo de beisHan

beishan, Zhuhai, 17h00

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edifício do antigo tribunal, 18h00

Entrada livre

domingo Festival de MúsiCa do Mundo de beisHan

beishan, Zhuhai, 14h00

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diariamente exposição de FotograFia de erwin olaF

(até 8 de Maio)

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exposição “HoMenageM a Mestres inspiradores”

(até 10 de Maio)

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Entrada livre

exposição “valquíria”, de Joana vasConCelos

(até 31 de outubro)

MgM Macau, grande praça

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19hoje macau sexta-feira 17.4.2015 (F)utilidadestempo pouco nublado min 19 max 27 hum 65-90% • euro 8 .5 baht 0 .2 yuan 1 .2

João Corvo fonte da inveja

C i n e m aCineteatro

O que fazer esta semana

AcontEcEu HojE 17 de abril

Morre Benjamin Franklin, jornalista, cientista,e inventor norte-americano• Benjamin Franklin foi a mais nova de 17 crianças nascidas dos dois casamentos de Josiah Franklin, co-merciante de velas de cera. Jornalista e tipógrafo desde os 15 anos, começou por trabalhar no jornal do seu irmão James, “the new england Courant”, em boston. em 1729, comprou o “pennsylvania gazette”. o seu grande sucesso como editor foi o “almanaque do pobre ricardo”. publicado a partir de 1732, o anuário de informações gerais cheio dos provérbios de Franklin, como: “um tostão poupado é um tostão ganho”. neste período, além de editor, liderou o grupo que criou a primeira biblioteca pública da Filadélfia. Foi também um dos fundadores da universidade da pensilvânia, onde ergueu o primeiro hospital público da colónia que seria os estados unidos.em 1748, vendeu a editora para se tornar cientista a tempo inteiro. as suas descobertas sobre a electricidade trouxeram--lhe reputação internacional. além de ser eleito membro da royal society, ganhou a medalha Copley em 1753 e o seu nome passou a designar uma medida de carga eléctrica. Franklin identificou as cargas positivas e negativas e demonstrou que os trovões são um fenómeno de natureza eléctrica. este conhecimento serviu de base para o seu principal invento, o pára-raios. Criou também o franklin stove (um aquecedor a lenha muito popular) e as lentes bifocais.Franklin revolucionou a meteorologia. Com base em con-versas com agricultores verificou que a mesma tempestade percorria várias regiões. assim, criou mapas meteorológicos semelhantes aos usados ainda hoje para substituir os gráficos usados até então.o inventor provou ser ainda um hábil administrador público, porém, usava a influência a favor de familiares. o seu mais notável feito no governo foi a reforma do sistema postal. Foi embaixador das colónias no reino unido e, depois da independência americana, representante dos estados unidos em França, onde se tornou uma figura popular na sociedade parisiense.quando morreu, aos 84 anos, o funeral foi acompanhado por 20 mil pessoas.

Sala 1faSt and furiouS 7 [c]Filme de: Jame WanCom: Paul Walker, vin diesel, dwayne Johnson14.15, 16.45, 21.45

faSt and furiouS 7 [3d] [c]Filme de: Jame WanCom: Paul Walker, vin diesel, dwayne Johnson19.15

Sala 2child 44 [c]Filme de: Daniel EspinosaCom: Tom Hardy, gary oldman, noomi rapace14.15, 16.45, 19.15, 21.45

Sala 3the water diviner [c]Filme de: Russell CroweCom: Russell Crowe, Olga Kurylenko, Jai Courtney14.30, 16.30, 19.30, 21.30

?

A escassez de oásis condena-nos à errância.

tHE wAtEr divinEr

“Porquê escolher macau?” Foi esta curiosidade que deu o mote para a feitura do livro que junta 26 ex-periências de estrangeiros que trabalham em macau e de residentes locais que viviam no estrangeiro e voltaram para o território. Christine Barbosa espera que os leitores possam compreender um outro macau através de diferentes raças ou contextos. Os 26 textos são contados nas próprias línguas dos escritores: em chinês, inglês, português e até japonês. “Deve ser

mais real e interessante do que saber de macau pelas notícias ou meios oficiais”, escreve a editora no prefácio. - flora fong

wHy MAcAucHristinE Hong BArBosA(2014)

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20 opinião hoje macau sexta-feira 17.4.2015

“the latest fao estimates indicate that the trend in global hunger reduction continues. about 805 million people were estimated to be chronically undernourished in 2012–14, down by more than 100 million over the last decade and by 209 million since 1990–92. however, about one in every nine people in the world still has insufficient food for an active and healthy life. the vast majority of these undernourished people live in developing countries, where an estimated 791 million were chronically hungry in 2012–14.”

The State of Food Insecurity in the World: Strengthening the enabling environment for food security and nutritionFood and Agriculture Organization of the United Nations

A cada época correspondem diferentes desafios. E cada desafio exige respostas espe-cíficas. Na década de 1960 a fome ameaçava a Ásia meri-dional. A Revolução Verde foi a resposta correcta para a iminente crise alimentar que o mundo enfrentava há meio século. Felizmente,

na actualidade não estamos perante a pers-pectiva de uma fome de grande amplitude, mas encontramo-nos numa encruzilhada. Existem mais de oitocentos milhões de pes-soas que continuam a sofrer de fome crónica por não poderem pagar uma alimentação adequada, apesar de o mundo não sofrer de escassez de alimentos. Num desconcertante paradoxo, mais do 70 por cento das pessoas que sofrem insegurança alimentar no mundo vivem em zonas rurais de países em desen-volvimento. Muitas delas são trabalhadores agrícolas com baixos salários, ou produtores de subsistência, que têm dificuldades para satisfazer as necessidades de alimentos das suas famílias. Ao olhar para 2050, vemos o desafio adi-cional de alimentar uma população mundial que está a consumir mais alimentos, e muitas das vezes adopta dietas melhores e mais saudáveis, e que deverá superar os nove mil milhões de pessoas. Os agricultores e a humanidade no seu conjunto estão a enfrentar os novos desafios que obrigam as mudanças climáticas. A de-gradação generalizada dos recursos do solo e água, conjuntamente com outros efeitos do meio ambiente negativos, mostra-nos os limites dos sistemas de agricultura intensiva. A procura consiste em encontrar sistemas de produção que sejam verdadeiramente sustentáveis e inclusivos, e que suportem um maior acesso aos pobres a fim de pode-rem satisfazer as futuras necessidades de alimentos do mundo. Nada se aproxima mais ao paradigma da produção sustentável de alimentos que a agricultura familiar. Por tal razão, a ONU declarou 2014, como o “Ano Internacional da Agricultura Familiar”. Este é o momento para pôr em relevo o papel que os agricultores familiares, um sector que inclui os pequenos e médios agricultores, os povos indígenas, as co-munidades tradicionais, os pescadores, os

a segurança alimentar e escassez de águapastores, os habitantes das florestas, os que recolhem alimentos e muitos outros, desempenham na segurança alimentar e no desenvolvimento sustentável.

Para celebrar o “Ano Internacional da Agricultura Familiar”, foi elaborado um estudo intitulado de “Estado Mundial da Agricultura e Alimentação em 2014: A inovação na agricultura familiar”, elaborado pela “Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO na sigla inglesa) ”.

O relatório é inovador e contém a primeira previsão global do número de explorações familiares no mundo que são cerca de quinhentos milhões, o que significa que as famílias administram nove de cada dez explorações agrícolas. Uma análise adicional põe em relevo que as explorações familiares, ocupam grande parte das terras aráveis e produzem cerca dos 80 por cento dos alimentos do mundo.

No entanto, ainda que os agricultores fa-miliares sejam importantes para a segurança alimentar mundial, também foram conside-rados um obstáculo ao desenvolvimento, e foram privados de subsídios governamentais em muitos países. Tal mentalidade necessita de ser alterada com a máxima urgência. Os agricultores familiares não são parte do problema, mas pelo contrário, são de vital importância para a solução do problema da fome.

Mas existe um limite quanto ao volume de produção que os agricultores familiares podem conseguir pelos seus próprios meios, e a função do sector público consiste em implementar as políticas e criar os meios apropriados para que possam prosperar. Tal princípio é válido para todos os sectores da vida económica.

O esforço conduzido pelos governos, exige também a participação de outros agen-tes, como as organizações internacionais, organismos regionais, organizações da so-ciedade civil, sector privado e as instituições de investigação. A grande diversidade das explorações familiares e a complexidade dos seus meios de vida significa que não são adequadas as recomendações feitas com base num único modelo.

No apoio às explorações familiares, cada país e cada região tem que encontrar as solu-

ções que melhor se adaptam às necessidades específicas dos agricultores familiares, do meio local e do aproveitamento das capaci-dades, bem como as características próprias dos agricultores familiares.

No entanto, as necessidades dos agricul-tores familiares são muito semelhantes em todo mundo, e que passam por uma melhoria do acesso às tecnologias, que estimule au-mentos sustentáveis da produtividade sem aumentar indevidamente os riscos; proven-tos que correspondam às suas necessidades particulares e respeitem as suas culturas e tradições; especial atendimento às mulheres e aos jovens que se dedicam à agricultura; reforço das organizações e cooperativas de produtores; melhoria do acesso à terra e à água, crédito e mercados; maior participa-ção na cadeia de valor, incluída a garantia de preços justos; fortalecimento da ligação entre a agricultura familiar e os mercados locais para aumentar a segurança alimentar.

É de considerar igualmente, a equidade

no acesso aos serviços essenciais como a educação, saúde, água potável e saneamento. O apoio aos agricultores familiares tem por fim sustentar o seu papel no fomento do desenvolvimento das comunidades rurais. Além de incrementar a disponibilidade de alimentos a nível local, os agricultores familiares desempenham um papel vital na criação de emprego, na formação dos rendimentos e no estímulo e diversificação das economias locais.

Existem muitas formas pelas quais se pode alimentar este potencial. Entre elas contam-se o estabelecimento de vínculos entre a produção da agricultura familiar e os mercados institucionais com destino, por exemplo, ao fornecimento de refeições esco-lares, uma combinação que garante mercados e rendimentos para os agricultores familiares e refeições nutritivas para as crianças.

Os agricultores familiares estão bem situados para recuperar cultivos tradicio-nais que têm grande valor para efeitos da

Existem mais de oitocentos milhões de pessoas que continuam a sofrer de fome crónica por não poderem pagar uma alimentação adequada,apesar de o mundo não sofrer de escassez de alimentos

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21 opiniãohoje macau sexta-feira 17.4.2015

perspect ivasjorge rodrigues simão

segurança alimentar local e que foram abandonados devido à mercantilização da nossa dieta. Existem muitas experiências de sucesso em todo mundo que podem servir como exemplo para outros países na reali-zação das mudanças necessárias com vista ao aproveitamento máximo do potencial dos seus agricultores familiares.

O relatório da FAO menciona opções principais para responder às necessidades e oportunidades para os agricultores familiares em diferentes situações. Todas estas opções, têm uma característica comum: a inovação. Os agricultores familiares necessitam de inovar os sistemas que utilizam; os governos devem inovar as políticas específicas que aplicam em apoio da agricultura familiar; as organizações de produtores têm de inovar para responder melhor às necessidades dos agricultores familiares, e as instituições de investigação e extensão rural precisam de inovar por meio de um processo impulsio-nado pela investigação e baseado funda-

Todos os países devem prestar um cuidado extremo ao sector agrícola, donde depende a alimentação do mundo. A recessão económica ocidental e outras que se desenham no horizonte, farão fatalmente regressar as pessoas ao cultivo das terras

mentalmente na transferência de tecnologia, numa perspectiva que permita e recompense a inovação por parte dos próprios agricul-tores familiares.

A inovação, em todas as suas formas, tem que ser inclusiva, com a participação dos agricultores familiares na criação, in-tercâmbio e utilização de conhecimentos, de forma que assumam como próprio o processo, tornando-se responsável tanto pelos benefícios como pelos riscos, e assegurando-se de que realmente responde aos desafios locais. Torna-se necessária uma forma de progresso que seja tão inovadora como o foi a revolução verde, mas que responda às necessidades do presente e que olhe para o futuro. Não é possível utilizar a mesma ferramenta para responder a um desafio diferente.

O “Ano Internacional da Agricultura Familiar” recorda-nos a necessidade pre-mente de actuar para reactivar este sector fundamental da economia. Ao optar pela

celebração dos agricultores familiares, reconhecemos que são os líderes naturais na resposta aos três grandes desafios que enfrenta o mundo da agricultura, traduzi-dos na melhoria da segurança alimentar e nutrição, preservando ao mesmo tempo os recursos naturais e limitando o alcance das mudanças climáticas. Se for dado aos agricultores familiares a atenção e o apoio que precisam e merecem, conjuntamente é possível estar à altura destes desafios.

Todos os países devem prestar um cuidado extremo ao sector agrícola, donde depende a alimentação do mundo. A reces-são económica ocidental e outras que se desenham no horizonte, farão fatalmente regressar as pessoas ao cultivo das terras. É preciso redesenhar uma nova “Política Agrícola e de Pescas Comum” na União Eu-ropeia, em particular nos países que sempre retiraram da terra e do mar o seu sustento, como Portugal e Grécia, sem menosprezar o valor que a terra arável representa na China,

Índia e Rússia, não esquecendo o antigo celeiro soviético que é a Ucrânia.

O relatório da FAO, apresentado durante o “VII Fórum Mundial da Água (FMA) ”, realizado em Daegu, a 14 de Abril de 2015, denominado de “Para um futuro com segurança hídrica e alimentícia”, adverte que a escassez de água afectará dois terços da população mundial em 2050, devido ao excessivo uso de recursos hídricos para a produção de alimentos. Actual-mente, 40 por cento da população mundial sofre com a escassez de água.

Este aumento deve-se ao sobre consumo de água para a produção de alimentos e agricultura. Existem várias zonas do planeta onde é utilizada mais água subterrânea e não se dá igual reposição de forma natural. Em grandes zonas da Ásia meridional e oriental, Médio Oriente, África do Norte e América do Norte e Central, a agricultura intensiva, desenvolvimento industrial e crescimento urbano são responsáveis pela contaminação das fontes de água.

Os países necessitam de agir com urgência, para assegurar que a produção agrícola, criadora de gado e pesqueira seja realizada de forma sustentável, e contemple ao mesmo tempo a salvaguarda dos recursos hídricos. A segu-rança alimentar e hídrica estão estreitamente unidas, daí a necessidade de uma agricultura centrada na sustentabilidade, mais do que na rentabilidade imediata. Os países devem esforçar-se para assegurar que haja suficiente volume, qualidade e acesso à água para garantir a segurança alimentar em 2050.

Agricultura é o maior consumidor de água. Serão necessários mais 60 por cento de alimentos para alimentar a população mundial em 2050. Mesmo com o aumento da urbanização, em 2050, grande parte da população mundial, continuará a trabalhar a terra, enquanto o sector terá menor volume de água disponível devido à concorrência das cidades e da indústria. Face a este cenário, os agricultores terão de encontrar novas vias, através da tecnologia e das práticas de gestão, para aumentarem a sua produção com uma disponibilidade limitada de terra e de água.

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22 opinião hoje macau sexta-feira 17.4.2015

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Edite Ribeiro; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Ando há várias semanas com a morte na cabeça e, por isso, na ponta dos dedos que escrevem neste teclado. Ando há várias semanas com a saudade que a morte inventou e a pensar que quero escrever sobre ela, sobre a saudade que a morte traz em viagens de regresso ao que

não conhecemos e que nunca deveríamos fazer. As viagens que se fazem com a para-doxal pressa de não se querer chegar onde ela está, ali, parada, com toda a morte que a morte, esse fim estático da vida, encerra.

Mas depois lembro-me que esta página – minha enquanto está em branco e de quem a lê depois de impressa – não me pertence, apesar de me ter sido oferecida. Sou jorna-lista, o que faz de mim um cidadão que não se quer ver à civil, sem a farda da profissão, sem o fardo das ideias que a profissão dá. não que me tenham pedido para manter a compostura profissional, que jamais me foi imposto tema ou área de análise. Sucede que dos jornalistas se espera análise política,

contramãoIsabel [email protected]

À civil

análise social, análise informada, análise atenta. E dos jornalistas que escrevem opinião espera-se que tenham uma opinião.

Há ainda quem espere uma certa repre-sentatividade popular sem acto eleitoral precedente, num exercício que, em última instância, ameaça o ditatorial. É o chamado podias-escrever-sobre-isto-e-aquilo, que vem por vezes acompanhado de vocês--deviam-perguntar-isto-e-aquilo. ninguém votou em mim para que ande por aí a tomar o pulso à coisa, nem a escrever sobre o que preocupa os outros. Mas os jornalistas foram inventados para tomarem o pulso às coisas e escreverem sobre o que preocupa os outros, com a ingénua ideia presente – é, pelo me-nos, o que se deseja – de que podem ajudar a que o mundo seja ligeiramente melhor. ou, pelo menos, mais equilibrado. Posto isto, a escrita sobre a morte fica para quem sabe de filosofia. Ninguém está interessado em ler reflexões de um jornalista sobre a morte. nem sobre a saudade que a morte apresenta e que escorrega para os dedos.

Queria escrever sobre a morte, sobre a vida, e também sobre conversas de café

light, muito light. Queria escrever, por falta de temas de maior pertinência, sobre questões profundas e assuntos banais meus, só meus, para não desaproveitar a página que gentilmente me ofereceram em branco. Mas acontece que há a poluição, o trânsito, a saúde, a economia, o jogo, a diversifica-ção económica, a ausência de políticas e as políticas em excesso, há as coisas todas de que as pessoas se queixam e aqui estou eu, a sentir-me obrigada a escrever sobre o

Desabituámo-nos desta ideia de que quem está na política deve ouvir os outros e deve procurar dar resposta, sem cegueiras prolongadas nem infantis finca-pés, às necessidades dos outros

que os outros dizem, sobre o que os outros pensam, sobre o que penso nesta farda de jornalista. Apesar de esta página ser só mi-nha neste momento, porque ainda não foi impressa. Apesar.

Alexis Tam anunciou esta semana – num discurso cada vez mais invulgar no meio desta (ausência de) retórica política local – que se demite se não conseguir cumprir os objectivos a que se propôs como secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. Raimun-do do Rosário assumiu que não se justifica o injustificável e pediu desculpas pelos atrasos no metro. não estamos habituados a declarações deste teor, nós que lemos jornais em português, feitos em Macau e em Portugal. desabituámo-nos desta ideia de que quem está na política deve ouvir os outros e deve procurar dar resposta, sem ce-gueiras prolongadas nem infantis finca-pés, às necessidades dos outros. Esquecemo-nos de que a política serve para definir políticas, que não serve apenas para promessas vagas, que quem assume responsabilidades deve, efectivamente, incluir a parte das consequên-cias no contrato que assina connosco no dia em que toma posse. Porque nos esquecemos de tudo isto, rimo-nos baixinho (ou alto) de declarações deste teor. Entretemo-nos em análises sobre medições de forças políticas e cruzamos os braços à espera do que vai acontecer.

não quero voltar aqui como membro do coro dos derrotistas, daqueles que entendem que tudo isto é ir longe de mais, que as coisas em Macau não se fazem assim, que não se anunciam substituições de directores em plenários perante os representantes do povo, que o discurso deve ser outro, mais cauteloso, que isto é voar muito alto, que pedir desculpa é perder a face.

Quero voltar aqui, um dia destes, e sentir-me ainda mais monotemática do que por norma me sinto, por não ter de escre-ver sobre a angústia dos outros – os outros que falam comigo, os outros que falam connosco, os outros que nos dizem que vocês-podiam-escrever-sobre-isto-e-aquilo--porque-vocês-são-jornalistas-e-nós-não. A angústia dos outros que também é a minha, porque é nesta cidade que respiro e, por direito, também me pertence.

Quero voltar aqui e escrever sobre o que é só meu, sobre a morte que de intermitente nada tem, só mesmo na literatura, escrever sobre a vida que é muito mais contínua do que se julga. Escrever sobre as minhas banalidades porque não há tema, não há urgência, não há parvoíces, não há fenó-menos políticos dignos de registo. Queria voltar aqui só porque sim, sem políticos com a cadeira à disposição por não terem conseguido cumprir as promessas. E aí talvez escrever à civil. Apesar.

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hoje macau sexta-feira 17.4.2015 23Perfil

LadisLau Monteiro, Músico

O ‘ZicO’ de Macau FiL ipa araú[email protected]

c omeçou desde pequeno a mostrar-se muito atento à música e às cassetes do pai. A mãe contou-lhe que sempre

tivera este amor à música e aos 12 anos isso fez-se notar. “Comecei a tocar [e cantar] aos 12 anos”, começa por partilhar Ladislau monteiro, o Zico, como lhe chamam por cá.

Foi no final do ano de 2008 que Zico veio para macau, acompanhar a sua esposa que conseguira um trabalho neste lado do mundo. estando no território, o músico apro-veitou para “durante alguns meses” estudar o cenário musical do mercado e procurar alguns locais para tocar. “Admito que no início fiquei um bocado triste porque não havia muitos sítios para tocar”, relembra, frisando que ainda hoje “não existem quase espaços nenhuns”.

Foi então que, durante as ‘jam session’ organizadas no bar old Taipa Tavern, que Zico frequentava, surgiu a oportunidade de tocar naquele espaço. “Comecei a tocar lá, depois daí surgiu um convite para ir tocar noutro bar que é o Sports Bar, por me terem visto a tocar”, explicou. A partir daí, as coisas aconteceram de forma natural, começaram a surgir convites para tocar pontualmente em

“Claro que os casinossão importantes, essenciais, mas há espaço para tudo,há espaço para apostarem cultura, em desporto”

alguns cafés, restaurantes e até festas. Foi no bar Roadhouse, nos NAPe, que Zico se destacou como músico anfitrião. O tempo passou e com ele também surgiram novas oportunidades e novos patamares.

Banda do MGM coM nova caraCom seis anos de macau, Zico decidiu aceitar o segundo convite que recebeu do Bar Lions, no casino mGm para pertencer à banda residente. “Já é a segunda vez que eles me tentaram abordar, no primeiro convite já estava vinculado com outro espaço por isso não podia aceitar a proposta. Agora surgiu de novo a oportunidade e aceitei”, conta. Assim, assumindo a posição de músico residente da casa, Zico toca todos dos dias, menos às quartas-feiras, já que continua a tocar no restaurante mexicano Tacos, na Taipa.

Com formação no mundo da música, Zico não esconde que viver da área no território pode ser difícil. “[Viver em macau] para um músico não é nada fácil. Há muitos poucos sítios para se tocar, para ser honesto, existem dois muitos conhecidos que ficam dentro de casinos e depois há os pequenos hotéis que dão preferência aos músicos chineses, que cantem na sua língua. e os que existiam e estavam dispostos a apostar em música ao vivo fecharam ou então não conseguiram as licenças”, conta. Ainda assim, diz, o público está muito receptivo ao trabalho dos músicos ocidentais.

“Hoje em dia já estão mais interessados, até dou exemplo, nestas últimas noites de trabalho temos tido várias pessoas locais que estão receptivas à nossa música, batem palmas, não cantam, por causa da língua, mas estão a ouvir e divertem-se com um tipo de música que não a deles”, defende.

Mais na arteViver em macau para o músico não é difícil, apesar da facilidade ter sido posta em causa com o aumento dos preços. “As coisas em Macau não estão baratas, em 2008 as coi-sas eram mais baratas, mesmo a nível de supermercado. Lembro-me que 500 patacas davam para muito mais coisas do que agora.

o preço das coisas aumentou”, conta. mas ainda assim, diz, viver aqui é mais fácil do que, por exemplo, em Portugal. musical-mente - aqui em macau - é preciso, diz, uma maior aposta. “Não pode ser só casinos e Jogo, é preciso apoiar outro tipo de turismo. entretenimento também é turismo”, defende. Para o músico, apaixonado por vários tipos de música, é preciso que o Governo esteja atento às artes, à pintura, escultura, música e até desporto.

“É preciso direccionar todo este dinheiro, uma parte, para outros fins mais culturais, é preciso apostar na cultura, nos jovens, todos os tipos de arte. Claro que os casinos são importantes, essenciais, mas há espaço para tudo, há espaço para apostar em cultura, em desporto”, ambiciona.

Apesar de ter vivido em Lisboa, é de Tavira que Zico se sente. As praias, a comida, o tempo, as pessoas e a família, “sempre em primeiro lugar”, são o que mais falta sente. Profissionalmente, o ambiente entre os músicos, o facto de haver sempre sítio para tocar e o companheirismo entre todos são coisas de que sem “muita falta”, enumera. o futuro é uma incógnita, muito por causa da sua profissão. Zico não esconde que um músico nunca sabe onde poderá ir, mas Por-tugal será sempre o seu ponto de regresso.

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O s residentes de shenzhen, na China, lamentam a restrição a uma entrada semanal em Hong Kong, em vigor

desde segunda-feira, e alguns pedem mesmo que a medida seja recíproca, escreveu ontem a imprensa local.

Desde que se soube da intenção de limitar a entrada de residentes de shenzhen em Hong Kong, após protestos contra o comércio para-lelo, comentários furiosos invadiram os fóruns online, pedindo às autoridades de shenzhen que aplicassem restrições recíprocas, escreve hoje o south China Morning Post (sCMP).

Shenzhen fica a pouco mais de uma hora de distância da ilha de Hong Kong e há anos que é um destino frequente para os residentes da antiga colónia britânica, que encontram ali preços muito mais baixos.

Dados oficiais indicam que, em 2013, os residentes de shenzhen auferiam, em média, 5.218 yuan por mês, enquanto os de Hong Kong ganhavam 13.877 dólares de Hong Kong.

Assim, se por um lado os residentes de Hong Kong se queixam que as lojas da cidade são in-vadidas por pessoas de shenzhen que compram grandes quantidades de produtos, como leite em pó, para vender do outro lado da fronteira, por outro os habitantes de shenzhen consideram que os visitantes de Hong Kong causam um aumento generalizado dos preços.

“Aconselho as autoridades da China Conti-nental a fornecerem vegetais, água e electricida-de a Hong Kong apenas uma vez por semana”,

escreveu um cibernauta no Weibo. segundo o sCMP, nos fóruns online de shenzhen eram vários os comentários com este tom. “O que posso dizer? Prevejo que mais pessoas de Hong Kong olhem para nós como cães”, indica um comentário.

AnimosidAdesAlguns cibernautas expressaram tristeza pela crescente crispação entre as duas cidades. “Cos-tumava sentir que tínhamos muito a aprender com as pessoas de Hong Kong. Eram amistosos e o atendimento nas lojas era óptimo. Já não é assim”, disse o dono de uma loja em shenzhen.

Antes dos protestos em Hong Kong, o em-presário deslocava-se à cidade com frequência e gastava vários milhares de dólares de Hong Kong em cada visita. Mas agora sente-se relu-tante: “É repulsiva a forma como as pessoas de Hong Kong olham para nós. Porque é que tenho de ir a Hong Kong fazer compras quando Macau nos recebe muito melhor?”

Já o dono de uma mercearia no centro co-mercial de Luohu, junto à fronteira de shenzhen, que se estima que 20.000 pessoas atravessem diariamente para actividades de comércio pa-ralelo, considera a medida “razoável”.

“As pessoas de Hong Kong já não têm nenhu-ma desculpa para odiar os chineses do continente devido aos problemas que o comércio paralelo trouxe. Mas não acho que devam ficar limitadas a apenas uma visita por semana a shezhen. Não tem de ser assim”, disse ao jornal.

Atletismo Mundiais vão realizar-se nos EUA em 2021

A Federação Internacional de Atletismo (IAAF) atribuiu

ontem à cidade norte-americana de Oregon a organização dos Mundiais de atletismo de 2021, competição que se realizará pela primeira vez nos Estados Unidos.

Em comunicado, a IAAF, cujo comité executivo está reu-nido em Pequim, explica que a decisão de atribuir a competição a um dos países mais influentes na modalidade “é estratégica” e “foi tomada tendo em conta o interesse global do atletismo”.

A atribuição da competição à cidade do estado do Oregon, que tinha perdido para Doha a orga-nização dos Mundiais de 2019, foi feita sem recurso ao habitual processo de candidaturas.

segundo a IAAF, o apoio financeiro oferecido pelo go-vernador do Oregon e pelo Comité Olímpico Dos Estados Unidos, bem como o compro-misso assumido pela cadeia televisiva NBC para produzir a competição foram essenciais para a decisão.

A decisão de entregar a com-petição sem o habitual processo de candidatura não é inédita, tendo já ocorrido aquando da escolha de Osaka, no Japão, para os Mundiais de 2007.

Os Mundiais de atletismo, que se realizam de dois em dois anos, decorrem este ano na capital chinesa e em 2017 na cidade de Londres.

A maior competição mundial de atletismo, que se realizou pela primeira vez em 1983, em Helsínquia, já decorreu em vá-rias países europeus, duas vezes em Tóquio, no Japão, e uma em Edmonton, no Canadá.

JapãoDesenvolvidabarreira paraconter tsunamis

INvEsTIgADOrEs japoneses desenvolveram uma barreira cos-

teira que se eleva automaticamente pela força das ondas, capaz de suster o impacto de tsunamis sem causar alterações na paisagem.

Uma equipa da Universidade de Nagoya, no centro do Japão, em cola-boração com a Hitachi Zosen e outras entidades realizaram ensaios que provam a efectividade do sistema, que “pode começar a aplicar-se a qualquer momento”, explicou ontem à EFE um porta-voz do grupo tecnológico.

Quando colocada em cima de um dique convencional, a estrutura proporciona uma altura adicional e amortece o impacto da água sem obstruir a visão, sempre e quando permanece recolhida.

Estas estruturas só se estendem quando o nível do mar sobe e a força da ondulação as eleva para formar uma parede que bloqueia a onda.

As barreiras até agora construídas com este fim, como as que existem em várias áreas do litoral nipónico, demonstraram a sua eficácia para aguentar ondas de até dez metros.

Muitos municípios do Japão deci-diram construir novas barreiras marí-timas após o terramoto de magnitude nove que abalou o país a 11 de Março de 2011 e que gerou um tsunami com ondas de mais de 15 metros, causando cerca de 20.000 mortos e 470.000 deslocados no nordeste japonês.

No entanto, a construção deste tipo de parede gerou alguma relutância en-tre a população de algumas localidades do nordeste do Japão, devido a razões como o seu impacto sobre a paisagem.

O novo modelo é apresentado como alternativa às iniciativas já existentes, embora a empresa refira que actualmente não tem nenhum projecto concreto.

HK Residentes de sHenzHen contRa medidas limitativas

sementes de discórdiaA imposição em vigor desde segunda-feira do limite de entrada de uma vez por semana na antiga colónia britânica gerou os mais coléricos comentários na internet