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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 9 DE ABRIL DE 2014 ANO XIII Nº 3067 hojemacau Ele foi estudar para fora de Macau e voltou há pouco tempo. O que vê à sua volta, seja a política do Governo ou a apatia geral dos cidadãos... irrita-o! E não tem problemas de o dizer nos vídeos que vai colocando no Youtube. KENNY LEONG desafia as pessoas a fazerem ouvir as suas vozes contra o que está mal na RAEM. “Yes, we Kenny!” I’M PISSED OFF , MAN ! ELA DEVE MAIS DE 260 MILHÕES AOS CASINOS QUEM FUMA ASSIM, NÃO É GAGO BANCOS DA CHINA DÃO BAILARICO AOS JAPONESES CRUZ VERMELHA PÁGINA 6 ASSEMBLEIA PÁGINA 4 STANDARD & POOR’S PÁGINA 8 ENTREVISTA PÁGINAS 2 E 3

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Hoje Macau N.º3067 de 9 de Abril de 2014

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Page 1: Hoje Macau 9 ABR 2014 #3067

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q UA R TA - F E I R A 9 D E A B R I L D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 6 7

hojemacau

Ele foi estudar para fora de Macau e voltou há pouco tempo. O que vê à sua volta, seja a política do Governo ou a apatia geral dos cidadãos... irrita-o! E não tem problemas de o dizer nos vídeos que vai colocando no Youtube. KENNY LEONG desafia as pessoas a fazerem ouvir as suas vozes contra o que está mal na RAEM. “Yes, we Kenny!”

I ’M PISSED OFF, MAN !

ELA DEVE MAIS DE 260 MILHÕES AOS CASINOS

QUEM FUMA ASSIM, NÃO É GAGO

BANCOS DA CHINA DÃO BAILARICOAOS JAPONESES

CRUZ VERMELHA PÁGINA 6 ASSEMBLEIA PÁGINA 4 STANDARD & POOR’S PÁGINA 8

ENTREVISTA PÁGINAS 2 E 3

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2 hoje macau quarta-feira 9.4.2014ENTREVISTAJOANA [email protected]

Quem é Kenny Leong? Sou um cavalheiro, bonito, alto e engraçado. (Risos) Nasci em Macau, mas fui para Toronto com cinco anos. Fiquei lá cerca de 20 anos e voltei em 2013 cá. Estou aqui há cerca de um ano e comecei uma empresa de entretenimento, a Cycon Entertainment.

Que tipo de trabalhos fazem vocês?Produção de filmes, shows... fize-mos a aplicação ‘I Food Macau’, que é muito popular. É a aplicação mais descarregada em Macau. Tam-bém temos outros projectos. Tenho estado a fazer filmes, documentários e, claro, comédia.

Porque é que decidiu voltar para Macau? Mudança. Especialmente de cená-rio. Estar num lugar durante muito tempo acaba por esgotar uma pes-soa. Poderia ter ficado lá e tenho a certeza que encontraria um trabalho decente e poderia continuar a fazer os meus filmes e os meus trabalhos, mas ao mesmo tempo senti que tinha opções: Macau, Austrália ou até mesmo o Reino Unido. Tenho vantagens em ser cidadão de Macau e também do Canadá, é-me fácil conseguir vistos para ir para diversos sítios, mas escolhi Macau porque é uma casa que nunca conheci e, além disso, queria ver o que conseguia alcançar. Quando vim, disse a mim mesmo que iria ficar por três anos e que depois ia sair, mas agora... quem sabe?

E, agora, como analisa essa es-colha? O mercado de Macau é bom, para o tipo de negócio em que decidiu apostar? Não acredito em escolhas certas ou erradas. Há boas e menos boas, mas ao mesmo tempo, a escolha é o que se faz dela. Tive pessoas a dizer-me para não vir para Macau, porque não há indústria cinematográfica aqui, não há nada. Diziam-me para ir para Hong Kong... o que é verdade, é verdade. Não há mercado aqui, mas, sabe que mais? Há pessoas aqui. E sinto que posso fazer algo, talvez ajudar a mudar a cultura, a abrir a mente das pessoas, através dos vídeos, curtas-metragens, do-cumentários... Há uma população aqui, gente suficiente para que se faça alguma coisa. Para mim, agora, não vale a pena analisar o mercado. Não é por isso que cá estou.

Como é que surgiu a ideia de fazer algo como o ‘Pissed off man’ e os outros vídeos de comédia feitos cá em Macau?Desde que voltei, aquilo que mais me chamou a atenção cá foram as pessoas, a forma como são conser-vadoras. Isso deu-me a ideia de fazer um documentário, mas seria um longo processo. O que vi foi muita separação entre as comunidades...

Ele está irritado, pá, e disso ninguém tem dúvidas. Kenny Leong nasceu cá, mas ainda agora chegou - em Toronto mais de 20 anos, para onde foi com apenas cinco, o criador da série cómica sobre os problemas sociais e políticos de Macau está de regresso a “casa” e quer que as pessoas percebam que muita coisa pode mudar. Basta abrir as mentes e não ter medo de apontar o dedo ao que vai de errado por aqui

temos os portugueses, os chineses, filipinos, vietnamitas, chineses do continente, tudo dividido em gru-pos. Como é que isto é possível? Numa cidade tão pequena como é Macau, com tão pouca gente, pensei que iria encontrar pessoas que se davam todas umas com as outras, tipo vizinhos... Não, não é o caso e acho isso triste, de uma certa forma. Uma história com 500 anos, a presença dos portugueses...

KENNY LEONG, CRIADOR DA SÉRIE CÓMICA ‘PISSED OFF’

“Temos liberdade de expressão. Usem-na!”

* Veja os vídeos de Kenny Leong em www.kennyleong.com ou ww.youtube.com/shootandchop

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3 entrevistahoje macau quarta-feira 9.4.2014

ArejarTERIA de acontecer

mais tarde ou mais. Por muito específico que seja Macau, também aqui (vejam lá!) as mentalidades se vão modificando e, mais do que as mentalidades, os estilos, os modos de dizer e de fazer. Se falarmos com um membro do Governo ou da elite empresarial, certamente que ouviremos a habitual ladainha da necessária e saudável irreverência da juventude... desde que não se tome demasiado a sério...Erro crasso. Se a sociedade de Macau não quer definhar e marcar passo, ver-se ultrapassada na sua saloice pelos vizinhos de Hong Kong (ontem) e do continente (hoje) têm de acreditar na sua juventude.Não foi, afinal, em vão que centenas de estudantes locais frequentaram universidades e cursos no estrangeiro. É normalíssimo que dessas experiências tragam outras visões do mundo, que só podem acrescentar algo de positivo às mentes bafientas e mandonas.Se pensarmos bem, em termos mais abrangentes, só há cerca de uma década é que os estudantes de etnia chinesa partem realmente para o estrangeiro, com o objectivo de tirar um curso. Mas, como é inevitável, na maior parte dos casos, a coisa vai mais além. E é aí que esse investimento garante bons resultados e, sobretudo, areja a terra, em nome de alguma normalidade.Macau precisa que os seus estudantes voltem e que, graças à política (ou à ausência dela) deste Governo não encontrem espaço para trabalhar, nem habitação condigna para morar a preços possíveis. Precisa de gente instruída que proteste contra a absurda poluição. Precisa destes novos adultos que, com novas linguagens, com novas atitudes, desconcertam quem se encontra instalado no poder e tem dificuldade em repartir.Eles também amam a China e, sobretudo, devem amar muito Macau. Ou não teriam voltado.

édi toCARLOS MORAIS JOSÉ

sinto que deveria haver uma certa ligação entre as pessoas. De onde eu venho, a comunidade é muito diversa – temos brancos, negros, chineses... – e toda a gente se dá bem. Talvez porque todos falamos a mesma língua. Sem dúvida cá isso é um problema, a língua, e, claro, as diferenças culturais. São duas coisas que, para mim, são as responsáveis por esta separação. Contudo, e porque quero fazer algo pelas pessoas, apercebi-me que, apesar desta separação, há as mesmas razões de queixa, a partilha dos mesmos problemas. As pessoas falam comigo, mas também vejo isto acontecer: há problemas com o trânsito, com os autocarros, tanta coisa. Para mim é estranho, sendo Macau uma das cidades mais ricas no mundo. Pergunto a mim próprio como é que é possível o desenvol-vimento ser tão demorado e isso irrita-me. “I’m pissed off, man”. (Risos) Isto precisa de ser falado, as vozes têm que se levantar, mas ninguém está verdadeiramente a fazer algo, a falar... daí os vídeos.

Mas, porque é que acha que isso acontece? A juventude de Macau tem medo de falar ou é demasiado preguiçosa para tentar mudar isso?É por causa da forma como as pessoas de Macau são educadas. Seja pelo sistema de ensino, seja pela família. São educados de uma forma tradicional, que os faz ser muito conservadores, muito tími-dos. Há pessoas inteligentes, muito espertas. Mas, ao mesmo tempo, não querem ser metediças, não querem problemas ou arranjar sarilhos. Só querem viver tal e qual como os seus familiares, seguir as pisadas dos pais, dos avós... Estudar gestão, direito... arranjar um bom trabalho e, caso isso não seja possível, vão para um casino, onde são bem pagos. Tudo aqui gira em torno do dinheiro. Sinto que as pessoas são bastante materialistas, o que é normal nos países asiáticos. Não querem saber de pessoas, do outro.

O último vídeo que fez falava precisamente sobre o dinheiro, o cheque pecuniário entregue pelo Governo, e tem mais de 14 mil par-tilhas na internet. Essa divulgação do vídeo pelas pessoas, acha que é por causa de concordarem consigo ou acharem apenas piada?De certeza que é porque concordam comigo. Sinto que, apesar de não ser toda, toda a gente, as pessoas ainda falam sobre o assunto. Gosto de criar coisas com as quais as pessoas se possam relacionar, com ideias e conteúdos que façam as pessoas ver-se na situação. Mas as partilhas e os ‘likes’ não é o que me importa quando faço este tipo de coisas. O que me importa é conseguir fazer com que as pessoas vejam o que se passa. ‘Hey, pessoas de Macau, o que se passa à vossa volta, abram os olhos, vejam.’ Através do vídeo é

fácil fazer com que a nossa opinião seja ouvida, é a forma mais fácil de o fazer, porque não é tão extremo quanto ir para a rua manifestar-me. Quero que as pessoas acreditem que podem mudar algumas coisas. Só é preciso o poder de uma pessoa para mudar uma vida e que quero ser esse exemplo. É óbvio que é fixe as pessoas falarem de mim, mas não faço isto porque quero ser famoso.

É mais do que uma piada, é uma mensagem que se passa através desse vídeo.Coragem... eu quero encorajar as pessoas a seguir o seu caminho, a falarem se têm algo a dizer. Temos liberdade de expressão, usem-na. Falem sobre tudo o que é problemá-tico em Macau para vocês, porque se tivermos todos juntos, como a população de uma cidade, é mais fácil fazer com que as nossas opi-niões sejam ouvidas.

Algumas partes dos vídeos são em inglês, nomeadamente a expressão-chave. É uma forma de chegar às outras comunidades?Sim, exactamente. E porque não sei como escrever [essas palavras] em chinês. Não, não. (Risos) Não quero que sejam apenas os chineses a ver esses vídeos, porque Macau tem outras comunidades. Quero os portugueses a ver – ainda pensei pôr as legendas em português, mas ficava sobrecarregado com legendas – e as outras comunidades. O inglês é a língua internacional. Não quero também que seja só uma coisa de Macau, que cá fique. Quero partilhar a minha ideia por toda a plataforma. Além disso, algo muito interessante aconteceu que me fez colocar legen-das. Tenho um amigo em Toronto que é meio surdo e com isto ele conseguia perceber. Isso fez-me perceber que

era muito importante, porque há pes-soas com estas deficiências e quero que também elas vejam.

Tem alguma ideia se a mensagem chegou ao Governo? Qual o feed-back que recebe?Conheci uma pessoa no outro dia que tem ligações com o Governo, com alguns dirigentes, e um deles, pelo que me disseram, estava muito impressionado. Disse que mais pes-soas deveriam estar a fazer o mesmo, a falar até sobre outros problemas, porque eu estou certo, diz ele. Ele disse mesmo que não estava a ser feito o suficiente no Governo e que deveria estar a ser feito mais. Fico muito agradado ao ouvir isto, mas também há a outra face da moeda... pessoas que me dizem que não de-veria estar a meter-me em assuntos do Governo, que as coisas de que falo são sensíveis.

Acha que são assuntos sensíveis? Não, não. Não, fogo, não. E mesmo que me meta em sarilhos por causa disso, não quero saber. É algo que precisa de ser feito, algo que precisa de mudar e alguém tem de dar o primeiro passo. Não estou a tentar ser um herói, mas temos de falar! Temos que tirar vantagem do facto de termos liberdade de expressão. Tenho imensas pessoas que me avisaram por causa do artigo 23º [da Lei Básica], incluindo comentários no vídeo de pessoas a dizerem para ter cuidado. Só pensava, ‘mas que raio é o artigo 23º?’. Os meus colegas explicaram-me, mas... não quero sa-ber. Já houve um tempo [na China], em que toda a gente tinha medo e isso é muito lixado. Quando as pessoas se manifestam, fazem ouvir a sua voz é fantástico, é óptimo. O que está a acontecer agora em Taiwan, é bom para as pessoas, para a comunidade. As pessoas juntam-se para provar algo ao Governo, para apontar algo que não foi bem feito e mandar a mensagem que nós sabemos o que foi feito pelo Executivo. As coisas são lixadas na China, a cultura, a forma como toda a gente tem medo de falar... é difícil.

Há a tendência de comparar muito as pessoas de Macau com as de Hong Kong ao nível da men-talidade. Concorda com a ideia de que os residentes daqui do lado fazem mais do que os de Macau?Sim, sem dúvidas. Concordo a 100%. As pessoas de Hong Kong são submissas também, de uma certa forma, mas não tanto como cá. E isso

tem a ver com as culturas. Em Hong Kong vê-se protestos, manifesta-ções, sempre... as pessoas não têm medo de falar. E isso é óptimo, não percebo porquê exactamente, mas penso que estará relacionado com o facto de Hong Kong ter sido co-lonizado pelos ingleses, haver mais pessoas a entrar e a sair do território de culturas diferentes e com o facto de as mentes serem mais abertas. O que se vê na televisão, inclusive, é mais provocativo do que o temos cá ou na China. Mas, claro, ainda há trabalho a fazer.

Podemos esperar projectos seus para breve?Estou aberto a ideias. As pessoas vêm ter comigo e dizem-me que te-nho de falar de determinados assun-tos e eu quero sempre encontrar-me com elas, falar. É importante ouvir os assuntos que incomodam os outros, há muitas coisas que ainda não ouvi, não sei, estou cá só há um ano. Em termos de o que quero fazer a seguir, quero continuar as séries do ‘Pissed off’, mas ao mesmo tempo não quero saturar... mas quem sabe? Depois de tanto feedback positivo, isso faz-me querer continuar, por isso é ver. Inicialmente tinha apenas um canal de comédia, com outros vídeos também, mas ao mesmo tempo – e mais agora – há um significado para o que estou a fazer.

Portanto, tem sempre que haver uma mensagem no que está a fazer?Sim, sempre. O conteúdo é im-portante e tem que passar alguma mensagem.

Não está a pensar ser deputado no futuro, ter uma carreira...Não, não. (Risos) Isso é a última coisa que quero fazer. Se for ainda mais fundo nos meus vídeos, vejo que há tanta coisa para falar, tantos vazios por preencher em Macau. Não quero ser um politico, não sou. Só quero que as pessoas percebam as mensagens e ,eventualmente, o Governo as perceba também.

Para as pessoas que ainda não o conhecem, se pudesse dizer algo à população o que seria? Pessoas de Macau, levantem-se! Façam ouvir a vossa voz! Por favor. A cidade inteira precisa de nós, para dar as nossas opiniões, apontar o que está errado. Não podemos viver só a nossa vidinha, casual... façam algo.

O que vi foi muita separação entre as comunidades... temos os portugueses, os chineses, filipinos, vietnamitas, chineses do continente, tudo dividido em grupos. Como é que isto é possível?

Pessoas de Macau, levantem-se! Façam ouvir a vossa voz! Por favor. A cidade inteira precisa de nós, para dar as nossas opiniões, apontar o que está errado

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4 hoje macau quarta-feira 9.4.2014POLÍTICA

ANDREIA SOFIA [email protected]

O S deputados conside-ram que o Governo deve pensar na cria-ção de compensações

financeiras aos croupiers que, no local de trabalho, são fumadores passivos e, por isso, vítimas de problemas de saúde. Por entre pro-postas da criação de um subsídio de três mil patacas para os traba-lhadores, o deputado Leonel Alves considerou importante a criação de um regime de indemnização.

“Há necessidade de começar a estudar e implementar um regime jurídico adequado de indemniza-ção a estes trabalhadores. Temos de alterar o que disse o director dos Serviços de Saúde (SS) e considerar estas questões como uma doença profissional. Temos de pensar num regime de seguro obrigatório e um fundo de reser-va para a indemnização”, disse o deputado.

Leonel Alves referia-se às declarações de Lei Chin Ion, que momentos antes havia referido que a lei laboral em vigor não considera doenças respiratórias como sendo causadas pela profissão.

REVISÃO ESFUMOU-SECheong U, secretário para os As-suntos Sociais e Cultura, referiu que “as soluções como o exame médico e seguros obrigatórios serão tidos em conta. Não estou a declinar as nossas responsabilida-des mas temos de actuar consoante a lei”.

Estas declarações foram profe-ridas no âmbito do debate ocorrido ontem na Assembleia Legislativa (AL) e que partiu da iniciativa da deputada Ella Lei. Ella Lei, que representa a Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM), pedia a revisão da lei, por forma a implementar a proibição total do fumo nos casinos. Angela Leong, deputada, directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e uma

No debate sobre a proibição total do fumo nos casinos, Cheong U admitiu que o Governo “não tem pressa para efectuar uma revisão da legislação”. Leonel Alves defendeu a criação de regime de indemnizações e seguros a croupiers, como forma de resolução dos problemas de saúde

FUMO NOS CASINOS DEPUTADOS PEDEM INDEMNIZAÇÕES E SUBSÍDIOS PARA CROUPIERS

De pé, ó vítimas do fumo...

FONG CHI KEONGAPOIA FUMADORESDesde que começou uma nova legislatura que o deputado Fong Chi Keong, agora nomeado, se tem pautado pela ausência do hemiciclo. Mas ontem as suas opiniões voltaram a ser ouvidas e animaram os restantes deputados. “Proibir o fumo totalmente? Isso seria uma ditadura. O primeiro presidente desta AL, o doutor Carlos D’Assumpção, fumava. Deng Xiaoping e Mao Zedong também fumavam. O tabagismo é uma grande indústria! Se a pessoa entender que a sua saúde está a ser afectada, então que deixe de ser croupier. Muitas vezes quando vou jogar os croupiers pedem-me um cigarro, e eu dou! Acho que este é um tema de debate supérfluo e desnecessário.”

das defensoras do fim do fumo nos casinos, não esteve presente no debate.

Da parte do Governo foi afas-tado o cenário de revisão. “Não estamos a trabalhar devagar e não somos preguiçosos”, frisou Che-ong U. “Mas a nossa lei é muito flexível. Temos de melhorar esses trabalhos mas não estamos com pressa para efectuar uma revisão da legislação. Vamos ouvir as opi-niões da Assembleia Legislativa (AL), mas o controlo do tabagis-mo é uma situação nova e vamos analisar passo a passo.”

Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde (SS), preferiu remeter explicações para o relató-rio do balanço da implementação de três anos da lei. “Estamos a analisar como vamos fazer este relatório e em princípios de 2015 poderemos finalizá-lo. Vamos ter um relatório sobre o controlo do tabagismo e outro sobre avaliação do uso do tabaco e ainda convidar instituições para fazer um estudo com turistas e residentes.”

ECONOMIA GANHOU À SAÚDELeonel Alves propôs a ideia de indemnização sem esquecer de frisar que a economia de Macau cresceu em grande parte devido ao trabalho dos croupiers. “Neste binómio economia-saúde, ganhou a economia. E temos de assumir responsabilidades. A prosperidade de Macau e as receitas cobradas devem-se aos trabalhadores sujei-tos ao fumo passivo. O Executivo e o órgão legislador têm respon-sabilidades.”

Os restantes membros do he-miciclo chamaram a atenção para o facto de ter sido aberta uma excepção para os casinos, aquando da criação da lei. A manutenção do sucesso económico foi uma das razões apontadas.

“Se controlarmos o fumo nos casinos e as receitas caírem, como é? Se as receitas diminuírem vai ficar tudo afectado, a educação e a acção social. Ninguém gosta de falar disto, mas é a verdade,

80% das receitas vêm do jogo e a diversificação da economia vai demorar”, disse Chan Chak Mo.

“Provavelmente uma proibição plena vai afectar as receitas. Mas será que o Governo fez um estudo sobre o impacto que isso terá nos nossos cofres? Podemos ver pelo sector da restauração, em que foi implementada a proibição total do fumo e as receitas não diminuíram. Temos de clarificar o que quere-mos: só damos peso às receitas económicas e ignorando a saúde da população?”, questionou Au Kam San.

ZONAS PARA FUMADORESEM TODOS OS PAÍSESUm responsável da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jo-gos (DICJ) referiu não existirem “provas nem dados estatísticos que reflictam a necessidade de proibição (total do fumo). Em to-dos os países foram criadas zonas para fumadores. Actualmente no Estado do Nevada (Las Vegas) é permitido o fumo nos casinos, mas para proteger a saúde dos trabalhadores exige-se a criação de zonas para não fumadores. Na Coreia também há locais nos casinos onde os jogadores podem fumar.”

O director dos SS avançou com a possibilidade de se implementa-rem estruturas, como biombos, que separem o croupier do jogador--fumador, ou ainda salas de fumos como as que existem nos aeropor-tos. Lei Chin Ion lembrou ainda que o Governo já recebeu cerca de 16 mil dados sobre exames médicos feitos a uma parte dos trabalha-dores das seis concessionárias, os quais ainda estão a ser analisados.

Das mais de 700 queixas re-cebidas sobre situações de “fumo ilegal”, cinco diziam respeito a trabalhadores com doenças cró-nicas ou gravidez que teriam sido deslocadas para salas de fumo. “Ao longo dos últimos meses deixámos de receber essas queixas”, disse o director dos SS, que garantiu que a situação da saúde está controlada.

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hoje macau quarta-feira 9.4.2014 5 política

A TDM tem 25% do ca-pital social da Canais Básicos de Televisão de Macau, S.A., a

empresa sem fins lucrativos cria-da pelo Governo para garantir a transmissão de canais televisivos. De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim

N A reunião da Co-missão de As-suntos Eleitorais

do Chefe do Executivo (CAECE) de ontem, a presidente da Comissão Eleitoral, Song Man Lei, afirmou que o orçamento para as próximas eleições do Chefe do Executivo vai aumentar.

Em notícia avançada pela Rádio Macau, ainda não há certezas de quanto vai ser esse aumento. Este é justificado pela subida dos preços e dos serviços, face a 2009, ano das últimas eleições para o Chefe do

Executivo. No entanto, Song Man Lei afirmou que vai ser possível saber mais informações sobre o orçamento deste ano no momento em que for delineado o local para a organização das eleições, bem como a estrutura de pessoal necessária para o acontecimento.

Tal como em 2009, os valores da despesa de campanha dos candidatos não deverão exceder os 0,02 por cento do valor global das receitas do orçamento geral para este ano 2014.

LEONOR SÁ [email protected]

E M interpelação escrita, o depu-tado Leong Veng Chai voltou a questionar o Governo sobre

os aumentos dos trabalhadores da Função Pública de Macau no pas-sado dia 20 de Fevereiro.

Recentemente, foi aprovado na Assembleia Legislativa, o aumen-to, em Maio, de 5,71% do salário da função pública, bem como a ine-xistência de retroactivos no mês de Janeiro. O aumento per-centual referido deverá desti-nar-se aos salá-rios mensais, mas também às pensões de

sobrevivência e de aposentação dos funcionários. A decisão final deverá ser conhecida no próximo dia 16, altura em que o Governo espera ter uma resposta definitiva.

Na sua interpelação, Leong falou sobre o aumento que os casinos já fizeram nos salários dos seus funcio-nários, devendo o mesmo acontecer na Função Pública. O deputado insis-tiu, uma vez mais, em questionar o Governo sobre a revisão do Regime Jurídico da Função Pública, em

virtude do “aperfeiçoamento” dos regimes de subsídio e

abonos. A ser posta em

prática, esta medida deverá custar ao Governo de Macau cerca de 550 mi-lhões de patacas.

SEGUNDO a Rádio Macau, Lau Iong, secretário-geral

do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) afirmou que foram recebidas mais de uma centena de propostas de construção para Macau. Ainda assim, Lau afirma que houve vá-rias desistências desde Março,

data da entrada em vigor da nova lei de planeamento urbanístico.

Aos já existentes 80 pro-jectos juntam-se, depois da nova lei, mais 31 propostas de construção. A grande maioria das estruturas estão pensadas para a península de Macau, mais especificamente para a zona

de grande parte do património cultural do território.

Contudo, desconhecem--se, ainda, as razões para as desistências verificadas depois da aprovação da lei de planea-mento, bem como a finalidade efectiva dos projectos de cons-trução aprovados pelo CPU.

ACÇÕES DA CANAIS BÁSICOS PODEM SER TRANSFERIDAS. TDM COM 25% DO CAPITAL

A caixa mágica e os coelhos

LEONG VENG CHAI VOLTA A INSISTIR NO AUMENTO DOS SALÁRIOS DA FUNÇÃO PÚBLICA

Outra vez arroz?

ELEIÇÕES REUNIÃO DA CAECE PREVÊ AUMENTO DO ORÇAMENTO

Nada se sabe, tudo se prevê

Oficial, a RAEM tem 70% do total da sociedade e, além da TDM, a Direcção dos Serviços de Correios detém 5%.

O anúncio explica, contudo, que não é excluída a possibili-dade de posteriores aumentos ou reduções do capital social, ou de disposição de acções. As acções

da RAEM são detidas pela Di-recção dos Serviços de Finanças, sendo as dos restantes accionistas detidas pelos próprios. O Gover-no vai ainda anunciar quem será o responsável pelas acções da empresa. “Os direitos da RAEM, como accionista da sociedade, são exercidos através de representante

designado por despacho do Chefe do Executivo, a publicar no Bole-tim Oficial.”

O Boletim Oficial dá ainda conta que os trabalhadores da Ad-ministração Pública podem vir a exercer funções na sociedade, em regime de comissão eventual de serviço ou de acumulação de fun-

ções. Entretanto, e de acordo com a Rádio Macau, Lau Si Io disse não revelar os termos do acordo com a TV Cabo, que – tal como tinha sido já avançado – vai mesmo renovar o contrato com o Governo. O secretário para os Transportes e Obras Públicas limitou-se a dizer que o principal problema já está solucionado, frisa a rádio. “A questão sobre a renovação do contrato com a TV Cabo está na parte final. As questões principais já foram resolvidas. Restam ques-tões de pormenor, mas tentamos com a maior brevidade possível resolvê-las.” - J.F.

Conselho de Planeamento Urbanístico recebe 111 propostas

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hoje macau quarta-feira 9.4.20146 SOCIEDADE

CECÍLIA L IN* [email protected]

A jovem da Cruz Verme-lha da China que, no ano passado, esteve envolvida em polémica

por estar a jogar em casinos de Ma-cau, voltou ao centro das atenções quando, ontem, o site ‘Wonderful World’ (em inglês) anunciou que Guo Meimei tem “uma dívida de 260 milhões de patacas” em Ma-cau, desde 2012.

O site foi criado em Junho do ano passado por funcionários de jogo, cuja intenção é dar a conhecer jogadores que, alegadamente, têm dívidas de jogo em casinos de Macau.

A página, disponível em chinês e inglês, mostra dados pessoais de jogadores, fotografias pessoais, moradas, lcoais de nascimento, em alguns casos, até números de

O índice de confiança dos con-sumidores de Macau desceu 0,38% em relação ao último

trimestre do ano passado. A culpa recai sobretudo no que diz respeito à aquisição de uma habitação. Os da-dos são da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, em sigla inglesa) que lançou ontem um estudo sobre o índice de confiança dos consumidores de Macau. Nos primeiros três meses, a confiança da população atingia 85,9%, uma queda de 0,38%.

Numa escala de 0 a 200 pontos, a situação do emprego é a que tem o índice mais alto – à semelhança de estudos anteriores - com 127,6 pontos, mais 2,5 do que último trimestre, o que mostra que os consumidores têm cada vez mais optimismo face à sua carreira.

Já que no que diz respeito a comprar uma casa, a confiança ainda falta aos residentes. A pontuação foi de apenas 40,38 pontos – menos 1,29 pontos do que último trimestre. “Depois de se ver a quantidade de

O processo de renova-ção e expansão da Doca dos Pescadores,

complexo turístico de Macau, deverá estar concluído em 2017 e vai criar cerca de cinco mil postos de trabalho, anunciou ontem o empresário David Chow. “A contratação será feita de uma forma gradual, consoante o crescimento da obra”, explicou o empresário à margem da cerimónia de assinatura de um empréstimo sindicado que inclui uma de-zena de bancos, incluindo os portugueses Banco Nacional Ultramarino e Banco Comer-cial Português.

David Chow apontou o final do ano de 2017 como possível data de conclusão da empreitada, adiantando que não se trata “apenas de uma renovação mas também expansão”, dado que também

se prevê o aumento do núme-ro de mesas de jogo de 140 para 500 nos dois casinos da companhia, um na Doca dos Pescadores e outro no edifício Landmark.

A assinatura do acordo per-mitiu ao empresário angariar mais 4,2 mil milhões de dólares de Hong Kong, a somar aos dois mil milhões que já tinha arrecadado na oferta pública de venda na Bolsa de Hong Kong, em meados de 2013. David Chow afirma já ter o dinheiro necessário para avançar com as obras de remodelação e ampliação.

A nova Doca dos Pesca-dores terá mais três hotéis (já possui um), um museu de dinossauros, um auditório com 1200 lugares e uma marina para barcos de recreio, além de manter os espaços comerciais já existentes. - Lusa

JOGO JOVEM DA CRUZ VERMELHA CHINESA DEVE “MAIS DE 260 MILHÕES” AOS CASINOS

Um admirável mundo velho

A jovem terá reagido às acusações do site, dizendo que tem quem lhe pague as dívidas mas, até agora, ainda nenhum dinheiro foi devolvido

ESTUDO ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS CONSUMIDORES FACE À HABITAÇÃO DESCE

Os desconfiados do costumeRENOVAÇÃO DA DOCA DOS PESCADORES CRIA MAIS 5000 POSTOS DE TRABALHO

Prontinha em 2017candidatos à habitação económica no início do ano, os residentes de Macau parecem ter uma atitude muito pessimista na aquisição de uma casa”, refere o estudo.

Cautelosos face à economia – que caiu 2,34 pontos -, os residentes mostram-se, ainda assim, optimis-tas, dando mais de cem pontos à situação económica de Macau. Sobre o nível do preço dos produtos e de vida, ambos aumentara, com o estudo a concluir que a pressão dos consumidores face à inflação aliviou no primeiro trimestre do ano.

O estudo mostra ainda que os residentes com um nível mais alto de educação conseguem ter mais confiança do que os residentes com níveis de formação primários e se-cundários. Os consumidores entre 29 e 50 anos têm menos confiança do que os outros.

O estudo - feito entre os dias 15 e 22 de Março – baseou-se em infor-mações cedidas por 1024 residentes e foi financiado pela Fundação Ma-cau, tendo sido feito em cooperação com universidades de Pequim, Hong Kong e Taiwan. - C.L.

A jovem da Cruz Vermelha da China que, no ano passado, deu nas vistas ao ser apanhada a jogar em casinos de Macau, continua a jogar e a viver luxuosamente, acumulando dívidas de mais de 200 milhões de patacas

telefone e documentos pessoais, como o passaporte.

De acordo com o que é dito so-bre Guo Meimei, a jovem da Cruz Vermelha chinesa está sinalizada como representando um perigo de 90% para os casinos de Macau.

As informações são fornecidas ao site através de pessoas que conhecem os alegados jogadores em dívida. No caso de Meimei, um homem de apelido Wong terá sido o responsável pelas informações.

A jovem terá reagido às acu-sações do site, dizendo que tem quem lhe pague as dívidas mas, até agora, ainda nenhum dinheiro foi devolvido. As informações sobre a jovem foram actualizadas no dia 5 de Abril deste ano. O HM tentou entrar em contacto com Guo Mei-mei, mas não foi possível.

Segundo a imprensa chinesa, o homem que forneceu informações

sobre Meimei diz estar disposto a cumprir todas as responsabilidades legais pela divulgação dos dados.

PERDER A FACEO site está em funcionamento há quase um ano e indica que a maioria dos alegados devedores

são da China continental. Pelo que foi possível analisar ao HM, há pessoas de Hong Kong e de Macau também com alegadas dívidas, ain-da que ninguém de departamentos governamentais.

De acordo com a imprensa local, em notícias avançadas o ano

passado, Charlie Choi Kei Ian, o responsável do site, já tinha referido que tentar que os jogadores paguem as dívidas através de meios legais é quase inútil, mas que, através da publicação das informações das pessoas , já se conseguiu recuperar mais de 20 milhões patacas dois meses após a criação do site. “Esta lista negra toda a gente pode ler e as pessoas não se podem esconder. Não querendo perder a face, fun-ciona. E com o perder a face, os chineses importam-se mais.”

Para já, mais de 200 pessoas estão na lista, onde se incluem as fotos, a quantidade da dívida e o contacto da fonte que pode negociar a dívida.

Choi ainda disse ao Macau Daily Times o ano passado que os jogadores cujas informações são postas online eram “bem-vindos a apresentar queixa” e que ele estaria pronto a recompensá-los no caso de terem razão. O HM tentou contactar o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais para um comentário, mas devido ao avançado da hora, não foi possível. - *com Joana Freitas

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hoje macau quarta-feira 9.4.2014

ANTÓ

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FALC

ÃO

7 sociedade

CECÍLIA L [email protected]

A deputada Ange-la Leong lançou ontem uma carta aberta onde ques-

tiona o processo de formação de médicos em Macau, frisando que desde o estabe-lecimento do novo serviço de urgências no hospital Conde de São Januário surgiu uma situação “constrangedora”, uma vez que não há médicos suficientes.

“Assim o novo edifício das urgências não pode desempenhar a sua função, pelo que os problemas em arranjar uma consulta ou a fila de espera mantém-se”, acusa a deputada.

A também directora--executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) lembra a promessa feita pelos Serviços de Saúde (SS) em 2011, quando prometeu que ia, nos três anos seguintes, formar cerca de 100 médicos de clínica geral. Contudo, até Fevereiro deste ano, apenas foram formados 23 médicos estagiários que concluíram o o curso e dois que ainda frequentam a licenciatura.

“A promessa não foi cumprida e mostra-se que os responsáveis não definiram o número de médicos que faltam no território. Tam-bém não fez um plano de formação e de recrutamento para responder à procura da sociedade. Apesar do público estar decepcionado, isso traz um impacto sério na imagem e credibilidade do Governo”, escreve a deputada.

China Construction Bank abre sucursal

O China Construction Bank Corporation (CCBC) vai poder ter uma sucursal em Macau. A autorização foi dada ontem,

pelo Chefe do Executivo, através de um despacho publicado em Boletim Oficial. O banco pode estabelecer-se no território a partir de Julho, altura em que a ordem executiva entra em vigor, mas as autorizações não se ficam por aqui. De acordo com o anúncio, o banco vai poder fundir-se com o Banco de Constru-ção da China (Macau). “É autorizada a transferência de todos os direitos e obrigações decorrentes da actividade desenvolvida pelo Banco de Construção da China (Macau), S.A., para a su-cursal de Macau do China Construction Bank Corporation.” O CCBC tem sede em Pequim e em Macau estará isento de todos os impostos, taxas e emolumentos notariais e de registo no que concerne à fusão do banco. - J.F.

Entrada de turistas aumentou 17% no QingmingFoi registado um aumento de 17% na entrada de turistas em Macau entre os dias 5 e 7 de Abril (cerca de 642 mil), coincidentes com o feriado chinês do Dia dos Finados, em relação ao mesmo período de 2013. De acordo com os dados das autoridades de imigração, houve um total de 1,3 mil milhão de movimentos entre estes dias. O posto fronteiriço das Portas do Cerco foi o que mais entradas e saídas teve durante os três dias, tendo-se registado um total de 470 mil entradas e 462 mil saídas nesta fronteira. Também o Terminal Marítimo do Porto Exterior registou um elevado movimento de turistas, com 78 mil entradas e 74 mil saídas.

Centro educativo “ilegal” ainda a operar

O centro de transporte de alunos que foi declarado como estando a operar sem licença ainda não suspendeu a

sua actividade. De acordo com o jornal chinês Ou Mun, o centro – que dava explicações a alunos ilegalmente, uma vez que era apenas um local de transporte – não só continua a operar, como há ainda a suspeita de que o dono esteja a operar um outro local semelhante, este de explicações, para aproveitar os alunos que saem do centro de transporte e lhes fornecer serviços de explicações. Segundo a lei, o centro de explicações tem um limite no número dos alunos, mas o de transporte não. Segundo alguns pais cujos filhos continuam no centro, os dois centros poderiam juntar-se, até porque os pais não se importam que o centro não tenha licença, uma vez que as crianças estão já habituadas ao local.

ANGELA LEONG QUESTIONA PROCESSO LENTO DE FORMAÇÃO DE MÉDICOS

Curso de negligência geralAngela Leong questiona

os SS sobre os objectivos pro-postos em 2011 e quer saber porque é que os resultados estão longe do esperado. “Em relação à actual escassez de trabalhadores na área da saú-de, o Governo não conseguiu formar médicos suficientes, como é que pretende satis-fazer as necessidades actuais na área da medicina?”, ques-tiona, exigindo um plano a curto, médio e longo prazo para recuperar do atraso.

“A recém criada comis-são de talentos podia fazer um plano de promoção de talentos para o futuro, de-vendo considerar medidas de incentivo para ter mais talentos na área da saúde, por forma a resolver o problema de várias maneiras.”

A questão do recrutamento da saúde foi também abordada numa carta aberta enviada às redacções, assinada por uma enfermeira que trabalha no serviço público de saúde, onde é referido que as enfermeiras não têm acesso à prática da profissão depois do curso. Na carta é referido que, em 2006, o secretário para os As-suntos Sociais e Cultura tinha prometido a formação de 150 enfermeiros, tendo sido assi-nados acordos de cooperação com o Instituto Politécnico de Macau (IPM) e Hong Kong para a organização do curso

profissional de enfermagem. Esse curso teria parte das propinas pagas pelo Governo e daria acesso ao diploma de pós-graduação.

“Contudo, alguns en-fermeiros que concluíram o curso ainda não foram recrutados, mesmo tendo o certificado de reconhecimen-to dos SS. As pessoas em questão consultaram os SS, que responderam apenas que o processo iria ser concluído em tempo oportuno. Mas não foi dada uma explicação para a ausência do recrutamento, nem foi prevista uma data para a contratação.”

A carta questiona se o Governo fez um plano errado de formação ou se usou di-nheiros públicos para formar profissionais desnecessários, ou se há alguma razão para não ter acontecido o recru-tamento.

“Acreditamos que a uti-lização dos talentos já for-mados também é importante para a política dos talentos do Governo. Esperamos que o Chefe do Executivo e o secretário possam dar atenção a este assunto.”

O HM contactou os SS, que confirmaram a recepção da carta, mas até ao fecho da edição não deu uma resposta sobre o problema do recrutamento na área da enfermagem.

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8 hoje macau quarta-feira 9.4.2014CHINA

O S bancos chineses possuem “impressio-nantes” similaridades com o sistema bancário

do Japão dos anos 1990, época que ficou conhecida como a década perdida, mas as instituições da China devem seguir um caminho diferente, embora com alguma turbulência nos próximos anos, afirmou a Standard & Poor’s.

Num relatório, a agência de classificação de risco lembrou que a China enfrenta uma acelerada expansão na dívida do sector pú-blico e na concessão de crédito, ao mesmo tempo em que os preços no sector imobiliário sobem marca-damente e a economia desacelera.

O S manifestantes taiwaneses que ocupam há três semanas o parlamento de Taipé, em pro-

testo contra um acordo de comércio de serviços com a China, anunciaram que vão abandonar o edifício na quinta-feira.

Na maioria estudantes, os mani-festantes ocuparam a sala principal do parlamento a 18 de Março, naquele que foi o primeiro protesto do género na ilha.

“Sairemos do parlamento na quinta--feira, às 18:00. Convidamos também todos os nossos amigos a virem ao nosso encontro fora do parlamento”, disse esta segunda-feira o líder estudantil Chen Wei-ting numa conferência de imprensa transmitida pela televisão,

acrescentando que os manifestantes vão continuar a pressionar o Governo até os seus objectivos serem atingidos.

A decisão de desconvocar a ocupa-ção ocorreu depois de o presidente do parlamento, Wang Jin-pyng, do partido Kuomintang, no poder, ter entrado na sala principal no domingo para se reunir com os estudantes.

O responsável comprometeu-se a não presidir a mais debates parlamen-tares sobre o comércio de serviços até que seja criada uma lei para regular esse tipo de acordos com a China.

Os manifestantes classificaram a promessa como um gesto de “boa vontade”.

Doze milhões a caminho de Cabo-Verde O Embaixador da China, Su Jian procedeu esta segunda-feira, à entrega simbólica de equipamentos relacionados com a disponibilização de água para agricultura, à Direcção Geral da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, cidade da Praia. Os equipamentos avaliados em cerca de 12 milhões de patacas foram entregues à Ministra do Desenvolvimento Rural, Eva Ortet. Os equipamentos são constituídos por uma sonda, instrumentos para perfurações e equipamentos de furo e destinam-se à mobilização de água no meio rural, como uma forma de aumentar a disponibilidade de água para a agricultura e consequentemente para as áreas irrigadas.

“A China parece ter aprendido com os problemas passados do Japão. O governo chinês e os reguladores estão a afastar os bancos do precipício.”STANDARD & POOR’S

Nos relatórios emitidos pela agência de classificação de risco, S&P, que comparam os sistemas bancários japonês e chinês, o gigante asiático sai por cima. A “crise” parece improvável, apesar de não ser de descartar um abaixamento na qualidade dos empréstimos dos bancos chineses nos próximos dois a três anos

STANDARD & POOR’S DESCARTA CRISE PROLONGADA EM BANCOS CHINESES

Da resistência do bambu

TAIWAN MANIFESTANTES VÃO PÔR FIM A OCUPAÇÃO DO PARLAMENTO

Um gesto de boa vontade estudantil

Para a S&P, apesar destes factores se assemelharem aos observados no Japão há duas décadas, uma prolongada crise é “improvável” para os bancos chineses.

“Os bancos chineses são fi-nanceiramente mais fortes que os japoneses quando estes foram atingidos pela crise e nós acre-ditamos que a economia chinesa possui um potencial de cresci-mento suficientemente robusto para os bancos superarem qual-quer crise de crédito”, afirmou a agência, numa série de relatórios publicados ontem para comparar os dois países.

A S&P ponderou que a China possui algumas características

importantes para absorver as perdas que o Japão não conseguiu durante a década perdida. Entre estas diferenças contam a favor

da China um movimento de de-saceleração no endividamento do sector privado, um sector bancário bem capitalizado e com resulta-dos sólidos, uma postura mais dura do governo central chinês e com elevada probabilidade de ajuda às instituições financeiras se necessário.

“A China parece ter aprendido com os problemas passados do Japão. O governo chinês e os regu-ladores estão a afastar os bancos do precipício. Estes cuidados e estas medidas preventivas sugerem-nos que a década perdida não é um cenário previsível”, afirmou a S&P.

Mesmo assim, não é possível descartar uma abaixamento na qua-

lidade dos empréstimos dos bancos chineses durante os próximos dois a três anos, um período de stress financeiro e com fortes perdas de crédito, alertou a S&P.

A agência de classificação de risco explicou que a elevada exposição dos bancos chineses a empresas deficitárias, pres-sionadas pelo excesso de oferta durante a desaceleração no sector imobiliário, e o aperto na liquidez promovido pelo governo podem aumentar os custos de financiamento para quem contrai empréstimos.

Por outro lado, o sector bancá-rio paralelo faz também ressaltar o desequilíbrio e os riscos de crédito na economia chinesa. O cenário base da S&P prevê perdas relacionadas com crédito neste sector, que serão compartilhadas entre accionistas, financiadores individuais, investidores e enti-dades públicas.

“Embora a expansão do crédito para além de emprésti-mos bancários ter desacelerado ligeiramente, não é seguro que os reguladores consigam conter as actividades no sector ban-cário paralelo sem provocarem consequências indesejadas no crescimento económico e na es-tabilidade financeira”, escreveu a agência de classificação de risco.

A S&P esclareceu que en-quanto os reguladores estão pre-ocupados com estas actividades, quem define as políticas não vê este sector como inteiramente indesejável porque atende a algumas necessidades de finan-ciamento que o sistema bancário tradicional não auxilia.

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hoje macau quarta-feira 9.4.2014 9 china

A China deseja estabele-cer “uma parceria ge-ral” com Timor-Leste,

impulsionando o comércio e a cooperação bilaterais, afirmou ontem o presidente chinês, Xi Jinping.

O desejo foi manifestado durante um encontro com o primeiro-ministro de Timor--Leste, Xanana Gusmão, que iniciou no domingo uma visita oficial de uma semana à China.

“Boa vizinhança, amizade, confiança mútua, recipro-cidade, respeito pela via de desenvolvimento escolhida pelo povo timorense e firme apoio comum aos interesses essenciais e grandes preocu-pações de cada um serão as características da parceria”, afirmou o líder chinês, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua.

Xi Jinping, que é também secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC), propôs “impulsionar a co-operação na construção de infra-estruturas, comunica-ções, energia, agricultura e

desenvolvimento de zonas económicas especiais”, indi-cou a mesma fonte.

A agenda do primeiro-mi-nistro timorense na China inclui a participação na conferência anual do Forum Boao, iniciada ontem na ilha de Hainan, sob o tema “Novo Futuro da Ásia: Identificando novos motores de crescimento”, e que conta com a presença de chefes de governo de oito países.

Alem de Xanana Gusmão, estarão presentes os primeiros--ministros da Austrália, China, Coreia do Sul, Kazaquistão, Laos, Namíbia e Paquistão.

Proposto no final da década de 1990 por vários estadistas asiáticos, o Forum Boao define--se como “uma organização não-governamental empenha-da em promover e aprofundar o intercâmbio económico, co-ordenação e cooperação dentro de Ásia e entre a Ásia e outras partes do mundo”.

Depois do Forum Boao, que decorre até quinta-feira, Xanana Gusmão visitará as províncias chinesas de Fujian e de Hunan.

A China autorizou importações de milho brasileiro,

já este mês, o que significa um revés para as vendas dos Estados Unidos para o segundo maior consu-midor do mundo, já pre-judicadas pela descoberta de um carregamento não aprovado com plantas mo-dificadas geneticamente.

O milho do Brasil foi aprovado para importação a partir de 31 de Março, disseram as autoridades chinesas nesta terça-feira,

2014 Banco Mundial revê em baixa previsão de crescimento económico da República Popular para 7,6% O Banco Mundial reviu em baixa a previsão sobre o crescimento económico da China em 2014, de 7,7% para 7,6%, devido ao abrandamento da produção industrial e das exportações nos primeiros meses do ano, disse ontem a imprensa oficial. Trata-se de um descida de 0,1 pontos percentuais face ao crescimento registado em 2012 e 2013 (7,7%), que foi o mais baixo desde o final da década de 1990, mas não altera a previsão do Banco Mundial para 2015 (7,5%), refere o China Daily. Analistas citados pelo jornal estimam que no primeiro trimestre de 2014, o Produto Interno Bruto chinês deverá ter crescido “entre 7,2% e 7,4%”, o que coincide com a meta de “cerca de 7,5%” preconizada pelo governo. No dia passado dia 02 de Abril, o governo chinês anunciou um pacote de estímulos económicos, ou “medidas pró-crescimento”, segundo a terminologia oficial, nomeadamente para construção de caminhos-de-ferro e redução de impostos às pequenas empresas.

EUROPA ESPECIALISTAS VÊEM COM BONS OLHOS O RESULTADO DA VISITA DO PRESIDENTE

Xi, o semeador4países visitados

120acordos assinados

550mil milhões de patacas

FORUM BOAO PEQUIM DESEJA “PARCERIA GERAL” COM TIMOR LESTE

O bom vizinhoCHINA PREFERE BRASIL AOS EUA

Também tu, meu milho

nas relações sino-europeias, disse Feng. As várias acções realizadas na visita são uma oportunidade para os países europeus e até para a comunidade internacional ob-servarem a China, conhecendo as condições do Estado e o modelo de desenvolvimento adoptado.

Durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, pela Europa, de 22 de Março a 1 de Abril, a China assinou mais de 120 acordos de cooperação com quatro países europeus, no valor de cerca de 550 mil milhões de patacas. A China e a Europa anunciaram na declaração conjunta a construção de parcerias em quatro áreas. A China publicou o segundo documento de política para com a UE, esboçando um plano de cooperação de cinco a dez anos.

O director do Departa-mento da Europa do Instituto das Ques-tões Internacionais

da China, Cui Hongjian, disse que as relações sino-europeias já ultrapassaram os laços de simples comércio e que se irão desenvol-ver de maneira mais equilibrada e completa, sobretudo depois do impulso dado pela visita do pre-sidente chinês à Europa.

Segundo Cui Hongjian, a China está a aprofundar a reforma em todos os sectores, procurando ace-lerar o processo de industrializa-ção, informatização, urbanização e de modernização da agricultura.

Paralelamente, a Europa está a re-alizar reformas estruturais. Ambas as regiões necessitam de estudar as suas experiências mutuamente, sobretudo nas áreas de urbaniza-ção, protecção ambiental, desen-volvimento regional e integração urbana-rural, disse.

O vice-presidente do Institu-to das Relações Internacionais Contemporâneas da China, Feng Zhongping, considera que Xi Jinping expôs claramente, na sua visita, que tipo de país é a China e por que o actual caminho de desenvolvimento foi escolhido. A sua visita ajudou a eliminar mal-entendidos e preconceitos

Os especialistas chineses em questões internacionais consideram que a visita do presidente chinês à Europa impulsionou ainda mais a parceria estratégica sino-europeia

num comunicado. O go-verno do Brasil, segundo maior exportador de mi-lho do mundo depois dos Estados Unidos, sinalizou o movimento no fim do ano passado, mas a data de início não havia sido re-velada naquele momento.

A China importa mi-lho principalmente de Estados Unidos, mas as trocas pararam quando autoridades recusaram cerca de 1 milhão de to-neladas devido à presença de uma planta genetica-

mente alterada que não tinha sido aprovada por Pequim.

A China está a au-mentar as fontes de for-

necimento de grãos de ração animal conforme a produção doméstica falha em manter o ritmo face ao rápido crescimento da procura por alimentos ricos em proteínas.

“A China está a acres-centar mais origens de fornecimento para atender à crescente procura de longo prazo”, disse um analista da indústria. “O fornecimento brasileiro pode ser muito compe-titivo em relação ao dos Estados Unidos.”

Espera-se que o Brasil exporte 20 milhões de toneladas de milho no ano 2013/14, segundo uma es-timativa do Departamento de Agricultura dos EUA.

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hoje macau quarta-feira 9.4.201410 publicidade

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hoje macau quarta-feira 9.4.2014 11EVENTOS

A maior exposição de-dicada ao artista dissi-dente chinês Ai Weiwei

abre as portas em Berlim. São três mil metros quadrados divididos por 18 salas.

Ai Weiwei não foi autoriza-do a viajar até à capital alemã. Preparou a retrospectiva a par-tir do seu estúdio em Pequim.

Um dos momentos fortes da mostra é a instalação, realizada no átrio do museu, que reúne seis mil troncos de madeira de várias aldeias do norte da China.

“Ai Weiwei é um artista e

Mais Festival de Artes de MacauDevido à grande procura de bilhetes para o XXV Festival de Artes de Macau (FAM), o Instituto Cultural do Governo da R.A.E. de Macau organizou actuações adicionais para os programas mais procurados, nomeadamente “A Beleza Esmorece” e “Dezoito Primaveras”. A actuação extra do espectáculo da Colectiva de Artistas de Ópera Cantonense de Macau “A Beleza Esmorece”, subirá ao palco do Cinema Alegria no dia 23 de Maio, pelas 19:30 horas. A companhia de teatro de Hong Kong Zuni Icosahedron oferece uma representação adicional da peça “Dezoito Primaveras” no dia 30 de Maio, pelas 20:00 horas, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau, para além das actuações já programadas para dia 31 de Maio e 1 de Junho.

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A MAIOR EXPOSIÇÃO DEDICADA A AI WEIWEI EM BERLIM

O artista ausente

ESMAGADORA MAIORIA DOS MELHORES FILMES CHINESES FORAM FEITOS DEPOIS DA “REFORMA E ABERTURA”

Zhang Yimou na liderançaM AIS de dois ter-

ços dos 50 me-lhores filmes do cinema chinês

foram realizados nos últimos 35 anos, coincidindo com o desenvolvimento da política de “Reforma e Abertura”, segundo uma tabela publica-da esta semana pela revista Time Out Pequim.

A lista, dedicada exclusi-vamente aos filmes feitos no continente chinês, foi estabe-lecida com base nas escolhas

de 80 críticos e profissionais de cinema chineses e estran-geiros, disse a revista na sua edição de Abril.

Dezasseis dos filmes datam já do século XXI, enquanto as primeiras três décadas da Republica Popular da China (1949-79) estão representadas por apenas quatro filmes.

Zhang Yimou, nascido em 1951, é o realizador mais cita-do, com oito títulos, seguido de Jia Zhangke, 19 anos mais novo, com sete filmes.

A lista é encabeçada por “Adeus, Minha Concubina”, de Chen Kaige, que ganhou a “Palma de Ouro” do Festival de Cannes em 1993.

Um melodrama de 1948 int i tulado “Primavera numa Pequena Cidade”, de Fei Mu, ocupa o segundo lugar.

A política de “Reforma Económica e Abertura ao Exterior” foi adoptada pelo Partido Comunista Chinês em Dezembro de 1978.

por isso recorre a uma lingua-gem artística, trata-se de arte conceptual. Mas por outro lado, nalgumas obras há uma mensagem que temos de de-cifrar. Claro é muito político porque ele fala do que se passa na China e no que se passou com ele e também nas relações entre a China e o Ocidente”, sublinhou Gereon Sievernich, comissário da exposição.

Uma das instalações retrata o período em que o artista chinês esteve preso.

Ai Weiwei foi detido em 2011 alegadamente por frau-

de fiscal. Passou 81 dias deti-do em condições degradantes num local desconhecido. Foi libertado sob caução mas não pode sair de Pequim sem autorização.

A retrospectiva pode ser visitada em Berlim, no museu Martin-Gropius-Bau, até 7 de Julho.

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WWW. IACM.GOV.MO

hoje macau quarta-feira 9.4.201412 publicidade

AVISOReconstrução do bloco I de gavetas-ossários, instalado no interior

do Cemitério de S. Miguel Arcanjo Faz-se público que devido ao uso continuado das gavetas-ossários do bloco I, este apresenta danos visíveis a diferentes níveis, sendo que, é necessário proceder a obras de reparação e reconstrução. Por esta razão, o IACM decidiu iniciar a respectiva obra em Maio de 2014. A estrutura das instalações a reconstruir vai ser idêntica ao bloco I de gavetas-ossários existente actualmente. Durante o período de execução da obra, todos os recipientes contendo ossadas e cinzas nas gavetas-ossários n.ºs SM-00001 a 00236 serão, temporariamente, depositados em estantes provisórias no interior do Cemitério de S. Miguel Arcanjo, onde os cidadãos poderão entrar e prestar culto aos seus antepassados. Após o termo da obra, os recipientes serão novamente recolocados nas gavetas-ossários, consoante o princípio da localização inicial, isto é, por localização inicial entende-se aquela que seja idêntica, tanto no número da linha vertical (contado de cima para baixo), como no número da linha horizontal (contado da esquerda para a direita) da localização inicial existente. Além disso, o IACM assumirá a responsabilidade do fabrico e recolocação de fotografias em cerâmica e gravação de dizeres nas lápides das gavetas-ossários de acordo com o existente actualmente. Para qualquer informação, é favor contactar os Serviços de Ambiente e Licenciamento deste Instituto, área dos cemitérios, telefone n.°: 82942651. Aos 2 de Abril de 2014

O Presidente Substituto do Conselho de Administração

Vong Iao Lek

AvisoCandidatura a Bolsas de Investigação Científica Financiadas em Conjunto pelo Ministério das Ciências e da Tecnologia da República Popular da China e pelo

Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia de Macau para 2014

A fim de criar mais oportunidades na cooperação com as instituições de investigação continentais, bem como na participação dos projectos de investigação a nível nacional, conforme a decisão feita na sétima conferência pelo Conselho de Cooperação das Ciências e da Tecnologia de Macau e continente, o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT) de Macau e o Ministério das Ciências e da Tecnologia da República Popular da China (MCTRPC) desenvolvem conjuntamente o apoio financeiro aos projectos de investigação.

(1.) Apoiar projectos prioritáriosPara responder a necessidade de desenvolvimento social e económica de Macau, bem como aproveitar plenamente com as vantagens dos recursos de investigação do continente, apoiando prioritariamente, em quaisquer áreas cientificas e tecnológicas, os projectos com objectivo claro e estão relacionado com a vida do povo, a combinação entre a investigação cientifica, educação e produção.

(2.) Formas e exigências para o requerimento(i) A parte de requerimento de Macau negocia com o parceiro do continente

em termos de conteúdo, plano e divisão do trabalho da investigação, preenchendo o plano de requerimento, assinando o protocolo de cooperação ou memorando, apresentando o requerimento ao FDCT no prazo indicado;

(ii) Ao candidatar o presente projecto especial, deve marcar no formulário de requerimento “Projecto especial de financiamento com o MCTRPC”;

(iii) O valor máximo de apoio financeiro prestado pelo FDCT é 3 milhões de patacas, com o prazo máximo de 3 anos, sendo atribuído periodicamente, a entidade financiada de Macau deverá realizar o projecto de acordo com o Termo de Aceitação assinado com o FDCT;

(iv) Enquanto o parceiro do continente deverá simultaneamente declarar “Cooperação Científica e Tecnológica Especial de Hong-Kong, Macau e Taiwan” do MCTRPC, a forma detalhada para a declaração pode ser consultada nos dispostos relacionados no MCTRPC;

(v) Se o projecto só for declarado ao FDCT e não for declarado ao MCTRPC pelo seu parceiro, este não serão aceite como projecto de financiamento conjunto, o FDCT vai avisar isso ao candidato.

(3.) Procedimento de avaliação(i) O FDCT e o Gabinete para os Assuntos de Hong-Kong, Macau e Taiwan do

MCTRPC avaliam respectivamente sobre os projectos;(ii) O procedimento de avaliação para os projectos confirmados é igual a

o actual dos projectos de investigação do FDCT, mas vai ser tratado prioritariamente pelo FDCT;

(iii) Anualmente, em Setembro ou Outubro, após a terminação da avaliação, o FDCT vai verificar a lista dos projectos financiados com o Gabinete para os Assuntos de Hong-Kong, Macau e Taiwan do MCTRPC;

(iv) O FDCT e o Gabinete para os Assuntos de Hong-Kong, Macau e Taiwan do MCTRPC seleccionarão conjuntamente os projectos financiados a partir dos projectos que passaram a avaliação, a lista será publicada simultaneamente pelas duas partes em Março ou Abril no ano seguinte;

(v) As duas partes combinarão o resultado de avaliação conjunta, seleccionando aqueles projectos que nunca tinham sido aprovados e colocando-os no banco de projecto. Caso um projecto do banco ainda não seja aprovado no próximo ano de aprovação, seria eliminado do banco.

(4.) Data do requerimentoA partir de hoje até 12 de Maio de 2014.

(5.) Forma de preenchimento e Apresentação dos elementosOs candidatos podem baixar “formulário de requerimento” e “plano de requerimento” no website do FDCT (www.fdct.gov.mo), preenchendo directamente em conformidade com requisitos de formato e palavras do plano de requerimento. Conforme a exigência do artigo 6.º do Capítulo II do Despacho do Chefe do Executivo n.º 273/2004, os elementos relevantes devem ser apresentados ao Serviço de Apoio Financeiro do FDCT no prazo indicado. Endereço: Alameda Dr. Carlos d’Assumpção, n.os 411-417, edifício Dynasty Plaza, 9.º andar.Telefone: 28788777; Fax: 28722680 Correio electrónico: [email protected]

O Presidente do Conselho de Administração do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia

Tong Chi Kin8 de Abril de 2014

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hoje macau quarta-feira 9.4.2014

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Francisco soares

OS BIHENOSA formação dos mais diversos povos nas zonas hoje integra-das em Angola deu-se

também, mais do que por pro-cessos de mistura biológica, por crioulizações - misturas de cos-tumes de pelo menos dois povos diferentes.

Um dos exemplos vem no li-vro de Serpa Pinto, Como eu atra-vessei a África. Trata-se de um autor profunda e convictamente racis-ta, acreditando na superioridade dos “brancos” sobre os “pretos”. Entretanto se trata igualmente de uma pessoa curiosa, que tenta compreender e conhecer os po-vos e a sua formação, transcre-vendo o que ouve com respeito pelas pessoas que, depois, no tra-to, considera selvagens. Graças a este paradoxo, o livro tem várias passagens relatando processos de formação de novas nações por crioulização e mestiçagem. Não sei porquê, tanto quanto pude ler não se repara muito nisso. 

A formação do povo bieno (do Bié, ou Bihe, ou Vihe) é um destes casos. Ela é típica do que, durante séculos, se passou no nos-so território: povos de caçadores cruzam-se com populações an-teriores, juntando a influência da força ao conúbio. São, portanto, ‹conquistas› não destrutivas. São cumulativas. Assim também os costumes, ritos, símbolos e cren-ças dos dois povos originais se misturam, geralmente, por acrés-cimo. 

Sem mais delongas (as mi-nhas ideias o leitor já as conhece) transcrevo a história da formação do povo bieno tal como Serpa Pinto a narrou a partir do que ou-viu no local:

“Em tempo, como se verá, pouco distante, estas terras do Bihé eram povoadas de matas densas, onde abundavam ele-fantes, e onde assentavam raras povoações de raça Ganguela. O rio Cuanza, depois da sua con-fluencia com o Cuqueima, divi-de o paiz do Andulo do paiz de Gamba, que lhe fica a leste. Era sova de Gamba um tal Bomba, que possuia uma filha de grande formosura, chamada Cahanda.

  Este sova Bomba vivia na margem esquêrda do rio Loan-do, affluente do Cuanza. A for-mosa e nêgra princesa Cahanda, pediu ao pai para ir visitar umas parentas que eram senhoras da

povoação de Ungundo, ùnica de alguma importancia no Bihé de outrora. Estando a filha do sova Bomba n›esta povoação de Un-gundo a visitar as parentas, acon-teceu chegar ao paiz um ouzado caçador de elefantes chamado Bihé, filho do sova do Humbe, que com grande comitiva tinha passado o Cunene e estendido as suas excursões venatorias até áquellas remotas terras. Um dia o selvagem discìpulo de Santo Hu-berto têve fome, e estando perto da povoação de Ungundo, diri-gio-se ali a pedir de comer. Foi então que vio a formosa Cahan-da, e é preciso dizel-o, que vel-a e amal-a foi obra de um momen-to. Estas questões de amor em Àfrica sam muito semelhantes ás questões de amor na Europa, e pouco depois do encontro dos dois jovens, Cahanda era rapta-da, e Bihé plantava a estacada da grande povoação que ainda hôje é a capital do paiz, paiz a que deu o seu nome, fazendo-se acclamar sova. As dispersas tribus Gangue-las fôram por elle submettidas, e o pai da primeira soberana do Bihé reconciliando-se com a fi-lha, permittio uma grande immi-gração do seu pôvo para ali. Ao casamento do sova succedéram--se muitos outros entre as mulhé-res do norte e os caçadores do seu sèguito, e esta é a origem do pôvo Biheno.  Assim os Bihenos sam Mohumbes, nome que na Àfrica Austral de oeste dam aos descendentes da raça do Humbe, os quaes não se encontram só no Bihé, mas estam tambem espa-lhados em outros pontos, sôbre tudo frente da costa entre Mos-sàmedes e Benguella, misturados com os Mundombes, que sam a verdadeira raça d›aquelle paiz. Hôje a verdadeira raça Mohum-be no Bihé é representada pêla nobreza e gente rica do paiz, os descendentes dos caçadores do primeiro sova, e ainda assim, fôra da familia reinante, está ella misturada com sangue de raças muito differentes; porque, sendo o Bihé desde o seu comêço um grande emporio de escravatura, e tendo sido colonizado em gran-de parte por escravos de raças di-versas, o baixo pôvo provem de uma mistura inexplicavel, e a no-breza mesmo, nas suas bastardias numerosas, tem trazido ás suas descendencias sangue dos paizes mais remotos da Àfrica Austral.”

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14 hoje macau quarta-feira 9.4.2014h

E M Abril de 1983 foram dezoi-to horas de comboio desde Xangai até Kaifeng, em clas-se “banco duro”, a carruagem

com multidões de chineses a entrar e a sair, até pelas janelas, ao longo das muitas paragens espalhadas por mais um itinerário de mil quilómetros pela China. E os chineses companheiros de viagem -- quase tudo gente do campo que nunca vira um estrangeiro, ao vivo -- a aproximarem-se de mim, a fazerem fila para olhar de viés ou observar de-moradamente este filho de um demó-nio qualquer nascido lá das bandas do Ocidente. Quanto exotismo e estra-nheza no rosto, na roupa, na fala, nos modos do homem de Portugal, Putaoya葡萄牙, país que os camponeses chi-neses do comboio, em 1983, ignora-vam existir mas que eu expliquei ficar no sul da Europa. De Ouzhou欧洲, a Europa, já tinham ouvido falar. Valeu--me a Yu Ping, admirável companhei-ra a meu lado, metendo umas buchas na conversa e resolvendo, com poucas palavras em bom mandarim, a natural bisbilhotice de pessoas curiosas e sur-preendidas, também porque estrangei-ros em “banco duro” e com uma mulher chinesa eram, na época, outra novida-de na China.

Chegámos a Kaifeng ao anoitecer. À saída da estação fomos literalmente assaltados, não por ladrões mas por umas dezenas de angariadores de clien-tes que tentavam conduzir-nos para as suas pensões e hotéis. Outra vez a Yu Ping a decidir, a tomar a opção certa. Eu tinha então 36 anos de idade, não me movimentava por dentro das sinu-osidades do Império com a relativa fa-cilidade com que o faço neste ano de graça de 2014. Levados num “táxi” de ocasião – a caixa traseira de uma mo-toreta com três rodas e dois lugares –, fomos parar a uma pensão barata, razo-avelmente limpa. Nunca mais esqueci a banheira toda em ardósia negra onde me regalei com um banho retempera-dor mas confuso, as águas eram escu-ras, pretas, não da sujidade acumulada no meu varonil corpo lusitano, mas por causa do cinzento escuro do fundo e dos lados da banheira.

Regressei a Kaifeng em Abril de 2001, sem a Yu Ping, mas liderando um grupo de valentes turistas portugueses, instalados no melhor hotel quatro es-

António GrAçA de Abreu

REQUIEM PELA CAPITALDOS SONG DO NORTE 北宋

(960-1126)

KAIFENG开封

trelas da cidade. Outros tempos, com uma Kaifeng mais alindada, com velhas ruas como a Song Du Yu Jie comple-tamente restaurada, novos parques e jardins, pavilhões junto ao lago acaba-dos de construir, numa imitação kitsch do que terão sido os melhores edifícios desta capital da dinastia Song do Nor-te, ao modo do quadro “Na Festa do Qingming, junto ao Rio.”

Kaifeng teve a sorte de ter sido magnificamente retratada por volta de 1120 por um quase ignorado pin-tor chamado Zhang Zeduan 张择端. O resultado é uma das pinturas mais famosas da China, um rolo em seda aberto com cinco metros que tem por título Qingming Shanghe Tu 清明上河圖 ou seja exactamente “Na Festa do Qingming, junto ao rio”. Trata-se de uma das obras-primas da pintura chi-nesa e universal, e um admirável e ri-goroso retrato do quotidiano de uma grande cidade extremo-oriental no sé-culo XII, exactamente quando Portugal nascia. Aparecem ruas, casas, merca-dos, jardins, pavilhões, templos, pon-tes, o rio com os barcos e sobretudo pessoas percorrendo a cidade, merca-dores, barqueiros, mandarins, monges, cerimónias fúnebres, o imenso povo. Está lá tudo para entender o que hoje se chama a história dos quotidianos, das mentalidades, da economia de uma grande cidade chinesa, no ano 1100.

Quando Song Taizu, o primeiro im-perador da dinastia Song (960-1279) unificou de novo a China, após cin-quenta anos de guerras e conflitos inter-nos, estabeleceu a sua capital em Kai-feng, uns dez quilómetros a sul do rio Amarelo, nesta província de Henan, no coração da China. No século XII calcu-la-se que a população de Kaifeng seria de cerca de um milhão de habitantes, o que fazia dela a maior cidade do globo. Hoje será habitada por quinhentas mil almas. Foi um importante nó de comér-cio, sobretudo de cereais entre o norte e o sul. Milhares de mercadores, mui-tos deles judeus e muçulmanos, vindos do Médio Oriente pela Rota da Seda, fixaram-se em Kaifeng nos séculos X e XI, e essa presença manteve-se até aos nossos dias. Perseguidos, os judeus quase desapareceram, mas há uns anos atrás houve umas tantas famílias, cru-zadas com chineses há muitas gerações que se assumiram como descendentes

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15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 9.4.2014

da antiga comunidade judaica o que motivou de imediato o interesse e a ligação com Israel. Recentemente foi criado na cidade um Instituto de Pes-quisa da História dos Judeus Chineses.

Em 1127, os Jin ou Jurchen, ante-passados dos manchus, conquistaram Kaifeng, obrigando os Song, a dinastia chinesa, a fugir para sul, tendo a capi-tal sido transferida para Hangzhou.1

A cidade iniciou o seu longo período de decadência para o que contribuí-ram também as grandes cheias do rio Amarelo que, ciclicamente desde 1194, tudo têm submergido e provocado cen-tenas de milhares de mortos em toda a região. A proximidade do rio, a amea-ça e concretização de novas e trágicas inundações tem condicionado o quoti-diano de Kaifeng que, desde o perío-do áureo dos Song do Norte, diminuiu de importância e viu a sua população reduzir-se drasticamente.

Mas é uma cidade onde apetece permanecer. Rodeada de muralhas, mantém o classicismo e a ambiência de outrora, não a enxamearam com arranha-céus, o trânsito não é caótico, enfim, nas minhas duas estadas em Kai-feng separadas por dezoito anos, sabo-reei o doce gosto de querer voltar uma vez mais e de me encontrar por aqui com os meus poetas Li Bai (701-762) ou Du Fu (712-770) que também jor-nadearam pela velha Kaifeng.

O grande torreão no Parque Long-ting龙亭, (Longting significa “pavilhão do dragão”) faz-nos recuar mil anos, tal como acontece ao passearmos nos jardins do Pagode de Ferro, construído em 1050, com 55 metros de altura, de-nominado “de ferro” por causa da cor do tijolo escuro com que foi construí-do. O pagode, na verdade duro como o ferro, tem resistido a todas as inun-dações. Não é o caso do interessante templo budista de Da Xiangguo, ou do Grande Ministro, inicialmente cons-truído no ano 555 mas muitas vezes destruído quer por inundações, quer por rebeldes que conquistaram a ci-dade nas lutas pelo poder no final da dinastia Ming, em 1643/44. Embora na reconstrução actual o templo conte apenas com trezentos e cinquenta anos de idade, é um dos lugares onde a ma-gia paira em Kaifeng. Para quem acre-dita em Buda e na protectora Guan-gyin, com sete metros de altura e 1048 braços, a deusa do templo desfaz-se em benesses.

Vinte quilómetros a norte de Kai-feng, na margem direita do rio Amare-lo, encontramos o parque de Mangshan邙山. O lugar tem um hidrofoil que nos leva a flutar num passeio sobre as lamas e as águas barrentas do rio. Tem também um teleférico que nos faz subir até ao templo de Yueshan, no alto com uma vista soberba sobre o rio, a pon-

te ferroviária que o atravessa, com um constante vaivém de comboios de nor-te para sul, de sul para norte, e depois a imensa planície por onde o rio corre e se perde na distância. Ao contrário do que muita gente pensa, o rio Amarelo não é praticamente navegável porque os enormes depósitos de loess arrasta-dos pelas águas se têm depositado no

seu leito, assoreando-o, enlameando as margens com grandes camadas de terra que secam, estreitam e levantam o leito do rio. Daí a importância do sistema de diques que, de vez em quando cedem e falham, sobrevindo então as trági-cas inundações, tão frequentes, século após século, década após década.

O velho Mao Zedong por aqui an-

dou depois de mil batalhas, de incon-táveis jornadas, de dolorosas ilusões e desvarios. Descansou nesta colina so-branceira ao rio e fizeram-lhe uma está-tua, altaneira e solene. Há ainda muita gente a tirar o retrato junto do timo-neiro dos sinuosos e dolorosos tempos do passado.

Amarelo é o rio e a cor do sofri-mento, amarela é a China e os impe-radores defuntos, amarelo é este povo, mais a terra e o loess fértil e fecundo.

Chego a Mangshan pelos antigos caminhos do império, embebo os de-dos no pó amarelo dos séculos. Con-templo o fluir das águas e o vazio.

1 - Ver António Graça de Abreu, Toda a China I, Lisboa, Guerra e Paz, 2013, pag. 349.

APARECEM RUAS, CASAS, MERCADOS, JARDINS,

PAVILHÕES, TEMPLOS, PONTES, O RIO COM OS

BARCOS E SOBRETUDO PESSOAS PERCORRENDO A

CIDADE, MERCADORES, BARQUEIROS, MANDARINS,

MONGES, CERIMÓNIAS FÚNEBRES, O IMENSO POVO.

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16 DESPORTO hoje macau quarta-feira 9.4.2014

MARCO [email protected]

S ÃO poucos, mas bons. Macau tem um único ringue de patinagem e o

número de praticantes de hóquei no gelo não che-gam sequer para encher um mini-autocarro, mas os poucos atletas locais que se aventuram na modali-dade começam a dar cartas fora de portas. A selecção que representa o território nas lides do mais popular dos desportos colectivos de Inverno tem já a presença assegurada na edição de 2015 do mais importante torneio

M ARCOS Freitas esteve na sua terra natal a distribuir autógrafos e

responder a uma bateria de per-guntas colocadas por uma plateia de pequenos e grandes jogadores, treinadores, jornalistas e até um casal de turistas alemães. Na véspera do 26.º aniversário, o ma-deirense revelou os seus desejos.

“O que quero é continuar mo-tivado, não ter lesões, porque sei que, se trabalhar da mesma maneira, vou continuar a evoluir”, sublinhou, deixando entreaberto um salto na carreira, mercê do seu 12.º lugar no ranking mundial. “Tenho mais 1 ano de contrato com o Pontoise [em França], mas estou num novo patamar, tenho feito contactos e é possível mudar. Nada está certo, mas se calhar estou perto de con-cretizar o sonho de jogar na China.”

Embora tenha chegado onde

EXTRACTO DE AVISO

Faz-se público que, de harmonia com o despacho do Secretário para a Segurança, de 31 de Dezembro de 2013, se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento, em regime de contrato além do quadro, de um lugar na categoria de técnico de 2ª classe, 1.º escalão (área de desporto), da carreira de técnico do Estabelecimento Prisional de Macau.

O aviso do concurso encontra-se publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 15, II Série, de 09 de Abril de 2014, com o prazo de inscrição entre 10 e 29 de Abril do corrente ano. Os interessados podem consultar o referido aviso, dentro das horas de expediente, no Centro de Atendimento e Informação do Estabelecimento Prisional de Macau (endereço: Avenida da Praia Grande, China Plaza, 8.º andar “A”, Macau) ou no Website deste Estabelecimento Prisional: www.epm.gov.mo.

Para qualquer esclarecimento, é favor entrar em contacto, nas horas de expediente, através do tel. n.º 28881211, com os trabalhadores da Divisão de Recursos Humanos.

O Director do EPM,Lee Kam Cheong

31 / 03 / 2014

ANÚNCIO

Faz-se saber que, em relação ao concurso público para «Empreitada de Construção do Túnel de Ká Hó - Coloane», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 12, II Série, de 19 de Março de 2014, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 2.2 do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso.

Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encontram-se disponíveis para consulta, durante o horário de expediente, no Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, sito na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10º andar, Macau.

Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, aos 3 de Abril de 2014.

O Coordenador do GabineteChan Hon Kit

HÓQUEI NO GELO ASSINA BRILHARETE NO QUIRGUISTÃO

Macau entra na elite

TÉNIS DE MESA MARCOS FREITAS EM 12º LUGAR DO RANKING MUNDIAL

O sonho do jogar na China“Nada está certo, mas se calhar estou perto de concretizar o sonho de jogar na China”MARCOS FREITAS Jogador de ténis de mesa

top 10 e não ganhar nada. Só a ideia de uma medalha olímpica satisfaz-me mais do que entrar no top 10”.

Marcos Freitas será protago-nista nas principais provas inter-nacionais no final de temporada. Este mês estará com a Selecção no Mundial de equipas, em Tóquio; em Maio disputará a final da Liga dos Campeões e, em Junho, jogará em duas provas do Pro Tour, na Coreia e no Japão.

nenhum outro português chegou, Marcos quer mais. “O objectivo é sempre subir, até porque já ga-nhei a 6 dos onze jogadores que estão à minha frente no ranking”, argumentou, refreando os ânimos quando se falou no n.º 1.

“É quase impossível. Os jo-gadores que lá estão fazem 40 provas internacionais por ano, eu faço metade. O ranking é o instrumento certo para avaliar o nível dos jogadores mas, para mim, o mais importante é ganhar medalhas nas provas principais: preferia ser 20.º ou 30.º do Mundo e ser campeão olímpico do que passar o resto da vida no

asiático de hóquei no gelo, a Challenge Cup of Asia.

A formação do territó-rio garantiu um tal proeza ao conquistar no início de Março o torneio de pré--qualificação para o evento. A Divisão de Honra da Chal-lenge Cup of Asia juntou na capital do quírguiz, Bishkek, as selecções de Macau, de Singapura, da Índia e do anfitrião Quirguistão para um torneio quadrangular destinado a determinar qual das formações integraria no próximo ano a divisão de elite do hóquei em patins asiático. Pouco experiente, a selecção do território acabou por as-sinar um inédito brilharete,

ao surpreender tudo e todos e conquistar o evento.

O conjunto da Região Administrativa Especial estreou-se no torneio com um volumoso triunfo frente à Índia, encerrando a primeira fase da competição com uma derrota por duas bolas a uma frente a Singapura e um outro desaire por três um, frente aos anfitriões quirguízes.

Na fase a eliminar da competição, a selecção do território transfigurou-se, vingando nas meias-finais a derrota frente a Singapura com um triunfo pelo mesmo parcial. No encontro decisivo da competição, o conjunto de Macau impôs-se por 4-3

ao Quirguistão, num desafio pautado pelo equílibrio.

Os tentos apontados por Pong Ka Kit (2), por Chon Ka Miu e por Ho Chon Nin valeram à formação orien-

tada por Chen Zhipeng o seu primeiro grande triunfo internacional. No início da semana, ficou a conhecer-se o nome da selecção que Ma-cau irá substituir no grupo de

equipas que constitui a elite do hóquei no gelo asiático. A representação do Koweit encerrou a participação na edição de 2014 da Challenge Cup of Asia na sexta e última posição da tabela classifica-tiva, depois de ter somado por derrotas todos os cinco encontros que disputou na competição.

A prova, que se disputou na capital dos Emirados Árabes Unidos, Abu Dhabi, foi ganha pelo segundo ano consecutivo por Taiwan. A formação formosina encerrou a participação no certame com quinze pontos, quatro pontos mais que a selecção anfitriã. Com cinco vitórias em outros tantos desafios, o conjunto taiwanês apontou 53 golos e apenas sofreu oito. Na terceira posição quedou-se a Mongólia, à frente das representações da Tailândia e de Hong Kong

A MELHOR CLASSIF ICAÇÃO DE SEMPRE DE UM PORTUGUÊSMarcos Freitas manteve este mês a 12.ª posição do “ranking” mundial de ténis de mesa, a melhor classificação de sempre de um português, enquanto Tiago Apolónia, João Monteiro, Fu Yu e Rita Fins subiram na lista. Pelo segundo mês consecutivo, o olímpico português é o 12.º melhor do Mundo e quarto da Europa, numa classificação em que Tiago Apolónia subiu seis lugares para o 23.º e João Monteiro duas posições, para 56.º. No sector feminino, Fu Yu melhorou duas posições para a 37.ª e Rita Fins subiu 36 lugares para o 281.º.

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hoje macau quarta-feira 9.4.2014 FUTILIDADES 17

Pu YiPOR MIM FALO

João Corvofonte da inveja

C I N E M ACineteatro

SALA 1CAPTAIN AMERICA:THE WINTER SOLDIER [3D] [B]Um filme de: Anthony e Joe RussoCom: Chris Evans, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson14.15, 16.45, 21.45

CAPTAIN AMERICA:THE WINTER SOLDIER [B]Um filme de: Anthony e Joe RussoCom: Chris Evans, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson19.15

SALA 2 NOAH [C]Um filme de: Darren AronofskyCom: Russell Crowe, Anthony Hopkins, Jennifer Connelly14.15, 21.45

NOAH [3D] [C]Um filme de: Darren AronofskyCom: Russell Crowe, Anthony Hopkins, Jennifer Connelly16.45, 19.15

SALA 3HORSEPLAY [B](FALADO EM CANTONÊS LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Lee Chi NgaiCom: Tony Leung, Ekin Cheng, Kelly Chen, Eric Tang14.15, 21.00

KANO [B](FALADO EM JAPONÊS, HOKKIEN E HAKKAE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Chih-HsiangCom: Masatoshi Nagase, Oosawa Takao, Togo Igawa17.30, 19.15

CAPTAIN AMERICA: THE WINTER SOLDIER

Algo está erradoAlgo vai muito mal, quando um Governo prefere dar prioridade aos empresários e passar por cima da sua população. Sim, as rendas outra vez. Desculpem-me insistir no assunto, mas não sou eu. É a vida. É a vida em Macau. Basta abrir os jornais, os sites ou ir a uma agência imobiliária para ver o descalabro. Eu tenho sorte, aqui com a minha camita na redacção e as cadeiras do pessoal, não preciso de mais nada. Mas andar com os meus colegas a ver casas – ou, deverei dizer a desesperar por casas – é algo que me deixa com o pêlo eriçado. Se não é o preço, é a casa. Se não é a casa, é o contrato. Se não for o contrato, é outra forma qualquer de exploração: subidas nas rendas sem qualquer lógica ou legalidade, casas que não valem sequer mil patacas a ser arrendadas por oito mil... enfim. As queixas do costume, os queixumes de quem, mesmo não vivendo com muitas dificuldades, atira metade do ordenado para a renda. Vamos continuar assim, senhores? É que se vamos, mais vale darem o chequezinho todos os meses, para ajudar com a renda. Vamos continuar a mandar pessoas ir viver para Zhuhai ou para a ilha da Montanha? É que se vamos, Macau arrisca-se a ficar sem recursos humanos, porque nem toda a gente tem paciência de andar a passar fronteiras diariamente – especialmente fronteiras que não estão sequer abertas 24 horas. Acho magnifica a vossa passividade e serenidade, senhores governantes. Enquanto o povo se queixa que está a tornar-se impossível arrendar uma casa, os senhores atiram com a cartada do mercado livre. Será que mercado livre é sinónimo de rebaldaria? Sociedade sem regras? Então, se estamos num mercado livre, mais vale não perderem tempo com leis. Entregam já tudo aos empresários e especuladores imobiliários. Nós, os outros, vamos ali para Zhuhai... e se calhar nem voltamos.

Alguns pensam que rir de si próprio significa rir dar suas próprias alarvidades.

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 19 MAX 24 HUM 75-98% • EURO 11.0 BAHT 0 .2 YUAN 1.3

A música de abertura seria suficiente para gostarmos deste filme (The Animals, House of the rising sun), mas provavelmente iríamos ficar com uma pequeníssima parte daquilo que esta película tem de mais ex-traordinário. A Melhor Juventude conta a história de uma família em Itália com três filhos: Nicola, Matteo e a irmã mais nova. Nicola é o jovem alegre que quer ser médico, Matteo o pequeno génio dos livros que depressa revela um comportamento depressivo. A viagem que planeiam fazer após a universidade marcará a sua vida adulta. Depois, seguem-se caminhos separados que se vão cruzando, histórias de amor com finais felizes e infelizes. São percorridas duas gerações de uma família cuja história se cruza com o percurso da Itália pós-Mussolini, com quase tantas tragédias como alegrias. As cheias em Florença nos anos 60, o movimento terrorista das Brigadas Vermelhas que levou ao assassinato de muitas figuras públicas na década de 70, os grandes sucessos musicais dos anos 80, os movimentos operario e estudantil. Mais de uma hora depois, chegamos às vidas das personagens já na década de 90 com a sensação de que este filme é, também, uma lição de vida. – Andreia Sofia Silva

H O J E H Á F I L M EA MELHOR JUVENTUDE (LA MEGLIO GIOVENTÚ)

MARCO TULLIO GIORDANA, 2003

Nasce George David Weiss, criador de “Wonderful World”• George David Weiss nasceu em Nova Iorque, EUA, a 9 de Abril de 1921. Membro de uma família judia, planeou a carreira profissional como advogado e contabilista, mas o grande amor pela música conduziu-o por esta arte. A sua carreira musical atingiu enorme notoriedade após a II Guerra Mundial. Foi um compositor de referência durante as décadas de 1940, 1950 e 1960, colaborou com a Broadway e compôs temas para diversos filmes.Escreveu ainda a letra de ‘Lullaby of Birdland’, que se tornou um grande sucesso no jazz, pela voz de Ella Fitz-gerald. Autor de ‘Wonderful World’, que Louis Armstrong eternizou de forma apaixonante, David Weiss compôs diversos temas interpretados por grandes nomes da música, como Tom Jones, Elvis Presley e Dinah. O seu talento conduziu-o ao ‘Hall of Fame’ dos compositores. Weiss morava em Oldwick, no Estado de New Jersey, onde morreu aos 89 anos, por causas naturais, a 23 de agosto de 2010. No calendário do mundo constam outros factos, que se eternizam na História de dia 9 de Abril. No ano de 193, Septímio Severo é proclamado Imperador Romano pelo exército na Ilíria, província balcânica. Um terramoto mata 250 mil pessoas na Pérsia, em 1721, e em 1913 é aberto o primeiro parlamento da China, em Pequim.Em 1928, islamismo deixa de ser reconhecido como religião estatal da Turquia e a 9 de Abril de 1940, durante a II Guerra Mundial, tropas alemãs invadem Noruega e Dinamarca.

ACONTECEU HOJE

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18 OPINIÃO hoje macau quarta-feira 9.4.2014

O semanário «Sol», na sua última edição, noticiava: «Parece mentira mas é verdade. Um bebé de nove meses foi acusado de tentativa de homicí-dio, no Paquistão e foi presente a tribunal com o seu avô». Depois, as vá-rias televisões mostram-

-nos o bebé ao colo mamando no biberão, cambaleando nos seus primeiros passos ou forçado no tribunal a colocar nos autos as suas impressões digitais, atordoado sem fa-zer a mínima ideia do que se estava a passar. A notícia acrescenta que a criança (porventura com mais de 9 meses, mas seguramente com menos de 2 anos de vida) foi, com cerca de mais outras 20 pessoas, acusadas de tentarem matar um polícia, apedrejando-o durante uma incursão das autoridades num bairro de Lahore para cortar o abastecimento de gás e de eletricidade das habitações dos moradores que não tinham pago as contas. Presente ao juiz, o bebé terá saído sob fiança e deverá ser presente a tribunal no próximo dia 12.

Haverá limites para a irracionalidade?a pal içadaCORREIA MARQUES

Este artigo é escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

PUBNão, não consegui rir! Talvez o tivesse

feito se não me encontrasse preocupado com questões relativas ao funcionamento da investigação criminal e da justiça noutras aragens, menos caricatas é certo, mas para mim talvez mais preocupantes, porque mais elaboradas.

Os homens devem estar loucos. Será que a desumanidade consegue já ultrapassar todos os limites da irracionalidade? É que, por deformação profissional, efetuei uma busca sobre o Código Penal do Paquistão, e descobri que ainda se encontra em vigor o diploma de 1860, elaborado pelo Lord inglês Macaulay para as índias britânicas, o qual foi mantido após a independência do país em 1947, ainda que com várias emendas que o tornaram num misto entre o direito inglês e o direito islâmico. Assim, consta do Capítulo IV, 82, que não é crime qualquer ato praticado por uma criança de menos de 7 anos de idade e (83) que não pode ser considerado crime qualquer ato praticado por uma criança de idade compreendida entre os 7 e os 12 anos de idade, se se verificar que a

mesma não tem suficiente maturidade para ajuizar da natureza e das consequências dos seus atos, no momento da prática dos factos.

Que um qualquer polícia descerebrado tenha prendido o bebé, numa ânsia de mostrar serviço, numa manifestação de ignorância das leis, ou com execesso de zelo ou de maldade, já é muito grave, agora que um magistrado tenha imposto uma medida de coação de fiança e determinado nova apresentação do bebé a tribunal, em clara violação da própria lei vigente, isso excede toda a capacidade de entendimento humano. Ou talvez não. Por este andar, se não pusermos termo a esta onda securitária insana que tudo quer punir e a todos quer prender, por dá cá aquela palha (a qual, infelizmente grassa um pouco pelo mundo inteiro, nuns lugares mais, noutros menos), qualquer dia se uma mulher grávida cometer um crime ainda vamos ver o nascituro acusado de cometimento do mesmo crime, em coautoria, pelo simples facto de ser trans-portado na barriga da mãe agente do crime!

E não me venham com questões culturais, que determinados valores humanitários são universais.

Por isso, não podemos, não devemos, rir com este tipo de acontecimentos dramáticos. Devemos, outrossim, ficar alerta, atentos, e tentar contrariar tudo o que seja uma diminui-ção das liberdades e dos direitos humanos, seja onde for que os mesmos ocorram. Isto porque os atentados à dignidade da pessoa humana ocorrrem quando menos se espera, quantas vezes frustrando expetativas otimis-tas. E, quando vemos as barbas do vizinho a arder, devemos pôr as nossas de molho.

Devemos ficar alerta, atentos, e tentar contrariar tudo o que seja uma diminuição das liberdades e dos direitos humanos, seja onde for que os mesmos ocorram

OLIV

ER T

WIS

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19 opiniãohoje macau quarta-feira 9.4.2014

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P ORQUE ocorreram, entretanto, novos desenvolvimentos, quer na área actividade Política Portuguesa quer no Desporto volto, a título excepcional, a estes temas apenas trocando a ordem, dando desta vez, a primazia à Política, colocando em segundo lugar o Desporto.

Assim, na Política estive-ram na primeira quinzena do mês de Março em destaque, nos jornais e televisões três factos, que merecem destaque, causando alguma polémica.

O primeiro teve a ver com a publicação do documento a que chamaram 74, assinado por setenta e quatro personalidades, da di-reita à esquerda do nosso espectro político!

Desde Adriano Moreira a Francisco Louça passando por Bagão Félix, João Cravinho e Manuela Ferreira Leite todos com um objectivo comum: conceber um documento com vista ao período pós Troika, que permitisse reestruturar a dívida soberana alongando o prazo do seu pagamento, com juros mais baixos, aliviando a asfixia da pe-sada carga, que os Portugueses têm sobre os ombros, que ninguém, a não ser o Governo, vê ser possível pagar a menos que haja um milagre, lá para os lados de S. Bento, local onde reúnem as cabeças brilhantes, que nos têm desgovernado.

Quando era suposto, que tal documento, assinado por ex- Ministros e ex- Secretários de Estado de vários governos, por econo-mistas de todos os quadrantes políticos e ideológicos, por professores Universitários, por organizações sindicais e patronais e outras figuras de reconhecido mérito, fosse acolhido pelo governo como um contributo, para ser discutido e analisado por todos os parceiros e pela sociedade; a resposta do primeiro-ministro, mesmo sem o ter lido, foi rejeita-lo considerando-o inoportuno, antipatriótico e mais grave ainda constituir, por si só, uma porta aberta para um segundo resgate que ninguém deseja!

Outras figuras vieram também a público condenar a iniciativa argumentando, os subscritores estavam a reagir desta for-ma, por verem cortadas as suas próprias reformas!

Quando o bom senso e a cultura demo-crática aconselhavam, no mínimo, que o primeiro-ministro reagisse de forma poli-ticamente correcta, aceitando o documento como um contributo para análise e reflexão, como insistentemente tem pedido a todos entendeu, mesmo sem ter conhecimento do conteúdo do mesmo, rejeitá-lo liminarmente invocando, que o escrito, não era mais do que um perdão da dívida e como tal poderia

Na política e no desportocriar uma desconfiança nos nossos credores, podendo resultar daí um segundo resgate, o que seria catastrófico para o nosso País, ignorando de forma leviana o trabalho de dezenas de pessoas com experiência e co-nhecimentos nestas matérias, que ele próprio nunca teve a não ser a escola da Juventude Social Democrática e uma empresa de con-sultadoria, sem placa na porta de entrada da qual era seu sócio o ex-ministro Miguel Relvas conhecido hoje como ”facilitador de negócios” e recordista nacional na corrida à licenciatura!

* Aconteceu, que após o conhecimento

público do documento 77, setenta persona-lidades de países europeus, subscreveram também o mesmo, por considerarem ser uma base de trabalho para uma reflexão séria sobre a crise, que se abateu, não só em Portugal, mas também em países como

Grécia, Espanha, Itália, Chipre e até a pró-pria França!

Atualmente, decorre uma subscrição, que em apenas três dias, reuniu mais de trinta mil assinaturas, pelo que o assunto em causa terá de ser objecto de discussão no Parlamento, quer o nosso Primeiro queira, quer não!

Este Governo tem evidenciado uma inabilidade espantosa na forma como lida com determinados assuntos da governação!

Só a impreparação e a arrogância de quem se acha dono da verdade, misturadas com um cinismo biliar, pode justificar as trapalhadas e as mentiras, que nos vendem, embrulhadas, num papel de fraquíssima qualidade!

O segundo facto, está relacionado com a saída da Troika, que continua a baralhar os portugueses. Há quem queira uma saída limpa, há quem defenda uma saída tutelada pelo banco Europeu e ainda outros, que de-fendem uma saída com programa cautelar.

Tenho sérias dúvidas sobre a capacidade/

liberdade de escolha por parte dos rapazes que governam o País.

O terceiro facto ocorreu no passado dia 26 de março, quando o secretário de Estado da Administração Pública Leite Martins, durante um briefing com a imprensa, deixou escapar o segredo dos cortes nas pensões dos reformados e nos vencimentos da função pública, que o Governo sempre afirmou serem temporários, para passarem no crivo do Tribunal Constitucional, mas que afinal vão ser definitivos!

Com o Primeiro-ministro em Moçam-bique, o irrevogável Paulo Portas foi rápido e peremptório afirmando nas televisões, que tudo não passava de um equívoco e no Parlamento disse, que” isto não deveria ter acontecido”!

Também o líder da bancada do PSD, Luís Montenegro negou peremptoriamente tal hipótese, o mesmo aconteceu com Marques Guedes, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.

No meio de mais uma trapalhada de comunicação deste Governo, só o minis-tério das Finanças se manteve calado, um mau sinal para pensionistas e funcionários públicos.

Os portugueses já se habituaram a esperar o contrário do que esta rapaziada governante afirma publicamente hoje e o que faz alguns dias depois.

No Desporto, e à medida que se cami-nha para o fim do campeonato de futebol época 2013/2014, o segundo e terceiros classificados, pela boca dos seus presidentes andam a contabilizar os pontos perdidos, por erros de arbitragem, justificando desta forma, a razão porque não estão no topo da classificação!

Na verdade na vida política e no mundo do desporto as coisas são, no mínimo, mui-to semelhantes: na primeira ser dirigente político de um partido do arco do poder, é sinónimo de poder e de visibilidade, com espaços garantidos em notícias nos jornais e televisões.

Ser dirigente de um dos três maiores clubes, páginas inteiras para proferir insultos aos árbitros, atribíndo-lhes as culpas dos seus insucessos. O treinador e os jogadores nunca têm qualquer culpa nos maus resultados!

Os políticos, também nunca assumem as responsabilidades. Se estão no governo, a culpa é dos que lá estiveram, que deixaram as contas públicas numa miséria, o que nunca os impede de prometerem o paraíso, chegando a fazer afirmações de que conhecem bem a realidade, quando estão na corrida!

Nestas coisas de responsabilidades é sempre mais fácil inventar o criminoso do que descobri-lo!

Nestas coisas de responsabilidades é sempre mais fácil inventar o criminoso do que descobri-lo!

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desporto e não sóFERNANDO VINHAIS GUEDES

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hoje macau quarta-feira 9.4.2014

O Museu de Arte Contem-porânea Gas Natural Fe-nosa (MAC), na Galiza

(Corunha, Espanha), inaugura na próxima quinta-feira, 10 de Abril, a exposição «Fábulas Reais», da artista portuguesa Paula Rego, que vai estar aberta ao público até 14 de Setembro.

A exposição, provavelmente a mais importante em exibição no MAC no presente ano, inclui cerca de 50 pinturas e procurar fazer uma retrospectiva histó-rica da trajectória artística de Paula Rego, naquilo que será uma das mostras mais completas dedicadas em exclusivo à pintora portuguesa, em Espanha.

A exposição «Fábulas Reais» inicia com obras dos anos 70, de estilo informal, evoluindo para quadros de anos mais recentes, de estilo mais figurativo. Entre

as principais fontes de inspiração da autora estão a literatura ou a ópera, as suas experiências pes-soais e recordações de infância.

O Tate, de Liverpool, e o Centro Cultural de Belém, em Lisboa, organizaram exposições retrospectivas da artista, em 1997. Em Espanha, a primeira grande exposição retrospectiva de Paula Rego teve lugar no Museu Reina Sofía (Madrid), em 2007.

A exposição, comissariada por Marisa Oropesa e María Torpal, inclui obras inéditas: «Oratorio», que apenas se apre-sentou no Brasil; «Os músicos», apresentada apenas em Portugal; e todas as obras provenientes do Marlborough Fine Art, de Lon-dres. Além disso, é apresentado publicamente, pela primeira vez, os quadros «The Servant» e «The Cigarette».

A central de Fukushima irá gerar até 2027 mais de 560.000 metros cúbicos

de resíduos radioactivos, mais do dobro do que acumulou desde que foi destruída pelo sismo que assolou o nordeste do Japão em Março de 2011.

O valor foi avançado na segunda-feira pela empresa responsável pela gestão do com-plexo nuclear, a Tokyo Electric Power (Tepco), durante uma reunião com representantes do governo nipónico para avaliar o desenvolvimento dos trabalhos de desmantelamento da central e os problemas de contaminação de águas, divulgou hoje o diário japonês Asahi.

Apesar da estratégia passar pela reutilização ou pela recicla-gem dos materiais menos conta-minados, a Tepco estima que terá de armazenar cerca de 160.000 metros cúbicos de resíduos radio-

activos, operação que irá precisar de um espaço equivalente a 200 piscinas olímpicas.

Segundo a empresa, e em comparação com os actuais 250.000 metros cúbicos regis-tados, a quantidade de matérias contaminadas irá duplicar durante os próximos 13 anos, porque muitos dos resíduos gerados após explosões nos prédios e nos reactores do complexo nuclear permanecem intactos.

A Tepco está a coordenar a complexa operação de desman-telamento da central nuclear de Fukushima Daiichi, processo que poderá prolongar-se durante quatro décadas.

Mais de 50 mil pessoas que viviam nos arredores da central nuclear foram obrigadas a deixar a zona devido às emissões liber-tadas, que também afectaram gravemente os sectores da agri-cultura, da pecuária e da pesca.

ESPANHA ACOLHE EXPOSIÇÃO DE PAULA REGO

O vício das fábulas

FUKUSHIMA PRODUZ RADIOACTIVIDADE

A bombar até 2027

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