hoje macau 8 abr 2015 #3305

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB CORRUPÇÃO Macau e China juntos na luta POLÍTICA PÁGINA 4 SOCIEDADE PÁGINA 7 EVENTOS CENTRAIS DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 8 DE ABRIL DE 2015 ANO XIV Nº 3305 DOCA DOS PESCADORES Cuidado com as alturas D. JOSÉ DA COSTA NUNES A vida que deu um livro PUB CANÍDROMO PETIÇÃO POR ENCERRAMENTO A ANIMA tem desde sábado uma petição online em que pede o fim do canídromo. Por dia, são organizadas no recinto 18 corridas, mais seis do que o permitido. Por ano, em vez das 166 provas, são efectuadas 264. Em causa estão 700 galgos “maltratados, cansados, doentes” e que, se deixam de correr, em vez de adoptados, são abatidos. Correr pela vida hojemacau PÁGINA 6 MANoEl dE olIvEIrA (1908-2015) o fim de um cicl o PÁGINA 3 LUSA

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Hoje Macau N.º3305 de 8 de Abril de 2015

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Page 1: Hoje Macau 8 ABR 2015 #3305

AgênciA comerciAl Pico • 28721006

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corrupçãoMacau e china juntosna luta

política Página 4

sociedade Página 7

eventos centrais

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Doca Dos PescaDorescuidadocom as alturas

D. josé Dacosta nunesa vidaque deu um livro

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caníDroMo petição por encerraMento

A ANIMA tem desde sábado uma petição online em que pede o fim do canídromo.Por dia, são organizadas no recinto 18 corridas, mais seis do que o permitido. Por ano,em vez das 166 provas, são efectuadas 264. Em causa estão 700 galgos “maltratados,

cansados, doentes” e que, se deixam de correr, em vez de adoptados, são abatidos.

correr pela vida

hojemacau

página 6

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2 hoje macau quarta-feira 8.4.2015

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por Carlos Morais José

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l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s ePropriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Edite Ribeiro; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

diárioDE

boRDo

“Concordo com as exigências dos deputados, temos de poupar os nossos recursos e tentar criar mais fontes de receitas”LioneL Leong• Secretário para a Economiae Finanças, sobre a revisãoorçamental para este ano

“ Não acredito que esta moeda vá desaparecer. Esta moeda tem-se mantido por várias décadas o que trouxe algum poder (...) ao Governo de Macau”Kin Sun Chan • Docente da UM, sobreo destino da moeda local

“ Não queremos que a imagem de Macau seja destruída por devedores malandros”CharLie Choi• Fundador da Wondeful World, sobre a divulgação dos nomes de quem deve dinheiro aos casinos de Macau

“O CCAC vai intensificar também o intercâmbio e a cooperação com o Ministérioda Supervisão e os órgãos de supervisão locais (...) nos trabalhos de captura de fugitivose de recuperação de vantagens ilícitas com vista a não deixar Macau se tornar um ponto

de passagem ou um destino de fuga de funcionários corruptos”Comunicado do CCaC sobre a cooperação com o continente na luta contra a corrupção | P.4

Não ou a vã glória de filmar

A FAMIlIAR de uma vítima dos ataques da milícia islamista Al-Shabab, que matou 147 estudantes numa universidade em Garissa, no Nordeste do Quénia, é amparada por elementos da Cruz Vermelha. O grupo armado com ligações à Al-Qaeda e com base na Somália atacou as instalações da universidade e afirmou que “deixara partir os muçulmanos e que fizera apenas reféns cristãos”.

Por voLta do fim dos anos 80 do século passado, o produtor de cinema Paulo Branco pediu a Macau, na altura governado por Carlos Melancia, um patrocínio para um filme. A res-posta foi — e bem — não, porque o projecto em questão (se bem me lembro “Non e Vã Glória de Mandar” nada tinha a ver com este pobre território. Mas a reacção do produtor foi proibir que qualquer filme de Manoel de Oliveira passasse em Macau. A bondade do facto reside nas costas desse tal Branco que confundiu o Governo e Portugal com o povo português. Segundo ele, conclui-se, o facto do Executivo de Macau não lhe proporcionar patacas levou-o a proibir que todos os filmes do mais conceituado realizador português fossem por aqui exibidos. Na altura, tornou--se claro que o grande produtor de Portugal estava mais interessado num pequeno ajuste

de contas do que na divulgação de Manoel de Oliveira na China.E assim foi: em Macau só houve a oportunidade de assistir a um filme de Manoel de Oliveira quando o realizador mudou de produtor, já depois de 1999. Contudo, num momento como o da transição de poderes para a China, Paulo Branco teve um papelaço ideal. Ao nível do seu melhor e por isso ficará na História como, por exemplo, Miguel de Vasconcelos...Compreende-se que quisesse dinheiro mas, como não lho deram, ficou-se pela interdição. Lembro-me de ter gozado com esse facto na altura. Porque Paulo Branco e todos os outros que julgam ter algum poder naquela Europa que deixámos, não passam de uns saloios cuja vida não ultrapassou, nos melhores momen-tos, Paris. E pouco mais além disso e com o apoio dos nossos emigrantes. E foi assim que

conseguiu sobreviver: a pôr o bigode além da verdadeira arte.E é esta a minha experiência oliveiresca. Um pre-tensioso, gerido por um pretensioso, sem conteúdo real que não fosse falar devagar para a câmara, com ar solene e risível, sobre temas sabidos nacionais ou universais. Adubado pelo facto de contratar o neto para os principais papéis.O rei não vai nu, é certo. Existem grandes mo-mentos de cinema nos filmes do Oliveira. Mas não existem, a não ser para os franceses, grandes filmes. Ele é um mágico cuja sabedoria se limita a exactamente isso: grandes momentos dos quais todos falamos e grandes momentos outros que se resumem a citações dos nossos melhores. Nunca foi, isso é certo, um pensador ou sequer um cineasta original. Tristemente, ficou célebre, mais do que por outros assuntos, graças à longevidade que a sua vida de burguês ocioso e rico lhe proporcionou.

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lusa

hoje macau quarta-feira 8.4.2015 3grande plano

AndreiA SofiA [email protected]

M anoel de oliveira morreu na sua casa, a 2 de abril, com 106 anos de idade e sem

qualquer sinal de querer abrandar a sua intensa actividade no cinema. Um dos maiores vultos do cinema português, reconhecido internacio-nalmente, era o profissional mais velho no activo e um dos poucos que assistiu ao passar do velho cinema a preto e branco e mudo para telas cheias de cores e sons.

nascido na cidade do Porto, o cineasta teve direito a uma homenagem por parte da Câmara Municipal da cidade, que decre-tou dois dias de luto. o Porto é, aliás, uma cidade onde Manoel de oliveira sempre foi acarinhado e aplaudido, como recorda Sérgio Perez.

“estudei no Porto, na Universi-dade Católica Portuguesa (UCP), e o Manoel de oliveira sempre foi visto lá como uma pessoa im-portante, havia uma ligação muito forte entre a cidade e o realizador. Tivemos contacto com o cinema dele por causa disso”, recorda o cineasta macaense ao HM.

Para Sérgio Perez, Manoel de oliveira representou “uma figura incontornável do cinema português”, com um trabalho e linguagem únicos.

“É um cinema de autor e os seus filmes foram mudando um pouco com o tempo. Quem vê o ‘aniki Bobó’ e um dos seus últimos fil-mes provavelmente vai ver poucas semelhanças”, referiu.

Cinema Morte de Manoel de oliveira coMentada por cineastas locais

“morreu o mestre, façam-se outros mestres”Tinha 106 anos e continuava a filmarcom a mesma paixão e energia com que começou, nos idos tempos de “Douro, Fauna Fluvial” ou “aniki Bobó”. o país dedicou-lhe dois dias de luto, a cidadedo Porto dedicou três. Sérgio Perez, Pedro Cardeira e Fernando eloy falamdo percurso do mestre do cinema português

“É uma forma hermética de fazer cinema, todas são válidas, mas acho que contaminou várias gerações. E o cinema português precisa de uma lufadade ar fresco e novas perspectivas”Fernando eloy realizador

Pedro Cardeira, da produtora Inner Harbour Films, confessa que a obra de Manoel de oliveira não o influenciou muito, por pertencer a uma geração posterior. Mas reco-nhece que o nome representa “um marco” para a história do cinema português.

“Há um período, desde o final dos anos 60, até ao Vale abraão (filmado em 1993), que é, para mim, [o] das melhores obras do Manoel de oliveira. Sempre foi fiel ao seu estilo, aos seus ideais e maneira de fazer cinema, do lado modernista do cinema, e manteve isso até ao fim”, disse ao HM.

Sérgio Perez e Fernando eloy não conseguem nomear os melho-res filmes do mestre, mas destacam o ‘Aniki Bobó’, feito em 1942, ainda a preto e branco.

“Para mim é um dos melhores filmes da história do cinema portu-guês. a verdade é que, conseguir fazer e fazer ao longo de tantos anos, e mantendo a qualidade que sempre teve em todas as suas produções, é de mestre”, disse Perez. Já eloy destaca não só esse filme mas também “o trabalho do-cumental dele, muito importante na forma como conseguiu retratar Portugal”.

Para Fernando eloy, a morte de Manoel de oliveira representa também um corte com o passa-do e a hipótese de novos nomes emergirem. o cineasta português, diz, “liderou uma tendência cine-matográfica” que fez escola para a maioria dos realizadores portu-gueses. “É uma forma hermética de fazer cinema, todas são válidas, mas acho que contaminou várias

“O Manoel de Oliveiratrazia-me sempre paraa realidade e para a experiência de estarmos a assistir a um filme numa terra de sonhos”Pedro Cardeira realizador

“Para mim (Aniki Bobó) é um dos melhores filmes da história do cinema português. A verdade é que, conseguir fazer e fazer ao longo de tantos anos, e mantendo a qualidade que sempre teve em todas as suas produções, é de mestre”Sérgio Perez realizador

gerações. e o cinema português precisa de uma lufada de ar fresco e novas perspectivas”.

As críticAsapesar do sucesso reconhecido dentro e fora das fronteiras do seu país, nem todos conseguiam ver os filmes de Manoel de Oliveira. Não que as críticas o afectassem. “ele costumava dizer que isso vinha de pessoas que não percebem muito de cinema. ou então que têm uma versão muito limitada do cinema”, recorda Pedro Cardeira.

“o cinema é uma arte muito heterogénea, multifacetada. e o que Manoel de oliveira fazia não era cinema de entretenimento. não acho que seja um cinema parado. o Manoel de oliveira trazia-me sempre para a realidade e para a experiência de estarmos a assistir a um filme numa terra de sonhos”, recorda Cardeira.

no caso de Fernando eloy, a única influência de Manoel de Oli-veira foi exactamente a capacidade de fazer exactamente o contrário na tela. “Nunca me identifiquei com o estilo dele, mas quem sou eu para identificar estilos? Eu próprio ainda não tenho um estilo, em ter-mos de percurso cinematográfico há muito mais que ainda não sei”, referiu.

Os filmes continham “discur-sos teatrais” e para eloy “o cinema não é isso”. “a teatralidade no cinema aborrece-me porque não me consigo conectar com aquilo. lamento a morte dele, claro, o Manoel de oliveira teve um percurso extraordinário, tinha vontade de fazer mais e isso é maravilhoso. Talvez tenha sido o fim de um capitulo e o cinema português tenha uma nova fase. Morreu o mestre, que apareçam outros mestres”, concluiu.

apesar da sua morte, Manoel de oliveira teve o cuidado de deixar um registo póstumo, terminado em 1982. “Visita ou Memórias e Confissões” é o nome de um documentário autobiográfico que o cineasta filmou com 74 anos e que fez questão que este só fosse visualizado depois da sua morte. Quis o destino que isso só viesse a acontecer já no século XXI.

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4 hoje macau quarta-feira 8.4.2015política

Joana [email protected]

a China quer estender a caça à corrupção a Macau e, depois de um primeiro recado há duas

semanas, André Cheong ouviu de novo que é preciso reforçar a cooperação com o continente. O comissário contra a corrupção esteve em visita oficial a Pequim, onde o procurador-geral da Su-prema Procuradoria do Povo, Cao Jianming, afirmou ser necessário

Primeiro foi um pedido de ajudana captura de fugitivos e, agora, um encontro como comissário contra a corrupção. Pequim quer mais reforçona luta contraa ilegalidadee conta com Macaupara o fazer

Corrupção André Cheong AssegurA mAis CooperAção Com A ChinA

Caça às moscas estende-se a Macau

“Cao Jianming manifestou o desejo de intensificar as visitas recíprocas de nível alto com o CCAC, com vista a reforçar o combate aos crimes cometidos nos exercícios de funções públicas, fomentar a cooperação pragmática com a captura de fugitivos e a recuperaçãode vantagens ilícitas”

“promover o progresso na coope-ração judiciária em matéria penal”.

A China continental e Macau, recorde-se, ainda não têm um acordo no âmbito penal, nomeadamente na captura e entrega de fugitivos. Há duas semanas, o Ministro da Super-visão chinês, Huang Shuxian, disse ao actual responsável pelo Comissa-riado contra a Corrupção (CCAC), André Cheong, que a China precisava de ajuda na captura de fugitivos corruptos do continente e que estava confiante na cooperação da RAEM nesta medida. Agora, Cheong foi a Pequim para um encontro de alto nível que não vai, de acordo com um comunicado do próprio CCAC, ser o último.

“Cao Jianming manifestou o desejo de intensificar as visitas re-cíprocas de nível alto com o CCAC, com vista a reforçar o combate aos crimes cometidos nos exercícios de funções públicas, fomentar a cooperação pragmática com a cap-tura de fugitivos e a recuperação de vantagens ilícitas, bem como criar mecanismos de formação de pessoal e de intercâmbio de traba-lhos de vários níveis”, começa por apontar o organismo liderado por André Cheong.

Da integriDaDeA visita teve como mote o com-bate à corrupção e “a construção

de uma sociedade íntegra” e passou por estender a campanha anti-corrupção que tem sido man-tida pelo Presidente Xi Jinping a Macau.

“Desde o 18.º Congresso Nacional do Partido, o Comité Central reforçou os trabalhos da construção de um partido íntegro e da luta da corrupção e determinou tolerância zero com a corrupção. Foi determinado também que é de acabar com o agravamento da corrupção, criando um ambiente político em que ninguém se atreve, pode e quer ser corrupto. Resulta-dos óbvios já foram obtidos neste aspecto”, lê-se no comunicado. “O Ministro Huang Shuxian manifes-tou o desejo de uma cooperação pragmática com o CCAC para reforçar a captura de fugitivos e a recuperação de vantagens ilícitas. Segundo Huang Shuxian, serão

reforçados também o apoio e a colaboração nos trabalhos de ava-liação em relação ao cumprimento da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, promovendo progresso dos trabalhos anti--corrupção do interior da China e da RAEM, salvaguardando conjuntamente os interesses fun-damentais do Estado.”

espírito De missãoNo encontro participou ainda o subdirector do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, Feng Wei, que fez questão de salientar que o “trabalho da construção de uma sociedade íntegra contribui para o desenvolvimento da sociedade da RAEM” e que esta é uma missão “persistente e de elevado significado”.

Feng Wei assegura que tem

existido uma boa cooperação entre o interior da China e a RAEM no combate à corrupção, mas pede que esta seja “reforçada e aprofun-dada”. Algo a que André Cheong afirmou aceder em breve.

“O CCAC vai continuar a actuar em cumprimento da lei no desempenho das funções que lhe são confiadas no âmbito de combate à corrupção e de prove-doria de justiça, fortalecendo o intercâmbio e a cooperação com os órgãos competentes do interior da China e empenhando-se na construção de uma sociedade íntegra na RAEM. O CCAC vai intensificar também o intercâm-bio e a cooperação com o Minis-tério da Supervisão e os órgãos de supervisão locais, prestando colaboração, nos termos da lei, nos trabalhos de captura de fugitivos e de recuperação de vantagens ilícitas com vista a não deixar Macau se tornar um ponto de passagem ou um destino de fuga de funcionários corruptos e de vantagens que os mesmos obtiveram ilicitamente”, frisa o comunicado do CCAC.

Cheong fala ainda na imple-mentação de intercâmbios com Guangdong, Guangxi e Fujian não só no âmbito de investigação de casos, como de formação de pessoal.

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5 políticahoje macau quarta-feira 8.4.2015

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Anúncio

Concurso público para a prestação de serviços de promoçãode saúde escolar nas escolas oficiais dependentes da Direcção

dos Serviços de Educação e Juventude nos anos escolaresde 2015/2016 e 2016/2017

1. Entidade adjudicante: Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ).2. Modalidade do concurso: Concurso público.3. Objecto do concurso: Prestação de serviços de promoção de saúde escolar

nas escolas oficiais dependentes da DSEJ.4. Período da prestação de serviços: De Setembro de 2015 a Agosto de 2017.5. Prazo de validade das propostas: É de noventa dias, a contar da data do

acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no programa do concurso.

6. Caução provisória: MOP320.000,00 (trezentas e vinte mil patacas), a prestar mediante depósito em numerário ou garantia bancária aprovada nos termos legais, à ordem da DSEJ, no Banco Nacional Ultramarino (Conta n.º 9002501375).

7. Caução definitiva: 4% do preço total da adjudicação.8. Preço base: Não há.9. Condições de admissão: Organização ou instituição de assistência médica

registada na RAEM e reconhecida pelos Serviços de Saúde, possuindo, no mínimo, dez profissionais desta área.

10. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: Secção de Arquivo e Expediente Geral da DSEJ, Avenida de D.

João IV, n.os 7-9, 1.º andar.Dia e hora limite: até às 12:00 horas do dia 28 de Abril de 2015.

11. Local, dia e hora do acto público do concurso:Local: Sala de reuniões, na sede da DSEJ, Avenida de D. João IV, n.os 7-9,

1.º andar.Dia e hora: às 10:00 horas do dia 29 de Abril de 2015.Em conformidade com o disposto no artigo 27.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho, os concorrentes ou os seus representantes devem estar presentes no acto público de abertura das propostas para esclarecer as dúvidas que, eventualmente, surjam relativas aos documentos constantes nas suas propostas.

12. Local, dia e hora para exame do processo e obtenção da cópia:Local: Secção de Arquivo e Expediente Geral da DSEJ, Avenida de D.

João IV, n.os 7-9, 1.º andar.Dia: A partir da publicação do presente anúncio até ao dia do acto público

do concurso.Hora: Dentro das horas de expediente.

13. Critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação:- Preço (55%)- Habilitações profissionais do pessoal de promoção de saúde escolar

(15%)- Organização, estrutura, dimensão e medidas de gestão do concorrente

(10%)- Experiência do concorrente na respectiva área (10%)- Qualidade de execução da proposta (10%)

14. Junção de esclarecimentos:Os concorrentes devem comparecer na sede da DSEJ, na Avenida de D. João IV, n.os 7-9, 1.º andar, a partir da data de publicação do presente anúncio até ao prazo para entrega das propostas do concurso público, para tomarem conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais.

Aos 30 de Março de 2015.

A Directora,Leong Lai

O porta-voz do Grupo de Protecção dos Direitos LGBT e

membro da Associação Arco-Íris, Jason Chao, es-teve nos Estados Unidos a participar num programa de observação e contacto com organizações não governa-mentais (ONG) que traba-lham nesta área, através de um convite governamental. Depois da visita, Jason Chao traçou algumas melhorias que poderiam ser feitas por Macau nesta área.

“Há aspectos que Macau está a fazer melhor e há aspectos positivos. Mas o mais importante é que Ma-cau deveria adoptar alguns valores, como a democracia e a liberdade de expressão, e que a população de Macau deveria adoptar e partilhar”, apontou o também membro da direcção da Associação Novo Macau (ANM).

Um dos pontos a favor da RAEM é o facto de existir maior liberdade religiosa, destacou Jason Chao.

“A partir de agora podemos cooperar e partilhar novas ideias para o nosso trabalho no futuro, estabelecendo pontos de vista com entidades norte--americanas”

Jason Chao esteve nos Estados Unidos onde participou em vários debates sobre os direitos LGBT com organizações não governamentais

LGBT “deveríamos adopTar aLGuns vaLores” dos eua

Por terras do Tio Sam

“Nos Estados Unidos participei num debate sobre liberdade religiosa, onde se falou que empre-sários e até empresas des-criminam os seus clientes com base nas suas orien-tações religiosas ou se-xuais. Os programas foram especialmente feitos para manter um equilíbrio com

os diversos pontos de vista. Os activistas que não estão satisfeitos com as políticas adoptadas pelo Governo acabam por dar algum apoio ao seu trabalho”, explicou Jason Chao, que destacou ainda o facto da existência de um sistema democrático levar a um melhor serviço e contacto junto dos cidadãos.

“Num sistema democrá-tico, com eleições democrá-ticas, os funcionários dos serviços públicos devem responder aos pontos de vista dos cidadãos. Quando os activistas dão ênfase a determinadas ideias, os legisladores e o Governo devem e respondem a essas questões. Esse é um dos pontos positivos”, acres-centou.

Arco-Íris totAlDepois desta visita, Jason Chao garante que a luta da Associação Arco-Íris vai fi-car ainda mais global. “Não reuni directamente com o Governo norte-americano mas falei directamente com as pessoas destas ONG e também reuni com vários grupos que têm ideias mui-to criativas para a protecção dos direitos dos LGBT. Isso faz com que a nossa luta pelos direitos da comuni-dade LGBT possa atingir uma escala mais global”, explicou o activista, que assume que da viagem apenas ficaram contactos importantes, não estando a ser planeada qualquer reunião com o Governo local ou a entrega de um relatório com algumas recomendações.

“Haveria muitas ideias que poderia apresentar ao Governo, mas não há propriamente conclusões que possam ser resumidas e compiladas para serem entregues. O mais im-portante é que a partir de agora podemos cooperar e partilhar novas ideias para o nosso trabalho no futuro, estabelecendo pontos de vista com enti-dades norte-americanas”, concluiu. - A.s.s.

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6 hoje macau quarta-feira 8.4.2015sociedade

Fil ipa araú[email protected]

c hegou o ano em que a Companhia Yat Yuen pode ver – ou não – a sua licença de concessão do

terreno do canídromo renovada e, por isso, a Sociedade Protectora dos Animais – ANIMA lançou, no passado sábado, uma petição online para pedir ao Chefe do exe-cutivo que não renove a licença.

“São várias as razões que nos le-vam a tomar esta decisão, sejam elas razões comunitárias, económicas ou até da saúde animal”, começa por argumentar ao hM Albano Martins, presidente da ANIMA. Para a socie-dade, a existência daqueles espaço, economicamente, já deixou de fazer sentir por não ser de todo rentável.

“É complemente irrelevante a produção daquele canídromo, por-que de acordo com a informação recolhida pela ANIMA, os casinos em quatro horas produzem mais do que as corridas num ano inteiro”.

Mesmo com uma taxa de ape-nas 25% de imposto sobre as re-ceitas - e sendo que a dos casinos é de 40% - o canídromo não tem

Canídromo ANIMA coM petIção pArA pedIr eNcerrAMeNto

acabou-se a festaA luta não éde agora: há três anos a ANIMA exigiu uma solução para a questãotão peculiardo canídromode Macau, devido à forma como os animais lá serão tratados. A YatYuen foi então obrigada a avançar com a possibilidade de adopçãodas personagens principais deste drama: os galgos. Como até agora nada aconteceu,os defensoresdos animais preparam maisuma petiçãopara o Chefedo executivo

Caso de Brooklyn Continua em segredoo paradeiro da mascote da campanha para adopção do galgos, Brooklyn, continua a ser uma incógnita. Sem saber se já foi abatido ou não, Albano Martins explica “que segundo o relatório da empresa responsável pelo canídromo, o cão está num canil e pertence agora ao próprio canídromo”, sublinhando que apesar do documento, nunca ninguém o viu desde há três anos.

atingido lucros. “Se eles pagarem os 40% de imposto, terão sempre prejuízo”, argumenta, frisando que até 2007 a operadora teve sempre prejuízo acumulados. em 2013, por exemplo, as receitas brutas das corridas de galgos caíram cerca de 13,2% para 178 milhões de patacas.

Recorde-se ainda que a Yat Yuen começou, em 1985, por pagar 50% de impostos ao governo, ten-do estes baixado para 35% em 1988 e para os actuais 25% em 2005.

o pedido de encerramento do canídromo já tem vindo a ser feito há algum tempo, mas com esta nova petição – a ser entregue a 24 de Julho ao Chefe do executivo - está ainda reforçado o aproveitamento que o governo poderia ter sobre o espaço agora ocupado pelo canídromo.

“Aquilo é um espaço altamente

povoado e achamos que aquele es-paço devia reverter de novo para a comunidade, por ter sempre perten-cido ao estádio [de futebol]. Aquele espaço deveria ser reordenado e ser transformado numa área de lazer para a sociedade, ou num parque de estacionamento subterrâneo ou quem sabe para habitação”, defende o presidente da ANIMA.

Pela saúde delesA petição, que até à data de fe-cho desta edição recolhia 2357 assinaturas, tem como preocupa-ção ainda a saúde dos próprios animais em causa. “os galgos estão a ser mal tratados, estão cansados, doentes”, começa por argumentar Albano Martins. Com 12 corridas diárias como máximo, o canídromo de Macau organiza 18 corridas por dia, ou

seja, quase 50% a mais do que o suposto, levando a “que mui-tos animais fiquem stressados, doentes e feridos”.

É ainda suposto, conta Albano Martins, o canídromo organizar 166 corridas por ano, mas na verdade, o que está a acontecer é que são organizadas 264 corridas. em causa estão mais de 700 cães da raça galgo, muito cobiçados por apostadores ou até por veterinários, pelos lucro ou, em último caso, pelo tipo de sangue que, diz o presidente, “é óptimo para

as transfusões”. Dá-se ainda o caso de que muitos animais jovens, que por acidente deixam de poder correr, são abatidos em vez de ser adoptados, como defendeu já por diversas vezes o responsável da ANIMA.

areia Para os olhosFoi em Março de 2012 que, de-pois de uma reunião acesa entre a operadora e a ANIMA, que a em-presa responsável ficou obrigada a avançar com um plano de adopção dos galgos.

“Até agora, três anos depois, foram apenas adoptados dois cães. Dois. um deles pelo próprio veterinário, isto é inaceitável, uma parvoíce”, diz o presidente. A própria ANIMA tentou “por várias vezes” adoptar cães, algo que nunca foi possível. “Todos os pedidos que fizemos foram para o caixote do lixo, temos um pedido de um advogado local, temos o nosso próprio pedido, resultado? Zero, nenhum cão nos deram”, relata.

ASsociedade, que apela às outras associações dos direitos dos animais “para se unirem a esta causa”, acusa a Yat Yuen de comportamento errado e de postura arrogante.

“eles [operadora] são arrogan-tes, tratam as pessoas e associações de bem como se fossem associações de bandidos, portanto não estamos dispostos a compactuar mais com isto. Demos uma oportunidade de três anos para a operadora provar que estava empenhada na adopção dos animais, chega”, remata.

solução a um ano ou maisCom a petição, a ANIMA apela ao governo para que a não renovação da concessão e para que o execu-tivo conceda à própria sociedade um ano para “tomar conta dos animais” no espaço em causa. “Nós tratamos dos animais lá e tentamos encontrar uma solução dentro de um ano, que pode passar por, por um lado, voltar a pedir ao governo para aprovar o projecto de construção da segunda parte do abrigo, que terá capacidade para dar guarida a todos os animais, por outro, transportar os animais para o Alentejo, onde a compra dos terrenos é muito mais barata do que no interior da China”, enumera.

Até existir uma decisão, Albano Martins garante que a luta não se fica apenas por uma petição.

“A Anima vai organizar uma Mesa Redonda Internacional no dia 23 de Julho, altura em que termina a nossa petição. Temos já assegurada a participação de várias organizações internacionais, entre as quais a grey2K usa, a Animals Asia e a Animals Australia, entre outras como a SPCA do Reino unido, SPCA de hong Kong, entre outras, contando até com outras da própria China e Ásia”, avança.

A petição pode ser assinada em www.animamacau.org.

“É complemente irrelevante a produção daquele canídromo, porque de acordo com a informação recolhida pela ANIMA, os casinos em quatro horas produzem mais do que as corridas num ano inteiro”

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7 sociedadehoje macau quarta-feira 8.4.2015

Flora [email protected]

O projecto de renovação da Doca dos Pesca-dores continua em curso e a Direcção

dos Serviços de Solos, Obras Pú-blicas e Transportes (DSSOPT) já garantiu, segundo a TDM, que a altura de 90 metros dos novos projectos vai estar de acordo com a lei, apesar da proximidade face ao Farol da Guia.

Contudo, o deputado Au Kam San, em declarações ao Jornal do Cidadão, revelou estar preo-cupado com a aprovação “fácil” do projecto, que pode levar a que empresários que tenham projectos

Wynn Ex-mulher de CEO quer continuar na direcçãoElain, a ex-mulher de Steve Wynn – CEO da Wynn Resorts –, quer continuar na Direcção de Administração do grupo, argumentando mesmo ter “uma experiência sem precedentes” numa carta à direcção. De acordo com uma notícia da revista Macau Business, que cita o Los Angeles Times, Elaine Wynn detém a terceira maior fatia de acções da empresa, mas está neste momento perto de perder o seu lugar na direcção. A Wynn Resorts é a empresa-mãe da operadora local, Wynn Macau Limited.

Hac Sá Moradores querem alojamentos “Bed & Breakfast” A Associação do Mútuo Auxílio dos Moradores de Hac Sá Chun quer que o Governo planeie melhor o ordenamento da vila de Hac Sá, em Coloane, introduzindo alojamentos do tipo “Bed & Breakfast”. Segundo o canal chinês da TDM, o vice-presidente da Associação, Cheong Tai Man, referiu que esta organiza várias actividades durante o Verão, promovendo a cultura da própria vila e, por sua vez, para atrair turistas. Cheong espera que o Governo ajude os moradores na reparação das suas casas e assim organize da forma mais adequada a vila. Para o vice-presidente, a possibilidade de criação deste tipo de alojamento deveria ser estudada pelo Executivo, pois, acredita, “muitos dos turistas que acampam na vila optariam por este novo tipo de estada”.

Doca Dos PescaDores REnOVAçãO quESTiOnADA DEViDO à ALTuRA

cuidado com as imitações O Governo já garantiu que a altura dos novos prédios a serem construídos na Doca dos Pescadores vai estar dentro da lei, mas o deputado Au Kam San está preocupado que outros empresários queiram expandir a altura de outros prédios nas zonas do ZAPE, Praia Grande e Sai Van

“Caso venham a ser construídos edifícios com 90 metros de altura, vão tapar a vista do Farol da Guia e o Governo tem a responsabilidade de explicar porque é que aceitou esse alargamento. Não deveria apenas publicar a Planta de Condições Urbanísticas, há faltade transparência”au Kam san Deputado

no ZAPE, Praia Grande ou Sai Van possam querer “imitar” as permissões dadas à Macau Le-gend Development, detentora da Doca dos Pescadores, o que pode prejudicar os interesses públicos e a paisagem urbanística, como defende o democrata.

Au Kam San disse estar contra

o alargamento das dimensões dos edifícios no lote A da Doca dos Pescadores. “Caso venham a ser construídos edifícios com 90 me-tros de altura, vão tapar a vista do Farol da Guia e o Governo tem a responsabilidade de explicar por-que é que aceitou esse alargamento. Não deveria apenas publicar a

Planta de Condições Urbanísticas, há falta de transparência”, disse ao jornal chinês.

O deputado acrescentou que, para além de ouvir o parecer do Conselho do Planeamento Urba-nístico (CPU), o Governo deve “ter rigor” a aceitar os pedidos de desenvolvimento dos projectos,

justificando que “é difícil impedir a mudança através de alguns vogais do CPU”.

SectariSmoS“Ao longo do tempo, a DSSOPT tem vindo a mostrar-se parcial a favor dos interesses dos construto-res e o Governo não deve sacrificar o interesse público em prol dos empresários”, acrescentou.

Já Lam U Tou, vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam, considera que o alargamento pro-posto permite adicionar mais espaços úteis, sendo que não seria necessário alargar o limite da altura. Lam U Tou recordou que o Instituto Cultural (IC) já tinha apresentado a sugestão de limite de 60 metros da altura. Por isso, no seu entender, a DSSOPT “devia respeitar” essa sugestão e explicar ao público as razões para o alargamento das dimensões.

“Observando outros projectos nos lotes B e C da Doca de Pesca-dores, ambos têm 30 a 40 metros da altura. Caso surja um novo projecto com 90 metros, vai causar grande pressão. Toda a área da Doca dos Pescadores já é grande, não é ne-cessário construir um edifício alto, o que poderia influenciar toda a zona costeira”, apontou.

Lei Hoi Ian, especialista em ur-banismo, disse ao Jornal do Cidadão que, embora o limite de 90 metros de altura seja legal, não significa que seja “razoável”.

“O alargamento da altura e da área pode não apenas tapar a vista para o Farol da Guia, mas também para o mar. O Governo deve ter em conta a protecção da paisagem e deveria elaborar uma regulamentação mais rigorosa da altura dos edifícios em redor do Farol da Guia”, concluiu.

Dengue Perigo de propagação é “elevado” face a 2014

D ADOS dos Serviços de Saúde sobre a febre da dengue, de

Fevereiro passado, mostram que, actualmente, o nível de propagação é mais preocupante do que há um ano, tendo atingido “um valor muito mais elevado” do que no início de 2014. As zonas mais afectadas são, de acordo com um comunicado do mesmo organismo, o Fai Chi Kei, a Areia Preta e o Tap Seac.

“A situação de proliferação de mosquitos está activa de uma forma muito precoce”, advertem os SS, aconselhando a população a activar medidas de precaução como a troca regular de águas paradas em taças ou vasos e o uso de roupas que cubram o corpo, juntamente com a aplicação de produtos repelentes. “O índice de positividade de ovitrap em Fevereiro de 2015 em várias

áreas de Macau atingiu a média de 6,3%, um valor muito elevado ao obtido no mesmo período do ano passado que foi de 0,5%”, explicou o organismo.

Até ao passado mês de Mar-ço, o departamento de saúde do continente referiu a existência de 41 casos de infecção por febre de dengue, sendo este valor bastante superior ao registado nos últimos três anos. Na cidade vizinha de Cantão foram registados oito casos importados, tendo Taiwan visto um aumento de quase 50% no número de casos quando comparado com os valores dos últimos três anos.

Em geral, toda a zona do Sudes-te Asiático sofreu um acréscimo de 42% no número de casos registados quando comparando com anos anteriores.

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8 sociedade hoje macau quarta-feira 8.4.2015

BanguecoqueThai Smile pondera suspensão de rotapara MacauA empresa low-cost Thai Smile, da gigante Thai Airways International, está a ponderar suspender uma das suas duas rotas diárias de Banguecoque para Macau a partir de 16 de Maio. A suspensão, avança a revista Macau Business, deverá durar até ao último dia de Setembro deste ano. Esta medida será posta em prática na eventualidade do número de passageiros não aumentar. Citado pelo jornal Business Daily, o CEO da empresa, Woranate Laprabang, refere que “o plano original é suspender temporariamente a rota de 16 de Maio a 30 de Setembro”, embora o departamento comercial da Thai Smile tenha confirmado um acréscimo no número de passageiros recentemente. “Ainda estamos a ponderar”, confirmou Laprabang ao jornal. De acordo com o mesmo responsável, o fluxo de passageiros fixou-se nos 50%, valor que fica aquém dos 65% ou 70% que a empresa esperava ter em Outubro, altura em que aumentou o número de voos para dois por dia.

Medicamentos para emagrecimento com substâncias perigosasOs Serviços de Saúde (SS) lançaram ontem um comunicado onde desaconselham o consumo de “Slyn Both Plus” e “Slyn Both”, dois produtos comummente utilizados como inibidores de apetite e que contêm substâncias não autorizadas em Macau. “A importação destes produtos [fluoxetina, sibutramina e orlistato] para o mercado de Macau não está autorizada pelos Serviços de Saúde”, refere o organismo. Os SS acrescentam ainda que o departamento de saúde do Governo de Hong Kong também não autoriza a importação destas substâncias. De acordo com o comunicado, estes são produtos usados para controlar o aumento de peso, problemas de obesidade e depressão, mas que têm efeitos secundários como problemas intestinais, incontinências de fezes, dores de cabeça e, em casos mais graves, problemas hepáticos crónicos.

Cotai Feridos em rixa em estaleiro de obras

A Polícia de Segurança Pública de Macau está à procura de sete

indivíduos envolvidos numa rixa nos estaleiros de construção do novo complexo da Melco Crown no Cotai. O incidente provocou seis feridos, que receberam tratamento no Centro Hospitalar do Conde de São Januário.

De acordo com um porta-voz da polícia, sete indivíduos estavam a des-carregar materiais de construção dentro do estaleiro e seis pessoas, que serão tra-balhadores das obras, tentaram impedir essa tarefa. “Os dois grupos envolveram em discussão e numa rixa que acabou com seis feridos, os do grupo que tentou impedir que o material fosse descarre-gado”, disse a fonte da PSP ao salientar

que os agressores fugiram do local, o estaleiro das obras do empreendimento Studio City. A mesma fonte disse que a PSP se mantém a investigar o caso e está à procura dos sete elementos que terão agredido o grupo de trabalhadores.

Os feridos foram encaminhados para o hospital do Governo e “estão livres de perigo” tendo apenas um dos homens ficado em observação por precaução. Entre os feridos um é titular do BIR não permanente de Macau e as outras cinco pessoas são provenientes do interior da China, portadores do Titulo de Identificação de Trabalhador Não-Residente. Os seis indivíduos têm idades compreendidas entre 22 e os 46 anos.

A Té Dezembro, a ci-dade vai ter menos 60 táxis a circular nas ruas. De acordo com

um comunicado da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Trá-

Mais 35 casos suspeitos de ilegalidades

“Projecta-se lançar no primeiro semestre deste ano concursos públicos para a atribuição de 200 alvarás de licenças de táxis normais e de, pelo menos, cem licenças de táxis especiais”ComuniCado da dSaT

TáxiS MEnOS 230 ATé 2016. DSAT Dá LICEnçAS nO PrIMEIrO SEMESTrE

Concursos a caminhoMacau vai perder mais de 230 táxis até 2016, mas a DSAT garante que, até Junho deste ano, mais 300 licenças vão ser atribuídas para evitar o impacto na vida da população

fego (DSAT), este é o número de licenças de táxis que caduca entre Maio e Dezembro deste ano. Con-tudo, outros 170 táxis vão deixar de circular também no próximo ano, o que faz com que, desde o

próximo mês até 2016, menos 230 táxis circulem pelas ruas.

O anúncio feito pela DSAT chega depois de ter sido extinto também o serviço de rádio-táxis.

O Governo, pela voz do Se-

cretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Ro-sário, assegurou já que vai haver mais concursos públicos para a atribuição de 200 licenças de táxis normais e uma centena para os chamados táxis amarelos , ainda que não tenha dado data certa para que tal aconteça. Ainda assim, a DSAT frisa que isto vai acontecer ainda no primeiro semestre deste ano, “até Junho”.

De encontro à procura“De salientar que se projecta lançar no primeiro semestre deste ano concursos públicos para a atribuição de 200 alvarás de licenças de táxis normais e de, pelo menos, cem li-cenças de táxis especiais, com vista a aliviar, sob várias vertentes, a procura do público para com os serviços de transportes públicos”, anunciou o organismo no comunicado.

Entre 2005 e 2014 foram lança-dos cinco concursos públicos para licenças de táxis.

De acordo com o mesmo comu-nicado da DSAT, também a proposta de lei referente ao sector, que está em fase de revisão, vai integrar táxis normais para a atribuição de licen-ças e alvará. O mesmo documento relembra ainda que todos aqueles que conduzirem veículos considerados “clandestinos” enquanto meios de transporte de passageiros podem ser multados até 25 mil patacas. - L.S.M.

Agentes das autoridades policiais e da DSAT detectaram 35 casos de alegadas ilegalidades cometidas por taxistas locais, só entre a passada quarta e sexta-feira. De acordo com notícia da revista Macau Business, que refere declarações da autoridades,

cinco desses casos têm que ver com cobrança excessiva e outros 11 estão relacionados com a recusa dos condutores em transportarem os passageiros. Três outras situações têm que ver com estacionamento ilegal e os restantes com outro tipo de

violações da legislação vigente. Os mesmos dados da polícia mostram que foram aplicadas mais de 1300 multas a taxistas só nos primeiros dois meses deste ano, sendo que mais de metade destas estão relacionadas com cobrança excessiva ou recusa de transporte.

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9 sociedadehoje macau quarta-feira 8.4.2015

Macau recebeCimeira da Indústria da Energia em JunhoÉ já no próximo mês de Junho que a RAEM acolhe mais uma edição da Cimeira da Indústria da Energia, evento organizado em conjunto com as regiões de Hong Kong e Guangdong. A Companhia de Electricidade de Macau (CEM) já começou a preparar os trabalhos de organização, tendo já tido um encontro com responsáveis das empresas vizinhas em Cantão. O evento começou a ser realizado em 2011, por proposta da China Southern Power Grid Corporation Limited. Tudo para encontrar soluções perante “a crescente procura de energia provocada pelo rápido crescimento” das regiões do sul da China.

Apenas um tufãode sinal 8 este ano Durante este ano, e à semelhança do que aconteceu em 2014, o sinal número 8, ou superior, de tufão deve ser içado apenas uma vez, segundo as previsões dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos. À Rádio Macau, o organismo liderado por Fong Soi Kun adianta que, este verão, o território pode ser afectado por “entre quatro a seis tempestades tropicais”. Quanto ainda às previsões para este Verão, em termos de temperaturas, tudo estará dentro de valores considerados normais, ou seja, a rondar os 28 graus.

Idosos Dificuldades de supervisão de lares na Montanha Coloane Suspeitas no desenvolvimentona Rua dos EstaleirosO director geral da Caritas,

Paul Pun, considera que a implementação de lares de idosos na zona da Ilha da Montanha torna a supervisão destes locais complicada, devido a divergên-cias nas leis e no sistema de saúde praticados na RAEM e no continente.

As declarações do respon-sável surgem depois do Chefe do Executivo, Chui Sai On ter revelado no final do mês passado, durante a apresentação das suas Linhas de Acção Governativa, a possibilidade de construir lares de idosos naquela zona. Apesar desta ser uma aparente boa notícia, Paul Pun considera que é ainda

necessário resolver problemas causados pelas diferenças dos sis-temas de saúde das duas regiões.

Em declarações ao Jornal do Cidadão, Paul Pun considera que existem diferenças nas leis e nos sistemas de saúde que devem ser solucionados primeiro e que incluem critérios de tarifa, pro-cessos de liquidação e supervisão

do Governo, de forma a prevenir abusos na utilização do sistema de saúde.

No que toca ao problema de transporte de pacientes de Macau para o continente, o responsável da Caritas lembra que poderá ser cria-da uma via especial de transporte de doentes nos postos fronteiriços. No entanto, Paul Pun continua a pre-ferir a construção de lares ao nível local. “Caso se demore tempo a comunicar com o interior da China, é de se considerar a construção de lares de idosos no Cotai, algo que deve ser acompanhando da cons-trução do Complexo de Cuidado de Saúde das Ilhas”, referiu Paul Pun ao jornal chinês. - F.F.

LEI Kuok Keong, do grupo de atenção ao património cultural

de Coloane, suspeita que o Governo tenha deixado construtores desen-volverem dois terrenos perto da Rua dos Estaleiros, em Coloane, onde foram descobertos achados arqueológicos em Junho do ano passado, sendo que ainda não foi decidido se estes são para manter ou não.

O porta-voz do “Grupo de Atenção ao Património Cultural de Coloane”, Lei Kuok Keong, fala de um desenvolvimento “rápido” dos terrenos perto do local onde esta-vam as peças de bronze com mais

de 3800 anos. Lei Kuok Keong diz que ainda não está decidido se o local tem valor histórico, mas que este já tem uma proposta para de-senvolvimento. O responsável diz ainda que a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Trans-portes (DSSOPT) publicou uma planta de condições urbanísticas de um terreno junto à Rua dos Es-taleiros, onde denota que este não pertence à zona de salvaguarda do património.

Lei Kuok Keong diz esperar que o director do Instituto Cul-tural, Guilherme Ung Vai Meng, esclareça o assunto.

Flora [email protected]

O vogal do Conselho Consultivo de Servi-ços Comunitários da Zona Central, Lam

U Tou, apelou ao Governo que implemente um serviço de recolha de moedas excedentes tanto para residentes, como para comercian-tes, devido à constante rejeição de aceitação de moedas pelos bancos ou pela cobrança de comissão quando se pretende depositar.

Segundo o Jornal Ou Mun, Lam recorda o decreto-lei que explica que “ninguém pode ser obrigado a receber, em qualquer pagamento, moeda metálica em número superior a cem unidades, independentemente do valor facial das unidades em causa”. E o depó-sito de mais de cem moedas, como aliás o HM já avançou, pode ser cobrado de forma legal.

Lam U Tou recorda ainda que são muitas as queixas de residentes que referem que os comerciantes rejeitam as moedas de 10 e 50 cêntimos. A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) adiantou que a própria já recebeu as mesmas queixas por parte dos residentes, a par de outras pela cobrança de co-missão para o depósito de moedas.

Taxa pouco razoávelNum pedido de esclarecimento feito pelo HM, na sequência de uma queixa de um cidadão, que depositou cerca de 400 patacas em moedas na sua conta bancária, no Banco Nacional Ultramarino (BNU), tendo-lhe sido cobradas 40 patacas

“Os bancos e a AMCM têm responsabilidade absoluta em ajudar os residentes e comerciantes nos depósitos, tornando-os gratuitos”Lam U ToU Vogal do Conselho Consultivo de ServiçosComunitários da Zona Central

Dinheiro SuGERIDA RECOLHA DE MOEDAS ExCEDEnTES

Porquinho mealheiro

como taxa, a AMCM explicou que isto decorre dentro da legalidade. E são os próprios bancos quem define quanto cobrar. “A cobrança de taxa por parte das instituições bancárias constitui uma decisão comercial das mesmas, quando o número de moe-das a depositar por cliente exceder [as cem unidades]”, sublinhou a AMCM numa resposta ao HM, há cerca de duas semanas.

Para Lam U Tou, este compor-tamento não é razoável.

“Os bancos e a AMCM têm res-ponsabilidade absoluta em ajudar os residentes e comerciantes nos depósitos, tornando-os gratuitos. É

verdade que actualmente a necessi-dade de moedas de 10 e 50 cêntimos diminuiu e que a autoridade não tomou medidas para controlar os actos de rejeição destas moedas, levando a toda esta situação de des-contentamento geral. Se a situação continuar, os custos de comércio vão aumentar”, argumenta.

Sugere Lam U Tou que Macau implemente uma medida também implementada na cidade vizinha de Hong Kong, onde existem dois veículos de recolha de moedas. Os residentes podem trocar as moedas por notas ou dinheiro em cartão de transportes públicos, sendo que o serviço é totalmente gratuito.

Hoje

Mac

au

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10 eventos hoje macau quarta-feira 8.4.2015

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

a Senda eSTReiTa paRa o noRTe pRoFundo • Richard Flanagan Vencedor do Man Booker Prize 2014 Centenas de milhares de prisioneiros de guerra, entre eles numerosos australianos, são forçados pelos japoneses a um trabalho escravo nas selvas da Indochina durante a Segunda Guerra Mundial. O objectivo é coonstruir, num prazo inverosímil e sem maquinaria adequada, uma via-férrea de 450 quilómetros ligando o Sião à Birmânia, o que permitiria atacar a Índia. Até à conclusão da linha em 1943, morreram dezenas de milhares de homens, incluindo um terço dos 22 mil prisioneiros de guerra australianos. Executores fanáticos das ordens imperiais, alguns oficiais japoneses chegavam a recitar haikai antes de torturar ou decapitar os prisioneiros.É neste clima de desespero que o cirurgião Dorrigo Evans, prisioneiro neste campo de guerra japonês na Ferrovia da Morte, se vê assombrado pela relação amorosa que manteve com a jovem esposa do seu tio dois anos atrás, enquanto tenta evitar que os homens sob o seu comando morram de fome, de doença, ou sejam simplesmente espancados.O romance de Richard Flanagan aborda as diferentes formas que o amor, a morte, a guerra e a verdade podem assumir, à medida que um homem envelhece e tem consciência de tudo o que perdeu. «Uma obra-prima... Um livro extraordinário.»Michael Williams, Guardian

o enigma da Chegada • v. S. naipaulO romance mais autobiográfico do Prémio Nobel da Literatura. A história de um jovem indiano do Caribe que chega a uma Inglaterra pós-imperial e do caminho que este trilha na descoberta de si enquanto escritor. É a história de uma particularíssima viagem, também interior, da colónia britânica de Trinidad às regiões rurais da velha Inglaterra, de um estado de espírito para outro, tecida com uma notável inventividade que cria um romance rico e completo. «Um livro maravilhoso. Um livro mágico.» Independent

Pintura Jovem de Macau ganha prémio em LondresFilipe Miguel das Dores, jovem pintor de Macau, venceu o prémio “The John Purcell Paper Prize”, que é atribuído pelo Royal Institute of Painters in Water Colours de Londres. O prémio foi conquistado durante a exposição anual de aguarela, que decorreu recentemente em Londres e que apresentou mais de 700 obras. Filipe Miguel das Dores apresentou um trabalho intitulado “Mario Night”, uma pintura que procura retratar a noite de Macau.”Foi uma surpresa a conquista do prémio. Representa um estímulo para continuar a trabalhar e a participar em exposições em Macau e no exterior”, disse o jovem, de 25 anos, que é estudante da licenciatura em Artes Visuais, variante de Educação, do Instituto Politécnico de Macau. Este ano realizou-se a 203ª edição do prémio, que decorreu na Galeria Moore, no Centro de Artes de Londres.

Leonor Sá [email protected]

o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) vai organi-

zar uma série de actividades de Verão que integram via-gens a Cambridge, a várias cidades da China, a Hong Kong e à Austrália. As ac-tividades pretendem fazer com que os jovens locais melhorem as suas apetências de língua inglesa e mandarim ou de conhecimentos em di-versas áreas, como hotelaria, tecnologia ou indústria.

Este ano marca a estreia do programa que inclui a viagem a Cambridge, inicia-tiva organizada pelo Centro de Desenvolvimento Reino Unido - China. Este decorre entre 3 a 17 de Agosto e tem disponíveis 20 vagas. Outro dos cursos oferecido aconte-ce na cidade australiana de Brisbane, de 18 de Julho a 22 de Agosto e prevê um total de 24 vagas para ensino da língua inglesa e intercâmbio cultural, estando incluída a visita a locais históricos da cidade.

aqui ao LadoParte das actividades aconte-ce mais perto, no continente. Tanto o curso de Zheijiang como o de Henan têm um to-tal de 40 vagas e acontecem entre 1 e 10 de Agosto e 17 a 26 do mesmo mês, respecti-vamente. A capital do país é

Médico israelitaem palestra sobre DesportoJonathan Yarom, médico israelita especialista na área do Desporto, vai estar em Macau no próximo dia 21 de Abril para participar num seminário promovido por uma conhecida marca de produtos de emagrecimento. As melhores formas de recuperar do exercício físico e de preparação para uma actividade desportiva serão temas em destaque do seminário, que irá decorrer no hotel Landmark a partir das 17h30. Tem entrada livre.

IC Concurso para jovens músicos de Macau O Instituto Cultural (IC) organiza entre 2 a 8 de Agosto o 33.º Concurso para Jovens Músicos de Macau, dedicado este ano ao piano. A organização procura, por isso, jovens nascidos em ou após 1994 para se inscreverem entre os dias 13 e 18 de Abril, online, ou 19 a 22 de Abril, nas instalações do IC. O concurso tem como objectivo incentivar o desenvolvimento da música clássica em Macau, elevar o nível de formação e capacidade de interpretação musical dos mais jovens e proporcionar oportunidades de aprendizagem e actuação. Os participantes devem necessariamente ser portadores de BIR, sendo que há partituras obrigatórias que têm de ser tocadas.

Ensino programa dE línguas E cultura no ExtErior

O Verão lá por foraA editora Livros do Oriente apresenta no dia 14 a obra “Nascido Para Vencer”, onde Maria Guiomar Lima traça a biografia de D.José da Costa Nunes. O reitor da Universidade de São José, Peter Stilwell,é o autordo prefácio

litEratura BIOGRAFIA DE D. JOsé DA COsTA NuNEs APREsENTADA DIA 14

Histórias de um “missionário autêntico”

D . José da Costa Nu-nes, o missionário que deu nome ao jardim de infância

de matriz portuguesa em Macau, já tem a sua biografia escrita. A obra, da autoria de Maria Guiomar Lima, será apresentada na Fundação Rui Cunha (FRC) na próxima terça-feira, dia 14. Segundo a FRC, trata-se de um trabalho que é “fruto de uma prolon-gada e muito rigorosa inves-

tigação sobre a vida de um dos mais importantes bispos de Macau na era moderna”.

O livro é da chancela da Livros do Oriente e vem ao encontro do desejo, diz a auto-ra, “muitas vezes manifestado por diversos investigadores para que se elaborasse uma bem documentada biografia do Cardeal Costa Nunes”. A sua publicação insere-se no plano editorial da Livros do Oriente, de Rogério Beltrão

Coelho, que comemora os 25 anos de existência da editora.

O prefácio é da autoria de Peter Stilwell, reitor da Universidade de São José (USJ). O texto salienta o per-curso longo desta biografia e o estatuto do seu protagonista facultando um acesso privi-legiado às raízes recentes da Igreja Católica em Macau, Malaca, Singapura, Timor e Índia.

“Aí vemos como a gesta

outro dos locais escolhidos pelo GAES, incorporando um curso de língua chinesa e cultura do país, tendo como principal objectivo aprofundar o conhecimento dos jovens sobre a “realida-de nacional da Pátria”. Este terá lugar entre os dias 1 e 28 de Julho na Universidade de Línguas e Culturas de Pequim, possibilitando a participação de 20 alunos.

Esta é já a oitava edição do programa de actividades de Verão do GAES e estão aptos para participar todos os residentes da RAEM que estejam a estudar numa instituição superior local ou estrangeira. As inscrições já se encontram abertas e os can-didatos serão seleccionados através de entrevista e análise curricular, pelo que o período termina a 19 deste mês.

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11 eventoshoje macau quarta-feira 8.4.2015

pub

Cinema Abertas inscrições para “O Poder da Imagem”IC Concurso para jovens músicos de Macau O Instituto Cultural (IC) organiza entre 2 a 8 de Agosto o 33.º Concurso para Jovens Músicos de Macau, dedicado este ano ao piano. A organização procura, por isso, jovens nascidos em ou após 1994 para se inscreverem entre os dias 13 e 18 de Abril, online, ou 19 a 22 de Abril, nas instalações do IC. O concurso tem como objectivo incentivar o desenvolvimento da música clássica em Macau, elevar o nível de formação e capacidade de interpretação musical dos mais jovens e proporcionar oportunidades de aprendizagem e actuação. Os participantes devem necessariamente ser portadores de BIR, sendo que há partituras obrigatórias que têm de ser tocadas.

O Centro Cultural de Ma-cau (CCM) está a aceitar

propostas para a nova edição da competição “Macau – O Poder da Imagem”, um pro-jecto cinematográfico que procura “as melhores histórias de Macau”. A competição procura desafiar realizadores locais, ou aspirantes, a fazer filmes sobre o território, sendo que, para isso, o CCM dispo-nibiliza montantes até 270 mil patacas por produção.

O plano, que surgiu em 2007, é aberto a participan-tes divididos em três níveis de experiência: avançado e livre, destinados a realiza-dores maiores de 18 anos, e o nível iniciado aberto a todos os “aspirantes” a cineasta. O projecto divide--se ainda nas categorias de “Documentário”, “Curtas” e “Animação”.

A ideia surgiu com o objectivo de estimular os melhores trabalhos, tanto de realizadores experientes como de estreantes, sendo que, desde o início, regis-tou mais de 320 propostas, “uma resposta que reflecte o dinamismo do projecto e que

Literatura BIOgRAfIA de d. JOsé dA COstA NuNes ApReseNtAdA dIA 14

Histórias de um “missionário autêntico”

“Aí vemos como a gesta missionáriados portugueses se prolongou pela primeira metade do século XX e soube conviver criativamente com a variação constante das circunstâncias sociais, políticas e culturais”Peter StiLweLL in prefácio

missionária dos portugueses se prolongou pela primeira metade do século XX e soube conviver criativamente com a variação constante das cir-cunstâncias sociais, políticas e culturais”, diz Stilwell.

Verdadeiro missionárioSobre D.José da Costa Nunes, Vitorino Nemésio, escritor português, chegou a dizer que se tratava de um “missionário autêntico e esses homens, que saem de sua casa sacudindo as sandálias e que, com um pe-queno crucifixo e uma roupeta na mala, se entranham entre as gentes exóticas que vivem nos climas ruins, acostumam-se cedo a apanhar flores entre espinhos e cobras, não se em-briagam com cheiros de lison-ja”. Essas palavras terão sido escritas aquando da nomeação de D. José da Costa Nunes como Vice-Caramalengo da Igreja, com o título de Arce-bispo de Odesso, em 1953.

Quanto à autora, Maria Guiomar Lima chegou a trabalhar como jornalista no semanário O Independente, tendo passado pelas redac-ções do Diário de Notícias, jornal Europeu, Diário de Lisboa e Jornal Novo. Nas-cida nos Açores, vive em

resultou em mais de 75 fil-mes finalizados, alguns dos quais premiados e exibidos em festivais no exterior”, como realça a organização em comunicado.

As equipas selecciona-das para a última fase terão apoio técnico e financeiro para concluir as suas pro-

duções e todos os trabalhos serão estreados no Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Macau 2016.

As propostas podem ser entregues até dia 18 de Maio, sendo que os formulários de inscrição devem ser descar-regados através do site do CCM.

Lisboa e licenciou-se em Psicologia Clínica. Em 2005 deixou o jornalismo e come-çou o estudo da história da Igreja Portuguesa na Ásia. Chegou a publicar diversos trabalhos na qualidade de bolseira da Fundação Orien-te (FO). - a.s.s.

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12 hoje macau quarta-feira 8.4.2015

Q uase metade (45,6%) dos cerca de 9,77 mi-lhões de chineses mor-tos em 2014 foram

cremados, ilustrando o persistente e polémico empenho das autoridades em poupar as centenas de hectares de terra arável “consumidas” anual-mente em sepulturas.

a percentagem foi divulgada pelo ministério chinês dos as-

Banco centralda China injecta 3.000 ME no mercadoO Banco Popular da China, o banco central do país asiático (PBOC, na sigla em inglês), anunciou ontem uma injecção de liquidez no mercado de 20.000 milhões de yuan. O banco central chinês vai efectivar a operação por via de acordos de recompra (conhecidos como “repos”), segundo a agência oficial Xinhua. Em concreto, a entidade ofereceu “repos” – acordo de recompra, em que um banco vende um activo a curto prazo com a promessa de o recomprar posteriormente numa data fixada pagando um juro para além do valor do activo – a sete dias com uma taxa de 3,45%. A anterior injecção, realizada em Fevereiro último, foi mais elevada: 80.000 milhões de yuan.

Zhanghzhou Catorze feridos em explosãoem fábrica de produtos químicos

Navio militar chinês chega a Djibouti

SEPulturAS PErdEm tErrEnO. QuASE mEtAdE dOS mOrtOS já SãO CrEmAdOS

A morte amiga do ambiente“O declínio do espaço para cemitérios estáa fazer subiro preço dos funerais tradicionais e a reduzir a terra arável, florestas, prados e outros recursos ambientais”

suntos Civis por ocasião do Dia dos Finados (Qingming), uma das datas mais veneradas pelas famílias chinesas, assinalada no domingo.

se todos os mortos fossem se-pultados segundo os métodos tradi-cionais, isso requereria cerca de 10 milhões de metros quadrados de terra, refere um relatório governamental.

a quantidade de madeira pou-pada no fabrico de caixões é tam-

um navio militar chinês che- gou ontem ao porto de

Djibouti, após ter retirado 83 cidadãos chineses e cingaleses do Iémen devido ao conflito civil, informou a agência oficial Xinhua.

a fragata “Linyi” recolheu-os no porto de al-Hodayda, no oeste do Iémen, donde zarpou rumo a Djibouti, cuja costa alcançou cerca de 12 horas depois.

Do universo de resgatados figuram os membros do pessoal da embaixada no Iémen, a qual foi encerrada temporariamente de-vido ao agravamento do conflito.

além dos 38 chineses, o navio militar transportou 45 cidadãos do sri Lanka, a pedido do governo de Colombo.

Na última semana, o destaca-mento de vários navios da armada

chinesa permitiu a retirada – em quatro viagens – dos 613 chineses que desejavam sair do Iémen e 279 nacionais de outros 15 países.

O Iémen, estrategicamente localizado perto de rotas maríti-mas importantes e com fronteira com a arábia saudita, tem estado a afundar-se num conflito civil multilateral desde que os rebeldes xiitas ‘Huthis’ se apoderaram da maior parte do país e desafiaram a autoridade central.

ao 12.º dia da operação de uma coligação militar liderada pelos sauditas, os combates concentraram-se no sul do país, onde pelo menos 141 pessoas foram mortas até segunda-feira, das quais 53 em aden, segunda maior cidade do Iémen, de acordo com um balanço obtido junto de diversas fontes.

Catorze pessoas ficaram feridas na sequência de uma explosão, seguida de incêndio, registados no passado domingo, numa fábrica de produtos químicos localizado no leste da China, informaram ontem as autoridades. Este é o segundo

acidente do mesmo género num espaço de dois anos a atingir a “dragon Aromatics”, na cidade de Zhanghzhou, na província de Fujian.mais de 700 bombeiros continuavam envolvidos ontem nas operações de combate às chamas na fábrica que produz paraxileno (PX) – um agente químico usado na produção de plásticos, nomeadamente garrafas, e de poliéster. Propriedade do grupo petroquímico taiwanês Xianglu, a fábrica sofreu, em julho de 2013, uma explosão, sem que tenham sido registadas vítimas ou fugas tóxicas. O paraxileno, que tem a China no topo dos consumidores mundiais, é perigoso se inalado ou absorvido pela pele, já que pode causar danos nos órgãos abdominais e o no sistema nervoso.

bém enorme: mais de um milhão de metros cúbicos, estimou há alguns anos um perito do sector.

Pela tradição chinesa, os corpos devem manter-se intactos depois da morte e no Qingming, as famílias reúnem-se para limpar as sepultu-ras dos antepassados.

a tradição é seguida sobretudo nas áreas rurais, onde vivem ainda cerca de 650 milhões de chineses,

mas como noutras áreas, também isso está a mudar.

“O declínio do espaço para ce-mitérios está a fazer subir o preço dos funerais tradicionais e a reduzir a terra arável, florestas, prados e outros recursos ambientais”, realçou a agência noticiosa oficial chinesa.

este ano, em Pequim, para encorajar a realização de “funerais amigos do ambiente”, o governo

municipal duplicou para 4.000 yuan o subsídio atribuído às famí-lias que optem por lançar ao mar as cinzas dos seus mortos.

O subsídio, cujo valor equivale a mais de o dobro do salário mínimo na cidade, cobre as despesas de deslo-cação e refeições para seis membros da família bem como o pagamento de uma “urna degradável”.

Sempre a Subirsegundo estatísticas citadas na im-prensa oficial, a taxa de cremação na China cresceu mais de 10 pontos percentuais nos últimos 15 anos e em 2012 atingiu 49,5%, mais 3,9 pontos percentuais do que no ano passado.

em algumas regiões, no entan-to, as autoridades locais querem chegar aos 100% já em 2020.

Há cerca de cinco meses, “para dar o exemplo”, o governo da província de Yunnan, sudoeste da China, determinou que todos os membros do Partido Comunista e funcionários públicos seriam cremados depois de morrer.

as sepulturas tradicionais fo-ram mesmo proibidas em algumas povoações.

em 2012, em Zhoukou, na pro-víncia de Henan, centro da China, o governo local removeu mais de um milhão de sepulturas.

China

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13 chinahoje macau quarta-feira 8.4.2015

U m antigo presidente da câmara de uma das maio-res cidades chinesas, Ji Jianye, foi ontem con-

denado a 15 anos de prisão por corrupção, anunciou o Tribunal de 1.ª Instância de Shandong, no leste da China.

“Directa ou indirectamente”, o antigo autarca recebeu subornos de 11,32 milhões de yuan entre 1999 e 2012, em troca da concessão de autorizações de construção ou transferências de emprego, disse o tribunal.

Ji Jianye dirigia o governo municipal de Nanquim, capital da próspera província de Jiangsu, quando foi afastado pela Comissão Central de Disciplina do Partido Comunista Chinês (PCC), em Outubro de 2013.

Foi o primeiro alto funcio-nário da província de Jiangsu investigado por aquela comissão no âmbito da drástica campanha anti-corrupção lançada depois de o actual presidente Xi Jinping ter assumido a chefia do PCC, há cerca de dois anos e meio.

perdição no femininoÀ semelhança do que costuma acontecer nos casos de corrupção entre quadros dirigentes, a impren-sa oficial disse que o ex-autarca

Algumas das cidades mais congestionadas estão na ChinaCerca de um terço das 50 cidades mais congestionadas do mundo está na China, com Pequim em 19.º lugar, de acordo com um relatório sobre tráfego que inclui mais de 200 cidades. Segundo a TomTom, uma das maiores empresas de sistemas de navegação, Chongqing é a cidade chinesa mais congestionada, fixando-se no 15.º lugar do ranking mundial, seguida de Tianjin (17.º) e Pequim. Quinze cidades chinesas constam entre as 50 com mais tráfego do mundo. O relatório da TomTom, citado pelo jornal oficial China Daily, abrange 218 cidades em 36 países e territórios. Istambul, na Turquia, lidera o ranking mundial, seguida de Lodz, na Polónia, e da Cidade do México.De acordo com dados oficiais citados pelo diário, no final do ano passado a China tinha 126 milhões de veículos privados, mais 15,5% do que no ano anterior.

Corrupção AnTIgO AuTArCA COnDenADO A 15 AnOS De PrISãO

Entre amantes e subornosJi Jianye, dirigente do governo municipal de Nanquim, paraalém de possuir inúmeras amantes recebia subornos em trocade autorizações de construção

O ex-autarca tinha “várias amantes”, uma das quais foi identificada como sendo directora de uma agência governamental responsável pela protecção do ambiente

tinha “várias amantes”, uma das quais foi identificada como sendo directora de uma agência governa-mental responsável pela protecção do ambiente.

Para “assegurar a impar-cialidade do julgamento”, os altos funcionários chineses são normalmente investigados por procuradores de outras cidades e acusados em tribunais fora da província onde estavam colo-cados.

Nanquim tem cerca de oito milhões de habitantes.

Foi capital da China no início da dinastia ming, no século XIV, e durante os últimos anos da antiga “Republica da China”, liderada pelo Guomindang (Partido Na-cionalista).

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hoje macau quarta-feira 8.4.2015

WANG CHONG 王充 OS DiScurSOS POnDeraDOS De WanG cHOnG

Invenções sobre a morte – 13 & 14

O duque Heng de Qin [séculos VII e VI a.C.] atacou o país de Jin [actual Shanxi], fazendo acampar os seus exércitos em Fushi. O marquês de Jin reuniu as suas tropas em Ji, reconquistou as terras ocupadas pelos Di [tribo de “bárbaros” do noroeste] e restabeleceu o marquês de Li, regressando a casa depois. Ao chegar [a Luo], o seu general, Wei Ke, derrotou os exércitos Qin em Fushi e fez prisioneiro Du Hui, um colosso de Qin.Antes destes acontecimentos, Wei Wuzi [pai de Wei Ke] tinha tido uma sua concubina favorita que não lhe deixara filhos. Gravemente doente, ordenou a Wei Ke: [depois da minha morte] é preciso encontrar-lhe marido”. Porém, à medida que a doença se agravou, mudou de opinião: “Quero que ela me acompanhe no túmulo”. Contudo, quando Wei Wuzi faleceu, Wei Ke não a enterrou com ele. Aos que o recriminavam [por não obedecer à vontade de seu pai] Wei Ke respondia: “À medida que a doença se foi agravando, o meu pai perdeu a cabeça; limitei-me a obedecer às instruções que me deu enquanto a ordem ainda reinava no seu espírito”.Durante a batalha de Fushi, Wei Ke encontrou um velho que preparava uma armadilha, onde Du Hui acabou por cair. Na noite seguinte, Wei Ke sonhou que um velho lhe dizia: “Sou o pai da favorita [de teu pai] que tu deste a casar [em vez de a sacrificar]. Seguiste as instruções de teu pai enquanto a razão ainda o habitava e eu vim pagar essa dívida”. O pai [já morto] da concubina favorita reconhecera a virtude de Wei Ke e aparecera-lhe sob a forma de um fantasma que preparava uma armadilha de modo a ajuda-lo durante a batalha: ora não será isto a prova de que os espíritos são dotados de consciência?

* * * A isto respondo: se o pai da favorita tivesse podido [após ter morrido] reconhecer a virtude de Wei Ke, aparecendo sob a forma de fantasma para o ajudar nessa batalha, teria, do mesmo modo, podido recompensar aqueles que amara antes da morte e

matar os que detestara. Nas nossas relações com os outros, contraímos dívidas mais ou menos importantes, convindo, assim, pagar aos nossos benfeitores: como tal, Wei Ke deveria [efectivamente] ter sido recompensado por ter encontrado um marido para a mulher de seu pai. Mas o pai da concubina não teve oportunidade de pagar as dívidas que havia contraído em vida, exprimindo apenas a sua gratidão por um bem que lhe foi feito depois de morrer. Mas isto não prova, de todo, que os mortos sejam dotados de inteligência, ou se possam tornar em fantasmas.Quando Zhang Liang marchava ao longo do Rio Si, um velho ofereceu-lhe um tratado [de estratégia], e quando o imperador Guangwudi se encontrou em dificuldades em Hebei, um velho indicou-lhe o melhor caminho: os seus destinos predispunham-nos às maiores honras, o seu tempo chegara, e estes encontros apenas demonstram que estavam feitos para honras e riqueza. Do mesmo modo, Wei Ke deveria [segundo o seu destino] capturar Du Hui e distinguir-se em combate, eis porque lhe foi dada a visão dessa estranha aparição de um homem a preparar um armadilha no caminho.

Tradução de Rui CascaisIlustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.

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15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 8.4.2015

“Quero que ela me acompanhe no túmulo”.

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16 desporto hoje macau quarta-feira 8.4.2015

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO N.o 10/P/15

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 18 de Março de 2015, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento e Instalação de Quatro Incubadoras de Cuidados Infantis para Lactentes aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 8 de Abril de 2015, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.o andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP38,00 (trinta e oito patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 11 de Maio de 2015.

O acto público deste concurso terá lugar no dia 12 de Maio de 2015, pelas 10,00 horas, na sala do «Museu» situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde junto ao C.H.C.S.J.

A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP20.000,00 (vinte mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 31 de Março de 2015

O Director dos ServiçosLei Chin Ion

N uno Couceiro marca o ritmo: Yi (1), Er (2), San (3), Si (4) - Alinhadas

num campo de relva sintética situado entre altas torres de escritórios e de apartamentos, dez crianças preparam-se para mais um treino de futebol.

A cena passa-se numa tarde de sexta-feira, o dia mais concorrido na escola da Winning League/Figo Football Academy no mo-derno e cosmopolita CBD (Central Business District) de Pequim.

nuno Couceiro é um dos 25 treinadores portugueses contratados pela academia para tentar “dinamizar o futebol infantil” na China e “promover uma matriz com-petitiva” entre os mais novos praticantes da modalidade.

O piloto português André Couto ter-minou no sétimo

lugar a primeira corrida do GT japonês, disputada na pista de okayama, depois de ter partido do primeiro lugar da grelha.

“A corrida foi à chuva. Arranquei e tivemos um tempo muito instável. Ainda consegui distanciar--me um pouco e andar em primeiro algumas voltas, mas depois os pneus come-çaram a degradar-se mais e fui ultrapassado e quando vim às boxes estava em sexto lugar”, começou por explicar André Couto, contactado telefonica-mente pela agência Lusa a partir de Macau.

Apesar do sétimo posto na primeira corrida, André Couto lembra que “foram conquistados pontos” e “há que pensar na próxima corrida”.

na sua 12.ª temporada no GT japonês, André Couto está pela primeira na

“AcAdemiA Figo” dá impulso Ao Futebol inFAntil nA chinA

Pontapé para a frente

“O sistema educativo na China preconiza a imitação. Nós, pelo contrário, estimulamos o espírito de decisão e a criatividade”Joaquim Rolão PReto Director-técnico da academia

o futebol já é o desporto mais popular na China, mas “as referências à modalidade no país são pouco definidas, há poucos clubes e as pes-soas não estão habituadas a jogar futebol”, realça o director-técnico do projecto, Joaquim Rolão Preto.

Lançada há um ano em Pequim, a academia com o nome do antigo capitão da selecção portuguesa está hoje implantada em mais sete cidades chinesas (Can-tão, Chengdu, Chongqing, Dalian, ordos, Xangai e Xian) e conta, no conjunto, com cerca de 2.000 alunos dos 5 aos 13 anos.

“Muito em breve vamos abrir escolas em mais três cidades (Changsha, Wuhan e Changzhou) e teremos mais dois treinadores vindos de Portugal”, adiantou o director-técnico.

Treinador-adjunto do Sporting Clube de Portugal quando os “leões” ganharam pela última vez o campeona-to português, em 2001/02, Joaquim Preto está confiante: “Esperamos ter 5.000 a 6.000 alunos no próximo ano”.

As propinas custam entre

1.800 yuan e 2.250 yuan por trimestre, conforme o número de sessões. Cada classe tem, no máximo, vinte alunos.

A modalidade mais bara-ta é superior ao salário míni-mo mensal em Pequim, mas, a avaliar pelos automóveis em que os pais, e sobretudo as mães, conduzem os filhos às aulas de futebol, o dinhei-ro não será um problema.

Ding Ding, por exemplo, frequenta uma escola inter-nacional que custa cerca de 216.000 yuan por ano e, como

quase todos os chineses nas-cidos nas cidades nas últimas três décadas, é filho único.

“Gosto muito de futebol. Sou bom à defesa e remato bem”, afirma Ding Ding, um aluno de sete anos, fluente em inglês, que pratica tam-bém natação.

Muitas faltasPor ora, “um dos grandes problemas” da “Figo Football Academy” é a assiduidade dos alunos: “As crianças têm ten-dência a vir só uma vez por se-

Gt JaPão anDRé Couto em sétimo

Corrida à chuva

mana, o que é manifestamente pouco. Temos muitas crianças inscritas, mas não com aquela frequência e intensidade de jogos que seria necessária”, lamenta Joaquim Preto.

Para aquele especialista, “o treino é importante, mas o jogo, a competição, é decisiva”.

“o sistema educativo

na China preconiza a imi-tação. nós, pelo contrário, estimulamos o espírito de decisão e a criatividade”, acrescenta.

no mês passado, a Chi-na anunciou um “plano de reforma do futebol”, apadrinhado pelo secretário--geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, visando elevar a selecção chinesa da modalidade ao estatuto de grande potência já alcançado noutras modalidades.

País mais populoso do mundo, com cerca de 1.350 milhões de habitantes - mais de o dobro de toda a união Europeia -, a China ocupa o 83.º lugar do ranking da FIFA, atrás de Cabo Verde, Burkina Faso e muitas outras pequenas nações em vias de desenvolvimento.

Com a anunciada refor-ma, o futebol passará a ser “uma componente obriga-tória” da disciplina de Edu-cação Física e já em 2017, o governo chinês deverá ter 20.000 escolas primárias e secundárias “focadas na promoção do futebol”.

“A China está no bom caminho, mas a caminhada vai demorar anos”, comen-tou Joaquim Pedro. - antónio Caeiro, lusa

nissan, fazendo equipa com o japonês Katsumasa Chiyo, um piloto que tem também disputado campeonatos europeus.

Apesar da primeira prova não ter terminado como desejavam, os dois pilotos prometem con-tinuar a lutar e a fazer o melhor possível.

“Somos uma das três equipas do campeonato com pneus Dunlop e estamos a aprender todos diariamente. Vamos dar sempre o melhor e julgo que, em tempo seco, teremos muito mais para dar e conseguiremos fazer melhores resultados”, acres-centou o piloto português, ao salientar que o “carro esteve bem o que é sempre um sinal positivo para as provas que se seguem”.

A próxima corrida do GT japonês, num total de oito provas, uma das quais na Tailândia, realiza-se a 2 e 3 de Maio em Fuji, com um total de 500 quilóme-tros para rodar.

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17(f)utilidadeshoje macau quarta-feira 8.4.2015

tempo períodos de chuva min 18 max 21 hum 70-95% • euro 8.6 baht 0.2 yuan 1.2

João Corvo fonte da inveja

C i n e m aCineteatro

O que fazer esta semana

Aconteceu Hoje 8 de abril

diariamenteexposição “Valquíria”, de Joana VasConCelos MGM Macauentrada livre

exposição “nihonGa ConteMporânea”,de arlinda Frota Fundação rui Cunhaentrada livre

exposição de sândalo VerMelho (até 22/03)Grande praça, MGMentrada livre

O drama reside no tempo; a tragédia na inutilidade.

Morre Pablo Picasso, o grande mestre espanhol• Hoje é dia de recordar Pablo Picasso, artista espanhol que deixou marca na pintura, escultura, cerâmica e até na poesia. O genial Picasso morreu a 8 de Abril de 1973, em França. A sua arte percorreu o mundo e o tempo, eternizando-se.Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso. Um nome grande, na proporção do talento de um dos maiores mestres da arte do século XX.Picasso nasceu em Málaga, Espanha, a 25 de Outubro de 1881. Herdou do pai o prazer pela pintura, ainda que o talento do filho seja imensamente superior. Desde cedo sentiu atracção pela arte e era muitas vezes convidado pelo pai a terminar-lhe os quadros.Com 14 anos, o pequeno Picasso superava as exigências das mais conceituadas academias de arte. Mais tarde, muda-se para Madrid, para Barcelona e depois para Paris, onde exprime talento, expondo ao lado dos maiores pintores do seu tempo.Pablo Picasso é um dos artistas mais famosos e versáteis do mundo, com milhares de criações, desde pinturas em diversos tipos de materiais, a esculturas, passando pela cerâmica e até pela poesia.É considerado co-fundador do Cubismo, ao lado de Georges Braque. Expôs em Londres, Barcelona, um pouco por toda a Espanha, em Tóquio, em Lyon, Roma, Milão, São Paulo, nos EUA, por todo o mundo, inspirando-se em arte antiga do Renascimento, que admirava nos museus.Morreu a 8 de Abril de 1973, em Mougins, França, com 91 anos de idade. Também neste dia, em 2013, morre Margaret Thatcher, a dama de ferro.Hoje, assinalam-se o Dia Mundial do Combate ao Cancro e o Dia Mundial da Astronomia.

mário Dionísio escreve um romance que não tem história mas um punhado de fracassos, desilusões e alegrias que poderiam pertencer a qualquer uma das nossas vidas. Há o Dias Torto, a ma-nuela, a Susana ou o Jerónimo que se cruzam com o autor e que são o espelho daquilo que ele pensa e sente sobre a sociedade que habita. Obra escrita em 1969 em Portugal, que não deve estar desligada da sensação de sufoco social, cultural e político que então se vivia, às mãos do estado novo de Salazar. Afinal, “não há morte nem princípio” e deambulamos, sempre, tropeçando nas nossas emoções e nos actos dos outros. - Andreia Sofia Silva

não Há Morte neM PrincíPioMário dionísio (edições euroPA-AMéricA)

U m l i v r O H O J e

?SAlA 1fASt And furiouS 7 [c]Filme de: Jame WanCom: Paul Walker, Vin Diesel, Dwayne Johnson14.15, 16.45, 21.45

fASt And furiouS 7 [3d] [c]Filme de: Jame WanCom: Paul Walker, Vin Diesel, Dwayne Johnson19.15

SAlA 2two thumbS up [c]Filme de: Lau Ho-IeungCom: Francis Ng, Simon Yam, Leo Ku, Patrick Tam, Cheng Ho-nam14.15, 17.45, 19.30, 21.30

home [A]Falado eM CantonêsFilme de: Tim Johnson16.05

SAlA 3Sponge bob movie: Sponge out of the wAter [A]Falado eM CantonêsFilme de: Paul Tibbitt16.00, 17.45

Sponge bob movie: Sponge out of the wAter [3d] [A]Falado eM CantonêsFilme de: Paul Tibbitt21.30

home [A]Falado eM CantonêsFilme de: Tim Johnson14.15, 19.30

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18 opinião hoje macau quarta-feira 8.4.2015

I

Virei a esquina para uma rua secundária. À minha frente estava uma paragem de autocarros toda em vidro, de onde pude vislumbrar um homem idoso, de idade in-definida, entre os setenta e os oitenta, ma-gro, de boné, sentado a contemplar algo, um infinito muito seu, desses olhos enco-vados no rosto esquálido ornado de orelhas enormes.

Continuei o meu caminho, agora mais lento, reflectindo aquele olhar silencioso, vago, porém tão cheio de evocações. Dei-me a pensar se ele teria conhecido o última esplendor da rua Central. Certamente que o da Avenida Almeida Ribeiro conhecera, bem como os policias sinaleiros indianos, de turbante verde rubro. Será que teria frequentado o Hotel Central, tomado chá à hora do meio-dia ouvindo ópera chine-sa? Teria, à noite, frequentado o “dancing” e comprado bilhetes para dançar com as dançarinas de sedutoras cabaias, ou se-ria mais assíduo na Rua das Felicidades? Teria presenciado as provocações dos ofi-ciais japoneses aos oficiais portugueses e americanos nesse espaço de neutralidades? Teria passeado pela Praia Grande desde o Hotel Riviera até ao palácio do Barão do Cercal? Uma enorme torrente de perguntas perpassavam-me pela mente.

Que memórias lhe povoavam o olhar fixo, perdido, na espera do autocarro?

Enquanto esses pensamentos me ocor-riam, havia-se feito um tremendo silêncio em meu redor, uma ausência inaudita de som, de ruído, como se de repente por ali se desse o vácuo.

O incidente passou, estranho, com ou-tras solicitações a convocarem a minha atenção.

IIPassados anos, devido ao reaparecimen-to uma dor paralisante que me acometeu, vi-me obrigado a recorrer aos serviços de um “tit tá” (endireita), a conselho de um amigo. Este conhecia um, que embora ve-lho, ainda atendia. Dirigimo-nos ao Porto Interior, pela Almeida Ribeiro, Ponte Cais 16 até à Demétrio Cinati, ornada de pontes e armazéns de peixe. Um jovem, vestido de jeans, veio atender-me.

O “consultório” não tinha tabuleta. Ficava situado quase em frente a uma des-sas pontes onde atracam barcos de pesca. O rapaz entrou comigo e convidou-me a sentar. Foi por uma porta semi-aberta e ouvi-o a dizer “sifu” em voz sumida. O mestre disse qualquer coisa e o jovem trouxe-me um copo de chá quente. Com a sua ajuda, levantei-me e transpus o um-bral para o outro quarto cujo chão estava coberto por um linóleo gasto. Num velho sofá de pau preto, olhou-me o homem da paragem de autocarro. As orelhas enor-mes não enganavam. O olhar era o mes-mo, inexpressivo, cavado do fundo das

urbanidadesAntónio ConCeição Júnior

Olhou para mim e disse: São duas mil patacas. No regresso, o meu amigo disse-me que Fóng pák tinha vindo de Sân Wui, fora discípulo dilecto do famoso mestre Wong Puie herdara o títulode “sifu”, o discípulomais qualificadoe preferido após a mortedo mestre. Tinha vindo pelo rio para Macau quando os japoneses chegaram a Foshan

O sal e o arroz

órbitas. Apagou o cigarro, pigarreou, per-guntou onde me doía. Mandou-me tirar a camisa e disse-me para me sentar no chão. O meu amigo saudou o velho, que parecia conhecer bem, com um “Fóng pák” (avô Fóng) e este limitou-se a retorquir com um “wei”. Tentei sentar-me o melhor que podia mas ele disse que não, para me sen-tar com as pernas cruzadas. A mudança de posição custou, mas coloquei-me de per-nas cruzadas, apoiado por um braço. Pela primeira vez dirigiu-se-me:

Essa articulação não dói com facilida-de. Não acho que seja daí. A-Kan, estica--lhe as costas, disse para o jovem assisten-te. Tentei mexer-me, mas foi-me dito para estar quieto. A-Kan sentou-se à minha frente, pôs sem cerimónia os pés nos meus joelhos, agarrou-me nos pulsos e puxou--me para a frente.

Fóng pák arrastou os pés até ficar atrás de mim, passou lentamente os dedos pelas minhas vértebras. Onde terminam as dor-sais e começam as sacras demorou-se mais. Fez um “hmm” surdo, tossicou. Senti-o mexer-se atrás de mim. Era um joelho que buscava o local exacto. Depois disse ao as-sistente para me soltar lentamente, enquan-

to as suas mãos e antebraços passavam por debaixo das minhas axilas. Era como uma gravata, só que o joelho empurrava as vér-tebras enquanto me puxava o tronco para trás com uma força que eu não imaginava. Esteve assim uns bons 30 segundos. Apenas o joelho incomodava, ali espetado. De re-pente a dor desaparecera por milagre.

Já está, disse Fóng pák. A-Kan, isto nunca viste, disse o mestre. Respirou fundo enquanto eu me punha de pé com toda a normalidade e vestia a camisa. Antigamente, continuou, os discípulos sabiam que nunca sabiam o suficiente e seguiam o mestre por décadas. O olhar fitava, com nostalgia o infinito. Sentou-se, acendeu outro cigarro. No meu tempo aprendíamos com ossos de verdade. O meu “sifu” obrigava a que pegássemos num saco de ossos e os ordenássemos até o esqueleto ficar completo. Obrigava a que soubéssemos a posição correcta de cada um só com os dedos.

Falava sem se dirigir a ninguém, o olhar, como sempre, perdido. Suspirou um “aaaaaiii” prolongado, roufenho, como que a exorcizar memórias que não parti-lhava, sentimentos que calava, emoções engolidas .

Agora, esta gente nova, aprende umas coisas, pensa que sabe tudo e estabelece--se. Só posso rir. Estou velho, mas como diz o ditado, já comi mais sal do que eles arroz, já andei mais por pontes do que eles por estradas.

Olhou para mim e disse: São duas mil patacas. No regresso, o meu amigo disse--me que Fóng pák tinha vindo de Sân Wui, fora discípulo dilecto do famoso mestre Wong Pui e herdara o título de “sifu”, o discípulo mais qualificado e preferido após a morte do mestre. Tinha vindo pelo rio para Macau quando os japoneses chega-ram a Foshan.

A Macau que conhecera era uma Macau de refugiados, de fome, de gente que ven-dia arroz aos punhados. No mercado negro um maço de cigarros chegara a custar qua-renta patacas.

Trabalhara num junco, pois no mar sempre se vivia melhor. Comia do que pes-cava, muitas vezes sem arroz.

Entretanto a guerra havia terminado. Muitos refugiados partiram, outros fica-ram. Ele ficou a trabalhar em terra, na pon-te cais ali defronte. Aos poucos tornou-se encarregado. Ao mesmo tempo ia curando este e aquele e a fama de “tit tá” foi-se es-palhando. Mas recusara sempre ter tabule-ta à porta. Só há bem pouco tempo deixara de parte o láne de peixe e ficara apenas como endireita.

Não me foi adiantado muito mais, mas agradeci muito o que tinha feito por mim. Depois, já sozinho, sorri ao recordar o dita-do que o velho recitara: “Comi mais sal do que eles arroz”. Falava pouco, mas na sua idade avançada, a experiência conferia-lhe sabedoria.

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19 opiniãohoje macau quarta-feira 8.4.2015

O Expresso de 28 de Março apresentava uma notícia surpreendente e uma delas é um número: de 2008, quando começou a crise financeira, até 2014, as empresas que agora estão no PSI20 distribuíram 13 mil milhões de euros em dividendos. É mais

do que as empresas chinesas aplicaram em privatizações em Portugal, acrescentam com malícia e rigor as autoras do artigo (Elisabete Tavares e Joana Madeira Pereira, “PSI20 paga 13 mil milhões de dividendos desde 2008”). Por outras palavras, nunca faltou di-nheiro. Outra coisa é saber como foi aplicado.

De facto, houve dinheiro mesmo quando não havia. Exemplos: mesmo com prejuízos de 63 milhões, em 2011 a Sonae SGPS pagou 66,2 milhões de dividendos. Usou as suas reservas para satisfazer os accionistas. A Zon, em 2012, com modestos ganhos de 22 milhões, pagou o triplo em dividendos, 61,8 milhões. O mesmo já tinha acontecido no ano anterior. A administração foi às reservas.

Havia portanto dinheiro. E generosamen-te: as duas empresas mais endividadas, a EDP e a PT, foram as recordistas do pagamento de dividendos (4,4 mil milhões na EDP e mais de 3 mil milhões na PT). No total, os pagamentos de dividendos em 2014 foram 1,7 mil milhões, ou seja, 57% do lucro foi en-

Francisco Louçãin Esquerda.net

Como é bom viver acima das possibilidadesSe pensava que com a comissão de inquérito ao BES e com os longuíssimos testemunhos dos banqueiros, contabilistas e afins ficou a saber como funcionava a elite da economia nacional, pois prepare-se para mais notícias surpreendentes

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tregue aos accionistas no caso das empresas não financeiras do PSI20. Se considerarmos o peso dos dividendos comparado com os resultados líquidos, então temos o número esmagador de 154% em todo o PSI20 (em

2013 e por causa dos prejuízos da banca). Os dividendos foram ao pote.

Note bem. Durante estes anos vivemos primeiro uma crise financeira e depois uma recessão prolongada. O endividamento des-

tas empresas aumentou e o seu investimento caiu a pique. Ficaram mais pobres. Mas usaram mais de metade dos seus rendimentos para pagar dividendos aos seus accionistas – mesmo quando tinham prejuízos ou quando gastavam mais do que o que tinham ganho. Não foi nem para abater a dívida nem para fazer investimento para terem melhores resultados no futuro (já para não dizer criar emprego ou aumentar a capacidade produti-va). Foi para pagar dividendos. Chama-se a isto viver acima das suas possibilidades. E é a história da burguesia portuguesa.

Pois é. O caso Salgado não é só uma maçã podre que perturbava o cesto. O cesto é que é o problema pior.

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hoje macau quarta-feira 8.4.2015pu

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Portvgália Desentendimentoentre equipaNa passada sexta-feira, um “desentendimento” bateu à porta do restaurante Portvgália, na Taipa. “Confirmamos que houve um incidente com um colaborador da equipa, incidente esse que foi resolvido da forma que consideramos mais adequada e que infelizmente teve que envolver as autoridades, mas que foi resolvido no próprio momento, levando a que no dia seguinte o restaurante tenha retomado a sua actividade de forma natural”, explica Bruno Castro, gerente da marca portuguesa, ao HM. Contrariamente ao que avançou a publicação Macau Daily Times, o gerente explica que no momento do incidente o espaço “não se encontrava cheio”, tendo apenas uma mesa de clientes. “O incidente ocorreu antes do período de jantar, foi ao final da tarde, e por isso foi controlável em termos globais, mas consideramos que não estavam reunidas as condições para servir nessa noite”, explica. Fonte do HM explica que o desentendimento aconteceu devido ao despedimento de um dos membros da equipa, que não provinha da equipa vinda de Portugal, mas era uma contratação local. “Foi chamada a polícia para controlar a situação mas, contrariamente ao anunciado não houve momentos de violência”, conta.

Macau exporta menos Macau exportou nos dois primeiros meses do ano 1,65 mil milhões de patacas, menos 0,1% do que no mesmo período de 2014, mas a exportação doméstica subiu 7,4%, foi anunciado. De acordo com os dados dos Serviços de Estatística e Censos, entre Janeiro e Fevereiro as reexportações de Macau valeram 1,33 mil milhões de patacas, menos 1,7%, enquanto as exportações subiram 7,4% para 315 milhões de patacas. Já as importações totalizaram um valor de 15,14 mil milhões de patacas, mais 4,3% do que nos dois primeiros meses de 2014. O défice da balança comercial atingiu 13,5 mil milhões de patacas. Por destinos, as vendas de Macau a Hong Kong subiram 1,7% para 1,03 mil milhões de patacas e para a China continental ampliaram-se 6,1% para 227 milhões de patacas. Já para os Estados Unidos e União Europeia, com, respectivamente, vendas de 33 milhões e de 44 milhões de patacas, as exportações caíram 43,9% e 25%. No capítulo das importações, a China vendeu produtos a Macau no valor de 5,16 mil milhões de patacas, mais 10,6%, enquanto a União Europeia vendeu produtos no valor de 3,62 mil milhões de patacas, ou menos 1%.

FarmáciaEstudantes do IPM queixam-se de classificações

EstudantEs do curso de técnicas

farmacêuticas do Ins-tituto Politécnico de Macau (IPM) conside-ram que a classificação que divide as profissões de “farmacêutico” e de “assistente técnico de farmácia” não bene-ficia a progressão na carreira. Isto porque os jovens se queixam que não conseguem nunca obter a qualificação de farmacêutico.

depois das queixas de enfermeiros sobre o Regime Legal de Quali-ficação e Inscrição para o Exercício de activi-dade dos Profissionais de Saúde, vêm agora queixas apresentadas no programa de televi-são Fórum Macau pelos estudantes de Farmá-cia, que relembram que o Regime sugere que, no sector farmacêutico, se passe a classificar as profissões de “farma-cêutico” e “assistente técnico de farmácia”.

“Nós formámo-nos no curso de licenciatura. Se o regime legal actual de ensino considerar aumentar o nível da educação, aí sim, con-seguimos a qualificação de farmacêuticos.”

Contudo, a secretá-ria geral do Conselho para assuntos Médicos, Leong Pui San, afir-ma que o objectivo do curso do IPM é apenas o de formar assistentes técnicos de farmácia e a responsável defende ainda que vai ser mantida a classificação.

U M empresário da cidade chi- nesa de Shenzhen morreu, na semana passada, no hotel

Four Seasons, em Macau, alega-damente devido a uma falha no funcionamento do jacuzzi, confir-mou fonte do hotel. A notícia foi avançada no domingo à noite, em inglês, pelo portal Shanghaiist, que cita a página chinesa Phoenix.

À agência Lusa, o Four Seasons confirmou a morte de Wu Jisheng, mas não adiantou pormenores, in-dicando apenas que está a cooperar com as autoridades na investigação ao incidente.

De acordo com o Shanghaiist, o empresário encontrava-se dentro do jacuzzi quando ocor-reu uma avaria no sistema de circulação de água, localizado no meio da banheira: a sucção terá aumentado drasticamente, puxando o homem para baixo e prendendo-o, de modo a ficar totalmente submerso.

Cliente habitualSegundo o portal, a mulher de Wu Jisheng e alguns clientes do hotel que se encontravam no local tentaram puxar o empresário, mas

não foram capazes. Quando, ao fim de 20 minutos, o sistema de sucção foi finalmente desligado o homem já se tinha afogado, escreve o Shanghaiist.

Wu Jisheng, o maior accionista de uma empresa de investigação tecnológica, era cliente frequente do Four Seasons de Macau.

Em resposta à Lusa, o hotel ma-nifestou “profundas condolências a todos os envolvidos no incidente” e garantiu “total cooperação com a investigação que está a ser conduzi-da pelas autoridades competentes”, esperando conclusões para breve.

O milionário chinês Liu Yiqian pagou ontem 13 milhões de euros, em Hong Kong, por

uma jarra com 800 anos, última aquisição deste investidor, cuja missão é repatriar os objectos de arte oriundos da China.

A jarra octogonal azul foi fa-bricada durante a dinastia Song do Sul, que reinou na China meridional entre 1127 e 1279.

A leiloeira Sotheby’s, com sede em Londres, pedia sete milhões

Four SeaSonS empreSário chinêS morre em jacuzzi

Uma avaria traça o destino

MiliONáriO CHiNêS arrEMaTa Jarra POr 13 MilHõES DE EUrOS

coleccionador de relíquias

de euros pela jarra. Liu Yiqian, antigo taxista que se tornou num investidor bolsista, é um dos ho-mens mais ricos da China, e faz parte das novas fortunas chinesas que percorrem o planeta em busca de objectos de arte antigos.

Há um ano, o milionário de 51 anos comprou por 26 milhões de euros uma pequena taça Ming, valor nunca antes atingido por um objecto de porcelana chinesa.

Liu causou alguma comoção quando decidiu beber um chá na

taça da era Chenghua (1465-1487), época em que a arte Ming atingiu o auge.

Em Novembro, comprou uma tapeçaria em seda, bordada no Ti-bete no século XV, por 36 milhões de euros, também um novo recorde mundial. A peça, em vermelho e dourado, denominada ‘thangka’, em tibetano, data da dinastia Ming.

De volta a CasaLiu Yiqian, presidente do fundo de investimento sunline Group e proprietário do museu Long em Xangai, explicou que o seu objec-tivo é devolver ao país os objectos de arte chineses.

“O meu museu e eu próprio vamos participar em leilões quan-do encontrarmos belos objetos de arte”, declarou no mês passado em Hong Kong, quando recebeu a tapeçaria tibetana.

O director do departamento de cerâmicas e obras de arte chinesas da Sotheby’s, Nicolas Chow, disse que Liu bateu outros compradores.

O preço de venda excepcio-nalmente elevado é sinal de um mercado saudável e uma procura robusta para as antiguidades chi-nesas, considerou Chow.

Hong Kong é um dos principais mercados de leilões, ao lado de Londres e Nova Iorque, devido so-bretudo ao rápido desenvolvimento da economia chinesa.