hoje macau 15 abr 2014 #3071

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Benfica AMBIÇÃO TOTAL ARTE NA CIDADE Deputado quere-a por todo o lado. Aos molhos ASSEMBLEIA PÁGINA 7 PUB CENTRAIS CLÁUDIA ARANDA HOJE MACAU ANTÓNIO FALCÃO ENTREVISTA PÁGINAS 20 E 21 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 15 DE ABRIL DE 2014 ANO XIII Nº 3071 Lê Pessoa, Vinicius, Fiamma e Ondjaki. Os segredos de Stacey Kent AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB hojemacau FUNDAÇÃO DEVERIA APRESENTAR CONTAS NEM À QUINTA FOI DE VEZ PÁGINAS 2 E 3 Escola Portuguesa Lei Sindical PÁGINAS 4 E 5

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Hoje Macau N.º3071 de 15 de Abril de 2014

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Page 1: Hoje Macau 15 ABR 2014 #3071

BenficaAMBIÇÃO TOTAL

ARTE NA CIDADE

Deputado quere-a por todo o lado. Aos molhos

ASSEMBLEIA PÁGINA 7

PUB

CENTRAIS

CLÁU

DIA

ARAN

DA

HOJE

MAC

AU

ANTÓ

NIO

FALC

ÃO

ENTREVISTA PÁGINAS 20 E 21

D IRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 1 5 D E A B R I L D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 7 1

Lê Pessoa, Vinicius, Fiamma e Ondjaki. Os segredos de Stacey Kent

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

hojemacauFUNDAÇÃO DEVERIA APRESENTAR CONTAS

NEM À QUINTAFOIDE VEZ

PÁGINAS 2 E 3

Escola Portuguesa Lei Sindical

PÁGINAS 4 E 5

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GCS

2 hoje macau terça-feira 15.4.2014VISITA

O ministro português da Educação reuniu ontem com o Chefe do Executivo, que concordou com a manutenção da Escola Portuguesa de Macau no mesmo local. É uma questão de “estabilidade”

ANDREIA SOFIA [email protected]

“É um problema de anos que fica resolvido”. Foi desta maneira que Nuno Crato, ministro

português da Educação, falou ontem aos jornalistas da decisão definitiva de manter a Escola Portuguesa de Macau (EPM) nas actuais instalações, junto ao casino Grand Lisboa. Durante a manhã de ontem a decisão

CHUI SAI ON CONCORDOU COM PROPOSTA DE CRATO PARA A EPM. O MINISTRO VAI SATISFEITO

Estabilidade: um valor mais alto se levanta

Nuno Crato garantiu também que a doação de 65 milhões de patacas feita pela Sociedade de Jogos de Macau à FEPM é um assunto já resolvido

ESTATUTOS, OUTRO “PROBLEMA” PARA SER RESOLVIDONuno Crato garantiu ainda que os novos estatutos da escola e da FEPM têm de ser alterados, processo que já está a decorrer. “É outro problema que vamos iniciar a partir de agora. Os estatutos têm de ser actualizados e deve ser repensada a forma como a presença dos intervenientes na FEPM se concretiza.”Recorde-se que a Fundação Oriente (FO) ainda é uma das entidades presentes, apesar de já não subsidiar a EPM. Esse financiamento foi transferido para o Governo local, através da Fundação Macau (FM). Mas Nuno Crato garantiu que o Estado português vai continuar a contribuir “através dos salários dos professores e de fundos dados à escola. O que vem do Executivo de Macau são suplementos muito bem vindos e que ajudam a dignificar a escola. Só posso ficar contente em saber que há mais pessoas, além do Estado português, a apoiar a educação dos nossos jovens”.

COOPERAÇÃO COM UM PARA “MANTER E DESENVOLVER”Depois do dossier EPM Nuno Crato teve ainda tempo para conhecer as novas instalações da Universidade de Macau (UM) na Ilha da Montanha. À saída, mostrou-se satisfeito com o novo campus e garantiu que as actuais cooperações “são para manter e desenvolver”. “O facto do departamento de português ser considerado um dos mais importantes da universidade é motivo de orgulho e um estímulo para uma maior colaboração com a UM”, disse Nuno Crato. “Esta universidade está a projectar-se como uma das grandes universidades do mundo e é extraordinariamente importante para nós, portugueses, estarmos envolvidos desde o inicio, com professores portugueses que são motores deste desenvolvimento.”

foi apresentada oficialmente ao Governo local.

“A decisão de nos mantermos neste local recolheu o apoio de todos os intervenientes e esta-mos muito contentes com ela. O Executivo de Macau mostrou-se disposto a apoiar a escola neste local e também financeiramente o seu funcionamento, como as melhorias. Há um processo de diálogo que tem de ser iniciado o mais depressa possível, envolven-do a Fundação da EPM (FEPM), a associação de pais e a direcção”, disse Nuno Crato.

OBRAS SEM CALENDÁRIOAs melhorias de que fala o ministro surgirão com o novo plano, que ainda será delineado e que inclui obras, ainda sem calendário para começar. O mi-nistro da Educação gostaria que começassem já este verão, mas frisou que “ainda é cedo”.

“A partir daqui é preciso partir para uma nova fase. Sabemos que as instalações necessitam de algumas melhorias. Sabemos que há a possibilidade de fazer alte-rações com vista à modernização da escola e a um serviço mais adequado. A FEPM e a direcção da escola estão interessados. Há que fazer um plano de actividades que não perturbe as aulas e que

permita, em conjunto com os pais, estudar as melhorias necessárias à escola, e faseá-las”, disse Nuno Crato.

Uma das razões para a manu-tenção do local teve a ver com a “estabilidade”. “Tivemos em atenção a estabilidade do local, dos alunos e dos professores, e também da duração da localização escolhida.”

Isto porque “em Macau, qual-quer local apenas pode ter uma estabilidade garantida durante 20 anos, enquanto que a actual escola está localizada em terrenos que foram atribuídos à Associação de Promoção e Instrução dos Maca-enses (APIM). A APIM mantém-se a 100% neste projecto, o Estado português mantém-se a 100% e é decisão mantermo-nos aqui.

Temos uma estabilidade muito maior, que será longa e segura”.

DOAÇÃO DA SJM “RESOLVIDA”Nuno Crato garantiu também que a doação de 65 milhões de patacas feita pela Sociedade de Jogos de Macau (SJM) à FEPM é um assunto já resolvido. Esse dinheiro “está nas contas da Fundação e há um processo de diálogo que a Funda-ção vai ter com a SJM. Parte desse donativo estava assegurado para o funcionamento da escola e vamos ver o que se passa. Mas essa solução vai ser encontrada muito em breve e não vemos aí qualquer problema”.

À saída da visita à EPM, Roberto Carneiro, presidente da FEPM, foi questionado sobre o assunto, mas pouco mais adiantou. “Está tudo explicado e tudo falado. Está tudo re-solvido, não há problema nenhum.”

Nuno Crato disse ainda que “a EPM tem sido uma bandeira do ensino do português no mundo e tem tido uma qualidade de ensino notável, e tem nestas instalações centrais uma presença importante para todos nós”.

“Há uma decisão tomada e um rumo que se conhece, vamos tra-balhar para a fase seguinte. É uma presença no centro de Macau e é importantíssimo para o nosso país e a comunidade que se mantenha”, disse ainda o ministro.

Sobre a sua próxima visita, Crato não adiantou uma data, mas disse esperar “regressar em breve à escola”. Nuno Crato partiu ontem ao final da tarde, estando hoje a participar numa cimeira de ministros da ciência em Maputo, Moçambique.

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3 visitahoje macau terça-feira 15.4.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

Quais os principais proble-mas sentidos pela associa-ção e expostos na reunião de domingo com o ministro Nuno Crato?Prendem-se sobretudo com a Fundação da EPM (FEPM). Entendemos que antes existia a Fundação composta pela Fundação Oriente (FO), Governo português e As-sociação de Promoção da Instrução dos Macaenses (APIM). Pelos vistos a FO saiu da FEPM e queríamos saber qual é a situação em que fica a FO na nova estrutura. Tendo em conta que contri-buímos, como associação de pais, com cerca de 30% para os dinheiros da FEPM, gostávamos de ser ouvidos. Não queremos fazer parte do elenco da FEPM, mas pelo menos queremos ser ouvidos. Como associação, defendemos os interesses dos nossos filhos para que tenham um melhor futuro, e sabemos que a direcção da escola tem os mesmos propósitos. Quanto à FEPM, não sabemos. Parece-nos que a FEPM está alheada dos problemas da escola. Gostaríamos de saber qual a participação do Governo de Macau na FEPM, mas esse é um problema político e não gostaríamos de nos meter. Além disso, sabemos que a APIM, na altura da criação da FEPM, entrou com um terreno. Entendemos que esse terreno faz parte da FEPM e queríamos que isso ficasse escrito.

FERNANDO SILVA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS DA EPM

“A FEPM está alheada dos problemas da escola”

A Fundação deveria apresentar contas, mas se não querem apresentar publicamente, ao menos deviam dialogar

Os pais da EPM exigem um diálogo mais estreito com a Fundação da Escola Portuguesa de Macau, tendo Roberto Carneiro prometido uma reunião. Fernando Silva revela que nada sabem da doação da SJM e exigem ver os documentos do terreno cedido pela APIM em 1998, data da criação da Fundação

que só entrará o Governo português e a APIM, não sei se sairá a FO, mas no nosso entender deve sair. Mas deviam haver outras entidades, negociar com o Governo de Macau ou até a própria Fundação Macau (FM). Não sei se do ponto de vista político é viável, ou se o Governo tem esse interesse. Por exemplo, quando houve o projecto da EPM para o hotel Estoril, nunca vimos uma linha do projecto.

O projecto desenhado pelo arquitecto Vicente Bravo.Sim. Os pais deviam ser chamados. Houve um pro-jecto de melhoramento para as actuais instalações, mas também nunca ninguém ouviu a associação de pais.

Vai haver um plano de remodelação da escola, uma vez que a EPM fica no mesmo local. Até agora, têm mais informações?Houve esse projecto, que deve estar mais do que ul-trapassado. A ideia é partir do zero para ver o que se deve fazer na escola. A parte antiga não deve ser possível remodelar. Mas toda a outra ala nova, e com os pavilhões lá atrás, esse têm uma área suficiente para fazer algo de interessante.

O que é que a associação considera ser mais ur-gente?Novas salas de aula, uma cantina que funcione, por-que não tem condições para oferecer uma alimentação condigna aos suficientes, e termos um pavilhão como deve ser.

Perante as actuais infra--estruturas da escola, o valor que pagam de pro-pinas é adequado?Não podemos dizer que não é um valor adequado, em relação ao que a escola oferece e ao que recebemos do Governo.

Nuno Crato fez uma visi-ta muito curta, esperava mais informações e indi-cações daquilo que poderá ser a EPM?É difícil responder, mas penso que veio com o intuito de fazer o melhor pela EPM. Existem muitos condicio-nalismos porque estamos num território chinês, e o diálogo tem sempre de ser feito com o Governo chinês e é difícil ele definir as linhas mestras.

Até ao momento, não têm conhecimento desse docu-mento?Não vimos nada escrito, nin-guém nos diz nada e quere-mos saber como é. Sabemos que houve uma entrada de dinheiros da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e queríamos saber onde está o dinheiro e como fica o fundo da FEPM. Não conseguimos entender bem como funciona a estrutura da FEPM. E dou um exemplo. Todos os anos o governo de Macau subsidia os pais nas propinas. Todos os anos o Governo aumenta o subsidio. Na mesma altura, a escola aumenta as propinas. Porquê? A Fundação não tem dinheiro?

Estão então descontentes com os aumentos contínu-os de propinas.

Compreendemos perfeita-mente que os vencimentos dos professores sobem, mas queríamos ter um diálogo mais aceso com a FEPM. O nosso diálogo com a direcção da escola posso considerá-lo frutífero. Há uma coopera-ção boa. Com a Fundação, gostaríamos de ter o mesmo entendimento mas não ve-mos por parte deles indícios que queiram dialogar. Pedi-mos ao senhor ministro para intervir, o senhor Roberto Carneiro prontificou-se a arranjar uma reunião connos-co, a ver se arranjamos uma plataforma comum, não de interesses pessoais, mas para os nossos filhos.

Não têm a certeza onde está a doação da SJM? A fun-dação não falou convosco sobre o assunto?

Não. A Fundação deveria apresentar contas, mas se não querem apresentar publicamente, ao menos deviam dialogar. Dizer qual é o fundo e o que está esti-pulado para a EPM. Muitas vezes pedimos à direcção certas coisas e dizem-nos que não há dinheiro, mas

não explicitam o porquê. Não há porque a Fundação não dá. Pedimos um profes-sor com necessidades edu-cativas especiais. Dizem que é difícil contratar um professor só para isto. Con-trataram só um, mas ficou destinado a uma turma. Não pode ser. A escola sente essa necessidade, concor-dam connosco, mas depois dizem que não há dinheiro. Porque é que a Fundação não dá? Entramos naquela zona cinzenta.

Os estatutos da FEPM estão a ser revistos, fo-ram informados do que aí vem?O que sabemos é que o vem na comunicação social. Estão quase prontos, mas nunca fomos ouvidos para nada. Dá-me a sensação

HOJE

MAC

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hoje macau terça-feira 15.4.20144 POLÍTICA

JOANA [email protected]

E à quinta não foi de vez. Os deputados reprovaram ontem o projecto de Lei Sindical apresentado pela

terceira vez por José Pereira Cou-tinho, desta feita com a ajuda do colega de bancada Leong Veng Chai. Entre 14 votos contra, nove a favor e sete abstenções, a sugestão de fazer existir uma lei que permita

PROJECTO DE LEI SINDICAL CHUMBA PELA QUINTA VEZ CONSECUTIVA NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

O destino de um bicho de sete de cabeças

o direito de associação sindical e mais protecção aos trabalhadores caiu por terra, com os deputados a justificarem que ainda não é a altura oportuna e que a lei não reúne ainda o consenso da sociedade.

Por exemplo, para Fong Chi Keong, a lei daria prioridade a uma determinada classe da sociedade, algo que não é necessário, diz, por-que os “direitos dos trabalhadores até têm vindo a ser respeitados”. O deputado, que votou contra, diz

mesmo que o projecto poderia cau-sar alguma confusão. “Não se pode prejudicar os direitos e interesses da nação e este projecto de lei é autoritário, já foi vetado mais do que uma vez. [Os meus colegas] estão sempre a dizer que todos têm de ser protegidos, então não entendo porque é que o Governo tem de proteger apenas uma cama-da social. O que tem a ver com a vida das pessoas é que o Governo deve legislar, caso contrário só daria confusão na sociedade.” Também para Lau Veng Seng, uma lei destas viria causar impacto na sociedade, devido à escassez de recursos humanos. O deputado, ao qual se juntam outros como Ma Chi Seng e Song Pek Kei, assegu-ra que, antes da existência desta lei é preciso o consenso social. “É necessário fazer uma ampla auscultação à sociedade e passar pelo Conselho de Concertação Social antes e só depois de haver

consenso, é que se avança para um projecto legislativo.”

Apesar de serem conhecidos diversos conflitos entre empre-gadores e trabalhadores, alguns deputados sugerem que a Lei Básica já tem um artigo que per-mite a associação sindical, o que é suficiente. Quem vota a favor con-testa, dizendo que é precisamente a existência desse artigo que serve de base à necessidade de esta lei existir, até porque o Governo não avança com ela. Deputados como Kwan Tsui Hang, do grupo dos operários, e Au Kam San explicam que há convenções internacionais às que Macau aderiu, mas que não segue e que isto deve ser feito. “Sem Lei Sindical não há força suficiente para negociar com a parte patronal, só o artigo 27º da Lei Básica já justifica a feitura da lei, nem é preciso falar das conven-ções”, atirou o democrata. “Se acha que isso vai causar problemas ao

país, isso é muito mau, porque até na China continental, em Taiwan e noutros países capitalistas existe uma lei sindical. A RAEM tem esta obrigação face às convenções in-ternacionais de que faz parte e isto é um passo em frente”, disse Kwan Tsui Hang, respondendo também à intervenção de Fong Chi Keong.

AS ASSOCIAÇÕES Contra Pereira Coutinho e Leong Veng Chai foram muitas as justifi-cações dadas pelos colegas do he-miciclo, que se mostraram preocu-pados principalmente com o facto de o projecto de lei defender direitos específicos e devido à existência de associações em Macau, conhecidas como sendo o meio da resolução de conflitos. Para Melinda Chan, se as associações se tornassem sindicais, poderiam perder o apoio financeiro do Governo. A deputada acredita na lei, mas não no projecto apresentado pelos colegas. “Tem

Que é preciso proteger os trabalhadores e cumprir convenções internacionais, a maioria não tem dúvidas, mas para grande parte dos deputados, Macau ainda não está preparado para ter uma Lei Sindical. Agora, está nas mãos do Governo

GCS

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O QUE ELES DISSERAM

hoje macau terça-feira 15.4.2014 5 política

“Parece que é muito comovente ouvir que é para defender os interesses, mas não se pode prejudicar os direitos e interesses da nação e este projecto de lei é autoritário, já foi vetado mais do que uma vez. Foram evocados países não desenvolvidos e a falta de respeito pelos direitos humanos, mas em Macau é totalmente diferente. A AL representa os diversos sectores da sociedade e os direitos dos trabalhadores têm vindo a ser respeitados. Estão sempre a dizer que todos têm de ser protegidos, então não entendo porque é que o Governo tem de proteger apenas uma camada social. O que tem a ver com a vida das pessoas é que o Governo deve legislar, caso contrário só daria confusão na sociedade. Deveria até ter sido a Kwan [Tsui Hang] a apresentar o projecto, sempre teria mais receptividade e eu votaria a favor. Não quer dizer que não dou importância aos trabalhadores, amo os trabalhadores e até dou donativos para associações”

“Apoio, concordo muito com o que está na nota justificativa. [As associações actuais] são apenas associações sem regras de direito sindical. É preocupante que um trabalhador possa ser perseguido [se fizer queixa] e uma associação sindical tem meios jurídicos para representar um trabalhador. Entendo que o objectivo é defender as classes mais baixas e isso é importante. Se acha que isso vai causar problemas ao país, isso é muito mau, porque até na China continental, em Taiwan e noutros países capitalistas existe uma lei sindical. Espero que os meus colegas não tenham preconceito face à lei, que também não tem direitos ilimitados. A RAEM tem esta obrigação face às convenções internacionais de que faz parte e isto é um passo em frente. Além disso, este projecto é semelhante ao que apresentei, o meu colega Fong não os comparou.”

“A escassez de recursos humanos limita o desenvolvimento de Macau, o sector das PMEs está afectado pela falta de trabalhadores e este projecto de lei vai causar grande impacto na sociedade. É preciso uma ampla auscul-tação e passar pelo Conselho Permanente de Concertação Social antes e só depois de consenso, fazer um projecto legislativo.”

“Apoio, isto é um instrumento para salvaguar-dar os direitos dos trabalhadores. A Lei Básica já tem um artigo que permite a associação sindical e nem é preciso falar das convenções. Sem Lei Sindical não há força suficiente para negociar com a parte patronal, só o artigo 27º da Lei Básica já justifica a feitura da lei.”

de existir a lei, mas uma lei mais aperfeiçoada para a AL. Ainda não há condições para aprovar, porque as associações deixam de receber apoios financeiros do Governo porque deixam de ser imparciais em relação aos trabalhadores”, defendeu. “Então só porque recebe apoios, vai deixar de insistir nos direitos dos seus sócios? Sei que há algumas associações que querem o dinheiro da Fundação Macau, mas a criação deste projecto de lei não vai impedir que peçam apoio à Fundação, ao mesmo tempo que protegem os trabalhadores. Não há uma lei que impeça isso, só porque pede quotas [aos sócios], deixa de poder pedir apoio financeiro ao Governo”, ripostou Pereira Cou-tinho. Para o autor do projecto, as associações actuais não protegem os direitos dos trabalhadores, mas, apesar de haver quem concorde com ele, nem todos pensam igual. “Se acontecer alguma coisa, os tra-balhadores que se queixem à Direc-ção dos Serviços para os Assuntos Laborais, que, de certeza, vai no encalce deles”, rematou Chan Chak Mo, deputado e empresário. Kwan Tsui Hang discorda. “São apenas associações sem regras de direito sindical. É preocupante que um trabalhador possa ser perseguido [se fizer queixa] e uma associação sindical tem meios jurídicos para representar um trabalhador.” Ella Lei foi outra das deputadas a favor, dizendo mesmo que a lei não estava a “distribuir” direitos especiais aos trabalhadores, mas apenas a garan-tir o que é de seu direito. “Isto não é um bicho de sete cabeças.”

Um exemplo dado por Pereira Coutinho para justificar a Lei Sin-dical foi o caso dos croupiers e de eventuais agressões de que estes são alvo, por parte de jogadores, mas a escolha levou o deputado a perder um voto a favor. Angela Leong não gostou e pediu inter-venção na hora. “Era para votar a favor, mas mudei porque de repente o meu colega, o deputado Pereira Coutinho, falou sobre os patrões dos casinos. Parece que estão a explorar os trabalhadores, parece que quer causar problemas aos patrões. Eu também já trabalhei.”

Os deputados estavam dispostos a fazer melhorias na lei assim que esta passasse a sede de especia-lidade, mas não foi desta que os também membros da Associação dos Trabalhadores da Função Pú-blica de Macau viram o seu desejo concretizado. No ar, foi deixado outro. “Esta é uma norma da Lei Básica que ainda não está regulada e, devido à falta deste mecanismo, os litígios não são resolvidos. O simples negociar de condições salariais entre um patrão e um simples trabalhador é algo difícil de conseguir ou obter resposta justa e razoável. Esperamos que o Governo assuma a responsabilidade de fazer a lei, que é um direito consagrado na Lei Básica.”

“Sou o primeiro a votar a favor. Não sentimos na pele as amarguras dos trabalhadores do sector e eles merecem todo o meu apoio, mas de certeza que não é hoje. Temos de definir um regime de credenciação profissional, para que eles tenham acesso [às associações sindicais].”

“Macau é diferente das outras regiões, porque a Lei Básica e as convenções têm dispensado garantias aos traba-lhadores, mas antes de haver consenso social não.”

“Se acontecer alguma coisa, os tra-balhadores que se queixem à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, que, de certeza, vai no encalce dos tra-balhadores.”

“Tem de existir a lei, mas uma lei mais aper-feiçoada para a AL. Ainda não há condições para aprovar a lei, porque as associações deixam de receber apoios financeiros do Governo porque deixam de ser imparciais em relação aos trabalhadores.”

“Era para votar a favor, mas mudei porque de repente o meu colega, o deputado Pereira Coutinho, falou sobre os patrões dos casinos. Parece que estão a explorar os trabalhado-res, parece que quer causar problemas aos patrões. Eu também já trabalhei.”

“Esta é uma norma da Lei Básica que ainda não está regulada e, devido à falta deste mecanismo, os litígios não são resolvidos. O simples negociar de condições salariais entre um patrão e um simples trabalhador é algo difícil de conseguir ou obter resposta justa e razoável. Esperamos que o Governo assuma a responsabilidade de fazer a lei, que é um direito consagrado na Lei Básica.”

“Isto não é um bicho de sete cabeças. É um projecto que não é para distribuir direitos especiais aos trabalhadores, mas sim garantias que lhes são devidas.”

• Fong Chi Keong, CONTRA

• Mak Soi Kun, CONTRA

• Ma Chi Seng, CONTRA

• Chan Chak Mo, CONTRA

• Melinda Chan, CONTRA

• Angela Leong, CONTRA

• Pereira Coutinho, A FAVOR

• Ella Lei, A FAVOR

• Kwan Tsui Hang, A FAVOR

• Lau Veng Seng, CONTRA

• Au Kam San, A FAVOR

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6 política hoje macau terça-feira 15.4.2014

JOANA [email protected]

O excesso de ser-viços do Go-verno e a falta de colaboração

entre eles levou ontem os deputados a criticar a forma como está divida a máquina administrativa. No período antes da ordem do dia de mais um plenário da Assem-bleia Legislativa, Au Kam San acusou o Executivo de exagerar na criação de servi-ços interdepartamentais que, diz o democrata, não levam a qualquer solução. “Pode dizer-se que se criam grupos interdepartamentais porque os serviços públicos não de-sempenham cabalmente as suas funções no que respeita à resolução dos problemas. E quando se cria um grupo interdepartamental e os serviços que o compõem continuam a adoptar a mes-ma atitude, os problemas não se resolvem.”

Também Chan Meng Kam se juntou ao colega, para sublinhar que é “in-dispensável” a reforma do sistema administrativo. O deputado defende que é pre-ciso resolver o alargamento da estrutura administrativa, a duplicação de funções, a falta de clareza na atribuição das competências e respon-sabilidade às entidades, a fraca qualidade e capacidade do pessoal e as avultadas despesas administrativas e a baixa taxa de eficácia

Apesar de admitirem que a população tem aumentado, os deputados questionam se Macau precisa realmente de tanta gente. Chan Meng Kam frisa que é preciso pla-near para evitar alargamen-tos irracionais da estrutura da função pública. “Macau

W ONG Kit Cheng está preocupada com o estado psi-

cológico dos jovens de Macau. A deputada levou ontem o assunto à Assem-bleia Legislativa (AL), onde apresentou dados que indicam que os jovens do território consideram que Macau não reúne condições suficientes para a sua reali-zação pessoal.

Numa interpelação antes da ordem do dia, Wong Kit Cheng citou um estudo sobre as reacçoes psicológicas e a adaptação à aprendizagem, que incidiu em mais de dois mil alunos de 22 escolas que leccionam do 4º ao 9º ano.

CHAN MENG KAM PEDE REFORMA NO SISTEMA ADMINISTRATIVO. DEPUTADOS CRITICAM GOVERNO

Uma máquina demasiado grandetem 600 mil habitantes e o número pode atingir 15,6 mil milhões de patacas, mas os residentes, na sua maioria, entendem que a eficácia administrativa ainda pode ser melhor.”

Au Kam San acusa os serviços públicos de darem importância apenas ao que é da sua competência e não colaboram entre si para resolver as necessidades da população. O democra-ta acusa o Governo de se esconder atrás dos grupos departamentais, empurran-do entre si as responsabi-lidades. “É uma medida de cosmética”, diz, acompa-nhado por Melinda Chan, que salienta que há falta de comunicação entre depar-tamentos e descoordenação das políticas.

Em ano de eleições para o Chefe do Executivo, Ng Kuok Cheong deixou um apelo no plenário para o pró-ximo – e seguintes – líderes do Governo. “Apelo a todos os candidatos que se opo-nham aos actos de opressão dos direitos dos residentes,

costurados à porta fecha-da. Em termos futuros, a estrutura política da RAEM tem de se desfa-zer das garras do peque-no círculo.” O colega

de bancada de Au Kam San acusa o Executivo de

fazer uma governação onde predominam fenómenos de conluio com empresários e de alterações “violentas” às políticas prometidas pelo Governo.

WONG KIT CHENG PEDE ATENÇÃO DO GOVERNO PARA DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DOS JOVENS

Para que a loucura não ocorra“Segundo o estudo, a maior preocupação dos nossos alu-nos incide nas perturbações psicológicas, que levam a constantes dúvidas sobre os objectivos a atingir e as suas capacidades.”

A deputada recorda que Macau já ocupou a primeira posição no ranking do pros-seguimento da realização pessoal pelos jovens, mas desceu para quarto lugar em 2006, dez anos depois. Wong referiu ainda um estudo do

ano passado, onde 15% dos jovens afirmaram que a maior dificuldade com que lidaram nos últimos anos foi a degradação dos ideais, convicções e perspectivas de vida. Para a deputada, não há dúvidas que o problema de confiança dos jovens a estes níveis se deve à maior indústria de Macau, o jogo. “Há que dar a devida atenção às influências deste sector no desenvolvimento dos jo-vens. Muitos deles têm pais

que trabalham nos casinos e por turnos, portanto, têm menos tempo para os filhos. (…) E o jogo pode afectar negativamente a formação dos jovens ao nível dos valores.”

Wong Kit Cheng dei-xou pedidos ao Governo, salientando principalmente a necessidade de se dar atenção aos estudos sobre o estado psicológico dos jovens. “Na implementação da Política da Juventude e na

definição de políticas para o desenvolvimento saudável dos jovens, há que aumentar os respectivos recursos, de forma a ser possível incutir valores correctos [aos jo-

vens].” Atenção à educação familiar, implementação de medidas para melho-rar as relações familiares, impulsionar a cooperação entre escola e família e criar políticas para melhorar o ambiente escolar e laboral são alguns dos pedidos feitos pela deputada ao Governo, a quem dirige ainda outra sugestão: a aceleração da diversificação das indústrias e a elevação a capacidade de adaptação dos jovens. - J.F.

Page 7: Hoje Macau 15 ABR 2014 #3071

GONÇ

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7 políticahoje macau terça-feira 15.4.2014

DEPUTADO SUGERE EXPRESSÕES ARTÍSTICAS NO DIA-A-DIA DE MACAU

Arte por todo o lado

CHAN MENG KAM PEDE REFORMA NO SISTEMA ADMINISTRATIVO. DEPUTADOS CRITICAM GOVERNO

Uma máquina demasiado grande

O valor das bolsas oferecidas pelo Governo aos alunos do ensino

superior para o próximo ano lectivo aumentou face a 2011, a última vez em que houve uma actualização dos respectivos valores. Em despacho publicado no passado dia 8, Cheong U, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, anunciou ainda o aumento do número de subsídios para os estudantes universitários locais e internacionais.

O despacho, que entrou em vigor ontem, estipula que neste ano lectivo de 2014/2015 serão atribuídas um total de 5130 bol-sas, das quais 4500 são bolsas de empréstimo, 380 de mérito, 220

especiais e 30 extraordinárias. O Governo vai ainda disponibilizar 700 subsídios de alojamento para estudantes do ensino superior, bem como 250 de viagem.

Neste ano lectivo, parte dos residentes de Macau que estejam a estudar no território, vão poder ser subsidiados em 3300 patacas e aqueles que estiverem a estudar na região vizinha de Hong Kong, poderão contar com uma ajuda financeira de 5300 patacas mensais. Os alunos residentes da RAEM que pretendam estudar no estrangeiro têm direito a uma bolsa de 5300 patacas por parte do Governo de Macau. - L.S.M.

LEONOR SÁ [email protected]

F OI ontem apresentada uma nova proposta de lei que visa a criação de um novo tipo de

contratação de funcionários pú-blicos, o Contrato Administrativo de Provimento (CAP). Este novo formato, apresentado pelo director dos Serviços da Administração e Função Pública (SAFP), José Chu, vai fundir os regimes de contratação além-quadro e de assalariamento.

A aprovação do CAP, que deverá ser discutida ainda esta semana na Assembleia Legislativa, não vai alterar o regime de salários, tempo de serviço ou regalias dos funcioná-rios públicos. O contrato individual de trabalho vai continuar a existir, mas apenas para determinado tipo de trabalhadores da função pública, como técnicos especializados.

De acordo com Chu, esta medida deverá atenuar as “dispa-ridades” existentes no sector das contratações da função pública, no qual existe um sem número de diferentes tipos de contratações, questão que tem vindo a ser dis-cutida em Assembleia Legislativa.

Outra das novidades adjacentes ao CAP refere-se à mobilidade dos L AU Veng Seng tem ideias

para melhorar o ambiente artístico do Centro Históri-co de Macau e apresentou-

-as ontem ao Governo. No período antes da ordem do dia no plenário da Assembleia Legislativa, o de-putado sugeriu ao Governo que introduza elementos artísticos diariamente na vida da sociedade, ao mesmo tempo que junta estas apresentações com o ambiente arquitetónico da cidade.

“Actualmente, não se con-segue conjugar as instalações públicas com os monumentos históricos e artísticos. (…) A transmissão da cultura através da protecção do património cultural é um dos elementos aos quais deve ser dada enfâse no âmbito das especificidades da cultura de Macau, mas, actualmente, a lista de património a proteger parece que dá mais destaque à arquitectura de valor artístico ou às construções onde viveram

Ensino Superior Governo aprova aumento dos subsídios e de bolsas de estudo

FUNÇÃO PÚBLICA PROPOSTAS DE LEI VISAM “PROTEGER OS DIREITOS DOS TRABALHADORES”

Nova moldurapara os além-quadro

funcionários públicos. A actual lei obriga à participação em concurso público para mudar ou pedir trans-ferência de um serviço público para outro, questão que a nova proposta de lei parece facilitar, criando o regime de mobilidade que vai “au-mentar a flexibilidade na gestão dos recursos humanos” e permitir que os funcionários possam candidatar--se a outros postos de trabalho sem necessidade de concurso.

CRIAÇÃO DE NOVO FUNDOPARA FUNCIONÁRIOSLeong Heng Teng, porta-voz do Conselho Executivo, apresentou ou-tra proposta de lei que visa a criação do Fundo de Garantia de Créditos Laborais (FGCL), e que vai servir para prestar apoio aos trabalhadores cujo empregador entre em falência, incluindo os funcionários pertencen-tes aos serviços público e privado.

A novidade dessa proposta de lei é que inclui não só os trabalhadores residentes, mas também os não--residentes. A gestão deste fundo vai ser levada a cabo pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), ao contrário da grande maioria dos apoios, que estão sob a alçada do Fundo de Segurança Social (FSS).

pessoas famosas, dando pouca importância aos locais onde se podem encontrar especificidades da vida local”, disse.

O deputado frisa que estes locais são cada vez menos, o que “em nada favorece” a transmissão das tradições e características locais. Por isso mesmo, a ideia de Lau Veng Seng passa, por

exemplo, por introduzir em Ma-cau arte e conversas relacionadas com arte, fazendo de Macau “uma cidade onde se respire arte por todo o lado”.

“Podemos convidar artistas locais e convidar alguns dos mais distintos e outros com po-tencialidades para produzirem, por exemplo, arte urbana. Podem avançar com pequenas obras, a decoração da cidade e, em termos de produção a longo-prazo, po-dem ser produzidas obras sobre a vida quotidiana nas instalações públicas e nas paredes, ao longo dos percursos do património cul-tural de Macau (…)”, alvitra Lau.

Lau Veng Seng fala de uma Macau com arte que não está apenas confinada aos museus ou salas d exposições e de um Governo que fornece mais hi-póteses aos artistas locais para que se desenvolvam e mostrem a situação da produção artística do território. - J.F.

“Podemos convidar artistas locais e convidar alguns dos mais distintos e outros com potencialidades para produzirem, por exemplo, arte urbana.”LAU VENG SENG Deputado

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TIAG

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CÂNT

ARA

8 hoje macau terça-feira 15.4.2014SOCIEDADE

JOANA FREITAS* [email protected]

O Governo quer que os moradores do Sin Fong Garden intentem acções judiciais contra

os responsáveis pela ruptura nos pi-lares de suporte do prédio, evacuado em 2012 por estar em risco de ruína. Tudo porque o Executivo quer reaver o dinheiro que já investiu em ajuda às mais de cem famílias do edifício da Rua do Patane.

“Como o Governo avançou com dinheiro do erário público no caso do edifício Sin Fong Garden, os proprietários devem intentar acção judicial para apuramento de responsabilidades e reaver o dinheiro”, frisou Lau Si Io, ontem, aos jornalistas.

Recentemente, foi divulgado que o director técnico da obra e o construtor civil são os culpados pela falta de qualidade do cimento utilizado nos pilares de suporte – um deles tinha apenas 27,7% do total de capacidade que deveria ter. Contudo, a responsabilidade administrativa a que podem estar sujeitos termina cinco anos depois

O Governo vai renovar o contra-to com a TV Cabo por mais cinco anos, ainda que sem

regime de exclusividade. Isso mesmo foi ontem confirmado aos jornalistas por Ho Ion Sang, após uma reunião da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Conces-sões Públicas, onde esteve presente Lau Si Io, secretário para as Obras Públicas e Transportes.

De acordo com o presidente da Comissão, foram deixadas garantias que, caso haja empresas interessadas, o mercado é livre e todas podem con-correr, mas a operadora de cabo que dominou o mercado desde a transição até à próxima segunda-feira vai manter--se na corrida.

Ho Ion Sang diz que o futuro do mercado das telecomunicações vai incluir a tecnologia “triple play”, ou seja, o fornecimento conjunto de inter-net, televisão e telefone. Estima-se que sejam necessários três anos, para que tudo fique a postos para isso. “Durante estes anos, a TV Cabo pode continuar a operar os seus canais pagos, contudo, o contrato não vai ser em exclusivo. Não se incomodem, que o Governo vai abrir o mercado.”

Um despacho publicado ontem em Boletim Oficial mostra que a assinatura do contrato com a operadora de cabo – que já tinha sido anunciado – vai ficar a cargo de Lau Si Io, “na qualidade de outorgante, na escritura pública relativa à renovação do contrato de concessão

do serviço terrestre de televisão por subscrição, a celebrar entre a RAEM e a TV Cabo”.

Ainda Segundo Ho Ion Sang, o Governo vai deixar de fazer uso das antenas, passando a transmissão dos sinais televisivos a ser feita por cabos subterrâneos. O Executivo diz que tem já três empresas para fazer a instalação destes cabos e Ho Ion Sang assegura que o impacto na vida dos cidadãos vai ser mínimo.

Conforme tinha sido avançado pelo HM, os anteneiros vão passar a ser os responsáveis pela manutenção da rede, deixando a sua actividade de retransmissão de canais de ser ilegal, conforme tinha sido declarado pelo tribunal. - J.F./C.L.

A Direcção dos Servi-ços de Solos, Obras

Públicas e Transportes (DSSOPT) garantiu on-tem que serão iniciadas as obras para um miradouro à entrada da Taipa. Como tal, as instalações do an-tigo restaurante Bee Vee, propriedade do Governo, serão destruídas para dar lugar a um elevador. A partir desse elevador será possível ter acesso ao mira-douro, à Ilha da Montanha e à zona sul da península de Macau.

O Governo garantiu que já recebeu sete pro-postas para o projecto,

cujas obras deverão come-çar no terceiro trimestre deste ano. A construção deverá demorar cerca de 17 meses, sendo que as propostas estão orçamen-tadas entre 34 e 42 milhões de patacas.

Lok Wai Choi, chefe de departamento da DS-SOPT, garantiu que a obra não vai destruir o espaço verde junto às instalações do restaurante, sendo que o projecto pretende dispo-nibilizar “mais um espaço para que os residentes passem os seus tempos livres”, protegendo a actual colina. - C.L.

“Há o dever dos condóminos em intentar acção judicial para apuramento de responsabilidades e reaver o dinheiro, pelo facto do caso envolver o erário público.” LAU SI IO Secretáriopara os Transportese Obras Públicas

SIN FONG GOVERNO QUER REAVER DINHEIRO E INSTA MORADORES A INTERPOR ACÇÃO JUDICIAL. LESADOS NÃO QUEREM

“É um dever e uma forma de justiça social”O Governo quer de volta o dinheiro que saiu do erário público para os moradores do Sin Fong e assegura que não vai desistir de o conseguir. Mas os moradores não querem interpor acções judiciais contra os responsáveis

TV CABO RENOVA CONTRATO COM GOVERNO POR MAIS CINCO ANOS

Era uma vez um exclusivoRestaurante Bee Vee Adeus ao que nunca foi

da conclusão das obras, algo que já aconteceu.

Resta apenas uma acção em tribunal, que tem de ser intentada pelos próprios moradores. Ora, após o anúncio de que associações sociais iriam prestar apoio financeiro para a reconstrução do prédio, os pequenos proprietários decidiram não avançar com qualquer acção.

Sendo assim, quem fica a perder é o Executivo, que avançou com mais de 16 milhões de patacas para os ajudar. “Através da acção judicial pode chegar-se à verdade dos factos e apurar os verdadeiros responsáveis, por isso, espero que os proprietários possam exercer os seus direitos”, frisou Lau Si Io, citado por um comu-nicado da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Segundo o secretário da tutela, os condóminos receiam que a nova solução encontrada com a ajuda das associações possa pôr em causa o projecto de reconstrução do edi-fício e que isto tenha contribuído para uma alteração de atitude no que diz respeito à acção judicial, uma vez que o Governo tem uma posição diferente da dos moradores no que a isto diz respeito.

Para Lau Si Io, intentar a ac-ção é algo que tem de ser feito. “Os resultados dos processos de investigação complementar e de averiguações administrativas aos construtores e directores técnicos das obras de construção do edifício não são reconhecidos nem pelos construtores, nem pelos proprietá-rios, mas há o dever dos condómi-nos em intentar acção judicial para apuramento de responsabilidades e reaver o dinheiro, pelo facto do caso envolver o erário público.” O Secretário assegura que o Governo não vai desistir de negociar com os moradores, mas, caso não haja novidades, o Governo “já está a estudar outras formas de reaver o dinheiro investido, caso os pro-

prietários desistam de seguir com a acção judicial”.

Segundo o Governo, apenas os proprietários têm legitimidade para prosseguir com o processo em tribu-nal. Leonel Alves, que presta apoio jurídico aos moradores, indicou ontem que, de acordo com os procedi-mentos normais, Executivo deveria, primeiro, enviar a conta das despesas aos pequenos proprietários e deixá--los decidir sobre o pagamento.

Se existir um – e basta um - pequeno proprietário que pretenda imputar responsabilidades a quem devem ser imputadas, pode abrir um processo. Para o Governo, os moradores devem não só exercer o seu direito, como pensar na justiça social. - *com Cecília Lin

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9 sociedadehoje macau terça-feira 15.4.2014

CECÍLIA L [email protected]

O director do Institu-to de Acção Social (IAS), Iong Kong Io, revelou que iriam

ser importados 40 terapeutas do exterior. Mas ao HM, o organismo garantiu que, mesmo que esse

A Forefront of Macao Ga-ming, associação que re-presenta os trabalhadores

do jogo, vai hoje entregar uma carta nas instalações dos Serviços de Saúde (SS) como reacção às declarações do Governo no debate da semana passada na Assembleia Legislativa (AL), que versava sobre a possibilidade de terminar com o fumo nos casinos.

Ieong Man Teng, presidente da associação, disse ao HM que a carta é uma forma de protesto em relação às declarações de Lei Chin Ion e Cheong U, que decidiram manter a mesma política. “Os fun-

IACM organiza iniciativas sobre segurança alimentarO Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) começou, este ano, a organizar palestras e visitas guiadas em língua portuguesa, de forma a ajudar a comunidade portuguesa na aquisição de conhecimentos sobre segurança alimentar, de forma a prevenir eventuais problemas de saúde. Os destinatários destas iniciativas incluem alunos e docentes dos ensinos primário e secundário, que têm sido alertados pelos organizadores das palestras, sobre o perigo de ingestão de alimentos de fonte desconhecida, bem como sobre a temperatura e o tipo de armazenamento dos alimentos e a higiene a ter em conta durante a confecção e consumo dos mesmos. A entidade governamental tem vindo a promover várias iniciativas deste género, tendo organizado, desde Março, oito palestras sobre a segurança alimentar e duas visitas guiadas ao Posto de Informações sobre Produtos Alimentares. Para já, o IACM tem várias palestras disponíveis para as escolas de Macau e que incluem temas como gripe das aves e segurança alimentar ou os perigos existentes nos alimentos.

TSI concedeescusa a juíza Foi ontem concedida, pelo Tribunal da Segunda Instância, a escusa de um processo a uma juíza do Tribunal Judicial de Base. O requerimento da juíza baseou-se no facto desta manter, há já vários anos, uma relação familiar íntima com um indivíduo acusado de crimes de ofensas graves à integridade física por negligência, punido pelo Código Penal e Lei do Trânsito Rodoviário. A juíza, a quem o requerimento foi concedido, afirmou que “o arguido B é o cunhado da esposa do irmão mais velho do meu marido, e apesar de não ser íntimo o grau, a família do arguido mantém, nos últimos 10 anos, com a minha família uma relação de profunda intimidade”. O depoimento da juíza demonstrou que esta se encontrava incapacitada para participar no processo de julgamento do arguido em causa.

Obras na bibliotecaSir Robert Ho TungDevido às remodelações da biblioteca Sir Robert Ho Tung, a recepção do segundo piso do novo edifício vai estar encerrada entre os dias 16 e 23 de Abril. Durante este período, os leitores devem dirigir-se a qualquer um dos restantes balcões de atendimentos para tratar de questões relativas ao cartão de leitor e de empréstimo ou devolução de livros. Esta já não é a primeira vez que a biblioteca é alvo de remodelações, necessárias para preservar o local, que se encontra em funcionamento desde o verão de 1950 e possui um dos maiores espólios de livros em língua chinesa de Macau.

FOREFRONT OF MACAO GAMING PROTESTA HOJE NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Não há fumo que não dê em ruptura

SIN FONG GOVERNO QUER REAVER DINHEIRO E INSTA MORADORES A INTERPOR ACÇÃO JUDICIAL. LESADOS NÃO QUEREM

“É um dever e uma forma de justiça social”

Restaurante Bee Vee Adeus ao que nunca foi

IAS diz que há 89 terapeutas privados e que vai questionar os Serviços de Saúde sobre o número de profissionais a trabalhar no sector público. Número de profissionais locais será analisado, mas Governo ainda não tem solução final

IMPORTAÇÃO DE TERAPEUTAS IAS PROMETE REUNIÃO COM SECTOR EM BREVE

Prioridade aos residentes

PLANO DE BENEFICÊNCIA DESTINADO A DEFICIENTESO IAS garantiu ainda ao HM que, por forma a incentivar e apoiar a participação e integração social dos deficientes, está a preparar a promoção da primeira fase do plano de beneficência dos deficientes. Assim, “quem é titular do cartão de avaliação de deficiência terá acesso a serviços e medidas facilitadoras em vários departamentos do Governo”. O Governo promete publicar mais informações em breve.

plano avance, vai ser sempre dada garantia aos profissionais residentes.

“O IAS vai comunicar com o sector local em breve, por forma a dominar as estatísticas e dados sobre os terapeutas locais e gradu-ados. Os responsáveis vão sempre fazer estatísticas para procurar os recursos humanos disponíveis nas

instalações de serviço social. Até 2017, Macau vai abrir mais de 40 instalações deste tipo, e espera-se que sejam necessários mais 40 te-rapeutas de três tipos diferentes.”

A entidade garantiu ainda que, até ao passado dia 3 de Abril, havia em Macau 89 terapeutas privados registados nos Serviços de Saúde (SS), número que inclui 51 fisioterapeutas, 30 terapeutas ocupacionais e oito terapeutas da fala. Há ainda 16 pedidos na fase de aprovação.

Contudo, estes dados não in-cluem os funcionários públicos e todos aqueles que possuem estas qualificações mas que não estão a trabalhar na área. O IAS garantiu que já pediu aos SS para saber qual o número de terapeutas a trabalhar para a Função Pública.

“Em Macau faltam estes três tipos de terapeutas, por isso o IAS está a estudar a hipótese de importação. Como as novas vagas não vão ser todas para trabalha-dores não residentes, o Governo

vai basear-se na realidade local da oferta e da procura, para exigir que todas as instalações de serviços sociais têm prioridade aos locais no recrutamento. Só quando não conseguirem recrutar locais é devem considerar recrutar não residentes”, disse o IAS ao HM.

O IAS sublinhou ainda que vai comunicar com os departamentos e associações do sector e estudar os dados, garantindo que “ainda não há uma solução final”.

Para além da possibilidade de importação, o Governo frisa que vai apostar na formação por forma a aumentar os talentos locais.

“Como Macau não tem uma faculdade que ofereça cursos nes-ta área, os alunos com interesse têm de estudar fora de Macau. Os Serviços de Educação e Juven-tude (DSEJ) já oferecem bolsas especiais para apoiar os alunos. Existindo licenciados que possam regressar a Macau ao fim de três anos, para se formar os talentos”, frisou o IAS.

cionários do jogo ficaram super--insatisfeitos com os resultados do debate. Cerca de dez funcionários vão representar o sector e mostrar a nossa insatisfação face ao dis-curso dos deputados. Queremos que o Governo dê mais atenção ao nosso ambiente de trabalho.”

Ieong Man Teng referiu ainda que a associação já tinha entregue uma carta aos SS, mas que não houve qualquer resposta. “Quería-mos ter um encontro com o direc-tor dos SS, mas responderam-nos sempre que não era conveniente e que não havia tempo.”

Ieong Man Teng confirmou

ainda com o HM que o fumo nos casinos e os malefícios para os croupiers será um dos temas fortes da manifestação do dia 1 de Maio, Dia do Trabalhador.

O presidente da Macao Fore-front of Macao Gaming referiu ainda que os número de casos de abusos feitos pelos clientes a croupiers são entre 20 a 30 por ano. “Os números da polícia fa-lam apenas de 47 casos durante os últimos três anos em todos os casinos, porque muitas vezes os funcionários não chamam a polícia, ou a empresa aconselha a não se fazer queixa.” Ieong Man Teng disse ainda que as conces-sionárias têm a responsabilidade de fazerem uma lista negra dos clientes com acções violentas para com os funcionários. - C.L.

“Falam de 47 casos durante os últimos três anos, porque muitas vezes os funcionários não chamam a polícia” IEONG MAN TENG Presidente da FFG

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hoje macau terça-feira 15.4.201410 CHINA

U M líder da Associa-ção chinesa para Ci-ência e Tecnologia (CAST) está a ser

investigado por “suspeita de graves violações da discipli-na e das leis”, evidenciando a invulgar amplitude da campanha anti-corrupção em curso na China, anunciou a imprensa oficial.

Segundo a imprensa de ontem, trata-se de Shen Wei-chen, secretário do Partido Comunista e vice-presidente executivo da CAST, cujo nome foi divulgado no fim de semana através do site da Comissão Central de Disci-plina do PCC. A Comissão não deu pormenores sobre a investigação.

A CAST é a maior organização de cientistas e técnicos da China, com estreitas ligações a milhões de profissionais do sector, referiu a Comissão.

Shen Weichen, 58 anos,

Banco Mundial China pede transferênciade recursos para países em desenvolvimento

Ucrânia Representante chinês apela a todas as partes envolvidas para um entendimento pacífico

C OMEÇOU na manhã de segunda-feira, em Pequim, uma reunião

para discutir o armamento nuclear entre China, EUA, Rússia, Reino Unido e França. Trata-se da quinta reunião realizada pelos cinco países e a primeira organizada pela China.

Na abertura da reunião, o vice-primeiro-ministro chi-nês, Li Baodong, apresentou cinco opiniões para reforçar o controle global no sector nuclear.

Primeiro, concretizar a segurança universal é o objectivo básico do controlo global no sector nuclear para prevenir a proliferação de armas nucleares e aproveitar melhor a energia nuclear para beneficiar o Homem.

Segundo, os cinco países aprofundam a confiança mútua estratégica e reforçam a união.

Terceiro, desempenhar o papel da ONU, reunião de negociações de desarma-

A campanha anti-corrupção estendeu os seus tentáculos a sectores que se julgavam protegidos

Mais de 80 funcionários, nove dos quais com categoria igual ou superior a vice-ministro, foram investigados nos últimos dez meses pela direcção do Partido por suspeita de corrupção

CORRUPÇÃO CAMPANHA CHEGOU AOS MEIOS CIENTÍFICOS

Que nem uma pedra fique por levantartem a categoria equivalente à de ministro e tinha sido nome-ado para a direcção da CAST em 2013, indicou ontem o Global Times, jornal em lín-gua inglesa do grupo Diário do Povo, o órgão central do PCC.

Antigo director do Depar-tamento de Propaganda do PCC na província de Shanxi, norte da China, Shen Wei-chen fazia parte da própria Comissão Central de Dis-ciplina do partido (CDCI).

A MAIS PERSISTENTEDAS CAMPANHASMais de 80 funcionários, nove dos quais com cate-goria igual ou superior a vice-ministro, foram investi-gados nos últimos dez meses pela direcção do Partido Comunista Chinês (PCC) por suspeita de corrupção.

Governos provinciais, ministérios, grandes em-presas estatais e instituições públicas (incluindo univer-

sidades) têm sido o alvo das inspecções conduzidas pela Comissão Central de Disci-plina desde a ascensão ao poder de uma nova geração

de líderes, há cerca de um ano e meio.

O PCC assumiu há muito o combate à corrupção como “uma luta de vida ou de mor-

NUCLEAR REUNIÃO A CINCO COMEÇOU ONTEM EM PEQUIM

Os senhores do átomo O vice-ministro de Finanças chinês, Shi Yaobin, afirmou em Washington que

o Banco Mundial (BM) deve promover uma maior transferência de recursos para países em desenvolvimento, de modo a garantir um crescimento estável das na-ções emergentes e injectar forças motrizes duradouras na economia global.

Shi Yaobin falava na 89ª reunião minis-terial das Comissões de Desenvolvimento, promovida em conjunto pelo BM e Fundo Monetário Internacional.

Segundo Shi, a mudança da estrutura do

crescimento da economia global trouxe novos desafios aos países em desenvolvimento. Para o vice-ministro, o BM deve aproveitar as suas vantagens na mobilização de recursos, inovação de instrumentos de financiamento e exploração de projectos, para orientar uma maior injecção de capitais em sectores produtivos. Shi afirmou ainda que a China fixou a sua meta de crescimento à volta dos 7,5% para este ano. O intuito é promover a optimização estrutural e criar condições para a reforma, em vez de procurar um simples crescimento acelerado.

O vice-representante per-manente chinês nas

Nações Unidas, Wang Min, afirmou, neste domingo, na reunião de emergência do Conselho de Segurança para a situação da Ucrânia, que a parte chinesa espera que todas as partes envolvidas ajam com contenção e calma para evitar o deteriorar da situação no país.

A pedido da delegação

permanente da Rússia nas Nações Unidas, o Conselho de Segurança realizou uma reunião de emergência so-bre a questão da Ucrânia. Wang Min assinalou no seu discurso que a parte chinesa está preocupada com a crescente tensão na Ucrânia. “A solução refere-se aos interesses e preocupações de todas as partes. As divergências

deverão ser resolvidas pela via política e diplomática e dentro do quadro da lei e ordem”, acrescentou o representante chinês.

“A China apela e conti-nua a apoiar a comunidade internacional nos seus esforços construtivos para conseguir a reconciliação, com o objectivo de acalmar a situação na Ucrânia”, concluiu.

mento de Genebra e Agência Internacional de Energia Atómica.

Quarto, com base na igualdade, dedicar atenção e promover o desarmamento nuclear, a não proliferação nuclear e o aproveitamento pacífico da energia nuclear.

Quinto, os governos de todos os países terão de participar e desempenhar um papel nas organizações

te” para a sua permanência no poder, mas a actual cam-panha é considerada mais persistente e ampla do que era habitual.

Numa recente entrevista à agência Bloomberg, o pro-fessor Andrew Wedeman, autor do ensaio ‘Double Paradox: Rapid Growth and Rising Corruption in China’ (2012), considerou-a “a mais sustentada” do género “desde o advento das refor-mas económicas, no início da década 1980”.

O novo secretário-geral do PCC e Presidente da Re-pública, Xi Jinping, assegu-rou que a luta anticorrupção visaria ao mesmo tempo as “moscas” e os “tigres, numa explícita alusão aos líderes do partido que “violarem a disciplina”.

“Se não conseguirmos controlar essa questão, isso poderá ser fatal para o Par-tido e até causar o colapso do Partido e a queda do Es-tado”, alertou o antecessor de Xi Jinping, Hu Jintao, no XVIII Congresso do PCC, em Novembro de 2012.

internacionais e regionais, organizações não governa-mentais e órgãos populares.

Ainda não são conhecidos comentários à síntese chinesa. Os cinco países vão trocar opiniões sobre a segurança estratégica, estabilidade in-ternacional, desarmamento nuclear, não proliferação nu-clear, aproveitamento pacífico de energia nuclear na reunião de dois dias.

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hoje macau terça-feira 15.4.2014 11 china

D OIS negócios en-volvendo um gru-po e um consór-cio de empresas

chinesas foram anunciados neste fim de semana. O grupo chinês Sanpower comprou 89% da loja de departamen-tos inglesa House of Fraser por cerca de 480 milhões de libras, cerca de 6 mil milhões de patacas.

A informação foi ofi-cializada pelas duas com-panhias num comunicado divulgado ontem. Trata-se da “aquisição mais impor-tante no exterior feita por uma empresa chinesa no sector retalhista”, afirmou o fundador e presidente de Sanpower, Yuan Yafei, no comunicado.

O grupo chinês, que a partir desta aquisição passa a ter participação maiori-tária na companhia, quer expandir a rede, fundada há 165 anos, especialmente na China.

A House of Fraser tem 60 lojas na Irlanda e Grã Bretanha e outra em Abu Dhabi, nos Emirados Ára-bes Unidos. A companhia emprega 19 mil pessoas.

Noutra negociação, um consórcio chinês adquiriu a

POLÍCIA APREENDE NÚMERORECORDE DE ARMAMENTO

Armas e ladrões assinalados

O Instituto Chinês de Pesquisa Turística (ICPT) divulgou

recentemente o resultado de um levantamento sobre o tu-rismo da China no primeiro trimestre do ano. Segundo o documento, o nível de satis-fação dos turistas chineses e estrangeiros com as suas viagens na China foi o menor desde 2009, quando a ava-liação começou a ser feita. Já em relação ao turismo no exterior, os chineses deram nota 78, mais alta do que no ano anterior.

Quanto ao turismo in-terno, a maioria das queixas concentra-se em aspectos como ambiente geral dos destinos de viagem, serviços das agências turísticas e os serviços públicos destinados aos turistas individuais.

Sanpower comprou 89% da loja House of Fraser e um consórcio adquiriu mina de cobre no Peru

GRUPO E CONSÓRCIO CHINESES COMPRAM LOJA INGLESA E MINA NO PERU

Grão a grão se enche o papo

A polícia chinesa da região sudoeste do país apreendeu o

número recorde de armas ilegais e capturou 15 sus-peitos, revela a edição de ontem do jornal China Daily.

A polícia capturou um gangue que estaria envol-vido ena produção e venda de armas, e confiscou cerca de 15.000 armas e 120.000 armas brancas. Terá sido a maior apreensão na China, segundo informações do jornal.

Depois de quatro meses de investigações, a polícia descobriu que o gangue actuava em várias provín-cias, incluindo Guangdong, Guizhou, Hunan e Sichuan.

CHINESES POUCO SATISFEITOS COM TURISMO INTERNO PREFEREM FÉRIAS NO ESTRANGEIRO

As férias das vizinhas são melhores que as minhasAlém disso, a nuvem de poluição que atinge a maior parte do território chinês afecta negativamente as experiências dos turistas.

Para He Qiongfeng, in-vestigadora do ICPT, a queda de satisfação tem motivos sa-zonais. “O primeiro trimestre coincide com o inverno na China. O tempo severo pode afectar o turismo. Por outro lado, o país registou um gran-de fluxo de pessoas devido às Festas da Primavera, o Ano Novo chinês, provocando grande pressão nos transpor-tes. Estes dois factores podem contribuir para a queda da satisfação dos turistas.”

MAIS TURISTAS,MENOS SATISFAÇÃONo primeiro trimestre, a Chi-na recebeu mais de 1,1 mil

milhões de turistas, gerando uma facturação de 963 mil milhões de yuans. O número de turistas registado durante o ano inteiro de 2012 foi de 3 mil milhões.

Por um lado, a alta do número de turistas e, por outro, a queda do nível de satisfação. Ao explicar esse fenómeno, o director do ICPT, Dai Bin, comentou que actualmente as pessoas passaram a preocupar-se mais com o ambiente geral dos locais de destino, os serviços públicos e as ins-talações de atendimento. Mas os governos locais ignoraram essa alteração de comportamento, fazendo com que os serviços fiquem mais atrasados que os pro-dutos turísticos.

“Quando o turismo en-

trou na vida quotidiana, as pessoas passaram a vê-lo como uma maneira de vida que se passa num lugar diferente em curto prazo. A partir disso, tornaram--se mais sensíveis ou até

exigentes pelo ambiente da vida do dia-a-dia”, afirmou.

Ao contrário da queda da satisfação pelo turismo interno, os chineses estão mais confiantes nas viagens internacionais. Os dados

revelam que no primeiro tri-mestre, cerca de 26 milhões de chineses viajaram para o exterior, uma subida de 17% em relação ao mesmo período do ano passado.

Li Zhongguang, respon-sável pelo departamento da indústria do Instituto de Turismo, enumerou as experiências dos países estrangeiros que devem ser aprendidas.

“Os turistas estão mais satisfeitos com os serviços de transporte público dos países estrangeiros, como condução própria, transporte ferroviá-rio e rodoviário. Além disso, também atraem os viajantes a beleza dos pontos turísti-cos, as agências de viagem, ecologia, qualidade do ar e o serviço prestado por guias turísticos.”

mina de cobre Las Bambas, no Peru, da Glencore Xstra-ta, por US$ 6 mil milhões. É uma das maiores aquisições de minas da China nos últi-mos anos .

Um vendedor de com-modities disse no domingo que vendeu a sua partici-pação na mina a um con-sórcio liderado pela MMG Limited, braço externo da China Minmetals, que vi-nha sendo apontada como a favorita para adquirir a mina peruana. Participam ainda do consórcio a GUOXIN International Investment e a CITIC Metal.

Desde que Las Bambas foi colocada à venda, consi-derava-se que o comprador mais seguro viria da China, considerando os enormes recursos movimentados pelas empresas estatais do gigante asiático e a fome do país pelo cobre. A China é o maior consumir mundial deste metal.

A Las Bambas deve começar a sua produção em 2015 e espera-se que produza mais de 450 mil toneladas de cobre por ano nos seus cinco primeiros anos e, posteriormente, 300 mil toneladas anuais.

O gangue, com base em Shaodong, possuía vários armazéns onde guardava as armas.

O jornal cita Du Chuang, um oficial de polícia, que afirmou que o gang era um negócio de família com o nome de uma unidade industrial.

Como parte do plano para evitar crimes vio-lentos, a China proíbe a produção e venda de armas, não sendo também permi-tida aos cidadãos a posse de arma.

Em 2008, o ministro da Segurança Pública, emitiu um comunicando exigindo aos vendedores o registo de dados dos compradores de armas brancas.

Page 12: Hoje Macau 15 ABR 2014 #3071

12 hoje macau terça-feira 15.4.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

PESSOA & CIA • Laura Pérez VernettiEste livro apresenta a vida e obra de Fernando Pessoa em BD. O livro divide-se essencialmente em três partes: as biografias, a obra poética de Fernando Pessoa e a dos heterónimos. A biografia do autor está desenhada a preto e branco, ins-pirada nas fotografias do poeta e na pintura de Almada Negreiros, bem como as biografias dos heterónimos, enquanto na adaptação dos poemas de Pessoa e dos heterónimos os desenhos são a cores de forma a ilustrar a grande criatividade e imaginação do poeta.

CINZAS DA REVOLTA • Miguel PeresAngola, 1961. Um grupo de rebeldes ataca uma fazenda. Os donos são mortos, mas a filha consegue escapar... 1963. Chegamos a Angola. Somos um contingente militar formado na sua maioria por jovens inexperientes. A guerra amedronta-nos. A nossa missão é encontrarmos a rapariga desaparecida em 61... 1966. O inesperado acontece... Afinal, qual o porquê de tantos anos perdidos na busca de uma única pessoa?

JOSÉ C. [email protected]

O seu último álbum reúne uma série de canções inspiradas na Bos-sa Nova. Como é que nasceu esta relação com a música brasileira? Tinha 14 anos quando ouvi pela primeira vez o álbum Getz/Gilberto e fiquei logo apaixonada. Apesar de ainda não conhecer a língua senti-me imediatamente ligada a este tipo de música. Fiquei enfeitiçada pela me-lancolia das melodias e pela voz do João Gilberto num equilíbrio perfeito com a batida da guitarra. O ritmo era literalmente empolgante. Esta era uma música carregada de esperança, optimismo e luz. Adorei este equilí-brio delicado entre alegria e tristeza. Por um lado fazia-me sorrir mas por outro deixava-me nostálgica...mais tarde vim a perceber que era saudade. Senti que pertencia àquele lugar sem ser preciso lá estar para fazer esta descoberta. Fui completamente arre-batada e este sentimento nunca mais me largou desde que aquela rapariga de 14 anos fez esta descoberta musical.

Como é que define este álbum?A Bossa Nova e a música brasileira em geral, desde há muito que fazem parte da minha vida e da minha inspiração musical. É um tipo de música que reflecte na perfeição a condição hu-mana. Esse equilíbrio precário entre os momentos de alegria e de tristeza; a ideia de que toda a beleza e o amor são apenas sentimentos temporários e de que a alegria não existe sem a inevitabilidade da tristeza. Em cada pedaço de melancolia existe sempre um pouco de esperança. O Vinícius

ENTREVISTA STACEY KENT FALA DA SUA PAIXÃO PELA BOSSA-NOVA E PELA LÍNGUA PORTUGUESA

“Em cada pedaço de melancolia existe sempre um pouco de esperança”Stacey Kent vai estar em Macau no próximo dia 26 de Abril, para um concerto no Venetian. “Changing Lights”é o último álbum onde reúne canções inspiradas na Bossa Nova, um género pelo qual se apaixonou aos 14 anos.A cantora revela também uma paixão pela letras, sendo uma leitora assídua de poesia e literatura portuguesa

de Moraes resume isto na letra do “Samba de Benção”.

É melhor alegre que ser tristeAlegria é a melhor coisa que existeÉ assim como a luz no coraçãoMas pra fazer um samba com belezaÉ preciso um bocado de tristezaSenão se faz um samba, não...

Portanto, o que quis fazer, foi não só reunir uma série de canções

que reflectissem as minhas fontes de inspiração musical, mas que também revelassem o universo emocional que balança entre a alegria e a tristeza. Acho que a canção “This Happy Madness” é a melhor forma de abrir o álbum e convidar as pessoas a viajar comigo por este universo. Adoro a tensão e o equilíbrio que existe numa canção melancólica de tom maior! O equilíbrio entre um ritmo

suave (ou não tão suave assim) e uma melodia doce e melancólica!“The Changing Lights” é uma metáfora sobre como nos relacio-

namos uns com uns outros e de como interagimos com um mundo em mudança ao longo dos tempos. Evoca o sentimento de perda que

“Adoro a tensão e o equilíbrio que existe numa canção melancólica de tom maior! O equilíbrio entre um ritmo suave (ou não tão suave assim)e uma melodia doce e melancólica!”

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13 eventoshoje macau terça-feira 15.4.2014

O filme de acção sobre o mestre de artes marciais Ip Man, “The Grandmas-

ter”, arrecadou ontem 12 prémios no Festival de Cinema de Hong Kong, incluindo o de melhor filme e de melhor realizador para Wong Kar-wai.

Esta foi a terceira vitória de Wong neste festival, depois dos

Homem cobre-se de abelhas da cabeça aos pés UM criador de abelhas chinês cobriu-se com mais

de 460,000 abelhas numa campanha publicitária para vender o seu mel. She Ping confessou que estava nervoso e que não tomou banho para não entusiasmar as abelhas. Este processo, comum especialmente no nordeste da China, já consta no Livros de Recordes do Guiness pelo homem que usou mais peso em abelhas no seu corpo em 2009 - 61.4 quilos. Ping não ultrapassou este número, mas ficou com o recorde de ter feito a proeza nu.

O Festival de Música do Mundo de Beishan arranca no próximo

fim-de-semana em Zhuai com a presença da banda de Macau Concrete/Lotus. Kelsey Wilhelm e Abbi Mitchell-Morley formam o duo do território, um grupo que mistura instrumentos musicais com música electrónica dividin-do-se entre os sons acústicos do pop, rock e jazz e o hip hop, rap e drum and bass. O Festival de Música do Mundo de Beishan vai na 4ª. edição e decorre entre sábado e domingo sob o tema “Ocidente encontra o Oriente”. Para os elementos da banda, esta edição do Festival não podia ser a melhor para receber a actua-

ção do grupo, formado por dois residentes da RAEM. “Essa é definição de Macau, e além disso, o encontro destas duas culturas traz sempre um grande sentido de comunidade”, refere Abbi Mitchell-Morley. “Pessoas como nós, de diferentes backgrounds, sabem a importância desta fusão de ideias, culturas, mentalidades e, sobretudo, música”, acrescen-tou Kelsey Wilhelm.

Concrete/Lotus actuou no Festival Fringe de Macau no ano passado, mas esta é a estreia do grupo fora do território. A banda – cujo nome tem origem na história da RAEM – actua às 17:30 do dia 20 de Abril. O preço dos bilhetes para o festival é de 99 yuan.

“ (The Changing Lights ) Evoca o sentimentode perda que temos em relação ao passado à medida que avançamos na vida. É uma das chaves da palavra saudade, este sentimento de melancolia que prevalece ao longo do álbum”

CINEMA FILME DE WONG KAR-WAI CONQUISTA 12 PRÉMIOS EM HONG KONG

Ip, Ip... Man!

BANDA DE MACAU CONCRETE/LOTUS NO FESTIVAL DE MÚSICA DE BEISHAN

Lótus em Zhuhai

filmes de culto da década de 1990, “Days of Being Wild” e “Chun-gking Express”. “Estou orgulhoso de fazer parte do cinema de Hong Kong”, afirmou o realizador, num encontro com a imprensa depois da cerimónia.

“The Grandmaster”, inspirado na vida do mestre de kung fu Ip Man, conquistou também os pré-

mios de melhor argumento e melhor cinematografia. A estrela chinesa Zhang Ziyi foi distinguida como melhor actriz, pelo papel da filha de um mestre de artes marciais que se apaixona por Ip Man.

No mês passado, “The Grand-master” conquistou sete prémios no Festival de Cinema Asiático de Macau.

A produção do filme demorou vários anos e abrange várias déca-das da história da China, bem como a rivalidade entre vários mestres de artes marciais.

Ip Man, personagem a cargo do actor de Hong Kong Tony Leung, foi o mentor do lendário actor de artes marciais Bruce Lee e pensa-se que terá tido um papel determinante na infância de Lee.

O prémio de melhor actor foi para Nick Cheung pelo papel no filme de acção “Unbeatable” de um antigo campeão de pugilismo.

O festival distinguiu ainda, em três categorias, “The Way We Dance”, incluindo a de melhor novo realizador, para Adam Wong.

Juntamente com o Festival de Cinema de Taiwan, o certame de Hong Kong é um dos mais importantes eventos da indústria cinematográfica chinesa.

“Leio muitos poetas de língua portuguesa, tanto do Brasil, como de Portugal. Mas também de Moçambique e de outros países lusófonos: Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Fiamma Hasse de Pais Brandão, João Cabral de Melo Neto, Ondjaki, de Angola, só para nomear alguns... e adoro a poesia de Jobim! Sou louca pelo poema ‘Chapadão”!

Costuma ler poesia portuguesa? Tem algumas preferências? Sim, leio muitos poetas de língua por-tuguesa, tanto do Brasil, como de Por-tugal. Mas também de Moçambique e de outros países lusófonos: Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Fiamma Hasse de Pais Brandão, João Cabral de Melo Neto, Ondjaki, de Angola, só para nomear alguns... e adoro a poesia de Jobim! Sou louca pelo poema ‘Chapadão”! E claro, o poeta português António Ladeira, que tem escrito várias das minhas canções em colaboração com o Jim. Mas não leio apenas poesia, também estou muito interessada na literatura portuguesa. Tenho andado a ler Rui Zink, que foi meu professor no Middlebury Colle-ge. Também gosto bastante da obra de José Saramago e li recentemente um livro que adorei, “Jerusalém”, de Gonçalo M. Tavares. Fiquei com vontade de ler mais livros dele. E também tem contacto com a música portuguesa? Sim, estou constantemente a fa-zer novas descobertas musicais. Partilho muitas músicas com os meus amigos. Não gosto apenas de música brasileira, também gosto muito de música portuguesa. Adoro Madredeus!

temos em relação ao passado à me-dida que avançamos na vida. É uma das chaves da palavra saudade, este sentimento de melancolia que prevalece ao longo deste álbum.

O que a levou a aprender portu-guês? Foi difícil? Comecei a falar francês em criança, porque o meu avô cresceu em França e essa era a segunda língua de nossa casa. Tínhamos muitos livros de poe-sia que líamos um para o outro em voz alta. Isto deu-me o desejo de aprender outras línguas, o que veio a acontecer antes de ter uma carreira musical. Estudei latim, francês, português, italiano e alemão. O facto de ter apren-dido uma segunda língua em criança ajudou-me a aprender outras línguas mais tarde. Adoro falar português! É maravilhoso encontrar a lusofonia por todo o mundo e conseguir falar e partilhar ideias em português. Eu e o Jim (Jim Tomlinson, marido, produtor e autor de grande parte das músicas da cantora) fomos convidados para sermos músicos residentes do curso de português do Middlebury Colle-ge (Vermont, EUA). Tem sido uma experiência extraordinária. Frequen-támos várias vezes este curso e agora vamos lá todos os anos, no verão, para partilhar Bossa Nova com os alunos. Adoro esta altura do ano!

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14 eventos hoje macau terça-feira 15.4.2014

O GALEÃOMÍTICOA Flor do Mar foi uma nau portuguesa – mais especificamente um galeão – de 400 toneladas, construída em 1502. Antes do seu naufrágio, a Flor já tinha navegado por muitos mares. Era considerada a mais avançada nau da sua época e chegou mesmo a ser comandada pelo irmão de Vasco da Gama, Estêvão da Gama, numa viagem até à Índia. Em 1505 voltou ao oriente numa armada constituída por mais 15 naus e 6 caravelas, para instalar o primeiro Vice-Rei D.Francisco de Almeida. Na viagem de volta dessa missão, a Flor sofre a primeira ferida, sob o comando de João da Nova. Sofreu um rombo no casco no Cabo da Boa esperança, onde foi posteriormente reparada em Moçambique. Integrando a armada de Afonso de Albuquerque, João da Nova e a sua Flor, seguiram de novo para a Índia, nunca mais voltando para mares lusitanos. Ainda sob o comando de Afonso de Albuquerque, a Flor participou na conquista de Ormuz em 1507. Foi também o navio-almirante em 1509 na batalha de Diu. Em 1510 participou na conquista de Goa e, em 1511, mesmo antes da sua tragédia, na conquista de Malaca. A Flor foi tudo menos delicada e frágil. A sua história é cheia de grandes conquistas, algo que aconteceu no auge da exploração marítima portuguesa. Na noite de 20 de Novembro de 1511, com 9 anos de actividade, ao comando de Afonso de Albuquerque, a Flor transportava consigo um enorme tesouro para o Rei D.Manuel I. Nela iam também presentes do Reino de Sião para o rei português. Ao sair de Malaca em direção a Goa, a Flor naufragou devido a uma grande tempestade, causando um grande número de vítimas. Especula-se que nels fora embarcado palaquins chapeados a ouro, uma mesa com os pés de ouro, o trono da rainha com incrustações em pedras preciosas avaliado em 300.000,00 Cruzados. Fala-se também em quatro esculturas de leões, possivelmente presente do imperador da China ao rei de Malaca, ou mesmo terem sido retirados de túmulos de antigos reis de Malaca. Feitos em ouro com pedras preciosas nos olhos, língua dentes e garras, objetos no mínimo impressionantes! A última carga a ser embarcada no Flor do Mar foi um lote de escravos constituído de jovens rapazes e raparigas malaios.

D RONES subaquáti-cos terão encontrado, perto da Indonésia, o navio português Flor

do Mar, que naufragou em 1511 no estreito de Malaca, contendo o tesouro roubado destinado a D. Manuel I de Portugal, noticiou o jornal malaio The Star Online.

O navio mercante transpor-tava D. Afonso de Albuquer-que após este ter conquistado Malaca, à época o maior centro comercial do Oriente. O Flor do Mar naufragou com um tesouro, incluindo 60 toneladas de ouro do sultanato, que se tornou num dos mais míticos e cobiçados tesouros perdidos da História.

Ao valor actual, o tesouro poderia valer 1,7 mil milhões de euros. A soma é uma esti-mativa feita por Mónica Bello - autora do livro “A Costa dos Tesouros”, uma obra que relata naufrágios célebres na costa portuguesa -, e coincide com o valor apontado para os novos cortes que o Governo portu-guês terá que aplicar em 2015.

Baseando-se em imagens captadas por drones subaquá-ticos, duas empresas de salva-mento submarino garantem ter avistado o galeão no mar de Java, perto da cidade de Se-ramang, na Indonésia, referiu hoje a publicação.

O ministro-chefe de Mala-ca, Datuk Seri Idris Haron, disse não ter recebido nenhuma con-firmação oficial da descoberta daquele que é considerado o navio mais valioso no fundo do mar, “mas apenas relatórios infundados, alegando que o naufrágio foi localizado”.

“Temos ouvido especula-ções e teorias, mas, desta vez, espero que seja verdade”, disse o governante, avisando que o governo estadual de Malaca irá apresentar uma reclamação do navio se os documentos sobre a descoberta forem confirmados pelo Governo indonésio.

“Gostaríamos de reclamar direitos sobre os tesouros recuperados usando canais bilaterais cordiais”, até porque, “de acordo com o facto histó-rico, o galeão transportava um tesouro roubado ao reino de Malaca”, afirmou Datuk Seri Idris Haron.

A conquista da rica cida-de de Malaca teve apoio de D. Afonso de Albuquerque, que na altura ganhou muito dinheiro e outras riquezas naquela região. Decidiu trazer esses bens, primeiro para Goa e depois para Lisboa, para pre-sentear a corte de D. Manuel I de Portugal, mas o desejo nunca foi satisfeito porque a nau se afundou.

E SCRITORAS açorianas, entre as quais Natália Correia, vão ser home-

nageadas no Colóquio da Lusofonia, que decorre em São Miguel, nos Açores, no final do mês e que nesta XXI edição pretende dar visibilida-de à escrita no feminino.

“Nesta edição, em que atingimos a maioridade, será uma homenagem a ‘9 ilhas, 9 escritoras’. As mulheres têm sido bastante esquecidas, há um grande predomínio de autores que são bastante divulgados”, afirmou o presidente da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia (AICL), Chrys Chrystello.

Os Colóquios da Lu-sofonia, que decorreram pela primeira vez no Porto, já passaram por Bragança (durante nove anos), Macau,

O galeão do século XVI, que transportava um tesouro, poderá agora ter sido encontrado

FLOR DO MAR ENCONTRADO NA INDONÉSIA

Na senda do tesouro perfeito

XXI COLÓQUIO DA LUSOFONIA HOMENAGEIA NOVE ESCRITORAS AÇORIANAS

Nenhuma mulher é uma ilhaBrasil e Galiza (Espanha). Realizam-se nos Açores desde 2006.

A edição deste ano decor-re na Praia dos Moinhos, no Porto Formoso, concelho da Ribeira Grande, coincidindo com o lançamento de mais um dos projetos da AICL, neste caso, a “Antologia 9 ilhas, 9 mulheres”, adiantou Chrys Chrystello, acrescen-tando que vai também ser lançada “uma colectânea de textos dramáticos açorianos virada para o ensino e para o currículo escolar regional”.

Segundo Chrys Chrys-tello, a associação “há mui-to” tinha projectado “fazer

algo que homenageasse as mulheres na escrita” e que “são muitas” nos Açores.

“Optámos, nesta primei-ra fase, por nove, tantas são as ilhas, mas muitas outras mais poderiam estar incluí-das”, sublinhou.

O presidente da AICL disse que a forma de escrita encontrada pelas mulheres “continua a ser a poesia”, sa-lientando que “há sobretudo um retrato daquilo que tem sido a posição da mulher nos Açores ao longo dos anos, uma posição de submissão, uma posição subalterna”.

Das nove escritoras que vão ser homenageadas, duas

já faleceram (Natália Correia e Madalena Férin). As outras são Joana Felix (filha do poeta Emanuel Felix), Re-nata Correia Botelho (filha de Emanuel Jorge Botelho), Brites Araújo, Judite Jorge, Luísa Ribeiro, Luísa Soares e Madalena San-Bento.

O XXI colóquio “con-sagra ainda 40 anos de liberdade de expressão, contemplando as quatro homenagens contra o esque-cimento dedicadas a Álamo Oliveira”, referiu.

A iniciativa, que tem como patronos dois destaca-dos linguistas, o português Malaca Casteleiro e o bra-

sileiro Evanildo Bechara, tem conseguido juntar, ao longo destes anos, várias personalidades, investiga-dores e académicos”, para uma maior divulgação de autores e projectos, como é o caso do caderno de estudos açorianos para “descarga gratuita por escolas, alunos e professores”.

“Temos o projecto das várias antologias. Fizemos a primeira antologia bilingue com 15 autores e depois a monolingue com 17 autores. Continuamos a traduzir ex-certos dos autores açorianos em sete línguas”, lembrou Chrys Chrystello, acrescen-

tando que há cerca de dois anos surgiu o projecto de musicar poetas açorianos contemporâneos. A parte clássica foi entregue a Ana Paula Andrade, diretora do Conservatório Regional de Ponta Delgada, e desde o ano passado um grupo de professores da EBI da Maia dedica-se à versão ‘pop’.

A XXI edição, que de-corre de 24 a 27 de Abril, conta com mais de 70 ins-crições do Japão, Portugal, Brasil, Bélgica, Itália, EUA e Canadá e integra assim cinco lançamentos de livros e sessões de poesia dedica-das à açorianidade. “Desde o princípio que tentamos afastar os colóquios dos ambientes bafientos onde tradicionalmente se pratica-va a cultura”, realçou Chrys Chrystello.

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hoje macau terça-feira 15.4.2014

hARTE

S, L

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IDEI

AS

15

luz de inverno Boi Luxo

NATTLEK (1966), MAI ZETTERLING

Q UEM não tem um tio acerca do qual pouco se sabe? Quem não tem um tio acerca do qual se sus-peitam impropriedades,

pessoais ou fiscais, indizíveis, escon-didas mas não esquecidas nos anais da família? Segredos de família inúteis ao mundo, guardados como se alguma consequência deles decorresse para lá do seu perímetro familiar. Quem não tem um tio solteiro, velho para a idade, de cabelo molhado e uma disposição para a exibição de um humor que es-conde mal erros trágicos cometidos ao longo de uma regularidade cómica?

Nattlek usa analepses para falar da infância de um homem chamado Jan. É um artifício banal. Vemos uma grande casa de uma família abastada, um pou-co como a casa de Fanny och Alexander, o filme de Ingmar Bergman, o ditador que impede que se veja e se ouça seja o que for em sueco sem que nos lembre-mos dele. E, como no cinema japonês, sentimos o odor das casas. Sentimos o odor das madeiras e da humidade nas roupas e nas carpetes, assim como o odor um pouco pastoso do passado.

Este é, aliás, um filme de odores. O pequeno Jan, cobiçoso de sua mãe, desta pouco mais consegue retirar para seu deleite pré-adolescente que al-

guns odores, o da sua roupa íntima, o da água perfumada com que aquela se banha ou o dos produtos de cosmética com que ela (e ele) se maquilha. É mui-to reconfortante que este filme tenha sido feito por uma mulher. Remove-se assim qualquer remorso que um aban-dono demasiado plácido às suas lubri-cidades, adolescentes ou decadentes, possa ser visto como inconveniente.

Que poderá ser mais belo que o es-pectáculo de uma mãe bonita e deseja-da que rejeita, numa irritação fininha, o afecto de seu filho, para, subitamente, o cobrir das carícias e da violência que podem ter levado a que este filme te-nha sido banido do Festival de Veneza. Uns beijos apenas, num filho nu esten-dido na cama (curiosamente, o seu fil-me Älskande par fora banido do Festival de Cannes, penso que dois anos antes, por conter muita nudez. Outro filme de Zetterling, Doktor Glas, também não conseguiu exibição em Cannes, em 1968, porque nesse ano de brasa o fes-tival foi cancelado).

Uma atracção sexual pela mãe, dis-tante e querida por outros, portadora de uma máscara constante (Persona é do mesmo ano). Muito sueco, a preto e branco. Muito anos 60, pleno de en-nui, sem faltar um pouco de psicologia fácil - o rosto e a roupa da mãe sobre-

postos na noiva que se ficciona amar. A sobreposição dos desejos, passados e actuais, certos ou suspeitados, sempre demasiado óbvios, foi algo que descul-pámos com demasiada leviandade aos escandinavos.

Todavia, como podemos passar agora sem esta parte da história do nosso cinema, que determinámos amar, em particular com as suas inocentes in-suficiências? Como poderemos não o usar para lançar uma condescendente derrisão sobre aqueles que ainda agora se utilizam dos mesmo artifícios?

Neste filme, como era normal à época, juntam-se vários géneros por-que o vertiginoso ambiente creativo contemporâneo impedia definições mais rigorosas. Há momentos aterro-rizadores e macabros; momentos có-micos; passagens quase nonsense; um pouco de psicologia de pacotilha e uma fixação nocturna num grande ca-sarão.

Terão servido, ao tempo, para mos-trar as marcas que uma infância com pouco amor deixaram num homem que se tornou imaturo e que procura, inces-santemente, um conceito de verdade que lhe haviam legado as duas mulheres da sua infância: a mãe e a velha tia As-trid. Muito setentrional também, a his-tória traumática que encontra na expo-

sição fílmica uma maneira de exibir em público a desejada punição libertadora.

Quem desejar aprofundar este tema tão escandinavo (o dos homens que projectam nas esposas ou namoradas o fel que receberam da mãe, do pai ou de ambos) deve ver, ou rever, essa delicio-sa e gigantesca catedral da recrimina-ção conjugal que é Scener ur ett Äktenskap (Cenas da Vida Conjugal), de Ingmar Bergman – para amantes incondicio-nais do grotesco marital.

Em Nattlek não se identificam as subtilezas daquele, antes a sua sedução decorre dessa mesma falha e da deter-minação, que em cima se indica, em es-tender sobre o passado, escolhido con-forme as conveniências, de um brilho que à altura pode não ter tido.

Não existe no filme de Zetterling a curva dramática de Scener ur ett Äktenskap. O nonsense e o desespero, pouco con-vincente mas muito fílmico, mostra-se desde o início a par da demonstração de um programa que proclama o apego à honestidade, mesmo que esta carre-gue consigo a fealdade:

- Tudo o que sai das vossas bocas são elo-gios e vómitos.

- Tu gostas de elogios, querida.- Prefiro vómito, é mais honesto.Quem nunca teve um tio que ofere-

cia guloseimas às criadas?

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16 hoje macau terça-feira 15.4.2014h

QUANDO O FI M DA NATUREZA CHEGAR

“ Com o livro O Fim da Natureza de McKibben, divulga-se a ideia do fim da natureza independentemente da força do homem... como uma pessoa que pre-ga o Apocalipse, ele fala-nos com uma voz prudencial e civilizada que merece ser ouvida.”

New York Times Book Review

“Qualquer ideia que seja que nós já al-guma vez pensámos no que era a Natu-reza – selvagem, Deus, um lugar simples e livre para o homem, ou uma máquina intrincada de sustentar a vida na Terra – nós estamos a dar-lhe um pontapé, que está a ser alterada para sempre. No seu livro incitante, bill McKibben discute a filosofia e tecnologia que nos trazem até aqui, mostrando-nos também como é decisivo esse cruzamento que nós te-mos feito”.

James Gleick, autor de Chaos

I. INTRODUÇÃO GERAL DO LIVRONascido em 1960, na Califórnia, E.U.A, bill McKibben licenciou-se pela Univer-sidade de Harvard, tendo posteriormen-te trabalhado na qualidade de redactor em jornais nacionais como o “New Yorker” e o “The New York Times”. Pe-los seus trabalhos em diversas áreas tais como ciências da natureza, psicologia e, sobretudo, a natureza e o ambiente, granjeou prestígio na área da ciência do ambiente, tendo até sido comparado a Henry DaviD THoreau2 e racHel car-son3 . bill McKibben publicou The End of Nature (O fim da natureza) nos anos 80 e, mais tarde, The Age of Missing Infor-mation, bem como muitos outros livros relacionados com o tema do ambiente.

Na interpretação de alguns, o termo natureza significa um lugar que nunca sofreu intervenção humana alguma, ou uma máquina intrínseca que mantém a vida no nosso planeta, independente-mente de acreditarmos ou não, a ver-dade é: a destruição que lhe causamos é praticamente irreversível. Basta olhar-mos para o mundo à nossa volta – tudo está em mutação contínua.

Na altura o problema ambiental era visto, de um modo geral, como exclusi-vo no domínio científico, temática estra-nho para as ciências sociais. Porém, com o seu livro, bill McKibben demonstrou claramente que o dito problema é, em primeiro lugar, uma questão da consci-ência e da ideologia. Com o aumento da população, o espaço para o ser humano fica cada vez menor, não se encontrando

Recensão do Livro The End of Nature

quase nenhum lugar no planeta onde o Homem não tenha posto os pés. Quan-do o planeta deixar de ser suficientemen-te grande, as pessoas também começarão a aceitar que a antiga ideia de existirem recursos infinitos no nosso planeta era apenas uma ilusão. Além disso, este li-vro revelou mais um ponto de vista que é o facto de o problema do ambiente ter também cabimento na filosofia.

A ideia antropocêntrica, que con-sidera o homem como centro do Uni-verso, esteve fortemente enraizada, até à década de 60 do século passado, orientação pela qual os anteriores mo-vimentos de protecção do ambiente de então foram fortemente influenciados, de modo que a “protecção da Natureza” significava proteger apenas o que tinha utilidade para o ser humano, destruindo o que era considerado inútil.

II. ESTRUTURA E CONTEÚDO DO LIVROO título sugestivo de “fim da natureza” é visto pelo Autor como uma força in-

dependente, muito mais forte que a do Homem. No entanto, existe uma clara discrepância entre o ritmo de alterações ocorridas na natureza e a resposta atem-pada da sociedade humana relativamen-te ao ambiente. A edição original desta obra é de 1989. Ali se revela um certo pessimismo do Autor na abordagem ao tema do efeito de estufa, que provoca o aquecimento global. Com efeito, ocupa um lugar de destaque semelhante a obras como Walden, de Henry DaviD THoreau e Silent Spring, de racHel carson.

O livro é organizado em duas par-tes: a primeira é sobre a realidade da natureza actual e tem dois capítulos: “Uma nova atmosfera” e “O fim da na-tureza”. A segunda versa sobre o futu-ro próximo da natureza e contém três capítulos: “Promessa não cumprida”, “O reflexo desafiador” e “Um caminho de mais resistência”. As previsões feitas, os argumentos utilizados e a própria narra-tiva, têm como ponto fulcral o efeito de estufa do planeta.

Além disso, o Autor abordou, um por um, temas sobre os quais já havia consenso naquela altura, bem como os que ainda estavam em discussão, fazen-do com que um leigo consiga compre-ender as questões de foro científico. A prova disso é o facto deste livro conti-nuar a ser, 22 anos após a sua primeira edição, actual ao ponto de sentirmos cada vez mais a ameaça do efeito de estufa e outros danos ambientais.

Duma forma muito explícita, cada capítulo deste livro indica o seu ponto fundamental e a leitura de cada capítulo causa-nos uma profunda impressão, pois a sua análise reflecte muito claramente o sentimento que preocupa o Autor.

No capítulo “Nova Atmosfera” fala--nos do círculo que circunda a nossa atmosfera, mostrando que já não é o que era, tendo-se transformado em algo novo. Devido às actividades industriais do ser humano, uma grande quantidade de dióxido de carbono é libertada para a atmosfera, produzindo o efeito de estufa e alterando a composição do ar. Quan-do vários componentes da atmosfera sofrem alterações, abre-se então a pos-sibilidade a todo o tipo de mudanças. A nova atmosfera traz imensos problemas que nos deixam preocupados.

No capítulo “O Fim da Natureza” descreve-se o que e como a activida-de humana fez com que muitos dos elementos da natureza tivessem vin-do a sofrer alterações. A alteração da atmosfera traz como consequência a alteração da temperatura. A temperatu-ra do ar e a chuva jamais serão apenas uma actividade natural, no sentido de ser exclusivamente resultado da for-ça da natureza, pois uma boa parte já é influenciada pela vivência humana, pela economia e pela maneira de viver. Chover ou não já não depende só do céu. No passado, o movimento natura-lista dominou a nossa vida com as leis da natureza mas hoje o aumento brutal da actividade humana levou a que as leis da natureza sofressem fortes mu-danças, e do mesmo modo diluiu-se o significado do conceito de natureza.

No capítulo “Promessa Quebrada” analisam-se alterações da atmosfera, cau-sadas pelas actividades humanas: quando isso acontece, tudo sofre alterações. O Homem já não pode apoiar-se em expe-riências passadas para desenvolver a vida humana. A promessa da natureza, no sentido da sua estabilidade, deixa de ser uma regra natural, sendo cada vez mais complicado prever as suas reacções.

Jiang Yi Wa1

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17 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 15.4.2014

No capítulo “O Reflexo Desafiador” levanta-se a questão de saber como pode-rá a humanidade responder à ameaça de um fim da natureza. Na realidade, do ponto de vista do Autor, a reacção do Homem é arrogante e convencida, pois tenta sem-pre alterar a natureza através de métodos da ciência e da tecnologia moderna, para que a natureza seja dominada pelo Ho-mem. Segundo o Autor, tal é muito pre-ocupante e perigoso porque muitas pes-soas estão convictas que a racionalidade do ser humano passa pela invenção no domínio da ciência e de uma tecnologia cada vez mais avançada, fazendo, como sempre, o uso de métodos antigos que ignoram em absoluto a capacidade limi-tada e a possível reacção da natureza e, no futuro, será ainda possível encontrar novos caminhos através das inovações da ciência e tecnologia. Obviamente ideia que é vista, nos dias de hoje, como uma ideia já muito ultrapassada.

No capítulo “Um Caminho de Mais Resistência” o Autor defende que o Ho-mem não tem que ser necessariamente dominador do nosso planeta em todos os momentos. Os conceitos do passado levaram a que nos aproximássemos dos limites. Devemos, por isso, fazer uso de uma nova concepção, de uma ideia mais modesta: nós, seres humanos, não somos mais importantes que as outras formas de vida da Terra (compreensão ecocêntrica). Porém, estamos, mais do que nunca, num caminho de mais resistência no que toca ao assunto do ambiente numa sociedade moderna como a nossa. Neste caminho existem os mais diversos problemas que necessitam de ser enfrentados e ultrapas-sados, por exemplo, diferentes níveis de desenvolvimento económico, desenvol-vimento da população mais empobreci-da, etc.. Ao mostrar isto, o Autor termina o livro com dúvidas, deixando várias pis-tas para o futuro.

III. NOTAS DE APRECIAÇÃO DO LIVRO1. DO QUE TRATA O LIVRO E OS SEUS ARGUMENTOSEste livro é o resultado tanto de reflexões sobre a vida moderna como das imensas ameaças para a humanidade. O Autor investigou os factos e analisou os dados estatísticos disponíveis sobre a nature-za e fundamentou a sua inquestionável conclusão com exemplos cientificamente provados: a natureza está constantemen-te a sofrer alterações desfavoráveis a vá-rios níveis e, a par disso, muitas das al-terações verificadas já atingiram ou estão rapidamente a atingir o seu ponto crítico ou o limite da capacidade de absorção, de rejuvenescimento e recuperação da natureza. Se continuar o presente modo de produção e de estilo da vida, com o saque sem escrúpulos dos recursos da na-tureza e a polui-la com produtos quími-cos não recicláveis, a natureza chegará ao fim da sua vitalidade, isto é, chegaremos ao fim da natureza.

Na comemoração do 10º aniversá-rio da publicação do livro, Bill MckiB-

Ben falou de duas ideias essenciais que o guiavam enquanto o escrevia. Por um lado, é o facto de termos interiorizado um conceito incorrecto de tempo, ou seja, de acreditarmos que a terra sofria alterações ilimitadas, lentas e irrelevan-tes para o ser humano. No entanto, na realidade, essa alteração tem vindo a acelerar devido às actividades pratica-das pelo Homem numa sociedade alta-mente industrializada, deixando cada vez mais efeitos atípicos e negativos na própria natureza. Por outro lado, o nosso conceito de espaço é igualmente incorrecto e enganoso. Sempre acredi-támos que o ser humano é minúsculo em relação à imensidão do planeta Ter-ra, razão pela qual as actividades huma-nas conseguem ser sempre absolvidas e “perdoadas” pela natureza. Os tempos modernos já demonstraram claramente o contrário, a natureza não perdoa.

Essa visão incorrecta tem a ver com a observação superficial feita ao longo dos anos. Na verdade, as alterações ocorridas no planeta já ultrapassaram o conhecimento clássico do ser humano sobre a matéria, tudo devido à nossa grande capacidade de transformar a na-tureza, em proveito próprio, o que fez com que se sobrepusesse à capacidade da natureza, alterando as suas próprias leis em consequência da rapidez e da dimensão das alterações.

Todos os aspectos da acção humana influenciam a natureza, sendo que, à pri-meira vista e cada vez mais, com isso se satisfazem os muitos desejos e necessi-dades do Homem. Só que essa marca de influência não corresponde às leis da na-tureza, destruindo, por isso, largamente todo o mecanismo de equilíbrio.

No livro o Autor mostra-nos vários problemas que estão a causar impacto na nossa vida quotidiana, por exem-plo, os vários tipos de emissão de gases com efeito de estufa, as consequências do aquecimento global, os fenómenos anormais da subida de temperatura, a extinção de espécies animais e ve-getais, a subida do nível do mar, etc.. Grande parte disso tem a sua origem na utilização da energia para a produ-ção industrial e a sobrevivência do ser humano: um tipo que inevitavelmente liberta gases de estufa (dióxido de car-bono) e outros compostos químicos.

Anos após a publicação do livro, a quantidade de gases de estufa libertados não só não diminuiu como, pelo con-trário, sofreu um aumento considerável, mostrando, com realidades cruéis, que não houve o mais pequeno sinal de me-lhoria. No período de 30 anos antes de 1989, houve um aumento de 10% de di-óxido de carbono na atmosfera, de 315 unidade por milhão para 350 unidades por milhão. De acordo com os dados do vulcão Mauna Loa, até 1999, o nível de concentração de dióxido de carbo-no na atmosfera aproximou-se das 365 unidades por milhão, um aumento de 1/1000 mil por mês, ao mesmo tempo

que a quantidade de dióxido de carbono libertado nos Estados Unidos da Améri-ca aumentou de 13,2 milhões de tone-ladas para 15 milhões de toneladas, um aumento na razão de 1% ao ano.

No final do século passado, houve uma grande discrepância entre a atenção dada ao “Vírus do Milénio” e ao proble-ma do aquecimento global. A possibili-dade preocupante da desintegração da economia mundial devido ao Vírus do Milénio reflectia um sentimento de fim do mundo (a realidade provou que não era tão grave como se imaginou nesta matéria), ao passo que se verificou um descuido com o problema das alterações ambientais, o que, para Bill MckiBBen, é uma verdadeira preocupação que é ca-paz de causar o fim da natureza.

A concentração de metano na at-mosfera flutuou entre 0,3 e 0,7 partes por milhão nos últimos 160 mil anos. Em 1987, o metano compunha 1,7 par-te por milhão da atmosfera e o nível foi

aumentando ao ritmo de 1 por cento ao ano. Apesar de se verificar uma redução do ritmo nos anos 90, historicamente a taxa de crescimento anual do metano foi, aproximadamente, de 5 por um mi-lhão. Enquanto o dióxido de carbono ou a combinação equivalente de dióxido de carbono se mantiver nos níveis dos anos 80, e outros gases de estufa duplicarem em relação aos níveis da pré-revolução industrial, a temperatura média global aumentará, de 1,5 a 4,5 graus centígra-dos. Um relatório de cientistas de mais de 150 países prevê que no ano 2100 a temperatura média global aumenta-rá entre 1 e 3,5 graus centígrados. No entanto, outro estudo demonstra que, se a humanidade continuar ao ritmo ac-tual de crescimento dos veículos moto-rizados, de abertura de mais fábricas e o aumento de escala de produção, bem

(Continua na página seguinte)

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18 hoje macau terça-feira 15.4.2014h

como continuar com a desflorestação do planeta, no final do Século XXI, o au-mento da temperatura será de 3 a 4 ve-zes mais. Historicamente, sete dos dez anos mais quentes ocorreram na década de 90 do século passado, sendo o ano de 1998 o mais quente.

Uma das consequências do aumento da temperatura é a subida do nível do mar – isto é, a altura média da água em mar aberto causada pelo degelo nas re-giões polares – é um facto preocupante para o desenvolvimento humano e mes-mo para a sua sobrevivência, nomeada-mente para os povos das zonas contíguas a essas regiões. Segundo dados científi-cos, o nível do mar poderá subir mais 2-3 polegadas até 2100. Por outro lado, veri-fica-se cada vez mais a crise das espécies em via de extinção, isto também devido à alteração da atmosfera e às mudanças da temperatura. Desde a época do Silent Spring, o mundo começou a notar que al-guns animais e plantas foram obrigados a mudar os seus hábitos e até os sítios onde viviam para se habituarem aos ritmos da mudança ambiental. Contudo, perante uma mudança tão brutal causada pelo Homem, nem todos os animais e plantas conseguiram sobreviver, daí percebemos porque é que hoje em dia não se vêem alguns animais e plantas.

O desenvolvimento da ciência gené-tica nas últimas décadas é vista como um avanço significativo para a humanidade. Mas ainda não conseguimos avaliar sufi-cientemente bem o significado dos genes e a nossa capacidade de os manipular. No entanto, estamos rapidamente a alterar a vida da natureza ao nível do ADN, atra-vés de vários métodos de alteração de estrutura e de espécies, criando diversas formas atípicas e especiais de genes e clo-nes. No meio disso, por um lado satisfaz--se a ambição do ser humano de se fazer de Deus criador, por outro, altera-se a estrutura fundamental da natureza, que cada vez mais será construída de acordo com a estrutura desenvolvida artificial-mente pelo Homem.

2. AS CRÍTICAS E AS PREVISÕES The End of Nature é uma obra onde se en-contram imensas preocupações profun-das no que toca nas consequências gra-ves causadas pelo problema ambiental ao nosso planeta. Aparentemente, é um livro em que se destaca a questão da natureza em si mesma, da velocidade e dimensão da mudança desta mesma na-tureza. No entanto, numa análise mais atenciosa, a sua preocupação central é com o ser humano, que não conseguirá sobreviver nem desenvolver-se isolada-mente da natureza, dado que o nosso planeta Terra é a base da actividade humana. Se um dia essa base deixar de existir, como é que nós – a vida huma-na – conseguimos continuar a existir? Ao questionar isso, o Autor mostra a sua inquietação e revela um certo pessi-mismo. Mas é de facto chocante que as pessoas estejam desinteressadas e indi-

ferentes perante a chegada antecipada – mais de uma semana – da Primavera ao Hemisfério Norte.

Em toda a década de 90, as políticas e orientações económicas mantinham--se sempre inalteradas no que toca à sua relação com a questão ambiental: tirando algumas conferências e decla-rações internacionais, que nem sequer foram levadas a sério, nada foi efectiva-mente feito para evitar a mudança fatal do ambiente. As ciências naturais têm mostrado as consequências gravíssimas da destruição da natureza, mas sem a colaboração da política e da economia, as ciências naturais por si isoladamente nunca serão capazes de alterar a cons-ciência do Homem e muito menos de o salvar da ameaça do fim da natureza. Na maior parte das vezes, as ciências naturais servem para levar à prática as políticas adequadas e bem pensadas. Po-rém, verifica-se também que, às vezes, a ciência natural desvia-se do seu dever original, dando razão a políticas menos correctas por uma questão de conveni-ência. Perante esse fenómeno escanda-loso, o Autor queixa-se: “é puro engano do conhecimento científico.”

Sem qualquer sombra de dúvidas, os dados científicos já conhecidos têm grande relevância em temos de orien-tar a actividade humana, ao passo que é da mesma importância a previsão e dedução com base nessas conclusões cientificas, no sentido de procurar um caminho melhor para o futuro da hu-manidade no seu conjunto. É esse o ponto mais importante desta obra de Bill MckiBBen. O Autor diz-nos que, pela primeira vez na história do ser humano, nós ficámos tão fortes que mudamos tudo à nossa volta neste pla-neta. Como uma força independente, nós fizemos e continuamos a fazer tudo para alterar o nosso ambiente. Estão reflectidos os nossos desejos, os nos-sos hábitos enquanto com orientações pura e simplesmente antropocêntricas. Até em cada metro cúbico e em cada grau de subida de temperaturas senti-mos isso. O ser humano torna-se uma corrente com uma força decisiva no seu destino, a natureza fica de tal maneira influenciada por nós que até podíamos dizer que o tufão, a tempestade e a inundação começam a ser vistos como o resultado dos comportamentos do Homem, não mais da vontade de Deus.

As consequências da actividade hu-mana são latentes e desconhecidas, mas ao mesmo tempo são enormes. Infeliz-mente é a nossa geração que tem que presenciar o processo destas alterações. No entanto, do ponto de vista do uni-verso infinito, trata-se de apenas um momento na sua história de milhares de biliões de anos. Por isso mesmo, as fu-turas gerações sofrerão as mesmas dores que nos sofremos, ou, ainda maiores.

Existem solução ou saída perante essa terrível ameaça do fim da natureza?

A resposta é positiva. Uma das for-mas de combater essa situação é através de normas jurídicas e políticas ambien-tais. É mais uma decisão colectiva de ficarmos dispostos a auto-limitarmo--nos. É ou não possível adoptar uma posição colectiva? É possível, mas tra-ta-se dum passo extremamente difícil e bastante complicado, porque signifi-caria que toda a nossa forma de viver ficava sujeita a modificações no sentido de melhorar a maneira de convivência entre o Homem e a natureza.

Desde logo trata-se de reduzir a nossa dependência no consumo de combustí-veis fósseis, falando-se já na redução do consumo desse tipo de energia na ordem dos 70%. Hoje em dia, a vida moderna faz com que as pessoas procurem mais o consumo luxuoso que exige mais dos recursos naturais. Como diz o Autor: não há razões para espanto em relação à fal-ta de progresso na procura de soluções para o problema do aquecimento global, pois, de certa maneira, o mundo materia-lista de hoje, em que a economia domina tudo, é muito mais solicitado e real para nós do que o mundo da natureza, do nos-so ambiente. Ao preocuparem-se apenas com o desenvolvimento económico, os nossos políticos fazem mais e mais de-cisões nesse sentido, sem olhar ao resto da realidade, nomeadamente no que toca aos assuntos ambientais. Com isto, en-fraquece-se a importância de alterações ambientais que deviam ser consideradas em primeiro lugar, como o fundamento do desenvolvimento económico.

Visto isto, podemos dizer que o fim da natureza é o resultado inevitável de práticas derivadas do consumismo. Bill MckiBBen tirou a sua conclusão pessi-mista com base em todos os factos ob-servados ao longo dos anos, dizendo que agora já é demasiado tarde para evi-tar o aquecimento global, o que se pode fazer é apenas tentar o máximo para não agravar. Contudo, o Autor faz-nos duas perguntas: O que é que devemos fazer perante a ameaça do fim da natureza? Como é que devemos agir na medi-da em que cada um de nós é também responsável por essa ameaça? São duas perguntas complicadas e daí vem o pes-simismo do autor: “é uma tristeza que não consigo nunca ignorar!”

IV. CONSIDERAÇÃO FINALHá muitos anos que O Fim da Natureza tem sido uma obra de referência quan-

do se fala na protecção do ambiente. É uma reflexão das nossas preocupações quanto aos problemas ecológicos, com base em dados científicos e as transfor-mações reais do nosso ambiente. A obra mostra-nos que o nosso planeta tem tido umas mudanças irreversíveis devido às actividades humanas cujo fim é fazer essa transformação da natureza mesmo, o que traz como resultado inesperado a natureza ser cada vez menos agradável para nós e termos um planeta deteriora-do. O tíulo do livro é O fim da natureza, no entanto, a natureza aqui não quer di-zer o universo, mas sim o nosso planeta Terra, onde o ser humano nasceu, cres-ceu, e quer continuar a nascer e a cres-cer, é este lugar que está a caminho do seu fim.

Para evitar esse fim, dentro de ou-tras soluções, exige-se uma mudança profunda do nosso auto-conhecimen-to enquanto um dos elementos da na-tureza. Anteriormente, os movimen-tos de protecção do ambiente eram orientados mais pelo antropocentris-mo. Segundo o Autor, a ideia correc-ta seria o ecocentrismo. Ele acha que o ser humano está a ser demasiado presunçoso na sua atitude com a na-tureza, querendo ocupar sempre o lu-gar de comandante. O Homem devia ter mais respeito pela natureza, pelo ambiente onde nós vivemos e pelas outras espécies do nosso planeta. A protecção do ambiente não é apenas uma preocupação das ciências natu-rais, mas também das ciências sociais.

Substancialmente, o problema am-biental não é considerado um proble-ma físico ou químico, é, de facto, um problema económico e social. Como é que se conciliam as questões de cres-cimento económico e de protecção do ambiente? Podemos levar tudo até ao extremo para proteger o nosso ambien-te sem ter em conta o desenvolvimento económico? Qual será a resposta? No livro o Autor não deu uma resposta em termos científicos, mas sim uma obser-vação muito sensibilizada: “a procura da riqueza, a pressão da pobreza, o excesso da população – esses e outros factores ditos atrás – fazem-me muito pessimista, não sei se nós conseguiremos aproveitar dramaticamente as oportunidades de alterar a nossa maneira de pensar e viver, e assim tornarmo-nos mais mo-destos antes de se verificar a maior tragédia.” Infelizmente, nos dias de hoje, pala-vras como pessimista e dramaticamente não nos deixam nada confiantes em relação àquilo que está a acontecer ao nosso ambiente e as preocupações permane-cerão sobre a nossa mesa.

1 A Autora é Mestre em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, tendo feito o seu curso de Licenciatura na mesma Escola. Encontra-se na fase de elaboração da tese de Doutoramento cujo tema se relaciona com o Direito do Ambiente. Actualmente é docente da Faculdade de Direito da Universidade de Macau.

2 1817-1862, naturalista e filósofo americano.3 1907-1964, bióloga americana.

VERIFICA-SE CADA

VEZ MAIS A CRISE DAS

ESPÉCIES EM VIA DE

EXTINÇÃO, ISTO TAMBÉM

DEVIDO À ALTERAÇÃO

DA ATMOSFERA E

ÀS MUDANÇAS DA

TEMPERATURA

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19 publicidadehoje macau terça-feira 15.4.2014

AVISO

Plano de financiamento para a frequência de cursos de educação por alunos excelentes no ano lectivo 2014/2015

No ano lectivo 2012/2013, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) criou o Plano de financiamento para a frequência de cursos de educação por alunos excelentes, destinado a encorajar os alunos excelentes de Macau a frequentarem cursos de licenciatura que incluam a componente de formação pedagógica, de modo a formar docentes de alta qualidade e quadros qualificados, para o desenvolvimento da sociedade no futuro.

A fase de candidatura a este plano, para o ano lectivo 2014/2015, realiza-se entre os dias 14 de Abril e 9 de Maio de 2014. Os destinatários e as vagas a financiar incluem:

1. Finalistas, deste ano, do ensino secundário de Macau – a candidatura deve ser recomendada pelas escolas que frequentaram, durante o prazo da mesma. Existem 80 vagas disponíveis.

2. Outros graduados do ensino secundário de anos anteriores – entregar os documentos para a candidatura, durante o prazo da mesma, na Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (Av. D. João IV, n.os 7-9, 1.° andar, Macau). Existem 20 vagas disponíveis.

Os alunos seleccionados, de acordo com os locais de frequência dos cursos, receberão um financiamento de montante fixo, comprometendo-se a trabalhar como professores, nas escolas oficiais ou particulares de Macau, após a conclusão do curso, sendo o período de serviço igual àquele durante o qual os beneficiários receberam o financiamento, adicionado de três anos.

O estatuto e o boletim de candidatura podem ser obtidos na DSEJ, ou descarregados através do website: http://www.dsej.gov.mo. Para mais informações queira ligar, por favor, para o telefone 83972512, ou contactar os serviços através do e-mail: [email protected].

Aos 2 de Abril de 2014

A Directora,Leong Lai

Notificação n.º 001/SS/GPCT/2014

Considerando que não é possível notificar os interessados, pessoalmente, por ofício, via telefónica, nem por outro meio, nos termos do artigo 68.º, do n.º 1 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, bem como dos respectivos procedimentos sancionatórios regulados no artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro, o signatário notifica, pela presente, de acordo com o n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, os infractores, constantes da tabela desta notificação, do conteúdo das respectivas decisões sancionatórias:

Em conformidade com o artigo 25.º da Lei n.º 5/2011 (Regime de prevenção e controlo do tabagismo), e tendo em consideração as infracções administrativas comprovadas, a existência de culpa e não existência de qualquer circunstância agravante confirmada, o Director dos Serviços de Saúde determina que: 1. Foram aplicadas aos infractores, constantes da Tabela I em anexo, as multas previstas no artigo 23.º

da Lei n.º 5/2011, no valor de 400 patacas (MOP 400,00) (cada infracção): Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas

ao disposto no artigo 4.º, porquanto resultam da prática de actos de “fumar em locais proibidos”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela I)

2. Além disso, os infractores podem ainda apresentar reclamação contra os actos sancionatórios junto do autor do acto, no prazo de quinze (15) dias, a contar da data da publicação da notificação, nos termos do artigo 145.º, do n.º 1 do artigo 148.º e do artigo 149.º do Código do Procedimento Administrativo, sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 123.º do referido Código.

Para efeitos do disposto no n.º 2 do artigo 150.º do mesmo Código, a reclamação não tem efeito suspensivo sobre o acto, salvo disposição legal em contrário.

3. Quanto aos actos sancionatórios, os infractores podem apresentar recurso contencioso no prazo estipulado nos artigos 25.º e 26.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro, junto do Tribunal Administrativo da Região Administrativa Especial de Macau, sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 27.º do referido Código.

4. Sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 75.º do Código do Procedimento Administrativo, para efeitos das disposições do n.º 7 do artigo 29.º da Lei n.º 5/2011, os infractores deverão efectuar a liquidação das multas aplicadas, dentro do prazo de trinta (30) dias, a partir da data de publicação desta notificação, no Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo, sito na Estrada de S. Francisco n.º 5, Macau. Caso contrário, os Serviços de Saúde submeterão o processo à Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças para efeitos da cobrança coerciva, de acordo com o artigo 29.º do Decreto-Lei n.º 30/99/M e o artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M.

5. Não é de atender a esta notificação, caso os infractores constantes da tabela anexa tenham já saldado, aquando da presente publicação, as respectivas multas, resultantes da acusação.

6. Para informações mais pormenorizadas, os interessados poderão ligar para o telefone n.º 2855 6789 ou dirigir-se pessoalmente ao referido Gabinete para a Prevenção e Controlo do Tabagismo. 17 de 03 de 2014.

O Director dos Serviços de Saúde,Lei Chin Ion

Tabela I

Nome Sexo

Tipo e n.º do documento de identificação

N.º da acusação

Data da infracção

Data em que foram exarados os despachos de

aplicação das multas

1 LEI KA MENG M (*1) 74104XX(X) 100078550 2013/01/09 2014/03/17

2 LI KWONG FONG M (*4) Y1432XX(X) 100071580 2013/01/10 2014/03/17

3 WONG SEK PUI M (*1) 74090XX(X) 100071829 2013/01/23 2014/03/17

4 胡思敏 F (*1) 12685XX(X) 100071784 2013/01/29 2014/03/17

5 CHIANG CHI SENG M (*1) 51632XX(X) 100189509 2013/02/19 2014/03/17

6 HONG, CHIO WAI M (*1) 72645XX(X) 100193223 2013/03/15 2014/03/17

7 歐陽啓耀 M (*1) 74154XX(X) 100072659 2013/03/19 2014/03/17

8 LIU HONGZHEN M (*3) W71978XXX 100072045 2013/04/16 2014/03/17

9 CHAN SIO KUN M (*1) 50687XX(X) 100213297 2013/05/06 2014/03/17

10 HONG CHIO WAI M (*1) 72645XX(X) 100213306 2013/05/08 2014/03/17

11 CHAN U KUAI M (*1) 74167XX(X) 100213382 2013/05/13 2014/03/17

12 CHEN JIXUE M (*1) 15506XX(X) 100213477 2013/05/23 2014/03/17

13 HONG CHIO WAI M (*1) 72645XX(X) 100181434 2013/06/03 2014/03/17

14 管智平 M (*1) 51987XX(X) 100022040 2013/06/07 2014/03/17

15 林裕恒 M (*1) 12600XX(X) 100022064 2013/06/07 2014/03/17

16 LAO CHON KIT M (*1) 12384XX(X) 100022076 2013/06/07 2014/03/17

17 CHANG VAI MENG M (*1) 71614XX(X) 100210582 2013/07/01 2014/03/1718 LAI CHI IAO M (*1) 74408XX(X) 100078780 2013/07/10 2014/03/17

19 趙新量 M (*1) 51765XX(X) 100074221 2013/07/17 2014/03/17

20 FERRER FRANKLIENT AGAS M (*2) EB2827XXX 100181496 2013/09/06 2014/03/17

21 SOU UN WAN F (*1) 14286XX(X) 100073164 2013/09/11 2014/03/1722 MAK PUI TIM M (*1) 50453XX(X) 100181785 2013/10/07 2014/03/17

23 RATHOMI GUNTUR M (*2) A1174XXX 100074560 2013/10/15 2014/03/17

24 KUOK KAI WA M (*1) 74076XX(X) 100181567 2013/10/21 2014/03/17

25 CHAN CHIO CHUN M (*1) 12862XX(X) 100181903 2013/11/06 2014/03/17

26 HO PENG M (*1) 50732XX(X) 100074681 2013/11/07 2014/03/17

27 LAM KA CHON M (*1) 12596XX(X) 100182226 2013/11/29 2014/03/17

28 IEONG CHI PUI M (*1) 13643XX(X) 100182238 2013/12/06 2014/03/17

Nota: (*1) Bilhete de Identidade de Residente da Região Administrativa Especial de Macau(*2) Passaporte(*3) Salvo-conduto de residente da República Popular da China para deslocação a Hong Kong e Macau(*4) Bilhete de Identidade de Residente da Região Administrativa Especial de Hong Kong

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CLÁU

DIA

ARAN

DA

20 DESPORTO hoje macau terça-feira 15.4.2014

BRUNO ÁLVARES COLOCA SPORTING NO LOTE DE CANDIDATOS AO TÍTULO

“Benfica quer vencer em todas as frentes”MARCO [email protected]

O Benfica chega à lideran-ça da Liga de Elite na úl-tima jornada da primeira volta da competição. Satis-feito com o desempenho da equipa, neste seu regresso a Macau?Com o desempenho da equipa, estou muito contente desde o primeiro dia em que regressei. Temos não só tido a preocupação de vencer, que é acima de tudo o que queremos, mas também de garantir que a equipa evolua todas as semanas, todos os treinos e todos os jogos. Temos tido a preocupação de trabalhar para que a equipa se apresente em todos os jogos com uma maior qua-lidade e nós possamos sentir este processo de evolução de jogo para jogo. Estou muito satisfeito também com a atitude que os meus jogado-res têm tido do primeiro ao último minuto de jogo, seja qual for o adversário. Têm tido uma atitude fantástica. Quanto à parte de estarmos ou não na liderança... Re-partimos a liderança com o Monte Carlo, equipa com a qual o Benfica perdeu na primeira volta e como tal, aquilo que vamos continuar a fazer é a zelar sobretudo para que este processo de evolução da equipa continue a surtir resultados, encarar com seriedade cada jogo e procurar manter esta atitude de lutar pelos três pontos do primeiro ao último minuto de jogo para que no final, logicamente, possamos terminar na frente.

Frente ao Sporting, o equilíbrio foi a nota domi-nante. O Sporting perde um jogador ao intervalo e o Benfica faz o que lhe é exigido e tira proveitos da superioridade numérica. A expulsão de Francisco Cunha é o momento deter-minante da partida?Uma expulsão é sempre determinante, seja em que altura for. Tendo ocorrido no final da primeira parte, é óbvio que influiu e ajudou a alterar a história do jogo. No ano passado, ainda assim, ganhámos um jogo com me-nos um jogador em campo, contra o Lam Pak. Era um

“A falta de qualidade dos relvados tem nos condicionado imenso. Temos tido uma grande preocupação durante a semana de conduzir um trabalho preventivo de lesões”

O onze da Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau despediu-se da primeira volta da Liga de Elite na liderança da prova, em igualdade pontual com o Monte Carlo. Depois de um arranque periclitante de campeonato, as águias do território recuperaram a estabilidade perdida sob a batuta do regressado Bruno Álvares. O técnico fala sem papas na língua dos objectivos da equipa: vencer no Campeonato e renovar a vitória na Taça

jogo decisivo, ganhámos por 2-1 e também tínhamos menos um. Não serve, por-tanto, de qualquer tipo de desculpa. Ainda assim, na primeira parte, o Sporting criou-nos mais dificulda-des. Tivemos menos espaço para criar situações de golo e o Sporting obrigou-nos a ter menos controlo do jogo do que tínhamos tido nos últimos desafios. Isto foi algo que nos condicionou ao máximo. Na segunda parte,

com mais espaço, com a dinâmica que impusemos e com uma pressão ainda mais forte, o Sporting teve mais dificuldade em travar o nosso jogo e a prova de que assim foi é que o jogo foi muito duro, com muitas faltas tanto na primeira parte, como na segunda. Na segunda parte as faltas foram dentro da grande área e essas infracções são sancionadas com penalti. Na primeira parte já tinha ficado uma

grande penalidade para as-sinalar com mão de Wamba na área ...

Vitória, mas com uma contrariedade já no final da partida …Sim. Já não é a primeira. A falta de qualidade dos relva-dos tem nos condicionado imenso. Temos tido uma grande preocupação du-rante a semana de conduzir um trabalho preventivo de lesões. Dedicamos muito

tempo do nosso treino ao de-senvolvimento de exercícios proprioceptivos para conse-guir, de certa forma, prevenir algumas lesões, mas o que é certo é que a treinar nos pisos em que treinamos … São três pisos diferentes, os que estão à nossa disposição para treinar. Treinamos em relvados, como os do campo da Universidade de Ciência e Tecnologia, que estão longe de estar nas melhores condições. Um dos nossos

jogadores, o Lei Ka On, teve uma lesão grave no joelho esquerdo. Lesionou-se so-zinho, sem contacto. Parece que agora o Fabrício Lima também se lesionou, parece que sozinho, num relvado que já começa a perder qua-lidades. Temos de avaliar a lesão e as condições em que trabalhámos. Não é por isso que as selecções deixam de treinar aqui durante a sema-na: de Sub-18, de Sub-16 e de Sub-23. É um treino de selecção, mas há doze a treinar. De qualquer forma não deixam de vir para a relva. É desigual.

Temos metade do campeo-nato pela frente. O Benfica é candidato?O Benfica sempre foi can-didato. Nós não fugimos a essa questão. Nós queremos ganhar e somos candidatos sempre, seja no campeonato, seja na Taça e não fugimos a isso. Não vamos estar aqui com meios discursos como as pessoas que orbi-tam ao redor do Sporting têm. Não falo se calhar da dupla de treinadores, mas na entourage do Sporting o que se ouviu na semana passada é que as ambições não eram estas. No final da primeira volta, a equipa está em primeiro e tem mais um ponto. O discurso que escutávamos era que a equipa iria lutar pelo quinto ou pelo sexto e que a equipa, coitadinha, protagonizou a maior surpresa da primeira volta, mas continuam a ser os coitadinhos que vão conti-nuar tentar a surpreender …

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21 desportohoje macau terça-feira 15.4.2014

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ANÚNCIOHM-1ª vez 15-4-14

Processo nº: FM1-13-0193-CDL Juízo de família eDivórcio Litigioso de menores

Autora: 吳泳清 (NG WENG CHENG), de sexo feminino, da nacionalidade chinesa, titular do Bilhete de Identidade de residente de Macau, com residência em: Pátio Central, nº 6, Bloco G/F, R/C, Macau.Réu: 陳偉山 (CHAN WAI SAN), de sexo masculino, da nacionalidade chinesa, titular do Bilhete de identidade de residente de Macau, com última residência conhecida em Pátio Central, nº 6, Bloco G/F, R/C, Macau, ora ausente em parte incerta.

*** FAZ-SE SABER que pelo Juízo de família e de menores do Tribunal Judicial de Base da RAEM, correm éditos de TRINTA DIAS, contados a partir da segunda e última publicação do anúncio, citando o réu acima identificado, para no prazo de TRINTA DIAS, findo dos éditos, contestar, querendo, a petição inicial dos autos de divórcio litigioso acima indicados, apresentada pela autora, na qual pede a autora que seja decretado o divórcio entre ela e o réu, com culpa exclusiva do réu, e a condenação do pagamento das custas e da procuradoria deste processo pelo réu, e a atribuição do poder paternal das filhas menores à autora, tudo como melhor consta da petição inicial, cujo duplicado se encontra nesta Secretaria à sua disposição, sendo obrigatória a constituição de advogado, nos termos do artigo 74º do Código Processo Civil. O réu será expressamente advertido de que a falta de contestação não importa reconhecimento dos factos articulados pela autora e o referido processo seguir os seus termos à sua revelia. R.A.E.M. aos 09 de Abril de 2014.

***

BRUNO ÁLVARES COLOCA SPORTING NO LOTE DE CANDIDATOS AO TÍTULO

“Benfica quer vencer em todas as frentes”

“O Benfica sempre foi candidato. Nós não fugimos a essa questão. Nós queremos ganhar e somos candidatos sempre, seja no campeonato, seja na Taça e não fugimos a isso”

C ABO Verde con-firmou a presença nos IX Jogos da

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorrem de 26 de Julho a 2 de agosto em Luanda, noticiou ontem a imprensa cabo--verdiana.

Fonte da Direcção Ge-ral dos Desportos (DGD) cabo-verdiana indicou estar já em contacto com as diferentes federações nacionais para se definir as modalidades em que Cabo Verde irá participar e que estão a ser elaborados os planos, programas e mo-bilização de verbas para a deslocação da caravana.

Os IX Jogos da Lu-sofonia estiveram ini-cialmente previstos para São Tomé e Príncipe, que acabou por abdicar, face à

falta de meios financeiros, razão pela qual o evento foi transferido para Luan-da. Nesse sentido, a capi-tal angolana vai receber jovens, até aos 16 anos, de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Os jogos contarão com torneios de ande-bol, atletismo, desporto adaptado, basquetebol, futebol, judo, natação, ténis e voleibol de praia.

A última edição dos Jogos da Lusofonia de-correu, com um atraso de mais de seis meses, em Janeiro deste ano, em Goa, em que Cabo Verde participou em cin-co modalidades - judo, basquetebol, atletismo, voleibol e taekwondo.

A Coreia do Norte celebrou este domingo a sua maratona anual

na capital, Pyongyang, com a participação de mais de 1.000 pessoas e num evento que abriu as suas portas, pela primeira vez, aos atle-tas amadores estrangeiros, informou a agência estatal KCNA.

“Mais de 1.000 homens e mulheres maratonistas e simpatizantes percorreram com forte vontade e paci-ência toda a distância” a maratona, que se dividiu em três categorias de 42,19 qui-lómetros, 21,09 quilómetros e 10 quilómetros, segundo a descrição da agência.

Para além dos desportis-tas profissionais da Coreia do Norte e de outros países, participaram também ama-dores estrangeiros, algo que nunca tinha acontecido.

CPLP CABO VERDE CONFIRMA PRESENÇA NOS IX JOGOS

Esperem por nós em Luanda

COREIA DO NORTE CELEBRA MARATONA COM PRESENÇA DE ESTRANGEIROS

Correr para o líder

O evento desportivo “reuniu corredores de ma-ratona de 15 países e re-giões, incluindo a RPDC (Coreia do Norte), China, Rússia, Namíbia, África do Sul, Ucrânia, Etiópia, Zimbabué, Quénia, assim como Alemanha, Noruega,

Suíça, Austrália”, descre-veu a KCNA.

A agência japonesa Kyodo referiu que mais de 200 dos 1.000 participantes da maratona eram estran-geiros, um número mais elevado que nas edições anteriores. “É totalmente

diferente de qualquer outra coisa, é sem dúvida único”, declarou à Kyodo um ci-dadão britânico, William Marks, escriturário, de 30 anos, que participou na maratona organizada na capital do país mais her-mético do mundo.

O evento decorreu como forma de homena-gem ao falecido fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung, nas celebrações do 102º aniversário do seu nascimento a 15 de abril.

Os norte-coreanos Pak Chol e Kim Hye-gyon venceram, respectivamen-te, as provas masculina e feminina, o ruandês Jean Pierre Mvuyekure e a nor-te-coreana Kim Hye-song venceram na segunda ca-tegoria e o ucraniano Ivan Babaryka e a norte-coreana Kim Mi Gyonh terminou no terceiro lugar.

Ficou no domingo provado que o Sporting tem uma excelente equipa, está muito bem orientada pela dupla de treinadores que tem e é, no meu entender, também um candidato ao título. Acho que as equipas não têm de ter medo de assumir isso. O investimento que o Sporting fez também é muito grande. Se olharmos para o onze inicial, se calhar não há mais jogadores em part-time do lado do Sporting do que do lado do Benfica. Se calhar são tantos os jogadores que estão a tempo inteiro no Sporting como os que só vivem exclusivamente do futebol no Benfica. Basta

fazer esse exercício ao olhar para os onze iniciais. Tam-bém jogamos com bombei-ros, também jogamos com polícias, também jogamos com atletas que são segu-ranças nos casinos, também jogámos com malta que tra-balha nos bancos. Sucede de igual forma. O Sporting tem tido um desempenho que o coloca no lote dos candida-tos ao título. Respondendo à sua pergunta, o Benfica é candidato ao título. O Monte Carlo é candidato ao título e certamente querem renovar o triunfo alcançado há um ano e o Sporting tem, obri-gatoriamente, nesta segunda volta também de lutar pelo título. Estão três equipas na corrida e no final cabe-nos estar na frente. Queremos ser os melhores.

O Ka I não entra na sua equação?O Ka I entra menos um pouco. Não que não tenha jogadores de qualidade, porque se olharmos para os jogadores do Ka I todos eles têm uma qualidade tremenda e todos eles têm condições para jogar nas melhores equipas de Macau, sejam elas quais forem. Não se tem visto é um colectivo forte, que são coisas diferentes, não é? É difícil um jogador no Benfica ter um destaque tão grande como acontece em outras equipas. Nós não temos um número dez ou um capitão que chegada a esta altura da época bate as

bolas paradas todas. Temos bons jogadores, mas todo o plantel é muito equilibrado e tem muita qualidade.Se olharmos para o Ka I, in-dividualmente tem grandes jogadores,mas não tem um colectivo forte. Não tem tido pelo menos até aqui. É, ainda assim, uma equipa que teremos de ter em conta. O ano passado penso que foi feito um bom trabalho com a equipa do Lam Pak, pelo treinador que está agora no Ka I. Se olharmos para os dois jogos que o Benfica teve contra o Lam Pak, foram dois jogos de muita dificuldade e eu acredito que vamos ter um Ka I

diferente na segunda volta do Campeonato, a lutar pelo triunfo nesta Liga de Elite também. Tem excelentes jo-gadores, falta um colectivo, mas é uma das equipas que não podemos por de parte …

O Bruno foi o treinador que melhores resultados conseguiu no comando do Benfica. Regressa agora. Este regresso é um regresso definitivo ou ainda é cedo para equacionar o futuro?Definitivo como?

Fica só até ao final desta temporada ou teremos o Bruno Álvares no banco encarnado por um período mais longo?O futebol é uma caixa de surpresas. Estar nesta altura a pensar nisso, com tanta questão que tenho para ava-liar e com tanta questão que o clube tem para avaliar, acho que é uma questão que não se coloca. Até ao final da época, espero – e no futebol nunca nada é certo – ser o treina-dor do Benfixa de Macau. Como tive oportunidade de mencionar durante a semana passada, estou muito satis-feito por estar de regresso, estou muito satisfeito por estar novamente à frente da equipa do Benfica de Macau e espero sobretudo este ano conseguir os objectivos da equipa, que não são míni-mos, são máximos: é ganhar o Campeonato e renovar a vitória na Taça. No final va-mos ter tempo para abordar todas essas questões.

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22 FUTILIDADES hoje macau terça-feira 15.4.2014

Pu YiPOR MIM FALO

João Corvofonte da inveja

C I N E M ACineteatro

SALA 1CAPTAIN AMERICA:THE WINTER SOLDIER [B]Um filme de: Anthony e Joe RussoCom: Chris Evans, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson14.15, 16.45, 21.45

CAPTAIN AMERICA:THE WINTER SOLDIER [3D] [B]Um filme de: Anthony e Joe RussoCom: Chris Evans, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson19.15

SALA 2 WHERE ARE YOU GOING, DAD? [A](FALADO EM CANTONÊS LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Xie DikuiCom: Jimmy Lin, Guo Tao, Tian Liang14.30, 16.30, 19.30

NOAH [C]Um filme de: Darren AronofskyCom: Russell Crowe, Anthony Hopkins, Jennifer Connelly21.30

SALA 3TWELVE NIGHTS [B](FALADO EM MANDARIM LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Raye14.30, 16.30, 19.00

KANO [B](FALADO EM JAPONÊS, HOKKIEN E HAKKAE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Chih-HsiangCom: Masatoshi Nagase, Oosawa Takao, Togo Igawa21.00

CAPTAIN AMERICA: THE WINTER SOLDIER

Graças a Deus

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 21 MAX 25 HUM 75-95% • EURO 11.0 BAHT 0 .2 YUAN 1.3

Podes morder a mão que te dá de comer,mas nunca a que te dá de beber.

15 de Abril, nasce Fernando Pessa• Quinze de Abril é dia de nascimento e morte de grandes nomes, como Leonardo da Vinci, Greta Garbo, Goya, ou Beatriz Costa, ou ainda Durkheim e Sartre. No entanto, destaca-se outro nome: Fernando Pessa, jornalista português com uma história de vida notável. E esta, hein? Fernando Luís de Oliveira Pessa nasceu em Vera Cruz, Aveiro, a 15 de Abril de 1902. Filho de um médico militar, concluiu o ensino secundário e tentou ingressar na carreira militar, como oficial de Cavalaria. Na I Guerra Mundial, havia oficiais em excesso e só era admitido quem frequentasse o Colégio Militar de Lisboa. Este facto levou a que Pessa fosse ‘desviado’ para outra carreira. Em 1934, tenta entrar nos quadros da Emissora Nacional, o que consegue, entrando no jornalismo por via da Rádio. Recebe um convite para trabalhar na BBC, em Londres. Passa a ler os noticiários e notabiliza-se como correspondente durante a II Guerra Mundial, numa altura em que decorriam bombardeamentos alemães sobre a capital inglesa. De volta a Portugal, como repórter da RTP, realizou inúmeras reportagens, onde denunciava situações de injustiça e dignas da sua própria indignação, transmitida com ironia. Nasce a expressão ‘E esta, hein?’, que se torna numa imagem de marca de Fernando Pessa. Foi distinguido com a Ordem do Império Britânico, pelo trabalho realizado durante a II Guerra Mundial, como correspondente. A 10 de Junho de 1981, Ramalho Eanes, então Presidente da República, atribui-lhe o título de Comendador, o Dia de Portugal. Pessa reforma-se em 1995, com 93 anos de idade. Viria a morrer a 29 de Abril de 2002, em Lisboa, dias depois de completar 100 anos de uma vida imensa. O jornalismo português perdeu um dos seus grandes símbolos.

ACONTECEU HOJE

Se pensou que já tinha visto tudo, esqueça. Eles são sete e todos – todos – são psicopatas. Um escritor desesperado por terminar a sua novela entra sem se aperceber no submundo do crime, em Los Ange-les. A partir daqui podia ser um filme de acção como muitos outros, mas não. McDonagh leva-nos ao que de melhor há no humor negro e na comédia, junta-lhe armas, carros e crime, ao mesmo tempo que nos apresenta um elenco de luxo: Colin Farrel, Christopher Walkin, Woody Harrelson, Tom Waits e Sam Rockwell, entre outros, muitos outros. Tudo começa com um caderno em branco e um escritor sem ideias, mas que conta com a ajuda de um dos melhores amigos – os problemas começam aí, quando Billy (Sam Rockwell) decide raptar o Shih Tzu de Hans (Christopher Walkins). E, com o cão de Hans não se brinca. Imprevisível, maluco e fantástico, Seven Psycopaths vai fazê-lo colar ao ecrã. - Joana Freitas

H O J E H Á F I L M ESEVEN PSYCHOPATHS

DE MARTIN MCDONAGH, 2012

Quando temos dificuldades, custamos pedir ajuda a Deus. “Ó meu Deus”, “Ai, minha nossa senhora” são frases comuns, mas não é toda a gente que acredita em Deus. Os obstáculos são o ponto mais fraco do ser humano, o querer ajuda quando deixam de ter ideias para soluções. O caso do Sin Fong é um destes casos, que tão bem serve de exemplo. Quando o Governo disse que não ia pagar nada, logo empresários começaram a chegar-se à frente, naquilo que parece uma graça de Deus – porque, antes, ninguém pensava que esta podia ser a solução, sendo o Governo o único de quem os moradores dependiam. Como o analista Lou Shenghua disse antes da transição, quase todos os conflitos podem ser resolvidos com o poder das associações, a gente não precisa do Governo, nem da lei. Mas, como estamos a esforçar-nos para estabelecer o tal Estado de Direito, começamos a usar a lei e a pedir a ajuda do Governo para solucionar conflitos. E quando isso não ajuda nada,? Lá está, voltamos à ajuda das associações, ou seja, neste caso, dos operários, porque os membros das associações são todos - mesmo todos - empresários. Uma frase que o porta-voz dos moradores do Sin Fong Garden disse no outro dia, também nos mostra mais qualquer coisa: não podemos lutar com os empresários, com os empreiteiros. O mais irónico é que quem os ajuda também são empresários. Ou seja, os empresários podem fazer o papel de Deus: ajudam as pessoas sem condições e, por outro lado, causam-lhes sofrimento. Uma coisa que temos de perceber e entender bem, é, que a graça de Deus é sempre gratuita, mas não há cá almoços grátis.

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hoje macau terça-feira 15.4.2014 23OPINIÃO

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Joana Freitas (Coordenadora); Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; José C. Mendes; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

José Pereira Coutinho

E M 2011, o Instituto dos As-suntos Cívicos e Municipais de Macau (IACM) “sorrateira-mente” planeava a destruição da grande parte dos Lagos Sai Wan com a construção de um Complexo Turístico ins-talando restaurantes, lojas de lembranças e feiras nocturnas. Os residentes surpreendidos

com a “intenção diabólica” e eminente des-truição do remanescente da beleza natural “bateram os com pés”. A sociedade de uma maneira geral reagiu mal contra o plano de destruição. Na altura, intervim neste hemi-ciclo apresentando em nome dos moradores centenas de assinaturas num abaixo-assinado que foi entregue a tutela do IACM. No final, o IACM foi obrigado a desistir da ideia do Complexo Turístico que tinha proposto.

Recentemente, recebi várias queixas de arquitectos locais queixando contra o IACM “voltar à carga” com o novel Projecto de Reordenamento da Zona de Lazer do Lago Sai Wan e Construção das Instalações Desportivas e de Ginástica propondo um desbaste dos níveis do projecto original e arborização existente do projecto original para instalar equipamento e campos des-portivos.

Consultados vários especialistas em matéria de planeamento, urbanização e médicos-pneumologistas os mesmos foram unânimes em desaconselhar a implementa-ção dos campos desportivos e respectivos equipamentos em zonas anexas a vias automóveis pois a actividade desportiva aí desenvolvida em ambiente poluído é nocivo e muito prejudicial a saúde e as actividades aí desempenhadas são um perigo para a condução na via rápida limítrofe.

O IACM “esqueceu-se” que o projecto do “Parque Urbano Sai Wan” ficou incom-pleto aquando da sua construção em 2004 visto não se ter concluído a ligação em estrado de madeira ao longo da marginal até a Pousada de S. Tiago e com agravante do concessionário da “Macau Tower” com o beneplácito das autoridades públicas ter fechado a continuidade de circulação ao longo da frente marítima tornando a zona do parque infantil quase inacessível. O mau estado e pouca frequência das pessoas e uso de equipamentos não se prendem com a qualidade do projecto ou dos projectistas mas da falta de acessibilidade e má gestão e manutenção do IACM.

O IACM propositadamente esquece que as obras recentes de maior valor arquitectó-nico e paisagístico constituem o potencial acervo patrimonial do futuro da RAEM. O IACM tem quase sempre embarcado numa política fácil e leviana de planeamento sem consulta e subsequente destruição da arquitectura recente que de acordo com os especialistas na matéria precisa de tempo para consolidar caso contrário nunca ha-

Sobre o Lago Sai Wan

O IACM tem vindo a executar estudos de alteração de projectos recentes de autoria de arquitectos locais sem nenhum respeito pelos direitos de autoria e ética profissional dos projectistas

verá a possibilidade de qualificar a cidade do futuro, face aos constantes desmanches.

O facto do local se encontrar danificado e os equipamentos obsoletos se devem exclu-sivamente à má gestão e falta de cuidados na

cartoonpor Stephff

SITUAÇÃO EXPLOSIVA

manutenção do Parque, por parte do IACM como deveria ser seu dever e obrigação. A actual política do IACM é deixar a obra danificar-se por falta de manutenção para a seguir demoli-la.

O IACM tem vindo a executar estu-dos de alteração de projectos recentes de autoria de arquitectos locais sem nenhum respeito pelos direitos de autoria e ética profissional dos projectistas. Os projectistas não são consultados no início do projecto no sentido de lhes ser solicitado alguma consultoria técnica de aconselhamento ou um projecto de alteração de acordo com as novas necessidades do território. Normal-mente trata-se de um facto consumado sem nenhuma intenção em o rever ou adaptar às realidades necessárias. Estas situações ocorreram nos projectos da Praça dos Lago Sai Wan e no Parque Urbano Sai Wan que são obras premiadas internacionalmente. (Prémios AAM e Arcasia).

Ao IACM exige-se mais transparência e menos arrogância, melhorar o processo de auscultação ao invés do secretismo dos gabinetes, respeitar as obras de autoria dos projectistas consultando-os no início do processo e respeitar e honrar a ética profis-sional e deontológica no que diz respeito ao trabalho profissional de terceiros.

Estes factos demonstram que há espaços para melhorar a formação do pessoal e elevar os conhecimentos concernentes às regras, direitos e deveres constantes do código dos di-reitos do autor e as metodologias de trabalho.

No final, o que está em causa, é a imagem paisagística de Macau a nível não só regional como internacional.

Page 24: Hoje Macau 15 ABR 2014 #3071

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hoje macau terça-feira 15.4.2014

O pai da jovem que morreu após um alegado erro mé-dico no Centro Hospitalar

Conde de São Januário vai conti-nuar a manifestar-se, em busca de justiça para a filha.

Chan Kok Sang, que viu a me-nina passar mais de dez anos em coma, disse ao HM que a Polícia Judiciária não o deixou fazer a verificação à sua assinatura de au-torização à operação que, segundo o pai, foi forjada.

Como tinha prometido ante-riormente, Chan Kok Sang ia pedir uma verificação da autenticidade da assinatura a especialistas de Hong Kong e do continente, mas a PJ, diz o pai, não permitiu que o fizesse, ficando com o original do documento.

“Não vou processar a juíza Song Man Lei, já passou tanto tempo”, refere Chan Kok Sang,

que anteriormente tinha referido um eventual processo à antiga procuradora-adjunta do Ministério Público, que negou ter havido erro médico no caso. “Mas queria ainda processar aquele médico, que fez a minha assinatura falsa e fez a operação à minha filha.”

O pai está a planear entregar uma carta na sede do Governo no dia 17, quinta-feira, depois distribuir folhetos no hospital São Januário.

“Vou fazer três dias de acções continuadas, no segundo dia vou ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e no terceiro dia para as Portas do Cerco, para mais residen-tes saberem do caso. Tento recolher o apoio dos cidadãos e, se conse-guir recolher as assinaturas deles, vou também entregar ao Chefe do Executivo, para ele saber o que se passa nesta terra.” A jovem morreu no mês passado. - C.L.

C HINA e Timor-Leste acor-daram “estabelecer uma parceira de boa vizinhança e

amizade” baseada na “confiança e benéficos mútuos”, segundo uma Declaração Conjunta divulgada ontem em Pequim, no final da visita do primeiro-ministro timo-rense, Xanana Gusmão.

A Declaração, assinada por Xanana Gusmão e pelo seu ho-mólogo chinês, Li Keqiang, pre-coniza nomeadamente o “reforço da cooperação nas áreas política, económica, comercial, energia, agricultura, defesa e segurança”, segundo a agência Xinhua.

Xanana Gusmão concluiu ontem uma visita de uma semana à China, cuja agenda incluiu um encontro com o mais alto diri-gente do país, o secretário-geral do Partido Comunista Chinês

(PCC) e Presidente da República, Xi Jinping.

“Todos os países, grandes ou pequenos, ricos ou pobres, são membros iguais da comunidade internacional”, sublinha a Decla-ração Conjunta.

Segundo o relato da Xinhua, a China e Timor-Leste concorda-ram em “fortalecer a cooperação na construção de infra-estruturas, produção alimentar e pescas”, assim como nas áreas do turismo, desporto e intercâmbio cultural.

No âmbito do acordo, o Go-verno chinês vai conceder mais bolsas de estudo a estudantes timorenses, através de vários canais, indicou a mesma fonte, sem adiantar pormenores.

Esta foi a primeira visita de um chefe de Governo timorense à China em onze anos.

PAI DA JOVEM QUE MORREU POR ALEGADO ERRO MÉDICO MANIFESTA-SE

Assinatura “forjada”

CHINA/TIMOR BOA VIZINHANÇA E AMIZADE

O tamanho não é o fundamental