hoje macau 28 abr 2014 #3078

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PUB COUTINHO CONTRA REGIME DE GARANTIAS DOS TITULARES DOS PRINCIPAIS CARGOS Quando é para garantir regalias aos mais poderosos não existe necessidade de consultas públicas? A pergunta de Coutinho vai hoje ser feita bem alto, em conferência de imprensa. Cadê a consulta? AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB INQUÉRITO PARA PÔR OS PONTOS NOS IS VASCO GRAÇA MOURA (1942-2014) PÁGINAS 10 E 11 SOCIEDADE PÁGINA 5 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 28 DE ABRIL DE 2014 ANO XIII Nº 3078 hojemacau PÁGINA 2 LGBT PUB

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Hoje Macau N.º3078 de 28 de Abril de 2014

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COUTINHO CONTRA REGIME DE GARANTIAS DOS TITULARES DOS PRINCIPAIS CARGOS

Quando é para garantir regalias aos mais poderosos não existenecessidade de consultas públicas? A pergunta de Coutinho vai hoje

ser feita bem alto, em conferência de imprensa.

Cadê a consulta?

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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INQUÉRITO PARA PÔR OS PONTOS NOS IS

VASCOGRAÇAMOURA(1942-2014)

PÁGINAS 10 E 1 1

SOCIEDADE PÁGINA 5

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E G U N DA - F E I R A 2 8 D E A B R I L D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 7 8

hojemacau

PÁGINA 2

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2 hoje macau segunda-feira 28.4.2014POLÍTICA

ANDREIA SOFIA [email protected]

J OSÉ Pereira Couti-nho e o seu número dois, Leong Veng Chai, promovem hoje

uma conferência de imprensa na sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) para ana-lisar o “regime de garantia dos titulares dos cargos de Chefe do Executivo e dos principais cargos a aguardar

U MA delegação gover-namental de Macau deslocou-se este fim-

-de-semana a Sanya, na província de Hainão, para acertar os pormenores da 8ª reunião ministerial de turismo da Asia-Pacific Eco-nomic Cooperation (APEC), a qual irá realizar-se em Macau no mês de Setembro.

Segundo um comunicado oficial, Alexis Tam, porta--voz do Governo, e Helena de

Os deputados José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai vão hoje falar do regimede garantia dos titulares do cargo de Chefe do Executivo e dos principais cargos, por se tratar de um “assunto de interesse público”. O diploma não deverá ter a aprovaçãodos dois deputados quando for votado na especialidade

COUTINHO VAI DEBATER REGIME DE GARANTIAS DOS TITULARES DOS PRINCIPAIS CARGOS

Votar contra, evidentemente

“Cada deputado terá de assumir as suas responsabilidades políticas por este projecto de lei que não foi objecto de consulta pública.”PEREIRA COUTINHO DEPUTADO

TURISMO REUNIÃO MINISTERIAL DA APEC EM SETEMBRO

Com dedo de Pequim

posse, em efectividade e após a cessação de funções”, proposta de lei que está a ser analisada pelos deputados.

Ao HM, Coutinho fri-sou que não irá apoiar o diploma quando este for votado na especialidade, na Assembleia Legislativa (AL). “É evidente que eu e o meu colega vamos votar contra. Cada deputado terá de assumir as suas respon-sabilidades políticas por este projecto de lei que

não foi objecto de consulta pública.”

MIL VEZES PIORCoutinho fala das insufi-ciências desta proposta de lei, dando como exemplo os seus próprios projectos legislativos já chumbados na AL. “Fui muito critica-do no passado por não ter feito uma consulta pública abrangente mas apenas parcial, mas este projecto de lei é mil vezes pior do

que os projectos que apre-sentei no passado.”

Este regime foi apre-sentado e votado na gene-ralidade em Dezembro de 2013, apesar das muitas críticas ouvidas em plenário. Au Kam San questionou as compensações propostas a quem exerce cargos de topo na Função Pública. “A maior parte dos dirigentes começaram como funcio-nários públicos e devem ter um subsídio de aposen-

Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo (DST), tiveram uma reunião de trabalho com a Adminis-tração Nacional do Turismo da China, por forma a “dis-cutir pormenores e a garantir uma organização tranquila”.

“Na reunião, durante duas horas, ambas as partes discutiram vários temas, incluindo o acolhimento, media, segurança e pro-moção, tendo definido os planos preliminares das actividades, atingindo re-

sultados positivos”, aponta o comunicado.

Du Jiang, sub-director da Administração Nacio-nal do Turismo da China, afirmou que “irá envidar todos os esforços para apoiar e coordenar o Go-

verno da RAEM o sucesso da realização ministerial do turismo”.

Já Alexis Tam garantiu que a organização da reu-nião ministerial da APEC será “um trabalho muito importante”, estando já a ser desenvolvidas “tarefas preliminares” por parte da comissão preparatório da reunião ministerial do tu-rismo da APEC de Macau.

A China, através de

Macau, volta a ser o país anfitrião da reunião ministe-rial após 13 anos, sendo esta considerada “uma cimeira económica multilateral ao mais alto padrão desde o surgimento dos novos diri-gentes do Governo Central”.

A APEC foi criada em 1989 com o objectivo de promover a cooperação eco-nómica regional nas regiões da Ásia-Pacífico, contando com 21 membros.

tação, mas têm ainda uma subvenção para cessação de funções. Será que há mesmo necessidade deste tipo de compensações? O montante pode ser avultado e ascender muitas patacas. É muito alta a compensação, excede o que está consagrado na lei laboral.”

“PROCESSO ERRADO”Pereira Coutinho e Leong Veng Chai vão hoje falar desta proposta de lei por con-siderarem este “um assunto do interesse público”. E ga-rantem que “todo o processo está errado desde o princípio, porque este projecto de lei nunca foi objecto de estudos científicos nem de consulta pública. Tem também a ver com o erário público. Não vale a pena estar a avançar mais para a frente”.

Coutinho considera ain-da que “há que assumir responsabilidades políticas bastante importantes para o desfecho desta proposta de lei”.

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3 políticahoje macau segunda-feira 28.4.2014

JOANA [email protected]

A S agências imo-biliárias que es-tão a funcionar em prédios de

habitação vão poder con-tinuar a fazê-lo por mais cinco anos. Contrariamente ao que a Lei de Mediação Imobiliária - aprovada em 2013 – previa, estas agências vão poder pedir licença de actividade, com a única con-dição de que estivessem já a funcionar antes da entrada em vigor da lei.

O anúncio foi feito na sexta-feira pelo Executivo, que terminou a alteração à lei, menos de um ano depois de estar efectiva. “Até 22 de Abril deste ano, o Instituto de Habitação (IH) reparou que existem pouco menos de 40 pedidos que não foram autorizados, porque estão a funcionar em edifícios habitacionais ou industriais, que não é permitido por lei”, explicou Leong Heng Teng, porta-voz do Conselho do Executivo.

A decisão do Governo pode estar ligada à reacção negativa que os agentes imobiliários tiveram quan-do da entrada em vigor da lei, que levou, inclusive, a manifestações. Leong Heng Teng assume que foi devido a “muitos agentes não terem

O Executivo vai lançar novos vales de saúde para este ano, tendo anunciado na sexta-

-feira o início de mais um Programa de Comparticipação nos Cuidados de Saúde. Este ano, contudo, os resi-dentes permanentes – únicos que têm direito a este apoio – vão poder utilizar os vales até 31 de Julho de 2015.

• DE 1 DE MAIO DE 2012 A 31 DE AGOSTO DE 2013484.826 pessoas imprimiram os vales de saúde 83,4% da população beneficiária 4.367.982 vales de saúde foram recolhidos 90% da quantidade totalMontante liquidado 218,3 milhões de patacas Unidades com adesão ao programa 7221303 médicos participantes 80,2% dos médicos qualificados

• DE 1 DE MAIO DE 2013 A 22 DE ABRIL DE 2014472.438 pessoas imprimiram os vales de saúde 78,1% da população beneficiária 3.131.425 vales de saúde foram recolhidos 55,2% da quantidade totalMontante liquidado 140,4 milhões de patacas Unidades com adesão ao programa 7031319 médicos participantes 75,9% dos médicos qualificados

AGENTES IMOBILIÁRIOS EM EDIFÍCIOS HABITACIONAIS POR MAIS CINCO ANOS. LEI PREVIA ILEGALIDADE

É favor procurarem casaOs agentes imobiliários que exerçam em prédios de habitação têm cinco anos para arranjar outro local. O Governo alterou a Lei de Mediação Imobiliária para os que já tivessem licença antes da entrada em vigor do diploma – em Julho de 2013 – possam continuar a exercer no sítio onde estavam. A lei previa isto como ilegal, mas o Governo cedeu

A decisão do Governo pode estar ligada à reacção negativa que os agentes imobiliários tiveram quando da entrada em vigor da lei

conseguido as licenças” que o Governo decidiu alterar a lei, permitindo que se man-tenham em actividade por cinco anos.

“Considerando que a ac-tividade de mediação imobi-liária já vinha sendo exercida antes da publicação da Lei e era exercida no rés-do-chão, pouco afectando os outros utilizadores do edifício, o Governo da RAEM elaborou

o projecto [de alteração à lei], permitindo que possam [manter] os estabelecimen-tos comerciais em bens imóveis destinados a fins habitacionais, residenciais ou industriais e obter as li-

VALES DE CUIDADOS MÉDICOS DESTE ANO SÃO VÁLIDOS ATÉ 2015

Dinheiro para nos cuidar da saúde

NÚMEROS DO PROGRAMA DE SAÚDE

O montante global dos vales de saúde é de 600 patacas e o Governo prevê que o programa custe aos cofres da RAEM 376,2 milhões de patacas.

Os vales são transmissíveis uma única vez a favor de fami-liares directos e cônjuge, desde que também estes tenham bilhete

de identidade de residente per-manente. O subsídio só pode ser utilizado em instituições privadas de saúde que adiram ao programa e não pode ser aplicado quer em entidades públicas de saúde, quer em instituições privadas que sejam apoiadas pelo Governo.

De acordo com Leong Heng

Teng, porta-voz do Conselho Exe-cutivo, mais de 80% da população foi beneficiada nos últimos dois anos em que o programa esteve em vigor. Desde Maio do ano passado até Abril deste ano, mais de 78% das pessoas já utilizaram os vales – o programa de 2013 só termina em Agosto de 2014, estando ainda em execução.

ADVERTÊNCIAS Dados apresentados por Leong Heng Teng mostram ainda que as queixas contra médicos e farmá-cias desceram 84,7% desde 2009 a 2012, passando de 98 casos para apenas 15. No programa do ano passado, que vem de Agosto a 22 de Abril deste ano, houve três queixas contra médicos – mais três do que no de 2012 – e nove queixas contra farmácias chine-sas, que estariam a aceitar vales para a aquisição de medicamentos chineses -, um número semelhante ao ano anterior.

Durante a execução do Pro-grama para 2013, os Serviços de Saúde advertiram 12 unidades privadas de saúde por eventuais infracções. – J.F.

cenças provisórias de media-dor imobiliário, empresário comercial, pessoa singular ou de sociedade comercial, sendo o prazo de validade da licença provisória de cinco anos e a licença provisória

40agências exercem em

prédios de habitação.

Teme-se que haja mais

caduca logo após o termo do prazo de validade”, refere o Governo.

A partir daí, garante o Exe-cutivo, os titulares das licenças provisórias devem preencher os requisitos legais exigidos

na lei, nomeadamente no que a isto diz respeito.

Por agora, são um “nú-mero pequeno” de agências – cerca de 40 -, mas Leong admite que podem haver mais. O porta-voz do Con-selho Executivo fez questão de ressalvar, contudo, que a posição do Governo face à Lei de Mediação Imobiliária não mudou. “Não recuamos e em-penhamo-nos, mas temos de regulamentar porque foram encontrados problemas pelo IH na análise dos pedidos.”

Até ao dia 21 de Abril, o IH emitiu 1485 licenças provisórias para pessoas colectivas, 187 para media-dores imobiliários e 4538 para agentes imobiliários.

4 política hoje macau segunda-feira 28.4.2014

Novo programa com menos burocracia e mais dinheiro, primeiros cursos abrem em Junho. Os mais frequentados foram gestão e ciências sociais. Mais de cem mil participaram

Assistentes sociais Credenciação pronta em 2015O novo regime de credenciação dos assistentes sociais deverá estar pronto no próximo ano uma vez e já há consenso entre os profissionais do sector. Vong Yim Mui, vice-directora do Instituto de Acção Social (IAS), disse que “de forma a progredir, temos de rever o projecto de lei do sistema a meio do ano. Depois de fazer a revisão gostávamos de levar a cabo uma nova consulta no final do ano. O nosso objectivo é passar ao processo legislativo no segundo trimestre de 2015”. Numa sessão de esclarecimento, Kwan Yui Huen, presidente do comité de credenciação dos assistentes sociais de Hong Kong falou da necessidade de “legislar em primeiro lugar”. “Este é o primeiro passo. Quando existem leis a seguir é possível executá-las para assegurar que os nossos assistentes sociais não violam a conduta profissional”, disse o responsável. O novo regime deverá continuar a abranger apenas os 400 assistentes sociais que existem no sector privado, uma vez que os 200 profissionais da Função Pública se regem por leis próprias.

PROGRAMA DE APERFEIÇOAMENTO CONTÍNUO POR MAIS DOIS ANOS. DESPESA: 700 MILHÕES

As patacas da sabedoria

OS CURSOS ABERTOS EM 2013

TIPO DE CURSOS ESCOLHIDOS

• Total: 279.242• Área da competência profissional: 92.590• Área da educação: 36.293• Área das artes liberais: 60.632• Área de educação para idosos: 17.594• Área de condução: 67.998• Outros: 4135

• Gestão: 2092

• Ciência social: 1589• Medicina: 1375• Gestão financeira: 1073• Línguas e tradução: 1025• Educação: 979

• Obras: 848• Artes: 389• Direito: 299• Turismo, convenção e exposição: 252• Sector cultural: 39

JOANA [email protected]

M AIS dinheiro e mais tempo, mas menos burocracias. O

novo Programa de Desenvol-vimento e Aperfeiçoamento Contínuo vai ser aberto em Maio e vai estar activo até 31 de Dezembro de 2016.

De acordo com anúncio

feito na sexta-feira, o mon-tante do apoio financeiro vai passar de cinco mil para seis mil patacas e os pedidos de apreciação vão ser mais simples.

O Governo estima gastar cerca de 700 milhões de pa-tacas com o programa – que já deveria ter começado em Abril. Apesar de vir a ser aberto em Maio, os primeiros cursos apenas estarão dispo-níveis a partir de Junho.

No entanto, este ano vão ser os próprios beneficiários a apresentar os pedidos. “Os pedidos de apreciação e autorização deixam de ser apresentados pelas ins-tituições locais de ensino superior, cabendo, antes, aos beneficiários a apre-sentação junto da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude”, explicou Leong Heng Teng.

O porta-voz do Conselho Executivo acrescentou ainda que, assim que o pedido for autorizado, o subsídio é atribuído directamente pelo organismo, “para simplificar as formalidades administra-tivas”.

GESTÃO NO TOPONo programa do ano passa-do, o Governo não autorizou a abertura de 5857 cursos, contra mais de 58 mil que

tiveram luz verde. No total, foram 323 as instituições que participaram, sendo que os cursos da área da competên-cia profissional são os mais requisitados – tiveram mais de 92 mil participações.

Os cursos mais requi-sitados pelos residentes são os de gestão, ciências sociais e medicina. China e Taiwan são os países mais escolhidos pelos residentes para tirarem cursos.

O Programa de Aperfei-çoamento e Desenvolvimen-to Contínuo foi lançado pelo Governo para que a popula-ção pudesse participar em cursos total ou parcialmente financiados pelo Governo.

Na edição do ano pas-sado, participaram cerca de 145 mil pessoas, sendo que houve quem utilizasse o di-nheiro mais do que uma vez.

de fiscalização de cursos e entidades que partici-pavam no Programa, o Governo apresentou dados aos jornalistas que indicam que houve 28 processos instruídos. Destes, 13 foram sujeitos a sanção administrativa, cinco pas-saram para tribunal e sete foram arquivados, apesar de não ser possível saber a razão. Três estão ainda a ser tratados.

A DSEJ viu-se obriga-da a fazer quase duas mil recomendações orais e mais de 300 advertências por escrito. O organismo inspeccionou as entidades participantes através de presença in loco, da análise de documentos e de visitas aos locais. No entanto, teve também de atendar quatro dezenas de queixas.

O número de participações chegou às mais de 314 mil e o montante total utilizado pelo Governo foi de 518,7 milhões de patacas.

“Um pouco superior ao que estava previsto, que era de 500 milhões de patacas”, frisou Leong Heng Teng, que explicou ainda que a “a adesão e a participação ao programa são fortes”.

Actualmente, de acordo com dados fornecidos pela Administração, são 400 mil os residentes que satisfazem os requisitos para serem beneficiários. A maioria tem entre 25 a 39 anos de idade (12,9%) e o montante mais utilizado foi o total de cinco mil patacas (14,2%).

PROCESSOS INSTRUÍDOS Depois das polémicas face à acusação de falta

5SOCIEDADEhoje macau segunda-feira 28.4.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

A Associação Arco-Íris está a ultimar os pre-parativos para a realiza-ção da segunda fase do

inquérito que visa saber mais sobre a comunidade LGBT em Macau. Depois da primeira fase, realizada o ano passado, o segundo inquérito deverá começar a ser distribuído já na primeira ou segunda semana de Maio.

“Já convidámos alguns acadé-micos para nos ajudarem no pro-cesso de consulta, ainda estamos a trabalhar no processo de elabo-ração do questionário. Esperamos que este ano o inquérito seja mais credível e representativo”, disse Anthony Lam ao HM.

O presidente da associação fala ainda de um inquérito “mais abrangente”, com “mais questões” sobre os direitos da comunidade homossexual em Macau. Uma

dessas questões prende-se com a análise do grau de aceitação da sociedade local em relação aos gays, lésbicas e transexuais, à semelhança do que já foi feito em Hong Kong.

Posteriormente, a associação Arco-Íris pretende mostrar nova-mente os resultados ao Governo, à semelhança do que fez o ano passado.

“Os resultados do ano passado foram alarmantes, porque 20% dos nossos entrevistados disseram que já pensaram em cometer suicídio. Este ano vamos também promover uma conferência de imprensa ou um seminário para que a sociedade conheça mais alguns dados sobre a segunda fase do inquérito”, disse Anthony Lam.

A Associação Arco-Íris de Ma-cau celebrou o primeiro aniversário em Dezembro do ano passado, e já se envolveu em questões públicas como o direito ao casamento ho-mossexual. A definição de casais

do mesmo sexo na nova lei da violência doméstica foi outro dos pedidos feitos pela associação.

ESPAÇOS ARCO-ÍRIS À ESPERAA Associação Arco-Íris foi a pro-motora do primeiro restaurante “gay friendly” de Macau, em parce-ria com o espaço Brick’s Burguer. Na cabeça de Anthony Lam existe o projecto de abrir espaços “Arco--Íris”, cuja campanha de promoção será feita ainda este ano.

“Estamos a trabalhar nos con-vites a outras pessoas mas ainda estamos a trabalhar no programa completo, porque estamos foca-dos num outro projecto que é a segunda fase do inquérito. Vamos começar a campanha este ano, mas não temos recursos humanos suficientes para diversificar este nosso plano. Depois de fazer-mos o inquérito vamos arrancar oficialmente com o projecto dos restaurantes arco-íris”, disse o presidente da associação.

ASSOCIAÇÃO ARCO-ÍRIS COM INQUÉRITO EM MAIO

O espaço da aceitação

OITO EMPRESAS CONCORREM PARA A CONSTRUÇÃO DE TÚNEL DE KÁ HÓ

Mãos à obraanti-explosivas e de outros mecanismos de minimiza-ção de impactos, exigências relacionadas com a questão do ruído e da vibração na zona de Coloane, uma vez que vai ser necessário per-furar e utilizar dispositivos explosivos na escavação do túnel.

Serão, ainda, instalados aparelhos de monitoriza-ção e medição nas cons-truções perto das obras do túnel de Ká Hó, medida que visa possibilitar a recolha de informação sobre a profundidade da escava-ção, permitindo realizar previsões para os projectos futuros.

Este conjunto de precau-ções, a cargo do Gabinete de

LEONOR SÁ [email protected]

A S obras de construção do túnel de ligação entre Ká Hó e Colo-

ane deverão começar entre Julho e Setembro deste ano e são oito, as empresas a con-

curso para a realização do projecto. De acordo com

os números avançados na passada sexta-feira, o orçamento proposto

pelas empresas admitidas varia entre as 254 milhões e

541 milhões de patacas para a empreitada que deve durar entre 900 e 930 dias.

O empreendimento completo do túnel de li-gação entre Coloane e Ká Hó será composto por três obras separadas, que inclui um troço exterior sul, um troço em túnel e um tra-

çado de ligação norte. A construção do túnel deverá iniciar-se apenas durante uma segunda fase, que vai incluir a escavação desta passagem subterrânea com 500 metros de comprimen-to, a construção de vias de aproximação e de ligação e, finalmente, a construção de um viaduto.

Um dos requisitos para a conclusão das obras de escavação tem que ver com a instalação de portas

Anthony Lam, presidente da associação que defende os direitos dos homossexuais, disse que o novo questionário vai analisar até que ponto a sociedade de Macau aceita a comunidade LGBT

Desenvolvimento de Infra--estruturas, surgem como medida de prevenção de eventuais danos ou impactos graves, relativos ao ruído ou à vibração, ao longo de toda a zona de construção do túnel. (GDI)

O GDI espera que o troço exterior sul do túnel – in-cluído na primeira fase do projecto – esteja concluído no segundo semestre deste ano, prevendo, ainda, que o concurso público para a construção do traçado de ligação norte aconteça na mesma altura.

A conclusão do empre-endimento deverá possibili-tar que os veículos de acesso ao terminal de contentores do porto e à povoação de Ká Hó aproveitem as novas vias, sem necessitarem de fazer percursos mais lon-gos, nomeadamente pela Estrada da Barragem de Ká Hó, a Estrada do Istmo ou a Estrada do Altinho de Ká Hó. As obras deverão, assim, aliviar o trânsito que, actualmente, se faz sentir naquela zona.

O empreendimento deverá possibilitar que os veículos de acesso ao terminal de contentores do porto e à povoação de Ká Hó aproveitem as novas vias, sem necessitarem de fazer percursos mais longos

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6 sociedade hoje macau segunda-feira 28.4.2014

JOANA [email protected]

O Tribunal Ju-dicial de Base (TJB) vai ana-lisar oito pastas

de documentos relacionados com cemitérios e chamar mais duas testemunhas a depor no julgamento que tem Raymond Tam como principal arguido. O agora suspenso presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e outros três responsáveis do organismo, recorde-se, respondem pelo crime de prevaricação por terem demo-rado a entregar documentos relacionados com a atribuição alegadamente ilegal de dez campas perpétuas no Cemi-tério de São Miguel Arcanjo ao Ministério Público (MP).

Agora, documentos nes-se âmbito que podem estar dentro de uma das oito pastas que Ng Peng In, ex-admi-nistrador do IACM, teria consigo vão ser analisados. Ng, que é agora assessor de Cheong U, secretário para os

Serviços Meteorológicose Geofísicos com website renovado

O Aeroporto Internacio-nal de Macau vai criar um plano de gestão am-

biental, como forma de reduzir as emissões de CO2, em 20% até 2018. A medida foi anun-ciada na passada sexta-feira, pelo director do departamento de desenvolvimento de infra--estruturas, Sandro Ko.

A medida surge depois do gabinete de comunicação do ae-roporto ter registado a emissão de cerca de 19, 3 mil toneladas de dióxido de carbono em 2012, incluindo aquelas provenientes de viaturas, aeronaves e meca-nismos de ar condicionado.

Para minorar os efeitos da emissão de CO2 para o ambien-

te, o aeroporto tenciona investir numa frota automóvel amiga do ambiente, poderando ainda, o uso de biodiesel e de gás natural.

Entre as restantes medidas fixadas para 2018, estão a re-dução do consumo de electri-cidade, através da substituição de sistemas antigos por painéis solares, a duplicação do volume de reciclagem e tratamento de resíduos, esperando-se que as actuais 24 toneladas anuais para 52.

Sandro Ko disse que gran-de parte dos equipamentos do aeroporto têm vindo a ser substituídos por materiais pró--ambiente, incluindo lâmpadas LED, entre outros.

É o que os advogados dos responsáveis do IACM a serem julgados têm vindo a pedir: a análise das pastas de Ng Peng In, onde, dizem, estarão os documentos relacionados com as dez campas. A defesa diz que o ex-administrador tinha consigo os documentos que os arguidos andavam à procura a pedido do MP e o tribunal vai, agora, analisar o conteúdo das pastas. E chamar mais duas testemunhas

CASO IACM TRIBUNAL VAI PEDIR PASTAS DE EX-ADMINISTRADOR AO INSTITUTO PARA ANALISAR

A grande aposta da defesa

AEROPORTO QUER REDUZIR EMISSÕES DE DIÓXIDO DE CARBONO

CO2, voa, voa

Assuntos Sociais e Cultura, já chegou a dizer em tribunal que tinha algumas pastas como arquivo pessoal.

Álvaro Rodrigues foi quem deu o primeiro passo face à análise das pastas, quando continuava a inquirir Lei Ka Fai, em tribunal pela segunda vez na sexta-feira. “Há uma maneira muito sim-ples de resolver a questão”, disse o advogado de defesa de Tam, quando o ex-responsável de arquivo do IACM lhe disse ter visto documentos sobre as campas encontrados em 2010 serem iguais a outros que Ng Peng In tinha na pasta número oito. “Venho requerer que o IACM envie para o tribunal a pasta oito, para ver se os do-cumentos estavam lá ou não.”

Há muito que a defesa tenta provar que os docu-mentos pedidos pelo MP aos responsáveis do IACM não se encontravam nos arquivos do instituto e que, por isso, não foram possíveis de en-contrar. Os advogados que-rem agora, e com estas pastas de Ng Peng In, provar que

fotocópias dos documentos estavam com o antigo admi-nistrador quando os arguidos os procuravam para entregar ao MP, em 2010. Ng Peng In não ajudou os colegas, nem avisou da posse dos documentos, tendo, depois, mostrado alguns ao MP.

A PASTA DOISO tribunal concordou com a defesa, dizendo “ser

melhor o IACM enviar a pasta”, mas Paulina Alves dos Santos foi de posição contrária. “Se vai analisar a pasta, então a primeira testemunha [Ng Peng In] deveria estar presente”, retaliou. O tribunal limitou--se a dizer que iria pensar e decidir mais tarde, mas tanto a assistente, como o MP pediram a presença do responsável em tribunal, en-

quanto a defesa diz precisar apenas de analisar a pasta.

Mas esta pode não ser a única pasta que vai chegar a tribunal. É que, em 2012, Lei Ka Fai tornou-se chefe funcional do IACM e Ng Peng In – então de saída do IACM - entregou-lhe sete das oito pastas. A número dois, cujo conteúdo ninguém sabe o que é, mas que a defesa suspeita que sejam

os documentos sobre as dez campas perpétuas, não chegou a ser entregue.

Defesa e tribunal querem saber onde está a pasta e o que contém, até porque Lei Ka Fai admitiu que o ex-admi-nistrador ainda a poderia ter. O colectivo de juízes acabou por ceder a mais um pedido da defesa e da própria assistente e disse que iria oficiar o IACM para que enviasse todas as pastas – da um à oito – ao tribunal. Se o organismo não tiver a pasta número dois, então o tribunal vai pedi-la a Ng Peng In.

Lei Ka Fai disse em tribu-nal que “ainda hoje” a pasta número dois estaria com Ng Peng In, apesar de “saber que ele já não trabalhava” no IACM e de afirmar que não fazia sentido ele ter a pasta com ele. “Creio que ele ainda tem as pastas com ele, porque ele não me entregou a segunda pasta. Não tenho a certeza, mas não [não pode levar consigo].”

O colectivo de juízes asse-gurou ainda que iria convidar mais duas testemunhas a vir a tribunal para falar sobre a pasta: Lídia Santos e António Monteiro, dois funcionários do IACM. Isto, porque estes dois trabalhadores poderão saber se a pasta entrou nos Serviços de Ambiente e Li-cenciamento (SAL) – como Ng Peng In assegurou ao tribu-nal. Na sexta-feira, Raymond Tam negou que isso tivesse acontecido. O arguido pediu para falar, para afirmar que não encontrou a pasta, porque ela nunca esteve nos SAL. O julgamento continua para a semana.

OS Serviços Meteorológi-cos e Geofísicos (SMG)

reformularam o seu website oficial, como forma de me-lhor responder às exigências da população de Macau, relativamente ao crescente e constante uso de plataformas virtuais e outros serviços de internet. Para além da já lança-da aplicação para smartphones, realizada no ano passado, os SMG vai lançar uma versão chinesa do website hoje, a título de experimentação.

As reformulações da página possibilitam o aces-so a conteúdos mais ricos e úteis, como a consulta dos níveis de precipitação das várias zonas de Macau, bem como a observação de outros

níveis meteorológicos, em tempo real.

Foram acrescentados, ainda, novos conteúdos como vídeos, em tempo real, de várias estações meteoroló-gicas, que funcionam através da instalação de câmaras em vários locais. O website vai incluir informações mais específicas, relativamente ao nível de humidade, da tempe-ratura do ar, da precipitação, do vento e do sol e da lua, existindo mais actualizações, realizadas de hora a hora e, em alguns casos, menos tem-po. A nova versão permite, ainda, que os utilizadores façam uma visita virtual aos Serviços de Meteorológicos e Geofísicos.

7CHINAhoje macau segunda-feira 28.4.2014

O Presidente norte-ame-ricano garantiu sexta--feira que a China tem consciência da “ame-

aça significativa” que representa a Coreia do Norte para a sua segurança e preveniu Pyongyang que as suas ameaças não têm efeito.

“A China começa a reconhecer que a Coreia do Norte é não so-mente prejudicial mas também um problema significativo para a sua própria segurança”, disse Barack Obama, durante uma conferência de imprensa em Seul, em que estava acompanhado pelo seu homólogo sul coreano, Park Geun-Hye.

“As ameaças não vão trazer nada à Coreia do Norte”, referiu o Presidente dos EUA, que chegou sexta-feira à Coreia do Sul, o segundo país visitado na sua deslocação à Ásia, depois do Japão.

Seul e especialistas dizem ter detectado sinais de preparação de um quarto ensaio nuclear no Norte, na unidade de Punggye-ri.

O instituto norte-americano--coreano, um centro de estudos sobre a Coreia do Norte, localizado nos EUA, assinalou um acréscimo de actividade naquela central, com

A China aprovou “leis mais duras” para punir os atentados

ao ambiente, depois de o Governo ter prometido “declarar guerra à polui-ção”, anunciou sexta-feira a imprensa oficial.

Na primeira revisão da lei de protecção ambiental em 25 anos, votada na quinta-feira pelo Comité Permanente da Assem-bleia Nacional Popular (parlamento), a defesa do ambiente é definida “uma “política básica do país”, a mesma expressão utilizada por exemplo para o controle da natalidade.

De acordo com a nova legislação, que entrará em vigor no início de 2015, o responsável de uma em-presa poluidora poderá ser

A S pessoas apanhadas a comer panda, pangolim e outras espécies animais

protegidas na China poderão ser condenadas à prisão, de acordo com uma nova interpretação do código penal chinês anunciada sexta-feira na imprensa oficial.

Segundo o documento apro-vado na quinta-feira pelo Comité Permanente da Assembleia Nacio-nal Popular chinesa (parlamento),

quem comer aquele tipo de animais ou os comprar para qualquer outro fim incorre numa pena entre cinco e mais de dez anos de prisão, indicou a agência noticiosa oficial Xinhua.

A lista de animais selvagens raros protegidos pela lei chinesa abrange 420 espécies, entre as quais pandas, macacos dourados, pangolins, tigres e ursos pretos asiáticos.

Alguns animais da lista são

também usados ilegalmente com objectivos medicinais.

“A sobrevivência da vida selvagem no país enfrenta sérios desafios devido à caça ilegal e ao consumo de produtos fabricados a partir de espécies animais raras, o que degrada o meio ambiente”, alertou o Global Times, jornal em língua inglesa do grupo Diário do Povo, o orgão central do Partido Comunista Chinês.

Hong Kong Museu dedicado ao massacre de Tiananmen O primeiro museu mundial dedicado ao massacre na Praça de Tiananmen abriu sexta-feira em Hong Kong com uma cerimónia emotiva e protestos de manifestantes pró-China. Quase 25 anos depois da brutal repressão das autoridades chinesas sobre protestantes pró-democracia em Pequim, a exibição permanente é um dos únicos locais na China onde o massacre de 3 de Junho de 1989 pode ser comemorado. Quaisquer referências ao massacre foram banidas do continente, onde muitos permanecem na ignorância. “O que tenho mais presente é que há 25 anos, logo após o massacre, os residentes em Pequim disseram-nos uma coisa: que tínhamos de contar a verdadeira história do que se passou ao mundo”, disse Lee Cheuk-yan, líder do grupo

pró-democracia que fundou o museu. Lee dedicou o

museu a todos os que sacrificaram a sua vida pela democracia. A inauguração foi perturbada por cerca de uma dúzia de manifestantes pró-China que gritaram “traidores” aos

organizadores do museu.

ADOPTADAS “LEIS MAIS DURAS” PARA PUNIR ATENTADOS AO AMBIENTE

Guerra à poluição veio para ficar

PEQUIM PROMETE PRENDER OS QUE COMEM ESPÉCIES ANIMAIS RARAS

Desta carne não comerei

condenado até 15 dias de detenção se depois de no-tificada, a sua companhia não suspender a laboração.

A revisão da lei visa também “tornar os cidadãos

mais conscientes acerca da protecção ambiental” e proteger os que denunciam os atentados ao ambiente, disse a agência noticiosa oficial Xinhua.

“Décadas de rápido de-senvolvimento económico e uma grande população deixaram a China com graves problemas de polui-ção”, assinalou a Xinhua.

No relatório apresen-tado no mês passado à Assembleia Nacional Po-pular, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, alertou que a natureza já lançou um alerta vermelho contra o modelo de ineficiente e cego desenvolvimento”.

“Iremos declarar guer-ra à poluição e iremos combatê-la com a mesma determinação com que

lutámos contra a pobreza”, afirmou então Li Keqiang.

Um estudo divulgado há uma semana pelo minis-tério chinês da Protecção Ambiental diz que 16,1% dos solos do país estão poluídos.

A poluição tornou-se também uma grande fonte de insatisfação popular.

Numa sondagem rea-lizada no início de 2013, em Pequim e seis outras cidades chinesas 60% dos inquiridos apontaram a poluição como uma das “principais ameaças ao de-senvolvimento” do país.

OBAMA DIZ QUE CHINA RECONHECE COREIA DO NORTE COMO AMEAÇA PARA SEGURANÇA

O perigo toca a todos“A China começa a reconhecer que a Coreia do Norte é (...) um problema significativo para a sua própria segurança”BARACK OBAMA

base em análises de imagens de satélite obtidas no meio da semana.

Em Tóquio, Barack Obama apelou a Pequim, aliado daquele país, para que dissuada a Coreia do Norte de prosseguir o seu progra-ma nuclear, realçando que o papel

da China neste tema é “capital”. Pyongyang condenou a visita do Presidente norte-americano à pe-nínsula, defendendo que só resultará num aumento das tensões na região.

No sábado, o líder norte--coreano, Kim Jong-Un, repre-

endeu os seus soldados durante um exercício, advertindo-os para estarem prontos para um “conflito iminente com os Estados Unidos”, noticiou a agência oficial norte--coreana KCNA.

“O caro comandante supremo

Kim Jong-Un disse que, neste mo-mento, nada é mais importante do que se prepararem para o combate, face a um conflito iminente com os Estados Unidos”, refere um despacho da agência.

Os ‘media’ estatais norte-core-anos transmitem com frequência avisos de que o isolado Estado está à beira de uma guerra.

8 hoje macau segunda-feira 28.4.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

JOGO DUPLO • David IgnatiusNum enclave escondido do labirinto que é Teerão, o cientista iraniano que se auto denomina «Dr. Ali» envia mensagem codificadas à CIA. Cabe a Harry Pappas de-terminar a sua autenticidade. O Dr. Ali envia à agencia norte-americana segredos acerca do programa nuclear iraniano, mas depois entra em pânico. Está a ser segui-do, não sabe por quem. A Casa Branca não é grande ajuda: anda à procura de um pretexto para atacar o Irão. Pappas recorre a uma equipa de espiões britânicos que adoptam uma versão moderna do «licença para matar». Mas a verdadeira história é infinitamente mais complicada do que parece e, para chegar ao seu fundo, Pappas terá de trair o seu próprio país.

A 25ª edição do Fes-tival de Artes de Macau (FAM) vai

acontecer entre os dias 2 de Maio e 8 de Junho, evento da responsabilidade do Institu-to Cultural (IC). Para come-morar um quarto de século, a organização preparou um documentário que explica a origem e anteriores edições do festival, a ser transmitido já no próximo dia 30. Macau vai, ainda, poder contar com uma série de espectáculos gratuitos e alguns ao ar livre, realizados em vários locais, com o intuito de mostrar peças inéditas de cultura à população.

O primeiro evento será o concerto de abertura do

P EDRO Pena Bastos e Teresa Sousa Chaves, estiveram a preparar refeições portuguesas, entre os dias 15 e 27 deste

mês, no restaurante do casino MGM, Rossio, e voltam para Portugal com mais algumas ideias de como evoluiu a gastronomia lusa na RAEM.

Vieram a Macau para criar e confeccionar um menu tipicamente português com algum requinte e novidade, juntando o tradicional ao moderno. “Estamos muito orgulhosos por representar o nosso país”, disse Pedro Bastos, em entrevista à agência Lusa.

Os dois cozinheiros consideram que ainda existe uma marca portuguesa bastante forte no território, ainda que tenham confessado que, aqui, a gastronomia lusa está a evoluir mais devagar do que em Portugal, algo que Teresa Sousa Chaves acredita poder ser remediado com a globalização aliada às tendências “gour-met”, descritos como possíveis elementos de divulgação da comida portuguesa.

O Rossio não teve mãos a medir e as mesas estiveram cheias durante a maior parte do período em que os cozinheiros estiveram em Macau a mostrar os seus dotes.

Para o chef, Pedro Bastos, a confecção de pratos portugueses foi particularmente difícil, porque “há uma base chinesa” nada fácil de eliminar. Teresa Chaves reitera, afirmando que a população chinesa tem “muita dificuldade em aceitar o uso de grandes quantidades de doce e do salgado” e, por isso, “ao preparar as receitas houve um cuidado para cortar nos temperos”. A cozinheira acrescenta, ainda, que “acontece o mesmo na cozinha chinesa no nosso país”, explicando que a gastronomia chinesa ser-vida em Portugal em nada tem que ver com a original, servida em Macau ou na China.

A dupla considera que deviam ser reali-zadas mais iniciativas neste âmbito, como forma de implementar e fixar a gastronomia lusa por terras asiáticas.

150º ANIVERSÁRIO DE QI BAISHI COM EXPOSIÇÃO NO MAM

O mestre do quotidianoFESTIVAL DE ARTES DE MACAU INAUGURA 25ºANIVERSÁRIO COM ESTREIA DE DOCUMENTÁRIO

Em Maio, é tudo à grande

COZINHEIROS PORTUGUESES DESPEDEM-SE DE MACAU

Pastel de bacalhau é coisa do passado

LEONOR SÁ [email protected]

O conhecido ar-tista chinês Qi Baishi vai ser homenageado

com uma exposição de pin-turas suas, evento organizado pelo Museu de Arte de Macau (MAM), em parceria com a Academia de Belas-Artes de Pequim. Esta instituição de ensino, que possui uma vasta colecção de obras de Qi, vai trazê-las a Macau para serem expostas em virtude da comemoração do 150º aniversário do artista. A exposição “Arte como lenda – Poesia, caligrafia, pintura e selos de Qi Baishi” está

OS trabalhos vencedores do Concurso Internacional de Design de Taiwan

podem ser vistos numa exposição patente na Estrada da Areia Preta, edifício da Fábrica de Baterias, até ao próximo dia 30 de Abril. Com entrada gratuita, a ini-ciativa é promovida pelos organizadores do concurso e também pela Associação de Designers de Macau e pelo Centro de Design de Macau. No total são cerca de 49 trabalhos vencedores seleccionados de um período compreendido entre 2007 e 2013, e que estão ligados a áreas como a animação digital e o design de produto.

Segundo o comunicado, a exposição pretende “encorajar a indústria do design de Macau e os estudantes a participarem activamente nas competições internacionais e a mostrar as suas capacidades”. A própria Associação de Designers de Macau pretende continuar a realizar diferentes actividades para “desenvolver os talentos locais”.

Apex Lin Pang Soong, representante dos projectos no concurso de Taiwan, disse, segundo um comunicado, que a competição tem vindo a ser alargada a várias cidades,

Design de Taiwan na Areia Preta até ao fim do mês incluindo Macau, Xiamen e Pequim. “O próximo passo é desenvolver os trabalhos de arte de Taiwan do design conceptual até às necessidades do mercado”, disse ainda.

Nelson Wong, presidente da Associação de Designers de Macau, frisou o “entusiasmo” com que o Governo de Taiwan tem vindo a promo-ver as indústrias culturais e criativas. Cerca de 500 trabalhos locais já foram apresentados em competições da Ilha Formosa, o que “representa um bom exemplo para Macau”.

Jubileu de Prata do FAM, na praça do Tap Seac, às 19.30 horas de dia 2 do pró-ximo mês. Este espectáculo será feito pela Orquestra de Macau, em parceria com a Associação da Orquestra Sinfónica Juvenil de Macau, a Associação de Directores de Banda de Macau, a Associa-ção de Percussão de Macau, a Banda de Música da PSP de Macau, o Coro do IPM e o Coro Perosi de Macau.

O calendário de festas continua com o concerto da fadista portuguesa Carminho, no dia 4, igualmente no Tap

Seac. Para os fãs da sétima arte, o IC vai organizar uma visita

guiada a vários locais, em Ma-

cau, onde foram gravados conhecidos filmes realizados no território e em Hong Kong, como é o caso de Filha de Uma Grande Casa, ou História Imortal. Estes vão, ainda, ser projectados na Praça de Ponte e Horta, no auditório das Ca-sas-Museu da Taipa, na Casa de Lou Kau e no Albergue da Santa Casa da Misericórdia, eventos a ter lugar entre os dias 4 e 9 de Maio.

O IC planeia organizar, durante os dias 9, 10 e 11 do próximo mês, uma mostra de espectáculos ao ar livre, ao final da tarde, no jardim do Iao Hon, permitindo que mais pessoas possam assistir ao eventos, uma vez que o espaço é grande.

O ciclo de comemora-ções encerra com a apre-sentação de um espectáculo de mapping audiovisual, da responsabilidade do grupo local MAVA, a realizar-se nas Ruínas de S. Paulo, com diferente sessões entre os dias 31 de Maio e 8 de Junho.

O filme, da responsabili-dade do FAM, vai ser trans-mitido pelos canais chinês e português da TDM, nos dias 30 de Abril e 1 de Maio, respectivamente. - L.S.M.

9 eventoshoje macau segunda-feira 28.4.2014

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A MAÇONARIA UNIVERSAL • Miguel Martin-AlboUma análise da Maçonaria ao longo dos tempos de rara impar-cialidade e amplitude histórica. Fenómeno associativo singular, a Maçonaria, na sua expressão mais ancestral - as lojas operati-vas - surge, sobretudo durante o apogeu do estilo gótico, entre as corporações de construtores (arquitetos, canteiros e pedreiros) da Europa Medieval, mas é a partir do início do século XVIII que, com o novo modelo de lojas especulativas - cujo papel nas revo-luções liberais foi fundamental -, começa a desfrutar de grande reconhecimento social e político.

A cantora norte-americana, Stacey Kent, apresentou o seu álbum “Changing Lights” no passado

sábado, no Venetian Theatre, uma sala de espec-táculos mais pequena do que a Cotai Arena, o que permitiu a criação de um ambiente mais intimista, reservado aos amantes do jazz e da bossa nova.

Stacey Kent actuou com a sua banda, num concerto bilingue, que durou cerca de duas horas. A artista apresentou algumas das suas faixas mais antigas e o concerto incluiu, ainda, a performance de originais cantados em português, língua que a artista domina, tendo cantado, em conjunto com a sua banda – de quem o marido é parte integrante –, sons do brasileiro Tom Jobim, de quem afirma ser “grande admiradora”.

O Venetian Theatre, que compre-ende mais de 600 lugares sentados, encheu quase todas as suas cadeiras com fãs de Stacey Kent, que rece-beu aplausos até à última nota, tendo encerrado o espectáculo com a conhecida música “What a wonderful world”, de Louis Armstrong.

Pau-d’arco

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

Nome botânico: Tabebuia avellanedae Lor. ex Griseb. = Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl.Família: Bignoneaceae.Nomes populares: Ipê-roxo; Lapacho.

Árvore das florestas tropicais da América do Sul, o Pau-d’arco habita quase todo o Brasil sendo ainda cultivado como ornamental pelo seu porte elegante, que pode chegar aos 12 metros, e a magnífica floração entre o rosa e o lilás que surge após a queda das folhas. O tronco oferece uma madeira de excelente qualidade, utilizada pelos povos indígenas do Brasil no fabrico de arcos, ficando assim esta árvore conhecida como Pau-d’arco.Amplamente utilizado pelos Incas e várias tribos da Amazónia no tratamento de feridas, mordeduras de cobra, febre, disenteria e outros problemas intestinais, o Pau--d’arco chegou a Portugal na época dos Descobrimentos. Desde então tem sido uma planta muito utilizada e acarinhada pelas suas excelentes propriedades medicinais. É usada a parte mais interna da casca, a entrecasca.

COMPOSIÇÃOQuinonas (lapachol), flavonoides, óleo es-sencial, resinas, constituintes amargos, sais minerais, alcaloides, saponinas, derivados do ácido benzoico.

AÇÃO TERAPÊUTICACom actividade antioxidante, anti-inflama-tória e anti-cancerígena, o Pau-d’arco tem sido usado tradicionalmente na prevenção e tratamento de diversos tipos de cancro, especialmente leucemias. De acordo com as investigações, esta planta inibe o cres-cimento, a metastização e induz a morte das células cancerígenas; por outro lado, estimula a medula óssea na produção de glóbulos vermelhos e glóbulos brancos, me-lhorando a oxigenação e a energia celular e aumentando as defesas, dando suporte ao organismo para enfrentar os efeitos adver-sos da quimioterapia e, simultaneamente, lutar contra a patologia.O Pau-d’arco é igualmente uma planta de eleição na prevenção e tratamento das in-fecções, já que não só aumenta os glóbulos brancos e os anticorpos, como tem uma acção directa sobre os microrganismos patogénicos (bactérias, vírus e fungos), destruindo-os; é ainda anti-alérgico. Tem

sido utilizado em situações de gripe, amig-dalites e bronquites, diarreias infecciosas (tendo efeito adstringente), infecções acompanhadas de febre, infecções uriná-rias, cervicites e prostatites, VIH (adjuvante) e outras afecções imunitárias como asma, eczema e psoríase; é considerado particu-larmente benéfico na infecção por Candida albicans (candidíase).

OUTRAS PROPRIEDADESMuito usado no tratamento da úlcera gástrica e duodenal, o Pau-d’arco detém a hemorragia, cicatriza e regenera os tecidos. É tónico sobre o coração e baixa a tensão arterial dos hipertensos; aumenta a hemoglobina nos anémicos; baixa os ní-veis de açúcar no sangue aos diabéticos. É diurético e depurativo contribuindo para acalmar as dores aos reumáticos.Externamente, tem indicação nas feridas e úlceras cutâneas, queimaduras, verrugas, micoses e outras infecções da pele e muco-sas, dores musculares e nas articulações.

COMO TOMARUSO INTERNO:Cozimento: 1 colher de sobremesa por chávena de água, uns minutos de fervura. Tomar 2 a 3 chávenas ao longo do dia.Em ampolas, xarope, cápsulas ou comprimi-dos, integrando numerosas fórmulas para um largo espectro de indicações.USO EXTERNO:Cozimento: 50 gramas por litro de água. Aplicar em lavagens, compressas ou irri-gações vaginais.Em pomada, creme ou gel.

PRECAUÇÕESContra-indicado na gravidez pois pode ser abortivo. Em algumas pessoas sensíveis pode originar urticária, principalmente nos cotovelos e joelhos, que cede à redução da posologia; só em raros casos haverá neces-sidade de interromper o tratamento. Fazer tratamentos com períodos de repouso. A administração de lapachol isoladamen-te, em doses elevadas, ocasiona alguns efeitos secundários (náuseas, vómitos e efeito anticoagulante) que, segundo muitos investigadores e a prática clínica, não se verificam aquando da administração da planta com todos os seus constituintes. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.

HOJE NA CHÁVENA150º ANIVERSÁRIO DE QI BAISHI COM EXPOSIÇÃO NO MAM

O mestre do quotidianoaberta ao público no MAM desde a passada quinta-feira.

Qi Baishi nasceu em 1864 e faleceu em 1957, tendo deixado um vasto legado de obras. Foi primeiramente conhecido como Chun Zhi e, posteriormente, como Huang. O pintor nasceu em 1864, em Xiangtan, província de Hunan. Embora só tenha começado a exercitar a sua arte aos 27 anos de idade, rápido se previu que seria um artista com talento e reconhecimento.

Durante os anos 40 e 50, Qi foi professor na Academia Central de Belas-Artes, pre-sidente da Associação de Ar-tistas Chineses, investigador do Instituto Central de Inves-tigação de Cultura e História

e, finalmente, presidente do Instituto de Investigação de Pintura Chinesa de Pequim.

O sucesso do pintor deve--se à sua capacidade de inovar, nomeadamente incluindo novas temáticas na pintura tradicional chinesa da sua época, abordando questões nunca antes retratadas por outros artistas da sua área. Tal técnica permitiu que a popula-ção criasse uma melhor relação entre os mundos real e artístico, simultaneamente, trazendo novidade ao panorama da arte.

As suas peças caracteri-zam-se, essencialmente, pela transformação de lógicas do quotidiano em arte. Este for-mato fora de série foi sendo aperfeiçoado, enquanto Qi

Stacey Kent deu concerto bilingue e espera voltar a Macau

aprendeu pintura com artis-tas como Xu Wei, Zhu Da, Shi Tao, ou Wu Changshuo. Ainda que influenciado por estes pintores, Qi conseguiu criar um estilo impressionista e pintura de mão livre únicos.

O espólio total das suas obras, em tempos elogiado por Pablo Picasso, foi doado à China após o seu falecimento, compreende um conjunto de mais de 30 mil peças, das quais duas mil se encontram em exposição da Academia de Belas-Artes.

A obra completa de Qi compreende um total de 30 mil pinturas, todas doadas à China, mais de duas centenas estando em exposição na Academia de Belas-Artes de Pequim.

10 hoje macau segunda-feira 28.4.2014

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VASCO GRAÇA MOURAUMA FORMA DE ESTAR NO MUNDO

Lusa

VASCO Graça Moura, o es-critor para quem a poesia era a sua “forma verbal de estar no mundo”, morreu ontem,

em Lisboa, aos 72 anos. Poeta, ensaísta, romancista, dramaturgo, cronista e tra-dutor de clássicos, Vasco Graça Mou-ra nasceu no Porto, na Foz do Douro, em 1942, licenciou-se em Direito, pela Universidade de Lisboa, e chegou a exercer a advocacia, de 1966 a 1983, até a carreira literária se estabelecer em pleno.

Na altura, apenas a poesia definia a sua expressão, com títulos como “Modo mudando”, estreia nas Letras, em 1962, a que se seguiram títulos como “Sema-na inglesa” e “O mês de Dezembro”. Mas Vasco Graça Moura era também o jurista, o gestor e o político.

Em 1974, após o 25 de Abril, aderiu ao Partido Popular Democrático, actu-al PSD, tendo assumido a secretaria de Estado da Segurança Social do IV Go-verno Provisório, liderado por Vasco Gonçalves. A experiência governativa duraria pouco mais de cinco meses, de Março a agosto de 1975, e não voltaria a repeti-la.

Prosseguiu, porém, na esfera pú-blica, num percurso que culminaria na presidência do Centro Cultural de Be-lém, em Lisboa, iniciada em Janeiro de 2012.

Antes, foi director da RTP (1978), administrador da Imprensa Nacional--Casa da Moeda (1979-1989), cuja política de edição literária dinamizou, foi presidente da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de

Fernando Pessoa (1988) e da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1988-1995), para a qual coordenou a revista Oceanos.

Dirigiu a Fundação Casa de Mateus, foi comissário-geral de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha (1988-1992) e director do Serviço de Biblio-tecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian (1996-1999).

Em 1999, passadas mais de duas dé-cadas sobre a sua passagem por um go-verno provisório, o escritor regressou à política activa, nas listas sociais-demo-cratas ao Parlamento Europeu, tendo sido deputado até 2009, no Grupo do Partido Popular Europeu.

Em Janeiro de 2012, substituiu An-tónio Mega Ferreira na presidência da

Fundação Centro Cultural de Belém. Com o ex-jornalista partilhara, cerca de 20 anos antes, a ideia de candidatu-ra de Portugal à Expo 98, num almoço junto ao Terreiro do Paço, em Lisboa.

A par dos projectos, Vasco Gra-ça Moura nunca abandonou a escrita. Publicou, entre outros, “Instrumentos para a melancolia” (1980), “A sombra das figuras” (1985), “A furiosa pai-xão pelo tangível” (1987), “Uma carta no inverno” (1997), “Testamento de VGM” (2001), “Antologia dos sessenta anos” (2002) e “Os nossos tristes assun-tos” (2006).

Em 2000, recolheu a poesia de “1997-2000”, a que se seguiria a “Anto-logia dos sessenta anos” (2002), antes do meio século de vida literária, em 2013, assinalado com a publicação, no

11 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 28.4.2014

F UI surpreendido, há pouco, pela notícia da morte do

Vasco Moura. Ao que percebo, pelos despachos das agências, por um cancro que o foi con-sumindo aos poucos. Foi como um soco no estômago.

O Vasco Graça Moura era um dos intelectuais mais enxutos e prolixos da direita portuguesa, um homem de valores e de convicções, de antes que quebrar que torcer. Incapaz de se comprometer no jogo torpe da política, o Vasco, como era tratado, com ternura, pelos amigos, tinha sempre a capacidade de dizer o que pensava na cara das pessoas e não pelas costas. E talvez por isso ti-nha muitos amigos ao longo de todo o espectro político--partidário.

Era de uma raça rara nos intelectuais, os que têm tra-ços aristocráticos que não resultam de linhagem ou de títulos nobiliárquicos mas da elevação do espírito, da inteligência, da capacidade de verem mais longe que os outros, de sentirem o país e nação melhor que todos os outros.

Nos grandes combates pela democracia portuguesa o Vasco esteve sempre do lado certo. Com o General Ramalho Eanes contra os comunistas e os putchistas esquerdistas que quiseram levar o nosso país para uma ditadura comunista. Contra Soares e as suas tentativas de fazendo-se de vítima, minar o processo de alternância democrática que é o melhor esteio do governo represen-tativo. Pela renovação da so-cial-democracia portuguesa contra a tentativa da sua li-quidação pelos sectores mais neoliberais do PSD, partido a que sempre pertenceu de-pois do colapso do PRD.

Era um portento como homem das letras, ensaís-ta, poeta, pedagogo, cul-tor dos insignes valores da

nossa literatura, de Camões a Agustina Bessa Luís pas-sando por Fernando Pessoa. Da sua impressionante car-reira como gestor sempre ligado por alguma forma à cultura recordo os seus car-gos de administrador da Im-prensa Nacional, Presidente da Comissão Executiva das Comemorações do Centená-rio de Fernando Pessoa e da Comissão Nacional para as Comemorações dos Desco-brimentos Portugueses bem como o de director da revis-ta Oceanos. Era Presidente da Fundação Centro Cultural de Belém. Recordo o contributo que deu ao PSD e ao nosso país como deputado ao Par-lamento Europeu (e membro do Partido Popular Europeu) de 1999 a 2009.

Era um intrépido adver-sário do Acordo Ortográfi-co, essa delapidação crimi-nosa da língua portuguesa e bateu-se pela sua revisão até onde pode. Era um ex-traordinário cultor do ensaio e um destemido polemista. Todos nós que escrevemos nos jornais aprendemos com ele e a sua implacável caneta crítica e riquíssima retórica.

Deixa-nos já órfãos da sua escrita, dos seus livros e dos seus testemunhos a que ainda tinha tanto a dar. Fica nas letras portuguesas como um dos grandes escritores da era democrática, ao lado de alguns poucos, muito poucos.

Guardo com enorme ca-rinho um texto que escreveu a meu pedido como prefácio para um livro colectivo sobre as relações Europa-China que nunca saiu à estampa. Co-nhecia bem Macau e o pro-cesso de transição sobre que escreveu, aliás, um relatório na qualidade de deputado do Parlamento Europeu.

O país está mais pobre com o desaparecimento do Vasco. Tinha pouco mais de 70 anos. Descansa em paz Companheiro.

“Uma enorme perda” para a cultura portuguesa. Amigo e companheiro de “muitas situações literárias, de há muito tempo, uma pessoa com uma enorme energia”. “Penso que aquilo que o fez sobreviver durante tanto tempo foi ter-se dedicado inteiramente ao seu trabalho no Centro Cultural de Belém e também à escrita dos seus textos. Quando penso na poesia portuguesa, julgo que é uma obra considerável e daquelas que irá ficar. Vê-la interrompida desta maneira é sempre uma péssima notícia para a nossa cultura”

NUNO JÚDICE, POETA

“Uma figura absolutamente ímpar”, com a capacidade de chegar a todas as pessoas, das mais cultas às mais simples. “Era um grande escritor. Era um escritor em todos os sentidos das palavras: escrevia prosa, poesia, ensaios, escrevia muito bem. Era um homem cultíssimo, de uma cultura vastíssima como é raro encontrar. A sua escrita pode ser lida em muitos graus. Para quem tem referência culturais, essa escrita implica uma série de referências mas, por outro lado, quem não tiver essas referências pode lê-la e, mesmo assim, é uma escrita fantástica. É muito difícil falar de uma só dimensão do Vasco. É uma figura única”

FERNANDO PINTO DO AMARAL, POETA

“Um dos maiores escritores portugueses das últimas décadas e um dos intelectuais que mais contribuíram para a afirmação e a projecção internacional da nossa cultura”. “Poeta e romancista de prestígio abundantemente reconhecido, quer entre nós, quer no espaço europeu, Graça Moura foi também o tradutor de alguns dos grandes autores do Ocidente para a língua portuguesa, a qual enriqueceu como poucos”CAVACO SILVA, PRESIDENTE DA REPÚBLICA

final do ano anterior, de toda a obra poética, em dois volumes e mais de 1.200 páginas.

A obra de Vasco Graça Moura, po-rém, é igualmente o ensaio, o pensa-mento, a ligação a outras artes. Escre-veu “Diálogo com (algumas) imagens” (2009), sobre protagonistas da arte portuguesa, percorreu “Circunstâncias vividas” (1995), recolheu volumes de crónicas.

O autor de “Os Lusíadas” mereceu--lhe vários volumes de ensaios, como “Luís de Camões: Alguns Desafios” (1980), “Camões e a Divina Proporção” (1985), “Sobre Camões, Gândavo e ou-tras personagens” (2000).

Estreou-se no romance em 1987, com a evocação das “Quatro Últimas Canções”, de Richard Strauss, entre visitantes de Mateus. Regressou ao gé-nero em “O Naufrágio de Sepúlveda” (1988), “Partida de Sofonisba às seis e doze da manhã” (1993), “A morte de ninguém” (1998), “Meu amor, era de noite” (2001), “O enigma de Zul-mira” (2002), “Por detrás da magnó-lia” (2004) e “Alfreda ou a quimera” (2008).

Traduziu peças de Racine, Moliè-re e de Corneille, “Alguns amores de Ronsard”, “Os testamentos François Villon”, “Sonetos de Shakespeare”, “Ri-mas de Petrarca”, “Vida Nova” e “Divi-na Comédia” de Dante, clássicos a que juntou Seamus Heaney, Hans Magnus Enzensberger ou Gottfried Benn.

Recebeu o Prémio Pessoa, o Prémio Vergílio Ferreira, os prémios de Poesia do PEN Clube Português e da Associa-ção Portuguesa de Escritores, que tam-bém lhe atribuiu o Grande Prémio de Romance e Novela, a Coroa de Ouro do Festival de Poesia de Struga, o Pré-mio Max Jacob de França para Poesia Estrangeira, o Prémio de Tradução do Ministério da Cultura de Itália e a Me-dalha de Florença, o Prémio Morgado de Mateus, para o conjunto da obra, o Prémio Europa - Cátedra David Mou-rão-Ferreira da Universidade de Bari, em Itália, e a Ordem de Santiago de Espada, entre outras distinções.

Manifestamente contrário ao Acor-do Ortográfico, reuniu os seus argu-mentos sob o título “A perspectiva do desastre”, num volume publicado em 2008.

No passado dia 31 de Janeiro, a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, acolheu uma homenagem ao seu percurso, que mobilizou personali-dades como Eduardo Lourenço, Nuno Júdice e Maria Alzira Seixo, Artur San-tos Silva e o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Na altura, Vasco Graça Moura, sem qualquer hesitação, afirmou: “A poesia é a minha forma ver-bal de estar no mundo”.

ArnAldo GonçAlves

Epitáfio ao Vasco Graça Moura

12 DESPORTO hoje macau segunda-feira 28.4.2014

MARCO [email protected]

D OIS mil e catorze pode muito bem vir a ser o ano de Portugal em Macau, pelo menos no

que toca ao futebol. Se na Liga de Elite, a discussão do título parece cada vez mais confinada a uma valsa a dois entre Sporting Clube de Macau e a Casa do Sport Lisboa e Benfica do território, no Campeonato da II Divisão é cada vez mais notório o domínio do Organismo Autónomo Desportivo da Casa de Portugal em Macau. Depois de na semana passada ter derrotado o Man Fung Hong por sete bolas a duas, a formação orientada pelo são tomense Pelé voltou a brindar um adversário –

desta feita a vítima foi o Grupo Desportivo Artilheiros – com nova goleada em partida a contar para a décima jornada da segunda mais cotada prova do desporto-rei do território, a primeira da segunda volta da competição.

Frente ao Pau Peng , os líderes isoladas da classificação não dei-xaram créditos por mãos alheias e inauguraram o marcador ao fim de apenas dez minutos de jogo. O primeiro tento do desafio ma-terializou-se na sequência de um pontapé de canto, com o veterano Jean Perez a levar a melhor nas alturas sobre a defensiva adversá-ria e a empurrar de cabeça para o fundo das redes de um guardião do Artilheiros que pouco pode fazer para evitar uma tarde de intenso sobressalto.

Com um ataque dinâmico e uma postura agressiva, a Casa de Portugal consolidou a vantagem oito minutos depois, na sequência de um novo pontapé de canto. Frágil na marcação directa, a defesa do Pau Peng consentiu o cabeceamento de Tiago Assunção. Um atleta do Artilheiros consegue ainda travar o esférico sobre a linha de golo, mas nada pode fazer para evitar o toque vitorioso de Miguel Botelho. O dianteiro da formação orientada por Pelé acabaria por chamar a si o estatuto de grande figura da partida, ao fazer o gosto ao pé por quatro ocasiões.

O terceiro golo da partida teria, no entanto, a assinatura de Filipe Nogueira. Com a baliza do Artilheiros praticamente aberta, o camisola 9 da formação de matriz

portuguesa fez o que lhe competia e empurrou para o fundo das redes adversárias com um remate seco, corria o vigésimo quinto minuto do desafio. A eficácia ofensiva da Casa de Portugal em Macau fazia adivinhar uma enxurrada de golos, mas os derradeiros vinte minutos da primeira parte acabaram por se revelar menos profícuos do que seria de esperar e o intervalo chegou com os pupilos de Pelé a vencerem por três bolas a zero.

Na etapa complementar, o emblema de matriz portuguesa cumpriu com a promessa e saciou as expectativas de todos quantos se dirigiram ao campo da Universi-dade de Ciência e Tecnologia para acompanhar in loco o desafio. Insa-ciável na frente de ataque, Miguel Botelho marcou por três vezes, viu

Jean Perez completar um hat-trick e Filipe Nogueira bisar, num desafio unidireccional que terminou com o triunfo alargado do Organismo Autónomo Desportivo da Casa de Portugal por nove bolas a uma. Com o triunfo, a formação orientada por Pelé manteve a invencibilidade na prova e conserva a liderança da competição com 26 pontos. A formação de matriz portuguesa dispõe de quatro pontos de avanço para os Serviços de Alfândega. Na sexta-feira, o segundo classifica-do do Campeonato inaugurou as hostilidades da décima jornada do Campeonato de Futebol da II Divi-são com um triunfo incontestado por cinco bolas a uma sobre a penúltima classificada, a frágil formação da Selecção de Sub-18 da Associação de Futebol de Macau.

FORMAÇÃO DE MATRIZ PORTUGUESA CILINDROU PAU PENG

Casa de Portugal cimenta liderança

hoje macau segunda-feira 28.4.2014 (F)UTILIDADES 13

Pu YiPOR MIM FALO

João Corvofonte da inveja

C I N E M ACineteatro

A importância de desistir

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 22 MAX 28 HUM 65-95% • EURO 11.0 BAHT 0 .2 YUAN 1.3

Lançado em 1973, o mítico albúm dos Pink Floyd marca uma viragem na história da banda e na história do rock. A essência da condição humana desenhada ao longo de dez faixas que nos deixam sem palavras. Não é para para descrever. É para ouvir. Sempre. - José C. Mendes

DARK SIDE OF THE MOONPINK FLOYD,1973

Dia de recordar as vítimasdos ditadores e estadistas• A 28 de Abril, nascem António de Oliveira Salazar (1889) e Saddam Hussein (1937) e morre Mussolini (1945). Também neste dia, Hitler casa com Eva Braun. Hoje, recordam-se ditadores e estadistas da opressão, mas, sobretudo, as vítimas de regimes totalitários. Recorda-se também Schindler, que salvou cerca de 1200 judeus do Holocausto. Uma coincidência histórica associa 28 de Abril ao nascimento e morte – bem como o casamento – de políticos e estadistas, que em diferentes países do mundo impuseram e lideraram regimes totalitários.E esta viagem começa a 28 de Abril de 1889, com o nascimento de António de Oliveira Salazar, político nacio-nalista português e professor catedrático da Universidade de Coimbra. Criador do Estado Novo (1933-1974), de propaganda e repressão, Salazar defendia um sistema político que garantisse o domínio das massas, com a PIDE e a Legião Portuguesa a combater os opositores.“Dêmos à nação optimismo, alegria, coragem, fé nos seus destinos; retemperemos a sua alma forte ao calor dos grandes ideais e tomemos como nosso lema esta certeza inabalável: Portugal pode ser, se nós quisermos, uma grande e próspera nação”, escreveu. Antes, nasce Saddam Hussein, que liderou a repressão no Iraque, com um regime que culminou na sua própria morte, em Bagdad, a 30 de Dezembro de 2006, capturado pelas tropas dos EUA. Também a 28 de Abril, morre Benito Mussolini, político italiano que liderou o Partido Nacional Fascista e um dos grandes criadores do Fascismo. No mesmo dia e no mesmo ano (28 de Abril de 1945) em que Mussolini é morto, Adolf Hitler casa-se com Eva Braun, num bunker em Berlim.

ACONTECEU HOJE

Vem aí o primeiro desmaio.

28 DE ABRIL

SALA 1THE DEMON WITHIN [C](FALADO EM CANTONÊS E LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Dante LamCom: Daniel Wu, Nick Cheung, Liu Kai Chi, Dominic Lam, Andy On14.30, 16.30, 19,30, 21.30

SALA 2 RIO 2 [A](FALADO EM CANTONÊS)Um filme de: Carlos Saldanha14.15, 16.00, 19.30

RIO 2 [3D] [A](FALADO EM CANTONÊS)

Um filme de: Carlos Saldanha17.45

CAPTAIN AMERICA:THE WINTER SOLDIER [B]Um filme de: Anthony e Joe RussoCom: Chris Evans, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson21.30

SALA 3BILOCATION [C](FALADO EM JAPONÊS E LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Mari AsatoCom: Mari Asato, K. Takitoh, Kento Senga14.30, 16.45, 19.15, 21.30

THE DEMON WITHIN

U M D I S C O H O J E

Quando desistir? Eis uma pergunta que muitos de nós devem ter feito num dado momento da vida, perante um problema de difícil resolução. Ninguém gosta de perder, de abandonar o campo de batalha, de se render perante as armas superiores do inimigo ou da adversidade. Mas também muitos de nós sabem que há momentos em que não há mais nada a fazer. Temos de aceitar os dados que a sorte lançou para cima da mesa onde trabalhamos e comemos. Teremos mesmo?Não sei. Deixo a resposta a cada um e a cada situação concreta. Certo é que muitas vezes parece que ultrapassamos um limite ou que algum acontecimento nos faz perder a fé e a esperança. Dá vontade de desistir. Na verdade, o problema é a paisagem, o deserto que temos de atravessar depois da desistência, depois do mundo se tornar num lugar vazio e amargo. O problema é o advir de uma inesgotável e insaciável tristeza.Não sei se já experimentaram olhar à vossa volta e nada fazer sentido. São os grandes momentos em que tudo volta a estar em questão, em que é mesmo possível encontrar um novo sentido. Esta é a parte boa e luminosa da adversidade, da desgraça, da solidão. A parte digna. A parte que vale a pena ser vivida. Um recomeço, uma metamorfose, um novo sujeito que emerge do fundo de nós mesmos, magoado, ofegante, indisposto, mas disposto a continuar a viver. A manter abertas as linha de comunicação entre o mundo e esse transcendental sem transcendência que nós somos.Sim... desistir... Pelo não confronto: a desistência como a mais bela das não-acções.

14 OPINIÃO hoje macau segunda-feira 28.4.2014

expediente c ín icoMARCO CARVALHO

H Á um velho de ceroulas em celebração efusiva no ponto exacto em que per-mito, num desmazelo im-perdoável, que a memória me resvale para um leitoso mar de incompreensão. Desse momento em diante, o vazio. Um espesso banco de nevoeiro pousou para

todo o sempre sobre os verdes anos da infância, embrulhando-os num véu de in-certeza. De quando em quando emergem de entre a bruma imagens desarticuladas. São miragens improváveis desprovidas de narrativa que ou me pertencem ou perten-cem a outro ou não pertencem a ninguém.

Imagine-se que Albert Einstein estava certo. Que o tempo não é linear, nem ab-soluto e que é possível viajar pelo passado como quem guia até Elvas e Badajoz. Em consciência, senhor das curvas da estrada, conhecedor da paisagem, dos desvios e dos entroncamentos conduziria até ao momento exacto em que o velho, olhar cavo e crepus-cular, um esgar lancinante num corpo frágil e apagado, festeja com enganosa energia um golo de calcanhar na longínqua Áustria. Do velho se diz que matou um homem no alvor de uma juventude há muito sumida. Do crime, perpetrado sob a recortada copa dos seringais de Manaus, à sombra do Corcovado ou nos folhos da saia de uma mãe de santo baiana, restam rumores imprecisos e o epí-teto grotesco que o acompanhou muito além do fim dos seus dias. Uma alcunha é a pedra mais pesada que o diabo pode arremessar a alguém e Artur Pinho nem no silêncio do sepulcro, sete palmos de terra apartando o caixão da indiferença dos vivos, deixou de ser “o Sangra”. Naquela noite dos fins de Maio, a morte morava ainda em tempo in-certo e o Sangra, como se o Verão se fizesse nele anunciar com irrefreável exuberância, despojou-se das prerrogativas da idade, da camisa de tirilene e das calças de fazenda e numa solícita explosão de alacridade dançou sobre mesas e cadeiras e num inverosímil voo saltou para cima do balcão e como se fosse rei e senhor daquele altar profano, feito tribuna e galarim gritou no maior despropó-sito de sempre, por entre pontapés a taças de vinho e garrafas de Cristal,

25 de Abril sempre, fascismo nunca maisUma força assim, com a fúria de um ri-

noceronte dissimulada sob a pele engelhada, não teria sangrado um único homem; teria, certamente, esvaído um exército inteiro. Não digo que levasse de vencida uma horda de sar-racenos ou que um pelotão krautz se deixasse intimidar pelo requebro senil de um velho feito jovem num momento de indissimulá-vel felicidade, mas um exército de miúdos farroupilhas, como os que sonharam resgatar Jerusalém aos turcos, teriam deixado berlin-des e piões, flechas e carros-de-rolamentos para seguir o encrespado “Sangra”, general dos pés descalços, até ao fim da rua ou, se necessário, até ao fim do mundo. A impressão

26 de Abril sempreque “o Sangra” deixou foi tão incisiva – a noite foi a de 27 de Maio de 1987, data em que o Futebol Clube do Porto se sagrou campeão europeu pela primeira vez – que, mais do que o feito de Viena, é a furiosa tarantella de Artur Pinho que mantém viva a ocasião nos insondáveis e incertos pergaminhos não apenas do anedotário local, mas também e, sobretudo, do meu próprio breviário de personagens e vivências. Assassino nato, “o Sangra” aniquilou sem complacência os retalhos de memória e de lembrança que poderei ter acumulado até então. Se existem, perdidos algures por entre o sargaço da per-cepção, não os consigo vislumbrar. De todo o modo, o 25 de Abril que importa lembrar e celebrar sempre foi, para quem o não viveu, um exercício de evocação onde se misturam memórias emprestadas, artifícios de ideologia e rituais de mitogénese.

Para uma boa parte das gerações que cresceram após 1974, o 25 de Abril é uma concretização dogmática: celebra-se o feito com uma devoção que rasa o religioso e esquece-se o desígnio, a ele inerente, de zelar pelos valores que lhe dão substância. Abril, com todo o folclore que político que o rodeia, faz-se hoje mais da evocação de sím-bolos do que da manutenção das conquistas alcançadas. O cravo, os versos de Sophia, os passos de marcha no início da Grândola, o olhar cansado de Fernando Salgueiro Maia,

os pregões progressistas e a mansidão das chaimites mantêm viva a memória da data, mas escamoteiam e embalam a fragilidade de uma democracia que envelheceu dema-siado depressa e depressa se aventurou nos meandros da decadência. Decadente ou não, o Portugal que se evoca, nem sempre é o que importa evocar e em abono da verdade, a memória de Abril – experimentada em nome próprio ou erguida tendo por base roteiros e pergaminhos escritos pela mão de outros – não é mais do que o diálogo que cada um enceta com a própria consciência sobre o papel e o lugar que lhe é devido, sobretudo no que toca ao relacionamento que mantém com os outros e com a causa pública. Embandeirada como um valor absoluto, quarenta anos depois do 25 de Abril a liberdade continua a definir-se na negativa, mais pelo que não é (não é a perseguição política do Estado Novo, não é a censura, não é o Tarrafal, a guerra colonial e a privação de movimentos ou de direitos sociais) do que pelo que deveria ser: uma garantia em manutenção permanente que caminha de mãos dadas com a justiça social, a igualdade de oportunidades e a promoção de princípios fortes de civismo, onde direitos e deveres se equilibrem na mesma proporção para que o papel e o peso do Estado sejam o mais inóquos possível. Na forçosa evocação que faço dos caminhos que Abril abriu misturam-se cravos e canções, mas também as memórias de um vizinho céptico que enterrou a sua mais va-liosa possessão – uma terrina de faiança com as orelhas dentadas – num monte de esterco depois de um outro vizinho marialva ter anun-ciado com trejeitos fanfarrões a abolição da propriedade (“Burguês, a tua terrina não é tua. É nossa”), de um tio ingénuo que se juntou a medo a um comité progressista de gestão e acabou saneado e de um primo afastado que vestia calças à boca de sino e sapatos de salto alto e experimentou, no primeiríssimo 1.º de Maio, todas as glórias do movimento operário nos braços de uma mulata de quem nunca soube o nome e que nunca mais procurou por receio do que se pudesse dizer.

Quatro décadas depois, o medo persiste, ainda que conjugado em mil outras mani-festações: medo de se perder o emprego e o meio de sustento, medo de se morrer numa ambulância a caminho de um hospital longe demais, de se esperar ad aeternum por uma operação que não chega ou por uma recuperação económica que tarda a fazer-se anunciar. Assinalada que está a efeméride, com os cravos que murcham, ganha força a evidência de que Portugal não quer ser mais do que as suas circunstâncias. Que não há muito quem queira, como “o Sangra”, gri-tar num despropósito sentido “25 de Abril sempre” em Maio, Agosto ou Novembro. Se fosse vivo, face aos caminhos por onde se esvaíu a revolução, mais do que desiludido, o general Sangra dir-se-ia derrotado. Dir-nos--ia também – aos poucos que o lembramos, vitorioso, de ceroulas, na tribuna de todas as liberdades - que se perdeu uma batalha, mas a guerra, essa, continua.

Quatro décadas depois, o medo persiste, ainda que conjugado em mil outras manifestações

hoje macau segunda-feira 28.4.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Joana Freitas (Coordenadora); Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; José C. Mendes; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

15 opinião

O avião MH370 pertencia à Malaysia Airlines (MAS). Era um Boeing 777-200ER , com uma tripulação de 12 pessoas e com 227 passagei-ros a bordo, oriundos de 14 nações. Fazia a ligação entre Kuala Lumpur e Pequim. No dia 8 de Março, à 01:20, (hora da Malásia), menos de uma

hora depois de ter partido, o voo MH370 perdeu contacto com a torre de controlo. Às 07:24, a MAS declarou que o avião tinha desaparecido.

A “Wikipedia” disse: “Está em curso uma operação de bus-

cas multinacional, a maior da história da aviação, entre o Golfo da Tailândia e Mar do Sul da China. Em poucos dias, as buscas estenderam-se ao Estreito de Malaca e ao Mar de Andaman. No dia 15 de Março, com base em dados de radar e “pings” detectados por satélite, os investigadores concluíram que o avião tinha virado para a Península da Malásia, continuando a voar numa rota para norte ou para sul, durante aproximadamente sete horas. As buscas no Mar do Sul da China foram canceladas. Três dias depois as autoridades marítimas australianas deram início a buscas no sul do Oceano Índico.

No dia 24 de Março, o governo da Malásia confirmou que duas análises independentes da British Air Accidents Investigation Bran-ch (AAIB) e do satélite Inmarsat, indicavam “sem sombra de dúvida” que a aeronave se tinha despenhado no sul do Oceano Índico, não havendo sobreviventes. As antigas zonas de buscas foram abandonadas e os esforços foram concentrados na área australiana. Não foram encontrados destroços do avião nem sinais do desastre”.

Quando estava a escrever este artigo, o AUV Bluefin-21 procurava sinais do avião, por sonar, no fundo do mar.

No dia 8 de Março de 2014, as compa-nhias de seguros envolvidas neste acidente deram uma compensação aos familiares das vitimas, não havendo notícia dos valores envolvidos. No entanto, era importante saber como é que as companhias de seguros en-quadraram as indemnizações. Os passageiros foram declarados como “desaparecidos”, como “falecidos em acidente” ou como “vitimas de atentado terrorista”?

O vice-presidente da Federação de Se-guradoras de Hong Kong, Poon Wing Fat sublinhou que se fosse um caso de ataque terrorista, os familiares das vitimas podiam não receber qualquer compensação. As segu-radores de viagens Hang Seng e Hong Kong Bank já tinham declarado que não haveria indemnizações se fosse este o caso. A Zuri-ch e a AXA lida com os ataques terroristas como acidente e como tal quem tivesse feito este tipo de seguro de viagem teria direito à compensação. A seguradora AIG especificou que os danos pessoais e a morte causada por ataque terrorista tem direito a indemnização mas o cancelamento ou a suspensão do voo não é abrangida pelo seguro.

macau v is to de hong kongDAVID CHAN*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

PUB

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 179/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora HANDIKA YOSI(portadora do passaporte da Indónesia n.° AN259xxx e do Título de Identificação de Trabalhador Não-Residente n.° 13359xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 21/DI-AI/2012 de 03.03.2012, levantado pela DST, por prestação ilegal de alojamento da fracção autónoma situada na Estrada de Coelho do Amaral n.° 85, Edf. Kuong Iat Koi, 1.° andar D, bem como por despacho da signatária de 14.04.2014, exarado no Relatório n.° 264/DI/2014, de 25.03.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. -----------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. --------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 14 de Abril de 2014.

A Directora dos Serviços, Subst.ª,Tse Heng Sai

Seguros de viagem e o vooda Malaysia Airlines

Os passageiros foram declarados como “desaparecidos”, como “falecidos em acidente” ou como “vitimas de atentado terrorista”?

Por estes exemplos podemos verificar que algumas companhias de seguros estão dispostas a compensar os familiares das vitimas, mas que também existem várias limitações. Poon adiantou ainda que geral-mente os ataques químicos ou com gás não eram abrangidos pelos seguros. Talvez algumas companhias aceitem o risco dos ataques terroristas, mas excluindo os ataques químicos ou com gás.

Já abordámos as compensações em caso de “acidente” e de “atentado terrorista”. Ve-jamos agora os casos de “desaparecimento” ou “morte”. “Desaparecimento” e “morte” são coisas diferentes. Se dissermos, por exemplo, que Maria morreu, quer dizer que esta faleceu, mas se dissermos que desapa-receu, pode ser que ainda esteja viva e não queira aparecer. Por outras palavras, não é possível estabelecer contacto com Maria. Na política de seguros de viagem, os familiares recebem a compensação imediatamente em caso de morte, o que não acontece em caso de desaparecimento.

Se aplicarmos este argumento no caso do voo MH370, os familiares das vitimas não receberiam as compensações dos seguros, porque os passageiros do avião estão desapa-recidos, não mortos. Este pode ser um bom argumento para as companhias de seguros. Tanto a lei de Macau como a de Hong Kong estipulam sete anos de desaparecimento para ser declarada a morte. O artigo 100 (2) do Código Civil de Macau diz:

“O requerimento referido no número anterior só pode ser efectuado decorridos 7 anos sobre a data das últimas notícias.”

Para receberem as compensações, os

familiares das vitimas têm de preencher os requisitos acima mencionados; têm de esperar pelo menos sete anos até se poder declarar legalmente a morte e receberem a indemnização dos seguros.

O desastre do voo MH370 enquadra-se nas circunstâncias em que as companhias de seguros se recusam a pagar indemnizações. Para evitar estas situações, quem viaja deve estudar cuidadosamente a política da sua companhia de seguros.

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EDITORA LANÇA WENCESLAU DE MORAES EM PORTUGAL

Com a Ásia na bagagem

hoje macau segunda-feira 28.4.2014

Sands Lucrosde 6 mil milhões Os lucros líquidos do grupo Sands China fixaram-se nos 6 mil milhões de patacas, só durante os primeiros três meses deste ano, o que significa um aumento de 66% nas receitas, quando comparado com o mesmo período de 2013. A empresa fundadora, Las Vegas Sands, avança os números sobre as receitas do mesmo período, relativamente aos casinos da operadora na península de Macau, que rondam os 21,7 mil milhões de patacas, o que se traduz num aumento de 35%. Mais uma vez, a empresa fundada por Sheldon Adelson voltou a superar os números registados na “cidade norte-americana do pecado”, Las Vegas.

“Alemães acham que campos não existiram”Sílvio Berlusconi declarou que os alemães consideram que os campos de concentração nunca existiram, uma afirmação com que pretendeu atacar o candidato à presidência da Comissão Europeia Martin Schulz e que gerou polémica. Berlusconi, que falava perante activistas, recordou um episódio de 2003, quando foi contestado no Parlamento Europeu e, na resposta, aconselhou o alemão Schulz – actualmente presidente daquele órgão europeu - a assumir o papel de “Kapo” (chefe da guarda) em filmes sobre os campos de concentração nazistas. “Eu não queria insultar, mas isto causou um escândalo, porque, para os alemães, os campos de concentração nunca existiram.”, afirmou o ex-primeiro-ministro, uma ‘gaffe’ que está a motivar críticas.

EUA Escândaloracista no basquetebol A liga norte-americana de basquetebol, NBA, abriu uma investigação sobre os comentários racistas supostamente proferidos pelo proprietário dos Los Angeles Clippers, Donald Sterling. O caso mereceu já uma reação do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O site TMZ divulgou o áudio de uma suposta conversa de Sterling com a namorada, descendente de negros e mexicanos. O empresário terá sido ouvido a criticar V. Stiviano por publicar uma foto ao lado da antiga estrela Magic Johnson na rede social Instagram. “Fico aborrecido pelo facto de você querer mostrar a sua associação com pessoas negras. Precisava de fazer isso?”, diz a voz atribuída da Sterling no áudio. “Você pode ‘dormir’ com eles [os negros], pode levá-los para sua casa, fazer o que quiser. O que lhe peço é não fazer publicidade em torno disso e não os trazer para os meus jogos”, acrescenta. “Nos seus Instagrams nojentos você não precisa aparecer ao lado de negros”, completa.

cartoon por Stephff

U MA reedição da obra de Wenceslau de Moraes “Paisagens da China e do Japão” foi publicada

em Lisboa, pela editora Livros de Bordo, recentemente criada pela jornalista e correspondente do Hoje Macau em Pequim Maria João Belchior.

Depois de vários anos na capital chinesa, a Li-vros de Bordo é o novo projecto da jornalista que, através dele, pre-tende continuar ligada ao Oriente. “A ideia inicial de publicar livros sobre a Ásia e o Oriente”, é a proposta da editora, nomeadamente “algu-mas obras inéditas em Portugal”.

“Os temas vão es-tender-se da História à actualidade, das viagens ao ensaio, com alguns títulos nunca antes publi-cados em Português, mas também através da recu-peração, no mais recôn-dito dos baús, daquele livro que gostaríamos de ver de novo publicado”, propõe a Livro de Bordo.

A edição de “Pai-sagens da China e do

Japão”, de Wenceslau de Moraes, pretende ser “o mais parecida possível” com a segunda edi-ção, que é de 1938. Para isso, procedeu-se a uma digitalização do original. Segundo conta Maria João Belchior, para todo este trabalho contou com o apoio

fundamental da Associação Wenceslau de Moraes e do casal Pedro Barreiros e Graça Jorge, que lhe disponibilizaram o mate-rial necessário para a realização do livro.

O volume saiu no dia 23 de Abril e já está à venda em

Lisboa, devendo chegar esta semana a outras ci-dades do país. A editora pretende fazer vários lançamentos, até porque este ano celebram-se os 160 anos do nascimento de Wenceslau de Moraes. O livro conta com design de Bruno Rodrigues e um prefácio de Pedro Barreiros.

Ainda segundo Maria João Belchior, a editora publicará mais três livros para sair este ano, tendo igualmente como tema a Ásia e o Oriente. Os títulos ainda estão no segredo dos deuses.

Quanto a Pequim, a poluição e o elevado custo de vida levaram Maria João Belchior a optar por outra vida. Li-gada a esta editora, cuja página na internet é www.livrosdebordo.pt. - HM

Trabalhadores não residentes são 145.000 O número de trabalhadores não residentes em Macau ultrapassou no final de Março os 145.000, o que reflecte um aumento de 27% face ao mesmo mês de 2013 e de 5,7% contra Dzembro de 2013. No final de Março estavam registados 92.228 trabalhadores não residentes oriundos da China continental, 19.821 das Filipinas e 12.642 do Vietname. Em termos percentuais, traduzem aumentos homólogos de, respectivamente, 32,8%, 16,3% e de 19,7%. Dos trabalhadores não residentes oriundos da China, a maioria estava a trabalhar no sector da hotelaria e restauração - 29.080 pessoas - enquanto os oriundos das Filipinas e do Vietname estavam mais concentrados nas actividades de empregados domésticos - 9.991 e 7.302, respectivamente. Além de trabalhadores não residentes da China, Filipinas e Vietname, estão registados em Macau outras pessoas de nacionalidades tão distintas como a indonésia, norte-americana, malaia, birmanesa, inglesa, japonesa, sul-coreana, canadiana, australiana, portuguesa, entre outras.

Associação local organiza feira de emprego em TaiwanCerca de 20 empresas de Macau e Taiwan deverão ir procurar trabalhadores na feira de emprego que irá decorrer em Taiwan no início de Maio, com organização da Associação dos Antigos Alunos das Universidades de Macau. A procura faz-se não só por estudantes de Macau em Taiwan, mas também o oposto. Chun Chao Fai, presidente da Associação de Construção Civil de Macau, referiu as actuais dificuldades de recrutamento em Macau. “É necessário pelo menos um mês para contratar alguém desde que se coloca um anúncio no jornal para uma vaga de emprego até começar a receber currículos. Normalmente, e em média, há cinco pessoas com interesse em se submeter a entrevistas de trabalho. Não tem nada a ver com o salário. Parece-me sim que o ambiente de trabalho nas operadoras de jogo é mais favorável. As operadoras de jogo até podem associar-se a empresas de consultadoria com o intuito de atrair mais pessoas. As condições de trabalho parecem-me pelo menos melhores do que aquelas que o sector da construção civil oferece.”

Chelsea vence Liverpool e relança campeonatoQUANDO o melhor ataque da Premier League

fica em branco, o melhor é mesmo começar a pensar que quem defendeu fê-lo bem. Foi precisa-mente este o grande mérito do Chelsea esta tarde em Anfield, ao vencer o ainda líder Liverpool por 2-0.

E porque a estrelinha de José Mourinho não há maneira de perder o brilho, os londrinos colocaram--se em vantagem já no período de descontos da primeira parte, na sequência de uma escorregadela de Gerrard que Demba Ba não perdoou – o senegalês isolou-se e não teve dificuldades em bater Mignolet.

Na segunda parte, o Chelsea praticamente

abdicou de atacar e defendeu com unhas, dentes e garras a vantagem. Ou seja, o tal autocarro à frente da baliza que Mourinho meia volta fala e crítica fez a sua aparição em Liverpool.

E não é que resultou? E não é que com o Liver-pool completamente focado na igualdade os blues chegaram ao 2-0, aos 90+3, numa jogada em que Willian e Torres (aproveitaram mais um erro infantil, desta feita de Sturridge) se isolaram... tendo apenas o guarda-redes Mignolet pela frente...? Está, pois, ao rubro o campeonato inglês, com Liverpool e Chelsea separados, agora, por dois pontos.