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PUB GONÇALO LOBO PINHEIRO PUB Ter para ler Os deputados chineses não ouviram a entrevista do presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, à Rádio Macau e por isso dizem que os temores de Pereira Coutinho em relação ao fim dos projectos de lei não se justificam. Para Ng Kuok Cheong, por exemplo, tal seria “impossível”. PÁGINA 4 ILUDIDOS? Deputados não acreditam no fim dos projectos de lei AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB UMAC Jason Chao considera que processo da universidade contra Bill Chou é ilegal SOCIEDADE PÁGINA 7 CARLOS MONJARDINO DEFENDE MAIS INVESTIMENTO CHINÊS EM PORTUGAL PERSONALIDADE PÁGINAS 2 E 3 hojemacau DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 2 DE ABRIL DE 2014 ANO XIII Nº 3063

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Hoje Macau N.º3063 de 2 de Abril de 2014

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Page 1: Hoje Macau 2 ABR 2014 #3063

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GONÇ

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Ter para ler

Os deputados chineses não ouviram a entrevista do presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, à Rádio Macau e por isso dizem que os temores de Pereira Coutinho em relação ao fim dos projectos de lei não se justificam. Para Ng Kuok Cheong, por exemplo, tal seria “impossível”.

PÁGINA 4

ILUDIDOS ?Deputados não acreditam no fim dos projectos de lei

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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UMACJason Chao considera

que processo da universidade contra Bill Chou é ilegal

SOCIEDADE PÁGINA 7

CARLOS MONJARDINO DEFENDE MAIS INVESTIMENTO CHINÊS EM PORTUGAL

PERSONALIDADE PÁGINAS 2 E 3

hojemacau

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q UA R TA - F E I R A 2 D E A B R I L D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 6 3

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2 hoje macau quarta-feira 2.4.2014PERSONALIDADE

T RANSPORTES ma-rítimos, portos e banca são sectores nos quais os chineses

estão mais interessados em investir em Portugal, além da energia, seguros e imo-biliário, onde já estão, e dos resíduos onde manifestaram vontade de estar, disse Car-los Monjardino, presidente da Fundação Oriente, à agência Lusa.

“Os chineses querem ter um banco aqui para terem uma presença na Europa”, mas também “têm interesse nos transportes marítimos e nos portos”, afirmou Carlos Monjardino.

Para o presidente da Fun-dação Oriente, o investimen-to chinês no sector financeiro é não só “possível como é desejável”, lembrando que “houve um interesse grande de dois bancos chineses que quiseram vir para Portugal já há uns anos”, negociações que não foram avante na altura e que garante desco-nhecer os motivos porque tal aconteceu.

BCP, PORTOSE OUTROS SECTORESQuanto a bancos portugue-ses que poderiam estar agora sob o olhar atento dos chine-ses, Carlos Monjardino tem uma resposta curta e rápida: “o BCP”. E sublinhou que “já não é a primeira vez que eles olham para o BCP”.

Já em relação ao interes-se de chineses pelos trans-portes marítimos e portos, destaca que este ganhou ainda maior relevância com as recentes alterações na Ucrânia.

Neste novo contexto, “os portos portugueses podem ser, nomeadamente aqueles em que há hipóteses de arma-zenagem de gás, um ponto de passagem do gás que vem dos Estados Unidos para outros países. Mas já antes disto [crise na Ucrânia], com o alargamento do canal do Panamá, esperava-se que muito mais se fizesse por transportes marítimos e nós ficávamos numa posição, até mais os Açores, muito boa para funcionar como uma base de distribuição para outros países”.

Quanto ao interesse já público de chineses na privatização da Empresa de Geral de Fomento, Carlos Monjardino explica que a pretensão dos investidores “é vir buscar ‘know how’ na área do tratamento dos lixos”, adiantando que “um dos enormes problemas que a China tem é um défice de

CARLOS MONJARDINO DEFENDE PRESENÇA CHINESA EM PORTUGAL

“Vistos gold facilitaram muito as coisas”

técnica para recuperação e tratamento de lixo. E tinham aqui [na privatização da EGF] uma maneira barata de comprar uma empresa, que é tecnicamente muito válida nessa área para depois utili-zarem esse conhecimento na China”, explicou.

Carlos Monjardino con-sidera que “os vistos gold facilitaram muito as coi-sas” para que os negócios de chineses em Portugal tenham vindo a crescer nos últimos anos e em sectores importantes, mas acredita que “os chineses também dão muita importância ao relacionamento histórico de 500 anos” que existe entre os dois países. Além disso, frisa, “a questão de Macau passou-se bem.

No entanto, também ad-mite, que Portugal é um país

mais aberto ao investimento chinês do que outros países da Europa.

PORTUGAL É PONTEPARA A CHINAQuando questionado sobre se Portugal é para os chine-ses uma ponte para a Europa ou para África, responde: “Para a África ou para a Europa, mas mais para a África de língua portuguesa, em muitos casos”.

Sobre os riscos de atri-buição de vistos Gold, que já conduziram à abertura, por parte do Ministério Público, de dois proces-sos de investigação sobre cidadãos chineses, Carlos Monjardino, desdramatiza e argumenta que os vistos passam pelo crivo do SEF - Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, e embora consi-

dere este tipo de casos “vai surgir sempre”, realça que “na aflição em que estamos isto [os vistos gold] veio contribuir bastante para atrair mais investimento.”

E destaca que “nesse campo o ministro Paulo Portas fez um excelente trabalho e tem jeito e cheiro para estas coisas”.

Depois da China, os pa-íses do Médio Oriente são outros dos destinos onde Portugal deveria “fazer mais para atrair investidores”, afirma Carlos Monjardino, que em breve fará uma deslocação à região, “para fazer uma política de coope-ração com museus do Médio Oriente”, mas, esclarece, “vou também, porque não resisto, tentar perceber o que é que eles querem de Portu-gal e o que o país lhes pode

oferecer, para perceber se não podem investir mais cá.”

O PÓS-TROIKAQuanto à situação portu-guesa, Carlos Monjardino duvida que Portugal tenha condições para uma saí-da limpa do programa de ajustamento, defendendo “um programa cautelar”, a reestruturação da dívida e mais investimento que permita colocar a economia a crescer.

“Se fosse possível sem cautelar, seria sem cautelar, mas duvido que tenhamos condições”, afirmou Carlos Monjardino, considerando que por uma questão “de segurança para o país” será melhor “com cautelar”.

Um crescimento da eco-nomia “inferior a 3% ou 4% ao ano” não permite ao País

O ESSENCIAL AS OPINIÕESO presidente da Fun-dação Oriente defende a presença chinesa em Portugal e em vários sectores da economia, da banca aos portos marítimos. Quanto ao PS, Monjardino considera que António Costa é candidato na-tural à liderança.

O CONTEXTOCarlos Monjardino foi Secretário-adjunto para a Economia e Fi-nanças em Macau nos anos 80, é presidente da Fundação Oriente e há muitos anos que mantém relações com a China. É também reco-nhecido como alguém próximo do Partido Socialista e do seu líder histórico Mário Soares.

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3 personalidadehoje macau quarta-feira 2.4.2014

CARLOS MONJARDINO DEFENDE PRESENÇA CHINESA EM PORTUGAL

“Vistos gold facilitaram muito as coisas”Em relação ao assunto privatizações, “a minha posição aproxima-se bastante da do PCP ou do Bloco de Esquerda, mais do que da do PS”

criar o mínimo de emprego e resolver alguns problemas, sociais e outros, como o das contribuições para a Segurança Social, lembra o presidente da Fundação Oriente, comentando, ao mesmo tempo, as previsões do Banco de Portugal que apontam para um cresci-mento da economia de 1,2% este ano, de 1,4% em 2015 e 1,7% em 2016.

“Não podemos ter cada vez mais pessoas desempre-gadas ou reformadas e não se gerar mais emprego. É impossível. E 1,4% de cres-cimento não é nada. Ficamos todos contentes, pois é melhor crescer do que não crescer e entrarmos em recessão, mas não chega, nem chegará, nem chegaria, mesmo que fosse 5% ao ano. Teríamos de estar aqui não sei quantos anos a crescer mais do que isso para podermos equilibrar as nossas contas públicas”, lamenta o gestor.

“Não há milagres, e para sabermos isso não é preciso ser economista, ou financeiro, ou matemático. É preciso saber só fazer contas de aritmética básica (...)”, acrescentou.

Assim, Monjardino de-fende que para sair da crise Portugal precisa de uma receita semelhante à que defendem os subscritores do manifesto dos 74, ou seja, “alongar o período de pa-gamento da dívida e manter um grande controlo sobre a despesa pública”.

E em termos de controlo da despesa defende que ain-da podem ser feitos esforços porque ainda há “algumas gorduras” e diz-se convenci-do “de que ainda há institutos que se calhar estão a fazer coisas que não servem para nada ou então não estão a fazer mesmo nada”.

Pelo contrário o gestor diz não estar de acordo “que se corte no funcionalismo públi-co à maluca, nomeadamente na saúde e até nas finanças, e depois não se dê um serviço digno à população”.

DIVERSIFICAR FONTESDE INVESTIMENTOMonjardino defende ainda que é preciso “uma política

muito, muito, muito agres-siva ao nível da obtenção de investimento estrangeiro em Portugal, usando as pessoas todas que neste país têm conhecimentos ao nível de um e outro país e não recor-rendo só aos funcionários públicos e às pessoas que estão metidas na máquina do Estado. Tem que se procurar privados que queiram ajudar a trazer para cá investimen-to. E temos de bater a portas como o Médio Oriente”.

Mais investimento públi-co, mesmo que isso represente mais endividamento, é na opinião de Monjardino outra componentes essencial de uma receit

“Não pode deixar de se ter investimento públi-co forte. O país é pobre e também não tem fortunas grandes comparadas com as da Europa, os grupos estão a maior parte deles muito alavancados, porque não têm muito capital”, assim, “tem de ser a parte pública e os privados a puxar pela economia” afirmou, consi-derando que o país também não pode continuar a vender “o pouco que ainda” tem aos estrangeiros.

“Custa-me por exemplo ver os correios portugueses partirem como partiram e, porventura, com a TAP vai acontecer qualquer coisa pare-cida, e a ANA que já foi. Não concordo com isto”, disse.

Na opinião do presidente da Fundação Oriente, “o Estado tem de ter sempre a possibilidade de intervir de maneira forte em alguns sec-tores. Ao nível, por exemplo, da distribuição de água, de electricidade, nas coisas que são de facto importantes e transversais em relação à po-pulação. Agora chegar aqui e despachar tudo e vender

tudo de qualquer maneira não faz sentido”.

E concluiu, em relação ao assunto privatizações, “a minha posição aproxima-se bastante da do PCP ou do Bloco de Esquerda, mais do que da do PS”.

PS: ANTÓNIO COSTAÉ CANDIDATO NATURALÀ LIDERANÇAO candidato natural à lide-rança do Partido Socialista (PS) “é António Costa”, o actual presidente da Câma-ra de Lisboa, disse à Lusa o presidente da Fundação Oriente, considerando que o político teria “probabilida-des de vencer” as próximas legislativas.

Questionado sobre quem poderia ser o candidato natural à liderança do PS, caso o partido não obtivesse os resultados esperados nas próximas europeias, marca-das para 25 de Maio, Carlos Monjardino afirmou: “Neste momento está lá [na lideran-ça] o António José Seguro, está a fazer as suas provas, tem que as fazer, e a seguir às europeias logo se vê. Perante um eventual mau resultado do PS, o candidato natural à liderança é o António Costa. Não estou a dar nenhuma novidade”, sublinha.

Um candidato que po-deria contar com o apoio do presidente da Fundação Oriente, como o próprio admite, adiantando, no en-tanto, que não é filiado no PS, mas apenas um simpa-tizante, desde sempre.

Por isso, realça, “se as coisas correrem mal ao PS nas europeias, isso é lá com as estruturas do PS”.

Para Carlos Monjardino, António Costa só ainda não avançou com uma candida-tura à liderança do partido porque “é uma pessoa muito segura e, portanto, gosta de ter do seu lado o máximo de probabilidades de vencer. E às vezes isso impede-o de tomar alguns riscos”.

Mas para o gestor e responsável da Fundação Oriente, o actual presidente da Câmara de Lisboa teria probabilidade de vencer as legislativas de 2015.

“Numas próximas legis-

O investimento chinês no sector financeiro é não só “possível como é desejável”

Aviso de recrutamento(N.º de recrutamento: 01/IH/2014)

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Transportes e Obras Públicas, de 16 de Dezembro de 2013, se encontra aberto o concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, para o preenchimento de cinco lugares de auxiliar, 1.º escalão, área de servente, da carreira de auxiliar, em regime de contrato de assalariamento do Instituto de Habitação.

Para mais informações, queiram consultar o aviso de abertura do concurso publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.o 13, II Série, de 26 de Março de 2014, ou dirigir-se durante os dias úteis à recepção deste Instituto, sito na Travessa Norte do Patane, n.o 102, r/c, Ilha Verde, ou visitar a página electrónica deste Instituto: www.ihm.gov.mo.

Instituto de Habitação, aos 21 de Março de 2014.

A Presidente, Subst.a,

Kuoc Vai Han

lativas ele teria essa probabi-lidade de vencer”, afirmou.

E acrescentou: “Contra-riamente ao que andam para aí a apregoar sobre o António Costa para as eleições para a Presidência da República - embora eu não tenha o conhecimento que porven-tura outras pessoas possam ter sobre o assunto -, não é nada do que ele pretende. Ele a pretender qualquer coisa é ser candidato na-tural a primeiro-ministro. Não é que existam muitos candidatos possíveis para a Presidência da República, porque aparentemente não há, mas isso na altura se verá”.

Em relação às listas do PS e PSD para as Europeias, a primeira liderada por Fran-cisco Assis e a segunda por Paulo Rangel, o presidente da Fundação Oriente considera

que são candidatos “que já tem um grande mérito e uma grande experiência política”, mas diz ter ficado “surpre-endido com a não inclusão de Capoulas dos Santos nas lista do PS, porque era uma pedra importante, para não dizer quase fundamental, na área que domina e não entendi porque que ficou de fora. Até fez um trabalho extraordinário em Bruxelas. No PSD, o cabeça de lista é

uma pessoa com experiência política e conhece muito bem Bruxelas, que fará com certe-za muito bem o seu trabalho”.

EUROPA PODE VIRARÀ ESQUERDAApesar disso, acha que vai haver um grande nível de abstenção nestas eleições o que para Carlos Monjardino, “é um erro” porque “cada vez mais as decisões tomam--se na Europa e não aqui”.

Quanto aos resultados

globais, defende que “há pela, primeira vez, a hipó-tese do Parlamento Europeu ter uma maioria de centro esquerda. Tudo se conjuga para isso. Muitos dos países estão virados à esquerda. E quando há crises é normal, que mesmo com um gover-no de direita, os votantes tenham tendência para votar à esquerda. E aí as coisas lá vão mudar, estou convenci-do que sim, porque não vão

ser porventura exactamente como dantes a senhora Merkel queria ou mandava”, o que defende “pode ser bom para Portugal”.

Já sobre a sua própria eventual disponibilidade para uma participação mais activa na vida política, o presidente da Fundação Oriente é cauteloso: “De-pende das oportunidades que me apresentarem e sobretudo de quem as apre-sentar”. - Lusa/Hoje Macau

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4 hoje macau quarta-feira 2.4.2014POLÍTICA

JOANA [email protected]

CECIL IA L [email protected]

D EPUTADOS contactados pelo HM negam que seja possível uma alteração ao Regimento de Mandatos

da Assembleia Legislativa (AL) que venha impedir a entrega de projectos de lei pelos membros do hemiciclo.

A ideia foi defendida por José Pereira Coutinho ontem, em entre-vista ao HM, que voltou a explicar porque considerou esta possibi-lidade. “Isto vem na sequência das declarações proferidas pelo presidente da AL na [entrevista] à Rádio Macau, sobre o facto de haver deputados que, sistematica-mente, todos os anos, apresentam o mesmo projecto de lei, sem qualquer tipo de alterações. (...) O que ele queria dizer, é que o projecto é exactamente o mesmo que no ano anterior e, o que eu queria dizer, é que estas formas – directas e indirectas -, se não forem denunciadas, acabam por resultar em alterações regimentais que podem vir a afectar o artigo 75 da Lei Básica.”

J Á estão marcados os debates propostos por Ng Kuok Cheong e os deputados da Nova Esperança sobre assuntos de inte-

resse público, aprovados a semana passada. Depois de Ella Lei, que leva o tabagismo à Assembleia Legislativa, o metro e os táxis amarelos vão fazer os representantes do Go-verno deslocarem-se ao plenário, nos dias 11 de Abril para o primeiro e 9 para o segundo.

As propostas de debate para os deputados foram aprovadas na semana passada pelos membros do hemiciclo. O democrata Ng Kuok Cheong leva o assunto da primeira fase do metro ligeiro em Macau, na zona dos NAPE. Para o deputado, a população não foi ouvida e o Governo deve manter-se no plano inicial do

projecto, que foi alvo de polémico ao longo do tempo devido às suas alterações. “O Governo da RAEM ajustou ligeiramente o traçado, que mudou da Rua de Londres para uma zona perifé-rica. Quanto ao restante traçado, o Governo deve manter o que está previsto no plano original, incluindo a estação de Nam Van, com vista a abranger o centro da cidade, onde é elevado o fluxo de pessoas”, defende Ng Kuok Cheong.

Também José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai se queixam do mesmo, mas re-lativamente aos táxis amarelos. “Sem aviso prévio e sem submeter o assunto a consulta da população, o Governo prorrogou o contrato de concessão de exploração das licenças especiais de táxis por um período de 9 meses”, começam

por dizer. “[O Executivo] decidiu que 60% dos táxis amarelos continuam a assegurar o serviço de transporte por marcação telefónica e que 40% passam a assegurar o serviço de táxis através do sistema de exploração livre, mas, num passado recente, o Governo afirmou que uma das condições essenciais para a re-novação do contrato desta concessão seria o de exploração exclusiva destes táxis por via de chamadas telefónicas.”

Os deputados vão ouvir, agora, o que têm a dizer as autoridades sobre os assuntos. Os debates estão marcados para as 15 horas e, se-gundo o calendário da AL, serão dia 8 de Abril (sobre o tabaco), 9 (sobre os táxis amarelos) e 11, para o metro. - J.F.

A leitura é de José Pereira Coutinho, mas não está a ser partilhada por outros deputados da AL: as novas alterações ao Regimento da Assembleia não vão fazer com que os membros do hemiciclo acabem por perder o direito a entregar projectos de lei

DEPUTADOS NEGAM QUE HAJA TENTATIVAS DE IMPEDIR ENTREGAS DE PROJECTOS DE LEI NA AL

Um direito impossível de perder

AL DEBATES SOBRE FUMO, METRO E TÁXIS AMARELOS COM DATA MARCADA

Uns a seguir aos outros

Este artigo refere-se ao direi-to dos deputados apresentarem projectos de lei e de resolução, que podem ser apresentados in-dividualmente ou em conjunto ao hemiciclo, desde que não envol-

vam receitas e despesas públicas, a estrutura política ou o funciona-mento do Governo.

A opinião de Pereira Coutinho – que, frisa, é apenas uma leitura feita a declarações de Ho Iat Seng – não é, no entanto, partilhada por outros deputados contactados pelo HM.

Ng Kuok Cheong, por exemplo, considera que impedir os deputa-dos de entregar projectos de lei é “impossível”. O democrata diz ainda que nunca ouviu opinião

O ESSENCIAL

AS OPINIÕESDeputados contactados pelo HM consideraram, ao contrá-rio de Pereira Coutinho, que é impossível serem impedidos de apresentar projectos de lei por este ser um direito que lhes assiste.

O CONTEXTOEm entrevista à Rádio Macau, o presidente da AL, Ho Iat Seng, revelou estarem a ser estudadas alterações ao regi-mento do hemiciclo. Pereira Coutinho entendeu que alguns deputados pretendem impor limitações aos seus colegas, in-cluindo o direito de apresentar projectos de lei.

semelhante. “Entregar um projecto da lei é um direito dos deputados.”

Também Kwan Tsui Hang partilha da opinião do colega. “Nunca ouvi esta ideia de proibir os deputados de entregar o projecto da lei e isto é um direito por lei. Por isso, duvido desse discurso do deputado Coutinho. Mes-mo assim, acho que é impossível.”

COMISSÃO MALDITADepois de ter falado sobre o as-sunto na entrevista dada ao HM

na segunda-feira, Pereira Coutinho voltou ontem a sublinhar que as ideias deixadas pelo presidente da AL “se não forem denunciadas, acabam por resultar em alterações regimentais que podem vir a afec-tar” os direitos dos deputados em entregar projectos de lei.

Mas, mais ainda, o deputado – cuja bancada tem sido a única a elaborar leis para apresentação no hemiciclo – explica outro dos factores que o leva a considerar que estas alterações podem acontecer.

“O presidente da AL concorda com a opinião do deputado Leonel Alves em criar uma comissão espe-cializada para analisar os projectos apresentados pelos deputados an-tes de serem despachados a todo o hemiciclo. Isto, acho, trata-se de uma forma mais directa de [cessar] os direitos constantes na Lei Bási-ca, de os deputados apresentarem projectos de lei”, refere Coutinho.

Au Kam San, que falou também ao HM, revelou que Pereira Cou-tinho já tinha comentado sobre o assunto da comissão. O deputado do Novo Macau, contudo, diz que esta forma de pensar foi apenas “um entendimento” de Pereira Coutinho de que, no futuro, iria haver esse impedimento de os deputados en-tregarem projectos de lei.

Seja como for, para Pereira Coutinho “as situações concre-tizam-se a partir de sinais de evidência importantes” como os que referiu, tal como esta ideia de que fazer passar os projectos de lei por uma comissão especiali-zada levará a que os membros do hemiciclo acabem por perder os seus direitos.

“O presidente da AL concorda com a opinião do deputado Leonel Alves em criar uma comissão especializada para analisar os projectos apresentados pelos deputados antes de serem despachados a todo o hemiciclo. Isto, acho, trata-se de uma forma mais directa de cessar os direitos constantes na Lei Básica, de os deputados apresentarem projectos de lei.”PEREIRA COUTINHO Deputado

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5 políticahoje macau quarta-feira 2.4.2014

JOANA [email protected]

M AIS de duas dezenas de autoridades e téc-nicos dos serviços públicos de Angola,

Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal e Timor-Leste estão em Macau a convite do Fórum Macau para participar naquele que é o 1º. Colóquio sobre os Serviços de

CECÍLIA L [email protected]

A deputada Kwan Tsui Hang entregou mais uma inter-pelação escrita onde pede

que o Governo considere a redução da diferença de propinas entre as escolas públicas, privadas e as res-tantes instituições que não pediram financiamento junto do Executivo.

“O que vale a pena dar atenção é que o ensino é dividido em três tipos de escolas: a escola pública, onde o ensino é totalmente gratuito, a escola privada sem propinas e a escola privada sem financiamento do Governo, onde os pais têm de pagar as propinas e tudo o que está ligado ao ensino dos filhos. O número destas escolas é, respectivamente, de 3,8%, 78,9% e de 17,3%. Contudo, há uma grande diferença em relação aos recursos que as escolas recebem do Governo.”

A deputada, que se senta no hemi-ciclo em representação da Federação das Associações de Operários de Ma-cau (FAOM), cita ainda um relatório da execução orçamental de 2012.

“Cada aluno recebeu 820 mi-lhões de patacas, o que está acima do nível médio em Macau. Contudo, 96% dos alunos que estudam nas

escolas privadas receberam menos do que na escola pública.” Kwan Tsui Hang considera, por isso, que há uma situação de “injustiça” no ensino, e que cada estudante têm direito a receber iguais apoios nos recursos.

“Nos últimos anos o Governo não melhorou a equidade na alocação de recursos para a educação básica. Algumas escolas mais populares, onde, por exemplo, o espaço não é suficiente, os responsáveis não ajudaram a melhorar o ambiente de ensino e de actividades. Se o Governo não considerar seriamente esta questão, o objectivo de ter uma política de educação justa não vai ser cumprido.”

“Para além do financiamento regular, nos últimos anos o Governo também criou o fundo de desenvol-vimento educativo para financiar

as escolas do ensino não superior, para realizarem actividades ou os programas curriculares, a compra de equipamentos ou materiais, bem como a construção e renovação dos edifícios. O Governo poderia criar um índice para garantir que todas as escolas recebem um financia-mento justo e racional”, escreveu a deputada.

O Governo implementou a educação gratuita no ano lectivo de 2007\2008 para o ensino infantil, primário e secundário. Segundo dados da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) relativos a 2011, foram gastos mais de três mil milhões de patacas para as escolas, sendo que cada aluno custou ao Governo 44,8 mil patacas por ano. Esses valores representaram um aumento de 25% face aos dois anos anteriores.

Em Agosto esperarei por tiAs eleições para o Chefe do Executivo estão marcadas para o dia 31 de Agosto. O anúncio foi feito pelo próprio líder do Governo, num almoço ontem oferecido à imprensa de língua portuguesa e inglesa do território. Chui Sai On, que cumpre até Dezembro o seu primeiro mandato e que já revelou ser candidato a um novo, anunciou que o segundo semestre do ano será de intensa actividade. O líder do Governo só pode ser escolhido pelos membros da comissão eleitoral dois meses após a eleição destes, o que só poderia acontecer depois de 29 de Agosto, dado que o colégio que elege o Chefe do Executivo – e que tem 400 elementos - é escolhido a 29 de Junho.

FÓRUM MACAU REALIZA COLÓQUIO SOBRE ALFANDÊGAS ATÉ DIA 14 DE ABRIL

Ensinar a passar fronteiras

KWAN TSUI HANG QUER REDUZIR DIFERENÇA DE PROPINAS ENTRE ESCOLAS

“Garantir um financiamento justo e racional”

Alfândega para os Países de Língua Portuguesa. A actividade começou ontem e dura até 14 de Abril, sendo a primeira deste género do Centro de Formação do Fórum de Macau sobre o tema.

Para Chang Hexi, secretário--geral do Secretariado Permanente do Fórum Macau, a realização de um colóquio deste género é necessária, tendo em conta que “com o processo de liberalização

PROJECTOS LUSÓFONOS AVALIADOSO Banco de Desenvolvimento da China ainda está a fiscalizar os projectos lusófonos candidatos ao fundo de mil milhões de dólares, anunciados em 2010 pelo então primeiro-ministro chinês Wen Jiabao. A revelação foi feita ontem pelo secretário-geral do Fórum Macau, Chang Hexi. De acordo com a Rádio Macau, a equipa de gestão do Banco de Desenvolvimento da China está a fiscalizar e a avaliar os projectos e área de construção de infra-estruturas domina as candidaturas. O banco é um dos financiadores do fundo, a par do Governo de Macau. Da dotação global, 200 milhões de dólares destinam-se a fundos de capital, enquanto os restantes 800 milhões são para empréstimos e financiamento de projectos relacionados com a construção de infra-estruturas, transportes, comunicações, energia, agricultura e recursos naturais. Segundo a rádio, Chang Hexi não revela o número de projectos que já foram recebidos, nem os montantes envolvidos.

e facilitação do comércio interna-cional torna-se inevitável a criação do sistema de facilitação comercial altamente eficiente, a eliminação de obstáculos aduaneiros para cir-culação de mercadoria e a redução de tarifas aduaneiras”. Também Rita Santos, secretária-geral ad-junta, relembra que Pequim está a cooperar com os países lusófonos no desenvolvimento de zonas francas, pelo que o controlo das

fronteiras é algo primordial. “É por isso que nos juntamos em trocas de experiências com a China e também entre os próprios países de língua portuguesa, uma vez que os produtos também são exportados e importados entre estes”, explica aos jornalistas.

Ao ser um porto franco, dizem os responsáveis do Fórum Macau, o território tem “vantagens únicas de bom ambiente de negócio”,

mas isso mesmo leva a que seja necessário saber mais sobre o as-sunto das alfandegas e a forma de funcionamento destas. Os temas preparados para o Colóquio são, por exemplo, a cooperação regional no âmbito dos serviços alfandegários e a sua promoção, a Lei do Comér-cio Externo de Macau, o combate aos crimes transfronteiriços, entre outros. Vai ser ministrado na Uni-versidade de Macau.

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6 hoje macau quarta-feira 2.4.2014SOCIEDADE

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CÂNT

ARAANDREIA SOFIA SILVA

[email protected]

“U M novo núcleo co-munitário, cercado de paisagem montanha e próximo de espelhos

de água, melhor protegendo os recursos naturais, como a colina e o antigo convento.” É assim que o Governo quer ver a Ilha Verde nos próximos anos, mas não se sabe quando é que poderá ser uma realidade.

Em consulta pública desde 2011, o Plano de Reordenamento Urbanístico da Ilha Verde não tem data para avançar. Em resposta ao HM, a Direcção de Serviços de Solos e Obras Públicas (DSSOPT) diz apenas que “a elaboração, aprovação, execução e revisão dos planos urbanísticos está sujeito ao cumprimento da lei do planeamen-to urbanístico, e que por sua vez servirá de base para a definição do regime jurídico”.

Na opinião da arquitecta Maria José de Freitas, isso pode significar uma espera de cinco anos até que haja um plano director da penín-sula. “Não vejo que sem plano e sem uma análise aprofundada das

EM conferência de im-prensa, Ung Sau Hong,

administradora do Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), afirmou que a importação de aves vivas vai ser retomada na próxima quinta-feira, dia 3 de Abril. As aves deverão chegar ao Mercado abastecedor Nam Yue, começando a ser comer-cializadas para todo o território no dia seguinte (sexta-feira).

As análises realizadas às aves portadoras do vírus H7N1 permitiram apurar que a infecção proveio de Zhuhai. No entanto, Hong afirmou que a importação vai ser re-tomada de forma regular. De acordo com administradora do Conselho de Administra-ção do IACM, o número de amostras para teste do vírus vai aumentar de 70 para 100 animais de capoeira.

Outra das decisões está re-

A Macao Water con-seguiu lucros de mais de 50 mi-

lhões de patacas no ano passado, mas, deste total, só 48 milhões foram re-ceitas provenientes do serviço de abastecimento de água. Ainda assim, o investimento da empresa em 2013 atingiu os 61 mi-lhões de patacas, mais 10 milhões do que orçamento original.

Num comunicado en-viado pela empresa, a Macao Water admite que o consumo de água subiu 4,2%, comparado a 2012, muito devido ao aumento da população e ao desen-volvimento da indústria

de entretenimento, turis-mo e lazer. Como já tem sido hábito, o consumo de água no sector comercial e industrial representou quase 60% do total do consumo, sendo que o Governo e os serviços da Administração fez uso de apenas 6,5% da água total consumida no território.

Conforme já tinha sido avançado anteriormente, a Macao Water assegura que vai ser necessária mais água para o abasteci-mento de Macau, algo que vai levar a empresa a in-vestir em infra-estruturas entre os próximos cinco a dez anos. Isto inclui a criação de uma nova

estação de tratamento de água em Seac Pai Van, em Coloane.

No final de 2013, a Macao Water começou já o projecto de expansão do principal reservatório de água, onde planeia investir mais de 100 mi-lhões de patacas. Após a conclusão, o projecto vai aumentar a capacidade global de produção de água de Macau para 390 mil metros cúbicos por dia. Além disso, a empre-sa diz ter implementado medidas para reduzir a taxa de perda de água, no ano passado, sendo que esta foi reduzida para 9,5%. - J.F.

ILHA VERDE DSSOPT NÃO REVELA CALENDÁRIO PARA PLANO QUE EXISTE DESDE 2011

Quem espera, desespera

“O Governo deveria impor alguma disciplina na situação e facilitar a vida às pessoas que lá habitam. Não deve esperar mais tempo pelo tal plano milagroso”MARIA JOSÉ DE FREITAS arquitecta

2013 MACAO WATER INVESTIU MAIS DO QUE PREVIA

Água vem, água vai

coisas, e sem a compatibilização de todas as áreas envolvidas se possa avançar”, disse ao HM.

“O Governo deveria impor alguma disciplina na situação e facilitar a vida às pessoas que lá habitam. Não deve esperar mais tempo pelo tal plano milagroso, porque neste caso ainda teremos de esperar cinco anos para que o plano director esteja de pé. Se houver planos parcelares já estuda-dos, deveriam ser implementados e divulgados junto da população, numa óptica de transparência.”

Rui Leão, também arquitecto, considera que o plano “tecnica-mente está feito e disponível”. “O próprio Governo tem todo o interesse em que ele seja aprovado e implementado.”

ILHA VERDE MAIS FRONTEIRAOs dois arquitectos consideram que o novo ordenamento da Ilha Verde deve estar em consonância com a nova fronteira 24 horas que ali deverá nascer, já pensada para daqui a um ou dois anos.

“Todas as entidades envolvi-das, que têm a ver com o estabele-cimento do posto transfronteiriço e ligadas ao planeamento urbano devem ter reuniões e uma co-ordenação de esforços para que essas situações sejam analisadas atempadamente. Isso já devia ter sido feito para que as coisas não entrem em conflito umas com as outras”, defende Maria José de Freitas.

Já Rui Leão fala da necessida-de de criar um bairro residencial, mas também de negócios. “Com a introdução de uma nova fronteira o desenvolvimento da Ilha Verde justifica-se para permitir criar uma diversificação ou reorganização das zonas. Tem-se oportunidade de desenvolver uma zona que não será uma extensão do Fai Chi Kei e Areia Preta, e que seja uma porta de entrada alternativa. Que seja uma zona qualificada que permita uma ocupação por pessoas que têm uma interacção mais fluida e inter--regional com Macau. Faz sentido que tenhamos esse interface onde seja fácil as pessoas instalarem--se, terem um escritório e um apartamento. A Ilha Verde será utilizada como um bairro, mas com um bairro com essa especificidade regional.”

A consulta pública do Plano de Reordenamento Urbanístico da Ilha Verde começou em 2011. Quatro anos depois e com uma nova lei de planeamento urbanístico, o Governo ainda não sabe quando vai avançar. Dois arquitectos pedem urgência na ligação com a nova fronteira

Importação de aves retomada amanhãlacionada com a limpeza dos mercados municipais que será reforçada, passando de uma para duas vezes por semana, devendo coincidir com os dias de sanitização do Mercado abastecedor Nam Yue.

No próximo dia 3 espera--se que cheguem entre 7000 e 8000 animais de capoeira a Macau, provenientes da

cidade de Cantão e de duas casas de campo de Zhuhai, já aprovadas pelas autoridades de inspecção da China. Como forma de reduzir os riscos do vírus H7N1, os mercados de Macau deverão ser limpos e desinfectados diariamente e as aves vivas que sobrarem terão que ser abatidas antes do fecho dos mercados. - L.S.M.

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hoje macau quarta-feira 2.4.2014HO

JE M

ACAU

7 sociedade

JOANA [email protected]

J ASON Chao escre-veu uma carta ao reitor da Universida-de de Macau (UM),

onde defende que o processo disciplinar recentemente imposto a Bill Chou deveria ser anulado. Isto porque, diz o activista e ex-aluno da universidade, o tempo para a interposição do processo já terminou.

“Desde que a universi-dade se mantenha uma ins-tituição pública terá sempre de cumprir a lei de Macau. Chamaram-me a atenção para o facto de o processo contra Chou ter, tecnicamen-

ANDREIA SOFIA [email protected]

D EPOIS dos bons resulta-dos registados no último ranking do Programme for

International Student Assessment (PISA) 2012 na avaliação dos alunos nas áreas da matemática, leitura e ciência, foi a vez de Macau se destacar novamente nas mesmas áreas, mas pela via digital. De entre 32 países avaliados no ranking da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Macau ficou em quinto lugar na literacia em matemática através do computador.

De um total de 43 países, a RAEM ficou em quarto lugar na resolução de problemas em com-

JASON CHAO PEDE INTERVENÇÃO DE REITOR DA UM EM PROCESSO DISCIPLINAR A BILL CHOU POR SER “ILEGAL”

O prometido não é de vidro, senhor reitor

PISA 2012 MACAU REGISTA BONS RESULTADOS NA LITERACIA EM COMPUTADOR

O mundo nos dedos

Segundo a UM, Bill Chou foi alvo deste processo por “desrespeito” e “desobediência” face a colegas da instituição

estão mais aptos para o mundo digital. “Temos um nível bom na resolução de problemas e os estudantes estão perto de atingir o objectivo de aplicar as suas capacidades face aos desafios co-locados no quotidiano”, explicou Cheung Kwok Cheung, docente da Universidade de Macau (UM), gestor do PISA 2012.

LEITURA CONTINUA EM BAIXOApesar da DSEJ e de Cheung Kwok Cheung terem desvalorizado os resultados, a verdade é que os re-sultados na leitura em computador colocaram Macau fora do top 10, em 11º lugar de entre um total de 31 países. “Penso que houve um progresso em relação à leitura e a situação não é má, com resultados

comparáveis aos Estados Unidos, Taiwan e Irlanda. Na leitura escrita os alunos tiveram um desempenho menos bom, tal como noutros países participantes. Acho que os alunos gostam mais da leitura em computador. Sugiro às escolas para terem mais leitura em computa-dores”, disse o professor da UM.

“Em todo o lado do mundo há essa preocupação e a China está a definir estratégias para promover a leitura dos alunos. Desde 2003 que estamos preocupados e damos atenção a essa questão da leitura. Colaboramos com as escolas e financiamos as escolas para adqui-rirem livros e equipamentos. Não é importante apenas ler mas aprender através da leitura. Damos muita atenção à leitura de alto nível.”

te, expirado. De acordo com os processos administrati-vos, o processo deveria ter sido declarado nulo e vazio”, afirmou Chao.

Bill Chou, recorde-se, é professor de ciência política da UM e foi informado por carta ter sido alvo de um processo disciplinar no ano passado. O professor asse-gura que o processo foi inter-posto imediatamente após o anúncio de que Chou passou a ser membro da Associação Novo Macau – da qual Jason Chao é presidente.

A UM já desmentiu que o processo esteja relacionado com isso, dizendo antes que Chou foi alvo deste processo por “desrespeito” e “desobe-

diência” face a colegas da instituição. Recentemente, o académico – que afirmava ter notas altas na avaliação – foi distinguido pela universi-dade, mas nem isso impediu que continuasse como alvo do processo.

PROMESSAS NÃO SE QUEBRAMJason Chao afirma estar “profundamente preocupa-do” com o sucedido, “como antigo estudante da UM”, e frisa mesmo que o compor-tamento da instituição de ensino superior vai causar--lhe problemas. “Tentativas deliberadas da UM de não obedecer à lei para conseguir atingir um determinado ob-jectivo vai levantar questões

sobre as verdadeiras inten-ções da instituição em se elevar ao estatuto de utilidade pública.”

A carta de Chao, enviada a Wei Zhao e aos jornalistas, seguiu ainda com conheci-mento de Cheong U, secretá-rio para os Assuntos Sociais e Cultura, e expressa outras acusações. Jason Chao diz, por exemplo, que se sente preocupado com a perda de liberdade académica e de

expressão que “todo o ver-dadeiro intelectual” estima.

O activista vai mais longe e fala directamente com o reitor da UM. “Lembro-me quando estava no terceiro ano da universidade, em 2009, em que se falou numa reunião sobre a construção de um novo campus em Zhuhai, sob jurisdição chinesa. Levantei uma questão relacionada com a liberdade académica. O senhor [Wei Zhao], como

resposta, prometeu que iria defender a liberdade acadé-mica com a sua própria vida. As suas palavras, emoção e gestos estão bem vivas na minha memória e, como sempre, espero que cumpra as suas promessas e as tornem em acções.”

Chao pede que o reitor da universidade intervenha no que diz respeito ao processo disciplinar, de forma a fazer com que a lei seja cumprida. De acordo com uma notícia avançada esta semana pelo Jornal Tribuna de Macau, a audição disciplinar a Bill Chou aconteceu na quinta--feira e foi liderada pelo vice-reitor para a Adminis-tração, Alex Lai Iat Long.

putador. Do conjunto de alunos de 15 anos de idade avaliados apenas 1,6% registou um nível baixo nesta área, o que significa que “são vistos como tendo desvantagens e correm o risco de não conseguir funcionar, de forma produtiva, na sociedade de aprendizagem ao longo da vida no século XXI”.

Mas os 17% de alunos com níveis elevados são aqueles que, segundo a Direcção dos Serviços de Educação Juventude (DSEJ),

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A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que a União Europeia (UE)

deve encarar como um “estí-mulo” os investimentos que a China está a realizar em África, reconhecendo que a Europa dos 28 perdeu influência neste continente.

A chefe do Governo ale-mão falava após um encontro em Berlim com o Presidente do Senegal, Macky Sall, que serviu para avaliar a situação das relações bilaterais a nível político e comercial.

“No geral, temos de nos envolver mais em África. [Os investimentos chineses no continente] são um estímulo para que a Europa faça mais”, afirmou a chanceler, em con-ferência de imprensa.

As declarações de Merkel so-bre o continente africano ganham relevância devido à realização esta semana em Bruxelas da cimeira UE-África. A reunião, agendada para quarta e quinta--feira, irá discutir a intensificação das relações comerciais.

Merkel sublinhou que a Europa observa com atenção “a forma como a China está a trabalhar em África” e que não critica as estratégias seguidas por Pequim.

As fórmulas tradicionais

MERKEL INVESTIMENTO CHINÊS EM ÁFRICA É UM “ESTÍMULO”

Angela, a africanaque os europeus têm usado para investir nos países africa-nos já não servem, segundo a chanceler alemã, que reconhe-ceu que “as políticas de ajuda ao desenvolvimento não são suficientes”, especialmente em grandes projectos de infra--estruturas.

Como tal, Merkel defendeu que a Europa deve encontrar combinações “inteligentes” de “garantias e investimentos” que facilitem a cooperação bilateral.

Por sua vez, o Presidente senegalês assegurou que “a única razão” pela qual os pa-íses africanos têm optado nos

últimos anos por investimen-tos chineses deve-se às con-dições dos créditos, firmados com períodos de amortização muito longos.

“Não temos qualquer pre-ferência, estamos abertos a todos os países”, concluiu Macky Sall.

8 hoje macau quarta-feira 2.4.2014CHINA

O presidente do P a r l a m e n t o Europeu, Mar-tin Schulz, ape-

lou esta segunda-feira para o reforço do diálogo e da confiança entre a União Europeia (UE) e a China, após um encontro, em Bruxelas, com o chefe de Estado chinês, Xi Jinping. “Para as nossas relações melhorarem, o diálogo e a confiança devem ser re-forçados em todas as suas dimensões: política, parla-mentar, comercial e direitos humanos”, disse Schulz, que recebeu Xi Jinping no Parlamento Europeu. “As diferenças e as dificuldades existem, mas o diálogo é a maneira de as resolver”, acrescentou, salientando que a visita do Presidente chinês é um “sinal claro do compromisso” de Pequim com “um diálogo aberto e directo sobre todos os assun-tos relevantes”. As institui-ções da UE receberam esta segunda-feira a primeira visita de um Presidente da China, com Xi Jinping a encontrar-se em Bruxelas com os líderes da UE no final de um pequeno périplo à Europa. Xi Jinping, que che-

O Ministério da Se-gurança Pública

da China lançou uma campanha contra os delitos que envolvem armas de fogo e ex-plosivos. Em uma con-ferência realizada na sexta-feira, o Ministé-rio disse que a situação dos delitos com armas de fogo e explosivos no país é séria, pedindo que as autoridades po-liciais examinem todas as pistas para confiscar todas as armas de fogo e explosivos possíveis.

De acordo com a lei da China, é proibido que os cidadãos possuam

armas de fogo e explo-sivos. A polícia realizou várias campanhas para deter os ditos materiais ilegais nos últimos anos e conteve com sucesso o crescimento de cri-mes que implicavam seu uso. Huang Ming, vice-ministro da Segu-rança Pública, garantiu durante a conferência que a campanha é um esforço importante para construir um país seguro e pediu que as polícias se dediquem a estas questões desde a origem e mobilizem mais gente para participar na cam-panha.

UNIÃO EUROPEIA PRESIDENTE DO PARLAMENTO EUROPEU APELA PARA REFORÇO DO DIÁLOGO COM A CHINA

Sinais de confiançaAs instituições da União Europeia receberam esta segunda-feira a primeira visita de um Presidente da China. Xi Jinping encontrou-se em Bruxelas com os líderes de um bloco que assume precisar cada vez mais dos chineses

gou no domingo à Bélgica depois de passar pela Holan-da, França e Alemanha, tem encontros separados com os presidentes da Comissão Europeia, Durão Barroso e do Conselho Europeu, Her-man Van Rompuy, mas, por vontade expressa do chefe de Estado, não haverá lugar a qualquer conferência de imprensa.

CEM MILHÕES DE CHINESES EM 2013A importância da China para a Europa também se traduz no número crescen-te de turistas chineses que visitam anualmente o Velho Continente. Em 2013, o número de turistas chineses que estiveram na Europa cresceu 11%, para cerca de 3,5 milhões, e deverá con-tinuar a crescer acima dos dois dígitos em 2014, disse um perito citado ontem pelo China Daily.

Yang Jinsong, professor da Academia de Turismo da China, justificou a esti-mativa com a simplificação dos processos de concessão de vistos e ao aumento dos programas de viagens.

Citando a agência france-sa de turismo, o jornal China

Daily destaca que a França reduziu o processamento dos pedidos de visto de dez dias úteis para apenas 48 horas.

Cerca de 97 milhões de chineses viajaram para fora da China continental em 2013 (mais 14 milhões do que ano anterior), fazendo do país o maior emissor mundial de turistas.

Os turistas chineses são também os que mais gastam, à frente dos alemães e dos norte-americanos. “Nenhum país quer perder uma fatia do bolo chinês”, disse o professor Yang Jinsong.

Segundo o mesmo es-pecialista, “mais turistas chineses visitarão a França, Alemanha, Bélgica e outros países europeus ao longo dos próximos anos”.

O Instituto do Turismo de Portugal deverá abrir este ano uma representação permanente em Pequim para “promover adequadamente o país como destino turístico”, anunciou em Novembro passado em Macau o vice-pri-meiro-ministro, Paulo Portas.

“É preciso trabalhar mais para receber mais turistas chineses, que, aliás, têm um gasto per capita interessante”, disse então Paulo Portas.

China lança campanha contra armas de fogo e explosivos

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9 chinahoje macau quarta-feira 2.4.2014

AVISO DE RECRUTAMENTO(N.º de recrutamento: 02/IH/2014)

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Transportes e Obras Públicas, de 31 de Dezembro de 2013, se encontra aberto concurso comum, de ingresso externo, com prestação de provas, para o preenchimento de dois lugares de técnico de 2.ª classe, 1.º escalão, área de engenharia electromecânica, da carreira de técnico, do quadro do pessoal do Instituto Habitação.

Para mais informações queiram consultar o aviso de abertura publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 14, II Série, de 2 de Abril de 2014, ou dirigir-se durante os dias úteis à recepção deste Instituto, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, ou visitar a página electrónica deste Instituto: www.ihm.gov.mo.

Instituto de Habitação, aos 28 de Março de 2014.

A Presidente, Subst.ª,Kuoc Vai Han

Na sua busca constante de fontes de energia, a China volta-se para o mar. Com e sem parcerias europeias

E STÁ em andamento uma corrida para viabilizar uma das maiores fontes inex-

ploradas de energia limpa do mundo — o oceano — e a China tem-se revelado um importante campo de testes o que pode vir a intensificar a concorrência entre as em-presas chinesas e as ociden-tais, sobretudo se as do país asiático começarem a usar tecnologias desenvolvidas em parcerias para acelerar o crescimento.

A União Europeia tem liderado as iniciativas de produção de energia dos oceanos, para a qual há três técnicas principais: turbinas subaquáticas que extraem energia do fluxo e refluxo das marés, bóias de superfície que aproveitam o movimen-to das ondas, e sistemas que fazem uso das diferenças de temperatura da água.

O primeiro gerador co-mercial do mundo que usa o fluxo das marés e que se liga à rede eléctrica foi instalado na Irlanda do Norte em 2008. A alemã Siemens , que tem vindo a investir fortemente neste tipo de energia das marés, prevê que só as cor-rentes de maré poderiam, num dia, fornecer energia suficiente para 250 milhões de residências em todo o mundo. A francesa Alstom está também a desenvolver tecnologia neste sector.

Com um potencial ener-gético de quase 18.000 quilómetros de costa e uma cenário de poluição cada vez pior, a China é vista por muitos especialistas como o lugar ideal para desenvolver e comercializar tecnologia de energia das marés.

Na realidade, o país está a aumentar o investimento no sector e várias empresas estrangeiras, como a Lo-ckheed Martin Corp, estão a testar equipamentos e a criar sociedades locais.

Um dos projectos finan-ciados pelo governo chinês é uma barreira dinâmica que produz energia a partir

CHINA JUNTA-SE A EMPRESAS OCIDENTAIS PARA EXPLORAR ENERGIA DAS ONDAS

Há mais marés que marinheiros

das marés com turbinas de lâminas curvas, projectadas para permitir que os peixes a atravessem com segurança. Se for aprovada, a estrutura poderia fornecer mais do dobro da energia gerada por reactores nucleares de grande porte, com um custo de cerca de 230 mil milhões de patacas. Entre os inves-tidores estão o governo da Holanda e um consórcio de oito empresas holandesas.

O empreendimento é bem maior que outros pro-jectos de energia das marés e poderia produzir electri-cidade mais barata do que a dos parques eólicos, diz Dimiti de Boer, consultor sénior para o meio ambiente e mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvi-mento Industrial.

O projecto inclui a cons-trução de uma estrutura perpendicular à costa com cerca de 32 quilómetros de

comprimento e uma ramifi-cação em forma de “T”. As turbinas são instaladas ao longo desta barreira para canalizar e concentrar a força das marés. O governo chinês forneceu cerca de 25 milhões de patacas para os estudos de viabilidade, que estão já em andamento na China. A construção só deve começar daqui a cerca de pelo menos dez anos, mas os resultados iniciais sugerem que as águas rasas do litoral da China, Coreia e Europa poderiam ser adequadas.

Produzir energia eléc-trica a partir do mar ainda é muito mais caro que usar carvão, petróleo, reactores nucleares ou vento, e algu-mas tecnologias que estão a ser testadas na China podem revelar-se inviáveis.

Desde 2010, a China já investiu cerca de mil milhões de patacas, em energia das marés, diz Wang Chuankun, ex-secretário-geral do co-

mité de energia oceânica da Sociedade de Energia Renovável da China.

O total do investimento privado em projectos de energia das marés na Europa atingiu cerca de 6,4 mil mi-lhões nos últimos sete anos. O Departamento de Energia dos Estados Unidos está a financiar vários empreen-dimentos de investigação no litoral do Oceano Pací-fico. O Chile, a Austrália e outros países têm também projectos substanciais em andamento.

Muitas pessoas ligadas a esta indústria acreditam, porém, que a China será fundamental no processo de exploração dos oceanos. A Lockheed está a trabalhar com o grupo chinês Reig-nwood Group na construção da primeira fábrica do mun-do para conversão em larga escala de energia térmica do oceano. As empresas

pretendem decidir até Junho onde erguer a instalação de 10 megawatts, que vai usar água quente da superfície para aquecer amónia, que tem um ponto de ebulição baixo, e gerar vapor para ac-cionar uma turbina, sem que haja emissão de carbono. O vapor é então condensado usando a água fria mais profunda e o ciclo repete--se, produzindo um fluxo constante de energia a um custo de cerca de 11 patacas por quilowatt-hora. É mais caro que a energia nuclear, mas fica bem abaixo das cerca de 17 patacas das turbinas eólicas, segundo a Administração de Energia dos EUA. (No Ocidente, 10 megawatts são suficientes para o consumo de cerca de 10.000 famílias.)

A Atlantis Resources, por sua vez, está a construir o maior projecto de fluxo de marés do mundo, para abas-

tecer 200.000 casas no norte da Escócia usando centenas de geradores no fundo do mar. A empresa, sediada em Singapura, fechou no ano passado um acordo com a chinesa Dongfang Electric. para produzir turbinas suba-quáticas de 1,5 megawatt a baixo custo. A Atlantis re-centemente concordou em trabalhar com a Lockheed para melhorar o desenho das turbinas subaquáticas.

Este ano, a Atlantis pla-neia instalar uma turbina para o maior projecto de teste de marés do governo chinês, perto de Xangai.

Alguns especialistas prevêem que a cooperação entre os pioneiros da energia das marés do Ocidente e da China se poderá transformar numa competição acirrada à medida que o mercado evoluir, repetindo-se o que ocorreu nos sectores de energia solar e eólica.

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HOJE

MAC

AU

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VIVER MAIS E MELHOR • Filipa VacondeusComer bem é saber escolher, sem abdicar do sabor e do prazer de comer. Es-quecer o prazer de comer? Nem pensar! Escolha apenas viver melhor. Todos os dias tomamos decisões em relação à nossa alimentação e à da nossa família. Muitas vezes, como adultos responsáveis pela alimentação de outros, determi-namos o que os nossos cônjuges, filhos e netos comem, ou seja, contribuímos decisivamente para a forma como vivem e crescem. Em Viver Mais e Melhor, o talento gastronómico e os conhecimentos nutricionais aparecem de mãos dadas, provando claramente que é possível ter uma alimentação cuidada e manter o prazer de comer. São também aqui apresentadas receitas particularmente adequadas às pessoas com doenças muito comuns: a diabetes, a hipertensão, o colesterol, a gota e os problemas gastrointestinais. Entre numa vida mais saborosa e saudável, repleta de receitas simples e acessíveis.

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hoje macau quarta-feira 2.4.2014

CECÍLIA L [email protected]

A sua loja está situada na zona da Praia Grande. É um lugar com pouca visibilidade. Porque esco-lheu este local, em vez do bairro de São Lázaro, por exemplo?Não consegui lá encontrar um bom sítio. Fui aluna do colégio Mateus Ricci e, uma vez, quando fui visitar a escola, passei pela zona dos lagos Nam Van e reparei que esta rua era boa para ter uma loja, porque a renda não devia ser tão alta e tem um bom ambiente. Felizmente que vi um anúncio no jornal e escolhi logo o lugar. É ideal para mim.

Também sente o problema das rendas, comum a muitas empresas com uma dimensão maior?As lojas que ficam no rés-do-chão na avenida têm uma renda de cerca de 20 mil patacas por mês. Mas como esta loja fica numa rua tranquila, pago pouco mais de dez mil patacas por mês. Mesmo assim só consegui pagar a renda e as despesas de gestão com as minhas poupanças e com a ajuda da minha família. Os lucros que tenho ainda não cobrem todas as despesas neste momento.

Pediu apoio ao Plano de Apoio aos Jovens Empreendedores, criado o ano passado, ou vai candidatar-se

DORA UN, DESIGNER DE VESTIDOS DE CERIMÓNIA

“É quase impossível recrutar trabalhadores em Macau”

ao Fundo das Indústrias Culturais e Criativas?Pensei nisso mas não apresentei ne-nhuma proposta ao Governo. Mas vou fazer isso, porque neste momento es-tou muito ocupada com este negócio. Posso não ter muito trabalho mas sou a única pessoa a trabalhar no atelier.

300 mil patacas, valor máximo do plano de jovens empreendedores, são suficientes? É um montante suficiente para um negócio. Como eu já tinha poupanças no banco, e com a ajuda da minha família, não precisei desse financia-mento do Governo. A longo prazo acho que os dois fundos vão apoiar o desenvolvimento do sector.

Abriu a loja há cerca de um mês. Os pedidos têm sido muitos?Abri a loja no dia 8 de Março, mas

Quando saí a liberalização do jogo ainda não tinha acontecido. Depois quando regressei as pessoas encaravam-me como se fosse um extraterrestre

Licenciada pelo Instituto de Arte da Califórnia, nos Estados Unidos, Dora Un conseguiu realizar o seu sonho de abrir a uma loja de vestidos de cerimónia para transmitir “novas ideias aos residentes”. Mas os desafios do arrendamento e dos recursos humanos ameaçam qualquer projecto

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eventos 11hoje macau quarta-feira 2.4.2014

José Drummond no Asian Experimental Video Festival

A obra de José Drummond “THE PRETENDER” vai ser apresentada no próximo dia 4 de Abril,

pelas 16:00h, no Future Cinema Studio em Hong Kong. O trabalho do artista residente de Macau in-tegra o Asian Experimental Video Festival dedicado ao vídeo experimental independente que decorre em Hong Kong desde ontem e que se prolonga até à próxima sexta-feira. No evento, para além de um Fórum, serão visionados seis obras de diferentes países e regiões da Ásia. O Festival conta com a organização da School of Creative Media, e da Universidade Hong Kong.

DORA UN, DESIGNER DE VESTIDOS DE CERIMÓNIA

“É quase impossível recrutar trabalhadores em Macau”registei a loja no dia 21 de Dezembro de 2012, porque era o meu aniversá-rio e porque diziam que o mundo ia acabar. Pensava o que poderia fazer nesse dia especial, e resolvi registar a minha própria marca. Mas só no ano passado encontrei este lugar. Já antes recebia trabalhos mas nunca fiz publicidade. Só com apresentações dos meus amigos tenho cerca de quatro trabalhos por mês. É difícil aceitar mais, tenho sempre de recru-tar assistentes.

A sua profissão não é uma escolha comum em Macau. Considera que, muitas vezes, as opiniões da família influenciam as decisões e carreira dos jovens?No início fiz outros trabalhos. Fui assistente de uma loja de produtos de luxo, trabalhei como empregada de escritório. Mas isso não era o que queria fazer, andava triste. De facto, em Macau é difícil arranjar emprego como designer. Estudei na Califórnia e queria aproveitar o que tinha aprendido. O meu pai viu que eu não estava feliz com o trabalho que tinha e incentivou-me a seguir o meu sonho. Felizmente encontrei um lugar ideal e consegui abrir a minha própria loja.

Quando escolheu o curso na uni-versidade, já pensava sobre o seu futuro profissional?Não pensei muito. Sou uma pessoa muito teimosa e as coisas normal-mente não costumam influenciar na minha decisão. Quando era criança queria ser pintora. Não vou dizer que estou a insistir no meu sonho, porque também mudei o meu estilo para satisfazer as necessidades dos consumidores. Insisti fazer a minha própria confecção do vestuário. É tudo feito à mão e original.

Como olha para Macau nos dias de hoje?Saí de Macau há dez anos, porque

fui tirar o meu curso do ensino secundário nos Estados Unidos. Quando regressei, em 2011, fiquei muito confusa, porque Macau já não é o que era.

O que mudou mais?Os valores das pessoas. Não gosto de usar grandes marcas luxuosas, mas as pessoas aqui gostam. Quando saí a liberalização do jogo ainda não tinha acontecido. Depois quando regressei as pessoas encaravam-me como se fosse um extraterrestre, porque as pessoas dão valor ao dinheiro e eu não queria ser assim. Queria fazer as coisas nas quais tenho interesse e que eu considero valerem mais a pena.

Nunca pensou trabalhar nos casi-nos ou no Governo? Acho que não há vagas para a minha profissão nestes lugares. Licenciei--me em 2009 e no início não queria voltar a Macau, porque nos Estados Unidos tinha mais vagas. Mas a economia mundial estava má e as empresas, quando sabiam que eu não tinha a residência americana, desistiam de me recrutar.

Para si também é difícil recrutar pessoas para o atelier? É muito difícil mesmo, porque é quase impossível recrutar em Macau. Os residentes, ou não dominam a pro-fissão ou não ficam satisfeitos com salários inferiores a dez ou vinte mil patacas. Para recrutar não residentes também não é fácil, porque é difícil obter uma quota. Mas só comigo a trabalhar não tenho coragem para pu-blicitar o negócio porque o trabalho vai aumentar e os clientes terão de esperar muito tempo. E se ficarem insatisfeitos não vão regressar.

Como olha para a concorrência em Macau? O que eu sei é que há pouca gente a fazer o trabalho de designer. Além disso é difícil pagar a empregados. Nesta área há muitas famílias que pensam que não existem oportuni-dades de negócio, mas como a vida melhorou muito nos últimos anos, a exigência do consumo também mudou. Cada vez mais pessoas vão procurar vestidos de qualidade e, pelo menos, os vestidos que estão na minha loja são todos originais. Tive um cliente que me disse que

procurou vestidos no Venetian mas que todos eram dourados e com brilhantes, e que não era o seu gosto. Prefiro um estilo mais simples, e digo sempre às pessoas que os vestidos de cerimónia, ou mais formais, também podem ser usados no dia-a-dia.

Com tantas limitações na sua área, porque decidiu regressar à Ásia? Voltei a Macau por questões fami-liares, mas não pensei desenvolver a carreira em Hong Kong. Falhei muitas vezes nos Estados Unidos, no estudo e no trabalho, mas sou forte para superar estas dificuldades.

Que tipo de trabalhos experimen-tou nos Estados Unidos? Fiz um ano de estágio depois da licenciatura, passei por lojas de artesanato, de produtos de couro. Aprendi com um americano que tinha a experiência no processo de tingimento de tecidos, a qual apren-deu no Japão. Tudo isso me ajudou a criar uma loja como esta, que é considerada normal nos Estados Unidos e na Europa, mas que aqui ainda é vista como sendo especial. Não me arrependo da minha escolha e da insistência desde o princípio.

Se tivesse mais ajudantes no ate-lier, que tipo de trabalhos gostaria de fazer? Gostaria de abrir um curso para residentes para promover este estilo de vestuário. Como não existe uma faculdade há potencialidade para ensinar. Queria que a roupa se adap-tasse às pessoas e não o contrário. Escolhi a minha faculdade porque também tinha a parte de marketing e não apenas de design. Gosto de aprender coisas além do design, coisas que posso aproveitar para o futuro da minha carreira. Mas tudo isso é muito cedo para discutir, porque sou só eu. Mas gostava de promover mais a moda na cidade.

Tive um cliente que me disse que procurou vestidos no Venetian mas que todos eram dourados e com brilhantes, e que não era o seu gosto

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12 publicidade hoje macau quarta-feira 2.4.2014

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ANÚNCIO

Convite para adesão à base de dados dos fornecedores do IACM

A “base de dados dos fornecedores do IACM” é um canal destinado especialmente à consulta da aquisição de bens e serviços. O IACM pretende endereçar o convite a eventuais em-presas e os empresários a título individual, que estão registados e inscritos no Governo RAEM, para aderirem à base de dados dos fornecedores deste Instituto, para se constituírem seus desti-natários para a consulta de preços, com vista a uma perspectiva comercial. Os interessados têm que apresentar os seguintes documentos:

1. Boletim de Pedido de inscrição na Base de Dados de Fornecedores do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e Tabela de ramos de actividade;

2. Declaração de adesão à “Base de Dados de Fornecedores do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais”;

3. Cópia da Declaração de início de actividades / alterações da DSF (M/1);

4. Contribuição industrial do último ano económico – Conhecimento de cobrança (M/8);

5. Fotocópia da caderneta bancária, em patacas/extracto mensal (página com o nome do Banco e o número da conta bancária; o nome da conta bancária deve ser idêntico ao da loja/companhia para fins de liquidação e transferência).

6. Caso o âmbito de exploração envolva um ramo de actividade específico (especificada no nº 1 – 10 do anexo do boletim de pedido de inscrição, e.g. computadores, tecnologias informáticas, combate a fogos e prevenção contra incêndios, etc.), necessita de apresentar os documentos comprovativos, de acordo com o conteúdo dos anexos constantes do boletim de pedido.

7. O requerente poderá apresentar documentos complementares que pertencem ao requerimento ou que beneficiem a apreciação de suas habilitações (e.g. breve apresentação da companhia, técnicas profissionais e pessoal, apresentação dos produtos, etc.).

Os fornecedores que pretendam efectuar o pedido, podem dirigir-se, pessoalmente, aos seguintes locais para levantar o boletim ou efectuar o download através do endereço electrónico http://www.iacm.gov.mo/p/supplier/detail e enviá-lo por correio, depois de devidamente preen-chido, juntamente com os referidos documentos à Divisão de Património e Aprovisionamento, sita na Calçada do Tronco Velho, no. 14, Edf. Centro Oriental, r/c, ou entregá-lo directamente nos seguintes locais:

Locais para entrega dos pedidos: Horas de expediente:

1. Divisão de Património e Aprovisionamento, sita na Calçada do Tronco Velho, no 14, Edf. Centro Oriental (Telefone para informações: 83990265, Fax: 28339814)

2ª a 5ª feira, das 09:00 às 13:00 ho-ras e das 14:30 às 17:45 horas.

6ª feira, das 09:00 às 13:00 horas e das 14:30 às 17:30 horas.

2. Centros de Prestação de Serviços (Centro de Serviços, Cen-tro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Norte, Centro de Prestação de Serviços ao Público das Ilhas e Centro de Prestação de Serviços ao Público da Zona Cen-tral)

2ª a 6ª feira, das 09:00 às 18:00 horas (sem interrupção à hora de almoço).

3. Núcleo de Expediente e Arquivo do IACM, sito na Av. de Almeida Ribeiro, n.º 163, R/C, Edf. Sede do IACM

2ª a 5ª feira, das 09:00 às 13:00 ho-ras e das 14:30 às 17:45 horas.

6ª feira, das 09:00 às 13:00 horas e das 14:30 às 17:30 horas.

Todos os dados recolhidos serão guardados em sigilo absoluto e apenas servirão para fins de adesão à base de dados de fornecedores do IACM e não serão devolvidos.

Para mais informações, queira contactar este Instituto através do telefone no. 8399 0265 / 8399 0255 ou por email: [email protected]/.

Macau, 28 de Março de 2014.

O Presidente do Conselho de Administração Substº,

Vong Iao Lek

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hoje macau quarta-feira 2.4.2014

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José de souza JúniorIN RESENHAS

Leonor sá Machado

M ARIANO Tamagnini Bar-bosa, “o chinês” (1919-2014). Era assim que Mariano era conhecido

pelos seus irmãos, precisamente por ser o primeiro macaense na família. O seu pai, Artur Tamagnini Barbosa, cumpriu três mandatos como Governador de Macau. Com o mesmo gosto do pai por Macau, também Mariano deixou a sua marca no território, sendo hoje (re)conhecido como uma personalidade fascinante.

Mariano Tamagnini viveu grande parte da sua vida em Portugal, exercen-do funções no Centro de Criptografia e na Força Aérea portuguesa. Depois de completar o Curso Superior Colonial e de estar alguns anos no exército portu-guês, acabou por ascender à categoria de Coronel, embora tenha tido pouco envolvimento no governo do período do pós-25 de Abril.

Depois de recusar um convite de An-tónio de Spínola para criar um gabinete em Macau, “o chinês”, descontente com o estado político e social de terras lusas,

Mariano Tamagnini, o “chinês”, morre aos 95 anosO HOMEM QUE SABIA DEMAIS

O MILITAR MACAENSE FOI ENVIADO NUMA MISSÃO A MACAU, MAS NÃO SEM ANTES SER ALERTADO POR UM AGENTE DA PIDE (POLÍCIA POLÍTICA DURANTE A DITADURA POLÍTICA PORTUGUESA): “VÁ PARA ONDE FOR, NÃO VOLTE TÃO CEDO A PORTUGAL, FIQUE POR LÁ, SE REGRESSAR ENCONTRARÁ O SEU PAÍS IRRECONHECÍVEL, DOMINADO PELOS COMUNISTAS”

muda-se para a cidade de Casablanca, em Marrocos. Acaba, então, por se es-tabelecer em território africano por uns anos, onde ajuda no desenvolvimento de empresas portuguesas como a Sorefame, a Companhia Portuguesa de Pescas ou a Hidroeléctrica Portuguesa. Mais tarde e a convite de um arquitecto marroquino, Tamagnini ajuda na criação e gestão da Aquatec, empresa de construção e im-permeabilização de piscinas.

Em 1996, a Revista Macau publicou uma reportagem sobre Tamagnini e à qual chamou “O espião que nasceu em Santa Sancha”. Este título faz referência a uma circunstância específica, que fez de Mariano Tamagnini um quase espião.

Em jeito de secretismo, o militar macaense foi enviado numa missão a Macau, mas não sem antes ser alertado por um agente da PIDE (Polícia polí-tica durante a ditadura política portu-

guesa): “Vá para onde for, não volte tão cedo a Portugal, fique por lá, se regres-sar encontrará o seu país irreconhecí-vel, dominado pelos comunistas.”

Tal situação foi um dos primeiros indicadores de que o governo de Mar-celo Caetano já estaria ao corrente das vontades dos capitães de Abril. Mais tarde, Mariano Tamagnini Barbosa re-feriu este episódio ao Governador No-bre de Carvalho, em Santa Sancha. De acordo com a Revista Macau, Nobre de Carvalho ficou “estarrecido e visi-velmente preocupado”.

Mesmo longe da sua terra-natal, “o espião de Santa Sancha” conseguiu manter-se ligado às suas raízes. Duran-te a década de 60, co-fundou e presi-diu à Casa de Macau (CM), situada em Lisboa. Em 1972, participou numa das primeiras “romagens” de Portugal a Macau, organizadas pela instituição.

Mariano Tamagnini Barbosa, ma-caense de gema, co-fundador da Casa de Macau e “espião de Santa Sancha”, morreu na semana passada, aos 95 anos.

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14 hoje macau quarta-feira 2.4.2014h

Z HENGZHOU é a capital da província de Henan e per-doem-me os meus amigos chineses por afirmar, a pés

juntos e de mão unidas, que se trata de uma cidade desinteressante e feia, como acontece com tantas outras da China, a visitar em estadias não muito demo-radas. Na Primavera de 2001, por aqui me quedei durante dois dias não pro-priamente com o objectivo de conhecer Zhengzhou mas para, com o meu gru-po de quinze excelentes portugueses – como de costume, eu funcionava como “tour leader” –, partirmos à descoberta dos lugares de fábula e fantasia em re-dor de Zhengzhou, por exemplo, a vila e o mosteiro de Shaolin 少林 a tradu-zir por “pequena floresta”, famosíssimo em toda a China e em grande parte do mundo porque ali nasceu o kung-fu, a partir do qual se desenvolveram todas as artes marciais do Extremo Oriente. Coreanos e japoneses vieram a Shaolin buscar as diferentes variedades de kung-

ZHENGZHOU 郑州 E SHAOLIN少林, ENTRE LANÇAS E ESPADAS

PROVÍNCIA DE HENAN 河南

António GrAçA de Abreu

perpetrado pelos guardas-vermelhos em 1966/68 sobre o património cultu-ral e artístico da velha China, mesmo reunindo-se este exacerbar de vilanias, o imenso Império resiste aos roubos, às violências e depredações dos homens. No museu existem óptimas colecções de vasos e cálices de bronze com três mil anos, de carapaças de tartaruga, que contam também com mais de trinta sé-culos, gravadas com os primitivos carac-teres chineses utilizadas pelos oráculos para adivinhar o futuro e elaborar com-plexos sistemas para a boa governação dos diferentes reinos de uma China ain-da não unificada, o que só viria a acon-tecer em 221 a.C. Destaco ainda as por-celanas Ming e Qing, de que eu tanto gosto e que, com tanta viagem à China, ao comprar aqui e acolá, me proporcio-nam a felicidade de reunir uma colecção pessoal de porcelana chinesa que quase pede meças às expostas nestes museus.

Hoje em Zhengzhou o monumen-to mais fotografado é um pagode com

-fu, e reinventaram-nas nos seus reinos. Já lá iremos.

Zhengzhou, com três milhões de ha-bitantes é um burgo antiquíssimo cujas raízes remontam à não muito bem co-nhecida dinastia Shang商 (1600 a.C. a 1050 a.C.) É costume levarem o turista de ocasião a visitar o que resta da velha muralha Shang que circundava Zhen-gzhou há três mil e quinhentos anos atrás. Trata-se de espaços pouco motivadores, simples muros de terra com uns três metros de altura, rodeados de arranha-céus e construções moderníssimas. A sudeste da cidade, as ruínas da cidade Shang também são visitáveis, mas trata--se apenas das fundações de construções quadradas levantadas há mais de trin-ta séculos, destruídas e enterradas pelo tempo, descobertas por arqueólogos na segunda metade do século XX. Mais su-gestivos mas de menor valor cultural são o templo taoista dos Deuses da Cidade e o templo de Confúcio, com mais de mil anos, restaurados recentemente. Em

1937, quando as tropas japonesas inva-diram parte da China, os aviões nipóni-cos bombardearam Zhengzhou selvati-camente, deixando um irreparável lastro de destruição em tudo o que era antigo. Perdeu-se para sempre muito do classi-cismo da velha cidade.

Em 2001, não esqueço a chegada matinal ao novo edifício do museu pro-vincial de Zhengzhou, acabado de inau-gurar, por fora com o estranho aspecto de uma grande pirâmide em pedra e por dentro um espaço museológico de excepcional qualidade. Fomos recebi-dos, tal como acontece noutros museus chineses, por uma orquestra clássica. Eram dez elementos vestidos com traje à moda da dinastia Shang que tocavam música antiga, talvez da mesma dinastia, em raros instrumentos do passado como carrilhões de bronze, marimbas de pe-dra, ocarinas, pipas e flautas de cana.

Apesar do saque por potências ocidentais, dos bombardeamentos ja-poneses ou do apogeu de destruição

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15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 2.4.2014

catorze andares e 63 metros de altura, na praça central com duas torres gemi-nadas, tudo em cimento armado, man-dado levantar em 1951 pelas autorida-des comunistas em homenagem aos 40 mortos e 200 feridos, atingidos a tiro a 7 de Fevereiro de 1923, quando da repressão de uma greve de ferroviários que se manifestavam contra as deplorá-veis condições em que trabalhavam e viviam.

Na época, Zhengzhou era (e conti-nua a ser hoje) o nó de caminhos-de-fer-ro mais importante da China, entronca-mento de linhas que unem Pequim e as terras do norte a Cantão e às distantes paragens do sul. De leste para oeste, quem se deslocar das zonas costeiras da província de Shandong ou de Nanquim e Xangai, e viaje para o interior, por exemplo para Xi’an, a histórica capital da província de Shaanxi, terá obrigato-riamente de cruzar Zhengzhou.

É tempo de seguir para Shaolin, na curta viagem de 50 quilómetros, por boa estrada. Havia lá estado em 1983, com a Yu Ping, regresso dezoito anos depois. A não ser a avalanche de turistas chineses e a abertura de dezenas de es-colas para jovens aprenderem kung-fu, Shaolin não mudou muito. Continua a ser uma bonita vila escondida num largo vale, com o velho mosteiro budista acompanhando o debruar do monte e, mais abaixo, o espectacular cemitério dos monges com os pequenos pagodes de andares sobrepostos correspondendo cada um a um espaço onde se colocam relíquias budistas e a uma tumba, algumas com mais de mil anos, para o descanso eterno de um monge. Já vi muitos cemitérios semelhantes anexos a templos, um pouco por toda a China, mas este de Shaolin, pela velhice e har-Shaolin, pela velhice e har-monia dos pagodes funerários, pelo enquadramento no painel da paisagem ultrapassa tudo o que conheço. Pena o cirandar permanente de centenas e cen-tenas de turistas chineses, pelos tem-plos, pelo cemitério.

Shaolin começou a ser construído no ano 495, durante a breve dinastia Wei do Norte (386-494) e logo entre 510 e 530 foi o lugar de fixação de Bo-dhidarma, um conhecido monge vindo da Índia considerado o criador do bu-dismo禅chan ou zen (em sânscrito dhya-na que significa meditação) que apenas foi levado para o Japão no século XII.

O que é o chan?Pela meditação, o homem do chan ou

zen procura ir mais além de si próprio, busca serenamente o vazio, o grande vazio onde nada está e tudo existe, no caminho para a intuição absoluta. Re-cordemos uma história esclarecedora:

“Um dia um mestre chan estava tranquilamen-te sentado de pernas cruzadas. Aproximou-se dele um monge que lhe perguntou:

- Em que pensas, nessa imobilidade absoluta?- Penso no que está para além do pensamento.- Como consegues pensar no que está para além do pensamento?- Não pensando”.

Ao sentar-se em meditação, nenhum pensamento vem obscurecer o coração do homem que fica livre de todas as cadeias. Meditar significa concretizar a sua própria natureza, original e eterna.1

Conta a lenda que, chegado a Shao-lin, Bodhidarma quis entrar no templo, mas os outros monges desconfiaram do indiano e não lhe abriram as portas. Bodhidarma procurou então uma gruta escondida na dobra do monte sobran-ceiro ao mosteiro e sentou-se em medi-tação. Permaneceu nove anos naquele lugar, distante da confusão do mundo, sereno, sempre em silêncio. Era tanta a sua energia interior, a centelha a brilhar na sua mente que a figura do mestre, ano após ano foi passando para a pe-dra. Ainda hoje, na parte iluminada da gruta de Chuzu -- destino da peregri-

nação de revoadas de turistas chineses -- se vê uma sombra gravada no granito com a forma de um homem sentado, provocada pela intensa meditação de Bodhidarma. O mestre acabou por ser aceite no mosteiro e tornou-se um dos monges mais influentes e queridos de Shaolin.

Bodhidarma é considerado o in-ventor do kung-fu. Com tanta medita-ção, faltava exercício físico aos mon-ges. Concentravam as energias den-tro de si, mas não as expandiam. Na China dos séculos V e VI, em tempo de guerras, revoltas e conflitos quase permanentes, os bandidos, os saltea-dores de estrada apareciam por todo o lado. Para se defenderem, Bodhidar-ma ensinou os monges a fazerem uso da imensa energia que acumulavam, libertando-a pelas mãos, pelos pés, utilizando espadas, varapaus, lanças, correntes de ferro que faziam rodo-piar no ar e cair violentamente sobre o adversário ou inimigo. Com o avançar dos séculos, a fama de Shaolin e dos

seus monges-guerreiros ultrapassou as fronteiras chinesas e espalhou-se pelo Extremo Oriente. Do Japão, da Co-reia vieram jovens para aprender artes marciais que depois levaram para os seus reinos e transformaram em kara-té, judo, sumo, taekwondo.

Em 2001 surpreendeu-me a quan-tidade de rapazinhos chineses, alguns milhares, que frequentavam as muitas escolas secundárias de Shaolin. Tudo escolas privadas com um rigoroso sis-tema de internato, com propinas caras, mas cheias de alunos, facilmente iden-tificáveis pelos fatos de treino, cada es-cola com a sua cor. Estes jovens, com a fama e o proveito de haverem estudado em Shaolin, têm emprego garantido, trabalharão como polícias, militares das tropas de elite ou guarda-costas dos novos-ricos chineses que continu-am a brotar da terra como cogumelos. Eventualmente serão os seguranças de empresas ou mesmo de gente poderosa ligada a máfias chinesas que também vão surgindo aqui e acolá.

Gostei de Shaolin e, se tivesse vinte anos, era capaz de me inscrever num dos cursos rápidos de kung-fu com a duração de três meses, alguns deles já frequentados por estrangei-ros. Seria capaz de partir tijolos com a palma da mão, de baloiçar sobre uma lança suspensa no meu peito, de vol-tear no ar e em golpes certeiros der-rubar qualquer malfeitor que se atre-vesse a vir ao meu encontro. Mas sou uma pessoa pacífica, a ternura sim, não uma mão dura.

Eis o testemunho poético de um lu-gar tão especial, saído da minha pena romba e imperfeita:

Com os monges guerreiros de Shaolin

Os velhos mestres meditam,de pernas cruzadas diante da parede rosa,de olhos cerrados para o mundo,esquecidos na cinza do tempo.Eliminar o sofrimento,depurar a mente, exaltar a quietude.Os monges decidiram lutar pelo bem, pela virtude,reparar injustiças, defender lares ameaçados.Não há mais combates,a meditação continua. Depois, quanta energia! Os punhos, uma espada,uma lança a faiscar na luz,a revoltear no ar.

Os monges regressam serenos ao mosteiro.A leste, inúmeros túmulos pontilham a paisagem.2

1 Ver o prefácio à minha tradução chan ou zen dos Poemas de Han Shan, Macau, COD, 2009, pags. 17 e 18.2 António Graça de Abreu, China de Lótus, Lisboa, Vega Ed. 2006, pag. 66.

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16 DESPORTO hoje macau quarta-feira 2.4.2014

MARCO [email protected]

A Fundação Fili-pina para o Des-porto Automóvel quer tomar de

assalto o circuito asiático de automobilismo e apa-drinha, já no próximo fim--de-semana, a primeira ronda da edição inaugural do Campeonato Asiático de motores V8, uma prova disputada em seis etapas que irá determinar o nome da dupla de pilotos que vai representar o automobilismo asiático em eventos como a Nascar Sprint Cup ou a Nascar Whelen Euro Series.

A etapa de estreia da Asian V8 Championship Series tem os 2800 metros do traçado do Circuito Interna-cional de Clark como palco e ao piloto macaense Jo Roza Merszei está consignada a representação do território na competição. Indefectí-vel do desporto automóvel

PILOTO VAI COMPETIR NA ASIAN V8 CHAMPIONSHIP SERIES

Jo Merszei representa Macau nas FilipinasVruumm, vruumm, mas em tagalo. Merzei corre em Clark contra pilotos locais, do Japão, Itália e Austrália

AnúncioConcurso Público

Aquisição de Contrato de Seguro de Acidentespara os Participantes das Actividades Desportivas

Faz-se saber que em relação ao concurso público para a «Aquisição de Contrato de Seguro de Acidentes para os Participantes das Actividades Desportivas», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 12, II Série, de 19 de Março de 2014, foram prestados esclarecimentos, nos termos do ponto 3 do programa do concurso, e foi feita aclaração complementar conforme necessidades, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso.

Os referidos esclarecimentos e aclaração complementar encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente, no balcão de atendimento da sede do Instituto do Desporto, sito na Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigus, s/n, Fórum de Macau, Bloco 1, 4.o andar ou mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no Download ficheiro da página eléctronica: www.sport.gov.mo.Instituto do Desporto, aos 2 de Abril de 2014.

O Presidente, substituto,José Tavares.

de Macau, Merszei foi ao longo dos últimos anos um dos representantes de Ma-cau na derradeira etapa do Campeonato do Mundo de Carros de Turismo, prova que volta este ano a atingir o seu corolário no circuito urbano da Guia.

Em Clark, Merszei será um dos oito pilotos que se vão sentar ao volante dos V8 que disputaram na última época os principais eventos da série Nascar. O piloto do território terá como adversá-rios na grelha de partida no circuito filipino os pilotos

locais Enzo Pastor, George Ramirez e o vencedor da edição de 2001 do Cam-peonato Fórmula Toyota, Roland Hermoso.

O automobilismo do arquipélago está também representado, ainda que indirectamente, por Don

Pastor. O irmão e compa-nheiro de Enzo Pastor nas lides da Nascar Series vai disputar a edição inaugural do Asian V8 Championship com as cores dos Estados Unidos da América. A grelha de partida para o pontapé de saída da prova fica comple-

ta com o australiano Josh Burdon, com o transalpino Stefano Marrini e o nipónico Kunihiro Iwatsuki.

O piloto da Austrália parte para o evento como um dos mais credenciados, depois de ter ter terminado a edição de 2013 da Nascar Euro Series na segunda po-sição da classificação geral. Com experiência angariada sobretudo em provas de todo o terreno, Marrini regressa ao automobilismo de estra-da, depois de se ter aven-turado também no circuito Atakama, uma prova que está para o ciclismo como o Dakar está para o rali.

Ao lado de Marrini no circuito de Clark estará um outro estreante. Depois de anos nas lides da Fórmula Renault, o japonês Kunihi-ro Iwatsuki aventura-se ao volante de um V8 com os olhos postos na participação num dos eventos do calen-dário Nascar da próxima temporada.

Depois de Clark, em Maio é vez do Circuito Auto-mobilístico de Batangas, na cidade de Rosário, acolher o evento. A prova regressa ao traçado do Circuito Interna-cional de Clark no primeiro fim-de-semana de Julho para as etapas que deverão decidir o nome do vence-dor da edição inaugural do Campeonato. Para além da competição destinada aos V8, a série asiática agora lançada inclui ainda um troféu Stock Car que deverá ser disputado por dezasseis pilotos.

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hoje macau quarta-feira 2.4.2014 FUTILIDADES 17

Michael Jackson tem disco novo • A Epic Records acaba de anunciar o lançamento, a 13 de maio, do álbum ‘XSCAPE’, disco que inclui oito novos temas, inéditos, de Michael Jackson, falecido em junho de 2009. Os temas foram encontrados entre o arquivo pessoal de Michael Jackson, que deixou gravações com a sua voz de material nunca antes dado a conhecer publicamente. As gravações foram posteriormente trabalhadas pela produção “com uma sonoridade nova e contemporânea que preserva a essência e integridade do cantor”, segundo nota da editora. ‘XSCAPE’, que estará também disponível numa edição de luxo, pode ser reservado a partir de 1 de abril em iTunes.com/MichaelJackson.

O melhor whisky do mundoem 2014 é... da Tasmânia • É bem provável que o céu vá desabar, não na cabeça dos gauleses, mas na dos escoceses. Depois do Japão ter roubado o trono à Escócia como melhor produtor do mundo de whisky (consta que em 2007 houve quem rasgasse os kilts), eis que os provadores do mais importante concurso mundial da categoria - organizado pela inglesa ‘Whisky Magazine’ - elegem como melhor single malt de 2014 o Sullivans Cove French Oak, que é feito ilha da Tasmânia. Sim, para as bandas da Austrália. É de imaginar o rol de piadas que virão da Escócia com a história do diabo da Tasmânia. Seja como for, em sistema de prova cega (os provadores não sabem a proveniência do whisky), este Sullivans Cove de 12 anos destacou-se por revelar uma complexidade aromática que mistura coisas como amên-doas, torradas, avelãs, frutos de outono variados, passas e especiarias, sendo que na boca se destacam os sabores de mel, baunilha e maçã e, de novo, as especiarias. A fazer fé nesta nota de prova, não custa a crer que se trata de um grande whisky, tanto mais que custa - pasme-se - 8,7 euros. A zaragata é que só existem 516 garrafas.

Pu YiPOR MIM FALO

APESAR DO GINÁSIO

É algo que vem ganhando força nos últimos anos. São cada vez mais as mulheres que acolhem o fitness como um estilo de vida. Uma forma de estar sustentável. Michelle Lewin é um desses casos. A venezuelana, manequim, nascida em Maracayera, é reconhecida por ser uma das poucas mulheres no planeta que consegue conciliar o fitness com uma sensualidade capaz, por exemplo, de a elevar a rosto principal da Playboy. Uma massa muscular saliente num corpo bem delineado que, porém, não invalida que seja convidada para inúmeras publicações de revistas de várias áreas.

João Corvofonte da inveja

C I N E M ACineteatro

SALA 1NOAH [3D] [C]Um filme de: Darren AronofskyCom: Russell Crowe, Anthony Hopkins, Jennifer Connelly14.15, 19.15

NOAH [C]Um filme de: Darren AronofskyCom: Russell Crowe, Anthony Hopkins, Jennifer Connelly16.15, 21.45

SALA 2 HORSEPLAY [B](FALADO EM CANTONÊS LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Lee Chi NgaiCom: Tony Leung, Ekin Cheng, Kelly Chen, Eric Tang14.30, 16.15, 21.30

KANO [B](FALADO EM JAPONÊS, HOKKIEN E HAKKAE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Chih-HsiangCom: Masatoshi Nagase, Oosawa Takao, Togo Igawa18.15

SALA 3DIVERGENT [C]Um filme de: Neil BurgerCom: Shailene Woodley, Kate Winslet, Maggie Q, Zoe Kravitz14.15, 16.45,21.30

NON-STOP [B]Um filme de: Jaume Collet-SerraCom: Liam Neeson, Julianne Moore19.30

NOAH

A crítica na boca do povoNão sei se é por ser um sítio pequeno ou por vivermos em competição permanente, mas Macau é intenso. Torna as pessoas mais amargas e mais conflituosas, fazendo com que o coração esteja sempre no lugar errado: a boca. As palavras saem sem análise e sempre de forma crítica, independentemente de existir, ou não, uma razão para as proferir. Eu, que sou gato, sinto isso diariamente. Como uma espada constantemente desembainhada, lá vem a torrente de insultos, a maioria das vezes sem nexo ou sentido, sem estarem polidos pela inteligência e pela lógica. Eu percebo, é complicado para alguns perceber que nunca existiriam, se seguíssemos Descartes. Mas pensem comigo: as piadas são feitas para rir, mesmo que algumas sejam muito más. As notícias são feitas para informar, mesmo que não concordem com algumas. Nem todos os portugueses são feios e gordos e nem todos os chineses se comportam de forma incivilizada. Nem sempre os apontares de dedo servem para gozar, humilhar, denegrir ou atingir o que quer seja. Às vezes servem apenas para nos divertir-mos. Mas, por aqui, as críticas são a arma mais fácil, mais gratuita e mais à mão. Com a tecnologia, mais anónima. Com o amargo que alguns sentem, o que mais depressa vem à cabeça. Nem todas as críticas são más. Mas são tipo pipocas... quando são demais, enjoam. Quando não sabem a nada, não se comem. Macau não é um sítio fácil, mas acreditem que torná-lo feio com constantes armas apontadas à cabeça de tudo e de todos não vai resultar em nada de bom. Infelizmente, Macau também habitua-nos à comodidade, aos facilitismos. E, por aqui, a crítica está sempre presente na boca do povo. Porque é mais fácil.

Todas as rosas têm espinhos mas há muitos espinhos sem rosas.

T E M P O T R O V O A D A S M I N 2 0 M A X 2 3 H U M 8 5 - 9 8 % • E U R O 1 1 . 0 B A H T 0 . 2 Y U A N 1 . 3

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18 OPINIÃO hoje macau quarta-feira 2.4.2014

António SArAivA

E STAVAMOS no ano de 1992. Na sala de espera da embaixada por-tuguesa em Pequim desfolhava umas revistas enquanto esperava pelo dr. Jorge Morbey, adido cultural da embaixada, pessoa que conhecia de Macau, e que se tinha prontificado a ajudar-me a conseguir um hotel a preços razoáveis na capital chinesa.

Entretanto o dr. Morbey demorava-se...eis senão quando surge na sala um português – conhecemo-los à légua – que logo se pôs alegremente a falar comigo. Que vivia em Pequim, trabalhava (se a memória não me falha) na rádio, e que até já havia traduzido um livro de um poeta chinês para português.

E voltando-se para uma pequena estante que havia na sala acrescentou:

- E o livro até está aqui...olhe...é este. É de um poeta chinês chamado Li Bai, que viveu há 800 anos.

As penas de pavão

E assim se desfez um mito – que havia durado apenas alguns minutos

O boca abriu-se-me. Fiquei siderado de espanto e admiração! Um português capaz de traduzir do chinês – e ainda por cima poesia! E mais ainda – de um poeta que viveu há 800 anos! Para entender as suas imagens seria indispensável conhecer a demais literatura, religião, filosofia, etc., da época (tal como para entender Camões é necessário conhecer a história de Portugal, os deuses do Olimpo grego, etc.).

Que grande homem tinha diante de mim!Sucede que tinha há poucos meses co-

meçado as minhas aulas de chinês escrito. Assim, como o livro mostrava, para muitos poemas, a escrita original em chinês, e na página seguinte a respectiva tradução para

português, procurei, por curiosidade, encon-trar caracteres chineses que conhecesse...esperando que o tradutor me ajudasse. Mas ele mostrava-se muito hesitante. Sei que a certa altura acabamos a discutir como seria o caracter chinês que representa “mão” – se tinha 2 ou 3 traços horizontais.

Mas o meu interlocutor também não sabia.E confidenciou-me:

- Sabe – eu não sei chinês. A minha mulher, que é chinesa, é que traduziu os poemas para inglês, e depois eu traduzi-os de inglês para português.

Ora na capa vinha apenas o nome do meu interlocutor.

E assim se desfez um mito – que havia durado apenas alguns minutos.

Mas na minha boa fé – e dando algum benefício da dúvida - pensei : certamente que o tradutor não quis pôr o nome da mulher na capa... mas no prefácio deve explicar que a tradução inicial foi feita pela sra. X, ou pelo menos (o que já seria uma falsidade) “agra-decemos à sra. X a ajuda no esclarecimento de algumas expressões...”.

FELL

INI,

AMAC

ORD

Ora nada – nem uma palavra. Todos os créditos eram atribuídos a quem apenas tinha traduzido de inglês para português.

E diante de tal tradução os portugueses – muito afastados da cultura chinesa – ficaram, como eu havia ficado, siderados por tal feito, e deram ao (pseudo) tradutor um Prémio de Tradução!

Daí a tornar-se a personagem um autoridade em matéria de cultura chinesa foi um passo.

Ora – que credibilidade pode ter um personagem deste calibre? Mas mais uma vez tem funcionado o desconhecimento das coisas do Oriente, que faz com que quaisquer palavras vindas do boca de um “mestre” sejam aceites, pesadas e comentadas.

Desculpem-me por estas linhas. Mas as ciências humanas, pouco verificáveis por natureza, assentam essencialmente no estudo aplicado por quem delas se ocupa, no raciocínio original, e na transmissão das conclusões com verdade. E mais - custa-me muito ver personagens pavoneando-se com falsas penas de pavão. Não tem graça.

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19 opinião

a pal içadaCORREIA MARQUES

hoje macau quarta-feira 2.4.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Joana Freitas (coordenadora); Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; José C. Mendes; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Prometem ao Zé PovinhoLiberdade, Lar e Pão...Como se o mundo inteirinhoNão soubesse o que eles são.

António Aleixo (1899-1949),poeta popular português

H OJE (dia em que escrevo) é o primeiro de Abril, dia das mentiras, mas infelizmente as notícias que nos chegam da Europa são as mais cruas de uma verdade assustadora que assola o velho Continen-te (ou o continente velho?), ou seja, o recrudescimento de ideias fascistas e neona-

zis. Veja-se a Grécia, veja-se o resultado das últimas eleições autáquicas em França, ou leia-se o artigo de José Goulão:«O preço da independência», aqui publicado ontem, sobre a hipocrisia da Europa e do que espera o povo ucraniano, assim sintetizada: «A nova Ucrânia independente e democrática saudada através do mundo por gente que muitas vezes nem sabe o que diz é exemplar: a economia será administrada pela troika, as forças armadas obedecem a uma estrutura formada pela NATO e organizações neona-zis, a segurança pública fica a cargo de uma nova Guarda Nacional inspirada nos grupos de assalto hitlerianos, em coordenação com empresas privadas de mercenários, tudo sob comando geral neonazi».

Não sei se tudo isto é completamente verdade, mas não tenho razões que me fa-çam duvidar do autor do texto, um jornalista experiente, conceituado e experimentado em política internacional.

A verdade está aí, a democracia tergiver-sa em nome dos sacrosantos negócios, dos mercados, esquece as pessoas, e a paz na Europa está, mais do que nunca, ameaçada pelas forças do medo e do terror.

E, a história diz-nos que, por exemplo, Adolfo Hitller foi nomeado chanceler alemão em janeiro de 1933, na sequência das vitórias do partido nazi nas eleições parlamentares de 1932, o que nos prova, por um lado, que o voto geral e universal não é garantia (como muitos outros casos antigos e recentes confirmam) de salvaguarda da de-mocracia e, por outro, que a democracia não se esgota no voto, que não existe democracia sem liberdade de expressão, sem igualdade de oportunidades e sem solidariedade.

Convém não esquecer que o nazismo surge a seguir à grande crise de 1929-1933 e à consequente recessão das economias e depauperação da classe média. Classe média essa que, embora sabendo que nunca

A Europa assusta-me

A extrema direitafascista cavalga,de forma muito perigosa,o descontentamento

chegará ao domínio do mundo aspira a ser «grande», assumindo os valores da classe dominante, e que quando «cai» radicaliza à direita. A propósito, em Portugal, os co-mentários que vou lendo nos jornais sobre as notícias políticas, deixam-me preocupa-do porque corroboram o que deixei dito, porquanto tendem a desculpabilizar (haja o que houver a culpa é sempre dos outros) os desmandos da direita no governo e dos governos anteriores do «senhor Silva» (as palavras não sao minhas, mas de um PSD, Alberto João Jardim) e revelam fantasmas de um regime antigo -afastado com o 25 de Abril- e um bolorento ódio a tudo o que seja solidariedade social. Isto para além de apelarem a um incompreensível e artificial conflito de gerações, de trabalhadores do setor público contra os do setor privado,

nacionais contra emigrantes, etc. A velha máxima maquiavélica do dividir para reinar.

Leio, a última página do Ponto Final do dia 1 e registo: «A recente recuperação eco-nómica não foi capaz de criar novos empregos e a situação social na União Europeia não regista, até agora, melhorias significativas». Nem podia, digo eu, porque as pessoas dei-xaram de contar, deram lugar aos números: os números do défice, da dívida, etc., e às estatísticas. Como diz o «nosso primeiro», o

País está melhor, as pessoas é que estão pior. E, por isso a extrema direita fascista cavalga, de forma muito perigosa, o descontentamento. E isso arrepia-me porque não vejo mudanças de rumo na política da União Europeia em geral e do meu país em particular.

Acho que prefiro continuar por aqui onde até nem existe voto geral e universal, mas vai existindo liberdade e pão.

Isto porque, conforme escreveu Aleixo:

É fácil a qualquer cão Tirar cordeiros da relva; Tirar a presa ao leão É difícil nesta selva.

O autor do texto prefere escrever de acordocom o Acordo Ortográfico de 1990

FELL

INI,

AMAC

ORD

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hoje macau quarta-feira 2.4.2014

Palavras ao almoçoO Chefe do Executivo, Chui Sai On, ofereceu, ontem, um almoço aos responsáveis dos órgãos locais da comunicação social em língua portuguesa e inglesa. Chui Sai On afirmou que a liberdade de imprensa e de publicação é um valor essencial do Governo da RAEM, o qual continuará a ser de grande importância para o governo. Chui sublinhou que o governo está empenhado em desempenhar bem as suas funções nos eventos que se realizarão este ano, nomeadamente a eleição do Chefe do Executivo do 4.º Governo da RAEM, a reunião ministerial do turismo da APEC e as comemorações do 15.º aniversário da Região Administrativa Especial de Macau, entre outros.

Jogo Lucros aumentam no primeiro trimestreOs casinos de Macau fecharam o primeiro trimestre com uma receita bruta de 102.199 milhões de patacas, mais 19,8% do que no mesmo período de 2013. Dados oficiais disponíveis na página eletrónica dos Serviços de Inspeção e Coordenação de Jogos revelam que, em Março, os casinos locais facturaram 35.453 milhões de patacas, uma subida de 13,1% face ao mesmo mês do ano passado. O crescimento de quase 20% no primeiro trimestre está fortemente sustentado no recorde de 38.007 milhões de patacas apurado em Fevereiro, um mês coincidente com o Ano Novo Lunar, altura em que há mais jogadores. Analistas de mercado contactados pela agência Lusa estimam que o crescimento das receitas do sector do jogo em Macau - que em 2013 totalizaram 361.866 milhões de patacas - deverá atingir, ao longo de 2014, uma percentagem entre os 10 e os 15%.

Ucrânia Nazis atacamTrês pessoas ficaram feridas ontem na sequência de um tiroteio levado a cabo por um membro do grupo radical Sector de Direita, perto da Praça da Independência de Kiev, informou o ministro do Interior, Arsen Avakov. Segundo escreveu o ministro na sua página no Facebook, citado pela agência noticiosa espanhola (Efe), uma das pessoas atingidas ficou ferida com gravidade, depois de um membro do Sector de Direita ter aberto fogo em frente a um café perto daquela praça. De acordo com o mesmo responsável, outros activistas de Maidan conseguiram bloquear o atacante, aparecendo depois vários homens do grupo, armados, para ajudar o seu companheiro, tendo-o retirado do estabelecimento e levado para o hotel Dniepr, situado nas imediações. Principal força de choque dos manifestantes nos trágicos confrontos em Fevereiro, em Kiev, o Sector de Direita é uma organização que aglutina vários grupos de extrema-direita, incluindo fanáticos de equipas de futebol.

REN assina contrato com Banco da China A REN – Redes Energéticas Nacionais – assinou ontem, em Lisboa, um contrato de financiamento com o Banco da China, no valor de 200 milhões de euros e com um prazo de cinco anos. Na cerimónia de assinatura do contrato, o presidente da REN, Rui Cartaxo, disse que a empresa tem estado a reestruturar, renegociar e a prolongar a maturidade da sua dívida, acrescentando que, “com o apoio” do seu maior acionista, a chinesa State Grid, a empresa está a “diversificar” os seus canais de financiamento. O acordo destina-se ao “financiamento geral da REN”, afirmou Rui Cartaxo, em declarações aos jornalistas após a cerimónia, acrescentando tratar-se do “mais competitivo dos empréstimos” que a empresa fez até ao momento com bancos chineses, tendo “uma taxa de juro mais competitiva”.

Aeroporto levanta vooDe acordo com uma notícia avançada ontem pelo jornal Tribuna de Macau, a CAM (Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau) somou 190 milhões de patacas em lucros líquidos – mais 84% que no ano passado. A mesma notícia afirmou que a CAM criou mais quatro rotas em 2013, incluindo Kunming e Tianjin, na China. Os planos da CAM para o próximo trimestre incluem a inauguração de, pelo menos, dois novos destinos asiáticos – Ho Chi Minh, capital do Vietnam, e Sabah, cidade malaia, a juntar às recentemente inauguradas rotas para Dalian e Hanoi. As mudanças anunciadas deverão servir para fomentar o turismo em Macau e facilitar a deslocação dos residentes da RAEM por outras cidades asiáticas. A empresa responsável pela gestão do aeroporto pretende, ainda, melhorar os equipamentos de segurança do aeroporto, de forma a lidar com o aumento progressivo de passageiros, previsto para os próximos meses de 2014.

Morreu historiador Jacques Le GoffO historiador francês Jacques Le Goff, um dos idealizadores da corrente conhecida como «Nova História», morreu esta terça-feira em Paris aos 90 anos. Le Goff dedicou boa parte da sua carreira à antropologia medieval, porém, dentro da tradição dos grandes historiadores franceses, costumava sair da sua especialidade para opinar sobre temas da actualidade. Nascido a 1 de Janeiro de 1924 em Toulon, o historiador sucedeu em 1972 a Fernand Braudel na direcção da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais. A partir dos anos 70 tornou-se um dos pais do movimento «Nova História», que realizava uma reflexão sobre a profissão do historiador.

KA HO CHUI DÁ INSTRUÇÕES PARA MELHORAR A QUALIDADE DO AR

De nariz bem abertoC HUI Sai On convocou

uma reunião com os serviços interdeparta-mentais para abordar a

proposta de melhoramento da situação de poluição do ar na zona de Ka Ho, em Coloane, referiu o Gabinete de Comunicação Social, numa nota ontem distribuída à imprensa.

O Chefe do Executivo terá dado instruções aos serviços para que a prioridade fosse garantir a saúde da população ali residente, adoptando medidas mais eficazes, por forma a resolver a origem do problema.

Chui indicou que “o esforço do governo na execução das políticas tem como objectivo melhorar a qualidade de vida da população e com ela construir um futuro melhor para Macau”. O governo “conhece o problema da poluição em Ka Ho e que, anteriormente, vários serviços adoptaram medidas, conforme a sua área de competência, para melhorar o ambiente e a vida da população”.

FISCALIZAÇÃO INDISPENSÁVELChui Sai On reiterou ainda ser indispensável reforçar o trabalho de fiscalização e de acompanha-mento da situação de Ka Ho, bem como a importância de se adoptarem medidas eficazes em todas as vertentes. “Espero que assim se possa melhorar a situação atacando a fonte da

poluição, a fim de dar segurança a quem vive e estuda na zona”. Entretanto, o Chefe do Executi-vo e o governo contactaram os estabelecimentos industriais da zona para que colaborassem, no sentido de articular as medidas adoptadas pelo governo nesta matéria.

Durante a reunião, o director dos Serviços de Protecção Am-biental (DSPA), Cheong Sio Kei, reportou o ponto da situação, explicando que o problema da poluição em Ka Ho se deve à emissão de gases industriais, às obras e aos danos nas estradas, excesso de peso dos veículos e ainda o cascalho espalhado pela via pública.

Cheong lembrou que a DSPA, há muito, informou o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), a Direc-

ção dos Serviços de Economia (DSE), o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), o Instituto para os Assuntos Cívi-cos e Municipais (IACM), para que, de acordo com as respectivas competências, procedessem a uma série de trabalhos de acom-panhamento.

Entretanto, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, a directora dos serviços de Edu-cação e Juventude, leong Lai, e o presidente substituto do IACM, Alex Vong Iao Lek, aproveitaram também a ocasião para apresenta-rem o estado dos trabalhos, bem como propostas e sugestões.

Lei Chin Ion revelou estar a estudar a forma de controlo de saúde dos habitantes daquela zona. Por sua vez, leong Lai afir-mou que os serviços que dirige vão manter o contacto com a es-cola de Ka Ho e dependendo das necessidades dar o apoio neces-sário. Por último, Vong Iao Lek disse que, para além das obras de repavimentação, procedeu--se à plantação de árvores para melhorar a qualidade do ar.

Chui Sai On garantiu envidar esforços para que, dentro de duas semanas, se possa reunir com outros serviços competentes, a fim de definir mais propostas viáveis. O Chefe do Executivo revelou ainda que será agendada uma visita ao local.

cartoon por Stephff