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UNIFESP UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO PAULO
Extenso Curso on-line de Especializao em Dependncia Qumica
ARTIGO DE REVISO
PREVENO AO USO DE SUBSTNCIAS PSICOATIVAS NAS UNIVERSIDADES:
UMA VISO SOBRE NECESSIDADE, RELEVNCIA E POSSIBILIDADES.
Euclides Lunardelli Filho
Artigo de reviso apresentado como requisito parcial ao Trabalho de Concluso de Curso (TCC) do Curso On-Line de Especializao em Dependncia Qumica da UNIFESP (Turma 7) / So Paulo, SP.
SO PAULO
2008
Preveno ao uso de Substncias Psicoativas nas Universidades: Uma
Viso Sobre Necessidade, Relevncia e Possibilidades.
RESUMO
A uso nocivo e a dependncia de substncias psicoativas tm sido considerados
problema e sade pblica e todos as instncias sociais vm buscando solues racionais
fundamentadas em princpios cientficos. Adolescentes/jovens tm sido apontados como
pessoas mais suscetveis fascnio que as drogas ilcitas e lcitas eliciam. O pblico jovem
inserido nas universidades tambm tem sido alvo do mercado de drogas. A proteo destes
jovens tem sido vista como uma necessidade urgente, pois representa a proteo dos futuros
lderes comunitrios na nossa sociedade. A falta de estudos sobre as prticas de preveno nas
universidades sugere tambm a falta de polticas especficas para esse fim. Estas faltas
ensejaram os objetivos do presente artigo que atravs de reviso bibliogrfica procurou
categorizar a populao adolescente-universitria para, a partir da, formular algumas
sugestes de programas de preveno do uso de substncias psicoativas. A reviso
bibliogrfica tambm permitiu um encontro com diretrizes de programas desenvolvidos pelos
norte-americanos e o desenvolvimento de algumas propostas adaptadas para a realidade
nacional. Concluiu-se pela necessidade da realizao de programas-piloto que possibilitem a
produo de estudos cientficos que certifiquem quais destes programas e estratgias
poderiam ser consideradas eficientes meios de preveno.
Palavras-chave: Substncias Psicoativas, Dependncia Qumica, Preveno na
Universidade.
SUMRIO
Item Descrio pg
1. INTRODUO 01
2. EPIDEMIOLOGIA 03
3 SOBRE A PREVENO 06
4 CARACTERIZAO DA POPULAO EM ESTUDO 11
5 DISCUSSO: PROGRAMAS DE PREVENO NAS
UNIVERSIDADES
22
6 CONCLUSO 28
7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 30
PREVENO AO USO DE SUBSTNCIAS PSICOATIVAS NAS UNIVERSIDADES:
UMA VISO SOBRE NECESSIDADE, RELEVNCIA E POSSIBILIDADES.
1. INTRODUO
Por definio as substncias psicoativas (doravante referidas simplesmente pela
abreviatura SPAs) so aquelas que alteram o senso de percepo e o estado de viglia do
indivduo. As SPAs, em geral, so psicotrpicas, significando que exercem uma certa atrao
sobre as instncias psquicas do ser humano e, portanto, favorecem ao desenvolvimento da
dependncia fsica e/ou psicolgica dos indivduos que fazem uso. Neste trabalho no foi feita
distino para o uso dos termos drogas, SPAs ou Substncias Psicotrpicas. Tais
termos aparecero indistintamente referindo-se s substncias psicotrpicas.
So exemplos de SPAs a cafena, o lcool, a nicotina, anfetaminas, sonferos,
calmantes, antidepressivos, entre outras, e que esto categorizadas como drogas lcitas (uso
autorizado na legislao). De outro lado temos a maconha, cocana, herona, crack e muitas
outras, consideradas ilcitas pela sociedade. Estas drogas ainda podem ser agrupadas segundo
seus efeitos: depressoras, estimulantes e perturbadoras; ou ainda quanto origem: naturais,
sintticas ou semi-sintticas; contudo, no propsito deste trabalho discutir tais
peculiaridades. O foco deste trabalho recai sobre as drogas psicoativas, que tm potencial de
abuso entre jovens, e as possibilidades na rea da preveno, independente do carter de
legalidade.
Pouco pode ser feito em termos epidemiolgicos quando no se conhecem as causas
do problema. Neste sentido, milhes de dlares foram e continuam sendo gastos em pesquisas
para se determinar as causas para as drogas terem assumido tamanha significncia no
comportamento humano. O problema complexo e multideterminado, o que dificulta em
muito o desenvolvimento de aes eficazes, tanto na rea do tratamento como da preveno.
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Problemas com tamanha relevncia social e complexidade geralmente necessitam de
uma viso panormica e integrativa, mas no prescindem de avaliaes e intervenes
segmentadas e focalizadas. Neste sentido, o presente trabalho prope uma discusso
envolvendo a preveno ao uso da droga junto a jovens inseridos nas universidades. Ao se
estabelecer a populao deste debate com sendo os jovens universitrios, por princpio deixa-
se de lado maiores anlises sobre fatores de risco relacionados misria e a excluso social.
Estes aspectos esto mais distantes da populao brasileira que chega s universidades e,
portanto, no faro parte desta discusso.
Estudiosos do fenmeno dependncia qumica e organismos internacionais tm por
consenso que as aes preventivas nesta rea so pouco eficazes, alm de demandarem altas
somas de recursos financeiros na implantao, isto, quando comparados com os custos e
eficincia das polticas regulatrias voltadas reduo e limitao do consumo e da
disponibilidade das SPAs. Em assim sendo, buscar parmetros de trabalho a partir de
evidncias cientficas e estabelecer diretrizes para programas de preveno mais eficazes,
seguramente traria sociedade maior segurana e economia no investimento de recursos. Tal
lgica refora a necessidade do desenvolvimento de interlocues como a aqui proposta, alm
de atestar as relevncias social, cientfica e econmica deste tipo de iniciativa.
Para melhor contextualizar tal problemtica e a relevncia desta locuo, faz-se
necessrio uma incurso em alguns aspectos: epidemiologia, preveno e caracterstica da
populao universitria adolescente (alvo deste trabalho).
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2. EPIDEMIOLOGIA
O uso abusivo de SPAs vem sendo alardeado pelos meios de comunicao, bem como
pelas mais diversas instncias sociais e governamentais. O consumo destas substncias tem
mobilizado a preocupao da sociedade como um todo. As consequncias so: alteraes de
conscincia, dependncia fsica e/ou psicolgica, danos sade, prejuzo ao tecido social,
quebra de produo, acidentes, crimes e uma sucesso de outros efeitos nocivos ao indivduo
e sociedade. Uma frao importante das riquezas produzidas tem sido direcionada para
custear tratamentos de sade fsica e mental de usurios, tanto dos dependentes quando dos
que fazem uso nocivo de drogas lcitas e/ou ilcitas. Os prejuzos financeiros caminham
paralelamente com o sofrimento individual e com os danos produzidos na sociedade como um
todo.
O Projeto Diretrizes, que consiste num texto informativo para a orientao e
padronizao do ato mdico, no que concerne ao tema para Abordagem Geral do Usurio de
Substncias com Potencial de Abuso(1), fundamenta seus preceitos em dados epidemiolgicos
tomados a partir de estudos com alto grau de confiabilidade e consistncia. Alguns destes
dados transmitem a gravidade do problema aqui abordado. Segundo o texto
Mais da metade da populao das Amricas e da Europa j experimentou
lcool alguma vez na vida e cerca de um quarto fumante. O consumo de drogas
ilcitas atinge 4,2% da populao mundial. A maconha a mais consumida (144
milhes de pessoas), seguida pelas anfetaminas (29 milhes), cocana (14
milhes) e os opiceos (13,5 milhes, sendo 9 milhes usurios de herona).
Ainda segundo os estudos supra referidos, o tabaco associado a mortes por
neoplasias, doenas cardiovasculares, doenas pulmonares, baixo peso ao nascimento, e
queimaduras. J o lcool est diretamente relacionado ao aparecimento de cirrose heptica,
transtornos mentais, sndrome alcolica fetal, neoplasias e doenas cardiovasculares.
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Semelhantes problemas esto relacionados ao abuso de outras drogas. A constatao imediata
e decorrente que o consumo das SPAs, atualmente, considerado como um problema de
sade pblica, fato corroborado pelos levantamentos epidemiolgicos mais recentes efetuados
no Brasil.
No II Levantamento Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrpicas no Brasil:
2005 (2), estudo realizado pelo CEBRID (Centro Brasileiro de Informao sobre Drogas
Psicotrpicas) em parceria com a SENAD (Secretaria Nacional Anti-Drogas), podem ser
observados os ndices apropriados nas 108 maiores cidades do pas, com populao acima de
200 mil habitantes. O espao universo populacional pesquisado (populao com idade entre
12 e 65 anos das 108 maiores cidades) foi de 47.135.928 habitantes. A tabela 1, abaixo,
sintetiza os dados sobre a incidncia do uso de drogas psicotrpicas, lcitas e ilcitas. Na
tabela 2 podem ser observados os ndices indicativos de dependncia para as mesmas SPAs.
O estudo no apresentou o cruzamento dos dados que possibilite saber a distribuio
global da populao, separada por idade, e classificada como dependente. Porm, alguns
dados sugerem que 30% das pessoas que abusam de SPAs sejam indivduos situados entre 12
e 24 anos enquanto que os mesmos representam somente 26% do universo (populao)
pesquisado. Esta anlise sugere que adolescentes e jovens so mais suscetveis ao uso de
drogas quando comparados com adultos acima de 25 anos.
Outro achado da pesquisa que na faixa de 12 a 17 anos existem relatos d