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INTRODUOA Gesto Democrtica um processo compartilhado onde todos os envolvidos necessitam trabalhar em prol do bem comum, que o sucesso da educao. A sociedade atualmente inundada pela informao e abre indiscriminadamente o acesso informao. Isto gera um novo contexto social e novos agentes sociais para o processo educacional. A mdia, a violncia, a indisciplina e os distrbios de aprendizagem so novos desafios para a afetividade na escola. Estudando causas e conseqncias dessa nova dinmica social, surgem algumas solues que modificam os mtodos tradicionais e oferece uma concepo dinmica e adaptativa para a educao, a viso crtica do mundo e da sociedade. A escola vista pela sociedade e seus agentes tem o matiz de quem a observa, essa viso polarizada gera uma crtica setorial que influencia o pensamento coletivo sobre a realidade da educao, gerando os primeiros pontos de novas polticas educacionais. A preocupao hoje educar para ser uma resposta natural pelos valores morais assumidos pelos formadores de opinio. Neste contexto o(s) gestor (es) deveria assumir o papel de semeador e no de formatador na educao. Os pais, a comunidade, so agentes necessrios ao processo educacional e dele participam direta ou indiretamente, mesmo quando afastados da instituio educacional, eles participam indiretamente e mesmo quando presentes nos processos no participam como poderiam e deveriam, os pais atravs da gesto democrtica devem ser preparados para participar da comunidade escolar. De acordo com Brando (2007) o verdadeiro aprendizado fixase em dominar trs questes: o que ? Para que serve? Como se aplica? Discutir os conceitos educao, escola, saber e tecnologia o desafio presente na vida da sociedade e na tarefa ingente de educar, h confrontos entre os interesses do Estado e os da sociedade no campo da educao, s a participao ativa dos membros da comunidade escolar pode esclarecer de maneira produtiva essas divergncias. O trabalho dos profissionais da educao sofre intensas presses do ambiente social. As instituies ocupam-se em definir e ampliar a melhor tecnologia educacional disponvel: os profissionais da rea ocupam-se em questionar, Perrenoud (2007), quais as competncias so necessrias ao processo educacional e ao ensinar na sociedade de nossos dias, mas isso de nada adianta se no houver um espao frtil para o

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desenvolvimento de tais competncias, os profissionais da educao tm sempre um desafio diferenciado de seus antecessores. A dinmica social, as exigncias sociais e humanas de uma nova sociedade, que se forma e refunda-se na velocidade da globalizao, traz ao profissional da educao a responsabilidade por repensar-se, repensar a educao e preparar-se para as novas dimenses da instituio escola e da instituio educao. O que a sociedade espera da escola no sculo XXI uma educao completa para uma juventude que recebe estmulos de mltiplas fontes e apresentada a valores sociais como a violncia, o descompromisso do educando, a sobrevivncia do educador, o imediatismo e o distanciamento da famlia. A mudana de postura dos gestores na relao com a comunidade, com os alunos, professores e todos os envolvidos o processo educacional atravs da gesto democrtica pode favorecer o enfrentamento destes novos desafios da educao. Segundo Priolli (2008) a postura do diretor imprime marca s relaes interpessoais no ambiente escolar. Professores, funcionrios, pais e alunos ao mesmo tempo ensinam e tm coisas a prender. A criatividade capacidade intelectiva e assim como a liderana, em maior ou menor grau todos possuem. Os paradigmas estagnam a forma de ver o mundo e responder aos desafios propostos. O medo e o nus da mudana levam os agentes educacionais e gestores a defenderem o que j existe e est sob seu domnio, urgente e necessrio superar esses medos, conceitos e preconceitos. Superar as mudanas alinhar-se a elas e antecip-las, h cada vez menos tempo para interpret-las, por isso a Gesto Democrtica tornou-se um desafio , principalmente no que tange a definio do papel a ser desempenhado pelos gestores educacionais e nas estratgias para alicerar um avano gradativo na sua construo e na sua implantao dentro do ambiente educacional de modo a fazer frente, aos crescentes e diversificados, desafios da educao oriundos das transformaes sociais e conforme citado por Priolli (2008) as famlias e a comunidade demandam da escola solues para problemas sociais. Cabe ao diretor criar as condies para que a realidade seja trabalhada de forma crtica em sala de aula. A gesto democrtica vivel e por isso surge como alternativa e possibilidade de enfrentamento e soluo aos problemas educacionais. Priolli (2008) ressalta que a verdadeira misso do lder da escola conciliar as demandas burocrticas e pedaggicas para garantir que os alunos progridam. O gestor hoje o defensor e o articulador desta fase de transio, de mudanas, o construtor da gesto democrtica-

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participativa, o agente que dever adequ-la realidade em que est inserida para torn-la vivel. No possvel escrever manuais de atitudes e/ou aes dessa prtica para gestores, mas discutir-se um conceito crtico e mais abrangente para a Gesto Democrtica e qual o papel dos gestores que decidem implant-la, essa discusso, no s possvel, como tambm se faz necessria j h algum tempo, de modo a evitar que conceitos inadequados, inflexveis e at ultrapassados venham confundir, ou mesmo impedir, a prtica da gesto democrtica com burocracias administrativas, falta de respaldo ou esclarecimento do que seja a Gesto Democrtica propriamente dita. Buscamos traar, no Capitulo I deste trabalho, um paralelo entre o processo de Gesto e o de Administrao de um modo geral, pois ajudar a evidenciar a maior abrangncia da Gesto e, sob alguns aspectos, as limitaes da administrao quando ambas se voltam para a educao. No Captulo II procuramos contextualizar o paralelo estabelecido, bem como desenvolver uma anlise de causas e efeitos possveis de serem obtidos quando de sua implantao no ambiente educacional atual, o que levou-nos a uma primeira constatao: somente a gesto democrtica atravs de sua flexibilidade de meios e adequao de estratgias ser capaz de atenuar os efeitos nocivos da permissividade social e coibir as prticas inadequadas educao, estimulando a liberdade criativa e propiciando ao mesmo tempo condies para uma prtica educativa crtica e socialmente emancipadora, sem sucumbir aos desmandos polticos ou volatilidade dos valores sociais. No Captulo III comentamos, de forma um tanto sinttica e genrica, para que no assumisse aspecto de manual ou frmulas prontas, algumas expectativas quanto ao papel do Diretor-gestor inserido neste contexto: a implantao da Gesto democrtica, ressaltando os reflexos da sociabilidade do ser humano na educao, pois o ser humano um ser social por essncia e opo e como tal a vida em comunidade lhe fator de sobrevivncia e bem-estar. Por isso a manuteno de um ambiente social agradvel e uma vida comunitria participativa so fatores indispensveis para o estabelecimento e a consecuo de objetivos comuns e vitoriosos, principalmente na educao. O gestor, por sua vez, o alicerce sobre o qual essa estrutura saudvel e produtiva deve ser montada, cabendo a ele, no carregar nas costas o peso do mundo, mas sempre que possvel ombrear os enfraquecidos pelas decepes, estimular os que se cansaram de esperar, respeitar os que ainda trabalham... Ser um exemplo de f para

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aqueles que, ainda, sonham com uma educao de qualidade e um mundo melhor para todas as nossas crianas.

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CAPTULO 1

CONCEITO DE GESTO DEMOCRTICA

Ao longo da histria a palavra administrao sempre esteve ligada por definio palavra gesto, at mesmo no dicionrio elas so sinnimas. A definio encontrada em Filho (1970) que nos interessa administrao: ao de administrar, gerncia de negcios, administrar, gerir os negcios pblicos ou particulares, gesto, ato de gerir, gerencia, administrao. (p.22 e 564) No sentido restrito de cada palavra os sinnimos so aceitveis, mas quando tomadas em sentido lato e voltadas para a educao a definio simples e objetiva do dicionrio no contempla a plenitude de sua abrangncia e nem mesmo a dialtica de suas aes.Embora, de fato, gesto e liderana se sobreponham e se correspondam amplamente, essa correspondncia no completa, pois, se o fosse, esses termos seriam sinnimos entre si.Conforme ser analisado mais adiante, a gesto pressupe o exerccio de liderana, sem a qual no se realiza, porm mais abrangente que esta. (LCK,2008, p. 25)

A confuso e a mistura do conceito de gesto com o de administrao podem at levar aceitao dessa pseudo-sinonmia, mas acaba fazendo com o que primeiro, gesto, perca sua abrangncia e o segundo, administrao, assuma aspectos que no possui.Alguns autores afirmam que o centro da organizao e do processo administrativo a tomada de deciso. Todas as demais funes da organizao (o planejamento, estrutura organizacional, a direo , a avaliao) esto referidas aos processos intencionais e sistemticos de tomada de decises (Griffiths, 1974).Esses processos de chegar a uma deciso e de fazer a deciso funcionar caracterizam a ao designada como gesto. (LIBNEO, 2007, p. 317)

O conceito de administrao torna-se restrito ante o conceito de gesto, pois a administrao calca-se e estrutura-se na figura do administrador, tornando-se mais ou menos eficiente em funo da pessoa que a exera, criando condies que favorecem o personalismo pela centralizao do poder e de decises.

14A concepo tcnico-cientfica, por exemplo, valoriza o poder e a autoridade, exercidos unilateralmente. Enfatizando relaes de subordinao, rgidas determinaes de funes, e supervalorizando a racionalizao do trabalho, tende a retirar das pessoas ou, ao menos diminuir nelas a faculdade de pensar e decidir sobre seu trabalho. Com isso, o grau de autonomia e de envolvimento profissional fica enfraquecido. (LIBNEO, 2007, p. 326)

A administrao parte da gesto, composta por um conjunto de atos e fatos administrativos necessrios aos aspectos pragmticos e legais da administrao, no que tange a recursos financeiros, materiais, legais e at mesmo organizacionais. Porm, a gesto calca-se na figura de um gestor, o qual por sua vez tem que ter uma viso maior do coletivo, contemplando tambm os aspectos mais subjetivos da administrao, que so os efeitos de curto, mdio e longo prazos causados pelas relaes humanas, to intensas quanto variadas, existentes mais particularmente na educao, por isso exigindo constantemente dos gestores educacionais uma maior sensibilidade para ver, interpretar e satisfazer as necessidades do grupo que dirige. A administrao por si s acaba por tornar-se exclusivista, centralizadora e personificada na figura de um gerente ou um diretor que, no raramente, se deixa embriagar pelo poder e acaba perdendo a noo de limites e possibilidades pessoais e profissionais. Problema esse que tambm afeta gestores educacionais que se deixam levar somente pelos aspectos administrativos de seu cargo, esquecendo-se importncia das aes de liderana to necessrias ao exerccio da gesto.Verifica-se que gestores escolares se sentem perdidos e at mesmo imobilizados algumas vezes, sem perceberem uma luz no fim do tnel, diante de professores que no querem cooperar, de pais que no compartilham com a escola os mesmos objetivos de formao de seus filhos, de turmas de alunos que valorizam no valorizam os estudos, de alunos com tantas limitaes socioeconmicas e a falta de socializao e nivelamento para aprender que difcil trabalhar educacionalmente com eles. Diante de depoimentos como estes, possvel afirmar que, toda a vez que um profissional percebeu a realidade desse modo, viu a reativamente, comprometendo a sua liderana e at mesmo negando-a, pois se sentiu impotente diante das situaes e desafios educacionais. Nesse caso abdicou das responsabilidades de seu trabalho de gesto e liderana, deixando-se dominar pelo status quo, em vez de influenci-lo como seria de sua responsabilidade. (LCK, 2008, p. 19)

Figuras como estas quando so levadas ao centro de poder, seja da forma que for e ao receberem a inequvoca capacidade da palavra final sobre decises significativas ou no dentro de uma empresa, uma firma e, nesse caso, uma instituio de ensino, mesmo reconhecendo que isso uma caracterstica inerente ao cargo, sem tambm nos esquecermos que lhes cabem a responsabilidade pelos seus atos, acabam sucumbindo ante as presses que sofrem. O administrador, o diretor, o gerente como

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qualquer ser humano, quando no exerccio de suas funes, tornam-se alvos de presses diretas e indiretas, oriundas das exigncias e responsabilidades de seu cargo e de suas decises, presses essas muito mais intensa quanto mais centralizadora for a administrao, no abrindo espaos para opinies e/ou sugestes, muito menos s crticas, estando assim mais suscetvel a erros, pois possui sempre uma viso unilateral dos problemas, ou seja, a da administrao.A ampliao de horizontes constitui-se em condio fundamental do processo de educao, pois, numa sociedade dinmica e globalizada, segundo um paradigma interativo, todos os alunos, ao desenvolver aprendizagens significativas, deve ter suas perspectivas de realizao e de vida expandidas, mediante quadro referenciais amplos e inspiradores, mediante a expanso do campo cultural e da possibilidade de interao com o mesmo. Conforme indicado por Suzanna Tamaro (1995, p. 16), cada um encontra inspirao no mundo que melhor conhece, que remete a premissa de que sendo os conhecimentos limitados, tambm sero as inspiraes. Essa realizao demanda que os educadores tenham eles mesmos, horizontes largos, da porque cabe aos responsveis por sua liderana terem um cuidado especial no desenvolvimento contnuo dessas perspectivas. (LUCK, 2008, p. 110-111)

O ser humano um universo pouco conhecido, mas que com uma grande margem de certeza no acompanha com rigor, quase nenhum, as leis da lgica, mormente se estiver sob presso, quando sob emoo vale-se do instinto de sobrevivncia e autopreservao para tomar decises usando de uma lgica fria e um pragmatismo tendencioso, levando-o, por conseguinte, tomar decises, que em contextos outros, no tomaria, mas como evitar a manifestao de intransigncia, ou mesmo uma viso distorcida, tendenciosa de um administrador sob presso intensa? Como anular ou conter a ndole humana? Como amarrar com fios de racionalidade a manifestao, por vezes, ilgica do ser e do sentir?Os valores geralmente so mensagens fortemente internalizadas que passam a fazer parte da estrutura de personalidade do indivduo e por isso mesmo no uma tarefa fcil mud-los.Mudar valores significa mexer com essa estrutura - o que, por sua vez, implica rever toda uma trajetria de vida. Isso to delicado que, para algumas pessoas, envolver-se em algo contrrio aos seus valores ou ter que atuar de forma a contrari-los pode representar uma quase traumtica violentao psicolgica. (FLORIANO, 1992, p.32)

Conduzir de forma tcnica, a ao de administrar, dirigir, conduzir um grupo, uma empresa, ou mesmo uma instituio educacional, faz com que os erros, os equvocos, as omisses calcadas na pessoalidade da conduta do administrador e no personalismo de suas decises sejam plenamente aceitveis, pois se houver acertos, timo, ele est ali para isso, se houver erros, danos ou prejuzos demite-se o

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administrador incompetente, coloca-se outro no lugar o ser humano perante administrao tecnicista descartvel.Na concepo tcnico-cientifica, prevalece uma viso burocrtica e tecnicista de escola. A direo centralizada em uma pessoa, as decises vm de cima para baixo e basta cumprir um plano previamente elaborado, sem a participao de professores, especialistas, alunos e funcionrios. A organizao escolar tomada como uma realidade objetiva, neutra tcnica, que funciona racionalmente e, por isso, pode ser planejada, organizada e controlada, a fim de alcanar maiores ndices de eficcia e eficincia. As escolas que operam com esse modelo do muito peso estrutura organizacional: organograma de cargos e funes, hierarquia de funes, normas e regulamentos, centralizao das decises, baixo grau de participao das pessoas, planos de ao feitos de cima para baixo. (LIBNEO, 2007, p. 323 e 324)

Se esta no a perfeita viso acadmica do que administrar, por certo um perfeito retrato da realidade administrativa nos mais diferentes crculos de poder. O termo administrar dada a conjuntura em questo e o contexto em que se desenvolve no pode ser considerado como sinnimo de Gesto, principalmente quando aplicados na rea educacional, onde valores, conceitos se transformam, surgem e desaparecem com uma rapidez impressionante, nas relaes interpessoais; na sociedade e nas relaes destas com a escola, fazendo com que o ser humano seja prioritrio na Gesto Educacional e no descartvel ou esteja em segundo plano. Gesto o ato de dirigir, dar direo a atos e atitudes pessoais e/ou coletiva, definindo rumos e objetivos atravs de metas e estratgias corretas. A gesto tanto pode ser individual ou coletiva: um ou mais gestores trabalhando em um mesmo ambiente, mas sempre com suas responsabilidades e limites de atuao definidos como ocorre em toda organizao administrativamente estruturada.A concepo democrtico-participativa baseia-se na relao orgnica entre a direo e a participao dos membros da equipe. Acentua a importncia da busca de objetivos comuns assumidos por todos. defende uma forma coletiva de tomada de decises. Entretanto, uma vez tomada as decises coletivamente, advoga que cada membro da equipe assuma a sua parte no trabalho, admitindo a coordenao e a avaliao sistemtica da operacionalizao das deliberaes. (LIBNEO, 2008, p.325)

A gesto educacional mais que administrar, ou mesmo tomar decises tcnicas e impessoais ou excessivamente pessoais levadas por fora de circunstncias. A gesto educacional exige que o gestor esteja voltado para a dinmica dos processos sociais internos e externos que lhe caracterizam o ambiente educacional, de modo que ele tenha capacidade para entender e influenciar os atores de seu cenrio gerencial, ou

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seja, o grupo de alunos, professores e comunidade com os quais trabalha e aos quais lhe compete estimular para que sejam co-participes no complexo processo de ensinoaprendizagem.A gesto democrtica agrega todos os aspectos positivos citados: administra de forma consensual, decide em funo do bem comum, planeja em funo de necessidades reais, estimula e orienta a participao de todos os envolvidos, conseguindo assim, atenuar as presses que o gestor recebe, diminui ou elimina o personalismo e a vaidade gerada pelo status quo do cargo, propiciando ao gestor uma viso mais ampla dos,problemas no intercmbio de informaes com os envolvidos, partilha as decises com o grupo, orientando um trabalho coletivo, abrindo espaos para crticas e sugestes ambas essenciais a um trabalho realizado de forma consciente. (...) a gesto se constitui em processo de mobilizao e organizao do talento humano para atuar coletivamente na promoo de objetivos educacionais. (LCK, 2008, p. 20)

Na Gesto Democrtica, o gestor educacional um coordenador da implantao da vontade popular, com capacidade para superintend-la de modo a implement-la de forma produtiva e ordenada, evitando-se assim a desordem da demagogia populista e conseqentemente o caos da descontinuidade das solues imediatista, to comum na educao. A Gesto Educacional Democrtica a forma de dirigir, conduzir e orientar uma instituio de ensino em coerncia com os anseios e as reais necessidades de seus educandos e das pessoas nela envolvida.

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CAPTULO 2

A EDUCAO ATUAL E A GESTO DEMOCRTICA

A escola tornou-se, ao longo dos tempos, um dos ambientes mais sui generes existente na sociedade, delimitado fisicamente e ilimitado socialmente, restritivo em expectativas e livre em atitudes, onde se exige regras, mas prima-se pela liberdade, cultua-se o pensar, mas busca-se o criar, no substitui a famlia, mas o trabalho desta se complementa, no um lar, mas precisa e deve ter o mesmo aconchego de um, os professores no so pais, mas precisam agir na maioria das vezes como se fossem, no so deuses, mas espera-se a mesma magnanimidade deles, so apenas seres humanos, mas espera-se que ajam como se fossem seres especiais para cuidar com discernimento, amor e zelo de pequeninos seres os quais se espera humanizar.A educao existe no imaginrio das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e, ali sempre se espera, de dentro, ou sempre se diz para fora, que a sua misso transformar sujeitos e mundos em alguma coisa melhor, de acordo com as imagens que se tm uns e outros. (...) Mas, na prtica a mesma educao que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrrio do que faz, ou do que inventa que pode fazer. (BRANDO, 2007, p. 12)

A escola apenas um prdio de alvenaria e, em alguns lugares do Brasil, nem de alvenaria . A escola enquanto construo fria, impessoal, um espao como qualquer outro, talvez menos hostil e carente que uma priso, no to sofrido quanto um hospital, nem cerimonioso como uma igreja, menos formal que um tribunal, nem elitista quanto um clube priv, menos permissivo que a rua, mais abastado, s vezes, que muitas casas de famlia, menos importante at, para muitos, que um campo de futebol. A escola ocupa um lugar de muito pouco destaque no seio da sociedade, pois nem sempre os governantes se lembram dela, os gastos so muito mais preocupantes do que as riquezas sociais que ela gera... Escola, todos conhecem, todos sabemos o que e onde fica todos passamos por ela, uns mais tempo outros menos tempo, mas com certeza quase todos passamos por ela.

19Por outro lado, cada ser humano, por sua histria de vida multideterminada, constituiu-se como ser humano nico. Essa unicidade social far-se- presente em toda instituio ou organizao de que fizer parte. Assim, na escola os conflitos e contradies podem ser analisados e eventualmente explicados a partir das relaes que se estabelecem no mbito da cultura institucional. (FERRETI, 2004, p. 57)

Hoje me pergunto: sabemos, mesmo, quem ela ? Sabemos onde fica fisicamente, mas sabemos onde fica socialmente? Conhecemos sua funo, mas entendemos seu verdadeiro papel? Respeitamos suas instalaes, mas ser que respeitamos suas aes? Brigamos at para que ela exista, mas ser que lutamos para que ela sobreviva? Buscamos no crebro razes intelectuais para mant-la, mas ouvimos nossos coraes quando ele diz que preciso tambm defend-la? No apenas no interior da escola que ocorre a educao, mas l onde a educao se concretiza. A educao a mais complexa das aes dos seres humanos, o ato de educar para que seja produtivo, necessita contemplar as diversas expectativas geradas pelas mltiplas faces da essncia humana, necessita conter a ansiedade, mas precisa despertar a curiosidade, precisa ser profunda para ser completa, mas precisa de superficialidade para ser reflexiva, tem que atender necessidades imediatas para criar expectativa de futuro, precisa ser disciplinadora sem ser coercitiva e organizada sem ser burocrtica.Compreendendo a educao nos termos de Saviani (1980. p.120) como um processo que se caracteriza por uma atividade mediadora no seio da prtica social global, pode-se afirmar que a educao est sempre referida a uma sociedade concreta, historicamente situada e, como mediadora, a educao se situa em face das demais manifestaes sociais em termos de ao recproca. Isso significa que a educao enquanto mediadora, s responsvel por um agir a partir dos elementos concretos culturais de uma sociedade dada objetivando formar sujeitos para esta sociedade, de forma que possam participar ativamente e conscientemente na reconstruo desta sociedade. (FERREIRA, 2007, p. 40)

A educao usa apenas de meios materiais para estimular o emocional e alicerar o abstrato na mente de seus educandos, mas a escola a fabrica onde se constri o conhecimento e desenvolve-se, qui, almas.(...) Assim como a prpria sociedade um corpo coletivo formado da individualidade das pessoas que a compem, e assim como seu fim a felicidade de seus membros a quem todas as suas instituies devem servir, assim tambm a educao como idia ( a definio, a filosofia), deve ser

20pensada em nome da pessoa e, como instituio ( a escola, o sistema pedaggico) ou como prtica ( o ato educar), deve ser realizada como um servio coletivo que se presta a cada individuo, para que ele obtenha dela tudo o que precisa para se desenvolver individualmente. (BRANDO, 2007, p. 62)

O diamante s se lapida ao contato com outro, o ser humano molda-se, deforma-se, constri-se ou se destri, v e se reconhece somente no contato com outro ser humano, nesse eterno intercmbio de experincias e vivncia que construmos os sustentculos da vida em sociedade.A Teoria do Aprendizado Social, segundo Bandura e Walters (1963), baseiase nas modelagens de papis, de identificao e de interaes humanas. Uma pessoa pode aprender por imitao de comportamento de outra, porm fatores pessoais esto envolvidos, e a imitao do modelo deve ser reforada ou recompensada para que o comportamento se torne parte do repertrio do indivduo. Bandura (1975) afirma que a violncia no ser humano no um fenmeno individual, e sim um fenmeno social, e sugere que o comportamento ocorre como resultado do intercmbio exercido por fatores cognitivos e ambientais, um conceito conhecido como determinismo recproco. Se o modelo escolhido reflete normas e valores saudveis, a pessoa desenvolve, com auto-eficcia, a capacidade para se adaptar. (FEIJ, 2008, p. 28)

Como j provou Isaac Newton, toda ao gera uma reao, as mudanas educacionais tambm geram reflexos sociais, que por sua vez geram reaes reflexas na educao, situao esta que exige uma na analise crtica das causas e conseqncias dessas aes e reaes para que se identifique e interrompa os crculos viosos nocivos e se preserve e estimule a continuidade dos efeitos benficos desse intercmbio.(..,) Quem, em sala de aula, ainda ousa despertar a dor da lucidez de pensar? (...) Contra o cnico afeto pedaggico, proponho uma anttese cabal: a solidariedade intelectual. (...) Com eles, aprendemos que s pode haver educao onde houver geraes em confronto. De um lado, o mais velho lutando para impor um olhar voltado ao passado, um olhar vagaroso e atento aos detalhes do mundo. De outro, o mais novo lutando com todas as foras para no deixar que seu olhar inaugural sobre a vida seja maculado, um olhar quase sempre plasmado no presente e em suas urgncias. Dessa mtua incompreenso nasce lentamente o germe da solidariedade intelectual: uma atitude que em nada se assemelha a comungar, respeitar ou dialogar, mas antes a constranger, rivalizar, guerrear sempre em nome de determinadas idias que merecem durar no mundo quando dele j tivermos desertado. Uma atitude de interpelao constante, sem limites, sem piedade. A atitude de um professor. (AQUINO, 2007, p. 18)

Penso: somos todos alunos da mesma escola, a escola da vida. Quis a natureza em sua infinita sabedoria e generosidade, que seus mistrios nos fossem revelados aos poucos, para que o ser humano com sua ilimitada capacidade de absorver conhecimentos, no se perdesse diante do poder infindvel do ato de aprender e nem sucumbisse em devaneios ante aos inimaginveis mistrios do ser. A Escola o

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primeiro degrau na busca do conhecimento absoluto. Mesmo ela sendo um objeto, apenas um espao delimitado, adquiriu desde seus primrdios dimenses humanas, pois tem um corpo a se desenvolver seus alunos; um corao pulsante que vibra seus professores; um crebro que a conduz seus gestores e uma famlia que zela por ela toda a sociedade. Se assim no devemos fazer que seja ento, e isso passa necessariamente pelo trabalho coletivo, pelo respeito, pela participao de todos, em busca do bem maior que o bem comum, o ser humano em essncia um ser social, que gosta e precisa viver em sociedade. A democracia participativa congrega os aspectos humanitrios necessrios a busca desse bem comum, no apenas em uma forma ampla de governo, mas em pequenas clulas administrativas, como no caso das Escolas, as quais precisam da participao de todos os envolvidos em seu processo educacional. O desenvolvimento de uma gesto democrtica participativa a soluo de continuidade que a Escola precisa para se manter ad aeternum como um presente da natureza aos homens em sua caminhada em busca do conhecimento. A complexidade do ser humano no admite que o ambiente educacional seja constitudo somente de racionalidade e pragmatismo, nem mesmo por um leque de possibilidades utpicas, sequer a emotividade populista de promessas vazias e oportunistas. A educao requer aes concretas em suas necessidades pragmticas, atitudes humanas em suas necessidades sociais e esforos coletivos na construo do bem comum, exige que todos seus participantes estejam integrados e coesos em torno de seus objetivos, por isso tudo, o manejo de meios e recursos materiais e humanos que compe o ambiente educacional requer de seus gestores muito mais do que o simples ato de administrar, exige a capacidade gerir, de liderar para conduzir e articular uma gesto educacional democrtica e participativa, a qual se mostra como uma soluo alternativa e vivel para os conflitos causados pela volatilidade dos valores sociais, a gesto democrtica desponta como a maneira mais eficiente de conduzir uma instituio educacional pelos caminhos que levam a uma educao e emancipadora no seio da sociedade moderna. A participao, o interesse, as solues conjuntas so sempre mais eficazes e duradouras que as decises isoladas e unilaterais, mas precisam ser buscadas, estimuladas e inicializadas por algum, em algum lugar, em alguma hora, e o momento este. O comear deve ser sempre no agora, sempre que se quiser e que se tentar, os diretores so os articuladores desta inicializao, so os gestores destas possibilidades,

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os intrpretes dos anseios coletivos, so os olhos da sociedade e o corao da Escola, devem transformar aes em atitudes, tornando-se um agente e um ator significativo na implantao da gesto democrtica.

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CAPTULO 3

O PAPEL DO GESTOR NA IMPLANTAO DA GESTO DEMOCRTICA

Toda mudana, toda novidade, independente de sua essncia ou objetivo criar na sua implantao certa resistncia, no s por aqueles mais conservadores, mas tambm por aqueles mais liberais, pois implicar em menor ou maior grau, mas na necessidade de se abrir mo de hbitos, costumes e convices para uns e como ameaa aos brios profissionais de outros.Cada pessoa aborda um conflito com sua prpria identidade, que depende se seu desenvolvimento pessoal, ou seja, de sua histria pessoal e de sua formao. Os adultos jamais pararam de oscilar entre a submisso e a revolta contra os poderes, jamais esto certos de ter o direito de serem diferentes sem serem desviados. O conflito salienta a lateridade e evoca a autoridade, at mesmo a violncia. normal que cada pessoa s fique relativamente tranqila, diante desses fenmenos, graas a um trabalho interno que pode levar toda a vida. Esse trabalho avanar ainda melhor se for concebido como banal, normal, e no como uma confisso de fraqueza. Ele tambm supe competncia de auto-anlise e dilogo com seus prximos. (PERRENOUD, 2007, p. 91)

Somente a crtica e a autocrtica, mesmo que apenas momentaneamente isenta de nimos, poder suavizar o impacto ao novo, criando oportunidades para sua implantao. O conhecimento das metas, dos objetivos e das novas tendncias, bem como uma anlise do contexto no qual ser implantada so condies fundamentais para a conquista dos objetivos estabelecidos; a falta de familiarizao dos integrantes do processo educacional com a nova forma de gesto um dos maiores problemas para a sua aceitao. A Gesto Democrtica se trazida ao ambiente educacional de forma incorreta, pode se tornar desaliceradora e sob alguns aspectos irresponsvel, ao invs de participativa, pois pode gerar a falsa concepo de que todos podem fazer o que quiser, ou de que o gestor no tenha segurana de suas atitudes, por isso dependendo de opinies de terceiros para tomar suas resolues. A implantao deste tipo gesto requer novas posturas, esclarecimentos, novos mtodos, planejamento de curto, mdio e longo

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prazos, comprometimento de pessoas para a formao de um conjunto participativo e homogneo em atitudes e objetivos. A clareza de objetivos fundamental para todos os participantes, a proposta no pode ser fragmenta em idias difusas ou opinies exclusivistas, menos ainda em teorias polmicas que possam vir a estereotip-la, as metas a serem alcanada precisam ser viveis e coerentes com o contexto no qual esto inseridas para que todos se tornem engrenagens sincrnicas no movimento de transformao que se propem a realizar e no em apticos manipuladores de resultados. Incide, ainda, como agente opositor a gesto democrtica e a sua implantao a ausncia de um planejamento srio, coerente e realista, pois existe um sem nmero de problemas e situaes diversas que exercem influncias diretas e indiretas, na maioria das vezes de forma negativa, indo desde condies alimentares precrias at a oposio de pais ao estudo, que vem nos filhos um complemento de sua renda familiar e no um jovem em formao, impedindo assim a consecuo de objetivos essenciais, como freqncia dos alunos s aulas. Em situao no muito diferente encontra-se o professor afogado num mar de necessidades, cobranas, crticas e frustraes que diminuem a sua motivao, a qualidade de seu trabalho e ainda lhes diminui a credibilidade na gesto democrtica, pois existe certo autoritarismo implcito na incoerncia das polticas educacionais, que tantas exigncias lhes fazem quanto ao seu desempenho profissional que acabam por lhes tirar a autonomia profissional.Quando existe um diretor na instituio, seu papel , principalmente, o de facilitar a cooperao desses diversos profissionais, apesar das diferenas de atribuies, de formao, de estatuto. Mesmo assim, difcil imaginar como as coisas ocorreriam harmoniosamente, e no interesse das crianas, se a preocupao da coordenao no fosse partilhada por todos. Quando profissionais de especializaes diferentes convivem, raro que cada um deles sinta-se reconhecido em suas competncias especficas, sem temer que usurpem seu territrio ou suas prerrogativas. Coordenar o tratamento dos casos que requerem intervenes conjuntas ser tanto mais fcil se as pessoas se conhecerem, se falarem, se estimarem reciprocamente e tiverem uma boa representao de suas tarefas e mtodos respectivos de trabalho. Isso supe atitudes e competncias da parte de todos e ainda mais necessrio quando a organizao escolar no prev um chefe, ningum tendo explicitamente a tarefa e a autoridade de favorecer a coexistncia e a cooperao de todos. (PERRENOUD, 2007, p. 104)

Posto isto, o gestor ser o articulador das mudanas, dos ajustes que se fizerem necessrios, buscando conhecer sua realidade, seu contexto educacional e o social na qual est inserido, motivando os professores a reconstrurem seu ambiente de

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trabalho e definirem suas identidades como profissionais e educadores que so. Levar comunidade as informaes e esclarecimentos necessrios para que ela adquira confiana no trabalho a ser desenvolvido e dediquem-se na busca dos objetivos propostos.Considerando que a complexidade da educao demanda um trabalho em equipe, colaborativo e integrado, torna-se necessrio tambm considerar o desdobramento da liderana em espaos e momentos de co-liderana, vale dizer, o compartilhamento com outros profissionais do espao e oportunidade de influncia sobre todos os membros da comunidade escolar. (LCK, 2008, p. 23)

O compartilhamento de decises preponderante para que o corpo docente no sinta sua autonomia profissional ameaada e a falta de credibilidade nos objetivos educacionais, que geralmente so mal conduzidos, bem como a deteriorao do ambiente escolar no os levem a esquecerem-se da importncia e da tica da profisso que desempenham, chegando, por vezes, a questionar se um trabalho comprometido vale a pena e no assumindo a totalidade de suas responsabilidades e a postura requerida para se fazerem respeitar tanto no ambiente escolar quanto na comunidade da qual fazem parte. Na opinio de Giancanterino (2007, p.32) a importncia do papel do professor enquanto agente de mudanas, favorecendo a compreenso mtua e a tolerncia, nunca foi to patente como nos dias de hoje. Assim, a responsabilidade dos professores grande, a quem cabe formar o carter e o esprito das novas geraes. A participao da comunidade fundamental para que ela no se sinta excluda do processo educacional.A participao dos pais no uma alternativa, mas algo que acontece por bem ou por mal. (...) Atrair os pais para que participem efetivamente do processo educacional de seus filhos consiste, de certo modo, em envolver nesse processo as pessoas que tem responsabilidades e os deveres que os professores, acabam por assumir, ao menos em parte, na escola. (STERN, 2007, p. 17 e 19)

O processo educacional ocorre formalmente no ambiente escolar, mas no se restringe a ele, o aluno no um rob a ser programado no ambiente escolar, ele oriundo de uma famlia a qual por sua vez compe a comunidade na qual a escola esta inserida e se relaciona, e o gestor deve conhecer, e se fazer conhecer como lder da

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instituio escolar que dirige. O afastamento da famlia, da comunidade em si nocivo e improdutivo.O ensino de qualidade, orientado para que todos os alunos aprendam o mximo possvel, demanda uma cultura escolar onde haja dilogo, confiana, respeito, tica, profissionalismo (fazer bem feito e melhorar sempre), esprito e trabalho de equipe, entusiasmo, expectativas elevadas, autenticidade, amor pelo trabalho, empatia, dentre outros aspectos. Estes so, por certo, componentes a partir do qual se realiza a liderana no ambiente escolar. (LCK,2008, p. 31)

O ambiente escolar necessita, tambm, de um corpo funcional dinmico, competente e participativo onde todos, no mnimo, cumpram suas obrigaes desempenhando bem seus papis, mas este, tal como ocorre com os professores, sentem-se desvalorizados em funo dos baixos salrios, no conseguindo sentirem-se e nem mesmo querendo ser co-participes do processo educacional, cabe ento ao gestor, ser um modelo de inspirao a todos atravs de sua conduta de liderana e confiabilidade.Em Luck, Freitas, Girling e Keith(2006, p. 33) liderana descrita como sendo um conjunto de fatores associados, como por exemplo a dedicao,a viso, os valores, o entusiasmo, a competncia e a integridade expressos por uma pessoa que inspira os outros a trabalharem conjuntamente para atingirem objetivos e metas coletivos e se traduz na capacidade de influenciar positivamente os grupos e inspir-los a se unirem em aes comuns coordenadas. (LCK, 2008, p.37, 38)

Sanear o ambiente educacional de dvidas e apatia pode e deve ser inclusive o ponto de partida para a implantao da Gesto Democrtica e a conseqente melhoria da qualidade do ensino, no existem frmulas mgicas ou prontas para se resolver os problemas gerados pelo conflito das ndoles humanas de per si ou como frutos da convivncia social, mas a gesto democrtica traz consigo algumas diretrizes, j citadas, que podem em curto prazo amenizar problemas e semear solues.

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CONCLUSOA educao de forma continuada e globalizada requer dos educadores e de todos os envolvidos no processo educacional uma viso mais abrangente da realidade social na qual se encontram inseridos. A escola descaracterizou-se perante as expectativas da sociedade, no consegue formar os educandos para o mercado de trabalho, por isso no tem atrativo para os jovens oriundos das camadas mais carentes, no tem recursos e estrutura suficientes para fornecer os atrativos que a vida das classes mais abastadas propicia, tornando-se montona e cansativa A desestruturao dos ncleos familiares faz das escolas um ambiente atraente quanto possibilidade de satisfao de carncias afetivas, mas incompetente nos comportamentos extremados de rebeldia, pois no dispe de mecanismos adequados para coibi-los, usando ora de tolerncia excessiva, ora de rigor ditatorial, a somatria desses fatores reflete-se na m qualidade do ensino, que se desenvolve em um ambiente pedaggico complexo e conturbado, o que torna quase impossvel solucionar os problemas educacionais existentes. A sociedade atual mais tolerante e liberal, que h alguns anos, mas este fato gera uma situao perigosamente ambgua, pois ao mesmo tempo em que ensina os jovens a encarar seus insucessos, s vezes, levam-nos a aceitlos com tal naturalidade que eles se aceitam como fracassados ou no fazem esforos para acertar. A gesto democrtica leva restaurao do senso-crtico, atravs do dilogo e da participao, restabelece o interesse individual e a conscientizao de todos.Digamos que o caminho a realidade objetiva, so os princpios que governam o progresso da humanidade e promovem a felicidade dos homens. Tais princpios fazem parte do ethos mundial, portanto esto presentes em todos os grupos humanos independentemente de religio, cultura, regime poltico. [..] Toda mudana deve estar fundamentada em princpios que no agridam os ciclos da histria da humanidade e a histria de cada homem em particular. (ROSSINI, 2007, p. 22)

Somente atravs do dilogo, do respeito e da cooperao possvel a vida em sociedade, a convivncia um eterno aprender, formar e transformar sem agredir, somos barro que se molda no contato com os outros sem que percamos a essncia do ser. Viver mudar - a gesto democrtica a ponte que leva a mais profunda das transformaes: a educao e, como escreveu Rossini (2005), uma certeza temos: preciso mudar. Mudar para ser. (...) Passo a passo, as mudanas precisam acontecer.

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No temos a pretenso de que este seja um trabalho acabado, nem mesmo um manual de procedimentos, at mesmo, porque na educao nada pronto ou definitivo, os conhecimentos mais profundos trazem sempre embries de conhecimentos novos, mas deixei sim, levar-me pela motivao de minha vivncia profissional e pelo estmulo dos conhecimentos novo adquiridos durante o curso e a realizao deste trabalho, defendendo algumas crenas pessoais com a mesma convico de quem defende verdades universais.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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