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A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Lucélia Alves G. PrudêncioLuiza Sampaio da Silva

Rosaíldes Querino SantosSandra Regina da S. R. Rocha1

Profª. Ms. Neusa Aparecida Bolanho2

RESUMO

Este artigo visa apresentar a música como ferramenta que facilita e motiva a construção da aprendizagem na educação infantil. Para tanto aborda-se a importância da música nas fases iniciais em que se desenvolvem a aquisição do código linguístico, pois acredita-se que grande parte do repertório linguístico que a criança traz para o ambiente escolar esteja intimamente relacionada ao universo cultural, visto que a música é uma linguagem que ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço, estando presente na vida dos seres humanos. Além de se ressaltar a importância da fundamentação teórica para reafirmar a eficácia da música como instrumento de desenvolvimento da aprendizagem da criança. Já que a música possibilita o alcance do pleno domínio de estabelecimento de vínculos, aquisição de conhecimento, possibilidades de comunicação e integração do grupo com o mundo. “O que seria a música sem o homem? E existe terreno de observação mais favorável ao estudo das relações entre música e o homem do que o das reações da criança ante a uma música?” (HOWARD, 1984, p. 11). A metodologia escolhida neste caso tem papel fundamental, visto que auxilia na aquisição da linguagem proporcionando à criança grande interesse e curiosidades para prosseguir avançando nas etapas posteriores. A música é um instrumento importante a ser utilizado no processo da construção da aprendizagem, pois além do próprio conhecimento, o aluno desenvolve suas potencialidades, como a cognição, a interação com o outro, a auto-estima, o equilíbrio, a coordenação motora, a criatividade, a percepção auditiva, entre outras habilidades a música vem para auxiliá-la na interação com o mundo, com o intuito de favorecer e enriquecer o seu conhecimento.

Palavras-chave: Educação Infantil. Música. Aprendizagem

1 Formandas do Curso de Pedagogia da Universidade Braz Cubas, 2.º semestre de 2011.

2 Mestre em Educação: Professora do Curso de Pedagogia da Universidade Braz Cubas, Orientadora dos Trabalhos de

Conclusão de Curso.

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Introdução

No decorrer do curso de pedagogia obteve-se a oportunidade de refletir e discutir o modo sobre o qual desenvolve-se a aprendizagem das crianças e os fatores que influenciam esta etapa.

Este trabalho apresenta a importância da música no processo de desenvolvimento da aprendizagem na educação infantil, pois está presente em todo o mundo, em todas as culturas e épocas, ou seja, a música é uma linguagem que ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço, estando presente na vida dos seres humanos. Logo, pode-se identificá-la também no ambiente escolar, como um tipo de linguagem a ser desenvolvida com o intuito de auxiliar os alunos em seu processo de aprendizagem.

Pode-se perceber como é fundamental atentar-se para os aspectos que facilitam o desenvolvimento do processo da aprendizagem, consequentemente a evolução plena das habilidades e competências.

A música é um instrumento importante a ser utilizado no processo de aquisição da escrita e da leitura, pois além do próprio conhecimento, o aluno desenvolve suas potencialidades, como a cognição, a interação com o outro, a auto-estima, o equilíbrio, a coordenação motora, a criatividade, a percepção auditiva, entre outras habilidades.

Na fase inicial do processo de aquisição da leitura e escrita, a utilização do recurso musical possibilita uma aprendizagem mais significativa, já que a criança desde

muito cedo, como no período da gestação adquire o primeiro contato com a música. “Aprender música significa integrar experiências que envolvem a vivência, a percepção e a reflexão (...)” (BRASIL, RCNEI, 1998, V. 3, p. 48)

Com o passar dos anos, a música torna-se mais relevante para as crianças, no momento em que estão brincando, desenvolvendo-se socialmente, pois a brincadeira exige da criança o desenvolvimento das capacidades cognitivas e emocionais para comunicar-se e expressar-se por meio do processo da representação simbólica da linguagem.

Howard (1967), em “A música e a criança” relaciona a utilização do recurso linguístico em vários campos, como: a leitura, a percepção de cores, a ginástica, entre outros. É um livro que foi escrito há mais de duas décadas, porém podemos dizer que é atual devido a sua versatilidade.

Para tanto este trabalho pretende destacar em forma de pesquisa bibliográfica, como a música pode tornar-se um instrumento extremamente rico, dinâmico e lúdico no desenvolvimento das crianças na educação infantil.

De acordo com Brito (2003), a música é importante na Educação Infantil, sendo indispensável para a construção de seres humanos sensíveis, criativos, reflexivos e seu papel no conjunto de valores constituintes da cultura humana.

Por meio da Lei nº 11.769 de 18 de Agosto de 2008, a música tornou-se componente curricular obrigatório nas escolas públicas e privadas do país. Esta lei vem reforçar a importância e a necessidade de trabalhá-la no

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ambiente escolar e assim proporcionar que o currículo se torne diversificado e que atenda as necessidades culturais.

O ensino da música proporciona a integração dos aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, como também a interação e a comunicação social das crianças. A música expressa e comunica sensações, sentimentos e pensamentos por meio da organização e do relacionamento que existe entre o som e o silêncio. (BRASIL, RCNEI, 1998, V.3).

Como esse artigo tem por maior objetivo a importância da música, buscamos com base nos autores Brito, Howard, entre outros que serão citados apresentar na 1º seção uma sucinta exposição sobre o que é a música, com base nas obras pesquisadas, como o RCNEI (1998), em que trata a música como meio de expressão e forma de conhecimento que é acessível a todos, e é uma linguagem que respeita o modo de perceber, de sentir e de pensar. Logo após na 2º seção busca-se analisar a importância da educação infantil para o desenvolvimento da criança e o ensino da música neste processo por último na 3º seção o artigo mostra algumas das metodologias propostas nas obras que foram pesquisadas.

1. O que é a música em si mesmo

No princípio, podemos supor, era o silêncio. Havia silêncio porque não havia movimento e, portanto, nenhuma vibração podia agitar o ar – um fenômeno de fundamental importância na produção do som. A criação do mundo, seja qual for a forma como ocorreu, deve ter sido acompanhada de movimento e, portanto, de som. (O. KARÓLY,

1990, p.5 apud, BRITO, 2003, p. 17)

1.1 Sobre o som e o silêncio

Faz parte de nossa relação com mundo perceber gestos e movimentos sob a forma de vibrações sonoras, sempre estamos ouvindo o barulho dos carros, o toque do telefone, o vento soprando, as folhas das árvores balançando, os pássaros cantando, a música, as vozes a poesia entre outros.

De acordo com Brito (2003), os sons que ouvimos são expressões da vida sob a forma de movimentos vibratórios, som é tudo que soa como o universo em movimento e cada som nos faz lembrar e traduzir situações, mostrando sua presença. Acredita-se que o silêncio é a ausência de som, mas ele é o som que não podemos ouvir, pois são vibrações que nosso ouvido já não percebe porque são vibrações muito lentas ou muito rápidas.

O som tem qualidades ou parâmetros como altura podendo ser grave ou agudo, ou seja, quanto menor as vibrações, o som será grave e quanto maior o número de vibrações, o som será agudo, como a duração do som, o tempo é medido e classificado como curto ou longo, como a intensidade é medida e classificada como forte ou fraco, como o timbre sendo ele que diferencia cada som e como a densidade sendo um grupo de sons diferenciado pelo menor ou maior agrupamento de sons. (BRITO, 2003)

Perceber os diferentes tipos de som existentes em nosso meio é de grande importância para a formação da

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consciência de espaço e tempo, um dos principais aspectos para a consciência humana, pois a audição é responsável por uma significativa leitura do mundo, quanto a percepção, a discriminação e a interpretação dos eventos sonoros.

(...) a música não é só uma técnica de compor sons (e silêncios), mas um meio de refletir e de abrir a cabeça do ouvinte para o mundo. (...) Com sua recusa a qualquer predeterminação em música, propõe o imprevisível como lema, um exercício de liberdade que ele gostaria de ver estendido à própria vida, pois ‘tudo o que fazemos’ (todos os sons, ruídos e não-sons incluídos) ‘é música’. (A. de CAMPOS, in J. CAGE, 1985 – prefácio, p. 5, apud, BRITO, 2003, p. 27)

1.2 Sobre a música

A palavra música vem do grego – musiké e quer dizer Arte das Musas, trata-se de uma combinação de sons agradáveis ao ouvido a definição de música no Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, encontra-se no verbete “música” a seguinte definição ”Arte e ciência de combinar os sons de modo agradável ao ouvido”.

A música é uma representação simbólica do mundo ela possui sua diversidade e riqueza, suas expressões sonoras que nos faz perceber e sentir, outras culturas, comunidades e regiões e nos mostra o processo sócio-histórico, assim podemos nos conhecermos e ao próximo mesmo estando longe.

A música é uma linguagem de signos que organiza os símbolos sonoros e o silêncio com espaço e tempo. A música é formada por três elementos principais sendo o ritmo, a harmonia e a melodia, o ritmo sempre está presente na música; a harmonia é importante para o desenvolvimento da arte musical e a melodia responsável por um padrão rítmico e harmônico reconhecível, mas nem toda música é constituída por melodia e harmonia,

(...) existe um grande número de modos, escalas, sistemas de afinação, estruturas rítmicas, sistemas de composição, fontes sonoras e instrumentos musicais cada um com seu tempo e lugar. (BRITO, 2003, p.28)

A música de nosso tempo integra todos os tipos de sons como o tom sendo uma afinação precisa, o ruído não tendo uma altura definida e mescla uma altura determinada e ruidosidade.

Atualmente existem diferentes definições para música, mas de um modo comum, ela é vista como ciência e arte, na medida em que as relações entre os elementos musicais são relações emocionais, matemáticas e físicas, a arte manifesta-se pela escolha dos arranjos e combinações.

2. A importância da educação infantil para o desenvolvimento da criança e o ensino da música neste processo

Por muitos séculos passados, a família foi a única responsável pela educação e pelos os cuidados das crianças, com

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o tempo esta responsabilidade exclusiva foi mudando e a família passou a ser uma das responsáveis por educar e cuidar.

Em decorrência de transformações sociais, econômicas e políticas, e especificamente pela entrada da mulher no mercado de trabalho, as crianças ficaram desprovidas de cuidados, com isso surgiram entidades ou instituições de caráter assistencialista que objetivaram a atender as crianças de baixa renda, pois a maioria das mães trabalhava para manter o sustento da família.

Essas entidades ou instituições apenas prestavam assistência ao cuidar das crianças, não tinham um caráter educativo. De acordo com Oliveira (2008), as instituições não tinham uma proposta de aprendizagem, mas algumas propunham atividades que desenvolviam os bons hábitos de comportamento, a incorporação de regras morais e de valores religiosos, entre outros.

Em consequência das mudanças ocorridas na forma como a criança era tratada, surgiram questionamentos acerca da educação, e foram aparecendo concepções que defendiam a educação e o cuidado das crianças pequenas em lugares adequados e propícios para assim promover o desenvolvimento infantil.

Por meio de várias discussões e questionamentos acerca do desenvolvimento da criança nas instituições, se intensificou a preocupação com a educação infantil para o desenvolvimento social, pois a criança:

(...) começou a ser vista como sujeito de necessidades e objeto de expectativa e cuidados, situada em um período de preocupação para o ingresso no mundo dos adultos (...) (OLIVEIRA, 2008, p.78).

Devido a esta nova concepção a escola passou a ser um elemento importante no desenvolvimento global do aluno.

Essas modificações no modo de ver e pensar sobre as crianças, mais a expansão da educação infantil (mesmo de forma assistencialista), e também pressões realizadas por movimentos femininos, movimentos sociais, organizações não-governamentais, pesquisadores na área da infância, população civil, entre outros proporcionaram que o governo tomasse uma posição referente à educação das crianças nas instituições.

Sendo assegurado por meio da Constituição Federal de 1988, o direito da criança à educação, cabendo garantir e respeitar o conquistado. A Constituição ainda reconhece o atendimento à educação na primeira etapa da escolarização e afirma que o Estado tem dever de garantir “Art. 208 IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade.” (BRASIL, CF, 1988, Alterado pela EC-000.053-2006)

Por meio dessa Lei, as instituições que prestavam serviço passaram a ser responsáveis pela educação das crianças, cabendo a mesma orientar para que fosse desenvolvida uma proposta educacional.

Na década de 90, foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/90, que vem para reafirmar o art. 227 da Constituição Federal possibilitando assim que a criança seja

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um ser de direitos. Segundo o Art. 3 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. (BRASIL, ECA, 2008, p. )

De acordo com o art. 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente, a criança tem direito a educação, que vise o desenvolvimento pessoal, preparando para vida em cidadania e qualificação profissional. Estas leis conquistadas através de lutas e debates acerca da educação infantil vieram para reafirmar a necessidade e a importância da escolarização na infância, e assim desenvolver a criança integralmente.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 vem para assegurar plenamente o direito da criança a uma educação escolar, considerando como educação básica a educação infantil, sendo a mesma oferecida em creches, ou entidades equivalente para crianças de 0 a 3 anos de idade e pré-escolas para crianças de 4 a 6 anos de idade.

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da

família e da comunidade. (BRASIL, LDB, art. 29, 1996)

A legalização da educação infantil como educação básica, fez com que a educação das crianças deixasse de ser assistencialista, tornando-se necessário uma reorganização da educação no Brasil. Por isso foram aparecendo novas concepções sobre o desenvolvimento do aluno nas escolas, e surgiram novas propostas educacionais que tiveram como foco o aluno, possibilitando assim um novo olhar para o mesmo.

O Ministério da Educação publica em 1998, de acordo com a LDB o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), que tem como objetivo auxiliar os profissionais da educação na realização do trabalho realizado com os alunos. O documento apresenta referências e orientações pedagógicas, que colaboraram na implementação de novas práticas educacionais de qualidade nas instituições de educação infantil.

De acordo com o RCNEI (1998, V. 1), os objetivos têm intenções educacionais e as práticas devem se organizar de modo a desenvolver as capacidades das crianças de forma heterogênea, visto que é necessário criar condições adequadas para o pleno desenvolvimento da criança, sem desconsiderar as aprendizagens nas diferentes faixas etárias.

Para isso torna-se indispensável propiciar momentos para o desenvolvimento integral das capacidades, sendo: na ordem física ligada a possibilidade de apropriar e conhecer o potencial do corpo, e o autoconhecimento do corpo na expressão das emoções e no deslocamento seguro, a ordem

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cognitiva se refere ao desenvolvimento de instrumentos do pensamento e a utilização e apropriação de formas que represente e comunique, de modo a envolver a resolução de problemas, a ordem afetiva associada a atitudes realizadas no convívio com as pessoas, no entendimento de si e dos outros e na construção da auto-estima, já na ordem estética a ligação ocorre ao apreciar produções provenientes de diversas culturas e na produção artística. Também na ordem da ética a construção de valores que nortearão o comportamento da criança, à de relação interpessoal está ligada a criação de situações para o convívio social, sendo necessário saber conviver com as diferenças existentes em sociedade e a de inserção social em que possibilita que a criança compreenda a si mesma como ser que faz parte da sociedade. (RCNEI, 1998, V. 1)

No desenvolvimento da ação educativa é imprescindível buscar formas de aprendizagem que irão auxiliar e facilitar na aquisição do conhecimento, além de desenvolver as capacidades estabelecidas. Com isso faz-se necessário utilizar diferentes linguagem (corporal, oral e escrita, musical, entre outras) por meio de orientações pedagógicas que visem o enriquecimento da criança.

Pensando nisto o Ministério da Educação propôs no RCNEI Conhecimento de Mundo o trabalho na educação infantil com diversas linguagens, de modo a favorecer a expressão e comunicação da criança na interação realizada com os outros e facilitar intervenção com cultura e os conhecimentos constituídos. Uma dessas linguagens é a Música que se constitui numa forma de expressão, estando presente na vida do ser humano e em diversas culturas por

muitos anos, para tanto se faz necessário destacar a relação da mesma com a criança e seu benefício na aprendizagem da educação infantil.

2.1 A Música e a criança

A música se encontra na vida de toda criança e a acompanha com o passar dos anos em todo o seu desenvolvimento físico, social, cognitivo ou emocional, de maneira a possibilitar que a criança aprimore todas as competências necessárias para a sua plena atuação em sociedade. Com isso é possível verificar a grande influência exercida sobre as crianças, com o propósito de auxiliá-las durante as fases da vida, esta é uma das características da música, pois a cada momento do desenvolvimento da criança ela tem uma intenção e uma finalidade.

(...) o contato intuitivo e espontâneo com a expressão musical desde os primeiros anos de vida é importante ponto de partida para o processo de musicalização. Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de mãos etc., são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de atenderem a necessidades de expressão que passam pela esfera afetiva, estética e cognitiva. Aprender música significa integrar experiências que envolvem a vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez mais elaborados. (BRASIL, RCNEI, 1998, V. 3, p. 48)

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O envolvimento da música com a criança está presente antes mesmo de seu nascimento, e com o passar dos anos vai se entrelaçando ainda mais esta relação. No útero, o bebê já tem contato com um dos elementos que compõem a música, o ritmo através da pulsação do coração da mãe. E ao nascimento é rodeado pelo universo musical, por meio do acalento que a mãe faz ou também ao colocar uma música para tocar, esses momentos possibilita um vínculo ainda maior da criança com a música.

Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, V. 3), a presença da música na vida possibilita que bebês e crianças iniciem o contato com o processo de musicalização de modo intuitivo. Por meio de músicas cantadas pelos adultos, o bebê tenta imitar e até responder o adulto, assim cria momentos significativos para ambos, é nas interações ocorridas que o bebê inicia uma forma de comunicação através de sons, pois ao escutar diferentes sons o bebê também é capaz de responder ao seu modo, além disso, possibilita que os eles fiquem tranquilos, atentos ou até agitados.

A presença da música no cotidiano da criança é fundamental para o seu desenvolvimento integral, além de proporcionar a reprodução de alguns sons ao tentar imitar o que foi ouvido ou mesmo dito, também, ao fazer certos gestos com o corpo com o intuito de se expressar e descobrir-se fisicamente a criança estará explorando e conhecendo de forma mais significativa a música.

A partir do primeiro até o terceiro ano de vida, os bebês ampliam as formas de expressões musicais, isto se deve as conquistas vocais e corporais ocorridas. Nesta fase a criança dará importância e igualdade a qualquer

fonte de sons, e estarão atentas as características dos sons, buscarão explorar o som e suas qualidades (altura, duração, intensidade e timbre). (BRASIL, RCNEI, 1998, V. 3).

Com isso busca-se explorar qualquer fonte sonora através dos mais variados materiais, como uma vasilha ou até um instrumento musical de brinquedo e os dois terão a mesma importância para criança, pois estará atenta as características do som produzido ou ouvido pelo material utilizado.

Conforme o RCNEI (BRASIL, 1998, V. 3) a expressão musical do primeiro até o terceiro ano de vida dará destaque aos aspectos intuitivos, afetivos e a exploração sensória motora de materiais sonoros. Por volta dos três anos, às crianças por meio dos jogos explora movimentos que proporciona prazer, alegria e possibilita o desenvolvimento motor e rítmico, isto em sintonia com a música, a expressão é característica desta idade e é integrada pelo gesto, som e movimento.

Dos quatro aos seis anos de vida, as crianças estarão aprofundando e ampliando o desenvolvimento de suas capacidades, mas também estarão engrandecendo o seu aprendizado de forma a possibilitar a capacidade de explorar e identificar alguns elementos da música de forma a se expressar, interagir com as pessoas e ampliar seus conhecimentos sobre o mundo, além disso, perceber e expressar pensamentos, sentimentos e sensações através da música. (BRASIL, RCNEI, 1998).

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2.2 Os benefícios da música na aprendizagem

A música é um instrumento que contribui para a formação do ser humano. Sendo a criança um ser em constante mudança, a música vem para auxiliá-la na interação com o mundo, com o intuito de favorecer e enriquecer o seu conhecimento.

A escola proporciona o ensino de conceitos como de educação, cidadania, higiene, cultura, entre outros. Quando deseja-se que o aluno aprenda por exemplo, que a alimentação é importante para crescer forte e saudável ensina-se uma música que retrate o assunto, com isso a criança internaliza o conhecimento e aprende uma regra básica de sobrevivência, a boa alimentação. Este não é um processo instantâneo, mas, à medida que o professor vem desenvolvendo diariamente, a criança aprende da forma mais prazerosa através do canto.

O pensamento que muitos educadores têm em relação às canções cantadas em sala de aula é o de apenas um momento de descontração, de alegria, de festa, infelizmente a maioria não tem a percepção dos benefícios trazidos pela mesma, como por exemplo, as faculdades que estão sendo despertadas dentro da criança.

Acredito que o velho costume de contar histórias de fadas e cantar canções às crianças, que se perdeu em nossa época era excelente: não somente despertava seu interesse por noções, ideias, mas, sobretudo despertava sua curiosidade, sua alegria, seu entusiasmo por tudo aquilo que fosse impressão sensorial pura pelosa sons e

pelos timbres. (HOWARD, 1984, p. 28)

Segundo Howard (1984), o ato de educar é o despertar, se adotarmos esse modo de pensar, entenderemos que a ação de despertar nunca é empreendimento prematuro, se tornando indispensável entregar-se sistematicamente a ela desde os primeiros anos de vida, afim de que a criança mais tarde a veja como uma tendência natural de seu ser e dela faça sua faculdade permanente.

De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998, V. 3), a música vem atendendo aos objetivos propostos dentro do contexto da educação infantil, e em diversas ocasiões serve como suporte ao educador para atingir os seus propósitos na formação de hábitos, de atitudes e de comportamentos.

Com isso torna-se fundamental a parceria entre professor + sala de aula + música, se bem trabalhado torna-se um grande aliado no processo de ensino aprendizagem das crianças. Tendo em vista os benefícios que esta aprendizagem proporciona, cabe a escola e ao professor propiciar que este ensino se torne enriquecedor e prazeroso.

Muita das vezes quando se fala em trabalhar com música, logo se pensa em formar musicistas, compositores, cantores, etc., porém trabalhar a música na sala de aula é como abrir um leque de oportunidades, mesmo para aqueles que aos olhos do professor não tenha o mínimo interesse na música.

Segundo Howard (1984), não precisa buscar uma justificativa para o comportamento da criança ou do próprio adulto com respeito à música,

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o fato é que ela aumenta a vitalidade, desperta a curiosidade espiritual e as faculdades mais diversas do ser humano.

Se procurarmos no dicionário o significado da palavra faculdade, encontraremos vários significados para utilizarmos dentro da frase em que queremos, significa capacidade, virtude, dom natural, possibilidades entre outros; sendo assim, essas são as possibilidades que a música traz para nós, pois infelizmente as faculdades humanas têm uma tendência crescente para o adormecimento, ou seja, às faculdades que o ser humano traz consigo ao nascer aos poucos desaparecem por falta de estímulos e de treinamento.

Por isso Howard (1984), afirma ter tido grande êxito em suas experiências feitas com bebês, fez exercícios movimentando as perninhas, cantando, e falando ritmicamente, mudava timbres e tempos sempre proporcionando alegria para as crianças, o resultado foi que estes bebês tiveram maior capacidade em sua destreza manual e ao desenvolvimento da fala e do ritmo.

Gardner sugere que praticamente todas as pessoas podem desenvolver todas as oito inteligências num nível razoavelmente elevado de desempenho, desde que recebam estimulo, enriquecimento e instruções apropriadas. (ARMSTRONG, 2001, p. 22).

Para despertarmos uma faculdade, ou uma inteligência na criança é de extrema importância que haja o estímulo, para Gardner e Armstrong essa é a essência para o

desenvolvimento das inteligências humanas. Desta maneira, cabe ao professor buscar formas de proporcionar o desenvolvimento e aprimoramento das inteligências, necessárias para a criança desde a educação infantil.

A educação visa desenvolver a capacidade física, intelectual e moral do ser humano para a sua plena atuação em sociedade. Por isso é necessário que a escola e os responsáveis procurem instrumentos de ensino que possibilitem o desenvolvimento do aluno.

(...) a educação tem como finalidade o desenvolvimento integral da personalidade do educando, tendo em vista sua integração e participação efetiva no grupo social, visando ao progresso do mesmo. (COSTA e VALLE, 1969, p. 9)

Com o propósito de desenvolver integralmente o aluno, Costa e Valle (1969), citam a música como um auxiliador da aprendizagem e apresentam alguns aspectos a serem observado por meio do canto, como:

No aspecto físico o canto estará desenvolvendo a percepção auditiva pela reprodução dos sons, o aparelho respiratório devido a necessidade de uma respiração adequada, além de proporcionar vozes mais leves e agradáveis, há também o aprimoramento do aparelho fonador que possibilita a emissão correta dos sons.

O aspecto social as atividades musicais compartilhadas possibilitam que os alunos compreendam a necessidade de cooperar e respeitar o próximo, já que são elementos

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fundamentais na socialização dos grupos. E fazendo parte de um grupo, passam a entender que todos são importantes e que todos precisam colaborar individualmente, mas em harmonia para a conquista do objetivo

Já no aspecto psicológico o canto auxilia em relação ao ambiente vivido, pois a sensação interfere na reação do individuo, ao trabalhar com a música a aprendizagem se tornará agradável e proporcionará ambientes favoráveis a aquisição do conhecimento, além de se tornar um reforço ao que foi aprendido.

A música é um recurso que auxilia o desenvolvimento da criança para atingir o nível de maturação necessária para aquisição da aprendizagem. É importante respeitar o nível de maturação de cada indivíduo e levar em consideração os aspectos psicológico, físico e social na aquisição do conhecimento e assim atender a diversas necessidades da criança, pois ao respeitar o nível de desenvolvimento e os aspectos, o educador estará garantindo que a aprendizagem fornecida aconteça de modo que o educando seja capaz de desenvolver-se adequadamente, e assim superar as limitações que possa ter.

Segundo Costa e Valle (1969), a música pode ser utilizada como um recurso incentivador, atendendo a diversas necessidades da criança, também como um recurso a reter o que foi aprendido, pois no processo da aprendizagem. A melhor maneira de reter é por meio da repetição motivada, o que acontece através da música pelo prazer proporcionado e esse possibilita que a criança se torne autodisciplinada, pelo interesse que as mesmas tem, mas não podemos esquecer que a música é um ótimo elemento recreador que proporciona

momentos agradáveis e indispensáveis tanto para a criança como para o adulto, sendo livre ou dirigida, também possibilita desenvolver a criatividade e assim a criança estará ampliando as possibilidades de comunicação e de integração em grupo.O ritmo é um princípio vital, por isso as atividades humanas são todas ritmadas e isso possibilita desenvolver a coordenação do corpo e também apreciar ativamente a música.

O RCNEI (BRASIL, 1998, p. 48, V. 3) fundamenta-se em estudos “a garantir à criança, possibilidades de vivenciar e refletir sobre questões musicais”, de modo que a aquisição desta linguagem aconteça de forma significativa, e assim o aprendido terá significado para o educando e as informações obtidas pelo mesmo poderá ser relacionada com o contexto vivido.

Com este intuito foi elaborado pelos órgãos competentes, o que será desenvolvido com a música na faixa etária de zero a três anos, tendo como objetivo desenvolver as capacidades, a seguir:

- Ouvir, perceber, e discriminar eventos sonoros diversos, fontes sonoras e produções musicais;

- Brincar com a música, imitar, inventar e reproduzir criações musicais. (BRASIL, RCNEI, 1998, p. 55)

Já os objetivos para a faixa etária de quatro a seis anos é o de aprofundar e ampliar o trabalhado na faixa etária anterior, e assim garantir que as crianças se tornem capazes de:

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- Explorar e identificar elementos da música para se expressar, interagir com os outros e ampliar seu conhecimento do mundo;

- Perceber e expressar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio de improvisações, composições e interpretações musicais. (BRASIL, RCNEI, 1998, V. 3, p. 55)

3. Propostas de Metodologias

(...) O ensino aprendizagem na área de música vem recebendo influências das teorias cognitivas, em sintonia com procedimentos pedagógicos contemporâneos. Amplia-se o número de pesquisas sobre o pensamento e a ação musicais que podem orientar os educadores e gerar contextos significativos de ensino aprendizagem, que respeitem o modo de perceber, sentir e pensar de bebês e crianças. (BRITO, 2003, p.53)

Para Brito (2003), é fundamental que o professor incentive a brincadeira na música, empenhando-se para ouvir e aproveitar os conhecimentos prévios trazidos pelas crianças, o que não significa trabalhar somente com as músicas que circulam na mídia. É indispensável apresentá-las para as crianças além de canções infantis, a música popular brasileira, música regional e de outros povos, e estimulá-las para além de cantar as canções já produzidas, improvise e crie suas próprias canções.

A brincadeira é um dos recursos que permite a criança improvisar, de modo a fazer diferentes entonações sonoras, e desse modo o professor poderá trabalhar os sons agudos e graves,

fortes e fracos, brincando com as palavras e modificando o timbre habitual da voz. Nesse contato com a música por meio de brincadeiras a criança aprende e compreende que um som pode ser combinado com outros, e que é possível dar significado ao mesmo, esse contato possibilita a criança compreender os sons de sua cultura.

De acordo com Brito (2003), a cultura popular e a música infantil devem ser priorizadas para o trabalho em creches e pré- escolas, pois são ricas em detalhes que nos levam a conhecer as tradições de cada região do nosso país, como: bumba meu boi, no Maranhão; boi-bumbá, no Pará; boi-de-mamão, em Santa Catarina; e no Ceará, reisados, danças, dramáticas, ciranda, frevo, samba, baião, enfim um mundo de ritmos e festas com significados próprios.

Para enriquecer ainda mais as atividades o docente deve estar disposto a pesquisar, através das varias fontes de nossa cultura para valorizar na criança desde a primeira infância os nossos valores e a nossa formação cultural.

Segundo Brito (2003), a escolha do repertório deve valorizar a adequação da melodia, do ritmo, da letra e da extensão vocal, é importante que o trabalho vocal ocorra em um ambiente motivador e descontraído, sem grandes tensões que possam comprometer a qualidade da voz infantil.

(...) o professor deve estar conscientes “do que” deseja dar, “do porque” vai dar, isto é, dos objetivos que deseja atingir; “a quem” vai dar, tendo em vista as possibilidades e necessidades dos alunos, e “como” vai dar,

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lançando mão de técnicas e recursos didáticos que lhe permitam alcançar com êxito os objetivos a que se propõe. (COSTA; VALLE, 1969, p. 17)

Para que a atividade se torne eficiente, necessita ser planejada, cabe ao educador estar consciente das etapas, procedimentos e recursos necessários para alcançar os objetivos próprios e também os do educando. O planejamento é uma ferramenta fundamental ao educador, tendo em vista as necessidades de aprendizagem dos educandos, com isso o educador estará proporcionando que o ensino seja um elemento vitalizador, de modo a desenvolver aptidões e preferências dos educandos.

No planejamento das metodologias que serão propostas o educador visa o pleno desenvolvimento de seu educando, de modo que o mesmo aprimore os conhecimentos prévios a partir do aprendido. E para isso utiliza diversos recursos ou instrumentos que irão possibilitar o desenvolvimento de varias capacidades necessárias ao educando, no decorrer de sua aprendizagem.

De acordo com Costa e Valle (1969), a música é um instrumento utilizado para a aprendizagem, e para que a mesma ocorra existem três condições básicas:

- a primeira é o nível de maturidade, quando a criança alcança em diversos aspectos, um estágio de seu desenvolvimento;

- a segunda a motivação, uma necessidade interior da criança como também do adulto, que precisa ser satisfeita;

- a terceira é a situação da aprendizagem, fatores físicos ou sociais que influenciam o processo de aprendizagem de forma positiva ou negativa. Neste processo a predominância de certos aspectos como: a aprendizagem motora em que prevalece o aspecto do movimento; a aprendizagem apreciativa a qual o aspecto de apreciação predomina o que leva a gostar ou não de certas coisas e a aprendizagem conceitual em que ocorre a aquisição dos conhecimentos, ideias ou informações que proporcionam a formação de conceitos.

A o profissional da educação tem que levar em consideração variados aspectos do desenvolvimento da criança e estar interado das fases de desenvolvimento e dos fatores inteiramente ligados ao aprendizado deste, como o físico, o social e o emocional, e desta maneira possibilitar que a aprendizagem se torne um momento de alegria e ao mesmo tempo educativo.

Na preparação dos conteúdos que serão trabalhados na área da música é importante que o educador respeite o nível de percepção e desenvolvimento musical e global do educando em cada fase que esteja e também as diferenças socioculturais existentes. Ao desenvolver a linguagem musical os conteúdos devem priorizar o desenvolvimento da comunicação e expressão, para tanto o RCNEI (1998, V.3), cita que os conteúdos se organizarão em: O fazer musical e Apreciação musical.

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3.1 O fazer musical

De acordo com o RCNEI (1998, V. 3), o fazer musical é uma forma de se comunicar e expressar que ocorre através da improvisação, composição e interpretação. A característica da improvisação é a criação instantânea orientada por certos critérios, a composição é o criar música caracterizada por uma situação de permanência, seja na gravação em CD, registro na memória, ou ainda pela escrita musical, a interpretação esta diretamente ligada à imitação e reprodução de alguma obra.

Para isso os conteúdos de 0 a 3 anos trabalharão a exploração, a expressão e produção do silêncio, e sons por meio da voz, do corpo, de matérias que estejam em torno da criança e materiais sonoros variados, a interpretação de canções e músicas diversas e a participação das crianças em brincadeiras e jogos que envolvem canto e ritmo. (RCNEI, 1998, V. 3)

O educador pode trabalhar estes objetivos de forma lúdica, de modo a favorecer a percepção e a atenção das crianças. É fundamental nesta faixa etária o envolvimento com a brincadeira, a dança e o canto desenvolvendo assim necessidades das crianças e também atividades que possibilitem a exploração de instrumentos e objetos sonoros, porém é preciso existir um cuidado com a forma que será trabalhada para que a criança não desenvolva de forma inadequada, o proposto.

As crianças de 4 a 6 anos ampliarão o que foi desenvolvido na fase anterior e os novos conteúdos possibilitarão uma reflexão sobre os elementos da música. Como reconhecer e utilizar de forma expressiva as diferentes

características do silêncio e sons altura (agudos ou graves), duração (curto ou longo), intensidade (fraco ou forte) e timbre (característica que irá distinguir e personalizar cada som) em contextos da música, reconhecer e utilizar da variação de velocidade e densidade ao realizar e organizar uma produção musical, participar de jogos e brincadeiras que envolva a dança e/ou a improvisação e desenvolver um repertório de músicas para a memória musical. (RCNEI, 1998, V. 3)

Segundo o RCNEI (1998, V.3) o fazer musical exige concentração e envolvimento com as atividades desempenhadas, requer também em organizar e relacionar significativamente sons e o silêncio. Os conteúdos devem ser desenvolvidos de modo expressivo e significativo, e os contextos vivenciados devem acrescentar, enriquecer e transformar experiência com a música que a criança tenha.

Sendo assim cabe trabalhar de maneira a possibilitar que o educando consiga aos poucos desenvolver os objetivos e que o mesmo seja capaz de compreender, expressar e comunicar-se por meio da música, pois o RCNEI (1998, V.3, p. 60) cita “música, é uma interferência intencional que organiza som e silencio e que comunica.”

O RCNEI (1998, V.3) e Brito desenvolvem em seus respectivos livros, propostas a serem aplicadas nas aulas da educação infantil no eixo fazendo música ou o fazer musical. Sendo eles:

A voz: é um instrumento natural, além de ser o primeiro da criança é uma forma de expressar e comunicar. A voz pode ser desenvolvida ao cantar, na brincadeira, na exploração sonora, entre outros. O trabalho com a voz

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deve ocorrer num ambiente favorável, motivador e descontraído sem uma exigência ou um rigor. E o educador como referência não pode gritar, falar alto ou ter uma postura inadequada, pois serve como modelo e é também responsável pelo desenvolvimento da voz do educando.

Canção: um gênero musical envolvendo música e poesia. Por orientação e estímulo ao canto, à escuta e a interpretação, a criança pode cantar imitando o que ouve, de modo a desenvolver a expressão musical. É fundamental apresentar canções variadas culturas e regiões, favorecendo e aprimorando o repertório da criança.

Construção de instrumento musical e objeto sonoro: está proposta estará alimentando a curiosidade e o interesse do educando, e possibilita a compreensão de elementos que são específicos da produção do som e suas qualidades, com isso o educando estará motivando e estimulado a pesquisa, a imaginação, ao planejamento, a organização, a criatividade desenvolvendo assim a capacidade de formar e executar um projeto.

Fonte sonora: que se constitui de variados materiais como objetos do cotidiano, brinquedos, instrumentos musicais, também o corpo e a voz que produtores de som, sendo esses materiais fonte de produção sonora. Com esses recursos o educador pode adequar de acordo com a idade o envolvimento com cada fonte sonora.

Invenção de canções: para inventar a criança precisa ser estimulada a criar, é importante que no começo a invenção aconteça com liberdade, sem a interferência do educador na produção da letra e melodia, mas é

importante o auxílio quando necessário.

3.1.1 Jogos e brincadeiras

Os jogos e brincadeiras são introduzidos no ambiente escolar na maioria das vezes por meio da música, logo é extremamente importante criar uma atmosfera propícia para a mesma. De acordo com o RCNEI (1998, V.3), a música está intimamente ligada ao brincar, por isso é fundamental estimular o desenvolvimento das atividades lúdicas.

Acalanto: são canções ou cantigas de ninar utilizadas para tranqüilizar, aconchegar os bebês e as crianças na primeira etapa da vida. Exemplos Boi da cara preta, Nana-nenê, Dorme, dorme, entre outras.

Brincos e parlendas: são brincadeiras rítmico-musicais, utilizados pelos adultos para entreter e animar bebês e crianças. As parlendas são rimas, porém não tem música, já os brincos são cantados com pouco som e envolve o movimento corporal. Exemplo de brincos A casinha da vovó, Serra, serra serrador, Palminhas de guiné, etc.; as parlendas Amanhã é domingo, Um, dois, feijão com arroz, Lá em cima do piano, etc.

Brinquedos de roda ou rondas: envolvem a poesia, dança e música, é importante buscar jogos, brinquedos e canção que estão presentes no brincar infantil. É essencial trabalhar com aqueles que são significativos a criança, exemplos Samba-lelê, A canoa virou, Terezinha de Jesus, Fui no Itororó, A linda rosa juvenil, entre outras.

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Jogo de improvisar: pode ocorre de maneira livre ou dirigida e envolve a articulação do pensamento, da ideia e da ação. É importante ter informações sobre o tema, estar atento, ter iniciativa e criatividade, de modo a relacionar, fazer e inventar.

Som e movimento: som é movimento, por isto se torna importante sua integração com o movimento corporal. O movimento natural do ser humano amplia a possibilidade de expressão corporal e movimento, isso assegura a educação rítmica e musical. Exemplos de atividades que envolvem som e movimento: Mover-se de acordo com o som, O jogo de estátua, A loja de brinquedos de corda, Movimentos de locomoção, entre outros.

Sonorizar histórias: são histórias contadas, é um instrumento muito rico a ser trabalhado na educação infantil. A sonorização de histórias envolve a utilização da voz, do corpo, de objetos ou instrumentos musicais que irão ilustrar os sons e a história da narrativa.

3.2 Apreciação musical

Conforme o RCNEI (1998, V.3), a apreciação musical refere-se ao ouvir e interagir com as mais variadas músicas. E apresenta que de 0 a 3 anos a criança ouça diversas obras musicais e se envolvam em situações que ocorra a interação da música, canção e movimento corporal. Já de 4 a 6 anos irá aprimorar a escuta de obras musicais, ouvindo variados gêneros, estilos, culturas e épocas nacionais e internacionais, reconhecer elementos da música e obter informações sobre as músicas que ouve e sobre quem compôs.

De acordo com Brito (2003), aprender a escutar envolve concentração e disponibilidade, e o mesmo auxilia na formação de individuo sensível e reflexivo, capaz de perceber, sentir, pensar, relacionar e comunicar-se com os outros.

Para tanto é fundamental que a criança esteja sendo desenvolvida desde pequena, por isso é necessário que as atividades sejam propicias, de modo que a música escolhida favoreça o ouvir da criança e possibilite a interação com a obra, mas cabe auxiliá-las para que a apreciação musical ocorra de maneira adequada e de forma intencional.

Esta apreciação possibilitará que o educando enriqueça e amplie seus conhecimentos sobre a produção musical, além de trabalhar a atenção e concentração por meio da audição. Mas deve-se tomar cuidado com a escolha das músicas, pois algumas são limitadas para ser apreciadas, por isso torna-se ideal buscar músicas de variados gêneros, estilos e ritmos regional, nacional e internacional, e assim enriquecer o repertorio da criança, pois de acordo com o RCNEI (1998, V.3) o contato que a criança tem com as mais variadas produções musicais faz com que compreenda a linguagem musical, como uma maneira de se expressar individualmente ou coletivamente e também como forma de dar sentido ao o mundo.

Considerações finais

Longe de ser um ponto final, este artigo pretendeu ressaltar a importância do desenvolvimento da criança na Educação Infantil e da música como um instrumento

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facilitador e motivador no processo de aprendizagem, de modo a auxiliar o pleno desenvolvimento do educando.

De acordo com as afirmações apresentadas ao longo deste artigo, tornou-se claro como a música pode influenciar a aprendizagem e o desenvolvimento das capacidades dos alunos na educação infantil, e também para o desenvolvimento da sensibilidade, senso crítico, memória, criatividade e atenção.

O que seria a música sem o homem? E existe terreno de observação mais favorável ao estudo das relações entre música e o homem do que o das reações da criança ante a uma música? (HOWARD, 1984, p. 11)

Por meio dos teóricos estudados e de nossas pesquisas afirmamos que a musica propicia a criança um aprendizado enriquecedor, pois pelo seu caráter lúdico e de livre expressão, a música contribui para diferentes aspectos do desenvolvimento humano tanto o físico, o cognitivo, o social e o emocional.

É necessário que os professores se reconheçam como sujeitos mediadores de cultura dentro do processo educativo e que levem em conta a importância do aprendizado da musica no desenvolvimento e formação das crianças, desenvolvendo trabalhos com bases em pesquisas, que lhes forneça ferramentas para despertar na criança o gosto e o interesse pela aprendizagem.

Este trabalho tratou de dispor da lei que regulamenta a música como disciplina curricular, sendo informação fundamental para enriquecer o

conhecimento no que se refere à música como instrumento auxiliador da aprendizagem, tanto para o educador no ensinar, como para o educando no aprender.

Portanto, a música torna-se uma importante ferramenta que auxilia significativamente no processo de aprendizagem dos educandos, como também para a vida.

Referências

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______.______.______. Referencial curricular nacional para a educação infantil: Conhecimento de mundo, Vol. 3. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRITO, Teca Alencar de. Música na educação infantil: proposta para a formação integral da criança. 2ª Edição, São Paulo: Editora Peirópolis, 2003.

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COSTA, Niobe Marques da; VALLE, Edna de Almeida. A música na escola primária. Rio de Janeiro: Editora Livraria José Olimpio, 1969.

HOWARD, Walter. A música e a criança. São Paulo: Editora Summus, 1984.

MICHAELIS DE VASCONCELOS, Carolina. MODERNO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. Música. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/ moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=música&CP =115699& typeToSearchRadio=exactly&pagRadio=50. Acesso em: 27 de Agosto de 2011.

OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. 4ª Edição, São Paulo: Cortez, 2008.

SÃO PAULO. Secretaria de estado da Educação. Conselho Estadual Dos Direitos Da Criança E Do Adoslecente. Estatuto da criança e do adolescente. São Paulo: Gráfica Paulus, 2008.

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