prévia edição 21 revista vírus planetário

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VÍRUS PLANETÁRIO Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça R$ 5 edição nº 21 março 2013 Por que as bandeiras do feminismo estão mais atuais do que nunca? Com conteúdo do MEDIA FAZENDO Entrevista: Nalu Farias_A militante da Marcha Mundial das Mulheres fala sobre a luta feminista Edição Digital reduzida. Clique aqui - www.tinyurl.com/21impressa para adquirir a edição impressa pela internet e receber em casa Clique aqui - www.tinyurl.com/20digital para comprar a edição digital completa. Clique aqui - www.tinyurl.com/revistavirusplanetario para assinar a Vírus!

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Edição 21 (março 2013) da revista Vírus Planetário reduzida Compre pela internet:Versão impressa: www.tinyurl.com/21impressaVersão digital: www.tinyurl.com/21digital Assine a Vírus - www.tinyurl.com/revistavirusplanetario

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Vírus PlanetárioPorque neutro nem sabonete, nem a Suíça

Mulheres eM luta

R$5edição

nº 21 março

2013

Por que as bandeiras do feminismo estão mais atuais do que nunca?

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IAFAZENDO

Entrevista: Nalu Farias_A militante da Marcha Mundial das Mulheres fala sobre a luta feminista

Edição Digital reduzida.

Clique aqui - www.tinyurl.com/21impressa para adquirir a edição impressa pela internet e receber em casa

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Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas.

Participe do abaixo-assinado:www.sindipetro.org.br

Leia:“Movimentos

sociais interrompem seminário da

Agência Nacional do Petróleo”

www.tinyurl.com/sindipetro-leilao

Notícias da campanha:www.apn.org.br www.tvpetroleira.tv

organização:

traço li

vre

Por Paulo Marcelo Oz | Veja mais em:

facebook.com/tirinhasoz

Assine a petição pela imediata destituição do Pr. Marco Feliciano da Presidência da Comissão de Direitos Humanos

www.is.gd/lKX2qM

Entenda mais - www.tinyurl.com/feliciano-cdh

CAMPANHA FOTO-PROTESTO a favor dos Direitos Humanos no Brasi l

Vírus Planetário

Revista

virusplanetario.com.br facebook.com/virusplanetario

realização:

facebook.com/coletivo.batalho

A indicação do pastor-deputado Marco Feliciano à presidência da

Comissão de Direitos Humano não é uma traição ao povo em

razão de sua (dita) crença, nem de seu cargo de pastor. A indicação

de Feliciano é um desrespeito hediondo contra os direitos

humanos porque alguém que publicamente já discorreu sobre seu racismo e homofobia nada

tem de humano, e não é capaz de reger os direitos de ninguém.

Portanto, convocamos todas e todos, a manifestarem-se

publicamente das maneiras que puderem, que se juntem a nós em uma Campanha de foto-protestos.

É bem simples: basta criar (escrever, desenhar...) uma

plaquinha com a sua indignação e fotografar (várias pessoas

já nos enviaram - alguns dos participantes acima). Postem no mural da Vírus para que apareça em nossa página e consigamos

ver - www.facebook.com/virusplanetario . Você pode enviar

sua foto até dia 15/04!!! Vamos movimentar uma campanha online

em um vídeo com as imagens. Avante!

ExPEdiEntE:Rio de Janeiro: aline rochedo, ana Chagas, artur romeu, Beatriz Noronha, Caio amorim, Catherine lira, Chico Motta, eduardo Sá, Gabriel Bernardo, ingrid Simpson, Julia Maria Ferreira, livia Valle, Maria luiza Baldez, Mariana Gomes, Miguel Tiriba, Noelia Pereira, raquel Junia, Seiji Nomura e William alexandre | Mato Grosso do Sul: Marina Duarte, Tainá Jara, Jones Mário, Fernanda Palheta, eva Cruz e Juliane Garcez | Brasília: alina Freitas, luana luizy, Mariane Sanches e Thiago Vilela | São Paulo: ana Carolina Gomes, Bruna Barlach , Duna rodríguez, Jéssica ipólito e luka Franca | Minas Gerais: ana Malaco, laura ralola e Paulo Dias diagramação e projeto gráfico: Caio amorim ilustrações: Carlos latuff (RJ), Paulo Marcelo oz (MG) e adriano Kitani (SP) Revisão: Bruna Barlach e Jones

Mário Colaborações: Juliana rocha Capa: Juliana Florêncio e Bruna Barlach

Conselho Editorial: adriana Facina, amanda Gurgel, ana enne, andré Guimarães, Carlos latuff, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João roberto Pinto, João Tancredo, larissa Dahmer, leon Diniz, MC leonardo, Marcelo Yuka, Marcos alvito, Mauro iasi, Michael löwy, Miguel Baldez, orlando zaccone, oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, Virginia Fontes, Vito Gianotti e Diretoria

de imprensa do Sindicato estadual dos Profissionais de edução do rio de Janeiro (SePe-rJ)

Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principal-

mente o nome. então, fazemos essa explicação maçante, mas

necessária para os virgens de Vírus Planetário:

Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. esse é

nosso lema. em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso

estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcia-

lidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim,

parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas exclu-

ídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opres-

são. rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível

gozamos com a cara de alguns algozes do povo. o bom humor

é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas

batalhas do cotidiano.

Afinal, o que é a Vírus Planetário?

Acesse nossa loja virtual!

www.loja.virusplanetario.net

Curta nossa página! facebook.com/virusplanetario

A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro. Telefone: 3164-3716#Tiragem: 2.000 exemplares

#Impressão:

www.virusplanetario.com.br

Anuncie na Vírus: [email protected]

Siga-nos: twitter.com/virusplanetario

ComuniCação e editora

o homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem

o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a

humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acredi-

tamos que com mobilização social, uma sociedade em que

haja felicidade para todos e todas é possível.

Recentemente, unificamos os esforços com o jornal alternativo Fazendo Media (www.fazendome-dia.com) e nos tornamos um único coletivo e uma única publicação impressa. Seguimos, assim, mais fortes na luta pela democratização da comunicação para a construção de um jornalismo pela diferença, contra a desigualdade.

Correio

>envie colaborações (textos, desenhos, fotos), críticas, dúvidas, sugestões, opiniões gerais e sobre nossas reportagens para

[email protected]

Queremos sua participação!

ViralAssine a Vírus, compre edições impressas e

digitais, livros, camisas, Cds!

EditorialQuando o Dia Internacional da Mulher é lembrado, temos o des-

gosto de ver reportagens reduzindo a data, de reflexão e de luta, à distribuição de flores, promoções em salões de beleza e presentes na forma de vestidos, joias e até de eletrodomésticos. De alguma forma, na imagem que vem sendo construída da mulher moderna, bem sucedida e independente, parece não caber o espírito de luta das gerações anteriores. Se não tentamos compreender o que foi o feminismo e as causas pelas quais outras brigaram antes de nós, não somos capazes de ver as amarras que ainda existem.

Como vanguarda central da luta contra a opressão, as mulhe-res se levantam há mais de dois séculos por melhores condições de vida. A cada nova geração, novas militantes entram para essa luta, defendendo as bandeiras históricas do feminismo, contra as novas formas de opressão que surgem com o desenvolvimento do capitalismo.

As lutas pelos direitos das mulheres, pelo fim da violência con-tra a mulher e pela emancipação das mulheres em diferentes espaços não deve deixar de ser travada ainda nos marcos do capitalismo. Não só porque essas lutas são emergenciais e neces-sárias para a sobrevivência e existência das mulheres no mundo de forma mais digna e plena, mas porque não podemos aceitar nenhuma opressão.

Nessa edição pautamos não só os atos e a importância do oito de março (que deve ser reconhecido como dia internacional de luta das mulheres trabalhadoras), mas também falamos so-bre o feminismo, seus aspectos históricos e como o machismo atua na sociedade desde a manutenção das condições objeti-vas de vida até a cultura do estupro, que causa a destruição não só física e psicológica da mulher, mas em muitos casos leva à morte.

Nas atuais mobilizações feministas, vemos em evidência o debate sobre o corpo. O corpo feminino ainda é onde se manifesta tanto a opressão quanto a resistência feminina. Insistimos em lembrar que o nosso corpo é o nosso territó-rio, sobre o qual nem o Estado e nem as Igrejas devem ter ingerência. Mostramos, com isso, que há muito o que trans-formar no conjunto de valores relativos ao imaginário sexual que estão impregnados de ideologia machista.

É também nesse contexto que vemos manifestações feministas que aliam o questionamento à persistência da banalização das violações sexuais às demonstrações contra o racismo, a homofobia, a desigualdade de acesso ao po-der e o modo capitalista de vida. Tais manifestações nos ensinam que as matrizes de desigualdades não podem ser tomadas isoladamente, elas estão intrinsecamente asso-ciadas. No seu sentido mais amplo, o feminismo é a luta contra qualquer e todo tipo de opressão.

Basta olhar em volta para que essa luta está longe de acabar.

Sumário(da edição completa)

6 ana enne_Dia da mulher

8 Bula Cultural

10 Fazendo Media_encontro de

camponesas termina com ato em

frente ao Congresso Nacional

12 Fazendo Media_entrevista Nalu

Faria

15 Saúde_a história de Chico

18 São Paulo_Viviane Wahbe

20 Minas Gerais_Nas ruas, nas

praças... Mulheres em luta!

23 Sociedade_o estupro como

cultura

24 CaPa_o feminismo de volta ao

centro do debate

30 Sórdidos Detalhes

32 Passatempos Virais

34 o Sensacional repórter

Sensacionalista

Edição Digital reduzida.

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Ana Enne é professora do departamento de Estudos Culturais e

Mídia da Universidade Federal Fluminense

(UFF), jornalista formada pela PUC-Rio e doutora em Antropologia pelo

Museu Nacional (UFRJ).

AnA EnnE

Dia 8 de março. Dia internacional da Mulher. Data simbólica, historica-mente instituída, para marcar a luta das mulheres por respeito, dignidade, condições igualitárias, direitos, reco-nhecimento etc.

Assim como essa, outras datas foram criadas, também historicamente, para acentuar as lutas das minorias (mui-tas vezes maiorias quantitativas) por seus direitos: negros, homossexuais, tra-balhadores... E, recor-rentemente, precisa-mos conviver com os comentários do tipo: “absurdo, vamos criar também o dia do homem, dos heterossexuais, dos patrões...”. Sempre me pasmo com esse discurso cínico. Datas como o Dia da Mulher são marcos cívicos, têm por principal função denunciar e dar visibilidade às demandas e cau-sas daqueles que, cotidianamente, são aviltados em seus direitos, são desrespeitados e submetidos a con-dições de opressão e desigualdade. Ora, sabemos nós todos que no pro-cesso histórico da cultura ocidental hegemônica, esse não é o caso nem dos homens, nem dos heterossexu-ais, muito menos dos patrões. Esses são protegidos pela moral, pelo Esta-do, pela lei, pelo senso comum. E ain-da querem ou ironizar ou se apropriar de ferramentas de luta conseguidas com suor, muito trabalho e sacríficio

daqueles que não desistem de lutar. Sinceramente, não é possível tolerar esse tipo de fala, nem como suposta piada.

Falando em piada, vale a pena assistir ao documentário “O riso dos outros”, - (veja aqui - www.tinyurl.com/risodosoutros). Ele aborda de maneira comple-xa e dialética as disputas em tor-no das representações do outro através do humor. Há uma parte sobre as piadas machistas sobre mulheres, que vale um contraste com os discursos dos participantes, por exemplo, da Marcha das Vadias (citada, inclusive, no filme; mas dis-ponível para consulta também no youtube). A evidente contradição entre as visões acerca do lugar so-cial da mulher apontam claramente para a não neutralidade da piada, que serve muitas vezes para reiterar os preconceitos.

Neste triste momento da história política brasileira, em que, pelo menos até este momento, um deputado de discurso homofóbico e racista é elei-to para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, é preciso estar ainda mais “atento e forte” na luta por igualdade e respei-“ O Dia da Mulher

tem a função de denunciar e dar

visibilidade às demandas e causas

daqueles que são submetidos à opressão.

Dia da Mulher: No que avançamos e no

que precisamos avançar

ilustração: Carlos Latuff

Vírus Planetário - MARçO 20136

sua educação e valorização profissional. Mas o tanto a ser feito, as difi-culdades ainda gritantes de calar tanto as piadas quanto a violência física, a desigualdade salarial e de carreira a que são submetidas, a necessidade de terem ainda um dia para significarem e ampliarem suas demandas, nos lembram o quanto ainda precisa ser feito. Ainda é preciso gritar: Basta! Não toleraremos mais seu preconceito. Nem em forma de piadas nada ingênuas, nem de forma alguma.

ANDES-SN, ANFFA-SINDICAL, ASFOC, ASMETRO-SN, ASSIBGE-SN, CONDSEF, CONFELEGIS, CPERS-SINDICATO, CSP-CONLUTAS, CTB, FASUBRA, FENAJUFE, FENALE, FENALEGIS, FENAPRF,

FENASPS, FENASTC, MOSAP, SEPE-RJ, SINAGÊNCIAS, SINAIT, SINAL, SINASEFE, SINASEMPU, SINDIFISCO NACIONAL, SINDIRECEITA, SINDLEGIS, SINPECPF, SINTBACEN e UNACON-SINDICAL

CARTAZ contra reforma da previdência.indd 1 31/01/2013 15:11:45

to a todos aqueles que vêm sen-do vítimas de sistemas injustos e opressivos. No decorrer da moder-nidade, as mulheres têm sido pro-va clara de que a luta vale a pena. Conseguiram o direito ao voto, leis que as protegem, investimentos em

GestãoMobilização Docentee Trabalho de Base

www.aduff.org.br

Por André dahmer | www.malvados.com.br

Vírus Planetário - MARçO 2013 7

de um acordo da presidente Dilma com o MMC de apoio às agroin-dústrias familiares dos grupos infor-mais de mulheres, o que representa uma conquista fruto de uma luta que valeu a pena nos últimos três anos. Isso, ainda segundo Piovesani, é fundamental para lutar também por avanços nas estruturas das cozi-nhas, nos processamentos da indus-trialização e no acesso ao mercado.

O encontro foi considerado um marco para o movimento, pois foi o segundo grande acontecimento des-de seu primeiro congresso realizado em 2004, afirmou a camponesa ma-ranhense Maria Neves, que pela pri-meira vez participou de uma ativida-de dessa amplitude. Nesse sentido, o evento consolida mais o movimento e amplia a formação das agriculto-ras, complementou.

Por Eduardo Sá

BRASÍLiA(dF)

Em marcha até o Congresso Na-cional, em Brasília, cerca de três mil mulheres encerraram na manhã do dia 21 de fevereiro o I Encontro Na-cional do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) com um ato político reivindicando atenção ao combate à violência contra a mu-lher e ampliação de direitos para as trabalhadoras do campo. Houve protesto em frente ao ministério da Previdência e Assistência Social pela abrangência do salário maternidade para 6 meses às mulheres agricul-toras. Também foram fincadas no gramado do Congresso dezenas de placas com nomes de camponesas assassinadas nos últimos anos.

De acordo com Rosangela Piove-sani da direção do MMC, o encontro teve um importante ganho na orga-

nização autônoma das mulheres e o reconhecimento por parte da so-ciedade e das autoridades. Segundo ela, as camponesas saíram de muito longe com muitas dificuldades para fazer um debate super importante sobre alimentação saudável e com-bate à violência doméstica.

“É muito importante porque só com formação e organização que de fato a gente vai avançar no enfren-tamento às desigualdades sociais e, em especial, à violência doméstica. O encontro foi de um ganho muito grande, as mulheres estão emocio-nadas, firmes, saem daqui com mui-ta certeza de que temos de traba-lhar cada vez mais nossa organiza-ção e nossa luta, a resistência pelo o que é nosso de direito”, afirmou.

A representante do movimento disse ainda que existe a assinatura

Março de 2013 | Ano 10 | Número 104 | www.fazendomedia.com | [email protected] média que a mídia faz

MEDIAFAZEN

DO

Encontro de camponesas termina com ato em frente ao Congresso Nacional

Ato final do encontro | Foto: Eduardo Sá

Mulheres lutam por seus direitos, alimentação saudável e em defesa ao meio ambiente

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Vírus Planetário / fazendo media - MARçO 20138

“ Temos de trabalhar cada vez mais nossa organização e nossa luta, a resistência

pelo o que é nosso de direito”

“Temos um novo ânimo, todas estão empolgadas e querendo se comprometer para levar esse mo-vimento a diante. A gente nunca para de lutar, quando a gente con-segue uma conquista está sempre buscando outras. Estamos até lu-tando por algumas que já foram conquistadas, e estão querendo derrubar e desrespeitar, como a aposentadoria: é um direito do trabalhador, no entanto temos que provar mil coisas para o INSS. A licença maternidade de seis me-ses também, a gente não quer que seja só para a trabalhadora urbana”, destacou.

O encontro também contou com a colaboração de homens para sua realização, como é o caso de Samuel Scarponi, do Levante Popular da Juventude, que traba-lha com educação infantil e acom-panhou as crianças enquanto as mulheres realizavam os debates. “A ideia é garantir que enquanto as mulheres participam do encon-tro, tiram as deliberações políti-cas, possam estar seguras que os meninos vão receber acompanha-mento. Fizemos um processo de educação acompanhando a pró-pria campanha da violência contra a mulher, o efeito que ela tem. As discussões que as camponesas fa-zem em relação ao feminismo é um avanço para a sociedade. Os homens e o resto da sociedade

têm que saber diferenciar o feminismo do femismo, não é a mulher contra o homem: elas querem o espaço delas e igualdade. É uma das demandas mais prioritárias para termos avanços, e se emancipar en-quanto povo”, destacou o militante.

Com apenas 11 anos, Emilly Jahn disse que o encontro foi muito inte-ressante para entender as coisas do Brasil e de outros países. “A gente discutiu muito e aprendemos muitas coisas, a principal delas foi sobre a violência contra a mulher. Tivemos várias atividades que falavam sobre isso, e tudo o que acontece com as mulheres no país. No lugar onde a gente ficou, fizeram teatro com fantoches ensinando várias coisas”, disse a menina.

Durante o encontro foi elaborado coletivamente pelas camponesas um documento com as principais reivindicações do movimento, no qual elas também se comprometem a construir relações de igualdade dos seres humanos com a natureza, com a produção agroecológica de alimentos diversificados, além de fortalecer as organizações populares, feministas e de trabalhadoras. Outra carta foi entregue a presidenta Dilma Rousseff, que participou do encontro com várias ministras, com a seguinte introdução: “Este encontro traz os desafios que envolvem a luta pelo fim da violência contra a mulher, entendida como resultado do sistema capitalista, da cultura patriarcal, machista e racista que perpassa todas as dimensões da sociedade. O modelo de agricultura centrado no agronegócio, no uso de agrotóxicos e transgênicos torna as famílias camponesas empobrecidas, dependentes e subordinadas, impactando diretamente as mulheres camponesas que vivem em situ-ação de pobreza no campo e na floresta”.

Camponeas reunidas em atividade do encontro | Foto: Eduardo Sá

Vírus Planetário / fazendo media - MARçO 2013 9

minas gerais

Vírus Planetário - MARçO 201310

Ocupar e ressignificar os espaços do hipercentro da capital mineira. Foi essa ação que moveu mais de três mil mulheres e pessoas do mo-vimento feminista para as ruas, no Dia Internacional da Mulher, 8 de março. As tradicionais e corriqueiras comemorações e felicitações des-se dia foram dispensadas em detrimento de uma luta conjunta, onde flores deram lugar a palavras de ordem que reivindicavam os direitos das mulheres. Cinco praças de Belo Horizonte tiveram seus nomes substituídos de forma simbólica por nomes de mulheres que historica-mente lutaram pelo feminismo e pela construção de outra sociedade.

Construído por diversos coletivos e movimentos sociais, o ato (que se repetiu em outras cidades do país) reuniu o Movimento Sindical, o Movimento das Mulheres Camponesas, a Marcha Mundial das Mu-lheres e diversos movimentos e coletivos feministas, de diversidade sexual e direitos humanos, gritando pela desnaturalização de formas de opressão cotidianas e da discriminação contra a mulher.

Militantes de diversos movimentos sociais ocupam e ressignificam espaços do hipercentro da capital

mineira no dia internacional de luta da mulher

Nas ruas, nas praças... mulheres em luta!

Por Ana Malaco, Laura Ralola e Paulo dias

“ Flores deram lugar a palavras de ordem que

reivindicavam os direitos das mulheres.”

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Concentração para o ato de 08 de março em BH | Foto: Ana Malaco

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa

Vírus Planetário - MARçO 2013 11

sociedade

O feminismo de volta ao

centro do debate

Vírus Planetário - MARçO 201312

O principal motivo pelo qual his-toricamente a mulher é colocada em uma condição subalterna, e sob constante vigilância da sociedade, é a garantia de que a herança das famílias ficaria entre os filhos legíti-mos. Para isso a mulher passava a ser compreendida também como uma propriedade do homem. Um ser criado para casar, reproduzir

e cuidar da casa, sem se de-senvolver por completo. Dessa forma não haveria o risco de amar, de fazer sexo com ou-tros homens e, com isso, en-gravidar fora do casamento.

Exatamente por serem vis-tas como uma extensão da casa as mulheres demoraram a ter direitos básicos, como o direito ao voto. Até bem pouco tempo as mulheres não eram consideradas cidadãs, não po-diam ter opinião, participar da política.

Sentadas em roda na sala de aula um grupo de meninas conver-sam entre si e com a professora que conduz o debate. A questão que está sendo discutida vem de uma pergunta muito simples: o que é ser mulher. Quando uma das me-ninas responde que ser mulher é casar, ter filhos e cuidar da casa e do marido logo outra se levanta e veemente responde que o que ela quer mesmo é ter uma carreira e morar fora do país. São meninas de 11, quase 12 anos, de classe mé-dia alta de uma das maiores cidades do mundo. Se você pensa que é um avanço que uma delas se contraponha a uma visão determinista do que é ser mulher, vamos começar o nosso questiona-mento por outro ângulo: Por que será que há necessidade de definir o que é ser mulher em nossa sociedade? Por que a identidade tem recor-te de gênero?

Muitos já ouviram falar de femi-nismo, mas sobre ele pouco se sabe. Sem a compreensão da história da luta pela emancipação das mulheres, e da sua grande importância para uma sociedade melhor para todos, é difícil entender o feminismo e cada uma de suas bandeiras, seus atos, suas palavras de ordem, seus gritos. Que não são de hoje, e que ainda tem um longo caminho a percorrer.

Foi Marx quem nos disse a cé-lebre frase: “A opressão do ho-mem pelo homem iniciou-se com a opressão da mulher pelo homem”. Podemos entender melhor o que diz essa frase ao nos enveredarmos pelas páginas do livro de Engels (grande parceiro teórico de Marx) em “A origem da família, da proprie-dade privada e do Estado”.

A mulher nem sempre esteve em uma posição inferior ao homem. Mui-to pelo contrário, em muitas culturas a mulher era naturalmente líder, sendo assim consideradas sociedades ma-triarcais. O mesmo processo histórico que tira as mulheres de sua posição de poder na sociedade é o que, pouco a pouco, viria a construir a sociedade capitalista, que é totalmente baseada na exploração. Nesse aspecto, o ma-chismo cumpre um papel estratégico para apoiar a ampliação da exploração através da opressão.

O que é esse tal de feminismo que ganha cada vez mais espaço na internet, nas ruas e por todas as partes?

“ Se as coisas mudaram para as mulheres

é porque elas se organizaram e foram à

luta”

Por Bruna Barlach, Jéssica ipólito e Ana Chagas

Cartaz de protesto em ato do dia 08 de marçoFoto: facebook.com/pstu16

De onde vem esse feminismo? Confira a

reportagem na edição completa digital ou impressa

Vírus Planetário - MARçO 2013 13

www.seperj.org.br

Educação Estadual na luta!

36 anos

Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro

A rede municipal de Educação do Rio fará uma paralisação de 24 horas no dia 18 de

abril. Neste dia, haverá um ato de protesto na prefeitura, às 11h e uma assembleia geral da rede, no Instituto de Educação (Rua Ma-

riz e Barros 243 – Tijuca), a partir das 14h, para discutir a luta pela Campanha salarial 2013 e pelo plano de carreira unificado para

os profissionais das escolas municipais.

Até o dia da paralisação, o Sepe promoverá uma campanha de mobilização nas escolas municipais para fortalecer o movimento da

categoria. No dia 13 de abril, haverá uma plenária dos profissionais de Educação

Infantil. O sindicato também organizará um plebiscito, de 1º a 17 de abril sobre a políti-

ca educacional da prefeitura.

MP vai investigar a utilização de material didático para a promoção pessoal de Paes

Rede municipal do Rio vai parar no dia 18 de abril

A 1ª Promotoria de Tutela Coletiva da Educação, órgão do Ministério Público do Estado, anunciou que vai investigar o uso irregular de material di-dático pela rede pública de ensino municipal do Rio na promoção pessoal do prefeito Eduardo Paes e de seus aliados.

Segundo o MP, serão investigados o uso do jogo ‘Banco Imobiliário - edição Cidade Olímpica’ e de material didático” distribuídos nas escolas. O Sepe teve participação ativa nas denúncias contra mais este abuso da prefeitura do Rio e criou a fra-se “Escola não é banco, nem de brincadeira”, uma crítica contra a utilização pelo prefeito de mais de R$ 1 milhão do Fundo de Manutenção e Desenvol-vimento da Educação Básica para a compra de 20 mil kits do jogo.

Aula pública realizada pelo SEPE na paralisação de 5 de março na Cinelândia com crítica bem-humorada à “brincadeirinha” de Paes