prévia edição 24 revista vírus planetário

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VÍRUS PLANETÁRIO Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça R$ 2 edição nº 24 junho 2013 Música e Resistência_Inauguramos a série sobre música como expressão popular Com conteúdo do MEDIA FAZENDO Estatuto do Nascituro ameaça saúde e direitos das mulheres Sob controle do Estado Edição Digital reduzida. Clique aqui - www.tinyurl.com/24impressa para adquirir a edição impressa pela internet e receber em casa Clique aqui - www.tinyurl.com/24digital para comprar a edição digital completa. Clique aqui - www.tinyurl.com/revistavirusplanetario para assinar a Vírus!

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Edição 24 (junho 2013) da revista Vírus Planetário reduzida Compre pela internet:Versão impressa: www.tinyurl.com/24impressa Versão digital: www.tinyurl.com/24digital Assine a Vírus - www.tinyurl.com/revistavirusplanetario

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Page 1: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

Vírus PlanetárioPorque neutro nem sabonete, nem a Suíça

R$2edição

nº 24junho

2013

Música e Resistência_Inauguramos a série sobre música como expressão popular

Com conteúdo do

MEDIAFAZEN

DO

liberdades ameaçadasEstatuto do Nascituro ameaça saúde e direitos das mulheres

Sob controle do Estado

Edição Digital reduzida.

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Page 2: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com monopólio estatal, Petrobrás 100% pública e investimento em energias limpas.

Vamos barrar os leilões do petróleo!

Participe do abaixo-assinado:www.tinyurl.com/nao11leilao

www.sindipetro.org.br

Notícias da campanha:www.apn.org.br | www.tvpetroleira.tv

organização:

Contra a privatização dos Hospitais Universitários!

GestãoMobilização Docentee Trabalho de Base

NÃO À EBSERH!www.aduff.org.br

Page 3: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

Por Adriano Kitani / Veja mais em: www.pirikart.com.br

Por Carlos D Medeiros / Veja mais em: facebook.com/fucalivro

traço li

vre

Page 4: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

ExPEDiEntE:Rio de Janeiro: Aline Rochedo, Ana Chagas, Artur Romeu, Beatriz Noronha, Caio Amorim, Catherine Lira, Chico Motta, Eduardo Sá, Gabriel Bernardo, Ingrid Simpson, Julia Maria Ferreira, Livia Valle, Maria Luiza Baldez, Mariana Gomes, Miguel Tiriba, Noelia Pereira, Raquel Junia, Seiji Nomura e William Alexandre | Mato Grosso do Sul: Marina Duarte, Tainá Jara, Jones Mário, Fernanda Palheta, Eva Cruz e Juliane Garcez | Brasília: Alina Freitas, Edemilson Paraná, Luana Luizy, Mariane Sanches e Thiago Vilela | São Paulo: Ana Carolina Gomes, Bruna Barlach , Duna Rodríguez, Jéssica Ipólito, Luka Franca e Sueli Feliziani | Minas Gerais: Ana Malaco, Laura Ralola e Paulo Dias Diagramação e projeto gráfico: Caio Amorim ilustrações: Adriano Kitani (SP), Andrício de Souza(SP), Aroeira(RJ), André

Dahmer(RJ) e Elisa Riemer(PR) Revisão: Bruna Barlach e Jones Mário Capa: Foto de Marcelo Camargo/ABr

Conselho Editorial: Adriana Facina, Amanda Gurgel, Ana Enne, André Guimarães, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João Roberto Pinto, João Tancredo, Larissa Dahmer, Leon Diniz, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Mauro Iasi, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, Virginia Fontes, Vito Gianotti e Diretoria de Imprensa do

Sindicato Estadual dos Profissionais de Edução do Rio de Janeiro (SEPE-RJ)

Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principal-

mente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas

necessária para os virgens de Vírus Planetário:

Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é

nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso

estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcia-

lidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim,

parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas exclu-

ídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opres-

são. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível

gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor

é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas

batalhas do cotidiano.

Afinal, o que é a Vírus Planetário?

Curta nossa página! facebook.com/virusplanetario

A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro. Telefone: 3164-3716#Tiragem: 2.000 exemplares

#Impressão:

www.virusplanetario.com.br

Anuncie na Vírus: [email protected]

Siga-nos: twitter.com/virusplanetario

ComuniCação e editora

O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem

o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a

humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acredi-

tamos que com mobilização social, uma sociedade em que

haja felicidade para todos e todas é possível.

Recentemente, unificamos os esforços com o jornal alternativo Fazendo Media (www.fazendome-dia.com) e nos tornamos um único coletivo e uma única publicação impressa. Seguimos, assim, mais fortes na luta pela democratização da comunicação para a construção de um jornalismo pela diferença, contra a desigualdade.

Correio

>Envie colaborações (textos, desenhos, fotos), críticas, dúvidas, sugestões, opiniões gerais e sobre nossas reportagens para

[email protected]

Queremos sua participação!

Viral

Page 5: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

EditorialA mulher deve ser livre para escolher o aborto

A maioria dos abortos no país é feito por mulheres de 20 a 29 anos de idade, que trabalham, têm pelo menos um filho, usam métodos contraceptivos, são da religião católica e mantêm relacionamentos es-táveis. Elas têm até oito anos de escolaridade e estão no mercado de trabalho com renda de até três salários mínimos. De acordo com uma das coordenadoras do estudo realizado em 2008 pela Universidade de Brasília (UnB), Débora Diniz, o perfil apontado não traz surpresas, pois reproduz as características gerais das brasileiras em idade reprodutiva. As estimativas do Ministério da Saúde apontam a ocorrência entre 729 mil e 1,25 milhão de abortos ao ano no Brasil. Em 2012, as Nações Unidas destacou o fato de 200 mil mulheres morrerem em cirurgias clandesti-nas ligadas ao aborto anualmente no Brasil e pressionou o governo a rever sua legislação. Uma das peritas responsável pelo relatório, Mag-aly Arocha, disse que “o comitê da ONU não pode defender o aborto. Mas as mulheres vão a abortar. Essa é a realidade. O que queremos é que o Estado garanta que elas possam velar por suas vidas.” Uma das maiores especialista sobre direito das mulheres da Europa, Pa-tricia Schulz criticou na ocasião Estatuto do Nascituro: “Uma mul-her não pode ser apenas o barco onde o feto cresce. Não se pode dar total prioridade ao bebê e deixar de lado a saúde da mulher”. O Projeto de Lei do “Estatuto do Nascituro” foi aprovado na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara no dia 5 de junho deste ano reacendendo a polêmica, mas ainda deve ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidada-nia antes de ser votado pelo Plenário. Esse Estatuto é de to-das as formas um retrocesso ao debate sobre o aborto no país. Atualmente, a legislação brasileira define o aborto como legal em casos de risco de vida para mulher, gravidez resultante de estu-pro e/ou diagnóstico de anencefalia fetal. O Estatuto do Nascitu-ro tem como objetivo criar mecanismos para impedir a ampliação de casos em que o aborto é legal e criar incentivos para que as mulheres não optem pela medida na situação de estupro. No Ar-tigo 3º o Projeto de Lei afirma que “reconhecem-se desde a con-cepção a dignidade e natureza humanas do nascituro conferin-do-se ao mesmo plena proteção jurídica” (o nascituro é o feto). A atual legislação brasileira como um todo, e no que se refere à defesa dos direitos humanos (especificamente das mulheres), fica mais conservadora caso o Estatuto de Nascituro seja aprovado. Ele trava os avanços para a ampliação do direito ao aborto (e também de qualquer pesquisa científica que envolva embriões ou células tronco) e empurra com mais força milhões de mulheres para a clandestinidade, sem oferecer melhorar em nenhum aspecto a saúde pública. Nós, mulheres, devemos ter liberdade para tomar a já difícil decisão de escolher o aborto sem sofrer a criminalização legal advinda de valores morais e religiosos de uma parcela da sociedade.

Durante o fechamento desta edição, explodiram os pro-testos por todo o Brasil contra o aumento da passagem de ônibus e contra a repressão do Estado. Acompanhe em nosso site - www.virusplanetario.com.br e em nossas redes sociais a cobertura.

Sumário(da edição completa)

7 Sórdidos Detalhes

8 Sociedade_Chutando Cachorro

Morto

10 Fazendo Media_Brasil de Fato

realiza mudanças ao completar 10

anos

13 Bula Cultural_Indicações e

Contraindicações

14 Bula Cultural_Música e

Reistência #1 Blues e Jazz

18 Movimentos Sociais_Pedras e

Sonhos são nossas únicas armas

20 Varal Artístico

22 Internacional_Pela paz na

Colômbia

25 CAPA_Política_Sob o controle do

Estado

30 Comportamento_Todos os corpos

34 Entrevista Inclusiva_André Souza

38 Traço Livre

Edição Digital reduzida.

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Page 6: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

éPor um novo Sindicato dos Jornalistas do Rio

Este ano, o sindicato dos Jornalistas do município do

Rio de Janeiro recebe a oportunidade de uma reno-

vação, de trazer o ambiente de luta necessário para

que os jornalistas possam, outra vez, sonhar.

As lutas dos jornalistas são muitas, nós e todos profis-

sionais da comunicação, enfrentamos a intensa des-

regulamentação da profissão.

Comunicadores por todos os lados acumulam diver-

sas funções e são sobrecarregados, com as inúme-

ras demissões, mais e mais jornalistas precisam se

submeter à precarização para garantir seus postos

de trabalho, por isso lutamos pela regulamentação e

garantia de direitos.

O início do desafio se dá já na Universidade, onde te-

mos diversos problemas com nossa formação. A cada

dia temos cursos mais técnicos e pouco teóricos,

onde o papel fundamental do comunicador se reduz

a reproduzir tarefas. O resultado disso são comuni-

cadores formados exclusivamente para o mercado e

que esquecem da função social que a comunicação

deve exercer, função expressa inclusive no juramento

do jornalista profissional.

Acreditamos num jornalismo

que faça a diferença, lute contra

Revista

Vírus Planetário

a desigualdade, atenda aos interesses públicos e es-

teja à disposição da sociedade. Lutamos diariamente

para que os direitos humanos e movimentos sociais

sejam pautados e as opressões contra os negros, a

mulher, aos homossexuais e todas as diversas mino-

rias não se reproduzam. Por isso, lutamos pela quali-

dade de formação do comunicador.

Acreditamos numa comunicação democrática, onde

todas as vozes tenham lugar, onde rádios comunitá-

rias e veículos populares tenham incentivo e espaço,

onde jornais e revistas independentes possam circu-

lar, onde a pluralidade e diversidade de vozes exista

de fato.

Neste contexto de necessidade de intensa transfor-

mação da realidade da comunicação no Brasil, nasce

a Revista Vírus Planetário, onde jovens profissionais,

estudantes, militantes e intelectuais sonham e escre-

vem os caminhos da Democratização da Comuni-

cação, do Combate às opressões na mídia, da qua-

lificação de nossa formação e da garantia de nossos

direitos!

Um espaço onde os movimentos sociais são ouvidos,

sindicatos pautam suas lutas, a cultura popular se re-

vela, onde o novo pode chegar.

A Chapa 2 “Sindicato é pra Lutar”, tem em sua forma-

ção pessoas que nos mostraram que é possível uma

outra forma de comunicar. Professores que nos en-

sinam na universidade e nos espaços de formação a

inovar, comunicadores populares que nos inspiram,

colegas estudantes que recém-formados enfrentam

com garra os desafios colocados a nossa e a muitas

gerações de jornalistas.

Pessoas que nos mostram que outro olhar é possível,

e que juntos, possamos garantir que o mundo conhe-

ça este olhar. Para o Sindicato d@s Jornalistas do Mu-

nicípio do Rio de Janeiro, a Revista Vírus Planetário

apoia e constrói a chapa 2, É Sindicato, é pra lutar!

possível!

Um

jornalismo

é

outro

Page 7: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

Vivendo nos Horizontes

sórdidos detalhes...

A verdade varrida pra debaixo do tapete

No dia 29 de Abril foi exco-mungado o padre Beto, presbí-tero de Bauru, como foi bastan-te veiculado na mídia. O grande crime do padre foi defender a união entre pessoas do mesmo sexo, frisando que, apesar de favorável, o padre nunca reali-zou uma cerimônia desse tipo. No dia 14 de maio, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - que não tem nada a ver com religião - aprovou a união por maioria esmagadora (14 a 1). Vitória para o Estado laico que - apesar de malafaias, felicianos e PSC’s da vida afirmarem o contrário - não deve ser submetido a religião A

ou B. Ainda sobre o caso... Quem dá uma fuça-dinha na bíblia encontra uma fala do apóstolo Paulo em I Coríntios 14:34-35 dizendo que a mu-lheres se calem na igreja e, conforme a lei, sub-meta-se ao seu marido. A Igreja de hoje diz que Jesus (um bom sujeito, socialista e defensor dos Direitos Humanos) nunca discriminou as mu-lheres e que o texto, expressão de um homem da época, não reflete as pa-lavras de Jesus. O interessante é que a homossexualida-de é condenada no novo testamento pelo mesmo “ho-mem da época”e ninguém usa o mesmo argumen-to.

Jesus só usou de intolerância e violência uma vez e foi contra quem resolveu transformar a fé em um comércio quando expulsou os “vendi-lhões do templo”. Creio que se certas figuras ti-vessem vivido há 2 mil anos, teriam levado uns bons pescotapas do queridão, Jesus Cristo.

Saiba mais sobre os vendilhões: www.tinyurl.com/vendilhoes

E sobre cristianismo e homossexualidade:www.tinyurl.com/cristao-gay

Lá dos céus, cavalgando em seus helicópteros, nossos queridos gover-nantes estão em polvorosa com o crescimento das manifestações contra o aumento das tarifas que atingiu o bolso dos trabalhadores em cheio nos últi-mos meses. O que nos empolga é que essas manifestações tem unido nacio-nalmente o militantes de todas as idades e diferentes origens entorno de uma discussão em comum: o direito de ir e vir. Todas as cidades também estão unidas através da mídia grande que tem feito uma das coberturas mais absur-das de todo os tempos, tentando convencer de que estes manifestantes são um bando de baderneiros e vândalos sem propósito. Ah sim, porque realmen-te, ter o equivalente a três meses do seu salário por ano saindo do seu bolso pros cofres dos empresários do transporte não é motivo para se manifestar. Deveriam é estarem todos quietinhos em casa assistindo suas TVs e sorrindo. Até as próximas eleições quando os candidatos farão novos acordos com os empresários do setor de transporte para se elegerem e nós teremos que lidar com um novo aumento. E depois são os manifestantes que impedem o direito de ir e vir das pessoas...

Depois da grande vitória do movimento em Porto Alegre da qual falamos na edição 23, os movimentos por toda parte cresceram. Até o fechamento dessa edição em Goiânia e em Campinas a luta dos manifestantes havia con-seguido barrar o aumento. É isso, caros companheiros, só a luta muda a vida.

Nem padre escapa

Por falar nisso...

quem são os selvagens?

E a luta tem conquistado vitórias!

ilustrações: Adriano Kitani

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Vírus Planetário - juNho 2013 7

Page 8: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

Brasil de Fato realiza mudanças ao completar 10 anos

Março de 2013 | Ano 10 | Número 104 | www.fazendomedia.com | [email protected]

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Por Eduardo Sá

O semanário Brasil de Fato vai terminar 2013 de cara nova, após completar dez anos, no último mês de janeiro. Mudança no projeto grá-fico para a edição nacional e edições regionais em formato tabloide (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília) são algumas das novida-des, além do aumento da tiragem e a distribuição gratuita. Os cariocas

foram premiados com a primeira edição regional no último 1º de maio, dia do trabalhador, durante as ma-nifestações que ocorreram nas ruas da cidade.

Houve um balanço sobre a traje-tória do jornal junto às forças sociais que lhes dão sustentação financeira e política, sobretudo os movimentos e sindicatos, e foi avaliado que ape-sar das vitórias e da resistência é

preciso avançar mais, explicou Nilton Viana, editor do veículo. Segundo ele, o objetivo é tentar chegar mais próximo à classe trabalhadora, com edições massivas de linguagem mais simples e enfoque mais direto.

“Vivemos um momento extrema-mente delicado no país com avanço tecnológico nas comunicações, mas as elites continuam com o mono-pólio. Avaliamos que precisamos in-

a média que a mídia faz

Vírus Planetário / fazendo media - junho 20138

Page 9: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

terferir mais na conjuntura. É um governo contraditório, com políti-cas progressistas, que não rompeu com esse modelo. É um momento propício, com respaldo dos movi-mentos sindical e social. Com es-ses novos desafios, vamos tentar fazer com que o Brasil de Fato seja efetivamente um veículo de

comunicação que consiga definitivamente influenciar a opinião pública e, assim, elevar o nível de consciência da classe trabalhadora para que façamos as mudanças estruturais tão necessárias que o país precisa”, afirmou o jornalista.

As edições regionais do Brasil de Fato serão semanais, em formato tabloide, distribuídas gratuitamente nos centros de aglomera-ção de trabalhadores, como metrô, central de ônibus, trens, universidades e nas aglomerações da juventude trabalhadora das grandes cidades. A expectativa é que seja ampliada para outras capitais, contando também com o apoio, através de anúncios, de prefeituras progressistas. Alguns jornalistas foram contratados, mas o projeto continua sustentado pelo apoio de colaboradores e dos movimentos.

De acordo com Vivian Virissimo, correspondente do jornal no Rio de Janeiro, a publicação será distribuída gratuitamente nas estações de barcas, metrô e trens da Supervia, além de escolas, universidades e espaços de ampla circulação. A edição regional do Brasil de Fato, segundo ela, vai disputar hegemonia com os veículos tradicionais de comunicação cariocas.

“Com 100 mil exemplares por semana, vamos disputar a atenção dos trabalhadores(as) que estão se deslocando de casa para o trabalho e receberão o jornal de graça. Nossa intenção será abordar o cotidiano sempre com uma visão popular dos fatos. Nos dias de distribuição, quinta e sexta-feira, será uma das maiores tiragens da cidade. Isso é um feito muito significativo para a comunicação popular, que antes ficava muito restrita. Ao dialogarmos com grandes parcelas da população, em curto e médio prazo, poderemos trazer avanços em diversas lutas dos trabalhadores e dos movimentos sociais”, afirma a jornalista.

“ A edição regional do Brasil de Fato vai

disputar hegemonia com os veículos tradicionais de

comunicação cariocas”

Vírus Planetário / fazendo media - junho 2013 9

Page 10: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

O Brasil de Fato nasceu em 25 de janeiro de 2003, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. As primeiras edições de 4 páginas foram encartes no jornal Sem Terra, do MST, com 2 mi-lhões de exemplares distribuídos nos grandes centros para divulgar a luta dos trabalhadores em ver-sões contadas por eles mesmos. Algumas edições especiais com te-mas específicos circularam nesse período.

O semanário cresceu com apoio das forças sociais, como as pasto-rais sociais, a Via Campesina e os sindicatos. Por isso, é uma publica-ção essencialmente popular. Sua principal dificuldade continua sen-do financeira. No início houve uma campanha que arrecadou R$ 400 mil para rodar as primeiras edições em todo o Brasil, com tiragem de 100 mil exemplares. Nessa trajetó-ria foram realizadas campanhas de assinaturas e doações entre a mi-litância, além de debates para dar visibilidade à iniciativa e suscitar o debate público, que resultou na autossustentação do projeto. Com a chegada do Partido dos Traba-lhadores (PT) ao poder, o jornal adequou seu projeto gráfico, edi-torial e político, e conseguiu sanar todas as suas dívidas.

Antes da atual reforma, circu-lava com tiragem de 50 mil exem-plares (16 páginas coloridas tama-nho standard). Reúne jornalistas, intelectuais, lideranças sociais do Brasil e do mundo. Entende, de acordo com o seu editor, que a democratização da mídia é funda-mental na luta por uma sociedade mais justa e fraterna, daí sua con-tribuição no debate de ideias e na análise de fatos do ponto de vista da necessidade mudanças sociais em nosso país.

MEDIAFAZEN

DO

A edição mineira foi lançada no último dia 04, em Belo Horizonte, durante o Encontro Estadual de Formadores do Plebiscito Popular pela redução das tarifas de energia elétrica e do ICMS na conta de luz. Cerca de 700 pessoas receberam com entusiasmo a nova edição estadual, ressaltando a importância da iniciativa devido ao grande controle do governo estadual sobre a mídia comercial. Em seu editorial, é destacada a “ousadia” e “coragem” do novo projeto, “um grito de liberdade”, e que o povo mineiro sonhava há muito tempo com um veículo de comuni-cação comprometido com uma visão popular de Minas, do Brasil e do Mundo.

“ Vamos fazer com que o Brasil de Fato seja um veículo de comunicação que eleve o nível de

consciência da classe trabalhadora”

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Histórico do Brasil de Fato

Vírus Planetário / fazendo media - junho 201310

Page 11: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

ingerir em caso de marasmo ingerir em caso de repetição cultural

ingerir em caso de alienação

POSOLOGIA

manter fora do alcance das crianças nocivo, ingerir apenas com acompanhamento médico

extremamente nocivo, não ingerir nem com prescrição médica

Bula cultural algumas recomendações médico-artísticas

ContraindicaçõesDentista Mascarado

Falar mal da globo é chover no molhado, mas, em algumas ocasiões, eles conseguem se superar, principalmente em seus programas de humor. Pro-grama de estreia de Marcelo Adnet no canal é uma evolução do tradicional mau gosto que o canal tem para humor, demonstrando que o humorista come-teu um grande erro ao se vender para a emissora. Diferente de tudo que fez, interpreta na série um personagem caricato, sem graça e deprimente, que não consegue arrancar nenhum riso. Pra piorar, o programa é palco para as opressões, reforçando um machismo pavoroso e com recorrentes episódios de transfobia.

IndicaçõesDoumentáro Onde a Coruja dorme Documentário em

forma de roda de samba que conta o contexto social que gerou as grandes composições do sam-bista Bezerra da Silva. Contando a história pelo ponto de vista do morador do morro, das favelas do Rio de Janeiro, as músicas de Bezerra denunciam, desde 1969, temas ainda extremamente atuais como a Crimi-nalização da Pobre-za e do Consumo de Drogas, o Crime de Colarinho Branco, a Distribuição de Armas e a Do-

minação Religiosa exercida por charlatões. Nas can-

ções de Bezerra, o pobre é o protagonista

Assista - www.tinyurl.com/coruja-dorme

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Vírus Planetário - juNho 2013 11

Page 12: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

“Protesto é quando eu digo que algo me incomoda. Resistência é quando eu me asseguro que aqui-lo que me incomoda nunca mais acontecerá (...) Os estudantes não estão se revoltando, eles estão exercendo resistência. Pedras vo-aram, os vidros das janelas foram quebrados (...) a fronteira entre o protesto verbal e resistência física foi cruzada, pela primeira vez em grande escala: por muitos, e não apenas indivíduos isolados, por dias, e não apenas uma vez, em todo lu-gar , e não apenas na capital, de verdade, não apenas simbolicamen-te (...) Seria tudo apenas uma es-calada terrorista apolítica, violenta, impotente e sem sentido? Que seja dito: aqueles aqui que, a partir de posições de poder político, conde-nam quem atira pedras e coloca fogo, mas não condenam a mani-pulação da imprensa fascista, nem as bombas caindo no Vietnã, nem o terror na Pérsia, e não falam da tor-tura na África do Sul, em vez disso espalham meias-verdades sobre os estudantes, a sua participação em nome da não-violência é hipócrita, eles têm um duplo padrão, eles querem precisamente o que os que

foram às ruas - com e sem pedras em seus bolsos - não querem: a política como destino, massas ove-lhas, uma oposição impotente que não perturba nada nem ninguém (...) e quando as coisas ficam sérias, o [a proclamação de um] estado de emergência.(...) Eles estão perdendo a justificação tanto moral quanto política para protestar contra o de-sejo de resistir dos estudantes”

A citação acima poderia ser dos dias de hoje, mas é de Maio de 68, na Europa. À época, barricadas de lixo e tapumes eram erguidas pe-las ruas, fogo ateado, vidros que-brados. Os estudantes de 68 nos ensinaram que ser realista é ultra-passar a barreira do possível, sem passividade, sem obediência, sem o conformismo insosso e inofensivo que reclama de tudo mas nada faz para mudar.

No Brasil, maio de 68 foi diferen-te, vivíamos uma ditadura, os pro-testos não criticavam uma repre-sentatividade falsa. Com a instau-ração do AI 5, todo movimento foi impedido de se organizar, as pes-

soas impedidas de ir para as ruas, censura, prisões, torturas, execu-ções. A única alternativa era a luta armada. Talvez por isso, hoje, gran-de parte das pessoas, inclusive nos círculos da esquerda, condenem in-genuamente as ações que tem sido realizadas pelos estudantes Brasil à fora. O que fizeram só seria le-gítimo contra um estado ditatorial, a falsa democracia representativa lhes parece algo inatacável. Com um discurso de não-violência, pau-tados em exemplos que funciona-ram em momentos muito específi-cos da história, e a custo de muita dor e mortes de pessoas inocentes, ignoram a importância e força dos processos que levaram às principais conquistas de direitos pelo mundo. Ignoram o direito dos estudantes de se revoltarem.

Eles cansaram-se de apanhar calados, da repressão covarde de uma polícia criminosa que coman-da milícias e assassina indígenas, de um judiciário conivente que desaloja famílias em nome do interesse de gente endinheirada, de uma mídia farsante que distorce a realidade

movimentos sociais

Os protestos que estão acontecendo em todo o Brasil não são apenas contra o absurdo da tarifa de ônibus e a péssima qualidade

do transporte coletivo, mas sim para propor outra sociedade!

Se as pedras não voam os sonhos

são em vão*

Luta, Brasil!

Cansados de apanhar calados

Por Chico Motta

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Vírus Planetário - juNho 201312

Page 13: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

por medo de uma possibilidade de emancipação popular, de um esta-do mafioso que atua em conluio com grandes empresários contra o interesse da população. Cansaram de serem violentados diariamente e não fazerem nada a respeito.

A palavra de ordem é: Se a pas-sagem aumentar, a cidade vai parar! Mas não fizeram disso só um dis-curso simbólico, sem efeitos na rea-lidade, as cidades estão parando de verdade. Ultrapassaram a fronteira entre protesto verbal e resistência física. Se a polícia os reprime com balas de borracha eles revidam com pedras, se jogam bombas de gás, queimam o lixo e fecham as ruas, janelas e portas de vidro não são perdoados, a propriedade não pode estar à cima da vida humana. O de-sejo de resistência desses jovens é legítimo, e não será o jornal nacio-nal, ou a revista veja que inverterão a realidade.

Enquanto a polícia fere pessoas, sejam manifestantes ou não, os

manifestantes atacam a propriedade, enquanto as companhias de ônibus e o estado violentam o trabalha-dor diariamente, os manifestantes atacam a propriedade, enquanto a imprensa criminaliza e protesta contra aqueles que resistem, os mani-festantes atacam a propriedade. Atacar a propriedade é a forma que tomaram para revidar toda a violência que sofrem diariamente.

Sonham com um mundo novo, fazem do impossível necessário e urgente. Enfrentam com seus rostos mascarados muito mais que au-mentos extorsivos de passagem, a criminalização da pobreza, o ra-cismo, a homofobia, o machismo, o fascismo, a monormatividade, a violência policial, a concentração de renda, a máfia dos transportes, a máfia da política, a família burguesa heteronormativa, o egoísmo, a vaidade, as hierarquias e manicômios, prisões e todas as relações de poder e dominação. A liberdade agora é tomada como possibilidade plena de exercício das potências, em contraposição ao exercício de poder de poucos sobre uma massa submissa. Antes de condenarem a resistência desses quixotes, lembrem-se de que enquanto estão senta-dos em seus sofás, passivos em relação ao mundo, eles nos mostraram que ainda é possível sonhar, que ainda é possível agir.

“ Se a passagem aumentar,

a cidade vai parar! ”Se a passagem aumentar...

Brutalidade em 3 atos: Em ato contra o aumento da tarifa do dia 13/6 em São Paulo, PM mesmo com manifestantes com mãos para o alto, atiram balas de borracha a menos de 5 metros de distância. Fotos: www.feridosnoprotestosp.tumblr.com

Protesto também do dia 13/6 que parou o Rio de Janeiro ocupa escadarias da Assembleia Legislativa com mais de 5 mil pessoas. “Ei Cabral, vai tomar no cú!” - Cantavam em uníssono

os manifestantes. Em São Paulo e no Rio, os protestos foram muito intensos e tiveram uma repressão criminosa das polícias locais, comparável com a repressão a passeatas contra a

ditadura militar. | Foto: Julia Maria

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Vírus Planetário - juNho 2013 13

Page 14: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

Bula cultural algumas recomendações médico-artísticas

Por Aline Rochedo

1# Blues e JazzO espaço da música é o da liberdade

música e

resistência

Eu não me canso de escutar e re-escutar alguns de-poimentos de artistas negros dos anos 1940-50-60. Gosto de sentir e captar a paixão deles ao relatar as histórias das lutas subterrâneas dos primeiros protagonistas de música negra no continente Americano. Você pode não acreditar a princípio, mas o que estes artistas diziam está muito pró-ximo ao que os protagonistas de gêneros populares dizem atualmente.

Apesar de estarmos falando sobre uma arte de entre-tenimento, esta arte pode entreter e conscientizar simulta-neamente. Como disse Nelson Mandela, “a mensagem da música alcança lugares que não estão, necessariamente, ligados à política, e esta mensagem pode ir mais longe do que nossos políticos são capazes de empurrá-la”.

Assim, um estilo de música pode atuar sobre as pessoas e tornar-se uma experiência mais abrangente. Na maioria dos casos, a música é o canal de voz e a referência para os que estão no seu entorno. A linguagem musical não pode ser compreendida sem considerarmos o contexto histórico e social em que circundam e as peculiaridades dos músicos.

Convido você a caminhar um pouco comigo e conhecer as histórias destes artistas que fizeram e fazem da música algo muito maior do que a indústria fonográfica pensa que rotula e vende. Esta série pretende isso. Vamos dialogar e traçar este caminho sonoro.

E como os gêneros musicais surgem?

Os estilos musicais tendem a surgir e existir em um nível regional, marginal, escondido de um público maior, antes de explodir em um conhecimento de massa. Os processos de lutas aos quais estes estilos passam são muito semelhantes: são repudiados por não se enquadrarem no que seria es-tipulado como “música de qualidade” ou “erudita”; seus pro-tagonistas são perseguidos, sofrem discriminação de todas as formas e muitos acabam não recebendo os créditos de suas composições; expressam e carregam em si as vivências, alegrias, angustias e questionamentos não apenas dos ar-tistas, mas de todos que se sentirem representados ou atra-ídos por determinado estilo.

Esta dinâmica foi verdadeira para as principais explosões dos gêneros mais conhecidos e oriundos de matriz africana: o blues, o jazz, o rock, o samba, a salsa, o reggae, o hip-hop e o funk. Não podemos deixar de dizer, no entanto, que a música negra passou a se fundir com componentes brancos, e a evolução destes gêneros é resultado desta fusão. Assim, para além dos estilos citados de matriz africana, a música do branco pobre, ou simplesmente do pobre, principalmente as que surgiram das zonas portuárias e rurais, terão espaço nesta trajetória.

Foto

s: Rafael D

agu

erre

Confira a reportagem na edição completa digital ou

impressa

Page 15: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

Foto

s: Rafael D

agu

erre

Faz quase dois anos que estive na Colômbia. Depois de três meses na Venezuela, entrei no país pela fron-teira do litoral-norte, numa traves-sia obscura e estranha, com muitos guardas e controle. Vi o mundo da revolução bolivariana ir se transfor-mando na desigualdade social da re-gião super turística do litoral colom-biano, nas cidades de Santa Marta e Cartagena. Locais em que a divisão entre ricos e pobres era escancara-da e o turismo ostensivo. De lá se-gui o caminho até a cidade-modelo de Medellín, que inspirou o Rio de Janeiro nas transformações mercan-tilizadoras que vem ocorrendo nas favelas: teleféricos e unidades de polícias pacificadoras. Em Bogotá, vi uma capital com ares europeus, mas controlada e vigiada como as velhas ditaduras latino-americanas.

Pela paz na ColômbiaFórum pela paz na Colômbia reuniu cerca de mil pessoas de diversas

entidades latino-americanas e europeias em Porto Alegre

internacional

Durante a viagem, tentei diversas vezes contatos com organizações e movimentos sociais para conhecer melhor a conjuntura política do país. Em praticamente todos os casos me respondiam que a situação era muita delicada, que diversos militan-tes já haviam sido ameaçados de morte e negavam o encontro por-que não poderiam garantir minha segurança. Durante a década de 80, os primeiros diálogos de paz entre as Forças Armadas Revolucioná-rias da Colômbia (Farc) e o governo abriram um caminho institucional para diversos movimentos de es-querda que começaram a disputar eleições pelo recém-criado partido político União Patriótica. Nos anos que se seguiram, entre três e cin-co mil militantes do partido foram assassinados por militares e para-

militares colombianos (dos quais dois candidatos presidenciais, oito congressistas, cerca de oitocentos prefeitos, vereadores e deputados, além de milhares de ativistas locais e militantes de base). O genocídio político deixou sua marca.

Por Marina Praça

Confira a reportagem na

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Vírus Planetário - juNho 2013 15

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Foto: Artur Romeu

EntrEviStA INCluSivA:

André de SouzaAndré Luiz Abreu de Souza tem 38 anos, todos vividos na Favela da Babi-

lônia, localizada no Leme, bairro nobre do Rio de Janeiro. Ele tem sido um dos protagonistas do Movimento Favela Não se Cala que realiza encon-tros em comunidades para debater temas como remoções de moradores e os abusos das Unidades de Polícia Pacificadora. André defende o fim das UPPs e a maior união entre as favelas do Rio de Janeiro para fazer frente ao modelo de desenvolvimento adotado pelo atual governo. Com um discurso afiado, ele aponta caminhos que valorizam o trabalho de base, a formação política a longo prazo e a relação mais estreita entre movimentos sociais, academia e as massas.

“ O Favela Não se Cala

prioriza muito o trabalho nas

bases e essa construção junto

às massas”

A Favela não se cala

Confira a entrevista na edição completa digital ou impressa

Vírus Planetário - juNho 201316

Page 17: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

Sob controle do EstadoEstatuto do nascituro representa o avanço do conservadorismo no país contra os direitos das mulheres

política Arte: Elisa Riemer

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa

Page 18: Prévia Edição 24 Revista Vírus Planetário

Paulo de FrontinNo dia 28 de maio, os profissionais da educação municipal de Pau-lo de Frontin aprovaram por unanimidade a entrada em greve. A categoria, que já esteve paralisada em abril deste ano, reivindica o cumprimento da Lei Municipal nº 1.077/2012 que instituiu o PCCS, eleição para diretor de escola e concessão, por parte do poder exe-cutivo, do desconto sindical em folha dos sindicalizados ao Sepe.

MesquitaA rede municipal de Mesquita realizou no dia 21 de maio uma pa-ralisação de 24 horas. Neste dia, a categoria realizou assembleia e decidiu entrar em greve a partir do dia 11 de junho. Além do reajuste de 14%, a rede municipal exige incorporação do abono mensal e a abertura de discussão sobre questões como a terceiri-zação da merenda na rede.

Belford RoxoNo último dia 06, os profissionais de educação da Rede Municipal de educação de Belford Roxo decidiram em assembleia por uma nova paralisação de 48 horas, a ser realizada nos dias 12 e 13 de junho – a rede está em estado de greve. Até o momento, o governo não apresentou o calendário de obras relativo à melhoria da infra-estrutura das escolas. Os profissionais também reivindicam o valor de 10 % de gratificação incorporada (o governo ofereceu 6,49%) e o pagamento das duplas jornadas.

www.seperj.org.br

Educação Estadual na luta!

36 anos

Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro

Diversas redes municipais do estado do Rio de Janeiro estão em campanha salarial e a mobilização dos profissionais fez com que várias redes entrassem em greve para arrancar dos governos o atendimento às suas reivindicações. Veja um quadro das paralisações em diversos municípios do estado.

Vassouras A rede municipal de Vassouras entrou em greve no dia 6 de maio. Até o momento, a prefeitura não atendeu à pauta de reivindicações, além de tentar dividir a categoria, ao conceder reajuste apenas para o magistério. O índice de adesão, segundo o Sepe Vassou-ras, é de 90%. Desde o dia 03/06, os profissionais de educação se encontram acampados na frente da Câmara Municipal.

ItatiaiaA rede municipal de Itatiaia entrou em estado de greve no dia 6 de maio. A categoria exige a abertura de negociações com o prefeito Luiz Carlos Ferreira Bastos que, há quase dois anos não recebe o funcionalismo para negociar.

ValençaOs profissionais das escolas municipais de Valença entraram em greve no dia 29 de maio. A categoria reivindica reajuste salarial de 15%, aumento na gratificação para as diretoras das escolas e creches municipais, insalubridade para o pessoal das creches e o cumprimento do PCCS em vigor e do Estatuto do Funcionalismo municipal.

São GonçaloEm Assembleia da rede municipal de SG, realizada no dia 05/06, a categoria decidiu por dar continuidade a greve iniciada em 4 de maio. Na segunda-feira, dia 10/06 houve uma passeata, onde os profissionais da educação municipal, vestidos com camisas pretas, protestaram contra os baixos salários da educação e a falta de con-dições de trabalho nas escolas municipais.

Redes municipais em luta por reajuste e direitos

Profissionais da educação de São Gonçalo, que entraram em greve em maio realizam ato na prefeitura

Educadores de Vassouras acampados em frente à Câmara de Vereadores

Assembleia em Valença