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Teia do Saber - 2005
O ensino de Ciências Biológicas: novos tempos
Prof.Dr. Dalton de Souza AmorimDepto. de Biologia - USP/Ribeirão Preto
É comum o ensino de qualquer área da Ciência estar atrasado em relação ao conhecimento na linha de frente da pesquisa.
A base do Ensino atual de Zoologia e Botânica no Ensino Fundamental e Médio corresponde a um paradigma de 23 séculos atrás!
Ou seja, apesar dos 100 anos do conceito de evolução, o ensino de Zoologia e Botânica ainda é tipológico e essencialista.
Dois motivos “nobres” para estudar Zoologia e Botânica:
- conhecimento da biodiversidade;- ordenação do conhecimento da biodiversidade.
2. Compreensão limitada da relação entre o conceito de evolução e o conhecimento da diversidade biológica
A teoria da evolução fornece um paradigma que substitui a visão estática embutida no fixismo:
mecanismos de seleção e adaptação
A teoria da evolução fornece um paradigma para a ausência de conexão entre as espécies, embutida no fixismo:
a existência de uma filogenia.
Filogenia:
• Há três maneiras diferentes de arrumar três espécies em uma classificação
A B C B A C C A B
A quantidade de conhecimento por trás da classificação é imensa, ainda que pareça trivial.
Mas a classificação é um reflexo, não é o objetivo.
Conseqüentemente, o ensino de Zoologia e Botânica, mais que ensinar nomes de grupos e de características, ensina a ordem subjacente à diversidade
O resultado do ensino tradicional é:
(1) o conhecimento fragmentado dos grupos;
(2) a cristalização de conceitos pré-evolutivos;
(3) a redução da Zoologia e da Botânica à simples memorização de nomes de grupos e de estruturas.
- No ancestral de que grupo surgiu metabolismo envolvendo o ciclo de Krebs? De outra maneira, para que grupo o metabolismo do ciclo de Krebsé sinapomorfia?
- No ancestral de que grupo surgiu ATP sintase?
- No ancestral de que grupo surgiram as penas, em vertebrados terrestres?
- No ancestral de que grupo surgiram as histonas?
3. Induz o conceito de ancestralidade subjacente à ordem visível
Não é necessário o domínio de conceitos complexos e abstratos, como o de evolução.
4. Trabalha com o conceito de homologia
O conceito de homologia é um dos mais fundamentais em Biologia e, mesmo assim, um dos mais intuitivos. Isso ajuda a compreensão da nomenclatura
5. Induz o conceito de sinapomorfia
A reunião de grupos não é feita com base em “semelhança” e as características que reúnem os grupos aparecem apenas uma vez no esquema geral.
6. Uso de desenhos diagramáticos
A representação dos vários grupos (no caderno dos alunos) não depende de técnica elaborada de desenho
7. Minimiza as dificuldades com o Latim
O nome técnico dos grupos vem depois que o conceito sobre os grupos está formado. Zoologia não é latim!