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TEIA DO TEIA DO SABER SABER 2005 METODOLOGIA DE ENSINO DE DISCIPLINAS DA ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA, MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS DO ENSINO MÉDIO: FÍSICA, QUÍMICA E BIOLOGIA Material Pedagógico para uso do professor E Venda Proibida Coordenação Geral Prof. Dr. Mauricio dos Santos Matos (16) 3602-3670 e-mail:[email protected] Acompanhe a programação pela internet: http://sites.ffclrp.usp.br/laife TURMA INICIAL- Sertãozinho Fundação de Apoio às Ciências: Humanas, Exatas e Naturais SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO COORDENADORIA DO ENSINO DO INTERIOR DIRETORIA DE ENSINO - REGIÃO DE SERTÃOZINHO Meio Ambiente e Sociedade: A Ciência que faz Falta ao Cidadão Profa. Dra. Maria Lúcia A. M. Campos Dra. Daniela Gonçalves de Abreu

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TEIA DOTEIA DO SABERSABER2005

METODOLOGIA DE ENSINO DE DISCIPLINAS DA ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA, MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS DO ENSINO

MÉDIO: FÍSICA, QUÍMICA E BIOLOGIA

Material Pedagógico para uso do professorEVenda Proibida Coordenação GeralProf. Dr. Mauricio dos Santos Matos(16) 3602-3670 e-mail:[email protected]

Acompanhe a programação pela internet: http://sites.ffclrp.usp.br/laife

TURMA INICIAL- Sertãozinho

Fundação de Apoio às Ciências: Humanas, Exatas e Naturais

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOCOORDENADORIA DO ENSINO DO INTERIORDIRETORIA DE ENSINO - REGIÃO DE SERTÃOZINHO

Meio Ambiente e Sociedade:A Ciência que faz Falta ao Cidadão

Profa. Dra. Maria Lúcia A. M. CamposDra. Daniela Gonçalves de Abreu

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TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas

1Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE: A CIÊNCIA QUE FAZ FALTA AO CIDADÃO

Profa. Dra. Maria Lúcia ª M. Santos e Dra. Daniela Gonçalves de Abreu

APRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES DO MÓDULO DE ENSINO

M. Lúcia A. M. Campos: Formada em Licenciatura e Bacharelado em Química pela UFSCar

(1985), fez mestrado na área de Química Analítica na UNICAMP (1988) e se doutorou em Oceanogra-

fia Química pela Universidade de Liverpool na Inglaterra (1992). Entre os anos de 1992 e 1996 traba-

lhou como Pesquisadora na Escola de Ciências Ambientais da Universidade de East Anglia, na Ingla-

terra. No Brasil, trabalhou como Professora Visitante na Fundação Universidade do Rio Grande, no

curso de Oceanografia, e na Universidade Federal de Santa Catarina no curso de Química. É docente

do Departamento de Química da FFCLRP- USP de Ribeirão Preto desde 2001, coordenadora do Labo-

ratório de Química Ambiental, e desde 2004 assumiu a coordenadoria do Centro de Ensino Integrado

de Química.

Daniela Gonçalves de Abreu: Bacharel (1997) e Licenciada em Química (2000), Mestre (2000) e

Doutora em Ciências (2003) pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Uni-

versidade de São Paulo (FFCLRP/USP). Professora do Curso de Licenciatura em Química (desde

2002) e do curso de Especialização em Educação Química da Universidade de Franca (UNIFRAN)

(desde 2003). Contratada como Educadora do Departamento de Química da FFCLRP/USP desde

2002. Desenvolve atividades relacionadas ao ensino de Ciências junto às escolas da rede pública da

região de Ribeirão Preto como participante ativa do CEIQ (Centro de Ensino Integrado de Química).

“A natureza achará uma solução para a poluição causada pela civilização. A questão que permanece é se os seres humanos estão incluídos ou não.”

Mikhail Gorbatchev

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TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas

2Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

PROGRAMAÇÃO (Profa. Daniela G. de Abreu)

7h50 ás 8h30 Introdução geral ao tema, retomada dos temas anteriores. 8h30 às 8h50 Resolução do questionário apresentado, com o objetivo de diagnosticar quais são as a-tividades de educação ambiental que vem sendo realizadas nas escolas dos professores participantes. 8h50 às 10h30 Leitura e discussão do texto 1. Contraposição com as respostas das questões respondi-das no questio-nário. Discussão do impacto destas atividades na preservação efetiva do meio ambiente. 10h30 às 10h50 Intervalo 10h50 às 12h00 Reflexões sobre as contribuições individuais para o efeito estufa, a partir da análise de figuras e dis-cussão de questões problemas. Discussão das informações contidas nos textos 2, 3 e 4. Construção de uma tabela contendo proposições de atitudes que pode-riam ser tomadas no âmbito individual, escolar, municipal, nacional e global para evi-tar a degradação do meio ambiente. 12h00 às 13h00 Apresentação e discussão das propostas. Resolução de uma situação problema.

PROGRAMAÇÃO (Profa. Maria Lúcia A. M. Campos)

7h50 às 8h30 Introdução geral ao tema, e retomada dos temas anteriores. 8h30 às 9h00 Resolução de questionário. 9h00 às 10h30 Discussão das questões do questionário contrapondo os conceitos científicos envolvi-dos e as concep-ções prévias dos professores. Apresentação de diferentes recursos pe-dagógicos que podem ser utiliza-dos em sala de aula. 10h30 às 10h50 Intervalo 10h50 às 12h00 Continuação da discussão. 12h00 às 13h00 Serão formados grupos para resolução de uma situação problema reunindo conceitos das diferentes áreas.

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TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas

3Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

APRESENTAÇÃO DAS ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS

Caros Professores:

Pode-se dizer que os meios de comunicação veiculam várias frases de efeito que po-

voam o mundo do consumo e da propaganda em que vivemos. Produtos a venda de um lado,

consumidores de outro e uma sofisticada indústria de marketing que constrói grandes menti-

ras, a partir de pequenas verdades. São exemplos citados por Bizzo e Kawasaki (1999): “óleo

de soja sem colesterol”, “alfaces naturais”, “indústrias não impactantes”, etc. O consumidor

não questiona, acredita e compra. Além disso, grandes indústrias “preocupadas com o meio

ambiente” incentivam a reciclagem de produtos, como por exemplo, o plástico e latas de alu-

mínio e indiretamente incentivam um maior consumo dos mesmos. As pessoas participam

sem nenhum questionamento. Tal situação revela o baixo nível de instrução do cidadão e a

necessidade de uma escola básica que lhe proporcione educação científica de qualidade. Além

disso, apesar da educação ambiental estar presente em duas de cada três escolas brasileiras

(Girardi, 2004) é preciso refletir sobre a qualidade e o impacto das atividades realizadas. É

neste momento que surge a necessidade de uma escola que forme cidadãos críticos, a partir de

conhecimentos de Biologia, Química, Física, História, Geografia, Português, Matemática,

enfim, de uma ciência que ajude a compreender os fenômenos e processos que ocorrem no

meio ambiente e que fundamentem os nossos valores, ideais, ações e tomada de decisões.

A partir das concepções prévias dos professores sobre determinados temas ambientais,

pretende-se trabalhar conceitos científicos que fazem falta ao cidadão, para que ele compre-

enda as questões ambientais, veiculadas nos meios de comunicação, em sua totalidade e a sua

responsabilidade na diminuição ou eliminação do problema, podendo exercer de forma cons-

ciente a cidadania.

A temática ambiental é um dos temas transversais propostos nos Parâmetros Curricu-

lares Nacionais (SEF/MEC, 1998) e, por isso, deve “transversalizar” e “integrar” as áreas e

disciplinas já existentes no currículo escolar:

“Por serem questões sociais, os temas transversais têm natureza diferente das áreas

convencionais. Tratam de processos que estão sendo intensamente vividos pela sociedade,

pelas comunidades, pelas famílias, pelos alunos e educadores em seu cotidiano. São debati-

dos em diferentes espaços sociais, em busca de soluções e alternativas, confrontando posi-

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TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas

4Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

cionamentos diversos tanto em relação à intervenção no âmbito social mais amplo quanto à

atuação pessoal. São questões urgentes que interrogam sobre a vida humana, sobre a reali-

dade que está sendo construída e que demandam transformações macrosociais e também

atitudes pessoais, portanto, ensino e aprendizagem relativos a estas duas dimensões.”

SEF/MEC, 1998, p. 26

O mero repasse de conceitos e informações não educa, e até certo ponto, dificulta a

motivação do indivíduo, pois ante a avalanche de informações que recebe, o aluno se sente

incapaz frente à dimensão real do problema. Então como educar o indivíduo para que ele

reconheça o problema e deixe de agredir o meio ambiente?

Desde as primeiras experiências e implementações pioneiras da Educação Ambiental

(EA) no Brasil, o aspecto ecológico vem sendo enfatizado e restrito, algumas vezes, às disci-

plinas de Ciências (Ensino Fundamental) e Biologia (Ensino Médio). A reciclagem de materi-

ais tem sido uma prática comum nas escolas, em projetos que objetivam a abordagem da EA e

a conscientização dos alunos sobre os problemas ambientais. No entanto, experiências de va-

riadas formas têm demonstrado que conhecimento e conscientização, não bastam para uma

educação ambiental efetiva. Para terem efeito, as ações ambientais na escola devem ser acom-

panhadas de uma sensibilização do papel de cada um. Faz-se imperativo uma mudança de

estratégias e enfoques que permitam dar um passo crucial para frente; um passo a partir do

conhecimento e consciência para a ação preventiva e resolução real e efetiva [Pedrini, 1997].

Neste contexto, durante este curso, pretende-se resgatar com os professores algumas

práticas que têm sido desenvolvidas na escola com o objetivo de abordar a EA e qual o impac-

to das mesmas, na formação de um indivíduo mais consciente sobre o seu papel na questão

ambiental.

Desta forma, nesta oficina pretendemos contribuir para reflexões sobre:

a) um ensino de ciências naturais de forma integrada e contextualizada, possibilitando

a abordagem de aspectos naturais e sócio-ambientais, em seu nível local, regional e global;

b) desenvolver aspectos científicos que fazem falta ao cidadão para compreensão dos

fenômenos ambientais que vem sendo divulgados pela mídia, e ao mesmo tempo se tornar um

consumidor mais consciente;

c) a abordagem da educação ambiental no ensino de ciências, envolvendo conheci-

mentos científicos, valores e tomada de decisões partindo do âmbito pessoal, até o global.

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TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas

5Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

Referências:

BIZZO, N. e KAWASAKI, C.S. Projeto: Revista de Educação: Ciências: que temas eleger? Porto Alegre: Projeto, 1(1):25-34, 1999. GIRARDI, G. Folha de São Paulo- Sinapse, de 26 de outubro de 2004. BRASIL/SEF/MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais: temas transversais: meio am-

biente e saúde. Brasília: SEF/MEC, 1997. PEDRINI, A.G. Educação Ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. 4a. edi-

ção. São Paulo: Editora Vozes, 1997.

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TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas

6Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

Questionário (Profa. Daniela G. de Abreu)

1. Você é Professor(a) da área de: matemática física química biologia

2. Você atua: só na rede pública só na rede particular nas duas redes (pública e

particular)

3. Você já desenvolveu atividades de educação ambiental nas escolas em que atuou co-mo professor(a)? sim não

4. Em caso afirmativo na questão anterior:

5. Descreva brevemente quais foram as atividades de educação ambiental desenvolvidas.

6. Foi possível observar mudanças de atitude dos alunos que participaram das atividades

de educação ambiental? sim não.

7. Cite três ações suas que contribuem para aumentar o nível de CO2 na atmosfera.

8. Existe relação entre desmatamento e efeito estufa? sim não

9. O fato do homem respirar contribui com o efeito estufa? sim não

10. Se uma pessoa comprou um carro 0 km movido a gasolina e ainda não o retirou da concessionária, pode-se afirmar que este carro ainda não contribuiu para o aumento da concentração de CO2 na atmosfera? verdadeiro falso

11. Quem é o maior poluidor: o pobre ou o rico? pobre rico depende

Questionário (Profa. Maria Lúcia A. M. Campos)

Você é Professor(a) da área de: matemática física química biologia

1. Assinale os gases que NÃO são causadores do efeito estufa: SO2 H2O NO2 CFCs CO2 O3 CH4 SF6

2. Cite 3 ações suas que contribuem para aumentar o nível de CO2 na atmosfera.

3. O que você espera que aconteça ao nível do mar se grandes quantidades de gelo nos

mares do Ártico derreterem? aumente diminua não se altere

4. É possível saber qual era a concentração atmosférica de CO2 há milhares de anos a-

trás? sim não

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TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas

7Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

5. Há provas de que em várias ocasiões na história do planeta (milhares de anos), a tem-

peratura aumentou muito, sem que houvesse a contribuição da poluição causada pelo homem. Portanto, pode-se concluir que o aquecimento do planeta que se vê atualmen-te pode ser decorrente de um processo natural. falso verdadeiro

6. Você acha possível que o planeta sofra um resfriamento como conseqüência do efeito estufa? sim não

7. A diminuição da espessura da camada de ozônio (conhecida como “buraco” da cama-da de ozônio) poderia levar a um aumento do efeito estufa por que permitiria uma maior penetração de radiação ultravioleta na superfície da Terra.

falso verdadeiro

8. O ar condicionado “ecológico” que vemos anunciados em ônibus de Ribeirão Preto, ou em lojas, tem essa denominação porque não polui e nem destrói a camada de ozô-nio.

falso verdadeiro

9. Suponha que 1 litro de gasolina gere a mesma quantidade de CO2 para a atmosfera que 1 litro de álcool extraído da cana de açúcar, então poderíamos concluir que ambos os combustíveis contribuem da mesma forma para o aumento do efeito estufa?

sim não

10. Um dos motivos (além da questão da fuligem) que leva a queimada da palha da cana-de-açúcar ser indesejável é devido à emissão de CO2 para a atmosfera durante o pro-cesso da queimada.

falso verdadeiro

11. A grande vantagem do álcool (etanol) utilizado como combustível de automóveis é que este não polui.

falso verdadeiro 12. Cite a principal origem dos seguintes gases: SO2 NO2 CFCs CO2

Tarefa 1

Leia o texto 1 e discuta-o em grupo de até quatro pessoas. Cada grupo deve anotar a síntese

das conclusões, para posterior apresentação e discussão no “grande grupo” (toda turma). Pre-

tende-se contrapor os objetivos da Educação Ambiental e as estratégias que vem sendo adota-

das nas escolas para a implantação da mesma.

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TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas

8Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

Texto 1:

Este texto discute a abordagem da educação ambiental em escolas brasileiras e foi extraído da

Folha de São Paulo - Caderno Sinapse, de 26 de outubro de 2004:

HORA DE AMADURECER – Apesar de a educação ambiental estar pre-sente em duas de cada três escolas brasileiras, especialistas afirmam que

falta qualidade às aulas. Giovana Girardi, free lance para a Folha de São Paulo

Em junho deste ano, o INEP (Instituto nacional de Estudos e Pesquisas educacionais

Anísio Teixeira) divulgou dados do censo escolar apontando que 65% das escolas de Ensino

Fundamental no Brasil oferecem algum tipo de Educação Ambiental. Mas o dado, que a pri-

meira vista poderia ser encarado como animador, merece uma reflexão. Que educação ambi-

ental é oferecida em nossas escolas?

Ter uma horta no fundo do quintal, plantar árvores em datas comemorativas ou ofere-

cer latões coloridos para fazer a coleta seletiva do lixo pode não significar muita coisa. Para

ter efeito, essas ações precisam estar acompanhadas de uma sensibilização para os problemas

ambientais e para o papel da cada um nisso, alertam especialistas ouvidos pelo Sinapse.

“Chegamos à quantidade, agora é importante pensar na qualidade do que está sendo ensina-

do”, afirma Guilherme Blauth, coordenador da ONG Harmonia da terra, que atua com a for-

mação de educadores ambientais em Santa Catarina.

A demanda pela discussão é tanta que motivou neste ano o lançamento de vários livros

sobre o assunto, além da realização de dois congressos. O Congresso Mundial de Educação

Ambiental aconteceu em setembro, com coordenação da FIOCRUZ e da associação Brasileira

de Ciência. De 3 a 6 de novembro, os ministérios da Educação e do Meio Ambiente realizam

o 5o. Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, evento que não ocorria desde 1997. A princi-

pal preocupação de toda essa mobilização é fazer com que a EA faça sentido para a vida dos

alunos, professores e comunidades e possa servir como instrumento para uma sociedade sus-

tentável.

“É nas práticas pedagógicas cotidianas que a EA poderá oferecer uma possibilidade de

reflexão sobre alternativas e intervenções sociais, nas quais a vida seja constantemente valori-

zada e os atos de deslealdade, injustiça e crueldade possam ser repudiados”, defende Marcos

Reigota, professor da Universidade de Sorocaba, que fez parte da mesa de abertura do con-

gresso mundial.

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9Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

Há tempos o termo sustentabilidade não é exclusivo aos ambientalistas, mas o fato de

ter entrado no discurso das pessoas ainda não basta para reverter os estragos no ambiente. É

nesse vácuo que uma educação ambiental bem feita pode surtir efeito, esperam os especialis-

tas.

“Nunca houve tanta informação sobre ambiente quanto hoje, no entanto nunca se de-

gradou tanto. Precisamos fazer com que a boa vontade desses professores não reme na direção

contrária”, afirma Marcos Sorrentino, coordenador do Programa de EA no Ministério do Meio

Ambiente. “Queremos que estas ações produzam uma compreensão histórica de causas e con-

seqüências”.

Uma das atividades que corre o risco de seguir na direção contrária, de acordo com

Sorrentino, são os programas de coleta seletiva e reciclagem. “Sem reflexão, eles podem es-

timular um consumo maior”. Ele explica que é o que ocorre, por exemplo, quando a escola

premia o aluno que traz mais latinhas. “É preciso ter coerência. Em vez de simplesmente de-

positar nos locais certos, é melhor substituir o copo de plástico pela caneca de cerâmica e evi-

tar o isopor”, completa Blauth.

A preocupação também está norteando o Governo. Neste ano, o MEC deu início a um

programa de formação de 32 mil professores em todo o Brasil, sob o tema “Consumo susten-

tável com abordagem científica, de políticas públicas e sugestões de atividades em sala de

aula”. “Queremos que eles percebam que nem tudo é consumível”, diz Rachel Trajber, coor-

denadora geral de EA no ministério.

Além desta diretriz e dos conceitos gerais passados aos professores, o programa do

MEC pretende que cada escola aborde a EA a partir das necessidades locais. É o famoso

“pensar globalmente, agir localmente”, que tem sido destacado por especialistas da área.

“Não basta falar da Amazônia quando a praça em frente está destruída. As questões

globais tem de ser compreendidas, mas antes é importante perceber o entorno em que vive-

mos”, diz Blauth. Para conseguir isso, a primeira coisa a fazer é aprender na prática. É o que

estão fazendo escolas de Embu, na Grande SP, em um projeto idealizado pelo Instituto Ciên-

cia Hoje, organização ligada a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), com

a Prefeitura da cidade.

Com o projeto Embu na Onda do Mar, os alunos das quartas séries do ensino funda-

mental das escolas municipais saem a campo, em um determinado período do ano, para inves-

tigar problemas da cidade, localizada em área de mananciais e cercada por rios poluídos.

Quem aprende primeiro são os professores. No curso de formação, eles são orientados

a mudar a forma tradicional de ensino. Em vez de se basearem apenas no livro didático, des-

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TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas

10Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

cobrem que fazer atividades relacionadas aos interesses da comunidade é mais interessante.

“Esse processo é impressionante. No primeiro programa, percebemos que muitos professores

não tinham idéia do que poderia ser feito em educação ambiental”, diz Ricardo Madeira, su-

perintendente do ICH.

Antes de sair da escola, os alunos formulam questões sobre fatos da natureza que de-

vem ser observados. Na coleta de dados, elaboram hipóteses e, quando voltam para sala de

aula, se mobilizam para encontrar as respostas. Para isso usam recursos com experiências,

pesquisas em livros, revistas, internet e até entrevistas com especialistas.

A etapa seguinte é passar um dia na Baixada Santista, onde podem comparar os ecos-

sistemas da cidade e do litoral. Depois, as turmas trocam informações. Ao final da expedição,

todos vão à praia. “Eles aprendem se divertindo. Apesar da agitação por conta da viagem e do

mar, que muitos nunca viram, todos sabem que tem muito trabalho a fazer e sempre põem a

mão na massa”, conta Maria Del Carmen Chude, diretora pedagógica do Programa Ciência

Hoje de Apoio à Educação, que coordena o projeto.

Por meio desta abordagem, vários assuntos passam a fazer sentido. Por exemplo, ao

compararem a água do rio na nascente e na cidade, os alunos percebem que a poluição é cau-

sada pelo homem. “Eles vêem que antes, a cidade deles também tinha mata atlântica e com-

preendem o impacto da degradação ambiental”, explica Maria Del Carmen.

Outro resultado positivo é que, realizada desta forma, a educação ambiental se torna

um tema transversal em todas as disciplinas. De um modo geral, as escolas tem restringido o

assunto aos professores de ciências, biologia ou geografia – ou mesmo criam uma disciplina

para tratar do assunto. “Não é raro ver escola que separa saúde e ambiente, que não relaciona

o desmatamento ao surgimento de uma endemia como a malária”, critica a bióloga da

FIOCRUZ, Danielle Grynszpan, que coordenou o Congresso Mundial de EA.

“Isso empobrece o trabalho. Educação Ambiental é uma forma de ver o mundo. Tem

de ser uma prática integrada e contínua em todos os níveis de ensino”, completa Rachel Traj-

ber, do MEC.

Para formar educadores ambientais, a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária) lançou a coleção de cinco livros “Educação Ambiental para o desenvolvimento

sustentável”, (Globo, R$ 37 cada um). “A idéia é que qualquer pessoa possa desenvolver um

projeto na área”, diz Valéria Sucena Hammes, coordenadora da proposta.

Para terem efeito, ações ambientais na escola devem ser acompanhadas de uma sen-

sibilização e do papel de cada um.

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TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas

11Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

Um bom exemplo de transversalidade vem ocorrendo na escola da Fundação Bradesco

em São João Del Rei (MG). Há dois anos, a fundação decidiu incluir a educação ambiental

nas escolas, com um professor responsável pelas aulas. Mas não deu certo. Não havia integra-

ção com as outras disciplinas, e a aula acabava repetindo o conteúdo de outras. Hoje a cadeira

ainda existe, mas o conceito é outro.

Para começar, foi chamado um profissional diferente para ensinar: um engenheiro a-

grícola, cujo papel não é dar aulas, mas ajudar no planejamento dos professores. No começo

do ano, ele avalia os currículos, reúne-se com cada um dos docentes e sugere desde inserções

simples de questões ambientais em aula até projetos maiores, como estudos de campo. “Em

matemática, por exemplo, quando se estuda regra de três ,é possível fazer a conta: quantas

árvores são necessárias para fazer um livro?”, explica Waldir Alves Pereira Júnior, responsá-

vel pelo trabalho.

Com a orientação do professor, os alunos da quarta série produziram um livro de

receitas com ingredientes normalmente desprezados, como folha de beterraba, casca de batata

e caroço de melancia. Com outra turma, reuniu os conteúdos de geografia, português e

ciências em uma visita ao supermercado – o fato observado: a substituição de vidro por

plástico em embalagens. Em ciências, avaliaram o impacto na natureza. Em geografia,

conheceram conceitos de industrialização. Em português elaboraram cartas para empresa

questionando a mudança.

O professor coordena ainda projetos amplos, que envolvem a escola inteira, como a

reciclagem de papel e a transformação dos restos de comida em adubo para horta orgânica.

“Fechamos um ciclo por meio do qual a escola consome o que ela própria produz. E os restos

voltam a alimentar essa produção”, explica Pereira Júnior.

Toda sala de aula tem um latão específico para o depósito de papel branco, que vai de-

pois para uma mini-usina de reciclagem, manuseada pelos próprios estudantes. O que é reci-

clado ali volta para o uso da escola e da comunidade na forma de convite, cartão, diploma,

cardápio, livro, embalagem, porta-retrato, etc.

Em outra frente, os alunos trabalham o desperdício de alimentos na merenda e enca-

minham para a composteira – onde restos orgânicos são transformados em adubo. Eles tam-

bém cuidam um minhocário, que serve para a obtenção de húmus. A produção alimenta a hor-

ta, que alimenta a escola. “Se quisermos uma escola verde, nada poderá ser perdido. Aqui a

gente transforma tudo”, diz Pereira Júnior. Uma etapa importante da construção da sociedade

sustentável depende agora desses alunos. “Nossa intenção é que eles sejam multiplicadores de

conhecimento, levando esses conceitos para casa.”

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TEIA DO SABER 2005 Metodologia de Ensino de Disciplinas da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas

12Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

Texto 2:

Extraído de http://www.estadao.com.br/rss/ciencia/2005/mai/12/71.htm (CIÊNCIA E MEIO

AMBIENTE , Quinta-feira, 12 de maio de 2005 - 12h32)

Brasil é tetracampeão em reciclagem de latas

São 25 milhões de latas de alumínio para bebidas recicladas por dia. Em 2004, foram

recicladas 95,7% das latas usadas.

São Paulo - O Brasil recicla 25 milhões de latas de alumínio para bebidas por dia. Essa

marca fez com que o País se mantivesse, pelo quarto ano consecutivo, na liderança do ranking

mundial de reciclagem de latas. Em 2004, foram recicladas 95,7% das latas usadas, 6,7 pontos

percentuais acima da marca atingida em 2003.

O levantamento inclui apenas os países em que a atividade não é obrigatória por lei,

como Japão e Estados Unidos. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira do A-

lumínio (ABAL) e pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilida-

de (ABRALATAS).

Ao todo, 121 mil toneladas de latas de alumínio foram recicladas em 2004, ou cerca de

9 bilhões de latas. O reaproveitamento desse tipo de sucata tem levado o Brasil ao topo do

ranking mundial desde 2001.

“Esses números contemplam apenas empresas legalizadas e não pequenos negócios in-

formais. Com isso, o índice de reciclagem de latas pode chegar a 99%”, disse Elder Rondelli,

da Comissão de Reciclagem da ABAL.

A indústria do alumínio representa 3,3% do PIB industrial brasileiro.

“Isso significa que a injeção de R$ 1,4 bilhão na economia em 2004, sendo R$ 450 mi-

lhões apenas na etapa de coleta. Esse volume de negócios incentiva a criação de equipamentos

e de sistemas para reciclagem cada vez mais eficientes, possibilitando um desenvolvimento

tecnológico mais amplo para o setor”, afirma Rondelli.

Segundo os especialistas, esse resultado positivo é fruto da soma de vários aspectos,

entre eles o alto valor da sucata de alumínio aliado à sua grande disponibilidade durante todo

o ano. Outro ponto é que o mercado de reciclagem do alumínio já está estabelecido em todas

as regiões do Brasil, com uma ampla estrutura de processamento e transporte.

Um dos fatores que mais contribuíram para o progresso da reciclagem no País foi o

engajamento da classe média. Entre 2000 e 2004, cresceu de 10% para 19% a participação de

condomínios e de clubes na coleta de latas usadas.

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13Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

“A crescente conscientização da população quanto à necessidade de reciclagem de

embalagens é uma das principais causas do sucesso desse tipo de atividade”, aponta Rondelli.

Texto 3:

extraído de http://www.radiobras.gov.br/ct/sos.htm - acessado em 28/08/2005, às 10h55.

Reciclagem e economia

A adoção de medidas recicláveis gera não apenas vantagens para a economia mas

grandes ganhos na qualidade ambiental que têm reflexos na população das cidades. Eis alguns exemplos:

o Cada tonelada de papel reciclado representa 3 m³ de espaço disponível nos aterros sa-nitários;

o A energia economizada com a reciclagem de uma única garrafa de vidro é suficiente para manter acesa uma lâmpada de 100 W durante quatro horas;

o Com a reciclagem de uma lata de alumínio economiza-se o suficiente para manter li-gado um aparelho de televisão durante 3 horas;

o 1 tonelada de papel reciclado significa economia de três eucaliptos e 32 pinus, árvores usadas na produção de celulose;

o Na fabricação de 1 tonelada de papel reciclado são necessários apenas 2 mil litros de água, ao passo que no processo tradicional esse volume pode chegar a 100 mil litros por tonelada;

o O Brasil só recicla cerca de 30% de seu consumo de papel; o O vidro é 100% reciclável e o Brasil só recicla cerca de 14,2% do vidro que produz e

consome; o Cada tonelada de aço reciclado representa uma economia de 1.140 Kg de minério de

ferro, 454 Kg de carvão e 18 Kg de cal, sem perda da qualidade; o Em 1999, durante o carnaval de Salvador (BA), foram coletadas nas ruas o equivalente

a 55 toneladas de latinhas de alumínio; o Dados de 1999: o Brasil posiciona-se em primeiro lugar no ranking mundial de reci-

clagem de alumínio, desbancando os Estados Unidos. Fontes: Limpurb e Programa de Educação Ambiental do Projeto Metropolitano de

Salvador.

Texto 4:

Extraído da Folha On-line (20/07/2004 - 11h24)

Amazônia coloca Brasil na lista dos países mais poluentes

As queimadas na Floresta Amazônica colocaram o Brasil na lista dos dez países mais

poluentes do mundo, de acordo com um estudo que pode pressionar o governo federal a com-

bater a destruição da floresta.

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14Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

Dentro de alguns meses, o governo deve publicar um relatório sobre as emissões de

gás carbônico (CO2),principal responsável pelo efeito estufa, que deve desafiar a visão de que

a Amazônia "é o pulmão do mundo".

Em vez disso, o estudo diz que a maioria do gás carbônico emitido pelo Brasil, que

contribui para o aquecimento global, vem de fumaça relacionada com o desmatamento da

Amazônia, e não de combustíveis fósseis que são os responsáveis pela emissão de gases na

maioria dos países.

Paulo Moutinho, pesquisador da ONG Instituto para Pesquisa da Amazônia, disse que

o relatório deve mostrar que o Brasil produz cerca de 300 milhões de toneladas de dióxido de

carbono por ano, sendo que 200 milhões vêm da floresta tropical.

Esse número coloca o Brasil acima de economias como o Canadá e a Itália e entre os

dez maiores poluentes do mundo. "O relatório será extensivo, mas ele certamente vai fazer

com que o país olhe com mais cautela para as emissões de gás carbônico", afirmou Moutinho

à agência de notícias Reuters. "Será o reconhecimento oficial das grandes queimadas e desma-

tamentos na Amazônia".

No ano passado, foi registrado o segundo maior índice de destruição da Floresta Ama-

zônica de todos os tempos: uma área de 5,9 milhões de acres foi destruída pela ação de quei-

madas e atividades de madeireiros na região.

Texto 5:

Extraído da Folha On-line (05/06/2005 - 18h22)

Madeira de obras públicas em SP deve ter procedência legal

No Dia Mundial do Meio Ambiente, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin

(PSDB), e o prefeito da capital paulista, José Serra (PSDB), assinaram um decreto que proíbe

o uso de madeira nativa sem procedência legal para obras e serviços públicos.

O objetivo da iniciativa é diminuir o desmatamento ilegal da Amazônia, já que a ma-

deira utilizada deverá ter a ATPF (Autorização de Transporte de Produtos Florestais) emitida

pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) ou pelo

órgão estadual competente.

Além do decreto, a prefeitura firmou termo de compromisso com o Greenpeace,

garantindo que o município não vai utilizar madeira de origem ilegal e de desmatamentos

criminosos.

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15Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

Com o documento, a cidade de São Paulo passa a fazer parte do programa Cidade A-

miga da Amazônia. No Estado, outras cidades aderiram ao programa desenvolvido pelo Gre-

enpeace, entre elas Barueri, Guarulhos, Piracicaba, Campinas, São José dos Campos, Soroca-

ba e Ubatuba. De acordo com o Greenpeace, uma de cada cinco árvores cortadas na Amazô-

nia segue para o estado de São Paulo.

Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, a Secretaria do Verde fez o

plantio de 500 mudas de espécies nativas no Parque Tiquatira, na Zona Leste.

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Tarefa 2

Em grupo de até 4 pessoas, construa uma tabela que contenha propostas de ações que possam

contribuir para não degradação do meio ambiente, no âmbito:

o pessoal (o que você pode fazer?);

o escolar ( o que a escola pode fazer?);

o municipal (o que o setor público de sua cidade pode fazer?);

o nacional ( O que o país pode fazer?);

o global (O que todos os países podem fazer)?.

Cada grupo deverá apresentar e discutir duas proposições com os demais grupos.

Resolução de situação-problema: Problema 1: Considerando que para cada litro de gasolina queimada, 2,2 kg de CO2 é lançado

para a atmosfera, calcule quanto você emite de CO2 só indo de casa para a escola durante o

ano letivo. Discuta com os colegas as variáveis envolvidas na questão e possíveis ações para

minimizar a sua contribuição na emissão desse gás.

Exemplo resolvido de situação problema: Supondo que você pega ônibus todos os dias para ir e voltar da escola, calcule quanto

de CO2 você estaria emitindo (em massa) para a atmosfera durante o ano escolar. Compare

com a emissão de CO2 se você fosse de carro para a escola todos os dias. Primeiramente

calcule quantos gramas de CO2 é gerado pela queima de 1 L de gasolina.

Assumir: o a gasolina é constituída apenas de octano; o densidade da gasolina é 0,72 g/cm3; o o ônibus gasta 1 L de diesel durante o trajeto para a escola contando ida e volta; o o ônibus tem em média 30 pessoas viajando nele; o o carro e o ônibus gastam a mesma quantidade de combustível para percorrer o

trajeto.

Resposta: Combustão do octano:

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17Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

C8H18 + 12,5 O2 8 CO2 + 9H2O Vemos que 1 mol de gasolina produz 8 moles de CO2. Agora vamos transformar em

massa considerando que a densidade da gasolina é 0,72 g/cm3. Transformando 1 L de gasolina em massa: d = m/v = 0,72 portanto 1000 mL (1 L) de gasolina tem 720 g ou 0,72 kg Transformando mol em grama: 1 mol gasolina = 114g

Quantos moles temos em 720 g (1 L): n= m/MM n = 720/114 = 6,3 mol Se queimarmos 720 g (1 L) de gasolina qual a massa de CO2 gerada? 1mol gasolina __________ 8 mol CO2

6,3 mol (1L) __________ x x = 50,5 mol ( 1 mol CO2 = 44 g) portanto, 50,5 x 44g= 2223 g ou 2,22 kg número de semanas de aula = 40 número de dias em cada semana = 5 portanto, o números de dias letivos no ano = 5x40= 200 dias 200 dias equivale ao uso de 200 L de gasolina 1 L gasolina __________ 2,22 kg CO2

200 L ______________ y y = 444 kg CO2 por ano letivo Porém, no ônibus temos que dividir essa emissão por cerca de 30 pessoas,

considerando que o ônibus está sempre cheio. Assim pode-se concluir que se a pessoa viaja de carro para a escola ela emitiria 492

kg de CO2 por ano na atmosfera (só durante o ano letivo). Outra pessoa que viaja de ônibus emitir

Problema 2: O gás de cozinha é constituído principalmente de uma mistura de propano e bu-tano. Para simplificar os cálculos, vamos considerar que um botijão de 13 kg (o mais comum nas casas) contenha apenas butano. Calcule quantos quilogramas de CO2 é emitido para at-mosfera considerando a combustão completa de todo gás desse botijão. MM C4H10 = 58 C4H10 (g) + 13/2 O2 (g) → 4 CO2 (g) + 5 H2O (v)

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18Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

☺ Para discutir:

Procure saber quanto tempo dura um botijão de gás na sua casa e calcule o quanto de CO2 sua família emite para a atmosfera por ano por meio desta atividade. Você também pode fazer o cálculo de emissão de CO2 per capta na sua família.

Problema 3: Você já parou para pensar que o simples ato de queimar carvão durante um chur-rasco contribui para aumentar o efeito estufa? Então vamos estimar o quanto de CO2 emitimos durante um churrasquinho familiar num final de semana... Supondo que foram queimados um saco de 5 kg de carvão, calcule a massa de gás carbônico produzido tomando por base a equa-ção de combustão do carvão:

C(s) + O2 (g) → CO2 (g)

Texto 6:

Texto escrito pela professora Lúcia Campos

Efeito Estufa

Terra

Sol

Para reflexão:

o Por que existe uma preocupação tão gran-

de com relação ao efeito estufa?

o O que pode ser feito para diminuir o efeito

estufa? O que cada um de nós pode fazer?

O que é efeito estufa?

Você já pensou porque o interior do carro com os vidros fechados se aquece tão rapi-

damente? O sol emite radiações em todos os comprimentos de onda, mas a maior parte está

dentro da faixa da luz visível (de 380 a 750 nm – Figura 1), que passa pelo vidro para dentro

do carro. Parte dessa energia é absorvida pelos materiais no interior do carro e parte é refletida

de volta. Essa energia refletida é a radiação infravermelha (de 4 a 40 µm), que por ter um

grande comprimento de onda não passa pelo vidro, ficando aprisionada. Sendo assim fica fácil

deduzir que haverá um armazenamento de energia dentro do carro provocando um aumento

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na temperatura, pois nem toda a energia que entrou sairá. Esta pode ser considerada uma ana-

logia para o efeito estufa global.

Gases como o gás carbônico (CO2), o metano (CH4) e o vapor de água (H2O) funcio-

nam como um ‘telhado’ ao redor da Terra, impedindo que a energia do sol absorvida pela

Terra durante o dia seja emitida de volta para o espaço. Sendo assim, parte do calor fica “apri-

sionado” próximo da Terra, o que faz com que a temperatura média do nosso planeta seja em

torno de 15°C. A esse fenômeno de aquecimento da Terra dá-se o nome de efeito estufa. Se

não existisse o efeito estufa a temperatura média na Terra seria em torno de –15°C.

luz visível

Comprimento de onda aumentaEnergia aumenta

Raiosgama Raios-X UV Infra-

vermelhoMicro-ondas

Ondas de rádio

luz visível

Comprimento de onda aumentaEnergia aumenta

luz visível

Comprimento de onda aumentaEnergia aumenta

Comprimento de onda aumentaEnergia aumenta

Raiosgama Raios-X UV Infra-

vermelhoMicro-ondas

Ondas de rádio

Figura 1: Espectro da luz solar. Por que a preocupação com o efeito estufa?

Se o aquecimento da Terra pelos gases estufa permite que o nosso clima seja mais a-

meno, então por que nos preocupar com o efeito estufa? O grande problema é que o efeito

estufa está aumentando muito rapidamente neste último século, pois está havendo uma alta

emissão de gás carbônico para a atmosfera, principalmente devido à queima de combustíveis

fósseis (carvão, gasolina, diesel) e às queimadas das florestas. Neste último século, a tempera-

tura do nosso planeta aumentou em 0,5 oC. Pode parecer pouco, mas esse aumento já foi sufi-

ciente para abalar o clima do planeta.

O gás carbônico não é o único gás capaz de impedir que a radiação infravermelha emi-

tida da Terra escape. Na verdade este contribui com cerca de 53 % do total dos gases estufa,

sendo que outros gases produzidos pelas atividades humanas também contribuem para o efei-

to estufa: metano (17%); CFCs (12%), e óxido nitroso (6%), entre outros (Tabela 1). Além de

estar em maior porcentagem, a concentração do gás carbônico vem aumentando rapidamente

nas últimas décadas.

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Tabela 1: Concentração na atmosfera atual dos principais gases de efeito estufa, seu Potencial

de Aquecimento Global (P.A.G.) e sua contribuição para o aquecimento que se observa atu-

almente.

Gás Concentração P.A.G. Contribuição CO2 370 ppm 1 53 % CH4 1750 ppb 23 17 %

CFCs CFC-

12(exemplo)

533 ppt

6500

12 %

N2O 285 ppb 310 5 % A Tabela 1 mostra que cada molécula de metano absorve com uma eficiência 23 vezes

maior os raios infravermelhos que o gás carbônico. Já uma molécula de CFC-12, gás muito

utilizado em geladeiras, tem um poder de aquecimento por molécula, 6.500 vezes maior que o

gás carbônico. A maior fonte de óxido nitroso está nos processos naturais devido às atividades

biológicos no solo e nos oceanos, mas a manipulação do solo pelo homem incluindo o uso de

fertilizantes vem aumentando a emissão desse gás para a atmosfera.

Se a emissão de gás carbônico continuar aumentando na mesma velocidade dos últi-

mos anos, a temperatura do planeta poderá aumentar tanto que os desastres previstos são mui-

to grandes. Por exemplo, o gelo das regiões polares poderá derreter, causando inundações de

grande parte da costa dos continentes, sendo que cidades litorâneas inteiras poderão desapare-

cer. As correntes oceânicas poderão ser afetadas de forma a alterar a distribuição de calor na

Terra, grandes regiões agrícolas poderão se tornar desertos, e tempestades violentas poderão

ocorrer com mais freqüência por causa das variações climáticas.

A Figura 2 mostra que nos anos 50 a concentração de CO2 na atmosfera era cerca de

315 ppmv (parte por milhão em volume – porque se trata de ar), e em apenas 5 décadas houve

um aumento de cerca de 16%. Esse aumento tão rápido e tão intenso nunca foi observado na

história do planeta. O zigue-zague observado na Figura 2 é por causa do aumento de CO2 na

atmosfera durante o outono-inverno devido à baixa atividade fotossintética, já no período de

primavera-verão a fotossíntese é mais eficiente, diminuindo então a concentração de CO2 na

atmosfera.O aumento de CO2 de um ano para outro é controlado pela atividade humana,

principalmente devido a queima de combustível fóssil.

A preocupação com o efeito estufa é tão grande que 141 países assinaram um acordo

internacional que visa diminuir a emissão de gás carbônico para a atmosfera. Este acordo foi

chamado de “Protocolo de Kyoto” (cidade no Japão onde se concluiu o documento). O proto-

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colo de Kyoto, que entrou em vigor em fevereiro de 2005, diz que os países desenvolvidos

(que fazem parte do acordo) se comprometem a reduzir até 2012 a emissão de gases de efeito

estufa em pelo menos 5%, de acordo com os níveis de 1990. Em outras palavras, cada país

avalia o quanto emitia de gases estufas no ano de 1990 e deve passar a emitir 5% menos den-

tro do prazo estipulado. Os Estados Unidos, que são os maiores emissores de gases de efeito

estufa do mundo não ratificaram (transformar na forma de lei) o acordo.

O chamado IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Change), que quer dizer Pai-

nel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas, conta com a participação de 2500

cientistas e técnicos que tem como objetivo monitorar as variações climáticas e impactos

ambientais de forma objetiva e compreensível. As avaliações do IPCC são utilizadas

mundialmente pelos tomadores de decisões (no nível político) e cientistas. As projeções do

órgão são de aumento de temperatura para o ano de 2100 de 1,0 a 3,5 oC, e do nível do mar de

20 a 86 cm. Houve um aumento neste último século de 0,5 oC na temperatura global e o nível

do mar global subiu de 1,6 a 3,9 cm.

ano

Figura 2: Variação na concentração de CO2 na atmosfera medida no Observatório de Mauna Loa no Havaí.

Como podemos saber qual era a concentração de CO2 na atmosfera há milhares de anos

atrás?

Imagine que a neve que caiu sobre a Antártida há milhares de anos ainda está lá soter-

rada, pois esta não derreteu desde então. Se a neve for escavada e trazida para a superfície, é

possível cortar o gelo em fatias, determinar sua idade, e recuperar os gases que estavam na

atmosfera há milhares de anos atrás. Os cilindros de gelos escavados são chamados de ‘teste-

munho’ e são extremamente valiosos como fonte de informação sobre o clima na Terra no

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passado, visto que à medida que a neve precipita, esta carrega consigo os gases presentes na

atmosfera. Por meio da avaliação da concentração desses gases é então possível inferir o cli-

ma do planeta no passado. A Figura 3 mostra a concentração de gás carbônico e de metano na

atmosfera até 420 mil anos atrás e faz uma correlação com as variações de temperatura nesse

período. Note que quando a temperatura sobe, a concentração dos gases também aumenta,

mostrando a forte correlação entre essas variáveis.

Alguns céticos dizem que a oscilação de gases na atmosfera é um efeito natural visto

que há milhares de anos isso já foi observado, porém o testemunho de Vostok (Figura 3) mos-

tra que apesar da concentração de gases de efeito estufa terem variado grandemente durante a

história do planeta (resultando nos chamados períodos glaciais e interglaciais), nunca houve

um aumento tão abrupto e tão intenso na concentração de CO2 como se está sendo observado

hoje.

TESTEMUNHO DE GELO: VOSTOK: volta ao tempo em 420 mil anos

Milhares de anos atrás Figura 3: Relação entre as concentrações dos gases CO2 e CH4 com a variação da temperatura

nos últimos 420 mil anos.

O que se pode fazer para diminuir o efeito estufa?

Os oceanos absorvem grande parte do gás carbônico da atmosfera por dois motivos:

um porque o gás se dissolve na água (lembre-se que 2/3 do planta é coberto por água), e outro

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porque as pequenas algas marinhas durante o processo de fotossíntese consomem CO2. Os

oceanos podem ser considerados como o grande “consumidor” do CO2 atmosférico. Porém,

vale lembrar que é possível dissolver maiores quantidades de um gás em águas mais frias. Se

a temperatura das águas dos oceanos aumentarem, como conseqüência do efeito estufa, sua

capacidade de absorver o CO2 da atmosfera irá diminuir.

As florestas também são muito importantes para a absorção de CO2, principalmente

quando estão crescendo, pois estas também transformam o CO2 atmosférico em matéria orgâ-

nica sólida por meio da fotossíntese, “limpando” a atmosfera. Portanto, um aumento no núme-

ro de árvores plantadas (e não derrubadas) pode ajudar a diminuir a concentração de CO2 na

atmosfera. No processo de queima de florestas, o gás carbônico que estava armazenado duran-

te anos e anos na forma de plantas, é emitido de volta para a atmosfera em minutos.

Cada um de nós é responsável pela emissão de uma parcela de CO2 para a atmosfera,

pois consumimos produtos industrializados e usamos carros ou ônibus para nos locomover.

Veja que um norte americano ou europeu, em média, é responsável pela emissão de 5 tonela-

das de CO2 por ano, enquanto que em países não industrializados, essa média cai para 0,5

tonelada. Portanto, para contribuir menos para o efeito estufa basta consumir menos (Reduzir

o consumo!!). Conhece a regra dos 3 Rs? Agora é entrar em ação!

Texto 7:

Extraído da Folha de São Paulo on-line 31/03/2005 - 11h40 da BBC Brasil

Nível de gás carbônico na atmosfera atinge novo recorde

Dados de um laboratório americano obtidos pela BBC indicam que a concentração de

dióxido de carbono da atmosfera voltou a crescer no ano passado, atingindo um novo recorde.

O gás carbônico é considerado o principal poluente responsável pelo aquecimento

global, e sua concentração na atmosfera tem crescido todos os anos desde 1958.

De acordo com a pesquisa do Laboratório de Monitoramento e Diagnóstico do Clima

do governo americano, feita com base em informações coletadas em um observatório do ór-

gão no Havaí, a concentração de gás carbônico chegou a 378 partes por milhão (ppm).

Apesar disso, os cientistas descobriram que o aumento da presença do gás na atmosfe-

ra em 2004 foi menor do que nos dois anos anteriores.

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Estados Unidos

Segundo o cientista Pieter Tans, diretor do observatório no Havaí, as variações no au-

mento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera ano a ano se devem a uma série

de fatores como, por exemplo, alterações na taxa de absorção do poluente por plantas e ocea-

nos.

Tans e outros cientistas do centro de pesquisas, porém, acreditam que são as emissões

de gás carbônico humanas que vêm provocando o aumento constante da concentração do gás

na atmosfera. O laboratório no Havaí, responsável pelos novos dados, é considerado um dos

mais confiáveis do mundo para esse tipo de avaliação.

O Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor recentemente, prevê uma redução nas e-

missões de gases que provocam o efeito estufa nos países signatários. Os Estados Unidos,

maiores responsáveis pela emissão de gás carbônico em todo o mundo, não aderiram ao pro-

tocolo.

Informações sobre a concentração de CO2 na atmosfera vêm sendo coletadas há quase

um século pelo centro construído a uma altitude de 3,5 mil metros, perto do vulcão Mauna

Loa.

O ar dessa região do Pacífico é ideal para a avaliação porque é "bem balanceado", o

que significa que não há, perto do laboratório, nenhuma fonte evidente de poluição, como

uma indústria, ou uma fonte natural de absorção de CO2, como uma floresta.

Texto 8:

Extraído da Folha de São Paulo, Ciência, terça-feira, 15 de março de 2005.

Desaparecimento de geleiras pode provocar conflitos no Himalaia

Da Reuters

As geleiras do Himalaia estão recuando num dos ritmos mais velozes do mundo graças

ao aquecimento global, criando a ameaça de falta d’água para milhares de pessoas na China,

na Índia e no Nepal.

Segundo o WWF (Fundo Mundial para a Natureza), que divulgou ontem estudo sobre

o problema, as geleiras estão recuando, em média, de 10 a 15 metros por ano. A situação, no

entanto, é mais séria na geleira indiana Gangotri, que está perdendo 23 metros anualmente.

“O derretimento rápido das geleiras do Himalaia deve primeiro aumentar o volume da

água nos rios, causando enchentes generalizadas”, disse Jennifer Morgan, diretora do progra-

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ma de mudança climática do WWF. “Mas, em algumas décadas, essa situação vai mudar, e os

níveis da água cairão, causando problemas econômicos e ambientais maciços para a popula-

ção do oeste da China, do Nepal e do norte da Índia.”

As geleiras do Himalaia alimentam sete dos maiores rios da Ásia: o Ganges, o Indo, o

Brahmaputra, o Salween, o Mekong, o Yangtze e o Huang Ho. O suprimento de água de cen-

tenas de milhões de pessoas seria afetado.

O anúncio do WWF foi feito à véspera de uma reunião dos 20 países que mais conso-

mem energia no planeta, em Londres. O problema de derretimento de geleiras parece ser um

fenômeno que se repete em outros locais.

Texto 9:

Extraído do artigo: “Aspectos relevantes da biogeoquímica da Hidrosfera”. M. Lúcia A. M Campos e Wilson F. Jardim. Química Nova na Escola, Caderno Temático no 5. 2003. Artigo completo em: http://sbqensino.foco.fae.ufmg.br/caderno_quimica_vida_ambiente

Oceanos: Grande regulador climático da Terra

Embora para os seres humanos a água doce tenha uma importância imediata na manu-

tenção da vida, os oceanos têm um papel vital na manutenção da vida no planeta Terra como

um todo, muito embora mais se saiba sobre a superfície da Lua ou de Marte do que sobre o

fundo dos oceanos. Este “universo” ainda obscuro hoje pode ser visto como um grande poten-

cial energético a ser explorado, como uma fonte de alimentos a ser sustentada, e também co-

mo um importante aliado que ameniza o efeito estufa por meio da absorção de grandes quan-

tidades de dióxido de carbono da atmosfera.

Um dos desafios atuais da comunidade científica é prever como um possível aqueci-

mento global poderia influenciar a circulação oceânica, e consequentemente o balanço da

transferência de calor na Terra. Sabemos que a temperatura média do planeta vem aumentan-

do, e se esta subir o suficiente para derreter grandes quantidades de gelo na região do Ártico,

poderia haver um decréscimo na salinidade da água do mar naquela região. Levando em conta

também o fato das temperaturas estarem mais elevadas, isto poderia provocar uma diminuição

na densidade das massas de água que atingem o norte do Atlântico. Devido à sua baixa densi-

dade, estas águas poderiam deixar de afundar, enfraquecendo a circulação termohalina (circu-

lação profunda). Segundo modelos matemáticos, realizados por pesquisadores da Universida-

de de East Anglia na Inglaterra, caso haja um colapso da circulação termohalina, em 30 anos

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26Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

poderia haver um decréscimo de cerca de 8oC na região da Groenlândia e cerca de 2o C em

grande parte da Europa. Desta forma, fica estabelecido um paradoxo, pois um aquecimento

global poderia levar a um clima mais frio.

Texto 10:

Extraído da Folha de São Paulo, Folha Ciência, do dia 24 de Junho de 2001

Fluxo de correntes oceânicas está alterado

Da Associated Press Cientistas detectaram, nos

últimos 50 anos, uma queda substancial na corrente de água gelada que deixa o ártico e deságua no Oceano Atlântico, entre a Escócia e a Groenlân-dia.

Especialistas em mudanças climáticas afirmam que essa corrente, localizada a cerca de

610 metros de profundidade, é uma das forças que move o cinturão oceânico que leva as águas aquecidas da superfície para o norte, em direção ao pólo. Como a saída de água gelada e profunda diminuiu, a entrada de água quente que geralmente a substitui também deve ter sido reduzida. Esse decréscimo pode explicar o

recente resfriamento verificado em algumas regiões costeiras próximas ao Mar do Norte, diz uma pesquisa publicada na última edição da revista “Natu-re”.

O estudo foi feito por cien-tistas da Noruega, da Escócia e das Ilhas Faroë e se concentrou no fluxo de água no leste des-sas ilhas.

Texto 11:

Escrito pela Profa Lúcia Campos- baseado em informações do sítio do Greenpeace.

Histórico dos CFCs e outros refrigerantes

O gás CF2Cl2 (CFC-12) foi sintetizado pela primeira vez em 1928 pelo químico Tho-

mas Midgely. A produção deste gás prometia ser a solução para resolver o problema da alta

toxicidade e inflamabilidade da amônia, até então utilizado com gás refrigerante. A grande

vantagem que o CFC-12 apresentava com relação a amônia era o fato deste não ser tóxico

(não reativo), não inflamável e um excelente gás refrigerante.

Em 1930 a Dupont e General Motors iniciaram a produção e comercialização do CFC-

12, e mais tarde outros CFCs foram produzidos com as mais diversas aplicações. Porém, nes-

sa época, a comunidade científica ainda não estava ciente de que os CFCs são muito pouco

solúveis em água, e portanto não são precipitados pela chuva. O longo tempo de vida dos

CFCs e sua capacidade catalítica na destruição do ozônio estratosférico também eram desco-

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27Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

nhecidos. Devido a baixa reatividade destes reagentes, estes sobem para a estratosfera, e sob

intensa radiação ultravioleta levam a formação de Cl.

O acordo firmado no Protocolo de Montreal (1987) forçou a indústria procurar substi-

tutos para os CFCs com efeitos menos agressivos à natureza. Desta forma, foi sintetizado no-

vos compostos: os HCFCs (hidroclorofluorcarbono) e os HFCs (hidrofluorcarbono), cujo

tempo de vida e poder de destruição do ozônio são bem menores.

Porém, já em 1992, o IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Change) alertou a

comunidade mundial de que o uso indiscriminado dos HFCs e HCFCs poderia continuar a-

gravando o problema da destruição do ozônio, além de contribuir para o aumento da tempera-

tura global. Foi sugerido que, de acordo com as previsões de fabricação e uso do HFC-134a

(ou também chamado de R-134a), em 20 anos, o poder de aquecimento global deste gás seria

de 3.200 vezes maior que a do CO2.

A organização Greenpeace, em 1992 desenvolveu na Alemanha tecnologia para usar o

gás refrigerante batizado de greenfreeze, em geladeiras. Este gás é uma mistura de propano e

isobutano ou somente o isobutano, e as espumas de isolamento empregam ciclopentano. Esta

tecnologia foi doada à industria mundial de geladeiras, ao contrário da tecnologia que empre-

ga CFCs e HFCs, cujas indústrias têm que pagar “royalties” para seu uso.

A desvantagem deste gás é que este é inflamável, apesar do volume utilizado em um

refrigerador ser equivalente ao conteúdo de 2 isqueiros. Outra desvantagem é o alto custo do

refrigerador devido a necessidade de se instalar um equipamento de segurança (devido ao

poder inflamável dos gases) não só no refrigerador, mas também em toda a fábrica. Em con-

trapartida, o greefreeze não destrói a camada de ozônio, não é um gás estufa, têm proprieda-

des refrigerantes similares aos CFCs e usa de uma tecnologia simples, que a longo prazo pode

vir a ser economicamente compensador.

Para citar alguns exemplos, podemos ver o caso da Alemanha, onde 100% dos refrige-

radores fabricados usam o greenfreeze. O número de modelos e fábricas na Europa que estão

adaptando seus sistemas para o greenfreeze vem aumentando. A companhia Argentina Whir-

pool (proprietária da Brastemp e Cônsul no Brasil) comprometeu-se em converter suas tecno-

logias para o uso do greenfreeze. O Greenpeace acredita que a garantia de lucro para o primei-

ro produtor de produtos com o greenfreeze é tão grande, que logo surgirá uma companhia

interessada. A organização argumenta que países em desenvolvimento não deveriam se adap-

tar a uma tecnologia de “transição” (uso dos HFCs e HCFCs) para depois terem que converter

para o uso de hidrocarbonetos. A União Européia, desde 1996 retirou a etiqueta ecológica dos

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28Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

produtos com HCFCs e HFCs e agora só permite que estas sejam colocadas em produtos com

o greenfreeze.

Em outubro de 2005 a Bosch lançou no Brasil, seu primeiro refrigerador utilizando o

gás propano/isobutano (também chamando de R600) como refrigerante. Em 1993 o primeiro

refrigerador verdadeiramente ‘ecológico’ foi lançado na Alemanha, e agora, o ‘Refrigerador

Verde’ chega ao Brasil. O diretor executivo do Greenpeace-Brasil, Frank Guggenheim, parti-

cipou do lançamento em São Paulo e, em seu discurso, enfatizou a importância de outras em-

presas fabricantes de geladeira no Brasil, como a Brastemp, seguirem o exemplo da Bosch.

Além disso, convidou a empresa a participar de uma ação direta da organização entregando

uma geladeira Greenfreeze para o Presidente Lula colocar em sua nova casa.

Texto 12:

Extraído do Jornal Informativo ORPLANA: Ano II, no 7, julho de 1995. Exemplo de manipu-lação de informação! Veja como a omissão de dados pode levar a conclusões completamente errôneas.

O balanço ecológico da queima da cana-de-açúcar

Pesquisadores Norte-Americanos observaram, no Havaí, que:

Durante a queima da pa-lha da cana são liberados 3,5 toneladas de dióxido de carbo-no por hectare. Porém, um hectare de cana em crescimen-to é capaz de absorver da at-mosfera 220 toneladas desse dióxido em função da fotossín-tese. SALDO: - 216,5 tonela-

das de dióxido de carbono absorvido - um hectare de cana libera 140 toneladas de oxigê-nio durante o processo de fo-tossíntese, enquanto que ape-nas 2,5 toneladas são consu-midas

pelo fogo da palha. SALDO: - 137,5 toneladas de oxigênio liberado. Este balan-ço mostra que os canaviais removem do ar o principal

causador do “efeito estufa”, que é o dióxido de carbono.

Por outro lado, vale a pena ressaltar que: o famoso “carvãozinho”, embora indese-jável não se mistura aos gases da atmosfera e constitui-se num sinal de que muitas pes-soas estão trabalhando e ga-nhando a vida com a colheita da cana-de-açúcar.

Texto 13:

Escrito pela Profa Lúcia Campos

Poluição urbana

Os combustíveis líquidos se tornaram a principal fonte de poluição para a atmosfera

contemporânea, porém, os principais poluentes na atmosfera não são aqueles emitidos direta-

mente pelos veículos automotores (chamados de poluentes primários) e sim aqueles formados

como produto da reação envolvendo os poluentes primários. As reações químicas que produ-

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29Tecnologias do Ensino Médio: Física, Química e Biologia (Tuma Inicial)

zem os poluentes secundários ocorrem principalmente na presença de luz solar, resultando no

chamado “smog” fotoquímico. Os principais componentes do smog fotoquímico são ozônio

(O3) e dióxido de nitrogênio (NO2).

No início do século, os cientistas acreditavam que o ozônio encontrado na troposfera

(parte mais baixa da atmosfera) era somente aquele transportado da estratosfera para altitudes

mais baixas. Porém, em meados dos anos 40 houve vários episódios de dano à lavoura de ve-

getais na área de Los Angeles (EUA), associado a grandes concentrações de ozônio na tropos-

fera. Portanto, tornou-se claro que de alguma maneira havia formação de ozônio na troposfe-

ra.

Existe uma grande confusão do público em geral com relação ao ozônio, pois enquan-

to o ozônio estratosférico é essencial para uma vida saudável no nosso planeta, o ozônio tro-

posférico é deletério para a vegetação e saúde humana.

Texto 14:

Tabelas Extraídas do Relatório de Qualidade do Ar retirado do site: www.cetesb.sp.gov.br

Fatores médios de emissão dos veículos em uso na RMSP em 2003

Fator de Emissão (g/km) Fontes de Emissão Tipo de Veículo CO HC NOx SOx MP

Gasolina C 12,30 1,26 0,70 0,12 0,08 Álcool 19,30 2,09 1,16 - - Diesel 17,80 2,90 13,00 0,43 0,81 Táxi 1,00 0,20 0,25 0,11 0,06

Tubo de Escapamento

Motocicleta e Similares 19,70 2,60 0,10 0,04 0,05 Gasolina C - 2,00 - - -

Álcool - 1,50 - - - Emissão do Carter e E-

vaporativa

Motocicleta e Similares - 1,40 - - - Pneus Todos os tipos - - - - 0,07

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Fontes, características e efeitos dos principais poluentes na atmosfera POLUENTE CARACTERÍSTICAS FONTES PRINCIPAIS EFEITOS GERAIS SOBRE A SAÚDE EFEITOS GERAIS AO MEIO

AMBIENTE Partículas Totais em Suspensão

(PTS)

Partículas de material sólido ou líquido que ficam suspensos no ar, na forma de poeira, aerossol, fumaça, fuligem, etc. Faixa de tamanho < 100 micra

Processos industriais, veículos motorizados (exaustão), poeira de rua ressuspensa, queima de biomassa. Fontes naturais (pólen, aerossol marinho e solo).

Quanto menor o tamanho da partícula maior o efeito à saúde. Causam efeitos significativos em pessoas com doença pulmonar, asma e bronquite.

Danos à vegetação, deterioração da visibilidade e contaminação do solo.

Partículas Inaláveis (MP10) e Fumaça

Partículas de material sólido ou líquido que ficam suspensos no ar, na forma de poeira, neblina, aerossol, fumaça, fuligem, etc. Faixa de tamanho < 10 micra.

Processos de combustão (indús-tria e veículos automotores), aerossol secundário (formado na atmosfera).

Aumento de atendimentos hospitalares e mortes prematuras.

Danos à vegetação, deterioração da visibilidade e contaminação do solo.

Dióxido de Enxofre (SO2)

Gás incolor, com forte odor, semelhante ao gás produzido na queima de palitos de fósfo-ros. Pode ser transformado a SO3, que, na presença de vapor de água, passa rapidamente a H2SO4. É um importante precursor dos sulfatos, um dos principais componentes das partículas inaláveis.

Processos que utilizam queima de óleo combustível, refinaria de petróleo, veículos a diesel, polpa e papel.

Desconforto na respiração, doenças respiratórias, agravamento de doenças respiratórias e cardiovas-culares já existentes. Pessoas com asma, doenças crônicas de coração são mais sensíveis ao SO2

Pode levar à formação de chuva ácida, causar corrosão aos mate-riais e danos à vegetação: folhas e colheitas.

Dióxido de Nitrogênio

(NO2)

Gás marrom avermelhado, com odor forte e muito irritante. Pode levar a formação de ácido nítrico, nitratos (o qual constitui para o aumento das partículas inaláveis na atmosfe-ra) e compostos orgânicos tóxicos.

Processos de combustão envol-vendo veículos automotores, processos industriais, usinas térmicas que utilizam óleo ou gás, incinerações.

Aumento da sensibilidade à asma e à bronquite, abaixar resistência às infecções respiratórias.

Pode levar a formação de chuva ácida, danos à vegetação e à colheita.

Monóxido de Carbono

(CO)

Gás incolor, inodoro e insípido. Combustão incompleta em veí-culos automotores.

Altos níveis de CO estão associados ao prejuízo dos reflexos, da capacidade de estimar intervalos de tempo, no aprendizado, de trabalho e visual.

Ozônio (O3) Gás incolor, inodoro nas concentrações ambi-entais e o principal componente da névoa fotoquímica.

Não é emitido diretamente à atmosfera. É produzido fotoqui-micamente pela radiação solar sobre os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis.

Irritação nos olhos e vias respiratórias, diminuição da capacidade pulmonar. Exposição a altas con-centrações pode resultar em sensações de aperto no peito, tosse e chiado na respiração. O O3 tem sido associado ao aumento de admissões hospita-lares.

Danos às colheitas, à vegetação natural, plantações agrícolas, plantas ornamentais.

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Texto 15:

Extraído da Folha de São Paulo, quinta-feira 18 de agosto de 2005.

Poluição apressa 8 mortes por dia em SP

AFRA BALAZINA

Da reportagem local A poluição atmosférica ma-ta indiretamente, em média, oito pessoas por dia na ci-dade de São Paulo. A expo-sição aos diversos poluentes emitidos também reduz a expectativa de vida dos ha-bitantes: pesquisas indicam que o paulistano perde dois anos de vida por morar em um local poluído. Apesar de assustadores, esses números já foram maiores -chegaram a 12 mortes diárias indiretamente causadas por poluentes e três anos de vida perdidos.

Os dados, baseados em diversos estudos do La-boratório de Poluição At-mosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP, mostram que ações como o Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automoto-res) e o rodízio foram posi-tivas para a melhoria da qualidade de vida na capital.

Porém, de acordo com o professor Paulo Sal-diva, do laboratório da USP, as conseqüências da polui-ção à saúde ainda são alar-mantes e é preciso mais medidas para enfrentá-las.

"Diferentemente do cigarro, a poluição do ar não

pode ser evitada pelas pes-soas", diz.

Segundo ele, quem mais tem problema de saúde decorrente da inalação de poluentes são os idosos, vítimas principalmente de pneumonia, infarto agudo do miocárdio e enfisema. Já as crianças, que vêm na se-qüência na lista de mais afetadas, têm pneumonia e asma.

"Mesmo as pessoas saudáveis sofrem os efeitos da poluição e ficam mais hipertensas nos dias poluí-dos", afirmou Saldiva.

Além das oito mor-tes diárias induzidas pela poluição, uma pesquisa do laboratório indica que há um aborto por dia na cidade, depois do quinto mês de gestação, em decorrência do problema. "O fluxo arterial na placenta se reduz nos dias de maior poluição."

O vilão

Para medir quem mais contribui com a emis-são de gases de efeito estufa e listar medidas para reduzi-los, a Prefeitura de São Pau-lo pediu inventário ao Cen-tro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (Cen-tro Clima) da UFRJ.

O inventário, apre-sentado ontem, mostra que o uso de energia é o principal responsável pela emissão de metano e dióxido de carbo-no, com 76%.

Nesse estudo, o vilão mais uma vez foi o transpor-te. A utilização de combus-tíveis fósseis representa 88,7% das emissões decor-rentes do uso de energia --e a gasolina é o combustível que mais contribui para a poluição, com 35,7%.

"Agora, é necessário criar cenários com alternati-vas para mitigar as emissões e, depois, propor políticas públicas", disse a coordena-dora-executiva do inventá-rio, Carolina Dubeux. Ela sugere estudar a troca de combustível (usar o álcool em vez da gasolina) ou a ampliação do uso do metrô. "A diminuição da poluição depende de práticas do dia-a-dia", diz o secretário mu-nicipal do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge.

Sua pasta iniciou, há um mês, a inspeção veicular dos ônibus do transporte público para minimizar a emissão. Dos 225 ônibus fiscalizados até agora, de seis viações, 14 tinham situ-ação irregular.

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Exemplo de questões que podem ser formuladas a partir do texto 15 para avaliar a ha-

bilidade de interpretação de texto dos alunos:

1. Quais as medidas que já foram tomadas e mostraram minimizar o problema da polui-

ção atmosférica na cidade de São Paulo?

2. Quais são as principais enfermidades que a poluição atmosférica pode agravar?

3. Quais são as evidências que apontam que a poluição atmosférica também afeta as pes-soas saudáveis e mulheres grávidas?

4. Quais os gases que o texto se refere quando cita que “... a gasolina é o combustível

que mais contribui para a poluição, com 35,7%”.?

5. Quais ações que texto cita que poderiam ser tomadas para minimizar o problema da poluição atmosférica em São Paulo?

outras sugestões?

Texto 16:

Extraído da Folha de São Paulo, Ribeirão, sexta-feira , 1 de abril de 2005. Poluição em Ribeirão / AMBIENTE: Relatório da Cetesb aponta que qualidade do ar é

boa na cidade, mas número de queimadas preocupa

Ozônio e fumaça poluem o ar de Ribeirão

Da Folha Ribeirão Relatório divulgado ontem da Cetesb mostra que

a qualidade do ar em Ribeirão Preto é boa, mas dois poluentes preocupam: as concentrações de ozônio e fumaça. Em 2004, a cidade atingiu uma concentra-ção máxima de 67 microgramas por metro cúbico de fumaça contra a máxima de 32µ g/m3 registrada em

2003. Em relação ao ozônio foi de 187 µ g/m3, mas

em apenas sete dias o índice fugiu ao padrão estabe-lecido pelo Conama (Conselho Nacional do Meio ambiente) e adotado pela Cetesb, de até 160 µ g/m3.

Os dados são parciais, já que Ribeirão inaugurou sua estação de medição automática da Cetesb em agosto do ano passado. Foram analisados 147 dias. Nos anos anteriores, a medição era feita manualmen-te.

Embora em Ribeirão Preto sejam mais freqüentes as polêmicas queimadas de cana-de-açúcar, foi em São Carlos que a concentração máxima de fumaça ficou mais perto do limite; passou de 65 µ g/m3 em

2003 para 102 no ano passado. A medição na cidade, no entanto, é manual.

Segundo o relatório anual da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) divulgado ontem, o pico de concentração de 102 µ g/m3 no

ano passado foi o maior índice medido em todas as estações do interior e litoral do Estado (que incluem, entre outras cidades, São José dos Campos, Campi-nas, Jundiaí, Piracicaba, Sorocaba, Itu, Limeira e Santos).

Nos últimos quatro anos, desde 2000 quando a Cetesb passou a fazer a medição, o índice médio anual de concentração de fumaça aumentou 52,63%

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em São Carlos, passando de 19 µ g/m3 para

29µ g/m3 em 2004.

Para José Jorge Guimarães, 48, gerente da Ce-tesb de Araraquara e responsável também por São Carlos, o crescimento da concentração de fumaça se deve principalmente às queimadas urbanas e ao grande fluxo de veículos.

“Os valores ainda estão abaixo do padrão máxi-mo fixado, mas nos preocupa a questão das queima-das urbanas, de terrenos baldios especialmente, cada vez mais freqüentes”, disse.

Segundo Guimarães, para amenizar o problema, a Cetesb está fazendo parcerias com as prefeituras de São Carlos e Araraquara para que a fiscalização das queimadas seja intensificada.

O gerente da Cetesb em Ribeirão, Marco Anto-nio Sanchez Artuzo, 51, ressaltou que a concentra-ção média anual de fumaça em 2004 diminuiu em relação a 2000 (era de 54µ g/m3 e passou para

31µ g/m3) devido às condições meteorológicas do

ano passado, que favoreceram a dispersão dos poluentes.

Ontem, Ribeirão registrou novamente alta quan-tidade de ozônio (175µ g/m3). De acordo com Artu-

zo, as variações negativas de ozônio se devem às condições meteorológicas aliadas a queimadas urba-nas e rurais, produção industrial e fluxo de veículos.

“As condições climáticas influenciam diretamen-te na formação do ozônio, por isso essas variações ocorrem. Mas em todas as análises, Ribeirão se manteve abaixo dos padrões máximos e está com uma boa qualidade do ar”, disse.

Segundo o gerente, é fundamental que a popula-ção contribua não queimando mato, galhos, borra-chas e outros materiais, principalmente no período de estiagem e de baixa umidade relativa do ar.

Para Carlos Eduardo Komatsu, 36, gerente do Departamento de Tecnologia do Ar da Cetesb, a concentração de ozônio na região pode ser estimula-da pela queima do bagaço da cana, que emite óxidos de nitrogênio, que reage na atmosfera com compos-tos orgânicos voláteis na radiação solar, formando o ozônio. O poluente provoca irritação nos olhos e vias respiratórias, entre outros efeitos.

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