hoje macau 25 mar 2014 #3057

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PUB A Malaysia Airlines assumiu ontem a queda do avião a sul do Oceano Índico. O governo malaio acredita, com base nos dados mais recentes, que a aeronave se despenhou no mar, perto do local onde decorrem as buscas. TRAGÉDIA PÁGINA 9 PÁGINA 7 O subsídio de escolaridade gratuita vai sofrer aumentos entre 7,28 e 10,9% no ano lectivo 2014/2015. A decisão, que entra em vigor no mês de Setembro, é a grande conclusão da primeira reunião plenária do Conselho de Educação para o Ensino Não-Superior. Quem quiser estudar português em Portugal, também vai receber mais ajudas. E bem chorudas: de 56 mil para 200 mil patacas. Dourar talentos Subsídio de escolaridade sofre aumentos no próximo ano lectivo Voo MH370 despenhou-se e não há sobreviventes AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB ENTREVISTA Jornalista e escritora pede mais atenção das editoras portuguesas ao que se passa em Macau CLARA FERREIRA ALVES PÁGINAS 2 E 3 hojemacau FIM DE ACAMPAMENTO Alexis Tam convenceu moradores SIN FONG GARDEN PÁGINA 5 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 25 DE MARÇO DE 2014 ANO XIII Nº 3057

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Hoje Macau N.º3057 de 25 de Março de 2014.

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Page 1: Hoje Macau 25 MAR 2014 #3057

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A Malaysia Airlines assumiu ontem a queda do avião a sul do Oceano Índico. O governo malaio acredita, com base nos dados mais recentes, que a aeronave se despenhou no mar, perto do local onde decorrem as buscas. TRAGÉDIA PÁGINA 9

PÁGINA 7

O subsídio de escolaridade gratuita vai sofrer aumentos entre 7,28 e 10,9% no ano lectivo 2014/2015. A decisão, que entra em vigor no mês de Setembro, é a grande conclusão da primeira reunião plenária do Conselho de Educação para o Ensino Não-Superior.

Quem quiser estudar português em Portugal, também vai receber mais ajudas. E bem

chorudas: de 56 mil para 200 mil patacas.

Dourar talentos

Subsídio de escolaridade sofre aumentos no próximo ano lectivo

Voo MH370 despenhou-se e não há sobreviventes

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

ENTREVISTAJornalista e escritora pede mais

atenção das editoras portuguesasao que se passa em Macau

CLARA FERREIRA ALVES PÁGINAS 2 E 3

hojemacau

FIM DE ACAMPAMENTO

Alexis Tam convenceu moradores

SIN FONG GARDEN PÁGINA 5

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 2 5 D E M A R Ç O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 5 7

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2 hoje macau terça-feira 25.3.2014ENTREVISTA

ANDREIA SOFIA [email protected]

Veio participar no festival Rota das Letras, que pretende fazer a ponte entre a língua chinesa e por-tuguesa, sem esquecer o inglês. Essa ponte é fácil de percorrer? Não é nada fácil, há uma barreira enorme. Isto porque não sabemos mandarim nem cantonês e este é um território onde se fala português, mas não só. Quando apanho um táxi em Hong Kong onde o taxista não fala qualquer outra coisa que não seja mandarim ou cantonês, a certa altura aquilo fica um diálogo muito difícil. Gosto muito de aprender línguas, e só me sinto bem num território onde sei um bocadinho da língua. Aqui não consigo perceber nada. É uma ponte difícil e já não vou a tempo de aprender mandarim e ser fluente. Se o (António) Graça de Abreu diz que começou tarde aos 30 anos, e que ainda não sabe mandarim, para mim essa rua está vedada. O que posso é falar em inglês com chineses e isso foi im-portante. Falei com a escritora Yan Geling e vimos que há pontos em comum. Os escritores normalmente gostam dos mesmos escritores. Mas em inglês, sem uma moeda de troca, não deixa de ser inultrapassável.

Mas não deixa de ser curioso essa tentativa de junção, e têm sido feitas várias, de aproximação às culturas chinesas e portuguesa. É um processo que vai sendo facilitado à medida que se vão percebendo as necessidades de tradução, de edição? Vai ser mais facilitado por várias razões. Primeiro porque a China está no mundo. Quando em Nova Iorque, e até em Lisboa, as crianças da escola primária aprendem mandarim, isto dá-nos uma ideia de que vai haver mais gente a falar o mandarim. Na

CLARA FERREIRA ALVES PEDE MAIS ATENÇÃO DAS EDITORAS PORTUGUESAS PARA COM MACAU

“A escrita é uma coisa um bocado bizarra”Num mundo onde as palavras deixaram de ditar o sucesso comercial de um livro, Franz Kafka estaria “tramado”. Clara Ferreira Alves, jornalista, escritora e crítica literária, fala dos escritores que são como estrelas rock e das editoras em Portugal que não olham para a Ásia. Para o Governo português, deixa uma recomendação: “leiam uns livrinhos”

China as escolas de português estão cheias. Como vai haver um maior número de falantes, é evidente que vão haver mais trocas. Não quer dizer que as coisas sejam fluidas, porque nunca são. Mas isso aconteceu com a língua árabe a seguir ao 11 de Se-tembro. Havia muita coisa que não se sabia sobre os árabes ou o Islão. A quantidade de estudos e especialistas e pessoas que foram aprender árabe foi brutal. As trocas intelectuais pas-saram a ser muito maiores. A língua inglesa funciona sempre como o salvo conduto, mas as pessoas arran-jam maneira de se entenderem. Há duas barreiras aqui: não só a língua chinesa é extraordinariamente difícil para nós, como a escrita chinesa é um enigma, uma pintura para mim. Nunca é uma estrada larga e fácil de atravessar. Por alguma razão há hoje cursos de mandarim em Lisboa. Hoje para aprender o mundo já não bastam as línguas europeias e anglo--saxónicas. Temos de aprender um bocado de árabe, chinês, russo. E os jovens já estão a fazer isso. Vai haver muito mais intercâmbio e trocas, não tenho a menor dúvida. Até pela massa demográfica da China e dos países lusófonos.

Vários autores clássicos, como Eça de Queiroz, já foram tradu-zidos para mandarim. Como vê esse fenómeno, até do ponto de vista do leitor chinês? É fácil a compreensão? Os autores deslizam entre todos os leitores. Foi uma das coisas de que me apercebi com a escritora chine-sa: ela gosta de Garcia Marquez e eu também. Começámos a falar as duas de Philip Roth, e depois de outro escritor americano. Também não sou uma especialista de literatura chinesa e se calhar não podíamos falar dos autores chineses que gos-tava. Mas há pontos de contacto. Vigiar uma tradução em mandarim

é complicado, tem de haver um confronto com a tradução inglesa ou francesa. Não podemos entrar através das línguas se não através desse trabalho mal remunerado e insano que é traduzir livros. É muito mal pago e é verdadeiramente um trabalho de amor, e às vezes desva-lorizamos o tradutor.

O mercado literário em Portugal está preparado para receber a literatura chinesa, clássica e contemporânea, sob várias pers-pectivas, uma delas a tradução?Há uma curiosidade. Não digo que venham a ser best-sellers. Se forem best-sellers noutro sítio...porque Portugal segue muito a moda. Se for um best-seller nos Estados Unidos, Alemanha ou Inglaterra, ou se ganhar um Prémio Nobel...as máquinas de marketing dos grupos editoriais funcionam hoje da mesma maneira. O best-seller hoje é uma criação de marketing, está determinado quanto se investe. Se se investirem quatro milhões, depois o livro tem de vender mais do que isso. Essas estruturas de marketing estão muito pouco preocupadas com o conteúdo do livro, estão preocupadas em vender um conceito do livro.

Uma imagem desse livro.Uma imagem sim. O autor hoje é quase como se fosse um actor de Hollywood. Tem de construir uma personna interessante para ser vendi-da. A Book Tour, que é a tournée dos autores, que os escritores odeiam...quando se acaba de escrever um livro está-se cansado, e aquilo que não se quer ir é promover o livro. O Book Tour, nos Estados Unidos, todos os dias tem entrevistas e conferências. E depois há a tournée mundial. Eles dizem que depois do Prémio Nobel não escrevem livros, andam em tournées. É a estrela rock. Mas há autores que gostam muito dessa vida e depois ficam lá, nunca mais escrevem um livro de jeito. É preciso ter muito cuidado (risos).

Então é difícil escritores chineses contemporâneos tornarem-se esses actores de Hollywood.Fazerem a personna, sim. Têm de ir lá, ter um tradutor que ande com eles, irem à Gulbenkian. Têm de se mostrar. É cada vez mais difícil vender um autor cuja cara não se saiba qual é. Os prémios Nobel são disso o exemplo máxima. Uma po-etisa polaca, Wislawa Szymborska, que é extraordinária. Uma mulher que viveu toda a vida na Polónia, não era do mundo. O Saramago

[Macau] é um lugar na Ásia, para começar. É um território interessante, com gente interessante. E talvez merecesse alguma atenção e não ser considerado como uma província

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3 entrevistahoje macau terça-feira 25.3.2014

CLARA FERREIRA ALVES PEDE MAIS ATENÇÃO DAS EDITORAS PORTUGUESAS PARA COM MACAU

“A escrita é uma coisa um bocado bizarra”tornou-se uma personna depois do Nobel, andou pelo mundo inteiro. A Szymborska, como não fez nada disso, ficou na Polónia, recebeu o Nobel e ninguém sabe qual a sua cara. Se o escritor não tem essa imagem construída e depois não a quer construir, o Nobel não serve para nada. Não fica mais famoso ou com mais leitores por isso. As máquinas do marketing determi-nam quem vende, já não é o valor intrínseco do livro. O Kafka hoje estava tramado. O escritor hoje é um personagem. Há escritores que se tornam personagens públicas e isso acaba por ser contra-producente.

Perdeu-se então aquela imagem do escritor, como, por exemplo, Mário de Sá-Carneiro, que se matou em Paris. Mas ainda há escritores que se sui-cidam. Poucos. Uma vez participei num colóquio com um escritor e com um psiquiatra, e o psiquiatra era um grande especialista de doen-ças mentais. E contou uma história sobre um estudo dos grandes depri-midos da arte. De todos os grandes deprimidos, os escritores eram não só os mais alcoólicos como eram furiosamente os mais deprimidos de todos. Escrever um livro já é um acto desesperado em si: já viram a quantidade de livros publicados? Escrever uma coisa nova? Impossí-vel. É preciso um nível de autismo, uma certa depressão para ficar horas sozinho a compor palavras num computador. As pessoas continuam a fazer isto, sem retorno. A escrita é seco, árido. Não é muito estimulante escrever, não é uma actividade para gente muito extrovertida, é para so-litários. É uma actividade estranha. Sendo da actividade acho uma coisa um bocado bizarra.

Voltando a Macau. Está no meio da China e da sua ligação com Portugal. O mercado editorial é pequeno. Poderia ter um papel mais activo nessa troca de tra-duções e livros. As editoras portuguesas pensam em termos de números e de leitores, de livros vendidos. Não dão atenção a isto, não têm uma espécie de interesse, não é rentável. Mas isso é um erro, porque Macau é aquela ponte que falámos no início. É um lugar na Ásia, para começar. É um território interessante, com gente interessante. E talvez merecesse al-guma atenção e não ser considerado como uma província. Macau está ao lado de Hong Kong...há uma circu-lação de ideias, e um mercado muito

interessante, que é a Ásia, e acho que deveria ser dada uma atenção ao território que não é dada, e talvez este festival possa contribuir para isso. Para as editoras portuguesas pensarem: “vamos lá ver o que se pode fazer com Macau”. Também somos um bocado preguiçosos, está tudo concentrado em Lisboa. Não é só ir com aquela coisa colonial: “vamos lá ver quanto é que isto me rende”. Agora vai tudo para o Brasil.

Há essa internacionalização, fei-ta pelo grupo Leya, que está no Brasil e Moçambique. Mas essa internacionalização não faz sentido. É tímida. O Brasil é um mercado que tem as suas próprias editoras. Há livros traduzidos em português do Brasil muito antes de terem sido traduzidos em Portugal. Os brasileiros não precisam dos editores portugueses para ir buscar livros ao mercado americano, isso são balelas. Angola tem muita gente interessante, mas é um mercado potencial, e há Moçambique. São mercados difíceis. As próprias edito-ras portuguesas ainda têm dificuldade em fazer contratos nesses países, as coisas não são muito fluidas. Macau tem um nível de civilização, não tem esse grau de dificuldade. Agora toda a gente fala da China, então há a língua portuguesa em Macau, talvez fosse importante prestar alguma atenção.

CHINA, A DAMA RICAQUE TODOS QUEREM

Macau tem recebido visitas de muitos ministros portugueses. De repente, começou a falar-se imen-so de Macau em Portugal. Essa atenção surgiu tarde demais?Houve uma atenção dada antes de irmos embora e depois deixámos de dar atenção. Agora há essa aten-ção, que tem uma única resposta: República Popular da China (RPC). Não há outro motivo. Não é porque alguém, de repente, em Lisboa, te-nha tido “Macau, que interessante, com o Camilo Pessanha”. O meu interesse por Macau é romântico, exótico e literário. Mas aqui há um interesse económico. Não somos os únicos: quem é que não está interes-sado na China? A China faz lembrar uma daquelas mulheres ricas com muitos pretendentes, como nos romances do século XIX. Os chi-

neses, ao mesmo tempo, divertem--se. Não que eles exprimam muito esse divertimento, mas percebem que são muito requisitados. Agora o presidente Xi (Jinping) foi à Europa, curiosamente à Holanda, e todos os outros países disseram “ah porque é que não veio cá”. É aquela história “não me ponham de lado”. Toda a gente quer a bela, até a senhora Merkel está subitamente interessada na China.

Falou que o interesse é apenas na RPC...Houve um membro do Governo (em Portugal) que se esqueceu do Popular e chamou República da China (Luís Campos Ferreira, Secretário de Es-tado dos Negócios Estrangeiros). É algo que acho uma certa piada porque tem a ver com aquela ignorância histórica que falava há pouco.

Mas devia dar-se mais atenção à cultura, ao legado que foi deixado aqui, ao património? Acho que deviam de ir ler uns livri-nhos. Há uns que são bons. Em vez de desembarcarem e dizerem dis-parates e enganarem-se nos nomes, leiam dois ou três livros. E então de-pois falam com as pessoas e tomam as medidas. A grande vantagem dos ingleses é que se preparam bastante. Os militares ingleses sabem muita história quando vão para qualquer sítio. Os americanos desembarcam e não sabem, achavam que se falava árabe no Afeganistão. Convém sa-ber alguma coisa sobre os território onde se vai e onde se quer ir buscar uma coisa, ou vender.

Falamos então de um Governo que lê pouco. Não digo que todos leiam pouco. Há gente no Governo interessante e culta. Mas oiço dizer coisas, e per-cebo a ignorância histórica, e aquilo não faz sentido. Até convém alguns membros do Governo acabarem os cursos. Parte do império português foi feito assim, uma elite esclarecida à mistura com os chamados matar-ruanos, que se esforçam imenso, tipos que foram por esse mundo e que aprenderam. A elite portuguesa é cada menos esclarecida e menos culta; há um problema de elites em Portugal. E isso é um problema. Há uma cultura de massas que é hoje transversal às camadas mais pobres e mais altas. Essas pessoas não estão muito interessados em aprender coisas.

Consomem o que lhes é dado.Consomem trivialidades, objectos. Às vezes fico na mesa com pessoas que me dizem “ai os intelectuais”. Como se os intelectuais fossem uma praga. Como é que é possível ter um discurso destes? Não há intelectuais. É essa desconfiança das pessoas que não leram nada em relação às pessoas que eles acham que podem saber mais um bocadinho, e isso incomoda-os. Sem a biblioteca não temos conhe-cimento, seja digital, ou de livros.

O meu interesse por Macau é romântico, exótico e literário. Mas aqui há um interesse económico. Não somos os únicos: quem é que não está interessado na China?

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4 hoje macau terça-feira 25.3.2014POLÍTICA

JOANA [email protected]

S OBEM hoje à aprovação do plenário as três pro-postas de debate sobre o metro ligeiro, os táxis e o

fumo nos casinos. A sessão – no plenário da Assembleia Legis-lativa (AL) – vai dedicar-se não só a decidir se os membros do Governo têm de vir responder aos deputados, mas também a altera-ção à lei da droga, os aumentos

O desaparecimento do avião da Malasya Airlines levou José Pereira Coutinho a pensar

na forma como é inspeccionada a bagagem no aeroporto de Macau. O deputado põe em causa a fiabilidade da actual empresa que presta estes serviços no aeroporto internacional do território, uma vez que a companhia é privada e é do interior da China.

Numa interpelação escrita ao Go-verno, Pereira Coutinho lembra que o desaparecimento do avião levou ao reforço da segurança em todos os aeroportos, da qual “o aeroporto de Macau não pode estar alheio”. O deputado afirma ter “recebido diversas queixas de cidadãos e turistas” no seu gabinete de apoio sobre a questão. “Questionam o grau de fiabilidade do pessoal de segurança privado contra-tado do interior do continente por uma empresa particular para desempenhar as importantes funções de inspecção de bagagem [de porão] e de mão.”

O deputado refere que, por terem salários baixos, estes funcionários poderão ser alvos fáceis para eventuais terroristas, mas não só: pode faltar-lhes a preparação necessária para lidarem com este tipo de acções e reconhecerem objectos ameaçadores. Pereira Cou-tinho questiona, por isso, o Governo sobre o grau de fiabilidade deste pessoal

CECÍLIA L [email protected]

O mais recente estu-do da Associação Nova Visão (ANV)

mostra que metade dos resi-dentes inquiridos têm poucos ou nenhuns comentários e opiniões sobre os recentes anos de Governo. Contudo, Fernando Chui Sai On rece-beu uma pontuação de 59,79 pontos da população, o que, segundo a ANV, significa que “há cada vez mais resi-dentes que apoiam o Chefe do Executivo”.

O estudo foi realizado entre os dias 14 e 15 deste mês e foram inquiridos 710 locais. 30% disse estar satisfeita com o trabalho da actual Administração, sendo que 15% não está satisfeita. A secretaria dos Assuntos Sociais e Cultura, liderada por Cheong U, obteve a nota mais alta, seguindo-se a pasta da Segurança, Economia e

Finanças e Administração e Justiça. Em quinto e último lugar ficou a tutela de Lau Si Io, das Obras Públicas e Transportes.

Esta avaliação acabou por ser semelhante às notas atribuídas ao desempenho dos secretários, sendo que Florinda Chan, secretária para a Administração e Jus-tiça, voltou a ficar em último lugar, com apenas 44 pontos. Lau Si Io ganhou pouco mais de 50 pontos. “Para os secre-tários Florinda Chan e Lau Si Io, o apoio dos residentes revelou-se semelhante. En-tre 2010 e 2013, os estudos tiveram quase os mesmos resultados, mas desta vez a área das Obras Públicas e Transportes teve a nota mais baixa. Os entrevistados queixaram-se mais sobre os assuntos mais importantes, o que inclui a habitação, o trânsito e a protecção am-biental”, explica a ANV num comunicado.

ESTUDO RESIDENTES SEM OPINIÃOFACE AO TRABALHO DO GOVERNO

Chefe avaliado com 60 pontos

AEROPORTO CASO DO VOO MH370 LEVA A QUESTIONAR SEGURANÇA

Empresa privada fiscaliza bagagens

Depois de algumas semanas sem plenário, os deputados reúnem hoje para decidir se há lugar a debate com o Governo sobre táxis, metro ligeiro e fumo nos casinos. Três dos mais importantes temas do território estão em cima da mesa

DEPUTADOS DECIDEM HOJE SE QUEREM OUVIR GOVERNO SOBRE TÁXIS, METRO LIGEIRO E FUMO NOS CASINOS

Três debates para aprovação no plenário

dos funcionários públicos e a existência do cartão de segurança da construção civil.

Marcado para as 15 horas, o plenário vai contar os votos dos 33 deputados para perceber se os membros do hemiciclo que-rem ou não ouvir as explicações do Governo sobre os “diversos assuntos de interesse público”. Recentemente foram admitidas pela AL as propostas de debate de Ella Lei, Ng Kuok Cheong e José Pereira Coutinho, mas falta

agora saber se todos os restantes colegas deputados concordam com o que foi sugerido para ser levado à discussão da AL.

A estrear-se na entrega de uma proposta deste tipo, está Ella Lei. A deputada quer falar sobre a proi-bição total de fumar nos casinos, porque responsabiliza o Governo pelo atraso na implementação do regime e pela fraca execução da lei. A deputada considera que as autoridades não são rigorosas, que os funcionários do jogo sofrem mais do que no passado e que as operadoras de jogo não só não garantem a qualidade do ar dos ca-sinos segundo os padrões devidos, como não entregam os relatórios que deviam. “A Organização Mundial de Saúde (OMS) planeia a criação de um ambiente 100% sem fumo em todos os locais de trabalho fechados. Tendo Macau assinado a convenção quadro para o controlo do tabagismo, o Governo deve alterar imediatamente a lei para a implementação dos casinos sem

fumo, a fim de evitar que os fun-cionários e outras pessoas sofram com o tabaco”, escreve Ella Lei na proposta de debate que vai, agora, à análise dos deputados.

TRANSPORTES, ESSE MALOutro dos considerados grandes problemas do território – os táxis – é levado ao plenário por José Pereira Coutinho e o seu número dois, Leong Veng Chai. Os deputados tentam aprovar um debate para ouvir da parte do Governo respostas sobre os táxis amarelos e o contrato de concessão do Governo com a companhia de rádio-táxis Vang Iek. Este, recorde-se, voltou a ser renovado sem que a popu-lação fosse ouvida, queixam-se os deputados, e permite que a empresa – que serviria apenas através de chamadas telefónicas – possa apanhar clientes na rua.

Também o democrata Ng Kuok Cheong quer ver seguir para debate a sua proposta, cujo assunto anda

em redor do metro ligeiro. O depu-tado acusa o Governo de “parecer um tolo com muito dinheiro” no que diz respeito ao orçamento do metro ligeiro e pede que os membros do Executivo falem para que se perceba, afinal, qual o problema com a Rua de Londres e a passagem do metro pela zona. Ng Kuok Cheong acusa o Governo de não ter ouvido a população e de ter decidido o traçado da primeira fase do metro em Macau sem ter em conta os novos aterros que vão surgir no local.

Na sessão de hoje, espera-se ainda a aprovação ou não da altera-ção à Lei da Proibição da produção, do tráfico e do consumo ilícitos de Estupefacientes e de Substâncias Psicotrópicas – que integra mais drogas na lista -, da proposta de lei de actualização dos vencimentos e pensões de aposentação e de sobrevivência dos trabalhadores da Administração Pública e do Regime do cartão de segurança ocupacional na construção civil.

e sobre as medidas implementadas no aeroporto para salvaguardar os passageiros quando estes funcionários podem não estar preparados para lidar com situações de terrorismo.

COM AS RODAS NO CHÃONuma outra interpelação da mesma bancada, o colega de Pereira Couti-nho, Leong Veng Chai, questiona o Executivo sobre o parque de esta-cionamento junto à Praça das Portas do Cerco. O local tem sido ocupado por autocarros dos casinos, o que, relembra o deputado, não é legal.

No documento enviado ao Governo, o número dois de Pereira Coutinho relembra que, de acordo com o que foi publicado no Boletim Oficial, o local deveria ser parte do terminal provisório de autocarros – que já existe nas Portas

do Cerco -, mas serve como estaciona-mento para os ‘shuttle-bus’. “Tem de haver outro despacho para definir qual o destino [do sítio]”, frisa Leong Veng Chai. “Na realidade, o despacho do Chefe do Executivo – de 2003 – nunca foi revogado, pelo que este parque con-tinua apenas a destinar-se à instalação do terminal provisório de autocarros.”

As camionetas dos casinos, diz o deputado, estão, por isso, ilegalmente estacionadas, além de estarem a ocupar ainda um outro terreno vago ao lado desse parque. “Porque é que o Governo continua a permitir que os autocarros dos casinos ocupem estes lugares? Existe conluio entre as partes? Se é legal, quando é que o Governo autorizou que os autocarros se pudessem servir do estacionamento?”, questiona Leong Veng Chai. - J.F.

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5 políticahoje macau terça-feira 25.3.2014

JOANA [email protected]

O braço de ferro parecia que ia continuar, mas os moradores do Sin Fong Garden desisti-

ram. Ontem, depois da visita do chefe do gabinete do Chefe do Executivo ao local - onde durante dois dias decorreu a manifestação dos condóminos do prédio – as tendas começaram a ser desmon-tadas e as caixas de água e comida retiradas do espaço.

A chegada de Alexis Tam à Rua do Patane, onde se situa o prédio evacuado em 2012 por risco de ruína, surpreendeu os moradores que esperavam falar directamente com o Chefe do Executivo. Chui Sai On não apareceu, mas Alexis Tam não só falou aos moradores e jornalistas, como entrou no prédio para ver a fenda no pilar de sus-tentação do edifício. Mal chegou ao local, Tam cumprimentou os manifestantes em nome de Chui Sai On, apelou a que saíssem do local e pediu mais tempo. “Macau é uma cidade civilizada e estar a rua afecta a saúde dos moradores e a segurança pública. Por favor dêem mais tempo para que possamos apresentar o relatório.”

CECÍLIA L [email protected]

H Á mais de uma sema-na que os estudantes continuam a protes-

tar junto ao parlamento de Taiwan, tendo a polícia já expulsado muitos dos que ocupam a praça, o que já gerou 110 feridos e 61 pessoas detidas.

O gabinete da Delegação

Económica e Cultural de Taiwan em Macau já reagiu aos protestos e, em comuni-cado, apenas frisa que “não faz qualquer comentário aos actos de violência, mas que respeita as diferentes opiniões da sociedade”. “Respeitamos as opiniões dos diferentes sectores de Macau. Agradecemos as opiniões e atenções dos amigos de Macau, e vamos

continuar a esforçar-nos. Temos vontade de partilhar experiências no desenvol-vimento da democracia em Taiwan com vocês”, pode ainda ler-se no comunicado.

O gabinete frisou ainda que Taiwan é uma sociedade com liberdade e democracia e que, por isso, “é normal que a população tenha diferentes opiniões em relação às polí-ticas públicas”.

De recordar que, duran-te as manifestações, vários estudantes de Macau em Taiwan, e também de Hong Kong, disseram à impren-sa que “não querem que Taiwan seja como Macau e Hong Kong”, depois de assinar o acordo comercial com a República Popular da China.

Ontem, um grupo de activistas, onde se inclui Lei

Kin Ion, dirigiu-se ao gabi-nete da delegação para dar apoio aos protestos na For-mosa. Segundo a agência de notícias de Taiwan, um es-tudante, líder dos protestos junto à sede parlamentar, foi detido pela polícia. Segundo confirmação do Ministério Público de Taiwan, o detido poderá ser acusado do crime de obstrução das missões oficiais.

IAS DISPONIBIL IZA 80 APARTAMENTOSEM HABITAÇÕES PÚBLICAS A MORADORES

Os moradores do Sin Fong Garden pareciam relutantes, mas vão sair da frente do prédio, onde estavam acampados há dois dias. O Governo tem até duas semanas depois da apresentação do relatório final sobre o incidente – que sai no início de Abril - para arranjar uma solução, caso contrário as manifestações voltam ao local. Entretanto o IAS já arranjou 80 casas para os moradores

SIN FONG GARDEN VISITA DE REPRESENTANTE DO GOVERNO CONVENCE MORADORES A SAIR

Alexis Tam pede mais tempo

GABINETE DE TAIWAN EM MACAU REAGE AO PROTESTO DOS ESTUDANTES

“Respeitamos as diferentes opiniões”

O relatório final deverá estar pronto “no início do mês de Abril”, conforme explicou aos presentes o chefe de gabinete de Chui Sai On. Este é o documento que se espera que conclua quem é o responsável pelo estado do prédio, algo que poderá ajudar os moradores a decidir-se ou

não pela reconstrução do prédio e pela acção em tribunal. Alexis Tam disse que o Governo percebia bem “os sentimentos dos condóminos”, mas que não valia a pena fazerem manifestações de “uma forma tão incansável”. O responsável assegu-rou ainda que, após a publicação do

relatório, alguém vai ser culpado. “Quem for responsável, vai ser encarregue dessa responsabilidade. Por isso, apelo a que saiam o mais rápido possível [do local].”

MUDANÇA DE IDEIASAlexis Tam fez questão de men-cionar que a ocupação da rua pelos moradores era ilegal, mas – pelo que testemunhou o HM – nem foi preciso utilizar medidas mais severas para convencê-los a deixar o Patane. Após a primeira conversa de Tam com os manifestantes, o representante dos moradores disse que ninguém queria “resolver a si-tuação da maneira do Governo”, ou seja, abandonando o local. O porta--voz chegou inclusive a “pedir des-culpa à sociedade” pelo incómodo que estão a causar – a rua é uma

das principais para chegar à zona norte e esteve cortada ao trânsito -, mas assegurou que não arreda-riam pé até falarem com o Chefe do Executivo. Durante a tarde de ontem, o líder do Governo ainda tentou agendar uma reunião com os moradores, que se recusaram, contudo, a deslocar-se ao Governo. “Queremos que Chui Sai On venha cá”, disse o representante.

Cerca de uma hora depois, contudo, a história desenrolou-se de forma bem diferente. Apesar de alguns dos manifestantes terem gritado mensagens de “parem de falar, actuem” a Alexis Tam, quan-do este foi embora, os moradores terão ouvido o apelo de Alexis Tam. O HM viu os manifestantes a arrumarem as coisas que utiliza-ram para dormir de domingo para segunda-feira e chegou à fala com alguns. “Vamos sair. O Governo explicou que o relatório sai no próximo mês e vamos dar duas semanas para vermos resultados, caso contrário voltamos aqui”, disse um dos manifestantes ao nosso jornal. Cerca das 22h ainda se encontrava gente no local, mas ainda em arrumações.

O Instituto de Acção Social (IAS) disponibilizou ontem cerca de 80 apartamentos para os moradores do

Sin Fong Garden. De acordo com a imprensa chinesa, o presidente do instituto, Iong Kong Io, disse que as casas

iriam estar disponíveis em prédios de habitação pública. Segundo as declarações, ainda não há data para a mudança dos

moradores, que estão com acesso interdito aos seus apartamentos no prédio da Rua do Patane desde Outubro de 2012.

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6 hoje macau terça-feira 25.3.2014SOCIEDADE

JOANA [email protected]

J Á foi adjudicada a uma empresa a fisca-lização da construção do novo Mercado

Abastecedor, mas informa-ções do Instituto para os As-suntos Cívicos e Municipais (IACM) ao HM dão conta que ainda está a ser feito o desenho da nova instalação. Florinda Chan tinha referido que a Nam Yue, detentora do mercado, iria receber uma compensação por mudar de local, mas o IACM também desconhece.

De acordo com o Boletim Oficial de ontem, a fiscali-zação da obra foi entregue

S ONG Man Lei e Lai Kin Hong foram escolhidos para serem professores do Colégio Nacional

de Magistrados do Supremo Tribunal Popular da China. A juíza do Tribunal de Última Instância (TUI) e o presidente do Tribunal de Segunda Instância (TSI) foram nomeados pelo próprio colégio, depois de receberem a visita de Huang Yongwei, director do Colégio, e Chen Hongyu, juiz do Gabinete para os As-suntos Jurídicos de Hong Kong, Macau e Taiwan do mesmo tribunal.

Os dois magistrados são contra-tados como docentes em regime de acumulação a tempo parcial no Colégio Nacional de Magistrados e não só se estreiam na posição, como fazem a RAEM pioneira nesta situação. “São os primeiros juízes da RAEM que são contratados para prestarem, a tempo parcial, trabalhos pedagógicos e for-mativos na área jurídica em instituição académica fora da região, sobretudo no Colégio Nacional de Magistrados, responsabilizando-se pelas acções

formativas de juízes seniores do país”, pode ler-se num comunicado do tribunal.

Sam Hou Fai, presidente do TUI, vê este como um passo que vai aumentar ainda mais a cooperação entre os tribu-nais do interior da China e da RAEM, mas não só. “A contratação dos dois magistrados judiciais da RAEM pode aumentar o conhecimento dos juízes seniores formados no interior da China sobre os sistemas político e judiciário da RAEM.” - J.F.

V AI ser mais caro embalar as cinzas volantes de Ká-Hó.

Segundo um despacho on-tem publicado em Boletim Oficial, o consórcio CCSC — Incineração de Resíduos de Macau vai receber mais quase 695 mil patacas pela prestação de serviços espe-ciais de embalagem das cin-zas volantes solidificadas da Central de Incineração de Resíduos Sólidos.

Inicialmente, estava pre-visto o pagamento de 17,4 milhões de patacas pelo serviço da CCSC, mas “uma alteração dos trabalhos de embalagem” das cinzas que “são necessários na Central” fizeram aumentar o valor global inicial. Assim, o consórcio passa a receber 18,039,723 patacas.

No entanto, no ano passado, um novo contrato foi publicado em Boletim

Oficial, conferindo um montante de 22,7 milhões de patacas na adjudica-ção deste mesmo serviço. Ou seja, estas alterações acontecem quase dois anos depois do serviço ter sido primeiramente atribuído à empresa, em Junho de 2012, e um ano depois da nova adjudicação que conferia mais de 20 milhões à CCSC.

As cinzas volantes - após solidificação - são transportadas para local designado pela Direcção dos Serviços para a Pro-tecção Ambiental “para aterro”, mas o organismo não especifica onde é este local. Recorde-se que, em 2011, os moradores de Ká-Hó mostraram-se preocupados com a saúde sobre as cinzas volantes que pairavam no aterro, a 500 metros da vila de Ká--Hó. - J.F.

Portugal na RAEM para “internacionalizar” economia verdeO secretário de Estado do Ambiente de Portugal, Paulo Lemos, inicia hoje uma visita oficial a Macau, onde irá participar no Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental (MIECF, na sigla inglesa). “Um dos objectivos desta visita é internacionalizar a área da economia verde. Em particular, dar a conhecer a experiência e o ‘know-how’ obtido pelas empresas portuguesas no processo de rápida infra-estruturação do país nas áreas do abastecimento de água, saneamento básico, resíduos e energia”, afirmou Paulo Lemos, numa declaração escrita enviada à agência Lusa.

JUSTIÇA JUÍZA DO TUI E PRESIDENTE DO TSI NO COLÉGIO NACIONAL DE MAGISTRADOS

Nomeados como docentesCINZAS VOLANTES SOBE PAGAMENTOÀ CCSC POR CONTRATO DE 2012

Embalar sai caro

O gabinete da secretária Florinda Chan fala na negociação de uma compensação à Nam Yue, mas o IACM diz desconhecer a situação. A fiscalização das obras do novo mercado foram ontem adjudicadas, mas o instituto disse ao HM que o desenho das instalações ainda está a ser feito

MERCADO ABASTECEDOR FISCALIZAÇÃO DE OBRAS ADJUDICADA A EMPRESA, MAS “DESENHO AINDAESTÁ A SER FEITO”

Nam Yue recebe compensação por transferência

à Foundation Engenharia e Consultoria, que vai receber mais de 12,3 milhões de pa-tacas pelos serviços. O con-trato foi autorizado entre a empresa e o Governo, sendo que o pagamento vai ser feito em duas tranches, divididas neste e no próximo ano.

Numa resposta do ga-binete da secretária para a Administração e Justiça aos deputados - publicada este mês no site do Gabinete de Comunicação Social -, Florinda Chan assegura que ainda está a ser negociado com a Nam Yue o pagamento de uma indemnização. O HM questionou o IACM – entidade responsável pelos mercados -, mas da parte do

instituto foi-nos apenas dito que “o desenho ainda está a ser feito” e que “nunca” falaram de qualquer com-pensação.

Ora, a resposta da tutela de Florinda Chan a uma questão colocada por um deputado ainda na apresen-tação das Linhas de Acção Governativa para este ano – cuja apresentação se deu no último trimestre de 2013 – a secretária avança estes deta-lhes. “Dado que a compensa-ção pela transferência é um assunto entre os arrendatá-rios e o explorador do mer-cado abastecedor, o IACM enviou, há pouco tempo, um ofício à concessioná-ria (Sociedade Nam Yue),

solicitando-lhe o acompa-nhamento”, pode ler-se no documento. “Sempre que necessário, e as condições legais assim o permitirem, o IACM procurará prestar-lhe apoio no pedido de parecer aos serviços competentes, com vista a dar uma ajuda adequada.”

A resposta avança ainda que “se tomou como refe-rência o modelo existente do mercado abastecedor” para a construção do novo, que vai ser mais pequeno, mas terá mais pisos e mais espaço “para mais pessoas”.

A construção do novo mercado no Parque Indus-trial da Ilha Verde está a cargo das Obras Públicas, mas ainda não há data para que este esteja pronto. Em Junho de 2012, foi dito pelo IACM numa resposta por escrito ao deputado Chan Men Kam que ainda estava a ser estudada a edificação do mercado. A semana passada o instituto disse ao HM que “estava a ser feito o design”. O actual Mercado Abastecedor é explorado pela Nam Yue, que assumiu a concessão por 25 anos.

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7 sociedadehoje macau terça-feira 25.3.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

A primeira reunião plenária do Conselho de Educa-ção para o Ensino Não--Superior decretou um

aumento dos valores a pagar pelo Governo em subsídios para a educa-ção e também em relação ao número de vagas para bolsas de estudo e de mérito. A decisão entra em vigor já em Setembro, data de arranque do novo ano lectivo 2014/2015.

O subsídio de escolaridade gratuita sofre aumentos situados entre 7,28% e 10,9%, passando de

CECÍLIA L [email protected]

U M centro de explicações na Rua da Alegria, em Macau, foi encerrado pela Direcção

dos Serviços de Educação e Ju-ventude (DSEJ). O local estava em funcionamento há cinco anos sem qualquer licença e, segundo relata o jornal Ou Mun, houve acusações de agressões a alunos.

O caso foi revelado pelos pais de uma criança que frequentava o cen-tro. Quando o menino chegou a casa tinha contusões nos braços e a mão inchada, tendo explicado aos pais que foi um funcionário do centro que o agrediu. O pai tentou responsabilizar a instituição, que disse mesmo “não ter licença, pelo que não tinha que obedecer a quaisquer regulamentos”. O pai da criança fez, então, queixa à DSEJ e denunciou o caso através das redes sociais.

A DSEJ explicou ao jornal Ou Mun que, no início, o centro de explicações “disse” ao organismo não ir funcionar como lugar de estudo, mas ser apenas um centro que prestava serviços de transporte aos alunos. Ou seja, apenas apanhar e deixar crianças na escola. No entanto, quando as autoridades receberam a queixa do pai do aluno agredido, deslocaram-se ao local para descobrir que, afinal, exer-ciam actividades de explicação.

FDCT Medicina chinesa já recebeu mais de 140 milhões O Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e Tecnologia (FDCT) apresentou ontem quatro novos projectos de investigação na área da biotecnologia e medicina chinesa, sendo que hoje será feita a apresentação de mais quatro projectos, desta vez na área das tecnologias da informação. Paulo Cheang Kun Wai, presidente do FDCT, disse que desde 2004, data em que o fundo financeiro foi criado, já foram aprovados 58 projectos de biotecnologia e 83 de medicina chinesa, sendo que estes últimos receberam mais de 140 milhões de patacas. Só o ano passado os projectos nesta área foram 24, orçados em mais de 47 milhões de patacas, ocupando 44% da totalidade dos projectos.

Vício do jogo Donas de casa pedem mais ajuda Sheng Kung Hui, coordenador do gabinete de serviços sociais, disse à TDM que, nos últimos anos, dos 80% dos pedidos de ajuda para viciados em jogo, a maioria partiu da iniciativa das donas de casa, revelando-se uma tendência de aumento. As grandes razões prendem-se com o facto de terem demasiado tempo livre e falta de apoios, instalações e outros recursos. O facto de muitos centros de slot-machines estarem perto dos bairros comunitários leva a um aumento do vicio, surgindo como uma forma de passar o tempo.

Jogo MGM lança programa para contratar locaispara o CotaiO MGM está a contratar locais para o novo projecto da operadora que irá crescer no Cotai. De acordo com um comunicado ontem enviado aos jornalistas, a empresa lançou um programa chamado “PRIDE”, que pretende “apoiar e desenvolver o talento local”, seguindo a política do Governo em contratar residentes para ocupar lugares de gestão. “Começámos a preparar o programa no início de 2012. Estamos gratos pela nossa presença em Macau e, por isso, fazer com que o nosso talento local cresça faz parte da essência da nossa empresa”, frisa Grant Bowie, director-executivo do MGM. O programa consiste em ensinar funcionários locais para as áreas de gestão do novo casino-resort do Cotai. Os que forem escolhidos poderão ingressar numa carreira com um cargo mais elevado. No total, são 15 meses de “treino intensivo” e 26 empregados da operadora foram já seleccionados.

CENTRO DE EXPLICAÇÕES SEM LICENÇA FECHADO APÓS QUEIXA DE PAI POR AGRESSÃO

Cinco anos a ensinar fora da lei

Docentes, turmas, escolas e alunos passam a estar abrangidos pelos novos valores. O subsídio de escolaridade passa a ser de 1.400 milhões por turma. Para quem quiser estudar português em Portugal, os apoios sobem para as 200 mil patacas

EDUCAÇÃO NOVOS APOIOS ENTRAM EM VIGOR NO ANO LECTIVO DE 2014/2015

Governo aumenta subsídios

810 mil patacas a 1.400 milhões de patacas pagos por cada turma. Os rácios de turma-professor e profes-sor-aluno foram actualizados e os subsídios subiram de 197,400 mil patacas para 317,600 mil patacas.

Em relação aos professores, regista-se um aumento de 9% para o subsídio de desenvolvimento profissional, sem esquecer o fi-nanciamento para professores do nível 1 com uma licenciatura ou equivalente. De 8640 patacas, os docentes passarão a ganhar 9450 patacas mensais.

Os apoios financeiros para a compra de livros passam a ser

de 2400 patacas por aluno, três mil para subsídio de alimentação e mais duas mil patacas para a compra de material escolar. Um agregado familiar de quatro pes-soas passa a ter direito a receber 14 mil patacas por mês, resultado da redução do rendimento médio mensal de famílias com dificulda-des económicas.

PORTUGUÊS TAMBÉM GANHA MAIS Ao nível das bolsas de estudo, a DSEJ decidiu aumentar os apoios para quem decide estudar portu-guês. Para quem quiser frequentar cursos de língua portuguesa em

Portugal, as vagas passam de 60 a 100, com os apoios a aumentar de 56 para 200 mil patacas. Em relação ao plano de financiamento para docentes de língua portugue-sa, as vagas passam a ser 20, com um subsídio actualizado para as 200 mil patacas.

Para as bolsas de empréstimo e mérito, o limite máximo será de 5,300 mil patacas mensais, con-soante a região da universidade frequentada pelo aluno. As bolsas especiais fixam-se entre as 2200 e 6360 patacas.

Do encontro ficou ainda a sa-ber-se que o “Estatuto das Escolas Particulares”, que será criado como complemento à Lei de Bases do Sistema Educativo Não Superior, vai ser sujeito a uma segunda fase de consulta pública. As opiniões para a elaboração da futura lei vão ser recolhidas até ao próximo dia 29 de Abril.

DSEJ QUER REGULAR MELHOR OS CENTROS EDUCACIONAIS O caso de uma alegada agressão a um aluno num centro de explicações na Rua da Alegria, a funcionar sem licença há cinco anos, mereceu ontem um comentário da parte da DSEJ. Leong Vai Kei, chefe de departamento, referiu que a notícia publicada no jornal Ou Mun contem dados que podem levar a uma “má interpretação”. O referido centro estaria a funcionar como um centro de transportes, em alvará para ser um centro de explicações, sendo que a DSEJ garante ter enviado uma equipa ao local para fiscalizar a situação. Terão sido encontrados “alunos com livros”, tendo sido aconselhado o fecho do estabelecimento. A mesma responsável garantiu que o Governo “não tem competência” legal para fiscalizar o funcionamento dos centros de transporte de crianças e apenas os centros de explicações. A revisão do decreto-lei sobre licenciamento e fiscalização de centros de apoio pedagógico complementar particulares, ainda sem data para ficar concluída, poderá incluir essas competências. “Esse regime está na fase da avaliação e depois poderá passar a ser uma competência da DSEJ. Na altura, quando o decreto-lei foi promulgado (1998), não havia tanta necessidade de centros de transporte de crianças. Poderão haver infra-estruturas a funcionar sem fiscalização”, disse Leong Vai Kei.

A DSEJ assegurou que registou a ocorrência e iniciou os procedi-mentos judiciais, frisando que “está a dar elevada atenção ao caso”.

Para os encarregados de educação que fizeram a queixa, no entanto, as coisas não estão a andar como deveriam. O pai do aluno disse

que espera já há um mês para que o caso se resolva, mas ainda não há quaisquer novidades. A DSEJ afirma que o processo deverá demorar, uma vez que, dado o acontecimento, é algo que precisa de tempo para se tratar.

Segundo as informações publi-cadas na internet, já em 2009 houve pais a consultar as informações deste centro de explicações. Con-tudo, durante cinco anos, nunca foi descoberto que o local estaria a operar sem licença. Para a deputada Chan Hong é “óbvio” que a lei tem muitas brechas. A deputada da área da educação critica a falta de fiscalização destes centros.

Entretanto, a DSEJ já publicou a lista de 250 centros de explica-ções devidamente licenciados no seu site oficial, mas Chan Hong sugere que as autoridades dividam a lista segundo a localização e criem ainda uma função de pes-quisa, “na medida do possível”, para ser mais fácil aos pais a consulta.

A lei prevê apenas o pagamento de uma multa entre as três mil e as 15 mil patacas pelo exercício de actividade sem licença, algo que, para um dos membros do Conselho de Educação para o Ensino Não Su-perior, Lam Fa Iam, é uma punição muito leve. Lam Fa Iam apela que se estude a possibilidade do centro ser punido judicialmente.

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8 hoje macau terça-feira 25.3.2014CHINA

A empresa chinesa de telecomunica-ções e Internet Huawei defen-

deu ontem a sua independên-cia e disse que irá condenar qualquer infiltração dos seus servidores pela Agên-cia Nacional de Segurança (NSA na sigla em inglês) dos Estados Unidos se os relatos de tais actividades forem verdadeiros.

O jornal americano “The New York Times” e a revista alemã “Der Spiegel” publicaram reportagens este domingo citando documen-tos divulgados por Edward Snowden, ex-funcionário de segurança dos EUA, segundo os quais a NSA obteve dados secretos e monitorizou as comunica-ções executivas da Huawei, em mais um capítulo da “guerra fria digital” entre a China e os EUA. “Se as acções relatadas forem ver-

A directora do Fundo Monetário Inter-nacional (FMI),

Christine Lagarde, elogiou ontem o “papel estabiliza-dor” da China na economia global, mas exortou o país a promover um cresci-mento “mais inclusivo, mais amigo do ambiente e mais sustentável”. “A China está de novo numa encruzilhada. Embora os índices de crescimento continuem impressionan-tes, isso esconde alguns graves problemas que precisam de ser ultrapas-sados”, disse Christian Lagarde num fórum sobre o desenvolvimento da China, organizado por um grupo de reflexão associa-do ao governo chinês.

Segundo a directora do FMI, “no conjunto, as perspectivas globais da economia estão a melho-rar”, mas “o crescimento permanece demasiado fraco ou demasiado de-sequilibrado”.

O FMI projectou em Janeiro um crescimento económico global de 3,7% em 2014, mais 0,7 pontos do que em 2013, “impul-sionado largamente pelas melhorias nas economias avançadas”, referiu La-garde.

U M agricultor da China morreu queimado na sexta-feira durante um

protesto relacionado com ter-renos retirados aos agricultores para serem desenvolvidos, em mais um desentendimento sobre a compensação a receber por terrenos.

Geng Fulin, 62 anos, morreu quando uma pequena barraca construída pelos agricultores num terreno rural vendido pelo Governo local a um promotor imobiliário pegou fogo, refere o diário estatal Global Times.

Duas outras pessoas no local ficaram feridas no acidente que aconteceu na cidade de Pingdu, província oriental de Shandong.

Moradores no local expli-

caram que a terra tinha sido secretamente vendida e que os agricultores, com direitos de utilização da terra, não tinham sido compensados como era seu direito.

O caso causou a indignação generalizada da imprensa chine-sa que destaca os esforços dos agricultores em serem compen-sados dos seus direitos de uti-lização das terras depois destas serem vendidas a promotores imobiliários e se constituírem como uma fonte de receita para o poder local.

A Amnistia Internacional deu conta no seu relatório de 2013 de despejos forçados de agricultores que contribuem para aumentar o descontenta-mento popular.

Taiwan Polícia recorre a canhõesde água para retirar manifestantesA polícia anti-motim de Taiwan recorreu ontem a canhões de água numa operação para retirar centenas de jovens manifestantes que protestam contra um acordo de comércio com a China e ocuparam a sede do Governo. Cerca de mil agentes da polícia foram chamados ao local da manifestação para retirar os manifestantes, referiu o departamento da polícia ao salientar terem sido detidas, pelo menos, 32 pessoas. O tratado comercial decorre do acordo-quadro entre a China e Taiwan para a Cooperação Económica, assinado em 2010. O acordo prevê a abertura às empresas taiwanesas de 80 sectores de serviços na China, e de 64 sectores de Taiwan às empresas chinesas.

ESPIONAGEM NSA TERÁ RASTREADO SERVIDOR CHINÊS

Tiro no gigantedadeiras, a Huawei rejeita tais actividades de invasão e infiltração da nossa rede corporativa interna e o controlo das nossas comu-nicações” — disse o chefe de ciber-segurança global da Huawei, John Suffolk, à Reuters.

Segundo a reportagem do “New York Times”, entre os objectivos da ope-ração da NSA, apelidada de “Shotgiant” (“um tiro no gigante”, em tradução livre) estariam descobrir quaisquer conexões entre a Huawei e o Exército de Libertação do Povo Chinês, explorar a tecnologia da Huawei e estabelecer vigi-lância através das redes de computador e telefone que a empresa vendeu a outras nações.

Ainda de acordo com a reportagem, a NSA aguar-dava apenas a ordem do presidente dos EUA, Barack

Obama, para desencadear ciber-operações mais ofen-sivas.

Tanto o “New York Times” como a “Der Spie-gel” informaram que a NSA obteve acesso aos servidores a partir do quartel-general da Huawei em Shenzhen e informações sobre o funcio-namento de rooters gigantes e interruptores digitais com-plexos que a empresa diz ligarem um terço das pessoas do mundo.

A revista alemã susten-tou ainda que a NSA copiou uma lista de mais de 1.400 clientes e documentos internos de formação para engenheiros, e que a agên-cia estaria a preparar uma ofensiva digital contra a liderança política chinesa, citando o ex-primeiro--ministro Hu Jintao e os Ministérios do Comércio e dos Negócios Estrangeiros como alvos.

ECONOMIA DIRECTORA DO FMI ELOGIA “PAPEL ESTABILIZADOR” DA CHINA

Força de referência globalTERRENOS AGRICULTOR MORREQUEIMADO EM DISPUTA

Despejo forçadoNo caso da China,

que é a segunda econo-mia mundial, a seguir aos Estados Unidos da Amé-rica, a meta de cresci-mento preconizada pelo Governo para este ano é de “cerca de 7,5%”, um

valor muito próximo dos 7,7% registados em 2013 e 2012. “A China emer-giu claramente como uma força estabilizadora na economia global. De facto, a China assegu-rou, de facto, mais de

um crescimento global nos últimos cinco anos e quase 50% do cres-cimento das economias emergentes e em vias de desenvolvimento”, afirmou a directora do FMI.

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9 chinahoje macau terça-feira 25.3.2014

REGIÃO

A Malaysia Airli-nes assumiu, esta segunda-feira, o desaparecimento

do Boeing 777-200 e que to-dos os passageiros a bordo do voo MH370 estão mortos. O Governo malaio acredita, com base nos dados mais recentes, que o avião se despenhou no mar, perto do local onde de-correm as buscas. “A Malaysia

Tribunal condenou a prisão cidadão que se queria manifestar em Tiananmen

Eleições na Índia Ministro da Agricultura apelou aos apoiantes para votarem duas vezes

Coreia do Sul Anunciadas medidas para combater dependência dos “smartphones”

O Governo da Coreia do Sul anunciou ontem

novas medidas para com-bater a dependência sobre os “smartphones” no país, depois de um estudo ter revelado que mais de 25% dos adolescentes apresenta sintomas de dependência destes dispositivos. As con-clusões do estudo baseiam--se nos sinais de abstinência manifestados pelos jovens quando não podiam aceder aos seus aparelhos, número que coloca à mostra a gra-vidade do problema dado tratar-se de mais do dobro

dos valores obtidos em 2011. Por outro lado, 11,8% dos sul-coreanos entre os 10 e os 54 anos utilizam os seus “smartphones” um pouco além das cinco horas diárias, indica o estudo do Ministério da Ciência e Tecnologia. A utilização média de “smartphones” entre os 15.000 inquiridos foi de 4,1 horas por dia. Cer-ca de 72% dos sul-coreanos possuíam em 2013 algum tipo de dispositivo móvel de última geração, um dado que é muito superior aos 31,3% de 2011.

O ministro indiano a agricultura, Sharad

Pawar, está a ser duramente criticado pela oposição por ter apelado aos seus apoian-tes que votem duas vezes no seu partido. Falando num comício do Partido do Congresso Nacional, o ministro exortou os seus apoiantes a lavarem a tinta com que são pintados os dedos dos eleitores que já votaram, seguirem para outra assembleia de voto

e votarem novamente no seu partido. Os comentários levantaram uma onda de protestos da oposição e há formações políticas que já anunciaram irem apresen-tar o caso junto da Comis-são Eleitoral. Actualmente o Partido do Congresso Nacional está no poder em coligação com o Partido do Congresso e o ministro já disse ter-se tratado de “uma piada” o apelo que fez aos seus apoiantes.

MALAYSIA AIRLINES AVIÃO CAIU NO ÍNDICO E QUE NÃO HÁ SOBREVIVENTES

Voo MH370 despenhou-se

Um tribunal chinês sentenciou ontem a 18 meses de prisão um homem que pretendia realizar um protesto no aniversário do massacre da praça de Tiananmen, disse o seu advogado. Gu Yimin foi considerado culpado por “incitar à subversão do Estado” depois de ter publicado na internet

fotografia do protesto dos estudantes e pedir autorização para se manifestar, na mesma praça, no aniversário do ano passado, disse o advogado Liu Weiguo. “Este julgamento viola a Constituição”, disse o causídico ao acrescentar que Gu Yimin vai recorrer da sentença proferida por um tribunal de

Gangshu, província de Jiangsu, e que apenas estava a exercer o seu direito de liberdade de expressão. Centenas, ou milhares, de pessoas morreram em 1989 na praça de Tiananmen quando o exército chinês carregou sobre os manifestantes terminando com o movimento pró-democracia.

Airlines lamenta profunda-mente que tenha de assumir sem qualquer dúvida que o voo MH370 desapareceu e nenhuma das pessoas a bordo sobreviveu”, informou a com-panhia, por SMS enviada aos familiares das 239 pessoas a bordo do Boeing 777-200 da companhia aérea malaia.

“É com grande tristeza e pesar que faço este anúncio:

o voo MH370 terminou no sul do oceano Índico”, disse o primeiro-ministro malaio, Najib Razaka, numa breve comunicação.

Os familiares dos 173 chineses que seguiam a bordo do avião foram con-vocados para um hotel em Pequim. Muitos desmaia-ram ou ficaram em choque ao ser confirmada a queda

do avião e a morte de todos os passageiros.

De acordo com o primei-ro-ministro malaio, os dados mais recentes de satélite mostram que a última posi-ção conhecida do avião é a Oeste de Perth, na Austrália, numa zona consistente com o local onde estão a decorrer as buscas.

Confirma-se que o avião terá caído no local estimado pelas autoridades para ficar sem combustível, caso se-guisse a rota que motivou a criação do corredor sul para as buscas do avião da Malaysia Airlines.

Esta segunda-feira, um avião chinês e um austra-liano avistaram alguns ob-jectos suspeitos na zona sul do Oceano Índico durante as buscas pelo Boeing da Malaysia Airlines.

Os destroços, descritos como “um objecto circular verde ou cinzento” e um “rectangular alaranjado” foram vistos a cerca de 2500 km a Oeste da cidade costeira australiana de Perth, na segunda-feira à tarde, madrugada de segunda-feira em Portugal continental, disse o primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott.

Um navio australiano está muito próximo do lo-cal onde foram avistados possíveis destroços do avião desaparecido da Malyasia Airlines. O “HMAS Suc-cess” deve chegar, hoje, ao local onde estão os destroços e confirmar o que parece ób-vio e já foi assumido: aquela zona inóspita do Oceano foi o destino final das 239 vidas a bordo do voo MH370.

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10 EVENTOS

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O VALE DO SILÊNCIO • Nora RobertsApós ter viajado no tempo através do Baile dos Deuses para o antigo reino de Geall, Moira toma o seu lugar como rainha. Ao lado dos seus cinco companheiros, Moira terá que liderar os seus súbditos, na maior batalha alguma vez vista, contra o exército de vampiros de Lilith que tudo fará para destruir Geall.

DO-IN: TÉCNICA ORIENTAL DE AUTO-MASSAGEM • Jacques de LangreO livro ensina ao leitor exercícios simples que, aliados a uma alimentação sadia, produzirão inúmeros e excelentes resultados no seu corpo e na sua mente. Entre outros, podemos citar a prevenção e a correcção de problemas cardíacos, circulatórios, renais, sexuais, gástricos, hepáticos, etc. O autor é um dos maiores conhecedores ocidentais dessa milenar técnica oriunda da China.

hoje macau terça-feira 25.3.2014

A mostra “Impres-sões de Macau – China, Um Ál-bum Inédito de

Thomas Boswell Watson”, inaugura hoje, pelas 20:00h, no Clube Militar, no âmbito do Festival Rota das Letras. A mostra apresenta mais de meia centena de obras da autoria de Thomas Boswell Watson, todas pertencentes ao álbum número quatro do artista-médico, intitulado pelo próprio autor “Sketches taken in China”. A inauguração será precedida pela apresentação do livros Macau – Pessoas e Lugares, Passado e Presente,

de Jason Wordie (18h), e Mapeando Macau Através do Escritores Chineses e dos Templos Budistas e Taoistas, de Christina Miu Bing Cheng (19h), informa o comunicado de imprensa da organização.

O álbum “Sketches taken in China” foi recentemente resgatado por coleccionadores privados a uma leiloeira, num gesto que devolve à cidade parte da sua memória visual, acrescenta a nota de imprensa.

A obra de Tomas Boswell Watson insere-se numa tra-dição de pintura de pai-sagem que em Macau se inicia com George Chinnery

(1774-1852), e se prolonga através da obra de Lamqua (1801–1860), Thomas Wat-son (1815-1860), Auguste Borget (1808-1877), Mar-ciano Baptista (1826-1896) e George Smirnoff (1903-1947), responsável pela criação da memória visual da paisagem de Macau entre meados do século XIX e XX.

O médico e discípulo de Chinnery já desenhava mes-mo antes de ter conhecido o mestre, com quem estabe-leceu uma amizade excep-cional. A mostra apresenta um desenho que parece ter autoria dupla, isto é, dese-

nhado por Thomas Watson e Chinnery simultaneamente. De facto, era prática comum na época o mestre desenhar na folha do seu discípulo.

A exposição, produzida pelo Festival Literário de Ma-cau com o apoio da Babel – Organização Cultural, apre-senta uma estrutura temática. Um primeiro conjunto de paisagens construídas, segui-do de um segundo composto por paisagens naturais, um terceiro dedicado a barcos, sampanas e juncos e, final-mente, um último relativo a figuras humanas e animais, finaliza a nota.

U M investigador da Uni-versidade de Coimbra (UC) criou o “Poe-

TryMe”, o “primeiro ‘poeta artificial’ português”, cujas criatividade e inspiração não têm limites, sendo capaz de gerar poemas em menos de um minuto.

“Na véspera do Dia Mun-dial da Poesia [21 de Março], apresentamos o primeiro ‘poeta artificial’ português”, desenvolvido pelo investiga-dor Hugo Gonçalo Oliveira, anuncia a UC, numa nota dis-tribuída à imprensa, assegu-rando que “a criatividade do ‘PoeTryMe’ não tem limites e a inspiração não lhe falha, gerando poemas em menos de um minuto”.

Na prática, trata-se de “um sistema informático in-teligente que se apoia em re-des de palavras, relacionadas de acordo com os seus senti-dos, e em padrões de versos, obtidos a partir da análise de poesia escrita por humanos, gerando a partir daí poemas em língua portuguesa sobre as mais diversas temáticas”, explicita a mesma nota.

“Um dos pontos-chave deste poeta ‘sui generis’” é, de acordo com Hugo Gonçalo Oliveira, a sua “flexibilidade na criação de poesia”.

O “PoeTryMe” tem a ca-pacidade para “compor com

ROTA DAS LETRAS EXPOSIÇÃO DE THOMAS BOSWELL WATSON NO CLUBE MILITAR

Impressões de Macau

PRIMEIRO “POETA ARTIFICIAL” PORTUGUÊS

Criar sem limitesas mais diferentes configura-ções”, assegura o investigador e docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC.

Com este sistema, é possí-vel, por exemplo, determinar “um conjunto de palavras que defina o domínio do poema, indicar o nível de surpresa, escolher a forma poética (so-netos, quadras, etc.) e decidir o sentimento (negativo ou positivo) transmitido” -- e, no final da obra, “o sistema ainda pode explicar a sua escolha de palavras”.

A geração automática de poesia, enquanto área de co-nhecimento, surgiu em 2000, mas “em Portugal ainda é pouco explorada”, podendo, no entanto, ser “uma nova forma de pensar a poesia” e de “contribuir para estimular os poetas humanos, desafiando ainda mais a sua criativida-de”, sustenta Hugo Gonçalo Oliveira, admitindo que este sistema pode também fun-cionar como “uma fonte de inspiração”.

Desenvolvido ao longo dos últimos três anos, o “PoeTryMe” foi já adaptado para castelhano, numa cola-boração com investigadores da Universidade de Madrid, no âmbito do projecto euro-peu PROSECCO, que visa promover a investigação em criatividade computacional.

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eventos 11hoje macau terça-feira 25.3.2014

O estilo de letra agora adop-tado pelo Banco da No-ruega é da autoria de um

designer português, que se dedica a tempo inteiro à criação de novas fontes de caracteres. Licenciado em Design de Comunicação pela Facul-dade de Belas Artes do Porto, Rui Abreu conta já com várias fontes licenciadas por revendedores inter-nacionais que encontraram no seu trabalho um produto de excelência.

Pelo nome ‘Azo Sans’, a tipogra-fia eleita pelo Norges Bank é “ins-pirada nos alfabetos geométricos do fim dos anos 20”. A aquisição dos di-reitos para uso da fonte de Rui Abreu aconteceu há poucos meses, depois de o banco norueguês entrar em con-tacto com um dos revendedores do designer. “A Azo foi desenhada com uma abordagem mais humanista, que a torna ‘simpática’ e calorosa, apesar do desenho marcadamente racional e depurado’, contou o designer ao Boas Notícias. “A geometria tem algo de

A Força Motriz organiza na próxima semana, na China,

entre os dias 25 e 27 de Março, um conjunto de acções de formação, degustações e apresentações num ciclo promocional que tem na presença do responsável de vinhos do restaurante Dinner de Heston Blumenthal um dos seus trunfos. O Master Sommelier português, radi-cado em Londres, e que colaborou

já com os restaurantes estrelados The Capitol e Gordon Ramsay estará nas duas cidades chinesas, a acompanhar agentes, importadores e produtores nacionais que vão apresentar em Macau e Hong Kong quarenta e quatro referências de oito regiões produtoras: Alentejo, Bairrada, Douro, Lisboa, Madeira, Tejo, Península de Setúbal e Vinhos Verdes.

Alorna, Joaquim Arnaud, Ra-vasqueira, José Maria da Fonseca, Bacalhôa, Casa Horácio Simões, Sivipa, Quinta dos Plátanos, Quinta do Pessegueiro, Herdade do Cebo-lal, Herdade de Portocarro, Adega Cooperativa de Ponte de Lima, Lavradores de Feitoria, Niepoort são alguns dos produtores aderentes a esta iniciativa, informa o comuni-cado de imprensa da organização.

Carnaval no Venetiana partir de sexta-feira O Venetian celebra a partir da próxima sexta-feira e até 13 de Abril, o Carnaval com uma série de acontecimentos, donde se destaca o espectáculo de luz “Lords of Lightning”. O espectáculo que usa quatro milhões de volts está pela primeira vez na Ásia e promete electrizar todos aqueles que se desloquem até ao Cotai. O evento realiza-se pelo quarto ano consecutivo, contando para tal com o apoio da Secretaria de Turismo de Macau.

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DESIGN BANCO NORUEGUÊS USA TIPODE LETRA CRIADO POR PORTUGUÊS

Apelo da geometriaVinhos portugueses Ciclo promocional em Macaue Hong Kong com Master Sommelier João Pires

Morreu actor James Rebhorn O actor James Rebhorn, conhecido pela sua participação em papéis secundários em filmes como “Scent of a Woman” (1992), “Independence Day” (1996), “The Game” (1997), “Meet the Parents” (2000) ou em “Homeland”, morreu aos 65 anos. De acordo com a agente do actor, Dianne Busch, James Rebhorn morreu sexta-feira na sua casa de Nova Jérsei devido a complicações de um melanoma que tinha sido diagnosticado em 1992. “Lutou contra a doença todo este tempo”, explicou a agente. Em “Homeland”, um dos seus mais recentes papéis interpretava a figura do pai da protagonista, Carrie Matheson, interpretado por Claire Danes.

apelativo ao nosso olhar e os tipos de letra geométricos mantiveram-se sempre intemporais, quer em termos ‘branding’ quer em editorial. E é precisamente nesta tradição que a Azo Sans se baseia, embora com um tratamento moderno”.

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12 hoje macau terça-feira 25.3.2014

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ANÚNCIOHM-1ªvez 25-3-14

Proc. Execução Ordinária nº. CV3-13-0065-CEO 3º Juízo Cível

EXEQUENTE: MGM GRAND PARADISE S.A., com sede em Macau, na Avenida Dr. Sun Yat Sen, s/nº - Edifício MGM Grand Macau, Macau. ----------------------------------EXECUTADO: ZHANG KAIXIN, ausente em parte incerta, com última residência conhecida em Macau na Rua de Coimbra, nº 568 – Complexo Nova City, Torre 5, 35º andar D, Taipa, ou Rua de Chiu Chau, nº 185, Edifício Happy Valley Mansion 19 – AC (Bloco 3), Taipa ou Rua de Fat San, nº 7 – 61, Edifício Happy Valley Mansion, Bloco 2, 19º andar AD, Taipa. ---------------------------------------------

*** FAZ-SE SABER que, pelo Tribunal, Juízo e processo acima referidos, correm ÉDITOS DE TRINTA (30) DIAS, a contar da data da segunda e última publicação dos respectivos anúncios, citando, o executado acima identificado, para no prazo de VINTE (20) DIAS, decorridos que sejam os dos éditos, pagar ao exequente a quantia de MOP$4,227,380.57 (Quatro Milhões, Duzentas e Vinte e Sete Mil, Trezentas e Oitenta Patacas e Cinquenta e Sete Avos), e demais acréscimos legais, ou no mesmo prazo, deduzir oposição por embargos ou nomear bens à penhora, sob pena de não o fazer ser devolvido ao exequente o direito de nomeação de bens à penhora e seguindo o processo os ulteriores termos até final à sua revelia, com a advertência de que é obrigatória a constituição de advogado, do citado diploma, caso sejam opostos embargos ou tenha lugar a qualquer outro procedimento que siga os termos do processo declarativo. ----------------------------- Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 3º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente. ------------------------------------

Macau, 19 de Março de 2014***

HUAI NAN ZI

淮南子 O LIVRO DOS MESTRES DE HUAINAN

A grande eloquência não tem voz.

Da Paz – 78

A energia do céu é a alma mais alta; a energia da terra é a alma mais baixa. Fá-las regressar à câ-mara mística, para que cada uma se encontre em seu lugar. Vela sobre elas e não as percas; estarás ligado a união absoluta do alto e a vitalidade da união absoluta está ligada ao céu.

* * *

A Grande Via não tem forma; a grande bondade não tem familia-ridade; a grande eloquência não tem voz; a grande humildade não é obsequiosa; a grande coragem não tem ardil. Se não negligen-ciares estas cinco coisas, estarás a aproximar-te da Via.

* * *

As pessoas podem fazer o bem sem, necessariamente, colherem os seus benefícios. As pessoas po-dem evitar fazer o mal sem, ne-cessariamente, por tal evitarem a calamidade.

* * *

Quando aqueles que são verda-deiramente bons dão, trata-se de bondade; e quando não dão, trata--se também de bondade. Quando aqueles que não são verdadeira-mente bons dão, não se trata de bondade; e quando não dão, tam-bém não se trata de bondade.

* * *

Só existe conhecimento verdadei-ro quando existem pessoas verda-deiras.

* * * Quando nos enredamos no mun-do, encontramo-nos materialmen-te condicionados e espiritualmente esgotados. Assim, inevitavelmente sofremos os males da exaustão.

Tradução de Rui CascaisIlustração de Rui Rasquinho

Huai Nan Zi (淮南子), O Livro dos Mestres de Huainan foi composto por um conjunto de sábios taoistas na corte de Huainan (ac-tual Província de Anhui), no século II a.C., no decorrer da Dinastia Han do Oeste (206 a.C. a 9 d.C.). Conhecidos como “Os Oito Imortais”, estes sábios destilaram e refinaram o corpo de ensinamentos taoistas já exis-tente (ou seja, o Tao Te Qing e o Chuang Tzu) num só volume, sob o patrocínio e co-ordenação do lendário Príncipe Liu An de Huainan. A versão portuguesa que aqui se apresenta segue uma selecção de extractos fundamentais, efectuada a partir do texto canónico completo pelo Professor Thomas Cleary e por si traduzida em Taoist Classics, Volume I, Shambhala: Boston, 2003. Estes extractos encontram-se organizados em qua-tro grupos: “Da Sociedade e do Estado”; “Da Guerra”; “Da Paz” e “Da Sabedoria”. O texto original chinês pode ser consultado na ínte-gra em www.ctext.org, na secção intitulada “Miscellaneous Schools”.

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13 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 25.3.2014

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14 hoje macau terça-feira 25.3.2014h

António RodRiguesIN ÍPSILON

A BANDONOU no auge da fama. Quando Calvin & Ho-bbes se convertera num fenó-meno de popularidade a nível

mundial, os jornais se multiplicavam a publicar a sua tira de BD, os livros ven-diam aos milhões, Bill Watterson andava a convencer a distribuidora Universal Press Syndication a deixá-lo pôr ponto final nas aventuras do seu pequeno rebel-de e do amigo tigre de peluche. A 31 de Dezembro de 1995, Calvin dizia para o seu compincha Hobbes que valia a pena ir explorar o mundo lá fora, para lá dos claustrofóbicos limites de uma tira de BD e da necessidade diária de ser simples, inovador, original e divertido.

E na paisagem sem contornos da neve, ambos deslizavam num trenó para não mais voltarem.

Para trás ficava uma das mais originais tiras de BD da história, que extravasara os limites do leitor de banda desenhada para se tornar parte da cultura popular do sé-culo XX. Uma obra que era tão devedora dos grandes clássicos da BD americana (de Krazy Kat, de George Herriman, a Little Nemo, de Winsor McCay, passan-do pelos Peanuts, de Charles M. Schulz, e o Pogo, de Walt Kelly) como da pintura — da arte em si. Aliás, foi para recuperar a energia perdida dos clássicos da ban-da desenhada americana que Watterson criou a sua tira. “Não penso que a minha obra seja particularmente revolucionária, mas a banda desenhada americana an-dava estática e simplista, por isso, o que tentei foi recuperar parte da energia e da atracção visual que tinha nas primeiras décadas do século quando era impressa em tamanho maior”, explica ao Ípsilon, na sua primeira entrevista a um órgão de comunicação social de fora dos EUA desde que pôs fim a Calvin & Hobbes. A ideia da tira formatada nos seus eternos quadradinhos com a piada no final não ti-nha interesse para quem sempre encarou “a banda desenhada como uma verdadei-ra arte” e sempre preferiu mais o lado do desenho do que o da escrita. E que cita como influência o trabalho dos expres-sionistas alemães, as xilogravuras do Die Brücke, de Egon Schiele e Lyonel Feinin-ger — este também autor de BD. “Adoro a exuberância da banda desenhada, o seu golpe visual e a sua versatilidade incrível para escrever. Foi isso que me fez querer

O HOMEM QUE SOLTOU A CRIANÇA EM TODOS NÓSser um cartoonista e estava contente por poder partilhar o meu entusiasmo”, diz--nos Watterson. Quando o entusiasmo desapareceu, quando percebeu, ao fim de 3.150 tiras, que já não podia dar às personagens mais do que a repetição de fórmulas ou de ideias, tapou os frascos de tinta e foi explorar o mundo (que é como quem diz, foi pintar paisagens e pescar), para nunca mais ninguém o ver.

O J.D. SALINGER DOS COMICSE se houve quem chorasse pelo fim das personagens que se haviam tornado parte do quotidiano, outros — muitos — aplau-diram a integridade artística, a resistência ao abastardamento da criação. Muitos explicam a popularidade de Calvin & Hobbes ainda hoje, quase duas décadas depois do seu fim, com essa resistência a deixar que a criação se transformasse em commodity, em plataforma de venda de merchandising. Outros estão convictos de que a forma como Bill Watterson lidou com a fama o transformou em persona-gem de culto.

Explica muita coisa que um autor refira a palavra “depressão” quando fala sobre a popularidade das suas personagens, cujas tiras chegaram a aparecer em 2.400 publi-cações de todo o mundo. A caracterização foi feita durante uma entrevista de 1989 ao seu amigo Richard Weston. Uma entre-vista que, segundo Watterson, tinha sido originalmente feita para a Rolling Stone e acabou publicada pelo The Comics Jour-nal, para o qual desenhou também a capa.

E dar o ano de uma entrevista para a identificar, no caso de Watterson, é in-formação precisa — depois da de 1989 há a de 2005, em que respondeu a 15 perguntas de leitores, a de 2010 ao The

Plain Dealer, o principal diário de Cleve-land, a de 2013 à The Mental Floss e a do jornal Público este ano. O cartoonista é intransigente com a sua privacidade. Nas poucas vezes em que aceitou responder a questões, fê-lo por correio electrónico, limitando as mesmas em número e as-sunto. Fotografias menos ainda: a editora americana tem instruções para distribuir à imprensa apenas um auto-retrato (aquele que se vê nestas páginas) e declinar os pe-didos de outras imagens.

Não admira que o seu afastamento da sociedade mediática lhe valha a identifi-cação com outro célebre recluso das artes e lhe chamem “J.D. Salinger dos comics”. A revista Time chegou a incluí-lo numa lista dos “dez mais famosos reclusos”, ao lado de Salinger e de outros ilustres fó-bicos da fama: Howard Hughes, Greta Garbo, Harper Lee, Emily Dickinson, Syd Barrett, Thomas Pynchon, Dave Chapelle e Marcel Proust.

Watterson prefere deixar falar a obra, ser ela a explicá-lo. Prestar-se ao jogo de desvendar a sua biografia com fins mediá-ticos contradiria a sua forma de encarar a BD e a arte. Mostrar as pinturas que tem feito desde então, falar de si, do que pen-sa, mostrar a casa, a mulher, os amigos, dar a opinião sobre isto e aquilo sempre foi incompatível com as suas ideias. Ain-da para mais quando sabe que, devido à popularidade de Calvin & Hobbes, tudo o que fizer ou disser amplifica-se. “[Sem-pre] tentei exprimir os meus pensamen-tos de forma honesta”, explica ao Ípsilon. Daí que não pudesse seguir com as suas personagens só por causa da pressão, da distribuidora ou do público, quando es-tava convicto do esgotamento da tira que fazia diariamente desde 18 de Novembro de 1985 (com excepção de um interregno sabático de nove meses em 1991, por se sentir esgotado).

E SE APARECESSE UM HOBBES DE PELUCHE?“Para mim, o Calvin & Hobbes está com-pleto, por isso nunca tentei voltar atrás.” Passados todos estes anos, e apesar das pressões, continua fiel à sua decisão. Mas, então, porque é que nunca tentou criar outra tira de banda desenhada, outras personagens? “Não pus isso de lado, mas até agora ainda não encontrei uma forma de voltar.”

A ética de Watterson, feita de con-vicções fortes, soube resistir com muito

esforço ao salto de Calvin & Hobbes para outros suportes, apesar de ao distribuir a sua obra através de syndication (contrato de distribuição) ter abdicado de grande parte do controlo da mesma — chegando a correr o risco, com o seu braço-de-ferro, de ser despedido e de ver as suas perso-nagens continuadas por outro cartoonista ou cartoonistas. E se ainda chegou a pon-derar a hipótese de deixar que a tira fosse adaptada ao cinema de animação, porque podia ultrapassar os limites que o desenho em papel impõe, o merchandising sempre foi algo a que se opôs. “Calvin & Hobbes foi desenhado para ser uma tira de banda desenhada e sempre me senti completa-mente satisfeito e realizado a desenhar uma. O merchandising não trazia nada que me interessasse. Adaptar uma tira de banda desenhada a um novo meio im-plica muitos compromissos e nunca en-contrei nenhuma razão para aceitar esses compromissos. O merchandising nunca foi uma tentação”, garante.

Basta imaginar o estrago que traria ao universo criado por Watterson se um Ho-bbes de peluche aparecesse a ser comer-cializado nas lojas de brinquedos. Se o autor se deu ao trabalho de manter a am-biguidade quanto à natureza de Hobbes — se é um amigo imaginário que Calvin criou ou se é realmente um tigre falante que mais ninguém vê além do seu amigo humano —, fazer dele um boneco seria abrir um rombo no mundo que criou para esse puto reguila de seis anos com nome de reformador protestante (John Calvin) e para o seu amigo tigre com nome de filósofo (John Hobbes). Seria quebrar o encanto. Para o crítico e historiador Pe-dro Moura, a recusa de Watterson em transformar a sua arte em produto, rejei-tando o merchandising das personagens e as adaptações, e o facto de se ter “isolado após o término da série, aumentam o fac-tor autoral de uma obra que tinha todos os ingredientes para vir a tornar-se mais um produto”.

Também isso ajuda a perceber a ad-miração dos 1.496 desenhadores e argu-mentistas profissionais que votaram em Watterson para o Grande Prémio do 41.º Festival Internacional de Banda Desenha-da de Angoulême, este ano. Um facto que apanhou o cartoonista de surpresa — não só pelo prémio de carreira, também por desconhecer o festival, apesar de ser o maior e mais importante do seu género

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15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 25.3.2014

É o lado rebelde de cada um de nós enquanto crianças e a criança em cada um de nós quando nos tornamos adultos. A imaginação em estadopuro – “Um dia, Calvin acorda e descobre que não é afectado pela força da gravidade.” Muitos anos depois do fim de Calvin & Hobbes, que extravasou os limites da BD para se tornar parte da cultura popular do século XX, o seu criador Bill Watterson continua sem perceber bem a sua popularidade. E continua firme na decisão de não voltar atrás. Mas nós podemos, com as reedições portuguesas de nove livros até Setembro

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na Europa. “Sinceramente, não sigo essas coisas, pelo que as pessoas tiveram de me explicar o que tinha ganho. É uma gran-de surpresa ganhar um prémio depois de tanto tempo sem trabalhar, mas, logica-mente, estou muito lisonjeado pelo facto de os artistas europeus terem decidido homenagear o meu trabalho. É uma coisa agradável que caiu do céu.”

Para a direcção do festival francês, a es-colha de Watterson para o prémio de car-reira, em detrimento do japonês Katsuhiro Otomo (criador de Akira) e do argumen-tista britânico Alan Moore (Watchmen, V de Vingança), é uma dor de cabeça. Nor-malmente, o vencedor do Grande Prémio desenha o cartaz da edição do ano seguin-te e preside ao júri que escolhe os melhores álbuns de BD do ano. Sem esperança de conseguir embarcar o eremita de Cleve-land, Ohio, numa viagem transatlântica para quatro dias de atenções públicas em França, a direcção do festival ver-se-á obri-gada a arranjar outro nome para preencher o lugar vazio em 2015.

Mesmo assim, não será um vazio tão grande nem tão irreparável como o que Watterson deixou ao pôr um ponto final em Calvin & Hobbes para se retirar para o Ohio e pintar aguarelas: “Se deixei um vazio nas páginas da banda desenhada, espero que os jovens cartoonistas vejam nisso um convite para mostrar uma coisa nova ao mundo”, diz.

Sem querer preencher o vazio na BD, nem nas páginas da imprensa, onde a sua ausência parece fazer mais sentido do que muitas entrevistas dadas por outros, vai cedendo aqui e ali. E por esta altura, dirí-amos que a sua relação com os média está mais flexível. Nos últimos tempos, às en-trevistas à Mental Floss e ao PÚBLICO, juntam-se o depoimento e o cartaz para o documentário Stripped e declarações ao Washington Post a explicar porque razão resolveu voltar a desenhar um cartoon ao fim de 19 anos. Frederick Schroeder e Dave Kellett, realizadores e produto-res de Stripped — documentário sobre banda desenhada que estará disponível a partir de 1 de Abril no iTunes —, nem queriam acreditar nos ventos da fortuna: além de terem gravado pela primeira vez a voz de Watterson a falar sobre BD (não permitiu imagens), conseguiram que lhes desenhasse uma imagem para o cartaz. Aproveitaram o acontecimento em ter-mos de marketing e tanto no site como em todos os outros materiais de promo-ção pode ler-se num splash: “Cartaz de Bill Watterson de Calvin & Hobbes... o seu primeiro cartoon em 19 anos!”

Aquilo que Jonathan H. Liu escreveu

na Wired sobre Stripped, quando os seus produtores procuravam no ano passado juntar a verba necessária para acabar o filme através de crowdfunding, vale para esta entrevista ao Ípsilon: “Como Stri-pped conseguiu obter uma entrevista com Watterson é um mistério para mim, mas vale a pena apoiar o projecto para ver o que ele tem a dizer.”

Em 2009, o jornalista Nevin Martell publicou nos EUA uma biografia de Wat-terson que é na sua essência o relato de uma jornada em busca de uma conversa com o biografado. Looking for Calvin and Hobbes: The Unconventional Story of Bill Watterson and His Revolutionary Comic Strip está escrito como uma histó-ria de suspense: será que o sujeito da obra se deixará ver e aceitará falar? E acaba com a mesma resposta recebida em 2005 por Gene Weingarten, jornalista do Wa-shington Post, humorista e co-autor da tira de BD Barney & Clyde: nada. Wein-garten até lhe enviou um presente de charme: uma primeira edição de Barnaby, criado por Crockett Johnson, clássico da BD americana e uma das influências do criador de Calvin. Em vão.

Uma coisa é certa, o pasmo do jorna-lista frente à entrevista concedida é em tudo ou nada idêntico ao de Watterson perante o sucesso das aventuras dessa criança travessa de seis anos e do seu tigre num subúrbio não identificado do Mi-dwest americano: mais de 30 milhões de livros vendidos no mundo e ainda hoje a ser publicado em muitos jornais do plane-ta. Um êxito que perdura sem esmorecer: uma aguarela original de Calvin e Hob-bes sentados a dormir debaixo de uma árvore foi leiloada por mais de 107 mil dólares em 2012. “Não entendo muito bem a popularidade da tira. Obviamente, há aqui uma certa dose de sorte”, explica Watterson ao Ípsilon. “Estava apenas a tentar desenhar o género de tira que que-ria ler. O meu objectivo era surpreender--me, falar de coisas que me interessavam e ver se conseguia fazer rir a minha mulher. Se conseguia alcançar uma dessas coisas, enviava-a e fazia figas. Seguramente não estava à espera deste tipo de resposta, por isso é um bocado difícil para mim expli-cá-lo”, acrescenta o autor que nasceu em 1958 em Washington mas cresceu numa pequena cidade do Ohio, Chagrin Falls. Tinha seis anos quando a família se mu-dou para esse subúrbio de Cleveland, a mesma idade do protagonista da sua ban-da desenhada.

Sinal de que a popularidade ainda existe e poderá ser aumentada com novas gerações de leitores, Guilherme Valente,

responsável por editar Calvin & Hobbes em Portugal e por ter convencido o jornal Público a publicá-lo todos os dias, vai re-editar nove livros até Setembro — já saí-ram O Essencial de Calvin & Hobbes e O Indispensável de Calvin & Hobbes, este mês cabe a vez a Parabéns Calvin & Ho-bbes. Para que novas gerações de leitores se identifiquem com Calvin, como Joel Allen Schroeder, realizador do documen-tário Dear Mr. Watterson, estreado no ano passado nos EUA. Schroeder preferiu manter a distância relativamente ao autor, respeitando o seu desejo de privacidade, concentrando-se na busca de uma expli-cação para o sucesso de Calvin & Hobbes e a sua influência na cultura popular em geral e nos comics em particular através de autores, críticos, curadores de museus, arquivistas e simples admiradores.

O documentário começa com uma confissão do realizador: “Eu queria ser o

Calvin. Eu sentia que era o Calvin. Ambos tínhamos seis anos em 1985. Gostávamos de tigres, do espaço, de brincar na neve. Tínhamos pais que gostavam de moldar o carácter.” Joe Wos, director executivo do Toonseum — Pittsburgh Museum of Cartoon Art, diz no mesmo documentá-rio: Calvin é “cada um de nós”. E talvez seja esse o segredo do sucesso.

Watterson, não sendo muito dado a psicologizar as personagens, confessava em 1989: “Eu não teria o comportamento de Calvin mas há uma parte de mim que se comportaria dessa maneira se não me preocupasse com mais ninguém.” Calvin é o lado rebelde de cada um de nós en-quanto crianças e a criança em cada um de nós quando nos tornamos adultos. Ou a imaginação em estado puro, como nessa frase que se lê numa das tiras: “Um dia, Calvin acorda e descobre que não é afec-tado pela força da gravidade.”

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16 DESPORTO hoje macau terça-feira 25.3.2014

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AvisoPara a comemoração do Dia Internacional do Enfermeiro 2014, a Comissão Organizadora dos Serviços de Saúde da RAEM, tem a honra de convidar todos os enfermeiros, alunos de enfermagem e enfermeiros reformados do território para o jantar de comemoração que se realizará no dia 9 de Maio, pelas 19:00H, no Restaurante “Plaza”.Contamos com a vossa presença.

Local: Restaurante “Plaza”Data: 09/05/2014 (6a Feira)Hora: 19:00 (a partir das 15 horas a sala estará disponível para convívio).Programa: Jantar, sorteio, espectáculo de variedades, atribuição de

prémio para os enfermeiros com 20 e 30 anos de serviço em prol do território

Prazo de inscrição: até o dia 25/04/2014 (A validade da inscrição esgota-se com o preenchimento dos lugares disponíveis)

Contactos e Inscrição: Centro de Saúde (Taipa) Tel: 28813089, Fax No: 28813093Enfermeira de S.S. reformada Cristina Boyol Tel: 66893054

Serviços de SaúdeComissão Organizadora do Dia Internacional do Enfermeiro

Macau, 25 de Março de 2014

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 128/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LI QIN (Portadora do Salvo-Conduto de Dupla Viagem da R.P.C. n.° W48615xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 52.1/DI-AI/2011 de 13.07.2011, levantado pela DST, por prestação ilegal de alojamento da fracção autónoma situada na Rua de Nagasaki n.° 80, Edifício Golden Peak, Bloco 1, 7.° andar G, Macau, bem como por despacho da signatária de 14.03.2014, exarado no Relatório n.° 181/DI/2014, de 26.02.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.°1 do artigo 10.° e n.°1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. ----------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. ---------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de dias, conforme estipulado na alínea do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. --------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d'Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 14 de Março de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

SÉRGIO [email protected]

O piloto ango-lano residente de Macau, Luís Sá Silva, irá

continuar na GP3 Series na temporada 2014. Depois de uma época de aprendizagem

Rui Vitória nos planos de Salvador para a próxima épocaRui Vitória é o treinador mais desejado por António Salvador para assumir o comando técnico do Sp. Braga na próxima temporada. Jorge Paixão, contratado para ocupar o lugar deixado vago por Jesualdo Ferreira, tem vínculo válido só até final da época com o clube minhoto e, ao que tudo indica, não deverá ser convidado a renovar. Em final de contrato com o V. Guimarães, Rui Vitória perfila-se, assim, como o principal candidato a orientar os guerreiros em 2014/15, contratação que representaria tremendo golpe na auto-estima vitoriana.

Mourinho rendido a MaticJosé Mourinho desdobra-se em elogios a Nemanja Matic e diz não ter dúvidas de que o médio sérvio está a justificar o investimento de 25 milhões de euros feito pelos “blues” num jogador que já havia pertencido aos quadros do clube londrino. “Matic acrescentou estabilidade, sabe guardar a bola e, ao mesmo tempo, não se limita a fazer passes fáceis. Sabe ler o jogo e descobrir espaços no ataque. Sabe como recuperar a bola de forma limpa e sem cometer faltas em zonas perigosas. E é ainda muito jovem”, salientou o treinador português, citado pela Imprensa inglesa. “Indicámos dois ou três jogadores ao clube [no mercado de inverno] e Matic era o mais caro. Concluímos que ele seria a melhor opção tendo em conta a relação qualidade/preço e o seu potencial para o futuro”, explicou.

AUTOMOBILISMO PILOTO ANGOLANO RESIDENTE DE MACAU REPETE GP3

Sá Silva assina com a Carline desenvolvimento com a equipa Carlin em 2013, Sá Silva permanece com os in-gleses para mais um assalto à categoria que rivaliza com a Fórmula 3 na formação da próxima geração de pilotos de Fórmula 1. “Tivemos uma temporada sólida em 2013, por isso estou muito

feliz por estar de volta com a Carlin para mais uma época competitiva. Vou continuar a trabalhar arduamente e a dar o meu melhor para represen-tar condignamente os meus patrocinadores e fãs, sendo também um orgulho poder levar a bandeira angolana pe-los grandes palcos internacio-nais”, disse o piloto que corre com a licença desportiva da Associação Geral Automóvel de Macau China (AAMC).

O treinador do piloto, o ex-piloto português Nuno Pinto, explica a importância desta segunda temporada no campeonato para o percurso jovem representante de An-gola. “Quando decidimos participar na GP3 em 2013 foi sempre com ideia de fazer

um projecto a dois anos pois só assim o piloto pode apren-der e evoluir para alcançar bons resultados. A primeira temporada foi muito difícil, mas o Luís aprendeu imenso e agora fazia todo o sentido continuarmos com a Carlin até porque é uma equipa de topo que nos dá todas as garantias.”

Satisfeito também com o regresso do angolano está o director da equipa ingle-sa, Trevor Carlin. “O Luís trabalhou muito bem com a equipa ao longo da última temporada e só podemos estar satisfeitos com o seu regresso. Afirmou-se como um piloto consistente e esta-mos ansiosos para trabalhar com ele novamente.”

O piloto de 23 anos, que cresceu desportivamente no continente asiático, parti-cipando na Fórmula Pilota China, Campeonato Asiá-tico Fórmula Renault 2.0 e Formula BMW Pacifico, regressa ao activo nos testes oficiais da GP3 Series nos dias 27 e 28 de Março, no Circuito do Estoril.

A equipa Carlin dispensa apresentações em Macau, tendo vencido o Grande Pré-mio de Macau de Fórmula 3 com o português António Félix da Costa em 2012 e acomodado no passado vários pilotos da RAEM, como os portugueses André Couto e Rodolfo Ávila. Sá Silva, que em 2012 partici-pou na Taça Intercontinen-tal do Grande Prémio de Macau, sendo o primeiro piloto angolano da história a participar nesta corrida, não tem, por agora, planos confirmados para regressar em Novembro ao Circuito da Guia.

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hoje macau terça-feira 25.3.2014 FUTILIDADES 17

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 17 MAX 25 HUM 60-90% • EURO 11.0 BAHT 0.2 YUAN 1.3

Dormir pouco pode levarà perda de neurónios• De acordo com estudo elaborado por cientistas ameri-canos, a falta de sono pode provocar perda permanente de neurónios. A pesquisa que foi publicada na revista científica The Journal of Neuroscience, diz que em ca-mundongos (também conhecidos por ratos-domésticos) a falta prolongada de sono levou à morte de 25% de certas células do cérebro. Os cientistas responsáveis pelo estudo destacam que se o resultado for semelhante nos humanos, seria inútil tentar compensar as horas de sono perdidas. Além disso, estimam que num futuro próximo seja possível desenvolver um tipo de droga capaz de proteger o cérebro dos efeitos negativos das noites mal dormidas.

Homem é preso por falar demais em reunião• Durante uma reunião aberta ao público na autarquia de Bridgeport (Michigan, EUA), o homem, que completava 59 anos exactamente naquele dia (4 de Março), acabou por exceder em três minutos o tempo-limite para participação na reunião. Os responsáveis pela condução da conversa pediram-lhe que parasse de falar, já que havia outros na fila. Ele recusou-se. A polícia foi chamada ao local e o morador acabou preso por perturbação da ordem, de acordo com a agência AP. Pelo crime, o americano pode ser condenado a até dois anos de prisão.

Pu YiPOR MIM FALO

XENA KAI, COM ELA É SEMPRE A ACELERAR

Os adeptos e amantes de alta velocidade provavelmente reconhecem Xena Kai. Falamos de uma manequim norte-americana, nascida em San Diego, Califórnia, mas com descendência filipina. Com apenas sete anos de idade mudou-se para Las Vegas, Nevada (EUA), para se dedicar em exclusivo ao mundo da moda. Desde 2012, porém, que se vem dedicando a outra vertente: ao fitness. Um trabalho que há muito resultou com Xena Kai a ser chamada para outro tipo de ensaios fotográficos. Ainda assim, nunca largou a maior paixão: a velocidade...

João Corvofonte da inveja

As confusões irritam-meMacau discute três coisas nos últimos dias: os estudantes barricados em Taiwan, a polémica em torno do edifício Sin Fong Garden e o desaparecimento do voo MH370 da Malaysia Airlines.Como gato que sou custa-me a entender todas estas polémicas e discussões. Pode parecer estúpido que os estudantes de Taiwan queiram por fim a um acordo histórico entre Taipé e Pequim. Mais estúpido é que toda essa questão de reivindicar posições tenha descambado num confronto com a polícia.Em Macau, os moradores do Sin Fong Garden parecem ridículos ao deitar-se no meio da rua para lutar pelos seus direitos. O acampamento causou o caos naquela zona da cidade, movimentada especialmente em hora de ponta, causando o desvio de autocarros. A reivindicação dos moradores daquele prédio, contudo, foi contra o direito dos outros residentes que viram as suas vidas alteradas.Em relação ao misterioso voo MH370, os familiares dos passageiros estão todos os dias a ouvir diferentes versões da história. Um dia é a mudança de rota, noutro é a possibilidade de sequestro, noutro é a possibilidade de terrorismo e ainda a possível descoberta de destroços no Oceano Índico.Todas estas notícias causam-me confusão. São três questões que causam o caos e a confusão entre as pessoas. Acordos por acordar; negócios por negociar; decisões por decidir.Na verdade, o que mais uma vez acho é que o ser humano tem muita dificuldade em agir de forma concreta e simples. Complicam tudo e muitas vezes complicam as coisas sem saber sob que pretexto.As confusões entre os seres humanos têm de abrandar. Já chega. É preciso resfriar a emoção diária que acompanha o desenvolvimento humano. Não sou antropólogo mas é assim que penso... Miau!!!

C I N E M ACineteatro

SALA 1DIVERGENT [C]Um filme de: Neil BurgerCom: Woodley, Kate Winslet, Maggie Q, Zoe Kravitz14.15, 16.45, 19.15, 21.45

SALA 2 NON-STOP [B]Um filme de: Jaume Collet-SerraCom: Liam Neeson, Julianne Moore14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3NEED FOR SPEED [B]Um filme de: Scott WaughCom: Aaron Paul, Dominic Cooper, Imogen Poots14.30, 16.45, 21.30

300: RISE OF AN EMPIRE [C]Um filme de: Noam MurroCom: Sullivan Stapleton, Eva Green, Lena Headey19.30

DIVERGENT

Só há uma verdade: a verdade não existe.

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18 OPINIÃO hoje macau terça-feira 25.3.2014

N OTÍCIAS recentes dão conta da saúde financeira dos três maiores clubes portugueses.

Mil milhões de euros são o montante das dívidas somadas do FCP, SLB e do SCP!

Como se chegou a esta situação? Má gestão e falta de rigor entre receitas e

despesas, mesmo considerando os avulta-dos encaixes financeiros com a venda de jogadores, como foram o caso do clube da Luz e do clube das Antas!

Os azuis, contabilizando as vendas de jogadores, desde a saída de Mourinho para Londres, encaixaram mais de 500 milhões!

Os encarnados, já arrecadaram também com vendas, nos últimos cinco anos, cerca de 200 milhões e têm uma dívida de 457 milhões!

Os verdes, continuam com a corda na garganta e uma dívida de mais de 350 milhões, tendo como maior credor o BES!

Em Espanha, os números das dívidas dos clubes da primeira liga, rondam os 6.000 milhões, com destaque para o Real Madrid e para o seu rival Barcelona, que juntos têm um passivo superior a 1200 milhões, muito embora sejam os dois clubes europeus com receitas anuais que rondam os 1100 milhões.

Não há dinheiro que chegue para tantas

É bom ter presente, que o primeiro-ministro, “médico/chefe”, ganhou as eleições prometendo, que aumento de impostos nunca e cortes nas pensões nem pensar. Acabou por fazer tudo ao contrário e quer agora, que os portugueses vivam cada vez mais com menos

desporto e não sóFERNANDO VINHAIS GUEDES

AOS PAPÉIScartoonpor Stephff

No desporto e na políticadespesas. Os ordenados principescos pagos aos jogadores, alguns dos quais, nunca che-gam a jogar na primeira equipa e a outros, que são dispensados/cedidos a clubes de menor importância, são prática corrente no futebol português.

Por falar em dinheiros, vem a propósito citar o escândalo, que ocorreu há três se-manas na República Federal da Alemanha. O presidente do clube de futebol Bayern de Munique, Ulrich Hoeness, bicampeão europeu e ex-jogador da selecção alemã, na década de setenta, foi condenado a três anos e meio de prisão efectiva, por fuga ao fisco no valor de 27.2 milhões de euros.

Esta condenação, dado o prestígio de que gozava Hoeness, que chegou a ser considerado um presidente exemplar, defensor do fair-play financeiro, veio en-sombrar o mundo do futebol profissional na espartana RFA!

Hoeness fez negócios opacos com a multinacional Adidas e era um apostador compulsivo na bolsa. Contudo a justiça foi célere e Ulrich nem sequer recorreu da sentença e vai cumprir a pena numa cadeia.

Na política, também as coisas não estão para grandes festejos, bem pelo contrário. No nosso País, uma manobra de grande propaganda do actual Governo, com a discussão da saída da Troika, de forma limpa ou com programa cautelar,

à euforia que nos foi vendida por alguns governantes entusiasmados com o cres-cimento e a recuperação da economia, sobra agora a triste realidade de termos pela frente mais vinte anos de austerida-de, mais cortes, mais sofrimento, assim como falta de esperança e de ausência de futuro. Uma geração será sacrificada, é o cenário apresentado pelo professor de finanças Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa, ex-ministro das finanças e ex-primeiro-ministro!

A pergunta que os cidadãos fazem é

pertinente e lógica: para que serviram os três anos de austeridade cega, que levou ao desmoronamento da classe média, peça charneira das democracias Europeias.

Um relatório recente da Organização, Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), dá conta, que por cada semana que passa, desaparecem dois mil e setecentos postos de trabalho no nosso País!

O mesmo estudo refere a necessida-de de se mudar de política económica e social, de forma a “ajudar os mais desfavorecidos”garantindo-lhes um míni-mo, que permita a sua subsistência. Diz ainda que, seis em cada dez desempregados não recebem qualquer subsídio e que “49% dos 850 mil desempregados estão sem trabalho há mais de um ano”.

O estudo diz ainda que, “o rendimento social de inserção, tem diminuído no seu valor e às pessoas abrangidas chega agora menos 30% do que recebiam antes da crise se instalar”.

Mesmo com o brutal aumento de impostos, 35% directos-IRS e indirectos cortes de vencimentos na função pública e nas reformas de pensionistas bem como nas prestações sociais, cujo montante per-mitiu ao actual Governo um encaixe que ultrapassou já os 24 mil milhões, o nosso País continua com um défice de 130% do produto interno bruto (PIB), contra os 90% que havia em 2011, um número das perdas de emprego de 336 mil postos de trabalho e uma emigração de 120 mil ao ano, números idênticos aos que existiram nas décadas sessenta/setenta!

O “doente” está melhor dizem os “médi-cos”, mas a febre aumenta e o peso diminui ao doente hospitalizado há três anos!

O mais grave é que os “médicos” recusam corrigir o diagnóstico e mudar de terapia!

Temo agora, que a teimosia e a arrogância dos “boletins clínicos” com que nos intoxi-cam diariamente acabem mesmo por matar definitivamente o pobre doente.

É bom ter presente, que o primeiro-mi-nistro, “médico/chefe”, ganhou as eleições prometendo, que aumento de impostos nunca e cortes nas pensões nem pensar. Acabou por fazer tudo ao contrário e quer agora, que os portugueses vivam cada vez mais com menos!

As gorduras do Estado, cingiram-se principalmente aos cortes acima citados, esquecendo alguns dos alvos /bandeiras que enunciou tais como: fundações, institutos, observatórios etc., etc.

Uma coisa ele fez: criou nos últimos três anos 288 grupos de trabalho e comissões, desconhecendo-se de muitas, o resultado desse árduo e profícuo esforço.

Como já alguém disse, estamos a ser governados por um punhado de garotos, sem experiência de vida e sem passado para quem as pessoas não passam de meros nú-meros, manobrados a seu belo prazer, com desprezo e indiferença por quem já faz fila para a chamada sopa dos pobres.

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19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

o monóculo, a pena e a espadaVITÓRIO ROSÁRIO CARDOSO*

hoje macau terça-feira 25.3.2014

A presente rubrica quinze-nal, subordinada à trilogia “O Monóculo, a Pena e a Espada”, em representação figurativa de uma observa-ção atenta de um Filho da Terra e Macaense sobre a Diplomacia e a Guerra, tentará contribuir para o escrutínio e análise trans-

-sectorial da presença de algumas potências ocidentais como Portugal, os “Five Eyes” (Reino Unido, EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia), a Alemanha, a França, a Holanda e a Espanha nos países e nas regiões banhadas pelos oceanos Índico e Pacífico, pela razão que o centro de gravidade da eco-nomia mundial há muito que está transladado para a Ásia, e hoje, a economia não deixa de ser a continuação da política por outros meios e o domínio dos mares é ainda indissociável ao florescimento económico e comercial e à afirmação dos Estados no mundo.

A importância da economia do mar recorda-nos que durante os últimos séculos, cerca de 90 por cento do comércio interna-cional tem sido realizado por via marítima, sendo que 70 por cento das zonas mais prósperas do mundo são costeiras e com uma penetração para o interior, numa distância média de 150 quilómetros.

Desde os tempos primitivos da evolução do ser humano até aos nossos dias, permane-cem as máximas que “a paz é um momento entre guerras” e que “não há economia sem segurança”, também é verdade que os países

A condição para que uma economia floresça parte do princípio da geração de confiança pela confiança e este princípio está ancorado na segurança

Por mares antes navegados

economicamente desenvolvidos são também verdadeiras potências nos sectores da Segu-rança e Defesa, tão sofisticados e eficientes que são servidos por marinhas de guerra e mercante afirmativas e de alcance global. A forte presença das várias marinhas de guerra asiáticas e ocidentais nas operações de busca e salvamento do MH370 é um bom exemplo destas linhas de visão e de afirmação regional e global.

Partindo de uma visão realista dos as-suntos internacionais onde são os interesses nacionais que prevalecem e onde o pressu-posto parte daquilo que “é” em vez do que “deve ser”, podemos continuar a concluir que não há “softpower” sem “hardpower”, o que quer dizer que o poder de dissuasão é eficiente quando geralmente acompanhado pela pressão militar e o melhor exemplo a dar é o papel que as marinhas de guerra desempenham, derivado do seu duplo uso estratégico, o militar e o diplomático. Ao analisarmos as manobras de Moscovo na

Crimeia, estão a ser decisivos os poderes diplomático e militar, e sempre na presença da poderosa Frota do Mar Negro.

Existe desde há muito uma correlação íntima entre a defesa e a economia. Um exemplo de estudo é o dos EUA onde a indústria de defesa desenvolve a economia e a capacidade tecnológica nacionais perante fortes parcerias que apoiam a investigação e desenvolvimento (I&D), numa triangulação entre as forças armadas, as empresas e as universidades e onde os resultados são de-pois convertidos ao uso civil para garantir a sustentabilidade e retorno económicos deste esforço.

A condição para que uma economia floresça parte do princípio da geração de confiança pela confiança e este princípio está ancorado na segurança. A economia tal como a ciência e tecnologia, a educação, a cultura, a saúde, a diplomacia, a defesa, o aparelho moderno de Estado e a organização social, com enfoque no elemento psicosso-cial da nação, constituem pilares essenciais à Segurança Nacional. Bastará a uma nação desmoralizada para se levar ao colapso de cada um destes pilares e por conseguinte de todo um país.

Toda a acção político-diplomática, económica, comercial, cultural e social de um determinado país numa qualquer geo-grafia do mundo, estará sempre sob o olhar atento das demais capitais terceiras, que tentará, sempre que conseguir, mensurar o “poder aparente” dos seus concorrentes, atendendo o pormenor que o poder apa-

rente (“perceived power”) acaba por ser o poder real que é definido pela fórmula de Ray Cline. Podemos ainda estar atentos a um aspecto interessante do sector da Se-gurança e Defesa no que toca ao domínio dos sistemas como o “4ISRTA/C2W. C4” definido por I – Informações, S – Vigilân-cia (“Surveillance”), R – Reconhecimento (“Reconnaissance”), TA – Aquisição de Objectivos (“Target Acquisition”), Sistema Militar de Comando e Controlo (“Command and Control Warfare”), C4 – Comando, Controlo, Comunicações e Computadores, que permite a qualquer potência optimizar e tornar mais eficiente e em tempo real, a direcção, o controlo e a coordenação das forças destacadas em determinada operação.

Agora, em pleno século XXI e se os go-vernos centrais dispusessem igualmente de um sistema que lhes possibilitassem avaliar e controlar melhor e em tempo real a imple-mentação dos desígnios, a operacionalidade e os resultados das suas acções externas e das suas redes externas? O tempo em que o rei está longe já lá vai e cada missão falhada para zelar pelos superiores interesses de Portugal no mundo, representa hoje, num momento crítico da vida pátria em que os recursos são escassos e os objectivos de elevado valor, um incomensurável prejuízo e uma catastrófica sabotagem aos esforços do Governo e de todo um País que o sustenta.

*Membro da Associação de Jovens Auditorespara a Defesa, Segurança e Cidadania de Portugal (DECIDE Portugal)

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Page 20: Hoje Macau 25 MAR 2014 #3057

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INCÊNDIO NO CENTRO DE MACAU

hoje macau terça-feira 25.3.2014

N ÃO há indícios de que o jovem Luís Amorim tenha morrido devido à

queda de uma ponte, afirmaram quatro médicas legistas portu-guesas, ouvidas em Coimbra, no âmbito de uma acção que os pais do adolescente intentaram contra a RAEM. De acordo com o jornal Ponto Final, que avança a notícia, as médicas do Instituto Nacional de Medicina Legal foram inquiridas na sexta-feira, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra, na sequência de uma carta rogatória, e os seus testemunhos contrariam a tese de suicídio.

As peritas dizem ter veri-ficado indícios de morte não imediata - Luís Amorim terá sobrevivido durante algumas horas, antes de falecer devido às lesões de que terá sido alvo. A tese de suicídio das autoridades de Macau nunca foi aceite pelos pais do jovem que foi encontra-do morto em Setembro de 2007, debaixo da ponte Nobre de Car-valho. As médicas portuguesas também refutam que Luís tenha cometido suicídio por salto da ponte, porque isso significaria uma morte imediata e, além disso, no corpo não foram en-contradas lesões consentâneas com a queda de altura.

No tribunal de Coimbra, os quatro testemunhos foram assim todos no sentido de que existiu homicídio. As médicas legistas explicaram que os indícios demonstram “arrastamento do corpo” e que Luís Amorim terá ainda sofrido agressões directas e repetidas. De acordo com as médicas portuguesas, o corpo do jovem apresentava lesões

Um incêndio deflagrou, ontem, no centro de Macau junto ao edifício FIT. Os bombeiros acorreram ao local e conseguiram dominar as chamas. No entanto, não se conseguiram apurar as causas do sinistro.

LUÍS AMORIM LEGISTAS PORTUGUESAS TESTEMUNHAM EM PORTUGAL E APONTAM PARA HOMICÍDIO DO PORTUGUÊS

Jovem “sobreviveu algumas horas”

provocadas por um “objecto de natureza perfuro-contundente” e ainda uma fractura no ante-braço direito – fractura esta omitida no relatório da autópsia efectuada em Macau. Uma das especialistas disse mesmo que esta fractura “é compatível com um mecanismo de autodefesa perante agressão directa” e que há vestígios de “traumatismos directos repetidos”.

Os resultados que servi-ram de base às médicas são provenientes de uma segunda autópsia feita em 2010 ao corpo de Luís Amorim. Durante os tes-temunhos, as legistas deixaram ainda críticas ao relatório da primeira autópsia, realizada em Macau – uma delas considerou que o documento era “muito, muito insuficiente”, relata o Ponto Final.

As autoridades de Macau arquivaram o caso assim que anunciaram que foi suicídio que levou Luís à morte, mas os pais do jovem de 17 anos não se conformaram e intentaram uma acção contra a RAEM, alegando que houve negligência por parte das autoridades locais no decurso da investigação à morte do filho. O casal pede uma indemnização civil no valor de 15 milhões de patacas.

MAR

IANA

SOA

RES