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TÁXIS Gravações e paisanas vão para a frente JOGO Trabalhadores da SJM falaram grosso COMPOSIÇÃO DO NOVO GOVERNO ANUNCIADA A MEIO DE SETEMBRO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 15 DE AGOSTO DE 2014 ANO XIII Nº 3154 hojemacau O CANDIDATO Amanhã será apresentado o programa. Mas que promessas da anterior campanha foram realmente cumpridas? E o que vai Chui Sai On prometer desta vez? PÁGINAS 2 - 4 POLÍTICA PÁGINA 5 SOCIEDADE PÁGINA 8 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB ÚLTIMA

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Hoje Macau N.º3154 de 15 de Agosto de 2014

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Page 1: Hoje Macau 15 AGO 2014 #3154

TÁXISGravações e paisanas

vão para a frente

JOGOTrabalhadores da SJM

falaram grosso

COMPOSIÇÃO DO NOVO GOVERNO ANUNCIADA A MEIO DE SETEMBRO

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 1 5 D E A G O S T O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 5 4

hojemacau

O CANDIDATOAmanhã será apresentado o programa. Mas que promessas da anterior campanha

foram realmente cumpridas? E o que vai Chui Sai On prometer desta vez? PÁGINAS 2 - 4

POLÍTICA PÁGINA 5 SOCIEDADE PÁGINA 8

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ÚLTIMA

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2 hoje macau sexta-feira 15.8.2014O CANDIDATO

E NCOSTADO ao lema “Continuidade e Inovação para Criarmos Harmonia Social”, Fernando Chui Sai

On lá foi governando Macau e as suas gentes nos últimos cinco anos. “Nascido e crescido em Macau e com o coração sempre junto à Pátria, nunca deixei de servir Ma-cau”, afirmou em 2009 o então candidato a Chefe do Executivo. A vitória não foi surpresa para ninguém, tal como acontece na presente eleição: Chui era, e é, o único candidato. Contudo, metade das promessas feitas pelo líder do Governo ficaram pelo caminho.

O programa eleitoral de 2009 focava quatro grandes pontos de trabalho: enfrentar a crise finan-ceira global, elevar a qualidade

“E STOU profunda-mente consciente de que o futuro é bri-

lhante, o caminho é longo e sinuoso e a responsabilidade é pesada”, dizia, em 2009, Chui Sai On. A responsa-bilidade de liderar Macau parece ter sido realmente pe-sada, principalmente devido às recentes manifestações que o território tem vindo a sentir.

No caso do jogo, por exemplo, têm sido frequentes as manifestações dos traba-lhadores dos casinos de Ma-cau. “Não somos protegidos

Em 2009, num discurso vestido de gala, o agora único candidato às eleições para o cargo de Chefe do Executivo, Chui Sai On, brindou os residentes com uma lista de acções para o futuro, que fez questão de esquecer ou não cumprir. A visão do Chefe para o futuro da RAEM continua a ser um enigma

ELEIÇÕES CHUI SAI ONNÃO CUMPRIU ALGUMASDAS PROMESSAS DE 2009

O ENIGMADE SANTASANCHA

FIL IPA ARAÚ[email protected]

LEONOR SÁ [email protected]

MANIFESTAÇÕES MARCARAM ÚLTIMO ANO

A periclitante harmoniapela lei”, afirma Iong Man Teng, presidente da Forefront Macau of Gaming (FMG), associação que representa os trabalhadores do sector do jogo. Recuando a 2009, Chui afirmou que no seu mandato iria “garantir os direitos e interesses ao emprego dos tra-balhadores locais da indústria do jogo, ajudá-los a elevar a

qualidade pessoal e estimular a promoção dos trabalhado-res locais qualificados aos cargos médios e superiores de gestão”.

Tal parece não ter acon-tecido: os funcionários do jogo queixam-se de injusti-ças salariais e de não serem promovidos, tanto que, só este mês, já houve quatro

manifestações contra as operadoras.

Descrentes de uma atitude por parte do único candidato, e esperançosos numa mudança depois de Chui, os trabalhado-res representados pela voz de Iong Man Teng perguntam: “ será que quando o Chefe do Executivo mudar, a política se vai manter?”.

Mas, não é só do jogo que se faz esta terra – pelo menos no que ao que fica de fora da área económica. As manifes-tações aconteceram também perante um Governo que é acusado de estar a legislar em proveito próprio: prova disso foi a maior manifesta-ção desde 1999, quando, a um domingo, cerca de 20 mil pessoas participaram na ma-nifestação contra o Regime de Garantias dos Titulares dos Principais Cargos.

Sem incidentes, o povo fez-se ouvir. As ruas - entre o Tap Seac e os Lagos Nam

Van – encheram-se de jovens que acusavam o Governo de legislar em proveito próprio. “Espero que o Chefe do Executivo descubra que Macau está a mudar e por isso as suas políticas também devem mudar”, afirmou na altura o deputado Ng Kuok Cheong. A união fez com que a cadeira de Chui Sai On tremesse e o Governo re-cuasse, retirando o diploma que concedia compensações monetárias ao altos cargos e imunidade política para o Chefe Executivo, durante o seu cargo.

da vida dos residentes, fomentar adequadamente a economia di-versificada, reformar o regime administrativo do Governo.

A SAÚDE ESTAVA PRIMEIROAgarrando a lista de promessas proferidas por Chui Sai On, salta à vista - até do leitor mais distraído - o seguinte ponto: “concretizaremos as obras de construção do novo hospital de Cotai”. Estamos em 2014, já no segundo semestre e os doentes continuam à espera da inaugura-ção, que deveria acontecer este ano — pelo menos a primeira fase. Recentemente, e depois de serem adiadas as obras que deveriam ter começado em 2011, Lei Chin Ion, director dos Servi-ços de Saúde (SS), revelou que “devido a atrasos” só existirá um terço do novo hospital em 2017. O resto, só em 2019.

Chui Sai On afirmou ainda que era necessário “dar priori-dade à prevenção e prestar de-vidamente o tratamento médico, através do aperfeiçoamento do sistema de saúde, do reajusta-mento das respectivas políticas, da distribuição dos recursos e da gestão científica”. Só nos primei-ros cinco meses do presente ano, foram transferidos 1208 doentes do Hospital de Conde São Januá-rio para instalações hospitalares de Hong Kong, quase tanto como durante todo o ano de 2013. As razões? “Carência de meios téc-nicos e/ou humanos”, afirmaram os SS ao HM.

A falta de camas continua a ser outro dos problemas em Macau, que, em 2013, registava 3 camas por cada mil habitantes – média inferior às 4,3 camas por mil pessoas que a Organização Mundial de Saúde prevê.

A falta de médicos nos centros de saúde – como acusam alguns cidadãos – e destes próprios espaços é outra das políticas da saúde que parece ter ficado pelo caminho. Até o próprio director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, admitiu a carência de pes-soal, clarificando que o sector

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3 o candidatohoje macau sexta-feira 15.8.2014

E MBORA a aparente passivi-dade do líder governamental tenha despertado duras crí-

ticas e até alguns debates mais acesos, nem tudo foi negativo durante esta meia década de liderança. Se várias promessas ficaram por cumprir, outras foram executadas, como é o caso da aposta nas indústrias culturais e criativas ou na medicina tradi-cional chinesa. “Dominaremos a oportunidade pelo fomento da cooperação regional, acelerando o ritmo do desenvolvimento do sector da medicina chinesa e da farmacologia tradicional”, lê-se no programa de candidatura do candidato de 2009, analisado pelo HM.

Embora estejam ainda a meio gás, a verdade é que as obras para o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa da Ilha da Montanha já se encontram em moção. O acordo entre as autoridades de Guangdong e Ma-cau foi feito em Agosto de 2010 e, até hoje, foram concluídas as obras de aterro e do Pavilhão de Exposições. Tudo isto, segundo assegurou Sou Tim Peng, presi-dente do Conselho de Administra-ção da empresa responsável pelo projecto – Macau Investimento e Desenvolvimento S.A. – foi feito desde a criação da empresa, em 2011. Sou confirmou, no início do presente mês, que o Centro Comercial de Incubação deverá estar pronto em breve.

Melhorar o sistema de ensino primário e básico e fomentar a prática de actividades desportivas foram outras duas promessas cum-pridas. O Quadro de Organização Curricular surgiu em meados do

PRIMEIRO MANDATO O QUE FOI (E BEM) CUMPRIDO

O lado brilhante do Chefe

mais afectado é nos “cuidados de enfermagem”. O responsável máximo dos SS afirmou ainda que os lares também estão com índices deficitários no que se re-fere aos quadros especializados.

Relativamente a este assun-to, o deputado Ho Ion Sang fez questão de relembrar o Governo, através de uma interpelação, o seu dever de “agir no sentido de formar e de aumentar, por via da contratação, o pessoal médico”. Suportando esta tese, estão al-guns dos profissionais da área, que defendem que as últimas contratações não colmatam “a falta de médicos nos Serviços de Saúde.”

Segundo um relatório do Comissariado da Auditoria (CA), de 2012, o número de médicos e estagiários tem vindo a cair depois da transferência de so-berania, acusando inclusive, o Governo de não ter um plano a longo prazo para a gestão dos recursos humanos médicos. “Não compensa trabalhar no sistema público de saúde, porque não há tantas vantagens”, chegou mes-mo a referir um dos profissionais da área ao HM.

ECONOMIA OU INÉRCIA?A diversificação da economia foi outra das coisas que, de acordo com especialistas, falhou. Apesar da promessa – e da necessidade –

de uma economia diversificada, só recentemente têm sido cons-tantes as apostas nas indústrias culturais e criativas. Segundo o Governo, estas servirão de base à diversificação económica – até agora, nada foi, de facto, feito. “À excepção do jogo, não temos mais nada”, afirmou recente-mente o ex-académico da área da Administração Pública Larry So ao Jornal Tribunal de Macau, acrescentando que ainda há falta de diversificação económica. O mesmo dizem outros, como eco-nomistas, deputados e residentes.

Também o líder da Assem-bleia Nacional Popular, Zhang Dejiang, numa reunião em Pequim de Março do presente ano, reforçou a necessidade do Executivo apostar em medidas que potenciem a diversificação económica, afirmando que a RAEM deve “manter-se alerta e estar consciente do sentido de risco”.

A falta de diversificação pode notar-se através de dados estatísticos. Num total de 40,1 milhões de patacas arrecadadas entre Janeiro e Abril em receitas da Administração, cerca de 35,1 milhões, ou seja, 85,7% provêm dos impostos directos sobre o jogo. Números evidentes de uma dependência do mercado dos casinos, contrariando a desejada diversificação económica.

O jornal diário South China Morning Post, no seu editorial do dia 21 de Novembro de 2012, criticou severamente o Governo de Chui, afirmando que Macau sofria de “má gestão financeira” e estava a jogar com o seu futuro. Para o diário, a solução passava por “pensar no futuro” dando a devida atenção à diversidade económica. “Tem havido mui-tos avisos para a diversificação económica (...) mas tem havido pouco progresso”, pode ler-se no jornal.

Numa interpelação escrita e entregue à Assembleia Legis-lativa, o deputado José Chui Sai Peng apontava a tecnologia como uma forte área de aposta para a diversificação económica e criação de novos talentos no território. “As empresas da área das novas tecnologias têm muitas dificuldades para se imporem em Macau, contudo, é de extre-ma importância que o sonho da tecnologia se torne realidade, (...) e que seja um dos pontos da diversificação económica, para a formação de talentos e para o desenvolvimento a longo prazo de Macau”, referiu.

Amanhã, na apresentação do programa político do candidato para os próximos cinco anos, Chui Sai On terá oportunidade, com palavras bonitas, de prome-ter aquilo que Macau e as suas pessoas precisam de ouvir. Se vai cumprir? Ninguém sabe.

presente ano e apresenta mais horas de prática desportiva escolar obrigatória. O mesmo projecto também prevê o aumento das horas de aprendizagem no ano lectivo que começa já em Setembro, à ima-gem do que acontece nas regiões vizinhas. “É preciso optimizar a educação básica, continuar e de-senvolver os melhores elementos do actual sistema e da prática da educação, promover activamente o desenvolvimento educacional de Macau (...) aperfeiçoar a quali-dade didáctica, melhorar o ensino recorrente e a educação contínua”, prometeu o então candidato a líder máximo da RAEM. A criação deste novo plano curricular chega a tempo e horas, embora tenha sido estabelecido apenas cinco anos depois de ser referido.

INVESTIR (SÓ) NO QUE INTERESSATambém as pequenas e médias empresas (PME) tiveram a sua dose de preces ouvidas, com o lançamento de vários planos de apoios governamentais. Tal como noticiado pelo HM, só em 2012 foram despendidos mais de 390 milhões de patacas para ajudar quase mil PME. No ano passa-do, os valores do financiamento total do Plano de Garantia de Crédito a PME ficaram-se pelos 265 milhões de patacas. Também este ano foi lançado um novo programa de apoio para a criação de websites destinado às PME do território. Dito e feito. Há cinco anos, Chui Sai On havia deixado escrito que o Governo deverá “reforçar o apoio ao desenvol-vimento das pequenas e médias empresas locais e aperfeiçoar os respectivos planos de apoio,

com o objectivo de lhes oferecer orientações e coordenações na área do financiamento, gestão empresarial, técnicas de produ-ção” e outras. As indústrias cul-turais e criativas e de convenções também não ficaram de fora, muito embora grande parte das actividades esteja apenas a meio gás. “Se for eleito, fomentarei, com certeza, o crescimento das indústrias turísticas, cultural, de convenções e exposições”.

Isso mesmo disse o actual líder da RAEM, antes de ocupar a cadeira na Sede do Governo. Entre planos e contra-planos, Chui Sai On prometeu ainda criar um sistema de reserva financeira e aperfeiçoar o mecanismo de controlo dos dinheiros públicos, “para salvaguardar os interesses fundamentais da sociedade de Macau”, lê-se na Plataforma de Candidatura. Em final de Julho de 2011, o HM anunciou que a criação da reserva financeira de Macau tinha pernas para andar, começando em Janeiro de 2012 a todo o gás. Alguns deputados da Assembleia Legislativa estão descontentes com a gestão que tem vindo a ser feita pela Autori-dade Monetária de Macau, mas o que interessa é que Chui cumpriu mais uma das suas promessas.

ERGUER, ERGUEREmbora os residentes se queixem do volume assoberbado de visitantes no território, que enchem ruas, restaurantes e quartos de hotel, desta vez, Chui prometeu e cumpriu mesmo. Pelas mãos dos Serviços de Turismo, foi criado o programa “Sentir Macau passo-a-passo”, que engloba quatro roteiros turísticos específicos. No início deste ano, foi lançado um programa de finan-ciamento destinado aos residentes que pretendam criar a sua própria marca. Também no início deste mês o Instituto Cultural lançou subsí-dios para auxiliar jovens talentos de Macau.

As promessas de melhores con-dições sociais e de trabalho são, de acordo com o que pudemos apurar, as que menos atenção tiveram, contrastando com as questões na área do turismo e economia.

“Prometo que, se for eleito, irei servir de todo o coração a Pátria, Macau e a sua popula-ção. Compartilhando o mesmo destino, e unidos como um só homem, vamos [envidar] esfor-ços juntos para a estabilidade política, a tranquilidade social e a prosperidade de Macau e para a vida harmoniosa, alegre, feliz e saudável da sua população”, afirmou Chui Sai On em 2009.

A diversificação da economia foi outra das coisas que falhou. Só recentemente têm sido constantes as apostas nas indústrias culturaise criativas

Só nos primeiros cinco meses do presente ano, foram transferidos 1208 doentes do CHCSJ paraHong Kong, quase tanto como durante todo o ano de 2013. As razões? “Carência de meios técnicos e/ou humanos”SERVIÇOS DE SAÚDE

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4 o candidato hoje macau sexta-feira 15.8.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

É já amanhã que o candidato isolado às eleições para líder do próximo Executivo

apresenta o seu programa político no DOME, estando agendada uma sessão de perguntas e respostas com os membros da Comissão Elei-toral. Contudo, três académi-cos contactados pelo HM não esperam políticas concretas. Mesmo em relação a uma reforma da Administração, intenção já anunciada pelo Chefe do Executivo cessante, não deverão ser anunciadas novidades, acreditam.

“Pode avançar algo, no sentido de que vai rever a avaliar o actual sistema, mas não deverá anunciar nada [de novo]”, defendeu Agnes Lam, docente da Universidade de Macau (UM). Em relação à possível divisão da tutela da Administração e Justiça, de-fendida por algumas vozes, a académica acredita que Chui Sai On irá “simplesmente dizer que vai avaliar o funcio-namento [da tutela]”, apontou.

Apesar de não prever grandes novidades, já Eilo Yu acredita que a reforma administrativa será o ponto diferenciador em relação à candidatura de 2009.

“Nos últimos meses

O único candidato ao cargo de Chefe do Executivo apresenta amanhã o seu programa político, mas Larry So, Agnes Lam e Eilo Yu não esperam o anúncio de políticas concretas para um próximo mandato. Habitação, saúde, apoios sociais e reforma administrativa deverão ser os principais temas

ELEIÇÕES CE PROGRAMA POLÍTICO DE CHUI SAI ON SEM GRANDES NOVIDADES, PREVÊEM ACADÉMICOS

Quando os slogans já não servem

tem-se falado muito sobre a reforma da Administração Pública e Chui Sai On tem falado várias vezes sobre isso nos diversos encontros que teve com associações. Penso que esta é a grande diferença que poderemos es-perar em relação aos últimos cinco anos”, frisou ao HM.

Larry So, docente aposen-tado do Instituto Politécnico de Macau (IPM), pede que Chui Sai On coloque “esfor-ços no desenvolvimento a longo prazo de Macau”.

“Que tipo de sociedade pretendemos criar? O Go-verno Central diz que de-vemos ter o posicionamento de cidade de turismo e lazer, mas como vamos atingir esse objectivo? Temos de ter um programa em relação a isso. Nos últimos anos não tive-mos medidas concretas, mas apenas slogans quanto a esse posicionamento”, referiu o antigo docente.

ÁREA SOCIALSEM NOVAS POLÍTICAS Agnes Lam pensa que o dis-curso de amanhã será focado nas questões “que o dinheiro pode resolver”. “A maior parte da população está preo-cupada com os problemas da habitação e dos transportes, ligados à qualidade de vida, e penso que o programa vai focar-se nestas questões.

[Chui Sai On] vai enfatizar o seu discurso nas políticas da habitação que o Governo tem vindo a fazer, pode ainda falar sobre o apoio aos idosos e os apoios sociais”, afirmou a docente da UM.

Já Larry So defende que Chui Sai On deve criar um plano a longo prazo na área da saúde, com destaque para o novo hospital, que conti-nua por inaugurar. “Chui Sai On tem de prestar atenção a essa área, porque não temos capacidade e recursos huma-nos suficientes. Esse tem de ser o grande assunto para os próximos cinco anos”, defendeu ao HM.

Na área social, Eilo Yu “não tem a certeza se haverá novas políticas”. “Poderá fa-lar de alguns projectos que o Governo tem vindo a desen-volver nos últimos anos, mas não acredito que apresente algo novo à sociedade nestas áreas”, acredita o professor de ciência política.

DIVERSIFICAÇÃO E HENGQINLarry So levanta o problema da ausência de diversifica-ção económica, pedindo políticas especificas para as Pequenas e Médias Empre-sas (PME) e recrutamento. “Temos o Gabinete para os Recursos Humanos e a Comissão de Talentos, mas não vemos mais nada para além disso. Apesar de não termos grandes problemas em termos das receitas do jogo, gostaria de ver como vamos implementar a chamada diversificação económica. Porque até agora só temos uma indústria e os trabalhadores estão a pres-sionar as operadoras para ter aumentos. Em relação às PME, não acredito que tenham muitas possibilida-des de continuar a operar. Espero que existam planos e políticas sólidas para ajudar as PME a sobreviver a este impacto”, disse o ex-docente do IPM.

Já Eilo Yu defende que a presença de Macau na Ilha da Montanha poderá entrar no programa. “[Chui Sai On] poderá falar sobre a Ilha de Hengqin e do desenvolvi-mento da cooperação com Guangdong, que será um ponto forte para os próximos cinco anos. Pode falar da participação de Macau no desenvolvimento da Ilha de Hengqin, que não foi bem discutida na sociedade. Mas não tenho a certeza de que este sábado ele irá apresentar planos concretos para Hen-gqin”, apontou o docente da UM.

“O Governo Central diz que devemos ter o posicionamento de cidade de turismo e lazer, mas como vamos atingir esse objectivo? Nos últimos anos não tivemos medidas concretas, mas apenas slogans quanto a esse posicionamento”

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5POLÍTICAhoje macau sexta-feira 15.8.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

U MA semana depois do ar-ranque da consulta pública sobre a revisão do Regime Jurídico do Transporte de

Passageiros em Táxis, o Governo já recolheu cerca de sete mil opiniões sobre o assunto. Tanto o público como o sector concordam com a introdução das gravações áudio no interior dos veículos, sendo que o Executivo deu

LEONOR [email protected]

A Comissão de Acom-panhamento para os Assuntos de Terras e

Concessões Públicas planeia discutir os contratos dos táxis amarelos na próxima sessão legislativa, a par do aproveitamento de terrenos, da política energética da RAEM, da televisão e da construção do metro ligeiro.

O anúncio foi feito on-tem por Ho Ion Sang, numa reunião da Comissão, que serviu para que os membros assinassem três relatórios sobre os trabalhos exe-cutados durante a sessão legislativa que hoje termina.

De acordo com Ho Ion Sang, os táxis amarelos vão ser um dos assuntos em cima da mesa, devido ao facto

COMISSÃO DE CONCESSÕES PÚBLICAS VAI DISCUTIR TÁXIS AMARELOS

Por um contrato escrutinado

RENOVAÇÃO DE 230LICENÇAS AINDA EM ESTUDOWong Wan garantiu ontem que as 230 licenças de táxi que vão expirar até 2016 ainda estão a ser alvo de estudo por parte da DSAT, no que diz respeito à sua renovação. “Estamos a trabalhar nisso e esperamos o mais rápido possível fazer esta revisão”, disse o director, garantindo que estas licenças poderão já ter de responder à nova lei. “Iremos considerar que a licença expirou e que tem de ser atribuída uma nova licença segundo o novo regulamento”, apontou Wong Wan.

Tanto o público, como o sector dos táxis concordam com a introdução das gravações áudio nos veículos, sendo que os custos dos novos equipamentos deverão ser suportados pelo Executivo. Em relação aos agentes à paisana, há concordância e espaço na lei para a sua introdução

TÁXIS GRAVAÇÕES ÁUDIO NOS CARROS AVANÇAM. AGENTES À PAISANA SÃO POSSIBILIDADE

Uma luz ao fundo do túnel

ontem a garantia de que irá suportar os custos de instalação.

“Achamos que a maneira mais adequada [de controlar as infracções] é através das gravações áudio. As gravações de imagem serão apenas para os trajectos e para a parte da frente do carro. O sector também está a favor da instalação do sistema. Achamos que estes equipamentos têm de ser instalados pelas entidades competentes e têm de ser pagos por estas entidades”, garantiu André Cheong, director dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ).

Além disso, acrescentou o di-rector da DSAJ, “só as autoridades

competentes é que poderão ouvir as gravações e a lei vai estipular isso de forma muito clara, bem como em relação às formas de arquivo dessas gravações”.

AGENTES À PAISANA BEM-VINDOSA introdução dos agentes à paisana também recebeu a concordância do sector, existindo, dentro da legislação em vigor, espaço para a sua imple-mentação. “A maior parte da popu-lação está a favor. O sector não está contra, mas levantou várias questões, nomeadamente se isso é permitido no actual ordenamento jurídico. Não há definições muito rigorosas no orde-

namento jurídico sobre esta questão, mas diferentes peritos da área jurídica consideram que não é necessária uma nova designação para esta situação”, apontou André Cheong, que garantiu vir a ser feita “uma designação mais

clara na lei” para que não existam “áreas cinzentas”.

CUMPRIR LIMITES MÍNIMOS Uma das ideias avançadas ontem na conferência de imprensa, e que não consta do actual documento de consulta, é a criação de limites mí-nimos a cumprir para os detentores das licenças de táxi, em termos de trajectos e número de quilómetros percorridos, para que estes indi-víduos “tenham de ser sujeitos a fiscalização”, explicou Wong Wan, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT).

A contagem poderá ser feita com base nos dados do taxímetro, explicou o mesmo responsável.

A implementação de um regime de pontuação também mereceu a concordância dos participantes da consulta pública, mas estes defendem que “não deverá ser só para os taxistas mas para todos os condutores”.

“Na situação de Macau, para combater as infracções, achamos que o regime de pontuação é uma das maneiras. Mas antes que seja aplicado a todos os condutores poderemos introduzir primeiro só para os taxistas, mas ainda temos de ouvir as opiniões do sector”, defendeu André Cheong.

A consulta pública sobre a re-visão desta legislação dura até ao dia 23 de Setembro, sendo que os turistas também irão participar na consulta pública através de inqué-ritos distribuídos pelo Executivo.

de os contratos com a Vang Iek – a empresa que, actual-mente, monopoliza os rádio--táxis – estarem a chegar ao fim. “Será possível tornar este serviço público?”, pon-deram os deputados.

Recorde-se que a Vang Iek assinou, recentemente, um novo contrato com o Gover-no. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego assegurou que esta renovação acontece apenas durante um período de transição e por causa das necessidades reais de Macau, tendo renovado o contrato por nove meses, período que termina em No-vembro.

O novo acordo prevê que os táxis amarelos – que são 100 – possam continuar a apa-nhar passageiros ou a ficar nas filas das praças de táxis, desde que 60 deles prestem apenas serviços de rádio-chamada. Os outros 40 deverão mudar gradualmente dos serviços mistos para apenas e só ser-viços de chamada.

TELEVISÃO E ENERGIAHo Ion Sang anunciou ainda que um dos relatórios elabo-rados pela Comissão diz res-peito ao desenvolvimento do serviço de televisão de Macau, onde é pedido que o Governo abra o mercado à concorrên-

cia. Os restantes documentos reflectem as preocupações da Comissão com o metro ligeiro – segmentos das ilhas e zona sul – e a questão do sequestro da Reolian.

Ho Ion Sang expressou

alguma preocupação no que toca ao assunto de aprovei-tamento de terrenos que, actualmente, não estejam a servir qualquer propósito. O presidente da Comissão acrescentou ainda que, de

entre os 113 terrenos não aproveitados, 29 já entraram em processo judicial, ape-nas podendo ser imputada responsabilidade a 48 deles. Sobre esta questão, o depu-tado apenas pediu celeridade na resolução dos processos judiciais, até porque será um dos pontos fulcrais para o debate da Comissão na próxima sessão legislativa.

Também a política ener-gética. De acordo com o pre-sidente, é necessário decidir qual o melhor método para implementar em Macau: dar mais peso à importação de electricidade da China, ou criar outros meios de abas-tecimento. Uma das opções passa por olhar novamente para os contratos com con-cessionárias de gás natural, de forma a diversificar a rede de recursos do território.

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6 política hoje macau sexta-feira 15.8.2014

PUB

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 420/AI/2014

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora KAM LIN SONG(portadora do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 73597xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 76/DI-AI/2012, de 26.07.2012, levantado pela DST e por despacho da Directora dos Serviços de Turismo, Substituta, de 24.04.2014, exarado no Relatório n.° 170/DI/2014, de 25.03.2014, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por controlar a fracção autónoma situada na Avenida do Infante D. Henrique n.° 11, Edf. Kuan Fat Fa Yuen, bloco 1, 16.° andar B e utilizada para a prestação ilegal de alojamento. ---------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele Auto de Notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito. Nos termos do n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010 não é admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo. ---------A matéria constante daquele Auto de Notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, tal facto é punível nos termos no n.° 1 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. --------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício �Centro Hotline�, 18.° andar, Macau. ----------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 12 de Agosto de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 422/AI/2014

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora ZHOU FENGJU(Portadora do Passaporte da República Popular da China n.º G56075xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 96/DI-AI/2012, de 14.09.2012, levantado pela DST e por despacho da signatária de 16.07.2014, exarado no Relatório n.° 542/DI/2014, de 14.07.2014, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por prestação ilegal de alojamento da fracção autónoma situada na Rua Cidade do Porto n.° 341, Edifício Kam Yuen, 5.° andar F, Macau. ---------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele Auto de Notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito. Nos termos do n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010 não é admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo. ----------A matéria constante daquele Auto de Notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, tal facto é punível nos termos no n.° 1 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. ---------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício �Centro Hotline�, 18.° andar, Macau. -----------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 12 de Agosto de 2014.

A Directora dos ServiçosMaria Helena de Senna Fernandes

FLORA FONG [email protected]

A Associação Novo Macau apresen-tou ontem à As-sembleia Legis-

lativa (AL) uma moção de debate, para discutir uma reforma política em 2015. Para Au Kam San e Ng Kuok Cheong, deputados da asso-ciação pró-democrata, esta é a altura certa para implemen-tar o direito ao voto, porque, dizem, os residentes já têm mais consciência política.

“A economia de Macau é próspera, o nível da edu-cação e a consciência de-mocrática dos residentes de Macau têm aumentado, mas o actual sistema político não mostra democracia”, come-çam por dizer os deputados. “Portanto, solicitamos [que haja] uma reforma política em 2015.”

Os deputados pedem o debate sobre o tema, para evitar que uma proposta de reforma política não caia bem no hemiciclo, como aconteceu no final de Junho, quando os co-legas da AL reprovaram

Urbanismo Discussão sobre Acreditação só daqui a dois meses

NOVIDADES sobre o Regime Jurídico de Acre-ditação, Registo, Inscrição e Qualificação para o

Exercício das Funções Profissionais nos Domínios da Construção Civil e do Urbanismo só “depois das férias legislativas”, afirmou ontem a presidente da 1ª Comis-são Permanente da Assembleia Legislativa, Kwan Tsui Hang. A deputada explicou que “todos os artigos já foram discutidos preliminarmente” e que o próximo passo é a redacção de uma nova proposta por parte do Executivo. Algo que só acontecerá daqui a dois meses.

O Governo está a realizar um es-tudo para ten-

tar perceber se o actual sistema de avaliação do desempenho dos dirigen-tes é eficaz. Isso mesmo anunciou José Chu numa resposta a um deputado.

Com base nos resul-tados do Inquérito sobre o Nível de Satisfação dos Cidadãos, o Executivo está a “efectuar estudos sobre a avaliação da eficácia organizacional a nível qualitativo e quantitativo” relativo ao mecanismo de avaliação, assegura o director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP).

Em resposta a uma interpelação escrita do deputado Si Ka Lon, que questionou o Governo quando à criação de um regime em que os diri-gentes tenham que pedir a demissão caso cometam erros, a resposta é pouco

clara. “O Estatuto dos Titulares dos principais cargos (...) prevê (...) que os titulares dos principais cargos respondam politi-camente perante o Chefe do Executivo e se sujeitem à direcção e à tutela do Chefe do Executivo (...)”, pode ler-se na resposta.

O deputado fica sem resposta em relação à úl-tima questão apresentada, que perguntava ao Go-verno se os resultados ao inquérito e do estudo agora realizado serão tornados públicos. José Chu diz apenas que os resultados “irão permitir materializar o regime de apreciação do desempenho do pessoal de direcção”, mas não adianta mais pormenores.

Um regime de ava-liação do desempenho dos dirigentes tem vindo a ser pedido por vários deputados, principalmente por causa da assunção de responsabilidades. - HM

DIRIGENTES EM ESTUDO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Devagar, muitodevagarinho

NOVO MACAU QUER DEBATE NA AL SOBRE REFORMA POLÍTICA EM 2015

A hora é agora

SEM REFORMA, MANIFESTAÇÕES Além da moção, os dois deputados da associação Novo Macau esperam que Chui Sai On anuncie uma reforma política para o próximo ano, na apresentação do seu programa político, que acontece amanhã. “Como a carta que enviamos no final do mês passado à sede da candidatura de Chui Sai On não foi respondida, vamos esperar que ele responda ao assunto. Se Chui Sai On ainda não mencionar nada ou não responder claramente sobre a reforma política, é possível que a nossa associação realize actividades ou manifestações em breve”, assegurou Au Kam San.

um debate sobre o mesmo assunto por considerarem não se enquadrar com as regras da AL.

Ng Kuok Cheong e Au Kam San voltaram a pedir a discussão no hemiciclo, mas também apelam a que o Chefe do Executivo e único candidato ao novo cargo responda directamente ao pedido.

Os dois pró-democratas apontam o dedo ao que consideram ser uma falha na representatividade da AL, que existe, frisam, porque o Chefe do Executivo e a maioria dos deputados na AL não são eleitos por toda a população.

“O direito de eleição dos residentes de Macau não está assegurado, o que faz com que as opiniões da popula-

ção apenas possam ser de-monstradas em actividades sociais e manifestações”, dizem, exemplificando com o protesto contra o Regime de Garantias em Maio deste ano, que juntou cerca de 20 mil pessoas.

Ng Kuok Cheong diz-se confiante que o debate seja aprovado. “Acho que este debate faz bem ao Gover-no e à nossa sociedade e não vejo nenhuma razão para os outros deputados rejeitarem o debate, quer concordem, quer discor-dem, é preciso discutirmos este assunto.”

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hoje macau sexta-feira 15.8.2014

A Assembleia Le-gislativa (AL) precisa de ter mais poder de

fiscalização. Quem o diz é Melinda Chan, deputada, que traça um balanço da sessão legislativa que hoje termina. Também Si Ka Lon e Ho Ion Sang falam com o HM, o primeiro para referir que a baixa eficácia dos trabalhos do Governo atrasa os trabalhos do hemiciclo; o segundo para frisar que, devido ao crescimento económico, há muito mais pressão na AL e, consequentemente, leis atrasadas.

“Como o Governo vai começar mais grandes obras públicas, o presidente[da AL] deve pedir mais direitose poderes na supervisão das despesas”MELINDA CHAN

FLORA [email protected]

CECÍLIA L IN cecí[email protected]

DEPUTADOS QUEREM MAIS PODER DE FISCALIZAÇÃO DA AL

Obras públicas devem ser controladas

Todos concordam que os deputados estão mais activos, mas este não é o único ponto em comum. Melinda Chan, por exem-plo, considera que a AL deve ter mais direitos e poderes na supervisão das despesas do Governo, especialmente com custos relacionados com obras públicas.

“Como o Governo vai começar mais grandes obras públicas - como o metro li-geiro, novos aterros e túnel subterrâneo -, do meu ponto de vista, o presidente [da AL] deve falar com o Governo para pedir mais direitos e poderes na supervisão das despesas, evitando o exces-so de orçamento”, refere a deputada.

A falta de poder da AL

é também um problema considerado por Si Ka Lon, número dois de Chan Meng Kam. Isto, porque Si Ka Lon afirma que há uma baixa eficácia nos trabalhos do Governo e muito pouca influência na supervisão da AL a esses trabalhos.

“Quase todos os de-putados fizeram a mesma pergunta ao Governo: por-que é que o Governo nunca respondeu directamente às questões dos deputados. Quando responde a alguma questão, a resposta está fora do tema da pergunta. Claro que não vamos estar satis-feitos. O papel dos depu-tados é fazer supervisão do Governo. Se o Governo não enfrentar os seus problemas, o nosso trabalho não vai ter

qualquer efeito”, lamenta o deputado.

LEIS PRECISAM-SEA falta ou o atraso na entre-ga de algumas leis é outros dos pontos frisados pelos deputados, na hora de se fazer um balanço da sessão legislativa.

Ho Ion Sang, por exem-plo, acha que os novos de-putados se habituaram muito rápido ao hemiciclo e que todos se empenharam muito nos trabalhos. Mas como a economia se tem desenvol-vido, diz, há mais propostas da lei, os trabalhos dos de-putados têm mais pressão e, consequentemente, as coisas estão mais atrasadas. “Em-bora esta sessão vá acabar, ainda se mantêm muitas propostas nas Comissões

Permanentes da AL, portan-to podemos ver os atrasos nos regulamentos e leis”, diz, descartando contudo que o poder de supervisão da AL seja fraco.

O deputado espera que, na nova sessão, uma melhor coordenação da Administra-ção e da produção legislativa seja feita, para que haja mais propostas da lei a ser aprovadas.

O mesmo pede Melinda Chan, que relembra que leis como a Lei da Violência Doméstica, que já foram discutida, ainda estão pen-duradas. “Acho que o Go-verno deve entregar mais rápido as propostas que demoraram muito tempo, isso é também um pedido feito pela população.”

Pedidos da população, Si

Ka Lon assegura que tam-bém os tem. “Durante quase um ano de trabalho, já recebi – com os meus colegas - 4851 casos, sendo que 3149 são consultas aos deputados e 1602 casos precisam de ser acompanhados. O que sinto que mais provoca queixas da população é a questão de habitação.”

Si diz que, como as ques-tões nunca são resolvidas, as queixas dos cidadãos tornam-se cada vez mais. O deputado acredita que seja complicado resolver todas as questões pela parte do Gover-no, mas remata, dizendo que a Lei de Reordenamento dos Bairros Antigos, por exem-plo, é necessária para melho-rar as condições de vida da população. Bem como mais médicos, relembra.

“O papel dos deputados é fazer supervisão do Governo. Se o Governo não enfrentar os seus problemas, o nosso trabalho não vai ter qualquer efeito”SI KA LON

“Espero que, na nova sessão, uma melhor coordenação da Administração e da produção legislativa seja feita, para que haja mais leis a ser aprovadas.”HO ION SANG

7 política

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hoje macau sexta-feira 15.8.2014

CECÍLIA L [email protected]

C ERCA de 1500 funcio-nários da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) manifestaram-se ontem

em frente ao Departamento de Recursos Humanos da empresa, perto do casino Kam Pek, e no próprio andar do edifício, onde entregaram uma petição. Querem aumentos salariais na ordem dos 10%, mas também melhores con-dições de trabalho.

Este é o quarto protesto de funcionários de jogo, mais uma vez organizado pela Forefront of the Macau Gaming (FMG). O presidente da associação, Ieong Man Teng, disse ontem que se os pedidos dos funcionários da SJM não forem respondidos, poderá haver nova acção em redor dos casinos, já na próxima terça-feira.

“Temos sete ou oito pedidos: aumentos salariais, mais um mês de bónus e a revisão da política de atestados médicos, porque os tra-balhadores querem poder escolher o hospital quando estão doentes”, referiu. “Também querem que o mecanismo de promoção seja mais justo, aberto e transparente, para conhecerem o mecanismo de promoção actual”, disse o presidente da FMG.

No Facebook da FMG, Ieong

O futuro das instalações antigas da Univer-sidade de Macau (UM) já é conhecido – pelo menos parte dele. Em comunicado

à imprensa, o Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura explica que o espaço já está reservado para o “futuro desenvolvimento do ensino superior, em articulação com a neces-sidade da formação de talentos”.

Para já, o Governo autorizou a UM a “manter a utilização de uma parte das insta-lações, tal como o edifício da Biblioteca da Universidade de Macau que será designado por “Universidade de Macau (Colina da Taipa)”. Edifício que vai continuar a acolher o Centro de Estudos de Macau e Centro de Educação Contínua, tal como informa o Gabinete.

O pavilhão desportivo será entregue ao Instituto do Desporto e será alvo de uma re-modelação “para alargar o seu espaço e criar mais instalações desportivas”, para que seja adequado “às necessidades das instituições do ensino superior no desenvolvimento das actividades pedagógicas” e possa ser aberto também ao público.

O documento informa ainda que, apesar desta reserva, o Executivo irá dar início a um novo planeamento sobre as instalações, procedendo a uma análise e avaliação “das várias premissas, dando prioridade ao desen-volvimento das instituições públicas”.

UNS GOSTAM, OUTROS NÃOQuestionado pelo HM, um dos membros que encabeçam o Grupo de Defesa do Uso do Futuro do Velho Campus da Universidade de Macau, Rocky Chan, garantiu que a recolha de donativos para fazer uma publicidade em defesa do local vai continuar. “Vamos continuar com o nosso objectivo, continuamos a achar que a consulta pública é necessária”, afirmou. Para o activista, “será injusto” o espaço ficar disponível apenas para uma única entidade de ensino, apontando que a solução poderá passar pela criação de um “espaço que acolhe várias entidades de ensino”.

Rocky Chan defende ainda que não se deve limitar o antigo campus à área do en-sino, isto é, o espaço poderá também abrir

portas a instituições culturais e sociais. “Esta declaração do Governo não entra em conflito com a nossa vontade de realizar uma consul-ta pública, até porque esta consulta poderá trazer novas ideias ao Executivo”, defende Chan, que explicou ainda que até ao meio dia de ontem o grupo “colectou mais de 3700 patacas”.

Contente com a decisão do Executivo está a associação Macau Tri-Decade Union, que já se tinha manifestado publicamente quanto à utilização do velho campus da UM, tendo inclusive entregue uma carta ao Chefe do Executivo, onde exigia a realização de uma consulta pública sobre o assunto. Contactado pelo HM, Isaac Tong, membro da associação, congratulou-se pela decisão do Executivo. “Sugerimos na altura que o velho campus fosse usado como uma cidade universitária para a educação pública, aberta a todas as institui-ções”, disse. Para o membro da associação esta é uma “boa notícia” e, na sua opinião, a “maioria dos residentes vai gostar da decisão, porque é algo bom para Macau”, frisou. - HM

Advocacia Guangdong, Macau e Hong Kong cooperam em projectoO Departamento de Justiça de Guangdong publicou “Duas Medidas”, um pacote de cooperação entre escritórios de advocacia de Macau, Guangdong e Hong Kong. A publicação foi feita na passada quarta-feira e as “Duas Medidas” vão entrar em vigor no dia 1 de Setembro, sendo um dos focos o “Projecto-piloto dos Parceiros Associados dos Advogados do interior da China, de Hong Kong e da RAEM”. De acordo com o chefe do Gabinete de Administração de Advocacia do Departamento de Justiça de Guangdong, Chen Jian, as “Duas Medidas” beneficiam a cooperação, ao nível dos negócios entre os escritórios das duas regiões especiais administrativas. O novo acordo deverá oferecer melhores serviços legislativos no que diz respeito às fronteiras. Deverá, ainda, ajudar na aprendizagem e referência mútua entre os escritórios de advocacia do continente, Hong Kong e a RAEM, aumentando o nível profissional e a competitividade no âmbito internacional.

Wifi Go CITM e CTM na corrida ao serviço O Centro de Informações Tecnologia de Macau (CITM) e a Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) são as operadoras que estão na corrida para o concurso público para o serviço “Sistema de Banda Larga Sem Fios – WiFi GO”. O contrato actual, disponível desde 2010 e da responsabilidade da CITM, vai terminar em breve sendo então necessária a abertura de um novo concurso público. A Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações anunciou ontem que recebeu apenas duas propostas e “após verificação dos documentos entregues, foram admitidas as duas concorrentes”. O serviço permite o acesso gratuito à internet de banda larga sem fios aos cidadãos e turistas em determinados serviços governamentais, instalações públicas e locais turísticos de Macau.

Grupo entregacarta contraComissão EleitoralUm grupo de residentes entregou ontem uma carta nas instalações dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) onde mostram descontentamento face à decisão da Comissão para os Assuntos Eleitorais em proibir a publicação de resultados de qualquer tipo de inquérito sobre as eleições do Chefe do Executivo entre os dias 16 de Agosto e 1 de Setembro. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o grupo aponta que esta decisão está contra a Lei Básica e que ignora as opiniões dos cidadãos.

GOVERNO CAMPUS DA TAIPA RESERVADO PARA ENSINO E TALENTOS

Finalidade do terreno justifica escolha

SJM CERCA DE 1500 FUNCIONÁRIOS PROTESTARAM FRENTE AO ESCRITÓRIO DA OPERADORA

Sete pedidos e uma ameaça

Man Teng escreveu que espera a operadora possa conseguir encontrar uma solução pacífica, porque, diz, “os colegas já não têm paciência” e, se não se conseguir responder aos pedidos básicos, na próxima terça-feira vai haver nova acção.

Esta não é primeira vez que a associação ajuda os funcioná-rios do jogo a fazer protestos

contra as operadoras de jogo. Os funcionários da Sands China fizeram manifestações à volta do Venetian, seguidos dos da Galaxy e da Sands. Agora, o protesto é contra a local SJM, sendo que a associação já começou a re-colher assinaturas e queixas de trabalhadores da operadora desde sábado passado. Ieong Man Teng também revelou ao HM que não

exclui a hipótese de realizar mais acções contra as outras operado-ras de jogo.

Até ao fecho da edição, a SJM não respondeu HM sobre o protesto.

O líder da associação recusa a acusação de que os protestos estejam a ter efeitos negativos nas acções na Bolsa, afirmando que o impacto é muito reduzido.

8 SOCIEDADE

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9 sociedadehoje macau sexta-feira 15.8.2014

M ACAU está prestes a atingir o ponto de ruptura devido ao cons-tante aumento da população, agora nos 624 mil habitantes,

alertam especialistas ouvidos pela agência Lusa. De acordo com o economista José Isaac Duarte e o urbanista Francisco Vizeu Pinheiro, a cidade não está a conseguir dar resposta ao número elevado de trabalhadores que todos os meses entram no território - só nos últimos três meses foram 9618, totalizando 155.310 trabalhadores - resultando num aumento generalizado dos preços, falta de espaço e de equipamentos sociais.

A situação não é de solução fácil, dizem, já que os trabalhadores são indispensáveis para os novos complexos de jogo em construção no Cotai - zona de casinos entre a Taipa e Coloane.

“A solução é sempre o planeamento, mas atendendo às limitações, penso que atingiu o limite, até com os novos aterros”, diz Vizeu Pinheiro. Com 30 quilómetros quadrados - excluindo o novo terreno de 1 quilómetro quadrado na Ilha da Montanha -, Macau tem tentado combater a falta de terrenos disponíveis com a construção de aterros, mas, à medida que a população cresce - num território que acolhe também cerca de 30 milhões turistas por ano - a proporção de equipamentos sociais desce, estando já abaixo da média mundial e até da média da China continental, explica o

O presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Iong Kong Io, assegura que o Governo vai ponderar integrar a implementação de ser-

viços de creches nos casinos como um dos critérios para a renovação das licenças de jogo às operadoras, em 2015. O presidente não se compromete com nada, para já, mas diz que esta opinião vai ser apresentada às operadoras.

Iong Kong Io ressalva que os actuais casinos não são adequados para o fornecimento de serviços de creches para os filhos de funcionários, mas diz talvez que, nos casinos novos, possa ser feito um plano e uma estrutura que seja capaz de fornecer estes serviços. Iong Kong Io não parece, contudo, concordar com a ideia. “No nosso ponto de vista, dentro dos casinos há muito movimento da população e de turistas e, se são construídas creches nos casinos, vai haver muita confusão.”

A falta de vagas nas creches de Macau tem levan-tado muita discussão no seio da sociedade, sendo que a

hipótese de os casinos fornecerem serviços de creches já foi adiantada por muitos deputados. Principalmente, porque os funcionários do jogo trabalham por turnos e, no caso de famílias que trabalham na indústria, por exemplo, não há creches nem locais abertos durante a noite onde possam ser deixadas as crianças.

O anúncio de Iong Kong Io foi feito numa resposta a um ouvinte do programa Fórum Macau, que frisou que as empresas de jogo devem assumir responsabilidade social, oferecendo apoio aos funcionários que traba-lham por turnos. O mesmo tem vindo a ser defendido por deputados do hemiciclo.

O próximo ano é a altura em que os contratos com as operadoras vão ser renovados, sendo que o Governo já assegurou que vai ter em conta certos critérios para que os casinos possam ver as suas li-cenças novamente em vigor. Não há ainda detalhes, mas espera-se que seja implementado como critérios mais responsabilidade social. - F.F.

A Aliança do Povo de Institui-ção de Macau organizou uma sondagem online sobre as três

propostas do segmento norte do metro ligeiro. No entanto, o presidente da instituição suspeita que a pesquisa, feita no início deste mês, tenha sido afectada por piratas cibernéticos. De acordo com Si Ka Lon, os problemas surgiram três dias depois da sondagem ter começado. “Se um participante votar na proposta da Avenida 1º de Maio, aparecem automaticamente dois votos na hipótese da Avenida da Ponte da Amizade. Isto fez com que o resultado mostrasse que mais de 80% dos participantes preferem a proposta do traçado da marginal. Agora a sondagem já está suspensa e

vai recomeçar em breve, continuando até 28 de Setembro, ou seja, no fim do período de consulta pública [lançada pelo Governo]”, referiu o também deputado, ao jornal Cheng Pou.

Quando questionado sobre se se preocupa com o facto da sondagem poder vir a ser criticada como acon-tece com o “referendo” – do qual Jason Chao é um dos organizadores -, respondeu que todos os residentes podem expressar a sua opinião, in-cluindo em inquéritos. “A sondagem não está a usar o nome de ‘referendo’, portanto não estou preocupado. Acho que o Governo também pode realizar sondagens na internet, para além de seminários e consultas públicas”, acrescentou o deputado. - F.F.

DSAT garante fim das obras antes do arranque das aulas

A Direcção dos Serviços para os As-suntos de Tráfego (DSAT) garantiu

ao HM que as várias obras que estão a ser feitas em Macau deverão estar concluídas antes do começo do próximo ano lectivo, em Setembro. “Durante o período de fé-rias de Verão há menos trânsito nas ruas e o Grupo de Coordenação das Obras Rodoviárias realiza sempre as obras com mais impacto nos meses de Julho e Agosto. Estas obras devem estar prontas antes do dia 1 de Setembro, altura em que começa o novo ano lectivo”, confirmou o organismo.

No total, cerca de 30 projectos de construção estão actualmente a ser desenvolvidos, sendo que nove deles causam um maior impacto ao dia-a-dia dos residentes, explicou a DSAT. O mesmo organismo garantiu que a não repetição de obras de dois em dois anos é uma das medidas que têm sido levadas a cabo para diminuir os incómodos que estas obras causam à população.

Este assunto já mereceu a atenção dos deputados Chan Meng Kam e Kwan Tsui Hang, que entregaram interpelações escritas ao Governo sobre o aumento de obras nas ruas. A DSAT frisou que as mesmas acontecem devido à necessidade de novas infra-estruturas, tal como as obras do metro ligeiro, obras no sistema de esgoto, a instalação do gás natural ou instalações para a MTEL, operadora de telecomunicações. - C.L.

METRO SONDAGEM ALTERADA POR HACKERS

Pirateando por aíCASINOS CRECHES COMO CRITÉRIO PARA RENOVAÇÃO DE CONTRATOS

Um trunfo em cima da mesa

MACAU ESTÁ A ATINGIR SITUAÇÃO DE RUPTURA, DIZEM ESPECIALISTAS

À beira de um ataque de nervosUm economista e um arquitecto partilham uma visão negra do futuro imediato de Macau

urbanista, apontando, como exemplo, o número de camas disponíveis nos hospitais.

“Este é o período da história de Macau em que mais trabalhadores não residentes entram no território”, sublinha Isaac Duarte. Uma das consequências é a subida de preços que “são brutais e não poupam nenhum sector de actividade”. “A população está cada vez com mais dificuldades”, afirma o economista.

As consequências do aumento da população não são apenas económicas e, à semelhança do que se passa em Hong Kong, Macau pode vir a assistir a um aumento da tensão social e até a fenómenos de racismo. “A tensão deverá aumentar à medida que aumenta a população não residente. Brevemente, um terço da popu-

lação será flutuante, são pessoas em trânsito, num limbo social”, comenta.

Vizeu Pinheiro acredita que Macau é “mais tolerante pois depende mais do turismo”, mas também antevê problemas. “É uma espécie de panela de pressão, há um risco grande”, alerta.

Nada faz prever que a situação se altere num futuro próximo porque, “com a construção da ponte [que vai ligar Hong Kong, Macau e Zhuhai], o fluxo de pessoas vai aumentar. E não se pode reduzir o fluxo devido aos novos complexos de jogo no Cotai”, alerta Vizeu Pi-nheiro. Opinião semelhante tem Isaac Duarte: “Esta gente que está a vir é necessária para todos os projectos de construção”.

Para Vizeu Pinheiro, a única solução pos-sível é a expansão para a Ilha da Montanha. “Não deviam destruir mais o rio e as montanhas para construir aterros, mas sim usar a Ilha da Montanha”, aconselha.

A expansão para o território chinês não é consensual, vista como uma ameaça à auto-nomia do território e um passo em direcção à diluição da identidade local.

No entanto, o urbanista considera que a transferência da Universidade de Macau foi um caso de sucesso, permitindo melhores condições, e sugere que se faça o mesmo com um novo hospital. “Daqui a uns anos, faremos todos parte do mesmo sistema, de qualquer forma”, conclui. - LUSA

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10 CHINA hoje macau sexta-feira 15.8.2014

A economia da China mostrou mais sinais de enfraquecimento em Julho apesar de

uma série de medidas de estímulo pelo Governo, sugerindo que mais apoio pode vir a ser necessário para manter o crescimento desejado, enquanto a contracção imobiliária piora. Um inesperado crescimento fraco do investimento, das vendas a retalho e do empréstimos bancários em Julho revelaram vulnerabilida-des na expansão da segunda maior economia do mundo.

A maior surpresa nos dados apresentados na quarta-feira veio dos números de crédito e financia-mento que mostraram em Julho o valor mais baixo em quase seis anos, de 44.34 mil milhões de dólares, cerca de um sétimo do que foi visto em Junho.

Apesar de a procura de aqui-sição de empréstimos estar a desacelerar, o banco central mini-mizou a queda, informando que a redução foi consequência de uma alta incomum em Junho. Analistas propuseram também que a queda pode estar relacionada a sanções impostas a empréstimos de alto ris-co e financiamento de produtos de base após um escândalo de fraudes no porto de Qingdao.

Mas a notícia assustou alguns economistas, que mostraram preo-cupação que os números tenham indicado não apenas uma menor procura de empréstimos no sector imobiliário, mas cautela crescente por parte dos bancos em emprestar

Mais um oficial julgado por corrupçãoJie Wang, o ex-adjunto do Presidente da Câmara de Xuwen, na província de Guangdong, está a ser julgado por acusações de corrupção e apropriação ilegal de fundos, revelou o Guangzhou Daily. Jie atraiu atenção na internet em Abril do ano passado quando circularam rumores online de que havia sido atacado por seis mulheres após se ter separado de uma amante. Uma investigação oficial veio a descobrir que Jie aceitou mais de 2 milhões de yuan em subornos e ainda que roubou aproximadamente 1,8 milhões de yuan de dinheiros públicos.

Guangdong comsorte no emprego Cerca de 90% dos recém-graduados da província de Guangdong já encontraram emprego, segundo o website Chinanews.com. Cerca de 472 mil estudantes completaram os seus estudos neste ano académico, mais 30 mil alunos do que no ano anterior. Mais de metade dos graduados acabou mesmo por arranjar trabalho em Cantão e Shenzhen.

Pagar a quemestá noutro país A filha do vice-presidente dos Serviços de Finanças de Nehe, na província de Heilongjiang, está supostamente a ser paga para trabalhar neste departamento público apesar de estar a estudar no Canadá, noticiou o The Beijing News. Um funcionário dos mesmos Serviços confirmou que a mulher tinha sido contratada em Outubro e que continua a receber o seu salário apesar de ter partido para o estrangeiro em Março para tirar um mestrado.

Felizes no campoMais de 60% dos agricultores que participaram num inquérito na província de Jiangsu afirmaram preferir continuar a viver no campo, de acordo com a Chinanews.com. Mais de seis mil pessoas de 283 aldeias responderam ao questionário, tendo a maioria afirmado que preferem as zonas rurais pois a qualidade do ar é melhor, assim como o ambiente e o espírito de comunidade. Milhões de pessoas têm estado a deslocar-se do interior rumo a cidades chinesas nas últimas três décadas.

Os bancos chineses estão a limitar o crédito relacionado com o imobiliário, refreando a especulação. Mas a produção industrial, essa, continua a aumentar

ECONOMIA RÉDEAS AO CRÉDITO, BRIDA SOLTA À PRODUÇÃO

A especulação também se abate

12.2%foi a subida das vendas a

retalho, importante índice para

a economia chinesa, por estar

ligado ao consumo interno

Dúvidas sobre a durabilidade da recuperação económica surgiram, quando pesquisas sobre o sector de serviços mostraram uma fraqueza inesperada, relacionada principalmente com a contracção no mercado imobiliário

dinheiro em geral, pois os riscos com o crédito estão a aumentar.

CONTRACÇÃO IMOBILIÁRIACom uma série de medidas de estímulo adoptadas pelo Governo, a economia da China recuperou ligeiramente para um crescimento de 7.5% no segundo trimestre - em linha com a meta do governo para o ano - perante 7.4% nos três primeiros meses do ano. No entan-to, afectada por uma contracção imobiliária que tem afectado os gastos domésticos, a economia parece agora estar a enfrentar novos problemas.

Dúvidas sobre a durabilidade da recuperação económica surgiram na semana passada, quando pesquisas sobre o sector de serviços mostraram uma fraqueza inesperada, relaciona-da principalmente com a contracção no mercado imobiliário. Correspon-dendo a cerca de 15% da economia chinesa, o sector imobiliário tem vacilado este ano, em que os preços e as vendas caíram.

Os dados de quarta-feira mos-traram que a desaceleração pode estar a aprofundar-se. As vendas de casas caíram 16.3% em Junho comparado com o ano anterior em

termos de área construída, segundo cálculos da agência de notícias Reuters, perante uma queda de apenas 0.2% em Junho.

Analistas disseram que o fraco mercado imobiliário afectou o crescimento do investimento em geral, que avançou 17% nos sete primeiros meses ante o mesmo período do ano passado, nível que não era visto em mais de 12 anos.

“A debilidade do mercado imo-biliário continuará a pesar sobre a economia doméstica”, disse Louis Kuijs, economista do RBS. “Espe-ramos que o governo continue a encorajar, adoptando medidas para sustentar o crescimento”, adiantou.

PRODUÇÃO INDUSTRIALJá a produção industrial avançou 9% em Julho relativamente ao ano anterior, informou a Agência Nacional de Estatísticas, desace-lerando perante o ganho de 9.2% em Junho mas em linha com as expectativas do mercado.

As vendas a retalho, importante medida de consumo doméstico, avançaram 12.2% em Julho face ao ano anterior, desacelerando sobre o crescimento de 12.4% verificados em Junho.

Para Zhou Hao, economista do ANZ, “os números de actividade são basicamente mais baixos do que as expectativas do mercado, especialmente os dados de inves-timento, o que se deve principal-mente ao mercado imobiliário. Diria que o governo terá que relaxar mais as políticas para conseguir atingir um crescimento anual de 7.5 por cento”.

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11 chinahoje macau sexta-feira 15.8.2014

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 389/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal à infractora DENG AILAN, pelo presente notifique-se os infractores LEONG KIM FONG (portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 74150xxx) e DENG AILAN (portadora do passaporte da RPC n.° G61143xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 70/DI-AI/2013 de 10.07.2013, levantado pela DST, por controlarem a fracção autónoma situada na Rua do Terminal Maritimo n.os 93-103, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 3, 10.° andar E e utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho da signatária de 12.08.2014, exarado no Relatório n.° 667/DI/2014, de 17.07.2014, lhes foi determinada, a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. ----------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. -------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. --------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. -----O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício �Centro Hotline�, 18.° andar, Macau. ------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 12 de Agosto de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 402/AI/2014-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora CHEN LING (Portadora do Salvo-Conduto de Dupla Viagem da R.P.C. n.° W49890xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 92/DI-AI/2011 de 21.12.2011, levantado pela DST, por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Roma n.os 167-169, Jardim Hang Kei, Bloco 3, 4.° andar Q, Macau e utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho da signatária de 12.08.2014, exarado no Relatório n.° 685/DI/2014, de 22.07.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas), e ordenada a cessação imediata da prestação ilegal de alojamento no prédio ou da fracção autónoma em causa, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e n.° 1 do artigo 15.°, todos da Lei n.° 3/2010. --------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. -------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. ------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ---------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício �Centro Hotline�, 18.° andar, Macau. -----------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 12 de Agosto de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

A S importações de soja pela China, maior comprador

do mundo, subirão 17% no ano que termina em Setembro, para um recorde de mais de 70 milhões de toneladas, de acordo com uma previsão divulgada nesta quarta-feira por um órgão oficial.

O apetite por soja pelo gigante asiático tem crescido à medida que a segunda maior economia do mundo se expande e que cresce a procura por rações para alimentar suí-nos e aves para a indústria de carnes.

A previsão do Centro Nacional de Informações de Grãos e Oleaginosas é maior do que a estimativa de 69 milhões de tone-ladas do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para o ano actual. “O grande aumento das importações está a ser impulsionado pela forte procura interna sustentá-vel. “, revelou o centro num relatório.

O armazenamento de soja produzida na China tem mantido os preços locais do produto acima

População de Hong Kong crescepara 7,23 milhões de habitantes

A população de Hong Kong foi estimada em 7,23 milhões de habitantes no final de Junho, mais 0,7% face ao

período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais. Segundo os mesmos dados dos Serviços de Estatística e Censos da antiga colónia britânica, divulgados na quarta-feira pela agência oficial chinesa Xinhua, o aumento do número de nascimentos foi um dos factores que mais contribuiu para o crescimento da população. Entre Janeiro e Junho, Hong Kong registou 58.700 nascimentos e 45.400 óbitos. O fluxo de pessoas do interior da China também esteve na origem do aumento do universo populacional de Hong Kong, de acordo com os mesmos dados.

A Câmara de Co-mércio da União Europeia pediu à China que redu-

za a pressão contra as com-panhias estrangeiras e que seja imparcial na imposição das leis anti-monopólio no país.

O apelo ocorre após agências reguladoras chine-sas terem aplicado legisla-ções anti-monopólio contra companhias multinacionais em operação no país. O sector automóvel tem sido particularmente atingido, com acusações de compor-tamento anti-competitivo.

A Câmara afirmou em comunicado nesta quarta--feira que companhias eu-ropeias têm sido intimidadas a aceitar punições sem o devido processo legal. As autoridades chinesas acon-selharam as empresas a não contestar as investigações ou procurar assistência legal ou do governo, segundo o documento.

“Leis contra monopó-lio não podem ser usadas como um instrumento administrativo para punir companhias ou forçar re-

BATIDO RECORDE DE IMPORTAÇÃO

Soja aos molhos

dos preços do importado, levando os processadores a procurar as importações mais baratas. Um grande volume de soja barata importada também tem sido utilizada em proces-samento de alimentos, disse o centro sem entrar em detalhes.

O crescimento das importações deverá de-sacelerar em 2014/15, disse o órgão. Isto está em linha com as previsões do USDA. “As importações no próximo ano vão dimi-nuir o ritmo à medida que o mercado tiver de digerir grandes stocks após as importações excessivas no ano em curso. A oferta de soja doméstica será ampla no próximo ano”, disse um analista do centro.

UE PEDE À CHINA PARA REDUZIR PRESSÃO SOBRE MONOPÓLIOS

Imparcialidade, por favor

BMW MULTADA EM 2 MILHÕES

duções de preço”, disse a instituição europeia, que representa 1800 empresas na China.

O Governo Central infor-mou que vigia de maneira unânime as companhias domésticas e estrangeiras. O Ministério do Comércio e

Desenvolvimento Nacional não respondeu aos pedidos de comentário sobre o co-municado da UE.

Nos últimos meses, fa-bricantes como a Audi AG, a Daimler AG e a Mercedes--Benz, além de empresas de tecnologia como a Microsoft

e a Qualcomm, foram alvo de investigações por parte das autoridades chinesas. Nalguns casos, as razões dos processos não foram divulgadas.

A informação da Xinhua indica que muitas empresas de luxo estrangeiras impõem no mercado preços “muito maiores do que os dos Es-tados Unidos e Europa, às vezes até três vezes o valor” praticado nos mercados ocidentais.

Após a divulgação das investigações, algumas das empresas automóveis es-trangeiras anunciaram gran-des reduções de preços em alguns dos seus produtos e serviços, como é o caso da Mercedes, da Audi e da Chrysler.

Quatro concessionários da empresa alemã BMW foram multados hoje em 1,6 milhões de yuan (cerca de dois milhões de patacas) por manipulação de preços, no âmbito da investigação que o Governo chinês está a levar a cabo no sector automóvel por alegadas práticas monopolistas.A sanção foi imposta pelo organismo regulador de preços da província central chinesa

de Hubei, que determinou que os quatro concessionários estabeleceram uma “aliança” para manipular os preços do mercado, segundo a agência Xinhua.No início de Agosto foi divulgada uma investigação de grande escala a multinacionais do sector automóvel, a qual incide sobre empresas como a Chrysler, Audi, Mercedes Benz e 12 empresas japonesas de peças.

Page 12: Hoje Macau 15 AGO 2014 #3154

12 hoje macau sexta-feira 15.8.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

BAKU - ÚLTIMOS DIAS • Olivier RolinEm 2003, regressando do Afeganistão, tive de parar em Baku, no Azerbaijão. Fiquei num hotel chamado Apcheron, nome da península sobre a qual a cidade foi construída. Escrevia na altura Suite no Hotel Crystal, um livro composto por umas quarenta histórias passadas em quartos de hotel do mundo inteiro. O nome Apcheron, tão próximo do rio dos mortos grego, sugeriu-me a ideia de aí encenar o meu próprio suicídio. A nota biográfica na capa do livro viria a mencionar a minha data de nascimento e de morte: Boulogne-Billancourt, 1947 - Baku, 2009. A partir de 2004, eu tinha pois morrido em Baku em 2009, no quarto 1123 do Hotel Apcheron. À medida que esse fatídico ano de 2009 se ia aproximando, as recomendações dos amigos tornavam-se mais insistentes: se fores convidado para ir a Baku em 2009, não vás! Estes alertas fizeram naturalmente nascer em mim a ideia de que, pelo contrário, devia mesmo ir a Baku, para honrar uma espécie de promessa e aí permanecer o tempo suficiente para dar à ficção da minha morte à beira do Cáspio uma razoável hipótese de se concretizar. Este livro é, em certa medida, o diário da minha estada na cidade onde era suposto morrer.

QUATRO CONTOS DISPERSOS • Sophia de Mello Breyner AndresenEste livro reúne quatro contos escritos entre 1985 e 2004. O adjectivo “dispersos” incluído no título indica que foram primeiramente editados em publicações diversas e em diferentes datas, concordando com a ausência de ligação entre as várias narrativas. Estes Quatro Contos Dis-persos apresentam-nos, assim, histórias com enredos bem distintos: os preparativos para a execução de um homem; um encontro insólito durante uma viagem de comboio; as deambulações de um músico cego na Lisboa pós-revolucionária; e as histórias de vida e morte de Ana Bote, a mulher do banheiro de uma praia atlântica.

JOANA [email protected]

A H Leong (Sam Leung) é um condutor de triciclos que descobre como Ma-cau pode ser um lugar

atribulado por trás de todas as luzes néon, becos escuros e ruas apertadas, quando o seu riquexó é roubado por um homem que tem um negócio urgente – e perigoso – para fazer. É assim que começa o mais recente filme de Maxim Bessmertny, um realizador russo radicado em Ma-cau, que traz ao ecrã uma história de necessidade e ganância e, acima de tudo, da vida humana.

“Tricyle Thief”, completamente made in Macau, foi escolhido esta semana para estar no 39º Festival Internacional de Cinema de Toronto, no Canadá.

Com as paisagens únicas de Ma-cau como pano de fundo, “Tricycle Thief” podia ser a história de qualquer um de nós. E é exactamente isso que Maxim Bessmertny pretende passar: a presença indiscutível de Macau, num filme que retrata o ser humano. “É sobre as circunstâncias em que, às vezes, uma pessoa se encontra. Há um

“Há um momento, em que a vida nos obriga a fazer algo e, quando a ganância está em jogo, todos nós caímos em pecado”

Chama-se “Tricycle Thief” e foi escolhido este ano para estar no Festival Internacional de Cinema de Toronto. Escrito e dirigido por Maxim Bessmertny, “Tricycle Thief” é um filme 100% made in Macau, que dá vida a um dos mais antigos símbolos do territórios – os riquexós – numa história que podia ser a de qualquer um de nós

FILME DE MAXIM BESSMERTNY CHEGA AO FESTIVAL DE CINEMA DE TORONTO

A ganância de ser humano

momento, em que a vida nos obriga a fazer algo e, quando a ganância está em jogo, todos nós caímos em pecado”, diz Maxim ao HM.

Macau está tão presente no filme, como na vida de Maxim, que cá che-gou com apenas cinco anos. Nascido em Vladivostok, foi na RAEM que o realizador deu os primeiros passos na língua portuguesa – que agora domina – e é Macau o lugar a que chama de casa. “Macau é o que conheço melhor, foi onde cresci e é a minha terra. É o lugar que mais amo neste mundo.”

CINEMA PARA A VIDA A ideia de “Tricycle Thief” surgiu o ano passado e, apesar de o projecto ter começado por ser académico, nunca, na verdade, o foi totalmente. Isto, porque a New York University Tisch School of the Arts, Asia – que o realizador frequentou – preparou Maxim para que qualquer um dos filmes que fizesse fosse mais do que um trabalho de escola.

“Já entrámos na faculdade com a mentalidade que vamos a algum lugar. As pessoas escolhidas para esta escola já são ‘exclusivas’. Não uma exclusividade pretensiosa, mas sim artística”, defende. “Isso faz com que

uma pessoa que entre nesta Faculdade entre já com alguma ambição e ideias próprias. A faculdade recolhe essas ideias e, com elas, faz-se uma mistura de tentativas e erros. No final, sai um produto que vale para o mundo. Não preparamos um produto para a escola, mas sim para o mundo.”

Seis meses foi o tempo necessário para dar vida a “Tricycle Thief”. Ao HM, Maxim Bessmertnyi conta que “a demora” se deveu a várias

interrupções relacionadas com a vida académica. “Filmámos em seis noites, acabei a edição numa semana e ficou tudo pronto. Podia ter lançado o filme em menos de um mês mas, por causa de restrições académicas e de passar nos exames, teve que demorar mais tempo.”

MAIS FILMES A CAMINHOApesar de confessar não ter sido fácil inicialmente arranjar equipa em Macau para fazer as filmagens de “Tricycle Thief”, Maxim Bess-mertny não desiste de continuar a usar o território para os próximos filmes, que tem já em andamento.

“Casino Republic” vai ser a primeira longa-metragem, escrita e realizada por Maxim Bessmertny e Kelsey Wilhelm, um norte-america-no radicado em Macau há 12 anos. Juntos, Maxim e Kelsey fundaram a empresa ‘Pontus Maximus’, uma produtora que pretende fazer crescer o cinema em Macau.

“É a história de um assalto lide-rado por ladrões amadores, que pre-tendem roubar algo de um casino”, revela Bessmertny.

Para breve, surgirá também um filme que será inteiramente filmado numa casa de banho. Sim, numa casa de banho. É a história de um jovem de Macau que, como tantos outros, vê um casino como o local ideal para trabalhar quando acaba o liceu. Con-tudo, a única posição que consegue é a limpar casas de banho. “Nesta história podemos ver as mentiras e as verdades que constroem o mundo das relações profissionais.”

“Tricycle Thief” está, agora, a andar, literalmente, sobre rodas. O filme acabou de ser seleccionado para aquele que é considerado um dos maiores festivais de cinema do mundo. Uma selecção que satisfaz o realizador, que, no entanto, se quer mais trabalho, em vez de elogios. “Não quero receber muitos elogios, prefiro mais trabalho. É o que preciso mais, que me dêem mais trabalho. Ainda é cedo para traçar um futuro. Já tive algumas ofertas para distri-buição, há interesse do filme ser mostrado noutros países, mas temos de esperar.”

Uma espera que pode levar “Tri-cycle Thief” às salas de cinema.

VEJA O TRAILER DE “TRICYCLE THIEF” NO SITE E NO FACEBOOK DO HM

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13 eventoshoje macau sexta-feira 15.8.2014

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A Orquestra de Macau (OM) vai realizar o concerto de abertura da “Temporada de Concertos da Orquestra de Macau

2014-2015” no próximo dia 13 de Setembro. Este evento vai contar com a participação do pianista americano Stephen Kovacevich, consi-derado o “último classicista” do séc. XX, que irá executar o “Concerto para Piano e Orquestra N.o 24” de Mozart, sob a direcção do director musical da OM, Lü Jia.

Nesta nova temporada, que inclui mais de trinta concertos, são de realçar os ciclos “Virtuosos Extraordinários” e “Maestros com Carisma”, em que a OM vai actuar em conjunto com solistas e maestros de renome internacional. Para além de Stephen Kovacevich, vão aqui marcar presença a pianista Krystian Zimerman, a violinista contemporânea Sarah Chang, o vencedor do “Concurso Internacional de Vio-loncelo Tchaikovsky” Denis Shapovalov e “o melhor percussionista da Ásia” Li Biao, assim como os maestros Mischa Damec, da Suíça, e Lü Shao-chia, de Taiwan.

Outra novidade é o “Ciclo Produções Espe-ciais”, que inclui obras como a banda sonora do filme “O Tigre e o Dragão”, do compositor chinês Tan Dun e “Norma”, a ópera em dois actos de Vincenzo Bellini, produzida em cola-boração com o Teatro Regio Torino no âmbito do Festival Internacional de Música de Macau. Já no Festival de Artes de Macau, a OM vai interpretar a obra “Alma de Macau”, de Lam Bun-Ching - compositora residente da Orques-tra de Macau – assim como obras clássicas do compositor local Doming Lam e do P. Áureo Castro Nunes.

Por sua vez, o “Ciclo Música para Todos” irá continuar a encorajar a promoção da música junto das comunidades locais, permitindo aos cidadãos entrar em contacto com a OM. Os músicos irão deslocar-se das salas de concertos e dos teatros para instituições locais, de maneira a apresentar a música clássica à população do território através de uma abordagem diversifi-cada e inovadora.

A Orquestra de Macau vai ainda realizar uma série de espectáculos no estrangeiro, pas-sando pela Europa e pelo Sudeste Asiático, mas concentrando-se especialmente em cidades do interior da China e na região do Delta do Rio das Pérolas.

ORQUESTRA DE MACAUINICIA NOVA TEMPORADA

Com ajudade outros

FILME DE MAXIM BESSMERTNY CHEGA AO FESTIVAL DE CINEMA DE TORONTO

A ganância de ser humano

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14 hoje macau sexta-feira 15.8.2014

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AS José simões morais

Q UANDO no Japão a Em-baixada Cristã Japonesa começou a viagem, o Oci-dente ainda se regia pelo Calendário Juliano, au-

torizado no ano de 709 de Roma por Júlio César, ou seja 46 a.C.. Em 1582, estando em viagem a Embaixada japo-nesa, já em Macau, a quarta-feira de 4 de Outubro passou a ser sexta-feira do dia 15 de Outubro do mesmo ano, como ficou decretado pelo Papa Gre-gório XIII, assessorado pelos matemá-ticos Lilius e Clavius.

Por este novo calendário, conheci-do por Calendário Gregoriano e onde se volatilizaram onze dias, a Primeira Embaixada Japonesa à Europa atingiu Roma em 22 de Março de 1585.

O Padre Claudio Acquaviva, Geral da Companhia de Jesus pretendia que a Embaixada entrasse secretamente à noite em Roma e por isso, enviou os padres Manuel e Nuno Rodrigues a acompanhar Dr. António Pinto e ou-tra gente de S. Majestade D. Filipe II para, a uma milha de Roma, fazer descer das montadas e disfarçadamen-te colocar os embaixadores dentro de carruagens. Entrando em Roma pela Porta Flaminio e seguindo a grande via, que levava até S. Marcos, não pas-saram de todo despercebidos, apesar do curto percurso até à Casa Professa da Companhia. Aí ficariam hospeda-dos, sendo entre muitas tochas acesas recebidos por duzentos assistentes e logo conduzidos à Igreja de Jesus onde, à porta os esperava o Padre Claudio Acquaviva. Após fechadas as portadas do Il Gesú, foi cantado o Te Deum Laudamus, tendo permanecido os embaixadores de joelhos durante toda a função.

No Colégio da Companhia dormi-ram num quarto, comum a todos, ha-vendo um pavilhão de separação, como recato para cada cama.

O Papa Gregório XIII ordenou que as cerimónias protocolares fossem fei-tas como as usadas para os embaixa-dores da Europa e assim, fixou a hora para o Consistório de 23 de Março de 1585.

Logo pela manhã do dia seguinte, 23 de Março, à porta da Casa da Com-panhia apareceu o embaixador de Es-

ROMAA EMBAIXADA JAPONESA

panha para na sua carruagem levar os japoneses à Quinta do Papa Júlio II, local onde os papas ofereciam banque-tes aos embaixadores que os visitavam e daí, depois partiam a cavalo acompa-nhados por cardeais e príncipes em so-lene e grandioso cortejo, fazendo assim a entrada na cidade. Quem não seguiu nesse cortejo por se encontrar doente foi Julian Nakaura e por isso levado, particularmente e com muita descri-ção, à Basílica de S. Pedro, ainda em reconstrução, para beijar o pé ao Papa, que o recebeu com muito agrado e ca-rinho. Julian pretendia ficar à espera da Embaixada e assistir ali ao Consistório, mas o Papa Gregório XIII mandou-o

para casa recuperar, prometendo-lhe um outro, que realmente aconteceu, mas já com o Papa Sixto V.

MONUMENTAL CORTEJO

Ao contrário do que o Padre Claudio Acquaviva pretendia, uma chegada dis-creta a Roma e uma audiência privada da Embaixada com o Papa, tal esforço foi inglório.

O cortejo solene entrou em Roma pela Porta de Nossa Senhora do Pó-pulo. Trombetas, tambores, clarins e pífaros, assim como outros instrumen-tos musicais, anunciavam o desfile. À frente deste, Mário Sforza, lugar-

-tenente da Igreja com cem cavaleiros envergando pesadas armaduras, que o seguiam aos pares. Eram duas compa-nhias de cavalaria da guarda do corpo do Papa, que não vinham armados, mas ricamente vestindo as suas librés. De-pois, a caminhar vinha a Guarda Suiça do Papa, trajando de várias cores e to-cando as trombetas reais de quando em vez e logo atrás, os embaixadores de Espanha, França e Veneza e outros mi-nistros estrangeiros. Continuava com o pessoal que trabalhava no palácio pon-tifício como bispos, oficiais, escudeiros e ajudantes de câmara com as insígnias cardinalícias, seguidos pela cavalaria romana, treze tambores e a família do

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 15.8.2014

Papa que, pela dignidade com que vi-nha, se distinguia no cortejo, que ia passando, perdendo-se de vista. Gran-de era o número de espectadores que, nas ruas e das varandas e janelas arma-das dos edifícios, ia aclamando.

Cada um dos três jovens embaixa-dores japoneses, montando um soberbo cavalo branco coberto de veludo preto guarnecido de ouro, trajava à japonesa “com umas samarras de brocados até ao chão, de chapéus na cabeça e alfange à cinta em bainhas de prata”. À frente da Embaixada, Mancio Ito, representante do Senhor do Reino de Bungo, era ladeado pelo Arcebispo de Chipre e o Bispo de Imola e tal como os outros embaixadores, vinha rodeado por seis escudeiros. Atrás, entre os arcebispos de Milão e de Cozen-za, seguia Miguel Chijiwa, enviado dos dáimio de Arima e de Omura, enquanto Martin Hara vinha acompanhado pelos bispos de Vicenza e de Todi. Aclamados por uma grande multidão, foram uma sensação. Fechava o cortejo um tropel de cavaleiros da nobreza romana, que se es-tendia por meia légua.

“O itinerário do cortejo, que partira da Vila do Papa, seguiu pela Porta de Nossa Senhora do Pópulo, via de Ri-petta, ângulo de S. Agostinho, voltou à direita da igreja por Tor Sangnigna e os Coronari em direcção aos Banchi, de novo virou à direita para atravessar o Tibre sobre a ponte, com o Castelo de S. Ângelo ao lado.”

À meia-noite, ao passarem pela Ponte de Santo Ângelo, do castelo, com o mesmo nome, se levantou um som de muitos instrumentos e findo esse concerto, daí se salvou com tiros de artilharia, cada vez mais fortes até que, com um forte estrondo terminou; mas logo do Palácio de S. Pedro se re-petiu a mesma dose, anunciando a che-gada da Embaixada para a Audiência.

À porta do Palácio de S. Pedro to-dos se apearam e os embaixadores en-traram acompanhados pelos cardeais e príncipes, sendo recebidos ao som de trombetas e clarins.

CONSISTÓRIO

Acompanhado pelos Cardeais e sua cor-te, o Papa Gregório XIII, que se tinha encaminhado para a sala régia, onde eram recebidos os grandes príncipes e embaixadores, teve que parar à porta, tal era a multidão de gente no vasto sa-lão consistorial. Com grande esforço a guarda abriu passagem para que o Papa e os Cardeais conseguissem chegar aos seus lugares, pois mesmo os degraus do solio pontifício estavam cheios e sobre esse trono, se dispuseram também um grande número de bispos e prelados.

O Sumo Pontífice aguardou os em-baixadores japoneses que, chegando junto à cadeira papal, com grande reve-

rência e gravidade lhe beijaram os pés, fazendo questão em que o Papa colocas-se o pé debaixo das suas cabeças. Gre-gório XIII não consentiu e levantando--se, abraçando-os e beijou-os duas vezes a todos.

Por intermédio do Padre Mesquita foi estabelecida entre o Sumo Pontífice e os embaixadores uma curta conversa, tendo este jesuíta também traduzido em directo para o Papa perceber o discurso em língua japonesa.

Conduzidos pelos mestres de ceri-mónias aos lugares a si destinados, os três embaixadores permaneceram de pé e de cabeça descoberta, enquanto o secretário leu as cartas dos três dáimio, já traduzidas para italiano, que vinham, segundo o costume japonês, enroladas e metidas em caixinhas fechadas.

O Papa respondeu mostrando gran-de afecto e dedicou-lhes a predilecção como filhos caríssimos da Santa Igreja.

O condutor da Embaixada, o padre português Gaspar Gonçalves, que fora membro da comissão para redigir o cé-lebre ‘Ratio Studiorm’ dos Jesuítas, pro-fícuo em latim, grego e hebreu, fez em nome dos dáimio e dos embaixadores um longo discurso, sobre “as novas da propagação da fé católica no Japão, e o amor com que abraçaram os noveis se-guidores de Jesus Cristo e suas sagradas bandeiras”.

Teve este discurso resposta pelo monsenhor Bonapaduli, em nome de Sua Santidade, que numa breve oração em latim disse sentir o Sumo Pontífi-ce “o maior júbilo com a chegada dos embaixadores dos príncipes do Japão, e recebia no seu seio e tomava sob a sua guarda os mesmos reis e príncipes, os seus embaixadores, todos os japões que tinham abraçado a santa lei de Cristo; e que para o futuro, tudo o que respeitasse

ao Japão ficava à sua especialíssima con-ta e cuidado”.

Foram depois os embaixadores ja-poneses conduzidos ao trono pontifício onde entregaram ao Papa uma estatueta da Virgem com o menino fabricada na China. Informação de L. Gonzaga Go-mes que diz ser a figura de Jesus, a de um chinesinho de cabeça rapada, como todas as crianças modeladas ou pintadas na dinastia Ming, e cuja base da estatue-ta é ocupada por divindades budistas. Ao despedirem-se, o Papa abraçou-os antes de deixar que lhe beijassem os pés; e o que aquelas primeiras tentativas de evangelização no Extremo Oriente significavam para o coração do ancião Gregório XIII. Também os Cardeais os abraçaram, congratulando a missão. Fe-chado o Consistório, retirou-se o Papa Gregório XIII e à saída de D. Mancio e D. Miguel, foram as caudas dos seus mantos levantadas, o que só aos dele-gados dos imperadores, ou ao primeiro fidalgo da corte, se costumava fazer.

No Paço do Vaticano ficaram ain-da um bom bocado, sendo convidados pelo Cardeal de S. Sixto, sobrinho do Papa, para um lauto e aparatoso banque-te, onde se encontrava o Cardeal Guas-tavillano e o Duque de Sora, que eram seus parentes. Após o jantar, chamou--os o pontífice para com eles conversar, despedindo-se com o convite para no dia seguinte, Domingo, irem à capela do Papa. Depois, descendo à Basílica de S. Pedro, partiram já de noite para a Casa da Companhia.

DIAS POR ROMA

No dia seguinte ao Consistório, isto é, da Assembleia de Cardeais presidida pelo Papa, a 24 de Março, terceiro Domingo de Quaresma, mandou Gregório XIII à

Casa dos Jesuítas um prelado com uma caixa cheia de diversos panos de seda de variadas cores. Pretendia o Sumo Pontí-fice, que os embaixadores escolhessem os que mais lhes agradassem, para serem confeccionados como vestidos à manei-ra da Europa. Assim, com um estilo ita-liano foram talhadas pelo alfaiate mestre Thome Giupponario as vestes para os “embaixadores, seus familiares e criados, determinando que a cada um, além de outros fatos, se fizessem dois completos, um de veludo preto, agaloado (guarneci-do com galões) de ouro, outro de damas-co agaloado do mesmo modo e barretes de veludo com franjas muito vistosas, no que se gastou mais de três mil cruzados.” Também o padre geral dos jesuítas rece-beu do Papa mil cruzados para gastos da hospedagem.

Na segunda-feira, dia 25 de Março, foi o Papa à Igreja de Santa Maria so-bre Minerva assistir com muitos nobres à solenidade da Anunciação da Virgem, tendo na sua companhia também os em-baixadores, que continuavam a vestir-se à japonesa, mas com trajos diferentes dos levadas à Audiência.

D. Mancio e D. Miguel pegaram nas abas do manto do Papa Gregório XIII quando este entrou na Igreja de Santa Maria, seguindo o primeiro cardeal ao lado de Martin Hara. Na igreja, os em-baixadores tiveram o lugar mais distinto, numa cerimónia onde ocorreram em si-multâneo 168 casamentos, sendo muitas das raparigas órfãs e para quem o Papa, que pagou também pelos japoneses, e todos os assistentes de distinção contri-buíram com o seu óbolo.

Ainda nesse dia, três mil liteiras, co-ches de dois e quatro cavalos, seguiram acompanhando os embaixadores para ver as igrejas e os monumentos da cida-de de Roma.

Ao il Gésu (Igreja de Nosso Senhor da Companhia de Jesus, cuja fachada fora erigida em 1575, dez anos antes da estadia da Embaixada japonesa) começa-ram nos dias seguintes as visitas dos car-deais, dos embaixadores e outros senho-res, que depois foram retribuídas pelos japoneses. Primeiro apareceu o embaixa-dor do Imperador da Alemanha, seguido pelo da França e o Conde de Olivares, embaixador de Espanha, sendo ainda visitados pelo embaixador do Doge de Veneza. No dia 1 de Abril, também na Casa da Companhia compareceram os representantes dos duques de Sória e de Bréscia e mais tarde, representantes do Senado e dos Conservadores e Magistra-dos. Segundo António J. Figueiredo, (de onde entre aspas, as citações ao longo deste texto, que tanto poderão ser dele, como do Padre Sande, ou mesmo de Benjamim V. Pires e J.M. Braga) este en-contro com os representantes da cidade aconteceu poucos dias depois da chega-da dos japoneses a Roma.

Papa

Gre

gório

XIII

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16 hoje macau sexta-feira 15.8.2014h

Thomas Lim*

OS SEGREDOS DE UM ACTORCapítulo IX: Actor de cinema VS actor de teatro - técnicas

*actor e realizador

“Deixem-me apresentar uns segredos relativos às diferenças entre um actor de ecrã e um de palco e explicar porque é que um não é melhor que o outro – na realidade são dois tipos de actores diferentes”

T ENDO trabalhado como ac-tor por mais de 13 anos, já ouvi inúmeras comparações entre actores do “ecrã” e de

“palco”. Comecei a trabalhar como actor em 1999, estreando-me em Singapura no teatro, que fiz durante dois anos. Daí, parti para Londres, em 2002, para estudar teatro. Neste meu início de carreira, che-guei a ter várias oportunidades de repre-sentar na televisão, mas foi só quando me mudei para a China, em 2004, que passei a fazer este tipo de trabalho com regula-ridade, além de conseguir obter os papéis principais, quer no cinema, quer na tele-visão. Hoje, continuo a trabalhar como actor nessas três áreas distintas, tendo-me ainda tornado realizador.

Isto para dizer que, durante estes anos todos, ouvi várias vezes pessoas comen-tarem que os actores de teatro são supe-riores aos de cinema, porque têm que permanecer em personagem durante ho-ras - enquanto que os de cinema apenas necessitam fazer isso por uns minutos de cada vez.

A comparação, no que diz respeito à duração deste exercício, é válida, mas dei-xem-me apresentar uns segredos relativos às diferenças entre um actor de ecrã e um de palco e explicar porque é que um não é melhor que o outro – na realidade são dois tipos de actores diferentes.

CONTROLO DE DETALHES

No ecrã de cinema, um piscar de olhos ou um pequeno tique não passam des-percebidos e pequenas mudanças na face de um actor ou na sua postura corporal, se não forem efectuadas correctamente, podem ser exageradamente ampliadas até se tornando estranhas. Aqui, o essencial para o actor é aprender como isolar uma parte do corpo específica – ou ainda mais importante, uma parte da face – de modo a conseguir incarnar a personagem que lhe é pedida. Isto pode ser bem mais difí-cil do que fazer de alguém durante muito mais tempo - e numa representação fisi-camente mais exigente - no palco de um teatro.

Por sua vez, estes pequenos detalhes ou pormenores podem passar desperce-bidos quando praticados por um actor de teatro. Assim, estes são obrigados a utilizar o corpo todo, que no palco está totalmente visível para o público.

POR EXEMPLO, NO CINEMA, SE UM ACTOR QUISER MOSTRAR AO PÚBLICO QUE ESTÁ A PENSAR, BASTA-LHE MOVER OS SEUS OLHOS DA ESQUERDA PARA A DIREITA. MAS, NUM PALCO, O ACTOR TERIA DE MEXER A SUA CABEÇA TODA PARA SUGERIR A MESMA IDEIA

Por exemplo, no cinema, se um ac-tor quiser mostrar ao público que está a pensar, basta-lhe mover os seus olhos da esquerda para a direita. Mas, num palco, o actor teria de mexer a sua cabeça toda para sugerir a mesma ideia.

ACERTAR NO ALVO

Para um actor de cinema “acertar no alvo”, este tem de ser muito mais preciso do que um actor de teatro. No cinema, o actor é suposto, por exemplo, conseguir entrar na sala, parando no sítio exacto onde está melhor focado e alinhado com a câmara - um ligeiro desvio na sua posi-ção pode estragar a cena inteira e obrigar à sua repetição. Aprender esta técnica é mais difícil do que a maioria das pessoas pode imaginar e requer imensa prática para que o domínio seja perfeito. Saber como parar “naturalmente” num deter-minado momento para aí incarnar a per-sonagem e começar o seu diálogo é algo que requer muita experiência para fazer correctamente.

Um actor de teatro também tem mar-cos para atingir. Contudo, se por acaso estiver um pouco fora, tem a oportuni-dade de ir corrigindo a sua posição lenta-mente sem estragar a cena inteira.

REPETIÇÃO DE CENAS

Outro argumento que se houve com fre-quência é o de que os actores que traba-lham para a televisão ou para o cinema têm o privilégio de poder repetir as cenas, o que os torna inferiores aos actores de teatro, que só têm uma hipótese para re-presentar a cena correctamente. Mas a ver-dade é exactamente o oposto deste mito.

O processo não envolve só o actor, a não ser que este seja uma grande vedeta. Durante as filmagens, o actor é suposto aparecer no “set” já com as suas linhas me-morizadas, sem ter realizado leituras pré-vias nem ensaios, sem conhecer o resto da equipa e pronto para começar a represen-tar quando ouvir as palavras “action”. Se o actor falhar, vai disturbar a equipa intei-ra, que, regra geral, está sempre cansada, pois trabalha horas muito longas. Esta pressão pode tirar a confiança a um actor menos experiente, mesmo que este saiba que pode repetir a cena se for necessário. Geralmente, quando um actor não con-segue uma actuação satisfatória após três tentativas, isso começa a tornar-se cada vez mais difícil. Só um actor muito expe-riente é que consegue manter a compos-tura quando tem de repetir a mesma cena constantemente.

Por vezes, nem é por culpa dos ac-tores que uma determinada cena não sai bem. Pode passar um avião nessa preci-sa altura, ou a iluminação pode não estar correcta, ou um dos figurantes pode ter sido apanhado a olhar para a câmara, ou pode até ser um problema completamen-te alheio ao actor. Considerando tudo isto, torna-se muito difícil ir melhorando a representação ao mesmo tempo que se vai repetindo a cena.

Mas, no teatro, o actor passa por inú-meros ensaios antes de subir ao palco. Já teve, assim, a hipótese de repetir a cena muitas vezes antes de fazer a representa-ção propriamente dita. E apesar de só ter uma hipótese para realizar a cena, nor-malmente tem outros actores para o aju-dar a incarnar bem a personagem.

REPRESENTAÇÃO LINEAR E NÃO-LINEAR

No teatro, é verdade que o actor tem de interpretar a personagem durante um lon-go período, por vezes até duas horas, e isso requer uma técnica de representação muito boa. Mas o progresso é constante,

com o actor a desenvolver a personagem progressivamente, o que torna o processo mais fácil. Porém, no cinema o actor tem muitas vezes de representar a persona-gem de uma maneira não-linear.

Considere, por exemplo, a persona-gem ter de entrar num quarto contente, retirando o seu casaco e deixando os sa-patos à porta. De seguida vai para a jane-la, localizada no outro lado do quarto, onde recebe uma chamada telefónica para o informar que o seu cão foi atro-pelado por um carro. A personagem fica então devastada e, a chorar, corre para a porta para se vestir, enquanto telefona à esposa para lhe contar o sucedido. Numa situação destas, o mais provável é que o actor tenha de interpretar as duas cenas junto à porta de uma só vez. Só depois é que a câmara e as luzes seriam mudadas para junto da janela para filmar a outra cena do meio. Neste caso, o actor tem de separar as diferentes emoções e represen-tá-las fora de ordem, mas executando isto de maneira a que todas as cenas possam encaixar umas nas outras correctamente quando editadas. Isto acontece frequen-temente, porque as filmagens não seguem a ordem cronológica das personagens do filme.

Assim, apesar de o actor só ter de in-terpretar a personagem por uns minutos de cada vez , tem a dificuldade acrescida de não seguir uma ordem linear, tendo de saltar para trás e para a frente. Considero, por isso, que é mais fácil incarnar a per-sonagem durante um longo período de tempo, mas de uma forma linear e pro-gressiva.

O ELO COMUM: INTERPRETAÇÃO GENUÍNA

Estas são as principais diferenças entre uma representação para o ecrã e uma para o palco. Ambas requerem um tipo de técnica diferente para executar correcta-mente, mas mesmo assim há muitos acto-res que conseguem fazer as duas. Muitos actores do cinema ou da televisão tentam o teatro para ganhar uma experiência di-ferente e para desenvolver a sua técnica, enquanto que actores do teatro passam para o cinema ou televisão de maneira a ganhar mais dinheiro e notoriedade.

Apesar das suas diferenças, ambas as produções exigem que o actor seja genuí-no. Só assim é que a audiência é capaz de acreditar na personagem e seguir a histó-ria, dando depois crédito ao actor por um trabalho bem feito.

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GCS

17DESPORTOhoje macau sexta-feira 15.8.2014

Manchester Citycom jogadores a maisO treinador do Manchester City reconhece a necessidade de emagrecer o plantel para cumprir com as imposições da UEFA, que impediu o clube de ter mais de 21 jogadores. «Neste momento, estou satisfeito com o plantel. Tivemos problemas devido ao Fair Play Financeiro e temos uma restrição em relação ao número de jogadores. Por isso, acho que não vamos fazer mais contratações porque não podemos. Temos muito atletas que precisam de jogar, especialmente jovens. John Guidetti ou Scott Sinclair talvez precisem jogar noutra equipa, veremos até ao fecho do mercado o que vai acontecer. Mas neste momento, temos jogadores a mais», disse Manuel Pellegrini. Eliaquim Mangala foi o último reforço dos “citizens” que, neste defeso, garantiram ainda as contratações de Bacary Sagna, Fernando, Willy Caballero, Frank Lampard e Bruno Zuculini.

Talisca explica alcunhaAnderson Conceição tinha 15 anos, quando recebeu a alcunha que lhe marcaria a vida: Talisca. O médio do Benfica, de 20 anos, explicou no canal do clube a origem da alcunha. «Quando cheguei ao Bahia, em Salvador, com 15 anos, coloquei as meias, e eu era tão magro que caíam. Aí, um colega meu chamou-me de Talisca e ficou. Já ninguém me chama Anderson», brincou o jogador encarnado.

“Judas” Defour Steven Defour prepara-se para seguir viagem a caminho da Bélgica. Paul Stefani, empresário do jogador, garantiu há momentos que estava no avião com o médio a seu lado. Após três épocas no FC Porto, segue-se o Anderlecht. «Já estamos no avião, vamos partir agora», explicou Paul Stefani. O empresário já tinha confirmado ao nosso jornal o acordo entre as partes, com a imprensa belga a falar de uma verba a rondar os cinco milhões de euros. Recorde-se que a Doyen Sports tem 33 por cento dos direitos económicos do jogador. Entretanto, a chegada de Defour ao Anderlecht está a irritar os adeptos do St. Liège. O médio foi capitão e uma grande referência do Standard antes da transferência para o Dragão. Agora, ruma ao rival, sendo apelidado de Judas nas redes sociais.

SÉRGIO [email protected]

P ORTUGAL vai estar no-vamente representado na 48ª edição do Grande Prémio de Motos de

Macau. Pelo menos, Nuno Cae-tano e André Pires têm bilhete para a prova de Novembro no Circuito da Guia. Tendo apenas começado a correr em 2009, apesar de andar de motos desde tenra idade, Caetano tem sido nos últimos anos uma presença regular com as cores portuguesas na prova de Macau e este ano não será excepção. Para Caetano, o objectivo principal é “melhorar tempos do ano passado”, um evento que foi difícil, pois “mal conseguia rodar o acelerador”, explicou ao HM. “A prova foi três semanas após ter sido operado ao escafóide direito. Este ano espero ir em melhores condições físicas e acredito que isso irá ajudar”, disse em vésperas de entrar em acção no Grande Prémio do Ulster, uma das clássicas da modalidade. Também de regresso ao Circuito da Guia está o piloto de Vila Pouca de Aguiar André Pires. Com o ambicioso objectivo de terminar no “Top-10”, Pires estará integrado na equipa CF Racing Team 32, aos comandos de uma moto totalmente desco-nhecida para si, uma Yamaha YZF-R1, que será preparada pela Maco Racing, equipa com vasta experiência do mundial de resistência. A CF Racing Team, que tem ao leme o local João Fernandes, que por várias vezes representou a RAEM nesta mesma prova, irá colocar ainda no terreno uma segunda Yamaha para o sul-africano Allan-Jon Venter.

Na edição de 2013, o estreante Pires foi um sur-preendente 13º classificado, enquanto Caetano terminou no 24º lugar. O Grande Prémio de Motos de Macau tornou-se num dos eventos importantes do mundo das corridas de duas rodas e o mais simbólico do continente asiático. Muitas vezes mencionado ao lado de outras corridas famosas de es-trada, como a Ilha de Man TT ou a North West 200, o evento da RAEM voltará a atrair um grupo verdadeiramente in-ternacional de participantes, mas poderá novamente não ter qualquer representação da casa, como aconteceu o ano transacto.

NUNO CAETANO E ANDRÉ PIRES VÃO CORRER NA GUIA

Portugueses repetem GP Motos

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18 publicidade hoje macau sexta-feira 15.8.2014

AnúncioPrestação dos serviços de manutenção e reparação do sistema

mecânico-eléctrico do Edifício Meng Tak do Instituto Politécnico de Macau,pelo período de 23 meses (01/10/2014 – 31/08/2016)

CONCURSO PÚBLICO N.º 03/DOA/2014

1. Entidade que põe o serviço a concurso: Instituto Politécnico de Macau.

2. Modalidade de concurso: Concurso Público.

3. Objecto do Concurso: Serviços de manutenção e reparação do sistema mecânico-eléctrico do Edifício Meng Tak do Instituto Politécnico de Macau, pelo período de 23 meses (01/10/2014 – 31/08/2016)

4. Período: 1 de Outubro de 2014 a 31 de Agosto de 2016.

5. Prazo de validade das propostas do concurso: As propostas do concurso são válidas até 90 dias contados da data de abertura das mesmas.

6. Garantia provisória: $123 400,00 (cento e vinte e três mil e quatrocentas patacas), através de depósito no Serviço de Contabilidade e Tesouraria do Instituto Politécnico de Macau ou mediante garantia bancária a favor do Instituto Politécnico de Macau, em Macau.

7. Garantia definitiva: 4 % do preço global da adjudicação (para garantia do contrato).

8. Condições de admissão: Entidades com sede ou delegação na RAEM cuja actividade total ou parcial se inscreva na área objecto deste concurso.

9. Local, data e hora de explicação: Local: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau. Data e Hora: 20 de Agosto de 2014, pelas 10H00.

10. Local, data e hora do limite da apresentação das propostas: Local: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau. Data e Hora: 28 de Agosto de 2014, antes das 17H45.

11. Local, data e hora da abertura do concurso: Local: Pavilhão Polidesportivo do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau. Data e Hora: 29 de Agosto de 2014, pelas 10H00

12. A avaliação das propostas do concurso será feita de acordo com os seguintes critérios: - Preço Razoável (60%). - Qualidade do Serviço (40%):

(a) Harmonizar os diferentes serviços de manutenção e reparação do sistema mecânico--eléctrico no Edifício Meng Tak do Instituto Politécnico de Macau, pelo período de 23 meses (01/10/2014 – 31/08/2016), referidos no Mapa de caracterização, tais como as condições da nomeação do pessoal, distribuição do trabalho, catálogos elucidativos das características dos equipamentos e produtos (15%);

(b) Curriculum Vitae, competências e experiência do concorrente (10%);

(c) Outras e demais propostas favoráveis para a execução dos serviços de manutenção e reparação do sistema mecânico-eléctrico no Edifício Meng Tak do Instituto Politécnico, pelo período de 23 meses (01/10/2014 – 31/08/2016) de Macau, referidas no Mapa de Caracterização (10%);

(d) Esclarecimentosna reunião(questõesprofissionaissobreaprestaçãodosserviçosdemanutenção e reparação do sistema mecânico-eléctrico no Edifício Meng Tak do Instituto Politécnico de Macau), pelo período de 23 meses (01/10/2014 – 31/08/2016 levantadas pelo Instituto Politécnico de Macau) (5%).

13. Local, hora e preço para exame do processo e obtenção da cópia do processo: Local de exame: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau Local de obtenção: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua Luis Gonzaga Gomes, em Macau, mediante o pagamento de MOP100,00 (cem patacas). Hora: de 2ª feira a 5ª feira das 09H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H45. 6ª feira das 9H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H30. Telefone: 8559 6140, 8559 6153, 8599 6404

Macau, aos 4 de Agosto de 2014Presidente do Instituto, Lei Heong Iok

AVISO COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

1. Faço sabe que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º10/2013 << Lei de Terras>>, de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu tempo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Localização dos terrenos- Rua da Concórdia, n.º 1 a 25, Rua do General Castelo Branco, n.ºs 7 a 13, Rua Um do Bairro da Concórdia, n.ºs 2 a 26 e Rua do Comandante João Belo, n.ºs 4 a 12, em Macau, (Edifício Wang Fung);- Rua do Comandante João Belo, n.ºs 14 a 22, Rua Um do Bairro da Concórdia, n.ºs 1 a 25, Rua do General Castelo Branco, n.ºs 15 a 21 e Rua Dois do Bairro da Concórdia, n.ºs 2 a 26, em Macau, (Edifício Wang Heng);- Rua da Concórdia, n.ºs 27 a 55, Rua Um do Bairro da Concórdia, n.ºs 28 a 56, Rua do General Castelo Branco, n.ºs 10 a 16 e Rua do Conselheiro Borja, n.ºs 9 a 15, em Macau, (Edifício Wang Fat);- Rua Um do Bairro da Concórdia, n.ºs 27 a 55, Rua Dois do Bairro da Concórdia, n.ºs 28 a 56, Rua do General Castelo Branco, n.ºs 18 a 24 e Rua do Conselheiro Borja, n.ºs 17 a 23, em Macau, (Edifício Vang Cheong); - Rua Um do Bairro da Concórdia, n.ºs 57 a 77, Rua do Conselheiro Borja, n.ºs 12 a 14 e Rua Dois do Bairro da Concórdia, n.ºs 58 a 80, em Macau, (Edifício Industrial Vang Tai);- Rua da Concórdia, n.ºs 57 a 77, Rua do Conselheiro Borja, n.ºs 8 a 10 e Rua Um do Bairro da Concórdia, n.ºs 58 a 78, em Macau, (Edifício Industrial Vang Tak);- Rua de General Castelo Branco, n.ºs 108 a 124, Rua Dois do Bairro da Concórdia, n.ºs 79 a 131, Rua do Conselheiro Borja, n.ºs 107 a 125 e Avenida da Concórdia, n.ºs 76 a 136, em Macau, (Edifício Vang Son);- Rua do Comandante João Belo, n.ºs 108 a 124, Rua Dois do Bairro da Concórdia, n.ºs 5 a 57, Rua do General Castelo Branco, n.ºs 107 a 125 e Avenida da Concórdia, n.ºs 2 a 66, em Macau, (Edifício Vang Kei);- Avenida da Concórdia, n.ºs 159 a 199, Rua do Conselheiro Borja, n.ºs 156 a 176, Pátio da Concórdia, n.ºs 4 a 48 e Travessa Norte do Patane, n.ºs 25 a 31, em Macau, (Edifício Industrial Vang Fu);- Rua Norte do Patane,n.ºs 158 a 192, Rua do Conselheiro Borja, n.ºs 222 a 242, Pátio da Concórdia, n.ºs 5 a 49 e Travessa Norte do Patane, n.ºs 91 a 95, em Macau, (Edifício Industrial Vang Kai).

2. Agradece-seaoscontribuintesque,noprazode30diassubsequentesàdatadanotificação,sedirijamaoNúcleodaContribuição Predial e Renda, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.

Aos , 14 de Julho de 2014.

A Directora dos Serviços de Finanças,Vitória da Conceição

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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 26 MAX 32 HUM 70-90% • EURO 10.6 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 15 DE AGOSTO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

hoje macau sexta-feira 15.8.2014 (F)UTILIDADES 19

João Corvo fonte da inveja

Quem semeia processos, colhe advogados.

E assim são os diasNa quarta-feira, o mundo perdeu outro ilustre personagem, desta vez do mundo português. Emídio Rangel, que estava a lutar contra uma doença grave há já alguns anos, deixou este mundo há dois dias, depois do actor norte-americano Robin Williams se ter silenciado para sempre um dia antes, apenas. Nasci e cresci nesta terra, mas tenho que admitir que a morte do jornalista me trouxe alguma amargura. É um dia triste para Portugal e para o jornalismo, já que Rangel foi o fundador da TSF Rádio notícias, inicialmente apelidada como “Telefonia Sem Fios”. Há quem considere que o jornalista foi um visionário, já que criou a rádio que mais se dedica à transmissão de notícias e informação. Foi também o primeiro director de informação e programas da SIC, o canal português da televisão lusa. Por outro lado, tudo isto me faz pensar no legado que todos eles nos deixaram, todos eles que hoje são verdadeiras almas eternas, provavelmente sem nunca terem querido sê-lo. Hoje penso em todos os ensinamentos, todas as lições, todos os livros, referências e teorias tornadas eternas por comuns mortais. Começando por grandes e inconfundíveis escritores e críticos como T. S. Elliot, Hunter S. Thompson, Ernest Hemingway, Fitzgerald ou Salinger... Todos eles com incríveis obras para mostrar ao mundo. Também no campo da música se perderam grandes nomes, como Elvis Presley, Jimi Hendrix, Ray Charles e o grande, grande, Jeff Buckley, por quem nutro uma admiração especial. Neste dia um tanto melancólico, resta-me pensar nos feitos magníficos de todas estas grandes almas e sentir-me bem por ter aqui comigo, todos aqueles de quem mais gosto. Tentemos ser almas eternas porque o corpo, esse, não dura para sempre.

Nasce Napoleão Bonaparte, um dos grandes líderes mundiais• Quinze de Agosto é dia de recordar Napoleão Bonaparte, líder político e militar nos capítulos finais da Revolução Francesa, responsável pela hegemonia francesa na Europa e por uma reforma legal que extravasou as fronteiras da França.Napoleão Bonaparte nasceu em Córsega, a 15 de Agosto de 1769 e colocou o seu nome na História mundial como um dos maiores líderes políticos e militares do mundo. Foi imperador de França entre 18 de Maio de 1804 e 6 de Abril de 1814, cargo que voltaria a ocupar em 1815 (num curto período, entre 20 de Março a 22 de Junho).Uma das grandes obras de Napoleão foi a reforma legal, chamada de “Código Napoleónico”, que assumiu um papel importante na criação de legislação em diversos países. As guerras napoleónicas, que liderou, permitiram à França conseguir a hegemonia em território europeu, durante largos anos.Filho de pais com ascendência da alta nobreza italiana, Napoleão recebeu treino militar como oficial de artilharia na França continental. Bonaparte ganhou preponderância na Primeira República Francesa e liderou as bem sucedidas campanhas contra a Primeira e Segunda Coligação. Em 1799, assumiu a liderança de um golpe de Estado tornou-se Primeiro Cônsul. Cinco anos mais tarde, o senado francês proclama-o imperador.Sob comando de Napoleão Bonaparte, o império francês participou em diversos conflitos com todas as grandes potências europeias, nas Guerras Napoleónicas da primeira década do século XIX.Vitória após vitória, a França garante uma posição de domínio na Europa continental. É considerado um dos maiores líderes da História e as campanhas que levou a cabo actualmente estudadas, nas academias militares, como um exemplo a seguir.Napoleão foi, no entanto, derrotado na Batalha de Wa-terloo, em Junho de 1815. Passou os derradeiros seis anos da sua vida dominado pelos britânicos, na ilha de Santa Helena, onde viria a morrer, a 5 de Maio de 1821. Uma autópsia aponta cancro no estômago, como causa da morte, mas subsistem suspeitas de que tenha sido envenenado com arsénio.

C I N E M ACineteatro

SALA 1LUCY [C]Um filme de: Luc BessonCom: Scarlett Johansson, Morgan Freeman14.15, 18.00, 19.45, 21.30

DORAEMON THE MOVIE: NOBITA IN THE NEWHAUNTS OF EVIL-PEKO AND THE FIVE EXPLORERS [A]FALADO EM CANTONÊS E LEGENDADO EM CHINÊSUm filme de: Yakuwa Shinnosuke16.00

SALA 2INTO THE STORM [B]Um filme de: Steven Quale

Com: Richard Armitage, Alycia Debnam-Carey, Matt Walsh14.15, 16.00, 17.45, 21.30

BREAK UP 100 [B]Um filme de: Lawrence ChengCom: Ekin Cheng, Chrissie Chau19.30

SALA 3CAFE • WAITING • LOVE [B]Um filme de: Chiang Chin LinCom: Vivian Chow, Megan Lai, Pauline Lan, Lee Luo14.30, 16.45, 19.15, 21.30

INTO THE STORM

Uma comédia romântica de origem americana dirigida por Nick Cassa-vetes que conta a história de uma mulher que descobre que o namorado Mark (Nikolaj Coster-Waldau) é casado. Carly (Cameron Diaz) tenta fazer com que a sua vida arruinada volte ao caminho certo, mas quando, acidentalmente, eles se encontram com a esposa de Mark, Carly torna--se amiga de Kate (Leslie Mann), porque percebe que elas têm muito em comum. A sua maior inimiga torna-se na sua melhor amiga. Mas, as aventuras de Mark não param por aqui: ele tem outro caso com Amber (Kate Upton). Agora, Mark tem de enfrentar três mulheres que se unem para uma vingança em conjunto... - Cecília Lin

THE OTHER WOMAN(NICK CASSAVETES, 2014)

H O J E H Á F I L M E

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20 OPINIÃO hoje macau sexta-feira 15.8.2014

cartoon por Stephff CALIFADO

a outra faceCARLOS MORAIS JOSÉ

E M entrevista a este jornal, o presidente de uma associação de taxistas perguntava: se os polícias não ganham nada com multas a taxistas, por que razão as hão-de passar? Ora uma mente pouco habituada a uma certa flexibilidade pode achar confrangedora esta sinceridade, certamen-

te espontânea. Contudo, há mais nesta pergunta do que à partida poderá parecer.

Senão vejamos. Em primeiro lugar, mos-tra uma mentalidade para a qual o conceito de serviço público é radicalmente estrangeiro. Para o bom homem, quem trabalha para o Estado tem de fazer uns dinheiritos ao lado pois, de outro modo, como vai sobreviver ou sequer encontrar motivação?

A ideia de integridade (誠cheng) não passa por aqui, mora noutro lado, noutro tipo de relação que não seja entre o indivíduo e o Governo. Talvez no seio das relações fami-liares, nas fraternidades ou outras. Mas entre

O supremo exemplo堯 舜 帥 天 下 以 仁 , 而 民 從 之; 桀 紂 帥 天 下 以 暴 , 而 民 從 之 ; 其 所 令 反 其 所 好 , 而 民不 從 。 是 故 君 子 有 諸 己 而 后 求 諸 人 , 無 諸 己 而 后 非 諸 人。

孔夫子 , 大學

“Yao e Shun conduziram o reino com benevolência e o povo seguiu-os. Jie e Zhou*

conduziram o reino com violência e o povo seguiu-os. Mas se as ordens emitidas fossem contrárias às práticas que amavam, o povo não os seguiria. Por isto, o próprio governante deve estar imbuído de boas qualidades podendo, assim, exigi-las do povo.”

Confúcio, Estudo Maior

o indivíduo e o Estado a atitude primeira é encontrar um modo de contornar a relação de poder unívoca, excluindo qualquer assomo de integridade e, se quisermos cinicamente, de... patriotismo.

Precisamos de perguntar se o presidente da associação de táxis fala assim porque se baseia naquilo que conhece, ou seja, se este é o exemplo que o Estado dá aos cidadãos. Portanto, será normal que um polícia só actue quando sabe que dessa acção extrairá um bónus, um acrescento ao seu ordena-do? Sabemos que, por exemplo, no caso das multas de trânsito, onde acontece uma parceria público-privada com a Companhia de Parques de Macau, os agentes da lei são lestos a autuar... mas isso não prova nada.

Tradicionalmente, na China, é muito importante o exemplo dado pelos governan-tes. Segundo o confucionismo, poderemos mesmo dizer que a qualidade de um povo está directamente relacionada com a qua-lidade de quem o governa. O povo segue o exemplo de cima, a sua formação moral

reflecte a natureza moral (xing 性) de quem o governa. Não se leia aqui que a moral do presidente dos taxistas prevalece em toda a população de Macau mas se tal acontecesse deveria obrigar a uma muito séria reflexão sobre as práticas do Estado.

Em segundo lugar, encontramos neste discurso uma meta que justifica uma acção, logo uma motivação. E, muito claramente, o ganho encontrado na acção traduz-se em numerário. Ou seja, o elemento motivador não se encontra no prestígio, no orgulho pelo desempenho profissional, eventualmente numa ideia de missão normalmente inerente a qualquer servidor público: aqui tudo se reduz a um número, a uma quantidade, ao dinheiro. A posse das notas, o aumento dos

valores inscritos na caderneta bancária são o grande motivador, segundo esta leitura da sociedade de Macau.

Não admira que numa cidade de casi-nos o dinheiro seja um valor fundamental. Até historicamente, se quisermos, foi o comércio e a uma situação económica que a todos beneficiava, que fundamentou as relações entre portugueses e chineses, desde a origem de Macau. Por aqui o dinheiro foi sempre também um veículo de comunicação (talvez o principal) entre comunidades cul-turalmente distantes, como foi sempre um instrumento de apaziguamento. Não admira por isso que o comércio e um inusitado e desproporcionado valor do dinheiro esteja inscrito na cultura das gentes de Macau, de Guangdong e de Fujian.

Acreditamos, no entanto, que existe da parte do Governo o dever de servir de peso que contrabalance esta tendência, incutindo na população valores outros que, para além do patacame, orientem as vidas e lhes emprestem dignidade humana. Terá de ser, precisamente, o Executivo, o governante, a dar o exemplo ou vários exemplos: a mostrar-se interessado pelo saber e pela ciência, pelo pensamento e pela arte; e, sobretudo, ser modelo de com-portamento moral, no sentido de dissuadir no povo hábitos e procedimentos dilatórios.

É responsabilidade de quem governa uma cidade contaminada pelo jogo, consensualmen-te transmissor de valores perniciosos, como o egoísmo, a cobiça e a ganância cega, servir de contrapeso a essa influência. Como diz o Sábio de Dez Mil Gerações, só os homens menores (小人 xiaoren) seguem a via da sorte. Indicar outra via, que passe pelo cultivo de si, pela investigação das coisas e pela benevolência (仁 ren) é, com certeza, uma obrigação de quem nos dirige. E que de tais valores tem de se erigir em supremo exemplo.

* Yao (堯) e Shun (舜) são dois primeiros monarcas da dinastia Xia e simbolizam o governante ideal. Jie (桀) e Zhou (紂), os últimos imperadores das dinastias Xia e Shang, respectivamente. Sobre eles recai a culpa pelo fim das dinastias.

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21 opiniãohoje macau sexta-feira 15.8.2014

N ÃO, não vou voltar a es-crever sobre o passado e sobre o quão simpática era esta terra quando vim para cá viver. Também não vou recordar quem já partiu, uma partida de cansaço e de in-viabilidade de vida, porque não vale a pena, não há volta a dar, nem vou evitar outras

partidas desnecessárias. Não sou saudosista, embora o passado me saiba bem, de vez em quando e em doses moderadas. O que lá vai, já passou, e não há volta a dar. Apesar de ser bom, em certas alturas, deitar tudo ao chão e voltar a construir.

Como não é possível puxar a fita atrás e como, mesmo puxando a fita atrás, outros erros seriam cometidos, resta-nos pensar no que aí vem. Pensar com o optimismo possível em amanhã, amanhã que é sábado, um dia por norma insignificante na política do mundo. Por cá, este sábado é dia de apresentação das propostas políticas de Chui Sai On para o segundo mandato enquanto Chefe do Executivo.

Há uns dias, o actual e futuro líder do Go-verno prometeu que no sábado que amanhã acontece iria revelar, detalhadamente, os pla-nos que tem para Macau. E eu podia escrever

contramãoISABEL [email protected]

Porque amanhã é sábado

Os detalhes pouco importam. O que eu queria mesmo era ouvir uma ideia, uma grande ideia, uma ideia para o futuro. Um conceito. Um amanhã-vai-ser-assim. Um amanhã-tem-de-ser-assim

um jornal inteiro de propostas e de sugestões, mas não têm qualquer utilidade. O que nós pensamos de nada serve. O universo não nos faz a vontade, porque as vontades também têm peso e medida, e as vontades de quem escreve e lê estes jornais são pequeninas, perdem-se no meio de outras vontades.

Ainda assim. Amanhã é sábado e eu vou lá ouvir o que tem Chui Sai On a dizer. Adivinho já umas quantas linhas sobre harmonia, talentos, estabilidade, desenvolvimento económico, ci-dade de turismo e de lazer. Talvez uma ou outra frase sobre diversidade económica. Conceitos que me interessam não interessando. Na rea-lidade, os detalhes pouco importam. O que eu queria mesmo era ouvir uma ideia, uma grande ideia, uma ideia para o futuro. Um conceito. Um amanhã-vai-ser-assim. Um amanhã-tem--de-ser-assim.

Já não quero saber quando é que o novo hospital vai estar pronto, se há médicos para

serem contratados, se o tribunal provisório vai algum dia estar pronto, se o definitivo vai chegar a nascer ou se o provisório é para sempre. Também desisti de tentar perceber o que se quer fazer com a habitação, o que vai acontecer ao trânsito, ao terminal marítimo, aos autocarros a gás natural hipervalorizado, aos veículos eléctricos que a cidade ainda não descobriu, ao ambiente, ao ar que respiro.

Ainda assim. Gostava, gostava mesmo, que neste sábado que está marcado para amanhã Chui Sai On me dissesse, nos dis-sesse, para quem é esta cidade, que sempre foi de todos não sendo verdadeiramente de alguém. Gostava, gostava muito, de ouvir que a cidade é para as pessoas que vivem nela, que fazem dela uma cidade, que aqui têm o seu passado e que aqui querem viver amanhã, sábado, e domingo e os outros dias da semana.

Gostava que Chui Sai On anunciasse que

JEAN

-LUC

GOD

ARD,

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HAVI

LLE

esta terra tem prioridades e que as priorida-des são as pessoas, as pessoas comuns com vontades pequeninas de uma vida normal. Gostava também que o candidato a Chefe que já é Chefe deixasse bem claro, num discurso político de peso, que os cidadãos são importantes – e não os residentes. Que esta terra se faz de todos aqueles que aqui vivem, independentemente da cor do cartão de autorização de permanência.

Gostava que Chui Sai On anunciasse planos para uma cidade de excelência – a cidade que Macau podia ser, fossem algumas vontades ligeiramente mais comedidas. Uma cidade de excelência com saúde de excelên-cia, com educação de excelência, uma cidade onde se experimentam novas tecnologias amigas do ambiente, uma cidade onde o cres-cimento económico significa, efectivamente, desenvolvimento económico. Uma cidade que fosse piloto de qualquer-coisa-positiva.

Nunca vamos saber o que verdadeira-mente pensa Chui Sai On sobre estes últimos cinco anos de Macau. Nunca vamos saber até que ponto as críticas, as manifestações e os recados condicionam o que pensa, pesam no que decide e determinam a sua acção. Ainda assim, amanhã vamos saber o que pretende fazer. E eu não queria ter de voltar a pensar no passado, porque amanhã é sábado.

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22 opinião hoje macau sexta-feira 15.8.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

A preocupação pelo desgaste do poder dos Estados Unidos foi exposta com bastan-te clareza pelo politólogo americano Walter Mead, no texto intitulado “The End of History Ends”, publicado na revista “The American Interest” na qual é editor, em 2 de Dezembro de 2013,

afirmando que as tentativas do presidente americano para se afastar dos compromis-sos da administração do seu antecessor têm fortalecido a China, o Irão e a Rússia que denomina de “potências centrais”.

Os Estados Unidos têm vindo a mostrar uma conduta de aparente retirada, o que faz crer nesses rivais da geopolítica que encon-traram uma forma de desafiar, e em última instância de alterar a forma como funciona a política global. Existe na realidade uma coligação cada vez mais poderosa das ditas potências não liberais que estão decididas a desfazer o acordo conseguido depois da Guerra Fria e a ordem global imposta e sustentada pelos Estados Unidos.

O alarmismo que o politólogo americano criou é suportado por uma enorme má inter-pretação das realidades modernas do poder, pois faz uma leitura incorrecta da lógica e da natureza da actual ordem mundial, que é mais estável e alargada do que defende, levando--o a sobrestimar a capacidade do núcleo de potências centrais para o enfraquecer. E é também uma má interpretação da China e da Rússia, que não são totalmente forças revisionistas senão, quando muito, consu-midoras de recursos naturais não renováveis de médio prazo, tão desconfiadas uma da outra como do mundo exterior.

É verdade que procuram oportunidades para resistir à liderança mundial dos Estados Unidos e quer actualmente, como antes, resistem especialmente, quando a confron-tação é próxima das suas fronteiras. Tais conflitos, parecem ser mais impelidos por algumas das suas fragilidades do que por real robustez. Quando se trata de litigar por grandes interesses a Rússia, e especialmente a China, estão profundamente integradas na economia mundial e nas instituições que a governam.

O professor Mead faz igualmente uma errónea interpretação quanto à força da

“The balance of power in Eurasia, the great question which forced the United States into two world wars and a long cold war, largely disappeared from American policy thought.”

The End of History Ends The American Interest

2 December, 2013Walter Russel Mead

O fim do final da históriapolítica externa americana, pois considera que desde o final da Guerra Fria, os Estados Unidos ignoraram os problemas geopolíticos sobre territórios e as esferas de influência para adoptar uma ingénua estratégia dando ênfase na construção da ordem global. Trata-se de uma falsa dicotomia, pois se os Estados Unidos não se preocupam com as questões de ordem global, como o controlo armamentista ou o comércio, não é por-que presumam que o conflito geopolítico terminou, mas fundamentalmente porque querem controlar a disputa entre as grandes potências.

A construção da ordem mundial não pressupõe o fim da geopolítica, mas sim de responder às grandes questões da geopolí-tica. A ordem global, na realidade, liderada pelos Estados Unidos não começou com a Guerra Fria, mas quando dela saiu vencedor. É de considerar que nos cerca de setenta anos desde o termo da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos realizaram denodados esforços por criar um sistema de instituições multilaterais, alianças, acordos comerciais e associações políticas. Tal projecto, ajudou a atrair países para a sua órbita e fortaleceu normas globais que diminuem a legitimidade de esferas de influência idênticas às do século XIX, as tentativas de domínio regional e os ataques territoriais como o realizado pela Rússia na Crimeia e a tentativa aparente-mente camuflada de apoderar-se de regiões no Leste da Ucrânia.

Tudo, deu aos Estados Unidos as aptidões e associações para enfrentar as potências centrais e outras na actualidade. O profes-sor Mead defende a ideia de que a China, o Irão e a Rússia procuram estabelecer as suas esferas de influência e desafiar os in-teresses dos Estados Unidos, lenta mas de forma sustentada tentando dominar a Eurásia e assim ameaçar a potência americana e o resto do mundo.

A esta visão escapa-lhe uma realidade mais profunda, uma vez que em questões

de geopolítica, bem como de demografia, política e ideias os Estados Unidos tem uma franca vantagem sobre China, o Irão e a Rússia, mesmo sendo certo que não detém a hegemonia que ocupou durante a era uni-polar, o seu poder ainda não tem oposição que seja objecto de alarme.

As suas vantagens comparativas em termos de riqueza e tecnologia estão ainda fora do alcance da China e da Rússia, e muito menos do Irão. A sua economia em recupera-ção, apoiada pelos novos e imensos recursos naturais, permite-lhe manter uma presença militar no mundo e múltiplos acordos de segurança. Os Estados Unidos possuem uma habilidade natural para conquistar amigos e influenciar países.

Os Estados Unidos têm acordos militares com mais de sessenta países, enquanto a Rússia só tem oito aliados oficiais e a China um que é a Coreia do Norte. As alianças dos Estados Unidos têm a dupla vantagem de oferecerem uma plataforma global para a projecção do poder americano e distribuir o suporte resultante da promessa de segurança.

As armas nucleares, que possuem os Estados Unidos, a China e a Rússia, ajudam o país ocidental de duas formas, sendo a primeira, devido à lógica da segura des-truição mútua, reduzem a probabilidade de uma guerra entre potências e a segunda dão à China e à Rússia a segurança de que Estados Unidos nunca os invadirão.

A geografia reforça as outras vantagens dos Estados Unidos, dado que são o único país não rodeado por outras grandes po-tências, tornando-o menos ameaçador para outros países, ou seja, na Ásia muitos países vêem a China como maior perigo potencial, devido à sua proximidade. Á excepção dos Estados Unidos, todos os demais grandes países vivem em apertada vizinhança geo-política, onde as mudanças no poder sempre provocam reacções.

A China está a descobrir essa dinâmica actualmente, quando os países que a rodeiam

reagem à modernização dos seus exércitos e reforçam as suas alianças. A Rússia viveu essa experiência durante décadas e está desde há alguns anos a viver com a Ucrânia, que nos últimos anos aumentou as suas despesas militares e tenta aproximar-se cada vez mais da União Europeia, com as consequências que sabemos e resultaram na anexação da Crimeia e na guerra civil no leste do país entre as forças nacionais e os separatistas pro-rússia, apoiados por esta.

A visão apresentada pelo politólogo americano sobre uma luta pela Eurásia entre Estados Unidos e a China, o Irão e a Rússia, faz antever uma transição em processo, que é a crescente ascendência da democracia ca-pitalista liberal. A difusão dessa democracia no mundo, que começou no final da década de 1970 foi acelerada depois da Guerra Fria, fortaleceu de forma notável a posição dos Estados Unidos e estreitou o círculo geopolítico ao redor da China e da Rússia.

A China está perto de atingir e ultrapassar os Estados Unidos como a maior economia do mundo, como consta do “International Comparison Program” do Banco Mundial. O programa, que compara os níveis de vida nos diferentes países, mostra este ano, os números da economia chinesa, situando-a a um passo de se converter na maior do mundo medida por poder aquisitivo.

O gigante asiático continua fiel ao con-selho do pai da sua reforma, Deng Xiaoping, quando afirmou “esconde o teu brilho e aprecia a escuridão”, modéstia que reflecte um claro sentido da realidade. A China é um país de rendimentos médios, com um rendimento “per capita” um pouco inferior ao de Perú. As suas capacidades tecnológicas estão muito atrás dos Estados Unidos e outras economias ocidentais, inclusive do Japão, seu histórico adversário. Militarmente não tem a influência global dos Estados Unidos, carecendo de poderes de persuasão.

O seu sistema político e os dois sistemas económicos que possui, ainda não se torna-ram suficientemente atraentes para influir a opinião global, apesar das contínuas aber-turas e reformas positivas que tem vindo a efectuar. Os seus aliados mais próximos são a Coreia do Norte e o Paquistão. A evolução económica da China mudou o mundo, ao converter-se na manufactura mais barata do planeta, baixando o custo dos produtos fabri-cados, fazendo aumentar por consequência o poder aquisitivo dos consumidores.

O efeito negativo é o da concorrência de centenas de milhões de trabalhadores chineses terem obrigado a reduzir os salários no mundo ocidental. A China como enorme importador de matérias-primas começou a alterar o destino dos exportadores de mer-cadorias de todo o mundo.

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hoje macau sexta-feira 15.8.2014 23PERFIL

SIDDHART GULATI , DOUTORANDO DA UNIVERSIDADE DE MACAU

UM INDIANO DE CORAÇÃO BRITÂNICOANDREIA SOFIA [email protected]

N ASCEU na cidade de Bhopal, na Índia, a três horas de avião de Nova Deli, mas é um cidadão do mundo. Siddharth

Gulati, a fazer um doutoramento na Faculdade de Gestão de Empresas da Universidade de Macau (UM), já viveu nos Estados Unidos e no Reino Unido. É ao país da rainha Isabel II que se sente mais ligado: gosta da literatura inglesa, dos ingleses e dos seus costumes. Costuma visitar a Índia com frequência, mas as visitas à família, a residir em Liverpool, são uma constante.

“Vivi no Reino Unido durante muitos anos e tive acesso a uma grande qualidade de vida e de educação, até pela forma como as pessoas interagem umas com as outras. Nos Estados Unidos também foi bom, mas gosto mais do Reino Unido, devido à sua história e os valores tradicionais que existem”, conta ao HM, recordando as experiências de tra-balho. “Trabalhei em muitos lugares, como a Vodafone em Warrington (a 30 minutos de Liverpool). O ambiente de trabalho é mais flexível e até podia trabalhar em casa uma vez por semana, quando entendesse”, acrescenta.

A viver em Macau há um ano, Sid, como é conhecido pelos amigos, foi um dos pri-meiros alunos a viver no novo campus da UM na Ilha da Montanha. A escolha por Macau não foi um completo acaso.

“Durante o processo de candidatura per-cebi que estudando aqui poderia ter acesso a todo o tipo de materiais e recursos que a universidade está a investir na construção do novo campus na Ilha de Hengqin. Percebi que me poderia ajudar no meu trabalho de investigação, num novo ambiente académico. Também me candidatei por causa das bolsas. Devido à crise económica na Europa, as bolsas para doutoramento são poucas e de baixo valor e só um pequeno número de candidatos tem a sorte de ter uma. Então decidi vir para a UM”, explica ao HM.

Na universidade, Siddhart está a fazer um doutoramento na área do marketing. “Estou a fazer investigação sobre como é que a publicidade pode ter um papel promotor da saúde e se devem desenvolver-se mensa-gens positivas e ligadas a um estilo de vida saudável. Gostava que a minha investigação abrangesse as áreas de marketing alimentar ou marketing digital, por exemplo”, frisa ao HM. Gosta de estudar na UM e, apesar de di-zer que ainda não existem muitos estudantes

internacionais que façam um programa de estudos completo na RAEM - com excep-ção dos alunos de intercâmbio -, Siddhart acredita que cada vez mais a UM terá uma posição virada para o mundo.

“As universidades no Reino Unido e nos Estados Unidos representam uma in-terligação entre pessoas de vários sítios e culturas e isso também tem influência no ambiente académico e na troca de ideias. O ambiente na UM é muito bom e há um enorme potencial para que se torne numa universidade internacional, especialmente com o novo campus”, conta o estudante.

Siddharth Gulati gosta de Macau e não fica indiferente à cultura portuguesa, tendo até feito uma inscrição para ter aulas de português. “Há mais em Macau do que apenas grandes hotéis e casinos. Um passeio pela Taipa Velha ajudou-me a perceber a cultura portuguesa que ainda existe em Macau. Em Coloane temos a praia e podemos estar perto da natureza. Esta beleza e cultura são coisas que eu gosto em Macau. Gosto do património português como as Ruínas de São Paulo, por exemplo”, revela.

Nos tempos livres Siddhart Gulati gosta de praticar desporto e cozinhar iguarias do seu país. Não perde uma oportunidade para sair com os amigos e de viajar, mas no seu dia-a-dia há sempre espaço e tempo para a meditação, para manter o bom humor e a paz interior. Para além dos livros, Siddhart faz

parte, desde 2008, de uma Organização Não Governamental (ONG) chamada Art of Living.

“Tenho o privilégio e sinto-me abençoa-do por pertencer à Art of Living. O principal objectivo desta ONG é a promoção de uma sociedade sem stress, onde são oferecidos vários programas para eliminar o cansaço e o stress, com recurso a técnicas de respiração, meditação e yoga”, concluiu.

“Há mais em Macau do que apenas grandes hotéis e casinos. Um passeio pela Taipa Velha ajudou-me a perceber a cultura portuguesa que ainda existe em Macau”

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hoje macau sexta-feira 15.8.2014

C HUI Sai On vai anunciar a composição do seu novo Governo a meio do mês de Setembro, soube o HM

junto de fonte bem informada. Sendo eleito no dia 31, Chui terá der esperar pela confirmação dos resultados, que será feita no Tri-bunal de Última Instância (TUI) cerca de uma semana depois. É que o TUI terá de esperar para ver se aparece alguém a contestar o resultado eleitoral, dentro do prazo previsto pela lei. Assim, espera--se que a vitória de Chui Sai On só nessa altura seja oficialmente confirmada.

Contudo, o processo não fica por aqui. Seguidamente, Chui Sai On deslocar-se-á à capital para obter a bênção do Governo Central. É bom não esquecer que é Pequim quem, se-gundo a Lei Básica, nomeia o Chefe do Executivo da RAEM, bem como os seus Secretários. Só no regresso da China continental, nos dias que seguem, Chui Sai On anunciará como será constituído o seu novo gabinete e quem serão os novos Secretários.

E O NÚMERO DE SECRETARIAS É...Sabido que está quem será o pró-ximo Chefe do Executivo, a curio-sidade do público volta-se para os nomes dos Secretários, até porque estes terão uma relação mais pró-

CHUI ANUNCIARÁ NOVOS SECRETÁRIOS A MEIO DE SETEMBRO

Outono emocionantexima com os funcionários públicos e a população em geral, como será da sua responsabilidade a realização das políticas definidas pelo Chefe.

Uma das questões que tem assombrado a pré-campanha eleitoral tem sido a reestruturação do Executivo, nomeadamente a possibilidade de constituição de mais secretarias.

Vários deputados, mesmo al-guns nomeados, têm-se mostrado favoráveis a esta hipótese, na me-dida em que entendem existirem secretarias assoberbadas de res-ponsabilidades demasiado varia-das. O exemplo que imediatamente ocorre é a dos Assuntos Sociais e Cultura, que alberga a saúde, a Educação, o Turismo e a Cultura. Outra é a pasta da Administração e Justiça que muitos opinam que deverá ser separada.

Sendo certo que Chui Sai On já tomou uma decisão sobre este assunto, ela ainda não é co-nhecida. A Lei Básica é omissa quanto ao número de secretarias

mas, porque é Pequim quem, no limite, nomeia os Secretários, o Governo Central poderá opinar sobre a questão. Em nome da eficácia e da descentralização, muitos apoiam a existência de sete (como no tempo da administração portuguesa) ou, pelo menos, seis secretarias. Outros preferem ver os serviços mais centralizados

porque, argumentam, tal aumenta a possibilidade de controlo.

QUEM SAI, QUEM FICA, QUEM ENTRASe, como todos asseguram, pelo menos, Florinda Chan e Francis Tam estarão de saída, a sociedade de Macau é percorrida por várias hipóteses para os substituir. Para o lugar de Tam, surgiram os nomes

de Leong Vai Tac, que tem igual-mente sido apontado como um dos candidatos a Chefe do Executivo em 2019, e do actual Chefe de Gabinete de Chui Sai On, Alexis Tam, que é igualmente referido como uma possibilidade para os Assuntos Sociais e Cultura.

É também falada a hipótese de Cheong U ser deslocado para a Administração e Justiça, na me-dida em que reúne a formação em Direito com uma vasta experiên-cia administrativa. O ex-líder do CCAC é também apontado como um possível sucessor de Chui.

Quanto à área da Segurança, corre que está muito difícil a subs-tituição de Cheong Kuok Vá por não se conseguir encontrar alguém consensual entre os vários ramos das Forças de Segurança. Insis-tentemente referido para o lugar, o actual director da Polícia Judi-ciária, Wong Sio Chak, parece não ter conseguido encontrar o acordo suficiente entre os seus pares. Daí que muitos estão convencidos que Chui será, basicamente, obrigado a convencer Cheong a manter-se no lugar por mais cinco anos.

Apesar de todas as polémicas que rodeiam as Obras Públicas e os Transportes e acusações de ineficácia, Lau Si Io deverá manter o seu lugar. - HM