hoje macau 21 dez 2012 #2759

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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 18 MAX 23 HUMIDADE 75-95% • CÂMBIOS EURO 10.3 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 21 DE DEZEMBRO DE 2012 ANO XII Nº 2759 PUB PUB ACESSO À ADVOCACIA AMM discorda de Ung Choi Kun PÁGINA 8 ASSISTENTES SOCIAIS Credenciação na calha PÁGINA 9 Nós por cá todos bem Chui Sai On prevê futuro brilhante para Macau ORGULHO GAY NA RUA A PRIMEIRA VEZ DE MACAU PÁGINA 6 PUB Ter para ler h NA SOMBRA DE CONFÚCIO CASO COMENTÁRIO APAGADO Neto Valente fala de coisas diferentes PÁGINA 7 PLANEAMENTO URBANO População poderá participar PÁGINA 8 13 anos raem No âmbito da comemoração do 13.º aniversário da transferência de soberania de Macau, o nosso jornal preparou sete páginas sobre o acontecimento. Falámos com Carlos Gaspar, ex-assessor de Jorge Sampaio para os assuntos de Macau, ouvimos a opinião de três arquitectos sobre o estado do Património, visitámos o Museu da Transferência, vimos os Correios de Macau a emitirem selos comemorativos, desfilámos na Cidade Latina e constatámos gritos de revolta em manifestações. De Chui Sai On, fora, de visita a Pequim, uma mensagem: “A RAEM terá um futuro brilhante.” PÁGINAS 2 A 6 E CENTRAIS

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Edição do Hoje Macau de 21 de Dezembro de 2012 • Ano X • N.º 2759

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Page 1: Hoje Macau 21 DEZ 2012 #2759

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 18 MAX 23 HUMIDADE 75-95% • CÂMBIOS EURO 10.3 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006 MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 21 DE DEZEMBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2759

PUB

PUB

ACESSO À ADVOCACIA

AMM discordade Ung Choi Kun

PÁGINA 8

ASSISTENTES SOCIAIS

Credenciaçãona calha

PÁGINA 9

Nós por cá todos bem

Chui Sai On prevêfuturo brilhante para Macau

ORGULHO GAY NA RUA

A PRIMEIRA VEZ DE MACAU

PÁGINA 6

PUB

Ter para ler

h• NA SOMBRADE CONFÚCIO

CASO COMENTÁRIO APAGADO

Neto Valente fala de coisas diferentes

PÁGINA 7

PLANEAMENTO URBANO

Populaçãopoderá participar

PÁGINA 8

13 anosraem

No âmbito da comemoração do 13.º aniversário da transferência de soberania de Macau, o nosso jornal preparou sete páginas sobre o acontecimento. Falámos com Carlos Gaspar, ex-assessor de Jorge Sampaio para os assuntos de Macau, ouvimos a opinião de três arquitectos sobre o estado do Património, visitámos o Museu da Transferência, vimos os Correios de Macau a emitirem selos comemorativos, desfilámos na Cidade Latina e constatámos gritos de revolta em manifestações. De Chui Sai On, fora, de visita a Pequim, uma mensagem: “A RAEM terá um futuro brilhante.”

PÁGINAS 2 A 6 E CENTRAIS

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www.hojemacau.com.mo sexta-feira 21.12.2012raem 13 anos2

Andreia Sofia [email protected]

NO dia seguinte partiria para Díli, onde “no meio das cinzas se respirava

o espírito de liberdade”. É as-sim que Carlos Gaspar recorda o momento da transferência de soberania de Macau para a China, numa altura em que ocupava o cargo de assessor de Jorge Sampaio, presidente da República. Em entrevista ao Hoje Macau, o académico fala da importância do IPOR, das ligações TAP-Macau e do “paroquialismo dominante das elites portuguesas” que “tinham e continuam a ter uma grande e inexplicável falta de interesse por Macau, China e Ásia”.

Em 2009 apresentou os re-sultados sobre a “avaliação da presença portuguesa em Macau e na região asiática nos últimos dez anos”. Quais os principais desafios com que se deparou duran-te o processo de trabalho?O Ministro dos Negócios Estrangeiros, doutor Luís Amado, pediu ao Instituto

Carlos Gaspar, ex-assessor de Jorge Sampaio para os assuntos de Macau

“Edmund Ho foi a melhor escolha para primeiro Chefe do Executivo”Português de Relações Inter-nacionais (IPRI) da Universi-dade Nova de Lisboa (UNL) um estudo sobre a Politica Externa de Portugal na Ásia, que tive a honra de dirigir e em que participaram, entre outros, José Manuel Félix Ri-beiro e Constantino Xavier. (Os desafios prenderam-se com) definir os limites do espaço asiático, determinar as prioridades portuguesas e articular as múltiplas dimen-sões da politica externa de Portugal na Ásia, incluindo não só as suas responsabili-dades especiais em Macau e em Timor, mas também a dimensão histórica e a di-mensão politica e económica.

Os portugueses deixaram, de facto, uma presença sóli-da na Ásia, com capacidade para perdurar até 2049? E depois de 2049?A presença portuguesa na Ásia tem qualidades únicas e irrepetíveis que impõem uma regra de continuidade no longo prazo. Desde logo, Portugal é uma “potência his-tórica” e foi o primeiro país europeu a estabelecer rela-ções continuadas com todos

os países da Ásia, do Oman à Coreia, da Índia ao Japão. Por outro lado, Portugal tem relações especiais com Macau e com Timor-Leste, que exigem uma presença efectiva, incluindo mesmo, no caso de Timor, o domínio da segurança. Portugal tem ainda o maior interesse em desenvolver as suas relações políticas, culturais e econó-micas com a Ásia, que passou a ser o centro de gravidade da politica e da economia internacional.

Assiste-se cada vez mais a um fenómeno de emigração de muitos portugueses para este lado do mundo, em grande parte devido à cri-se. Considera que estamos perante uma nova fase para a comunidade portuguesa aqui residente?É cedo para chegar a essa conclusão, mas seria positivo poder contar com o cresci-mento e a requalificação das comunidades portuguesas, não só em Macau e em Timor--Leste, mas na Austrália, no Japão, na Índia ou na China,

Temos assistido a muitas visitas governamentais na RAEM, e só este ano Macau já recebeu a visita de Paulo Portas e Álvaro Santos Pereira. O Governo português voltou a estar mais atento a Macau?Mais uma vez, é cedo para fa-zer uma avaliação definitiva.

Os dois territórios estão numa nova fase de rela-ções bilaterais? Quais os caminhos que devem ser seguidos?O Estado português tem seguido uma linha de con-tinuidade nas suas relações com a RAEM.

Qual deve ser a posição de Pequim perante esta ligação?As relações entre Portugal e a República Popular da China (RPC) consolidaram-se du-rante o período de transição em Macau e, depois de 1999, entraram numa nova fase, que levou, designadamente, à institucionalização de uma “parceria estratégica” entre os dois Estados. As relações de Portugal com a RAEM estão enquadradas por esse

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3sexta-feira 21.12.2012 www.hojemacau.com.mo

Carlos Gaspar, ex-assessor de Jorge Sampaio para os assuntos de Macau

“Edmund Ho foi a melhor escolha para primeiro Chefe do Executivo”parceria e pelos termos da Declaração Conjunta e dos acordos bilaterais sobre o futuro de Macau. Fala-se muito no papel que Macau tem enquanto plataforma comercial entre a China e os países lusófo-nos. Tem, de facto, trazido resultados práticos?A relação entre a RAEM e os países de língua portuguesa, nomeadamente Timor e os Estados africanos de língua portuguesa, é importante quer para reforçar a identi-dade especifica de Macau, quer para os seus parceiros da CPLP.

Como é que Portugal pode tirar partido dessa plata-forma?Portugal foi sempre a favor dessa relação original, que implica um reconhecimento da especificidade politica e cultural de Macau tanto por parte da República Popular da China, como por parte dos países da CPLP.

O MOMENTO DA TRANSFERÊNCIAEm 1999 era assessor de Jorge Sampaio, presidente da República. Qual foi o momento mais marcante no trabalho que desem-penhou? Que histórias recorda?O dia da transferência de soberania. Há sempre de-masiadas histórias nesses momentos. A minha última história desse dia foi, depois de ter assegurado a partida do Presidente Jorge Sampaio e da delegação portuguesa para Lisboa, logo a seguir à cerimónia, ter tido o privilé-gio de ir directamente com o Presidente Xanana Gusmão para Díli, onde, no meio das cinzas, se respirava o espírito da liberdade. Pude estar em Timor que estava no princi-pio da transição para a inde-pendência e da instalação da administração internacional das Nações Unidas, com uma forte presença portuguesa.

Como analisa a ligação entre Sampaio e Rocha Vieira? Eram próximos?O Presidente Jorge Sampaio decidiu, mesmo antes da sua primeira eleição, manter o General Rocha Vieira no

lugar de Governador de Macau e assegurou a sua continuidade no exercício dessas funções até ao fim da Administração Portuguesa do território.

Numa entrevista, Jorge Sampaio admitiu na al-tura que a transferência de Macau não deveria ser encarada com dramatis-mos. Considera que foi um processo natural para o Governo português?A transferência de soberania num território sob sua admi-nistração não é um processo normal para nenhum Estado. Partindo desse principio, Portugal quis fazer tudo para que a transição se pudesse realizar com a normalidade possível.

E para as comunidades em Macau, tanto a portuguesa como a chinesa?As comunidades de Macau revelaram uma grande ma-turidade e uma serenidade impressionante durante todo o processo de transição e é de-certo essa a característica que gostariam de ver reconhecida como a marca distintiva do seu comportamento.

Vasco Rocha Vieira afir-mou ao Jornal de Negócios, em 2009, que “para muitos, em Portugal, Macau era jogo e negócios que não interessavam”. Era essa, de facto, a posição gover-namental na altura, ou tratava-se apenas de uma facção que defendia esse ponto?O problema principal nessa relação foi sempre o paro-quialismo dominante entre as elites portuguesas, que tinham e continuam a ter uma grande e inexplicável falta de interesse por Macau, pela China e pela Ásia.

Na mesma entrevista Ro-cha Vieira diz lamentar que Portugal não tenha forma-tado “dentro das condições existentes a presença dos seus interesses projectados para o futuro”. Concorda?As autoridades portuguesas, incluindo o Governador de Macau, fizeram tudo para garantir dentro das condições existentes a presença dos seus interesses projectados para

o futuro, sobretudo desde 1986.

Houve momentos de tensão nos períodos que antece-deram o 20 de Dezembro de 1999?Bem entendido, como sem-pre seria inevitável.

Qual o legado mais impor-tante deixado pelos portu-gueses em Macau?Macau. Histórica, politica e socialmente, Macau foi uma invenção portuguesa. É uma cidade-Estado, uma categoria europeia que nunca tinha existido na Ásia, e que se reproduziu depois em Hong Kong e em Singapura e, de certa maneira, também em Xangai.

Edmund Ho foi o nome ideal para “inaugurar” a RAEM?Teve sempre todo o nosso apoio e foi a melhor escolha para ser o primeiro governador chinês de Macau, como Chefe do Executivo da RAEM.

LÍNGUA PORTUGUESA, TAP E IPOR Como olha para o trabalho desenvolvido por Chui Sai On, actual Chefe do Exe-cutivo? Soube continuar bem o legado deixado pelo seu antecessor?São as autoridades chinesas e as comunidades de Macau que devem fazer esse juízo.

Recentemente um deputa-do da Assembleia Legislati-va questionou o Governo da RAEM quanto às medidas de fomento do português, afirmando que o uso da lín-gua é muito baixo entre os residentes. Considera que faltou fazer mais na pro-moção do idioma, durante a presença portuguesa?Portugal fez um esforço sem precedentes para enraizar o português em Macau e na RAEM desde o início da negociação da Declaração Conjunta, que é reconhecido por todos. As autoridades chinesas têm continuado a assegurar que a língua portuguesa é usada no terri-tório como uma das línguas oficiais da RAEM. No seu livro, Vasco Rocha Vieira assume que “Ma-

cau não foi um fardo para Portugal” e que ajudou inclusive o país a reforçar a sua presença no Índico e Pacífico. Essa posição pode tomar novos contornos para os próximos anos?Sem dúvida, desde que exista uma convergência nesse sen-tido entre a RPC e Portugal.

Em 1998 a ligação aérea entre Lisboa e Macau, através da TAP, terminou. Na última visita à RAEM, o Governo português revelou existir vontade em reabrir essa rota. Seria importante?O Estado português em-penhou-se, antes da trans-ferência de poderes, num programa de modernização do território de Macau sem precedentes, incluindo a cria-ção do aeroporto e a ligação aérea directa da TAP entre Macau e Lisboa. Entretanto, como era previsível, a China tornou-se um mercado cru-cial para o turismo europeu, mas as autoridades portugue-sas, mais uma vez, não sou-beram nem reconhecer essa mudança, nem a importância da ligação da TAP a Macau nesse contexto.

Como avalia o trabalho desempenhado pela Fun-dação Oriente (FO) e pelo IPOR na actualidade?Desde 2005 que desempenho funções como assessor do Conselho de Administração da FO e, nessa qualidade, sou testemunha da sua importân-cia crucial para as relações com a China e com Macau, em todas as dimensões relevantes. A criação do Museu do Orien-te, que é um dos raros museus do seu género na Europa, foi muito importante não só para consolidar as relações entre Portugal, Macau e a China, como para revalorizar a di-mensão asiática da história e da identidade nacional. O IPOR representa um compro-misso no quadro da transição, em que se entendeu necessário mobilizar a FO, como uma instituição da sociedade ci-vil, para assegurar uma certa continuidade das políticas culturais que, no passado, eram da responsabilidade da administração portuguesa. A FO tem cumprido a sua parte nesse compromisso com o Estado.

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sexta-feira 21.12.2012raem 13 anos4

Andreia Sofia [email protected]

A RAEM é ainda uma adolescente, trans-portando agora os seus 13 anos de

vida desde que voltou para os braços da China, em 1999. Contudo, o seu património é bem mais antigo e representa uma das mais valias de uma região que vive do turismo, a par dos casinos.

Numa altura em que a Lei da Salvaguarda do Pa-trimónio conhece avanços e recuos na Assembleia Legis-lativa (AL), o Hoje Macau falou com três arquitectos para saber a sua visão sobre aquilo que a Administração portuguesa deixou e quais os desafios para garantir a sua preservação.

Quando perguntamos a Carlos Marreiros qual o mo-numento mais importante deixado pelos portugueses, ele aponta para a zona entre as Ruínas de São Paulo. “É o monumento mais icónico e mais popularizado por Macau”, diz ao Hoje Macau, sem esquecer outro conjunto arquitectónico. “Julgo que também é um lugar comum o Largo do Senado, um conjunto notável do ponto de vista da integridade física dos conjuntos, ainda que haja diferenças de idades (nos vários edifícios).”

Já Vicente Bravo não consegue apontar um único lugar. “Não faz sentido. Con-sidero toda a área abrangida pelo património, classifi-cado pela UNESCO, tudo isso é um conjunto que é de facto o património. Mais do que valores eficazes, tem os seus valores urbanos, e isso é o mais importante, com várias histórias que têm uma vivência e épocas em desenvolvimento, por isso é que é um lugar tão cheios de histórias, e por isso são tão emblemáticos. Mas so-zinhos não são nada”.

Francisco Vizeu Pinhei-ro concorda. “Mais impor-tante do que a Administração é a união do património entre as comunidades chinesa e portuguesa. O grande con-tributo foi o dossier e todos os trabalhos necessários para propor Macau a património mundial”, diz o arquitecto, falando também de um

Três arquitectos falam do passado e dos desafios do espaço histórico

O património num lugar adolescentePerguntámos a três arquitectos qual é para eles o monumento mais emblemático deixado pela Administração portuguesa. Enquanto Francisco Vizeu Pinheiro e Vicente Bravo preferem olhar para o espaço da UNESCO, Carlos Marreiros pousa os olhos entre as Ruínas de São Paulo e o Largo do Senado. Para o futuro, ficam desafios: são precisas mais zonas pedestres, mais lugares classificados, maior coordenação

“período chave”, em 1995, com “a protecção dos monu-mentos e lugares históricos, com a preservação do Largo do Senado e ruínas de são Paulo, para ser uma espécie de semente do centro histó-rico. A partir daí começou a ganhar ímpeto”.

COMPARAÇÕESCOM O PASSADOOlhando para a gestão do património no tempo dos portugueses, Vizeu Pinheiro considera que “não há gran-des comparações a fazer”, dado que “o quadro-jurídico administrativo é pratica-

mente o mesmo, guiado pela Lei Básica”. Já Carlos Marreiros considera que houve “pioneirismo, muita competência e coragem” nesse tempo, lembrando o papel de Francisco Figuei-ra, mas aponta um revés. “Naqueles tempos, nem o Governo de Macau, nos anos 80, nem a própria população estava muito interessada na preservação do património”.

Ideia da qual Vicente Bravo discorda. “O arqui-tecto Francisco Figueira começou e está na génese da protecção do património, e era da Administração. E as

pessoas esquecem-se de uma proposta muito concreta do Tomás Taveira, no final dos anos 80, para renovar e fazer um dossier de Macau como património, para apre-sentar à UNESCO. Foi na transferência que aparece a preservação do património pela UNESCO, já com o patrocínio da China”.

“A necessidade de clas-sificar vem do tempo do Tomás Taveira”, acrescenta Vicente Bravo. Contudo, “são sempre coisas moro-sas”. “A classificação em si não significa a defesa do património, mas signi-

fica que começa com a sua classificação. É o inicio de um processo real e de leis concretas.”

Marreiros considera que hoje o património “continua a ser muito bem preservado, e nalguns aspectos até me-lhor do que nos anos 80 e 90, porque há mais dinheiro. E depois as pessoas estão mais educadas e preocu-padas com a preservação das memórias colectivas do que há 20 ou 30 anos. Vê-se grande interesse nos jovens e nos menos jovens, e é esta a grande diferença no movimento preservacionista

dos anos 80, princípios anos 90, e após a transferência de soberania”.

O QUE FALTA FAZEROlhando para o futuro, Vicente Bravo considera que falta ligar os espaços históricos às suas gentes e vivências.

“O que nunca se fez foi saber quantas pessoas vivem e nasceram no território, e os que nasceram quantos estão cá há mais de 30 anos. Tudo para se chegar à conclusão quantas pessoas vivem em Macau e consideram esta cidade me-mória da sua infância, a sua cultura. Com isto iniciávamos um processo de planeamento de como é o património que está e quantas pessoas o sen-tem como seu. Isso pode dar indicações úteis à maneira como se vai desenvolver.”

Vicente Bravo pede ainda “sentido” para os es-paços preservados. “Não é só pintar as fachadas, depois colocam-se bonecos lá den-tro? Temos que dar uso, há que inventar. E isso se calhar não cabe apenas ao Governo mas às pessoas em si.”

“Podem ser feitos pe-quenos hotéis boutiques, residências para estudantes. Se fosse dado aos alunos que vêm estudar para a univer-sidade umas casas porreiras na zona dos bairros antigos, com esplanadas e cafés, aquilo estava cheio de gente e animadíssimo”, aponta.

Vizeu Pinheiro diz que Macau “tem capacidade para pelo menos triplicar as zonas pedonais e históricas que estão abandonadas”. Enquanto isso, Carlos Marreiros fala em ser “fundamental a coordenação interdepartamental ao nível do planeamento urbano e na passagem da informação, ao nível da regulamentação”. “Há vários departamentos da Administração que parecem ter as mesmas competências, e isso deveria ser melhor clarificado. Deveria haver também reuniões de coorde-nação sobre quando se faz o reordenamento de uma zona histórica”, diz o arquitecto, apontando o caso de um caixote do lixo colocado em frente à Casa Memorial de Sun Yat Sen.

Com a lei a ser dis-cutida pelos deputados, Marreiros considera que é mais importante as listas de classificação. “Há áreas de Macau que mereciam serem classificadas, sem dúvidas. E tenho a certeza que há espólio dos anos 30,40,60, e até 70, que mereciam ser classificados”.

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SELOS COMEMORATIVOS

5sexta-feira 21.12.2012 www.hojemacau.com.mo

Três arquitectos falam do passado e dos desafios do espaço histórico

O património num lugar adolescenteAndreia Sofia Silva*[email protected]

FOI há 13 anos que Portugal cedeu a sua Macau à República Popular da China,

e ontem o Continente não poderia ficar esquecido. “Pela grandeza e prosperidade da mãe-pátria, pelo brilhante futuro da RAEM, viva!”.

Foram assim as palavras de Chui Sai On, Chefe do Executivo, no discurso que proferiu na Torre de Macau. Momentos depois Chui Sai On partia para Pequim, onde estará em missão oficial a fazer um balanço oficial dos traba-lhos políticos aos governantes de Pequim, onde não vão faltar as Linhas de Acção Governa-tiva para 2013. Os festejos da

QUANDO entramos são as palavras escritas

pelo antigo presidente da China, Jiang Zemin, que começam a dar forma à nossa visita pelo história dos pri-mórdios da RAEM. À nossa esquerda, encontramos uma peça feita com madeira, em tons vermelhos: representa a reunificação entre Macau e Pequim e foi dado pelo Município da capital chinesa em 1999.

Estes são dois exemplos das quase duas dezenas de peças que podem ser encontradas no museu das ofertas sobre a transferência de soberania de Macau, que

Chui Sai On fez promessas e falou das políticas no aniversário da Transferência

“O brilhante futuro da RAEM”

transferência ficaram ainda marcados pela cerimónia do içar das bandeiras na praça Flor de Lótus, durante a ma-nhã, e que contou com cerca de 300 personalidades do território.

As palavras do Chefe de Governo foram pautadas pelo optimismo, tendo prometido envidar “esforços para as-segurar o desenvolvimento estável da economia com vista ao melhoramento contínuo do bem-estar da população”.

Chui Sai On falou ainda do “empenho” nos trabalhos de criação e aperfeiçoamento de mecanismos eficientes de longo prazo em domínios como a saúde, segurança social, educação ou habitação.

Para atingir esse objectivo, Chui Sai On fala em reforços de investimento, “tirando ple-no proveito dos frutos do de-senvolvimento acumulados”.

Neste âmbito, continuou, o Governo irá promover a construção de infra-estruturas e reforçar a formação e reserva de recursos humanos, entre outros, mantendo-se ainda atento ao impacto da infla-ção, em constante subida, e “continuará a reforçar o apoio às camadas vulneráveis da população”.

O governante reiterou

ainda uma série de políticas já anunciadas, como a atribuição gradual de 19 mil habitações públicas, a reabertura de con-cursos para fracções sociais e económicas ou as medidas destinadas a aliviar a pressão que recai sobre classe média, que incluem, entre outros, a devolução do imposto pro-fissional.

“GRANDES CRISES”, APESAR DE TUDOApesar do optimismo, Chui Sai On fala em dificuldades para 2013. “No novo ano, influenciada pela conjuntura da economia mundial, carac-terizada por complexidades e mutações que implicam uma lenta recuperação, a economia de Macau confrontar-se-á com vários factores de incerteza e

grandes crises”, avaliou, ao realçar que a implementação do princípio “um País, dois sistemas”, dotou, em certa medida, Macau de “experiên-cia e reservas para fazer face a eventuais riscos”.

Nesse sentido, Chui Sai On não esqueceu o papel que a China, que pode trazer “fortes garantias, novas oportunida-des e maior dinâmica para o desenvolvimento estável e contínuo de Macau”.

“O Governo da RAEM acredita que desde que saiba-mos aproveitar as oportuni-dades que nos são colocadas pelo desenvolvimento da Pátria, que nos dediquemos à optimização das nossas qualidades e que continue-mos a trabalhar empenhada e pragmaticamente, a nossa

Museu da Transferência visitado diariamente por centenas de turistas

Viagem ao espaço que é“um símbolo de Macau”

Região irá conseguir man-ter o seu desenvolvimento sustentável, assim como as condições sociais e de vida da população continuarão a ser gradualmente melhoradas”, apontou.

O JOGO, AS PMEE A PLATAFORMAChui Sai On não esqueceu de frisar velhas medidas para novos tempos: a diversifica-ção económica e a promoção do desenvolvimento saudável do sector do Jogo, tendo ainda assegurado “maior apoio” ao crescimento de outras indús-trias, como a de convenções e exposições.

O apoio às empresas locais “na prestação de serviços in-termediários de excelência à China e aos países de língua portuguesa” também será reforçado, segundo garantiu, que recordou que, em 2013, se assinalam os dez anos de existência do Fórum de Co-operação Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa. - *com Lusa

No dia 19 de Dezembro de 1999, os CTT- Correios de Macau lançaram o selo comemorativo da transferência de soberania “Macau Retrospectiva”, do arquitecto Carlos Marreiros. “A última edição especial sob a administração portuguesa”, explica o organismo ao Hoje Macau. “Os selos retratam os pontos históricos nos quatro séculos e meio de presença portuguesa em Macau.” No dia 20 de Dezembro, data que marcava o retorno de Macau à China, foi lançado o selo de “Comemoração do Estabelecimento de Macau como RAEM”. Foi desenhado pelos artistas chineses, Ren Guoan e Yang Wenqing. “O primeiro selo comemorativo estampado com os caracteres e letras ‘中國澳門 Macau, China’, que substituiu as letras “República Portuguesa” impressas nos selos de Macau antes da transferência. Representa uma nova era de Macau”, indicam os Correios de Macau. - Rita Marques Ramos

só abriu ao público cinco anos depois da efeméride, em Dezembro de 2004.

No dia em que o Hoje Macau visita o espaço, são poucos os que visitam o espaço: falam mandarim e tiram fotografias, maravi-lhados com aquelas peças trabalhadas, cheias de por-menores. Mas pouco depois chegam às dezenas – o museu faz parte dos vários pacotes turísticos que se ven-dem para descobrir Macau.

Mei Ho trabalha na re-cepção e é ela que coordena a entrada dos visitantes. Ao Hoje Macau, conta que todos os dias passam pelo espaço

junto ao Centro Cultural de Macau (CCM) centenas de turistas. Mas também há outro público. “Há muitos investigadores e estudantes que vêm aqui para saber mais sobre a transferência de soberania. Na maioria são visitantes da China, mas também há muitos estudan-tes de associações locais.”

Para Mei Ho, o museu é parte fundamental da história do território. “É um símbolo de Macau e é o úni-co sitio onde se coleccionam peças que são um memorial, com uma exposição fixa.”

Composto por três pisos, é no segundo que estão as pe-

ças oferecidas pelas diversas províncias da China aquan-do da criação da RAEM. Há ainda uma galeria para exposições especiais e um auditório para conferências.

AS REACÇÕES Questionada sobre as re-acções que sente por parte de quem passa no museu, Mei Ho considera que os “estudantes sentem muita curiosidade, e muitos dos que chegam vindos das escolas e jardins de infância pensam que é uma experiência bonita e especial. A maioria dos visitantes pensa que as peças são muito bonitas. Alguns gostam e apreciam, apesar de ser uma visita muito breve”.

Quanto ao futuro, a funcio-nária garante que é importante manter o museu tal como está. “Há cada vez mais pessoas a visitar Macau e a indústria do património e das heranças culturais é cada vez mais popular. Os visitantes estão mais educados e sabem como respeitar a cultura e apreciar as exposições e a arte. O museu é um sitio que serve para eles conhecerem o que é Macau”. - A.S.S.

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OS OUTROS PEDIDOS

sexta-feira 21.12.2012raem 13 anos6 www.hojemacau.com.mo

Cecília [email protected]

FORAM 1100 as pes-soas que participaram nas manifestações de ontem, incluindo al-

guns residentes de Hong Kong. Os manifestantes marcharam pela falta de cumprimento da promessa das 19 mil habita-ções, pela corrupção que dizem existir em Macau e ainda pela saída de Florinda Chan e Lau Si Io dos cargos de secretários.

O único conflito duran-te o dia de manifestação prendeu-se exactamente com um grupo que tentou colocar uma faixa na ponte pedonal da Rua do Campo. Liderado por Vong Wai Man e Lei Kin Ion, activistas pró--democratas, o grupo queria mostrar à população uma faixa onde desejam “Bom Natal a Florinda Chan”, significando, em chinês, o

Joana [email protected]

FOI a primeira vez que a comunidade lésbica,

bissexual, gay e transexual (LBGT) de Macau saiu à rua e, para o pai da iniciativa, não podia ter sido melhor. “Estou mito contente, fize-mos história”, referiu Jason Chao. “É a primeira vez que temos os cidadãos de Macau a manifestar-se nas ruas e a lutar pela igualdade de direi-tos da comunidade LBGT.”

Cerca de dez pessoas, pintadas e munidas de bandeiras com as cores do arco-íris – o símbolo da comunidade LBGT -, sobre-tudo jovens, gritaram pelas ruas de Macau por “igual-dade de oportunidades”, o que consideram não existir ainda na RAEM. “Sinto-me discriminada em Macau, muito na verdade”, contou ao Hoje Macau Cherry Ao, homossexual desde a adolescência. “Há muitos homossexuais em Macau e se queremos lutar pelos direitos humanos, que de-veriam ser iguais tanto para as pessoas ditas normais, como para nós, temos de sair à rua.”

Cherry foi uma das mulheres que acompanhou o grupo LBGT, que con-

• MACAO YOUTH DINAMICSProibição completa do fumo nos casinosCompensação dos feriados que se sobrepõem

• ASSOCIAÇÃO DOS DIREITOS DOS MORADORESDAS ILHAS (KA HO)Respeito pelos contratos de papel de seda

• ASSOCIAÇÃO DA FORÇA DE SUBSISTÊNCIADOS TRABALHADORES DE MACAUDiminuição do rendimento mínimo para acessoa habitações públicas

Mais de mil pessoas participaram em manifestações ontem

“Bom Natal Florinda Chan”

pedido de demissão da secre-tária para a Secretária para a Administração e Justiça antes do Natal. Os dois homens foram impedidos pela polícia de ficar muito tempo na ponte pedonal, mas ainda consegui-ram mostrar o cartaz.

Mas Florinda Chan não foi o único alvo das manifes-

tações de ontem. Pelo atraso do plano das 19 mil habitações públicas, querem a saída do secretário para as Obras Públi-cas e Transportes, Lau Si Io, devido à polémica da reforma pública, querem ver sair do cargo o director dos Serviços para a Administração e Fun-ção Pública, José Chu, e pelo

trânsito instam Wong Wan a sair do cargo do director para os Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT).

Bill Chou, um dos acti-vistas presentes na manifes-tação, mostrou-se satisfeito pela amostra de novos assun-tos na manifestação, como a protecção dos direitos

dos gays, mas notou menos participantes. “O Governo deu mais benefícios aos residentes e isso instou a que menos participassem. O povo olha para os benefícios e menos para os valores.”

SEM FLORINDA E CHEONGO deputado Ng Kuok Che-ong, também em marcha pela Associação Novo Ma-cau, acusou Florinda Chan de ser a mais incompetente entres os secretários. “O caso das campas mostra claramente que ela abusou de poder. Tenho fonte bem informada que me disse

que os secretários como a Florinda Chan e o Cheong Kuok Vá são os secretá-rios que não têm nenhuma função no Governo, se se tirassem os dois o Governo funcionaria”, disse enquanto se manifestava em frente à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, mas a polícia não permitiu. Ainda assim, a associação conse-guiu fazer um protesto em frente à TDM, que acusam de censura, e ao escritório de Fong Chi Keong, deputado indirecto da Assembleia Le-gislativa (AL), que acusam de conluio com o Governo.

Manifestação pelos direitos dos homossexuais pela primeira vez em Macau

O arco-íris saiu à ruatou com alguns apoiantes de Hong Kong. Kenneth Cheung, fundador do “Gru-po Arco-Íris da China” foi um deles. “Pela primeira vez juntei-me à comunidade de Macau, porque sei que eles

aqui não têm muitas pessoas que realmente queiram sair e lutar pelos seus direitos. Macau não tem organiza-ções gays, nem bares sequer, e espero que a experiencia de Hong Kong possa ajudar a

fazer com que mais LBGT saiam à rua.”

O problema principal para não o fazerem? Jason Chao e Cherry Ao explicam-no ao Hoje Macau. “Eu sinto medo em Macau. A minha mãe está

aqui comigo e isso deixa-me contente, porque muita gente que é minha amiga não está a caminhar connosco porque se sentem assustados que os vejam em fotografias ou na televisão”, conta Cherry.

“Macau não é confortável. Por exemplo, eu, assim que disse que ia entregar uma petição para proteger os di-reitos da comunidade gay, tive problemas com cidadãos que ligaram para a rádio chinesa a tecer comentários negativos à Associação Novo Macau, da qual sou presidente. Os chi-neses têm uma mente muito fechada, mas pretendemos fazer a comunidade entender que os direitos dos homos-sexuais devem ser iguais. A homossexualidade não é mais vista como uma doença.”

A ideia de fazer uma ma-nifestação pelos direitos dos homossexuais surge depois de o Governo decidir retirar da Lei de Combate à Violên-cia Doméstica a protecção aos casais do mesmo sexo. Jason Chao disse ao Hoje Macau que iria tentar uma reunião com o Executivo para que este faça emendas na lei antes de esta subir a plenário.

O grupo marcou o passo LBGT pela primeira vez em Macau e contou também com participantes heteros-sexuais.

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7sexta-feira 21.12.2012 www.hojemacau.com.mo política

Joana [email protected]

JORGE Neto Valente, presidente da Associa-ção dos Advogados de Macau (AAM), foi mal-

-interpretado pelo Ministério Público (MP) no que diz res-peito ao que é já denominado “caso do comentário apaga-do”. O advogado, que veio a público pronunciar-se após um pedido público feito pelo Hoje Macau para que fosse explicada a possibilidade de o MP ordenar a eliminação de um comentário no nosso website, foi alertado pelo organismo dirigido por Ho Chio Meng: “É de realçar, é absolutamente inadequado um advogado discutir e criti-car em público um caso que se encontra na fase de inquérito na media”, pode ler-se num comunicado publicado na íntegra na edição de terça-feira do Hoje Macau.

Contudo, importa escla-recer, que não há qualquer processo de inquérito a decorrer no que ao cha-mado “caso do comentário apagado” diz respeito – o Hoje Macau não apresentou qualquer tipo de queixa e

Contudo, importa esclarecer, que não há qualquer processo de inquérito a decorrer no que ao chamado “caso do comentário apagado” diz respeito – o Hoje Macau não apresentou qualquer tipo de queixa e não foi informado de que o MP tivesse iniciado qualquer procedimento, até porque o organismo nunca respondeu a este jornal

CHUI Sai On disse ontem que ficou a saber da existência de arguidos no âmbito do

processo do “caso das campas” apenas pelo que foi dito nos órgãos de comunicação social. À partida para Pequim, o Chefe do Execu-tivo disse que foi o Comissariado Contra a Corrupção que deu início a uma investigação independente deste caso e que o relatório, já publicado, tinha um conteúdo e conclusão bem explícitos.

Recorde-se que, conforme avançado pelo Hoje Macau, foram constituídos quatro arguidos no âmbito do caso da atribuição ilegal de dez sepulturas no Cemitério de São Miguel Arcanjo. Importa salientar que os quatro arguidos – onde se inclui Raymond

Tam, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais – estão constituídos arguidos durante o processo de investigação e não pela atribuição das campas.

Chui Sai On disse que só depois de conclu-ída a fase de instrução é que as autoridades se podem pronunciar sobre o caso. “Por agora é impossível falar sobre o próximo passo. Mui-tas vezes, na sequência dos procedimentos processuais, o caso vai se tornando público, mas nesta altura é necessário defender o princípio da confidencialidade”, pode ler-se num comunicado emitido pelo Gabinete de Comunicação Social.

O Chefe do Executivo recordou, contudo, que qualquer processo judicial termina com

uma sentença do tribunal e que as pessoas envolvidas têm direito ao recurso. Recorde-se que os directores são julgados pelo Tribunal de Segunda Instância, ao contrário dos se-cretários que passam, logo, para o de Última Instância, não tendo direito a recurso. Sobre se haverá sanção disciplinar aos arguidos, o líder do Executivo não se quis pronunciar.

Na atribuição das campas não há ainda arguidos constituídos, sendo que o Tribunal Judicial de Base emitiu um comunicado onde desmentia Ho Chio Meng, procurador da RAEM, que disse que o caso estava em fase de instrução. Ao que parece, em andamento está um processo relativo à investigação e não à atribuição das campas. - J.F.

Advogado discorda com reforço de poderes para MP Neto Valente não concorda com o reforço dos poderes do Ministério Público que Ho Chio Meng tem reivindicado, a par da revisão do Código de Processo Penal. Em declarações à Rádio Macau, o advogado dá como exemplo o caso do comentário apagado no website do Hoje Macau para se mostrar preocupado com o desejo do Ministério Público (MP) querer mais poder. “Diria que me preocupa o facto de este tipo de atitude [“caso do comentário apagado”] se inscrever na mesma linha de pensamento que foi manifestada pelo MP junto da Assembleia Legislativa e do Governo, no sentido de o MP passar a ter mais poderes e alguns poderes que a lei reserva para os magistrados judiciais. Isso é que é preocupante e perigoso”, disse à Rádio Macau.

Neto Valente foi mal interpretado pelo Ministério Público e assegura que “não se calará”

Dois casos diferentes, senhor procurador

não foi informado de que o MP tivesse iniciado qualquer procedimento, até porque o organismo nunca respondeu a este jornal. Há, isso sim, um processo que se encontra

em fase de inquérito mas que diz respeito ao caso de alegada difamação que o mesmo comentário poderá ter originado – Paulina Alves dos Santos, a visada,

apresentou queixa, mas Neto Valente nunca se terá pronunciado publicamente sobre esse assunto.

Depois da resposta do MP às declarações de Neto Valente – que frisavam não ter “fundamento legal” a actuação do MP em mandar apagar o comentário -, o ad-vogado voltou a público para, mais uma vez, esclarecer o organismo liderado pelo procurador Ho Chio Meng. “Não me pronunciei sobre o inquérito e sobre processo ne-

nhum. Sou totalmente alheio ao processo. Pronunciei-me sobre uma atitude que consi-dero errada: a do Ministério Público aplicar medidas que, na minha opinião, não lhe compete tomar. No nosso sistema o Ministério Público acusa, propõe medidas e os tribunais, os juízes, decidem, sancionam, acolhem ou rejeitam as medidas propos-tas”, disse à Rádio Macau o presidente da AAM.

Ao Hoje Macau não foi possível chegar à fala com

Chefe do Executivo fala na possibilidade de recurso no “caso das campas”

Esperar para ver

Neto Valente, sendo que redigimos, por isso, o que o ad-vogado explicou ao canal por-tuguês da rádio. “Não compete ao Ministério Público fazer censura a órgãos de comuni-cação social, seja ao abrigo da criminalidade informática ou de outra lei qualquer. Isso não é o sistema de Macau. É isso que me preocupa”, acrescentou, sublinhando que “ninguém” o “vai calar com comunicados desfocados ou atitudes erradas”. “Não me vou calar e nenhum advogado se vai calar. Isto é uma afronta à liberdade dos cidadãos. Isso não pode ser.”

Recorde-se que o MP disse ser “absolutamente inadequado um advogado discutir e criticar em público um caso que se encontra na fase de inquérito”, o que é distante da realidade. Neto Valente contestou a atitude do organismo e não co-mentou o caso que envolve Paulina Alves dos Santos. São dois casos diferentes, o que o MP parece não ter per-cebido. Devido a ser feriado, ontem, o Hoje Macau não foi capaz de obter reacções do procurador da RAEM, de forma a esclarecer que, no que ao comentário apa-gado diz respeito, não existe qualquer processo em fase de inquérito. Ho Chio Meng ainda foi instado a comen-tar as declarações de Neto Valente, à margem de uma cerimónia para celebrar o 13º aniversário da RAEM, mas preferiu não o fazer.

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8 política sexta-feira 21.12.2012www.hojemacau.com.mo

Cecília [email protected]

NUMA entrevista ao jornal Ou Mun, Jorge Neto

Valente, presidente da As-sociação dos Advogados de Macau (AAM), e Paulino Comandante, secretário-geral da associação, explicaram o que apelidam de “mal-en-tendidos” sobre as alterações ao regulamento de acesso à advocacia. Os dois membros da AAM, acompanhados tam-bém pelos vogais Leong Weng Pun e Mok I Leng, apontaram que a associação respeita as opiniões do deputado Ung

Joana [email protected]

MACAU ainda vai ter de esperar pelo menos dois anos para poder ver concluído

um plano de desenvolvimento ur-banístico. O Conselho Executivo já aceitou a proposta de lei que vai ainda ter de esperar aprovação da Assembleia Legislativa.

O conteúdo do documento proposto prevê que bens imóveis privados possam ser expropria-dos, se o plano urbanístico assim o exigir. Por exemplo, para a construção de praças, parques, jardins ou redes viárias, o Gover-no pode retirar as propriedades aos cidadãos e expropriá-los dos seus direitos sobre os imóveis, a troco de uma indemnização. “A indemnização deve corresponder ao valor real da propriedade no momento da expropriação e deve ser paga sem demora”, pode ler-se no documento de apresentação do Conselho Executivo, distribuído na quarta-feira.

O planeamento urbanístico do território vai estar assente em dois tipos de planos: o director – que assenta na estrutura geral – e os de pormenor, para zonas mais específicas, que definem regras para a altura dos edifícios e de apro-veitamento de solos, assim como as políticas para a protecção do património cultural e do ambiente.

O plano director será o que demorará menos a ser feito – dois anos -, mas os de pormenor vão precisar de mais atenção, frisou

Lei do Planeamento Urbano, concluída em dois anos, prevê participação da população

Expropriação de privados é possívelLeong Heng Teng. O porta-voz do Conselho Executivo disse, numa conferência de imprensa, que estes planos podem precisar de mais tempo, uma vez que é preciso primeiro um plano director e só depois é que se pode avançar com os planos de pormenor. “Claro que não vamos aguardar até ao final da elaboração do plano director para começar do zero os planos de pormenor. Muitos trabalhos preparativos para esses planos de pormenor podem ser já iniciados. As obras públicas e outros serviços públicos podem ir recolhendo da-dos e informações para análise, que vão facilitar a sua concretização”, explicou Leong Heng Teng, citado pela Rádio Macau.

POPULAÇÃO PARTICIPATIVA Previstas na lei passam a estar multas em caso de infracção, que podem ir das 25 mil aos dois milhões de patacas. Mas uma das maiores novidades no que ao planeamento urbano diz respeito é a participação da população, que o Governo considera de “ex-trema importância”. Os planos urbanísticos vão depender do aval da população, sendo que a lei prevê que todos os projectos têm de ser submetidos a consulta pública antes de serem aprovados pelo Chefe do Executivo. “Caso o projecto seja muita alterado, será posto novamente a auscultação”, refere o comunicado do Governo.

Mas o Governo não está sozi-nho e além de querer os cidadãos a participar, conta ainda com a ajuda de um Conselho do Planeamento

Urbanístico – um grupo constitu-ído por cerca de 40 pessoas, entre arquitectos, especialistas e, pelo menos, quase duas dezenas de representantes do Governo.

O plano director será revisto de cinco em cinco anos e os de pormenor sempre que houver al-teração ao plano geral. Contudo, segundo Leong Heng Teng, mes-mo depois da aprovação da pro-posta de lei, as obras públicas vão continuar a seguir as orientações dos planos que agora existem. A situação só vai mudar quando os novos planos - o director e os de

pormenor – entrarem em vigor, cita a Rádio Macau.

AVANÇOS E RECUOSO projecto de Lei do Planeamento Urbanístico é um dos diplomas mais requeridos em Macau, que peca pela construção desenfreada e sem regras. Em 2008, o Governo considerou necessário apresentar um projecto devido “a necessidade de um sistema de planeamento que se adequasse à realidade de Macau”. O Executivo encomendou ao Centro de Pesquisa de Desen-volvimento Urbano da Província

de Guangdong a realização de um estudo para o regime de pla-neamento urbano e a proposta de lei esteve em consulta pública no primeiro trimestre deste ano – sem muitos dos pormenores que os deputados diziam ser necessários. Contudo, não sem antes ser alvo de avanços e recuos do Governo. Em Dezembro do ano passado, por exemplo, Lau Si Io afirmou que a lei não poderia avançar sem se saber primeiro quais as trans-formações que vão ocorrer nos terrenos a desenvolver nos novos aterros. O secretário para as Obras Públicas e Transportes voltou atrás em Outubro deste ano e admitiu que a Lei do Planeamento Urbanístico poderia ser entregue à AL até ao final do ano. Já este mês disse que iria entrar em processo legislativo para o próximo ano, a par de mais outros três diplomas e da também tão esperada Lei de Terras.

O impacto do desenvolvimento urbano sobre o património de Macau tem sido uma das grandes preocu-pações da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que alertou o executivo local para a necessidade de adoptar medidas de planeamen-to urbano para que a classificação do centro histórico não venha a estar em risco. A primeira resposta às recomendações da UNESCO surgiu este mês com a aprovação na generalidade da proposta de lei de Salvaguarda do Património, mas Macau continua a não ter um plano urbanístico, que tem sido também uma das principais reivindicações dos arquitectos do território.

Associação dos Advogados de Macau explica novamente polémica sobre acesso à advocacia

Dados em cima da mesa

Exames de acesso durante Dezembro e Janeiro Nos dias 22 e 29 de Dezembro e 5 e 12 de Janeiro de 2013, na sede da Associação dos Advogados de Macau, vão ter lugar as provas orais do exame de admissão ao curso de estágio de advocacia, com início às 14h30. Serão avaliados 27 candidatos e a realização dos exames é aberta ao público.

Choi Kun, mas não concorda com alguns dos seus pontos de vista, que consideram ir contra aos factos.

Recorde-se que o deputa-do contestou na Assembleia Legislativa (AL) o facto de os candidatos a estagiários ficarem inibidos de tentar o acesso durante cinco anos caso reprovassem três vezes no exame de admissão. Além disso, o deputado criticou ainda o que chamou de desigualdade entre advo-gados locais e portugueses, alegando que os causídicos de Portugal têm benefícios no território.

A AAM apresentou da-dos: os entrevistados referi-ram que em 1999, o número de advogados era 87, incluin-do seis advogados chineses e quatro estagiários também de origem chinesa. Já os núme-ros deste ano reflectem que Macau já tem 251 advogados e 105 estagiários, incluindo 68 advogados e 82 estagiá-rios chineses, o que mostra que o número dos advogados vindos de Portugal tem vindo a ser gradualmente reduzido e que o de advogados locais tem aumentado. “Em Janei-ro de próximo ano, haverá 54 advogados estagiários

envolvidos no teste de ava-liação, mais de 90% destes advogados são locais”, pode ler-se na entrevista dada ao Ou Mun.

Jorge Neto Valente já tinha vindo a público contestar as declarações de Ung Choi Kun e na edição de ontem do Ou

Mun voltou a frisar que não há discriminação entre advo-gados e que todos – chineses ou portugueses – têm de passar pelo exame de admissão.

A alteração ao regula-mento de acesso à advocacia serve, explica a AAM, para evitar que alguns advogados

estagiários arrastem o período de acesso, fazendo com que os custos com estes advoga-dos sejam muito elevados. “É necessário padronizar a avaliação dos advogados es-tagiários e fazer com que seja concluída dentro e um tempo especifico.”

A AAM sublinhou ainda que só admite a licenciatura da Universidade de Ma-cau porque os cursos das outras universidades “têm um conteúdo, materiais de ensino e professores que não contemplam o nível de qualificações exigidas pelo advogados locais”.

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sexta-feira 21.12.2012 9www.hojemacau.com.mo sociedade

A nova directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena Senna

Fernandes, que tomará posse oficial a 26 de Dezembro, quer acentuar a colaboração do organismo com o Instituto Cultural e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, com o objectivo de dar a conhecer aos visitantes alguns pontos turís-ticos que estão mal divulgados. “Há pontos turísticos que não são visitados pelos turistas, já que estão mal divulgados. Para o ano vamos lançar um projecto, em colabora-ção com o Instituto Cultural e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, para que os turistas possam descobrir alguns bairros que não estão bem promovidos”, apontou. No entanto, revela, dará continuidade ao trabalho que vinha sendo desenvolvido e apostar no reforço de alguns mercados, como o russo, onde a DST vai passar a ter nova representação. “Para o ano, claro que temos de ter em mente a economia mundial porque vai afectar o turismo e vamos ver quais são os mercados com potencial para o turismo ser promovido, um dos mercados novos que vamos começar a trabalhar com mais re-gularidade é a Rússia, porque estão

já dispensados os vistos para entrar em Macau e, por outro lado, existe um bom grupo de pessoas com poder de compra e com interesse em viajar para Macau”, avança.

O combate ao alojamento ilegal continua a ser uma das apostas dos Serviços de Turismo, que querem também reforçar a ligação com os residentes. “Os residentes de Macau são todos embaixadores do turismo e têm que nos ajudar a promover Macau”, referiu, admi-tindo que a RAEM seja visitada em 2012 por 28 milhões de turistas, “o mesmo número de 2011”.

NOVA SUBDIRECTORA APRESENTADA EM BREVEHelena Sena Fernandes não revelou o nome da nova subdirectora dos Serviços de Turismo mas adiantou que se trata de um quadro que tra-balha há muitos anos no organismo. “É uma pessoa com capacidade e que tem já bastante experiência no turismo. Uma colega, que trabalha há muito tempo na DST, uma pes-soa da casa, que vai ser anunciada muito em breve”, revelou. Manuel Pires irá manter-se como um dos subdirectores dos Serviços de Turismo.

O maior complexo habitacional de Ma-

cau está praticamente concluído em Seac Pai Van, Coloane, informou hoje o Conselho para os Assuntos de Habitação Pública e das associações das ilhas. Completando com 9015 apartamentos,

Jovem de 15 anos morreu depois de ser espancado na Rua de Londres, no NAPE

Assistentes sociais públicos podem vir a ser credenciados

Contra a regra “um emprego, dois sistemas”Andreia Sofia [email protected]

FOI a critica mais ouvida quando o Instituto de Acção Social (IAS) anunciou que ia lançar o texto de consulta

pública sobre a lei que irá criar o re-gime de credenciação dos assistentes sociais: o sector público não iria estar abrangido, apenas o privado.

O relatório final sobre o perío-do de consulta mostra que 41,2% das respostas vai no sentido de incluir os assistentes sociais pú-blicos, no sentido de evitar “uma situação de uma profissão, dois sistemas, que conduziria a uma discriminação social”. O IAS “concordou que o regime terá de tratar todas as pessoas em pé de igualdade, e por isso vem manten-do contactos com os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) para tentar incluir no re-gime os assistentes sociais que são

funcionários públicos”, acrescenta o documento.

O anúncio da consulta pública foi feito em Maio passado, dando resposta a uma ideia que o Exe-cutivo já tinha há cerca de quatro anos. A maior parte das respostas, 52,5%, chegou por via directa, enquanto que 35,7% foi feita nas redes sociais

INDEPENDÊNCIAFACE AO GOVERNO A criação do Conselho dos As-sistentes Sociais Registados foi o que gerou mais preocupação de quem participou na consulta, com 60,1% das respostas. A maioria considera que 50% dos seus membros devem ser “assistentes sociais profissionalizados” e que deve ter a máxima autonomia face ao Executivo. Segundo o relatório, “o texto para consulta não especifica a proporção de assistentes sociais no Conselho”

estando previstos nove membros da Função Pública e quatro do privado. Os profissionais querem ainda que o Conselho atinja os 13 membros, por forma a dar res-posta aos actuais 700 assistentes sociais. Os participantes querem ainda ver incluídos membros da comunidade jurídica e outros com “reconhecido mérito social”.

De resto, o Conselho “deve ser o órgão de máxima autoridade” e deve ser eleito pelo sector do servi-ço social. Quanto a competências, deve ser responsável pela confi-dencialidade e pela “realização de estudos sobre politicas e medidas para o progresso profissional”.

Mas o que mais se destaca é o pedido de independência face ao Governo: muitos pedem expres-samente “o fim da autoridade do presidente do IAS”, “autonomia profissional” e defendem que “o Governo não deve supervisionar a profissão de assistentes sociais”.

Helena de Senna Fernandes quer maiscolaboração do Turismo com o IC e IACM

Pontos turísticosmais visíveis

Concurso público para itinerários de autocarro entre Seac Pai Van e a Ilha da Montanha é lançado no primeiro semestre

Habitação públicacom acesso à UMAC

A madrugada de ontem foi manchada com sangue na Rua de Londres, no NAPE. Um jovem de 15 anos foi espancado com cintos por um grupo de oito ou nove pessoas, depois de deixada uma outra vítima já estendida no chão, segundo a única testemunha ocular do incidente que tentou ajudá-los mas sem sucesso e acabou por ser

empurrada pelos agressores ficando com ferimentos ligeiros. A senhora chamou a polícia mas quando os agentes chegaram já só lá estava o adolescente estendido no chão. Os agressores tinham fugido, o outro jovem agredido também e, segundo a mesma testemunho, fugiu ferido. O rapaz de 15 anos chegou ao Kiang Wu ainda com

vida mas acabou por morrer por volta das 5h da manhã. A família já tinha sido avisada pela Polícia de Segurança Pública que, entretanto, transferiu o caso para a Polícia Judiciária. Ainda ninguém foi detido, as autoridades encontram-se a investigar quem são os autores do espancamento que causou a morte ao jovem.

o projecto do Governo de construção de 19 mil casas públicas. Com o objectivo de responder às necessidades de trans-porte da habitação públi-ca de Seac Pai Van e do compus da Universidade de Macau (UMAC) na Ilha da Montanha, prevê--se que sejam instalados provisoriamente 10 iti-nerários de autocarros para percorrer os locais acima referidos, sendo que quatro itinerários que percorrem o com-pus da Universidade de Macau em Hengqin e seis itinerários que

percorrem Seac Pai Van, procurando-se que o concurso pública para a prestação do serviço de autocarros seja publica-do no primeiro semestre do próximo ano. Por outro lado, será facilitado o transbordo entre auto-carros e metro ligeiro. No planeamento a longo prazo do metro ligeiro, uma maioria das zonas de Macau será coberta com as redes do metro ligeiro de “duplo círculo e duplo eixo”.

O anúncio foi feito pelos responsáveis do conselho, Tam Kuong

Man, presidente do Instituto de Habitação Social, e Jaime Carion, director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Trans-portes (DSSOPT) que visitaram ontem os três empreendimentos de habitação económica de – Edifício Koi Nga, Edi-fício Ip Heng e Edifício On Son. Este último, garantem, vai ser atri-buído antecipadamente na próxima semana, estando concluído o processo de venda no princípio de Fevereiro do próximo ano. - R.M.R.

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sexta-feira 21.12.2012nacional10

MAIS de 400 mem-bros de uma “seita religiosa”, acusada de “difundir boatos

acerca do fim do mundo” e “ad-vogar o confronto” com as auto-ridades, foram detidos no noroeste da China, anunciou quarta-feira a imprensa oficial chinesa.

As detenções ocorreram na província de Qinghai, no âmbito de “uma campanha nacional para eliminar” uma auto-denominada

PELO menos 12 altas funcionárias chi-nesas foram detidas pela polícia por

desbaratar milhões de patacas de fundos do Estado em tratamentos de beleza e cos-méticos, revela ontem a imprensa nacional.

Apresentação de facturas falsas, pedir ou aceitar cartões para ir à sauna, salões de beleza ou aceder a tratamentos de pele e corpo entre muitas outras opções, as fun-cionárias, com idades entre os 40 e 50 anos, estão obcecadas com a sua beleza e algumas delas entraram nos centros de beleza mais de uma centena de vezes.

A investigação das autoridades teve início com uma investigação à antiga líder do departamento de pessoal do Gabinete de Saúde de Pequim, encarregada das finanças e administração, Bai Hong.

Esta responsável apresentava facturas di-versas de reuniões, fornecimento de material,

entre outras, que na realidade eram gastos em serviços de beleza utilizados por ela.

Os Procuradores descobriram que as quatro empresas que emitiam facturas tinham sido fundadas pelo Grupo de Administração de Clubes Femininos locais, que possuíam também uma cadeia de salões de beleza luxuosos no centro de Pequim e que dispo-nibilizavam facturas falsas.

Bai Hong foi sentenciada a 15 anos de cadeia em Dezembro de 2011 por ter gasto cerca de 4 milhões de patacas entre Julho de 2006 e Março de 2011.

Outras altas responsáveis da administra-ção chinesa, como Yang Ping, antiga chefe do Departamento de Finanças de Pequim, foi acusada de ter recebido prendas no valor de cerca de 670.600 patacas em tratamentos de beleza, e recebeu, contra facturas, outras 200.500 patacas do serviço que dirigia.

A agência noticiosa oficial chinesa Xinhua ques-

tionou terça-feira a “since-ridade” do futuro primeiro--ministro japonês, Shinzo Abe, quanto à sua vontade de melhorar as relações com Pequim, que atravessam um mau momento devido a um conflito territorial.

Num comentário, a Xi-nhua assinala que Abe considerou não haver lugar a negociações sobre as disputadas ilhas Diaoyu e que lamentou não ter ido ao santuário de Yasukuni,

O embaixador António Martins da Cruz traçou

ontem o retrato de Jaime Gama como o político que, pelo tempo que ocupou a pasta da diplomacia portu-guesa e pelas “prioridades” que seguiu, mais a marcou.

Numa conferência pro-ferida a convite do Instituto Diplomático, no Palácio das Necessidades, em Lisboa, Martins da Cruz, ex-minis-tro dos Negócios Estrangei-ros (2002-2004), começou por recordar que se afastou da carreira diplomática após ter sido ministro, por con-siderar que “quem exerce cargos de responsabilidade política não deve regressar à diplomacia”, e que não entrava nas Necessidades desde 2003. “Estou noutra”, confessou, reconhecendo que não conseguiu “resistir ao convite” para falar sobre “as influência e marcas que Jaime Gama deixou” na diplomacia.

Conheceram-se “em 1965 ou 66, no bar das Letras”, mas viveram “em mundos e círculos diferen-tes”. Cruz acabaria, mais tarde, por suceder a Gama como ministro dos Negó-cios Estrangeiros. “Os seus conselhos” foram de “gran-de utilidade”, reconheceu.

Gama esteve nove anos à frente dos Negócios Es-trangeiros (divididos por dois períodos, um de dois e outro de sete) e, durante

esse tempo, soube “resistir a pressões na frente da política externa”, declarou Martins da Cruz.

O embaixador lembrou que só o ditador Salazar ocupou mais tempo a pasta da diplomacia, em acumu-lação de funções com o cargo de presidente do Con-selho, e apenas por “mais 510 dias” do que Gama, que esteve “3231 dias como ministro a tempo inteiro”, sem contar o período de acumulação com a pasta da Administração Interna.

Gama assumiu pela primeira vez a pasta em 1983 e, em dois anos, teve como prioridade “acertar o passo com a Europa”. Saiu em 1985, antes da adesão à Comunidade Económica Europeia (antecessora da União Europeia), mas a sua “acção foi fundamental” para separar os processos de adesão de Portugal e Espanha, disse.

Martins da Cruz lem-brou que Gama regressou à chefia da diplomacia em 1995 e “encontrou um ministério diferente e uma política externa mais diluída”.

Segundo o diplomata, a Europa era o novo paradig-ma e a política externa era já mais “pilotada” pelo chefe de Governo, ficando os Negócios Estrangeiros com práticas de gestão. Mas não foi assim com Gama, que

beneficiou do governo de maioria socialista chefiado por António Guterres, que lhe deu “grande margem de manobra”.

A denúncia das viola-ções dos direitos dos timo-renses foi uma constante no segundo mandato. “Foi uma das mais significativas acções diplomáticas” de Portugal e a “única causa re-cente de política externa que a opinião pública apoiou”, recordou Martins da Cruz.

A transição de Macau para a China (deixando no território o maior consulado de Portugal no mundo) foi outro acontecimento mar-cante do segundo mandato de Gama, segundo Cruz.

Gama soube “orientar a resposta adequada aos de-safios europeus” e preparar a entrada no euro. Percebia que, na cena internacional, Portugal “tem de reagir e poucas vezes tem oportu-nidade para agir”, frisou.

Gama acreditava que o respeito na Europa aumen-taria o respeito no resto do mundo – atitude que Portugal terá “de recuperar depois da crise”, antecipa Cruz.

Em resumo, disse, a concluir, o que distinguiu Gama foi “o ângulo da política pura” e “dizer só o que quer e não o que os outros querem ouvir”. Aliás, “praticava o silêncio com mais peso do que a palavra”. - Lusa

Polícia chinesa deteve mais de 400 membros de “seita apocalíptica”

Líder foge para os Estados Unidos

Martins da Cruz descreveu Jaime Gamacomo o político que mais marcou a diplomacia

Com cunhoem Macau e na China

Altas funcionárias detidas por desbaratarem dinheiro público em tratamentos de beleza

Ricos cremes

Agência oficial chinesa questiona “sinceridade” de novo PM japonês

Contradições nipónicas

Igreja do Deus Poderoso, “um grupo pseudo-religioso que incitou dezenas de tumultos em várias regiões”, disse o Global Times.

Nos dias 5 e 6 de Dezembro, registaram-se “oito casos de pro-paganda ilegal, ajuntamentos e tumultos” em várias localidades, incluindo Xining e Golmud, as principais cidades de Qinghai, indicou o jornal, do grupo Diário do Povo, o órgão oficial do Partido Comunista Chinês.

Segundo o Global Times, mem-bros “daquela seita” estão a propa-gar que na próxima sexta-feira, data do fim do mundo supostamente pre-vista pelo antigo calendário maia, o Sol não nascerá e nos três dias seguintes não haverá electricidade.

Além de “lançar pânico e agi-tação na sociedade”, a organização incita os seguidores a “desafiarem o Partido Comunista e o Governo”, afirmou o diário, que cita um co-municado da polícia.

A auto-denominada Igreja do Deus Poderoso, descrita pelas auto-ridades como “uma seita demoníaca que é contra a ciência, a sociedade, a humanidade e o governo”, foi fundada em 1990 na província de Henan, no centro da China.

O fundador, Zhao Weishan, terá já fugido para os Estados Unidos, mas a organização contará ainda com “mais de mil elementos cha-ve” no interior da China, referiu o Global Times.

onde segundo Pequim são venerados criminosos de guerra, durante o seu último mandato como chefe de governo (2006-2007).

Abe também disse pre-tender intensificar a co-municação com Pequim para melhorar as relações bilaterais, mas “declarações tão contraditórias da parte do futuro primeiro-ministro japonês colocam a questão da sua sinceridade quanto a querer melhorar as relações com a China”, considera a agência.

Na segunda-feira, o Mi-nistério dos Negócios Es-trangeiros chinês declarou--se “muito preocupado” com “a direcção que pode tomar o Japão” de Shinzo Abe.

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sexta-feira 21.12.2012 11www.hojemacau.com.mo região

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 28 de Novembro de 2012, se encontra aberto o Concurso Público para “Fornecimento e Instalação de Um Sistema de Monitorização Fisiológica aos Serviços de Saúde”, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 19 de Dezembro de 2012, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.º andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de $31,00 (trinta e uma pataca), a título de custo das respectivas fotocópias ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente

Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 15 de Janeiro de 2013. O acto público deste concurso terá lugar no dia 16 de Janeiro de 2013, pelas 10,00 horas, na sala do “Auditório” situada junto ao C.H.C.S.J. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor $ 93 660,00 (noventa e três mil e seiscentas e sessenta patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 17 de Dezembro de 2012.

O Director dos Serviços, Substº

Chan Wai Sin

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 26 de Novembro de 2012, se encontra aberto o Concurso Público para “Fornecimento de Refeições Confeccionadas aos Serviços de Saúde”, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 19 de Dezembro de 2012, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, nº 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1º andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de $30,00 (trinta patacas), a título de custo das respectivas fotocópias ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente

Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 17 de Janeiro de 2013. O acto público deste concurso terá lugar no dia 18 de Janeiro de 2013, pelas 10,00 horas, na sala do “Auditório” situada junto ao C.H.C.S.J. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de $ 254 000,00 (duzentas e cinquenta e quatro mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 17 de Dezembro de 2012.

O Director dos Serviços, Subtº

Chan Wai Sin

AVISOCONCURSO PÚBLICO N.º 35/P/2012

AVISOCONCURSO PÚBLICO Nº 36/P/2012

O ministério da Educa-ção da Tailândia vai propor que sejam disponibilizados co-

letes anti-bala para professores que leccionam em escolas no sul do país face ao aumento dos atentados perpetrados pelo movimento separatista islâmico, noticiou quarta-feira a imprensa local.

O anúncio do vice-ministro da Educação, Sermsak Pongpa-nit, ocorreu depois dias depois do último ataque dos rebeldes muçulmanos, que alegadamen-te mataram dois funcionários e feriram outros cinco, incluindo um docente na província de Narathiwat.

Sermsak sublinhou que os coletes podem salvar vidas, face ao aumento dos ataques contra docentes e escolas, escreve o diário Bangkok Post, citado pela agência Efe.

A Presidente eleita da Coreia do Sul, Park

Geun-hye, garantiu ontem dar a prioridade à segurança nacional e disse que o lan-çamento de um foguete de longo alcance pela Coreia do Norte reflecte a “grave reali-dade” da península coreana.

“O lançamento de um míssil de longo alcance da Coreia do Norte mostrou simbolicamente a grave

realidade em matéria de se-gurança que enfrentamos”, disse Park Geun-hye na sede do seu partido e em declara-ções feita à agência Yonhap.

A Presidente eleita acres-centou que irá trabalhar na promoção da reconciliação, cooperação e paz no nordeste asiático tendo como base a “percepção correcta da história”.

A afirmação Park Geun-

-hye é uma aparente referên-cia aos conflitos diplomáticos entre o Japão e a Coreia do Sul que exige ao seu vizinho um pedido de desculpa pelos da-nos causados durante a ocu-pação japonesa e o abandono das disputas territoriais sobre as ilhas Dokdo/Takeshima, governadas de facto por Seul.

Park Geun-hye foi eleita quarta-feira com 51,6 % dos votos.

Tribunal tailandês ordenou extradição de banqueiro italianoUm tribunal tailandês ordenou a extradição de um banqueiro italiano fugido à justiça e que terá lavado dinheiro de alguns dos principais mafiosos italianos como parte do denominado “Pizza Connection”. O tribunal penal tailandês acabou por decidir ontem que Vito Roberto Palazzolo será extraditado para Itália onde foi julgado e condenado a uma pena de prisão de nove anos pelas suas ligações à máfia. Vito Roberto Palazzolo foi detido no aeroporto da capital tailandesa em Março quando se preparava para embarcar para a África do Sul. A polícia tailandesa tinha sido alertada pelas autoridades italianas que acompanhavam Palazzolo no Facebook e noutras redes sociais onde o banqueiro e a família escreviam. Palazzolo, 65 anos, foi implicado no caso “pizza Connection” que implica tráfico de droga e lavagem de dinheiro, acusações que o banqueiro nega dizendo estar a ser um “Bode expiatório”.

Japonês encontra o equivalente a mais de 890 mil patacas no lixoUm trabalhador de um depósito de resíduos no Japão encontrou o equivalente a cerca de 890 mil patacas no lixo, informou ontem a polícia nipónica. “Cerca de mil notas de 10.000 ienes (cerca de 890,6 mil patacas) saíram sem danos do pulverizador”, disse um porta-voz da polícia de Asaminami, situada na prefeitura de Hiroshima, no oeste do país. O mesmo responsável adiantou ainda que existiam 2.300 fragmentos de notas destruídas por uma máquina de processamento de resíduos volumosos, como armários e colchões, os quais não são recolhidos na tradicional recolha de lixo. De acordo com a agência noticiosa francesa AFP, a polícia suspeita que o dono do dinheiro se esqueceu dele quando deitou fora alguma mobília. O dinheiro foi descoberto na segunda-feira. Caso ninguém reclame a verba dentro de três meses, a instalação tem o direito de o fazer, acrescentou o porta-voz da polícia.

Governo tailandês recomenda uso de coletes anti-bala a professores do sul

Profissão de risco

Presidente eleita da Coreia do Sul elege segurança como prioridade política

Recados para vizinhos

A proposta foi bem recebida pelo secretário-geral do Con-selho de Segurança Nacional, o tenente general Paradorn Patthanathabutr, o qual deu

conta de que os coletes anti--bala podem ser entregues de imediato.

Os professores já possuem licenças de porte de arma

para se poderem defender de eventuais ataques, sendo que as autoridades estão a estudar a possibilidade de colocar detec-tores de bombas e câmaras em todas as estações de comboios nas províncias de Pattani, Yala e Narathiwat.

Pelo menos 157 professo-res, na sua maioria budistas, foram mortos desde que os rebeldes retomaram a luta armada em 2004.

Os ataques, cuja autoria nem sempre é reivindicada, são dirigidos, na maioria das vezes, contra docentes, acusa-dos pelos alegados insurgentes de impor a sua cultura budista nas províncias de maioria mu-çulmana.

As províncias de Pattani, Narathiwat e Yala são frequen-temente palco deste tipo de ataques - com recurso a armas de fogo ou explosivos -, apesar do destacamento de cerca de 40 mil efectivos das forças de segurança.

Mais de 5.300 pessoas mor-reram no sul da Tailândia desde que o movimento separatista islâmico, formado por meia dezena de grupos, decidiu re-tomar a luta armada em Janeiro de 2004.

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sexta-feira 21.12.2012www.hojemacau.com.mo12 cidade latina

Rita Marques [email protected]

PORTUGAL, Brasil, Argentina, México, Peru, Colômbia fo-ram alguns dos 20

países que representaram Macau enquanto “Cidade Latina”, com dois mil artistas a darem corpo a danças e actuações variadas. E é fácil de perceber o nome para o português Vítor Igreja, que ontem se deslocou à Rua de São Paulo para assistir ao início do desfile que assinala os 13 anos da Região Admi-nistrativa Especial de Macau. “Se dividir a cidade entre a [Avenida] Praia Grande, a San Ma Lo [ou Avenida Almeida Ribeiro] e o Porto Interior faz aí um recanto onde se encontra quase tudo o que é de reminiscências latinas que é a cidade antiga. Apanha as igrejas, o quartel dos mouros, ao contrário da zona norte. A Areia Preta e o Fai Chi Kei não têm a ver com esta cultura”, explica o residente de Macau há 17 anos. Mas porquê latina, per-gunta o Hoje Macau. “Acho que é uma questão política, acho que é uma questão de nomenclatura, não convinha dizer só portuguesa e também não foram só portugueses que passaram por aqui”, salvaguarda.

Mas é a sua mulher, Lu-cília Igreja, que adjectiva Macau como “laboratório de cultura”, quem relembra as diferenças do cenário na cerimónia de transferência há treze anos . “Vimos pela televisão as cerimónias,

A “Cidade Latina” aos olhos dos residentes de múltiplas nacionalidades

Macau carnavalescaSaíram à rua muitos milhares de pessoas, entre artistas, espectadores locais e turistas, que encheram as ruas de Macau desde as Ruínas de São Paulo ao Tap Seac. O “Desfile por Macau, Cidade Latina” além de celebrar o 13.º aniversário da Região Administrativa de Macau (RAEM), celebra a data da transferência, 20 de Dezembro de 1999. Um dia retido na memória de alguns locais, menos na de outros, e que é inevitavelmente comparada ao que se passou em Hong Kong

lembro-me de na véspera estar junto do rio o nosso Presidente da República de então, Jorge Sampaio, e o Governador Rocha Viera. Aí senti emoção, caiu-me uma lágrima”, explica, há muito consciente de que o momento estava para chegar. “Mas não podíamos pensar que toda a vida ficávamos cá. Não era um império colonial. Desde a 4.ª classe que aprendi que isto era um território chinês com presença portuguesa e talvez por isso nunca sentimos que Portugal fosse tanto nosso como quando pensávamos do Ultramar.”

Quando questionados sobre a manutenção da lín-gua portuguesa no território depois da transferência, a resposta é unânime. “Portugal é que tem de desenvolver a manutenção da Língua Por-tuguesa - o Ministério dos Negócios Estrangeiros, a Escola Portuguesa, o Instituto Cultural - o Governo local e chinês já fazem o suficiente,

até têm feito bastante mais”, opinam.

E EM HONG KONG?A mesma memória sobre o 20 de Dezembro de 1999 não têm os locais. As idades jovens de Richard, 24 anos, que se encontra pela primeira vez a cobrir o “Desfile por Macau, Cidade Latina”, e Hanna, uma estudante de 17 anos. Com 11 anos e 4 anos, respectiva-mente, na altura, dizem não ter ideia do que aconteceu embora conheçam o significa-do da data. Uma coisa é certa diz Richard, hoje bombeiro a cobrir pela primeira vez o evento, “comparando, depois da transferência, a atmosfera é melhor, mais gente e turistas, mudou muito para melhor para desfrutar Macau”. Por sua vez, o gerente da farmácia Alpha, junto das Ruínas de São Paulo, não vê com bons olhos as celebrações do dia “porque é mau para os ne-gócio”. “Desde as 14 até às 17h não entra cá ninguém”,

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13sexta-feira 21.12.2012 www.hojemacau.com.mo cidade latina

A “Cidade Latina” aos olhos dos residentes de múltiplas nacionalidades

Macau carnavalesca

Animar a cidade multiculturalDesceram a escadaria de São Paulo, 40 grupos locais e outros tantos de mais de 20 países. Pelas 16 horas, estavam todos a postos para mostrar as danças e actuações tradicionais “latinas”. Apresentaram-se no largo de São Paulo, perante uma ilustre plateia, que era presidida por Cheong U, secretário para os Assuntos Culturais e Cultura, responsável pelo Instituto Cultural, entidade organizadora do “Desfile por Macau, Cidade Latina”. O desfile carnavalesco desceu pela Rua de S. Paulo, transformada num Parque de Marionetas, a cargo da Casa de Portugal, e passou pelas ruas do Bairro de São Lázaro até chegar à praça do Tap Seac. Das actuações locais, destacaram-se o espectáculo de magia, no Largo de Santo António, o Salão Musical, no Largo da Companhia, danças de Bollywood, na Rua D. Belchior Carneiro, espectáculo de andas, na Rua Sanches de Miranda, e já na praça do Tap Seac estará a mascote VIVA, um gigantone italiano com 18 metros de altura, a dar as boas-vindas aos artistas na cerimónia de encerramento “Paz, Amor e Integração Cultural”.

Saíram à rua muitos milhares de pessoas, entre artistas, espectadores locais e turistas, que encheram as ruas de Macau desde as Ruínas de São Paulo ao Tap Seac. O “Desfile por Macau, Cidade Latina” além de celebrar o 13.º aniversário da Região Administrativa de Macau (RAEM), celebra a data da transferência, 20 de Dezembro de 1999. Um dia retido na memória de alguns locais, menos na de outros, e que é inevitavelmente comparada ao que se passou em Hong Kong

indica. No entanto, ressalva, entende que “para melhorar a imagem de Macau é bom, benéfico” e, da sua parte, vêm a ocasião “com orgulho” porque é “chinês”.

Jimmy, residente em Hong Kong, deslocou-se com a mu-lher mais uma vez a Macau mas desta vez o propósito estava bem definido. “Vie-mos com o intuito de assistir ao desfile e pode ver que são sobretudo grupos da América Latina, não é?”, inquire. Sabe perfeitamente o que assinala este desfile e, e não pode dei-xar de referir como foi o dia semelhante em Hong Kong, a 1 de Julho de 1997. “Houve coisas boas e más, é difícil comentar, se és chinês gostas de que a região volte à pátria mas o sistema é diferente, eu preferia o britânico”, garante. “Passei-o a ver a televisão em directo, soubemos através dos meios de comunicação porque chovia muito, diziam que Deus estava a chorar, mas não sei se chorava por sentirmos falta da

não foi 100% bem entregue”, explica Fernando. Mas não se esquece do facto de ter sido um acto “pacífico”. “Não foi como em Goa, fomos inva-didos neste mesmo dia há 51 anos mas aqui deviam ter sido mais como Hong Kong, a pre-sença do inglês lá ainda está forte e grandes companhias continuam lá.” De ascendên-cia portuguesa, custa-lhes que a língua portuguesa não fosse tratada da mesma forma, com o objectivo do enraizamento em Macau, no tempo da administração lusa que “sempre teve receio de governar”. Se hoje há mais gente a aprender, não tem dú-vidas, “é por interesse, pelo desenvolvimento económica dos países africanos de língua portuguesa” e pelo Brasil, frisa Fernando. Sobre a ci-dade onde reside, orgulha-se de ser “ mais calma e mais confortável” do que o resto da China e, por isso, aqui hão-de permanecer: “até os chineses querem a gente”, ri-se.

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O CONSULADO GERAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA NA REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPE-CIAL DE MACAU, DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA, DESEJA A POPULAÇÃO RESIDENTE NESTA REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU, FELIZ NATAL E VOTOS SINCEROS DE ANO NOVO PRÓSPERO.

pátria ou por termos perdido a liberdade.” Para o segurança Filipino, Raphael, há dois anos em Macau, foi “emocionante assistir ao desfile” pela primei-ra vez, pois nunca viu igual no seu país. “Só gostava que as Filipinas se inspirassem e aprendessem de Macau para celebrar o dia da república”, revela.

“FOI ESQUISITO E TRISTE”Fernando Dias e Xela Al-meida, naturais de Goa, vivem em Macau desde an-tes da entrega e conseguem lembrar-se bem da época e do dia, em particular. Por essa razão, apontam algumas falhas então. “Foi esquisito e triste, para os portugueses e lusófonos. Estavam com receio de que as coisas iam mudar (...) Deviam ter pre-parado antes muitas coisas, mas Portugal não fez muito mesmo para os portugueses permanecerem cá, cerca de 5 mil portugueses saíram antes de 1999, inclusive eu, depois,

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sexta-feira 21.12.2012entrevista14

Helder [email protected]

ESTE português do Oriente, 80 anos, sempre segurou sem medo a vida. E assim continua, mesmo lutando

corajosamente contra a doença que ele por certo vencerá. Funcionário administrativo, desportista bri-lhante em múltiplas modalidades na terra e no mar. Fundou um jornal, autor de crónicas e outras narrações, é homem de não estar parado, preferindo movimento e ini-ciativas, algumas que lhe causaram dissabores, como a electrificação de Ká-Hó, mas que o deixaram de consciência tranquila pois foram a favor das pessoas, ultrapassando o marasmo dos decisores oficiais. Albertino Almeida viveu momentos inesquecíveis, alguns deles fazendo parte da História de Macau. Relatos saborosos, uns estão agora no seu livro “E qual é o problema? - Ex-tractos do Diário de um Macaense”, já disponível. Hoje Macau foi ouvir de novo algumas façanhas que aqui se reduzem, em favor da leitura do livro. O sentido de humor de Al-bertino Almeida também continua bem aceso.

Comecemos pelo título do livro. Porquê “E qual é o problema?”Por 1971, quando veio cá uma delegação da Casa de Macau em Portugal, então presidida pelo Carlos Estorninho. Fui indicado pelo Correia Marques que era o director do Turismo onde eu na altura trabalhava, para receber a delegação e organizar as habituais visitas às entidades e locais, jan-tares, almoços, até coisas pessoais de algumas pessoas. Depois até foi feito um documento oficial em que me agradecem, precisamente o que pessoalmente me vinham fazendo. Eu dizia sempre que não tinham de agradecer e acrescentava, “tudo se resolve, qual é o problema?”. Era uma expressão habitual em mim que ficou como alcunha. Assim nasceu o título do livro “E qual é o problema?” Tenho outra frase habitual quando me perguntam como estou: vivendo e deixando viver os outros.

Sendo extractos do seu diário, quer dizer que costuma anotar o seu dia a dia?Quase sempre. Naturalmente, da-quilo que achava como mais inte-ressante, tomava as minha notas, até como passatempo. Guardava tudo, fotos, cópias de alguns documentos pessoais, ainda hoje faço isso e te-nho centenas de papéis com muitas histórias que desejo contar num próximo livro, se possível.

Albertino Alves de Almeida, autor de “E qual é o problema? - Extractos do Diário de um Macaense”

“Disse não ao meu amigo Almeida e Costa”O seu objectivo foi sempre reunir toda a documentação e dar-lhe forma de livro?Nem por isso, era mais com o espí-rito de registar para as coisas não se perderem na memória, minha e na de outros. Há um pormenor curioso que relato no livro, que foi decisivo para eu fazer este livro. Eu estava em Coloane desde o primeiro dia da Revolução Cultural. O comandante militar era o alferes Rogério Santos, que muito depois foi presidente do Leal Senado, membro comigo do Conselho Consultivo, sendo hoje mé-dico. Ora eu escrevia frequentemente para a imprensa em língua portugue-sa, em jeito de relatos de factos que via e sentia, ou em crónicas. Quando fiz 80 anos, o meu grande amigo Vittorio Acconci, infelizmente já falecido, foi ter comigo e alertou-me para a eventualidade de se perderem os meus escritos que ele considerava muito interessantes e que deviam estar reunidos num livro. Nesse dia fui para casa muito impressionado com o que tinha ouvido. Andava com problemas do foro oncológico e tinha tido uma quebra, então perguntei ao Mário Évora, um magnífico médico, muito bom amigo, a quem muito agradeço pela sua competência e humanidade, se o meu coração estava bom para aguentar o resto. Como o dr. Mário Évora verificou que o coração estava forte suficiente, comecei logo a organizar melhor a minha papela-da toda, a reescrever muitas notas, principalmente as que nunca antes publicadas, tudo sozinho e à mão. Uma das minhas filhas, a que está a estudar em Pequim, é que me ajudou neste ponto. Ela veio recentemente a Macau ao casamento da irmã mais velha, passou os manuscritos para o computador. Já estava com a ideia no livro.

A edição do livro é sua...Sim, é edição de autor, mas com o grande apoio do Rogério Beltrão Coelho que eu conheço há longos anos e é muito meu amigo. Fez o grande favor de apoiar a edição do livro, dar-lhe forma, compor tudo, sem me levar absolutamente nada pelo seu trabalho, nem um chavelho, apenas declarou que o fazia por pura amizade para comigo. Estou-lhe imensamente agradecido.

Disse ainda ter muito mais docu-mentação sua com histórias que viveu.Pois tenho, muitas mais. Há muitos factos que devem ser contados, por exemplo, a primeira grande campanha de limpeza de Macau, há umas décadas. Ou pormenores que rodearam a criação de uma fábrica de rádios transístores que eu tinha, com

um investidor chinês, claro, porque eu não tinha dinheiro para tanto. Ou ainda as quotas e as fábricas têxteis em Macau. Tantas coisas.

Também fundou um jornal bi-lingue.Sim, depois do 25 de Abril de 1974, quando já se podia falar. O nome do jornal era Luso-Chinês, impresso nas duas línguas, portuguesa e chinesa. Em princípio era semanário, mas como vivia com muitas dificuldades por não termos o tempo requerido para a atribuição de qualquer sub-sídio, acabava por ir saindo sempre que possível. O que se lia em chinês não era necessariamente a tradução dos assuntos escritos em português. Tanto que a versão em língua chinesa tinha outro director, o conhecido jornalista Che Fok Sang. O jornal chegou a publicar em múltiplas edições da versão em língua chine-sa, vários capítulos da História de Portugal, com fotografias de locais turísticos, etc. Dado que a comunida-de chinesa desconhecia em absoluto a nossa História, eu decidi tomar essa iniciativa editorial. Foi no tempo do Governador Garcia Leandro.

Não sendo jornalista, o Albertino gostava de escrever para contar aos leitores.Desde miúdo que gostei de escrever, de fotografar, foi um hábito adqui-rido desde os primeiros tempos do liceu.

Fala de alguns governadores que conheceu mais de perto com visível agrado. Foi até amigo de alguns e professor de ténis, pelo menos de Almeida e Costa, confirma?Confirmo. E por dizer que falo com agrado dos governadores, não quer dizer que não tenha sido crítico e dito as minhas discordâncias mesmo directamente. Sabe, fui sempre um patriota. Para mim, o Governador de Macau, escolhido pelo Presidente da República eleito pelos portugueses, era a primeira autoridade. Eu não podia aceitar alguns insultos que alguns faziam, principalmente o Borralho, ficava chocado, escrevi várias vezes contra isso. Claramente, coloquei-me sempre ao lado dos Governadores e tive relações bas-tante estreitas principalmente com o Garcia Leandro ou com o Almeida e Costa. Até houve um jornalista que me chamou Albertino Almeida e Costa.

Integrou o Conselho Consultivo ao lado de altas figuras das elites locais.Sim, fiz parte do Conselho Con-sultivo, conheci Almeida e Costa ainda antes de ele ser Governador,

pois foi-me apresentado pelo Garcia Leandro no restaurante Fat Siu Lau. Além do mais, fui seu professor de ténis.

Foi um governador muito criti-cado por muitos macaenses, por exemplo...Eu sei, não tenho qualquer dúvida sobre isso. Almeida e Costa era muito autoritário, dizia que não podia haver mais do que um Governador, apenas 1 e era ele. Houve problemas graves com o dr. Carlos Assumpção que era uma figura carismática, uma cabeça e, mesmo sem ele querer, era de facto o líder da comunidade macaense.

Entrou em confronto com Almei-da e Costa...Ou Almeida e Costa entrou em confronto com ele. Mas também sei de uma coisa engraçada: muitos que o criticavam, incluindo nos jornais, quando recebiam um telefonema dele iam a correr ao campo de ténis ou onde ele estivesse. E outra coisa: no Conselho Consultivo todos con-cordavam em tudo com Almeida e Costa. Julgo que ele e mais tarde o Governador Rocha Vieira tinham aspirações à Presidência da Repú-blica. Às polémicas foram bastan-tes no tempo de Almeida e Costa. Lembro-me de algumas onde estive envolvido por sempre pretender estar na defesa dos cidadãos. Fundei a Associação do Bairro Areia Preta apenas para defender os moradores de uma lixeira que ali havia. Antes de a fundar, como elemento do Con-selho Consultivo, perguntei a um elemento importante da comunidade chinesa, também desse Conselho, o Roque Choi, qual a sua opinião. Ele respondeu que tudo o que era para o bem de Macau, não tinha problema algum. Mas apanharam um susto, porque pensavam que a associação iria envolver-se em aspectos polí-ticos. Convidei o coronel Barreto, comandante da Polícia, para assistir

às nossas reuniões com os Kai Fong sócios da nossa associação. Ele confirmou que política não fazia parte dos nossos objectivos, nem de mim como presidente. Para aquela associação que criei, o objectivo era a segurança no bairro, a limpeza, a venda de produtos alimentares de forma higiénica, Com resultados positivos, fizemos festas, óperas, muitas iniciativas.

A propósito, chegou a cantar ópera sem ser chinesa...Fui actor principal em óperas com-postas por Pedro Lobo com letras em português, no tempo em que era Governador o almirante Marques Esparteiro. No liceu, eu gostava de cantar aquelas músicas portuguesas conhecidas e outras.

Neste livro, recorda uma série de amigos, alguns que já partiram, como Silveira Machado, Vittorio Acconci, padre Nicosia, Pinto Marques, o Joaquim Morais Alves e tantos outros.Muitas histórias engraçadas e sérias com esses e mais eu recordo no livro com saudade e profunda amizade. E há outros grandes amigos de que falo e ainda estão aí bem vivos, como o Padre Lancelote, um grande amigo.

É verdade que foi decisivo, na época, para a electrificação de Ká-Hó?Ká-Hó era como uma ilha isolada a poucas centenas de metros dos guardas vermelhos, a povoação não tinha energia eléctrica. Numa das minha viagens, no cumprimento do meu dever, para chegar onde trabalhava um homem fantástico que foi o padre Nicosia, verifiquei que ele tinha um gerador particular que fornecia energia às instalações, mas sobrava e não era aproveitada. Impressionava-me ver as crianças e idosos sentados de cócoras a comer à luz de uma vela. Falei também com outro grande homem, o padre Lan-celote, ambos pessoas fantásticas, Santos! Distribuíam roupa que rece-biam da América destinada aos mais necessitados, etc. Pensei e agimos desta forma: o padre Nicosia fornecia de borla o que sobrava da energia do gerador, e o padre Lancelote finan-ciava os custos de espalhar a energia pela povoação. Eu tinha um amigo electricista, outros que colocaram os postes, mais os guardas auxiliares de que eu dispunha. Em menos de dois meses electrificamos Ká-Hó. Houve invejosos, claro. Uma serie de administradores tinham passado por ali e nao tinham feito, apareceu um sujeito como eu que realizara o que era preciso.

Foto recente de Albertino de Almeida

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15entrevistasexta-feira 21.12.2012 www.hojemacau.com.mo

E há a sua brilhantíssima vida de desportista em muitas moda-lidades. Quem o conhece garante publicamente que foi um verda-deiro campeão em todas elas.Por exemplo, em hóquei em cam-po, modéstia à parte, sou uma refe-rência de sempre, jogava a extremo esquerdo. Nessa modalidade fiz a primeira selecção de estudantes locais que levei a Hong Kong. Foi a primeira selecção que houve, não tínhamos dinheiro. Alugámos um quarto pequeno para podermos tomar banho. O jantar estava as-segurado, pois fomos muito bem recebidos. O almoço fomos a casa do meu irmão e limpámos tudo o que havia na cozinha. Ganhámos ao campeão de Hong Kong. Tam-bém nos barcos dragão, consegui que se voltasse a praticar, pois durante muitos anos este tipo de competição esteve desactivada em Macau. Recuperámos uns barcos antigos do tempo da guerra, acrescentando uma cauda e uma cabeça. Fiz a primeira selecção de ténis, misturando portugueses, macaenses e chineses. Mais tarde ensinei ténis, até um dia solicitar um subsídio para me deslocar aos Estados Unidos para adquirir mais conhecimentos que fossem úteis à prática da modalidade aqui. Sei das minhas limitações, queria ensinar os mais novos em muito melhores condições, pois o que há de mais

importante em qualquer desporto é a iniciação. Não me deram o subsídio. Com muito sacrifício, fui à minha custa e estive quase dois meses na Academia do estado de South Caroline onde estudei e adquiri novos e profundos conhe-cimentos sobre o ténis, juntamente com dezenas de norte-americanos de todo o país, e com exames rigorosos.

No futebol, também foi cam-peão?Pelo Negro Rubro, no tempo em que existia uma grande rivalidade entre este clube e a Selecção Mili-tar. Por acaso também integrei essa selecção quando fomos a Hong Kong. Pratiquei esgrima no tempo do Fausto Branco, quando estava na Mocidade Portuguesa. Fausto tinha sido aluno e mestre de armas dos Pupilos do Exército, aprendi com ele. Vela também gostei muito de praticar. E até cheguei a ser jó-quei, diziam que eu podia ter sido um grande campeão internacional. Era uma época, entre os anos 50 até aos anos 80, muito diferente de agora. Hoje os praticantes têm tudo e muitas condições.

Na introdução que escreve no livro, afirma que qualquer seme-lhança com nomes de pessoas, en-tidades oficiais, figuras políticas, etc., “não é mera coincidência”.

E realmente não é coincidência, o que conto é tudo verdade. As pes-soas que cito são essas pessoas, os factos também. Se algumas ficarem ofendidas, peço muita desculpa. Principalmente, falo no que aconte-ceu nos chamados distúrbios fruto da Revolução Cultural na China continental.

De todas as histórias que narra no livro, qual a que mais a im-pressiona ainda hoje.A ida do Go vernador Nobre de Carvalho à Associação Comercial assinar como que uma “nota de culpa”, na sequência dos proble-mas na escola da Taipa e dos tais distúrbios em 1966. Há muitos pormenores que me causam grande constrangimento e angústia. Falo nesse chocante momento no meu livro. Não sou historiador, nunca tive pretensão para tal, mas devia ter aparecido algum historiador sério, conhecedor, ou um jornal, para voltar a tocar num assunto que parece ninguém querer tocar. Já apareceu por Macau um jorna-lista português, mas baseou-se em documentos oficiais, entrevistou umas pessoas importantes, cada uma delas puxando a sardinha à sua brasa, mas não conheceu uma série de histórias, como tudo começou e como foi o desenrolar dos acon-tecimentos, o sentir das diferentes comunidades e não apenas de

alguns com alguma importância. No livro eu cito factos e nomes.

Estamos noutro tempo, como observa esta sua terra em geral e a comunidade macaense em particular?O mundo está em constante mutação, temos de o acompanhar. A própria China, e a América, estão a mudar. Tudo continua a ser dominado pelo poder do cifrão. Por vezes parece que há quem deseje destruir tudo o que os portugueses aqui fizeram, mas esses não contam para a História que Macau está agora a escrever. Os portugueses tiveram os seus defeitos aqui, claro que sim, mas quem não tem defeitos? Nunca fomos tiranos ou intolerantes. O nosso principal defeito foi não termos ultrapassado as dificuldades para desenvolver as escolas. Na minha modesta opinião, foi mau os lugares cimeiros da Admi-nistração virem do quadro comum, faziam comissões de serviço pelas colónias, não falavam chinês nem tinham qualquer noção da cultura chinesa. Para tratarem de qualquer assunto com a população eram sempre necessários os tradutores intérpretes que desempenharam um papel importantíssimo, mas que não era suficiente para o contacto directo com a população por parte das autoridades principais. O papel do macaense foi fundamental, ainda hoje, inclusive através das associa-

ções macaenses, da Santa Casa da Misericórdia, por exemplo.

O que propõe à minoria lusófona, de matriz portuguesa, radicada em Macau?Mais unidos, esquecer querelas sem importância. Macaenses com portu-gueses que vêm de Portugal devem unir forças. Precisamos dos jovens que estão chegando de Portugal, Mas não venham com arrogância, tentem antes entender esta terra que é muito diferente, tem uma história de séculos enquanto Macau e que a China tem mais de 4 mil anos de História. Sobretudo conhecerem a verdade das coisas.

Nota-se o seu gosto em insistir na verdade. Diz sempre a verdade, mesmo quando ela pode trazer dissabores?Dizer a verdade trouxe-me imensos dissabores, principalmente na dis-solução da Assembleia Legislativa pelo Almeida e Costa. Não gostei nada dessa atitude do Governador e fui o único em Conselho Consul-tivo, onde havia chineses, portu-gueses de Portugal e macaenses, a mostrar a opinião desfavorável à dissolução, cara a cara com ele. E era amigo dele, relacionávamo--nos muito bem, ensinava-lhe ténis. Isto está na acta. Vou arriscar-me e divulgar muitas coisas no próximo livro. Qual é o problema?

UNIVERSIDADE DE MACAUfelicita a

REGIÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL DE MACAU

pela passagem do seu 13o Aniversário

A COMPANHIA DE SISTEMA DE RESÍDUOS

FELICITA A REGIÃO ADMINISTRATIVAESPECIAL DE MACAU

PELA PASSAGEMDO 13.º ANIVERSÁRIO

DO SEU ESTABELECIMENTO

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sexta-feira 21.12.2012cultura16

MUITOS anos depois de terem sido descober-tos, e milhares

de anos depois de terem sido escritos, os Manuscritos do Mar Morto já estão disponí-veis online, através de uma colaboração entre a Google e a Autoridade de Antiguidades de Israel. No total, são mais de cinco mil os documentos e imagens disponíveis em alta resolução desde esta terça--feira, à distância de um clique.

Entre os manuscritos encontram-se fragmentos dos mais antigos pergami-nhos bíblicos do Antigo Tes-tamento, entre os quais os referentes aos Dez Man-damentos, aos Salmos, ao Livro de Isaías e aos textos apócrifos. Existe ainda um capítulo do Génesis, datado do I século a.C.

Os Manuscritos do Mar Morto incluem as versões mais antigas da Bíblia hebraica e outros textos apócrifos e livros de regras da seita que os compilou, os essénios. Desde que foram encontrados, apenas um re-duzido número de investi-gadores podia consultá-los, o que, ao longo dos anos, tem gerado controvérsia. Foi para fazer frente às críticas e tornar os ma-nuscritos acessíveis a um maior número de pessoas

UM museu comemorati-vo dos Tigres Voadores,

um esquadrão dos Estados Unidos que ajudou a China na luta contra os japoneses na Segunda Guerra Mundial, foi aberto terça-feira ao pú-blico na Província de Hunan, centro da China.

O Museu dos Tigres Voadores, localizado no Aeroporto Zhijiang no dis-trito de Zhijiang, comporta 1.387 peças históricas dos Tigres Voadores, expostas pela primeira vez.

O Aeroporto Zhijiang foi uma importante base para os Tigres Voadores sob a liderança de Claire Lee Chennault, um funcionário aposentado das Forças Aé-reas do Exército dos Esta-dos Unidos que começou a trabalhar na China em 1937.

A construção do museu durou cinco anos. Durante esse tempo, o museu rece-beu objectos valiosos de

China promete desenvolvimento estável de Institutos ConfúcioPequim apoiará activamente o desenvolvimento estável dos Institutos Confúcio, anunciou a conselheira de Estado, Liu Yandong. A promoção internacional da língua chinesa permitiu que o mundo tenha um melhor entendimento da cultura chinesa e da China contemporânea, disse Liu durante seu discurso proferido na cerimónia de abertura da 7ª conferência de Institutos Confúcio realizada de 16 a 18 de Dezembro. A promoção também fortaleceu a comunicação e a amizade entre os povos e os intercâmbios entre civilizações, disse Liu, que também é presidente do conselho da Sede do Instituto Confúcio. Liu pediu que os Institutos Confúcio ampliem a cobertura das suas operações de grandes cidades para outras regiões e de universidades para as comunidades. O Instituto Confúcio e as Salas de Aula Confúcio, são instituições públicas sem fins lucrativos que visam promover a língua e a cultura chinesas no exterior.

Manuscritos do Mar Morto online desde terça-feira

À distância de um clique

Museu dos Tigres Voadores é inaugurado na China

Voluntários dos Estados Unidos

Na transposição dos do-cumentos para a sua visua-lização online foram utiliza-das técnicas desenvolvidas por especialistas da agência espacial norte-americana NASA. As imagens dos ma-nuscritos têm uma definição 200 vezes superior à de uma câmara fotográfica digital comum, tendo cada uma cerca de 1200 megapixéis, o que permite uma melhor análise dos documentos e do seu próprio estado de conservação.

Para o responsável da Google em Israel, Yossi Matias, a parceria com a Au-toridade de Antiguidades “é mais um passo em frente que permite aos utilizadores de todo o mundo desfruta-rem deste tipo de material cultural”. “Estamos a tra-balhar para disponibilizar online material importante cultural e historicamente, preservando-o para as ge-rações futuras”, acrescentou Matias.

Muitos destes manus-critos, que se acredita terem sido descobertos numa gru-ta de Qumran por um pastor em 1947, têm permanecido guardados no Museu de Israel, tendo raramente sido expostos ao público devido aos cuidados que o seu estado de conservação exige.

que as autoridades israe-litas avançaram com este projecto online. “Apenas cinco conservadores em todo o mundo têm acesso aos Manuscritos do Mar Morto”, disse à AP Shuka

Dorfman, arqueólogo e director da Autoridade de Antiguidades de Israel, acrescentando que agora o acesso é livre. “Todos podem clicar.”

Esta é a segunda fase do

projecto que começou a ficar disponível no ano passado, quando o Museu de Israel anunciou que cinco frag-mentos desta vasta colecção ficariam disponíveis online. Agora, não são apenas cinco,

mas todos os manuscritos, praticamente os únicos documentos bíblicos do primeiro século da era cristã (e alguns possivelmente do século III a.C.) que chega-ram até hoje.

membros ainda vivos dos Tigres Voadores e das suas famílias, incluindo Anna Chan Chennault, esposa de Claire Lee Chennault, informou Wu Jianhong, curador do museu.

As relíquias culturais do museu ajudarão as gerações mais jovens a relembrar a história gloriosa dos Tigres Voadores e a valorizar a paz que não foi fácil obter, comentou Chen Canpei, que contribuiu com objectos para o museu.

O Primeiro Grupo dos Voluntários dos Estados Unidos, que em chinês foi apelidado de “Tigres Voadores” pelo seu valor, foi formado em 1941 para ajudar a China a expulsar as tropas japonesas invasoras.

Aproximadamente 2.264 Tigres Voadores e mais de 900 aviadores chineses que lutaram com eles morreram na guerra.

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17culturasexta-feira 21.12.2012 www.hojemacau.com.mo

ANÚNCIO N.º 367/2012

Em relação ao concurso público para «Prestação de serviços de administração, incluindo limpeza, segurança, manutenção e reparação dos equipamentos colectivos e partes comuns do Edifício Cheng Choi do Bairro da Ilha Verde», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 48, II Série, de 28 de Novembro de 2012.

Tendo-se verificado uma inexactidão na tabela do 13.4 da página 33 do caderno de encargos do concurso público acima mencionado --- a exigência mínima do número de trabalhadores de administração, procede-se à respectiva rectificação e foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 3.2 do programa do concurso, pela entidade que realiza o concurso e juntos ao processo do concurso.

Os referidos esclarecimentos e rectificações encontram-se disponíveis para consulta, durante o horário de expediente, no Instituto de Habitação, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau e também disponíveis na página electrónica do Instituto de Habitação (http://www.ihm.gov.mo).

O Presidente,

Tam Kuong Man 12 de Dezembro de 2012

A indústria de cinema da China obteve receitas de cerca de 17 mil mi-lhões de patacas entre

Janeiro e Novembro, ultrapassan-do as receitas totais de cerca de 16 mil milhões de patacas registadas no ano inteiro de 2011.

O vice-director da Adminis-tração Geral de Rádio, Cinema e Televisão (AGRCT), Nie Chenxi,

AS medidas da protecção do património cultural

imaterial (PCI) na China foram criticadas por se concentrarem apenas no reconhecimento oficial, segundo um relatório divulgado na quarta-feira.

O Relatório Anual sobre a Protecção do PCI na China em 2012 diz que “os métodos de protecção do PCI em muitas regiões foram considerados desfasados face à realidade e praticados sob um sistema uti-litário e comercial”.

Na China, os elementos do património imaterial que têm reconhecimento oficial, espe-cialmente os classificados como património mundial da UNES-CO, geralmente são um potencial de turismo para as regiões e os governos locais recebem apoio financeiro. O relatório, divulgado pela Social Science Academic Press, foi escrito pelo centro de investigação de património cul-

A autoridade cultural es-tatal chinesa criticou

uma casa de leilões francesa por vender um selo histórico alegadamente saqueado por tropas estrangeiras no século XIX, revelou quarta-feira a imprensa estatal.

Um responsável da Ad-ministração Estatal do Pa-trimónio Cultural, não iden-tificado pelo Beijing News, afirmou que a China se opõe e

condena a venda de relíquias culturais retiradas ilegal-mente do país. O mesmo responsável acrescentou que a China se reserva ao direito de reclamar a devolução de qualquer artefacto confir-mado como pertencente ao país e espera organizações estrangeiras envolvidas a respeitarem as convenções internacionais. A Artcurial, casa de leilões francesa,

vendeu segunda-feira o selo por cerca de 10,1 milhões de patacas em Paris, apesar das ameaças de acções legais que sustentam que a peça de arte foi roubada de Pequim em 1860.

O selo de jade, data do período Qianlong – 1736-1795 – foi vendido numa licitação telefónica anónima por um preço cinco vezes superior ao esperado.

Cinema Receitas de bilheteira chinesa atingem 17 mil milhões de patacas

Produções estrangeiras com maior contribuição

Relatório indica falhas na protecção do património imaterial na China

Confusões e incorrecções

China critica casa de leilões francesa por vender selo histórico alegadamente roubado

Jade do período Qianlong

tural imaterial da Universidade Sun Yat-sen na Província de Guangdong, sul da China, um importante instituto reconhecido pelo Ministério da Educação.

Outros problemas em des-taque no relatório divulgado na quarta-feira incluem a classifi-cação confusa, datas incorrectas nas listas de património de nível nacional, assim como futuros planos de protecção não espe-cificados.

disse durante uma reunião reali-zada nesta terça-feira que o país produziu 686 longas-metragens nos primeiros 11 meses deste ano, em comparação com o total de 558 no ano inteiro de 2011.

No entanto, entre as cerca de 9,5 mil milhões de patacas das receitas obtidas no primeiro se-mestre do ano, os filmes chineses contribuíram apenas com cerca de

3,5 mil milhões de patacas, o que representa uma quebra anual de 4,3%. O montante restante, obtido por produções importadas, registou um aumento de 90,4%, de acordo com Nie.

Tian Jin, vice-director da AGRCT, disse no mês passado que a redução da participação no mercado dos filmes domésticos se deve ao aumento do número de filmes estrangeiros importados, que têm melhor qualidade e atraem um número maior de espectadores.

Em Fevereiro, a China e os Estados Unidos assinaram um memorando de entendimento sobre filmes no caso audiovisual chinês na OMC. Segundo o memorando de entendimento, a China importará mais 14 filmes dos Estados Unidos anualmente, para além da cota actual de 20 filmes.

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sexta-feira 21.12.2012vida18

O carvão – o mais poluen-te dos combustíveis fósseis – vai pratica-mente igualar o petró-

leo como a principal fonte mundial de energia dentro de cinco anos.

De acordo com um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), o consumo de carvão, que cresceu 4,3% entre 2010 e 2011, continuará a subir a um ritmo de 2,6% ao ano até 2017. O aumento virá sobretudo dos países em de-senvolvimento – especialmente da China e da Índia. E mesmo que se preveja uma queda nos países em desenvolvimento, o saldo positivo porá o carvão lado a lado com o petróleo como fonte energética de eleição.

O cenário de médio prazo da AIE para o carvão traça um mer-cado em profunda mudança. Os Estados Unidos precisam cada vez menos de carvão, devido à exploração crescente de gás de xisto – uma forma não-conven-cional de gás natural, que está a revolucionar o panorama energé-

UM tribunal norte--americano proibiu a

organização Sea Shepherd , conhecida pelas suas ac-ções directas contra a caça à baleia, de se aproximar além de 500 metros dos baleeiros japoneses nos mares da Antárctida.

A decisão é cautelar, enquanto um tribunal de Seattle julga um processo movido pelo Instituto de Investigação de Cetáceos e pela empresa Kyodo Senpaku, entidades japo-nesas que estão envolvidas na caça à baleia, alegada-mente para fins científicos.

O tribunal proibiu a Sea Shepherd de “atacar fisicamente os navios con-duzidos pelos queixosos” e de “navegar de um modo que possa pôr em perigo a navegação em segurança de qualquer navio”. “Em nenhuma circunstância, os acusados devem se aproxi-mar a menos de 500 metros dos queixosos, enquanto estiverem a navegar em pleno mar”, diz a decisão.

O processo dirige-se não só à Sea Shepherd, como organização, como ao seu líder, Paul Watson,

que é procurado pela In-terpol.

A caça comercial à ba-leia está proibida por uma moratória internacional de 1986. Mas o Japão captura cerca de mil baleias todos os anos, no Oceano An-tárctico, ao abrigo de uma excepção na legislação internacional que permita a caça para fins científicos.

Há anos que a Sea Shepherd persegue os na-vios japoneses, utilizando manobras de navegação e abordagens directas para perturbar a actividade ba-leeira. No ano passado, os japoneses acabaram por encerrar mais cedo a sua campanha nos mares do sul.

A decisão do tribunal foi saudada pelo Instituto de Investigação de Cetáce-os e pela Kyodo Senpaku. Num comunicado, ambas organizações dizem que avançaram com o processo “porque a Sea Shepherd lançou os seus barcos sa-botadores e anunciou a sua intenção de agir fisicamen-te contra as embarcações de investigação japonesas”.

Uma frota da Sea She-pherd, envolvendo quatro

navios, um helicóptero, três veículos não tripulados e mais de uma centena de pessoas, partiu de Melbour-ne, Austrália, no dia 5 de Novembro, para interceptar os baleeiros japoneses.

Paul Watson está a bordo de um dos navios. O líder da Sea Shepherd é procurado pela Interpol, acusado de ter colocado em perigo a tripulação de uma embarcação que caçava tubarões na Costa Rica, em 2002.

A Sea Shepherd diz que continuará na sua missão, estranhando a decisão do tribunal. “É uma situação complexa, na qual um tri-bunal dos Estados Unidos emite uma ordem contra navios holandeses e austra-lianos, com uma tripulação internacional, em operação em águas internacionais ao largo da Austrália e da Nova Zelândia, e dentro da Zona Económica Antárctica aus-traliana”, diz a organização, num comunicado. “Os nos-sos navios, comandantes e tripulantes estão 100% empenhados em conseguir uma quota de zero-mortes nas baleias”, completa.

China é o maior consumidor e importador mundial

Carvão vai ser tão usado como o petróleo em 2017

Macau Sã Assado

OLHE... FOK U!Há lugares interessantes em Macau e este é sem duvida um deles. É daqueles que prima pela originalidade do nome e nos faz dar asas à imaginação. Vá para o Fok U. Porque Macau Sã assi, mas também sã assado

Foto de Joana Freitas

Sea Shepherd proibidade se aproximar de baleeiros japoneses

Jogo do gato e do rato nos mares da Antárctida

tico norte-americano. Enquanto o gás substitui o carvão nos EUA, na Europa a tendência está a ser contrária – com a importação dos excedentes norte-americanos a preços que caíram cerca de 35% entre 2011 e 2012.

Ainda assim, o aumento do consumo previsto na Europa é pequeno – 0,4% por ano até 2017 – e nos países da OCDE em geral, o que se antecipa é uma queda de 0,7% por ano.

Do outro lado do mundo, o carvão continua a ser o motor energético do crescimento das

economias emergentes. A China já ultrapassou o Japão como o maior importador mundial de carvão. Em 2014, mais da metade do carvão consumido no mundo estará a ser utilizada nas centrais térmicas e fábricas chinesas.

Na Índia também se prevê um crescimento acelerado, com o país a ultrapassar os Estados Unidos com segundo maior consumidor de carvão dentro de cinco anos.

Na prática, até 2017 estarão a ser queimadas 1200 milhões de toneladas a mais de carvão por ano em todo o mundo, em comparação

com os dias de hoje. Em cerca de uma década, segundo a AIE, o carvão já será a principal fonte mundial de energia – a despeito dos seus potenciais danos ambientais, em especial as emissões de CO2.

Dois travões ao carvão não estão neste momento a funcionar. O mercado de carbono está em baixo – em especial, o Comércio Europeu de Licenças de Emissão, com preços do CO2 que não esti-mulam esforços para a redução das emissões. E o uso da tecnologia de captura e sequestro de carbono, que permitiria recolher o CO2 nas chaminés e enterrá-lo no subsolo, não está a avançar.

Sem isso, segundo a AIE, apenas a competição pelo preço – como está a acontecer nos Estados Unidos – pode limitar o uso do carvão, em favor de outras fontes de energia menos poluentes, como o gás natural ou outras alternativas. “A Europa, a China e outras regiões deveriam tomar nota disto”, diz a directora executiva da AIE, Maria van der Hoeven, num comunicado.

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19sexta-feira 21.12.2012 www.hojemacau.com.mo vida

UMA equipa de cientistas está a propor um novo modelo

biológico para explicar a existência da homossexualidade usando a epigenética, ou seja, alterações na maneira como os genes são lidos, e não no próprio DNA.

A proposta é que a homosse-xualidade seria consequência da transmissão, para os filhos, de marcadores responsáveis pela ac-tivação de genes que direccionam o desenvolvimento sexual.

O estudo teórico foi publicado neste mês na revista científica “The Quarterly Review of Biology”. William Rice, da Universidade da Califórnia, é o autor principal.

EPIGENÉTICAOs marcadores epigenéticos são moléculas que se ligam ao DNA, ajudando a activar ou silenciar genes.

Na maioria das vezes, essas marcas não passam de uma gera-ção para outra, sendo apagadas e restabelecidas de outra maneira nos óvulos e espermatozóides.

As marcas que aumentam a

Modelo propõe que marcaçõesno DNA levariam à homossexualidade

A culpa é dos paissensibilidade à hormona masculina testosterona na gestação garantem a masculinização de bebés meni-nos, enquanto as que diminuem a sensibilidade à testosterona “fe-minizam” as meninas (mulheres têm testosterona, pois também é produzida nas glândulas adrenais).

Quando essas marcas não são apagadas em meninas, porém, elas dariam origem a filhas com ten-dências homossexuais. E, quando as marcas que diminuem a sen-sibilidade à testosterona passam para os filhos, dariam a eles mais tendências à homossexualidade. A simulação do modelo mostrou que isso pode se manter na população.

Para Eduardo Gorab, geneticis-ta do Instituto de Biociências da USP, “a novidade é que a proposta não se baseia em genética, como já foi feito, mas em factores epi-genéticos”. “Como hipótese, não deixa de ser interessante.”

A proposta tenta explicar a prevalência da homossexualidade em 8% da população humana, pre-dominantemente em famílias, bem

que estudos epigenéticos vão mos-trar diferenças significativas entre heterossexuais e homossexuais.

Segundo Jaroslava Valentová, antropóloga do Centro de Estudos Teóricos da Universidade Karlova, na República Tcheca, e especialista em evolução da homossexualida-de, o estudo apresenta uma “real

alternativa para o desenvolvimento e a evolução” dessa orientação.

PONTO FRACOSPara Gorab, a proposta incorre em uma “generalização demasiado ampla sobre epigenética sem pistas concretas”.

Valentová aponta que “os au-tores não definiram precisamente a homossexualidade”, misturando todos os não heterossexuais exclu-sivos, incluindo bissexuais.

Ela ressalta que “os autores não mencionaram a diferença fundamental na orientação sexual masculina e feminina”. A mascu-lina tem mais factores genéticos descritos e muda menos ao longo da vida do que a feminina.

Valentová ainda diz que os au-tores consideram a orientação ho-mossexual como necessariamente atrelada a traços atípicos de cada sexo. “Mas um terço dos homens homossexuais tem comportamento considerado masculino, e uma proporção ainda maior das lésbicas seria classificada como feminina.”

A busca por explicações bio-lógicas para a homossexualidade, faz sentido porque formas de re-lacionamento entre membros do mesmo sexo são encontradas em quase todas as culturas estudadas, e estão presentes ainda em vários outros animais.

como o facto de estudos genéticos não mostrarem uma explicação consistente para isso.

No caso de gémeos idênticos, nem sempre ambos são gays, em-bora eles compartilhem 100% dos seus genes. Isso sugere um factor hereditário além da genética.

O modelo prevê, por exemplo,

O INSTITUTO PARA OS ASSUNTOS

CÍVICOS E MUNICIPAIS

FELICITA A REGIÃO ADMINISTRATIVA

ESPECIAL DE MACAU PELA PASSAGEM

DO SEU 13º ANIVERSÁRIO

E DESEJA A TODOS UM FELIZ NATAL

A ASSOCIAÇÃO DOS MACAENSES

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PROGRAMA DA JORNADA

sexta-feira 21.12.2012desporto20

O Benfica reencontra o Bayer Leverkusen em jogo das compe-tições europeias, 19

anos depois de as “águias” terem realizado frente aos alemães, na extinta Taça das Taças de futebol, um dos duelos mais memoráveis da sua história europeia.

Na época de 1993/94, Benfica e Bayer Leverkusen começaram por empatar a um golo no antigo Estádio da Luz e foi na segunda mão que se assistiu a um dos jogos mais emotivos no futebol europeu, com um invulgar 4-4.

Os alemães chegaram a estar a vencer por 2-0, depois por 2-1 e tiveram a eliminatória na mão, mas o Benfica virou para 2-2, 2-3 e 3-3, num jogo que estava longe de parecer sentenciando.

O Leverkusen voltaria a estar à “porta” do apuramento (4-3), mas o Benfica ainda teria fôlego - num jogo de parada e resposta - para fazer o 4-4 nos minutos finais, com o médio russo Kulkov a marcar o seu segundo golo no jogo.

O avançado argentino Javier Saviola, antigo jogador do

Benfica, considerou hoje que o FC Porto será um adversário complica-do para o Málaga nos oitavos de final da Liga dos Campeões de futebol. “No seu campo é muito difícil de derrotar, porque é um adversário muito físico e que tem muita inten-sidade, além de ritmo [forte]. Vai ser um adversário difícil de derrotar e que nos vai dificultar muito”, disse “El Conejo”, que jogou durante três temporadas no Benfica.

Contudo, Saviola lembrou que jogar a segunda mão em casa “é sempre importante, sobretudo de-pois de se conseguir um resultado como visitante”.

Por seu turno, o português Duda disse que os jogadores do Málaga preferiam não jogar com o FC Porto, porque “havia equipas mais acessí-veis”, embora tenha lembrado que

o clube espanhol está “por mérito próprio” nos oitavos de final.

O guarda-redes argentino Willy Caballero lembrou a “muita história” do FC Porto nas competições euro-peias, mas mostrou-se “contente” com o sorteio, apesar de o campeão luso ter feito uma “boa primeira fase [na Liga dos Campeões] e estar mui-to bem na Liga portuguesa”.

Apesar de também se dizer feliz com o sorteio, o médio Joaquin reconheceu que o FC Porto “pode ser o adversário mais difícil que podia ter saído”, porque “joga bom futebol, sai em contra-ataque com velocidade e tem jogadores de qualidade”.

O FC Porto inicia a sua pres-tação nos oitavos de final da Liga dos Campeões a 19 de Fevereiro, na recepção ao Málaga, visitando o clube espanhol a 13 de Março, na segunda mão.

Barcelona Operação de Tito Vilanova correu bemO capitão do Barcelona, Carles Puyol, afirmou esta quinta-feira que o balneário dos catalães “está mais animado” com a notícia de que a operação de Tito Vilanova, treinador do Barcelona, “correu muito bem”. Em conferência de imprensa, Puyol revelou que o balneário agora está “mais animado, porque as notícias são boas” e também porque o treinador se dirigiu ao grupo de trabalho para “tranquilizar” a equipa e dizer que “queria voltar rápido”. Tito Vilanova já tinha sido operado ao tumor na glândula parótida em 2011, tendo sido detectada a recaída da doença num exame de rotina. Em relação à decisão da direcção dos ‘catalães’ em manter o treinador adjunto Jordi Roura à frente da equipa, Puyol mostrou a sua concordância. No entanto, o capitão do Barcelona mostrou-se empenhado em “lutar pelo treinador”, agora que este tem outra “prioridade” na sua vida, que é o combate à doença que o apoquenta.

Quaresma já não é do BesiktasO Besiktas anunciou no seu site oficial ter chegado a acordo com Quaresma para a rescisão de contrato, que terminava apenas no final desta temporada. O extremo português estava em conflito com o clube desde o início desta temporada, vendo-se agora livre para assinar por outro clube de modo a prosseguir a carreira. FC Porto e, numa fase posterior, Marselha, foram os clubes apontados como possíveis destinos do internacional português, que no acordo de rescisão com o Besiktas ficou estipulada uma compensação de cinco milhões de euros ao emblema de Istambul caso assine por outro clube turco. Quaresma tem a receber cerca de 15 milhões de patacas do Besiktas, sendo que um terço desse valor lhe será pago em Janeiro e Fevereiro e o restante em Março. Com 29 anos, aguardam-se novidades nos próximos dias quanto ao futuro de Quaresma.

19 anos depois de “batalha de Leverkusen”

Benfica reencontra Bayer

Saviola diz que FC Porto será adversário “complicado” na Champions

Acabaram-se as pêras doces

• TERÇA-FEIRA, 12 DE FEVEREIRO DE 2013

Valência – PSG

Celtic – Juventus

• QUARTA-FEIRA, 13 DE FEVEREIRO DE 2013

Shakhtar – Dortmund

Real Madrid – Man Utd

• TERÇA-FEIRA, 19 DE FEVEREIRO DE 2013

Arsenal – Bayern M.

FC Porto – Málaga

• QUARTA-FEIRA, 20 DE FEVEREIRO DE 2013

AC Milan – Barcelona

Galatasaray – Schalke 04

• TERÇA-FEIRA, 5 DE MARÇO DE 2013

Man Utd – Real Madrid

Dortmund – Shakhtar

• QUARTA-FEIRA, 6 DE MARÇO DE 2013

Juventus – Celtic

PSG – Valência

• TERÇA-FEIRA, 12 DE MARÇO DE 2013

Schalke 04 – Galatasaray

Barcelona – AC Milan

• QUARTA-FEIRA, 13 DE MARÇO DE 2013

Málaga – FC Porto

Bayern M. – Arsenal

Em Fevereiro será o reen-contro nos 16 avos de final da Liga Europa, a prova que veio substituir a Taça UEFA, com um Benfica provavelmente menos forte no capítulo europeu e um Bayer Leverkusen que mantém o seu crescimento.

Os alemães, que chegaram a vencer a Taça UEFA em 1987/88, foram finalistas vencidos da Liga dos Campeões em 2001/02 (derrota com o Real Madrid), mas continuam a ter a nível in-terno o “cognome” de “os quase campeões”.

A razão está no facto de o clube nunca ter conquistado a “Bundesliga”, mesmo naquele que é o seu melhor período, e resignar-se a cinco “conquistas” do segundo lugar, nas épocas de 1996/97, 1998/99, 1999/2000, 2001/02 e 2010/11.

A equipa é treinada pelo anti-go defesa finlandês Sami Hyypiä, de 39 anos, que enquanto jogador saiu do Liverpool e realizou as duas últimas épocas da sua carreira no Bayer Leverkusen, no qual se viria a tornar adjunto em 2011/12.

No plantel, Hyypia conta com alguns “influentes” do futebol germânico, nomeadamente ao nível da Selecção, como são os casos do goleador Stefan Kiess-ling e de André Schürrle, ambos avançados, ou do médio Lars Bender.

No campeonato parece uma vez mais que se terá que con-tentar com nova posição “se-cundária”, terminada que está a primeira volta, com o Bayern Munique na frente, com 42 pon-tos, mais nove do que a equipa de Leverkusen.

A eliminatória entre Benfica e Bayer Leverkusen está agen-dada para 14 e 21 de Fevereiro, primeiro na Alemanha e depois no Estádio da Luz, em Lisboa.

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SALA 1TWILIGHT SAGA:BREAKING DAWN (PART 2) [C]Um filme de: Bill CondonCom: Robert Pattinson, Kristen Stewart, Taylor Lautner14.30, 16.30, 21.30, 23.30

JACK REACHER [C]Um filme de: Christopher McQuarrieCom: Tom Cruise, Robert Duvall, Rosamund Pike, David Oyelowo19.15

SALA 2THE HOBBIT: AN UNEXPECTED JOURNEY [3D] [A]Um filme de: Peter JacksonCom: Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage14.30, 18.15, 21.15

WRECK-IT RALPH [3D] [B](Falado em cantonês)Um filme de: Rich Moore17.00

SALA 3WRECK-IT RALPH[3D] [B](Falado em cantonês)Um filme de: Rich Moore14.00, 18.00, 17.45

JACK REACHER [C]Um filme de: Christopher McQuarrieCom: Tom Cruise, Robert Duvall, Rosamund Pike, David Oyelowo15.45, 21.30, 23.45

sexta-feira 21.12.2012 21www.hojemacau.com.mo futilidades

[Tele]visão

Sudoku [ ] Cruzadas

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h RTPi14:45 O Sentido do Gosto15:30 XX Gala Regional de Pequenos Cantores Caravela16:45 Sabores de Natal17:30 Confissões de uma Adoloscente19:00 TDM Talk Show (Repetição)19:30 Resistirei20:30 Telejornal21:15 Ler + Ler Melhor21:30 Regresso a Sizalinda22:10 A Engraçadinha23:00 TDM News23:30 Portugueses Pelo Mundo00:20 Telejornal – Repetição01:00 RTPi Directo

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Sexta às 915:30 AntiCrise16:00 Bom Dia Portugal17:00 Correspondentes 17:30 Felizmente Não É Natal19:00 Concerto de Natal – Orfeão Edmundo Machado de Oliveira20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo 22:15 Portugal no Coração

30 - ESPN13:00 Science Of Sport - Football14:00 US Open Championship 2012 4th Round17:00 The Football Review 2012-201317:30 Big Ten Conference Basketball 2012/13 Eastern Michigan vs. Michigan19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 LIVE 20:00 Great Ethiopian Run 20:30 Football Asia 2012/13 21:00 X Games Los Angeles 22:00 Sportscenter Asia 2012

22:30 AFF Suzuki Cup 2012 Final, 1st Leg

31 - STAR Sports13:00 Australian Open 201217:00 JK Racing Asia Series Round 1317:30 Guinness World Series Of Pool 2012 H/L 18:30 Age Of 27 - The Casey Stoner Documentary19:30 FIM Gala Ceremony 2012 20:30 Mobil 1 The Grid Christmas Special21:00 Game 2012 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 FIA Asia Pacific Rally Championship 2012 Round 722:30 Game 2012 23:00 V8 Supercars Championship Series

40 - FOX Movies11:15 The Grey13:20 Final Fantasy15:10 Angels & Demons17:30 Men In Black19:10 Rise Of The Planet Of The Apes21:00 Armageddon23:30 2012

41 - HBO12:00 Abduction13:45 Morning Glory15:30 The Pagemaster16:45 The Nutty Professor18:20 13 Going On 3020:00 Hellboy22:00 Faster23:45 Torque

42 - Cinemax12:55 Rage Of The Yeti14:25 Mad Max16:00 Those Daring Young Men In Their Jaunty Jalopies18:00 Star Trek Ii The Wrath Of Khan19:55 Sublime21:45 Epad On Max22:00 Hunted23:45 The Last Airbender

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SOUL NOTES• Aurea (Numa viagem)Nesta viagem que se oficializou há dois anos com a edição do álbum de estreia, que atingiu a marca de Dupla Platina, Aurea amadureceu e a sua música evoluiu com ela. Após dois anos de digressão contínua, a artista finalizou recente-mente uma etapa com uma actuação em Macau no dia 26 de Outubro de 2012, no âmbito do 26º Festival Internacional de Música. Com a edição do novo álbum ‘Soul Notes’, Aurea inicia uma nova etapa do seu percurso!

OBRIGADO • Teresa SalgueiroEstreia a solo da interprete dos Madredeus, Obrigado! apresenta 14 colaborações grava-das entre 1990 e 2005, com participações de Orfeão Dr. Edmundo Machado de Oliveira, Carlos Maria Trindade, Jah Wobble, Angelo Branduardi, Carlos Nuñez e Zeca Baleiro entre outros.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Qualquer coisa a que se dirija o tiro. 2-Tomba. Dê traços, risque. 3-Ninho (Prov.). Planta lamiácea. Para este lugar. 4-Amargura, tristeza (Fig.). Umas (Arc.). 5-Bandolim. 6-Bastante, suficientemente. Já utilizada. 7-Cada uma das quarto réguas horizontais do tear destinadas, duas a duas, a conservar entre si uma série de lissas. 8-Parte da data. Alago. 9-Bário (s.q.). Une, ajunta. Prover de aba. 10-Ciumenta. Desgasta. 11-Coçara, gastara pelo uso. Facto, circunstância.

VERTICAIS: 1-Doença da pele. Dar alabança (Ant.). 2-Pequeno poema da Idade Média. Estabelecimento fabril (Bras.). 3-Reparavam. Su-Sudoeste (abrev.). Conferir (abrev.). 4-Sacerdote budista (pl.). Dama de companhia. 5-Gazeante. 6-Constelação, o m. q. Orião. Sã e salva. 7-Cavadela. 8-Fedor (Bras.). Cidade japonesa. 9-Acusada. Uiva. Edifício em construção. 10-Tombada pelo próprio peso. Preposição e artigo (pl.). 11-Pestilência. Pundonor, generosidade.

HORIZONTAIS: 1-ALVO. OCARAM. 2-CAI. TRACE. I. 3-NIAL. IVA. CA. 4-E. MAGOA. UAS. 5-U. MANDOLIM. 6-ASSAZ. USADA. 7-LISSEIRA. A. 8-ANO. ALACO. B. 9-BA. ADE. ABAR. 10-A. CIOSA. ROI. 22-RAFARA. CASO.VERTICAIS: 1-ACNE. ALABAR. 2-LAI. USINA. A. 3-VIAM. SSO. CF. 4-O. LAMS. AIA. 5-T. GAZEADOR. 6-ORION. ILESA. 7-CAVADURA. A. 8-ACA. OSACA. C. 9-RE. ULA. OBRA. 10-A. CAIDA. AOS. 11-MIASMA. BRIO.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

Aqui há gatoDIA ANIMADO SEM CHUIO Chefe do Executivo marcou presença numa curta cerimónia na manhã de ontem, dia em que se assinalaram os 13 anos da RAEM, mas logo a seguir foi cumprir ordens da mãe pátria, numa missão oficial a Pequim. Para trás, deixou marchas e protestos vários, que deram conta da indignação da população, e um desfile que envaideceu a imagem de Macau.O Governo Central, já se sabe, é soberano. Mas, numa região que se administra especialmente com o outro sistema, aquele que confere dois ao país, não se compreende como se deixa para trás a sua gente multicultural. Os seus residentes de muitos anos (permanentes), os mais novatos (não-permanentes) e aqueles que dão ao território aquela mão-de-obra essencial para ajudar na senda do crescimento económico (não-residentes).Para esses houve poucas palavras de apreço e de esperança, num fim de ano que se espera com uma subida de inflação significativa, onde o preço do arrendamento das casas está pela hora da morte e onde não há condições para uma camada da população idosa, que contam os trocados e vêem poucos lugares onde tenham as infra-estruturas e apoios sociais necessários.Por outro lado, ontem marcou-se, como já previamente se sabia, a primeira parada gay em Macau. Cerca de centena de manifestantes reivindicaram a não discriminação humana numa sociedade que, dado o seu potencial de internacionalização, já deveria ser livre de preconceitos e de injustiças. Mas, sobretudo, quiseram mais uma vez dar voz a um diploma mal conduzido, que além de vir a negar a violência doméstica como crime público - tal como apoiado pelo próprio Chui Sai On e comparsas do Executivo - nega a existência de casais do mesmo sexo como família. Estamos verdadeiramente numa sociedade de século XXI? Custa-me a crer. Somos abertos ao mundo, somos o outro sistema. Não há ainda democracia mas há activistas livres, como é que ainda há estes problemas sociais que, nem estão camuflados, mas à vista de todos?

Pu Yi

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Alberto CAstroin Jornal de Notícias

URANTE mais de um ano, faziam-se apostas sobre quanto mais tempo duraria o ministro da Economia no Governo. Com um ministério megalómano, uma equipa que não havia escolhido,

não conhecendo a economia portuguesa para além das estatísticas, inexperiente e inábil politicamente, Álvaro Santos Pereira deverá a sua continuidade como membro do Executivo a Miguel Relvas. Os sucessivos imbróglios que o envolviam, e a sua pro-ximidade ao chefe do Governo, distraíram a opinião pública. Quando tudo parecia justificar uma remodelação, Passos Coelho recusou-se a fazê-la. E, assim, por interposta pessoa, lá se foi Santos Pereira aguentando. Escrevi, aqui, que talvez nunca viéssemos a saber se ele poderia ser um bom ministro da Economia, tal a dispersão de tarefas que lhe estavam confiadas. Quase um ano e meio depois, ei-lo que começa a fazer prova de vida. Terá sido esse o tempo para a aprendizagem, para olear a equipa, delegar competências. Foi esse o preço que tivemos de pagar pela teimosia do primeiro-ministro

sexta-feira 21.12.2012opinião22

cartoon 21-12-2012por Steff

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Se não formos capazes de atrair investimento estrangeiro e de estimular as empresas já instaladas a investir, não estancaremos a hemorragia do desemprego e não endireitaremos as nossas contas sem uma perda ainda mais drástica de riqueza hipotecando, quiçá, a democracia

A carteira ou a vidaem criar uma estrutura impossível de gerir.

Há quem tenha deste despontar uma vi-são cínica. O ministro da Economia estaria, apenas, a recuperar a reputação, a marcar terreno, a criar mercado para si próprio, consciente de que o seu desalinhamento o mantém remodelável e/ou de que o barco governativo estaria irremediavelmente feri-do. Seja qual for a motivação, das bandas da Horta Seca, sede do ministério, começaram a surgir propostas concretas e não apenas tiradas de agitação e propaganda. É certo que, como quase todos antes de si, Santos Pereira não resistiu a fazer mudanças cos-méticas como as que se consubstanciam na “criação” do programa Portugal Sou Eu, uma plástica ao Compro o que é Nosso que pede meças à da Alexandra Lencastre (que, no entanto, não teve de mudar de nome depois da dita!). Estará perdoado se conseguir levar por diante a redução do IRC para novos investimentos, desenhar incentivos adequa-dos à revitalização da economia, incluindo a reestruturação empresarial, aproveitar a questão do chamado banco de fomento para efectuar a reorganização das agências públicas dependentes do seu ministério.

Ao que se sabe, a sua proposta mais em-blemática (a redução do IRC) terá encontrado

obstáculos em Bruxelas. Numa Europa tudo menos harmonizada, em que países como a Holanda ou a Irlanda têm na fiscalidade um dos seus factores de competitividade, custa a perceber que se possa argumentar com a concorrência fiscal. Ao que se vai sabendo, os maiores problemas seriam o patamar mínimo estabelecido (3 milhões de euros) e o abranger apenas novos projectos. Num país carecido de investimento, a saída lógica parecia ser a generalização da medida a todos os novos investimentos criadores de emprego, fossem originários de novas empresas ou das já instaladas. A crer nos jornais, o ministro

estaria disponível para o fazer mas já não o primeiro-ministro que terá argumentado que tal se traduziria numa quebra de receita do IRC de que não poderia abdicar. Passos Coelho faz lembrar a história do homem assaltado que, perante a ameaça “a carteira ou a vida”, exclama “o dinheiro faz-me tanta falta”! Uma coisa é querer pôr as contas em ordem. A outra é fazer disso uma obsessão à qual tudo se sacrifica, acriticamente. Se não formos capazes de atrair investimento estran-geiro e de estimular as empresas já instaladas a investir, não estancaremos a hemorragia do desemprego e não endireitaremos as nossas contas sem uma perda ainda mais drástica de riqueza hipotecando, quiçá, a democracia. A incapacidade de perceber esta dinâmica, algo que parece comum ao Governo e aos governantes europeus, é confrangedora e pode acabar mal.

P.S. - Todas as semanas, mais alguém vê o seu nome enxovalhado por uma certa comunicação social que não respeita nada nem ninguém, alimentada por pretensas fugas que, de tão repetidas, só podem ser rotinas instaladas. A complacência dos principais órgãos de soberania para com o assunto torna-os cúmplices de um processo que corrói o essencial da democracia. Que não se iludam: mais dia, menos dia, também lhes baterão à porta.

D

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

23opiniãosexta-feira 21.12.2012 www.hojemacau.com.mo

O ano passado, depois do debate das Linhas de Acção Governati-va, escrevi um artigo para esta coluna intitulado “Decameron da Assembleia Legislativa”. Nunca pensei que um ano depois

estivesse tudo na mesma. Se as sessões de debate tinham sido descritas como “aborre-cidas” as deste ano podem ser classificadas como “muito mais aborrecidas.” Alguns repórteres até disseram que tiveram de “so-breviver” aos tempos difíceis dos dez dias.

O Chefe do Executivo vai à Assembleia Legislativa para duas sessões de perguntas a seguir ao debate das Linhas de Acção Governativa. Depois disto, os encontros da 4.ª Assembleia Legislativa chegam ao fim. Ultimamente a Assembleia Legislativa está em modificações para equipar os gabinetes dos quatro deputados adicionais para o ano que vem. Mas uma vez que dois lugares foram acrescentados tanto directa como indirectamente, e o método de eleição não se alterou, a essência da Assembleia Legislativa permanece igual, apenas com algumas caras novas a participarem nos trabalhos.

Está claramente indicado no artigo 7º da Lei Básica de Macau que a Assembleia Legislativa tem sete funções. Para além da elaboração de leis, a função essencial da Assembleia Legislativa é controlar se as políticas estão a ser administradas de forma eficiente pelo governo. Mas quando os deputados eleitos e nomeados indirecta-mente ocupam mais de metade dos assentos, acham que a Assembleia Legislativa pode funcionar em pleno? Durante os chamados 10 dias do debate sobre as Linhas de Acção Governativa, os deputados apenas colocaram questões incómodas porque os responsáveis do governo podiam responder às questões da forma que quisessem, podiam escolher as perguntas a que queriam responder ou sim-plesmente nem sequer responder a nenhuma questão. Alguns deputados até chegaram a defender os responsáveis governativos nos seus depoimentos.

Não culpo o presidente da Assembleia Legislativa que conduziu as sessões de debate porque com o actual sistema os deputados e os governantes fazem os seus depoimentos para defender os seus pontos de vista, por mais que o presidente se esforce para tentar conduzir o debate. Na melhor das hipóteses as sessões de debate abrem uma janela para se apresentar queixas. O mais importante durante o primeiro dos dois dias de debate, em que participaram cinco secretários de Macau, é ser o primeiro a carregar no botão para fazer o depoimento. A maioria dos

Depois do próximo ano não sei se voltarei a ter hipótese de voltar a falar na Assembleia Legislativa, mas ainda tenho esperança que este método de debate seja alterado, de outra forma, Macau nunca terá, no futuro, qualquer hipótese de mudar

um gr i to no desertoPaul Chan Wai Chi*

Dez dias depois

deputados tentaram ser os primeiros a dar as suas opiniões com medo de não serem rápidos a carregar no botão e que as suas preocupações fossem expostas por outros deputados, deixando-os assim sem fazer nada durante os dois dias de debate. Os que não carregam no botão no primeiro dia, normalmente preferem fazê-lo na parte final do segundo dia exercendo o direito de priori-dade para falar antes das sessões acabarem. Consequentemente, nenhum deputado teve a oportunidade de falar duas vezes durante os dez dias. O tempo que deveria ser usado para

fazer declarações ora foi gasto por deputados de várias organizações ou pelos responsáveis do governo a ler carradas de dados.

O método aplicado no debate sobre as Linhas de Acção Governativa pela nova Assembleia Legislativa terá, sem dúvida, de ser diferente do actual, aborrecido e sem sentido. Mas sejam quais forem as mudanças, espero que os 30 minutos que cada deputado tem para expor os seus pontos de vista sejam respeitados. Tem de haver uma ruptura com a limitação de tempo aplicada nos debates. Os deputados e os governantes são pagos

N

com dinheiros públicos e por isso deveriam debater as Linhas de Acção Governativa, se necessário fosse, pela noite dentro. Este debate só acontece uma vez por ano!

29 deputados e muitos representantes do governo estiveram presentes nas 40 horas de sessões durante os 10 dias. Quanto dinheiro público foi gasto? Que benefícios resultaram deste desperdício de dinheiro? Quanto a mim, apenas me senti frustrado e aborrecido durante dez dias. Depois do próximo ano não sei se voltarei a ter hipótese de voltar a falar na Assembleia Legislativa, mas ainda tenho esperança que este método de debate seja alterado, de outra forma, Macau nunca terá, no futuro, qualquer hipótese de mudar.

*Deputado e membroda Associação Novo Macau Democrático

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