hoje macau 16 dez 2011 #2515

16
TEMPO POUCO NUBLADO MIN 12 MAX 18 HUMIDADE 35-70% CÂMBIOS EURO 10.4 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 16 DE DEZEMBRO DE 2011 ANO XI Nº 2515 PUB Ter para ler A subida do imposto do tabaco foi anunciada hoje. Pouco tempo depois já havia lojas a cobrar mais seis patacas pelos maços. Sem a lei estar em vigor, mas com vítimas em abundância. E a pagarem sorridentes. > PÁGINA 4 Roubo com hora marcada Fumadores tratados como totós Paul Chan sobre violência na Assembleia Legislativa “SÓ ME AGRIDEM A INTELIGÊNCIA” • Página 5 So Sou, a manequim mais fotogénica “O MEU SUCESSO AJUDA A PROJECTAR MACAU” • Centrais Símbolo festeja 10 anos A TORRE QUE FEZ SONHAR MAIS ALTO • Página 7 h • O REGRESSO DO MONSTRO

Upload: jornal-hoje-macau

Post on 26-Mar-2016

225 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Edição do Hoje Macau de 16 de Dezembro de 2011 • Ano X • N.º 2515

TRANSCRIPT

Page 1: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 12 MAX 18 HUMIDADE 35-70% • CÂMBIOS EURO 10.4 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 16 DE DEZEMBRO DE 2011 • ANO XI • Nº 2515

PUB

Ter para ler

A subida do imposto do tabaco foi anunciada hoje. Pouco tempo depois já havia lojas a cobrar mais seis patacas pelos maços.Sem a lei estar em vigor, mas com vítimas em abundância.E a pagarem sorridentes. > PÁGINA 4

Roubo com hora marcadaFumadores tratados como totós

Paul Chan sobre violênciana Assembleia Legislativa

“SÓ ME AGRIDEMA INTELIGÊNCIA”

• Página 5

So Sou, a manequim mais fotogénica

“O MEU SUCESSO AJUDAA PROJECTAR MACAU”• Centrais

Símbolo festeja 10 anos

A TORRE QUE FEZSONHAR MAIS ALTO• Página 7

h• O REGRESSODO MONSTRO

Page 2: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

SEXTA-FEIRA 16.12.2011

2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

PUB

Nuno G. Pereira *[email protected]

O governo da Chi-na enviou o seu maior navio de patrulha ao mar

Oriental para proteger di-reitos territoriais, informou a imprensa estatal na quarta--feira. Uma acto que reaviva tensões sobre as disputadas águas da região, numa altura em que várias acções da Chi-na e dos EUA na região do Pacífico, de âmbito militar, têm provocado crispações e suspeitas.

Ontem, o cônsul-geral dos Estados Unidos da América para Hong Kong e Macau reuniu com um

Pequim envia porta-aviões para proteger mar Oriental

Dança entre China e EUA mantém o ritmo grupo de jornalistas num hotel da RAEM. O objectivo foi uma conversa de âmbito informal, com temas natu-ralmente relacionados com a actualidade. Stephen M. Young desvalorizou a “ten-são” entre os dois países na zona do Pacífico, remetendo para declarações recentes de Barack Obama e Hillary Clinton em consonância com essa opinião.

Sobre movimentações de tropas e outras acções não agressivas de âmbito militar, feitas pelos EUA nas últimas semanas, lembrou que são normais, já que há cooperações antigas com pa-íses como Austrália e Coreia do Sul, por exemplo. “Nada

disto foi dirigido a qualquer país” - leia-se, à China - “mas apenas feito para garantir a segurança dos nossos alia-dos na zona.”

Young acrescentou que são processos transparentes, sem significado agressivo em relação à China, com quem os EUA até têm planos concertados de combate à pirataria na costa de África e negociações em curso sobre vários assuntos. As divergências existem, claro, mas também são inevitá-veis, pois, como sublinhou, trata-se da “maior relação bilateral do Mundo entre dois países”.

TREINO E PESQUISAA passagem do porta-aviões chinês no mar do Oriente causou impacto. A China disputa com os vizinhos Japão e Taiwan um grupo de ilhas desabitadas - Senkaku, no Japão, e Diaoyu, na China - , reivindicando serem parte das suas águas territoriais.

Japão e Taiwan também reclamam a soberania sobre a superfície, que se acredita rica em petróleo e gás. O navio Haijian 50, de 3.000 toneladas, iniciou a viagem na terça-feira. Segundo a descrição ofi-

Na ponta da língua

Durante a conversa com os jornalistas de Macau, o cônsul-geral abordou vários temas, nomeadamente o desejo do governo do seu país em ter mais cidadãos familiarizados com o chinês. Falou sobre um protocolo para que estudantes norte-americanos venham fazer os estudos universitários em Macau, mas referiu que ainda há poucos no território, somente “cerca de duas dúzias”. Muito pouco quando comparado aos mil em Hong Kong e ao total de 17 mil em toda a China. Estes números, por sua vez, tornam-se pequenos em comparação com os jovens chineses a estudar na América: cerca de 100 mil. Um aviso de futuro preocupante para os EUA? Young, como bom diplomata, olha para o lado positivo. “Bom, quem aprende uma língua tem mais facilidade em arranjar emprego usando essa língua, por isso alguns chineses podem tornar-se representantes de um negócio norte-americano no seu país.” Depois adiantou que, apesar de tudo, nos últimos anos o cenário alterou-se bastante, havendo quem queira aprender línguas chinesas nos EUA e tenha sítios para isso. “São principalmente pessoas que procuram oportunidades profissionais. Mas sim, temos de perceber melhor a China.”

ANÚNCIOHM-2ª vez 16-12-11

AUTOS DE INTERDIÇÃO CV3-11-0177-CPE 3º Juízo Cível

REQUERENTE: O MINISTÉRIO PÚBLICO.--------------------REQUERIDO: U KAI CHONG, masculino, residente em Macau, “澳門竹園圍斜巷15號東慶新邨1樓E ou 澳門聖祿杞街4號華斌大廈2樓A”.---------------------------------------------------------------

*****

FAZ-SE SABER que, foi distribuída neste Tribunal, em 14 de Outubro de 2011, uma Acção de Interdição, com o número acima indicado, em que é Requerido, U KAI CHONG, mascu-lino, acima referido, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.---------------------------------------------

Macau, 02 de Dezembro de 2011.

A China prometeu garantir o crescimento face à perspectiva

“extremamente severa” para a eco-nomia global em 2012, de acordo com a conferência anual de definição de políticas concluída nesta quarta--feira, com uma série de compromis-sos para providenciar estabilidade económica.

Apresentando um plano para a segunda maior economia do mundo no próximo ano, Pequim prometeu manter a política monetária “pru-dente” e a política fiscal “proactiva”, ao mesmo tempo que garantiu preços ao consumidor estáveis - discurso em linha com comentários anteriores.

Foi a visão da China sobre o quadro económico global, porém, que sinalizou o desafio da política num futuro próximo. “Olhando para o próximo ano, a tendência da economia global como um todo é severa e complicada”, informou um comunicado publicado na agência Xinhua, após o fim da conferência anual. “As incertezas estão a crescer em torno da recuperação da econo-mia mundial.”

O desejo de Pequim em minimizar os riscos no âmbito doméstico foi vi-sível em todos os planos económicos apresentados, o que endossa uma decisão dos principais concessores

de empréstimos do país, tomada na semana passada, de evitar grandes mudanças na política antes de uma crucial sucessão de liderança em 2012, que verá a saída dos dois principais líderes do país.

“Estabilidade significa manter basicamente estável a política macro--económica, crescimento económico relativamente rápido, preços ao consumidor estáveis e estabilidade social.” É muita estabilidade junta. E a cotação do yuan será também mantida “basicamente estável”, assim como as reformas na taxa de juros e de câmbio irão continuar. Entre outras estabilidades marcadas.

LÍDERES CHINESES APOSTAM NO CRESCIMENTO EM 2012

O caminho da estabilidade

cial do Executivo chinês, o enorme navio destina--se apenas a operações de treino e pesquisa.

Em Novembro, o Minis-tério da Defesa da China anunciou a realização de exercícios militares navais nas águas do oceano Pací-fico, após o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, divulgar o au-mento da presença militar americana na Austrália, o que irritou as autoridades de Pequim.

Num breve comuni-cado, o ministério chinês esclareceu agora que os exercícios com o porta--aviões seriam manobras de rotina, “não dirigidas contra qualquer país ou alvo em particular”. Os analistas, porém, destacam a coincidência temporal dessas acções com as cres-centes tensões China/EUA.

Obama tinha anunciado que 2.500 marines (fuzileiros navais) americanos seriam destacados para o norte da Austrália, com o intuito de ampliar a presença estraté-gica dos EUA no Pacífico Ocidental. O anúncio mo-tivou críticas da China, que classificou a medida como inoportuna. * com J.M.M.

Page 3: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

SEXTA-FEIRA 16.12.2011

3www.hojemacau.com.mo

Leia mais notícias sobre a China e a Ásia em www.hojemacau.com.mo@

Implantou-se nalgum jornalismo um estilo que apenas reage à cadência dos soundbites que ocorrem na sociedade ou se imagina que ocorrem. Não interessa propriamente narrar factos ou circunstâncias mas apenas agarrar aquela caixa que pode vender mais jornais ou prender a atenção do transeunte desatento que passa pela banca e corre, com os olhos, as capas dos jornais. Arnaldo Gonçalves P.15

INVESTIMENTO EXTERNO CRESCE MAIS DE 13%

O investimento externo na China cresceu mais de 13% nos primeiros onze meses do ano, ultrapassando

790 mil milhões de patacas, apesar da queda registada em Novembro, anunciou hoje o governo chinês. No mês passado, o investimento externo na China caiu 9,76% em relação a Novembro de 2010, para 69 mil milhões de patacas. Foram criadas 2.718 empresas com capitais externos, menos 12,91% do que há um ano,

Segundo a mesma fonte, entre Janeiro e Novembro de 2011 o investimento externo na China cresceu 13,15% em relação a igual período do ano anterior, somando 822 mil milhões de patacas, e constituíram-se mais 25.086 empresas com capitais externos.

CONTINUA CONTROLONO SECTOR IMOBILIÁRIO

A China deve manter o controlo sobre o sector imobiliário do país por mais um ou dois anos, disse esta quinta-feira Xia

Bin, conselheiro académico do Banco Central.O conselheiro também sugeriu que o país deve considerar

a imposição de uma taxa fiscal sobre o comércio múltiplo de apartamentos, para conter investimentos especulativos. A medida iria substituir os actuais limites administrativos sobre compra de imóveis. Nos últimos dois anos, a China tomou várias medidas para conter a escalada dos preços dos imóveis, que ficaram fora do alcance de grande parte da população. Incluíram ordens para os bancos pararem de emitir emprésti-mos a compradores comdiversos apartamentos e imposições de limites à habitação nas grandes cidades..

AUTOMÓVEIS AMERICANOS COM TAXAS DE IMPORTAÇÃO

A China impôs esta quinta-feira taxas de importação, por subsídios e prática de dumping, a veículos dos

Estados Unidos com motores de cilindrada superior a 2,5 litros, anunciou o ministério do Comércio.

A medida, que aumenta a tensão nas já complexas relações comerciais entre as duas maiores economias mundiais, vale para veículos familiares e utilitários desportivos. Em princípio terá validade de dois anos, anunciou o ministério num comunicado oficial.

A decisão afectará directamente os automóveis pro-duzidos por General Motors, Chrysler Group, American Honda Motor e Ford, assim como os veículos da BMW Manufacturing e da Mercedes-Benz US International.

Maria João [email protected]

A temporada das férias do ano novo chinês abre no dia 8 de Janeiro e, segundo as previsões,

vai haver mais gente a viajar na comemoração do ano do Dragão, que começa no final do mesmo mês. No total estima-se que cerca de 235 milhões de pessoas vão voltar à terra natal ou escolher a altura das férias para uma viagem pelo país. Relativamente ao ano passado, será um aumento de 6.1% de movimentação de pesso-as durante os 40 dias de período relativo ao ano novo chinês. Um número que tem vindo a crescer ano após ano na altura mais fes-tiva do ano, mas que em 2012 vai bater o recorde.

A procura dos bilhetes de comboio começa antecipadamen-te e muitos acabam mesmo por só conseguir o chamado bilhete em pé, ou seja, sem lugar marcado em qualquer carruagem.

Apesar do investimento na-cional em novas e mais rápidas linhas de comboio, a oferta conti-nua a não chegar para a procura durante os dias de festa. Estima--se que em 2012 cerca de 5.8 mi-lhões viajem durante a época alta, nomeadamente na última semana de Janeiro. Os lugares disponíveis em comboios a circular por dia cobrem 4.5 milhões de viajantes, o que pode levar a que mais de um

Férias do ano novo chinês batem recorde

Vão ser 235 milhões a viajar

milhão sofra com a falta de lugar para chegar ao destino.

AVIÕES COM PREÇOS NO CÉUPara prevenir a venda de bilhetes no mercado paralelo, o governo instituiu desde este ano a apresen-tação do bilhete de identidade na aquisição de viagens em comboios de alta velocidade. No entanto, para os comboios normais continua a ser

muito difícil controlar quem compra e vende os bilhetes, uma vez que não é pedida a identificação do passageiro. Existe um sistema de reserva online e uma linha telefónica de reservas de bilhetes, embora com uma taxa de sucesso muito reduzida perante os milhões que procuram um lugar.

Para os trabalhadores migran-tes o ano novo é a única altura de regresso à terra e reencontro com

as famílias. Mas o que deve ser uma época de festa começa normalmente com o pesadelo de arranjar bilhete. Dezenas de companhias aéreas nacionais sobem os preços na época festiva, o que afasta os trabalhado-res migrantes de escolherem esta forma de viajar. Os comboios não têm subidas de preços consoante a época. Porém, nos comboios lentos os lugares são vendidos dias antes

e esgotam em poucas horas. Para lutar contra o mercado paralelo, é proibido comprar com meses de antecedência.

O maior fluxo de passageiros sai das grandes cidades como Pequim e Xangai. Só que na chamada na semana da época alta, todo o país é testemunha daquela que se crê ser uma das maiores movimentações de pessoas a nível mundial.

Page 4: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

SEXTA-FEIRA 16.12.2011

4www.hojemacau.com.mo POLÍTICA

HOJE

MAC

AU

FALECIMENTOVITTORIO ACCONCI

Faleceu no dia 13/12/2011, no Hospital Kiang Wu, de 69 anos de idade após pro-longada doença. Amanhã, dia 17/12/2011, será rezada uma missa de corpo presente, pelas 11:00 horas da manhã na Casa Mortuária Diocesana, seguindo depois para o crematório da R.P.C. Antecipadamente, a família agradece a todos quantos queiram associar-se ao piedoso acto.

NA porta da loja do ‘7 Eleven’ o aviso lia-se a duas lín-guas: “devido ao

aumento do imposto sobre o tabaco, o preço de um maço de cigarros aumenta-rá seis patacas a partir das 18h30”. Ainda não passava uma hora da aprovação em plenário da alteração ao Imposto sobre o Consu-mo, já pequenas e grandes superfícies cobravam mais por um maço de 20 cigarros. Ilegalmente, portanto. No caso do ‘7 Eleven’, o preço aumentou antes mesmo de se saber se a proposta teria passado pelos deputados. Com a agravante de se ven-derem maços antigos com o novo preço.

Ainda que a lei esteja à espera de publicação em Boletim Oficial para entrar em vigor, os comerciantes puseram-na em prática com técnicas únicas. Como conta ao Hoje Macau Ma-nuel Carvalho, português a residir na RAEM. “Pedi um Marlboro, que costuma custar 20 patacas. A senho-ra da loja passou o tabaco na máquina registadora,

Uma hora depois de ter sido noticiada a subida do imposto do tabaco, houve lojas a cobrar mais pelos maços. Sema nova leiestar em vigor.

Aprovação do imposto aproveitada para venda ilegal de tabaco

Onde há fumo há fogo

CONTRABANDOE ABASTECIMENTOFrancis Tam admitiu poder haver mais contrabando de tabaco, agora que o imposto subiu. Ng Kuok Cheong acusou o Governo de não ter medidas para fiscalizar eventuais acções ilegais e apontou mesmo o dedo. “As tabaqueiras dizem que foi o próprio Governo a criar esse mercado do contrabando.” Enquanto os deputados pediam a limitação de transporte de tabaco por visitantes e residentes – do ilimitado actual para 19 cigarros -, alguns vendedores admitiram ter tentado atestar as suas reservas para evitar a flutuação dos preços. Assim que leu no jornal acerca da possibilidade de aumento do imposto sobre o tabaco, o dono de uma tabacaria próxima do Leal Senado tratou de ligar ao seu fornecedor para encher os ‘stocks’. Mas devido ao aumento súbito de procura (ou por outras razões menos claras), deparou-se com a alegada indisponibilidade de mercadoria no retalhista, que pediu paciência, prometendo apenas “fazer os possíveis para resolver a situação”. Os vendedores dizem que os residentes ponderam deslocar-se à China para comprar cigarros livres de impostos.

Joana FreitasVirginia [email protected] [email protected]

marcou esse preço, mas depois passou uma etique-ta que marcava mais seis patacas.” Recorde-se que os comerciantes a vender os cigarros com novo preço nem sequer o compraram

de acordo com a taxa actu-alizada. Um roubo em dois actos, portanto.

No ‘Circle K’, que o Hoje Macau visitou, os empregados afirmaram ter recebido ordens para reco-

lher maços de tabaco, para que o stock não esgotasse. A ordem veio de cima e os funcionários nem sabiam da aprovação do novo imposto.

Nos San Miu, a história já se contava de forma diferen-te. Na Taipa, o supermercado limitou a compra de tabaco a duas unidades; nos NAPE, os fumadores só podiam contentar-se com um maço... com o preço actualizado. A resposta à dúvida do Hoje Macau sobre a imposição deste limite foi esclarecida numa loja mais pequena. “Os fornecedores não nos venderam o tabaco que

Numa das lojas visitadas pelo Hoje Macau, testemunhámos o momento em que os empregados guardavam maços para venda posterior

Page 5: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

SEXTA-FEIRA 16.12.2011

5www.hojemacau.com.mo

CULTURA DE MACAU ESTÁ MUITO EM BAIXO CONCURSOS PÚBLICOS NEGLIGENTES

Virginia [email protected]

BANANAS, ovos e outros alimentos cruzam o ar do hemiciclo, como se tives-sem asas. As imagens da

televisão não enganam: ou esta-mos a assistir a trocas de mimos entre deputados de Hong Kong ou de Taiwan. Alguns residentes perguntaram a Paul Chan Wai Chi se essa forma de manifestar insa-tisfação poderia um dia ser vista da Assembleia Legislativa (AL) de Macau. O deputado pró-democrata respondeu: “impossível”.

Citado na última edição da publicação mensal da Associa-ção Novo Macau Democrático (ANMD), Paul Chan observou que a cultura parlamentar é diferente em toda a parte e que lembra que alguns deputados de Taiwan chegam mesmo a trocar murros em plena assembleia, sendo esta mais violenta do que a de Hong Kong, embora também haja outros luga-res onde se cos-tuma assistir a confrontos f í s i c o s

GOVERNO APRESENTA ESTADO ORÇAMENTAL A CADA SEIS MESESOs deputados da Assembleia Legislativa (AL) pediram e Francis Tam aceitou. O secretário para a Economia e Finanças afirmou ontem que, a partir de 2012, o Governo vai apresentar a meio do ano o estado do orçamento. 30 de Junho é o dia escolhido para mostrar na AL informações sobre as despesas da Administração, especialmente se estiverem relacionadas com reforços extra no orçamento. O objectivo dos deputados, dizem, é conseguir fiscalizar melhor a execução orçamental do Governo e controlar as despesas pagas com o erário público.

queríamos, pelo que não temos suficiente em stock”, explicou a dona.

FRANCIS TAMVAI REVER SUBIDA Ontem, em plenário, os depu-tados aprovaram por unani-midade a proposta que define a cobrança de mais 150% sobre o preço de cada cigarro – de 20 para 50 avos por unidade. Mesmo assim, a subida de pre-ço não agrada aos deputados, que consideram insuficiente para cumprir a intenção de diminuir o número de fuma-dores.

Surgiu então a compara-ção com o imposto aplicado nas região vizinha. “Esta medida não vai ter qualquer eficiência, porque o aumento é reduzido e há uma discre-pância enorme face a Hong Kong”, frisou Kwan Tsui Hang. Na RAEHK, o valor mais baixo de um maço de tabaco é 35 dólares, enquan-to em Macau pagam-se 23 patacas por uma das marcas mais caras no mercado.

Ho Ion Sang diz mesmo que a subida de 150% pode parecer significativa, mas não é, até porque o preço de venda de um maço de cigarros deverá ocupar 70% da taxa de imposto, segundo a Organização Mundial de Saúde. “Isso não acontece aqui, onde a percentagem é de 30% a 40%.” A diferença de que falam os membros da AL impede a redução do consumo do tabaco, “tornando ineficaz todo o objectivo da proposta”.

“Os fumadores não se vão sentir ameaçados”, apontam Lee Chong Cheng e Chui Sai Cheong. Francis Tam, secretário para a Economia e Finanças, concordou com as opiniões e prometeu uma re-visão “em tempo oportuno”. Kwan Tsui Hang sugeriu seis meses para o novo aumento.

Os casos mais estranhos da Assembleia Legislativa de Macau

Da banana à panquecaem plena sessão parlamentar. Em Macau, explicou o deputado, não existe o costume de atirar ovos ou bananas na assembleia, o que não significa que a AL de Macau seja pior do que o Conselho Legislativo (Legco) de Hong Kong. “É sim-plesmente porque não é lançando comida pelo ar que se vão resolver os problemas”, afirma Chan, assi-nalando que, no entanto, a forma de discutir e debater as questões é, também por isso, muito mais chata em Macau. Por outro lado, defende, a forma mais efectiva de discutir um problema é pela via pacífica, racional e não violenta, e é assim que se deve lutar por mudar alguma coisa.

Mas lá por não haver violência concreta, não quer dizer que não haja na AL algumas agressões... à inteligência dos deputados. Paul

Chan considera ridículo o que se passa com as interpelações

orais, por exemplo: o Go-verno pode decidir sem dar cavaco a ninguém quem é que irá repre-

sentá-lo na

sessão e, até à última, os deputados não sabem se haverá secretários pre-sentes e quais. E mesmo que dêem a cara, estes secretários de qualquer forma costumam divagar em res-postas que às vezes “nada têm a ver com as perguntas”. A última sessão de interpelações orais, lembra Chan, deveria ter sido realizada em Julho, mas devido a várias razões, acabou por atrasar três meses, o que levou a uma falta de eficiência temporal. Mesmo quando os representantes do Governo respondem a uma inter-pelação, normalmente preenchem o seu tempo de resposta com números e estatísticas, ou repetem sempre as mesmas frases feitas e vazias. “Os funcionários do Governo raramente dão respostas directas às interpela-ções dos deputados.”

CRIATIVIDADE ÚNICATodos os anos é o mesmo martírio: no debate do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG), os deputados podem dispor de meia hora para falar sobre as várias po-líticas em causa. Mas normalmen-te, apenas é possível conseguir organizar que cada deputado use da palavra por 15 minutos numa primeira ronda, sendo que a volta seguinte, por estar limitada pelo tempo previsto para o total da reunião, pode deixar alguns

de fora. Por outro lado, os representantes

do Gover-

no não têm limite de tempo para as respostas, podendo arrastar o debate até ao final e ir para casa descansar depois de cumprida a sua obrigação. “Penso que esta é a criatividade única de Macau, este modo de debate auto-restrito.”

Frustrados com esta forma de funcionamento dos debates das LAG, os deputados da ANMD – Paul Chan, António Ng Kuok Cheong e Au Kam San – já apre-sentaram propostas para alterar a fórmula, para que todos os deputados tivessem tempo de expor as suas ideias e ninguém ficasse de fora devido por a sessão terminar antes de chegar a sua vez de falar. “Infelizmente, essas sugestões estão ainda à espera de um resultado.”

O FIM DA BANANADA“Devido ao seu mecanismo polí-tico ultrapassado, as políticas do Governo tornam-se incapazes de cumprir o conceito dos ‘residentes como prioridade’ e o ferro dificil-mente se torna aço”, afirmou Paul Chan, complementando a metáfora metalúrgica com o regresso à gas-tronomia.

“Ovos e bananas não são ingre-dientes para refinar aço, e a única forma de o conseguir é com o au-mento do sentido de cidadania. A cultura da Assembleia em Macau tem de melhorar e a forma mais efi-caz é através do desenvolvimento de eleições gerais com um voto por eleitor e do esforço por construir uma boa cidadania na sociedade. Para tal, será necessária muita ener-

gia e é melhor não desperdiçar as bananas e ovos. Em vez disso, devíamos usá-los para fazer panquecas e complementar a

nossa alimentação, o que ajudaria a persistência na luta.”

Macau não consegue competir com outros locais no que aos museus diz respeito. José Chui Sai Peng utilizou ontem o período antes da ordem do dia no plenário para criticar a fraca competitividade dos centros culturais do território. “Os museus de Macau encontram muitas dificuldades em recolher colecções devido à sujeição ao limite da lei, definida há muito tempo, e porque as criações artísticas passaram a ser alvo de investimento valorizado em todo o mundo.” José Chui Sai Peng ironiza que os museus ainda tentam esconder-se da vergonha, pedindo peças emprestadas, mas

diz que isso ajuda a perceber mais as diferenças. “Se compararmos com as relíquias emprestadas para as exposições, podemos ver que as dos museus de Macau não são ricas nem abundan-tes.” O deputado recorda, por exemplo, que o espólio de Sun Yat-sen foi adquirido por Hong Kong, devido ao orçamento limitado em Macau para a sua aquisição. “Os museus de Macau não têm condições suficientes para a concorrência a nível de preço no mercado de hasta pública. Por isso, não conseguem adquirir muito património histórico e criações artísticas.” - J.F.

Mak Soi Kun acredita que é o próprio Governo a impedir o desenvolvimento das indústrias locais, quando determina concorrentes para os concursos. O deputado utilizou o exemplo do concurso para o estudo de aperfeiçoamento da avaliação das políticas públicas para apontar o dedo. “O Conselho Consultivo para a Reforma de Administração Pública exige que os concorren-tes venham de instituições locais e do exterior. Esta limitação é violadora da lei.” O deputado acredita que esta atitude mostra negligência em relação à competência dos académicos locais

e impede o seu desenvolvimento. Mak Soi Kun sublinha também a visão internacional dos es-tudantes de Macau que estudaram no exterior. “São perfeitamente capazes de concluir este estudo, mas é incompreensível que o Governo não admita a participação das associações aca-démicas locais.” O deputado diz mesmo que, com a desconfiança do Governo, as indústrias culturais e criativas não andam para a frente. “É uma atitude de não zelar pelos interesses da sociedade. Terá alguma coisa a ver com o tráfico de influências?” - J.F.

Page 6: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

SEXTA-FEIRA 16.12.2011

6www.hojemacau.com.mo SOCIEDADE

HOJE

MAC

AU

PUB

O Gabinete de Comunicação So-cial (GCS) pode estar a explorar

os funcionários. A acusação foi feita ontem pelo deputado José Pereira Coutinho, que diz ter recebido queixas dos visados. “Eles alegam que a entidade tem estado durante anos a não pagar horas extraordi-nárias e a desrespeitar os feriados obrigatórios”.

O também presidente da Asso-ciação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) afirma que as ordens vêm do dirigente do GCS, Vitor Chan.

Ontem à noite, depois da acu-sação do deputado, o GCS emitiu um comunicado onde justificava horas de trabalho extraordinário. “A principal atribuição do GCS é divulgar informação do Governo e, devido à natureza de trabalho, o pessoal deste gabinete tem de prestar, frequentemente, serviços

EVITAR o aumento do risco social e dar um carácter

independente ao subsídio de renda são as intenções do Go-verno. Na sessão plenária do Conselho de Acção Social de ontem, o presidente do Instituto de Acção Social, Iong Kong Io, apresentou os resultados de um estudo promovido pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM) relativos ao valor do risco social e explicou aos jornalistas que o caminho é o de retirar o subsídio de renda do cálculo do risco social. A intenção servirá para não prejudicar as famílias que têm menores posses.

Outra novidade que decorre do estudo prende-se com o ajuste do valor do risco social. O Executivo liderado por Fer-nando Chui Sai On pretende que este montante seja revisto

PEREIRA COUTINHO ACUSA VITOR CHAN DE NÃO PAGAR AOS TRABALHADORES

Pela informaçãoMUDANÇAS NO CÁLCULO DO RISCO SOCIAL

Rendas de fora

entre Junho e Julho de cada ano.O documento do IPM acon-

selha ainda que, no cálculo do risco social, o nível das despesas de cada um que tenha dificul-dades económicas se situe entre os 40 e os 50% das despesas do grosso da população de Macau. Nesse sentido, ficarão de fora do cálculo de risco todas as despesas feitas no exterior, o vinho ou o tabaco, por não se-rem considerados bens básicos de necessidade.

Durante o próximo ano, o montante total do risco social será de 3200 patacas.

fora do horário normal de trabalho e durante dias de festividade e feriados.”

O gabinete elogia ainda os funcionários e afirma que é devida-mente compensado de acordo com a legislação vigente.

Pereira Coutinho voltou a evocar a os casos de abuso de poder nos Serviços de Administração e Função

Pública (SAFP) – que alegadamente obriga os funcionários a participar em actividades nos dias de descanso – e do Instituto de Habitação (IH) – que terá despedido funcionários depois do recente escândalo de que estes teriam a ser pagos por uma empresa privada.

Pereira Coutinho voltou a frisar a necessidade de uma lei sindical e de negociação colectiva. - J.F.

Page 7: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

Gonçalo Lobo [email protected]

TEM o maior “bungee jump” do mundo - 233 metros de al-tura. É a construção mais alta da cidade – 338 metros. É um

centro de convenções e entretenimen-to, e oferece várias possibilidades de restauração - um restaurante giratório a 216 metros. É a Torre de Macau e está a comemorar 10 anos de existência.

Ontem, o Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, e a presidente do Centro de Convenções e Entreteni-mento da Torre de Macau, Pansy Ho, marcaram a abertura dos festejos com os tradicionais brinde de champanhe e corte de bolo de aniversário. “Como ponto mais alto do território, a torre tes-temunhou a evolução desta cidade. O Governo pode contar connosco, como até aqui, para o desenvolvimento da RAEM enquanto centro internacional de turismo e lazer”, referiu a filha de Stanley Ho.

Desde a sua inauguração a 19 de Dezembro de 2001 que a Torre de Macau se tem dedicado ao enrique-cimento do tecido social e económico da cidade, quem o afirma é Pansy Ho. “MICE, lazer, emoção. Tudo em prol do turismo e na diversificação cultural. É a nossa oferta a todos os visitantes. Olhando para o futuro, continuaremos a expandir a nossa diversidade de produtos.”

E o sonho é para continuar. Pansy Ho é concisa. A Torre de Macau con-tinua pronta para trazer “qualidade e emoção”. “Temos o maior ‘bungee

jump’ do mundo e um calendário anual importante de convenções e exposi-ções. A Torre de Macau continuará a desempenhar o papel de precursor em inovação, bem como estabelecer novos padrões para a indústria.”

VÁRIAS INICIATIVAS DE FESTEJOCom o aval do Chefe do Executivo, as comemorações do aniversário da Torre de Macau estão recheadas de eventos. De 20 de Dezembro a 20 de Janeiro, qualquer pessoa que tenha o Bilhete de Residente de Macau ou o ‘Blue Card’ pode ter acesso ao piso de observação da torre por apenas 10 patacas.

No dia 18, a “Crazy Bungy Battle Royale” convida 20 pessoas a disputar o titúlo de rei da “Crazy Bungy” se apa-recerem roupas ultrajantes. O carnaval fica instalado com performances de dança de rua e oficinas para crianças.

No dia 19, pelas 18h, a Torre de Macau será iluminada com um es-pectáculo pirotécnico com a duração de três minutos, para comemorar “a preceito os 10 anos de um dos símbolos de Macau”.

Aproveitando o Natal, os festejos do aniversário serão também abrilhan-tados por diversas diversões como o “Christmas Winterland”, “Bubble Master”, “Ballon Wizard” e “Bunny Magician”.

A Torre de Macau, construção similar à Sky Tower de Aukland, na Nova Zelândia, é actualmente a 22.ª torre mais alta do mundo. Oferece uma vista panorâmica de Macau (incluindo Taipa e Coloane) e já foi vedeta na sétima arte.

SEXTA-FEIRA 16.12.2011

7www.hojemacau.com.mo

PSP APONTA DIRECTRIZES PARA AS MANIFESTAÇÕES DO DIA 20O próximo dia 20 é dia de comemorar o retorno à pátria mas, paralelamente aos festejos, várias associações e dois residentes irão sair às ruas em sinal de manifesto. O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) revela-se alerta para o que possa suceder e já deu indicações, em comunicado, dos percursos dos manifestantes. Os itinerários, disponibilizados previamente pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), foram alterados pelo CPSP e devidamente informados às associações em reuniões ocorridas entretanto. Para a polícia é muito claro que os manifestantes devem seguir à risca os itinerários previamente delineados e acertados. “Os manifestantes devem seguir pelos itinerários propostos, caso contrário as actividades serão tratadas como ilegais.”

Um dos símbolos de Macau comemora 10 anos

A torre dos sonhos

Page 8: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

SEXTA-FEIRA 16.12.2011

8www.hojemacau.com.mo ENTREVISTA

So Sou foi uma das finalistas do “Supermodel Asian Beauty Contest

2011”, realizado recentemente em Tóquio, e ganhou a apetecida

coroa de Miss Fotogenia.

Page 9: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

SEXTA-FEIRA 16.12.2011

9www.hojemacau.com.mo

com Helder Fernando

Quando decidiu tornar-se modelo profissional?Sonhava com isso, mas nunca pensei muito seriamente em ser modelo profissional. Até que surgiu a oportunidade de participar neste concurso, que me abre portas para seguir a carreira profissional de modelo. Afinal, um sonho que trouxe uma realidade. Depois desta minha participação que me deu tanta alegria, farei tudo para aprender mais.Teve o apoio da família?A minha família mostrou-se bastante favorável em muitos aspectos. Aprecio isso.Que importância tem para si ser coroada a Miss Fotogenia?Muita. Estou confiante que o prémio que recebi num concurso tão importante como este pode tornar-se um ponto de viragem na minha carreira, de modo a ter acesso a entrar no circuito internacional. Por outro lado, também é um grande desafio para mim. Até porque as oportunidades podem chegar rapidamente, arriscamos tudo e depois, se não tivermos cuidado, podemos arrepender-nos. E eu desejo sempre, com o meu sucesso, prestigiar o nome de Macau.Já estava familiarizada com o Japão?Sim, a minha mãe vive no Japão, eu própria visitei o país várias vezes. Sinto que o Japão está sempre muito próximo de mim.Quais são os lugares mais familiares para si? Definitivamente, Tóquio. A capital japonesa é uma cidade grande e adoro grandes capitais! Existe uma grande mistura de

So Sou, modelo nascido na RAEM

“O meu sucesso internacional ajudaa projectar o nome de Macau”

culturas tradicionais com tecnologias ultramodernas, ou seja, é sempre possível explorar coisas interessantes, com novas perspectivas. Tóquio é uma cidade onde é possível sonharmos o que quisermos e realizarmos muitos desses sonhos.O que mais destaca da sua experiência de vida no Japão? O meu envolvimento no ‘’Projecto Feliz” , por altura do meu estágio. É um projecto de comunicação artística, com o objectivo de espalhar a onda “Ser Feliz” pelo mundo. Acreditamos que o “sorriso é uma comunicação universal”. Esta campanha recolheu mais de 30 mil “sorrisos” e mensagens.O Concurso Supermodel de Beleza da Ásia tem tradição

de organizar iniciativas solidárias. O que acha disso?Foi importante a experiência que tivemos com a visita a Iwaki-shi, apenas a 40 quilómetros da central nuclear de Fukoshima. Inspirei-me nas crianças e no povo, como estavam e estão a recuperar da trágica situação. Inclusive, brinquei com as crianças daquela zona, levando-lhes dose significativa de alegria.Que outras localidades foram visitadas pelas modelos participantes no “Supermodel Asian Beauty Contest” deste ano?Além das que já mencionei, visitámos a região de Koriyama, onde um grande número de pessoas vive em abrigos temporários. Na companhia da banda pop Kino, visitámos os

habitantes dessa região e distribuímos bem de primeira necessidade, assim como, naturalmente, as nossas palavras de incentivo.Qual a modelo internacional que mais a inspira? A Twiggy. É uma grande lenda.Ser modelo é uma carreira breve. Como imagina a sua vida profissional futura?Gostaria de tentar a carreira de actriz, é outro dos meus sonhos.Macau, a sua terra, pode realmente tornar-se um importante centro internacional de Moda?Tenho a certeza de que sim. Em alguns aspectos até já começa a sê-lo. Como encara os problemas de emprego, as guerras e a fome?

Não quero falar muito disso, sinto-me muito triste. Mas temos todos de reflectir sobre tantos acontecimentos trágicos destes últimos anos, como o sismo em Sichuan que matou milhares de pessoas, tal como no Haiti. O tsunami que atingiu o Japão, com o perigo da radioactividade... Enfim, tantos acontecimentos infelizes que vitimaram tanta gente. Estou muito consciente de que há imensas pessoas no mundo, desesperadas, a precisar urgentemente de ajuda. Dinheiro, bens de primeira necessidade e amor é que devemos partilhar com elas.Como preenche os tempos livres?Gosto de estar com amigos, sair com eles, ver filmes, ler, cozinhar, descontrair-me o mais possível.

Page 10: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

PUB.SEXTA-FEIRA 16.12.2011

www.hojemacau.com.mo

10

Page 11: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

SEXTA-FEIRA 16.12.2011

11www.hojemacau.com.moCULTURA

Lia [email protected]

NOSTALGIA re-novada: Macau Antigo + Novas Abordagens é o

nome da exposição hoje inaugurada numa das salas de Museu de Arte (MAM), onde estará patente até dia 1 de Abril. Uma evocação de um passado através da fotografia.

São várias gerações de fotógrafos, que registaram Macau desde os anos 70 até ao século XX. As obras entram, agora, em diálogo com os artistas modernos e as novas tecnologias. Di-vidida em duas partes, a exposição conta a evolução de uma terra de pescadores, que culmina nos dias de hoje – a expansão com ilhas arti-ficiais. “Quando as pessoas visitam a exibição podem ter uma visão da história de Macau”, explica Noah Chao, o curador.

A primeira secção pre-tende ser um testemunho

histórico e a segunda cami-nha com a criatividade da nova geração de artistas, que unem o narrar de um passado com o mostrar de um presente tecnológico. São 11 artistas locais – alguns estrangeiros, mas todos fize-ram de Macau a sua casa e alvo de criação.

A junção de duas vertentes artísticas distintas pretende atrair os jovens. “Queremos chegar às gerações mais novas para que possam aprender a história e reflectir sobre o futuro.”

Um dos exemplos da geração das tecnologias foi a criação da artista de Taiwan Peng Yun. Do arquivo do MAM retirou várias fotogra-fias de épocas diferentes e colocou-as numa sala escura. Um foco ilumina a parede e desvenda pedaços de vida e história. São diferentes datas e temas que Yun utiliza para narrar a Macau que não co-nheceu. “Escolhi temas como os pescadores, a arquitectura da cidade e tradições das gentes.”

Museu evoca Macau antiga

Exposiçãoda nostalgia

WONG CHON KIT - A JUVENTUDE• Um nevoeiro alude ao sonho - “Ao sonho de Macau”. Assim intitulou Wong Chon Kit o seu trabalho. Montagens de fotografias, também retiradas da colecção do MAM, criam paisagens enevoadas, numa espécie de ilusão de uma região passada unida com o presente. “Quis combinar fotos antigas e moder-nas para reconstruir a história.” No trabalho deste jovem fotógrafo há vida, uma bicicleta que anda e pessoas num dia-a-dia de labuta. “Os mais velhos conhecem a história, os mais jovens não. Com esta instalação quero mostrar a verdadeira situação da região.”

VINCENT HOI - A MEIA IDADE• É a primeira vez que este realizador se mostra ao público em versão fotógrafo. Macau moderno a preto e branco dá a ideia de antiguidade. Uma rapariga com cor (que se perde aqui, mas poderá ver na exposição) vinda dos anos 60 “regressa ao futuro”. O tema dá o título ao trabalho de Hoi e retira do território de hoje os pedaços de ontem. “Isto é possível em Macau, porque ainda há muitos restos da história, ao lado da modernidade. Uma rapariga chega à Macau moderna, vinda de outra época, onde quer encontrar a memória de um território antigo.”

OU PING - A VETERANIA• A viver no território há cerca de 60 anos, registou o passar dos anos numa técnica ainda longe de imaginar o digital. Agora tem trabalhos expostos na era da tecnologia. Ping considera interessante a maneira como está a ser construída a exibição. “Acho inovador e uma boa forma de expressão para trazer memórias aos mais novos.” A fotografia antiga, tirada em momentos de lazer, transporta para os dias de hoje os cenários naturais e arquitectónicos da Macau de há cinco décadas.

Page 12: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

SEXTA-FEIRA 16.12.2011

12www.hojemacau.com.mo DESPORTO

PUB

Gonçalo Lobo [email protected]

AS novas chuteiras de Cristiano Ronaldo, as

Nike Mercurial Vapor Su-perfly CR III, estreadas pelo jogador português no jogo do Real Madrid contra o Bar-celona da última jornada da Liga Espanhola, cria a ilusão óptica de que o jogador que as usa está prestes a virar numa direcção, quando na verdade os seus pés estão prestes a mover-se de forma diferente. ““O movimento dos pés é algo que muitos jogadores se concentram”, explicou o designer da Nike, Andrew Caine, em entrevis-ta à ThePostGame.com.

Aparentemente, a Nike terá criado umas botas ca-pazes de trocar as voltas ao

RONALDO ESTREIA CHUTEIRAS QUE ENGANAM O ADVERSÁRIO

Aprovado por CR7LUÍS Sá Silva sagrou-se

em 2011 vice-campeão da Fórmula Pilota China, a competição de monoluga-res disputada no Sudeste Asiático que tem a bênção da “Ferrari Drivers Acade-my”. O piloto angolano, residente em Macau, e que corre com a licença despor-tiva da Associação Geral Automóvel de Macau Chi-na (AAMC), obteve quatro pódios e duas vitórias, aos comandos de um Tatuus--FIAT da equipa macaense Asia Racing Team.

Com apenas 21 anos, Sá Silva não escondeu a satisfação no final da época e agradeceu a todos os que o apoiaram em 2011 para que os objectivos princi-pais fossem alcançados. “Tenho que agradecer a todos os que me apoiaram esta temporada, e que em

PILOTO ANGOLANO À BEIRA DA FÓRMULA 3

Angola acreditam que é possível um piloto ango-lano triunfar no desporto motorizado internacional.”

Sá Silva, através da sua página de fãs no Facebook, comentou que os testes re-centes que podem levá-lo à Fórmula 3 “correram acima do esperado”. Foram os pri-meiros testes realizado por Sá Silva finda a temporada asiática, ele que nunca escon-deu que gostaria de regressar à Europa onde competiu no início da temporada de 2010, até uma lesão num dedo ter obrigado ao final abrupto da sua campanha no Campeo-nato Alemão de F3. - S.F.

adversário e dá a Ronaldo a missão de recuperar a sua posição como melhor jogador do mundo. “Um defensor a olhar para os pés de Cristiano, vai visualizar o caminho que o seu corpo traça para não o deixar passar. Assim, a ideia é ter um jogo visual que cause dificuldade ao defesa o enten-dimento dos movimentos do corpo do seu adversário.”

As chuteiras não são si-métricas. A partir da direita, elas têm uma aparência lim-pa com riscas. Da esquerda, porém, há listas grossas com uma linha acentuada de vermelho. O tal design assimétrico faz o julgamento de um defensor muito mais difícil, pois o efeito visual de Ronaldo virar o pé numa direção pode ser totalmente o contrário.

Page 13: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

TDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO18:30 That 70\’s Show (Que Loucura de Família)19:00 TDM Talk Show (Repetição)19:30 Amanhecer20:35 Telejornal21:00 Ásia Global21:30 Desperate Housewives (Donas de Casa Desesperadas)22:15 Passione23:00 TDM News23:30 The Alamo01:00 Telejornal (Repetição)01:30 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Com Ciência15:00 Galegos de Cá e Lá16:00 Bom Dia Portugal17:30 Velhos Amigos18:15 Luís de Matos – Mistérios19:00 Estado de Graça20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo22:15 Estranha Forma de Vida – Uma História da Música Popular Portuguesa22:45 Portugal no Coração

ESPN 3013:00 IAAF World Challenge League15:30 NCAA Women’s Volleyball Championship SemiFinals19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 Football Asia 2011/12 20:30 Spirit Of London21:30 Global Football 2011 22:00 Sportscenter Asia 22:30 Rugby World Cup 2011 Semifinals #1 Wales vs. France

STAR SPORTS 3113:00 Hot Water 2011/12 14:00 JK Racing Asia Series15:00 Best Of The Championships, Wimbledon 201117:00 (LIVE) Omega Dubai Ladies Masters 2011 Day 3 21:00 Le Mans Series Magazine Shows 21:30 (Delay) Score Tonight 22:00 British Rally Championship 2011 23:00 Best Of The Championships, Wimbledon 2011

STAR MOVIES 4011:20 Fair Game 13:15 Inhale 14:45 Mary Shelley’S Frankenstein 16:55 Six Days, Seven Nights 18:45 In The Line Of Fire 21:00 Stone 22:40 Daybreakers 00:20 Predators

HBO 4112:00 For Your Eyes Only14:10 Medicine Man16:05 America’S Sweethearts18:00 Arthur And The Revenge Of Maltazard19:40 Hulk22:00 Octopussy00:10 The Bourne Identity

CINEMAX 4212:45 Vampire Bats14:15 The Taking Of Pelham 1 2 316:00 Fahrenheit 45118:00 The Incredible Shrinking Man19:20 Hollywood Buzz19:45 Terminator Salvation21:45 Epad On Max 14122:00 Blink23:45 From Dusk Till Dawn

[f]utilidadesSEXTA-FEIRA 16.12.2011www.hojemacau.com.mo

13

[Tele]visão

Aqui há gato

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

Su doku

[ ] Cru

zadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Excede-se, exagera. Abalavamos. 2-Magnate ingles. 3-Nome de mulher. Sigla latina que indica data anterior à era cristã. Içar, levantar. 4-Ligariam, uniriam. Neste lugar. 5-Era-Cristã (abrev.). Recordarei. 6-Inaugurei. Acrescentar. 7-Com forma de roca. Cidade da Babilónia 8-Cobalto (s.q.). Referente ao Gerês. 9-Renque de árvores. Antes do meio-dia (abrev.). Consagrar. 10-Rumor brando, o m. q. frolo. 11-O m. q. aloé. Terreiro descoberto em frente das igrejas (pl.).

VERTICAIS: 1-Nome de mulher. Termina. 2-O açúcar, considerado como excipiente (Farm.). 3-Algumas. Brasil (abrev.). Uma das peças essenciais do vestuário litúrgico dos sacerdotes de Israel. 4-Sim (Ant.). Num aeroporto, conjunto de edifícios reservados aos passageiros e às mercadorias. 5-Expressão de alarve. Osmio (s.q.). 6-Ociosidade. Lago da URSS. 7-Seguir na companhia de alguém. Nome de determinados estabelecimentos de ensino. 8-Enfeitados como dama. Consoante repetida. 9-Meiguice, doçura (Fig.). Chalaceia. Bolo de farinha e sal, usado pelos Romanos nos sacrifícios. 10-Género de peixes acantopterígios. 11-Curai. Parte aquosa que se separa do leite depois de coagulado (pl.).

HORIZONTAIS: 1-ABUSA. IAMOS. 2-L. MILORDE. A. 3-ISA. AC. ALAR. 4-CASARIAM. CA. 5-EC. EVOCAREI. 6-ABRI. ADIR. 7-ARROCADO. IS. 8-CO. GERESANO. 9-ALEA. AM. DAR. 10-B. FROLIDO. O. 11-ALOES. ADROS.VERTICAIS: 1-ALICE. ACABA. 2-B. SACAROL. L. 3-UMAS. BR. EFO. 4-SI. AEROGARE. 5-ALARVICE. OS. 6-OCIO. ARAL. 7-IR. ACADEMIA. 8-ADAMADOS. DD. 9-MEL. RI. ADOR. 10-O. ACERINA. O. 11-SARAI. SOROS.

[ ] CinemaCineteatro | PUB

SALA 1MISSION: IMPOSSIBLE GHOST PROTOCOL [C]Um filme de: Brad BirdCom: Tom Cruise, Jeremy Renner, Simon Pegg14.15, 16.45, 19.15, 21:45

SALA 2SHERLOCK HOLMESA GAME OF SHADOWS [B]SRD DOBLY SURROUND SOUND SYDTEMUm filme de: Guy RitcheCom: Robert Downey Jr., Jude Law, Noomi Rapace14.30, 16.45, 19.15, 21.30

NUTCRACKER IN 3D [B]Um filme de: Andrei KonchalovskCom: Charlie Rowe, John Turturro19:30

SALA 3PARANORMAL 3 ACTIVITY [C]Um filme de: Ariel Schulman, Henry JoostCom: Kate Featherston, Sprague Grayden14.15, 16.00, 17.45, 21.30

EU PAPAVA MELHOR

Não me perguntem porquê, que nem eu sei. Mas o que pensam os fumadores de Macau quando lhes é pedido que paguem mais seis patacas “por causa da lei que foi alterada”?Por que é que pagam? Vá, miau, pensamos juntos. Quando uma lei/proposta/projecto/diploma é aprovada na Assembleia Legislativa, tem de passar pelo Boletim Oficial para entrar em vigor. Já se sabe que os senhores deputados – até dizem que são simpáticos – vão decidir, cheios de dúvidas, passar uma lei para que comerciantes e lojistas possam cobrar mais.O que me espanta nem é o pedido extra de mais seis patacas. Quer dizer, são seis patacas, dava para eu comprar aquelas latinhas de comida molhada que aqui no jornal me estão a cortar por estar gordito, mas caramba. Chama-se bom senso. Que realmente não vi nem de um lado – negociante -, nem do outro – comprador.Há tanta coisa a fazer-me torcer os bigodes e, pelos vistos, tão pouca que ponha os humanos a franzir as sobrancelhas. A aprovação do diploma foi feita e uma hora depois já estavam limitar a compra de maços de tabaco, ao mesmo tempo que subiam os preços dos existentes. E os viciados? Pensaram nisso? Vi de tudo.Aceitaram a subida de preços sem reclamar, foram impedidos de comprar mais do que um maço aceitando passivamente e, acima de tudo, nem se queixaram por todas as acções serem ilegais.Eu, cá por mim, volto a dizer: não é pelas seis patacas. É pelo facto de terem sido papados por lorpa. Caros amigos, o tabaco que compraram por mais seis patacas não foi adquirido ao fornecedor com a taxa actualizada. Ao menos davam-me as seis pataquinhas a mim, que eu papava muito melhor. E sem lorpas espoliados.

Pu-Yi

O SENTIDO DO FIM • Julian Barnes VENCEDOR DO MAN BOOKER PRIZE 2011O Sentido do Fim, o mais recente romance de Julian Barnes e livro recém-galardoado com o Man Booker Prize 2011 - é a história de um homem que se confronta com o seu passado mutável. Com marcas da literatura inglesa clássica - na apreciação do júri que o distinguiu - O Sentido do Fim constrói, com grande delicadeza e precisão, uma trama tensa, forte, e revela a mestria de um dos maiores escritores dos nossos tempos.

OLIVER TWIST 2: NA COZINHA COM JAMIE OLIVER (DVD)Jamie Oliver faz o que sabe melhor – cozinhar para os seus amigos. Na Cozinha com Jamie Oliver 2, Jamie encontra-se com várias pessoas dos quatro cantos do mundo e convida-os a partilhar uma refeição que nunca esquecerão. Vamos ver Jamie nas lojas e seus mercados favoritos, aconselhando-nos os ingredientes a procurar e usar, para finalmente preparar um belo manjar em sua casa. Que a festa comece!

PARE, ESCUTE, OLHEDezembro de 91. Uma decisão política encerra metade da cente-nária linha ferroviária do Tua, entre Bragança e Mirandela. Quinze anos depois, o apito do comboio apenas ecoa na memória dos transmontanos. PARE, ESCUTE, OLHE é uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incum-pridas dos que juraram defender a terra. Esses partiram com o comboio, impunes. O povo ficou, isolado, no único distrito do país sem um único quilómetro de auto-estrada.

Page 14: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

SEXTA-FEIRA 16.12.2011

14www.hojemacau.com.mo OPINIÃO

nobre macedónio, refugiado em Atenas, dado ser o líder da comissão que o devia guardar.

Erradamente tem-se tecido rasgados elogios ao longo dos séculos ao modelo de perfeição da democracia da cidade-estado de Atenas, tratando-se de uma falácia loquaz motivada pelo excesso de idealismo, pois a mesma tinha bastantes nódoas, entre elas, a de vezes sem conta os juízes venderem o seu voto. Daí que o mais certo é que Fídias, Pericles e Demóstenes terem sido vítimas de uma conspiração política. Qualquer que seja a causa, a corrupção fazia parte do sistema.

Nas cidades da antiguidade grega institu-cionalizou-se uma dupla moral, aquando da prática dos jogos de corrupção com o fim de retirar prestígio ao adversário político. Neste meio proliferou a figura do delator, que tinha por missão fazer as acusações ou ocultar a

perspect ivasJorge Rodrigues Simão

“Deve um Príncipe adoptar a índole ao mesmo tempo do leão e da raposa; porque o leão não sabe fujir das armadilhas e a raposa não sabe defender-se dos lobos. Assim, cumpre ser raposa para conhecer as armadilhas do leão para amedrontar os lobos. Quem se contenta com o facto de ser leão, demonstra nada conhecer do assunto”.

O PríncipeNicolau Maquiavel

corrente encontrarmos diariamente nos meios de comunicação social referência a situações que envolvem

corrupção, e ao desabafo de tantos cidadãos da sociedade global, nas vivências da maior crise financeira e económica, cujas recordações de idêntica situação se perderam nas memórias avassaladoras do tempo, questionarem acerca da disponibilidade de tanto dinheiro para pagar este tipo de práticas delinquentes.

Os primeiros pensamentos produzem duas questões fundamentais, que é de saber se tal fenómeno é um mal inerente às socie-dades ocidentais democráticas, ou se sempre existiu na história da evolução do mundo. A corrupção, se for definida como um abuso de poder ou uma má conduta de governantes e funcionários públicos, existe desde os pri-mórdios da civilização e que história a tem descrito em pormenor.

Apesar de ser um dos temas actuais das sociedades, existe um receio ou temor referencial em falar em tal figura jurídica que conceptualiza um determinado tipo de crime, cuja intensidade aumenta nas sociedades mais permissivas, ou que de alguma forma não atingiram um grau de maturidade educacional e não aprenderam que num mundo de direitos a proteger e a exercer dentro de parâmetro legais bem definidos, existe também como contrapartida, um mundo de deveres a serem cumpridos de igual forma, e que tal situação é um desvio na estrada, para atingir o mesmo fim, por atalhos que só alguns tem acesso ou conhecem.

Presentemente, e nas democracias oci-dentais é uma das maiores causas de falta de confiança política, situação que nem sempre se tem apresentado dessa forma; em certos momentos históricos tem sido mesmo tolerada e alguns pensadores chegaram a defendê-la como um motor do desenvolvimento e da his-tória, por ter sido a causa de certas alterações importantes, que facilitaram a administração de alguns impérios e modelos políticos de governação.

Actualmente, de igual forma, parece querer-se ligar a corrupção com as acusações de mediocridade e falta de liderança dos di-rigentes políticos. Numa breve pesquisa pela história da humanidade, pelo menos na oci-dental, vêem-nos imediatamente à memória, ou aprendemos como os imperadores romano

O célebre político e general romano Marco Licínio Crasso, que derrotou na Batalha da Porta Collina, a revolta de 100 mil ex-escravos liderados pelo famoso gladiador Espártaco, era conhecido por ser o patrício mais rico da Roma da época. Entendia que acumular riqueza era uma forma de prática política e a sua fortuna de ético pouco tinha.

Fins que não justiFicam meiosJúlio César e francês Napoleão Bonaparte, não tiveram comportamentos sérios e honestos do ponto de vista dos valores e de afastamento nobre da legalidade vigente ao tempo, tendo sido demasiado flexíveis e relaxados com jogos de corrupção durante os seus consulados.

A expressão política usada por Nicolau Maquiavel há mais de quatrocentos anos no seu livro “O Príncipe”, de que os fins justifi-cam os meios, ainda que noutro contexto e diversa conotação, tem servido ao longo do tempo para mascarar condutas e actividades de muito duvidosa legalidade. As antigas civilizações da Índia e da Mesopotâmia apre-sentam os primeiros indícios da famigerada figura jurídica. Qualquer pessoa que quizesse obter alguma actuação ou favor do governo na Suméria ou na Babilónia, era considerada tal conduta como geral e comum.

O problema não residia em fazer paga-mentos ou oferecer presentes luxuosos a altos funcionários públicos, mas o necessário era que não existisse uma ligação valorativa entre o que se pretendia obter e oferecer. O Antigo Egipto, uma das antigas civilizações primitivas não esteve isenta de tais práticas. A história revela uma série continuada de escândalos ligados à corrupção no século XII a.C. No reinado do faraó Ramsés III, o último monarca forte do Egipto, existiu um crescimento da corrupção que criou os su-portes da decadência do Império Novo, que compreendeu o período entre 1550 a.C. e 1070 a.C., que tinha por capital Tebas e estendia-se desde o rio Nilo até ao rio Eufrates.

Um dos maiores escândalos relatados e que sobreviveu até ao presente, envolvendo corrupção, relaciona-se com um grupo de altos dirigentes públicos que facilitavam delinquen-tes a saquearem as tumbas no Vale dos Reis, em troca de dinheiro e percentagem nos tesouros que eventualmente encontrassem. A Grécia Antiga também foi invadida por esta chaga.

Um dos melhores artistas do mundo clássico, o escultor e arquitecto Fídias, autor das esculturas ornamentais do Parténon e responsável pela sua construção e pela ree-dificação da Acrópole, foi acusado a Pericles seu protector, um dos líderes da democracia de Atenas, de ter enriquecido injustamente com a construção de um dos mais famosos templos do Mar Egeu.

Ambos foram confrontados com uma denúncia por mau investimento de dinheiro público, e de roubo de parte do ouro que de-via ornamentar a Acrópole. Anos depois, no século VI a.C., Demóstenes, o maior advogado, político e tribuno de Atenas (quatro séculos depois o grande orador romano Cícero, assim o considerava), foi condenado a pagar uma multa equivalente a meio milhão de euros, pelo desaparecimento de parte do tesouro de um

imperial, estava alicerçado nas relações das suas diversas clientelas e no tráfego de influências.

Quem quisesse vencer na vida tinha de possuir meios para pagar os subornos. Tratava-se de uma realidade completamente aceite, e não se compreendia o sucesso da carreira política do Imperador Júlio César, se não tivesse pago para obter os seus primeiros cargos e poderes. Este tipo de favoritismo teve repercussão na expansão do Império Romano. Um alto posto militar como o de general, ou político-administrativo como o de governador de província, eram excelentes para enriquecer, uma vez que podiam dispôr como bem lhes aprouvia os recursos dos novos territórios conquistados.

O célebre político e general romano Marco Licínio Crasso, que derrotou na Batalha da Porta Collina, a revolta de 100 mil ex-escravos liderados pelo famoso gladiador Espártaco, era conhecido por ser o patrício mais rico da Roma da época. Entendia que acumular riqueza era uma forma de prática política e a sua fortuna de ético pouco tinha. Amigas íntimas da corrupção eram a especulação imobiliária, a prostituição e a prática de su-bornos cujas condutas permitiam a alguns atingir desmesuradas riquezas. Teve um fim trágico, sendo preso na Batalha de Carras (actual Turquía), em que o seu exército foi derrotado pelo exército do Império Parto (que foi um povo que criou um império no século III a.C no local onde actualmente é o Irão) e obrigado a beber ouro fundido.

Muitos foram os escândalos desde os primórdios da civilização ocidental que esta figura jurídico-penal causou, e continuará a causar, tendo chegado até ao presente com os mesmos contornos. Alguns pensadores têm defendido como se tratando de um vício ca-racterístico da natureza humana ou condição social, associado a uma certa cultura ou crença da impunidade e que tem como pressuposto maior a incapacidade de se poder educar a sociedade pela via pedagógica, que só encon-tra adesão quando confrontada com a coação da norma legal.

Sendo tão antiga quanto a prostituição e a espionagem, certamente nunca poderá ser considerada como um motor do progresso ou alavanca da história. Estudos de psicologia e psiquiatria forense parecem estar próximas de uma certa realidade que encara este e outros comportamentos ílicitos com ela correlaciona-da, como realizados por indíviduos portadores de patologia mental, que nada tem a ver com Escola antropológica italiana de Cesare Lom-broso e a ideia do criminoso nato, em que crime e loucura caminham abraçados.A cada um cumpre realizar a sua obra de arte, que por certo não será pinceladas à toa, esfacelar a escultura ou rasgar a tela.

É

informação comprometedora em troca de avultadas quantias de dinheiro. A corrupção está ligada ao nascimento dos impérios mais poderosos. As conquistas derivadas das de-pravadas guerras na Europa, foram um terre-no fértil para o enriquecimento rápido, injusto, sem causa, e ilícito. Reza a história que Filipe II da Macedónia unificou a Grécia, tendo sido considerado como detendo o maior poder na Europa. Os seus êxitos não se deveram única e exclusivamente à sua imagem de nobre e aguerrido conquistador, mas também pela sua liderança e clemência para com os derrotados, acrescido do seu devorador apetite pelo ouro.

Quando os seus conselheiros o avisaram certa vez sobre a dificuldade da conquista de uma cidade, perguntou com ironia se não era possível fazer entrar na mesma um burro car-regado de ouro. Demóstenes acusava Filipe II da Macedónia de não se poupar em subornar políticos para conseguir os seus fins. O Império Romano foi o único que de forma descarada ligou a sua expansão à corrupção. O sistema político, quer na sua fase republicana, quer na

Page 15: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

SEXTA-FEIRA 16.12.2011

15www.hojemacau.com.mo

Ciclone A justiça não deveria ser como um jogo de xadrez. De justiça todos sabem, de xadrez nem tantos. Por Fernando

crepúscu lo dos ído losArnaldo Gonçalves

Nunca ninguém os viu fazer uma função socialmente útil, ou dirigir um projecto empresarial com sucesso e acerto. Encontramo-los respaldados num ego do tamanho de uma montanha esperando dos outros as genuflexões que se dão a uma divindade que se adora ou venera.

Os ApOcAlípticOs

car toonpor Steff

IR PARA CASA

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Lia Coelho; Nuno G. Pereira; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Carlos Picassinos; Hugo Pinto; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros; Vanessa Amaro Colunistas Arnaldo Gonçalves; Carlos M. Cordeiro; Boi Luxo; Correia Marques; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

IMPLANTOU-SE nalgum jornalismo um estilo que apenas reage à cadência dos

soundbites que ocorrem na socie-dade ou se imagina que ocorrem. Não interessa propriamente narrar factos ou circunstâncias mas ape-nas agarrar aquela caixa que pode vender mais jornais ou prender a atenção do transeunte desatento que passa pela banca e corre, com os olhos, as capas dos jornais.

O que apareceu como marginal à enraizada cultura de informar e formar constitui hoje a dominância, o dogma, tomando de assalto o jor-nalismo sério feito por títulos como o Expresso, o Público ou o Diário de Notícias, para lembrar alguns.

Acompanhando esta tendência surgiu uma escola de comentado-res que por simplificação chamarei os “apocalípticos”, um género de “krrríticos” com a caneta aguçada como uma farpa e cujo principal deleite é prognosticar o desastre de qualquer político em ascensão, o fracasso de qualquer mínimo processo de mudança política, ou as nuvens mais negras sobre um país ou continente, concluindo em regra com um sacramental “eu não tinha avisado que…!”.

Nunca ninguém os viu fazer uma função socialmente útil, ou dirigir um projecto empresarial com sucesso e acerto. Encontramo--los respaldados num ego do tamanho de uma montanha espe-rando dos outros as genuflexões que se dão a uma divindade que se adora ou venera.

Vem a isto a propósito de opini-ões apresentadas sobre a situação política no Médio Oriente e na Europa que as pessoas mais infor-madas intuem como exageradas e preconceituosas mas que fazem as delícias de uma corte de mirones com residência permanente no espaço de comentário dos jornais on-line e nalgumas comunidades da Internet.

A primeira tolice argumenta que os movimentos sociais no

mundo árabe (as chamadas primaveras) foram absoluta-mente desconexos e ilógicos pois fizeram substituir regimes amigos da ordem e dos países do Ocidente por líderes de tran-sição que facilita(ram) (arão) a subida ao poder de extremistas fundamentalistas como a Ir-mandade Muçulmana. Como se os milhares de pessoas que têm desfilado nas ruas de cidades da Tunísia, do Egipto, da Síria, do Iémen sob saraivada de balas da polícia ou da tropa exigindo a transição para a democracia nos seus países não passassem de agitadores irresponsáveis, de agentes norte-americanos ou de terroristas recrutados por inte-resses inconfessáveis.

Na douta opinião destes ““krrríticos”” esses manifestan-tes foram enganados levando os seus países à anarquia e mais não merecem do que umas bastonadas ou umas balas de borracha para “tomarem juízo”. O argumento aparentemente objectivo esconde um comple-xo de superioridade rácica que habitualmente relacionamos com os movimentos fascistas e da extrema-direita. Segundo o mesmo argumento são os povos arianos e caucasianos que estão vocacionados para a democracia e os direitos humanos em razão da herança judaico-cristã e quiçá da cor da pele. Aos outros – in-civilizados – cabe-lhes obedecer aos ditames dos pais da Pátria que os guiam e dirigem.

A segunda tolice afirma que a Europa, como a conhecemos,

“ensinadelas” a quem puser em causa o orgulho nacional.

Ao contrário destas luminá-rias não parece que o mundo, tal como se nos apresenta, tenha perdido espaço para os valores e referências que guiaram passadas gerações, que possibilitaram que se destrinçasse o Bem do Mal, que deram aos países e aos povos a di-mensão de dignidade humana que nos faz, ao nascimento, diferentes dos animais raivosos, das bestas ou dos alarves.

Entre estes (valores) que todos os homens nascem iguais, que são dotados pelo seu Criador de certos direitos inalienáveis, entre eles o direito à vida, à liberdade e à pro-cura da felicidade; que com vista a assegurar estes direitos são ins-tituídos governos entre os homens que derivam os seus poderes do consentimento dos governados; que quando qualquer forma de

governo desrespeite este dever é direito dos povos alterá-lo ou aboli-lo e instituir um novo gover-no que tenha por fundamento os mesmos princípios e organize os seus poderes da forma que melhor assegure a segurança e felicidade daqueles.

Tratam-se de valores perenes, universais, que têm validade no cadinho do Renascimento e do Iluminismo como nas belíssi-mas terras por onde se espraiou a palavra do Profeta e os seus ensinamentos de religiosidade, igualdade, respeito e tolerância.

Fica mal ter-se a arrogância de pensar que só nós podemos errar, só nós podemos experimentar e equivocarmo-nos, só nós temos o direito de um lugar ao Sol. Primei-ro porque é errado, depois porque nos embrutece e ridiculariza.

É esse sentido de vergonha que os apocalípticos não têm.

já não faz qualquer sentido. Adianta também que os pais fundadores do projecto europeu imaginaram uma União que se esgotou em termos geográficos, económicos e políticos e que a saída mais curial para o actual impasse é o regresso à lógica da Guerra dos Trinta Anos. A visão de uma Europa acantonada em grandes, médios e pequenos Estados-Nação arreigados à sua soberania e identidade nacional e dirigidos por políticos “fortes” e clarividentes dedicados a dar

Page 16: Hoje Macau 16 DEZ 2011 #2515

SEXTA-FEIRA 16.12.2011www.hojemacau.com.mo

ONU CULTURA DO ÓPIO EM FORTE ALTA NO SUDESTE ASIÁTICOA cultura do ópio quase duplicou no sudeste asiático desde 2006, registando um forte crescimento no Laos e Birmânia, revela um relatório das Nações Unidas divulgado ontem em Banguecoque. De acordo com o Gabinete das Nações Unidas contra a droga e a criminalidade (ONUDC), os problemas de segurança, instabilidade política e de desenvolvimento estão no centro das problemáticas da plantação de ópio, que aumentou cerca de 16% no último ano. “A situação na região não é positiva”, afirmou o director executivo da agência das Nações Unidas, Yuri Fedotoy, segundo o qual o “cenário fica mais negro” com o crescimento paralelo das drogas sintéticas, como as anfetaminas. “A comunidade internacional deve compreender melhor a natureza do crime organizado transnacional (...) na região”, alertou.

Pelos residentes, Terminal Marítimo fica em Macau

Um “Não” com ‘N’ grande

PUB

IPM DOUTORAMENTOS ARRANCAM EM JANEIRODois cursos de doutoramento em Língua e Cultura Portuguesa e Administração Pública organizados pela Universidade de Lisboa (UL) em colaboração com o Instituto Politécnico de Macau (IPM) deverão arrancar na região em meados de Janeiro com cerca de 15 alunos cada. Ministrados em português, os cursos serão os primeiros doutoramentos do IPM, sendo os programas científicos da responsabilidade da UL. “O curso de doutoramento em Língua e Cultura Portuguesa corresponde a uma necessidade que é sentida, não só em Macau, pelas instituições de ensino superior, como na China Continental, pelas instituições de ensino superior que ministram cursos de língua e cultura portuguesa - e neste momento já são 16 - e sentem necessidade de qualificar o seu corpo docente nestes domínios”, explicou à agência Lusa o professor Luciano de Almeida, coordenador de ambos os programas académicos.

COREIA DO NORTE GUARDAS ABATIDOS QUANDO TENTAVAM FUGIRSeis guardas da fronteira norte coreana fugiram recentemente para a China, através do rio Yalou, deixando para trás outros dois companheiros que foram abatidos por agentes armados ao serviço do regime de Pyongyang. De acordo com o jornal Daily NK, criado em Seul por desertores norte -coreanos, o incidente ocorreu no final de Novembro a cerca de 75 quilómetros da cidade chinesa fronteiriça de Dandong. “Oito atravessaram o rio de noite, mas dois deles foram abatidos por outros guardas fronteiriços e apenas seis conseguiram fugir”, refere uma fonte de Dandong. Soldados chineses e responsáveis dos serviços de informações norte coreanos já foram enviados para Dandong para reforçarem os controlos de identidade nas estações de comboio ou nas áreas onde vivem minorias coreanas.

Joana [email protected]

NÃO, não e não. Os residentes de Macau não de querem de forma alguma que o Terminal Marítimo do Porto Exterior mude de sítio. Um inquérito liderado

pelos ex-deputados David Chow e Jorge Fão mostra que 94,7% dos residentes quer que o terminal fique no local onde está. E a lista inclui mesmo moradores da Taipa e de Coloane.

Foram mais de 60 mil os entrevistados, entre os quais estavam 679 associações. As razões de que se

servem os residentes para justificar o não redondo que dão à alteração do terminal é a “conveniência” e a “viabilidade” do local.

Na conclusão do inquérito, pode ler-se ainda que existe quem concorde com a mudança – 3,2% -, ainda que a mudança seja para outro local da península de Macau. Apenas 1,9% querem o terminal no Cotai.

Jorge Fão, que falava à rádio Macau na altura da apresentação das conclusões, acredita que as expec-tativas da população serão cumpridas. “Eu julgo que este foi um inquérito do mais alargado que já foi feito em Macau nos últimos dez anos. Não acredito que o Governo de Chui Sai On não venha a aceitar os resultados do inquérito.”

Se, ainda assim, o Governo mantiver a sua polí-tica, Jorge Fão promete não ficar parado. “Também subimos de tom. Podemos manifestar-nos de outra forma”, afirmou à rádio.

O Terminal Marítimo do Porto Exterior serve, actualmente, 85% da população e cerca de 13 milhões de visitantes anualmente.

Ontem, o terminal fez tema na Assembleia Legis-lativa (AL), quando Chan Meng Kam apontou a falta de funcionários como causa para as filas de espera intensas no local.

CAMPAS REVOLVIDAS

JOSÉ Pereira Coutinho diz que o resultado final da análise ao Aperfeiçoamento do Processo de

Concessão de Sepulturas já era esperado, até porque o grupo de trabalho que o fez partiu da assessoria de Florinda Chan. À rádio Macau, o deputado in-sistiu numa investigação diferente. “Numa região minimamente civilizada, não se consegue perceber como é que a própria pessoa que é responsável pelas questões e suspeita da violação da lei, é mandada a investigar-se a si própria.” Pereira Coutinho diz que o resultado não tem impacto, mas Chui Sai On concorda com as sugestões apresentadas no documento. Recorde-se que o relatório final sobre o caso da atribuição de dez sepulturas perpétuas no cemitério de São Miguel suporta a posição da secretária para a Administração e Justiça e de Sales Marques, na altura presidente da câmara.