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Caso Clínico: Síndrome Nefrótica
Internato em Pediatria – HRAS/SES/DFAna Flávia Alves Bittar
Orientadora: Dra Luciana Sugaiwww.paulomargotto.com.br Brasília, 14 de julho de 2010
Caso Clínico
Identificação: L.G.A.B.S, 5 anos, sexo masculino,
pardo, natural de Taguatinga e residente de Ceilandia.
QP: “Inchaço nos olhos há 1 semana”
História da Doença Atual Pai refere história de edema periorbitário há
1 mes. Na ocasião procuraram serviço de saúde onde foi feito diagnóstico de alergia (SIC). Apresentou regressão espontânea do quadro.
Procurou este serviço em 01.07.10 com piora do edema facial principalmente em região periorbitária, mais intenso pela manhã.
Em associação apresenta, há 10 dias, rinorréia amarelada, tosse produtiva e hiporexia.
Revisao de Sistemas
Diurese presente, porém “espumosa”
Evacuação fisiológica Nega dispnéia ou ortopnéia Sem queixas álgicas
Antecedentes Nasceu de parto normal e a termo. Sem intercorrências na gestação e
parto. P:3300g PC:34cm E:50cm Apgar:8/10 Imunização atualizada DNPM adequado para a idade Nega internações prévias, cirurgias ou
hemotransfusões. SME até 6 meses de vida.
Hábitos de Vida
Mora em casa de alvenaria, saneamento básico completo.
Possui cachorro na residência. Nenhum familiar tabagista ou
etilista. Refere alimentação com leite e
pães, carnes, frutas e verduras.
Mãe, 46 anos, hígida. Pai, 41 anos, “bronquite”. Avó materna com “problemas
renais”.
Antecedentes Familiares
Exame Físico BEG, ativo, hidratado, corado, acianótico,
anictérico, eupneico e afebril ao toque. AR: MV fisiológico, sem RA. ACV: RCR em 2T, BNF, sem sopros.
FC: 110bpm. PA: 140x109mmHg. ABD: Plano, depressível, RHA+, sem
hepatoesplenomegalia palpável. Extremidades: edema de MMII (+/4+). Edema periorbitário (++/4+)
Exames Laboratoriais Solicitados pela emergência em
01/07/10. HC:
Hemác: 5.97; Hemoglob:15.1 ; Hemat: 47.7% Leuco: 3.750; (35% neut; 41% linf; 10% mono; 3%
eosin) Plaquetas: 205.000
EAS: Densid: 1.025; pH: 5,5; Prot:+++; cels: 3 a 5
p/c; flora +; raros cilindros granulosos.
Exames Laboratoriais
Bioquímica e eletrólitos: Colest. T: 342, (HDL: 35; LDL: 261;
VLDL:46) Triglig: 229 Prot. T: 4,1 (Alb: 1,7) Ur: 44; Cr: 0,6 TGO: 45; TGP: 12 Na: 141; K: 4,7; Cl: 100
Hipóteses Diagnósticas
Edema na Criança
Principais causas: Edema da Glomerulonefrite Aguda Edema da Síndrome Nefrótica Edema Cardíaco Edema Inflamatório Edema de origem nutricional
Edema na Criança
Principais causas: Edema da Glomerulonefrite Aguda Edema da Síndrome Nefrótica Edema Cardíaco Edema Inflamatório Edema de origem nutricional
Edema na Criança O corpo humano é dividido em dois
compartimentos principais: espaço intracelular (2/3 do total) e o espaço extracelular (1/3 restante). Este último pode ser subdividido em espaço intravascular (25%) e o espaço intersticial (75%).
Edema é o aumento anormal da quantidade de líquido no espaço intersticial, acarretando em aumento de volume de um segmento do corpo ou aumento generalizado do corpo (anasarca).
Retornando ao Caso Clínico… A criança realizou proteinúria de 24h:
06.07.10 – 841 mg/24h 44mg/kg/dia. 09.07.10 – 443 mg/24h 24mg/kg/dia.
Iniciou uso de Prednisona e cálcio sandoz em 13.07.10.
Recebe alta da enfermaria em 14.07.10 com estabilidade do quadro renal.
Síndrome Nefrótica
Síndrome Nefrótica
É um conjunto de sinais, sintomas e achados laboratoriais que ocorrem quando há aumento patológico da permeabilidade dos glomérulos às proteínas, ocasionando proteinúria maciça.
Na criança: 50 mg/Kg/24h.
Fisiopatologia
Aumento da permeabilidade dos glomérulos que deixam de ser capazes de deter as macromoléculas (especialmente as proteínas)
Proteinúria
A proteinúria maciça resulta em achados clínico-laboratoriais: Hipoalbuminemia Edema Hiperlipidemia Lipidúria
Proteinúria Dependendo da patologia de base, a
proteinúria pode ser: Seletiva (perda da barreira de carga) Nao-seletiva (perda da barreira de
tamanho) A albumina (principal proteína
plasmática) transpõe a barreira de tamanho com certa dificuldade, porém o maior obstáculo é a barreira de carga.
Hipoproteinemia
A perda exagerada de proteínas na urina gera queda dos seus níveis plasmáticos.
A albumina é a grande responsável pela pressão oncótica, que mantém o líquido no compartimento intracelular. (equilíbio p. oncótica x p. hidrostática)
Hipoproteinemia
Outras proteínas perdidas na urina: Antitrombina III Globulina de ligaçao da tiroxina Proteína fixadora de Vitamina D Transferrina Imunoglobulinas e fatores do
complemento
Edema
Resulta do desequilíbrio de duas forças opostas. Pressão oncótica (“puxa” o líquido pra
dentro do capilar) Pressão hidrostática (“empurra” o
líquido pra fora do capilar)
Hiperlipidemia
Resulta do aumento da síntese hepática de lipoproteínas, especialmente a LDL, estimulada pela queda da pressão oncótica induzida pela hipoalbuminemia.
Já a hipertrigliceridemia é causada pela redução do catabolismo do VLDL.
Lipidúria
A hiperlipidemia resulta no da filtração glomerular de lipídios lipidúria.
O sedimento urinário passa a apresentar corpos graxos ovalados e cilindros graxos.
Síndrome nefrótica
Lesão mínima
GN Proliferativa Mesangial
Glomeruloesclerose Segmentar e Focal
GN Membranoproliferativa
Glomerulopatia Membranosa
Classificação histológica
Síndrome nefrótica
Lesão mínima
GN Proliferativa Mesangial
Glomeruloesclerose Segmentar e Focal
GN Membranoproliferativa
Glomerulopatia Membranosa
Classificação histológica
Lesão Mínima É responsável por 80% de todas as
causas de síndrome nefrótica em crianças.
Fisiopatologia: Caracteriza-se por perda da carga
negativa da barreira glomerular, originando uma proteinúria seletiva.
Na análise microscópica nota-se fusão dos processos podocitários alterando a estrutura das fendas de filtraçao.
Lesão Mínima
Pode ser idiopática ou estar associada a Linfoma de Hodgkin Uso de AINE, ampicilina,
rifampicina ou alfa-interferon Ocorre em qualquer idade, mas
principalmente entre os 2 e 6 anos.
Lesão Mínima
Quadro clínico-laboratorial: A criança geralmente abre o
quadro de proteinúria após um episódio infeccioso ou alérgico.
A proteinúria pode chegar a 40g/dia e a albumina sérica geralmente é < 2g/dL
Lesão Mínima
Tratamento: Prednisona oral (1 a 2mg/kg/dia) por
4 a 6 semanas Prednisona oral (0,7 a 1mg/kg/dia)
em dias alternados por mais 4 a 6 semanas.
Podendo interromper antes se remissão dos sintomas.
Lesão Mínima
Cerca de 80% dos pacientes respondem com melhora da proteínuria em 1 a 2 meses após início da corticoterapia.
Os outros 20% sao classificados como “não responsívos a corticoide” e devem realizar biópsia renal
Biópsia Renal Indicação:
Crianças entre 2 e 7 anos de idade sem resposta à corticoterapia após 4 a 8 semanas de tratamento;
Recidivas persistentes por mais de 12 a 18 meses do diagnóstico;
Complemento sérico baixo; Presença de síndrome nefrótica no
primeiro ano de vida; Recidivas freqüentes após 2 primeiros
anos da doença; Proteinúria persistente.