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ESTUDO TCNICO SOBRE O CUSTO DE CAPITAL CASO REAL APLICADO AO SETOR PETROQUMICOComo calcular o custo de capital para uma determinada empresa e setor?

Francisco Cavalcante ([email protected]) Scio-Diretor da Cavalcante & Associados, empresa especializada na elaborao de sistemas financeiros nas reas de projees

financeiras, preos, fluxo de caixa e avaliao de projetos. A Cavalcante & Associados tambm elabora projetos de capitalizao de empresas, assessora na obteno de recursos estveis , alm de compra e venda de participaes acionrias. Rodrigo Pasin ([email protected]) Consultor da Cavalcante & Associados, especialista nas reas de fuses e aquisies, avaliao de empresas, finanas corporativas e mercado de capitais. Mestre em Administrao, na rea de finanas, pela FEA/USP. Co-autor do livro Avaliao de Empresas: um guia para Fuses & Aquisies e Gesto de Valor, editado pela Pearson

Education/Financial Times/Valor Econmico, em 2005

UP-TO-DATE - N 441 ESTUDO TCNICO SOBRE O CUSTO DE CAPITAL 1CASO REAL APLICADO AO SETOR PETROQUMICO

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NDICE

1 INTRODUO...................................................................................................................................... 3 1.1 OBJETIVO DO ESTUDO TCNICO SOBRE O CUSTO DE CAPITAL................................................. 3 1.2 ETAPAS PARA ELABORAO DESTE ESTUDO TCNICO ............................................................ 3 2 CUSTO DE CAPITAL E TAXA DE DESCONTO ................................................................................... 4 2.1 MODELO DO CAPM........................................................................................................................... 5 2.2 ABERTURA DOS COMPONENTES DO CAPM................................................................................... 7 2.3 OUTROS FATORES DE RISCO ........................................................................................................ 14 2.4 CUSTO DE CAPITAL DE INDSTRIAS PETROQUMICAS NO BRASIL ......................................... 15 2.5 EMBASAMENTO ACADMICO COMPLEMENTAR......................................................................... 16 3 CONCLUSO..................................................................................................................................... 18

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1 Introduo

1.1 Objetivo do Estudo Tcnico sobre o Custo de Capital Neste Up-To-Date vamos mostrar um caso real de clculo do Custo de Capital. Escolhemos uma empresa do setor petroqumico para realizao do trabalho. O contexto do trabalho o seguinte: vamos imaginar que para assegurar a qualidade de suas anlises de investimento, a Petroqumica ABC precisa conhecer seu custo de capital. Para conhecer sua taxa de desconto atual, a Petroqumica ABC contatou a Cavalcante & Associados, que preparou este Estudo Tcnico de maneira totalmente independente. IMPORTANTE: adapte os procedimentos utilizados neste trabalho para calcular o custo de capital de outros setores.

1.2 Etapas para Elaborao deste Estudo TcnicoOs trabalhos para elaborao deste Estudo Tcnico envolveram as seguintes etapas: Anlise e apresentao dos conceitos de Custo de Capital. Obteno de dados do terminal de informao Bloomberg sobre custo de capital de empresas petroqumicas (beta puro, beta alavancado, estrutura de capital, valor de mercado etc). Realizao de pesquisas de artigos, monografias e teses sobre custo de capital de empresas do setor petroqumico. Obteno de informaes Petroqumica ABC. financeiras e contbeis recebidas da

Obteno de informaes econmicas do Brasil Fonte: Banco Central do Brasil (Bacen) e JP Morgan & Chase.

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Maiores informaes sobre as metodologias de custo de capital podem ser obtidas no captulo 6 do livro dos consultores da Cavalcante: Avaliao de Empresas: Um Guia para Fuses & Aquisies e Gesto de Valor de Roy Martelanc, Rodrigo Pasin e Francisco Cavalcante Financial Times/Prentice Hall - http://www.pearson.com.br/livro.asp?isbn=8576050080, e no site do Prof. Answat Damodaran (www.damodaran.com) que serviram de base tcnica e acadmica para suportar as premissas deste Estudo Tcnico sobretudo, ao clculo do custo de capital.

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Custo de Capital e Taxa de Desconto

A determinao do custo do capital prprio um dos assuntos mais polmicos nos meios acadmicos, governamentais e empresariais, sobretudo pela falta de consenso quanto aos critrios e s premissas que a fundamentam. O custo de capital de empresas e projetos pode ser estimado com base na metodologia do CAPM (Capital Asset Pricing Model), ou com base no custo de capital de empresas semelhantes (e/ou de setores semelhantes), que pode ser obtido em IPOs, sistemas de informao, teses e monografias. Existe ainda a possibilidade de se consultar especialistas no setor da empresa avaliada e em mercado de capitais, objetivando se obter a taxa de desconto utilizada para empresas especficas (embora este processo seja mais subjetivo e de difcil obteno). Para MARTINS (2001) o custo de capital pode funcionar como um limite mnimo para o retorno dos investimentos, abaixo do qual a empresa dever experimentar uma desvalorizao. Eis a ligao do custo de capital com a valorizao da empresa. Neste estudo em especfico, a taxa de retorno dos projetos da empresa tem que ser superior ao seu custo de capital para que haja atrao de investimentos.UP-TO-DATE - N 441 ESTUDO TCNICO SOBRE O CUSTO DE CAPITAL 4CASO REAL APLICADO AO SETOR PETROQUMICO

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2.1 Modelo do CAPM O detalhamento do CAPM (modelo de apreamento de ativos de capital), abaixo realizado, foi feito com base no material do livro dos consultores da Cavalcante: Avaliao de Empresas: Um Guia para Fuses & Aquisies e Gesto de Valor de Roy Martelanc, Rodrigo Pasin e Francisco Cavalcante Financial Times/Prentice Hall.

O CAPM baseado na idia de que o risco tem duas partes: risco diversificvel e risco no diversificvel. O risco diversificvel ou no sistemtico representa a parcela de risco do ativo avaliado que est associada s suas caractersticas e que pode ser diminuda com a diversificao. Ele representado por eventos especficos que afetam determinado ativo, como caractersticas operacionais e financeiras particulares do ativo, greves, processos trabalhistas, aes regulatrias, perda de um cliente importante e falta de suprimento de matrias-primas. Quando construmos uma carteira de ativos, podemos, com a diversificao, diminuir tal risco. O risco no diversificvel ou sistemtico atribudo a fatores de mercado que afetam, em geral, todas as empresas e que no podem ser eliminados ou diminudos com a diversificao. Fatores como guerra, inflao e crises internacionais, polticas, sociais e econmicas so eventos de risco no diversificvel. Pressupe-se que todo investidor pode, com a diversificao, eliminar os riscos diversificveis. Portanto, o nico risco relevante para aqueles que tm posies em diversas aes, ttulos e empresas o no diversificvel. Pelo CAPM, o retorno esperado de um ativo a soma do retorno de um ativo sem risco com um prmio pelo risco. Esse prmio o diferencial de retorno entre o retorno da carteira de mercado e o do ativo livre de risco, ponderado UP-TO-DATE - N 441 ESTUDO TCNICO SOBRE O CUSTO DE CAPITAL 5CASO REAL APLICADO AO SETOR PETROQUMICO

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por um fator que indica o grau de sensibilidade do ativo em questo s variaes no retorno desse diferencial. A metodologia do CAPM tem como principais caractersticas: (1) por meio da diversificao, o investidor eliminar todo o risco no sistemtico,

diversificvel; e (2) concentrar seus investimentos em um ativo livre de risco, em uma carteira de mercado ou em uma combinao de ambos. Um alerta: a utilizao do modelo do CAPM para calcular o custo de capital de uma empresa ou projeto ignora a importncia do risco prprio deste, que para um investidor do mercado seria diversificvel; portanto, irrelevante. Investidores que no possuem um portflio de empresas ou projetos diversificado, no correm apenas o risco sistemtico, do mercado: correm tambm o risco prprio do negcio, difcil de ser estimado. Para esses empresrios, o benefcio da diversificao no atingvel. Alguns analistas financeiros utilizam um spread de risco pela concentrao do investimento em uma nica empresa ou projeto, levando em conta a baixa liquidez ou o porte. Essa discusso ser apresentada adiante. O modelo do CAPM desenvolvido principalmente por SHARPE (1964; 1970), LINTNER (1965), baseado nos trabalhos de MARKOWITZ (1952, 1959), possibilita o clculo do retorno esperado de uma ao, ativo ou negcio em funo do ndice (beta) que lhe caracterstico, da taxa livre de risco e da diferena entre o retorno de uma carteira de mercado e o retorno propiciado pela taxa livre de risco. O problema na estimao do custo de capital prprio em mercados emergentes deve-se falta de dados histricos confiveis e a falta de estabilidade no mercado de capitais. Dados os diversos problemas apresentados na

quantificao das taxas livres de risco, dos betas e dos prmios de mercado para as empresas brasileiras, sugere-se, para o clculo do custo do capital prprio de empresas brasileiras, a utilizao do modelo CAPM (Capital Asset Princing Model) ajustado ao chamado risco Brasil.UP-TO-DATE - N 441 ESTUDO TCNICO SOBRE O CUSTO DE CAPITAL 6CASO REAL APLICADO AO SETOR PETROQUMICO

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Pela metodologia do CAPM adaptado a pases emergentes, apresentado por MARTELANC, PASIN & CAVALCANTE (2005), o custo do capital prprio calculado de acordo com a seguinte frmula:

Ke = Rf + (Rm - Rf ) + onde: Ke = Custo do capital prprio Rf = Taxa de retorno do investimento livre de risco dos EUA = Beta (Rm - Rf) = Retorno do mercado acionrio acima da taxa livre de risco = Prmio de Risco Brasil

Entretanto, existem outros fatores adicionais de risco, que devem ser incorporados na maioria dos modelos de clculo do custo de capital pelo CAPM adaptado a pases emergentes. Nos casos em que os investidores no possuam um portflio de empresas ou projetos diversificado, estes no correm apenas o risco sistemtico, do mercado, estes correm tambm o risco prprio do negcio, o risco

diversificvel, difcil de ser estimado. Os fatores adicionais de riscos diversificveis so: risco regulatrio, risco poltico, risco tecnolgico e risco pela falta de liquidez. Estes riscos so de mensurao bastante subjetiva e existem poucos estudos acadmicos sobre quais percentuais devem ser inseridos no clculo do custo de capital.

2.2 Abertura dos Componentes do CAPMTaxa livre de risco - Rf Para a taxa livre de risco do mercado americano a Cavalcante & Associados utiliza o clculo do Prof. Answat Damodaran (www.damodaran.com).

Damodaran, um dos principais professores de finanas corporativas dos EUA, usa uma base de dados que vai de 1928 a 2005. A base de clculo dos ltimosUP-TO-DATE - N 441 ESTUDO TCNICO SOBRE O CUSTO DE CAPITAL 7CASO REAL APLICADO AO SETOR PETROQUMICO

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40 anos indicou um retorno mdio dos T-bonds (ttulos de longo prazo do governo americano) de 7,05% (vide tabela 1 - abaixo). Prmio de Risco de Mercado (Rm Rf) Para o prmio de risco do mercado acionrio (Rm - Rf), a Cavalcante & Associados tambm utiliza o clculo de Damodaran dos retornos de aes de grandes companhias (medido pelo ndice S&P500) menos o retorno dos ttulos com vencimento em 30 anos do Tesouro dos Estados Unidos nos ltimos 40 anos. Este prmio de risco est entre 3,21% e 4,80%. A Cavalcante& Associados recomenda a utilizao do prmio de risco de 3,21%, pelo fato deste ser a mdia do prmio de risco de mercado dos ltimos 40 anos, abrangendo perodos de crise e de euforia (aps a II Guerra Mundial), diminuindo a subjetividade de se utilizar um retorno de poucos anos que contemple apenas os ltimos anos e no considere as flutuaes normais dos negcios no longo prazo. Diversos outros estudos realizados nos ltimos anos apontaram para um prmio pelo risco de mercado variando entre 4,00% e 7,00%, dependendo do ttulo americano usado como parmetro, do perodo considerado e se foi utilizada mdia aritmtica ou geomtrica para medir tal prmio.

Tabela 1 - Taxa Livre de Risco e Retorno de Mercado Perodo 1928-2005 1964-2005 1994-2005 Aes 9,79% 10,26% 11,28% T-Bonds Prmio de Mercado 4,99% 7,05% 7,52% 4,80% 3,21% 3,76%

Fonte: Damodaran www.damodaran.com

Beta

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O Beta o coeficiente de risco especfico da ao de uma empresa com relao a um ndice de mercado que represente de maneira adequada o mercado acionrio como um todo. No caso de avaliao de empresas que sejam listadas e tenham negociao expressiva em bolsas de valores, o beta da ao calculado regredindo seus retornos semanais com relao ao ndice de mercado selecionado (no caso, Standard & Poors 500) durante os dois anos anteriores data-base da avaliao (ou cinco anos). Alternativamente, o beta pode ser entendido como uma medida de volatilidade dos retornos de um ttulo com relao aos retornos do mercado como um todo, sendo calculado da seguinte forma:

j =Onde: j = eta do Ativo j;

Cov Rm, Rj

2 Rm

CovRm,Rj = Covarincia entre os retornos do ativo j e a carteira de mercado; 2Rm = varincia dos retornos da carteira de mercado.

Tabela 2 Interpretao do Beta eta 1,0 1,2 0,8 Interpretao A ao tem o mesmo risco de mercado. Se a variao do mercado subir 10%, a ao tambm sobe 10%. Se a variao for de 10%, a ao variar em 10%. A ao tem um risco maior do que o risco de mercado. Se a variao do mercado subir 10%, a ao sobre 12%. Se a variao for de 10%, a ao cair 12%. A ao tem um risco menor que o risco de mercado. Se a variao do ndice de mercado subir 10%, a ao sobre 8%. Se a variao do ndice for de 10%, a ao cair 8%.

Para Ross et al (1995, p. 250), trs so os fatores determinantes do beta de uma organizao:UP-TO-DATE - N 441 ESTUDO TCNICO SOBRE O CUSTO DE CAPITAL 9CASO REAL APLICADO AO SETOR PETROQUMICO

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a) natureza cclica das receitas (tipo de negcio): lcita a suposio de que empresas com fluxos de caixa mais inconstantes so mais arriscadas, sendo, portanto, igualmente lcita suposio de que seus betas devem ser maiores que os betas de empresas cujas receitas variam menos; b) alavancagem operacional: empresas com uma estrutura total de custos com maior representao de custos fixos tm resultados mais suscetveis a oscilaes de vendas, mostrando-se, por isso, mais arriscadas. Seus betas tendem a ser elevados por conta desse nvel de risco; c) alavancagem financeira: analogamente, empresas endividadas so empresas com custos financeiros fixos, o que torna seus resultados lquidos extremamente dependentes dos nveis de vendas e dos lucros da operao (EBIT earnings before interests and taxes: lucro antes dos juros e dos impostos incidentes sobre o lucro). Quedas nesses nveis, por exemplo, podem fazer com que a empresa entre em prejuzo. de se esperar betas elevados para empresas com altos nveis de

endividamento. vlido destacar que necessrio utilizar os betas desalavancados das empresas comparveis para refletir a estrutura de capital desejada da empresa objeto da anlise. O beta desalavancado o indicador de risco de uma empresa considerando que ela no possui alavancagem (endividamento). O beta alavancado o beta que reflete a estrutura de capital atual da empresa, seja ela a empresa objeto de anlise ou as empresas comparveis. A forma de clculo do Beta Desalavancado e Alavancado est descrita no exemplo abaixo:

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Beta Alavancado *[1+(1-T)*(D/E)] Beta Desalavancado [1+(1-T)*(D/E)]

Onde: T = Alquota de imposto de renda especfica da empresa. D = Endividamento oneroso. E = Valor de Mercado das cotas dos acionistas

Beta do Setor Petroqumico O beta de empresas do setor petroqumico (Petroleum Integrated) e no mundo, de acordo com dados obtidos no sistema de informaes Bloomberg, est apresentado na tabela abaixo:

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Tabela 3 Betas Alavancados de Petroqumicas MundiaisNome da Empresa Amerada Hess Ashland Inc. Blackrock Ventures Inc. BP PLC ADR ChevronTexaco Clayton Williams Energy ConocoPhillips Denbury Res Inc Enbridge Energy Partners LLP Exxon Mobil Corp. Frontier Oil Geocom Resources Inc Giant Industries Harken Energy Corp. Holly Corp. Kaneb Pipe Line Part Kerr-McGee Corp. Marathon Oil Corp. McMoRan Exploration Co Meridian Resource Corp Murphy Oil Corp. Occidental Petroleum Petroleo Brasileiro ADR Premcor Inc. Repsol-YPF ADR Royal Dutch Petr. Shell Transport Sunoco Inc. Tesoro Corp. Toreador Res Corp. Total ADR Unocal Corp. Valero Energy MDIABeta (regresso 3 anos)

0,48 0,83 0,26 0,58 0,68 1,78 0,00 0,19 -0,12 0,67 0,75 0,00 1,37 2,33 0,00 0,41 0,83 0,40 0,35 0,81 0,51 0,44 2,14 0,00 0,48 0,88 0,81 0,53 2,29 1,53 0,58 0,62 1,10 0,88

Fonte: BloombergO beta alavancado (levered beta) mdio foi de 0,88. No caso da empresa ou do projeto objetivo de avaliao no ser listado em bolsa ou no apresentar negociao expressiva, deve-se utilizar o beta mdio de empresas

equiparveis, eis a importncia da tabela anterior e a justificativa da utilizao de betas das empresas de outros pases.

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Para obteno do beta desalavancado do setor foi utilizado um estudo publicado no site do Prof. Damodaran (www.damodaran.com.br), abaixo apresentado.

Tabela 4 Betas Alavancados e DesalavancadosIndustry Name Number of Firms Average Beta Market D/E Ratio Tax Rate Unlevered Beta

Petroleum (Integrated)Market

307113

0,90 1,15

11,25%35,47%

29,82% 16,27%

0,830,89

Fonte: DamodaranO beta desalavancado do setor foi de 0,90, pouco superior ao obtido pelo Bloomberg (0,88). Entretanto, a vantagem deste estudo em relao ao anterior, que este tambm apresenta o beta desalavancado (0,83), que ser utilizado neste Estudo Tcnico.

Alm dos betas acima, poder-se-ia utilizar o beta da Petrobrs, empresa controladora da Petroqumica ABC, que de 0,90 de acordo com dados da Economtica. Entretanto, dado que a atividade petroqumica no a principal da Petrobrs, deu-se preferncia pela utilizao do beta desalavancado de 0,83.

Risco Brasil Para quantificar o prmio de risco Brasil (), deve-se considerar o spread mdio de diversos ttulos soberanos brasileiros de longo prazo sobre os ttulos de longo prazo do governo americano (T-bonds), ponderados e calculados

pelo banco norte-americano Chase JP Morgan. Em 16 de outubro de 2006, o risco Brasil, de acordo com a metodologia Embi do Chase JP Morgan, foi de 2,10%.

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2.3 Outros Fatores de RiscoAlm dos componentes do CAPM no custo do capital prprio, outros fatores adicionais de risco podem demandar um custo de capital maior. Entre os principais riscos diversificveis, tm-se o prmio pelo risco regulatrio e/ou poltico (no setor energtico, de telefonia, de concesses rodovirias, de empresas pblicas), o risco tecnolgico (no setor de telefonia e tecnologia da informao principalmente), o risco pelo tamanho do empreendimento (para empresas de pequeno porte) e o prmio pela falta de liquidez das aes. O prmio por tamanho definido como um adicional de risco suportado por investidores em empresas com valor de mercado inferior a US$ 150 milhes. O prmio pela falta de liquidez est relacionado dificuldade que se ter para alienar uma empresa e a baixa possibilidade de diversificao dos empresrios, j que grande parte de suas riquezas se encontra concentrada em uma ou duas empresas. Diversos estudos e trabalhos em estgio de desenvolvimento indicam a necessidade de prmios pelos outros fatores de risco variando entre 2,00% e 6,00%. Embora sejam extremamente questionveis estes percentuais e suas metodologias, eles indicam a necessidade de insero de riscos adicionais no clculo do custo de capital. O risco cambial no deve ser considerado na taxa de desconto de nenhum tipo de projeto, pois se o for como se estivesse perpetuando uma desvalorizao cambial. Por isso, variaes cambiais devem ser consideradas no fluxo de caixa e no na taxa de desconto (Vide captulo 5 de MARTELANC, PASIN & CAVALCANTE (2005)).

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2.4 Custo de Capital de Indstrias Petroqumicas no BrasilPela metodologia do CAPM sugerida pela Cavalcante & Associados, embasada em MARTELANC, PASIN & CAVALCANTE (2005), o custo do capital prprio de empresas do setor petroqumico no Brasil deve ser calculado de acordo com a seguinte frmula: Ke = Rf + * (Rm - Rf ) + onde: Ke = Custo do capital prprio Rf = Taxa de retorno do investimento livre de risco dos EUA = Beta (Rm - Rf) = Retorno do mercado acionrio acima da taxa livre de risco = Prmio de Risco Brasil

Conforme apresentado no item 2.2 deste Estudo Tcnico, temos os seguintes resultados: Ke = Rf + * (Rm - Rf ) + + 2,10% = 11,81%

Ke = 7,05% + 0,83 * (3,21%)

Como visto, o custo de capital prprio de empresas petroqumicas no Brasil em outubro de 2006 estimado em 11,81%, em dlar e em moeda nominal (com inflao).

Para transformar esse indicador nominal em real, a inflao americana mdia dos ltimos 40 anos, de 2,5% necessita ser descontada, conforme a frmula abaixo:

Ke = (1+ Ke / 1 + inflao americana) - 1 Ke = (1 + 11,81% / 1 + 2,50%) - 1 Ke = 8,76%

Como visto, o custo de capital prprio em moeda real de 8,76%.

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Para se calcular o custo de capital prprio, em reais e em moeda nominal, deve-se multiplar (1 + o custo de capital prprio em dlar e em moeda real) pela taxa de inflao brasileira (1 + 3,00%). A taxa de inflao de 3% referese ao IPCA projetado para 2006 de acordo com dados do Banco Central do Brasil em 16/10/2006. Desta forma, obtm-se o custo de capital prprio em reais e em moeda nominal, que igual a 12,02%. Este custo de capital apresentado no considerou nenhum spread de risco em funo de outros riscos, devido a no existncia de metodologia confivel para sua determinao. Porm, empresas controladas por empresas pblicas, semipblicas, autarquias, etc, podem apresentar riscos polticos e regulatrios que demandam um custo de capital superior ao das empresas privadas.

2.5 Embasamento Acadmico ComplementarOs conceitos de custo de capital, anteriormente apresentados, foram extrados do livro Avaliao de Empresas: um guia para fuses & aquisies e gesto de valor de Francisco Cavalcante, Rodrigo Pasin e Roy Martelanc. Financial Times/Prentice Hall, 2004 e dos sites do Prof. Answat Damodaran

(www.damodaran.com) e Rodrigo Pasin (www.avaliacaodeempresas.com.br).

Para maiores informaes sobre os diversos conceitos e definies, abaixo as principais obras de referncia que foram igualmente utilizadas para embasar as metodologias, sugestes e concluses deste Estudo Tcnico: ASSAF NETO, A.; Finanas corporativas e valor. So Paulo: Atlas, 2003. Pg. 91 BLOOMBERG. Sistema de Informaes. Fornece acesso a diversos tipos de informaes financeiras. Disponvel em www.bloomberg.com. Acesso em 05/10/2005 COPELAND, T.; KOLLER, T.; MURRIN, J. Avaliao de empresas: Calculando e gerenciando o valor das empresas Valuation, 3.ed. So Paulo:CASO REAL APLICADO AO SETOR PETROQUMICO

Makron

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Books, 2002. Pg. 59 DAMODARAN, A. Avaliao de investimentos: ferramentas e tcnicas para a determinao do valor de qualquer ativo. Rio de Janeiro: Qualitymark. 1997. GITMAN , L. J. Princpios de administrao financeira. 7. ed. So Paulo: Harbra, 1997. LINTNER, J. The Valuation of risk assets and the selection of risky investments in stock portfolios and capital budgets. Review of Economics and Statistics 47, 13-37. 1965. MARKOWITZ, H. Porfolio Selection. The Journal of Finance. vol VII no 1. 1952. MARKOWITZ, H. Porfolio Selection: investments. New York: Wiley. 1959. efficiency diversification of

MARTINS, E. Avaliao de Empresas: Da mensurao contbil econmica. FIPECAFI. So Paulo: Atlas, 2001. Pg. 239 ROSS, S.A.; WESTERFIELD, R.W.; JAFFE, J.F. Administrao Financeira. So Paulo: Atlas, 1995. SANTOS, J. O; Avaliao de Empresas: Um guia prtico. So Paulo: Saraiva, 2005 SANVICENTE, A.Z. 1977. SHARPE, N. F. Capital Asset Prices: A Theory of market Equilibrium Under Conditions of Risk. The Journal of Finance, vol XIX, n 3. 1964. STEWART, G. B. The quest for value: The EVA management guide. USA: Administrao Financeira. So Paulo: Editora Atlas,

HarperCollins, 1991. WESTON, J. F.; BRIGHMAN, E. F. Fundamentos da Administrao

Financeira. 10a edio. So Paulo: Makron Books, 2000.

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Concluso

O custo de capital prprio de empresas do setor petroqumico no Brasil em outubro de 2006 foi calculado em 8,76%. Sendo assim, qualquer

investidor deve procurar uma Taxa Interna de Retorno do projeto superior a 8,76%. Este custo de capital prprio foi calculado em outubro de 2006, devendo ser atualizado pelo menos anualmente. Vale ressaltar que este valor em moeda real. Caso a Petroqumica ABC esteja fazendo clculos em moeda nominal, ou seja, sem considerar os efeitos da inflao, o custo de capital a ser utilizado ser de 12,02%.

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