minedh - fracasso escolar

15
1 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane O Fracasso Escolar Análise dos factores do Fracasso Escolar dos alunos da 10ª classe da Escola Secundária Francisco Manyanga em 2015 na Cidade de Maputo The School Failure Analysis of School Failure factors of students in 10th grade Secondary School Francisco Manyanga in 2015 in Maputo City Hélio Amaro Fábio 1 Geográfo e Técnico de GIS [email protected] (258) 826525112/841456962 Resumo Este artigo surge no contexto de entender as taxas de reprovações resgistadas em 2015 e pela necessidade de descrever, na sua generalidade os factores do fracasso escolar dos alunos da 10ª classe da Escola Secundária Francisco Manyanga e com objectivo de compreender as reais causas do fracasso escolar desses alunos. Este estudo apresenta uma abordagem metodológica mista, de caso do tipo exploratório com princípios quantitativos e qualitativos. Para a concretização deste estudo aplicaram-se instrumentos de recolha de dados, tais como: análise documental, inquérito por questionário misto e inquérito por entrevista com uma amostra de 50 alunos e 5 professores através da técnica de entrevista semi-estruturada. Nos resultados obtidos, verificou-se a existência de uma discordância entre as respostas dos alunos inquiridos e as respostas dos professores entrevistados, na medida em que 60% dos alunos indicaram, não entender a matéria e não saber estudar, como principais motivos do seu fracasso escolar, enquanto, 68% dos entrevistados mencionaram o desinteresse como a principal causa. Contudo concluiu-se que a não existência de colaboração entre os alunos, pais/encarregados de educação e a escola são as razões centrais do fracasso escolar, por isso é necessário a articulação e o desenvolvimento de esforços conjuntos no processo de ensino e aprendizagem. Palavras-chave: Fracasso escolar; factores do fracasso; desempenho escolar. Abstract This article appears in the context of understanding the reproofs reproaches rates register in 2015 and the need to describe in general the factors of school failure of students in 10th grade Secondary School Francisco Manyanga and aim to understand the real causes of school failure of these students. This study presents a mixed methodological approach, in case of exploratory with qualitative and quantitative principles. To achieve this study applied to data collection tools, such as document analysis, survey mixed questionnaire and interview survey with a sample of 50 students and 5 teachers through semi-structured interview technique. The results, it was found that there is a discrepancy between the responses of the surveyed students and the answers of the interviewed teachers, in that 60% of students indicated, do not understand the matter and not knowing to study, as the main reasons for its failure school, while 68% of respondents mentioned the lack of interest as the main cause. However it was concluded that the lack of collaboration between students, parents / guardians and the school are the central reasons for the school failure, so the articulation and development of joint efforts in the process of teaching and learning is required. Keywords: School failure; factors of failure; school performance.

Upload: universida-eduardo-mondlane

Post on 19-Mar-2017

90 views

Category:

Education


0 download

TRANSCRIPT

1 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

O Fracasso Escolar

Análise dos factores do Fracasso Escolar dos alunos da 10ª classe da Escola

Secundária Francisco Manyanga em 2015 na Cidade de Maputo

The School Failure

Analysis of School Failure factors of students in 10th grade Secondary School

Francisco Manyanga in 2015 in Maputo City

Hélio Amaro Fábio1

Geográfo e Técnico de GIS

[email protected] (258) 826525112/841456962

Resumo

Este artigo surge no contexto de entender as taxas de reprovações resgistadas em 2015 e pela necessidade de

descrever, na sua generalidade os factores do fracasso escolar dos alunos da 10ª classe da Escola Secundária

Francisco Manyanga e com objectivo de compreender as reais causas do fracasso escolar desses alunos. Este

estudo apresenta uma abordagem metodológica mista, de caso do tipo exploratório com princípios

quantitativos e qualitativos. Para a concretização deste estudo aplicaram-se instrumentos de recolha de dados,

tais como: análise documental, inquérito por questionário misto e inquérito por entrevista com uma amostra

de 50 alunos e 5 professores através da técnica de entrevista semi-estruturada. Nos resultados obtidos,

verificou-se a existência de uma discordância entre as respostas dos alunos inquiridos e as respostas dos

professores entrevistados, na medida em que 60% dos alunos indicaram, não entender a matéria e não saber

estudar, como principais motivos do seu fracasso escolar, enquanto, 68% dos entrevistados mencionaram o

desinteresse como a principal causa. Contudo concluiu-se que a não existência de colaboração entre os

alunos, pais/encarregados de educação e a escola são as razões centrais do fracasso escolar, por isso é

necessário a articulação e o desenvolvimento de esforços conjuntos no processo de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Fracasso escolar; factores do fracasso; desempenho escolar.

Abstract

This article appears in the context of understanding the reproofs reproaches rates register in 2015 and the

need to describe in general the factors of school failure of students in 10th grade Secondary School

Francisco Manyanga and aim to understand the real causes of school failure of these students. This study

presents a mixed methodological approach, in case of exploratory with qualitative and quantitative

principles. To achieve this study applied to data collection tools, such as document analysis, survey mixed

questionnaire and interview survey with a sample of 50 students and 5 teachers through semi-structured

interview technique. The results, it was found that there is a discrepancy between the responses of the

surveyed students and the answers of the interviewed teachers, in that 60% of students indicated, do not

understand the matter and not knowing to study, as the main reasons for its failure school, while 68% of

respondents mentioned the lack of interest as the main cause. However it was concluded that the lack of

collaboration between students, parents / guardians and the school are the central reasons for the school

failure, so the articulation and development of joint efforts in the process of teaching and learning is required.

Keywords: School failure; factors of failure; school performance.

2 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

1. Introdução

Os pais/encarregados de educação, os alunos e os professores, nas significações que atribuem

a princípios educativos e às normas gerais que enquadram a sua aplicação, nunca manifestam

juízos inteiramente consensuias para o desempenho escolar dos alunos. As reprovações

constituem não só um grande desperdício de recursos, quer materiais, financeiros ou

psíquicos, também contribuem para o aumento do desemprego, dos conflitos e exclusões

sociais, e a sua redução continua a ser um dos grandes desafios e constitui uma das prioridades

do Ministério da Educação (MEC Moçambique, 2009 & Ministério da Educação [MINED] –

Moçambique, 2014).

O problema definido para esta investigação é: Que factores estão na origem do fracasso

escolar dos alunos da 10ª classe da Escola Secundária Francisco Manyanga? Para tal problema

defiiram-se objectos de estudo que forão os professores e os alunos repetentes da 10ª classe.

De modo a responder o problema acima proposto, foi necessário traçar o objectivo geral que é

de compreender as reais causas do fracasso escolar dos alunos da 10ª classe da Escola

Secundária Francisco Manyanga, e subsequentemente os específicos que são: Identificar as

causas do fracasso escolar dos alunos; caracterizar o fracasso escolar e analisar as percepções

dos professores e alunos sobre as causas do fracasso escolar.

Este trabalho encontra-se dividido em cinco capítulos principais: i) Introdução, onde é feita

uma abordagem inicial do tema, apresenta a sua pertinência, o objecto de estudo e os objetivos

do artigo; ii) Revisão da literatura, na qual se apresenta o conceito do fracasso escolar e as

ideias dos autores sobre o tema em análie tanto quanto as soluções; iii) Metodologia, onde se

caracteriza a amostra e os instrumentos utilizados na recolha e tratamento dos dados; iv)

Apresentação e Discussão dos Resultados, na qual verificam-se os dados obtidos e tenta-lôs

explicar com recurso às referências bibliográficas consultadas, e; v) Conclusões e

recomendações/sugestões, onde é feito um balanço final dos resultados encontrados e medidas

posteriores.

Esta investigação não pretende, nem poderia fazê-lo esgotar as possibilidades de análise das

informações consideradas, e nem validar ou se filiar a nenhuma corrente teórica que trata do

3 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

tema. A ideia central é lançar luz sobre uma discussão que ainda pode ser melhor desenvolvida

e adensada.

2. Revisão da Literatura/ Quadro teórico

Os conceitos de sucesso e fracasso são complexos e o significado que lhes é atribuído é

diverso, dependendo dos intervenientes educativos. Tavares & Santiago (2001) referem que o

sucesso é concebido como a razão entre o que se pretende conseguir (objectivos) e o que

efectivamente se conseguiu (os resultados).

O dicionário universal da língua portuguesa (1997) define o insucesso como falta de bom êxito

ou mau resultado ou falta de eficácia ou fracasso ao longo de uma determinada tarefa. No

campo educacional, o termo insucesso ou fracasso escolar é utilizado no âmbito do sistema do

ensino aprendizagem, geralmente, para caracterizar o fraco rendimento escolar dos alunos que,

por razões de várias ordens, não puderem, alcançar resultados satisfatórios no decorrer ou no

final de um determinado período escolar e, por conseguinte, reprovarem1.

Porot apud Oliveira (1996; P:208) insiste na importância decisiva da família e mais da mãe no

desenvolvimento global da criança, com consequências a nível escolar. Quer a escola, quer a

família podem ser vistas no seu funcionamento interno ou “ab intra”2, mas também com os

variáveis dependentes da macro sociedade.

No que diz respeito aos professores, se os seus métodos de ensino, os seus recursos didáticos,

as suas técnicas de comunicação forem inadequados às caraterísticas da turma ou de cada

aluno, o sucesso deste estará em causa.

________________________________

1(http:Www.Stome, Net/Educa/Carate htm)

2Ab intra – expressão latina que significa estar dentro ou dentro de. Frase retirada do livro psicologia da educação

de Oliveira J. Oliveira (1996), capítulo V Página 214.

4 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

Segundo (Lages 2001 apud Macamo, 2015) as famílias podem favorecer ou dificultar a

adaptação dos filhos na escola, bem como, influenciar a aprendizagem deles e,

consequentemente, os seus resultados escolares. Mas os pais informados, que fazem

acompanhamento de seus filhos no desempenho escolar, podem influênciar os aspectos

culturais e familiares no aproveitamento e sucesso escolar com eficácia, independentemente da

sua condição socioeconómica.

Como refere Arroteia (1991) “o meio familiar constitui, apesar de tudo, mais um dos

elementos a ter em conta no rendimento escolar dos indivíduos. E, neste, aflui de forma

decisiva a forma da linguagem”. Como se pode perceber, a família é o alicerce fundamental

para a constituição das sociedades, por ser o marco da cultura de um povo, pelo qual são

exibidas todas manifestações que norteiam a convivência não somente na sociedade no geral

como na escola em particular.

Segundo Bernardes (2004 apud Macamo, 2015) apesar da interação entre a escola e a família

ser importante no processo educativo, muitas vezes, e em muitas situações, a escola e a família

continuam a caminhar cada uma para seu lado. Se a escola e as famílias caminharem para o

mesmo horizonte, que é o sucesso do aluno, logicamente serão obtidos resultados satisfatórios.

A valorização da escola, da educação e dos professores passa pela aproximação da escola às

famílias e às comunidades” (Marques, 1994, p. 18). Uma escola em que a colaboração com as

famílias e comunidades em geral se revela deficitária, não existe correspondência biunívoca

entre as partes e os objectivos dos alunos e os resultados obtidos serão divergentes.

Ainda para (Bernardes 2004, apud Macamo, 2015) a escola beneficiará se encarar os pais

como verdadeiros parceiros educativos. Mas para isso é, “necessário que a acção da escola

seja não só desenvolvida, enriquecida, multiplicada, mais ainda transcendida pela extensão

da função educativa às dimensões de toda a sociedade” (Fraure, 1981, p. 247).

3. Metodologia

Esta abordagem procura entender a estratégia metodológica utilizada, os instrumentos de

recolha de dados, o universo e a sua amostra, tanto como as técnicas de análise de dados.

5 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

Contudo tratou-se de uma investigação explicativa, porquanto, procurou explicar as causas do

fracasso escolar dos alunos da 10ª classe da Escola Secundária Francisco Manyanga.

Neste estudo foi utilizado o método hipotético-dedutivo, sobre o qual, Quivy e Campenhoudt

(2008, p. 144) disseram que, “gera, através de um trabalho lógico, hipóteses, conceitos e

indicadores para os quais se terão de procurar correspondentes no real.” Assim, já que cada

uma das formas quer qualitativa ou quantitativa tem seus pontos fracos e fortes, a combinação

das duas formas foi muito útil na medida em que permitiu uma tese mais precisa e

aprofundada, e um estudo mais completo (Reis, 2010).

A escola e o nível em análise funcionou no ano de 2015 com um total de 798 alunos da 10ª

classe e 18 professores, estando distribuídos em 14 turmas. Dos 798 alunos, foram inquiridos

50 alunos repetentes do curso diurno dispersos em 5 turmas, enquanto dos 18 professores,

foram entrevistados 5 professores do curso diurno, onde dentre estes 2 não tem formação

psicopedagógica.

A amostragem para professores foi aleatória ou probabilística, e para os alunos foi o método

por clusters ou por conglomerados, que “é especialmente útil quando o universo estatístico é

formado por populações de grande dimensão e dispersas por vastas áreas” (Sousa & Baptista,

2011, p. 76 apud Rêgo, 2015).

Nesta pesquisa aplicaram-se as técnicas de entrevistas semi-estruturada através de um guião de

perguntas que tiveram uma duração média de 8 minutos e dependeram da disponibilidade de

cada participante, essas entrevistas foram individuais e presenciais. Este tipo de técnica

depende da existência de um guião com um conjunto de perguntas abertas e fechadas, tendo

características próximas de uma conversa do dia-a-dia, mas que se distingue pelo seu carácter

profissional e pela flexibilidade do guião de entrevista que agrupa as questões básicas do

investigador (Sousa & Baptista, 2011 apud Rêgo, 2015).

Para tal foram utilizados formulários de entrevista com 4 perguntas relacionadas com a

investigação e 4 relacionadas com informações pessoais.

6 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

A ficha do questionário cuja finalidade era de aprofundar as opiniões dos alunos sobre os

motivos que os levaram a reprovar e entender os resultados que teriam se tivessem a

colaboração dos pais/encarregados de educação e a escola. Este questionário estava dividido

em 7 perguntas relacionadas com a investigação e 2 relacionadas com informações pessoais.

O questionário misto é um instrumento com vantagens de padronização, autonomia e rapidez

na recolha de informação, que apresenta questões de resposta aberta e fechada (Sousa &

Baptista, 2011 apud Rêgo, 2015).

Para analisar os dados recolhidos utilizou-se análise estatística, que permitiu determinar as

percentagens das opções de resposta em cada item e calcular a moda das variáveis qualitativas

a partir das técnicas estatísticas de análise multivariada e de gráficos dos resultados (Sousa &

Baptista, 2011, p. 114 apud Rêgo, 2015)

De salientar que foi recorrido a aplicação de Microsoft Excel-2013 tanto para o cálculo

percentual dos dados, da moda das variáveis, como para a construção de gráficos de barras, o

recurso ao gráfico de barras deveu-se a suas vantagens, pois, são propícios para as variáveis

qualitativas, fáceis de construir e de lêr (Gilani, 1999).

4. Resultados e discussão

Neste item os dados estão representados em gráficos para facilitar a compreensão e a sua

posterior discussão dos resultados de modo a articular os resultados obtidos com os

fundamentos teóricos à luz do problema e dos objectivos.

4.1. Aproveitamento pedagógico dos alunos

O (Gráfico 1) é notório que no ano de 2013 verificou-se uma taxa de reprovações de 311

alunos e 558 aprovados, em 2014 os alunos reprovados subiu para 544 e os aprovados desceu

para 254 enquanto em 2015 o índice de reprovação dos alunos contínuou subindo para 595 e

as aprovações descendo para 203. Segundo Marques (1994, p. 18) afirma que a não existência

de colaboração biunívoca entre as partes e os objectivos dos alunos e os resultados obtidos

serão divergentes.

7 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

Gráfico 1: Aproveitamento pedagógico dos alunos

Fonte: Direcção da Escola Secundária Francisco Manyanga, 2016.

4.2. Estado do aluno após ter reprovado

Dos 50 alunos inquiridos, 5% diz que não fazer diferença a reprovação, 3% disseram que se

sentem alegres quando reprovam numa disciplina escolar, 73% admitiram que após reprovar

se sentem infelizes, enquanto, 19% afirmaram que se sentem frustrados quando reprovam

numa disciplina escolar. Como ilustra o (gráfico 2 abaixo indicado), os alunos não se sentem

bem após a reprovação, na medida em que 92% deles se sentem infelizes e frustrados.

De acordo com Abreu (2013), no sentido de evitarem frustrações e depressões causadas pelo

fracasso escolar que adquirem, alguns alunos adoptam estratégias de realização de actividades

nas quais obtem sucesso e que lhes proporciona prazer, tais como o desporto e a música,

assim, pode ser o mesmo caso para o aluno 5% que dizem não fazer diferença após reprovar e

para os alunos 3% que disseram que se sentem alegres quando reprovam numa disciplina

escolar.

8 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

Gráfico 2: Estado do aluno após ter reprovado

4.3. Responsavél pela reprovação

O (gráfico 3) que se segue, 24% dos alunos inquiridos afirmaram que a culpa pela reprovação

é de todos eles, 7% lançaram a culpa para as suas famílias, 9% imputaram a escola pelas

reprovações e 60% dos alunos inquiridos culparam-se pela sua reprovação, o que por sua vez

indica que os alunos culpam-se pela sua reprovação, tal facto também foi observado por Abreu

(2013) quando referiu que o primeiro a se culpar é o próprio aluno, depois quem os culpam

são os professores e por último são os seus pais/encarregados de educação.

Gráfico 3: Responsavél pela reprovação

24%

9%

7%

60%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Todos

Escola

Família

Aluno

9 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

4.4. Causas da reprovação citados pelos alunos

Essa análise foi fundamental na medida em que permitiu identificar de forma directa as causas

reais do fracasso escolar dos alunos da 10ª classe da Escola Secundária Francisco Manyanga.

O (gráfico 4) verifica-se que dos alunos inquiridos, 60% declararam que reprovaram por ‘Não

entender a matéria e não saber estudar’, são alunos que têm respectivamente Dificuldades de

Aprendizagem e falta de acompanhamento familiar (Correia, 2004), 4% referiram ter

reprovado devido ao ‘Elevado número de exames’, 3% indicaram que ‘os capítulos da matriz

para preparação dos exames não estava de encontro com as questões do exame’, 5%

indicaram a ‘mudança do regulamento’, 17% disseram que reprovaram por falta de

acompanhamento familiar’, enquanto 11% mencionaram ter reprovado por falta de ‘dedicação

individual’.

Gráfico 4: Causas da reprovação citados pelos alunos

4.5. Consequências do fracasso escolar

As consequências do fracasso escolar são demasiados drásticos para que possamos cruzar os

braços e deixar que os problemas continuem a multiplicar dizendo que é um problema

económico que existe mesmo nos países mais desenvolvidos do que o nosso. O fracasso

escolar traz consigo a infelicidade do aluno, a falta de confiança em si próprio no presente e

10 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

com graves reflexos futuros, a falta de amor pelos livros, o refugio as drogas, a delinquência,

etc.

4.6. Opinião dos alunos se tivessem a colaboração dos pais/encarregados de educação e a

escola

O (Gráfico 5) indica que 88% dos alunos inquiridos, opinarão que se tivessem a colaboração

dos pais/encarregados de educação e a escola teriam obtido bons resultados, enquanto 12%

citaram que mesmo se tivessem a colaboração teriam maus resultados. Kaztman e Rodriguez

(s/d) apontam que não há dúvidas de que a força dos vínculos entre os pais e entre estes e os

filhos potencializa a capacidade de transmissão do capital humano e social.

Gráfico 5: Opinião dos alunos se tivessem a colaboração dos pais/encarregados de

educação e a escola

4.7. Opinião dos professores sobre a responsabilidade da reprovação dos alunos

Nessa análise foi possível entender a opinião dos professores entrevistados sobre a

responsabilidade pela reprovação dos seus alunos.

O (gráfico 6) mostra que, 63% dos professores entrevistados referiram a Escola como sendo a

culpada pela reprovação dos seus alunos, tal como Bock et al. (2001), esses professores

11 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

reconhecem o papel da própria Escola na garantia do sucesso escolar para todos os seus

alunos, 5% mencionaram a família como sendo o culpado pela sua reprovação, 1% admitiram

que todos têm culpa pela reprovação dos alunos, enquanto 31% indicaram os alunos como os

responsaveis pela reprovação.

Gráfico 6: Opinião dos professores sobre a responsabilidade da reprovação dos alunos

4.8. O desinteresse do aluno como principal motivo da sua reprovação

Esse ponto ilustrado no (Gráfico 7 abaixo) foi analisado na perspectiva de entender a opinião

dos professores sobre as reais causas do fracasso escolar dos alunos da 10ª classe da Escola

Secundária Francisco Manyanga. Dos 5 professores entrevistados, 68% indicaram o

desinteresse como sendo o principal motivo da reprovação dos seus alunos, 5% diz não ter

reprovado por falta de desinteresse, enquanto 27% dos entrevistados referenciados outros

motivos.

12 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

Gráfico 7: Desinteresse do aluno como principal motivo da sua reprovação

4.9. Opinião dos professores sobre o resultado da colaboração dos pais/encarregados de

educação e a escola

O (Gráfico 8) mostra que 97% dos professores opinarão que se os alunos tivessem a

colaboração dos pais/encarregados de educação e a escola teriam obtido bons resultados

enquanto 3% citaram que mesmo se tivessem a colaboração teriam maus resultados.

Gráfico 8: Opinião dos professores sobre o resultado da colaboração dos

pais/encarregados de educação e a escola

13 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

5. Conclusões

Concluiu-se que 80% dos estudantes repetentes da 10ª classe reprovaram as duas secções, nas

disciplinas de Matemática, Física e Química (Ciências) História e Português (Letras), tendo

como consequência o total estado de infelicidade, embora na sua maioria já tenha uma

previsão do resultado devido a falta de empenho individual. Porém a falta de dedicação por

parte dos alunos, o regulamento introduzido pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento

Humano (MINEDH) no ano tranzato, não entender a matéria e não saber estudar, desinteresse

e a falta de acompanhamento escolar e familiar são as principais causas que ocasionaram as

reprovações dos alunos.

Os alunos assumem que se tivessem o devido acompanhamento quer por parte da escola assim

como por parte dos seus pais/encarregados de educação teriam obtido bom desempenho

escolar, remetendo-nos em uma situação de coordenação entre a Comunidade-Escola e ou

vice-versa. Por outro lado, os alunos contestam o critério usado na introdução do regulamento,

sendo a revisão do mesmo, uma das medidas a serem tomadas para a redução das reprovações

ou por outra criarem-se meios de fortificação dos laços entre os pais/encarregados de

educação, o aluno e a escola, de modo que o aluno seja o centro das atenções.

Durante a recolha dos dados verificou-se que a escola deu um tratamento diferencial aos

alunos, sendo que os repetentes estão colocados nas mesmas turmas, ou seja, há turmas

específicas de repetentes. Essa forma de tratamento não é visto de bom agrado por parte dos

alunos, porque segundo os inquiridos é uma forma de isolamento e conotação.

Há que referir que no período do ensino e aprendizagem, existem professores que dão

tratamento preferencial aos alunos que mais rápido assimilam a matéria em detrimento dos

que não assimilam a materia rapidamente, fazendo com que a interação das aulas seja um

dialógo de apenas duas pessoas. Esse factor deve-se a falta de formação psicopedagógica por

parte dos professores.

Por fim a participação da família na escola tende a tornar o ambiente escolar menos hostil,

mais receptivo e mais propício ao desenvolvimento de práticas que facilitem e estimulem o

aprendizado dos alunos.

14 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

Recomendações/sugestões

O conselho pedagógico da escola deve criar e discutir as metodologias e as estratégias

para o combate ao fracasso escolar;

Os pais/encarregados de educação devem ajudar aos filhos com os deveres de casa, é

um bom exemplo de que quanto mais tempo os pais poderem dedicar aos filhos, mais

probabilidades tem de obterem bom desempenho escolar;

A Escola devia/deve ser rigorosa no processo de motivação, esclarecimento e

aconselhamento dos pais/encarregados de educação e aos alunos e da garantia de uma

maior integração e participação destes na vida da escola;

Os pais/encarregados de educação deviam ter o hábito de ter livros em casa, assim

como seu consumo desde a primeira infância determinam condições de aprendizagem

e de comportamentos em relação à escola e aos estudos;

Devia adoptar-se o modelo da classe cooperativa de Freinet, o método da

aprendizagem por descoberta guiada e o professor devia também ensinar os seus

alunos a estudar a matéria da sua disciplina.

Referências bibliográficas

ABREU, Marlene Aparecida Viana. (2013). Analisando as razões do fracasso escolar no

ensino fundamental.

ARROTEIA, J. (1991). Análise Social da Educação. Leiria: Roble Edições.

BOCK, A.M.B., FURTADO, O.,& TEIXEIRA, M. L. T. (2001). Psicologias uma introdução

ao estudo de psicologia. (13ª ed.). São Paulo: Editora Saraiva.BRITO, D.R. (s/d).

Distúrbios,transtornos, dificuldades e problemas de aprendizagem.

CORREIA, L. M. (2004). Problematização das dificuldades de aprendizagem nas necessidades

educativas especiais. Análise Psicológica (2004), 2 (XXII): 369-376.

15 1 Licenciado em Geografia na Especialidade de Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica pela Universidade Eduardo Mondlane

DICIONÁRIO Universal da Língua Portuguesa (1997), Lisboa, Portugal

FRAURE, Edgar (1981). Aprender a ser. Lisboa: Livraria Bertrand.

GILANI, Natasha. (1999). As vantagens de um gráfico de barras. Brasil. Recuperado a 24 de

Outubro, 2014, de: http://www.ehow.com.br/vantagens-grafico-barras lista_68384/&sa=U&ei

KAZTMAN, Ruben; RODRIGUEZ, Federico. “Las formas de constituición de las familias

pobres urbanas em Uruguay: consecuencias sobre el rendimiento educativo de los ninõs”.In:

Revista Prisma ,s/d.

MACAMO, Ernesto Mário (2015). Insucesso Escolar em Moçambique. Estudo de caso na

Escola Secundária Graça Machel. Lisboa. Dissertação apresentada para a obtenção de Grau de

Mestre em Administração e Gestão Educacional.

MARQUES, R. (1994). Colaboração Escola - Famílias: um conceito para melhorar a

Educação. Revista ESES, n.º 5, 4-11. Mendonça, A. (2007). Era uma vez… a reforma

educativa dos adultos. Conferência apresentada no III Colóquio DCE-UMa, subordinado ao

tema Educação em Tempo de Mudança. Funchal, Madeira: Tecnopólo.

MINED (2014). Guião do professor 2014. Moçambique: Maputo.

NETO (http://WWW.Stome.net/educa/tese/neto), 4 horas de 15/3/06 Rádio Educativa.

OLIVEIRA, Oliveira J (1996). Psicologia da educação. capítulo V Página 214.

QUIVY, R. & CAMPENHOUDT, L.V. (2008). Manual de investigação em ciências sociais.

(5ª ed.). Lisboa: Gradiva.

RÊGO, Amâncio Maurício Xavier. (2015). Análise dos factores do insucesso escolar dos

alunos do 2° ciclo na escola secundária da vila nova na cidade de chimoio. Chimoio. Tese

apresentado para o obtenção do grau de Mestre em Gestão e Administração Educacional.

REIS, F.L. (2010). Como elaborar uma dissertação de mestrado. Lisboa: Lidel.

TAVARES, J. & Santiago, R. (2001). Ensino Superior – (In)Sucesso Académico. Porto: Porto

Editora.

NOTA: Artigo recebido em Agosto de 2016 e Aceito para apresentação nas Vª Jornadas de Educação do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) e o Instituto Nacional do Desenvolvimento da Educação (INDE) nos dias 21 à 23 de Setembro de 2016. Maputo – Moçambique.