problemas de aprendizagem fracasso escolar

45
Simone da Silva Chaves Susana Barbosa dos Santos PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM: Fracasso Escolar. De quem aprende, ou de quem ensina? Belém-Pa. 2002

Upload: thaisa

Post on 12-Jun-2015

9.199 views

Category:

Documents


5 download

TRANSCRIPT

Page 1: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

Simone da Silva ChavesSusana Barbosa dos Santos

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM: Fracasso Escolar.De quem aprende, ou de quem ensina?

Belém-Pa.2002

Page 2: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

2

Simone da Silva ChavesSusana Barbosa dos Santos

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM: Fracasso Escolar.De quem aprende, ou de quem ensina?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Pedagogia do Centro de Ciências

Humanas e Educação da UNAMA, como

requisito para obtenção do Grau de Licenciado

em Pedagogia, orientado pela Professora Drª.

Cely do Socorro Costa Nunes

Belém – Pa.

2002

Page 3: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

3

Simone da Silva Chaves

Susana Barbosa dos Santos

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM: Fracasso Escolar.De quem aprende, ou de quem ensina?

AVALIADO POR:

_____________________________________

PROFª. Drª. Cely Socorro Costa Nunes

DATA:__________/__________/__________

Belém – Pa.

2002

Page 4: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

4

Em especial à nossa orientadora

Professora Drª. Cely Socorro Costa

Nunes, a todos os professores da Unama

do Curso de Pedagogia, aos colegas da

turma 4PEN3 pelo apoio, e todos que

contribuíram de forma significativa na

consecução de nossa pesquisa.

Page 5: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

5

Primeiramente a Deus, fonte de amor e

sabedoria, pela vida, por ser meu refúgio,

minha força e meu amparo, tanto nos

momentos de alegria, como nas

tribulações.

Aos meus pais Vesceslau Chaves e Maria

Henrique que me ensinaram a buscar

incessantemente o lugar ao sol através do

conhecimento.

Aos meus irmãos pelo afeto e

compreensão.

Simone Chaves.

Page 6: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

6

A Deus pela vida, pela sabedoria.

À minha querida mãe Loíde que realizou

um sonho através de sua filha.

Ao meu esposo Jorge Ronaldo que soube

entender ao longo dos quatro anos de vida

acadêmica os percalços que tivemos.

A todos os meus familiares, e aos amigos

especiais que contribuíram de forma

incisiva para a realização do meu projeto

de vida.

Susana Barbosa.

Page 7: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

7

A mais nobre aquisição da humanidade é

a fala; e a arte mais útil é a escrita. A

primeira distingue eminentemente o

homem da criatura bruta; a segunda, dos

selvagens sem civilização.

Astle.

Page 8: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

8

RESUMO

O propósito deste trabalho de pesquisa é analisar os aspectos que interferem na aprendizagem de

crianças nas primeiras séries do ensino fundamental, principalmente no que se refere ao fracasso

escolar no contexto da compreensão do processo da leitura e da escrita. Essa pesquisa foi

desenvolvida na Escola Municipal Profº. Solerno Moreira que trabalha com a proposta da Escola

Cabana que foi implantada em 1997 pela Prefeitura Municipal de Belém. Adotamos o método

descritivo através da realização de observação e entrevistas com oito alunos e uma professora da

Classe de Aceleração do Ciclo Básico I de Ensino O estudo em discussão traz à tona a reflexão

acerca dos fatores que interferem significativamente na aprendizagem; da compreensão dos

processos que a criança utiliza para elaborar conhecimentos e comentários e sugestões sobre o

Projeto de Aceleração, de modo que os educadores direcionem o olhar sobre o sujeito do

processo e aprendizagem concebendo os alunos como sujeitos ativos nas relações sociais e

históricas.

Page 9: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

9

PALAVRAS-CHAVE: APRENDIZAGEM, FRACASSO ESCOLAR, PROJETO DE ACELERAÇÃO

Page 10: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

10

SUMÁRIO

Introdução

• Gênese da Pesquisa 1

Metodologia 4

CAPÍTULO I : Fatores que interferem na aprendizagem dos alunos. 7

CAPÍTULO II : Compreendendo o Processo de Aprendizagem dos alunos. 12

CAPÍTULO III :Comentários e sugestões sobre o Projeto de Aceleração. 23

Considerações Finais 30

BIBLIOGRAFIA 32

ANEXOS 34

Page 11: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

11

INTRODUÇÃO

• Gênese da pesquisa

Discutir sobre os problemas de aprendizagens é buscar subsídios para entender e

ajudar o aluno que se encontra desajustado tendo como ponto de partida a diagnose dos alunos e

professores, os quais são sujeitos ativos do processo ensino-aprendizagem. É imprescindível a

compreensão do educador sobre os fatores que interferem na aprendizagem do aluno, refletindo

constantemente as questões internas (cognitiva, psicomotora e afetiva) e externas (escola, família)

que atingem o processo de construção do conhecimento.

No entanto, o que se percebe é que há pouco atenção à afetiva aprendizagem do aluno

no momento em que professores e alunos interessam-se somente pela aprovação ou reprovação.

Diz PAIN (1992 p.12) “A função da educação pode ser alienante ou libertadora,

dependendo de como for usada, quer dizer, a educação como tal não é culpada de uma coisa ou

de outra, mas a forma como se instrumente esta educação pode ter efeito alienante ou

libertador”.

Por isso, compreender o nível de aprendizagem através da retenção ou aprovação do

aluno, implica enfatizar a aprendizagem mecanizada, que não tem significado nem estímulo para

o aluno descartando dele qualquer possibilidade de análise, raciocínio e relacionamento entre

idéias, coisas e acontecimentos. Sendo que esta atitude não contribui para o aprendizado, ao

contrário, prejudica.

Portanto, é necessário salientar os fatores internos e os externos que influenciam

significativamente pelo insucesso do aluno na escola, como por exemplo a dificuldade de ensinar,

pois é primordial que o educador conceba a educação com um olhar voltado para o

desenvolvimento do sujeito, possibilitando-o de desenvolver a capacidade de encontrar respostas

para seus problemas, tornando-o responsável e, conseqüentemente, agente de seu próprio

processo de aprendizagem.

Neste sentido, estudar e investigar sobre a temática proposta é importante porque é

preciso que se pense sobre a prática pedagógica, fazendo da instituição escolar um lugar que não

Page 12: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

12

centralize-se exclusivamente nas aquisições intelectuais, concedendo maior atenção ao

desenvolvimento de capacidades emocionais, sociais e afetivas, propiciando ao educador

entender que o conteúdo programático não é um fim em si mesmo, mas apenas um dos elementos

que formam o conhecimento e a construção do pensamento.

Assim, GAGNÉ ( 1974 ) em seu texto sobre como Realizar a Aprendizagem diz: “a

experiência é o maior dos mestres”, desse modo os acontecimentos vividos pelos sujeitos em

desenvolvimento, em sua casa, em seu meio geográfico, na escola, determinarão o que ele vai

aprender e, também, em grande parte, a espécie de pessoa que se tornará.

Logo é através das experiências, do conhecimento de cada um construído nas relações

com os outros e com o ambiente que elaboramos e reelaboramos idéias sobre as situações

complexas que surgem no nosso cotidiano, desse modo, não é possível conceber a aprendizagem

como um processo mecânico, automático.

No entanto, há ênfase em se pensar que o processo de aprendizagem acontece através

da transmissão de conhecimento, não havendo interesse ou talvez consciência da necessidade de

ampliar o potencial do educando, trabalhando conteúdos que sejam significativos e utilizando

metodologias que possibilite ao aluno fazer relação entre o que se está aprendendo e a sua vida.

Outro fator em questionamento é a afetividade, no que se refere à relação professor e

aluno, que precisa ser dialógica, pois sabemos que a proximidade e a confiança entre ambos são

fatores que possibilitam ao educador perceber as necessidade do aluno e reformular sua prática

para uma eficiente aprendizagem e, para o aluno, permite expor seus questionamentos e anseios.

Assim, na perspectiva de tornar indivíduos críticos, capazes de construir e reconstruir

conhecimentos busca-se sensibilizar educadores para uma constante reflexão e tomada de atitude

frente à determinados comportamentos do aluno no seu dia-a-dia.

Para isso, nossa pesquisa tem como necessidade encontrar respostas para os seguintes

questionamentos:

• Que fatores interferem na aprendizagem dos alunos ?

• Quais os problemas de aprendizagem dos alunos apontados na escola ?

• Que soluções a escola apresenta para minimizar os problemas de aprendizagem dos alunos ?

Desse modo elencamos os seguintes objetivos:

Page 13: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

13

• Analisar os fatores que interferem na aprendizagem dos alunos.

• Caracterizar os problemas de aprendizagem dos alunos apresentados pela escola.

• Refletir acerca das sugestões apontadas pelo professor para minimizar os problemas de

aprendizagem identificado nos alunos.

Portanto, é a partir destas questões norteadoras que desenvolvemos a pesquisa a fim

de encontrar respostas fundamentadas ao tema em discussão.

Page 14: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

14

• METODOLOGIA

A fim de atender ao objetivo dessa investigação que se propõe analisar, de forma

compreensiva e aprofundada as causas da repetência e distorção idade-série nas primeiras séries

do ensino fundamental, na escola pública, optou-se pelo método descritivo com a utilização das

técnicas de observação e entrevistas que evidenciam dados relevantes para a pesquisa. Tivemos

contato direto com os sujeitos (professor e alunos) que desenvolvem o processo ensino-

aprendizagem e com o ambiente (Escola Municipal Solerno Moreira) onde atuam esses sujeitos,

buscando analisar através das entrevistas as implicações que surgem como obstáculos para a

interrupção do aprendizado com sucesso. ANDRÉ (1995, p. 28) afirma que: “a observação é

chamada de participante porque parte do princípio de que o pesquisador tem sempre um grau de

interação com a situação estudada, afetando-a e sendo por ela afetada e as entrevistas tem a

finalidade de aprofundar as questões e esclarecer os problemas observados”.

Portanto para melhor clareza vão descritos a seguir: a determinação da amostra, a

composição da amostra, os procedimentos de coleta e a análise dos dados.

1. Determinação da Amostra:

A determinação da amostra compreende a seleção da localidade de estudo, a escolha

da escola e da classe do ciclo Básico I.

Por ser detectado com grande incidência a temática em discussão em escolas

públicas, que atendem na sua maioria crianças de baixa renda, decidiu-se trabalhar com uma

escola pública localizada na periferia de Belém, ambiente onde as crianças realizam suas

experiências de vida, fator de grande importância para escola, à medida que ela se apropria dessas

experiências e trabalha na criança a elaboração de seu conhecimento científico.

Dessa forma, realizamos a pesquisa na Escola Municipal Profº. Solerno Moreira,

localizada na rua Universal, 46, bairro da Terra Firme, que atende uma população em sua maioria

de baixa renda, vivendo de subocupações, ficando portanto às margens do mercado formal. O

prédio possui uma sala reservada para cada especificidade: secretaria, diretoria, SOE (Serviço de

Orientação Educacional), sala dos professores e sala de leitura, nove salas de aula, um banheiro

para os funcionários da escola e dois utilizados pelos alunos, um refeitório e por último uma

quadra de esportes, todos construídos em alvenaria.

Page 15: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

15

O locus desta pesquisa foi selecionado por apresentar nos anos de 2001 um número

ainda considerável de repetência e distorção idade-série, apesar de apresentar uma medida de

minimização do fenômeno de repetência (19,3% alunos retidos). O alvo de nossa pesquisa é a

classe dos alunos repetentes que estão envolvidos no projeto de “Classe de Aceleração”, com

idade entre 8 e 12 anos, assim, ele absorve alunos que apresentam distorção idade-série, de

maneira a corrigir os problemas de aprendizagem que os alunos enfrentam.

Na Escola Municipal Profº Solerno Moreira, o Projeto Turma de Aceleração foi

desenvolvido a partir de 1997 para atender alunos que se encontram retidos por mais de dois anos

e que estão ingressando pela primeira vez na escola com idade entre 9 e 14 anos. Tal projeto é

uma das ações educativas da Esola Cabana.

A Escola Cabana é uma proposta político-pedagógica implantada em 1997, na gestão

do governo do P.T.(Partido dos Trabalhadores): Prefeito Edmilson Rodrigues. Proposta esta

inspirada nos ideais de liberdade e cidadania do movimento cabano, pautada nos princípios da

inclusão social e da construção da cidadania, tendo como diretrizes básicas:

- A democratização do acesso e a permanência com sucesso.

- A gestão democrática do sistema municipal de educação.

- A valorização profissional dos educandores.

- A qualidade social da educação.

A proposta da Escola Cabana estabelece uma nova lógica de organização do ensino,

implementadas na área de educação, como: O estabelecimento de ciclos de formação; a Bolsa-

Escola; o PROALFA ( programa de alfabetização de adultos); as escolas de referência para os

PNEES (portadores de necessidades educativas especiais); transformação de creches em unidades

de educação infantil; criação dos anexos; e os projetos na área de esporte, arte e lazer.

Todas essas ações articulam-se na perspectiva de garantir o direito à educação para

todos.

2. Composição da Amostra de Informantes:

Page 16: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

16

A definição da amostra foi feita no mês de setembro quando se deram as quatro

visitas, sendo duas de observação e duas para a realização da entrevista na classe selecionada.

Nas duas primeiras visitas houve o contato direto com o ambiente: gestores,

professores e alunos a fim de saber como se apresenta a escola, qual sua filosofia, como está

organizada e o que ela oferece a seus alunos no que diz respeito às condições necessárias,

recursos didáticos, qualificação profissional, etc.

Nas duas últimas visitas, a amostra foi definitivamente definida com base na

disponibilidade dos alunos. Esperava-se compor a amostra com 15 alunos da Classe de

Aceleração, com idade acima de 9 anos de idade porém, não houve aceitação por todos para

serem entrevistados, o que contribuiu para reduzir a amostra à 8 participantes. O gestor da escola

nos forneceu os dados estatísticos para a análise do número de alunos que foram retidos e que

tiveram progressão no ano de 2001.

Além dos alunos do Ciclo Básico I, também foi informante deste estudo a professora

regente da classe.

3. Os Procedimentos de Coleta de Dados:

Para a coleta de dados utilizou-se a técnica da observação com o intuito de conhecer a

estrutura física da escola, que recursos tecnológicos oferece aos alunos e quais as atividades

realizadas no interior da escola.

Além da observação tomamos como procedimento também a entrevista de maneira

dirigida e guiada. A entrevista dirigida foi desenvolvida com alunos componentes da amostra e

com a professora da classe e, apesar de ser constituída por perguntas pré- formuladas foi

orientada no sentido de permitir a flexibilidade com a introdução de novas questões ou

reformulação das mesmas quando isso se tornou necessário.

• CAPÍTULO I : Fatores que interferem na aprendizagem dos alunos

Page 17: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

17

Este capítulo tem o objetivo de analisar os fatores que interferem na aprendizagem

dos alunos, que estão relacionados com a evasão e a repetência a partir das dificuldades que os

sujeitos envolvidos apontam. Para tanto buscamos fundamentação teórica que orienta nossa

análise, no sentido de refletir/repensar sobre o problema, numa visão menos excludente, onde o

“ diferente” seja considerado e não continue a engordar os índices do fracasso escolar.

A maioria das pesquisas realizadas para compreender os problemas de aprendizagem

e o fracasso escolar evidenciado pelos altos índices de repetência e evasão tem apontado , entre

outros fatores, que a precariedade das condições funcionais e estruturais da escola contribuem

significativamente para o avanço de tais índices. No entanto, à revelia desses estudos, é comum

observar que a responsabilidade do insucesso da aprendizagem escolar ainda é atribuída ora ao

aluno e sua família, ora ao professor e seus métodos. Na busca dos culpados, o problema é

individualizado dificultando assim, a apreensão de sua amplitude.

Como fica evidenciado na fala da Professora entrevistada:

São vários os fatores que levam o aluno a não aprender, dentre eles, fatores sociais epsicológicos. Eles são muito carentes, a maioria dos pais são separados e, muitas vezes,a própria escola não é um ambiente agradável ao aluno.

Observamos no depoimento da professora que é comum atribuir o fracasso escolar à

estrutura familiar, a qual falta tudo (carinho, casa, comida, os pais são separados) ou a

problemas psicológicos/emocionais (são carentes, dependentes, gostam de chamar atenção).

Buscando uma explicação para o problema, na visão da professora a corda arrebenta no lado

mais fraco: nas crianças e suas famílias “pobres” e “desestruturadas”.

ARPINI (1995), aponta que o preconceito está presente como uma marca forte na

análise dos professores: as crianças não aprendem ou são lentas porque são pobres, falta

carinho, os pais não dão atenção porque trabalham fora, não tem tempo para os filhos ou são

alcoólatras. Esse discurso na escola torna-se homogêneo e quando não se pára para refletir

torna-se verdadeiro. Nesse vaivém à caça dos culpados, quando não são as crianças as

“culpadas” pelo fracasso escolar é a própria família.

Dessa forma, fica difícil enxergamos o problema num contexto mais amplo. Segundo

ARPINI (1995), a individualização da problemática tem dificultado compreender o que se passa

e de construir estratégias para o encaminhamento.

Page 18: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

18

É nesse contexto que a repetência e os problemas de aprendizagem vêm sendo

identificados – como problema individualizado que ora recai sobre as crianças e suas famílias e

ora sobre o professor. Se seguimos sem refletir, nem nos damos conta que, nestes anos todos de

nossa formação/atuação, fomos construindo preconceitos e que as ferramentas pedagógicas que

utilizamos têm na base este suporte, levam esta marca. Ou seja, quando somos convidados a

falar sobre nossos alunos, sobre possíveis problemas de aprendizagem que eles possam

apresentar, o que se evidencia em nosso discurso é o preconceito, traduzindo uma construção

ideológica. É difícil distanciar-se do modelo e conseguir enxergar outros jeitos possíveis que

nascem num outro referencial que não é o nosso.

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa (INEP), em

especial de sua publicação “Desempenho do Sistema Educacional Brasileiro: 1994-1999”,

percebe-se uma evolução importante no tocante ao ensino fundamental. O percentual de

crianças na faixa etária de 7 a 14 anos atendidas pelo ensino fundamental passou de 86,1%, em

1991, para 90,8%, em 1996, até atingir o índice de 95,5%, em 1999, fato que está a indicar que

o Brasil se encontra próximo de garantir a universalização do acesso à educação (considerados

os alunos desta faixa etária que estudam nos demais níveis de ensino, a taxa de atendimento

escolar já atinge 96,2%). Além da universalização do ensino, outra política que vem recebendo

especial atenção é a da regularização do fluxo escolar e diminuição da distorção idade/série.

Como resultado da instituição das “classes de aceleração da aprendizagem”, tem-se procurado

reduzir as excessivas taxas de repetência verificadas, sobretudo, nas primeiras séries do ensino

fundamental. A gravidade do tema fica patente quando se observa que, em 1998, 24% de alunos

do ensino fundamental possuíam 15 anos ou mais de idade e já deveriam estar cursando o

ensino médio.

Refletindo sobre esses dados nota-se no entanto avanços nesse campo com a queda

dos índices de repetência e evasão. Entre 1995 e 1997, a taxa de repetência caiu de 30,2% para

23,4% e a de evasão de 5,3% para 3,9%.

Com referência ainda as classes de aceleração observamos que a maior dificuldade de

aprendizagem dos alunos entrevistados eram a leitura e a escrita como podemos evidenciar nos

depoimentos a seguir:

-Queria saber ler para poder entender as estorinhas em quadrinhos...(aluno 2 ).-Não consigo copiar do quadro porque não conheço todas as letras.(aluno 5 ).

Page 19: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

19

-Adorei essa sala (vídeo), gostaria de estar aqui mais vezes, mas minha professora metraz poucas vezes aqui.(aluno 8 ).

As dificuldades de aprendizagens descritas pelos alunos assinalam a vontade de

compreender a leitura e a escrita que são entendidas como o domínio de habilidades para

decodificar símbolos escritos, o exercício do controle motor, reconhecimento e cópia de letras,

sílabas ou palavras e qualidade do traço, pois é neste contexto que a escola enfatiza como

fundamentais estas habilidades e deixa para trás a compreensão, a significação do ato de ler e

escrever.

Percebemos na entrevista com os alunos a vontade de querer a ler e escrever, como

característica primordial, pois apenas 20% da turma sabiam ler e escrever. Dessa forma a

primeira série do Ensino Fundamental continua sendo o ponto de estrangulamento, o fator de

exclusão à alfabetização de grande parcela da população.

Sobre isso FERREIRO (1985, p. 72) assinala:

Já é bem conhecido o fato de que o Fracasso Escolar não se distribui democraticamenteno conjunto da população. O Fracasso Escolar inicial, que o da alfabetização, seconcentra nas populações urbanas e rurais marginalizadas. Constitui também, lugarcomum assinalar correlações positivas entre o fracasso da alfabetização no tempoescolar requerido a fatores como o estado de saúde da criança (especialmente onutricional), o nível de educação dos pais as condições gerais de vida. Os professores ea instituição escolar tem aceitado com facilidade a realidade de tais fatos...

Os problemas de aprendizagem podem ocorrer tanto no início como durante o

período escolar. Surgem em situações para cada aluno, o que requer uma investigação no campo

em que ele se manifestam. Qualquer problema de aprendizagem implica um trabalho amplo,

trabalho do professor junto a família da criança para analisar situações e levantar características

visando descobrir o que esta representando dificuldade ou empecilho para que o aluno aprenda.

Sob este aspecto é importante o professor estar atento aos seus alunos, procurando

interagir com eles na intenção de saber sobre seu lado familiar, como vivem e o seu dia - a - dia

na comunidade. Adquirindo a confiança do aluno o professor poderá desvendar possíveis

dificuldades na sua aprendizagem.

Para tanto é preciso conhecer as origens dos problemas de aprendizagem dos alunos.

Sobre isso PAIN (1992 p.29-33 ), caracteriza os três principais fatores: Orgânicos, Psicológicos e

Ambientais.

Page 20: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

20

• Fatores Orgânicos: saúde física deficiente, falta de integridade neurológica, alimentação

inadequada...

• Fatores Psicológicos: inibição, fantasia, ansiedade, angústia, inadequação à realidade,

sentimento generalizado de rejeição...

• Fatores Ambientais: tipo de educação familiar, o grau de estimulação que a criança recebeu

desde os primeiros dias de vida, a influência dos meios de comunicação.

Os fatores orgânicos podem ter como consequência problemas cognitivos mais ou menos

graves, mas que não configuram por si sós, um problema de aprendizagem.

É necessário saber se a criança está bem alimentada, pois este se constitui um dos

problemas básicos na capacidade de aprendizagem, bem como as condições de abrigo e

conforto para o sono. Diante desse aspecto, sabemos que a criança do nosso país tem na

merenda escolar, muitas vezes, a única refeição do dia, por este motivo tal programa assume

uma importância vital para o desenvolvimento escolar do aluno.

Ainda com referência aos fatores orgânicos é importante salientar que no momento da

entrevista com os alunos os mesmos estavam irrequietos esperando a hora da merenda.

Já os fatores psicológicos estão voltados para o ego e se apresentam principalmente

na ortografia do aluno, onde por exemplo de dez palavras escritas, cinco apresentam erros,

sendo os mais freqüentes na confusão de vogais ou troca de palavras etc...

Quanto aos fatores ambientais, eles se relacionam mais especificamente sobre a

estrutura da escola, moradia, bairro, disponibilidade de ter acesso a lugares de lazer e esporte,

bem como os diversos canais de cultura (jornais, rádios, televisão...). O fator ambiental assume

característica determinante no diagnóstico do problema de aprendizagem, pois procura se

elucidar qual o grau de consciência e participação que o indivíduo tem na classe social em que

vive.

O aluno é um ser social com cultura, linguagem e valores específicos. Quando

apresenta dificuldades de aprendizagem deve ser levado em conta sua individualidade,

particularidade, ou seja o professor precisa trabalhar com a diferença, descobrir as

potencialidades de cada aluno para então partir em busca do desenvolvimento de sua

aprendizagem, transformando-o em sujeitos preparados para enfrentar o mundo.

Page 21: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

21

É importante ressaltar que pobreza não é sinônimo de falta de inteligência, ou seja,

essa situação econômica é reflexo da má distribuição de renda existente em nosso país. Rever a

questão da exclusão social significa revisar nossa postura, reconhecer a construção ideológica

presente em nosso discurso, verificar rupturas, incoerências. Passar de um olhar superficial para

um olhar mais profundo, com os olhos de quem quer investigar, fazer diferentes leituras dos

problemas. Pararmos de assumir o discurso do “outro”, assumir um lugar de autonomia, correr

riscos. Para isto é preciso, como coloca FERNANDÉZ (1994, p.113), desativar a queixa e o

aborrecimento para ativar a capacidade de perguntar.

Nossa formação tradicional e autoritária nos ensinou a trabalhar com o homogêneo,

na perspectiva da certeza, do linear. Administrar o “caos”, lidar com o conflito tem sido difícil

mas chegar a isto é o desafio.

Page 22: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

22

Capítulo II : Compreendendo o Processo de Aprendizagem

Este capítulo tem como fim refletir sobre o processo de aquisição da leitura e escrita

no contexto escolar e social que implica no pressuposto de que o aprendizado é base fundamental

para o desenvolvimento do sujeito, e os processos psicológicos precisam ser considerados como

funções a serem ativados. Neste sentido, é imprescindível que os sujeitos envolvidos no contexto

educacional se dispunham a refletir sobre os aspectos à compreensão do processo de

aprendizagem, às interferências da psicolinguista no processo de elaboração da leitura e escrita

pela criança e as implicações e contribuições que a escola se dispõe a oferecer .

Tradicionalmente a aprendizagem da leitura escrita é concebida como processo

desenvolvido necessariamente na escola. Em contrapartida tal concepção é discordante se

compreendermos que vivemos em uma sociedade letrada onde propagandas verbais e não-verbais

encontram-se presentes em todo lugar. A criança é sujeito participante em contato constante com

esses materiais, os quais transmitem uma informação funcionando-os como meio de interação

entre ela e o ambiente.

Ao estarem expostas a esses materiais desde o seu nascimento, podemos concluir que

a criança inicia o seu processo de leitura e escrita antes da escolarização. é a partir desse

entendimento que VYGOTSKY apud REGO (1995,p.69) diz que o aprendizado da escrita é

iniciado pela criança muito antes da primeira vez que o professor coloca um lápis em sua mão e

mostra como formar letras.

No entanto, constatamos na fala da professora entrevistada a dificuldade em aceitar

isso, quando nos expõe os problemas detectados em seus alunos:

Grande parte dos meus alunos não compreendem e não constrõem o processo daleitura e escrita por não terem oportunidades de vivenciarem maior contato com oselementos alfabetizadores e devido a maioria dos alunos virem do seu lar.

A idéia pertinente a esse modo de pensar fundamenta-se no controle do processo de

alfabetização pela escola. Logo para ela a aprendizagem deve realizar-se na escola. Porém, o que

percebemos é que essa restrição não é aceita pela criança se considerarmos a experiência que ela

vivencia no cotidiano. Neste contexto, não se pode afirmar que existe uma idade definida e uma

professora à sua frente para a criança aprender a ler e escrever. Em seu dia-a-dia ela está sempre

se esforçando para compreender o mundo que a rodeia, levantando problemas e buscando

descobrir respostas que respondam seus questionamentos, adquirindo maneira de se relacionar

Page 23: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

23

com o mundo. A busca da habilidade na leitura e na escrita também não deixa de estar atrelada à

forma de interagir com os outros sujeitos da sociedade.

Daí a necessidade do professor partir deste entendimento para elaborar sua proposta

pedagógica de modo que possibilite o desenvolvimento da leitura e da escrita de acordo com as

condições em que se encontra cada criança e não do coletivo, porque o que se tem presenciado é

a realização de atividade única para a classe inteira, esperando que todos demonstrem o mesmo

nível de aprendizagem, numa classe em que há ritmos diferenciados de aprendizagens.

Logo, é importante que a escola venha influenciar na criança o processo de

construção de conhecimento nas relações com o ambiente, descartando a idéia de oferecer

respostas elaboradas, prontas, mas aproveitar o nível de desenvolvimento e conhecimento

abstraído das experiências.

Neste sentido ALMEIDA (1992, p.65), defende:

A escola como um todo, currículos e método de ensino devem se adaptar não só àscaracterísticas de cada grupo social, mas a cada criança, na sua individualidade, nosseus sucessos e fracassos, numa relação dialética entre as condições sociais e aspessoais.

Neste entendimento considera-se o aprendizado um aspecto necessário e fundamental

no processo de desenvolvimento das funções psicológicas. Ignorar a adequação do aluno à escola

que adota atitude de imposição, ao eleger conteúdos a serem trabalhados sem a participação do

aluno; caracterizando os sujeitos do processo ensino-aprendiazagem de ativos e passivos;

concebendo a educação na perspectiva da concepção do processo pedagógico, cabendo-lhe

selecionar o saber, ordená-lo de forma lógica e transmiti-lo ao aluno que, passivamente, o recebe

através do método expositivo. O desenvolvimento pleno do ser humano depende do aprendizado

que realiza num determinado grupo cultural, a partir da interação com outros indivíduos de sua

espécie, isso significa que o ambiente o qual estamos inseridos e as pessoas com quem

convivemos são aspectos imprescindíveis para o nosso processo de desenvolvimento.

A partir dessa análise verificamos o quanto é importante processar a aprendizagem

de maneira interativa em que professores e alunos constituem conhecimentos que devem ser

sistematizados com intencionalidade definida e compromissado em torná-lo acessível,

formalmente organizado, desafiando as crianças a entender as bases dos sistemas de concepções

científicas (que Vygotsky chama para os conceitos aprendidos na escola) e a tomar consciência

de seus próprios processos mentais. Ao permitir que alunos definam juntos com os seus

Page 24: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

24

professores os conhecimentos necessários, conseqüentemente oportuniza-se ao professor

identificar o aprendizado que seu aluno domina e o que precisa para desenvolver as estruturas

mentais que ainda não foram organizadas.

Dessa forma, VYGOTSKY apud REGO (1995,p.70-5), ao definir a relação entre

desenvolvimento e aprendizagem, enfatiza a Zona de Desenvolvimento Proximal identificando

no sujeito dois níveis de desenvolvimento: um que se refere a conquistas já efetivadas, que ele

chama de nível de desenvolvimento real ou efetivo, e o outro o nível de desenvolvimento

potencial, que se relaciona às capacidades em vias de serem construídas.

Segundo este autor, a psicologia sempre esteve preocupada em detectar o nível de

desenvolvimento real do indivíduo, ou seja, aquele que revela a possibilidade de uma atuação

independente do sujeito. Um exemplo desta preocupação pode ser encontrado entre os

psicólogos que utilizam esses fatos, ou que se apóiam em escalas, visando apontar o nível de

desenvolvimento do indivíduo.

Durante os testes ou observações que fazem, estes profissionais assumem posição

neutra, distante, sem oferecer qualquer tipo de ajuda. Medem o desempenho observado ao final

do processo, procurando compatibilizar erros e acertos, mas não consideram o processo

vivenciado pelo indivíduo na resolução de problemas. Porém a escola Municipal, a qual foi o

foco da nossa pesquisa, ao inserir os professores nos cursos de capacitação denominados de

“Formação Continuada”, oferecida pela Secretaria Municipal de Educação de Belém (SEMEC),

procura desenvolver sua prática pedagógica através de atividades que estimulam a interação, a

autonomia na busca do conhecimento científico e concebem a avaliação como um processo e não

um fim que identifica o nível de aprendizagem a partir de uma nota.

Estas concepções estão presentes nos relatos da professora entrevistada quando

defende algumas posturas adotadas para minimizar o problema de insucesso do aluno na escola:

- Capacitação profissional:

“O professor é trabalhado a partir da formação continuada para que sua prática emsala de aula atenda as necessidades do aluno”.

- Currículos:

“O trabalho desenvolvido na escola parte da vivência e interesse do aluno”.

- Metodologia:

Page 25: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

25

Utilizamos outras metodologias como: trabalho em equipe, pesquisas, vídeos, gincanase outras, de maneira que desperte no aluno a curiosidade e o interesse para construirou reconstruir seu conhecimento.

- Avaliação:

Avalio meus alunos de forma qualitativa, considerando seus aspectos cognitivos. Essaavaliação é constante e concomitante ao processo de ensino-aprendizagem.

A partir desse depoimento podemos perceber que a escola em estudo não valoriza

apenas o nível de desenvolvimento real, mas considera também em sua prática pedagógica, o

nível de desenvolvimento proximal ou potencial que se refere àquilo que a criança é capaz de

fazer, só que mediante a ajuda de outra pessoa, como por exemplo, dos adultos ou outras

crianças mais experientes. Nesse caso, ao realizar tarefas em grupos, as crianças estão

solucionando problemas através do diálogo, da colaboração, da experiência compartilhada e das

pistas que lhe são fornecidas pelo professor que atua como mediador do processo ensino-

aprendizagem.

Ao compreender esse processo psicológico pelos quais a criança utiliza para elaborar

seu conhecimento, podemos afirmar que é relevante a valorização tanto do nível de

desenvolvimento real como do potencial, já que o nível de desenvolvimento mental do sujeito

não pode ser determinado apenas pelo que ele consegue produzir de forma independente, é

necessário conhecer o que consegue realizar, muito embora ainda necessite do auxílio de outras

pessoas para fazê-lo.

Portanto, é imprescindível que o educador tenha clareza do processo que a criança

percorre para chegar às respostas, a fim de intervir, provocar, estimular ou apoiar no momento

em que ela demonstra dificuldade em determinado aspecto do processo de aprendizagem,

tornando possível desenvolver as funções que ainda não estão ao todo consolidadas, como:

estimular o funcionamento psicológico, que é característica típica do ser humano, que acontece

através da articulação entre pensamento e linguagem.

Leitura e Escrita na Perspectiva Psicolingüística.

A linguagem escrita, de modo semelhante à linguagem oral, é uma invenção social.

Por isso quando uma sociedade necessita se comunicar através do tempo e do espaço e também

recordar sua herança de idéias e conhecimentos cria uma linguagem escrita. Isto ocorre quando as

sociedades alcançam um certo nível de complexidade.

Page 26: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

26

Daí identificarmos a existência de duas formas de linguagens – oral e escrita – as

quais são totalmente capazes de alcançar a comunicação, se diferenciando apenas nas

circunstâncias de uso. Cada uma das linguagens tem um processo produtivo e um receptivo,

sendo que, o sucesso produtivo está relacionado a fala e a escrita e o receptivo ao ato de ler e

escrever.

Ao utilizar a linguagem produtiva ou receptiva a criança está movimentando as

relações de pensamento e linguagem, denominada por FERREIRO (1967), de processo

Psicolingüístico, com a proposta de interagir a psicologia cognitiva à lingüística.

Dessa forma, a autora em sua obra Os processos de Leitura e Escrita (1987), relaciona

a leitura aos processos psicológicos e diz que a leitura é uma conduta inteligente e o cerébro é o

centro da atividade intelectual humana e do processamento de informação.

Desse modo, o leitor ao realizar a leitura busca significados que é constituído através

de experiências vivenciadas no seu cotidiano, uma vez que acomoda continuamente nova

informação e adapta o sentido de significado em formação.

A partir deste contexto, VYGOTSKY apud REGO (1995, p.66-7), analisa o processo

de conquista da linguagem como instrumento de pensamento. Para ele, este processo passa por

estágios que obedecem a seguinte trajetória: a fala evolui de uma fala exterior para uma fala

egocêntrica e, desta para uma fala interior. A fala egocêntrica é entendida como um estágio de

transição entre a fala exterior (fruto das atividades interpsíquicas, que ocorrem no plano social) e

a fala interior (atividade intrapsíquica, individual).

Primeiramente a criança utiliza a fala como meio de comunicação, de

estabelecimento de contato com outras pessoas, para resolver um problema ela faz apelos verbais

a um adulto. Nesse estágio a fala é global, tem múltiplas funções, mas não serve ainda como um

planejamento de seqüências a serem realizadas, não é utilizada como um instrumento do

pensamento. VYGOTSKY (op. cit.) chamou essa fala de discurso socializado.

Aos poucos, a fala socializada, que antes era dirigida ao adulto para resolver um

problema, é internalizada, ou seja, a criança passa a apelar para resolver um problema, é

internalizada, ou seja, a criança passa a apelar para si mesma para solucionar uma questão: é o

chamado discurso interior. Deste modo, além das funções emocionais e comunicativas, a fala

começa a ter também a função planejadora. Nesse caso, a criança estabelece um diálogo com ela

Page 27: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

27

mesma, sem vocalização, com vistas a encontrar uma forma de solucionar o problema. Portanto,

a fala passa a preceder a ação e funcionar como auxílio de um plano já concebido, mas ainda não

executado.

Ao aprender a usar a linguagem para planejar uma ação futura, a criança consegue ir

além das experiências imediatas. Esta “visão do futuro” (ausente nos animais) permite que as

crianças realizem operações psicológicas bem mais complexas como prever, comparar, deduzir,

etc.

VYGOTSKY (op. cit.), explica também que existe um tipo de fala intermediária que

funciona como uma espécie de transição entre o discurso socializado e o interior. A característica

principal dessa fala é que ela acompanha a ação e se dirige ao próprio sujeito da ação. Nesse

estágio a criança fala alto, mas não se dirige a nenhum interlocutor, dialoga consigo mesma.

OLIVEIRA apud REGO (1995, p.67), esclarece que um dos pontos de grande

discordância com Vygotsky é o tipo de fala denominada por Piaget de fala egocêntrica, pois

“para Piaget a função da fala egocêntrica é exatamente oposta àquela proposta por VYGOTSKY.

Ela seria uma transição entre estados mentais individuais não verbais, de um lado, e o discurso

lógico, de outro. Piaget postula uma trajetória de dentro para fora, enquanto VYGOTSKY

considera que o percurso é de fora para dentro do indivíduo”

Portanto, foi possível verificar a partir das concepções de pensamento e linguagem

expostas pelos autores citados que o domínio da linguagem promove mudanças radicais na

criança, principalmente no seu modo de se relacionar com o seu meio, pois possibilita novas

formas de comunicação com os indivíduos e de organização de seu modo de agir e pensar.

Essa articulação faz-se necessária pela observação “in loco”, da necessidade de

apreensão dos alunos do processo da leitura e da escrita, pois a grande maioria da classe

entrevistada não detinha esse conhecimento.

Leitura e escrita no contexto escolar.

A reflexão sobre o processo de elaboração do conhecimento pela criança, possibilita-nos

perceber que a aquisição da leitura ultrapassa a concepção tradicional de alfabetização que tem

como fim ensinar a ler e escrever de forma abstrata, sem significados. Desse modo, várias

pesquisas educacionais foram realizadas com o intuito de esclarecer que o processo de

Page 28: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

28

aproximação da leitura tem a ver necessariamente com a experiência e com a função cognitiva de

cada criança.

O espaço social, ao nosso ver, não é apenas o locus da elaboração da língua escrita e

falada, mas também constituinte desse processo; e a função cognitiva passa a ser exercitada no

momento em que são promovidas oportunidades para elaborar e reelaborar conhecimentos.

SOARES apud JUNGES & KARWOSKI (2000, p.103), diz que a escola precisa estar

preparada para possibilitar a seus alunos “o uso efetivo da leitura e da escrita nas mais diversas

práticas sociais, como por exemplo ler e compreender notícias de jornais, interpretar mapas,

conta de água e luz; ler e escrever cartas, preencher formulários, entre outros.

Observa-se, entretanto, que a leitura é conseguida e feita rotineiramente a partir da

decodificação de signos, pois alfabetizar, no caso, é ensinar a ler e escrever. Tal concepção é

equivocada pois MARROTE (1994, p.49), afirma que ler e escrever, no sentido restrito, ou seja,

apenas o ensino do código das habilidades de ler e escrever. Não se cogita a qualidade nem a

profundidade da leitura muito menos do papel do futuro cidadão atuando positivamente na

sociedade.

Diante dessa questão, preocupados com a qualidade da leitura e da forma como ela é

trabalhada, torna-se necessário enfatizar não somente o domínio dos códigos lingüísticos, mas

também a compreensão que se faz a partir dele, porque é através desta leitura que podemos

observar as características individuais dos alunos, ou seja quando ele reproduz um texto,

manifesta suas experiências de vida e esta é uma das maneiras pela qual podemos conhecer um

pouco mais os alunos, assim como, aproveitar todos os conhecimentos que ele traz de seu

ambiente social, pois esses conhecimentos não existem de forma abstrata, como não existe a

criança em si, mas a criança inserida num contexto social e cultural que lhe transmite

informações, normas, valores, com os quais interage, transformando-a e construindo significados.

MARROTE (1994, p.51), ressalta que:

Cada leitor traz consigo, além de suas características individuais uma vivência e umaatitude de espírito diferente. Quando lê um texto, ele descobre a intenção ou asintenções de seu autor. Mas o texto também penetra nele e o transforma e se transforma.O resultado dessa interação texto-leitor / leitor-texto é um outro texto recriado peloleitor diferente do original.

Portanto, a leitura de um texto escrito varia em função da experiência pessoal de cada

um. Tais experiências dependem das situações vivenciadas pela criança desde o seu nascimento,

Page 29: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

29

pois envolve, em princípio todas as ocorrências de busca de significados que ela experimentou.

Reconhecer a socialização da criança desde o seu nascimento é importante pois nesse momento

inicial, anterior ao aparecimento da linguagem, há pouca influência do social.

Dessa forma PIAGET apud SILVA (1994, p.14), ressalta que essa inteligência pré-

verbal é assim essencialmente uma organização das percepções e dos movimentos do indivíduo

ainda entregues a si mesmo.

Partindo desse pressuposto é importante que, ao desenvolver o processo da leitura,

sejam propostas atividades baseadas na realidade da criança de modo que ela se familiarize e

elabore textos mais complexos. A criança em seu meio sociocultural se apropria tanto da leitura

de códigos escritos, que são muito presentes em seu ambiente, como da leitura de mundo ao estar

em contato com as transformações sociais e naturais.

FREIRE, ressalta em seu livro A importância do ato de ler (1993), que a leitura de

mundo é imprescindível, já que para ele a compreensão crítica do ato de ler não se esgota na

decodificação pura da palavra escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo.

Entende-se que a compreensão a ser alcançada pela leitura crítica implica na

percepção das relações entre o texto e o contexto. Se trabalhado a partir desta concepção o aluno

terá a liberdade de expressar sua linguagem carregada de significação trazida da sua experiência e

não do educador. Neste sentido, para que o professor desenvolva nos alunos uma leitura eficaz é

imprescindível que ele conceba a leitura como um processo mental que envolve a compreensão

das idéias percebidas, sua interpretação e avaliação; proponha diversas formas de leitura como:

silenciosa, em voz alta para promover a educação da fala; selecionar textos de acordo com a

idade e o tipo de leitor, observando a necessidade da criança de forma que explore o significado

do texto evitando-se com isto a leitura de forma automática, a fim de que estimule o interesse da

criança pela leitura.

Ressalta-se também que a estrutura física da escola precisa contribuir para o sucesso

do aluno no momento em que dispõe de biblioteca, possibilitando o acesso permanente a livros,

onde os alunos poderão selecionar a leitura que desejarem, juntamente coma realização de

atividades que proponha a criação e a produção de textos, a fim de conduzi-lo à compreensão da

utilidade da leitura e escrita, que é essencial no quotidiano de qualquer cidadão.

A esse respeito CAGLIARI apud JUNGES & KARWOSKI (2000, p.104) afirma que:

Page 30: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

30

A fluência na leitura e a produção de textos espontâneos – com os obstáculos depercurso – mostram que a criança já está tecnicamente alfabetizada e dá início à etapaposterior, em que irá sofisticar o seu processo de alfabetização e de preparação paraenfrentar as tarefas das séries mais adiantadas, nas quais a leitura fluente comcompreensão e a produção de textos sem erros de ortografia é um ideal a serconseguido em plenitude. O progresso dessas habilidades está na dependência mútuaque existe entre o ler e o escrever.

Assim, entende-se que quanto mais se lê mais se aprende a escrever e quanto mais se

escreve, mais fluente se forma a leitura com maior compreensão, conduzindo o educando à

posição de intérprete e autor de seu dizer, o que lhe permite produzir sentidos próprios. No

entanto a maioria de nossas escolas silencia esse aspecto, no momento em que não propicia a

seus alunos condições para que ele chegue ao nível de compreensão e, em conseqüência disso, o

educando não desconstrói o funcionamento ideológico da sua posição como sujeito leitor

Nesse sentido, faz-se necessário conceber o propósito de que a escrita, assim como a

linguagem, não são apenas disciplinas escolares, mas domínio de desenvolvimento que apresenta

relação com a memória. Por isso LÚRIA e VYGOTSKY apud LANDSMANN (1998, p.157-

160), afirmam que a escrita é uma “técnica auxiliar” utilizada com propósitos psicológicos, “um

uso funcional de linhas, pontos e outros signos para recordar e transmitir idéias e conceitos”, e o

que deve ser procurado no desenvolvimento da escrita é o aparecimento da relação funcional da

criança com essas linhas e pontos.

Neste sentido, buscando entender o desenvolvimento dos signos nas crianças que

ainda não dominam a leitura e a escrita, Lúria discriminou quatro etapas equiparadas às

encontradas por VYGOTSKY no desenvolvimento de outras funções.

A primeira etapa é denominada de Indiferenciado Não-instrumental, porque produz

inscrições muito semelhante para qualquer frase que supostamente tente lembrar. A não-

diferenciação ocorre tanto entre as diferentes produções como dentro da mesma produção, já que

a criança faz longas cadeias de traços, nas quais é difícil discriminar unidades gráficas. Essa etapa

é considerada imitativa, ou seja, não é usada para recordar as frases, escreve-se para produzir

alguma coisa que pareça escrito, por isso é considerada não-instrumental.

A segunda etapa chama-se Uso Ostensivo e Não-diferenciado de signos, devido ainda

haver não-diferenciação, porém a criança procura alguma sinalização (por isso é chamada de

“Ostensiva”) que lhe sirva para reconhecer a que frase escreveu cada inscrição. Quando recebe o

pedido de reproduzir as frases, tenta recordá-las pela posição das diferentes marcas gráficas, pela

Page 31: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

31

ordem em que as escreveu, “como se pudesse encontrar ali algum elemento recordatório, embora

não se veja nenhuma difernciação nas grafias. Nessa fase, a criança começa a descobrir a possível

função mnemônica da escrita.

A terceira etapa é denominada de Passagem do Não-diferenciado do Signo-estímulo

ao Signo-símbolo, porque é nesse momento que começa a diferenciação no resultado gráfico, as

inscrições diferenciam-se. Lúria menciona que, nesse nível, o ritmo das frases parece ter algum

efeito diferenciador: palavras isoladas começam a ser escritas como simples linhas e frases

compridas como “rabiscos complicados”.A criança, nesse momento, está realizando as primeiras

tentativas de relacionar as inscrições com a pauta sonora dos enunciados.

A quarta etapa, denominada pelo autor de Pictográfica, aparecem, nas inscrições da

criança elementos gráficos que servem para reconhecer algum aspecto do conteúdo das frases,

como: a quantidade, a cor ou a forma de objetos que levam a criança da fase não-diferenciada de

atividade à fase das produções diferenciadas, ou seja, nesse processo é atribuído significado aos

signos.

A quantidade aparece, por exemplo, quando a criança produz uma marca para a frase

pronunciada. Com relação à forma, o autor aponta a escrita com características pictográficas,

diferenciadas, quando as frases se referem a objetos que, no desenho ficaram destacados pelo

tamanho ou pela cor.

A partir da compreensão sobre a escrita, VYGOTSKY , distingue duas linhas de

desenvolvimento: uma natural e outra cultural. Na primeira, o autor enfatiza que os mecanismos

são biológicos e na segunda, que os mecanismos de mudanças são fornecidos por instruções.

Neste sentido, o desenvolvimento natural da escrita derivaria naturalmente do gesto, da imitação

e do jogo. A criança descobriria naturalmente que a escrita representa diretamente as coisas, antes

de descobrir que representa as palavras. O desenvolvimento cultural começaria com a instrução

do adulto, fundamentalmente na escola.

Logo, é nesse contexto que se dá a importância de o professor entender o processo de

compreensão da criança para programar atividades, interpretar e avaliar a sua produção, sempre

considerando que tal sujeito experimentou o uso da língua escrita fora da escola, propiciando à

criança um ambiente rico em material e uma diversidade de situações de leitura e escrita num

contexto de interação entre aluno-aluno proposto por TEBEROSKY apud SILVA (1994, p.32) ao

Page 32: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

32

enfatizar a interação grupal na construção do processo da escrita em situação de sala de aula, a

fim de mostrar como, ainda antes de saber ler e escrever no sentido convencional do termo, as

crianças podem compartilhar com outras crianças suas concepções acerca do sistema, através

da interação com o objeto e entre os sujeitos.”

Portanto, para a autora é relevante a aprendizagem através do intercâmbio entre as

crianças, pois é em função dessa relação que os conflitos de idéias são provocados,

proporcionando um salto qualitativo na elaboração da escrita e a chegada de conclusão à novas

situações.

Nesse contexto, a função do professor como facilitador da aprendizagem através do

grupo é necessário, no sentido de não se colocar como alternativa “correta” frente à situação de

dúvidas dos sujeitos, mas de promover outros membros do grupo como consultores, eleitos pelas

próprias crianças. Como podemos evidenciar na fala dos alunos entrevistados:

-Prefiro atividades em grupo a fazer testes (escritos).

-Não gosto de fazer provas escritas, fico muito nervoso.

Assim, a importância de compreender o processo pelo qual a criança utiliza para

construir o conhecimento sobre a leitura e escrita, tem a ver com a necessidade de mudança de

postura do professor em relação à concepção de aprendizagem, no que diz respeito às hipóteses

elaboradas por elas para se apropriar da língua escrita e falada como um processo que é

construído progressivamente, tomando como ponto a interação e o pressuposto de que a interação

social é fator primordial para o sucesso da criança na escola; já que , é nessa relação mútua entre

os sujeitos que lhe é dada a oportunidade de expressar seu pensamento e de cooperar com o

colega, tornando-a um ser ativo no processo de aprendizagem.

Page 33: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

33

• CAPÍTULO III: Comentários e sugestões sobre o

Projeto de Aceleração e educação por ciclos.Este capítulo tem como objetivo informar como se desenvolve em nosso país os

processos de classes de aceleração, visando reduzir as distorções idade-série, bem como as novas

propostas da Secretaria Municipal de Educação de Belém (SEMEC), relacionadas à mudanças no

regime seriado especialmente sobre os ciclos de aprendizagem contemplados pela nova L.D.B.

9394/96.

Educação é um tema associado a uma série de consensos. Quando se trata de definir

para o país, tem sido uma unanimidade – tanto desperta discursos inflamados, à direita e à

esquerda, num reconhecimento ecumênico de sua importância e urgência. Por maiores que ainda

sejam os desafios, não são poucos os governantes que sinceramente investem em melhorias

educacionais.

Nos últimos anos, a sociedade mobilizou-se e garantiu recursos e avanços

institucionais para a escola. A Lei de Diretrizes e Bases, os Parâmetros Curriculares, a reserva

constitucional de verbas, o surgimento de inúmeras ONGS no setor, o engajamento de empresas

com responsabilidade social, enfim, um elenco de fatores tem contribuído para a formação de um

amplo arco de alianças em favor da educação.

Nada mais natural, portanto, que se possa avançar no debate e definir metas

qualitativas de curto e médio prazos. Nesse ponto, a terrível realidade sócio - econômica impõe

limites que obrigam educadores a construir um modelo que seja radicalmente brasileiro. Um país

de dimensões continentais não pode se permitir importar ou mimetizar métodos e sistemas, tão

pouco aplicá-los compulsoriamente.

A baixa qualidade da alfabetização infantil e os índices que apontam o fracasso

escolar de um enorme contingente de alunos são sinais claros da dimensão do problema a ser

enfrentado. Não basta colocar uma criança numa sala de aula. É preciso garantir que ela saia da

escola pronta para ler e escrever o mundo. Uma vida não pode ser uma página em branco.

Os estudos nessa área apontam para a exclusão social, que vem de longe atingindo as

instituições sociais e políticas, o estado, os clubes, os hospitais, as fábricas, as igrejas, as

escolas...Para citar exemplos específicos lembremos que as escolas públicas que eram construídas

Page 34: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

34

em Belém, até recentemente situavam-se em locais centrais da capital, isto é longe da periferia

onde existe o maior contingente de crianças e jovens carentes e portanto com muita dificuldade

de locomoção.

São situações como estas que demonstram a rigidez do sistema escolar brasileiro um

dos mais inflexíveis do mundo, que nestas últimas décadas (80 e 90), não avançou no sentido de

inferir mudanças no sistema seriado, onde persiste até hoje como um desafio aos educadores.

Com essa política de inanição, os problemas de aprendizagem dos alunos foram se acumulando

revelando-se no grande números de alunos repetentes que ocupam vagas nas escolas públicas

impedindo o ingresso de novos alunos.

Com a promulgação da nova L.D.B. 9394/96, abriu-se um espaço para buscar

soluções, e em 1997 o Programa de Aceleração de Aprendizagem foi instituído pelo MEC, com a

finalidade de possibilitar aos sistemas públicos de ensino municipal e estadual atenderem às

séries iniciais do ensino fundamental (1ª a 4ª séries), às necessárias condições para combater o

fracasso escolar.

Dessa forma, o Projeto de Aceleração proporciona aos alunos que apresentam a

chamada distorção idade/série, efetivas condições para superação de dificuldades relacionadas

com o processo ensino aprendizagem. No entanto, várias propostas tem surgido em todo o país,

pois, segundo dados do Ministério da Educação (MEC), 46,6% de toda a população estudantil de

1ª a 8ª séries no Brasil, encontra-se atrasado em sua formação escolar. Como a situação exige

uma mobilização mais efetiva, o governo tem apoiado dois programas de aceleração do Centro de

Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC) e Instituto Ayrton

Senna (IAS), com o objetivo de criar uma diretriz básica para os Projetos de Aceleração que

possam ser adotados em todos os municípios brasileiros, afim de conseguir um resultado mais

expressivo a curto e médio prazo. Os dois programas tem como objetivo uma diretriz básica para

os projetos de aceleração que possam ser adotadas com autonomia em qualquer ponto do país.

Tanto no programa do instituto quanto o do CENPEC esse modelo consiste em um material de

apoio que permite a aplicação de uma pedagogia de aceleração, acompanhada de um trabalho de

capacitação de professores e uma troca periódica de informações com eles, para que o

acompanhamento da prática educacional possa aperfeiçoar a teoria do ensino e vice-versa.

Page 35: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

35

O Programa Pedagogia do Sucesso, de autoria do professor João Batista Araújo e

Oliveira adotado pelo Instituto Ayrton Senna, tem por objetivo zerar a defasagem idade/série em

um ano na vida da criança e em quatro anos em cada um dos municípios que adotam o programa.

O mesmo é direcionado a séries de 1ª à 4ª séries do ensino fundamental, o material didático está

estruturado por um módulo introdutório e seis projetos voltados exclusivamente para o aluno,

cada um com duração prevista de um mês e caracterizado pela interdisciplinaridade, ou seja a

atuação deste programa é voltada diretamente para o ponto específico do programa. Já o

programa do CENPEC não há metas temporais para zerar a defasagem idade/série e aceleração

está inserida no programa de reformulação pedagógica geral na escola, a grande meta é fazer com

que a proposta pedagógica irradie e traga mudanças na escola inteira, por esse motivo nas

condições para implantação do projeto, constam um envolvimento não só do professor, mas dos

técnicos, dos diretores e de instâncias superiores em cada Estado. Tal projeto não objetiva

somente corrigir a defasagem mas impedir o surgimento de novos alunos com os mesmos

problemas.

Nos dois projetos o tratamento individualizado do aluno é condição imprescindível.

Acompanhar de perto a evolução de cada um, esclarecer dúvidas, estimular o aluno a criar e

incentivar sua autonomia, estabelecer uma linha permanentemente aberta de comunicação com o

aluno são elementos considerados vitais para o êxito do trabalho. O professor precisa olhar para o

que o aluno produz, afim de conhecer o que ele sabe e o que ele não sabe. É preciso inverter o

procedimento de olhar só o que o aluno acertou, e o que errou não, é importante que o professor

mostre ao aluno a importância do seu erro, porque é aí que se revela o raciocínio aplicado e o tipo

de intervenção necessária em cada caso.

A avaliação do aluno no CENPEC é uma questão aberta, pois não é apenas o

resultado que define o estágio do aluno e sim sua produtividade, que é anotado em um caderno,

onde o professor acompanha os fatos ocorridos com cada aluno, para posterior diagnóstico das

atividades. Já no Projeto IAS a avaliação é constante mas a prova foi mantida, baseada nos

critérios estabelecidos pelo MEC.

Os primeiros números sobre a avaliação desses projetos revelaram números

animadores. No Projeto Acelera, ao fim do ano 2000, oito municípios dos vinte e quatro que

adotaram o programa em l996 zeraram a distorção idade-série e o restante dos municípios em

2001. Em suma a proposta pedagógica leva quatro anos para obter os resultados propostos. Já no

Page 36: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

36

CENPEC, especificamente no Estado do Paraná 70% dos alunos das classes de correção de fluxo

(como é denominado o projeto de 5a a 8a séries) foram promovidos para a 8a série em 1997,

enquanto 8% foram direto para 1a série do ensino médio.

Viviane Senna (Presidente do IAS) revela que “ o problema do atraso na formação

escolar tem efeito colateral por toda parte. É um problema econômico, pois provoca um

disperdício assombroso de dinheiro público; é pessoal, pois massacra a auto-estima da criança,

que fica se achando burra, incompetente; é social porque depois de tanto repetir a série, a criança

enfrenta o mercado de trabalho despreparada e vai ser cliente do tráfico de drogas, de prostituição

infantil, etc..., e o Estado tem de instituir uma série de políticas compensatórias, o que afeta a

questão econômica; e um problema político, pois esse aluno será mais uma pessoa despreparada

para votar”.

É preciso deixar bem claro que o Projeto de Aceleração de aprendizagem deve

acontecer como um processo definido, com início e fim programados, afim de atender os

objetivos que o instituíram. Sem deixar de lado a qualidade do ensino para esse aluno, que

precisa estar confiante, de que a sua auto-estima foi recuperada, e que ele está pronto para seguir

em frente na luta por um espaço na sociedade.

Embora apresentem resultados satisfatórios em termos de avcanço de escolaridade e

superação da defasagem idade-série, os programas de aceleração não promoveram até então o

debate em torno do modo como se concebe o processo de aprendizagem e nem oportunizado

desnudar o fracasso escolar com o fim de se atingir a estrutura do problema. A consequência

disso poderá ser outro fracasso, mais uma tentativa frustrada de superar o caos educacional

instalado no país, é preciso que não se deixe mascarar os dados, com o intuito de apenas obter os

financiamentos internacionais e ignorando a qualidade da aprendizagem dos alunos.

Neste contexto, é preciso buscar soluções para o regime seriado, que em nosso

sistema escolar vem se mantendo inalterado durante décadas, resistindo a reformas, inclusive as

mais progressistas. A que se tem destacado é a concepção da organização da educação básica por

ciclos de formação, legitimada pela LDB em seu art. 2o e 22o. Entenda-se por essa proposta

educacional que contemple a infância, a adolescência e a juventude do ser humano, preocupando-

se com a progressão de estudos, a aceleração, a defasagem, enfim o respeito às temporalidades no

Page 37: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

37

desenvolvimento humano dos educandos, ou seja, é fazer com que este aluno se torne apto a

ingressar no mercado de trabalho, consoante às exigências impostas pelo mundo globalizado.

A retomada de uma concepção mais humanista da educação básica orientada para o

pleno desenvolvimento humano dos educandos aponta para uma solução promissora na

erradicação do fracasso escolar, superando assim a exclusão e a seletividade em nosso sistema de

ensino. O professor ARROYO apud PMB (1997 p.10 ), diz que a proposta é reeducar nossa

cultura escolar e profissional e, sobretudo, superar o sistema seriado e reordenar os processos

escolares na lógica do direito a cultura, ao desenvolvimento humano, na lógica do respeito às

temporalidades e ciclos do desenvolvimento dos educandos. O autor está convencido de que

essas experiências tendem a enfrentar com radicalidade a cultura da exclusão e as estruturas

seletivas de nosso tradicional sistema seriado, tornando-se uma alternativa viável com o intuito

de reduzir o fracasso escolar.

Como podemos observar o Projeto Classe de Aceleração começa a ganhar espaço nas

escolas municipais brasileiras e em Belém do Pará, especificamente na escola municipal Profº.

Solerno Moreira. A experiência desse projeto tem boa aceitação, como podemos constatar na fala

da professora entrevistada.

O projeto classe de aceleração é valido porque é uma forma de resgatar a auto-estimado aluno que está em distorção idade-série.

O fato é que o alto índice de evasão é ocasionado pelo sentimento de fracasso que os

alunos são obrigados a carregar porque não conseguiram dar conta de todo o conteúdo

programático durante o ano, de maneira que a escola seleciona os alunos em “ melhores” ou

“piores”. Preocupados com a exclusão social que esses alunos enfrentam, a Secretaria Municipal

de Educação de Belém (SEMEC) a partir de 1997, vem propor às escolas de ensino fundamental

a reestruturação do sistema escolar, optando pela implementação da organização do trabalho

escolar em ciclos básicos, por estar de acordo com o professor ARROYO apud PMB (1997, p 1)

ao apontar o sistema seriado a causa dessa exclusão.

Não é precipitado concluir que as diversas reformas feitas nos currículos, metodologias,material escolar, preparo dos professores, não têm conseguido ir à raiz dos problemascrônicos(...), onde situar esses problemas crônicos?(...) situamos nosso olhar naestrutura do sistema, no que chamamos de sua ossatura, sua lógica e os processos emque a lógica se materializa, nos rituais, na organização dos tempos, no sistema seriadoe seletivo, peneirador e excludente.

O fato de adotar a organização do trabalho escolar em ciclos, pressupõe:

Page 38: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

38

• A concepção do conhecimento como processo de construção e reconstrução dos

sujeitos, e como processo, não está pronto, sendo revestido de significado a partir das

experiências dos sujeitos.

• Percepção dos envolvidos no processo pedagógico como sujeitos históricos, o que

implica a valorização e reconhecimento dos diversos saberes sócio-culturais, que são

fundamentais para a construção de conhecimentos mais elaborados.

• Construção de propostas interdiciplinares como alternativas para a superação da

fragmentação do trabalho escolar, seja em relação ao conhecimento científico, às disciplinas

curriculares, ou ao trabalho pedagógico no sentido mais amplo de organização de horários e

tempos escolares, articulação com a comunidade escolar.

• Perspectiva de avaliação como processo, não restrita à mensuração do rendimento

do aluno e sim como elemento de reflexão e redimensionamento das ações efetivadas, criando

formas de registro que sintetizem o processo pedagógico vivenciado.

A partir desses pressupostos a prática educativa é redimensionada a um contexto em

que valoriza-se o coletivo, os sujeitos como participantes ativos do processo de aprendizagem e o

conhecimento como um processo de reelaboração.

Vale ressaltar que estes princípios também se enquadram no projeto de turmas de

aceleração que é voltado para o atendimento de alunos que se encontram retidos por mais de dois

anos no ciclo básico I e para aqueles que estão ingressando pela primeira vez na escola com idade

entre 9 e 14 anos.

Observamos a grande dificuldade em incentivar a permanência com sucesso desse

aluno na escola, por isso faz-se necessário uma reorientação curricular, principalmente no que diz

respeito à seleção de conteúdos que precisam estar conectados com a proposta curricular da

escola e a cultura do aluno.

Essa proposta de reorientação curricular é bem entendida pela professora

entrevistada, ao apontar como sugestão para minimização dos problemas de aprendizagem, a

necessidade de integrar família à escola e de elaborar projeto voltado para o processo de

aquisição da leitura e da escrita, a partir de instrumentos do cotidiano como: bilhetes, cartas,

receitas, entre outros. Neste sentido salienta:

Page 39: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

39

Que a família e a escola estejam realmente comprometidos com o desenvolvimento doaluno sem delegar responsabilidades a apenas uma das instituições.

Precisamos elaborar um projeto que favoreça o aluno, no processo da leitura e daescrita, de forma contextualizada, pois ainda temos dificuldade em orientar o alunonesse processo de maneira eficiente.

É importante observar essas questões sugeridas porque é notório a concepção de que

apenas a escola é responsável pelo processo ensino-aprendizagem da criança, ausentando a

família dessa contribuição. Quanto a sugestão seguinte percebe-se um grande salto no âmbito

educacional, quando expressa a preocupação em ultrapassar o ensino baseado na decifração de

códigos linguísticos e habilidades motoras, para a possibilidade de elaboração da leitura e escrita,

a partir das experiências no cotidiano do aluno.

Neste sentido, percebe-se que a experiência do Projeto Classe de Aceleração,

impulsionou professores a buscar soluções para os problemas de aprendizagem na escola e aos

alunos a crença de que ele, como todo ser humano, é capaz de aprender, de educar-se e socializar-

se.

Page 40: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

40

Considerações Finais

Este trabalho de pesquisa possibilitou-nos visualizar de maneira crítica a questão do

fracasso da criança nas primeiras séries do ensino fundamental. Muitos educadores atribuem a

responsabilidade do insucesso do aluno à situação econômica; à família e a própria criança. No

entanto, percebemos que o papel da escola em atender as necessidades do aluno não é

questionada, compactuando com a concepção de que o aluno é que precisa adaptar-se a escola –

padrão, onde quem não é capaz de responder às suas exigências não está pronto para acompanhar

o processo de escolarização, como consequência ele é excluído do sistema escolar.

Porém, pensamos que a escola precisa está voltada para os problemas de

aprendizagem do educando a partir do conhecimento das especificidades de cada criança,

padrões, valores, experiências, cultura e o significado que a escola pode ter para ela.

Dessa forma, os dados coletados nos mostram que compatibilizar a escola às

necessidades do aluno é fundamental para minimização do problema de evasão e repetência, pois

a escola pode tornar-se um ambiente significativo e prazeroso.

Na pesquisa realizada observamos que essa compatibilização se dá através da busca

do conhecimento científico pelos professores nos cursos de formação continuada, possibilitando

relacionar as experiências dos alunos às bases teóricas, concientizando-os para a necessidade de

estar elaborando projetos para a questão do letramento. A exposição dessas propostas nos leva a

compreender que há grande preocupação em devolver às crianças que apresentam distorção

idade/série, o direito à educação que durante muito tempo lhes foi negado. É importante ressaltar

também, a preocupação em estimular essas crianças à compreensão e a interpretação de textos,

fatos e acontecimentos e não se deter àquela concepção de que alfabetizar é decoficar símbolos,

copiar letras, sílabas e palavras. Entendemos que essa postura é necessária pois possibilita ao

educando a liberdade de elaborar seus próprios conceitos e opiniões, que são atitudes primordiais

para o exercício da cidadania.

Constatamos teoricamente que aprender a ler e escrever envolve aspectos do

pensamento e da linguagem da criança, devendo o professor redimensionar sua prática

pedagógica para este sentido, pois a grande dificuldade está em não saber como ativar o aspecto

psicológico desses alunos para o domínio da leitura e da escrita, trazendo consequências muito

Page 41: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

41

sérias, ao perceber que os alunos concluem o ensino fundamental sem dominar adequadamente a

leitura e escrita, implicando na existência de trabalhadores sem qualificação, desempregados e

sem perspectivas sociais.

Dessa forma, nos dias de hoje, onde as sociedades do mundo inteiro estão interagindo

(globalização), cada vez mais centradas na linguagem escrita, tanto na chamada cultura do papel,

como na digital, ser alfabetizado não é apenas saber ler e escrever da maneira tradicional como

vem sendo feito em algumas salas de aula, pois esta condição se revela insuficiente para

corresponder às demandas contemporâneas. É preciso ir além do simples domínio da tecnologia

escrita.

Neste sentido, faz-se necessário que os profissionais da área educacional,

comprometidos com uma educação de qualidade, estejam refletindo sobre que concepção de

escola estão oferecendo à nossas crianças: se é a que aliena ou liberta, a fim de encontrar

soluções para a aprendizagem e não apontar culpados desse processo, pois a única vítima é o

aluno.

Page 42: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

42

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Vera Maria de Moura. Dificuldades Escolares e o Desenvolvimento da Criança.Revista Interação da Faculdade de Educação da UFG. n. 1-2, p. 61-66, jan./dez. 1992.

ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da Prática Escolar. 6ª ed. Campinas:Papirus, 1995.

ARPINI, Dorian Mônica. Quem são estas crianças: uma aproximação do discurso dosprofessores em relação ao chamado aluno – problema. 1995. Dissertação (Mestrado emEducação) – Departamento de Educação, UFSM, 1995.

ARROYO, Miguel G. Da escola carente a escola possível. 4ª ed. SP: Loyola, 1997.

BRITO, Eliene Seabra de. A Implantação do Ciclo Básico I na Escola Municipal SolernoMoreira: erros e acertos. 1996. Monografia (Especialização em Educação) – ConvênioSEMEC/UNAMA, 1996.

CARVALHO, Josyrema Filgueiras de. O Fracasso Educacional: evasão e repetência no ensinofundamental em Belém. 2001. TCC apresentado ao Curso de Pedagogia da UNAMA paraobtenção do grau de Licenciado em Pedagogia.

FERNANDÉZ, Alícia. A Inteligência Aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica dacriança e sua família. 2ª reed. Porto Alegre, 1991.

------------------, Alícia. A mulher escondida na professora: uma leitura psicopedagógica do sermulher, da corporalidade e da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

FERREIRO, Emília & TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: ArtesMédicas, 1985.

GAGNÉ, Robert Millis. Como se realiza a aprendizagem. RJ: Livros Técnicos e Científicos S.A,1974.

JUNGES, Kelen dos Santos & KARWOSKI, Acir Mário. Professores da séries iniciais do ensinofundamental: alfabetizadores ou letramentadores? Revista e Pesquisa da UNESPAR. v. 1, n. 1, p.101-104, dez./jun. 2002.

Page 43: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

43

LANDSMANN, Liliana Tolchinsky. Aprendizagem da Língua Escrita: processos evolutivos eimplicações didáticas. 3ª ed. SP: Ática, 1998.

MARROTE, João Teodoro D’Olin. Didática da língua portuguesa. 6ª ed. SP: Ática, 1994.

MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO.Lei de Diretrizes e Bases da Educação: LDB n.º 9.394/96.Brasília, MEC, 1996.

PAIN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. 4ª ed. Porto Alegre:Artes Médicas, 1992.

POLI, Solange Maria Alves. Aceleração da Aprendizagem: desnudando a ferida social dofracasso escolar. Revista Pedagógica da UNOESC. v. 1, n. 2, p. 9-24, 1999.

PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM. Projeto Político Pedagógico: um olhar queResignifique a Educação Municipal: I Fórum de Educação da Rede Municipal de Belém:Secretaria Municipal de Educação de Belém,1997.

QUADRADO, Adriano et al. Fracasso Escolar (on line). 2001. Disponível:http://www.andi.org.br/midia-edu/artigos/fracassoescolar.htm. (capturado em 4 nov 2002).

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico – cultural da educação. 7ª ed.Petrópolis: Vozes, 1995.

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Escola Cabana: construindo uma educaçãodemocrática e popular. Cadernos de Educação da SEMEC. n. 1. Belém, 1999.

SILVA, Maria Alice Setubal Souza. Conquistando o Mundo da Escrita: o contexto social eescolar no processo de aprendizagem. SP: Ática, 1994.

TEIXEIRA, Elizabeth. As Três Metodologias. 4ª ed. Belém: Grapel, 2001.

“TRABALHO INFANTIL NO BRASIL”: a importância da educação, em especial do ensinofundamental. (on line). 2002. Disponível: http://www.mre.gov.br/dts/trabalhoinfantilnobrsil.htm.(capturado em 7 nov 2002).

Page 44: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

44

ANEXO 1

Prezada Professora:

Esta é uma pesquisa que contribuirá para o nosso trabalho de Conclusão de Cursode Graduação, conto com sua colaboração respondendo as questões abaixo:

ESCOLA:NOME:IDADE:SÉRIE QUE LECIONA:GRAU DE ESCOLARIDADE:

1- Qual sua opinião sobre a implantação do Projeto de Aceleração na sua escola?

2- Na sua opinião quais os fatores que interferem na aprendizagem dos alunos?

3- Na sua opinião por quê isto ocorre?

4- A sua escola está preparada para trabalhar favoravelmente as dificuldades de aprendizagemdos alunos?

5- Quais problemas de aprendizagem seus alunos apresentam?

6- Na sua opinião isto ocorre?

7- Que atividades a escola oferece para minimizar estes problemas?

8- Na sua opinião que sugestões você daria para minimizar estes problemas?

9- Os conteúdos ministrados em sala de aula estão de acordo com a realidade de seus alunos?

10- Como você avalia seus alunos?

OBRIGADA PELA SUA COLABORAÇÃO.

Page 45: Problemas de Aprendizagem Fracasso Escolar

45

ANEXO 2

Prezado (a) aluno (a):

Contamos com a sua colaboração respondendo a este questionário com sinceridade.

ESCOLA:ALUNO(A):IDADE:SÉRIE:TURNO:

1- Você tem dificuldades em aprender? Em qual disciplina? Por quê?

2- Como os conteúdos ensinados em sua escola ajudam você no seu dia – a - dia?

3- Como você avaliado pelo seu professor?

4- Além do momento de sala de aula, quais outros momentos a escola oferece para ajudar nodesenvolvimento de sua aprendizagem?

5- Na sua opinião que sugestões você daria para diminuir seus problemas de aprendizagem?

6- Por que você está no Projeto de Aceleração?

7- De que forma seu professor facilita sua aprendizagem em sala de aula?

OBRIGADA PELA SUA COLABORAÇÃO.