28997271 arte cinema expressionista alemao

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  C inema E xpr es s ioni s t a Alemão Professora Andréa Penteado De Menezes O expressionista não vê a realidade como fotografia da natureza, mas sim a percebe através de "visões" 1 . 1  RUBINATO, Alfredo. http://www .geocities.com/contracampo/expres sionismoalemao.html. Em 24/10/2004.  M  M e et tr ró ó  p  polis F Frit tz Lan ng g, 1926

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Cinema expressionista alemão

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  • Cinema Expressionista Alemo Professora Andra Penteado De Menezes

    O expressionista no v a realidade como fotografia da natureza,

    mas sim a percebe atravs de "vises"1.

    1 RUBINATO, Alfredo. http://www.geocities.com/contracampo/expressionismoalemao.html. Em 24/10/2004.

    MMeettrrppoolliiss FFrriittzz LLaanngg,, 11992266

  • EXPRESSIONISMO O Expressionismo, de maneira geral, uma manifestao da cultura europia do incio do sculo XX. Como coloca o estudioso Arnold Hauser2, este incio, na manifestao cultural, se d,

    na verdade, a partir da dcada de 20, aps o trmino da Primeira Grande Guerra, no momento em

    que os europeus j podem analisar as conseqncias daquela tragdia.

    A este importante fator poltico-social, soma-se a questo da psicologia, recm

    desenvolvida pelo vienense Freud. A importncia do surgimento da psicologia (anteriormente s

    tnhamos a psiquiatria que tratava a mente humana de modo mais orgnico: ou seja, toda angstia

    da mente era uma doena orgnica de fato, no se considerava fatores s psquicos como uma

    profunda tristeza, uma dificuldade de lidar com as frustraes..., etc.).

    Pela nova teoria psicolgica passou-se a compreender que os seres humanos so

    diferentes, individuais e de acordo com a sensibilidade de cada um, as experincias de vida, por

    mais prximas que sejam, trazem diferentes marcas para cada indivduo. Deste modo, possvel

    compreender o porqu, por exemplo, no caso de dois irmos, criados na mesma famlia, sob os

    mesmos preceitos, cada um reaja de maneira diferente s mesmas experincias de vida. Alm

    disso, Freud demonstrou uma importante fonte de informaes do ser humano: o Inconsciente.

    Este se manifesta nos sonhos que passam a ter grande importncia: nos relatam as angstias e

    dores que cada um traz em si e que, por questes de sobrevivncia ao dia-a-dia, cada um mantm

    trancafiada inconscientemente.

    Terceiro ponto importante e que levar os artistas e intelectuais do perodo a refletirem o

    fortalecimento da teoria Socialista de Karl Marx (O Capital, editado pela primeira vez em 1884)

    que ganha existncia concreta a partir da Revoluo Bolchevique (1917/19), na Rssia. Essa

    importante teoria poltico-econmica defende que no mundo capitalista, onde alguns so donos de

    grandes indstrias, e outros trabalham para essas indstrias, os trabalhadores sero sempre mal

    remunerados para beneficiar maiores lucros para os donos das empresas (ao que Marx chamou

    mais-valia). Alm disso, quando um operrio se torna especialista apenas de uma rea da

    produo (por exemplo, sua parte na produo apenas a de apertar o parafuso do freio em uma

    fbrica de automveis), ele perde a viso do todo, no percebe qual seu papel especfico na

    colaborao do produto final, portanto, seu trabalho perde o significado social para ele mesmo (ele

    apenas um apertador de parafusos e no um mecnico de automveis) e, assim, a vida perde o

    significado para o indivduo que se torna um sujeito alienado.

    Os novos artistas deste perodo vivendo as angstias geradas por essas questes,

    entregam-se angstia ao imaginar qual ser o futuro da humanidade. Realizar pinturas belas e

    decorativas para adornar as casas, contar histrias lindas, onde o bem vence o mal e todos se

    tornam felizes para sempre, algo que no os satisfaz e nem os convence. Seu posicionamento

    2 HAUSER, Arnold. Histria Social da Literatura e da Arte. So Paulo: Mestre Jou, 1980-82.

  • crtico: vislumbram os riscos da modernidade, percebem que os homens so diferentes, nem

    sempre bons, e que o futuro um risco do destino. Essas angstias so demonstradas pelos

    jovens cineastas atravs de algumas estratgias com as quais lidam com a imagem.

    Na Alemanha, empobrecida aps a Primeira Guerra, esse movimento cultural que ser

    denominado Expressionismo Alemo e torna-se muito forte e importante, influenciando artistas de

    toda a Europa.

    Esses artistas tm pendor para contrastes violentos, bem como para a nostalgia do claro-

    escuro e das sombras, da noite indistinta, da nvoa sinistra. Os alemes, encontraram na arte

    cinematogrfica um modo de expresso ideal. As vises criadas por um estado de alma sombrio e

    atormentado podem ser transpostas com rara fidelidade para o cinema, que lhes fornece um

    suporte a um s tempo concreto e irreal3. Os filmes da poca tm devaneios romnticos, sinais da alma torturada dos artistas. So

    filmes de terror, fnebres, com atmosfera de pesadelo, escuros, com altos contrastes entre o preto

    e o branco, como se, realmente, no houvesse a possibilidade de meios termos. Consideram

    qualquer autoridade social um absurdo. No fundo, h uma contradio: essa arte uma espcie de

    crtica sociedade e, ao mesmo tempo, serve como redeno espiritual mesma sociedade que

    promove as injustias.

    Tecnicamente, esses cineastas criam novas estratgias para apresentar suas histrias.

    Formatos a que estamos acostumados hoje, mas que eram absoluta novidade nas dcadas de 20

    e 30. Cenas mais curtas, close-ups, dramaticidade na interpretao dos atores e roteiros que

    criticavam o cotidiano da modernidade so fatores inditos naqueles dias em que o cinema havia

    acabado de nascer e servia muito mais aos documentrios.

    Bibliografia -MAYER, Janowitz and Wiene, The Cabinet of dr. Caligari, Lorrimer Publishing (Classic film scripts), London, 1984. -EISNER, Lotte H., A Tela Demonaca: As Influncias de Max Reinhardt e do Expressionismo,

    traduo de Lcia Nagib, Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1985.

    -http://www.geocities.com/contracampo/expressionismoalemao.html. Acessado em 24/10/2004.

    3 http://www.geocities.com/contracampo/expressionismoalemao.html. Em 24/10/2004.

  • FRITZ LANG4

    Viena, 1890 - Los Angeles, Califrnia, 1976

    Realizador de cinema austraco. Homem inquieto, viaja muito na sua juventude e participa na

    Primeira Guerra Mundial. Em 1916 tem a sua primeira experincia cinematogrfica como

    argumentista e, em 1919, inicia-se como realizador com uma srie de aventuras ainda na poca

    do cinema mudo intitulada Die Spinnen, de grande xito comercial. Nos anos imediatos

    converte-se num dos elementos mais brilhantes do cinema expressionista alemo. Traz para o

    cinema concepes cenogrficas, jogos de luzes e sombras e um monumentalismo inconfundveis.

    Obtm a graa do pblico com filmes como As Trs Luzes, Os Nibelungos e, sobretudo,

    Metrpolis. Consegue, alm disso, o apoio de diversos organismos estatais, o que lhe permitem

    realizar filmes nos quais dedica um particular esforo anlise dos personagens e sua

    expresso por meio de simbolismos que pem a descoberto as circunstncias do seu

    envolvimento nas causas inevitveis das suas aces. A esta descrio respondem filmes to

    clssicos como Matou, o Vampiro de Dusseldorf e O Testamento do Dr. Mabuse.

    Em 1933, com a chegada do regime nazi, abandona a Alemanha e separa-se da sua mulher,

    cengrafa, com quem tem colaborado profissionalmente, e que adere ideologia nazi. Estabelece-

    se nos Estados Unidos, onde trabalha, sempre no cinema, entre 1936 e 1957. Nesta etapa norte-

    americana, Fritz Lang tem de renunciar sua temtica anterior (futurismo, mitologia, situaes

    extremas) e especializa-se em filmes de aco, mais prprios do gosto de Hollywood (contudo,

    ainda consegue introduzir nestas filmes elementos expressionistas): Fria, S Vivemos Uma Vez,

    Os Carrascos tambm Morrem, Cidade nas Trevas. Nos seus ltimos anos volta Alemanha, onde

    se dedica a repetir filmes seus, j com a aurola de clssicos: O Tigre Real, O Tmulo ndio, O

    Diablico Dr. Mabuse.

    4 http://www.vidaslusofonas.pt/fritz_lang.htm

  • CINEASTAS REPRESENTATIVOS DO EXPRESSIONISMO ALEMO

    Na dcada de 20, a recusa da representao objetiva da realidade disseminada nas artes plsticas

    influencia os cineastas alemes. Devastada pela guerra, a Alemanha revela ao mundo uma

    concepo cinematogrfica sombria e pessimista. Os filmes refletem esse clima por meio de

    cenrios tortuosos e violentos contrastes de luz e sombra. A realidade deforma-se para poder

    expressar os conflitos interiores das personagens. O gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene, marca o aparecimento dessa escola, em 1919.

    Gabinete do Dr. Caligari

  • As experincias formais de Friedrick Murnau (Nosferatu), Georg Pabst (Lulu) e Fritz Lang (Metrpolis) traduzem, em clima onrico5 ou simblico, as angstias e frustraes do pas, derrotado e em crise econmica e social.

    Friedrich Murnau (1889-1931) considerado, ao lado de Fritz Lang, o maior nome do cinema mudo alemo. Formado em histria da arte, estuda tambm literatura, msica e filosofia. Estria no

    cinema em 1919, com O menino azul. Seus filmes mais importantes abrem, dentro do

    expressionismo, a escola do "kammerspiel" (cinema de cmera), de carter psicolgico e intimista,

    retratando a crise social dos anos pr-nazistas: Nosferatu (1922), A ltima gargalhada (1924),

    Tartufo (1925), Fausto (1926) e Aurora (1927).

    Nosferatu (1922)

    Fritz Lang (1890-1976) nasce em Viena, de ascendncia judaica. Filho de arquiteto, estuda pintura em Munique e Paris. Luta na Primeira Guerra e, ferido, comea a escrever roteiros. Estria na

    direo em 1919 e se consagra como uma das figuras mais importantes do expressionismo, em

    1926, com Metrpolis. Perseguido pelos nazistas, emigra em 1934 para os Estados Unidos,

    chegando a filmar tambm em Paris. Entre suas melhores realizaes esto Dr. Marbuse, O

    jogador (1922), Os Nibelungos (1923) e M, o vampiro de Dusseldorf (1931), um dos primeiros

    grandes filmes do cinema falado.

    5 Onrico= que provm dos sonhos.

    EXPRESSIONISMO FRITZ LANG CINEASTAS REPRESENTATIVOS DO EXPRESSIONISMO ALEMO