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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM POLITÍCAS ECONÔMICAS EM TEMPOS DE CRISE: A INTERVENÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO NA ECONOMIA EM MEIO A CRISE MUNDIAL. Por: Maria do Rosário da Luz Orientador Prof.ª Luciana Madeira Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

POLITÍCAS ECONÔMICAS EM TEMPOS DE CRISE:

A INTERVENÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO NA ECONOMIA EM

MEIO A CRISE MUNDIAL.

Por: Maria do Rosário da Luz

Orientador

Prof.ª Luciana Madeira

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

POLITÍCAS ECONÔMICAS EM TEMPOS DE CRISE:

A INTERVENÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO NA ECONOMIA EM

MEIO A CRISE MUNDIAL.

Apresentação de monografia a universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Finanças e Gestão Corporativa por: Luciana

Madeira.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares por toda ajuda e

incentivo, aos amigos de Seropédica

(Monica, Nadine, Beti, Jéssica, Elton,

Lilia, Cilene, Regi, Marlene, Elisa, Ema,

Elis, Daniana), aos amigos de Niterói, a

minha orientadora por toda a ajuda e

disponibilidade, e a todos aqueles que

indiretamente ou diretamente me

ajudaram.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho, a minha mãe

(ROSA), a minha irmã Angela, meus

irmãos Minguim e Flavio, a Laika, a todos

meus sobrinhos e primos, e sem menos

importância a todos meus amigos de

Seropédica.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo, demonstrar como as medidas

económicas, lançadas pelo governo brasileiro, ajudou a economia a não se

afundar com a crise.

A monografia analisa as consequências da crise no sistema financeiro

nacional, bem como nos setores que compõe a economia nacional, e mostrar

que mesmo sendo considerada uma das economias que mais cresceu no

mundo no último século, não se consegue escapar, quando quem provoca a

crise, é considerada a maior economia do mundo.

Outro ponto importante no trabalho é mostrar de que forma o governo lutou

para que a economia brasileira não afunda-se com o buraco criado pelos EUA,

que com toda a sua força arrastou grandes economias para o abismo.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi feita em cima de pesquisa

bibliográfica em livros, revistas, artigos da internet, durante o período de 1980

ate 2010.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I -

Políticas Econômicas 09

CAPÍTULO II -

Sistema Financeiro Nacional 22

CAPÍTULO III –

Economia brasileira sua evolução ao longo dos anos 41

CAPÍTULO IV

Crise financeira mundial em 2007 59

CONCLUSÃO 79

BIBLIOGRAFIA 82

INDICE 84

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INTRODUÇÃO

A economia brasileira viveu vários ciclos ao longo da sua história, em cada

ciclo um setor era privilegiando em detrimento do outro, sempre tentado

combater a inflação e impulsionando a economia ao crescimento.

Em cada ciclo pacotes de políticas económicos era desenvolvidos e

colocados em prática pelo governo com a ajuda do BACEM, para ajudar o

sistema financeiro nacional e a economia como um todo. Com todo o

esforço dos governos ao longo desses anos, a economia brasileira é

considerada a economia que mais cresceu no mundo.

A crise despertou o mundo para uma realidade, o desemprego, que impacta

diretamente nas condições de vida da população e também na atividade

económica. A massa dos rendimentos do trabalho é um dos principais

componentes da demanda interna, pois os salários alimentam os serviços e

o comércio.

A crise iniciu-se nos EUA, e desencadeou a quebra de outros bancos e

instituições financeiras.

Um dos principais efeitos da crise na economia foi a insuficiência de crédito,

e o problema com a liquidez. No Brasil embora os efeitos da crise

internacional fossem menos severos, que em outros países. Desde o inicio

da crise, o Brasil vem adotando medidas com o objetivo claro de manter o

emprego e de evitar a recessão. Uma das medidas que o governou tomou,

por intermediação do banco central foi o amparo aos bancos nacionais.

Diferente de outros países que injetaram grande quantidades de dinheiro na

economia, no Brasil o governo no primeiro momento preocupou-se em

reduzir a taxa do deposito compulsório e alteração nas regras de

recolhimento dos depósitos a prazo dos bancos, disponibilizando dinheiro

para o sistema financeiro nacional.

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CAPITULO I

POLÍTICAS ECONÔMICAS

1.1. PARA QUE SERVEM AS POLÍTICAS ECONÔMICAS

As políticas econômicas são as medidas adotadas pelo governo para o

controle da economia, aquelas que são relativos ao orçamento afetam todas as

áreas da economia e são consideradas políticas do tipo macroeconômico e

aquelas que afetam apenas um setor especifico são considerados do tipo

microeconômico. Ainda podemos dizer que as medidas adotadas no âmbito da

política econômica afetam de maneira intensiva a vida do cidadão comum, e a

economia como um todo. O alcance da política macroeconômica depende do

sistema econômico existente, das leis e das instituições existentes no país, e

seu êxito dependera da reação dos agentes econômicos, da sua execução e

da confiança na administração.

Para muitos especialistas as políticas econômicas devem eliminar as

flutuações, reduzir o desemprego, fomentar um rápido crescimento econômico,

melhorar a qualidade e o potencial produtivo, reduzir o poder do monopólio das

grandes empresas e proteger o meio ambiente. As políticas econômicas são

mais eficientes quando utilizadas em mercados financeiros mais

desenvolvidos.

As políticas econômicas têm as seguintes características:

• Reguladora: quando regulam as atividades econômicas de acordo com

leis e disposições administrativas;

• Provedora de bens e serviços: facilitando o acesso da população a

bens e serviços essenciais;

• Redistributiva: beneficiando os mais necessitados da sociedade,

fazendo a distribuição da renda e riqueza para a população e

• Estabilizadora: controlando toda a economia através de taxas de

inflação e desemprego, nível de produção, taxa de juros, crescimento da

economia e taxa de cambio.

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A principal função do poder público brasileiro é zelar pelo bem comum,

contudo, para tal ação é necessário que o governo enquanto agente

econômico do sistema interfira sobre determinados variáveis com o intuito de

prover condições favoráveis a população, atuando em conjunto com os

governos federais, estaduais e municipais, para a consolidação das políticas

econômicas adotadas no país. As diretrizes econômicas e sociais, devem

priorizar a distribuição de renda de maneira igualitária, controlar os preços,

monopólios e ações danosas ao direito do consumidor, manter a economia

estabilizada controlando grandes agregados macroeconômicos, as taxas de

inflação, o desemprego e nível de produção.

A política econômica brasileira é caracterizada pelas ações do governo através

de instrumentos econômicos, divididos entre políticas monetária, fiscal e

cambial. Compondo as diretrizes econômicas nacionais estão as medidas

adotadas pela política cambial, que regulamenta as operações de exportação e

importação; a política monetária, que controla a quantidade de moeda em

circulação no país; e a política fiscal, que determina as fontes de arrecadação

e os gastos públicos dos brasileiros.

O bom desempenho das funções gestoras do governo resulta no bom

funcionamento do sistema econômico. E para que essas funções sejam bem

desempenhadas de forma a cumprir os objetivos propostos, o governo utiliza-

se de um conjunto de políticas e instrumentos econômicos, destacados a

seguir.

1.2. INSTRUMENTOS DAS POLÍTICAS ECONÔMICAS

As políticas econômicas, bem como os instrumentos utilizados por elas para

atingir determinados fins são divididos em três grandes grupos: política

monetária, política fiscal e política cambial.

1.2.1. POLÍTICA MONETÁRIA

A política monetária é atuação das autoridades monetárias por meio de

instrumentos de efeito direto ou induzido, com o propósito de controlar a

liquidez do sistema econômico.

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Segundo Lopes e Rossetti (1998): “a política monetária é o controle da oferta

de moeda e das taxas de juros, no sentido de que sejam atingidos os objetivos

da política econômica da política econômica do governo”. Em linguagem mais

simples, podemos dizer que política monetária é o controle da quantidade de

dinheiro em circulação no mercado e que permite definir as taxas de juros.

O banco central muitas vezes se encontra em situação nos quais necessita por

determinada razão, expandir ou contrair a base monetária, muitas vezes o

governo tem o interesse de fomentar a atividade econômica interna e para isso

pode utilizar a política monetária mais frouxa que estimula o crescimento

econômico, e quando o interesse é frear a atividade econômica, o BACEN,

utiliza determinados instrumentos da política monetária para contrair a base

monetária.

As políticas monetárias podem ser subdivididas em dois grupos: política

monetária restritiva e política monetária expansionista, e dentro delas podemos

encontrar quatro tipos de instrumentos pela qual o BACEN realiza a política

monetária: open market; deposito compulsório, taxa de redesconto e controle e

seleção de credito :

• Deposito compulsório: é uma das formas de atuação de um Banco

Central para garantir o poder de compra da moeda. O depósito

compulsório é geralmente feito através de determinação legal,

obrigando os bancos comerciais e outras instituições financeiras a

depositarem, junto ao Banco Central, parte de suas captações

em depósitos à vista, conforme percentual fixado pelo CMN (Conselho

Monetário Nacional), com a finalidade de restringir ou de alimentar o

processo de expansão dos meios de pagamento. O principal objetivo

do depósito compulsório é evitar a multiplicação descontrolada

da moeda.

Segundo Ronald Hillbrecht (1999): “o BACEN exige que

os bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira

comercial e caixas econômicas, mantenham parte de

seus recursos junto a ele, ou seja, o deposito compulsório

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é uma espécie de imposto sobre os depósitos a vista,

uma vez que não rendem juros."

• Redesconto bancário: é o mecanismo pela qual o BACEN socorre as

instituições financeiras com problemas de liquidez, sob forma de

empréstimo. A taxa cobrada sobre esse empréstimo é chamada de taxa

de redesconto, um aumento nessa taxa indica que os bancos sofrerão

maiores custos, nesse caso as empresas iram aumentar suas reservas

e diminuir o credito, aumentando a taxa de juros.

Segundo Ronald Hillbrecht (1999): a política de redesconto afeta

imediatamente a base monetária e a oferta de moeda, isso porque a mesma

tem um impacto sobre o volume de empréstimos que o BACEN concede aos

bancos.

• Mercado aberto ou open market: consistem em técnicas de intervenção

dos Bancos Centrais nos mercados monetários através da compra e

venda de títulos. Através destas operações, os Bancos Centrais

conseguem regular a oferta de moeda numa economia e, por essa via,

influenciar as taxas de juro praticadas pelos bancos comerciais.

Segundo Lopes e Rossetti (1998): as operações de mercado aberto são

extremamente ágeis e rápidos, sua flexibilidade permite ajustes diários na

oferta monetária e na taxa de juros.

• Controle e seleção de credito: instrumento utilizado pelo BACEN para

controlar diretamente o credito.

Segundo Lopes e Rossetti (1998): “a principio o controle

de seleção de credito era utilizado para direcionar os

recursos captados pelos bancos comerciais. Entretanto,

posteriormente a mesma foi estendido as demais

instituições financeiras não bancarias, possibilitando uma

extensão do controle das autoridades monetárias sobre

os passivos financeiros das referidas instituições.”

Utilizando os instrumentos acima o BACEN pode expandir ou retrair a

economia de acordo com os objetivos pré estipulados:

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Ø Política monetária restritiva – quando as medidas tomadas pelo

governo têm como objetivo reduzir o crescimento da quantidade de

moeda, e a encarecer os empréstimos e desacelerar a economia.

Instrumentos:

• Open market: quando o BACEN vende títulos públicos tirando

assim dinheiro das mãos da população, essas por sua vez se

sentem menos estimuladas á gastar, e consequentemente o nível

da atividade diminui contribuindo assim para a contração dos

meios de pagamentos e da liquidez da economia.

• Deposito compulsório: quando o BACEN aumenta a taxa do

compulsório, os BC vão dispor de menos dinheiro para

emprestar, então aumentam a taxa de juros, diminuindo assim a

quantidade de empréstimos feitos pela população, com isso a

base monetária se contrai desacelerando assim a economia.

• Taxa de redesconto: quando o BACEN aumenta a taxa de

redesconto, os BC irão reservar maior parte dos seus recursos,

para o cumprimento de suas necessidades de curto prazo, e

diminuirá o montante reservado aos empréstimos a população,

assim contraindo a base monetária e desacelerando a economia.

Ø Política monetária expansionista – é formada por medidas que

tendem a aumentar a quantidade de moeda no mercado, baratear os

empréstimos e acelerar a economia.

Instrumentos:

• Open market: quando o BACEN compra títulos públicos há uma

expansão dos meios de pagamentos, que é a moeda dado em

troca dos títulos, aumentando o nível de atividade contribuindo

assim para o aumento da liquidez.

• Deposito compulsório: quando o BACEN diminui a taxa do

compulsório, consequentemente diminui a quantidade de dinheiro

que os BC terão de lhes enviar, e com isso conseguem reter

maior montante para emprestar a população, aumentando assim

a quantidade de moeda em circulação, e expandindo a economia.

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• Taxa de redesconto: quando a intenção do BACEN é injetar

dinheiro na economia ele diminui a taxa de redesconto,

estimulando assim os BC a pedirem dinheiro emprestado, e irão

reservar uma parte maior para emprestar aos consumidores,

aumentando assim a quantidade de moeda em circulação e

expandindo a economia.

As políticas monetárias são a principal responsável tanto pelas flutuações

quanto pela estabilidade da economia. Os instrumentos de política monetária

são as variáveis que o banco central controla diretamente. Por exemplo,

quando o objetivo do BACEN é diminuir o nível dos preços, ele aumenta a taxa

de juros implementando uma política contracionista, ao contrario se o objetivo

é aumentar o nível de preços ela reduz a taxa de juros com uma política

expansionista, e quando o objetivo do BACEN for o pleno emprego da

economia, ele reduz a taxa de juros quando a economia estiver abaixo do

pleno emprego, e aumenta a taxa quando a economia estiver aquecida.

Segundo Oliveira e Pacheco (2006): a política monetária é a que mais afeta as

decisões de investimento, a taxa de desemprego, o nível de inflação, a decisão

entre consumir e poupar, dentre outros.

O objetivo das políticas monetária praticadas em boa parte dos países é de

manter a inflação e o produto em níveis condizentes com um ambiente

econômico estável e propício aos investimentos. A racionalidade economia por

trás do comportamento do banco central deve estar fundamentada na relação

estável entre a meta que pretende alcançar e o objetivo da política monetária.

A política monetária brasileira é definida de acordo com a atuação das

autoridades monetárias, Conselho Monetário Nacional (CMN) e Banco Central

do Brasil (BACEN), através de instrumentos financeiros que controlam a

liquidez do sistema econômico. Por meio de alguns instrumentos financeiros o

Brasil mantém sua situação econômica favorável de acordo com o momento

que esta enfrentando. O principal instrumento utilizado pelo BACEN para tirar

ou colocar dinheiro na economia é a taxas de juros que exerce grande efeito

dobre a poupança, influenciando a remuneração de capital e sobre os

investimentos, e influenciando ainda o custo do capital.

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Para resumir, segundo Carvalho e Gonçalves (2005): “as vantagens

geralmente apontadas para a política monetária destacam-se a, transparência,

a redução do viés inflacionário, a possibilidade de reação parcial a choques e a

diminuição dos custos de desinflação.”

1.2.2. POLÍTICA FISCAL

A política fiscal visa estimular o crescimento e reduzir a taxa de desempenho

por meio da elaboração do orçamento publico, na qual demonstra as fontes de

arrecadação e os gastos públicos a serem efetuados em um determinado

período. Ela visa, também, atingir atividade econômica e assim alcançar dois

objetivos inter-relacionados: estimular a produção, ou seja, o crescimento

econômico; e combater, se for o caso a elevada taxa de desemprego.

Segundo Eduardo Fortuna: “a política fiscal é a política de

receitas e despesas do governo. Envolve a definição e a

aplicação da carga tributária exercido sobre os agentes

econômicos, bem como a definição dos gastos do

governo, que tem como base os tributos captados.”

Se houver um déficit publico, o governo, eleva os impostos para financiar sua

divida, freando assim o consumo e os investimentos, retraindo suas atividades

produtivas, mas como essa medida para a economia, ele terá de emitir moeda,

aumentando assim a inflação e desequilibrando a demanda. Para mais uma

vez contornar a situação o governo coloca títulos públicos a disposição da

população, com acompanhamento do aumento da taxa e juros, encarecendo o

custo de bens e serviços, que por sua vez aumenta o déficit publico, devido à

alta nos juros, assim a economia torna-se um ciclo vicioso.

Pode-se dizer que a política fiscal é a manipulação dos tributos e dos gastos

do governo para regular a atividade econômica, ela é utilizada para neutralizar

as tendências à depressão e a inflação. As políticas fiscais são ditadas pelo

congresso e pelo presidente.

A política fiscal é subdividida em dois grupos:

Ø Política fiscal restritiva – é usada quando a demanda agregada

supera a capacidade produtiva da economia, onde os estoques

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desaparecem e os preços sobem. Nesse caso o governo precisaria

de: diminuir os gastos públicos, elevar a carga tributaria sobre os

bens de consumo desencorajando esses gastos com o objetivo de

reduzir a demanda agregada e o consumo privado; e elevar as

importações por meio de redução de tarifas e barreiras.

Ø Política fiscal expansiva – é usada quando há uma insuficiência de

demanda agregada em relação à produção de pleno-emprego, onde

os estoques excessivos se formariam levando empresas a reduzir a

produção e seus quadros de funcionários, aumentando o

desemprego. Nesse caso o governo teria de: aumentar os gastos

públicos, com o objetivo de aumentar a demanda agregada e o

consumo privado, pois estabelece novos empregos no governo,

aumentando a demanda por trabalho o que pode diminuir a taxa e

desemprego; diminuir a carga tributaria, estimulando despesas de

consumo e investimentos; estimular as exportações, elevando a

demanda externa por produtos nacionais, por meio de tarifas e

barreiras ás importações beneficiando a produção.

As ações mais comuns em uma recessão são: corte fiscal para negócios e

indivíduos, dando as pessoas e empresas mais dinheiro motivando-os a

comprar, conseqüentemente aumentando a demanda; aumentar gastos, para

estabelecer novos empregos no governo; e por fim o governo pode utilizar

também políticas fiscais automáticas, como por exemplo, o seguro

desemprego, fornecendo uma receita para as pessoas que estão sem

emprego. Infelizmente os efeitos de qualquer política fiscal não são as mesmas

para todos, dependendo das orientações e objetivos dos políticos, por

exemplo, um corte de impostos pode afetar apenas a classe média que

normalmente é o maior grupo econômico, ou ainda a construção de uma ponte

afetara apenas a trabalhadores da construção civil, e por outro lado a

construção de uma nave espacial apenas beneficia uma pequena quantidade

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de pessoas especializadas nessa área; em nenhum desses casos a demanda

agregada foi beneficiada.

A política fiscal brasileira consiste na organização orçamentária do governo

federal, no momento em que são definidas as fontes de arrecadação e os

gastos públicos para um determinado período. As determinações da política

fiscal do país influenciam diretamente nas suas atividades econômicas,

crescimento e taxa de desemprego. A maior preocupação das autoridades

brasileiras que definem as diretrizes da política fiscal é o financiamento do

déficit publico, a cobrança de impostos é a maneira mais comum de atingir

esse objetivo.

Por meio da política fiscal do país, o governo pode alcançar seus objetivos

econômicos, como a estabilidade e o crescimento. Tendo em vista que o nível

de desemprego é proveniente do baixo crescimento econômico, que resulta

em grande parte da falta de políticas fiscais expansionistas.

1.2.3. POLÍTICA CAMBIAL

O mercado de câmbio é formado por diversos agentes econômicos que

compram e vendem moeda estrangeira, de acordo com suas necessidades. A

política cambial é constituída pela administração das taxas (ou taxas múltiplas)

de câmbio, pelo controle das operações cambiais, tendo como objetivo central

o mercado externo, no sentido de manter equalizado o poder de compra do

país em relação aos outros com os quais este mantenha relações de troca.

Segundo Eduardo Fortuna (2001): “a política cambial,

esta fundamentalmente baseada na administração da

taxa de cambio e no controle das operações cambiais.

Embora indiretamente ligado a política monetária se

destaca desta por atuar mais diretamente sobre todas as

variáveis relacionadas ás transações econômicas do País

com o exterior.”

As empresas que vendem ações ou mercadorias no mercado externo estão

aumentando a oferta de moeda estrangeira, pois sua receita ocorre em moeda

estrangeira, e do mesmo modo aqueles que compram ações ou mercadorias

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do exterior estão demandando moeda estrangeira, pois seus gastos ocorrem

em moeda estrangeira, o preço da moeda estrangeira em relação à moeda

nacional, é determinado neste mercado de compra e venda, e é chamado de

taxa de câmbio. Por exemplo, se o câmbio estiver em R$ 2,00, significa que

são necessários R$ 2,00 para comprar um dólar, e se este subir para R$

2,50por dólar, diz-se que ocorreu uma desvalorização da moeda nacional em

relação a moeda estrangeira. Se a procura é maior que a oferta, o preço do

dólar, em reais, sobe. Se a oferta é maior que a procura, consequentemente, o

preço cai. São vários os fatores que podem influenciar a oferta/demanda por

dólares, daí a dificuldade que os economistas têm em prever o comportamento

da taxa de câmbio. O Banco Central é quem define o que os economistas

chamam de política ou regime cambial.

A taxa de câmbio pode agir de três maneiras:

a) Regime de câmbio flutuante

Este regime permite maior liberdade às economias. Neste caso não há

intervenção do banco central no mercado, o BACEN não compra e nem

vende dólares. O preço da moeda estrangeira, ou a taxa de câmbio, é

determinado pela interação entre a oferta e a demanda. O equilíbrio da

taxa de cambio é determinado pela interação entre a oferta de divisas

dos agentes econômicos com a disponibilidade de moeda estrangeira

para sua conversão, e a demanda daqueles que procuram divisas

estrangeiras para efetuar o pagamento no exterior.

b) Regime de câmbio fixo

Esse regime permite um maior nível de certeza ao comercio

internacional, já que revele previamente o valor futuro da moeda. Este

regime representa um caso extremo de controle do mercado, o BACEN

deve estar constantemente regulando o mercado, se houver um

excesso de procura por dólar, ela deve vender dólar ao mercado para

que o câmbio não se desvalorize, e o contrario, caso houver um

excesso de oferta de dólar no mercado ele deve comprar o excesso de

dólar para que o câmbio não valorize. Para efetuar todas essas

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intervenções e controlar o mercado de câmbio, exige que o BACEN

tenha um certo nível de reservas internacionais.

c) Formas híbridas de câmbio

Formas híbridas de câmbio é uma mistura entre câmbio fixo e câmbio

flutuante. Existem inúmeras maneiras intermediarias, e os já utilizados

pelo governo brasileiro foram:

• Regimes de bandas cambiais: que foi utilizado no período de

1994 á 1999. Ela é considerada híbrida porque estabelece

limites, superior e inferior, estabelecidos pelo governo. Quando a

taxa aproxima-se ou ultrapassa os limites as autoridades

intervêm no mercado comprando ou vendendo dólares, ate que a

taxa retorne aos limites estabelecidos. A variação da taxa de

câmbio depende dos interesses das autoridades econômicas.

• Flutuação suja: foi utilizado no Brasil depois de 1999. Ele se

diferencia do regime de bandas porque a principio o câmbio é

livre e pode flutuar livremente, só há intervenção das autoridades

se as oscilações cambiais comprometerem os objetivos da

política econômica.

1.3. INTERAÇÃO DAS POLITICAS ECONOMICAS.

Os instrumentos das políticas econômicas são mais eficientes quando

aplicados em mercados financeiros mais desenvolvidos. Em mercados menos

evoluídos, com alta concentração de riqueza, os efeitos desses instrumentos

econômicos ficam limitados.

Segundo Eduardo Fortuna (2001): “do ponto de vista da

integração da política fiscal, com as políticas monetárias e

cambiais, uma política fiscal adequada permitiria

neutralizar o endividamento interno do tesouro através de

um superávit fiscal que, inclusive, gerasse recursos para

aquisição dos títulos gerados pela política cambial de

balança comercial e financeiro positiva.”

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Divida bruta do governo

Operações de compromisso

Expansão das Reservas

Internacionais

BACEN: Lucro

TESOURO: Abatimento de

divida

TESOURO: Emissão de

títulos BACEN: Prejuízo

Assim, o governo procura promover maior intervenção no mercado por meio da

fixação de taxas de juros, controle direto do crédito e subsídios ao setor

produtivo.

As ações das políticas econômicas têm como finalidade maior alcançar

objetivos que tragam benefícios à população, porem é importante saber que

antes de o governo tomar as medidas, procura fazer uma leitura do cenário

macroeconômica, buscando verificar em qual situação se encontra a

economia, para traçar um plano de onde espera chegar.

Figura 1: Relação entre Política Monetária X Política Fiscal X Política Cambial

Diminuição

Se há valorização cambial

Aumento aumento

Se não há

Valorização cambial

Aumento

Fonte: BACEN (adaptação própria)

As vinculações entre as políticas econômicas mostram o bom relacionamento

entre o BACEN e o tesouro nacional, nesse sentido a compra e venda de

títulos públicos relacionados à condução das políticas monetárias e cambial

produzem impacto sobre as operações de compra e venda de títulos públicos

vinculados ao controle da divida publica mobiliaria interna. Para fazer política

monetária o Banco Central realiza operações compromissadas com o

mercado, tendo como lastro títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional,

que são substituídos por outros assim que esses vencerem, garantindo assim

o suprimento de títulos á autoridade monetária para que possa controlar a

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liquidez bancário. À medida que o Banco Central enxuga a liquidez, em função

do maior fluxo cambial, observa-se um aumento na divida bruta do governo,

devido a elevação do volume de operações compromissadas. A liquidez esta

relacionado ao movimento dos fluxos de capitais que resulta na compra de

dólares pelo Banco Central, para evitar valorização cambial. A opção do

governo por uma política cambial que eleva as reservas internacionais produz

impacto sobre a política fiscal. Se houver uma valorização cambial, o BACEN

incorre prejuízos, demandando emissões de títulos pelo Tesouro Nacional, por

outro lado se houver uma desvalorização cambial, o BACEN registra lucros,

embora com alguns fatores limitantes como a administração da divida publica e

o gerenciamento das operações compromissadas.

Como explica Eduardo Fortuna:

“para o Brasil uma boa política cambial devera permitir um

elevado volume de fluxo de moeda com o exterior nos

dois sentidos (exportação, importação, compras e vendas

financeira), garantindo que os eventuais déficit em

transações correntes sejam garantidos pelo conjunto de

financiamento externo, que seja na forma de

investimentos diretos nas privatizações, nas

multinacionais, colocação de bônus, linhas de credito de

exportação/importação ou credito de fornecedores”.

Objetivo como crescimento econômico, estabilidade dos níveis de preços,

igualdade de renda, controle da inflação, são almejados por qualquer governo

que esteja no caminho rumo ao desenvolvimento, eles fazem o uso das

políticas econômicas para alcançar ou manter esses objetivos. Os três grandes

instrumentos da política macroeconômica são: política monetária que se refere

ao controle da oferta monetária, a política fiscal, que prepara e executa o

orçamento publico, e política cambial, que influencia na definição da taxa de

cambio.

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22

CAPITULO II

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

2.1. ORIGENS E ASPECTO HISTORICO

As condições para o desenvolvimento de um sistema financeiro envolvem

aspectos estruturais como a natureza dos mercados e relacionamentos entre

as instituições, os demais agentes econômicos e o arcabouço regulamentar.

Envolve também aspectos funcionais tais como os métodos de captação de

recursos e de concessão de crédito, os serviços oferecidos e a segmentação

da clientela. Por último, envolve, também, aspectos instrumentais relativos aos

tipos de papéis utilizados nas transações financeiras e as políticas monetárias

utilizadas. Todos estes aspectos, inter-relacionados, geram o formato sob o

qual o Sistema Financeiro Nacional (SFN) se constitui.

A estrutura do SFN começou a ser desenhada a partir de 1964 e vem sofrendo

alterações dês de então, tendo como primeira mudança a partir da edição da

Redução 1524 de 21/09/1988 passou de um sistema formado por instituições

especializadas, condicionados por regulamentação, há um sistema mais

parecido com os sistemas chamados universais, constituído por instituições

diferenciadas entre si na organização funcional, administrativa, na condução

dos negócios e nas operações desempenhadas, mas que oferecem todos os

serviços financeiros. O acompanhamento da evolução do sistema financeiro

faz parte das atribuições do Banco Central, a quem compete conceder

autorização para o funcionamento das instituições financeiras, instalação ou

transferência de suas sedes ou dependências ou ainda para que as

instituições sejam transformadas, fundidas, incorporadas ou tenham seu

controle transferido. O acompanhamento da atuação e da adequação do SFN

é, portanto, um valioso instrumento que visa o direcionamento da ação

normatizadora do Banco Central, em conjunto com as suas diretrizes

governamentais.

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A partir de 1989, o sistema financeiro brasileiro passou por um processo de

modificação de sua estrutura. O quadro inflacionário, presente na economia

brasileira desde a década de 60, foi extremamente favorável ao sistema

bancário, que se adaptou bem a ele em seu processo de desenvolvimento. As

altas taxas de inflação contribuíram para alavancar a participação do setor

financeiro na renda nacional. As instituições financeiras brasileiras obtiveram

êxito na implementação de inovações e no aproveitamento de oportunidades

regulatórias, o que lhes permitiu não apenas sobreviver, mas também

acumular capital desenvolver-se tecnologicamente e crescer. Com a redução

da inflação e o conseqüentemente desaparecimento dos ganhos durante o

processo inflacionário, apropriados pelo segmento financeiro, algumas

instituições financeiras mostraram sua fragilidade e incapacidade de promover

ajustes necessários para sua sobrevivência no novo ambiente econômico.

O formato atual da organização do SFN é conseqüência da mudança na

legislação, do processo de ajuste às condicionantes macroeconômicas após o

Plano Real e do alinhamento à tendência mundial, caracterizada por fusões de

empresas integrantes de diversos segmentos produtivos das modernas

economias. Esse processo de adaptação foi sendo monitorado pelo Banco

Central, com a preocupação central de criar condições para maximizar os

benefícios de um sistema no qual prevalecesse um menor número de

empresas maiores, porém mais eficientes e sólidas. Assim, ao tempo em que

se buscou o fortalecimento do sistema financeiro, até então acostumado a um

crônico processo inflacionário, viabilizou-se a redução das possibilidades de

desequilíbrios estruturais.

Os bancos privados demonstraram maior flexibilidade para se adaptarem às

condições de economia estável, modificando tecnologias e processos de

produção de serviços. O corte de custos e o lançamento de novos produtos

contribuíram para o processo de adaptação. Fez parte importante deste

processo o incremento da entrada do capital estrangeiro no sistema bancário,

contribuindo para a solução dos problemas de algumas instituições que se

encontravam com a capacidade de sobrevivência abalada. Em dezembro de

2000, funcionavam 191 bancos e uma caixa econômica, sendo 16 bancos

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públicos, 104 bancos privados nacional e 71 com controle estrangeiro,

incluídas 13 filiais diretas de bancos estrangeiros. Os ativos totais dos 191

bancos encontravam-se distribuídos entre aqueles com controle governamental

24,33%, com controle privado nacional 42,56% e com controle estrangeiro

33,11%. Dos 191 bancos que estavam funcionando ao final de dezembro, 64 já

funcionavam desde dezembro de 1988, ou seja, contavam com, no mínimo, 12

anos de funcionamento

2.2. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

O sistema financeiro nacional pode ser classificado em três grandes grupos:

órgãos normativos; entidades supervisoras e operadores, cada um

desempenhando suas respectivas funções segundo a tabela abaixo.

Segundo o Banco Central do Brasil, a tabela abaixo mostra a atual composição

do SFN.

Tabela 1: composição atual do SFN

Órgãos

normativos

Entidades

supervisores Operadores

CMN

BACEN

Instituiçõe

s

financeiras

captadores

de

deposito a

vista

Demais

instituições

financeiras

Bancos de

cambio

Outros

intermediários

financeiros e

administradores de

recursos de

terceiros

CVM

Bolsa de

mercadori

as futuras

Bolsa de

valores

CNSP SUSEP Ressegura Sociedades Socied

ades de

Entidade

s abertas

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25

dores seguradoras capitali

zação

de

previdênc

ia

complem

entar

CNPC PREVIC Entidades fechadas de previdência

complementar

Fonte: banco central (adaptação próprio)

2.2.1. ORGÃOS NORMATIVOS

Os órgãos normativos controlam e regulam o funcionamento de todas as

instituições financeiras, elas são: conselho monetário nacional, conselho

nacional de seguros privados e conselho nacional de previdência

complementar.

Ø Conselho Monetário Nacional (CMN)

É o órgão superior do SFN, ela foi criada em 31 de dezembro de 1964 pela lei

nº. 4.595. Tem como responsabilidade formular a política da moeda e do

credito objetivando a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico

social do país. Integram a CMN o Ministro da Fazenda, o Ministro do

Planejamento Orçamento e Gestão e o Presidente do BACEN. As principais

funções do CMN são: adaptar o volume dos meios de pagamento as

necessidades reais da economia; regular o valor interno e externo da moeda e

o equilíbrio da balança de pagamentos; orientar a aplicação dos recursos das

instituições financeiras; propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos

instrumentos financeiros; zelar pela liquidez e solvência das instituições

financeiras;coordenar as políticas monetárias, creditícia, orçamentária e da

divida publica interna e externa; estabelecer meta anual de inflação.

Segundo Assaf Neto: “o CMN, esta revestido de amplas

atribuições que podem ser identificados na finalidade

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principal de sua criação; formulação de todo a política de

moeda e de credito, objetivando atender os interesses

econômicos e sociais do país.”

Ø Conselho Nacional de Seguros Privados (CNPS)

Ele é responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros

privados. Integram a CNPS o Ministro da Fazenda, representante do Ministério

da Justiça, representante do Ministério da Previdência Social, superintendente

da superintendência de Seguros privados, representante do BACEN e

representante da comissão de valores Mobiliários. As suas principais funções

são: regular a constituição; organização funcionamento e fiscalização dos que

exercem atividades subordinados ao SNSP, bem como a aplicação das

penalidades previstas; fixar as características gerais dos contratos de seguros,

previdência privada aberta, capitalização e resseguro; estabelecer diretrizes

gerais das operações de resseguro; prescrever os critérios de constituição das

sociedades seguradoras, de capitalização, entidades de previdência privada

aberta e resseguradores.

Ø Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)

É um órgão colegiado que integra a estrutura do Ministério da Providencia

Social e cuja competência é regular o regime de previdência complementar

operado pelas entidades fechadas de previdência complementar (fundos de

pensão).

Para mais informações acessa o site: WWW.previdenciassocial.gov.br

2.2.2. ENTIDADES SUPERVISORAS

As entidades supervisoras têm como função editar normas que definem

parâmetros para a transferência de recursos dos poupadores aos tomadores e

controlam o funcionamento das entidades e instituições que efetuam atividades

de intermediação financeiras. Elas são: banco central, comissão nacional de

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valores, superintendência de seguros privados e superintendência nacional de

previdência complementar

Ø Banco Central do Brasil (BACEN)

Ela foi criada também no dia 31 de dezembro pela lei nº. 4.595. É uma

autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. É o principal órgão executor da

orientação da CMN e responsável por garantir o poder de compra da moeda

nacional tendo como objetivo zelar pela liquidez da economia, manter as

reservas internacionais em níveis adequadas, estimular a formação da

poupança, zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento

do SFN. As suas principais atribuições são: emitir papel-moeda e moeda

metálica; executar os serviços do meio circulante; receber recolhimento

compulsório e voluntário das instituições financeiras e bancarias; realizar

operações de redesconto e empréstimos as instituições financeiras; regulara a

execução dos serviços de compensação de cheques e outros papeis; efetuar

operações de compra e venda de títulos públicos federais; exercer o controle

de credito; exercer a fiscalização das instituições financeiras; autorizar o

funcionamento das instituições financeiras; estabelecer as condições para o

exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras; vigiar a

interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e

controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país.

Segundo Eduardo Fortuna: “o banco central é a entidade

criada para atuar como órgão executivo central do

sistema do sistema financeiro, cabendo-lhe a

responsabilidade de cumprir e fazer e fazer cumprir as

disposições que regulam o funcionamento do sistema e

as normas expedidas pelo CMN.”

Ø Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

Ela é uma autarquia vinculada ao Ministério as Fazenda, criada pela lei 6.385

de 7 de dezembro de 1967. Ela é responsável por regulamentar, desenvolver,

controlar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários do país. As suas

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principais funções são: assegurar o funcionamento eficiente e regular dos

mercados de bolsa e de balcão; proteger os titulares de valores imobiliários;

evitar modalidades de fraudes ou manipulação de mercado; estimular a

formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários; promover a

expansão e funcionamento eficiente do mercado de ações.

Segundo Eduardo Fortuna: “é o órgão normativo do

sistema financeiro, especificamente voltado para o

desenvolvimento, a disciplina e a fiscalização do mercado

de valores mobiliários não emitidos pelo sistema

financeiro e pelo tesouro nacional, basicamente o

mercado de ações e debêntures.”

Para mais informações consulte o site: www.cvm.gov.br

Ø Superintendência de Seguros Privados (SUSEP)

É uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. Ela é responsável pelo

controle e fiscalização do mercado de seguros, previdência privada aberta e

capitalização. As suas principais funções são: fiscalizar a constituição,

organização, funcionamento e operações das sociedades seguradoras de

capitalização; proteger a captação de poupança popular, zelar pela defasa dos

interesses dos consumidores dos mercados supervisionados; promover a

estabilidade dos mercados sob sua jurisdição; cumprir e fazer cumprir as

deliberações do CNSP.

Para mais informações consulte o site: www.susep.gov.br

Ø Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC)

Também é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, responsável por

fiscalizar e supervisionar as atividades das entidades fechadas de previdência

complementar (fundos de pensão), observando as diretrizes estabelecidas pelo

CVM e pelo CNPC. Para mais informações consulte o site:

www.previdenciasocial.gov.br

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2.2.3. Operadores

Os operadores são aqueles que têm como função operacionalizar a

transferência de recursos de poupadores para tomadores, de acordo com as

regras estabelecidas pelas entidades integrantes do subsistema de supervisão.

Os operadores são: as instituições captadoras de deposito a vista, bolsa de

mercadorias futuras, resseguradores, demais instituições financeira, bancos de

cambio, bolsa de valores, sociedade seguradoras, outros intermediários

financeiros e administradores de recurso de terceiros, sociedades de

capitalização e entidades abertas de previdência complementar.

Ø Instituições captadores de deposito a vista: este grupo é composto

pelos bancos múltiplos com carteira comercial, bancos comerciais, a caixa

econômica federal e cooperativas de credito.

• Bancos múltiplos com carteira comercial: são instituições

financeiras privadas ou publicas que realizam as operações ativas, passivas e

acessórias das diversas instituições financeiras por intermediário da carteira

comercial, a carteira de investimento e ou de desenvolvimento, carteira de

credito imobiliário, carteira de arrendamento mercantil e carteira de credito

financiamento e investimento. As operações dessas instituições estão sujeitos

às mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis as instituições

singulares correspondentes as suas carteiras. A carteira de desenvolvimento

comente poderá ser operada por bancos públicos. Esses bancos devem ser

constituídos com duas carteiras no mínimo, sendo uma delas obrigatoriamente

comercial ou de investimento e ser organizada sob a forma de sociedade

anônima, e na sua denominação social deve constar a expressão banco,

segundo a resolução CMN 2.099 de 1994.

• Bancos comerciais: são instituições financeiras privadas ou

públicos que tem como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos

necessárias para financiar, a curto e médio prazo, o comercio, a indústria, as

empresas prestadores de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral. As

atividades típicas dos bancos comerciais são a captação de deposito a vista, e

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pode também fazer a captação de depósitos a prazo. Tal como os bancos

múltiplos, os bancos comerciais, são constituídos sob forma de sociedade

anônima e na sua denominação social deve constar a expressão banco,

segundo a resolução CMN 2.099 de 1994.

• Caixa econômica federal: ela foi criada em 1861, esta regulada

pelo decreto-lei 759, de 12 de agosto de 1969, como empresa publica

vinculada ao ministério da fazenda. Um característica fundamental da caixa é

que ela prioriza a concessão de empréstimos e financiamentos a programas e

projetos nas áreas de assistência social, saúde, educação, trabalho,

transportes urbanos e esporte. Ela pode operar com credito direto ao

consumidor, financiando bens de consumo duráveis, emprestar sob garantia

de penhor industrial e caução de títulos, bem como tem o monopólio do

empréstimo sob penhor de bens pessoais e sob consignação e tem o

monopólio da venda de bilhetes de loteria federal. Ale de centralizar o

recolhimento de posterior aplicação de todos os recursos oriundos do fundo de

garantia do tempo de serviço (FGTS), integra o sistema brasileiro de poupança

e empréstimos (SBPE) e o sistema financeiro de habitação (SFN).

Para mais informações consulte o site: www.caixa.gov.br

• Cooperativas de credito: elas observam alem da legislação e

normas do sistema financeiro, a lei 5.764 de 16 de 1971, que define a política

nacional de cooperativismos e institui o regime jurídico das sociedades

cooperativas. Essas cooperativas atuam tanto no setor rural como no setor

urbano, e elas podem se originar das associações de funcionários de uma

mesma empresa ou grupo de empresas, de profissionais de determinados

segmentos, de empresários ou mesmo adotar a livre admissão de associados

em uma área determinada de atuação, sob certas condições. Elas devem

adotar obrigatoriamente em sua denominação social, a expressão cooperativa,

e proibida a utilização da palavra banco, elas devem possuir no mínimo de

vinte cooperados e adequar sua área de ação as possibilidades de reunião,

controle, operações e prestação de serviços. As cooperativas de credito estão

autorizados a realizar operações de captação por meio de deposito a vista e a

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prazo somente de associados, de empréstimos, repasses e refinanciamento, e

realizar aplicação de recursos no mercado financeiro, segundo a resolução

CMN 3.106 de 2003.

Ø Bolsa de mercadorias futuras: são a suscitações privadas civis, com

objetivo de efetuar o registro, a compensação e a liquidação física e financeira,

das operações realizados em pregão ou em sistema eletrônico. Ela como

função, desenvolver, organizar e operacionalizar um mercado de derivativo

livre e transparente, proporcionando aos agentes econômicos a oportunidade

de efetuarem operações de hedging (proteção), em relação a flutuação de

preços de commodities agropecuárias, índices, taxas de juro, moedas e

metais, bem como de todo e qualquer instrumento ou variável

macroeconômico cujo incerteza de preço no futuro possa influenciar

negativamente suas atividades. A bolsa possui autonomia financeira,

patrimonial e administrativa e são fiscalizadas pela CVM.

Ø Bolsa de valores: são sociedades anônimas ou associações civis, com

o objetivo de marcar local ou sistema adequado ao encontro de seus membros

e a realização entre eles de transações de compra e venda de títulos e valores

mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado

por seus membros e pela CVM. Ela possui autonomia financeira, patrimonial e

administrativa, de acordo com a resolução da CMN 2.690 de 2000.

Ø Resseguradores: são entidades constituídos sob forma de sociedades

anônimos que tem por objeto exclusivo a realização da operações de

resseguro e retrocessão. O instituto de resseguro do Brasil (IRB) é a empresa

resseguradora vinculada ao ministério da fazenda.

Para mais informações consulte os sites: www.susep.gov.br e www.irb-

brasilre.com.br

Ø Demais instituições financeiras: este grupo é composto pelas,

agencia de fomento, associações de poupança e empréstimo, bancos de

cambio, bancos de desenvolvimento, bancos de investimentos, banco nacional

de desenvolvimento social, companhias hipotecarias, cooperativas centrais de

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credito, sociedade créditos financiamento e investimento, sociedade de credito

imobiliário e sociedade de credito ao microempreendedor.

• Agencias de fomento: elas têm como objetivo social a

concessão de financiamento de capital fixo e de giro associado a projetos na

Unidade Federal onde fica sua sede. Elas devem ser constituídas sob forma de

sociedades anônimas de capital fechado e estar sob o controle de Unidade da

Federação, sendo que cada Unidade só pode constituir uma agencia, apesar

de elas terem o status de instituições financeiras, elas não podem: captar

recursos junto ao publico, recorrer ao redesconto, ter conta de reserva no

BACEN, contratar depósitos interfinanceiros na qualidade de depositante ou de

depositário e nem ter participação societária em outras instituições financeiras.

A sua denominação social deve conter a expressão Agencia de fomento e a

indicação da unidade federação que a controla, e é proibida a sua

transformação em qualquer outro instituição integrante do SFN. As agencias

devem constituir e manter permanentemente fundo de liquidez equivalente no

mínimo a 10% do valor de suas obrigações, a ser integralmente aplicado em

títulos públicos federais, segundo a resolução CMN 2.828 de 2001.

• Associações de poupança e empréstimos: são constituídas

sob forma de sociedade civil, sendo propriedade comum de seus associados.

Suas operações ativas são basicamente, direcionadas ao mercado imobiliário

e ao sistema financeiro de habitação (SFH). A sua operações passivas são

constituídas de emissão de letras e cédulas hipotecarias, depósitos de

cadernetas de poupança, depósitos interfinanceiros e empréstimos externos.

Os depositantes dessas entidades são considerados acionistas da associação

e por isso não recebem rendimentos mas sim dividendos, e seus recursos são

classificados no patrimônio liquido da associação e não no passível exigível

segundo a resolução CMN 52 de 1967.

• Bancos de cambio: são instituições financeiras autorizadas a

realizar operações de cambio e operações de credito vinculadas às de cambio,

como financiamento a exportação e importação e adiantamentos sobre

contratos de cambio, e ainda receber depósitos em contas sem remuneração,

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não movimentáveis por cheque ou por meio eletrônico pelo titular, cujos

recursos sejam destinados a realização das operações acima citadas. Em sua

denominação social devem constar bancos de cambio segundo a resolução

CMN 3.426 de 2006.

• Banco de desenvolvimento: são instituições financeiras

controladas pelos governos estaduais, e têm como objetivo proporcionar o

suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários ao financiamento,

a médio e longo prazo, de programas e projetos que visem a promover o

desenvolvimento econômico e social do respectivo Estado. As operações

passivas são depósitos a prazo, empréstimos externos, emissão ou endosso

de cédulas hipotecárias, emissão de cédulas pignoratícias de debêntures e de

Títulos de Desenvolvimento Econômico. As operações ativas são empréstimos

e financiamentos, dirigidos prioritariamente ao setor privado. Devem ser

constituídos sob a forma de sociedade anônima, com sede na capital do

Estado que detiver seu controle acionário, devendo adotar, obrigatória e

privativamente, em sua denominação social, deve constar a expressão Banco

de Desenvolvimento, seguida do nome do Estado em que tenha sede,

segundo a resolução CMN 394, de 1976.

• Bancos de investimento: são instituições financeiras privadas

especializadas em operações de participação societária de caráter temporário,

de financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de

giro e de administração de recursos de terceiros. Devem ser constituídos sob a

forma de sociedade anônima e adotar, obrigatoriamente, em sua denominação

social, deve constar a expressão Banco de Investimento. Não possuem contas

correntes e captam recursos via depósitos a prazo, repasses de recursos

externos, internos e venda de cotas de fundos de investimento por eles

administrados. As principais operações ativas são financiamento de capital de

giro e capital fixo, subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários,

depósitos interfinanceiros e repasses de empréstimos externos, segundo a

resolução CMN 2.624, de 1999.

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• Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social: foi

criado em 1952 como autarquias federal, foi enquadrado como uma empresa

pública federal, com personalidade jurídica de direito privado e patrimônio

próprio, pela Lei 5.662, de 21 de junho de 1971. O BNDES é um órgão

vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e

tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o

desenvolvimento do país. Suas linhas de apoio contemplam financiamentos de

longo prazo e custos competitivos, para o desenvolvimento de projetos de

investimentos e para a comercialização de máquinas e equipamentos novos,

fabricados no país, bem como para o incremento das exportações brasileiras.

Contribui, também, para o fortalecimento da estrutura de capital das empresas

privadas e desenvolvimento do mercado de capitais. A BNDESPAR,

subsidiária integral, investe em empresas nacionais através da subscrição de

ações e debêntures conversíveis. O BNDES considera ser de fundamental

importância, na execução de sua política de apoio, a observância de princípios

ético-ambientais e assume o compromisso com os princípios do

desenvolvimento sustentável. As linhas de apoio financeiro e os programas do

BNDES atendem às necessidades de investimentos das empresas de qualquer

porte e setor, estabelecidas no país. A parceria com instituições financeiras,

com agências estabelecidas em todo o país, permite a disseminação do

crédito, possibilitando um maior acesso aos recursos do BNDES.

Para mais informações consulte o site: WWW.bndes.gov.br

• Companhias hipotecárias: são instituições financeiras

constituídas sob a forma de sociedade anônima, que têm por objeto social

conceder financiamentos destinados à produção, reforma ou comercialização

de imóveis residenciais ou comerciais aos quais não se aplicam as normas do

Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Suas principais operações passivas

são: letras hipotecárias, debêntures, empréstimos e financiamentos no País e

no Exterior. Suas principais operações ativas são: financiamentos imobiliários

residenciais ou comerciais, aquisição de créditos hipotecários,

refinanciamentos de créditos hipotecários e repasses de recursos para

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financiamentos imobiliários. Tais entidades têm como operações especiais a

administração de créditos hipotecários de terceiros e de fundos de

investimento imobiliário, segundo a resolução CMN 2.122, de 1994.

• Cooperativas centrais de credito: são formadas por

cooperativas singulares, organizam em maior escala as estruturas de

administração e suporte de interesse comum das cooperativas singulares

filiadas, exercendo sobre elas, entre outras funções, supervisão de

funcionamento, capacitação de administradores, gerentes e associados, e

auditoria de demonstrações financeiras, segundo a resolução CMN 3.106, de

2003.

• Sociedades de credito financiamento e investimento: são

conhecidas por financeiras, foram instituídas pela Portaria do Ministério da

Fazenda 309, de 30 de novembro de 1959. São instituições financeiras

privadas que têm como objetivo básico a realização de financiamento para a

aquisição de bens, serviços e capital de giro. Devem ser constituídas sob a

forma de sociedade anônima e na sua denominação social deve constar a

expressão Crédito, Financiamento e Investimento. Elas captam recursos por

meio de aceite e colocação de Letras de Câmbio, segundo a

Resolução CMN 45, de 1966 e Recibos de Depósitos Bancários, segundo a

Resolução CMN 3454, de 2007.

• Sociedade de créditos imobiliários: são instituições financeiras

criadas pela Lei 4.380, de 21 de agosto de 1964, para atuar no financiamento

habitacional. Constituem operações passivas dessas instituições os depósitos

de poupança, a emissão de letras e cédulas hipotecárias e depósitos

interfinanceiros. Suas operações ativas são: financiamento para construção de

habitações, abertura de crédito para compra ou construção de casa própria,

financiamento de capital de giro a empresas incorporadoras, produtoras e

distribuidoras de material de construção. Devem ser constituídas sob a forma

de sociedade anônima, adotando obrigatoriamente em sua denominação social

a expressão Crédito Imobiliário, segundo a resolução CMN 2.735, de 2000.

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• Sociedade de credito ao microempreendedor: foram criadas

pela Lei 10.194, de 14 de fevereiro de 2001, são entidades que têm por objeto

social exclusivo a concessão de financiamentos e a prestação de garantias a

pessoas físicas, bem como a pessoas jurídicas classificadas como

microempresas, com vistas a viabilizar empreendimentos de natureza

profissional, comercial ou industrial de pequeno porte. São impedidas de

captar, sob qualquer forma, recursos junto ao público, bem como emitir títulos

e valores mobiliários destinados à colocação e oferta públicas. Devem ser

constituídas sob a forma de companhia fechada ou de sociedade por quotas

de responsabilidade limitada, adotando obrigatoriamente em sua denominação

social deve constar a expressão Sociedade de Crédito ao Microempreendedor,

e é proibida a utilização da palavra Banco, segundo a resolução CMN 2.874,

de 2001.

Ø Sociedades Seguradoras: são entidades, constituídas sob a forma de

sociedades anônimas, especializadas em pactuar contrato, por meio do qual

assumem a obrigação de pagar ao contratante (segurado), ou a quem este

designar, uma indenização, no caso em que advenha o risco indicado e

temido, recebendo, para isso, o prêmio estabelecido.

Para mais informações consulte o site: www.susep.gov.br

Ø Outros intermediários financeiros e administradores de recursos

de terceiros: este grupo é composto pelos administradores de

consórcios, sociedades de arrendamento mercantil, sociedades

corretores de cambio, sociedade corretores de títulos e valores

mobiliários e sociedades distribuidoras de títulos e valor mobiliário.

• Administradores de consorcio: são pessoas jurídicas

prestadoras de serviços relativos à formação, organização e administração de

grupos de consórcio, cujas operações estão estabelecidas na Lei 5.768, de 20

de dezembro de 1971. Cabe BACEN, por força do disposto no art. 33 da Lei

8.177, de 1º de março de 1991, autorizar a constituição de grupos de

consórcio, a pedido de administradoras previamente constituídas sem

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37

interferência expressa da referida Autarquia, mas que atendam a requisitos

estabelecidos, particularmente quanto à capacidade financeira, econômica e

gerencial da empresa, e também fiscalizar as operações da espécie e aplicar

as penalidades cabíveis. Com base no art. 10 da Lei 5.768, o BACEN pode

intervir nas empresas de consórcio e decretar sua liquidação extrajudicial. O

grupo é uma sociedade de fato, constituída na data da realização da primeira

assembléia geral ordinária por consorciados reunidos pela administradora, que

coletam poupança com vistas à aquisição de bens, conjunto de bens ou

serviço turístico, por meio de autofinanciamento, segundo o circular BCB

2.766, de 1997.

• Sociedades de arrendamento mercantil: são constituídas sob a

forma de sociedade anônima, deve constar obrigatoriamente na sua

denominação social a expressão Arrendamento Mercantil. As operações

passivas dessas sociedades são emissão de debêntures, dívida externa,

empréstimos e financiamentos de instituições financeiras. Suas operações

ativas são constituídas por títulos da dívida pública, cessão de direitos

creditórios e, principalmente, por operações de arrendamento mercantil de

bens móveis, de produção nacional ou estrangeira, e bens imóveis adquiridos

pela entidade arrendadora para fins de uso próprio do arrendatário. São

supervisionadas pelo BACEN, segundo a resolução CMN 2.309, de 1996.

• Sociedades corretoras de cambio: são constituídas sob a forma

de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada, deve

constar na sua denominação social a expressão Corretora de Câmbio. Têm

por objeto social exclusivo a intermediação em operações de câmbio e a

prática de operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes. São

supervisionadas pelo BACEN segundo a resolução CMN 1.770, de 1990.

• Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários: são

constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de

responsabilidade limitada. Dentre seus objetivos estão: operar em bolsas de

valores, subscrever emissões de títulos e valores mobiliários no mercado;

comprar e vender títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros;

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38

encarregar-se da administração de carteiras e da custódia de títulos e valores

mobiliários; exercer funções de agente fiduciário; instituir, organizar e

administrar fundos e clubes de investimento; emitir certificados de depósito de

ações e cédulas pignoratícias de debêntures; intermediar operações de

câmbio; praticar operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes; praticar

operações de conta margem; realizar operações compromissadas; praticar

operações de compra e venda de metais preciosos, no mercado físico, por

conta própria e de terceiros; operar em bolsas de mercadorias e de futuros por

conta própria e de terceiros. São supervisionadas pelo BACEN segundo a

resolução CMN 1.655, de 1989. Os fundos de investimentos, administrados por

corretoras ou outros intermediários financeiros, são constituídos sob forma de

condomínio e representam a reunião de recursos para a aplicação em carteira

diversificada de títulos e valores mobiliários, com o objetivo de propiciar aos

condôminos valorização de quotas, a um custo global mais baixo. A

normatização, concessão de autorização, registro e a supervisão dos fundos

de investimento são de competência da CVM.

• Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários:

são constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de

responsabilidade limitada, na sua denominação social deve constar a

expressão Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários. Algumas de suas

atividades: intermedeiam a oferta pública e distribuição de títulos e valores

mobiliários no mercado; administram e custodiam as carteiras de títulos e

valores mobiliários; instituem, organizam e administram fundos e clubes de

investimento; operam no mercado acionário, comprando, vendendo e

distribuindo títulos e valores mobiliários, inclusive ouro financeiro, por conta de

terceiros; fazem a intermediação com as bolsas de valores e de mercadorias;

efetuam lançamentos públicos de ações; operam no mercado aberto e

intermedeiam operações de câmbio. São supervisionadas pelo BACEN

segundo a resolução CMN 1.120, de 1986.

Ø Sociedades de capitalização: são entidades, constituídas sob a forma

de sociedades anônimas, que negociam contratos, títulos de capitalização, que

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39

têm por objeto o depósito periódico de prestações pecuniárias pelo

contratante, o qual terá depois de cumprido o prazo contratado, o direito de

resgatar parte dos valores depositados corrigidos por uma taxa de juros

estabelecida contratualmente; conferindo, ainda, quando previsto, o direito de

concorrer a sorteios de prêmios em dinheiro.

Para mais informações consulte o site: www.susep.gov.br

Ø Entidades abertas de providencia complementar: são entidades

constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas e têm por

objetivo instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário

concedido em forma de renda continuada ou pagamento único, acessíveis a

quaisquer pessoas físicas. São regidas pelo Decreto-Lei 73, de 21 de

novembro de 1966, e pela Lei Complementar 109, de 29 de maio de 2001. As

funções do órgão regulador e do órgão fiscalizador são exercidas pelo

Ministério da Fazenda, por intermédio do CNSP e da SUSEP.

Para mais informações consulte o site: www.susep.gov.br

Ø Entidades fechadas de previdência complementar: são organizadas

sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos e são

acessíveis, exclusivamente, aos empregados de uma empresa ou grupo de

empresas ou aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, entes denominados patrocinadores ou aos associados ou

membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial,

denominadas instituidores. As entidades de previdência fechada devem seguir

as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, por meio da

Resolução 3.121, de 25 de setembro de 2003, no que tange à aplicação dos

recursos dos planos de benefícios. Também são regidas pela Lei

Complementar 109, de 29 de maio de 2001.

Para mais informações consulte o site: www.previdenciasocial.gov.br

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40

2.3. Administradores do sistema financeiro

De acordo com a legislação em vigor, a posse e o exercício de cargos em

órgãos estatutários de instituições financeiras e demais instituições autorizadas

a funcionar por esta entidade, depende da previa homologação do BACEN.

Uma das condições principais para o exercício dos cargos no SFN,é o de

possuir boa reputação, motivo pelo qual esta Autarquia exige, com ,base na

resolução 3.041/02. O BACEN, julgando ser necessário dar maior publicidade

ao assunto, resolveu proceder à divulgação no Sistema de Informações Banco

Central (SISBACEN) das declarações de propósito publicadas em jornais,

também com o objetivo de tornar mais transparentes suas ações, passaram a

utilizar o SISBACEN para comunicar os nomes dos eleitos ou nomeados

aprovados em processos de homologação, cumprindo assim o disposto no

artigo 10 da Resolução 3.041/02. Dessa forma, o Departamento de

Organização do Sistema Financeiro passou a publicar Comunicados dando

divulgação às Declarações de Propósito protocolizadas nesta Autarquia e aos

nomes dos eleitos/nomeados homologados.

O manual de organização do Sistema Financeiro (SISORF), foi elaborado pelo

Departamento de Organização do Sistema Financeiro (DEORF) e tem por

objetivo fornecer meio de consulta às informações sobre os aspectos legais,

regulamentares e operacionais relativos aos atos que dependem de

autorização do Banco Central do Brasil, de instituições financeiras, demais

instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e

administradoras de consórcio.

Ele visa propiciar melhor instrução dos respectivos processos, seja pela

clareza e maior detalhamento dos procedimentos, que facilitem o entendimento

das instruções, seja pela própria simplificação ou inclusão de novos

procedimentos, o que deverá contribuir para reduzir as exigências de

complementação na instrução dos processos, com redução de custos para o

público, para o sistema financeiro e para o BACEN.

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41

CAPITULO III

ECONOMIA BRASILEIRA, SUA EVOLUÇÃO AO LONGO

DOS ANOS.

3.1. CRONOLOGIA DA EVOLUÇÃO ECONOMICA BRASILEIRA

NAS DECADAS DE 1980 E 1990.

Apesar do êxito relativo das metas externas, negociadas com o FMI, a

aceleração da inflação e a deterioração das contas públicas, decorrentes do

elevado peso dos encargos da dívida pública interna e externa, ocorridas no

período antes da década de 1990, nos anos seguintes, continuavam sendo as

prioridades a serem perseguidos pelos governos que se seguiam.

Para combater este processo inflacionário, vários planos de estabilização

econômica foram tentados: o plano Cruzado; o plano Bresser; o plano Verão e

o plano Collor, também em duas versões; todos tiveram sucesso no inicio e

fracasso no final. Esses planos foram colocados em pratica para combater a

elevada taxa de inflação, que debilitava a economia na metade dos anos 80.

3.1.1. Plano cruzado

Em 28/2/1986, o presidente Sarney, anunciou o plano formalizado pelo decreto

lei nº. 2.283, ela não previa medidas nas áreas monetárias e fiscal, apoiava-se

apenas em políticas de renda. O plano buscava simultaneamente reverter o

processo inflacionário e redistribuir a renda.

Os principais pontos do plano foram:

• Primeiramente a mudança da moeda de cruzeiro para cruzado,

• Congelamento dos preços e salários,

• A extinção da correção monetária e a criação do reajuste automático de

salários (gatilho),

• Decretação de uma moratória e a suspensão do pagamento da divida

externa.

O plano não se preocupou em preparar a população para a mudança e nem

com a cultura inflacionaria que estava entranhando no consumidor brasileiro.

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42

Mas é considerado a primeira tentativa de controle de inflação depois de muito

tempo, apesar dos complicadores como o congelamento de preços e salários.

O desabastecimento foi à conseqüência imediata de abstenção do governo em

não promover uma política de flexibilização dos preços num prazo razoável.

O primeiro impacto foi positivo, dado a queda da inflação na época: a taxa de

inflação em fevereiro de 1986 havia chegado a 22,4%, baixando nos três

meses seguintes, respectivamente para, 5.5%, -0,6% e 0,3%. Com o fim da

correção monetária e dos rendimentos insuflados pela elevada inflação, os

captadores poupança, exceto a bolsa de valores, transferiu seus ativos

financeiros a outras destinações, tais como o aumento do consumo e compra

de imóveis. Com o passar do tempo o governo tentou convencer a população

de que a caderneta de popança não havia perdido rentabilidade e os antigos

elevados índices de valorização eram ilusórios, pois apenas refletiam a

inflação.

Segundo Mario Henrique Simonsen (1989), que o plano cruzado acabou sendo

umas experiências mais catastróficas já empreendidas no Brasil, é questão

passada e julgada. O que interessa examinar é porque esta experiência deu

errada, e porque tantos economistas ortodoxos a aplaudiram na época... A

quem culpar pelo fracasso do plano cruzado, é questão que não vale a pena

explorar. Nos dias de sucesso o plano tenha muitos pais e ate uma musa. No

fracasso todos se escafederam. O que importa é que o plano foi concebido as

pressas com enormes erros de teoria econômica.

3.1.2. Plano Bresser

Com o fracasso do plano Cruzado, em 1987 foi implementado o plano Bresser,

considerado no inicio como sendo um plano provisório, sendo sua base

movediça, pois também não foi acompanhada de ajustes fiscais, considerados

caros para a economia brasileira naquela época.

Suas principais medidas foram:

• Manutenção do congelamento dos preços e dos salários, em geral por

três meses, prevendo-se uma flexibilidade controlada após esse período

com objetivo de corrigir distorções trazidas dos preços na época do

plano Cruzado;

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43

• Criação da unidade de referência de preço (URP), um novo indicador de

preços da economia, que seria destinado a corrigir os salários e fixar um

limite Maximo no reajuste dos preços da economia;

• Adoção de uma política monetária e fiscal bastante restritiva, visando

reduzir o déficit público e refrear a demanda;

• Reajustes nos impostos e nas taxas de juros, que decretou o fim do

gatilho salarial, e que por outro lado realimentou a inflação.

3.1.3. Plano Verão

Em 1988, entrou um novo comandante na economia brasileira, Sr. Mailson

Nóbrega. Percebendo-se os choques na economia com predomínio da cultura

inflacionaria, implantou a política de feijão-com-arroz, ou seja, medida

ortodoxa. Lançou imediatamente o plano verão, que cortou três zeros e trocou

a moeda para cruzado novo. Na tentativa de controlar o déficit publico o plano

continha uma serie de medidas semelhantes aos planos anteriores:

• Congelamento de preços de bens e serviços por tempo indeterminado

depois de ter efetuado o reajuste desses preços;

• Desvalorização cambial de, e posteriormente congelamento cambial;

• Limitação dos gastos públicos;

• Aumento das taxas de juros;

O novo plano tentou desindexar a economia, mas fracassou, pois não tinha

apoio social, político e nem fiscal para se sustentar.

3.1.4. Plano Collor

O plano foi implantado em 1990, apartir desta data o Brasil passou pelas mais

violentas experiências de combate a inflação. O plano determinava a volta do

cruzeiro, confiscava 80% dos depósitos bancários e aplicações financeiras. O

plano continha as seguintes medidas:

• Fixação de uma nova moeda, reintrodução do cruzeiro extinto pelo

plano cruzado;

• Estabelecimentos de regras quanto a conversão das aplicações

financeiras disponíveis nos bancos para a nova moeda;

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• Ajustes fiscais profundo através de congelamentos de salários do

funcionalismo publicam;

• Cortes nas despesas das elevações dos impostos, etc.

• Desindexação da economia

• Privatizações estatais.

Após doze meses do plano Collor I, a economia dava sinais de profunda

recessão, com elevação no numero de desempregados, queda no PIB e

aumento da inflação, com todos esses fatores o governo foi obrigado a lançar

outro pacote de medidas para tentar retomar as metas iniciais de eliminar a

inflação e promover o crescimento da economia:

• Extinção do mecanismo de indexação dos preços

• Criação da taxa referencial (TR), que deveria refletir a inflação futura;

• Congelamentos dos preços e salários;

• Controle dos gastes públicos

• Elevação das tarifas publica

3.1.5. Plano Real

A sua implantação ocorreu em julho de 1994, e colocou fim a um longo período

de alta inflação que durava desde o inicio de década de 1980. As medidas

adotadas nesse plano foram:

• Mudança da moeda para o “real”;

• Fixação de taxa de cambio na paridade, R$1,00 por US$1,00;

• Aceleração das privatizações;

• Elevação das taxas de juros;

• Facilidade para importação;

• Previsão parar gastos públicos;

• Manutenção do processo de abertura da economia;

• Apoio a modernização do parque industrial;

• Estancamento da emissão de moeda;

• Criação do FSE (fundo social de emergência), que de acordo com o

secretario executivo do ministério do planejamento naquela época, não era

fundo, não era social e nem de emergência, era sim um mecanismo legal

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45

aprovado pelo congresso para acumular serviços e um modo de controlar os

gastos públicos, especialmente de estado e municípios;

A consolidação da estabilidade macroeconômica, porem foi alcançada apartir

da implementação do tripé definido pelo sistema de metas de inflação, pelo

regime flexível de taxas de cambio e pela lei de responsabilidade fiscal (LRF),

que estabeleceu parâmetros para a limitação dos gastos públicos. Outros

pontos fortes do plano é o fato de ele não se preocupar em controlar os

preços, mas apenas no cambio e em seguir o regime de metas inflacionarias

ditas apartir de 1999.

Uma vez ultrapassada o pior momento da crise cambial de janeiro de 1999, e a

inviabilizado a política de sobrevalorização do real frente ao dólar – que se

constitui em quatro anos e meio, num dos dois pilares do plano real e da

política anti-inflacionaria do governo, assistiu-se surpreendentemente apartir da

segundo semestre daquele ano, a uma recuperação da economia brasileira de

forma lenta mais persistente.

Apartir de 1994, o saldo das transações em conta corrente passou de um

déficit de US$ 1,8 bilhões, para um déficit de US$ 18 bilhões em 1995,

chegando a um valor recorde de quase US$ 34 bilhões em 1998. o principal

fator de deterioração das contas externas no período foram as alterações

ocorridas no saldo da balança comercial: enquanto que em 1994 havia um

superávit de mais de US$ 10 bilhões, em 1995 ele se transformou em um

déficit superior a US$ 3 bilhões, chegando a alcançar um valor negativo de

US$ 6,5 bilhões em 1998, o mesmo aconteceu com a balança de serviços que

em 1994 teve um aumento no déficit de cerca de US$ 15 bilhões, para US$

18,5 bilhões em 1995, chegando a atingir US$ 28 bilhões em 1998.

Os números da Tabela abaixo indicam que 1994, ano de lançamento do Plano

Real, foi o único ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil cresceu

acima de cinco por cento (5,33%). A taxa encolheu nos anos de 1995 e 1996,

cresceu em 1997, voltou a encolher em 1998 e 1999.

Tabela 2: taxa de crescimento do PIB (94 – 99)

Anos 1994 1995 1996 1997 1998 1999

Taxa de 5,33 4,42 2,15 3,38 0,04 0,25

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46

crescimento (% a.a.)

Fonte: IBGE (elaboração própria)

Em relação ao desemprego, ocorrido, no ano de 1994, 5,1% da população

economicamente ativa, apesar de procurar trabalho, não encontrou. A taxa de

desemprego caiu em 1995, mas voltou a subir em 1996 e continuou a subir

nos anos seguintes, até alcançar no ano de 1998 o seu nível máximo de 7,6%,

que foi repetido no ano de 1999. Como podemos ver na tabela abaixo.

Tabela 3: taxa de desemprego (1994 – 199)

Anos 1994 1995 1996 1997 1998 1999

Taxa desemprego

(% a.a.) 5,1 4,6 5,4 5,7 7,6 7,6

Fonte: IBGE (elaboração própria)

A queda rápida da inflação e sua manutenção em níveis mais baixos

aumentaram a renda real, elevaram o consumo e estimularam o crescimento

da produção. O aumento da produção repercutiu no crescimento do número de

postos de trabalho. Esses fatos explicam as taxas de desemprego mais baixas

nos anos de 1994 e 1995.

3.2. A ECONOMIA NA ULTIMA DECADA

2000

Em 2000 verificou-se uma estabilidade da taxa de cambio, e uma redução na

variação do IPCA. Com toda a estabilidade verificada no inicio do ano, abriu

espaço para uma flexibilização na política monetária, com isso, a taxa de selic

teve um comportamento decrescente durante todo ano de 2000, fechando o

período em 15,8% a. a.. O IPCA acumulou alta de 5,8% no ano, um pouco

abaixo da meta estabelecida para o período. O PIB, por sua vez, cresceu 4,3%

em termos reais, com expansão de 2,8% do PIB per capita, como podemos

acompanhar na tabela abaixo.

Tabela 4 – Indicadores de cambio, juros e preços do ano 2000

Período

(2000)

Taxa de

Câmbio

(R$/US$)

Taxa Média

Selic

(% a.a.)

IPCA (%)

IPCA

Acumulado

(%)

IPCA

Acumulado

12 meses

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47

(%)

Janeiro 1,80 18,9 0,6 0,6 8,5

Fevereiro 1,77 18,9 0,1 0,8 7,6

Março 1,75 18,5 0,2 1 6,7

Abril 1,81 18,6 0,4 1,4 6,6

Maio 1,83 18,4 0 1,4 6,3

Junho 1,80 17,3 0,2 1,6 6,3

Julho 1,77 16,4 1,6 3,2 6,9

Agosto 1,82 16,4 1,3 4,6 7,6

Setembro 1,84 16,6 0,2 4,8 7,5

Outubro 1,91 16,6 0,1 4,9 6,5

Novembro 1,96 16,4 0,3 5,2 5,8

Dezembro 1,96 15,8 0,6 5,8 5,8

Fonte: banco central do Brasil (elaboração própria)

2001

Modenesi (2005) cita que as expectativas otimistas em relação ao

desempenho da economia brasileira foram revertidas, já no início de 2001, por

uma sucessão de choques adversos, quais sejam: (i) a crise do setor

energético; (ii) a maior volatilidade do preço do petróleo; (iii) aprofundamento

da crise econômica na Argentina – que culminou com o fim do regime de

conselho da moeda, no início de 2001; e (iv) a desaceleração da economia

mundial – tendo em vista a estagnação econômica no Japão, o fraco

desempenho dos países da área do euro e a retração econômica norte-

americana, exacerbada pelos atentados terroristas do dia 11 de setembro do

mesmo ano – e o conseqüente impacto depressivo no comércio internacional.

Este conjunto de fatores desencadeou um intenso processo de desvalorização

cambial, superior ao verificado em 1999. A cotação da moeda americana

passou de R$ 1,97, no final de janeiro, para R$ 2,71, no final de outubro de

2001, acumulando alta de 38%, e fechando o ano em R$ 2,32. O processo de

desvalorização cambial, em conjunto com o choque de oferta gerado pela crise

energética, elevou a projeção do IPCA. Desta forma, a autoridade monetária

utilizou uma política monetária apertada, elevando a meta para a Taxa Selic. O

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48

reflexo sobre a taxa media de selic ocorreu desde o início do ano, sendo

sentido de forma mais pronunciada a partir do segundo semestre, passando de

16,8% a. a., no final de maio, para 18,3% a. a., no final de junho de 2001,

fechando o ano em torno de 19% a. a. Com podemos ver na tabela abaixo.

Tabela 5 – Indicadores de cambio, juros e preços do ano 2001

Período

(2001)

Taxa de

Câmbio

(R$/US$)

Taxa Média

Selic

(% a.a.)

IPCA (%)

IPCA

Acumulado

(%)

IPCA

Acumulado

12 meses

(%)

Janeiro 1,97 15,1 0,6 0,6 5,8

Fevereiro 2,05 15,1 0,5 1,5 6,1

Março 2,16 15,8 0,4 1,5 6,3

Abril 2,18 16,5 0,6 2 6,4

Maio 2,36 16,8 0,4 2,5 6,8

Junho 2,30 18,3 0,5 3 7,1

Julho 2,45 18,9 1,3 4,3 6,8

Agosto 2,55 19,1 0,7 3 6,2

Setembro 2,67 19,1 0,3 5,3 6,3

Outubro 2,71 19,1 0,8 6,1 7,0

Novembro 2,53 19,1 0,7 6,8 7,4

Dezembro 2,32 19,1 0,7 7,5 7,5

Fonte: banco central do Brasil (elaboração própria)

2002

O ano de 2002 foi marcado por uma expressiva desvalorização do cambio. O

ano de 2002 foi marcado por uma expressiva desvalorização do câmbio. O

cambio apontava R$ 2,42 no final de janeiro, mantendo-se relativamente

estável até maio de 2002, quando iniciou uma trajetória de alta. Ao final de

setembro, ela chegou a R$ 3,89, encerrando o ano de 2002 com a cotação de

R$ 3,53. Desta forma, a desvalorização cambial superou a marca de 50% no

ano. O impacto da expressiva desvalorização cambial sobre os índices de

preços era esperado, o que se observou notadamente a partir do segundo

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49

semestre, quando acumulou alta de nove pontos percentuais no período. O

IPCA, que acumulava alta de 3% no primeiro semestre de 2002, fechou o ano

em 12%, o maior desvio da meta até então, que tinha a banda superior fixada

em 5,5%.

Segundo Modenesi (2005), o processo de desvalorização cambial, que

pressionou fortemente os preços administrados, foi à principal razão para esse

repique inflacionário.

Durante o primeiro semestre, o Banco Central decidiu manter a meta para a

taxa Selic entre 18,5% e 19%, o que, de acordo com seu modelo estrutural,

seria suficiente para assegurar a ocorrência de uma taxa de inflação abaixo de

4,0%, supondo a manutenção da taxa de câmbio no nível verificado à época.

Porém, em junho de 2002, o Conselho Monetário Nacional abandonou a meta

estabelecida para o ano de 2002, passando a perseguir a meta de 2003. Nesta

reunião, o CMN elevou a meta de inflação para o ano de 2003 para 4,0%,

ampliando o intervalo de tolerância para 2,5 pontos percentuais. No entanto, as

expectativas do Copom em relação à trajetória da inflação, mais uma vez, não

se concretizaram. Diante deste cenário, o Copom realizou uma reunião

extraordinária, cerca de uma semana antes da reunião de outubro de 2002,

decidindo elevar a meta da taxa Selic para 21,0% a. a. O comitê manteve a

política monetária restritiva para o resto do ano, fixando a meta da taxa Selic

para 21,0% a. a. em outubro, 22,0% a. a., em novembro, e fechando o ano

com uma meta de 23,0% a. a. Como podemos observar na tabela abaixo.

Tabela 6 – Indicadores de cambio, juros e preços do ano 2002

Período

(2002)

Taxa de

Câmbio

(R$/US$)

Taxa Média

Selic

(% a.a.)

IPCA (%)

IPCA

Acumulado

(%)

IPCA

Acumulado

12 meses

(%)

Janeiro 2,42 19,1 0,5 0,5 7,4

Fevereiro 2,35 18,8 0,4 0,9 7,3

Março 2,32 18,5 0,6 1,5 7,5

Abril 2,36 18,1 0,8 2,3 7,7

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50

Maio 2,52 18,2 0,3 2,6 7,5

Junho 2,84 18,4 0,4 3,0 7,4

Julho 3,43 17,9 1,2 4,2 7,3

Agosto 3,02 17,8 0,7 4,8 7,2

Setembro 3,89 17,9 0,7 5,6 7,7

Outubro 3,65 20,9 1,3 6,9 8,1

Novembro 3,64 21,9 3,0 9,9 10,5

Dezembro 3,53 24,9 2,1 12,0 12,0

Fonte: Banco Central do Brasil (elaboração própria)

O desemprego nesse ano subiu ultrapassando 12% a.a., nesse mesmo ano o

Brasil tinha caído da 8ª para a 12ª no ranking das economias mundiais,

segundo o banco mundial. A divida externa cresceu de R$ 691 bilhões para R$

941 bilhões, 36% a mais, sendo metade divida privada, com isso os juros

continuavam a paralisar o país.

2003

O ano de 2003 se iniciou sob grande incerteza com relação ao futuro da

política monetária, agora sob a gestão do Partido dos Trabalhadores. Havia

uma grande apreensão devido às diferenças ideológicas entre o partido do

antigo governante (PSDB) e do atual (PT). Essa crise de confiança

desencadeou uma deterioração das expectativas dos agentes econômicos,

desde o último trimestre de 2002. Em conseqüência desse cenário, ficava

evidente que a meta de inflação estabelecida para o ano de 2003 deveria ser

reajustada, à despeito da alteração já ocorrida em junho de 2002, quando foi

elevada para 4,0% com margem de tolerância de 2,5%. Desta forma, em

janeiro de 2003, o Banco Central propôs, em carta aberta ao ministro da

Fazenda, uma elevação na meta para o IPCA, fixando-a em 8,5%. Como

podemos observar na tabela abaixo.

Tabela 7 – Indicadores de cambio, juros e preços do ano 2003

Período

(2003)

Taxa de

Câmbio

(R$/US$)

Taxa Média

Selic

(% a.a.)

IPCA (%)

IPCA

Acumulado

(%)

IPCA

Acumulado

12 meses

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51

(%)

Janeiro 3,53 25,4 2,3 2,3 13,6

Fevereiro 3,56 26,3 1,6 3,8 14,8

Março 3,35 26,3 1,2 5,1 15,5

Abril 2,89 26,3 1,0 6,0 15,6

Maio 2,97 26,3 0,6 6,6 16,0

Junho 2,87 25,8 -0,2 6,5 15,5

Julho 2,97 24,3 0,2 6,7 14,5

Agosto 2,97 21,8 0,3 7,0 14,2

Setembro 2,92 19,8 0,8 7,8 14,2

Outubro 2,86 18,9 0,3 8,1 13,2

Novembro 2,95 17,3 0,3 8,4 10,5

Dezembro 2,89 16,3 0,5 9,0 9,0

Fonte: Banco Central do Brasil (elaboração própria)

2004

No período de 2004 a 2008, presenciamos o início do processo de

desaceleração nos preços e elevação no crescimento do produto. Já em 2004,

o IPCA foi de 7,60%, valor abaixo do limite superior de 8,00% do intervalo de

tolerância estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e também

abaixo do valor de 9,00% verificado em 2003. Os preços livres registraram

variação de 6,55%, em 2004, contra 7,79%, em 2003, ao mesmo tempo em

que a variação dos preços monitorados reduziu-se para 10,19%, em 2004, de

13,20% no ano anterior. Após manter a taxa média selic em 16,3%, com a

inflação convergindo para a meta, o BACEN começou uma política de redução

na taxa básica de juros até o mês de agosto de 2004, quando atingiu a cotação

mínima do ano, em 15,8%. Após este os preços livres contribuíram com 4,66

pontos percentuais para a inflação de 2004, enquanto a contribuição dos

preços monitorados foi de 2,94 p. p., o que corresponde a participações de

61,3% e 38,7%, respectivamente, na taxa do ano.

Ainda em 2004, a balança comercial brasileira, apresentou um superávit com

recorde histórico para a série até então, atingindo o valor de US$ 33,7 bilhões

no ano. As exportações foram de US$ 96,5 bilhões, enquanto as importações

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52

atingiram US$ 62,8 bilhões. No final de dezembro, as reservas internacionais,

no conceito de liquidez, situaram-se em US$ 52,9 bilhões, aumento de US$ 3,6

bilhões em relação ao término de 2003. Começava um período de

recuperação nas contas internacionais. Esse resultado também contribuiu para

a valorização do real no período, após atingir a cotação máxima de R$ 3,13,

em maio de 2004, a cotação do dólar fechou o ano em R$ 2,65.

O PIB cresceu 5,7% em 2004, segundo o IBGE, sendo esta a maior taxa anual

registrada, desde 1994, quando o crescimento atingiu 5,9%.

Tabela 8 – Indicadores de cambio, juros e preços do ano 2004

Período

(2004)

Taxa de

Câmbio

(R$/US$)

Taxa Média

Selic

(% a.a.)

IPCA (%)

IPCA

Acumulado

(%)

IPCA

Acumulado

12 meses

(%)

Janeiro 2,94 16,3 0,8 0,8 7,5

Fevereiro 2,91 16,3 0,6 1,4 6,5

Março 2,91 16,3 0,5 1,8 5,7

Abril 2,94 16,1 0,4 2,2 5,1

Maio 3,13 15,8 0,5 2,7 5,0

Junho 3,11 15,8 0,7 3,4 5,9

Julho 3,03 15,8 0,9 4,3 6,6

Agosto 2,93 15,8 0,7 5,0 7,0

Setembro 2,86 15,9 0,3 5,4 6,5

Outubro 2,86 16,2 0,4 5,8 6,7

Novembro 2,73 16,7 0,7 6,5 7,0

Dezembro 2,65 17,2 0,9 7,6 7,6

Fonte: Banco Central do Brasil (elaboração própria)

2005

Em 2005 a inflação encerrou em queda pelo terceiro ano seguido, alcançando

5,6%, a menor variação registrada desde a introdução do regime de metas de

inflação no país, até então. Pelo segundo ano consecutivo houve cumprimento

da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que era de 4,5%,

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53

com variação entre 2% a 7%. Visando ancorar as expectativas, o BACEN

manteve a taxa média selic acima de 19% durante praticamente todo o ano de

2005. A selic iniciou janeiro em 17,7%, e no final do primeiro semestre já

estava em 19,8%. A decisão foi tomada, em vista do resultado do IPCA, que

acumulava alta de 3,1% em maio. No segundo semestre, o Copom manteve a

meta da taxa básica de juros acima de 19%, com uma leve redução no último

trimestre, fechando o ano em 18,5%. A inflação recuou a partir de maio,

fechando o ano em 5,6%. No campo externo, os dados confirmaram um

desempenho em 2005 superiores ao ano anterior. O saldo da balança

comercial atingiu US$ 44,8 bilhões, com as exportações atingindo US$ 118,3

bilhões, crescimento de 22,6% sobre o ano anterior.

As importações chegaram a US$ 73,5 bilhões, crescimento de 17,1% sobre o

ano de 2004. O desempenho proporcionou um superávit em transações

correntes de US$ 14,2 bilhões, equivalente a 1,79% do PIB. Como resultado, o

real manteve seu ciclo de valorização, sendo que a cotação da taxa de câmbio

abriu o ano de 2005 em R$ 2,62, encerrando o período em R$ 2,34. O PIB

cresceu 3,2% no ano, apresentando variação percentual per capita de 1,9%. O

resultado ficou abaixo do apresentado em 2004, porém, acima da média dos

últimos dez anos, como podemos observar na tabela abaixo.

Tabela 9 – Indicadores de cambio, juros e preços do ano 2005

Período

(2005)

Taxa de

Câmbio

(R$/US$)

Taxa Média

Selic

(% a.a.)

IPCA (%)

IPCA

Acumulado

(%)

IPCA

Acumulado

12 meses

(%)

Janeiro 2,62 17,7 7,0 0,6 7,2

Fevereiro 2,60 18,2 0,6 1,2 7,2

Março 2,67 18,7 0,6 1,8 7,3

Abril 2,53 19,2 0,9 2,7 7,8

Maio 2,40 19,5 0,5 3,1 7,8

Junho 2,35 19,8 0,3 3,1 7,0

Julho 2,39 19,7 0,3 3,4 6,4

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54

Agosto 2,36 19,7 0,2 3,5 5,9

Setembro 2,22 19,7 0,4 3,9 5,9

Outubro 2,25 19,5 0,8 4,6 6,2

Novembro 2,21 19,0 0,6 5,2 6,1

Dezembro 2,34 18,5 0,4 5,6 5,6

Fonte: Banco Central do Brasil (elaboração própria)

2006

Em 2006, a inflação medida pelo IPCA recuou pelo quarto ano consecutivo e,

pela primeira vez desde a implantação do regime de metas de inflação, ficou

abaixo do valor central para a meta (4,50%), situando-se no patamar de 3,1%.

Na medida em que os indicadores de preços foram sendo divulgados, ainda

estavam presentes os efeitos da política anticíclica adotada durante todo o ano

de 2005.

Desse modo, abriu-se espaço para a redução gradual na taxa básica de juros.

Com efeito, a taxa média selic estava em 18% no início do ano e ela

apresentou uma trajetória de queda durante todo o período, encerrando

dezembro de 2006 em 13,2%. A balança comercial continuava apresentando

desempenho favorável, atingindo um saldo positivo de US$ 46,1 bilhões, cifra

superior ao observado em 2005. O quarto superávit anual consecutivo em

transações correntes, influenciado principalmente pelos resultados positivos da

balança comercial, impulsionou o estoque das reservas internacionais, que

chegaram próximo a US$ 100 bilhões. Como resultado, a taxa de câmbio

continuou sua trajetória de queda, saindo de R$ 2,22, em janeiro, para R$

2,14, em dezembro de 2006. O PIB cresceu 4,0 % no ano de 2006,

apresentando uma evolução anual per capita de 2,7%, como podemos

observar na tabela abaixo.

Tabela 10 – Indicadores de cambio, juros e preços do ano 2006

Período

(2006)

Taxa de

Câmbio

(R$/US$)

Taxa Média

Selic

(% a.a.)

IPCA (%)

IPCA

Acumulado

(%)

IPCA

Acumulado

12 meses

(%)

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55

Janeiro 2,22 18,0 0,6 0,6 5,6

Fevereiro 2,14 17,2 0,4 1,0 5,4

Março 2,17 17,3 0,4 1,4 5,2

Abril 2,09 16,5 0,2 1,6 4,5

Maio 2,30 15,7 0,1 1,7 4,2

Junho 2,16 15,2 -0,2 1,5 4,0

Julho 2,18 15,2 0,2 1,7 3,9

Agosto 2,14 14,7 0,1 1,8 3,8

Setembro 2,17 14,2 0,2 2,0 3,6

Outubro 2,14 14,2 0,3 2,3 3,2

Novembro 2,17 13,7 0,3 2,6 3,0

Dezembro 2,14 13,2 0,5 3,1 3,1

Fonte: Banco Central do Brasil (elaboração própria)

2007

Em 2007, o IPCA encerrou o ano em 4,46%, ficando próximo do valor central

de 4,5% para a meta de inflação.

A taxa média selic, que apresentou a cotação de 13,2% em janeiro, fechou o

ano em 11,2%. Começava a preocupação com a questão dos créditos

subprime nos Estados Unidos, e o risco de queda no preço dos ativos daquele

país. Mesmo com as perspectivas relativas à evolução da economia mundial

apresentando viés negativo, no campo doméstico a situação era favorável. A

expressiva acumulação de reservas reduziu a exposição do país aos riscos

associados aos choques de origem externa. O país encerrou o ano de 2007

com US$ 180 bilhões de reservas em moeda estrangeira, após iniciar o ano

com pouco mais de US$ 90 bilhões. Adicionalmente, a taxa de câmbio teve

forte valorização no ano, iniciando o período em R$ 2,12 e fechando o mês de

dezembro em R$ 1,77. O crescimento do PIB atingiu 5,7%, em 2007,

correspondente a 4,5% per capita, segundo a tabela abaixo.

Tabela 11 – Indicadores de cambio, juros e preços do ano 2007

Período

(2007)

Taxa de

Câmbio

Taxa Média

Selic

IPCA (%)

IPCA

Acumulado

IPCA

Acumulado

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56

(R$/US$)

(% a.a.)

(%)

12 meses

(%)

Janeiro 2,12 13,2 0,4 0,4 3,0

Fevereiro 2,12 12,9 0,4 0,9 3,0

Março 2,05 12,9 0,4 1,3 2,9

Abril 2,03 12,7 0,3 1,5 3,0

Maio 1,93 12,4 0,3 1,8 3,1

Junho 1,93 12,4 0,3 2,1 3,6

Julho 1,88 11,9 0,2 2,3 3,7

Agosto 1,96 11,4 0,5 2,8 4,1

Setembro 1,84 11,4 0,2 3,0 4,1

Outubro 1,74 11,2 0,3 3,3 4,0

Novembro 1,78 11,2 0,4 3,6 4,1

Dezembro 1,77 11,2 0,7 4,4 4,4

Fonte: Banco Central do Brasil (elaboração própria)

O passivo externo do país quase triplicou de 2001 a 2007, passando de US$

372 bilhões para US$ 939 bilhões, no mesmo período o passivo externo liquido

cresceu de US$ 265 bilhões para US$ 574 bilhões, como podemos ver no

gráfico a baixo.

Gráfico 1: Passivo externo do Brasil: 2001 – 2007 ( US$ bilhões)

Passivo externo do Brasil: 2001 - 2007

0

200

400

600

800

1000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Anos

US$ Bilhões

passivo externo passivo externo liquido

Fonte: Banco Central do Brasil (elaboração própria)

A taxa meta Selic estipulada pelo CUPOM no decorrer da ultima década, teve

uma trajetória crescente, de 15,75% a.a em 2001 para 18% a.a. em 2005,

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57

contra 15,76% e 18% respectivamente das taxas reais ocorridos nos

respectivos anos. Apartir dessa data a meta bem como a taxa real

decresceram progressivamente ate 2007, como podemos ver na tabela e no

gráfico abaixo.

Tabela 12 : comparação meta e taxa real do Selic (2000-2007)

Data Período de vigência Meta Selic a.a. Tx a.a.

20/12/2000 21/12/2000 á 17/1/20001 15,75 15,76

19/12/2001 20/12/2001 á 23/1/2002 19 19,05

18/12/2002 19/12/2002 á 22/1/2003 25 24,9

17/12/2003 18/12/2003 á 21/1/2004 16,5 16,32

15/12/2004 16/12/2004 á 19/1/2005 17,75 17,74

14/12/2005 15/12/2005 á 18/1/2006 18 18

29/11/2006 30/11/2006 á 24/1/2007 13,25 13,19

5/12/2007 6/12/2007 á 23/1/2008 11,25 11,18

Fonte: Banco Central do Brasil (elaboração própria)

Gráfico 2 : Comparação da meta e taxa real do Selic (2000 – 2007)

15,75

19

25

16,517,75 18

13,2511,25

15,76

19,05

24,9

16,3217,74 18

13,1911,18

0

5

10

15

20

25

30

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Meta Selic a.a. Tx a.a.(2)

Fonte: IBGE (elaboração própria)

Nos sete anos desse início do século XXI, o PIB total cresceu em média

apenas 3,1% ao ano e, somente no ano de 2004, a taxa de crescimento

superou a barreira dos 5,0% como podemos ver na tabela abaixo. Nesses

anos, as taxas de crescimento por setores de atividade, mais expressivas,

ocorreram no setor industrial em 2004, no setor agropecuário, de 2001 a 2003,

e no setor de serviços em 2004.

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58

Tabela 13 : Taxas de crescimento anual do PIB por setores de atividade 2000-

2006 em %

Fonte: IBGE (elaboração própria)

Desde o ano 2000 a inflação tem vindo aumentando e diminuindo, de 5,97%

no ano 2000 para 9,30% em 2003. Já em 2007 a taxa de desemprego fechou

o ano em 4,46% ao ano, como podemos acompanhar no gráfico abaixo.

Gráfico 3 : taxa media de inflação: 2000- 2007 (%)

taxa media de inflação: 2000 - 2007 (%)

5,977,67

12,53

9,37,6

5,69

3,144,46

02468

101214

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

anos

% inflação

taxa inflação (%)

Fonte: Banco Central do Brasil (elaboração própria).

Apesar de a economia brasileira estar entre os maiores do mundo e sua

trajetória ter sido rica e complexa, infelizmente no que diz respeito aos avanços

sociais, o Brasil é um país pobre e injusto.

Setores Anos

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Agropecuária 2,7 6,1 6,6 5,8 2,3 1,0 4,2

Industrial 4,8 - 0,6 2,1 1,3 7,9 2,2 2,8

Serviços 3,6 1,9 3,2 0,8 5,0 3,4 3,7

Total 4,3 1,3 2,7 1,2 5,7 2,9 3,7

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59

CAPITULO IV

A CRISE FINANCEIRA MUNDIAL EM 2007

4.1. A ORIGEN DA CRISE

Em meados de 2006, os preços dos imóveis norte-americanos caíram e os

consumidores se deram conta que estavam pagando mais do que o verdadeiro

valor do imóvel.

Segundo a Folha Online (20/09/2008), com a inadimplência por parte dos

credores, desencadeou-se um ciclo de não-recebimento dos títulos, e como

conseqüência o mercado ficou receoso em negociar o suprime e tudo isso

culminou em uma crise de liquidez.

Em determinado momento os bancos encontraram-se sem dinheiro e

começaram a vender as suas participações em empresas, a vender ate seus

imóveis. O aperto monetário foi grande, e o consumidor passou a gastar

menos. O fabricante ao perceber a queda nas vendas começou a demitir

empregados e a crise se instalou. As autoridades financeiras, os conselhos

administração, as agencias de rating, todos foram culpadas, segundo grandes

economistas, pela crise, que muitos chamam de “crise do suprime”. De acordo

com Assaf Neto (2009), o suprime é um credito imobiliário de alto risco

concedido a pessoas com baixo rendimento e uma situação econômica menos

estável. É uma operação típica do mercado dos EUA, em que a garantia dessa

operação é o próprio bem (imóvel), objetivo do financiamento.

Os juros baixos e o credito fácil foram responsáveis, em parte pela bolha

imobiliária norte-americana e os aumentos nos juros impostos pelo FED (

Banco Central norte-americano) diante da ameaça da inflação em 2008,

causaram problemas a uma parcela da população. Muitas seguradoras e

bancos, sem exigir garantias suficientes ou sequer comprovação de renda,

concederam financiamento para compra de imóveis. Com o aumento dos juros,

alguns devedores não conseguiram quitar os empréstimos o que resultou em

prejuízo as instituições e a economia.

Segundo Paul Krugman (2009), como os investidores americanos mantinham

parcela considerável de sua riqueza no exterior, eles estavam menos sujeitos a

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60

queda de atividade econômica nos EUA, e como os investidores estrangeiros

mantinham boa parte de sua riqueza nos EUA, também eles estavam menos

sujeitos as quedas da atividade econômica nos respectivos países. Porem,

parcela considerável do aumento da globalização financeira decorre do

investimento de instituições financeiras altamente alavancadas, que faziam

vários tipos de apostas transfronteiriças arriscadas. E, quando as coisas faziam

vários tipos davam erradas nos EUA, esses investimentos transfronteiriças

atuavam como o que os economistas denominam “mecanismos de

transmissão”, pelo qual uma crise que ecolidiu no mercado habitacional dos

EUA desencadeou sucessivas outras no exterior.

Embora a crise tenha deslanchado, em 15 de setembro de 2008, quando

houve a quebra do Lehman Brothers, e que por sua vez desencadeou a

quebra de outros bancos e instituições financeiras como a seguradora AIG, o

alto da crise foi em 2009, e provocou estragos em boa parte do mundo, que

resultou em maior endividamento empresarial, falência e escassez de capital,

acarretando queda no consumo, que por sua vez gerou desemprego e

diminuição da produção econômica.

Segundo, Cintra Farhi (2008), uma onde de medo se espalhou pelo mundo

quando o mercado de credito norte-americano declarou que não mais

conseguiu arcar com o saldo negativo dos investimentos imobiliários no ano de

2007, em decorrência da elevação da inadimplência e da desvalorização dos

imóveis e dos ativos financeiros associados às hipotecas americanas de alto

risco.

O fato de ninguém saber ao certo qual banco possui liquidez o suficiente para

sobreviver à crise provocou a diminuição dos empréstimos entre os próprios

bancos, sem contar que estes se tornaram mais raros por conta do aumento

dos juros. Diversos bancos e seguradoras foram resgatados por seus

respectivos governos, ou foram vendidos a outros bancos, ou ainda receberam

dinheiro do governo, sem, no entanto terem sido nacionalizados.

4.1.2. CRONOLOGIA DA CRISE - FATOS MARCANTES

De acordo com Assaf Neto (2009), a origem da crise é explicada por uma serie

de eventos que ocorreram com a globalização da economia, com ampla

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61

desregulação do setor financeiro, redução nos juros, alta liquidez dos agentes

econômicos, forte aumento da competitividade, entre outros.

Os eventos a seguir descrevam o desencadeamento da Crise financeira dos

EUA:

• 22/02/2008 - o banco inglês Northem Rock foi nacionalizado pelo

governo Britânico.

• 17/03/2008 – Quebra do banco Bear Stearns, um dos maiores bancos

de investimentos dos EUA, que depois foi comprada pelo J. P. Chase.

• 02/04/2008 – uma das maiores instituições de credito hipotecarias da

Califórnia, entrou com pedido preventivo de falência devido ao

agravamento de inadimplência dos consumidores.16/09/2008 – Queda

da gigante seguradora, AIG. Ela é estatizada depois por US$ 85 bilhões.

• 07/09/2008 – O governo norte-americano anunciou a estatização do

Freddie Mac e da Fannie Mae, duas instituições apoiadas pelo governo

e que garantiam cerca de ¾ das hipotecas nos Estados Unidos, com

passivos totais de cerca de US$ 5,4 trilhões.

• 14/09/2008 - Lehman Brothers anunciou falência, com uma divida de

cerca de US$ 130 bilhões

• 21/09/2008 – os bancos de investimentos: Goldman Sachs e Morgan

Stanley foram transformados em bancos comerciais.

• 29/09/2008 – O congresso derruba o pacote de salvamento do

presidente George W. Bush e do secretario do tesouro Hank Paulson no

valor de US$ 700 bilhões, que pretendia estabilizar os mercados

comprando ativos hipotecários.

• 03/10/2008 – O governo dos EUA aprova o primeiro pacote para tentar

salvar a economia.

• 10/10/2008 – Ministros das 20 maiores economias do mundo

encontram-se em Washington para tentar acordo econômico.

4.2. EFEITOS DA CRISE NA ECONOMIA BRASILEIRA

Embora a crise tenha começado em 2007 nos EUA, o Brasil só foi atingido em

2008. Quando se fala que o banco Lehman Brothers foi o ponto de partida

para o alastramento da crise no mundo, por meio da diminuição de

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financiamentos de bancos estrangeiros, restringindo a o credito para as

empresas no Brasil, em que 19% do credito tinham origem externo, não ficou

de fora, e foi empurrado pela crise, desencadeando uma crise de liquidez,

puxado principalmente pelo setor industrial. Com a contaminação interna e a

escassez de liquidez, dificultou também o financiamento das empresas via

sistemas bancarias ou via mercado de capitais. Os bancos praticamente

interromperam a concessão de credito, criando dificuldade em financiamentos

de investimentos, e operações envolvendo capital de giro. Os bancos tornaram

mais seletivos no que diz respeito a empréstimos e financiamentos, encurtando

os prazos e encarecendo o credito. A exportação foi prejudicada pelo fato das

linhas de credito em dólar diminuírem para financiá-las, e com a falta de

consumidores para comprar os exportados. Como conseqüência da entrada

do Brasil na crise em 2008 , temos a queda no PIB de 4,4% entre o ultimo

trimestre de 2008 e o primeiro de 2009, com o setor industrial liderando essa

queda em 11,6% no mesmo período. O setor agropecuário registrando um

pequeno aumento de 0,6% e o setor terciário com aumento de 4,2%, como

podemos observar no gráfico abaixo.

Gráfico 4: taxa de variação do PIB: outubro/2008 – março/2009 (%)

Fonte: IBGE (elaboração própria)

Com a queda do PIB, sendo alavancado pelo setor industrial, no mesmo

período, o setor industrial representava, 30,9% do produto nacional, sendo o

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setor de serviço dominando a produção em 64,0% e o setor agropecuária com

5,1%. Como podemos observar no gráfico abaixo.

Gráfico 5: Composição setorial do PIB: out/20008 – mar/2009 (%)

Fonte: IBGE (elaboração própria)

Com a queda da expansão produtiva, aumentou o numero de desempregados

e diminui o numero de admitidos em empresas em todo o país.

Em relação à agricultura, ela foi afetada no que tange a diminuição das

exportações e a restrição do credito.

Com a crise houve a depreciação da taxa de cambio, elevando o custo dos

produtos importados gerando pressões inflacionária, os bens finais chegam ao

país a um preço elevado, e com o cambio desvalorizado pressionada os custos

de produção, já que vários produtos usam insumos importados.

Entre 2008 e 2009, a economia mundial, que já estava retraída, reduziu a

demanda internacional, logo as exportações brasileiras caíram de US$

46.457milhões em 2006 para US$ 40.032 milhões em 2007 e apenas US$

24.836 milhões em 2008, conforma o balanço de pagamentos elaborado pelo

Banco Central naquele período.

Os setores que mais sofreram com a queda da demanda, durante a crise,

foram o do automobilismo e o dos bens em capital.

Com o decorrer da crise houve a redução dos juros em janeiro de 2009 de

13,75% a.a para 8,75% a.a. entre janeiro e julho de 2009.

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4.3. MEDIDAS TOMADAS PELO GOVERNO NO COMBATE A

CRISE.

De acordo com o histórico das reformas econômicas sofrida pelo Brasil,

durante a década de 1990 e ao longo dos anos no que tange aos planos

econômicos implantadas, com sistemas mais rígidos de controle ao Sistema

Financeiro Nacional domestico, o Brasil ficou menos exposto a crise, da pela

contaminação do sistema financeiro internacional, e por encontrar-se numa

posição privilegiadas em relação às outras economias. Com o aprofundamento

da crise o governo federal lançou versas medidas para conter os efeitos da

crise na economia brasileira.

Ø 2008

• MEDIDAS:

No primeiro ano o governo, priorizou, as medidas anti-crises, voltadas para

ajuda a bancos, a micro empresas, e ao consumo das famílias.

no primeiro momento, no pique da crise, na metade do mês de setembro, o

BCB, liberou o deposito compulsório no valor de R$ 13,2 bilhões para o

sistema financeiro na forma de compulsório adicional – R$ 5,2 bilhões teve

liberação imediata e outros R$ 8 bilhões do compulsório sobre depósitos de

empresas de leasing teria seu recolhimento adiado para 2009. Alem disso a

regra do depósito compulsório sofreu alterações, beneficiando instituições

pequenas e medias aliviando o caixa.

No inicio de outubro, em nova tentativa de injeção de dinheiro no mercado o

BACEN anunciou redução no deposito compulsório de bancos que adquirirem

carteiras de credito de outras instituições, a medida poderia liberar ate R$ 23,5

bilhões para o mercado e beneficiária novamente bancos pequenos e médias

que poderiam ter suas carteiras de credito adquiridas por bancos maiores.

Ainda em outubro, depois de outro dia de pânico nos mercados mundiais, o

governo baixou um pacote de medidas para auxiliar micro e pequenas

empresas, o setor agrícola familiar - liberação de R$ 5,25 bilhões do FAT para

credito em linhas operadas pelo BNDES, BB e pelo CEF, aprovado pelo

conselho deliberativo do fundo de amparo ao trabalhador (CODEFAT);

exportadores - foram beneficiados pela medida que permitiu a bancos fora do

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pais terem acesso a dólares das reservas internacionais para financiar o

comércio do exterior alem de um reforço de R$ 5 bilhões em recursos do

BNDES para linhas de financiamento de pré-embarque de mercadorias

destinado a exportação; sistema financeira - foi auxiliado pelo BACEN com o

aumento da oferta de proteção cambial ao mercado por meio de antecipação

do vencimento de contratos de SWAP cambial – na prática única forma de

venda de dólares ao mercado futuro. Ainda em outubro, houve novamente a

necessidade de redução do deposito compulsório, com o objetivo de prover a

liquidez ao mercado, o BACEN reduziu de 8% para 5% a alíquota do

recolhimento compulsório adicional sobre os depósitos a vista e a prazo,

medida que injetaria um total de R$ 23,2 bilhões na economia. Alem disso o

valor mínimo do recolhimento do compulsório do depósito a prazo foi

aumentado de R$ 300 milhões para R$ 700 milhões. Mais uma vez o governo,

mexeria nas regras do deposito compulsório, injetando dessa vez ate R$ 100

milhões, valor esse que não seria liberado de uma vez só e nem o cronograma

seria divulgado, mas cerca de R$ 47 milhões seriam injetadas no curto prazo,

outras duas medidas no entanto teriam efeito imediato, a primeira elevaria de

R$ 300 milhões para R$ 1 bilhão de valor de dedução compulsório adicional

imediato sobre deposito a vista (corrente), aprazo (CDBs) e poupança o que na

pratica colocaria R$ 8 bilhões no SFN. A outra medida seria o desconto do

valor de compra de dólares em leilões do BACEN no recolhimento compulsório

que incide sobre os depósitos bancários das empresas de LEASING. A

proposta irrigaria o mercado com R$ 20 bilhões e incentivaria o giro da moeda

estrangeira no mercado e controlaria as oscilações da cotação do dólar. Na

metade do mês, O CMN reforçou em R$ 5,5 bilhões o crédito rural para a safra

08/09 como forma de sanar a dificuldade dos produtores em obter

empréstimos. A taxa de juro praticado seria de 6,75% ao ano. No final de

outubro foi à vez da construção civil ser ajudado pelo governo, para conter o

desaquecimento do setor de construção um dos principais empregadores do

pais anunciando a criação de uma nova linha de financiamento de capital de

giro para essas empresas, o valor reservado chegaria a R$ 11 bilhões e seria

obtido apartir da liberação de 5% dos depósitos da caderneta de poupança. A

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taxa de juro praticado seria de 11,4% a 12,4% ao ano menos que a própria

taxa de SELIC daquele momento de 13,75% ao ano. Na mesma altura, o

conselho usado do fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS) aprova

repasse de R$ 7 bilhões para o BNDES para fortalecimento dos empréstimos a

projetos de infra-estruturas do setor produtivo em área como energia elétrica,

ferrovias, portos, rodovias, hidrovias, habitação e saneamento.

Com o objetivo de manutenção do crescimento da economia, em novembro,

novas medidas emergenciais de expansão do crédito foram anunciadas, R$ 4

bilhões do BB aos bancos das montadoras, uma linha de credito do BNDES

para capital de giro de medias e grandes empresas, R$ 4 bilhões em

empréstimos de pré-embarque e empréstimos-pontes e uma linha BB para

capital de giro das medias e pequenas empresas no valor de R$ 5 bilhões.

Alem disso o governo ampliou o prazo de pagamento de alguns impostos

federais, e o conselho deliberativo do fundo de amparo ao trabalhador

(CODEFAT) aprovou a liberação de R$ 5,25 bilhões do FAT para credito a

micro e pequenas empresários e agricultura familiar. Pouco depois, a CEF

anunciou a liberação de R$ 2 bilhões em 12 meses na forma de financiamento

para vendas de eletrodomésticos, eletrônicos, moveis e materiais de

construção das lojas de pequenas e medias portes. Na metade do mês, o

governo anunciou novas linhas de financiamento habitacional da CEF e do BB

exclusivas para servidores públicos federais num total de R$ 8 bilhões e um

aumento de 25% na oferta de crédito consignado da CEF para 2009, elevando

assim em R$ 10 bilhões o valor disponível. No final do mês, o BNDES recebeu

mais de R$ 6,2 bilhões em recursos vindos dos depósitos compulsórios do

bancos ao BACEN. O valor seria usado pela instituição na oferta de capital de

giro a pequenas e medias empresas e empréstimos para exportação.

Em dezembro, sob o nome programa especial de crédito (PEC), o BNDES

anunciou uma nova linha de crédito no valor de R$ 6 bilhões para todos os

setores com exceção da construção civil. Em dezembro mais uma vez, o

governo lança pacote de estimulo ao consumo sob forma de cortes no imposto

de renda de pessoa física (IRPF), IPI dos automóveis, e IOF sobre compras a

prazo e o cheque pessoal, num total de R$ 8,4 bilhões em renuncia fiscal. Na

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metade do mês, por um prazo de 6 meses o governo suspendeu a obrigação

de apresentação de certidão negativa de débito (CND) para empresas e

pessoas físicas que queriam obter empréstimos de instituições financeiras

publicas.

Ø 2009

• MEDIDAS:

No segundo ano do impacto da crise no Brasil, o governo reduziu em 1% para

o patamar de 12,75% ao ano em janeiro, decisão dividido do comitê político

monetário (COPOM), foram 5 votos contra 3, que defendiam uma redução

mais conservadora de 0,75%, numero previsto pela maioria dos analistas

financeiros. No mesmo mês, o ministro da fazenda anunciava a injeção de R$

100 bilhões do tesouro nacional para o BNDES em recursos para garantir o

volume de crédito no mercado. Os empréstimos seriam concedidos apenas

com a condição de que seu uso gerasse empregos.

Logo no inicio de fevereiro, o CDEFAT aprovou a criação de uma linha de

crédito de R$ 200 milhões para o capital de giro de agencias de carros usados.

Segundo o ministro da fazenda o setor gerava 600 mil empregos diretos e

indiretos no pais, foi um dos mais atingidos pela crise. Em contrapartida os

empregadores fariam um acordo de manutenção de postos de trabalhos.

Um mês depois, foi anunciado um novo corte da taxa de Selic, desta vez de

1,5%, em decisão unânime a taxa básica de juros passa para 11,25% ao ano,

mesmo patamar de Março de 2008. No fim do mês de março, o presidente

anunciou o programa de habitação minha casa minha vida que tinha como

meta a construção de 1 milhão de moradias para famílias com renda de ate 10

salários mínimos. O critério para a definição de áreas proprietárias, partiria de

dados do instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE). No total o pacote

custaria R$ 34 bilhões. O objetivo do pacote alem de reduzir o déficit

habitacional do pais, seria estimular o setor de construção civil e gerar

empregos, combatendo os efeitos da crise. Em conjunto ao pacote o governo

reduziu a incidência de tributos sobre 30 itens de material de construção. Logo

depois, o governo anunciou um pacote de renuncia fiscal que incluía a

prorrogação do IPI reduzido sobre carros e caminhões por 3 meses, a redução

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do confins para montar e o corte do IPI sobre uma serie de itens usados na

construção civil. Para compensar a perda de receita os impostos sobre cigarros

seriam elevados. Em contrapartida ás medidas, o governo negociou com

empresas a manutenção de empregos.

No mês seguinte, logo no inicio, a câmera aprovou o texto básico de medidas

provisórias 451 que criava duas novas alíquotas do IR da pessoa física – de

7,5% e de 22,5% - e estabelecia incentivos fiscais a setores da economia. A

medida incluía ainda uma redução de impostos para setores de bebidas,

LEASING de aeronaves em empresas de Santa Catarina prejudicadas pelas

enchentes em 2008, alem operações de exportação. No mesmo dia o

presidente encomendava um estudo para reduzir o IPI sobre geladeiras,

fogões e maquinas de lavar. Na metade do mês, atendendo a pedidos de

caminhoneiros o governo anunciou a redução do preço do óleo diesel, mas

sem especificar a origem do corte, se por meio de corte de imposto ou redução

de preços por parte da Petrobras. Dias depois, o governo anunciou a redução

das alíquotas de IPI para produtos da linha branca em 10 pontos percentuais,

IPI das geladeiras caiu de 15% para 5%, o do fogão de 5% para 0%, o de

maquinas de lavar de 20% para 10% e o de tanquinhos de 10% para 0%. As

medidas valeria por 3 meses contando desde o anuncio.

No final de junho, O ministério da fazenda anunciou a prorrogação da redução

do IPI reduzido, para veículos, material de construção e linha branca de

eletrodomésticos. O IPI para carros ficaria reduzido ate fim de Setembro,

quando as alíquotas começam a voltar gradualmente ate voltarem ao normal

em Dezembro. Para linhas brancas a redução será mantido ate 31 de Outubro.

Nos casos dos materiais de construção o imposto menor ia ate o fim do ano.

Alem disso o ministro anunciou a redução no 3º trimestre da taxa de juros de

longo prazo (TJLP) de 6,25% ao ano para 6% ao ano.

4.4. O COMPORTAMENTO DA ECONOMIA DEPOIS D0 PACOTE

ANTI-CRISE

As medidas serviram para preservar o sistema financeiro nacional do efeito da

restituição da liquidez que vinha sendo observado. O BACEN, liberou

compulsórios retidos pelos bancos, ofereceu linhas de credito, intervir no que

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tange a garantias de emprego, financiou programas habitacionais, tudo para

estabilizar a economia e impedir que as conseqüências da crise dos EUA, se

alastrasse no país.

A seguir vamos acompanhar a evolução da economia brasileira nos últimos 3

anos depois das medidas lançadas:

Em 2008, a economia apresentou dois períodos distintos, nos três primeiros

períodos, a economia cresceu a taxas elevadas, sustentada pela expansão no

consumo e no investimento privado, e no ultimo trimestre, a economia

começou a mostrar os primeiros sintomas da crise, tendo o PIB fechado em

dezembro com um recuo de 3,6% em relação a setembro do mesmo ano, mas

no final do ano houve uma alta de 5,1% a.a.

Pela ótica da produção o desempenho anual do PIB teve resultados positivos

em todos os seus componentes, e sob a ótica da demanda, houve uma

expansão da demanda interna, superando o crescimento do produto e

sustentado o processo de crescimento da atividade econômica.

De acordo com pesquisas feitas pelo IBGE, o crescimento do PIB, foi a décima

sexta resultado positivo consecutivo, registrando um valor corrente a preços de

mercado de R$ 2.889,7 bilhões. O desempenho positivo , deu-se

principalmente pelo bom desempenho dos seus componentes, a produção

agropecuária aumentou 5,8%, impulsionado pelo crescimento de 6,8% da safra

dos grãos.

O crescimento do PIB, refletiu uma evolução favorável da economia nos nove

primeiros meses e depois segui arrefecendo devido ao agravamento da crise.

No primeiro trimestre houve um aumento de 1,6%, refletindo um aumento de

2,4% na indústria e 1,4% nos serviços, contrastando com a queda de 1,5% na

produção agropecuária, como podemos observar na tabela abaixo.

Tabela 14: PIB – Variações trimestre/trimestre imediatamente anterior com

ajustes sazonais (%)

Descriminação 2008

1º 2º 3º 4º

PIB a preço de mercado 1,6 1,6 1,7 -3,6

Agropecuária -1,3 3 1,3 -0,5

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Indústria 2,4 -0,2 3,6 -7,4

Serviços 1,4 0,9 0,8 -0,4

Fonte: IBGE (elaboração própria)

Nessa mesmo ano houve a expansão do consumo das famílias de 5% e do

governo de 4,1%.

Em 2008, os investimentos excluídos as variações de estoque aumentaram

13,8% de acordo com as pesquisas do IBGE, maior taxa anual desde 1994. Os

insumos da construção civil apresentaram crescimento anual de 8,5% no

mesmo ano em relação a 5,1% do não anterior, evolução impulsionada pelo

cenário de ganhos no mercado de credito e de trabalho e pelos impactos do

PAC.

A produção de bens de capital apresentou um crescimento anual de 14,3% em

2008 em relação a 19,5% do ano anterior, resultado do aumento do setor

agropecuária, em especial maquinas e equipamentos agrícolas de 35,1% e

58,8% de peças agrícolas; transportes 31,3%, energia 12%. Os bens de capital

para construção variaram 4,8% no período, e a produção de bens tipicamente

industriais aumentaram 4,6% no ano.

A produção industrial registrou uma taxa de crescimento anual de 3,1%,

segundo o índice de produção física da indústria geral da pesquisa industrial

mensal (PIM) do IBGE, em relação à expansão de 6% em 2007, como

podemos observar na tabela abaixo:

Tabela 15: produção industrial (%)

Discriminação 2007 200

8

Total 6,0 3,1

Por categoria de uso

Bens de capital 19,5 14,4

Bens intermediários 4,9 1,6

Bens de consumo 4,7 1,9

Bens duráveis 9,1 3,7

Bens semi e não duráveis 3,4 1,4

Fonte:IBGE (elaboração própria)

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As duas atividades de maior peso na indústria geral – alimento e veículos

automotores; foram significativamente impactados pela crise econômica,

registrando desaceleração dos crescimentos acumulados respectivos de 1,2%

e de 17,5% ate o terceiro trimestre, para expansão anual de 0,5% e de 8,2%

respectivamente.

As unidades como maior expansão, foram Goiás com 8,1%, com ênfase na

indústria de alimentos, bebidas e extrativa; e Paraná com 8,6% associado a

atividades de veículos automotores, edição e impressão, e celulose e papel.

O emprego industrial em 2008 cresceu 2,7%, de acordo com a media anual do

índice de pessoal ocupado assalariado (POA) da pesquisa industrial mensal de

emprego e salário (PIMES) do IBGE.

Segundo a pesquisa mensal do comercio (PMC), divulgado pelo IBGE, o índice

de volume das vendas no comercio ampliado aumentou 9,9% em 2008, sendo

que nos três primeiros trimestres, antes do agravamento da crise, a expansão

era de 13,8%, resultado do aumento das vendas relativo a equipamentos e

materiais para escritório, informática e comunicação de 33,5%; outros artigos

de uso pessoal e domésticos de 15,6%; moveis eletrodomésticos de 15,1%;

artigos farmacêuticos, médicos, ortopedistas, perfumaria e cosméticos de

13,3%; em segmentos de automóveis de 11,9% e materiais de construção de

7,8%.

A taxa de crescimento mais alta ficou com o Centro-Oeste de 11,3% e a menor

com o norte de 7,6%.

A receita nominal das vendas no comercio ampliado apresentou expansão de

15,1%, resultado de uma crescimento de 9,1% do volume de vendas e de

5,5% nos preços.

A venda automobilística aumentou 14,6%, sendo que elevou-se27,1% nos

nove primeiros meses.

A safra de grãos totalizou 145,8 milhões de tonelada em 2008, com um

crescimento anual de 9,6%, traduzido em expansão de 4,1% na área da

colheita e de 5,3% na produtividade media com ênfase nas produções das

regiões Centro-Oeste de 34,8% e sul de 42%.

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A produção da soja cresceu 3,4% totalizando 59,9 milhões de toneladas.

Registrou-se uma recuperação na exportação de grão de 3,3% no ano apos o

recuo de 4,9% em 2007. O milho atingiu 58,7 milhões de tonelada com um

aumento de 13,3% ao ano.

De acordo com a pesquisa trimestral do abate de animais, divulgado pelo

IBGE, as produções de bovinos, suínos e de aves, atingiram 6.619 milhões,

10.175 e 2.634,3 milhões de tonelada, respectivamente, com variações anuis

respectivos de -6,1%; 13,2% e 6,2%.

As exportações de carne de bovinos, de suínos e de aves totalizaram um

milhão; 3,3 milhão e 467,6 milhões toneladas, registrando uma variação de -

20,5%; 8,7% e -15,3%.

A produtividade da atividade industrial aumentou 1,1% em 2008, apos ter tido

uma alta de 4,6% em 2007, refletindo um aumento de 2,2% na produtividade

industrial de transformação e um recuo de 1,9% na indústria extrativa mineral.

O aumento da produtividade foi liderado pelas atividades de vestuários de

10,1% e fumo de 7,7%, contrastando com a redução do refino de petróleo e

álcool de 10%.

De acordo a pesquisa mensal de emprego (PME) do IBGE, a taxa de

desemprego médio atingido foi de 7,9%, representando um recuo de 1,4% em

relação a 2007 como podemos ver no gráfico abaixo:

Gráfico 6: taxa media de desemprego aberto 2008

Fonte: IBGE (elaboração própria)

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Segundo o cadastro geral de emprego e desemprego (COGED), do ministério

do trabalho (MTE), foram criados em 2008, 1.452,2 postos de trabalhos,com

carteira assinada, representando um crescimento de 6,4% a.a., representados

por, 6,7% no comercio; 6% nos serviços e 5,6% na indústria de transformação.

A media anual de rendimento, atingiu R$ 1.260,08, representados num

aumento de 3,4% em relação ao ano anterior, tendo um crescimento de 4,5%

no segundo semestre em relação ao ano anterior, apos ter tido uma elevação

de 2,3% no semestre anterior.

A inflação anual registrada foi de 5,9%, puxado pelo segmento de outros

artigos de uso pessoal domésticos de 21,7%, material de construção de

18,1%, hipermercados e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e

fumos de 17,2%, refletido na intensificação do ritmo da atividade econômico, o

aumento do preço dos alimentos e a elevação dos preços monitorados.

A trajetória da economia mundial respeitou dois períodos distintos em 2009. O

primeiro, observado até meados do segundo trimestre do ano, incorporou a

continuidade da reversão, iniciada em 2008, do ciclo de expansão econômica

principiado em 2002. No primeiro trimestre de 2008 houve um recuo de 0,9%

do PIB. A partir do segundo trimestre de 2009, o nível da atividade da

economia passou a registrar recuperação progressiva, expressa nos aumentos

respectivos de 1,4%, 1,7% e 2% assinalados pelo PIB nos trimestres

finalizados em junho, setembro e dezembro. Esse movimento foi impulsionado

pela retomada da demanda interna, pelas medidas temporárias de renúncia

fiscal do governo federal e, na segunda metade do ano, pela intensificação dos

investimentos. O desempenho anual do PIB em 2009 refletiu as retrações

respectivas de 5,2% e 5,5% assinaladas nos setores primário e secundário e o

crescimento de 2,6% registrado no setor de serviços, ressaltando-se que o

desempenho desfavorável da produção agropecuária traduziu, em grande

parte, as quebras de safras decorrentes da ocorrência de condições

meteorológicas adversas no período de desenvolvimento de importantes

culturas. O recuo anual de 5,5% observado no setor industrial refletiu, em

especial, as contrações assinaladas na indústria de transformação, 7%; e na

construção civil, 6,3%, enquanto o maior dinamismo observado no setor de

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serviços, compatível com a recuperação da demanda interna, foi sustentado

pelos desempenhos dos segmentos serviços de intermediação financeira,

seguros, previdência complementar e serviços relativos, 6,5%; outros serviços,

5,1%; serviços de informação, 4,9%; administração, saúde e educação

públicas, 3,2%; e atividades imobiliárias e aluguel, 1,4%. Os setores comércio

e transporte, armazenamento e correios, que refletem, em parte, o

comportamento dos setores agropecuário e industrial, apresentaram recuos

respectivos anuais de 1,2% e 2,3%.

Os investimentos, excluídas as variações de estoques, registraram recuo anual

de 9,9% em 2009, de acordo com as Contas Nacionais Trimestrais, divulgadas

pelo IBGE. A produção de insumos da construção civil apresentou recuo anual

de 6,3% em 2009, em relação a elevação de 8,5% no ano anterior. A produção

de bens de capital, evidenciando o impacto inicial do agravamento da crise

mundial sobre a demanda por bens para investimento, decresceu 17,4% em

2009, em relação a expansão de 14,3% no ano anterior, refeltindo reduções

generalizadas nos segmentos desta industria, nos setores ligados à construção

civil, 48,5%, e à agropecuária, em especial peças agrícolas, 38,4%, e

máquinas e equipamentos agrícolas, 28,5%.

Os desembolsos do BNDES, da Finame e BNDESpar, registraram um

crescimento anual de 50% em 2009, situando-se em R$136,4 bilhões,

ressaltem-se as elevação nos totais destinados à indústria de transformação,

68,9%, e ao segmento comércio e serviços, 42,6%, como podemos observar

na tabela abaixo.

Tabela 16: desembolsos do BNDES, da Finame e BNDESpar (em milhões)

Discriminação 2008 2009

Total 90878 136356

Por setor

Indústria de transformação 35710 60302

Comercio e serviço 46263 65979

Agropecuária 3595 6856

Indústria Extrativa 3311 3219

Fonte: IBGE (elaboração própria)

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Em 2009, a produção física da indústria assinalou recuo anual de 7,4% em

2009, segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física – Brasil (PIM-

PF) do IBGE. A produção física de bens de capital apresentou decréscimo

anual de 17,4% em 2009, com ênfase nas retrações assinaladas nas

atividades máquinas e equipamentos, 29,4%; material eletrônico, aparelhos e

equipamentos de comunicação, 27,7%; e máquinas, equipamentos e materiais

elétricos, 26,8% e registrou-se uma elevação na produção de outros

equipamentos de transporte, exclusive automóveis, constituindo o único

resultado positivo do ano, 16,2%. Em relação a produção de bens de consumo

duráveis houve um recuou de 6,4% em 2009, ressaltando-se as retrações

observadas nas atividades outros equipamentos de transporte, exclusive

automóveis, 32,9%; e material eletrônico, aparelhos e equipamentos de

comunicação, 24,3%, enquanto, em sentido inverso, as produções dos

segmentos máquinas e equipamentos, e mobiliário registraram aumentos

respectivos de 8,2% e 1,2%.

O Índice de Volume de Vendas no Comércio Ampliado registrou um aumento

anual de 6,9% em 2009, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio

(PMC), do IBGE, impulsionados, pelas expansões registradas nas vendas de

artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos, 11,8%;

automóveis, motocicletas, partes e peças, 11%; equipamentos e materiais para

escritório e comunicação, 10,6%; e livros, jornais, revistas e papelaria, 9,6%,

contrastando com os decréscimos assinalados nos segmentos material de

construção, 6,6%; e tecidos, vestuário e calçados, 2,7%. O resultado mais

favorável ocorreu no Nordeste, 8,5%, seguindo-se os relativas às regiões

Sudeste, 7,6%; Centro-Oeste, 6%; Sul, 5,8%; e Norte, 3,6%. Em relação às

unidades da Federação, à exceção da retração de 0,6% observada no

Amazonas, ocorreram, igualmente, aumentos generalizados nas vendas, com

ênfase nos assinalados no Piauí, 15,8%; Sergipe, 15,6%; Roraima, 10,8%;

Alagoas, 10,4%; e Ceará, 10,2%, sendo que a Receita Nominal de Vendas do

Comércio Ampliado, teve uma expansão anual de 7,8% no mesmo ano, sendo

que impulsionados pelos, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de

perfumaria, 18,3%; outros artigos de uso pessoal e doméstico, 18% e livros,

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jornais, revistas e papelaria, 14,1%. Os crescimentos mais modestos da receita

nominal ocorreram em móveis e eletrodomésticos, 1,5%; e combustíveis e

lubrificantes, 1,9%. Favorecidas pela redução do Imposto sobre Produtos

Industrializados (IPI) e pela melhora nas condições de crédito, as vendas do

setor automobilístico cresceram 12,7% em 2009, de acordo com a Federação

Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

A safra de grãos atingiu 133,8 milhões de toneladas em 2009, apresentando

redução anual de 8,3%, conforme o Levantamento Sistemático da Produção

Agrícola (LSPA), divulgado pelo IBGE em conjunto com a Companhia Nacional

de Abastecimento (Conab).

A produção de soja recuou 4,8%, para 57 milhões de toneladas, registrando-se

retração, as exportações do grãos aumentaram 16,6% no ano. A colheita de

arroz atingiu 12,6 milhões de toneladas, crescimento anual de 4,2%, a safra de

milho totalizou 51 milhões de toneladas, reduzindo-se 13,5% no ano, e a

colheita de trigo totalizou 4,9 milhões de toneladas, recuando 16% no ano.

De acordo com a Pesquisa Trimestral de Abate de Animais, divulgada pelo

IBGE, as produções de aves, bovinos e suínos totalizaram 9,9 milhões, 6,6

milhões e 2,9 milhões de toneladas em 2009, representando aumentos anuais

respectivos de 10,9% para suínos, de 0,3% para bovinos e retração de 2,7%

para aves. As vendas externas de aves, bovinos e de suínos somaram 3,3

milhões, 926,1 mil e 529,2 mil toneladas em 2009, registrando variações

anuais de -0,1%, -9,5% e 13,2%, como podemos observar no gráfico a baixo.

Gráfico 7: produção animal 2009 (%)

Fonte: IBGE (elaboração própria)

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A produtividade do trabalho industrial divulgado pelo IBGE, recuou 1,9% em

2009, em relação a aumentos respectivos de 1,1% e 4,1% nos dois anos

anteriores. Registraram-se retrações de 1,7% na produtividade da indústria de

transformação e de 7,9% na indústria extrativa mineral. A produtividade do

trabalho industrial registrou retração no Espírito Santo, 9,4%; em Minas Gerais,

5,5%; e em São Paulo, 4,6%, contrastando com os resultados positivos

observados no Paraná, 4,2%, e em Pernambuco, 2,3%.

De acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, a taxa de

desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país atingiu 8,1%

em 2009 e foram gerados 995,1 mil postos de trabalho com carteira de

trabalho assinada em 2009, sendo que o número de trabalhadores com

carteira assinada aumentou 2,1% no ano, com ênfase nas expansões

registrados na construção, 6,2%, e no comércio e no setor de serviços, ambas

de 3,9%, contrastando com a retração de 2,2% observada na indústria de

transformação.

Em 2010 o PIB, teve um crescimento de 7,5%. Alavancado pelo bom

desempenho do agronegócio mineiro atingindo o valor de R$ 105,4 bilhões

batendo recorde histórico. O crescimento foi de 16,2% em relação ao ano

anterior.

Em 2010 foram abatidas 29,265 milhões de cabeças de bovinos,

representando aumento de 4,3% em relação ao ano anterior. Também houve

elevações nos abates de frango (4,5%), com 4,988 bilhões de unidades

abatidas, e de suínos (5,1%), com 32,510 milhões de unidades abatidas. No

ano passado, foram adquiridos 20,966 bilhões de litros de leite, 7,0% a mais

que em 2009, e 35,009 milhões de peças de couro cru inteiro de bovinos. Já a

produção de ovos de galinha atingiu 2,460 bilhões de dúzias, 4,2% a mais que

em 2009.

No acumulado do ano, o Centro-Oeste respondeu por 34,7% do abate de

bovinos, e o Sudeste, por 22,3%. Mato Grosso continua sendo o estado líder

no abate de bovinos (14,0% do total), seguido por São Paulo (12,1%) e Mato

Grosso do Sul (11,3%).

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O abate de bovinos tem mostrado recuperação após período de crise

internacional (4º trimestre de 2008 ao 2º trimestre de 2009). A partir do terceiro

trimestre de 2009, apresentou cinco trimestres consecutivos de crescimento

em relação aos respectivos períodos do ano anterior. Apenas no 4º trimestre

de 2010 o abate de bovinos foi inferior ao mesmo período do ano anterior,

apresentando variação negativa. Contudo, ressalta-se que o 4º trimestre de

2009 não era mais período de crise, e o mercado encontrava-se bastante

aquecido.

O BNDES fechou 2010 co R$45,7 bilhões em financiamento para micro,

pequenas e medias empresas e pessoas físicas, o valor correspondeu a 93%

das 610 mil operações de credito realizados pelo banco estatal, quase o dobro

de 2009. o programa “Pro caminhoneiro”, destinado ao caminhoneiro

autônomo e microempresa, registrou desempenho recorde no valor de

financiamento aprovado, R$ 6,6 bilhões, contribuindo assim para a renovação

de frota no pais.

O setor industrial respondeu por 47% das liberações totais do banco, seguido

pela infra-estrutura, com presença de 31%, e por comercio e serviço com 16%,

como podemos ver no gráfico abaixo.

Gráfico 8: Desembolso do BNBES por setor 2010 (%)

desembolso do BNDES por setor (%)

0

10

20

30

40

50

1

setores

porcentagem

Ianfra-estrutura comercio e serviços industria

Fonte: banco central (elaboração própria)

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CONCLUSÃO

Os baixos juros e o crédito fácil foram responsáveis, em parte, pela bolha

imobiliária norte-americana e os aumentos nos juros impostos pelo Fed (Banco

Central norte-americano) diante da ameaça da inflação, causaram problemas a

uma parcela da população. Muitas seguradoras e bancos, sem exigir garantias

suficientes ou sequer comprovação de renda, concederam financiamentos

para compra de imóveis. Com o aumento dos juros, alguns devedores não

conseguiram quitar os empréstimos o que resultou em prejuízo às instituições

financeiras e à economia.

Conclui-se que a economia brasileira sofreu os efeitos da crise financeira.

Comparado com os danos sofridos por outros países, os efeitos no Brasil não

foram tão amplos. Considerado pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva como

sendo uma “marolinha”.

Dados os efeitos da crise, citados no capitulo IV, o governo brasileiro focou

suas medidas na desoneração tributária, concessão de liquidez na economia e

ampliação do crédito. No primeiro caso, o governo reduziu o IPI para

automóveis flex, caminhões, materiais da construção civil, moveis e bens de

capital. O governo também zerou a alíquota do trigo, farinha de trigo e pão

francês até o final deste ano, e reduziu a alíquota do PIS no financiamento de

motocicletas. Também foram reajustadas, em 4,5%, as faixas do imposto de

renda e no âmbito financeiro reduziram a taxa do IOF de 3% para 1,5% para

pessoas jurídicas; fortalecendo o consumo interno do brasileiro.

Em relação a estímulos diretos ao consumo, o governo adotou políticas que

aumentou o poder de compra do brasileiro via programas sociais. Em 2009, o

Bolsa-Família foi reajustado em 4%, o governo investiu tambem na política do

aumento do salário mínimo, chegando ao valor de R$ 510,00 no início de

2010., aumentando assim, a participação do consumo da família brasileira no

PIB.

Em relação a concessão de liquidez, o governo brasileiro, com intermediação

do banco central, amparou os bancos nacionais. Entretanto, o Brasil adotou

uma política diferente dos países desenvolvidos, que injetaram grandes

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quantidades de dinheiro em seus bancos, enquanto aqui, com a percepção de

uma crise menos efetiva, agiu com a redução da taxa de compulsório, e

alteração na forma de recolhimento dos depósitos a prazo dos bancos.

O governo autorizou os bancos a renegociarem suas dívidas, melhorou as

condições do fundo garantidor de crédito com o intuito de ajudar os pequenos

e médios bancos, e autorizou pagamentos em moeda estrangeira das

obrigações das instituições financeiras e não-financeiras. De forma a agir

incisivamente dentro do sistema financeiro, o governo autorizou seus bancos,

Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, a constituir subsidiárias e adquirir

partes de instituições financeiras privadas nacionais.

Através de leilões de câmbio, o Banco Central injetou US$ bilhões na

economia. Parte da reserva internacional brasileira foi disponibilizada para

ampliação das fontes de financiamento de empresas no exterior. A medida

monetária, de maior destaque, foi a redução da taxa básica de juros (Selic).

Em relação à ampliação de credito, o governo, através do BB, injetou bilhões

para montadoras do setor automobilismo e no setor imobiliário, sendo o

primeiro o setor mais afetado pela crise, com estas medidas, as autoridades

monetárias conseguiram aumentar o volume do crédito durante o ano de 2009.

A indústria brasileira teve perdas significativas devido a crise financeira, o

governo adotou políticas ditas protecionistas para a indústria nacional. Proveu

financiamento de energia elétrica para empresas e obras que fazem parte do

PAC.

Com seu programa social “Minha Casa, Minha Vida”, o gestor público

incentivou à produção e aquisição de unidades habitacionais, um setor

também prejudicado pela crise.

Na produção voltada para a exportação, o governo criou o fundo garantidor do

comércio do exterior e reduziu os gastos com a burocratização inibindo os

efeitos negativos da valorização da moeda e da queda dos preços de seus

produtos exportados, como resultado, a indústria brasileira voltou a crescer já

no final de 2009.

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O conjunto de medidas apresentou uma forte ação anti-crise, impulsionando a

economia brasileira, vale saber até onde a impulsão vai levar a economia

brasileira, ou se o país ira afundar em outras crises.

Sobre a economia do Brasil, perante a crise podemos afirmar que foi o país

agüentou firme todas as adversidades oriundas dessa da crise mundial que

atingiu a todos. A indústria brasileira, com certeza, foi o setor mais prejudicado,

principalmente pela falta de crédito, mas que graças à ação firme do governo

que procurou aliviar a tensão abrindo crédito a determinados setores da

indústria, promovendo isenção e redução de impostos, criando incentivos para

o fortalecimento do mercado interno, fazendo com que a economia

social Brasileira criasse força, e conseguindo segurar, sem grandes traumas,

principalmente o setor de emprego que é fundamental para o funcionamento

da economia.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Políticas Econômicas

1.1 – Para que servem as políticas econômicas 9

1.2 – Instrumentos das políticas econômica 10

1.2.1 - Política monetária 10

1.2.2 - Política fiscal 15

1.2.3 - Política cambial 17

1.3 - Interação das políticas econômicas 19

CAPÍTULO II

Sistema Financeiro Nacional

2.1 - Origens e aspecto histórico 22

2.2 - Composição do sistema financeiro nacional 24

2.2.1. – Órgãos normativos 25

2.2.2. – Entidades supervisoras 26

2.2.3 - Operadores 29

2.3 - Administradores do sistema financeiro 40

CAPÍTULO III

Economia brasileira sua evolução ao longo dos anos

3.1 - Cronologia da evolução econômica brasileira nas décadas de 1980 e

1990 41

3.1.1 - Plano cruzado 41

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85

3.1.2 - Plano Bresser 42

3.1.3 - Plano verão 43

3.1.4 - Plano Collor 43

3.1.5 - Plano real 44

3.2 - A economia na ultima década 46

CAPÍTULO IV

Crise financeira mundial em 2007

4.1 - A origem da crise 59

4.1.2 - Cronologia da crise - fatos marcantes 60

4.2 - Efeitos da crise na economia brasileira 61

4.3 – Medidas tomadas pelo governo no combate a crise 64

4.4 – O comportamento da economia depois das medidas 68

CONCLUSÃO 79

BIBLIOGRAFIA 82

ÍNDICE 84

Lista de figuras, quadros e gráficos 86

LISTA DE FIGURAS, QUADROS E GRÁFICOS

Figura 1 20

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Tabela 1 24-25

Tabela 2 45-46

Tabela 3 46

Tabela 4 46-47

Tabela 5 48

Tabela 6 49-50

Tabela 7 50-51

Tabela 8 52

Tabela 9 53-54

Tabela 10 54-55

Tabela 11 55-56

Gráfico 1 56

Tabela 12 57

Gráfico 2 57

Tabela 13 58

Gráfico 3 58

Gráfico 4 62

Gráfico 5 63

Tabela 14 69-70

Tabela 15 70

Gráfico 6 72

Tabela 16 74

Gráfico 7 76

Gráfico 8 78