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Equipe de funcionários (da esquerda para a direita): Luciano, Ângelo e Milton Jornal da Produção de Leite / Ano XXI - Número 279 - Viçosa, MG - Julho de 2012 PDPL-RV Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de Viçosa www.ufv.br/pdpl Dividindo tarefas, maximizando resultados Ao fazer uma análise dos custos de produção da atividade leiteira, conclui-se que alimentação e gastos com funcionários representam cerca de 70% do total das despesas. Desta forma, aumentar a eficiência da mão de obra torna-se muito importante, no intuito de melhorar resultados e, consequentemente, proporcionar maior rentabilidade ao produtor. Na Fazenda “Santo André”, pro- priedade do sr. Luciano Sampaio Marques, localizada em Teixeiras/ MG, foi proposto aos funcionários uma divisão das tarefas rotineiras, baseada principalmente na setori- zação da fazenda, com objetivo de alcançar maior agilidade no cum- primento das atividades, facilitar o manejo do rebanho e promover me- lhores condições de trabalho. Nesta escala de atividades cada fun- cionário é responsável por funções específicas, como manejo de ordenha e sanitário dos animais, distribuição dos alimentos e limpeza dos currais, tratos culturais e manutenções em geral. Contudo, isto não impede que um funcionário auxilie a atividade do outro quando necessário. O cronograma das atividades foi atribuído às aptidões de cada funcio- nário, naturalmente desenvolvidas no dia a dia da propriedade. Assim cada um teria maior probabilidade de expressar seu potencial em sua respectiva tarefa. Existe, ainda, uma escala de revezamento de atividades em dias de folga, pois cada funcioná- rio tem direito a uma folga por se- mana, proporcionando-os melhores condições de trabalho. Renata Vasconcelos Estudante de Medicina Veterinária Marcelo Carvalho Estudante de Zootecnia As propostas foram bem aceitas na propriedade e passaram a promover melhores resultados na realização das atividades diárias, como tratos realizados em horários definidos (antes do término da ordenha), lim- peza eficiente do “free-stall”, trocas frequentes de areia das camas e da solução de pedilúvio. Isso refletiu di- retamente em alguns índices zootéc- nicos, como a elevação da média de produção diária por vaca e também diminuição de alguns problemas sa- nitários, como afecções de cascos e retenções de placenta. Atualmente, muito se ouve falar na falta de funcionários para trabalhar em propriedades rurais, a capacita- ção e a eficiência da mão de obra tor- na-se uma exigência cada vez mais frequente. Estratégia como esta, de divisão de tarefas, é uma boa alter- nativa, por ser flexível a cada sistema de produção. Dicas do Agrônomo: Controle de formigas na época da seca Infecção uterina X Rentabilidade p. 2 Momento do Produtor: Cláudio Casilhas Sabioni A importância do detergente alcalino clorado na limpeza da ordenha p. 3 Qualidade do Leite: Utilização da energia solar para higienização dos siste- mas de ordenha p. 4 p. 4 p. 2 Redução de custos de bezerras – Produtor José Francisco A criação de bezerras é uma das principais etapas dentro da ativida- de leiteira, uma vez que a melhoria genética do rebanho depende delas. O custo desta fase é alto, devido principalmente ao aleitamento, que representa aproximadamente 50% do custo. Pensando nisso, o produtor José Francisco Gomide, proprietário do Sítio Sapé, localizado no município de Cajuri /MG, adota algumas estra- tégias para reduzir os custos durante a fase da cria. Um deles é o congelamen- to do colostro para utilizar durante o aleitamento dos animais. Outra alter- nativa é a utilização de sucedâneo de boa qualidade na substituição de par- te do leite, quando não há quantidade suficiente desse colostro. O produtor realiza o congelamento do colostro em garrafas pet e o ar- Gustavo Rollo Estudante de Medicina Veterinária Vasconcélio Egydio Estudante de Zootecnia mazena no congelador da geladeira, onde este leite poderá ser estocado por longo tempo. Um cuidado toma- do é em relação ao descongelamen- to do colostro. Para não aquecê-lo a temperatura superior a 37°C, ele o realiza em banho maria. A diluição feita na propriedade é de duas partes de colostro para uma parte de água, ou então uma parte de colostro para duas partes de leite cru, evitando as- sim possíveis problemas nas bezer- ras. A tabela abaixo é um comparativo econômico dentro do sistema da fa- zenda entre a dieta convencional e aquela realizada pelo produtor. Vale ressaltar ainda que medidas como estas podem ser adotadas tan- to em pequenas como em grandes propriedades, porém deve ser feito um acompanhamento do desenvol- vimento dos animais para avaliar a necessidade de aumento nas quan- tidades de concentrado, ou a pos- sibilidade da ocorrência do ganho de peso compensatório na fase de recria. Portanto, é interessante o uso de estratégias como essas na tentativa de reduzir os custos, e consequen- temente tornar a atividade mais lu- crativa. Dieta convencional Dias 0-3 Alimento Colostro* Quantidade 5 L Custo durante o período/animal 0 3-10 10-40 40-60 Leite Cru Leite Cru Leite Cru 5 L 4 L 4 L R$ 30,45 R$ 104,40 R$ 69,60 Total (0-60) R$ 204,45 Dieta com o colostro Dias 0-10 Alimento Colostro* Quantidade 5 L Custo durante o período/animal 0 10-40 40-60 Total (0-60) Colostro + Sucedâneo** Sucedâneo 2,5 L colostro + 2,5 L sucedâneo 4 L R$ 18,00 R$ 19,20 R$ 37,2 + 10% (MDO + Energia elétrica) = R$ 40,92 *Este colostro não possui valor comercial **Preço da mistura Sucedâneo com água: R$ 0,24/L Preço do leite R$ 0,87/L Economia:R$ 163,53/animal Fêmea em aleitamento

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Page 1: Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região ... · falta de funcionários para trabalhar em propriedades rurais, a capacita-ção e a eficiência da mão de obra

Equipe de funcionários (da esquerda para a direita): Luciano, Ângelo e Milton

Sistema de boas práticas na fazenda é aplicado nas propriedades assistidas pelo PDPL-RV Jornal da Produção de Leite / Ano XXI - Número 279 - Viçosa, MG - Julho de 2012

PDPL-RV Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de Viçosa www.ufv.br/pdpl

Dividindo tarefas, maximizando resultados

Ao fazer uma análise dos custos de produção da atividade leiteira, conclui-se que alimentação e gastos com funcionários representam cerca de 70% do total das despesas. Desta forma, aumentar a eficiência da mão de obra torna-se muito importante, no intuito de melhorar resultados e, consequentemente, proporcionar maior rentabilidade ao produtor.

Na Fazenda “Santo André”, pro-priedade do sr. Luciano Sampaio Marques, localizada em Teixeiras/MG, foi proposto aos funcionários uma divisão das tarefas rotineiras, baseada principalmente na setori-zação da fazenda, com objetivo de alcançar maior agilidade no cum-

primento das atividades, facilitar o manejo do rebanho e promover me-lhores condições de trabalho.

Nesta escala de atividades cada fun-cionário é responsável por funções específicas, como manejo de ordenha e sanitário dos animais, distribuição dos alimentos e limpeza dos currais, tratos culturais e manutenções em geral. Contudo, isto não impede que um funcionário auxilie a atividade do outro quando necessário.

O cronograma das atividades foi atribuído às aptidões de cada funcio-nário, naturalmente desenvolvidas no dia a dia da propriedade. Assim cada um teria maior probabilidade de expressar seu potencial em sua respectiva tarefa. Existe, ainda, uma escala de revezamento de atividades em dias de folga, pois cada funcioná-rio tem direito a uma folga por se-mana, proporcionando-os melhores condições de trabalho.

Renata VasconcelosEstudante de Medicina Veterinária

Marcelo CarvalhoEstudante de Zootecnia

As propostas foram bem aceitas na propriedade e passaram a promover melhores resultados na realização das atividades diárias, como tratos realizados em horários definidos (antes do término da ordenha), lim-peza eficiente do “free-stall”, trocas frequentes de areia das camas e da solução de pedilúvio. Isso refletiu di-retamente em alguns índices zootéc-nicos, como a elevação da média de produção diária por vaca e também diminuição de alguns problemas sa-nitários, como afecções de cascos e retenções de placenta.

Atualmente, muito se ouve falar na falta de funcionários para trabalhar em propriedades rurais, a capacita-ção e a eficiência da mão de obra tor-na-se uma exigência cada vez mais frequente. Estratégia como esta, de divisão de tarefas, é uma boa alter-nativa, por ser flexível a cada sistema de produção.

Dicas do Agrônomo:Controle de formigas na

época da seca

Infecção uterinaX

Rentabilidadep. 2

Momento do Produtor:Cláudio Casilhas Sabioni

A importância do detergente alcalino clorado na limpeza

da ordenhap. 3

Qualidade do Leite:Utilização da energia solar para higienização dos siste-

mas de ordenha p. 4p. 4p. 2

Redução de custos de bezerras – Produtor José Francisco

A criação de bezerras é uma das principais etapas dentro da ativida-de leiteira, uma vez que a melhoria genética do rebanho depende delas. O custo desta fase é alto, devido principalmente ao aleitamento, que representa aproximadamente 50% do custo.

Pensando nisso, o produtor José Francisco Gomide, proprietário do Sítio Sapé, localizado no município de Cajuri /MG, adota algumas estra-tégias para reduzir os custos durante a fase da cria. Um deles é o congelamen-to do colostro para utilizar durante o aleitamento dos animais. Outra alter-nativa é a utilização de sucedâneo de boa qualidade na substituição de par-te do leite, quando não há quantidade suficiente desse colostro.

O produtor realiza o congelamento do colostro em garrafas pet e o ar-

Gustavo RolloEstudante de Medicina Veterinária

Vasconcélio Egydio Estudante de Zootecnia

mazena no congelador da geladeira, onde este leite poderá ser estocado por longo tempo. Um cuidado toma-do é em relação ao descongelamen-to do colostro. Para não aquecê-lo a temperatura superior a 37°C, ele o realiza em banho maria. A diluição feita na propriedade é de duas partes de colostro para uma parte de água, ou então uma parte de colostro para duas partes de leite cru, evitando as-

sim possíveis problemas nas bezer-ras.

A tabela abaixo é um comparativo econômico dentro do sistema da fa-zenda entre a dieta convencional e aquela realizada pelo produtor.

Vale ressaltar ainda que medidas como estas podem ser adotadas tan-to em pequenas como em grandes propriedades, porém deve ser feito um acompanhamento do desenvol-

vimento dos animais para avaliar a necessidade de aumento nas quan-tidades de concentrado, ou a pos-sibilidade da ocorrência do ganho de peso compensatório na fase de recria.

Portanto, é interessante o uso de estratégias como essas na tentativa de reduzir os custos, e consequen-temente tornar a atividade mais lu-crativa.

Dieta convencionalDias0-3

AlimentoColostro*

Quantidade5 L

Custo durante o período/animal0

3-1010-4040-60

Leite CruLeite CruLeite Cru

5 L4 L4 L

R$ 30,45R$ 104,40R$ 69,60

Total (0-60) R$ 204,45

Dieta com o colostroDias0-10

AlimentoColostro*

Quantidade5 L

Custo durante o período/animal0

10-40

40-60

Total (0-60)

Colostro + Sucedâneo**

Sucedâneo

2,5 L colostro + 2,5 L sucedâneo

4 L

R$ 18,00

R$ 19,20R$ 37,2 + 10% (MDO + Energia

elétrica) = R$ 40,92*Este colostro não possui valor comercial **Preço da mistura Sucedâneo com água: R$ 0,24/L

Preço do leite R$ 0,87/L

Economia:R$ 163,53/animalFêmea em aleitamento

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Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de Viçosa

Publicação editada sob a responsabilidade do

Coordenador do PDPL-RV:Prof. Sebastião Teixeira

Gomes

Jornalista Responsável:José Paulo Martins

(MG-02333-JP)

Redação:Christiano Nascif

Zootecnista

Marcus Vinícius C. MoreiraMédico Veterinário

André Navarro LobatoMédico Veterinário

Thiago Camacho RodriguesEngenheiro Agrônomo

Diagramação e coordenação gráfica:

Erika VieiraNeide Assis

Impressão:Suprema Gráfica e Editora

(32) 3551 2546

Endereço do PDPL-RV: Ed. Arthur Bernardes

Subsolo/ Campus da UFVCep: 36570-000

Viçosa - MG

Telefax: (31) 3899 5250E-mail: [email protected]

www.pdpl.ufv.brTwitter: @PDPLRV

Facebook: Pdpl Minas Gerais

Jornal da Produção de Leite

Maria Alice ReisEstudante de Agronomia

Na pecuária leiteira, os investimen-tos em um volumoso de qualidade são vistos com grande importância, pois acarretarão em um alimento fi-nal nutritivo e palatável para os ani-mais. Visando alcançar esse alimento ideal, o plantio bem feito da cultura a ser futuramente fornecida ao reba-nho é indispensável para o desenvol-vimento da planta e boa produtivida-de das forrageiras. Para o plantio ser realizado de forma correta, alguns tratos antecedentes se fazem essen-ciais.

Após a correta interpretação da análise de solo e as recomendações de adubação serem devidamente feitas, outros manejos são importan-tes até o plantio. Assim, o controle de formigas cortadeiras quenquéns (Acromyrmex spp.) e saúvas (Atta spp.) (que se diferem em saúva cabe-ça de vidro, saúva-limão e saúva ma-ta-pasto) é necessário, já que ambas atacam monocotiledôneas (milho e cana).

Estudos comprovam que um for-migueiro de saúvas provoca a perda de 3,6 toneladas de cana-de-açú- car/ha/ano, já que danifica touceiras, raízes, gemas, colmos e toletes, ante-cipando assim a reforma do canavial do 5° para o 3° corte. Ao valor de R$ 60,00/ton, é estimado um prejuí-zo de R$ 216,00/formigueiro.

Já em pastagens, 10 sauveiros adul-tos/ha, chegam a cortar 25 kg de for-ragem/dia, reduzindo a capacidade suporte em pelo menos 1,2 cabe- ças/ha. Proporcionam também a perda de área (7%) devido aos mon-tes de terra solta, maior desenvolvi-mento de plantas daninhas além de facilitar o processo de erosão.

Algumas recomendações para o controle dessa praga são:

• Polvilhamento do formigueiro: aplicação de pó seco nos olheiros através de bombas manuais (“taman-duá”). Apresentam eficiência apenas em formigueiros iniciais e uma baixa relação custo/benefício;

• Termonebulizadores: o óleo mi-neral presente no produto comercial é aquecido, formando uma fumaça que arrasta as partículas do insetici-da e mata as formigas por contato. É um método bastante eficiente e não depende de condições climáticas, porém o manejo do equipamento requer cuidados e treinamento dos operadores;

• Uso de iscas granuladas, co-nhecidas por terem uma boa rela-ção custo/benefício e serem de fácil manuseio. Porém, há a necessidade de ter uma boa noção do dimensio-namento do formigueiro, a fim de se evitar uma sub ou superdosagem. Assim, deve-se medir o maior com-primento x maior largura do monte de terra solta e aplicar 10 a 15 g/m² do produto;

• Local de aplicação: A aplicação deve ser feita a uma distância de 20 cm em torno dos olheiros de car-regamento e ao lado das trilhas de forrageamento (local onde são reali-

Controle de formigas na época da secaTécnicas eficientes que diminuem perdas

Dicas do Agrônomo

zados a procura, a captura e o trans-porte do alimento);

É importante não colocá-la sobre os olheiros e nem dentro da trilha, pois dessa forma serão rejeitadas pe-las formigas;

• Época do controle: o melhor mo-mento de aplicação é na época seca, pois é importante evitar o contato da isca com a umidade.

Portanto, o controle de formigas se faz necessário, visto que em am-bientes onde a monocultura é cada vez mais presente, a biodiversidade é diminuída gradativamente, supri-mindo os inimigos naturais dessas pragas. A partir dos tratos reco-mendados, é possível evitar perdas econômicas e garantir assim uma produtividade superior das culturas e, consequentemente, um melhor aproveitamento da terra.

Cortes em meia-lua: característica marcante das formigas cortadeiras

Infecção uterina X RentabilidadeAs infecções uterinas causam gran-

des perdas econômicas à pecuária leiteira, geradas pelos gastos com medicamentos, aumento do interva-lo de parto, do número de doses de sêmen por prenhez, além da dimi-nuição da produção leiteira.

O tratamento das infecções uteri-nas deve ser realizado da seguinte maneira:

• Vacas no período de espera vo-luntário, até 45 dias pós-parto, de-vem ser tratadas com antibioticote-rapia sistêmica;

• Vacas após o período de espera voluntário e sem presença de corpo lúteo, devem ser tratadas com anti-bioticoterapia sistêmica ou com in-

fusão uterina com antibiótico;• Em vacas após o período de espe-

ra voluntário com presença de corpo lúteo, o tratamento deve ser realizado com a aplicação de prostaglandina.

Na busca de mensurar as perdas econômicas causadas pelas infecções uterinas, foi realizado um estudo na fazenda Oásis, propriedade do sr. Sérgio Henrique Viana Maciel, no município de Coimbra/MG.

Foram analisadas as lactações anu-

Sílvio Braga Estudante de Medicina Veterinária

ais de 14 animais que apresentaram infecção em relação ao restante do rebanho. Os resultados encontrados estão na tabela abaixo:

As infecções uterinas geram uma diminuição na produção de leite anual porque levam a uma queda na produção diária da vaca, mas princi-palmente, pelo aumento no intervalo de parto. Esse aumento em relação à média dos animais sadios do reba-nho foi de 2,2 meses.

Os animais que apresentaram in-fecção uterina durante a lactação produziram em média 14% menos leite do que a média do rebanho, e 21% menos em relação à média dos animais que não apresentaram infec-ção. Em um exemplo em que o preço de leite seja R$ 0,90 o litro, cada vaca deixa de gerar uma renda bruta de R$ 701,64 por ano. Se compararmos esses animais com a média dos ani-mais que não apresentaram infecção

uterina, eles deixaram de gerar uma renda bruta de R$ 1.110,96 por ano.

Para evitarmos esses problemas é necessário um bom manejo no pré- parto, com um ambiente limpo e seco com boa cobertura vegetal; um bom manejo nutricional, dando atenção diferenciada para esta fase, prezando assim pelo bem-estar animal. Essas têm sido estratégias utilizadas pela propriedade para prevenir as infec-ções uterinas.

Na pecuária leiteira é necessário maximizar a produção dos nossos animais. Deste modo, devemos ficar atentos aos fatores que possam dimi-nuir a produtividade, comprometer a renda e os custos de produção, e a infecção uterina é um destes fatores. Portanto, vale o dito: “prevenir é o melhor remédio”.

Média de lactação (L/Vaca/Ano)

Intervalo médio de partos(Meses)

Rebanho

5.519,80

15,6

Animais com infecção uterina

4.740,2

17

Animais sem infecção uterina

5.974,6

14,8

Perdas (Litros/ Vaca/Ano)

1.234,4

-

Perda (R$/ Vaca/Ano)

1.110,96

-

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Momento do Produtor: Cláudio Cacilhas Sabioni

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O produtor Claúdio Cacilhas ini-ciou-se na atividade leiteira em me-ados de 2010, em sua propriedade localizada no município de Visconde do Rio Branco/MG, a Fazenda Boa Esperança. Com o intuito de produ-zir leite de maneira mais eficiente, ele decidiu buscar parcerias de supor-te técnico-administrativas e desde março de 2011 passou a fazer parte do grupo de produtores de leite do PDPL-RV. A fazenda, que era apenas um terreno pertencente ao produtor, foi se transformando em propriedade rural. No início com bovinos de cor-te, e, com o tempo, foi adaptada para a produção de leite no sistema semi- intensivo. Apesar de ainda possuir outras atividades, o produtor sempre demonstrou interesse pela produção leiteira.

A propriedade conta atualmente com 84 animais, com grau de sangue variando de 5/8 a PC. Desse total, 34 são vacas em lactação, 13 vacas secas, 31 novilhas, 3 bezerras, 1 boi de re-passe e 2 animais de tração. A pro-priedade possui 24 ha voltados para a atividade leiteira. Destes, 1,2 ha são destinados à produção de cana-de- açúcar, 0,75 ha de capineira, 1,21 ha de braquiária (divididos em três pi-quetes recentemente implantados na propriedade), e 8,35 ha para o plantio de milho silagem. O restante da área é formado por pastos de capim bra-quiária.

A fase de cria é conduzida em abrigos individuais, que permitem a movimentação dos animais por uma determinada área. Além do leite, os animais recebem concentrado à von-tade. O desmame ocorre por volta dos 90 dias. A recria está, atualmen-te, divida em três lotes homogêneos: transição, um lote de novilhas e outro de novilhas em reprodução. O paste-jo dos animais desta fase é feito em

Victor Hugo Barbosa Estudante de Medicina Veterinária

Rodrigo Pinto Pires Estudante de Zootecnia

Lote de vacas Lote de novilhas

Indicadores

Produção média de leite

Vacas lactantes/Total de vacas

Vacas lactantes/Rebanho total

Produção/Vacas lactantes

Produção/Total de vacas

Unidade

L/dia

%

%

L/VL

L/TV

Antes do PDPL-RV (2010)

85

50

18

7,85

3,42

Hoje

400

70

40

10,12

8,51

Planejamento a curto prazo

600

80

40

13,5

10

Produção/MDO permanente L/dH 42,5 200 300

braquiária e recebem capim picado como fonte de volumoso. Também são fornecidos 2 kg de concentrado, e o sal mineral é disponibilizado à von-tade no cocho. O lote de novilhas ap-tas a serem inseminadas situa-se nos piquetes recém-formados, perto do curral para uma melhor observação de cio dos animais.

A propriedade possui uma boa ins-talação para o manejo do rebanho. A ordenha é canalizada e realizada no canzil, mas o produtor já plane-ja construir um fosso com a sala de

ordenha no formato de espinha de peixe, em função do aumento da pro-dução. A ordenha é realizada pelo ge-rente da propriedade, sr. Thales Ceri-belly de Andrade, que conta com um ajudante, sr. Osvaldo Rodrigues.

Para a melhoria do rebanho, o pro-dutor sempre busca animais produ-tivos e de boa genética, e descarta aqueles que não possuem um bom rendimento para a atividade. A inse-minação artificial também é utilizada na propriedade e tem contribuído para a geração de animais genetica-

mente superiores, juntamente com a IATF, que visa melhorar a taxa de prenhez no rebanho. O uso do sêmen sexado é feito nas novilhas e vacas que apresentam melhor desempenho reprodutivo.

O produtor Claúdio Cacilhas tem demonstrado que acredita na ativi-dade leiteira e vem investindo cada vez mais em sua propriedade. Junta-mente com a assistência dos técnicos e estagiários do PDPL-RV, vem cres-cendo no setor e obtendo resultados cada vez melhores.

Claúdio Cacilhas, esposa Viviane Miquelito e filha, Camila Miquelito Abrigo individual

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Utilização da energia solar para higienização dos sistemas de ordenha

Qualidade do leite

Wilson de Souza JuniorEstudante de Agronomia

Sílvio Quintão BragaEstudante de Medicina Veterinária

Leonardo AmaralEstudante de Agronomia

Desenvolvimento sustentável, esse é o assunto do momento, e ele se traduz na busca por um modelo que seja economicamente viável, am-bientalmente correto e socialmente justo. Essa preocupação ambiental também se aplica à cadeia produtiva de leite e existem produtores que já estão atentos a essa nova realidade.

Atualmente um dos grandes pro-blemas enfrentados pela sociedade é a busca por uma energia limpa, ou seja, aquela que não polui. Existem várias alternativas para a utilização sustentável da energia na atividade leiteira, e dentre elas, a energia solar. Esta é a forma de energia mais abun-dante na natureza e, portanto, vem sendo amplamente utilizada em re-sidências, indústrias e propriedades rurais, a exemplo da Fazenda Casa Nova, do sr. Paulo Frederico, que já se beneficia dessa tecnologia.

O sistema de aquecimento de água por energia solar é composto por placas coletoras da radiação e um

reservatório chamado de “Boile”. A energia absorvida pelas placas cole-toras é transmitida para a água que circula no interior das tubulações de cobre e posteriormente é armaze-nada no reservatório, que é isolado termicamente e conserva a tempe-ratura da água em seu interior. A temperatura da água pode variar de acordo com a época do ano e poderá ser adicionada água fria ou utilizado um sistema de aquecimento auxiliar, para dias nublados, a fim de manter a temperatura correta para a limpeza do equipamento de ordenha.

Considerando que anteriormente o aquecimento da água era realiza-do por um ebulidor de 2000 Watts, e que o mesmo tinha um consumo aproximado de 3 kwh para aquecer 50 litros de água até a temperatura de 75º C, gerava um gasto por ordenha de R$ 0,66, considerando o preço atual do kWh em R$ 0,22. Então o gasto mensal com aquecimento de água era R$ 40,15. Com essa economia de energia, o custo de implantação do sistema, que foi de R$ 4.500,00, será pago em aproximadamente nove anos.

Essas iniciativas mostram que é possível conciliar rentabilidade com preservação ambiental, colocando o produtor rural na vanguarda do de-senvolvimento sustentável.

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As 10 maiores produtividades do mês de junho de 2012

As 10 maiores produções do mês de junho de 2012

Produtor Município Produção

Antônio Maria da Silva Araújo Cajuri 131.4431

Luciano Sampaio Teixeiras 18.496

2

Danilo de Castro Ervália 22.903

3

José Afonso Frederico Coimbra 59.783

4

Marco Túlio Kfouri Araújo Oratórios 52.248

5

Hermann Muller Visconde do Rio Branco 51.498

6

Paulo Frederico Araponga 46.270

7

Sérgio H. V. Maciel Coimbra 32.494

8

Renato A. Junior Pedra do Anta 23.500

9 Ozanan Luiz Moreira Ubá 18.713

10

Produtor MunicípioProdutividadepor vacas em

lactação

Antônio Maria da Silva Araújo Cajuri 30,831

Ozanan Luiz Moreira Ubá 21,512

Sérgio H. V. Maciel Coimbra 22,413

Davi C. F. de Carvalho Senador Firmino 24,194

José Afonso Frederico Coimbra 19,635

Áureo de Alcântra Ferreira Guaraciaba 17,406

Paulo Frederico Araponga 22,167

Rogério Barbosa Teixeiras 20,078

João Bosco Diogo Porto Firme 17,709

José Francisco Gomide Cajuri 19,7810

Produtividade por vaca total

25,75

17,92

17,51

16,82

16,49

15,82

15,80

15,61

13,71

13,19

A importância do detergente alcalino clorado na limpeza da ordenha

A higienização eficiente da orde-nha é fundamental, uma vez que, se não realizada adequadamente, pode proporcionar condições muito fa-voráveis ao desenvolvimento de mi-crorganismos no interior do equipa-mento. Um dos produtos essenciais à limpeza da ordenha é o detergente

alcalino clorado, cuja função é a re-moção de gordura e proteína após o enxágue inicial.

O detergente alcalino clorado pos-sui função antimicrobiana, pelo fato de promover mudança de pH. Isto causa a morte dos microrganismos, que necessitam de um pH ótimo para a sobrevivência. Vários produtores utilizam a soda cáustica com esta fi-nalidade. Tal substância, apesar de

Isabela Porto Veloso Estudante de Medicina Veterinária

possuir uma boa ação contra gordura e proteínas, é extremamente corrosi-va ao equipamento. Além disso, é ir-ritante e pode causar queimaduras na pele, cicatrizes, e até mesmo cegueira, caso não manipulada com cuidado.

A concentração do detergente al-calino é um aspecto que merece ser observado, pois tanto baixas como elevadas concentrações podem acar-retar transtornos, seja por uma lim-

peza ineficiente, seja pela ocorrência de danos ao equipamento. Portanto, é imprescindível seguir as recomen-dações do fabricante.

A temperatura e o tempo de exposi-ção do produto também não deixam de ser relevantes. Durante o ciclo do detergente alcalino, a temperatura inicial deve ser de aproximadamente 70º C, e no final do ciclo não inferior a 40º C. Recomenda-se a circulação

por cerca de 10 minutos. É importante lembrar que a saniti-

zação adequada da ordenha possui impacto direto sobre a qualidade do leite. Entrando em contato com equipamentos e utensílios que pas-saram por procedimentos de limpeza inapropriados, o leite fica bastante susceptível à contaminação micro-biana, fato este que pode resultar no aumento da CBT.

Esquema de funcionamento do sistema de aquecedor solar.Fonte: http://www.sumarios.org/sites/default/files/pdfs/55814_6434.PDF

Produção de Silagem de Alto Valor Nutritivo

O PDPL-RV promoveu, no dia 19 de julho, uma palestra com o tema “Produção de Silagem de Alto Valor Nutritivo”, ministrada pelo médico veterinário e consultor da Biomatrix, Luis Eduardo Zampar.

Na ocasião, foram abordados os principais pontos para garantir uma silagem de boa qualidade, como por exemplo, a importância da escolha do híbrido adequado. A necessidade de atenção no momento da ensila-gem foi bastante debatida, enfatizan-do a necessidade de se ater ao ponto correto da linha do leite, bem como as precauções necessárias para este momento, como a regulagem da en-siladeira, que deve ser feita dias an-tes da colheita; da compactação, que

deve ser feita por um trator pesado; e a lona, que deve ser de ótima qualida-de e preferencialmente não reciclável.

Por fim, Zampar deu algumas dicas, sugerindo a utilização de papel con-tact para remendar lonas ou eventu-ais furos, vedando completamente a área danificada.

A palestra foi de extrema impor-tância para os estagiários, uma vez que ofereceu a oportunidade de atualizá-los sobre as novidades do mercado e mostrou que é imprescin-dível produzir leite sem um alimento de alta qualidade, como a silagem de milho.

Gabriel Renó de Oliveira Estudante de Medicina Veterinária

Dr. Luis Eduardo Zampar ministrando a palestra