hoje macau 24 out 2012 #2720

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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 23 MAX 28 HUMIDADE 50-85% • CÂMBIOS EURO 9.4 BAHT 3.7 YUAN 0.7 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ QUARTA-FEIRA 24 DE OUTUBRO DE 2012 ANO XII Nº 2720 PUB PUB REUTERS REPORTA Descontentamento popular chega ao estrangeiro PÁGINA 2 ESTUDO MUST População critica mercado imobiliário PÁGINA 7 Exposição polémica chega ao Venetian Habeas corpus A exposição “Bodies: The Exhibition” abre, amanhã, no maior casino do mundo. A polémica, essa, já está instalada na sociedade de Macau. Alegadamente, a mostra acolhe restos humanos de condenados à morte em prisões chinesas. A história pode ter ainda contornos mais rocambolescos se se confirmar que o corpo de uma mulher grávida na exibição pertence a Weijie Zhang, ex-amante de Bo Xilai. PÁGINA 6 EDUCAÇÃO NAS ESCOLAS AVALIAÇÃO IGUAL PARA TODOS PÁGINA 3 EDIFÍCIO KOI FU COUTINHO FALA DE PROMISCUIDADE PÁGINA 4

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Edição do Hoje Macau de 24 de Outubro de 2012 • Ano X • N.º 2720

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Page 1: Hoje Macau 24 OUT 2012 #2720

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 23 MAX 28 HUMIDADE 50-85% • CÂMBIOS EURO 9.4 BAHT 3.7 YUAN 0.7

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • QUARTA-FEIRA 24 DE OUTUBRO DE 2012 • ANO XII • Nº 2720

PUB

PUB

REUTERS REPORTA

Descontentamentopopular chegaao estrangeiro

PÁGINA 2

ESTUDO MUST

Populaçãocritica mercadoimobiliário

PÁGINA 7

Exposição polémica chega ao Venetian

Habeas corpus

A exposição “Bodies: The Exhibition” abre, amanhã, no maior casino do mundo. A polémica, essa, já está instalada na sociedade de Macau. Alegadamente, a mostra acolhe restos humanos de condenados à morte em prisões chinesas. A história pode ter ainda contornos mais rocambolescos se se confirmar que o corpo de uma mulher grávida na exibição pertence a Weijie Zhang, ex-amante de Bo Xilai. PÁGINA 6

EDUCAÇÃO NAS ESCOLAS

AVALIAÇÃO IGUAL

PARA TODOS PÁGINA 3

EDIFÍCIO KOI FU

COUTINHOFALA DE

PROMISCUIDADE PÁGINA 4

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2 política quarta-feira 24.10.2012www.hojemacau.com.mo

QUEM vive em Macau, sabe certamente que do extravagante Grand Lisboa chega-se num instante ao Centro Hos-

pitalar do Conde de São Januário, o único hospital público em Macau. “Lá dentro, as tijoleiras das casas de banho estão sujas e a tinta das paredes está a descascar ao longo dos corredores que se enchem de doentes à espera para serem examinados.”

É desta forma que a agência Reuters descreve o hospital, construído em 1980 e que serve mais meio milhão de residentes. A reportagem da agência britânica incide no facto de Macau contabi-lizar 36 casinos, mas apenas um hospital público e critica o conceito de prosperidade do território. “Um novo hospital está planeado, mas não vai abrir até 2019. Até lá, espera-se que Macau tenha mais casinos, além dos que já existem

Conceito de “prosperidade” de Macau está distorcido, reporta Reuters

Para quê hospitais quando se tem casinos?

e que o tornam a capital do jogo.” Com as receitas do jogo a sus-

tentarem o território – somando mais de 33 mil milhões de patacas e totalizando 40% do Produto In-terno Bruto – há quatro vezes mais mesas de jogo por mil residentes do que camas de hospital. Para os re-sidentes do território, entrevistados pela Reuters, as prioridades estão todas mal. “É inaceitável. Estas infra-estruturas são uma treta. Este [São Januário] é o principal hospital de Macau”, disse Simon, trabalhador da indústria hoteleira que vive na RAEM há cinco anos, enquanto esperava pela esposa no parque de estacionamento.

No ano passado, Macau atraiu 28 milhões de visitantes – mais do que a população total da Aus-trália – e, enquanto a indústria do jogo fez aumentar os padrões da qualidade de vida ao longo dos últimos dez anos, quem cá vive refere que o desenvolvimento das

infra-estruturas sociais, incluindo a saúde e os transportes, ficaram para trás: os casinos continuam sem ter limite máximo para a quantidade de autocarros que possuem – e que causam trânsito e acidentes nas vias -, os preços das casas já subiram para mais de metade desde o ano passado, o custo dos bens alimentares aumentou em flecha. “Eu consigo denotar que a desigualdade cada vez alarga mais comparativamente há dois anos”, disse à Reuters Larry So, académico e analista político.

Comparativamente a Macau, Las Vegas tem quase a mesma população, mais de 150 casinos e, pelo menos, 15 hospitais com, no mínimo, 90 camas.

PREÇOS ALTÍSSIMOSOs cheques de comparticipação pecuniária e as recentes medidas para impedir o sobreaquecimento do mercado imobiliário, lançadas

a semana passada, não vão ser suficientes para que os preços des-çam para o que se pode considerar razoável.

Juliet Risdon, directora da JML Property, considera que mesmo com as 19 mil habitações públicas que o Governo afirma estarem prontas no final do ano, a oferta de mercado imobiliário em Macau continua a ser escassa. “É muito constrangedor que os meus amigos e colegas, como residen-tes a longo-prazo em Macau, não consigam comprar um imóvel. E os potenciais moradores queixam--se que as fracções são muito pequenas e o preço do parque de estacionamento, por exemplo, que já atingiu um milhão de patacas perto de um dos edifícios públicos de habitação.”

A qualidade das casas não escapa também ao escrutínio da agência, que refere o recente caso do Sin Fong Garden, de onde 200

famílias tiveram de sair devido ao risco de ruína do prédio.

José Pereira Coutinho, deputa-do, foi outro dos entrevistados pela Reuters. Para o também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) a transição de Macau da vila de pescadores para cidade de casinos ficou tão dependente da indústria do jogo que, apesar de todos os esforços do Governo para a diversificação, continua a crescer ao sabor deste mercado. “Não há diversificação da indús-tria. Estamos muito dependentes do jogo, portanto se algo de muito mau acontecer ao continente e as pessoas deixaram de vir para Ma-cau, a economia ficará na miséria.”

À ESPERA DE XI JINPINGO problema das pequenas e médias empresas de Macau – que lutam por sobreviver num lugar que as leva à bancarrota – também não ficou in-diferente à agência britânica. “Bobo Chan, estudante da Universidade de Macau, teve de parar de trabalhar no Sands, depois de não conseguir aguentar turnos nocturnos e o fumo dos cigarros nas salas VIP do casino. Chan conseguiu mudar de emprego, estando agora na Associação dos Trabalhadores da Função Pública, mas ambos os pais se mantêm no Sands, com turnos desde as 20 horas às 4 horas da madrugada na maior parte das noites. Chan diz que os novos casinos criam oportunidades para os mais jovens, mas o Governo está demasiado preocupado em utilizar as receitas do jogo para beneficiar Macau. “Há já tantos casinos em Macau. O melhor seria utilizar o dinheiro na educação. Eu lembro-me que há muitos anos as pessoas vinham cá para relaxar, mas agora é só para o jogo.”

O impacto social da indústria do jogo é óbvio, com cada vez mais pessoas a procuraram ajuda para problemas mentais. Nos últimos dois anos, este número subiu 30%.

Para Pereira Coutinho, algo poderá mudar com as alterações no Governo Central. A esperança pode estar no futuro líder da China. “Esperemos que quando Xi Jinping se tornar presidente, algumas mu-danças sejam feitas aqui em Macau. Não sei... esperemos.”

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3políticaquarta-feira 24.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

TERMINOU no pas--sado domingo a consulta pública so-bre as Políticas de

Juventude 2012 – 2016, que mereceu sugestões da recen-temente criada Associação dos Jovens Macaenses (AJM). A associação pretende que seja implementado um exame comum a todos os alunos do secundário, bem como uma avaliação periódica igual para todas as escolas feita pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ).

Em Macau, a maior parte das escolas é privada e, por isso, a avaliação é feita de acordo com os desejos de cada instituição. Os jovens macaenses dizem perceber a dificuldade da Administra-ção neste sentido, mas ainda assim deixam algumas su-gestões. “A AJM está ciente da realidade de Macau e das dificuldades que mudanças neste sector possam signifi-car para a DSEJ, na medida em que 93 das 106 escolas de Macau são privadas”, pode ler-se no comunicado enviado às redacções. “Os resultados do PISA 2009 indicam que os alunos de Ma-cau estão abaixo da média da OCDE em termos de nível de literacia, mostrando que tem de haver maior atenção ao ensino secundário das esco-las de Macau de forma a de-senvolver essas capacidades nos jovens locais. Sugeriu-se, por isso haver uma avaliação periódica pela DSEJ que seja igual para todas as escolas e haver um exame imposto a todos os alunos do ensino secundário de Macau para

A Hong Kong Council for Accreditation of

Academic and Vocational Qualifications vai ser a entidade responsável pela elaboração da área de avaliação e da lista de con-teúdos do ensino superior de Macau. A prestação de serviços pedida à região vizinha vai custar aos co-

fres da RAEM 4.024.800 patacas, montante que será suportado pelo orçamento dedicado à categoria de Estudos, Consultadoria e Tradução do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior.

O contrato foi au-torizado pelo Chefe do Executivo e publicado na segunda-feira em Boletim

Oficial. A Hong Kong Council for Accreditation of Academic and Vocatio-nal Qualifications existe desde 1990 e é um órgão independente de aconse-lhamento sobre padrões académicos que os cursos de graduação em institui-ções de ensino superior devem seguir. A entidade

oferece ainda serviços de avaliação de instituições de educação e formação e formadores, bem como serviços de assessoria e consultoria em qualifica-ções do ensino. Mais de dois milhões de patacas serão já pagos neste ano, com o restante do valor a transitar para 2013. - J.F.

Entidade da RAEHK vai elaborar lista de conteúdos do ensino superior

De Hong Kong com amor

Associação de Jovens Macaenses participa na consulta das Políticas de Juventude

Escolas devem ser avaliadas igualmente

Novo Macau critica consulta públicaAs Políticas de Juventude para 2012 – 2016 foram lançadas pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude este ano e têm como objectivo “formar uma geração jovem com elevadas aspirações, altos valores éticos e capacidades excepcionais, saúde física e psicológica, que tenha em consideração os seus direitos e responsabilidades”. Mas, dois meses depois de o documento ter sido levado a consulta pública, as criticas já se fizeram ouvir da parte da Associação Novo Macau. A associação considera que o relatório final não terá bases científicas para que se perceba o que querem os jovens, porque muitos foram impedidos de dar a sua opinião, dada “a falta de canais suficientes” para tal. Além disso, a ANM diz que as políticas propostas pelo Governo favorecem as associações, deixando que sejam elas que decidam a quem atribuir os recursos de apoio ao estudante, ao invés de apoiarem o aluno de forma individual. Mas há mais: a Novo Macau acusa a DSEJ de ter deixado de lado os jovens mais vulneráveis e com deficiências.

se poder aferir os níveis de conhecimento geral.”

Mas, a AJM não se fica por aqui e pede mais transpa-rência por parte das escolas no que ao aproveitamento dos alunos e currículos es-colares diz respeito e ainda incentivos a métodos de ensino mais modernos.

PORTUGUÊS E MACAENSE Na lista de sugestões da AJM, não fica de fora a Lín-gua Portuguesa e a cultura de Macau. Os jovens adultos – representados por Duarte Alves, Jorge Neto Valente e Ricardo Silva - consideram importante que sejam inclu-ídos nos currículos o ensino e o domínio da Língua Por-tuguesa. “Foram também discutidas várias formas de contribuir para o aumento do interesse da população na aprendizagem da língua e cultura portuguesa/maca-ense”, frisa a associação.

O ensino da literatura de autores macaenses foi outra das sugestões deixadas pelo grupo, que assume não descurar da cultura.

A AJM considera ainda ser necessário desenvolver uma política para o ensino infantil, que avalie e regule as creches em Macau e que ofereça formação a educa-dores de infância. “O ensino infantil é a fase formativa de uma criança”, pode ler-se no comunicado da associação.

Foi sugerida também a implementação de medidas direccionadas ao aconselha-mento de carreira para alunos secundários e universitários e a criação de uma rede de estágios em empresas locais e Governo, assim como em empresas internacionais.

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4 política quarta-feira 24.10.2012www.hojemacau.com.mo

Andreia Sofia [email protected]

CONTINUA a luta dos 12 moradores do edifício Koi Fu, que está em risco de queda. Depois

do encontro com a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) ocorrido esta segunda-feira, os residentes voltaram a reunir-se ontem na Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), a fim de encontrar soluções viáveis para resolver o problema.

Segundo José Pereira Coutinho, deputado e presidente da ATFPM, os moradores “foram enganados durante um ano e meio”, naquilo que considera ser “uma promiscui-dade”. Tudo porque Leong King Seng, porta-voz de um grupo de trabalho pertencente ao Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos, do Governo, também pertence a uma empresa de construção civil, que, segundo

SÃO muitas as quei-xas dos professores e

muitas as exigências de José Pereira Coutinho: o Governo deve fiscalizar as administrações das escolas, especialmente no que toca à forma de gestão dos recursos humanos e apoios do Governo. “Os professores queixam-se de não serem respeitados e de as suas opiniões não serem apoiadas pelas escolas e de, devido à má gestão, serem tratados injustamente e de verem privados os seus di-

reitos”, aponta o deputado numa interpelação escrita ao Governo.

O também presidente da Associação dos Traba-lhadores da Função Pública (ATFPM) diz ter recebido várias queixas no seu gabi-nete, no dia em que se ce-lebrou o Dia do Professor. Segundo os relatos, não foi propriamente um dia para celebrar. “Os professores ficam doentes, apresentam atestado médico e a escola consola-os e pede para re-cuperarem imediatamente

a saúde, mas acabam por ser despedidos. Mesmo que lhes paguem as indemini-zações, é descriminação pelos professores doentes.”

Pereira Coutinho frisa que os professores não têm como reagir e são psicologicamente afecta-dos – o que “prejudica a qualidade do ensino” -, até porque o Governo não fiscaliza devidamente as escolas, diz. “A um mesmo professor são distribuídas várias direcções de turma, há escolas com cinco reito-

res e as compensações do trabalho extraordinário são injustas porque há quem as receba sem ter prestado esse trabalho.”

Coutinho lança algu-mas questões ao Executivo, depois de o Chefe do Go-verno ter prometido mais recursos para as institui-ções de ensino. O deputado quer saber se a Adminis-tração vai fiscalizar mais as escolas, especialmente as privadas, que recebem dinheiro para melhorarem os seus currículos. - J.F.

Pereira Coutinho lança questões ao Executivo sobre os professores

Discriminados e impotentes

Leong Keng Seng é membro do grupo de trabalho das Obras Públicas encarregue do caso do edifício Koi Fu, mas também de uma empresa que “quer tomar o bairro inteiro e construir”. A acusação é do deputado José Pereira Coutinho, que fala de “promiscuidade” entre o Executivo e a empresa para “enganar” moradores

Coutinho fala em “conluio” entre DSSOPT e empresa de construção

Edifício Koi Fu está envolvidoem “promiscuidade”

Coutinho, tem interesses imobili-ários por detrás da renovação do Koi Fu, que estará a ser “impedida” pela DSSOPT. Para além disso, o deputado diz que Leong King Seng é também membro da associação geral dos moradores, os Kai Fong.

“Como o registo dos blocos 1 e 2 é colectivo, as Obras Públicas dizem que têm de ser obtidas as assinaturas de todos os moradores, quando é mentira, não têm de assi-nar nada. Leong King Seng disse

que os iria ajudar a construir um novo edifício, mas que cada família teria de pagar 800 mil patacas”, disse Coutinho ao Hoje Macau.

Hoje é dia de plenário na Assembleia Legislativa (AL) e o deputado assegura que vai levar o tema à sessão plenária, a fim de “divulgar esta vergonha”.

TRIBUNAIS SÃO POSSIBILIDADECoutinho assegurou ainda ao Hoje Macau que existe a possibilidade

de colocar a DSSOPT, empreiteiros e seguradoras em tribunal, caso o Governo continue sem dar os apoios aos moradores.

Este “entende que o estado da degradação é da responsabilidade dos moradores, o qual eu discordo. Não está posta de parte uma acção no tribunal, mas depende se os mora-dores estejam disponíveis para juntar dinheiro para apresentar uma acção”.

Depois da reunião de segunda--feira, um responsável da DSSOPT

garantiu à TDM que o “edifício Sin Fong Garden é um caso de emer-gência, em que as pessoas tiveram de ser retiradas de suas casas. Também estamos muito atentos ao caso do edifício Koi Fu, seguimos o protocolo das Obras Públicas, mas são dois casos diferentes”. Em comunicado, a DSSOPT garante que irá levar a cabo novas medi-das a partir de hoje, para ajudar os residentes do Sin Fong Garden a retirarem os pertences de suas casas com a máxima segurança. Da mesma reunião ficou decidido que os moradores do edifício Koi Fu têm um prazo de 30 dias para retirar tudo dos apartamentos, o que já terá originado telefonemas dos bancos. “Muitas dessas fracções estão amortizadas e houve pessoas que já receberam telefonemas a dizer que a decretação do estado de ruína traz como consequência o pagamento integral das casas. Onde é que eles vão buscar dinhei-ro? É um suicídio”, aponta Pereira Coutinho.

Tudo o que os moradores pe-dem são direitos semelhantes aos que habitam no Sin Fong Garden. “São idosos, doentes crónicos, famílias com bebés. Não têm sub-sídio e ainda têm de andar com as mobílias às costas e arranjar espaço em casas de familiares e amigos. Porque é que os moradores do Sin Fong tem direito ao subsidio e estes não? É por serem uma minoria?”, acrescenta o deputado, que acusa a DSSOPT de “negligência”.

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5políticaquarta-feira 24.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Cecília [email protected]

O deputado Ung Choi Kun pre-tende melhorar a “consciência jurí-

dica” e o “desenvolvimento institucional” dos organismos públicos, a fim de elevar a eficiência do Governo. Em mais uma interpelação escri-ta, o deputado à Assembleia Legislativa (AL) acusou as instituições públicas de não darem o exemplo.

“Como é que as auto-ridades podem fortalecer a sua consciência jurídica e promoverem o desenvolvi-mento institucional, a fim de melhorar o nível das de-cisões politicas em relação à lei, para servir melhor a sociedade?”

O deputado Chan Meng Kam entregou uma

interpelação escrita ao Executivo onde defende a criação de uma equipa responsável pela vistoria do edifício Sin Fong Gar-den, onde deveriam ser analisadas as responsabi-lidades das várias partes envolvidas na construção do edifício, já em declarado risco de ruína.

Para além disso, Chan Meng Kam considera que o Executivo tem de criar medidas para evitar casos semelhantes no fu-turo. Recorde-se que um relatório de engenharia O Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, este ontem presente na cerimónia de abertura do 10.º Festival Cultural e Turístico da Deusa A-Ma.

Ung Choi Kun diz que Governo necessita de mais “consciência jurídica”

Melhorar sistema judiciário

As criticas do deputado surgem depois das declara-ções proferidas na abertura do ano judiciário por Ho

Chio Meng, procurador--geral da RAEM.

O responsável disse que alguns organismos públicos

causam conflitos porque não agem de acordo com a lei, mas que não querem assumir responsabilidades, e que por isso todos os problemas acabam por passar para os tribunais.

DEPUTADO A FAVORDA HARMONIANa sua interpelação, Ung Choi Kun é a favor da construção de um campus que albergue todos os tribu-nais, defendendo também a revisão do sistema salarial dos juízes.

“Através da construção dos sistemas de software e hardware, o sistema judi-cial pode ser melhorado, para além de ficar garan-tida a protecção do estado de direito”.

Ung Choi Kun mencio-nou ainda o discurso do vice-presidente da China, Xi Jinping, proferido du-rante as reuniões em Mar-ço, onde foi referido que Macau e Hong Kong preci-sam de harmonia. “Porém, olhando para a sociedade de Macau, surgem várias

Chan Meng Kam defendegrupo de vistoria para edifício

Governocom culpas no caso Sin Fong

oposições e difamações, o que veio contribuir para um decréscimo de harmo-nia no território. Gostaria de perguntar como é que as autoridades podem co-nhecer e analisar melhor a situação, a fim de descobrir as causas. Como se pode mostrar o trabalho sobre a promoção do estado de direito a toda a socieda-de, bem como a educação moral, a fim de transmitir pensamentos correctos, para que haja uma socie-dade mais harmoniosa”.

elaborado por especia-listas de Hong Kong já veio confirmar o mau estado do betão utilizado nas construções, sendo que os moradores não podem voltar ao edifício nos próximos dois anos.

Para o deputado, este panorama foi causado pelo silêncio da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Trans-portes (DSSOPT), dado que os moradores do prédio já tinham apresen-tado muitas queixas. “Se a DSSOPT tivesse dado atenção às reclamações e tomado medidas para resolver o problema, as consequências não se-riam assim. Porém, após o incidente, os funcionários encarregues de receber as queixas parece que não sabiam de nada. As culpas têm de ser bem explica-das, em vez de não haver nenhuma explicação”. Chan Meng Kam aponta ainda para o facto dos prédios ao lado estarem inclinados e com cisões de diferentes dimensões, para os quais o Executivo também deve arranjar medidas. - C.L.

CHEFE PRESTA TRIBUTO A DEUSA A-MA

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6 sociedade quarta-feira 24.10.2012www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

JÁ não é a primeira vez que a “Human Bodies Exhibition” provo-ca controvérsia, mas

desta vez a polémica está mesmo no meio de nós. A Venetian está a ser acusada pela Associação Consciên-cia de Macau de colocar em exposição partes de corpos humanos que pertenciam alegadamente a prisioneiros chineses.

A “Human Bodies Exhi-bition” - também conhecida como “Bodies: The Exhi-bition” – abre ao público amanhã, na CotaiExpo do Venetian e estará patente até ao dia 24 de Fevereiro de 2013. Tudo indica que a exposição deverá avançar, apesar de a operadora ter confirmado ao Hoje Macau que recebeu a carta e a entregou aos produtores da exposição.

A exibição é produzida pela Imagine Exhibitions em parceria com a empresa de Dalian Hoffen Bio--technique, especialista em plastinação, uma técnica de preservação de matéria bio-lógica, criado por Gunther von Hagens – conhecido como o Doutor Morte - em 1977. Consiste em extrair os líquidos corporais, tais como a água e os lipídos, através de métodos quími-cos para o substituir por resinas elásticas de sili-cone. Conserva os corpos de forma extremamente natural, mantendo a textura e a coloração. Contudo, a plastinação levanta pro-blemas de carácter moral, ético, religioso e legal pela manipulação dos corpos.

A Dalian Hoffen Bio--technique, assegura o co-municado de Venetian, coopera com instituições e universidades médicas e “os espécimes são corpos não reclamados dos institutos de medicina legal”.

A Consciência de Macau aponta um forte “desafio moral” e, por isso, exigiu ontem à Venetian que escla-reça de onde vêm os corpos e se pertencem realmente a

Ainda não foi inaugurada, mas já está a levantar polémica. A exposição “Human Bodies Exhibition” do Venetian foi ontem alvo de uma reclamação por alegadamente acolher restos humanos de condenados à morte em prisões da China. A exibição – concebida por corpos plastinados - tem um historial controverso em todo o mundo e chega mesmo a envolver Bo Xilai, membro do Partido Comunista caído em desgraça

Exibição no Venetian envolta em polémica

Ética, moral e Bo Xilai

prisioneiros chineses exe-cutados. A exibição, que esteve na Europa e nos EUA, mostra partes do corpo hu-mano, corpos, órgãos, fetos e embriões plastificados. A publicidade feita ao evento assegura que esta é uma exposição “deslumbrante” onde, por 12 patacas, pode ter um acesso “sem prece-dentes aos detalhes anatómi-cos previamente disponíveis apenas para profissionais médicos”. O objectivo, garantem os expositores, é a educação científica.

CADASTRADA“Esta exibição provocou controvérsia e a interven-ção do Governo america-no precisamente devido à origem dos corpos. O programa de investigação televisivo 20/20 mostrou provas de que os corpos eram muito provavelmente provenientes dos prisionei-ros executados na China”, frisa a associação através da carta entregue à Venetian. A Consciência de Macau assegura que o responsá-vel pela exposição esteve sob tanta pressão legal que foi obrigado a colocar na entrada um cartaz onde se lia “relativamente aos corpos humanos, órgãos, fetos e embriões que poderá observar, informa-se que a Premier [o expositor] de-pende exclusivamente dos seus parceiros chineses e não pode verificar de forma independente que os corpos não pertencem a pessoas executadas enquanto en-carceradas nas prisões da China.”

A empresa – Premier Exhibition - tem no seu site um aviso legal onde con-firma que os corpos são de cidadãos chineses entregues às autoridades chinesas e

admite que estes podem ser de prisioneiros executados, ainda que se diga impossi-bilitada de confirmar. (ver foto)

“Nós, a Consciência de

Macau, acreditamos que a Venetian – que se auto--proclama uma corporação socialmente responsável – deve tomar seriamente em consideração o aspecto

Ng Kuok Cheong Exposiçãoé ofensa para os chineses O deputado Ng Kuok Cheong fez uma interpelação escrita onde insta a Comissão de Ética para as Ciências da Vida a dar atenção à exposição. Questiona a moral e a ética, diz o deputado, já que é uma forma de ganhar dinheiro com corpos de chineses. Ng Kuok Cheong questiona se o Governo irá tomar medidas para verificar se a Venetian tem documentos que provam que os corpos foram doados para fins de exposição. - C.L.

moral da apresentação de restos humanos. Urge que a Venetian apresente ao público a prova de que fo-ram doações voluntárias ou documentos que mostrem a origem dos corpos”, entende Jason Chao, que representa a associação.

O grupo pretende mesmo que, na ausência de prova que houve consentimento do doador, as partes huma-nas devem ser retiradas de exposição. “Além disso, os prisioneiros no corredor da morte na China estão a ser forçados a doar os seus órgãos ou corpos para insti-tuições médicas. Se algum dos corpos foi transferido das autoridades chinesas, então a Venetian terá que fazer o mesmo que os EUA e colocar um cartaz na entrada da exibição.”

BO XILAI E DALIANA polémica em redor da exposição parece, contudo, não acabar. O nome de Bo Xilai, dirigente do Partido Comunista Chinês caído em desgraça, surge relacionado com a exposição e não ape-nas porque o antigo líder de Chongqing foi o presidente da Câmara de Dalian, onde ficava a fábrica de plastina-ção erguida pelo “Doutor Morte”.

Segundo relatos, Bo Xilai teria feito perseguições e execuções em Dalian para agradar ao PCC e subir na hierarquia. A Consciência de Macau assegura que muitas fontes afirmaram que os executados eram enviados para a fábrica de plastinação, que a mulher de Bo Xilai – Gu Kai Lai – en-controu uma forma de fazer dinheiro vendendo órgãos e cadáveres para plastinação e inclusive que o britânico Neil Heywood – morto pela mulher de Bo Xilai – foi assassinado por ameaçar contar o que se passava em Dalian, onde o negócio com os corpos plastinados rende alegadamente muito dinheiro.

Mas a controvérsia não acaba aqui: suspeitas ad-mitem que o corpo de uma mulher grávida na exibição pode pertencer a Weijie Zhang, uma ex-amante de Bo Xilai. Gu Kailai terá descoberto a gravidez da amante do marido e depois de muitas polémicas, a Wijie Zhang terá cometido suicí-dio. Há quem diga porém, e sem provas, que o corpo da exibição é o da amante e o feto que se vê no útero, do filho de Bo Xilai.

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7sociedadequarta-feira 24.10.2012 www.hojemacau.com.mo

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Cecília [email protected]

UM estudo levado a cabo pela Uni-versidade de Ciências e Tecnologia

(MUST, na sigla inglesa), em parceria com outras instituições de Hong Kong e Taiwan, revela que a confiança dos consumidores voltou a cair na hora de comprar uma casa. Os resultados revelam uma quebra de 10,2% face ao último inquérito, realizado em Julho, com o factor aquisição de habi-tação a conseguir apenas 47,3 pontos. Em segundo lugar surge o elevado preço dos alimentos, com 54,4 pontos e uma quebra no índice de confiança na ordem dos 4,1%. De acordo com o estudo, tais números são reveladores que os consumidores pensam que os preços nos supermercados vão continuar a aumentar.

O trabalho, que pretende medir o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de

FOI na passada sex-ta-feira, dia 20, que

aconteceu um caso de violência no Estabeleci-mento Prisional de Macau (EPM). A recepção de um novo recluso terá gerado uma cena de pancadaria que vitimou um guarda. Segundo um comunicado oficial, tal terá ocorrido por suspeita de “descontrolo emocional”, onde o recluso “atacou subitamente um guarda prisional”. Depois de breves exames médicos no Hospital Conde São Ja-nuário, o guarda regressou ao trabalho no mesmo dia.

Depois da ocorrência, o EPM afirma ter dado “grande

atenção ao caso” e “para além de ter iniciado o processo de averiguação interna, não se elimina a possibilidade de transferir o caso para o Ministério Público (MP) para averiguar as responsa-bilidades criminais”.

Dados da prisão referem que o recluso em questão, de apelido Hong, tem 29 anos de idade e possui na-cionalidade chinesa, sendo natural da província de Kong Sai. O juiz condenou--o a uma pena de prisão de sete meses pela prática dos crimes de imigração ilegal e de uso ou posse de documento falsificado. A transferência do individuo

para a prisão fez-se na tarde de sexta-feira a partir das instalações do Tribunal Judicial de Base (TJB), mas antes do episódio de vio-lência o recluso mostrava sinais pouco pacíficos.

“No tratamento das formalidades da entrada prisional do recluso, este manifestava continuamente má atitude e não colabora-ção, tendo atirado à força os objectos pessoais na mesa, pelo que, um guarda chegou junto do referido recluso e deu lhe advertência, de repente, este ficou emocio-nalmente descontrolado e atacou o referido guarda”, frisa o comunicado.

EPM admite transferir caso para Ministério Público

Preso recém-chegado agride polícia

Consumidores menos confiantes na compra de casa, diz estudo

Imobiliário, o eterno problema

Macau, Hong Kong, Taiwan e China, a cada trimestre, diz ainda que se os residentes tiverem uma educação e salários mais ele-vados, maior será o índice de confiança. No que diz respeito ao problema da habitação, o Governo “tem de continuar a pensar em medidas para resolver a inflação, fortalecer o controlo do mercado imobiliário, resolver o desequilíbrio entre a oferta e a procura de casa, a fim de aumentar a confiança dos consumidores”.

TRABALHO GERA MAIS CONFIANÇANo total, o ÍCC situou-se nos 84,85 pontos, uma diminuição de 0,02% face ao segundo trimestre do ano. Os consumidores com mais de 60 anos são os que se mostram menos confiantes.

O emprego em Macau continua a gerar sorrisos, dado que o factor situação de tra-balho obteve 121,63 pontos, um aumento de 1,71% face ao trimestre anterior. Os investimentos no mercado accionista sur-gem em segundo lugar com 81,2 pontos, um aumento de 3,6%, sinónimo de que persiste a vontade de investir nesta área. Em terceiro lugar surge a qualidade de vida, com 94,2 pontos e um aumento de 2,1%. Já no que diz respeito à confiança na economia obteve 110 pontos, um au-mento de 1,7%.

O estudo foi realizado entre 19 e 25 de Setembro, tendo sido inquiridas via telefone 1018 pessoas. O trabalho recebeu financiamento da Fundação Macau.

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8 nacional quarta-feira 24.10.2012www.hojemacau.com.mo

COM um stand onde predomina o ver-melho, a cor mais apreciada na China,

e o nome escrito em chinês (Pu Tao Ya), Portugal ocupa lugar de destaque no maior certame mundial de têxteis e vestuário, inaugurado segunda-feira em Xangai.

“Portugal é um país muito importante no negócio dos têxteis”, disse o adminis-trador da Mess Frankurt, Detlev Braun, na abertura da “Intertextile Xangai 2012”, que decorre até quinta-feira com um “número recorde de expositores” - cerca de 3.400 empresas de trinta países.

O stand português, ins-talado logo à entrada de um dos pavilhões, ao lado da Alemanha, é ocupado com os produtos de seis empresas: Arco Têxteis, Lemar, Riopele, Somelos, Teviz e Troficolor.

É uma das maiores parti-cipações de sempre e segundo uma funcionária da Mess Frankurt, a empresa que or-ganiza o certame de Xangai e mais 39 feiras internacionais, a localização do stand “reflec-te a reconhecida qualidade dos têxteis portugueses”. “Este ano não passamos despercebidos. Isto alavanca a imagem de Portugal como

um país com qualidade e design”, disse Joana do Bem, representante da Somelos em Hong Kong, que em 2011 foi a única representante portu-guesa naquela feira.

A Teviz, que participa pela primeira vez, começou a ven-der tecidos de camisaria para a China “só há ano e meio”, mas espera que dentro de cinco anos aquele país represente cerca de 5 por cento da sua facturação, mais de o dobro do que actualmente. “Os chi-neses estão sedentos de coisas novas e de coisas boas”, diz o director comercial da Teviz, Paulo Loureiro.

Ana Vaz, da Riopele, é peremptória: “Para os têxteis portugueses, o pior já passou”.

Segundo adiantou, a Chi-na é o terceiro mercado da Riopele na Ásia, a seguir ao Japão e Coreia do Sul, mas poderá passar para primeiro já em 2013. “Estamos a crescer de ano para a ano”, salienta também Carlos Bacelar, da Arco Têxteis.

ORGULHO DE CÔNSULA abertura da Intertextile contou com a presença do Cônsul-geral de Portugal em Xangai, Joaquim Moreira de Lemos, e do delegado local do AICEP, Filipe Santos Costa.

“Estou muito orgulhoso. Com a qualidade que tem neste sector, Portugal tinha que estar aqui”, disse o cônsul português.

Moreira de Lemos exortou os empresários portugueses a “associar-se e a apresentar-se em conjunto” no mercado chi-nês, afirmando que “a China é um país em que a dimensão conta”.

A China é também a se-gunda maior economia do mundo, a seguir aos Estados Unidos, e apesar do actual abrandamento, continua a crescer acima dos 7% ao ano.

Pelas contas da Adminis-tração-Geral das Alfandegas Chinesas, as vendas de Por-tugal para a China cresceram 52,8% nos primeiros oito me-ses de 2012, chegando a cerca de 8 mil milhões de patacas, um valor que em 2011 só foi atingido no final do ano.

“Os números são ani-madores e mostram que as empresas portuguesas estão agora mais atentas à China”, comentou na altura o embai-xador português em Pequim, José Tadeu Soares.

No caso dos têxteis, as exportações - sobretudo teci-dos de lã e fibras sintéticas ou artificiais - quase triplicaram nos últimos quatro anos.

PEQUIM instou ontem o presidente dos Estados

Unidos, Barack Obama, e o candidato republicano à Casa Branca, Mitt Romney, a conterem-se nas declara-ções em relação à China.

O porta-voz do Minis-tério dos Negócios Estran-geiros chinês, Hong Lei, assegurou que o desen-volvimento das relações entre a China e os Estados Unidos “serve os interesses fundamentais” de ambos os países e contribui para a paz mundial e prosperidade.

As declarações surgem na sequência do terceiro e último debate entre Obama e Romney, que decorreu na segunda-feira e durante o qual os dois candidatos consideraram a China como “um sócio potencial”, caso cumpra “as regras do jogo”.

Obama afirmou que a China é “tanto um adversário como um sócio potencial”, enquanto Romney acusou

Maior certame mundial de têxteis em Xangai

Portugal em destaque

Pequim insta Obama e Romney a conterem-se nas declarações sobre a China

Metam-se nos vossos assuntosPequim de levar a cabo uma “silenciosa guerra comer-cial” que está a acabar com os empregos nos Estados Unidos. “Não importa de que partido são”, afirmou Hong em relação aos candi-datos à Casa Branca, a quem pediu para actuarem “de forma responsável” já que “também se trata dos inte-resses dos Estados Unidos”.

O crescimento do gigan-te asiático tem sido um tema recorrente nos debates e na campanha eleitoral, durante a qual Obama e Romney, de forma mais ou menos explícita, criticaram a polí-tica comercial e monetária chinesa.

A agência noticiosa chi-nesa Xinhua analisou o debate e sublinhou que, pela

primeira vez, “ambos os candidatos” viram a China como “um sócio”, apesar de ter sublinhado que os dois políticos continuam a utili-zar Pequim para “valorizar vitórias políticas”. “Os can-didatos presidenciais deviam ter cuidado quando vão longe demais com os ataques à China”, na tentativa de con-quistarem votos, já que “a concretização de promessas” obriga ao seu cumprimento, referiu a agência.

As eleições presidenciais nos Estados Unidos reali-zam-se a 6 de Novembro, dois dias antes da abertura do XVIII Congresso do Partido Comunista da China, do qual sairão os líderes que vão dirigir o país na próxima década.

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9regiãoquarta-feira 24.10.2012 www.hojemacau.com.mo

ACTIVISTAS sul-core-anos conseguiram lan-çar balões carregando milhares de panfletos

anti-Pyongyang para a Coreia do Norte, iludindo a polícia que já tinha interrompido uma tentativa de lançamento perante as ameaças do Norte, noticiou ontem a agência Associated Press.

O exército da Coreia do Norte alertou na sexta-feira que iria ata-car, caso activistas sul-coreanos cumprissem o seu plano, levando Seul a prometer uma retaliação face um eventual ataque.

A polícia sul-coreana, evocan-do preocupações com a segurança pública, anunciou, na segunda--feira, ter destacado centenas

A Polícia Nacional de Ti-mor-Leste (PNTL) anun-

ciou ontem, em conferência de imprensa, a detenção de cinco pessoas e apreensão de seis quilos de droga no âmbito de uma operação contra o tráfico de estupefacientes.

Segundo o comandante--geral da PNTL, o comissário Longuinhos Monteiro, os

indivíduos detidos, cinco da Indonésia e um da África do Sul, fazem parte de uma rede que tenta utilizar Timor-Leste para fazer chegar droga ao mercado indonésio.

A droga apreendida, ma-rijuana e crack, tem o valor de cerca de 3,7 milhões de patacas. “É uma rede bem organizada por um indivíduo

que neste momento está preso na Indonésia e já foi condena-do à pena de morte. Aquele indivíduo é que organizou o circuito”, disse o comissário Longuinhos Monteiro.

O comissário disse tam-bém que esta é a segunda vez que aquela rede tenta utilizar Timor para fazer chegar droga à Indonésia.

O Instituto Global de Crescimento Verde,

organização internacional em defesa do desenvolvi-mento sustentável com 18 países membros e liderada pela Coreia do Sul, ini-ciou oficialmente as suas actividades hoje em Seul.

O lançamento do ins-tituto (GGGI, sigla em inglês) servirá como “um primeiro passo importan-te” para o mundo, com o objectivo de mudar o modelo económico global actual para o crescimento sustentável, declarou o presidente da organi-zação, o ex-primeiro--ministro dinamarquês Lars Rasmussen, à agên-cia noticiosa sul-coreana Yonhap.

Rasmussen felicitou a Coreia do Sul por Songdo, cidade a oeste de Seul, ter sido escolhida no sábado como a sede do Fundo Verde para o Clima da ONU, dedicado ao fo-mento do crescimento ecológico.

O Presidente sul-core-ano, Lee Myung-bak, que assistiu à sessão inaugural do GGGI, anunciou como primeira decisão relevante a criação de uma Faculda-de de Crescimento Verde no prestigiado Instituto de Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul (KAIST), famoso por formar as elites científicas do país.

O objectivo da nova faculdade, que ampliará o número de estudantes,

de 40 em 2013 para 200 em 2018, será “associar--se com as principais instituições educativas estrangeiras para promo-ver o crescimento verde nas novas gerações”, afirmou Lee.

O GGGI, que foi cria-do como um instituto pela Coreia do Sul, em 2010, para promover estratégias locais orientadas para im-pulsionar o crescimento económico compatível ao meio ambiente, anunciou a internacionalização na semana passada.

Entre os países que são membros do instituto estão o Brasil, Paraguai, Costa Rica, Japão, No-ruega, Austrália e Etiópia, entre outros.

Ministro japonês da Justiça demite-se por antigas ligações à máfiaO ministro japonês da Justiça, Keishu Tanaka, demitiu-se, menos de um mês depois de ter sido designado, por causa de um escândalo de fundos políticos e de antigas ligações à máfia nipónica, informou ontem a televisão pública NHK. Tanaka, 74 anos, tem estado debaixo de fogo depois de no dia 12, ter admitido que serviu de intermediário no matrimónio de um membro da máfia nipónica – conhecida como “Yakuza” – há 30 anos e de ter confessado que marcou presença numa festa oferecida por um líder da organização criminosa. Mesmo antes do escândalo ter vindo a público, o titular da Justiça já era foco de atenção por ter recebido, entre 2006 e 2009, cerca de 40.000 patacas em donativos políticos de um cidadão estrangeiro, uma prática ilegal no Japão.

Activistas iludem a polícia e enviam panfletos para a Coreia do Norte

“Amor para com os irmãos do Norte”

Timor-Leste Cinco detidose seis quilos de marijuana e crack

Milhões em drogaInstituto Global de Crescimento Verde

inicia actividades internacionais

Seul pelo ambiente

de agentes para selar estradas, de modo a impedir os activistas de se reunirem junto ao local de lançamento anunciado, perto da fronteira. No entanto, no final do dia, alguns activistas – a maioria dos quais desertores do Norte – deslocaram-se para outro local sem vigilância e lançaram os balões.

Os activistas afirmaram ter lançado balões que carregavam 120 mil panfletos com mensagens críticas do regime do líder norte--coreano Kim Jong-un.

“Não podíamos adiar os nossos planos de enviar os panfletos para a Coreia do Norte, trata-se do nosso amor para com os nossos irmãos do Norte”, indicaram os activistas.

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10 quarta-feira 24.10.2012www.hojemacau.com.moarquitectura

A nova ligação entre a Pe-quim e Hong Kong vai ser coroada com a maior estação subterrânea de

comboios de alta velocidade do mun-do, na região vizinha. Com data de conclusão marcada para 2015, a nova estação ficará situada no distrito de

Kowloon. O projecto tem a assinatura do arquitecto Andrew Bromberg, da empresa AEDAS, estúdio de arqui-tectura especializado em tecnologia de estruturas impressionantes.

A estrutura, com 430 mil metros quadrados e 45 metros de altura, terá, como se comprova na maqueta, um

design curvo e fluido, em contraponto com a paisagem actual daquela zona de Kowloon, repleta de edifícios e estruturas verticais. O tecto, que vai apresentar vegetação e áreas verdes, servirá de área de circulação para pe-destres, para além de oferecer vistas incríveis da cidade de Hong Kong.

A Express Rail Link Kowloon Terminus - nome pomposo da obra - albergará 15 plataformas para com-boios de alta velocidade que devem atingir velocidades de 200 quilóme-tros por hora, encurtando a duração da viagem até à capital chinesa de 100 para apenas 48 minutos.

Novo terminal ferroviário de Hong Kong estará pronto em 2015

Arrojado e vanguardista

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11quarta-feira 24.10.2012 www.hojemacau.com.mo arquitectura

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12 publicidade quarta-feira 24.10.2012www.hojemacau.com.mo

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13vidaquarta-feira 24.10.2012 www.hojemacau.com.mo

OS dez países da Bacia do Congo que parti-lham a segunda maior floresta tropical do

mundo pedem 15 mil milhões de patacas para a protecção das florestas e contra os gases com efeito de estufa.

A Bacia do Congo conta com dez países: Angola, Congo, Re-pública Democrática do Congo, Burundi, Camarões, República Centro-Africana, Guiné Equa-torial, Gabão, Ruanda e Chade. No total, estes países têm uma superfície florestal de 220 milhões de hectares.

Reunidos neste domingo em Brazzaville, capital do Congo, na 13.ª reunião do comité dos Fundos de Parceria para o Car-bono Florestal, endereçaram este pedido de financiamento aos Estados Unidos, Canadá, União Europeia e a instituições como o Banco Mundial e a União Mundial para a Conservação da Natureza (UICN), disse o ministro congo-lês da Economia florestal, Henri Djombo.

Os 150 participantes lembram que não esperaram pelos fundos

O grupo alemão Siemens decidiu abandonar a área

da energia solar, num momento de elevada concorrência exter-na e de acentuada queda nos preços. “Devido a alterações no quadro de condições, fraco crescimento e forte pressão dos preços no mercado do solar, as expectativas da empresa para as suas actividades na área da energia solar não foram cumpridas”, explica um co-municado da empresa.

O sector solar representa uma pequena fatia dos ne-gócios da Siemens na área da energia, somando 300 milhões de euros numa fac-turação total de quase 25 mil milhões de euros em 2011.

O grupo estava a concen-trar-se sobretudo na energia solar térmica, que aproveita a radiação do sol para aque-cer um líquido, que depois alimenta a produção eléctrica pela geração de vapor. Mas

Sutiã usa sensores para detectar cancro da mamaO First Warning Systems é um sutiã desportivo e “inteligente” que está a ser desenvolvido para detectar anomalias nos seios, como o cancro da mama. Dezasseis sensores coloridos e codificados são presos nos seios para monitorizar a temperatura dos tecidos. Os resultados são de seguida divulgados através do cruzamento de dados. O protótipo foi testado em 650 mulheres e obteve diagnósticos com 90% de precisão. Tratamentos convencionais, como a mamografia, garantem 70% de acerto, segundo o Huffington Post. “O sistema é capaz não só de identificar anomalias nos seus estágios iniciais, mas também a localização geral de anormalidades examinadas em três dimensões”, informou a empresa de biotecnologia Lifeline, responsável pela ideia. Para entrar no mercado, o First Warning Systems depende da aprovação de agências reguladoras. O uso do sutiã, destinado a consultórios médicos, está previsto para 2013, inicialmente na Europa. O cancro da mama é o que mais afecta as mulheres. A cada ano, 1 milhão de casos são detectados em todo o mundo, estimando-se a morte de 400 mil mulheres.

Macau Sã Assado

FICA O AVISO... PELO MENOS

• Ponha-se a pau. Não, a sério. Não pense que escapa se andar aí a fumar uns, a snifar outros e a injectar-se com produtos menos próprios. É que os crimes de droga são punidos pela lei. E não lhe adianta fugir! É que “todos os postos fronteiriços de Macau”... ahmm.. “todos os postos fronteiriços de Macau”... qualquer coisa... bem, não interessa, todos, todos, todos os postos! Não pense que escapa às malhas da justiça, como se escapa aqui às malhas da sintaxe. Porque Macau sã assim, mas também sã assado

Foto: Joana Freitas

Pedem-se fundos para a maior floresta tropical de África

Salvar o segundo pulmão

Siemens abandona área da energia solar

Negócio vale mais que ambiente

previstos pelo REDD – sigla pelo qual é conhecido o sistema de incentivo de redução de emissões de dióxido de carbono (CO2) associadas à desflorestação e à degradação das florestas – e avan-çaram com iniciativas próprias que “conseguiram reduzir e limi-tar a desflorestação, a degradação

florestal, as emissões de gases com efeito de estufa e aumentar a capacidade de sequestro de carbono e o armazenamento de carbono florestal”, afirmou o ministro Henri Djombo.

Agora esperam “os recursos financeiros consequentes para apoiar os esforços de gestão sus-

tentável dos ecossistemas florestais (...) e lutar contra a pobreza”, acrescentou o mesmo governante.

BANCO MUNDIAL DIFEREMas o Banco Mundial tem opi-nião diferente. Para o director de operações da instituição no Con-go, Eustache Ouayoro, os países daquela região devem contar com os próprios recursos porque “o de-senvolvimento diz respeito, antes de mais, às próprias populações”. “Todos os países têm recursos. Os financiamentos do exterior devem ser um complemento”, insistiu.

Actualmente, a Bacia do Congo regista uma taxa de desflorestação inferior a 0,2%, ou seja, uma das mais baixas da cintura tropical, segundo o Banco Mundial.

Apenas a Noruega e a Grã--Bretanha disponibilizaram 1,1 milhões de patacas que estão no Banco Africano do Desenvolvi-mento, de acordo com a comissão das florestas da África Central (Comifac).

Na mesma cidade de Brazzavil-le vai realizar-se, a 26 e 27 deste mês, a 9.ª reunião do programa REDD.

não só o mercado mundial está dominado pelo solar fo-tovoltaico – com a produção de electricidade directamente através dos painéis solares – como tem havido uma forte concorrência de produtos chineses.

No princípio de Setem-bro, a Comissão Europeia

lançou uma investigação contra a alegada prática de dumping (venda abaixo de custo) na comercialização de equipamentos chineses de energia solar.

A Siemens vai agora concentrar o seu negócio energético na área das eólicas e das hidroeléctricas.

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14 publicidade quarta-feira 24.10.2012www.hojemacau.com.mo

www. iacm.gov.mo

ANÚNCIOConcurso Público n° 002/DI/2012

“Aquisição, pelo IACM, do Sistema de Gestão de Árvores”

Faz-se público que, por deliberação do Conselho de Administração do IACM, tomada em ses-são de 12 de Outubro de 2012, se acha aberto o concurso público para a “Aquisição, pelo IACM, do Sistema de Gestão de Árvores”.

O Programa de Concurso e o Caderno de Encargos podem ser obtidos, dentro do horário normal de expediente, no Núcleo de Expediente e Arquivo do Instituto para os Assuntos Cívicos e Munici-pais (IACM), sito na Avenida de Almeida Ribeiro n.º 163, r/c, Macau. O preço de cada Programa de Concurso e do Caderno de Encargos é MOP80,00 (oitenta patacas). (Conforme o n° 3 do artigo 10° do Decreto-Lei n° 63/85/M)

O prazo para a entrega das propostas termina às 17:00 horas do dia 28 de Novembro de 2012. Os concorrentes ou seus representantes legais devem entregar as propostas e os documentos no Núcleo de Expediente e Arquivo do IACM e prestar uma caução provisória no valor de MOP60.000,00 (sessenta mil patacas). A caução provisória pode ser entregue na Tesouraria da Divisão de Contabilidade e As-suntos Financeiros do IACM, sita no rés-do-chão do mesmo edifício, por depósito em dinheiro, cheque ou garantia bancária, em nome do “Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais”, ou ainda por seguro-caução a favor do mesmo Instituto.

O acto público do concurso realizar-se-á no Centro de Formação do IACM, sito na Avenida da Praia Grande n.os 762 – 804, Edf. China Plaza, 6º andar, pelas 10:00 horas do dia 29 de Novembro de 2012.

O IACM realizará uma sessão de esclarecimento às 10:00 horas do dia 7 de Novembro de 2012 no mesmo local. Macau, aos 19 de Outubro de 2012

O Vice-Presidente do Conselho de Administração Lei Wai Nong

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15culturaquarta-feira 24.10.2012 www.hojemacau.com.mo

José C. [email protected]

O Jazz Club de Ma-cau, na sequência das últimas iniciativas, volta a apresentar

um concerto de jazz, seguido de ‘jam session’, na Casa Garden, na próxima sexta-feira dia 26 de Outubro. Desta vez o evento conta com a participação de Zé Eduardo (Portugal) e Pietro Valente (Itália).

Zé Eduardo é um dos nomes

incontornáveis do jazz portu-guês pela sua obra como com-positor e intérprete, e director musical, e pelo papel que teve, e continua a ter, na divulgação e promoção deste género musical através da criação e direcção de diversas escolas e orquestras, diz o comunicado da organização.

Em 2007, foi convidado para dirigir a European Movement Jazz Orchestra durante a Presi-dência Portuguesa da EU pelo Ministério da Cultura Português.

Pietro Valente nasceu em

Pádua, e começou a tocar bateria com aos oito anos. Ganhou ex-periência a tocar nas bandas de rock em ‘pubs’ em Pádua desde os 15 anos.

Decidiu tornar-se músico pro-fissional e em 2001 matriculou-se na Università della Musica di Roma (uma famosa escola de musica de Roma), onde teve os melhores professores de Itália, tais como: Maurizio Dei Lazza-retti, Pietro Iodice, John Arnold, Davide Pettirossi, Gaetano Fa-sano. Licenciou-se em 2006 na

especialidade de jazz – bateria, informa a nota de imprensa.

Já tocou em conhecidos clubes e salas de música como o Teatro Regio di Torino(Turin), o Palazzo del Popolo(Orvieto) ou o Auditorium C.Pollini(Padua), e também em importantes Festivais de Música como o Umbria Jazz Winter, Porsche Jazz Festival, Veneto Jazz, ou o International Music Meeting. O evento de sexta-feira na Casa Garden tem início marcado para as 22h.

O cineasta indiano Yash Chopra, conhecido como o “Rei do Ro-

mance” da indústria cinematográfica de Bollywood, pelas clássicas histórias de amor, morreu, no domingo, aos 80 anos.

Os primeiros grandes sucessos de Yash Chopra incluem o filme de ação “Deewar” (1975) e o romance “Kabhi Kabhie – Love is Life” (1976), os quais contribuíram para a afirmação do actor Amitabh Bachchan como uma das maiores estrelas de Bollywood.

O indiano Yash Chopra também

realizou “Dil To Pagal Hai”, “Lamhe” e “Veer-Zaara”, galardoados com prémios da indústria cinematográfica indiana. O seu último filme, “Jab Tak Hai Jaan” (“As Long As I Am Alive”) tem estreia marcada nos cinemas em todo o país para o próximo mês.

Chopra, que sofria de doenças renais, morreu no domingo num hospital em Mumbai, depois de ter contraído Febre de Dengue, indicou a agência noticiosa norte-americana Associated Press.

AFA integra pelo segundo ano Top 100 das galerias da China Desde o primeiro anúncio independente pela revista da especialidade Bazaar Art do TOP 100 das Galerias da China que esta publicação se tornou uma referência incontornável para quem quer conhecer melhor as galerias chinesas. Este ano pela segunda vez a prestigiada revista anunciou a sua selecção das melhores galerias da China Continental, Taiwan, Hong Kong e Macau. A AFA (Art for All Society) é pelo segundo ano consecutivo a única galeria de Macau a integrar a lista, ocupando o 77º lugar. O público também é convidado a participar na eleição das melhores galerias, contando a votação online com 20% no resultado final. Nesta votação A AFA ocupa a 35º posição.

James Blunt abandona carreira musicalO cantor britânico, James Blunt, abandonou a música e disse em entrevista que não tencionava escrever mais canções num futuro próximo. James Blunt deixa para trás um dos singles mais conhecidos que explodiu em 2004: “You´re Beautiful“. James Blunt não quer continuar ligado à música. O cantor britânico referiu em entrevista que pretende levar uma vida mais recatada sem quaisquer planos para compor. “Só quero ter tempo para mim. Não tenho quaisquer planos para compor. Tenho estado a descansar desde que terminei a minha última digressão mundial e tenho passado muito tempo em Ibiza onde tenho uma moradia”, disse James Blunt. O cantor britânico deu o salto no mundo a música em 2004 com a edição do álbum “Back to Bedlam”. A música “You´re Beautiful” é um dos seus maiores sucessos. O seu primeiro álbum vendeu mais do que onze milhões de cópias e vários dos seus singles chegaram às tabelas de vendas. O cantor termina assim de forma inesperada e precoce a sua carreira no mundo da música.

MGM apresenta obras de vinte artistas locais contemporâneos O MGM tem desde ontem em exposição na Galeria L2 obras de vinte artistas macaenses contemporâneos. “Discovery – uma viagem criativa pelas obras de 20 artistas” pretende, segundo o comunicado de imprensa da organização, promover as artes e culturas locais. Os vinte artistas representados na exposição fazem todos parte da AFA (Art For All Society) e são uma boa mostra do que se passa na arte contemporânea do território, acrescenta a nota. Os trabalhos apresentados incluem 40 obras de escultura, pintura, fotografia e gravura de artistas de várias gerações com idades compreendidas entre os 20 e os 76 anos. Nomes como James Wong, Mio Peng Fei e Carlos Marreiros, ou Lai Sio Kit, Coke Wong, Fortes Pakeong Sequeira vão ter as suas obras expostas até ao próximo dia 20 de Janeiro na Galeria L2. A entrada é livre. - J.C.M.

Jazz Club de Macau Concerto de Zé Eduardo e Pietro Valente

É na Casa Garden, com certeza

Morreu um ícone de Bollywood

Adeus a Yash Chopra

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16 desporto quarta-feira 24.10.2012www.hojemacau.com.mo

Sérgio [email protected]

O Grande Prémio de Macau de Fór-mula 3 celebra, este ano, 30 anos

desde que se tornou no maior palco desta disciplina a nível mundial, e voltará este ano a reunir um plantel de luxo. Contudo, com a disciplina de F3 a viver dias menos bons, tanto na Europa, como no Japão, nem o co-organizador da prova acreditava que era possível voltar a juntar na RAEM tantos e bons pilotos.

Barry Bland, que em 1980 convenceu Rogério Santos, na altura o presidente do Leal Senado de Macau, e o então líder do Automóvel Clube de Hong Kong (HKAA), Phil Taylor, que a F3 era o caminho a seguir no Grande Prémio com o decair da Fórmula Atlântico, confessou à revista semanal britânica Autosport que “não estava demasiado optimista em conseguir uma grelha cheia quando comecei a trabalhar início do ano, mas, o que temos, é muito melhor que o esperado.”

Prova da falta de con-

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GP Macau Barry Bland não acreditava reunir uma grelha de F3 tão forte este ano

30 anos de sonhofiança que existiu antes da lista de inscritos começar a reunir nomes sonantes, foi o facto da organização se ter prevenido em adiantado ao estipular no regulamento a possibilidade de adicio-nar categorias diferentes,

usando para isso gerações anteriores dos chassis Dalla-ra, como acontece no cam-peonato britânico. Em ano de estreia do mais recente monolugar de F3, o Dallara F312, a trigésima edição da prova contará com os ven-

cedores dos campeonatos Britânico, Alemão, Japonês e da Euroseries, além do vencedor do ano passado.

CUMPRIR MÍNIMOSAntónio Félix da Costa fará uma corrida da Taça

Britânica de F3, competi-ção doméstica que usa os chassis antigos, antes da sua participação no Grande Prémio de Macau de F3. Esta participação de Félix da Costa, e também do fin-landês Kevin Kevin Korjus na prova de Snetterton, no próximo fim-de-semana, serve como pretexto para o convite que o piloto luso recebeu para a prova do território sem que tenha até aqui participado em pelo menos uma corrida internacional de F3 sob a alçada da FIA.

Em declarações à revista mensal portuguesa Turbo, Félix da Costa, que uma semana antes irá testar o Fórmula 1 da Red Bull Racing, disse que depois do infortúnio do ano passado na partida para a Corrida de Qualificação, acredita que este ano está “ainda mais forte” e fará tudo ao seu alcance “para vencer o Grande Prémio de Macau, uma corrida espectacular, não só por se tratar da mi-nha pista preferida, muito técnica e desafiante, como pelo enorme número de por-

tugueses que lá residem e me apoiam sempre em força”.

SÁ SILVA SATISFEITOO piloto angolano residente na RAEM completou no passado fim-de-semana a sua primeira temporada na F3 Euroseries. Compa-nheiro de equipa de Daniel Juncadella, o vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 em 2011, Sá Silva irá marcar presença no Grande Prémio de Ma-cau, naquela que será a sua segunda participação no evento, após ter alinhado na prova da Fórmula BMW Pacifico em 2008.

Sá Silva pontuou na der-radeira corrida do ano, em Hockenheim, na Alemanha, e fez um balanço positivo da sua primeira temporada completa na Europa. “Es-tamos felizes por acabar o campeonato a pontuar. Cumprimos o nosso objec-tivo e sinto que evoluí muito como piloto nos últimos seis meses. Só posso agradecer ao meu treinador e à Prema Powerteam. Tenho a certeza que o próximo ano será de conquistas”, diz Sá Silva.

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17futilidadesquarta-feira 24.10.2012 www.hojemacau.com.mo

[Tele]visão

Aqui há gato

Sudoku [ ] Cruzadas

OS CORPOS DOS OUTROS Complexo, desafiante e polémico. É tudo o que me vem à cabeça para caracterizar a situação por que está a passar a Venetian no que diz respeito à exibição dos Corpos Humanos. Ora bem, eu confesso que até gosto disso. Sempre me interessou saber o que há dentro de vocês meus queridos leitores, destes meus donos daqui da redacção, da senhora da limpeza que me afasta com a vassoura todos os dias e dos senhores que vêm cá ao escritório entregar cartas. Vocês são criaturas fascinantes e eu, que sou gatinho, gostava de vos conhecer por dentro. Ora, eu até que ia ver a exposição ao Venetian, e vou se não for cancelada. Mas isto deixa-me a pensar... Isto revela realmente até onde vai o ser humano. O que faz pelo dinheiro – como as pessoas por trás da exposição fazem -, o que consegue imaginar na sua conturbada mente – como fez o doutor morte em 1977. Há coisas que me deixam a pensar de que vocês, humanos, são realmente capazes das coisas mais macabras. Seja o matar, o plastinar, o vender, o criar com restos humanos. Esta polémica toda evidencia que há muito mais a levantar do que a pontinha que hoje levantamos neste jornal. Consegue levar-nos bem fundo a pensar no que se passa neste mundo, no que se é capaz de fazer. Fala-se – ou cala-se – do Holocausto na História, na perseguição dos nazis aos judeus, nos tratamentos que lhes davam, assombrosos, sem piedade e controversos. Mas nunca, ou raramente, se relembra outras crueldades, outras atrocidades cometidas no mundo. Isto, dizem vocês, não pode ser comparável ao cruel tratamento dado aos judeus. São corpos mortos, cujas almas são apenas as que sofrem e isto para quem acredita na vida além da morte e nas crenças e na ética. Mas sabemos nós, se antes de mortos, também sofreram... sabemos lá nós o que se passa antes destas histórias serem “um bocadinho” contadas. Corpos são corpos... quando são os corpos dos outros.

Pu Yi

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Guardar silêncio; Infundir. 2-De viva voz; Divindade aquática, na mitologia indígena brasileira. 3-Percebi; Avesso; Regimento de Lanceiros (abrev.). 4-A eles; Tribo que habita a Terra do Fogo; Medida argelina usada na venda dos grãos e que vale 48 litros. 5-Carta de jogar; Saudável (fem.). 6-Rebordos dos chapéus; Prego de pau. 7-Satélite de Júpiter, descoberto por Galileu em 1610; Além. 8-Cada uma das peças de uma corrente; Juntei; Caminho público. 9-Lítio (s.q.); Fruto silvestre; Compreendi o sentido de. 10-Argolas; Pilha. 11-Tocar levemente; Pequenos orifícios da derme.

VERTICAIS: 1-Unir; Estampilhar. 2-Fundador da seita dos arianos; Unidade monetária da Itália (antes do euro). 3-Naquele lugar; Erudito; Eles. 4-Califa do Islão, genro de Maomé; Incólume. Pega. 5-Unidade de distância percorrida por um navio; Úncio. 6-Objecto voador não identificado; Espaço de doze meses (pl.). Ilha onde vivia a feiticeira Circe (mit.); Sair. 8-Aqui estão; Chiste; Molde em que se faz o quiejo. 9-Não digas mais!; Tirar com violência; Abalar. 10-Desacerta; Olmeiro. 11-Afligir; Mulheres (pop.).

HORIZONTAIS: 1-Calar; Meter. 2-Oral; Iara. 3-Li; Invês; RL. 4-Aos; Ona; Saa. 5-Ás; Sã. 6-Abas; Taco. 7-Io; Lá. 8-Elo; Uni; Rua. 9-Li; Amora; Li. 10-Aros; Rima. 11-Rasar; Poros.VERTICAIS: 1-Colar; Selar. 2-Ario; Lira. 3-Lá; Sábio; Os. 4-Ali; São; Asa. 5-Nó; Um. 6-OVNI; Anos. 7-Ea; Ir. 8-Eis; Sal; Aro. 9-Tá; Sacar; Ir. 10-Erra; Ulmo. 11-Ralar; Saias.

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

TDM01:15 Telejornal (Repetição)01:45 RTPi DIRECTO13:01 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:45 RTPi DIRECTO19:00 TDM Entrevista (Repetição)19:35 Resistirei20:30 Telejornal21:05 Montra do Lilau21:30 Brothers and Sisters (Irmãos e Irmãs)22:15 A Ferreirinha23:00 TDM News23:35 Incógnito

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira 14:30 Viva a Música15:30 Construtores de Impérios16:00 Bom Dia Portugal17:00 Decisão Final 17:45 Vingança18:30 Ler +, Ler Melhor18:45 Destino: Portugal – Lisboa19:00 Don Juan de Borbón20:00 Jornal Da Tarde21:15 O Preço Certo22:15 Portugal no Coração

30 - ESPN11:00 (Delay) PGA Grand Slam Of Golf 2012 1st Round14:00 Premier League Darts 201215:30 NASCAR Sprint Cup Series 201218:30 (Delay) Baseball Tonight International 201219:30 (LIVE) Sportscenter Asia 201220:00 Engine Block 201220:30 Chang World of Football 2012/1321:00 FIFA Beach Soccer World Cup 2013 Qualifiers Czech Republic vs. Hungary22:00 Sportscenter Asia 201222:30 PGA Grand Slam Of Golf 2012 1st Round

31 - STAR Sports13:00 Max Power 2012/1314:00 World Celebrity Pro-AM 2012 Day 317:00 Golf Focus 201217:30 Engine Block 201218:00 WTA - Bgl Bnp Paribas Luxembourg Open Final19:30 Intercontinental Rally Challenge 201219:55 The S-League Show20:25 Smash 201220:55 (LIVE) AFC Champions League 2012 Bunyodkor vs. Ulsan Hyundai23:00 he S-League Show23:30 HSBC Sevens World Series 2011/12-Highlights

40 - FOX Movies12:30 Romeo And Juliet14:30 Monte Carlo16:20 Home Alone 218:25 Underworld20:00 Homeland21:00 National Treasure23:15 Hellraiser00:30 Don’T Be Afraid Of The Dark

41 - HBO09:55 Batman Forever12:00 Batman Begins14:30 13 Going On 3016:10 Flipped17:40 The Seven Of Daran19:10 Super 821:00 Boardwalk Empire22:00 Harry Potter And The Deathly Hallows00:15 Get Shorty

42 - Cinemax12:45 Single White Female14:30 Behemoth16:00 The Wrecking Crew18:10 No Mercy20:25 Age Of Heroes22:00 Grendel23:25 The Lost Boys

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

EXCALIBUR • Bernard CornwellArtur esmagou a revolta de Lancelote, mas o preço foi elevado. A traição de Guinevere deixou-o fragilizado e os seus inimigos saxões pretendem aproveitar-se dessa vulnerabilidade. O caos ameaça dominar a Bretanha. Mas Artur já deu provas do seu génio militar e, à medida que a próxima batalha se aproxima, prepara-se para abrir caminho até à vitória em Monte Badon e reconquistar a mulher que perdeu. Mas quais serão as consequências das intrigas de Mordred, agora o herdeiro ao trono da Bretanha, e da magia da sacerdotisa Nimue, que querem exterminar Artur? Não perca a conclusão da trilogia dos Senhores de Guerra, a saga em que Cornwell dá nova vida ao mito arturiano, combinando com perícia a lenda e os factos históricos.

O MERCADOR DE LIVROS MALDITOS • Marcello Simoni Não é comum um livro reunir o consenso da crítica e dos leitores, mas O Mercador de Livros Malditos conquistou uns e outros. Mais: ambos afirmam que se trata de uma das mais interessantes estreias dos últi-mos anos. O Mercador de Livros Malditos é uma história envolvente, marcada por intrigas, segredos ocultos durante séculos e mistérios que vão para lá do conhecimento de sábios e de alquimistas. Ao longo das suas páginas o leitor viaja por Itália, França e Espanha no rasto do Uter Ventorum, um livro raro, desmembrado em quatro partes e protegido por intrincados enigmas que, uma vez resolvidos, permitem evocar os anjos e a sua divina sabedoria. Um romance enigmático como O Nome da Rosa e empolgante como Os Pilares da Terra, vencedor dos prémios literários mais prestigiados de Itália: Prémio Bancarella 2012 e Prémio Literário Emilio Salgari.

SALA 1AKKO-CHAN: THE MOVIE [A](falado em japonês e legendado em chinês/inglês)Um filme de: Yasuhiro KawamuraCom: Haruka Ayase, Masaki Okada14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 2FRANKENWEENIE [3D] [B]Um filme de: Tim Burton14.30, 16.15, 18.00, 19.45

UMIZARU 4: BRAVE HEARTS [C]Um filme de: Hasumi EiichiroCom: Hideaki Ito, Ryuta Sato, Ai Kato21.30

SALA 3STORAGE 24 [C]Um filme de: Johannes RobertsCom: Antonia Campbell Hughes, Noel Clarke, Laura Haddock14.30, 19.30

TED [C]Um filme de: Seth MacFarlaneCom: Mark Wahlberg, Mila Kunis, Glovanni Ribisi16.30, 21.30

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18 opinião quarta-feira 24.10.2012www.hojemacau.com.mo

OS anos 80, Cronenberg metia--nos medo com uma mosca, o seu célebre filme com o não menos notável slogan, “Medo. Tenha muito medo.” Uma frase que não me sai da cabeça, não apenas pela

sua genialidade mas também por me reportar a este nosso mundo. Voltemo-nos para Norte, Sul, Este ou Oeste e lá está o medo. Diaria-mente são-nos servidas doses avantajadas, como uma droga entorpecente. As igrejas elevam-nos os medos com os seus infernos e demónios, os políticos com imagens negras da vida sem eles, os tecnocratas europeus assombram-nos com a ideia de uma vida medonha sem o euro ou com as tenebrosas consequências à espera dos países que tive-rem a lata de não pagarem, ou protelarem, o pagamento das dívidas soberanas. A este propósito, não deixou de ser espantoso ouvir há dias o nosso Ministro da Economia dizer em pleno parlamento que o valor dos juros da dívida portuguesa ultrapassam os custos com educação e saúde! Não é novidade, mas não deixa de ser espantoso.

Naturalmente, o medo protege-nos, conserva-nos. Mas o medo que nos é ser-vido à refeição todos os dias, inibe-nos, estupidifica-nos, animaliza-nos.

STIVE numa festa de crianças este fim-de-semana. Curiosamente havia meninas e meninos portugue-ses, chineses e filipinos, brincavam todos juntos e falavam uma mis-tura de línguas. Entre a confusão

habitual da criançada, dos papéis de em-brulho e da gritaria consegui reparar nos pais. Nós os crescidos, apesar dos sorrisos simpáticos, ficámos sem graça e sem con-versa passados os habituais “como vai” e “deseja comer alguma coisa”.

Pensei nas minhas festas de pequena em Macau. Eram tão diferentes. Nessa altura es-távamos de passagem e não havia raízes, e os meninos da escola sentavam-se ao pé dos seus sem que tivessem de ser chamados à atenção para isso. Os nossos pais vinham de países para onde pensavam que voltaríamos e a cidade era mais ou menos um lugar de abrigo para o entretanto. Agora, a minha geração começa a ter filhos, e, pelo que vejo, quer que se sintam em casa na terra em que nasceram.

chá muito verdeFernando Eloy

Medo. Tenha muito medo

Crises e identidadesjardim das pombasMaria Alberta Meireles

Mas como andamos há tanto tempo a ser envenenados preferimos optar pelo medo por medo que senão tivermos medo a coisa descambe. Mas é o medo que faz a coisa descambar. O meu pai costumava dizer que não queria morrer sem ver o muro de Berlim vir abaixo. Conseguiu. Eu gostava de ver cair este muro de medo que há séculos nos levantam. Será provavelmente impossível vê-lo erradicado no meu tempo de vida mas existem formas de o minorar.

Este medo que nos misturam no oxigénio impede-nos de avançar como sociedade e como espécie. Grande parte dos nossos problemas advêm desta patologia com que nos habituámos a viver.

Os nossos actos mais nocivos têm as suas raízes no medo. Acumulam-se rique-zas desproporcionadas, invadem-se países, erguem-se muros, impedem-se pessoas de viajar e migrarem livremente, queimam-se livros, impede-se o pensamento livre... to-dos os dias um novo medo é criado. Ufanos na nossa ilusão de seres avançados, pouco reparamos que ainda vivemos agarrados ao tenebroso medo primário de ser engolidos por uma fera. Matamo-nos uns aos outros, literal ou figurativamente, por medo que nos tirem o espaço, que nos tirem a co-

mida, que nos tirem a possibilidade de ter uma casa para nos abrigarmos das feras. Empilhamos riquezas que precisariam, em circunstâncias normais, de três ou quatro vidas nossas (ou mais) para serem exauri-das por medo do não ter, por medo que os nossos filhos não tenham. Na verdade, na realidade que criámos “não ter” equivale a “não ser” um medo quase tão terrível como a de ser engolido.

Cerramos fronteiras, desviamos rios e construímos muros por medo que nos ve-nham tirar o que é “nosso”. Vivemos num medo permanente de não conseguir sobre-viver a esta vida. Medo do chefe que nos despede, medo de não ter dinheiro e assim não poder sobreviver. Mas, na realidade, o mundo ainda produz que chegue para todos.

Mudanças como a proposta levam ge-rações. Quiçá séculos. Mas, como dizem os chineses, “uma viagem de um milhar de lis começa por um passo.” E esse passo só pode ser dado com politicas sociais a sério, com uma mentalidade de esquerda aberta e progressiva com uma visão do mundo e da sociedade que permita escolas abertas e conhecimento disponível, assistência de saúde gratuita ou acessível, livre circulação de povos, rendimentos mínimos garantidos.

Esta última, e normalmente também as outras todas, encontra sempre adversários ferozes, fabricantes de medo que rapidamente dirão que um rendimento mínimo garantido serve apenas para criar inúteis. Até admito que se criem alguns mas isso será não acreditar na nosso própria espécie. É uma postura paternalista de quem entende sermos todos uns imbecis. Além de ser um anacronismo julgar que todos temos de trabalhar. Nem todos. O trabalho não é para todos. Há quem produza mais contemplando do que trabalhando. A diversidade que tanto se fala também nos toca. Somos diversos e é isso que nos sustenta como espécie. Tal como devemos preservar a diversidade cultural e natural também devemos preservar a nossa própria. Alguém que viva a vida toda depende do apoio público certamente não ficará materialmente rico mas pode ficar espiritualmente milionário. E com ele nós.

Ao atenuarmos o medo da sobrevivência crescemos como indivíduos e como espécie e todos os passos que conseguirmos dar nesse sentido não tenham dúvida que nos guiarão para um futuro muito melhor, de menor stress, de maior paz, de elevação cultural e espiritual. A vida com que, no fundo, todos sonhamos.

É sem dúvida um passo em frente. Lembro-me dos olhares confusos dos meus colegas que nunca tinham ido a Portugal. Para eles era um lugar distante a que talvez sentissem alguma pertença. Na escola a política da pesca portuguesa estudava-se nas aulas de Geografia mas, até hoje, e depois de muito custo, não sei bem todas as províncias da China. Aprendi de cor os Distritos e suas capitais, os rios mais importantes, a produção agrícola e as principais indústrias nacionais.

No tempo dos meus pais havia a delica-deza de ensinar o que era então o Ultramar. Mas para aquela turma cheia de alunos que dificilmente poria os pés em solo português, havia aulas para aprender como se compra-va e vendia em Escudos e a Ásia era um continente tão distante que se perdia muito pouco tempo com ele.

Pelos vistos mesmo dentro da comuni-dade estamos a mudar. Ainda que façamos pouco para compreendermos melhor a

pequena cidade em que vivemos, queremos mais para esta próxima geração. Para eles já não podemos pensar apenas nas férias de verão e na universidade em Portugal. Já não basta pensarmos que vão aprender bem a nossa língua e esperar que conheçam a fundo a cultura onde nasceram. Para eles queremos agora, raízes e, ainda mais im-portante, uma identidade.

Parte do problema que encontramos pela cidade, muitas vezes com amigos próximos, é que houve muitos alunos (talvez mais do que se pensa) que não aprenderam por completo língua nenhuma. Falam as três, com limitações, escrevem o português a um nível muito limitado e mesmo o inglês é mal dominado.

Isto porque até há pouco tempo, Ma-cau não era terra de ninguém. Mesmo a comunidade Macaense, estava muito ligada - se bem que com laços de natu-reza cultural - a Portugal. Finalmente, começamos a ver a cidade como nossa.

Investimos, e queremos fazer crescer este canto que afinal é onde queremos passar o resto dos dias.

Se for mesmo verdade que há, entre os mais novos, um sentimento de pertença, então talvez a RAEM deixe de ser apenas um porto temporário para passar a ser a nossa casa. Para mim, depois de tantos anos a viver numa terra que me é estranha, isto são boas notícias. Penso que só com uma identidade formada é que uma cidade pode florescer.

As crianças da festa talvez cresçam e tenham os mesmos preconceitos que nós temos. Talvez seja apenas nestes primeiros anos que os contactos se façam facil-mente. Ainda assim eu acredito que elas consigam ver o que para nós é tão difícil, que há mais 500 mil pessoas a viver na nossa terra e que nem todas falam a nossa língua e por isso é mais do que tempo de sair desta pequena ilha imaginária em que acampamos todos há anos.

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19opiniãoquarta-feira 24.10.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana Freitas; José C. Mendes; Rita Marques Ramos Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Fernando Eloy; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; David Chan; Gonçalo Alvim; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José Pereira Coutinho, Leocardo; Maria Alberta Meireles; Mica Costa-grande; Paul Chan Wai Chi; Vanessa Amaro Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

a pal içadaCorreia Marques

ENA 1. Quando eu andava no liceu – na década de sessenta do século ido - contava-se uma his-tória (talvez um pouco desfocada porque quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto) de um

aluno cábula, chamado de «repetente» pela linguagem oficial, mas a cuja espécie nós apelidávamos de «persistentes» porquanto, na realidade, eles (os dessa natureza) insistiam e persistiam, ano após ano, em permanecer no mesmo nível. Neste caso era um aluno do antigo 5.º ano (actualmente o 9.º ano) que numa oral de Ciências Naturais quando questionado pelo examinador sobre as espécies de aves, terá res-pondido. -«Pássaros, passarinhos e passarões, aves de arribação e cucos». E, com sentido de humor, o professor terá retorquido: - «Pois, pois, volte cá para o ano com uma pontaria mais afinada, porque o senhor tem um olho vesgo e falhou a pontaria».

Cena 2. Estamos nos passados anos oitenta, altura em que os subsídios da União Europeia para abater -com prejuízo do nosso sustento - barcos de pesca, cortar em culturas agrícolas, arrancar num ano e plantar no outro oliveiras e videiras e financiar projectos industriais de amigos e comparsas, sem sustentabilidade, começavam a chegar à ilustre praia lusitana. E, era um ver se te avias de fura-vidas engravata-dos (não me atrevo a chamar-lhes empresários porque isso é uma ofensa para os verdadeiros empresários) correndo para os bancos munidos de canetas de ouro para assinar os contratos e de carrões alugados estacionados à porta dos bancos para impressionar os gerentes, umas vezes ingénuos e deslumbrados pelos exibidos sinais exteriores de riqueza, outras corruptos apenas. E de lá, dos bancos, saíam estes sacripantas com chorudos empréstimos que nunca pagaram (e o povo paga agora com língua de palmo) e, com os quais, quando mui-to, ergueram uns barracões para justificarem a segunda tranche do financiamento e cujo capital gastaram em casas de alterne, “ferraris” e moradias no Algarve.

Cena 3. Estamos no dia 20 de Outubro de 2012, na fronteira das Portas do Cerco, em Macau, e do Continente regressam 4 caixeiros-viajantes vindos de muito longe, lá das terras dos Montes Hermínios, os quais vieram mostrar os seus produtos numa mostra comercial que aqui se realizava nesta cidade do nome de Deus de Macau. Um que devia ser o “boss”, como se diz aqui por estas paragens, era profusamente tratado pelos sabujos que o acompanhavam por

Se me é permitido um alerta aos “arribistas”, lhes direi: Antes de virem ou de voltarem estudem e não se esqueçam de que estas gentes que ainda hoje comem com “fai chi” já comiam com pauzinhos ainda nós comíamos com as mãos e que o facto de nos apresentarmos enfatuados e engravatados e a comer de faca e garfo em nada nos agiganta

Aves de arribação e cucos(cenas surreais da vida real)

C

cartoon O TERCEIRO DEBATEpor Steff

«doutor», para impressionar, julgo eu, os outros “tugas” de há muito aqui radicados que ali também se encontravam, os quais, para estes cucos (sim cucos são umas aves de arribação que passam o verão na Europa e no inverno migram para climas mais quen-tes e cujas fêmeas parasitas põem os ovos nos ninhos de outras aves), não passamos de uns cafrializados mal vestidos. Sim já me disseram que é assim que alguns aqui recém-chegados tratam aqueles dos nossos

que estando cá há mais tempo já não neces-sitam de se afirmar por aquilo que vestem.

Ora, esta gentalha que, em desespero, veio tentar negociar nestas bandas passou (foi-me relatado por pessoa da minha in-teira confiança) grande parte do seu tempo de espera na fila da fronteira azucrinando a cabeça da intérprete sobre as alegadas violações dos direitos humanos na China e sobre os costumes dos seus anfitriões.

E, quando me relataram estes factos, eu, de imediato, os associei às duas primeiras cenas que aqui vos deixo, caros leitores. Coitados estes “arribistas” porque, vesgos da visão, escolheram o sítio errado e porque não passam de aves de arribação da pior espécie, a dos cucos parasitas, legítimos sucessores dos fura-vidas engravatados que parecendo o que não eram enganaram os bancos na altura das vacas gordas lá no “pou ko”.

Se me é permitido um alerta aos “ar-ribistas”, lhes direi: Antes de virem ou de voltarem estudem e não se esqueçam de que estas gentes que ainda hoje comem com “fai chi” já comiam com pauzinhos ainda nós comíamos com as mãos e que o facto de nos apresentarmos enfatuados e engravatados e a comer de faca e garfo em nada nos agiganta.

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quarta-feira 24.10.2012www.hojemacau.com.mo

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O ministro da Reconstrução Produtiva francês, Arnaud

Montebourg, denunciou esta segunda-feira “uma globalização escandalosamente desleal” e cri-ticou a Organização Mundial do Comércio (OMC) pelas formas como admitiu a China e como este país conquistou os mercados.

Montebourg considerou, numa entrevista à rádio francesa France Info, que “o balanço” da OMC “é um desastre”, em particular a integração da China na organização, cujas práticas comerciais dispararam desde o início da década passada o défice comercial da França ou do conjunto da União Europeia.

O ministro francês respondia assim às advertências lançadas no sábado pelo director-geral da OMC, Pascal Lamy, em relação à tentação de um “proteccio-nismo patriótico” por parte do ministro francês e da campanha que este lançou para que os franceses consumissem produtos franceses. “Que fez a OMC e o director-geral Pascal Lamy para equilibrar essa situação” de dé-

Taiwan 12 mortos e mais de 70 feridos em incêndioPelo menos 12 pessoas morreram e 72 outras ficaram feridas, na sequência de um incêndio que deflagrou ontem num hospital no sul de Taiwan, informaram as autoridades hospitalares. O fogo teve início às primeiras horas da manhã numa enfermaria do hospital Sinying, na cidade de Tainan, onde se encontravam sobretudo pacientes acamados, indicou um porta-voz das autoridades, citado pela agência noticiosa francesa AFP.

Tibetano morre após imolar-sepelo fogo no noroeste da ChinaUm tibetano, com cerca 50 anos, morreu depois de se imolar pelo fogo num mosteiro no noroeste da China, em protesto contra a administração chinesa sobre a região, denunciou ontem um grupo de defesa de direitos humanos. De acordo com a organização “Free Tibet”, com sede em Londres, o homem identificado como Dhondup imolou-se pelo fogo perto de uma sala de oração no remoto mosteiro de Labrang, na província chinesa de Gansu na segunda-feira. Já a agência oficial chinesa Xinhua, citando uma fonte do governo da província, indica que um pastor, de 63 anos, ateou fogo a si mesmo no mosteiro na segunda-feira, mas sem referir a sua identidade ou se sobreviveu. O mosteiro é um dos mais importantes fora do Tibete, tendo sido palco de inúmeros protestos protagonizados por monges após os conflitos étnicos no Tibete em 2008. Com base no depoimento de uma testemunha, a “Free Tibet” indicou ainda que o administrador do mosteiro e outros monges proibiram a polícia de remover o corpo de Dhondup, refere a agência noticiosa francesa AFP.

França critica OMC e forma comoa China foi admitida na organização

“Globalização escandalosamente

desleal”

fice comercial em países como a França devido às práticas da China, questionou Montebourg.

O titular da Reconstrução Produtiva justificou a campanha, que lançou em defesa dos produ-tos franceses, referindo que “o consumidor tem um poder que ignora e subestima”.

Montebourg indicou que aposta num “relançamento pro-dutivo” e que para melhorar a competitiv idade das empresas estaria disposto a diminuir as quotizações pagas por trabalha-dor caso aumentem a actividade no país.