edição nº 5

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ALERTAS Edição 5 Ano 201 1 AUTORES Produção Independente Conto de hoje - O Leviatã em: a Filosofia do Poder! SUS: Bode Expiatório da Hegemonia Capitalista Resenha do livro: ‘Educar na Era Planetária’ Dialética Repensar Conceitos Sertanojo Universiotário Alertas em Foco Alertas de Olho Dicas Alertas

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Page 1: Edição nº 5

ALERTAS

Edição

nº5

Ano

2011

AUTORES

Produção Independente

Conto de hoje - O

Leviatã em: a Filosofia

do Poder!

SUS: Bode Expiatório da

Hegemonia Capitalista

Resenha do livro: ‘Educar

na Era Planetária’

Dialética

Repensar Conceitos

Sertanojo Universiotário

Alertas em Foco

Alertas de Olho

Dicas Alertas

Page 2: Edição nº 5

Esta Revista Eletrônica é um documento de livre acesso. Nosso objeti-

vo é levar a possibilidade de reflexões a respeito de assuntos que são normal-

mente banalizados e facilmente aceitos na esfera social. Projeta-se uma ten-

tativa de desbanalização do que nos é apresentado no cotidiano, com profun-

da banalidade/normalidade/superficialidade.

Cria-se, aqui, um espaço de discussão, reflexão e atitude perante os

vários fenômenos e possibilidades (conhecimentos e emoções) que afetam

nosso cotidiano. Espaço, este, no qual cada autor poderá tecer suas reflexões

de maneira autônoma. Ressaltamos, entretanto, que as ideias aqui publica-

das, são de responsabilidade exclusiva de cada autor, uma vez que a liberda-

de de expressão é um exercício constante em nossa revista.

Portanto, tendo em vista a liberdade do PENSAR, VOCÊ CARO LEI-

TOR, poderá tecer suas opiniões e expô-las também. Os „Autores‟ convidam

TODOS a fazerem parte dessas reflexões, lendo, discutindo e, sobretudo,

escrevendo.

Para expor suas opiniões acerca dos assuntos aqui discutidos ou conhe-

cer mais sobre os AUTORES ALERTAS, entre em contato:

Blog- http://autoresalertas.blogspot.com (nosso blog)

E-mail- [email protected]

Atenciosamente,

AUTORES ALERTAS

editorial

Page 3: Edição nº 5

Sumário

ARTIGOS

Conto de hoje - O Leviatã em: a Filosofia do Poder! ............................................... 04

SUS: Bode Expiatório da Hegemonia Capitalista .................................................... 05

Resenha do livro: ‘Educar na Era Planetária’ ........................................................ 06

Dialética ........................................................................................................................ 08

Repensar Conceitos ..................................................................................................... 13

Sertanojo Universiotário ............................................................................................. 14

DICAS ALERTAS

CONTRA UM MUNDO MELHOR: ENSAIOS DO AFETO - Luiz Felipe Pondé .......................17

TOM ZÉ - O PIRULITO DA CIÊNCIA (2010) .....................................................................17

ALERTAS EM FOCO ................................................... 15

ALERTAS DE OLHO ....................................................16

Page 4: Edição nº 5

„Finalmente, esta forma de poder não pode ser exercida sem o conhecimento da mente das pessoas, sem explorar su-as almas, sem fazer-lhes reve-lar os seus segredos mais ínti-mos. Implica um saber da consciência e a capacidade de dirigi-la‟. (FOUCAULT, 1995, p. 237).

Talvez que todas as nossas

lutas e labutas; todo o levantar

cedo; toda a opinião e/ou toda a

posição com relação a algo; to-

das as relações por mais polidas

que sejam; todos os nossos com-

portamentos possam significar

interesse/sujeição por ou ter por

escopo um norte centralizador -

„O PODER‟ – „o fazer valer a

vontade‟. É certo que os seres de

nossa espécie convivem e, até

que se prove o contrário, de ma-

neira „hierarquizada‟(distribuída

em castas; contratos sociais; cf-

me status; etc...). Isso poderia

significar organização social;

responsabilidades; incumbências;

ou ainda – e o que parece mais

sensato e significativo – um do-

mínio de relações estratégicas da

„governamentalidade‟ entre os

grupos e indivíduos – relações

estas que têm como questão es-

sencial a conduta do outro ou dos

outros, e que podem fazer uso de

técnicas e procedimentos diver-

sos, dependendo dos casos, dos

quadros institucionais em que

elas se desenvolvem, dos grupos

sociais e até de uma época espe-

cífica.

Utilizando as ideias de Tho-

mas Hobbes em sua obra

„Leviatã‟ e de Michel Foucault

sobre o „poder‟ é possível através

de uma aparição gráfica demons-

trar como funciona esta dinâmi-

ca.

Estado – ‘Leviatã’

força centralizadora do poder.

Instituições sociais – ‘micropoderes’

suas ações e técnicas de coerção

privilegiam a lei como manifesta-

ção do poderio Leviatã.

Indivíduo – „contribuinte‟; „recurso a

ser usado‟

sua existência é o „fato gerador‟

do „imposto poder‟.

A aplicação do poder tem

como destino o indivíduo que

já nasce carregado de incum-

bências de que ainda nem tem

ciência e em alguns casos nem

irá tomar conhecimento durante

toda a sua passagem pela exis-

tência.

A aplicação acontece por

intermédio das „subservientes e

facilitadoras do processo‟ – as

instituições sociais – cuja exis-

tência/permanência está atrela-

da ao domínio do poder maior,

o ESTADO. Este por sua vez

manda e desmanda (vigia; pu-

ne; disciplina...) dentro de nor-

mas estabelecidas os comporta-

mentos.Como acontece isso?

Através da coerção exerci-

da pelas instituições – cujo po-

der é maior que o indivíduo e

capaz de „catequizá-lo‟ com

suas burlarias – seguindo o pre-

texto da organização; hierarqui-

a; incumbências; desenvolvi-

mento ‘biopsicosocioespiritual‟.

O ESTADO é forte e sistemati-

zador. Lutar contra beira o

„holocausto‟ para os intrépidos

e a „prevaricação e/ou

sacrilégio‟ para os desavisados

e pusilânimes. Porém, nem tu-

do são exéquias!!! O ESTADO

é generoso com aqueles que

aceitam ser seus súditos reais.

Aqueles que aceitarem sua

pungente realidade serão bene-

ficiados de alguma forma. Suas

„ruas sem saída‟ serão asfalta-

das; receberão altos cargos e

boas promoções; suas

„licitações‟ serão aprovadas;

suas „prestações de serviços‟

bem remuneradas; seus

„cargos‟ mantidos e suas voli-

ções aceitas cfme a VOLIÇÃO

maior e absoluta – O LEVIA-

TÃ.

REFERÊNCIAS

FOUCAULT, M.. O sujeito e o po-

der. In: DREYFUS, H. & RABI-

NOW, P. Michel Foucault. Uma tra-

jetória filosófica: para além do estru-

turalismo e da hermenêutica. Rio de

Janeiro: Forense Universitária, 1995.

HOBBES, T. Leviatã. Martin Claret.

04

Conto de hoje - O Leviatã em: a Filosofia do Poder!

CHAPLIN, C. Filme: O grande ditador. Keystone Studios.

Geremias Alves - Possui graduação técnica

em Design Industrial, graduação em Psicolo-

gia e especialização em Psicopedagogia.

e-mail: [email protected]

Page 5: Edição nº 5

"as doenças do homem (...)

são dramas da sua histó-

ria" (GANGUILHEM, 2002)

O Sistema Único de Saúde

brasileiro (SUS) é um projeto

cuja proposta compreende o ho-

mem na sua totalidade, respeitan-

do questões básicas antes menos-

prezadas como a territorialidade

do indivíduo e a multidetermina-

ção de seu sofrimento. Embora

reconhecido e copiado por inú-

meros países, aqui a implementa-

ção desta proposta de Saúde Inte-

gral ainda cheira a tinta fresca e

se sustenta aos trancos, denunci-

ando uma funcionalidade sofrível

e uma cobertura geralmente insu-

ficiente. Tal afirmativa sugere a

existência de influências contrá-

rias às demandas que surgem de

sua operacionalização e a crítica

aqui feita percorre um caminho

inverso dessas manipulações mo-

netárias camufladas, pois se faz

visível e assume posicionamen-

tos.

Muito se fala sobre os baixos

salários, o orçamento desequili-

brado e a principal característica

da sua demanda de atendimento:

a população pobre. É quase lógi-

co que se as filas do SUS estives-

sem lotadas de indivíduos com

maior poder aquisitivo, pressões

seriam feitas e melhorias seriam

providenciadas. Mas por que a-

chamos que a população menos

favorecida não é capaz de reivin-

dicar reformas? Simples, esta

não é a função da Educação que

recebemos, e sempre é importan-

te ressaltar: o bom funcionamen-

to do SUS não é interessante para

a minoria que comanda este país.

Trocando em miúdos: uma estra-

tégia cuja proposta prevê a pro-

moção de saúde nos pilares

fundamentais de sua atenção

certamente diminui a depen-

dência medicamentosa, resul-

tando assim numa avaria desas-

trosa para a indústria farmacêu-

tica cuja sede de lucros é insa-

ciável. Num previsível efeito

cascata diminuem-se ainda os

possíveis atendimentos médi-

cos privados e o crescente abo-

canhar dos planos de saúde pa-

gos.

Portanto, um simples olhar

mais acurado sobre a aplicação

do SUS que temos hoje em vi-

gor traz à tona questões políti-

cas, econômicas e sociais que

certamente merecem questiona-

mentos e readequações que se

levados a sério seriam um gran-

de incômodo para a iniciativa

privada e seus discípulos fervo-

rosos. No entanto, as divergên-

cias mais preocupantes ainda

são as relacionadas aos aspec-

tos culturais envolvidos. Ocor-

re que estes dois processos es-

tão claramente interligados e

uma análise que dispensasse

um ou outro estaria deficiente

em relação a uma descrição

justa das relações que controle

que mantém uma efetivação

insuficiente deste sistema. Po-

rém e contudo, a criticidade

comumente não é uma caracte-

rística presente no comporta-

mento dos usuários do SUS,

que acima de tudo estão por

demais ocupados com as agru-

ras de seu sofrimento potencia-

lizadas, sem dúvida, pelo pre-

cário atendimento que rece-

bem.

Ainda se fala em Saúde sem

se falar em Educação, aí se tem

planos de ação fadados ao fra-

casso, cuja lógica não alcança o

povo que é ensinado a viver

sob os preceitos do capitalismo

extremo, nos quais o valor do

sujeito se mede pela sua capa-

cidade de produção e o indivi-

dualismo prevalece supremo,

porém hipócrita; pois o engaja-

mento social existe, desde que

fique longe dos impostos de

cada um. Neste sentido, socie-

dade é um conceito utópico que

preserva e promove o louvor

absoluto aos direitos individu-

ais em detrimento do coletivo,

fomentando uma cultura cujos

ideais aprovam o desprezo ao

infortúnio alheio, sobrepujando

as responsabilidades éticas de

cada cidadão enquanto membro

de uma coisinha boba chamada

Humanidade.

Portanto, é evidente que

favorecer um sistema que au-

menta a autonomia dos indiví-

duos parece ser um risco muito

alto a se correr. Como resulta-

do, a Cultura deste país não

compreende os conceitos de

Universalidade, Eqüidade e

Integralidade como característi-

cas que deveriam transcender a

cartilha do SUS para fazer par-

te da base do repertório de

comportamentos do cidadão

que descreve uma nação bem

educada, politicamente ativa e,

portanto, cujos direitos não são

facilmente alienados, como o-

corre aqui.

REFERÊNCIAS Canguilhem, G. (2002). Une pédago-

gie de la guérison estelle possible? En

G. Canguilhem (Ed.), Écrits sur la

Trabalho, saúde, transtornos men-

tais 183 Psicologia em Estudo, Ma-

ringá, v. 11, n. 1, p. 175-183, jan./abr.

2006 médecine (pp. 69-100) Paris:

Seuil. (Original publicado em 1978).

05

SUS: Bode Expiatório da Hegemonia Capitalista Rosina Forteski: Contista e

estudante de Psicologia.

e-mail: [email protected]

Page 6: Edição nº 5

MORIN, Edgar; CIURANA, E-

milio-Roger; MOTTA, Raul Do-

mingo. Educar na era planetá-

ria: o pensamento complexo

como método de aprendizagem

pelo erro e incerteza humana. 3.ed. São Paulo: Cortez, Brasilia,

DF: UNESCO, 2009.

Síntese da Obra

“Educar na era planetá-

ria” (figura 1) é uma obra dividi-

da em quatro partes (três capítu-

los mais epílogo): O Método

(cap.1), A Complexidade do Pen-

samento Complexo (cap.2) , Os

desafios da era planetária (cap.3)

e A missão da educação para a

era planetária (epílogo).

No primeiro capítulo (O Mé-

todo) da obra é proposta a tenta-

tiva de romper com a visão deter-

minista de „método‟. Pensa-se

„método‟ como caminho, como

um ensaio gerativo e estratégico.

Visando abranger as situações

complexas (ordem/desordem,

determinismo/acaso, etc) pro-

põem-se, ainda, um método que

valorize a experiência, o cami-

nhar. Que valorize, com devida

atenção, o Erro, a experiência

trágica. Um método que dissolve

-se ao caminhar, que fundamenta

-se na ausência de fundamentos,

que praticamente confunde-se

com a própria teoria e que assu-

ma alguns princípios metodoló-

gicos específicos para „pensar

complexo‟ (Sistêmico; Hologra-

mático; Retroatividade; Recursi-

vidade;Autonomia/Dependência;

Dialógico; Reintrodução do su-

jeito em todo conhecimento).

O método proposto deve ad-

mitir a tensão entre o inacaba-

mento e o ponto final.

Deve assumir-se perante a

Tríplice Tragédia: da Informa-

ção (aumento exponencial das

informações), da Reflexão

(limites entre o saber e o não

saber) e da Complexidade

(risco de fechar o objeto de co-

nhecimento VS superficialida-

de).

O segundo capítulo (A

Complexidade do Pensamento

Complexo) traz, de inicio, uma

explanação sobre a etimologia

e o sentido etimológico da utili-

zação da palavras „complexo‟ e

„complexidade‟. Propõe-se

complexidade como a percep-

ção de elementos antagônicos

que se entrelaçam, bem como a

importância da dúvida para a

complexidade.

A seguir discute-se a dife-

rença de caos para a complexi-

dade e para o determinismo. De

acordo com a obra, para o pen-

samento determinista, a incer-

teza é resultado de fraqueza/

insuficiência, enquanto que pa-

ra a complexidade o conceito é

mais rico e relativiza a idéia de

„ordem‟.

Caracteriza-se, ainda o Pen-

samento Complexo como um

pensamento mais potente, visto

que reconhece o movimento e a

imprecisão. Adverte-se que a

complexidade não exclui o

simples, mas o integra. Impera-

se, pelo Pensamento Comple-

xo, a Ciência com Consciência.

„Os desafios da era

planetária‟, é o título do capítu-

lo 3. Nele, é exposto, tendo em

vista um olhar histórico, o ce-

nário que foi criado no mundo

a partir de práticas predatórias

de exploração, violência, des-

truição e escravatura.

Determina-se essa Era de

desenvolvimento ilusório de a

„Idade de Ferro Planetário‟, no

qual ainda estaríamos. Fala-se

que, apesar de o quadrimotor -

ciência, técnica, indústria e in-

teresse econômico – há, ainda,

a possível emergência de uma

sociedade-mundo, onde a mun-

dialização favorece o desenvol-

vimento de uma consciência

aguda, sustentável, que expan-

de o humanismo. Cita-se a ne-

cessidade, de uma Antropolíti-

ca.

No Epílogo: „A missão da

Educação para a Era

Planetária‟, deixa-se claro que

o papel da Educação não está

em buscar uma salvação, ne-

cessariamente, mas procurar o

desenvolvimento da hominiza-

ção.

Critica-se, aqui, a visão de

„desenvolvimento‟ que os ditos

subdesenvolvidos têm e a visão

de „subdesenvolvimento‟ que

os ditos desenvolvidos têm. A

interpretação de Desenvolvi-

mento e Subdesenvolvimento

pode depender do ponto de vis-

ta.

06

Resenha do livro ‘Educar na Era Planetária’ Thiago Alex Dreveck - Biólogo e Educador.

Pós-graduando em Interdisciplinaridade.

e-mail: [email protected]

Figura 1: Livro “Educar na Era

Planetária: o pensamento comple-

xo como método de aprendizagem

pelo erro e incerteza humana.”

Page 7: Edição nº 5

Finaliza-se, comentando na

obra, que para a realização de

uma Era Planetária, unem-se aos

princípios geradores e estratégi-

cos do método (capítulo 1) al-

guns eixos-diretrizes: conservad-

or/revolucionante; progredir re-

sistindo; repensar o desenvolvi-

mento e a idéia subdesenvolvida

de subdesenvolvimento; regresso

do futuro e reinvenção do passa-

do; complexificação da política e

Política da complexidade; civili-

zar a civilização.

Análise Crítica

A obra proporciona uma lei-

tura agradável, de fácil acesso, e

ao mesmo tempo inovadora. Isso

devido as idéias e discussões que

ela proporciona. A forma de divi-

são dos temas do livro e a utiliza-

ção de citações da literatura tam-

bém ilustram, de forma brilhante,

a obra.

MORIN, em Educar na Era

Planetária, propõem uma amplia-

ção do método muito relevante.

A ampliação do método determi-

nista para um método que apro-

veita brechas, imprevistos, tragé-

dias, é, sem dúvidas, algo de exí-

mia importância para que consi-

gamos compreender o cotidiano

moderno. De fato, falta-nos enca-

rar os fenômenos como comple-

xos.

Assimilar o mais profundo

sentido da noção de o que é o

“complexo” também é algo que

semeia grande ignorância na atu-

alidade. A necessidade de se des-

velar o significado do complexo

com seus antagonismos e desafi-

os é outro fator importantíssimo

destacado na obra.

Todavia, não tenho o mesmo

otimismo que os autores no que

tange ao processo de hominiza-

ção para a provável Era Planetá-

ria.

Há grande discurso sobre am-

pliação do método para vislum-

brar os fenômenos, admite-se

os grandes desafios da socieda-

de moderna, percebe-se a im-

portância de entender as limita-

ções de nossa forma de pensar,

no entanto, ainda percebe-se

maior ênfase em resolver a cri-

se da humanidade.

Claro que é, também, por

meio das crises que amplia-se a

visão de mundo, mas até que

ponto não estamos, mais uma

vez, sendo egocêntricos quanto

as crises que se nos apresen-

tam? Até que ponto não estare-

mos criando mais um ideal de

“humanidade” (hominização)

que nos molda apenas para ten-

tar domar os intempéries da

nossa trágica existência? Com

todas as crises que, atualmente,

se apresentam na modernidade

(científica / filosófica / am-

biental / econômica / sociológi-

ca / antropológica ), estaríamos

ampliando nosso modelo ético,

ou apenas mascarando-o por

não termos mais alternativas

perante a tragédia que nos es-

pera?

Recomendações

Recomendo a qualquer

individuo que deseja refletir/

discutir/sentir os atuais desafios

da modernidade, que estão can-

sados de aceitar a mesmice de

nossos dias e cultura. Educar

na Era Planetária, interessa a

qualquer um que, independente

da formação acadêmica, quer

apropriar-se de discussões refe-

rente as atuais crises contempo-

râneas (econômicas, ambien-

tais, éticas, filosóficas etc).

Credenciais dos Autores

Nascido em 1921, Paris, Edgar Morin é um sociólogo

propagador do pensamento complexo. Fez estudos de His-

tória, Geografia e Direito. Participou do movimento de

resistência à ocupação nazista. Foi comunista, porém,

mais tarde foi desligado deste movimento. É doutor hono-

ris causa em universidades de vários países e presidente

da Associação para o Pensamento Complexo.

Emilio-Roger Ciurana é professor da Universidade de

Valladolid na Faculdade de Filosofia e Letras. Professor

do Programa Interuniversitario de Experiência de Castilla

e León. Trabalha nas seguintes linhas de pesquisa: Episte-

mologia dos processos complexos nas Humanidades; Es-

tratégias do pensamento aplicadas a educação, em particu-

lar: Educação para a cidadania e Educação para a comuni-

cação intercultural; Estratégias do pensamento para a

compreensão da relação entre o local e o global no contex-

to planetário.

Raul Domingo Motta é formado em Letras e Filosofia,

mestre em Administração e Doutor em Letras. Tem traba-

lhado com: Problemas de gestão de conhecimentos e me-

todologias inter, multi e transdisciplinares; a Revista Pen-

samiento & Transdisciplinariedad (Universidade Autôno-

ma de Nuevo León, Monterrey, México); o Instituto Inter-

nacional para o Pensamento Complexo; a Cátedra Itine-

rante UNESCO: “Edgar Morin” para o Pensamento Com-

plexo. Possui ampla experiência na docência do Ensino

Superior e tem vários cargos honorários em centros de

estudo que abrangem o Pensamento Complexo.

07

Page 8: Edição nº 5

Para uns filha de Sócrates,

para outros filha de Zênon de

Eléia, a palavra dialética, ou a

arte do diálogo, é originária da

Grécia antiga. Seu significado

ganhou mais abrangência e espe-

cificidade, com o tempo, tornan-

do-se a arte de, no diálogo, cons-

tituir uma tese por meio de argu-

mentações que definam e distin-

guam os conceitos envolvidos.

Contudo, na concepção moderna,

dialética significa o modo de

compreender a realidade como

essencialmente contraditória e

em permanente transformação.

(KONDER, 1995)

Carregando este sentido mo-

derno da palavra, Heráclito de

Efeso “O Obscuro”, é o pensador

mais radical da antiga Grécia.

(KONDER, 1995) Pertencente ao

período naturalista do pensamen-

to clássico, o pensamento filosó-

fico de Heráclito, pode-se resu-

mir em três princípios: 1º – O

elemento primordial, a essência

da realidade é o vir-a-ser: Tudo

muda, tudo se encontra em per-

pétuo fluxo. A realidade esta su-

jeita a um vir-a-ser contínuo. O

imutável dentro da realidade é a

lei universal do devir. 2º – O vir-

a-ser é antítese. 3º – Tese e antí-

tese são reconduzidos à estabili-

dade e à unidade pela harmonia.

Os contrários encontram a unida-

de do real sobre a ótica da lei di-

alética, racional, do vir-a-ser.

(PADOVANI, 1956)

Ao Considerar que tudo exis-

te em constante mudança, negan-

do a existência de qualquer esta-

bilidade no ser, onde o conflito é

o pai e o rei de todas as coisas,

Heráclito provoca perplexidade

quando coloca o problema aos

gregos. Defronte com esta tese,

os gregos, preferem considerar as

argumentações de outro filóso-

fo, Parmênides, o que dificulta

assim os avanços do conheci-

mento científico dentro dos as-

pectos mais dinâmicos e instá-

veis de realidade. (KONDER,

1995).

Vindo da escola eleática,

fundada por Xenófanes, Parmê-

nides nega a ideia do politeís-

mo e do antropomorfismo de

Homero e de Hesíodo, aceita

uma única substância divina,

eterna e imutável. Admiti o ser

uno e imutável, característico

da corrente filosófica eleática

de Xenófanes, subtraindo, con-

tudo, seus atributos divinos.

Caracteriza a mudança como

um fenômeno superficial e a

essência profunda do ser como

imutável (metafísica).

(PADOVANI, 1956)

A meta física conquista sua

hegemonia não apenas pelo

apelo filosófico que a consenti-

ram. As classes dominantes

existentes também se valeram

das argumentações de Parmêni-

des para seus interesses dentro

da sociedade, ligando-a aos

seus valores e conceitos, de

modo a garantir a manutenção

do seu regime social vigente,

aos quais os valores de mudan-

ça e movimento não são inte-

ressantes. (KONDER, 2005)

A importância de Heráclito e Par-

mênides é tal, que o pensamento

posterior representa uma supera-

ção e uma síntese dessas duas

filosofias, do ser e do vir-a-ser. O

reconhecimento da realidade do

vir-a-ser (Heráclito), bem como

da realidade do imutável

(Parmênides), fixa uma conquista

preciosa e definitiva do pensa-

mento grego. (PADOVANI,

1956, p.50)

O responsável pela volta da

prática dialética foi Aristóteles,

um século depois da morte de

Heráclito. Aristóteles coloca

novamente em questão os mo-

vimentos dos objetos, com seus

conceitos de ato e potência,

onde existem potencialidades

que estão se atualizando, con-

seqüentemente se transforman-

do em realidades efetivas - co-

mo uma semente, árvore em

potência, ou uma árvore, se-

mente em ato. Graças a ele a

filosofia não abandonou por

completo o estudo do lado mu-

tável e dinâmico do real.

(KONDER, 1995)

Na transição da Idade Anti-

ga à Média a dialética sofre

novo abalo. Com o regime feu-

dal a estratificação social man-

têm a sociedade dividida em

classes impossibilitando altera-

ções significativas de ascensão

ou melhora das condições de

vida. A ideologia do pensa-

mento cristão vigente constitu-

iu-se, dentro dos mosteiros,

como monopólio da igreja, for-

çando a dialética à abrir cami-

nhos distantes das zonas de

dominação imperial da teologi-

a. (KONDER, 1995)

No século XIV, XV e XVI,

com as grandes navegações, a

chamada “revolução comerci-

al”, o início do pensamento

moderno (Renascença, racio-

nalismo, empirismo, iluminis-

mo) e a descoberta das Améri-

cas, começa a despertar novas

reflexões filosóficas que iram

se opor aos hábitos mentais da

Idade Média através das artes e

das ciências e com isso o mo-

vimento ganha destaque nova-

mente, como tema fundamen-

tal, no centro dos debates.

Dialética Gabriel Horn Iwaya - Gastrônomo. Pós-

graduando em Interdisciplinaridade.

e-mail: [email protected]

08

Page 9: Edição nº 5

Nicolau Copérnico traz à luz sua

teoria heliocêntrica, retirando a

terra do centro do universo; Gi-

ordano Bruno glorifica o homo

faber; Galileu e Descartes desco-

brem o estado natural constante

de movimentação dos corpos; e

Pascal reconhece o caráter dinâ-

mico, instável e contraditório da

condição humana.(KONDER,

1995)

A ciência alcança, na Renas-

cença, sua maior expressão his-

tórica. No que diz respeito a as-

tronomia ressalta-se os nomes:

Nicolau Copérnico, Galileu Gali-

lei e Johannes Kepler. Copérni-

co, fundador da doutrina astronô-

mica heliocêntrica, dedicou sua

vida às meditações astronômicas,

cujas contribuições de Galileu se

fizeram fundamentais, não só

astronomicamente falando. Apri-

moradas novamente por Kepler

que fixou as três leis que regulam

o movimento dos planetas em

torno do sol. Kepler também de-

fendia o princípio de que a natu-

reza é regida por leis matemáti-

cas: ubi materia, ibi geometria.

Ficará a cargo de Newton, poste-

riormente, completar o sistema

com a lei de gravitação universal,

justificando o equilíbrio dos cor-

pos celestes. (PADOVAI, 1956)

Diferente de Aristóteles e To-

más de Aquino, Galileu, não bus-

ca, a partir da experiência, trans-

cende-la para construção de uma

metafísica geral, fixando-se no

âmbito da própria experiência. O

teórico, ao fundamentar o conhe-

cimento sobre a experiência, a-

plica a matemática à física (físico

-matemática) constituindo um

elemento verdadeiramente racio-

nal, de grande valia a ciência

moderna. Empenhado na consti-

tuição desta ciência nova, Gali-

leu, elabora o seu método basea-

do: a) na observação; b) na hipó-

tese; c) na experiência ou

verificação da hipótese.

Esta, se confirmada a partir do

método, transforma-se em lei.

Com Galileu se inicia a tendên-

cia filosófica que dará subsí-

dios para René Descartes fun-

dar as correntes racionalistas, e

abrir caminho para o pensa-

mento moderno. (PADOVANI,

1956)

Descartes dedicou-se a car-

reira militar no início de sua

juventude da qual logo aban-

donou para voltar-se inteira-

mente, o estudo cientifico, sua

vocação. Viajou pela Europa

por nove anos, observando e

estudando a realidade do mun-

do, para depois ater-se por

completo a meditação filosófi-

ca até o fim da sua vida. Ape-

sar de católico e de admitir a

criação do mundo de acordo

com a ótica cristã, Descartes

isola inteiramente a filosofia

da religião devido a impossibi-

lidade de aceita-la dentro do

seu racionalismo. Este caráter

imanente presente em seu ra-

ciocínio refletirá por vez na

filosofia de Spinoza, um dos

representantes, continuadores

do racionalismo.(PADOVANI,

1956)

“O discurso do método”,

uma das obras-prima do filóso-

fo, deu origem ao método car-

tesiano, resumidamente explici-

tado em quatro fases: intuição é

o começo do conhecimento;

análise, distinção e isolamento

das variáveis; síntese onde o-

corre a dedução do sentido; e a

enumeração completa, conclu-

siva. Admitindo que assim po-

der-se-ia criar um sistema con-

creto da realidade faz-se uma

cisão entre os saberes submeti-

dos a apreciação do método

científico (racional) e dos sabe-

res recebidos como tradição

(sensível), logicamente desva-

lorizando osegundo, compro-

metidos pela incapacidade hu-

mana de conhecer a verdade.

(PADOVANI, 1956)

Como opositor da corrente

racionalista, Blaise Pascal,

grande físico e matemático,

com profunda ligação religiosa

e cristã, classifica os conheci-

mento de Descartes dentro de

um conjunto do esprit géomé-

trique, válido apenas ao mundo

físico, mas que não chega a

Deus, contrapondo-o com a

razão integral, esprit de finesse,

que leva ao cristianismo, meta-

físico. “Não nos sustentamos

na virtude por nossa própria

força, mas pelo contrapeso de

dois vícios opostos, assim co-

mo ficamos de pé entre dois

ventos contrários: tirai um des-

ses vícios, e caímos no ou-

tro.” (PASCAL, 1995, p.220).

Sendo assim, Pascal abre

um caminho dialético original

da filosofia com destino à reli-

gião, colocando a espiritualida-

de como fator fundamental pa-

ra resolução eficaz dos proble-

mas da vida, essencialmente o

problema do mal, tornando vá-

lido os antigos dogmas cristãos

- a queda original e da reden-

ção pela cruz – após uma justi-

ficação positiva, histórico-

integral, do cristianismo.

(PADOVANI, 1956). Outros

grandes pensadores utilizaram

elementos vindos da corrente

dialética, porém, de certo mo-

do, todos viviam em uma situa-

ção de isolamento da realidade,

longe dos movimentos práticos

e por isso mantinham visões

deturpadas do processo trans-

formador da condição humana

e das estruturas sociais, pecan-

do, hora por demasiado otimis-

mo superficial, hora por dema-

siada melancolia conservadora

negativista. (KONDER, 1995)

09

Page 10: Edição nº 5

Na segunda metade do século

XVII, com o amadurecimento do

processo histórico que resultou

na Revolução Francesa, as cor-

rentes do Iluminismo espalharam

-se pela sociedade e acompanha-

ram de perto o desenrolar dos

acontecimentos, articulando-se

para que o que restou do regime

feudal desaparecesse, dando es-

paço para um mundo novo, ra-

cional. Em suma os iluministas

interviram com visões simplifi-

cadas do processo de transforma-

ção social sem exercitar a refle-

xão dos próprios atos e suas con-

tradições, salvo algumas exce-

ções, por exemplo: Denis Dide-

rot que desconfiava de qualquer

tipo de imposição de ordem em

um contexto constantemente mu-

tável; e Jean-Jacques Rousseau,

que embora divergisse de Dide-

rot em grande parte, não se dei-

xava intimidar por uma

“ideologia de ordem”.

(KONDER, 1995)

Rousseau pode ser considera-

do a figura mais singular do ilu-

minismo francês ao mesmo tem-

po em que superou o iluminismo

rumo ao romantismo. Calvinista,

converteu-se ao catolicismo, re-

tornou novamente ao calvinismo,

no fundo optou por aderir apenas

a religião natural. Não encontrou

sossego dentro de nenhuma con-

cepção ideológica. Para Rousse-

au, a civilização, a sociedade

corrompem o homem e sua rota

de fuga é o retorno a origem, no

sentido cronológico, ao estado

primitivo, originário da humani-

dade. (PADOVANI, 1956)

O homem não deve ser a roda de

uma máquina em uma sociedade

materialista; a vontade individual

não deve ser prisioneira de uma

vontade coletiva; o espírito não

deve ser exterioridade, e sim interi-

oridade. A liberdade não é apenas

um direito, mas um dever

imprescindível da natureza huma-

na, que exige também a igualdade

dos homens, em virtude precisa-

mente, da natureza em comum.

Tal natureza humana, sem os

males da civilização, produzirá

frutos de fraternidade universal.

(PADOVANI, 1956, p.289)

Na virada do Século XVII

já não era possível conter até

mesmo os conflitos políticos

internos nos palácios. A reper-

cussão nas ruas junto dos ideais

Iluminista desencadearam, no

Século XIX, a Revolução Fran-

cesa, atingindo não só os países

da Europa como outros conti-

nentes. O movimento causado

pela revolução refletiu-se na

filosofia, em especial na cidade

de Kõnigsberg, na Prússia Ori-

ental (hoje Kalingrado da Uni-

ão Soviética) influenciando,

Imanuel Kant, considerado ho-

je o maior pensador metafísico

moderno. (KONDER, 1995)

Com a revolução histórica

ocorrendo, quebrando as roti-

nas e expondo as contradições,

Kant ateve-se especificamente

a ela, a contradição, no sentido

geral. Kant questiona a assimi-

lação proveniente do meio ex-

terno, não reduzindo a consci-

ência humana à uma registra-

dora de acontecimentos, mas

como proveniente de um ser

que interfere ativamente na rea-

lidade, e isto muda completa-

mente a forma de compreender

o processo de conhecimento

humano. (KONDER, 1995)

Antes de interpretar a reali-

dade, Kant, coloca a seguinte

questão: o que é conhecimen-

to? Tendo em mente que não

seria possível conceber uma

compreensão externa, a poste-

riori, antes de se fixar na refle-

xão do que ele chamou “razão

pura”, a priori, razão esta, já

repleta de “antinomias” irredu-

tíveis a qualquer lógica do pen-

samento humano (KONDER,

1995)

Georg Wilhelm Friedrich

Hegel, posteriormente, de-

monstra que a contradição não

é apenas uma dimensão essen-

cial na consciência do conheci-

mento, mas era um princípio

básico atrelado à consciência

do sujeito e da realidade objeti-

va. Antes de questionar “O que

é o conhecimento?”, Hegel,

questiona o “é”, ou seja, passa

da questão do conhecimento

para a questão do ser.

(KONDER, 1995)

Hegel encontra em Kant um

ponto comum de reflexão ao

considerar, também, que sujei-

to humano sempre interfere

ativamente na realidade. Ape-

sar de entusiasmado com a Re-

volução Francesa, quando o

poder de intervir na realidade

lhe pareceu quase ilimitado,

Hegel, observando o decorrer

histórico - a fase negra da Re-

volução Francesa que se revela

no reflexo da lâmina de sua

guilhotina; junto da tomada da

posse e queda de Napoleão; a

dominação européia pela polí-

tica ultraconservadora da Santa

Aliança; sem contar as condi-

ções precárias em que se en-

contrava a Alemanha segmen-

tada em governos regionais

reacionários - aprofunda sua

reflexão sobre o homem e a

transformação da realidade,

sendo em última análise, a rea-

lidade objetiva quem impõe o

ritmo e as condições para que

isso ocorra. (KONDER, 1995)

Hegel, no entanto, não se

ateve à essas considerações e

seu aprofundamento e reflexão

mais radical foi sobre a revolu-

ção industrial que ocorreu na

Inglaterra. Neste contexto, He-

10

Page 11: Edição nº 5

gel acredita que, é no trabalho

que o desenvolvimento humano

se realiza e se reproduz; é através

dele que podem ser compreendi-

das as formas complicadas da

atividade criadora do sujeito;

com o trabalho o homem modifi-

ca, fazendo uso de sua habilidade

e persistência, a resistência do

objeto; sem o trabalho não have-

ria a relação sujeito-objeto.

(KONDER, 1995)

O trabalho é conceito-chave à

compreensão da superação dialé-

tica de Hegel. Na concepção do

filósofo, a aplicação de três sig-

nificados do verbo suspen-

der,“aufheben”, (negar, conser-

var, elevar) à dialética, resulta

simultaneamente: 1) em uma ne-

gação de uma determinada reali-

dade; 2) na conservação de al-

go essencial contido nela; 3) e na

elevação dela a um nível superi-

or. Relacionando ao trabalho:

primeiro a matéria-prima é nega-

da em seu estado natural; ao

mesmo tempo algo em sua essên-

cia é conservada; para que assu-

ma uma nova forma e valor, sa-

tisfazendo os objetivos humanos.

(KONDER, 1995)

Do Hegelianismo surgiu Karl

Marx, um de seu alunos, com

uma vida um pouco mais atribu-

lada, ligou-se cedo ao movimen-

to operário e socialista, lutando

junto dos trabalhadores, viveu na

pobreza e grande parte da vida

no exílio. Considerou a visão He-

geliana do trabalho demasiada-

mente intelectual, abstrata e uni-

lateral ao passo que ignora o tra-

balho físico, material e seus pon-

tos negativos, incapaz de analisar

os problemas ligados à divisão

do trabalho, alienação e estratifi-

cação social, gerados, principal-

mente, com o advento do capita-

lismo. (KONDER, 1995)

Marx e Hegel concordavam que

através do trabalho o homem

modifica a natureza e cria a si

mesmo. A crítica de Marx à

ideologia hegeliana pode ser

compreendida a partir da con-

cepção marxista de homem,

onde este é constituído a partir

de suas relações materiais den-

tro de um contexto histórico, ao

passo que para Hegel não. Este

por sua vez considerava a reli-

giosidade, formadora da cons-

ciência, inerente ao homem.

(MARX, 2009)

A opção pelo ateísmo

leva Marx a abandonar os prin-

cípios idealistas de Hegel atre-

lados a religião, salvo o método

dialético, e a partir dos estudo

sobre o materialismo de Lud-

wig Feuerbach desenvolve sua

crítica. “Os filósofos se limita-

ram a interpretar o mundo de

diferentes maneiras; mas o que

importa é transformá-

lo.” (MARX, 2009, p.120) A

partir deste ponto o homem en-

tra em cena em seu real proces-

so de desenvolvimento, em um

processo ativo vital, onde a

história deixa de ser idealista,

especulativa. (MARX, 2009)

Quando deu à dialética a configu-

ração materialista necessária,

Marx expurgou-a das propensões

especulativas e adequou-a ao

trabalho científico. Ao invés de

subsumir a ontologia na lógica,

são as categorias econômicas e

sua história concreta que põem à

prova as categorias lógicas e lhes

imprimem movimento. […] Mas,

ao contrário de reprodução passi-

va, de reflexo especular do ser, o

pensamento se manifesta através

da ativa intervenção espiritual

que realiza o trabalho infindável

do conhecimento. (MARX, 1983,

p. 26)

Marx(2009) entende que a

divisão do trabalho, espiritual

(intelectual) e material, causa e

fruto do acúmulo de capital e

propriedade privada, gerados

dentro do sistema capitalista,

possibilita a existência de clas-

ses: dominantes, que serão a-

quelas que dispõe dos meios de

produção material e espiritual;

e dominadas. Esta estratifica-

ção social é ilustrada, de um

lado, pelos ideólogos

(formadores de ilusões a res-

peito de si), que constroem sua

ideologia de dominação ao pas-

so que os demais se relacionam

com essas ideias de forma pas-

siva e receptiva, impossibilita-

dos de produzir ideias e ilusões

a cerca de si, em suma, inó-

cuos.

Embora de modo pouco

convencional, O Capital

(MARX, 1983) conquista seu

espaço ao desenvolver, sem

qualquer exposição sistemática,

porém, aplicando em tudo e por

tudo, a metodologia do materi-

alismo dialético. As teorias le-

vantadas por Marx o colocam,

com todo o mérito, junto dos

criadores de ideias que marca-

ram época na construção do

conhecimento, de Aristóteles à

Hegel. A unificação interdisci-

plinar das Ciências Humanas,

feita por Marx, o possibilita

tecer críticas ao sistema capita-

lista e tornou-se instrumento

essencial para o seu estudo

geral.

Marx deixa seus escritos

dialéticos inacabados, concluí-

dos postumamente por Engels,

em três leis gerais da chamada

“dialética da natureza”: 1) da

passagem da quantidade à qua-

lidade e da qualidade à quanti-

dade; 2) da interpretação dos

contrários; 3) da negação da

negação. (MARX, 2009). Im-

portantes pensadores ainda de-

fenderam e usaram dos concei-

tos de Hegel e aperfeiçoamen-

tos de Marx à dialética, – desta-

cam-se Lênin; Georg Lukács;

11

Page 12: Edição nº 5

Antonio Gramsci; e Walter Ben-

jamin – contudo, após a morte de

Lênin, desencadeia-se um movi-

mento antidialético, representado

principalmente por Josef Stálin,

após assumir a direção do PC da

URSS e do Estado Soviético, e-

xercendo enorme influência so-

bre o movimento comunista

mundial. (KONDER, 1995)

Em Marx, Engels e Lênin, a

prática exigia uma auto-reflexão

constante que possibilite o apri-

moramento da teoria ao passo

que para Stálin, “talentoso” sim-

plificador didático, as opiniões

contrárias produziam efeitos no-

civos e eram consideradas objeti-

vamente como anti-

revolucionárias, traidoras, agen-

tes inimigos. Esta deformação,

antidialética, do marxismo influ-

enciou profundamente, com sua

ideologia educativa subvertida,

gerações de comunistas no mun-

do inteiro. (KONDER, 1995)

Com a crise do “socialismo

real” e queda do marxismo dou-

trinal, só o que resta ainda de pé,

na estrutura marxista são movi-

mentos anticapitalistas nos países

ocidentais, consolidados dentro

de um regime capitalista, limita-

dos pela escassez de opções opo-

sitoras que apresentassem um

modelo alternativo ao já existen-

te, decadente. Definitivamente

não são os tempos áureos da dia-

lética, mas sim de grande retro-

cessos tanto teóricos como polí-

ticos, alvo de severas críticas fi-

losóficas e com suas bases fragi-

lizadas, insustentáveis frente a

ofensiva neoliberal, para alguns

já considerada morta, o “fim da

história”. (FOLLARI, 2008)

A dialética, para não ver decreta-

do de fim, perde seu sentido ho-

mogeneizador, sintético, totaliza-

dor, e da lugar a uma dialética

inconclusa, aberta, apresentando

sempre a necessidade do ato de

refazer-se. Não se encerrando

nos limites de uma razão abs-

trata, ela abre espaço à diferen-

ça, ao acontecimento e à subje-

tividade, mantendo-se viva. A

urgência de se recriar esta dia-

lética, criativa e aberta, para

que ela forneça subsídios à prá-

tica, como elemento extradisci-

plinar, orientado a reflexão só-

cio-politica é o desafio funda-

mental para compreensão de

qualquer prática, seja ela disci-

plinar ou interdisciplinar.

(FOLLARI, 2008)

Em síntese, a última con-

quista da contemporaneidade é

a descoberta da incerteza diante

do conhecimento, é a impossi-

bilidade de se colocar o objeto

conhecimento como outro qual-

quer, como ferramenta para

conhecer os demais objetos,

tendo em vista que justo ele,

influi, não só do sujeito ao ob-

jeto, mas do sujeito para ele

mesmo, de modo relativo.

(MORIN, 2003)

Em sua “Crítica da Ra-

zão Dialética", Sartre (apud

Konder, 1995, p.6) sustenta

que, “A dialética, como lógica

viva da ação, não pode apare-

cer a uma razão contemplativa.

(...) No curso da ação, o indiví-

duo descobre a dialética como

transparência racional enquanto

ele a faz, e como necessidade

absoluta enquanto ela lhe esca-

pa, quer dizer, simplesmente,

enquanto os outros a fazem. "

A busca por um método

determinista não passa de uma

abstração especulativa que ig-

nora o caráter relativo, parcial,

provisório de toda a construção

histórica. Para que o processo

seja efetuado de forma dialéti-

ca , é necessária a constante

revisão do mesmo, de suas ba-

ses, teorias e hipóteses. O que

importa realmente não é apenas

o conhecimento, mas, o movi-

mento que ele gera. A impor-

tância maior de se educar para

uma era planetária está profun-

damente ligada a uma práxis,

de uma reflexão teórica sobre a

realidade, como ação transfor-

madora. Qual o sentido da pes-

quisa senão a extensão, a busca

pela alteração social, pela revo-

lução, pela transgressão! Para

que fins despendemos, horas,

anos, vidas, de pesquisa, em

benefício de o quê ou de

quem? (FRIGOTTO, 2010)

REFERÊNCIAS

MARX; ENGELS. O capital: crítica

da economia política. São Paulo:

Abril Cultural, 1983

______________. Ideologia alemã.

São Paulo: Martin Claret, 2009

KONDER, Leandro. O que é dialé-

tica. São Paulo: Brasiliense, 1995

PADOVANI, H. História da Filoso-

fia. São Paulo: Melhoramentos, 1956

MORIN, Edgar. Educar na era pla-

netária. 2003

FRIGOTTO, Gaudêncio. O enfoque

da dialética materialista histórica

na pesquisa educacional. In FA-

ZENDA (org.). Metodologia da pes-

quisa educacional. São Paulo: Cor-

tez, 2010

FOLLARI, Roberto. Interdisciplina-

ridade e dialética: sobre um mal-

entendido. In JANTSCH, Ari. BI-

ANCHETTI, Lúcidio (orgs.). Inter-

disciplinaridade: para além da filo-

sofia do sujeito. Petrópolis: Vozes,

2008

12

Page 13: Edição nº 5

Acredito ter dificuldade em

aceitar alguns fatos contidos na

Lei 9985/2000, Artigo 2º da

Constituição Federal que institui

o Sistema Nacional de Unidades

de Conservação e outras provi-

dências discursando sobre as

questões legislativas no que se

refere a conservação da nature-

za. O texto da lei constitucional

que discursa sobre a Conserva-

ção da Natureza diz:

Conservação da natureza: o ma-

nejo do uso humano da natureza,

compreendendo a preservação, a

manutenção, a utilização sustentá-

vel, a restauração e a recuperação

do ambiente natural, para que

possa produzir o maior benefício,

em bases sustentáveis, às atuais

gerações, mantendo seu potencial

de satisfazer as necessidades e

aspirações das gerações futuras, e

garantindo a sobrevivência dos

seres vivos em geral; (BRASIL,

2000)

Através de observações fei-

tas rotineiramente sem um a-

companhamento científico mais

preciso, analisando a referida

lei, que conceitua a conservação

da natureza de maneira generali-

zada e observando a relação en-

tre as ações legislativas e o

comportamento humano, pude

concluir que a sobrevivência

mais importante para nós não

são dos seres vivos de maneira

“Geral”, com diz o texto da re-

ferida lei, mas sim de uma espé-

cie específica. Todas as ações e

projetos que existem em prol do

meio ambiente e da biodiversi-

dade, em conclusão, visam a

melhoria da qualidade de vida

das populações urbanas. Os tra-

balhos de Educação Ambiental

comprovam satisfatoriamente

este fato. Temos que nos esfor-

çar para mostrar às pessoas que

os recursos naturais são impor-

tantíssimos e estão intrínseca-

mente ligados entre si, e que

fazemos parte desta inteiração.

Fazemos trabalhos de sensibili-

zação para que não destruam,

não poluam, não matem, etc,

usando da melhor justificativa

que encontramos até o momen-

to: para que NÓS, NOSSOS fi-

lhos e NOSSOS netos que pre-

cisaram tanto destes recursos no

futuro, não acabem sem nada.

Sem muita estatística e com-

provação, talvez chutando alto,

vejo que de cada dez pessoas,

provavelmente uma se importa

relativamente com as questões

ambientais e os seres vivos de

maneira “geral”. É revoltante

perceber o desenvolvimento so-

cial como sinônimo de degrada-

ção ambiental. É irritante ver

uma criança de dez anos não

conseguir apreciar uma paisa-

gem, um animal, uma árvore e

entender a importância e a rela-

ção destas coisas para sua vida,

pois os conceitos de qualidade

de vida foram substituídos de

diversas formas por tecnologias,

futilidades, grandezas materiais

e a idéia de que o mundo e todas

as experiências contidas nele

estão dentro de um computador.

Quantos desmatamentos que

já ocorreram em área de APP

(Áreas de Preservação Perma-

nente) nos finais de semana?

Durante as madrugadas? Quanta

tinta, agrotóxicos são despeja-

dos diariamente em nossos rios

sem consideração com os seres

vivos de maneira “geral” ?

Quantos cortes de florestas

inteiras permitidos pelas leis do

homem? Como sabemos quanto

custa para uma espécie de ani-

mal, de planta, protozoário, ví-

rus, bactérias a retirada daquele

espaço? Como o homem foi in-

ventar uma desculpa que ajuda a

afirmar que estes impactos são

suficientemente reduzidos e po-

dem ser aplicados de maneira

geral para as áreas de floresta ou

de oceanos? Impactos reduzidos

em muitos lugares diferentes

não acabam por se tornar um

grande impacto globalizado?

O governo mostra-se incom-

petente desenvolvendo e orien-

tando leis que confundem as

pessoas com menos conheci-

mento, passando por cima das

mesmas sem hesitação quando

bem entendem. Porém para po-

derem continuar com esta roti-

na, disponibilizam trocados que

não conseguem roubar para a-

poiar projetos de educação am-

biental, restauração, recupera-

ção, preservação, bases susten-

táveis, sobrevivência de espé-

cies ameaçadas de extinção en-

tre muitos outros, fazendo-nos

pensar que estão preocupados

com tais causas e que desejam

uma melhora em tais questões.

Fazem-nos acreditar na idéia

de desenvolvimento sustentável,

de que existe sustentabilidade e

desenvolvimento econômico

concomitantemente. Mentira.

Quantos pedaços de florestas

inteiros foram cortados para dar

lugar à expansão imobiliária?

Quantas minas de ouro se extin-

guiram, quantos poços de petró-

leo secaram e quantas guerras e

brigas já foram travadas por to-

dos estes recursos naturais des-

de a antiguidade? E mais, uma

nova guerra “sedenta” esta para

começar, na verdade talvez esta

entre muitas outras seja uma

guerra que não venha a ter fim.

Não sei a resposta, não sei

mesmo se é o homem ou a in-

fluência do capitalismo, se é a

falta de educação de qualidade,

que causa toda essa bagunça

sem resposta. Não sei se tenho

vontade de trabalhar com con-

Renan Krawulski - Biólogo e Educador.

Pós-graduando em Ecologia.

e-mail: [email protected]

13

Repensar Conceitos

Page 14: Edição nº 5

servação sendo que ninguém

quer conservar nada ou que eu só

quero conservar o que me con-

vém. Não sei se grupos de de-

bates, ONGs, projetos ou o que

podem ajudar. Não sei se minhas

ações isoladas ajudam mesmo ou

de quantas pessoas é preciso para

fazer a conservação de modo

“geral” dar certo. Não sei se a

sociedade unida pode dar a volta

nesta situação. Hoje talvez a me-

lhor opção fosse direcionar a

criticidade popular para o que

realmente importa ao invés de

moda, muito dinheiro e outros

estereótipos sociais. Porém a

sociedade não esta unida, pelo

contrário é individualizada e

cada dia mais sem instrução

política verdadeira. Tomara

que um dia haja resposta para

todas essas dúvidas e angústias.

Sei que estas idéias podem pa-

recer melancólicas, mas e daí?

O que é melancolia? Quem in-

venta e adota conceitos? Quem

que nos faz acreditar nas coi-

sas? É disso que se trata? Con-

ceitos? Modelos? Então me

ajudem a inventar um e a apli-

cá-lo de maneira que ajude os

seres vivos de maneira “geral”.

REFERÊNCIA

RASIL, Presidência da República: Casa

Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos.

Novo código ambiental. Lei Nº 9.985 de

18 de Julho de 2000. Brasília. 2000. Dis-

ponível em:< http://www.planalto.gov.br/

ccivil_03/Leis/L9985.htm> acesso em

Abr. de 2011.

Sertanojo Universiotário

“Enquanto a miséria da música faz

farra, a arte mendiga pelo origi-

nal.” (Diego Alves da Silva)

Toda vida fui contra a

“modinha”! Nunca consegui en-

trar em seus padrões e considero

isso uma benção. A onda do mo-

mento é ouvir músicas do nível

mais baixo do Q.I. humano, não

bastou a onda do axé e do funk.

Sempre tem que ter a ignorância

da vez, afinal, sem burrice o bra-

sileiro não vive. É de suma im-

portância alimentar o cérebro

com os lixos culturais herdados

de uma geração de órfãos da sa-

bedoria. Eu conheci a “Merda”

com uma coloração marrom e a

geração contemporânea está co-

nhecendo a “Merda” colorida,

sem contar que as varejeiras que

se nutrem dos excrementos multi-

colores querem transformar o

mundo dando os glúteos. Acabou

-se a ideologia de fazer letras in-

teligentes. A onda agora é defecar

qualquer tipo de vulgaridade.

Não sei como tem gente que faz

do seu ouvi um penico, ou me-

lhor, uma latrina para escutar tan-

tas letras sem sentido, e pior que

isso é que levam essa moda como

uma filosofia de vida. Que deca-

dência! Às vezes chego à conclu-

são que seria melhor ser surdo

do que ouvir o banal banalizando

o que já é banal.

O memorando vai para o

“Sertanojo Universiotário”! A

originalidade faleceu atingida por

um meteoro da paixão e o pior

que só ficou um raio de saudades

de quando a música brasileira era

boa. “Tô de cara com você! Tô

de cara com você! Joga fora es-

ses novos LP´s”. A música bra-

sileira está sendo uma escola

para formar assassinos inimigos

da arte. Mas não posso somente

acusar o Luan Santana de ser um

psicopata musical, pois as quadri-

lhas das músicas abstratas se es-

palham rapidamente como um

câncer na sociedade brasileira e o

pior é que a maioria gosta de ser

infectados por essas doenças que

retardam a personalidade. A lava-

gem cerebral acontece de forma

natural, seja ela pelo sambanejo,

forronejo, enfim, por todas as

ramificações de uma música que

é ausente de conteúdo. O assunto

é sempre o mesmo: falar em trai-

ção, encher a cara de cerveja, ser

o rei da zona e se dar bem com a

mulherada. O dilema dessas bai-

xarias se resumem em três pala-

vras: beber, cair e levantar. A

geração está iludida aplaudindo

as falas mais desinformadas da

vida. Gostaria que você caro lei-

tor, refletisse sobre como a

música sertaneja universitária

pode ampliar o conhecimento de

alguém? Tal decadência deve ser

resultado das “amebas retardadas

em coma que freqüentam os su-

postos barzinhos em frente às

universidades”, não demora mui-

to para as cantinas universitárias

também virarem botecos. Acredi-

tam ser uma música de nível uni-

versitário. Nível universitário?

Como já dizia o Lobão em uma

entrevista da rádio jovem pan: “é

o fim! Um cara de classe univer-

sitária, que tem um nível univer-

sitário ainda ter um gosto tão

degenerescente pra ouvir esse

tipo de música, pois são babacas

formando babacas”. O comporta-

mento musical deixou de existir e

a criatividade morreu por falta de

bom senso e bom gosto.

A MPB já foi um dia a Músi-

ca Popular Brasileira, pois os

grandes empresários que apoiam

a modinha lutam contra a higieni-

zação mental do povo. Enquanto

a “Música Popular Bundaliza-

da” (MPB atual) for sucesso sem-

pre haverá oportunistas a lucrar

com a misere de um povo sem

cultura, sem cérebro, sem identi-

dade e futuramente sem músi-

cas...

Diego Alves da Silva - Educador, formado em Histó-

ria. Especialista no Ensino de História e Geografia.

e-mail: [email protected]

14

Page 15: Edição nº 5

ALERTAS EM FOCO

Gisele Cristhiane da Silva - Licenciada

em Artes Visuais e pós-graduanda em Intedis-

ciplinaridade.

e-mail: [email protected]

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Page 16: Edição nº 5

ALERTAS DE OLH

Organização: Geremias Alves

Thiago Alex Dreveck

Feira do Livro 2011, São Bento do Sul, SC

Livro Humano, demasiado humano

(Friedrich Nietzsche) – R$ 3,00.

Livro sobre (Justin Bieber) – R$ 40,00.

Melhor nem comentar essa „usura...‟

R$ 27 milhões em 02 anos...

(Informe sobre investimentos da atual gestão

no município de SBS/SC)

Reforma na escola Castelo Branco – R$

55.843,00. O que parece reformado é o parque

de diversões... Ficou caro brincar!

A pretensa morte de Osama e o

Marketing político de Obama

Os Estados Unidos da América só apa-

rentam desejar a 'libertação' de países com

petróleo.

Internauta: Merísio para governador - 24 de junho de 2011

“Prezado Moacir:Acompanho diariamente seu blog e em função da minha atividade profissional, per-

corro semanalmente várias regiões de Santa Catarina. Tenho acompanhado a greve dos professores e a total

paralisia do governo do Estado. Cheguei a conclusão de que realmente estamos muito mal. E digo isso,

consciente de também ter sido enganado por aquele discurso de que “Santa Catarina tem pressa”! Se tem

pressa, porque está tudo parado? E votei no Colombo, achando que ele realmente iria colocar as pessoas em

primeiro lugar. E realmente colocou: em primeiro lugar as pessoas que financiaram a campanha dele! Estão

todos empregadinhos! Nesse sentido e em função de que o único cara que está fazendo alguma coisa nesse

governo é o Presidente da Assembléia, gostaria de propor que o Sr. Governador meditasse neste final de se-

mana e renunciasse ao cargo na próxima segunda..

Ele não faz absolutamente nada, não existem projetos neste governo e ainda quando toma uma atitu-

de, o Merisio tem que correr atrás para corrigir os erros que o Colombo comete. Não conheço o Presidente

da Assembléia, ma já vi que se trata de uma pessoa de atitude e de ações! Se ele teve que ligar para o Co-

lombo para pedir que retirasse a ação da justiça contra a greve dos professores e que não descontasse os dias

parados, mostra que no mínimo é bem intencionado. Então, para que o Colombo não venha a cometer mais

vexames, peço encarecidamente ao Governador que pense bem na minha proposta, porque a única coisa que

ele fez até agora, foi criar barriga! Está ficando obeso no governo e os professores morrendo de fome!

Senhor Governador! Entendo que o Sr. já começou o governo com essa cara de cansado, que não tem

Secretário da Casa Civil e nem conselheiros, porque se tivesse não estaria fazendo tanta besteira! Então re-

nuncie junto com o Eduardo, que pegou uma carona em barco furado e deixe o Merisio completar o gover-

no. Pelo menos ele parece ter vontade de fazer alguma coisa e ter bom senso, coisas que estão lhe faltando

ultimamente. Vai cuidar das suas vacas em Lages, porque das pessoas, já deu para ver que Vossa Excelência

não entende nada!

E Moacir, gostaria de saber porque nenhum instituto está fazendo pesquisas sobre a aprovação do go-

verno neste momento? Será medo dos arrependidos como eu, que nunca mais votarão nesse cidadão de fala

mansa, que prometeu secretariado técnico e encheu o governo de politiqueiros? Deve ser por alguma razão

assim… quem sabe… Obrigado pelo espaço de desabafo de mais um catarinense enganado!

Um grande abraço e continue com esse seu jornalismo de excelência.

Cordialmente. Edgar Souto, Florianópolis.”

Disponível em: http://wp.clicrbs.com.br/moacirpereira/2011/06/24/internauta-merisio-para-governador/?

topo=67,2,18,,,67

Acesso em: 01/07/2011.

E A GREVE DOS PROFESSORES DA REDE ESTADUAL DE SANTA CATARINA?

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Page 17: Edição nº 5

17

Organização: Thiago Alex Dreveck

DICAS ALERTAS

“Em Contra um mundo melhor, lançado pela editora LeYa Brasil, Pondé

publica ensaios sobre a filosofia do cotidiano. Os ensaios reúnem temas variados

como a relação entre homens e mulheres; memórias da infância; fracasso; dinhei-

ro; egoísmo e humildade. Fiel ao seu estilo contundente, o autor recusa lugares-

comuns e uma postura conformista, procurando provocar o leitor para tirá-lo da

apatia.”

“Os ensaios possuem tamanhos variados, alguns mais curtos que outros, mas

todos breves, de modo a facilitar a leitura e adaptá-la a um cotidiano apressado. O

autor explica a opção pelos fragmentos afirmando que “a descontinuidade descre-

ve melhor uma filosofia do afeto, que se move a sobressaltos, e também porque o

cotidiano é descontínuo”. Reafirma seu ceticismo com frequência, o que o faz

recusar a busca insistente por um mundo melhor, que para Pondé, é uma impossi-

bilidade e também um falso objetivo. “

“Cansei da filosofia, por isso comecei a escrever para não filósofos, porque a

universidade, antes um lugar de gente inteligente, se transformou num projeto

contra o pensamento. Todos são preocupados em construir um mundo melhor e

suas carreiras profissionais. E como quase todas são pessoas feias, fracas e po-

bres, sem ideias e sem espírito inquieto, nada nelas brota de grandioso, corajoso

ou humilde. Eu não acredito num mundo melhor. E não faço filosofia para melho-

rar o mundo. Não confio em quem quer melhorar o mundo. É isso mesmo: acho

um mundo de virtuosos (principalmente esses virtuosos modernos que acreditam

em si mesmos) um inferno”. (p. 19)

Disponível em:http://www.cpflcultura.com.br/site/2010/11/23/lancamento-de-

livro-contra-um-mundo-melhor-ensaios-do-afeto-de-luiz-felipe-ponde/

Acesso em: 01/07/2011.

CONTRA UM MUNDO MELHOR: ENSAIOS DO AFETO –

LUIZ FELIPE PONDÉ

O cantor, compositor, músico experimental e jardineiro Tom Zé

lançou pela Biscoito Fino o DVD O pirulito da ciência, Tom Zé &

Banda Ao Vivo. Uma verdadeira retrospectiva que carrega além de

24 composições importantíssimas de sua carreira, casos divertidos de

episódios de sua vida, imagens, palavras e melodias de um dos artis-

tas mais importantes da música brasileira de todos os tempos.

“...na música popular brasileira, ele é o que há de mais próximo

de um matemático-roqueiro.” Jon Pareles - New York Times

"Músicas de inteligência assimétrica, que desafiam tranqüila-

mente as regras ... do pop brasileiro, que dizem que [a música] deve

ser apenas agradável. ...melodias... equivalentes as de seus melhores

contemporâneos...e também construções musicais de ângulos salien-

tes... versos curtos ... padrão minimalista e também sinuosidade do

samba e ritmos carnavalescos. Jogos de palavras, associações surpre-

endentes, leveza maior que a de alguns de seus pares americanos,

como Frank Zappa." Jon Pareles - The New York Times

"The Best of Tom Zé" (Luaka Bop, 1990) está entre os 10 ME-

LHORES ÁLBUNS DA DÉCADA no mundo ("Essential Recor-

dings os the 90's") da Revista Rolling Stone, e é o único brasileiro

entre os 150 álbuns selecionados .

Disponível em: http://www.tomze.com.br/

Acesso em: 01/07/2011.

TOM ZÉ - O PIRULITO DA CIÊNCIA (2010)

Page 18: Edição nº 5

Produção Independente