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Sautul Isslam edição nº 26

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É livre a reprodução total ou parcial dos artigos inseridos nesta revista. Os artigos assinados são da inteira responsabilidade dos respectivos autores.A revista contém versículos do Al-Qur’án e/ou Duás, razão pela qual, pede-se aos estimados leitores que a tratem com o devido respeito.

REVISTA ISSLÂMICA

C.P. 1999Maputo – Moçambique

[email protected]

ANO XVII – EDIÇÃO Nº 26Zul-Hijjah 1429Dezembro 2008

Coordenador:Ahmad A. Abbá

Colaboradores:Sheikh Suleiman H. Fonseca

Muhammad A. LorgatLookmaan M. Makda

Supervisor:Sheikh Aminuddin Muhammad

Fotografia da Capa:Baitul-Maqdass

Al-Aqssa – Jerusalém

Í N D I C E

EDITORIAL ................................................................... 2SERÁ QUE O QURBÁNI CONTRIBUI

PARA A EXTINÇÃO ANIMAL? ........................................ 3COMPARANDO A FONTE DE ZAM-ZAM ......................... 5AO TERMINAR MAIS UM ANO ..................................... 7O MÊS DE MUHARRAM ............................................... 8OS ATRIBUTOS SUBLIMES DE ALLAH ....................... 9AS HABILIDADES DO MOSQUITO ................................ 13VINAGRE – AZEDO SÓ NO SABOR! ............................. 17AL-HAYÁ .................................................................. 19ETIQUETAS DE DORMIR .............................................. 20AL-GHUSSL ............................................................... 23DOENÇA – DESGRAÇA OU BÊNÇÃO? ........................... 26SOBRE A VENTILAÇÃO ARTIFICIAL ............................. 28JÁ PREPAROU O SEU TESTAMENTO? ........................... 29ZUBAIR BIN AWWÁM ............................................ 32O REAPARECIMENTO DOS YA’JUJ E MA’JUJ ................ 34A HISTÓRIA DA FEITIÇARIA ....................................... 36CRÓNICA DA VIAGEM AO EGIPTO ............................... 40NOTICIÁRIO ............................................................... 44O PROFETA MUHAMMAD DISSE ............................ 46PERGUNTAS & RESPOSTAS ......................................... 46SEGREDOS DE COZINHA ............................................. 47RECREAÇÃO ............................................................... 48

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Todos os louvores são para ALLAH e que as Suas bênçãos sejam derramadas sobre o profeta Muhammad , seus companheiros e seguidores.Em termos gerais, 2008 foi caracterizado como sendo um “ano de crises”. No início, falava-se da crise alimentar, e já no seu término, o assunto mais debatido é a crise fi nanceira mundial.No entanto, é caricato que em tão pouco tempo a referida crise alimentar já tenha sido superada, o que vem reforçar a tese de que se tratava de algo orquestrado; na edição anterior, frisámos que essa crise não era mais do que fruto da ganância e especulação por parte das potências mundiais.Isto serve também como exemplo para se analisar a propalada crise fi nanceira, pois existem igualmente suspeitas de se tratar de mais uma conspiração.

Entretanto, é de notar a atitude das grandes instituições fi nanceiras mundiais que, face à essa crise fi nanceira, começaram por reduzir as taxas de juro, as quais reconheceram tratar-se de algo prejudicial à economia. Recorde-se que as Escrituras Divinas como o Al-Qur’án e a Bíblia proíbem e amaldiçoam terminantemente as transacções que envolvem juros.

Os economistas muçulmanos deveriam aproveitar-se desta ocasião para desenvol-ver sistemas económicos nas mais diversas vertentes e que possam fazer frente a novos

e d i t o r i a lEM NOME DE ALLAH, RICO EM CLEMÊNCIA, ABUNDANTE EM MISERICÓRDIA

desafi os, adaptando e adequando-os dentro dos parâmetros estipulados pelo Shari’ah.É de salientar que vários bancos de renome a nível mundial, mesmo os dos países não-isslâmicos, já começaram a apresentar pro-postas e soluções bancárias que funcionam de acordo com as leis isslâmicas, algo que tem recebido muita aderência até por parte de não-muçulmanos.

Por outro lado, apesar da crise económica, nem tudo vai mal. No nosso país, notamos que o número de muçulmanos moçambicanos a efectuar o Qurbáni tem vindo a aumentar a cada ano que passa.É uma nota bastante positiva, embora existe a necessidade da comunidade muçulmana local se organizar melhor para que a carne seja distribuída de forma mais efi caz, abrangendo os lugares mais remotos e necessitados do país, nem que para tal tenha que se criar condições de conservação e transporte.

O ano está prestes a terminar e, portanto, devemos recordar mais uma vez que cada um deve avaliar o quão proveitoso foi este período de doze meses e procurar corrigir as falhas que foram cometidas, para que no futuro possa ter mais sucesso. Não se deve desperdiçar o tempo pois este jamais se recupera; tempo perdido é vida perdida.Aos muçulmanos, um próspero ano novo is-slâmico e que ALLAH os guie para o bem e os proteja de todos os males. Ámin.

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SERÁ QUE O QURBÁNI CONTRIBUI PARA A EXTINÇÃO ANIMAL?

Na dita era civilizada em que vivemos, aparecem alguns movimentos que apa-rentam estar preocupados com diversos

factores que de alguma forma perturbam ou põem em risco a vida na Terra.É de louvar este tipo de iniciativas, embora saibamos de antemão que as grandes potências mundiais são as que ditam as chamadas “regras de conveniência”; vários acordos já foram ratifi cados nesse sentido, mas nunca aplicados.

No mundo em que vivemos, existe um sistema natural e regrado que vem funcionando desde a criação da Terra. Caso sejam desobedecidos os seus limites, logicamente implicará alguma alteração nele, culminando com graves prejuízos causados ao nosso planeta e, consequentemente, às nossas vidas.

Por exemplo, recorde-se da doença das vacas loucas, que há alguns anos muito se falou e que, segundo nos consta, foi originada pela alteração natural da dieta dos animais, ou seja, os herbívoros eram alimentados com rações que continham carne, etc.Contudo, se o sistema natural fosse preservado, muitos dos males que hoje existem poderiam ser evitados. O mesmo acontece com os alimentos geneticamente modifi cados.

No entanto, voltando ao nosso tema, surge aqui uma questão: Será que o ritual de Qurbáni praticado pelos muçulmanos pode contribuir para a extinção animal?Em primeiro lugar, devemos frisar de que tudo o que foi ordenado por ALLAH – o Criador de tudo e de todos – não choca com o sistema natural do planeta pois, muito pelo contrário, ALLAH abençoa o cumprimento das Suas ordens.

Como regra geral, ALLAH concede Barakah, ou seja, abençoa naquilo que é comummente utilizado pelo Homem e, enquanto essa utilização for feita de forma correcta, Ele continuará a manter e sustentar o mesmo.

Sabemos que na sua dieta alimentar, o Homem utiliza regularmente as carnes bovina, caprina, ovina, etc. Se aprofundarmos este assunto, poderemos ver que por exemplo, a vaca reproduz apenas uma vez por ano após a época do cio, parindo um ou dois novilhos no máximo em cada gestação.Porém, diariamente e em todo o mundo, são consumidas milhares de vacas. E apesar do grande consumo da sua carne, encontramos ainda grandes criadores com elevados números de cabeças de gado nas suas fazendas. O mesmo acontece com os gados caprino e ovino.No entanto, se compararmos com a cadela, que ao parir dá luz a seis ou mais fi lhotes e, atendendo que como regra humana não se consome a carne de cão, então pela lógica deveria haver muito mais cães do que vacas ou cabritos; mas na realidade, não é isso que acontece.É de admirar que por um lado, uns nascem em menor número e ainda são consumidos massivamente, e por outro, os outros nascem em maior número e nem sequer são consumidos! Na altura do Qurbáni, milhares de cabeças de gado são degoladas, mas até hoje nunca se registou a sua carência, muito pelo contrário.

Podemos citar ainda o exemplo do cavalo, que outrora era utilizado para vários fi ns, quer como meio de transporte, para o combate nas guerras e em muitas outras aplicações. Apesar de nessa altura morrerem muitos cavalos durante as guerras, existiam sempre em abundância.

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Com o desenvolvimento tecnológico na era actu-al, esta espécie deixou de ser utilizada quer como meio de transporte e muito menos nas guerras. Pela lógica, aqui também a tendência deveria ser a de haver ainda mais cavalos, pois já não são utili-zados ou perdidos como outrora; contudo, passou a ser um animal raro e bastante caro, com preços que por vezes superam até muitos automóveis.

O poço de água é também um outro exemplo. Se for utilizado constantemente, a tendência é de existir sempre água no mesmo; porém, se for abandonado ou se se achar de que sem retirar a água o seu nível aumentará, constatar-se-á de que não é isso que acontece, pois tenderá a secar e por fi m desaparecer.A lógica seria ter mais água e elevar o seu nível; contudo, uma vez que o poço deixou de ser utilizado, ALLAH retirou o Barakah do mesmo.Portanto, o Qurbáni se enquadra nos actos abençoados e vem sendo praticado ao longo dos séculos, uma tradição existente desde o tempo do profeta Ibrahim (Abraão); de forma alguma que isso contribui ou contribuirá para a extinção das espécies sacrifi cadas.

O crente deve procurar praticar este acto aben-çoado e repleto de recompensas. Consta num Hadice em que certa vez os Sahábah pergun-taram ao Profeta acerca do Qurbáni, pelo que respondeu: “É Sunnat do vosso pai Ibrahim”.Então, perguntaram novamente: “Que recom-pensa teremos nisso”? Respondeu: “Por cada pêlo do animal tereis uma recompensa.”

Infelizmente, alguns muçulmanos caem no desleixo desta nobre acção, desculpando-se por não terem posses para tal; porém, quando os curandeiros, bruxos e outros exigem que tragam um cabrito, ou ainda, quando é altura de Ziyárat, aí não se importam mesmo de se endividarem para cumprir com tais exigências proibidas no Isslam. De facto, isso demonstra uma grande fraqueza na fé.

O Qurbáni é feito numa altura festiva e estipulada por ALLAH. Alguns não conseguem reunir o animal para este sacrifício, mas conseguem fazê-lo nas festas de fi nal do ano ou noutras alheias ao Isslam. Vamos corajosamente nos identifi car como verdadeiros muçulmanos, pois devemos dar prioridade e valor aos dias festivos que ALLAH nos decretou.

O Qurbáni é um acto ordenado por ALLAH que recai sobre todo o muçulmano que seja adulto (tenha atingido a puberdade), são e que tenha as mínimas condições fi nanceiras, ou seja, possua o Nissáb na altura do Qurbáni.Consta que o Profeta disse: “Quem tiver a possibilidade de efectuar o Qurbáni e mesmo assim não o fi zer, que não se aproxime do local do nosso Salát (de Ide)”. [Ahmad]

Por se tratar de algo tão importante e virtuoso, o profeta Muhammad degolou cem camelos no seu último Haj. Apesar de não ser rico, ele se esforçou em fazer isso por se tratar dum acto bastante abençoado e repleto de recompensas.Não nos é exigido que sacrifi quemos tantos animais, mas pelo menos um cabrito ou um carneiro para dar o mandamento como cumprido; além disso, é para o próprio consumo!

Deve-se degolar um cabrito ou carneiro que tenha pelo menos um ano de idade, o qual serve de sacrifício para uma pessoa; o camelo deve ter no mínimo cinco anos e a vaca dois, servindo cada um deles para o Qurbáni de sete pessoas. Os animais devem ser saudáveis e não defeituosos.

A pessoa que pretende sacrifi car um animal deve afi ar muito bem a sua faca, pois o Profeta disse: “ALLAH nos recomenda a sermos misericordiosos para com todos; sempre que sacrifi carem, façam de forma benévola e, quando fi zerem o Zabáh (sacrifício), que afi em as vossas facas e façam isso de forma mais facilitada para o animal”. [Musslim]

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COMPARANDO A FONTE DE ZAM-ZAM

A humanidade tem vindo a realizar pro-gressos fenomenais e espantosos em quase todas as vertentes da vida, cujos

resultados muitas vezes nos parecem quase milagrosos. De entre essas vertentes, podemos encontrar a construção de milhares de estações de tratamento e purifi cação de água à volta do mundo, como forma de auxiliar a sustentabilidade da vida humana no planeta.

Uma das estações que se destaca bastante é a Jardine Water Treatment Plant, localizada na cidade norte-americana de Chicago. É uma das maiores do mundo e providencia água potável para cerca de cinco milhões de residentes desta cidade e arredores.Esta estação tem a capacidade de produzir diariamente cinco biliões de litros de água para o consumo e foi construída numa península criada artifi cialmente sobre o lago Michigan. O custo inicial foi orçado em cerca de um bilião de dólares e para a sua manutenção são necessários anualmente outros tantos milhões.O resultado de toda essa operação multimilioná-ria é de quando o cidadão abre a torneira, encon-tra sempre água fresca e limpa para o consumo.

Por outro lado, a fonte de Zam-Zam, localizada na cidade santa de Makkah, na Arábia Saudita, representa um milagre sublime, cuja sustentabilidade é assegurada por Alguém que possui um Poder Supremo.Esta abençoada fonte serve como testemunho dum milagre Divino, cujo propósito é servir contínua e gratuitamente a humanidade espalhada pelo mundo, até ao resto dos seus dias.

A fonte de Zam-Zam é de tal forma abençoada que a água por si produzida sempre preenche a necessidade e satisfaz a demanda das pessoas que a procuram, independentemente do número delas. Há mais de 1.400 anos que a sua água nunca escasseou, nem mesmo na altura de Haj, quando afl uem mais de três milhões de peregrinos.

No entanto, alguém pode ainda questionar: O que pode ser tão milagroso quando se trata duma fonte?Para responder a esta curiosidade, analisemos a comparação realizada entre a fonte de Zam-Zam e a estação de tratamento de água Jardine, a primeira como sendo um milagre Divino e a segunda como resultado do progresso humano.

FONTE DE ZAM-ZAM JARDINE WATER TREATMENT PLANT

Tem uma área inferior a 9 m2 e uma profundidade de cerca de 30 m.

Foi construída numa área de cerca de 247.000 m2, sobre uma península criada artifi cialmente.

Não possui sequer um único tubo de canalização para transportar a água à superfície.

Estima-se que se juntasse toda a sua canalização, daria para atravessar os EUA.

Não depende de turbinas de alta potência para produzir água limpa e nem necessita de sistemas de bombeamento de água.

Possui as mais recentes turbinas de alta potência, para além dum número considerável de sistemas de bombeamento de água.

A água está sempre fresca, límpida e pronta para o consumo durante o ano todo, com a mesma consistência.

Há momentos em que a água fi ca turva ou com um certo odor, especialmente no verão quando o crescimento das algas é maior no lago.

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A água pode ser consumida directamente, sem qualquer período de espera.

Antes de ser consumida, a água deve passar por um processo que dura oito horas de tempo.

Não carece de tratamento contra algas e nem requer algum outro químico.

Milhares de dólares são gastos em químicos e para o tratamento contra algas.

Não necessita de fonte de energia para manter contínuo o fl uxo da água.

Dependente inteiramente de energia para bombear continuamente a água.

Não requer a força humana para auxiliar na produção de água. É auto-funcional, ou melhor, é produzida por ALLAH, o Todo-Poderoso.

Emprega mais de mil funcionários para executar e manter todas as suas operações.

Nunca secou, tendo sempre satisfeito a demanda de água, quer por parte dos peregrinos assim como dos restantes fi éis que para lá se deslocam.

O lago Michigan nunca secou, mas houve vezes em que a estação esteve incapacitada de satisfazer a procura de água.

Tem a capacidade de produzir mais de um bilhão de litros de água por dia, a uma taxa de oito mil litros por segundo, sem qualquer obra de engenharia, assistência ou interferência humana.

Tem a capacidade de produzir cerca de cinco biliões de litros de água por dia, calculada em produção estocada e não imediata, com auxílio de toda a maquinaria e assistência humana.

A água de Zam-Zam contém uma quantidade considerável de cálcio e magnésio a mais do que outras águas, razão pela qual a mesma refresca e revitaliza os peregrinos; o teor de salinidade mantém-se sempre constante, desde a sua existência.

A água aqui é geralmente forte, adicionando-se o carbonato de cálcio para deixá-la com um gosto mais leve e propícia ao paladar e às aplicações domésticas e industriais. A leveza da água é pouco constante, devendo sempre ser mantida por aditivos.

Contém fl úor naturalmente, sem ser adicionado; este composto tem um efeito germicida e é bastante recomendável para os dentes.

O fl úor é adicionado conforme o regulamento de saúde dos EUA.

A abrangência desta água é bem conhecida, já que peregrinos e pessoas de várias partes do mundo anseiam por beber e tê-la sempre consigo. Portanto, a sua demanda é universal, sendo compartilhada pelo mundo fora.

Esta água é consumida apenas pelos residentes de Chicago e arredores, sem sequer atravessar a fronteira dos EUA. O seu consumo não é almejado pelas pessoas espalhadas pelo mundo; portanto, a demanda não é universal.

Esta fonte não foi aberta pela mão humana mas sim foi originada momentaneamente pela ordem e desejo de ALLAH, sob os pés dum profeta Seu.

Esta se tornou numa das maiores estações de tratamento de água do Mundo, onde milhares de funcionários trabalham há mais de três gerações.

A fonte de Zam-Zam e a respectiva água é um presente por parte de ALLAH; é um verdadeiro milagre e é absolutamente gratuita!

A Jardine Water Treatment Plant é também uma dádiva de ALLAH concedida ao Homem; talvez é “quase” um milagre, mas paga-se pela sua água!

[Adaptado da revista “The Universal Challenge”, Edição nº 6, 2007]

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AO TERMINAR MAIS UM ANOSheikh Cássimo David

O fi m do ano assinala o término de um período de doze meses, em que o indivíduo faz o balanço das suas actividades.

De facto, deveria se fazer também o balanço do seu comportamento, quer seja com as pessoas assim como com o seu Criador – ALLAH.

A maior parte das pessoas se engaja na preparação da quadra festiva sem contudo observar o benefício ou prejuízo que esse determinado ano tenha trazido. Quando se fala deste balanço, muitos acham que se refere a questões fi nanceiras; na realidade, refere-se aos valores morais que determinam o estado de um indivíduo, sociedade ou nação, sob ponto de vista ético, social e religioso.

Para alguns, o fi m do ano é mais uma oportunida-de para se engajarem na bebedeira e festas tumul-tuosas que resultam em desordem e pancadaria devido ao excesso de álcool e estupefacientes. Fazem distúrbios que originam o envolvimento de unidades de protecção e hospitalar.

É de notar que esta é a época do ano em que a polícia e os hospitais registam as suas maiores enchentes. O número de acidentes de viação, agressões físicas e ofensas também é mais elevado durante esta quadra festiva.

Para outros, aqueles que são cumpridores das Leis Divinas, esta é uma oportunidade para refl exão, auto-crítica, auto-avaliação, correcção de fracassos e incentivo para mais sucessos.Cada ano que passa é sinal de que existe uma diminuição no tempo de vida, pois agora falta menos tempo do que antes, uma vez que a duração das nossas vidas já está pré-determinada; consequentemente, a nossa sepultura também está mais próxima.

Por isso, não faz sentido que este momento seja motivo para tanto regozijo, antes pelo contrário, apodera-nos a tristeza e arrependimento pelo facto de não termos tido a melhor prestação que devíamos, neste mais um ano que passou na nossa vida.

É de salientar que com este esclarecimento, não se pretende transformar a alegria em tristeza; contudo, o que se pretende demonstrar é que as pessoas estejam lúcidas e compreendam que a quadra festiva, para além de ser uma altura em que se devia prestar gratidão a ALLAH por ter vivido até essa data e usufruído de todos os Seus favores, é também um momento para se arrepender das inúmeras oportunidades que foram desperdiçadas sem qualquer justifi cação.

O Homem foi criado para se benefi ciar da sua existência e, consequentemente, benefi ciar os outros da mesma.Consta num versículo do sagrado Al-Qur’án:“Vós sois a melhor nação, fostes criados para o benefício da humanidade...”

[Al-Qur’án 3:110]

O fi nal do ano isslâmico é uma altura muito agitada para os peregrinos que se deslocaram para cumprir com o último pilar do Isslam, depois de se terem purifi cado com os jejuns do Ramadhán. É também nesta época que muitos que têm posses aproveitam para pagar o seu Zakát, a caridade obrigatória que é dada aos pobres e necessitados.

Pedimos a ALLAH, Todo Poderoso, que aceite todas as nossas boas acções, nos conceda a realidade do fi m do ano e nos ajude a praticar somente aquelas acções que não nos irão comprometer no Dia do Juízo Final. Ámin.

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O MÊS DE MUHARRAM

Muharram é o primeiro mês do calendário isslâmico e um mês bastante virtuoso. Nele, mais concretamente no dia 10,

conhecido como dia de Ashura – um honrado e distinto dia, ocorreram acontecimentos históricos.Segundo um Hadice, foi neste dia que ALLAH criou o mundo e, também no mesmo dia, concedeu novamente a Sua misericórdia a Ádam depois de o ter exilado do Paraíso.

É recomendável jejuar-se nos dias 9 e 10 ou 10 e 11 deste mês, perfazendo dois jejuns no total.Abu Huraira narra que o Profeta foi interro-gado sobre qual o melhor Salát após os obrigató-rios, ao que respondeu: “O Salát que é praticado no meio da noite (Tahajjud)”.Tendo sido interrogado novamente: “Qual o melhor jejum após o Ramadhán”?Ao que ele respondeu: “O mês de ALLAH, ao que denominamos por Al-Muharram”.Ali narra que uma pessoa se aproximou do Profeta e interrogou: “Que mês me ordenas a jejuar após o Ramadhán”?Ao que respondeu: “Se pretenderes jejuar após o Ramadhán, jejue no mês de Muharram; é o mês de ALLAH no qual existe um dia em que ALLAH perdoou um povo, e Ele (poderá) perdo-ar outro povo”.

[Bukhari]

Ibn Abbass narra que quando o Profeta chegou a Madina, encontrou os judeus a jejuarem no dia de Ashura, ao que perguntou: “Qual o signifi cado deste dia no qual vós jejuais”?Responderam: “Este é o dia em que ALLAH li-bertou o profeta Mussa e seus seguidores e afogou Fir’aun e seu exército; (então) Mussa jejuou neste dia como forma de agradecimento. Assim, nós também jejuamos neste dia”.O Profeta disse: “Nós temos mais direito sobre Mussa do que vós e somos mais próximos a ele do que vós”. Então, o Profeta jejuou neste dia e ordenou aos Sahábah que fi zessem o mesmo.

[Musslim]

E disse ainda: “Quem jejuar neste dia, ser-lhe-ão perdoados os pecados do ano anterior”. “Se ALLAH quiser, no próximo ano iremos jejuar (também) no dia 9 (de Muharram)”; contudo, o Profeta faleceu antes da chegada do ano seguinte. [Musslim]

Foi também neste dia em que ALLAH honrou o neto do Profeta , Imám Hussein , ao lhe conceder o martírio em Karbalá (Iraque).No entanto, é errado considerar este como um mês de luto, pois assim como foi mencionado, muitos outros acontecimentos, talvez ainda mais importantes, também ocorreram nesta data.Sendo assim, porque não se considera o Rabiul-Awwal como um mês de luto, pois foi nele que o profeta Muhammad faleceu; está claro que o Profeta é muito mais importante do que qualquer outra pessoa ou Imám. Se é dada uma elevada consideração ao Imám Hussain é por ele ter sido neto do Profeta . O Profeta proibiu rigorosamente o luto para além de três dias, excepto às viúvas, a quem lhes foi conferido o direito a um período superior pelo falecimento do seu marido.

É igualmente errado dar condolências ou oferecer bebidas às pessoas com intenção de aliviar a sede dos mártires de Karbalá (que ALLAH esteja satisfeito com eles), ou ainda, achar que isso faz com que as pessoas se recordem da sede que os mártires tiveram na altura da morte.Se certas pessoas choram e lamentam pela morte de Imám Hussain devido ao amor que nutrem por ele, então a lógica seria também deixar de beber para sentir o que ele sofreu, pois não teve sequer uma gota de água para beber.O amor toma a forma do amado; que lógica é essa de beber em nome daquele que morreu com sede? Isso é algo ridículo e não passa de práticas inovadas e erradas no Isslam.É um grande pecado (Shirk) pronunciar palavras tais como “Yá Ali” ou “Yá Hussain”, etc. São de-nominações exclusivas que podem ser utilizadas somente para o Único Omnipresente – ALLAH. A auto-mutilação também é condenada no Shari’ah.

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OS ATRIBUTOS SUBLIMES DE ALLAHSheikh Suleiman H. Fonseca

Consta no sagrado Al-Qur’án:“Os mais sublimes atributos pertencem a ALLAH; invocai-O.” [Al-Qur’án 7:180]

De entre os Seus atributos, alguns foram men-cionados no Surat Al-Hashr:“Ele é ALLAH! Não existe outra divindade excepto Ele, Conhecedor do invisível (oculto) e do visível (manifesto). Ele é o Benefi cente, o Misericordioso.Ele é ALLAH! Não existe outra divindade excepto Ele, o Soberano, o Santíssimo, a Paz, o Confortador, o Predominante, o Todo-Poderoso, o Dominador, o Orgulhoso! Glorifi cado seja ALLAH de tudo quanto Lhe associam.

Ele é ALLAH, o Criador, o Omnifeitor, o Formador; são Seus os mais sublimes atributos. Tudo quanto existe nos céus e na terra O glorifi ca, porque é Todo-Poderoso, Prudentíssimo.”

[Al-Qur’án 59:22-24]

Abu Huraira narra que o profeta Muhammad disse: “ALLAH possui noventa e nove nomes, cem menos um; quem contá-los (i.e. memorizá-los) entrará no Paraíso”.

[Bukhari, Musslim]

De acordo com a tradição isslâmica, os 99 nomes de ALLAH são os seguintes, com as respectivas traduções:

1 ALLAH O Deus

2 Ar-RahmánO Clemente,o Benefi cente

3 Ar-RahimO Compassivo,o Misericordioso

4 Al-Malik O Soberano5 Al-Qudduss O Santíssimo6 As-Salám A Paz7 Al-Mu’min O Confortador8 Al-Muhaymin O Predominante9 Al-Aziz O Todo-Poderoso

10 Al-Jabbár O Dominador11 Al-Mutakabbir O Orgulhoso12 Al-Kháliq O Criador13 Al-Bári’e O Omnifeitor14 Al-Mussawwir O Formador15 Al-Ghaffár O Indulgentíssimo16 Al-Qah’hár O Invencível17 Al-Wah’háb O Dadivoso18 Ar-Razzáq O Sustentador19 Al-Fattáh O Abridor20 Al-Álim O Omnisciente21 Al-Qábidh O Restringente22 Al-Bássit O Expandidor

23 Al-Kháfi dh O Rebaixador24 Ar-Ráfi ’e O Exaltador25 Al-Mu’iz O Honrador26 Al-Muzhil O Desonrador27 As-Sami’e O Omniouvinte28 Al-Bassir O Omnividente29 Al-Hakam O Árbitro30 Al-Adl O Justiceiro31 Al-Latif O Subtil32 Al-Khabir O Informado33 Al-Halim O Tolerante34 Al-Azhim O Ingente35 Al-Ghafur O Indulgente

36 Ash-ShakurO Abundantena Gratidão

37 Al-Ali O Altissimo38 Al-Kabir O Grandioso39 Al-Hafi zh O Preservador

40 Al-MuquitO Dador de Subsistência

41 Al-Hassib O Julgador42 Al-Jalil O Glorioso43 Al-Karim O Generoso44 Ar-Raquib O Vigilante

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45 Al-Mujib O Exorável46 Al-Wássi’e O Abrangedor47 Al-Hakim O Prudente48 Al-Wadud O Amoroso49 Al-Majid O Mais Venerável50 Al Bá’iss O Ressuscitador51 Ash-Shahid O Omnipresente52 Al-Haq O Verdadeiro53 Al-Wakil O Guardião54 Al-Qawiy O Fortíssimo55 Al-Matin O Firme56 Al-Waliy O Patrono57 Al-Hamid O Louvável58 Al-Muhssiy O Registador59 Al-Mubdiy O Originador60 Al-Mu’iyd O Reprodutor61 Al-Muhyiy O Vivifi cador62 Al-Mumit O Letífero63 Al-Hay O Vivente64 Al-Qaiyum O Subsistente65 Al-Wájid O Perfeitíssimo66 Al-Májid O Magnifi cente67 Al-Wáhid O Uno

68 As-Samad

O Único, que é Independente ede Quem Tudo e Todos Dependem

69 Al-Qádir O Capaz70 Al-Muqtadir O Omnipotente71 Al-Muqaddim O Promovedor

72 Al-Mu’akkhir O Atrasador73 Al-Awwal O Primeiro74 Al-Ákhir O Último75 Az-Zháhir O Evidente76 Al-Bátin O Latente77 Al-Wáli O Regente78 Al-Muta’áliy O Sublime79 Al-Barr O Benfeitor80 At-Tawwáb O Remissório81 Al-Muntaquim O Vingador82 Al-Afuw O Perdoador83 Ar-Ra’úf O Afectuoso

84 Málikul-MulkO Possuidorde Soberania

85Zhul-JaláliWal-Ikrám

O Majestoso e Benevolente

86 Al-Muqssit O Justo87 Al-Jámi’e O Congregador88 Al-Ghaniy O Opulento89 Al-Mughni O Enriquecedor90 Al-Máni’e O Impedidor91 Ad-Dhár O Lesador92 An-Náfi ’e O Benefi ciador93 An-Nur A Luz94 Al-Hádiy O Guia95 Al-Badiy’e O Engendrador96 Al-Báqui O Eterno97 Al-Wárice O Herdeiro98 Ar-Rashid O Orientador99 As-Sabur O Pacientíssimo

É OBRIGATÓRIO CRERNESTES ATRIBUTOS

Existe consenso entre os eruditos e piedosos de que é obrigatório crer em todos os nomes de ALLAH e nos respectivos atributos.Por exemplo, o nome “Al-Qádir”, que signifi ca “o Capaz”, implica que todo crente deve necessariamente crer que ALLAH é capaz de tudo e somente Ele tem o poder de fazer aquilo que deseja; deve ainda acreditar que as Suas habilidades são as mais perfeitas e delas provém toda a criação.

Aquele que recitar todos estes nomes, sem se limitar a apenas alguns, estará invocando e louvando a ALLAH através de todos os Seus atributos e qualidades, adquirindo deste modo a recompensa prometida. Esta é a opinião favorita de Imám Bukhari.Deve-se ainda actuar de acordo com as interpretações destes atributos, ou seja, o crente deve ponderar nos seus signifi cados e aderir às obrigações que daí advêm. Portanto, quando se diz que ALLAH é Ar-Razzáq, que signifi ca “o Sustentador”, deve ter a certeza e acreditar fi rmemente de que a Sua provisão o atingirá.

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Segundo Ibn Battal, a forma de actuar de acordo com o signifi cado destes atributos é a seguinte:a) Nos atributos que demonstrem qualidades

tais como Ar-Rahim (o Misericordioso) e Al-Karim (o Generoso), o crente deve seguir o exemplo e procurar desenvolver em si essas mesmas qualidades perante outras criaturas.

b) Nos atributos que pertencem exclusivamente a ALLAH, tais como Al-Jabbár (o Dominador) e Al-Azhim (o Ingente), o servo é obrigado a reconhecê-los e submeter-se aos mesmos, mas não deve desenvolver essas qualidades em si.

c) Nos atributos que refl ictam alguma promessa por parte de ALLAH, tal como Ar-Razzáq (o Sustentador), o crente deve ter esperança nela, e se implicam alguma advertência por parte d’Ele, tal como Al-Muntaquim (o Vingador), deve temê-la e abster-se da mesma.

Quando se fala dos atributos de ALLAH, três aspectos devem ser considerados:a) Quaisquer dos Seus atributos são incompa-

ráveis às qualidades semelhantes que as Suas criaturas possam apresentar. Este princípio é suportado pelos seguintes versículos:

“Nada se assemelha a Ele.”[Al-Qur’án 42:11]

“E ninguém é comparável a Ele.”[Al-Qur’án 112:4]

b) Deve-se crer em ALLAH da forma como Ele próprio descreveu a Si, pois ninguém para além d’Ele é capaz de O descrever. Consta no sagrado Al-Qur’án:

“Diz (ó Muhammad): Acaso sois mais sábios do que ALLAH?” [Al-Qur’án 2:140]

Este princípio inclui também as qualidades de ALLAH descritas pelo Profeta , pois a seguir a ALLAH, ninguém mais seria capaz de fazê-lo melhor do que ele:

“E ele (Muhammad) não fala por capricho; isso não é senão a inspiração que lhe foi revelada.” [Al-Qur’án 53:3-4]

c) É de esperar que o Homem não consiga compreender a verdadeira natureza destes atributos, pois percebê-los na íntegra é im-possível. Consta no sagrado Al-Qur’án:

“Ele (ALLAH) sabe o que está na frente deles e o que está atrás deles, e eles não O abrangem em conhecimento.”

[Al-Qur’án 20:110]

Isto signifi ca que é impossível para a criatura humana compreender toda a essência dos atributos do seu Criador. Se o Homem é incapaz de compreender a verdadeira natureza da sua própria alma, da luz que é algo tão aparente ou de tantos outros fenómenos, como poderá ele perceber na íntegra cada qualidade ou atributo d’Aquele que criou a si e a tudo o resto?

EFEITOS ESPECIAIS DOSMAIS BELOS NOMES DE ALLAH

Em vários Hadices, o Profeta informa-nos de que ALLAH possui um grandioso nome e que se distingue dos outros. Buraidah Asslami narra que quando o Profeta ouviu um homem a dizer: “Ó ALLAH! Eu peço a Ti porque Tu és ALLAH, não existe outra divindade excepto Tu, o Uno, o Único, não gerou nem foi gerado, e ninguém é igual ou comparável a Ti”, afi rmou: “Ele (o homem) invocou ALLAH pelo Seu grandioso nome; se Ele (ALLAH) for implorado através do mesmo, concede, e se for solicitado (através do mesmo), responde”. [Tirmizi, Abu Dawud]

Num outro Hadice consta que certa vez quando Ánass estava sentado no Massjid na companhia do Profeta , um homem estava orando dizendo: “Ó ALLAH! Eu peço a Ti porque todos os louvores são para Ti, não existe outra divindade excepto Tu, o Compassivo, o Gracioso, o Originador dos

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céus e da terra, ó Dono da Majestade e Honra, ó Vivente, ó Subsistente, eu peço a Ti”.Então, o Profeta disse: “Ele invocou a ALLAH pelo Seu grandioso nome; se Ele (ALLAH) for implorado através do mesmo, concede, e se for solicitado (através do mesmo), responde”.

[Tirmizi, Abu Dawud, Ibn Májah]

No entanto, algumas pessoas afi rmam que cada nome de ALLAH tem um signifi cado secreto com um determinado efeito; outras dizem que cada atributo auxilia espiritualmente, servindo àquele que persiste na recitação constante e repetitiva do mesmo; outras ainda declaram que o grandioso nome de ALLAH é secreto e concedido apenas a certas individualidades, através do qual superam obstáculos extraordinários. Quanto a este tipo de proclamações, não existe prova alguma quer no sagrado Al-Qur’án assim como nos ditos do profeta Muhammad . E ALLAH sabe melhor

BENEFÍCIOS EM CONHECERESTES ATRIBUTOS

Os verdadeiros benefícios que podem ser adquiridos ao conhecer os nomes ou atributos de ALLAH podem se resumir no seguinte:a) Através deles, o crente estará a glorifi car e

louvar a ALLAH, sendo esta uma das melhores formas de o fazer; consta no Al-Qur’án:

“Ó fi eis! Recordai frequentemente a ALLAH.”

b) Conhecer as qualidades de ALLAH é uma forma do crente reconhecer o Senhor dos Mundos, pois crer n’Ele tendo apenas uma vaga ideia Sua não produz os mesmos efeitos. Aumenta também a fé da pessoa, pois quanto mais o crente reconhecer ALLAH e Seus atributos, mais intensa se tornará a sua crença.

c) O crente sentir-se-á confortável e fi rme ao depositar toda a sua confi ança somente no Todo-Poderoso, criando uma ligação íntima com o seu Criador.

d) Para aquele que sabe que o seu sustento pro-vém de ALLAH, pedirá somente a Ele a sua provisão; e para aquele que sabe que ALLAH é Omnipresente e Omnisciente, antes de praticar qualquer pecado saberá que Ele estará a obser-vá-lo, abstendo-se assim dessa prática errada.

e) O crente adquire enormes recompensas ao aprender ou ensinar estes atributos, sendo um dos mais nobres ensinamentos.

ALGUMAS FORMASDE EXALTAR A ALLAH

O Profeta glorifi cava e louvava a ALLAH através de nobres e preciosas súplicas, mencio-nando os Seus nomes e atributos:a) É relatado no Tirmizi de que Ánass narra

que o Profeta costumava dizer:

“Ó Vivente! Ó Subsistente! Através da Tua misericórdia eu peço auxílio.”

b) Consta no Musslim de que Sauban narra que quando o Profeta completava o Salát, pedia três vezes perdão a ALLAH e dizia:

“Ó ALLAH! Tu és a Paz e a paz provém de Ti; abençoado és, ó Possuidor de Majestade e Honra.”

c) Ibn Abbass narra que quando o Profeta estivesse triste, costumava recitar o seguinte:

“Não existe divindade digna de adoração excepto ALLAH, o Ingente, o Tolerante; não existe

divindade digna de adoração excepto ALLAH, Senhor do Trono Magnífi co; não existe divindade digna de adoração excepto ALLAH, Senhor dos

Céus, Senhor da Terra e Senhor do Trono Nobre.”

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AS HABILIDADES DO MOSQUITOYassmin de Amorim

Existem pessoas que insistem em contestar de que o Al-Qur’án foi revelado por ALLAH, pois este Livro fala de criaturas

pequenas e talvez insignifi cantes, tal como o mosquito. No entanto, apesar do seu tamanho reduzido, esta criatura possui indícios admiráveis da omnipotência de ALLAH.

Aquando da revelação do Al-Qur’án, os antagonistas do Isslam menosprezavam os assuntos abordados na mensagem Divina, criticando a menção de insectos como a aranha e a mosca, alegando que caso se tratasse duma obra desta natureza, tais exemplos não seriam mencionados, uma vez que ALLAH não se ocuparia de seres “insignifi cantes” por Ele ser infi nitamente Superior.

Consta no sagrado Al-Qur’án:“Por certo, ALLAH não se envergonha de propor um exemplo qualquer, seja de um mosquito ou de algo superior a este em tamanho. Então, quanto aos que crêem, sabem que isso é a verdade do seu Senhor; e quanto aos que descrêem, dizem: O que quis ALLAH dizer com este exemplo?Com isso, ALLAH desencaminha a muitos e, com isso, guia a muitos; e com isso, não desencaminha senão os perversos.” [Al-Qur’án 2:26]

O mosquito, que certas pessoas consideram in-signifi cante, representa um exemplo de omnipo-tência e de milagres Divinos. De entre algumas das características deste insecto, destacam-se os seus olhos complexos, compostos por múltiplas lentes que o permitem enxergar um amplo campo de visão e detectar facilmente os movimentos.Tudo isso existe numa criatura cujo tamanho raramente ultrapassa os 15 milímetros e o peso

ronda entre 2 a 2,5 miligramas. A velocidade do seu voo pode atingir cerca de 1,5 a 2,5 quilómetros à hora.

Para além de outras habilidades, o mosquito possui uma audição bem desenvolvida e apurada, que o permite localizar a fêmea para cópula pela mera detecção do movimento das asas.Nas suas duas antenas, o mosquito apresenta numerosas células sensoriais que servem para captar as ondas sonoras e fazer a diferenciação entre elas, podendo assim distinguir de entre outros sons, o batimento das asas da fêmea. Como o batimento é mais acelerado na fêmea do que no macho, este consegue diferenciar as vibrações através dos sinais eléctricos recebidos pelas células sensoriais, incitando-o à cópula.Esta faculdade auditiva não existe no mosquito por uma mera aprendizagem ou através de técnicas que foram sendo desenvolvidas ao longo do tempo. Para além disso, não é possível explicar como as gerações “anteriores” chegaram a este incrível feito existente nas espécies “actuais”; de facto, ela é inata.

Em todos os aspectos da natureza existem sinais de ALLAH, seja em elementos considerados vi-tais ou insignifi cantes, que aparentemente nunca poderiam transmitir algo de útil. Contudo, so-mente aqueles que são verdadeiramente sensatos conseguem observá-los.No entanto, mesmo sendo considerado por muitos como algo insignifi cante, o mosquito não foi negligenciado na sua estruturação, pois apresenta uma complexidade tal que só pode ter sido obra de um Criador Supremo. Apesar das conquistas realizadas pelo Homem em vários campos da ciência, por um lado, e dum sistema

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de tamanho tão reduzido como o do mosquito (ou da mosca), por outro, ALLAH desafi a a quem quer que seja a criar algo semelhante a isso:“Ó humanos! Eis um exemplo, escutai-o pois: Na verdade, aqueles que vós invocais para além de ALLAH, jamais poderiam criar uma mosca, ainda que para isso se juntassem todos; e se a mosca lhes arrebatasse algo, não poderiam dela tirá-lo, porque tanto o solicitador como o solicitado são fracos.Eles não formaram uma verdadeira avaliação de ALLAH; saibam eles que ALLAH é Forte, Todo-Poderoso.” [Al-Qur’án 22:73-74]

O mosquito não foi mencionado apenas no sagrado Al-Qur’án. Consta num Hadice narrado por Abu Hurairah em que o Profeta disse: “Um homem gordo e de grande porte aparecerá perante ALLAH no Dia do Julgamento, mas às vistas do Senhor, o seu porte não será mais do que o da asa dum mosquito”.

[Bukhari, Musslim]

Sahl bin Sá’d narra que o Profeta disse: “Se perante ALLAH, o Mundo tivesse o valor do tamanho da asa dum mosquito, ALLAH não daria de beber uma gota de água ao descrente”.

[Tirmizi]

CARACTERÍSTICAS DOS OVOS

A fêmea do mosquito também possui uma habilidade que é impossível para muitas outras criaturas. Ela é capaz de prolongar a sua gestação, o que pode ocorrer dependendo das condições existentes para colocar os ovos. Isto é mais um feito que não se realiza com base em qualquer experiência ou adaptação mas sim devido à capacidade concedida pelo próprio Criador.Para além disso, os próprios ovos do mosquito possuem outras características que dependem do habitat em que se encontram:

a) PAUSA NO DESENVOLVIMENTO

Uma vez fora do corpo da mãe, os ovos podem pausar o seu desenvolvimento, resistindo e aguardando um tempo até que encontrem uma situação mais apropriada para chocar. Há casos, como uma variedade de mosquitos existentes no deserto, em que os ovos podem permanecer até dois anos sem chocar, após o qual o seu desenvolvimento se dá normalmente, como se nada tivesse acontecido.

b) CAMUFLAGEM

Normalmente, os ovos do mosquito são de cor amarela brilhante. Contudo, se forem colocados à noite tornam-se pretos assim que deixam o corpo da mãe, sem que esta participe na transformação cromática ou que haja conhecimento do processo por parte das larvas, fi cando assim camufl ados contra possíveis ataques.Os mosquitos Anopheles, que são portadores da malária, quando estão em estado larval, alteram a cor de acordo com o ambiente onde se encontram.

c) CAPACIDADE DE FLUTUAR

No mosquito Culex, os ovos possuem uma parte oca com formato de funil que, estando cheia de ar, age como uma bóia, fazendo com que os mesmos possam fl utuar na água. Entretanto, essa “bóia” seria inútil caso o ovo se revirasse, o que obviamente poderia acontecer se fosse colocado sozinho na água, causando o afogamento.Portanto, para que tal não aconteça, a fêmea coloca os ovos todos unidos, colados por uma substância que não se dissolve na água, formando impecavelmente uma balsa em formato de disco, o que apresenta menor risco de afogamento do que outros formatos.

d) PROTECÇÃO GELATINOSA

Os mosquitos Chironomidae envolvem os seus ovos numa massa viscosa que faz com que

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os ovos não se dispersem, sequem ou sofram de mudanças bruscas de temperatura. Graças a esta substância, os ovos podem ainda estar grudados em árvores ou pedras.

Todos esses detalhes foram previamente “codifi cados” nesta espécie desde a sua criação. Se existe um programa tão bem elaborado, quem é o seu Codifi cador? É apenas sob inspiração Divina que estas minúsculas criaturas podem agir de forma tão programada.

COMO O MOSQUITOSUGA O SANGUE?

Após atingir a maturidade, o mosquito continua a apresentar características surpreendentes. Consegue facilmente identifi car as suas vítimas mesmo estando estas em ambientes escuros ou cobertas, bastando apenas que deixem uma parte do corpo exposta. Isso é possível devido a um complexo sistema de detecção existente no mosquito, constituído por receptores sensíveis ao calor e gás.

Quando o mosquito capta as ondas de calor provenientes dum determinado corpo, é atraído para este atingindo assim o alvo. É também através do calor que lhe é possível identifi car as regiões onde existe uma maior abundância de sangue, tal como as veias, pois em geral estas são mais quentes.Outro mecanismo utilizado pelo mosquito é através da detecção de gases, tal como o dióxido de carbono, presente na respiração do ser humano e outros animais.

Ao atingir o alvo, o mosquito perfura a pele utilizando um par de dispositivos que se localizam na região bucal. A primeira incisão é feita com as mandíbulas superior e inferior; os quatro cortadores da sua “tromba” penetram

na pele e ele começa a sugar o sangue através do buraco feito.No entanto, devido à perfuração da pele, o organismo humano inicia um processo de defesa que evita a entrada de micróbios e pára o sangramento, possibilitando deste modo a coagulação do sangue; com o sangue coagulado, torna-se impossível para o mosquito sugar algo. Por sua vez, o mosquito age como se estivesse preparado para isso e injecta uma secreção anti-coagulante, de forma a inabilitar o processo de defesa.

Para além disso, o mosquito tem ainda a capacidade de anestesiar a região perfurada, de modo a evitar que a vítima se aperceba da picada. É esta secreção que causa uma reacção irritante na pele e resulta em coceira. Durante o curto instante em que tudo isto acontece, a vítima nem se apercebe que foi picada, dando conta disso somente depois do mosquito se retirar.

Ao analisarmos todo este processo, podemos ver que o mosquito não só possui um mecanismo de incisão e sucção mas “percebe” também de química, pois conhece o momento exacto de anestesiar a sua vítima e de introduzir a substância anti-coagulante que inabilita a defesa preparada pelo organismo humano, sem ter previamente “estudado” a actividade enzimática do mesmo.

Após toda esta observação, surgem algumas questões por serem respondidas:– Como o mosquito sabe que ao perfurar a pele da vítima lhe causa dor, desenvolvendo assim a técnica e a substância anestésica?– Quando ele aprendeu de que o sangue coagula e o momento em que isso acontece, para que viesse já preparado não só com a substância anti-coagulante mas também com a técnica de injectá-la?

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– Será coincidência o facto de tudo isso ser en-contrado exactamente no local onde é necessário, ou seja, onde se perfura a pele?– Será que este insecto é um génio, tendo conhecimento da composição química da vítima e desenvolvendo soluções no seu próprio corpo?– Como se pode explicar que um mecanismo excelente como este esteja presente num tubo cujo comprimento é de um milímetro e raio de um décimo de milímetro, existente numa criatura de cerca de um centímetro de tamanho?

De salientar que o Homem apenas conseguiu desenvolver substâncias anti-coagulantes e anes-tésicas após vários anos de pesquisa científi ca. Só depois de grandes desenvolvimentos tecno-lógicas realizados recentemente é que se tornou possível construir aparelhos tão sofi sticados e precisos como os existentes no mosquito, algo que o este insecto possui há milhares de anos, desde a altura que foi criado.

Portanto, torna-se evidente de que todo este sistema complexo e perfeito não pode ter sido uma criação do acaso; de facto, é obra dum Criador Supremo, que possui o conhecimento tanto da anatomia humana assim como dos mosquitos e todas outras criaturas existentes no Universo.

Por estarem cada vez mais distantes da fé e da crença, muitas pessoas se encontram mergulha-das num estado de “sonolência espiritual”, ten-tando sempre procurar motivos sobrenaturais que lhes possa convencer da existência de ALLAH, para assim se apegarem a Ele e cumprir com as Suas Leis.Entretanto, será que o exemplo do mosquito ou doutras criaturas perfeitas com capacidades extraordinárias não basta? Será tudo isso por si só não representa um milagre por parte de ALLAH?

UM RELÓGIO NO DESERTO!Suponha que está caminhando pelo deserto e, de repente, encontra um relógio. Que conclu-são poderia tirar? Das duas uma: Ou alguém ali o deixou ou o mesmo surgiu do nada?Obviamente que ninguém no seu estado mental são poderia concluir de que o tal reló-gio surgiu do nada e posteriormente perma-neceu ali na areia. Todas aquelas pequenas e complexas peças não se poderiam desenvol-ver sozinhas a partir do metal, que por hipó-tese estivesse no subsolo daquele local.De certeza que a conclusão que uma pessoa sã tiraria é de que o relógio surgiu como resultado dum processo de fabricação, ou seja, possui um fabricante.Por outro lado, se o mesmo relógio não for apenas um conjunto de peças metálicas mas tiver ainda a capacidade de marcar o tempo certo, então poder-se-á concluir facilmente de que o seu fabricante é também inteligente e tem conhecimento sobre o tempo pois, caso contrário, o mesmo poderia não funcionar.

Na verdade, o que nos indica o horário certo é a posição exacta da Terra em relação ao Sol. Os seus movimentos são tão regulares ao ponto dos cientistas poderem publicar os seus horá-rios com a antecedência de milhares de anos.No entanto, quem será que “fabricou” a Ter-ra, o Sol e todos outros planetas e astros exis-tentes no Universo? Se um simples relógio não pode surgir do nada no meio do deserto, como então justifi car que um sistema tão vas-to como o Universo tenha surgido por si só?Por outro lado, quem será que “regula” os movimentos dos planetas e astros que ocorrem com tanta precisão? Se um relógio elementar não pode funcionar sozinho sem que antes tenha sido ajustado ou programado por um fabricante inteligente, como então explicar que todo o Cosmos funcione de acordo com a sua própria vontade?

A conclusão evidente e óbvia que se tira é de que para tudo existe um Fabricante e Regu-lador Supremo: ALLAH!

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VINAGRE – AZEDO SÓ NO SABOR!

O vinagre já vem sendo utilizado há bastante tempo, com fi nalidades que vão desde condimentação, alívio de febres

até cura de feridas, devido à sua propriedade anti-infl amatória e desinfectante.

É um condimento utilizado para tornar alguns alimentos mais moles, saborosos e/ou aromáticos, e ainda, como substância conservante para que certas comidas não estraguem.Investigações científi cas recentes têm demons-trado claramente as suas propriedades anti-microbianas, sendo efectivo em inibir o crescimento de certas bactérias.

O profeta Muhammad já havia recomendado o consumo do vinagre, mostrando desde então o seu benefício. Não só indicou o consumo deste condimento como também utilizou-o nas suas refeições.Jábir Ibn Abdullah narra que certa vez quando o Profeta pedira comida à sua esposa, esta serviu-lhe dizendo que continha vinagre. Quando o Profeta começou a comer, disse: “O vinagre é um excelente condimento”.

[Musslim]

Consta num outro Hadice em que o Profeta fez Duá de Barakah a respeito do vinagre e disse: “Foi também um alimento dos profetas anteriores”. E disse ainda: “A casa onde existe vinagre não passará por necessidade (alimentar)”.

[Jamul-Wassáil de Ibn Májah]

Segundo o comentário de Maulana Zakariya (RA), o vinagre – Khal em árabe – não necessita de preparação especial; a pessoa pode facilmente ingeri-lo com pão. Para além disso não requer qualquer “formalidade” – aspecto do qual todos nos devemos abster, pois a vida aqui neste mundo é temporária.

É recomendável utilizar vinagres de fermentação natural (puros) tais como os de vinho, maça ou de outras frutas e não vinagres sintéticos. No entanto, deve-se ter em conta o facto de não apresentarem álcool nos seus ingredientes.O vinagre é um ácido que possui simultanea-mente o efeito quente e frio, manifestando-se mais nesta última forma; devido ao efeito frio, pode não ser benéfi co para certas pessoas. No entanto, é um excelente alimento e de fácil obtenção; o seu benefício não deve ser menosprezado.Vejamos algumas das suas aplicações:

a) DIGESTÃO

O vinagre é um estimulador de apetite e favorável àqueles que vivem em zonas quentes, sendo uma grande ajuda no processo de digestão. É muito semelhante às substâncias químicas segregadas naturalmente no estômago, razão pela qual possui a fama de “facilitador de digestão”.Alguns médicos sugerem que o vinagre seja empregue regularmente a fi m de evitar a intoxicação alimentar. A posologia habitual é de uma colher de sopa de vinagre a ser tomada no mínimo meia hora antes da refeição. Pode ainda ser misturado com água ou acrescentado também um pouco de mel.

Este condimento serve também para aniquilar micróbios e vermes existentes no estômago. Possui acção anticéptica em relação a certos males do intestino que causam infecções e epidemias, assegurando um ambiente ácido do suco gástrico, que serve de defesa contra intoxicações microbianas que possam ocorrer.No entanto, quando ingerido em excesso, a acção digestiva é prejudicada até ao ponto em que se torna corrosivo para a mucosa gastrointestinal.Funciona ainda como antídoto contra certos tipos de veneno; quando ingerido com sal, ajuda a combater o efeito dos cogumelos venenosos.

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b) METABOLISMO

Quando se trata de obter um peso ideal é absolu-tamente importante promover a efi ciência do me-tabolismo, caso contrário, os alimentos não serão metabolizados correctamente, resultando num excesso de gordura que se acumula no corpo.O vinagre de maçã ajuda o fígado a promover a desintoxicação do organismo e contribui na digestão de alimentos e pratos ricos em gordura. Outra ajuda para uma boa absorção de nutrientes pode ser obtida através dos ácidos málico e tartárico que se encontram no vinagre de maçã; estes matam as bactérias prejudiciais que se encontram no aparelho digestivo.

c) OBSTIPAÇÃO

A obstipação ou prisão de ventre é referida pelos médicos e nutricionistas como sendo a principal causa de muitas doenças. Esta teoria tem a devida lógica pois quando os intestinos não funcionam adequadamente, começam a acumular produtos tóxicos durante muito tempo, os quais acabam sendo absorvidos pela corrente sanguínea. Por outro lado, à medida que se envelhece, o organismo começa a produzir cada vez menos enzimas e ácidos digestivos, o que agrava ainda mais a situação.Ao se adicionar fi bra à dieta, tal como a pectina existente no vinagre de maçã, proporciona-se um fl uxo intestinal regular no organismo e uma eliminação adequada.

d) COCEIRA

Para aliviar a coceira, pode-se aplicar algodão embebido numa solução de água e vinagre sobre a pele. Se necessitar dum tratamento corporal completo, colocam-se dois ou três copos de vinagre na água do banho.A sensação de queimadura ou ardor após a exposição ao Sol pode ser aliviada através dum banho de água morna contendo um copo de vinagre de maçã. Ao enxaguar a boca com vinagre morno, alivia-se a dor nos dentes e fortifi ca-se as gengivas.

e) DIABETES

A resposta que certos tipos de alimento podem causar nos níveis de açúcar no sangue é chamado “índice de glicemia”; se este for muito alto, é prejudicial tanto para pessoas que sofrem de diabetes assim como para aqueles que não padecem desta doença.Para este caso, o vinagre tem a capacidade de diminuir o índice de glicemia em determinados alimentos.

f) COLESTEROL

Os níveis elevados de colesterol contribuem para o surgimento de doenças cardíacas. Para a sua prevenção, é fundamental que se siga um modo de vida saudável que inclua uma alimentação equilibrada e baseada em cereais, vegetais e frutos frescos de forma a manter o peso ideal, prática de exercício físico regular e que se evite alimentos processados, carnes gordas, fritos, manteiga, etc.Outra medida importante é adicionar fi bra à dieta, especialmente o tipo de fi bra que se encontra no vinagre de maçã. Estas absorvem água e contribuem para o melhor funcionamento dos intestinos, agregando gordura e colesterol e promovendo a respectiva eliminação pelas fezes.

Alguns Ditos de Imám Sháfi (RA):

– Seja duro consigo próprio e mole (fácil) para os outros;

– Conhecimento não é aquilo que é memorizado, mas sim aquilo que benefi cia;

– Quando um estúpido se aproxima de mim e senta-se ao meu lado, eu sinto que a terra que está por baixo dele começa a se desmoronar devido ao peso da sua companhia.

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AL-HAYÁSheikh Abdul-Aziz Ahmad

O Profeta disse: “Na verdade, toda a religião trouxe um convite distinto a favor da moral, e o convite do Isslam (a

esse respeito) é o Hayá.” [Ibn Májah]

E disse: “A fé consiste em mais de sessenta ramos (partes) e Hayá é uma parte da fé”. [Bukhari]

A palavra árabe “Hayá” tem sido vulgarmente traduzida como “vergonha” ou “modéstia”, mas na realidade, isso não refl ecte a sua verdadeira mensagem.De facto, o seu signifi cado refere-se a um vasto número de conceitos que podem ser tomados em consideração; pode signifi car timidez, respeito, remorso ou repreensão que a pessoa experimenta ao fazer algo de errado, qualidades essas que se podem manifestar sob diversas formas.

Hayá representa uma “peça chave” no Isslam, que governa todo o código moral e social ligado à esta religião; quando esta peça deixa de existir, é como se tudo estivesse perdido. O Profeta disse: “Quando perderes o Hayá, então faça o que desejares”.Abu Hurairah narra que o Ummat não terá o seu fi m enquanto não surgir um homem que pegará uma mulher e estendê-la-á na via publica a fi m de praticar o sexo; portanto, nessa altura (quando isso acontecer), a melhor criatura será aquela que for diante do tal homem a fi m de o aconselhar que no mínimo praticasse o acto por detrás duma parede.

Assim como o advento de Hayá causou uma revolução moral na arábia pré-isslâmica, o mesmo poderá acontecer novamente e com dimensões sem precedentes na sociedade actual, caso esta adopte tais qualidades. Contudo, ninguém poderá adoptá-las ou incuti-las dentro de si sem se esforçar para tal; para além disso, caso a pessoa atinja tais qualidades, poderá realizar grandes conquistas.

Para o verdadeiro muçulmano, toda a prática deve estar acompanhada de Hayá: a vestimenta deve ser pintada com Hayá, a fala deve ser pontuada com Hayá e a interacção também deve ser colorida com Hayá.A prática do Salát aumenta o Hayá e afasta a pessoa de actos vergonhosos, assim como é mencionado no sagrado Al-Qur’án:“O Salát impede a obscenidade (indecência) e os actos censuráveis.” [Al-Qur’án 29:45]

A modéstia está sempre acompanhada de bondade e faz parte da crença do muçulmano. Abu Sa’id Al-Khudri elogiou a personalidade do Profeta dizendo: “Ele tinha mais vergonha do que uma virgem dentro das suas vestes decentes; quando não gostava de algo, revelava-se na sua cara”.Consta ainda no sagrado Al-Qur’án:“Na verdade, tendes no Mensageiro de ALLAH um excelente exemplo a seguir, para aquele que espera encontrar ALLAH, deparar-se com o Dia do Juízo Final e lembra-se de ALLAH frequentemente.” [Al-Qur’án 33:21]

Consta no Tirmizi em que o Profeta disse: “En-vergonhai-vos de ALLAH assim como deve ser”.Os Sahábah responderam: “Nós nos enver-gonhamos de ALLAH, ó Rassulullah”!O Profeta disse: “Não é nesse contexto; en-vergonhar-se de ALLAH é preservar a cabeça e tudo quanto a envolve, a barriga e tudo quanto a rodeia e recordar-se da morte; quem assim o fi zer, terá vergonha de ALLAH”.Quando a pessoa se encontra só e surge o pensamento ou sentimento de praticar algum acto no qual existe a dúvida se se trata de algo lícito ou ilícito, então que saiba que ALLAH é Omnividente e sabe de tudo o que acontece no Universo.Que ALLAH incuta dentro de nós estas preciosas qualidades e faça com que através delas todos muçulmanos sejam bem sucedidos, tanto aqui neste mundo assim como no Ákhirah.

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ETIQUETAS DE DORMIRSheikh Suleiman H. Fonseca

Consta no sagrado Al-Qur’án:“ALLAH recolhe as almas no momento da morte e, dos que não morreram

ainda, (recolhe-a) durante o seu sono. Ele retém aquela cuja morte fora decretada, e reenvia a outra até um término prefi xado. Na verdade, nisso há sinais para os sensatos”.

[Al-Qur’án 39:42]

“E entre os Seus sinais está o do vosso dormir, durante a noite e, durante o dia, o de procurardes a Sua graça. Certamente nisso há sinais para os que escutam”.

[Al-Qur’án 30:23]

“E fi zemos o vosso sono para um descanso”.[Al-Qur’án 78:9]

Dando continuidade na publicação dos Sunnates do nosso querido profeta Muhammad , traze-mos na presente edição algumas etiquetas relacionadas com a nossa dormida:

a) DURMA CEDO

Para além de ser um hábito muito benéfi co à saúde, dormir cedo torna fácil ao crente despertar para o Salátul-Fajr. Era prática do Profeta dormir logo após o Salátul-Ishá; Abu Barzah Al-Asslami conta que o Profeta costumava retardar o Ishá e não gostava de dormir antes ou discursar depois disso [Bukhari].

b) FECHE AS PORTAS, TAPE OS ALIMENTOS

E APAGUE OS CANDEEIROS

É aconselhável recitar Bissmillah quando estiver a fechar (trancar) as portas da casa ou a tapar os utensílios que contenham comida ou bebida. Antes de dormir, apague (desligue) qualquer fogo (candeeiro ou fonte de luz) que por ventura esteja aceso [Bukhari].

c) ESCOLHA UMA CAMA ADEQUADA

Uma cama excessivamente macia ou luxuosa causa preguiça e faz com que a pessoa durma mais do que o necessário, tornando-se negligente em muitos aspectos. Aisha (RTA) conta que o travesseiro do Profeta no qual dormia era revestido de couro e continha fi bras de palmeira no interior [Abu Dawud, Ahmad].

d) LIMPE A CAMA

Consta no Bukhari em que Abu Huraira narra que o Profeta disse: “Quando alguém de vós for dormir, que limpe a cama sacudindo-a com as vossas vestes, pois não se sabe o que possa ter estado nela; e recite o seguinte Duá:

“Em Teu nome, ó meu Senhor, eu deito o meu corpo e em Teu nome eu o levanto; se reteres a minha alma, tenha misericórdia sobre ela,

e se a soltares, proteja-a assim como Tu proteges os Teus servos piedosos.”

e) CUBRA AS PARTES PRIVADAS

As partes privadas da pessoa devem estar constan-temente cobertas, seja em que circunstância for, excepto quando é mesmo necessário.Num Hadice relatado por Tirmizi, consta que certa vez, quando o Profeta foi pergun-tado acerca das partes privadas, respondeu: “Cubram-nas (sempre), excepto (na presença) de vossas esposas”.A seguir, foi novamente interrogado: “E se um homem estiver na presença doutro”? Respondeu: “Se puderdes evitar que alguém as veja (as partes privadas), então fazei isso”.

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Questionaram-no mais uma vez: “E se estivermos sozinhos”? O Profeta afi rmou: “ALLAH é mais merecedor de respeito (Hayá) do que vós”.

Baseando-se neste Hadice, é inadmissível que se durma descoberto, ou seja, mesmo que o indivíduo durma sozinho ou com a esposa, deverá se preocupar em ter as partes privadas constantemente cobertas.A pessoa não deve igualmente dormir de forma que haja o risco dessas partes fi carem expostas durante o sono; por exemplo, não deverá depender apenas do cobertor ou lençol para se cobrir, dormindo sem roupa ou com vestes que possam expor as partes íntimas, pois durante a noite, está fora do alcance da pessoa prever como o corpo ou a roupa estarão posicionados.

f) DURMA COM WUDHÚ E SOBRE O LADO DIREITO

Ibn Abbass narra que o Profeta disse: “Purifi cai os (vossos) corpos e ALLAH irá purifi cá-los (espiritualmente), pois não há servo que dorme no estado de pureza sem que um anjo passe a noite consigo e, cada vez que ele se vira, (o anjo) diz: Ó ALLAH! Perdoe o Seu servo, pois ele dormiu no estado de pureza”.

[Tabaráni]

É aconselhável dormir em estado de Wudhú e sobre o lado direito. Consta no Bukhari em que o Profeta disse: “Quando for dormir, faça o Wudhú como se fosse efectuar o Salát, deite-se sobre o lado direito e diga:

“Ó ALLAH! Por certo, eu submeti a minha alma a Ti, confi ei os meus assuntos a Ti,

voltei a minha cara para Ti, procurei refúgio

e protecção em Ti, com esperança e temor em Ti; não há refúgio nem abrigo contra a Tua ira senão em Ti, creio no Livro que Tu revelaste, e no Profeta que Tu enviaste.”

Se morrer nessa noite, morrerá com fé; deixe que estas sejam as últimas palavras (antes de dormir)”.Deitar-se sobre o lado direito e colocar a mão sob a bochecha alivia a pressão exercida sobre o coração durante o sono, fazendo com que este se torne leve e, consequentemente, seja fácil acordar.Deve se evitar deitar de barriga para baixo, pois consta que quando o Profeta viu alguém deitado dessa forma, mostrou o seu repúdio dizendo que ALLAH não gosta desta posição [Tirmizi].

g) RECITE AS DEVIDAS SÚPLICAS

Ali ibn Abi Tálib narra que cerca vez quando a sua esposa Fátima (RTA), fi lha do Profeta , foi ter com o pai a fi m de o pedir que lhes arranjasse uma escrava (para auxiliá-la nos trabalhos domésticos), o Profeta disse: “Não deveria eu vos ensinar algo que é melhor para vós do que uma escrava? Quando forem para a cama, recitem trinta e três vezes Subhánallah, trinta e três vezes Alhamdulillah e trinta e três vezes Alláhu Akbar; isso é melhor para vós do que uma escrava”. [Bukhari, Musslim]

Para além destes Tassbihát, existem algumas súplicas mencionadas nos Hadices que podem ser recitadas antes de dormir, tais como os últimos dois versículos do capítulo Al-Baqarah e os capítulos Al-Ikhláss, Al-Falaq e An-Náss. Depois de os recitar, pode-se soprar sobre as palmas das mãos e passá-las pelo corpo começando pelo rosto, depois pela cabeça, seguindo para a parte da frente e por fi m pelas costas até onde puder; este processo é feito três vezes [Bukhari, Musslim].O Profeta tinha o hábito de recitar todas as noites os três últimos capítulos do sagrado Al-Qur’án, procedendo assim como foi mencionado no Hadice anterior, de forma a obter protecção por parte de ALLAH contra a magia e mau olhar.

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É relatado no Tirmizi de que o Profeta não dormia antes de recitar os Surates As-Sajdah e Al-Mulk, pois os mesmos servem para garantir ao recitador a protecção contra os castigos do Qabr.Abu Huraira narra que o Profeta disse: “Existe um capítulo no Al-Qur’án que contém apenas trinta versículos; no Dia da Ressurreição, (o capítulo) intercederá a favor do recitador ao ponto de lhe tirar do Inferno e ser admitido no Paraíso; esse capítulo é o Al-Mulk”

[Tirmizi]

Se a pessoa recitar o Áyatul-Kurssi (Versículo do Trono) antes de dormir, ALLAH indicará um

anjo para proteger o recitador contra o Shaitán (durante o sono) até à aurora [Bukhari].

Por fi m, o Profeta costumava recitar o seguinte:

“Ó ALLAH! Em teu nome eu morro e vivo”.

h) AO ACORDAR, RECITE O SEGUINTE DUÁ:

“Todos os louvores pertencem a ALLAH, Quem nos deu a vida depois de a ter tirado, e

para junto d’Ele seremos ressuscitados.”

DESCANSO A MEIO DO DIA MELHORA PRODUTIVIDADEQue dormir demais enfraquece e amolece o corpo, isso muitos sabem. Por outro lado, ter o hábito de se manter acordado até altas horas é prejudicial ao organismo, isso também os especialistas na matéria podem confi rmar.Contudo, algo que não é do conhecimento geral ou que muitos não se benefi ciam do mesmo, é o resultado duma pesquisa realizada recentemente.

Segundo o estudo realizado por um grupo liderado por Olaf Lahl da Universidade de Dusseldorf, na Alemanha, fazer uma sesta (descanso) de alguns minutos durante o expediente melhora a produtividade.De acordo com os pesquisadores, entregar-se ao sono por alguns instantes é muito melhor do que tentar “fugir” do mesmo o dia todo.Na opinião deles, uma sesta de apenas seis minutos tem o mesmo efeito positivo que uma noite de sono completa, sobre a performance mental e a memória.

A equipe de cientistas pediu a um gru-po de voluntários que memorizasse uma

lista contendo trinta palavras e deu o intervalo de uma hora antes de testar se haviam memorizado tudo. Metade do grupo teve o direito de pegar no sono durante seis minutos; os demais tiveram que fi car acordados.

Na hora do teste, os que adormeceram foram melhores do que aqueles que se mantiveram despertos.Para Lahl, que publicou seus resultados na revista especializada “Journal of Sleep Research”, isso pode indicar que os efeitos funcionais do sono surgem nos seus primeiros momentos.

No entanto, para os muçulmanos isso não é novidade, pois há mais de catorze séculos que o profeta Muhammad já havia aconselhado aos seus seguidores a fazerem o “Qailulah”, ou “sesta” tal como é conhecido o descanso que se faz a meio do dia após o almoço, sendo isso um acto recomendável para os muçulmanos.Consta num Hadice em que o Profeta disse: “Façam Qailulah, pois o Satanás não faz Qailulah”. [Sahih Al-Jámi]

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AL-GHUSSL

O Ghussl ou banho efectuado de acordo com a tradição isslâmica, foi instituído para permitir que o crente se purifi que do

estado de impureza maior ou “Hadassul-Akbar”.No sagrado Al-Qur’án, ALLAH ordena-nos a respeito do banho: “Se estiverdes impuros, purifi cai-vos (através do banho).”

O Isslam é uma religião que advoga a higiene, dando muita importância a aspectos relacionados a esta temática. O profeta Muhammad afi rmou que a higiene e a pureza fazem parte da crença e representam a metade do Imán (fé).Nenhuma outra religião para além do Isslam deu tanta ênfase à higiene ou ao banho, ao ponto de torná-lo obrigatório em alguns casos e recomendável em muitas outras situações.Hoje em dia, nota-se que certas pessoas passam quase todo o dia sem tocar a água ou o Inverno sem tomar o banho. Para o muçulmano, isso é impossível de se imaginar pois é inadmissível para ele que passe um dia sem utilizar a água para se purifi car, uma vez que o crente tem o dever de praticar cinco orações diárias obrigatórias e isso só pode ser efectuado depois de se purifi car através do Ghussl ou Wudhú, dependendo dos casos, uma vez que somente um corpo purifi cado poderá ser portador de uma alma pura; quando não existe pureza no exterior, também não poderá haver no interior.Quanto ao Wudhú (ablução) e sob que circuns-tâncias é necessário efectuar o mesmo, tudo isso já foi esclarecido na edição anterior; a presente edição debruçar-se-á sobre o Ghussl.

TIPOS DE GHUSSL

1. FARDH (OBRIGATÓRIO):O Hadassul-Akbar é causado pelos seguintes actos, após os quais a pessoa deverá purifi car-

se o mais breve possível efectuando o Ghussl:a) Quando terminar o período menstrual.b) Após a ejaculação, quer isso ocorra durante o

sono (sonho molhado) ou estando acordado.c) Após praticar o coito (relação sexual), mesmo

que não ocorra a descarga do sémen.d) Quando terminar a descarga de sangue após

o parto (período pós-parto).

2. WÁJIB (NECESSÁRIO):a) O banho que é dado ao defunto.b) Para o descrente que abraça o Isslam estando

no estado de Hadassul-Akbar (caso não esteja neste estado, então o Ghussl é Musstahab).

3. SUNNAT (TRADICIONAL):a) No dia de Jumu’ah, ou seja, Sexta-feira.b) Nos dias de Ide.c) Ao vestir o Ihrám para efectuar Haj ou Umrah.d) Para o peregrino no dia de Arafah.

4. MUSSTAHAB (RECOMENDÁVEL):a) Quando voltar da viagem.b) Para aquele que deu banho ao defunto.c) Para aquele que recuperou os sentidos (desmaio).d) Para o demente quando recupera as suas

faculdades mentais.e) Quando o corpo é atingido por impurezas

sólidas, de tal forma que a área afectada seja maior do que a moeda de um Dirham (cerca de 3 cm de diâmetro), ou líquidas, que ultrapassem cerca de um quarto da respectiva peça de vestuário, mesmo que já estejam secas.

ACTOS OBRIGATÓRIOS NO GHUSSL

No Ghussl, os seguintes actos são obrigatórios:a) Lavar a boca por completo uma vez, assegu-

rando que a água atinja toda a área interna da boca até a garganta (gargarejar).

Sheikh Aminuddin Muhammad

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b) Introduzir água nas narinas e limpá-las uma vez, assegurando que a mesma atinja as fossas nasais (cavidade carnosa do nariz).

c) Lavar o corpo por completo pelo menos uma vez, com água pura (Táhir) e limpa; isto deve ser feito de forma a assegurar que a água escorra pelo corpo todo sem deixar qualquer parte seca, nem mesmo um fi o de cabelo.

Nota: Se alguma área ou parte do corpo não for lavada ou for deixada parcialmente seca, então o Ghussl não será válido. É considerado válido logo que os actos obrigatórios sejam cumpridos.

ACTOS SUNNAT NO GHUSSL

No Ghussl, os seguintes actos são Sunnat:a) Lavar ambas as mãos incluindo os pulsos.b) Lavar muito bem as partes privadas.c) Efectuar o Wudhú.d) Derramar água sobre todo o corpo três vezes,

primeiro sobre a cabeça, depois sobre o ombro direito e por fi m sobre o ombro esquerdo.

Nota: Se algum acto Sunnat for omitido mas todos os obrigatórios forem observados, então o Ghussl estará válido; contudo, a recompensa completa só poderá ser adquirida observando cuidadosamente todos os aspectos.

ASPECTOS INDESEJÁVEIS NO GHUSSL

Os seguintes aspectos são considerados inde-sejáveis (Makruh) durante o Ghussl e deve-se procurar evitá-los:a) Virar a cara ou as costas para o Quibla.b) Recitar algum Duá ou versículo do Al-Qur’án.c) Falar desnecessariamente ou debater assuntos.

MÉTODO SUNNAT DEEFECTUAR O GHUSSL

1. Faça o Niyyat de Ghussl, ou seja, intenção de se purifi car da impureza maior; não é

necessário pronunciar qualquer palavra em árabe ou nalgum outro idioma, pois o Niyyat é feito no íntimo.

2. Lave primeiro as mãos incluindo os pulsos.3. Lave muito bem as partes privadas, tal como se

faz no Isstinja, mesmo que não contenham im-purezas; lave também as outras partes do corpo onde por ventura exista alguma impureza.

4. Faça o Wudhú por completo, aproveitando-se do mesmo para gargarejar e lavar as narinas.

5. Derrame água sobre a cabeça, depois sobre o ombro direito e por fi m sobre o ombro esquerdo, três vezes em cada lado.

6. A água deve ser derramada de tal forma que possa escorrer sobre todo o corpo, molhando-o por completo; deve-se deitar a água e esfregar o corpo muito bem em simultâneo, de forma a assegurar que nenhuma parte do corpo fi cou seca.

ALGUMAS OBSERVAÇÕESMUITO IMPORTANTES:

a) As pessoas que passarem por qualquer uma das situações que lhes coloquem no estado de Hadassul-Akbar estão proibidas de praticar o Salát, tocar ou recitar o sagrado Al-Qur’án e até mesmo entrar no Massjid enquanto estiverem nesse estado de impureza.

b) Os banhos considerados Sunnat só podem ser efectuados quando a pessoa já estiver livre de Hadassul-Akbar; caso contrário, deverá efectuar o Ghussl Fardh ou fazer intenção de Fardh e Sunnat num único banho.

c) Se a pessoa não tiver passado por qualquer uma das situações descritas nos pontos anteriores e pretender tomar um banho simples, quer seja diariamente ao amanhecer ou somente com o objectivo de se refrescar, então poderá fazê-lo sem seguir todos os preceitos do banho obrigatório, não sendo isso considerado como Ghussl.

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d) Segundo o Imám Abu Hanifa (RA), é Sunnat fazer o Niyyat para o Ghussl; contudo, de acordo com Imám Sháfi (RA) isso é considerado obrigatório e não deve ser negligenciado.

e) Deve-se passar a água de tal forma que nenhuma parte do corpo fi que seca, nem mesmo um fi o de cabelo; estes devem ser molhados até à raiz, caso contrario, o banho ainda não estará completo.

f) Se a mulher tiver os cabelos trançados, é aconselhável que os destrance para garantir que a água os atinja por completo, incluindo as respectivas raízes; para aqueles que tiverem laca, gel ou qualquer outro cosmético, também deverão removê-los.

g) Deve-se igualmente remover a sujidade ou tudo aquilo que impeça a água de atingir as unhas ou a pele que esteja à sua volta, seja por baixo ou por cima. Por exemplo, se as unhas estiverem compridas e houver sujidade ou gordura por baixo, deverão ser retiradas de forma que a água possa atingir a extremidade dos dedos; o mesmo se aplica ao verniz ou qualquer outra camada que impeça a água de atingir as unhas (o mehendi não é considerado impedimento, pois não se trata duma camada).

h) Os anéis, braceletes ou brincos que estejam apertados, devem ser movidos para que a água atinja a parte coberta pelos mesmos.

i) Se após o Ghussl a pessoa recordar-se de que alguma parte do corpo fi cou seca, então não é necessário repeti-lo, bastando somente lavar a parte que fora esquecida. E se após o banho notar alguma impureza no corpo, também não necessita repeti-lo, bastando apenas remover a mesma e lavar essa parte.

j) Se devido a alguma doença ou ferida a água for prejudicial para uma determinada parte do corpo, então é permissível deixá-la seca lavando o resto do corpo; contudo, logo após a cura ou melhoramento, torna-se Wájib lavar essa parte do corpo, sem ser necessário repetir o Ghussl.

k) Se a pessoa mergulhar no mar, rio ou piscina com intenção de se purifi car e, se a água atingir todo o corpo incluindo os cabelos e depois gargarejar e introduzir água nas narinas, então o banho será considerado válido.

l) Não se deve desperdiçar nem poupar demais a água mas sim deverá utilizá-la de forma racional.

m) É extremamente desaconselhável urinar na banheira ou no local onde estiver a se banhar.

n) O banho deve ser tomado num lugar completamente privado, longe do alcance de qualquer olhar. Se a pessoa estiver num local onde por ventura exista esse risco, então é aconselhável que se tome o banho estando tapada.

o) Pode-se tomar o banho tanto de pé assim como sentado; contudo, esta última forma é mais preferível, utilizando para tal um pequeno banco ou estrado de modo que a água possa escorrer facilmente.

p) Caso haja receio dos pés fi carem imersos na água utilizada, então pode-se deixá-los para serem lavados por último.

q) Após o Ghussl, o corpo pode ser enxugado com uma toalha ou pano limpo após o qual deve-se cobrir o mais depressa possível, não sendo aconselhável permanecer-se despido por muito tempo, pois o Shari’ah deu muita ênfase a este aspecto.

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DOENÇA – DESGRAÇA OU BÊNÇÃO?Maulana Faiyáz Mayet

O profeta Muhammad afi rmou que muitas pessoas se desleixam de dois grandes favores concedidos por ALLAH: a boa

saúde e o tempo livre. Devido à essa negligência, muitos acabam por sofrer um declínio espiritual e fecham as portas para o sucesso no Ákhirah.

Todos os favores de ALLAH são como um Amánat (pertença) nas mãos do crente e, portanto, devem ser utilizados e aplicados conforme o Seu comando e de acordo com o Sunnat do Profeta ; caso a pessoa se descuide dos mesmos, estará se afastando do sucesso tanto neste como no outro Mundo.Segundo um famoso provérbio, “a boa saúde é equivalente a mil favores”. De facto, a saúde é uma das grandes dádivas concedidas por ALLAH, pois é através deste favor que o ser humano consegue se aproveitar e desfrutar de muitos outros.

A doença é temporária e muitas vezes surge devido à nossa própria negligência. No entanto, ALLAH – o Misericordioso, fez dela como um meio da pessoa se purifi car dos pecados e elevar os seus graus no Paraíso; desta forma, muitas difi culdades são transformadas em recompensas.Na realidade, a doença é um teste por parte de ALLAH; contudo, uma vez que somos fracos e não conseguimos suportá-la, devemos sempre rogar por uma boa saúde.

No entanto, ao sermos testados com doenças ou alguma calamidade, devemos ter em mente de que isso também provém por parte de ALLAH. Nesses momentos, deve-se exercitar a paciência e seguir o exemplo de Rassulullah , pois isso contribuirá para o aperfeiçoamento da alma.O Isslam descreve detalhadamente a matéria relacionada com a doença e as etiquetas de visitar o doente. De seguida, esclarecer-se-á

algumas das suas virtudes, tentando mostrar o lado positivo da doença:

a) Aproximação de ALLAHQuando a pessoa está doente, torna-se mais próxima e amada por ALLAH.Consta num Hadice em que o Profeta disse: “No Dia de Quiyámah, ALLAH dirá para alguns dos Seus servos: Ó fi lho de Ádam! Eu estive doente e tu não Me visitaste.O servo dirá: Ó meu Senhor! Como poderia eu Te visitar, sendo Tu o Dono dos Mundos?ALLAH dirá: Sabias que um dos Meus servos estava doente e tu não o visitaste? Se tu o ti-vesses visitado, certamente que Me irias en-contrar junto dele.” [Musslim]

Consta ainda que ALLAH ama o coração dos feridos (tristes) [Tabráni].Num Hadice Qudssi, ALLAH diz: “Eu estou próximo dos corações partidos”.

b) Uma Tradição Involuntária dos ProfetasAo falar acerca do doente, o Profeta disse: “Quando o crente se recupera da doença, esta torna-se como um meio de perdão dos seus pecados (menores) anteriores e uma protecção contra os posteriores. Quando o hipócrita se recupera da doença, é como o camelo que foi preso pelo dono e depois liberto, sem saber porque estava amarrado e porque agora está livre; na verdade, o hipócrita nem tira lição da doença e nem esta purifi ca os seus pecados”.

[Iyádatul-Marizh]

A doença é também uma das forma que ALLAH utiliza para testar os Seus servos. Contudo, o crente somente recebe a Sua aprovação quando a suporta com paciência. Os profetas também foram submetidos a testes por parte de ALLAH.

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De entre eles, Ayub (Job) foi testado com uma doença tão grave ao ponto da sua própria família o abandonar; depois de exercer muita paciência, ele implorou a ALLAH pela cura:

“Na verdade, a adversidade tem-me açoitado; porém, Tu és o Mais Misericordioso dos mise-ricordiosos.” [Al-Qur’án 21:83]

Como Ayub suportou todo o sofrimento com paciência e se manteve fi rme na fé, ALLAH derramou a Sua misericórdia sobre ele, conforme consta no versículo seguinte:“E o atendemos e afastamos o mal que o afl igia; restituímos-lhe a família, duplicando-a como acréscimo, em virtude da Nossa misericórdia, e para que servisse de mensagem para os adoradores.” [Al-Qur’án 21:84]

“E lhe restituímos a família, aumentando-a com outro tanto, como prova da Nossa misericórdia, e mensagem para os sensatos.”

[Al-Qur’án 38:43]

c) Meio de se Purifi car dos PecadosConsta num Hadice que quando ALLAH pretende o bem para alguém, Ele testa-o através da doença [Mishkát].O Profeta disse: “Quando o muçulmano é afectado por alguma difi culdade, doença, dor ou preocupação, ao ponto de um espinho se espetar no seu corpo, ALLAH utiliza isso como um meio de livrá-lo dos seus pecados (menores)”.

[Musslim]

d) Aceitação dos DuásO Duá do doente é como o dos anjos, pois assim como estes são livres de pecados, o doente também assim o é [Azkár]. O seu Duá é aceite e não é rejeitado enquanto ele permanece nesse estado [Targuib].Portanto, daqui pode-se deparar que para além de ser uma grande virtude visitar o doente, a

pessoa poderá aproveitar-se do momento para lhe pedir que faça Duá a seu favor, pois o mesmo se encontra mais próximo de ALLAH.

e) Elevação do GrauO Profeta afi rmou de que quando ALLAH deseja que alguém adquira um certo grau no Ákhirah, mas este não consegue alcançá-lo através das suas acções, então Ele o eleva através de alguns testes; o crente é testado através do seu corpo, bens ou família. Após isso, ALLAH lhe concede a capacidade de exercitar a paciência de forma a alcançar o tal grau.

f) Testemunho no ÁkhirahÉ mencionado no Bukhari de que o crente que morre devido a uma calamidade ou doença, morre como mártir. O Profeta afi rmou que existem cinco tipos de Shahid, ou seja, são mártires aqueles que morrem:1. Devido a uma calamidade,2. Devido à doença ou dor de barriga,3. Devido ao afogamento,4. Devido ao aluimento de terra (ou pedra) e5. No caminho de ALLAH.

A RECOMPENSA DAS BOAS ACÇÕES NÃO CESSA DEVIDO À DOENÇA

Quando o crente adoece ou viaja, tornando-se incapaz de praticar as boas acções que praticava no estado de saúde ou quando estava na sua terra, então ele continua a receber as mesmas recompensas tal como se estivesse a praticá-las.

Ánass narra que o Profeta disse: “Quando o muçulmano é atingido por uma calamidade, os anjos que registam as suas acções são instruídos a escrever a mesma recompensa das acções que ele costumava praticar antes de passar por tal calamidade ou doença. Se ALLAH curar a sua doença, então esta era um meio de purifi cá-lo dos pecados; se ele falecer, ALLAH perdoá-lo-á”.

[Ahmad]

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SOBRE A VENTILAÇÃO ARTIFICIALSheikh Aminuddin Muhammad

No Isslam, existem normas que regem a vida do muçulmano em todas as circunstâncias, quer seja no estado de

saúde assim como na doença. Os juristas afi rmam que se alguém adoecer, poderá pertencer a um dos seguintes grupos:

1. Se os médicos acharem que o estado de doen-ça do paciente é tal que existe cura, então é obri-gatório fazer-se o devido tratamento. Na realida-de, os muçulmanos crêem que somente ALLAH é Quem concede a cura, podendo fazê-lo através de medicamentos ou qualquer outra forma.Neste caso, procurar tratamento não vai contra o Tawakkul (confi ança em ALLAH) e, se não o fi zer e vir a falecer devido a essa doença, então a pessoa será considerada pecadora, pois isso é o mesmo que desleixar-se da saúde propositadamente, sabendo que esta é uma dádiva de ALLAH pela qual teremos que prestar contas.Um exemplo semelhante a este é quando alguém adoece devido à falta de comida ao ponto de chegar à beira da morte, mas quando a encontra não se alimenta, mesmo tendo possibilidade para tal. Se esta pessoa acaba por morrer devido à fome, será considerada pecadora perante ALLAH, pois cometeu suicídio, algo que é proibido no Shari’ah.

2. Se o paciente sofrer dalguma doença em que não existe a certeza de vir a melhorar através do tratamento mas que, utilizando medicamentos, tem uma probabilidade maior de melhorar do que de piorar, então é permitido fazer-se o tratamento apropriado. Contudo, se o paciente optar em não fazê-lo e morrer nesse estado, não será considerado pecador pois nesse caso, não havia uma fi rmeza quanto ao melhoramento.Da mesma forma, se alguém sofre de cancro e os médicos dizem-lhe que mudando o sangue,

haverá fortes possibilidades de ele vir a melhorar, então é lhe permitido optar por essa via, mas não é obrigatório fazê-lo. Neste caso, se a pessoa falecer devido a esta doença sem fazer o tratamento, não será considerada pecadora.

3. O terceiro caso refere-se ao doente cujo estado é tão grave que, mesmo fazendo tratamentos, existem fracas possibilidades dele vir a melhorar. Por exemplo, se o tratamento requer uma intervenção cirúrgica bastante complexa e perigosa e os médicos afi rmarem que a esperança de sucesso é quase nula, sendo que o paciente pode vir a falecer devido ao processo, então também neste caso é permitido prosseguir com o tratamento, uma vez que a esperança vem por último; contudo, é algo indesejável pois a probabilidade de sucesso é ínfi ma ou quase inexistente.

4. O último grupo engloba doentes cujo estado clínico é de tal forma crítico que não existe qualquer probabilidade de recuperação. Os médicos afi rmam de que o máximo que se pode fazer é manter o doente no estado de coma profundo, onde absolutamente nada se poderá fazer, continuando assim por tempo indefi nido.Para tal, existem formas de manter a sua respi-ração através de máquinas e outros instrumentos, processo esse denominado por “ventilação artifi cial”. Neste processo, o doente é mantido num estado de vida “aparente”, podendo suportá-lo por um período indeterminado.Nestes casos, é inútil continuar nesse estado, pois isso nem sequer é tratamento. Quanto mais o doente assim permanecer, maior será o transtorno e incómodo, para além do desperdício de tempo, dinheiro, etc.Portanto, do ponto de vista religioso e clínico, não é aconselhável continuar com essa tentativa frus-trante, pois é inútil resistir contra a morte natural.

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JÁ PREPAROU O SEU TESTAMENTO?Sheikh Suleiman H. Fonseca

Tal como foi mencionado na edição anterior, o profeta Muhammad referiu-se às leis da herança como sendo “metade do conhe-

cimento isslâmico”, pois a riqueza exerce uma grande infl uência na vida do ser humano e, conse-quentemente, no Ibádat (adoração) do crente.Nesta edição, iremos falar sobre o testamento sob o ponto de vista isslâmico. Segundo o Shari’ah, o acto pelo qual alguém dispõe, para depois da sua morte, de parte dos seus bens (no máximo até um terço do total) dá-se o nome de Wassiyyah, ou seja, testamento.

A riqueza é uma grande tentação e muitas vezes leva as pessoas a violarem leis apenas com o intuito de obtê-la, mesmo que para isso tenham que prejudicar os outros.Infelizmente, quando se trata de distribuir a herança, um grande número de casos, talvez a maioria, aca-ba em confl itos, certas vezes de natureza bastante desagradável. Famílias se separam, irmãos se afas-tam, pessoas deixam de se falar e muita amargura se alastra no seio de todos; o desleixo nesta matéria tem resultado em disputas sem fi m, que continuam por várias gerações.

Muitos destes problemas são frutos da nossa própria negligência; se tudo isso fosse esclarecido antecipa-damente, as hipóteses para a ocorrência de confl itos poderiam ser bastante reduzidas. Portanto, é impe-rioso que cada muçulmano esteja a par destas leis.Infelizmente, a maioria de nós não tem dado a devida atenção a este importante assunto. Não somente os muçulmanos “desinformados” mas também aqueles que são “bons praticantes” da re-ligião têm se negligenciado a este respeito. Outros podem até se surpreender ao saber que o Isslam traçou directivas mesmo para esta temática.

Preparar o próprio testamento é um acto muito importante e também bastante virtuoso para o muçulmano. Abdullah ibn Umar narra que o

profeta Muhammad disse: “Não é correcto para um muçulmano que passe duas noites sem que o seu testamento esteja escrito, caso ele possua algo para testamentar”; Abdullah acrescentou: “Desde que ouvi isso do Profeta , nunca passou uma noite sem que o meu testamento estivesse comigo”.

[Bukhari, Musslim]

A pessoa que morre enquanto deixou um testamen-to é como se tivesse partido deste mundo tendo deixado um “caminho limpo”, ou seja, evitando disputas ou assuntos não resolvidos entre os fami-liares e herdeiros, tornando clara a distribuição da riqueza e bens após a sua morte.Se o indivíduo morre sem deixar testamento, não poderá adquirir as recompensas deste nobre acto. Por outro lado, como não deixou bem claro alguns assuntos pendentes e relacionados com a vertente fi nanceira, direitos das pessoas, etc., estas poderão culpar e atribuir defeitos sobre a sua personalidade, por não ter revelado nem deixado por escrito aquilo que lhes era devido, causando prejuízos morais ou disputas familiares.

É obrigação para todo muçulmano possuir um registo onde estejam mencionados no mínimo os seus débitos, pertenças das pessoas (seja dinheiro ou algum objecto), obrigações religiosas não cumpridas (Salát, Jejum, Zakát, Haj, etc.) e créditos.Infelizmente, muitos apenas se interessam em registar aquilo que têm a receber dos outros (créditos), não se preocupando com aquilo que eles próprios estejam a dever, sejam dívidas para com as pessoas ou mesmo com ALLAH.

Segundo o Shari’ah, o testamento não pode exceder um terço de toda a sua riqueza e bens. Sá’ad ibn Abi Waqqáss narra que certa vez o Profeta veio visitá-lo quando havia adoecido; então disse-lhe: “Ó Mensageiro de ALLAH! Eu imploro a ALLAH para que Ele não me deixe morrer na terra de onde eu emigrei (Makkah)”.

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O Profeta disse: “Que ALLAH tenha miseri-córdia sobre ti, ó ibn Afrá!”Depois, Sá’ad manifestou o desejo de fazer um testamento de toda a sua propriedade, ao que o Profeta recusou.Então ele perguntou: “A sua metade”?Respondeu: “Metade é demais”.De seguida, Sá’ad disse: “Então um terço”.O Profeta disse: “Um terço sim, apesar de isso ainda ser demais. É melhor deixar os seus herdeiros ricos do que pobres mendigando às pessoas; e o que gastar pela causa de ALLAH será considerado como caridade...”.

[Bukhari, Musslim]

O testamento deverá ser feito de tal forma que os herdeiros não se tornem dependentes das pessoas. Para além disso, deverá ainda ter o cuidado de não prejudicar propositadamente qualquer um deles, pois o Profeta advertiu-nos a esse respeito.Abu Huraira narra que certa vez o Profeta disse: “Na verdade, o homem ou a mulher que obedece a ALLAH durante sessenta anos, mas na altura da sua morte prejudica o outro no seu testamento, o seu destino acaba sendo o Inferno.”

[Abu Dawud, Tirmizi]

No testamento, a pessoa deve obrigatoriamente mencionar os deveres prioritários que tem por cum-prir de acordo com o Shari’ah, conforme os men-cionados anteriormente. É aconselhável deixar um testamento para os parentes que sejam dependentes ou pobres, ou ainda, para pessoas piedosas.

Pode-se ainda mencionar que parte dos bens serão utilizados no Caminho de ALLAH, a favor de Madrassas, construção de Massjides, escolas, hospitais ou coisas similares. Consta no Musslim de que o Profeta disse: “Quando o ser humano morre, todas as suas acções cessam, excepto em três casos:a) Sadaqah Járiya – obras de utilidade pública tais

como poços de água, Massjides, Madrassas, etc.;b) Ilm – conhecimento benéfi co, ensinamentos atra-

vés dos quais alguém se possa benefi ciar;c) Um fi lho piedoso – que faz Duá a seu favor.”

Consta ainda no Ibn Májah que de entre as boas acções que se vão juntar (benefi ciar) ao crente após a sua morte são:a) Conhecimento que ensinou e expandiu;b) Um fi lho piedoso;c) Herança em exemplares (cópias) do Al-Qur’án;d) Construção dum Massjid;e) Uma estalagem para viajantes;f) Um canal (poço) de água;g) Caridade praticada durante a vida enquanto

gozava de saúde.

É Makruh (detestável) fazer testamento caso a pessoa não possua riqueza nem bens e cujos herdeiros necessitem dos mesmos. É igualmente detestável deixar testamento a favor de pessoas onde existe a certeza de que elas utilizarão a sua riqueza ou bens na desobediência a ALLAH.Fazer testamento de forma a prejudicar alguém é expressamente proibido, assim como foi mencionado anteriormente. Ibn Abbass disse: “Prejudicar alguém num testamento faz parte dos pecados maiores” [Nassaí].

O testamento torna-se efectivo apenas após a morte daquele que o fez e depois da liquidação de todas as suas dívidas. Se o valor das dívidas for superior ao ponto de não restar o sufi ciente para cobrir o testamento, então este torna-se nulo.Caso o testamento não esteja de acordo com o Shari’ah, é incumbente que se rectifi que as inconsistências. Os benefi ciários são obrigados a renunciar parte daquilo que lhes seja destinado mas que não esteja de acordo com o determinado pela Lei Isslâmica.Isto também esclarece a má concepção de certas pessoas que acham que elas podem estipular nos seus testamentos sobre quanto cada herdeiro irá receber da herança deixada por si. A proporção para cada herdeiro foi pré-estipulada por ALLAH e ninguém tem o direito de alterá-la.

Que ALLAH nos conceda a oportunidade de actuar de acordo com as Suas Leis e a nos mantermos na Sua obediência até aos últimos momentos da nossa vida.

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DIRECTIVAS PARA PREPARARUM TESTAMENTO ISSLÂMICO

1. PreâmbuloComeça-se por escrever uma nota introdutória onde poderá declarar a fé em ALLAH e crença nos Seus Anjos, nos Seus Livros, no Dia do Juízo Final, nos Seus Mensageiros e de que Muhammad é o último dos Profetas. Poderá também deixar aqui alguns conselhos para os familiares e amigos, ou ainda, os últimos desejos que gostaria que fossem realizados.É muito importante não se esquecer de mencionar o desejo de que tanto o testamento assim como a herança deverão obedecer as Leis Isslâmicas.

2. Herdeiros e/ou Benefi ciários do TestamentoNeste ponto, identifi cam-se os herdeiros ou aqueles que terão direito à herança, tais como esposo, espo-sas, fi lhos, pais ou demais familiares. Indicam-se ainda aqueles que serão os benefi ciários do testa-mento, tais como amigos, instituições de caridade, entre outros.

3. Dívidas e ResponsabilidadesDeve-se obrigatoriamente mencionar as dívidas ou pertenças de outrem, sejam pessoais ou de alguma instituição, pois o Profeta advertiu bastante a esse respeito. É igualmente obrigatório indicar as obrigações religiosas não cumpridas, tais como Sa-lát, Jejum, Zakát, Haj, Dote, etc., para que alguém tenha conhecimento das mesmas e possa liquidá-las conforme recomenda o Shari’ah.Pode-se prosseguir com a distribuição do testa-mento somente depois de cumpridas as responsa-bilidades acima. No entanto, a pessoa tem o direito de deixar como testamento apenas até um terço do remanescente, para ser entregue ou utilizado con-forme o desejo manifestado, desde que não seja aplicado em algo Harám, conforme foi menciona-do anteriormente.Depois de cumpridos as responsabilidades, as dívidas e o testamento, procede-se então com a distribuição da herança de acordo com as Leis do Shari’ah. Se o falecido tiver manifestado o desejo de fazer alguma doação que exceda um terço da

herança, então a mesma deverá ser ajustada de for-ma que esta proporção não seja superada; contudo, poder-se-á ultrapassar um terço somente no caso de todos os herdeiros concordarem com isso.

4. Legado e BensEste é o ponto onde se menciona toda a riqueza e bens que a pessoa possui, na altura da elaboração do testamento. Deve-se mencionar tudo que a pessoa possua, quer seja dinheiro, valores em contas bancárias, empréstimos, propriedades, bens pessoais, jóias, pedras preciosas, e ainda, negócios, investimentos ou sociedades comerciais.

5. Executor e GuardiãoÉ importante indicar um executor do testamento, ou seja, pessoa de confi ança que será responsável por fazer cumprir honesta e cuidadosamente cada ponto contido no testamento. É aconselhável indicar ainda o guardião que irá velar pelas crianças do falecido.Para qualquer um dos casos, é recomendável indicar mais do que uma pessoa, ou ainda, um substituto, para casos em que os primeiros não estejam presentes ou sejam incapazes de fazê-lo.

6. Funeral e EnterroDeve-se deixar bem claras todas as questões ligadas ao funeral e enterro. Por exemplo, poderá esclarecer que todos os aspectos concernentes ao funeral se realizem de acordo com a Lei Isslâmica Sunita, as despesas do funeral sejam custeadas com o dinheiro deixado, o enterro ocorra o mais breve possível, o luto não ultrapasse três dias, entre outros.

7. MiscelâneasSempre que surge alguma alteração notável no legado, quer seja nos bens (aumento ou diminui-ção considerável) ou nos herdeiros (casamento, nascimento, etc.), é recomendável actualizar o testamento, para que este esteja sempre em dia.O testamento deverá ser conservado num lugar seguro ou com pessoas de confi ança; nunca se deve guardá-lo num local onde somente o autor tenha acesso, pois pode-se dar o caso de nunca ser encontrado.

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ZUBAIR BIN AWWÁM GRANDES PERSONALIDADES

Sayidina Zubair bin Al-Awwám bin Khuwailid era sobrinho directo de Sayidatina Khadija (RTA), a primeira

esposa do Profeta . A mãe chamava-se Safi yah bint Abdul-Mutallib; perdeu o pai ainda durante a infância.

Abraçou o Isslam quando tinha cerca de quinze anos, pouco depois de Sayidina Abu Bakr . Quando o seu tio soube da sua aceitação ao Isslam, atormentou-o bastante; contudo, suportou pacientemente todo o tipo de perseguição e tormento.

Foi um dos companheiros de Rassulullah que recebeu a boa-nova da entrada no Paraíso ainda durante a vida, ou seja, pertencia aos “Asharatul-Mubashara” – os dez Sahábah que receberam essa notícia ainda aqui neste mundo.

Participou em todas as campanhas juntamente com o Profeta e estava sempre na vanguar-da do Isslam. Ao receber ordens do Profeta , emigrou para a Abissínia (Etiópia) que estava sob domínio do rei Negus, o qual concedeu asi-lo aos imigrantes muçulmanos contra os tira-nos quraishitas. Quando regressou da Abissínia para Makkah, o Profeta criou um vínculo de irmandade entre ele e Sayidina Abdullah ibn Mass’ud .

Sayidina Zubair era bastante fi rme na fé e amava muito o Profeta . Certa vez, quando se espalharam rumores de que os descrentes haviam prendido o profeta Muhammad , saiu de imediato e sozinho a fi m de libertar o seu líder; entretanto, apesar da notícia ter sido falsa, quando o Profeta soube a respeito da sua devoção, fez Duá a seu favor.

Mais tarde, seguindo os passos do Profeta , emigrou para Madina onde lhe foi estabelecido o laço de irmandade com Sayidina Mussalma bin Salama bin Waqsh . Nesta cidade, viveu quase uma vida de retiro, de onde saiu apenas para o Haj e outras obrigações. Também esteve presente durante a assinatura do Tratado de Hudaibiyah.A aproximação que tinha com o Profeta enchia a sua alma de bênçãos e a casa de abundância; porém, jamais atentava a todo esse conforto sempre que surgia alguma situação de emergência.

Certa vez, quando o governador do Egipto, Sayidina Amr ibn Al-Áss , solicitou ao Khalifa Umar para que enviasse algum reforço, este fê-lo sob o comando de quatro companheiros: Zubair bin Awwám, Ibáda bin Samat, Miqdad bin Asswad e Mussalma bin Mukhallad , afi rmando que cada um deles era equivalente a quatro mil soldados.Era uma das seis pessoas que faziam parte da lista dos possíveis sucessores de Sayidina Umar , o segundo Khalifa do Isslam.

Durante um cerco no Egipto, Sayidina Zubair mostrou um grande exemplo de sacrifício e bravura. Quando o combate se encontrava no seu auge, ele subiu a fortaleza e instruiu aos companheiros para que respondessem ao seu chamamento. Quando as forças inimigas escutaram o chamamento de “Alláhu Akbar” em uníssono, sentiram-se fracassados e abandonaram o terreno. Devido a essa vitória dos muçulmanos, abriu-se caminho para a Alexandria.

Faleceu aos 64 anos, durante a batalha de Jamal. Durante a sua vida, era a pessoa mais rica de entre os companheiros do Profeta .

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ALGUNS HADICES A SEU RESPEITO

1. Sayidina Jábir bin Abdullah narra que no dia da batalha das Trincheiras, depois de ouvir o Profeta a exortar as pessoas para que combatessem, Sayidina Zubair disse: “Eu estou pronto”; quando o Profeta exortou novamente, ele disse mais uma vez: “Eu estou pronto”. Então, o Profeta afi rmou: “Escutai! Todos os profetas tiveram um assistente e o meu assistente é Zubair”. [Musslim]

2. Sayidina Abu Hurairah narra que quando o Profeta estava no Monte Hirá, juntamente

com Abu Bakr, Ussmán, Ali, Tal’há e Zubair , a montanha começou a estremecer; então, o Profeta disse-lhe: “Acalma-te, pois sobre ti estão um Profeta, um Verdadeiro e um Mártir”. [Musslim]

3. Sayidina Hisham narra sob autoridade do seu pai, Urwa bin Zubair , de que Aisha (RTA) lhe disse: “Por ALLAH, ambos os teus pais (pai e avô) pertencem àqueles que foram referidos no versículo: Aqueles que responderam ao chamamento de ALLAH e Seu Mensageiro, após o infortúnio ter caído sobre eles”. [Musslim]

Um estudo realizado por especialistas americanos concluiu que a utilização de mulheres jovens como objectos sexuais nos “media” prejudica a saúde mental das adolescentes. Segundo o relatório publicado em Fevereiro de 2007 pela Associação Americana de Psicologia, “a exposição em revistas, televisão, fi lmes, clipes de música, jogos de vídeo e Internet tem causado um efeito negativo para o desenvolvimento das raparigas adolescentes”.

De acordo com a associação, a sexualização ocorre quando alguém é visto como objecto sexual e valorizado apenas pelo seu apelo ou comportamento sexual, podendo causar a perda de auto-estima, depressão, distúrbios alimentares (anorexia) ou uma auto-imagem sexual pouco saudável. Há exemplos disso em todos os meios de comunicação, com casos a aumentarem dia após dia devido ao surgimento de novos “media” como a Internet e com a popularização do acesso à informação.

“As consequências da sexualização de raparigas nos “media” são muito reais e provavelmente terão uma infl uência negativa no desenvolvimento saudável das adolescentes”, disse Eileen Zurbriggen, respon-sável pela preparação do relatório e professora de psicologia da Universidade de Califórnia (EUA).“Nós temos várias evidências para concluir que essa sexualização tem efeitos negativos em diversas áreas, incluindo o funcionamento físico e intelectual, a saú-

de mental e o desenvolvimento sexual saudável [...] Como sociedade, precisamos substituir todas essas imagens “sexualizadas” com outras que coloquem as raparigas em cenários positivos e mostrem como elas são competentes e especiais”, disse Zurbriggen.

A associação fez um apelo aos pais, educadores e profi ssionais de saúde para que fi quem atentos contra um potencial impacto da sexualização sobre adolescentes. Segundo os psicólogos, os pais podem contribuir com o problema ou assumir uma posição protectora e educativa.O relatório recomenda ainda que as escolas tenham programas educativos que visam mostrar aos alunos o impacto da exposição de jovens como objectivo sexuais. “O objectivo é fazer chegar a todos os adolescentes, rapazes e raparigas, mensagens que os levem a um desenvolvimento sexual saudável”, afi rmou Zurbriggen.

Andrew Hill, professor de psicologia médica da Universidade de Leeds, na Inglaterra, disse: “Quando se repara nas revistas para raparigas, conclui-se que é quase tudo sobre sexo; nós somos uma sociedade absolutamente absorvida, onde a visão das pessoas é dominada pela aparência delas [...] Uma das chaves aqui é a responsabilidade social; os anunciantes e outros “medias” precisam estar cientes de que os produtos que produzem e as imagens associadas aos mesmos têm um impacto que não tem sido bom”.

IMPACTO DA SEXUALIZAÇÃO NOS “MEDIA”

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O REAPARECIMENTO DOS YA’JUJ E MA’JUJ

Dando sequência aos acontecimentos que ocorrerão nas proximidades do Fim do Mundo, os quais temos vindo a publicar

nas últimas edições da nossa revista, desta vez abordaremos acerca do reaparecimento dos Ya’juj e Ma’juj, conhecidos também em termos bíblicos como Gog e Magog.São uma comunidade descendente de Yáfi ce, fi lho do profeta Nuh (Noé). Consta no livro de Daniyál de que eram descrentes e bárbaros na Mongólia e Manchúria e governaram a Turquia e a China por vários anos, antes da vinda do profeta Issa (Jesus).

Segundo o Al-Qur’án, Zul-Qarnain chegou a um local onde algumas pessoas lhe queixaram sobre os males causados pelos Ya’juj e Ma’juj e pediram-lhe que erguesse uma barreira de modo a protegê-los dos mesmos:“Até que quando chegou a um lugar entre duas montanhas, encontrou aquém delas um povo que mal compreendia uma palavra (da língua dos outros povos).Eles disseram: Ó Zul-Qarnain! Os Ya’juj e Ma’juj fazem estragos na terra; acaso poderemos pagar-te um tributo para que erijas uma barreira entre nós e eles?Ele disse: Aquilo pelo qual o meu Senhor me habilitou é melhor (do que o tributo). Ajudai-me pois, com uma força (de homens) e erigirei entre vós e eles uma barreira: Trazei-me blocos de ferro.Até que quando nivelou o espaço entre duas montanhas, disse: Soprai!Até que, quando (com o sopro) tornou vermelho o ferro, em blocos como fogo, disse: Trazei-me cobre fundido que deitarei por cima dele (i.e. do ferro).Assim (os Ya’juj e Ma’juj) não puderam escalá-la nem abrir nela qualquer brecha.Disse (Zul-Qarnain): Isto (a feitura desta barrei-ra) é uma misericórdia do meu Senhor. Quando chegar a (Hora da realização da) promessa do

meu Senhor, Ele reduzi-la-á em pó; e a promessa do meu Senhor é verdadeira.Nesse Dia, deixaremos que eles avancem massivamente uns entre os outros, a trombeta será soada e depois reuni-los-emos a todos.”

[Al-Qur’án 18:93-99]

Estas duas comunidades são bastante numerosas e são também descendentes de Ádam (Adão), conforme consta no Bukhari e Musslim:“ALLAH dirá (no Dia de Quiyámat): Ó Ádam! Este responderá: Eis-me ao Teu dispor.ALLAH dirá: Avançai aqueles que estão desti-nados ao Fogo. Ádam dirá: Quem são esses que estão destinados ao Fogo?ALLAH dirá: De entre mil, 999 vão para o Inferno e um para o Paraíso.Nessa altura, as crianças tornar-se-ão cinzentas e toda mulher grávida irá parir. Ele dirá: De entre vós existem duas nações que nunca se juntaram sem que destruíssem as coisas – os Ya’juj e Ma’juj.”

Portanto, segundo o Al-Qur’án, Zul-Qarnain ergueu a barreira para evitar que eles emergis-sem. Para mais detalhes sobre Zul-Qarnain e o povo para o qual ele ergueu a barreira, leia a edição 24 na nossa revista.Eles somente reaparecerão pouco antes do Fim dos tempos, quando lhes for concedida a permissão para saírem. E quando isso acontecer, sairão em multidão como ondas dos oceanos.Consta no sagrado Al-Qur’án:“Até ao dia em que Ya’juj e Ma’juj forem soltos (for aberta a barreira) e todos eles se apressarem a sair para fora de cada vertente das montanhas, então estará próximo o cum-primento da verdadeira promessa.E eis os olhares fi xos dos descrentes, que exclamarão: Ai de nós! Estávamos no desleixo; aliás, fomos injustos.” [Al-Qur’án 21:96-97]

Certa vez, o profeta Muhammad visitou Zainab bint Jah’sh (RTA) num estado muito

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agitado, dizendo: “Não existe divindade para além de ALLAH! Ai dos árabes, por um mal que se aproxima. Um buraco como este se abriu na barreira dos Ya’juj e Ma’juj (fazendo um círculo com o polegar e o indicador).Zainab (RTA) disse: “Ó Rassulullah ! Será que nós seremos destruídos, mesmo existindo pessoas piedosas entre nós”? Ele respondeu: “Sim, caso o mal seja espalhado”. [Bukhari]

Consta num Hadice relatado por Musslim em que o Profeta disse:“A seguir, Issa ibn Mariam virá a um povo em que ALLAH os protegera dele (i.e. do Dajjál); ele (Issa) limpará o rosto deles (do povo) e anunciar-lhes-á os seus graus no Paraíso.Enquanto isso estiver a acontecer, ALLAH revelar-lhe-á: Eu libertei alguns servos Meus e ninguém conseguirá lutar contra eles; levai os Meus servos (piedosos) para segurança no Tur (para a montanha, onde estarão seguros).Seguidamente ALLAH enviará os Ya’juj e Ma’juj que se afl uirão de locais elevados. O primeiro de entre eles passará pelo lago Tabariyyah (na Palestina) e beberá toda sua água; o último de entre eles passará pelo mesmo local e dirá: Outrora havia água neste local, ou seja, apenas notará indícios de ter havido água aí.O profeta Issa e seus companheiros estarão cercados (no Tur); (nessa altura, devido às difi culdades) a cabeça dum touro será mais almejada para qualquer um deles do que cem dinares são para qualquer um de vós (hoje).Issa e seus companheiros rogarão a ALLAH, e ALLAH enviará vermes sobre os seus pescoços (i.e. dos Ya’juj e Ma’juj) e na manhã seguinte todos eles perecerão.Seguidamente, Issa e seus companheiros descerão e não encontrarão uma porção de terra sem que esteja ocupada com putrefacção e fedor deles. Issa e seus companheiros implorarão a ALLAH, e Ele enviará pássaros com pescoços como o dos camelos Bakht (que possuem pescoços longos), que os carregarão (aos Ya’juj e Ma’juj) e os atirarão onde ALLAH lhes ordenar.Seguidamente, ALLAH enviará chuva que

nenhuma casa ou tenda escapará dela, que limpará a terra e a deixará como espelho (i.e. limpa).”

Num outro Hadice também relatado no Musslim, consta que eles prosseguirão até chegar ao monte Al-Khumr e dirão: “Nós matamos os que estão na terra, agora vamos matar os que estão nos céus”. Seguidamente, atirarão fl echas para o céu e ALLAH retorná-las-á cobertas de sangue.

Segundo Abu Hurairah , o Profeta disse:“Ya’juj e Ma’juj cavam diariamente até poderem ver os raios solares; então, o responsável deles diz: Regressem e continuarão amanhã.Enquanto isso, ALLAH restaura o mesmo tor-nando ainda mais forte do que antes, (continuan-do assim) até que chegue o tempo deles (saírem) e ALLAH desejar enviá-los à humanidade.Eles cavarão até puderem ver os raios solares e o seu responsável dirá: Regressem e poderão cavar novamente amanhã, Inshá-Allah; desta vez ele dirá Inshá-Allah (se ALLAH quiser).No dia seguinte, eles virão e notarão que o buraco está como haviam deixado; continuarão a cavar e sairão para junto da humanidade. Eles beberão água e as pessoas se refugiarão deles nas suas fortalezas. Atirarão fl echas para os céus e estas voltarão cheias de sangue, pelo que dirão: Nós derrotamos as pessoas da terra e esmagamos os povos celestiais.Seguidamente, ALLAH enviará vermes sobre os seus pescoços, que lhes aniquilará. O Profeta disse: Por Aquele em cujas Mãos está a minha alma, as bestas da terra engordarão com as suas carnes.” [Tirmizi, Ibn Májah]

Consta também na Bíblia o seguinte:“Quando se tiverem completado os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá para seduzir as nações que estão nos quatro cantos da Terra – Gog e Magog. Ele as reunirá para o combate; seu número será como a areia no mar.Eles invadirão toda a extensão da terra e investirão contra os acampamentos dos santos e a cidade bem-amada, mas descerá um fogo do céu e os devorará.” [Apocalipse 20:7-9]

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A HISTÓRIA DA FEITIÇARIASheikh Inusso Zacarias

Segundo alguns historiadores, a feitiçaria surgiu há vários séculos, mesmo antes do tempo do profeta Nuh (Noé) pois,

de acordo com Ibn Hájar, a passagem dos anjos Harut e Marut ocorreu antes da vinda desse profeta. O mais certo é que no tempo de Nuh já se praticava a feitiçaria, pois ALLAH diz no sagrado Al-Qur’án:“Mesmo assim, não se apresentou mensageiro algum àqueles que vos precederam, sem que dissessem: É um feiticeiro ou um demente!”

[Al-Qur’án 51:52]

Este versículo atesta que todos os povos a quem ALLAH enviou algum profeta, desde Nuh , reconheciam a existência da feitiçaria. Este fenómeno também existiu no tempo de Fir’aun (Faraó), muito antes da passagem de Suleiman (Salomão).Em suma, a feitiçaria surgiu há vários séculos, sendo difícil localizá-la especifi camente no tempo. No entanto, vamos de seguida falar deste fenómeno quanto à sua localização geográfi ca.

a) NA BABILÓNIA

Os babilónios foram um dos primeiros a praticar a feitiçaria. ALLAH diz no Al-Qur’án:“Outrossim, descrentes foram os demónios que ensinaram aos homens a magia e o que foi revelado aos dois anjos, Harut e Marut, na Babilónia.”

[Al-Qur’án 2:102]

A região da Babilónia referida no versículo é uma antiga cidade do Iraque, cujos vestígios se mantêm até aos dias de hoje, onde se localizava uma das sete maravilhas do mundo – os Jardins da Babilónia.Os babilónios tornaram-se mais conhecidos pelo conhecimento e propagação da magia e do feitiço. Este povo adorava astros e achava que

qualquer acontecimento que ocorresse nas suas vidas era devido à infl uência desses astros, que os consideravam “deuses”.Foi a este povo que ALLAH enviou Ibrahim (Abraão), com o objectivo de chamá-los para o caminho da verdade e a adorar um único Deus.

A antiga cidade de Ur, uma das grandes socieda-des da altura, encontrava-se bem desenvolvida em termos de escrita ideográfi ca e na arte do feitiço. Os historiadores dividiram as escrituras babilóni-cas relacionadas com o feitiço em três partes:• Textos relacionados à astrologia, onde se refere

que os astros são “deuses” e infl uenciam no quotidiano e no destino do ser humano.

• Tábuas especiais, que continham registos utilizados pelos adivinhos para o fornecimento de informações desconhecidas.

• Textos com indicações de tratamento e inva-lidação da magia negra e expulsão de maus espíritos que torturavam as pessoas.

Era crença deste povo que as doenças surgiam como consequência da actuação dos demónios e maus espíritos e, para a respectiva cura, seria necessário expulsá-los do doente. Criam ainda que os espíritos se encontravam directamente ligados a fenómenos naturais tais como terramotos, chuvas, secas, etc.Então, para eles, era necessário encontrar “me-canismos” através dos quais pudessem impedir a ocorrência de tais desgraças, de modo a fazer com que tudo funcionasse perfeitamente.Todos estes exemplos refl ectem o estado de perdição em que os babilónios se encontravam nessa altura.

b) NA PÉRSIA

O Império Persa fazia parte do actual Irão. Com a conquista do antigo oriente, tornou-

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se no império de maior extensão em toda a antiguidade oriental.Inicialmente, os persas seguiam a doutrina monoteísta e, quando conquistaram a Babilónia, decretaram a pena capital a todo o feiticeiro, continuando assim até o surgimento da doutrina zoroastra (século VI AC), voltando novamente a se tornarem praticantes da feitiçaria.

Para seguir em frente nos campos de batalha, os persas dependiam principalmente das estrelas, através das quais o mago lhes informava dos resultados que daí poderiam advir.Por exemplo, para conquistar o Massjid Al-Aqssá, em Jerusalém, o líder dos persas adiou a batalha por quatro meses devido à informação “fornecida” pelas estrelas.A bandeira persa ostentava símbolos que, segundo eles, representava vitórias sucessivas nos combates contra o inimigo. Essa mesma bandeira foi destruída na batalha de Kádissiyat, em que o líder persa foi morto e os muçulmanos invalidaram a crença na feitiçaria, trazendo a Palavra de ALLAH.Deste modo, a crença de que as conquistas feitas pelos persas durante esses anos todos eram devido a poderes sobrenaturais dos astros foi deitada abaixo, mostrando que o verdadeiro Poder é d’Aquele que criou esses mesmos astros.

c) NO EGIPTO

Os egípcios também fi caram conhecidos na his-tória pelo seu envolvimento no mundo da magia. Por vezes, utilizavam amuletos ou talismãs jun-tamente com medicamentos para a cura de certas doenças; outras vezes, proferiam certos enuncia-dos de forma a incomodar os “deuses”, para que estes fi zessem algo contra ou a favor de alguém.Era ordenado que toda a criança que nascesse num determinado mês fosse morta; era também proibido atravessar o rio Nilo no dia doze dum certo mês; durante as guerras, recorria-se à magia com a fi nalidade de ludibriar o adversário; entre outras superstições.

O faraó que governou durante a última etapa da história egípcia (358 AC) era um dos maiores feiticeiros da altura. Uma das rainhas do Egipto também procurava ajuda dos feiticeiros para se manter no trono.Portanto, este era o cenário do antigo Egipto, que estava praticamente mergulhado no mundo da feitiçaria.

Quando ALLAH enviou o profeta Mussa (Moisés) com o objectivo de convidar os egípcios para a crença num único Deus, o Faraó convocou os melhores feiticeiros da altura para confrontar com Moisés, provar o contrário daquilo que este proclamava e invalidar os sinais da sua profecia. Contudo, mesmo com a vitória de Moisés com ajuda divina, o Faraó não admitiu a mensagem da verdade [vide Histórias Seleccionadas do Al-Qur’án, vol. II].

d) NA ÍNDIA

Certos historiadores afi rmam que “as raízes do Hinduísmo remontam há mais de 3.500 anos, quando uma onda de migração do noroeste para a península indiana trouxe um povo ariano de pele clara, agora localizado principalmente no Paquistão e Índia; de lá, eles se espalharam até às planícies do rio Ganges e por toda a Índia” [O Homem em busca de Deus, Sociedade Torre da Vigia de Bíblias e Tratados].

Esta religião fora infl uenciada por alguns ensina-mentos babilónicos e persas e, com a entrada do Budismo, surgiu uma remodelação dos escritos Brâmanes (um dos suplementos do Vedas) sem se censurar a matéria relacionada à magia. Pelo contrário, esta questão veio a se ratifi car e continua a ser praticada no Tibete e na China.

Um dos escritos ou suplementos que formam o Vedas é dedicado particularmente à magia e sua cura. Segundo a crença hindu, os astros exercem uma forte infl uência sobre a vida do ser humano.

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e) NO MUNDO ACTUAL

O mundo actual também não está alheio a este fenómeno, pois muitos indivíduos ainda acham que vários aspectos da sua vida estão directa ou indirectamente ligados ao mundo da feitiçaria.A publicidade relacionada com esta matéria é tanta que atinge todas as áreas de comunicação tais como jornais, revistas, televisão e agora até nos telemóveis, convidando o pobre cidadão a despender o pouco dinheiro que tem a troco de promessas de emprego, fortuna fácil, felicidade, vida melhor, etc.

No Ocidente, muitas crenças supersticiosas são conhecidas por “magia negra”, subentendendo-se que seja de origem africana; contudo, a feitiçaria já era praticada em várias partes do mundo, muito antes dos europeus invadirem a África. Consta na Bíblia o seguinte:“E estando Paulo no meio do areópago, disse: varões atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos.” [Actos 17:22]

Hoje em dia, muitos que vivem tanto nas cidades como nas vilas têm o péssimo costume de recorrer frequentemente aos chamados astró-logos, cartomantes, videntes ou curandeiros, na tentativa de se livrar de certas difi culdades que tenham surgido nas suas vidas, fazendo disto como uma religião para si.“Os planetas Urano, Neptuno e Plutão eram desconhecidos a astrólogos primitivos, pois só foram descobertos após a invenção do telescópio. Como então se explicam as suas “infl uências” nos mapas astrológicos traçados séculos antes? Além disso, porque deveria a “infl uência” dum planeta ser “boa” e a doutro ser “má”, quando já se sabe que todos eles são basicamente compostos por massas de rochas e gazes, projectando-se no espaço? Obviamente, a astrologia não tem base racional nem cientifi ca na qual se apoiar [...] Muitos consultam horóscopos acreditando no equívoco de que a posição do Sol, da Lua ou doutros astros possa

afectar a vida devido ao seu nascimento ou ocaso” [O Homem em busca de Deus].

O JUDAISMO, O CRISTIANISMOE A FEITIÇARIA

Segundo o antigo testamento [Êxodo 22:18], todos os feiticeiros devem ser aniquilados:“À feiticeira não deixarás viver.”

Em todas as religiões divinas, os profetas foram ordenados a combater e exterminar os feiticeiros, fazendo valer somente a palavra de Deus. Qualquer adoração deve ser dedicada apenas a Ele – o Criador dos astros, dos humanos, dos céus, da terra e de tudo aquilo que existe entre ambos. Como é possível adorar um objecto (criatura) ao invés do seu Criador?Os Filhos de Israel também possuíam conheci-mentos sobre a arte da magia, pois viveram na altura do Faraó, um grande adepto da feitiçaria. Consta na Bíblia que quando Moisés e seu irmão Arão foram enviados ao Egipto para libertar o povo de Israel que estava sob domínio do Faraó, tiveram que enfrentar feiticeiros para provar que realmente eram enviados de Deus [Êxodo 7:9-13].

Quando ALLAH enviou o profeta Muhammad , confi rmando o que já havia sido revelado no Toráh quanto à sua vinda, os judeus fi ngiram não reconhecer o seu próprio livro, pois possuía fortes indicações da vinda deste último profeta da humanidade. Eles seguiram as falsidades que o Satanás lhes proporcionara (magia), tendo posteriormente justifi cado que a mesma já existia no reinado de Salomão e que este governava na base disso, querendo dizer com isso que Salomão não era enviado de Deus mas sim um grande feiticeiro.ALLAH diz no sagrado Al-Qur’án:“E quando lhes chegou um mensageiro (Muhammad) de Deus, confi rmando o que já possuíam, alguns dos adeptos de livro (os judeus)

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atiraram às costas o Livro de Deus, como se não o conhecessem. E seguiram o que os demónios pronunciavam acerca do reinado de Salomão.Porém, Salomão nunca foi descrente; outrossim, descrentes foram os demónios que ensinaram aos homens a magia.” [Al-Qur’án 2:101-102]

Na realidade, o profeta Salomão possuía certos poderes excepcionais concedidos pelo seu Senhor, fruto de um pedido seu feito a ALLAH que lhe concedesse um reinado de tal envergadura que ninguém antes ou depois poderia possuir [Al-Qur’án 38:34-39].

Quando os muçulmanos governaram a Espanha, todos os povos e crenças viviam tranquilos devido à paz e justiça que aí reinavam. Contudo, alguns descrentes começaram a expandir a magia, chegando ao ponto dos monarcas cépticos exigirem serviços dos magos ou tê-los como conselheiros. Com a expansão da feitiçaria, abriram-se escolas especializadas para a sua aprendizagem, tornando-a numa espécie de crença religiosa.

O ISSLAM E A FEITIÇARIA

No Isslam, a magia ou feitiço são referidos pela palavra árabe “Sihr”, que inclui nesse contexto tudo aquilo que esteja relacionado com a feitiçaria, tais como astrologia, adivinhação, bruxaria, curandeirismo, etc.Literalmente, Sihr consiste em algo oculto e do qual se desconhece o motivo; é também conhecido assim por ocorrer de forma obscura e secreta.

Na terminologia do Shari’ah, pode-se referir a:a) Bruxaria, amuletos e ciências ocultas que

podem afectar e prejudicar o ser humano, causando doenças ou separação entre casais. ALLAH diz no Al-Qur’án:“Porém, os homens aprendiam de ambos como desunir o marido da sua esposa.”

[Al-Qur’án 2:102]

“E da maldade das (bruxas) que sopram.”[Al-Qur’án 113:4]

Se a feitiçaria não fosse algo real, ALLAH não nos teria aconselhado a pedirmos protecção n’Ele contra esse mal, através da recitação dos dois últimos capítulos do sagrado Al-Qur’án.

b) Remédios ou drogas que possam prejudicar sobretudo o corpo, mente ou disposição do enfeitiçado. Este poderá enfraquecer física ou mentalmente, sofrer de certas doenças, ilusões, esquecimento, loucura, etc., culmi-nando gradativamente com a sua destruição.

O Sihr é expressamente proibido no Isslam pois é uma forma de Shirk – o maior pecado no Shari’ah, que consiste em associar parceiros a ALLAH. A feitiçaria é considerada Shirk por duas razões principais:a) Está interligada com o Shaitán (demónio),

fazendo com que o feiticeiro invoque os seus serviços, tornando-se submisso a ele e passando a obedecer as suas ordens, desobedecendo directamente os comandos de ALLAH.

b) Pela alegação do feiticeiro em conhecer o oculto e pretender associar-se a ALLAH neste campo, pois somente Ele é o Conhecedor do Oculto. Consta no sagrado Al-Qur’án:“Na verdade, sabiam que quem comprasse esta arte, não teria quinhão algum noutra vida.”

[Al-Qur’án 2:102]

Consta ainda num Hadice relatado por Bukhari em que o Profeta advertiu-nos contra sete grandes pecados:1. Associar parceiros a ALLAH,2. Envolver-se na feitiçaria,3. Matar alguém sem justa causa,4. Consumir juro ou usura,5. Aproveitar-se dos bens dos órfãos,6. Abandonar o campo de batalha,7. Acusar falsamente uma crente casta e inocente.

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CRÓNICA DA VIAGEM AO EGIPTOSheikh Aminuddin Muhammad

Egipto ou Missr como é conhecido em árabe, localiza-se no Nordeste de África e ocupa uma área de cerca de um milhão

de quilómetros quadrados, subdivida pelo rio mais extenso do Mundo – o Nilo.Das canas de papiro encontradas nas suas margens fabricava-se a mais primitiva forma de papel, que ainda hoje existe; cultiva-se ainda o algodão e cana-de-açúcar.

Ao norte, o Egipto faz fronteira com o Mar Mediterrâneo, e ao leste, com o Mar Vermelho. A Península do Sinai faz parte do Egipto mas está situada na Ásia, separada do continente africano pelo Canal de Suez.Actualmente a população do Egipto é de cerca de 75 milhões de habitantes, dos quais 90% são muçulmanos e os restantes são cristãos, coptas e outros. Este facto demonstra a natureza tolerante do Isslam, refutando simultaneamente a falsa propaganda de que esta religião se expandiu à base da força, pois se isso correspondesse à verdade, não restaria lá um único cidadão que não fosse muçulmano.

No entanto, existem lá pessoas de várias reli-giões e com toda a liberdade de praticar a sua crença, com os seus líderes religiosos e igrejas bem visíveis, tais como os famosos mosteiros de Santa Catarina, Santo António e São Paulo.No geral, o povo egípcio é muito amigável, hospitaleiro e cumpridor da religião. Quando se caminha pelas ruas, depara-se com pessoas que nos olham com um sorriso natural e as mulheres cumprindo o seu Hijáb.

O Egipto é conhecido como a antiga terra dos Faraós, tendo sido uma das maiores civilizações do mundo antigo. A sua história é mencionada em vários livros, a arte ornamenta grandes museus

e os seus monumentos entretêm milhares de turistas que para lá se deslocam anualmente.Para além disso, muitas passagens bíblicas tiveram lugar nestas terras que, juntamente com o seu povo, foram mencionados na Bíblia por mais de 700 vezes.Era a terra de Hajrah (Hágar), uma das esposas do profeta Ibrahim (Abraão), e de Máriah, uma das esposas do profeta Muhammad . O Al-Qur’án também menciona acerca do Egipto quando relata as passagens de Yussuf (José), Mussa (Moisés) e Fir’aun (Faraó).

Os antigos egípcios achavam que o seu Faraó era um deus, pois este assim o reivindicava. Para além dele, criam também em muitos outros deuses; os nomes de 740 destes foram encontrados numa lista descoberta no túmulo de Tutmés II.Eles acreditavam ainda na Trindade, cuja forma mais popular era constituída por Osíris, Ísis e Hórus. A Trindade Cristã também surgiu sob infl uência desta crença pagã.

Este povo acreditava fi rmemente na imorta-lidade, razão pela qual os seus governantes preparavam túmulos luxuosos na esperança de garantir uma satisfação eterna. Jóias, vestuário, mobília, alimento, bebidas, louças, etc., eram colocados nos túmulos na expectativa de que tudo isso poderia ser posteriormente utilizado.As pirâmides constituem o mais notável exemplo dessa prática pois serviam de túmulos para os Faraós. Das 98 pirâmides que foram descobertas, as maiores estão localizadas em Gizé e são uma das maravilhas do Mundo.Estima-se que a pirâmide de Quéops, a maior de todas, foi construída por cerca de 200 mil trabalhadores durante um período de vinte anos. Tem 146 metros de altura, 223 metros de cada

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lado e é constituída por cerca de 2,3 milhões de blocos de pedra calcária, cada uma delas pesando 2,5 toneladas.

Alexandre Magno conquistou o Egipto no ano 332 AC e subjugou-o à Grécia, que também era uma potência na altura, fundando a cidade de Alexandria. São Marcos, um dos autores do Evangelho, chegou a Alexandria no ano 56 DC e começou secretamente a convidar os egípcios para o cristianismo, que mais tarde foram perseguidos pelos romanos devido à crença que seguiam.

Os muçulmanos conquistaram o Egipto em 640 DC, na época do Segundo Khalifa Umar , sob comando de Amr ibn Al-Áss , tornando-se então num Estado Isslâmico.Ao entrarem pela primeira vez no Egipto, os muçulmanos se depararam com um fenómeno muito estranho: as águas do Nilo paravam de fl uir uma vez por ano. E quando isso acontecia, os pagãos escolhiam a mais bela das raparigas, vestiam-na com a melhor roupa e a lançavam ao rio, na tentativa deste retomar o seu percurso; faziam tudo isso devido às suas crenças supersticiosas.Então, Amr ibn Al-Áss reportou esta ocorrência a Umar , o qual imediatamente escreveu uma carta dirigida ao rio dizendo: “Ó rio! Se tu corres pela ordem de ALLAH, então continua correndo; porém, se corres pela ordem de Satanás, então pára pois não necessitamos da tua água”.Quando lançaram esta carta ao rio, as águas começaram a percorrer sem nunca mais parar; de facto este foi um milagre de ALLAH con-cedido a Umar .

No entanto, em Março último recebi um convite através da embaixada egípcia em Maputo para participar numa conferência que é realizada anualmente, onde também se mostram presentes teólogos de várias partes do mundo isslâmico. Para este ano, o tema era “A Segurança Social sob Ponto de Vista Isslâmico”, que abrangia para além da social as seguranças politica, alimentar

e outras. Cada participante devia preparar uma tese subordinada ao tema, que seria lida e debatida na conferência.

Era também uma boa oportunidade para visitar novamente o Egipto, pois sempre tive uma admiração sobre este povo, especialmente depois de ter escutado em Karachi, em 1964, o famoso Qári Abdul-Bássit a recitar o sagrado Al-Qur’án com a sua única e melodiosa voz. Mesmo hoje, após vários anos do seu falecimento, essa voz ainda atrai a admiração de muita gente; não há dúvida de que ele foi um fenómeno.De facto, ALLAH agraciou este povo no que diz respeito à recitação do Al-Qur’án, assim como diz um ditado: “O Al-Qur’án foi revelado na Arábia, lido no Egipto e escrito na Turquia”.

Entretanto, preparei a viajem e chegamos a Cairo numa Sexta-feira de manhã. Como era hora de Al-Fajr, ouvia-se o Azán por todos os cantos.Depois de chegar ao hotel, recebi uma chamada do Dr. Khaled Ash-Sharli, irmão do Dr. Muhammad Yussri, famoso ginecologista egípcio residente em Maputo. Como a melhor coisa para quem visita um local é ter alguém conhecido por lá, pois ninguém conhece melhor a sua casa do que o próprio residente, já estávamos bem acompanhados.

Hoje, Cairo é uma das grandes cidades, com uma população que atinge cerca de 17 milhões de habi-tantes, quase o total da população moçambicana.Quando os muçulmanos conquistaram o Egipto, o comandante Amr ibn Al-Áss construiu aí a primeira capital isslâmica, à qual denominou de “Al-Fusstát”, que signifi ca “a tenda”.No ano 877 DC, Ibn Tulun estabeleceu o primeiro estado isslâmico autónomo de Egipto e construiu uma outra capital a norte de Al-Fusstát, à qual deu o nome de “Al-Qatát”.Depois da chegada dos Fatimidas, o líder do seu exército – Jauhar Al-Sequely – ergueu uma residência real no ano 969 DC, chamando a essa

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área de “Al-Qahira”, que signifi ca “a vitoriosa”, sendo a partir deste nome que se derivou a palavra “Cairo”.Geografi camente, o actual Cairo já abrange as antigas cidades de Al-Fusstát, Al-Qatát e Al-Qahira, formando uma única metrópole.

Como era Sexta-feira, decidimos efectuar o Salátul-Jumu’ah no histórico Massjid Al-Azhar, o mais marcante de Cairo, com 140 colunas e construído no ano 970 DC. Em 988, o Khalifa Abdul-Aziz transformou-o numa importante universidade, onde se leccionava vários campos da ciência, para além da religião isslâmica.Portanto, é uma das universidades mais antigas do Mundo, com mais de mil anos de existência, mostrando que o Isslam e a ciência estiveram sempre de mãos dadas. É impressionante estar no local onde graduaram grandes teólogos muçulmanos, tal como Ibn Hájar Assqaláni, o conhecido Muhaddicin.O antigo edifício é uma obra arquitectónica bas-tante interessante pois representa uma mistura de estilos, assim como se pode observar nos seus minaretes. O célebre Al-Azhar continua a desempenhar o seu papel histórico, apesar da universidade ter sido transferida para um edifí-cio maior num outro local da cidade.Actualmente, esta universidade possui mais de dez mil estudantes, oriundos de várias partes do Mundo.

Do lado oposto, está o grande e famoso mercado de Cairo, chamado “Khan Al-Khalil”, muito visitado e conhecido pelos turistas. Outrora, era o local onde os comerciantes se acomodavam, guardavam as suas mercadorias e descansavam os seus camelos e cavalos. Foi construído em 1382 sob ordens dum príncipe chamado Jaharkas Al-Khalil.

De frente ao mercado, encontra-se o Massjid Imám Hussain , neto do profeta Muhammad. Consta que depois da tragédia de Karbalá, a sua

família se refugiou para Cairo e, a pedido do governante de então, a sua cabeça foi trazida para ser enterrada neste local.Visitamos ainda o Massjid Zainab, irmã do Imám Hussain, e o Massjid Imám Sháfei, um dos grandes Imámes de jurisprudência isslâmica.

Outro local histórico de Cairo é o Citadel, cuja construção foi iniciada em 1176 pelo famoso Salahuddin (Saladino), sultão do Egipto e da Síria que derrotou os cristãos na Terceira Cruzada (1137-1193).O Citadel localiza-se no alto duma colina, cuja construção foi concluída em 1207. As suas muralhas e torres constituem um grande exemplo de arquitectura dos tempos medievais no oriente médio. Era a residência dos sultãos; o último rei que aí viveu foi Muhammad Ali (1805-1848).No seu interior, existem vários edifícios, dentre os quais o Massjid An-Nassr Muhammad, construí-do entre os anos 1318 e 1335 e o Massjid Muham-mad Ali, edifi cado entre 1830 e 1848. Este último é o edifício mais visível quando se aproxima de Cairo e, juntamente com o Citadel, são uma das maiores atracções turísticas de Cairo.Próximo ao Citadel, encontra-se o Massjid Sul-tão Hassan, considerado estilisticamente o mais compacto e unifi cado dos monumentos de Cairo, construído entre 1356 e 1363 como Massjid e cen-tro de estudos isslâmicos, contemplando as quatro escolas de jurisprudência do Isslam Sunita.Perto deste está o Massjid Ar-Rifai, construído nos anos 1869, onde se encontram os túmulos dos dois últimos reis do Egipto, Fuad e Faruq, e também do último rei iraniano – Shah Reza Pahlawi, derrubado por Khumeini.

Visitamos ainda o Museu de Antiguidades Egíp-cias, que possui mais de 120 mil peças históri-cas que remontam há milhares de anos. Quem for para Cairo e não visitar o Museu é como se para lá não tivesse ido.Uma das grandes atracções do Museu é o Salão das Múmias Reais, contendo 27 múmias faraóni-

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cas, sendo a mais famosa de entre elas a do Faraó Ramsés II, conterrâneo de Mussa e mencio-nado no sagrado Al-Qur’án como “Fir-aun”.Este foi o mais arrogante e opressor de todos os faraós egípcios; durante os 67 anos que reinou, escravizou os Filhos de Israel, reivindicou a divindade e aniquilou muita gente. Morreu afogado no Mar Vermelho, quando perseguia Mussa e seus seguidores.Assim como consta no sagrado Al-Qur’án (há mais de 1400 anos), ALLAH prometeu preservar o corpo de Fir’aun para assim servir de lição a todos aqueles que tentam desafi á-Lo, actuam como opressores e quando estão no poder julgam-se divinos e eternos. Ainda hoje o seu corpo se encontra preservado e pode ser visto por qualquer um, servindo também como prova da veracidade do sagrado Al-Qur’án.

É de salientar que quando o corpo de Ramsés II foi levado a Paris em 1976, foi recebido com todas as honras presidenciais, como se tratasse duma realeza viva, embora estivesse morto há mais de 3200 anos!Como foi um grande inimigo de ALLAH, recebe a simpatia dos seus semelhantes, mesmo passados mais de três milénios. De certeza que se estivesse vivo, seria um grande aliado dos descrentes e inimigo do Isslam.De facto, aquilo que ALLAH diz no sagrado Al-Qur’án é mesmo verdade, ou seja, indepen-dentemente à era ou ao local a que pertençam, os descrentes são sempre amigos e solidários uns com os outros.

No Cairo, encontrei-me com o grande teólogo e combatente da luta de libertação nacional – o Háfi z Abdul Carim Vazirna, e ainda com estudantes moçambicanos a prosseguirem os estudos na Universidade de Al-Azhar.A permanência em Cairo foi de apenas uma semana, o que é um tempo bastante curto pois existem muitos locais e monumentos históricos fora da cidade.

UMA CARTA PARA OJOVEM MUÇULMANO

Como será que tu, jovem muçulmano, poderás ajudar aos outros a se aproximarem cada vez mais de ALLAH?Antes de mais, tu tens os teus próprios desafi os, tais como explicar constantemente aos teus professores a razão de orares cinco vezes por dia, a discriminação que sofres ao te verem cumprir com o Hijáb, levantares-te durante a aula para defender quando algum professor ataca o Isslam, lidar com os pais dos teus amigos que te acham louco por deixares crescer a barba, e ainda, várias outras difi culdades que são enfrentadas por muitos jovens muçulmanos como tu.

O Isslam nunca foi uma religião individu-alista, reservada apenas para “escolhidos”. Portanto, os muçulmanos em geral têm o dever de propagar a sua religião e vocês, jovens muçulmanos, quer sejam principian-tes, activistas ou líderes, desempenham um papel muito importante neste trabalho.“ALLAH concedeu aos jovens uma posição que talvez não o fez a nenhuma outra cama-da”, disse Sheema Khan, antiga conselheira dos Jovens Muçulmanos da América do Nor-te (MYNA). “Eles possuem meios para se comunicarem com os seus semelhantes, com-preendem as suas ambições e, acima de tudo, têm o Isslam como guia”, continuou Khan.

Ó jovem! Onde está aquele teu amigo que passa noites em locais impróprios, ao invés de frequentar o Massjid? Onde está aquele teu colega que de muçulmano só tem o nome e a única coisa que sabe é de que “os muçulmanos não comem porco”?A quem é que achas que eles dariam ouvidos? Ao Imám do Massjid, onde eles mal frequentam e o qual poderia se distanciar devido à forma como falam e vestem? Ou à pessoa com quem eles brincaram, cresceram e conviveram diariamente?A resposta é óbvia: Eles irão ouvir a ti!

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NOTICIÁRIO

MAIS MOÇAMBICANOS SEGRADUAM NO CURSO DE ÁLIM

No ano lectivo que recentemente terminou, foram graduados mais 24 moçambicanos no curso de Álim, em diferentes instituições de ensino de teologia isslâmica.Deste número, 6 foram graduados pelo Instituto Hamza, localizado na cidade da Matola, e os restantes 18 por instituições que leccionam na vizinha África do Sul, nomeadamente Zakariah, Azaadville e Newcastle.Para além de Álimos, o Instituto Hamza formou ainda 19 estudantes no curso de Hifz, curso este que consiste na memorização do Al-Qur’án.

NO PRESENTE ANO

CERCA DE 2,5 MILHÕES DE PEREGRINOS EFECTUARAM O HAJ

Segundo estatísticas ofi ciais duma agência noti-ciosa da Arábia Saudita, o número de peregrinos que efectuou o Haj no presente ano ultrapassou os 2,4 milhões, dos quais cerca de 1,73 milhões são estrangeiros oriundos de mais de 170 países e perto de 700 mil são residentes locais.Para este ano, o Ministro do Interior saudita con-vocou um contingente de 100 mil homens a fi m de garantir a segurança durante o Haj – um dos cin-co pilares do Isslam que os muçulmanos devem cumprir pelo menos uma vez na vida, caso sejam física e fi nanceiramente capazes de o suportar.As medidas de segurança assim como os projectos de construção desenvolvidos pelas autoridades sauditas na cidade de Makkah e outros locais sagrados fi zeram com que o

evento terminasse sem a habitual ocorrência de mortes durante a peregrinação.

O Haj, que historicamente tem refl ectido num ajuntamento de vários povos e nações, tem o seu início e fi m na cidade santa de Makkah – local de nascimento do profeta Muhammad e o lugar mais sagrado para os muçulmanos.

De salientar que há cerca de 50 anos, a peregri-nação era efectuada em média por cerca de 10 mil crentes. Para o último Haj, as embaixadas sauditas emitiram perto de 2 milhões de vistos; pouco menos de 1 milhão de peregrinos era oriundo da Arábia Saudita, para além de que anualmente muitos outros efectuam o Haj sem a devida documentação.Dos moçambicanos, cerca de 300 peregrinos oriundos de algumas províncias do país efectu-aram o Haj no presente ano. É de notar que nos últimos anos, esta tem sido a média de Hajis nacionais que se deslocam às cidades santas de Makkah e Madina.

ATRAVÉS DE PROPAGANDAS

MUÇULMANOS DA FLÓRIDA COMBATEM ESTEREOTIPAGEM

Nos últimos anos, a imagem do Isslam e dos muçulmanos tem sido associada a uma série de mal-entendidos e pintada com as piores cores.Muitos daqueles que se intitulam possuidores de fé parecem não demonstrar o anseio pela paz, vontade essa compartilhada pelos verda-deiros crentes. Na maioria das vezes, ofendem e prejudicam não só crentes doutras religiões mas também seguidores do Isslam.

Para responder à estereotipagem e mal-enten-didos que o Isslam tem sido vítima, a comuni-dade muçulmana do sul de Flórida, nos EUA, lançou uma campanha em Novembro último que consiste em utilizar autocarros públicos

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para efeitos de propaganda, cujo objectivo é oferecer aos concidadãos a oportunidade de conhecer a realidade do Isslam.Durante alguns meses, 120 autocarros ostentarão cartazes convidando os residentes de Flórida per-tencentes à qualquer crença a obter informações correctas sobre o Isslam e os muçulmanos. Além duma linha telefónica exclusiva, os organizadores criaram ainda um website para o mesmo efeito.

“Este projecto cria uma via para o diálogo e amizade; através duma linha directa, todos os americanos têm a possibilidade de formar uma ideia correcta acerca do Isslam e dos muçulmanos”, disse Altaf Ali, director executivo do Conselho das Relações Isslâmico-Americanas (CAIR) para a condado de Flórida.“Não podemos mudar a opinião de todos os cidadãos, mas criamos uma ponte para aqueles que estiverem interessados em compartilhar os pontos de vista”, continuou Altaf Ali.

A iniciativa tem como fi nalidade expor a verda-deira essência do Isslam e que os concidadãos possam compreender melhor os seus vizinhos, amigos e colegas muçulmanos, contribuindo assim para uma sociedade mais harmoniosa e fomentando o respeito mútuo.

MUITO TOLERANTES!

Um Bispo de Oxford, Inglaterra, começou a ser ameaçado de morte quando, em meados do ano em curso, mostrou o seu apoio em relação a uma sugestão proposta pela comunidade muçulmana duma certa área, de fazerem o Azhán através de altifalantes.

O Bispo John Pritchard tem sido ameaçado de morte não por muçulmanos, que constantemen-te são conotados e vistos como intolerantes, fundamentalistas e extremistas, mas por aque-les que pertencem à sua própria comunidade – a

Cristã; o tipo de ameaças que têm sido feitas inclui até mesmo a decapitação.

A sugestão de fazer o Azhán ou “chamamento para as orações” por intermédio de altifalantes, num tom relativamente baixo, foi proposta pela comunidade muçulmanos duma área onde resi-dem mais de sete mil crentes. A proposta foi pros-seguida por um processo de constatação pública, onde outras comunidades locais seriam questio-nadas quanto à sua opinião sobre o assunto.Os líderes muçulmanos locais sublinham o facto de que a proposta ainda não foi submetida, pois está em curso o procedimento para se obter o parecer das pessoas.

As ameaças foram feitas pelos próprios cristãos, apesar do Bispo nem sequer ter feito observações derrogatórias contra o Cristianismo ou contra o profeta Jesus, ou seja, não fez comentários profa-nadores nem se aproximou de blasfémias ou actos de sacrilégios contra o seu mensageiro ou religião.Entretanto, devia-se recordar aqui os títulos que denunciavam a resposta dada pelos muçulmanos aquando da publicação das supostas caricaturas do profeta Muhammad ou da blasfémia profanada por Salman Rushdie. Será que só os muçulmanos é que são intolerantes?

ESCRITO POR IMPERADOR INDIANO

RECUPERADO AL-QUR’ÁNQUE PESA 13,5 KG

Uma cópia do sagrado Al-Qur’án que pertencia ao Imperador Mughal Aurangzeb, foi recuperada pela polícia indiana em Kerala, quando um ho-mem tentava vendê-la por um valor equivalente a cerca de um milhão de dólares.O livro, que foi escrito à mão por Aurangzeb há cerca de 400 anos, pesa 13,5 kg e contém escritas a ouro e prata. Para além destas características, cada página do manuscrito tem uma fragrância distinta e é à prova de fogo.

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“Aquele que deixa as pessoas ouvirem (saberem) das suas boas acções intencionalmente para ser elogiado, ALLAH revelará a sua verdadeira intenção (no Dia da Ressurreição); e aquele que pratica boas acções em público para se exibir e ser elogiado, ALLAH revelará a sua verdadeira intenção (humilhando-o).” [Bukhari]

“Dois lobos esfomeados, soltos num rebanho de ovelhas, não causam tanto prejuízo ao rebanho assim como causam o amor pela riqueza e a vaidade pela própria religião.” [Tirmizi, Dárimi]

Os Sahábah disseram: “Ó Mensageiro de ALLAH! Os preços dispararam, portanto, estabeleça os preços para nós”. Então, o Profeta disse: “ALLAH é Quem estabelece os preços, Quem retém, Quem dá generosamente e providencia, e espero que quando

eu me encontrar com ALLAH, nenhum de vós tenha qualquer reclamação sobre mim de alguma injustiça relacionada com sangue e propriedade”.

[Abu Dawud]

“Existem três tipos de pessoas de quem eu estarei contra no Dia do Julgamento; uma delas é o homem que contrata um trabalhador e exige todas as obrigações deste, porém se recusa a pagar o seu salário (por completo).”

[Bukhari]

“Necessitado não é aquele que deambula por aí pedindo às pessoas e que pode ser afastado com um pedaço ou dois, ou uma tâmara ou duas; o verdadeiro necessitado é aquele que não encontra o sufi ciente para se satisfazer, não revela a sua pobreza para lhe ser dado esmola e nem se levanta para pedir.” [Bukhari]

O PROFETA MUHAMMAD DISSE:

P. Será que se pode responder o Azhán enquanto estiver a fazer o Wudhú?R. É recomendável responder o Azhán enquanto estiver a efectuar o Wudhú, pois existem inúmeras virtudes nisso. O mesmo acontece quando estiver a recitar o sagrado Al-Qur’án; neste caso, é aconselhável interromper a recitação para responder o Azhán e depois continuar.Daqui pode-se ver a importância de responder o Azhán; se aqueles que se encontram a recitar o sagrado Al-Qur’án também são aconselhados a responder, o que dizer então daqueles que durante o Azhán se mantêm entretidos na gozação ou em conversas fúteis? Que ALLAH nos ajude a rectifi car o nosso comportamento.

P. Gostaria de obter um esclarecimento da vossa parte sobre os programas ou trabalhos não permissíveis no Isslam que são iniciados pronunciando os nomes ou palavras sagradas de ALLAH.R. É extremamente proibido pronunciar nomes ou ver-sículos de ALLAH para iniciar algum programa que Ele próprio decretou como sendo Harám, para além de ser uma atitude irracional e com falta de senso.Tal como diz um famoso ditado, “não se pode agradar a gregos e troianos”, como é que aqueles que se intitu-lam de muçulmanos querem simultaneamente agradar a ALLAH e a Shaitán, Seu inimigo declarado? Será que essas pessoas estão mergulhadas num “sono profundo”?Os atributos de ALLAH e os versículos do Al-Qur’án

são sagrados e de forma alguma devem ser utilizados por “conveniência”, somente para atrair indivíduos que procuram agradar as “duas alas”.As pessoas que assim procedem devem ponderar e refl ectir de que nem ALLAH e nem os Seus sagrados versículos servem como instrumento para publicitar agendas proibidas no Shari’ah. Essas práticas têm sido vulgares em eventos tais como noivados, casamentos e outros, onde o anfi trião procura “embelezar” o pro-grama chamando um Álim ou Qárí, para logo após a saída deste praticar actos que atraem a fúria de ALLAH e afastam as Suas bênçãos. Que ALLAH nos proteja de todo tipo de hipocrisia.

P. Existe algum signifi cado no Isslam caso alguém venha a falecer no dia 10 de Muharram, coincidindo numa Sexta-feira? Será que essa pessoa está salva do castigo do Qabr?R. Não existe qualquer Hadice que mencione algo relacionado com virtudes ou benefícios por falecer no dia 10 de Muharram. Porém, existem narrações autênticas nas quais o Profeta aconselha-nos a jejuar nesse dia, tendo como recompensa o perdão dos pecados menores cometidos no ano anterior.No que diz respeito ao estar salvo do castigo de Qabr por falecer numa Sexta-feira, independentemente de ser 10 de Muharram, existe divergência entre os teólogos se o Hadice referente a este assunto é autêntico ou não.

PERGUNTAS & RESPOSTAS

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SEGREDOS

DE CozinhaPor: Amina Moosa Nadat

CAÇAROLA CREMOSA DEBATATA COM COGUMELO

Ingredientes:

- 6 batatas médias cozidas, descascadas e cortadas em cubos;- 1 lata média de cogumelos;- 125 g de margarina;- 1 pacote de sopa de cebola branca misturada com meia chávena de água;- 250 ml de iogurte natural;- 250 ml de nata fresca;- 2 colheres de chá de piripiri verde;- 1 pimento verde cortado à “juliana”, ou seja, em cubos bem fi nos;- Sal ao gosto.

Modo de Preparar:

Derrete-se a margarina e deixa-se arrefecê-la; sobre a margarina derretida, deita-se a sopa de cebola branca, o iogurte, a nata e os restantes ingredientes, exceptuando a batata e os cogumelos. Depois mistura-se muito bem até que se perfaça o molho.A seguir, deita-se o molho em camadas sucessivas sobre a batata e os cogumelos. Por fi m, coloca-se mais uma camada de molho e queijo ralado, levando-se ao forno para cozer.

QUADRADOS DE CHOCOLATECOM CASTANHA

Ingredientes:

- 500 g de chocolate (doce ou meio amargo, conforme o gosto);- 3 pacotes de bolacha de chocolate “Lexus” (contendo 6 bolachas cada);- ½ chávena de castanha simples.

Modo de Preparar:

Unta-se uma forma de alumínio descartável de 22 cm x 16 cm, com óleo ou margarina.Depois parte-se as bolachas em pedacinhos, junta-se as castanhas e deita-se na forma.A seguir, derrete-se o chocolate em banho-maria e deita-se sobre as bolachas e castanhas.Mistura-se devagar com uma colher e com a parte inferior desta, nivela-se deixando endurecer. Por fi m, corta-se em quadrados de tamanho de acordo com o gosto e polvilha-se com açúcar em pó.

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Sautul Isslam edição nº 26

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RECREAÇÃOAPRENDA ARITMÉTICA COMO OS EGÍPCIOS

A análise de alguns papiros demonstrou que os antigos egípcios realizavam operações aritméticas. Por exemplo, para fazer multiplicações e divisões, utilizavam um método bem inteligente.

QUEBRA-CABEÇASEstes quebra-cabeças numéricos foram concebidos para exercitar a capacidade de raciocínio. Nenhum deles requer mais do que um conhecimento muito básico de aritmética e lógica.De salientar que para resolver com sucesso estes quebra-cabeças, o leitor deverá antes descobrir a ordem ou a sequência dos números em cada um dos casos e só depois poderá encontrar os números que substituem as letras k, x, y e z.

SOLUÇÕES DOS PROBLEMAS DA EDIÇÃO ANTERIOR

Números Triangulares: 55. Maridos Ciumentos: 5 viagens. Aqui Há Gatos: 10.990 pernas.

41 x 591 59

2 118

4 236

8 472

16 944

32 1888

1495 : 651 65

2 130

4 260

8 520

16 1040

Imaginemos que se pretende multiplicar 41 por 59. Então, escrevemos duas colunas: na primeira, sob o 41, colocamos um, dois, quatro e as seguintes potências de dois, até alcançar uma que seja maior que 59 (neste caso, é a quinta potência de dois que dá 32, já que a seguinte daria 64); na segunda coluna, debaixo do 59, colocamos 59 e uma série de números que se obtém quando se duplica o anterior.Depois vê-se quais os números da primeira coluna que se deve somar, de baixo para cima, de forma a obter 41. Neste caso temos que 41=32+8+1.Por fi m, somam-se os números correspondentes a estes que estão na mesma linha da coluna da direita. Assim, a 32 corresponde o 1888, a 8 o 472 e a 1 corresponde o 59. Logo, o resultado da multiplicação é 1888+472+59=2419.

A divisão faz-se de forma análoga. Por exemplo, para dividir 1495 por 65, constrói-se uma tabela como a anterior e na coluna da direita, procura-se os números que, somados de baixo para cima, encontramos 1495. Neste caso temos que 1495=1040+260+130+65.O último passo é somar os números que correspondem a estes que estão na coluna da esquerda. Assim, a 1040 corresponde o 16, a 260 o 4, a 130 o 2 e a 65 corresponde o 1. Logo, o resultado da divisão é 16+4+2+1=23.

21.3, 21.9, 23.1, 23.7, 24.9, 26.4, k

7 4 2 9 6 89 3 8 7 3 22 6 6 4 4 98 8 3 3 7 76 2 4 x 9 43 9 7 y 2 3

76

10

41

12

13

35

23

89

19

89

13 1534

z 1452