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Boletim CLG ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 13 a 19 de agosto de 2012 13 Servidores federais intensificam ações de greve Durante toda a semana, atividades que fazem parte do calendário de intensificação da greve aconteceram no Brasil com o propósito de pressionar o governo a negociar com as categorias. Em Aracaju, na manhã do dia 09, entidades do serviço público federais realizaram um ato político pacífico para reivindicar melhores condições de trabalho. O evento contou com participação de cerca de 2.000 manifestantes, entre docentes e técnicos-administrativos da UFS, servidores do IBGE, Saúde, Polícia Rodoviária Federal, além de organizações estudantis da UFS e do IFS. Mais de 30 categorias do serviço público estão em greve. Os manifestantes marcharam aproximadamente 3,5km em um trajeto que começou na frente do IFS, na Av. Gentil Tavares, até a Praça Fausto Cardoso, com concentração em frente à Assembleia Legislativa. Durante o percurso, houve paradas em frente ao INCRA, IBAMA, INSS e Ministérios da Agricultura e Fazenda para convidar os demais servidores a prestar solidariedade ao ato. Em greve desde 17 de maio, a categoria dos professores estava presente no ato para unir forças com as demais entidades do serviço público. A última reunião com o governo ocorreu no dia 1 de agosto, sem avanços na negociação nem agendamento de nova data. Todas as seções sindicais do ANDES-SN rejeitaram a última proposta apresentada pelo Ministério do Planejamento e estão denunciando a ilegitimidade do acordo com o Proifes. Segundo o professor Antônio Carlos, presidente da ADUFS, o papel dos parlamentares é importante nesse momento. “Precisamos esclarecer à sociedade que os parlamentares terão fundamental importancia nesse processo, pois é através deles que vamos discutir o Projeto de Lei para reestruturação da carreira no Congresso. A luta está forte e a gente vai continuar reivindicando a reabertura das negociações”, informou. A professora substituta Michele Amorim, do Departamento de Comunicação Social da UFS, ressalta a insatisfação crescente no serviço público “Há um problema que precisa ser solucionado. O governo não quer negociar e a gente tem que mostrar nossa insatisfação de alguma maneira, que é sair às ruas”, disse. Mesmo sendo substituta, Michele participa do movimento. “Todo professor substituto almeja ser efetivado. Então, participar é importante porque eu quero ser professora federal e já estou lutando para ter um futuro decente”. SINTUFS Em greve desde 11 de junho, os servidores técnicos-administrativos da UFS também compareceram para fortalecer a marcha. Segundo o integrante do SINTUFS, Lucas Gama, na última reunião com o governo, ocorrida no dia 6 de agosto, foi apresentada uma proposta aquém das expectativas. “O governo ofereceu um reajuste de 15,8% a ser dividido em três anos, o que não contempla nossas reivindicações”, afirmou. Os técnicos lutam por recomposição salarial, melhorias na carreira e revogação da privatização do Hospital Universitário e da Previdência Social dos servidores. “A nossa deliberação é continuar a mobilização e intensificar as ações para forçar o governo a apresentar outra proposta que atenda nossas expectativas”, disse Lucas. Medidas do governo De acordo com informações do ANDES-SN, o governo alega não ter disponibilidade financeira para atender as reivindicações dos docentes federais e que fez um grande esforço para destinar apenas 4,2 bilhões parcelados em três anos. Porém, em uma atitude contraditória ao discurso divulgado, no mês de julho deste ano concedeu anistia fiscal de 17 bilhões às Instituições Privadas. Outro ponto que vem provocando polêmica é a informação proveniente da consulta eletrônica realizada pela entidade que aceitou o acordo do governo, o Proifes. Segundo o Comando Nacional de Greve, ao afirmar que 75% dos professores optaram pela aceitação da proposta do governo, o Ministério da Educação omite que o universo consultado abarcou apenas 3% da categoria dos professores. Os servidores federais mostraram indignação com a atitude considerada autoritária do governo de autorizar corte de ponto dos grevistas, negando-lhes o direito de greve. Também causou uma onda de protestos a determinação da presidenta Dilma Rousseff de substituir os servidores federais por municipais e estaduais, através do Decreto 7.777/2012. Os funcionários públicos alegam que a medida fere a Constituição Federal.

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O Boletim CLG é um periódico do Comando Local de Greve da ADUFS com informações sobre o movimento grevista dos professores federais da UFS

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Page 1: Boletim CLG 13

Boletim CLG

ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

13 a 19 de agosto de 201213

Servidores federais intensificam ações de greveDurante toda a semana, atividades que fazem parte do calendário de intensificação da greve aconteceram no Brasil com o propósito de pressionar o governo a negociar com as categorias. Em Aracaju, na manhã do dia 09, entidades do serviço público federais realizaram um ato político pacífico para reivindicar melhores condições de trabalho.

O evento contou com participação de cerca de 2.000 manifestantes, entre docentes e técnicos-administ rat ivos da UFS, servidores do IBGE, Saúde, Polícia Rodoviária Federal, além de organizações estudantis da UFS e do IFS. Mais de 30 categorias do serviço público estão em greve.

O s m a n i f e s t a n t e s m a r c h a r a m aproximadamente 3,5km em um trajeto que começou na frente do IFS, na Av. Gentil Tavares, até a Praça Fausto Cardoso, com concentração em frente à Assembleia Legislativa. Durante o percurso, houve paradas em frente ao INCRA, IBAMA, INSS e Ministérios da Agricultura e Fazenda para convidar os demais servidores a prestar solidariedade ao ato.

Em greve desde 17 de maio, a categoria dos professores estava presente no ato para unir forças com as demais entidades do serviço público. A última reunião com o governo ocorreu no dia 1 de agosto, sem avanços na negociação nem agendamento de nova data. Todas as seções sindicais do ANDES-SN rejeitaram a última proposta ap resen tada pe lo M in i s té r i o do Planejamento e estão denunciando a ilegitimidade do acordo com o Proifes.Segundo o professor Antônio Carlos,

presidente da ADUFS, o papel dos parlamentares é importante nesse momento. “Precisamos esclarecer à sociedade que os parlamentares terão fundamental importancia nesse processo, pois é através deles que vamos discutir o Projeto de Lei para reestruturação da carreira no Congresso. A luta está forte e a gente vai continuar reivindicando a reabertura das negociações”, informou.

A professora substituta Michele Amorim, do Departamento de Comunicação Social da UFS, ressalta a insatisfação crescente no serviço público “Há um problema que precisa ser solucionado. O governo não quer negociar e a gente tem que mostrar nossa insatisfação de alguma maneira, que é sair às ruas”, disse. Mesmo sendo subst i tu ta , Miche le par t i c ipa do movimento. “Todo professor substituto almeja ser efetivado. Então, participar é importante porque eu quero ser professora federal e já estou lutando para ter um futuro decente”.

SINTUFS

Em greve desde 11 de junho, os servidores técnicos-administrativos da UFS também compareceram para fortalecer a marcha. Segundo o integrante do SINTUFS, Lucas Gama, na última reunião com o governo, ocorrida no dia 6 de agosto, foi apresentada uma proposta aquém das expectativas. “O governo ofereceu um reajuste de 15,8% a ser dividido em três anos, o que não contempla nossas reivindicações”, afirmou.

Os técnicos lutam por recomposição salarial, melhorias na carreira e revogação

da privatização do Hospital Universitário e da Previdência Social dos servidores. “A nossa deliberação é continuar a mobilização e intensificar as ações para forçar o governo a apresentar outra proposta que atenda nossas expectativas”, disse Lucas.

Medidas do governo

De acordo com informações do ANDES-SN, o governo alega não ter disponibilidade financeira para atender as reivindicações dos docentes federais e que fez um grande esforço para destinar apenas 4,2 bilhões parcelados em três anos. Porém, em uma atitude contraditória ao discurso divulgado, no mês de julho deste ano concedeu anistia fiscal de 17 bilhões às Instituições Privadas.

Outro ponto que vem provocando polêmica é a informação proveniente da consulta eletrônica realizada pela entidade que aceitou o acordo do governo, o Proifes. Segundo o Comando Nacional de Greve, ao afirmar que 75% dos professores optaram pela aceitação da proposta do governo, o Ministério da Educação omite que o universo consultado abarcou apenas 3% da categoria dos professores.

Os servidores federais mostraram indignação com a atitude considerada autoritária do governo de autorizar corte de ponto dos grevistas, negando-lhes o direito de greve. Também causou uma onda de protestos a determinação da presidenta Dilma Rousseff de substituir os servidores federais por municipais e estaduais, através do Decreto 7.777/2012. Os funcionários públicos alegam que a medida fere a Constituição Federal.

Page 2: Boletim CLG 13

A greve permanece firme e coesa, e, a cada rodada nacional de Assembleias Gerais, se fortalece. Os docentes têm clareza do significado da luta e cobram reabertura de negociações, visando o a t e n d i m e n t o d a p a u t a d e reivindicações, a qual objetiva o avanço da educação pública. Neste caminho, sabemos que o governo utiliza as mais ardilosas táticas para desmobilizar os grevistas, ao alegar não ter disponibilidade financeira para atender as reivindicações dos docentes federais e que fez um grande

esforço para destinar apenas 4,2 bilhões parcelados em três anos. Porém, no mês de julho deste ano concedeu anistia fiscal de 17 bilhões à s I n s t i t u i ç õ e s P r i v a d a s , demonstrando descaso pela educação pública.

Para tentar enfraquecer a greve, busca, também, criar uma situação de isolamento do movimento docente do ANDES-SN. Para tanto, realiza reuniões, em separado, de outras categorias da educação pública federal, bem como, tenta deslegitimar o movimento por meio de notas públicas falaciosas e da busca da adesão dos reitores ao seu projeto, inclusive, pressionando pela retomada do calendário acadêmico.

No contraponto desse jogo, a ampla votação nas assembleias pela manutenção da greve e pela reabertura das negociações com o governo reafirma a justeza do pleito da categoria, que busca em suas instâncias democráticas a legitimidade das deliberações dos docentes.

Neste contexto, nossos desafios e responsabilidade são imensos. A tarefa precípua, neste momento, é manter a greve e mais uma vez, tomar as ruas, radicalizar nas ações, unificando-as com os demais setores em greve.

Reafirmar a disposição (já apresentada nas mesas anteriores) do movimento grevista de negociar, sem abrir mão dos princípios. Para tanto, é necessário refletir sobre os limites e possibilidades da greve neste contexto e apontar táticas adequadas ao novo quadro, para fortalecer o apoio da opinião pública e intensificar a coesão do movimento docente.

Nesse sentido, é necessário também avaliar o que pode ser priorizado e/ ou f lexibi l izado no item de pauta reestruturação da carreira, com vistas a elaboração de uma contraproposta e reiterar a deliberação sobre a n e c e s s i d a d e d e a b e r t u r a d e negociação sobre a valorização e melhoria das condições de trabalho docente nas IFE.

É necessário enfatizar que só a mobilização é capaz de alterar a correlação de forças e possibilitar ganhos efetivos!

Charge da semana

EXPEDIENTEDIRETORIA 2010-2012 - GESTÃO ‘‘A LUTA CONTINUA’’Presidente: Antônio Carlos Campos; Vice-presidente: Marcos Antônio da Silva Pedroso; Secretária: Manuela Ramos da Silva; Diretor Administrativo e Financeiro: Júlio Cesar Gandarela Resende;Diretor Acadêmico e Cultural: Fernando de Araújo Sá. Suplentes: Sonia Cristina Pimentel de Santana e Carlos Dias da Silva JuniorBoletim produzido pela ADUFS - Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe do Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino SuperiorEndereço: Av. Marechal Rondon, s/n, bairro Rosa Elze, São Cristóvão-SE Jornalismo: Raquel Brabec (DRT-1517) Estagiário em Design Gráfico e Charge: Fernando Caldas Colaboração: Pedro AlvesO conteúdo dos artigos assinados é responsabilidade dos autores e não corresponde necessariamente à opinião da diretoria da ADUFS Contato ADUFS: Tel.: (79) 3259-2021E-mail: adufs@infonet .com.br Site: http://www.adufs.org.brN° de Tiragem: 1000 exemplares

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acabo com a greve...

não acabo com a greve...acabo com a greve...

não acabo com a greve...

Editorial

Estão correndo boatos que haverá cancelamento do semestre na Universidade Federal de Sergipe por conta da greve dos docentes.

Não há base legal pra tal procedimento.

A greve dos professores continua fortalecida em todo o Brasil.Enquanto o governo continuar desrespeitando a categoria, nós

intensificamos a luta!

A informação não procede!

ErrataO nome do professor palestrante e autor do livro

‘‘A reflexão Marxsista sobre os impasses do mundo atual’’ é Milton Pinheiro e não Milton Medeiros, como informado

na agenda.

Page 3: Boletim CLG 13

A Assembleia Geral Permanente dos professores da Universidade Federal de Sergipe, realizada no Auditório da ADUFS-SSIND, em 27/07/2012, decidiu, por unanimidade, repudiar as ações arbitrárias e autoritárias da professora Cristiane Franca Lisboa Góis, Chefe, em exercício, do Departamento de Enfermagem. Segundo as informações que chegaram à Assembleia, a mesma tem buscado intimidar os servidores (professores e técnicos) que aderiram à greve, mediante as seguintes ações: (i) convocação de reunião para informar que colocaria falta aos grevistas do mês de julho; (ii) determinação de não fazer a homologação da frequência dos grevistas, deixando-a em aberto e encaminhando comunicação para a Gerência de Recursos Humanos com a justificativa da não homologação; e, (iii) manifestação de que instituiria um livro de frequência no Departamento de Enfermagem. Ainda, a professora convocou reunião ordinária em que um dos itens de pauta era a “ciência pelos professores da entrega mensalmente do relatório docente diário”, propondo, com isso, um mecanismo arbitrário de controle de frequência. Analisando os fatos, os docentes presentes na Assembleia consideraram inaceitável tais posições reacionárias, agressivas ao legítimo direito de greve e incompatível com a construção de um projeto coletivo de universidade pública.

Cidade Universitária “Prof. José Aloísio de Campos”, 27 de julho de 2012.

Moção de repúdio

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Aconteceu na manhã do dia 07 de agosto uma palestra com o professor convidado Mi l ton Pinheiro, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e diretor do ANDES-SN. O palestrante trouxe discussões sobre seu livro “A reflexão marxista

sobre os impasses do mundo atual”. O evento, que ocorreu no auditório da ADUFS, fez parte do calendário de atividades de greve dos docentes da UFS.

Segundo o professor, o livro é um estudo de diversos pesquisadores que ref lete sobre os problemas do mundo contemporâneo a partir do pensamento marxista. “Neste livro, trazemos uma discussão sobre questões pertinentes à crise do capitalismo, ao movimento dos trabalhadores e a como o Estado se manifesta na realidade mundial. Também há ensaios que trabalham a teoria para resolução dos problemas atuais”, explica.

O professor Milton Pinheiro ressalta que a relação entre o tema de seu livro e a greve dos

professores federais está no fato de que o Estado não vem respondendo às necessidades danação, pois está engajado em resolver os problemas da crise do capitalismo e de seus agentes, que são os grandes empresários no

Ligações entre marxismo e luta dos trabalhadores é tema de palestra

Brasil.

“’’A greve dos professores das universidades federais do Brasil hoje diz respeito à incapacidade do governo brasileiro de resolver as demandas da educação e do ensino superior. O que existe é um aperfeiçoamento da lógica do capitalismo, uma política que possibilita o direcionamento dos recursos públicos para a dívida pública, em detrimento dos investimentos em educação, saúde e melhoria das condições de vida do povo brasileiro. Quando o Estado impede o desenvolvimento d o s p r o f e s s o r e s e d a s universidades, isso é reflexo das condutas pertinentes à crise do capital”.

Lançamento

A palestra também foi uma oportunidade de o professor Milton Pinheiro lançar seu livro, uma reflexão teórica sobre os impasses e dilemas do mundo globalizado. Produzido pela editora Outras Expressões, o livro está disponível nas livrarias pelo preço de R$20,00. Milton Pinheiro faz parte do quadro de docentes do Departamento de História da Uneb e leciona Teoria Política.

Brasil.

“’’A greve dos professores das universidades federais do Brasil hoje diz respeito à incapacidade do governo brasileiro de resolver as demandas da educação e do ensino superior. O que existe é um aperfeiçoamento da lógica do capitalismo, uma política que possibilita o direcionamento dos recursos públicos para a dívida pública, em detrimento dos investimentos em educação, saúde e melhoria das condições de vida do povo brasileiro. Quando o Estado impede o desenvolvimento d o s p r o f e s s o r e s e d a s universidades, isso é reflexo das condutas pertinentes à crise do capital”.

Lançamento

A palestra também foi uma oportunidade de o professor Milton Pinheiro lançar seu livro, uma reflexão teórica sobre os impasses e dilemas do mundo globalizado. Produzido pela editora Outras Expressões, o livro está disponível nas livrarias pelo preço de R$20,00. Milton Pinheiro faz parte do quadro de docentes do Departamento de História da Uneb e leciona Teoria Política.

Professor Milton Pinheiro

Nº13

Livro lançado pela editora Outras Expressões

Page 4: Boletim CLG 13

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SINASEFE. Os estudantes, naquela rebeldia que é própria da juventude (e muitas vezes necessária), jogaram tinta e grafitaram o muro do Ministério da Educação e os policiais caíram em cima. Eles não foram mais agressivos porque redes de televisão estavam filmando. Nesse momento, pensei como pode uma presidenta da república que desceu aos porões da ditadura botar a polícia para bater em estudante. Para mim, foi um momento de reflexão.

A orientação da polícia era intimidar, mas devido à ins is tência do movimento, ela começou a mostrar t r u c u l ê n c i a . O s e s t u d a n t e s , corajosamente, iam direto para o confronto. Nessa experiência, houve uma mistura de medo, de orgulho, de satisfação de estar ali.

A e x p e r i ê n c i a f o i p o s i t i v a , principalmente na Plenária Unificada, que ocorreu no dia 20 de julho. Algo que chamou a atenção foi ouvir das lideranças sindicais a necessidade de luta conjunta da classe trabalhadora. É necessária essa unificação porque todos nós somos servidores públicos e estamos sofrendo as condições do modelo econômico que existe hoje. Outro ponto que me chamou a atenção foi a quantidade de lideranças femininas no movimento sindical. Fiquei muito feliz de ver a maturidade das companheiras.

A expe r i ênc ia pa ra m im fo i fundamental, a gente aprende muito ouvindo o que as lideranças sindicais trazem de bagagem, resgatando inclusive a história de outras greves que o Brasil vivenciou. É um aprendizado único, que a gente não encontra em todo momento da história. Voltei com outra concepção de greve e estou satisfeita de ter participado.

Entrevista

Professora Simone e Vanessa, do campus de Itabaiana

As professoras Tereza Simone, do Departamento de Educação de Itabaiana, e Vanessa Dia, do Departamento de Geografia de Itabaiana, participaram da Jornada de Lutas em Brasília, que ocorreu de 16 a 20 de julho. Em entrevista para o Boletim CLG, elas relatam as experiências vividas durante as atividades unificadas que marcaram o histórico de greve do movimento de luta dos servidores federais brasileiros

Boletim CLG – Contem como foi part ic ipar das at ividades do Comando Nacional de Greve em Brasília e qual avaliação das experiências vividas:

Simone – Eu me senti como representante dos docentes, e esse foi um dos pontos que nos revigorou, porque eu estava um pouco desanimada depois de tantos dias sem avanço na negociação com o governo.

Na Marcha, eu percebi uma unidade entre todas as categorias. Isso foi algo muito positivo, porque todos estavam lutando pela melhoria da qualidade do serviço público. Cada categoria tem sua pauta individual, mas naquele momento estavam todos unidos. Não foi um ato apenas para reivindicar salário, mas por uma melhoria do nosso trabalho. Eu nunca tinha participado de uma marcha nacional, e essa experiência me possibilitou uma abrangência da visão sobre o que é a luta pelo serviço público.

Sobre os atos, na quarta-feira (18/06) aconteceu a Marcha Nacional, e na quinta-feira (19/06) teve a atividade no Ministério do Planejamento (MPOG). A gente percebe uma dinâmica muito grande do movimento, e aquela semana foi cheia de atividades. Na Marcha, a gente percebeu o lado da truculência da polícia: teve bomba de gás, de pimenta, pessoas foram presas, apanharam. No dia do bloqueio humano no MPOG, a violência por parte da polícia foi maior: uma servidora do IBGE de São Paulo chegou a ser espancada pelos policiais e parou no hospital. Mas a bravura e unidade do movimento deu coragem para quem estava lá enfrentar essa truculência da polícia. O sentimento de indignação contra essa repressão deu mais vigor à luta

e no final conseguimos o objetivo daquela atividade, que era agendar uma nova audiência com a ministra. Da minha parte, a ida para Brasília foi muito positivas. O cansaço da viagem a gente releva, porque o aprendizado é o que conta.

Vanessa – Eu e Simone estamos participando pela primeira vez de uma g r e v e c o m o d o c e n t e s . N ó s v i venc i amos a cond i ção de sucateamento da universidade, por isso abraçamos a greve e nos disponibilizamos a viajar para Brasília. Essa ida era cheia de expectativa, porque eu não conhecia a cidade e não sabia como era a dinâmica das atividades. Chegando lá, a gente já se distr ibuiu. Na Esplanada dos Ministérios havia várias entidades acampadas. No dia da Marcha, organizamos a atividade com a ajuda dos estudantes. É tudo muito dinâmico, havia diversas categorias nos locais de organização.

Inicialmente, a polícia barrou nossa passagem para o MPOG, mas os representantes das organizações sindicais foram lá negociar, afinal era uma passeata pacífica. Ao chegar ao prédio, a marcha estava mais acalorada. Várias lideranças políticas estavam fazendo suas colocações, líderes do ANDES-SN, FASUBRA,

"Essa experiência me possibilitou

uma abrangência da visão sobre

o que é a luta pelo serviço público"

(Simone)

Page 5: Boletim CLG 13

A expansão do ensino superior durante os governos Lula e Dilma foi quantitativamente ampla, tanto para as universidades públicas quanto para as privadas. O primeiro grupo vivenciou uma expansão dos campi muito significativa, através da profusão de cursos − muitos dos quais, entretanto, pautados pela razão instrumental, de qualidade duvidosa e em sintonia com a era da flexibilidade. O segundo grupo viu o governo do PT mostrar também um lado generoso em relação aos mercados.

Faculdades em sua grande maioria de fachada, autodefinidas como "instituições do ensino superior", carentes de rigor científico mínimo em sua docência e pesquisa (esta, salvo raras exceções, inexiste neste ramo empresarial), tiveram seus cofres inflados com o ProUni.

Já que os pobres são tolhidos em larga escala das universidades públicas − uma vez que frequentam o ensino fundamental em escolas públ icas, que se encontram destroçadas −, o governo Lula encontrou uma saída bárbara: reuniu-os nos espaços privados do ProUni.

De outra parte, deu-se positivamente a ampliação das universidades públicas, através da expansão dos cursos nas instituições federais e da cont ra tação s ign i f i ca t iva de docentes. Mas o governo o fez deslanchando o Reuni, programa de expansão das universidades federais.

Constrangidos pelo produtivismo (anti)acadêmico e calibrados pela competição, há precarização de condições de trabalho. Os salários são baixos. A carreira, mal estruturada.

Mas o governo não contava que essa ampliação quantitativa tivesse fortes consequências qualitativas: a nova geração de jovens professores, doutores em sua grande maioria, p a r e c e n ã o a c e i t a r s e m questionamentos esse lado perverso do Reuni, que quer assemelhar universidades públicas àquelas onde viceja o ProUni.

Dando aulas muitas vezes em galpões, sem salas de professores (quando há, sem condições de

Nº13

Para onde vão as nossas universidades

pesquisar), os docentes, cu jos adoec imentos e padecimentos, para não falar de mortes, não param de se ampliar, decretaram uma ampla e massiva greve nas federais.

Querem melhores salários, condições de trabalho dignas e carreira efetivamente estruturada.

Os conservadores dizem, tentando mascarar o desejo pela completa privatização, que a greve dos docentes públicos é uma forma de "receber sem trabalhar". "Esquecem" algo elementar: qual docente, no juízo razoável de suas faculdades, quer arrebentar seu calendário e repor aulas quando deveria estar em férias?

Só mesmo as vozes conservadoras podem identificar uma greve, com suas atividades, assembleias, debates, desgastes, riscos e tensões, como "descanso remunerado", argumento histórico das direitas derrotado pela Constituição de 1988.

Para muitas dessas vozes, a pesquisa e a reflexão livres incomodam. Elas gostariam de privatizar as federais, convertendo-as ou em universidades

profissionalizantes ou, ao menos parte d e l a s , e m " u n i v e r s i d a d e s co rpo ra t i vas " , uma f l ag ran te contradição, pois universalidade não rima com corporação.

Há um segundo ponto importante: muitos alegam que é preciso investir no ensino básico, o que os leva a recusar o apoio à universidade pública. Mas alguém seriamente acredita que aqueles que querem destroçar a universidade pública querem, de fato, um ensino básico público, laico e de qualidade?

RICARDO ANTUNES, 59, é professor titular de sociologia na Unicamp e autor de "O Continente do Labor" (Boitempo)

Ricardo Antunes

O ProUni fortaleceu faculdades de fachada. Já as federais, agora

produtivistas, não têm nem prédios. Mas vozes

privatistas, "de mercado", criticam a greve

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ESTADO DE SERGIPEASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

GABINETE DA PRESIDÊNCIA

Oficio nº 152/2012Ref.Copleg/AL nº 948/2012Aracaju, 30 de junho de 2012

Senhora Presidenta:

Comunico a vossa excelência, que esta Assembléia em Sessão Plenária aprovou por unanimidade MOÇÃO com o seguinte teor:“A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SERGIPE, atendendo a propositura de autoria do Deputado JOÃO DANIEL, aprovou a MOÇÃO DE APÊLO Nº 19/2012, para que seja encaminhada propositura à Presidenta da Republica, DILMA ROUSSEFF, MOÇÃO DE APÊLO do Legislativo Sergipano, legítimo representante do povo deste Estado, pela viabilização do atendimento às reivindicações dos trabalhadores das Universidades Federais que se encontram em processo de mobilização nacional, reivindicando melhores salários e condições de trabalho, com vistas à construção de uma Educação Publica de Qualidade no País”.

AtenciosamenteDeputada ANGÉLICA GUIMARÃESPresidente

Moção de apoio

Page 6: Boletim CLG 13

Grevistas recorrem ao STF contra subst i tuição de servidores paralisados

09/08 - Entidades representativas dos servidores públicos federais protocolaram na manhã do dia 9, no Supremo Tribunal Federal (STF), uma ação direta de incons-titucionalidade (Adin) contra o Decreto 7.777/2012, editado pela presidenta Dilma Rousseff para garantir a continuidade da prestação de serviços durante a paralisação. Os funcionários públicos alegam que a norma fere a Constituição Federal por permitir que trabalhadores estaduais, municipais e terceirizados exerçam funções que são prerrogativa de servidores da União. (Jornal do Brasil)

CNG do ANDES-SN esclarece sobre a continuidade da greve nas IFE

09/08 - O impasse que levou à greve em mais de 95% das Instituições Federais de Ensino não foi resolvido, conforme vem d ivu lgando o Ministério da Educação (MEC). De acordo com levantamento parcial feito pelo Comando Nacional de Greve dos ANDES-SN, até às 18 horas de quarta (8), 57 assembleias j á h a v i a m d e l i b e r a d o p e l a continuidade da paralisação. Em comunicado especial, o CNG do A N D E S - S N c l a s s i f i c a c o m o simulacro de acordo, o termo firmado entre o governo e o seu braço sindical na última semana, que segundo o texto “não atende a melhoria da qualidade da educação pública e não valoriza a carreira docente”. (ANDES-SN)

Governo oferece reajuste de 15,8% para técnicos das federais

0 6 / 0 8 - E m r e u n i ã o c o m representantes de técn icos-administrativos de universidades e institutos federais, o Ministério do Planejamento fez, na segunda-feira (6), uma oferta de reajuste de 15,8% para a categoria. De acordo com a proposta, o aumento será dado ao longo dos próximos três anos. A greve dos técnicos-administrativos das universidades federais e institutos federais tecnológicos começou em junho, mês seguinte ao início da para l isação dos professores universitários. (Folha Uol)

NotíciasRápidas AGENDA DE GREVE

DOS DOCENTES DA UFS

CONVITECINE GREVE UNIFICADO DATA:15/08/2012 (quarta)

HORA: 15h.LOCAL: Auditório ADUFS

Leia a resenha deste filme no site da ADUFS

Uma Canção Para Carla conta uma história de amor em meio a tempos sombrios, profundamente tristes, de guerra e violência – no c a s o , a l u t a e n t r e o s revolucionários sandinistas e os “contras” apoiados pela CIA, na Nicarágua dos anos 80. Ao relatar o encontro de um motorista de ônibus escocês e uma refugiada nicaraguense, o diretor inglês Ken Loach demonstra que cada gesto de generosidade de uma pessoa comum serve para melhorar um pouco o mundo.

CINE GREVE

FILME:

(Ken Loach, 1996) UMA CANÇÃO PARA CARLA