anais - universidade federal do oeste do pará · avaliaÇÃo do capim elefante cv. roxo...

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ANAIS 28 a 30 de Outubro de 2015 Campus Tapajós Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA Santarém, PA ISBN: 978-85-65791-18-2

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ANAIS

28 a 30 de Outubro de 2015

Campus Tapajós

Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA

Santarém, PA

ISBN: 978-85-65791-18-2!

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

Endereço Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA Instituto de Biodiversidade e Florestas Rua Vera Paz, s/n – Campus Tapajós, Salé Santarém, Pará, Brasil - 68035-110 http://www.ufopa.edu.br/scaa Comissão Editorial Amanda Frederico Mortati, UFOPA Andréa Krystina Vinente Guimarães, UFOPA Cléo Rodrigo Bressan, UFOPA Márcia Mourão Ramos Azevedo, UFOPA Coordenação Geral Andréa Krystina Vinente Guimarães, UFOPA Comissão Organizadora Amanda Frederico Mortati!Andréa Krystina Vinente Guimarães!Cléo Rodrigo Bressan!Gabriel Brito Costa!Márcia Mourão Ramos Azevedo!Avner Brasileiro dos Santos Gaspar !Cláudia da Costa Cardoso!Patrícia Guimarães Pereira!Roberto Sá Maia Raimundo Mesquita Cavalcante!

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Realização:

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Apoio:

Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF/UFOPA)

Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)

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II SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DA AMAZÔNIA

Santarém – PA, 28 a 30 de outubro de 2015

© 2015 by Andréa Krystina Vinente Guimarães, Amanda Frederico Mortati, Márcia

Mourão Ramos Azevedo, Cléo Rodrigo Bressan: 2015.

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, por qualquer meio ou forma,

sem a autorização escrita e prévia dos detentores do copyright.

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!Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/UFOPA

! S612a Simpósio de Ciências Agrárias da Amazônia (2. : 2015 : Santarém, PA)

Anais do II Simpósio de Ciências Agrárias da Amazônia / Editado por Andréa Krystina Vinente Guimarães, Amanda Frederico Mortati, Márcia Mourão Ramos Azevedo, Cléo Rodrigo Bressan. – Santarém: UFOPA, 2015.

204 p.

1. Floresta. 2. Carne. 3. Pastagens. 4. Área degradada. 5. Fitorremediação. 6. Solos. 7. Mudanças climáticas. I. Guimarães, A. K. V. (ed). II. Mortati, A. F. (ed). III. Azevedo, M. M. R. (ed). IV. Universidade Federal do Oeste do Pará. V. Título.

CDD: 23 ed. 634.920981

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II SCAA - 2015 IBEF - UFOPA Santarém - PA

Lista de Palestras Clique no título desejado.

MANEJO SUSTENTÁVEL DE PASTAGENS Valdinei Tadeu Paulino; Fábio Prudêncio de Campos; Marcia Atauri Cardelli Lucena; Tiago Simey Paulino

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E/OU CONTAMINADAS: UM DESAFIO PARA AS CIÊNCIAS AGRÁRIAS. Silvio Roberto de Lucena Tavares

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Lista de Resumos Expandidos Clique no título desejado.

ABSORÇÃO DE MACRONUTRIENTES PELO FEIJOEIRO EM SEMEADURA DIRETA SOBRE DIFERENTES RESÍDUOS VEGETAIS

ACÚMULO DE NUTRIENTES E DECOMPOSIÇÃO DE RESÍDUOS VEGETAIS EM REGIÃO TROPICAL

AJUSTE DE EQUAÇÕES VOLUMÉTRICAS PARA Lecythis lurida (MIERS) S.A. MORI NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS

ANÁLISE DA DINÂMICA VEGETAL POR MEIO DE ÍNDICES DE VEGETAÇÃO NO MUNICÍPIO DE FLORESTA DO ARAGUAIA – PA

ARRANJO E DIVERSIDADE DE ESPÉCIES NOS SISTEMAS AGLOFLORESTAIS DA REGIÃO DO TAPAJÓS, AMAZÔNIA, BRASIL

ATRATIVIDADE DAS PRINCIPAIS NAÇÕES EXPORTADORAS DE COMPENSADO AO INVESTIMENTO DO CAPITAL PRIVADO

AVALIAÇÃO DE CONDIÇÕES DE INFRAESTRUTURA E RELAÇÃO COM A PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO PDS TERRA NOSSA, MUNICIPIO DE NOVO PROGRESSO, PARÁ.

AVALIAÇÃO DO CAPIM ELEFANTE cv. ROXO (Pennisetum purpureum) SUBMETIDA A DIFERENTES NÍVEIS DE ADUBAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO DOS QUINTAIS AGROFLORESTAIS DO MUNICIPIO DE MOJUÍ DOS CAMPOS - PARÁ.

COMPARAÇÃO DE MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DO VOLUME DE MADEIRA EM TORA NA RESERVA EXTRATIVISTA RENASCER

CRESCIMENTO E MORTALIDADEDO ESTRATO ARBÓREO EMUMA ÁREA MANEJADA DE 2,5 HA NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS

DETERMINAÇÃO DA ÁREA FOLIAR DE TRÊS ESPÉCIES FLORESTAIS EM SANTARÉM, PARÁ

DIAGNOSE DA FERRUGEM DA FOLHA DO JAMBU NO MUNICÍPIO DESANTAREM, PARÁ

DIAGNOSE DA GALHA DO JAMBUNO MUNICÍPIO DE SANTAREM, PARÁ

DIAGNOSE DA PODRIDÃO MOLE NA ABOBRINHA ITALIANA

DIAGNÓSTICO DE QUINTAIS AGROFLORESTAIS URBANOS NO MUNICÍPIO DE BELTERRA, PARÁ.

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DINÂMICA DE ESPÉCIES COMERCIAIS COLHIDAS SOB MANEJO FLORESTAL NA FLONA TAPAJÓS, BELTERRA-PA

DISPONIBILIDADE DE BÁRIO EM CULTIVOS E LATOSSOLOS DIFERENTES PARA II SCAA – IBEF/UFOPA

EFEITO DE BIOESTIMULANTE NA GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE ARROZ CRIOULO

EFEITO DE DOSES DE Bradyrhizobium japonicum INOCULADO EM SEMENTES SOBRE A NODULAÇÃO E A PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA DE PLANTASDE SOJA

EFEITOS DA INOCULAÇÃO DE Bradyrhizobium japonicum EM SEMENTES DE SOJA SOBRE A PROMOÇÃO DOCRESCIMENTO DE PLÂNTULAS

EFEITOS DO USO DA CAMA DE FRANGO IMATURA NO CULTIVO DE COUVE DE FOLHA EM HORTAS FAMILIARES COMERCIAIS DO MUNICÍPIO DESANTARÉM, PARÁ

ESCOLHA DE ESPÉCIES E IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO PDS TERRA NOSSA, EM NOVO PROGRESSO, PARÁ.

ETNOBOTÂNICA DE PLANTAS ÚTEIS À PISCICULTURA EM VÁRZEA AMAZÔNICA: ESTUDO DE CASO COMUNIDADE TAPARÁ GRANDE, SANTARÉM-PA

EXPERIÊNCIAS AGROECOLÓGICAS NA RESERVA EXTRATIVISTA TAPAJÓS-ARAPIUNS, AMAZÔNIA, BRASIL

FITOSSANIDADE DO FEIJOEIRO CULTIVADO SOBRE DIFERENTES RESÍDUOS VEGETAIS

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO FORNECIDA À SOJA SOBRE A POPULAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS

INTERVALO DE DESFOLHAÇÃO EM PASTOS DE CAPIM MOMBAÇA SUBMETIDOS À ESTRATEGIAS DE PASTEJO ROTATIVO POR BOVINOS LEITEIROS

LEVANTAMENTO DENDROLÓGICO DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA ABERTA NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA

MORFOLOGIA E BIOMASSA DO CAPIM QUICUIO-DA-AMAZÔNIA (Brachiaria humidicola) CULTIVADA COM TRÊS FORMULAÇÕES DE NPK.

POTENCIAL DE DISPONIBILIDADE DE CÁDMIO EM LATOSSOLOS EM DIFERENTES COBERTURAS VEGETAIS PARA II SCAA – IBEF/UFOPA

QUEIMA DESCONTROLADA E PRINCIPAIS PERDASENFRENTADAS PELOS AGRICULTORES FAMILIARES DO PDS TERRA NOSSA, MUNICÍPIO DE NOVO PROGRESSO, PARÁ

REGULADORES VEGETAIS NA PÓS-COLHEITA DE ACEROLAS

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RELAÇÃO ENTRE A TEMPERATURA E O SISTEMA DE CULTIVO NO POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE SALSA

TECNOLOGIA DE SEMENTES DEMATAMATÁ-VERMELHO (ESCHWEILERA CORIACEA (DC.) S. A. MORI.)

TENDÊNCIA DO CONSUMO APARENTE DOS PRINCIPAIS IMPORTADORES DE COMPENSADO BRASILEIRO

USO SUSTENTÁVEL DA MANIPUEIRA COMO BIOFERTILIZANTE NA CULTURA DO JAMBU (Spilanthesoleracea L.)

VIABILIDADE DO USO DE PRÁTICAS CULTURAIS NA RECUPERAÇÃO DE Psidium

guajava EM ARIQUEMES-RO

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Lista de Resumos Simples Clique no título desejado.

AÇÃO DE REGULADORES NO CONTROLE DO AMADURECIMENTO DE MANGA

AVALIAÇÃO DO BINÔMIO TEMPO X TEMPERATURA NA BROTAÇÃO DAS MANIVAS DE MACAXEIRA DA VARIEDADE ÁGUA MORNA.

BIOGÁS: UMA ALTERNATIVA PARA AGREGAÇÃO DE VALOR AOS RESÍDUOS DO BENEFICIAMENTO DA MANDIOCA NO CONTEXTO SOCIECONÔMICO DA REGIÃO DE SANTARÉM-PA.

CARACTERIZAÇÃO ENERGÉTICA DA MADEIRA DE RESÍDUOS FLORESTAIS DE Apuleialeiocarpa (Vogel) E Mezilaurusitauba (Meisn.) VISANDO A OBTENÇÃO DE ENERGIA

COLEÓPTEROS ASSOCIADOS AO MOGNO BRASILEIRO (SwieteniamacrophyllaKing) EM DIFERENTES ECOSSISTEMAS EM AURORA DO PARÁ

COMPORTAMENTO PÓS-COLHEITA DE CAJARANASSOB A INFLUÊNCIA DA LUZ E DA EMBALAGEM

CONDICIONAMENTO FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE MAXIXE EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO

CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE ABOBRINHA ITALIANA MINIMAMENTE PROCESSADA

DESEMPENHO DE HÍBRIDOS DE PEPINEIRO EM DIFERENTES SUBSTRATOS

DETERIORAÇÃO POR UMIDADE E DANOS MECÂNICOS NO VIGOR DE SEMENTESCRIOULAS DE FEIJÃO

EFEITO DA TEMPERATURA NO CRESCIMENTO DE DIFERENTES ISOLADOS DE Xanthomonas axonopodis pv. manihotis DO ESTADO DO PARÁ

ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE ERVA CIDREIRA TRATADAS COM ÁCIDO GIBERÉLICO E AIA

EXTRATOS ALCOÓLICOS DE Senna alata (L.) Roxb. NO CONTROLE DA MANCHA BACTERIANA DO MARACUJAZEIRO

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE RABANETE CULTIVADAS EM DIFERENTES SUBSTRATOS

IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS POR AGRICULTORES FAMILIARES DO MUNICÍPIO DE NOVO PROGRESSO, PARÁ.

LEVANTAMENTO TAXONÔMICO DE ESPÉCIES ASSOCIADAS AO NOME VULGAR ANGELIM, NA REGIÃO NORTE

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NODULAÇÃO DE RAÍZES DE PLANTAS DE SOJA A PARTIR DE SEMENTES INOCULADAS COM Bradyrhizobium japonicum, EM FUNÇÃO DO TEMPO

OCORRÊNCIA DE CULICÍDEOS (Diptera: Culicidae) EM TRÊS MUNICÍPIOS DA MICRORREGIÃO DO GUAMÁ – PA

OCORRÊNCIA DE DOENÇAS NA PÓS-COLHEITA DE JILÓ MEDIANTE ATMOSFERA MODIFICADA

QUALIDADE DE BERINJELAS CULTIVADAS SOB DIFERENTES DOSES DE COMPOSTO ORGÂNICO

QUANTIFICAÇÃO DE CIPÓ AMBÉ (Philodendronimbe Schott) EM UMA ÁREANA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS

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PALESTRA 1

MANEJO SUSTENTÁVEL DE PASTAGENS

Valdinei Tadeu Paulino1; Fábio Prudêncio de Campos1; Marcia Atauri Cardelli Lucena1;

Tiago Simey Paulino2

1Instituto de Zootecnia, APTA-Secretaria da Agricultura, Nova Odessa-SP, e-mail: [email protected]

2Engenheiro agrônomo, Sementes Agrosalles, Campinas-SP, e-mail: [email protected]

Introdução A pecuária bovina é um dos setores mais importantes do agronegócio brasileiro. O Brasil

possui atualmente o segundo maior rebanho do mundo (Tabela 1), e é o maior produtor e exportador de carne bovina e o sexto maior produtor de leite. O sistema de produção animal tem como base as pastagens como forma prática e econômica para alimentar os bovinos, que através das fermentações ruminais das frações fibrosas das forragens as converte em energia para produção de carne e leite. No entanto, a baixa produtividade da atividade pecuária está relacionada a manejos incorretos resultando em alta incidência de pastagens degradadas. A recuperação de áreas degradadas aumenta a produtividade das pastagens, sem necessidade de ampliação de novas áreas. Assim, com o uso de tecnologias, tais como a introdução de novas espécies forrageiras, adoção de melhorias no manejo, adubação, suplementação e sistemas de pastejo mais eficazes proporcionariam aumentos na produtividade animal, redução dos impactos ambientais e mitigação da emissão de gases de efeito estufa.

O presente texto tem como objetivo fornecer informações sobre estratégias de manejo de pastagens e alternativas mitigadoras da emissão de gases de efeito estufa em sistemas agropecuários.

Sustentabilidade da produção animal em pastagens Os modelos de produção animal devem buscar a sustentabilidade, que deveria contemplar os

componentes: social – ser socialmente justo; ambiental– ambientalmente correto e econômico - economicamente viável.

Tabela 1. Dados da produção de bovinos e búfalos de alguns países. PAÍSES CABEÇAS (nº) ABATES (nº) Índia 298.400.000 20.930.000 Brasil 213.096.576 41.590.000 China 136.898.009 48.342.500 Estados Unidos 89.299.600 33.354.600 Argentina 51.095.000 12.625.313 México 32.402.461 8.796.391 Austrália 29.290.769 692.369 Canadá 12.215.000 3.066.400 Uruguai 11.500.000 2.495.000

Fonte: FAOSTAT (2015) – Dados de 2013 Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da

geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos naturais para as gerações futuras. A produção animal

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com sustentabilidade contempla os aspectos sócio-econômicos e ambientais. A Figura 1 ilustra os principais componentes relacionados com a produção animal sustentável.

Figura 1 - Componentes relacionados à produção animal sustentável, dados adaptados de Chaudhry, 2008.

As pastagens cobrem cerca de dois terços de toda a área agricultável do globo terrestre. A

imensa cobertura das pastagens serve de base para produção de bovinos, sustentação de animais selvagens, áreas de recreação de muitos parques e jardins, cobertura do solo para preservação e manutenção da água, dentre outros.

O aumento na população global, com intensificação no uso de recursos naturais, aumento no consumo e demanda de produtos e serviços; incremento na produção mundial de alimento, com uso de agricultura irrigada em áreas de pastagens; degradação do solo (erosão, encharcamento ou salinização); redução na biodiversidade; efeito do dióxido de carbono atmosférico nas plantas e os efeitos dos combustíveis fósseis no gás carbônico atmosférico e sua relação com a produção animal em grandes escalas são fatores que interferem nas mudanças climáticas. No Brasil, as pastagens ocupam cerca de três quartos da área agrícola nacional, cerca de 172 milhões de hectares, assumindo posição de destaque no cenário agrícola brasileiro. Porém cerca de 70 milhões precisam ser recuperados, pois apresentam algum grau de degradação. Estima-se que o Brasil tenha mais de 120 milhões de hectares de pastagens cultivadas, e que 85% dessa área sejam ocupadas por braquiárias. No entanto, apesar de sua representatividade, esse fato não reflete a excelência de produção, e frequentemente as pastagens apresentam níveis de produtividade de forragem e baixas produções animais, reflexos de algum estádio de degradação, resultante de manejo inadequado.

PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

Animal Forrageiras capins ... Climas e

fontes Sócio-

economicos

Intensiva extensiva

Raça, genética,

reprodução

Saúde & Bem- estar

Alimentação & Nutrição

Biotecnologia & Eficiência

Diversidade & Misturas

Espécies & Variedades

Inputs baixo & Alto

Insetos, Doenças, Proteção

Eficiência & Manejo

Água & Seca

Qualidade da água

Políticas e Campanhas

Uso da terra, conservação

Energia & Fontes

Produtores, Empregos

Tipo de solo & Integridade

Regiões & Culturas

Qualidade do ar, ambiente

Qualidade Alimento

consumidores

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A degradação da pastagem faz com que haja redução na produtividade, perda de matéria

orgânica do solo, ou emissão de CO2 para atmosfera, com redução no seqüestro do carbono na pastagem.

Ecossistema das Pastagens – Sustentabilidade ambiental e produção animal

A pecuária brasileira vive um grande momento de transformação. O pasto tem papel

importante nos dois aspectos. Como base da alimentação dos ruminantes, é fundamental que se obtenha produtividade, pois quanto maior a produção do pasto, mais alta a produtividade dos animais. A pastagem deve oferecer alimento com valor nutricional adequado para o atendimento das exigências dos animais para produção de carne ou leite, favorecer a precocidade, diminuição no tempo de abate e proporcionar produtos com a qualidade que o mercado exige. O “boi de capim” ou “boi verde” resulta em redução de custos, de impactos ambientais e a geração de produto mais saudável e co-geração de fontes de bioenergia (gordura animal). Por outro lado, a pastagem apresenta-se como fiel a balança na questão ambiental, pois quanto mais produtivo, maior será sua contribuição como mitigador dos impactos ambientais oriundo da atividade pecuária. Outra grande contribuição das pastagens no aspecto ambiental é que constituem, atualmente, o grande depositário de terras para a expansão da agricultura, evitando o desmatamento.

O interesse, sobre os prejuízos ambientais da alimentação animal e seus efeitos na produção de gases de efeito estufa (GEE) e amônia (NH3) tem sido mundialmente crescente e estão relacionados com a degradação da qualidade do ar, aquecimento global e seus impactos sobre a perda de nutrientes e da qualidade da água (KREBEAB et al., 2011).

Em nível mundial, as atividades antrópicas provocam as mudanças climáticas e o aquecimento global. Nesse contexto explorações agropecuárias inadequadas, invariavelmente conduzem a degradação ambiental e contribuem como fontes emissoras de gases de efeito estufa (gás carbônico, metano e óxido nitroso).

Os avanços de pesquisas em condições nacionais apontam que o manejo adequado das pastagens e do sistema de produção agropecuário pode atuar como dreno e mitigar a emissão de CO2 equivalente para a atmosfera. Pesquisas desenvolvidas no Instituto de Zootecnia/APTA demonstraram que um pasto bem manejado e com sistemas de Integração lavoura-pecuária, em comparação com solos de área de floresta nativa, resulta em sequestro de carbono e nitrogênio. Isso contribui também para reduzir a emissão de metano por animais ruminantes. Infere-se que a inclusão de árvores florestais proporcionaria bem-estar animal pela melhoria da eficiência de uso da energia produtiva e assim aumentaria a rentabilidade do sistema.

As metas nacionais de aumentar a taxa de lotação de 1,3 para 2,6 animais/ha aumentam a produção de bovino de corte em 50% e a produtividade em 100%. Analisando, as duas últimas décadas, o crescimento da produção agrícola verifica-se que ele ultrapassou o aumento da emissão por um fator de 1,6, o que demonstra um aumento na eficiência energética do setor agricultura.

O ecossistema pastagem, com manejo adequado, tem recebido destaque por seu papel no combate ao aumento do efeito estufa, ao atuar em favor do seqüestro de carbono. A concentração de gás carbônico (CO2) na atmosfera vem apresentando ao longo de décadas, um crescimento ininterrupto, impulsionado a partir da chamada Revolução Industrial no século XVIII. A utilização de combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral, etc.) para geração de energia e, mais recentemente, a derrubada e queima de extensas áreas de floresta tropical para o cultivo agrícola são os principais agentes causadores do aumento do efeito estufa segundo o IPCC (International Panel

on Climate Change) e cientistas da Organização das Nações Unidas (ONU) e mencionam também que estas atividades poderão provocar mudanças drásticas no clima do planeta.

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A condição de fertilidade do solo afeta a produção de biomassa aérea e radicular, que por

sua vez afeta diretamente a quantidade de resíduos depositados no solo e conseqüentemente o seqüestro de C. Estudos realizados em diversas partes do mundo estimaram que as práticas de manejo da fertilidade do solo em pastagens podem aumentar de 50 a 150 kg/hectare a quantidade de carbono seqüestrada. Por outro lado, a ausência de N e a utilização menos freqüente da pastagem resultariam em perda para a atmosfera de 57 g C/m2 por ano. Os autores concluíram que a conversão de terras aráveis em pastagens perenes apresentou efeito positivo sobre o balanço de C no sistema. Embora o efeito tenha sido mais pronunciado nos três primeiros anos após a conversão, a redução do uso de fertilizantes bem como da lotação animal reduziu as emissões de CH4 e N2O por unidade de área. Entretanto este tipo de estratégia diminui o potencial de seqüestro de C pelo solo. Esses resultados fortalecem a hipótese de que o aumento das emissões prejudiciais de CH4 e N2O é freqüentemente compensado pelo seqüestro de C no solo.

Manejo das pastagens, mitigação de gases de efeito estufa e sequestro de carbono em pastagens

O manejo da pastagem visa otimizar: a produção da forrageira, a eficiência de uso da forragem, o desempenho animal, a produção animal por hectare, o retorno econômico, melhorar a distribuição estacional de forragem, garantir a persistência da pastagem. O manejo do pastejo correto inclui: altura entrada no piquete, resíduo pós-pastejo, período descanso, período ocupação, etc. tecnicamente recomendados de acordo com a espécie forrageira, clima, solo e categoria animal. Dados apresentados nas Tabelas 2, 3 e 4 ilustram as alturas de entrada, de saída e o período de descanso para as principais forrageiras recomendadas no Brasil.

As ações no manejo das pastagens permeiam o monitoramento dos animais e da vegetação. Uma taxa de lotação (número de cabeças por unidade de área) muito baixa resulta em subpastejo com sobra excessiva de pasto, perda da qualidade com formação de macega de baixo valor nutricional. Por outro lado, sob alta taxa de lotação pode ocorrer um superpastejo, que compromete a produtividade da pastagem e se esta lotação persistir leva, invariavelmente, a menores valores de produção animal por área e degradação do pasto. A taxa de lotação ótima é variável para cada tipo de forragem, e esta ligada a maior perenidade da pastagem, a produção de forragem com qualidade e que leva a maior produtividade animal. Dessa forma, deve-se sempre otimizar a colheita de forragem, pela melhoria do manejo, a fim de aumentar a produção animal.

No caso das pastagens quanto maior a produção de folhas melhor o valor nutritivo. Os parâmetros altura (pré e pós-pastejo: altura de entrada e de saída dos animais da pastagem) condicionam ciclos de pastejo (períodos de ocupação e de descanso). Como regra geral, 95 % de interceptação luminosa no relvado em pré-pastejo corresponde à maior proporção de folhas ou uma taxa liquida de folhas + colmos/material senescente mais elevada, indicando mais forragem disponível e de melhor qualidade nutricional (Figura 2). O rápido crescimento das plantas tem conduzido a cortes mais cedo, evitando-se consumo de forragem passada com valor nutritivo mais baixo. Para capins cespitosos, como os do gênero Panicum maximum e Brachiaria brizantha, um resíduo de pastejo mais baixo corresponde a maiores produções de forragem, com maior eficiência de uso, promove controle na emissão de inflorescências e reduz as perdas de forragem. O uso de adubação nitrogenada é fundamental na produtividade das pastagens e conduz variações nos valores de alturas pré e pós-pastejo.

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Tabela 2. Altura de entrada dos animais em piquetes.

Espécie forrageira Altura de entrada (cm)

Capim-elefante (PD=30 a 35 dias) 140 a 150 Colonião e Tanzânia 70 a 80 Tobiatã, Mombaça e Milênio 80 a 90 Massai, Tamani 50 a 60 Zuri 80 a 90 Marandu 40 a 50 Xaraés (MG-5) 70 a 90 Piatã, Paiaguás 50 a 70 Decumbens 35 a 40 Humidicula 25 a 30 Setária 50 a 60 Áries, Aruana 25 a 30 Tifton 85, Coast-cross, estrela, etc 25 a 35

PD= período de descanso

Os métodos de pastejo mais comumente empregados são os de lotação contínua ou rotacionada. O desempenho individual é privilegiado na lotação contínua (com cargas variáveis nos períodos das águas e da seca), que exige menos investimentos em infra-estrutura e preserva o bem-estar animal. Já o de lotação rotacionada, prioriza o desempenho animal por área, maximizando as altas lotações das pastagens. Ambos os sistemas de exploração animal tem seus méritos e podem ser empregados com bons resultados em termos de lucratividade/área.

O crescimento das plantas indica as taxas de lotação e períodos de descanso variáveis. As ferramentas de manejo contribuem para tomada de decisão dinâmica e afinada com a filosofia do manejo adotado. As práticas de manejo devem prover o bem-estar animal e preservar a qualidade do meio ambiente no ecossistema da pastagem.

Para o capim marandu, manejados com alturas de pré-pastejo de 25 e 35 cm durante o ano, e adubados com 200 kg ha-1 apresentaram maior taxa de lotação, ganhos mais elevados de peso médio diário e por unidade de área (Figura 3) que pastos adubados com 50 kg ha-1 (Gimenes, 2010).

Estudos realizados por Paulino e Teixeira (2011) que relacionaram o estoque de carbono no solo com o manejo da pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu correspondente a 100% de interceptação luminosa (altura de entrada de 35 cm) e a 95% de interceptação luminosa (altura de entrada de 25 cm) e ambos adubados com 50 e 200 kg/ha de N. Constataram que os estoques de carbono encontrados para altura de 35 cm (110 Mg ha-1) foram superiores aos obtidos com entrada de animais a 25 cm (84,4 Mg ha-1). Os maiores valores de estoque de carbono foram observados mediante a aplicação de 200 kg ha-1 de N associado à altura de 35 cm de pastejo (119,3 Mg ha-1), Figura 4. A entrada dos animais numa altura de pré-pastejo mais elevada (35 cm) resulta em maiores acúmulos de material vegetal morto. Entretanto, este fato está diretamente relacionado as perdas de massa de forragem que foram mais elevadas (24,1%) na altura de pré-pastejo de 35 cm que na altura de 25 cm de 20,3 % .

Tabela 3. Altura para saída dos animais nos piquetes.

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Espécie forrageira Altura saída (cm) Capim-elefante (PD=30 a 35 dias) 50 a 100 Colonião e Tanzânia 25 a 35 Tobiatã, Mombaça, Milênio 30 a 40 Massai 20 a 25 Zuri 25 a 30 Marandu, Xaraés (MG-5) 20 a 30 Piatã, Paiaguás 20 a 30 Decumbens 15 a 25 Humidícula 8 a 12 Setária 20 a 30 Áries, Aruana, Tamani 15 a 20 Tifton 85, Coast-cross, Estrela, etc 10 a 20

Adaptado de diversos autores; PD = período de descanso

Tabela 4. Sugestões para períodos de descanso de várias forrageiras em dias, variável para cada região de acordo com clima e fertilidade do solo

Espécie forrageira Dias

Capim-elefante 20 a 35 Mombaça,Tanzânia, Colonião, Milênio, Zuri, Massai 25 a 42 Capim-andropogon 25 a 30 Marandu, Xaraés, Piatã, Paiaguás 28 a 35 Braquiária decumbens, humidícula 28 a 42 Aruana, Áries, Tamani 25 a 45 Tifton 85, Coast-cross, etc 24 a 28

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Figura 2. Acúmulo e senescência de folhas em pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu indicando altura de entrada e de saída dos animais para 95% de interceptação luminosa (IL). Dados adaptados de Sbrissia (2004).

(a) (b)

Figura 3. Ganho de peso por unidade de área (kg.ha-1) em pastos de capim-marandu submetidos a estratégias de pastejo rotativo para as alturas de pré-pastejo de 25 e 35 cm (a) e adubação de 50 ou 200 kg de N ha-1 (b). Fonte: Dados adaptados de Gimenes (2010).

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Figura 4. Estoques de carbono em pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu sob

manejo rotativo e adubação nitrogenada. Fonte: Paulino & Teixeira, 2011. Na literatura é mencionado que o potencial de seqüestro de carbono no ecossistema de

floresta está relacionado à sua produção primária, de modo a manter o C (carbono) aprisionado nos troncos e galhos de árvores durante seu crescimento. Em pastagens, por outro lado, o potencial de seqüestro de C reside na capacidade desses sistemas em aumentar a concentração do C orgânico no solo, desde que satisfeitas condições adequadas do manejo e adubações do pasto. Apesar disso, sistemas pastoris utilizados na produção de ruminantes, seja na produção de carne ou leite, convivem continuamente com emissão de gases do efeito estufa (GEE) como metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), originados de processos metabólicos dos animais e de aplicação de fertilizantes nitrogenados, respectivamente. Esse equilíbrio de trocas gasosas é que define o grau de emissão ou de mitigação de gases de efeito estufa que determinado ecossistema apresenta.

É possível mitigar em até 6 bilhões de toneladas de gás carbônico-equivalente com a agropecuária, dos quais 70% são negociáveis no mercado de carbono a preços variáveis desde U$ 100.00 a U$ 10.00 por tonelada (IPCC, 2007; ORIUELA, 2013). O sistema de plantio direto na palhada ou a modalidade integração-lavoura-pecuária ocupa atualmente cerca de 30% da agricultura nacional e promovem mitigação de 9 milhões de toneladas de carbono, suficientes para compensar a emissão direta das atividades agrícolas referentes ao período de 1975 a 1995.

PAULINO et al. (2015) avaliando os estoques de carbono em sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) verificou maiores estoques de carbono para a associação milho + capim-marandu (56,2 Mg ha-1) e milho + capim-ruziziensis (52,6 Mg ha-1) superiores aos da associação milho + capim-piatã (48,5 Mg ha-1) na profundidade de 0 a 40 cm do solo. Tais valores representam estoques de carbono de 27,9 %, 21,5 % e 2,3 % superiores aos encontrados no sistema de plantio convencional (milho) cultivado na Fazenda Santa Angélica utilizada como referência pela proximidade da área experimental dos capim-marandu, capim-ruziziensis e capim-piatã, respectivamente (TEIXEIRA, 2011). A figura 5 ilustra a distribuição dos estoques de carbono com a profundidade e a taxa de estratificação de carbono. A taxa de estratificação de carbono (TEC) é a relação entre o estoque de C de duas camadas distintas do solo, usualmente as superficiais. Valores

0

20

40

60

80

100

120

140

25/50 35/50 25/200 35/200

Esto

que

de C

arbo

no (M

g/ha

)

Manejo (altura/adubação nitrogenada)

80,1 C

100,7 B

88,7 C

119,3 A

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de TEC de 1,3; 1,7; 1,2 e 0,7 para sistemas ILP com milho-Urochloa brizantha cv. Marandu (ICLS-Ub-Mar), com U. ruziziensis (ICLS-Ur), com Piatã (ICLS-Ub-Pia) e controle, respectivamente (PAULINO et al, 2015), que qualificam o sistema ICLS-Ub-Pia de boa qualidade e ICLS-Ub-Mar e ICLS-Ur de média qualidade (PAULINO et al., 2015).

Figura 5. Estoques de carbono (Mg ha-1) no sistema integração-lavoura-pecuária (milho+ ruziziensis, milho + piatã e milho + marandu) em função das profundidades. Fonte: (Dados adaptados de Paulino et al., 2015).

Desse modo, é importante entender como as mudanças no número e composição de espécies

de plantas, além do manejo adotado em áreas agricultáveis, afetam as taxas de acúmulo de C no solo.

Embora o nitrogênio (N) possa ter efeito positivo no balanço de gases entre a atmosfera e o solo de pastagens, o processo de fabricação do adubo nitrogenado além do próprio transporte do produto são atividades que demandam queima de combustíveis fósseis e, consequentemente contribuem para a emissão de gases para a atmosfera. Dados da literatura apontaram um valor de 1,23 kg de C emitidos para cada kg de N produzido, incluídos todos os processos de fabricação, estocagem, transporte e aplicação. Além disso, o custo de aplicação do fertilizante nitrogenado muitas vezes excede o retorno econômico em determinado sistema produtivo.

O uso de plantas leguminosas em pastagens, seja em monocultura ou consorciada, com gramíneas tropicais tem sido há muito tempo objeto de estudo de pesquisadores brasileiros interessados na economia do uso de fertilizantes. Atualmente, esse interesse se estendeu a fim de avaliar o potencial da leguminosa em seqüestrar C atmosférico. A demanda por informações a respeito do potencial da leguminosa nesse sistema cresce cada vez mais, tendo em vista que o estoques de C no solo, a longo prazo, serão sustentado através da aplicação de fertilizantes nitrogenados ou pela fixação biológica. Além disso, as perdas de C no solo tendem a aumentar quando os microorganismos do solo são dependentes do N.

Outrossim, fica evidente que a utilização de leguminosas em consórcio com gramíneas forrageiras tropicais pode ser um dos principais meios de se conseguir alta produtividade a baixo

0 5 10 15 20 25 30

30 – 40 cm

20 – 30 cm

10 – 20 cm

0 -10 cm

RuziziensisPiatãMarandu

Prof

undi

dade

s

Estoque de Carbono - Mg/ha

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custo. Dessa forma o efeito secundário acaba por beneficiar o acúmulo de C no solo atuando como alternativa para o aumento do seqüestro de C atmosférico.

As determinações impostas pelos países importadores de produtos de origem animal do Brasil têm sido cada vez mais abrangentes. Ou seja, requerendo a rastreabilidade da carne produzida, por exemplo, em que sistema produtivo de como e onde foram criado, tipo de alimento fornecido, vacinações, como foram abatidos etc..

Atualmente, os produtos oriundos de sistemas de produção animal são adquiridos com o intuito de que ofereçam benefícios diretos aos consumidores (paladar, valor nutritivo, segurança alimentar). No entanto, as qualidades indiretas (nível de bem estar, sistema que preserve o ambiente, sustentabilidade ambiental) relacionadas aos processos de produção são fatores que devam ser inseridos no processo produtivo.

A produção brasileira deve estar preparada para atender as exigências da sociedade mundial, quanto à conservação da água e do solo, bem-estar animal e mitigação do efeito estufa na produção animal.

O Brasil por ser detentor do segundo maior rebanho comercial de bovinos do mundo e por utilizar forrageiras tropicais como base da alimentação destes animais possui aspectos de proteção mercadológica, tai como: “Boi verde”, livre de “doença da vaca louca”, grande extensões de terras agriculturáveis e climas favoráveis. Além disso, fatores como baixo custo, grande aptidão produtiva e fácil cultivo tornam os pastos à base da exploração pecuária no Brasil. A maior parte da produção de ruminantes no Brasil (cerca de 90%) é gerada sobre pastagens. Além disso, o uso de pastagens tropicais tem sido enfatizado mundialmente como o diferencial da pecuária brasileira. Estima-se que anualmente no Brasil sejam plantados 4 milhões de hectares de pastagens, e renovados outros 10 milhões. A diversidade de pastagens cultivadas nos trópicos é precariamente pequena, considerando a grande dependência de somente poucos ecotipos de plantas essencialmente apomíticas e que cobrem milhões de hectares. No caso da incidência de uma praga ou doença isso representa um risco permanente para as pastagens. Dessa forma materiais genéticos superiores e novos lançamentos são introduzidos por empresas publicas e privadas para amenizar esses riscos bióticos ou abióticos (solo e clima) e, ampliar o leque de opções de forrageiras para exploração pecuária.

Emissão e mitigação de metano

A emissão de metano por ruminantes é oriunda da fermentação entérica (88.7%) e da decomposição de dejetos animais. O gás metano é um subproduto da fermentação ruminal, tanto de carboidratos estruturais dos vegetais, denominados de fibra ou parede celular (celulose, hemicelulose, lignina e pectina) como os não estruturais, como amido e açúcares. Milhões de microrganismos atuam nesse processo fermentativo, contudo as bactérias metanogênicas (Archaea) é que removem o hidrogênio e reduzem o CO2

para formar o metano no rúmen. É daí que vem o famoso “arroto do boi” (eructação) - cerca de 100% do metano produzido no trato digestório é expirado pela boca e fossa nasais. A emissão de metano pelo intestino grosso (popularmente denominado “pum” do boi) pode ser considerada insignificante (menor que 1% da fermentação entérica).

Embora o dedo acusador aponte a pecuária como atividade responsável pelo aquecimento global há muitas falhas na comunicação na cadeia produtiva. Erroneamente coloca a carne bovina como a grande vilã do desenvolvimento sustentável. A pecuária tem um grande potencial de seqüestro ou estoque de carbono, através de pastagens bem manejadas. De um lado a emissão nacional é um pouco maior que 1.0 Mg de CO2 eq/ha, o seqüestro pode atingir 0,80 Mg de CO2

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eq/ha. Há tecnologias disponíveis que elevam a produção animal e reduzem as quantidades de GEE emitidos por quilo de carne produzida.

Entretanto sabe-se que a produção de metano em culturas de arroz irrigado, rios, lagos, tanques contaminados com dejetos de esgoto, lagoas de fermentação anaeróbicas produzem mais metano que o animal em produção. Além disso, as indústrias, os veículos automotores contribuem para a emissão de GEE de maneira mais expressiva que a produção animal em pastos de boa qualidade.

Devido a anos de esforços na área de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias aplicadas à pecuária, o sistema produtivo tem grande potencial para colaborar com a mitigação do aquecimento global, causado pelos gases de efeito estufa (CO2, CH4 e N2O).

Como a fermentação entérica dos ruminantes é uma fonte importante de emissão de metano na agropecuária. Trabalhos realizados pelo Instituto de Zootecnia, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e pela Embrapa estimaram que os bovinos emitem em média 56 kg/ano de metano, dados aceitos como referência pelo IPCC, (2007).

A colaboração pode ser dada na redução das emissões de metano e no seqüestro de carbono pelos solos.

Algumas estratégias mitigadoras da emissão de metano

a) Adição de lipídeos, óleo de coco e de girassol na dieta - ácidos graxos com componentes de C8-C16 são responsáveis por redução na emissão de metano e essa diminuição é proporcional ao de insaturação desses ácidos graxos, por ação deletéria sobre as bactérias metanogênicas e protozoários.

b) Proporção forragem: concentrado – Valores menores para taxa forragem: concentrado resultam em menor emissão de metano por kg de peso vivo ou por kg de ganho de carcaça. Dietas com valores nutricionais mais equilibrados com concentrados ou pastagens de melhor qualidade (melhor digestibilidade) são alternativas para redução das emissões de metano por quilo de alimento ingerido.

Sobre ingestão alimentar, o Instituto de Zootecnia usa no programa de seleção genética, a ferramenta denominada CAR – consumo alimentar residual, onde os animais mais eficientes – alimentam-se menos e ganham mais peso. Os animais com CAR baixo/negativo emitem menos metano.

c) Tipos de carboidratos - Os carboidratos estruturais e amido aumentam a metanogênese em relação a carboidratos solúveis como açúcares que diminuem e emissão de metano. Os animais alimentados com pastos de capim tropical seco, fibrosos emitem mais metano que os alimentados com leguminosas ou grãos;

d) Digestibilidade do alimento – Se o alimento é fornecido tem baixos níveis de consumo à emissão de metano aumenta com a diminuição da digestibilidade, entretanto se o consumo é mais elevado as emissões de metano caem com o aumento da digestibilidade.

d) Ionóforos e ácidos orgânicos, bicarbonatos de sódio e aditivos promotores de crescimento promovem um melhor controle do pH ruminal, controlando as bactérias metanogêncas e assim minimiza a emissão de metano em níveis funcionais do rúmen.

e) Manejo da pastagem - Sistemas de pastejo com lotação rotacionada, com altas taxas de lotação sustentáveis propiciada por adubações são ferramentas de manejo da qualidade de pastagens, que resultam em aumentos na produção animal e redução da emissão de metano por unidade de matéria seca consumida.

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f) Seleção genética e com uso de animais geneticamente mais produtivos e precoces. O

Instituto de Zootecnia, APTA/SAA, desenvolve em Sertãozinho, há mais de 50 anos a prova de ganho de peso que visa seleção e melhoramento de raças zebuínas. O uso de animais geneticamente mais produtivos, criados em pastos adequadamente manejados contribuiu para a redução da idade de abate de 36 para 18 meses de idade. Essa intensificação na produção é capaz de reduzir a emissão de metano em 40% a 60% por quilo de peso vivo ou kg de carne produzida.

Figuram ainda dentre outras medidas mitigadoras da emissão de metano o emprego de variedades de cana-de-açúcar com melhor relação fibra e açúcares solúveis, uso de consorciação e gramíneas de alta qualidade. Novas tecnologias, tais como desenvolvimento de vacinas, caracterização genômica de microrganismos metanogênicos e metanotróficos estão sendo estudados em diversas partes do mundo. Elas representam contribuições alternativas para atender a proposta em reduzir de 20 a 30% a emissão de gases de efeito estufa.

A mitigação dos gases do efeito estufa pela redução de emissão de poluentes pelos países desenvolvidos garantiria, no médio e longo prazo, uma freada no aumento da concentração de gases na atmosfera. Entretanto, os efeitos de uma ação isolada nesse sentido seriam prejudiciais à economia global. Medidas alternativas e compensatórias a essa estão sendo debatidas e incentivadas, entre as quais se destacam a preservação de florestas nativas, a implantação de florestas e sistemas agroflorestais e a recuperação de áreas degradadas. Na agricultura o crescente aumento da produtividade nas últimas décadas, associada ao uso de técnicas avançadas de melhoramento genético animal e vegetal, com utilização crescente de fertilizantes e de pesticidas foi considerado por muitos, incompatível com a atual necessidade de sistemas considerados ecologicamente corretos do ponto de vista da emissão de gases do efeito estufa.

No caso específico de pastagens manejadas para a produção de carne e leite, o aumento da taxa de lotação associada à utilização crescente de doses de nitrogênio no solo foi considerado aspecto negativo no balanço de gases na atmosfera. O aspecto negativo está ligado tanto a fertilização nitrogenada quanto a emissão de metano por ruminantes. Embora seja verdade que o aumento da taxa de lotação eleve a emissão de metano por área. Até o momento foi desconsiderado a capacidade das pastagens, em sistema de produção animal, compensar essa emissão pelo efeito do seqüestro C atmosférico e armazenando-o no solo através dos processos de fotossíntese e decomposição do material orgânico no solo, bem o retorno com a produtividade animal. Desse modo, futuros estudos deverão não só levar em consideração a responsabilidade de cada componente sobre a emissão de gases, mas também o balanço geral do fluxo de gases, que no caso das pastagens torna-se mais amplo devido à participação importante dos ruminantes (SOUSSANA et al., 2007).

Ponderando que, em média, no Brasil há 1,1 bovinos para cada hectare. Dessa forma, os bovinos emitem 56 kg de metano e 54 kg de gás carbônico por ano. Por outro lado, as pastagens sustentam a pecuária nacional e seqüestram o carbono. As estimativas apontam que as pastagens brasileiras seqüestram cerca de 920 kg/ha/ano. Baseado nessa informação, o saldo da pecuária seria positivo e de 810 kg/ha de carbono seqüestrado por ano. Considerando a eficiência de pastejo, os conteúdos de carbono na matéria seca e o estoque de carbono no solo, grosseiramente eleva-se na ordem de 1,2 a 2,1 toneladas de carbono seqüestrado por unidade animal acrescentada na lotação por aérea.

Considerando que o rebanho brasileiro contribui com apenas 2% do metano global produzido por atividades antrópicas, ou cerca de 10% do metano ruminal global, na realidade até o momento o metano não é o grande problema dos ruminantes (FAO, 2006). O mais relevante é o manejo inadequado das pastagens. Em que, quando se utiliza o fogo, gera calor e CO2 para a atmosfera. Os animais são submetidos à restrição de alimentos, por ocasião do período seco do ano e, uma grande quantidade de gases é gerada para produzir um quilo de carne ou de leite, considerando o baixo

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desempenho dos animais nessas condições. Os valores padrões de produção de metano por um bovino adulto pastejando em condições normais, podem variar de 40 a 70 kg/animal/ano, o que equivale a 0,92 a 1,61 t/animal/ano de CO2 equivalente. No entanto, a expectativa de fixação de CO2 proveniente da atmosfera pelas plantas forrageiras é bem maior, considerando o potencial de produção de matéria seca das plantas de clima tropical. A exploração atividade pecuária praticada de forma racional é uma ferramenta benéfica ao seqüestro de carbono desde que praticada de forma racional. Evidentemente que a produção de CO2 equivalente pode variar em função, por exemplo, do uso de fogo e também da decomposição dos dejetos dos animais.

Emissão e mitigação de óxido nitroso

A preocupação com o óxido nitroso advém da destruição da camada de ozônio e por ser um gás de efeito estufa com um potencial de aquecimento 310 vezes mais poderoso que o gás carbônico. Sua concentração na atmosfera aumentou de 280 ppb em 1980 para 322 ppb em 2010. A agricultura representa 60% das emissões de N2O. As emissões de N2O e de óxido nítrico (NO) tem sido identificadas como uma das mais importantes fontes de poluição atmosférica com contribuição razoável contribuição das pastagens. As transformações microbianas nas culturas, dos resíduos culturais, de fertilizantes minerais atuam nos processos de nitrificação (condição aeróbica) ou desnitrificação (condições anaeróbicas), sendo este último considerado a principal fonte de N2O em solos. A condição de maior risco para formação do N2O ocorre quando o solo está molhado, com o espaço dos poros cheios de água, variando entre 40 – 80%.

A adubação nitrogenada é um ponto chave para aumento na produtividade das pastagens, por outro lado ela induz a emissão de N2O, juntamente com a deposição de fezes e de urina pelos animais. A disponibilidade de N inorgânico do solo alterada por essas adições de N ou o manejo adotado controla a emissão deste gás. Por outro lado, as emissões de N2O ocorrem de processos de decomposição da urina no solo. Cerca de 60– 80% do nitrogênio ingerido por bovinos retornam para pastagens na forma de fezes e urina. Esse valor está muito acima do que as plantas conseguem usar, podendo ser perdido por meio da lixiviação, nitrificação, desnitrificação e volatilização da amônia.

Embora o N possa ter efeito positivo no balanço de gases entre a atmosfera e o solo de pastagens, como já mencionado o processo de fabricação do adubo nitrogenado e o transporte contribuem para a emissão de gases para a atmosfera. Dados da literatura apontaram um valor de 1,23 kg de C emitidos por kg de N produzido, incluídos todos os processos. Incrementos na eficiência em termos de produtividade animal por kg de N consumido, adotando estratégias de melhor aproveitamento da fertilização aplicada, considerando as exigências temporais e espaciais, seria uma estratégia de mitigação.

Dentre as estratégias recomendadas na literatura para a mitigação da emissão de N2O figuram: a) Sincronizar a disponibilidade de nitrato com as necessidades das plantas (evitar doses

excessivas de fertilizantes minerais ou compostos orgânicos, baseado em sua composição química); aplicação parcelada e adequadamente dosada nas diferentes estações do ano e sempre que possível reduzir a entrada de fertilizantes.

b) Reduzir os riscos de condições anaeróbicas no solo (assegurar uma drenagem adequada do solo; reduzir ou evitar a compactação do solo)

c) Aumentar a produtividade das pastagens (melhorar a produção com uso adequado de nitrogênio; recuperar pastagens permanentes; evitar o superpastejo e enfraquecimento das plantas.

d) Trabalhos realizados no Instituto de Zootecnia, em Nova Odessa em pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu relataram emissões de óxido nitroso similares para uso de ureia ou ureia tratada com inibidor da uréase (NBPT – N butil trifosfato de triamida). Por outro lado, a

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ureia tratada com NBPT apresentou benefícios para a pastagem devido à maior eficiência de uso de N para a produção de massa seca e recuperação aparente de N e com menor emissão de CO2-eq. ao óxido nitroso emitido. O uso de inibidores da uréase bloqueia a nitrificação, aumentando a eficiência de uso de N com redução nas perdas na forma de NH3. O maior uso desses produtos está em vias de se tornar uma opção economicamente viável.

e) Outra estratégia interessante seria o uso de leguminosas em pastagens, seja em monocultura ou consorciada com gramíneas tropicais. Tem sido, há muito tempo, objeto de estudo de pesquisadores brasileiros interessados na economia do uso de fertilizantes.

Igualmente, fica evidente que a utilização de leguminosas em consórcio com gramíneas tropicais ou como banco de proteína pode ser um dos principais meios de se conseguir alta produtividade com baixo custo. O efeito secundário seria o de beneficiar o acúmulo de C no solo atuando como alternativa para o aumento do seqüestro de C atmosférico. Além de reduzir a emissão de óxido nitroso, por fixar biologicamente o nitrogênio, essa dispensaria a aplicação de fertilizante nitrogenado.

Dados brasileiros sugerem redução média de 43% na emissão de N2O, comparando o plantio direto em relação plantio convencional (Tabela 5). Essa redução varia com a textura do solo (menor nos argilosos), e principalmente com a aeração (maior redução da emissão com aumento da aeração no plantio direto).

A recuperação ou reforma de pastagens degradadas, o uso de integração lavoura-pecuária e floresta representam investimentos inicialmente onerosos. A rentabilidade após o segundo ano passaria a valer a pena pela diversidade de produtos originados numa mesma área. Outras novas tecnologias, tais como desenvolvimento de vacinas, caracterização genômica e microrganismos metanogênicos e metanotróficos representam alternativas para manter a proposta nacional em reduzir em cerca de 36% as emissões de GEE. Tabela 5. Emissão de N2O (kg/ha/ano de N) em plantio convencional versus plantio direto no Brasil. Autores1 Plantio convencional Plantio direto Passianoto et al., 2003 2,23 1,62 Jantalia et al., 2008 0,87 0,70 Pilar et al., 2012 0,40 - 0,15 Pilar et al., 2012 0,45 0,85 Piva et al., 2013 2,42 1,26 Morais et al., 2013 1,67 0,32 Média 1,34 0,77

1Dados compilados de diversos autores por Rochette (2013) Uma quantidade de óxido nitroso (N2O) também deve ser produzida, principalmente na

utilização de adubos nitrogenados. Outro aspecto que deve ser considerado é que na simulação realizada por PEDREIRA & PRIMAVESI, (2008) não foi considerada a produção de gases pelo processo de eliminação da vegetação original da área, que deve ser acrescentada à quantidade de carbono gerada e diluída pelo tempo produtivo da pastagem. O que não pode ser admitido é a transformação de floresta em pastagem, pois as florestas contem de 120 a 300 t MS/ha, que se queimados vão gerar 240 a 600 t CO2/ha, o que nenhuma atividade agropecuária consegue repor (PEDREIRA & PRIMAVESI, 2008).

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Recuperar uma pastagem degradada e torná-la uma pastagem bem manejada representa

vantagem no aspecto de retirada de CO2 atmosférico. Além disso, a queimada gera gases que vão resultar em ozônio troposférico, que é prejudicial à saúde vegetal e animal. Além disso, retiram do ar os íons OH* que deveriam neutralizar o gás metano eliminado pelos bovinos.

O Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) do governo federal apresenta um potencial de mitigação de Gases de Efeito Estufa para agricultura, em especial para na produção animal. A recuperação de 15 Mha dos 40 Mha de pastagens degradadas supriria cerca de dois terços das atividades de mitigação planejadas no setor agrícola (Tabela 6). Tal estimativa não inclui a redução associada com o desmatamento, a qual prevê uma mitigação de 669 Mt CO2-eq.

Tabela 6 - Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC) no Brasil.

Atividades Previsão de área

(Mha) Mitigação associada

(Mt CO2-eq) Recuperação de pastagens degradadas 15,0 83-104 Sistemas de integração lavoura-pecuária floresta

4,0

18-22

Expansão de sistemas de plantio direto 8,0 16-20 Fixação biológica de nitrogênio 5,5 10 Fonte: Brasil, 2011.

Além da redução do desmatamento da Amazônia em 80%, anunciada anteriormente pelo

governo e prevista na Política Nacional de Mudanças Climáticas, o Brasil tem também por meta o COP-15 Copenhague (2009). Além disso, deve reduzir em 40% o desmatamento no Cerrado, recuperar pastos, realizar plantio direto, promover a fixação biológica do nitrogênio e aumentar a eficiência energética. Incentivar o uso de bio-combustíveis, expandir o uso de hidrelétricas, investirem em fontes alternativas, como a eólica e substituir o carvão proveniente de desmatamento de florestas nativas por árvores cultivadas em áreas de proximidade de siderurgias, por exemplo.

Neste contexto, a numa estimativa superficial, se os 172 milhões de pastagens exclusivas no Brasil estivessem em perfeito estado de conservação e manejo, seria possível acomodar os 213 milhões de cabeças com uma taxa de lotação de 1,24 cabeças por hectare. Se com a intensificação da pecuária com manejo correto de pastagens se elevasse até 2022, a média de lotação de bois nos pastos de 1,24 para 2,48 cabeças por hectare e com perdas de 20% teria um aumento de 35% e teriam uma liberação de 60,2 milhões de hectares, pela melhoria da eficiência produtiva. Os 60,2 milhões de hectares liberados poderiam ser utilizados para o avanço de bioenergia, florestas plantadas e grãos, especialmente soja. Além disso, integrar os sistemas de produção como o lavoura-pecuária ou lavoura-pecuária-floresta. Para Observatório ABC, (2014) a eficiência de produção animal em pastagens liberaria áreas para implantação de novos sistemas bioenergéticos, sem a necessidade de conversão de áreas de florestas nativas para pastagens exclusivas.

A pecuária tecnicamente conduzida reduz as emissões de GEE, promove melhor aproveitamento de resíduos agrícolas. O uso de biodigestores poderia incrementar o nitrogênio no sistema e elevar a eficiência no uso do carbono. O uso de leguminosas em pastagens tem demonstrado quase que invariavelmente aumentos no carbono orgânico no solo, quando comparado com a pastagem exclusiva de gramínea.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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PALESTRA 2

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E/OU CONTAMINADAS: UM

DESAFIO PARA AS CIÊNCIAS AGRÁRIAS.

Silvio Roberto de Lucena Tavares Pesquisador da Embrapa Solos

1. INTRODUÇÃO

Segundo o Banco Mundial os solos agrícolas do mundo vêm se degradando a uma taxa de 0,1% ao ano, dados que vai ao encontro dos estabelecidos pela FAO que aponta a perda de cinco milhões de hectares de terras aráveis por ano devido a más práticas agrícolas, secas e pressão populacional, além de inúmeras ações antrópicas de exploração inadequada dos recursos naturais englobando o compartimento solo.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUD), através do GLSOD (Global Assessment of Soil Degradation – Projeto de Avaliação Mundial da Degradação do Solo), registrou que 15% dos solos do planeta (aproximadamente 20 bilhões de ha) uma área do tamanho dos Estados Unidos e Canadá junto, estão classificados como degradados devido às atividades humanas. Do total desta área degradada, 5% encontram-se na América do Norte, 12% na Oceania, 14% na América do Sul, 17% na África, 18% na Ásia, 21% na América Central e 13% na Europa. Se considerarmos as áreas inabitadas do mundo, o percentual de solos degradados no planeta sobe de 15% para 24% [1]. O maior problema que reside nestas constatações é que a maioria destes solos degradados ou em processo de degradação está nos países menos desenvolvidos. Estima-se que 39% da população da Ásia (1,3 bilhão de pessoas) vivam em áreas com tendências para desertificação, na África, 65% dos solos agrícolas estão degradados e na América Latina e Caribe, o mau uso de produtos químicos e erosão degradaram 300 milhões de ha. Na Europa, dados de 2002 publicados pela Comissão Europeia, estabelecem que 52 milhões de ha (16% da área agrícola total), estão afetados por algum processo de degradação (salinização, erosão, desertificação, ou excesso de urbanização).

Essa degradação ameaça a fertilidade das terras e a qualidade das águas. O solo perde a sua funcionalidade e o equilíbrio ecológico em geral. O problema é potencializado quando se leva em conta que o processo de regeneração natural do solo é muito lento. Estima-se sob um clima úmido, que são necessários cerca de 500 anos para que se formem uma camada de solo de 2,5 cm de espessura.

Ainda, segundo o projeto da avaliação mundial da degradação de solo do PNUD [1], 5 são os principais fatores de degradação dos solos listados a seguir (com os seus percentuais de participações nas áreas mundiais degradadas): 1) Desmatamento ou remoção da vegetação natural para fins de agricultura, florestas comerciais, construção de estradas e urbanização (29,4%); 2) Superpastejo da vegetação (34,5%); 3) Atividades agrícolas, incluindo ampla variedade de práticas agrícolas, como o uso insuficiente ou excessivo de fertilizantes, uso de água de irrigação de baixa qualidade, uso inapropriado de máquinas agrícolas e ausência de práticas conservacionistas de solo (28,1%); 4) Exploração intensiva da vegetação para fins domésticos, como combustíveis, cercas, etc., expondo o solo à ação dos agentes erosivos (6,8%); e 5) Atividades industriais ou bioindustriais que causam poluição do solo (1,2%).

No continente Sul Americano, segundo o GLSOD, teríamos 244 milhões de ha de solo degradado, sendo o desmatamento responsável por 41%, o superpastejo por 27,9%, as atividades

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agrícolas por 26,2%, a exploração intensa da vegetação por 4,9%. Os dados relativos de solos degradados na América do Sul em decorrência das atividades industriais são ínfimos por dois motivos: falta de levantamento sistemático e global no continente de sites contaminados e/ou degradados pelos processos industriais e a baixíssima industrialização dos países do continente quando comparado aos países desenvolvidos e industrializados. No Brasil não existe até o momento nenhum estudo conclusivo quanto a quantidade e distribuição dos solos degradados em escala nacional.

É importante ressaltar, que independente da ausência de avaliações exatas a respeito da extensão de áreas degradadas no Brasil, todas as estimativas apontam que o desmatamento e as atividades agropecuárias como os principais fatores de degradação dos nossos solos. O impacto causado por obras de engenharia (estradas, ferrovias, barragens, etc.), por atividades de mineração a céu aberto e por algumas atividades indústrias, certamente sensibiliza a população de modo geral, que tende a atribuir a esses fatores a responsabilidade maior pela degradação dos solos. Essa impressão é plenamente justificável, uma vez que são atividades altamente impactantes, pois devemos lembrar que a degradação não pode ser avaliada apenas pela extensão, mas também por sua intensidade. No caso de impactos causados por atividades mineradoras podem resultar em uma área de influência muito maior que a área de lavra, proporcionando, por exemplo, a degradação de recursos hídricos, que vão refletir em toda a bacia, como é o caso clássico de minerações de carvão a céu aberto, onde a oxidação de sulfetos metálicos que acompanham o minério promove a ocorrência de drenagem ácida e a solubilização de metais pesados, podendo trazer consequências danosas para uma área de influência muito além da área de lavra. No entanto, ao avaliar a extensão de degradação causada por estas atividades, verifica-se que ela é mínima, principalmente comparando-a ao desmatamento e ao superpastejo nos solos nacionais.

Aliado a essa crescente quantidade de terras agrícolas que estão em processo degradativo e consequentemente imprimindo perdas de áreas para produção agrícola e a decretação por parte dos organismos internacionais como FAO e FMI, do início da era da comida cara em virtude de vários fatores, entre eles: estoques mundiais baixos, alto preço do petróleo (que encarece os insumos e incentiva à produção de etanol à base de milho) e demanda crescente (principalmente da China que aumentou o seu consumo anual de cereais de 450 milhões de toneladas em 2001 para 513 milhões de toneladas em 2007 [2] e que representa hoje o maior importador de algodão e soja do mundo), além de uma previsão da população mundial para 8,3 bilhões de pessoas em 2030, é de se esperar que as políticas nacionais e internacionais de uso e manejo dos solos sejam direcionadas no caminho da sustentabilidade deste importante ecossistema chamado solo.

A complexidade dos processos de degradação e de recuperação de áreas degradadas deve-se aos inúmeros fenômenos biológicos e físico-químicos envolvidos. Por este motivo, a recuperação de áreas degradadas pode ser conceituada como um conjunto de ações idealizadas e executadas por especialistas das mais diferentes áreas do conhecimento humano, que visam proporcionar o restabelecimento das condições de equilíbrio e sustentabilidade existentes anteriormente em um sistema natural. O caráter multidisciplinar das ações que visem proporcionar esse retorno deve ser tomado, fundamentalmente, como o ponto de partida do processo. Assim, o envolvimento direto e indireto de técnicos de diferentes especializações permite a abordagem holística que se faz necessária [3]. O presente capítulo procura padronizar os termos, conceitos e definições empregados na descrição dos fenômenos de degradação e recuperação de áreas degradadas, visando facilitar aos leitores o entendimento do assunto.

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2. ÁREA DEGRADADA

A avaliação da extensão de áreas degradadas passa a ser um processo complexo, na medida em que se faz necessário estabelecer claramente o conceito de solo degradado. Além do estabelecimento deste conceito, é necessário também o aprimoramento dos indicadores dos processos de degradação de solos, pois diferentes processos possuem diferentes dificuldades de diagnósticos desses processos. Um bom exemplo é o diagnóstico dos fatores de degradação de solo pelas atividades agrícolas em relação aos fatores de degradação de solo oriundos de atividades industriais ou de engenharia. Para atividades que causam grandes distúrbios, como as minerações, áreas de empréstimos para a construção de barragens e aterros ou grandes e médias obras da engenharia pesada, é muito fácil a caracterização, contrariamente àquelas onde a degradação ocorre de maneira lenta e gradual, como a observada por atividades agrícolas.

O conceito de degradação tem sido geralmente associado aos efeitos ambientais considerados negativos ou adversos e que decorrem principalmente de atividades ou intervenções humanas. Raramente o termo se aplica às alterações decorrentes de fenômenos ou processos naturais. O conceito tem variado segundo a atividade em que esses efeitos são gerados, bem como em função do campo do conhecimento humano em que são identificados e avaliados. De acordo com o uso atribuído ao solo, a definição de degradação pode variar como já comentado, dependendo da área profissional envolvida, como podemos verificar a seguir:

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da sua NBR 10703, a degradação do solo é apontada como sendo a “alteração adversa das características do

solo em relação aos seus diversos usos possíveis, tanto os estabelecidos em planejamento como os

potenciais”. O conceito contempla o entendimento do solo enquanto espaço geográfico, ou seja, extrapola o sentido de matéria ou componente predominante abiótico do ambiente. Além disso, ao citar a expressão “alteração adversa”, sugere a aproximação com o conceito de efeito ou impacto ambiental considerado negativo. Todavia, em outra norma, a NBR 13030 (específica para mineração), define-se áreas degradadas como “áreas com diversos graus de alterações dos fatores

bióticos e abióticos, causados pelas atividades de mineração”, mantendo a noção de alteração, porém sem vinculação com o uso do solo.

Já o Manual de Recuperação de Áreas Degradadas pela Mineração do IBAMA, define que “a degradação de uma área ocorre quando a vegetação nativa e a fauna forem destruídas,

removidas ou expulsas; a camada fértil do solo for perdida, removida ou enterrada; e a qualidade

e o regime de vazão do sistema hídrico forem alterados. A degradação ambiental ocorre quando a

perda de adaptação às características físicas, químicas e biológicas e é inviabilizado o

desenvolvimento socioeconômico”. Nas áreas das ciências biológicas e no campo geomorfológico e de paisagismo, são

considerados os conceitos de perturbação ou distúrbio (“disturbance”). No caso da área biológica, esses conceitos estão mais ligados aos aspectos relacionados à evolução de ecossistemas, onde essas alterações são resultantes de atividades humanas e que não podem ser corrigidas rapidamente, e podem ser divididas em três situações influenciadas pelo caráter temporal: os distúrbios súbitos e inesperados, como os decorrentes de acidentes ou falhas de origem tecnológica em processos industriais; os distúrbios que ocorrem em período de tempo significativo, mesmo que tenham sido detectados apenas recentemente, como os derivados de descargas de efluentes industriais; e os distúrbios planejados, como os de mineração em superfície. Já no campo geomorfológico e de paisagismo, esses conceitos assumem uma perspectiva espacial (“land disturbance”), correlacionando-o com os efeitos geomorfológicos produzidos na paisagem por diferentes atividades humanas como mineração em superfície, urbanização, pastagem, agricultura, usos recreativos e construção civil. Reconhecem que muitos desses distúrbios têm importância menor ou

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são transitórios e que a paisagem pré-existente pode ser recuperada para uma forma aceitável de produtividade e em conformidade com um plano de uso prévio.

Fundamentados em observações do campo agronômico, LAL et al.[4], diferenciam processos e fatores de degradação do solo, em que os primeiros correspondem às ações e interações químicas, físicas e biológicas que afetam a capacidade de autodepuração do solo (“soil”) e a sua produtividade; e os segundos compreendem os agentes e catalisadores naturais ou induzidos pelo homem, que colocam em movimento os processos e causam alterações nas propriedades do solo e nos seus atributos de sustentação da vida. Entre os processos de degradação induzidos pelo homem citam a compactação, a erosão acelerada, desertificação, salinização, lixiviação e acidificação. Entre os fatores, mencionam a agricultura, indústria e urbanização. Citam que as alterações produzidas pelos processos geram, entre outros aspectos, efeitos negativos sobre a qualidade ambiental, estabelecendo, então, a relação com o conceito de solo enquanto espaço geográfico (“land”) e, assim, o sentido amplo de degradação do solo (“land degradation”). Ainda no campo agronômico, a degradação de terras agrícolas deve enfocar além dos processos de degradação citados acima, também os aspectos econômicos, uma vez que a perda de produtividade pode estar relacionada com a degradação do solo. Desta maneira, POWER & MYERS, citado por [3], definem a qualidade de um solo como a sua capacidade de manter o crescimento vegetal, o que inclui fatores como agregação, conteúdo de matéria orgânica, profundidade, capacidade de retenção de água, taxa de infiltração, capacidade tampão de pH, disponibilidade de nutrientes, etc.

Do ponto de vista da Engenharia Civil, certamente o conceito de solo degradado deve estar relacionado com a alteração da capacidade em se manter coeso e como meio físico de suporte para edificações, estradas, etc. Ou seja, a densidade do solo é um bom exemplo. Em termos agronômicos, solos adensados ou compactados podem caracterizar um processo de degradação (redução de sua taxa de infiltração, limitação na circulação de oxigênio, impedimento físico para o crescimento das raízes, menor disponibilidade de nutrientes, etc.). Por outro lado, essa característica é desejável como meio de suporte para edificações, ferrovias, rodovias, etc.

Os exemplos citados anteriormente evidenciam o fato de que o conceito de degradação e qualidade de solo pode ser relativo, dependendo da finalidade do uso atribuído ao solo. No entanto, na medida em que se possa caracterizar a degradação como qualquer alteração das condições naturais de equilíbrio, o ponto de vista da Engenharia Civil estaria descartado, visto que o uso do solo para as obras de engenharia estariam promovendo essas alterações. Portanto, o conceito de qualidade do solo como indicador da degradação deve ser utilizado a partir de uma visão mais ampla. O único limitante do uso da qualidade do solo como indicador da degradação é a sua operacionalização, ou seja, quais atributos ou características do solo devem ser avaliados e monitorados para definir a manutenção, o ganho ou a perda de qualidade?

De maneira geral, as definições e conceitos contidos na legislação ambiental brasileira não são claros e geralmente confundem essas definições e conceitos muitas vezes quando se compara o uso específico a ser dado ao site degradado que se deseja recuperar. Enfim, embora controverso e não consensual, o conceito de degradação do solo parece estar sempre associado à noção de alteração ambiental gerada por atividades humanas e considerado adversa. 3. RECUPERAÇÃO, REABILITAÇÃO E RESTAURAÇÃO

De maneira similar as conceituações de áreas degradadas e degradação, a literatura técnica e os textos da legislação ambiental brasileira em vários níveis também deixam dúvidas e contradições sobre as definições exatas dos termos recuperação, reabilitação e restauração, que em muitos casos são apontados como diferentes e em outros como sinônimos. Novamente a literatura é relativamente vasta e podem ser encontradas referências nas diferentes áreas do conhecimento. Observa-se que os termos recuperação, reabilitação e restauração, têm sido geralmente apresentados

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e discutidos não apenas nos aspectos que caracterizam suas execuções, mas principalmente em função dos seus objetivos e metas. De modo geral, os termos se referem ao caminho inverso à degradação e é importante para facilitar a comunicação entre os interessados na escolha do processo a ser adotado na área degradada. 3.1. RECUPERAÇÃO

A legislação federal brasileira menciona que o objetivo da recuperação é o “retorno do

sítio do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano pré-estabelecido para

o uso do solo, visando à obtenção de uma estabilidade do meio-ambiente” (Decreto Federal 97.632/89). Esse decreto vai de encontro ao estabelecido pelo IBAMA, que indica que a recuperação significa que o sítio degradado será retornado a uma forma e utilização de acordo com o plano pré-estabelecido para o uso do solo. Implica que uma condição estável será obtida em conformidade com os valores ambientais, estáticos e sociais da circunvizinhança. Significa também, que o sítio degradado terá condições mínimas de estabelecer um novo equilíbrio dinâmico, desenvolvendo um novo solo e uma nova paisagem. GRIFFITH [5] definiu recuperação como a reparação dos recursos ao ponto que seja suficiente para restabelecer a composição e a frequência das espécies encontradas originalmente no local. Neste caso, ele procura sintetizar a definição do processo quando utilizado em unidades de conservação. 3.2. REABILITAÇÃO

Segundo MAJER [6] a reabilitação é o retorno da área degradada a um estado biológico apropriado. Esse retorno pode não significar o uso produtivo da área a longo prazo, como a implantação de uma atividade que renderá lucro, ou atividades menos tangíveis em termos monetários, visando, por exemplo, a recreação ou a valorização estético-ecológica. Exemplos de reabilitação para fins recreativos é a raia olímpica da Cidade Universitária da USP, instalada em uma antiga área de extração de areia em planície aluvionar do Rio Pinheiros; construção do parque esportivo Cidade de Toronto, instalado em área de antiga extração de areia; Centro Educacional e Recreativo do Butantã, instalado em área de antiga pedreira e o lago do parque Ibirapuera, instalado em antiga cava de extração de areia, todos esses exemplos foram realizados na cidade de São Paulo-SP. 3.3. RESTAURAÇÃO

O termo restauração refere-se à obrigatoriedade do retorno ao estado original da área, antes da degradação. Esse termo é o mais impróprio a ser utilizado para os processos que normalmente são executados. Por retorno ao estado original entende-se que todos os aspectos relacionados com topografia, vegetação, fauna, solo, hidrologia, etc., apresentem as mesmas características de antes da degradação. Ou seja, trata-se de um objetivo praticamente inatingível, ou seja, fazer a restauração de um ecossistema, para consequentemente recuperar sua função, é técnica e economicamente questionável, embora alguns profissionais que atuam na área ambiental tenham equivocadamente essa meta, torna-se necessária uma nova conscientização dos mesmos sobre a inviabilidade deste processo.

4. INTEGRAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS

Os conceitos de degradação, recuperação e congêneres geralmente são considerados de modo integrado. A perspectiva de classificação das condições de um ecossistema em face das reflexões sobre o desenvolvimento sustentável, segundo a União Internacional para a conservação da Natureza (UICN), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e o fundo mundial para a Natureza (WWF), traz uma análise conceitual ampla, identificando primeiramente os sistemas naturais como os “ecossistemas onde, desde a revolução industrial em 1750, o impacto

do homem não foi maior do que o de quaisquer outras espécies nativas, e não afetou a estrutura do

mesmo”. Neste caso, a mudança climática foi excluída da definição, porque as mudanças climáticas

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causada pelo homem devem afetar todos os ecossistemas e eliminar todos os ecossistemas naturais como definidos aqui [7].

A partir deste ponto, a abordagem da UICN define, em sequência, os sistemas modificados, sistemas cultivados, sistemas construídos e sistemas degradados, estes últimos como os “ecossistemas cuja diversidade, produtividade e condição para habitação foram enormemente

reduzidas”. A degradação dos ecossistemas da terra é caracterizada por perda de vegetação e de solo; e a dos ecossistemas aquáticos é frequentemente caracterizada por águas poluídas que podem ser toleradas por poucas espécies [8]. Assim, de acordo com esse conceito, os sistemas degradados são considerados insustentáveis, sendo que, somente a sua recuperação ou reabilitação permitiria levá-los à condição de potencialmente sustentáveis, situando-se, em sequência invertida, nas categorias de sistemas construídos, cultivados ou modificados. Negligenciar ou abandonar a área pode levar tanto à recuperação espontânea do ambiente quanto a continuidade e a intensificação do processo de degradação. Ao considerar a associação em relação ao futuro, a abordagem incorpora o conceito de sustentabilidade ambiental à questão da recuperação de áreas degradadas.

Finalmente, é importante ressaltar que apesar de haver distinção por muitos autores e profissionais envolvidos na área ambiental dos conceitos anteriormente discutidos, e que quando realizamos uma breve análise comparativa entre as diferentes abordagens do tema e suas aplicações às áreas degradadas, nos permite verificar uma evolução dos conceitos ao longo das últimas décadas. De maneira geral, observa-se uma passagem do objetivo amplamente difundido de procurar restabelecer as condições originais do sítio degradado, para a busca de situações em que a estabilidade do ambiente e a sua sustentabilidade sejam garantidas. Além disso, é notável a crescente abordagem de recuperação de áreas degradadas como um processo que deve ser realizado mediante um plano previamente elaborado e com objetivos bem estabelecidos e explicitados. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS OLDEMAN, L. R. The global extent of soil degradation. In: Soil Resiliense and sustainable Land Use. GREENLAND, D. J. & SZABOCLS, I (Eds), Cab International, Wallingford, UK. 1994. p. 99-118. STEFANO, F. & SALGADO, E. O desafio de alimentar 6 bilhões de pessoas. Revista Exame. Edição 919, Ano 42 – N. 10, 2008. p. 124-131. DIAS, L. E. & GRIFFITH, J. J. Conceituação e caracterização de áreas degradadas. In: Recuperação de Áreas Degradadas, Dias, L. E. & de Mello, J. W. SOBRADE/FINEP, Viçosa, MG. p. 1-7, 1998. LAL, R., HALL, G. F. & MILLER, F. P. Soil degradation. I Basic processes. In: Land Degradation & Rehabilitation, London, v. 1, n. 1, p. 51-69, jul/aug, 1989. GRIFFITH, J. J. Recuperação de áreas degradadas em unidades de conservação. Viçosa, MG: UFV, 1986. MAJER, J. D. Fauna studies and land reclamation technology: review of the history and need for such studies. In: Animals in primary succession: the role of fauna in reclaimed lands. London: Cambridge University Press, 1989. p. 3-33. BITTAR, O. Y. Avaliação da recuperação de áreas degradadas por mineração na região metropolitana de São Paulo. 1997. 185p. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Minas, São Paulo, SP.

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ABSORÇÃO DE MACRONUTRIENTES PELO FEIJOEIRO EM

SEMEADURA DIRETA SOBRE DIFERENTES RESÍDUOS VEGETAIS

Lenita Aparecida Conus Venturoso1; Luciano dos Reis Venturoso1; Rebekah Anne Freese2; Gabriel Alexandre Martins2; Lislie Melissa Vigatto Strique Schmidt1; Wanderson Novais

Pereira3; Frederico José Evangelista Botelho4

1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Campus Ariquemes, Ariquemes, RO,Brasil; 2Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Colorado do Oeste, RO, Brasil;

3Universidade EARTH, San José, Costa Rica; 4Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa Rondônia, Porto Velho, RO, Brasil; E-mail: [email protected] Síntese: No estado de Rondônia, são escassas pesquisas referentes à produção de palhada de plantas de cobertura para o desenvolvimento do feijoeiro. Assim, o objetivo deste trabalho foi quantificar a fitomassa produzida pelas diferentes espécies de cobertura, assim como avaliar a absorção de nutrientes pelo feijoeiro cultivado em semeadura direta. A pesquisa foi realizada no Instituto Federal de Rondônia, campus Ariquemes, em Latossolo Vermelho Amarelo. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com dez tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram compostos pelas plantas utilizadas como cobertura de solo: duas cultivares de milheto (BRS 1501 e BRS 1503), arroz (Primavera), sorgo (BRS 330), girassol (BRS 324), soja (BRS 7580), níger (Guizotia abyssinica), crotalária (Crotalaria ochroleuca), pousio e a testemunha (parcela mantida livre de plantas daninhas por meio de capinas). Foi avaliada a quantidade inicial e final dos resíduos vegetais das culturas de cobertura e a quantidade de macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) na cultura do feijoeiro. Verificou-se que o sorgo, milheto e soja são culturas que produzem quantidade satisfatória de fitomassa e tornam-se importantes opções para produtores da região. A quantidade de fitomassa produzida pelas culturas de cobertura de solo não apresenta relação com a absorção de macronutrientes pelo feijoeiro. Palavras-chave: liberação de nutrientes; Phaseouls vulgaris; plantas de cobertura

INTRODUÇÃO No estado de Rondônia, o baixo rendimento do feijoeiro está relacionado ao baixo nível tecnológico empregado pelos agricultores, a baixa disponibilidade de cultivares adaptadas à região, bem como, ao preparo inadequado do solo e a ausência de investimentos em adubação e manejo fitossanitário (SOUZA et al., 2005). A falta de adubação, por meio da deficiência nutricional, provoca sérios danos à cultura. Entre os nutrientes, a falta de nitrogênio, fósforo e potássio reduz significativamente o desenvolvimento das plantas, induzindo alterações morfológicas que culminam na diminuição da produção de matéria seca das plantas e queda da produtividade (LEAL e PARDO, 2008). Uma das maneiras de se contornar ou minimizar os problemas relacionados à nutrição da cultura seria a utilização de plantas de cobertura. A palha deixada por culturas de cobertura sobre a superfície do solo cria um ambiente favorável ao crescimento vegetal e contribuem para a estabilidade da produção, recuperação e manutenção da qualidade do solo (ALVARENGA et al., 2001), bem como, libera substâncias mineralizadas contendo diversos nutrientes, que estarão prontamente disponíveis às plantas.

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No Estado, são escassas pesquisas referentes à produção de palhada de plantas de cobertura para o desenvolvimento do feijoeiro. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi quantificar a fitomassa produzida pelas diferentes espécies de cobertura, assim como avaliar a absorção de nutrientes pelo feijoeiro cultivado em semeadura direta.

MÉTODOS A pesquisa foi realizada no Instituto Federal de Rondônia, campus Ariquemes, em Latossolo Vermelho Amarelo. Na adubação das coberturas foram utilizados 300 kg ha-1 do formulado 4-30-16 e no feijoeiro 500 kg ha-1 do formulado 4-14-8. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, com dez tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram compostos pelas plantas utilizadas como cobertura de solo: milheto (BRS 1501 e BRS 1503), arroz (Primavera), sorgo (BRS 330), girassol (BRS 324), soja (BRS 7580), níger (Guizotia abyssinica), crotalária (Crotalaria ochroleuca), pousio e a testemunha (parcela mantida livre de plantas daninhas por meio de capinas). As referidas culturas de cobertura foram semeadas na safra, em espaçamento de 0,45m e densidade de semeadura recomendada para cada cultura. Aos sessenta dias após a emergência das plantas de cobertura foi realizado o corte das mesmas com auxílio de roçadeira manual. Dez dias após o corte das culturas, foi semeado o feijão, cultivar BRS Estilo, nas entrelinhas da cultura antecessora, com espaçamento de 0,45m e densidade de 15 plantas por metro linear. A quantidade inicial e final dos resíduos vegetais das culturas de cobertura foi realizada em duas amostras por parcela com uso de uma quadrícula de 0,5 x 0,5m. Os resíduos coletados foram lavados com água destilada e submetidos à secagem em estufa de circulação forçada de ar a 60ºC até obtenção de massa constante, sendo os resultados expressos em kg ha-1. No florescimento pleno do feijoeiro, foram coletadas 20 plantas por parcela, as quais foram lavadas, secas e moídas, em moinho tipo Willey, sendo as amostras encaminhadas para análise química de macronutrientes, expressos em g kg-1. Os dados foram submetidos análise de variância com auxílio do programa Sisvar e as médias comparadas pelo teste de SNK a 5% de significância.

RESULTADOS Foi observado efeito significativo na quantidade de fitomassa produzida pelas plantas de cobertura, sendo os menores valores verificados no tratamento pousio e nas coberturas com arroz e girassol em ambas as épocas de avaliação (Figura 1). Com exceção da cobertura com arroz, as gramíneas demonstraram maior crescimento e elevada produção de massa seca, sem, contudo, diferir das coberturas com soja, crotalária e níger. A maior produção de matéria seca inicial foi obtida nas coberturas com sorgo, milheto 1501 e 1503, soja, crotalária e níger. Observou-se que a quantidade de fitomassa final, coletada aos 110 dias após o corte, se manteve semelhante a análise inicial, com exceção da fitomassa do níger, que apesar de semelhante a soja e crotalária, apresentou valores inferiores às gramíneas (sorgo e milheto). Para os macronutrientes absorvidos pelo feijoeiro, foi verificado efeito significativo para nitrogênio, fósforo e cálcio, enquanto que para o potássio, magnésio e enxofre não houve diferença significativa entre os tratamentos (Tabela 1).

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Figura 1. Produção de matéria seca de diferentes culturas utilizadas como cobertura de solo

Tabela 1. Quantidade de macronutrientes presentes no feijoeiro cultivado em semeadura direta sobre diferentes culturas de cobertura de solo

Resíduos Nutrientes (g kg-1) N P Kns Ca Mgns Sns

Pousio 30,80 a 4,00 ab 21,25 12,28 a 4,38 4,83 Controle limpo 30,10 ab 3,46 abc 21,23 11,95 a 4,55 5,51

Crotalária 29,93 ab 4,10 a 22,48 10,68 a 3,83 4,98 Níger 28,00 ab 4,00 ab 23,43 10,05 a 4,01 4,78 Arroz 27,83 ab 3,93 abc 20,50 12,23 a 4,31 4,88 Soja 27,30 ab 3,58 abc 21,08 10,28 a 5,10 4,93

Girassol 27,13 ab 3,31 bc 19,65 11,13 a 4,49 5,15 Sorgo 26,60 ab 3,26 bc 21,05 9,95 a 4,30 5,05

Milheto 1501 26,60 ab 3,45 abc 21,58 10,28 a 4,21 5,13 Milheto 1503 25,20 b 3,19 c 19,83 9,80 a 3,75 4,53

CV (%) 7,91 9,21 10,50 10,68 14,03 7,46 *Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste SNK a 5% de probabilidade. ns não significativo As diferenças constatadas na produção de fitomassa pelas culturas de cobertura não resultaram em maior absorção de nutrientes no feijoeiro. Verificou-se que a fitomassa de crotalária proporcionou maior absorção de fósforo ao feijoeiro comparado as coberturas com girassol, sorgo e milheto BRS 1503.

DISCUSSÃO A elevada taxa de decomposição dos resíduos logo após o corte das plantas, como observado para o níger, girassol e pousio, pode ser atribuída à remoção da fração solúvel em água pela chuva, e à facilidade da decomposição microbiana dessa fração, principalmente em materiais de baixa relação C/N, mesmo quando os resíduos culturais permanecem na superfície do solo (PADOVAN et al., 2006). Alvarenga et al. (2001) afirmam que 6.000 kg ha-1 de resíduos sobre a superfície, seria considerada uma quantidade adequada para conseguir boa taxa de cobertura do solo. Adotando-se este valor, pode-se mencionar que no trabalho os resíduos de sorgo, cultivares de milheto, soja, crotalária e níger proporcionaram eficiente cobertura e proteção ao solo, tornando-se importante para o Estado.

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A ausência de influência da fitomassa na absorção de nutrientes pode ser verificada na quantidade de N presente no feijoeiro, onde o milheto BRS 1503, uma das culturas que produziram maior quantidade de fitomassa, foi a que proporcionou menor absorção de N quando comparado ao pousio. Plantas daninhas possuem maior habilidade competitiva do que culturas agrícolas e de acordo com Procópio et al. (2004) dentre os fatores de competição, os nutrientes, N, P e K, são as perdas mais importantes na produção das culturas agrícolas. Apenas os tratamentos com crotalária, níger e pousio possibilitaram teor adequado de P ao feijoeiro. Já os teores de Mg em todos os tratamentos foram considerados adequados, enquanto que para K, as coberturas com girassol e milheto BRS 1503 proporcionaram teores baixos, e os demais tratamentos teores considerados médios (ROSOLEM e MARUBAYASHI, 1994).

CONCLUSÕES Sorgo, milheto e soja são culturas que produzem quantidade satisfatória de fitomassa e tornam-se importantes opções para produtores da região. A quantidade de fitomassa produzida pelas culturas de cobertura de solo não apresenta relação com a absorção de macronutrientes pelo feijoeiro.

AGRADECIMENTOS

Ao IFRO pelo espaço e recursos. A Embrapa Rondônia por disponibilizar as sementes. Aos alunos do Grupo de Pesquisa em Produção Vegetal pelo empenho na realização das pesquisas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVARENGA, R. C.; CABEZAS, W. A. L.; CRUZ, J, C.; SANTANA, D. P. Plantas de cobertura do solo para sistema plantio direto. Informe Agropecuário, v.22, n.208, p.25-36, 2001. LEAL, R. M.; PRADO, R. M. Desordens nutricionais no feijoeiro por deficiência de macronutrientes, boro e zinco. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.3, n.4, p.301-306, 2008. PADOVAN, M. P.; ALMEIDA, D. L.; GUERRA, J. G. M.; RIBEIRO, R. L. D.; OLIVEIRA, F. L.; SANTOS, L. A.; ALVES, B. J. R.; SOUTO, S. M. Decomposição e liberação de nutrientes de soja cortada em diferentes estádios de desenvolvimento. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.41, n.4, p.667-672, 2006. PROCÓPIO, S. O.; SANTOS, J. B.; PIRES, F. R.; SILVA, A. A.; MENDONÇA, E. S. Absorção e utilização do nitrogênio pelas culturas da soja e do feijão e por plantas daninhas. Planta Daninha, v.22, n.3, p.365-374, 2004. ROSOLEM, C. A.; MARUBAYASHI O. S. Seja o doutor do seu feijoeiro. Informações Agronômicas, n.68, p.1-16, 1994. SOUZA, F. F; RAMALHO, A. R; NUNES, A. M. L. Cultivo do feijão comum em Rondônia. Porto Velho: Embrapa Rondônia. 2005. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Feijao/CultivodoFeijaoComumRO/. Acesso em: 07 jul. 2015.

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ACÚMULO DE NUTRIENTES E DECOMPOSIÇÃO DE RESÍDUOS

VEGETAIS EM REGIÃO TROPICAL

Lenita Aparecida Conus Venturoso1; Luciano dos Reis Venturoso1; Lislie Melissa Vigatto Strique Schmidt1; Wanderson Novais Pereira2; André Luiz da Silva Baia3; Gabriel Alexandre

Martins3; Bruno Cesar Alvaro Pontim4

1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Campus Ariquemes, Ariquemes, RO,Brasil; 2Universidade EARTH, San José, Costa Rica;

3Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Colorado do Oeste, RO, Brasil; 4Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, Brasil; E-mail: [email protected] Síntese: O objetivo do trabalho foi avaliar a decomposição e o acúmulo inicial de macronutrientes em resíduos vegetais de diferentes espécies conduzidas em região de clima tropical. O trabalho foi realizado na área experimental do Instituto Federal de Rondônia, campus Ariquemes, cujo solo é classificado como Latossolo Vermelho Amarelo distrófico. As épocas de avaliação da fitomassa foram 0, 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias após as sacolas (litter bags) terem retornado ao campo, contendo os resíduos vegetais das espécies: soja, milho, sorgo, arroz, crotalária, níger, girassol e duas cultivares de milheto, compondo assim, o delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 6 x 9, com três repetições. Foram determinadas a quantidade de matéria seca remanescente por período de avaliação e o acúmulo inicial de N, P, K, Ca, Mg, S e C orgânico nos resíduos. Todas as culturas apresentaram variações significativas, porém seguiram o mesmo padrão de decomposição com uma fase rápida no inicio seguida de outra gradual. O arroz e o milho são os resíduos de maior persistência para as condições locais, e a decomposição mais acelerada é a dos resíduos de girassol. Os resíduos de níger apresentam elevado acúmulo de macronutrientes e potencial para utilização como cobertura do solo na região. Palavras-chave: acúmulo de macronutrientes; cobertura vegetal; litter bags

INTRODUÇÃO A ocupação das terras do Estado de Rondônia, basicamente com a derrubada da floresta, queima da vegetação e implantação de pastagens sem nenhuma técnica de manejo do solo, constituiu-se em uma das alterações ambientais mais importantes e problemáticas dessa região (FERNANDES e GUIMARÃES, 2003). Além disso, das áreas utilizadas na agropecuária, raros são os casos da utilização de práticas conservacionistas de manejo do solo. A implantação de sistemas de manejo conservacionistas vem sendo uma das estratégias eficazes para aumentar a sustentabilidade dos sistemas agrícolas nas regiões tropicais e subtropicais. Dentre esses, destaca-se o sistema de plantio direto, que preconiza que a palhada seja mantida sobre a superfície, com quantidades suficientes para manter o solo coberto durante todo o ano. Contudo, em regiões tropicais ocorre uma rápida decomposição da matéria seca, por conta das altas temperaturas e umidade (PACHECO et al., 2011), devendo ser recomendado, coberturas com maior relação carbono/nitrogênio por apresentarem maior produção e permanência de fitomassa no solo. O objetivo do trabalho foi avaliar a decomposição e o acúmulo inicial de macronutrientes em resíduos vegetais de diferentes espécies conduzidas em região de clima tropical.

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MÉTODOS

O trabalho foi realizado na área experimental do Instituto Federal de Rondônia, campus Ariquemes, cujo solo é classificado como Latossolo Vermelho Amarelo distrófico. Na safra de verão, foram semeadas as espécies: soja (Glycine max), milho (Zea mays), sorgo (Sorghum bicolor), arroz (Oryza sativa,), crotalária (Crotalaria juncea), níger (Guizotia

abyssinica), girassol (Helianthus annus) e duas cultivares de milheto (Pennisetum glaucum), BRS 1501 e BRS 1503. Na semeadura foram utilizados 300 kg ha-1 do formulado 4-30-16. As culturas foram cortadas logo após o florescimento pleno e mantidas nas parcelas. Posteriormente, foram coletadas amostras em dois pontos ao acaso, com uma quadrícula de 0,5 x 0,5 m. Essas amostras foram lavadas em água destilada e secas em estufa de circulação forçada de ar a 60ºC até atingirem massa constante, com o intuito de determinar a massa seca inicial e calcular em kg ha-1 a cobertura vegetal de cada espécie nas áreas. Os materiais secos foram cortados e distribuídos 20 g de cada espécie em sacos de tela de náilon (litter bags) de malha de 2 mm e dimensões de 20 x 20 cm. As sacolas contendo os resíduos vegetais retornaram a área onde foi cultivado feijão na safrinha. As épocas de avaliação da fitomassa foram 0, 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias após as sacolas terem retornado ao campo, contendo os resíduos vegetais das espécies, compondo assim, o delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 6 x 9, com três repetições. Ao término de cada período três repetições de cada espécie foram coletadas e preparadas, para determinação da quantidade de matéria seca remanescente por período de avaliação (kg ha-1). Para a obtenção dos teores de N, P, K, Ca, Mg, S e C orgânico foi realizado a moagem dos materiais secos, em moinho do tipo Wiley, e envio ao laboratório de análises químicas, sendo calculados os acúmulos iniciais dos nutrientes nos resíduos (kg ha-1). Os dados foram submetidos à análise de variância ao nível de 5% de probabilidade, com o auxílio do programa SISVAR. Na interação significativa entre os fatores, as espécies foram comparadas pelo teste de Tukey e as épocas de avaliação realizaram-se análises de regressão.

RESULTADOS Considerando-se o fator tempo, todas as culturas apresentaram variações significativas, porém seguiram o mesmo padrão de decomposição com uma fase rápida no inicio seguida de outra gradual (Figura 1). O girassol foi a cobertura que recebeu destaque quanto a rápida decomposição, com metade do seu material decomposto aos 76 DAM. Já aos 180 dias verificou-se que 73,7% desse resíduo havia sido decomposto. As palhas de níger e soja apresentaram a metade do material decomposto aos 79 e 84 DAM, respectivamente. Observou-se que 63,4% do níger e 61,6% da soja foram decompostos aos 180 dias, sendo essa rápida decomposição atribuída a baixa relação carbono/nitrogênio (C/N) desses resíduos que apresentaram 12,20 e 17,30, respectivamente. Da mesma forma, verificou-se que a crotalária, com 13,00 de relação C/N, ao final das avaliações apresentou 64,7% de resíduo decomposto, entretanto, demonstrou uma maior persistência para atingir a meia vida, que foi obtida aos 91 DAM. Dentre as espécies avaliadas o sorgo seguido do milheto 1503 e milheto 1501 foram as que apresentaram maior persistência na área apresentando a metade de seu material decomposta aos 178, 110 e 95 DAM respectivamente, fato que pode ser favorecido devido a elevada relação C/N dos materiais que foram de 51,30; 47,00 e 56,78 respectivamente.

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Figura 1. Quantidade de matéria seca remanescente de diferentes culturas vegetais em até 180 dias após o manejo Destacou-se que os resíduos vegetais de arroz e milho não atingiram a meia vida, apresentando aos 180 dias de avaliação 49,4% e 48,2%, respectivamente com relação C/N de 43,73 para arroz e 36,64 para milho. Quanto ao acúmulo de nutrientes, verificaram-se diferenças significativas entre os resíduos vegetais, conforme consta na Tabela 1. Tabela 1. Acúmulo inicial de macronutrientes em diferentes resíduos vegetais

Resíduos vegetais

Nutrientes (kg ha-1) Nitrogênio Fósforo Potássio Cálcio Magnésio Enxofre

Níger 250,0 a 23,8 a 99,9 cd 110,6 a 55,8 a 26,3 a Crotalária 237,5 a 16,3 b 56,3 d 48,1 c 26,3 d 23,8 a Soja 187,5 b 13,8 b 66,5 d 47,5 c 30,0 c 14,4 b Girassol 115,6 c 21,7 a 153,8 ab 78,8 b 38,8 b 14,4 b Milho 87,5 cd 15,0 b 101,3 bcd 20,0 d 19,8 e 7,5 e Arroz 68,8 cd 8,8 c 101,3 bcd 14,4 de 18,1 ef 11,9 bc Miheto1503 68,8 cd 5,0 d 121,9 bc 11,3 e 21,3 e 10,6 cd Milheto1501 62,5 d 5,6 cd 175,6 a 13,1 de 15,6 f 10,6 cd Sorgo 62,5 d 7,7 cd 91,9 cd 11,9 e 11,9 g 8,1 de CV(%) 12,92 8,5 16,91 6,01 4,16 6,78

Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey com significância de 5% Das culturas avaliadas, o níger foi a cultura que apresentou maior acúmulo inicial de nutrientes, com exceção do potássio, onde milheto 1501 foi o mais elevado, não diferindo estatisticamente do girassol. Destaca-se que a crotalária, juntamente com o níger, foram as culturas com maior acúmulo de nitrogênio e enxofre.

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DISCUSSÃO

Resultado semelhantes ao da pesquisa, foram encontrado por Carvalho et al. (2008) que obtiveram 76% do material de girassol e 69% de crotalária decompostos aos 180 dias. Segundo Crusciol et al. (2008) a lenta decomposição dos resíduos, como o arroz e o milho, é favorável, pois preserva a palha por mais tempo na superfície do solo, auxiliando na manutenção da umidade e na proteção contra os efeitos erosivos da chuva. Com relação ao acúmulo inicial de nutrientes, pode-se considerar que a utilização de níger como cobertura, poderia atender a necessidade num cultivo de feijão, pois de acordo com Rosolem e Marubayashi (1994) a cultura precisa extrair do solo 102 kg ha-1 N, 9 kg ha-1 P, 93 kg ha-1 K, 54 kg ha-1 Ca, 18 kg ha-1 Mg e 25 kg ha-1 S, valores esses que poderiam ser supridos pela ciclagem desses elementos nos resíduos de níger. Diversos estudos evidenciaram que o milheto possui elevada eficiência de acumular K. Já para as leguminosas é consagrado que podem promover a introdução mais rápida de N no solo, devido a fixação biológica. Assim, Soratto et al. (2012) constataram maiores teores de K, Mg e S no milheto e de N e Ca na crotalária

CONCLUSÕES O arroz e o milho são os resíduos de maior persistência para as condições locais, e a decomposição mais acelerada é a dos resíduos de girassol. Os resíduos de níger apresentam elevado acúmulo de macronutrientes.

AGRADECIMENTOS Ao Instituto Federal de Rondônia por disponibilizar espaço e recursos. Aos alunos do Grupo de Pesquisa em Produção Vegetal pelo empenho na realização das pesquisas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, A. M.; BUSTAMANTE, M. M. C.; SOUSA JUNIOR, J. G. A.; VIVALDI, L. J. Decomposição de resíduos vegetais em Latossolo sob cultivo de milho e plantas de cobertura. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.32, número especial, p.2831-2838, 2008.

CRUSCIOL, C. A. C.; MORO, E.; LIMA, E. V.; ANDREOTTI, M. Taxas de decomposição e de liberação de macronutrientes da palhada de aveia preta em plantio direto. Bragantia, v.67, n.2, p.481-489, 2008.

FERNANDES, L. C.; GUIMARÃES, S. C. P. (Coords.). Atlas geoambiental de Rondônia. Porto Velho: SEDAM, 2003.138p.

PACHECO, L. P.; LEANDRO, W. M.; MACHADO, P. L. O. A.; ASSIS, R. L.; COBUCCI, T.; MADARI, B. E.; PETTER, F. A. Produção de fitomassa e acúmulo e liberação de nutrientes por plantas de cobertura na safrinha. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.46, n.1, p.17-25, 2011.

ROSOLEM, C. A.; MARUBAYASHI O. S. Seja o doutor do seu feijoeiro. Informações Agronômicas, n.68, p.1-16, 1994.

SORATTO, R. P.; CRUSCIOL, C. A. C.; COSTA, C. H. M.; FERRARI NETO, J.; CASTRO, G. S. A. Produção, decomposição e ciclagem de nutrientes em resíduos de crotalária e milheto, cultivados solteiros e consorciados. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.47, n.10, p.1462-1470, 2012.

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AJUSTE DE EQUAÇÕES VOLUMÉTRICAS PARA Lecythis lurida (MIERS)

S.A. MORI NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS Rosilena Conceição Azevedo de Oliveira¹; Rafael Rode¹; Dárlison Fernandes Carvalho de

Andrade²

¹Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, PA, Brasil; ²Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, escritório da Floresta Nacional do Tapajós, Santarém, PA, Brasil; E-mail: [email protected]. Síntese: Este trabalho tem o objetivo de ajustar e selecionar modelos volumétricos para Lecythis lurida (Miers) S.A. Mori, conhecida popularmente como Jarana, bem como avaliar o impacto da multicolinearidade na estimativa dos parâmetros de regressão, na Unidade de Produção Anual nº 07 (UPA 07), Floresta Nacional do Tapajós, Belterra, Pará. Para isso, foram selecionadas 419 árvores cubadas que passaram por romaneio posteriormente a exploração, após o cálculo dos volumes reais das toras com casca pela fórmula de Smalian, 5 modelos matemáticos foram ajustados para a espécie em estudo: Husch, Spurr, Schumacher-Hall, Kopezky-Gehrhardt e Meyer. A seleção do melhor modelo foi com base nas medidas de ajuste e precisão: coeficiente de determinação ajustado (R² aj.), erro padrão da estimativa relativo (Syx%), análise gráfica da distribuição dos resíduos percentuais e através do VIF (Variance Inflation Factor), que mede a multicolinearidade nas equações. Os melhores ajustes foram do Modelo de Meyer, seguido de Schumacher-Hall e Spurr com coeficientes de determinação (R²) de 0,83 a 0,82, respectivamente. Os valores de (Syx %) não ultrapassaram 27 %, sendo o menor erro encontrado na equação de Meyer (16,27%), seguida de Spurr (16,55 %) e Schumacher-Hall (16,63%), o modelo que apresentou distribuição mais homogênea dos resíduos em torno da linha média do gráfico foi o de Spurr. Com relação ao problema de multicolinearidade, a equação de Meyer apresentou valores altíssimos de correlação nas variáveis independentes, já o modelo de Schumacher-Hall demonstrou que não houve problemas com relação às variáveis independentes. Os modelos de Spurr e Schumacher-Hall são os mais indicados para a estimativa do volume de Lecythis lurida (Miers) S.A.Mori para a área de manejo. Palavras-chave: manejo florestal; modelos volumétricos, Jarana

INTRODUÇÃO

O volume é a variável que constitui uma das informações de suma importância para o conhecimento do potencial florestal disponível em uma região, ao saber o volume individual de espécies, permite-se o início da análise do conteúdo lenhoso dos povoamentos florestais (MACHADO et al. 2002).

O ajuste de equações que estimam variáveis de populações florestais não possui caráter científico, portanto, é imprescindível ajustá-las para diferentes espécies, sítios, idades, entre outros casos (MIRANDA et al. 2014). Ao longo do tempo, vários modelos matemáticos foram desenvolvidos e testados para o ajuste de equações de volume, ainda que o uso de alguns desses modelos tenha se tornado convencional, não existe um modelo capaz de ter a melhor atuação para todas as espécies e condições. Então, recomenda-se o teste de vários deles para, a partir de análises estatísticas, identificar o melhor dependendo de cada caso (MACHADO et al. 2002).

De modo a obter estimativas do volume para Lecythis lurida (Miers) S.A. Mori, conhecida popularmente como Jarana, o presente trabalho tem como objetivo ajustar e selecionar modelos volumétricos, bem como a avaliar o impacto da multicolinearidade na estimativa dos parâmetros de regressão, na Unidade de Produção Anual nº 07 (UPA 07), Floresta Nacional do Tapajós, Belterra, Pará.

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MÉTODOS A área de estudo está localizada na Unidade de Conservação (UC) federal Floresta Nacional

do Tapajós (FLONA do Tapajós), município de Belterra, mais precisamente no km 83 da Rodovia BR 163, na área de manejo florestal Samambaia, onde a atual detentora do Plano de Manejo Florestal Comunitário da UC é a Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós (COOMFLONA).

A Unidade de Produção Anual 07 (UPA 07) foi explorada no ano de 2012, está subdividida em 11 Unidades de Trabalho (UTs), sendo que 9 UTs possuem cada, uma área de 100 ha e 2 UTs possuem cada, uma área de 50 ha, totalizando 1000 ha como área total da UPA 07. As coordenadas são de 03º00’14” S e 54º57’56” W.

O clima da é região classificado como Ami no sistema Köppen, ou seja, tropical úmido com variação o térmica anual inferior a 5ºC, apresentando temperaturas mais baixas superiores a 15 e um período seco de até 40 dias. Dados climáticos registram temperatura média anual de 25,5ºC. A precipitação média anual chega em torno de 1820 mm (IBAMA, 2004). O relevo da área varia de plano a levemente ondulado. O solo predominante é o Latossolo Amarelo Distrófico (CARVALHO, 1980).

Os dados de cubagem rigorosa foram obtidos após a exploração da UPA 07, com dados de planilha das espécies que passaram por romaneio. Para a análise dos dados, foram selecionadas 419 árvores cubadas de Lecythis lúrida.

Após o cálculo dos volumes reais das toras com casca pela fórmula de Smalian, 5 modelos matemáticos foram ajustados para a espécie em estudo, conforme Tabela 1, por meio dos softwares Excel 2007 e Action 2.9.

Tabela 1: Modelos matemáticos utilizados para o ajuste de equações de Lecythis lurida (Miers) S.A.Mori., na Floresta Nacional do Tapajós.

Número Modelos Autor 1 ln(V) = β0 + β1 . ln(D) + ε Husch 2 V = β0 + β1 . D².H + ɛ Spurr 3 ln(V) = β0 + β1 . ln(D) + β2 . ln(H) + ε Schumacher-Hall 4 V = β0 + β1.d² + ε Kopezky – Gehrhardt 5 V = β0 + β1 .D + β2 .D² + β3 . D.H + β4 . D².H + β5 . H +ɛ Meyer

V = volume comercial com casca, em m³; D = diâmetro à altura de 1,30 m (DAP), em cm; H = altura comercial, em m; β0,β1,β2,β3,β4,β5 = parâmetros de regressão; ln() = logaritmo neperiano; e ɛ = erro aleatório.

Após o ajuste das equações, foi selecionado o melhor modelo para a estimativa dos volumes,

com base nas medidas de ajuste e precisão: coeficiente de determinação ajustado (R² aj.), erro padrão da estimativa relativo (Syx%) e a análise gráfica da distribuição dos resíduos percentuais em função da variável dependente estimada (volume individual em m³).

A multicolinearidade é uma complicação no ajuste do modelo que pode causar impactos na estimativa dos parâmetros, ela foi verificada através do VIF (Variance Inflation Factor). O VIFj mede o quanto a variância do coeficiente βj é inflacionada por sua colinearidade. Geralmente, o VIF é indicativo de problemas de multicolinearidade se VIF>10.

RESULTADOS Os resultados da análise de regressão dos cinco modelos testados se encontram na Tabela 2. Após ajuste dos modelos, três apresentaram resultados superiores. Os modelos de Husch e de

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Kopezky-Gehrhardt, ambos de entrada simples, apresentaram resultados insatisfatórios, com R²aj. em média de 0,56 e o erro padrão da estimativa (Syx %) variando de 25,92 a 26,05 %. Os modelos com maior valor de R²aj. foram Meyer (modelo 5), Spurr (modelo 2) e Schumacher-Hall (modelo 3) com 0,83, 0,82 e 0,82, respectivamente. Para o erro médio de estimativa (Syx %), os valores recalculados não ultrapassaram 27%, sendo o menor erro encontrado na equação de Meyer (16,27%), seguida de Spurr (16,55%) e Schumacher-Hall (16,63%). Tabela 2: Coeficientes ajustados e parâmetros estatísticos de ajuste e precisão para estimativas volumétricas do povoamento de Lecythis lurida (Miers) S.A.Mori, localizado no município de Belterra/Pará.

Modelo Coeficientes R² aj.

(%) Syx(%) B0 B1 B2 B3 B4 B5

1 -6,6358 1,901388 0,56 26,05 2 0,728044 4,22E-05

0,82 16,55

3 -8,53905 1,800206 0,81907

0,82 16,63 4 0,390072 0,000814

0,56 25,92

5 -21,4131 0,583373 -0,00372 -0,02605 0,000211 0,97073 0,83 16,27 R²aj% = coeficiente de determinação ajustado em percentagem; Syx% = erro-padrão da estimativa em percentagem;; β0, β1, β2 = parâmetros da regressão. O teste de multicolinearidade indicou para a equação de Meyer valores altíssimos de correlação nas variáveis independentes, uma vez que os valores de VIF foram maiores que 10 (D= 3116,72; D²= 3237,26; H= 1611,07; D.H= 10269,21; D².H= 5228,87). Já o modelo de Schumacher-Hall apresentou níveis aceitáveis de relação das variáveis independentes, ficando os valores de VIF abaixo de 10 (Ln D= 1,007; Ln H= 1,007). De acordo com os gráficos de resíduos (figura 1), o modelo que apresentou distribuição mais homogênea dos resíduos em torno da linha média do gráfico, foi o modelo 2 de Spurr.

Figura 1: Modelos com melhores ajustes de distribuição gráfica dos resíduos em porcentagem do volume real para Lecythis lurida na FLONA do Tapajós.

DISCUSSÃO

Apesar da equação de Meyer ter apresentado alto valor de R²aj. (0,83) e baixo valor de Syx% (17,20), segundo Ferreira (2009), quando há presença de correlação alta, os coeficientes de regressão estimados tendem a ser imprecisos e as estimativas dos coeficientes podem oscilar consideravelmente de um subconjunto de dados para outro, além disso, há a dificuldade em se obter interpretações sobre o efeito isolado de cada uma das variáveis.

O modelo de Schumacher-Hall tem sido normalmente apontado como o mais eficiente para expressar a relação funcional entre volume de madeira em função do diâmetro e altura (GUIMARÃES & LEITE, 1996). Silva-Ribeiro et al (2014), em seu estudo também na Floresta Nacional do Tapajós, testando modelos para três espécies, apontou resultados semelhantes,

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destacando o modelo de Schumacher-Hall como o mais apropriado para as espécies em estudo, juntamente com o modelo de Spurr log.

CONCLUSÕES

Através das análises, o modelo que apresentou melhores resultados a partir das medidas de ajuste (Meyer), foi o que também demonstrou correlação altíssima nas suas variáveis independentes, indicando assim que o modelo não é apropriado. O segundo (Spurr) e o terceiro melhor ajuste (Schumacher-Hall), apresentaram resultados satisfatórios tanto nas medidas de ajuste quanto relacionado à multicolinearidade, demonstrando que há precisão em seus coeficientes, sendo então os mais indicados para a estimativa do volume de Lecythis lurida (Miers) S.A.Mori.

AGRADECIMENTOS

Ao Coordenador de manejo florestal da Floresta Nacional do Tapajós, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MIRANDA, D.L.C. de; PARO, B.A.V; COSTA, G.R. Estimativa do volume em árvores de Hymenaea coubaril L. e Trattinnickia burserifolia Mart. no norte de mato grosso. Pesquisas Agrárias e Ambientais, Nativa, Sinop, v. 02, n. 04, p.119-123, out./dez. 2014.

SILVA-RIBEIRO, R.B; GAMA, J.R.V; MELO, L.O. Seccionamento para cubagem e escolha de equações de volume para a Floresta Nacional do Tapajós. Cerne. v. 20, n. 4, p. 605-612, 2014.

MACHADO, S. A; CONCEIÇÃO, M.B; FIGUEIREDO, D.J. Modelagem do volume individual para diferentes idades e regimes de desbaste em plantações de Pinus oocarpa. Revista Ciências Exatas e Naturais, Vol. 4, n. 02, Jul/Dez 2002.

FERREIRA, M.Z. Modelagem da influência de variáveis ambientais no crescimento e na produção de Eucalyptus sp. 2009. 101p. Tese (Doutorado em Ciências florestais). Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais, 2009.

GUIMARÃES, D.P; LEITE, H.G. Influência do número de árvores na determinação de equação volumétrica para Eucalyptus grandis. Scientia forestalis. n. 50, p. 37-42, dez., 1996.

CARVALHO, J.O.P. Inventário diagnóstico da regeneração natural da vegetação em área da Floresta Nacional do Tapajús. Belém, Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido. EMBRAPA. Boletim de Pesquisa, 1980. Belém, PA.

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Floresta Nacional do Tapajós – Plano de Manejo. Volume 1, Brasília, 2004. 580 p.

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ANÁLISE DA DINÂMICA VEGETAL POR MEIO DE ÍNDICES DE

VEGETAÇÃO NO MUNICÍPIO DE FLORESTA DO ARAGUAIA – PA

Adriano Anastacio Cardoso Gomes(1); Jessyca Fernanda dos Santos Duarte(2); Breno Wendell de Souza Vinagre (3); Tamires Raiane Ribeiro Damasceno(4); Marcos Alexandre Lopes

Pantoja(6); Merilene do Socorro Silva Costa(7).

(1-6) Discente na Universidade Federal Rural da Amazônia, Instituto Ciberespacial, Laboratório de Geoprocessamento, Analise espacial e Monitoramento por satélite, Belém, PA, Brasil. (7) Docente na Universidade Federal Rural da Amazônia, Instituto Ciberespacial, Laboratório de Geoprocessamento, Analise espacial e Monitoramento por satélite, Belém, PA, Brasil. E-mail: [email protected] Síntese: O desmatamento irracional dos recursos florestais tornou-se um grande problema, com a diminuição significativa das matas nativas provocando uma grande perda de espécies nativas e nobres. Devido a esta problemática, fez-se necessário um estudo da dinâmica vegetal no município de Floresta do Araguaia, Pará, por meio do Índice de Vegetação por diferença Normatizada (NDVI), cujo método detecta onde há presença e ausência de vegetação. Foram analisadas imagens de satélites referentes aos anos de 2006 e 2014, foi observado que houve aumento nas classes de vegetação densa e secundária, bem como a redução nas áreas de solo exposto e vegetação rasteira, o que representa um aspecto positivo na redução do desmatamento. Palavras–chave: cobertura vegetal; desmatamento; regeneração; geoprocessamento; ndvi

INTRODUÇÃO O desmatamento irracional dos recursos florestais tornou-se um grande problema, com a diminuição significativa das matas nativas provocando uma grande perda de espécies nativas e nobres como: mogno e acapu. Esse tipo de desmatamento vem acontecendo ao longo da historia através de ações naturais ou humanas, sendo esta a maior responsável, por provocar queimadas e utilizar agropecuária para abertura de pastos (ARRAES et al. 2012). O Sensoriamento Remoto (SR) junto com o Geoprocessamento tornaram-se ótimas ferramentas que auxiliam no monitoramento e controle de áreas desmatadas, visando procurar e identificar os principais pontos onde o desmatamento ocorre (NOVO, 2008). Dentre desse contexto encontramos a Amazônia como um dos principais locais que tem ocorrido desmatamento. O monitoramento dessas áreas desmatadas tem sido feito por várias organizações e empresas com diferentes projetos, dos quais podemos ressaltar o Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (PRODES), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). A fim de analisar as condições da dinâmica da cobertura vegetal no município de Floresta do Araguaia, o presente estudo baseou-se no método de classificação temporal por NDVI (Normalized

Difference Vegetation Index), correspondente aos anos de 2006 e 2014, visando observar se houve regeneração vegetal.

MÉTODOS O estudo foi realizado no município de Floresta do Araguaia, Pará, o qual se encontra localizado a 893km de Belém, capital do estado. O município está entre as coordenadas 7º33'16''S e 49°42'49'' W. A área de estudo é representada na Figura 1.

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Figura 1 – Mapa de localização do município de Floresta do Araguaia, Pará

Foram utilizadas imagens de satélite referentes a junho dos anos de 2006 e 2014, obtidas a partir do satélite Landsat/TM 5 e 8.Foi realizada a classificação por meio do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), para observar as mudanças na paisagem do município. A fórmula para o cálculo de NDVI é representada a seguinte:

NDVI= NIR – RED NIR + RED

A classificação NDVI resultou em 6 categorias: Floresta Densa, Vegetação Secundaria, Vegetação Rasteira, Solo exposto, Área Alagada e Água. A partir disto, pôde-se avaliar a quantidade de área desmatada e a regeneração vegetal nos diferentes anos.

RESULTADOS

A classificação gerou 6 categorias, conforme pode ser observado na tabela 1. Tabela1 – Quantificação das áreas das classes trabalhadas em km² e em %.

2006 2014 Classes Área (km²) Taxa (%) Área (km²) Taxa (%) Floresta Densa 2,8413 0.041 2859,9443 1,463 Vegetação Secundária 46,0683 0.658 451,5714 0,942 Vegetação Rasteira 150,4638 2,148 66,0132 6,447 Solo exposto 1328,7447 18,971 10,0710 17,509 Área alagada 1034,3430 14,767 4,0554 21,844 Água 879,0417 12,550 51,7860 1,478

DISCUSSÃO

Pode-se verificar através da tabela 1, a regeneração do município de Floresta do Araguaia, ao observar as classes de floresta densa e vegetação secundária, que apresentaram um aumento de 1,42% e 0,28%, respectivamente, enquanto que apresentou uma redução nas áreas de solo exposto e

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vegetação rasteira em 1,46% e 4,3%, respectivamente. Os resultados podem ser melhor observados nas figuras 2 e 3, representando a classificação dos anos de 2006 e 2014, respectivamente.

Figura 2 – Mapa de classificação NDVI para o ano de 2006 em Floresta do Araguaia.

Figura 3 – Mapa de classificação NDVI para o ano de 2014 em Floresta do Araguaia.

CONCLUSÃO

O método NDVI mostrou-se bastante eficaz na análise ambiental, o que pôde ser constatado no presente estudo. As áreas de floresta densa e vegetação secundária apresentaram aumento significativo em sua extensão de área, enquanto que classes como solo e vegetação rasteira apresentaram redução, o que pode significar aspectos positivos para a recomposição vegetal e na redução do desmatamento.

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AGRADECIMENTOS

Ao Laboratório de Geoprocessamento, Analise espacial e Monitoramento por satélite (LAGAM), pelo uso dos equipamentos empregados nesta pesquisa, bem como a todos que contribuíram de todas as formas para o desenvolvimento e sucesso desta pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARRAES, R. A. et al. Causas de desmatamento no Brasil e seu Ordenamento no Contexto Mundial. 2012. In: http://www.scielo.br/pdf/resr/v50n1/a07v50n1.pdf (acessado em 26 de fevereiro de 2015). NOVO, E. M. L. de M. SENSORIAMENTO REMOTO: Princípios e Aplicações. 4º Ed. Editora: Edgard Blucher 2008, p388. MARQUES, R. Índices de vegetação. Universidade federal da Paraíba centro de ciências exatas e da natureza departamento de geociências. MEDEIROS, J. S. D. Bancos de dados geográficos e redes neurais artificiais: tecnologias de apoio à gestão do território. 1999. 220 f. Tese (Doutorado em Geografia Física) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999. NOVO EML de M Sensoriamento Remoto: Princípios e aplicações. São Paulo: Edgar Blucher, 1988. 308p. POZONI, Fávio Jorge e SHIMABUKO, Yosio Edemir. Sensoriamento Remoto no Estudo da Vegetação. São José dos Campos, SP: Parêntese, 2009. USDA. EU-27 BIOFUELS ANNUAL – Annual Report 2010. USA. Disponível em: <http://gain.fas.usda.gov/> acesso em 27/02/2015.

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ARRANJO E DIVERSIDADE DE ESPÉCIES NOS SISTEMAS

AGLOFLORESTAIS DA REGIÃO DO TAPAJÓS, AMAZÔNIA, BRASIL Jéssica conceição Nunes Silva¹; Everton Cristo de Almeida¹ Ulisses Sidney da Conceição Silva¹

¹ Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Laboratório de Sementes Florestais, Santarém, PA, Brasil; E-mail: [email protected] Síntese: O objetivo desse trabalho foi verificar a abundância, frequência e diversidade de espécies nos diferentes arranjos dos sistemas agroflorestais em cinco comunidades do município de Belterra, na grande área de influência do Rio Tapajós, no Oeste do Pará. No levantamento realizado sobre os Sistemas Agroflorestais (SAF’s) na área do município de Belterra foram coletados dados em cinco comunidades sorteadas, assim distribuídas: Chibé, Nova Aliança, Santa Clara, Betânia e Nova Olinda. Foi utilizado questionário semiestruturado para coleta de informações quantitativas e qualitativas, como composição das espécies, abundância, espaçamento, área, arranjo dos sistemas e seus respectivos grupos de usos, índice de diversidade de Shannon (H’) e Equabilidade de Pielou (J’). Foram identificados (34) espécies distribuídas nos (16) sistemas estudados. O índice de diversidade foi de (H’ =2,70) e (J’ =0,76). As espécies que apresentaram maior abundância e frequência foram respectivamente, Andiroba, Cacau, Cumaru, Curauá, Banana, Ipê, Mogno e Tatajuba que juntas representam mais de 50% da frequência relativa das espécies, e aproximadamente 60% da abundância absoluta. A escolha da espécie no arranjo dos (SAF’s) é realizado levando em consideração a cultura e possível comercialização, conhecida a diversidade dos sistemas agroflorestais de Belterra é possível realizar provisões para estudos sobre diversidade e conservação. Palavras-Chave:Agrofloresta; Agrossilvicultura; Amazônia

INTRODUÇÃO

As técnicas agroflorestais têm sido desenvolvidas empiricamente e vêm sendo utilizadas há várias gerações pelos índios e pelo homem do campo em diferentes partes do mundo, mas só recentemente tem despertado interesse como atividade científica. Atualmente o grande desafio da agricultura é encontrar formas de uso da terra que sejam sustentáveis (LAMÔNICA & BARROSO, 2008). De acordo com LOURENÇO et al. 2009 estudos sobre sistemas agroflorestais em regiões de terra firme são escassos e merecem destaque, pois determinam o potencial de sustentabilidade de muitas comunidades locais, o conhecimento da diversidade de espécies agrícolas e arbóreas é essencial para a manutenção dessa agrobiodiversidade local. Os sistemas agroflorestais podem ser, então, uma boa alternativa para utilização dos recursos com alto nível de sustentabilidade, devido ao aumento da biodiversidade no sistema de produção. Os sistemas agroflorestais são compostos por duas ou mais espécies, com pelo menos uma lenhosa e uma perene, espécies frutíferas e madeireiras entram nesta lista de utilização. Os sistemas podem ser de subsistência com diversificação de espécies ou comercial com seleção de duas ou mais espécies principais (LAMÔNICA & BARROSO, 2008).

As atividades no meio rural com sistemas agroflorestais desta forma podem ser vistas como alternativas mais justas e sustentáveis para o uso da terra, e para ALVES (2008), muitas vezes essas experiências podem subsidiar ações de melhor uso e adequação de práticas agroecológicas. Barreira et al., (2002) expõem que, estudos desta natureza, possuem grande importância, já que permitem conhecer o desenvolvimento das várias espécies e como estas podem ocupar os diversos estratos destas áreas, sendo possível planejar ações de melhor aproveitamento de seus potenciais. Nesse sentido o objetivo desse trabalho foi verificar a abundância, frequência e diversidade de

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espécies nos diferentes arranjos dos sistemas agroflorestais em cinco comunidades do município de Belterra, que ficam ao longo do Rio Tapajós no Oeste do Pará.

MÉTODOS

O município de Belterra está localizado na microrregião de Santarém, na mesorregião do Baixo Amazonasnas coordenadas (02° 38'S, 54° 57'W) a cerca 45 km da região metropolitana de Santarém, na grande área de influência do Rio Tapajós. O clima da região é do tipo tropical úmido apresentando temperatura média anual de 26,2ºC. A precipitação média anual varia de 1.700 a 2.500 mm por ano, com umidade relativa média do ar de 86%(INMET, 2015). Inicialmente foi realizado um diagnóstico de quais comunidades do município possuem sistemas agroflorestais, e depois sorteio das comunidades entrevistadas in loco. A pesquisa compreendeu o período de início em agosto de 2014 e finalização em fevereirode 2015. As unidades amostrais foram os sistemas agroflorestais das propriedades visitadas. Foi utilizado questionário semiestruturado para coleta de informações quantitativas e qualitativas, como composição das espécies, abundância, espaçamento, área, arranjo dos sistemas e seusrespectivos grupos de usos.Os sistemas agroflorestais foram analisados pela abundância, frequência e arranjos classificando-as conforme os seus respectivosgrupos de uso. A diversidade florística foi estimada pelo índice de diversidade de Shannon (H’) e equabilidade pelo índice de equabilidade (J’) de Pielou (J’ = H’ / H’max, onde: H’max = ln (s) e s = número de espécie) segundo recomendações de Brower et al., (1998). Todos os dados foram processados em planilha eletrônica.

RESULTADOS

Foram entrevistados (16) sistemas agroflorestais com número total de indivíduos de 1718, com área total de 39 hectares, foram identificadas (S=34) espéciesorganizadas em diferentes arranjos, composto por culturas agrícolas, espécies madeireiras e componente animal, os arranjos dos sistemas agroflorestais estão em função dos diferentes componentes, como pode ser observado na (Tabela 1).

Tabela 1. Arranjo dos diferentes componentes dos sistemas agroflorestais avaliados no município de Belterra, PA.

O índice de diversidade foi de (H’ =2,70) e o coeficiente de Pielou foi de (J’ =0,76), as

espécies que apresentaram maior abundância e frequência foram respectivamente,

SAF Componentes 1 Curauá + Cumaru + Andiroba 2 Curauá + Freijó 3 Coco + Limão + Abelhas 4 Laranja + Urucum + Cacau + Paricá 5 Pará-Pará + Andiroba + Pimenta + Cacau 6 Andiroba + Gado 7 Gado + Taperebá + Moringa + Pará-Pará + Andiroba 8 Açaí + Cumarú + Cupuaçu + Banana + Pimenta 9 Cacau + Tatajuba + Ipê + Mogno + Banana + Castanha 10 Cacau + Banana + Tatajuba + Andiroba 11 Cacau + Tatajuba + Ipê + Mogno + Banana 12 Castanha + Macacaporanga + Andiroba + Seringa + Acariquara + Mogno + Pimenta 13 Mandioca + Cumarú + Cupuaçu + Cacau + Seringa +

Cedro + Andiroba + Bacuri + Jenipapo + Fava + Açaí + Pupunha + Jaca

14 Cumarú + Curauá 15 Cumarú + Curauá 16 Limão + Curauá

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Andiroba(CarapaguianensisAubl.), Cacau(TheobromacacaoL.), Cumarú (DipteryxOdorata (Aublet.) Willd.),Curauá (Ananaslucidus Miller), Banana(Musa sp.), Ipê (Handroanthus sp.), Mogno (Swieteniamacrophylla King) e Tatajuba (BagassaguianensisAubl.) que juntas representam mais de 50% da frequência relativa das espécies, e aproximadamente 60% da abundância absoluta. Como pode ser observado na (Tabela 2). As espécies possuem múltiplos usos dentro dos sistemasagroflorestais, distribuídos da seguinte maneira, Alimentar (36,17%), Madeireiro (27,66%), Medicinal (19,15%) seguido de Fibras (4,26%) e outros (12, 77%).

Tabela 2. Principais componentes dos (SAF’s), Abundância Absoluta (N), Frequência Absoluta (FA), Frequência Relativa (FR) e grupos de uso dos sistemas agroflorestais avaliados no município de Belterra, PA.

Componentes N FA FR Uso¹* Andiroba 131 37,5 8,6 M, MD Cacau 279 37,5 8,6 A Cumarú 127 31,3 7,1 M, MD Curauá 99 31,3 7,1 F Banana 137 25,0 5,7 A Ipê 42 18,8 4,3 M Mogno 34 18,8 4,3 M Pimenta 59 18,8 4,3 A Tatajuba 104 18,8 4,3 M Açaí 128 12,5 2,9 A, F, O Castanha 11 12,5 2,9 A, M, O Cupuaçu 100 12,5 2,9 A, M, O Gado 70 12,5 2,9 A Limão 23 12,5 2,9 A, MD Pará-Pará 50 12,5 2,9 M Seringueira 22 12,5 2,9 M, O Outras espécies²* 302 113 26 - Total Geral 1718 438 100 -

¹* M= Madeireiro, MD= Medicinal, A= Alimentar, F=Fibra; O= Outros (Látex, Artesanato, Lenha, etc.); ²* Somatório do restante dos componentes, todos os demais obtiveram (FA= 6,3) e (FR= 1,4).

DISCUSSÃO Foram identificadas 34 espécies nos diferentes arranjos dos sistemas agroflorestais de

Belterra, resultado semelhante ao observado por Vieira et al., (2007) em estudo realizado na região Tome-Açu que foi de 38 espécies. As espéciesAndirobae cacau obtiveram maior percentual de frequência dentre as espécies analisadas no presente estudo, ambas com (8,6%) de frequência nos sistemas agroflorestais analisados e abundância respectivamente de (131 ind.) e (279 ind.) tais espécies foram destaques em outros estudos realizados na região como o conduzido por Bolfe & Batistelle (2011) em sete sistemas agroflorestais em Tome-Açu, no estado do Pará, já Santos, Miranda & Tourinho (2004) realizaram um estudo em sistemas agroflorestais de Cametá, Pará onde as espécies que obtiveram maior frequência e abundância nos sistemas analisados foram, Açaí, Cacau, Seringueira e Andiroba, observa-se papel destaque do cacau em todo o estado em vários sistemas agroflorestais. O índice de diversidade encontrado dos sistemas agroflorestais de Belterra foi de (H’ =2,70) e a equabilidade de Pielou de (J’ =0,76), resultadopróximo aos encontrados por Bolfe & Batistelle (2011) em sistemas agroflorestais estudados em Tomé-Açu, PA, que foram de (H’ =2,35) e equabilidade de Pielou de (J’ =0,64), similares ao de Nobrega et al., (2008) em áreas de reflorestamento que foram de (H’ =2,4).

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CONCLUSÕES

Os sistemas Agroflorestais são sistemas de alta diversidade em pequeno espaço cultivado, a questão da segurança alimentar e produtiva está em foco no momento da escolha dos diferentes componentes que farão parte do arranjo do sistema agroflorestal. As espécies Andiroba, Cacau, Cumarú, Curauá e Banana são as espécies mais cultivadas nos diferentes arranjos dos sistemas agroflorestais estudados no município de Belterra, Pará. Conhecida a diversidade dos sistemas agroflorestais de Belterra é possível realizar provisões para estudos sobre diversidade e conservação.

AGRADECIMENTOS À UFOPA pela bolsa de pesquisa, a todos os comunitários que receberam a equipe de pesquisadores em suas propriedades, sem essa colaboração essa pesquisa não seria possível. E a todos os demais colaboradores que contribuíram com a pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Ecology, 4 th WCB/McGraw, New York. 273p. 1998. IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, p. 92, 1992. (Manuais técnicos de Geociências, 1). INTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA (INMET) – Serie Temporal de Precipitação, Temperatura Média, Máxima e Mínima do município de Belterra. National Centers for Environmental Prediction (NCEP), 2015. LAMÔNICA, K.R. & BARROSO, D. G. B. Programa Rio Rural. Sistemas agroflorestais: aspectos básicos e recomendações. Manual Técnico 07. ISSN 1983-5671. Niterói, Rio de janeiro 2008. LOURENÇO, J. N. de P; SOUSA, S. G. A. de; WANDELLI, E. V.; LOURENÇO, F. de S.; GUIMARÃES, R. dos R.; CAMPOS, L. da S.; SILVA, R.; MARTINS, V. F. C. Agrobiodiversidade nos Quintais Agroflorestais em Três Assentamentos na Amazônia Central. Rev. Bras. De Agroecologia, resumos do VI CBA e II CLAA Vol. 4 No. 2, nov. 2009. NÓBREGA, A. M. F. da; VALERI, S. V.; PAULA, R. C. de; SILVA, S. A. da. Regeneração natural em remanescentes florestais e áreas Reflorestadas da várzea do rio Mogi-Guaçu, Luiz Antônio – SP. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.32, n.5, p.909-920, 2008. SANTOS, S. R. M. dos; MIRANDA, I. de S.; TOURINHO, M. M. Análise florística e estrutural de sistemas agroflorestais das várzeas do rio Juba, Cametá, Pará. Revista Acta Amazônica, Vol. 34, p. 251 – 263, 2004. VIEIRA, T. A.; ROSA, L. dos S.; VASCONCELOS, P. C. S.; SANTOS, M. M. dos, MODESTO, R. da S. Sistemas agroflorestais em áreas de agricultores familiares em Igarapé-Açu, Pará: caracterização florística, implantação e manejo. Revista Acta Amazônica, vol. 37, p. 549 – 558, 2007.

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ATRATIVIDADE DAS PRINCIPAIS NAÇÕES EXPORTADORAS DE

COMPENSADO AO INVESTIMENTO DO CAPITAL PRIVADO

Peterson Silva de Sousa1;; Sabrina Paiva Conceição1 Rommel Noce2;; Juliana Mendes de Oliveira2.

1Graduando do Curso de Engenharia Florestal do Instituto de Biodiversidade e Floresta, IBEF-UFOPA;; 2Prof.º Dr. Instituto de Biodiversidade e Floresta, IBEF-UFOPA;; E-mail: [email protected] Síntese: O presente trabalho objetivou analisar a relação risco-retorno no período de 2003 a 2013. Admitiu-se a taxa geométrica de crescimento (TGC) como indicativo de retorno e o coeficiente de variação (CV) como indicativo dos riscos. Especificamente estimou-se o risco e retorno das seguintes nações: Brasil, China, Estados Unidos, Malásia, Rússia e Indonésia, identificadas como as principais nações exportadoras de compensado. Conclui-se que, Brasil e EUA destacam-se como mercados atrativos ao investidor tradicional. Os mercados de Malásia e Indonésia mostraram-se menos atrativos ao investimento privado, com isso tendem a sofrer queda de investimentos futuramente, enquanto o cenário contemplado na Rússia e China apresentou-se atrativo ao investidor agressivo, com altas taxas de risco associadas a retornos elevados. Palavras-chaves: comércio internacional;; economia florestal;; risco e retorno

INTRODUÇÃO O Brasil possui hoje uma indústria de base florestal que ao longo dos anos vem ampliando

sua participação no mercado internacional. O potencial produtivo vem aumentando a cada ano, devido principalmente aos investimentos em tecnologia, aumento dos seus ativos florestais e formas mais adequadas de produção que atendam a exigências de qualidade nos mercados consumidores (SOUZA et al., 2014)

Os painéis de madeira, mais especificamente o compensado, vêm ganhando destaque no setor florestal e na economia brasileira ao longo da última década. Parcialmente devido ao grande crescimento do seu potencial produtivo (EISFELD et al., 2012).

O risco fundamentalmente pode ser entendido como a possibilidade de prejuízo financeiro. Referindo-se à variabilidade do retorno associado a certo ativo, no sentindo formal. Assim quanto menor a variabilidade, menor será o risco associado a um determinado ativo (GITMAN, 2010).

Segundo Silva (2007), a analise da dinâmica da atividade florestal demonstra que o setor exigi altos investimentos nos primeiros anos. Oferecendo, em curto prazo, baixas taxas de retorno inicial devido ao lento amadurecimento da floresta. Dessa forma, tende a permiti o retorno do capital em longo prazo. Sendo indispensável avaliar a relação risco-retorno dos produtos florestais, no sentido de contribuir para a percepção da atratividade de capital privado para esse setor.

Dessa maneira, buscou-se analisar a atratividade do mercado das principais nações exportadoras ao investimento privado. Especificamente buscou-se estimar a relação risco-retorno das seguintes nações: Brasil, China, Estados Unidos, Malásia, Rússia e Indonésia, identificadas como as principais exportadoras.

MÉTODOS

Os dados para realização dos cálculos foram obtidos a partir de relatórios da Food and Agricultural Organization -FAO, elaborados no período de 2003 a 2013. Referentes ao preço médio praticado por Brasil, China, EUA, Indonésia, Malásia e Rússia no mercado internacional de compensado.

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Após essa etapa, esses valores de preço foram organizados em séries históricas que

permitiram estimar a Taxa geométrica de crescimento (TGC) e o coeficiente de variação (CV). Admitidos como retorno e risco respectivamente, conforme Santos et al. (2009);; Barbosa et al. (2014).

Especificamente para estimar a tendência, o tempo atuou como regressor e definiu-se como regressando o evento objeto de análise. Utilizaram-se os softwares E-Views 5.0 e Excel para o tratamento dos dados obtidos.

A taxa geométrica de crescimento é dada pela expressão: TGC = (antlog β - 1) x 100

Em que: TGC = taxa geométrica de crescimento β = coeficiente de regressão. O coeficiente de regressão teve seus valores estimados com o ajuste da equação de tendência, através da serie histórica da variável dependente, em dólares por metro cúbico (US$/m³).

Log y = c + βt Onde: Y = variável c = constante de regressão t = tempo O risco foi admitido como CV, conforme Barbosa et al.(2014), ela é uma medida aplicável a séries históricas de diferentes distribuições. Dado pelo quociente entre o desvio padrão e a média dos preços da série histórica, conforme a seguinte fórmula:

𝐶𝑉 = 𝑠𝑥

.100

Onde: CV = coeficiente de variação s = desvio padrão x = média dos valores

RESULTADOS O comportamento do preço do compensado no período de tempo analisado nas principais

nações exportadoras mostrou resultados positivos com tendência de crescimento em todos os mercados variando entre 2,84 % a 7,93 % ao ano. A atratividade do mercado ao investimento privado mostrou-se diferenciada entre as nações, o que pode ser verificado com a relação risco-retorno. O cenário caracteriza um mercado global atrativo a investidores de perfil distintos, contemplando tanto o investidor mais agressivo, como o investidor mais tradicional (Gráfico 1).

DISCUSSÃO

O Brasil apresentou a taxa de retorno mais baixa entre as nações com um risco maior que o observado nos EUA. Essa condição mostra que o mercado brasileiro é menos atrativo ao investimento privado que o americano. Em relação às demais nações, destaca-se quanto ao investidor tradicional, devido a sua taxa de risco ser menor. Atraindo dessa forma um perfil de investidor avesso ao risco.

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Gráfico 1: Relação Risco-Retorno entre as nações de 2003 a 2013.

Fonte: Food and Agricultural Organization - FAO

Verificou-se que a China possui um nível de retorno superior às demais nações. Exceto quanto comparada à Rússia, frente a qual possui também uma taxa menor de risco, configurando uma opção de investimento mais atrativa ao investidor tradicional.

O EUA possui a menor taxa de risco associado entre as nações, além de um retorno próximo de nações com uma taxa de risco maior. Esse cenário torna o mercado americano ideal para a captação de investimentos com um perfil de investidor mais tradicional, que não deseja correr muitos riscos e mesmo assim obter retorno.

A Indonésia apresentou a pior relação dentro do grupo de nações analisadas. Apesar de mostrar taxa de retorno dentre as maiores, seu risco é mais elevado não sendo dessa forma um mercado comparativamente atrativo. Principalmente frente à Rússia e a China, que mostraram níveis de retorno superiores a menores riscos.

A Malásia mostrou-se mais atrativa que a Indonésia, mas em relação á China seu mercado é menos atrativo.

A Rússia apresentou valores altos tanto de risco como retorno. Sendo o mercado com os maiores valores associados, tanto de risco como retorno. Adequada ao perfil de investidor agressivo que procura um mercado com retornos maiores, mas que assume os riscos inerentes a essa decisão.

Os EUA, China e Rússia demostraram uma maior atratividade em relação às demais nações pesquisadas, isso mostra que esses países possuem maior facilidade na captação de recursos para investimentos no setor florestal.

Ao analisar o cenário de investimentos entre os EUA e Brasil, percebe-se que o investidor se torna mais propenso ao investimento no mercado americano.

Considerando China e Malásia percebe-se uma atratividade maior da China em relação à Malásia. Tornando-a mais susceptível a obtenção de investimentos privados. Analogicamente diante da perspectiva de investimento entre o mercado da Rússia e Indonésia. Espera-se que o investidor mostre-se mais atraído pelo mercado Russo.

CONCLUSÕES

China

Malásia Indonesia

Rússia

Brasil

EUA

0%1%2%3%4%5%6%7%8%9%

10%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

Ret

orno

Ass

ocia

do

Risco Associado

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Conforme os resultados e nas condições em que foi desenvolvido este trabalho, concluiu-se

que: - EUA despontará como um mercado mais atrativo ao investidor de perfil mais tradicional,

avesso ao risco; - Malásia, Indonésia e Brasil apresentaram uma relação risco-retorno menos atrativa ao

investimento privado; - China desperta o interesse de investidores que buscam maior retorno que os EUA e menor

risco que a Rússia; - Rússia demonstrou uma atratividade ao investidor mais agressivo, propenso ao risco.

AGRADECIMENTOS A FAPESPA pelo fomento da bolsa de Iniciação Cientifica

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, H. F.; REGO, L. J. S.; PIERO, M. E.; NOCE, R.; OLIVEIRA, J. M. de ; GAMA, J. R. V. Risk-Return and Diference of ipewoodprice in Pará and São Paulo Markets. Cerne, Lavras, v. 20, n. 1, p. 69-72, jan./mar. 2014 EISFELD, C. de L; BERGER, R. Análise das Estruturas de Mercado das Indústrias de Painéis de Madeira (Compensado, MDF e OSB) no Estado do Paraná. Floresta, Curitiba, v. 42, n. 1, p. 21-34, Janeiro-Março 2012. Food and Agricultural Organization - FAO. Disponível em <http://faostat3.fao.org/download/F/FO/E> Acesso em: 28 de abril de 2015 GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2010. 800 p. SANTOS, R. B. do N. dos; SANTANA, A. C. de. Comportamento Recente do Setor Florestal Madeireiro no Estado do Pará, Brasil. R. Árvore, Viçosa-MG, v.33, n.3, p.533-543, 2009. SILVA, Márcio Lopes da; SILVA, Rodrigo Firmino da. Aplicação da programação dinâmica na substituição de povoamentos florestais. Rev. Árvore, Viçosa , v. 31, n. 6, p. 1063-1072, Dec. 2007 . SOUZA, N. D. de; LIMA, H. S; CARVALHO, A. M; NASCIMENTO, A. M. do; JÚNIOR, A. F. D. Avaliação da qualidade de portas de madeira maciça por meio de cartas de controle. Ci. Madeira. Pelotas, v. 5, n. 2, p. 85-92, Outubro-Novembro 2014.

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AVALIAÇÃO DE CONDIÇÕES DE INFRAESTRUTURA E RELAÇÃO COM

A PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO PDS TERRA NOSSA, MUNICIPIO DE NOVO PROGRESSO, PARÁ.

NASCIMENTO, Gabriela de Cássia Santos do¹; PAULETTO, Daniela1; SILVA, Saulo Ubiratan Pinheiro da1; SANTOS, Juliana Andressa Costa dos1; MOTA, Cléo Gomes2

1Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de biodiversidade e Florestas, Santarém, Pará. E-mail: [email protected] 2Instituto Socioambiental Flora Nativa Síntese: O Brasil é um dos países que mais tem se destacado quando se fala em desenvolvimento, no entanto menciona-se muito apenas o econômico e pouco o social, principalmente quando o assunto é Agricultura, a qual muitas das vezes passa despercebida quanto a situação dos produtores que trabalham nesta e muitos destes encontram-se em assentamentos rurais, reorganizados pelo governo. Esse trabalho teve como objetivo avaliar a situação de infraestrutura do PDS Terra Nossa, no município de Novo Progresso e mostrar a relação com a produção dos lotes. Este que foi analisado através de questionário socioambiental aplicados in loco a 22 assentados, visitando individualmente cada lote dos produtores no período de 10 dias, e assim conhecendo a realidade do local de estudo. Pode-se observar que a maioria dos produtores não possui infraestrutura adequada para a produção e comercialização dos produtos advindos do lote e estes acabam sendo apenas para consumo dos mesmos, e os poucos que comercializam enfrentam grandes dificuldades para a distribuição de seus produtos, pelo fato de não haver meio de transporte adequado e pelo alto preço cobrado pelo condutor do único transporte coletivo disponível para acesso a sede municipal de Novo Progresso. Além disso, os produtores que tem transporte próprio também sofrem com as condições das estradas que são extremamente precárias, o que, aliado às limitações de infraestrutura do PDS, reflete estritamente na produção agrícola dos lotes neste assentamento.

Palavras–chave: assentamentos sustentáveis, agricultura familiar, investimentos.

INTRODUÇÃO Atualmente muito tem se falado em desenvolvimento tanto econômico como social dos países, e essa é uma das questões mais discutidas mundialmente, independente de sua posição econômica. Essa questão vem criando uma nova estratégia de desenvolvimento, tirando o foco apenas da renda do país, mas focando sim na melhoria da qualidade de vida das pessoas (SOUSA et al., 2004). Quando o assunto é agricultura a situação é mais complexa, pois, para a melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem deste setor há a necessidade de implantação de políticas públicas direcionadas à produção agrícola e ao estabelecimento dos agricultores em seu local de produção e moradia. No Brasil a situação dos assentamentos é preocupante, pois sabe-se que muitas destas políticas não foram implantadas e muitos agricultores, os familiares principalmente, dependem fortemente de benefícios governamentais para manter sua produção (ALBUQUERQUE et al., 2004) Ainda assim, Sousa et al. (2004) afirma que a agricultura familiar está sendo estudada e apontada como escape para o desenvolvimento sustentável com sua forma de produção, gerando emprego e renda no meio rural. Este trabalho tem como objetivo avaliar as condições de infraestrutura no Projeto de Desenvolvimento (PDS) Terra Nossa e a sua influência na produção agrícola do assentamento.

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MÉTODOS

O PDS Terra Nossa está localizado nos municípios de Novo Progresso e Altamira e tem extensão de 20.081 ha. O assentamento está localizado acerca de 90 km da sede municipal de Novo Progresso e fica localizado às margens da Rodovia BR 163. Em virtude da criação do assentamento sobre áreas onde estavam estabelecidas fazendas com criação bovina a maioria dos lotes do assentamento possui pastagens e, alguns, também Área de Preservação Permanente (APP) degradadas. Para a coleta de informações foram aplicados questionários in loco nas datas de 18/02/15 a 27/02/15, a um número de 22 assentados em forma de entrevista pessoal, com caráter qualitativo. A aplicação do questionário visou obter informações sobre a infraestrutura de cada lote rural (maquinários, ferramentas manuais, implementos agrícolas, meio de transporte e sistema abastecimento de água), assim como condição e manutenção das estradas, produção e destinação dos produtos de cada lote.

RESULTADOS Observou-se que a maioria dos produtores não possui infraestrutura para armazenamento e escoamento da produção em seu lote. Apenas 9% dos produtores tem roçadeira lateral elétrica para manutenção e limpeza do lote e 19% possuem motor elétrico para o beneficiamento dos produtos (produção de farinha de mandioca). Todos os produtores entrevistados possuem ferramentas manuais para limpeza, plantio e colheita de produtos (machado, enxada, facão, foice, etc.). Quanto ao abastecimento de água verificaram-se dificuldades e diversidade de fornecimento (Figura 1). A maioria dos produtores possui poço raso como forma de abastecimento onde não é realizado nenhum tipo de tratamento da água para consumo e também não há estrutura instalada para irrigação de plantios.

Figura 1. Sistema de abastecimento de água nos lotes do PDS Terra Nossa. *Poço Raso refere-se a poços de grandes diâmetros (1 metro ou mais) escavados manualmente e alguns casos revestidos de anéis de concreto. Quanto à produção dos lotes verificou-se que ao todo são produzidos 44 diferentes tipos de produtos agrícolas no PDS onde apenas 5% são processados (principalmente a extração de polpa de cupuaçu e a produção de farinha de mandioca) o que implica na comercialização da maioria dos produtos in natura. Este fato é agravado pela ausência de rede de energia elétrica com distribuição coletiva no PDS o que faz com que alguns produtores tenham que adquirir motores para geração de energia de forma individual o que onera o custo de produção. Verificou-se que 36% dos produtores avaliados tem energia elétrica fornecida por motor a diesel particular que é utilizado de forma esporádica ao longo do dia.

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Observou-se que, em média, os produtores utilizam 86% da produção agrícola para consumo próprio no lote enquanto que 14% desta produção é destinada a comercialização. Os produtos citados como destaque para comercialização são: farinha de mandioca, milho em grãos, polpa de cupuaçu, banana in natura, feijão, porcos e galinhas. Em geral estes produtos são comercializados junto a outros agricultores do assentamento, na cidade de Novo Progresso e no Distrito chamado de Mil, sendo que dois produtores realizam a venda para mercados governamentais com entrega de produtos junto a Escola de Ensino Fundamental que funciona no assentamento. Para a comercialização dos produtos agrícolas do assentamento um dos principais empecilhos identificados foi a dificuldade de escoamento até o local de venda, pois os lotes estão localizados distantes da sede municipal (mais de 100 km). Além disso, as estradas internas do PDS encontram-se permanentemente em situação precária, já que a manutenção depende de obras esporádicas realizadas por mineradores e extratores de madeiras que utilizam estas mesmas estradas. Outro fator identificado, que dificulta a comercialização da produção, é a situação da maioria dos produtores não possuírem transporte próprio adequado sendo, então necessário, utilizar o transporte coletivo para o escoamento da produção (Figura 2). Os produtores que possuem moto também utilizam o transporte coletivo para escoamento da produção, pelo fato de que nem todos os produtos podem ser transportados em moto. Há ainda uma porcentagem de apenas 15% de produtores que possuem seu próprio transporte (caminhonete, carroça, ou outro tipo de carro) que apesar de maior autonomia estão sujeitos as condições deterioráveis das estradas.

Figura 2. Transporte utilizado para escoamento da produção no PDS Terra Nossa.

DISCUSSÃO

No PDS observou-se que a infraestrutura disponível nos lotes do assentamento é de extrema precariedade principalmente para a produção, transporte e escoamento da produção. Segundo Mello (2007) a agricultura familiar em assentamentos tende a produzir mais, pois acessa recursos de forma privilegiada, como o crédito agrícola disponibilizado através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, o que não foi observado no PDS Terra Nossa. Nesse assentamento há carência de investimentos do Governo e de acesso a recursos de fomento apesar do esforço de produção e organização dos produtores, como foi relatado e observado nas entrevistas junto aos produtores, pois nenhum dos produtores entrevistados conseguiu acessar o crédito disponibilizado pelo PRONAF. Apesar de estudos considerarem que o PRONAF traz poucos benefícios, dificuldade na forma de pagamento e morosidade na aprovação dos projetos (ALBUQUERQUE et al., 2004) a ausência deste recurso aliada às limitantes condições de produção no PDS Terra Nossa poderão ser impulsionadores para o abandono ou venda irregular de lotes destinados à reforma agrária.

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Percebe-se, neste estudo, que a produção agrícola nos lotes ainda está voltada à agricultura de subsistência, pois a maioria dos produtos são destinados para o próprio consumo dos assentados. Infere-se, baseado nos relatos dos produtores, que se houvesse infraestrutura apropriada para o escoamento e armazenamento haveria aumento na quantidade de produtos comercializados. Ainda, acredita-se que provavelmente o fato de não haver infraestrutura que amplie as possibilidades de comercialização e de escoamento adequado, contribua para a predominância da produção para o autoconsumo. Como os assentamentos reúnem alguns dos setores sociais mais empobrecidos da sociedade e reflete a estrutural desigualdade social (PICCIN, 2012) o investimento em infraestrutura deveria ser a prioridade de ação junto a criação destes territórios. Os dados obtidos com esta pesquisa reforçam a ideia de Albuquerque et al. (2004) em que o Estado deve assumir o papel de gerenciador das condições necessárias para o bom funcionamento do assentamento e que, como afirma Fernandes (2009) a reforma agrária, enquanto política pública, passa por questões mais amplas além da distribuição de terras.

CONCLUSÕES

A produção agrícola do PDS Terra Nossa é afetada pela falta de infraestrutura para escoamento dos produtos e os produtores que se “arriscam” a comercializar seus produtos enfrentam grandes dificuldades que muitas vezes não compensam o valor pago pelo produto. Percebe-se a importância de investimentos do governo e de órgãos que venham colaborar com a organização e crescimento tanto econômico quanto social destes assentamentos e assim melhorar a qualidade de vida destes produtores.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi realizado com apoio financiamento e logístico do Projeto Horizonte Verde desenvolvido pelo Instituto Socioambiental Flora Nativa (ISAF).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, F., MIRANDA, J. A. P., VASCONCELOS, T. C. As políticas públicas e os projetos de assentamento. Estud. psicol. (Natal); 9(1):81-88, jan.-abr. 2004. FERNANDES, M. J. C. Dinâmica socioeconômica da reforma agrária e dos assentamentos rurais no Território Potiguar. ENGA, São Paulo- SP, 2009 MELLO, P. F. Produção agrícola em assentamentos rurais do Rio Grande do Sul: um estudo quantitativo comparativo. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v. 24, n. 1/3, p. 159-197, jan./dez. 2007 PICCIN, M. B. Assentamentos rurais e geração de renda: posição social restringida, recursos socioculturais e mercados. Economia e Sociedade, Campinas, V. 21, n. 1 (44), p. 115-141, abri, 2012. SOUSA, M. C; KHAN, A. S.; PASSOS, A. T. B. Qualidade de vida da agricultura familiar em assentamentos de reforma agrária no Rio Grande do Norte. Mossoró, RN, 2004.

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AVALIAÇÃO DO CAPIM ELEFANTE cv. ROXO (Pennisetum purpureum)

SUBMETIDA A DIFERENTES NÍVEIS DE ADUBAÇÃO

Débora de Araújo Costa¹; Lizandra Nogueira Ludgerio¹; Sabrina Siani Viana de Araújo¹; Andrea Kristyna Vinente Guimarães2

1Acadêmicas do Curso de Bacharelado em Agronomia da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, PA, Brasil; 2Professora de Forragicultura da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Laboratório de Bromatologia, Santarém, PA, Brasil; E-mail: Dé[email protected] Síntese: O capim-elefante (Pennisetum purpureum) é uma das forrageiras mais difundidas em todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo. É uma gramínea bastante utilizada na região Amazônica para a formação de pasto, devido ao fácil cultivo, elevada produção de matéria seca, bom valor nutritivo, resistência a pragas e doenças, além da boa palatabilidade. Desta forma acreditou se na importância de avaliar se há influencia da adubação para a formação desta gramínea, ou se não se faz necessário o uso da adubação química visando minimizar os custos utilizando somente a terra preta. O trabalho teve por objetivo avaliar o efeito de diferentes níveis de adubação na produtividade do capim-elefante (Pennisetum purpureum) submetida à terra preta e a adubação NPK. Para este trabalho foi utilizado o método de delineamento inteiramente casualizado, com 3 tratamentos e 2 repetições cada, o tratamento1 foi representado somente por terra preta, o tratamento 2 NPK no nível 10-10-10 + terra preta, e o tratamento 3 NPK no nível 10-28-20. A área experimental foi representada por 6 parcelas, cada uma medindo 1,20x1,70 m. Para o plantio foram enterrados 2 colmos por cova, sendo 12 covas por parcela. Aos 30 dias foram realizadas as mensurações das seguintes variáveis: altura, alongamento foliar, número de perfilhos e número de folhas. Aos 80 dias foi realizado o corte do capim, separado em colmo e folhas, pesado para obtenção da matéria verde e levado à estufa de circulação forçada a 55º C por três dias, até obter peso constante (matéria seca). As médias das variáveis analisadas foram submetidas à análise de regressão e comparadas através dos valores de probabilidades. Os diferentes níveis de adubação não influenciaram no alongamento foliar, altura, matéria verde da planta, sendo necessária somente a terra preta para o crescimento da planta. Palavras-chave: Adubação;; Capim Elefante;; NPK;; Terra-Preta

INTRODUÇÃO O capim-elefante (Pennisetum purpureum cv. ROXO) é uma das gramíneas mais difundidas

e importantes no Estado do Pará, podendo ser utilizada de diversas formas e alcançando bons níveis de produção animal, quando bem manejado, resultando em elevadas produções de forragem de alta qualidade, que quase sempre é destinado à suplementação alimentar dos animais, contribuindo para a lactação, através da oferta de forragem tanto picada no cocho como em pastejo direto (BHERING et al., 2008; SANTOS et al., 2001; SOUZA, 2012).

Em algumas áreas da região amazônica encontram-se comumente solos de terra preta, oriundo de grande aporte de matéria orgânica, caracterizando-se como solos altamente férteis, rico em nutrientes, adequado para o uso agrícola, muitas vezes dispensando a aplicação de fertilizantes químicos, principalmente em produções de pequena escala. O NPK é um fertilizante químico muito utilizado em áreas pobres em nutrientes como nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K),

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fornecendo-os ao solo em quantidades adequadas de acordo com suas necessidades e com as exigências da cultura a ser introduzida na área de plantio.

Entre os fatores que influem no valor nutritivo da planta forrageira está a disponibilidade dos nutrientes no solo e, também, suas interações. Para que a adubação nitrogenada seja efetiva, os outros nutrientes devem estar presentes em quantidades adequadas e equilibradas. (MONTEIRO e WERNER, 1977, apud RIBEIRO et al., 1999).

Este trabalho objetivou avaliar o efeito de diferentes níveis de adubação na produtividade do capim-elefante (Pennisetum purpureum) submetida à terra preta e a adubação NPK.

MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido no período de maio julho de 2014, na fazenda experimental Pica-Pau, localizada no Km 37 da rodovia Curuá-Una, da UFOPA, em Santarém – PA. A Terra Preta utilizada nos tratamentos foi obtida da área da fazenda experimental, e o NPK utilizado foi comprado no Mercado Municipal de Santarém – PA. O delineamento foi inteiramente casualizado, com 3 tipos de adubação, o tratamento1 - somente por terra preta, o tratamento 2 - NPK no nível 10-10-10 + terra preta, e o tratamento 3 - NPK no nível 10-28-20+ terra preta, com 2 repetições cada, sendo realizadas 2 avaliações, uma aos 30 dias e a outra aos 60 dias. Para o tratamento 1 foi utilizado 3 kg de terra preta incorporado ao solo, para os tratamentos 2 e 3 foi utilizada a proporção de 3 kg de terra preta para 20,4 g de NPK por parcela. O plantio da forrageira Pennisetum purpureum, aconteceu no dia 03/05/2014, onde foram enterradas 2 estacas por cova, o sistema de rega foi natural de acordo com as condições pluviométricas no local. Aos 15 dias após o plantio foi realizada a primeira adubação com NPK e aos 30 dias a segunda adubação sendo realizadas também as medições das plantas, obtendo a altura da planta, o alongamento foliar (comprimento da folha), número de perfilhos e número de folhas de cada planta da parcela. Aos 80 dias foram realizadas as medições e o corte do capim, separando o colmo das folhas, pesados separadamente para obtenção da matéria verde e levados à estufa de circulação forçada a 55 º C por três dias, até obter peso constante (matéria seca de colmo e matéria seca de folhas). As médias das variáveis analisadas foram submetidas à análise de regressão e comparadas através dos valores de probabilidades.

RESULTADOS As variáveis: altura, número de perfilhos, comprimento de folha, matéria verde e matéria

seca da forrageira Pennisetum purpureum com e sem adubação estão representados na tabela 1. Entre os tratamentos com adubação e o tratamento testemunho não houve diferenças significativas entre os mesmos quando analisados através do programa ANOVA. Pode-se destacar que o preparo do solo antes do plantio foi feito com incorporação de terra preta ao mesmo, sem previa análise química de tal composto, o que pode ter influenciado nos tratamentos. Foi observado que em algumas parcelas houve ataque de formigas com alguns colmos abrigando ninhos, o que inviabilizou o enraizamento das mudas e o perfilhamento destas.

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Tabela 1 – Análise de variáveis, influência da adubação na altura (m), número de perfilhos, comprimento de folha (cm), matéria verde (g) e matéria seca (g) de plantas forrageiras de Pennisetum purpureum.

Variáveis Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Probabilidade Altura(m) 2,45 2,48 2,35 0,83

Nº Perfilhos 18,5 14,5 9,5 0,15 Comprimento da Folha (cm)

112,5 117,5 113,0 0,71

Matéria Verde Folha (g)

329,6 342,4 302,3 0,81

Matéria Verde Colmo (g)

749,4 727,6 692,2 0,92

Matéria Seca Folha (g)

134,7 136,6 119,6 0,76

Matéria Seca Colmo (g)

218,3 226,8 201,4 0,86

Não foram observadas diferenças entre os tipos de adubos para as variáveis: matéria verde das folhas (P>0,81) e seca das folhas (P>0,76), matéria verde do colmo (P>0,92) e seca do colmo (P>0,86), ou seja, os resultados das variáveis não diferem entre si.

DISCUSSÃO Os resultados encontrados por este trabalho, de acordo com a tabela 1. Mostra que os

tratamentos com terra preta e NPK não diferem significativamente entre si, corroborando com Oliveira et al., (2011), que ao avaliar o capim-elefante submetido à adubação química e orgânica, constatou que não houve diferenças significativas quanto à altura e matéria seca. Ratificando que a adubação química é dispensável quando a forrageira é introduzida em área que dispõe de material orgânico, neste trabalho a terra preta como M.O, material muito fértil, geralmente encontrado em solos da região Amazônica.

Nas varáveis apresentadas na tabela 1. O tratamento 1 adubado somente com terra preta dispensa o uso de fertilizante químico em comparação aos valores obtidos nos tratamentos 2 e 3, adubados com NPK. No entanto não foram encontrados relatos em literatura que mostram o uso de terra preta como forma de avaliação. Assim como a influencia de diferentes doses de NPK no crescimento e desenvolvimento do capim. Sendo avaliado por outros estudos somente idades de corte.

CONCLUSÕES

O número de perfilhos, a altura da planta, número e alongamento foliar não apresentaram diferença significativa quando foram cultivadas em diferentes níveis de adubação. Os teores de matéria verde e matéria seca apresentaram resultados semelhantes nos tratamentos, não sofreram influencia do adubo.

AGRADECIMENTOS A professora Andrea Vinente pela orientação na elaboração deste trabalho, e ao colega

Fabrício de carvalho nogueira pela colaboração na implantação do experimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RIBEIRO, K. G.; GOMIDE, J. A.; PACIULLO, D. S. C.; Adubação Nitrogenada do Capim-elefante cv. Mott. 2. Valor Nutritivo ao Atingir 80 e120 cm de Altura1. Rev. bras. zootec., v.28, n.6, p.1194-1202, 1999.

SOUZA, NATÁLIA SIDRIM DA SILVA DE. Efeito da concentração de bactérias homoláticas na ensilagem de capim-elefante (Pennisetum purpureum cv. Roxo). Belém 2012. SANTOS, E. A. dos.; Silva D. S. da.; QUEIROZ FILHO, J. L. de.; Aspectos Produtivos do Capim-Elefante (Pennisetum purpureum, Schum.) cv. Roxo no Brejo Paraibano. Rev. bras. zootec., 30(1):31-36, 2001 BHERING, M.; CABRAL, L. da, S.; ABREU, J. G. de.; SOUZA, A. L. de.; ZERVOUDAKIS, J. T.; RODRIGUES, R. C.; PEREIRA, G. A. C.; REVERDITO, R.; OLIVEIRA, Í. S. de. Características agronômicas do capim-elefante roxo em diferentes idades de corte na Depressão Cuiabana. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.9, n.3, p. 384-396, jul/set, 2008. ISSN 1519 9940. OLIVEIRA, T. S. de.; PEREIRA, J. C.; REIS, C. S. dos.; QUEIROZ, A. C. de; CECON, P. R.; GOMES, S. T. Composição químico-bromatológica do capim-elefante submetido à adubação química e orgânica. Rev. Bras. Saúde Prod. An., Salvador, v.12, n.1, p.32-42 jan/mar, 2011. ISSN 1519 9940.

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CARACTERIZAÇÃO DOS QUINTAIS AGROFLORESTAIS DO MUNICIPIO

DE MOJUÍ DOS CAMPOS - PARÁ.

LOPES, Lucas Sérgio de Sousa1; ALMEIDA, Rafael Figueira1;BALONEQUE, Diego Damázio; PAULETTO, Daniela2.

1Discentes do 7º período de engenharia florestal da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de biodiversidade e Florestas, Santarém, Pará. E-mail: [email protected] 2Docente orientadora, Mestre em Ciência de florestas tropicais, Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de biodiversidade e Florestas, Santarém, Pará. Síntese: Os quintais são espaços do terreno situados ao redor das casas, regularmente manejado, onde são cultivadas plantas e também são criados animais domésticos, os quintais agroflorestais (QAF’s) caracterizam-se com um tipo tradicional e ao mesmo complexo de sistema agroflorestal, comum nas regiões tropicais e subtropicais, mantidos principalmente por pequenos agricultores. Objetivou-se com este trabalho, caracterizar os quintais agroflorestais situados no perímetro urbano do município de Mojuí dos Campos – PA. Visitou-se 10 quintais na área urbana, as residências foram escolhidas de forma aleatória, e as informações coletadas foram: Tamanho do quintal; espécies vegetais; hábito e uso. O tamanho médio dos quintais agroflorestais foi de 543 m², com formato retangular. Quanto a composição florística, a riqueza dos QAF’s foi de 55 espécies, contemplando 51 gêneros e 32 famílias botânicas, e o total de indivíduos encontrado foi de 388. A família botânica que apresentou maior riqueza foi Arecaceae, com 5 espécies. O hábito arbóreo foi predominante, com 22 espécies, também se registrou arbustos, ervas e palmeiras.Foram encontradas 5 categorias de usos (alimentar; medicinal; ornamental; florestal e condimentar), sendo que mais da metade das espécies são de uso alimentar.Os quintais agroflorestais urbanos de Mojuí dos Campos podem ser considerados diversos em espécies e abundância de indivíduos, marcados fortemente pela presença de palmeiras. Normalmente de pequenas dimensões, e possuindo formato retangular. É predominante o hábito arbóreo e emprego de espécies para diversas finalidades, destacando-se, o uso alimentar, justificando a preferência pelo cultivo de espécies frutíferas nos quintais. Palavras–chave: agrossilvicultura; sistemas agroflorestais;

INTRODUÇÃO Os quintais são espaços do terreno situados ao redor das casas, regularmente manejado, onde são cultivadas plantas e também são criados animais domésticos de pequeno porte (AMOROZO, 2002). Os quintais agroflorestais representam uma unidade agrícola de uso tradicional do solo, considerados como uma das formas mais antigas de uso da terra, promovendo a sustentabilidade para milhões de pessoas no mundo (NAIR, 1986). Os quintais agroflorestais (QAF’s) caracterizam-se com um tipo tradicional e ao mesmo complexo de sistema agroflorestal, comum nas regiões tropicais e subtropicais, mantidos principalmente por pequenos agricultores que moram em áreas rurais, urbanas e peri-urbanas (SABLAYROLLES; ANDRADE, 2009). Os quintais agroflorestais, podem ser classificados como sistemasde uso tradicional dos solos, que geram práticas sustentáveis, considerada uma dasformas mais antigas de uso da terra (FLORENTINO et al., 2007). Diante da importância deste tipo de arranjo produtivo, objetivou-se com este trabalho, caracterizar os quintais agroflorestais situados no perímetro urbano do município de Mojuí dos Campos – PA.

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MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado no município de Mojuí dos Campos – PA (2° 41’ 5’’ S 54° 38’ 35’’ O),entre os meses de abril e junho de 2015. Visitou-se 10 quintais na área urbana, as residências foram escolhidas de forma aleatória. As informações foram coletadas mediante entrevista informal com o mantedor do quintal. Coletou-se: Tamanho do quintal; espécies vegetais; e uso(indicado pelo mantedor do quintal). A tabulação, análise dos dados, e confecção dos gráficos foi realizada através do software Excel 2013.

RESULTADOS O tamanho médio dos quintais agroflorestais foi de 543m², sendo o menor de 250 m² e o maior de 1500 m², todos os quintais apresentaram formato retangular. A riqueza dos QAF’s foi de 55 espécies, contemplando 51 gêneros e32 famílias botânicas, e o total de indivíduos encontrado foi de 388. O número médio de espécies por quintal foi de 12, variando de 9 a 19 espécies por quintal. A família botânica que apresentou maior riqueza foi Arecaceae, com 5 espécies (Acaí (Euterpe oleracea); Pupunha (Guilielma gasipaes); Bacaba (Oenocarpus bacaba); Coco (Cocus nucifera) e Inajá (Maximiliana maripa)), no que se refere a abundância, Arecaceae também foi a família de maior destaque, apresentando 101 indivíduos. Quanto ao hábito das espécies (Figura 1), as árvores foram predominantes, com 22 espécies, posteriormente, as ervas (19 espécies), os arbustos (9 espécies) e as palmeiras (5 espécies).

Figura 1: Hábito das espécies vegetais encontradas nos quintais agroflorestais do município de Mojuí dos Campos/PA. Quanto aos usos (Figura 2), mais da metade das espécies (28) possui uso alimentar, 18 espécies são empregadas medicinalmente, 6 são utilizadas como ornamentação, 4 com uso florestal, foram categorizadas como este uso espécies madeireiras e/ou fornecedoras de sombra, e 2 espécies são empregues como condimentação. Ressalta-se que 3 espécies tiveram mais de um uso relatado pelos mantedores dos quintais. As espécies de maior ocorrência foram: Coco (Cocus nucifera); Cupuaçú (Theobroma

grandiflorum); Banana (Musa paradisiaca); Mamão (Carica papaya); Goiaba (Psidium guayava); Pupunha (Guilielma gasipaes)e Mangueira (Mangifera indica).

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Figura 2: Usos das espécies vegetais encontradas nos quintais agroflorestais do município de Mojuí dos Campos/PA.

DISCUSSÃO No que tange ao tamanho dos quintais, os resultados obtidos neste trabalho são inferiores aos obtidos por Silva; Sablayrolles (2009), com tamanho médio por QAF’s 1004,02 m², isso pode ser atribuído ao fato dos quintais inventariados estarem locados na zona Urbana de Mojuí dos Campos. Quanto a composição florística, os QAF’s são bem semelhantes no que concerne a riqueza de espécies, com outros quintais de distintas regiões do estado. Em Bonito/PA, Rosa et. al. (2009) identificou 56 espécies, em Santarém/PA, Sousa et al. (2013), contabilizou 48 espécies. Em geral, o principal uso das espécies em QAF’s é o alimentício, conforme demostram em seus trabalhos, Rayol et al. (2013) demostra que nos quintais de Alenquer/PA, as espécies de caráter alimentício são as mais cultivadas. Miranda et al. (2013), encontraram em Baixo Irituia/PA, 70 espécies alimentícias nos QAF’s. A grande intensidade do uso alimentar, evidencia a tendência de que os QAF’s acabar por exercer um papel de grande importância para a segurança alimentar dos seus mantedores, uma vez que a maioria das espécies é usada para alimentação, assim como na medicina popular, conforme aponta Rosa et al. (2007). A preferência pelo cultivo de essências frutíferas está intimamente relacionada a intensa demanda nutricional destas frutas (ALMEIDA & GAMA, 2014), além da importância sociocultural, pbrincipalmente no que diz respeito as espécies nativas.

CONCLUSÕES Os quintais agroflorestais urbanos de Mojuí dos Campos são diversos em espécies e abundância de indivíduos, marcados fortemente pela presença de palmeiras. Normalmente de pequenas dimensões, e possuindo formato retangular. É predominante o hábito arbóreo e emprego de espécies para diversas finalidades, destacando-se, o uso alimentar, justificando a preferência pelo cultivo de espécies frutíferas nos quintais.

AGRADECIMENTOS

Aos moradores de Mojuí dos Campos, que abriram, gentilmente, as portas de suas casas e responderam aos questionamentos de forma gentil e paciente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, L. S.; GAMA, J. R. V.Quintais agroflorestais: estrutura, composição florística e aspectos socioambientais em área de assentamento rural na Amazônia brasileira. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 24, n. 4, p. 1041-1053, out.-dez, 2014.

AMOROZO, M.C.M.Agricultura tradicional, espaços de resistência e o prazer de plantar. Pp.123-131. In: Albuquerque, U.P.; Alves, A.G.C.; Borges, A.C.L.; Silva, V.A. (Orgs.). Atualidades em etnobiologia e etnoecologia. Recife, SBEE. 2002

FLORENTINO, A. T. N.; ARAÚJO, E. DE L.; ALBUQUERQUE, U. P. DE. Contribuiçãode quintais agroflorestais na conservação de plantas da Caatinga, Município deCaruaru, PE, Brasil. Revista Acta bot. bras. Vol. 21 N. 1, pag. 37-47. 2007.

MIRANDA, S.; KATO, O.; SABLAYROLLES, M. G. Caracterização e importância dos quintais agroflorestais aos agricultores familiares do Baixo Irituia, Pará.Cadernos de Agroecologia. Vol 8, No. 2, Nov 2013.

NAIR, P. K. P. An Evaluation of the Struture and Function of Tropical Homegardens. Agricultural Systems21. 279-310.1986.

RAYOL, B. P.; ALVINO-RAYOL, F. O.; SILVA, M. C. P. Caracterização de quintais agroflorestais desenvolvidos por agricultores familiares do município de Alenquer, Pará.Cadernos de Agroecologia. Vol 8, No. 2, Nov 2013.

ROSA, L. S. et al. Os quintais agroflorestais em áreas de agricultores familiares no município de Bragança-PA: composição florística, uso de espécies e divisão de trabalho familiar. RevistaBrasileira de Agroecologia, Porto Alegre, v. 2, n. 2, p. 337-341, 2007.

ROSA, L. S; VIEIRA, T. A.; PIRES, H. C. G. Quintais agroflorestais em comunidades rurais de Bonito, Pará. Rev. Bras. De Agroecologia. Vol. 4 No. 2. Nov 2009.

SABLAYROLLES, M. G. P.; ANDRADE, L. H. C. Entre sabores, aromas e saberes: a importância dos quintais agroflorestais para agricultores ribeirinhos no tapajós–PA. In: Resumos do VII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais. 2009. p. 22-26.

SILVA, E. R. R.; SABLAYROLLES, M. G. P. Quintais agroflorestais por colonos migrantes: as plantas medicinais em Vila Nova, Mojuí Dos Campos (Santarém/Pa). In: Resumos do VII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais. 2009.

SOUSA, W. A.; VIEIRA, T. V.; LUSTOSA, D. C. Socioeconomia e ecologia de quintais agroflorestais em comunidades de Santarém, Pará. Cadernos de Agroecologia. Vol 8, No. 2, Nov 2013.

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COMPARAÇÃO DE MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DO VOLUME DE

MADEIRA EM TORA NA RESERVA EXTRATIVISTA RENASCER

Talita Godinho Bezerra¹; Karla Mayara Almada Gomes; Dárlison Fernandes Carvalho de Andrade²; Rosilena Conceição Azevedo de Oliveira¹; Brenda Letícia Rodrigues¹; Lizandra

Elizeário dos Santos¹; Andrea Araújo da Silva¹

¹Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, Pará, Brasil. ²Intituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Santarém, Pará, Brasil.

Síntese:Amensuração correta do volume de madeira em tora apreendida em atividades de fiscalização é indispensável para o monitoramento por órgãos ambientais.Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi comparar os métodos de Francon e Smalian na determinação do volume de toras apreendidas na Reserva Extrativista Renascer e verificar o método mais apropriado para a determinação do volume real das espécies.Analisou-se o romaneio apresentado pela empresa que arrematou a madeira apreendida e os dados de cubagem rigorosa provenientes da ação de fiscalização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão responsável pela gestão da Unidade de Conservação. Foi comparado o volume obtido na vistoria, calculado através da cubagem rigorosa pelo método de Smalian, com o volume romaneado pelo método de Francon, utilizando o teste T pareado a 5% de probabilidade. Realizou-se a análise gráfica dos resíduos para visualizar possíveis tendênciasno método de Francon em relação ao método de Smalian. Os resultados mostraram diferença significativa entre os métodos (p <0,05). A análise gráfica dos resíduos revelou uma tendência à subestimativa do volume das toras ao comparar o romaneio em relação à cubagem rigorosa, sendo a espécie Astronium lecointeientre as mais subestimadas. Concluiu-se que o uso do método de Smalian para determinação do volume das toras de madeira amazônicas é o mais eficiente, considerando que é a metodologia adotada pelos órgãos de fiscalização ambiental. Palavras-chave:ROMANEIO; CUBAGEM RIGOROSA; AMAZÔNIA.

INTRODUÇÃO A madeira é um recurso natural renovável com grande potencial de matéria prima das mais variadas formas e finalidades (MIRANDA et al., 2013). Na Floresta Amazônica, a exploração madeireira teve início com a política de ocupação projetada para a região na década de 70, contudo, foi um processo que ocorreu sem planejamento, onde a exploração sem restrições se estabeleceu e passou a associar o consumo de madeiraà prática do desmatamento. O manejo florestal surgiu, então, como uma alternativa para minimizar os danos causados pela exploração convencional, bem como manter a utilização dos recursos florestais ao longo do tempo. A Amazônia brasileira representa um terço das florestas tropicais do mundo, com volume estimado em 60 bilhões de metros cúbicos de madeira em tora (BARROS & VERÍSSIMO, 2002), destacando a floresta entre as principais produtoras de madeira tropical do mundo (CARIELLO, 2008). Nesse sentido, mensurar o volume de espécies tropicais para fins econômicos é indispensável e, por isso, estudos tem sido desenvolvidos para atender às necessidades práticas do cálculo volumétrico de árvores ou de parte delas (MIRANDA et al., 2013).Soares et al. (2011), por exemplo, apresentaram três formas para a determinação do volume do fuste de árvores: o princípio do xilômetro; a cubagem rigorosa, pelas estimativas do volume de secções individuais do fuste pelos métodos de Huber, Smalian e Newton; e o método de Francon, um dos mais utilizados para transações comerciais de madeira. Na busca ematenuar o desmatamento no país, órgãos ambientais tem intensificado o controle ambiental por meio do fortalecimento da fiscalização. Quando constatada a infração, no caso da

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extração ilegal de madeira, procede-se com a cubagem rigorosa do produto florestal no local (LEITE, 2008), realizada pelo método absoluto de Smalian, conforme a resolução CONAMA Nº 411 de 06 de fevereirode 2009 (BRASIL, 2009). No ano de 2009, foi criada a Reserva Extrativista (RESEX) Renascer, Unidade de Conservação (UC) federal localizada no município de Prainha, Estado do Pará, como estratégia do governo paracoibir as práticas ilegais de retirada de madeira dentro da UC em resposta à demanda da sociedade local. Durante ações de fiscalização na UCforam embargadas atividades florestais e apreendidos, aproximadamente, 64 mil metros cúbicos de madeira. Após as ações de fiscalização, a madeira foi destinada ao Ministério do Desenvolvimento Social e, no primeiro semestre de 2015, uma empresa venceu o leilão federal para utilização da madeira apreendida e apresentou o romaneio das toras das espécies Astronium lecointei, Bagassa

guianenses, Dinizia excelsa e Goupia glabra pelo método de Francon, para obtenção do documento administrativo que viabiliza a retirada do material lenhoso. Considerando, portanto, a importância da mensuração volumétrica das toras apreendidas, o objetivo desse estudo foi comparar os métodos de Francon e Smalian na determinação do volume das toras apreendidas na Reserva Extrativista Renascer e verificar o método mais apropriado para a determinação do volume real.

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi realizado na RESEX Renascer,que compreende uma área de 211.531,91halocalizada no município de Prainha, Estado do Pará, na latitude (02º 15’ 09’’ S) e longitude (53º 26’46’’ W)(ICMBio, 2015). Os dados foram disponibilizados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão responsável pela gestãoda UC. Foram analisados os dados de romaneio apresentados pela empresa que arrematou a madeira e os dados da cubagem rigorosa provenientes da operação de fiscalização. Foi comparado o volume obtido na vistoria, calculado através da cubagem rigorosa pelo método de Smalian, com o volume romaneado pelo método de Francon, utilizando o teste T pareado a 5% de probabilidade.A fórmula para obtenção do volume Francon seguiu a metodologia de Soares et al. (2011) e Smalian pela resolução CONAMA Nº 411 (BRASIL, 2009): Francon: 𝑉 = ∗ L

Smalian:V = [(db 2 . π/ 4) + (dt 2 . π/ 4)] / 2 * L Onde V= volume; db, diâmetro da base; dt, diâmetro do topo; L, comprimento e C, circunferência no meio da tora. Foi realizada a análise gráfica dos resíduos para visualizar possíveis tendências nos volumes pelo método de Francon em relação ao método de Smalian. Utilizou-se a fórmula abaixo, adaptada dePaula Neto (1977) e Higuchi & Ramm (1985), para calcular o resíduo porcentual: Onde Vv= volume vistoriado e Vr = volume romaneado. Foi verificada a existência de outliers por meio da análise gráfica dos resíduos, os quais foram padronizados, de acordo com Scolforo (2005):

𝑅𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜𝑠 𝑝𝑎𝑑𝑟𝑜𝑛𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜𝑠 = 𝑒𝑆𝑌

Onde𝑒 = resíduo e 𝑆𝑌 = erro padrão residual. Foram utilizados os softwares Excel versão 2013 para o processamento de dados e elaboração de gráficos e BioEstat 5.0 para a realização de análises estatísticas.

𝑅𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜(%) = 𝑉𝑣 − 𝑉𝑟

𝑉𝑣∗ 100

∗ 100

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RESULTADOS

A partir da análise estatística realizada através do teste T pareado a 95% de probabilidade, verificou-se a ocorrência de diferença significativa entre o volume das toras obtido pelo método de Francon, utilizado no romaneio, com o método de Smalian, adotado na vistoria, com p= 0,0001. Constatada a diferença estatística, avaliou-se a diferença, por espécie, entre o volume do romaneio com o volume da vistoria (Tabela 1). A diferença foi, em média, de 18,61%.A espécie Astronium

lecointei obteve o maior percentual de diferença, seguida da Bagassa guianensise da Goupia

glabra. Dinizia excelsa apresentou o menor percentual. Tabela 3: Diferença percentual entre o comprimento das torase o volume obtidos pelos métodos de Smalian e Francon.

Espécie Diferença (%) Comprimento das toras Volume

Astronium lecointei 6,38 20,31 Bagassa guianensis 5,55 20,09 Dinizia excelsa 4,94 15,78 Goupia glabra 3,30 18,28 Além do volume, avaliou-se a diferença no comprimento das toras, por espécie, nos dados do romaneio e da vistoria (Tabela 1).A diferença média foi de 5,04%. A análise gráfica dos resíduos revelou uma tendência à subestimativa do volume das toras ao comparar o romaneio calculado pelo método de Francon em relação ao método de Smalian utilizado na vistoria (Figura 1). A tendência à subestimativa foi constatada principalmente para as espécies Astronium lecointeie Bagassa guianensis.

Figura 1: Distribuição dos resíduos associados à mensuração do volume pelo método de Francon e Smalian.

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DISCUSSÃO

De acordo com Francez et al., (2010), o volume Francon corresponde ao volume de uma tora esquadrejada, ou seja, é o volume da tora sem considerar as costaneiras. Assim, a diferença entre o volume geométrico, como o método de Smalian, e o volume Francon de uma tora é de 21,5%. Nesse trabalho, essa diferença foi 2,89 % menor, já que a diferença média do volume romaneado em comparação ao vistoriado foi de 18,61%. Constatou-se também uma diferença média de 5,04% no comprimento das toras vistoriadas em relação às romaneadas. Esse resultado chama a atenção porque, embora os métodos para calcular o volume tenham sido diferentes, as toras deveriam apresentar o mesmo comprimento. Assim, constatou-se a existência de erros de medição durante o processo de cubagem das toras pela empresa que realizou o romaneio.

CONCLUSÕES

O método de determinação do volume Francon subestimou o volume das espéciesAstronium

lecointei, Bagassa guianenses, Dinizia excelsa e Goupia glabra. Recomenda-se o uso do método de Smalian para realização da cubagem rigorosa das toras de madeira amazônicas, considerando que é a metodologia adotada pelos órgãos de fiscalização ambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CRESCIMENTO E MORTALIDADEDO ESTRATO ARBÓREO EMUMA ÁREA MANEJADA DE 2,5 HA NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS

LUANA LOBATO DE JESUS¹, BRUNO RODRIGO DE JESUS DOS SANTOS¹, MARIA

APARECIDA LEITE DE OLIVEIRA¹, LIA DE OLIVEIRA MELO² ¹Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Acadêmicos de Engenharia Florestal, Santarém, PA, Brasil; ² Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, professora Doutora Associada, Santarém, PA, Brasil; E-mail: [email protected]. Síntese: O processo da dinâmica de uma floresta é o mecanismo pelo qual se mantém a sua estrutura e composição florística em equilíbrio ao longo do tempo, vindo a demonstrar que o estado atual de um povoamento florestal é resultado da interação de vários fatores dentro de um mesmo habitat, levando desta forma, à formulação de inúmeras perguntas importantes, como: qual o crescimento dessa floresta? E quais são as espécies com maior plasticidade presentes nestes ecossistemas? Necessárias para obtenção de conhecimento dos processos associados à dinâmica florestal. Este trabalho tem como objetivo avaliar a dinâmica da floresta em uma área na Floresta Nacional do Tapajós, pós colheita de madeira.A taxa de mortalidade se mostrou superior nas primeiras classes diamétricas. A abertura do dossel favoreceu o crescimento da população de árvores, mantendo o incremento médio dentro dos padrões para florestas tropicais. Palavras-chave: Dinâmica Florestal; Incremento; Mortalidade

INTRODUÇÃO A floresta amazônica é um bioma complexo e heterogêneo, que possui grande riqueza de espécies e processos naturais, entre os quais a sua dinâmica é de fundamental importância para amanutenção do ecossistema. Contudo, este processo, ainda é pouco conhecido limitando, assim, informações inerentes acerca do comportamento das espécies e da recuperação da composição florística de áreas naturais, o que fragiliza a sustentabilidade destes ambientes (VIANA & JARDIM 2013). Nesta perspectiva, MOSCOVICH (2006) discute que a sustentabilidade ecológica dos planos de manejo nas florestas tropicais devem incluir critérios e indicadores que garantam a manutenção da variabilidade genética das espécies e processos correlacionados à dinâmica de crescimento em florestais naturais, levando desta forma, à formulação de inúmeras perguntas importantes, tais como: qual o crescimento dessa floresta? Como se apresentam o ingresso e a mortalidade das espécies? Necessárias para obtenção de conhecimento dos processos associados à dinâmica florestal. Neste contexto, o objetivodeste trabalho éavaliara dinâmica da floresta em uma área na Floresta Nacional do Tapajós, pós colheita de madeira.

MÉTODOS A área de estudo possui 1500 ha e está localizada na altura do Km 67 da BR-163, na Floresta Nacional do Tapajós, região oeste do Estado do Pará-Brasil,municípiodeBelterra. AFloresta Ombrófila Densa é a vegetação predominante na área com árvores que variam entre 25 a 50 m de altura (PINHO et al., 2009).A área vem sendo manejada pela cooperativa mista da Flona Tapajós-COOMFLONA para a extração de produtos madeireiros e não madeireiros.

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Os dados utilizados são oriundos de 10 parcelas permanentes de monitoramento (PPM) que estão inseridas na unidade de produção anual 9 (UPA 9). Cada parcela mede 50 x 50m sendo subdivididas em 25 sub parcelas de 10 x10m. Em todas as sub parcelasas árvores com DAP (diâmetro à altura do peito), maior ou igual a 10,0cm foram medidas, identificadas e plaqueteadas.A instalação e primeira medição ocorreramem 2013. Em 2014 foi realizada a colheita de madeira e em abril de 2015 ocorreu a segunda medição das PPMs. A execução do trabalho deu-se através de anotação em fichas individuais de classes de tamanho (árvores) para cada sub parcela, onde foram observadas as seguintes variáveis: Classe de identificação do fuste (CIF) informando o estado em que cada árvore é encontrada (viva em pé, viva caída, morta natural, morta por exploração, toco de exploração e não encontrada) na floresta, assim como a posição do fuste (escorado, inclinado, arqueado), podridão, iluminação e forma da copa, presença e efeito de cipós. Os dados coletados, constantes nas fichas de campo foram inseridos e analisados pelo programa Monitoramento de Florestas Tropicais (MFT), criado pela Embrapa Amazônia Oriental.

RESULTADOS Taxas de Crescimento em Diâmetro O incremento periódico anual em diâmetro considerando todas as árvores com DAP ≥ 10 cm ficou em torno de 0,27 cm.ano-1. A presença de cipós e o nível de iluminação solar recebida pelas copas exerceram forte influência no incremento (Figura 1A e 1B). Os indivíduos sem presença de cipós demonstraram um incremento de diâmetro 35% maior que os indivíduos com presença de cipós sem causar danos e 82% maior em relação aos com cipós restringindo o seu crescimento, evidenciando, uma influência negativa dos cipós no crescimento em diâmetro e a importância de práticas silviculturais para acelerar o crescimento das árvores reservadas para as futuras colheitas de madeira. Em relação ao crescimento por iluminação os indivíduos que apresentaram as copas completamente exposta a luz solar obtiveram um incremento médio de 0,41 cm.ano-¹, contudo os indivíduos com copa completamente coberta e os sem copa tiveram seu crescimento praticamente paralisado com valores variando entre 0,09 e 0,04 cm.ano-¹,demonstrando, desta forma, a influência positiva da exposição das copas a luz solar direta no incremento.

Figura 1: A)Incremento Periódico Anual de acordo com o grau de infestação de cipós; B) Incremento Periódico Anual de acordo com o grau iluminação de copa, em uma área manejada de 2,5 ha na Floresta Nacional do Tapajós, Belterra-

PA. Causas da mortalidade e mortalidade por classe de diâmetro Neste estudo, a mortalidade ficou demonstradana exclusão de 6,4 indivíduos.ha-1 mortos por causa naturais, 21,2 indivíduos.ha-1em decorrência da colheita, 2,0 indivíduos.ha-1 colhidos e 1,6 indivíduos.ha-1 não encontradas na segunda medição das PPMs (figura 2A). Os danos causados pela colheita de madeira representaram a maior causa de mortalidade na área estudada, que afetou principalmente as menores classes de diâmetro por serem indivíduos mais suscetíveis aos danos causados pela derruba e arraste da madeira durante as atividades de colheita. Nas classes

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diamétricas>50 cm houve pouco registro de indivíduos, indicando uma menor taxa de mortalidade devido às espécies comercializadas pela cooperativa serem pouco frequentes (figura 2B).

Figura 2: A) Causas das mortalidades; B) Mortalidade por classes de diâmetro em uma área de manejo de 2,5 ha na Floresta Nacional do Tapajós, Belterra-Pa.

DISCUSSÃO

O crescimento das florestas tropicais é baixo, devido à intensa competição por luz e nutrientes. Melo (2004), em duas áreas secundárias com históricos de usos diferentes, em Marituba-Pa (1997-2002), obteve um IPA médio de 0,23 cm.ano-1 e em Bragança-Pa (1999 e 2002), o IPA médio ficou em torno de 0,25 cm.ano-1, resultados semelhantes aos obtidos neste trabalho.A taxa de crescimento em DAP de 0,27 cm.ano-1 foi favorecida pela abertura do dossel em decorrência da colheita, a qual favoreceu a redução da competição por luz das árvores presentes no sub-bosque. Florestas naturais, sem intervenção humana apresentam taxas de crescimento inferiores, como a encontrada por Carvalho (1992) na FONA Tapajós, em torno de 0,20 cm.ano-1. Um fator que afeta o crescimento é a presença de cipós, que podem ser resultantes da abertura do dossel ocasionado por causas naturais (ventos e tempestades) ou pela colheita florestal. Araújo et al. (2011) não registraram grandes quantidades de cipós emuma área submetida a manejo florestal na FLONA Tapajós, apenas 8,4% das árvores apresentaram cipós fortemente atracados e restringindo seu crescimento. O incremento das árvores com cipós presentes, restringindo seu crescimento é inferior ao comparado com as que não possuem cipós e as que possuem, mas sem causar danos, como evidenciado (Figura 2A). As copas completamente exposta a luz tem uma forte influência no incremento em diâmetro. D’Oliveira e Braz (2006), monitorando parcelas permanentesdo projeto de manejo florestal, em PC Peixoto- Acre, obtevea variação de 0,57 cm.ano-1para árvores completamente exposta à luze0,28 cm.ano-1 para plantas sombreadas. As taxas de crescimento para árvores sombreadas obtidas neste estudo foram similares as registradaspor Araújo et al. (2011), em torno de 0,02 cm.ano-1, na FLONA Tapajós. O número de indivíduos mortos devido à colheita de madeira foram bem expressivos comparados ao demais. Para Araújo et al. (2011) resultados semelhantes foram representados, com cerca de 60% das árvores mortas. O impacto da colheita afeta principalmente as primeiras classes diâmetro. Santos et al. (2012) registrou uma média de 18,8% na mortalidade por classe de diâmetro, ocorrendo uma maior taxa de mortalidade nas classesdiametricas 6 (29,77≤34,77) e 9 (44,77≤49,77), com 33,3% cada.

CONCLUSÃO

Na área estudada a mortalidade se mostrou superior primeiras classes de diâmetro, esse comportamento é em decorrência da colheita. O incremento médio está dentro dos padrões para florestas tropicais, porém vale ressaltar que o período de monitoramento é muito curto. O

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crescimento em diâmetro das árvoresexpostas a luz e sem nenhum cipó foi superiorquando comparados aos demais, indicando a importância de tratamentos silviculturais.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a COOMFLONA (Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós) pelo apoio financeiro e logístico; e a professora Doutora Lia de Oliveira Melo pela oportunidade da pesquisa e orientação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ARAÚJO, P.C.R. de; MELO, L.O.; SILVA, U.S. da C.; CARDOSO, C. da C.; SOUSA, L. K.V. dos S. Impacto da exploração florestal na estrutura de dinâmica de uma área submetida a manejo florestal na Floresta Nacional do Tapajós. In:SEMINÁRIO DE PESQUISAS CIENTIFICAS DA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS. 2., 2011, Santarém.Anais dos trabalhos.Santarém: ICMBio, 2011. 97-103p. CARVALHO, J.O.P. Structureand dynamics of a logged over BrazilianAmazonianrainforest.Thesis of the doctor, University of Oxford.Departament of Plant Sciences, Oxford-England, 1992. D’OLIVEIRA, M. V. N.;; BRAZ, E. M. Estudos da dinâmica da floresta manejada no projeto de manejo florestal comunitário do PC Pedro Peixoto na Amazônia Ocidental.Revista Acta Amazônica, [S.I], v.36, n.2,p. 177-182, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/aa/v36n2/v36n2a07>. Acesso em: 24 ago. 2015. MELO, M. S. Florística, fitossociologia e dinâmica de duas florestas secundárias antigas com histórias de uso diferentes no Nordeste do Pará-Brasil.Dissertação (Mestrado)- Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”- USP, Piracicaba, 2004. MOSCOVICH, F. A. Dinâmica de Crescimento de uma Floresta Ombrófila Mista em Nova Prata, Rs. Tese (Doutorado na área de concentração em Manejo Florestal)-UFSM-RS, Santa Maria, 2006. SANTOS, V. S. dos; BATISTA, A. P. B.; APARÍCIO, P. da S.; APARÍCIO, W. C. da S.; LIRA-GUEDES, A. C. Dinâmica florestal de espécies arbóreas em uma área de várzea na cidade de Macapá, AP, Brasil.Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável,Mossoró, RN, v. 7, n. 4, p. 207-213, out./dez. 2012. VIANA, A. C. N;; JARDIM, F. C. da S.Dinâmica da regeneração natural de CouratariguianensisAubl. (Tauari) em uma floresta tropical explorada seletivamente, em Moju PA. Revista de Ciências Agrárias, Belém, v. 56,n. 2, p. 112-119, abr./jun. 2013. Disponível em: https://periodicos.ufra.edu.br/index.php?journal=ajaes&page=article&op=view&path%5B%5D=828&path%5B%5D=303. Acesso em: 26 ago. 2015.

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DETERMINAÇÃO DA ÁREA FOLIAR DE TRÊS ESPÉCIES FLORESTAIS

EM SANTARÉM, PARÁ

Maria Soliane S. Costa¹, Lucas M. Santana¹, Geny R. Silva¹, Diego L. Aguiar¹, Juliano M. Rocha¹, Milla G. Santos¹, Marcelle C. Almeida¹,

¹Graduandos de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Floresta. E-mail: [email protected] Síntese: O crescimento de uma planta é caracterizado pelo aumento morfológico de partes das plantas, tornando possível a avaliação do crescimento das diferentes espécies a partir da mensuração de seus diferentes órgãos. Sendo assim, objetivou-se estudar a área foliar especifica das espécies Cumaru (Dipteryxodorata), Sapucaia (Lecythislanceolata) e Alvineira (Andira parvifolia Ducke). Obteve-se o resultado médio referente à área foliar, massa específica e massa seca respectivamente para Alvineira (175,21; 104,94; 1,46), Sapucaia (37,15; 153,38; 0,24) e Cumaru (43,6; 58,18; 0,7).A espécie que apresentou diferenças altamente significativas foi a Alvineira, provavelmente é a que mais realiza fotossíntese e respiração entre as espécies estudadas, porém tal afirmativa indica que a mesma possui uma menor eficiência no uso da água. A menor área foliar das de L.

lanceolatae D. odoratacoincide com o período de redução das chuvas na Amazônia.Essas diferenças são possíveis às plantas pelo fato de as mesmas possuírem diferentes tipos de adaptações. No estudo observou-se que A. parvifolia, apresentou uma maior área foliar que pode ser uma adaptação estratégica para uma maior eficiência na realização da captação de luz. Em contrapartida L. lanceolatae D. odorata, pelo fato de possuírem uma menor área foliar apresentam uma melhor eficiência no uso da água. Palavras – chave:área foliar;fisiologia de plantas; massa especifica

INTRODUÇÃO O desenvolvimento de uma planta se faz a partir do seu comportamento fisiológico em função do ambiente. A absorção de nutrientes através das folhas no processo de fotossíntese e respiração e na eficiência no uso da água, são características que influenciam diretamente no crescimento de uma planta. Sendo que, o desenvolvimento varia de espécie para espécie e da sua localização, em função da interferência do ambiente (NETO, 2009). O crescimento das plantas é caracterizado pelo aumento morfológico de partes como a raiz, caule, fruto, flores, folhas e altura, podendo assim, detectar o crescimento de uma espécie a partir da variação do tamanho de seus órgãos. De acordo com Benincasa (1988), o melhor método de se avaliar o crescimento é aferir o a área foliar, visto que os dados necessários para analise são mais fáceis de serem obtidos. Para Monteiro (2005), a avaliação da área foliar auxilia em estudos de adaptação e interação ecológica entre as espécies e para verificar o efeito de adubações e a influência de tratamentos silviculturais aplicados as plantas, sendo a folha a responsável por dois dos processos mais importantes para a planta: fotossíntese e respiração, através absorção do CO2. A determinação da área foliar é a forma mais utilizada para estudos sobre desenvolvimento de plantas. A região amazônica possui uma grande variedade de espécies florestais, porém estudos sobre fisiologia de plantas nativas são pouco difundidos. As espécies em estudo foram Lecythislanceolata, conhecida vulgarmente como Sapucaia, Dipteryxodorata, oCumaru, e a Andira parvifolia Ducke (conhecida vulgarmente como

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Alvineira. O estudo objetivou determinar a massa seca, área foliar e área foliar específica das espécies Cumaru, Sapucaia e Alvineira

MATERIAL E MÉTODOS A área de estudo localiza-se em Santarém, Pará, na Universidade Federal do Oeste do Pará

(UFOPA), campus Tapajós. Foram coletadas oito lâminas foliares com homogeneidade de tamanhos de três espécies florestais, Andira parvifolia, LecythislanceolataeDipteryxodorata,(Tabela 1)identificadas com o auxílio do técnico do Laboratório de Sementes Florestais,sendo que a primeira espécie possui folha composta e as outras, folha simples. Para a coleta das amostras foi utilizado um podão e sacos plásticos para armazenar as mesmas.

Tabela 4. Número de amostras usadas por espécie.

Procedimentos D. odorata A. parvifolia L. lanceolata

Área Foliar 8 8 8 Massa Seca 8 8 8 A mensuração das folhas foi realizada por meio de um medidor de área foliar (Delta – T,

DevicesLtd, Cambridge, Inglaterra, UK) acoplado a um computador, onde as imagens foram digitalizadas com auxílio do programa WinDIAS 3.2. Em seguida, as folhas foram colocadas em sacos de papel e desidratadas em estufa de ventilação forçada a 70º C. O peso da matéria seca foi obtido por meio de uma balança analítica de precisão modelo Shimadzu AUY 220. A área foliar específica (AFE) foi encontrada através da seguinte fórmula: AFE = AF/MStotal, sendo a área foliar (AF) em mm², a massa seca (MS) em gramas e a AFE em g/cm². Em seguida, foi realizada a estatística descritiva e o Teste F, no programa Biostat 5.4.

RESULTADOS

A partir da estimativa da área foliar é possível abranger a algumas variáveis ecofisiológicas, como área foliar específica, razão de área foliar, índice de área foliar, taxa assimilatória liquida, taxa de crescimento foliar relativo, entre outras, que permitem inferir sobre eficiência fotossintética da planta, padrões de crescimento e desenvolvimento, (FONSECA; CONDÉ, 1994). Aanálise estatística, obteve-se o resultado médio referente à área foliar, massa específica e massa seca respectivamente para Alvineira (175,21; 104,94; 1,46), Sapucaia (37,15; 153,38; 0,24) e Cumaru (43,6; 58,18; 0,7) (Tabela 2).

Tabela 5. Resultados estatísticos por espécie.

Área Foliar Área Foliar Específica Massa Seca Méd. Desv. Erro Méd. Desv. Erro Méd. Desv. Erro A. parvifolia 175.21a 9,74 3,45 104,94ab 10,06 3,56 1,46a 0,47 0,17

L. lanceolata 37.15b 4,91 1,74 153,38a 24,05 8,5 0,24b 0,02 0,01

D. odorata 43.6b 3,21 1,13 58,18b 3,46 1,22 0,7ab 0,09 0,03

*médias seguidas pela mesma letra não apresentam diferença estatística de acordo com teste não paramétrico de kruskal-wallis. *Méd. = média; Desv. = desvio.

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DISCUSSÃO

Para a área foliar, as médias das três espécies foram diferentes, porém, estatisticamente, L.

lanceolatae D. odoratanão apresentaram diferença significativa. Com a maior área foliar, o estudo indica que A. parvifolia é a que possivelmente realiza mais fotossíntese e respiração entre as espécies estudadas, porém tal afirmativa indica que a mesma possui uma menor eficiência no uso da água. Quanto à área foliar e a massa seca, A. parvifolia, também apresentou a maior média. A área foliar específica é a razão entre área foliar específica e massa seca, tal valor expressa características da relação da planta com o meio em que se encontra, podendo apresentar valores diferentes em função da variação e disponibilidade de água e nutrientes. Macedo et al, (2007) acredita que diante de mudanças no clima, as espécies desenvolveram diferentes estratégias de sobrevivência. O que justificaria a diferença entre as espécies no processo de fotossíntese. A menor área foliar das de L.

lanceolatae D. odoratacoincide com o período de redução das chuvas na Amazônia, que segundo Fisch (1998) corresponde à época entre novembro e maio. Com o decréscimo da pluviosidade, as plantas tendem a reduzir o tamanho do seu limbo foliar como uma estratégia de sobrevivência para melhor sua eficiência no uso da água.

Essas diferenças são possíveis às plantas pelo fato de as mesmas possuírem diferentes tipos de adaptações, como por exemplo, uma árvore elevar a sua copa a uma grande altura para conseguir capturar melhor os raios solares. Outro exemplo de adaptação são as plantas que sobrevivem à seca extrema, pois de alguma forma aumentaram a relação volume-área (VAZ, 2011). Araújo (2007), fazendo comparação de incremento de área foliar e concentração de nutrientes entre espécies decíduas e sempre-verdes, mostrou que espécies sempre-verdes, características das que foram usadas nesse estudo, apresentam menor concentração de nutrientes que as deciduais.

CONCLUSÃO

A área foliar representa um aparato de interceptação de luz para a fotossíntese, e é uma característica empregada em análises de crescimento vegetal. No estudo observou-se que A.

parvifolia, apresentou uma maior área foliar que pode ser uma adaptação estratégica para uma maior eficiência na realização da captação de luz. Em contrapartida L. lanceolatae D. odorata, pelo fato de possuírem uma menor área foliar apresentam uma melhor eficiência no uso da água, que pode interferir no seu desenvolvimento morfológico e na produção de flores, frutos, e folhas responsáveis pela fotossíntese dos vegetais.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Araújo, JF de, andMundayatanHaridasan. "Relação entre deciduidade e concentrações foliares de nutrientes em espécies lenhosas do cerrado." Revista Brasileira de Botânica 30.3 (2007): 533-542. BENINCASA, M. M. P. Análise de crescimento de plantas. Jaboticabal, FUNEP, 1998. DEMATTÊ, J. L. I.; DEMATTÊ, J. A. M. Comparações entre as propriedades químicas de solos das regiões da floresta amazônica e do cerrado do Brasil central. Scientia agrícola, v. 50, n. 2, p. 272-286, 1993. FONSECA, C. E. L.; CONDÉ, R. C. C. Estimativa da área foliar em mudas de mangabeira (HancorniaspeciosaGom.). Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 29, n.4, p. 593-599, 1994.

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DIAGNOSE DA FERRUGEM DA FOLHA DO JAMBU NO MUNICÍPIO

DESANTAREM, PARÁ

Kelly Karoline de Souza Mello¹;Robinson Severo²; Débora de Araújo Costa¹;

¹Acadêmicas do Curso de Bacharelado em Agronomia da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, município de Santarém, estado do Pará, Brasil; ²Professor de Fitopatologia e Microbiologia da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Laboratório de Fitopatologia, município de Santarém, estado do Pará, Brasil; E-mail: [email protected]

Síntese: Um tipo de ferrugem da folha do jambu, comalto poder destrutivo, tem ocorrido nas hortasfamiliares comerciais em Santarém, Pará. Esta doença não tem sido eficientemente controlada, provocando perdas significativas aos olericultores, o que conduz a erros de manejo e elevação dos custos de produção. Em função disto,esta pesquisa objetivou proceder a diagnose científica campal e laboratorial das plantas de jambu com sintomas de ferrugem.Os trabalhos foram realizados em duas etapas:maio a agosto de 2014e maio a junho de 2015. Inicialmente,visitas técnicas e entrevistasinformais com os olericultores foram realizadas em hortas localizadas nos bairros de Vitória Régia e Maicápara levantamento do histórico de ocorrência da doença, análise dos sintomas e sinais,e coleta de órgãos vegetaisde 20 plantas sintomáticas.Posteriormente, procederam-se diagnoses complementares no laboratório de fitopatologia do IBEF/UFOPA. A partir das mesmas amostras coletadas, sintomas e sinais da doença foram examinados em estereomicroscópio e microscópio. Preparações microscópicas das estruturas do patógeno foram feitas de lesões, com o auxilio de agulha histológica e deestereomicroscópio, para a visualização dessas em microscópio óptico. Os sintomas e sinais levantados da doença, tanto a campo como em laboratório, foram registrados fotograficamente com uma câmera digital, e comparados com a literatura especializada. As plantas sintomáticasformavam manchas foliares cloróticascoincidentes nas faces adaxiais e abaxiais.Estas coalesciam e evoluíam, formando grupos de pústulas marrom avermelhadas (uredínios) com halos cloróticos, nas quais produziam-se os urediniósporos.Esses apresentavam-secastanhos claros,ovóides e unicelulares.Os uredínios progrediam para pústulas marrom escuras a quase pretas (télios), onde formavam-se osteliósporos.Os mesmos mostravam-se de parede celular lisa, castanho escuros, oblongos a elipsoides, pedicelados, bicelulares, levemente constritos no septo. Concluiu-se que a doençaestudada refere-se à ferrugem do jambu causada pelo fungo Puccinia sp.

PALAVRAS-CHAVE: diagnose; ferrugem; jambu; ocorrência; Pucciniasp.

INTRODUÇÃO A ferrugem do jambu (Acmellasp., sinonímia Spilanthes sp.), família Asteraceae, é causada

pelo fungo Puccinia sp., família Pucciniaceae, e caracteriza-se por ser uma das principais doenças de importância econômica desta cultura (POLTRONIERI et al., 1998). Neste sentido, causa danos significativos na produção e perdas na comercialização (FRANÇA et al., 2010). Isto, principalmente, porque a colonização do fungo causa intensa queda de folhas, o que reduz as taxas fotossintéticas da planta parasitada (CUMMINS & HIRATSUKA, 1983,HAWKSWORTHETal. 1995, AGRIOS, 1997, e PARDO-CARDONA, 2006, apud APARECIDO et al., 2012).

Um tipo de ferrugem em jambu, com alto poder destrutivo, tem ocorrido constantemente nas

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hortas familiares comerciais do município de Santarém, estado do Pará. Esta doença não tem sido eficientemente controlada, o que deprecia principalmente suas folhas, principal órgão vegetal afetado pela doença, obrigando o descarte das mesmas, o que reduz sua produção e comercialização, provocando perdas significativas aos olericultores.

A correta identificação do patógeno consiste no primeiro passo em direção ao manejo da doença (LIMA, et al., 2004). Desta forma, para se obter sucesso com o controle, é indispensável que, primeiramente, proceda-se uma diagnose baseada no levantamento de sintomas e sinais da doença para a identificação correta de seu agente causal (REZENDE et al., 2011). A diagnose científica de plantas a este tipo de doença não vem sendo aplicada nas hortas de Santarém, o que conduz a erros de manejo da doença e elevação dos custos de produção.

Este trabalho objetivou realizar a diagnose científica campal e laboratorial das plantas de jambu quanto ao tipo de ferrugem apresentada.

MÉTODOS

Os trabalhos de diagnose foram realizados em duas etapas: maio a agosto de 2014 emaio ajunho de 2015. Primeiramente, com visitas técnicas em hortas localizadas nos bairros de Vitória Régia e Maicá, em Santarém, Pará. Na diagnose em campo, realizou-se entrevista com o olericultor, logo após visitou-se os canteiros para a análise dos sintomas e sinais da doença, e coleta de órgãos vegetaisde 20 plantas sintomáticas. Posteriormente, procederam-se as diagnoses complementares das folhas da planta no Laboratório de Fitopatologia do IBEF/UFOPA procedeu-se, em minúcia o seguimento a partir das mesmas amostras coletadas em campo, visualizações dos sintomas e sinais da doença foram realizadas em estereomicroscópio. Isolamentos diretos das estruturas do patógeno, coletadas nas pústulas, inicialmente de cor marrom vermelhada retiradas da face abaxial das folhas sintomáticas e posteriormente das pústulas mais escuras, quase pretas. Foram feitos para o conjunto lâmina-água-lamínula, com o auxílio de agulha histológica, para a visualização em estereomicroscópio óptico comum (Nova ZTX-E),em água ou azul de algodão/lactofenol e óleo de imersão e imediatamente visualizadas em microscópio óptico comum (Diagtech XJS900T-PH). O levantamento dos sintomas e sinais da doença, tanto a campo como em laboratório, foi registrado fotograficamente com uma câmera digital. Os sintomas e sinais diagnosticados da doença foram comparados com as descrições publicadas em literatura especializada.

RESULTADOS

Observou-se em plantas sintomáticas (FIGURA 1A), que a doença iniciou com manchas foliares cloróticas de diferentes tamanhos nolimbo foliar, sendo facilmente visualizadasna face adaxial (FIGURA 1B). Na face abaxial, as lesões coalesceram até formarem pústulas marrom avermelhadas(uredínios), “cor de ferrugem”, com halos cloróticos (FIGURA 1C), nas quais produziram-se urediniósporos.

Com a evolução da doença os uredínios progrediram para pústulas marrom escura a quase pretas (télios), onde formaram-se os teliósporos. As pústulas adquirirama proporção da área foliar, e é possível identificá-las apresentando duas diferentes tonalidades, castanho avermelhadas, e outra mais escurecidas, a quase pretas (FIGURA 1D), estes foram os sinais observados em laboratório com o auxílio do estereomicroscópio(Nova ZTX-E),e microscópio óptico(Diagtech XJS900T-PH), no entanto em ataques mais expressivosfoi possível sua visualização no campo. No material coletado e visualizado não foi encontrado pústulas na face adaxial do limbo foliar.

Pústulas castanho avermelhadas chamado deuredínios agrupados no tecido vegetal (FIGURA 1E), produziram urediniósporos que são castanhos claros, ovóides, unicelulares (FIGURA 1F). As pústulas mais escuras, quase pretas, os télios (FIGURA 1G), que produzem os teliósporos estes bicelulares, levemente constritos no septo castanho-escuro (FIGURA 1H).

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Figura 1 – Sintomas e sinais: (1A) plantasintomática; (1B) clorosesiniciais; (1C)halo clorótico nas urédias; (1D) urédias castanhas e téliasmarronescuras a pretas; setas; (1E) detalhe de urédias(aprox. 40 x); (1F) urediniósporos(aprox. 1.000 x); (1G) detalhe detélias(aprox. 40 x); (1H) teliósporos(aprox. 1.000 x).

DISCUSSÕES

A descrição dos sintomas e sinais levantados dos órgãos vegetais analisados e amostrados de jambu, apresentada anteriormente, ratifica os relatos de APARECIDO et al. (2012).

Poltronieri(1998) e Hennen(2005)reportaram a formação de pústulas tanto na face abaxial como na face adaxial das folhas, mesmo que em situações raras. Nesta diagnose,não foram observadas pústulas na face adaxial do limbo foliar (FIGURA 1B).

Urédias e télias analisadas nesta pesquisa não apresentavam paráfises.Nas preparações microscópicas deste trabalho, sob microscópio a 1.000 aumentos, os urediniósporos, quando maduros, mostraram-se globosos, apedunculados, equinulados e amarelos. Não encontraram-se relatos dessas duas informaçõesna literatura especializada,relacionada à espécie vegetal estudada.

CONCLUSÕES Comparando os sintomas e sinais diagnosticados da doença com os relatados em literatura

especializada, concluiu-se que a doença estudada, a qual vem ocorrendo no município de Santarém, região oeste do Pará, refere-se à ferrugem do jambu causada pelo fungo Pucciniasp..

AGRADECIMENTOS À UFOPA pelo transporte para as visitas, pela permissão do espaço do laboratório de

fitopatologia e pela bolsa PIBICconcedida à acadêmica DéboraAraújo Costa.Aos olericultores por permitirem as visitas e a coleta de material para estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

APARECIDO, C. C.; SANTOS, T. R.; BEZERRA, J. L. Pucciniacnici-oleraceiem Acmellauliginosana região sul da Bahia. Instituto Biológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal.DivulgaçãoTécnica, São Paulo, v.74, n.1, p.31-33, jan./jun., 2012.

1D

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1A

1E

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1G

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BERTALOT, M. J. A.; CARVALHO-PUPATTO, J. G.; FURTADO, E. L.; ROSA, D. D.; MENDOZA, E.; LIMA, A. B. Métodos alternativos para controle de doenças fúngicas na cultura de jambu (SpilanthesoleraceaeL.) através de Equisetumspp. e preparado biodinâmico 501. Revista Brasileira de Agroecologia, Botucatu, v.5, n.2, p. 264-274. 2010.

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DIAGNOSE DA GALHA DO JAMBUNO MUNICÍPIO DE SANTAREM,

PARÁ

Robinson Severo¹; Débora de Araújo Costa²; Amilli Pantoja Lima2

¹Professorde Fitopatologia e Microbiologia da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Laboratório de Fitopatologia, Santarém, PA, Brasil; ²Acadêmicas do Curso de Bacharelado em Agronomia da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, PA, Brasil; E-mail: [email protected] Síntese: Um tipo de galha em jambu(Acmellasp., sinonímiaSpilanthessp.),de agente causal desconhecido, e com alto poder destrutivo, tem ocorrido constantemente nas hortas familiares comerciais do município de Santarém, estado do Pará. Em virtude disso, essa doença não tem sido eficientemente controlada, o que provoca danos severos e descarte de hastes, reduçãoda produção dos maços de comercialização e perdas significativas aos olericultores.Este trabalho objetivou realizar a diagnose científica campal e laboratorial das plantas de jambu com sintomas de galha para que se possa obter sucesso nos programas de manejo que se sucederem. Os trabalhos de diagnose iniciaram a partir de visitas técnicas e entrevistas com os olericultores em hortas nos bairros Vitória Régia e Maicá, em Santarém. Estes foram realizados em duas etapas: maio a agosto de 2014 e maio a junho de 2015.Na diagnose campal, realizaram-se análises dos sintomas e sinais de 20 plantassintomáticas encanteiradas. Destas, 20 hastes, algumas folhas e pedúnculos florais, foram coletados para a diagnose detalhada no laboratório de fitopatologia do IBEF/UFOPA.No caso dos sinais, sob estereomicroscópio,isolamentos diretos das estruturas do patógeno associadas aos tumores foram transferidos para lâmina//lamínula e visualizadas em microscópio óptico comum. Sintomas e sinais foram fotografados por uma câmera digital (Sony Cyber-Shot DSC-W610). A identificação do patógeno baseou-se nas características morfológicas das colônias e de suas ultra-estruturas. Os sintomas e sinais diagnosticados da doença foram comparados com as descrições publicadas em literatura especializada.As plantas sintomáticas apresentavam, particularmente, hastes tumerosas, que se rompiam formando as galhas, das quais estavam associadas massaspulverulentas marrom alaranjadas de esporos. Estes eram pluricelulados, subglobosos a esféricos, marrom amarelados, unidos por hifas.Concluiu-se que a doença estudada refere-se à galha do jambu causada pelo fungo Thecaphoraspilanthes. Palavras-chave: Diagnose;; Galhas;; Jambu;; Ocorrência;; Thecaphoraspilanthes

INTRODUÇÃO O jambu(Acmellasp., sinonímiaSpilanthessp.)é nativo da região amazônica e pertence à

família Asteraceae(BORGES, 2012). O cultivo é feito essencialmente por pequenos produtores, que utilizam basicamente a mão-de-obra familiar (POLTRONIERIet. al., 1998).

A galha ou carvão do jambué causado pelo fungo Tecaphoraspilanthes (Ustilaginales) (COUTINHO et. al., 2006), e configura-senuma das principais doenças desta hortaliça.O cultivo intensivo causa aumentos expressivos na severidade da doença que, por sua vez,ocasionam danos significativos na produtividade das folhas/hastes (COUTINHOet. al., 2006;;BERTALOT et. al., 2010).

Um tipo de galha em jambu, com alto poder destrutivo, tem ocorrido constantemente nas hortas familiares comerciais do município de Santarém, estado do Pará. Esta doença não tem sido eficientemente controlada, o que deprecia principalmente suas hastes, obrigando os olericultores a destacá-las, o que reduz a produção de maços de comercialização e provoca perdas significativas

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aos olericultores.

Diante desta situação, para se obter sucesso com o controle da doença, é imprescindível que, primeiramente, proceda-se uma diagnose baseada no levantamento de sintomas e sinais, com enfoque científico, para a identificação correta de seu agente causal (FERNANDES et. al., 2006; REZENDE et. al., 2011). A partir de então, vão selecionar, integrar e recomendar as medidas de controle da doença (REZENDEet. al., 2011).A diagnose científica de plantas a este tipo de galha não vem sendo aplicada nas hortas de Santarém, Pará, o que conduz a erros de manejo da doença e elevação dos custos de produção.

Este trabalho objetivou realizar a diagnose científica campal e laboratorial de plantas de jambucom sintomas de galha.

MÉTODOS

Os trabalhos de diagnose iniciaram a partir de visitas técnicas e entrevistas com olericultores em hortas familiares comerciais nos bairros Vitória Régia e Maicá, município de Santarém, estado do Pará. Estes foram realizados em duas etapas: maio a agosto de 2014 e maio a junho de 2015.

Na diagnose campal, primeiramente, efetuaram-se as entrevistas, quelevantaram informações a respeito das condições deocorrência e medidas de controle da galha.Logo após, visitavam-se os canteiros, onde 20 hastes, algumas folhas e pedúnculos florais, de 20 plantas sintomáticasdiferentes, eram analisadas e fotografadas quanto aos seus sintomas e sinais da doença.No Laboratório de Fitopatologia (LFT) do IBEF/UFOPA procedeu-se, em detalhes, a continuidade dos trabalhos de diagnose nos mesmos órgãos vegetais coletados no campo. No caso dos sinais, inicialmente sob estereomicroscópio óptico comum (Nova ZTX-E), analisou-se as características morfológicas das colônias do agente causal e de suas estruturas somáticas, associadas às galhas. Posteriormente, isolamentos diretos destas estruturas foram realizados com o auxílio de agulhas histológicas e do estereomicroscópio. Para tanto, as estruturas foram acondicionadas em água ou azul de algodão/lactofenolsobre lâmina/lamínula e imediatamente visualizadas em microscópio óptico comum (Diagtech XJS900T-PH) e fotografadas com uma câmera digital (Sony Cyber - Shot DSC – W 610).A identificação do fitopatógeno baseou-se nas características morfológicas das colônias e de suas ultra-estruturas.Os sintomas e sinais diagnosticados da doença foram comparados com as descrições publicadas em literatura especializada.

RESULTADOS No material analisado e coletado detectaram-se deformações em diferentes órgãos vegetais.

As galhas iniciavam-se na forma de pequenos tumores, verde-claro, com superfície saliente e lisa. Observou-se, nas fases mais avançadas,o rompimento dos tecidos vegetais (FIGURA 1A).As galhas formaram-se, particularmente, nas hastes principais e secundárias,e no colo das plantas. Apresentaram-se de diferentes formas e tamanhos (FIGURA 1B).

Além disso, porém em menor frequência, notou-se que podiam ocorrer no pecíolo e na face adaxial do limbo foliar (FIGURA 1C)e,em situações mais raras, nos pedúnculos florais(FIGURA 1D). No entanto, nunca foram observadas nas raízes das plantas.

Com o auxílio do estereomicroscópio, observou-seno interior de tumores rompidos (FIGURA 2A), a formação, em grande quantidade, de uma massa pulverulenta de esporos, marrom alaranjada (FIGURA 2B).Sob microscópio óptico, foram observados esporospluricelulados, subglobosos a esféricos, marrom amarelados(FIGURA 2C), ede membrana rugosa,unidos por hifas (FIGURA 2D).

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Figura 1 – Sintomas: (1A) tumores iniciais com rupturados tecidos; (1B) galhas apresentando numerosos tumores desuniformes; (1C) deformações em pecíolo e limbo foliar; (1D) deformações no pedúnculo floral. Figura 2 – Sintoma e sinais: (2A) tumores rompidos (aprox. 40 x); (2B) massa pulverulenta de esporos (aprox. 200 x); (2C) esporos (aprox. 400 x); (2D) hifas unindo esporos(aprox. 1.000 x).

DISCUSSÃO A descrição dos sintomas e sinais levantados dos órgãos vegetais analisados e amostrados de

jambu, apresentada anteriormente, corrobora com os relatos de COUTINHO et. al. (2006).Particularmente, com relação às inflorescências, quando lesionadas pelo fitopatógeno, mostram-se deformadas, menores e com poucas sementes(FREIRE & VANKY, 1996, apud POLTRONIERI et.al., 1998), aspectos não observados neste trabalho.Nesta pesquisa, observaram-se tumores nos pedúnculos florais, não detectados no cálice e corola (FIGURA 1D).

CONCLUSÕES

Comparando os sintomas e sinais diagnosticados da doença com os relatados em literatura especializada, concluiu-se que a doença estudada, que vem ocorrendo no município de Santarém,refere-se à galha ou carvão do jambucausadapelo fungo Thecaphoraspilanthes.

AGRADECIMENTOS À UFOPA,pelo transporte disponibilizado para as visitas, pela permissão de uso do

laboratório de fitopatologia e pela bolsa PIBIC concedida à acadêmica Débora de Araújo Costa.Aos olericultores por permitirem as visitas em suas hortas e autorizarem a coleta de material para estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERTALOT, M. J. A.; CARVALHO-PUPATTO, J. G.; FURTADO, E. L.;etal.Métodos alternativos para controle de doenças fúngicas na cultura de jambu (SpilanthesoleraceaeL .) através

2A

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DIAGNOSE DA PODRIDÃO MOLE NA ABOBRINHA ITALIANA

Débora de Araújo Costa¹; Poliana Barbosa da Silva2

¹Acadêmica do Curso de Bacharelado em Agronomia da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, município de Santarém, estado do Pará, Brasil; 2Acadêmica do Curso de Bacharelado em Agronomia da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, município de Santarém, estado do Pará, Brasil; E-mail: [email protected]

Síntese: Em um plantio de abobrinha italiana foi notado alguns frutos com um tipo de podridão mole que impedia o desenvolvimento dos frutos ocasionando baixa produtividade. Em função disto, este trabalho objetivou realizar a diagnose campal e laboratorial quanto ao tipo de podridão apresentada pela abobrinha italiana. O trabalho foi realizado em agosto de 2014. Para a diagnose o material foi colhido de um experimento no campus da UFOPA em Santarém, Pará. A análise dos sintomas e sinais procedera-se diagnoses no Laboratório de Fitopatologia (LFT), do IBEF/UFOPA, a partir de órgãos vegetais sintomáticos. As preparações microscópicas foram feitas de material retirado do tecido doente, com o auxilio de agulha histológica e de estereomicroscópio, para a visualização dessas em microscópio óptico, para a identificação do agente causal da doença. Foram registrados com uma câmera digital comum, tanto em campo, como no laboratório através das lentes oculares do microscópio. Os sintomas e sinais levantados da doença, tanto a campo como em laboratório, foram registrados fotograficamente com uma câmera digital, e comparados com a literatura especializada. As plantas atacadas apresentavam sobre sua superfície uma densa massa de micélios. A colonização do fungo impedia o desenvolvimento do fruto, que apodreciam ainda muito jovens e em algumas plantas o ataque ocorria ainda na inflorescência. Em laboratório sob observação mais detalhada notou-se grande numero de esporângios formados sobre esporangióforos compridos e hialinos. Concluiu-se que a doença estudada refere-se à podridão mole da abobrinha italiana causada pelo fungo Choanephora sp.

PALAVRAS-CHAVE: Abobrinha italiana; Choanephora sp.; Diagnose; Podridão mole

INTRODUÇÃO A abóbora (Cucurbita moschata D.) pertence a uma das famílias de maior importância

econômica, as cucurbitáceas, constituindo-se em alimento básico da região Norte e Nordeste (NUNES, 2011).

A podridão mole em cucurbitáceas ocorre essencialmente em condições tropicais, e é causada pelo fungo Choanephora sp., que tem seu desenvolvimento favorecido principalmente em situação de alta pluviosidade. Neste sentido, o controle desta doença na região amazônica é praticamente impossível, ocasionando perdas significativas em produtividade. Isto, porque a colonização do fungo causa morte dos frutos, e dependendo da severidade da colonização o ataque ocorre ainda na inflorescência (CARDOSO et al., 2001).

Uma doença que causa um tipo de podridão mole, com alto poder destrutivo, ocorreu nos canteiros de um experimento com uma planta da família Cucurbitácea na UFOPA, o que despertou a curiosidade dos alunos. Esta doença ocorreu durante todo o ciclo da abobrinha, o que pode ter interferido na sua produtividade, pois a alta severidade da podridão depreciava os frutos, principal órgão afetado pela doença, impedindo o seu desenvolvimento.

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Rezende et al., (2011), destaca a importância de fazer o levantamento dos sintomas e sinais

de uma planta sintomática como primeiro passo para uma correta identificação do seu agente causal, para posteriormente proceder-se com as medidas de controle.

Este trabalho objetivou realizar a diagnose campal e laboratorial quanto ao tipo de podridão mole apresentada pela abobrinha italiana.

MÉTODOS

O trabalho de diagnose foi realizado em agosto de 2014. A partir de material colhido de um experimento, que avaliava espaçamento e adubação, referente a disciplina de experimentação agrícola, com a cultura de abobrinha italiana, no Campus da UFOPA em Santarém, Pará. A diagnose em campo teve inicio quando se percebeu em meio a plantação alguns frutos com podridão mole, distribuídos em todas as parcelas do experimento, desta forma para a análise dos sintomas e sinais da doença, foram coletados frutos sintomáticas. A diagnose laboratorial procedeu-se no Laboratório de Fitopatologia (LFT) do IBEF/UFOPA, a partir do material coletado em campo, para as visualizações dos sintomas da doença foi utilizado estereomicroscópio. Para analise mais detalhada foram coletados da superfície dos frutos as estruturas do patógeno, com o auxilio de uma agulha histológica (isolamento direto), que imediatamente foi feito laminas com água e lamínula para a visualização dos sinais (estruturas morfológicas) em microscópio óptico. O levantamento dos sintomas e sinais da doença, tanto a campo como em laboratório, foi registrado fotograficamente com uma câmera digital comum. Os sintomas e sinais diagnosticados da doença foram, comparados com as descrições publicadas em material técnico disponível e especializado.

RESULTADOS

Na plantação de abobrinhas observou-se grande número de frutos atacados, sendo visível uma massa micélial cotonosa em toda a parte externa dos frutos sintomáticos, e notou-se que a colonização do patógeno iniciava-se na fase de florescimento, quando há expressivo número de frutos em fase de desenvolvimento, instalando-se na corola das flores, e estendendo-se aos frutos (FIGURA 1 A).

Notou-se ainda que o ataque do fungo ocorria também antes da formação do fruto (FIGURA 1B), o que impedia o seu desenvolvimento, ocasionando murcha e morte ainda na inflorescência (FIGURA 1C).

Quando a colonização ocorre depois da formação do fruto, este também passa pelo processo de murcha, devido a perda de água, e apodrecimento generalizado, como foi observado nos canteiros (FIGURA 1D).

Em laboratório foi possível observar mais detalhadamente as estruturas fungicas com auxilio de estereomicroscópio de microscópio óptico, onde pôde ser observada densa colonização micélial na superfície dos frutos (FIGURA 1E), com esporangióforos comprido e hialino, apresentando um grande numero de esporângios sobre vesículas globosas (FIGURA 1F).

Sob auxilio do microscópio óptico foi observado mais detalhadamente os esporângios produzidos sobre vesículas globosas (FIGURA 1G) contendo esporos de coloração marrom (FIGURA 1H).

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Figura 1 – Sintomas e sinais: (1A) corola da flor colonizada por micélio de choanephora; (1B) florescência atacada pelo patógeno; (1C) murcha e morte da florescência; (1D) apodrecimento generalizado do fruto; (1E) densidade de micélio sobre a superfície do fruto apodrecido; (1F) micélio apresentando espangióforos hialinos e sobre estes um conjunto de esporângios; (1G) esporângiolos produzidos sobre vesículas globosas; (1H) esporos marrons.

DISCUSSÃO Os sintomas e sinais observados na podridão da abobrinha e descritos neste trabalho

corroboram com os relatos descritos por Cardoso et al., (2001), no qual salienta que o patógeno causa uma podridão úmida podendo ser observada densa massa micélial cotonosa na superfície dos frutos atacados.

De acordo com Menezes e Oliveira, (1993), O Gênero de choanephora em cultura forma dois tipos de estruturas reprodutivas assexuais: esporângios com ou sem columela contendo esporos estriados de coloração marrom ou clara, geralmente com apêndices, semelhantes a cerdas ou pêlos, e/ou esporangíolos sem columela, produzidos em grandes números sobre vesículas globosas. No entanto, para este trabalho o fungo não foi reproduzido em meio de cultura. E nas estruturas do fungo observado não foi possível identificar se a estrutura fungica apresentava ou não columela devido a baixa qualidade do aparelho microscópico, porém foi observado grande numero de esporângiolos sobre vesículas globosas contendo esporos marrons.

Menezes e Oliveira, (1993) ainda destaca que os esporângiolos contem de dois a cinco esporos, tipicamente três, estriados e de coloração marrom ou clara, geralmente dotados de apêndices. Porém em cucurbitarum podem ser observados duas estruturas, mas o esporângíolo contêm somente um único esporo, com as estrias características, e não apresentando apêndices. Como observado neste estudo com a abobrinha italiana.

CONCLUSÕES

Comparando os sintomas e sinais diagnosticados da doença com os relatados em literatura especializada, concluiu-se que a doença estudada, refere-se à podridão mole da abobrinha italiana causada por Choanephora sp.

1A

1B

1C

1D

1E

1F

1H

1G

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AGRADECIMENTOS

Aos colegas Douglas, Gabriella, Vandreza e Jeovane, donos do experimento referente a disciplina de experimentação agrícola, com a abobrinha que permitiram a coleta do material para a diagnose, e a permissão do espaço do laboratório de fitopatologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS CARDOSO, M. O.; BOHER, B.; AVILA, A. C.; ASSIS, L. A. G. Doenças das cucurbitáceas no estado do Amazonas. Circular técnica, Manaus, Dezembro, 2001. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPAA-2009-09/7055/1/circ_tec9.pdf>. Acesso em: 3.Jul.2014. MENEZES, M; OLIVEIRA, S. M. A. Fungos fitopatogênicos. Recife: UFRPE, 1993. 277p. REZENDE, J. A. M.; MASSOLA JUNIOR, N. S.; BEDENDO, I. et al. Conceito de doença, sintomatologia e diagnose. In: AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO. (Ed.). Manual de Fitopatologia: princípios e conceitos. 4. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2011, cap. 3, v. 1, p. 37-58. NUNES, E. D.; LIMA, M. A. C. DE.; ROSATTI, S. R.; TRINDADE, D. C. G. DA.; BORGES, R. M. E. Avaliação do teor de carotenóides totais em acessos de abóbora procedentes de Estados da Região Nordeste. IV Reunião de Biofortificação. Teresina. 2011.

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DIAGNÓSTICO DE QUINTAIS AGROFLORESTAIS URBANOS NO

MUNICÍPIO DE BELTERRA, PARÁ.

Ananda Gabrielle de Matos Rebêlo¹; Helinara Laís Vieira Capucho¹;Geny Rocha da Silva¹; Daniela Pauletto²; José Guilherme Santos Saldanha³;Ana Paula Ribeiro Santana³

¹ Acadêmica do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, PA, Brasil; ² Professora da Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, PA, Brasil; ³ Técnico da EMATER, Belterra, PA, Brasil; E-mail: [email protected] Síntese: O estudo teve como objetivo principal caracterizar a estrutura de quintais agroflorestais urbanos de Belterra e diagnosticar a importância das espécies vegetais e animais predominantes nestes sistemas. Foram analisados 19 quintais através da aplicação dequestionários sócio econômico que geraram dados sobre a quantidade de árvores por espécie e suas respectivas famílias, a principal função, o hábito ecológico, se houve ou não presença de animais e manejo, além de variáveis comofrequência relativa, densidade e o índice de diversidade de Shannon-Weaver (H'). Os dados foramprocessados com auxílio do programa Excel 2013. As espécies vegetais predominantes foram o cupuaçu (Theobroma grandiflorum Willd.), banana (Musa spp) e laranja (Citrus sinensis L. Osbeck)que são destinadas para o autoconsumo o que demonstraa importância destesquintaispara a segurança alimentar das famílias pelapredominância de espécies frutíferas em sua composição. Das espécies amostradas o cupuaçu foi a espécie que mais demonstrou potencial para comercialização, visto que está presente em todos os quintais agroflorestais. Os quintais apresentaram em média uma área de 3.333 m², onde as espécies mais frequentes foram o cupuaçu, banana e laranja, apresentando valores de densidade igual a 83,8, 50,9 e 30,0 respectivamente. Palavras-Chave:agrossistemas; urbano; autoconsumo; potencial produtivo

INTRODUÇÃO No Brasil, quintal é o termo utilizado para se referir ao terreno situado ao redor da casa, no qual se cultivam ou se mantêm múltiplas espécies que fornecem parte das necessidades nutricionais da família. Os Sistemas Agroflorestais (SAF’s), variam de acordo com as associações e atividades geradas no sistema. Desta forma, os quintais domiciliares também são considerados tipos SAF’s, devido às características que envolvem a atividade, como a oferta de uma série de produtos e/ou serviços, o que diminui de forma considerável os gastos da família para obtê-los fora da propriedade. Estes quintais são sistemas que necessitam de baixos insumos e representam uma fonte adicional de renda (GAZEL FILHO et al., 2009). A Vila Mensalistalocalizada no Município de Belterra tem a característica de possuir quintais com grandes dimensões (aproximadamente 3000 m2) e abrigar uma enorme diversidade de espécies. As casas neste local, por volta de 1935 eram habitadas por moradores de alto cargo de chefia e foram construídas aos moldes americanos (PEREIRA, 2012) para abrigar trabalhadores envolvidos na produção de borracha. De acordo com os moradores, com a queda da produção de látex das seringueiras, houveincentivo ao plantio de outras espécies,com grande destaque parao cupuaçu, espécie predominante nos quintais do município. Nesse sentido, o estudo teve por objetivo caracterizar a estrutura de quintais agroflorestais urbanos na cidade de Belterra e diagnosticar a importância das espécies vegetais e animais predominantes nestes sistemas e, desta forma, contribuir para a melhoria do uso desses espaços.

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MÉTODOS

A pesquisa foi realizada nos quintais agroflorestais da Vila Mensalista, no perímetro urbano do município de Belterra, Pará. Pela classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Ami, ou seja, tropical úmido com variação térmica anual inferior a 5°C. Através dos dados climáticos coletados nesta região a temperatura média anual é 25,5°C, com máxima de 30,6°C e mínima de 21,0°C (CORDEIRO, 2004). Foram analisados 19 quintais agroflorestais entre os dias 22 e 23 de junho de 2015. Os dados foram coletados a partir de um questionário sócio econômico aplicado por meio de conversas que permitiam coletar informações relevantes para a pesquisa. Durante a entrevista foi utilizado à observação sistemática para obter dados sobre a funcionalidade do quintal, além defotografias como recursos adicionais para coleta de informações. Com as informações obtidas nosquintais agroflorestais foram avaliadosaquantidade de árvores por espécie e suas respectivas famílias, a principal função, o hábito ecológico, se houve ou não presença de animais e o manejo realizado. Foram calculadas as seguintes variáveis: frequência relativa (%) e densidade (Ind/ha),o índicede diversidade de Shannon-Weaver (H'), além da estimativa de produção econômica da planta mais abundante dos quintais. Os dados foram processados no programa Excel 2013.

RESULTADOS A área média dos 19 quintais analisados abrangeu 3.333 m² (0,33ha). Foram registrados 1.383 indivíduos vegetais,distribuídos em64 espécies, sendo as mais abundantes o Cupuaçu (Theobroma grandiflorumWilld.), a Banana (Musa spp) e a Laranja (Citrus sinensis L. Osbeck) com respectivamente, 571, 145 e 120 indivíduos. No total foram encontradas 34 famílias, sendo que as mais representativas em espécies foram a Myrtaceae (6 spp) e Rutaceae (6 spp) e em relação ao número de indivíduos as famílias Sterculiaceae (580 indivíduos) e Rutaceae (194 indivíduos). Nos quintais avaliados a principal função das espécies está voltada para a alimentação (90%),os outros 10% dividem-se em medicinal, ornamental e para sombra. Além disso, verificou-se que 31,58%dos quintais possuíam criação de pequenos animais zootécnicos.Os animais presentes nos quintais apresentaram-se divididos em dois grupos: de estimação e zootécnicos, o segundo destinado para consumo/comercialização. O animal de estimação mais frequente nas propriedades foi o cachorro (Canis lupus familiaris L.); enquanto o principal animal zootécnico utilizado para consumo e comercialização foi à galinha (Gallus gallus domesticus L.). Foi identificado que as espécies cupuaçu e laranja tem como principais limitantes fitossanitários o ataque,respectivamente, pela doença da vassoura de bruxa causada pelo fungo Moniliophthora perniciosae pela formigasaúva(Atta spp.) além da competição complantas invasoras. Em relação ao manejo, somente em um dos quintais foi constatado o manejo das galinhas. O Índice de Shannon-Weaverdos quintais agroflorestais estudados foi de 3,64. Os dados das cinco espécies mais frequentes e suas respectivas densidades, finalidade principal, uso e hábito ecológico estão demonstrados na Tabela 1. Para a estimativa de produção e comercialização do cupuaçu, utilizou-se dados de FILHO (2000) referente ao fruto da espécie na região amazônica, onde este contém em média 0,5 kg de polpa, sendo 40 frutos/ano produzidos por planta aproximadamente. Considerando estes valores estima-se que nas áreas estudadas, cada quintal produziria em média 600 kg de polpa em sua safra, visto que cada quintal tem em média 30 plantas. Aplicando-se valores médios de comercialização da polpa processada do cupuaçu no mercado local, considerando este no valor de R$ 4,00 por unidade, calcula-se que a renda com este produto seria de R$ 2.400 por quintal ao ano.

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TABELA 1 -Espécies mais frequentes em quintal agroflorestal em Belterra - PA

Espécie Nome Científico

Frequência (%)

Densidade (ha-¹)

Finalidade principal Uso Hábito

ecológico

Cupuaçu Theobroma

grandiflorum Willd.

41,29 83,8 Consumo Alimentar Arbusto

Banana Musaspp 10,48 50,9 Consumo Alimentar Herbácea

Laranja Citrus

sinensis L. Osbeck

8,68 30,0 Consumo Alimentar Arbusto

Pupunha Bactris

gasipaes 5,28 2,9 Consumo Alimentar Palmeira

Açaí Euterpe

oleracea

Mart. 3,83 31,3 Consumo Alimentar Palmeira

DISCUSSÃO Dentre as espécies mais frequentes o Cupuaçu foi o encontrado em maior quantidade nos quintais, devido a ser uma espécie nativa de grande consumo na região e também pelo fato de que houve incentivo para o plantio no período de1945em função da decadência dos seringais no município de Belterra. Tal resultado pode contribuir na conservação da biodiversidade, visto que, o hábito de cultivar plantas nativas diminui de forma considerável a pressão sobre a vegetação. As famílias Myrtaceae e Rutaceae foram as mais representativas em número de espécies, o quedemonstra a preferência das famílias em cultivar espécies frutíferas, com grande destaque para as espécies nativas da região. Em relação ao número de indivíduos as famílias Sterculiaceae e Rutaceae foram as mais representativas, com grande destaque para o cupuaçu (família Sterculiaceae) que ocorreu em todos os quintais amostrados sendo, portanto, a espécie de maior abundância e frequência nos quintais avaliados. O Índice de Shannon-Weaver encontrado demonstra uma alta diversidade de espécies. JUNIOR et al., (2013) em um levantamento florístico em quintas de Anapú/PA encontraram uma diversidade média de 3,03.Nos estudos em quintais de Bonito/PA, analisados por VIEIRA, ROSA & SANTOS (2012) identificaram uma diversidade de 2,21. Resultados esses que esclarecem a alta diversidade dos quintais encontrados em Belterra. Nos quintais agroflorestais, o manejo observado foi a capina para controle de plantas invasoras que competem por luz, água e nutriente, a poda, retirando-se galhos secos e doentes dos cupuaçuzeiros e a aplicação de herbicida nas plantas atacadas por saúva. A mão de obra para o manejoé proveniente da própria família e, somente em alguns quintais foi constatado a contratação de terceiros para a realização de atividades de manejo. Devido às espécies serem utilizadas apenas para o consumo não há um controle de produção. Em função da abundância da espécie cupuaçu nos quintais, verificou-se um grande potencial para comercialização do fruto, considerando que o produtor mantenha controle fitossanitário da espécie é possível que as famílias retirem uma renda considerável desta atividade.

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CONCLUSÕES

As principais espécies vegetais encontradas foram o cupuaçu, banana e laranja, pois contribuem na complementação alimentar. A grande diversidade de espécies vegetais garante oferta intercalada de produtos ao longo do ano que são utilizados para autoconsumo. Os espaços destinados a sombra servemde abrigo para animais domésticos e zootécnicos, sendo estes últimos encontrados em menos de 50% dos quintais. Identificou-se que somente érealizado tratos culturais nas espécies atacadas por vassoura de bruxa e saúva (cupuaçu e laranja). Este estudo mostrou um grande potencial para comercialização do cupuaçu, devido a grande quantidade de indivíduos encontrados nos quintais, se seguido periódicas atividades de controle fitossanitário da espécie.

AGRADECIMENTOS Agradecemos aos técnicos da EMATER de Belterra pela parceria e auxílio na realização do projeto “Quintais Produtivos”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORDEIRO, A. Floresta Nacional do Tapajós - Plano de Manejo. IBAMA, 2004. FILHO, G. A. F. Cultivo do cupuaçuzeiro para o estado da Bahia. CEPLAC/Centro de Pesquisas do Cacau - Cepec - Itabuna, Bahia, 2000. Disponível em: <http://www.ceplac.gov.br/radar/cupua%C3%A7uzeiro.htm>. GAZEL FILHO et al. Diversidade e similaridade entre a vegetação de quintais agroflorestais em Mazagão, AP. VII Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais, jun/2009, 8p. JUNIOR, et al. Levantamento florístico dos quintais agroflorestais do PDS Virola Jatobá em Anapú, Pará. Enciclopédia Biosfera, Centro Cientifico Conhecer- Goiânia, v.9, n.17; p.1801, 2013. PEREIRA, J. C. M. Os modos de vida na cidade: Belterra, um estudo de caso na Amazônia Brasileira. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. VIEIRA, T. A.; ROSA, L. S.; SANTOS, M. M. L. S. Agrobiodiversidade de quintais agroflorestais no município de Bonito, Estado do Pará. Revista de Ciências Agrárias, v. 55, n.3, p. 159-166, 2012.

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DINÂMICA DE ESPÉCIES COMERCIAIS COLHIDAS SOB MANEJO

FLORESTAL NA FLONA TAPAJÓS, BELTERRA-PA

Milla Graziely Silveira dos Santos¹; Giselli Castilho Moraes²; Lia de Oliveira Melo³ 1Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de biodiversidade e Florestas, Laboratório de Manejo e Ecossistemas Florestais, Santarém, PA, Brasil; 2Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de biodiversidade e Florestas, Laboratório de Manejo e Ecossistemas Florestais, Santarém, PA, Brasil; 3Professora da Universidade Federal do Oeste do Pará, Doutora em Ciências Florestais, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, PA, Brasil; E-mail: [email protected]. Síntese: O objetivo deste trabalho foi avaliar a estrutura edinâmica das espécies comerciais que fazem parte do rol das mais colhidas em uma área manejada na Floresta Nacional do Tapajós (FLONA-Tapajós). A pesquisa foi realizada na área de manejo florestal comunitário administrado pela Cooperativa Mista da Flona do Tapajós – COOMFLONA, localizada na FLONA-Tapajós, à altura do km 83 da Rodovia Santarém-Cuiabá, município de Belterra-Pará.A coleta de dados foi realizada na Unidade de Produção Anual (UPA) 7 que possui área total de 700 ha. Nesta foram alocadas de maneira aleatória 7 parcelas permanentes (PP) de 2500 m² (50 m x 50 m). As medições ocorreram em duas ocasiões: 1 (um) ano antes da colheita e 2 (dois) anos após a colheita. Foram consideradas apenas 14 espécies que foram selecionadas para colheita no ano de 2012, sendo estas: Couratari guianensis; Lecythis lurida; Manilkara huberi; Astronium leicontei; Apuleia moralis;

Mezilaurus itauba; Tabebuia serratifolia; Hymenaea coubaril; Hymenaea parvifolia; Trattinnickia

rhoifolia; Cedrelinga catenaeformis; Vochysia maxima; Cedrela odorata; Lecythis sp.Na estruturadessas espécies, foi observado uma diminuição no número de indivíduos e na volumetria das mesmas. Das 14 espécies estudadas, 50% tem tendência a agrupamento e 50% tem distribuição espacial regular.A taxa de incremento periódico anual em diâmetro foi de 0,50 cm/ano, em área basal foi de 0,0887 m2/ha/ano e em volume foi 1,11 m3/ha/ano. As taxas de ingresso e mortalidade tiveram um balanço positivo, sendo que morreram 0,7 arvores/ha/ano (2,4%) e ingressaram 1,1 arvores/ha/ano (3,6%). Todas as espécies colhidas mantiveram sua importância na estrutura da floresta, mostrando que o manejo florestal realizado na área favoreceu o crescimento das mesmas.

Palavras–chave: manejo florestal; monitoramento; inventário florestal; parcela permanente

INTRODUÇÃO A Amazônia brasileira estende-se por uma região de 5 milhões de km², mais da metade do

território nacional. O manejo florestal é a melhor solução para a colheita racional de madeira e outras riquezas não-madeireiras da floresta. Uma floresta bem manejada continuará oferecendo essas riquezas a gerações futuras. Para isso são necessários critérios técnicos como uma colheita florestal cuidadosa, de impacto reduzido, a aplicação de tratamentos silviculturais para potencializar a regeneração e o monitoramento, para controlar essa regeneração e ajudar a tomada de decisões.

Para conhecer a estrutura e dinâmica de florestas tropicais, é necessário a instalação de parcelas permanentes de monitoramento, onde se aplica o Inventário Florestal Contínuo (lFC) que é a ferramenta básica para conhecer as mudanças que ocorrem na floresta, oriundas de perturbações naturais e também de perturbações humanas, como a exploração e os tratamentos silviculturais (Silva, 1984).

A avaliação da distribuição diamétrica ao longo do tempo é uma ferramenta útilnas decisões silviculturais no manejo florestal, que pode possibilitar a sustentabilidade destaatividade (REIS,

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2014). O objetivo deste trabalho foi avaliar a dinâmica das espécies comerciais que fazem parte do rol das mais colhidas na área de manejo da Floresta Nacional do Tapajós.

MÉTODOS

A pesquisa foi realizada na área de manejo florestal comunitário administrado pela Cooperativa Mista da Flona do Tapajós – COOMFLONA, localizada na Floresta Nacional do Tapajós, à altura do km 83 da Rodovia Santarém-Cuiabá, município de Belterra-Pará, entre os paralelos de 2º 45’ e 4º 10’ de latitude sul e entre os meridianos de 54º 45’ e 55º 30’ de longitude oeste com área estimada em 600.000 ha (ESPÍRITO-SANTO, 2005).

O clima é tropical úmido, com temperatura média anual de 25,5 ºC e variação térmica anual inferior a 5ºC, classificado como Ami no sistema Köppen (Ruschel, 2008). O relevo é plano, e o solo predominante é o Latossolo amarelo distrófico, com baixas trocas catiônicas

A coleta de dados foi realizada na Unidade de Produção Anual (UPA) 7 que possui área total de 700 ha. Nesta foram alocadas de maneira aleatória 7 parcelas permanentes (PP) de 2500 m² (50 m x 50 m).Foram consideradas apenas 14 espécies, com alto valor madeireiro para a região, e que foram selecionadas para colheita no ano de 2012, sendo estas: Couratari guianensis(Tauari); Lecythis lurida(Jarana); Manilkara huberi(Maçaranduba); Astronium leicontei(Muiracatiara); Apuleia moralis(Garapeira); Mezilaurus itauba(Itauba); Tabebuia serratifolia(Ipê-amarelo); Hymenaea coubaril(Jatobá); Hymenaea parvifolia(Jutaí-mirim); Trattinnickia rhoifolia(Breu amescla); Cedrelinga catenaeformis(Cedrorana); Vochysia máxima (Quaruba); Cedrela

odorata(Cedro vermelho); Lecythis sp(Sapucaia). Asárvores foram identificadas, etiquetadas e foram tomadas as medidas de CAP a 1,30 m do

solo com auxílio de uma trena. As medições foram realizadas em duas ocasiões, 1 (um) ano antes da colheita e 2 (dois) anos após a colheita.

Para distribuição espacial das espéciesfoi calculado o IGA (Índice de Agregação de McGuinnies),as taxas de ingressos, mortalidade e crescimento anual em diâmetro das espécies consideradas. Os descritores fitossociológicos, e a dinâmica foram estimados por meio do software livre desenvolvido pela EMBRAPA, Manejo de Florestas Tropicais (MFT) e a tabulação foi realizada no software Excel.

RESULTADOS Estrutura Florestal

Na estrutura florestal, observou-se a diminuição nas variáveis estudadas, sendo que a principal redução ocorreu no volume de árvores. É importante destacar que as modificações observadas após a colheita de madeira são decorrentes de dois fatores, a retirada das árvores comercializadas e os danos gerados com a sua derrubada e arraste (tabela 1).

Analisando a estrutura espacial das espéciespelo índice de agregação de McGinnies, verificou-se que 7 dentre as 14 espécies analisadas tem distribuição desagrupada ou regular, ou seja,com valores menores que 1,0e 7 possuem tendência a agrupamento, ou seja valores entre 1,0 e 1,5 e nenhum indivíduo estudado apresentou distribuição agrupada.

O índice de valor de importância (IVI) mostrou que o Tauari (Couratari guianensis), Jarana (Lecythis lurida), Maçaranduba (Manilkara huberi), Muiracatiara (Astronium leicontei)e Garapeira (Apuleia moralis) foram as cinco espécies mais importantes para a área, antes e após a colheita florestal. Com exceção da garapeira que perdeu posição para o ipê-amarelo logo após a colheita.

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Tabela 1: Número de árvores,volume, distribuição espacial e taxas de crescimento em diâmetro de 14espécies comerciais encontradasantes da colheita (AC) e dois anos após a colheita (2DC) em área manejada na Floresta Nacional do Tapajós.

Espécies N/ha AE N/ha 2 DE

V/ha AE V/ha 2 DE Estrutura

espacial

Cresc em DAP

(cm/ano) Tauari 10,2 10,5 7,21 7,28 0,99 0,24

Maçaranduba 5,5 5,5 11,48 11,87 0,97 0,90

Muiracatiara 3,3 3,3 3,92 4,06 0,98 0,62

Ipê-amarelo 1,1 1,1 1,35 1,39 0,99 0,37

Iatúba 1,8 1,5 2,15 0,31 0,99 0,53

Jutai-mirim 0,4 0,7 1,4 1,44 1,00 0,05

Garapeira 0,7 0,4 8,03 1,98 1,00 1,9

Jatobá 1,1 1,1 0,24 0,27 0,99 0,53

Breu- amescla 0,7 0,7 0,10 0,10 0,97 0,80

Quaruba 0,4 0,7 0,13 0,15 1,00 1,00

Cedrorana 0,4 0,4 0,24 0,24 1,00 0

Cedro vermelho 0,4 0,4 0,13 0,15 1,00 0,60

Sapucaia 0,4 0,4 0 0 1,00 0,40

Jarana 5,1 4,7 13,55 13,64 1,14 0,52

Total 31,5 31,4 49,93 42,88 - 0,60 Dinâmica Florestal

A taxa de incremento periódico anual em diâmetro foi de 0,50 cm/ano, a média de incremento em área basal foi de 0,0887 (m2/ha/ano) ea taxa de incremento médio em volumefoi 1,11 (m3/ha/ano).A quantidade de luz recebida pelas copas é um importante fator para favorecer o crescimento das árvores, independentemente da espécie, o crescimento médio de árvores sob iluminação foi de 0,65 cm/ano para árvores totalmente iluminadas, 0,45 cm/ano para árvores parcialmente iluminadas e 0,3 cm/ano para árvores sombreadas.

As taxas de ingressose mortalidade tiveram um balanço positivo, sendo que morreram 0,7 arvores/ha/ano (2,4%) e ingressaram 1,1 arvores/ha/ano (3,6%).

DISCUSSÃO Ocorreram reduções na maioria das variáveis estruturais das espécies estudadas, a principal

redução se deu no volume de árvores, em torno de 7,40 m³/há (5,67%), uma vez que estas foram colhidas afetando de forma determinante essa variável. Esta redução é considerada normal, já que a floresta só tem dois anos de explorada. Em trabalhos como o de Reis (2010) o volume só foi recuperado 28 anos após a colheita.

Mesmo o intervalo de estudo sendo muito curto, a distribuição espacial permaneceu no mesmo padrão antes e após a colheita, porém segundo Martins (2003), é necessário bastante tempo para se chegar a conclusões sobre o padrão de distribuição de espécies, principalmente pelo fato de que o processo de sucessão da floresta ser altamente dinâmico.

As três espécies mais exploradas, Couratari guianensis, Manilkara huberi e Lecythis lurida, não tiveram seu valor de importância afetado, permanecendo em suas posições mesmo no período

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pós-colheita. Ao contrário do que ocorreu no trabalho de Reis (2014), que a M. huberi perdeu oito posições no período pós-colheita.

Em relação ao crescimento, os valores encontrados foram superiores aos obtidos por Costa (2008), que estudando uma área próxima a deste trabalho, encontrou valores de 0,35 cm/ano para espécies comerciais.

A taxa de mortalidade pode ser comparada com o trabalho de D’Oliveira e Braz (2006) que encontrou taxas de 3,2% 4 anos após a exploração, valores considerados normais devido ao curto período pós-colheita.

CONCLUSÕES As espécies estudadas apresentaram elevada taxa de crescimento em diâmetro, principalmente quando submetidas a luz solar direta. A extração de madeira não provocou grandes alterações na estrutura das espécies que mantiveram seu índice de valor de importância após a colheita, mostrando que o manejo florestal realizado vem sendo conduzido com eficiência.

AGRADECIMENTOS À Universidade Federal do Oeste do Pará, pela concessão de bolsa de iniciação cientifica à primeira autora. À FAPESPA pela concessão de bolsa de iniciação cientifica à segunda autora. Aos manejadores COOMFLONA, pela coleta de dados. À Professora Lia de Oliveira Melo, pela orientação, apoio e contribuição na realização deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, D. H. M.; SILVA, J. N. M.; CARVALHO, J. O. P. de. Crescimento de árvores em uma área de terra firme na Floresta Nacional do Tapajós após a colheita de madeira. Revista de ciências agrárias, Belém, n.50, p.63-76, jul/dez, 2008.

D’OLIVEIRA, M. V. N.; BRAZ, E. M. Estudo da dinâmica da floresta manejada no projeto de manejo florestal comunitário do PC Pedro Peixoto na Amazônia Ocidental. Acta Amazônica, Manaus-AM, vol.36, n.2, 2006.

MARTINS, S. S.; COUTO, L.; MACHADO, C. C.; SOUZA, A. L. de. Efeito da exploração florestal seletiva em uma floresta estacional semidecidual. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.27, n.1, p.67-70, 2003.

REIS, L. P.; RUSCHEL, A. R.; COELHO, A. A.; LUZ, A. S. da. MARTINS-DA-SILVA, C. V. Avaliação do potencial madeireiro na Floresta Nacional do Tapajós após 28 anos daexploração florestal. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, v.30, n.64, p.265-281, nov/dez, 2010.

REIS, L. P. et al. Dinâmica da distribuição diamétrica de algumas espécies de Sapotaceae após a exploração florestal na Amazônia Oriental. Revista de Ciências Agrárias, v.57, n.3, p.234-243, jul/set. 2014.

SILVA, J. N. M.; LOPES, J. do C. A. Inventário florestal contínuo em florestas tropicais: a metodologia utilizada pela EMBRAPA-CPATU na Amazônia brasileira. Belém, EMBRAPA, 36 p. 1984.

RUSCHEL, A. R. Dinâmica da composição florística e do crescimento de uma floresta explorada há 18 anos na Flona Tapajós, PA. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2008. 57p. (Documento, 341).

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DISPONIBILIDADE DE BÁRIO EM CULTIVOS E LATOSSOLOS

DIFERENTES PARA II SCAA – IBEF/UFOPA

Cezar Dias Cardoso Júnior¹; Iolanda Maria Soares Reis² ¹ Discente de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, PA, Brasil; ² Docente da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, PA, Brasil; E-mail: [email protected] Síntese: O bário é um metal pesado, também denominado de “elemento-traço”, o qual pode ser encontrado naturalmente no solo podendo também ser introduzido por ação humana, como depósito de resíduos industriais e agrotóxicos. Dessa forma, há hipótese da ação antrópica está influenciando na disponibilidade de bário. Esse elemento químico até mesmo em pequenas quantidades pode ser nocivo ao homem, vegetais e animais. O objetivo deste estudo foi analisar a ação antrópica sobre duas coberturas vegetais diferentes, em dois Latossolos. Ascoletas de solos foram realizadas nas cidades de São Carlos e Itirapina, ambas no estado de São Paulo e em dois tipos de solos, o Latossolo Amarelo e o Latossolo Vermelho, além disso, em duas coberturas vegetais: mata nativa e cultivo de cana-de-açúcar.Foi utilizada a forma de amostras compostas, assim, coletou-se 20 amostras simples, com profundidade de 0,00-0,20 m, para ser formado uma amostra composta e a retirada do material de solo teve como uso do trado holandês, em seguida as amostras secas ao ar ambiente, peneiradas em malha com 2 mm com finalidade de análises utilizadas de cunho físico e químico. Para ser analisada a disponibilidade potencial de bário para as plantas, utilizou-se os extratores Mehlich 1, Mehlich 3 e DTPA. Com os resultados, a ação antrópica não se apresentou como um bom indicador para a disponibilidade de bário, pois em Latossolo Vermelho cultivado, o potencial de disponibilidade de bário foi maior, já em Latossolo Amarelo a disponibilidade de bário em solo cultivado foi menor. Palavras-chave: elemento-traço, ação antrópica, cultivo, mata-nativa

INTRODUÇÃO O bário (Ba) é um dos metais pesados que apresenta elevado potencial poluidor e por ser usado extensivamente na indústria, tem se tornado um problema principalmente com relação à saúde humana (MERLINO, 2013). As atividades industriais contribuem para a contaminação, principalmente, com seus resíduosos quais geralmente são direcionados ao solo. De acordo com Merlino (2010), os metais pesados, assim como outros elementos químicos, quando lançados no solo, interagem com componentes domesmo, podendo ser adsorvidos, absorvidos pelas plantas ou lixiviados, ouatingir o lençol freático. Nem sempre oBapresente no solo está disponível aos organismos vivos, pois parte deste elemento pode estar adsorvido nos colóides do solo. As atividades antrópicas têm aumentado a concentração de Ba no solo e na água. Devido à toxicidade de bário a USEPA (United States Environmental Protection Agency) acrescentou o Ba à sua lista como um elemento potencialmente poluente (LIMA, 2011). Desse modo, a disponibilidade de Ba pode ser intensificada pela ação antrópica e tornar-se um problema para o solo e o ambiente como um todo. O objetivo deste estudo foi analisar a ação antrópica sobre duas coberturas vegetais diferentes, em Latossolo Vermelho e Latossolo Amarelo.

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MÉTODOS

As realizações das análises foram utilizadas as classes de solos: Latossolo Vermelho (LV) e Latossolo Amarelo (LA). As coletas de amostras de solos ocorreram no estado de São Paulo nos municípios de São Carlos e Itirapina com uso de coberturas vegetais em mata nativa e cultivo de cana-de-açúcar para ambas as cidades. As coordenadas das coletas em São Carlos para LV, em cultivo de cana-de-açúcar foram: 22° 15' 19.5" S e 47° 50' 37.3" W, e para LV em mata nativa, na cidade de São Carlos, com as coordenadas: 22° 15' 12.0" S e 47° 50' 38.5" W.Na cidade de Itirapina em LA, as coletas para cultivo de cana-de-açúcar, obtiveram as seguintes coordenadas: 22° 24' 12.5" S e 47° 52' 51.8" W, ainda nesse município, em LA na mata nativa, com as coordenadas: 22° 24' 03.0" S e 47° 52' 52.0" W. As amostras de solo foram coletadas com auxílio detrado holandês, foram coletadas 20 amostras simples para formar uma amostra composta nas profundidades de 0,00-0,20 m. Em seguida, secas ao ar, peneiradas em malha de 2 mm, e procederam-se àsanálises químicas, granulométricas, mineralógicas, disponibilidade de Ba (REIS et al., 2014). Os teores potencial disponível foram obtidos e mostrados na Tabela 3, de acordo com os métodos de extração Mehlich 1 (DEFILIPO; RIBEIRO, 1997), Mehlich 3 (MEHLICH, 1984) e DTPA (LINDSAY; NORVELL, 1978). Os procedimentos teve a utilização da extração pelos procedimentos da solução Mehlich 1 (0,05 mol L-1 HCl + 0,0125 mol L-1 H2SO4 a pH 1,2). Por seguinte foi adicionado 25 mL de solução extratora para cada 2,5 g de TFSA, prosseguindo, em cinco minutos, agitou-se com 120 oscilações por minutos. Por fim, ocorreu a filtragem e,após o término desses procedimentos,foi determinado os teores potencialmente disponível de Ba (DE FILIPO; RIBEIRO, 1997). O método Mehlich 3 foi extraído (CH3COOH 0,2 mol L-1 + NH4NO3 0,25 mol L-1 + NH4F 0,015 mol L-1 + HNO3 0,013 mol L-1 + EDTA 0,001 mol L-1 a pH 2,5), em seguida, em cada 2,5 g de solo, adicionou-se 25 mL de solução, e por cinco minutos, realizando agitações com 120 oscilações por minuto. Na conclusão deste procedimento o extrato foi filtrado e por seguinte ocorreu à determinação dos teores potencialmente disponível de Ba (MEHLICH, 1984). Para extração por DTPA (DTPA 0,005 mol L-1 + TEA 0,1 mol L-1 + CaCl2 0,01 mol L-1 a pH 7,3), adicionou-se 20 mL da solução extratora a em cada 10 cm3 de TFSA, por seguinte, com agitação por 2 horas, seguindo da filtragem e assim determinando os teores potencialmente disponível de Ba (LINDSAY; NORVELL, 1978). Com o auxílio do espectrofotômetro de absorção atômica, com chamas de ar acetileno para determinação de Ba.

RESULTADOS

Tabela 1 – Caracterização química para fins de avaliação da fertilidade dos Latossolos estudados na camada de 0,00-0,20m.

Solo (1) P resina MO (2) pH (CaCl2)

K+ Ca 2+ Mg 2+ H+Al SB CTC V

mg dm-3 g dm-3 -------------------------- mmolc dm-3------------------------ (%)

LV M 14 27 4,3 0,6 12 3 52 16 68 23 LV C 27 15 4,5 0,6 6 1 60 8 68 12 LA M 15 36 4,5 5,2 14 9 47 28 75 38 LA C 69 36 5,5 2,4 41 25 28 68 96 71

(1) LV: Latossolo Vermelho; LA: Latossolo Amarelo; C: amostra em cultivo de cana-de-açúcar; M: área de mata nativa ou florestamento antigo. (2) MO: matéria orgânica. Fonte: PEIXOTO, F. G. T. (2010).

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Tabela 2 – Teores de óxidos, granulometria e relações goethita/hematita [Gt/(Gt+Hm)] e caulinita/gibsita [Ct/(Ct+Gb)] dos solos estudados.

Solo (1) FeDBC FeOX Fe2O3 Areia total Silte Argila Gt/ (Gt+Hm)

Ct/ (Ct+Gb)

-------------(%)------------- ------------------------(%)---------------------- LV M 3,58 0,26 4,15 85,30 2,25 12,45 0,33 0,79 LV C 2,67 0,43 4,49 80,20 4,00 15,80 0,06 0,84 LA M 1,27 0,29 2,52 77,50 4,10 18,40 0,71 0,82 LA C 2,52 0,49 3,31 74,00 4,00 22,00 0,78 0,41

(1)LV: Latossolo Vermelho; LA: Latossolo Amarelo; C: amostra sob cultivo de cana-de-açúcar; M: área de mata nativa ou florestamento antigo. Fonte: REIS, I. M. S. et al., 2014. Tabela 3 – Teores de bário e potencialmente disponível as plantas. Elemento Químico Solo Cobertura Vegetal Mehlich 1 Mehlich 3 DTPA

-------------------mg kg-1----------------- Bário (Ba) Latossolo Vermelho Mata Nativa 2,47 17,87 6,06 Bário (Ba) Latossolo Vermelho Cana-de-Açúcar 2,24 58,14 6,14 Bário (Ba) Latossolo Amarelo Mata Nativa 3,45 1,23 4,67 Bário (Ba) Latossolo Amarelo Cana-de-Açúcar 3,59 9,32 5,92

DISCUSSÃO

Os estudos feitos em Latossolos mostraram que em LV C obteve valores muito maiores em relação aos outros solos (tabela 3), o Mehlich3 foi o extrator que obteve maior valor absoluto.Como há um cultivo, deve ter ocorrido um uso intensivo de adubação e outros aditivos químicos. Segundo Savazzi (2008), o Ba pode ser introduzido no meio ambiente antropicamente devido à disposição de resíduos provenientes da produção de fogos de artifícios, pigmentos, vidros, uso de defensivos agrícolas. Pelo extrator Mehlich 1 não houve grande variação com relação aos solos estudados. Entre os extratores usados o extrator Mehlich 3 foi o melhor, em seguida o DTPA e o extrator que proporcionou menores valores para Ba foi o Mehlich 1. Em relação às trocas iônicas existentes em LV C, houve valores menores para MO, SB, CTC e V(%) e maior a H+Al. Nesse caso, esses valores favorecem para que esse solo seja melhor para disponibilidade as plantas, pois possui menores quantidades de cargas elétricas e assim, sendo possíveis poucas ligações químicas. Além disso, o seu pH tem teor ácido, assim, aumentando a quantidade de cargas positivas, consequentemente diminuindo a CTC favorecendo a CTA, sendo uma hipótese de LV C possuir maior valor em Mehlich 3. A retenção do bário, como a de outros cátions alcalinos terrosos, é controlada pela CTC do absorvente (LIMA, 2011). Com a existência de proporcionalidade direta entre cargas elétricas e MO, com isso, quanto maior a quantidade de MO, haverá mais cargas elétricas disponíveis para solo, planta ou lixiviação. Na tabela 1, observa-se que a MO no LV Cse apresenta menor entre os solos estudados, assim, favorecendo uma maior disponibilidade de Ba para as plantas. Além disso, em comparação com os solos, na tabela 2, apresenta segunda menor quantidade de argila, e isso também favorece a mobilidade de Ba no solo devido a falta de cargas elétricas, que por outro lado, em solos argilosos há quantidade maior dessas cargas. E por fim, seu pH, na tabela 1, é o segundo mais ácido, e isso aumenta as cargas positivas e nisso, não sendo bom para CTC que necessita de cargas negativas para concretização das reações químicas. De acordo com Magalhães (2011), a complexação pela

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MO, apesar de ocorrer de forma limitada, torna o Ba mais imóvel no solo. Dessa maneira, a mobilidade do Ba é maior em solos arenosos, ácidos e com baixo teor de MO. Todos esses fatores aumentam a disponibilidade do Ba no solo. Em LA C apresenta menor disponibilidade de Ba como é observado o valor na tabela 3, com a hipótese de ocorrência de trocas do cátion Ba2+ por Ca2+ ou Mg2+. Dessa forma diminuindo teor de Ba que possivelmente são lixiviados e a possível entrada de teores desses outros dois cátions no solo. Segundo Merlino (2013), a toxicidade do Ba pode ser amenizada pelo fornecimento de Ca, Mg e S ao meio de cultivo (solução nutritiva ou solo), devido ao resultado da interaçãoantagônica que ocorre entre estes macronutrientes e o Ba, tanto no solo (ou soluçãonutritiva) quanto no interior da planta.

CONCLUSÃO Os resultados apontaram a ação antrópica como um fator não determinante para a disponibilidade de Ba. Em Latossolo Vermelho,sob cultivo, opotencial de disponibilidade de Ba maior, entretanto, foi menor a disponibilidade de Ba em Latossolo Amarelo em cultivo. A utilização de macronutrientes, teores de granulometria provavelmente foram determinantes na disponibilidade de Ba.

AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos àprofessora Iolanda Reis, com sua atenção, paciência e orientação. Agradeço a UFOPA com suas estruturas contribuir com esse trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DE FILIPPO, B.V.; RIBEIRO, A.C. Análise Química do Solo (metodologia – 2ª edição). Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, 1997. 26p. LIMA, E. S. A. Dinâmica do bário em solos que receberam baritina. 2011. Dissertação de pós-graduação em Agronomia-UFRRJ, 2011. LINDSAY, W.L.; NORVELL, W.A. Development of a DTPA test for zinc, iron, manganese and copper. Soil Science Society America Journal, v.42, p.421 – 428, 1978. MAGALHÃES, M. O. L. Dinâmica do bário em solos contaminados por resíduos oriundos da perfuração de poços de petróleo. 2011. Tese de doutorado no curso de pós-graduação em agronomia. Instituto de Agronomia – UFRRJ, 2011. MEHLICH, A. Mehlich – 3 soil test extractant: a modification of Mehlich – 2 extractant.Communications Soil Science Plant Analisys, v.15, p.1409 – 1416, 1984. MERLINO, L. C. S. Bário, cádmio, cromo e chumbo em plantas de milho em latossolo que recebeu lodo de esgoto por onze anos consecutivos. 2010. Dissertação de Mestrado em Agronomia (Produção Vegetal). Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” - Campus de Jaboticabal. 2010. MERLINO, L. C. S. Disponibilidade de bário para as plantas de sorgo cultivadas em solo contaminado com o elemento. 2013. Tese de Doutorado em Agronomia (Produção Vegetal). Universidade Estadual Paulista-UNESP – Campus de Jaboticabal. 2013. REIS, I. M. S. et al. Absorção de cádmio em latossolos sob vegetação de mata nativa e cultivados. Revista Brasileira de Ciências do Solo, v.38, p.1960-1969, 2014. SAVAZZI. E. A. Determinação da presença de bário, chumbo e crômio em amostras de água subterrânea coletadas no Aquífero Bauru. 2008. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2008.

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EFEITO DE BIOESTIMULANTE NA GERMINAÇÃO E VIGOR DE

SEMENTES DE ARROZ CRIOULO

Paula Jaqueline Antes Santana1;Alex Guimarães Sanches2; Jaqueline Macedo Costa2 (1)Discente do curso de Engenharia Agronômica, UFPA/Campus Universitário de Altamira, Av. Senador José Porfírio, 2515, São Sebastião, CEP: 68.372-040, Altamira-PA. (2)Engenheiros Agrônomos. E-mail, autor para correspondência: [email protected]

Síntese:A utilização de bioestimulantes como a urina de vaca pode ser uma alternativa prática e econômica para o produtor aumentar o poder germinativo de suas culturas. Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivo avaliar diferentes concentrações de urina de vaca na germinação e no vigor de sementes de arroz crioulo agulha branca. As características avaliadas foram porcentagem de germinação, vigor, comprimento da raiz, comprimento da parte aérea, massa verde e massa seca das plântulas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado composto por cinco tratamentos e cinco repetições. Os resultados mostraram efeito significativo somente para as variáveis germinação e vigor á nível de 5%. A concentração de 50% é a mais indicada para a embebição das sementesde arroz agulha branca uma vez que proporcionaram os melhores índices dentre as concentrações avaliadas. Palavras-chave: Oryzasativa L.; concentrações; urina de vaca.

INTRODUÇÃO O arroz (Oryza sativa L.) tem grande valor econômico e potencial para a geração de renda

para muitas famílias agricultoras, em especial nas pequenas propriedades ruraisseja para comercialização e para alimentação humana e animal (MIRANDA, 2003).

Entende-se que para as plantas apresentarem todo o seu potencial vegetativo e produtivo e necessário à disponibilização de nutrientes, seja presente no solo ou através de adubação complementar, via foliar ou sementes de boa qualidade.

Diante disso, a utilização de tecnologia alternativa como reguladores vegetais e bioestimulante pode possibilitar uma melhor formação e desenvolvimento da arquitetura radicular, expressando o potencial genético das sementes. Assim, podem ser fundamentais para melhorar a produtividade das plantas (VIEIRA; SANTOS, 2005).

Geralmente, a criação de vacas de leite e comum nas propriedades familiares, servindo para complementar a renda das famílias. A urina de vaca possui um grande valor nutricional para o desenvolvimento das plantas, entretanto, ainda e pouco utilizada pelos agricultores. Pode ser utilizada como adubação complementar na agricultura, seja em cultivos agroecológicos ou organicos.

Devido aos poucos estudos sobre efeito da urina na geminacao de sementes, este trabalho teve por objetivo analisar o efeito de diferentes concentracoes da urina de vaca como bioestimulante alternativo na germinação e vigor das sementes de arroz crioulo agulha branca, cultivado na região da Transamazônica e Xingu.

MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido no laboratório Multidisciplinar da Faculdade de Engenharia Agronômica, UFPA Campus-Altamira. O genótipo utilizado foi o arroz crioulo ‘’Agulha branca’’,

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coletado em Abril de 2015 no Campo Experimental da Embrapa Amazônia Oriental localizado no município de Altamira-PA.

A urina de vaca foi coletada em uma fazenda no período da manhã, momento da ordenha das mesmas, sendo depositada em garrafão de 20 litros e mantida em repouso por um período de 96 horas. O delineamento utilizado foi o Inteiramente Casualizado (DIC), composto por cinco tratamentos (0, 25, 50, 75 e 100% de urina de vaca)com quatro repetições. A parcela experimental foi composta por 50 sementes. As sementes foram embebidas nas soluções em repouso por um período de 10 minutos.

O substrato utilizado foi o papel Germitest no qual distribuiram-se as 50 sementes, sendo esse, umedecidos com água destilada e acondicionados em gerbox. Estes foram fechados e dispostos em B.O.D sob temperatura de 20°C por 12 horas de luz.

As análises foram realizadas ao décimo segundo dia, conforme normas das Regras de Analises de Sementes - RAS (Brasil, 1992). As variáveis avaliadas foram: a) germinacao (%), b) vigor (%), c) comprimento da raiz (cm), d) comprimento da parte aérea (cm), e) massa verde e massa seca (g) das plântulas. Para a obtenção de massa fresca e massa seca estas foram pesadas em balança de precisão e submetidas aestufa de circulação de ar forcada em 65° C por 96 horas.

Os dados obtidos foram analisados no programa estatístico ASSISTAT 7.7 medianteanálise de variância a comparação das médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade e a análise de regressão polinomial.

RESULTADOS

Tabela 1: Médias pelo teste F para as variáveis comprimento da parte aérea (CPA), comprimento da raiz (CR), massa fresca (MF) e massa seca(MS) em sementes crioulas de arroz agulha branca tratados com bioestimulante.

Tratamentos Variáveis CPA (cm) CR (cm) MF (g) MS (g)

Controle 4,55 a 1,25 a 5,89 a 1,65 a 25% 4,51 a 1,29 a 5,94 a 1,78 a 50% 4,62 a 1,34 a 6,04 a 1,96 a 75% 4, 58 a 1,31 a 5,92 a 1,87 a 100% 4, 56 a 1,23 a 5,85 a 1,63 a

CV (%)= 3,13 5,36 2,85 0,84 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si. Foi aplicado o teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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Figura 1:Porcentagem de germinação de sementes de arroz embebidas em diferentes concentrações de urina de vaca (bioestimulante).

Figura 2: Porcentagem de plântulas normais de sementes de arroz embebidas com diferentes concentrações de urina de vaca (bioestimulante).

DISCUSSÃO De acordo com a tabela 1, não houve interação significativa para as variáveis: comprimento

de parte aérea, comprimento da raiz, massa fresca e massa seca para as diferentes concentrações de urina de vaca a qual foram submetidas.

Observou-se que das concentracoes utilizadas, a de 50% de urina de vaca foi a que proporcionou maior germinaçãodas sementes de arroz (95,65%) quando comparada com as demais (Figura 1). Esse resultado confirma o que vários pesquisadores afirmam que o tratamento de sementes com urina de vaca possui efeito benéfico sobre a germinação. Isso éatribuído ao fato de que a urina de vaca contém substancias fisiologicamente ativas, reguladores de crescimento e nutrientes (PATIL, 2005). Cruz et al., (2010) observaram efeito significativo da urina de vaca sobre a germinação de semente de pinhão manso.

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Com relação ao vigor germinativo da porcentagem de plântulas normais, observou-se que

houve um decréscimo a medida que a concentração de urina de vaca foi aumentando, alcançando uma porcentagem estimada de 46,29% para as sementes embebidas na maior concentração, diferindo significativa das demais(Figura 2).

Damasceno et al., (2008), explica que a urina de vaca apresenta alto teor de sódio, o que, provavelmente, pode prejudicar o desenvolvimento das plantas pela fitotoxidade causado pela elevada concentração.

Tendo em vista que a urina de vaca possui constituintes químicos que podem acarretar intoxicação nas plantas, faz-se necessário para seu uso que seja feita uma diluição em agua de acordo com a exigência de cada cultura a ser utilizada. Concentrações maiores que as indicadas poderão causar danos às plantas ou ate mesmo causar sua morte.

CONCLUSÕES

A urina de vaca como bioestimulante para a cultura do arroz se mostrou uma alternativa

viável e de fácil acesso podendo ser utilizada pelos produtores para aumentar o potencial germinativo da semente.

A concentração de 50% proporcionou os melhores resultados para a germinação das sementes de arroz crioulo agulha branca Com relação ao vigor das plântulas indica usar menores concentracoes uma vez que maiores concentracoes tendem a causar intoxicação das plântulas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministerio da Agricultura e Reforma Agraria. Regras para análise de sementes. Brasilia, 1992. 365p. CRUZ, M. C. V. O.; COSTA, R. V. S.; SANTOS. J. L.; OLIVEIRA. S. J. C.: Germinacao do pinhao manso (jatrophacurcasl. ): uso de bioestimulante. IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simposio Internacional de Oleaginosas Energeticas, Joao Pessoa, PB – 2010. DAMASCENO, J. C. A.; RITZINGER, C. H. S. P.; LUQUINE, L. S.;, VIEIRA, R. S.; RITZINGER, R.;, LEDO, C. A. S.;, SEVERINO, L. S. Residuos organicos no manejo de meloidogyneincognita em mamoeiro. In: Congresso Brasileiro de Mamona: Energia e Ricinoquimica, 3., 2008, Salvador. Anais... Salvador: SEAGRI: Embrapa Algodao, 2008. MIRANDA, G.V. Melhoramento de milho nas Universidades. In: Simposio de melhoramento e perspectivas do milho, 2003, Lavras. Anais... Lavras: UFLA, 2003. PATIL, B.N. Effects of method of planting and seed treatments on Performance of wheat genotypes under rainfed condition. Thesis submitted to the University of Agricultural Sciences, Dharwad. October, 2005. VIEIRA, E.L.; SANTOS, C.M.G. Estimulante vegetal no crescimento e desenvolvimento inicial do sistema radicular do algodoeiro em rizotrons. In: Anais... VCongresso Brasileiro de Algodao, agosto/setembro 2005.

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EFEITO DE DOSES DE Bradyrhizobium japonicum INOCULADO EM

SEMENTES SOBRE A NODULAÇÃO E A PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA DE PLANTASDE SOJA

Tanara Pletsch Dalla Costa1; Robinson Severo2; Iasmin Laís Damasceno Paranatinga3;

Juliana Vitória Sadala de Lima3 1,3Acadêmicas do Curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Agráriascom Ênfase em Produtos Naturais da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, município de Santarém, Pará, Brasil; 2Professor de Microbiologia e Fitopatologia da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Laboratório de Fitopatologia, município de Santarém, Pará, Brasil; E-mail: [email protected] Síntese-A inoculação de Bradyrhizobium japonicum é uma técnica indispensável na cultura da soja, pois eleva a produtividade de grãos, através da fixação biológica de nitrogênio. Contudo, desconhece-se, cientificamente, os efeitos da elevação de doses deB. japonicuminoculado em sementes, sob as condições edafoclimáticas do município de Santarém, PA. Sendo assim, objetivou-se avaliar os efeitos de doses crescentes de B. japonicum inoculadoem sementes sobre a nodulação e produção de matéria seca de plantas de soja. O experimento ocorreu entre maio e julho de 2015, sendo conduzido na forma de um delineamento completamente casualizado, com quatro repetições. A inoculação das amostras de sementes foi realizada manualmente, no interior de sacos plásticos, distribuindo-se as doses de B. japonicum Semia 5079 e Semia 5080 (Bj). Em seguida, foi realizada semeadura manual em três linhas de cinco sementes. Avaliou-se cinco tratamentos: sementes não tratadas e sementes tratadas com B. japonicum nas doses de 0,6 g, 1,2 g, 1,8 g e 2,4 g, diluídas em solução açucarada a 10 %. Para a avaliação, 60 dias após a semeadura, foram coletadas cinco plantas por parcela. Posteriormente, separou-se as raízes da parte aérea, que foram acondicionadas em sacos de papel e levadas para a estufa por 72 horas a 65 ºC. Foram avaliados o número de nódulos (NN) e a massa seca dos nódulos (MSN), das raízes (MSR) e da parte aérea (MSPA) das plantas. Os dados foram submetidos à análise de regressão e apresentados na forma de gráficos de dispersão. Verificou-se que a inoculação de B. japonicum elevou o NN (31,24 – 46,02 %), a MSN (11,66 – 25,35 %), a MSR (6,82 – 13,79 %) e a MSPA (14,13 – 21,22 %). Concluiu-se que: o aumento das doses de Bradyrhizobium japonicum em sementes promoveram acréscimos no NN, MSN, MSR e MSPA das plantas de soja. Palavras-chave:Bradyrhizobium japonicum;inoculação; matéria seca; nodulação; soja

INTRODUÇÃO Dentre os nutrientes essenciais à cultura da soja (Glycine maxL.), nitrogênio é o requerido em maior quantidade, devido ao alto teor de proteína nos grãos (HUNGRIA et al., 2001). Seu suprimento pode ser obtido de três maneiras: via solo, fixação não-biológica e fixação biológica (FBN) (CAMPOS et al., 2001), sendo essa última, capaz de atender toda a demanda das plantas de soja (ARAÚJO & HUNGRIA, 1999; ZILLI et al., 2010). AFBN ocorre através de associações simbióticas entre rizóbio e hospedeiro (HUNGRIA et al., 2001). Diante disto, a inoculação de bactérias do gênero Bradyrhizobium tem sido amplamente utilizada na agricultura brasileira,possibilitando rendimentos superiores a 4.000 kg/ha de grãos de soja (HUNGRIA etal., 2007). Além disso, diminui o custo de produçãoda lavoura e contribui com a conservação ambiental, uma vez que não há necessidade de usar fertilizantes nitrogenados

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(CAMPOS, 2001). As estirpes de B. japonicum Semia 5079 e Semia 5080 são as mais recomendadas na inoculação de sementes de soja (PEREIRA et al., 2010). No entanto, desconhece-se, cientificamente, os efeitos da elevação das doses de B. japonicum inoculado em sementes, sob as condições edafoclimáticas do município de Santarém, PA. Sendo assim, objetivou-se avaliar os efeitos de dosescrescentes de B. japonicum, inoculadasem sementes,sobre a nodulação e produção de matéria seca de plantas de soja.

MÉTODOS O experimento foi conduzido entre maio e julho de 2015, na Universidade Federal do Oeste

do Pará, município de Santarém, Pará. Esse ocorreu em duas etapas, a primeira no Laboratório de Fitopatologia (LTF) e, a segunda, no viveiro de mudas do IBEF/UFOPA.A etapa laboratorial consistiu na inoculação de sementes de soja cv. Monsoy 9350. As amostras, correspondentes a 500 g de sementes, foram inoculadas com produto comercial turfoso à base de Bradyrhizobium

japonicum(Bj) Semia 5079 e Semia 5080. A inoculação das amostras foi realizada manualmente, no interior de sacos plásticos, onde foram distribuídas as doses de Bj diluídas em solução de água destilada açucarada a 10 %, até ficarem homogeneamente aderidas às sementes.

Logo após, iniciou-se a etapa campal, procedendo-se à semeadura da soja. O experimento foi organizado na forma de um delineamento completamente casualizado, com quatro repetições, em parcelas de aproximadamente 35 x 55 cm. Foi realizada semeadura manualem três linhas de cinco sementes, totalizando 15 sementes por parcela.Foram avaliados cinco tratamentos. Um controle, que consistiu de sementes não inoculadas (T1). Equatro tratamentos de sementes: 3 ml de água açucarada (Aa) + 0,6 g Bj (T2); 6 ml de Aa + 1,2 g de Bj (T3);9 ml de Aa + 1,8 g Bj (T4); e 12 ml de Aa + 2,4 g de Bj (T5). A primeira dose, proporcionalmente, representou a recomendada pelo fabricante do inoculante (200 g/50 kg de sementes).

A avaliação se procedeu aos 60 dias após a emergência das plântulas. Foram selecionadas e coletadas cinco plantas assintomáticas a doenças e insetos-praga, por parcela. Com o auxílio de uma peneira, as raízesforam lavadas em água correntede torneira para a retirada de resíduos.A parte aérea foi separada das raízes com um corte logo acima da primeira raiz.Após a lavagem, o material foi disposto a secarsobre folhas de jornais, na bancada central do LTF. Posteriormente, acondicionaram-se o mesmo no interior de sacos de papel em estufa deconvecção de ar por 72 horas a 65º C.

Avaliaram-se o número de nódulos/planta (NN), a massa seca dos nódulos/planta (MSN), a massa seca das raízes/planta (MSR) e a massa seca da parte aérea/planta (MSPA).Os dados foram submetidos à análise de regressão e calculou-se o erro padrão da média das variáveis.

RESULTADOS Aplicando-se a equação ajustada dos dados, T1 produziu 27,95 nódulos/planta. T2, T3, T4 e T5, comparativamente a T1, elevaram o NN, respectivamente, em 31,24, 42,48, 46,02 e 44,35 %(FIGURA 1A). Derivando-se a equação, observou-se quea dose de 1,90 g de Bj promoveria o maior acréscimo no NN (51,85). Em relaçãoà massa seca dos nódulos/planta, as doses promoveram aumentos progressivos para essa variável. Comparativamente ao T1, o T2 proporcionou elevaçãoda MSN de 11,66 %, o T3 de 20,89 %, o T4 de 24,29 % e o T5 de 25,35 %. Através da derivada da equação, constatou-se que a dose de 2,50 g de Bj causaria a maior MSN, ou seja, 0,72 g (FIGURA 1B). Quantoà massa seca das raízes/planta,o T2 elevou em6,82 %, o T3 em 10,87 %, o T4em 13,18 % e o T5 em 13,79 % a MSR, em relação ao T1. No entanto, derivando-se a equação, a melhor dose seria a de 2,32 g de Bj. Contudo, não foi um aumento expressivo (FIGURA 1C).

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No que diz respeitoà massa seca da parte aérea/planta, os tratamentos foramsuperiores em 14,13 (T2), 20,30 (T3), 21,22 (T4) e 18,20 %(T5), respectivamente. Ao derivar a equação, verificou-se que a melhor dose seria de 1,62 g de Bj, proporcionando uma produção de MSPA de 12,14 g (FIGURA 1D). (A) (B)

(C) (D)

Figura 1 –NN/planta (A), MSN/planta (B), MSR/planta (C) e MSPA/planta (D) em função de doses de Bradyrhizobium japonicum inoculadas em sementes de soja.

DISCUSSÃO

Hungria et. al. (2007) relataram que em estudos realizados em Cristalina (GO)a inoculação de soja com doses crescentes de Bradyrhizobiumpromoveram maiores resultados para MSN e NN, sendo que a quarta dose do inoculante elevou os resultados em 74 e 80 %, respectivamente, condizendo com os resultados obtidos neste trabalho. No entanto, Campos (1999) verificou que não houve diferenças significativas entre a testemunha e as diferentes doses de Bradyrhizobium para o NN, a MSN, a MSR e a MSPA, em áreas de plantio direto já estabelecido. Esses resultados contradizem aos encontrados neste experimento, podendo ser justificado pelo fato de não ser um local de cultivo de soja, não tendo, portanto, populações estabelecidas dessa bactéria. Segundo Campo & Hungria (2000), alguns aspectos podem afetar o processo simbiótico entre bactéria-hospedeiro, tais como condições ambientais, estirpe utilizada, doses do inoculante, entre outros. Nesse contexto, em condições adversas, é recomendado uso de maior número de células de Bradyrhizobium (HUNGRIA et al., 2007).Portanto, devido à ausência de correção dos níveis de acidez e de nutrientes minerais do solo, por não ser um local de cultivo estabelecido de soja,as maiores doses de B. japonicum foram mais eficientes nos parâmetros analisados.

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CONCLUSÕES O aumento das doses de Bradyrhizobium japonicuminoculadoem sementes promoveram acréscimos no número de nódulos e na massa seca dos nódulos, das raízese da parte aéreadas plantas de soja. O triplo da dose recomendada do inoculante (T4) pelo fabricante produziu o maior número de nódulos/plantae elevou a massa seca da parte aéreadas plantas de soja. O quádruplo da dose recomendada do inoculante (T5)pelo fabricante produziu a maior quantidade de massa seca dos nódulos e das raízes das plantas de soja.

AGRADECIMENTOS À Deus, por nos guiar nesta jornada. À UFOPA, pelo acolhimento e disponibilização de uso

do Laboratório de Fitopatologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, F. F. de; HUNGRIA, M.Nodulação e rendimento de soja co-infectada com Bacillussubtilis e Bradyrhizobium japonicum/Bradyrhizobium elkani. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.34, n.9, p.1633-1643, 1999. CAMPOS, B. C. de. Dose de inoculante turfoso para soja em plantio direto. Ciência Rural, Santa Maria, v. 29, n. 3, p. 423-426, 1999. CAMPO, J. R.; HUNGRIA, M. Compatibilidade de uso deinoculantes e fungicidas no tratamento de sementes de soja.Londrina: Embrapa Soja, 2000. CircularTécnica, p. 32. CAMPOS, B. C.;; HUNGRIA, M.;; TEDESCO, V. Eficiência da fixação biológica de n2 por estirpes de Bradyrhizobium na soja em plantio direto. Revista Brasileira Ciência do Solo, Viçosa,v.25, p. 583-592, 2001. HUNGRIA, M.; CAMPO, J. R.; MENDES, I. C.A importância do processo de fixação biológica do nitrogênio para a cultura da soja: componenteessencial para a competitividadedo produto brasileiro. Londrina: Embrapa Soja: EmbrapaCerrados, 2007.80p. HUNGRIA, M.; CAMPO, J.R.; MENDES, I. C. Fixação biológica do nitrogênio na cultura da soja. Londrina: Embrapa Soja, 2001, 48p. PEREIRA, C. E. et. al.Efeito do tratamento das sementes de soja com fungicidas e período dearmazenamento na resposta da planta inoculada com Bradyrhizobium. Revista Agro@mbiente On-line, Boa Vista,v. 4, n. 2, p. 62-66, 2010. ZILLI, J. É.; CAMPO, R. J.; HUNGRIA, M.Eficácia da inoculação de Bradyrhizobium em pré-semeadura de soja.Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.45, n.3, 2010.

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EFEITOS DA INOCULAÇÃO DE Bradyrhizobium japonicum EM SEMENTES DE SOJA SOBRE A PROMOÇÃO DOCRESCIMENTO DE PLÂNTULAS

Tanara Pletsch Dalla Costa1; Robinson Severo2; Iasmin Laís Damasceno Paranatinga1

¹Acadêmicas do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Agráriascom Ênfase em Produtos Naturais da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, município de Santarém, Pará, Brasil; ²Professor de Microbiologia e Fitopatologia da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Laboratório de Fitopatologia, município de Santarém, Pará, Brasil; E-mail: [email protected] Síntese:Este trabalho objetivou avaliar os efeitos da inoculação de Bradyrhizobium japonicum em sementes de soja cv. Monsoy 9350 sobre a promoção do crescimento de plântulas. O experimento foi conduzido nolaboratório de fitopatologia (LFT) do IBEF/UFOPA,entre abril e maio de 2015.Os tratamentos consistiram de cinco amostras de 10 sementes tratadas com diferentes doses de Bradyrhizobium japonicum, de Trichoderma harzianum, de B. japonicum em mistura com T.

harzianum,do fungicida Certeza e de um grupo testemunha. A semeadura foi realizada em bandejas plásticas, sobre duas folhas de papel germ-test saturadas com água destilada, posteriormente, envoltas por sacos plásticos. As bandejas foram expostas à luz fluorescente por 24 horas durante duas semanas, sobre a bancada do LFT, com temperaturas variando de 26,2a 30,8 ºC durante o dia e 26,8 a 29,5ºC durante a noite, aproximadamente.Na terceira semana receberam luz solar,a temperaturasde 29,0 a 47,3 ºC. Logo após, avaliou-se o comprimento do broto axilar, da raiz primária, do epicótilo, do hipocótilo e das raízes e o número de raízes por plântula. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado. Os dados foram transformados para log (x + 10) e, após, submetidos à análise de variância e teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os tratamentos não promoveram diferença estatística no comprimento da raiz primária. Por outro lado,B. japonicum

promoveuestatisticamente acréscimos no comprimento do broto axilar (71,43 - 92,62 %), do epicótilo (72,61 - 95,30%), do hipocótilo (76,46 - 91,81%)e das raízes (67,20 – 96,51 %), em comparação às testemunhas. Porém, promoveram pouco o número de raízes. Portanto, conclui-se que a inoculação de Bradyrhizobium japonicum em sementes de soja foi capaz de promover o crescimento de plântulas. Palavras-chave: Bradyrhizobium japonicum; inoculação; promoção do crescimento; sementes; soja

INTRODUÇÃO As rizobactérias promotoras do crescimento de plantas constituem um grupo amplo de

micro-organismos que colonizam diferentes órgãos das plantas, beneficiando o crescimento de uma ou mais espécies vegetais (ANTOUN et. al, 1998 apud KOZUSNY-ANDREANI, 2014).Diversos são os mecanismos, como o controle biológico de fitopatógenos, o suprimento nutricional, a solubilização de fosfatos, a fixação biológica do nitrogênio (FBN) e a produção de fitormônios(FREITAS, 2007).Entre os rizóbios, os principais mecanismos são a biofertilização em leguminosas por meio da FBN (MUNIZ et. al., 2012).

O tratamento de sementes com inoculantes à base de Bradyrhizobium japonicum é uma técnica indispensável para a cultura da soja (Glycine maxL.)(SANTOS, 2013). A eficiência dessa bactéria na FBN tem possibilitado a obtenção de rendimentos superiores a 4.000 kg/ha de grãos de soja (HUNGRIA et al., 2007), além de gerar uma economia anualbrasileira no uso de fertilizantes químicos em torno de três bilhões de dólares (ZILLI et. al., 2008). Contudo, poucos são os

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resultados contundentes quanto à promoção do crescimento de plântulasde soja por B.

japonicum(FREITAS, 2007), o qual favoreceria o estabelecimento rápido de plantas jovens, por promover maior crescimento, principalmente, do sistema radicular, o que aceleraria a absorção de água e nutrientes e, consequentemente, o desenvolvimento das plantas (FARINA, 2012).

Em vista disto, este trabalho objetivou avaliar os efeitos da inoculação deBradyrhizobium

japonicumem sementes de soja sobre a promoção do crescimento de plântulas.

MÉTODOS O experimento foi conduzido no laboratório de fitopatologia (LFT) do IBEF/UFOPA,

município de Santarém, estado do Pará, entre abril e maio de 2015.Esse consistiu em 14 tratamentos de sementes de soja (Glycine max L.) cv. Monsoy 9350, com cinco amostras de 10 sementes cada, arranjados na forma de um delineamento completamente casualizado. Foram avaliadostrês tratamentos como inoculante comercial Semia 5079 e Semia 5080, à base de B. japonicum (Bj), nas doses de 0,6 ml de água açucarada (Aa) + 0,12 g de Bj (T1), 1,2 ml de Aa + 0,24 g de Bj (T2) e 1,8 ml de Aa + 0,36g de Bj (T3)/100g de sementes; três tratamentos com o produto comercial Ecotrich, à base de T. harzianum (Th),nas doses de1,2 ml de Aa + 0,04g de Th (T4), 2,4 ml de Aa + 0,08g de Th (T5) e 3,6 ml de Aa + 0,12 g de Th (T6)/200g de sementes;;dois tratamentos de Bj em mistura com Th, nas doses de 1,2 ml de Aa + 0,24 g de Bj + 2,4 ml de água + 0,08 g de Th (T7) e 2,4 ml de Aa + 0,48 g de Bj + 4,8 ml de água+ 0,16 g de Th (T8)/200 g de sementes; três tratamentos como fungicida Certeza nas doses de 0,2 ml (T9), 0,3 ml (T10) e 0,4 ml (T11)/100g de sementes; e três tratamentos controles, sendo umsem tratamento (T12), outro tratado com0,6 ml de água destilada (T13) e, o último, com 0,6 ml de Aa (T14)/100g de sementes.A solução açucarada foi ajustada em água destilada-esterilizadapara 10 %.

A semeadura foi realizadaem bandejas plásticas, sobre duas folhas de papel germ-test umedecidas com 50 ml de água destilada, e envoltas por sacos plásticos transparentes amarrados por barbante. Essas foram acondicionadas sobre bancada central do LFT, expostasà luz fluorescente e a temperatura variando de, aproximadamente,26,2ºC a 30,8 ºC durante o dia e 26,8ºC a 29,5 ºC a noite,por duas semanas. Na terceira semana, as bandejas foram submetidas à luz solar,sobre temperaturas aproximadas de 29,0ºC a 47,3 ºCe à luz fluorescente, no período noturno. A cada dois dias, as bandejas eram reabastecidas com 10 ml de água destilada.

Procedeu-se duas análises da promoção do crescimento de plântulas. A primeira,foi realizada10 dias após a semeadura, avaliando-se o comprimento, em milímetros, da raiz principale do hipocótilo. A segunda, ocorreu 22 dias após a semeadura, medindo-se o comprimento do broto axilar, do epicótilo, do hipocótilo e das raízes, e o número de raízes por plântula.Os dados foram transformados para log (x + 10), submetidos à análise de variância e, posteriormente, comparados pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, utilizando-seo pacote computacional ASSISTAT versão 7.7 beta.

RESULTADOS

Os tratamentos contendoTrichoderma harzianumforam moderadamente considerados, devido à baixa viabilidade de seus conídios, detectada em teste posterior ao experimento.

Primeira leitura:os tratamentos T1 e T3 promoveram o maior e o menor comprimento do hipocótilo. Quando comparados ao T12, promoveram, respectivamente,aumento de 34,96%e redução de 51,03%.O T1 mostrou-se 13,33% superior ao T2 e 68,15% ao T3.O comprimento das raízes primárias não diferiu, estatisticamente,entre os tratamentos (Tabela 1).

Segunda leitura: quanto ao comprimento do broto axilar, os tratamentos T1 e T10 foram, estatisticamente, superiores aos demais. Comparando-os ao T12, proporcionaram um acréscimo de 89,29% e 89,23%, respectivamente. O tratamento T1 foi, correspondentemente,35,00% e 82,62 %

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superior aoT2 e T3.Em relação ao comprimento do epicótilo, os melhores resultados foram verificados comT2 e T1, nessa ordem. Em comparação às testemunhas, o tratamento T2 elevou93,04% (T12), 95,30% (T13) e 72,61% (T14) o comprimento do epicótilo.No que se refere ao hipocótilo, o tratamento T3 superou os demais tratamentos. Apresentou aumento de 91,81% e 89,00%, quando comparado aos tratamentos T12 e T14, respectivamente. O tratamento T1,em relação ao T3, reduziu 76,71% o comprimento do hipocótilo.Quanto ao número de raízes, foi constatado que o tratamento T7 foi superior 24,57% a T2, que apresentou o segundo melhor resultado, e 66,66% superior ao T12.No que diz respeito ao comprimento das raízes, observou-se que o tratamento T3 obteve crescimento 39,85% maior do que o T1. Em comparação ao tratamento T12, o tratamento T3 proporcionou aumento de 96,51 %.

TABELA 1 -Efeitos da inoculação de Bradyrhizobium japonicum em sementes de soja cv. Monsoy 9350sobre a promoção de crescimento de plântulas

Tratam. 1a. Leitura 2a. Leitura

Hipocótilo (mm)

Raiz 1a. (mm)

Broto Axilar (mm)

Epicótilo (mm)

Hipoc. (mm)

Nº de Raízes

Raízes (mm)

T1 13,50 a* 52,86 a 8,40 ab 62,62 ab 7,28 bcd 4,22 abcd 75,42 bcd T2 11,70 abc 59,50 a 5,46 abc 80,47 a 12,58 bcd 4,48 abc 111,79 ab T3 4,30 e 64,30 a 1,46 cdef 30,00 cd 31,26 a 3,30 bcde 125,38 a T4 5,26 de 44,52 a 0,00 f 0,00 f 7,86 bcd 2,16 e 17,23 g T5 7,16 cde 52,30 a 0,00 f 0,38 f 15,00 abc 2,52 de 18,43 g T6 7,22 cde 48,52 a 0,28 ef 5,00 f 18,06 ab 3,16 bcde 26,37 fg T7 11,66 ab 45,92 a 4,50 abcde 52,92 abc 7,88 bcd 5,94 a 51,57 cde T8 7,85 bcde 52,06 a 1,69 cdef 31,28 bcd 20,14 ab 4,71 ab 60,24 cde T9 10,92 abc 46,46 a 4,80 abcd 54,78 abc 5,46 cd 3,98 abcd 86,56 abc T10 10,76 abc 51,32 a 8,36 a 56,00 abc 9,88 bcd 4,26 abcd 83,83 abc T11 9,92 abc 56,16 a 3,06 abcdef 27,14 cd 7,22 bcd 4,76 ab 48,43 de T12 8,78 abcd 56,68 a 0,90 def 5,60 ef 2,56 d 1,98 e 4,37 h T13 7,90 bcde 50,68 a 0,62 ef 3,78 f 7,36 bcd 3,58 bcde 41,12 ef T14 8,50 bcd 59,96 a 2,40 bcdef 22,04 de 3,44 d 2,64 cde 39,73 ef

CV (%) 3,53 5,65 6,18 9,40 8,57 2,40 5,12 *Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

DISCUSSÃO Diante dos resultados,verificou-seque os tratamentos com B. japonicum promoveram

crescimento de todas as estruturas analisadas, com exceção do número de raízes. Os maiores percentuais obtidos foram para o crescimento das raízes secundárias, devido ao caráter rizosférico dessa bactéria.Este efeito condiz com os resultados dotrabalho deSouleimanov et al. (2002), que relataramum acréscimo de 34,00 % a 44,00% no comprimento das raízes de soja, em relação ao controle. Resultados semelhantes foram verificados porKozusny-Andreani (2014) em plântulas de alface e por Oliveira (2012) em inoculação conjunta deB. japonicumcom T. harzianumem plantas de feijão-caupi.

CONCLUSÕES

O tratamento de Bradyrhizobium japonicumem sementes de soja foi eficiente na promoção do crescimento de plântulas, elevando o comprimento do broto axilar, do epicótilo, do hipocótilo e das raízes. No entanto, a dose triplicada não induziu o crescimento do hipocótilo, na primeira

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leitura, nem do broto axilar.

O tratamento de B. japonicum em mistura com Trichoderma harzianum beneficiou o crescimento do hipocótilo e o número de raízes.

AGRADECIMENTOS À Deus, pelo dom da vida e por nos guiar nesta jornada. À UFOPA pela disponibilização de

uso do laboratório de fitopatologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREITAS, Sueli dos Santos. Rizobactérias promotoras do crescimento de plantas. In: FREITAS, Sueli dos Santos; SILVEIRA, Adriana Parada Dias da. Microbiota do solo e qualidade ambiental. Campinas: Instituto Agronômico, 2007, p.01-20. HUNGRIA, Mariangela; CAMPO, Rubens José; MENDES, Iêda Carvalho. Fixação biológica do nitrogênio na cultura da soja. Londrina: Embrapa Soja, 2001, 48p. KOZUSNY-ANDREANI, Dora Inés; ANDREANI JUNIOR, Roberto. Colonização rizosférica e promoção de crescimento por rizóbios em mudas de alface.Nucleus, v.11, n.2,2014. MUNIZ, Aleksander Westphal; WORDELL FILHO, João Américo; SÁ, Enilson Luiz Saccol de. Promoção de crescimento vegetal por rizóbios. Revista Agropecuária Catarinense, v.25, n.3, 2012. OLIVEIRA, Ariádila Gonçalves de. Efeito da inoculação combinada de rizóbio e Trichoderma spp.

na promoção de crescimento em feijão-caupi no cerrado. 2012. 85 f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Universidade Federal do Tocantins, Gurupi- TO, 2012. SANTOS, Adriane Deitos dos. Viabilidade da inoculação de sementes de soja com produtos

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EFEITOS DO USO DA CAMA DE FRANGO IMATURA NO CULTIVO DE

COUVE DE FOLHA EM HORTAS FAMILIARES COMERCIAIS DO MUNICÍPIO DESANTARÉM, PARÁ

Robinson Severo1; Alan Costa Dadalt2; Douglas Jhone Brito Lins2

¹Professor de Fitopatologia e Microbiologia da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Laboratório de Fitopatologia, município de Santarém, estado do Pará, Brasil; ²Acadêmicos do Curso de Bacharelado em Agronomia da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, município de Santarém, estado do Pará, Brasil. E-mail: [email protected] Síntese:A cama de frango é o fertilizante orgânico mais usado pelos olericultores familiares em Santarém, utilizando-a na forma imatura na superfície do solo dos canteiros, com a finalidade de não aquecer as raízes das hortaliças, reduzir as operações de fertilização, a incidência de plantas daninhas, as horas de mão de obra e disponibilizar o fertilizante por mais tempo às plantas. Todavia, têm-se observado que sob tal manejo, algumas hortaliças, particularmente cultivares de couve de folha, têm apresentado baixa produtividade de folhas. O objetivo do trabalho foi descrever os efeitos de uso da cama de frango imatura no cultivo da couve de folha, em hortas familiares comerciais do município de Santarém, estado do Pará. Neste sentido, foram realizadas visitas técnicas e entrevistas informais com olericultores em hortas familiares comerciais nos bairros de Nova República, Vitória Régia, Floresta e Tabocal, no período de abril a junho de 2015. Nestas ocasiões, levantaram-se dados relativos ao histórico de cultivo das áreas, analisaram-se as formas de utilização e manejo da cama de frango nos canteiros eos aspectos morfológicos das plantas, principalmentede cultivares de couve de folha.Em literatura especializada pesquisou-se os efeitos do uso da cama de frango imatura sobre as plantas.As plantas de couve de folha diagnosticadas apresentavam-se com sistema radicular subdesenvolvido,crescimento reduzido da parte aérea, prostradas, suscetíveis a doenças e, ou, tombadas.Contraindica-se a fertilização do solo de canteiros com cama de frango imatura pelas alterações morfológicas provocadas no sistema radicular e haste das plantas de couve de folha, bem como na predisposição destas às doenças.Recomenda-se o uso de cama de frango compostada e incorporada ao solo na camada de exploração do sistema radicular das plantas de couve de folha.

Palavras–chave: cama de frango; couve de folha; imatura; raízes subdesenvolvidas; doenças

INTRODUÇÃO As atividades agropecuárias e agroindústrias produzem grandes quantidades de resíduos

orgânicos, resíduos esses que são utilizados na forma de fertilizantes para a produção de alimentos (CORREIA et al., 2010). Dentre estes, destaca-se a cama de frango, onde as aves eliminam a urina juntamente com as fezes, tornando seu esterco mais rico em nitrogênio do que o dos suínos e ruminantes (SANTOS, 2009).

A cama de frango, antes de ser usada no cultivo de plantas, deve ser compostada até completa humificação e mineralização. Desta forma, pode ser aplicada como fertilizante em diversas culturas (SANCHUKI, 2011). Caso não decomposta, essa condição geralmente causa a imobilização de nutrientes do solo por saprófitas (SELLE, 2007; OLIVEIRA et al.,2008), adeficiência dos mesmos às plantas, o subdesenvolvimento das raízes, o crescimento reduzido da parte aérea, o prostramento e tombamento das plantas,a suscetibilidade a doenças e a redução do

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tamanho e da produção de folhas(MOURÃO,2007).Além disso, a intoxicação das raízes por acúmulo de amônia (SILVA et al., 2009) e, ou,nitrito (TYSON et al., 1993), age, também, como um inibidor do crescimento (LINCH, 1978)e do desenvolvimento do sistema radicular, formando raízes finas e má distribuídas, que absorvem e exploram menor volume de solo, o que limita a assimilação de nutrientes (FAQUIM et al., 2004). Outra situação provocada, devido à alta atividade microbiana (PAIVA, 2008), é o aumento da temperatura do solo,que pode alcançar 60 ºC (SANCHUKI, 2011), superaquecendoos tecidos das raízes (JUNIOR et al., 2001) e estiolando mudas e plantas (REIS et al., 2007).Estas condições adversas, consequentemente, tornam as plantas mais suscetíveis a doenças e insetos praga(VEIGA, 2003).

A cama de frango é o fertilizante orgânico mais usado para a fertilização dos canteiros de hortas pela grande maioria dos olericultores familiares em Santarém. Esta tem sido empregada na forma imatura e acima da superfície do solo, com a finalidade de não aquecer as raízes das hortaliças e reduzir às operações de fertilização, a incidência de plantas daninhas, as horas de mão de obra e disponibilizar o fertilizante por mais tempo às plantas. Todavia, têm-se observado em canteiros submetidos a tal manejo, que várias plantas de algumas hortaliças, particularmente cultivares de couve de folha, mas também de alface e coentro, tem apresentado prostramento e tombamento, chegando, muitas das prostradas, serem sustentadas pela superfície do solo. Nessas condições,as plantas crescem menos e tornam-se suscetíveis a doenças, o que causa redução significativa na qualidade e quantidade dos maços de folhaspara comercialização e, por conseguinte, perdas econômicas.

Diante deste contexto, o trabalho objetivou descrever os efeitos do uso da cama de frango imatura no cultivo de couve de folha, em hortas familiares comerciais do município de Santarém, estado do Pará.

MÉTODOS

Os trabalhos de diagnose das plantas de couve de folha (Brassica oleracea L. var. acephala D. C.) foram realizados através de visitas técnicase entrevistas com olericultores em hortas familiares comerciais nos bairros Nova República, Vitória Régia, Floresta e Tabocal, do município de Santarém, estado do Pará, no período de abril à junho de 2015. Inicialmente, entrevistas informais levantaramdados relativos ao histórico da área,as condições de cultivoe os principais problemas enfrentados com a cultura.Posteriormente, dirigia-se aos canteiros, onde observava-se e examinava-se, particularmente, os tipos e formas de uso dos fertilizante empregados, as condições e manejo do solo, e os aspectos morfológicos e sanitários das plantas (parte aérea e sistema radicular). Especialmente quanto à ocorrência de doenças, as plantas tiveram suas hastes seccionadas longitudinalmente, para a avaliação do estado da medula e dos vasos do xilema. Os principais aspectos diagnosticados foram fotografados.Por fim, realizaram-se pesquisas em literaturaespecializada quanto às recomendações de uso da cama de frango e os problemas que o manejo equivocadopode causar às plantas.

RESULTADOS

A cama de frango foi o principal fertilizante empregado nos canteiros para o cultivo da couve de folha. Esta vem sendo distribuída a nível de superfície, algumas vezes concentrada ao redor das plantas, e de forma imatura, com o intuito de não queimar o sistema radicular das plantas (FIGURA 1A). Diagnosticou-se que as plantas de couve de folha examinadas apresentavam sistema radicular subdesenvolvido (FIGURA 1B),crescimento reduzido da parte aérea (FIGURA 1A), sustentação da parte aérea pela superfície do solo (FIGURA 1 C) e tombamento. As medulas e os sistemas radiculares encontravam-se assintomáticos a doenças e insetos praga (FIGURA 1D). Os solos dos canteiros não apresentaram camadas compactadas ou obstáculos físicos ao crescimento

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das raízes. Observou-se uma pré-disposição das plantas prostradas à podridão mole (FIGURA 1E). Neste sentido, constatou-se, também, a incidência alta da mancha foliar de Alternaria e de podridão

negra e, em menor intensidade, de fusariose. Estas mesmas condições e quadro sintomatológico têm sido observados nas culturas da alface (Lactuca sativa L.) (FIGURA 1F) e do coentro (Coriandrum sativum L.) (FIGURA 1G).

Figura 1 - (A) Plantas prostradas; (B)raízes subdesenvolvidas; (C) planta sustentada pela superficie do solo; (D) medula e raízes assintomáticas a doenças;(E) planta com sintomas de podridão mole; hastes curvadas em (F) coentro e (G) alface.

DISCUSSÃO

Segundo Kozen (2003), citado por Sanchuki (2011),a cama de frango possui grande potencial para a fertilização do solo de cultivos agrícolas. Seu uso é eficaz quando a mesma é submetida ao processo de compostagem. Entretanto, a maioria dos olericultores de Santarém vem usando-a na forma imatura e distribuindo-a a nível de superfície, procedimentos que favorecem a liberação e concentração de amônia (SILVA et al., 2009) e denitrito (TYSON et al., 1993), os quais são tóxicos às plantas, o que promoveu, principalmente, o subdesenvolvimento do sistema radicularda couve de folha (LYNCH, 1978) e a sequência de efeitos relatados anteriormente.Tal inibição pôde ser comprovada, quando comparou-se a amplitude do crescimento das raízes das plantas adultasde couve de folha em fase de colheita (5 a 10 cm) das hortas visitadas com os dados reportados por Doorenbos et al.(1977) (40 a 50 cm).Além disso, o transplantio de mudas estioladas,praticado por alguns olericultores de Santarém, que não selecionam mudas, agrava o problema, tornando estas mais suscetíveis ao prostramento, às doenças e ao tombamento de plantas.Neste caso, recomenda-se o descarte das mudas (JUNIOR et al., 2001).

CONCLUSÕES

Contraindica-se a fertilização do solo de canteiros com cama de frango imatura pelos distúrbios fisio-morfológicos provocados no sistema radicular e haste das plantas de couve de folha, bem como na pré-disposição destas às doenças.Recomenda-se o uso de cama de frango compostada e incorporada ao solo na camada de exploração do sistema radicular das plantas de couve de folha.

AGRADECIMENTOS À Universidade Federal do Oeste do Para pela disponibilização de uso do Laboratório de

Fitopatologia e pela viabilização do transporte às hortas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ESCOLHA DE ESPÉCIES E IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS

AGROFLORESTAIS NO PDS TERRA NOSSA, EM NOVO PROGRESSO, PARÁ.

SILVA, Saulo UbiratanPinheiro da1; PAULETTO, Daniela1; NASCIMENTO, Gabriela de

Cássia Santos do1;SANTOS, Juliana Andressa Costa dos1; MOTA, Cléo Gomes2

1Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, Pará. E-mail: [email protected]. 2InstitutoSocioambiental Flora Nativa Síntese: O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência que o uso das espécies teve na escolha das mesmas pelos produtores, na implantação de Sistemas Agroflorestais (SAF’s)pelo Projeto Horizonte Verde em Novo Progresso, Pará. Neste sentido, buscou-se analisar as razões dos agricultores na escolha das espécies, em função da pretensão de uso, para incluir nos sistemas agroflorestais implantados. Este trabalho foi realizado no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Terra Nossa, localizado nos municípios de Novo Progresso e Altamira.Para a coleta de dados foram aplicados questionários in loco nas datas de 18/02/15 a 27/02/15 a um número de 19 assentadosenvolvidos no Projeto Horizonte Verde. Verificou-se que a modalidade de SAFs escolhida pelos produtores foi a silviagrícola.Em média 1,4 ha de cultivo em SAFs foram introduzidos em cada propriedade o que representa um aumento em torno de 35% de área com cultivo agrícola e florestal nas propriedades avaliadas. A escolha de espécies perenes para compor o SAF é influenciada principalmente pela possibilidade de comercialização de produtos florestais como sementes. Apesar das limitações de infraestrutura e logística para escoamento da produção no assentamento as espécies frutíferas, como cupuaçu e açaí, tiveram grande destaque na composição dos SAFs. Verificou-se que somente 13% dos produtores avaliados já praticava o cultivo consorciado (espécies agrícolas e perenes) antes das ações promovidas pelo Projeto Horizonte Verde para fixação de carbono nas áreas agrícolas.

Palavras–chave: agricultura familiar; comércio; agrossistemas

INTRODUÇÃO Atualmente, o grande desafio da agricultura é encontrar formas de uso da terra que alcancem o tripé da sustentabilidade, ou seja, aliando o economicamente viável ao socialmente justo e ambientalmente correto. São muitas as definições sobre sistemas agroflorestais (SAFs), entre as quais, um sistema de manejo sustentado da terra que aumenta o seu rendimento, combinando a produção de plantas florestais com cultivos agrícolas e/ou animais, simultânea ou consecutivamente, de forma deliberada, na mesma unidade de terreno, envolvendo práticas de manejo em consonância com a população local (MEDRADO, 2000). Nos sistemas agroflorestais, os componentes podem ser arranjados no espaço, de forma misturada, em faixas ou em bordas, e no tempo, de modo simultâneo ou sequencial(LAMÔNICA & BARROSO, 2008). O agricultor tem inúmeras opções para compor um sistema agroflorestal ou mesmo para praticas simples, como uma cerca viva ou o sombreamento de uma pastagem. O importante é que ele conheça muito bem as plantas que escolhe, pois os resultados vem a médio e longo prazo (MEIRELLES et al.,2003).

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O objetivo deste trabalho foi avaliaras razões para a escolha das espécies e a pretensa destinação dos produtos de sistemas agroflorestaisdo Projeto Horizonte Verde (PHV) em Novo Progresso, Pará.

MÉTODOS Este trabalho foi realizado no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Terra Nossa localizado nos municípios de Novo Progresso e Altamira com acesso principal pela Rodovia BR 163 (Santarém- Cuiabá). O PDS possuía inicialmente uma área de 149.842,4 ha que posteriormente foi alterada, através da retificação publicada no Diário Oficial da União no dia 13 de março de 2015, para 20.081ha com previsão de alocação de 373 unidades familiares beneficiárias (INCRA, 2015) sendo que somente 215 famílias praticam alguma atividade agrícola ou possuem residência no assentamento. Deste universo 44 unidades familiares, distribuídas aleatoriamente no assentamento, demostraram interesse em participar da implementação de sistemas agroflorestais promovidos pelo PHV.Assim, para a coleta de dados deste trabalho foram selecionados 19 produtores cadastrados, aos quais foramaplicados questionários in loco nas datas de 18/02/15 a 27/02/15, em forma de entrevista pessoal, com caráter qualitativo.A aplicação do questionário visou obter informações sobre as razões para a escolha das espécies para a implantação de sistemas agroflorestais bem como a pretensa destinação futura dos produtos oriundos destes cultivos.

RESULTADOS Os produtores avaliados implementaram em média 1,4 ha (±0,7) de sistemas agroflorestais na modalidade silviagrícola que prevê o cultivo consorciado de espécies de cultivo anual e florestais perenes. Em geral foram introduzidas 6,6 (± 2,6) espécies em cada sistema agroflorestal.Verificou-se que somente 13% dos produtores avaliados já praticava o cultivo consorciado (espécies agrícolas e perenes) antes das ações promovidas pelo Projeto Horizonte Verde para fixação de carbono nas áreas agrícolas. As propriedades rurais do assentamento tem área total de 20 ha. Nestas propriedades verificou-se que em média 11,2 ha (±5,9) são de áreas desmatadas onde estão inseridos, em média, 3,9 ha (±2,7) de cultivos agrícolas. O restante da área desmatada é em geral, ocupada com pastagem e áreas de pousio. A introdução de SAFs representa um aumento em torno de 35% de área com cultivo agrícola e florestal nas propriedades avaliadas. Para a introdução e manejo dos sistemas consorciados os produtores avaliados dispõem em média de duas (±1) pessoas por propriedade para o trabalho no campo. Na escolha das espécies para compor os sistemas agroflorestais os agricultores familiares privilegiaram a introdução de espécies frutíferas perenes, como cupuaçu e cacau e semi-perene como banana. A respeito do uso comercial que pretende-se fazer com as espécies introduzidas nos SAF’s destacaram-se o cupuaçu e o açaí para uso da polpa e fruto (Tabela 1). Já as espécies florestais perenes como maior destaque foram cumaru e mogno para uso comercial das sementes. Devido à baixa disponibilidade de mudas de andiroba, copaíba e castanha muitos produtores que tinham interesse nestas espécies não puderam introduzir as mesmas nos sistemas. Para o cacau muitos produtores tiveram experiências anteriores fracassadas pela falta de assistência e, por essa razão acredita-se que apenas 3inseriram esta espécie nos sistemas.

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Tabela 1. Número de agricultores familiares e uso comercial que pretende-se fazer com as espécies introduzidas nos sistemas agroflorestais no PDS Terra Nossa.

Nome Popular

Nome Científico

Uso Comercial

Semente Mudas Madeira Polpa/Fruta

Óleo Vegetal

Cupuaçu Theobroma grandiflorum

Willd.ex Spreng. Schum 5 Açaí Euterpe oleraceaMart. 6

Banana Musasp. 1 Cacau TheobromacacaoL. 1 2

Cumaru DipteryxodorataWilld 5 1 Andiroba CarapaguianensisAubl. 2 Copaíba CopaiferalangsdorffiiMart. 2 Mogno SwieteniamacrophyllaKing. 6 Pau-de-

balsa Ochromapyramidale(Cav. ex Lamb.) Urban 1

Castanha Bertholletia excelsa H.B.K. 2 DISCUSSÃO

A escolha de espécies de ciclo de vida longo para compor os sistemas agroflorestais é justificada pelo fato de que as culturas principais, com ciclo de vida curto, demandam necessidade de alguns serviços prestados pelos grupos das primárias e secundárias de vida longo, como fixação de nitrogênio e adubação verde, além de terem retorno em longo prazo com seus frutos, óleos, sementes ou resinas. No entanto a principal justificativa dos produtores para o uso das espécies primárias foi usar essas espécies para sombrear as culturas com ciclo curto.Quanto ao uso comercial das espécies implantadas pelos produtores nos sistemas agroflorestais, tiveram destaque o cupuaçu, que teve seu uso para polpa e fruto justificado por 5 dos 19 produtores, e o açaí, como escolha de 6 dos 19 proprietários. Essas espécies tem um valor acessível no mercado local, que podem contribuir como uma opção de renda a mais aos produtores rurais, que concordam comSANTOS & PAIVA (2002) que afirma que os SAF’ssão economicamente viáveis desde haja capacitaçãodo agricultor em termos de manejo. O cupuaçu comercializado em Novo Progresso tanto em forma bruta (cabaça) quanto em forma beneficiada (polpa), podem variar de preço nessas modalidades, sendo: R$ 2,00 a cabaça e R$ 10,00 o kg da polpa. Na escolha para uso comercial também se destacaram espécies florestais, dentre elas o cumaru e o mognosendo o principal uso comercial justificado a venda das sementes. De acordo com CARVALHO (2009), as sementes de cumaru quando fermentadas produzem um óleo essencial industrial chamado “cumarina”, que é usado como narcótico com propriedades anestésicas e fortificantes, isso justifica seu comercio no mercado local para fins medicinais. As sementes no mercado local são vendidas a granel ao preço de R$ 1,00 por 6sementes ou por quilograma de sementes secas ao valor de R$ 25,00 que geralmente é destinado ao mercado do Sudeste. Quanto ao comércio de sementes de mogno ainda não há um mercado local, porém os produtores sabem que as sementes dessa espécie tem ótimo valor de mercado, chegando a ter valores de R$ 2.000,00 por quilograma o que pode ser uma ótima opção de renda a longo prazo. Quanto à função das espécies no sistema percebeu-se que muitos agricultores optaram por espécies que promovessem o sombreamento de outras culturas de interesse como cupuaçu e cacau

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que demandam esta necessidade para a produção. Neste quesito destaca-se o uso do cumaru, seguidos de pau-de-balsa e banana. Segundo a EMBRAPA (2002) o cumaru apresenta rápido crescimento e boa forma de fuste podendo ser consorciado com outras espécies tolerantes à sombra. O açaí além da introdução para comércio de frutos, também foi escolhido por alguns produtores para recuperação de área de preservação permanente como margens de igarapés e lagos. Outro fato percebido na realização do trabalho foi que alguns produtores escolheram certas espécies por ter disponibilidade nos viveiros do Projeto Horizonte Verde mesmo não tendo o devido conhecimento do potencial e das características da espécie e acabaram por usa-las para o sombreamento das culturas principais de interesse.

CONCLUSÕES

A escolha de espécies para compor os SAFs foi influenciada principalmente pela possibilidade de comercialização de produtos como sementes e frutos no mercado local.

AGRADECIMENTOS Este trabalho foi realizado com apoio do Projeto Horizonte Verde desenvolvido pelo Instituto Socioambiental Flora Nativa com a colaboração dos agricultores familiares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, P. E. R. Comunicado Técnico Embrapa 225, Cumaru Ferro (Dipteryx odorata). Colombo-PR, 2009. EMBRAPA. Recomendações Técnicas. EMBRAPA-Amazônia Oriental, 2002. LAMÔNICA, K. R. & BARROSO, D. G. Sistemas Agroflorestais: Aspectos básicos e recomendações. Niterói-RJ, 2008. MEDRADO, M. J. S. Sistemas agroflorestais: aspectos básicos e indicações. In: GALVÃO, A. P. M. (Org.). Reflorestamento de propriedades rurais para fins produtivos e ambientais: um guia para ações municipais e regionais. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologias; Colombo, PR: Embrapa Floresta, 2000. p. 269-312. MEIRELLES, A. C. B; MOTTER, C; BELLÉ, N. Revista dos Sistemas Agroflorestais. Dom Pedro de Alcântara-RS, 2003. SANTOS, M.J.C.; PAIVA, S.N. os sistemas agroflorestais como alternativa econômica em pequenas propriedades rurais: Estudo de caso. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 12, n. 1, p. 135-141.

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ETNOBOTÂNICA DE PLANTAS ÚTEIS À PISCICULTURA EM VÁRZEA AMAZÔNICA: ESTUDO DE CASO COMUNIDADE TAPARÁ GRANDE,

SANTARÉM-PA

Raiane Cardoso da Silva¹; Patrícia Chaves de Oliveira² ¹Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de biodiversidade e Florestas, Laboratório de Estudos de Ecossistemas Amazônicos, Santarém, PA, Brasil; ²Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de biodiversidade e Florestas, Laboratório de Estudos de Ecossistemas Amazônicos, Santarém, PA, Brasil; E-mail: [email protected]. Síntese O estudo objetivou fazer o levantamento etnobotânico de espécies úteis à atividade piscícola na comunidade Tapará Grande, região de várzea do Baixo Amazonas. Foram entrevistadas famílias ribeirinhas através de questionários semiestruturados, visando identificar espécies vegetais nativas úteis à piscicultura recentemente implantada na comunidade. Para análise foi utilizado o índice etnobotânico de Frequência Relativa de Citação, além da caracterização do perfil social dos entrevistados. Foram citadas 23 espécimes e identificadas 14 espécies, distribuídas em 16 gêneros e 13 famílias botânicas, sendo as mais representativas Arecaceae e Fabaceae. As espécies Crataeva

tapia e Mouriri cf. ulei foram as mais mencionadas, sendo estas consideradas de maior importância pelas populações locais na alimentação de peixes. O hábito arbóreo foi o predominante nas espécies citadas. O uso do fruto como isca para peixe é o mais adotado, sendo dado inteiro e in natura. A pequena ocorrência do Bactris maraja e Mouriri cf. ulei na área é uma percepção importante que necessita de atenção diante da possibilidade de escassez do recurso. Conclui-se que a população estudada apresenta grande conhecimento sobre as espécies existentes na comunidade. Estudos mais abrangentes são importantes para subsídiar a elaboração de estratégias de manejo e uso sustentável. Palavras-chave: alimentação piscícola; conhecimento tradicional; recursos naturais

INTRODUÇÃO As várzeas amazônicas são planícies de inundação fluvial que margeiam os rios de águas brancas, sujeitas às inundações sazonais (LIMA et al., 2007). Possuem florestas ricas em recursos naturais de grande importância ecológica, econômica e social. Sua alta biodiversidade é responsável pela provisão de diversos bens e serviços ecossistêmicos às populações ribeirinhas, as quais são detentoras de saberes associados ao uso de espécies encontradas predominantemente nesses ambientes (SANTOS & FERREIRA, 2012). São áreas ricas em espécies frutíferas utilizadas como isca para atividade da pesca, potenciais para exploração como complemento alimentar no desenvolvimento da piscicultura, atividade esta, inserida como alternativa econômica através da inserção de tanques rede nessas comunidades. Diante disso, estudos etnobotânicos têm trazido ao conhecimento do público e da comunidade científica da diversidade, uso e a importância cultural e econômica das plantas para as comunidades tradicionais (DIEGUES, 1994). Conhecendo e valorizando seus recursos naturais os ribeirinhos podem contribuir para a manutenção da biodiversidade e aprimoramento das formas de manejo sustentável dos recursos naturais (ALBUQUERQUE, 2002). Investigações com foco na botânica econômica se faz necessária para identificar espécies com potencial econômico, a fim de explorar os recursos como fonte de ração alternativa e auxiliar no manejo e desenvolvimento sustentável em áreas de várzeas na região do Baixo Amazonas. Neste contexto, o trabalho objetivou realizar o levantamento etnobotânico de espécies arbóreas frutíferas de importância à piscicultura área de várzea amazônica na comunidade Tapará Grande, Santarém-PA.

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MÉTODOS A área de estudo está inserida em área de várzea amazônica, na comunidade Tapará Grande, município de Santarém, Oeste do Pará (02°17”48.8” S, 054°31”38”O). O clima da região é do tipo Ami (equatorial quente e úmido) segundo a classificação de Köppen (1948), apresenta temperatura anual variável com médias entre 25,4 °C a 28 °C, umidade relativa do ar média de 86,7% e precipitação pluvial oscilando em torno de 1920 mm (RODRIGUES et al., 2001). A comunidade estudada faz parte do Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Tapará Grande, e possui como principal fonte de renda a pesca e atividades como agricultura, criação de gado e animais domésticos (OLIVEIRA, 2013). As informações etnobotânicas foram obtidas através da aplicação de um formulário, por meio de entrevistas semiestruturadas (ALBUQUERQUE et al., 2010). As perguntas elaboradas buscaram listar quais as espécies vegetais nativas de importância para a população local, levando em consideração a finalidade de uso na pesca e como fonte de alimento piscícola. Além disso, foram solicitadas informações sobre escolaridade, profissão e tempo de moradia na comunidade para traçar o perfil dos entrevistados. Para a aplicação dos questionários foram selecionados 7 famílias e entrevistados somente um morador em cada casa, sendo principalmente o chefe da residência. As identificações botânicas foram feitas com auxílio de bibliografia especializada e consulta a especialista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), as espécies ainda em processo de identificação foram apresentadas apenas em gênero e família. A análise etnobotânica foi realizada através da Frequência Relativa de Citações (FRC), a qual objetiva identificar as espécies vegetais consideradas úteis pela comunidade. A mesma é obtida através da fórmula FRC= FC/N, onde FC= número de informantes que mencionou o uso da espécie e N= número total de informantes (TARDIO; PRADO-de-SANTAYANA, 2008).

RESULTADOS

No total foram entrevistados 6 homens e uma (1) mulher, apresentando entre 38 a 54 anos e ocupação mais frequente a atividade de pesca (100%). A maioria dos informantes possui ensino fundamental incompleto (86%), apenas 14% dos entrevistados concluiu o primeiro grau. Todos os entrevistados afirmaram que sempre residiram na comunidade. Com os resultados do levantamento etnobotânico realizado na comunidade através da Frequência Relativa de Citações foram relatadas 23 espécimes vegetais nativas úteis à piscicultura na região, sendo identificadas 14 espécies, 16 gêneros e 13 famílias botânicas. As famílias mais representativas foram Arecaceae e Fabaceae (Tabela 1). O Catauari (Crataeva tapia L.) e o Socoró (Mouriri cf. ulei Pilg.) foram as que obtiveram maior frequência de citação (100%). Seguida da Cordia tetrandra Aubl. (89%), Bactris

maraja Mart., Pseudobombax munguba (Mart.) Dugand, Neea macrophylla Poepp. & Endl., com 71% de FRC e Vitex cymosa Bertero ex Spreng (57%) (Figura 1). Essas espécies indicam ser as mais importantes para a comunidade, sendo destacadas como as mais utilizadas e mais conhecidas pelos moradores da área. Dos indivíduos mencionados o tipo arbóreo foi predominante, abrangendo 78% do total, sendo os demais caracterizados como palmeiras (22%). São plantas que frutificam principalmente no final do período chuvoso, entre os meses de abril a julho. Segundo os entrevistados algumas possuem outras finalidades de uso, a exemplo do Mouriri cf. ulei, a qual seus frutos são utilizados para alimentação in natura, bem como na forma de sucos e vitaminas. Os frutos do bacurizeiro (Rheedia brasiliensis (Mart.) Planch. &Triana) e marizeiro (Cassia leiandra

Benth.) também são consumidos como alimento, e do caranãnzeiro (Mauritiella armata (Mart.) Burret) podem ser utilizados na produção de vinho artesanal. As demais espécies são utilizadas

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apenas como isca para pesca e fonte de alimento para peixes nos tanques redes existentes no local, sendo seu uso principalmente pelo fruto inteiro. Tabela1. Espécies de importância para a piscicultura na comunidade Tapará Grande mencionadas no levantamento etnobotânico.

Nº Sigla Nome Comum Espécie Família 1 AC Achuarana * * 2 AN Aningueira Montrichardia arborescens (L.) Schott Araceae 4 BA Bacurizeiro Rheedia brasiliensis (Mart.) Planch. &Triana Clusiaceae 5 CC Camu-camu Myrciaria sp. Myrtaceae 6 CA Caranãnzeiro Mauritiella armata (Mart.) Burret Arecaceae 7 CR Carauaçuzeiro * * 8 CT Catauarizeiro Crataeva tapia L. Capparaceae 9 EM Embaúbeira Cecropia ficifolia Warb. ex Snethl. Urticaceae

10 FS Farinha-seca Albizia sp. Fabaceae 11 GI Gijurana * * 12 JA Jauarizeiro Astrocaryum jauari Mart. Arecaceae 13 MA Marajazeiro Bactris maraja Mart. 14 MJ Marajá-preto Bactris sp. Arecaceae 15 MP Marajá-pupunha Bactris sp. Arecaceae 16 MA Marizeiro Cassia leiandra Benth. Fabaceae 17 MG Mungubeira Pseudobombax munguba (Mart.) Dugand Malvaceae 18 PA Parreira Neea macrophylla Poepp. & Endl. Nyctaginaceae 19 SO Socorozeiro Mouriri cf. ulei Pilg. Melastomataceae 20 TA Taperebazeiro Spondias mombin L. Anacardiaceae 21 TR Tarumãnzeiro Vitex cymosa Bertero ex Spreng. Lamiaceae 22 TI Timbozeiro * * 23 UR Uruazeiro Cordia tetrandra Aubl. Boraginaceae

*Espécies não identificadas

Figura 1: Frequência Relativa de Citação (%) de espécies vegetais nativas de importância à piscicultura mencionadas no levantamento etnobotânico.* Espécies correspondentes às siglas encontram-se na Tabela 1.

DISCUSSÃO

Os resultados são similares aos encontrados por Oliveira (2013) em estudos etnobotânicos em duas comunidades de várzea do Baixo Amazonas, a qual registrou grande parte das espécies aqui mencionadas como de importância de uso para os ribeirinhos como isca para peixes. O trabalho também corrobora com estudos realizados por Cavalcante (2014), onde o catauarizeiro e mungubeira também apresentaram maior frequência relativa nas citações. Esse resultado se confirma no que diz respeito à valorização do cataurizeiro como espécie de grande utilidade, sendo também uma das mais mencionadas em estudo realizado por Martínez et al. (2010) em planícies fluviais do Baixo Amazonas. Um problema verificado segundo percepção dos entrevistados é a

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redução na ocorrência natural de algumas espécies na área como o marajazeiro, dados devido ao desmatamento com uso do fogo na limpeza de áreas para realização de plantios agrícolas. É também pequena a ocorrência do socorozeiro em algumas áreas da comunidade, o que de acordo com alguns entrevistados são ocasionados pela mortalidade provocada pela dinâmica do rio Amazonas. Estas observações são consideradas preocupantes, merecendo atenção, pois as espécies citadas são enquadradas entre as mais importantes e sua ocorrência em baixa escala pode afetar tanto a ictiofauna como gerar prejuízos às populações locais que exploram esse recurso. Observa-se no conhecimento que a população detém sobre o ecossistema em que vivem, explorando potencialmente os recursos da floresta, uma alternativa viável para subsidiar estudos ecofisiológicos nas espécies com maior valor encontradas neste estudo, de forma a auxiliar no manejo e na sua conservação.

CONCLUSÕES

Crataeva tapia e Mouriri cf. ulei foram as espécies mais citadas, sendo de maior importância ao desenvolvimento da atividade piscícola na comunidade. O conhecimento tradicional associado ao uso das plantas pode subsidiar práticas de manejo adequadas às condições locais, visando a sustentabilidade socioeconômica das famílias, garantindo a sustentabilidade dessas espécies e a conservação desse ecossistema.

AGRADECIMENTOS

Aos moradores da comunidade Tapará Grande e ao Laboratório de Estudos de Ecossistemas Amazônicos-LEEA pelo apoio logístico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, U. P.; LUCENA, R.; CUNHA, L. V. T. Métodos e Técnicas na Pesquisa Etnobiológica e Etnoecológica. 1 ed. Nupeea, Recife, 2010, 558p. ALBUQUERQUE, U.P. Introdução à Etnobotânica. Recife: Bagaço, 2002. 87 p. DIEGUES, A. C. S. O mito da natureza intocada. São Paulo, NUPAUB, 1994. CAVALCANTE, S. C. 2014. Ecossistema de Várzea: Etnobotânica e Ecofisiologia. Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais)-Universidade Federal do Oeste do Pará-UFOPA, Santarém, PA. 2014, 96p. KÖPPEN, W. P. Climatologia. Buenos Aires: Fundo de Cultura Econômica. 1948. 479p. LIMA, H. N.; TEIXEIRA, W. G. & SOUZA, K. W. 2007. Os solos da paisagem da várzea com ênfase no trecho entre Coari e Manaus. pp. 35-52. In: Comunidades ribeirinhas amazônicas modos de vida e uso dos recursos naturais (FRAXE, T. J. P.; PEREIRA, H. S. & WITKOSKI, A. C., org.). Manaus: EDUA. MARTÍNEZ, G. B.; JUNIOR, M. M.; JUNIOR, S. B. Seleção de ideótipos de espécies florestais de múltiplo uso em planícies fluviais do Baixo Amazonas, Pará. Acta Amazônica, v.40, n,1, p. 65-74, 2010. OLIVEIRA, D. V. P. Etnobotânica de várzea amazônica na região do baixo amazonas. In. OLIVEIRA, P. C. Identificação e caracterização dos sítios pilotos em ambientes inundáveis na Amazônia brasileira e peruana com vistas ao input agro tecnológico, Relatório Técnico Santarém, Pará, novembro, 2013. RODRIGUES, T. E.; SANTOS, P. L.; OLIVEIRA JÚNIOR, R. C.; VALENTE, M. A.; SILVA, J. M. L.; CARDOSO JÚNIOR, E. Q. Caracterização e classificação dos solos da área do planalto de Belterra, município de Santarém, PA. Belém: Embrapa Amazônia Oriental. 2001. 54p. (Documentos, 115). SANTOS, R. S; FERREIRA, M. C. Estudo etnobotânico de Mauritia flexuosa L. f. (Arecaceae) em comunidades ribeirinhas do Município de Abaetetuba, Pará, Brasil. Acta Amazônica. v. 42, n.1, p. 1-10, 2012. TARDÍO, J; PRADO-DE-SANTAYANA, M. Cultural importance índices: a comparative analysis based on useful wild plants of Southern Cantabria (Northern Spain). Economic Botany, v. 62, p. 24-39,2008.

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EXPERIÊNCIAS AGROECOLÓGICAS NA RESERVA EXTRATIVISTA

TAPAJÓS-ARAPIUNS, AMAZÔNIA, BRASIL Jéssica conceição Nunes Silva¹; Everton Cristo de Almeida¹; Maria do Socorro Souza da

Mota² Breno Pinto Rayol³

¹ Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Laboratório de Sementes Florestais, Santarém, PA, Brasil; ² Centro de Estudos Avançados de Promoção Social e Ambiental – Projeto Saúde e Alegria, Setor de Reposição Florestal, Programa Floresta Ativa, Santarém, PA, Brasil; ³ Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Capitão Poço, Belém, PA, Brasil E-mail: [email protected] Síntese:O objetivo desse trabalho foi realizar um levantamento dos sistemas agroflorestais implantados em áreas de cultivo de mandioca da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. Foram escolhidas aleatoriamente cinco comunidades participantes do Programa Floresta Ativa que possuíam implantação de sistemas agroflorestais (SAF’s) no ano de 2009. Para caracterizaros sistemas agroflorestais foram aplicados questionários semiestruturadoscom entrevistas in loco,a fim decoletar informações referentes às espécies utilizadas, tais como: contagem de indivíduos por espécie, nome popular, espaçamento utilizado na hora do plantio para a espécie, área ocupada pelo sistema na propriedade, e os diversos usos da espécie nos (SAF’s). A diversidade florística foi estimada pelo Índice de Shannon (H’) e a distribuição dos indivíduos entre as espécies foi calculada pelo índice de equabilidade de Pielou (J’) assim como foram estimados os parâmetros fitossociológicos de abundância, densidade e frequência. Os dados foram processados em planilha eletrônica utilizando o Microsoft Excel 2010. Foram identificadas 31 espécies distribuídas nos 33 (SAF’s). A mandioca foi a cultura anual que obteve maiores valores tanto em frequência (13,67 %) quanto em densidade (23,39%). Mais de 60% das espécies são utilizadas para subsistência (alimentação, enriquecimento de capoeira e uso madeireiro); enquanto 33,85% podem ser utilizadassomente para fins madeireiro. O índice de diversidade de Shannon foi de (2,55) e equabilidade de Pielou de (0,75) demostrando que as áreas possuem alta diversidade de espécies e estas estão bem distribuídas entre as unidades amostrais. A mandioca, cumarú, ipê,itaúba e o jacarandá foram as espécies mais frequentes nos sistemas agroflorestais da Resex Tapajós Arapiuns. Conhecer os sistemas agroflorestais é importante para planejar o manejo dos mesmos. Palavras-Chave:Agrofloresta; Amazônia; Unidade de conservação.

INTRODUÇÃO A Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns foi a primeira Unidade de Conservação desta

categoria criadano estado do Pará, através dodecreto presidencial de 06 de dezembro de 1998. A Resex abrange cerca de 68 comunidadese sua criação deve-se principalmente àunião dessas comunidades em torno de uma problemática existente na região: o desmatamento acelerado promovido pelas empresas madeiras instaladas em área de floresta nativa, gerando prejuízos ambientais, econômicos e sociais de tais práticas para as populações tradicionais. Nesse sentido, o Programa Floresta Ativa desenvolve diversas atividades de cunho sustentável dentro da Resex, a fim de melhorar o meio ambiente e a vida das populações tradicionais, com a reposição de espécies florestais através de distribuição de mudas de espécies para plantio em área de roçado, assim como utilização de produtos e subprodutos oriundos da floresta de forma racional. (IPAM, GDA & PSA, 2002).

Segundo Locatelli (2001), os sistemas agroflorestais são uma das melhores alternativas de recuperação ou minimização de impactos de áreas degradadas pelo sistema tradicional de corte e

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queima. De acordo com Smith (1998), esse tipo de sistema pode reduzir ou retardar os índices de desmatamentos em áreas agrícolas, estimulando a conservação de recursos agroflorestais em qualquer sistema de produção. Contudo, Sousa Neto (2013) e Costantin (2012) expõem que a maior dificuldade encontrada no modelo de produção agropecuária existente hoje na Amazônia reside em enfrentar barreiras como a adesão dos produtores tradicionais do antigo sistema de corte e queima, vislumbrando as vantagens de incorporar os sistemas agroflorestais (SAF’s) em suas propriedades, além dafalta de mecanismos de transferência de tecnologia adequada à realidade local.

A incorporação de agroflorestas em áreas de roçado constitui-se uma alternativa para a recomposição de áreas de vegetação secundária,gerando benefícios ambientais, sociais e econômicos. Nesse sentido o presente estudo teve como objetivo realizar um levantamento dos sistemas agroflorestais implantados em área de plantio de mandioca na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns por meio do Programa Floresta Ativa no ano de 2009.

MÉTODOS

A Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns está localizada nos municípios de Santarém e /Aveiro, na região Oeste do Pará, sob as coordenadas geográficas 02° 20' a 03° 40' Sul, e 55° 00' a 56° 00' Oeste. Possuiuma área de 647.610 ha eo acesso pode ser feito via fluvial, pelos rios Tapajós e Arapiuns (IPAM, GDA & PSA, 2002). Localiza-se no bioma Amazônia e está integralmente na bacia hidrográfica do Tapajós (ISA, 2015). A pesquisa compreendeu o período de agosto de 2014 à maio de 2015. As unidades amostrais foram as propriedades visitadas. O critério de seleção das unidades amostrais foi feito por meio de duas características básicas: ser participante do Programa Floresta Ativa e ter implantado Sistema Agroflorestal no ano de 2009. Foram escolhidas aleatoriamente cinco comunidades para realizar o levantamento in loco. Foi utilizado questionário semiestruturado para coleta de informações quantitativas e qualitativas, como contagem do número de indivíduos, número de espécies por sistema, nome popular, espaçamento utilizado para cada espécie dentro dos sistemas, área ocupada pelo sistema na propriedade, e os diversos usos das espécies nos (SAF’s). A composição florística dos Sistemas Agroflorestais foi analisada pela riqueza de espécies; categoria de usoediversidade florística, sendoestimada pelo índice de diversidade de Shannon (H’) e a sua distribuição pelo índice de equabilidade (J’) de Pielou.Todos os dados foram processados em planilha eletrônicado Microsoft Excel 2010, utilizando parâmetros fitossociológicos de abundância, densidade e frequência, segundoBroweret al.,1998).

RESULTADOS Foram identificadas 41 comunidades participantes do Programa Floresta Ativa e

implantação de (SAF’s) no ano de 2009. Dessas, 14 estão localizadas no Rio Arapiuns e 27 no Tapajós. As comunidades escolhidas aleatoriamente foram:Mentae e Prainha do Maró, no Rio Arapiuns, e Maripá, Vila do Amorim e Parauá, no Rio Tapajós. No total foram entrevistadas 30 famílias com conhecimento de 33 (SAF’s), tendo em vista que três famílias possuíam mais de um sistema em sua propriedade. Ariquezatotal foi de 31 espécies, a diversidade florística foi de (H’ =2,55), seguindo do índice de equabilidade de (J’ =0,75), o número de indivíduos total foi de 3193 (Tabela 1).

Das espécies identificadas (13,85%) são usadas para alimentação humana e animal, (33, 85%) são espécies madeireiras, (12,31%) espécies de uso medicinal, (21,54%) espécies de enriquecimento de capoeira, (4, 62%) para energia, (7, 69%) artesanatos e (6,14%) outros fins.

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Tabela 1. Índices de diversidade florística e da estrutura dos sistemas agroflorestais avaliados na reserva extrativista Tapajós-Arapiuns, município de Santarém, PA.

As espécies que obtiveram os maiores valores de frequência relativa seguido da densidade relativa foram respectivamente mandioca (ManihotesculentaCrantz) (13,67 % e 23,39%), cumaru(Dipteryxodorata (Aublet.) Willd.) (11,51% e 11,02%), ipê(Handroanthus sp.) (10,07% e 12,65%), itaúba (Mezilaurus itauba (Meissn.) Taub.) (9,35% e 6,17%) e jacarandá(DalbergiaspruceanaBenth.) com (8,63% e 14,06%).

DISCUSSÃO Foram identificadas 31 espécies distribuídas em 33 (SAF’s). A mandioca foi a cultura anual que obteve maiores valores tanto em frequência, quantoemdensidade relativa respectivamente

(13,67 % e 23,39%), seguido de do cumaru, ipê, itaúba e jacarandá.Mais de 60% das espécies são usadas para alimentação, enriquecimento de capoeira e fins madeireiros, seguido de essências florestais que possuem múltiplos usos dentro dos sistemas. Resultados similares foram encontrados em estudo conduzido por Vieira et al.(2007) em 38 espécies distribuídas em 32 (SAF’s) no município de Igarapé-Açu-PA, onde a mandioca está entre umas das espécies mais cultivadas.No presente estudo as espécies madeireiras e para alimentação tiveram destaque, a mandioca foi de maior frequência relativa dentre as espécies estudadas com (28,1%) tendo em vista a importância da espécie na segurança alimentar dos entrevistados, além de fazer parte da dieta alimentar e cultural da população residente.

As espécies que apresentaram maiores valores de frequência e densidade nos sistemas estudados foram essências florestais, consorciadas com a mandioca. O índice de diversidade de Shannon foi considerado alto para ecossistemas florestais de (2,55) e equabilidade de Pielou de (0,75) demostrando que as espécies estão bem distribuídas entre as unidades amostrais, resultados similares aos encontrados por Bolfe&Batistelle (2011) em sistemas agroflorestais estudados em Tomé-Açu, PA e Nóbrega et al., (2008).

CONCLUSÕES

Por meio da inserção de espécies de múltiplo uso no roçado de mandioca, é notável a induçãoà redução na degradação do ambiente agroecológico por meio do aumento da diversidade de espécies, e recuperação da abundância de indivíduos das espécies nativas da área, melhorando a recomposição da paisagem, e melhoria da área produtiva em termo de diversidade de espécies.

AGRADECIMENTOS

À UFOPA pela bolsa de pesquisa, ao Projeto Saúde e Alegria (PSA) na pessoa de Socorro Mota, a todos os comunitários que receberam a equipe de pesquisadores em suas propriedades e a todos os demais colaboradores da pesquisa.

Parâmetro SAF'sAmostras (ha) 21,25

Intensidade Amostral 30Número de sistemas 33

Riqueza de espécies (S) 31Diversidade máxima (Hmax) 3,4

Índice de Shannon-­Weaver (H’) 2,55Equabilidade de Pielou (J) 0,75

Abundância Absoluta (nº de ind.) 3193

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FITOSSANIDADE DO FEIJOEIRO CULTIVADO SOBRE DIFERENTES

RESÍDUOS VEGETAIS

Luciano dos Reis Venturoso¹; Lenita Aparecida Conus Venturoso¹; Wanderson Novais Pereira²; André Luiz da Silva Baia³; Gabriel Alexandre Martins³; Rebekah Anne Freese³;

Anna Caroline da Silva Francisco4 ¹Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, campus Ariquemes, Ariquemes, RO, Brasil; ²Universidade EARTH, Costa Rica; ³Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Colorado do Oeste, RO, Brasil; 4Técnica em Agropecuária; E-mail: [email protected] Síntese: O feijoeiro tem sido atacado por inúmeras pragas, as quais provocam significativas perdas no rendimento da cultura. Nesse contexto, o trabalho teve por objetivo avaliar a fitossanidade conferida ao feijoeiro através da adoção de diferentes resíduos culturais como cobertura de solo. Foram utilizados como plantas de cobertura do solo: Oriza sativa, Heliannthus annuus, Pennisetum

americanum, Glycine max, Sorghum bicolor, Guizotia abyssinica, Crotalaria ochroleuca e o pousio, mais um tratamento controle, que permaneceu sem resíduos vegetais. Foi adotado o delineamento experimental de blocos casualizados, contendo dez tratamentos e quatro repetições. O feijoeiro, cultivar BRS Estilo, foi implantada em semeadura direta, nas entrelinhas das coberturas de solo. Foi analisada a incidência de mela e larva minadora, percentual de ataque de insetos desfolhadores, severidade de antracnose e mancha angular. Aos 32 dias após semeadura constatou-se maior incidência de mela no feijoeiro cultivado em pousio e no controle limpo, registrando-se 87,8 e 87,5% de plantas infectadas pelo patógeno, respectivamente. Destacam-se os resultados observados com as cultivares de milheto (BRS 1501 e 1503), sorgo e soja, que reduziram em 57,1, 70,9, 68,3 e 65,1%, respectivamente, a incidência da doença. O uso das culturas de cobertura vegetal do solo não influenciou na severidade de antracnose e nos danos provocados por insetos desfolhadores. Palavras-chave: coberturas de solo; Phaseolus vulgaris; proteção fitossanitária

INTRODUÇÃO O Brasil é o maior produtor e consumidor mundial de feijão, contudo, a produção é insuficiente para atender a demanda nacional fazendo com que o país tenha que importar o produto (TÔSTO et al., 2012). Em geral, o cultivo se concentra em pequenas propriedades, as quais adotam pouca ou nenhuma tecnologia e manejos pouco eficazes na redução da infestação por pragas (plantas invasoras, insetos-pragas e doenças), tornando-se um dos maiores entraves para obtenção de ganhos em produtividade (FALEIRO et al., 2001). Para Tôsto et al. (2012) um dos principais fatores responsáveis pelo baixo rendimento está relacionado a incidência da doença denominada mela do feijoeiro (Thanathephorus cucumeris

Donk anamorfo Rhizoctonia solani Kühn), que encontra na região condições ambientais propícias ao seu desenvolvimento, e aliado à sua capacidade de sobrevivência no solo dificulta o seu manejo. A cultura também pode ser atacada por insetos-pragas, dentre os quais se destacam as vaquinhas (Diabrotica speciosa e Cerotorma arcuata), que causam danos foliares culminando na redução da área fotossintética da planta, e consequentemente, na produtividade quando o nível de desfolha alcança os 50% (SILVA et al., 2003).

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Na região, o feijoeiro tem sido cultivado principalmente por agricultores familiares, onde o uso de defensivos poderia significar maiores custos de produção. Nesse sentido, torna-se importante a adoção de práticas que reduzam o ataque das pragas, sem resultar em elevação dos custos, e uma das medidas que vêm despontando no cenário agrícola é a utilização de resíduos vegetais. Alvarenga et al. (2001) relataram que nas regiões brasileiras foi possível, através de sucessivas mudanças de culturas para cobertura do solo, diminuir a incidência de insetos-pragas e doenças sobre as plantas cultivadas. Diante do exposto, o estudo objetivou verificar a proteção fitossanitária na cultura do feijoeiro, pelo uso de diferentes resíduos vegetais como cobertura de solo.

MÉTODOS A pesquisa foi desenvolvida na área experimental do Instituto Federal de Rondônia, campus Ariquemes. A calagem foi realizada, três meses antes do cultivo das coberturas, no intuito de elevar a saturação de bases para 60%. Na adubação das coberturas foram utilizados 300 kg.ha-1 do formulado 4-30-16 e no feijoeiro 500 kg.ha-1 do formulado 4-14-8. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados, contendo dez tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram compostos pelas espécies de cobertura de solo, arroz cultivar Primavera (Oriza sativa), girassol BRS 324 (Heliannthus annuus), milheto BRS 1501 e BRS 1503 (Pennisetum americanum), soja BRS 7580 (Glycine max), sorgo BRS 330 (Sorghum bicolor), níger (Guizotia abyssinica), crotálaria (Crotalaria ochroleuca), pousio e o tratamento controle, que permaneceu limpo por meio de capinas. As plantas de cobertura foram cultivadas em solo preparado de forma convencional, em parcelas, contendo seis linhas, espaçadas entre si por 0,45 m e densidade de acordo com a recomendação de cada cultura. Depois do florescimento de todas as culturas, cerca de sessenta dias após a semeadura das culturas de cobertura, as mesmas foram cortadas com auxílio de roçadeira manual. A cultivar BRS Estilo de feijoeiro foi semeada nas entrelinhas das coberturas em espaçamento 0,45 m e densidade de 15 plantas por metro linear. A quantidade de fitomassa das culturas de cobertura foi realizada com uso de uma quadrícula de 0,5 x 0,5 m, em três pontos da parcela. Os resíduos coletados foram lavados com água destilada e submetidos à secagem em estufa de circulação forçada de ar a 60ºC até obtenção de massa constante, sendo os resultados expressos em kg.ha-1. Foram avaliadas a quantidade inicial de fitomassa e avaliações fitossanitárias, como a severidade de antracnose e mancha angular, a incidência de mela, e o percentual de danos provocados por insetos desfolhadores. A avaliação da mela foi iniciada por ocasião dos primeiros sintomas, aos 25 dias após a semeadura (DAS) e repetindo o procedimento aos 32 DAS. Para a avaliação contaram-se o número de plantas atacadas em relação ao total de plantas sadias da parcela, computando-se os dados em percentual de plantas doentes. A antracnose e a mancha angular foram contabilizados por meio de escala diagramática de Godoy et al. (1997). Para a desfolha se avaliou, em cinco plantas representativas, adotando-se escala de 1 a 5, onde 1 representava até 20% de folhas danificadas, 2 (21-40%), 3 (41-60%), 4 (61-80%) e 5 para danos maiores que 80%. Os dados foram transformados em √x + 1 e submetidos à análise de variância com o auxílio do programa Sisvar e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância.

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RESULTADOS

Foi verificada maior quantidade de fitomassa nas parcelas semeadas com as gramíneas, sendo 9.415 kg.ha-1 com sorgo e 8.930 e 8.448 kg.ha-1 nas cultivares de milheto, BRS 1501 e 1503, respectivamente. Resultados intermediários foram alcançados pela soja, crotalária e níger, com 7.373, 6.657 e 6229 kg.ha-1, respectivamente. A fitomassa gerada pelas culturas do girassol (2.416), arroz (1.328) e no pousio (1.089) apresentaram os menores valores, proporcionando pouca massa para a cobertura do solo. O resultado da análise de variância indicou efeito significativo da fitomassa sobre a incidência de mela no feijoeiro (Figura 1). Aos 25 dias após a semeadura (DAS) do feijoeiro verificou-se que apenas a cobertura com milheto (BRS 1503) reduziu significativamente a incidência de mela, sendo observada incidência próxima aos 3% no feijoeiro, enquanto que nos tratamentos controle limpo, pousio e arroz, foi observado em torno de 30% de incidência da doença.

Figura 1. Incidência de mela (A) e desfolha (B) em feijoeiro semeado sobre diferentes coberturas de solo. *DAS: dias após a semeadura. Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância; **ns: não significativo. Aos 32 DAS constatou-se maior incidência da doença em pousio e controle limpo, registrando-se 87,8 e 87,5% de plantas infectadas, todavia, não se observou diferença significativa para as coberturas com arroz e crotalária, nas quais a incidência ficou em torno de 70%. Para a avaliação de desfolha foi observado efeito significativo na análise de variância, porém, sem diferenças entre os tratamentos estudados (Figura 2). Observou-se uma tendência de menores danos foliares nos tratamentos com pouca ou sem fitomassa sobre o solo (pousio, arroz e controle limpo). A menor incidência de desfolha tanto aos 25 como aos 32 DAS foi observada no pousio, sem, contudo, apresentar diferença significativa.

DISCUSSÃO A incidência elevada de mela no pousio, arroz e controle limpo podem estar relacionados à menor quantidade, ou mesmo ausência de resíduos sobre o solo. Tolledo-Souza et al. (2008) verificaram que materiais com maior produção de fitomassa (milheto, sorgo granífero, capim-mombaça, braquiária e milho) como cultivo antecessor ao feijoeiro possibilitou supressão de doenças como mela e fusariose (Fusarium solani). Michereff et al. (2001) enfatizam que o agente causal da mela apresenta ampla gama de hospedeiros e capacidade de sobreviver no solo na ausência deles, devido a alta capacidade saprofítica. Sendo um habitante do solo, pode-se afirmar que as culturas que produziram maior quantidade de resíduos vegetais sobre o solo, como milheto, sorgo e soja, funcionaram como barreira física, impedindo que as gotas de chuva atinjam diretamente o solo e transportem o patógeno às folhas do feijoeiro.

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A ausência de diferença significativa em relação a desfolha pode estar relacionada à população de inimigos naturais, pois a diversidade de espécies vegetais, possibilitam abrigar variados tipos de insetos. A população de inimigos naturais para o controle biológico foi analisada por Heineck-Leonel e Salles (1997) sendo verificada que a presença de insetos antagônicos proporcionou às culturas, incluindo o feijoeiro, redução do número de vaquinhas.

CONCLUSÕES A utilização de resíduos vegetais de milheto, sorgo e soja promovem maior proteção fitossanitária contra a incidência de mela. O uso de culturas de cobertura vegetal do solo não influencia a severidade de antracnose e os danos provocados por insetos desfolhadores.

AGRADECIMENTOS Ao Grupo de Pesquisa em Produção Vegetal pela colaboração na condução do trabalho. Ao IFRO/Campus Ariquemes por ceder à área da pesquisa.

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INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO FORNECIDA À SOJA SOBRE A

POPULAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS Ana Cecília de Moura Costa1, Paula Raniele Freitas Tavares1, Bruna Vieira Pantoja1,Antônia

Mirian Nogueira de Moura Guerra2

1Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de biodiversidade e Florestas, Santarém,PA, Brasil; 2Universidade Federal do Oeste da Bahia, Campus Barra, BA, Brasil; E-mail: [email protected]

Síntese: As plantas daninhas são prejudiciais às culturas agronômicas como a soja, devido à competição por nutrientes, luz, água e espaço. O objetivo do presente trabalho foi verificar a influência da adubação fornecida à soja sobre a população de plantas daninhas. Os dados foram coletados em uma lavoura de soja sob sistema convencional, onde foi separada uma área que recebeu diferentes níveis de adubação, sendo eles: sem adubação (0 kg ha-1), 175 kg ha-1, 210 kg ha-1 e 260 kg ha-1. Para a caracterização e estudo fitossociológico da comunidade infestante foi utilizado como unidade amostral de 1,0 m2, lançando-se 20 vezes aleatoriamente dentro de cada área de estudo. Em cada amostra as plantas foram identificadas segundo a família e a espécie, bem como foi feita a determinação do número presente de cada espécie. Foram identificadas na parcela que estava com a adubação de 210 kg ha-1 cerca de sete famílias e 12 espécies, destacando-se a família Amaranthaceae. Na dose de 260 kg ha-1 foram identificadas nove famílias e 15 espécies, destacando-se nesse tratamento as famílias Asteraceaee Fabaceaemaior número de espécies. No presente estudo é possível constatar que nas maiores doses de adubação houve as melhores condições para que as plantas daninhas pudessem se desenvolver. Palavras-chave: competição; fitossociologia; Poaceae; Rottboelliacochinchinensis

INTRODUÇÃO As plantas daninhas são prejudiciais às culturas agronômicas como a soja, devido à competitividade que ocorre entre as mesmas por nutrientes, luz, água e espaço, além de causar problemas na produção como contribuir para a redução da qualidade dos grãos, causar dificuldades na operação da colheita e servir também como hospedeiro de insetos praga. O objetivo do presente trabalho foi verificar a influência da adubação fornecida à soja sobre a população de plantas daninhas.

MÉTODOS A coleta de dados foi realizada em uma lavoura de soja sob sistema convencional, localizada na comunidade de Boa Esperança Km 42, Rodovia Santarém - Curuá-Una. Foi separada uma área de 1 ha dentro da lavoura comercial de soja sendo que essa área foi dividida em 4 parcelas amostrais em que foi incorporado ao solo os seguintes tratamentos: sem adubação (0 kg ha-1), 175 kg ha-1, 210 kg ha-1 e 260 kg ha-1 de 0-14-18. Para a caracterização e estudo fitossociológico da comunidade infestante foi utilizado como unidade amostral um quadro (1,0 x 1,0 m = 1,0 m2), lançando-se 20 quadros aleatoriamente dentro de cada área de estudo (método do quadrado inventário), por meio de um caminhamento em zigue-zague. Em cada quadro amostrado as plantas foram identificadas segundo a família e a espécie, bem como foi feita a determinação do número presente de cada espécie.

RESULTADOS Foram identificadas na parcela que estava com a dose de adubo de 210 kg ha-1 cerca de sete famílias e 12 espécies, destacando-se a família Amaranthaceaecom quatro espécies. As espécies que tiveram as maiores freqüências foram Alternantheratenella e Rottboelliacochinchinensis(Lour.)

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com valores de 5,95 e 89,17% respectivamente. No tratamento sem adubação (0 kg ha-1) foram identificadas sete famílias e oito espécies, destacando-se a família Concolvulaceaecom o maior número de espécies. As espécies que apresentaram as maiores freqüências foram Rottboelliacochinchinensis(Lour.) e Alternantheratenellacom valores de 70,7 e 19,45% respectivamente. No tratamento com a dose de adubo 175 kg ha-1 foram identificadas sete famílias e nove espécies, destacando-se as famílias Poaceae (Gramineae) e Fabaceaecom o maior número de espécies. De acordo com Deuber(2002) entre as principais espécies de infestantes monocotiledôneas que ocorrem nas lavouras de soja a maioria pertence à FamiliaPoaceae(gramíneas), sendo quase todas eficientes e muito competitivas. Contudo, Rottboelliacochinchinensis(Lour.) foi a espécie que obteve maior valor em freqüência com 90,63%. Na parcela de 260 kg ha-1foram identificadas nove famílias e 15 espécies, destacando-se nesse tratamento as famílias Asteraceaee Fabaceaemaior número de espécies, no entanto, as maiores freqüências foram para as espécies Rottboelliacochinchinensis(Lour.) e EuphorbiaheterophylaL. esse resultado está de acordo com os dados de Deuber (2002) em que EuphorbiaheterophylaL. conhecida vulgarmente como leiteiro ou amendoim-bravo é uma das principais espécies infestantes dicotiledôneas que ocorrem no Brasil(Tabela 1). Na parcela que recebeu o dobro da dose de adubo foi observado maior número de famílias, espécies e indivíduos, sendo respectivamente, nove, 14 e 1198 (Tabela 2).

DISCUSSÃO Segundo Kliewer (2001) as plantas daninhas que aparecem espontaneamente são plantas que se sentem bem no lugar, pois encontram todas as condições que precisam para crescer e multiplicar.No presente estudo é possível constatar que nas maiores doses de adubação houve as melhores condições para que as plantas daninhas pudessem se desenvolver.

CONCLUSÕES A utilização da dose de 260 kg ha-1 de adubo favoreceu o surgimento de uma maior quantidade de plantas daninhas.

AGRADECIMENTOS À Fazenda Nossa Senhora Aparecida pela área experimental, ao CNPq pelo consentimento das bolsas de Iniciação Científica e à Universidade Federal do Oeste do Pará.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEUBER, R. Lavoura sem erva. Cultivar,Pelotas, n. 42, ago. 2002. Disponível em: <http://www.grupocultivar.com.br/arquivos/gc42_lavoura.pdf>. Acesso em: 27 de julho de 2015. VAGAS, L., ROMAN, E.S. Manejo e controle de plantas daninhas na cultura de soja.

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Tabela 1 – Famílias, espécies, indivíduos e suas freqüências encontrados em lavoura comercial de soja submetidas a diferentes níveis de adubação, em Santarém – PA.

Níveis de Adubação

Família Espécies Nº de indivíduos

Freqüência de Ind./Família

(%)

Freqüência Total (%)

Amaranthaceae

Alternantheratenella 66

85,7

5,95

210 kg ha-1

Amaranthushybridus

Amaranthusviridis 5 4

6,49 5,20

0,45 0,36

Amaranthusdeflexus 2 2,60 0,18 77 100

Brassicaceae Cleomeaffinis 20 100 1,8

Asteraceae

Galinsogaparviflora 2 22,2 0,18 Blainvillearhomboidea 6 6,6 0,54

Galinsogaquadriradiata 1 11,1 0,0 9 100

Malvaceae Wissadulasubpeltata 2 100 0,18 Fabaceae-

Faboideae

Aeschynomenedenticulata 10 100 0,90

Commelinaceae Commelinabenghalensis L. 10 100 1,44 Poaceae Rottboelliacochinchinensis 989 100 89,17

100 1109

0 kg ha-1

Poaceae Rottboelliacochinchinensis 482 100 70,7 Asteraceae Bidens pilosa 9 100 0,01

Commelinaceae Commelinabenghalensis L 10 100 1,44

Concolvulaceae

Merremiaaegyptia 5 55,5 0,72 Ipomoea purpúrea 4 44,4 0,57

9 100 Euphorbiacea Euphorbiaheterophylla 40 100 5,80

Fabaceae-

Faboideae

Aeschynomenedenticulata 9 100 1,30

Amaranthaceae Alternantheratenella

132 100 19,45 691 100

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Tabela 2 – Número de famílias, espécies e indivíduos encontrados em lavoura comercial de soja submetidas a diferentes níveis de adubação, em Santarém – PA.

175 kg ha-1

Poaceae(Gramineae)

Eleusine indica 3 0,33 0,30 Rottboelliacochinchinensis

881 99,66 90,63 972 100

Malvaceae Sida santaremensis 16 100 1,64 Amaranthaceae Alternantheratenella 30 100 3,0

Brassicaceae Cleomeaffinis 4 100 0,41 Fabaceae

Aeschynomenedenticulata 10 90,9 1,02 Senna obtusifolia 1 9,09 0,1

11 100 Commelinaceae Commelinabenghalensis L. 5 100 0,51 Euphorbiacea Euphorbiaheterophylla 22 100 2,35

972 100

260 kg ha-1

Brassicaceae Cleomeaffinis 14 100 1,16 Concolvulaceae Merremiaaegyptia 6 100 0,5 Commelinaceae Commelinabenghalensis L 2 100 0,16

Fabaceae

Senna obtusifolia 46 25,6 3,83 Aeschynomenedenticulata 101 56,6 8,43

Senna hirsuta 32 17,8 2,67 179 100

Malvaceae Sida glaziovii 55 100 4,60

Asteraceae

Bidens pilosa 50 27 4,17 Galinsogaquadriradiata 97 52,5 8,09 Acanthospermumaustrale 12 6,5 1

Galinsogaparviflora 26 14 2,17 185 100

Poaceae (Gramineae) Rottboelliacochinchinensis 254 62,5 21,2

Eleusine indica 153 37,5 12,7 407 100

Euphorbiacea Euphorbiaheterophylla 248 100 20,7 Rubiaceae Diodella teres 102 100

8,60

1198 100%

Doses de Adubo Nº de Família Nº de espécies Nº de indivíduos 0 kg ha-1 7 8 691

175 kg ha-1 7 9 972 210 kg ha-1 7 12 1109 260 kg ha-1 9 15 1198

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INTERVALO DE DESFOLHAÇÃO EM PASTOS DE CAPIM MOMBAÇA

SUBMETIDOS À ESTRATEGIAS DE PASTEJO ROTATIVO POR BOVINOS LEITEIROS

Jailson Alves Carvalho1; Lucas Freitas Calvi2; Rafael Cunha dos Santos1, Rony Madson

Labres de Almeida1; Salim Jacaúna de Souza Júnior3

1 Universidade Federal do Pará – Campus Altamira, Graduando em Engenharia Agronômica, Faculdade de Engenharia Agronômica, Laboratório de Produção Animal, Altamira – PA, Brasil; 2Universidade Federal do Pará – Campus Altamira, Graduando em Engenharia Agronômica, Bolsista IC/CNPq, Faculdade de Engenharia Agronômica, Laboratório de Produção Animal, Altamira – PA, Brasil; 3Universidade Federal do Pará – Campus Altamira, Prof. Adjunto da Faculdade de Engenharia Agronômica, Laboratório de Produção Animal, Altamira – PA, Brasil; E-mail: [email protected]; Síntese: Estratégias de manejo do pastejo, podem alterar o intervalo entre desfolhações dos pastos, afetando seus ritmos de crescimento. O objetivo com este trabalho foi avaliar os intervalos entre pastejos e as alturas em condições pré e pós-pastejo do capim-Mombaça submetido a estratégias de pastejo rotativo. Os tratamentos corresponderam a 3 estratégias de pastejo que determinavam o momento de entrada dos animais nos pastos. Dois baseados em altura média do dossel (90 e 115 cm) e o terceiro em numero de dias fixos conforme o calendário (pastejos realizados a cada 30 dias). Para todos os tratamentos a meta de resíduo estabelecida foi de 40 cm de altura. O experimento foi realizado na segunda metade do período chuvoso (abril à agosto de 2015), na comunidade Princesa do Xingu, município de Altamira, PA. O delineamento utilizado foi de blocos completos casualizados com cinco repetições. A média de altura pré-pastejo das estratégias de 90, 115 cm e 30 dias foram 88.9, 114.8 e 96.0 cm, respectivamente. As alturas pós-pastejo variaram de 40.6, 51.3, 41.3 cm, para as estratégias de 90, 115 cm e 30 dias, respectivamente. Os intervalos entre pastejos variaram de 29, 38 e 30 dias em média, para os tratamentos de 90, 115 cm e 30 dias, respectivamente. A estratégia de 115 cm resultou nos maiores valores de intervalo entre desfolhações, fato que alterou o controle da meta de altura pós-pastejo, resultando em acúmulo excessivo de colmos após a saída dos animais dos pastos. Estratégias de manejo do pastejo alteram a estrutura dos pastos modificando seus intervalos de desfolhações. Palavras-chave: Bovinos, capim- mombaça; desfolhação; pastejo rotativo

INTRODUÇÃO Nos últimos 15 anos as pesquisas com manejo de pastagens no Brasil, avançaram de forma

significativa e promissora. Muitas estratégias de manejo foram desenvolvidas e algumas delas já vêm sendo adotadas em fazendas com sucesso. Contudo, essas pesquisas são concentradas principalmente nas regiões sudeste e sul do país. A região norte apresenta os maiores índices de evolução do rebanho bovino e aumento no número de áreas com pastagens cultivadas (DIAS-FILHO, 2011). Porém há escassez de estudos que revelem conhecimentos a respeito de estratégias de manejo do pastejo baseado em características estruturais do dossel forrageiro nessa região. Esses conhecimentos são importantes, pois podem ser úteis para definir limites e parâmetros de uso das plantas forrageiras utilizadas em pastagens e desenvolvimento de práticas de manejo do pastejo sustentáveis, sobretudo para o capim-mombaça (Panicum maximum cv. Mombaça) espécie que vem sendo muito utilizado nas pastagens na região norte.

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As estratégias de manejo do pastejo desenvolvidas em outras regiões, foram baseadas

originalmente a partir do conceito de IAFcrítico para interromper a rebrotação dos pastos submetidos a regime de pastejo rotativo (CARNEVALLI et al., 2006; SOUZA JUNIOR,2007; DA SILVA et al., 2009; PEDREIRA et al., 2009). Nessa serie de protocolos experimentais, revelou-se que o melhor momento de interromper a rebrotação dos pastos é quando o dossel interceptar 95% de luz. Essa condição corresponde a 90 cm de altura pré-pastejo para o capim-mombaça e 115 cm de altura para uma condição de interceptação de luz máxima (100%), independentemente da época do ano e estádio fisiológico da planta.

Tradicionalmente no Brasil, o manejo do pastejo realizado sob lotação intermitente tem sido baseado no uso de uma escala temporal cronológica caracterizada por períodos de descanso e, ou, rebrotação fixos entre desfolhações sucessivas. Porém, por vezes os períodos de descanso são mais longos do que o necessário, gerando inconsistência sobre as características do dossel, podendo inclusive resultar em degradação dos pastos (PEDREIRA et al., 2009).

O objetivo com este trabalho foi avaliar diferentes estratégias de manejo do pastejo em pastos de capim-mombaça submetidos a regimes de lotação intermitente por vacas leiteiras.

MÉTODOS

O experimento foi conduzido na comunidade denominada da Princesa do Xingu, localizada no Município de Altamira, PA, à 132 m de altitude, 3°10' S 52°24' W; com uma precipitação média anual de 2.500 mm e temperatura média anual de 28,3° C (INMET, 2015). O período avaliação foi na segunda metade do período chuvoso (março à agosto de 2015). O solo da área experimental é classificado como latossolo amarelo distrófico (EMBRAPA, 2006). Foi realizada adubação nas dosagens de 50 kg/ha de N, 100 kg/ha de P2O5 e 50 kg/ha de K2O. Para uniformização de altura dos piquetes antes do inicio do experimento foi utilizada uma roçadeira tratorizada á 40 cm de altura do solo. Os tratamentos corresponderam a três estratégias de pastejo rotativo: uma baseada no calendário com pastejo cada 30 dias e duas definidas em função da altura 90 cm e 115 cm altura para o início do pastejo. O resíduo correspondeu a 40 cm para todos os tratamentos. Os tratamentos foram alocados em unidades experimentais de 1620 m2 em delineamento de blocos completos casualizados, com 5 repetições, totalizando uma área experimental de aproximadamente 2,43 ha.

Para realização do pastejo foi utilizado um grupo de vacas sem raça definida com peso médio de 450 kg, com a entrada no piquete logo após realizado a ordenha. O monitoramento da altura foi realizado semanalmente e realizada de forma sistemática em 16 pontos em cada unidade experimental para obter uma média de altura do dossel forrageiro, utilizando uma régua de madeira de 1,5 metros graduada. Também foi mensurada a quantidade de dias para que os piquetes dessem novamente a condição de entrada1.

Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), e ao teste de Tukey a 5% de probabilidade, para a comparação das médias, utilizando-se o programa estatístico ASSISTAT 7.7 Beta.

RESULTADOS As alturas pré-pastejo foram controladas de forma eficiente, assim como a estratégia de 30

dias. Contudo, houve variação (P<0,01) na condição de altura pós pós-pastejo, não sendo possível controlar a altura da estratégia de 115cm que ao final do experimento chegou a 51,3 cm (Tabela 1). Os intervalos entre desfolhação também variaram, sendo que o maior valor foi de 38,1 dias para o tratamento de 115 cm (P<0,0001).

1 Apenas para os tratamentos regulados pela altura, 90 cm e 115 cm;

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Tabela 6. Valores médios das alturas em condições pré e pós pastejo e intervalo de desfolhação entre pastejos (período de descanso) em pastos de capim-Mombaça no período de abril a agosto de 2015

TRATAMENTOS ALTURA - PRÉ PASTEJO

ALTURA - PÓS PASTEJO IEP1

90 cm 88.9 c 40.6 b 29.4 b 115 cm 114.8 a 51.3 a 38.1 a 30 dias 96.0 b 41.3 b 30.0 b

C.V. (%) 2.15 4.90 5.75 MÉDIA GERAL 99.9 44.4 32.5

1- Intervalo entre pastejo dado em dias; *Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

DISCUSSÃO De acordo com Carnevalli et al., (2006), o momento ideal para interromper a rebrotação do capim-mombaça é quando o dossel forrageiro intercepta 95% de luz, condição que corresponde a 90 cm de altura. Até esse momento, a planta acumula predominantemente folhas e pouco colmo e material morto. Quando o dossel interceptou mais de 95% de luz, ocorreu competição acirrada por luz e na tentativa de buscar luz ocorre alongamento de colmo e sombreamento de perfilhos basais, dessa maneira ocorre predomínio de acumulo de colmo e material morto na massa de forragem produzida. Nesse estádio de rebrotação esses autores quantificaram altura media de aproximadamente 115 cm. Nesse trabalho essas alturas foram tratadas como variáveis controle (Tabela 1), contudo nos pastos manejados com altura de 115 cm, não foi possível manter a altura de pós-pastejo, devido ao acumulo excessivo de colmos no momento de saída dos animais dos pastos, revelando condição análoga ao encontrado por Carnevalli et al., (2006) em Araras no interior do estado de São Paulo. Ao contrário para o tratamento de 90 cm e 30 dias, não ocorreu incrementos na altura pós-pastejo. Porém, vale destacar que o tratamento de 30 dias ao final do experimento resultou em altura pré-pastejo de 96 cm, provavelmente em condições favoráveis de crescimento, como elevadas doses de nitrogênio e condições ambientais, ele se aproximaria do tratamento de 115 cm. Condição que afeta o consumo dos animais em pastejo e consequentemente o desempenho (HACK et al., 2007). Os pastos manejado com 115 cm de altura resultaram nos maiores valores de intervalo entre desfolhação, chegando ao final do experimento com valores de 38 dias, fato que resultou em acúmulo de colmos na massa de forragem pós-pastejo, não sendo possível controlar a altura nessa condição. Padrão análogo a esse resultado tem sido encontrado em outros protocolos, como os resultados obtidos por Pedreira et al., (2009) que trabalharam com capim-xaraés, e revelaram que longos períodos de descanso resultam em acumulo excessivos de colmos e material morto, reduzindo o número de ciclos de pastejos, e caracterizando massas de forragem com valores elevados por ocasião da entrada dos animais nos pastos. Com o passar dos anos é possível que esses pastos apresentem degradação estrutural (SOUZA JUNIOR, 2007), e que ao final da estação de crescimento ocorra alturas de entradas elevadas e no inicio do período chuvoso normalmente uma pratica associada pelo manejador de pasto é a roçagem ou a queima.

CONCLUSÕES Estratégias de manejo do pastejo afetam a estrutura dos pastos, influenciando o intervalo

entre desfolhações sucessivas. Longos intervalos entre desfolhações resultam em pastos com acúmulo excessivo de colmos

após a saída dos animais. Fato que pode afetar negativamente a estrutura da pastagem e o consumo dos animais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARNEVALLI, R.A.; DA SILVA, S.C; BUENO, A.A.O.; UEBELE, M.C.; BUENO, F.O.; HODGSON, J.; SILVA, G.N.; MORAIS, J.P.G. 2006. Herbage production and grazing losses in Panicum maximum cv. Mombaça under four grazing managements. Tropical Grasslands 40: 165 -176. DIAS-FILHO,M. B. Os desafios da produção animal em pastagens na fronteira. R. Bras. Zootec., v.40, p.243-252, 2011 (supl. especial) EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Sistema brasileiro de classificação de solos 2. ed.. Rio de Janeiro, 2006. 306 p. HACK,E.C.;BONA FILHO, A.; MORAES, A.; CARVALHO, P.C.F.; MARTINICHEN, D.; PEREIRA.; T.N. Características estruturais e produção de leite em pastos de capim-mombaça (Panicum maximum Jacq.) submetidos a diferentes alturas de pastejo. Ciência Rural, Santa Maria, v. 37, p. 218-222, 2007. INMET, Instituto Nacional de Meteorologia, estação pluviométrica, 82353 Altamira, PA, 2015. PEDREIRA, B.C.; PEDREIRA, C.G.S.; DA SILVA, S.C. 2009. Acúmulo de forragem durante a rebrotação de capim-xaraés submetido a três estratégias de desfolhação. Revista Brasileira de Zootecnia 38: 618-625. SOUZA JR., S.J. Estrutura do dossel, interceptação de luz e acúmulo de forragem em pastos de capim-marandu submetidos a estratégias de pastejo por bovinos de corte. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2007. 122p. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal e Pastagens) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2007.

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LEVANTAMENTO DENDROLÓGICO DE UM FRAGMENTO DE

FLORESTA OMBRÓFILA ABERTA NO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PA

Kananda Maria Moraes Oliveira1; Flávia Ranara da Silva e Silva1;Pedro Henrique Cordeiro dos Santos Alves¹; Marcela Aranha da Silva¹; Raelma Almeida de Carvalho¹; Luís Carlos

Passos Araújo¹; Alessandra Doce Dias de Freitas² 1Universidade Federal do Pará, Faculdade de Engenharia Florestal, Altamira, PA, Brasil; 2Docente do Curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Pará, Altamira, PA, Brasil; E-mail: [email protected]

Síntese:O presente trabalho objetivou caracterizar aspectos dendrológicos das espécies coletadas em um fragmento florestal, buscando identificar famílias através das características levantadas em campo. A coleta de dados foi realizada em uma área particular no ramal Assurini no município de Altamira-PA, em maio de 2015. Foi alocada uma parcela de 50m x 50m, totalizando uma área de 2500 m². Foram amostrados 59 indivíduos com DAP > 10cm (Diâmetro a altura do peito) e estimada a altura total. As características macromorfológicas descritas foram: casca interna, cor do ritidoma e do alburno; odor; tipo, forma e base do fuste; tipo de exsudatos e de raízes, presença ou não de lenticelas. Após o campo, tabulou-se os dados e fez-se as análises estatísticas necessárias. Como resultado foi encontrado características predominantes, tais como: cor do alburno amarelado (40%), cor do ritidoma marrom (28%), aparência do ritidoma sujo e áspero (74%), casca interna reticulada (32%), tipo de fuste cilíndrico (60%), forma do fuste tortuoso (46%), base do fuste acanalada (45%), tipos de raízes não visível (52%), odor predominante de verdura (25%), exsudatos seiva (44%), oxidação ausente (65%) e apresentação de indivíduos com lenticelas em (61%). Em razão das diferentes épocas de floração, os atributos coletados em campo não foram suficientes para a identificação das espécies arbóreas. Palavras–chave: caracterização; dendrologia; identificação

INTRODUÇÃO A Dendrologia tem as principais funções de caracterização e distribuição natural das árvores, desempenhando um papel insubstituível na prática da Silvicultura. (MARCHIORI, 2004). Segundo Marchiori (2004), o passo inicial para o conhecimento de uma floresta é o levantamento dendrológico que tem como base conhecer as espécies arbóreas que ocorrem numa determinada região. A identificação das árvores se dá por meio da observação de suas características macromorfológicas, tais como: folhas, casca externa, casca interna, odor, sabor, exsudação, copa, etc. (ROTTA, 1977). Estudos morfológicos envolvendo caracteres vegetativos requerem tempo, pelo grau de complexidade da coleta de material botânico, que se dá pela distância até às árvores, e, também pelas espécies apresentarem diferentes épocas de floração que muitas vezes não coincidem com as excursões botânicas, ou ainda, quando estão em períodos férteis, produzem flores diminutas a muitos metros do solo, passando desapercebido pelos coletores (FERREIRA;HOPKINS; SECCO, 2004). O objetivo do trabalho foi analisar e caracterizar os parâmetros dendrológicos das espécies coletadas em um fragmento de floresta ombrófila aberta, no Ramal do Assurini na cidade de Altamira, Pará.

MÉTODOS

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A coleta de dados foi realizada em maio de 2015 em uma área particular localizada no ramal da Assurini, com as coordenadas 3°14’56.2”S 52°11’21.9”W, Altamira-Pará. A mesma apresenta vegetação do tipo Floresta Ombrófila Aberta, que de acordo com o Mapa da Vegetação do Brasil (IBGE, 2004) é conceituada como fisionomia florestal composta de árvores mais espaçadas, com estrato arbustivo pouco denso e caracterizado, ora pelas fanerófitas rotuladas, ora pelas lianas lenhosas. Foi alocada uma parcela de 50m x 50m, totalizando uma área de 2500 m². Foram inventariados os indivíduos com DAP > 10cm (Diâmetro a 1,30m do solo) e estimada a altura. Analisaram-se nos indivíduos arbóreos selecionados aspectos macromorfológicos como: casca interna, cor do ritidoma e do alburno; odor; tipo, forma e base do fuste; tipo de exsudatos e de raízes, presença ou não de lenticelas. As características analisadas foram transcritas para uma planilha dendrológica utilizando o aplicativo Microsoft Excel 2013®.

RESULTADOS

Foram amostrados no total59 indivíduos identificados em 8 famílias. A partir das análises das características dendrológicas apresentadas pelos indivíduos, foi constatado que as famílias mais abundantes foram Fabaceae e Annonaceae, com cerca de 18% e 8%, respectivamente. A percentagem de espécies não identificadas foi de 42% (Figura 1).

Figura 1: Famílias identificadas na área de estudo.

18%

8%

7%

7%

7% 7%

2%

2%

42%

Fabaceae

Annonaceae

Apocynaceae

Malvaceae

Meliaceae

Lauraceae

Urticaceae

Nyctaginaceae

Não identificadas

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Cor do alburno

Amarelado 40%

Esbranquiçado 28%

Marrom 13%

Rosado 19%

Cor do ritidoma

Marrom 28%

Castanho 15%

Vermelho 16%

Rosado 15%

Aparência do ritidoma

Sujo e áspero 74%

Rugoso 20%

Liso 3%

Sujo 3%

Casca interna Reticulado 32%

Estriado 27%

Fendido 5%

Fissurado 31%

Tipo do fuste Elíptico 8%

Cilíndrico 60%

Acanalado 27%

Fenestrado 5%

Forma do fuste

Tortuoso 46%

Reto 36%

Inclinado 18%

-

Base do fuste Digitada 6%

Reta 20%

Acanalada 45%

Dilatada 23%

Tipos de raízes

Não visível 52%

Superficiais 4%

Escoras 1%

Sapopemas 43%

Odor Verdura 25%

Água de coco 15%

Maxixe 8%

Outros 52%

Exsudatos Seiva 44%

Látex 16%

Goma 2%

Não apresentou 28%

Oxidação Presença 35%

Ausência 65%

- -

Lenticelas Horizontais 13%

Verticais 20%

Dispersas 28%

Não apresentou 39%

Tabela 1: Características dendrológicas da população (%). Conforme a tabela 1, em relação as cores, as predominantes do alburno foram: o amarelado e esbranquiçado, com 40% e 28%, respectivamente. Quanto ao ritidoma, marrom e vermelho foram as cores que se sobressaíram com 28% e 16% dos indivíduos, respectivamente. E no que diz respeito à aparência do ritidoma sujo e áspero prevaleceram com 74% de ocorrência nos indivíduos, e observou-se que relacionado à casca interna, os tipos que sobressaíram foram o reticulado e o fissurado com, 32% e 31% dos indivíduos, respectivamente. Em relação ao tipo de fuste, os dados mostraram que a maior taxa se deu ao fuste do tipo cilíndrico, seguido do acanalado, elíptico e fenestrado, com valores de 60%, 27%, 8% e 5% respectivamente.Já quanto a forma do fuste que as árvores apresentavam, a predominância foi o de forma tortuoso, representando 46% dos indivíduos amostrados, seguido do fuste reto com 36% e fuste inclinado, representando apenas 18%. E quanto ao tipo de base do fuste, a que teve maior ocorrência foi a do tipo acanalada com 45%, seguido pelo tipo dilatada com 23%, reta com 20% e com um valor pouco expressivo o do tipo digitada com 6%. Outra análise envolvendo caracteres dendrológicos foram as raízes. As árvores que não apresentavam raízes visíveis foram as de maior ocorrência, representando a comunidade em 52%, seguido das raízes com sapopemas com 43%, as superficiais com apenas 4% e as escora que apresentaram 1%. Após tabulados e analisados, notou-se que os cheiros que predominaram foram: verdura com 25% e água de coco com 15%. Outra característica avaliada nos indivíduos foram as exsudações, que são líquidos liberados quando a planta recebe algum dano físico. Dos indivíduos totais amostrados, 28% não apresentaram algum tipo de exsudato, a seiva predominou com 44%, seguido do látex com 16% e goma com 2%.

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As árvores em sua maioria não apresentaram oxidação representando 65% dos indivíduos amostrados. Quanto ao lenticelado, verificou-se que a maioria dos indivíduos apresentaram lenticelas dispersas, seguida de verticais e horizontais, 28%, 20% e 13% respectivamente, representando assim 61% da população total amostrada.

DISCUSSÃO

Das espécies que foram identificadas, verificou-se maior ocorrência (18%) da família fabaceae, corroborando com estudos de Alves et al (2015) em uma floresta ombrófila aberta. Segundo Ribeiro et al. (1999), ocorre a oxidação quando existe uma mudança de cor na casca viva, no alburno e/ou no exsudato, em função do contato com o ar depois que é feito o corte no tronco. Os 65% dos indivíduos estudados apresentaram oxidação. O cheiro é uma característica que não tem padrões científicos, sendo o caractere dendrológico que menos colaborou para a identificação das espécies em campo, uma vez que sua verificação é passível de variação de pessoa para pessoa.

CONCLUSÕES

Mais de 50% das espécies foram identificadas, porém, percebe-se que os caracteres dendrológicos coletados em campo não são suficientes para uma precisa assimilação de famílias botânicas, uma vez que 42% não foram identificados. O cheiro é um atributo dendrológico passível de variação de pessoa para pessoa, dificultando a padronização de identificaçãoem campo.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à professora Dra. Alessandra Doce Dias de Freitas que auxiliou todas as visitas ao campo, assim como a Universidade Federal do Pará que cedeu todo apoio logístico para que conseguíssemos fazer essa pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRA, G. C.; HOPKINS, M. J.G.; SECCO, R. DE S. Contribuição ao conhecimento morfológico das espécies de leguminosae comercializadas no estado do Pará, como “angelim”. Acta Amazônica, Manaus, Manaus, v.34, n.2, 2004. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mapa da vegetação brasileira. 2004. MARCHIORI, J. N. C. Elementos de dendrologia. 2. Ed. Santa Maria: Ed. UFSM.2004. 176P. ROTTA, E. Identificação Dendrológica do Parque Municipal de Barreirinha, Curitiba-PR (baseada em características macromorfológicas). Revista Floresta, v.8, n.1, 1977. RIBEIRO, Jose Eduardo L. daet al. Flora da Reserva Ducke: Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia Central. 19. Ed. Manaus: INPA, 1999. 816p. ALVES, Rogério dos Santos et al. Características Dendrológicas de um Fragmento de Floresta Ombrófila Aberta no município de Altamira-Pa. Altamira, PA, 2014.

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MORFOLOGIA E BIOMASSA DO CAPIM QUICUIO-DA-AMAZÔNIA

(Brachiaria humidicola) CULTIVADA COM TRÊS FORMULAÇÕES DE NPK.

Geomarcos da Silva PAULINO1; Eronaldo Lima de OLIVEIRA1; Claudione Sousa CUNHA1; Odila Friss EBERTZ1; Andrea Krystina Vinente GUIMARÃES2;

1Graduando em Agronomia; Instituto de biodiversidade e Florestas; Universidade Federal do Oeste do Pará,Santarém,PA, Brasil; 2Professora Adjunta; Instituto de Biodiversidade e Florestas;Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, PA, Brasil; E-mail: [email protected] Síntese: O experimento teve por finalidade avaliar o desempenho dos parâmetros morfométricos da Brachiaria humidicola(Rendle) Schweick submetida a adubação com três formulações de NPK: 1) 2-20-20, 2) 18-18-18 e 3) 10-28-20, e foi conduzido na Unidade Experimental de Campo (UEC), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), localizada na Rodovia PA 370, km 37. Aos 73 dias foi realizado o corte do capim, sendo mensurada as seguintes variáveis: altura, comprimento foliar, números de perfilhos e de folhas, posteriormente foi realizada a separação de colmo e folhas, pesado para a obtenção da matéria verde e levado a estufa de circulação forçada a 55ºC, para obter o peso constante da matéria seca por 72h. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo Sistema de Análises Estatísticas (Sisvar) e ao teste de Tukey a 5% de probabilidade. Osnúmeros de perfilhos ede folhas foram superiores no tratamento NPK1. Enquanto que o comprimento foliar e as produções de matéria verde e seca apresentaram incremento no tratamento NPK3. Palavras–chave: adubação; forragem; parâmetros morfométricos.

INTRODUÇÃO As Gramíneas e algumas leguminosas são fonte de alimento de grande importância para o

desenvolvimento e reprodução de animais ruminantes, pois as pastagens constituema forma mais prática e econômica de alimentação de bovinos(BARCELLOS, 1996). Nos últimos anos, foram introduzidas diversas gramíneas tropicais melhoradas e adaptadas, e bastante produtivas quando empregada as técnicas de manejo adequadas. Entre elas, destaca-se a Brachiaria humidicola.

A Brachiaria humidicola (Rendle) Schweick, é uma espécie de hábito decumbente, crescimento vigoroso e alta produtividade em solos ácidos e de baixa fertilidade. Apresenta bom comportamento em solos arenosos, tolerância à seca prolongada, a inundações breves e ao fogo. Esse capim é altamente agressivo resistente ao ataque de cigarrinha-da-pastagem, e apresenta um valor nutritivo razoável (DEMINICIS et al. 2010a).

Várias pesquisas já foram realizadas com a finalidade de descrever a dinâmica da produção de matéria verde e seca da B. humidicola. Nestes estudosbuscamos avaliar algumas características morfométricas como altura da planta, relação folha/colmo, taxa de crescimento, dinâmica de perfilhamento, entre outras, que apresentam uma relação direta com a produtividade e qualidade da forragem em estudo, além de servir de subsidio para definir a técnica de manejo mais adequada ao tipo de gramínea (ABREUet al. 2004).

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MÉTODOS

O experimento com o capim B. humidicola foi conduzido na Unidade Experimental de Campo – UEC, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), localizada às margens da Rodovia PA 370, km 37, no período de 30 de março de 2015 a 12 de junho de 2015. O relevoé levemente ondulado; clima quente e úmido; temperaturas médias de 28ºC; precipitação pluviométrica média em torno de 2000 mm, com a ocorrência de dois períodos nítidos: um mais chuvoso e outro seco (SILVA, 2013). O delineamento foi inteiramente casualizado, com três tratamentos e três repetições, totalizando nove parcelas. Avaliou-se as seguintes formulações de NPK, 36 g/tratamento: NPK1 10-28-20; NPK2 18-18-18; NPK3 2-20-20. As unidades experimentais foram constituídas por parcelas de 1,2x1,0m, com área útil de 0,25 m².

O corte para estimativa da produção da forragem foi realizado aos 73 dias, e feito dentro da área útil (0,25m²) de cada parcela. Para avaliar a capacidade produtiva da B. humidicola, foram mensuradosos seguintesparâmetros morfométricos (altura da planta, número de folhas, número de perfilhos e comprimento da folha e alongamento foliar). A taxa de alongamento foliar foi estimada pela fórmula(Taxa Alongamento = comprimento da folha/Nº perfilhos/Nº dias).

O material relativo à relação F/C foi separado em folha e colmo + bainhae pesados para obtenção da matéria verde (MV). Para obtenção dos valores de matéria seca (MS) o material foi levado a estufa de circulação forçada a 55°C, por 72h, até obter peso constante. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo Sistema de Análises Estatísticas Sisvar. As médias que apresentaram diferenças significativas foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As variáveis Nº de perfilhos, comprimento foliar e Nº de folhas apresentaram respostas significativas quando submetidas aos diferentes tratamentos durante os 73 dias. Em relação as variáveis altura e alongamento foliar não houve diferença entre as formulações (Tabela 1).

Os números de perfilhos e de folhas aumentaram consideravelmente na formulação NPK1, e diminuíram nas formulações que apresentaram menores teores de fósforo. Segundo Deminicis et al (2010b), isso pode ser explicado pela eficiente absorção e utilização do fósforopelaB. humidicola, e pela função exercida por esse macronutriente no crescimento vegetativo das plantas. O comprimento das folhas demostrou melhor resultado na formulação NPK3, com menor porcentagem de nitrogênio na formulação. Esse resultado deve-se ao fato da B. humidicola apresentar uma exigência em nitrogênio baixa para atingir uma elevada produção, pois o mesmo possui uma baixa adaptabilidade a solos com alta fertilidade, e necessita de no máximo 100 ton/ha/ano (COSTA, 2006). Tabela 1. Variáveis morfométricas do capim Quicuio-da-amazônia submetido a três formulações de NPK.

Variáveis Tratamentos Probabilidade NPK1 NPK2 NPK3

Altura (cm) 1,202 a 1.038 a 1,176 a 0,25 n.s Nº perfilhos/dia 77,65 a 43,24 b 56,88 ab 0,01* Comp. Folhas 11,09 b 11,66 ab 13,56 a 0,03* Nº folhas/dia 198,65 a 121,08 b 148,96 ab 0,04*

Alongamentofoliar/dia 0,003 a 0,006 a 0,006 a 0,08 n.s Médias seguidas de mesma letra não diferem na linha pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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As matérias verde e seca foram maiores no tratamento NPK3, onde temos a menor

proporção de N (Tabela 2). Esses resultados estão de acordo com os deDias Filho (1983), que relatou maiores taxas de produção de MS na menor dose de N, afirmando haver baixo requerimento externo desse macronutriente em B. humidicola para produção de MS, o que confirma os resultados obtidos neste trabalho tanto para MS como para MV, assim como Costa,et al. (2001) em experimento realizado com objetivo de avaliar a produção estacional do capim B. humidicola submetido à diferentes épocas e doses de nitrogênio. Tabela 2. Matéria verde e seca das estruturas folhas e colmos, e a relação folha/colmo do capimQuicuio-da-amazônia submetido a três formulações de NPK.

VARIÁVEIS

TRATAMENTOS PROBABILIDADE NPK1 NPK2 NPK3

FOLHAS Matéria verde (g) 289,4 b 258,04 b 402,4 a 0,009* Matéria seca (g) 101,72 ab 69,77 b 138,22 a 0,038*

COLMO Matéria verde (g) 582,28 ab 422,27 b 702,04 a 0,039* Matéria seca (g) 280,33 a 207,21 a 332,31 a 0,10 n.s.

Relação folha/colmo 0,36 a 0,39 a 0,41 a 0,85 n.s. Médias seguidas de mesma letra não diferem na linha pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

CONCLUSÕES As variáveis: altura, alongamento foliar, relação folha/colmo (F/C) e MS do colmo não

foram influenciadas pelas diferentes formulações de NPK. O NPK2 apresentou resultados semelhantes aos demais tratamentos. Contudo não se

destacou significativamente em nenhuma variável morfométrica.

AGRADECIMENTOS Agradecemos a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), pelo apoio na coleta de dados; aos autores e demais colegas que colaboraram com a execução do experimento; a autora Andréa Guimarães, por sua orientação e apoio na análise dos dados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, J.B.R. et al.Avaliação da produção de matéria seca, relação folha/colmoecomposição químico-bromatológica de Brachiariahumidicola (rendle), submetida à diferentes idades derebrota e doses de nitrogênio e potássio. Revista daUniversidade Rural, Seropédica, v.24, n.1,p.135-141, 2004. BARCELLOS, A. de O. Sistemas extensivos e semi-intensivos de produção: pecuária de bovino nos cerrados. In: Simpósio Sobre o Cerrado Biodiversidade e Produção Sustentável de Alimentos e Fibras nos Cerrados. Brasília: 1996, p.130-136. COSTA, M. N. X. da, et al. Influência de Épocas e Doses de Adubação Nitrogenada na Produção Estacional do Capim Brachiaria humidicola. Piracicaba-SP. B. Indústr.anim., N. Odessa,v.58, n.2, 2001, p.153-167. COSTA, K. A. de P. et al. Adubação Nitrogenada para Pastagens do Gênero Brachiaria em Solos do Cerrado. Santo Antônio de Goiás-GO. Embrapa Arroz e Feijão, 2006. 60 p.

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DEMINICIS, B. B. et al. Brachiaria humidicola (Rendle) Schweick Em Diferentes Idades de Rebrota Submetida a Doses de Nitrogênio e Potássio. Ciênc. agrotec. Lavras, v. 34, n. 5, 2010a, p. 1116-1123. DEMINICIS, B. B. et al. Adubação Nitrogenada, Potássica e Fosfatada na Produção e Germinação de Sementes de Capim Quicuio-Da-Amazônia. Revista Brasileira de Sementes, vol. 32, nº 2, 2010b, p. 059-065. DIAS FILHO, M.B. Limitações e Potencial de Brachiaria Humidicola para o Trópico Úmido Brasileiro. Belém: Embrapa-CPATU, 1983. 28p. (Embrapa-CPATU. Documentos, 20). SILVA, H. A. S. Dinâmica da Paisagem na Microbacia Hidrográfica do Rio Mojuí, Oeste doEstado do Pará. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas – Botucatu-SP, 2013.

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POTENCIAL DE DISPONIBILIDADE DE CÁDMIO EM LATOSSOLOS EM DIFERENTES COBERTURAS VEGETAIS PARA II SCAA – IBEF/UFOPA

Cezar Dias Cardoso Júnior¹;Iolanda Maria Soares Reis²

¹ Discente de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, PA, Brasil; ² Docente da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, PA, Brasil; E-mail: [email protected] Síntese:O cádmio é exposto ao meio ambiente em diversas formas e uma delas é em resíduos como no uso de agrotóxicos. Esse elemento químico é um metal pesado e embora em pequenas quantidades de cádmio disponível para as espécies vegetais, pode apresentar muitos malefícios a essas espécies, assim como os seres humanos e animais. Dessa forma, pode ocorrer desse metal pesado ser despejado no solo e podendo ser absorvido pelas plantas. O objetivo foi analisar a influência antrópica na disponibilidade de cádmio em diferentes solos com diferentes coberturas vegetais.Foram coletas amostras de Latossolo Vermelho e Latossolo Amarelo sob cobertura de mata nativa e cultivo de cana-de-açúcar, utilizou-se trado tipo holandês para retiradas de amostras compostas com profundidade 0,00-0,20 m, em seguida, as amostras foram secas ao ambiente e peneiradas com malha de 2 mm para estudos químicos, mineralógicos, granulométricos e de cádmio total/pseudototal. As análises para quantificar os teores potencialmente disponíveis as plantas foram feitas com os extratores Mehlich1, Mehlich3 e DTPA.A ação antrópica apresentou efeito positivo nas áreas onde ocorreu manejo, pois apresentou baixo teor potencialmente disponível de Cd. Por outro lado, em áreas onde não houve ação humana, como mata nativa, obteve alto teor potencialmente disponível de Cd. Palavras-Chave: metal pesado, vegetação, troca catiônica, açãoantrópica

INTRODUÇÃO A contaminação de solos por metais pesados compromete a sustentabilidade agrícola e ambiental, podendo apresentar sérias consequências à saúde humana em decorrência da contaminação da cadeia trófica via absorção vegetal (FREITAS, 2009). De acordo com Tavares (2010), o cádmio (Cd) já foi descrito como um dos elementos mais perigosos para o homem mesmo em baixas concentrações. Dessa forma, embora com a pouca quantidade existente na natureza, esse elemento químico pode ser tóxico seja para animais, plantas e seres humanos. A presença de Cd, nas plantas, afeta na absorção, transporte e uso de macroelementos como cloro, fósforo, potássio, enxofre, assim como da água (GUIMARÃES et al., 2008). Além disso, o Cd, e outros elementos, exercem efeitos deletérios sobre vários componentes da Biosfera (PIERANGELI et al., 2004). Assim todos os seres que absorverem esse metal pesado ou elemento-traço, poderão ter problemas consequentemente. Aintensificação das atividades industriais, agrícolas e de urbanização tem aumentado o risco de poluição dos solos por metais pesados (ANDRADEet al., 2009). O principal problema dessas três atividades é a questão dos resíduos, sendo seu destino final o solo, que consequentemente, estes elementos, são lixiviados até o lençol freático, também podendo ser absorvido pelas plantas, como a cana-de-açúcar que por sua vez, é consumida pelo homem. O objetivo da pesquisa é analisar as influências antrópicas para o elemento Cd em Latossolos com manejo distintos.

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MÉTODOS

Para as análises foram selecionados, duas classes de solo,LatossoloVermelho (LV) e LatossoloAmarelo (LA). Foram realizadas as coletas de solos nos municípios de São Carlos e Itirapina, sob coberturas vegetais de mata nativae cultivo de cana-de-açúcar, para ambos os municípios do estado de São Paulo.As coletas em São Carlos para LV, sob vegetação de cana-de-açúcar, teve as seguintes coordenadas: 22° 15' 19.5" S e 47° 50' 37.3" W. No LV sob vegetação de mata nativa, na mesma cidade, as coordenadas foram: 22° 15' 12.0" S e 47° 50' 38.5" W. Nas coletas em Itirapina para LA sob vegetação de cana-de-açúcar obtivemos ascoordenadas 22° 24' 12.5" S e 47° 52' 51.8" W, no mesmo município, para LA em mata nativa, as coordenadas foram: 22° 24' 03.0" S e 47° 52' 52.0" W.As amostras de solo foram coletadas com auxílio detrado holandês, foram coletadas 20 amostras simples para formar uma amostra composta nas profundidades de 0,00-0,20 m.Em seguida, secas ao ar, peneiradas em malha de 2 mm, e procederam-se às análises químicas, granulométricas, mineralógicas, Cd total/pseudototal (REIS et al., 2014). Seguindo os métodos de extração Mehlich1 (DE FILIPO; RIBEIRO, 1997), Mehlich 3 (MEHLICH, 1984) e DTPA (LINDSAY; NORVELL, 1978), os teores potencial disponível foram obtidos e mostrados na Tabela 3. Com a utilização da extração pelos procedimentos da solução Mehlich1 (0,05 mol L-1HCl + 0,0125 mol L-1 H2SO4 a pH 1,2). Adicionou-se 25 mL de solução extratora a cada 2,5 g de TFSA, em seguida, agitou-se com 120 oscilações por minuto, durante 5 minutos. Por seguinte houve a filtragem e desse modo determinou-se os teores potencialmente disponível de Cd (DE FILIPO; RIBEIRO, 1997). Com o método Mehlich3 foi extraído (CH3COOH 0,2 mol L-1 + NH4NO3 0,25 mol L-1 + NH4F 0,015 mol L-1 + HNO3 0,013 mol L-1 + EDTA 0,001 mol L-1 a pH 2,5) após isso em cada 2,5 g de solo foi adicionado 25 mL de solução, realizando agitações com 120 oscilações por minuto, durante 5 minutos. No término deste processo o extrato foi filtrado e por seguinte ocorreu a determinação dos teores potencialmente disponível de Cd (MEHLICH, 1984). Em relação à extração por DTPA (DTPA 0,005 mol L-1 + TEA 0,1 mol L-1 + CaCl2 0,01 mol L-1 a pH 7,3). Foram adicionados 20mL da solução extratora a em cada 10 cm3 de TFSA, e prosseguiu com agitação durante 2 horas, seguindo com filtragem e dessa forma com a determinação dos teores potencialmente disponível de Cd (LINDSAY; NORVELL, 1978). Utilizou-se o espectrofotômetro de absorção atômica, com chamas de ar acetileno para determinação de Cd.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre os solos estudados, obtiveram-se maiores valores no LA com plantio de cana-de-açúcar, para: P, MO, SB, CTC, V% e pH. Dessa forma, há hipótese de ter ocorrido um manejo do solo anteriormenteao cultivo para correção no solo e possível calagem com issojustificaria a diminuiçãoda acidez do solo, quantidade de cálcio e magnésio. Além disso, por ser um cultivo de monocultura, pode ter ocorrido algum manejo com adubação no solo. A correção do solo através da calagem torna-se de fundamental importância para a exploração agrícola nos solos classificados como ácidos, e a alternativa adotada na correção da acidez dos solos é a aplicação de adubação orgânica nas áreas que apresentaram pH baixo (FERREIRA et al., 2013). A MO está relacionada com vários atributos do solo. Segundo Akune (2015), a CTC do solo depende da quantidade e do tipo de argila e matéria orgânica, portanto, é esperado que a moderada variabilidade de argila e MO reflita de maneira semelhante no comportamento do coeficiente de variação da CTC. O LV é um solo predominante hematítico, com altos teores de Fe total, cristalino e amorfo. Já o LA é predominantemente goethítico, tem uma boa quantidade de Fe total, cristalino e amorfo, embora em menor quantidade quando comparado ao LV. Para Tremocoldi (2003), agoethita ocorre em quase todos os tipos de solos e regiões climáticas, sendo responsável pela cor amarelada nos solos. Os óxidos de Fe são tidos como os constituintes da fração argila mais efetivos na adsorção de

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P, sendo a goethita considerada o principal componente da fração argila responsável por este fenômeno em solos do Brasil Central (MOTTAet al., 2002). Para Aleonniet al. (2005), os atributos do solo correlacionam-se positivamente com adsorção de Cd e Cu em solos tropicais. Neste sentido infere-se que a disponibilidade de Cd correlaciona-se negativamente com os atributos do solo como argila, MO, CTC, pH, óxidos de Fe e Al, embora neste trabalho não ter evidenciado diferenças na disponibilidade de Cd. Na Tabela 3, observa-se semelhança entre os valores em Usepa e o melhor extrator foi o Mehlich3, seguido do Mehlich 1, e o DTPA onde não mostrou relevância para extração de Cd. Segundo Santos et al. (2010), a disponibilidade de Cd é influenciada pelos mecanismos que controlam a sua solubilidade no solo, tais como pH, MO, CTC, argilominerais, dentre outros. Na Tabela 2 houve maior quantidade de Cd total no LV cana-de-açúcar, assim como Cd total na Tabela 3. Na extração de Mehlich3, LV mata nativa apresentou maior disponibilidade de Cd, seguido LA mata nativa com grande disponibilidade de Cd. Tabela 1 – Caracterização química para fins de avaliação da fertilidade dos Latossolosestudados na camada de 0,00-0,20m – 2010.

Solo (1) P resina MO (2) pH (CaCl2)

K+ Ca 2+ Mg2+ H+Al SB CTC V

mg dm -3 g dm-3 -------------------------- mmolcdm-3------------------------ (%)

LV M 14 27 4,3 0,6 12 3 52 16 68 23 LV C 27 15 4,5 0,6 6 1 60 8 68 12 LA M 15 36 4,5 5,2 14 9 47 28 75 38 LA C 69 36 5,5 2,4 41 25 28 68 96 71

(1)LV: Latossolo Vermelho; LA: Latossolo Amarelo; C: amostra sob cultivo de cana-de-açúcar; M: área de mata nativa ou florestamento antigo. (2) MO: matéria orgânica. Fonte: PEIXOTO, F. G. T. (2010). Tabela 2 – Teores de óxidos e de cádmio total/pseudototal, granulometria e relações goethita/hematita [Gt/(Gt+Hm)] e caulinita/gibsita [Ct/(Ct+Gb)] dos solos estudados.

Solo (1) FeDBC FeOX Fe2O3 Areia total Silte Argila Gt/ (Gt+Hm)

Ct/ (Ct+Gb)

-------------(%)------------- ------------------------(%)---------------------- LV M 3,58 0,26 4,15 85,30 2,25 12,45 0,33 0,79 LV C 2,67 0,43 4,49 80,20 4,00 15,80 0,06 0,84 LA M 1,27 0,29 2,52 77,50 4,10 18,40 0,71 0,82 LA C 2,52 0,49 3,31 74,00 4,00 22,00 0,78 0,41

(1)LV: Latossolo Vermelho; LA: Latossolo Amarelo; C: amostrasob cultivo de cana-de-açúcar; M: área de mata nativa ou florestamento antigo. Fonte: REIS, I. M. S. et al., 2014. Tabela 3 – Teores de cádmio total e disponível a plantas.

Elemento Químico

Solo Cobertura Vegetal Usepa Mehlich1 Mehlich3 DTPA

----------------------mg/kg------------------ Cádmio (Cd) Latossolo

Vermelho Mata Nativa 1,11 0,27 0,37 0,01

Cádmio (Cd) Latossolo Vermelho

Cana-de-Açúcar 1,19 0,14 0,21 0,03

Cádmio (Cd) Latossolo Amarelo

Mata Nativa 1,01 0,12 0,27 0,00

Cádmio (Cd) Latossolo Amarelo

Cana-de-Açúcar 1,07 0,12 0,19 0,00

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CONCLUSÃO

Com os resultados obtidos, a ação antrópica foi um fator benéfico para o cultivo, pois em mata nativa ocorreu maiores valores de disponibilidade de Cd.

AGRADECIMENTOS A professora Iolanda Maria Soares Reis, pela orientação. A Universidade Federal do Oeste do Pará por sua estrutura física.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLEONI, L. R. F. et al. Atributos do solo relacionados à adsorção de cádmio e cobre em solos tropicais. Acta Sci. Agron. Maringá, v.27, n.4, p.729-737, 2005. AKUNE, V. S. C. Cultivo de milho em sucessão ao arroz no Vale do Ribeira, SP: subsídios para adoção de zonas de manejo. 2015. Dissertação (Mestrado em Agronomia) –Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, 2015. ANDRADE, M. G. et al. Metais pesados em solos de área de mineração e metalurgia de chumbo I – Fitoextração. Revista Brasileira de Ciências do Solo, v.33, p.1879-1888, 2009. DE FILIPPO, B.V.; RIBEIRO, A.C. Análise Química do Solo (metodologia – 2ª edição). Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, 1997. 26p. FERREIRA, J. T. P. Avaliação de fertilidade dos solos cultivados com café conilon (Coffeacanephora) no município de Santa Teresa-ES. Enciclopédia Biosfera, Centro científico conhecer - Goiânia. v.9, n.16, p.356-366, 2013. FREITAS, E. V. S. et al. Disponibilidade de cádmio e chumbo para milho em solo adubado com fertilizantes. Revista Brasileira de Ciências do Solo, v. 33, p.1899-1907, 2009. GUIMARÃES, M. A. et al. Toxidade e tolerância ao cádmio em plantas. Revista trópica – Ciências agrárias e biológicas, Minas Gerais, v.2, n.2, p. 58-68, 2008. LINDSAY, W.L.; NORVELL, W.A. Development of a DTPA test for zinc, iron, manganese and copper.Soil Science Society America Journal, v.42, p.421 - 428,1978. MEHLICH, A. Mehlich – 3 soil test extractant: a modification of Mehlich – 2 extractant.Communications Soil Science PlantAnalisys, v.15, p.1409 -1416, 1984. MOTTA, P. E. F. Adsorção e formas de fósforo em latossolos: influência da mineralogia e histórico de uso. Revista Brasileira de Ciências do Solo. v. 26, p.349-359, 2002. PEIXOTO, F. G. T. Biomassa microbiana e atividade enzimática em solos do Estado de São Paulo sob vegetação nativa e cultivados. 2010.68 f. (Dissertação de Mestrado) –Universidade Estadual Paulista, 2010. PIERANGELI, M. A. P. et al. Adsorção e dessorção de cádmio, cobre e chumbo por amostras de Latossolospré-tratadas com fósforo. Revista Brasileira Ciências do Solo, v.28, p. 377-384, 2004. REIS, I. M. S. et al. Absorção de cádmio em latossolos sob vegetação de mata nativa e cultivados. Revista Brasileira de Ciências do Solo, v.38, p.1960-1969, 2014. SANTOS, G. C. et al. Influência do cádmio em solução monoespécie e multiespécie na sorção de metais em latossolo vermelho distrófico húmico. Revista Ciências Ambientais, v.4, n.2, p.31-44, 2010. TAVARES, A. D. Determinação de cádmio e chumbo em alimentos e bebidas industrializados por espectrometria de absorção atômica com atomização eletrotérmica. 2010. 11 f. (Tese de doutorado) – Programa de pós-graduação em química, Universidade Federal da Paraíba, 2010. TREMOCOLDI, W. A. Mineralogia dos silicatos e dos óxidos de ferro da fração argila de solos desenvolvidos de rochas básicas no estado de São Paulo. Revista Biociências, v.9, n.1, p.15-22, 2003.

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QUEIMA DESCONTROLADA E PRINCIPAIS PERDASENFRENTADAS

PELOS AGRICULTORES FAMILIARES DO PDS TERRA NOSSA, MUNICÍPIO DE NOVO PROGRESSO, PARÁ

SANTOS, Juliana Andressa Costa dos¹; PAULETTO, Daniela¹; NASCIMENTO, Gabriela de Cássia dos Santos¹; SILVA, Saulo Ubiratan Pinheiro da¹; MOTA, Cléo Gomes²

¹Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém,PA, Brasil; ²Instituto Ambiental Flora Nativa, Novo Progresso, PA, Brasil; E-mail: [email protected];

Síntese: O trabalho foi realizado no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Terra Nossa- Pará, localizado nos municípios de Novo Progresso e Altamira. O estudo teve como foco avaliar a queima descontrolada e as perdas devido ao fogo acidental enfrentados por agricultores familiares do PDS Terra Nossa. Como método de coleta de dados foi aplicado questionário a 22 agricultores familiares e os dados obtidos foram compilados e as análises e discussões foram realizadas baseada na estatística descritiva dos dados. Como resultados verificou-se que a maioria dos produtores entrevistados fazem o uso do fogo para o controle do capim. Verificou-se que 32% dos entrevistados foram atingidos por fogo acidental de propriedades limítrofes, e que 23% tiveram áreas atingidas por queima acidental oriunda da queima no próprio lote agrícola. Existe ainda uma porcentagem de agricultores (18%) que tiveram prejuízos por fogo propagado de propriedades não limítrofes mas que se propagaram através do vento e atingiram o lote. Verificou-se que 23% dos proprietários não fazem uso do fogo em seus lotes e não tiveram ocorrências de fogo acidental. A queima descontrolada causa grandes danos nos lotes do assentamento onde constatou-se que 32% dos entrevistados tiveram a sua área de floresta atingida pelo fogo. Em razão dos problemas enfrentados pelos agricultores no PDS em relação ao uso descontrolado do fogo, é necessário que os órgãos públicos tomem a iniciativa de gerar melhores condições de vida e assistência para a produção dos agricultores familiares da região.

Palavras–chave: Assentamento Rural; Fogo Acidental; Incêndio Florestal

INTRODUÇÃO A grande preocupação com a floresta amazônica e sua gradativa degradação vem ocasionando a busca por soluções que sanem ou reduzam a sua destruição (ACRIMAT, 2008). Algumas alternativas são os projetos de assentamento ambientalmente diferenciados como a categoria de Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) principalmente em virtude do estabelecimento da Reserva Legal coletiva. Um exemplo desta modalidade é o PDS Terra Nossa criado em 2006 com a previsão inicial de assentar 998 famílias enquadradas na política de reforma agrária. O Projeto Horizonte Verde tem ações neste assentamento visando a instalação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal para os agricultores familiares instalados neste assentamento. Neste município ainda é bastante usual a prática de “corte-queima” da vegetação principalmente em localidades dominadas pela pecuária e agricultura (DANIEL, 2008). No entanto, muitas vezes essa queima não é realizada com as técnicas adequadas e como consequência o fogo acaba se alastrando e ocasionando queima acidental de outras áreas agropastoris e, ainda avançando sobre a vegetação nativa ocasionando incêndios florestais de grande porte, destruindo áreas muito

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além do que deveria ser queimado (DANIEL, 2008). Assim, este projeto teve como foco avaliar o uso do fogo e as causas da queima descontroladabem como as principais perdas frente aos danos causados pelo uso irresponsável do fogo em áreas cultivadas por agricultores familiares do PDS Terra Nossa.

MÉTODOS Este trabalho foi realizado no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Terra Nossa- Pará, localizado nos municípios de Novo Progresso e Altamira que tem como principal via de acesso à Rodovia BR 163 (Santarém- Cuiabá). No ano de 2006 foi criado o PDS Terra Nossa (Portaria/Incra N.3 de 06 de junho de 2006) nas Glebas Curuá e Gorotire com a previsão de assentamento de 1000 unidades agrícolas familiares em um total de 149.842,4738 ha. O PDS possuía inicialmente uma área de 120.000 ha com grandes extensões de áreas de pastagens degradadas e Área de Preservação Permanente (APP) degradadas. Posteriormente os limites foram alterados através da retificação publicada no Diário Oficial da União no dia 13 de março de 2015 onde estabeleceu a área do PDS Terra Nossa com 20.081,0014 ha e a previsão de instalação de 373 unidades familiares beneficiárias (INCRA). O método de coleta de dados utilizado foi a aplicação de questionário a 22 agricultores familiares do PDS no mês de fevereiro de 2015 no qual foram indagados sobre questões referentes ao uso do fogo, ocorrência de queima acidental e infraestrutura e cultivos que foram prejudicados devido ao fogo. Os dados obtidos através dos questionários foram compilados e as análises e discussões foram realizadas baseada na estatística descritiva dos dados.

RESULTADOS A maior causa da queima descontrolada no PDS Terra Nossaapontada durante a pesquisa de campoé o fogo oriundo de propriedades limítrofes, com um total de 32% (Figura 1). Em segundo lugar, com incidência de 23% dos entrevistados, a causa para queima sem controle nas áreas rurais foram o fogo oriundo da falta de controle da queimarealizada na própria propriedadedo pequeno agricultor. Como terceira causa de fogo acidental observou-se, a ocorrência em 18% dos entrevistados, de algum tipo de dano em suas propriedades ocasionada por fagulhas de propriedades não limítrofes mas que se propagam através do vento. Como última causa, identificada na pesquisa, constatou-se que 4% das propriedades tiveram ocorrência de fogo criminoso atribuído principalmente a conflitos fundiários no assentamento. Por fim, um total de 23% é relativo a propriedades as quais não houve queima descontrolada, devido ao fato de que os proprietários dessas áreas não fazem uso do fogo e mantem os limites com outras propriedades com aceiro para se evitar a queima descontrolada.

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Figura 1: Principais causas da queima descontrolada no PDS Terra Nossa. Como pode ser observado, a queima descontrolada possui várias causase o fogo acidental pode causar grandes danos as áreas dos agricultores familiares. A grande maioria dos assentados (32%) teve como maior perda a sua área de floresta nativa lote atingida pelo fogo acidental (Figura 2) pois, em geral, nas áreas com maior declividade é mantida a vegetação nativa sendo a topografia um fator de aumento na dispersão do fogo. A perda de cultivos homogêneos ou consorciados também representou um grande percentual (14%) dos prejuízos enfrentados pelos agricultores. Porém, 27% dos entrevistados relataram que nunca tiveram perdas oriundas de queima descontrolada, em parte devido ao baixo investimento no assentamento, assim como o fato de não utilizarem fogo nas práticas agrícolas em seus lotes.

Figura 2: Tipos de perdas causadas pela queima descontrolada no PDS- Terra Nossa.

DISCUSSÃO Para o manejo das áreas do PDS Terra Nossa verificou-se que a grande maioria dos produtores entrevistados fazem o uso do fogo para o controle do capim, que é bastante abrangente em quase todos os lotes, haja vista que as terras dos lotes são oriundas de grandes fazendas. Esta

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prática é amplamente utilizada para o manejo e a renovação de pastagens apesar do impacto sobre a diversidade de fauna e nutrição do solo (RODRIGUES, 2014). Uma outra razão para a adoção desse procedimento está no fato de os agricultores acreditarem que o fogo traz benefícios para a área como controle de plantas invasoras e disponibilidade imediata de nutrientes (COSTA, 2009). Na área onde o PDS Terra Nossa está localizado é marcante a prática do uso do fogo, pois a maioria das propriedades já sofreram danos oriundos de fogo acidental principalmente em razão de origem externa aos limites do lote do produtor. E assim, todos esses fatores geram grandes perdas econômicas e ambientais (RODRIGUES, 2014).

CONCLUSÕES Os agricultores no PDS Terra Nossa enfrentam inúmeros problemas e perdas, principalmente em função das queimadas descontroladas oriundas de práticas agrícolas. É necessário ampliação das ações para melhor controle do uso do fogo nos lotes, assim como a aplicação da legislação vigente em prol dos agricultores familiares que ali residem, a fim de melhorar as condições de vida e auxiliar principalmente na hora da queima, para evitar possíveis danos as áreas dos produtores.

AGRADECIMENTOS Agradeço a toda equipe do Projeto Horizonte Verde integrante do Instituto Flora Nativa no município de Novo Progresso, pelo total apoio na realização das pesquisas deste trabalho. A professora Daniela Pauletto, pela orientação, e aos meus colegas de pesquisas Gabriela Nascimento e Saulo Ubiratan, pelo apoio nas pesquisas de campo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACRIMAT, Associação dos Criadores de Mato Grosso. GUIA DO PRODUTOR RURAL– de orientação e combate a incêndio. 1ª Ed., 2008. COSTA, M. R. G. F. Uso do Fogo em Pastagens Naturais. Universidade Federal do Ceará- UFCE. Maio, 2009. Disponível em:<http://www.neef.ufc.br/UsoDoFogoEmPastagensNaturais-MarcusGoes.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2015. DANIEL, João; et. al. GUIA DE LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PARAO PEQUENO PRODUTOR RURAL----_Legislação Ambiental, Reserva Legal, Área de Preservação Permanente,Autorização de Desmatamento e Controle de Fogo - Série Boas Práticas, v.5/Sá,. Belém-PA: EDUFPA, 2008 32p.:il. INCRA. Base de dados da agricultura familiar (SADE). Convênio FAO/Incra. Disponível em: <http://www.incra.gov.br/fao/default.htm> Acesso em: 08 fev. 2015. RODRIGUES, M. F. Adoção do Uso do Fogo na Agricultura: Uma Análise das Crenças dos Assentados e Produtores das Regiões do DF e Entorno. Universidade de Brasília – UnB. Brasília-DF,2014.Disponível em:< http://bdm.unb.br/bitstream/10483/9242/1/2014_MarcelayneFariasRodrigues.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2015.

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REGULADORES VEGETAIS NA PÓS-COLHEITA DE ACEROLAS

Keren Railka Paiva Menezes1; Alex Guimarães Sanches2; Carlos Alberto Martins Cordeiro3

1Discente do 5° período do curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira. 2Engenheiro Agrônomo. 3Professor Adjunto da Faculdade de Engenharia de Pesca, Universidade Federal do Pará, Campus Bragança. E-mail: [email protected] Síntese:O trabalho tem por objetivo avaliar a eficiência de reguladores vegetais compostos por ácido giberélico e cloreto de cálcio na manutenção da vida útil pós-colheita de acerolas sob temperatura ambiente. Avaliou-se em intervalos de três dias a perda de massa fresca, firmeza, sólidos solúveis, acidez titulável, pH, teor de vitamina C, incidência de podridões e relação SS/AT. O delineamento adotado foi em blocos casualizados composto por cinco tratamentos e cinco repetições e dez frutos por unidade experimental. Os resultados mostraram efeito significativo dos tratamentos e do tempo de armazenamento para as variáveis perda de massa, teor de vitamina C, acidez titulável e relação SS/AT. Mediante os resultados pode-se inferir que o uso do cloreto de cálcio a 2% conserva por até 6 dias as acerolas em temperatura ambiente e que o ácido giberélico não influencia na vida útil dos frutos apresentando resultados semelhantes ao controle com vida útil de apenas 3 dias. Palavras-chave: MalpighiaemarginataD. C.; amadurecimento;conservação; firmeza; vida útil

INTRODUÇÃO

A acerola é um fruto não climatérico que apresenta vida útil quando colhida muito curta sendo necessário utilizar técnicas para amenizar as perdas nutricionais e quantitativas e até mesmo depreciação comercial dos frutos. Oemprego de reguladores vegetais nesse processo pode ser utilizado para retardar a maturação e preservar a qualidade pós-colheita do fruto (BLUM, AYUB e MALGARIM, 2008).

As utilizações do ácido giberélico e do cloreto de cálcio nos frutos promovem a inibiçãoda síntese de etileno, prolonga o tempo de armazenamento, além disso, garantem maior retenção da firmeza da polpa e reduz a perda de clorofila e o acúmulo de carotenóidesassim como aumenta a conservação pós-colheita em temperatura ambiente (WENER et al., 2009).

Diante do exposto o presente trabalho objetiva avaliar os efeitos dos reguladores vegetais ácido giberélico (AG3) e cloreto de cálcio (CaCl2) na conservação pós-colheita de acerolas.

MÉTODOS

Para condução deste experimento utilizou-se de acerolas cultivar sertaneja colhidas no Campus I da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira em Abril de 2015. Os frutos foram colhidos no estádio de maturação de vez com tonalidade vermelha e isentos de injúrias mecânicas e incidência de doenças, foram acondicionados em caixas térmicas contendo gelo e água no intuito de reduzir o calor de campo e o metabolismo dos mesmos.

No laboratório de Tecnologia de Produtos da Faculdade de Engenharia Agronômica as acerolas foram tratadas com solução sanificante de hipoclorito a 2% por 5 minutos, enxaguadas em água corrente para a retirada do excesso de sanificante e deixadas sobre uma bancada onde foram secas ao ar ambiente.

Os tratamentos aplicados consistiram na imersão por um minuto em solução de água destilada, ácido giberélico e cloreto de cálcio, correspondendo aos seguintes tratamentos: T1= Controle (imersão em água destilada); T2imersão em solução de 50 mg L; T3 imersão em solução de 100 mg L de ácido giberélico; T4 imersão em solução de cloreto de cálcio a 1% e T5= imersão

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em solução de cloreto de cálcio a 2%. A fonte de ácido giberélico utilizado (AG3) foi o produto comercial Progibb® (10% do i.a.).

Após cada tratamento as acerolas foram acondicionadas em bandejas de poliestireno e mantidos em temperatura ambiente 22 ± 2ºC e umidade relativa de 85 ± 5% por 9 dias.

O efeito dos tratamentos foi avaliado mediante a determinação da firmeza dos frutos, para tal, utilizou-se um penetrômetro, sendo as aferições realizadas na região central dos 10 frutos da parcela experimental e os resultados expressos em N; a perda de massa foi determinada em porcentagem, considerando a diferença entre a massa inicial do produto e aquela obtida a cada intervalo de tempo de amostragem. Os valores de pH, acidez titulável (AT) e teor de vitamina C foram determinados conforme as normas do Instituto Adolfo Lutz, publicadas em Brasil (2005). A acidez foi expressa em % de ácido cítrico. Os sólidos solúveis (SS) foram determinados por refratometria utilizando refratômetro portátil sendo os resultados expressos em °Brix, o índice de maturação foi mensurado pela diferença entre SS e AT.

O delineamento experimental foi blocos casualizados, em parcelas subdivididas no tempo (0, 3, 6, e 9 dias), com cinco tratamentos e cinco repetições, utilizando-se 10 frutos por unidade experimental. A comparação das médias pelo teste de Tukey foi realizada com auxílio do programa SISVAR.

RESULTADOS

Figura 1: Perda de massa (A), acidez titulável (B), teor de vitamina C (C), relação SS/AT (D), sólidos solúveis (E), firmeza (F), pH (G) e incidência de podridões (H) em acerolas tratadas com reguladores vegetais e armazenadas por 9 dias em temperatura ambiente.

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DISCUSSÃO

Conforme dados obtidos nos diferentes tratamentos pós-colheita com acerolas ‘’sertaneja’’, pode-se verificar que houve interação significativa (>0,05) entre os tratamentos aplicados e os dias de armazenamento para a perda de massa (%), acidez titulável (g 100g-1), teor de Vitamina C (g/100g ácido cítrico) e na relação entre SS/ATdos frutos.

Quando analisada a perda de massa (%) entre os tratamentos, verifica-se que o tratamento com CaCl2 2% apresentou a menor perda de massa ao nono dia de armazenamento em relação aos demais tratamentos, com média de 3,59 % (Figura 1A). Araújo et al., (2009) avaliando acerolas da cultivar ‘’sertaneja’’ encontraram percentual ao final de doze dias de 0,62%, no entanto, este autores avaliaram sob ambiente refrigerado associado ao filme plástico de PVC enquanto que os frutos aqui foram mantidos sob temperatura ambiente.

Analisando a figura 1B, percebe-se decréscimos nos valores de acidez com o tempo de armazenamento, esse resultado já era esperado, pois de acordo com Chitarra e Chitarra (2005), o teor de ácidos orgânicos diminui com a maturação dos frutos. O conteúdo de acidez titulável das acerolas diferiu significativamente aosextoe ao nono dia de armazenamento, onde apresentou valor máximo das médias (Figura 1B). Observa-se que no sexto dia de avaliação, o tratamento com CaCl2 2% apresentou a maior média (0,43 g/100 g ácido cítrico).

Os reguladores vegetais não conseguiram evitar a perda do ácido ascórbico nos frutos que é facilmente oxidável conforme o processo de maturação. A utilização do cloreto de cálcio, no entanto reduziu essas perdas ao longo de todo o período de armazenamento com médias ao nono dia de 0,27 e 0,33 (g/100g polpa) para as concentrações de 1 e 2% respectivamente (Figura 1C). Alves et al., (2002) verificaram efeito positivo do cloreto de cálcio na manutenção da parede celular de acerolas reduzindo assim consequentemente o conteúdo de vitamina C em relação aos frutos não tratados.

Verifica-se que houve diferença significativa para as médias da relação SS/AT no sexto e nono dia respectivamente (Fgura1D). No final do período de avaliação, época em que houve maior elevação dos valores da relação, os tratamentos controle, ácido giberélico a 50 mg L-1 e 100 mg. L apresentaram as maiores médias em relação aos demais tratamentos (Figura 1D). Segundo Chitarra e Chitarra (2005), este atributo determina o sabor do suco e/ou polpa dos frutos, sendo mais representativa do que a determinação isolada de sólidos solúveis ou acidez titulável, uma vez que o ratio exprime a natureza doce-ácido da polpa. Silva et al.

Os valores referentes a sólidos solúveis, firmeza, pH e incidência de podridões não foram afetados pelos tratamentos aplicados diferindo apenas quanto ao tempo de armazenamento (Figuras E, F, G e H) respectivamente. Silva et al, (2015) também não verificaram efeito do ácido giberélico e do cloreto de cálcio em frutos de sapoti pra as mesmas variáveis.

O conteúdo de sólidos solúveis reduziu com o passar do tempo de armazenamento média de 10,04 á 4,02 do inicio ao final do período de avaliação (Figura 1E). Esta redução é influenciada pelo pico climatérico em que os frutos foram colhidos (maturação de vez), assim o teor de açúcar que aumentaria com o amadurecimento foi reduzido por sua utilização no processo de respiratório do mesmo evitando assim sua deterioração.

Já em relação à textura dos frutos, verificou-se que os diferentes tratamentos diferiram significativamente apenas para o tempo de armazenamento e que as médias de textura dos frutos decresceram de forma semelhante com o avanço do amadurecimento (Figura 1F).

Quanto ao pH (Figura 1G), verificou-se redução no valores no terceiro dia, com posterior crescimento até o fim da avaliação influenciado pelo avanço da maturação e senescência dos frutos. A média no último dia de avaliação foi de 3,45bem superior ao determinado por Nogueira et al. (2002) que situam valores de pH na faixa de 3,30 á 3,35 em frutos de acerolas em bom estádio de

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maturação, isso indica elevado grau de deterioração dos frutos principalmente no 9° dia de avaliação quanto 66% dos frutos apresentavam-se com incidência de podridão (Figura 1H).

CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos no presente trabalho, pode-se concluir que as acerolas

tratados com CaCl22% apresentaram menor perda de massa, maior teor de vitamina C e menor índice de maturação SS/AT com vida útil de até 6 dias.

A utilização em pós-colheita do ácido giberélico não melhorou a conservação das acerolas com vida útil de 3 dias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, P. G. L de.;FIGUEIREDO, R. W. de.; ALEVES, R. E.; MAIA, G. A.; MOURA, C. F. H.; SOUZA, P. H de.Qualidade físico-química e química de frutos de clones de aceroleirarecobertos com filme de PVC e conservados por refrigeração.Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 30, n. 4, p. 867-880, 2009. BLUM, J; AYUB, R. A.; MALGARIM, M. B. Época de colheita e qualidade pós-colheita do caqui cv. Fuyu com a aplicação pré-colheita de ácido giberélico e Aminoetoxivinilglicina. Artigo científico. Revista Biotemas, 21 (4). pag 15-19, dez 2008. BRASIL (2005) Ministério da Saúde. Agência Nacional de vigilância Sanitária. Métodos físico-químicos para análise de alimentos/ Ministério da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 108p. CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: Esal/Faepe, 2005. 293p. NOGUEIRA, R. J. M. C.; MORAES, J. A. P. V.; BURITY, H. A.; SILVA JUNIOR, J. F. Efeito do estádio de maturação dos frutos nas características físico-químicas de acerola. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 37, n. 4, p. 463-470, 2002. SILVA, M.S., GOUVEIA, A.M. S.; CORREA, C. V.; GONÇALVES, B.H. L.; MONTEFERRANTE, E. C.; EVANGELISTA, R.M. 2015. Conservação pós-colheita de sapotis tratados com ácido giberélico e cloreto de cálcio.. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PROCESSAMENTO MÍNIMO E PÓS-COLHEITA DE FRUTAS, FLORES E HORTALIÇAS, 001. Anais... Aracaju-SE. WENER, E. T. et al. Efeito do cloreto de cálcio na pós-colheita de goiaba Cortibel. Bragantia, Campinas, v.68, n.2, p.511-518, abr./jun. 2009.

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RELAÇÃO ENTRE A TEMPERATURA E O SISTEMA DE CULTIVO NO

POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE SALSA

Sandy Santos da Fonseca1; Alex Guimarães Sanches2; Elaine Gleice Silva Moreira2

1Discente do 7° período do curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira; 2Engenheiros Agrônomos; E-mail:[email protected] Síntese: A germinação das sementes da salsa (PetroselinumsativumHoffm) é lenta e desuniforme o que compromete a produtividade da cultura, nesse contexto o presente trabalho tem por objetivo avaliar seu potencial fisiológico a partir de sementes oriundas de cultivo orgânico e convencional, sob diferentes temperaturas. Adotou-se um delineamento experimental inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2x3, sendo, dois sistemas de cultivo (convencional e orgânico) e três temperaturas (20, 25 e 30°C). Para cada tratamento empregaram-se quatro repetições de 50 sementes, as quaisforam mantidas em germinador por trinta dias. Avaliaram-se as porcentagens de plântulas normais (testes de primeira contagem e germinação), número de plântulas anormais e sementes não germinadas, e o índice de velocidade de germinação. Houve interação significativa entre os sistemas de cultivo e as temperaturas para todas as variáveis, analisadas, sendo que as sementes oriundas de cultivo orgânico submetidas a temperatura de 30°C por 3 minutos apresentaram os melhores resultados. Palavras-chave: germinação; hortaliça;PetroselinumsativumHoffm; vigor

INTRODUÇÃO A germinação de sementes de salsa (PetroselinumsativumHoffm.) além de lenta, podendo

levar mais de quatro semanas dependendo da temperatura e da umidade do solo é desuniforme, o que justifica o uso de técnicas que acelerem e uniformizem o processo germinativo (PILL; KILIAN, 2000).

Carvalho e Nakagawa (2000) mencionam que temperatura, suprimento de água e denutrientes, ao afetarem o desenvolvimento da semente e o acúmulo de reservas, afeta consequentemente o seu vigor. Provavelmente, o sistema de cultivo (plantio direto, orgânico ou convencional) em que a semente é produzida pode vir a interferir no seu potencial fisiológico (germinação e vigor).

Assim, o conhecimento da temperatura de germinação, bem como do sistema de cultivodessa olerícola devem ser intensificados de modo a melhorar seu desempenho e vigor germinativo com reflexos em uma produtividade maior. Objetivou-se neste trabalho avaliar o potencial fisiológico de sementes de salsa das cultivares, Lisa comum e Lisa graúda, oriundas de dois sistemas de cultivo, sob diferentes temperaturas.

MÉTODOS O ensaio foi conduzido no Laboratório Multidisciplinar da Faculdade de Engenharia

Agronômica, UFPA, Campus Altamira. Utilizaram-se sementes de salsa (PetroselinumsativumHoffm) das cultivares ‘’Lisa Comum’’ e ‘’Lisa Graúda’’, oriundas de cultivo convencional e orgânico. Para o efeito da temperatura as sementes foram imersas por 3 minutos nas temperaturas de 25, 30 e 35°C As sementes foram colocadas em gerbox e forradas com duas folhas de papel filtro e armazenadas em germinador por 30 dias à temperatura de 20°C.

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Adotou-se o delineamento experimental inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 2x3

sendo dois sistemas de cultivo (convencional e orgânico) e três temperaturas (20° C, 25°C e 30°C). Para cada tratamento empregou-se quatro repetições de 50 sementes.

As variáveis analisadas foram: porcentagem de germinação avaliada de acordo com a metodologia descrita nas RAS (BRASIL, 1992) no 10º dia (primeira contagem) e porcentagem final de germinação (28º dia), porcentagem de plântulas anormais (PAN), porcentagem de sementes não germinadas (SNG), índice de velocidade de germinação (IVG) de acordo com a metodologia descrita por Maguire (1962).

Para a análise estatística, os dados foram submetidos a análise de variância e a comparação das médias pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

RESULTADOS De acordo com as análises houve interação significativa entre os sistemas de cultivo e as

temperaturas avaliadas para asvariáveis: geminação, plântulas anormais, sementes não germinadas e índice de velocidadede germinação (Tabela 1).

Tabela 1:Dados médios da qualidade de sementes de salsa, proveniente de dois sistemas de cultivo, através do teste de germinação, índice de velocidade de germinação, número de plântulas anormais e sementes não germinadas, submetidas a diferentes temperaturas.

Germinação (%) Orgânico Convencional CV (%)

Controle 5,2 Ca 1,4 dB

11,32 20 °C 31,4 bcA 12,4 cB 25 °C 55,3 bA 33,2 bcB 30 °C 61,1 aA 50,3 abB

Índice de velocidade de germinação Orgânico Convencional CV (%)

Controle 0,12 cdA 0,08 dB

5,35 20 °C 5,89 cA 2,54 cB 25 °C 10,54 bA 5,29 bcB 30 °C 19,54 aA 6,33 bA

Plântulas anormais (%) Orgânico Convencional CV (%)

Controle 25,4 cB 31, 9 cB

8,51 20 °C 17,5 bA 26,0 bB 25 °C 11,3 abA 19,5 bB 30 °C 0,4 aA 5,8 bB

Sementes não germinadas (%) Orgânico Convencional CV (%)

Controle 74,5 dA 79,3 dB

13,58 20 °C 45,7 cA 54,4 cdB 25 °C 21,3 bA 39,3 cB 30 °C 12,5 aA 16,8 bAB

Médias seguidas pela mesma letra na linha (temperatura) e coluna (sistemas de cultivo) não diferem entre si. Foi aplicado o teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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DISCUSSÃO

De modo geral o que se observa é um melhor desempenho das sementes oriundas de cultivo orgânico quando tratadas por três minutos sob a temperatura de 30°C para todos os parâmetros analisados.

Silva et al. (2004) e Silva et al. (2012) avaliando o potencial fisiológico de sementes de alface e coentro respectivamente, não observaram interação significativa entre as sementes provenientes de cultivo convencional e orgânico, no entanto as oriundas de cultivo orgânico apresentaram melhores resultados.

Gomes et al. (2005) avaliando a germinação de sementes de salsa e rúcula observaram redução na velocidade de germinação dessas hortaliças quando submetidas a baixas temperaturas (< 20°C).

Segundo dados da Embrapa hortaliças (2000) a temperatura ótima para a germinação de muitas sementes olerícolas encontra-se entre 20 e 30°C.

CONCLUSÃO As sementes oriundas de cultivo orgânico apresentaram melhor desempenho fisiológico

quando comparadas as de cultivo convencional, o pré-tratamento á 30°C favoreceu os melhores resultados para ambos os sistemas até mesmo quando comparados ao controle.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p. CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: Ciências, tecnologia e produção. 4 ed. Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588p. EMBRAPA HORTALIÇAS, 2000. http://www.cnph.embrapa.br/public/textos/texto3.html. Acesso: Junho de 2015. GOMES, E.M.L.; NASCIMENTO, W.M.; FREITAS, R. A. Germinação de sementes de beterraba, rúcula e salsa sob diferentes temperaturas. 2005. In: 45° CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, São Paulo, Anais... CBO, 2005. CD-ROM. MAGUIRE, J.D. Speeds of germination-aid selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Sci., v.2, p.176-7. 1962. PILL, W.G.; KILIAN, E.A. Germination and emergence of parsley in response to osmotic or matric seed priming and treatment with gibberellin.HortScience, Alexandria, v.35, n.5, p.907-909, 2000. SILVA, M. A. D. da.; LUZ, J. M. Q.; SANTOS, C. M.; JULIATT, F. C. Influência Dos Sistemas de Cultivo Orgânico e Convencional Sobre o Potencial Fisiológico de Sementes de Alface. In:44° Congresso Brasileiro de Olericultura, Cuiabá, MT, Anais, 2004. SILVA, M. A. D.; COELHO JÚNIOR, L. F.; SANTOS, A. P. Vigor de sementes de coentro (Coriandrumsativum L.) provenientes de sistemas orgânico e convencional. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v.14, n.esp., p.192-196, 2012.

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TECNOLOGIA DE SEMENTES DEMATAMATÁ-VERMELHO

(ESCHWEILERA CORIACEA (DC.) S. A. MORI.)

LOPES, Lucas Sérgio de Sousa1; ALMEIDA, Rafael Figueira1;BALONEQUE, Diego Damázio; ALVES, Rogério dos Santos²; PAULETTO, Daniela3

1Discentes do 7º período de engenharia florestal da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, Pará. E-mail: [email protected] 2Discente do 5º período de engenharia florestal da Universidade Federal do Pará, Campus/Altamira. 3Docente orientadora, Mestre em Ciência de florestas tropicais, Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de biodiversidade e Florestas, Santarém, Pará. Síntese: O Matamatá-vermelho (Eschweilera coriacea (DC.) S. A. Mori) é uma essência florestal da região Amazônica, encontrada principalmente na parte oriental,apresenta uma baixa frequência e dispersão irregular e descontinua nas suas áreas de distribuição, o que esboça a necessidade de estudos específicos sobre suas formas de propagação. Objetivou-se com este trabalho, a caracterização dos aspectos biométricos e tecnológicos de sementes de Matamatá-vermelho coletadas no município de Santarém – Pará. Palavras–chave: Silvicultura;biometria;lecythidaceae.

INTRODUÇÃO O Matamatá-vermelho (Eschweilera coriacea (DC.) S. A. Mori), pertencente à família botânica Lecythidaceae, é uma essência florestal da região Amazônica, encontrada principalmente na parte oriental, e em matas pluviais de terra firme. Apresenta uma baixa frequência e dispersão irregular e descontinua nas suas áreas de distribuição, o que esboça a necessidade de estudos específicos sobre suas formas de propagação (LORENZI, 2002). A silvicultura moderna necessita estar sincronizada com as novas demandas do mercado consumidor de sementes, logo, esta deve apresentar características que viabilize a qualidade do produto final, ou seja, a produção de mudas saudáveis e com qualidade. Dentro deste contexto, a qualidade da semente é vital para a eficiência dos processos subsequentes (OLIVEIRA, 2012). A área da tecnologia empregada para sementes tem o objetivo primordial de adaptar ou instituir métodos tecnológicos que sejam adequados para uma determinada espécie, objetivando como resultado final uma melhoria no padrão de qualidade da semente (BIANCHETT, 1981). Diante do exposto, objetivou-se com este trabalho, a caracterização dos aspectos biométricos e tecnológicos de sementes de Matamatá-vermelho coletadas no município de Santarém – Pará.

MÉTODOS O presente estudo foi realizado no Laboratório de Sementes Florestais da Universidade Federal do Oeste do Pará/Campus Tapajós em Santarém - PA. As sementes de Matamatáforam obtidas mediante coleta em trêsmatrizes localizadas no campus. Para aferição dos parâmetros biométricos, foram mensuradas 100 sementes, com o auxílio de paquímetro digital, as variáveis mensuradas foram: espessura, comprimento e largura. Para a obtenção do Peso de Mil Sementes (PSM),do número de sementes por quilograma (N/Kg) e teor de umidade das sementes, utilizou-se a metodologia recomendada pela Regra de Análise de Sementes(BRASIL, 2009). As tabulações foram realizadas com o auxílio do software Excel 2013.

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RESULTADOS

Os resultados referentes aos aspectos biométricos das sementes de Matamatá podem ser vislumbrados na Tabela 1. Os valores médios para comprimento, largura e espessura foram, respectivamente, 22,24 mm; 13,83 mm e 15,66 mm. Tabela 1 – Aspectos biométricos médios, mínimos e máximos de sementes de Matamatá-vermelho (Eschweilera

coriacea (DC.) S. A. Mori)no município de Santarém - PA.

Aspectos biométricos Média (min-máx) CV (%) Comprimento (mm) Largura (mm)

22,24 (19,52-25,84) 13,83 (8,81-17,82)

6,03 6,50

Espessura (mm) 15,66 (11,11-19,58) 6,42 CV (%) = Coeficiente de variação expresso em porcentagem.

Agrupou-se as sementes em classes de tamanho conforme as dimensões das variáveis biométricas (Figura 1.). Constatou-se que, 51% das sementes de Matamatá apresentam entre 21 e 23 mm de comprimento, 47% têm entre 15 e 17 mm de largura, e quanto a espessura, 41% das sementes têm de 12 a 14 mm. Em todas as observações, o comprimento das sementes foisuperioras dimensões de espessura e largura, caracterizando o formato dos propágulos como ovalar. Figura 1 – Distribuição das classes de comprimento (A); largura (B) e espessura (C) para sementes de Matamatá (Eschweilera coriacea (DC.) S. A. Mori).

Quanto aos aspectos tecnológicos de sementes de Matamatá, vislumbrados na Tabela 2. O Peso de Mil Sementes (PSM) corresponde a 3258,62 g. O quilo de sementes desta espécie apresenta 306 sementes e o teor de água nas sementes frescas é de 35,9%.

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Tabela 2 – Aspectos tecnológicos de sementes de Matamatá (Eschweilera coriacea (DC.) S. A. Mori)no município de Santarém/PA.

Aspectos tecnológicos Valores S PMS (g) Teor de Umidade (%) N/Kg

3258,62 35,9 306

6,91 1,22 -

PSM (g) = Peso de mil sementes expresso em gramas; N/Kg = Número de sementes por quilo; S = Desvio padrão.

DISCUSSÃO Os resultados encontrados nesse estudo, no que se refere aos aspectos biométricos, corroboram com os encontrados por Mekdeceet al. (2013), que ao trabalhar com a mesma espécie constatou que o comprimento médio, a largura e a espessura dos propágulos eram, respectivamente de, 22,3 mm, 16,8 mm e 13,7 mm.Braga et al (2007) investigou os padrões biométricos de LecythisposonisCamb, espécie do mesmo gênero botânico, apresentando esta, comprimento médio de 43,1 mm.As diferenças entre os dimensões biométricas são atribuídas aos fatores genéticos e ambientais. Carvalho e Nakagawa (2000), afirmam que as diferenças biométricas nas sementes são explicadas através da origem do material, observando que o comportamento da semente produzida em distintas regiões é influenciado por seu teor proteico, podendo causar diferenças no processo germinativo e nas dimensões das sementes da mesma espécie. As sementes de Matamatá apresentam-se na sua maioria em classes de maiores dimensões. As dimensões dos propágulos estão fortemente ligadas ao estabelecimento e a dispersão, sementes grandes apresentam menores restrições em condições naturais no estabelecimento, conferindo maiores vantagens adaptativas (LUSK; KELLY, 2003).

CONCLUSÕES

As sementes de Matamatá-vermelho são diversas quanto aos aspectos biométricos, com predominância de sementes nas classes de tamanho superiores, e com alto teor de umidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS OLIVEIRA, O. S. Tecnologia de sementes florestais: espécies nativas. Curitiba. Ed. UFPR, 2012. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, v.1. 2002. BIANCHETTI, A. TECNOLOGIA DE SEMENTES DE ESSÊNCIAS FLORESTAIS. I Simpósio Brasileiro de Pesquisas em Sementes. Brasília, DF 23 a 27.10.1981. BRASIL. Ministério da Agricultura. Regras para a Análise de Sementes. Brasília: Secretaria Nacional de Defesa da Agropecuária, 2009. MEKDECE, F. S.; ALMEIDA, E. C.; RAYOL, B. P. Manual de sementes do Oeste do Pará: Coleta, beneficiamento e análise. Santarém, PA. Ed.1. 2013. BRAGA, L. F.; SOUSA, M. P.; GILBERTI, S.; CARVALHO, M. A. C. Caracterização morfométrica de sementes de castanha de sapucaia (lecythispisoniscambess - LECYTHIDACEAE). Revista de Ciências Agro-Ambientais, Alta Floresta, v.5, n.1, p.111 - 116, 2007. CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588p. LUSK, C.H.; KELLY, C.K. Interspecific variation in seed size and safe sites in a temperate rain forest.New Phitologist, Oxon, v.158, p.535-541, 2003.

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TENDÊNCIA DO CONSUMO APARENTE DOS PRINCIPAIS

IMPORTADORES DE COMPENSADO BRASILEIRO

Peterson Silva de Sousa1;; Sabrina Paiva Conceição1 Rommel Noce2;; Juliana Mendes de Oliveira2.

1Graduando do Curso de Engenharia Florestal do Instituto de Biodiversidade e Floresta, IBEF-UFOPA;; 2Prof.º Dr. Instituto de Biodiversidade e Floresta, IBEF-UFOPA;; E-mail: [email protected] Síntese: O presente trabalho buscou estimar a tendência do consumo aparente dos principais importadores de compensado brasileiro no período de 2002 a 2012. O Compensado destaca-se como um dos principais produtos gerados pela indústria de base florestal, e colabora com o restante do setor na formação do PIB. Admitiu-se o uso da taxa geométrica de crescimento para estimar a tendência do consumo aparente. Especificamente estimou-se o consumo aparente das seguintes nações: Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Itália, EUA e Argentina, identificadas como as principais importadoras de compensado brasileiro no ano de 2011. Conclui-se que Reino Unido, Alemanha e Bélgica não apresentaram tendência significativa no seu consumo aparente. Itália e EUA mostraram tendência à redução no consumo aparente. Enquanto a Argentina mostrou uma tendência a aumentar o consumo aparente de compensado. O consumo aparente de compensado do grupo composto pelas principais nações importadoras deste painel brasileiro tende a estabilidade. Palavras-chaves: Compensado;; Tendência;; Consumo Aparente

INTRODUÇÃO

O Setor de base florestal brasileiro desempenha um papel importante para a economia do país, gerando empregos e divisas para nação. O setor de processamento mecânico destaca-se na cadeia madeireira e o compensado abastece de forma significativa os setores de construção civil e movelaria (ABMCI, 2009).

O Compensado destaca-se como um dos principais produtos gerados pela indústria de base florestal. Sendo um setor produtivo importante no aspecto socioeconômico, na geração de empregos diretos e indiretos, contribuindo na arrecadação de impostos e colaborando com o restante do setor florestal na formação do PIB (SILVA, M.L. et. al. 2005).

Dessa maneira, buscou-se estimar a tendência do mercado internacional de compensado. Especificamente buscou-se estimar a tendência do consumo aparente dos principais importadores de compensado brasileiro e a participação do Brasil nessas nações.

MÉTODOS

Os dados para realização dos cálculos foram obtidos a partir de relatórios da Food and Agricultural Organization -FAO, elaborados no período de 2002 a 2012. Apresentando como unidade de medida o m³

O consumo aparente (CA) foi calculado pelo somatório entre a produção (Pr) e a importação (Imp) deduzido da exportação (Exp) em valores anuais CARVALHO et al (2013). Gerando séries temporais para os principais importadores de compensado brasileiro no período de 2002 a 2011

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CA = Pr+ Imp − Exp

Em que: CA = Consumo aparente (m³) Pr = Volume da produção anual do compensado no país (m³) Imp = Volume de Importação de compensado no país (m³) Exp = Volume de exportação de compensado no país (m³)

Após essa etapa, os valores do consumo aparente de cada naçãoforam organizados em séries históricas que permitiram estimar a Taxa geométrica de crescimento (TGC). Admitiu-se como indicador da tendência do consumo aparente a taxa geométrica de crescimento obtida através de regressão linear. Especificamente para estimar a tendência, o tempo atuou como regressor e definiu-se como regressando o evento objeto de análise(Finamore e Gomes, 1999). Utilizaram-se os softwares E-Views 5.0 e Excel para o tratamento dos dados obtidos.

A taxa geométrica de crescimento é dada pela expressão: TGC = (antlog β - 1) x 100

Em que: TGC = taxa geométrica de crescimento β = coeficiente de regressão. O coeficiente de regressão teve seus valores estimados com o ajuste da equação de tendência, através da serie histórica da variável dependente, em metros cúbicos (m³).

Log y = c + βt Onde: Y = variável c = constante de regressão t = tempo

Considerou-se o Teste t Student, para determinar o grau de significância da tendência do consumo aparente. Definiu-se como nível de significância: valores (p) acima de 0,05 como não significativos, e abaixo disso significativos estatisticamente.

RESULTADOS

Observou-se no ano de 2011 que os principais importadores de compensado do Brasil foram: Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Itália, EUA e Argentina. Tendo como destaque o comércio entre Argentina, Alemanha e Bélgica representando 64% do compensado exportado pelo Brasil.(Gráfico 1)

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Gráfico1: Principais destinos do compensado Brasileiro em 2011 Fonte: Food and Agricultural Organization – FAO.

Ao avaliar a taxa geométrica de crescimento do consumo aparente dos países pesquisados, constatou-se que houve resultados bem distintos, variando entre -6,47% a 10,25% ao ano (Gráfico 2).

Gráfico2: Tendência do Consumo Aparente Fonte: Food and Agricultural Organization – FAO.

DISCUSSÃO

A importação do compensado brasileiro no período analisado teve queda, emparticipação e volume nos seguintes mercados: Reino Unido, Bélgica,Itália e EUA. Em relação à Alemanha verificou-se que o Brasil perdeu mercado, mas o volume importado teve aumento no mesmo período. A Argentina tende a aumentar o seu mercado, com isso, observa-se um aumento nas importações de compensado brasileiro. Analisando esses dados, nota-se que o compensado

12%

16%

14%

6%

2%

34%

16%

Principais Importadores do Compensado Brasileiro em 2011

Reino Unido

Alemanha

Bélgica

Itália

EUA

Argentina

Resto do mundo

-6,47% -5,49%

-0,75%

0,94% 0,96%

10,25%

-12,00%

-8,00%

-4,00%

0,00%

4,00%

8,00%

12,00%

Tendência do Consumo Aparente

EUA

Itália

Reino Unido

Alemanha

Bélgica

Argentina

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brasileiro vem perdendo participação no mercado dos principais países com qual mantém relações comerciais no setor de compensado.

Em relação à tendência do consumo aparente do conjunto de países. A Itália e EUA apresentaram os piores resultados: -5,4% e -6,4% ao ano, respectivamente. Reino Unido também apresentou uma queda, mas diferente dos dois primeiros, o valor ficou em -0,75% ao ano. Em contrapartida, Alemanha e Bélgica demostraram um leve crescimento, ambos 0,9% ao ano. Dentre os demais países, a Argentina foi a que mais se destacou, apresentando o valor 10% ao ano.

CONCLUSÕES

Conforme os resultados e nas condições em que foi desenvolvido este trabalho, concluiu-se que:

- Alemanha e Argentina tendem a fortalecer o comércio entre o Brasil; - Itália e EUA apresentaram uma relação negativa de crescimento; -Reino Unido e Bélgica mantém uma estabilidade no comércio internacional de

compensado; - O consumo aparente de compensado do grupo composto pelas principais nações

importadoras deste painel brasileiro tende a estabilidade.

AGRADECIMENTOS

À FAPESPA pelo fomento da bolsa de Iniciação Cientifica. À Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Associação Brasileira de Madeira Processada Mecanicamente – ABMIC. Estudo Setorial 2009 ano Base 2008. Curitiba-PR, 2009. 48p. CARVALHO, L. M. de;; RIBEIRO, F. J. da S. P. Indicadores de Consumo Aparente de bens industriais por setores de atividade. IPEA, p 81-88, jun/2013. FINAMORE, E. B. M. C.;; GOMES, A. P. Uma alternativa a análise de tendências em séries temporais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 37, 1999,Foz do Iguaçu. Anais... Brasília: SOBER,1999. CD-ROM Food and Agricultural Organization – FAO. Dados Estatísticos “Plywood”. Disponível em: < http://faostat.fao.org> Acesso em 6 de janeiro de 2014. SILVA, Márcio Lopes da;; JACOVINE, Laércio A. G.;; VALVERDE, Sebastião Renato. Economia Florestal. 2a ed. Viçosa: UFV, 2005.

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USO SUSTENTÁVEL DA MANIPUEIRA COMO BIOFERTILIZANTE NA

CULTURA DO JAMBU (Spilanthesoleracea L.)

Paula Jaqueline Antes Santana1;Alex Guimarães Sanches2; Jaqueline Macedo Costa2 (1)Discentes do curso de Engenharia Agronômica, UFPA/Campus Universitário de Altamira, Av. Senador José Porfírio, 2515, São Sebastião, CEP: 68.372-040, Altamira-PA. (2)Engenheiros Agrônomos. E-mail, autor para correspondência: [email protected] Síntese: A manipueira é um dos resíduos gerados no processamento da mandioca composto por uma série de macro e micronutrientes, sendo um excelente adubo foliar orgânico para diversas culturas. Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar diferentes dosagens de manipueira no desenvolvimento e produtividade de jambu. O delineamento estatístico utilizado foi de blocos ao acaso com cinco tratamentos e cinco repetições, as características avaliadas foram: altura da planta, número de folhas, peso da massa fresca das folhas e produtividade. Observou-se efeito significativo da aplicação de manipueira sobre a produtividade do jambu, sendo que o tratamento T5 expressou a maior produtividade. Conclui-se que doses crescentes de manipueira contribuíram para o desenvolvimento e aumento da produtividade na cultura. Palavras-chave:Manihotesculenta; produtividade; resíduo orgânico.

INTRODUÇÃO O jambu é uma hortaliça herbácea perene, semi-ereta e de ramos decumbentes, é nativa da

região amazônica e pertencente à família Asteraceae. Suas inflorescências são pequenas e amareladas, dispostas em capítulos. O consumo da espécie no estado do Pará é bastante difundido, compondo diversos pratos, como pato no tucupi e tacacá, sendo também muito utilizado em saladas. É também conhecido por agrião do Pará, agrião do Brasil, agrião do Norte, jabuaçu, erva maluca, jaburama, botão de ouro (COUTINHOet al., 2006).

A manipueira é um dos resíduos gerados no processamento da mandioca (Manihot esculenta

Crantz) para obtenção da farinha ou fécula. É um líquido leitoso amarelo-claro,contendo açúcares, gomas, proteínas, linamarina, derivados cianogênicos, sais e outrassubstâncias (GONZAGAet al., 2007).

O seu reaproveitamento, seja como biofertilizante ou pesticida natural (GONZAGA, et al., 2008), representa, além dos benefícios proporcionados pelo seu efeito nutricional ou fitossanitário, uma forma de evitar problemas ligados meio ambiente. De acordo com Silva (2003), a composição química da manipueira, rica em macro e micronutrientes a potencializa como fertilizante.

Tendo em vista a facilidade para a obtenção e o baixo custo da manipueira, a sua utilização como fertilizante é mais uma alternativa à substituição dos adubos químicos industrializados. No entanto, para viabilizar a utilização deste material, faz-se necessário determinar a dosagem adequada para cada espécie cultivada. Deste modo, objetivou-se, com este trabalho, avaliar a utilização da manipueira como biofertilizante na cultura do Jambu.

MÉTODOS

O trabalho foi conduzido em uma propriedade de regime familiar, em um assentamento rural

localizada no município de Monte Alegre-PA no período compreendidoentre Janeiro a Abril de 2015.

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A manipueira foi coletada após o beneficiamento da mandioca in natura para a produção de

farinha, na própria propriedade, esta passou por um período de repouso de três dias, em recipiente plástico hermeticamente fechado.

A semeadura foi realizada em bandejas de poliestireno de 128 células, contendo o substrato comercialPlantmax®. Em cada célula foram colocadas cinco sementes de Jambu cv.Nazaré. Aemergência ocorreu aos sete dias, sendo realizado o desbaste deixando uma plântula por célula.

O transplante foi realizado aos 40 dias após a semeadura, manualmente, quando as mudasapresentavam-se com seis folhas definitivas, para cinco canteiros de 5m2. O espaçamento utilizadofoi de 20 x 25 cm. As capinas foram realizadas a cada dez dias, desde o início da instalação dacultura.

O delineamento estatístico adotado foi o de blocos ao acaso composto por cinco tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos consistiram em: T1-água (água); T2- (150 ml de manipueira); T3- (300 ml de manipueira) T4- (450 ml de manipueira); T5- (550 ml de manipueira). Cada tratamento foi submetido a seis aplicações em intervalos semanais, às pulverizações foram realizadas em horários de menor incidência de raios solares.

A colheita foi feita pela manhã, aos 90 dias após a semeadura, com intervalo de uma semana após a última aplicação da manipueira de modo a evitar possíveis traços de resíduos nas folhas. Foram avaliadas seis plantas por parcela. As características avaliadas foram: Altura da planta (cm), Número de folhas (und), peso da massa fresca das folhas (g)e produtividade (Kg/m2).

Os dados coletados foram organizados e analisados no programa ASSISTAT 7.7 versão beta, os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA), seguidos do teste de Tukey com nível de significância de 95% (p< 0,05).

RESULTADOS

Tabela 1: Médias pelo teste F sobre as caraterísticas: altura de planta, número de folhas, e massa fresca das folhas.

Tratamentos Altura (cm) Número de folhas (und)

Massa fresca folhas (g)

T1 (controle /água) 14,90 e 15,00 c 58,11 d T2 (150 ml de Manipueira) 20,48 d 21,80 bc 63,34 cd T3 (300 ml de Manipueira) 23,90 c 20,00 bc 69,70 c T4 (450 ml de Manipueira) 26,40 b 28,80 ab 73,35 b T5 (550 ml de Manipueira) 30,64 a 31,80 a 77,81 a

CV (%) 13,44 20,35 12,35 Letras minúsculas comparam médias dos tratamentos. Médias seguidas das mesmas letras não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade.

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Figura 1: Produtividade média de folhas de jambu (Kg/m2) em função de doses de manipueira.

DISCUSSÃO

Observa-se, na Tabela 1, ocorrência de interação entre os tratamentos para todas as características avaliadas, demonstrando que o uso da manipueira como biofertilizante promoveu o desenvolvimento do jambu cv. Nazaré quando comparadas ao tratamento controle e que as plantas submetidas a dosagens de 550 ml obtiveram os melhores resultados (Tabela 1).

Percebe-se que com o aumento da dosagem houve incremento na altura das plantas sendo que o uso de 550 ml proporcionou melhores resultados com média de 36,40 cm, (Tabela 1). Os valores apresentados pelas dosagens de manipueira são superiores aos encontrados por Borges et al., (2014) que trabalhando com plantas de jambu cultivar Nazaré submetidas a adubação mineral encontraram altura média de 29,31 cm, o presente trabalho está dentro do citado por Lorenzi e Matos (2002) que preconizam que o jambu atinge 30 a 40 cm de altura.

Com relação o número de folhas, as plantas de jambu tratadas com 550 ml de manipueira apresentaram média de 31,80, ou seja, um incremento de mais de 15 unidades de folhas em relação ao tratamento controle (T1) com média de 15,00 unidades. (Tabela 1). Este resultado torna-se bastante interessante, quando se considera que as partes da planta de jambu, utilizadas na culinária regional, são as folhas e os ramos.

Para massa fresca de folha observa-se que as plantas tratadas com manipueira apresentam média máxima de 77,91g em relação ao tratamento controle com resultado de58,11 g (Tabela 1). Este resultado positivo apresentado pelas plantas tratadas com manipueira é superior ao encontrado por Borges et al., (2013) avaliando a produtividade de jambu em adubação orgânica e mineral cujo resultado médio encontrado foi de 66,77 g, esse resultado expressivo pode ser explicado pela excelente concentração de potássio e de uma série de micronutrientes que constituem a manipueira favorecendo assim o bom desenvolvimento da parte aérea.

Para produtividade econômica da folha, observa-se na figura 1 que o tratamento T5 apresentou maior rendimento com média de 2,98 Kg/m2 sobre as demais dosagens, resultado este superior ao encontrado por Borges et al., (2012) que determinaram produtividade média de 2,61 Kg/m2 sobre a cultivar Nazaré submetida a adubação orgânica. Este resultado apresentado pelo tratamento T5 é semelhante ao encontrado por Borszowskeiet al., (2009) cuja maior produtividade do morangueiro foi obtido quando submetidos a maior concentração de manipueira.

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CONCLUSÕES

A aplicação de manipueira surtiu efeito no desenvolvimento e produtividade de jambu sendo recomendada sua utilização como adubo foliar alternativo na cultura. A dosagem de 550 ml proporcionou os melhores resultados em todos os parâmetros avaliados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORGES, L. S; GOTO, R; LIMA, G. P. P. Comparação de cultivares de jambu influenciada pela adubaçãoorgânica. Horticultura Brasileira. v. 30, p. 2261-2267, 2012. BORGES, L. S; GOTO R; LIMA, G. P. P. Produtividade e acúmulo de nutrientes em plantas de jambu, sob adubação orgânica e mineral. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 1, p. 83-94. 2013 BORGES, L. S; GOTO R; LIMA, G. P. P. Índices morfológicos e produtividade de cultivares de jambu influenciadas pela adubação orgânica e mineral. BioscienceJornal. Uberlândia, v. 30, n. 6, p. 1768-1778. 2014. BORSZOWSKEI, P. R; MILLÉO, R. D. de. S; AHRENS, D. C; ROMANIW, J. Utilização de Manipueira como Adubo Natural Alternativo para a Cultura do Morangueiro (Fragaria x

ananassaDuch.). In Anais: VI Congresso Brasileiro de Agroecologia. Curitiba-PR, p. 00170-00173. 2009. COUTINHO, L. N; APARECIDO, C. C; FIGUEIREDO, M. B. Galhas e deformações em Jambu (SpilanthesoleraceaeL.) causadas por Tecaphoraspilanthes(Ustilaginales). 2006. SummaPhytopathology, v.32, n.3, p.283-5. GONZAGA, A.D.et al. Potencial de manipueira de mandioca (Manihot esculentaCrantz) no controle de pulgão preto de citros (ToxopteracitricidaKirkaldy, 1907). Rev. Bras. DeAgroec., Porto Alegre, v. 2, n. 2, p. 646-650, 2007. GONZAGA, A.D.et al. Toxicidade de manipueira de mandioca (Manihot esculenta Crantz) e erva-de-rato (PalicoureamarcgraviiSt. Hill) a adultos de ToxopteracitricidaKirkaldy (Homoptera: Aphididae).,Acta Amaz, Manaus, v. 38, n. 1, p. 101 – 106, 2008. SILVA, F.F. Impacto da aplicação de efluente de fecularia de mandioca em solo e na cultura do sorgo (Sorghum bicolor). 2003. Dissertação (Mestrado)-Universidade Estadual deMaringá, Maringá, 2003.

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VIABILIDADE DO USO DE PRÁTICAS CULTURAIS NA RECUPERAÇÃO

DE Psidium guajava EM ARIQUEMES-RO

Luciano dos Reis Venturoso¹; Lenita Aparecida Conus Venturoso¹; Gecielle Soares de Freitas²; Ezequiel Soares da Silva²; Gleison Serafim Justino³; Guilherme Ferreira Alexandre³;

Rodrigo Alves Carvalho³ ¹Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, campus Ariquemes, Ariquemes, RO, Brasil; ²Técnico em Agropecuária; ³ Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Colorado do Oeste, RO, Brasil; E-mail: [email protected]. Síntese: O uso inadequado de técnicas de manejo do solo e da planta tem provocado o abandono de pomares, tornando insustentável a atividade frutífera. Diante do exposto, objetivou-se avaliar a viabilidade do uso de práticas de cultivo, como a poda, nutrição mineral e o manejo fitossanitário na recuperação de pomar de goiaba. Inicialmente foram coletadas amostras de solo, efetuando-se a calagem para elevar a saturação de bases a 70%. Após a calagem, realizou-se a poda de frutificação e de limpeza, e sessenta dias depois, procedeu-se a adubação de produção. Foi efetuado o monitoramento dos insetos-pragas, plantas daninhas e doenças, e realizadas as práticas de manejo conforme a necessidade da cultura. Procedeu-se duas colheitas semanais, sendo que em uma delas, cento e sessenta frutos de goiaba foram transportados para realização das avaliações: calibre, defeitos, massa individual e o rendimento, somando-se a massa de todos os frutos aptos para o consumo. Verificou-se que as práticas culturais melhoraram a qualidade dos frutos de goiaba, aumentando a massa média e o calibre dos frutos, e reduzindo a quantidade de danos nos mesmos. A eficiência das práticas também foi observada na produtividade do pomar, constatando-se aumento nas safras de 2013 e 2014, que superaram em 3000 e 6000%, respectivamente, a produtividade da safra 2012. Palavras-chave: produção de frutas; recuperação de goiabeiras; tratos culturais

INTRODUÇÃO O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de frutas, e a imensa área favorável à sua produção comercial representa uma perspectiva no incremento da produção agrícola, na ampliação da atividade industrial e no potencial de exportação (NATALE, 2003). A fruticultura vem ganhando projeção decorrente, principalmente, de novos hábitos de consumo na busca por uma vida mais saudável e na diversificação das atividades agropecuárias. Dentre as espécies cultivadas no estado, destaca-se a goiaba, podendo ser apreciada tanto fresca como processada. Todavia, predominam-se pomares pouco produtivos, devido ao uso inadequado de técnicas de manejo do solo e da planta, como a poda, adubação e o manejo fitossanitário, práticas importantes para a sustentabilidade da atividade. A poda é indispensável para a cultura, visto que apenas os ramos do ano são capazes de produzir frutos, fazendo com que a prática assuma importante papel na produção do pomar. Dentre as pragas, a principal doença da goiabeira na região de Ariquemes é a antracnose (Colletotrichum

gloeosporioides), doença comum da parte aérea, e a principal de frutos pós-colheita. O ataque de insetos também tem proporcionado danos significativos, como o do gorgulho (Conotrachelus

psidii), pois a fêmea ovoposita em frutos verdes, e o tecido no local não acompanha o

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desenvolvimento do restante do fruto, ficando deprimido, escuro, com danos internos e externos (PEREIRA, 1995). O aspecto nutricional é outra prática de extrema importância para a fruticultura, visto que os elementos minerais exercem influência direta sobre a qualidade dos frutos (NATALE, 2003). Em Rondônia, a adoção de práticas de manejo cultural em frutíferas, não tem sido realizada de forma adequada, fazendo com que os pomares apresentem rápido decréscimo na produção e logo sejam abandonados pelos produtores. Diante do exposto, o trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade do uso de práticas de cultivo, como a poda, nutrição mineral e manejo fitossanitário na recuperação de pomar de goiaba em Ariquemes-RO.

MÉTODOS O experimento foi conduzido em pomar de goiaba (Psidium guajava), implantado em Latossolo Vermelho Amarelo distrófico, sendo iniciado o processo de recuperação em 2011. A área ocupada pela cultura é de 1,01 ha, com plantas em cultivo no espaçamento 7 x 7 m. Foram coletadas amostras de solo na projeção da copa de plantas produtivas, na profundidade de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm, procedendo-se a calagem no intuito de elevar a saturação de bases a 70%. As adubações nas safras de 2013 e 2014 foram às mesmas, na qual se utilizou 192 g.planta-1 de P2O5 na forma de fosfato natural, 480 g.planta-1 de K2O na forma de cloreto de potássio e 450 g.planta-1 de N na forma de ureia. As podas foram efetuadas para manter a cultura limpa e arejada. Foi realizada a poda de frutificação, encurtando-se os ramos que já produziram, deixando-se apenas alguns ramos “pulmões”. Na limpeza foram eliminados os ramos mal formados, doentes e quebrados. Para o controle de insetos-pragas, gorgulho e cochonilhas, foram utilizados os inseticidas Engeo pleno, na dose de 1,5 l.ha-1, Karate zeon 50 CS, na dose de 1 l.ha-1 e Provado na dose de 0,5 l.ha-1. Para o manejo da antracnose foi utilizado o fungicida Recop, na dose de 2 kg.ha-1. Visando reduzir a fonte de inóculo, foi realizado ainda, o controle mecânico, por meio de catação manual dos frutos danificados por insetos e com sintomas de doenças. As colheitas foram realizadas manualmente, duas vezes por semana, sendo que em uma das colheitas, cento e sessenta frutos representativos foram separados para as avaliações qualitativas. O calibre foi obtido por meio de paquímetro digital, classificando os frutos em classes: 4 (< 5 cm), 5 (5 a 6 cm), 6 (6 a 7 cm), 7 (7 a 8 cm), 8 (8 a 9 cm), 9 (9 a 10 cm) e 10 (> 10 cm). Os defeitos foram mensurados por meio da escala de 0 a 4, onde (0), compreendeu frutos sem defeitos, (1) frutos com apenas um defeito, até (4), frutos com quatro ou mais defeitos. Foram considerados defeitos, podridão, danos profundos, alterações fisiológicas e lesões cicatrizadas. A produção foi calculada através do peso de todos os frutos aptos para o consumo, computando-se os dados em produtividade de frutos (kg.ha-1). A viabilidade técnica das práticas culturais foi avaliada por meio da comparação da qualidade e produtividade dos frutos na safra atual, com aquelas realizadas nas safras anteriores.

RESULTADOS O número de frutos colhidos em 2012 sem nenhum dano foi de apenas 1,1%. A partir da adoção das práticas de manejo observaram-se a melhoria da qualidade dos frutos colhidos (Figura 1A). Verificou-se aumento no número de frutos com apenas um dano ou mesmo sem danos, nas safras de 2013 e 2014, constatando-se nestas classes apenas 8,9% dos frutos em 2012, enquanto que, 2013 e 2014 os valores foram de 52,7 e 49,5%, respectivamente. Foi observado aumento no diâmetro dos frutos (calibre) ao longo do período de recuperação do pomar (Figura 1B). Na primeira safra, em 2012, na ausência de práticas culturais, a maior concentração dos frutos colhidos, 95,4%, foi classificado nos calibres 4 e 5, sendo que apenas frutos

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enquadrados no calibre 5, ou superior, são considerados para a comercialização. Em 2013, 76,9% dos frutos foram classificados nos calibres 5 e 6, e apenas 10,5% fora dos padrões de comercialização. Na safra 2014 o percentual de frutos na classe 4 foi ainda menor, 5,6%, enquanto que a partir do calibre 6, foi verificado incremento em todas as classes, e a maior concentração foi constatada nos calibres 6 e 7, 70,7% dos frutos colhidos.

Figura 1. Percentual de frutos de goiaba danificados (A) e por calibres (B) colhidos a partir de pomar em recuperação por meio de práticas culturais, por três safras consecutivas. A utilização das práticas culturais mostrou-se eficiente, tanto no incremento do peso médio dos frutos, como na produtividade do pomar (Figura 2A). Na safra 2012, onde foram coletados os dados para análise inicial do pomar, verificou-se frutos pesando em média 80,6 g, valor inferior àquele aceito pelo mercado. Após a implantação dos procedimentos para recuperação, constatou-se aumento na massa dos frutos de 82,9 e 84,9%, em 2013 e 2014, respectivamente.

Figura 2. Peso médio (A) e rendimento de frutos de goiabas (B) colhidas a partir de pomar em recuperação por meio de práticas culturais, por três safras consecutivas. A produtividade de goiaba antes da utilização das práticas culturais foi insignificante frente ao potencial da cultura. A adoção de práticas de manejo proporcionou aumento no rendimento de

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frutos nas safras de 2013 e 2014, que superaram em 3000 e 6000%, respectivamente, a produtividade da safra 2012 (Figura 2B).

DISCUSSÃO O uso de práticas culturais como o manejo fitossanitário, a poda e a nutrição mineral mostrou-se satisfatório em relação ao percentual de frutos sem danos. Para Natale e Marchal (2002), a nutrição em frutíferas é um dos principais responsáveis por influenciar na aparência externa dos frutos, qualidade pós-colheita, resistência a pragas, dentre outros aspectos como tamanho e peso. Segundo Piza Júnior, (1994), a poda quando manejada corretamente, também pode influenciar na qualidade dos frutos, permitindo ao produtor a adequada distribuição da produção e manejo de pragas. O uso de defensivos assim como a catação manual possibilitou menor incidência da antracnose e do gorgulho. Ramos et al. (2010), encontraram diferença entre o diâmetro de frutos, devido a utilização e não de podas, observando-se sem poda, 6,35 cm de diâmetro, enquanto em plantas podadas, o diâmetro foi de 6,68 cm. A adubação é outro fator que pode influenciar diretamente na massa dos frutos. Lima et al. (2008), avaliando doses crescentes de K2O (100 a 400 g.planta-1), obtiveram produção crescente de goiabeiras, constatando maior produção, 25 kg.planta-1, na dose de 400g de K2O. A produção por planta relatada pelos autores corrobora com o valor verificado na safra 2014, onde se encontrou produção de 28,64 kg de frutos.planta-1.

CONCLUSÕES As práticas culturais são eficientes na melhoria da qualidade dos frutos de goiaba, aumentando seu calibre e massa, e reduzindo os danos por pragas. A adoção das práticas de manejo incrementa o rendimento de frutos de goiaba.

AGRADECIMENTOS Ao Grupo de Pesquisa em Produção Vegetal pela colaboração na condução do trabalho. Ao IFRO/Campus Ariquemes pela área da pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LIMA, M. A. C.; BASSOI, L. H.; SILVA, D. J.; SANTOS, P. S.; PAES, P. C.; RIBEIRO, P. R. A.; DANTAS, B. F. Efeitos dos níveis de nitrogênio e potássio na produção e maturação de frutos de árvores irrigadas goiaba no Vale do São Francisco. Revista Brasileira de Fruticultura, v.30, n.1, p.246-250, 2008. NATALE, W. Calagem, adubação e nutrição da goiabeira. In: ROZANE, D. E.; COUTO, F. A. A. (Eds.). Cultura da goiabeira: tecnologia e mercado. Viçosa: UFV, 2003. p.303-331. NATALE, W.; MARCHAL, J. Absorção e redistribuição de nitrogênio (15N) em Citrus mitis BL. Revista Brasileira de Fruticultura, v.24, n.1, p.183-188, 2002. PEREIRA, F. M. Cultura da goiabeira. Jaboticabal: FUNEP, 1995. 47p. PIZA JÚNIOR, C. T. A poda da goiabeira de mesa. Campinas: CATI, 1994. 30p. RAMOS, D. P.; SILVA, A. C.; LEONEL, S.; COSTA, S. M.; DAMATTO JÚNIOR, E. R. Produção e qualidade de frutos de goiabeira “Paluma‟, submetida à diferentes épocas de poda em clima subtropical. Revista Ceres, v.57, n.5, p.659-664, 2010.

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AÇÃO DE REGULADORES NO CONTROLE DO AMADURECIMENTO DE

MANGA Coelho, Lorena Lima1

Sanches, Alex Guimarães2 Silva, Maryelle Barros da2

Moreira, Elaine Gleice Silva2 Cordeiro, Carlos Alberto Martins3

As perdas na pós-colheita ocasionadas por excesso de maturação é um dos grandes entraves para a conservação de frutas, como a manga. Diante disso o presente trabalho tem por objetivo avaliar o efeito do 1-MCP e do ácido salicílico no controle do amadurecimento de mangas variedade Palmer, armazenadas em temperatura ambiente.O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia de Produtos da Universidade Federal do Pará, Campus Altamira. Os frutos foram colhidos em estádio de maturação fisiológico alcançado.Os tratamentos foram os seguintes: TI = frutos sem a adição de nenhuma substância (controle); T2= 20 mM de ácido salicílico; T3= 100 ppb de 1-MCP e T4= 20 mM de ácido salicílico + 100 ppb de 1-MCP. Os frutos tratados com ácido salicílico T2, foram imersos em 10 litros de água destilada por 10 minutos. Aqueles tratados com 1-MCP(T3), foram mantidos em câmara fechada com o produto comercial SmartFresh por 10 horas á 20°C. Para o tratamento (T4) os frutos foram primeiramente imersos em solução de ácido salicílico com posterior armazenamento por 10 horas em câmara fechada. Os frutos foram armazenados em temperatura ambiente (23°C ±2°C) e avaliados durante 10 dias. Avaliaram-se: Perda de massa fresca, firmeza da polpa, sólidos solúveis, acidez titulável, coloração da casca e relação SS/AT. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 4x6 (tratamentos x dias) com três repetições e 3 frutos por parcela. Os frutos do tratamento com ácido salicílico + 1-MCP (T4) apresentaram a menor PMF, enquanto os frutos do tratamento controle (T1) obtiveram a maior PMF no último dia de avaliação 10° dia. A coloração da casca manteve-se constante até o 6°dia, mas no último dia de avaliação 10°, os frutos do tratamento controle (T1) e com 1-MCP (T4) apresentaram elevação deste índice. O T4 diferiu-se dos demais tratamentos em relação aos sólidos solúveis, apresentando valores superiores desta variável resposta. A acidez titulável não diferiu entre os tratamentos. A firmeza foi decrescente em todos os tratamentos ao longo de todo o experimento e a melhor relação entre sólidos solúveis e acidez titulável foi observada nos frutos do tratamento T4 com 8 dias de armazenamento em relação aos demais cujas médias indicavam maturação avançada aos 4 e 6 dias para T1, T2 e T3 respectivamente. O melhor controle do amadurecimento foi observado na combinação entre ácido salicílico e 1-MCP, pois apresentaram os menores índices de sólidos, melhor maturação SS/AT e menores perdas de massa fresca.

Palavras-chave:amaciamento; Mangiferaindica L; pós-colheita 1Discente do 5° período do curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará, Campus Altamira. 2Engenheiros Agrônomos , instrutores voluntários no laboratório de Tecnologia de Produtos, Faculdade de Engenharia Agronômica, UFPA, Altamira. 3Professor Adjunto da Faculdade de Engenharia de Pesca, Universidade Federal do Pará, Campus Bragança.

E-mail para correspondência: [email protected]

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AVALIAÇÃO DO BINÔMIO TEMPO X TEMPERATURA NA BROTAÇÃO

DAS MANIVAS DE MACAXEIRA DA VARIEDADE ÁGUA MORNA.

Sousa, Maria Cristiane Pereira1

Aguilar-Vildoso, Carlos Ivan2 A mandioca é o termo geral para a espécie ManihotesculentaCrantz, recebendo diferentes nomes segundo o seu potencial de produzir ácido cianídrico (HCN) e a região do país. Na região Norte, a mandioca/macaxeira é um dos principais produtos da economia, entretanto, a utilização de manivas contaminadas, por patógenos gera prejuízos a produção. Por isso, a necessidade da realização de tratamentos simples que tornem o material de propagação sadio, como a termoterapia. Assim, este trabalho visa determinar a capacidade de brotação de manivas tratadas por imersão em diferentes combinações de tempo e temperatura em uma variedade de macaxeira da região de Santarém. O experimento consistiu de 25 tratamentos, variando nas combinações de tempo e temperatura de exposição: 40, 45, 50, 55 e 60°C durante 30, 60, 90, 120 e 150 minutos. Para o tratamento térmico, nove manivas da macaxeira “água morna” em redes foram imersas em banho maria à temperatura constante e por um tempo determinado pelo tratamento. Após o qual, as manivas foram secas ao ar livre e levadas para o barracão, onde plantou-seem substrato dentro de bandejas, sendo irrigadas segundo a necessidade. Avaliou-se três vezes por semana o número de brotaçõesdurante quatro semanas. Verificou-se que os tratamentos a 40 ou 45°C independentes do tempo conseguiram brotar, enquanto que a 50°C somente a 30, 60 e 90 minutos mantiveramesta capacidade. No entanto, os tratamentos com temperatura de 55°C e 60°C e o tratamento com 50°C por 120 e 150 minutos não brotaram. Nesse experimento as melhores combinações de tempo e temperatura que geraram maior brotação foram a40 e 45°C. É necessário a realização de um número maior de repetições para verificar a confirmação do comportamento das variedades de mandioca/macaxeira da região de Santarém/PA, alémda realização do tratamento térmico no agente causal da podridão de raízes da mandioca para poder determinar a viabilidade de um tratamento efetivo para ser usado na limpeza clonal das variedades locais em áreas afetadas. Palavras Chaves: controle; fitossanidade; melhoramento; tolerância 1 Estudante de Agronomia, Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, PA, Brasil; 2 Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, PA, Brasil; E-mail do para correspondência: [email protected]

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BIOGÁS: UMA ALTERNATIVA PARA AGREGAÇÃO DE VALOR AOS RESÍDUOS DO BENEFICIAMENTO DA MANDIOCA NO CONTEXTO

SOCIECONÔMICO DA REGIÃO DE SANTARÉM-PA.

Silva, AlineOliveira¹ Freitas, Ellen Priscila Farias¹

Gasparin, Eloi¹ Bressan, Cléo Rodrigo¹

A presença de grande quantidade de compostos cianogênicos e a elevada concentração de matéria orgânica e nitrogênio incluem os resíduos do processamento da mandioca dentre os mais poluentes da agricultura.Dentre estes resíduos,a manipueira merece destaque, haja vista seu elevado potencial poluidor e o elevado volume gerado no processo produtivo. Com o objetivo de identificar e propor soluções para a gestão e o tratamento dos resíduos da produção de farinha no contexto socioeconômico da região de Santarém, foram realizadas pesquisas junto aos produtores para caracterização da geração de resíduos em termos qualitativos e quantitativos. A comunidade de Boa Esperança, situada no município de Santarém, apresenta-se como uma das maiores comunidades produtoras de farinha na região e, desta maneira, foi escolhida como foco da pesquisa.A pesquisa revelou que a maiorias das casas de farinha da região apresentam pouca variabilidade em relação à escala e à metodologia da produção da farinha, sendo que em praticamente todas as unidades produtoras as principais dificuldades encontradas em relação à gestão dos resíduos relacionavam-se à destinação da manipueira, que frequentemente era depositada em valas escavadas no chão a céu aberto, ou despejada diretamente no pátio das propriedades, causando sérios problemas principalmente em relação aos odores emitidos e à contaminação do ambiente. Devido à alta permeabilidade dos solos e ao reduzido escoamento horizontal, a contaminação do lençol freático também é uma possibilidade evidente. Os resultados da pesquisa apontam para uma geração aproximada de efluente de 500L/semana para a produção de farinha d´água(manipueira pura) e 4000L/semana para a produção de farinha de tapioca(manipueira diluída cerca de 10 vezes), resultando uma DQO entre 40.000a 100.000mg/L para os efluentes da produção de farinha d´água e entre 4.000 a 10.000 mg/L para os efluentes da produção de farinha de tapioca (dados de DQO oriundos da literatura).Com base nos dados obtidos da pesquisain loco e na literatura, e considerando também a escassez de recursos financeiros dos produtores, estão sendo propostos sistemas de tratamento com base na biodigestão anaeróbia para possibilitar o reaproveitamento destes resíduos na geração do biogás.Além do possível uso residencial do biogás, o mesmo também poderia ser empregado no próprio sistema produtivo como combustível para alimentar os fornos de secagem da farinha, em substituição à madeira atualmente empregada. (Financiamento: UFOPA).

Palavras- chave: manipueira; biodigestão anaeróbia; mandioca; biogás. ¹Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de biodiversidade e Florestas, Santarém/PA, Brasil; E-mail para correspondência:[email protected]/ [email protected]

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CARACTERIZAÇÃO ENERGÉTICA DA MADEIRA DE RESÍDUOS FLORESTAIS DE Apuleialeiocarpa (Vogel) E Mezilaurusitauba (Meisn.)

VISANDO A OBTENÇÃO DE ENERGIA

Barbosa, Raiana Augusta Grandal Savino¹ Ferreira, Vitória Roberta da Silva²

Moutinho, Victor Hugo Pereira³

A madeira é amplamente utilizada como matéria-prima para produção de energia nos países em estágio de desenvolvimento. Em 2005 o Brasil estava em 3º lugar entre os produtores globais de madeira como combustível e em 2013, 24,2% de lenha produzida no país foi consumida para gerar energia no setor residencial, fato relevante uma vez que no interior rural amazônico esta é consumida visando principalmente a cocção de alimentos. Diante disto, o objetivo deste estudo foi comparar o potencial energético dos resíduos de Apuleialeiocarpa (Vogel) e Mezilaurusitauba (Meisn.), respectivamente garapeira e itaúba, através de análise química imediata a fim de inseri-los no mercado energético nacional. O material foi coletado na Floresta Nacional do Tapajós, Belterra – PA. Obteve-se amostras de resíduos de três indivíduos de cada espécie. Estas foram retiradas após a segunda bifurcação, afastando-se 1,5 m da mesma visando a homogeneização do material, que foi preparado no Laboratório de Tecnologia da Madeira da Universidade Federal do Oeste do Pará – LTM/UFOPA. O ensaio, para se definir teor de materiais voláteis, cinzas e, por diferença, carbono fixo, seguiu as diretrizes da norma D7582 (ASTM, 2010) e a análise estatística utilizada foi o teste de médias Scott-Knott (p ≤ 0,05) a partir do software SISVAR. Houve diferença estatística para todas as médias submetidas ao teste, sendo estas, respectivamente para garapeira e itaúba, 83,91% e 73,72% para materiais voláteis, 2,04% e 0,22% para cinzas e 14,06% e 26,06% para carbono fixo. Garapeira apresentou maior teor de materiais voláteis e cinzas, enquanto itaúba se destacou com maior teor de carbono fixo. Sabe-se que madeiras que possuem maior teor de voláteis tendem a queimar com maior facilidade; teor de cinzas indica a quantidade de material residual resultante do processo de queima e biomassas com maiores teores de carbono fixo queimam de forma mais lenta. Com isso, pode-se indicar a madeira de garapeira para ser utilizada no início da queima visando maior rapidez para o início da combustão do material eitaúba pode seguir dando continuidade até o fim deste processo visto que a queima mais lenta da biomassa é desejável uma vez que grande parte das famílias do meio rural utiliza fornos a lenha para cocção de alimentos e, com isso, também é interessante que haja menor quantidade residual ao fim do procedimento. Outrossim, os resíduos de ambas as espécies possuem características positivas para produção de carvão vegetal. Palavras-chave: análise química imediata; energia; resíduos; tecnologia da madeira 1 e 2Discentes do Instituto de Biodiversidade e Floresta, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém – PA. ³Docente do Instituto de Biodiversidade e Floresta, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém – PA. E-mail para correspondência: [email protected]

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COLEÓPTEROS ASSOCIADOS AO MOGNO BRASILEIRO

(SwieteniamacrophyllaKing) EM DIFERENTES ECOSSISTEMAS EM AURORA DO PARÁ

Senado, Jéssy Anni Vilhena1 Silva, Elson Junior Souza da2 Batista, Telma Fátima Vieira1

Correia, Ruy Guilherme3 Souza, Leandro Silva de2

Bahia, Pamela Thais Figueira3

Os coleópteros fazem parte do grupo mais numeroso e diversificado de animais que desempenham papéis ecológicos.Em ecossistemas florestais, eles se destacam por apresentar um número representativo de espécies que são denominadas pragas, entretanto existem muitos que são utilizados paracontrole biológico. Além disso, os besouros podem ser indicadores biológicos, já que mudanças físicas causadas no ambiente podem influenciar diretamente na abundância e diversidade das famílias desta ordem. A partir disso, objetivou-se avaliar a diversidade e abundância de coleópteros presentes em ecossistemas associados ao mogno brasileiro(SwieteniamacrophyllaKing). As coletas foram realizadas entre janeiro e maio de 2015, no município de Aurora do Pará. Foram implantadas armadilhas do tipo pitfall, expostas por 48 horas, em três áreas de 1 ha e de 12 anos de idade: Área 01 -Monocultivo de Mogno brasileiro, Área 02 - Consócio de Mogno brasileiro, Mogno africano (KhayaivorensisA. Chev), Nim (Azadirachta indicaA. Juss) e Cedro australiano (ToonaciliataM. Roemer), e Área 3 - Floresta Sucessional enriquecida com Mogno brasileiro. A triagem e identificação dos insetos coletados foram feitas no Laboratório de Entomologia Agrícola da Universidade Federal Rural da Amazônia. Para análise dos dados foi utilizado o índice de Shannon-Wienner, através do programa estatístico BioEstat 5.0. Foram capturados 948 insetos, pertencentes 17 famílias. As famílias mais abundantes foram Nitidulidae, Curculinidaee Staphylinidae, representando 56,6%, 18,6% e 14,2% dos indivíduos capturados, respectivamente. Exclusivamente na Área 01 ocorreram quatro famílias (Tenebrionidae, Meloidae, Platypodidae e Cerambycidae), sendo duas pertencentes a superfamília Tenebrionoidea. Na Área 03 foram exclusivas três famílias (Passalidae, Cantharidae e Lampyridae), sendo duas pertencentes a superfamília Elateroidea. A área de Monocultivo destacou-se por apresentar maior riqueza de famílias, maior número de indivíduos coletados (362) e o segundo maior índice de equitabilidade (0.44), perdendo apenas para a Floresta Sucessional (0.59). A área 02 foi a que apresentou os menores índices, o que pode ter sido causado devido a presença do Nim, conhecido pela sua capacidade de repelir insetos, entretanto foi a área que apresentou o segundo maior número de indivíduos coletados(331). Nota-se que a abundância e diversidade de coleópteras variaram entre as áreas, podendo-se inferir que foram influenciadas pela composição florística.

Palavra-Chave: besouros; ecossistemas florestais; indicadores biológicos.

1Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Instituto de Ciências Agrárias, Laboratório de Proteção de Plantas, Belém, Pará, Brasil. 2Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Instituto de Ciências Agrárias, Laboratório de Entomologia Agrícola, Belém, Pará, Brasil. 3Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Instituto de Ciências Agrárias, Belém, Pará, Brasil. E-mail para correspondência: [email protected]

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COMPORTAMENTO PÓS-COLHEITA DE CAJARANASSOB A

INFLUÊNCIA DA LUZ E DA EMBALAGEM

Fonseca, Sandy Santos da1 Sanches, Alex Guimarães2

Moreira, Elaine Gleice Silva2 Cordeiro, Carlos Alberto Martins3

A especificação de embalagens apropriadas para as frutas é uma tarefa complexa. Diferentemente de outros produtos, as frutas continuam respirando após a colheita, durante o transporte e comercialização, sendo necessário o uso de embalagens que garantam sua proteção mecânica, o retardo da respiração e o amadurecimento. Assim, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a influência da luz na maturação de mangabas em diferentes embalagens. As cajaranas foram colhidas no campo experimental da Embrapa Amazônia Oriental em Novembro de 2014 com frutos colhidos em estágio de maturação alcançada na cor verde. Os frutos foram embalados e selados em potes de polietileno, polietileno tereftalato (PET) e sacos de polietileno a vácuo sendo armazenados em

seu estágio de maturação, aparência, cor da casca, perda de massa fresca, cor da polpa, teor de sólidos solúveis, acidez titulável, pH e teor de vitamina C. Utilizou-se um delineamento experimental inteiramente casualizado em esquema fatorial composto por três fatores sendo: presença e ausência de luz, embalagens e tempo de armazenamento (0, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40 e 45 dias) com três repetições e 3 frutos por parcela.Houve interação significativa somente para os fatores luz e tempo de armazenamento não diferindo quanto às embalagens avaliadas. Na ausência de luz, as mangabas independentes da embalagem apresentaram um período de conservação relativamente superior, quando comparadas nas mesmas condições com as expostas à luz, com tempos de 20 a 35 dias para o completo amadurecimento dos frutos respectivamente.Os melhores resultados foram obtidos para embalagens sacos de polietileno a vácuo com amadurecimento dos frutos aos 35 dias. Os resultados indicam a importância da luz e a transparência dos materiais como fator acelerador no processo de amadurecimento das mangabas, sendo necessários estudos para melhorar o armazenamento dessa fruta em materiais que controlem a troca gasosa com o meio ambiente e que sejam impermeáveis à radiação. As cajaranas acondicionadas em sacos de polietileno sem a presença de luz apresentaram vida útil de 35 dias sendo, portanto a melhor alternativa para o armazenamento e comercialização dessa frutífera por retardar seu completo amadurecimento. Palavras-chave: armazenamento; maturação;qualidade;Spondiascytherea

1 Discente do 7° período do curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará, Campus Altamira. 2 Engenheiros Agrônomos, instrutores voluntários no laboratório de Tecnologia de Produtos, Faculdade de Engenharia Agronômica, UFPA, Altamira. 3 Professor Adjunto da Faculdade de Engenharia de Pesca, Universidade Federal do Pará, Campus Bragança. E-mail para correspondência: [email protected]

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CONDICIONAMENTO FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE

MAXIXE EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO

Silva, Jéssica Paloma Pinheiro da1 Sanches, Alex Guimarães2 Costa, Jaqueline Macedo2

Cosme, Shirley Silva

A semente é um dos principais insumos da agricultura e sua qualidade é um dos fatores primordiais para o estabelecimento da cultura e para que se obtenha a produtividade esperada. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência dos diferentes tipos de embalagens, ambientes e do período de armazenamento sobre a germinação e vigor das sementes de maxixe (Cucumisanguria). O trabalho foi conduzido no laboratório de Tecnologia de Produtos da UFPA, Campus Altamira no período de Fevereiro de 2014 à Março de 2015, para isso utilizaram-se sementes de maxixes da cultivar paulista, adquiridas no mercado local, sendo os frutos comercializados pelos próprios produtores da região. O experimento foi conduzido em delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro repetições, em esquema fatorial de 3x2x2 sendo: três períodos de armazenamento (3, 6 e 12 meses), duas condições de ambiente de armazenamento (câmera fria à 10°C e ambiente de laboratório à 25°C), e a outra análise na condição de dois tipos de embalagens (recipiente plástico PET e sacos de papel Kraft). Os dados foram submetidos à análise de variância, e a comparação das médias pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Os parâmetros usados para a avaliação da qualidade das sementes foram: germinação, teste de frio, emergência em campo de plântulas, peso de matéria seca, condutividade elétrica e índice de velocidade de emergência. A porcentagem de germinação, emergência em campo de plântulas e índice de velocidade de germinação foram maiores nas sementes armazenadas em ambiente de laboratório à 26°C por 12 meses diferindo significativamente dos demais períodos. O teste de frio, peso da matéria seca e condutividade elétrica não apresentaram dados significativos em relação ao ambiente de armazenamento, época de avaliação e embalagem, contudo, observou-se que o acondicionamento em recipientes plásticos favoreceu maior porcentagem de plântulas normais e peso de matéria fresca bem como menor lixiviação de eletrólitos quando armazenadas em ambiente de laboratório. De acordo com análises é possível concluir que o ambiente de laboratório é eficiente no armazenamento das sementes de maxixe até um ano. A germinação da semente de maxixes foi influenciada pelo local e pela embalagem de armazenamento, tendo a embalagem plástica na condição de ambiente se apresentado como o melhor local para doze meses de conservação. Palavras-chave: Cucumisanguria; embalagem; germinação; vigor

1 Discente do 5° período do curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará, Campus Altamira. 2 Engenheiros Agrônomos , instrutores voluntários no laboratório de Tecnologia de Produtos, Faculdade de Engenharia Agronômica, UFPA, Altamira. E-mail autor para correspondência:[email protected]

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CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE ABOBRINHA ITALIANA

MINIMAMENTE PROCESSADA

Vasconcelos, Andressa Julia Santos1 Sanches, Alex Guimarães2 Silva, Maryelle Barros da2

Costa, Jaqueline Macedo2

Cordeiro, Carlos Alberto Martins3 A abobrinha italiana (CurcubitapepoL.) é cultivada em todo o país, tendo sua comercialização basicamente na forma in natura, no entanto o mercado está cada vez mais exigente optando por alimentos minimamente processados que agilizem o processo de preparo, nesse contexto, o presente trabalho tem porobjetivo aumentar a vida de prateleira da abobrinha italiana cultivar caserta minimamente processada por meio de métodos físico-químicos sem alterar suas características organolépticas. O experimento foiconduzido no delineamento inteiramente ao acaso, com os tratamentos dispostosno esquema fatorial 2x7x2, com 5 repetições. A unidade experimental foi umabandeja de aproximadamente 100 g de abobrinha cortada em cubos de 6 cm de espessura. O fator temperatura foi com 2 níveis (0º e5ºC), o fator tempo com 7 níveis (0, 5, 10, 15, 20, 25 e 30 dias) e o fatorrevestimento com 2 níveis (com e sem quitosana). Os resultados foram analisados com o auxílio doprograma ASSISTAT 7.7. As avaliações físico-químicas realizadas foram: perda de massa fresca, textura, determinação dos sólidos solúveis, pH, acidez total titulável, açúcares totais, amido. Foramrealizadas avaliações da atividade enzimática da polifenoloxidase e daperoxidase. A temperatura não influenciou nas características avaliadas, ocorreram perdas ao longo do tempo de armazenamento com poucas variações, de modo que não houve correlação significativa entre os dados, no entanto, houve significância quanto ao uso de revestimento comestível a base de quitosana de modo que estamelhorou as características das abobrinhas independente da temperatura de armazenamento, os níveis de pH, teor de sólidos solúveis e teor de amido foram relativamente baixos quando comparados aos sem revestimento, bem como houve menor perda de massa e textura sendo estes influenciados pelo biofilme formado nas amostras pelo revestimento. A atividade enzimática também mostrou-se relativamente alta nas amostras tratadas sem quitosana, com índice de escurecimento superior a 75% já no 15° dia de análise comprometendo assim a comercialização da abobrinha minimamente processada. Com base nos resultados pode se inferir que a conservação de abobrinhas com revestimento comestível a base de quitosana, armazenadas nas temperaturas de 0 e 5ºC mantiveram suascaracterísticas naturais, e com boas condições para a comercialização por até 20 dias. Palavras-chave: CurcubitapepoL.; armazenamento; processamento mínimo

1 Discente do 5° período do curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará, Campus Altamira. 2Engenheiros Agrônomos, instrutores voluntários no laboratório de Tecnologia de Produtos, Faculdade de Engenharia Agronômica, UFPA, Altamira. 3 Professor Adjunto da Faculdade de Engenharia de Pesca, Universidade Federal do Pará, Campus Bragança. E-mail para correspondência: [email protected]

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DESEMPENHO DE HÍBRIDOS DE PEPINEIRO EM DIFERENTES

SUBSTRATOS

Vargas, Naiane Rodrigues1 Sanches, Alex Guimarães2

Cosme, Shirley Silva2

O cultivo em substratos orgânicos é uma alternativa para melhorar o desempenho das cultivares além de ser um material de baixo custo para o produtor sem causar danos quando empregados diretamente no solo.Este trabalho visa avaliar o desempenho de híbridos de pepineiroem diferentes substratos. Foram avaliadas seis combinações de substratos (S1 = caroço de açai triturado + areia; S2 = bagaço de cana de açúcar + areia; S3 = casca de cacau + areia; S4 = caroço de açai + bagaço de cana de açúcar + areia; S5 = caroço de açai + casca de cacau + areia e S6 = bagaço de cana de açúcar + casca de cacau + areia) e quatro híbridos de pepino tipo salada (Alladin, Chibata, Ginga e Runner). A semeadura foi realizada em 15/12/2014, utilizando-se substrato Plantmax®, em bandejas de poliestireno expandido com capacidade de 128 células. O transplante ocorreu em 05/01/2015, para vasos plásticos de 13 dm3, os quais foram preenchidos com os referidos substratos, dispostos nos espaçamento de 1 m entre fileiras e 0,5 m entre vasos. A fertirrigação foi realizada por gotejamento, utilizando-se a solução nutritiva recomendada para a cultura. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, em esquema fatorial 5x4, com quatro repetições. As características avaliadas foram massa média do fruto,produção por planta, diâmetro médio transversal do fruto, diâmetro médio longitudinal do fruto, índice de formato de fruto, diâmetro médio transversal do lóculo, diâmetro médio longitudinal do lóculo, índice de formato do lóculo, espessura do mesocarpo, sólidos solúveis, acidez titulável, pH, índice de maturação e firmeza do fruto. Não houve interação entre a combinação dos substratos para o cultivo do pepineiro. No que refere-se ao desenvolvimento e produção dos híbridos, os dados não diferiram para as variáveis massa média do fruto e produção por planta. O híbrido Runner apresentou melhor resultado quanto ao diâmetro médio longitudinal. O hibrido Chibata diferiu significativamente quanto ao diâmetro transversal. Em relação aos parâmetros relacionados a qualidade pós-colheita os frutos do hibrido Chibata diferiram significativamente dos demais apresentando maior teor de sólidos solúveis, firmeza e menor acidez e índice de maturação. A combinação de caroço de açai triturado + casca de cacau + areia favoreceu os melhores resultados para as características de produção. O hibrido Chibata apresentou os melhores índices de qualidade após a colheita. Palavras - chave: Cucumissativus; germinação; produtividade

1Discente do 5° período do curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará, Campus Altamira 2.Engenheiros Agrônomos. E-mail para correspondência:[email protected]

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DETERIORAÇÃO POR UMIDADE E DANOS MECÂNICOS NO VIGOR DE

SEMENTESCRIOULAS DE FEIJÃO

Silva, Thays Ferreira1 Sanches, Alex Guimarães2

Moreira, Elaine GleiceSilva2

Silva, Maryelle Barros da2

Com o tempo de armazenamento, a qualidade fisiológica dassementes de feijãopode se apresentar inferior ou instávelpelas condições climáticas desfavoráveis principalmente no inverno quando aumenta a intensidade pluvial e a umidade em nossa região. Diversos são os fatores causadores da queda da qualidade fisiológica de lotes de sementes de feijão, nesse contexto busca-se com este trabalho investigar os danos mais progressivos durante o seu armazenamento seja pela umidade ou por danos mecânicos. Foram utilizadas sementes detrês cultivares de feijão, produzidos por agricultores familiares do município de Altamira, Sudoeste do Pará. As variáveis utilizadas para avaliara qualidade fisiológica da semente foram: germinação, envelhecimentoacelerado, viabilidade e vigor. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com quatro repetições, em esquema fatorial 3x2 (três variedadese dois tipos de danos). As variedades de feijão foram carioca rosado, carioca brilhante e BRS valente e os danos foram (umidade com manutenção das sementes por 150 dias em câmara fria e o dano mecânico com perfuração dos cotilédones). Os dados foram sistematizados no programa estatístico ASSISTAT 7.7.Os resultados obtidos permitiraminferir que a deterioração por umidade durante o armazenamento é o mais prejudicial para a germinação das sementes crioulas de feijão independente da variedade avaliada com índice de germinação de apenas 13% quando comparado aos 27%das sementes danificadas diferindo significativamente entre si. Não houve interação significativa entre os fatores variedades e danos para os testes de vigor e envelhecimento acelerado, estas análises não foram capazes dedefinir o tipo de dano mais evidente no desenvolvimento e na germinação das variedades avaliadas. No que refere-se a viabilidade das sementes a variedade carioca brilhantediferiu da carioca rosado e BRS valente quando apresentou variação nos percentuais sem interação entre os tipos de danos, podendo assim haver alguma relação entre os tipos de danos no vigor germinativo das sementes de feijão. O controle da umidade é fundamental no armazenamento das sementes crioulas de feijão uma vez que este tipo de dano promove a deterioração das sementes reduzindo assim, seu vigor. Palavras-chave: Phaseolusvulgaris; desenvolvimento incial; germinação.

1 Discente do 5° período do curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará, Campus Altamira. 2 Engenheiros Agrônomos. E-mail, autor para correspondência: [email protected]

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EFEITO DA TEMPERATURA NO CRESCIMENTO DE DIFERENTES

ISOLADOS DE Xanthomonas axonopodis pv. manihotis DO ESTADO DO PARÁ

Cardoso, Sandra Valéria Dias 1

Ishida, Alessandra KeikoNakasone2 Silva, Clenilda Tolentino Bento da 3 Campos, Kátia Regina de Andrade4 Freire, Alessandra de Nazaré Reis4

A mandioca (Manihot esculenta Crantz) detém uma importância social e econômica em

todos os locais onde é cultivada. Uma das principais causas de perdas na cultura se deve a ocorrência da bacteriose causada por Xanthomonas axonopodis pv. manihotis. Os sintomas dessa bacteriose consistem em murchas, manchas foliares e morte descendente da planta. Os prejuízos causados à produção variam principalmente em função da variedade utilizada, condições climáticas, inóculo inicial e variações na virulência e/ou agressividade de diferentes isolados da bactéria. O conhecimento dos efeitos do ambiente no desenvolvimento de patógenos é de suma importância, podendo auxiliar na obtenção de subsídios para o manejo da doença. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes temperaturas sobre o crescimento de 29 isolados X.

axonopodis pv. manihotis de diferentes regiões produtoras mandioca do Estado do Pará. Foram utilizados os isolados de X. axonopodis pv. manihotis preservados em água destilada esterilizada. Foram depositadas a cada placa de Petri contendo MB1, 100 µL da suspensão bacteriana de cada patógeno (0,3 UA/mL) diluída em solução salina (NaCl 0,85%) a 10-6 UFC/mL. As placas foram incubadas nas temperaturas de 15°C, 20°C, 25°C, 30°C, 35°C e 40°C por 48h. A avaliação foi realizada através da contagem de unidades formadoras de colônia (UFC) em cada placa. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 29 (isolados) x 6 (temperaturas), totalizando 174 tratamentos e 4 repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade. Foi observado crescimento bacteriano entre as temperaturas de 20°C a 35°C, sendo que o maior crescimento bacteriano ocorreu na temperatura de 30°C, seguido das temperaturas de 35°C e 25°C. Na temperatura de 30°C, os isolados se distribuíram em seis agrupamentos de similaridade, enquanto nas temperaturas de 35°C e 25°C houve a formação de cinco agrupamentos. Não houve crescimento nas temperaturas de 15°C e 40°C. Os isolados de X. axonopodis pv. manihotis apresentaram variabilidade quanto ao crescimento nas diferentes temperaturas. (EMBRAPA e CNPq). Palavras-chave: Bacteriose da mandioca, crescimento bacteriano, Manihot esculenta 1 Bolsista Pibic Embrapa Amazônia Oriental, Laboratório de Fitopatologia 2,3 Embrapa Amazônia Oriental, Laboratório de Fitopatologia 4 Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém [email protected]

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ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE ERVA CIDREIRA TRATADAS COM

ÁCIDO GIBERÉLICO E AIA

Santos, Andrey Araújo dos1 Sanches, Alex Guimarães2 Silva, Maryelle Barros da2

Moreira, Elaine Gleice Silva2

A maior parte dos estudos com a erva cidreira (Melissa officinalis)relaciona-se à identificaçãodos compostos químicos e à farmacologia, ficando, em segundo plano, os estudos agronômicos, principalmente os relacionados à ecofisiologia e à produção de mudas de qualidade. O presente trabalho teve como objetivo verificar a ação do ácido giberélico e ácido e ácido indolacético (AIA) no enraizamento e desenvolvimento de estacas de erva cidreira. O experimento foi conduzido em casa de vegetação, as estacas foram selecionadas de plantas adultas e padronizadas no tamanho de 6 cm de comprimento, estas foram plantadas em sacos de polietileno usando areia como substrato, e submetidas a pulverização semanal de AIA e ácido giberélico nas concentrações de 50 mg/L, 100mg/L e 150mg/L , além do controle sem fitorregulador, somente com irrigação de água.Adotou-se um delineamento em blocos casualizados disposto em esquema fatorial 2x4 sendo dois fitoreguladores e quatro concentrações com dez repetições sendo a parcela experimental composta por uma estaca. As avaliações ocorreram 30 dias após a instalação do experimento onde avaliaram-se: porcentagem de enraizamento, porcentagem de estacas mortas, comprimento da raiz, número de raízes, altura e número de folhas. Os dados foram sistematizados utilizando o programa estatístico ASSISTAT 7.7. As estacas que não foram tratadas com os fitoreguladores apresentaram os menores índices para todas as variáveis avaliadas, contudo, não houve incidência de estacas mortas. Entre os fitoreguladores estes não diferiram quanto à porcentagem de estacas enraizadas e comprimento da raiz. O ácido indolacético AIA favoreceu maior altura, número de folhas e número de raízes independente da concentração quando comparado aos efeitos do ácido giberélico. A concentração de 150mg/L reduziu a porcentagem de enraizamento para ambos fitoreguladores quando comparadas a dosagem de 50mg/L. A concentração de 100mg/L para ambos os fitoreguladores diferiu significativamente das demais por favorecer melhor enraizamento e desenvolvimento das estacas de erva cidreira. O enraizamento de estacas de erva cidreira é viável independente da aplicação ou não de fitoreguladores, a utilização do ácido indolacético AIA á 100mg/L é recomendada por garantir um enraizamento e um crescimento uniforme nas mudas de erva cidreira. Palavras-chave:Melissa officinalis; concentrações; fitorregulador

1 Discente do 7° período do curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará, Campus Altamira. 2Engenheiros Agrônomos. E-mail para correspondência: [email protected]

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EXTRATOS ALCOÓLICOS DE Senna alata (L.) Roxb. NO CONTROLE DA

MANCHA BACTERIANA DO MARACUJAZEIRO

Silva, Clenilda Tolentino Bento da 1 Ishida, Alessandra Keiko Nakasone 1

Lemos, Walkymário de Paulo 1 Rodrigues, Edilson Braga 1

Campos, Kátia Regina de Andrade 2

Santos, Regiane Pinheiro dos 2

Resumo: A mancha bacteriana (Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae) é uma das principais doenças da cultura do maracujazeiro no Estado do Pará, sendo favorecida pelas temperatura e umidade elevadas da região. A utilização de extratos de plantas medicinais tem mostrado resultados promissores no controle de fitopatógenos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de extratos de folhas e vagens de fedegoso-gigante (Senna alata) sobre o crescimento in vitro de X. axonopodis

pv. passiflorae e na redução da severidade da bacteriose em casa de vegetação. No ensaio in vitro, os extratos foram incorporados ao meio 523 na concentração de 1% a 55 ºC. Após a solidificação do meio, depositou-se 100 PL da suspensão bacteriana, a qual foi espalhada com auxilio de uma alça de Drigalski. As placas foram incubadas por 48h a 28 ºC e o delineamento experimental foi o inteiramente casualizado. A avaliação foi realizada através da contagem das Unidades Formadoras de Colônia (UFC) nas placas. No ensaio in vivo, os extratos a 1% foram aplicados em plantas de maracujá com 2 a 3 pares de folhas verdadeiras três dias antes da inoculação do patógeno. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro tratamentos e cinco repetições. A avaliação foi aos 2 , 4, 6, 8, 10 e 12 dias após a inoculação. Em ambos os ensaios, utilizou-se o oxicloreto de cobre como tratamento controle. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e a comparação das médias foi realizada pelo teste Scott & Knott (1974) utilizando-se o programa estatístico SISVAR. No ensaio in vitro, o oxicloreto de cobre inibiu 100% do crescimento bacteriano diferindo dos demais tratamentos, enquanto o extrato de folhas inibiu significativamente, o crescimento bacteriano em 14,94%. No ensaio in vivo verificou-se que o oxicloreto de cobre e o extrato de vagens reduziram a severidade da doença em 44,0% e 37,82% respectivamente. Esses resultados demonstram o potencial dos extratos avaliados no controle alternativo da mancha bacteriana do maracujazeiro. (EMBRAPA e UFRA). Palavras-chave: controle alternativo; plantas medicinais; Xanthomonas axonopodis pv. Passiflorae

1 Embrapa Amazônia Oriental, Belém PA 2Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém PA [email protected]

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GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE RABANETE CULTIVADAS EM

DIFERENTES SUBSTRATOS

Senado, Jéssy Anni Vilhena1 Luz, Ingrid Pena da2

Peleja,Vanessa Leão2

Costa, Carla Caroline da Silva2

Pena, Dayane2

Santos, Lucilene Rodrigues dos2

Atualmente, a produção de rabanete (Raphanussativus L.) no Brasil é em sua maior parte proveniente de produtores das regiões Sul e Sudeste do país. No Estado do Mato Grosso, a produção é feita principalmente através de pequenos produtores, sendo considerada ainda muito insipiente. De modo geral, as plantas são cultivadas em solo, mas pode-se fazer o cultivo de hortaliças em substratos diversos, obtendo-se resultados satisfatórios no crescimento e desenvolvimento das plantas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a porcentagem de germinação e emergência de diferentes genótipos de sementes de rabanete em quatro diferentes substratos. O experimento foi conduzido no município de Cáceres-MT, na área experimental de horticultura da Universidade Estadual de Mato Grosso. A semeadura foi realizada em bandejas de plástico, depositando-se uma semente por célula, e conduzida sob telado em condições não controladas de ambiente, em que a temperatura média variou de 19 a 32°C. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado em fatorial 4x4, constituídos de quatro tipos de substratos(vermiculita, areia, substrato Plantmax® e adubo orgânico à base de folhas trituradas) e quatro cultivares comercias de rabanete (Cometo, Zapp, Mercury F1 e Crimson Gigante), com cinco repetições. A avaliação da emergência das sementes de rabanete foi realizada no 4º dia após a semeadura mediante a contagem de plântulas normais com os resultados expressos em porcentagem média de plântulas normais emergidas. Para análise dos dados foi utilizado o software estatístico Genes. Os resultados evidenciaram a particularidade de cada genótipo em expressar sua característica germinativa quantitativa. A cultivar Cometo demonstrou alta porcentagem de germinação em todos os substratos analisados (90,4% em M.O., 74,8% em vermiculita, 80,4% em areia e 65,2% em Plantmax®). Já o cultivar Mercury F1 apresentou os menores valores em porcentagem germinativa, independente do substrato avaliado, sendo assim uma alternativa economicamente inviável ao produtor. Com relação aos tratamentos, o substrato comercial Plantmax® não alcançou 50% em porcentagem germinativa, com exceção do cultivar Cometo (65,2%). O melhor resultado foi estabelecido nas cultivares germinadas em Matéria Orgânica, variando de 27, 6% (Mercury F1) a 90,4% (Cometo). Palavra-Chave: cultivo; germinação; Raphanussativus

1 Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Instituto de Ciências Agrárias, Laboratório de Proteção de Plantas, Belém, Pará, Brasil. 2Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Instituto de Ciências Agrárias, Belém, Pará, Brasil. E-mail para correspondência: [email protected]

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IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS POR

AGRICULTORES FAMILIARES DO MUNICÍPIO DE NOVO PROGRESSO, PARÁ.

PAULETTO, Daniela1

MOTA, Cléo Gomes2 SILVA, Saulo UbiratanPinheiro da1

NASCIMENTO, Gabriela de Cássia Santos do1

SANTOS, Juliana Andressa Costa dos1

O objetivo do trabalho foi avaliar os principais desafios da implantação de sistemas agroflorestais (SAF´s) por agricultores familiares que tem o monocultivo de culturas anuais ou a pecuária como atividade principal. Avaliou-se os resultados gerados em duas oficinas de planejamento promovidas pelo Projeto Horizonte Verde, patrocinado pelo Programa Petrobrás Ambiental. Nestes eventos estiveram envolvidos 40 agricultores familiares do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Terra Nossa e da Comunidade Riozinho das Arraias localizados no município de Novo Progresso. O tamanho das propriedades é de 75 ha na Comunidade Riozinho das Arraias e de 20 ha na PDS Terra Nossa. Verificou-se, no entanto, que o tamanho das propriedades não foi determinante na quantidade de área destinada a implantação de sistemas agroflorestais mas sim a disponibilidade de força de trabalho na família. Em média 1,5 ha por propriedade foram disponibilizados para conversão de monocultivo a sistema consorciado de cultivo. Em relação às espécies florestais as principais opções para cultivo pelos agricultores familiares foram: Cupuaçu Cultivar BRS Carimbó (Theobromagrandiflorum) Cumaru (Dipteryxodorata), Pequi (Caryocar brasiliense), Pau-de-balsa (Ochromapyramidale), Andiroba(Carapaguianensis) e Açaí (Euterpe oleraceae). Apesar do grande interesse no cultivo de sistemas agroflorestais o conhecimento sobre a condução e manejo para produção de madeira e sementes é incipiente pelos produtores. Outro fator limitante para a instalação dos sistemas agroflorestais relaciona-se a ausência de implementos agrícolas para preparo e limpeza do solo assim como a aquisição de mudas de qualidade com espécies melhoradas. A implantação de sistemas agroflorestais nestas áreas depende de ações e projetos de fomento de órgãos extraoficiais considerando a incipiência de ações governamentais no fomento florestal e na prestação de assistência técnica e extensão rural na região. Verificou-se que apesar do interesse em implantar sistemas agroflorestais há poucas propriedades com cultivos consorciados nas comunidades avaliadas. Observou-se que a baixa taxa de escolha de espécies florestais para produção de produtos florestais não madeiros não está ligada a falta de interesse por estas espécies e, sim, pela falta de infraestrutura, disponibilidade de mudas de qualidade e de orientação técnica para os agricultores familiares.

Palavras–chave:desenvolvimento rural; plantio florestal; fomento florestal

1Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Santarém, Pará.2InstitutoSocioambiental Flora Nativa, Belém, Pará. E-mail para correspondência: [email protected]

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LEVANTAMENTO TAXONÔMICO DE ESPÉCIES ASSOCIADAS AO NOME

VULGAR ANGELIM, NA REGIÃO NORTE

Bahia, Pamela ThaisFigueira¹ Senado, JéssyAnniVilhena²

Silva, Elson Junior Souza da³ Maciel, Alynne Regina Alves4

A utilização de um nome vulgar para denominar diferentes espécies é comum em diversas localidades do país. Esta prática pode ocasionar na identificação incorreta de espécies, que são distintas em sua taxonomia. Diante desta problemática, o presente estudo tem por objetivo identificar quais espécies são denominadas pelo nome vernacular de angelim na região norte e suas características taxonômicas. A partir do levantamento realizado pelo Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (SISFLORA) e disponibilizado no site da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), no período de 01 de janeiro de 2006 a 31 de agosto de 2014.As espécies deste levantamento estão distribuídas na floresta nativa da região norte. As que estãoassociadas ao nome angelime suas derivações, foram selecionadas e listadas em planilhas eletrônicas do Microsoft Excel. Posteriormente, se verificou as características taxonômicas, somente, das espéciesemque a grafia do nome científico estava correta e não era sinonímia. Para cada espécie foi verificada exsicatas no herbário físico IAN e virtuais como, Flora do Brasil e MissoureBotanicalGarden.Aanálise dos dados demonstrou que dos 68 nomes científicos, dos quais muitos são sinonímia, 21 são denominados deangelim, 15 como angelim pedra, 5 de angelim vermelho e outros, onde uma mesma espécie é associada a mais de um nome vulgar, apenas,23 estão com a grafia correta. A família de maior representação é a Fabaceae, na qual as espécies podem ser divididas nas subfamilias:Faboideae com o quantitativo de 19,com folhas compostas e alternas, com estípulas, possuem folíolo terminal, flores zigomorfas em que uma das pétalas é carenal e não possuem glândulas; a Caesalpinioideaeapresentou3, de folhas compostas pinadas ou bipinadas, e suas flores zigomorfas tem uma pétala adaxial que é uma de suas características; e Mimosoideae com1 espécie, de folha composta bipinada, possui glândula, flores com muitos estames. As três subfamílias tem o tipo de fruto legume. A família Chrysobalanaceae foi representada por uma única espécie, com folhas simples e alternas com estípulas, possuem glândulas e o fruto do tipodrupa.Observou-se que a maioria das espécies associadas ao nome angelim, pertencem a família Fabaceae.A associação de espécies ao nome vernacular dificulta a identificação das mesmas, por isso énecessário conhecer e denominaras espécies pelo nome científico, evitando erros taxonômicos em sua descrição.

Palavra-Chave: floresta nativa; nome vulgar;taxonomi ¹Universidade Federal Rural da Amazônia, Instituto de Ciências Agrárias, Belém, PA, Brasil. ² Universidade Federal Rural da Amazônia, Instituto de Ciências Agrárias, Belém, PA, Brasil. ³ Universidade Federal Rural da Amazônia, Instituto de Ciências Agrárias, Belém, PA, Brasil. 4Universidade Federal Rural da Amazônia, Instituto de Ciências Agrárias, Belém, PA, Brasil. E-mail para correspondência: [email protected]

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NODULAÇÃO DE RAÍZES DE PLANTAS DE SOJA A PARTIR DE

SEMENTES INOCULADAS COM Bradyrhizobium japonicum, EM FUNÇÃO DO TEMPO

Paranatinga, Iasmin Laís Damasceno1

Dalla Costa, Tanara Pletsch1 Severo, Robinson2

A fixação biológica de nitrogênio por Bradyrhizobium japonicum em raízes de soja (Glycine

max L.) pode suprir toda a demanda nutricional por este elemento. No entanto, desconhece-se, cientificamente, a eficiência de nodulação quando sementes são tratadas com doses crescentes de inoculante comercial, sob as condições edafoclimáticas do município de Santarém, Pará. Neste sentido, objetivou-se avaliar a nodulação de raízes de plantas de soja, em função do tempo, a partir de sementes da cv. Monsoy 9350 inoculadas com B. japonicum. O ensaio foi conduzido entre maio e julho de 2015. A inoculação ocorreu no Laboratório de Fitopatologia e a semeadura no viveiro de mudas da Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém. A inoculação das amostras de sementes (500 g) foi realizada manualmente, no interior de sacos plásticos, onde foram distribuídas as doses de B. japonicum Semia 5079 e Semia 5080 (Bj), diluídas em solução de água destilada esterilizada açucarada (Aa) a 10 %. Isso feito, procedeu-se à semeadura manual em parcelas encanteiradas. Avaliaram-se cinco tratamentos: sementes não tratadas (T1);; tratadas com 3 ml de Aa + 0,6 g Bj (T2); 6 ml de Aa + 1,2 g de Bj (T3); 9 ml de Aa + 1,8 g Bj (T4); e 12 ml de Aa + 2,4 g de Bj (T5). Aos 25 dias após a semeadura se realizaram seis coletas semanais de cinco plantas/parcela. Posteriormente, os nódulos das raízes foram lavados em água corrente, destacados e pesados. Avaliaram-se o número de nódulos (NN) e sua massa verde (MVN)/planta, em função do tempo. Os dados foram apresentados na forma de gráficos de dispersão. Quanto ao NN, o T1 proporcionou um aumento médio de 0,2 NN e um crescente de 0,46 g de MVN, aos 60 dias. O T2 causou o maior acréscimo no NN aos 46 dias e na MVN aos 53 dias, superando em 96,36 e 80,89 %, respectivamente, o T1. O T3, em relação ao T1, promoveu aumentos mais expressivos no NN (98,21 %) e na MVN (68,06 %) aos 60 dias. O T4 provocou uma elevação progressiva no NN e na MVN, porém, aos 60 dias, houve uma redução na MVN. De maneira geral, o T5 pouco alterou o NN e, a partir dos 39 dias, causou diminuição na MVN. Diante disso, recomenda-se o uso da dose recomendada pelo fabricante (200 g/50 kg de sementes = T2) em condições favoráveis de cultivo e de conservação do inoculante. No entanto, em condições desfavoráveis, como altas temperaturas e deficiência hídrica do solo, deficiência nutricional da planta e baixa viabilidade do inoculante, recomenda-se o dobro da dose indicada pelo fabricante (T3).

Palavras-chave: Bradyrhizobiumjaponicum; nodulação; semente; soja; tempo

1Acadêmicas do Curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Agrárias com Ênfase em Produtos Naturais da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Laboratório de Fitopatologia, município de Santarém, Pará, Brasil; 2Professor de Microbiologia e Fitopatologia da Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Biodiversidade e Florestas, Laboratório de Fitopatologia, município de Santarém, Pará, Brasil; E-mail: [email protected]

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OCORRÊNCIA DE CULICÍDEOS (Diptera: Culicidae) EM TRÊS

MUNICÍPIOS DA MICRORREGIÃO DO GUAMÁ – PA

Silva, Elson Junior Souza da1 Senado, Jéssy AnniVilhena1

Bahia, Pamela Thais Figueira1

Pereira, Wendel Valter da Silveira1

Moraes, Camila Huádyla Freitasde1

Os culicídeos representam a maior fonte de infecção do homem pelos arbovírus na Amazônia. São vetores de diversas doenças como a malária, febre amarela, dengue e filariose que é transmitida principalmente por espécies de mosquitos do gênero Culex. Levando em consideração a importância do levantamento de vetores de doenças para o programa de endemias do Estado do Pará, o presente estudo teve como objetivo verificar a ocorrência de culicídeos nos municípios de Ourém (01º 33’07’’;; 47º 06’ 52’’), Capitão poço (01º44’47’’;; 47º03’34’’) e Garrafão do norte (01º44’47’’;; 47º03’34’’). A coleta dos insetos ocorreu no período de 18 a 22 de fevereiro de 2014 em 11 pontos, sendo os pontos P1 a P7 em capitão poço, P8 em Garrafão do Norte e de P9 a P11 em Ourém. Em cada ponto foram alocadas duas armadilhas do tipo CDC (Center

onDiseaseControl) a 1,5m do solo as quais permaneceram no local de 18:30h às 06:00h do dia seguinte para a captura dos culicídeos. Os espécimes foram armazenados em potes de polietileno contendo no fundo naftalina derretida e papel absorvente. Após a etiquetagem, os mosquitos foram encaminhados ao Laboratório de Entomologia do Museu Paraense Emílio Goeldi, onde foram identificados em nível de espécie. Foi realizada uma análise estatística para verificar os aspectos da riqueza e equitabilidadeatravés do programa BioEstat 5.0. Foram coletados 1607 espécimes da família Culicidae, distribuídas em 12 gêneros e 13 espécies. Os gêneros mais abundantes nos onze pontos amostrados foram Culexcom 57,8% seguida de Psorophora com 26,8%, Ochlerotatus com 8,8%,Aedomyia com 1,4% e Anopheles com 1,2% dos exemplares capturados. Os demais gêneros obtiveram número inferior a 20 indivíduos.A família Culicidae tem grande importância do ponto de vista eco-epidemiológico por serem capazes de transmitir múltiplos parasitas ao homem e aos animais domésticos. As espécies mais frequentes nos três gêneros mais abundantes foram respectivamente Culexdeclarator (46,8%), Psorophoraalbipes(95,8%) e Ochlerotatusserratus (8,5%). Na análise estatística foi observada uma constante entre a riqueza de Culicidae.Entretanto, houve maior equitabilidade nos pontos P3, P4, P6, P7, P8, P9 e P11 (0.72 a 0.90). Observou-se no estudo a ocorrência predominante de espécies potencialmente transmissores de arboviroses locais com ênfase nas espécies Psorophoraalbipes, Culexdeclarator, Culexsp.eOchlerotatusserratus.

Palavra-Chave: anófeles; culícideos; vetores.

1Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Instituto de Ciências Agrárias, Belém, Pará, Brasil. E-mail para correspondência: [email protected]

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OCORRÊNCIA DE DOENÇAS NA PÓS-COLHEITA DE JILÓ MEDIANTE

ATMOSFERA MODIFICADA

Santos, Andrey Araújo dos1 Sanches, Alex Guimarães2

Santana, Paula Jaqueline Antes3 Moura, Dayane Nascimento Neto de3

A atmosfera modificada exerce grande influência na manutenção da qualidade pós-colheita de frutas e hortaliças, no entanto, com o tempo de armazenamento esses produtos acabam sendo acometidos por doenças seja pelo avançado estádio de senescência ou pela forma de acondicionamento. O presente trabalho tem por objetivo avaliar a ocorrência de doenças na pós-colheita de jiló sob atmosfera modificada mediante aplicação de biofilme comestível á base de fécula de mandioca e amido de milho além de filme plástico de PVC. Os frutos foram adquiridos no comércio local de Altamira e conduzidos até o laboratório de Tecnologia de Produtos onde foram submetidos aos seguintes tratamentos: T1= Testemunha, sem revestimento; T2= Fécula de mandioca 3%; T3= Fécula de mandioca 6%; T4= Amido de milho 3%; T5= Amido de milho 6% e T6= Filme plástico de PVC. Os frutos foram mantidos por 12 dias em temperatura ambiente (25°C ± 2) e U.R 90% e mais 8 dias em B.O.D à 28° C. Os frutos do tratamento controle (T1), não foram mantidos em B.O.D pois ao final de 12 dias em temperatura ambiente já apresentavam-se completamente deteriorados. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado composto por esquema fatorial 6x5 com três repetições e três frutos por parcela experimental. A ocorrência de doenças ocorreu após nove dias de armazenamento em temperatura ambiente sendo acentuada nos frutos sem tratamento (controle), com diagnóstico de Colletotrichumgloeosporioides,Fusariumspp.eAspergillus.Após 8 dias de armazenamento em B.O.D todos os tratamentos apresentaram incidência de doenças de modo que os frutos tratados nas menores concentrações de fécula de mandioca á 3%, tratamento T2, apresentaram as maiores ocorrências de 82,5% de Fusariumspp.e 16,5%para Colletotrichumgloeosporioides, o tratamento T4 com amido de milho à 3% apresentou Fusarium spp. com ocorrência de 16,5%. Os frutos tratados com fécula de mandioca (T3) e amido de milho (T5) á 6% apresentaram incidência de doenças com 33% de Fusarium spp. para ambos tratamentos. O filme plástico de PVC apresentou a ocorrência de Fusarium spp.de 49,5%, com detecção de 33% deAspergillusspp após 8 dias em B.O.D. A utilização da atmosfera modificada mediante aplicação de biofilme e filme plástico de PVC inibiram a ocorrência de doenças em frutos de jiló por até 12 dias em temperatura ambiente, houve ocorrência de Fusarium spp.na pós-colheita dos frutos de jiló em todos os tratamentos, porém o tratamento que apresentou menores incidência de fungos patogênicos foi o tratamento com amido de milho à 6%, sendo recomendado com alternativa de conservação de frutos na pós-colheita já que o mesmo é caracterizado como biofilme. Palavras-chave: SolanumgiloRaddi.;fungos; patologia

1Discente do 7° período do curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará, Campus Altamira. 2Engenheiro Agrônomo. 3Discentes do 7° período do curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará, Campus Altamira. E-mail para correspondência: [email protected]

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QUALIDADE DE BERINJELAS CULTIVADAS SOB DIFERENTES DOSES

DE COMPOSTO ORGÂNICO

Menezes, KerenRailka Paiva1 Sanches, Alex Guimarães2 Costa, Jaqueline Macedo2

Cordeiro, Carlos Alberto Martins3

As cultivares híbridos de berinjelas (Ciça, Solara, Napolitana, Ryoma, Shoyalong e Roma) foram cultivados em horta comercial localizada no Município de Brasil Novo-PA, no período compreendido entre Novembro de 2014 á Março de 2015 com as seguintes concentrações de composto orgânico (5, 10, 15 e 20 ton ha-1) que fornecem para a cultura os macro e micronutrientes fundamentais no seu desenvolvimento.O composto orgânico utilizado foi produzido a partir de resíduos de bagaço de cana de açúcar, caroço de açaí carbonizado, casca de arroz carbonizada, casca de cacau e casca de café. Todos os resíduos foram misturados e umedecidos até 60-80% sendo revirados a cada 5 dias. Ao final de aproximadamente 100 dias, com temperatura de aproximadamente 30°C, o composto estava pronto para ser utilizado na cultura.O presente trabalho objetivou avaliar a qualidade pós-colheita dos frutos sob diferentes concentrações de composto orgânico. O trabalho foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado (DIC) em esquema fatorial 6x4 (6 variedades e 4 doses de composto orgânico), com três repetições. Foram realizadas análises de coloração, firmeza, pH, acidez titulável, sólidos solúveis, vitamina C e atividade antioxidante total. Os resultados foram submetidos às análises estatísticas utilizando-se o softwareASSISTAT 7.7, em que se realizou a análise de variância e a comparação das médias pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. As variedades estudadas apresentaram diferentes comportamentos em relação a características pós-colheita avaliadas quando submetidas a doses crescentes de composto orgânico. As variáveis cor e sólidos solúveis foram influenciadas somente pelas variedades, a atividade antioxidante total foi influenciada pelos fatores estudados separadamente e a interação entre variedades e as doses de composto orgânico foram observadas para as variáveis pH, firmeza, acidez titulável e vitamina C . A cultivarCiça destacou-se das demais por apresentar frutos mais roxos e brilhantes, pouca variação da firmeza e diminuição da acidez titulável com o aumento das doses de composto orgânico. As variedades de berinjela no geral apresentaram variações nos teores de vitamina C e menor índice de acidezcom o aumento das doses de composto orgânico. A dose de 20ton ha-1 favoreceu frutos com maior teor de vitamina C e atividade antioxidante sendo, portanto a mais indicada para o cultivo da berinjela nas condições climáticas da região. Palavras-chave: SolanummelongenaL.;pós-colheita; sistema orgânico de produção

1 Discente do 5° período do curso de Engenharia Agronômica, Universidade Federal do Pará, Campus Altamira. 2Engenheiros Agrônomos, instrutores voluntários no laboratório de Tecnologia de Produtos, Faculdade de Engenharia Agronômica, UFPA, Altamira. 3Professor Adjunto da Faculdade de Engenharia de Pesca, Universidade Federal do Pará, Campus Bragança. E-mail para correspondência: [email protected]

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QUANTIFICAÇÃO DE CIPÓ AMBÉ (Philodendronimbe Schott) EM UMA

ÁREANA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS

Andrea Araujo da Silva¹ Brenda Letícia Rodrigues²

Lizandra Elizeário dos Santos² Karla Almada Gomes³

Talita Goldinho Bezerra³ Renato Bezerra da Silva Ribeiro4 João Ricardo Vasconcelos Gama5

As florestas amazônicas possuem alta diversidade de espécies e diferentes estruturas, com ocorrência de indivíduos de idades e tamanhos distintos, além de diversas utilizações.Estes recursos sempre estiveram disponíveis ao homem numa relação intrínseca entre densidade e riqueza. Nesse contexto, destaca-se a utilização do cipó da espécie PhilodendronimbeSchott que é conhecido popularmente como cipó ambé. Desta forma, o objetivo do trabalho foi quantificar as fibras proveniente do cipó ambéPhilodendronimbeSchott na Floresta Nacional do Tapajós.O estudo foi realizado na Área de Manejo Florestal (AMF) da Cooperativa Mista da Flona Tapajós (COOMFLONA), localizada na Floresta Nacional do Tapajós, especificamente no km 72 da BR-163, município de Belterra, Pará. A coleta foi realizada em duas Unidades de Trabalho (UTs) totalizando 175 ha, as quais são divididas em linhas equidistantes de 50m de largura por 1.000 m de comprimento, totalizando 35 linhas. Foram inventariadas árvores com cipó a partir do DAP ≥ 10cm, obtendo informações de variáveis dendrométricas (altura, diâmetro e qualidade de fuste) e números de fios de cipó ambé por árvore. Realizou-se a distribuição diamétrica e avaliou-se o quantitativo de cipó, relacionando com a área do inventário para obtenção da quantidade de árvores hospedeiras versus tamanho da área, quantidade de árvores hospedeiras versus quantidade de fios. Após avaliação do banco de dados foram verificadas 15 árvores com a presença de cipó ambé resultando em densidade de árvores hospedeiras de 0,09 árv./ha. Contabilizou-se152 fios num total de 0,87 fios por hectare e 10,13 de fios por hospedeiro, considerados valores baixos se comparados a outros trabalhos. Essa diferença entre densidade de uma área para outra pode ser em função do tipo da floresta. As classes de DAP onde ocorreram maior quantidade de indivíduos foram de 45 cm e 55 cm. A partir da avaliação dos dados concluiu-se que o cipó ambé tem baixa densidade na área do km 72 da Floresta Nacional do Tapajós, recomendando que não haja coleta desta matéria prima para não afetar seu desenvolvimento e assim preservar esta importante espécie. Palavras-chave: Amazônia; Manejo Florestal Comunitário; Produto Florestal Não Madeireiro ¹Acadêmica de Engenharia Florestal, bolsista de Iniciação Científica, Universidade Federal do Oeste do Pará, Campus Tapajós Santarém, [email protected]. ²Acadêmica de Engenharia Florestal, bolsista de Iniciação Científica PIBIC/FAPESPA, Universidade Federal do Oeste do Pará, Campus Tapajós Santarém. ³Acadêmica de Engenharia Florestal, bolsista de Iniciação Científica PIBIC/ICMBio, Universidade Federal do Oeste do Pará, Campus Tapajós Santarém. 4Engenheiro Florestal, Professor Assistente, Universidade Federal do Oeste do Pará, Campus Santarém. 5Engenheiro Florestal, Professor Adjunto, Universidade Federal do Oeste do Pará, Campus Santarém.