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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA - TRABALHO FINAL ANDRÉ RUGE ANDRADE GONÇALVES ARTIGO DE REVISÃO ÁREA CIENTÍFICA DE DERMATOLOGIA Tratamento Farmacológico da Hidradenite Supurativa Trabalho realizado sob a orientação de: PROFESSORA DOUTORA MARIA MARGARIDA MARTINS GONÇALO MARÇO DE 2018

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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA - TRABALHO FINAL

ANDRÉ RUGE ANDRADE GONÇALVES

ARTIGO DE REVISÃO

ÁREA CIENTÍFICA DE DERMATOLOGIA

Tratamento Farmacológico da Hidradenite Supurativa

Trabalho realizado sob a orientação de:

PROFESSORA DOUTORA MARIA MARGARIDA MARTINS GONÇALO

MARÇO DE 2018

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Tratamento Farmacológico da Hidradenite Supurativa

Artigo de Revisão

André Ruge Andrade Gonçalves

1

1Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra, Portugal

1([email protected])

Trabalho final do 6.º ano médico com vista à atribuição do grau de mestre no âmbito do

ciclo de estudos do Mestrado Integrado em Medicina.

Área científica: Dermatologia

Orientador: Professora Doutora Maria Margarida Martins Gonçalo, professora auxiliar

convidada da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Coimbra. Março de 2018

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Índice

Lista de Tabelas e Figuras .......................................................................................................... 4

Resumo ....................................................................................................................................... 6

Abstract ...................................................................................................................................... 8

1. Introdução ......................................................................................................................... 10

2. Materiais e métodos .......................................................................................................... 12

3. Desenvolvimento .............................................................................................................. 13

3.1. Dados epidemiológicos.............................................................................................. 13

3.2. Fisiopatologia ............................................................................................................ 13

3.2.1. Factores Genéticos ............................................................................................. 14

3.2.2. Factores inflamatórios ........................................................................................ 15

3.3. Clínica ........................................................................................................................ 19

3.3.1. Curso da doença ................................................................................................. 19

3.3.2. Regiões afectadas ............................................................................................... 19

3.3.3. Comorbilidades .................................................................................................. 20

3.4. Diagnóstico ................................................................................................................ 22

3.5. Tratamento ................................................................................................................. 26

3.5.1. Terapêutica Tópica ............................................................................................. 29

3.5.2. Terapêutica Sistémica ........................................................................................ 31

3.5.2.1. Antibioterapia oral ......................................................................................... 31

3.5.2.2. Terapêutica hormonal .................................................................................... 35

3.5.2.3. Retinóides orais .............................................................................................. 38

3.5.2.4. Metformina ..................................................................................................... 41

3.5.2.5. Terapêutica com agentes biológicos .............................................................. 42

4. Discussão ......................................................................................................................... 51

5. Conclusão ......................................................................................................................... 55

6. Agradecimentos ................................................................................................................ 57

7. Referências Bibliográficas ............................................................................................... 58

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Lista de Tabelas e Figuras

Tabela 1- Classificação de Hurley

Tabela 2- Escala de Sartorius

Tabela 3- Tratamento da Hidradenite Supurativa consoante escala de Hurley

Figura 1- Aspecto das lesões de Hidradenite Supurativa após infliximab

Figura 2- Lesões de Hidradenite Supurativa nas axilas

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Lista de abreviaturas

CD: Cluster Differentiation

DLQI: Dermatology Quality of Life Index

DNA: Ácido Desoxirribonucleico

EMA: European Medicines Agency

FDA: Food and Drug Admnistration

HiSCR: Hidradenitis Suppurativa Clinical

Response

HS: Hidradenitis Suppurativa

Ig: Imunoglobulina

IL: Interleucina

I.V: Intra-Venoso

mSS: Escala de Sartorius modificada

PCR: Proteína C-Reactiva

PGA: Physician’s Global Assessment

RCT: Randomized Clinical Trial

S.C: Sub-cutâneo

Th: Linfócitos T Helper

TLR: Toll Like Receptor

TNF: Factor de Necrose Tumoral

tRNA: Ácido ribonucleico de

Transferência

VS: Velocidade de Sedimentação

VAS: Visual Analogue Scale

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Resumo

Introdução: A Hidradenite supurativa é uma doença inflamatória, crónica, e debilitante da pele

que afecta maioritariamente as áreas ricas em glândulas apócrinas. Caracteriza-se pela formação

de nódulos e de abcessos dolorosos nas fases iniciais, com formação de trajectos fistulsosos e

lesões cicatriciais nas fases crónicas. As opções terapêuticas farmacológicas englobam a terapia

tópica ou sistémica, sendo a sua escolha baseada no grau de severidade, nomeadamente na

escala de Hurley.

Materiais e Métodos: A pesquisa bibliográfica para a elaboração deste trabalho foi obtida

através das plataformas Pubmed e Medline. Foram selecionados artigos de revisão, artigos

científicos e séries de casos. Da análise cuidada e crítica das referências seleccionadas elaborou-

se este artigo.

Resultados: Dentro das terapêuticas tópicas, a clindamicina e o resorcinol demonstraram bons

resultados no tratamento e alívio da dor em lesões superficiais dos estadios I e II de Hurley.

Com o alastrar da doença ou com o aumento da severidade a terapêutica sistémica revelou-se

melhor opção. Esta engloba a antibioterapia oral, retinóides orais e agentes biotecnológicos. As

tetraciclinas demonstraram resultados semelhantes aos da clindamicina tópica. Já associação

clindamicina-rifampicina demonstrou boa eficácia no tratamento de doentes em estágios I e II

de Hurley, mas os seus efeitos adversos revelaram-se muitas vezes intoleráveis. O alargar do

espectro com a combinação rifampicina-moxifloxacina-metronidazol revelou, 87,5% de

remissões completas em estágios I e II de Hurley. Ao contrário da isotretinoína, a acitretina

demonstrou resultados promissores no tratamento de estágios I e II moderados de doença. Em

estadios mais avançados II e III de Hurley, os fármacos biotecnológicos anti-TNF-α

demonstraram-se eficazes apesar da diminuição da eficácia com o tratamento prolongado.

Dentro destes, o infliximab mostrou-se o mais eficaz, no entanto o adalimumab registou melhor

tolerância.

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Conclusão: Apesar dos agentes oferecidos serem múltiplos e variados, a maioria é usada off-

label por falta de evidência científica que sustente a sua utilização. Os agentes tópicos como o

resorcinol e a clindamicina 0,1% podem ser utilizados no tratamento de doença em estágios

ligeiros I de Hurley. Para o tratamento de estágios I e II de Hurley os antibióticos sistémicos

são as opções terapêuticas mais aceites. As tetraciclinas são oferecidas muitas vezes como

primeira linha, no entanto, o uso da associação clindamicina (600 mg/dia) com rifampicina (600

mg/dia) encontra-se melhor documentado. Os retinoides, nomeadamente a acitretina, pode ser

oferecido para doentes também em estágios leves a moderados de doença, excepto em mulheres

em idade fértil. Já o uso de anti-androgénios deve ser reservado para doentes do sexo feminino

que não demonstraram melhorias com o uso de antibióticos ou cujo perfil hormonal se encontre

alterado. Os agentes anti-TNF-α estão indicados em doentes com estadios mais avançados e

resistentes de doença, estando por isso reservados em doentes em estadios moderados a severos

de doença (II e III). Deste o infliximab parece apresentar maior eficácia, mas a maior

tolerabilidade do adalimumab tornaram-no o único fármaco actualmente aprovado pela FDA e

EMA para o tratamento da Hidradenite Supurativa.

Palavras-chave: Hidradenite Supurativa, Tratamento, Terapêutica Farmacológica

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Abstract

Introduction: Hidradenitis suppurativa is a chronic, inflammatory and debilitating disease of

the skin, which affects mainly areas rich in apocrine glands. It is characterized by nodules and

painful abscesses in the early stages, with formation of fistulous sinus tracts and scar lesions in

the chronic phase. Pharmacological therapeutic options include topical or systemic therapy,

based on the degree of severity, namely on Hurley’s scale.

Materials and methods: A literature search for this work was performed using Pubmed and

Medline databases. Scientific articles, as well as review articles and case series were selected

and after a careful and critical overview we elaborated this review article.

Results: Topical therapy, including, clindamycin and resorcinol, showed promising results in

the relief of pain and clearing of lesions of superficial lesions (Hurley I and II stages). With the

spread of the disease or with increasing severity, systemic therapy proved to be a better option.

This includes oral antibiotics, oral retinoids and biotechnological drugs. Tetracyclines exhibited

similar results as topical clindamycin. Moreover, the clindamycin-rifampicin combination has

been shown to be effective in treating patients in stages I and II of Hurley. However, their

adverse effects have often proved intolerable in many cases. Broadening the spectrum with the

combination rifampicin-moxifloxacin-metronidazole revealed complete remissions in 87,5% of

cases in stages I and II of Hurley. Unlike isotretinoin, acitretin revealed promising results in the

treatment of moderate stages of disease. In more advanced Hurley stages II and III, anti-TNF-

α drugs have been shown to be effective despite decreasing efficacy with prolonged treatment.

Infliximab was shown to be the most effective, however, adalimumab showed better tolerance.

Conclusion: Although many pharmacological agents have been used in hidradenitis

suppurative, most of them are used off-label due to lack of scientific evidence to support their

use. Topical agents such as resorcinol and 0.1% clindamycin may be used in Hurley's stages I.

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For the treatment of Hurley stages I and II, systemic antibiotics are the most accepted

therapeutic options. Tetracyclines are often offered as a first line, however, the use of

clindamycin (600 mg / day) with rifampicin (600 mg / day) is better documented. Retinoids,

notably acitretin, may be offered to patients also in mild to moderate stages of disease, except

in women of childbearing age. Antiandrogens should be reserved for female patients who have

not improved with antibiotics or whose hormonal profile is altered. Anti-TNF-α agents are

indicated in patients with more advanced disease and resistant cases and are therefore reserved

for patients with moderate to severe stages of the disease (II and III). Infliximab appears to be

more effective, but adalimumab with a better safety profile is the only drug currently approved

by the FDA and EMA for the treatment of Hidradenitis Suppurativa.

Key words: Hidradenitis Suppurativa, Treatment, Medical Treatment

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1. Introdução

A hidradenite supurativa (HS), também conhecida como Acne Inversa, ou ainda Doença

de Verneuil perfila-se como uma doença inflamatória, crónica, recorrente, debilitante e

desfigurante da pele (1). Faz parte da Tétrade de Oclusão Folicular que agrupa a acne

conglobata, a celulite dissecante do couro cabeludo, sinus pilonidal e a própria hidradenite em

si como doenças clinicamente distintas mas com características histopatológicas semelhantes,

mais concretamente a hiperqueratinização folicular (2).

Trata-se de uma patologia multifocal, com períodos de remissão e exacerbação variáveis

em duração e periodicidade, caracterizada pelo surgimento de furúnculos, nódulos e abcessos

dolorosos, nas suas fases mais prematuras, que evoluem para a cronicidade e dão lugar a

formação de trajectos fistulosos e formação de tecido cicatricial. Estas lesões são mais

frequentes em áreas ricas em glândulas apócrinas como a axila, região anogenital e as pregas

sub- e inter-mamárias, embora outras áreas possam também estar envolvidas (3–5).

Na sua génese acredita-se estarem factores genéticos que, conjuntamente com factores

ambientais condicionam uma oclusão folicular ao nível da unidade pilossebácea, seguida pela

rotura da mesma e consequente resposta inflamatória, mediada inicialmente pela imunidade

inata (primária) e posteriormente pela imunidade adaptativa (tardia) (2–6).

Trata-se de uma doença desafiante quer em termos diagnósticos quer em termos

terapêuticos, com um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes. As opções

terapêuticas farmacológicas dividem-se em tópicas e sistémicas sendo o seu escalonamento

baseado nos graus de severidade da doença, nomeadamente nos 3 estadios da Escala de Hurley.

Dentro das primeiras a clindamicina 0,1% e resorcinol tópico são utilizados nos estadios I e II

mais ligeiros com boas taxas de segurança. A terapêutica sistémica, reservada para fases

moderadas a severas de doença, divide-se essencialmente em antibioterapia oral, terapêutica

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hormonal e retinóides orais, normalmente considerada para estágios I e II resistentes à

terapêutica tópica ou alastramento/extensão das lesões. Nos últimos anos surgiram os agentes

biológicos, como o infliximab e o adalimumab, com resultados promissores no tratamento de

estadios II e III mais avançados de doença. Não existe actualmente cura para a hidradenite,

antevendo-se um papel mais supressivo do que curativo por parte desta terapêutica (6–9).

Urge portanto um aprofundar de conhecimento e competências que permitam uma

melhor prestação de cuidados aos doentes, pretendendo-se com este trabalho sumariar as

diversas opções descritas na literatura actual comparando-as e avaliando a validade do seu uso

na Dermatologia, à luz dos actuais conhecimentos sob a fisiopatologia desta doença crónica.

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2. Materiais e métodos

Para a elaboração deste artigo de revisão, foram consultados artigos científicos, artigos

de revisão e séries de casos clínicos, obtidos com recurso às plataformas PubMed e Medline.

Para a pesquisa utilizaram-se os termos meSH “Hidradenitis Suppurativa”, “Hidradenitis

Suppurativa/therapy” e “Acne Inversa”. Restringiu-se a pesquisa a artigos em língua inglesa e

espanhola, não tendo sido encontrados artigos escritos em português.

Fruto da escassez bibliográfica actual, alicerçada essencialmente em trabalhos de

reduzido grau de evidência, foi necessário expandir a pesquisa a artigos publicados aos últimos

10 anos, tendo-se mais tarde e, sempre que pertinente e necessário, complementado a

bibliografia com 9 referências de datações mais antigas.

Foram analisadas 90 referências bibliográficas, seleccionadas de acordo com a sua

relevância. Embora o artigo seja sobre a abordagem farmacológica no Tratamento da

Hidradenite Supurativa, achou-se essencial uma descrição genérica abrangendo a

epidemiologia, fisiopatologia, diagnóstico e estadiamento, para uma melhor integração e

compreensão do tema.

Da análise cuidada e crítica das referências seleccionadas elaborou-se então este artigo.

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3. Desenvolvimento

3.1. Dados epidemiológicos

Importa antes de mais ressalvar que os valores absolutos da prevalência da HS estão

longe de serem consensuais ou inteiramente conhecidos, denotando significativa variação

consoante a metodologia impregne nos estudos realizados.

Estima-se, no entanto, que varie entre os valores contidos no intervalo de 0,0003-4 %.

(10,11). É significativamente mais prevalente no continente Europeu, onde estudos estimam

valores de 1% para a população geral e 4% para jovens adultos do sexo feminino (12–14). Já

para o continente Americano estudos apontam para valores na casa dos 0,05-0,20% (15,16).

Estes resultados são no entanto controversos e de difícil extrapolação dados os erros de

diagnóstico ainda frequentes nos dias de hoje. De facto existe significativa discrepância entre a

prevalência estimada pelos hospitais, apenas de 0,05%, para os valores baseados em inquéritos

populacionais (1-2%) (17).

A Hidradenite Supurativa afecta predominantemente indivíduos do sexo feminino com

rácios calculados que variam de 3:1 a 5:1(2,4,12,18).

É uma doença que surge após a puberdade, com picos de incidência na segunda e terceira

décadas de vida (5,11,19). O aparecimento em estados pré pubertários não é usual, mas quando

presente afecta crianças entre os 7 e os 9 anos (20,21), sendo o caso mais precocemente

registado aos 6 anos de idade (22). Estas crianças parecem padecer de uma puberdade precoce

condição que parece essencial para o desenvolvimento do quadro (2,20,21,23,24).

3.2. Fisiopatologia

A patogénese da HS ainda não se encontra totalmente esclarecida (5,18,25).

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Estudos mais recentes indicam que HS tem a sua génese ao nível da oclusão e

inflamação do folículo piloso, às quais se somam ainda desregulações das imunidades inata e

adaptativa (25–28).

É uma doença multifactorial, nos quais diferentes factores ambientais e de risco

interagem com indivíduos geneticamente susceptíveis à doença (5,16,29).

3.2.1. Factores Genéticos

Diferentes estudos parecem comprovar a influência genética no desenvolvimento da HS,

com 30-40 % dos doentes a relatarem antecedentes familiares de doença (5,18).

No entanto, e devido à heterogeneidade de genes envolvidos nestas formas hereditárias

de doença, correlações entre os diferentes genótipos e consequentes fenótipos tardam a ser

cientificamente estabelecidas (30–32).

Formas familiares de doença com padrões de transmissão autossómicos dominantes,

com 100% de penetrância, relacionados com mutações de perda de função das subunidades da

γ-secretase foram descritos na literatura (9,33,34). Calcula-se que estas mutações estejam

presentes em 5% dos doentes que sofrem de HS e que estejam associadas a fenótipos mais

severos e extensos de doença (9,29,33–35).

Esta gama de proteínas desempenha funções preponderantes na regulação na via de

sinalização Notch, desempenhando um papel importante no desenvolvimento de folículos

pilosos e na imunomodulação da resposta mediada por células T (18,36).

Estudos em ratinhos demonstraram que défices das proteínas transmembranares Notch-

1 implicadas nesta via, provocam a oclusão dos folículos pilosos, evento fisiopatológico que

hoje se acredita ser a chave no desenvolvimento da doença(37). A este fenómeno somam-se

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ainda alterações a nível da queratinização folicular, hiperplasia epidérmica, atrofia e formação

de quistos, alterações frequentemente encontradas na HS (34).

Xiao et al corroboram esta possível correlação concluindo que mutações no gene

NCSTN, codificador destas proteínas, provocam níveis mais elevados de γ-secretases nos

queratinócitos e consequente aumento dos níveis de crescimento e proliferação (38).

Ressalvar que mutações nestas proteínas não parecem implicar necessariamente o

desenvolvimento e progressão da doença (39) e que defeitos nas mesmas raramente são

identificados em doentes com a forma espontânea de HS (9).

3.2.2. Factores inflamatórios

A HS é actualmente descrita como uma doença inflamatória sistémica, na qual os

processos fisiopatológicos se iniciam bastante mais cedo que as primeiras manifestações

clínicas (10,40).

A oclusão e rotura folicular resultante da hiperqueratinização e consequente inflamação

linfohistocitária conjuntamente com desregulação ao nível da imunidade inata e adaptativa

assumem papel preponderante na patogénese da HS (5,18,25,29).

A inflamação inicia-se numa fase subclínica de doença, resultando na hiperplasia e

hiperqueratose infundibular do folículo piloso (25,40). Estes fenómenos são exacerbados pela

fricção mecânica e pelo fumo do tabaco, dois dos mais importantes factores etiológicos

conhecidos no aparecimento e desenvolvimento da doença (18,40,41).

Da hiperqueratinização resulta a oclusão e dilatação do folículo piloso, com consequente

rotura do mesmo. O conteúdo da unidade pilossebácea, rico em queratina e bactérias, espalha-

se no tecido circundante o que desencadeia uma resposta inflamatória, inicialmente mediada

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pela imunidade inata e, posteriormente, inflamação crónica eventualmente mediada pela

imunidade adaptativa (5,7,18,25,40).

A evolução para uma forma clinicamente visível de doença verifica-se aquando a

formação de abcessos e nódulos com posterior destruição da unidade pilossebácea e das

glândulas anexiais adjacentes(5,25,40), rotura e formação de fístulas e trajectos fistulosos que

marcam os estadios mais avançados de doença.(18)

Nos estadios mais iniciais predominam assim abcessos neutrofílicos e um infiltrado

inflamatório rico em macrófagos, monócitos e células dendríticas, que nas fases mais

avançadas, com a cronicidade da doença, abrange também linfócitos T, B e plasmócitos (29).

Alterações nos TLR (Toll-like receptors) dos macrófagos e das células dendríticas

levam a uma maior produção de citoquinas pró-inflamatórias com consequente activação das

células dendríticas que segregam a IL-23 promovendo a polarização para células Th17 (29).

Esta hipótese é reforçada pelo aumento dos níveis de citoquinas pró-inflamatórias em

doentes que padecem de HS, entre as quais o TNF-α, IL-1β, IL-8, IL-10, IL-17, IL-20, IL-22,

IL-23 e Interferon-γ(25), embora alguns estudos descrevam níveis diminuídos deste último,

assim como de IL-20 e IL-22 (29).

Kanni T et al. (42) corroboraram estes resultados registando a elevação do TNF-α, IL-

1β, IL-1α e IL-17 no conteúdo purulento das lesões da HS.

De facto, os macrófagos da derme reticular e papilar sobreexpressam citoquinas IL-12

e IL-23 aos quais se juntam ainda linfócitos T CD4+ (Thelper) produtoras de IL-17 (Th17)

(18,36). Estes mediadores, com acção pró-inflamatória, assumem papel preponderante na

destruição auto-imune dos tecidos, com vários estudos a correlacionar os maiores níveis

registados destes agentes pro-inflamatórios com a severidade da doença (10,29). A IL-17

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funciona ainda como activador dos queratinócitos, registando-se elevadas concentrações na

pele lesada e circundante (10).

Forma-se assim um círculo vicioso de inflamação que condiciona a rotura dos folículos,

a difusão do conteúdo folicular para a pele adjacente e consequentemente uma resposta

inflamatória crónica (40).

Outro aspecto importante na fisiopatologia da HS é a colonização bacteriana secundária,

e eventual infecção, que promovem uma maior severidade de doença. Os microorganismos

colonizam os folículos pilosos e os trajectos fistulosos contribuindo desta forma para a

perpetuação da inflamação (10).

Um estudo levado a cabo por Hélène Guet-Revillet et al.(43) em 102 doentes com HS

sobreinfectada objectivou que o microorganismo mais comummente encontrado nos abcessos

e lesões nodulares era o Staphylococcus lugdunensis presente em aproximadamente 80% dos

doentes. Outras espécies encontradas incluíram ainda anaeróbios obrigatórios da microflora da

pele, Streptococcus do grupo milleri e actinobactérias, encontrados em 24 % das lesões

estudadas e em 87 % nas lesões crónicas supurativas. Outro trabalho descreveu

Corynebacterium (14%), Staphylococcus epidermidis (13,1%) e Staphylococcus aureus

(10,4%) como as espécies mais prevalentes nas lesões da HS (44).

Diferentes mecanismos foram propostos como complementares aos mecanismos supra-

referidos: alterações na expressão dos péptidos antimicrobianos, secreção anormal por parte das

glândulas apócrinas, invaginações epidérmicas e consequentes formações de trajectos

fistulosos, défice das glândulas sebáceas são alguns dos exemplos defendidos na literatura (5).

Em suma, a patogénese da HS encontra-se longe de estar inteiramente elucidada, mas

estão lançadas as bases para uma maior e melhor compreensão e caracterização da doença,

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condições essenciais para o aprimorar das opções terapêuticas disponíveis para tratamento desta

patologia.

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3.3. Clínica

3.3.1. Curso da doença

É uma doença benigna, dolorosa e crónica, normalmente caracterizada por períodos de

exacerbação (que podem coincidir com a fase pré-menstrual – premenstrual flares), e remissão

variáveis, podendo durar semanas a meses. Pode regredir completamente ou parcialmente com

a gravidez e amamentação, sendo a menopausa por norma curativa (3).

O quadro inicia-se de forma insidiosa pela formação de nódulos subcutâneos que

progridem para nódulos profundos e bilaterais (2,4,5,7).

Até 50% dos doentes referem uma sensação de queimadura, picada, prurido e

hiperhidrose 12 a 48 horas antes do aparecimento de um nódulo doloroso isolado e visível que

pode durar de 7-15 dias (4,5).

Os nódulos acabam por coalescer e formar abcessos dolorosos e estéreis, que ao sofrer

rotura a nível da parede, emitem uma descarga de conteúdo purulento e de cheiro desagradável.

À medida que a doença evolui para cronicidade formam-se comedões com múltiplos orifícios,

trajectos fistulosos e cicatrizes com consequente desfiguração das áreas afectadas (2,4,5,7).

3.3.2. Regiões afectadas

Parece claro que as zonas ricas em glândulas apócrinas como as axilas, pregas mamárias,

região inguinal e região anogenital são de longe as áreas mais afectadas (2–5,7).

Com o progredir do quadro zonas sujeitas a stress mecânico repetitivo como a nuca,

tronco e cintura podem também ser afectadas. Outras localizações aberrantes como a região

periumbilical foram já registadas (4,5).

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As zonas afectadas variam consoante o sexo: no sexo feminino as zonas mais afectadas

são as pregas mamárias (22%) e virilhas (93%) e as áreas genitais (3,18,45). Já nos homens a

HS afecta a região glútea em 40 % e a área perianal em 51 % dos casos (3,18).

As zonas mais afectadas são então, por ordem de frequência, as axilas, região inguinal,

região perianal, zona mamária e infra mamária, glúteos, região púbica, tórax, couro cabeludo,

zona retro auricular e pálpebra (5).

Figura 1 – Áreas de cicatrização e fibrose nas axilas. Lesões nodulares (à direita).

Fonte: Serviço de Dermatologia e Venereologia do Centro Hospitalar da Universidade de

Coimbra

3.3.3. Comorbilidades

Parece haver uma correlação ente o índice de massa corporal e o curso e severidade da

HS. A obesidade é, por si só, um estado pró-inflamatório resultante da libertação de citoquinas

como o TNF-alpha, IL-6 e IL-1beta pelos macrófagos presentes na gordura visceral. A este

mecanismo soma-se ainda uma componente mecânica com a retenção aumentada de suor e o

aumento de fricção nas pregas cutâneas (aumentadas em doentes com excesso de peso) a

contribuírem para a exacerbação e persistência da doença.

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21

A prevalência de HS nos doentes varia nos diferentes trabalhos, com alguns autores a registarem

IMC compatível com obesiade entre os 12-88%, com odds ratio de risco calculadas entre os

3.62-6.38.

Destes dados parece possível advir um potencial efeito terapêutico com a redução de peso e

com a cirurgia bariátrica no curso da HS.

Outras das comorbilidades associadas à HS é a Síndrome Metabólica, com prevalências

estimadas entre os 32.2-50.6% nos diferentes trabalhos. É importante salientar o carácter

multifatorial da Síndrome metabólica, que engloba a resistência à insulina, a hipertensão, a

dislipidemia e a própria obesidade em si, factores que contribuem para o aumento do risco

cardiovascular e consequentemente da morbi-mortalidade associada à doença. A fisiopatologia

por detrás desta associação ainda não é conhecida, mas acredita-se que o estado pró-

inflamatório crónico aliado ao estilo de vida sedentário induzem factores neurológicos que

afectam o apetite e a secreção de cortisona (5,7,29).

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22

3.4. Diagnóstico

O diagnóstico da HS é essencialmente clínico, mas muitas vezes tardio (4,5,30,46).

Na verdade, estudos revelam que a identificação da doença pode demorar 12 ou mais

anos (4,46), com alguns trabalhos a estimarem uma média de 7 anos desde o aparecimento do

primeiro sintoma até ao diagnóstico (5).

Este atraso no diagnóstico pode em parte ser explicado pela falta de familiaridade dos

clínicos gerais e alguns especialistas com a doença e ainda pelo adiamento da procura dos

serviços de saúde desvalorizando o aparecimento dos primeiros sintomas, nomeadamente dos

nódulos transitórios. Os doentes são muitas vezes diagnosticados como abcessos

sobreinfectados e tratados com recurso a curtos períodos de antibioterapia e/ou incisão cirúrgica

para drenagem, opção terapêutica com pouca ou nenhuma eficácia a longo prazo (3,18,40).

Por norma não estão indicados quaisquer exames complementares de diagnóstico(5), no

entanto estudos mais aprofundados para avaliação do doente devem ser realizados na suspeita

ou presença de complicações, como são exemplos o hemograma com leucograma, análise

bioquímica e marcadores inflamatórios (VS e PCR). Esfregaço das lesões para posterior cultura

pode ser considerado em casos de suspeita de sobreinfecção (4).

Nos casos em que o diagnóstico é incerto ou seja necessário descartar a malignidade de

lesões sugestivas de carcinoma epidermóide ou ainda lesões perianais sugestivas de Doença de

Crohn, a biópsia cutânea pode ser considerada (4,5).

O diagnóstico precoce assume assim importância vital para impedir o progresso da

doença para a sua fase debilitante e desfigurante, com impactos funcionais e psicológicos graves

nos doentes e assim melhorar a qualidade de vida dos mesmos.

Para o correcto diagnóstico da HS três parâmetros devem estar presentes(29,30):

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23

• 1. Lesões típicas: Nódulos profundos primários nos estadios iniciais de doença.

Abcessos, fístulas, cicatrizes “em ponte”, comedões abertos e com múltiplos orifícios

nas fases mais adiantadas de doença.

• 2. Topografia típica: axila, virilhas, região perianal e região infra-mamária (por ordem

de frequência).

• Cronicidade e recorrência: ≥2 episódios de lesões dolorosas ou supurativas num

período de 6 meses.

Outros factores que podem ajudar no diagnóstico da HS são a idade de início da doença,

história familiar de HS, exame cultural das lesões negativas ou presença de microorganismos

da flora normal da pele, lesões inflamatórias recorrentes típicas em regiões incaracterísticas,

lesões inflamatórias incaracterísticas em locais típico ou/e história de sinus pilonidal (29,30).

Uma vez estabelecido o diagnóstico, o exame físico deve ser realizado com intuito de

avaliar a extensão e severidade das lesões, de forma a tornar possível a sua caracterização e

enquadramento numa das escalas de severidade de doença. São várias as escalas descritas na

literatura, embora todas elas apresentam algumas limitações na aplicação na prática clínica

(5,7,29,30,47).

As mais comummente utilizadas são a Hurley Staging System (Tabela 1) e Escala de

Score de Sartorius modificada (mSS) (Tabela 2).

O Hurley Staging System (Tabela 1) classifica a doença em três estadios (I a III). É a

escala mais utilizada na prática clinica, dada a sua simplicidade e rapidez de utilização, mas

não permite quantificar a doença e consequentemente monitorizar a eficácia terapêutica (5).

Tabela 1 - Classificação de Hurley.

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Classificação de Hurley

Estadio I

Formação de nódulos inflamatórios e abcessos únicos ou

múltiplos sem fibrose ou cicatrizes

Estadio II

Nódulos inflamatórios e abcessos recorrentes com fibrose e

cicatrização: Lesões únicas ou múltiplas mas separadas por

regiões íntegras

Estadio III

Envolvimento difuso ou quase difuso, com processos

fibróticos extensos e múltiplos trajectos fistulosos

Adaptado de Woodruff CM, Charlie AM, Leslie KS.(47)

O Sartorius Score modificado (MSS) (Tabela 2), inicialmente descrito por Sartorius e

sujeito posteriormente a algumas modificações, funciona como um sistema de classificação

mais completo e dinâmico, baseando-se na contagem individual de nódulos e fístulas, as regiões

afectadas e a distância máxima entre lesões do mesmo género sustentando-se num sistema de

pontuação predefinido. Apesar das mais-valias supra-enunciadas, é um método moroso e por

vezes de difícil interpretação em estágios mais avançados de doença onde se regista a

confluência de lesões, tendo também limitações na monitorização da eficácia terapêutica (5,29).

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Tabela 2 - Escala de Sartorius

Adaptado de McMichael A, Curtis AR.(2)

Escala de Score de Sartorius

• Regiões anatómicas afectadas: axila, virilhas, glúteos, regiões inframamárias ou

outras (esquerda e/ou direita) – 3 pontos por região afectada

• Número e score das lesões (abcessos, nódulos, fístulas, cicatrizes) – nódulos = 2

pontos; fístulas = 4 pontos; cicatrizes = 1 ponto; outros = 1 ponto

• Maior distância entre duas lesões relevantes (ou tamanho se lesão única), nódulos

e fístulas, em cada região afectada - <5 cm = 2 pontos; <10 cm = 4 pontos; >10

cm = 8 pontos

• Todas as lesões estão separadas por pele normal? Em cada região – sim: 0 pontos/

não: 6 pontos

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3.5. Tratamento

Não existe cura para a HS actualmente e o seu tratamento é difícil com taxas de resposta

completas relativamente baixas e recidivas frequentes. A terapêutica visa, assim, atingir um

melhor e maior controlo da doença e sua sintomatologia associada (4,10,18,40).

O tratamento visa prevenir o aparecimento de novas lesões, tratar precocemente e

eficazmente lesões recentemente formadas, diminuir a área de superfície afectada e promover

o desaparecimento de nódulos e dos trajectos fistulosos associados às fases mais avançadas da

HS. Pretende-se, no fundo, o inverter do curso progressivo e debilitante da doença, controlando-

se a inflamação crónica de modo a atingir um estado de remissão ou pelo menos de não

progressão (4,7,10).

A estes objectivos juntam-se ainda um suporte psicológico efectivo, componente

indispensável pelo carácter desfigurante, debilitante e doloroso que a patologia assume. É

necessário proceder à desmistificação de alguns mitos associados, à cabeça a (falsa)

contagiosidade e a negligência de cuidados de higiene básicos como factor proporcionador de

doença.

As opiniões divergem quanto ao prestador inicial de cuidados. Alguns autores

recomendam que a doença deve ser acompanhada por um dermatologista ou clínico com

experiência clínica na área da HS ab initio(10,46), enquanto outros autores defendem apenas o

recurso a especialistas quando a doença atinge o Grau II e III da escala de Hurley, assumindo-

se os médicos de família como principais intervenientes nas fases iniciais da doença e seu

posterior reencaminhamento se necessário (4).

O tratamento inclui medidas locais, tratamento farmacológico e tratamento cirúrgico.

Apesar de não se enquadrar nos objectivos inicialmente propostos para este trabalho, referir

apenas brevemente o papel da abordagem cirúrgica no Tratamento da HS.

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27

Como acontece para as modalidades farmacológicas não existe consenso quanto ao

estadio de doença em que esta deve ser empregue. A maioria dos autores defende a sua

utilização nos estadios II severos ou III de Hurley, e ainda em doentes que não respondem à

terapia farmacológica ou apenas com resposta parcial

A escolha da técnica mais apropriada não é consensual e deve ser individualizada para

cada situação consoante a localização e extensão das lesões, bem como a fase, aguda ou crónica,

em que a doença se encontra. Durante as fases agudas a incisão local e drenagem são os métodos

mais descritos na literatura, apesar dos elevados riscos de recorrência relatados. Já as novas

técnicas de deroofing com recurso a lasers de dióxido de carbono e de Nd-YAG bem como

excisão alargada de todas as glândulas apócrinas das zonas ricas em folículos pilosos afectadas

e posterior reconstrução devem ser reservadas para fases em que o componente inflamatório

esteja controlado ao máximo. Sobre a última referir ainda o consenso entre a maioria dos autores

em defini-la como a única técnica curativa existente.

Após cirurgia, as diferentes abordagens devem ser adjuvadas com a terapia farmacológica

na tentativa de prevenção de recorrências (5,7,10,29).

As opções terapêuticas farmacológicas baseiam-se na severidade da doença, avaliada

através da classificação de Hurley (Tabela 1), nunca descorando o seu impacto individual

subjectivo.(2,4,5,10) Dividem-se em tópicas e sistémicas, resumidas na Tabela 3 consoante o

grau de severidade da Escala de Hurley.

Tabela 3 - Recomendações terapêuticas médicas e farmacológicas no tratamento da HS

baseadas na severidade de doença consoante o Estdio de Hurley

Classificação de Hurley Tratamento recomendado

Não médico Farmacológico

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Estadio I (ligeiro) Devem ser considerados

independentemente do grau

de severidade:

• Educação,

aconselhamento e suporte

do doente

• Evitar traumas cutâneos

• Perda de peso e cessação

tabágica

Tratamentos de 1ª linha:

• Clindamicina Tópica

• Tetraciclina oral

Tratamentos de 2ª linha:

• Resorcinol Tópico

• Terapêutica Hormonal

Estadio II (moderado)

Tratamentos de 1ª linha:

• Clindamicina Tópica

• Tetraciclina oral

Tratamento de 2ª linha:

• Resorcinol tópico

• Terapêutica hormonal

Tratamento de 3ª linha:

• Referenciar a

Dermatologista

Estadio III (severo)

Referenciar a um

dermatologista que pode iniciar:

• Retinóides orais

• Imunossupressores

• Biológicos

Adaptado de Lee EY, Alhusayen R, Lansag P, Shear N, Yeung J.(4)

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29

3.5.1. Terapêutica Tópica

Clindamicina 0,1%

Actualmente apenas o uso de clindamicina tópica (solução ou gel 0,1% b.i.d durante 3

meses) para o tratamento da HS foi avaliado por um estudo randomizado controlado (RCT),

com grupo placebo e duplamente cego.(48) Foram estudados 27 doentes, dos quais 13 foram

sujeitos a terapêutica ao longo de 12 semanas. Foram feitas avaliações mensais das lesões e do

estado clínico do doente de modo a aferir a eficácia e segurança deste agente antimicrobiano

no tratamento da doença. O estudou demonstrou eficácia no tratamento de lesões superficiais

(foliculite, pápula e pústulas) sendo esta muito reduzida para lesões mais profundas como

nódulos inflamatórios e abcessos.

A clindamicina tópica pode por isso ser indicada como primeira linha apenas para graus

leves I e II de Hurley, como terapêutica adjuvante ou ainda como ajuda para a diminuição da

inflamação antes da cirurgia (29,46,47).

Apresenta boa segurança e tolerância sendo capaz de diminuir o número de lesões

inflamatórias leves e tratar ou prevenir a infecção secundária das lesões. Não foram registadas

diferenças com o placebo nos efeitos adversos ligeiros , com 5 doentes a referirem uma ligeira

sensação de queimadura (3 doentes placebo, 2 tratados com clindamicina) (4,48).

Resorcinol Tópico

O resorcinol a 15% em creme é utilizado devido à sua acção queratolítica e anti-séptica

acreditando-se actuar ao nível da oclusão folicular (8,49).

Um pequeno estudo em 12 doentes do sexo feminino com graus de doença I ou II de

Hurley previamente sujeitas a terapêuticas cirúrgicas (12/12) e antimicrobianas (8/12), foi

realizado para avaliação da eficácia e segurança desta terapêutica tópica. Foi-lhes indicado a

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administração bidiária deste agente em caso de lesões dolorosas persistentes ou em casos de

exacerbação de doença. Foram referidos resultados positivos ao fim de 2 dias na maioria dos

casos, registando-se uma redução significativa na dor (50). Sob risco de descoloração cutânea,

a sua aplicação deve restringir-se apenas às áreas afectadas.

É actualmente recomendado para o tratamento de estágios I e II de Hurley com lesões

recorrentes, devendo ser o ser uso evitado durante a gravidez (29,46).

Apesar dos resultados positivos obtidos os autores reiteram a necessidade de estudos

RCT, de maiores graus de evidência de forma a corroborar estes resultados (50).

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31

3.5.2. Terapêutica Sistémica

3.5.2.1. Antibioterapia oral

Antibioterapia oral é utilizada em situações refractárias à terapêutica tópica ou em

situações de alastramento/extensão de doença a outras zonas (4,5).

A sua utilização exige, de um modo geral, cursos longos, maiores ou iguais a 2-3

semanas, para que o seu efeito anti-inflamatório se possa tornar eficiente e permitir desta forma

o controlo da doença. Para além do seu efeito bactericida ou/e bacteriostático actuam ainda de

forma indirecta na imunomodulação do organismo, podendo exercer ainda efeitos na redução

da dor e do odor (3,4,18,47).

Um estudo retrospectivo registou melhoria na severidade das lesões em 79,6% dos

casos, com resolução completa em 26,5% dos doentes estudados sob os diversos esquemas de

antibioterapia oral, acreditando-se que os diferentes agentes preconizados na literatura sejam

eficazes no tratamento de doentes com estadios leves a moderados de doença, mas não naqueles

com estadios mais avançados de HS (47).

Ressalvar, no entanto, que a antibioterapia não trata a causa da doença e a recorrência é

comum após término dos esquemas terapêuticos.

Apesar da monoterapia oral e da antibioterapia tópica serem prática comum no

tratamento das lesões, só esquemas orais combinados foram sistematicamente avaliados ao

longo dos anos (29,47).

Tetraciclinas

O seu mecanismo bacteriostático baseia-se na ligação reversível do princípio activo à

unidade ribossómica 30S, inibindo desta forma a ligação do tRNA e sua consequente tradução.

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É um antimicrobiano de largo espectro cobrindo desde gram-positivos e gram-negativos até

alguns protozoários e fungos (29,51).

Este agente encontra-se indicado no tratamento de estadios I mais difusos e estágios

leves tipo II da escala de Hurley (29,46).

A tetraciclina (500mg duas vezes ao dias e durante 4 meses) perfila-se como o único

antibiótico oral que foi objecto de um estudo RCT em Monoterapia (52). No entanto, a sua

eficácia na melhoria do estado geral, na dor, e nos nódulos e abcessos não mostrou diferenças

significativas quando comparada com a clindamicina tópica.

Clindamicina-Rifampicina

A clindamicina actua como bacteriostático através da ligação à subunidade ribossomal

50S da maioria dos cocos gram-positivos e bactérias anaeróbias consequentemente com

inibição da sua síntese proteica. A rifampicina, por sua vez, tem um efeito bactericida contra a

maioria dos microorganismos gram-positivos bem como muitos gram-negativos, efeito

alcançado através da ligação e inibição da RNA-polimerase dependente de DNA.

Com esta associação pretende-se alargar o espectro coberto pelos dois agentes

individualmente bem como prevenir as possíveis resistências à rifampicina, bastante frequentes

na prática clínica (29,49,53).

A associação clindamicina oral (300 mg duas vezes ao dia) e rifampicina (600 mg uma

vez ao dia) durante 10 semanas, deve ser utilizada em doentes com períodos inflamatórios de

doença activos resistentes à antibioterapia tópica e/ou à tetraciclina oral (4,5,29).

Uma coorte retrospectiva, realizada por Gener G et al.(53) na qual foram estudados 116

doentes, registou boa eficácia desta associação no tratamento de doentes com HS. Este estudo

demonstrou uma diminuição significativa no score de Sartorius calculado em 28 pontos na

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semana 0 e sua diminuição para 14,5 quando findadas as 10 semanas de tratamento. (p<0.001).

Todos os parâmetros de qualidade de vida avaliados registaram melhorias significativas em

aproximadamente 70 % dos doentes (70/116).

Vand der Zee et al.(54) apoiaram estes resultados, com 82 % dos doentes (28/34)

estudados a registarem melhorias clínicas, com 47% (16/34) a atingirem uma remissão

completa, mas com 17,6% (6/34) dos doentes a não registarem qualquer resposta. O efeito

máximo de terapêutica foi alcançado por volta das 10 semanas de terapêutica.

Um outro estudo recente reforça também os resultados benéficos desta associação,

relatando uma melhoria clinica ≥50% em 73% dos doentes após 12 semanas de tratamento. Os

autores verificaram uma melhoria clínica em 73% dos 19 doentes que participaram no estudo,

dentro dos quais 7 (41 %) se mantinham estáveis num follow-up realizado após um ano de

terapêutica, enquanto 10 vivenciaram recidiva das lesões num tempo médio de 4,2 meses (55).

Por fim, Betolli V et al.(56) registaram uma redução média da escala de Sartorius

superior a 25% em 85% dos doentes que finalizaram o estudo, com uma redução média de

132,05 para 71,50 o que equivale a uma redução pontual média de 45,85%.

A percentagem de efeitos adversos situou-se entre os 13-43% nos diferentes estudos

realizados, com a diarreia a destacar-se como o mais comum (47). Um significativo número de

pacientes interrompeu mesmo o tratamento devido a efeitos adversos gastrointestinais, sendo

que nenhum foi atribuído ao Clostridium difficile. Gener et al(53) referiram que 10/70 pacientes

se queixaram de efeitos adversos durante as 10 semanas de tratamento, dos quais 8 acabaram

mesmo por interromper a terapêutica. Van der Zee et al(54) reportaram, de igual modo,

complicações em 13/34 pacientes, 9 casos de diarreia (26%), motivo de abandono em 6 dos 9

doentes que não concluíram o tratamento, Vaginite por Candida, náuseas, tonturas e glossodinia

foram outros efeitos adversos experienciados pelos pacientes. Betolli V et al(56) reportaram

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que 13,04% dos doentes desenvolveram náuseas e vómitos, motivos que levaram a abandonar

da terapêutica por parte de um doente.

Rifampicina-moxifloxacina-metronidazol

Um estudo realizado para apurar a eficácia e segurança da associação tripla com

rifampicina (10 mg/kg uma vez por dia), moxifloxacina (400 mg/dia) e metronidazol (500 mg

t.id apenas durante 6 semanas), foi levado a cabo por Join-Lambert O. et al.(57)

Os autores defendem que o hipotético insucesso terapêutico muitas vezes registado com

os outros agentes antimicrobianos se possa dever ao insuficiente espectro coberto ou à fraca

difusão dos mesmos nas lesões da HS.

Assim a associação tripla supra-referida foi utilizada durante 6 semanas, após as quais

foi retirado o metronidazol (500 mg t.i.d), sob risco de efeitos neurológicos indesejáveis. A

combinação rifampicina-moxifloxacina foi mantida enquanto o doente continuasse a registar

benefícios terapêuticos, avaliados a cada 6 semanas.

Nos doentes que atingiram remissão completa, a associação rifampicina-moxifloxacina

foi mantida durante 6 semanas, e profilaxia com trimetoprim-sulfametoxazol (400 mg/80 mg

dia) ou doxiciclina (100 mg/dia) foi empiricamente administrada posteriormente.

Dos 28 doentes estudados, 16 obtiveram remissões completas (57%). 87,5% deles

encontravam-se em estadios I e II de Hurley. Esta resposta foi registada ao fim de 2,4 meses e

3,8 meses de terapêutica respectivamente. Nos doentes em estágios III de Hurley, apenas 16,6%

atingiram uma resposta completa num tempo médio de 9,1 meses.

A profilaxia secundária não impediu a recidiva das lesões, observadas em 58% dos

doentes que tinham atingido remissões completas, ao fim de 2-12 meses de follow-up. Estas

revelaram-se menos severas que a doença primária, objectivando-se uma similaridade de áreas

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afectadas com as das lesões iniciais. Novas remissões completas foram atingidas quando

repetido o mesmo esquema.

Os efeitos adversos maioritariamente registados foram do foro gastrointestinal (64 %

dos doentes) e candidíase vaginal em 35% das doentes do sexo feminino.

O facto de se tratar de um estudo retrospectivo monocêntrico sujeito aos consequentes

vieses justifica a realização de outros trabalhos prospectivos para reforçar os resultados

promissores registados por Join-Lambert O. et al.(57) e tornar possível a optimização de

estratégias para prevenção de recaídas.

Dapsona

A dapsona é um agente com propriedades antibacterianas e anti-inflamatórias com

eficácias reportadas em dermatoses com infiltrações neutrofílicas marcadas ou com deposição

de complexos de IgA (29).

Um estudo retrospectivo avaliou 24 doentes sob 50-200 mg/dia de dapsona durante 1-

48 meses não registando quaisquer melhorias clínicas em 62% dos casos. Taxas de 8% de

abandono por efeitos adversos foram descritas, com recorrências celeremente registadas quando

findado o esquema (58).

3.5.2.2. Terapêutica hormonal

Etinilestradiol com acetato de ciproterona/norgestrel

A evidência, ainda que episódica, demonstra que os anti-androgénios como acetato de

ciproterona e os estrogénios podem ser mais-valias no tratamento de doentes com formas leves

a moderadas de doença, quer em monoterapia quer em associação, sendo no entanto necessário

optimizar os regimes utilizados (47).

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36

O seu efeito prende-se com a ligação dos princípios activos aos receptores de

estrogénios (ERα e ERβ) e consequente inibição da secreção de gonadotrofina. Além deste

efeito o acetato de ciproterona comporta-se ainda como um agonista parcial dos receptores de

androgénio registando uma ligeira actividade progestional (18).

Um ensaio duplamente cego com cross-over foi realizado para comparar eficácia e

segurança de 2 contraceptivos constituídos por etinilestradiol (50 µg) combinado com acetato

de ciproterona (50 mg) ou norgestrel (500 µg). Foram estudados 24 doentes do sexo feminino,

registando-se melhorias ou remissões totais em 50% das doentes com estadios II e III de Hurley,

sem diferenças de eficácia e segurança registadas entre os dois grupos. De facto, 7 doentes com

médias estimadas de 20 anos de doença atingiram remissão completa, 5 registaram melhorias

clinicas, não se verificando quaisquer melhorias em 4 das doentes estudas e as 2 restantes viram

a sua condição clínica agravada. A taxa de abandono de terapêutica foi de 20 %, 4 por não

serem capazes de tolerar tratamento e 2 devido à falta de resultados (59).

Um estudo registou uma maior eficácia da terapêutica hormonal quando comparada com

a antibioterapia oral com 55 % de resposta registada vs 26% (p<0,04), defendendo os autores o

recurso destes agentes no tratamento em todos os doentes do sexo feminino com HS. Apesar

destes resultados, a extrapolação de conclusões deve ser feita com cautela visto tratar-se de um

estudo retrospectivo e o facto de os grupos não terem sido homogeneamente formados, com

doentes com perfis hormonais anormais ou com flares pré-mentruais a serem tratados com

recurso a anti-androgénios (60).

Finasteride

O finasteride (5-15mg/dia) é um inibidor da 5-α reductase bloqueando desta forma a

conversão da testosterona para a sua forma mais activa 5-α-dihridotestosterona. Esta terapêutica

demonstrou efeitos animadores em adultos de ambos os sexos e idades pediátricas, mais

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marcantes, no entanto, em doentes do sexo feminino e/ou com alterações metabólicas e

hormonais concomitantes (3,4,61).

Um trabalho registou 86% de remissão completas ou de respostas parciais sob esta

terapêutica em doentes que não responderam à antibioterapia sistémica, mas o estudo realizado

teve em conta apenas 7 doentes (5 mulheres e 2 homens) (62).

Estes resultados baseiam-se maioritariamente em séries de casos de baixo grau de

evidência, sendo necessários estudos mais alargados de modo a ser possível consolidar estas

ilações.

Espironolactona

A espironolactona é estruturalmente semelhante à aldosterona ligando-se e bloqueando

por competição os receptores de androgénios, inibindo também a síntese destes componentes

hormonais.

Lee A. e Fischer Gayle(63) estudaram o efeito anti androgénico de espirinolactona após

três meses de terapêutica (100mg/dia) em 20 doentes do sexo feminino com HS em diferentes

estadios de doença (5 leves, 12 moderados, 3 severos), tendo reportado resultados animadores

no que à eficácia diz respeito: 85 % das doentes responderam à terapêutica, 55% das quais com

remissões completas, todas registadas apenas em doentes com doença leve a moderada.

Já nos doentes em estadios mais avançados, categorizados como severos, nenhum dos 3

atingiu a remissão completa mas a severidade da doença reduziu para estágios moderados (num

doente) e para estágios leves (nos dois restantes).

A maioria dos doentes atingiu o controlo da doença entre os 3-6 meses após início da

terapêutica.

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38

A gravidez deve ser evitada sob risco de feminização dos fetos do sexo masculino e os

níveis de potássio no sangue devem ser monitorizados pelo risco de hipercaliémia.

A amostra relativamente pequena de doentes e o carácter retrospectivo do estudo

enfatizam a necessidade de mais de estudos que possam corroborar e reforçar os resultados

obtidos.

3.5.2.3. Retinóides orais

Acitretina

A acitretina é um metabolito do etretinato acabando por o substituir no tratamento de

inúmeras patologias do foro dermatológico. A sua eficácia baseia-se pela sua actuação ao nível

do ciclo de crescimento dos queratinócitos, reduzindo a sua taxa de proliferação. Funciona

ainda como anti-inflamatório inibindo a quimiotaxia de neutrófilos e a cascata inflamatória

mediada pelos mediadores pro-inflamatórios e pelas diferentes citoquinas (29).

O seu uso está preconizado para estadios leves a moderados de doença (Hurley I ou

Hurley II leves) podendo também ser proposto em estágios de doença avançados, com doença

em fase crónica já com abcessos, fibrose e as cicatrizes que a caracterizam (29).

Um estudo de coorte demonstrou resultados satisfatórios no alívio de dor e resolução de

lesões de 12 doentes em estadios Hurley I e II resistentes, que se mantiveram mesmo após

término da terapêutica. Os pacientes foram tratados durante um período de 9-12 meses com

0,25-0,88 mg/kg de acitretina, registando-se uma remissão completa ou marcada da doença em

9 dos 12 doentes estudados, com os restantes 3 a registarem uma melhoria clinica leve a

moderada (64).

Esta resposta deu-se numa média estimada entre os 2 e os 6 meses de terapêutica, sendo

descritos efeitos benéficos duradouros com recaídas calculada no intervalo de tempo

compreendido entre os 6-45 meses após término da terapêutica.

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J.L. Blok et al.(65) analisando dados de diferentes estudos concluíram melhorias

significativas em 16 dos 22 doentes estudados (73%), melhorias moderadas em 5 doentes (23%)

e apenas uma não resposta (5%) à terapêutica supra-referida.

O tratamento foi posteriormente descontinuado em 17 doentes, 6 dos quais sofreram

recidiva ao fim de 6 meses e 8 após mais de um ano de finalizada a terapêutica.

Matusiak et al.(66) realizaram um estudo prospectivo no qual trataram 17 doentes com

uma dose média de 0,56 mg/kg durante 9 meses. Registaram melhorias ≥50% no HS Severity

index em 47% dos doentes, com 53% dos doentes a atingirem melhorias marcadas ou remissões

completas no Physician’s Global Assessment (PGA). As melhorias começaram ao fim de 1 mês

de terapêutica aumentando gradualmente nos meses seguintes. As taxas de abandono foram de

47% por falta de eficácia ou problemas de tolerância. Ao contrário de Boer e Nazary(64) todos

os doentes deterioraram ou recaíram clinicamente após 2-8 meses de terapêutica, excepto uma

doente do sexo feminino. Na opinião dos autores as taxas de intolerância deveram-se à dose

elevada usada acreditando no entanto que posologias mais leves resultariam numa queda de

eficácia.

Os retinóides são compostos teratogénicos devendo ser evitados em mulheres em idade

fértil. Se utilizados, uma contracepção eficaz deve ser implementada durante a janela

terapêutica e nos 3 anos seguintes ao seu término (de acordo com a U.S labelling). (47) Os

efeitos adversos mais comummente descritos pelos doentes sujeitos a terapêutica foram xerose

cutânea e queda de cabelo (29).

Isotretinoína

Os hipotéticos efeitos benéficos da isotretinoína em doentes com HS baseiam-se na sua

acção moduladora no ciclo celular da pele, podendo ser capaz de impedir hiperqueratinização

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40

e consequente oclusão da unidade pilossebácea,(29) que lhe conferem grande eficácia na acne

vulgar.

No entanto, Soria et al(67) analisaram retrospectivamente 358 doentes sujeitos a

tratamento oral com isotretinoína durante 7,8 meses, registando 77 % de não respostas,

inclusivamente 6,9 % de doentes que pioraram a sua condição e apenas 16,1% descreveram

melhorias clinicas.

Apenas doentes com estadios I de Hurley leves obtiveram melhorias clinicas tendo, no

entanto, recidivado 2 meses depois de finda a terapêutica em 13 % dos doentes.

O efeito predominante deste retinóide é na diminuição do tamanho e da secreção das

glândulas sebáceas, aspecto que não se mostra relevante ou na base do desenvolvimento da HS

(29,68).

Os dados descritos na literatura são, assim desapontantes no que à eficácia diz respeito,

não estando actualmente recomendado o seu uso rotineiro em doentes com HS.(29)

Alitretinoína

Apenas um estudo foi publicado até à data procurando elucidar os efeitos deste retinóide

no tratamento da HS.(69) Foram avaliados 14 doentes submetidos a uma terapêutica com 10

mg/dia durante 24 semanas. Destes, 6 registaram uma diminuição de 50% no score de Sartorius,

5 melhoram a sua condição embora com uma taxa inferior a 50 % e 3 não registaram resposta

ao tratamento. A resposta foi duradoura na maioria dos doentes embora 3 deles tenham

registado um retrocesso na sua condição clínica 19 semanas após finalizada a posologia. Xerose

cutânea foi reportada em 57% dos doentes com 28% de doentes a reportarem cefaleias.

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41

3.5.2.4. Metformina

Os benefícios terapêuticos sob metformina foram pela primeira vez descritos por Arun

e Loffeld.(70) Estes autores trataram com sucesso uma doente com HS e Diabetes mellitus tipo

2 concomitante. Uma exacerbação da doença e remissão foram registadas quando retirada e

reintroduzida a metformina respectivamente.

Mais tarde, Verddolini et al(71) registaram uma queda percentual de média de 33.8 para

18.1, na escala de Sartorius, em 19 dos 25 doentes estudados sob 500 mg metformina t.i.d

durante 24 semanas. Registaram ainda melhorias ≥50% na DLQI em 16 dos 25 doentes

avaliados.

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3.5.2.5. Terapêutica com agentes biológicos

Terapêutica reservada a doentes que não obtiveram resposta quando sujeitos a

terapêuticas médicas convencionais descritas anteriormente Os fármacos utilizados, infliximab,

adalimumab e etanercept partilham comumente entre si um efeito anti-TNFα com efeitos

benéficos nos estadios moderados e graves da doença (Hurley II e III), pela neutralização da

secreção desta citoquina pró-inflamatória nomeadamente pelos macrófagos, monócitos e

células dendríticas (4,18,29,46).

De ressalvar que apesar de um agente anti-TNFα se demonstrar ineficaz na terapêutica

da HS não é de excluir a possível eficácia de fármacos do mesmo grupo no tratamento da mesma

(9).

Nos últimos anos surgiram ainda os inibidores da IL-12 e IL-23 e um antagonista do

receptor da IL-1, respectivamente Ustekinumab e Anankira que apesar dos resultados

promissores no tratamento de HS moderada a severa precisam de trabalhos de maiores graus de

evidência que corroborem a sua eficácia.

Adalimumab

É um anticorpo monoclonal inteiramente humano que se liga com elevada afinidade e

especificidade à forma solúvel e transmembranar do TNF-α. Este anticorpo bloqueia a ligação

desta citoquina aos seus receptores inibindo desta forma o seu efeito pró-inflamatório (29).

É um fármaco administrado por via subcutânea, com taxas cumulativas de resposta

≥50% em 58% (23/48) dos doentes analisados com estadios moderados a severos de doença

(29).

Em 2012 foi publicado um estudo prospectivo, randomizado, duplamente cego, com

grupo placebo, que pretendeu evidenciar o efeito terapêutico do adalimumab s.c (40 mg s.c uma

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vez por semana v. 40 mg s.c de duas em duas semanas) no tratamento de doentes com HS

moderada a severa, resistente ou intolerante a antibioterapia oral, tendo como endpoint primário

uma melhoria clínica para estadios 0,1 ou 2 na escala Hidradenitis Suppurativa Clinical

Response (HiSCR), acompanhada por um decréscimo mínimo de 2 graus). Nos 154 doentes

incluídos foram registadas taxas de resposta relativamente baixas de 9,6 % (esquema de duas

em duas semanas) e 17,6 % (posologia semanal) às 16 semanas, mas relativamente

significativas quando comparadas com o placebo (4%). Após mudança de posologia semanal

para o regime de duas em duas semanas um decréscimo da resposta à terapêutica foi registado

(72).

Noutro estudo, Miller et al.(73) registaram uma melhoria significativa às 6 semanas de

tratamento quando comparada com placebo (p <0,024) e na avaliação a escala de Sartorius,

falhando contudo na demonstração de eficácia quando findas as 12 semanas de terapêutica (p

<0,07). Neste trabalho foram avaliados 21 doentes, com estadios moderados a severos de

doença com pelo menos 6 meses de evolução, sujeitos ao tratamento com adalimumab s.c. com

a seguinte posologia: uma injecção de 80 mg na semana 0 seguida de doses de 40 mg semana

sim semana não, durante 12 semanas.

Dois ensaios clínicos duplamente cegos, randomizados de fase III (PIONEER I vs

PIONEER II) foram recentemente completados com intuito de estudar a eficácia e

tolerabilidade do adalimumab 40 mg s.c. semanal ou em semanas alternadas no tratamento de

estadios moderados a severos da HS (307 e 326 doentes respectivamente). Registou-se uma

diminuição significativa da escala de Sartorius dos 81,4 pontos médios para os 52,5 às 12

semanas (p<0,001) e o endpoint primário (redução de 50 % no número de abcessos e nódulos

inflamatórios sem aumento do número de abcessos ou fístulas) foi atingido em 41,8 % e 58,9%

dos doentes, resultados significativos quando comparados com o placebo (26% e 27,6%

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respectivamente)., embora menos eficazes quando comparados com o uso do adalimumab

noutras doenças dermatológicas (74).

O adalimumab parece obter melhores respostas em doentes com hábitos tabágicos

correntes, em doentes cujos estadios iniciais de doença são menos severos e em doentes com

maiores índices de massa corporal (72).

Possíveis recidivas podem aparecer entre as 11 semanas e os 9,5 meses com uma

diminuição da eficácia do adalimumab após 2 anos de terapêutica, dados que permitem estimar

um papel mais supressivo do que propriamente curativo por parte deste fármaco no tratamento

da HS. A posologia mais eficaz a ser administrada findas as 12 semanas não se encontra ainda

definida (73–75).

Apesar dos dados supra-enunciados parecerem validar a eficácia deste fármaco

biotecnológico na HS, alguns dados parecem contrariar estas ilações.

Amano et al.(76) não identificaram melhorias clínicas em 6 doentes com estadios

moderados a severos de HS, após 12 semanas de tratamento com adalimumab s.c. Os doentes

foram submetidos a uma terapêutica de indução com 160mg à semana 0, seguida de 80 mg à

semana 1 e finalmente 40 mg de duas em duas semanas até completarem 12 semanas. Os

parâmetros avaliados foram HS severity Index, Visual Analogue Scale (VAS), Dermatology Life

Quality Index e Physician global assemeents of disease severity os quais não registaram

melhorias estaticamente significativas à 2ª, 4ª, 8ª e 12ª semanas de tratamento.

Os efeitos adversos registados sob administração deste fármaco não foram diferentes

daqueles encontrados no grupo placebo, sendo mais frequentes as infecções menores e

cefaleias, habitualmente efeitos adversos leves a moderados (74,76,77).

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As mulheres em idade fértil não devem engravidar até 5 meses após o término do

esquema, e se um diagnóstico de gravidez for realizado durante o período terapêutico, o

adalimumab deve ser descontinuado (29).

Infliximab

O infliximab é um anticorpo monoclonal quimérico (rato/humano) que se liga com

elevada afinidade à forma solúvel e transmenbranar do TNF-α, neutralizando desta forma a

acção proinflamatória desta citoquina. Para além deste efeito induz ainda a morte programada

das células afectadas, por apoptose, e possivelmente pela activação do complemento e

citotoxicidade celular dependente de anticorpos (29).

Tem uma semi-vida no soro entre os 8-9,5 dias, devendo ser administrado por via

endovenosa numa dose 5mg/kg às 0, as 2 e 6 semanas e depois regularmente a cada 8 semanas.

A infusão deve durar duas horas e ser realizada em hospital de dia (7,29,78).

O infliximab surge como alternativa eficaz em doentes que não respondem ao

tratamento convencional,(9,10,79) mas até à data, estudos de fase III ainda não foram

publicados.

Doentes com estágios moderados a severos obtiveram resultados satisfatórios no

tratamento da doença, com respostas cumulativas de 58% (melhorias de ≥50 em 42/73 doentes)

(29).

Grant et al.(80) realizaram o único estudo controlado, randomizado, duplamente cego

em fase II durante 8 semanas, onde pretenderam estudar a eficácia do infliximab (5 mg/kg i.v

nas semanas 0, 2, 6 de tratamento e depois a cada 8 semanas) comparado com o grupo placebo

Os autores definiram como endpoint primário uma melhoria ≥50 % na HSSI (Hidradenite

Supurativa Severity Index) objectivo que acabou por se revelar sem significado estatístico

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relevante (p <0,092). Melhorias de 25-50% nesta escala foram registadas em 60 % dos doentes.

Outros parâmetros avaliados como a Escala Visual Analógica da Dor, o DLQI e Physician

Global Assessements registaram melhorias ≥50 % quando comparadas com o grupo placebo.

Paradela et al. registaram 50% (5 dos 10 doentes) de recaídas após uma média de 37

semanas de terapêutica. Estes dados podem estar correlacionados com a formação de anticorpos

anti-fármaco, embora ainda não existam estudos que corroborem esta hipótese.(78–80)

Moriarity et al(81) sugeriram um melhor controlo de doença quando reduzidos os intervalos

entre administrações para 4 em 4 semanas, com 9 dos 11 doentes sob este regime bem

controlados após um período de follow-up médio de 60 meses.

As recaídas foram mais frequentemente observadas em doentes tratados com regimes

monoterapêuticos e com estadios basais de doença mais severos, aconselhando alguns autores

o uso de metrotexato como adjuvante na tentativa de reduzir as recaídas e os próprios efeitos

adversos em si (29,79,82).

Os benefícios terapêuticos com infliximab parecem melhores quando o componente

inflamatório da doença é predominante, contrastando com a menor eficácia encontrada em

doentes em estágios avançados de cicatrização e fibrose (79).

Um estudo que incluía um follow-up de um ano foi realizado para avaliar a eficácia do

infliximab a longo prazo. Foram registadas diminuições significativas do número de zonas

afectadas (p<0,001) e de exacerbações (p<0.05), bem como do DLQI de 20/30 para 6/30.(83)

As taxas de recaídas após descontinuação do tratamento são de 43% (15/35 doentes)

segundo algumas séries de casos, situação também ela descrita por Grant et al.(29,80).

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O Infliximab demonstrou uma boa tolerância num estudo a longo prazo, com 4 de 8

doentes estudados a desenvolverem infecções ligeiras, um doente um queratoacantoma e uma

hepatite (83). No entanto, numa análise retrospectiva de 95 doentes com HS foi observada uma

taxa de abandono por efeitos adversos de 22,1 %,(82) com 12 doentes com efeitos adversos

graves: reacções no local de infusão (8), neuropatia (2) e neoplasias (2).

Figura 2 – Lesões cicatriciais com trajectos fistulosos na região inguinal após tratamento com

infliximab. (Serviço de Dermatologia e Venereologia do CHUC)

Infliximab vs Adalimumab

Apesar de o Adalimumab ser o único fármaco aprovado pela US FDA bem como pela

European Medicines Agency para tratamento de estadios avançados da HS em adultos(4,5), há

autores que defendem a maior eficácia do infliximab quando comparado com o

adalimumab,(10,84) apesar da maior comodidade e tolerabilidade deste último (5,10,29). Esta

posição foi observada por um estudo retrospectivo realizado em 20 doentes que registou uma

melhoria superior em todos os parâmetros avaliados (Escala de Sartorius, qualidade de vida,

duração e eficácia) após um ano de terapêutica quando comparados os regimes de 40 mg s.c de

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adalumimab semanalmente durante um ano com infliximab 5mg/kg i.v repartidos em 3 doses

iniciais e depois a cada 8 semanas.

Etanercept

Consiste numa proteína de fusão do receptor solúvel do TNF-α com IgG, bloqueando o

efeito do TNF-α (29).

Lee et al(85) realizaram um ensaio prospectivo para aferir a eficácia e tolerância do

etanercept no tratamento de doentes com HS moderada a severa em 15 doentes, mas apesar da

boa tolerância registada, apenas 3 doentes responderam ao tratamento. O outcome primário

definido como a redução da PGA (physician geral assement) diminuiu ligeiramente quando

findas as 12 semanas dos 4.35 pontos para os 3,5.

Até à data o único RCT duplamente-cego para estudar o efeito deste agente biológico

no tratamento da HS foi realizado por Adams et al.(86) Foram estudados 20 doentes, tratados

com 50 mg de etanercept ou placebo, duas vezes por semana durante 12 semanas, seguido de

um novo ciclo de etanercept durante outras 12 semanas. Não foram encontradas diferenças

estatisticamente relevantes entre os dois grupos em nenhum dos outcomes avaliados, entre os

quais a dor, o eritema, descarga purulenta, e na physician global assement.

Apesar dos primeiros trabalhos com etanercept terem sido animadores, estudos mais

recentes e de maior grau de evidência como o do Adams et al(86) excluem este agente como

eficaz no tratamento de doentes com HS.

Ustekinumab

O seu efeito exerce-se essencialmente na inibição das interleucinas pró-inflamatórias

IL-12 e IL-23 que participam na cascata de inflamação da HS.

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Baseado na escala de Sartorius modificada, este biológico demonstrou melhorias na

maioria dos 17 dos doentes submetidos a terapêutica num estudo realizado por J.L. Blok et

al.(87) Foi utilizado uma posologia de 40 ou 90 mg s.c administradas às 0, às 4, 16 e 28

semanas. Seis dos doentes registaram melhorias marcada no mSS às 40 semanas, 8 doentes

notaram melhorias moderadas, 1 melhorias ligeiras e em 2 doentes não foram registadas

quaisquer melhorias ou agravamento. Registou-se assim, uma redução média de 46.33% na

pontuação mSS. (p<0,01), com a pontuação a reduzir mais de 50 % em 35 % dos doentes.

Estes resultados são promissores e indicam taxas de redução de mSS semelhantes às

registadas com infliximab e adalimumab (87).

Um caso descrito na literatura descreveu uma remissão completa após 18 meses de

terapêutica numa doente de 50 anos com HS resistente à Terapêutica com Adalimumab e

infliximab (88).

Os efeitos adversos mais comumente registados foram infecções respiratórias, fadiga e

cefaleias e um paciente abandonou a terapêutica devido a urticária (89).

Mais estudos são necessários para corroborar estes dados e optimizar a posologia.

Anankira

Anankira é um antagonista do receptor da IL-1 impedindo a ligação das citoquinas IL-

α e IL-β aos seus receptores e sua consequente acção na cascata inflamatória da HS.

O único estudo RCT duplamente cego, com grupo controlo realizado até à data,

pretendeu avaliar a eficácia e segurança de Anankira em 20 doentes com estadios moderados a

severos de HS (II e III). Os resultados foram promissores, com 67% (p=0,04) dos doentes (6/9)

tratados com 100 mg/dia a registarem uma diminuição da severidade de doença ao fim de 12

semanas de tratamento, com melhorias mantidas após 12 semanas de follow-up. No entanto, o

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estudo não mostrou diferenças significativas no decréscimo da escala de Sartorius modificada

quando comparado com placebo (89).

Este último ponto diverge dos resultados apontados por Leslie et al.(90) que registaram

uma melhoria significativa em todos os 5 doentes que completaram o esquema de 8 semanas

de Anankira, a demonstrarem uma diminuição média de 34,8 pontos na escala de Sartorius

modificada. Contudo, recaídas com um incremento pontual médio de 52,5 pontos 8 semanas

após o fim da terapêutica foram registadas em 4 doentes.

As reacções adversas foram ligeiras em ambos os estudos, com os doentes a relatarem

dor e ligeira inflamação nos locais de injecção. Deve ser evitada a associação concomitante

com os anti-TNF-α (89,90).

Apesar dos resultados promissores, estudos com um maior número de doentes e graus

de evidência devem ser levados a cabo de forma a confirmar a real eficácia destes agentes no

tratamento da HS.

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4. Discussão

A Hidradenite Supurativa é uma doença inflamatória, crónica, desfigurante e debilitante

da pele, caracterizada pela formação de nódulos e abcessos recorrentes em áreas ricas em

glândulas apócrinas, com a formação de fistulas, cicatrizes viciosas e fibrose de tecidos em

estadios mais avançados de doença. É uma patologia muitas vezes subdiagnosticada apesar de

apresentar taxas de morbilidade consideráveis, se associar frequentemente a estados

depressivos e ter impacto significativo na qualidade de vida dos doentes.

As opções terapêuticas são múltiplas e variadas, apesar da evidência ser muitas vezes

episódica e por isso muitas vezes duvidosa. A falta de estudos randomizados controlados, a

restrospectividade dos estudos de coorte, as amostras reduzidas de doentes, períodos de follow-

up curtos ou inexistentes e a falta de estudos comparativos, tornam extremamente difíceis a

validação das diferentes opções de tratamento na HS. A isto soma-se a grande heterogeneidade

de protocolos, critérios de avaliação e inclusão que prejudicam a sua interpretação e

comparação. A maioria dos estudos apresentam níveis de evidência baixos- grau IV (estudos

de série de casos) ou grau III (estudos de coorte e casos-controlo) e grau C de recomendação,

com poucos estudos de maior evidência descritos na literatura.

Trata-se, por isso, de uma doença extremamente desafiante e para a qual não existe cura

actualmente. As diferentes intervenções visam um controlo e alívio sintomático, procurando

atingir-se um estado de remissão ou pelo menos de não progressão de doença,

A escolha entre as diferentes opções é feita com base no estadiamento da severidade,

para o qual a escala de Hurley é a mais comummente utilizada. No entanto, factores subjectivos

como a dor do doente e o desconforto devem também ser tidos em consideração.

De facto, dado o carácter desfigurante e debilitante da patologia aos quais se acrescem

a dor e o odor das lesões, tornam a HS uma patologia com um impacto biopsicossocial muito

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forte. Esta vertente deve, assim, ser fortemente explorada, oferecendo-se um suporte

psicológico sustentado que contribua para o bem-estar do doente e melhor adesão à terapêutica

com as consequentes na eficácia da mesma.

As opções terapêuticas dividem-se em tópicas e sistémicas, sendo utilizadas de modo

progressivo conforme o avanço da doença, não sendo, no entanto, mutuamente exclusivas. As

terapêuticas de estadios mais precoces podem ser utilizadas em fases mais avançadas desde que

se anteveja o seu benefício para o doente.

A terapêutica tópica com resorcinol e clindamicina 0,1%, são normalmente utilizadas

de forma segura em estadios de Hurley I ligeiros com bons resultados descritos na literatura.

A evidência suporta o uso de antibióticos sistémicos no tratamento da HS, podendo ser

usados como primeira linha de tratamento, especialmente em doentes com estadios I e II de

doença. As tetraciclinas são muitas vezes utilizadas como primeira linha quando os agentes

tópicos se demonstram ineficazes, no entanto, a associação clindamicina (300mg) com

rifampicina (300mg) está melhor documentada. Esta combinação ou a associação tripla

rifampicina-moxifloxacina-metronidazol podem ser utilizadas em tratamentos longos, devendo

o doente ser alertado para os seus efeitos adversos como a diarreia que podem inclusivamente

levar ao abandono da terapêutica. Apesar dos bons resultados, a recorrência é elevada.

Os retinóides, em especial a acitretina, perfilam-se como uma boa opção com resultados

a longo prazo para o tratamento da doença em estadios I e II, no entanto, devido à

teratogenicidade, o seu uso é contra-indicado em mulheres em idade fértil. Já a isotretinoína

apesar dos primeiros resultados animadores não demonstra eficácia no tratamento da HS,

estando o seu uso por isso desaconselhado.

Os anti-androgénios combinados com estrogénio carecem ainda de alguma evidência

científica que defenda o seu uso em doentes que sofrem de HS. No entanto, face aos resultados

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descritos, podem ser oferecidos a mulheres com estadios ligeiros a moderados de doença

(Hurley I e II) nas quais o recurso a antibióticos se revelou ineficaz e em mulheres com perfis

hormonais anormais. O finasteride e a espironolactona necessitam de estudos de maiores graus

de evidência que sustentem a sua utilização, visto só estarem publicados até à data séries de

casos e um estudo retrospectivo sobre a espironolactona.

Quando as terapêuticas supra-referidas falham, os biológicos, nomeadamente o

infliximab e adalimumab assumem-se como boas opções. Apesar de o infliximab se ter revelado

mais eficaz, a tolerabilidade e eficácia do adalimumab tornam-no o único fármaco aprovado

pela FDA e EMA para tratamento da HS. O etanercept parece ter menor eficácia, com um

estudo a não demonstrar superioridade quando comparado com o grupo placebo.

Dado o elevado custo da terapêutica anti-TNFα e os seus efeitos adversos

(especialmente o infliximab), esta terapêutica deve ser reservada para doentes com estadios

avançados de doença (Hurley II e III), que condicionem já as actividades da vida diária e

naqueles em que o tratamento com outros agentes não tenha sido eficaz ou a cirurgia esteja

contra-indicada. Apesar dos bons resultados, a eficácia parece diminuir com o tratamento

prolongado e taxas de recorrência são o habitual ao fim de períodos mais ou menos longos,

perspectivando-se um papel mais supressivo do que curativo destes agentes.

Estudos sobre os agentes biológicos ustekinumab e anankira foram recentemente

publicados, com resultados positivos no que à eficácia e tolerância diz respeito no tratamento

de doentes com estágios II e III de Hurley. No entanto dado o número reduzido de doentes

avaliados, mais estudos e de maior evidência são aconselhados de modo a sustentar os

resultados promissores descritos.

Inúmeros avanços referentes à patogénese da doença têm sido observados ao longo dos

últimos tempos, podendo o aprimorar da sua compreensão resultar em avanços significativos

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no que ao tratamento diz respeito. Ainda, a resposta variável aos tratamentos que inibem

aspectos selectivos da cascata da inflamação, pode sugerir que distintos mecanismos

fisiopatológicos podem estar envolvidos em diferentes pacientes, como já foi evidenciado em

relação à γ-secretase quase exclusivamente nas formas com importante componente genético.

Assim, falta definir possíveis subtipos de HS e adequar os melhores tratamentos a cada paciente.

Apesar dos resultados positivos dos últimos anos, muito falta elucidar sobre a HS para que se

torne possível uma melhor e multidisciplinar prestação de cuidados aos doentes.

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5. Conclusão

O tratamento da Hidradenite Supurativa continua a revelar-se difícil dada a ausência de

opções terapêuticas validadas.

Apesar de os agentes oferecidos serem múltiplos e variados, maioria deles são usados

off-label por falta de evidência científica que sustente a sua utilização.

No entanto, os agentes tópicos como o resorcinol e mais concretamente a clindamicina

0,1% podem recomendadas no tratamento de doença em estágios ligeiros I de Hurley.

Com o aumento de severidade e alastramento da doença, os antibióticos sistémicos são

as opções terapêuticas mais aceites para o tratamento de estágios I e II de Hurley. As

tetraciclinas são oferecidas muitas vezes como primeira linha, no entanto, o uso da associação

clindamicina (600 mg/dia) com rifampicina (600 mg/dia) encontra-se melhor documentado.

Os resorcinóis, nomeadamente a acitretina, pode ser oferecido para doentes também em

estágios leves a moderados de doença, excepto em mulheres de idade fértil. Já o uso de anti-

androgénios deve ser reservado para doentes do sexo feminino que não demonstraram

melhorias com o uso de antibióticos ou cujo perfil hormonal se encontre alterado.

Por fim, os agentes anti-TNF-α estão indicados em doentes com estadios mais

avançados e resistentes de doença, estando por isso reservados em doentes em estadios

moderados a severos de doença (II e III). Destes, o infliximab parece apresentar maior eficácia,

mas a maior tolerabilidade do adalimumab tornaram-no o único fármaco actualmente aprovado

pela FDA e EMA para o tratamento da Hidradenite Supurativa.

Muito falta ainda elucidar acerca da Hidradenite Supurativa, sendo por isso necessários

estudos comparativos e randomizados com maiores graus de evidência que tornem possível o

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aprimorar de opções terapêuticas, posologias e estratégias oferecidas para uma melhor

prestação de cuidados aos doentes que padecem desta patologia.

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6. Agradecimentos

À Professora Doutora Margarida Gonçalo, pela sua contribuição na orientação deste trabalho e

pela correção científica. A sua ajuda prestimosa foi essencial.

À minha família, em particular à minha mãe, pai, irmãos pelo incansável apoio incondicional

ao longo de todo o meu percurso académico.

Aos meus amigos, que comigo partilharam estes 6 anos de curso.

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