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MAIO 2016 | Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre SEMENTES DE ESPERANÇA

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Folha de oração mensal em comunhão com os Cristãos perseguidos www.fundacao-ais.pt

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MAIO 2016 | Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

S E M E N T E S DE ESPERANÇA

2 Sementes de Esperança | Maio 2016

Intenções de Oração do Santo Padre

Intenção Geral

Respeito pelas Mulheres

Para que, em todos os países do mundo, as mulheres sejam honradas e respeitadas, e seja valorizado o seu imprescindível contributo social.

Intenção Missionária

O RosárioPara que se difunda nas famílias, comunidades e grupos a prática de rezar o santo Rosário pela evangelização e pela paz.

Maio

No plano divino da Salvação, Maria ocupa um lugar extraordinário. A redenção do género humano começa no seu regaço virginal e só se completará, segundo a vontade de Deus, com a sua colaboração e a sua intercessão. As honras com que ela é cumulada pela Igreja encontram fundamento nesta sublime eleição de Deus.

Maria é a Mãe do Filho de Deus. É a Filha amada do Pai. É a Esposa do Espírito Santo. Pela sua cooperação na obra redentora de Jesus, ela está num plano ina-tingível, elevada acima dos anjos e dos homens. É digna de todo o louvor, porque é a cheia de graça, e a sua santidade imaculada, perfeita desde a sua concepção, conservou-se durante uma vida inteira dedicada ao cumprimento da vontade de Deus, até chegar ao doloroso fim, quando se tornou Mãe das Dores. O seu lugar na Igreja é único, onde é o membro mais digno, o exemplo mais selecto, a mãe desvelada. Como poderosa intercessora, ela continua, depois da sua assunção ao céu, estreitissimamente ligada a todos os que nela buscam refúgio. A sua glória enobrece todo o género humano. Deus, que a amou e nela fez grandes coisas, criou-a para fazer dela um dom para Si mesmo e para nós.

Pe. Werenfried van Straaten

3Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

«Hospital de campanha»

Reflectir

Em 1981, S. João Paulo II considerava o

«aborto» e o «divórcio» uma «praga»

que afectava «mesmo os ambientes

católicos», e que constituía então um

problema que devia ser enfrentado

com «urgência inadiável» (Familiaris

Consortio 84). Trinta e cinco anos depois,

a situação agravou-se tanto que vivemos

no meio de um tremendo «tsunami»

moral e espiritual que afecta a actual

geração que se sente perdida e amea-

çada de morte, por cancros e depressões

de todo o tipo. Justifica-se perfeitamen-

te a metáfora do «hospital de campa-

nha», utilizada pelo Papa Francisco:

«não esqueçamos que, muitas vezes,

o trabalho da Igreja é semelhante ao

de um hospital de campanha» (Amoris

Laetitia 291). Dispõe a Igreja de meios

para cuidar dos sinistrados e dos doen-

tes mortais, nesta situação de tsunami

e de calamidade moral e espiritual? Há

algum sacramento que possa represen-

tar uma tábua de salvação, como o Papa

Francisco insinua numa nota de rodapé

de página (cf. AL 305, nota 351)?

Nos Catecismos fala-se dos sacramentos

dos mortos: o sacramento do Baptismo,

que perdoa o pecado original e confere

a graça santificante; e o sacramento

da Penitência, que perdoa os pecados

mortais cometidos depois do Baptismo.

O Catecismo da Igreja Católica diz que

a Penitência e Unção dos doentes são

os sacramentos da cura (cf. CIC 1420-

1532). No contexto da actual Exortação

Apostólica é importantíssimo que

todos os que desejam adquirir o dom

do discernimento leiam e meditem o

Catecismo da Igreja Católica, bem como

a encíclica Humanae Vitae de Paulo VI

INTENÇÃO NACIONAL

Por todos os peregrinos que neste mês de Maio se dirigem a Fátima, para que seja para todos um momento de conversão e de graça.

4 Sementes de Esperança | Maio 2016

(1968) e a Familiaris consortio de S.

João Paulo II (1981), como, aliás, o Papa

Francisco recomenda (cf. AL 67-70). No

entanto, para compreendermos do que

se trata hoje no actual estado de tsu-

nami e de epidemia moral e espiritual,

vou limitar-me a explorar um pouco a

metáfora do hospital de campanha:

trata-se de um tratamento de emer-

gência, onde há os primeiros socorros

e depois a orientação para os hospitais

onde os afectados são submetidos a

tratamentos rigorosos até que o perigo

passe, o doente se restabeleça, possa

receber alta e voltar à sua vida normal.

Muitos doentes ficam em situação de

baixa clínica, por muitos anos, e em

alguns casos, em situação de reforma

antecipada, nunca mais podendo traba-

lhar. No caso do cancro o tratamento é

muito doloroso, demorado e não está

garantida a cura. Poderá o doente ter de

conviver com a doença e viver, assim,

o melhor que lhe for possível, sem ser

dispensado de exames periódicos. Na

vida moral e espiritual é, comparativa-

mente, a mesma coisa. Os sacramentos

da cura exigem também um longo

tratamento, que passa pelas dietas,

pelas limitações de acção até que o

pecador/doente possa receber alta (a

absolvição sacramental), que confirma

a cura, e ser dispensado das dietas e

possa retomar as suas actividades de

plena integração na Igreja… E, se não

há possibilidade de cura, vai o médico

das almas (sacerdotes) declarar curado

quem não está, só para não «pertur-

bar» o doente e dar-lhe a ilusão de um

estado que não é o seu? Se a Igreja hoje

tem de ser um hospital de campanha

é preciso responsavelmente tirar todas

as consequências desta metáfora tão

adequada à situação actual de tsunami

e de calamidade moral e espiritual…

Pe. José Jacinto Ferreira de Farias, scj

Assistente Espiritual da Fundação AIS

Reflectir

5Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

ÍNDIA

ÍNDIA A RADICALIZAÇÃO HINDU ENDURECE

Superfície3.287.260 Km2

População1.262 milhões

Religiões

Budistas: 0,8%

Cristãos: 2,5 %

Católicos: 0,8%

Ortodoxos: 0,2%

Protestantes: 1,5%

Hindus: 79,5%

Judeus: 0,1 %

Muçulmanos: 14,4 %

Outras religiões: 2,3%

Sem religião: 0,4%

Línguas oficiaisInglês e hindiDezoito línguas constitucionais

Tal como acontece com o Islamismo noutros lugares, o Hinduísmo amea-

ça, na India, as minorias religiosas, nomeadamente os Muçulmanos e os

Cristãos. Com a cumplicidade do Estado federal.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, foi eleito em 26 de Maio de 2014, sobretudo pelo seu programa de relance económico liberal. Mas os ideólogos do seu partido o Bharatya Janata Party (BJP) que significa “Partido do povo indiano” estão operacionais. Este partido de direita nacionalista hindu advoga a ideologia do hindutva segundo a qual a nação indiana é, na sua essência, hindu. O BJP reivindica 110 milhões de membros o que o torna no

maior partido do mundo, à frente do Partido Comunista Chinês. É apoiado pela Vishwa Hindu Parishad (VHP) uma organização religiosa e pela Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS) uma organização activista, que constituem o Sangh Parivar (a “grande família” do nacionalismo hindu, uma rede que engloba associações e sindicatos). Dado que Narendra Modi não condena as acções dos extremistas hindus, isso deixa-os livres para actuarem como lhes apetece.

6 Sementes de Esperança | Maio 2016

Os extremistas desejam instaurar uma “cidadania hindu”.

UMA “CIDADANIA HINDU” PARA TODOS

Estes extremistas hindus querem ins-taurar uma cidadania “hindu” contra os que consideram ser os comunitarismos muçulmano e cristão. Oficialmente não exigem indianos cristãos e muçulmanos que sejam apóstatas, mas insistem para que adoptem a hindutva acolhendo todas as formas da cultura hindu assimilada por eles à cultura indiana. Deste modo Sadhvi Deva Thakur vice-presidente do grupo All India Hindu Mahasabha (a Assembleia Hindu de Toda a Índia) declarou no último dia 11 de Abril que deveriam ser colocadas, nas mesquitas e igrejas, estátuas de deuses e deusas hindus. Nesta mesma declaração, Sadhvi Deva Thakur foi muito mais além, reclamando medidas malthusianas drásticas face aos cristãos e muçulmanos: “A população de muçulmanos e cristãos cresce de dia para dia. Respondendo a esta urgência, o Governo deveria impor a esterilização aos

muçulmanos e cristãos, de maneira a que o seu número não possa aumentar mais.”

Reagindo a esta proposta num comu-nicado, o Conselho Global dos Cristãos Indianos, apelidou-os de “delirantes e filhos da ideologia hindutva (a Índia aos hindus). Acrescentou que estas declarações eram um insulto à Índia laica e à liberdade religiosa e que Sadhvi Deva Thakur deveria ser condenado por sedição e xenofobia.

ATAQUES MACIÇOS E CRIMES IMPUNES

Os actos de violência dos hindus contra os cristãos não pararam desde o paro-xismo de violência que devastou aldeias cristãs do estado de Orissa, em 2008. De 25 a 28 de Agosto, os hindus desenca-dearam “pogroms” anticristãos: mais de 400 aldeias foram atacadas e “limpas” de cristãos; 5.600 casas e 296 igrejas foram queimadas, bem como centros de saúde e escolas. Estes ataques causaram uma centena de mortos (mas o Governo “só”

ÍNDIA

7Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

reconheceu 56) e milhares de feridos. Mulheres, raparigas e até religiosas foram violadas. No total, 70 mil pessoas ficaram sem abrigo e 56 mil foram deslocadas.

A inacção ou, pior, a mansidão das auto-ridades encorajou outros crimes contra os cristãos em Orissa e noutros estados como Kerala, Tamil Nadu, Karnataka, etc. Em Março de 2014, a libertação de seis dos nove hindus violadores da Irmã Meena Barwa levantou uma vaga de indignação. “Uma palhaçada de justiça”, denunciou Sajan K. George, presidente do Conselho Global dos Cristãos Indianos (GCIC), segun-do o qual “a cumplicidade da polícia com os autores do crime, que se depreende do inquérito e da acção penal, revela um preconceito da própria instituição contra a comunidade cristã (…) e o abandono deliberado dos deveres constitucionais”.

Passaram sete anos desde os ataques às aldeias cristãs de Orissa, mas os respon-sáveis continuam sem ser julgados. Como

protesto, 5 mil cristãos manifestaram-se a 31 de Agosto de 2015, na cidade de Raikia (distrito de Kandhamal, Estado de Orissa), em resposta ao apelo do Kandhamal Nyaya Shanti Sadbhabana Samaj (KNSSS, organização das vítimas e dos sobreviventes dos “progroms” anti--cristãos). Participaram no desfile várias personalidades políticas, entre as quais um antigo ministro do Partido do con-gresso, Mani Shankar Aiyar e membros do Partido comunista indiano. Denunciaram a simpatia que o Governo de Narendra Modi e o seu partido, o Bharatya Janata Party (BJP), nutrem pelos extremistas hindus.

“RECONVERSÕES” FORÇADASMais numerosos que os cristãos, os

muçulmanos são o alvo ideal do fantas-ma da identidade dos hindus. No fim do ano passado, no estado de Uttar Pradesh, no centro da Índia, extremistas hindus tomaram como alvo um acampamento de muçulmanos, perto da cidade de

Apesar das

ameaças,

a Igreja

continua

o seu

testemunho.

Uma das

296 igrejas

queimadas

em 2008

no estado

de Orissa.

ÍNDIA

8 Sementes de Esperança | Maio 2016

Agra, para lhes impor uma conversão ao Hinduísmo. Estes hindus “consideram que todos os muçulmanos ou cristãos indianos são, na sua essência, hindus” e que basta “purificá-los” para que retornem à sua religião de origem. Isto está longe de ser um caso isolado, realça o site Asialyst: “Estas operações de suposta ‘reconversão’ são levadas, de há anos para cá, a ‘ferro e fogo’, pelos grupos hindus. Sem que se possa contá-los com precisão, o seu ritmo acelerou desde a chegada ao poder do BJP.” As tensões comunitárias entre hindus e muçulmanos agudizam-se no que toca à questão da vaca, dado que esta é conside-rada um animal sagrado na religião hindu. Os partidários do hindutva, a ideologia nacionalista hindu, militam há anos por uma proibição total do abate das vacas e do consumo de carne bovina. No passado dia 28 de Setembro, em Dadri, cidade do estado de Uttar Pradesh, o muçulmano Mohammad Akhlaq foi linchado até à morte por hindus que o tinham falsamente censurado por ter comido carne de vaca.

Os radicalistas hindus multiplicam as

agressões e os homicídios de filósofos, activistas e autores de blogues que se opõem ao extremismo. No estado de Karnataka, a 30 de Agosto, os radicalistas hindus assassinaram um pensador racio-nalista, o professor Kalburgi, por causa das suas tomadas de posição a favor do laicismo. Em Nova Deli, a capital federal, na segunda metade de Setembro, John Dayal, um intelectual católico bem conhe-cido, membro do Conselho Nacional para a Integração Nacional (NIC) da Índia e secre-tário-geral do All India Christian Council, foi assediado e ameaçado de morte pelo telefone e nas redes sociais.

Localmente, as reacções surgem. No sudeste do continente indiano, o Governo do estado de Andhra Pradesh, constituído por um mosaico de populações, prome-teu, no final de uma reunião entre os representantes da Federação das Igrejas Cristãs do Estado de Andhra Pradesh e o primeiro-ministro do estado, assegurar os serviços e os direitos às minorias cristãs, bem como a protecção dos bens da Igreja. “O encontro confirmou as boas relações

O estado

preocupa-

se com o

aumento da

população

cristã e

muçulmana.

Manifestação

pacífica

contra a

violência

anti-cristã

na India.

ÍNDIA

9Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Mulheres

cristãs vítimas

de violência

em Orissa.

entre as Igrejas e o Governo de Andhra Pradesh, construídas com base no reco-nhecimento recíproco e na legalidade do Estado de direito, pressupostos que permi-tem construir a harmonia social e religiosa na Índia”, relata a agência Fides.

UMA CRISE DE IDENTIDADE

Segundo o sociólogo Deepak Metha, professor na universidade de Shiv Nadar (Nova Deli), a sociedade indiana enfrenta uma crise de identidade: “O país está real e profundamente dividido. Não se trata ape-nas de um fenómeno político. Os motivos são mais complexos. Assentam na aposta do sentido colectivo do ‘eu’. Existe um ‘eu colectivo’ hindu? Existe um ‘eu colectivo’ muçulmano? A sociedade indiana enfrenta uma crise ontológica. Precisa de inimigos e os muçulmanos são o alvo ideal.”

Oração

Para que a India, apesar de toda a vio-lência e radicalismo actual, possa viver um dia os seus ideais de paz, nós Te pedimos Senhor!

PERIODICAMENTE O PAÍS DA NÃO-VIOLÊNCIA INCENDEIA-SE

Em respostas às questões das Igrejas da Ásia, o sociólogo Deepak Metha, profes-sor na universidade de Shiv Nadar (Nova Deli), constata que, no país, a não-violên-cia é mais um ideal que uma realidade. “Assiste-se, na Índia, a ondas de violência nacionais. Começaram nos anos sessenta e intensificaram-se nos anos setenta, durante o período do estado de urgência declarado por Indira Gandhi, entre Junho de 1975 e Março de 1977. Reapareceram em 1984, aquando dos motins anti-sikhs em Deli (2.800 mortos), em Uttar Pradesh, em 1992, após a destruição da mesquita de Ayodhya por fundamentalistas hindus (2.000 mortos por toda a Índia), e por fim em 2002, com motins anti-muçulmanos, no estado de Gujarat (1.100 mortos). A Índia incendeia-se a cada dez ou quinze anos. Hoje, tudo indica que estamos nesta configuração: os sinais de alerta são identificáveis (…). É provável que antes do fim do mandato do primeiro-ministro Narendra Modi, (…) as violências entre as comunidades se intensifiquem no país.”

ÍNDIA

10 Sementes de Esperança | Maio 2016

A MENSAGEM DE FÁTIMAA Mensagem de Fátima é um convite e uma escola de santidade. Foi iniciada pelo Anjo da Paz (1916) e completada por Nossa Senhora (1917), prolongando-se até Espanha, em Tuy (1929), com a visão da Ir. Lúcia da Santíssima Trindade.

Esta mensagem foi vivida de maneira histórica pelos Três Pastorinhos – Lúcia, Francisco e Jacinta - e resultou na sua santidade através do convite:

- à conversão permanente;

- à oração, nomeadamente o rosário;

- à entrega a Deus pelos outros com o sentido da reparação.

O acolhimento desta mensagem implica a Consagração ao Coração Imaculado de Maria, que é símbolo de um compromisso de fidelidade e de apostolado. Este pedido pela Senhora mais brilhante que o sol traz a paz ao mundo.

A Consagração à Senhora de Fátima das dioceses de Portugal será feita por D. Manuel Clemente que proferirá a consagração na peregrinação de 13 de Maio de 2016. As orações ensinadas em Fátima pelo Anjo e Nossa Senhora ajudam a viver a Mensagem, que, como disse João Paulo II em Fátima em 1982, é a conversão e a vivência na graça de Deus.

Oração

A 12 de Maio de 1982, na Capelinha das Aparições, o Papa João Paulo II oferece um terço a Nossa Senhora de Fátima:

Venho em peregrinação a Fátima como a maioria de vós, amados peregrinos, com o terço na mão, o nome de Maria nos lábios e o cântico da misericórdia de Deus no coração.

Sede leais convosco próprios, zelai pela vossa herança de fé, de valores espirituais e de honestidade de vida, que recebestes dos vossos anciãos, à luz e com as bênçãos de Maria Santíssima; é uma herança rica e boa. E quereis que vos conte um “segredo”? É simples e já não é segredo: “rezai muito; rezai o terço todos os dias”.

João Paulo II, Fátima, Maio de 1982

11Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

DAR DE COMER A QUEM TEM FOME;

DAR DE BEBER A QUEM TEM SEDE.

(…) Estas necessidades primárias e absolutas para qualquer ser humano não podem ser, de modo nenhum, obviadas nem postergadas por qualquer espiritualismo que não as considerasse. E nós olhamos para os Evangelhos e reparamos que o Senhor Jesus, quando se abeira das pessoas, ou as pessoas se aproximam d’Ele, responde, tantas vezes e imediatamente, a esta necessidade. Quem não lembra, por exemplo, o capítulo sexto do Evangelho de São João, da multiplicação dos pães – e necessariamente assim, porque as pessoas tinham fome –, vai passando então à apresentação d’Ele mesmo, Jesus, como o pão da vida e o alimento completo para as nossas existências, o que Deus nos quer dar. Mas não vai para esta alimentação, digamos, espiritual, sem passar pela primeira, correspondendo às necessidades concretas das pessoas.

É por isso também que nas nossas comunidades cristãs – além da Palavra de Deus, que sempre se anuncia, e da celebração dos sacramentos e da vida litúrgica que tem de acontecer, necessariamente –, há a expressão socio-caritativa, desta ou daquela maneira, quer na vida de cada pessoa, quer nas suas famílias, quer na atenção às necessidades mais concretas dos outros. Aliás, também, como recordamos no capítulo 25 de São Mateus, quando Jesus nos fala desse juízo final em que a nossa vida se vai avaliar diante de Deus, Ele nos diz ‘porque tive fome e destes-me de comer’, ‘porque tive sede e destes-me de beber’. E nesse enunciado que Ele próprio faz das obras de misericórdia a cumprir, Ele dá-nos um programa que nós não podemos, de maneira nenhuma, esquecer. Por isso, dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, corresponder às necessidades básicas dos nossos semelhantes, é algo de fundamental por uma vida que se queira na esteira de Jesus Cristo, e por isso uma vida propriamente cristã.

Com certeza que (…) nós vamos estar particularmente atentos às necessidades imediatas, materiais, dos nossos irmãos, porque esta é a primeira maneira de correspondermos a cada um deles, e correspondendo a cada um deles correspondendo ao próprio Cristo como Ele se apresenta.

D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa, 14 de Fevereiro de 2016

2016 - Ano Santo da Misericórdia

12 Sementes de Esperança | Maio 2016

A Comunidade Vida e Paz tem a sua

génese na espiritualidade cristã católica,

sustentada por três pilares: A Adoração,

a Compaixão e a Evangelização, sendo

um projecto libertador, pedagógico e

integrador.

MISSÃO

Ir ao encontro e acolher pessoas em condição de sem-abrigo, ou em situação de vulnerabilidade social, ajudando-as a recuperar a sua dignidade e a (re)construir o seu projecto de vida, através de uma acção integrada de prevenção, reabilitação e reinserção.

VISÃO

Pretende ser uma organização de referência na criação e dinamização de respostas às necessidades e poten-cialidades das pessoas em condição de sem-abrigo ou em situação de vulnera-bilidade social.

VALORESInspira-se e orienta-se pela Doutrina Social da Igreja e sustenta-se nos seguintes valores:

> Esperança, Comunidade, Equidade, Solidariedade, Verdade, Comprometimento, Tolerância, Espiritualidade, Compaixão, Gratidão

2016 - Ano Santo da Misericórdia

Os princípios que regem a Comunidade Vida e Paz, que iniciou a abor-

dagem de rua em 1988, são universais e aclamados por indivíduos em

todos os cantos do Mundo. Aí tentam que se confundam com a prática de

todos os dias. Para a Comunidade nada é mais importante que o garante

da Dignidade da Pessoa Humana, trabalhando para o Bem Comum, em

nome de uma Justiça Social baseada no princípio da Subsidiariedade.

13Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

O QUE FAZEMOS

> Equipas de Rua

> Equipa de Intervenção Directa

> Espaço Aberto ao Diálogo

> Comunidades Terapêuticas

> Comunidades de Inserção

> Apartamentos de (Re)inserção

> Apartamentos Partilhados

> Unidade de Vida Autónoma

> Empresa de Inserção – COVIPAZ

> Programa de Apoio Pós-Alta

> Apoio a Famílias Carenciadas

> Festa de Natal com as pessoas sem-abrigo

> Projecto Escolas

> Serviço de apoio espi-ritual e religioso

2016 - Ano Santo da Misericórdia

14 Sementes de Esperança | Maio 2016

2016 - Ano Santo da Misericórdia

CONTACTOSRua Domingos Bomtempo, nº 7

1700-142 Lisboa

Tel.: 218 460 165

Fax: 218 495 310

Tlm.: 912 340 222

Email: [email protected]

YouTube: youtube.com/cvp

Facebook: facebook.com/cvp

FACTOS E NÚMEROS DE 2015

> São 4 as voltas distintas que as carrinhas da Comunidade Vida e Paz percorrem todas as noites na cidade de Lisboa.

> Foram 38 os residentes que concluíram em 2015 o programa de reinserção.

> 198 situações foram tratadas no Espaço Aberto ao Diálogo foram encaminhadas para as respostas da Comunidade.

> 289 situações foram acolhidas ou prosseguiram a frequência nos Programas de Tratamento/Reabilitação nos diversos Centros da Comunidade.

> Foram em média 480 as pes-soas em condição sem-abrigo apoiadas pelas equipas de rua.

> Foram integrados 619 voluntários nas várias valências da Comunidade.

> 728 Pessoas sem-abrigo foram aco-lhidas no Espaço Aberto ao Diálogo.

> O Projecto Escolas abran-geu 1.650 alunos.

> Foram 1.246 os voluntários que ajudaram a que a Festa de Natal 2014 fosse um sucesso.

> Foram servidas 2.495 refeições na 26ª Festa de Natal com as pessoas sem-abrigo.

> Foram 38.472 os quilómetros percorridos pelas carrinhas afetas às Equipas de Rua, em 2014.

> Foram 147.820 as ceias distribuídas às pessoas em condição sem-abrigo

15Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Com o mês de maio, somos convidados recordar o mês de Maria, e com Ela, o dia das mães. Maio nos fala da ternura, do afetivo, do amor e da família. Somos convidados a descobrir a riqueza do feminino, da mulher no Plano de Deus, em nossa vida, na vida da Igreja. Particularmente somos chamados a sempre mais descobrir porque nós cristãos amamos e veneramos Maria como a Mãe de Jesus, nossa Mãe e Mãe da Igreja.

Maria não é apenas a Mãe de um grande homem, nem do maior dos profetas, mas a Mãe do Filho de Deus, do nosso único Salvador e Redentor. Ela gerou e educou Jesus. Acompanhou o seu Filho amado ao longo da vida, da gestação até sua morte e ressurreição. Foi o próprio Cristo Quem a entregou como a Mãe de toda a humanidade ao pé da cruz nos momentos finais de sua vida. “Mãe, eis ali teu filho, filho eis ali tua Mãe”(Jo 19,26). Ela se fez presença no Pentecostes, na Igreja nascente e através de toda a história dos dois mil anos do cristianismo.

Sem dúvida, Maria se encontra no coração de Deus Pai, no coração e na vida de Jesus, no coração da Igreja e dos povos. Sua presença na Igreja e na humanidade nos é conhecida. Aparece em Lourdes, para nos pedir conversão. Em Fátima intercede pela conversão da Rússia e da huma-nidade. No México, Guadalupe, intervém a favor de nossos índios. Em Aparecida, pede para reconhecermos os negros como iguais a todos, etc.. A presença de Maria aparece directamente à Promessa de Deus no AT, como a Mãe de Cristo e da Igreja no NT e como a mediadora entre Deus e o homem na história da Igreja. É por isto que nós cristãos a amamos e a veneramos.

Deus ao nos chamar à vida através de nossos pais nos criou “a sua imagem e semelhança”, como homens e mulheres, como família, onde o masculino e o feminino fazem parte da essência da natureza humana. Em nossa vocação humana e divina, Maria é o feminino de Deus em nosso caminho para a eternidade. Deus é Pai com coração de Mãe, onde Maria aparece como “o rosto materno de Deus” a favor da humanidade.

Na passagem do mês de maio, nosso especial carinho e gratidão pela presença de cada mulher, particularmente pela existência de nossas mães físicas e espirituais. Deus, a Igreja, cada um de nós, a humanidade, precisamos de vocês mulheres. Ser mulher é ser dom, dádi-va, manifestação viva e encarnada no tempo da própria ternura de Deus.

Para Jesus nossa gratidão por nós ter dado sua Mãe como Mãe da Igreja e nossa Mãe. Na passagem do dia das mães, para nossas mães terrenas que nos geraram para a vida, para o amor, para fé, para a Igreja e para Deus, nossa mais sincera gratidão e orações.

Padre Evaristo Debiasi - Assistente Espiritual da Fundação AIS Brasil

Actualidade

MÃE DE JESUS, MÃE DA IGREJA E NOSSA MÃE

PEDIDO DE ORAÇÃO: O Pe. Evaristo Debiasi encontra-se gravemente doente. Pedimos aos nossos benfeitores e amigos que se unam a nós em oração por este sacerdote que tanto bem fez em prol da Igreja que sofre.

ROSÁRIO PELA VIDA“O terço é a oração que acompanha todo o tempo da minha vida. É também a oração dos simples e dos santos. É a oração do meu coração.”

“… a oração com Maria, especialmente o Terço, também tem essa dimensão ‘agonística’, ou seja, de luta, uma ora-ção que dá apoio na luta contra o maligno e seus aliados. O Terço também nos sustenta nesta batalha.”

Papa Francisco

TRua Professor Orlando Ribeiro, 5 D, 1600-796 LISBOAel 21 754 40 00 • Fax 21 754 40 01 • NIF 505 152 304

[email protected] • www.fundacao-ais.pt

SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

PROPRIEDADEDIRECTORA

REDACÇÃO E EDIÇÃO

FONTEFOTOS

CAPAPERIODICIDADE

IMPRESSÃOPAGINAÇÃO

DEPÓSITO LEGALISSN

Fundação AIS Catarina Martins de BettencourtP. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira, Ana Vieira e Félix LunguL’Église dans le monde – AIS França© AIS; © DR

Vitral de Nossa Senhora do Rosário 11 edições anuaisSersilito, MaiaJSDesign352561/122182-3928

Isento de registo na ERC ao abrigo do Dec. Reg. 8/99 de 9/6 art.º 12 n.º 1 A

Destaque

Cód. RO005€ 4,00€ 2,50

Numa altura em que há cada vez mais atentados à vida humana, rezar a oração do Rosário é pedir à Mãe de Jesus que nos ensine a valorizar e amar cada ser humano.

O Padre João Paulo Pimentel escreveu este livro de oração para nos ajudar a reflectir sobre o valor da vida. Na con-templação dos mistérios somos convidados a seguir Jesus, “o Caminho, a Verdade e a Vida”. Os textos são acom-panhados por citações da Sagrada Escritura e pequenas meditações retiradas do grande tesouro do Magistério da Igreja.

O livro do Rosário pela Vida está magnificamente ilustra-do com imagens da pintora Bradi Barth.

112 páginas

OFERTA DA MEDALHA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA BENZIDA