programa de desenvolvimento da pecuária leiteira da …ªncia da dieta na composição dos sólidos...

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Influência da dieta na composição dos sólidos do leite Entrevista com ex-estagiário do PDPL-RV Rafael Gasparoni Estudante de Agronomia Armindo José Soares Neto Engenheiro Agrônomo / Gerente Geral de Suprimento de Leite/ Itambé No dia 08 de novembro o médi- co veterinário, consultor técnico da Tortuga, René Galvão R. Martins, proferiu uma palestra sobre influ- ência da dieta na composição dos sólidos no leite, sendo um assunto de extrema importância e aplicação prática nas fazendas. A mensagem deixada foi de que é possível manipular o teor de sólidos no leite através da dieta, tanto em re- lação ao teor de gordura, quanto ao teor de proteína. Para manipulação do teor de gor- dura foi ressaltado a relação volu- moso x concentrado como estratégia alimentar, sendo que a inclusão de alimentos fibrosos na dieta é uma das formas de aumentá-lo. Já para melhorar o teor de proteína do leite ressaltou-se a necessidade de traba- lhar com alimentos de alta qualidade, capazes de fornecer um bom perfil de aminoácidos para síntese da pro- teína. O palestrante também enfatizou a necessidade de uma boa avaliação econômica para as medidas a serem adotadas quanto à manipulação da dieta, uma vez que todos os laticínios tendem a valorizar o leite do produ- tor de acordo com a composição do leite fornecido. Assim manipulações na dieta po- dem elevar o preço do leite pago, tornando a atividade leiteira mais rentável. Deste modo, a palestra foi bastante proveitosa para todos estagiários da 3ª fase do PDPL-RV, pois possibilitou rever alguns conceitos sobre as influ- ências da dieta na qualidade do leite. Durante quanto tempo você esta- giou no PDPL-RV? Dois anos e meio. O que você considera de importante em cada fase do Programa? A primeira fase permite ao estagiário a vivência prática das atividades de uma propriedade leiteira, a segunda da escrituração zootécnica e a tercei- ra, do relacionamento com os pro- dutores atendidos pelo PDPL-RV. Como você define o PDPL-RV? Na minha opinião, o PDPL-RV é o principal Programa de formação de especialistas em pecuária leiteira do país, com resultados aprovados pelo mercado e consolidado ao longo de seus 23 anos de existência. Como o PDPL-RV se tornou impor- tante na sua formação profissional? O PDPL-RV permitiu que eu tivesse contato com os produtores de leite e que aprofundasse meus conheci- mentos em pecuária leiteira, ainda durante a graduação. Você qualifica o seu sucesso profis- sional à experiência obtida durante o estágio no PDPL-RV? Se sim, por quê? Com certeza. Chegar ao mercado de trabalho com a experiência propor- cionada pelo PDPL-RV faz toda a diferença e nos dá maior segurança para enfrentar os desafios da carrei- ra. O que você considera de peculiar no Programa? O senso de profissionalismo e a res- ponsabilidade que cada estagiário assume no Programa é, sem dúvida, um de seus maiores diferenciais. Você pode nos descrever a sua traje- tória profissional? Conte as empresas que você trabalhou e como foram es- sas vivências. Assim que me formei (03/97), fui tra- balhar em Goiás, onde atuei por qua- se 10 anos. Neste período, trabalhei na Nestlé (fábrica de Goiânia), passei pela experiência de ter minha pró- pria empresa de laticínios e depois, trabalhei na Italac. Nesta última em- presa, tive a oportunidade de enfren- tar um novo desafio, no Rio Grande do Sul, com a abertura de uma nova fábrica na região. Em 2009, me mu- dei para Belo Horizonte, iniciando uma nova etapa da minha carreira, na Itambé. O que você acha que é primordial para um bom desempenho profissio- nal? Acredito que nos dias de hoje, tão importante quanto se capacitar tec- nicamente, é procurar desenvolver outras competências que vão ajudar muito a obter os melhores resultados para sua empresa e consequente- mente para sua carreira. O relacio- namento interpessoal é uma dessas competências que podem fazer com que você se diferencie no mercado de trabalho. Se hoje você fosse conversar com algum estagiário do PDPL-RV quais dicas você passaria? Trabalhar em uma área com que você se identifique e se realize, não se dei- xar abalar pelas dificuldades, ser per- sistente e aprender com seus erros. Após ter estagiado no PDPL-RV você percebeu quanta diferença essa expe- riência fez no seu currículo? Com certeza o mercado de trabalho reconhece o diferencial dos ex-esta- giários do PDPL-RV. Prova disso é o alto índice de empregabilidade dos profissionais egressos do Programa. Como era a sua visão do PDPL-RV, quando participava diretamente como estagiário? Você acredita que poderia ter aproveitado mais, dado maior va- lor a alguns conceitos, etc? Posso dizer que aproveitei bem a oportunidade que tive enquanto es- tagiário, mas quando se é estudante o estágio acaba concorrendo com outras prioridades e às vezes a falta de maturidade nos atrapalha nas es- colhas que temos que fazer. Se fos- se hoje, acredito que faria algumas coisas de forma diferente e poderia aproveitar muito mais. Como você descreve a preparação realizada no PDPL-RV? Considero a preparação técnica e a metodologia bastante adequadas e sei que hoje em dia é bem mais com- pleta que na época em que fui esta- giário. Conte sobre o perfil técnico adquiri- do no seu estágio do Programa, como disciplina, hierarquia, comprometi- mento, conhecimento prático e teóri- co, etc. Como escrevi no início da entrevista, os pontos acima fazem a diferença do PDPL-RV em relação a qualquer outro Programa de formação técnica no país. A forma com que o estagiá- rio se relaciona com o Programa é a mesma que ele vai encontrar nas em- presas onde for trabalhar depois de formado. Isto facilita sua adaptação no mercado de trabalho. Como é a preparação no estágio do PDPL-RV, para que possibilite a atu- ação do profissional na política de fomento de uma empresa compradora de leite? A oportunidade de relacionamento com os produtores assistidos pelo PDPL-RV ajuda muito quando o profissional vai atuar nesta área. Outros aspectos específicos deste segmento de trabalho, como por exemplo, o georreferenciamento de propriedades e a roteirização da coleta do leite, entre outros, fazem parte de um projeto que estamos de- senvolvendo junto ao PDPL-RV, para completar ainda mais a formação dos estagiários. Você percebe alguma diferença entre o seu perfil profissional e dos seus co- legas que não tiveram a oportunidade de estagiar no PDPL-RV? Se sim, especifique. Hoje, quando vamos contratar técni- cos para trabalhar na empresa, temos a oportunidade de avaliar profissio- nais de diversas origens, formações e experiências. Posso afirmar que, sem dúvida, os oriundos do PDPL-RV tem se destacado entre eles. Dicas do Médico Veterinário: Compreendendo a Vacina p. 2 Uso de bST como ferramenta para aumento da produção de leite p. 2 Momento do Produtor Antônio Maria da Silva Araújo p. 3 Jornal da Produção de Leite / Ano XX - Número 271 - Viçosa, MG - Novembro de 2011 PDPL-RV Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de Viçosa www.ufv.br/pdpl

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Page 1: Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da …ªncia da dieta na composição dos sólidos do leite Entrevista com ex-estagiário do PDPL-RV Rafael Gasparoni Estudante de

Influência da dieta na composição dos sólidos do leite

Entrevista com ex-estagiário do PDPL-RV

Rafael GasparoniEstudante de Agronomia

Armindo José Soares Neto Engenheiro Agrônomo / Gerente Geral de Suprimento de Leite/ Itambé

No dia 08 de novembro o médi-co veterinário, consultor técnico da Tortuga, René Galvão R. Martins, proferiu uma palestra sobre influ-ência da dieta na composição dos sólidos no leite, sendo um assunto de extrema importância e aplicação prática nas fazendas.

A mensagem deixada foi de que é possível manipular o teor de sólidos no leite através da dieta, tanto em re-lação ao teor de gordura, quanto ao teor de proteína.

Para manipulação do teor de gor-dura foi ressaltado a relação volu-moso x concentrado como estratégia alimentar, sendo que a inclusão de alimentos fibrosos na dieta é uma das formas de aumentá-lo. Já para melhorar o teor de proteína do leite

ressaltou-se a necessidade de traba-lhar com alimentos de alta qualidade, capazes de fornecer um bom perfil de aminoácidos para síntese da pro-teína.

O palestrante também enfatizou a necessidade de uma boa avaliação econômica para as medidas a serem adotadas quanto à manipulação da dieta, uma vez que todos os laticínios tendem a valorizar o leite do produ-tor de acordo com a composição do leite fornecido.

Assim manipulações na dieta po-dem elevar o preço do leite pago, tornando a atividade leiteira mais rentável.

Deste modo, a palestra foi bastante proveitosa para todos estagiários da 3ª fase do PDPL-RV, pois possibilitou rever alguns conceitos sobre as influ-ências da dieta na qualidade do leite.

• Durante quanto tempo você esta-giou no PDPL-RV? Dois anos e meio.

• O que você considera de importante em cada fase do Programa?A primeira fase permite ao estagiário a vivência prática das atividades de uma propriedade leiteira, a segunda da escrituração zootécnica e a tercei-ra, do relacionamento com os pro-dutores atendidos pelo PDPL-RV.

• Como você define o PDPL-RV?Na minha opinião, o PDPL-RV é o principal Programa de formação de especialistas em pecuária leiteira do país, com resultados aprovados pelo mercado e consolidado ao longo de seus 23 anos de existência.

• Como o PDPL-RV se tornou impor-tante na sua formação profissional?O PDPL-RV permitiu que eu tivesse contato com os produtores de leite e que aprofundasse meus conheci-mentos em pecuária leiteira, ainda durante a graduação.

• Você qualifica o seu sucesso profis-sional à experiência obtida durante o estágio no PDPL-RV? Se sim, por quê?Com certeza. Chegar ao mercado de trabalho com a experiência propor-cionada pelo PDPL-RV faz toda a

diferença e nos dá maior segurança para enfrentar os desafios da carrei-ra.

• O que você considera de peculiar no Programa?O senso de profissionalismo e a res-ponsabilidade que cada estagiário assume no Programa é, sem dúvida, um de seus maiores diferenciais.

• Você pode nos descrever a sua traje-tória profissional? Conte as empresas que você trabalhou e como foram es-sas vivências.Assim que me formei (03/97), fui tra-balhar em Goiás, onde atuei por qua-se 10 anos. Neste período, trabalhei na Nestlé (fábrica de Goiânia), passei pela experiência de ter minha pró-pria empresa de laticínios e depois, trabalhei na Italac. Nesta última em-presa, tive a oportunidade de enfren-tar um novo desafio, no Rio Grande do Sul, com a abertura de uma nova fábrica na região. Em 2009, me mu-dei para Belo Horizonte, iniciando uma nova etapa da minha carreira, na Itambé.

• O que você acha que é primordial para um bom desempenho profissio-nal?Acredito que nos dias de hoje, tão importante quanto se capacitar tec-

nicamente, é procurar desenvolver outras competências que vão ajudar muito a obter os melhores resultados para sua empresa e consequente-mente para sua carreira. O relacio-namento interpessoal é uma dessas competências que podem fazer com que você se diferencie no mercado de trabalho.

• Se hoje você fosse conversar com algum estagiário do PDPL-RV quais dicas você passaria? Trabalhar em uma área com que você se identifique e se realize, não se dei-xar abalar pelas dificuldades, ser per-sistente e aprender com seus erros.

• Após ter estagiado no PDPL-RV você percebeu quanta diferença essa expe-riência fez no seu currículo?Com certeza o mercado de trabalho reconhece o diferencial dos ex-esta-giários do PDPL-RV. Prova disso é o alto índice de empregabilidade dos profissionais egressos do Programa.

• Como era a sua visão do PDPL-RV, quando participava diretamente como estagiário? Você acredita que poderia ter aproveitado mais, dado maior va-lor a alguns conceitos, etc?Posso dizer que aproveitei bem a oportunidade que tive enquanto es-tagiário, mas quando se é estudante

o estágio acaba concorrendo com outras prioridades e às vezes a falta de maturidade nos atrapalha nas es-colhas que temos que fazer. Se fos-se hoje, acredito que faria algumas coisas de forma diferente e poderia aproveitar muito mais.

• Como você descreve a preparação realizada no PDPL-RV? Considero a preparação técnica e a metodologia bastante adequadas e sei que hoje em dia é bem mais com-pleta que na época em que fui esta-giário.

• Conte sobre o perfil técnico adquiri-do no seu estágio do Programa, como disciplina, hierarquia, comprometi-mento, conhecimento prático e teóri-co, etc.Como escrevi no início da entrevista, os pontos acima fazem a diferença do PDPL-RV em relação a qualquer outro Programa de formação técnica no país. A forma com que o estagiá-rio se relaciona com o Programa é a mesma que ele vai encontrar nas em-presas onde for trabalhar depois de formado. Isto facilita sua adaptação no mercado de trabalho.

• Como é a preparação no estágio do PDPL-RV, para que possibilite a atu-ação do profissional na política de

fomento de uma empresa compradora de leite?A oportunidade de relacionamento com os produtores assistidos pelo PDPL-RV ajuda muito quando o profissional vai atuar nesta área. Outros aspectos específicos deste segmento de trabalho, como por exemplo, o georreferenciamento de propriedades e a roteirização da coleta do leite, entre outros, fazem parte de um projeto que estamos de-senvolvendo junto ao PDPL-RV, para completar ainda mais a formação dos estagiários.

• Você percebe alguma diferença entre o seu perfil profissional e dos seus co-legas que não tiveram a oportunidade de estagiar no PDPL-RV? Se sim, especifique.Hoje, quando vamos contratar técni-cos para trabalhar na empresa, temos a oportunidade de avaliar profissio-nais de diversas origens, formações e experiências. Posso afirmar que, sem dúvida, os oriundos do PDPL-RV tem se destacado entre eles.

Dicas do Médico Veterinário:Compreendendo a Vacina

p. 2

Uso de bST como ferramenta para aumento da produção de leite

p. 2

Momento do ProdutorAntônio Maria da Silva Araújo

p. 3

Jornal da Produção de Leite / Ano XX - Número 271 - Viçosa, MG - Novembro de 2011

PDPL-RV Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de Viçosa www.ufv.br/pdpl

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Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de Viçosa

Publicação editada sob a responsabilidade do

Coordenador do PDPL-RV:Prof. Sebastião Teixeira

Gomes

Jornalista Responsável:José Paulo Martins

(MG-02333-JP)

Redação:Christiano Nascif

Zootecnista

Marcus Vinícius C. MoreiraMédico Veterinário

André NavarroMédico Veterinário

Thiago Camacho RodriguesEngenheiro Agrônomo

Evaldo Paulo FirminoZootecnista

Diagramação e coordenação gráfica:

Camila CaetanoErika VieiraMara Freitas

Impressão:Suprema Gráfica e Editora

(32) 3551 2546

Endereço do PDPL-RV: Ed. Arthur Bernardes

Subsolo/ Campus da UFVCep: 36570-000

Viçosa - MG

Telefax: (31) 3899 5250E-mail: [email protected]

www.pdpl.ufv.br

Twitter: @PDPLRVFacebook: Pdpl Minas Gerais

Jornal da Produção de Leite

Gustavo Rollo M. de OliveiraEstudante de Medicina Veterinária

As vacinas são substâncias, como proteínas, toxinas, partes de bacté-rias ou vírus, ou mesmo vírus e bac-térias inteiros, atenuados ou mortos, que ao serem introduzidas no or-ganismo de um animal, estimulam uma reação do sistema imunológico semelhante à que ocorreria no caso de uma infecção.

Ao inserir no organismo do animal esse tipo de substância é estimulada a síntese de anticorpos, que protegem o organismo, além de desenvolver a

chamada memória imunológica, tor-nando mais fácil o reconhecimento do agente infeccioso e a eficiência do sistema imune.

A estratégia de vacinação é essen-cial sempre que houver a transferên-cia dos animais de uma região livre dos agentes para uma região endêmi-ca, quando houver compra de novos animais ou suspeita de casos da do-ença no rebanho.

Lembrando que de acordo com o Ministério da Agricultura é obrigató-ria a vacinação para brucelose e febre aftosa no estado de MG, ficando in-dicada a vacinação semestral contra raiva, visto que nossa região é consi-derada endêmica para essa doença.

De uma forma geral as vacinas po-

dem ser classificadas em: • Vacinas inativadas, a exemplo a

raiva e aftosa, são compostas de mi-croorganismos mortos ou fragmen-tos destes, onde o tempo de imuniza-ção, ou seja, o tempo de proteção do animal é menor se comparado com a vacina viva atenuada. Por outro lado, não existe o risco do animal contrair a doença a partir da vacinação.

• Vacinas atenuadas por sua vez são compostas de microorganismos vivos atenuados em laboratório, seja por processos físicos, químicos ou biológicos, onde estes continuam se multiplicando e desenvolvendo. Uma vantagem desse tipo de vacina é o maior tempo de imunização, ou

Compreendendo a vacina

Dicas do Médico Veterinário

A Somatotropina bovina (bST) ou hormônio de crescimento (GH) é um hormônio produzido natural-mente pelo organismo dos bovinos, e outros animais. Entre seus principais efeitos no organismo está o aumento da produção de leite, consequência de um maior direcionamento dos nutrientes do organismo para a glân-dula mamária.

Neste sentido, a utilização de bST em vacas leiteiras pode ser usada como ferramenta para aumentar a produção de leite, principalmente em períodos de melhores preços. Com

as novas descobertas em biotecno-logia foi possível obter o hormônio de crescimento em laboratório e em escala comercial, o que permitiu a disseminação do seu uso em vacas leiteiras de alta ou média produção, com potencial genético que permita resposta em produção.

A aplicação deve ser feita em ani-mais com adequadas condições me-tabólicas, não sendo indicado seu uso em vacas antes do pico de lac-tação, quando estas normalmente passam por um período de balanço energético negativo.

Outra preocupação comum é sobre a presença do hormônio no leite para consumo humano. Como se trata de um hormônio proteico, este é dige-rido juntamente com o restante da proteína da dieta, não havendo ris-cos para a saúde humana.

Um aumento na ingestão de maté-ria seca geralmente ocorre para sus-tentar esse incremento na produção de leite.

É necessário ressaltar que o uso do bST somente apresentará resultados positivos quando as vacas se encon-trarem em boa condição, com ali-mento disponível e com um manejo correto. Caso isto não ocorra, os re-sultados não serão os desejados.

Na Fazenda Santa Edwiges, do pro-dutor Antônio Carlos Reis, localiza-da no município de Piranga/MG, foi iniciado o uso da bST em animais selecionados do rebanho.

Para analisar a viabilidade econô-mica da tecnologia em um período de dois meses, em que foram feitas quatro aplicações a cada 14 dias, de acordo com o protocolo, mediu-se a produção de leite dos animais que es-

tavam recebendo o hormônio, cons-tatando-se um aumento de 9,6%. O preço de cada seringa de aplicação

gira em torno de R$16,00. A tabela abaixo relaciona os resul-

tados encontrados:

Uso de bST como ferramenta para aumento da produção de leiteÉrico Rodrigues Estudante de Zootecnia

Fabiana Cirino dos Santos Estudante de Medicina Veterinária

seja, maior o tempo em que o animal estará ‘’protegido’’. No entanto, exis-te o risco, mesmo que pequeno, de acontecer alguma mutação e os mi-croorganismos da vacina voltarem a desenvolver a doença, ou seja, o ani-mal se tornar infectante. Exemplo é a vacina contra brucelose.

Desta forma, o manejo sanitário do rebanho é extremamente importante para que sejam evitadas doenças que possam interferir na produtividade dos animais, ficando a cargo de cada propriedade elaborar o seu próprio calendário de vacinação, pensando sempre na prevenção do rebanho como um todo e não apenas no in-divíduo.

Os resultados com o uso de bST foram atrativos, entretanto deve ficar claro que seu uso é apenas mais uma

ferramenta, que de forma isolada não é suficiente para melhoria de desem-penho do rebanho.

O Brasil apresenta-se como um dos maiores produtores de leite do mundo, prevendo para 2011 uma produção de 30,846 bilhões de Kg de leite. Os incrementos crescentes da produção brasileira são atribuídos a vários fatores, dentre eles a melhoria na qualificação da mão de obra.

É válido ressaltar que nos últimos anos a mão de obra valorizou 300%, passando o salário mínimo de R$ 180,00 para R$ 545,00. Sendo assim, considerando o preço médio de leite de R$ 0,70, o aumento ocorrido no valor da mão de obra equivale a 521 litros de leite a mais por mês. Em vir-tude disso, fica clara a necessidade de um bom treinamento dos funcioná-rios, para que a remuneração destes seja compensada com um aumento da sua produtividade e eficiência.

Outro fator importante quando se trata de recursos humanos na pecuá-ria leiteira é a participação da mão de

obra feminina, que é cada vez mais significativa.

No Sítio Aurora, de propriedade do senhor Alvimar Sérgio T. de Carva-lho, localizada na cidade de Teixei-ras, assistida pelo PDPL-RV, a equipe de funcionários é composta por três pessoas: Marcelino, responsável pelo trato, Aloísio, que é retireiro, e Re-giane, responsável pela limpeza dos equipamentos de ordenha, manejo do bezerreiro e observação de cio.

A presença da funcionária Regiane é um grande diferencial, sendo esta extremamente caprichosa e eficiente, sempre preocupada com o resultado do seu trabalho. Isso pode ser com-provado com o bom desempenho da fase de cria, com mortalidade menor que 5% e ganho de peso ponderal de 0,6 Kg/dia, além dos baixos índices de UFC (Unidades Formadoras de Colônias) que foram 50 mil/UFC/ml no mês de novembro, valor que aten-de os padrões da IN 51, prevista para entrar em vigor a partir de janeiro de 2012.

Além das já citadas, a curiosidade e vontade de aprender são outras

características de Regiane, a qual já recebeu vários treinamentos para melhorar o seu trabalho, sendo eles relacionados à pesagem dos animais, identificação e tratamento de doen-ças na fase de cria, anotações para o controle zootécnico e também capa-citação para adotar o chamado BPF (Boas Práticas de Fazenda).

Assim, nota-se que é deste tipo de

Um toque feminino na pecuária leiteira

funcionário pró-ativo que as pro-priedades brasileiras precisam para se tornarem mais eficientes e conse-guirem melhores resultados.

E com isso reforça-se a importância da mulher, que por ser atenciosa, pa-ciente e organizada, vem ocupando cada vez mais espaço na bovinocul-tura de leite, e Regiane vai ao encon-tro deste perfil.

Luis Ricardo de Oliveira Estudante de Zootecnia

Maria Alice Reis SilvaEstudante de Agronomia

Vacas no protocolo (cab.) 13

Média leite/vaca antes do protocolo (L) 21,62

Média leite/vaca depois do protocolo(L) 23,46

Aumento (%) 9,6

Aumento leite/vaca (L) 1,85

Aumento da renda (R$) 1.196,16

Gasto total com bST (R$) 844,48

Saldo (R$) 351,68

Regiane, funcionária responsável pela limpeza dos equipamentos de ordenha

ITENS VALORES

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Momento do Produtor: Antônio Maria da Silva Araújo

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A Fazenda Nô da Silva, situada no município de Cajuri-MG, é de pro-priedade da família do Sr. Antônio Maria Silva Araújo, herança de seu pai, conhecido como Nô da Silva.

Há 33 anos o Sr. Antônio Maria ingressou na atividade leiteira e sempre buscando melhor desempe-nho em suas atividades, iniciou sua parceria com o PDPL-RV em 1989, com a produção diária de 425 litros e média de produção/vaca de 6L.

O Sr. Antônio Maria utilizou na atividade leiteira diversos sistemas de manejo, tais como piquetes rota-cionados, capineira, cana-de-açúcar corrigida com uréia e em 1999 optou pela instalação do free-stall, sendo influenciado pelo produtor Marcelo Rigueira, de Teixeiras, que já traba-lhava com o sistema intensivo e pôde observar as vantagens deste, relata o produtor.

Segundo o produtor, o maior de-safio que ele enfrenta na atividade é a alimentação de seus animais, pois tem limitação de áreas para produ-ção de volumoso em sua proprieda-de.

De modo a tentar minimizar os obstáculos gerados pela escassez de áreas para produção de volumoso, em 2011 utilizou a agricultura de precisão na propriedade, visando a melhoria da produtividade das áre-as de milho para silagem com baixo custo, sendo que os resultados serão observados nos anos seguintes.

Essa tecnologia se trata do georre-ferenciamento das amostras de solo retiradas no pré-plantio para gerar mapas das zonas deficientes em nu-

trientes e que devem ser corrigidas. Com a intensificação de seu siste-

ma de produção, o Sr. Antônio Maria se viu obrigado a adotar outras tec-nologias na propriedade, tais como a terceira ordenha, que trouxe um au-mento de produção de 14% e aumen-to dos custos de 7%, demonstrando a viabilidade desse investimento para sua propriedade.

Adquiriu também um vagão forra-geiro, que se tornou uma ferramen-ta indispensável para o aumento da produtividade e eficiência da mão--de-obra e fornecendo alimentação adequada aos animais.

Pensando em preservação ambien-tal construiu uma chorumeira para melhor aproveitamento dos dejetos. Nesse sistema, há a separação do dejeto sólido do líquido por um con-junto de peneiras. O líquido é enca-minhado para a chorumeira e o sóli-do é destinado diariamente às áreas de plantio de milho silagem, redu-zindo gastos com adubação química.

O produtor obteve no ano de 2010 produtividade de 60 toneladas por hectare de matéria natural de milho para silagem nas áreas que recebe-ram os dejetos do rebanho, mostran-do a importância do aproveitamento desse material, enquanto que em outras áreas que não receberam os dejetos a produtividade foi em torno de 55 toneladas por hectare. “Esse pacote tecnológico trouxe benefícios superiores aos custos, justificando os investimentos”, afirma Antônio Maria.

Hoje o produtor conta com animais de grau de sangue desde 15/16 HZ à animais PC ou PO. As fêmeas são criadas em abrigos individuas nas primeiras semanas de vida e poste-riormente seguem para o chamado bezerreiro contínuo, até completa-rem 60 dias, recebendo diariamente 5 litros de leite, ração peletizada e água de qualidade à vontade. Quan-do desaleitadas, essas bezerras se-guem para o lote de transição, em que recebem feno de qualidade, sila-gem de milho, e concentrado mistu-rado na propriedade.

O ganho de peso ponderal desses animais gira em torno de 1,0 kg/dia no aleitamento e 0,65 kg/dia na fase de recria, possibilitando a primeira inseminação com a idade próximo aos 15 meses e o primeiro parto aos 24 meses, considerados níveis ade-quados para rebanhos da raça holan-desa. Os animais em recria são abri-gados em 8 lotes, divididos por peso e status reprodutivo.

As vacas secas também são abriga-das em free-stall, com acesso a um

piquete de Brachiaria decumbens. Há na propriedade um lote de pré--parto com capacidade suporte de 12 animais e 3 baias para maternidade. Conta também com um lote destina-do a animais em tratamento. Os ani-mais da recria e vacas secas têm sua dieta fechada no cocho e ainda assim tem acesso aos piquetes.

A produção média anual é de 4.100 litros e está produzindo atualmente 4.700 litros diários, com utilização de apenas 5 funcionários fixos na atividade e suporte constante do Sr. Antônio Maria e seus filhos.

As vacas em lactação são separadas em 5 lotes. Esses animais são dividi-dos adotando-se os critérios de dias em lactação e produção de leite. A média geral do rebanho atual é de 34,5 litro/vaca/dia.

A sala de ordenha da proprieda-de tem capacidade para 10 animais sendo 5 de cada lado, alinhados em modelo “espinha de peixe”, com 5 conjuntos e extrator automático,

com linha alta de leite. Recentemente o produtor adquiriu um tanque de expansão com suporte para 10.000 litros de leite e sistema de lavagem automática.

Preocupado com as questões de qualidade do leite e conforto animal, o produtor separou um lote de ani-mais com alta CCS e vem realizan-do Blitz Terapia em alguns animais diagnosticados com Streptococcus agalactiae, cuja contaminação pode ser determinada através das amos-tragens individuais para cultura mi-crobiológica, que estão sendo reali-zadas na propriedade.

Quanto ao conforto animal, em 2009 instalou na propriedade o siste-ma de ventilação e aspersão, que são controlados automaticamente. Atu-almente adquiriu novos ventilado-res, de modo a melhorar ainda mais a ambiência. “Espero melhoria na atividade, pois o país está em cresci-mento, o poder aquisitivo da popula-ção está aumentando, e esperamos o

aumento do consumo de leite. Novos laticínios deveriam ser implantados na região e espero ter crescimento de 20% em dois anos”, relata o produtor quando questionado sobre o que ele espera da pecuária leiteira.

Em apoio aos produtores que vêm encontrando dificuldades na ativida-de leiteira e aos que pretendem in-gressar nessa área, o Sr. Antônio Ma-ria dá a dica: “Sempre buscar apoio técnico, sempre persistir e acreditar”.

Tendo em vista a dedicação, per-severança e sempre procurando inovações para a atividade leiteira, o produtor Antônio Maria vem obten-do resultados satisfatórios (veja na tabela abaixo) em sua propriedade e demonstrando para muitos que a ati-vidade pode se tornar atrativa, desde que se faça um manejo adequado do rebanho e que se tenha um acom-panhamento constante da parte ad-ministrativa e gerencial, que em seu caso é realizado em conjunto com o PDPL-RV.

Vagão forrageiro recolhendo silagem

Produtor junto ao lote de vacas em lactação Free-stallÁrea de milho para silagem

Emílio Alves FonsecaEstudante de Agronomia

Leandro Swerts da SilvaEstudante de Medicina Veterinária

INDICADORES TÉCNICOS E ECONÔMICOSINDICADOR

Produção média de leite

Vacas em lactação/total de vacas

Vacas em lactação/total do rebanho

Produção/vacas em lactação

Produção/total de vacas

Produção/mão de obra permanente

Produção/área para pecuária

UNIDADELitros / dia

%

%

Litros / cabeça

Litros / cabeça

Litros / dia homem

Litro / ha / ano

1988425

69

25,9

6,1

4,2

79,8

1.195,00

1998430

70,6

36,2

10,3

7,3

137,3

3.276,80

Out. 20082.715

83

47

25

20,8

625,2

12.859,20

Nov. 20114.700

84,26

51,7

34,5

31,3

723,08

16.999,76

Page 4: Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da …ªncia da dieta na composição dos sólidos do leite Entrevista com ex-estagiário do PDPL-RV Rafael Gasparoni Estudante de

4

1 Antônio Maria da Silva Araújo Cajuri 141.134

2 José Afonso Frederico Coimbra 75.770 3 Hermann Muller Visconde do Rio Branco 58.581 4 Marco Túlio Kfouri Oratórios 46.892 5 Paulo Martiniano Cupertino Coimbra 40.509 6 Paulo Frederico Araponga 32.550

7 Sérgio H. V. Maciel Coimbra 31.161 8 Danilo de Castro Ervália 25.122

9 Cristiano José da Silva Lana Piranga 24.979 10 José Renato Araújo Piranga 23.941

Produtor Município Produção

10 Maiores produções do mês de outubro de 2011

1 Ozanan Luiz Moreira Ubá 28,03 28,03 2 Antônio Maria da Silva Araújo Cajuri 29,76 25,29

3 Davi Carvalho Senador Firmino 22,89 18,03

4 Sérgio H. V. Maciel Coimbra 23,93 17,95

5 José Afonso Frederico Coimbra 22,22 17,84

6 Edmar Lopes Canaã 19,08 17,61 7 Paulo Martiniano Cupertino Coimbra 18,94 16,97 8 Alvimar Sérgio Carvalho Teixeiras 19,97 15,36 9 Antônio Carlos Reis Piranga 15,68 13,54

Produtor Município Produtividade Produtividade por vacas em por vaca total lactação

10 Maiores produtividades do mês de outubro de 2011

Cultura microbiológica: importante estratégia no controle de mastites

Qualidade do leite

Bruno de Castro Moura Estudante de Zootecnia

1 Agenor Americo da Silva Teixeiras 92 2 Davi Carvalho Senador Firmino 191 3 Antônio Moreira Vieira Presidente Bernardes 202 3 Célio de Oliveira Coelho Porto Firme 202

4 Rosival Ananias de Toledo Paula Cândido 223

5 Edmar Lopes Canaã 239

6 Herman Muller Visconde do Rio Branco 241

7 Felipe Neri Teixeiras 261

7 Luis Maciel de Lana Ubá 261

Produtor Município CCS (mil/ml)

10 Melhores leites em CCS do mês de outubro de 2011

10 Melhores análises totais de bactérias CBT do mês de outubro de 2011

Broinha de fubá

Ingredientes

1 prato bem cheio de fubá1 prato bem cheio de farinha de trigo1 prato raso de açúcar4 ovos1 concha de óleo1 colher de sal amoníacoLeite até o ponto de pingar as broinhas

Modo de fazer

Coloque os ovos, o óleo e o sal amoníaco e mexa bem. Depois coloque o fubá, o açúcar, a farinha e por último o leite até o ponto de pingar. Em um tabuleiro untado com margarina e farinha de trigo polvilhada, pingue as broinhas e leve ao forno para assar.

Colaboração da Dona Ana, esposa do produtor Geraldo Aleixo.

RECEITA

10 Rogério Barbosa Teixeiras 15,37 13,45

Uma das mais evidentes perdas que ocorrem em uma propriedade leitei-ra é em decorrência da mastite, tanto na forma clínica quanto na subclíni-ca.

No caso da mastite subclínica as perdas são ainda maiores, porém pouco notadas pelo produtor. Desta forma, é deixada de lado, acarretan-do perdas na produção de leite, já que muitos animais podem apresen-tar essa doença.

Todas as formas de detecção de mastites são válidas e necessárias, porém uma de grande impacto é a cultura microbiológica, que tem como finalidade identificar quais mi-croorganismos causadores de masti-tes estão presentes em cada animal infectado.

Com isso podemos melhorar a taxa

de cura, escolhendo o melhor antibi-ótico a ser utilizado, uma vez que na maioria dos casos a mastite é tratada sem saber o agente causador, um ver-dadeiro “tiro no escuro”.

Além disso, a cultura microbioló-gica também é significante quando a fazenda apresenta problemas de alta CCS, o que representa muitos ani-mais com mastite subclínica.

Assim, ao identificarmos quais mi-croorganismos estão presentes, po-demos traçar uma estratégia de tra-tamento caso a bactéria seja sensível a antibioticoterapia. Este tratamento apresenta efeitos benéficos, como redução da CCS e CBT do tanque, o que acarreta aumento da produção e preços pagos ao produtor com a me-lhoria da qualidade do leite, caso este receba por qualidade.

Perda mensal de produção leiteira devido à Contagem de Células Somáticas no leite em rebanho de 1.000 litros por dia

CCSTQ (1.000 cél./ml) Porcentagem de quartos Percentual de perda infectados no rebanho na produção

200 6 0 500 16 6 1.000 32 18 1.500 48 29

Fonte: Espaço do Produtor/ Autoria: Sebastião César Cardoso Brandão

8 Renato Santana Saraiva Porto Firme 290

9 José Vicente de Barros Porto Firme 316

10 Luciano Sampaio Teixeiras 318

1 Áureo de Alcantara Guaraciaba 29 2 Agenor Américo da Silva Teixeiras 34 2 Felipe Neri Teixeiras 34 3 Danilo de Castro Ervália 36

3 Edmar Lopes Canaã 36

4 Cláudio Cacilhas Sabioni Visconde do Rio Branco 37

5 João Bosco Diogo Porto Firme 40

6 Antônio Carlos Reis Piranga 42

7 Antônio Moreira Vieira Presidente Bernardes 46

Produtor Município UFC (mil/ml)

8 Alvimar Sérgio Carvalho Teixeiras 50

9 Rosival Ananias de Toledo Paula Cândido 55

10 José Maria de Barros Presidente Bernardes 60

O gráfico e a tabela abaixo apresentam alguns dados de perdas de produção de leite em função da CCS do rebanho