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FARMÁCIA HOSPITALAR – 2º BIMESTRE NUTRIÇÃO PARENTERAL O objetivo principal dessa metodologia é melhorar ou prevenir a desnutrição nos pacientes, que apresentam impossibilidade total ou parcial de utilizar o tubo digestivo, corrigindo os sinais, sintomas e seqüelas da desnutrição. Em sua concepção mais geral a NP é o fornecimento de nutrientes essenciais, carboidratos, gorduras, proteínas, eletrólitos, vitaminas e água, por via venosa. INDICAÇÕES Pacientes com complicações no TGI, renal, hepática, anorexia nervosa, incompetência imunológica, etc. COMPOSIÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL As diferentes formulações para N.P. baseiam-se no princípio de fornecerem ao paciente as quantidades mínimas, indicadas pela literatura específica, para cada substrato. As indústrias farmacêuticas oferecem variadas apresentações de soluções contendo aminoácidos, hidratos de carbono, eletrólitos, vitaminas. A e leição dos diferentes produtos que o comércio oferece não é tarefa fácil, uma vez que para as formulações mais complexas como as soluções de aminoácidos (AA), hidratos de carbono e vitaminas. Um outro aspecto que deve ser ressaltado é que nem sempre uma preparação para NP é logo de imediato administrada ao paciente, mesmo quando programada adequadamente; podem existir diversos fatores que podem impedir a sua administração logo imediato, podendo ocorrer perda do produto. Dessa forma, por ser o custo destas misturas extremamente elevado, o maior conhecimento sobre a sua

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FARMÁCIA HOSPITALAR – 2º BIMESTRE

NUTRIÇÃO PARENTERAL

O objetivo principal dessa metodologia é melhorar ou prevenir a desnutrição nos pacientes, que apresentam impossibilidade total ou parcial de utilizar o tubo digestivo, corrigindo os sinais, sintomas e seqüelas da desnutrição.

Em sua concepção mais geral a NP é o fornecimento de nutrientes essenciais, carboidratos, gorduras, proteínas, eletrólitos, vitaminas e água, por via venosa.

INDICAÇÕES

Pacientes com complicações no TGI, renal, hepática, anorexia nervosa, incompetência imunológica, etc.

COMPOSIÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL

As diferentes formulações para N.P. baseiam-se no princípio de fornecerem ao paciente as quantidades mínimas, indicadas pela literatura específica, para cada substrato.

As indústrias farmacêuticas oferecem variadas apresentações de soluções contendo aminoácidos, hidratos de carbono, eletrólitos, vitaminas. A eleição dos diferentes produtos que o comércio oferece não é tarefa fácil, uma vez que para as formulações mais complexas como as soluções de aminoácidos (AA), hidratos de carbono e vitaminas.

Um outro aspecto que deve ser ressaltado é que nem sempre uma preparação para NP é logo de imediato administrada ao paciente, mesmo quando programada adequadamente; podem existir diversos fatores que podem impedir a sua administração logo imediato, podendo ocorrer perda do produto. Dessa forma, por ser o custo destas misturas extremamente elevado, o maior conhecimento sobre a sua estabilidade poderá representar um acréscimo importante nos dispêndios com medicamentos nos serviços de farmácia hospitalares.

CONSIDERAÇÃO SOBRE O PREPARO

A redução dos riscos de contaminação por partículas por microrganismos e a prevenção de possíveis incompatibilidades entres os aditivos são condições que se obtém, caso a manipulação dos nutrientes seja realizada em local adequado e por pessoal treinado.

A instalação de água com lavatório amplo, bancadas, dispositivo para a lavagem das mãos e demais elementos são necessários para o bom desempenho do trabalho.

O piso e parede devem ser de material lavável e com o mínimo de reentrâncias possíveis.

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Na unidade centralizada de preparo a utilização de uma bancada de fluxo laminar permite uma rotina de trabalho completamente separada das demais áreas. É Importante acentuar que apenas duas pessoas devem permanecer na unidade de preparo.

A limpeza do chão da sala de preparo se fará duas vezes por dia coincidindo com o início e o término de cada jornada de trabalho. As formulações destinadas á limpeza das superfícies fixas (pisos, paredes, entre outros) devem ter propriedades desinfetantes (M.S. Portaria 196, 1983; M.S. Portaria 930, 1992). São indicados pela Portaria Ministerial Soluções de dois ou mais fenóis sintéticos (ortofenifenol paraterciário, butilfenol ou ortobenzil paraclofenol) em concentrações que variam segundo o fabricante.Durante a limpeza da sala não deve ser criada corrente de ar e nem dispensar partículas de pó pelo ambiente. As janelas e portas permanecerão constantemente fechadas e serão utilizados panos úmidos destinados exclusivamente para área.

O preparo intra-hospitalar da NP que exige condições rigorosas de controle para garantir sua esterilidade é de total responsabilidade do farmacêutico, cuja formação técnica assegura a compatibilidade química dos seus componentes, controle físico, físico químico e microbiótico dos aditivos e estabilidade da mistura. Cabe o farmacêutico informar, através de palestras ou cursos realizados no hospital, os resultados obtidos com Controle microbiótico, técnicas mais adequadas de preparo e principais problemas de incompatibilidade e estabilidade nas misturas.

CONTROLE DE QUALIDADE

O National Coordinating Commitee on Large Volume Parenteral (N.C.C.L.V.P, 1973; 1975, 1980) enfoca que os principais problemas associados com as soluções parenterais podem ser provenientes dos seguintes fatores:

• contaminação pirogênica e microbiana;• contaminação química e por partículas• instabilidade e incompatibilidade dos componentes;• dificuldade de acesso às informações

O controle de qualidade das misturas empregadas na NP visa assegurar os seguintes aspectos: a) que as misturas isentas de contaminadores biológicos (microorganismos) e praticamente isentas de partículas matérias estranhas (vidro, borracha, fibras, entre outros);b) que preencham os requisitos terapêuticos e farmacêuticos adequados para um determinado paciente;c) que contenham corretamente os componentes nas concentrações prescritas e que sejam conservadas, distribuídas e administradas convenientemente. Devido à dificuldade de emprego de técnicas analíticas e aparelhagem adequada para a dosagem de alguns componentes das misturas nutritivas parenterais (NP), os critérios do controle de

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qualidade mais facilmente acessíveis de serem realizados no ambiente intra-hospitalar são físicos e biológicos. Foi estabelecido um programa de controle de qualidade em misturas IV que pode ser resumido da seguinte forma (HOROWITS, K.N.& LAMMIN. M. 1980):• Bibliografia especializada;• Soluções e medicamentos intravenosos livres de contaminantes (pirogênio,bactérias e partículas, etc.);• Emprego de material estéril;• Técnica rigorosamente asséptica de preparo. Nos hospitais, a forma mais simples de ser realizada a pesquisa de contaminação microbiana dentro da bancada de fluxo laminar, consiste em dispor várias placas de Petri, contendo meio de Sabourand e de tioglicolato, a diversas alturas da câmara, sem esquecer dos locais de maior índice de contaminação que são os locais da porta de entrada de ar condicionado. Porém, este método é muito questionado quanto à sua validade, sendo mais seguro os processos utilizados pelos fabricantes de fluxo laminares. A contaminação da solução pode ser identificada de outras causas quando:• Sinais ou sintomas surgem no início da infusão;• O paciente melhora quando é suspensa a infusão da NP mesmo não sendo utilizado antibióticos;• O microorganismo isolado no sangue é o mesmo encontrado na mistura.

NUTRIÇÃO ENTERAL

Nutrição enteral é o fornecimento de alimentos líquidos, por instilação direta no estômago ou intestino delgado, através de catéteres. A alimentação artificial é empregada quando o paciente não pode ou não deve ser alimentado por via oral ou o faz em quantidade insuficiente. O estado do trato gastrintestinal (TGI) vai determinar a escolha entre nutrição enteral (NE) e nutrição parenteral (NP). Sempre que possível, prefere-se NE. Essa preferência baseia-se nos efeitos fisiológicos da digestão e absorção, efeitos tróficos importantes sobre a estrutura e função do TGI, interações hormônio-substrato, segurança bacteriológica, facilidade de administração e economia.

Diferente da NP, que ultrapassa o sistema esplâncnico e expõe os tecidos a substratos não metabolizados, a NE preserva a seqüência fisiológica de digestão e absorção dos nutrientes antes que estes sejam liberados para a circulação periférica. Com a NE, os substratos chegam ao fígado através da circulação portal, onde são metabolizados, armazenados e gradativamente liberados e utilizados. Assim, os substratos são mais eficientemente liberados e utilizados, tendo o fígado como órgão central de distribuição. A absorção seletiva de substratos defende o organismo de sobrecargas e distúrbios eletrolíticos - mais comuns em NP. A seqüência de liberação dos hormônios Digestivos parece manter-se em NE - especialmente quando intermitente - à semelhança da alimentação oral normal. A presença de nutrientes no tubo digestivo permite a manutenção da sua integridade morfofuncional, reduzindo os riscos associados à atrofia intestinal e à disfunção imunológica do TGI. Por todas essas razões, mesmo o paciente com indicação formal de NP deve receber, sempre que possível, alguma quantidade de

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nutrientes via enteral, com o objetivo de evitar a atrofia intestinal. Estima-se que o aporte enteral de 0,6g de proteína/kg de peso/dia seja suficiente para manter a integridade da mucosa e a função imune.A NE permite ainda a readaptação mais rápida à alimentação oral. Apresenta menores riscos de complicações mecânicas e infecciosas relacionadas à via de acesso e à solução nutritiva. É de custo mais baixo e de fácil preparo. A necessidade de pessoal especializado e de técnica asséptica também é menor do que em NP. Cumpre observar ainda que a NE freqüentemente é pouco tolerada em pacientes críticos e em uso de antimicrobianos de amplo espectro, quando a intolerância intestinal e a diarréia são mais comuns.

INDICAÇÕES

O uso do TGI é conseguido em presença de função gastrintestinal adequada e na ausência de disfunção, como gastroparesia ou distúrbios de motilidade intestinal, íleo paralítico, obstrução intestinal, fístulas entéricas de alto débito, vômitos e diarreias incoercíveis, fase inicial da síndrome do intestino curto e pacientes críticos gravemente desnutridos, quando o deve ser utilizado apenas para se tentar a integridade e a função dos intestinos. Nesses casos a NP é a melhor forma de terapêutica nutricional. A NE é de indicação rotineira e eficácia comprovada.a) Estado nutricional normal, porem com ingestão oral inadequada (<80% das necessidades) por mais de 7 – 10 dias.b) Desnutrição moderada com ingestão oral inadequada por mais de 7 dias.c) Disfagia grave.d) Grandes queimados.e) Fístulas digestivas de baixo débito.f) Associação com o NP em casos de ressecção maciça do ID.

A NE é útil, mas pode haver necessidade de NP:a) Grandes traumatizados.b) Rádio ou Quimioterapia em baixa dosagem.c) Insuficiência hepática ou renal grave.d) Preparo pré-operatório de pacientes gravemente desnutridos.e) Pós-operatório imediato ou período pós -estresse.

A NE tem valor limitado ou determinado:a) Intestino curto com < 10% de intestino remanescente.b) Pós-operatório imediato ou período pós -estresse.c) Rádio ou Quimioterapia em baixa dosagem.

A NE não deve ser utilizada como medida primaria de reposição nutricional nos casos:a) Obstrução intestinal mecânica de escolha.b) Quimioterapia “pesada” ou em altas dosagens.c) Hipomotilidade intestinal ou íleo prolongado.d) Diarreia severa resistente a terapêutica tradicional.

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e) Fístulas de alto débito.f) Instabilidade hemodinâmica.

CÁLCULO DAS NECESSIDADES

A necessidade diária de vários macro e micronutrientes está estabelecida para a alimentação oral e enteral e permanece desconhecida para a NP.

NUTRIENTES ADMINISTRADOS POR SOLUÇÃO ENTERAL

Considerando o fornecimento de macro e micronutrientes, a complexidade dos nutrientes, os nutrientes quem podem ser administrados por solução enteral são:

a) Proteínas. b) Carboidratos. c) Lipídeos. d) Vitaminas, minerais e água.

ADEQUAÇÃO

A distribuição de nutrientes em dieta enteral deve assemelhar-se à dieta normal, nas proporções de 50%-65% das calorias totais sob a forma de carboidratos, 10%-15% de proteínas e 25%-35% de lipídios, ajustando-se às leis da alimentação. Em casos específicos, como insuficiência renal, hepática, pulmonar, diabetes e outras, a dieta enteral deverá ser modulada de modo a satisfazer as exigências nutricionais da doença de base.

CRITÉRIOS BÁSICOS PARA A SELEÇÃO DA DIETA ENTERAL

São critérios básicos para a seleção da dieta enteral: doença de base do paciente, idade, requerimento calórico imposto pela situação metabólica no momento, de nutrientes, conteúdo de lactose, osmolaridade, consistência, viscosidade, diluição, relação caloria/g N° balanceamento de nutrientes, necessidade de nutrientes especiais, disponibilidade financeira (no domicílio e no hospital), custo e relação custo-benefício.

CLASSIFICAÇÃO DAS DIETAS ENTERAIS

Considerando o fornecimento de macro e micronutrientes, a complexidade dos nutrientes, o grau de especialização e a presença ou não de elementos específicos apresentamos a seguir uma classificação mais detalhada das dietas enterais:

a) Dietas Poliméricas – proteínas, lipídeos e carboidratos íntegros ou parcialmente hidrolisados, conservando PM mais elevados.b) Dietas Pré-digeridas (Elementares, Monoméricas ou Oligoméricas) – Formas simples de açucares, proteínas e lipídeos.c) Dietas industrializadas.d) Dietas artesanais – a partir de alimentos naturais completos.

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e) Dietas completas – 2 ou + nutrientes não completos em relação à adequação da dieta normal.f) Dietas Lácteas – c/ lactose.g) Dietas isentas de lactose – s/ lactose + q pode conter outras proteínas do leite.h) Dietas com fibras “adicionais” – nutrição enteral mais fisiológica.i) Dietas para situações metabólicas especiais – insuficiência hepática, renal, cardíaca e pulmonar, diabéticos e imunossuprimidos.

ATIVIDADES DO FARMACÊUTICO RELACIONADAS À TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL

As comissões ou grupos de terapia nutricional, de caráter multidisciplinar, estabelecem nos hospitais as normas e os procedimentos para assegurar condições adequadas de avaliação nutricional, prescrição, formulação, armazenamento, conservação e administração de nutrição enteral e/ou parenteral.

O farmacêutico hospitalar participa dessas comissões. Em relação à terapia enteral as atividades do farmacêutico são as seguintes:

- selecionar, adquirir, armazenar e distribuir criteriosamente a nutrição enteral industrializada, quando estas atribuições, por razões operacionais, não forem de responsabilidade do nutricionista;- assegurar que a entrega dos insumos seja acompanhada do certificado de análise emitido pelo fabricante;- participar de estudos para o desenvolvimento de novas formulações para nutrição enteral;- avaliar a formulação da prescrição médica quanto à compatibilidade físico química, fármaco-nutriente e nutriente-nutriente;- orientar a equipe de saúde sobre a administração de medicamentos por cateter enterais;- participar de estudos de farmacovigilância com base em análise de reações adversas e interações fármaco-nutriente, nutriente-nutriente.

TERAPIA ANTINEOPLÁSICA

ONCOGÊNESE

O câncer é um distúrbio celular caracterizado por alterações no processo de duplicação do DNA, resultando em proliferação celular alterada, de forma desordenada. Qualquer que seja a causa do câncer, este é basicamente uma doença celular,caracterizado por um desvio dos mecanismos de controle das células.Predisposição genética (herdada ou induzida) – fatores ambientais (radiações e produtos químicos) e vírus.

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Os fatores que determinam o surgimento do câncer ainda não estão bem esclarecidos, mas sabe-se, no entanto, que duas propriedades hereditárias regem o processo da oncogênese:1) elas se reproduzem em detrimento das células normais;2) possuem o poder de invasão a outros tecidos, próximos ou distantes do seu ponto de origem.

TERAPIA ONCOLÓGICA

A terapia oncológica consiste no tratamento dos pacientes portadores de câncer, através de qualquer das modalidades disponíveis à prática médica. São as intervenções cirúrgicas, radioterapia, imunoterapia e quimioterapia, que podem ser aplicadas sozinhas ou associando-se uma modalidade à outra. Atualmente o recurso mais empregado é o da quimioterapia, a qual utiliza os medicamentos antineoplásicos, através de protocolos de um ou mais medicamentos, dependendo do tipo e do estágio do tumor. A hipertermia é considerada um adjuvante terapêutico bastante promissor, tanto no diagnóstico, melhorando o contraste das imagens na ressonância magnética (RM), quanto no tratamento em associação a outras técnicas. É uma modalidade de tratamento que visa erradicar as células cancerosas através da elevação da temperatura na massa tumoral, aplicando-se microondas, ondas de radio freqüência e agulhas eletromagnéticas no tecido lesado.

MEDICAMENTOS ANTINEOPLÁSICOS

- CARACTERÍSTICAS

Os antineoplásicos são agentes químicos usados no tratamento do câncer para inibir o crescimento celular, atuando sobre as moléculas que controlam a divisão e o desenvolvimento das células. O grupo farmacológico dos antineoplásicos inclui vários agentes que atuam por mecanismos complexos, através de interações destes com o ácido desoxirribonucléico (DNA), ácido ribonucléico (RNA), e proteínas. Eles não destroem diretamente as células cancerosas, porém impedem e/ou diminuem a habilidade de replicação do DNA, não possuindo ação seletiva sobre os tecidos neoplásicos, e apresentando efeitos cumulativos.

O efeito antineoplásico é dependente da ação citotóxica, afetando indistintamente tanto as células normais, quanto às células alteradas, especialmente aquelas que se dividem rapidamente, como as da medula óssea, epitélio gastrointestinal, pele, folículo piloso, epitélio germinativo das gônadas e as estruturas embrionárias.

Os pacientes terapeuticamente expostos a esses agentes podem apresentar reações adversas, como náuseas, vômitos, alopecia, hiperpigmentação, reações cutâneas e efeitos tóxicos em diversos órgãos: coração, rins, pulmões.

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- CLASSIFICAÇÃO

De acordo com ação dos medicamentos antineoplásicos, temos as seguintes classificações, quanto ao local de ação desses medicamentos:

a) O agente que age em uma fase específica do ciclo celular,como por exemplo, etoposido, hidroxiuréia, alcaloides da vinca e bleomicina, é denominado ciclo celular específico; eb) Quando a sua ação é independente de uma fase específica no ciclo celular, é denominado ciclo celular inespecífico.

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA AO PACIENTE ONCOLÓGICO

O farmacêutico que atende ao paciente oncológico poderá ajudar na detecção de sintomas indicativos de sobreposição de toxicidades, ou seja, quando dois ou mais medicamentos, que são administrados simultaneamente, apresentam efeitos adversos que se potencializam. É aconselhável que o farmacêutico sugira a diminuição das doses de pelo menos um dos componentes do esquema terapêutico. Em qualquer situação é aconselhável que o farmacêutico acompanhe a evolução clínica do paciente se inteirando das reações colaterais significantes, verificar se o medicamento está sendo administrado no tempo prescrito pelo médico, e a forma como está sendo acondicionado na clínica.

CENTRAL DE MANIPULAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS

A Central de Manipulação de Antineoplásicos é um setor onde são realizadas todas as atividades envolvendo a operação farmacêutica de preparo das soluções parenterais destinadas ao tratamento do câncer. As soluções são manipuladas de acordo com a prescrição médica destinada a cada paciente, de forma individual e personalizada.

A manipulação centralizada apresenta as seguintes vantagens:- melhor controle dos riscos decorrentes da exposição dos trabalhadores envolvidos com agentes antineoplásicos e meio ambiente;- garantia de qualidade das soluções parenterais e dos serviços prestados aos pacientes oncológicos;- redução dos custos com recursos humanos, fármacos e material utilizado na manipulação dos antineoplásicos;- melhor gerenciamento do setor, visando a alcançar eficácia, eficiência e efetividade nos serviços prestados.

PROCEDIMENTOS TÉCNICOS PARA MANIPULAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS

Os antineoplásicos para uso oral não são prescritos com muita freqüência, e muito embora os fármacos nesta apresentação já estejam prontos para a dispensação, são necessários alguns cuidados ao manuseá-los. A operação mecânica de fracionamento dos comprimidos ou individualização das cápsulas para dispensação faz liberar pó, cuja

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composição é semelhante a das formas farmacêuticas que lhes deram origem. Quando o fracionamento requer ajuste da dose, a operação farmacêutica envolve atividades minuciosas, como pulverização, pesagem e/ou dissolução do fármaco. É conveniente que se tenha um local exclusivo, com ventilação natural adequada para esta operação, dotado de um sistema de exaustão de tal forma que as partículas não contaminem o ambiente de trabalho. É indispensável que o trabalhador esteja equipado com o EPI adequado.

É aconselhável que o farmacêutico tenha auxiliares na execução das atividades de manipulação de quimioterápicos. As atribuições do auxiliar são: ligar e preparar a Câmara de Segurança Biológica, separar e material, suprir a sala de manipulação com todos os materiais necessários ao preparo das soluções, rotulá-las e acondicioná-las adequadamente. É também atribuição do auxiliar de manipulação limpar e desligar a câmara e acondicionar adequadamente todos os resíduos de antineoplásicos possibilita maior segurança ao manipulador, uma vez que este não precisa se levantar ou se movimentar muito enquanto manipula, podendo desenvolver sua atividade com a destreza e a rapidez que a técnica exige. Outra vantagem é a viabilização de um trabalho de forma mais racional, evitando erros, desperdícios e, conseqüentemente, diminuindo custos.

Para manusear adequadamente os antineoplásicos é necessário tomar precauções para minimizar a formação de aerossol no ambiente de trabalho. A diluição deve ser rápida, cuidadosa e com rigorosa técnica asséptica. Deve-se ter o cuidado de não deixar ar dentro da seringa, colocando o bisel em contato com o líquido de dentro do frasco-ampola, a fim de não aspirar o ar existente, caso as embalagens tenham pressão positiva, e aspirar ao máximo de solução que a seringa permitir. A seringa deve ser selecionada de acordo com o volume a aspirar.

A técnica vai sendo aperfeiçoada à medida que o farmacêutico for treinado, tendo-se sempre em mente que a formação de aerossol coloca em risco a saúde do trabalhador.

A seqüência para a manipulação dos antineoplásicos segue, em linhas gerais, os seguintes passos:- análise das prescrições, realização dos cálculos e confecção dos rótulos;- separação e limpeza do fármaco e da bolsa de diluente. Conduzi-los à sala de transferência e desta à sala de manipulação;- após se desfazer de todos os adornos pessoais, faz-se a anti-sepsia das mãos e antebraço. Segue-se a paramentação com os EPI;- cubra a bancada com um campo de plástico, e sobre este outro campo de papel absorvente (pode ser o que envolve as luvas), ambos estéreis;- o auxiliar vai distribuindo o material sobre a bancada à medida que forem sendo desenvolvidas as atividades de manipulação;- posicionar-se junto à câmara e calçar as luvas cirúrgicas;- proceder à reconstituição do fármaco e à sua diluição de acordo com as- técnicas de manipulação farmacêutica, observando a dose prescrita pelo médico;

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- conectar o equipo e verificar a ocorrência de vazamento;- entregar ao auxiliar para a rotulagem;- a utilização de gazes estéreis é sempre recomendada para dar mais segurança, no momento de quebrar a ampola, aspirar a solução do frasco ampola e ao adicionar o medicamento reconstituído à bolsa de sistema fechado, contendo soro fisiológico, glicosado ou outro diluente.

VIGILÂNCIA À SAÚDE E À SEGURANÇA DO TRABALHADOR

Exames para detecção de lesão genética ou a determinação das funções imunológicas são muito caros e inconvenientes como teste de triagem. A Occupational Safety and Health Administration-OSHA recomenda exames físicos, hemograma completo e provas de funções hepática e urinária.

Deve-se dar preferência aos fármacos já reconstituídos e utilizar as embalagens que possibilitem ao trabalhador menor tempo de exposição. Quanto menos embalagens forem manuseadas, menor será o risco de exposição. A substituição das formas de apresentação dos fármacos deve garantir a qualidade do produto e a segurança do trabalhador. O tipo de vidro, o processo de rotulagem, o tipo de pressão interna do frasco,a tampa dos frascos são alguns aspectos importantes a serem analisados na hora de fazer a opção pela melhor forma de apresentação do produto. As bolsas de soro, os equipos, as seringas e as agulhas devem também oferecer segurança ao trabalhador, por isso é importante avaliar o material com que são fabricados e o sistema de conexão que une uma peça à outra.

Outra medida prevencionista consiste na implantação da central de manipulação de antineoplásicos. Uma central para a administração de antineoplásicos é também uma medida importante para o controle da exposição ocupacional aos antineoplásicos,através do enclausuramento dos riscos.

Só o treinamento e a educação continuada proporcionarão ao trabalhador com antineoplásico condições mais seguras de manuseio desses agentes, através do aprimoramento das técnicas de manipulação e do reconhecimento dos riscos potenciais de exposição aos fármacos que são utilizados para o tratamento do câncer. O trabalhador com antineoplásicos deve sempre ter em mente a segurança do paciente e a sua própria segurança, manipulando com rigorosa técnica asséptica e minimizando os riscos através do aprimoramento das técnicas de manipulação e das medidas de proteção.

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A FARMÁCIA E O CONTROLE DAS INFECÇÕES HOSPITALARES

INFECÇÃO HOSPITALAR

Infecção que se apresenta após 48-72h de permanência no hospital, e que não estava presente ou em período de incubação no momento da internação.

CAUSAS

a) Condição clínica do paciente;b) Falta de vigilância epidemiológica adequada;c) Uso irracional de antimicrobianos;d) Utilização excessiva de procedimentos invasivos;e) Métodos de proteção anti-ifecciosa ineficazes ou inexistentes;

NORMAS BÁSICAS

1) Atuação sobre a fonte de infecção: Esterilização, Barreira (isolamento) e Educação.2) Atuação de mecanismo de transmissão: Esterilização, Lavagem de mãos, Coletor de urina, Cateteres intravasculares, Ferida Cirúrgica, etc.3) Atuação sobre o indivíduo são: Quimioprofilaxia, Imunização, Barreira e Controle de antimicrobianos

ATRIBUIÇÕES DO FARMACÊUTICO NO CONTROLE DA INFECÇÃO HOSPITLAR

- FUNÇÕES

1) Padronização de medicamento (Comissão de Farmacologia).2) Orientar a aquisição, conservação e controle dos medicamentos padronizados: disposição de quantidade necessária, controle de estoque mínimo.3) Estabelecer sistema racional de distribuição.4) Sistema de informação sobre medicamentos.5) Manipulação / produção de medicamentos ou correlatos.

- AÇÕES

1) Estudos de utilização de medicamentos.2) Elaboração de protocolos terapêuticos.3) Participação em programas de farmacovigilância.4) Desenvolvimento de farmacologia clínica.5) Desenvolvimento de suporte nutricional (nutrição parenteral).6) Desenvolvimento de misturas intravenosas e central de diluição.

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- PADRONIZAÇÃO (SELEÇÃO) DE MEDICAMENTOS

1) Antibióticos padronizados pela CCIH.2) Utilizar os nomes genéricos.

- DIMENSIONAMENTO DE RECURSOS HUMANOS

Farmacêutico: 01 para cada 50 leitos (40 horas semanais)Auxiliar de Farmácia: 01 para cada 10 leitos (30 horas semanais)

- SERVIÇO DE FARMÁCIA

O Serviço de Farmácia tem como objetivo promover o uso racional de medicamentos e desenvolve as seguintes funções:a) seleção de medicamentos, germicidas e correlatos;b) aquisição, conservação e controle dos medicamentos selecionados;c) manipulação/produção de medicamentos e germicidas;d) sistematização da distribuição de medicamentos;e) estabelecimento de um sistema de informações sobre os medicamentos.

- COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA E SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS

Equipe multiprofissional (área de saúde e administrativa) deve ter como principal objetivo a elaboração do formulário farmacêutico hospitalar, determinando a política de seleção de princípios ativos, produção, manipulação, distribuição, uso e administração, incluindo drogas sob investigação.

Padronizar medicamentos antiinfecciosos significa definir uma lista de antimicrobianos que melhor atendam as características da ecologia microbiana da instituição.

- ARMAZENAGEM

Vários fatores podem prejudicar esta integridade, entre eles: temperatura, luz, umidade, presença de microrganismos e empilhamento de caixas. Além destes, outros fatores como a presença de oxigênio, gás carbônico, pH, concentração, osmolaridade, tipo de recipiente, que são fatores intrínsecos ao produto, também interferem em sua estabilidade e concentração. As condições de armazenamento devem facilitar a utilização dos produtos em ordem crescente da data de vencimento.

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- DISTRIBUIÇÃO

Visa diminuir os erros (como por exemplo de transcrição incorreta), racionalizar a distribuição e administração de medicamentos (evitando incompatibilidade), aumentar o controle sobre seu uso, racionalizar custos e aumentar a segurança e eficiência da medicação prescrita.

CONTAMINIAÇÕES

- CONTAMINAÇÃO DE MEDICAMENTOSEstes produtos podem contaminar-se na sua produção, dentro da farmácia ou após a dispensação.

- CONTAMINAÇÃO NA INDÚSTRIASó pode ser identificada se um rigoroso sistema de vigilância for implantado, mas pode ser suspeitada todas as vezes que um agente não usual for identificado em uma topografia também não usual.

- CONTAMINAÇÃO NA FARMÁCIA

Geralmente envolve a contaminação de soluções usadas na formulação de um produto ou um equipamento, freqüentemente bomba de infusão ou seringa, usada na formulação ou preparação de um fluído estéril. A recomendação dos testes de esterilização realizados durante o processo de manipulação permite a identificação e a correção destas falhas.

-CONTAMINAÇÃO NO LOCAL DE USO

Ocorre principalmente com medicações utilizadas em doses múltiplas, especialmente produtos tópicos como soluções oftálmicas, anti-sépticos ou então soluções parenterais que são preparadas em postos de enfermagem a partir de produtos de múltipla dose mal manipulados ou conservados inadequadamente após sua abertura. Decorre disto a importância de centralizar estas práticas na farmácia, ou quando isto não for possível, que estas atividades sejam desenvolvidas sob a orientação deste departamento.

CONTROLE DE QUALIDADEO programa de qualidade tem início pelo reconhecimento dos problemas e conseqüentemente com o estabelecimento das prioridades. É fundamental para se atingir o controle do processo uma padronização simplificada, para um fácil entendimento, visando condutas adequadas. Isto envolve dois padrões básicos: – de materiais, como medicamentos, insumos farmacêuticos, drogas; – e de processos, como as operações realizadas ou orientadas pela farmácia hospitalar.

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A contaminação de fármacos pode algumas vezes ocorrer como resultado de técnicas incorretas na fabricação ou manipulação dessas substâncias, e um sistema de monitoração deve ser desenvolvido pelo programa de qualidade. Apenas uma minoria de medicamentos sofre contaminação durante sua produção e manipulação na farmácia, ocorrendo a maioria destes eventos após sua distribuição.O controle hospitalar é embasado no conhecimento da epidemiologia hospitalar e nas atividades dos diversos segmentos profissionais da instituição. A farmácia é um dos pilares que sustentam as ações de controle de infecções hospitalares em todos os seus níveis: planejamento, operacional e educativo.

FARMÁCIA CLÍNICA

DEFINIÇÃO

‘ciência da saúde cuja responsabilidade é assegurar, mediante a aplicação de conhecimentos e funções relacionados ao cuidado dos pacientes, que o uso dos medicamentos seja seguro e apropriado; necessita, portanto, de educação especializada e interpretação de dados, da motivação pelo paciente e de interações multiprofissionais.’

OBJETIVOS

1) Fornecer informações sobre medicamentos a outros profissionais da equipe de saúde colaborando para: a definição de metas terapêuticas; seleção do tratamento farmacológico mais adequado, dependendo do estado clínico do paciente; a prescrição de medicamentos eficazes e seguros; a administração dos medicamentos pela via mais apropriada e avaliação dos efeitos do tratamento com base em índices de eficácia.

2) Elaboração do perfil farmacoterapêutico para pacientes internados ou ambulatoriais, visando a avaliar a adequação do tratamento prescrito, detectar interações medicamentosas e verificar a adesão do paciente ao esquema terapêutico.

3) Monitoração do tratamento farmacológico verificando a eficácia, a presença de reações adversas e realizando, muitas vezes, as dosagens plasmáticas de fármacos para o ajuste da posologia em laboratórios de cinética clínica.

4) Elaboração de programas de educação sanitária a pacientes internados e ambulatoriais, colaborando para a redução do número de reinternações, principalmente no caso de pacientes crônicos.

5) Participação em Comissões de Farmácia e Terapêutica e de Controle de Infecção Hospitalar, visando dar suporte técnico à definição de políticas de uso de medicamentos.

6) Participação em estudos de utilização de medicamentos tendo como base as doses diárias definidas (DDD) e em ensaios clínicos (projetos de pesquisa).

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7) Implementação e manutenção de unidades adequadas à preparação de nutrição parenteral, de misturas intravenosas em doses unitárias e de manipulação de citostáticos.

ATENÇÃO FARMACÊUTICA

- DEFINIÇÃO

‘fornecimento responsável de medicamentos com o objetivo de atingir o resultado desejado, que levará a uma melhora na qualidade de vida do paciente’.

- DEFINIÇÕES IMPORTANTES

1) Medicamentos: a atenção farmacêutica não envolve apenas o fornecimento correto do medicamento, mas também a participação do profissional nas decisões sobre o tratamento.

2) Cuidado (atenção): é a preocupação com o bem-estar alheio, no caso, do paciente. Trabalho multidisciplinar.

3) Resultados: na busca da cura, redução dos sintomas, detenção do progresso da doença ou sua prevenção.

4) Qualidade de vida: deve ser medida através de ferramentas especiais, com a ajuda do paciente.

5) Responsabilidade: o tratamento do paciente deve ter o comprometimento do farmacêutico, que deve documentar todas as suas ações em relação à obtenção de resultados e à melhora da qualidade de vida do paciente.

ATRIBUIÇÕES DO FARMACÊUTICO

O farmacêutico deve atuar de três formas:1) identificando problemas relacionados com medicamentos nas suas diversas manifestações;2) solucionando-os;3) prevenindo-os.