estágios_da_meditação ken wilber

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Estágios da meditação: Uma Entrevista com Ken Wilber Postado em 8 de Novembro de 2011, por Ken Wilber em Integral Post. Neste ensaio, originalmente incluído nas Obras Completas de Ken Wilber: Volume IV, Ken oferece uma descrição aprofundada de cada um dos principais estados/estágios da prática meditativa - indo da absorção psíquica, à iluminação sutil, à transcendência causal, à união final não-dual de Forma e Vazio. Q: Gostaríamos que você descrevesse as experiências dos vários estágios da meditação. Mas, primeiro, fale-nos sobre a meditação em si, os diferentes tipos e como eles funcionam. R: É comum entre os estudiosos dividir a prática da meditação em duas grandes categorias: 'concentração' e 'consciência' (ou 'insight'). Ou, meditação 'aberta' e 'fechada'. Por exemplo, digamos que você está olhando para uma parede que tem centenas de pontos pintados sobre ela. Na meditação de concentração, você olha apenas para um ponto e olha para ele tão “ferozmente”, que nem precisa ver os outros pontos. Esta prática desenvolve os seus poderes de concentração. Na meditação na consciência, ou de insight, você tenta estar o mais consciente possível de todos os pontos, o quanto você puder. Desse modo, isso aumenta a sua sensibilidade, consciência e sabedoria. Na meditação de concentração, você coloca sua atenção em um objeto, por exemplo, uma pedra, a chama de uma vela, sua respiração, um mantra, uma oração principal, e assim por diante. Por que fica intensamente concentrado em um único objeto, você como sujeito, torna-se progressivamente 'identificado' com esse objeto. Você começa a minar o dualismo sujeito/objeto, que é a base de todo o sofrimento e ilusão. Gradualmente, você é levado aos reinos mais elevados da existência, então a dimensão última ou não-dual tornar-se óbvia para você. Você transcende o seu self ou ego comum e encontra as dimensões mais elevadas e mais sutis da existência – a espiritual e transcendental. No entanto, isto é atingir as dimensões superiores através de 'força bruta', por assim dizer. E embora a meditação de concentração seja considerada muito importante, por si só, em princípio, ela não remove as nossas tendências para criar o dualismo. Na verdade, ela simplesmente os ignora, tenta contorná- los. Ela se concentra em um ponto e ignora todos os outros. A meditação da concentração pode, definitivamente, nos mostrar

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Page 1: Estágios_da_Meditação KEN WILBER

Estágios da meditação: Uma Entrevista com Ken Wilber Postado em 8 de Novembro de 2011, por Ken Wilber em Integral Post.

Neste ensaio, originalmente incluído nas Obras Completas de Ken Wilber: Volume IV, Ken oferece uma descrição aprofundada de cada um dos principais estados/estágios da prática meditativa - indo da absorção psíquica, à iluminação sutil, à transcendência causal, à união final não-dual de Forma e Vazio.

Q: Gostaríamos que você descrevesse as experiências dos vários estágios da meditação. Mas, primeiro, fale-nos sobre a meditação em si, os diferentes tipos e como eles funcionam.

R: É comum entre os estudiosos dividir a prática da meditação em duas grandes categorias: 'concentração' e 'consciência' (ou 'insight'). Ou, meditação 'aberta' e 'fechada'. Por exemplo, digamos que você está olhando para uma parede que tem centenas de pontos pintados sobre ela. Na meditação de concentração, você olha apenas para um ponto e olha para ele tão “ferozmente”, que nem precisa ver os outros pontos. Esta prática desenvolve os seus poderes de concentração. Na meditação na consciência, ou de insight, você tenta estar o mais consciente possível de todos os pontos, o quanto você puder. Desse modo, isso aumenta a sua sensibilidade, consciência e sabedoria.

Na meditação de concentração, você coloca sua atenção em um objeto, por exemplo, uma pedra, a chama de uma vela, sua respiração, um mantra, uma oração principal, e assim por diante. Por que fica intensamente concentrado em um único objeto, você como sujeito, torna-se progressivamente 'identificado' com esse objeto. Você começa a minar o dualismo sujeito/objeto, que é a base de todo o sofrimento e ilusão. Gradualmente, você é levado aos reinos mais elevados da existência, então a dimensão última ou não-dual tornar-se óbvia para você. Você transcende o seu self ou ego comum e encontra as dimensões mais elevadas e mais sutis da existência – a espiritual e transcendental.

No entanto, isto é atingir as dimensões superiores através de 'força bruta', por assim dizer. E embora a meditação de concentração seja considerada muito importante, por si só, em princípio, ela não remove as nossas tendências para criar o dualismo. Na verdade, ela simplesmente os ignora, tenta contorná-los. Ela se concentra em um ponto e ignora todos os outros. A meditação da concentração pode, definitivamente, nos mostrar alguns dos reinos mais elevados, mas não pode nos manter permanentemente naqueles reinos mais elevados. Para isso, você tem que olhar para todos os pontos. Você tem que investigar toda a experiência, com imparcialidade, não julgamento, equanimidade e consciência cristalina.

P: Isso é insight ou meditação na consciência.

R: Sim, isso mesmo. A chamada meditação budista na concentração é Shamatha e a meditação na consciência Vipassana, ou Dhyana e Prajna. A primeira leva ao samadhi, ou uma concentração elevada, a segunda para o satori ou a consciência transcendental e sabedoria.

O ponto sobre qualquer uma dessas práticas de meditação - e há outras, como visualização, koans, a oração contemplativa e assim por diante - o ponto é que todas elas estão realmente fazendo duas coisas importantes. Primeiro, elas estão ajudando a aquietar a mente discursiva, a mente racional-existencial, a mente que tem que pensar o tempo todo, a mente que tem que tagarelar consigo mesma o tempo todo e verbalizar tudo. Elas nos ajudam a acalmar a 'mente macaco'. E uma vez que a mente macaco se aquiete um pouco, permite que as dimensões mais sutis e mais elevadas da consciência emerjam, tais como o psíquico, o sutil, o causal e o estado final ou não-dual. Essa é a essência da meditação genuína. É simplesmente uma maneira de continuar a evolução, para prosseguir em nosso crescimento e desenvolvimento.

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O NÍVEL PSÍQUICO

Q: Você poderia descrever os níveis de meditação e como eles são experienciados? O que realmente acontece em cada estágio?

R: Quando você pratica meditação, uma das primeiras coisas que você percebe é que sua mente – aliás, a sua vida - está dominada, em grande parte, por uma tagarelice verbal subconsciente. Você está sempre falando para si mesmo. E assim, quando as pessoas começam a meditar, muitas ficam surpresas com a quantidade de lixo que começa a aparecer através de sua consciência. Elas encontram pensamentos, imagens, fantasias, noções, idéias, conceitos, que praticamente dominam a sua consciência. Elas percebem que estes padrões mentais têm uma influência muito mais profunda sobre suas vidas do que jamais pensaram.

Em qualquer caso, as experiências iniciais de meditação são como estar no cinema. Você se senta e assisti a todas essas fantasias e conceitos desfilando, na frente de sua consciência. Mas a questão toda é que você está finalmente se tornando consciente deles. Você está olhando para eles de forma imparcial e sem julgamento. Você só os vê passar, assim como vê as nuvens que flutuam no céu. Elas vêm, elas vão. Nenhum elogio, nenhuma condenação, nenhum julgamento – apenas permanece testemunhando. Se julgar seus pensamentos, você se apega a eles, então não pode transcendê-los. Você não pode encontrar as dimensões mais altas ou mais sutil de seu próprio ser. Então você se senta em meditação e simplesmente 'testemunha' o que está acontecendo em sua mente. Você deixa a mente macaco fazer o que quer e simplesmente assiste.

E o que acontece é, porque você testemunha imparcialmente esses pensamentos, fantasias, noções e imagens, começa a se tornar livre de sua influência inconsciente. Você está olhando para eles, então não os está usando para olhar o mundo. Portanto, se torna, em certa medida, livre deles. E fica livre da noção do eu separado que dependia deles. Em outras palavras, você começa a se tornar livre do ego. Esta é a dimensão espiritual inicial, onde o ego convencional 'morre' e as estruturas mais elevadas de consciência são 'ressuscitadas'. Seu senso de identidade, naturalmente, começa a se expandir e abraçar o Kosmos, ou toda a natureza. Você se eleva acima da mente e do corpo isolados, e pode encontrar uma maior identidade, com a natureza ou Kosmos - 'consciência cósmica', como R.M. Bucke a chamou. É uma experiência muito concreta e inequívoca.

E nem é preciso lhe dizer que isto é um alívio extraordinário! Este é o início da transcendência, de encontrar o seu caminho de volta para casa. Você percebe que é 'um' com o tecido do universo, eternamente. O medo da morte começa a diminuir e você realmente começar a sentir, de forma concreta e palpável, a natureza aberta e transparente do seu próprio ser.

Sentimentos de gratidão e devoção surgirão em você - devoção ao Espírito, na forma do Cristo, ou Buda, ou Krishna, ou devoção a seu mestre espiritual real, até mesmo devoção em geral, e, certamente, a devoção a todos os outros seres sencientes. O voto do bodhisattva, sob qualquer forma, surge das profundezas do seu ser, de uma maneira muito poderosa. Você percebe que simplesmente tem que fazer o que puder para ajudar todos os seres sencientes e, pela razão, como disse Schopenhauer, percebe que todos nós compartilhamos o mesmo Ser não-dual ou Espírito ou Absoluto. Tudo isso começa a se tornar óbvio, tão óbvio como a chuva no telhado. É real e é concreto.

O NÍVEL SUTIL

Q: Então o que acontece com o próximo estágio geral, o nível sutil?

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R: Como a sua identidade começa a transcender o corpo-mente isolado e individual, você começa a intuir que há um “Solo do Ser” ou Divindade genuína, além do ego, e para além dos apelos às figuras míticas de deus, para além do cientificismo racionalista ou bravura existencial. Esta Deidade pode realmente ser intuída. Quanto mais você se desenvolve para além do corpo-mente existencial e isolado, mais se desenvolve em direção ao Espírito, que, no nível sutil, muitas vezes é experenciado como Deidade Forma ou Self Arquetípico. Por isso, quero dizer, por exemplo, clareza muito concreta e brilhante de consciência.

O ponto é que você está vendo alguma coisa além da natureza, além do existencial, além do psíquico, além até mesmo da identidade cósmica. Você está começando a ver a dimensão oculta ou esotérica, a dimensão fora do cosmos ordinário, a dimensão que transcende a natureza. Você vê a Luz, e, às vezes, essa Luz literalmente brilha como a luz de mil sóis. Você é tomado por ela, lhe dá poderes, energiza, refaz e o preenche. Isto é o que estudiosos chamaram de natureza 'numinosa' do espírito sutil. Numinosa e luminosa. Isto é, creio eu, porque os santos são universalmente representados com halos de luz ao redor de suas cabeças. Isso é realmente o que eles veem. Luz Divina. Minha leitura favorita de Dante:

Fixando o meu olhar sobre a Luz EternaEu vi dentro de suas profundezas,Ligado com amor em um só volume,As folhas dispersas de todo o universo.Dentro da profunda subsistência luminosaDaquela Luz Exaltada eu vi três círculos,De três cores ainda de uma dimensão,E pelo segundo parecia o primeiro refletido,Como arco-íris é pelo arco-íris, e o terceiroParecia fogo, que igualmente de ambos era respirado.

Isso não é mera poesia. Essa é uma descrição quase matemática de um tipo de experiência do nível sutil. De qualquer forma, você também pode experimentar este nível como uma descoberta do seu próprio Eu Superior, da sua alma, ou Espírito Santo. 'Aquele que conhece a si mesmo conhece a Deus', disse Saint Clement.

Q: E a experiência propriamente dita?

R: A experiência real varia. Aqui está um exemplo: Digamos que você está andando no centro, olhando as vitrines. Você está olhando para uma parte da mercadoria, e, de repente, vê uma imagem vaga 'dançando' na frente de seus olhos, a imagem de uma pessoa. Então, imediatamente, percebe que essa imagem é seu próprio reflexo na vitrine. Você de repente se reconhece. Você reconhece o seu Eu, seu Eu Superior. Você de repente reconhece quem você é. E quem você é – uma centelha luminosa do Divino. Mas você tem esse choque de reconhecimento – 'Oh, isso!'

É uma realização muito concreta e geralmente traz muitos risos ou muitas lágrimas. A Divindade Forma sutil ou Luz ou Eu Superior - são todos apenas arquétipos de seu próprio Ser. Você está encontrando, através do desenvolvimento meditativo, e começando um encontro direto com o Espírito, com a sua própria essência. Assim, ele se mostra como luz, como um ser de luz, como nada, como shabd, como clareza, numinosidade e assim por diante. E às vezes ele só se mostra como uma consciência simples e clara do que é - muito simples, muito clara. O ponto é que ela (essa consciência) está ciente de todos os “pontos na parede”. É a clara consciência do que está acontecendo momento a momento, e, portanto, transcende o momento. Transcende esse mundo e

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começa a participar do Divino. Tem visão sagrada, no entanto, pode ser expressa. Isso é o sutil – uma introdução face a face com o Divino. Você realmente participa da Divindade e da consciência e sabedoria da Divindade. É uma prática. Ela pode ser feita. Foi feita, muitas vezes.

O NÍVEL CAUSAL

Q: Isso é muito claro. Assim, o que acontece no próximo nível, o causal?

A: Você está sentado lá, só assistindo tudo o que surge na mente ou em sua experiência presente. Você está tentando testemunhar, igualmente, todos os pontos na parede de sua consciência. Se você se tornar proficiente nisto, eventualmente todos os pontos racionais e existenciais desaparecem e os pontos psíquicos começam a entrar em foco. Então, depois de um tempo, você obtém uma melhor testemunha e os objetos muito sutis ou pontos começam a aparecer. Esses incluem luzes e iluminações audíveis e formas sutis da Deidade e assim por diante. Se você continuar simplesmente testemunhando - o que lhe ajudará a se desindentificar das formas inferiores e densas, e a tomar consciência das formas mais elevadas e sutis de objetos - até mesmo objetos sutis ou pontos sutis deixam de surgir. Você entra em um estado profundo de não-manifestação, que é experimentado como, digamos, uma noite de outono com uma lua cheia. Há uma numinosidade estranha e bonita para tudo, mas é uma numinosidade 'silenciosa' ou 'escura'. Você realmente não pode ver nada, exceto uma espécie de plenitude prateada, preenchendo todo o espaço. Mas porque você não está realmente vendo nenhum objeto específico, é também um tipo de Vazio Radical. Como o Zen diz, 'interrompe o som da corrente do riacho'. Isso é também conhecido como shunyata, como a Nuvem do Desconhecimento, Divina Ignorância, Mistério Radical, nirguna ('inqualificável'), Brahman, e assim por diante. Sem forma brilhante, sem objetos distrativos.

Torna-se óbvio que você é absolutamente 'um' com esta Plenitude, que transcende todos os mundos, todos os planos, todo o tempo e toda a história. Está perfeitamente pleno, e, portanto, você é perfeitamente vazio. 'São todas as coisas e nenhuma coisa', disse o místico cristão Boécio. Espanto dá lugar à certeza. Isso é quem você é, antes de toda a manifestação, antes de todos os mundos. Em outras palavras, é ver quem ou o que você é, atemporal e sem forma.

Esse é um exemplo do nível causal, isto é jnana samadhi, nirvikalpa samadhi e assim por diante. A alma, ou senso de self separado, desaparece e Deus ou a Divindade Forma separada desaparece, porque ambos - a alma e Deus - colapsaram na Divindade sem forma. Tanto a alma como Deus desaparece na Identidade Suprema.

O NÍVEL NÃO-DUAL

Q: Então sobra o nível não-dual.

A: No nível anterior causal, você está tão absorvido na dimensão não manifesta que pode até não notar o mundo manifesto. Você está descobrindo o Vazio e assim ignora a Forma. Mas, no nível derradeiro ou não-dual, você passa a integrar os dois. Você vê que o Vazio aparece ou se manifesta como Forma e que a Forma tem em sua essência o Vazio. Em termos mais concretos, o que você é são todas as coisas que surgem. Toda manifestação surge, momento a momento, como um jogo do Vazio. Se o nível causal era uma noite de luar radiante, este é como um dia de outono radiante.

Aquilo que aparece como objetos rígidos ou sólidos 'lá fora' são manifestações realmente transparentes e translúcidas de seu próprio Ser ou Estado de Ser. Eles não são obstáculos a Deus, apenas expressões de Deus. Eles são, portanto, vazios no sentido de não ser e de obstrução ou impedimento. Eles são uma expressão livre do Divino. Como a tradição Mahamudra sucintamente coloca, 'Tudo é Mente. Mente é vazio. Vazio é livre manifestação. A livre manifestação é auto-

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liberadora'.

A liberdade que você encontrou no nível causal - da liberdade de Plenitude e Vazio - esta liberdade encontrada se estende a todas as coisas, mesmo a este mundo 'caído' do pecado e do samsara. Portanto, todas as coisas se tornam auto-liberadas. E essa extraordinária liberdade, ou ausência de restrição, ou total liberação - neste claro e brilhante dia de outono - é isso que você realmente sente neste momento. Mas, então, 'experiência' é a palavra totalmente errada. Essa realização é, na verdade, da natureza não-experiencial do Espírito. Experiências vêm e vão. Todas elas têm um começo e um fim no tempo. Mesmo experiências sutis vêm e vão. Eles são todas maravilhosas, gloriosas, extraordinárias. E eles vêm e vão.

Mas este 'estado' não-dual não é em si outra experiência. É simplesmente a abertura ou o espaço aberto na qual todas as experiências surgem e desaparecem. É o céu de outono brilhante, através do qual as nuvens vêm e vão – não é em si outra nuvem, outra experiência, outro objeto, outra manifestação. Essa realização é, de fato, de total ausência total de experiência, de absoluta ineficácia ao tentar experimentar liberação ou libertação. Todas as experiências perdem o sabor inteiramente - são nuvens passageiras.

Você não é aquele que experimenta a libertação, você é a clareza, a abertura, o vazio, em que qualquer experiência vai e vem, como reflexos no espelho. E você é o espelho, o espelho da mente, e não qualquer experiência refletida. Mas você não está separado dos reflexos, de pé e assistindo. Você é tudo que está surgindo momento a momento. Você pode engolir todo o Kosmos em um só gole, ele é tão pequeno e você pode saborear todo o céu sem mover uma polegada.

É por isso que, no Zen, diz-se que você não pode entrar no Grande Samadhi: isso é, na verdade, a abertura ou clareza que está sempre presente, e no qual toda experiência – e toda manifestação –surge momento a momento. Parece que você 'entra' neste estado, e uma vez lá, percebe que nunca houve um momento em que este estado não estivesse totalmente presente e plenamente reconhecido - 'o portão sem portal'. E assim você compreende profundamente que nunca entrou nesse estado; nem os Budas, do passado e do futuro, nunca entraram nesse estado.

No Dzogchen, este é o reconhecimento da verdadeira natureza da mente. Todas as coisas, em todos os mundos, são auto-liberadas à medida que surgem. Todas as coisas são como a luz solar na água de um lago. Tudo brilha. É tudo vazio. É tudo luz. Tudo está pleno e tudo está realizado. E o mundo segue o seu caminho normal e ninguém repara. Postado em 8 de Novembro de 2011 by Ken Wilber in Integral Postwww.integrallife.com