the 100 - os escolhidos - kass morgan

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    Traduo de

    Rodrigo Abreu

    1 edio

    Rio de Janeiro

    2014

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    CIP-BRASIL. CATALOGAO NA PUBLICAOSINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    M846cMorgan, Kass

    The 100 [recurso eletrnico] / Kass Morgan ; traduo Rodrigo Abreu. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Galera recurso digital : il.Traduo de: The 100Formato: ePub

    Requisitos do sistema: Adobe Digital EditionsModo de acesso: World Wide WebAgradecimentosISBN 978-85-01-02606-4 (recurso eletrnico)1. Fico americana. 2. Livros eletrnicos. I. Abreu, Rodrigo, 1972. II. Ttulo.

    14-10787

    CDU: 821.

    Ttulo original em ingls:

    The 100Copyright 2013 by Alloy Entertainment

    Publicado mediante acordo com Rights People, London.

    Todos os direitos reservados.Proibida a reproduo, no todo ou

    em parte, atravs de quaisquer meios.Os direitos morais do autor foram assegurados.

    Texto revisado pelo novo Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa.

    Composio de miolo: Abreus SystemDireitos exclusivos de publicao em lngua portuguesa somente

    para o Brasil adquiridos pelaEDITORA RECORD LTDA.

    Rua Argentina 171 Rio de Janeiro, RJ 20921-380 Tel.: 2585-2000que se reserva a propriedade literria desta traduo.

    Produzido no Brasil

    ISBN 978-85-01-02606-4

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    Para meus pais e avs, com amor e gratido

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    CAPTULO 1Clarke

    A porta de correr se abriu, e Clarke soube que era hora de morrer.

    Seus olhos se fixaram nas botas do guarda, e ela se preparou para a descarga de m

    inundao de pnico desesperado. Mas, enquanto se apoiava sobre o cotovelo, desgrudan

    camisa da cama encharcada de suor, tudo o que sentiu foi alvio.

    Ela tinha sido transferida para uma cela individual depois de atacar um guarda, mas, para

    no existia algo como uma solitria. Ela ouvia vozes em todos os lugares. Elas a chamav

    cantos de sua cela escura. Preenchiam o silncio entre as batidas de seu corao. Gritavam dprofundas reentrncias de sua mente. No era a morte o que ela desejava, mas, se aquela

    nica forma de silenciar as vozes, ento estava preparada para tal.

    Ela tinha sido Confinada por traio, mas a verdade era muito pior do que qualquer um

    imaginar. Mesmo se, por algum milagre, ela fosse perdoada em seu rejulgamento, no hav

    verdadeiro indulto. Suas lembranas eram mais opressivas do que as paredes de qualquer cel

    O guarda limpou a garganta enquanto transferia o peso de um p ao outro:

    Prisioneira nmero 319, por favor, levante-se.

    Ele era mais novo do que ela tinha esperado, e seu uniforme ficava folgado em seu corpo

    entregando seu status de recruta recente. Alguns meses de raes militares no foram suficien

    fazer sumir o fantasma da subnutrio que assombrava as pobres naves externas da Colnia,

    e Arcadia.

    Clarke respirou fundo e se colocou de p.

    Estique seus braos disse ele, tirando um par de algemas do bolso de seu uniformClarke tremeu quando a pele dele roou na sua. Ela no via outra pessoa desde que a tinham

    para a nova cela, muito menos tocado numa. Esto muito apertadas? perguntou, seu tom

    abrandado por uma nota de piedade que fez o peito de Clarke doer. H muito tempo nenhuma

    alm de Thalia, sua antiga companheira de cela e nica amiga no mundo, lhe mostrava

    compaixo.

    Ela balanou a cabea. Ele prosseguiu:

    Apenas sente-se na cama. O doutor est a caminho.

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    Vo fazer isso aqui? perguntou Clarke com a voz rouca, as palavras arranha

    garganta.

    Se um mdico estava vindo, significava que estavam dispensando seu rejulgamento. Aqu

    deveria ser uma surpresa. De acordo com a lei da Colnia, adultos eram executados imedia

    aps a condenao e menores eram confinados at completarem 18 anos, quando recebia

    ltima chance de se defenderem. Mas ultimamente as pessoas estavam sendo executadas hora

    de seus rejulgamentos por crimes que, h alguns anos, teriam sido perdoados.Ainda assim, era difcil acreditar que eles realmente fariam aquilo em sua cela. De um

    perversa, ela estava contando com uma ltima caminhada at o hospital em que passou tant

    durante seu estgio mdico uma ltima chance de vivenciar algo familiar, mesmo que fosse

    o cheiro do desinfetante e o zumbido do sistema de ventilao antes de perder a capaci

    sentir para sempre.

    O guarda falou sem olhar em seus olhos:

    Preciso que voc se sente.Clarke deu alguns passos curtos e se empoleirou rigidamente na borda da cama estreita.

    ela soubesse que a solitria distorcia sua percepo do tempo, era difcil acreditar que est

    sozinha, h quase seis meses. O ano que ela tinha passado com Thalia e a terceira companh

    cela, Lise uma garota com a expresso fechada que sorriu pela primeira vez quando

    Clarke embora , tinha parecido uma eternidade. Mas no havia outra explicao. Hoje ti

    ser seu aniversrio de 18 anos, e o nico presente esperando por Clarke era uma serin

    paralisaria seus msculos at que seu corao parasse de bater. Depois disso, seu corpo se

    seria lanado no espao, como era o costume na Colnia, deixado para vagar infinitamen

    galxia.

    Um vulto apareceu na porta, e um homem alto e esbelto entrou na cela. Embora o cabelo

    na altura dos ombros cobrisse parcialmente o broche no colarinho de seu jaleco, Clar

    precisava da insgnia para reconhec-lo como o consultor-chefe de medicina do Conselho. E

    passado a maior parte do ano anterior ao confinamento sombra do Dr. Lahiri, e no era c

    contar o nmero de horas que tinha ficado ao seu lado durante cirurgias. Os outros apr

    invejavam a posio de Clarke e tinham se queixado de nepotismo ao descobrirem que o Dr

    era um dos amigos mais prximos de seu pai. Pelo menos tinha sido antes de seus pai

    executados.

    Ol, Clarke disse ele de forma agradvel, como se a estivesse cumprimenta

    refeitrio do hospital e no numa cela de deteno. Como voc est?

    Melhor do que estarei em alguns minutos, imagino.

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    O Dr. Lahiri costumava rir do humor negro de Clarke, mas dessa vez ele franziu a testa e s

    para o guarda:

    Voc pode tirar as algemas e nos dar um momento, por favor?

    O guarda se moveu de forma desconfortvel:

    No devo deix-la desacompanhada.

    Voc pode esperar do lado de fora da porta falou o Dr. Lahiri, com uma pa

    exagerada. Ela uma garota desarmada de 17 anos. Acho que serei capaz de manter tucontrole.

    O guarda evitou os olhos de Clarke enquanto removia as algemas. Ele assentiu rapidamen

    o Dr. Lahiri enquanto saa da cela.

    Voc quis dizer que sou uma garota desarmada de 18 anos disse Clarke, forando o

    achou ser um sorriso. Ou voc est se transformando num daqueles cientistas malucos qu

    sabem em que ano estamos?

    Seu pai era assim. Ele se esquecia de programar as luzes circadianas em seu apartamacabava indo trabalhar s 4h da manh, muito envolvido com sua pesquisa para notar

    corredores da nave estavam desertos.

    Voc ainda tem 17 anos, Clarke falou o Dr. Lahiri, da forma calma e lenta q

    normalmente reservava a pacientes acordando de uma cirurgia. Voc est na solitria

    meses.

    Ento o que voc est fazendo aqui? perguntou ela, incapaz de dominar o pnico qu

    em sua voz. A lei diz que vocs tm que esperar at eu ter 18 anos.

    Houve uma mudana de planos. Isso tudo que fui autorizado a dizer.

    Ento voc tem autorizao para me executar, mas no para falar comigo? Ela se l

    de observar o Dr. Lahiri durante o julgamento de seus pais. Naquela poca, ela tinha l

    expresso carrancuda como uma mostra de sua reprovao ao processo, mas agora no tinh

    certeza. Ele no tinha se manifestado em defesa deles. Ningum tinha. Ele tinha simplesment

    sentado ali calado enquanto o Conselho declarava que seus pais, dois dos mais brilhantes ci

    de Phoenix, tinham violado a Doutrina Gaia, as regras estabelecidas depois do Cataclism

    garantir a sobrevivncia da raa humana. E quanto aos meus pais? Voc os matou tambm?

    O Dr. Lahiri fechou os olhos, como se as palavras de Clarke tivessem se transformado e

    visvel. Algo grotesco.

    No estou aqui para mat-la disse ele, calmamente. Ele abriu os olhos e ento

    para o banco no p da cama de Clarke. Posso? Quando Clarke no respondeu, o Dr

    seguiu adiante e se sentou para ficar de frente para ela:

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    Posso ver seu brao, por favor?

    Clarke sentiu seu peito se contrair e se forou a respirar. Ele estava mentindo. Aquilo era

    perverso, mas tudo acabaria em um minuto.

    Ela esticou o brao na direo dele. O Dr. Lahiri colocou a mo no bolso de seu jaleco

    um pano que tinha cheiro de antissptico. Clarke se arrepiou quando ele o esfregou na parte

    de seu brao.

    No se preocupe. Isso no vai doer.Clarke fechou os olhos.

    Ela se lembrou da expresso angustiada com que Wells tinha olhado para ela enqu

    guardas a escoltavam para fora das cmaras do Conselho. Embora a raiva que tinha am

    consumi-la durante o julgamento tivesse h muito tempo se esgotado, pensar em Wells envi

    nova onda de calor por seu corpo, como uma estrela agonizante emitindo um ltimo raio de lu

    de se apagar e se transformar em nada.

    Seus pais estavam mortos, e era tudo culpa dele.O Dr. Lahiri segurou o brao dela, seus dedos procurando a veia.

    At breve, me e pai.

    Ele segurou mais firme. Estava na hora.

    Clarke respirou fundo ao sentir uma picada na face interna de seu pulso.

    Pronto. Voc est preparada.

    Os olhos de Clarke se abriram rapidamente. Ela olhou para baixo e viu um bracelete d

    preso em seu brao. Ela passou o dedo sobre ele, se encolhendo ao sentir o que parecia

    dzia de pequenas agulhas pressionando contra sua pele.

    O que isso? perguntou ela freneticamente, se afastando do mdico.

    Apenas relaxe respondeu ele com uma indiferena irritante. um transmissor v

    vai acompanhar sua respirao e a composio de seu sangue, recolhendo todo tipo de info

    relevante.

    Informao relevante para quem? perguntou Clarke, embora ela j pudesse sentir o

    resposta na massa crescente de terror em seu estmago.

    Tivemos alguns progressos empolgantes falou o Dr. Lahiri, soando como uma i

    vazia do pai de Wells, o Chanceler Jaha, fazendo um de seus discursos do Dia da Lembra

    Voc deveria estar muito orgulhosa. tudo por causa de seus pais.

    Meus pais foram executados por traio.

    O Dr. Lahiri olhou para ela com desaprovao. H um ano, aquilo teria feito Clarke se e

    de vergonha, mas agora ela mantinha seu olhar firme.

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    No estrague isso, Clarke. Voc tem uma chance de fazer a coisa certa, de compens

    crime escandaloso de seus pais.

    Um estalo seco foi ouvido quando o punho de Clarke se chocou contra o rosto do

    seguido de um som oco quando a cabea do homem bateu na parede. Segundos depois, o

    apareceu e torceu as mos de Clarke nas costas dela.

    O senhor est bem? perguntou ele.

    O Dr. Lahiri se sentou lentamente, esfregando seu maxilar enquanto examinava Clarke comistura de raiva e prazer:

    Pelo menos sabemos que voc ser capaz de se garantir entre os outros delinquentes

    chegar l.

    Chegar aonde? grunhiu Clarke, tentando se soltar das mos do guarda.

    Estamos esvaziando o centro de deteno hoje. Uma centena de criminosos sortudos v

    chance de fazer histria. Os cantos de sua boca se contorceram num sorriso malicioso.

    vai para a Terra.

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    CAPTULO 2Wells

    O Chanceler tinha envelhecido. Apesar de fazer menos de seis semanas desde a ltima vez qu

    tinha visto seu pai, ele parecia anos mais velho. Havia novos fios brancos em suas tmpor

    rugas em volta de seus olhos estavam mais profundas.

    Voc finalmente vai me contar por que fez aquilo? perguntou o Chanceler com um

    cansado.

    Wells se moveu em sua cadeira. Ele podia sentir a verdade tentando se arrastar para fo

    daria quase qualquer coisa para apagar a decepo no rosto de seu pai, mas no podia arrino antes de saber se seu plano imprudente tinha realmente funcionado.

    Wells evitou o olhar de seu pai ao examinar a sala ao redor, tentando memorizar as relqu

    poderia estar vendo pela ltima vez: o esqueleto de guia empoleirado num mostrador de v

    poucas pinturas que tinham sobrevivido ao incndio no Louvre e as fotos das lindas cidades

    cujos nomes nunca pararam de causar calafrios em Wells.

    Foi um desafio? Voc estava tentando se exibir para seus amigos? O Chanceler co

    no mesmo tom grave e constante que ele usava em audies do Conselho, ento levant

    sobrancelha para indicar que era a vez de Wells falar.

    No, senhor.

    Voc foi acometido por um acesso temporrio de insanidade? Voc estava drogado?

    um leve toque de esperana em sua voz que, em outra situao, Wells poderia ter achado div

    Mas no havia nada engraado na expresso nos olhos de seu pai, uma combinao de f

    confuso que Wells no via desde o funeral de sua me. No, senhor.

    Wells sentiu um impulso passageiro de tocar o brao do pai, mas algo alm das algemas e

    pulsos o impedia de esticar o brao por cima da escrivaninha. Mesmo quando eles tinham se

    ao redor do portal de lanamento, dando seus ltimos e silenciosos adeuses me de Wel

    nunca diminuram os 20 centmetros de espao entre seus ombros. Era como se Wells e o pai

    dois ms e a carga de seu pesar os repelisse.

    Foi alguma espcie de declarao poltica? Seu pai franziu a testa levemente, co

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    ideia o atingisse como um golpe fsico. Algum de Walden ou Arcadia o obrigou a fazer is

    No, senhor disse Wells, engolindo sua indignao.

    Seu pai tinha aparentemente passado as ltimas seis semanas tentando remodelar Well

    uma espcie de rebelde, reprogramando suas memrias para ajud-lo a compreender por que

    anteriormente um aluno exemplar e agora o cadete mais graduado, tinha cometido a infra

    pblica da histria. Mas nem mesmo a verdade seria suficiente para diminuir a confuso na

    dele. Para o Chanceler, nada poderia justificar atear fogo na rvore do den, a muda que tintrazida a Phoenix logo antes do xodo. No entanto, para Wells, aquilo no tinha sido uma e

    Assim que tinha descoberto que Clarke estaria entre os cem enviados Terra, ele tivera qu

    algo para se juntar a eles. E, como o filho do Chanceler, apenas a mais pblica das infra

    levaria ao confinamento.

    Wells se lembrou de si mesmo se movendo entre a multido na Cerimnia de Lem

    sentindo o peso de centenas de olhos sobre ele, sua mo tremendo ao tirar o isqueiro de seu

    criar uma centelha que brilhou com fora na penumbra. Por um momento, todos tinham olhsilncio enquanto as chamas envolviam a rvore. E, mesmo enquanto os guardas corriam

    direo num caos repentino, ningum tinha sido capaz de se enganar sobre quem eles

    arrastando dali.

    O que diabos voc estava pensando? perguntou o Chanceler, olhando para e

    descrena. Voc poderia ter incendiado todo o salo e matado todos que estavam ali.

    Seria melhor mentir. Seria mais fcil para seu pai acreditar que Wells estava agindo em r

    a um desafio. Ou talvez ele devesse tentar fingir que estava drogado. Qualquer desses dois cseria mais palatvel para o Chanceler do que a verdade que ele tinha arriscado tudo p

    garota.

    A porta do hospital se fechou atrs dele, mas o sorriso de Wells permaneceu congcomo se a fora que tinha sido necessria para levantar os cantos de sua boca danificado permanentemente os msculos de seu rosto. Atravs da nvoa das d

    sua me tinha provavelmente pensado que seu sorriso parecia real, e isso era tudoimportava. Ela tinha segurado a mo de Wells enquanto as mentiras se derramavdentro dele, amargas, porm inofensivas. Sim, papai e eu estamos bem. Eprecisava saber que eles mal tinham trocado algumas poucas palavras em semQuando voc estiver melhor, vamos terminar A histria do declnio e queda do iromano. Os dois sabiam que ela nunca chegaria ao ltimo volume.

    Wells saiu do hospital e comeou a cruzar a plataforma B, que misericordiosamente vazia. quela hora, a maioria das pessoas estava nos sem

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    no trabalho ou no Entreposto. Ele deveria estar numa aula de histria, normalmenmatria favorita. Ele sempre tinha amado as narrativas sobre cidades antigas comoe Nova York, cujos triunfos deslumbrantes apenas eram rivalizados pela magnitusuas runas. Mas ele no podia passar duas horas cercado pelos mesmos compande seminrio que tinham enchido sua fila de mensagens com condolncias vdesconfortveis. A nica pessoa com quem ele podia falar sobre sua me era Glas

    ela andava estranhamente distante.Wells no sabia muito bem quanto tempo tinha ficado parado em frente portade perceber que tinha chegado biblioteca. Ele permitiu que o scanner examinassolhos, esperou o sinal e ento pressionou seu polegar contra a tela. A porta seapenas por tempo suficiente para que Wells entrasse e ento se fechou atrs deum baque arrogante, como se tivesse feito um enorme favor a Wells apenas por dentrar.

    Wells soltou o ar enquanto o silncio e as sombras o envolviam. Os livros que sido trazidos a Phoenix antes do Cataclismo eram mantidos em grandes mostrurioxignio, que retardavam significativamente o processo de deteriorao, e essarazo para eles terem que ser lidos na biblioteca e apenas por algumas horas dvez. O enorme salo era escondido das luzes circadianas, num estado de pepenumbra.

    Desde quando ele conseguia se lembrar, Wells e a me passavam as noit

    domingo ali, sua me lendo em voz alta para ele quando ele era pequeno, depois lendo lado a lado enquanto ele ficava mais velho. Mas, medida que sua progredia e suas dores de cabea ficavam piores, Wells tinha comeado a ler paEles tinham acabado de comear o volume dois de A histria do declnio e queimprio romano na noite anterior sua internao no hospital.

    Ele ziguezagueou entre corredores estreitos at a seo de lngua Inglesa e ena de Histria, que ficava escondida num canto escuro no fundo do salo. A cole

    menor do que deveria ser. O primeiro governo colonial tinha conseguido que digitais fossem carregados em Phoenix, mas, menos de cem anos depois, umapagou a maior parte dos arquivos digitais, e os nicos livros que restaram foram aem colees privadas bens de famlia passados dos colonos originais aodescendentes. Ao longo do ltimo sculo, a maioria das relquias tinha sido dbiblioteca.

    Wells agachou at seu olho ficar na altura dos Gs. Ento pressionou seu p

    contra a trava, e o vidro se abriu com um chiado, rompendo o lacre a vcuo. Ele esmo at o interior para pegar Declnio e queda, mas parou no meio do caminho.

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    continuar lendo para poder ser capaz de contar a sua me sobre o livro, mas aquiequivalente a chegar ao seu quarto do hospital com sua placa memorial e pedir a dela sobre o que seria escrito nela.

    Voc no deve deixar o mostrurio aberto disse uma voz atrs dele. Sim, obrigado disse Wells, de forma mais seca do que gostaria que soas

    se colocou de p e se virou, encontrando uma garota de aparncia familiar olhand

    ele. Era a aprendiz de mdica do hospital. Wells sentiu uma pontada de raiva dessados mundos. A biblioteca era aonde ele ia para se esquecer do cheiro enjoatantissptico, do bipe do monitor cardaco que, longe de um sinal vital, se parecuma contagem regressiva para a morte.

    A garota deu um passo atrs e inclinou a cabea, seu cabelo claro caindo palado.

    Ah. voc. falou ela. Wells se preparou para o chilique de reconhecimen

    rpidos movimentos oculares que significavam que ela j estava mandando mensaseus amigos em seu implante de crnea. Mas os olhos dessa garota focaram diretasobre ele, como se estivessem olhando apenas para seu crebro, arrancando as capara revelar todos os pensamentos que Wells tinha intencionalmente escondido. no queria aquele livro? Ela acenou com a cabea para a prateleira em que Decqueda estava guardado.

    Wells balanou a cabea.

    Lerei outra hora.Ela ficou em silncio por um momento: Acho que voc deveria lev-lo agora. O maxilar de Wells enrijeceu, mas, q

    ele no disse nada, ela continuou. Eu costumava v-lo aqui com a sua medevia lev-lo para ela.

    S porque meu pai est frente do Conselho, no quer dizer que eu possauma lei de trezentos anos disse ele, permitindo apenas uma sombra de desdm

    tornar seu tom mais pesado. O livro ficar bem por algumas horas. Eles exageram sobre os efeitos do ar.Wells levantou uma sobrancelha:

    E eles exageram sobre o poder do scanner de sada? Havia scanners na mdas portas pblicas de Phoenix, que podiam ser programados para quaespecificaes. Na biblioteca, o aparelho monitorava a composio molecular dpessoa que saa, para garantir que ningum sasse com um livro em suas m

    escondido debaixo de suas roupas.

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    Um sorriso se acendeu no rosto da menina. Resolvi isso h muito tempo. Ela olhou para trs em direo ao corredor s

    entre as estantes de livros, ento enfiou a mo no bolso e tirou um pano cinza. impede o scanner de reconhecer a celulose no papel. Ela o ofereceu a ele. Pode pegar.

    Wells deu um passo atrs. As chances de essa garota tentar envergonh-lo

    muito maiores do que a probabilidade de ela ter um pedao de tecido mgico escem seu bolso. Por que voc tem isso?Ela deu de ombros:

    Gosto de ler em outros lugares. Quando ele no disse nada, ela sorriu e sua outra mo. Apenas me d o livro. Eu vou tir-lo daqui e o levar ao hospital.

    Wells ficou surpreso consigo mesmo ao entregar o livro a ela.

    Qual o seu nome? perguntou ele. Para saber com quem voc ter uma dvida eterna? Para saber quem culpar quando for preso.A garota colocou o livro debaixo do brao e esticou a mo: Clarke. Wells respondeu, esticando a mo para apertar a dela. Ele sorriu, e des

    no doeu.

    Eles mal conseguiram salvar a rvore. O Chanceler olhou fixamente para Wells, c

    estivesse procurando um sinal de remorso ou satisfao, qualquer coisa que o ajudasse a e

    por que seu filho tinha tentado atear fogo nica rvore trazida de seu planeta devastado.

    dos membros do Conselho queriam execut-lo na mesma hora, menor de idade ou no, sabia

    capaz de poupar sua vida ao fazer com que concordassem em envi-lo Terra.

    Wells soltou o ar, aliviado. Havia menos de 150 jovens no Confinamento, ento el

    imaginado que levariam todos os adolescentes mais velhos, mas at esse momento ele ncerteza de que seria mandado na misso.

    Os olhos de seu pai se arregalaram com surpresa e compreenso enquanto ele olhava fix

    para Wells:

    Era isso que voc queria, no era?

    Wells balanou a cabea.

    O rosto do Chanceler se contorceu.

    Se soubesse que voc estava to desesperado para ver a Terra, eu poderia ter consegu

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    voc se juntasse segunda expedio. Assim que determinssemos que era seguro.

    Eu no queria esperar. Quero ir com os primeiros cem.

    O Chanceler estreitou os olhos levemente enquanto examinava o rosto impassvel de Well

    Por qu? Voc mais do que qualquer um sabe dos riscos.

    Com todo o devido respeito, foi voc quem convenceu o Conselho de que o inverno

    tinha acabado. Voc disse que era seguro.

    Sim. Seguro o suficiente para os cem criminosos condenados que morreriam de qforma disse o Chanceler, sua voz em uma mistura de condescendncia e descrena. Eu n

    dizer que era seguro para meu filho.

    A raiva que Wells vinha tentando asfixiar se inflamou, reduzindo sua culpa a cinzas. Ele

    as mos para as algemas fazerem barulho:

    Acho que sou um deles agora.

    Sua me no gostaria que voc fizesse isso, Wells. S porque ela gostava de sonhar

    Terra no quer dizer que gostaria que voc se colocasse em perigo.Wells se inclinou para a frente, ignorando a presso do metal afundando em sua carne.

    No por causa dela que estou fazendo isso falou ele, olhando diretamente nos o

    seu pai pela primeira vez desde que tinha se sentado. Embora eu realmente ache que ela

    orgulhosa de mim.

    Era parcialmente verdade. Ela tinha um lado romntico e teria incentivado o desejo de s

    de proteger a garota que ele amava. Mas seu estmago se contorceu ao pensar na possibili

    sua me saber o que ele realmente tinha feito para salvar Clarke. A verdade faria colocar rvore do den parecer uma pegadinha inofensiva.

    Seu pai olhou para ele:

    Voc est me dizendo que todo esse desastre por causa daquela garota?

    Wells balanou a cabea lentamente:

    minha culpa ela estar sendo mandada para l como um rato de laboratrio. Vou gara

    ela tenha a maior chance de sair viva.

    O Chanceler ficou em silncio por um momento. Mas quando falou novamente, sua voz

    calma:

    Isso no ser necessrio. O Chanceler tirou algo da gaveta de sua escrivaninha e o

    na frente de Wells. Era uma argola de metal na qual estava fixado um chip do tamanho do pol

    Wells. Cada membro da expedio est nesse momento sendo equipado com uma dessas p

    explicou seu pai. Elas mandaro informaes de volta nave para podermos acompan

    localizao e monitorar seus sinais vitais. Assim que tivermos provas de que o ambiente reccomearemos a recolonizao. Ele forou um sorriso sinistro. Se tudo correr como pla

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    no demorar muito at que o resto de ns desa para se juntar a vocs, e tudo isso ele

    para as mos acorrentadas de Wells ser esquecido.

    A porta se abriu, e um guarda entrou:

    Est na hora, senhor.

    O Chanceler concordou com a cabea, e o guarda cruzou a sala para colocar Wells de p.

    Boa sorte, filho disse o pai de Wells, assumindo sua rispidez caracterstica. Se

    capaz de tornar essa misso um sucesso, voc.Ele esticou a mo para apertar a de Wells, mas ento a abaixou ao perceber sua falha. Os

    de seu nico filho ainda estavam acorrentados s costas.

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    CAPTULO 3Bellamy

    claro que o desgraado convencido estava atrasado. Bellamy batia com o p n

    impacientemente, sem se importar com o eco que ressoava pelo depsito. Ningum mais

    qualquer coisa valiosa tinha sido levada h anos. Todas as superfcies estavam cobertas de

    peas sobressalentes de mquinas cujas funes h muito tempo tinham sido esquecidas

    moeda; infinitos emaranhados de cabos e fios; telas e monitores rachados.

    Bellamy sentiu a mo de algum em seu ombro e se virou, levantando os punhos para pro

    rosto enquanto esquivava para o lado. Relaxe, cara falou Colton enquanto ligava sua lanterna, apontando o feixe de luz b

    olhos de Bellamy. Ele examinou-o com uma expresso entretida em seu rosto longo e estreito

    que voc quis que nos encontrssemos aqui embaixo? Ele sorriu de forma desdenh

    Procurando pornografia dos homens das cavernas em computadores quebrados? No vou ju

    eu ficasse preso com o que se passa por uma garota l em Walden, eu provavelmente desenv

    meus prprios hbitos indecentes.

    Bellamy ignorou a implicncia. Apesar da nova funo de seu ex-amigo como guarda, Col

    tinha chance com nenhuma garota, independentemente de em qual nave ela morasse.

    Apenas me diga o que est acontecendo, certo? falou Bellamy, se esforando para

    seu tom leve.

    Colton se recostou na parede e sorriu:

    No deixe o uniforme engan-lo, irmo. Eu no me esqueci da primeira regra dos n

    Ele esticou a mo. Pode passar para mim. voc quem est confuso, Colt. Sabe que sempre cumpro minha parte. Ele bateu

    mo no bolso que guardava o chip carregado com os pontos de rao roubados. Agora m

    onde ela est.

    O guarda sorriu de forma maliciosa, e Bellamy sentiu algo apertar seu peito. El

    subornando Colton para obter informaes sobre Octavia desde que ela tinha sido presa, e

    sempre parecia ter prazer em dar ms notcias.

    Vo envi-los hoje. As palavras atingiram Bellamy com um baque. Colocaram

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    mdulos de transporte da plataforma G para funcionar. Ele esticou a mo novamente.

    chega. Essa misso sigilosa e estou arriscando meu pescoo por voc. Cansei de brincadeir

    O estmago de Bellamy embrulhou enquanto uma srie de imagens piscava diante de seu

    sua irmzinha presa numa velha jaula de metal, arremessada pelo espao a milhares de quil

    por hora. Seu rosto ficando roxo ao lutar para respirar o ar txico. Seu corpo enrugado ca

    imvel quanto...

    Bellamy deu um passo para a frente. Sinto muito, cara.

    Colton estreitou os olhos:

    Por qu?

    Por isso.

    Bellamy dobrou o brao, ento acertou um soco bem no maxilar do guarda. Houve um est

    mas ele no sentiu nada alm de seu corao disparado enquanto observava Colton cair no ch

    Trinta minutos depois, Bellamy estava tentando entender a cena estranha diante dele. Suas

    estavam encostadas parede de um amplo saguo que levava a uma rampa ngreme. Con

    entravam aos montes usando jaquetas cinza, levados rampa abaixo por um punhado de guar

    fundo, estava o mdulo de transporte, uma geringona redonda equipada com fileiras de assen

    travas de segurana, que levaria os pobres e indefesos jovens Terra.

    Tudo aquilo era completamente doentio, mas ele imaginava que era melhor do que a alte

    Embora voc devesse ter a chance de um rejulgamento no seu aniversrio de 18 anos, h cercano praticamente todos os rus juvenis vinham sendo considerados culpados. Sem essa miss

    estariam contando os dias at suas execues.

    O estmago de Bellamy embrulhou quando seus olhos se fixaram sobre uma segunda ramp

    um momento, ele se preocupou com a possibilidade de ter deixado de ver Octavia. M

    importava se ele ia v-la embarcar. Os dois se reuniriam em pouco tempo.

    Bellamy puxou as mangas do uniforme de Colton. Ele mal cabia na roupa, mas at agora n

    dos outros guardas parecia notar. Estavam concentrados na parte mais baixa da rampa,

    Chanceler Jaha falava com os passageiros.

    Vocs receberam uma oportunidade sem precedentes de deixar o passado para trs

    Chanceler. A misso em que vocs esto prestes a embarcar perigosa, mas sua bravu

    recompensada. Se vocs tiverem sucesso, suas infraes sero perdoadas e vocs sero cap

    comear novas vidas na Terra.

    Bellamy mal conseguiu evitar bufar. O Chanceler tinha muita cara de pau de ir at ali e vqualquer baboseira que o ajudava a dormir noite.

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    Estaremos monitorando seu progresso muito atentamente para mant-los em segura

    continuou o Chanceler enquanto os prximos dez prisioneiros enchiam a rampa, acompanha

    um guarda que fez uma breve saudao para o Chanceler antes de depositar seu carregam

    mdulo de transporte e subir a rampa de volta para esperar no saguo. Bellamy examinou a m

    procura de Luke, o nico waldenita que ele conhecia que no tinha se transformado

    completo babaca depois de se tornar um guarda. Mas havia menos de uma dzia de gua

    plataforma de lanamento; o Conselho tinha claramente decidido que o sigilo era mais imporque a segurana.

    Ele tentou no bater com o p no cho de forma impaciente enquanto a fila de prisioneiro

    descendo a rampa. Se ele fosse descoberto fazendo se passar por guarda, a lista de infra

    infinita: suborno, chantagem, roubo de identidade, conspirao e o que mais o Conselho d

    acrescentar lista. E, como ele tinha 20 anos, no haveria Confinamento para ele; vinte e

    horas depois do anncio de sua sentena, ele estaria morto.

    O peito de Bellamy se contraiu quando um familiar lao vermelho apareceu no fundo do por entre uma cortina de cabelo preto lustroso. Octavia.

    Durante os ltimos dez meses, ele tinha sido consumido por preocupaes agonizantes

    que estava acontecendo a ela no Confinamento. Ser que ela estava recebendo o suficien

    comer? Ser que estava encontrando formas de se manter ocupada? Manter a mente s? Em

    Confinamento fosse brutal para qualquer um, Bellamy sabia que aquilo seria infinitamente p

    O.

    Bellamy tinha praticamente criado sua irm mais nova. Ou pelo menos tinha tentado. De

    acidente de sua me, ele e Octavia tinham sido deixados sob os cuidados do Conselho. N

    precedentes sobre o que fazer com irmos com as rgidas leis populacionais, um casal nun

    permisso para ter mais do que um filho e, algumas vezes, nem para ter um , ento ning

    Colnia entendia o que significava ter um irmo ou uma irm. Bellamy e Octavia viveram e

    coletivos diferentes durante muitos anos, mas Bellamy sempre tinha cuidado dela, lhe p

    escondido raes adicionais toda vez que ele vagava por uma das instalaes restrarmazenamento, confrontando as meninas mais velhas falastronas que achavam que seria d

    pegar no p da rf bochechuda com grandes olhos azuis. Bellamy se preocupava c

    constantemente. Sua irm era especial, e ele faria qualquer coisa para lhe dar a chance de

    vida diferente. Qualquer coisa para compensar o que ela teve de suportar.

    Enquanto o guarda de Octavia a levava at a rampa, Bellamy escondeu um sorriso. Em

    outros jovens se arrastassem passivamente pelo saguo enquanto sua escolta os levava na dir

    mdulo de transporte, estava claro que era Octavia que estava ditando o ritmo. Ela se

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    intencionalmente, forando seu guarda a encurtar seu passo enquanto ela descia a rampa calm

    Ela na verdade parecia melhor do que da ltima vez que ele a tinha visto. Ele imaginou que

    fazia sentido. Ela tinha sido condenada a quatro anos de Confinamento, at um rejulgamento

    aniversrio de 18 anos que certamente levaria sua execuo. Agora ela estava receben

    segunda chance na vida. E Bellamy fazia questo de garantir que ela aproveitasse.

    Ele no se importava com o que precisaria fazer. Ele iria Terra com ela.

    A voz do Chanceler ribombava sobre o clamor dos passos e dos sussurros nervosos. Ele aportava como um soldado, mas seus anos no Conselho tinham lhe dado um brilho de poltico.

    Ningum na Colnia sabe o que vocs esto prestes a fazer, mas, se forem bem-suc

    todos ns lhe deveremos nossas vidas. Sei que vocs faro o melhor possvel em nom

    mesmos, de suas famlias e de todos a bordo dessa espaonave: toda a raa humana.

    Quando o olhar de Octavia se fixou sobre Bellamy, seu queixo caiu de surpresa. Ele po

    sua mente se agitando para compreender a situao. Ambos sabiam que ele nunca seria sele

    como guarda, o que significava que ele tinha que estar ali como impostor. Mas exatamente quacomeou a mover os lbios para mandar um aviso, o Chanceler se virou para se diri

    prisioneiros que ainda estavam descendo a rampa. Octavia virou a cabea relutantemen

    Bellamy podia ver a tenso em seus ombros.

    Seu corao acelerou quando o Chanceler terminou suas observaes e gesticulou para

    guardas terminassem de carregar os passageiros. Ele tinha que esperar o momento exato. S

    cedo demais, haveria tempo para arranc-lo de dentro. Se esperasse demais, Octavi

    arremessada no espao na direo de um planeta txico enquanto ele permaneceria para enfrconsequncias de atrapalhar o lanamento.

    Finalmente, foi a vez de Octavia. Ela se virou e olhou em seus olhos, sacudindo a

    levemente: um aviso claro para ele no fazer nada estpido.

    Mas Bellamy vinha fazendo coisas estpidas durante toda sua vida e no tinha nenhuma i

    de parar agora.

    O Chanceler acenou com a cabea para uma mulher com um uniforme preto. Ela se virou

    painel de controle ao lado do mdulo de transporte e comeou a pressionar uma srie de

    Grandes nmeros comearam a piscar na tela.

    A contagem regressiva tinha comeado.

    Ele tinha trs minutos para passar pela porta, descer a rampa e entrar no mdulo de transp

    perderia sua irm para sempre.

    Quando os ltimos passageiros foram carregados, o clima no saguo mudou. Os

    prximos a Bellamy relaxaram e comearam a conversar em voz baixa entre si. Do outro plataforma, na outra rampa, algum soltou uma risada irritante.

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    2:48...2:47...2:46...

    Bellamy sentiu uma mar de raiva crescer dentro dele, momentaneamente dominan

    nervos. Como esses babacas podiam rir enquanto sua irm e outros 99 jovens estavam

    enviados no que poderia ser uma misso suicida?

    2:32...2:31...2:30...

    A mulher junto ao painel de controle sorriu e sussurrou algo para o Chanceler, mas ele fr

    testa e virou para o outro lado.Os guardas de verdade tinham comeado a subir a rampa e encher o saguo. Ou eles a

    que tinham coisas melhores a fazer do que testemunhar a primeira tentativa da humanidade de

    Terra ou achavam que o velho mdulo de transporte ia explodir e estavam procurando um

    seguro.

    2:14...2:13...2:12...

    Bellamy respirou fundo. Estava na hora.

    Ele abriu caminho na multido com empurres e passou por trs de um guarda parrucoldre estava preso de forma descuidada em seu cinto, deixando o cabo da arma exposto. B

    tomou a arma e desceu correndo a rampa de carregamento.

    Antes que qualquer um soubesse o que estava acontecendo, Bellamy acertou uma cotove

    barriga do Chanceler e passou um brao em volta de seu pescoo, o segurando numa chave d

    A plataforma de lanamento explodiu em gritos e passos pesados, mas antes que qualquer um

    tempo de alcan-lo, Bellamy posicionou o cano da arma contra a tmpora do Chanceler. D

    alguma ele atiraria no desgraado, mas os guardas precisavam pensar que ele no est

    brincadeira.

    1:12...1:11...1:10...

    Todos para trs gritou Bellamy, intensificando o aperto. O Chanceler gemeu. Ho

    apito alto, e os nmeros piscantes mudaram de verde para vermelho. Faltava menos de um

    Tudo o que ele precisava fazer era esperar at que a porta do mdulo de transporte comeas

    fechar, ento empurrar o Chanceler para fora do caminho e pular para dentro. No haveriapara impedi-lo.

    Deixem-me entrar no mdulo de transporte ou eu atiro.

    O salo ficou em silncio, a no ser pelo som de uma dzia de armas sendo engatilhadas.

    Em trinta segundos, ou ele estaria seguindo para a Terra com Octavia ou voltando a Wald

    saco morturio.

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    CAPTULO 4Glass

    Glass tinha acabado de acionar a trava de seu assento quando ouviu uma rajada de gritos. Os

    estavam cercando dois vultos perto da entrada do mdulo de transporte. Era difcil ver atr

    massa de uniformes que se movia, mas Glass viu de relance a manga de um terno, um po

    cabelos grisalhos e o brilho de metal. Ento metade dos guardas ajoelhou e levantou suas ar

    seus ombros, dando a Glass uma viso desobstruda: o Chanceler estava sendo mantido como

    Todos para trs gritou o captor, sua voz tremendo.

    Ele estava usando um uniforme, mas claramente no era um guarda. Seu cabelo era muicomprido do que o oficial, sua farda no era do tamanho certo e a forma desajeitada de se

    arma mostrava que ele nunca tinha sido treinado para us-la.

    Ningum se moveu.

    Eu disse para trs.

    O entorpecimento que tinha tomado conta de seu corpo durante a longa caminhada de su

    plataforma de lanamento derreteu como um cometa de gelo passando pelo sol, deixando um

    trilha de esperana. Ali no era o seu lugar. Ela no podia fingir que eles estavam prestes

    numa aventura histrica. No momento em que o mdulo de transporte se separasse da nave, o

    de Glass comearia a se partir. Essa a minha chance, pensou ela repentinamente, com exc

    terror disparando dentro dela.

    Glass soltou a trava de seu assento e se levantou num pulo. Alguns outros prisioneiros n

    mas a maioria estava ocupada observando o drama que se desenrolava no alto da rampa. Ela

    at o outro lado do mdulo de transporte, onde outra rampa levava at a plataforma de carrega Eu vou com eles gritou o rapaz enquanto dava um passo para trs na direo d

    arrastando o Chanceler com ele. Eu vou com a minha irm.

    Um silncio chocado recaiu sobre a plataforma de lanamento. Irm. A palavra ecoou na

    de Glass, mas, antes de ela ter tempo de processar seu significado, uma voz familiar a tirou

    pensamentos.

    Deixem-no ir.

    Glass olhou rapidamente para o fundo do mdulo de transporte e congelou, momentane

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    chocada por ver o rosto de seu melhor amigo. claro que ela tinha ouvido os boatos ridculo

    Wells tinha sido confinado, mas no tinha dado importncia. O que ele estava fazendo ali? En

    ela olhava para os olhos cinzentos de Wells, que estavam fixados com ateno sobre seu

    resposta veio at ela: ele deve ter tentado seguir Clarke. Wells faria qualquer coisa para prot

    pessoas com quem se importava, acima de tudo Clarke.

    E ento houve um rudo ensurdecedor um tiro? e algo dentro dela estalou. Sem pa

    pensar ou respirar, ela saiu correndo pela porta e comeou a subir a rampa apressadamente. contra o impulso de olhar para trs, Glass manteve a cabea abaixada e correu mais rpido d

    tinha corrido em toda sua vida.

    Ela tinha escolhido o momento perfeito. Durante alguns segundos, os guardas ficaram i

    como se a reverberao do disparo tivesse travado suas juntas.

    Ento eles a viram.

    Prisioneiro em fuga! gritou um deles, e os outros rapidamente se viraram em sua

    O movimento rpido ativou os instintos fixados em seus crebros durante o treinamentimportava se ela era uma garota de 17 anos. Eles tinham sido programados para no dar impo

    ao cabelo louro esvoaante e aos grandes olhos azuis que sempre tinham feito as pessoas q

    proteger Glass. Tudo o que eles viam era uma condenada em fuga.

    Glass se jogou pela porta, ignorando os gritos furiosos que a seguiam de perto. Ela dispar

    corredor que levava de volta a Phoenix, seu peito inflando, sua respirao vindo em

    cansadas.

    Voc! Pare nesse instante! gritou um guarda, seus passos ecoando atrs dela, mano parou. Se corresse o suficiente, e se a sorte que vinha fugindo dela durante toda s

    finalmente desse o ar de sua graa, talvez ela pudesse ver Luke uma ltima vez. E talvez,

    talvez, conseguisse fazer com que a perdoasse.

    Ofegante, Glass cambaleou por um corredor com portas sem placas. Seu joelho direito f

    ela se apoiou na parede para se equilibrar. O corredor estava comeando a ficar desfoca

    olhou em volta e foi capaz de distinguir apenas o formato de um duto de ventilao. Enganch

    dedos debaixo de uma das lminas e puxou. Nada aconteceu. Com um gemido, ela puxou nov

    sentindo a grade de metal ceder. Ento a escancarou, revelando um tnel de metal escuro c

    canos com aparncia antiga.

    Glass subiu no pequeno peitoril, ento se arrastou de barriga para baixo at que houvesse

    para levantar os joelhos at o peito. O metal estava frio contra sua pele que ardia. Com seu

    miligrama de fora, ela se arrastou para mais dentro do tnel e fechou o duto de ventila

    dela. Manteve os ouvidos atentos a sinais de perseguio, mas no havia mais gritaria nepassos, apenas a batida desesperada de seu corao.

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    Glass piscou na quase escurido, tentando entender onde ela estava. O espao aper

    estendia nas duas direes, cheio de poeira. Aquela tinha que ser uma das tubulaes origin

    antes de a Colnia construir seus novos sistemas de circulao e filtragem de ar. Glass n

    ideia de aonde aquilo a levaria, mas no tinha outras opes. Comeou rastejar para a frente.

    Depois do que pareceu horas, com os joelhos dormentes e as mos queimando, ela chego

    bifurcao. Se seu senso de direo estivesse certo, ento o tnel esquerda levaria a Pho

    outro seguiria paralelo ponte suspensa na direo de Walden. E de Luke.Luke, o rapaz que ela amava e que tinha sido obrigada a abandonar h tantos meses. Sob

    ela tinha pensado durante cada noite no Confinamento, to desesperada por seu toque qu

    sentia a presso de seus braos em volta dela.

    Ela respirou fundo e seguiu pela direita, sem saber se estava indo na direo da liberdad

    morte certa.

    Dez minutos depois, Glass deslizou silenciosamente para fora do duto de ventilao e deicorpo chegar ao cho. Deu um passo para a frente e tossiu enquanto uma nuvem de poeira e

    seu rosto, grudando na pele suada. Ela estava em alguma espcie de depsito.

    medida que seus olhos se ajustavam escurido, formas comeavam a se materia

    parede palavras, Glass percebeu. Ela deu mais alguns passos adiante, e seus o

    arregalaram. Havia mensagens entalhadas nas paredes.

    Descanse em paz

    In memoriam

    Das estrelas aos cus

    Ela estava na plataforma de quarentena, a seo mais antiga de Walden. Quando a guerra

    e biolgica ameaou destruir a Terra, o espao tinha sido a nica opo para aqueles suficien

    afortunados para sobreviver aos primeiros estgios do Cataclismo. Mas alguns sobrevinfectados conseguiram entrar nas cpsulas de transporte apenas para se verem barra

    Phoenix, abandonados para morrer em Walden. Agora, toda vez que existia a menor ame

    doena, qualquer um que estivesse infectado era colocado em quarentena, afastado do r

    populao vulnervel da Colnia, o que sobrara da raa humana.

    Glass tremia ao se mover rapidamente na direo da porta, rezando para que no e

    emperrada por causa da ferrugem. Para seu alvio, ela foi capaz de abri-la, e comeou a cor

    corredor. Tirou a jaqueta molhada de suor; com sua camiseta branca e sua cala modelo pri

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    podia se passar por uma operria, algum da rea de saneamento, talvez. Ela olhou de forma

    para o bracelete em seu pulso. No sabia se ele funcionaria dentro da nave ou se apenas

    transmitir informaes da Terra. De qualquer forma, ela precisava descobrir uma forma

    aquilo o mais rpido possvel. Mesmo se evitasse as passagens com scanner de retina, to

    guardas na Colnia estariam procurando por ela.

    Sua nica esperana era que eles estivessem esperando que ela corresse de volta para P

    Eles nunca adivinhariam que ela viria para c. Glass subiu a escadaria principal de Walchegar entrada da unidade residencial de Luke. Ento virou em seu corredor e desac

    esfregando as mos suadas na cala, repentinamente mais nervosa do que tinha estado no m

    transporte.

    Ela no conseguia imaginar o que ele diria, a expresso em seu rosto quando a visse na p

    sua casa depois de seu desaparecimento, mais de nove meses antes.

    Mas talvez ele no tivesse que dizer nada. Quem sabe, assim que a visse, assim que as p

    comeassem a se derramar da boca de Glass, ele a silenciaria com um beijo, contando colbios para lhe dizer que tudo estava bem. Que ela estava perdoada.

    Glass olhou para trs e saiu cuidadosamente pela porta. Ela no achava que algtinha visto, mas tinha que ser cuidadosa. Era incrivelmente grosseiro abandonaCerimnia de Unio antes da bno final, mas Glass no achava que seria capassar mais um minuto sentada ao lado de Cassius, com sua mente suja e seu bafo

    mais podre. Suas mos bobas faziam Glass se lembrar de Carter, o traioeiro coleapartamento de Luke que s deixava seu lado nojento sair das sombras quandestava no planto da guarda.

    Glass subiu a escadaria na direo da plataforma de observao, tomando o cde levantar a barra do vestido a cada passo. Tinha sido uma tolice gastar tantos de rao juntando os materiais para o vestido, um pedao de lona que elaescrupulosamente costurado a uma combinao prata. Aquilo parecia completa

    sem sentido quando Luke no estava ali para v-la.Ela odiava passar a noite com outros rapazes, mas sua me se recusava a

    Glass ser vista num evento social sem um par e, at onde ela sabia, sua filha era sEla no conseguia entender por que Glass no tinha fisgado Wells. Por mais quelhe explicasse que no tinha aquele tipo de sentimento por ele, sua me ssuspirava e murmurava alguma coisa sobre no deixar alguma menina cimalvestida roub-lo. Mas Glass estava feliz por Wells ter se apaixonado pela bela,

    de um pouco sria demais, Clarke Griffin. Ela apenas gostaria de poder contar a v

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    sua me: que ela estava apaixonada por um lindo e brilhante rapaz que nunca pacompanh-la a um concerto ou a uma Cerimnia de Unio.

    A senhorita me concede esta dana?Glass se assustou e virou. Quando seus olhos se fixaram num par de familiare

    castanhos, seu rosto se abriu num grande sorriso. O que voc est fazendo aqui? sussurrou ela, olhando ao redor p

    assegurar de que eles estavam sozinhos. Eu no podia deixar aqueles garotos de Phoenix ficarem com voc s para disse Luke, dando um passo para trs para admirar o vestido. No quando voclinda assim.

    Voc sabe em que tipo de confuso voc vai se meter se o descobrirem? Deixe que tentem me pegar. Ele passou os braos em volta da cintura de

    e, enquanto a msica no andar de baixo ficava mais alta, a rodou no ar.

    Bote-me no cho! falou Glass, parte um sussurro, parte uma risada enbatia de brincadeira no ombro dele. assim que mocinhas so ensinadas a falar com cavalheiros admirado

    perguntou ele, usando um terrvel sotaque falso de Phoenix. Vamos l disse ela, sorrindo enquanto segurava a mo dele. Voc rea

    no deveria estar aqui.Luke parou e a puxou para mais perto dele:

    Onde quer que voc esteja onde eu deveria estar. muito arriscado falou ela suavemente, levantando seu rosto at o dele.Ele sorriu:

    Ento melhor garantirmos que valeu a pena. Ele posicionou a mo atcabea de Glass e levou seus lbios at os dela.

    Glass levantava a mo para bater uma segunda vez quando a porta abriu. Seu corao pulou.

    L estava ele, seu cabelo louro e seus olhos de um castanho profundo, exatamente comolembrava deles, exatamente como eles apareciam em seus sonhos todas as noites no Confin

    Os olhos dele se arregalaram de surpresa.

    Luke sussurrou ela, toda a emoo dos ltimos nove meses ameaando domin

    estava desesperada para lhe contar o que tinha acontecido, por que ela tinha terminado co

    desaparecido. Que ela tinha passado cada minuto dos ltimos seis meses de pesadelo pensan

    Que ela nunca tinha deixado de am-lo. Luke disse ela novamente, uma lgrima escorre

    sua bochecha. Depois de incontveis vezes que tinha se desesperado em sua cela, murmura

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    nome entre soluos, parecia surreal dizer aquilo para ele.

    Mas antes que ela tivesse a chance de capturar qualquer uma das palavras borboleteando

    mente, outro vulto apareceu na porta, uma garota com cabelo ruivo ondulado.

    Glass?

    Glass tentou sorrir para Camille, a amiga de infncia de Luke, uma garota que era to p

    dele quanto Glass era de Wells. E agora ela estava aqui... no apartamento de Luke. Claro,

    Glass, com amargura. Ela sempre tinha imaginado se havia algo mais do que Luke tinha admrelao entre os dois.

    Voc gostaria de entrar? perguntou Camille com uma educao exagerada.

    Ela envolveu a mo na de Luke, mas Glass sentiu como se os dedos de Camille t

    afundado em seu corao. Enquanto Glass tinha passado meses no Confinamento sofrendo p

    at que a ausncia dele parecesse uma dor fsica, ele tinha seguido adiante com outra pessoa.

    No... no, est tudo bem disse Glass, sua voz rouca. Mesmo se ela conseguisse en

    as palavras, seria impossvel dizer a Luke a verdade agora. Ver os dois juntos tornou aindridculo o fato de ela ter vindo de to longe, de ter arriscado tanto, para ver um rapaz que

    seguido com sua vida.

    Apenas passei para dizer oi.

    Voc apenas passou para dizer oi? repetiu Luke. Depois de quase um ano ign

    minhas mensagens, voc achou que podia simplesmente dar um pulo aqui? Ele nem

    tentando esconder a raiva, e Camille soltou sua mo. O sorriso dela foi se fechando numa care

    Eu sei. Eu... sinto muito. Vou deixar vocs dois em paz. O que est realmente acontecendo? perguntou Luke, trocando um olhar com Cam

    fez Glass se sentir ao mesmo tempo desesperadamente tola e terrivelmente solitria.

    Nada falou Glass rapidamente, tentando e no conseguindo evitar que sua voz trem

    Falo com voc... vejo voc... Ela interrompeu o que estava falando com um sorriso

    respirou fundo, ignorando o apelo furioso de seu corpo para ficar perto dele.

    Mas, exatamente quando se virou, ela viu de relance o uniforme de um guarda. Respirou

    virou o rosto enquanto o guarda passava.

    Luke apertou os lbios enquanto olhava para algo logo atrs da cabea de Glass. Ele

    lendo uma mensagem em seu implante de crnea, Glass percebeu. E pela forma que seu

    estava enrijecendo, ela teve a sensao nauseante de que era sobre ela.

    Os olhos dele se arregalaram com compreenso e ento horror.

    Glass disse ele, com a voz rouca. Voc foi Confinada.

    No era uma pergunta. Glass assentiu.Ele voltou seu olhar para Glass por um momento, ento suspirou e esticou o brao, colo

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    mo nas costas dela. Ela podia sentir a presso de seus dedos atravs do tecido de sua camis

    e, apesar da ansiedade, sua pele se arrepiou com o toque dele.

    Vamos l disse ele, a puxando em sua direo. Camille deu um passo para

    parecendo irritada enquanto Glass cambaleava para dentro do apartamento. Luke rapidamente

    a porta atrs deles.

    A pequena sala de estar estava escura Luke e Camille estavam no lado de dentro com

    apagadas. Glass tentou afastar as implicaes daquele fato enquanto observava Camille se spoltrona que a bisav de Luke tinha encontrado no Entreposto. Glass se movia de

    desconfortvel, sem saber se sentava. Ser ex-namorada de Luke de alguma forma parec

    esquisito do que ser uma condenada em fuga. Ela tivera seis meses no Confinamento

    acostumar ficha criminal, mas Glass nunca tinha imaginado como seria entrar nesse apartam

    sentindo uma desconhecida.

    Como voc fugiu? perguntou ele.

    Glass parou. Ela tinha passado todo seu tempo no Confinamento imaginando o que diriase um dia tivesse a chance de v-lo novamente. E agora que tinha finalmente conseguido vo

    ele, todos os discursos que tinha praticado pareciam fracos e egostas. Ele estava bem; ela po

    isso agora. Por que lhe contaria a verdade, a no ser para recuper-lo e ficar menos solitria?

    com uma voz trmula, Glass rapidamente lhe contou sobre os cem e sua misso secreta, a

    com o refm e a perseguio.

    Mas ainda no compreendo. Luke olhou para trs em direo a Camille, que tinha d

    de fingir que no estava prestando ateno. Por que voc foi Confinada em primeiro lugar?

    Glass afastou o olhar, incapaz de encar-lo enquanto seu crebro buscava desesperadamen

    explicao. Ela no podia lhe contar; no agora, quando ele tinha seguido com sua vida. No

    era to bvio que ele no sentia o mesmo em relao a ela.

    No posso falar sobre isso disse ela em voz baixa. Voc no entend...

    Est tudo bem. Luke a interrompeu bruscamente. Voc deixou bem claro que h

    coisas que no sou capaz de entender.Por um breve momento, Glass desejou ter permanecido no mdulo de transporte com C

    Wells. Apesar de estar parada ao lado do rapaz que amava, no conseguia se imaginar sentind

    solido na Terra abandonada do que nesse momento.

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    CAPTULO 5Clarke

    Durante os primeiros dez minutos, os prisioneiros estavam muito agitados por causa do tirote

    perceber que estavam flutuando pelo espao, os nicos humanos a sair da Colnia em quase t

    anos. O guarda impostor tinha conseguido o que queria: tinha empurrado o corpo inerte do Ch

    para a frente exatamente quando a porta do mdulo de transporte estava fechando, e ento se

    num assento. Mas pela expresso chocada em seu rosto plido, Clarke percebeu que tiro

    tinham sido parte de seu plano.

    Ainda assim, para Clarke, ver o Chanceler levar um tiro era menos alarmante do que o tinha visto nos momentos antes de aquilo acontecer.

    Wells estava no mdulo de transporte.

    Quando ele apareceu na porta pela primeira vez, ela teve certeza que era uma alucina

    chance de ela ter enlouquecido na solitria era infinitamente maior do que a chance de o f

    Chanceler acabar no Confinamento. Ela j tinha ficado suficientemente chocada quando, u

    depois de sua prpria condenao, a melhor amiga de Wells, Glass, tinha aparecido numa

    mesma fileira da dela. E agora Wells tambm? Aquilo parecia impossvel, mas no havi

    negar. Ela o tinha visto se levantar num salto durante o impasse, ento se encolher em seu

    quando a arma do guarda de verdade disparou e o impostor entrou correndo pela porta, cob

    sangue. Por um momento, um velho instinto quis que ela corresse at Wells e o confortasse. M

    muito mais pesado que a trava de seu assento mantinha seus ps enraizados no cho. Por cau

    ela tinha visto seus pais serem arrastados at a cmara de execuo. Qualquer dor que ele e

    sentindo no era menos do que ele merecia. Clarke.

    Ela olhou para o lado e viu Thalia sorrindo para ela, algumas fileiras sua frente. Su

    companheira de cela se contorceu em seu assento, a nica pessoa no mdulo de transporte q

    estava olhando fixamente para o guarda. Apesar das circunstncias sinistras, Clarke no co

    resistir e sorriu de volta. Thalia tinha aquele efeito. Nos dias depois da priso de Clar

    execuo de seus pais, quando seu pesar parecia to intenso que ficava difcil respirar, Thal

    na verdade feito Clarke rir com sua imitao do guarda convencido cujo andar arras

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    empertigava toda vez que ele achava que as garotas estavam olhando para ele.

    ele? perguntou Thalia sem emitir som, acenando com a cabea na direo de

    Thalia era a nica pessoa que sabia tudo; no apenas sobre os pais de Clarke, mas sobre

    indizvel que Clarke tinha feito.

    Clarke balanou a cabea para sinalizar que agora no era a hora de falar sobre aquilo

    gesticulou novamente. Clarke comeou a falar para ela parar com aquilo quando os prop

    principais comearam a funcionar, arrancando as palavras de sua boca.Tinha realmente acontecido. Pela primeira vez em sculos, humanos tinham sado da C

    Ela olhou para os outros passageiros e viu que todos tambm tinham ficado calados, um esp

    minuto de silncio em homenagem ao mundo que eles estavam deixando para trs.

    Mas o clima solene no durou muito. Durante os vinte minutos seguintes, o mdulo de tra

    se encheu com o burburinho nervoso e muito excitado de cem pessoas que, at poucas hora

    nunca nem tinham pensado em ir Terra. Thalia tentou gritar algo para Clarke, mas suas pala

    perderam na balbrdia.A nica conversa que Clarke foi capaz de acompanhar foi a de duas garotas sua fren

    discutiam a respeito da probabilidade de o ar na Terra ser respirvel.

    Eu preferiria cair morta de uma vez a passar dias sendo envenenada lentamente di

    delas de forma sinistra.

    Clarke de certa forma concordava, mas manteve a boca fechada. No havia motiv

    especular. A viagem Terra seria curta; em poucos minutos eles conheceriam seu destino.

    Clarke olhou para fora das janelas, que agora estavam se enchendo de nuvens cinzemdulo de transporte sacudiu repentinamente, e o zumbido de conversas deu lugar a uma

    exclamaes.

    Est tudo bem gritou Wells, falando pela primeira vez desde que as portas se fecha

    esperado passarmos por turbulncia ao entrarmos na atmosfera da Terra... Mas suas p

    foram cobertas pelos berros que tomaram conta da cabine.

    A trepidao aumentou, seguida de um zumbido estranho. A trava de Clarke se afundava

    barriga conforme seu corpo era arremessado de um lado para o outro, ento para cima e para

    depois de um lado para o outro novamente. Ela se engasgou quando um cheiro ranoso chegou

    nariz, e percebeu que a garota sua frente tinha vomitado. Clarke fechou os olhos com fora

    se manter calma. Tudo estava bem. Aquilo tudo acabaria em um minuto.

    O zumbido se transformou num uivo penetrante, marcado por um estalo nauseante. Clark

    os olhos e viu que as janelas tinham rachado e j no estavam mais cheias de nuvens cinzentas

    Elas estavam cheias de chamas.Pedaos de metal incandescente comearam a voar sobre eles. Clarke levantou os bra

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    proteger sua cabea, mas ainda podia sentir os detritos queimando seu pescoo.

    O mdulo de transporte sacudiu ainda mais forte e, com um estrondo, parte do teto foi arr

    Houve um estalo ensurdecedor seguido de um baque que enviou ondas de dor por todos os o

    seu corpo.

    To rpido quanto comeou, aquilo tudo tinha terminado.

    A cabine estava escura e silenciosa. Fumaa saa do buraco onde o painel de controle est

    o ar ficou espesso com o cheiro de metal derretido, suor e sangue.Clarke se contorceu enquanto mexia com os dedos das mos e dos ps. Estava doendo, m

    parecia estar quebrado. Ela soltou sua trava e se levantou ainda tremendo, se segurando ao

    chamuscado para se equilibrar.

    A maior parte das pessoas ainda estava em seus assentos, mas algumas estavam cadas

    lados ou esparramadas no cho. Clarke apertou os olhos enquanto examinava as fileiras pro

    Thalia, seu corao acelerando toda vez que seus olhos paravam sobre um assento vazi

    percepo aterrorizante surgiu na confuso da cabea de Clarke. Alguns dos passageiros tinharremessados para fora na queda.

    Clarke caminhou com dificuldade, cerrando os dentes por causa da dor que subia por sua

    Ela chegou at a porta e a puxou com o mximo de fora que conseguiu. Ento respirou

    passou o corpo pela abertura.

    Por um momento, ela percebeu apenas cores, sem formas. Listras de azul, verde e marr

    vibrantes que seu crebro no era capaz de processar. Uma lufada de vento passou por ela, f

    sua pele se arrepiar e inundando seu nariz com cheiros que Clarke no era capaz de com

    identificar. A princpio, tudo o que foi capaz de ver foram as rvores. Havia centenas delas, c

    todas as rvores da Terra tivessem vindo lhes dar as boas-vindas. Seus enormes galhos e

    levantados na direo do cu, que tinha uma cor azul cheia de vida. O solo se estendia por t

    direes dez vezes mais extenso do que a plataforma mais comprida da nave. A quantid

    espao era quase inconcebvel, e Clarke repentinamente sentiu sua cabea leve, como se e

    prestes a flutuar para longe dali.Ela percebeu vagamente algumas vozes atrs dela e se virou, avistando alguns dos outros

    do mdulo de transporte.

    lindo sussurrou uma garota de pele escura enquanto se abaixava para passar

    trmula sobre a grama verde brilhante.

    Um rapaz baixo e parrudo deu alguns passos claudicantes para a frente. A atrao gravit

    na Colnia deveria imitar a da Terra, mas, comparada verdadeira, ficava claro que no

    conseguido acertar em cheio.

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    Tudo est bem disse o garoto, com uma mistura de alvio e confuso na v

    Poderamos ter voltado h muito tempo.

    Voc no sabe disso respondeu a menina. S porque podemos respirar ago

    significa que o ar no seja txico. Ela se contorceu para ficar de frente para ele e most

    pulso, gesticulando com seu bracelete. O Conselho no nos deu essas coisas como joia

    querem ver o que acontece conosco.

    Uma menina menor que vagava perto do mdulo de transporte gemeu enquanto colocava asobre a boca.

    Voc pode respirar normalmente falou Clarke para ela, olhando ao seu redor para

    Thalia j tinha aparecido. Ela esperava ter algo mais reconfortante para dizer, mas no havi

    saber quanta radiao ainda estava na atmosfera. Tudo o que eles podiam fazer era esperar e t

    Voltaremos logo disse seu pai enquanto enfiava seus longos braos no palet

    terno que Clarke nunca tinha visto antes. Ele caminhou at o sof onde ela enroscada com seu tablet e bagunou seu cabelo. No fique fora at tarde. Elsido rigorosos com o toque de recolher recentemente. Algum problema em Walden

    No vou a lugar nenhum disse Clarke, apontando para seus ps descalcala cirrgica que ela usava para dormir. Para o cientista mais famoso da Colraciocnio dedutivo de seu pai deixava um pouco a desejar. Embora ele passassetempo envolvido com sua pesquisa, era improvvel que ele no soubesse que uni

    de mdico no eram considerados a alta moda entre garotas de 16 anos. De qualquer forma, seria melhor se voc ficasse longe do laboratrio fa

    com um descaso calculado, como se a ideia tivesse acabado de passar por sua cabNa realidade, ele falava aquilo umas cinco vezes por dia desde que tinham se m

    para o novo apartamento. O Conselho tinha aprovado seu pedido por um laboparticular feito sob encomenda, pois o novo projeto de seus pais exigia qumonitorassem experimentos durante a noite.

    Prometo disse Clarke a eles, com pacincia exagerada. s porque perigoso se aproximar dos materiais radioativos explicou su

    de onde estava, em frente ao espelho, arrumando o cabelo. Especialmente equipamento adequado.

    Clarke repetiu sua promessa at eles sarem, ento foi finalmente capaz de vseu tablet, embora no conseguisse evitar se perguntar preguiosamente o que Gsuas amigas diriam se soubessem que Clarke estava passando a noite de sext

    trabalhando numa dissertao. Clarke normalmente era indiferente ao seu semin

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    Literatura Terrena, mas esse trabalho tinha despertado seu interesse. Em vez dum trabalho previsvel sobre a viso mutante da natureza na poesia pr-Cataclsmitutor tinha lhes pedido para comparar e contrastar as febres por vampiros nos sXIX e XXI.

    Ainda assim, embora a leitura fosse interessante, ela deve ter apagado a certa porque, quando se sentou, as luzes circadianas estavam mais fracas e a sala de

    havia se transformado em um amontoado de sombras desconhecidas. Ela se levaestava pronta para seguir para seu quarto quando um som estranho perfurou o sClarke congelou. Quase soava como um grito. Ela se forou a respirar fundo; deviaque no era uma boa ideia ler sobre vampiros antes de dormir.

    Clarke se virou e comeou a descer o corredor, mas ento outro som surgiu guincho que causou calafrios em sua espinha.

    Pare com isso, Clarke se reprimiu. Ela nunca conseguiria ser uma mdica se de

    sua mente pregar peas nela mesma. Estava apenas perturbada por causa da escainda desconhecida do novo apartamento. Pela manh, tudo voltaria ao normal. Papalma da mo em frente ao sensor na porta de seu quarto, e estava prestes aquando ouviu novamente um gemido angustiado.

    Com o corao batendo forte, Clarke se virou e seguiu pelo longo corredor que ao laboratrio. No lugar de um scanner de retina, havia um teclado. Clarke pasdedos sobre o painel, brevemente se perguntando se seria capaz de adivinhar a

    ento agachou e pressionou o ouvido contra a porta.A porta vibrou quando outro som zumbiu no ouvido de Clarke. O ar ficou preso egarganta. Isso impossvel. Mas quando o som veio novamente, ficou ainda mais c

    No era apenas um grito de angstia. Eram palavras. Por favor.Os dedos de Clarke voaram sobre o teclado enquanto ela digitava a primeira

    que veio sua mente: Pangea. Esse era o cdigo que sua me usava para ar

    protegidos. A tela apitou e uma mensagem de erro apareceu. Em seguida ela Elysium, o nome de uma cidade subterrnea mtica na qual, de acordo com as hique os pais contavam para as crianas dormirem, humanos se refugiaram depCataclismo. Outro erro. Clarke vasculhou sua memria, buscando palavras que elarmazenado. Seus dedos pairavam sobre o teclado. Lucy. O nome do vestgio homnascido na Terra mais antigo que os arquelogos tinham descoberto. Ela ouviu umde campainhas baixas, e a porta de correr se abriu.

    O laboratrio era muito maior do que ela tinha imaginado; maior do

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    apartamento inteiro e repleto de fileiras de camas estreitas, como no hospital.Os olhos de Clarke se arregalaram enquanto passavam de uma cama para

    Cada cama tinha uma criana. A maioria delas estava deitada, dormindo, conecvrios monitores de sinais vitais e suportes para soro, embora alguns estivrecostados em travesseiros, mexendo em tablets em seus colos. Uma pequena mque dificilmente tinha mais de 2 anos, estava sentada no cho ao lado de sua

    brincando com um urso de pelcia esfarrapado enquanto um lquido transparente pde uma bolsa de soro em seu brao.O crebro de Clarke disparou em busca de uma explicao. Essas tinham q

    crianas doentes que exigiam cuidado permanente. Talvez elas estivessem sofrenalguma doena rara que apenas sua me sabia como curar, ou quem sabe sestivesse prximo de inventar um novo tratamento e precisasse de acesso a ehoras por dia. Eles deveriam saber que Clarke ficaria curiosa, mas como a doen

    provavelmente contagiosa, tinham mentido para Clarke a fim de mant-la em seguO mesmo grito que Clarke tinha ouvido do apartamento surgiu novamente, desmuito mais alto. Ela o seguiu at uma cama do outro lado do laboratrio.

    Uma garota de sua prpria idade uma das mais velhas no salo, Clarke pe estava deitada de barriga para cima, com o cabelo louro-escuro espalhado em vseu rosto com formato de corao. Durante um momento, ela simplesmente olhoClarke.

    Por favor disse ela. Sua voz tremeu. Ajude-me.Clarke olhou para a etiqueta no monitor de sinais vitais da menina. PACIENTE 1 Qual o seu nome? perguntou ela. Lilly.Clarke ficou parada ali de forma constrangida, mas quando Lilly chegou para t

    travesseiros, Clarke se abaixou para sentar na cama ao lado dela. Ela tinha acabcomear seu treinamento em medicina e ainda no tinha interagido com paciente

    sabia que uma das partes mais importantes de ser um mdico eram os modos jcama. Tenho certeza de que voc poder ir para casa logo falou ela. Assim qu

    estiver se sentindo melhor. A menina puxou os joelhos at o peito e entecabea, dizendo algo muito abafado para Clarke poder distinguir. O qu? perg

    A menina olhou por cima do ombro, se perguntando por que no havienfermeira ou um aprendiz de mdico substituindo seus pais. Se algo acontecesse

    das crianas, no haveria ningum para ajud-las.A garota levantou a cabea, mas no olhou para Clarke. Ela mordeu o lbio en

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    as lgrimas em seus olhos recuavam, deixando um vazio em seu lugar.Quando ela finalmente falou, foi com um sussurro:

    Ningum nunca melhora.Clarke reprimiu um calafrio. Doenas eram raras na nave; no tinha havido ne

    epidemia desde o ltimo surto que eles tinham colocado em quarentena em WClarke olhou em volta, procurando algo que indicasse o que seus pais estavam tra

    e seus olhos se fixaram sobre um enorme monitor na parede do outro lado doDados piscavam por todos os lados, formando um grande grfico. Paciente 32. IdDia 189. 3.4 Gy. Contagem de hemcias. Contagem de leuccitos. Respirao. Pa33. Idade 11. Dia 298. 6 Gy. Contagem de hemcias. Contagem de leucRespirao.

    A princpio, Clarke no deu ateno aos dados. Fazia todo sentido que seumonitorassem os sinais vitais de crianas doentes sob seus cuidados. S que Gy n

    nada a ver com sinais vitais. Um Gray era uma medida de radiao, um fato qsabia muito bem, pois seus pais vinham investigando os efeitos da exposio rah anos, parte da tarefa em andamento de determinar quando seria seguro para humanos voltassem Terra.

    O olhar de Clarke se fixou no rosto plido de Lilly enquanto uma perassustadora saa de um buraco escondido de sua mente. Clarke tentou escondvolta, mas ela se enroscou em sua negao, sufocando todos os pensamentos a n

    a verdade, que era to aterrorizante que ela quase vomitou.A pesquisa de seus pais no era mais limitada cultura de clulas. Eles

    passado a fazer testes em humanos.Sua me e seu pai no estavam curando essas crianas. Eles as estavam matan

    Eles tinham pousado em alguma espcie de clareira, um espao em forma de L cercado por r

    No havia muitos ferimentos graves, mas eram suficientes para manter Clarke ocupada.

    quase uma hora, ela usou mangas de jaquetas e pernas de calas rasgadas como tornimprovisados e pediu para as poucas pessoas com ossos quebrados ficarem deitadas sem se

    at que ela encontrasse uma forma de produzir talas. Seus suprimentos estavam espalhad

    grama, mas, embora ela tivesse mandado vrias pessoas procura do ba de medicamentos,

    tinha sido recuperado.

    O mdulo de transporte danificado estava na ponta mais estreita da clareira e, dur

    primeiros quinze minutos, os passageiros tinham se amontoado em volta dos destroos em

    muito assustados e chocados para dar mais do que alguns passos trmulos. Mas agora eles

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    comeado a se dispersar. Clarke no tinha avistado Thalia nem Wells, embora ela no so

    muito bem se aquilo a deixava mais ansiosa ou aliviada. Talvez ele estivesse por a com

    Clarke no a tinha visto no mdulo de transporte, mas ela tinha que estar ali em algum lugar.

    Como voc est se sentindo? perguntou Clarke, voltando a envolver o tornozelo inc

    uma bela menina de olhos arregalados e com uma fita vermelha puda no cabelo escuro.

    Melhor disse ela, limpando o nariz com a mo e involuntariamente espalhando o sa

    corte em seu rosto. Clarke tinha que achar gaze de verdade e antissptico. Eles todos estavamexpostos a germes que seus corpos nunca tinham encontrado, e o risco de uma infeco era alt

    Volto num instante. Clarke lhe ofereceu um sorriso rpido e se levantou. Se o

    medicamentos no estava na clareira, aquilo significava que ele provavelmente ainda es

    mdulo de transporte. Ela correu de volta at os destroos que ainda soltavam fumaa, dando

    enquanto procurava a forma mais segura de entrar novamente. Clarke chegou ao fundo da na

    estava a apenas alguns metros da linha das rvores, e sentiu um calafrio. As rvores ficav

    untas nesse lado da clareira que suas folhas bloqueavam a maior parte da luz, criando sintricadas no solo que mudavam de forma quando o vento soprava.

    Seus olhos se estreitaram quando focaram em algo que no se movia. No era uma sombra

    Uma garota estava cada no cho, aninhada contra as razes de uma rvore. Ela devia

    arremessada pelos fundos do mdulo de transporte durante a aterrissagem. Clarke partiu

    direo e sentiu um soluo se formar em sua garganta quando reconheceu o cabelo

    encaracolado da menina e as sardas em seu nariz. Thalia.

    Clarke correu e ajoelhou ao lado dela. Sangue estava jorrando de um ferimento na lateral costelas, manchando a grama debaixo dela de vermelho-escuro, como se a prpria terra e

    sangrando. Thalia estava respirando, mas suas arfadas eram cansadas e curtas.

    Vai ficar tudo bem sussurrou Clarke, segurando a mo sem fora de sua amiga enq

    vento farfalhava sobre elas. Prometo, Thalia, vai ficar tudo bem.

    Aquilo soava mais como uma reza do que uma garantia, embora ela no tivesse certeza

    quem estava rezando. Os humanos tinham abandonado a Terra em seu momento mais sombrio;

    se importaria com quantos morreriam tentando retornar.

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    CAPTULO 6Wells

    Wells tremeu no frio do fim da tarde. Nas poucas horas desde que eles tinham pousado, o

    ficado cada vez mais frio. Ele se aproximou da fogueira, ignorando os olhares maliciosos d

    rapazes arcadianos que o cercavam. Em cada noite que tinha passado no Confinamento, e

    cado no sono sonhando em chegar Terra com Clarke. Mas, em vez de segurar sua mo en

    eles admiravam o planeta, maravilhados, Wells tinha passado o dia organizando os supri

    queimados e tentando esquecer a expresso que cruzou o rosto de Clarke quando ela o viu.

    esperava que ela jogasse seus braos em volta dele, mas nada poderia t-lo preparadoexpresso de puro dio em seus olhos.

    Acha que seu pai j bateu as botas? perguntou um garoto de Walden alguns anos ma

    do que Wells enquanto os rapazes sua volta riam.

    O peito de Wells se apertou, mas ele se forou a permanecer calmo. Podia encarar um

    dos pequenos delinquentes sem nem suar. Tinha sido o campeo inconteste do curso de c

    corpo-a-corpo durante o treinamento para oficial. Mas ele era apenas um contra 95 96 se c

    Clarke, que era possivelmente menos f de Wells do que qualquer um no planeta nesse momen

    Quando eles foram levados ao mdulo de transporte, ele tinha ficado consternado por

    Glass l. Para o choque de todos em Phoenix, Glass tinha sido Confinada no muito de

    Clarke, embora, por mais que ele tivesse pressionado seu pai, Wells nunca descobrira o que e

    feito. Ele gostaria de saber por que Glass no tinha sido selecionada para a misso. Emb

    tentasse se convencer de que ela tinha sido perdoada, era muito mais provvel que ainda estiv

    Confinamento, contando os dias at seu aniversrio de 18 anos. Pensar naquilo fez seu estmrevirar.

    Ser que o Chanceler Jnior acha que ele pode reivindicar primazia sobre toda a com

    perguntou um rapaz arcadiano cujos bolsos estavam abarrotados de embalagens de nutrientes

    tinha recolhido durante o tumulto aps a queda.

    Segundo os clculos de Wells, parecia que eles tinham sido enviados com o equivalente a

    de um ms de comida, que desapareceria rapidamente se as pessoas continuassem a embols

    que achavam. Mas aquilo no podia ser verdade; tinha que haver mais um container em algum

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    Eles achariam a comida quando acabassem de organizar os destroos.

    Ou que ele espera que faamos a cama para ele caoou uma menina mida c

    cicatriz na testa.

    Wells os ignorou, levantando os olhos para o cu azul profundo. Era realmente esp

    Apesar de ter visto fotografias, ele nunca tinha imaginado que a cor seria to vvida ass

    estranho pensar que um cobertor azul composto de nada mais substancial do que cri

    nitrognio e luz refratada o separava do mar de estrelas e do nico mundo que ele conheciasentiu seu peito doer pelos trs jovens que no tinham sobrevivido para ver tudo isso. Seus

    estavam do outro lado do mdulo de transporte.

    Camas? falou um garoto, bufando. Pode me dizer onde vamos encontrar uma cam

    lugar.

    Ento em que merda de lugar devemos dormir? perguntou a garota com a cicatriz,

    para a clareira como se esperasse que um alojamento fosse aparecer num passe de mgica.

    Wells limpou a garganta: Nossos suprimentos incluam barracas. Apenas precisamos acabar de organizar os co

    e recolher todas as peas. Enquanto isso, deveramos mandar alguns batedores para procur

    assim saberemos onde montar acampamento.

    A menina fez questo de olhar para todos sua volta.

    Isso parece bom para mim disse ela, causando mais risadas.

    Wells tentou se forar a permanecer calmo:

    A questo : se estivermos prximos de um crrego ou de um lago, ser mais fcil para Ah, sim. Uma voz grave o interrompeu. Cheguei bem a tempo da aula.

    Wells olhou para o lado e viu um rapaz chamado Graham andando na direo deles. A

    Wells e Clarke, ele era a nica pessoa de Phoenix, embora parecesse conhecer a maio

    aldenitas e dos arcadianos pelo nome e de eles o tratarem com surpreendente respeito. We

    queria imaginar o que ele teve que fazer para merecer aquilo.

    Eu no estava dando nenhuma aula. Estou apenas tentando nos manter vivos.

    Graham levantou uma sobrancelha:

    Isso interessante, levando em considerao que seu pai no para de condenar nossos

    morte. Mas no se preocupe, sei que voc est do nosso lado. Ele sorriu para Wells.

    mesmo?

    Wells olhou para ele com precauo, ento assentiu de forma breve:

    Claro.

    Ento prosseguiu Graham, seu tom amigvel contrastando com o brilho hostil eolhos , qual foi sua infrao?

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    Essa no uma pergunta muito educada, voc no acha? Wells tentou mostrar o

    esperava ser um sorriso enigmtico.

    Sinto muito. O rosto de Graham assumiu uma expresso de horror fingido. Voc

    me perdoar. Veja bem, quando voc passou os ltimos 847 dias da sua vida trancado no fu

    uma nave, voc tende a esquecer o que considerado uma conversa educada em Phoenix.

    847 dias? repetiu Wells. Acho que podemos presumir que voc no foi Confin

    errar nas contas das ervas que voc provavelmente roubou do armazm. No disse Graham, dando um passo na direo de Wells. No fui. A mult

    calou, e Wells foi capaz de ver algumas pessoas se movendo de forma desconfortvel en

    outras se aproximavam, ansiosas. Fui Confinado por assassinato.

    Os dois se olharam fixamente. Wells manteve sua expresso cuidadosamente desprov

    emoo, se recusando a dar a Graham a satisfao de ver o choque em seu rosto.

    Ah? falou ele, de forma indiferente. Quem voc matou?

    Graham sorriu friamente. Se voc tivesse passado algum tempo com o resto de ns, saberia que essa no cons

    uma pergunta muito educada. Houve um momento de silncio tenso antes de Graham m

    enfoque. Mas eu j sei o que voc fez de qualquer forma. Quando o filho do Chan

    encarcerado, a notcia corre rpido. No me surpreende que voc no confesse. Mas ago

    estamos tendo uma conversa agradvel, talvez voc possa nos contar exatamente o que

    fazendo aqui embaixo. Talvez voc possa nos explicar por que tantos dos nossos amigos con

    sendo executados depois de seus rejulgamentos. Graham ainda estava sorrindo, mas seu to

    ficado grave e perigoso. E por que agora? O que fez seu pai decidir nos mandar par

    repente?

    Seu pai. O dia todo, imerso na novidade de estar na Terra, Wells tinha quase sido capa

    convencer de que aquela cena na plataforma de lanamento o som seco do disparo, o

    brotando como uma flor escura no peito de seu pai tinha sido um sonho assustador.

    claro que ele no vai nos dizer continuou Graham, zombando. Vai, soldaacrescentou com uma saudao debochada.

    Os arcadianos e waldenitas que vinham observando Graham se viraram ansiosamen

    Wells, a intensidade de seus olhares fazendo sua pele se arrepiar. Obviamente, ele sabia o qu

    acontecendo. Por que tantos jovens estavam sendo executados nos seus aniversrios de 18 a

    crimes que poderiam ter sido perdoados no passado. Por que a misso tinha sido preparada e

    a cabo com pressa antes que houvesse tempo para planejar adequadamente.

    Ele sabia melhor do que qualquer um, porque era tudo sua culpa.

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    Quando vamos poder ir para casa? perguntou um menino que no parecia ter muito

    que 12 anos. Wells sentiu uma inesperada pontada de pena da me desolada que ainda est

    algum lugar na nave. Ela no tinha ideia de que seu filho tinha sido arremessado no esp

    direo de um planeta que a raa humana tinha abandonado.

    Ns estamos em casa disse Wells, forando tanta sinceridade quanto podia e

    palavras.

    Se ele dissesse isso o suficiente, talvez comeasse a acreditar.

    Ele quase tinha perdido o concerto aquele ano. Sempre tinha sido seu evento favonica noite em que as relquias musicais eram tiradas de suas cmaras de preservvcuo. Assistir aos msicos, que passavam a maior parte de seu tempo praticansimuladores, arrancarem notas e acordes das relquias era como testemunharessurreio. Esculpidos e soldados por mos mortas h muito tempo, os

    instrumentos que tinham sobrado no universo produziam as mesmas mexorbitantes que um dia tinham ecoado pelos sales de concerto de civiliarruinadas. Uma vez por ano, o Salo do den se enchia de msica que tinha mais do que o tempo da humanidade na Terra.

    Mas enquanto Wells entrava no salo, um grande espao oval limitado poanela panormica curva, o pesar que vinha vagando em seu corpo durante a semana se solidificou em seu estmago. Normalmente ele achava a vista incrive

    bela, mas, naquela noite, as estrelas cintilantes que cercavam a Terra cobernuvens o fizeram se lembrar de velas numa viglia. Sua me amava msica.

    Estava lotado como sempre, com a maioria da populao de Phoenix conveanimadamente. Muitas das mulheres estavam ansiosas para estrear novos vestidoproeza cara e potencialmente enlouquecedora dependendo do tipo de recortes que voc encontrava no Entreposto. Ele deu alguns passos adiante, causando umde sussurros e olhares sugestivos na multido.

    Wells tentou focar na parte da frente do salo, onde os msicos se reuniamrvore que deu o nome ao Salo do den. A lenda era que o broto tinha sobrmilagrosamente ao incndio da Amrica do Norte e tinha sido carregado para Plogo antes do xodo. Agora ela alcanava o topo do salo, seus galhos finos se estmais de dez metros em cada direo, criando uma cobertura de folhas que esparcialmente os msicos com um vu de sombras tingidas de verde.

    Aquele o filho do Chanceler? perguntou uma mulher atrs dele. Um

    onda de calor subiu at suas bochechas j coradas. Ele nunca tinha se tornado im

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    rastro de reaes atrasadas e aos olhares curiosos que ele arrastava por onde pamas essa noite aquilo parecia insuportvel.

    Ele se virou e comeou a andar na direo da porta, mas congelou quando asegurou seu brao. Ele se virou e viu Clarke olhando para ele com surpresa:

    Para onde voc est fugindo?Wells sorriu de forma sombria:

    Parece que no estou no clima para escutar msica.Clarke olhou para ele por um momento, ento colocou a mo na dele: Fique. Como um favor para mim. Ela o acompanhou at dois assentos va

    ltima fileira. Preciso que voc me diga o que estamos escutando.Wells suspirou ao se sentar ao lado de Clarke.

    Eu j lhe disse que eles vo tocar Bach falou ele, olhando ansiosamente porta.

    Voc sabe do que estou falando. Clarke entrelaou os dedos nos dele. movimento, aquele movimento. Ela sorriu. Alm disso, sempre aplaudo nerrada.

    Wells apertou sua mo de leve.No havia nenhuma necessidade de apresentao ou anncio. Desde o mome

    que as primeiras notas soaram, o pblico ficou em silncio, o arco do violinista acacom o burburinho enquanto passava sobre as cordas. Ento o violoncelo se j

    seguido do clarinete. No havia percusso essa noite, mas no importava. Wellspraticamente ouvir a batida oca dos duzentos coraes pulsando no ritmo da msic assim que sempre imaginei que soaria um pr do sol sussurrou We

    palavras fugiram