percepção aula 2- atenção (1)

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PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS – PERCEPÇÃO ESQUEMA AULA 2 ATENÇÃO 1- CONCEITO: È um processo cognitivo pelo qual o intelecto focaliza e seleciona estímulos, estabelecendo relação entre eles. A todo instante recebemos estímulos, provinientes das mais diversas fontes, porém só atendemos a alguns deles, pois não seria possível e necessário responder a todos. Considera-se a atenção como um processo psicológico mediante o qual concentramos a nossa atividade psíquica sobre o estímulo que a solicita, seja este uma sensação, percepção, representação, afeto ou desejo, a fim de fixar, definir e selecionar as percepções, as representações, os conceitos e elaborar o pensamento. Resumidamente pode-se considerá-la como a capacidade de se concentrar, que pode ser espontânea ou ativa; é um processo intelectivo, afetivo e volitivo. Segundo Alonso Fernández, ao concentrar a atenção escolhemos um tema no campo da consciência e elevamos este ao primeiro plano da mesma, mantendo este tema rigorosamente perfilado, sem deixar-se desviar pelas influências dos setores excêntricos do campo da consciência, podendo modificar o tema escolhido com plena liberdade. Este tema poderia ser um objeto, uma ação, um lugar, uma palavra, etc. Além da atenção concentrada, em que se selecciona e processa apenas um estímulo, também pode existir atenção dividida, em que são seleccionados e processados diversos estímulos simultaneamente - como quando se conduz um automóvel e se ouvem as notícias do rádio simultaneamente. Sem a atenção a atividade psíquica se processaria como um sonho vago, difuso e contínuo. 2 – FATORES BÁSICOS DA ATENÇÃO: Fator fisiológico, onde depende de condições neurológicas e também da situação material em que o indivíduo se encontra; Fator motivacional: depende da forma como o estímulo se apresenta e provoca interesse; 1

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PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS – PERCEPÇÃO ESQUEMA AULA 2 ATENÇÃO

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Page 1: Percepção  aula 2- atenção (1)

PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS – PERCEPÇÃO ESQUEMA AULA 2

ATENÇÃO

1- CONCEITO:

È um processo cognitivo pelo qual o intelecto focaliza e seleciona estímulos, estabelecendo relação entre eles. A todo instante recebemos estímulos, provinientes das mais diversas fontes, porém só atendemos a alguns deles, pois não seria possível e necessário responder a todos.

Considera-se a atenção como um processo psicológico mediante o qual concentramos a nossa atividade psíquica sobre o estímulo que a solicita, seja este uma sensação, percepção, representação, afeto ou desejo, a fim de fixar, definir e selecionar as percepções, as representações, os conceitos e elaborar o pensamento. Resumidamente pode-se considerá-la como a capacidade de se concentrar, que pode ser espontânea ou ativa; é um processo intelectivo, afetivo e volitivo.

Segundo Alonso Fernández, ao concentrar a atenção escolhemos um tema no campo da consciência e elevamos este ao primeiro plano da mesma, mantendo este tema rigorosamente perfilado, sem deixar-se desviar pelas influências dos setores excêntricos do campo da consciência, podendo modificar o tema escolhido com plena liberdade. Este tema poderia ser um objeto, uma ação, um lugar, uma palavra, etc.

Além da atenção concentrada, em que se selecciona e processa apenas um estímulo, também pode existir atenção dividida, em que são seleccionados e processados diversos estímulos simultaneamente - como quando se conduz um automóvel e se ouvem as notícias do rádio simultaneamente.

Sem a atenção a atividade psíquica se processaria como um sonho vago, difuso e contínuo.

2 – FATORES BÁSICOS DA ATENÇÃO:

Fator fisiológico, onde depende de condições neurológicas e também da situação material em que o indivíduo se encontra;

Fator motivacional: depende da forma como o estímulo se apresenta e provoca interesse; Concentração: depende do grau de solicitação e atuação do estímulo, levando a uma melhor

focalização da fonte de estímulo.

3 – FORMAS DA ATENÇÃO:

Espontânea (vigilância): resulta de uma tendência natural da atividade psíquica orientar-se para as solicitações sensoriais e sensitivas, sem que nisso intervenha um propósito consciente. A vigilância é a possibilidade de desviar a Atenção para um novo objeto, especialmente para um estímulo do meio exterior.

Ativa (tenacidade): é aquela que exige certo esforço, no sentido de orientar a atividade psíquica para determinado fim. . A tenacidade é a propriedade de manter a atenção orientada de modo permanente em determinado sentido

. Essas duas qualidades da Atenção se comportam, geralmente, de maneira antagônica, ou seja, quanto mais tenacidade sobre um determinado objeto está se dedicando, menos vigilante estamos em relação à eventuais estímulos a serem apreendidos.

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Entretanto, o grau de concentração da atenção sobre determinado objeto não depende apenas do interesse, mas do estado de ânimo e das condições gerais do psiquismo.

O interesse e o pensamento são os dirigentes da atenção, sendo que a intensidade com que a efetuamos é o grau de concentração alcançado.

As alterações da atenção desempenham um importante papel no processo de conhecimento. Em geral estas alterações são secundárias, decorrem de perturbações de outras funções das quais depende o funcionamento normal da atenção. A fadiga, os estados tóxicos e diversos estados patológicos determinam uma incapacidade de concentrar a atenção.

4- ALTERAÇÕES E ANORMALIDADES DA ATENÇÃO:

Em adultos as alterações da atenção aparecem na forma dos sinais abaixo listados. Esses sinais também podem aparecer em pessoas sadias, mas nos portadores de Distúrbio de Déficit de atenção são exagerados:

1. A pessoa comete erros por puro descuido, não presta muita atenção nos detalhes, negligencia nos deveres escolares, no trabalho, ou em outras atividades;

2. Mostra dificuldade em atividades que exijam uma atenção prolongada, tal como nas tarefas ou nos jogos;

3. Mostra dificuldade em manter a atenção com a fala das outras pessoas, parece não escutar o que lhe falam;

4. A pessoa é pouco persistente, não completa tarefa, não obedece às instruções passo a passo e não completa deveres, ou tarefas no trabalho, por impaciência ou falta de persistência;

5. Apresenta um estilo de vida desorganizado, tem dificuldade em ser organizado em trabalhos ou outras atividades, em controlar o talão de cheques, contas, etc;

6. Costumeiramente perde objetos ou pertences, como chaves, canetas, óculos, etc; 7. Qualquer estímulo desvia sua atenção do que está fazendo, evita e se mostra relutante a

envolver-se em tarefas que exigem um esforço mental prolongado, tais como deveres escolares ou trabalhos de casa;

8. Muda freqüentemente de uma atividade para outra, quase sempre sem completar a anterior;

9. Vive freqüentemente atrasada; 10. Sofre a ocorrência de "brancos" durante uma leitura, conversa ou conferência.

ANORMALIDADES: Hipoprosexia: diminuição global da atenção. Aprosexia: total abolição da capacidade de atenção, independente dos estímulos. Hiperprosexia: atenção exagerada com certa tendência Distração: sinal de superconcentração ativa da atenção sobre determinados conteúdos e objetos. Distraibilidade: estado patológico que se exprime por instabilidade marcante e dificuldade ou

incapacidade para se fixar ou se manter em qualquer coisa que implique esforço produtivo

Hipoprosexia: é a diminuição da atenção, ou o enfraquecimento acentuado da atenção em todos os seus aspectos.

É observada em estados infecciosos, embriaguez alcoólica, psicoses tóxicas, esquizofrenia e depressão. Pode ocorrer por:

- falta de interesse (deprimidos e esquizofrênicos) - déficit intelectual (oligofrenia e demência) - alterações da consciência (delirium)Os estados depressivos geralmente se acompanham de diminuição da capacidade de concentrar a atenção como um todo. No entanto, têm aumento da concentração ativa para temas depressivos (hipertenacidade).Hipotenacidade: diminuição da atenção "ativa".

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Hipertenacidade: aumento da atenção "ativa"Hipovigilância: diminuição da atenção "passiva"Hipervigilância: "distratibilidade", ou aumento da atenção "passiva"

OBS: Hipervigilância e Hipotenacidade: ocorrem nos casos de mania. Hipovigilância e Hipertenacidade em temas depressivos: ocorrem nos casos de depressão.

Hiperatividade Quanto à hiperatividade, esta se manifesta como uma espécie de reatividade psicomotora

exagerada aos estímulos, uma desinibição da resposta motora, ou uma deficiência no controle da psicomotricidade. Nos adultos a hiperatividade pode ser bem menos marcante que nas crianças. Na adolescência, a hiperatividade diminui, enquanto que o déficit de atenção, a impulsividade e a desorganização permanecem como os sintomas predominantes. Os sinais da hiperatividade observados em adultos e em grau capaz de comprometer a adaptação e o desenvolvimento costumam ser os seguintes:

1. Apresenta uma sensação subjetiva constante de inquietação ou ansiedade, com dificuldade em brincar ou praticar qualquer atividade de lazer sossegadamente;

2. Busca freqüentemente situações estimulantes, muitas vezes que implicam risco, podendo correr ou subir em locais inadequados.

3. Costuma fazer diversas coisas ao mesmo tempo, como, por exemplo, ler vários livros; 4. Está sempre mexendo com os pés ou as mãos ou se revira na cadeira; 5. Fala quase sem parar, e tem tendência a monopolizar as conversas; 6. Mostra necessidade de estar sempre ocupado com alguma coisa, com freqüência está preocupado

com algum problema seu ou de outra pessoa, freqüentemente está muito ocupado ou freqüentemente age como se estivesse "elétrico";

7. Não permanece sentado por muito tempo, levanta-se da cadeira na sala de aula ou em outras situações nas quais o esperado é que ficasse sentado.

ImpulsosEm relação ao controle dos impulsos, o que parece acontecer é uma dificuldade na manutenção da inibição social e comportamental normais, uma alteração neurobiológica do autocontrole. As características do déficit de controle dos impulsos em adultos com Distúrbio de Déficit de Atenção se apresentam da seguinte forma:

1. A pessoa responde antes de ouvir a pergunta toda; 2. Age por impulso em relação a compras, decisões em assuntos importantes, em rompimento de

relacionamentos, e por vezes se arrepende logo depois; 3. Apresenta reações em curto-circuito, com rápidas e passageiras explosões de raiva, tipo "pavio

curto"; 4. Dirige perigosamente; 5. É de uma espontaneidade excessiva, chegando às raias da falta de tato e de cerimônia. 6. É hipersensível à provocação, crítica ou rejeição; 7. É impaciente e tem grande dificuldade de esperar; 8. Mostra baixa tolerância à frustração; 9. Não consegue se conter, reagindo mesmo quando a situação não o atinge diretamente ou quando

sua reação pode prejudicá-lo; 10. Sofre oscilações bruscas e repentinas do humor, quase sempre de curta duração; 11. Tem tendência a explosões histéricas; 12. Tem um mau humor fácil; Com essas características comportamentais justifica-se o estresse das famílias desses pacientes,

principalmente levando-se em conta o prejuízo nas atividades escolares, ocupacionais, vocacionais e sociais. Isso sem contar, considerando o próprio paciente, que fica com a auto-estima baixa.

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As conseqüências existenciais do portador de Distúrbio de Déficit de Atenção, principalmente em adultos, seriam:

1. Adiamento crônico de qualquer tarefa ou compromisso, ou seja, dificuldade de dar a partida; 2. Alcoolismo e abuso de drogas; 3. Baixa auto-estima e um sentimento crônico de incapacidade e pessimismo; 4. Demora tempo excessivo na execução de algum trabalho, devido em parte ao sentimento de

insuficiência. 5. Depressões freqüentes; 6. Difícil sociabilidade, dificuldade em manter os relacionamentos duradouros; 7. Mau desempenho profissional, apesar de bom potencial; 8. Tendência a culpar as outras pessoas;

Além disso, são muitos os estudos que mostram um risco aumentado de desenvolverem outros transtornos psiquiátricos na infância nas crianças com essa síndrome, juntamente com a comorbidade (concomitância) de outros transtornos também nos adolescentes e nos adultos. Entre essas eventuais alterações psíquicas as mais temerárias seriam o comportamento anti-social, abuso ou dependência de álcool e drogas, transtornos sérios do humor e de ansiedade. Outros traços podem fazer parte da personalidade do portador de Distúrbio de Déficit de Atenção. Entre esses traços estaria presente a tendência à caligrafia ruim, dificuldades de coordenação motora, dificuldades no adormecer e de despertar, sendo pessoas que adormecem e despertam tarde, maior sensibilidade a ruídos e ao tato, síndrome pré-menstrual mais acentuada, dificuldade de orientação espacial e na leitura de mapas, deficiência na avaliação do tempo.

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