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Neoplasias mieloproliferativas crônicas Parte I Anouchka Lavelle

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Neoplasias mieloproliferativas crônicas

Parte I

Anouchka Lavelle

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INTRODUÇÃO

• Doenças clonais da célula tronco hematopoiética

• Hipersensibilidade de progenitores hematopoiéticos a fatores de

crescimento fisiológicos (EPO, TPO)

• Ativação de via de sinalização de tirosina-quinases

• Mieloproliferação acompanhada de um estado inflamatório secundário

caracterizado por alterações no estroma da medula óssea e expressão

anormal de citocinas

• Incidência: 6-9/100.000 habitantes/ano

• Caráter crônico com possibilidade de evolução para falência medular e LMA

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CLASSIFICAÇÃO – WHO 2008

• LMC, BCR-ABL positivo

• Policitemia Vera

• Trombocitemia essencial

• Mielofibrose primária

• Outras:

• Leucemia Neutrofílica Crônica

• Leucemia Eosinofílica Crônica

• Mastocitose

• Leucemia Crônica Atípica / NMP não classificável

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O CROMOSSOMA Ph

• Cromossoma Ph = translocação do gene ABL do cromossoma 9 para o cromossoma 22, ao lado do gene BCR = gene híbrido BCR/ABL

• Gene ABL normal codifica um receptor “negativo” de tirosina quinase que regula o crescimento celular

• A justaposição do ABL ao lado de sequências do BCR resulta em aumento da atividade tirosina quinase, o que leva a uma proliferação independente de fator de crescimento e ainda aumenta a transcrição do MYC e BCL2, o que protege a célula da apoptose.

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BCR ABL

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JAK

• JAK são proteínas com atividade tirosina quinase, localizadas no domínio

intracelular de receptores de citocinas e fatores de crescimento

• Quando há a ligação desses, os receptores sofrem mudanças conformacionais

e ativam a família JAK

• A JAK ativada, fosforila resíduos de tirosina no receptor e ativa a proteína STAT.

• Uma vez ativada, a STAT se desprende do receptor e entra no núcleo para

iniciar a trascrição dos genes alvo.

• A mutação JAK2V617F ocorre no domínio JH2, que tem a função regulatória

negativa (troca da guanina por timina e que resulta na substituição da valina

pela fenilalanina no códon 617 do gene JAK2).

• A JAK2 então perde seu controle inibitório, o que leva a hiperativação quinase

com consequente hiperproliferação celular.

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JAK2

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JAK2V617F

• JAK2V617F é uma mutação adquirida presente exclusivamente em células

hematopoiéticas.

• Não existe em pessoas normais, em células não mielóides de pessoas

afetadas ou em parentes de pessoas com DMP

• Não existe em mieloproliferação reacional, tumores sólidos ou doenças

linfóides

• PV > 95%

• TE e MF – 50%

• DMP atípicas – 20%

• SMD/LMA < 5%

• Não afeta sobrevida ou transformação leucêmica

• Associada a elevados níveis de Hb, WBC e idade

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MANIFESTAÇÃO CLÍNICA

• Início insidioso • Comportamento crônico • BMO: Proliferação medular de uma ou mais linhagens (granulocítica,

eritróide e/ou megacariocítica) • Maturação normoblástica e efetiva • Leucocitose, eritrocitose e trombocitose • “Overlap” frequente entre as síndromes • Esplenomegalia e hepatomegalia – sequestro pelo excesso de sangue,

hematopoiese extramedular ou infiltração leucêmica • Fibrose medular por ativação megacariocítica ou clonal • Sangramentos: mais frequentes se plaq > 1500mil • Doença de vonWillebrand adquirida: com a normalização da contagem

plaquetária, a distribuição dos multímeros de vW é normalizada e a tendência hemorrágica regride.

• Trombose: risco elevado na elevação das 3 séries

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ESTRATIFICAÇÃO DAS DMPc

Basquiera AL,Hematology. 2009;14(6):323-330 Verstovsek S. Hematology Am Soc Hematol Educ Program. 2009:636-642.

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BCR-ABL negativo - DIAGNÓSTICO

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BCR-ABL negativo - TRATAMENTO

• Modificação de fatores de risco cardiovasculares: HAS, DM, tabagismo,

dislipidemia e obesidade devem ser controlados.

• Individualizar o tratamento – risco da doença x riscos do tto

• Antiagregação plaquetária: AAS reduz eventos trombóticos na TE e PV

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HIDROXIURÉIA

• Mecanismo de ação: • Antimetabólito que previne a síntese de DNA por meio da inibição da

ribonucleoside reductase • Atua nos estágios iniciais da mielopoiese, reduzindo a proliferação das três séries • Reduz discretamente a expressão da JAK2

• Administração: • Mielossupressor de curta duração, necessita terapia contínua • Boa tolerância (10 – 20% de interrupção), baixo custo, administração oral

• Efeitos colaterais: • Lesões de pele (úlceras, alt. céls escamosas, queratose actínica, hiperpigmentação) • Náuseas, epigastralgia • Febre (FOO) • Toxicidade hematológica

• Uma vez suspensa por toxicidade importante, só pode ser reintroduzida no caso de FOO • Leucemogênica?

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ANAGRELIDE

• Mecanismo de ação: • Inibe a diferenciação e proliferação megacariocítica, com atividade plaquetária

seletiva • Não afeta leucometria, mas anemia é comum e frequentemente progressiva • Não inibe a transformação fibrótica e está associado ao aumento de reticulina na

MO • Administração:

• Usar apenas nos casos onde há trombocitose associada. • Administração oral, alto custo • Dose inicial de 2cp/dia, em tomadas distantes, aumento de dose lento (max

1cp/semana), usar em combinações com outras drogas (HU ou IFN) • Realizar BMO a cada 2 anos para acompanhamento da fibrose

• Efeitos colaterais (mais evidentes no início do tratamento, em até 1/3 dos casos) – decorrentes de efeito vasodilatador e inotrópico positivo • Cefaléia • Taquicardia, palpitações – reduzir cafeína, descartar arritmia, estimular atividade

física, beta-bloqueador em baixa dose • Retenção hídrica – edema, ICC • Diarréia – loperamida • Náuseas

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IFN-alfa

• Mecanismo de ação: • Suprime a proliferação de progenitores hematopoieticos, tem efeito inibitório

direto na célula progenitora do fibroblasto e antagoniza a ação de fatores de crescimento derivados de plaquetas.

• Não mostrou redução nos eventos trombóticos • Administração:

• Uso subcutâneo, alto custo • Droga de escolha na gravidez

• Efeitos colaterais: • Fraqueza, mialgia, alopécia, depressão, sintomas GI • Descontinuação em 1/3 dos casos • Contra-indicado em doenças tireoidianas ou psiquiátricas

• Potencial leucemogênico nulo e de transformação fibrótica baixo

• Peg-IFN – 0.5mcg/Kg/sem, se falha de resposta após 12 semanas – 1.0mcg/Kg/sem

Promove menos efeitos colaterais. Reduz a quantidade de clone mutante (JAK2) – fase II – clinicamente relevante?

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Bussulfan

• Administração oral

• Mielossupressor de longa duração, usar em períodos intermitentes

• Promove remissão prolongada

• Toxicidade hematológica mais intensa

• Potencial leucemogênico importante! - não utilizar em jovens

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Inibidores da JAK - Ruxolitinib

• Drogas orais

• Não específicas contra a forma mutada da V617F (agem na forma normal)

• Não específicas contra a JAK2 (tem atividade contra outras quinases da família JAK)

• Boa tolerância a curto prazo, poucos efeitos colaterais

• Efeito anti-inflamatório rápido (reduz sintomas e tamanho do baço rapidamente)

• Independência da flebotomia em praticamente todos os pacientes de PV após 3

meses de uso

• Efetiva no tratamento da MF (comfort I e II trials), com normalização dos parâmetros

hematológicos

• Não reduz o clone JAK2V617F e não reverte a mielofibrose

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Inibidores de JAK2

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Inibidores de JAK2

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Inibidores de JAK2

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Inibidores da HDAC

• Givinostat, Vorinostat, Panobinostat • Fase 2 - reduz necessidade de flebotomia e normaliza WBC, contagem de plaquetas

e prurido • Toxicidade: alopécia, TGI, Neuropatia (5% dos casos total)

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Transplante Alogênico de medula óssea

• Elevada mortalidade

• Indicado somente em jovens com doença progressiva (fase fibrótica /

leucêmica)

• Condicionamento não-mieloabalativo

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BCR-ABL negativo - PROGNÓSTICO

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TROMBOCITEMIA ESSENCIAL

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Quando considerar o diagnóstico

• Trombocitose persistente inexplicada (plaq > 450mil)

• Diagnóstico de exclusão

CAUSAS DE TROMBOCITOSE

NEOPLASIA MIELÓIDE

Trombocitemia essencial

Policitemia Vera

Mielofibrose Primária

Leucemia Mielóide Crônica

Anemia Refratária com sideroblastos em anel e trombocitose

Mielodisplasia associada a deleção (5q)

TROMBOCITOSE REATIVA (SECUNDÁRIA)

Hemorragia ou deficiência de ferro

Infecção ou inflamação

Malignidade metastática

Drogas (vincristina, epinefrina, acido transretinoico)

Hipoesplenismo

Anemia Hemolítica

TROMBOCITOSE FAMILIAR – mutação genética (TPO, MPL)

PSEUDO-TROMBOCITOSE

Crioglobulinemia

Fragmentação citoplasmática por neoplasia linfóide ou mielóide

Fragmentação eritrocitária

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Causas de trombocitose

Griesshammeret al. J Inter Med 245:295,1999

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EPIDEMIOLOGIA

• Incidência estimada entre 1-2.5 casos / 100mil habitantes / ano

• Idade de apresentação 50-60 anos

• Homem = mulher

• 2o pico 30a – mais comum em mulheres

• Pode raramente ocorrer em crianças

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CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS – WHO 2008

TODOS OS CRITÉRIOS DEVEM ESTAR PRESENTES

• Trombocitose mantida > 450mil x 106/L • BMO: proliferação principalmente na linhagem megacariocítica com

aumento do número de megacariócitos maduros e gigantes, dispersos na amostra. Sem aumento significativo do setor eritróide ou granulocítico.

• Não preencher critérios para outras neoplasias mielóides (PV, MF, LMC,

MDS) • Presença da JAK2V617F ou outro marcador clonal. Na ausência desse

marcador, descartar trombocitose reativa

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

• Maioria assintomático • Trombocitose • Leucocitose – aumenta o risco trombótico • Trombose em 10-15% (arterial ou venosa) – além do número elevado de plaquetas,

elas estão patologicamente ativadas na TE • Sintomas microvasculares em 20%

• Eritromelalgia • Cefaléia • Distúrbios visuais transitórios

• Esplenomegalia

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HISTOPATOLÓGICO

• Megacariócitos gigantes e hiperlobulados

• Fibrose reticulínica grau 3 ou 4 em 15-20% dos casos – risco aumentado para transformação mielofibrótica, trombose ou hemorragia porém não muda a SG.

• Hiperplasia mielóide e megacariocítica com agrupamento de megacariócitos atípicos

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CITOGENÉTICA

• Alterações mais frequentes: trissomia 8, trissomia 9, deleção 20q e deleção 13q

• Presente em apenas 5% dos casos ao DG • Não têm significado prognóstico

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BIOLOGIA MOLECULAR

• JAK2V617 - 50% dos casos, confere um risco aumentado de trombose venosa

e arterial.

• Mutações no MPL em 4% dos casos

• Não substitui a BMO

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TRATAMENTO POR RISCO

Idade > 60 anos Ou

Evento tromboembólico Ou

Plaquetas > 1500mil

Idade < 60 anos Sem evento tromboembólico

Plaquetas < 1500mil

Alto Risco

Baixo Risco

ELN consensus 2011

Citorredução + ou - AAS

IMC, dieta Dislipidemia Hist. familiar Hipertensão Tabagismo

Sint.Microvasc. +

Plaq<1000mil

Observação AAS + ou –

Citorredução

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TRATAMENTO

• Antiagregação plaquetária: • AAS para todos que não tiverem contra-indicação, reconsiderar apenas no baixo

risco verdadeiro. • Outros antiagregantes somente se intolerância a AAS. • Não fazer AAS se plaquetas > 1000mil pelo risco de sangramento (dvW adquirida) • Indicado na eritromelagia isolada

• Citorredução: indicado para todos de alto risco ou com complicação hemorrágica prévia grave • Hidroxiuréia – único citorredutor que diminui eventos trombóticos comprovado

com ensaios clínicos randomizados - 1a linha • Anagrelide – em caso de falha ou intolerância à hidroxiuréia – 2a linha • IFN – considerar em pacientes jovens com desejo de engravidar ou no caso de

contra-indicação para HU. Evitar em idosos pelos efeitos colaterais • Bussulfan – efetivo mas leucemogênico principalmente se usado após HU

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HU x anagrelide

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HU x anagrelide

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HU x anagrelide

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HU x anagrelide

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OBJETIVOS DO TRATAMENTO

• Desaparecimento dos sintomas e normalização da contagem plaquetária.

• Redução de eventos trombóticos

• Idealmente, normalizar contagem leucocitária pelo risco de trombose envolvido

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TE E GRAVIDEZ

• Complicações: • Independem na contagem plaquetária pré-gestacional : • 25-50% têm perda fetal no 1o trimestre • CIUR • Preeclampsia

• Tratamento: • AAS sempre (salvo contra-indicações) • Citorredução (IFN): indicado se trombose ou complicações obstétricas

prévias. • Se história prévia de trombose, manter profilaxia até 6 semanas de

puerpério

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Complicações tardias

TRANSFORMAÇÃO FIBRÓTICA •Incidência aumenta com a duração da doença •3-10% na 1a década após o diagnóstico, 6-30% na 2a década •Afastar Mielofibrose Primária •Mais frequente em pacientes com reticulina grau 3 ou 4 no diagnóstico

TRANSFORMAÇÃO LEUCÊMICA •Incidência aumenta com a progressão da doença •1-2.5% na 1a década após o diagnóstico, 5-8% na 2a década •Estudos incluíram pacientes que usaram agentes alquilantes como tratamento •Principal causa de morte entre pacientes com idade < 60 anos •Fator de risco: elevada contagem de WBC no diagnóstico •Portanto, em pacientes jovens, considerar tratamento com drogas não-leucemogênicas

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POLICITEMIA VERA

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DEFINIÇÕES

• Policitemia = “muitas células no sangue” = aumento da massa de células vermelhas

• Relativa x absoluta • Primária x secundária

HIPÓXIA Doença pulmonar Cardiopatia congênita Apnéia do sono

PRODUÇÃO EPO TUMORAL Carcinoma céls renais Tumor de Wilms Hepatocarcinoma Leiomiomatose uterina TU ovarianos virilizantes TU cerebelar

ALTITUDE ELEVADA USO DE EPO

PÓS TX RENAL USO DE ANDROGÊNIOS

DOENÇAS RENAIS E HEPÁTICAS Cisto renal solitário Doença policística Estenose de a. renal Hepatite viral

DOENÇAS ENDÓCRINAS Síndrome de Cushing Aldosteronismo primário

TABAGISMO Intox. monóxido de carbono

VOLUME PLASMÁTICO Desidratação Perda para o terceiro espaço

Policitemia vera (PV): doença mieloproliferativa clonal, crônica e progressiva com início insidioso e sobrevida prolongada

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CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS– WHO 2008

Presença dos 2 critérios maiores + 1 menor ou do primeiro critério associado a dois menores Maiores: - Hemoglobina > 18.5 em homens ou 16.5 em mulheres OU outra evidência de

aumento da massa eritrocitária - Presença da JAK2V617F

Menores: - BMO evidenciando hipercelularidade com hiperplasia das 3 linhagens - EPO sérica baixa - Formação de colônia eritróide endógena in vitro

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EPIDEMIOLOGIA

• DMP mais comum - 2.5 casos/100mil pessoas / ano

• Mais comum na América e Europa ocidental / Central

• Ligada a exposição à radiação, petróleo, inseticidas, solventes orgânicos

• Predisposição genética

• Homem > Mulher 1.2:1

• Idade média 60 anos, extremamente raro se < 30 anos

• Em crianças, a manifestação inicial geralmente é a sínd. Budd-Chiari

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

• Sintomas: • Maioria assintomático • Esplenomegalia • Cefaléia, pletora, sudorese, astenia – 30 – 40% • Prurido – ocorre em até 40% dos casos, geralmente agravado pelo banho • Sintomas cardiovasculares

• Trombose : • Ocorre por hiperativação plaquetária decorrente do aumento da síntese de

tromboxane A2. • 12-39% dos casos no DG, 40-60% nos primeiros 10 anos de doença • Maioria arterial (75%) com AIT ou AVC • Síndrome de Budd-Chiari (trombose veia hepática) – até 10% dos casos,

podendo preceder a alteração hematológica • JAK2V617F positivo em até 60% dos casos de Budd-Chiari e 40% dos casos de

trombose de veia porta • Sangramento – 2-20% dos casos, maioria de baixa gravidade porém podendo

acometer TGI com complicações fatais • Hipertensão pulmonar

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FASES DA PV

Assintomática Esplenomegalia

Eritrocitose Trombocitose

Proliferativa Eritrocitose

Trombocitose Leucocitose

Esplenomegalia Trombose

Hemorragia Prurido

Inativa Ferropenia

Controle sem

flebotomia ou QT

Fibrótica Anemia

Leucoeritroblastose Trombocitopenia

Aumento da esplenomegalia

Sintomas sistêmicos

LMA

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EXAMES COMPLEMENTARES

• Eritrocitose

• Leucocitose neutrofílica, basofilia em 2/3 dos pacientes com doença

avançada

• Trombocitose em 50% dos casos, em 10% > 1000mil

• pO2 discretamente aumentado

• Pesquisa da mutação JAK2V617F

• Dosagem de EPO sérica – baixa e permanece baixa mesmo após flebotomia

• JAK positivo + EPO baixa = PV muito provável

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BIÓPSIA DE MEDULA ÓSSEA

Hipercelular com aumento do número de precursores eritróides e megacariocíticos Sem fibrose importante

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CITOGENÉTICA / BIOLOGIA MOLECULAR

• 10-25% tem alteração no cariótipo

• Deleção 20q-, trissomia 8 e 9 e 13q-

• JAK2V617F presente em mais de 90% dos casos

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TRATAMENTO

• Sem tratamento - sobrevida de 18 meses após o DG (óbito por trombose) • Objetivos:

• Reduzir o volume sanguíneo o mais rápido possível com flebotomia • Manter Ht < 42% para mulheres e < 45% para homens

• Cuidados: • Evitar doses excessivas de agentes quimioterápicos, associar com a

flebotomia se necessário • Tratar a hiperuricemia com alopurinol 100-300mg/dia • Não realizar procedimentos cirúrgicos até que Ht e plaquetas permaneçam

normalizados por 2 semanas consecutivas. Em caso de emergências, realizar flebotomia no pré-op.

• Prurido intenso: tratar com anti-histamínicos ou IFN

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TRATAMENTO POR RISCO

Idade > 60 anos

Alto Risco

Baixo Risco

Fleotomia +

Citorredução + ou - AAS

Flebotomia +

AAS Fator de risco cardiovascular

Nenhum dos acima

JAK2V617F

Evento tromboembólico

Risco Intermediário

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BAIXO RISCO

• Pacientes < 60 anos, plaquetas < 1500mil, sem história prévia de trombose

• Flebotomia + AAS em baixa dose (100mg/dia)

• Não fazer AAS se história prévia de hemorragia

• Associar anti-histamínicos se prurido

• Em caso de sintomas sistêmicos, prurido refratário ou esplenomegalia dolorosa

– iniciar tratamento mielossupressor

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ALTO RISCO

• Pacientes > 60 anos ou história prévia de trombose ou plaquetas > 1500mil

• Flebotomia + AAS 100mg/dia + HU (dose inicial de 30mg/kg/dia)

• Avaliar redução da dose após controle

• Se falha ou intolerância à HU – IFN ou bussulfan (4-6mg/dia por 6-8 semanas) –

suspender quando o hemograma normalizar ou plaquetas < 300mil

• Em caso de recaída após a suspensão, reiniciar na mesma dose

• Pacientes com a mutação, hemograma normal e trombose grave deve ser

indicação de citorredução por HU - causa da trombose é a hiperproliferação

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Flebotomia

• Tratamento para pacientes de baixo risco (jovens sem trombose prévia) • Racional: risco de trombose é proporcional à elevação do hematócrito • Como?

• Alvo: Ht <45 • Remoção de 250-500 ml de sangue total em intervalos de no mínimo 2 dias • Em idosos e portadores de DCV, nao ultrapassar 300ml por retirada • Após estabilização do Ht, rever a cada mês para estabelecer a manutenção

• Benefícios: • Reduz Ht e melhora cefaléia • Não afeta leucócitos e plaquetas e nem sintomas como prurido

• Não repor ferro

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Aspirina

• Reduz a mortalidade em 46% e a mortalidade por risco cardiovascular em 59% • Risco de sangramento muito pequeno • Recomendado a todos os pacientes em história de sangramento ou intolerância

gástrica

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Tratamento

HIDROXIURÉIA • Citorredutor de escolha como 1a linha • Dose inicial: 15-20mg/kg/dia até Ht <45, depois reduzir para dose de manutenção • Efeito antitrombótico adicional por diminuir a expressão de moléculas de adesão

endotelial e aumentar a produção de óxido nítrico (efeito na AF) • Mais efetivo em reduzir o risco de trombose, comparado com flebotomia • Pode ser usada em conjunto com a flebotomia

INTERFERON • Dose inicial: 3.000.000U 3x/semana • Controle da eritrocitose - 50% em 6-12 meses • Redução da esplenomegalia – 77% • Redução do prurido - 80% • Indicação: gravidez, prurido intratável ou intolerancia à HU.

INIBIDORES DA JAK2 • Independência da flebotomia em praticamente todos os pacientes de PV após 3 meses

de uso

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PV E GESTAÇÃO

• Homens e mulheres tentando engravidar: tratar com flebotomia associado a AAS e baixa dose ou IFN

• Na gravidez normalmente o tratamento não é necessário pela hemodiluição • Alto risco = história prévia de trombose ou sangramento importante

complicações gestacionais prévias (3 abortos/1o trimestre ou 1 no 2o ou 3o trimestre; baixo peso ao nascer; preeclampsia ou morte intrauterina)

TRATAMENTO

BAIXO RISCO

Manter Ht < 45 AAS 100mg/dia HBPM 4000U/dia por 6 semanas após o parto

ALTO RISCO

Os acima mais: Se trombose importante prévia, manter HPBM por toda a gravidez, só interromper AAS se sangramento Se necessário mielossupressão, usar IFN

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Prognóstico

• Principal causa de morte é trombose, seguido de transformação leucêmica

• O risco para eventos trombóticos aumenta com a idade e passado de eventos

vasculares.

• 40% óbito por complicações cardiovasculares (IAM, AVCisq)

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Prognóstico

• Principal causa de morte é trombose, seguido de transformação leucêmica • O risco para eventos trombóticos aumenta com a idade e passado de eventos

vasculares. • 40% óbito por complicações cardiovasculares (IAM, AVCisq)

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MIELOFIBROSE PRIMÁRIA

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INTRODUÇÃO

• DMPc menos frequente

• Incidência estimada 1.5/100.000 habitantes.

• A idade média de apresentação é de 67 anos

• Existe uma forma familiar rara encontrada em crianças.

• Descartar causas de MF secundária

Não neoplásicas Neoplásicas

Infecção: Tuberculose, Histoplasmose, HIV, Leishmaniose Osteodistrofia renal Deficiência de vitamina D Hipo e hiperparatireoidismo Síndrome da plaqueta cinzenta Doenças auto-imunes: LES, esclerodermia, mielofibrose auto-imune primária Exposição prévia à radioterapia Osteopetrose Doença de Paget Exposição à benzeno Doença de Gaucher Hipertensão Pulmonar

Outras doenças mieloproliferativas crônicas (LMC, PV, TE) Leucemias Agudas (LMA e LLA) Leucemia de células pilosas Doença de Hodgkin Mielodisplasia Mieloma múltiplo Mastocitose Sistêmica Linfomas não-Hodgkin Carcinomas: mama, pulmão, próstata e estômago

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Transformação ou MF primária?

MIELOFIBROSE PRIMÁRIA TRANSFORMAÇÃO DE PV/TE

A1 + A2 + 2 critérios B A1 + A2 + 2 critérios B

A1: Fibrose medular grau ≥ 3 A1: Fibrose medular grau ≥ 3

A2: Mutação em JAK ou MPL ou BCR ABL neg. e exclusão de fibrose reativa

A2: Diagnóstico prévio de TE ou PV

B1: Esplenomegalia B1: Esplenomegalia nova ou aumento do baço ≥ 5cm

B2: Anemia B2: Queda ≥ 2g/dl de Hb

B3: Leucoeritroblastose B3: Leucoeritroblastose

B4: Hemácias em lágrima B4: Hemácias em lágrima

B5: Sintomas constitucionais (sudorese, perda de peso, febre ou dor óssea)

B5: Sintomas constitucionais

B6: Hematopoiese extramedular

B6: Hematopoiese extramedular

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CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS - WHO 2007 (blood.2007;110:1092) São necessários todos os 3 critérios maiores e no mínimo 2 menores MAIORES BMO: Presença de proliferação megacariocítica ou atipia1 normalmente acompanhada de fibrose reticulínica e/ou colágena. Se não tiver fibrose as alterações dos megacariócitos devem ser acompanhadas de aumento da celularidade medular caracterizada por proliferação granulocítica com eritropoiese reduzida (fase pré-fibrótica ou celular) Não preencher critérios da WHO para PV2, LMC3, SMD4ou outra neoplasia mielóide Presença da JAK-2 V617F ou outro marcador clonal (p.ex. MPL 515W); na ausência de uma marcador clonal descartar mielofibrose secundária a processos inflamatórios ou outras doenças neoplásicas5

MENORES Sangue periférico leucoeritroblástico Aumento de DHL Anemia Esplenomegalia palpável

1. Pequenos a grandes megacariócitos com uma relação núcleo/citoplasma anormal, nucléolo irregular e hipercrômico e citoplasma denso 2. Baseado nos valores de hemoglobina/hematócrito. 3. Ausência de bcr-abl 4. Ausência de desiritropoiese ou disgranulopoiese 5. Os pacientes com essas patologias podem ter mielofibrose primária associada portanto deve-se prestar atenção em todos os outros critérios.

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

• Normalmente assintomáticos

• Sintomas gerais: fadiga, febre, inapetência, hiporexia

• Sintomas relacionados à pancitopenia: cansaço, sangramentos/trombose,

infecções de repetição.

• Hepatoesplenomegalia (hematopoiese extramedular), 20% dos casos

apresentam somente esplenomegalia

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LABORATÓRIO

• Hemograma e hematoscopia (apresentação clássica): anemia, leucoeritroblastose no sangue periférico, presença de dacriócitos (hemácias em lágrima), leucocitose e trombocitose.

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MEDULA ÓSSEA

• AMO: frequentemente seco, “dry tap”

• BMO: Fibrose reticulínica, megacariócitos agrupados, atípicos

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CARIÓTIPO / BIOL.MOLECULAR

• Citogenética: Cariótipo alterado em 30% dos casos. Alterações mais frequentes: 13q-, 20q- e 8+

• Biologia molecular: mutação da JAK-2 V617F e/ou MPL 515W em até 70% dos casos

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CARIÓTIPO / BIOL.MOLECULAR

13q-

20q-

normal

+8

Tefferi et al, BJH 2001;113

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CRITÉRIOS PROGNÓSTICOS - DIPSS

Classificação Fatores de risco Sobrevida mediana (anos)

Baixo 0 15.4

Intermediário-1 1 6.5

Intermediário-2 2 ou 3 2.9

Alto 4 ou mais 1.3

- Idade > 65 anos - Trombocitopenia < 100.000 x106/L - Hemoglobina < 10g/dl - Leucócitos > 25.000 x 106/L - Necessidade transfusional - Sintomas constitucionais: perda de peso superior a 10% em 1 ano, febre ou sudorese noturna persistindo por mais de 1 mês. - Blastos circulantes > 1% - Cariótipo desfavorável: Cariótipo complexo ou 1 ou mais anormalidades incluindo +8, -7/7q, i(17q), inv(3), -5/5q, -12p ou rearranjo 11q23

JCO.2011;29:392)

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PROGNÓSTICO

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TRATAMENTO

• Indicação de tratamento: risco intermediário -2 , risco alto ou que apresentem sintomas decorrentes da esplenomegalia ou das alterações hematológicas.

• TMO: tratamento curativo x morbidade – considerar em jovens de alto risco • Hidroxiuréia: redução do baço em até 35% com duração de resposta de 1 ano. Resposta

melhor em JAK2V617F positivo • Esplenectomia: > 50% independente de transfusão, resposta média de 1 ano.

• Indicações: infarto esplênico recorrente, dependência transfusional extrema, trombocitopenia refratária e hipertensão porta.

• Mortalidade relacionada ao tratamento: até 30% até o terceiro mês de pós-operatório.

• Risco elevado de trombose pós-operatória • 20% desenvolve hepatomegalia

• Radioterapia esplênica em dose baixa (100-500cGy): que causa uma redução transitória (até 6 meses) do tamanho do órgão. Pancitopenia prolongada em 25%, mortalidade 13%. Usar em pacientes sem opções terapêuticas. Gera 90% de alívio dos sintomas

• Ruxolitinibe (inibidor da JAK2): melhora sintomática e na esplenomegalia • Imunomoduladores: Lenalidomida em pacientes com del(5q) melhora a anemia e a

esplenomegalia, aumenta risco de trombose

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• A melhor resposta ao uso da lenalidomida ocorre nos casos de del 5q e ela deve ser evitada na presença de trombocitopenia.

• Resposta com lenalidomida: • Resposta anemia: 22% • Redução da esplenomegalia: 33% • Reposta trombocitopenia: 50%

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TMO

Aparentado Não-aparentado

TRM 1a 27% 43%

TRM 5a 35% 50%

SG 5a 37% 30%

SLD 3a 39% 17%

289 pacientes, 18-73 anos, distribuição homogêneas entre os riscos

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Inibidor de JAK2

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Inibidores de JAK2

Ruxolitinib BAT

↓ Spleen volume 132 (97%) 35 (56%)

↑ Spleen volume 4 (3%) 28 (44%)

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• Improvements were seen by week 8 and continued through week 48

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Ruxolitinib (n = 146)

BAT (n = 73)

Log-rank p-value

HR* (95% CI)

Progression-free survival

Event, n (%) Censored, n (%)

44 (30)

102 (70)

19 (26) 54 (74)

0.46

0.81 (0.47, 1.39)

Leukemia-free survival Event, n (%) Censored, n (%)

6 (4)

140 (96)

4 (5)

69 (95)

0.51

0.65 (0.18, 2.31)

Overall survival Event, n (%) Censored, n (%)

6 (4)

140 (96)

4 (5)

69 (95)

0.58

0.70 (0.20, 2.49)

Avaliação de sobrevida – COMFORT II

• Dez óbitos totais : 6 (4.1%) no braço ruxolitinib e 4 (5.5%) no braço controle

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TRATAMENTO – Anemia

Sem esplenomegalia maciça

Sem necessidade transfusional importante

Hb <10g/dl EPO baixa

SIM EPO

40000U/sem

prednisona (0.5mg/kg/dia) com danazol (600mg/dia) talidomida (50mg/dia) ou lenalidomida(10mg/dia) ± prednisona(0.25mg/kg/dia)

NÃO

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TRATAMENTO - Esplenomegalia

• HU inicialmente 1g/dia • Cladribina 5mg/m2/d

x5 a cada 28 dias • Inibidor JAK2 • Talidomida /

Lenalidomida

FALHA

• Esplenectomia • Radioterapia esplênica

em dose baixa (100-500cGy)

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MFP realmente existe?

1. MFP é clinicamente igual à transformação fibrótica da TE 2. A prevalência de mutações na JAK2 e MPL é igual na MFP e na TE 3. As alterações citogenéticas mais frequentes e a apresentação clínica mais agressiva

sugerem que possa ser apenas uma apresentação em fase acelerada da TE 4. Pacientes com MFP podem ter trombocitose por muitos anos antes do diagnóstico

NOVOS MARCADORES MOLECULARES

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Obrigado!

Anouchka Lavelle

[email protected]