o sistema de infusão

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O sistema de infusão: o conhecimento de acessórios e equipamentos eletrônicos. OBJETIVO Destacar os sistemas de infusão para a melhoraria da qualidade do cuidado de enfermagem. Caro aluno, nesta Unidade de Estudo você vai conhecer um pouco mais sobre os materiais e equipamentos utilizados na terapia intravenosa. Fique atento a esse conteúdo, pois abordaremos diversos aspectos imprescindíveis à prática do profissional de enfermagem na terapia intravenosa. Vamos lá? Os materiais médico-cirúrgicos hospitalares são denominados produtos médicos e regulamentados pela legislação específica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a RDC n. 185 de 22 de outubro de 2001. Os equipamentos eletrônicos para a infusão, além do registro no Ministério da Saúde, deverão seguir as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Veja na RDC n. 32/07 e Instrução Normativa (IN) n.º 03 de junho de 2011. Já as embalagens devem estar em conformidade com o Código de Defesa do Consumidor e Legislação Sanitária em vigor. Além disso, garantir a integridade física, química, microbiológica, incluindo a compatibilidade de fármacos e soluções de fármacos e soluções com o material do sistema de infusão, é um dos princípios para a escolha desses sistemas. Mas como são definidos os sistemas de infusão? Sistema aberto - todos os frascos de plásticos semirrígidos ou vidros que permitem o contato da solução estéril com o ambiente externo, seja no momento da abertura do frasco, na adição de medicamentos ou na introdução dos dispositivos usados para administrá-la. Sistema fechado - aquele que, durante todo o processo de preparo e administração, não permite o contato da solução estéril com o meio ambiente. Estão entre as vantagens desse sistema: prevenir infecção da corrente sanguínea e reação pirogênica, reduzir o risco de o paciente receber dose menor do medicamento prescrito e reduzir o desperdício. Vale destacar que as soluções parenterais de grande volume são substâncias aplicadas diretamente na corrente sanguínea, como água, glicose e soluções de cloreto de sódio a 0,9%. De acordo com o artigo publicado na revista Infusion Nurses Society - Brasil (2008), devemos atentar para as recomendações de seleção dos sistemas de infusão, levando em consideração os seguintes aspectos: avaliação dos materiais, requisitos técnicos e legais; necessidades dos sistemas de infusão e acessórios oferecidos pela instituição; avaliação de custo/benefício; padronização dos materiais e equipamentos de acordo com as características do procedimento, cirurgias realizadas, usuário, entre outros. O treinamento de todos os profissionais de saúde em relação ao uso e manuseio do material e equipamentos deve ser realizado com frequência. Você sabia que

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Page 1: O sistema de infusão

O sistema de infusão: o conhecimento de acessórios e equipamentos eletrônicos.

OBJETIVO

Destacar os sistemas de infusão para a melhoraria da qualidade do cuidado de enfermagem.

Caro aluno, nesta Unidade de Estudo você vai conhecer um pouco mais sobre os materiais e equipamentos utilizados na terapia intravenosa. Fique atento a esse conteúdo, pois abordaremos diversos aspectos imprescindíveis à prática do profissional de enfermagem na terapia intravenosa. Vamos lá?

Os materiais médico-cirúrgicos hospitalares são denominados produtos médicos e regulamentados pela legislação específica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a RDC n. 185 de 22 de outubro de 2001.

Os equipamentos eletrônicos para a infusão, além do registro no Ministério da Saúde, deverão seguir as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Veja na RDC n. 32/07 e Instrução Normativa (IN) n.º 03 de junho de 2011. Já as embalagens devem estar em conformidade com o Código de Defesa do Consumidor e Legislação Sanitária em vigor.

Além disso, garantir a integridade física, química, microbiológica, incluindo a compatibilidade de fármacos e soluções de fármacos e soluções com o material do sistema de infusão, é um dos princípios para a escolha desses sistemas.

Mas como são definidos os sistemas de infusão?

Sistema aberto - todos os frascos de plásticos semirrígidos ou vidros que permitem o contato da solução estéril com o ambiente externo, seja no momento da abertura do frasco, na adição de medicamentos ou na introdução dos dispositivos usados para administrá-la.

Sistema fechado - aquele que, durante todo o processo de preparo e administração, não permite o contato da solução estéril com o meio ambiente. Estão entre as vantagens desse sistema: prevenir infecção da corrente sanguínea e reação pirogênica, reduzir o risco de o paciente receber dose menor do medicamento prescrito e reduzir o desperdício.

Vale destacar que as soluções parenterais de grande volume são substâncias aplicadas diretamente na corrente sanguínea, como água, glicose e soluções de cloreto de sódio a 0,9%.

De acordo com o artigo publicado na revista Infusion Nurses Society - Brasil (2008), devemos atentar para as recomendações de seleção dos sistemas de infusão, levando em consideração os seguintes aspectos: avaliação dos materiais, requisitos técnicos e legais; necessidades dos sistemas de infusão e acessórios oferecidos pela instituição; avaliação de custo/benefício; padronização dos materiais e equipamentos de acordo com as características do procedimento, cirurgias realizadas, usuário, entre outros.

O treinamento de todos os profissionais de saúde em relação ao uso e manuseio do material e equipamentos deve ser realizado com frequência. Você sabia que os frascos com tampa de borracha causam risco de fragmentação da borracha na solução, durante a inserção do equipo? Por isso a importância de sua participação nos treinamentos.

Entre os materiais e equipamentos utilizados na terapia intravenosa temos:

As bolsas e frascos de solução para infusão devem ser de preferência confeccionados com material flexível, transparente, constando a data de fabricação e validade, lote e composição, apresentar dispositivo de sistema fechado para adição de elementos e ser de fácil manuseio.

Lembramos que as bolsas em PVC (cloreto de polivinil) contêm o componente Dietilexilftalato/DEHP que pode causar incompatibilidade com alguns fármacos, dentre eles: nitroglicerina e amiodarona. O DEHP é liberado da parede do tubo que é integrado à solução de infusão. Em grandes quantidades, o DEHP pode ser tóxico ao fígado, principalmente, quando infundido em gestantes e crianças. O ideal, neste caso, seria o uso de equipos que possuam sua parede interna constituída a base de PE (polietileno), PU (poliuretano), ou PP (polipropileno), que são resinas poliolefínicas, normalmente inertes à ação de drogas.

Ressalta-se que os equipamentos das infusões endovenosas podem ser “gravitacionais”, cujo desempenho está relacionado com a ação da gravidade e “para bomba de infusão”, depende, principalmente, do volume prescrito para ser infundido em um determinado tempo.

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Eles podem ser de macrogotas ou de microgotas, conforme a relação volume/tempo (gotas/minuto) prescrita, o que implicará na seleção de um equipo com gotejador adequado. O volume da gota dispensada pelo gotejador, normalizado pela ABNT, deve assegurar que 20 gotas de água destilada a 20ºC e com um fluxo de (50 ± 5) gotas/min seja equivalente a (1 ± 0,1) ml ou (1 ± 0,1) g. O volume da microgota, conforme a ABNT, é igual a 1/3 da gota. Assim, o gotejador deve assegurar 60 microgotas de água destilada a 20ºC e com um fluxo de (50 ± 5) microgotas/min seja equivalente a (1 ± 0,1)ml ou (1 ± 0,1)g. (ABNT, 1998, p. 3).

As características que determinam a qualidade de um equipo de infusão são apresentadas pela ABNT/NBR nº. 14041/1998 como requisito para confecção, componentes, esterilidade, características físicas, químicas e biológicas.

Os equipos de macro ou microgotas, confeccionados de material plástico, que se destinam a administração, em grande volume, de soros ou solução hidroeletrolítica por via endovenosa, possibilitam o controle de volume infundido por minuto. As partes que compõe esses equipos são, conforme a ilustração abaixo:

A troca do sistema de infusão deve estar de acordo com a CCIH de cada instituição, sendo recomendado a intervalos máximos de 72 horas.

Na administração de emulsões lipídicas, o equipo deve ser trocado a cada 24 horas do início da infusão. Em caso de hemocomponentes e hemoderivados, o equipo deve ser trocado a cada bolsa infundida.

Entre muitos cuidados é necessário o uso de equipo de cor âmbar (foto protetor) para administração de fármacos fotossensíveis e que os equipos em frascos de vidro ou polietileno apresentem respiro para a filtragem do ar. Além disso, o respiro deve apresentar um filtro com poros de 0,22 micras, a fim de reter bactérias. O uso de sistema de conexão luer lock na porção distal do equipo para adaptação segura em cateteres.

Por isso, sempre consulte o enfermeiro sobre a necessidade de troca dos equipos de infusão.

Outro destaque necessário é a observação da posição do membro puncionado para que se possa regular o fluxo de gotejamento. A altura em que se encontra o frasco de solução e a inserção do dispositivo venoso, o tipo de veia, o calibre do dispositivo venoso, entre outros cuidados, são fatores que alteram o reajuste do gotejamento. Lembre-se, sempre, de que a força da gravidade atua sobre fluidos administrados por via IV. Se o paciente, por exemplo, elevar o braço e colocá-lo sobre a cabeça, o fluxo de gotejamento se altera.

É preciso ter conhecimento de que existem várias opções de equipos, usados com recursos diferentes e de diversas marcas. O desempenho do equipo para bomba de infusão, depende, principalmente, do mecanismo de ação deste equipamento. Na execução de uma infusão endovenosa numa velocidade entre 15 e 30 ml/hora, por exemplo, o enfermeiro decide juntamente com o profissional de enfermagem se a administração será gravitacional ou por bomba de infusão.

Portanto, fique atento a esses “toques” profissionais.

Já o equipo graduado, tipo bureta, apresenta tubo extensor proximal, transparente e flexível, com adaptador perfurante para conexão em frasco ou bolsa. A câmara graduada apresenta corpo rígido, graduada em mililitro/ml, com filtro de partículas aéreas e injetor autosselável, e livre de látex.

Os equipos graduados são utilizados, geralmente, na assistência prestada para pacientes com restrição hídrica, crianças e, principalmente, em neonatologia, pois proporcionam:

Maior confiabilidade entre o volume nominal e o volume real de infusão, quando comparada a dos frascos de soro - precisão da graduação da bureta é superior a dos frascos de solução comuns;

Favorece a infusão de volumes pequenos;

Possibilita a realização de infusões intermitentes;

Limita a infusão de volumes especificados em prescrição médica, diminuindo os riscos de sobreinfusão ou subinfusão.

Page 3: O sistema de infusão

Figura 2 – Equipo graduado

Os equipos para hemocomponentes e hemoderivados devem conter filtro específico com poros de 170 a 260 micras, a fim de reter coágulos. É proibida a presença de injetor lateral no tubo extensor, com presença de filtro na tampa protetora da porção distal do equipo, para eliminação do ar durante o preenchimento do tubo extensor, mantendo o sistema fechado.

Saiba Mais

Acesse a Resolução - RDC n.º 57, de 16 de dezembro de 2010, que determina o Regulamento Sanitário para Serviços que desenvolvem atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue humano e componentes e procedimentos transfusionais.

Os conectores devem ser isentos de látex, com mínima mudança de técnica no manuseio do sistema intravenoso, resistentes ao álcool, suportar pressão, permitir alto fluxo de infusão, não ter nenhum artefato metálico na sua composição, não ter resistência à infusão lipídica; ter mínimo número de componentes; ser compatível com todos os acessórios e sistemas de infusão, não deve ser permitido o uso de agulhas metálicas, não afetar coleta de sangue para exames. Deve-se monitorar as taxas de infecção após a introdução de conectores valvulados ou de sistemas fechados na troca dos conectores. A desinfecção deve ser realizada com álcool a 70%.

As torneirinhas (cânulas) - de material transparente, devem se constituir em sistema indicativo para o sentido do fluxo e serem de fácil manuseio. As entradas das torneirinhas devem ser cobertas com tampas estéreis, as quais devem ser trocadas a cada uso. A desinfecção deve ser realizada com álcool a 70% nas entradas, antes e após a conexão de equipos ou de seringas.

Extensor longo - material transparente, flexível e possui protetores nas extremidades. Deve ser trocado num período máximo de 72 horas.

Extensor multivias - deve apresentar pinça corta-fluxo em cada via, ser de material transparente, flexível e possuir protetores de extremidades, permitir adaptação segura para equipos. Lembre-se sempre de que na administração de emulsão lipídica deve ser trocado em 24 horas, no início da infusão. Lembrando, ainda, que o protetor de equipo e tampa comum devem ser trocados, no máximo, em 72 horas.

Conectores/Tampinha - podem ser com revestimento de látex autosselante que permite a perfuração com agulha para administração de medicamentos. Este equipamento é especialmente vantajoso para heparinização de cateteres, pois permite uma pressão positiva durante a injeção, prevenindo o refluxo de sangue no lúmen do cateter.

Os filtros são indicados para infusão de soluções não lipídicas que necessitam de filtração. Os filtros devem ter uma membrana com poros de 0,20 micras, com capacidade de reter bactérias.

As talas devem ser confeccionadas com material não poroso, que permitam higienização ou seu uso único. São recomendadas para auxiliar na estabilização de cateteres inseridos no dorso da mão e na articulação. Seu tamanho deve ser proporcional à região estabilizada e deve garantir a posição anatômica do local em que foi inserido o cateter.

É importante avaliar e monitorar a área de aplicação da tala em relação à estabilização do cateter, ao conforto do paciente e à perfusão periférica e informar as alterações ao enfermeiro. Elas devem ser fixadas com fita adesiva hipoalérgica e a sua troca deve ser instituída de acordo com o protocolo da instituição.

Para a armazenagem de materiais, deve-se garantir a conservação e a integridade dos produtos selecionados e adquiridos; observar condições de higiene, luminosidade, temperatura e umidade adequada. Os produtos devem estar dispostos de forma a garantir sua inviolabilidade, suas características físico-químicas e seu prazo de validade.

Os equipamentos eletrônicos para infusão - bombas infusoras - devem ser utilizados para controlar a velocidade do fluxo de administração da terapia prescrita. Geralmente são indicadas para administração de grandes volumes e de terapia complexa em situações de alta precisão: infusões arteriais, administração de fármacos vasoativos, gerenciamento de dor e infusão domiciliar.

Os equipamentos eletrônicos para infusão devem ser utilizados de acordo com a idade, condição do paciente, terapia prescrita, tipo de acesso vascular e tipo de equipo.

Page 4: O sistema de infusão

O fabricante deve ser responsável pelo treinamento dos profissionais que utilizam seu equipamento, obedecendo a normatização da ABNT contida na NBR IEC 60601-2-24 (1999).

Portanto, a equipe de saúde deve seguir as normas do fabricante para a sua utilização, limpeza e desinfecção e manutenção preventiva e corretiva. Esses equipamentos possuem, geralmente, sistema de alarmes audíveis, sistema para erros de dose e proteção contra fluxo livre, indicador de bateria, cálculo de dosagem de fármacos, nível de pressão de oclusão ajustável, indicador de acurácia de recebimento de terapia programada e mecanismo de proteção da programação. Devem gerar fluxo sob pressão positiva.

Os equipamentos de infusão eletrônica funcionam com corrente elétrica ou com bateria interna. Quando não utilizadas, devem ser mantidas em stand by com cabo de força ligado na tomada. Variam em média de 5 a 10 psi.

As bombas de infusão de pressão positiva podem ser: volumétricas, peristálticas, seringas, bombas de analgesia controlada pelo paciente (PCA).

E então, na sua instituição, você já fez cursos ou treinamentos sobre materiais e equipamentos para sistema de infusão? Você tem pensado na importância da manutenção desses dispositivos e o impacto na terapia intravenosa para o paciente? Reflita sobre essas questões e discuta com a sua equipe.