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48 | Eurobike magazine 49 | Eurobike magazine PRAZER Mobgrafia é o nome dado à arte da fotografia produzida por aparelhos móveis. No mínimo, é mais um (gigante) avanço na linguagem fotográfica. Há quem diga que a evolução tecnoló- gica dos aplicativos e câmeras é a nova revolução da fotogra- fia. Conversei com cinco fotógrafos profissionais que também usam a câmera do celular como ferramenta de trabalho. De dois anos para cá, o território da fotografia de celular vem cres- cendo e se mesclando com o da fotografia profissional. Um dos prin- Por Paula Diniz Arte pelo celular Mobgrafia Será a mobgrafia mais um capítulo da história da fotografia? O celular já entrou no terreno da fotografia profis- sional? Agora todo mundo é fotógrafo? E a arte, como fica? Será o fim das câmeras tradicionais? Cinco gran- des fotógrafos de São Paulo nos dão uma luz sobre o presente e o futuro da aparentemente livre, leve e solta arte de fotografar com o celular cipais veículos jornalísticos do mundo, o The New York Times, pela primeira vez, em 31 de março de 2013, utilizou em sua capa uma fotografia feita por um iPhone 4S e tratada no Instagram. A imagem era do fotógrafo esportivo Nick Laham, que registrou com o celular os jogadores do New York Yankees, time de beisebol dos EUA. A cobertura da guerra no Afeganistão feita durante dez anos pelo fotógrafo húngaro Balazs Gardi também foi um marco no fotojor- nalismo. “Gardi trocou o pesado equipamento fotográfico por um iPhone e um aplicativo de edição. A troca poderia ser considerada @rrojas65 @cadulemos @juanesteves @juanesteves @galloppido @sardinha17 @galloppido @cadulemos

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Art & Photos


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Matéria completa sobre a arte da mobgrafia (imagens captadas e editadas em plataformas móveis. Depoimentos de Cadu Lemos, Ricardo Rojas, Edu Sardinha, Juan Esteves e Gal Oppido

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Mobgrafia é o nome dado à arte da fotografia produzida por aparelhos móveis. No mínimo, é mais um (gigante) avanço na linguagem fotográfica. Há quem diga que a evolução tecnoló-gica dos aplicativos e câmeras é a nova revolução da fotogra-fia. Conversei com cinco fotógrafos profissionais que também usam a câmera do celular como ferramenta de trabalho.

De dois anos para cá, o território da fotografia de celular vem cres-cendo e se mesclando com o da fotografia profissional. Um dos prin-

Por Paula Diniz

Arte pelo celularMobgrafia Será a mobgrafia mais um capítulo da história da fotografia? O celular já entrou no terreno da fotografia profis-sional? Agora todo mundo é fotógrafo? E a arte, como fica? Será o fim das câmeras tradicionais? Cinco gran-des fotógrafos de São Paulo nos dão uma luz sobre o presente e o futuro da aparentemente livre, leve e solta arte de fotografar com o celular

cipais veículos jornalísticos do mundo, o The New York Times, pela primeira vez, em 31 de março de 2013, utilizou em sua capa uma fotografia feita por um iPhone 4S e tratada no Instagram. A imagem era do fotógrafo esportivo Nick Laham, que registrou com o celular os jogadores do New York Yankees, time de beisebol dos EUA. A cobertura da guerra no Afeganistão feita durante dez anos pelo fotógrafo húngaro Balazs Gardi também foi um marco no fotojor-nalismo. “Gardi trocou o pesado equipamento fotográfico por um iPhone e um aplicativo de edição. A troca poderia ser considerada

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trivial, não fosse o tema abordado. Com o áudio, as fotos e os ví-deos capturados, fez uma rede social onde todo material era com-partilhado e discutido entre os internautas”, lembra Cadu Lemos.

Outro caso memorável foi a cobertura do furacão Sandi, total-mente feita com celulares. As imagens foram parar na Time, Newsweek e no The New York Times. “Tudo aconteceu muito rápido, era preciso ter algo ágil nas mãos”, como disse o fotó-grafo americano Chase Jarvis, “a melhor câmera é aquela que está sempre com você.”

Segundo Lemos, o ponto vital da fotografia por celular é a liga-ção com a rede de compartilhamento imediato. Além disso, o celular é leve, geralmente pequeno, e está sempre com a gen-te. “Com tanta facilidade, hoje só não fotografa quem não quer.”

Hoje todo mundo produz e compartilha fotos. Isso banali-zou a fotografia?

“Pelo contrário. Ainda veremos muita foto ruim e muita gente aprimorando o olhar, mas o maior acesso a fotos e o fre-quente exercício do olhar só fortalecem a arte. São oportu-nidades”, diz Lemos.

Com o celular, quem é o fotógrafo profissional e quem é o amador?

“Em um festival ou prêmio de fotografia tradicional, é possível criar categorias para fotógrafos profissionais e amadores, mas em um festival de fotografia por celular não dá para nomear

dessa maneira”, explica Ricardo Rojas, parceiro de Lemos no movimento mObgraphia. Eles realizaram, em maio, a primeira exposição coletiva no Brasil, no Museu da Imagem e do Som de São Paulo. A exposição reuniu fotos de celular feitas por doze fotógrafos experientes, como Edu Sardinha, Juan Este-ves, Ovidio Ferreira, os próprios organizadores e outros. Em ju-nho realizaram, de 9 a 15, o 1º Festival Samsung mObgraphia e o Prêmio Nacional Samsung mObgraphia, também no MIS.

Simples, mas nem tanto

Por mais simples que tenha se tornado, a fotografia ainda é uma operação complexa pelo resultado que se espera. É o que diz Gal Oppido: “Hoje, por falta de conhecimento, o fo-tógrafo é substituído e o resultado pode não ser o esperado. Nesse ponto, é preciso uma correção de rota do mercado”.

“Adoro fotografar com celular, mas não adianta se iludir: algu-mas fotos feitas com uma Canon 5D, por exemplo, não se faz com o celular”, diz Edu Sardinha. “Tecnicamente, qualquer um com um iPhone pode tirar as fotos que eu tiro. O que conta é o olhar. O meu está sempre atento, observando o movimento das pessoas, as cores, as formas... O bom fotógrafo tem essa atenção constante. Não é neurose, é natural. Estou no metrô e de repente vejo uma pessoa vestida de verde-limão. Pode render uma bela foto! A falta de recursos da câmera do celular faz com que eu me arrisque bastante. É preciso ir até o local da foto, não dá para contar com o zoom”, considera. Segundo ele, existe o fator “ir atrás” e o fator “sorte”: estar no lugar certo na hora certa.

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Mais treino, mais sorte

Para Gal Oppido, quanto mais treinado o olhar, maior a sorte. “Hoje todo mundo tem capacidade de captar imagens que lhe interessam de maneira mais fácil, mas a fotografia propõe um desafio, por isso é preciso treino e instrução. Eu fotografo todo santo dia e 90% das fotos que faço não são para trabalhos.”

“Estar pronto é tudo”, dizia Shakespeare. Para estar pronto, é preci-so treinar sempre. “O celular é uma boa ferramenta porque permite

esse fitness do olhar. Quanto mais pronto estou, mais fácil fica pro-cessar uma situação. Daí vem a sorte”, completa Gal Oppido.

Menos é mais #desafio

“Na fotografia por celular usamos basicamente as mesmas técnicas das câmeras tradicionais, só que no celular é mais difícil, porque há apenas duas possibilidades: luz e composição. Para todo o resto, a dificuldade é maior, e isso é instigante”, diz Lemos.

Sardinha também curte o desafio. “A dificuldade fez com que eu criasse um estilo específico. Gosto de me complicar para gerar um desafio maior.” Para ele, o grande mérito é realizar uma boa foto sem zoom, sem resolução e sem recursos. “O iPhone compensa com a portabilidade, velocidade, conectividade e aplicativos para edição de imagem, como o Snapseed, e captação da imagem, como o Slow Shutter, que simula a abertura do diafragma, técnica que faço com a objetiva. É legal para fazer fotos com rastro.”

Sem romantismo

“Usar câmeras tradicionais no modo manual cansa muito”, diz Sardinha. “Se pensar que dá para ter essa mesma qualidade com menos peso e mais praticidade, eu não tenho romantismo,

mudo mesmo. Sou superdigital, trabalho com tecnologia há mais de vinte anos. Com o celular, você perde um abismo de qualidade, mas tem a conveniência de estar com uma câmera ágil e leve sempre com você. Isso mudou a percepção de foto-grafia de maneira geral. Uma boa luz já é meio caminho andado para uma boa foto. Para mim, o mais importante na foto por celular não é a quantidade de megapixels, mas outros fatores, como velocidade da câmera. Por isso prefiro o iPhone.”

Adequação é tudo #conceito

Arte livre, leve e solta, mas nem tanto. Fotógrafo consagrado no Brasil e no mundo, Juan Esteves garante: “O que importa é o

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conteúdo que você está produzindo, não a câ-mera. É preciso haver adequação do equipa-mento com o tema”.

Com o celular, Esteves passou a fotografar prédios “feios” no centro de São Paulo, trans-formando-os em imagens abstratas ou dupli-cadas. Daí nasceram duas séries: Endless Buildings (prédios sem fim) e Double Buildings (prédios duplicados).

“Faço captação e fusão das imagens com o celular. Para trabalhar com os prédios, o Hipstamatic é equivalente ao top de linha de câmeras tradicionais porque é adequado à linguagem que adotei. Quando uso o filme D-type do Hipstamatic, que simula o daguerreó- tipo, busco ressaltar o lado mais dramático do cenário. Nem sempre ele é bonito, mas o aplicativo ressalta o conceito que busco, como a decadência de um edifício antigo e o caos arquitetônico que vivemos na metrópole. Uso essa mesma linguagem para uma série de nus que venho desenvolvendo. A ideia de desfoque e ‘coisa velha’ é interessante para esse trabalho também. Estou me valendo de um aplicativo para ressaltar um conceito. Não uso filtros, só o Hipstamatic. Não importa a ferramenta, mas que ela traga um elemento para o conceito que quero utilizar. A massifi-cação está justamente no contrário, na foto-grafia pasteurizada – o que não é problema da câmera do celular, mas da fotografia em geral. O celular e o compartilhamento nas re-des sociais só demonstraram a pasteurização em larga escala, mas isso sempre existiu e vai existir.”

#tecnologia

Esteves acompanhou processos históricos no fotojornalismo diário enquanto traba-lhou na Folha de S. Paulo entre as déca-das de 1980 e 1990: a cor na fotografia, a digitalização dos negativos, a imagem digitalizada.

E a evolução não parou por aí. “Em breve, com aplicativos e sistemas variados oferecidos ao fo-tógrafo, entusiasta ou usuário que deseja nada mais que uma foto do seu café ou hamburger,

a mobgrafia deixará de ser uma linguagem fotográfica para as-sumir aquilo que sempre foi: fotografia”, prevê Lemos.

Do filme ao Instagram

Sardinha é usuário desde 2011. “Não uso o Instagram como rede social, mas para ver fotografia boa. Não vou seguir uma pes-soa só porque ela é minha amiga, quero ver pontos de vista ao

redor do mundo. Acompanho fotógrafos em vários países, cada um tem uma visão, uma geografia, uma cultura. Os dez mais: @mustafaseven – Turquia, @elinlia – Noruega, @nicanorgar-cia – Espanha, @juanesteves – Brasil, @le_blanc – Alemanha, @jethromullen – EUA, @marcecchi – Brasil, @fabsgrassi – Brasil, @koichi1717 – Japão, @seb_gordon – França. Tem muita gente que fotografa com câmeras tradicionais e posta no Instagram. Eu valorizo a foto por celular, com o grau de

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dificuldade que essa ferramenta nos propõe. Tecnicamente falan-do, com uma câmera boa no modo automático qualquer um pode fazer uma foto boa: a câmera vai pegar todos os pontos de foco, vai balancear a luz. Como eu vim da época do filme, era preciso entender todo o processo: velocidade, diafragma, ASA... A gente não via o que estava fotografando, era preciso um conhecimen-to muito maior. Hoje podemos fazer cinquenta fotos, escolher e editar no próprio celular. Muda o equipamento, a maneira de tirar foto, mas o olhar sempre será o diferencial do fotógrafo.”

Pop nas redes

“A fotografia passa uma emoção. É daí que vem o engaja-mento nas redes sociais. Antes de postar, já sei quais fo-tos vão agradar, mas não me prendo a isso. Algumas fotos

menos populares agradam pessoas com um olhar mais in-comum, minimalista ou denso. Gosto dessa diversidade e sigo o meu estado de espírito. Tem dias que quero fazer uma imagem mais introspectiva, melancólica. As pessoas buscam o positivo, mas não quero e não vou ficar preso ao que elas gostam. Não quero fazer sempre aquela foto linda com uma nuvem maravilhosa e o vermelho do pôr do sol. Às vezes quero passar uma emoção mais fria e solitária. As emoções da fotografia não são literais, são geradas pela cor, forma, textura”, diz Sardinha.

Apesar do grande número de fãs e seguidores, Gal tam-bém se concentra em seu próprio processo artístico. “O que não consigo conceber é o artista que dá a ‘comida’ que as pessoas querem. A aventura do artista é estimulante para

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si mesmo e para quem o acompanha quando ele se mantém fiel ao seu processamento da realidade. A aventura artística está em reprocessar o mundo e devolvê-lo como algo diferente.”

Novas ferramentas, novos símbolos, nova poética

Gal vai fundo na análise: “Com o maior acesso à leitura e produção de fotografias, estamos aumentando nosso universo simbólico. Antigamen-te, não víamos tantas pessoas ‘falando sozinhas’ na rua. Hoje isso é co-mum. Já temos uma poética disso, como a pessoa que caminha pela rua

iluminada pelo visor do celular... Criamos novas poéticas e novos símbolos porque o homem está movendo a matéria de forma dife-rente, criando novas ferramentas, fotografando com outros equi-pamentos. A poética e a simbologia mudam conforme o modo com que movemos a matéria. Em um filme de 1920, por exemplo, uma pessoa falando ao telefone simbolizava a alta tecnologia”.

#interferenciazero

“Arte é autoria pessoal. No caso da fotografia autoral, do click à

publicação, passando pela edição, não deve haver interferência de terceiros no processo criativo”, diz Rojas.

A fotografia por celular e as redes sociais viabilizaram o compartilhamento imediato das imagens, dando mais agili-dade e autonomia aos fotógrafos, que podem editar e publi-car os próprios trabalhos. Sites e redes sociais, como Insta-gram, o bom e velho Flickr e o Facebook servem de vitrine para muitos artistas, que já não dependem exclusivamente de galerias e museus para exibir suas imagens. Se bem

que muitos museus e galerias já abriram suas portas para a mobgrafia.

Gal, por exemplo, está satisfeito com o “andar da carrua-gem”: “Estou ótimo com meu celular. Nunca estive melhor de procedimento fotográfico. Mas como em tudo, solucio-namos alguns problemas e criamos outros”. Está claro e nítido: a evolução continua, e cada vez mais acelerada. Em fotografia, “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”...

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Edu Sardinha @sardinha17

Fotógrafo, designer, publicitário, músi-co. Seus principais temas são arquite-tura, perspectivas gráficas, natureza e cênico urbano. Desde 2007, Sardinha fotografa shows e personagens do flamenco, tema que lhe rendeu duas exposições individuais e uma coletiva, além de outras exposições sobre temas diversos.

Juan Esteves @juanesteves

Tem imagens publicadas em diversos países. É colabo-rador de textos e fotos para editoras brasileiras e no ex-terior. Foi fotógrafo e editor de fotografia da Folha de S. Paulo, é autor de quatro livros e tem imagens na maioria dos acervos brasileiros, com mais de uma centena de exposições individuais e coletivas no Brasil e exterior. Crítico e professor de fotografia, é fotógrafo de retratos, sua especialidade.

Cadu Lemos @cadulemos

Fotógrafo desde a década de 1970. Aprofundou-se em aplicativos, filtros, ferramentas, técnicas e linguagens fotográficas. Ensina a fotografia em workshops, vivências e treinamen-tos, inclusive no mundo corporativo. É criador do movimento mObgraphia, composto por workshops, festivais, exposições etc.

Ricardo Rojas@rrojas65

Fotógrafo profissional há mais de trinta anos e editor de fotografia. Seu trajeto inclui o mercado editorial, publicitário e a Folha de S. Paulo. Parceiro da mObgra-phia, atualmente desenvolve trabalhos autorais de fotografia com celular, é fo-tógrafo integrante do “Inside Out Project” e prepara seu primeiro livro, A nova cara da terceira idade.

Gal Oppido @galloppido

Fotógrafo, artista plástico, arquiteto. Tem mais de quarenta exposições realizadas e mais de dez livros publicados, individuais e coletivos. O foco de seu trabalho autoral é a expressão corporal na fotografia e a relação do homem com a matéria proces-sada.

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