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Kull - Exilio Da Atlantida - Robert E. Howard

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Introdução

Esta coletânea se focaliza sobrKull, o homem nascido n

Atlântida em 100.000 A.C. quusurpou o trono da Valúsia para stornar seu rei. Uma boa quantidadeitores de Howard, conhece Ku

apenas como o progenitor de seupersonagem mais famosopopularmente conhecido Conan,Bárbaro, já que a história de Kunão vendida "Com este MachadoEu governo !" Foi reescrita para

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primeira história Conan, "A Fênna Espada ", com elementos d

fantasia extras adicionados partorná-lo mais palatável aos seueditores.

No geral, as histórias presenteneste volume, mostra um guerreiroque, após anos de luta pelo tronofinalmente, sobe ao trono. O Reiné conquistado e agora ele ogoverna, mas não deixa de ser umhomem de ação. Talvez o qu

distingue as histórias de Kull dmaioria das histórias de Conan eminha cabeça são duas qualidades

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Kull é mais introspectivo, refletindsobre suas ações e como ela afet

todos em sua volta. Apesar dHoward só publicar três históriade Kull em sua vida, estprodigioso volume contém mais ddez histórias, bem como históriasem título e fragmentos que dãouma imagem mais completa docaráter e visão geral de Howarpara ele. A outra qualidade é usabor Lovecraftiano em sua

histórias, inclusive com variareferências diretas (e indiretas) aoongo de seus textos.

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Em suma, Kull é outro exemplode narrativa surpreendente. do

autor Robert E. Howard. Aqueleque são novatos no trabalho deHoward pode querer começar duma forma mais variada, pelomotivos mencionados no parágrafode abertura, mas os leitores que japreciam Kull e o que ele tem paroferecer - ou aqueles que queremapenas a mergulhar novamente naprosa maravilhosa Robert - va

encontrar um monte para desfrutaaqui.

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O Exilado

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Exílio da Atlântida

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O sol se punha. Um últimesplendor carmesim enchia paisagem e pousava, como umcoroa de sangue, sobre os piconevados das montanhas. Os trêhomens que contemplavam oagonizar do dia respiraram

profundamente a fragrância drisa que vinha dos distanteosques, mas logo voltaram su

atenção para algo muito maimaterial. Um deles estava assandum veado em uma pequen

fogueira; tocou com um dedo

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carne fumegante e o levou à bocaprovando-o com o gesto próprio de

um cozinheiro experiente.- J á está preparado, Kull, Khonah; podemos comer.

Quem assim havia falado erovem, pouco mais que um garoto

grande de estatura, de cinturdelgada e ombros largos, se movicom a graça natural de umeopardo. Quanto a seu

companheiros, o homem de mai

dade mostrava uma constituiçãopoderosa e maciça, cabeludo e comum rosto com expressão agressiva

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O outro, era parecido com o joveque havia falado, exceto pelo fato

de ser mais alto, com um tórax maiargo e os ombros um poucomaiores. Dava a impressãonclusive em maior medida que o

primeiro jovem, de ser possuidode uma grande velocidade ocultem seus músculos grandes suaves.

- Bem — disse este —, eu jcomeçava a sentir fome.

- E quando é que você não senteKull? — brincou o primeiro jovem.

- Quando luto. — responde

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Kull com expressão séria.O mais alto dos homens dirigi

uma rápida olhada a seu amigotentando imaginar o que estaripassando nos recônditos de sumente. Nunca estava certo do quseu amigo pensava.

- O que sente então é sede, made sangue. — disse o mais alto dohomens — Am- ra, pare com suapiadas e corte uns pedaços de carnpara nós.

Iniciou-se o cair da noitealgumas estrelas começaram piscar. O vento do anoitecer sopro

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sobre a paisagem montanhosaenvolta no crepúsculo. Ao longe

um tigre rugiu de repente. Khornah fez um movimento instintivoem direção à lança de ponta de síleque havia deixado no chão, ao seuado. Kull moveu a cabeça, e um

estranha luz piscou em seus frioolhos cinzas.

- Os irmãos listrados saem parcaçar esta noite — disse.

- Adoram a lua cheia — diss

Am-ra indicando a direção leste, donde se evidenciava um brilhoavermelhado.

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- Por quê? — perguntou KullA lua põe a descoberto tanto sua

vítimas como seus inimigos.- Uma vez, já faz muitos século— disse Khor-nah —, um rei tigreperseguido por caçadores, invocoua mulher da lua, e ela fez umparreira pela qual ele subiu parficar em segurança, e viveu durantemuitos anos na lua. D esde então, ormãos listrados adoram a lua.

- Não acredito nisso. — diss

Kull bruscamente — Por que iriaadorar a lua, somente pelo fato dter ajudado apenas um de su

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espécie, tanto tempo atrás?Mas de um tigre já subiu pel

Escarpado da Morte e assiconseguiu fugir de seuperseguidores, e apesar disso nãoadoram esse escarpado. Comriam saber o que ocorreu há tanto

anos?Khor-nah franziu a testa.- Pouco lhe ajuda zombar do

mais velhos e fazer escárnio daendas do teu povo de adoção, Kul

Esta história deve estar corretporque foi passada de uma geraçãopara outra durante mais tempo do

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que possa imaginar. E o que semprfoi, sempre será.

- Pois eu não creio. — reiteroKull — Estas montanhas semprexistiram e, entretanto, algum dirão desmoronar e desaparecer

Chegará o dia em que o manundará todas essas montanhas...

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- Já basta de blasfêmias! —exclamou Khor-nah, com um

expressão que era quase de cóler— Kull, somos bons amigos e tenhpaciência contigo porque você

ovem. Mas há algo que dev

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aprender: respeitar a tradição. Ficfazendo brincadeiras com os usos

costumes do seu povoprincipalmente você, a quem esspovo resgatou da selva e lheofereceu um lar e uma tribo.

- Eu não era mais do que umacaco sem pêlos perambulandopelos bosques. — admitiu Kufrancamente, sem a menovergonha — Não sabia falaríngua dos homens, e meus único

amigos eram os tigres e os lobosNão sei quem foi meu povo, nede que sangue sou...

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- Isso não importa. —nterrompeu Khor-nah — Você te

todo o aspecto dessa tribo fora-daei que vivia no Vale do Tigre e qupereceu na Grande Inundação. Masso pouco importa. Te

demonstrado ser um valenteguerreiro e um eficiente caçador.

- Aonde encontraria um joveque lhe igualasse no arremesso dança e na luta corpo a corpo? —

perguntou Am-Ra, com os olho

entusiasmados.- Está certo. — concordou Kho

Nah — É um orgulho para a trib

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da montanha do mar, e justamentepor isso deveria controlar melho

sua língua e aprender a reverenciaas coisas sagradas do passado e dopresente.

- Eu não faço brincadeiras —disse Kull sem malícia —, mas seque muitas das coisas que osacerdotes dizem são mentiraspois eu mesmo já vivi com os tigree conheço as bestas selvagenmelhor que os sacerdotes. O

animais não são nem bons nemmaus, mas os homens, com suuxúria e avidez que lhes são

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características...- Mais blasfêmias! —

nterrompeu Khor-nah aborrecid— O homem é a criação maimagnífica de Valka!

Am-ra interveio então parmudar de assunto.

- Esta manhã, eu ouvi som dtambores na costa. Há guerra nmar. Valúsia luta contra os pirataemurianos.

- Eu só desejo má sorte a ambo

os lados. — grunhiu Khor-nah.- Valúsia! — exclamou Kull, co

os olhos novamente acesos — A

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terra dos encantamentos! Algudia, verei a grande Cidade da

Maravilhas.- Maldito será o dia em quconseguir — advertiu Khor-Nacom dureza — Estará enrolado ecorrentes e sobre ti cairá o espectroda tortura e da morte. Nenhuhomem da nossa raça chega Cidade das Maravilhas, a não secomo escravo.

- Que a má sorte caia sobre ela

— murmurou Am-ra.

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- Que seja uma sorte negra e udestino vermelho! — Exclamo

Khor-nah, brandindo o punho paro leste — Que, para cada gota dsangue atlante derramada, por cadescravo que leva em suas galerascaia uma praga negra sobre Valúsia e os Sete Impérios!

Am-ra, entusiasmado, ergueu-sde um pulo e repetiu parte dmaldição, enquanto Kultranqüilamente, cortava um novo

pedaço de carne.- J á lutei contra os valusianos —

disse —, e devo admitir que s

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mostraram muito valentes ematalha, mas não foram difíceis d

matar. Tampouco pareciam tãomalvados.- Porque você só lutou contra o

frágeis soldados da costa norte —grunhiu Khor- nah —, ou contra atripulações dos navios mercanteestacionados na costa. Espere teque enfrentar a força doesquadrões negros das legiões dValúsia, ou contra o Grand

Exército, como eu fiz. Isso sim qué bom! Havia sangue até para s

eber! Junto com Gandaro, o d

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ança, percorri a costa valusianaquando ainda era mais jovem qu

você, Kull. Ah, aqueles sim foraons tempos. Levamos a tocha e espada para os lugares maiprofundos do império. Éramoquinhentos homens, procedentede todas as tribos ribeirinhas dAtlântida. Mas só quatrregressaram! O grosso doesquadrões negros nos dizimou naproximidades da região do povo

dos Falcões, que antes havíamoncendiado e saqueado. Ali, a

espadas e lanças saciaram sua sed

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de sangue. Esquartejamos e fomoesquartejados, mas, uma vez que o

gritos de batalha cessaram, sóquatro de nós conseguimos escapado campo, e nós quatro estávamocheios de ferimentos.

- Ascalante me disse que amuralhas da Cidade de Cristal tê

dez vezes a altura de um homem

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— disse Kull que não desejavmudar de assunto — Que o brilh

do ouro e da prata era capaz ddeslumbrar qualquer um, e que amulheres que enchem as ruas ouaparecem nas janelas vão vestidacom estranhas túnicas que rangeme brilham ao mover-se.

- Quem melhor poderia sabedisso que Ascalante? — disse Khonah, endurecendo o rosto — Foescravo lá durante tanto tempo qu

acabou esquecendo seu bom nomatlante, e teve de conformar-sdesde então com o nome valusiano

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que lhe puseram.- Entretanto, ele consegui

fugir. — comentou Am-ra.- Certo, mas para cada escravque consegue escapar das correntedos Sete Impérios há pelo menosete que apodrecem nas masmorrae morrem a cada dia, pois nenhumatlante foi feito para suportar escravidão.

- Temos sido inimigos dos Setmpérios desde o alvorecer do

tempos. — murmurou Am-ra.- E continuaremos sendo até qu

o mundo se acabe — disse Khor

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nah com uma selvagem satisfação—, pois a Atlântida, graças a Valka

é inimiga de todos os outrohomens.- Am-ra se ergueu, pegou su

ança e se preparou para fazer guarda do acampamento. Os outrodois se deitaram na gramadispostos a dormir. Com qusonharia Khor-nah? Talvez couma batalha, ou com o retumbados búfalos, ou com uma mulhe

das cavernas. Quanto a Kull...Através da neblina de se

sonho, soou fraca e distante

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dourada melodia das trombetasNuvens de radiante esplendo

flutuavam sobre ele; então, umamagnífica visão surgiu no seusonho. Uma grande multidão sestendia à distância, e chegava atéeles um rugido tormentosoexpressado em uma línguestranha. Se percebia um leve matide aço se entrechocando, e grandeexércitos negros se estendiam direita e à esquerda; a neblina s

dissipou, e um rosto surgiunitidamente, destacando-se: umrosto por cima do qual firmava-se

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uma coroa real. Era um rosto comde um falcão, de expressão fria

móvel, com os olhos cinzentocomo o mar frio. Então, a multidãvoltou a gritar: "Viva o rei! Viva o

rei! Viva Kull, o rei!".

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sobressalto. O brilho da luluminava as montanhas distantes

o vento soprava por entre a altrelva. Khor-nah dormia a seu ladoe Am-ra estava de pé, como umestátua seminua de bronze qucontrastava com a luz das estrelasOs olhos de Kull caíram sobre suescassa vestimenta; uma pele deopardo enrolada sobre seu

quadris de pantera. Um bárbarseminu. Os olhos de Ku

rilharam. Kull o rei! Voltoudormir.

Se levantaram pela manhã par

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percorrer o caminho que levava àscavernas da tribo. O sol ainda nã

havia se elevado muito quandodistinguiram o largo rio azul, e acavernas da tribo apareceram emsua frente.

- Vejam! — exclamou Am-ra —Estão queimando alguém!

Diante das cavernas havia sidcolocado um pesado poste, ao quahaviam amarrado uma mulheovem. As pessoas que a rodeavam

com olhares endurecidos, nãomostravam o menor sinal depiedade.

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- Sareeta. — disse Khor-nah coum rosto impassível — Essa vadise casou com um pirata lemuriano.

- Ah! — exclamou uma ancicom olhos petrificados — Minhprópria filha! Trouxe a vergonhpara a Atlântida! Não é mais minhfilha! Seu homem morreu e ela foogada na praia quando o navio fo

atacado pelas embarcações d

Atlântida.Kull olhou para a jovem co

expressão piedosa. Não entendia

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Por que razão aquelas pessoas, queram de seu próprio sangue e raça

tinham tanto ódio dela pelosimples fato de ter escolhido scasar com um inimigo de sua raçaEm nenhum dos olhares dirigidosela, conseguiu distinguir o menosinal de simpatia. Apenas noestranhos olhos azuis de Am-rhavia tristeza e compaixão.

Não havia maneira de saberque refletia o próprio rosto imóve

de Kull. Mas o olhar da mulher sfixou nele. Não havia medo em seuolhos; só uma profunda e vibrant

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súplica. O olhar de Kull pousosobre a pilha de lenha colocada sob

seus pés. O sacerdote, que agorcantarolava uma maldição, nãodemoraria em inclinar-se para pôfogo com a tocha que segurava coma mão esquerda.

Kull percebeu que a mulhehavia sido amarrada ao postmediante uma pesada corrente dmadeira, um objeto muito peculiaque mostrava a típica manufatura

atlante. Não podia cortar aquelacorrentes, porém conseguiu chegaaté dela, abrindo caminho entre

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multidão. Os olhos da mulher nãdeixavam de mirá-lo, suplicantes.

Observou de novo a lenhaevou a mão a uma adaga de longponta de sílex

pendurada em seu cinto. Amulher, ao ver seu gesto, assentiucom um movimento da cabeça uma expressão de alívio sespalhou sobre seus olhos.

Kull agiu tão repentinanesperadamente quanto um

cobra. Puxou a adaga do cinto earremessou com força. Esta scravou um pouco abaixo do coração

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da mulher, matando-nstantaneamente. E, enquanto

multidão permanecia boquiabertaKull girou sobre seus calcanharesse pôs a correr, subindo váriometros pela escarpa íngreme, ágicomo um felino.

A multidão continuou quietaem silêncio durante mais ummomento. Logo, um homem pegoarco e flecha e olhou as escarpapor onde Kull continuava subindo

a ponto de chegar ao topo. Oarqueiro mirou, semicerrando oolhos, e nesse exato momento, Am

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ra, como por acidente, trombounele, atrapalhando-o, e a flecha

partiu para um lado. Logo, Kull jhavia desaparecido no alto dopenhasco.

Ouviu os gritos que lhseguiam. Os membros de suprópria tribo, inflamados pela ânsiade sangue, pareciam ávidos emcapturá-lo e matá-lo, por haveviolado o que para ele não ersenão um estranho e sangrento

código moral.Mas, na Tribo da Montanha d

Mar, não havia nenhum atlant

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capaz de ganhar de Kull na corrida

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O Reino das Sombras

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1) Um rei chega a cavalo

O estrondo dos trompetes se femais forte, como uma profundmaré dourada, como o suavtrovejar das ondas noturnas sobras praias prateadas da Valúsia. Amultidão gritava, as mulhereogavam flores do alto dos telhados

e o repicar rítmico dos cascos dprata ia se aproximando, até que o

nício do poderoso desfile apareceuà vista na larga e branca avenidque rodeava a Torre do Esplendo

com seus capitéis dourados.

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Primeiro vinham otrombeteiros, jovens delgado

vestidos de escarlate, montados cavalo, fazendo soarem longas edelgadas trombetas douradas; emseguida, os arqueiros, homens altodas montanhas; e atrás delesavançavam os homens a pépesadamente armados, com seuargos escudos repicando em

uníssono, com as longas lançaoscilando num ritmo perfeito, ao

compasso de sua marcha. Atrádeles, apareceram os soldados maipoderosos do mundo, os Matadore

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Vermelhos, montados eesplêndidos cavalos, ostentando

suas armaduras, vermelhas desde ocapacete até as esporas. Montavacom expressão de orgulho e o olhadirigido para a frente, mas bemconscientes de toda a gritaria quse precipitou à sua passagem. Eracomo estátuas de bronze e, emnenhum momento, se pôdobservar a menor oscilação nafloresta de lanças que se elevava

acima deles.Atrás daquelas fileiras terrívei

e orgulhosas, vieram o

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mercenários, guerreiros ferozes de aspecto selvagem, homens de

Mu e Kaa-u, e das colinas do lestelhas do oeste. Iam armados coanças e longas espadas,

formavam um grupo compacto quemarchava um pouco à parte doarqueiros da Lemúria. Seguia- lhea leve infantaria da nação, encerrava o desfile um novo grupode trombeteiros.

Um espetáculo magnífico, capa

de causar um feroz estremecimentona alma de Kull, rei da Valúsia, qunão se encontrava sentado no

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trono-topázio, situado em frente régia Torre do Esplendor, ma

montado em seu grande cavalocomo um verdadeiro rei-guerreiroSeu poderoso braço se elevava emresposta à saudação de seuhomens, à medida que estepassavam diante dele. Seus olhoferozes contemplaram quase comndiferença aos alegre

trombeteiros, pararam e seguirampor mais tempo os soldados,

relampejaram com um brilho feroquando os Matadores Vermelhopararam diante dele, fazendo soa

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as armas e recuar os corcéis, parhe apresentarem a saudação

devida à Coroa. Os olhos de Kull sestreitaram ligeiramente ante passagem dos mercenários, que nãcostumavam saudar ninguémMarchavam com os ombroançados para trás, e olharam Ku

diretamente, com ousadia, aindque também com certo apreçoeram olhos cruéis que nãovacilavam; olhos selvagens que

miravam por baixo de sobrancelhae cabeleiras abundantes.

E Kull lhes devolveu um olha

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semelhante. Agradavam-lhe ohomens valentes, e não havia no

mundo homens mais valentes queeles, nem sequer entre as triboselvagens que agora o renegavamMas Kull era impiedoso demaipara sentir qualquer afeição poaquelas tribos. Havia feudodemais. Muitos deles eram antigonimigos da nação de Kull e

embora o nome de Kull fosse agormaldito entre as montanhas e vale

de seu povo, e ele tivesse tentadotirá-los de sua mente, aindpermaneciam os velhos ódios

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antigas paixões. Porque Kull nãera valusiano, mas atlante.

Os exércitos sumiram de vistado outro lado da Torre dEsplendor, resplandecente dgemas, e Kull fez girar o seu cavale dirigiu-se para o palácio, fazendoo animal avançar a passo lentoenquanto falava da vistoria datropas com os comandantes qucavalgavam a seu lado. Em suforma de se expressar, não usava

muitas palavras, mas dizia muito.- O exército é como uma espad

— disse Kull —, e não devemo

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permitir que enferruje.Cavalgaram lentamente pel

ampla avenida, sem que Kuprestasse a menor atenção aorumores, que lhe chegavam dmultidão que ainda abarrotava aruas.

- Esse é Kull! Está vendo? PoValka! Que rei! E que homemObserve seus braços! Veja quombros tem!

E tampouco, ele prestou atençã

a outra categoria de sussurrosexpressados em tons mais baixos:

- Kull! Hah! O maldit

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usurpador que veio das ilhapagãs... É uma vergonha para

Valúsia, que um bárbaro tenha snstalado no trono dos reis.Esses comentários pouc

mportavam a Kull. Ele havia sapoderado, com mãos firmes, dotrono em decadência da antigValúsia, e agora sustentava a corocom mãos ainda mais firmes, comoum homem contra uma nação.

Ele chegou à sala do conselho,

palácio social onde respondia àfrases formais e elogios das damae cavalheiros, divertido ante tai

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frivolidades, ainda que spreocupasse em escondê-lo

cuidadosamente. Logo, as damascavalheiros se despediramformalmente, Kull se reclinou sobro trono de arminho e se dedicou aoestudo das questões de estado, atque um auxiliar solicitou permissãopara falar diante do grande rei eapós recebê-lo, anunciou a chegadde um emissário da embaixadpicta.

Kull afastou seus pensamentodo complicado labirinto daquestões do governo da Valúsia,

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contemplou o picto com expressãopouco amistosa. O homem lh

devolveu o olhar sem piscar sequerEra um guerreiro de quadris ágeispeito maciço, de estatura medianaestrutura forte e pele escura, comotodos de sua raça. Naqueles traçofortes e imóveis, se sobressaíamolhos impávidos e inescrutáveis.

- Ka-nu, chefe dos conselheiros mão direita do rei dos pictos, lheenvia suas saudações e diz: "N

festa da lua cheia, há um trono parKull, rei de reis, senhor entre osenhores, imperador da Valúsia".

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- Bem. — respondeu KullDiga ao velho Ka-nu, embaixado

das ilhas ocidentais, que o rei dValúsia beberá vinho com elequando a lua brilhar sobre amontanhas de Zalgara.

O picto, no entanto, não foembora.

- Tenho algo a dizer ao rei, algnão apropriado para os ouvidodestes escravos. - disse, com umgesto depreciativo da mão ao

presentes.Kull despachou seus auxiliare

com uma única palavra, e observou

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cautelosamente o picto. O homese aproximou dele um pouco mais

aixou o tom de sua voz.- Venha a sós esta noite, para festa. Foram essas as palavras dmeu chefe.

Os olhos do rei se estreitaramrilharam friamente, como espada

de aço cinza.- A sós?- Sim.Olharam um ao outro, e

silêncio, com sua mútua inimizadtribal disfarçada sob a capa dformalidade que rodeava o

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encontro. Suas bocas falavam inguagem civilizada, expressavam

as frases convencionais da corte duma raça muito civilizada que nãoera a sua, mas nos olhos de ambopodia-se observar as tradiçõeprimitivas de uma selvageriaelementar. Kull poderia ser o rei dValúsia, e o picto, um emissáriodiante de sua corte. Mas ali, nsalão do reino, só havia doihomens tribais que se olhavam com

ferocidade e cautela, enquanto ofantasmas das guerras selvagens edos feudos antigos continuavam

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sussurrando em suas mentes.O rei, contudo, tinha

vantagem de sua posição edesfrutava-a plenamente. Com maxilar apoiado numa das mãosobservou o picto, que permaneceudiante dele como uma estátua d

ronze, com a cabeça jogada partrás e os olhos imperturbados.

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Sobre os lábios de Kull sestendeu um sorriso.

- Então, você quer que o rei vassim, sozinho?

A civilização havia lhe ensinada falar de forma indireta. Os olho

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escuros do picto brilharam, mas elnão disse nada.

- E como o rei sabe que vocêemissário de Ka-nu?- Eu o falei. — foi a ásper

resposta.- E desde quando um picto diz

verdade? — zombou Kull, sabendperfeitamente que os pictos nãomentiam nunca, mas utilizando seucomentário como forma de irritar ohomem.

- Percebo seu plano, meu rei. —disse o picto, com expressãomperturbável — Você deseja m

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rritar. Por Valka, que não precisse esforçar muito! Já me sint

rritado o bastante. E lhe desafio me enfrentar num duelo, comespada, lança ou adaga, seja a pé oua cavalo. Sois um rei ou uhomem?

Nos olhos de Kull surgiu aqueladmiração, que um guerreiro se vêobrigado a sentir de má-vontaddiante de um inimigo tão diretomas não desperdiçou

oportunidade de aborrecer umpouco mais o seu antagonista.

- Um rei não aceita o desafio d

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um selvagem sem nome — elealfinetou —, e tampouco o

mperador da Valúsia rompe trégua devida aos embaixadoresTem minha permissão para partirDiga a Ka-nu que irei só.

Os olhos do picto brilharacom uma expressão assassinaEvidentemente, estava possuídpela ânsia primitiva de sangueapós um instante, virou as costas aorei da Valúsia, cruzou a sala do

trono e desapareceu do outro ladoda enorme porta.

Kull voltou a se reclinar sobre

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trono de arminho e retomou sumeditação.

Quer dizer que o chefe dconselho dos pictos queria que elcomparecesse sozinho? Mas poqual motivo? Seria uma traiçãoCom expressão carrancuda, Kuevou a mão ao cabo de sua grand

espada. Mas não, isso não podiser. Os pictos valorizavam demais aliança com a Valúsia, para rompêa por qualquer razão feudal. É

verdade que Kull fora um guerreirda Atlântida e inimigo hereditáriode todos os pictos, mas ele também

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era rei da Valúsia, o mais poderosoaliado dos homens do ocidente.

Meditou durante longo tempsobre aquela estranha situação, quhavia terminado por transformá-loem aliado de antigos inimigos, e emnimigo de antigos amigos

Levantou-se e caminhou, inquietopelo salão, com os passos rápidos silenciosos de um leão.

Havia quebrado as correntes damizade, da tribo e da tradição par

satisfazer sua ambição. E, poValka, deus dos mares e da terraque ele havia cumprido sua

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ambições! Havia se transformadem rei da Valúsia, uma nação em

decadência e degeneração, que viviem sonhos graças às glórias dopassado, mas que continuava sendoum território poderoso, e o maiodos Sete Impérios. Valúsia, o Reindos Sonhos, como chamavam-na ohomens das tribos. Às vezes, Kutinha a sensação de mover-se comonum sonho.

Lhe eram estranhas as intriga

da corte e do palácio, do exército do povo. Tudo

aquilo lhe parecia uma farsa, n

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qual homens e mulheres ocultavamseus verdadeiros pensamento

atrás de uma máscara de suavidadeE, no entanto, lhe forrelativamente fácil apoderar-se dotrono, um simples aproveitamentoda oportunidade que se lhapresentou, o rápido giro daespadas, o assassinato de um tiranodo qual os homens estavammortalmente fartos, a conspiraçãorápida e poderosa, com ambicioso

homens de estado que haviamperdido os benefícios da corte... sósso bastara para que Kull,

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aventureiro errante, o exiladoatlante, se elevasse até as altura

mais vertiginosas de seus própriosonhos, se transformasse no senhoda Valúsia, no rei dos reis.

Agora, no entanto, parecia quse apoderar do trono lhe fora maifácil que conservá-lo. A imagedaquele picto despertara, em sumente, velhas associações juvenis, violência livre e selvagem de suauventude. E agora, uma estranh

sensação de inquietude, drrealidade, ia ultimamente s

apoderando dele. Quem era ele, u

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homem dos mares e damontanhas, para governar uma raç

que conhecia os estranhos terríveis misticismos dantiguidade? Uma raça antiga que..

- Sou Kull! — exclamou drepente, lançando a cabeça partrás como um leão, fazendo ondulasua cabeleira — Sou Kull!

Seu olhar de falcão percorreusalão inteiro. Recuperou novamenta confiança em si mesmo... E, nu

nicho escuro do salão, um tapete smoveu... ligeiramente.

2) Assim falaram os silenciosos

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salões da Valúsia

A lua ainda não havia s

elevado, e o jardim se encontravaluminado por tochas, quando Kuse sentou no trono, diante da mesde Ka-nu, embaixador das ilhaocidentais. À sua direita se sentavao ancião picto, tão diferente dcomo poderia ser qualqueemissário daquela raça ferozPorque, de fato, Ka-nu era anciãosábio em questões de estado

Envelhecera praticando esse jogo.Não havia nenhum ódi

evidente em seus olhos, qu

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observavam Kull com expressãoagradável; seu bom juízo não se vi

dificultado por nenhuma tradiçãotribal. Aquele tipo de teia-dearanha havia sido eliminado, graçaà sua prolongada associação com ohomens de estado das naçõecivilizadas. A pergunta que semprsurgia na mente de Ka-nu não era"Quem e o que é este homem?mas primeiramente: "Posso utilizaeste homem, de que forma?"

Quanto aos prejuízos tribais, ele outilizava unicamente em benefíciode seus próprios planos.

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Kull observou Ka-nurespondendo brevemente sua

perguntas, enquanto se perguntavse a civilização não estava lhetransformando em alguém como opictos, porque Ka-nu era suave

arrigudo. J á havia se passadmuitos anos desde a última vez quKa-nu segurara uma espada. Clarque ele agora era velho, mas Kutinha visto outros de maior idadutando na vanguarda das batalhas

Os pictos eram uma raça dongevos. Ao lado de Ka-nu havi

uma bela moça, dedicada a encher

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he a taça, e por Valka que nãodeixava de ter trabalho. Enquant

sso, Ka-nu mantinha uverdadeiro rio de piadas comentários, e Kull, apesar dsentir por dentro um certodesprezo por tanta tagarelice, nãoperdia um só detalhe do humosagaz do velho.

No banquete, estavam presentechefes e homens-de-estado pictosestes últimos de atitudes joviais

naturais, enquanto os guerreiros smostravam formalmente cortesesmas evidentemente moderados em

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suas afinidades tribais. Com certtom de inveja, Kull era bastant

consciente da liberdade naturalidade com que sdesenrolava o espetáculo noturnoem contraste com outras situaçõesimilares da corte valusiana. Esstipo de liberdade era o quprevalecia nos rústicoacampamentos da Atlântida. Kuencolheu os ombros. Afinal dcontas, Ka-nu, que parecia te

esquecido que era um picto comrelação a costumes e preconceitoantigos, não deixava de ter razão ao

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considerar que Kull deveria stransformar num valusiano, tanto

em mentalidade quanto no nome.Finalmente, quando a luchegou a seu zênite, Ka-nu, quhavia comido e bebido por três dohomens ali presentes, se reclinousobre seu divã, lançou um suspirode satisfação e disse:

- Agora já podem ir emborameus amigos, porque o rei e eutemos que falar de coisas que não

preocupam as crianças. Sim, voctambém, minha linda. Mas mdeixe primeiro beijar estes lábio

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de rubi... assim. Não, nada ddanças, minha rosa em flor.

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Os olhos de Ka-nu piscaracom malícia por cima de sua barbranca, ao mesmo tempo em qu

observava Kull, que, sentado bemereto, mantinha uma atitude severe intransigente.

- Certamente — disse drepente o velho estadista —, estpensando que Ka-nu não é maique um velho inútil, que já não

serve para nada, exceto beber vinhoe beijar as prostitutas.

Na verdade, esse comentári

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estava tão de acordo com overdadeiros pensamentos de Kull,

fora exposto de uma forma tãoclara, que Kull se sentiassombrado diante da perspicácido velho, embora não desse menor mostra disso.

Ka-nu pôs-se a rir, e sua pançse sacudiu com as risadas.

- O vinho é vermelho, e amulheres, suaves. — acrescentoucom expressão tolerante — Mas.

há, há!... não creia que o velho Kanu permita que nada se interponhnos assuntos de estado.

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Voltou a lançar uma gargalhadae Kull se remexeu, inquieto, em se

assento. Dava a impressão de questava zombando dele, e os olhocintilantes do rei começaram

rilhar com luz felina. Ka-nu tomoa jarra de vinho, encheu a taça olhou Kull com atitudnterrogativa, e este fez um aceno

negativo com a cabeça, irritado.- Ah, como queira. — disse Ka

nu com tom afável — É preciso um

cabeça velha como a minha, parsuportar a bebida. Já estoenvelhecendo, Kull, de modo qu

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não faz falta que os jovens invejemos prazeres que os velhos aind

possam encontrar. Ah, sim, estoficando velho e enrugado, vouficando sem amizades nemalegrias.

No entanto, nem seu aspectnem sua expressão faziam jus suas palavras. Tinha o rostvermelho e bastante aceso; os olhohe brilhavam, a ponto de sua barbranca parecer incongruente. D

fato, seu aspecto pareceu um tantomágico a Kull, que experimentoum vago ressentimento por isso. O

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velho havia perdido todas avirtudes primitivas próprias de sua

raça e da raça de Kull, apesar dque parecia sentir-se muitoconfortável com sua idade.

- Peço que você me ouça, Kull —prosseguiu Ka-nu, levantando udedo em advertência —, porquesta é uma boa oportunidade parelogiar um homem jovem e, noentanto, devo expressar meuverdadeiros pensamentos par

ganhar sua confiança.- Se acha possível consegui-l

por meio de adulação...

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- Tolice. Quem aqui falou eadulação? Só adulo alguém par

pegá-lo desprevenido.Nos olhos de Ka-nu apareceuma brilhante faísca, e umresplendor frio que não combinavcom seu sorriso indolente. Elconhecia os homens e sabia quepara alcançar seus fins, deveria semostrar bem direto com est

árbaro felino, que, assim como umobo que farejara a presença d

uma serpente, detectaria, sem menor dúvida, qualquer falsidadque pudesse aparecer no fiar da sua

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teia-de- aranha de palavras.- Você tem poder, Kull. — el

prosseguiu, escolhendo suapalavras com muito mais cuidadodo que costumava empregar noconselhos da nação — Suficientpara lhe transformar no maipoderoso dos reis e restauraalgumas das glórias passadas dValúsia. Na verdade, a Valúsia mmporta muito pouco, embora sua

mulheres e seu vinho sejam

excelentes, a não ser pelo fato dque quanto mais forte seja Valúsia, tanto mais forte ser

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também a nação pictaPrincipalmente agora que, com u

atlante no trono, cabe esperar que Atlântida fique finalmente unida...Kull pôs-se a rir com uma dur

expressão de zombaria. Ka-nacabava de tocar numa velha ferida

- Na Atlântida, meu nome foamaldiçoado quando fui emboraem busca de fama e fortuna entras cidades do mundo. Nós... elesão eternos inimigos dos Set

mpérios, e os maiores inimigodos aliados dos Impérios. Deverisabê-lo.

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Ka-nu acariciou a barba e sorrienigmaticamente.

- Bem, vamos deixar isso dado, embora eu saiba muito bemdo que estou falando. Uma veconseguida a união, deixará dhaver guerras nas quais ninguémganha nada. J á imagino um mundde paz e prosperidade, em que ohomem ame a seus semelhantes, ao

em supremo. E isso é algo qupoderá conseguir... se viver.

- Hah!A mão ágil de Kull desce

rapidamente para o cabo de su

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espada, e ele meio se ergueu emseu assento, com um movimento

repentino, tão cheio de dinamismoque Ka-nu, que imaginava ohomens tal e como se imaginam ocavalos de sangue puro, sentiu queo sangue lhe acelerava com umrepentina emoção. Por Valka, quguerreiro! Tinha nervos e fibras daço e fogo, tudo isso combinado uma perfeita coordenação, com onstinto de luta próprio de um

guerreiro terrível.Mas, no tom suavement

sarcástico que usou ao falar, não

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mostrou nada do entusiasmo qusentia.

- Tolice! Continue sentado. Vejao seu redor. Os jardins estãdesertos, os assentos vazios. Nãhá ninguém, exceto nós. E não termedo de mim, certo?

Kull voltou a sentar-se e olhocautelosamente à sua volta.

- Essa é a atitude do selvagem— sussurrou Ka-nu — Acaso vocacredita que, se eu tivesse tido

ntenção de traí-lo, o faria aquionde todas as suspeitandubitavelmente recairiam sobr

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mim? Vamos! Os jovens ainda têmuita coisa que aprender. A

estavam antes meus chefes, quenão se sentiam à vontade porquvocê nascera nas montanhas dAtlântida, e me despreza em suconsciência porque sou apenas umpicto. Tolice. Eu lhe vejo como Kulrei da Valúsia, e não como ompiedoso atlante, chefe dos qu

assolaram as ilhas ocidentais. Dmesmo modo, não deveria ver em

mim um picto, mas um homem dcaráter internacional, uma figura domundo. Mas escute o que diz ess

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figura: se amanhã você fosseassassinado, quem seria o rei?

- Kaanub, barão de Blaal.- O próprio. Me oponhoKaanub por várias razões, masmaioria de nós não se opõe a eleporque não é nada mais do quuma pessoa presunçosa.

- Como assim? Foi meu maioadversário, mas não tenho notícide que defendesse nenhuma outrcausa mais que a sua.

- A noite pode ouvir as palavras— disse Ka-nu indiretamente — Hmundos dentro dos mundos. Ma

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pode confiar em mim, e tambémem Brule, o lanceiro. Veja.

Tirou de duas dobras da túnicum bracelete de ouro, qurepresentava um dragão aladoenroscado três vezes, com trêschifres de rubi na cabeça.

- Examine-o atentamente. Brulo levará no braço, quando estiver aseu lado amanhã à noite, para qupossa reconhecê-lo. Confie eBrule como em você mesmo, e faç

o que ele lhe disser. E, como provde confiança do que eu lhe digoveja!

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E então, com a rapidez de ufalcão que lança uma bicada sobr

sua presa, o ancião tirou algo ddentro da túnica, algo que emitiuuma estranha luz verde sobre elese que ele voltou a guardanstantaneamente.

- A gema roubada! — exclamoKull, recuando — A jóia verde dTemplo da Serpente! Por ValkaVocê! E por que está me mostrandagora?

- Para salvar-lhe a vida. Para lhdemonstrar que pode confiar emmim. Se eu trair sua confiança, faç

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de mim o que quiser. Você teminha vida em suas mãos. Agor

eu já não poderia ser falso comvocê, mesmo que quisesse, poiuma só palavra sua seria minhcondenação.

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Apesar de todas aquelapalavras, o velho parecia contente

amplamente satisfeito consigomesmo.- Mas, por que me dá este pode

sobre você? — perguntou Kull, quse sentia cada vez maidesconcertado.

- J á lhe disse. E agora, como vênão tenho a menor intenção denganá-lo, de modo que amanhã noite, quando Brule estiver a se

ado, siga seus conselhos sem menor sombra de medo de umpossível traição. Agora, basta. Um

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escolta lhe espera lá fora, paracompanhá-lo de volta ao palácio

meu senhor.Kull se levantou.- Mas você não me disse nada.- Vamos, que impacientes são o

ovens! — Ka-nu parecia um magtravesso, agora mais do que nunc— Vá sonhar com os tronos, compoder e os reinos, enquanto eusonho com o vinho, as mulheremacias e as rosas. E que a bo

fortuna cavalgue convosco, rei KullAo abandonar o jardim, Ku

olhou por cima do ombro, par

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onde Ka-nu continuava reclinadndolentemente, com todo aquel

aspecto de um ancião satisfeito qurradiava toda a jovialidade domundo.

Bem na saída do jardim, lhesperava um guerreiro montado acavalo. Kull ficou um poucosurpreso, ao verificar que se tratavado mesmo homem que havia lhcomunicado o convite de Ka-nuNão trocaram uma só palavra

enquanto Kull saltava sobre a cela eles percorriam as ruas desertasfazendo soar os cascos dos cavalos.

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O colorido e a alegria do dihaviam dado lugar à estranh

quietude da noite. A antiguidadda cidade se manifestava muitomais sob a luz prateada da lua. Aenormes colunas das mansões dos palácios se elevavammponentes em direção às estrelas

As amplas avenidas, silenciosasdesertas, pareciam se elevanterminavelmente, até s

perderem na escuridão das zona

altas. Como escadas que levam àestrelas, pensou Kull, com sumente imaginativa inspirada pela

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estranha grandiosidade do cenário."Clang, clang, clang!", soavam o

cascos com ferraduras de pratsobre as ruas amplas, banhadapela luz da lua. Mas, além dissonão se percebia o menor ruído. Otempo de existência da cidade, suncrível antiguidade, chegavam a

ser quase opressivos para o rei; ercomo se aqueles grandes edifíciosilenciosos estivessem zombandodele, sem o menor ruído, com um

mofa indecifrável. Que segredos sescondiam naqueles edifícios?

''Você é jovem, mas nós somo

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antigos", pareciam lhe dizer opalácios, os templos e santuários

"O mundo estava animado peluventude, quando fomos erigidosVocê e sua tribo passarão, mas nósomos invencíveis, indestrutíveisNos erguemos sobre um mundestranho, enquanto a Atlântida e Lemúria surgiram dos maresreinaremos quando as águas verdesuspirarem por mais de umfantasma inquieto, por cima do

capitéis da Lemúria e damontanhas da Atlântida, continuaremos reinando quando a

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lhas dos homens ocidentais stransformarem nas montanhas d

uma terra estranha. Quantos outroreis nós vimos desfilar por estamesmas ruas, antes que Kull dAtlântida fosse apenas um sonhna mente de Ka, o pássaro dcriação! Continue cavalgando quanto quiser, Kull da Atlântidaporque outros maiores que você lhseguirão, do mesmo modo qufizeram antes, transformados agora

em pó e esquecidos, enquanto nócontinuamos em pé, e sabemos quexistimos. Cavalga, continu

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cavalgando, Kull da Atlântida, Kuo rei, Kull o estúpido!".

E para Kull, pareceu que o sodos cascos dos cavalos rompia osilêncio da noite, para repetir comseu eco zombeteiro e vazio: "Kull, rei! Kull, o estúpido!".

Brilhe, lua; ilumine o caminhde um rei. Brilhem, estrelas! Soitochas que se estendem nocaminho de um imperador. Soemcascos prateados, anunciem qu

Kull cavalga pela Valúsia.Ei, acorde, Valúsia! É Kull qu

cavalga! Kull, o rei!

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"Conhecemos muitos reispareciam dizer os silencioso

edifícios da Valúsia.E assim, com um humomelancólico, Kull chegou apalácio, onde os homens de suguarda, os Matadores Vermelhochegaram para segurar as rédeas dseu grande cavalo e acompanhaKull até seus aposentos. Assim quchegaram, o picto, que não havidito uma só palavra, fez seu corce

dar a volta com um selvagem puxãodas rédeas, e desapareceu nescuridão, como um fantasma. A

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nstigada imaginação de Kurepresentou-o atravessando a tod

velocidade as ruas silenciosascomo um duende surgido do Reindas Sombras.

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Naquela noite, não houvdescanso para Kull, pois já quasamanhecia, e ele passara o resto dnoite perambulando de um lado outro pelo salão do tronorefletindo sobre tudo o que haviaocorrido. Ka-nu não lhe dissernada concreto e, no entanto, havise colocado completamente emsuas mãos. E o que ele queri

sugerir, ao dizer que o barão deBlaal não era mais que uma pessopresunçosa? Quem era aquele Brul

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que o ajudaria à noite, portando oracelete místico do dragão? E po

quê? Mas, acima de tudo, por quKa-nu havia lhe mostrado a gemverde do terror, roubada há tantotempo do Templo da Serpente, pelqual o mundo se estremeceria emguerras se o soubessem oestranhos e terríveis guardiõedaquele templo, de cuja vingançnem os homens mais ferozes de sutribo poderiam livrar Ka-nu?

Kull, no entanto, refletiudizendo a si mesmo que Ka-nu ssentia a salvo, pois o ancião

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estadista era astuto demais para sexpor sem obter vantagem alguma

Pretendia por acaso pegá-ldesprevenido, e preparar assim ocaminho para a traição? Ka-nu satreveria a deixá-lo viver agora? Nfinal, Kull se mostrou indiferente todas estas perguntas.3) Aqueles que caminham na noite

A lua ainda não havia saídoquando Kull, com a mão no cabo d

sua espada, se aproximou da janelaAs janelas de seus aposentodavam aos grandes jardins interno

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do palácio real, e a brisa da noiteportadora dos aromas das árvores

agitou levemente as tênuecortinas. O rei olhou para fora. Ocaminhos e arvoredos estavamdesertos; as árvorescuidadosamente podadas, não erammais que sombras avultadas; nafontes vizinhas, se refletia a tênuecapa prateada da luz das estrelas, a água das fontes mais afastadas senrolava pela brisa. Não havi

guardas que vigiassem aqueleardins, pois os muros externos s

encontravam tão rigidamente

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vigiados, que parecia impossíveque qualquer intruso pudesse te

acesso a eles.As parreiras subiam pelomuros do palácio, e precisamentquando Kull pensava na facilidadque seria subir por elas, umfragmento de sombra se separou descuridão sob a janela, e um braçomoreno e nu se deslizou sobre oalizar. A grande espada do rei fomeio desembainhada, mas logo

parou. Sobre aquele braçmusculoso, brilhava o bracelete dodragão que Ka-nu havia lh

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mostrado na noite anterior.O dono do braço içou-se sobre

alizar e entrou na estância com omovimentos rápidos e naturais dum leopardo que subia.

- Você é Brule? — perguntoKull.

Parou de repente, surpreso, um tanto aborrecido e receoso, poiaquele homem não era outro, senãoo mesmo que havia lhe escoltado nnoite anterior até o palácio.

- Sou Brule, o lanceiro.respondeu o picto, em voz baixa reservada. E logo, observando

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atentamente o rosto de Kull, dissecom um tom de voz que foi apena

um sussurro: — Ka nama kaajerama!- Ei! O que quer dizer?

perguntou Kull, surpreso.- Não sabe?- Não. Essas palavras não m

são familiares, não pertencem nenhuma língua que eu conheça eno entanto... por Valka, creio tê-laouvido em algum lugar...

- De fato. — foi o úniccomentário do picto. Seu olhapercorreu o escritório do palácio

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Exceto por umas poucas mesas, upar de divãs e umas grande

prateleiras de pergaminhos, moradia estava praticamente vaziaem comparação com o esplendor doresto do palácio.

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http://slidepdf.com/reader/full/kull-exilio-da-atlantida-robert-e-howard 121/1337— Diga-me, meu senhor, que

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guarda a porta?- Dezoito dos Matadore

Vermelhos. Mas, como conseguipenetrar nos jardins à noite escalar os muros do palácio?

- Os guardas da Valúsia sãcomo búfalos cegos. — bufou Brul— Daria para tomar suas mulheredebaixo de seus próprios narizesEscapuli entre eles, sem que mvissem e me ouvissem. Quanto aomuros... eu conseguiria subi-lo

sem a ajuda das parreiras. Ecaçava tigres em praias, cobertapor névoas arrastadas do mar po

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fortes brisas orientais, e escalava oescarpados da montanha do ma

ocidental. Mas chega de conversa.Toque este bracelete. — estendeuraço e, quando Kull, estranhado

fez o que lhe pedia, soltou umaparente suspiro de alívio — BemAgora tire essas roupas reaisporque esta noite lhe esperamcoisas com as quais nenhum atlantamais sonhara.

O próprio Brule só vestia um

pequena tanga, através da quaevava segura uma espada curta e

curva.

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- Quem é você para me daordens? — perguntou Kul

evemente ressentido.

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- Ka-nu não pediu que mevasse em conta em tudo? —perguntou o picto, irritadodeixando aparecer um fulgomomentâneo — Não lhe tenho eexcessiva estima, meu senhor, mapor enquanto afastei de minhmente todo pensamento ddisputa. Faça o mesmo. Mas venha.

Andando sem fazer barulho

cruzou a sala e dirigiu-se à portaUm olho-mágico que havia nestapermitia observar uma parte do

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corredor externo, sem serem vistodo outro lado. O picto pediu a Ku

que olhasse.- O que você vê?- Nada, exceto os dezoit

guardas.O picto assentiu com um gesto

fez sinal a Kull para que o seguissee voltou a cruzar a mansão. Brulparou diante de uma placa, situadna parede oposta, e tateou ummomento com a mão. Logo, co

um movimento rápido, recuou aomesmo tempo em qudesembainhava a espada. Kul

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ançou uma exclamação, ao ver qua placa se deslizav

silenciosamente, se abrindo revelando uma passagemfracamente iluminada.

- Uma passagem secreta! —exclamou Kull em voz baixa — E enão sabia de sua existência! PoValka, que alguém pagará por isto!

- Silêncio! — disse o picto.Brule permaneceu ali, de pé

feito uma estátua de bronze, como

se forçasse cada um de seus nervopara tentar perceber até o som maieve; houve algo, em sua atitude

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que arrepiou os cabelos de Kulnão de temor, mas de ávida

expectativa. Logo, fazendo-lhe ugesto, Brule cruzou a soleirsecreta, que ficou aberta atrádeles. A passagem aparecia nuamas não coberta de pó, como serino caso de tratar-se de um corredosecreto não-utilizado. Uma vaga lugrisalha se filtrava de algum lugarmas não se via de onde chegava. Acada poucos passos, Kull via portas

nvisíveis por fora, ele estava certomas fáceis de distinguir por dentro

- Este palácio é como um favo d

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mel. — murmurou.- É. Você é observado dia

noite, meu senhor. São muitos oolhos que lhe vigiam.O rei ficou impressionado pel

atitude de Brule. O picto continuoavançando lentamente, receosomeio agachado, com a lâmina despada mantida em posição baixa para a frente. Cada vez que falava, fazia em sussurros, e olhava rápide continuamente para um lado

outro. O corredor dava uma voltrusca, e Brule olhou com cautel

para o outro lado.

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- Olhe! — sussurrou — Ma

embre-se que não deve dizer umsó palavra. Nem um som, por suvida.

Kull olhou cautelosamente par

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o outro lado. O corredor mudavapara dar lugar a um lance d

degraus. Kull recuou. Ao pdaqueles degraus, jaziam os corpodos dezoito Matadores Vermelhoque se postaram naquela noite parvigiar a

entrada ao estúdio do rei. Brulagarrou-lhe o poderoso braço; issoe feroz sussurro de sua voz, qusoou bem acima do ombrompediram que Kull descesse d

um salto aqueles degraus.- Silêncio, Kull! Silêncio, e

nome de Valka! — sussurrou o

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picto — Estes corredores estãvazios agora, mas me arrisque

demais ao mostrá-los para que creino que tenho a lhe dizer. Voltemoagora ao seu estúdio.

Retomou seus passos, seguidde perto por Kull, cuja mentestava alvoroçadamentedesconcertada.

- Isto é traição. — sussurrourei, com uma expressão ardente emseus fortes olhos cinzas — Um

vileza feita muito rapidamente! Spassaram alguns minutos, desdque esses homens montavam

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guarda.Novamente no estúdio, Brul

fechou cuidadosamente a placsecreta e sinalizou a Kull para quvoltasse a dar uma olhada peloolho-mágico da porta que levava aocorredor externo. Kull soltou uofego de assombro. Ali forestavam os dezoito guardas!

- Isto é bruxaria! — sussurroucom a espada meio desembainhad— Por acaso são homens morto

que guardam o rei?- Sim. — foi a resposta pouc

audível de Brule, em cujos olho

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faiscantes havia aparecido umestranha expressão. Os doi

homens se olharam fixamente poum momento. As sobrancelhas dKull se enrugaram num gesto destranheza, ao tentarem ler expressão inescrutável. Logo, oábios de Brule, mal se movendo

formaram as palavras: — Aserpente que fala.

- Silêncio! — sussurrou Kull, amesmo tempo em que levava uma

das mãos à boca de Brule — Essapalavras significam a morte. Esse um nome maldito!

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- Olhe de novo, rei Kull. Talvetenham mudado a guarda.

- Não, esses são os mesmohomens. Em nome de Valka, istoruxaria! É loucura! Eu vi, co

meus próprios olhos, os corpodesses homens, faz apenas algunminutos. E, no entanto, aí estãagora, de pé.

Brule recuou, afastando-se dporta e seguido mecanicamentpelo rei.

- Meu senhor, o que sabe sobras traições desta raça à quagoverna?

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- Muito e, no entanto, pouco. AValúsia é tão antiga...

- De fato. — assentiu Brule, coos olhos misteriosamente acesos —Nós não somos mais qu

árbaros... crianças, emcomparação aos Sete ImpérioNem sequer eles mesmos sabemquanto são antigos. Nem aembranças dos homens, nem o

anais dos historiadores recuam oastante para nos dizer quando

chegaram do mar os primeirohomens, e construíram as cidadesobre a costa. Mas, meu senhor, o

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homens nem sempre foramgovernados por homens!

O rei o olhou fixamente. Seuolhares se encontraram.- Sim, entre meu povo há um

enda.- E no meu também! —

nterrompeu Brule — Isso foi anteque nós, das ilhas, notransformássemos em aliados dValúsia. Sim, durante o reinado dLion-fang, sétimo chefe-guerreir

dos pictos, já faz tantos anos quninguém lembra quantoschegamos pelo mar, vindos da

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lhas onde o sol se põe, assolamoas costas da Atlântida e caímo

sobre as praias da Valúsia, comespada e fogo. Sim, essas longapraias brancas ressoaram com oentrechocar das lanças, e a noite focomo o dia, iluminada peloncêndios dos castelos em chamas

E o rei da Valúsia, que morrenaquele triste dia nas areiaavermelhadas de sangue...

Sua voz se dissipou, e os doi

homens permaneceram se olhandofixamente, sem falar durante umtempo. Logo, ambos assentira

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com um gesto.- A Valúsia é antiga! —

sussurrou Kull, com intensidade —As montanhas da Atlântida e Meram ilhas do mar, quando aValúsia ainda era jovem.

A brisa noturna adentrouanela aberta. Não era o ar livre

revigorante do mar que Brule e Kuconheciam e desfrutavam em suaterras, mas um alento, como osussurro do passado

sobrecarregado de mofo, das coisaongamente esquecidas, qu

continha segredos já velhos quando

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o mundo ainda era jovem.Os tapetes se agitaram e, d

repente, Kull se sentiu como umcriança nua diante da inescrutávesabedoria daquele misteriosopassado mítico. Uma sensação drrealidade voltou a se apodera

dele. No fundo de sua almasurgiram fantasmas escuros gigantescos, que lhe sussurravamcoisas monstruosas. Ele percebeque Brule experimentav

pensamentos similares. O olhar dpicto se encontrava fixo em seurosto, com uma intensidade feroz

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Os olhares de ambos voltaram a sencontrar, e Kull experimento

uma cálida sensação dcamaradagem com este membro duma tribo rival. Como se fosseeopardos rivais que se aliavam

para deterem os caçadores, estedois selvagens estabeleceram almesmo um ideal comum contra opoderes inumanos, vindos dantiguidade.

Brule voltou a indicar o caminh

de volta à porta secretaAdentraram novamente passagem, em silêncio, e também

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em silêncio avançaram peloúgubre corredor, tomando dest

vez a direção oposta à seguidanteriormente. Em pouco tempo,picto se deteve e comprimiu-scontra uma das portas secretaspedindo a Kull que olhasse pelolho-mágico escondido.

- I sto leva a uma escada muitpouco utilizada, que conduz a umcorredor, além da porta do estúdio.

Olharam e, nesse momento

apareceu uma figura silenciosa quesubia a escada.

- Tu! O conselheiro-chefe! —

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exclamou Kull — A esta hora dnoite e com a adag

desembainhada! O que significsto, Brule?- Assassinato! E a mais vil da

traições! — respondeu Brule eaixa — Não. — ele acrescentou, a

ver que Kull se dispunha a abrirporta e saltar para a frente —Estamos perdidos seenfrentarmos aqui, pois pode haveoutros, escondidos ao pé da escada

Venha!Quase correndo, se apressara

em voltar pela passagem. Uma ve

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que chegaram ao estúdio, Brulfechou cuidadosamente a port

atrás deles, e logo cruzou oescritório, dirigindo-se para umsala que raramente era utilizadaAli, afastou uns tapetes que havianum canto escuro, arrastou Kuconsigo e ambos se colocaram atrádeles.

Os minutos se passaram. Kuouvia o som da brisa que penetravapela outra sala, fazendo oscilar a

cortinas, e lhe parecia o murmúriodos fantasmas. Logo, cruzandosoleira, apareceu a figura de Tu, o

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conselheiro-chefe do reiEvidentemente, havia chegado a

escritório e, ao encontrá-lo vazioprocurava sua vítima lá, onde maiprovavelmente estaria.

Aproximou-se com a adagerguida, avançando em silêncioParou por um momento contemplou a estânciaaparentemente vazia, pois estavadebilmente iluminada por uma sóvela. Depois, avanço

cautelosamente, aparentementdesconcertado ao não entender ausência do rei. Se deteve diante d

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esconderijo- Mate! — sussurrou o picto.

Num único e poderoso saltoKull fixou-se no meio da pequencâmara. Tu saltou por sua vez, maa velocidade relampejante e felindo ataque não lhe deu a menooportunidade para defender-se contra-atacar. O aço da espadfaiscou à luz fraca e fez o ossoranger, ao mesmo tempo em queTu recuava, cambaleante, com

espada de Kull enfiada entre oombros.

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Kull se inclinou sobre ele, coos dentes à mostra numa careta d

assassino, com as sobrancelhacheias enrugadas sobre olhos qupareciam o gelo cinza do maglacial. E então, soltou o cabo despada e recuou, abalado aturdido ao sentir a mão da mortpousada sobre suas costas.

Porque, enquanto observava, orosto de Tu tornou-sestranhamente escuro e irreal; o

traços se esfumaçaram recombinaram de uma formaparentemente impossível, par

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ogo, como uma máscara de névoque se desvanecera, desaparece

repentinamente e deixar, em seuugar, uma monstruosa cabeça dserpente.

- Por Valka! — exclamou Ku

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oquiaberto, com a testa molhadpor um suor repentino — Po

Valka! — repetiu.Brule se inclinou para a frentecom o rosto imóvel. Mas seus olhoacesos refletiam algo do horror queo próprio Kull experimentava.

- Pegue sua espada de voltameu senhor. — ele disse — Outraproezas ainda os esperam.

Vacilante, Kull avançou a mãpara o cabo. A carne lhe formigo

ao apoiar um pé sobre o horror quazia a seus pés, e, quando um

contração muscular fez aquela boc

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horrível se abrir de repente, elrecuou com uma sensação d

náusea. Finalmente se armando dcoragem, ele puxou a espada contemplou mais atentamentaquela coisa sem nome que haviconhecido como Tu, o conselheirochefe. Exceto pela cabeça reptilianaaquilo era a réplica exata de umhomem.

- Um homem com cabeça dserpente! — murmurou Kull — S

trata, então, de um sacerdote dodeus serpente?

- Sim. Você dorme sem sabê-lo

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Estes inimigos podem adquirirforma que quiserem. Mediante u

encantamento mágico ou algosimilar, podem lançar uma nuvemde magia sobre seus rostos, comofaria um ator com uma máscarapara assim se parecer com qualqueum que escolham.

- Então, as velhas lendaestavam certas. — sussurrou o re— Essas horríveis e velhahistórias, que poucos se atrevem

contar, para não morrerem comolasfemos, não são fantasias. Po

Valka, eu havia imaginado... havi

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suposto. Mas isto parece que vaalém dos limites da realidade. E

Os guardas que estãodo outro lado da porta...- Também são homens-serpente

E agora, o que faremos?- Mataremos a todos! —

respondeu Kull entre dentes.- Neste caso, golpeie no

crânios. — disse Brule — Dezoitesperam do outro lado da porta, talvez haja mais nos corredores

Ouça-me bem, meu senhor. Ka-nficou a par deste complô. Seuespiões se infiltraram nas mai

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ntrincadas fortalezas dosacerdotes-serpentes, e lh

comunicaram indícios do que stratava. Faz muito tempo que eldescobriu as passagens secretas dopalácio e, às suas ordens, mdediquei a estudá-las e chegueaqui à noite para ajudá-lo, parmpedir que morresse como

morreram outros reis da ValúsiaVim a sós pela simples razão dque, no caso de ter sido mais

poderíamos levantar suspeitas, etalvez não pudéssemos adentrasorrateiramente o palácio, como eu

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fiz. Os homens-serpente guardasua porta, e esse, conhecido como

Tu, poderia fazer entrar no palácia quem quisesse; pela manhã, se osacerdotes fracassassem, overdadeiros guardas voltariam ocupar seus postos, sem sabenada, sem lembrar de nada; estariam ali para levarem a culpacaso os sacerdotes alcançassemseus propósitos. Mas fique aquenquanto me ocupo em dar sumiço

neste cadáver.E, após dizer isto, o picto lanço

aos ombros aquela coisa horrível

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desapareceu com ela por outrplaca secreta. Kull ficou a sós, co

a mente atordoada. Neófitos dpoderosa serpente... quantos sesconderiam entre suas cidadesComo ele poderia distinguir o falsdo verdadeiro? Quantos doconselheiros, dos generais em quconfiava, eram homensverdadeiros? Em quem podericonfiar?

A placa secreta se abriu par

dentro e Brule entrou novamentno escritório.

- Você foi rápido.

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- Sim. — disse o guerreiro, quavançou alguns passos e olhou par

o chão — Há sangue no tapete, estvendo?Kull se inclinou para a frente

pelo canto do olho, distinguiu ummovimento confuso, um brilho daço. Ficou em pé de um salto, coma corda de um arco. O guerreiro sdobrou sobre a espada, deixando sua cair ao chão. Nesse instanteKull ainda teve tempo de pensar n

adequado que era o fato do traidoencontrar a morte através do golpdeslizante para cima, tão utilizado

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pelos de sua raça. Depois, quandBrule começou a escorregar d

espada para cair imóvel ao solo, orosto começou a mudar e sextinguir, e Kull conteverespiração, com os cabeloarrepiados, enquanto observavacomo aqueles traços humanodesapareciam e as mandíbulas duma grande serpente ficavamhorrivelmente abertas, com seuterríveis olhos fitando-lhe

venenosamente, mesmo nomomento da morte.

- Ele também era um sacerdote

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serpente! — exclamou o rei — PoValka! Um plano perspicaz para m

pegar desprevenido! E Ka-nu? É uhomem? Foi com Ka-nu que econversei nos jardins? Valka TodoPoderoso! — e sua pele lhformigou ante um horrívepensamento — Por acaso, o povo dValúsia são homens, ou são todoserpentes?

Ele permaneceu indeciso, sedeixar de contemplar aquela cois

chamada Brule, que agora já nãusava o bracelete do dragão. Entãoum ruído o fez dar meia-volta.

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E Brule apareceu pela portsecreta.

- Alto aí! — Sobre o braçoevantado num gesto instintivopara conter a espada do rei

rilhava o bracelete do dragão —Por Valka!

O picto parou repentinamente eao compreender o ocorrido, umsorriso inexorável se estendeusobre seus lábios.

- Pelos deuses dos mares! Este

demônios são incrivelmentpoderosos. Esse devia estaescondido nas passagens e, ao m

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ver passar levando o cadáver dooutro, assumiu minha aparência

Agora tenho outro para carregar.- Um momento! — exclamoKull com tom de ameaça na voz —Esta noite, vi dois homens stransformarem em serpente diantde meus próprios olhos. Como seque você é um homem de verdade?

Brule pôs-se a rir.- Por duas razões, rei Kul

Nenhum homem-serpente usa isto

— ele disse, apontando o braceletdo dragão — E tampouco poddizer as palavras: Ka nama ka

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ajerama.Também era a segunda vez qu

ele as ouvia aquela noite, e Kull arepetiu mecanicamente.- Ka nama kaa lajerama. Mas

essas palavras e, no entanto... ondouvi isso, em nome de Valka? Nãconheço...

- Ah, deve lembrá-las, Kull. —disse Brule — Essas palavras devemestar escondidas nos escurocorredores da memória; ainda qu

não as tenha ouvido nesta vida, emeras passadas deviam estar tãoterrivelmente impressas em su

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alma-mente, que jamais morrerame sempre farão soar uma débi

corda em sua memória, mesmo quvocê reencarne durante um milhãode anos. Porque essa frase sorigina secretamente das eratenebrosas e sangrentas, e desdentão, durante incontáveis séculosformaram o código da raça dohomens que lutava contra os serehorripilantes do Reino daSombras. Pois ninguém pod

pronunciá-las, exceto umverdadeiro homem entre ohomens, cujas mandíbulas e boc

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estejam configuradas de formdiferente da de qualquer outr

criatura. Seu significado ficoudesaparecido no esquecimentomas não as palavras.

- Isso é verdade. — assentiu Kul— Recordo as lendas... Por Valka!

Ele parou de repente, comolhar fixo, pois subitamente, comoa silenciosa oscilação de uma portmística que se abrira, esfera

rumosas e inimagináveis s

abriram nos cantos de suconsciência e, por um momentopareceu olhar para trás, através d

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mensidão que separava uma vidada outra, e, através daquelas névoa

vagas e espectrais, pôde ver aformas que viveram em séculos jmortos... homens em combate commonstros horríveis, dedicados ivrar um planeta de espantoso

horrores.Contra um fundo cinza e

constante deslocamento, smoviam estranhas formas dpesadelo, fantasias de loucura e d

temor; e um homem, o enviado dodeuses, seguia cegamente, do pó duma vida a outra, o longo rastro

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sangrento de seu destino, semsaber o porquê, atuando de um

forma bestial, às cegas, como umgrande criança assassina, madotada da clara sensação de queem alguma parte, havia uma faíscde fogo divino...

Kull passou a mão pela testaperturbado. Estas visões fugazenos abismos da memória semprhe deixavam perplexo.

- Desapareceram. — disse Brule

como se tivesse lido seupensamentos mais íntimos — Amulheres-pássaro, as harpias, o

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homens-morcego, os diabovoadores, o povo-lobo, o

demônios, os duendes... todosmenos os que são como este ser quaz a seus pés, assim como un

poucos homens-lobo. Longaterrível foi a guerra, que duroumuitos e sangrentos séculos, desdque chegaram os primeirohomens, surgidos da lama domacacos, transformados naqueledestinados a governar o mundo,

que finalmente conseguiramalcançar a humanidade, há tantotempo que só lendas escuras

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débeis chegaram até nós atravédas eras.

O povo-serpente foi o último

desaparecer, mas os homenconseguiram, por fim, vencê-lotambém, empurrando-os em

direção aos confins desérticos do

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mundo, para que se acasalassem alcom as verdadeiras serpentes, at

um dia, segundo o dizer dos sábiosaquela horrível raça desaparecepor completo. Entretanto, as Coisaregressaram habilmentdisfarçadas, quando os homenficaram moles e degenerados, jáesquecidas as antigas guerras. Ahessa foi uma guerra encarniçada secreta! Entre os homens da Terrovem, se deslizavam furtivament

os terríveis monstros do PlanetAntigo, protegidos por sua horrívesabedoria e seus misticismos

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capazes de adotar todo tipo dformas e figuras, para realizar em

segredo as suas horrorosafaçanhas. Ninguém sabia quem erhomem verdadeiro ou falsoNenhum homem podia confiar eoutro. E, no entanto, graças às suapróprias habilidades, encontrarammeios para distinguir os falsos doverdadeiros. Então, os homentomaram como sinal a figura dodragão alado, o dinossauro com

asas, um monstro das erapassadas, que havia sido o maionimigo da serpente. E os homen

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utilizaram também essas mesmapalavras, que acabo de pronunciar

como um código, como umsímbolo, pois como já lhe disseninguém consegue repeti-lasexceto um homem verdadeiroDesse modo, a humanidadtriunfou. E, no entanto, depois dmuitos anos em que tudo sesqueceu, os inimigos voltarampois o homem continua sendo ummacaco à medida que esquec

aquilo que não tem diante doolhos. Chegaram como sacerdotese como os homens, então satisfeito

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com seus luxos e seu poder, haviamperdido a fé nas velhas religiões

cultos, os sacerdotes-serpentedisfarçados de mestres de um cultonovo e mais verdadeiro, criaramuma religião monstruosa, na quase adorava o deus-serpente. E sepoder chegou a tal ponto, que agorse considera mortal repetir avelhas lendas do povo-serpente, e opovo volta a se inclinar diante dodeus-serpente em sua nova forma;

os homens são tão cegamentestúpidos que a grande maiorideles não vê a conexão que existe

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entre este poder e o poder que ohomens derrotaram há eras. Com

sacerdotes, os homens-serpente ssentem satisfeitos em governar eno entanto...

Então, ele parou.

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- Continue. — disse Kulexperimentando uma inexplicáve

agitação nos cabelos de sua nuca.- Os reis têm reinado comverdadeiros homens na Valúsia —prosseguiu o picto, em sussurros —e, no entanto, mortos em batalhamorreram como serpentes, comoaquele que morreu sob a lança dLion-fang, nas praias vermelhasquando nós, das ilhas, assolamos oSete Impérios. Como pode se

milorde Kull? Esses reis nascerade mulheres e viveram comohomens! Isso foi porque o

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verdadeiros reis morreram emsegredo, do mesmo modo que voc

morreria esta noite, e porque osacerdotes da serpente reinaramem seus lugares, sem que o homemo soubesse.

Kull lançou uma maldição entrdentes.

- Assim tem que ser, porqueque se saiba, ninguém viu umsacerdote da serpente e viveu parcontá-lo. Eles vivem no maior do

segredos.- A arte de governar os Set

mpérios é algo labiríntico

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monstruoso. — disse Brule — Overdadeiros homens sabem que

entre eles, se deslizam os espiõeda serpente, e aqueles homens qusão aliados da serpente, comoKaanub, o barão de Blaal. E, nentanto, nenhum homem se atreva desmascarar um suspeito, pomedo de que a vingança caia sobrele. Nenhum homem confia em sesemelhante, e o verdadeiroestadista não se atreve a falar nem

expressar o que está na mente dtodos. Se pudessem estar segurosse fosse possível desmascarar ant

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todos eles um homem-serpente, oudesmascarar um complô, então s

conseguiria quebrar o poder dserpente, pois a partir dessmomento todos se uniriam e fariamcausa comum para deslocar otraidores. Só Ka-nu possui a astúcie valentia necessárias parenfrentá-los, e só ele conseguiria snformar o suficiente para me

advertir do que acontecia, do qusucedeu até agora. Desse modo, e

estava preparado, mas a partir deagora só podemos confiar em nossa

oa-sorte e habilidade. Aqui

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agora, creio que estamos a salvoesses homens-serpente que s

encontram do outro lado da portanão se atrevem a abandonar seupostos. Mas amanhã tentarãalguma outra coisa; pode estacerto disso. Ninguém pode saberque tentarão fazer, nem sequer Kanu, mas devemos estar um ao ladodo outro, rei Kull, até que ovençamos, ou morramos os dois. Eagora, me acompanhe enquanto

evo este cadáver ao mesmo lugaoculto onde deixei o outro.

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Kull seguiu o picto com se

pesado fardo. Cruzaram o outrado da placa oculta e avançarampelo lúgubre corredor. Seus pésacostumados ao silêncio doespaços silvestres, não faziam omenor ruído. Deslizaram comfantasmas através daquela lufantasmagórica, enquanto Kull ssurpreendia diante do fatodaqueles corredores estarem

desertos, pois a cada curva esperavse deparar com alguma espantosaparição.

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As suspeitas começaramtomar conta dele. Este picto estari

evando-o para uma emboscadaReduziu o passo, mantendo-secerta distância atrás de Brule, comespada preparada, erguida sobre acostas do picto, que seguimperturbável seu caminho. S

tivesse a intenção de traí-lo, Brulseria o primeiro a morrer. Mas, sepicto se deu conta das suspeitas dorei, não o demonstrou. Continuo

seu caminho, impassível, atchegarem a uma moradipoeirenta, há muito tempo sem

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utilizar, de cujas paredes pendiamtapetes pesados e mofados. Brul

afastou um deles e escondeu ocadáver atrás.Logo, regressaram. De repente

Brule se deteve de forma tãrusca, que deu um

enorme susto em Kull, de tãtensos que estavam seus nervos.

- Algo se move no corredor. —sussurrou o picto — Ka-nu dissque, por aqui, tudo estaria vazio

mas...Ele desembainhou a espada

deslizou furtivamente pel

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passagem, seguido cautelosamentpor Kull.

Pouco depois, apareceu urilho vago e estranho queavançava em direção a elesEsperaram, com os nervos tensosas costas apertadas contra aparedes da passagem; não sabiam oque lhes esperava, mas Kull ouviu respiração sibilante de Brulatravés dos dentes apertados, e ssentiu mais tranqüilo quanto à su

ealdade.O brilho surgiu, transformad

numa forma indefinida, como um

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facho de névoa, que se fez maitangível à medida que s

aproximava, sem chegar a setotalmente material. Um rostolhou para eles, com um par dgrandes olhos luminosos qupareciam sofrer todas as torturas dum milhão de séculos. Não havinenhuma expressão de ameaçnaquele rosto, com seus traçodébeis e esgotados, mas apenauma grande piedade; e naquel

rosto... naquele rosto...- Por todos os deuses todo

poderosos! — exclamou Kul

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sentindo como se uma mão geladhe pousasse sobre a alma — Ealla

rei da Valúsia, que morreu há mianos!Brule parecia se encolher a

máximo, e seus olhos se abriramamplamente com uma expressão domais puro horror, enquanto aespada lhe tremia na mãodescomposto pela primeira venaquela estranha noite. Kull, posua vez, se manteve erguido

desafiador, e mantevenstintivamente em guarda suanútil espada; com a carn

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formigando e um comichão nocabelos da nuca, mas mantendo-s

como o rei dos reis que eradisposto a desafiar os poderes dodesconhecido, tanto dos mortoquanto dos vivos.

O fantasma continuomperturbável seu caminho, semhes fazer o menor caso; Ku

encolheu-se sobre si mesmoquanto passou diante deles, percebeu um hálito gelado, como o

produzido por uma nevasca árticaA figura continuou sua marchacom passos lentos e silenciosos

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como se aqueles pés incertoarrastassem as correntes das eras,

finalmente desapareceu atrás deuma curva da passagem.- Por Valka! — sussurrou

picto, limpando as gotas de suofrio que brotavam em sua fronte —sso não era um homem! Isso er

um fantasma.

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http://slidepdf.com/reader/full/kull-exilio-da-atlantida-robert-e-howard 190/1337- Sim! — assentiu Kull, com u

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gesto da cabeça e surpreso — Vocnão reconheceu o rosto? Era Ealla

que reinou na Valúsia há mil anose que foi encontrado horrivelmentassassinado em sua sala do trono, mesma conhecida agora como oSalão Maldito. Acaso não viu suestátua no Salão dos Reis Famosos?

- Sim, agora me lembro dhistória. Pelos deuses, Kull! Issooutra mostra do poder espantoso vil dos sacerdotes-serpente. Esse re

foi assassinado pelo povo-serpentee sua alma se transformou emescrava deles, destinada a cumpri

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suas ordens durante toda eternidade. Pois os sábios sempr

afirmaram que, se um homem éassassinado por um homemserpente, o fantasma se transformem seu escravo.

Um estremecimento sacudiugigantesca estrutura do corpo dKull.

- Por Valka! Que destinhorrível! Escute-me! — seus dedose apertaram sobre o braço

vigoroso de Brule, como uma garrde aço — Me escute bem! Se eu fomortalmente ferido por esse

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monstros vis, jure que matravessará o peito com a espada

para que minha alma não sejescravizada.- Eu juro. — respondeu Brule

com seus ferozes olhos iluminado— E lhe peço que faça o mesmo pomim, Kull!

As fortes mãos direitas dambos se encontraram para selaseu sangrento juramento.

4) Máscaras

Kull estava sentado em setrono, e contemplavreflexivamente o mar de rosto

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virados em sua direção. Um carteirofalava num tom de voz uniforme

mas o rei mal escutava suapalavras. Perto dele, Tu,conselheiro-chefe, se encontrava depé a seu lado para cumprir suaordens, e cada vez que o olhavaKull se estremecia por dentro.

A superfície da vida cortesã ercomo a do mar entre uma maré e seguinte. Para o rei pensativo, oacontecimentos da noite anterio

pareciam um sonho, até que seuolhar pousou sobre um dos braçodo trono. Uma mão bronzeada

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forte descansava ali, e, por cima dopulso daquela mão, reluzia um

racelete do dragão; Brule estava dpé junto ao trono, e o ferosussurro do picto o fez regressar doâmbito de irrealidade no qual smovia.

Não, aquele interlúdimonstruoso não havia sido nenhumsonho. Ao sentar-se no trono, nsalão social, e contemplar ocortesãos, as damas, os cavalheiro

e estadistas, pareceu ver seus rostocomo produtos da ilusão, comoalgo irreal, só existente como

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sombras e zombarias dsubstância. Sempre havi

considerado seus rostos comomáscaras, mas até então haviolhado-os com uma depreciativtolerância, convencido de ver, podebaixo daquelas máscaras, umaalmas vazias, débeis, avarentasuxuriosas e enganosas; agora, em

compensação, havia um maticruel, um significado sinistro, umvago horror que se aninhava sob as

máscaras suaves. Enquanto trocavcortesias com algum nobre ouconselheiro, imaginava ve

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desaparecer o rosto sorridente dseu interlocutor, como se fosse

fumaça, para ver surgirem ali aespantosas mandíbulas abertas duma serpente. Quantos daquelesquem olhava eram, na verdadehorríveis monstros inumanos qutramavam sua morte, por baixo dalusão suave e hipnotizadora de um

rosto humano?Valúsia, o reino dos sonhos

dos pesadelos, o reino das sombras

regido por fantasmas qudeslizavam de um lado a outro, potrás das cortinas pintadas

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zombando do rei inútil que ssentava no trono, transformando

ele próprio numa sombra.E como a sombra de um bocamarada, Brule se encontrava seu lado, com os olhos escuro

rilhando em seu rosto impassívelBrule era um homem de verdade!Kull sentiu que a amizade poaquele selvagem era algopertencente à realidade, e percebique Brule também sentia por el

uma amizade que ia além dsimples necessidade da arte dgovernar.

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E quais eram as necessidades dvida?, se perguntou Kull. Ambiçãopoder, orgulho? A amizade de u

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homem; o amor das mulheres, quele nunca havia conhecido,

atalha, o saque... o quê? Eraverdadeiro Kull que se sentavsobre o trono, ou acaso overdadeiro Kull era o que haviescalado as montanhas dAtlântida, o que havia assolado adistantes Ilhas do Sol Poente, o quhavia rido das ruidosas maréverdes do oceano da AtlântidaPois ele sabia que havia muito

Kull, e se perguntava qual deles ero verdadeiro. Além disso, osacerdotes da serpente haviam

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avançado um passo em sua magiaporque todos os homens usavam

máscaras, e muitos deles usavamuma máscara diferente com cadhomem ou mulherConseqüentemente, Kull sperguntava se, por baixo de cadamáscara, não haveria uma serpentescondida.

Permaneceu sentado, submersnestes pensamentos estranhos abirínticos, enquanto os cortesão

am e vinham, e se contemplavamos pequenos assuntos pendentes dodia, até que ele e Brule ficara

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finalmente a sós no salão socialexceto pelos amodorrados serviçais

Kull se sentia fatigado. Nem elnem Brule haviam dormido nnoite anterior, e

Kull tampouco havia dormidna noite anterior àquela, quandonos jardins de Ka-nu, teveprimeiro indício das coisas insólitaque aconteceriam. Nada maiocorrera depois que regressaram aoestúdio, vindos das passagen

secretas, mas nenhum dos doihavia ousado ou se preocupado emdormir. Kull, dotado da incríve

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vitalidade de um lobo, já havipassado outras vezes por dias

dias sem dormir, em seus tempode selvagem, mas sua mente agorse sentia fatigada pela constantreflexão e por todas as coisamisteriosas ocorridas na noitanterior, capazes de quebrar onervos de qualquer um. Precisavdormir, mas era nisso que elemenos pensava.

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E, mesmo que o pensassetampouco se atreveria a fazê-loOutra coisa que o havia perturbadera que, apesar da estreit

vigilância que tanto ele quantoBrule mantiveram para ver sequando se trocava a guarda

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colocada diante da porta doescritório, esta foi mudada sem qu

nenhum dos dois se desse conta dnada, porque, na manhã seguintequem estava de guarda pôde repetias palavras mágicas de Bruleapesar de não se lembrarem de teocorrido nada fora do normalEstavam convencidos de tepassado toda a noite de guardacomo de costume, e Kull não dissnada a respeito. Ele acreditava qu

eram homens de verdade, maBrule o aconselhou a guardarmais absoluto segredo e, para Kul

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também pareceu o melhor.Agora, Brule se inclinou sobre

trono e baixou o tom de voz, parque nenhum daqueles servoociosos pudesse ouvir suapalavras:

- Creio que não demorarãoatacar de novo, Kull. Há pouco, Knu me fez uma senha secreta. Osacerdotes estão informados de quconhecemos sua conspiraçãoembora não saibam até que ponto

estamos cientes dos detalhesDevemos estar preparados parqualquer tipo de ação. Ka-nu e o

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chefes pictos se manterão o maiperto possível, para nos ajudar, at

que isto tenha se solucionado duma forma ou de outra. Se tivermoque iniciar uma batalha campal, osangue correrá pelas ruas e casteloda Valúsia.

Kull dirigiu-lhe um sorrisnexorável. Acolheria, com fero

regozijo, qualquer tipo de açãofosse qual fosse. Todo estperambular por um labirinto d

lusão e magia era extremamentrritante para uma natureza como

sua. Desejava poder saltar, ouvir

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ruído das espadas e experimentar gostosa liberdade da batalha.

Nesse momento, Tu voltouentrar no salão socialacompanhado pelo restante doconselheiros.

- Senhor, meu rei, a hora dconselho se aproxima, e estamopreparados para escoltá-lo à sala doconselho.

Kull se levantou, e oconselheiros se afastaram

puseram o joelho no chão à supassagem. Depois, se ergueraatrás dele para segui-lo. Alguma

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testas se franziram quando o pictoavançou, desafiante, atrás do rei

mas ninguém fez a menor objeçãoO olhar desafiador de Brulpercorreu os rostos delicados doconselheiros, com a ousadia típicde um selvagem intruso.

O grupo atravessou ocorredores e chegou, por fimdiante da câmara do conselho. Aporta se fechou, como de costumee os conselheiros se organizaram

em fila, de acordo com a ordem desuas classes, diante do estradosobre o qual Kull se sentou

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enquanto Brule se colocava atrás drei, como uma estátua de bronze.

Kull percorreu o salão com urápido movimento de seu olharSem dúvida, aqui não havipossibilidade alguma de que scometesse um ato de traição. Havidezessete conselheiros, a todos oquais conhecia; cada um deles haviabraçado sua causa quando elascendera ao trono.

- Homens da Valúsia... —

começou a dizer, à maneiraconvencional.

E então, se deteve, perplexo. O

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conselheiros haviam se levantadocomo um homem só, e avançavam

em sua direção. Não havihostilidade alguma em seuolhares, mas suas ações eram muitoestranhas numa sala do conselho. Oprimeiro já havia chegado pertodele, quando Brule se adiantou dum salto, encolhido como umeopardo.

- Ka nama kaa lajerama.Sua voz estalou, rompendo

sinistro silêncio da sala, e aquelprimeiro conselheiro recuouevando rapidamente a mão à

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túnica. Brule saltou como ummola, e o homem se precipitou d

cabeça em direção à espaddesembainhada do picto e caiutrespassado, enquanto seu rosto sdesvanecia e se transformava nacabeça de uma poderosa serpente.

- Mate, Kull! — disse a rascantvoz do picto — Todos eles sãhomens-serpente!

O restante foi uma censangrenta. Kull viu como aquele

rostos familiares desapareciam seus lugares eram ocupados pohorríveis cabeças reptilianas, no

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momento em que todo o grupo sançou para a frente. Havia u

grande desconcerto em sua mentemas seu cérebro não lhe falhou.O assobio de uma espad

preencheu o salão, e o grupo que sprecipitava contra ele transformouse numa onda avermelhada. Masos que ficaram voltaram a atacaraparentemente dispostos sacrificar suas vidas para eliminar orei.

Mandíbulas pavorosas sabriram diante dele; olhos terríveimiraram os seus, que devolveram o

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olhar sem pestanejar; um odofétido e nauseabundo impregnou

atmosfera, o odor da serpente, quKull havia conhecido nas selvameridionais. As espadas e aadagas se precipitaram em sudireção, e mal teve consciência dque lhe feriam.

Mas Kull se encontrava agorem sua pessoa. Nunca, até agorahavia tido que se defrontar comnimigos tão cruéis, mas isso lh

mportava muito pouco; eram serevivos, em suas veias corria sanguque podia ser derramado

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morreram um após outro, quandosua grande espada lhes arrancou a

cabeças de um só corte ou lheatravessou os corpos. Atacavarecuava e dava uma estocada apósoutra. No entanto, Kull terimorrido irremediavelmente, se nãofosse o homem que lutava a seuado, e que tampouco deixava de

esquivar e atacar.O rei se deixou levar por seu af

de luta, combatendo segundo o

terrível estilo atlante, que busca morte para se defrontar com morte: não fez o menor esforço

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para evitar os ataques e navalhadasse manteve firme, e até se lançou

para a frente, sem outra idéia emsua mente enlouquecida que nãofosse a de atacar. Não era freqüentKull esquecer sua habilidade duta em sua fúria primitiva, ma

agora parecia que um elo havia squebrado em sua alma, para enchesua mente com um afã incontido dmatar e derramar sangue. Sdesembaraçava de um inimigo a

cada estocada que dava, maaqueles seres lhe cercavam, bemsuperiores em número, e Brule tev

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que deter uma e outra veestocadas que quase alcançavam

seus objetivos. Permanecia junto arei, esquivando e atacando comuma fria habilidade, sem fazetantos estragos quanto os causadopelos golpes e arremetidas de Kulmas sem por isso deixar de seefetivo com seus golpes nvestidas por baixo.

Kull lançou uma gargalhada doucura. Os horríveis rostos s

agitavam a seu redor como ummancha confusa e escarlate. Sentio aço adentrar-lhe o braço e deixou

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cair a espada, traçando um arcorelampejante, que abriu um

enorme brecha no peito de seunimigo. Logo, as brumas sdissiparam, e então se deu contque ele e Brule estavam sós, sobruma pilha de horripilantes corpomóveis, espalhados pelo chão.

- Por Valka! Que matança!exclamou Brule, limpando o sangudos olhos — Se fossem guerreiroque soubessem usar o aço, teríamo

morrido aqui. Mas estes sacerdotesserpente não sabem nada da arte dmanejar a espada, e morrem mai

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facilmente que qualquer homemque eu tenha precisado matar

Entretanto, se tivessem sido algunmais, creio que as coisaterminariam de outra maneira.

Kull assentiu com um gesto. Aselvagem possessão que odominara já havia passadodeixando-lhe uma confusa sensaçãode grande fadiga. O sangue brotavdos ferimentos recebidos no peitoombros, braços e pernas. O própri

Brule sangrava, devido a várioferimentos superficiais, e o olhoucom uma expressão preocupada.

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- Milorde, vamos logo chamar amulheres, para que cuidem de seu

ferimentos.Kull o afastou para um ladocom um movimento instintivo dseu poderoso braço.

- Não... vamos nos ocupar distodepois que tudo estiver terminadoMas vá você cuidar de seuferimentos... Eu lhe ordeno.

O picto pôs-se a rir, coexpressão inexorável.

- Suas feridas são pioresmilorde... — ele começou a dizer, eentão parou repentinamente, como

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que golpeado por uma idéia súbit— Por Valka! Este não é o salão d

conselho!Kull olhou a seu redor e, drepente, outras brumas pareceramse dissipar de sua mente.

- Não, este é o mesmo salãonde Eallal morreu há mil anosUm salão que não foi utilizaddesde então, e que foi consideradomaldito.

- Então, pelos deuses

conseguiram nos enganar! —exclamou Brule, furioso, dandpontapés contra os cadáveres qu

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aziam ao chão — Nos fizeraentrar aqui como estúpidos, par

cairmos em sua emboscada! Graçaà sua magia, mudaram o aspecto dtodo...

- Neste caso, devem estacometendo uma nova vileza —disse Kull —, porque se hverdadeiros homens nos conselhoda Valúsia, deveriam estar agora nverdadeira sala do conselho. Vamorápido.

Abandonaram o salão, deixandnele suas fantasmagóricas figuras, avançaram apressadamente pelo

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corredores, que pareciam desertosaté chegarem diante da verdadeir

sala do conselho. Uma vez ali, Kuse deteve com um repentinoestremecimento, porque da sala doconselho surgia uma voz qufalava... E aquela voz era a sua!

Ele afastou os tapetes, commão trêmula, e deu uma olhada pradentro do salão. Ali estavamsentados os conselheiros, comoréplicas perfeitas dos homens qu

ele e Brule acabaram de matar,sobre o estrado se via a figura deKull, rei da Valúsia.

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Recuou, com a sensação de qua cabeça dava voltas.

- Isto é uma loucura! Eu soKull? Estou aqui, ou esse éverdadeiro Kull e eu não sou maique uma sombra, uma ilusão dmeu próprio pensamento?

A mão de Brule pousou-lhe nombro e o sacudiu ferozmentefazendo-o recuperar a razão.

- Em nome de Valka, não sejestúpido! Ainda se assombra

depois de tudo o que vimos? Acasnão percebe que estes são homenverdadeiros, enfeitiçados por um

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homem-serpente que adotou suforma, do mesmo modo qu

aqueles outros, aos quais matamosadotaram as formas de seuverdadeiros conselheiros? A estaltura, você já deveria estar mortoe o monstro que adotou sua formgovernará em seu lugar, sem que osaibam nenhum dos que snclinam diante de ti. Ataque

mate rapidamente, ou estaremoacabados. Os Matadore

Vermelhos, homens de verdadeestão de guarda, e ninguém maipode lhe atacar e matar. Sej

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rápido!Kull sacudiu a perturbação qu

se apoderara dele e lançou a cabeçpara trás, com um velho gestodesafiador. Inspirou longa profundamente, como faria umforte nadador antes de se lançar aooceano, e logo afastou pra um ladoos tapetes e lançou-se em direçãoao estrado como um leão.

Brule havia dito a verdade. Aestavam os Matadores Vermelhos

treinados para se moverem com rapidez do ataque do leopardoqualquer outro, que não fosse Kul

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teria morrido antes de chegar atonde estava o usurpador. Mas

visão de Kull, idêntico ao homesobre a plataforma, os deteve, suamentes chocadas por um instante, sso foi o suficiente. O ser qu

estava sobre o estrado conseguiufechar os dedos ao redor do cabo despada, mas antes que pudessdesembainhá-la, a espada doverdadeiro Kull se sobressaiu atráde seus ombros, e aquela coisa, qu

os homens acreditaram ser o reicaiu do estrado para a frente, ficou estendida e imóvel sobre o

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chão.- Alto! - gritou Kull.

Sua voz régia e potente foiastante para deter a precipitaçãoque já havia começado, e enquantotodos os presentes lhe olhavamassombrados, ele apontou a coisque estava estendida diante de sicujo rosto desaparecia partransformar-se na cabeça de umserpente. Todos recuaram e, nessexato momento, Brule apareceu po

uma porta, e Ka-nu por outraAmbos se aproximaram do rei, Kanu pegou-lhe a mão ensangüentad

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e falou:

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- Homens da Valúsia! Vocêviram com seus próprios olhos

Este é o verdadeiro Kull, o repoderoso diante do qual toda Valúsia sempre se inclinou. Opoder da serpente se quebrou, todos serão homens verdadeirosRei Kull, tem alguma ordem parnos dar?

- Levantem esse cadáver. —ordenou Kull, e dois homens dguarda se apressaram em obedecê

o — E agora, todos me sigam. —acrescentou o rei.

Ele empreendeu o caminho e

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direção ao salão maldito. Brulecom expressão preocupada, lh

ofereceu o apoio de seu braço, maKull afastou-o para um lado.A distância a percorrer pareci

nterminável ao ensangüentado reimas ele finalmente se encontroudiante da porta e pôs-se a rir feroz cruelmente, ao ouvir ahorrorizadas exclamações doconselheiros diante da cena.

Ordenou aos guardas qu

ançassem o cadáver qutransportavam pra junto dos queaziam ao chão, e logo gesticulou

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todos para que abandonassem osalão. Ele foi o último a sair e fecha

a porta.Uma onda de vertigemsacudiu. Os rostos voltaram a olháo. Estava pálido e perplexo, tonto

submerso numa brumfantasmagórica. Sentia quesangue a lhe brotar dos ferimentoescorria por seus membros, masabia o que devia fazer e tinha qufazê-lo rapidamente, ou não

conseguiria ir até o final.A espada voltou a s

desembainhar com um assobio.

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- Brule, você está aí?- Estou aqui!

Brule o olhou através da brumapróximo a seu ombro, mas sua vopareceu soar a muitas léguas e erade distância.

- Lembre do seu juramentoBrule. E agora, recuem todos.

Seu braço esquerdo abriu uespaço livre, ao mesmo tempo emque desembainhava a espada. Logocom toda a força que lhe restava

ançou a espada através da portantroduzindo a enorme lâmina pel

tranca, afundando-a até o cabo

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selando, deste modo, aquela salpara sempre.

Com as pernas bem abertas, deumeia-volta, feito um bêbado, parolhar os horrorizados conselheiros.

- Que esta sala seja duas vezemaldita. E que essas carcaçaapodreçam aí para sempre, comouma mostra do poder moribundoda serpente. Aqui mesmo, eu lheuro caçar os homens-serpente d

terra em terra, de mar em mar, sem

dar descanso até matar todos, que oem triunfe e o poder do Infern

seja quebrado. Isto é o que lhe

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uro... eu... Kull, rei... da... Valúsia.As pernas se dobraram, e o

rostos oscilaram e giraram diantdele. Os conselheiros sprecipitaram para ajudá-lo, maantes que pudessem fazê-lo, Kucaiu ao chão e ficou ali estendidomóvel, com o rosto virado par

cima.Os conselheiros se juntaram a

redor do rei caído, sem deixarem dfalar e gritar. Ka-nu os afastou

empurrões, com os punhofechados, sem deixar de praguejaferozmente.

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- Para trás, estúpidos! Querearrebatar a pouca vida que aind

resta nele? Ele está morto oviverá? — perguntou ao guerreiroque já havia se inclinado sobre oprostrado Kull.

- Morto? — respondeu Brulerritado — Não se acaba facilment

com a vida de um homem como eleA falta de sono e a perda de sanguo enfraqueceram... Por Valka! Elrecebeu um monte de ferimentos

mas nenhum deles é mortal. Questes estúpidos balbuciantetragam imediatamente as mulhere

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da corte. — Os olhos de Brule sacenderam com um olhar feroz

cheio de orgulho — Por Valka! Ehe asseguro, Ka-nu, que não sabique pudesse existir um homemcomo ele nesta época tãodegenerada. Ele estará econdições de montar um cavalodentro de poucos dias, e então, quos homens-serpente se protejam dKull, rei da Valúsia. Mas, por Valkque essa será uma caçada estranha

Ah, já imagino longos anos dprosperidade para o mundo, comum rei como ele sentado no trono

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da Valúsia!

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Os Espelhos de TuzunThune

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http://slidepdf.com/reader/full/kull-exilio-da-atlantida-robert-e-howard 240/1337"Um meio selvagem e misterioso, Que

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az envolto por sublime véu, A parte dEspaço, à parte do Tempo". (Edgar

 Allan Poe)

Chega um tempo, mesmo paros reis, de grande tédio. Então,ouro do trono se torna latão e seda do palácio se torndesinteressante. As jóias ddiadema brilham terrivelmentecomo o gelo dos mares brancos; fala dos homens é como o barulho

vazio do sino do bufão, e seexperimenta a sensação de que acoisas são irreais; até o sol parec

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cobre no céu, e o hálito do oceanoverde não é mais fresco.

Kull estava sentado sobre trono da Valúsia, e o momento dtédio havia se apoderado deleTodos se moviam diante dele, comque traçando um panoramnterminável, sem significado

algum: homens, mulheressacerdotes, acontecimentos sombras de acontecimentos; coisavistas e coisas a serem alcançadas

Mas, como sombras, chegavam e safastavam, sem deixar o menorastro sobre sua consciência, exceto

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um grande cansaço mental. E, nentanto,

Kull não se sentia cansadoExperimentava uma ânsia pocoisas que estavam além de smesmo, e além da corte valusianaA intranqüilidade o agitava, sonhos estranhos e luminosovagavam por sua alma. Emcumprimento à sua ordemcompareceu a seu lado Brule,anceiro, guerreiro do país picto

vindo das ilhas além do ocidente.- Milorde, está cansado da vid

da corte. Venha comigo em minh

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galera e singraremos os mares, emusca de espaço.

- Não. — disse Kull, qudescansou tristemente o queixosobre sua poderosa mão

- Me sinto, acima de tudoentediado. As cidades já não mexercem o menor atrativo, e afronteiras estão tranqüilas. Já nãouço as canções marítimas quouvia quando eu era garoto e mdeitava sobre os poderoso

escarpados da Atlântida, e a noitganhava vida com o resplendor daestrelas. Os bosques verdes já nã

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me atraem como o faziam na minhuventude. Experimento um

estranheza e uma ânsia quparecem ir muito mais além dtodos os desejos de uma vida. Saiagora!

Brule foi embora, deixando o resubmerso em seus pensamentomelancólicos sobre o trono. Entãouma jovem da corte se deslizousilenciosamente até Kull e lhsussurrou:

- Meu grande senhor, procurTuzun Thune, o grande feiticeiroEle conhece os segredos da vida

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da morte, as estrelas do céu e aterras situadas sob os mares.

Kull olhou para a moça. Secabelo era de um douradoprimoroso, e seus olhos violetaeram estranhamente oblíquos; er

ela, mas sua beleza significavapouco para Kull.

- Tuzun Thune. — ele repetiu —Quem é ele?

- Um feiticeiro da Antiga RaçEle mora aqui na Valúsia, próxim

ao Lago das Visões, na Casa dos MEspelhos. Ele conhece todas acoisas, milorde; fala com os morto

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e conversa com os demônios daTerras Perdidas.

Kull se levantou.- Vou procurá-lo, mas não diguma só palavra de minha partidaentendido?

- Sou tua escrava, milorde.E a jovem se ajoelho

docilmente, embora o sorriso dsua boca escarlate fosse astuto àcostas de Kull, e o brilho de seuolhos oblíquos fosse ardiloso.

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Kull chegou à casa de Tuzu

Thune, próxima ao Lago das VisõeAs águas do lago se estendiamargas e azuis, e mais de um

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primoroso palácio se erguipróximo a suas margens

numerosos barcos a remo comvelas, como cisnes de asaestendidas, se deslocavampreguiçosamente sobre a tranqüilsuperfície, e de algum lugar vinha osom de uma música suave.

Alta e espaçosa, embora nadostentosa, se erguia a Casa dos MEspelhos. As grandes portaestavam abertas, e Kull subiu o

amplos degraus e entrou, sem sanunciar. Lá, numa grande câmarcujas paredes eram feitas d

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espelhos, ele se encontrou comTuzun Thune, o feiticeiro.

homem era tão velho quanto acolinas de Zalgara; sua pele ercomo o couro enrugado, mas seufrios olhos cinzas brilhavam comofaíscas do aço de uma espada.

- Kull da Valúsia, minha casatua. — ele disse, inclinando-sdiante dele com o velho gesto dcortesia.

Logo, o convidou a sentar-s

sobre uma cadeira que quasparecia um trono.

- Pelo que ouvi falar, você é u

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feiticeiro. — disse Kudiretamente, apoiando o queixo

sobre a mão e fixando o olhasombrio sobre o rosto do homem— Você pode realizar milagres?

O feiticeiro estendeu a mãoSeus dedos se abriram e sfecharam, como as garras de umave.

- Não lhe parece um milagreque esta carne cega obedeça aopensamentos de minha mente

Caminho, respiro, falo... acaso tudsso não são milagres?

Kull meditou por um instante

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antes de falar.- Você pode chamar demônios?

- Sim. Posso chamar udemônio muito mais selvagem quequalquer outro, na terra dofantasmas... e fazê-lo surgirgolpeando vosso próprio rosto.

Kull se sobressaltou,finalmente assentiu com um gesto.

- Mas, e quanto aos mortos, vocpode falar com os mortos?

- Sempre falo com os mortos.

como estou falando agora. A mortse inicia com o nascimento, e cadhomem começa a morrer quando

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nasce; mesmo agora, estás mortorei Kull, porque nasceste.

- Mas você, você é mais velho dque os homens conseguem ser. Éverdade que os feiticeiros nuncmorrem?

- Os homens morrem quandhes chega o momento; nem ante

nem depois. E meu momento aindnão chegou.

Kull pensou muito nestarespostas.

- Então, parece que o maiofeiticeiro da Valúsia não é mais quum homem comum, e me engane

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ao me dirigir para cá.Tuzun Thune sacudiu a cabeça.

- Os homens não são mais dque homens, e os maiores sãoaqueles que aprendem as coisamais simples com mais rapidez. Eagora, veja meus espelhos, Kull. -teto estava coberto de espelhos, eas paredes eram espelhoperfeitamente unidos, emborformassem muitos espelhos, dvárias formas e tamanhos — O

espelhos são o mundo, Kull. —trovejou o feiticeiro — Olhe para oespelhos e seja sábio.

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Kull escolheu um ao acaso, e

olhou intensamente. Os espelhoda parede oposta se refletiam nelee refletiam por sua vez a outros, demodo que se viu contemplandouma espécie de corredor longo uminoso, formado por um espelho

após outro; e, lá no fundo daquelcorredor, se movia uma figuradiminuta. Kull permaneceobservando-a durante um longo

tempo, e percebeu que a figura ero reflexo dele mesmoExperimentou então, uma sensaçã

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de insignificância: era como seaquela pequena figura fosse o

verdadeiro Kull, e representasse aproporções reais dele mesmoAssim, ele se afastou e ficou diantde outro.

- Olhe atentamente, Kulporque esse é o espelho dopassado. — ele ouviu dizer a voz dofeiticeiro.

Uma névoa cinza escureciavisão, como grandes pedaços d

ruma em movimento contínuomutáveis como o fantasma de umgrande rio; através da névoa, Ku

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captou visões fugazes de horror estranheza: as feras e os homens s

moviam ali, além de outras figuraque não eram homens nem ferasgrandes flores exóticas brilhavamatravés do ambiente cinza; altaárvores tropicais se erguiam sobrhediondos mangues, nos quaichapinhavam e rugiam monstrocom aspecto de répteis; o céu sescurecia com as sombras ddragões alados, e os inquieto

oceanos rugiam, se espatifavam egolpeavam interminavelmente apraias pantanosas. O homem nã

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estava presente e, no entanto, ohomem era o sonho dos deuses;

estranhas eram as formas dpesadelo que se deslizavam atravédas selvas malcheirosas. Ali havi

atalha, matança, e um espantosoamor. Ali havia morte, pois a Vidaa Morte andam de mãos dadas. Dalém das praias lodosas do mundosoavam os bramidos dos monstrose formas incríveis se erguiamatravés da cortina torrencial d

chuva incessante.- E este outro é o do futuro. Ku

olhou em silêncio.

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- O que vê?- Um mundo estranho. —

respondeu Kull com pesar — OSete Impérios se desmoronaramtransformados em pó e esquecidosAs inquietas ondas verdes rugesobre as eternas montanhas dAtlântida; as montanhas dLemúria, a oeste, são as ilhas de uoceano desconhecido. Estranhoselvagens pululam pelos territóriomais antigos, e novas terras se

elevam estranhamente, surgindodas profundidades, profanando oantigos santuários. A Valúsi

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desapareceu, e todas as nações dhoje, as que serão de amanhã, são

estranhas. Não nos conhecem.

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- O tempo continua sua marcha— disse Tuzun Thune, com vo

serena — Vivemos hoje, e que nomporta o amanhã... ou o ontem? Agrande Roda gira, e as naçõesurgem e caem; o mundo muda, os tempos regressam à selvageriapara voltarem a ressurgir atravédas longas eras. Antes que existissa Atlântida, existiu a Valúsia; antes que existisse a Valúsiaexistiram as Nações Antigas. D

fato, nós também pisoteamos oombros de tribos perdidas emnosso avanço. Vós, que chegast

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das montanhas dos mares verdeda Atlântida, para te apoderares d

antiga coroa da Valúsia, pensas quminha tribo é velha... nós, qudominamos estes territórios anteque os valusianos chegassem doeste, nos tempos anteriores

existência dos homens sobre aterras do mar. Mas já havia homenaqui, quando as Tribos Antigasurgiram cavalgando dos desertose houve homens antes daquele

homens, tribos antes daquelatribos. As nações passam e sãesquecidas, pois este é o destino do

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homem.- Sim. — assentiu Kull — E, n

entanto, não é uma pena que eleza e a glória dos homendesapareçam como a fumaça sobrum mar de verão?

- Por qual motivo, já que esseseu destino? Eu não reflitmelancolicamente sobre as glóriaperdidas de minha raça, nem mpreocupam as raças por vir. Viva oagora, Kull, viva o agora. Os morto

estão mortos; os que não nasceramainda não existem. Que importque os homens te esqueçam

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quando houveres esquecido de tmesmo nos mundos silenciosos d

morte? Olhe para os espelhos e sejsábio.Kull escolheu outro espelho

olhou para ele.- Este é o espelho da mai

profunda magia. O que vês, reKull?

- Nada, exceto a mim mesmo.- Olhe mais atentamente, Kull.

você mesmo?

Kull olhou atentamentegrande espelho, e a imagem que erseu reflexo lhe devolveu o olhar.

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- Me ponho diante deste espelh— sussurrou Kull, com o queix

apoiado sobre o punho —, e douvida a este homem. Isso é algo questá fora do alcance de minhcompreensão, pois primeiro o vnas águas tranqüilas dos lagos dAtlântida, enquanto agora o vejnos espelhos de molduras douradada Valúsia. Ele sou eu mesmo, umsombra de mim mesmo, uma partde mim mesmo. Posso fazê-lo se

ou matá-lo. E, no entanto... — elparou, e estranhos pensamentosussurraram por entre os vastos e

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escuros cantos de sua mente, comomorcegos sombrios voando atravé

de uma grande caverna — E, nentanto, onde ele está quando nãoestou diante do espelho? Tem homem poder para formar destruir tão ligeiramente umsombra da vida e da existênciaComo sei que, ao me afastar despelho, ele desaparece no vazio doNada?

"Não, por Valka, sou eu

homem ou é ele? Qual de nós éfantasma do outro? É possível questes espelhos não sejam mais qu

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anelas, através das quais olhamooutros mundos. Por acaso, el

pensa o mesmo de mim? Por acasonão sou para ele mais que umsombra, um reflexo de si mesmocomo ele é para mim? E, se eu soum fantasma, que tipo de mundoexiste do outro lado deste espelhoQue exércitos cavalgam lá e que reigovernam? Este mundo é tudoque conheço. E se não conheçnenhuma outra coisa, como posso

ulgar? Sem dúvida que aí tambéexistem montanhas verdes, oceanorugindo e vastas planícies por onde

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os homens cavalgam e se lançam àatalha. Diga-me, feiticeiro, já que

mais sábio que a maioria dohomens, me diga: há mundos alémdos nossos mundos?".

- Se um homem tem olhos, deixque veja. — foi a resposta dofeiticeiro — Mas, para ver, primeirtem que crer.

Passaram-se as horas, e Kucontinuava sentado diante doespelhos de Tuzun Thune, olhand

para o que refletia a ele mesmo. Àvezes, parecia contemplar umgrande superficialidade, enquanto

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em outras vezes, gigantescaprofundezas pareciam se abri

diante dele. O espelho de TuzuThune era como a superfície dmar: duro como o mar sob os raiooblíquos do sol, sob a escuridão daestrelas, quando ninguém consegudistinguir as profundezas; vasto emístico como o mar, quando o sose funde a ele, de tal forma que respiração do observador se prendeao vislumbrar fugazment

tremendos abismos. Assim era espelho onde Kull olhava.

Finalmente, o rei se levanto

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com um suspiro e foi embora, aindmaravilhado.

Regressou novamente à Casdos Mil Espelhos. Comparecia dia após dia, e permanecia sentadodurante horas diante do espelhoOs olhos lhe miravam, idênticoaos seus; e, no entanto, Kull parecinotar uma diferença, uma realidadque não era a sua. Olhava fixamento espelho, hora após hora, com umestranha intensidade; hora apó

hora, a imagem lhe devolvia oolhar.

Os assuntos do palácio e d

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conselho foram sendonegligenciados. As pessoa

começavam a murmurar. O cavaloatia as patas, inquieto, noestábulo, e os guerreiros de Kuogavam dados e discutiamnutilmente entre si. Ku

continuava sem fazer caso. Àvezes, parecia estar a ponto ddescobrir algum segredo vasto enimaginável. J á não concebiamagem do espelho como um

sombra de si mesmo. Para eleaquela coisa era uma entidadesemelhante em seu aspecto externo

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mas tão fundamentalmentafastada do próprio Kull quant

dois pólos opostos. Para Kulparecia que a imagem tinha umndividualidade à parte da su

própria, como se já não dependessde Kull, do mesmo modo que Kunão dependia dela. E, dia após diase perguntava em que mundorealmente vivia: era ele a sombraconvocada pela vontade do outroVivia no lugar do outro, nu

mundo de ilusão, como a sombrdo mundo real?

Kull começou a experimentar

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desejo de entrar na personalidadque havia além do espelho, d

encontrar um espaço e ver o qupudesse ser visto. No entanto, sconseguisse ir além daquela portaele conseguiria regressarEncontraria um mundo idênticàquele no qual se movia agora? Umundo em que o seu não fossmais que um reflexofantasmagórico? O que errealidade e o que era ilusão?

Às vezes, Kull parava pra pensacomo haviam surgido em sumente aqueles pensamentos

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sonhos, e ocasionalmente sperguntava se eram produtos de

sua própria vontade, ou...E aqui, seus pensamentoentravam num confuso labirintoSuas meditações eram suasnenhum homem governava seupensamentos, e ele podia convocáos como e quando quisesse. E, n

entanto, podia fazê-lo assim? Acasnão eram como morcegos, quvoam de um lado a outro, não

segundo quisessem, maobedecendo à ordem e à direçãode... de quem? Dos deuses? Da

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Mulheres que teciam a teia dDestino?

Kull não conseguia chegarconclusão alguma, pois a cadpasso mental que dava, se senticada vez mais envolto por umconfusa névoa de afirmações enegações ilusórias. Isso, ao menosele sabia: que estranhas visõehaviam entrado em sua mentecomo se voassem sem obstáculoalgum, vindas do sussurrante vazio

da não-existência. J amais havia tidestes tipos de pensamentos, maagora eles governavam sua mente

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tanto quando dormia quantodesperto, de modo que às veze

tinha a impressão de caminhaatordoado; e seu sono se vipovoado por estranhos sonhomonstruosos.

- Diga-me, feiticeiro — ele dissesentado diante do espelho, com oolhos intensamente fixos em suprópria imagem —, como possopassar para o outro lado dessporta? Porque, na verdade, nã

estou certo de que este seja omundo real e aquele outro o dasombras. Aquilo que vejo dev

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existir, ao menos em alguma forma- Olhe e creia. — retumbou

voz do feiticeiro — O homem teque crer para conseguir. A forma sombra, a substância é ilusão, materialidade é sonho; o homem porque acredita ser. O que éhomem, senão um sonho dodeuses? E, no entanto, o homepode ser aquilo que deseja ser; forma e a substância não são maique sombras. A mente, o ego,

essência do sonho divino... isso real, isso é imortal. Olhe e creia, squiser conseguir, Kull.

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O rei não o compreendetotalmente; nunca consegui

compreender plenamente aquelafrases enigmáticas do feiticeiro; eentretanto, em algum lugar de seuser, faziam soar uma corda sensívelDe modo que, dia após diacompareceu para sentar-se diantdos espelhos de Tuzun Thune, efeiticeiro estava sempre à espreitaatrás dele, como uma sombra.

Chegou um dia em que Ku

pareceu vislumbrar estranhoterritórios, e os pensamentos reconhecimentos esvoaçavam

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através de sua consciência. Diapós dia, ele havia parecido perde

o contato com o mundo; a cada dique passava, as coisas lhe pareciammais fantasmagóricas e irreais; só ohomem do espelho parecia ser realidade.

Agora, Kull parecia estar àportas de mundos mais poderososolhares gigantescos piscavamcomo que suspensos; as névoas drrealidade ficaram mais tênues. "A

forma é sombra, a substância lusão; não são mais que sombras"

Estas palavras ressoaram em su

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consciência, como se chegassem atele de um país distante. Lembro

das palavras do feiticeiro, e teve mpressão de que quase as entendiagora... forma e substância; ele nãopoderia mudar à vontade, ssoubesse qual era a chave mestrque abria esta porta? Que mundodentro de que mundos esperavam oexplorador ousado?

O homem do espelho pareciestar lhe sorrindo, cada vez mai

perto e mais perto; uma neblinenvolveu tudo, e o reflexo ficourepentinamente confuso. Ku

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experimentou uma sensação ddesvanecimento, de mudança, de

fusão...- Kull!O grito quebrou o silêncio e

um milhão de fragmentovibratórios.

Montanhas desabarammundos cambalearam, quando Kufoi obrigado a recuar diantdaquele grito frenético, emitidocom um esforço sobre-humano

sem que ele soubesse como nempor quê.

Um estrondo, e Kull estava n

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sala de Tuzun Thune, diante de uespelho despedaçado

desconcertado e meio cego pelperturbação. Ali, diante dele, jazio corpo de Tuzun Thune, cujúltimo momento havia finalmentechegado. Sobre ele, estava de pBrule, o lanceiro, com a espadpingando sangue e olhos bemabertos, com uma expressão dhorror.

- Por Valka! — exclamou

guerreiro — Kull, por pouco nãchego a tempo!

- Sim, mas o que aconteceu? —

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perguntou o rei, fazendo esforçopara encontrar as palavras.

- Pergunte a essa traidora. —respondeu o lanceiro, apontandopara uma garota que se encolhia dterror diante do rei. Kull percebeque era a mesma que lhe havimandado procurar Tuzun Thune —Ao entrar aqui, lhe vi prestes a sdissipar nesse espelho, comofumaça desaparecendo no céu. PoValka! Se eu não visse, não teri

acreditado... Você havia quasdesaparecido, quando meu grito lhfez voltar.

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- De fato. — resmungou KullDesta vez, eu quase atravessei ess

porta.- Este inimigo lhe atraiu dforma mais ardilosa. — disse Brul— Kull, não percebe como ele tecee lhe envolveu numa teia de magiaKaanub de Blaal conspirou coeste feiticeiro para se livrar de vocêe esta bruxa, uma jovem da RaçAntiga, se encarregou de pôr na sumente a idéia de vir aqui. Ka-nu, d

conselho, descobriu hoje mesmo conspiração. Não sei o que você vineste espelho, mas Tuzun Thune

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homens, sejam eles feiticeiros, reiou escravos, melhor poder

governar, Kull. E agora, o qufaremos com ela?- Nada, Brule. — respondeu Ku

com um olhar triste, enquanto ovem gemia e choramingava a seu

pés — Ela não foi mais que unstrumento. Levante-se, moça,

siga seu caminho. Ninguém lhfará mal.

Uma vez a sós com Brule, Ku

olhou pela última vez os espelhode Tuzun Thune.

- Talvez ele tenha conspirado

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conjurado... Não, não duvido dque me diz. E, no entanto, foi

ruxaria dele que estava metransformando para me tornar umtênue névoa; ou por acaso mesbarrei com um segredo? Se vocnão me fizesse voltar, eu teria medissipado, ou encontraria outromundos além deste?

Brule lançou um olhar edireção aos espelhos e encolheu oombros, como que estremecendo.

- Pelo visto, Tuzun Thunacumulou aqui a sabedoria dtodos os infernos. Vamos sai

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daqui, Kull, antes que esteespelhos enfeiticem a mim

também.- Vamos sair, então. —respondeu Kull.

E, caminhando um ao lado doutro, se afastaram da Casa dos MEspelhos, onde talvez estivesseaprisionadas as almas dos homens.

Agora, ninguém mais olha paros espelhos de Tuzun Thune. O

arcos de lazer se aquecem

placidamente sob o sol, na margemonde se ergue a casa do feiticeiro, ninguém entra nessa casa, ou n

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sala onde o ressecado e enrugadocadáver de Tuzun Thun

permanece imóvel diante doespelhos da ilusão. O localevitado por todos como um lugamaldito, e ainda que este continude pé pelos próximos mil anospassos humanos não ecoarão ali.

Apesar de tudo, Kull, sentadem seu trono, meditfreqüentemente sobre a misteriossabedoria e os incontáveis segredo

á escondidos, e se pergunta...Pois há mundos além do

mundos, como Kull sabe, e se

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ruxo o enfeitiçou com palavras ouatravés de hipnotismo, do outro

ado daquela misteriosa porta sabriram, ante os olhos do reioutras paisagens diferentes; agora, Kull está menos certo drealidade desde que olhou oespelhos de Tuzun Thune.

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Cavaleiros Além do SolNascente

- Assim — disse Tu,

conselheiro-chefe —, Lala-ahcondessa de Fanara, fugiu com seamante, Fenar, o aventureir

farsuniano, trazendo a vergonha aoseu futuro marido e à nação dValúsia.

Kull, com o queixo apoiado nmão, acenou com a cabeça. Haviescutado, com pouco interesse, história de como a condessa d

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Fanara havia deixado um nobresperando nas escadas de Meram

e fugido com um homem que elprópria escolhera.- Sim — ele interrompe

mpacientemente Tu —, eentendo. Mas o que as aventuraamorosas de uma jovem tonta têma ver comigo? Eu não a culpo poabandonar Ka-yanna... por Valkaele é feio como um rinoceronte, tem um temperamento ainda mai

abominável. Então, por que mconta esta história?

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- Não entendes, Kull. — diss

Tu, com a paciência que deve sedada a um bárbaro que ainda pocima é um rei — Os costumes d

nação não são os vossos costumes

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Lala-ah, ao abandonar Ka-yanna apé do próprio altar onde o

casamento seria realizado, cometeuuma rude ofensa às tradições dterra... e um insulto à nação é umnsulto ao rei, Kull. Só por isso, el

deve ser trazida de volta e punida."Nesse caso, ela é um

condessa, e é uma tradiçãovalusiana mulheres nobres secasarem com estrangeiros apenacom o consentimento do estado

valusiano... e aqui o consentimentonunca foi dado, nem sequer pedidoValúsia se tornará objeto d

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desprezo de todas as nações, sdeixarmos que homens de outro

países levem nossas mulherempunemente".- Em nome de Valka. —

resmungou Kull — Eis aqui ugrande alvoroço: costume tradição! Quase não escuto outrcoisa desde a primeira vez em qume sentei no trono da Valúsia. Eminha terra, as mulheres se casamcom quem querem e com quem

escolhem.- Sim, Kull. — disse Tu

suavemente — Mas aqui é

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Valúsia... e não a Atlântida. Látodos os homens, decerto, e toda

as mulheres, são livres desimpedidos, mas a civilização uma rede e um labirinto dprecedências e costumes. E outrcoisa a respeito da jovem condessaela tem um traço de sangue real.

"Este homem cavalgou com ocavaleiros de Ka-yanna emperseguição à garota".

- Sim — falou o jovem —,

tenho para ti um recado de Fenarsenhor rei.

- Um recado para mim? Nunc

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vi Fenar.- Não, mas ele disse para u

guarda da fronteira da Zaraanapara ser repetido àqueles que operseguiam: "Diga ao suín

árbaro, que suja um trono antigoque eu o chamo de canalha. Digaele que um dia retornarei e vestiresua carcaça covarde em roupas demulher, para que cuide dos cavalode minhas bigas".

A grande massa corporal d

Kull se ergueu e sua cadeira destado se espatifou ao chão. Por umomento, ficou sem fala; logo

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encontrou voz, num rugido que feTu e o nobre recuarem.

- Valka, Honen, HolgarHotath! — ele rugiu, misturanddivindades com deuses pagãos, dum jeito que fez o cabelo de Tficar de pé diante da blasfêmia.

Os enormes braços de Kull sergueram, e seu poderoso punhodesceu sobre a mesa, com umforça que entortou as pernagrossas da mesma, como se fossem

de papel. Tu, pálido, arrastou opés diante daquela maré de fúri

árbara, com as costas coladas

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parede, seguido pelo jovem nobrque ousara muito em dar o recado

de Fenar. No entanto, Kull erselvagem demais para conectar onsulto com o portador

governantes civilizados é qudescarregam a vingança nomensageiros.

- Os cavalos! — bramiu Kull —Quero os Matadores Vermelhomontados! Mandem Brule parmim!

Ele arrancou o manto real earremessou para o outro lado dsala, agarrou repentinamente um

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suntuoso vaso da mesa quebrada eo lançou ao chão.

- Depressa! — ofegou Tuempurrando o jovem nobre emdireção à porta — Traga Brule,anceiro picto... rápido, antes qu

ele mate todos nós!Tu julgava as ações do rei

aseado nas dos reis anterioresTodavia, Kull não havia progredido bastante em hábitos civilizadopara descarregar sua fúria real em

súditos inocentes.Sua fúria vermelha inicial for

sucedida por um ódio frio como o

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aço, quando Brule chegou. O pictentrou silencioso e tranqüilo, com

um sorriso sombrio lhe tocando oábios, quando notou a destruiçãocausada pela ira do rei.

Kull estava se vestindo eroupas de cavaleiro, e ele olhoupara cima quando Brule entrou, ocintilantes olhos cinzas lampejandofriamente.

- I remos cavalgar, Kull? —perguntou o picto.

- Sim, cavalgaremos duro e paronge, por Valka! Cavalgaremo

primeiro para Zaraana, e talve

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mais além... para as terras nevadasou os desertos de areia ou para o

nferno! Quero 300 MatadoreVermelhos prontos.Brule sorriu de puro prazer. Er

um homem poderosamentconstituído, de estatura média, comolhos cintilantes assentados emfeições imóveis. Mais parecia umestátua de bronze. Sem umpalavra, ele se virou e saiu dcâmara.

- Majestade, o que fazes? —arriscou Tu, ainda tremendo dmedo.

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- Cavalgarei no rastro de Fena— respondeu furiosamente o rei. —

O reino está em suas mãos, TuRetornarei quando tiver cruzadespadas com esse farsuniano, ounão voltarei de forma alguma.

- Não, não! — exclamou Tu —sto é extremamente imprudente

Alteza! Não dê atenção ao quaquele aventureiro sem nome disseO imperador da Zaraana nuncrá permitir que tragas uma tropa

como a que mencionaste, pardentro do reino dele.

- Então, cavalgarei sobre a

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ruínas das cidades da Zaraana. —foi a resposta sombria de Kull —

Os homens vingam seus próprionsultos na Atlântida... E, emboraAtlântida tenha me rejeitado e eseja rei da Valúsia... ainda sou umhomem, por Valka!

Ele afivelou sua grande espadae caminhou até a porta, Tarregalando os olhos atrás dele.

Diante do palácio, havia 40homens em suas selas. Trezento

destes eram Matadores Vermelhoa cavalaria de Kull e os soldadomais terríveis da terra. Eram, e

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sua maioria, valusianos das colinasos mais fortes e vigorosos de um

raça em decadência. Os cerestantes eram pictos — selvagenesguios e poderosos, homens dtribo de Brule, que montavam eseus cavalos como centauros eutavam feito demônios, quando

surgia a ocasião.A todos estes homens, Kull de

a saudação real, enquanto descia odegraus do palácio, e seus olhos s

luminaram com um brilho ferozEra quase grato a Fenar, por ter lhdado o pretexto que precisava para

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abandonar, por um tempo, a vidamonótona da corte e mergulhar em

ação selvagem — mas seupensamentos em relação aofarsuniano não eram mais amáveipor este motivo.

À frente desta feroz formaçãoestava Brule, chefe dos maiformidáveis aliados da Valúsia, Kelkor, segundo comandante doMatadores Vermelhos. Kuagradeceu a saudação com um

gesto brusco, e montou sobre sela. Brule e o comandantcavalgavam a ambos os lados dele.

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- Sentido! — foi o comandacônico de Kelkor — Cavaleiros

Em frente!A cavalgada seguiu adiante numtrote tranqüilo. O povo da Valúsiolhava curiosamente, de suaanelas e portas, e as multidões na

ruas se viraram, quando o barulhodos cascos dos cavalos ressoouatravés do tagarelar e conversar da

arganhas e comércio. Os corcéisacudiam suas crinas enfeitadas; a

armaduras de bronze doguerreiros brilhavam ao sol, aflâmulas nas longas lança

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ondulavam para trás. Por umomento, o pequeno público no

mercado interrompeu sutagarelice, quando a poderosformação se moveu, olhando emestúpido assombro ou admiraçãonfantil; logo desapareceram pel

grande rua branca, o clangor dprata nas pedras redondas docalçamento sumiu à distância, e opovo da cidade voltou às suatarefas corriqueiras, como a

pessoas sempre fazem, não importquais os reis que cavalguem.

Ao longo das largas rua

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rancas da Valúsia, se moviam o ree seus cavaleiros, para fora do

subúrbios, com suas pompaextensas e palácios magnificentesninterruptamente, até os pináculo

dourados e torres azul-safira daValúsia se tornarem apenas umvislumbre prateado à distância, e acolinas verdes de Zalgara avultaremmajestosamente diante deles.

A noite os encontroacampados no alto dos declives da

montanhas. O povo das colinas —muitos deles parentes doMatadores Vermelhos — se dirigi

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ao acampamento com presentes dcomida e vinho, e os guerreiros

ivres da orgulhosa compostura qusentiam entre as cidades domundo, conversavam com elescantavam velhas canções econtavam velhas histórias uns aooutros. Mas Kull caminhava à parteonge da incandescência da

fogueiras do acampamento, parolhar atentamente, de um lado outro, as vistas místicas do

penhascos e vales. O s declives erasuavizados por vegetação folhagens, os vales se

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aprofundando em regiõesombreadas de magia, as colinas s

erguendo destemidas e claras aorilho prateado da lua. As colinade Zalgara sempre fascinaramKull. Elas o faziam lembrar-se damontanhas da Atlântida, cujaalturas nevadas ele havia escaladona juventude, antes de viajar pelovasto mundo para escrever seunome nas estrelas e fazer de umantigo trono o seu assento.

Ali, contudo, havia umdiferença. Os penhascos dAtlântida se erguiam rígidos

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desolados; seus despenhadeiroeram áridos e rugosos. Os monte

da Atlântida eram brutais terríveis em sua juventude, assimcomo Kull. A idade não havia lhesuavizado o poder. As colinas dZalgara se erguiam como deuseantigos, mas arvoredos verdes vegetação ondulante sorriam sobrseus ombros e penhascos, e seucontorno era suave e graciosodade... idade... pensou Kull; mai

de um século de erosão havigastado seu esplendor escarpadotinham a suavidade e beleza d

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antiguidade. Montanhas antigasonhando com reis antigos, cujo

pés desatentos haviam pisado surelva.Como uma onda vermelha,

embrança do insulto de Fenavarreu estes pensamentos. As mãose fecharam de fúria, Kull lançou oombros para trás e olhou bem pardentro do olho calmo da lua.

- Helfara e Hotath condeneminha alma ao Inferno eterno, s

eu não descarregar minha vingançem Fenar! — ele rosnou.

A brisa noturna sussurrou entr

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as árvores, como em resposta aouramento pagão.

Antes que a aurora escarlatrrompesse como uma rosvermelha sobre as colinas dZalgara, a cavalaria de Kull estavmontada na sela. Os primeiroampejos da manhã brilhavam na

pontas das lanças, nos elmos e noescudos, quando o grupo deu volta pelos vales de verdeondulante e subiu longa

nclinações ondeantes.- Estamos cavalgando para o so

nascente. — comentou Kelkor.

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- Sim. — foi a resposta sombride Brule — E alguns de nó

cavalgam além do sol nascente.Kelkor encolheu os ombros:- Assim seja. Este é o destino d

um guerreiro.

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Kull olhou para o comandanteReto como uma lança, Kelkor ssentava em sua sela — inflexível e

nabalável como uma estátua d

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aço. O comandante semprembrava ao rei uma boa espada de

aço polido. Homem de vigoespantoso e enorme energia, o quele tinha de mais poderoso era oseu absoluto autocontrole. Umcalma glacial sempre caracterizavsuas palavras e atos. No calorvitupério do conselho, na selvagemdevastação da batalha, Kelkor ersempre calmo. Tinha poucoamigos e não se esforçava em faze

amigos. Suas qualidades o haviampor si próprias, elevado de umguerreiro desconhecido nas fileira

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dos mercenários ao segundo maioposto nos exércitos valusianos... e

somente o seu berço o excluía domais alto. Pois os costumedecretavam que o primeirocomandante das tropas deve ser umvalusiano, e Kelkor era lemurianoEmbora parecesse mais uvalusiano que um lemuriano, aomontar seu cavalo, pois tinha umconstituição diferente da de muitode sua raça, sendo alto e esguio

embora de constituição forteApenas seus olhos estranhos lhrevelavam a raça.

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Outro amanhecer os encontrodescendo os pés das colinas qu

davam no Deserto Camoonianouma vasta terra desolada enabitada, um ermo árido de areia

amarelas. Nenhuma árvore cresciá, nem sequer arbustos, nem havi

quaisquer cursos d'águaCavalgaram o dia todo, parandapenas por um curto espaço dtempo ao meio-dia, para comerem para descansarem os cavalos

embora o calor estivesse quasnsuportável. Os homens, apesar d

resistentes, esmoreciam sob o calor

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Reinava o silêncio, exceto peltinido de estribos e armaduras, o

ranger das selas suadas e pelomonótono estalar dos cascos pelaareias profundas. Até Brulpendurou seu corselete na sela dseu cavalo. Mas Kelkor montavereto e imóvel, sob o peso de toda armadura, parecendo intocado pelocalor e desconforto quatormentavam os outros.

"Aço, todo de aço", pensou Kul

admirado, se perguntandosecretamente se ele poderialcançar o perfeito controle sobre s

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mesmo que este homem, tambémum bárbaro, havia alcançado.

Uma jornada de dois dias otrouxe para fora do deserto e pardentro das colinas baixas qumarcavam os confins da ZaraanaDiante da linha da fronteira, foraparados por dois cavaleirozarfhaanos.

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- Sou Kull da Valúsia. — o re

respondeu abruptamente —Cavalgo na trilha de Fenar. Nãtentem impedir minha passagem

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Me responsabilizarei com o semperador.

Os dois cavaleiros puxaram arédeas para os lados, a fim dedeixarem a cavalaria passar, eenquanto os cascos ruidososumiam à distância, um falou aooutro:

- Ganhei nossa aposta.próprio rei da Valúsia cavalga.

- Sim. — respondeu o outro —Estes bárbaros vingam sua

próprias afrontas. Se o rei fosse uvalusiano, por Valka, você teriperdido.

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Os vales da Zaraana ecoarao barulho da passagem do

cavaleiros de Kull. O povo pacíficdo país saía em grandequantidades de suas aldeias, parobservar os ferozes guerreiros quepor ali passavam, e a notícia seespalhou para norte e sul, oeste este, de que Kull cavalgava pareste.

Logo após a fronteira, Kultendo mandado um mensageiro ao

mperador zaraano parassegurá-lo de suas intençõepacíficas, se reuniu com Brule

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Kayanna e Kelkor.- Eles têm vários dias d

vantagem sobre nós — disse Kul—, e não devemos perder tempoprocurando por sua trilha. O povdeste país vai mentir para nósDevemos rastrear nossa própritrilha, como os lobos rastreiam pista de um cervo.

- Deixe-me interrogar esta gente— disse Ka-yanna, com um franzimaldoso de

seus lábios grossos voluptuosos — Garanto fazê-lofalarem toda a verdade. Kull olho

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nterrogativamente para ele.- Há meios. — ronronou

valusiano.- Tortura? — grunhiu Kull, seuábios se torcendo em indisfarçado

desprezo — Zaraana é uma naçãamigável

- Que importa ao imperador unpoucos aldeões desafortunados? —perguntou suavemente Ka-yanna.

- Chega! — Kull pôs de ladosugestão com verdadeir

abominação atlante, mas Brulevantou a mão, pedindo atenção.

- Kull — ele disse —, não gost

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do plano deste camarada mais doque você, mas às vezes até um

suíno fala a verdade.Os lábios de Ka-yanna storceram de raiva, mas o picto nãohe deu atenção:

- Deixe-me levar alguns de meuhomens por entre os aldeões nterrogá-los. Vou apenas assusta

um pouco, sem machucar ninguémde outro modo, podemos gastasemanas em busca inútil.

- Assim falou o bárbaro. — dissKull, com a amigável malícia quexistia entre os dois.

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- Em qual cidade dos Setmpérios você nasceu, majestade

— perguntou o picto, comsarcástica deferência.Kelkor encerrou isto com u

abanar de sua mão.

- Aqui está nossa posição. —

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disse ele, rabiscando um mapa nacinzas da fogueira do

acampamento, com ponta dainha de sua espada — Nãoprovável que Fenar vá paranorte... admitindo que ele nãopretenda permanecer na Zaraanapois além da Zaraana está o marapinhado de piratas e nômades domar. Para o sul ele não irá, pois lfica Thurania, inimiga de nossnação. Minha suposição é a de qu

ele irá se dirigir diretamente pareste, como estava fazendo, cruzar a

fronteira oriental da Zaraana e

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algum lugar próximo à cidadfronteiriça de Talúnia, e adentrar a

terras desoladas de Grondar; de lácreio que ele virará para o sulprocurando alcançar Farsun... qufica a oeste da Valúsia... através dopequenos principados ao sul dThurania.

- É muita suposição, Kelkor. —disse Kull — Se Fenar desejadentrar Farsun, por que, em nomde Valka, ele foi para a direção

exatamente oposta?- Porque, como você sabe, Kul

nestes tempos incertos, todas a

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nossas fronteiras, exceto as maiorientais, estão rigorosament

guardadas. Ele jamais poderiatravessá-la sem uma explicaçãoadequada, muito menos carregandoa condessa com ele.

- Acredito que Kelkor estejcerto, Kull. — disse Brule, os olhodançando com a impaciência destar numa sela — Seuargumentos soam lógicos, dqualquer forma.

- Um plano tão bom quantqualquer outro. — respondeu Ku— Cavalgaremos para leste.

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E para leste eles cavalgaradurante os dias longos

preguiçosos, entretidos e festejadoa cada vez que paravam, peloondoso povo zarfhaano. Uma terr

suave e preguiçosa, pensou Kuluma garota graciosa aguardandondefesa, por algum conquistadomplacável... Kull sonhav

enquanto os cascos de seucavaleiros batiam seu toque derecolher pelos vales lânguidos e

osques verdejantes. No entantoconduzia seus homens duramentesem lhes dar descanso, poi

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sempre, por trás de sua longornada e visões imperiais de glóri

ensangüentada e conquistselvagem, avultava o fantasma deseu ódio, o ódio implacável doselvagem, diante do qual todos ooutros desejos abriam caminho.

Ele se manteve afastado dagrandes cidades, pois Kull nãqueria dar a seus ferozes guerreirooportunidade de se envolverem emalguma disputa com os moradores

A cavalgada se aproximava dcidade fronteiriça de Talúnia, oúltimo posto avançado oriental da

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Zaraana, quando o mensageirenviou um recado do imperador

em sua cidade, para reuni-los, coma mensagem de que este querimuito que Kull cavalgasse por suterra, e pediu ao rei da Valúsia parvisitá-lo quando voltasse. Kusorriu sombriamente diante dronia da situação, considerando o

fato de que, quando o imperadoestava dando benevolentepermissão, Kull já estava be

dentro do país, com seus homens.Os guerreiros de Ku

adentraram Talúnia ao amanhecer

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após cavalgarem por toda umanoite, pois ele havia achado qu

talvez Fenar e a condessa, ssentindo temporariamente segurosficariam um pouco na cidadefronteiriça, e ele pretendia santecipar à notícia de sua chegada.

Kull acampou seus homensalguma distância dos muros dcidade, e entrou nela somente comBrule. Os portões lhe foraprontamente abertos, quando el

mostrou o sinete real da Valúsia e osímbolo que lhe fora mandado pelomperador zarfhaano.

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- Ouça — disse Kull acomandante dos guardas do portão

—, Fenar e Lala-ah estão dentrdesta cidade?- Isso eu não sei dizer. —

respondeu o soldado — Eleentraram por este portão, hmuitos dias, mas se ainda estão ounão na cidade, eu não sei.

- Então, escute. — disse Kulretirando um bracelete com pedrapreciosas do enorme braço — So

apenas um nobre viajantvalusiano, acompanhado por umamigo picto. Ninguém precis

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saber quem sou, entendeu?O soldado olhou cobiçoso para

ornamento caro.- Muito bem, senhor, maquantos de seus soldadoacamparam na floresta?

- Estão escondidos dos olhos dcidade. Se algum camponêadentrar seu portão, interrogue-oe, se ele falar a você sobre umtropa acampada, aprisione-o poalgum motivo inventado, at

amanhã. Pois, até lá, já terei obtida informação que desejo.

- Em nome de Valka, senhor

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você faria de mim um traidor! —advertiu o soldado

- Não acho que você planejtraição, mas...Kull mudou de tática:- Você não tem ordens d

obedecer ao seu imperador? Já nãhe mostrei o símbolo do comando

dele? Você ousaria desobedecerPor Valka, você é quem seriatraidor!

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Apesar de tudo, refletiu soldado, esta era a verdade... el

não seria subornado, não! Mas

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uma vez que era a ordem de um reique trazia a autoridade de seu

mperador...Kull ergueu o bracelete, conada mais que um leve sorrisorevelando seu desdém ao modocomo as pessoas acalmavam suaconsciências na trilha de seudesejos, se recusando a admitiremmesmo para si mesmas, quviolaram seus próprios sensos dmoral.

O rei e Brule caminhavam pelaruas, onde os comercianteacabavam de começar seu

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movimento. A estatura gigantescde Kull e a pele cor-de-bronze d

Brule atraíam vários olharecuriosos, mas não mais do quesperavam que fizessem comestranhos. Kull começou a desejater trazido Kelkor ou um valusianopois Brule não conseguia disfarçasua raça, e uma vez que pictoraramente são vistos nestas cidadeorientais, isso poderia geracomentários que alcançariam o

ouvidos daqueles a quemprocuravam.

Buscaram uma modesta taverna

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onde conseguiram um aposento, depois tomaram assento no salão

das bebidas, para ver se poderiamouvir alguma coisa do qudesejavam ouvir. Mas o dia fopassando, e nada foi dito sobre ocasal fugitivo, nem perguntacuidadosamente veladas obtiveramqualquer resposta. Se Fenar e Lalah ainda estavam em Talúnia, elecertamente não anunciaram suapresenças. Kull pensara que

presença de um arrojadogalanteador e de uma bela jovemde sangue real na cidade seriam

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assunto de pelo menos umcomentário, mas este parecia não

ser o caso.Kull pretendia sair pelas ruanaquela noite, a ponto até droubar um pouco se necessário enão conseguindo deste modorevelar sua identidade ao lorde dcidade na manhã seguinte, ordenaque os criminosos lhe fossemcedidos — embora o feroz orgulhode Kull se rebelasse diante de ta

atitude. Este parecia o rumo maiógico, e Kull o teria seguido, se

assunto fosse merament

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diplomático e político. Mas o feroorgulho de Kull foi incitado, e el

estava pouco disposto a pediqualquer ajuda na consumação dsua vingança.

A noite caía enquanto ocompanheiros andavam por entreas ruas, ainda apinhadas de pessoaconversadoras e iluminadas potochas colocadas ao longo das ruasEstavam passando por uma esquinescura, quando uma voz cautelos

os parou. Da obscuridade entre agrandes construções, uma mão emforma de garra acenava. Olhand

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rapidamente um para o outro, elecaminharam para a frente, puxando

cautelosamente as adagas de suaainhas à medida que seguiam.Uma velha encarquilhada

encurvada pela idade, saiufurtivamente das sombras.

- Sim, Rei Kull, o que procuraem Talúnia? — sua voz era umsussurro agudo.

Os dedos de Kull se fecharamais firmemente ao redor do cabo

da adaga, quando ele respondeucuidadosamente:

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- Como sabe meu nome?- Os mercados falam e ouvem

— ela respondeu com um riso baixode alegria intolerável — Uhomem lhe viu e reconheceu hoje

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na taverna, e a notícia passou doca em boca.

Kull praguejou em voz baixa.- Ouça! — sibilou a mulher —Posso te levar até aqueles a queprocura... se desejares pagar opreço.

- Encherei seu avental com ouro— Kull respondeu rapidamente.

- Ótimo. Agora escute. Fenar econdessa foram avisados de suchegada. Agora mesmo, estão s

preparando para escaparEsconderam-se numa certa casdesde o início da noite, quando

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souberam de sua vinda, e logoabandonarão seu esconderijo...

- Como conseguirão deixarcidade? — interrompeu Kull — Oportões são fechados ao pôr-do-sol.

- Cavalos esperam por eles nsegundo portão, no muro leste. Oguarda foi subornado. Fenar temuitos amigos em Talúnia.

- Onde eles estão escondidoagora?

A anciã esticou uma mã

trêmula para a frente.- Uma prova de lealdade

majestade. — ela pediu com jeito.

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Kull pôs-lhe uma moeda nmão, ela sorriu afetadamente e fe

uma grotesca reverência.- Siga-me, majestade. — e eladentrou as sombras coxeando.

O rei e seu companheirseguiram-na, duvidosos, através druas estreitas e tortuosas, até quela parou diante de uma enormconstrução sem luzes, numa partsórdida da cidade.

- Eles se esconderam nu

quarto, na cabeceira dos degrauque vêm da sala inferior que se abrpara a rua, majestade.

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- Como sabe o que eles fazem— perguntou Kull, desconfiado —

Por que escolheriam um lugar tãmiserável para se esconderem?A mulher riu silenciosamente

se sacudindo para a frente e partrás em sua misteriosa alegria:

- Assim que tive certeza de quvocê estava em Talúnia, majestadecorri até a mansão onde residiam contei a eles, me oferecendo parguiá-los até um lugar para s

esconderem! Ho, ho, ho! Pagaramme boas moedas de ouro! Kuolhou silenciosamente para ela.

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- Ora, por Valka — ele disse —não conheci nenhuma civilização

que pudesse produzir algo comoesta mulher. Aqui, leve Brule atéportão onde esperam os cavalosBrule, vá com ela para lá e aguardminha chegada... Talvez Fenar fujde mim aqui...

- Mas Kull — protestou Brule —não entre sozinho naquela casescura... talvez tudo isso seja umcilada!

- Esta mulher não ousaria mtrair! — e a anciã tremeu diante dresposta inflexível — Apresse-se.

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Enquanto as duas figuramergulhavam na escuridão, Kul

adentrou a casa. Tateando com amãos, até seus bem-dotados olhofelinos se acostumarem à totaescuridão, ele achou a escada e subiu, de adaga na mãocaminhando furtivamente eatencioso a degraus rangentesApesar de todo o seu tamanho,rei se movia tão tranqüila silenciosamente quanto um

eopardo e, se o vigia da cabeceirdos degraus estivesse acordado, eldificilmente ouviria sua chegada

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Do jeito que estava, acordoquando a mão de Kull lhe agarro

repentinamente a boca, apenapara cair para trástemporariamente sem sentidosquando o punho de Kull lhe atingia mandíbula.

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O rei se agachou por umomento sobre sua vítima

forçando ao máximo suacapacidades físicas, para captaqualquer som que anunciasse qu

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ele tinha sido escutado. Reinavtotal silêncio. Ando

sorrateiramente até a porta. Seusentidos detectaram um murmúrioaixo e confuso, como o de pessoa

sussurrando... um movimentocauteloso... com um pulo, Kuarrombou a porta e se arremessoupara dentro da sala. Ele parou, manão para pesar chances; ali poderiser uma sala cheia de assassinos esperarem por ele, o que pouco lh

mportava.Então, tudo aconteceu nu

nstante. Kull viu um quarto vazio

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luminado pelo luar que fluía paradentro da janela, e teve um

vislumbre de duas formas subindopor esta janela — umaparentemente carregando a outr—, um ligeiro relance de um par dolhos escuros e ousados num rostode beleza picante; e outro rostorisonho e temerariamente belo —tudo isso ele viu confusamenteenquanto atravessava o quarto comum salto de tigre e um rugido d

pura ferocidade bestial lhrotando dos lábios, ao ver seu

nimigo escapando. A janela estav

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vazia, quando ele se lançou até oparapeito; e esbravejando

furiosamente, ele teve outrovislumbre: duas formas correndopara dentro das sombras de umabirinto próximo de edifícios —

uma risada prateada de zombaripairava de volta para ele, e outrmais forte e mais zombeteira. Kuançou a perna sobre o parapeito

se jogou a uma altura de 9 metroaté o chão, desprezando a escada d

cordas que ainda pendia da janelaNão tinha esperança de segui-loatravés daquele labirinto de ruas

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ao qual eles sem dúvidaconheciam melhor que ele.

Certo do destino deles, contudocorreu em direção ao portão nomuro sul, o qual, segundo descrição da anciã, não estava tãodistante. Entretanto, algum tempse passou antes dele chegar, equando o fez, só achou Brule evelha feia lá.

- Não. — disse Brule — Ocavalos estão aqui, mas ninguém

veio até eles.Kull praguejou selvagemente

Fenar o havia enganado, apesar d

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tudo, e a mulher tambémSuspeitando de traição, deixaram o

cavalos no portão como merosubterfúgio. Fenar, portanto, estavsem dúvida escapando por outroportão.

- Rápido! — gritou Kull — Corrpara o acampamento e ponha ohomens para cavalgar. Vou seguir rastro de Fenar.

E, pulando sobre um docavalos, ele partiu. Brule montou

outro e cavalgou em direção aoacampamento. A anciã os via partirse sacudindo em alegria profana

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Logo depois, ela ouviu o rufar dmuitos cascos de cavalos que

deixavam a cidade para trás.- Ho, ho, ho! Eles cavalgam pardentro do sol nascente... e quemretorna de além do sol nascente?

Kull cavalgou a noite inteira, sesforçando para diminuir distância que o farsuniano e garota haviam ganhado. Sabia queles não ousavam permanecer nZaraana; e que, ao norte, ficava o

mar; Thurania, antiga inimiga dFarsun, ao sul; portanto, só haviuma rota para eles — a estrada par

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Grondar.

As estrelas estavam ficandopálidas, quando as trincheiras da

colinas orientais se ergueramnflexíveis contra o céu, diante do

rei, e a aurora se movi

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furtivamente sobre os gramadosquando a montaria cansada de Ku

subiu penosamente o desfiladeiro eparou por um momento diante docume. Os fugitivos devem tepassado por aqui, pois estepenhascos se estendiam por toda distância da fronteira zaraana, e apassagem mais próxima sencontrava a mais de uma milha aonorte. O zaraano, na pequentorre que se erguia no alto do

desfiladeiro, saudou o rei, mas Kulrespondeu com um gesto continuou cavalgando.

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Ele parou no alto ddesfiladeiro. Mais adiante ficava

Grondar. Os penhascos se erguiatão abruptamente do lado lestquanto do oeste e, de suas bases, ogramados se estendiamnfinitamente. Milhas sobrncontáveis milhas de alta savana

ondulante estavam diante de seuolhos, parecendo habitadas apenapelas manadas de búfalos e cervoque vagavam por aquelas vastidões

selvagens. O leste se avermelhavrapidamente e, quando Kumontou em seu cavalo, o so

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chamejou sobre as savanas comouma selvagem labareda de fogo

fazendo parecer ao rei que todos ogramados estavam em chamas —delineando o cavaleiro imóvecontra sua chama, de modo quhomem e cavalo pareciam umaúnica e escura estátua contra manhã vermelha, para os cavaleiroque adentravam o primeirodesfiladeiro da passagem lá atrásEntão, ele sumiu de suas vista

quando apressou o cavalo para afrente.

- Ele cavalga para o sol nascente

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— murmuraram os guerreiros.- Quem volta do sol nascente?

O sol estava alto no céu, quanda tropa alcançou Kull, o rei tendparado para se aconselhar com seucompanheiros.

- Espalhe seus pictos. — dissKull — Fenar e a condessa agortentarão virar para o sul a qualquemomento, pois homem nenhumgosta de cavalgar mais para dentrode Grondar do que o necessário

Eles podem até tentar noultrapassar e voltar para Zarfhaana.

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Assim, cavalgaram em formaçãaberta, os pictos de Brule s

espalhando como lobos esguiopara o norte e o sul.Mas a trilha dos fugitivos segui

direto para a frente, os olhos dKull facilmente seguindo a rotatravés da grama alta, notandoonde o capim havia sido pisado

atido pelos cascos dos cavalosEvidentemente, a condessa e seamante cavalgavam sozinhos.

Cada vez mais para dentro dpaís de Grondar, eles cavalgavamperseguidores e perseguidos. Com

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Fenar conseguia manter aquelvantagem, Kull não consegui

entender, mas os soldados eramforçados a pouparem seus cavalosenquanto Fenar tinha ressequidamontarias extras, podendo mudade uma para outra, mantendoassim cada uma relativamenterenovada.

Kull não havia mandadmensageiro ao rei de Grondar. Ogrondarianos eram uma raça fero

e semi-civilizada, da qual o resto domundo pouco sabia, exceto quseus bandos de ataque às veze

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saíam das savanas, para assolaremas fronteiras de Thurania e a

nações menores com tocha espada. A oeste, suas fronteiraeram claramente definidas ecuidadosamente guardadas poseus vizinhos, mas até onde essreino se estendia a leste, ninguémsabia. Supunha-se vagamente que país deles se estendia até, possivelmente incluía, aquelmensa vastidão de ermo

ndefensáveis, falados em mito enda como O Fim do Mundo.

Vários dias de dura cavalgad

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haviam passado, sem que savistassem os fugitivos nem

qualquer outro ser humanoquando um cavaleiro picto avistouum grupo de homens a cavalo seaproximar, vindo do sul.

Kull parou sua tropa e esperouSe aproximaram e pararam a certdistância, um grupo de uns 40guerreiros grondarianos, homenselvagens e esguios, vestidos emroupas de couro e armaduras rudes

O líder deles cavalgou pardiante:

- Estranhos, o que fazeis nest

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terra? Kull respondeu:- Estamos perseguindo u

súdito desobediente e a amantdele, e cavalgamos em paz. Nãtemos disputa com Grondar.

O grondariano sorriu eescárnio:

- Os homens que cavalgam pardentro de Grondar carregam suavidas nas mãos direitas, forasteiro.

- Então, por Valka — rugiu Kulperdendo a paciência —, minh

mão direita é mais forte pardefender do que toda Grondar paratacar! Saiam do caminho, ante

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que atropelemos vocês!- Lanças para a frente! — diss

Kelkor, em voz ríspida; a floresta danças se abaixou como uma só, oguerreiros se inclinando para frente.

Os grondarianos recuaradiante daquela formidável tropancapazes, como sabiam, d

resistirem em campo aberto aoataque de cavaleiros totalmentearmados. Eles conduziram o

cavalos para os lados, cavalgandode mau-humor enquanto ovalusianos passavam por eles. O

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íder gritou atrás deles:- Continuem cavalgando, seu

tolos! Quem cavalga além do sonascente... não retorna!Eles cavalgaram e, embor

andos de homens a cavalogirassem em torno de seus rastrocomo falcões e mantivessem umdura vigilância à noite, os cavaleironão chegavam mais perto, nem o

atedores a cavalo causaramqualquer incômodo.

Os gramados continuavam, sesequer uma colina ou floresta quehes quebrasse a monotonia. À

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vezes, se deparavam com as quaseapagadas ruínas de alguma cidad

antiga, lembranças mudas dos diasangrentos, quando, eras e eraantes, os ancestrais dogrondarianos haviam chegado dugar nenhum em particular

conquistado os habitantes originaida terra. Não avistaram cidadehabitadas e nenhuma das rudemoradias dos grondarianos, pois ocaminho deles seguia para um

parte especialmente selvagem enão-freqüentada daquela terraFicou evidente que Fenar nã

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pretendia voltar; sua trilha seguidireto para leste e, se ele esperava

achar refúgio em algum luganaquela terra sem nome, ou se eluscava simplesmente cansar seu

perseguidores, ninguém conseguidizer.

Após longos dias de cavalgadaeles chegaram a um grande rioserpenteando através da planícieÀs suas margens, os gramadoparavam abruptamente, e além, no

outro lado, um deserto árido sestendia até o horizonte.

Um ancião se encontrava sobr

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a margem, e um barco grande achatado flutuava sobre a

superfície sombria da água.O homem era velho, mapoderosamente constituído, tãoenorme quanto o próprio KulUsava roupas esfarrapadasaparentemente tão antigas quantoele mesmo, mas havia algo dmajestoso e respeitoso ao redor dohomem. Seu cabelo alvo lhe caía atos ombros; e sua enorme barb

ranca, selvagem e desgrenhadahe chegava quase à cintura. Sobrancas e carrancuda

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sobrancelhas, resplandeciamgrandes olhos luminosos, que não

foram obscurecidos pela idade.- Forasteiro que tem o porte dum rei — ele disse a Kull, numgrande e profunda voz ressonant—, cruzarias o rio?

- S im — disse Kull —, se aqueleque buscamos o cruzaram.

- Um homem e uma garotacruzaram em minha barca, aoamanhecer. — foi a resposta.

- Em nome de Valka! —praguejou Kull — Admirocoragem daquele idiota! Qual

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cidade que fica além deste rioarqueiro?

- Não há cidade além. — disseAncião. — Este rio marcafronteira de Grondar... e do mundo

- Como?! — exclamou KullNós cavalgamos tão longe assimEu havia pensado que o deserto,qual é o fim do mundo, fosse partedo reino de Grondar.

- Não. Grondar termina aquAqui é o fim do mundo; além,

magia e o desconhecido. Aqui é fronteira do mundo; lá, começa oreino de horror e misticismo. Este

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o rio Stagus, e eu sou KaronBarqueiro.

Kull o mirava com admiraçãomal sabendo que contemplavalguém que desceria os séculoobscuros, até que o mito e a lendmudassem a verdade, e KaronBarqueiro se tornasse o barqueirde Hades.

- Você é muito antigo. — dissKull, curioso, enquanto ovalusianos olhavam para o homem

com espanto, e os selvagens pictocom pasmo supersticioso.

- Sim. Sou um homem da Antig

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Raça, que governou o mundo anteda Valúsia, Grondar ou Zaraana

cavaleiros do sol poente. Cruzariaeste rio? Já transportei muitoguerreiros e reis através deleLembre-se: aqueles que cavalgaalém do sol nascente, nãoretornam! Pois, de todos omilhares que cruzaram o Stagusninguém retornou. Trezentos anose passaram, desde a primeira veque vi a luz, rei da Valúsia.

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"Transportei o exército do Re

Gaar, o Conquistador, quando elcavalgou para dentro do Fim dMundo, com todos os seupoderosos exércitos. Por sete diaseles andaram, embora nenhumhomem deles houvesse voltadoS im, o som da batalha e o chocar despadas retiniu pelas terradesoladas por um longo espaço dtempo, de sol a sol, mas, quando

ua brilhou, estava tudo emsilêncio. Lembre-se disto, Kulnenhum homem retornou de além

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do Stagus. Horrores sem nome smovem furtivamente nas terra

além, e terríveis são as medonhaformas de ruína que vislumbrealém do rio, na obscuridade doentardecer e no cinza do início daurora. Lembra-te, Kull".

Kull deu a volta na sela e olhopara seus homens.

- Aqui minhas ordens param. —ele disse — Quanto a mimcavalgarei no rastro de Fenar, se el

conduzir para o Inferno e alémContudo, não mandarei homenenhum seguir além deste rio

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Todos vós tendes minha permissãpara retornarem à Valúsia,

nenhuma palavra de reprovaçãoserá dita sobre vocês. Brulconduziu seu cavalo para o lado deKull.

- Cavalgarei com o rei. — eldisse laconicamente, e seus pictoançaram um grito d

consentimento. Kelkor cavalgopara a frente:

- Aqueles que retornariam

dêem um único passo para diante— ele disse. A fileira metálica ficoumóvel como estátua.

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- Eles cavalgarão, Kull. — sorriargamente Brule. Um orgulh

feroz se elevou na alma selvagemdo rei.- Sois homens.Karon os conduziu para o outr

ado, remando e voltando até oexército inteiro ficar na margemeste. E, embora o barco foss

pesado e o ancião remasse sozinhoembora seus remos toscos levassemrapidamente a maciça embarcação

de um lado a outro da água, núltima jornada ele não estava maicansado que no início.

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Kull falou:- Já que o deserto está apinhad

de coisas selvagens, como é quenenhuma delas chegou às terrados homens?

Karon apontou para o rio eolhando de perto, Kull viu que aáguas estavam cheias de serpentee de pequenos tubarões de águdoce.

- Nenhum homem nada nestrio. — disse o barqueiro — Ne

homem nem mamute.- Para a frente! — disse Kull —

Para a frente; cavalguemos. A terr

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está livre diante de nós.

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A Gata de Delcardes

Na companhia de Tuconselheiro-chefe do trono, o re

Kull compareceu para ver a gatfalante de Delcardes, pois aindque um gato possa olhar para umrei, não é dado a todos os reis veuma gata como a de DelcardesAssim, Kull se esqueceu daameaças do necromante ThulsDoom, e foi ver Delcardes.

Kull se mostrava cético, e Tu ercauteloso e se mostrav

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desconfiado sem saber o porquêmas anos de contra-conspirações

ntrigas lhe haviam azedado opensamento. J uravobstinadamente que uma gatfalante não era mais que umfraude e um engano, e afirmavaque, se algo assim realmentexistia, isso seria um insulto diretoaos deuses, pois estes haviamordenado que só o homem tivesse opoder da palavra.

Mas Kull sabia que, nos tempoantigos, os animais haviamconversado com os homens, poi

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ouvira contar as lendastransmitidas de geração em geração

por seus antepassados bárbarosAssim, embora cético, tinhamente aberta às crenças.

Delcardes ajudou a aumentaesta convicção. A dama estavestendida com uma sutinaturalidade sobre seu divã dseda, como um grande e belofelino, e olhou Kull por baixo dcílios longos e curvados, que

proporcionavam um encantonimaginável a seus olhos estreitos

atrativamente rasgados.

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Tinha lábios cheios e vermelhoshabitualmente curvados, como

agora, num suave sorrisoenigmático. Sua vestimenta dseda, e seus ornamentos de ouro pedras preciosas pouco escondiamde sua gloriosa figura.

Mas a Kull não interessavam amulheres. Governava a Valúsia, certo, mas à parte disso continuavasendo um atlante e um selvagemaos olhos de seus súditos. A guerr

e a conquista atraíam toda a suatenção, junto com o trabalho dmanter os pés firmemente

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assentados sobre o semprcambaleante trono de um império

antigo, e o de aprender os costumee a forma de pensar do povo qugovernava.

Para Kull, Delcardes era umfigura misteriosa, como uma rainhaatraente, mas cercada por umauréola de sabedoria antiga e dmagia feminina.

Para Tu, por sua vez, não ermais que uma mulher e

conseqüentemente, fundamentoatente de intriga e perigo.

Para Ka-nu, o embaixador pict

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e conselheiro mais íntimo de Kulela era como uma menina ávida

mas Ka-nu não estava presentquando Kull veio ver a gata falante.A gata estava sobre um

almofada de seda, num pequenodivã apropriado, e observou o recom olhos inexploráveis. Schamava Saremes, e dispunha dum escravo, posto atrás deladisposto a satisfazer seus menoredesejos: se tratava de um homem

alto e magro, que mantinha oculta parte inferior de seu rosto sob umtênue véu que lhe caía até o peito.

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- Rei Kull. — disse DelcardesDevo pedir-lhe um favor antes qu

Saremes comece a falar, já quentão deverei permanecer emsilêncio.

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- Pode falar. — disse Kull.

A mulher sorriu ansiosamenteentrelaçou as mãos.- Peço-lhe que me permita casa

com Kulra Thoom, da ZaraanTu interveio antes que Kull pudessfalar.

- Milorde, este assunto já foongamente discutido. Eu jmaginava que havia algum

propósito oculto ao lhe pedirem

esta visita. Esta mulher tem sangureal nas veias, e vai de contra ocostumes da Valúsia permitir qu

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as mulheres de sangue real scasem com estrangeiros de class

nferior.- Mas o rei pode ditar outrcoisa, se assim o deseja. — replicouDelcardes.

- Milorde — disse Tu, movendas mãos como alguém que sencontra nos últimos estágios drritação nervosa —, se lhe permiti

casar-se desse modo, issoprovavelmente será motivo de

guerra, rebelião e discórdia durantos próximos cem anos.

Pareceu disposto a se lança

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num discurso sobre classe socialgenealogia e história, mas Kull lh

nterrompeu, com sua breve reservde paciência já esgotada.- Por Valka e Hotath! Por acas

sou uma anciã ou um sacerdotepara ser importunado com taiassuntos? Se conserte e não maime importune com questõematrimoniais. Por Valka! NAtlântida, os homens e as mulherese casam com quem querem, e com

mais ninguém.Delcardes fez cara feia para Tu

que se encolheu; logo, ela sorriu

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encantadoramente e se voltou paro divã, com um movimento ágil.

- Fale com Saremes, antes quela sinta ciúmes de mim.Kull olhou a gata co

desconcerto. Ela tinha umpelagem longa, sedosa e cinza, olhos rasgados e misteriosos.

- Ela parece bem jovem, Kulmas na verdade é muito velha. —disse Delcardes — É uma das gatada velha raça, que viviam até os mi

anos. Pergunte sua idade, Kull.- Qual a sua idade, Saremes?

perguntou Kull, distraído.

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- A Valúsia ainda era jovemquando eu já era velha. —

respondeu a gata, com voz claraainda que curiosamente timbrada.Kull se sobressalto

violentamente.- Por Valka e Hotath!

exclamou — Ela fala!Delcardes pôs-se a ri

suavemente, alegre, mas expressão da gata não se alterou.

- Falo, penso, sei e sou. —

acrescentou a gata — Fui aliada drainhas e conselheira de reis, desdmuito antes que as praias branca

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da Atlântida conhecessem seus pésrei da Valúsia. Vi os antepassado

valusianos cavalgarem para osextremos mais orientais, paresmagarem aqueles da velha raça, á estava aqui quando os da velha

raça surgiram dos oceanos, htantas eras que a mente humana satordoa ao tentar medi-las. Somais velha que Thulsa Doom,quem poucos homens viram. Vsurgirem impérios e reinos s

desmoronarem, vi reis cavalgaremseus corcéis e saírem de suaguaridas. Fui uma divindade e

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minha época, e estranhos foram oneófitos que se inclinaram diante

de mim, e terríveis os ritopraticados em minha honra. Furespeitada por seres louvados deminha própria classe, seres tãoestranhos quanto suas façanhas.

- Você consegue ler as estrelaspredizer o futuro? — perguntouKull, cuja mente de bárbaro lançouse de imediato sobre idéiamateriais e práticas.

- De fato, os livros do passadodo futuro estão abertos diante dmim, e digo ao homem o que é bom

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que ele saiba.- Neste caso — disse Kull —

diga-me onde está guardada a caixsecreta que Kanu me enviou ontee que já não encontro.

- Tu a guardaste no fundo dainha de sua adaga, e a esqueceu

de imediato. — respondeu a gata.Kull se sobressaltou, puxou

faca e sacudiu a bainha, da quacaiu uma delgada tira dpergaminho.

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- Por Valka e Hotath!

exclamou — Saremes, você émaga dos gatos! Veja isto, Tu!

Mas Tu mantinha os lábio

apertados, formando uma linha d

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expressão desaprovadora, e olhoutenebrosamente para Delcardes

Ela lhe devolveu o olhar sevacilar, e o conselheiro, irritadovirou-se para Kull.

- Reflita, milorde! I sto não passde algum tipo de farsa ridícula.

- Tu, ninguém me viu guardaesta carta aqui, pois até eu mesmohavia esquecido.

- Milorde, qualquer espiãpoderia...

- Espião? Não seja maiestúpido do que já é, Tu. Por acasoacredita que uma gata possa envia

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espiões para que vejam ondescondo uma carta?

Tu suspirou. À medida quenvelhecia, lhe era cada vez maidifícil conter as manifestações dexasperação diante dos reis.

- Pense, milorde, nos humanoque podem haver atrás da gata.

- Milorde Tu — interveiDelcardes com um tom de suavcensura —, suas palavras menvergonham e ofendem Saremes.

Kull se sentiu vagamentaborrecido com Tu.

- A gata, pelo menos, fala. — el

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disse a Tu — Isso, você não podnegar.

- Tem que haver algum truque— sustentou obstinadamente Tu —O homem fala; os animais nãoconseguem.

- As coisas não são assim. —disse Kull, convencido da realidadda gata falante, ávido pardemonstrar que tinha razão — Ueão falou com Kambra, e o

pássaros falavam com os anciãos da

tribo da montanha do mardizendo-lhes onde a caça sescondia. Ninguém nega que o

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animais possam conversar entre siMais de uma noite, me deslize

pelos sopés das montanhacobertas por bosques, ou saí pelapradarias cobertas de capim, e ouvos tigres rugirem uns aos outrossob a luz das estrelas. Se é assimpor que alguns animais nãopoderiam aprender a falar com ohomem? Houve um tempo em queu quase conseguia entender orugidos dos tigres. O tigre é me

totem, e é tabu para mim, como nãseria em caso de auto-defesa. —acrescentou, sem dar-lh

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mportância.Tu se sentiu constrangido. Qu

este chefe selvagem falasse detotem e tabu, estava tudo bem, mahe irritava muito ouvir tai

observações dos lábios do rei daValúsia.

- Milorde, uma gata não é utigre. — ele disse.

- É bem verdade. — admitiuKull — E esta é muito mais sábique todos os tigres.

- Isso não é mais que a verdade— disse Saremes, serenamente —Senhor conselheiro, acreditaria s

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ela lhe dissesse o que ocorre, nestmomento, no tesouro real?

- Não! — exclamou Tu — Pelque descobri, espiões astutos sãocapazes de ficarem a par dequalquer coisa.

- Nenhum homem pode sconvencer, se não quiser. — dissSaremes, imperturbável, citandum velho ditado valusiano — E, nentanto, senhor Tu, deve saber qufoi descoberto um excedente d

vinte peças de ouro, e que nestexato momento um mensageirocruza apressadamente as ruas, par

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hes comunicar. Ah, creio que estchegando. — acrescentou, quando

passos soaram no corredor externoUm delgado cortesão, vestidcom as alegres roupas da tesourarireal, entrou na moradia, se inclinouprofundamente e pediu permissãopara falar. Uma vez que Kullconcedeu, o homem disse:

- Poderoso rei e senhor Tuacabamos de encontrar umexcedente de vinte peças de ouro no

tesouro real.Delcardes pôs-se a rir

aplaudiu, encantada. Tu, por su

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vez, se limitou a perguntar:- Quando descobriram isso?

- Há apenas meia hora. — foiresposta.- Quantos sabiam disso?- Ninguém, meu senhor. Só eu

o tesoureiro real sabíamos, até onstante em que lhes comuniquei.

- Isto nós veremos! — exclamoTu, que dispensou o homem nugesto áspero — Vá. Me ocuparemais tarde com este assunto.

- Delcardes — disse Kull —, estgata é sua; é verdade?

- Milorde, ninguém é dono d

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Saremes. — respondeu a mulher —Ela é minha convidada. É su

própria dona, como foi durante mianos.- Eu gostaria de tê-la no palácio

— disse Kull.- Saremes — disse Delcarde

com deferência —, o rei gostarique você fosse sua convidada.

- Irei com o rei da Valúsia —disse a gata com dignidade —, permanecerei no palácio real até o

momento em que eu queira ir qualquer outra parte, pois sou umgrande viajante, rei Kull, e às veze

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me agrada sair pelo mundo percorrer as ruas das cidades

situadas nos mesmos lugares ondhá muito tempo eu vagava pelososques, e visitar as areias do

desertos onde, também há muitotempo, se ergueram ruas imperiais

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Desse modo, Saremes, a gatfalante, chegou ao palácio real dValúsia, acompanhada por seuescravo. Lhe foi dada uma câmar

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espaçosa, coberta com primorosoeitos e almofadões de seda

Diariamente, colocavam diante delas melhores refeições da mesa reale todo o pessoal do serviço do rehe rendia homenagem, exceto Tu

que grunhia ao ver uma gatexaltada desse modo, mesmo quela pudesse falar. Saremes o tratavcom um divertido menosprezo, marecebia Kull com um nível ddignificada igualdade.

Comparecia freqüentemente asalão do trono, transportada poseu escravo numa almofada d

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seda, pois este sempre acompanhava para onde fosse.

Em outras ocasiões, erapróprio Kull quem compareciasua câmara, e ambos conversavamaté o amanhecer, e foram muitas ahistórias que a gata lhe contou, muito antiga a sabedoria que elhe transmitiu. Kull a escutava conteresse e atenção, poi

evidentemente esta gata era muitomais sábia que a maioria de seu

conselheiros, e tinha maisabedoria antiga que todos eleuntos. Suas palavras era

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sentenciosas e oraculares, mas else negava a emitir profecias sobre

os assuntos menores que smanifestavam na vida cotidiana dopalácio ou do reino, exceto pelo fatode que ela lhe advertiu que sprotegesse de Thulsa Doom, quhavia enviado uma ameaça contrKull.

- Pois eu, que vivi muito maianos que os minutos que vocêviveram — disse —, sei que o

homem se sente melhor em sabeas coisas que ainda irão acontecerpois o que há de ser, será, e o

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homem não pode impedi-lo nemacelerá-lo. É melhor caminhar n

escuridão, quando o caminho temque passar diante de um leão e nãohá outra via.

- Então — disse Kull —, se o qutem de acontecer terminacontecendo, algo que duvido, e sum homem a quem falam as coisaque hão de passar tem seu braçoenfraquecido ou fortalecido posto, quer dizer que isso também

estava predestinado?- Se ele estava predestinado a

que lhe disserem, sim. —

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respondeu Saremes, aumentandoperplexidade e a dúvida de Kull —

No entanto, nem todos ocaminhos da vida se estabelecempreviamente, pois um homem podfazer isto ou aquilo, e nem sequeos deuses sabem o que passa nmente de um homem.

- Nesse caso, nem tudo estpredestinado se o homem podseguir mais de um caminho. —refletiu Kull, duvidando — Com

se pode então profetizar oacontecimentos?

- A vida tem muitos caminhos

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Kull. — respondeu Saremes — Eme encontro nas encruzilhadas do

mundo, e sei o que há em cada umdos caminhos. Entretanto, nem odeuses sabem que caminho tomaro homem: se o da direita ou o desquerda, uma vez que tenhchegado à encruzilhada que odivide. E uma vez que tenhcomeçado a percorrer um deles, jnão pode refazer seus passos.

- Então, em nome de Valka, po

que não me indica os perigos ou avantagens de seguir um caminhoou outro, quando chega a hora d

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escolher? — perguntou Kull.- Porque até mesmo os podere

de alguém como eu têm tambémseus limites. — respondeu a gat—, e não podemos impedir ofuncionamento da alquimia dodeuses. Não podemos retiracompletamente o véu que cobre oolhos dos humanos, a não ser quos deuses tirem nosso poder e qucausemos dano ao homem. Assima esperança acende sua lâmpada ao

ongo do caminho que o homemsegue, mesmo que esse caminhoseja o pior de todos. — Ao ver qu

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Kull tinha dificuldade parcompreender suas palavras

prosseguiu: — Como vê, milordenossos poderes também têm questar sujeitos a limites, pois doutro modo, seríamos poderosodemais e ameaçaríamos os própriodeuses. Assim, um conjuro místicfoi lançado sobre nós, e emborpossamos abrir os livros dopassado, não podemos oferecemais que fugazes visões do futuro

através da bruma que o vela.De alguma forma, pareceu

Kull que a argumentação d

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Saremes era bastante inconsistente ilógica, e que cheirava a bruxaria e

farsa, mas ao ver que os olhos frioe oblíquos da gata miravam-no sempiscar, não se sentiu inclinado afazer objeção alguma, ainda qusso lhe ocorresse.

- E agora — disse a gata —afastarei o véu, ainda que seja sópor um instante, porque é pelo seupróprio bem... Permita quDelcardes se case com Kulr

Thoom.Kull se levantou, com u

encolhimento de impaciência em

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seus poderosos ombros.- Não quero ter nada a ver com

casamento de uma mulher. Que Tse ocupe disso.Kull, no entanto, medito

calmamente sobre essa idéia, e sudeterminação sobre o assunto foi senfraquecendo à medida quSaremes entretinha habilmenteconselho nas conversações físicas morais que iam acontecendo.

Era realmente estranho ver Kul

com o queixo apoiado sobre seuenorme punho, inclinado para frente pra beber nas clara

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entoações das palavras da gatSaremes, enroscada sobre um

almofada de seda, ou estendidanguidamente sobre um divãabsorvida em falar sobre temamisteriosos e fascinantes, com oolhos brilhando-lhe estranhamentequase sem mover os lábios — se que os movia —, enquanto oescravo Kuthulos ficava em pé atrádela, como uma estátua, imóvel silencioso.

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Kull valorizava muito aopiniões da gata, e se mostravnclinado a lhe pedir conselho

sobre assuntos do governo, os quai

ela dava cautelosamente, ou nãodava. No entanto, os conselhos quKull recebia costumavam coincidi

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com seus desejos mais íntimos, ele começou a se perguntar se, po

acaso, aquela gata não seritambém capaz de ler as mentes dohomens.

A presença de Kuthulos lhrritava, com seu aspecto tão

austero, sua imobilidade e silênciomas Saremes não permitia qunenhum outro a atendesse. Kutentou penetrar, com seu olhar, ovéu que mascarava as feições do

homem; mas, apesar de seastante tênue, não distinguiu nad

no rosto que se escondia atrás del

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e, por cortesia a Saremes, nuncpediu a Kuthulos que o tirasse.

Um dia, Kull compareceucâmara de Saremes, e a gata lhmirou com olhos enigmáticos. Oescravo mascarado estava de péatrás dela, como uma estátua.

- Kull — disse a gata —afastarei o véu para ti. Brule,anceiro picto, guerreiro de Ka-nu

seu amigo, acaba de ser atacado poum monstro horrível, da superfíci

das águas do Lago Proibido.Kull se ergueu de um salto

encolerizado e enfurecido.

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- O quê? Brule? Em nome dValka! O que ele está fazendo n

Lago Proibido?- Estava nadando em suas águasSe apresse, porque ainda podsalvá-lo, mesmo que ele sejarrastado em direção ao paíencantado, que se encontra sob oago.

Kull se precipitou em direçãoporta. Se sentia perplexo, mas nãtanto quanto se sentiria caso o

nadador fosse outro, porquconhecia a implacável irreverêncido chefe picto, um dos mai

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poderosos aliados da Valúsia.Começou a gritar, chamando o

guardas, mas a voz de Saremes lhnterrompeu.- Não, milorde. Será melhor s

fores sozinho. Nem sequer vossaordens induziriam homem algum acompanhá-lo às águas daquelago cruel; e, segundo a lenda d

Valúsia, a morte espera qualqueum que entre em suas águas, excetoo rei.

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- Está bem, irei só — assentiKull —, e assim salvarei Brule da ir

do povo, caso escape das garras domonstros. Informe Ka-nu.

Kull rechaçou, com grunhido

sem palavras, as respeitosaperguntas que lhe fizeram, montouem seu grande corcel e saiu d

Valúsia a toda velocidade

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Cavalgava só, pois havia ordenadoque ninguém o seguisse. O qu

tinha de fazer, podia fazê-losozinho, e não desejava quehouvesse alguém presente quandotirasse Brule, ou o cadáver de Bruledas profundezas do Lago ProibidoAmaldiçoou a implacável falta dconsideração do picto, e tambémamaldiçoou o tabu que pendisobre o lago, e cuja violação podericausar uma rebelião entre o

valusianos.

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O crepúsculo descia pelamontanhas de Zalgara, quando Kuparou seu cavalo junto à margem

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do lago, que se estendia em meio um bosque grande e solitário. Co

certeza, não havia nada de proibidoem suas águas azuis e plácidascom a praia toda branca, e as ilhadiminutas que se erguiam de seufundo pareciam pequenas gemas desmeralda e jade. Uma débiltrêmula neblina se erguia delas, oque dava ao ar um alento derrealidade que se estendia por tod

a área ao redor do lago. Ku

escutou com atenção por ummomento, e teve a impressão dque uma música débil e distant

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surgia das águas cor-de- safira.Lançou uma praga impaciente,

se perguntou se, por acaso, nãoestaria sendo enfeitiçado. Despiuse de todas as roupas ornamentos, com exceção do cintotanga e espada, e adentrou atrêmulas águas azuis até estas lhechegarem à altura das coxas. Logosabendo que a profundidadaumentava rapidamente, eleaspirou profundamente o ar

mergulhou.Enquanto descia através d

rilho cor-de-safira, teve tempo

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para pensar que aquela talvez fossuma missão estúpida. Deveri

primeiro averiguar, através dSaremes, onde Brule havia nadadno momento em que fora atacado, se seus próprios esforços estavamdestinados a resgatar o guerreiroou não. No entanto, pensou qutalvez a gata não o dissesse e quemesmo que ela lhe assegurasse omais estrondoso dos fracassos, eltentaria de qualquer maneira o qu

tentava fazer agora. Pelo vistohavia algo de verdadeiro napalavras de Saremes, quando el

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afirmava que era melhor não contaaos homens nada sobre o futuro.

Quanto ao lugar onde Brulestava nadando, não faria diferençapois o monstro poderia tê-loarrastado para qualquer parteDesse modo, Kull resolveu exploratodo o leito do lago, até que...

Enquanto refletia acerca de tudsso, uma sombra passou

velozmente perto dele, como umvago tremor no tremular de jade e

safira do lago. Foi consciente dque outras sombras tambémpassavam a seu lado, de todos o

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ugares, mas não conseguiudistinguir suas formas.

Abaixo dele, começouvislumbrar o fundo do lago, quparecia emitir uma estranhradiação. Agora, as sombras lhcercavam por completo, tecendouma rede serpentina sobre ele; umrede com cores de mil matizedistintos, sempre mutáveis. Aquas águas adquiriram a cor dotopázio, e aquelas coisas s

ondularam e tremeluziram em seumágico esplendor. Assim como otons e sombras das cores, eram

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vagas e irreais, opacas e ao mesmotempo brilhantes.

Após perceber que eles nãtinham a intenção de lhe fazer maalgum, Kull não lhes deu maioatenção e dirigiu o olhar para oeito do lago, que agora roçouevemente com os pés. Ele s

sobressaltou por um momentopois poderia quase jurar quacabava de pisar sobre um ser vivoá que percebeu um movimento

rítmico sob os pés descalços.O brilho fraco era evident

adiante, no fundo do lago, poi

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podia ver que o leito do lago sestendia por todos os lados, at

desaparecer nas tranqüilas sombracor-de-safira, e formava umasuperfície sólida que acendia apagava com uma inquietanteregularidade. Kull se inclinou parolhar com mais atenção: o soloestava coberto por uma espécie desubstância feito musgo, qu

rilhava como uma chama brancaEra como se o leito do lago foss

formado por milhares de vagaumes que abriam e fechavam sua

asas em uníssono. E este musg

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parecia palpitar sob seus pés comoalgo vivo.

Agora, Kull começava a nadade novo para a superfície. Criadentre as montanhas do mar dAtlântida, era quase como umcriatura marinha. Se sentia tãovontade entre as águas quantoqualquer lemuriano, e era capaz dpermanecer sob a superfície dágua pelo dobro do tempo dqualquer nadador comum, ma

aquele lago era um tanto profundoe ele desejava conservar toda suafortaleza.

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Chegou à superfície, encheuenorme peito de ar e voltou

mergulhar. As sombras voltaram envolvê-lo, quase perturbando-lhe avisão com seus brilhofantasmagóricos. Desta vez, nadomais rapidamente e, ao chegar aofundo, começou a caminhar por eltão rapidamente quanto lhpermitia aquela substâncipegajosa que envolvia seus pésenquanto o musgo flamejante

parecia respirar e acender; aquelacoisas coloridas relampejavam seu redor, e umas sombra

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monstruosas de pesadelo surgiampor trás de seu ombro para caírem

sobre o ardente fundo.

O musgo estava coberto pelo

ossos e caveiras dos homens que s

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atreveram a nadar no LagProibido. Subitamente

acompanhando o movimento daáguas, uma coisa avançou contraKull. A princípio, o rei acreditoque se tratasse de um polvogigante, pois o corpo era o de umpolvo, dotado de longos ondulantes tentáculos; mas, aoatacá-lo, percebeu que ele tinha apernas de um homem, e que umespantoso rosto semi-humano lh

olhava entre os braços retorcidos eserpentinos do monstro. Kufirmou os pés e, ao notar que o

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cruéis tentáculos lhe enroscavamnas pernas, ele investiu a espada

golpeando com fria exatidão nomeio daquele rosto demoníacofazendo a criatura desmoronar morrer a seus pés, entre cruéis silenciosos estremecimentos. Osangue se espalhou como umnévoa a seu redor e, com um fortmpulso de suas pernas contra o

fundo, Kull subiu novamente superfície.

Sua cabeça surgiviolentamente à luz, que se apagavrapidamente, e nesse mesmo

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nstante uma grande formavançou espumando em sua

direção: era uma estranha aranhd'água, porém maior que um porcoe seus olhos frios brilhavam comuma mirada infernal. Kull smanteve na superfície commovimentos dos pés e de uma mãoe levantou sua espada quando aranha se precipitava sobre ele. Aâmina partiu o corpo em dois, e o

monstro afundou em silêncio.

Um leve som o fez se virartempo de ver que outra, aindmaior que a primeira, já estav

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quase sobre ele. O monstrestendeu, sobre os braços e ombro

do rei, pegajosos fios de teia-dearanha, que significariam a ruínapara qualquer um que não fosse umgigante como o rei. Mas Kull cortoas duras correntes como se fossemcordas, segurou uma pata daquelcoisa que se erguia sobre ele atravessou o monstro uma vez apóoutra, até que o notou debilitado, osoltou e o animal flutuou, se

afastando e avermelhando as águaa seu redor.

- Por Valka! — murmurou o re

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— Parece que vou ficar sem nadpra fazer. E, no entanto, é fác

demais matar estas coisas. Comsuperaram Brule, que só se vsuperado por mim em combate emtodos os Sete Impérios?

Mas Kull não tardariadescobrir que outros espectromais cruéis povoavam os abismomortais do Lago ProibidoMergulhou de novo, e seu olhar sencontrou desta vez as sombra

coloridas e os ossos de homenesquecidos. Voltou a nadar parasuperfície, em busca de ar, e logo

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mergulhou pela quarta vez.Não estava longe de uma da

lhas e, ao descer, se perguntou quecoisas estranhas se esconderiampor trás da densa folhagemesmeralda que cobria as ilhasSegundo a lenda, ali se haviaevantado templos e santuários que

não foram construídos por mãohumanas e, em certas noites, oseres do lago surgiam daprofundezas para realizar ali seu

ritos misteriosos.A agitação se produziu justo n

momento em que seus pés tocavam

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o musgo. Vinha de trás, e Kulavisado por um instinto primitivo

se virou bem a tempo de ver umsilhueta grande que se erguia sobrele; uma forma que não era nem dhomem nem de animal, mas umestranha e horrível mistura dambos. Sentiu, então, dedogigantescos se fecharem sobre seu

raço e ombro.Resistiu selvagemente, ma

aquela coisa agarrou com firmeza o

raço que segurava a espadadeixando-o impotente, e suas garraafundaram profundamente no

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antebraço esquerdo. Tomado poum impulso vulcânico, se retorceu

para dar meia volta e podefinalmente ver seu atacante. Aquelcoisa parecia com um tubarãomonstruoso, mas dotada de umchifre longo e duro, que se curvavacomo um sabre e lhe sobressaía dofocinho. Tinha quatro braços, dforma humana, mas era inumanono tamanho e na força que havinas garras em seus dedos.

Com apenas dois braços,monstro imobilizava Kulenquanto com os outros dois lh

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nclinava a cabeça para trás, parquebrar-lhe a nuca. Mas nem u

ser tão persistente quanto este, pomais poderoso que fosse, conseguidominar tão facilmente Kull dAtlântida. Uma raiva selvagem sapoderou dele, e o rei da Valúsificou furioso.

Ele firmou os pés sobre musgo, soltou o braço esquerdocom uma poderosa contorção e umpuxão do ombro, e, com

velocidade de um felino, tentoupassar a espada da mão direita esquerda. Ao ver fracassado se

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ntento, golpeou o monstroselvagemente com o punho. Mas

zombeteira matéria cor-de-safirque lhe cercava o enganou eamorteceu a força de seu golpe. Ohomem-tubarão fez o focinhodescer, mas, antes que pudessegolpear para cima, Kull agarrouchifre com a mão esquerda e osegurou com firmeza.

A isso, seguiu uma verdadeirprova de poder e resistência. Kul

ncapaz de se mover rapidamentna água, sabia que sua únicesperança consistia em permanece

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próximo ao seu inimigo, parresistir a ele e, desse modo

contrabalançar a maior rapidez domonstro. Ele se esforçodesesperadamente para libertar o

raço que segurava a espada, aponto de o homem-tubarão se veobrigado a prendê-lo com as quatromãos de que dispunha. Kucontinuava segurando firmementeo chifre, sem se atrever a soltá-lopara que não o dilacerasse com su

terrível investida para cimaenquanto o homem-tubarãotampouco se atrevia a afastar um

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só de suas mãos do braço de Kulque sustentava a longa espada.

Assim engalfinhadosforcejaram e se retorceram. MaKull não demorou em perceber questava condenado se continuassemdaquela forma, pois já começava asofrer os efeitos da falta de ar. O

rilho que ele observou nos olhodo homem-tubarão lhe indicou quele também havia percebido que sóprecisava segurar Kull desse modo

sob a superfície da água, até que else afogasse.

Era uma situação realment

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desesperadora para qualquehomem. Mas Kull da Atlântida nã

era um homem comum. Treinaddesde a infância numa escola dure sangrenta, dotado de músculos daço e de um cérebro impávidoacrescentava a tudo isso coordenação de movimentos qudistingue o super-lutador, umavalentia que nunca desanimava euma ira que, em certas ocasiões, lhmpulsionava a realizar façanha

sobre-humanas.Agora, consciente que o fim s

aproximava com rapidez e

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mpulsionado freneticamente posua própria impotência, decidiu

tomar uma atitude tão desesperadquanto a necessidade em que sencontrava. Soltou o chifre dmonstro, ao mesmo tempo em qunclinava ao máximo o corpo para

trás, e com a mão livre agarrava oraço mais próximo daquela coisa.

O homem-tubarão golpeomediatamente, e o chifre arranhou

uma das coxas de Kull, quand

repentinamente (atlantafortunado!) se enganchou nopesado cinto do rei. Enquanto

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monstro lutava para soltar o chifreKull imprimiu toda a potência ao

dedos que seguravam um doraços daquela coisa e esmagouuma carne fria e úmida, junto comossos inumanos, como se fossemuma fruta madura.

A boca do homem-tubarão sabriu silenciosamente devido aotormento que sofria e, com o chifrá livre, voltou a golpea

selvagemente. Kull evitou o golpe

mas perdeu o equilíbrio e ambocaíram juntos, meio tragados pelsuperfície de jade sobre a qual s

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moviam. E, enquanto continuavaforcejando ali, Kull finalment

soltou o braço que segurava aespada, afastando-o das garradebilitadas do monstro, e lançouum golpe para cima, rachando omonstro e abrindo-o em dois.

Toda a luta havia consumidapenas um momento, mas parKull pareceram horas, enquantnadava a toda velocidade para oalto, lutando contra a tontura qu

se apoderava de sua cabeça e contrao grande peso que parecia quereesmagar-lhe as costelas. Vi

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debilmente que o fundo do lago selevava repentinamente a seu lado

e percebeu que formava um decliveque dava numa ilha. Logo, a águpareceu ganhar vida a seu redor, ese sentiu açoitado, dos ombros atos calcanhares, por gigantescoanéis que nem sequer seumúsculos de aço podiam quebrarComeçava a lhe falhar consciência, sentia que se esgotavaa uma velocidade terrível, notou em

sua cabeça o som de muitas sinetae então, repentinamente, sencontrou com a cabeça por cim

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da água e seus torturados pulmõeabsorveram ar em grande

quantidades. Se agitou, envolvidna escuridão maior, e só teve tempode aspirar uma prolongada porçãode ar, antes de se ver arrastadonovamente para o fundo.

A luz voltou a brilhar a seredor, e ele viu novamente o musgoflamejante palpitando lá distância, no fundo. Se viragarrado por uma grande serpente

que havia lhe envolvido váriavezes com os anéis de seu corposinuoso, como enormes cabos,

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que agora lhe arrastava para umdestino que só Valka podia saber.

Desta vez, Kull não ofereceresistência, e preferiu conservasuas forças. Se a serpente nãomanteve sob a água por temposuficiente para morrer afogadosem dúvida alguma lhe daria umoportunidade de lutar quando criatura chegasse a seu esconderijoou ao lugar para o qual o levava. Tae como se encontrava aprisionado

os membros de Kull estavam tãpresos que não conseguiria nemsoltar um braço, muito menos fugi

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dela.A serpente, que avançav

rapidamente através daprofundezas azuis, era a maior quKull jamais vira, pois media unsessenta metros cobertos descamas de cor jade e douradavívidas e maravilhosamentcoloridas. Seus olhos, quando ela svirou para ele, eram de um intensofogo gelado, se é que algo assim erconcebível. Apesar do risco de su

situação, a alma fantasiosa de Kunão pôde deixar de se maravilhadiante daquela cena tão estranha:

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grande forma verde e douradvoando através do ardente topázio

do lago, enquanto as cores dasombras ondulavamanguidamente a seu redor.

O fundo, que parecia uma gemacesa, voltou a se curvar para cimacomo se estivessem saproximando de uma ilha ou dmargem de um lago, quandorepentinamente, uma grandcaverna apareceu diante deles. A

serpente deslizou para dentro, omusgo flamejante desapareceu, eKull se encontrou parcialment

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sobre a superfície da água, envoltopela escuridão. Foi transportad

deste modo durante o que pareceuum longo tempo, e logo o monstrovoltou a mergulhar.

Saíram novamente à luz, mauma luz como Kull jamais tinhvisto. Era um brilho luminoso qutremulava crepuscularmente sobrea superfície das águas, qupermaneciam quietas e escurasKull soube então que se encontrav

no reino encantado, sob o fundo doLago Proibido, pois esta não ernenhuma radiação terrena, ma

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uma luz negra, mais negra ququalquer escuridão, apesar d

luminar aquelas águas cruéis osuficiente para poder ver o brilhoopaco da águas e seu próprioreflexo escuro nelas. De repente, oanéis se afrouxaram ao redor dseus membros, e ele smpulsionou rapidamente em

direção a um enorme vulto, quhavia surgido dentre as sombras sua frente.

Nadou com força e saproximou do que, em algumépoca, havia sido uma grand

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cidade. Se elevava mais e maissobre uma grande superfície d

pedra negra, até que seus sombriocapitéis se perdiam na escuridãoacima até daquela luz profana quetambém negra, parecia ter umtonalidade diferente. Se tratava denormes edifícios quadrados, dconstrução maciça; de poderoso

locos basálticos que saíram a seuencontro quando ele surgiu ddentro das águas pegajosas

começou a subir os degrautalhados na pedra, como se fossemtalhados na rocha viva de um

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escarpado. Colunas gigantescas selevavam entre os edifícios.

Nenhum resplendor de luterrena aliviava a macabra visãodesta cidade inumana, mas a lunegra brotava de seus muros etorres para derramar-se sobre aáguas, em vastas ondas palpitantes

Kull se deu conta de que umenorme multidão de seres pareciesperá-lo num amplo espaço que sestendia diante dele, aberto entr

os edifícios que se afastavam paraos lados. Piscou, e fez esforço paracostumar sua vista a esta estranh

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luminação. Os seres ficaram maipróximos, e um sussurro percorreu

suas filas, como o ondular da gramsob o vento noturno. Erauminosos e sombreados

reluzentes contra a negritude dsua cidade, e seus olhos eramfantasmagóricos e luminosos.

Então, o rei viu um que sdestacava dos demais, diante deleParecia mais com um homem, possuía um rosto barbudo, altivo

nobre, embora uma testa franzidse estendesse sobre suamagníficas sobrancelhas.

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- Você vem como todos de suraça. — disse repentinamente est

homem lacustre- Ensangüentado e seguranduma espada avermelhada.

- Por Valka e Hotath!exclamou o rei — A maior partdesse sangue é minha, e foderramada pelos bichos de seumaldito lago.

- A morte e a ruína seguem curso de sua raça. — diss

sombriamente o homem lacustre —Acaso nós não sabemos? Claro qusim; nós mesmos reinamos no lago

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de águas azuis, antes que humanidade fosse sequer um

sonho dos deuses.- Ninguém os incomoda.—começou a dizer Kull.

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- Porque temem fazê-lo. Novelhos tempos, os homens da terrtentaram invadir nosso reino deescuridão. Nós os matamos e sorganizou a guerra entre os filhodos homens e o povo dos lagosSaímos de nosso mundoespalhamos o medo entre os dterra, pois sabíamos que eles sópodiam significar a morte para nós

e que eles só se sentempredispostos a matar. Lançamoconjuros e encantos. Fizemos seu

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cérebros arrebentarem perturbamos suas almas com noss

magia, até que se viram obrigados nos pedirem a paz. A partir dentão, os homens da terrmpuseram um tabu sobre estago, de modo que nenhum homem

pode chegar até aqui, exceto o reda Valúsia. Isso ocorreu hmilhares de anos e, desde entãonenhum homem chegou ao paíencantado e pôde sair dele, salvo

como um cadáver flutuante sobreas águas tranqüilas do lagosuperior. Rei da Valúsia, ou que

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quer que você seja, está condenado

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Kull o olhou, desafiante.- Não vim à procura de seu reino

condenado — ele alfinetou —, made Brule, o lanceiro, a quem vocêarrastaram para cá.

- Está mentindo. — dissehomem lacustre — Nenhuhomem se atreveu a entrar nestago há mais de cem anos. Voc

veio buscar tesouros, ou parsaquear e matar, como todos de suainhagem sangrenta. E morrerá po

sso!Kull sentiu então os sussurro

dos encantos mágicos que lh

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rodeavam, que enchiam o ar eadotavam forma física, flutuando à

trêmula luz como teias de aranhamuito tênues que se agarravam aele com vagos tentáculos. Mas elsoltou uma imprecação impacientee os afastou para um lado com ummovimento da mão nua, fazendo-odesaparecer. Porque, segundoferoz lógica elementar do selvagema magia da decadência não possuforça alguma.

- Você é jovem e forte. — disserei lacustre — A podridão dcivilização ainda não penetrou em

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sua alma e é possível que nossoencantamentos não lhe façam o

menor mal, porque não os entendeNesse caso, devemos tentar outracoisas.

Os seres lacustres que lhcercavam sacaram suas adagas eançaram-se sobre ele. O rei pôs-s

a rir, apoiou as costas contra umacoluna e apertou o cabo de suespada até que os músculos de seu

raço direito se sobressaíram como

grandes saliências.- Este sim, é um jogo qu

conheço bem, fantasmas. — el

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disse, com uma nova gargalhada.Todos pararam de repente.

- Não tente escapar de sedestino — disse o rei do lago —pois somos seres imortais e nãopodemos morrer pelas mãos de ummortal.

- Agora, é você quem estmentindo — respondeu Kull, comastúcia típica do bárbaro —, poisegundo suas próprias palavrastemia a morte que aqueles d

minha raça poderiam lhes causar. Épossível que vocês consigam vivendefinidamente, mas o aço pode

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com vocês. Seria bom se vocêpensassem melhor. Vocês sã

fracos, delicados e não estãoacostumados a lutar; nem sequesabem segurar as armas comodevem. J á eu nasci e fui educadpara matar. Podem acabar comigoposto que são milhares, e eu, umsó, mas seus encantamentofracassaram comigo e lhes asseguroque muitos de vocês morrerãoantes que eu caia. Vou dizimá-lo

em grandes quantidades; entãopensem melhor, homens do lagovalerá a pena me matar, em troca

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de tantas vidas suas?Kull sabia muito bem que todo

aqueles seres, capazes de matacom o aço, podiam morrer pelo açoPor isso, não sentia o menor medoSua figura, ameaçadora tenebrosa, sangrenta e terrível, serguia sobre todos eles.

- Reflitam. — ele repetiu — Éem melhor me trazerem Brule,

ambos partiremos em paz. Cascontrário, meu cadáver se ver

rodeado por pilhas de mortos seusquando a batalha houveterminado. Além disso, se e

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morrer aqui, haverá pictos emurianos que seguirão meu

rastro, mesmo sob as águas doLago Proibido, até encharcar estpaís encantado com o sangue dvocês, ou o que tiverem nas veiasEles têm seus próprios tabus, e nãrecuam nem se deixam intimidapelos tabus das raças civilizadasnem lhes importa o que possacontecer à Valúsia, pois sópensariam em mim, que sou d

sangue bárbaro, como elemesmos.

- O velho mundo continua su

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marcha pelo caminho da ruína e doesquecimento. — disse o re

acustre com tristeza — E nós, qufomos todo- poderosos em tempopassados, temos que suportar agoro desafio de um selvagemarrogante em nosso próprio reinoure que jamais voltará a pisar n

Lago Proibido, que nunca permitirque outros violem o tabu, e seráivre.

- Primeiro, traga a meu lado

anceiro.- Nenhum homem assim chegou

a este lago.

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- Não? A gata Saremes mdisse...

- Saremes? Sim, nósconhecemos de velhos temposquando atravessou a nado as águaverdes e viveu durante uns séculonas cortes do país encantadopossui a sabedoria que só o tempodá, mas eu não sabia que ela falavaa linguagem dos homens da terraDe qualquer modo, esse homenão está aqui, e lhe juro...

- Não me jure pelos deuses odemônios. — interrompeu Kull —Só quero sua palavra de homem.

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- Eu a dou para você. — disserei lacustre.

E Kull acreditou nele, pois havinaquele rei um porte majestoso quo fazia sentir-se estranhamentpequeno e rude.

- E eu, por minha vez — dissKull —, lhe dou minha palavra, qununca quebrei, de que nenhumhomem quebrará o tabu, nemvoltará a incomodá-los de modoalgum.

- E eu creio em você, pois é uhomem terrestre diferente de todoque conheci até agora. Você é u

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rei de verdade e, o que é maimportante, um homem d

verdade.Kull o agradeceu e embainhouespada. Logo, virou em direção aodegraus.

- Sabe como chegar ao mundexterno, rei da Valúsia?

- Quanto a isso — respondeKull —, suponho que se eu nadapor tempo suficiente, terminareencontrando o caminho. Sei que

serpente me trouxe através daáguas, passando por baixo de umlha e possivelmente muitas, e qu

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nadamos numa caverna durantum longo tempo.

- Você é sincero — disse o reacustre —, mas poderia passatoda a eternidade nadando nescuridão. — Ele ergueu as mãos,uma criatura grotesca nadou até opé dos degraus: — Este é um corcecruel — ele acrescentou —, mas lhevará a salvo até a própria margem

do lago superior.- Um momento. — disse Kull

Me encontro agora sob uma ilhasob a terra firme, ou este territóriose encontra realmente sob o fundo

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do lago?- Você se encontra no centro d

universo, como sempre esteve. Otempo, o lugar e o espaço não sãomais que ilusões, não têmexistência mais que na mente dohomem, que deve estabeleceimites e fronteiras para pode

compreender. Só existe a realidadsubjacente, da qual todas aaparências não são mais que umamanifestação exterior, do mesmo

modo que o lago superior se vêalimentado pelas águas que surgemdeste, que é o verdadeiro lago. V

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agora, rei, pois você é um homemverdadeiro, ainda que seja apenas o

primeiro de uma maré que se iniciacheia de selvageria, que terminaráenvolvendo o mundo, à medida queste se encolhe.

Kull prestou uma atençãrespeitosa àquelas palavras que elpouco compreendeu, embora nãotenha deixado de perceber queram muito mágicas. Apertou mão do rei lacustre, s

estremecendo um pouco ao contatode algo que era carne, mas nãohumana. Logo, observou mais um

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vez os grandes edifícios negros quse erguiam silenciosos; contemplou

as formas de vaga-lumes, quemurmuravam entre si; estendeu oolhar por sobre a brilhantsuperfície das águas, sulcadas poondas de luz negra, que pareciamarrastar-se como aranhas, finalmente voltou-se, desceu aescadas que conduziam à margemda água, e montou sobre o corceacustre que lhe esperava.

Transcorreram eras cheias dcovas escuras e águas que seprecipitavam, do sussurro de

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monstros gigantescos que nãopodia ver; às vezes por cima d

superfície e outras por baixod'água, o corcel transportava o reiaté que finalmente apareceu omusgo flamejante, e subiramatravés do azul da água agitadaLogo, Kull avançou em direçãoterra.

O valoroso cavalo de Kuaguardava impaciente, no local emque o rei o deixara. A lua começav

a se levantar sobre o lago e Kull nãconseguiu disfarçar sua surpresa.

- Por Valka! Faz apenas um

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hora que desmontei aqui mesmoAcreditei que tivessem transcorrid

muitas horas, e até dias, desdentão.Ele montou e regressou a caval

para a capital da Valúsia, semdeixar de pensar que talvehouvesse algum significado ocultonas observações do rei lacustresobre a ilusão do tempo.

Kull se sentia cansado, irritadoperturbado. A viagem através d

ago havia limpado-lhe o sanguemas o movimento sobre o cavalohe abriu o ferimento na coxa, qu

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começou a sangrar de novo. Alédisso, a perna estava rígida e lhe

rritava um pouco. No entanto, seprincipal pensamento era o fato dque Saremes lhe havia mentido —fosse por ignorância ou comntenção maliciosa —, algo qu

quase lhe custara a vida. Por qurazão?

Lançou uma praga, e pensou nque Tu diria. Mas até uma gatfalante poderia se equivoca

nocentemente. De qualquer mododecidiu não levar suas palavras emconta.

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Cruzou silenciosamente as ruaprateadas da antiga cidade, e o

homens que montavam a guardadiante do palácio ficaramoquiabertos ao verem-no aparecer

mas, prudentemente, não lhfizeram perguntas.

Encontrou o palácio alvoroçadoPraguejou e se dirigiu com o passrritado à sala do conselho e, de lá

à câmara da gata Saremes. Elestava enroscada, imperturbável

sobre uma almofada; agrupados ncâmara, se encontravam Tu e oprincipais conselheiros, cada um

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deles tentando convencer odemais. O escravo Kuthulos não s

via em parte alguma.Kull se viu saudado por umexplosiva aclamação de gritos eperguntas, mas ele se dirigiudiretamente à almofada ocupadpor Saremes, e observou-a comolhar brilhante.

- Saremes — disse o rei —, vocmentiu pra mim.

A gata o olhou fixamente

ocejou e não respondeu. Kupermaneceu diante dela, irritado, Tu lhe tomou por um braço.

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- Kull, onde esteve, em nome dValka? De onde vem este sangue

Kull sacudiu-lhe a mão, irritado.- Deixe-me. — disse ele — Estgata me enviou para cumprir ummissão estúpida... Onde está Brule?

- Kull!O rei deu meia-volta e viu Brule

que nesse momento entrava nasala, com suas roupas escassamanchadas de poeira, como stivesse cavalgado duramente. O

traços de bronze do pictocontinuavam impassíveis, mas emseus olhos escuros surgiu um

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expressão de alívio.- Em nome dos sete demônios

— exclamou o guerreiro, malhumorado demais para esconder emoção que o embargava — Meucavaleiros vasculharam asmontanhas e os bosques. Ondvocê estava?

- Procurando seu valioscadáver, nas profundezas do LagProibido. — respondeu Kull, couma expressão de alegria ao ver

perturbação refletida no rosto dopicto.

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- O Lago Proibido! — exclamoBrule, com a liberdade própria dselvagem — Está com seu juízperfeito? O que você ia fazer láOntem, acompanhei Ka-nu atéfronteira zaraana e, ao voltarsoube que Tu havia posto todo exército em pé de guerra parprocurá-lo. Desde então, meuhomens se espalharam em todas a

direções, exceto a do Lago Proibidoonde nunca nos ocorrera procuráo.

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- Saremes mentiu pra mim... —o rei começou a dizer.

Mas sua voz se viu abafada pouma explosão de vozes que lhrepreendiam, e cujo tema principaconsistia em dizer que um rei nãodevia nunca desaparecer semcerimônia alguma, e deixar que oreino cuidasse de si mesmo.

- Silêncio! — rugiu finalmentKull, com os braços levantados um brilho perigoso no olhar — Po

Valka e Hotath! Acaso sou algugaroto para ter que pedipermissão? Tu, conte-me o qu

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ocorreu aqui.Após um silêncio repentino qu

se fez depois desta explosão dcólera régia, Tu começou a sexplicar.

- Milorde, fomos enganadodesde o início. Esta gata não é maique um engano e uma fraudperigosa, tal e como eu haviafirmado.

- E, no entanto...- Milorde, nunca ouviste falar d

homens capazes de disfarçar suavozes à distância, fazendo-aaparecer como se fosse outro qu

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falasse, ou como se soassempalavras pronunciadas por sere

nvisíveis?- Claro! Por Valka! — exclamoKull repentinamente, ruborizandose — Fui um estúpido em tê-lesquecido. Um velho bruxo dLemúria possuía esse dom. Nentanto, quem falava... ?

- Kuthulos! — exclamou Tu —Também fui um estúpido ao nãoembrar de Kuthulos: um escravo

sim, mas o maior erudito e ohomem mais sábio dos Setmpérios. Escravo daquel

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desalmada da Delcardes, que devestar agora se retorcendo por caus

da tortura.Kull lhe dirigiu uma penetrantexclamação.

- Sim, milorde. — prosseguiTu, severo — Quando cheguei aque descobri que havia partido só, ninguém soube me dizer pra ondesuspeitei imediatamente de umtraição. Me sentei então parrefletir. E me lembrei de Kuthulos

e sua arte de fingir vozes, e comoessa gata fingida estivera dizendocoisas pequenas, sem lhe faze

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nenhuma grande profeciaoferecendo falsos argumentos, com

a intenção de te refrear. Percebentão que Delcardes havia tenviado esta gata e Kuthulos parenganar-te, para ganhar a vossconfiança. Mandei buscaDelcardes e submeti-a a torturapara que confessasse tudo. Elhavia planejado as coisas de form

em astuta. Ah, claro... Saremedevia levar sempre consigo o

escravo Kuthulos, para que elpudesse falar com sua voz fingida enduzir estranhas idéias em voss

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mente.- Então, onde está Kuthulos?

perguntou Kull.- Havia desaparecido quandcheguei à câmara de Sameres e...

- Lhe saúdo, Kull! — exclamoentão uma voz alegre, vinda dporta, pela qual entrou na sala umfigura barbuda feito um duendeacompanhada por uma moçdelgada e aparentementassustada.

- Ka-nu! Delcardes! Entãterminaram não lhe torturando?

- Oh, milorde! — exclamou

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ovem, se ajoelhando diante dele abraçando-lhe as pernas — So

culpada de tê-lo enganado, milordemas não pretendia lhe fazer maalgum. Eu só desejava me casacom Kulra Thoom!

Kull tomou-a pelos ombros e fêa se levantar, perplexo, ma

apiedado ao ver o evidente terror remorso daquela mulher.

- Kull — disse Ka-nu —, é umsorte que haja voltado quando eu o

fiz, a tempo de evitar que você e Tuançassem o reino ao mar. — T

emitiu um grunhido sem palavras

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sempre invejoso do embaixadopicto, que também era conselheiro

de Kull — Encontrei todo o palácialvoroçado quando voltei: ohomens andavam de um lado aoutro, tropeçavam uns nos outrosem saberem o que fazer. EnvieBrule e seus cavaleiros para lhprocurar, e me dirigi à câmara detorturas... naturalmente, isso foi primeira coisa que fiz, posto que Tuhavia ficado responsável por tudo..

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— O conselheiro-chefe o olhocom uma careta — O fatocompareci à câmara de torturas —

prosseguiu calmamente Ka-nu —,

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os encontrei prestes a torturarem ovem Delcardes, que nada fazi

senão chorar e contar-lhes tudo oque tinha para contar, apesar delenão acreditarem nela. É apenauma garota inquisitiva, Kull, apesade toda a sua beleza. Então, eutrouxe aqui. Delcardes lhe disseverdade, Kull, ao lhe informar quSaremes era sua convidada e que stratava de uma gata muito antigasso é certo. É de fato uma gata d

Raça Antiga, mais sábia que outrogatos; ela vai e vem aonde quiser.mas não é mais do que isso: um

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simples gata. Delcardes tinha, npalácio, espiões que lh

nformaram de detalhes tão poucomportantes, como o lugar ondvocê havia guardado uma carta, n

ainha de sua adaga, ou doexcedente encontrado no tesouro.O cortesão que lhe informou issera exatamente um desses espiõese comunicou o fato a ela antes ddizê-lo ao tesoureiro real. Seuespiões eram seus servos mais leai

e próximos; as coisas que lhcontavam não podiam lhe causamal algum e, em troca, ajudariam

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ela, de quem todos gostam, porqunão tem a intenção de fazer mal

ninguém. Sua idéia consistia efazer Kuthulos falar através da bocde Saremes, e ganhar sua confiançaatravés de pequenas profecias fatos dos quais qualquer umpoderia saber, como adverti-locontra Thulsa Doom. Logo, atravéda constante sugestão da questãopretendia obter de você permissão para que Kulra Thoo

se casasse com Delcardes. Esse ero único desejo da garota.

- E então, Kuthulos se torno

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um traidor. — disse Tu.Nesse momento, se fez u

ruído na porta da sala e entraramuns guardas, arrastando peloraços uma figura com um véu no

rosto e as mãos amarradas àcostas.

- Kuthulos!- Sim, Kuthulos. — assentiu K

nu, embora não parecesse estamuito tranqüilo, pois seus olhos smoviam inquietos — Kuthulos, se

dúvida, com o véu sobre o rostopara esconder assim omovimentos de sua boca e pescoço

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ao falar através de Saremes.Kull observou a figura silencios

que se encontrava em pé diantedele, como uma estátua. Uprofundo silêncio se fez entre ogrupo, como se um vento friohouvesse passado entre eles. Haviuma grande tensão no ambienteDelcardes olhou a silenciosa figure seus olhos se abriramenormemente, enquanto os guardaexplicavam como haviam capturado

o escravo, que tentava escapar dopalácio, deslizando-se por umpequeno e velho corredor.

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Voltou a reinar o silêncio, e Kuavançou e estendeu uma das mão

para arrancar o véu que cobria orosto oculto. Através do tecidotênue, Kull sentiu como se doiolhos lhe atravessassem até consciência. Sem que ninguépercebesse, Ka-nu fechou as mãostransformou-as em punhos, ficandotodo tenso, como se estivesse spreparando para uma luta terrível.

Logo, quando a mão de Ku

quase tocava o véu, um somrepentino quebrou o tensosilêncio... um som produzido po

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um homem ao bater no chão com testa ou com um cotovelo. O ruíd

parecia vir de trás de uma paredeKull cruzou a sala em duapassadas largas e golpeou umplaca, atrás da qual vinha o

arulho. Uma porta oculta sdeslizou para dentro, deixando mostra um corredor poeirento, emcujo chão se encontrava a figura deum homem amarrado amordaçado.

Puxaram-no para a salacolocaram-no de pé desamarraram-no.

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- Kuthulos! — gritou Delcardes.Kull olhou-o fixamente. O rost

do homem, agora revelado, erdelgado e de expressão suave, comoo que teria um mestre de filosofia ede moral.

- Sim, meus senhores e minhsenhora. — ele disse — Esshomem, que agora usa meu véuançou-se sobre mim e m

escondeu atrás dessa porta secretadepois de me golpear e amarrar

Fiquei lá, ouvindo como elmandava o rei para o que acreditavser sua morte certa, sem que eu

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pudesse fazer nada para evitá-lo.- Então, quem é ele?

Todos os olhares se voltarapara a figura com o rosto aindacoberto pelo véu. Kull avançou esua direção.

- Tome cuidado, meu senhor! —exclamou o verdadeiro Kuthulos —Esse homem...

Com um só movimento da mãoKull arrancou o véu do homem,ficou boquiaberto. Delcarde

ançou um grito, seus joelhocederam e ela caiu ao chão. Oconselheiros recuaram, pálidos,

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os guardas soltaram os braços quseguravam e se encolheram

horrorizados.O rosto do homem não era maique uma caveira limpa e branca, emcujas órbitas ardia um fogo vivo.

- Thulsa Doom! Era isso o queu havia imaginado! — exclamouKa-nu.

- Sim, Thulsa Doom, estúpido— repetiu uma voz cavernosa — Omaior de todos os bruxos e seu

eterno inimigo, Kull da AtlântidaVocê ganhou esta partida, mas ehe aviso, haverá outras.

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Ele se libertou das amarras quhe atavam os braços, com um

único e depreciativo gesto, e sdirigiu para a porta, fazendo apessoas presentes recuarem.

- Você é um estúpido, sediscernimento algum, Kull. — eldisse — Do contrário, nunca terime confundido com esse outrodiota do Kuthulos, nem mesm

com o véu e as roupas.Kull percebeu isso, pois embor

os dois tivessem, a grosso modouma silhueta e altura semelhantesa carne do bruxo com rosto d

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caveira era como a de um homemmorto há muito tempo.

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O rei havia ficado ali, de pé, nãtemeroso como os demais, masimplesmente atônito diante dorumos que os acontecimentohaviam tomado. Logo, quando já sdispunha a saltar para a frentcomo um homem que acabara ddespertar de um sonho, Brule sançou ao ataque com a silencios

ferocidade de um tigre, fazendo su

espada curva faiscar sob a luzComo se fosse um raio de luz,âmina da espada atravessou a

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costelas de Thulsa Doom, de modque a ponta lhe sobressaiu entre o

ombros.Brule puxou a lâminrapidamente, recuou e se agachoudisposto a lançar-se novamente aoataque caso fosse necessário. Entãoele parou, atônito. Nenhuma gotde sangue brotou de um ferimentoque seria mortal em qualquehomem vivo. Aquele ser com rostde caveira nada fez senão rir.

- J á faz muito tempo que morrcomo morrem os homens! — elzombou — Não; passarei par

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outra esfera quando chegar minhhora, mas não antes. Eu não sangro

posto que minhas veias estãovazias, e não experimento mais queum leve frio nesse ferimento, qupassará assim que cicatrizar, comoá está fazendo agora mesmo. Par

trás, idiotas, pois vosso amo já estndo embora! Mas voltaremos a no

ver, e então você gritará, sestremecerá de dor e morrerá. Eu tsaúdo, Kull.

E, enquanto Brule vacilavaamedrontado, e Kull permanecimóvel, atônito e indeciso, Thuls

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Doom cruzou a porta e desapareceudiante dos olhares de todos o

presentes.- Ao menos, você ganhou seprimeiro encontro com aquele rostode caveira, como ele mesmoadmitiu. — disse-lhe Ka-nu, upouco mais tarde — Na próximvez, devemos ser muito maicautelosos, já que se trata de umnimigo desencarnado, possuido

de uma magia negra e ímpia. El

he odeia, posto que não é mais quum acólito da Grande Serpentecujo poder você quebrou. Ele tem

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dom de provocar a ilusão e nvisibilidade, algo que só el

possui. É um ser cruel e terrível.- Não o temo. — disse KullNa próxima vez, estarei preparadoe minha resposta será um bomgolpe de espada, ainda que ele nãopossa ser atravessado, coisa quduvido muito. Brule não lhe acertounas partes vitais, que até um mortovivo deve ter. I sso é tudo. — Svoltou, então, para Tu

acrescentou: — Parece que as raçacivilizadas também têm seus tabusuma vez que o lago azul est

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proibido para todos, menos parmim.

Tu respondeu com gesto malhumorado, zangado com o fato dKull ter dado permissão à feliDelcardes para se casar com queela quisesse.

- Milorde, esse não é um tabpagão, como aqueles ante os quaise inclinam os de vossa tribo. Aquse trata de uma questão de estadonecessária para preservar a paz

entre a Valúsia e os seres lacustresque são magos.

- Nós, a nosso turno, mantemo

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os tabus para não ofender oespíritos invisíveis dos tigres

águias. — disse Kull — Na verdadenão vejo nenhuma diferença.- De qualquer forma —

acrescentou Tu —, deves tomamuito cuidado com Thulsa Doomporque ele desapareceu para passaa outra dimensão, e enquanto sencontrar lá, será invisível nofensivo para nós, mas estou

certo de que voltará.

- Ah, Kull — suspirou o velhKa-nu —, a minha vida é muitdura em comparação à sua. Brule

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eu nos embriagamos em Zaraanae eu caí de um lance de escada, o

que me prejudicou as canelas. Eenquanto isso, você não fazia outrcoisa senão ficar na pecaminosndolência rodeada de sedas, tão

típica dos reis.Kull o olhou intensamente, se

dizer nada. Finalmente, se viroudando-lhe as costas, para desviasua atenção para Saremes, qucochilava.

- Não é nenhum animaenfeitiçado, Kull. — disse o lanceir— É um animal sábio, ma

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simplesmente expressa susabedoria com o olhar e, sem

dúvida, não fala. Seus olhos, nentanto, me fascinam por toda antiguidade que expressam. Dqualquer forma, não é mais quuma gata.

- De qualquer modo, Bruledisse Kull, acariciando a pelagesedosa —, continua sendo uma gatmuito antiga... Muito.

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A Caveira do Silêncio

Os homens ainda continuadenominando-o: "o dia em que o re

sentiu medo", pois Kull, rei dValúsia, não era, afinal, mais do quum homem. Ninguém haviconhecido a outro mais valente queele, mas todas as coisas humanatêm seus limites; inclusive coragem.

Naturalmente, Kull conhecermomentos de receosa preocupaçãohavia experimentado os frio

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sussurros do pavor, os repentinosobressaltos do horror, e até a

sombra de um terror desconhecidoMas aquelas experiências nãhaviam sido mais que sobressaltossentidos nas profundezas dmente, causados, sobretudo, pelsurpresa, por algum mistériorepugnante ou por alguma coisantinatural. Se tratava, portantomais de repugnância que dverdadeiro medo, pois o medo rea

era algo tão raro nele, que, quandoo experimentou, os homenmarcaram o dia.

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E, no entanto, chegoumomento em que Kull conheceu

medo, um medo espantoso, terrívee irracional, a ponto de debilitasua medula e gelar seu sangueAssim, os homens falaram desdentão do dia em que o rei Kull tevmedo, embora não falemzombeteiramente, nem o próprioKull sinta vergonha por isso. Nãoporque do modo como aconteceramas coisas, o assunto não fez senão

aumentar ainda mais sua glórimortal.

Foi assim que aconteceu:

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Kull estava sentado no trono dsalão social, sem prestar muit

atenção à conversa de Tu, seconselheiro-chefe; de Ka-nu,embaixador picto; de Brule,homem de confiança e mão direitde Ka-nu; e de Kuthulos, o escravoque era também o maior eruditodos Sete Impérios.

- Tudo é ilusão. — dissKuthulos — Tudo sãmanifestações externas d

realidade subjacente, que está alémde toda compreensão humana, jque há coisas relativas, através da

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quais o homem possa medir onfinito. O um pode subjazer e

tudo, ou bem cada ilusão naturapode possuir uma entidade básicaTodas estas coisas já eraconhecidas por Raama, a maiomente de todos os tempos, que heras libertou a humanidade dagarras de demônios desconhecidose permitiu assim que a raça selevasse para as alturas.

- Ele foi um necromante muit

poderoso. — assentiu Ka-nu.- Não era nenhum bruxo. —

disse Kuthulos — Não era nenhu

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encantador, nem conjurador queuscava a divinização no fígado da

serpentes. Não havia nada de falsem Raama. Havia conseguidcompreender os cinco grandeprincípios, conhecia os elementos sabia que as forças naturaisestimuladas por causas naturaisproduziam resultados naturaisConseguia seus aparentes milagresatravés do exercício de seupoderes, de uma forma natural, tão

simples para ele quanto é pra nóacender uma fogueira, e tãodistante de nós como seria acende

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essa mesma fogueira para nossoantepassados, os macacos.

- Então, por que ele nãtransmitiu todos os seus segredos raça humana? — perguntou Tu.

- Ele sabia que não é bomhomem saber demais. Algum vilãpoderia, dessa forma, subjugar toda humanidade, e até todo ouniverso, se soubesse o que Raamsabia. Não, o homem devaprender por si mesmo, e expandi

sua alma à medida que o faz.- Sim, você diz que tudo é um

lusão. — insistiu Ka-nu, astuto na

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artes de governo, mas ignorante emfilosofia e ciência, motivo pelo qua

respeitava muito Kuthulos ou seuconhecimentos — Como pode serAcaso não ouvimos, vemostateamos?

- O que é a visão? O que ésom? — respondeu o escravo —Acaso não é o som a ausência dsilêncio, e o silêncio a ausência dsom? Mas a ausência de algo nãouma substância material. É... nada

E como pode existir algo quenada?

- Nesse caso, por que as coisa

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são o que são? — perguntou Ka-nutão espantado quanto uma criança.

- Não são mais que aparênciada realidade. Como o silêncio: ealgum lugar, existe a essência dosilêncio, a alma do silêncio. Ealgum lugar, há um nada que éalgo. Quantos de vós já percebesteo mais completo silêncio? Nenhude vós! Há sempre algum ruído,sussurro da brisa, o esvoaçar de umnseto e até o crescimento da

folhas de capim; ou, no deserto, omurmúrio da areia ao deslizar-seMas, no centro do silêncio não há

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menor ruído.- Há muito tempo — disse Ka

nu —, Raama encerrou um espectrde silêncio num grande castelo, e oselou ali por toda a eternidade.

- De fato. — assentiu BruleEu mesmo vi esse castelo. É ugrande vulto negro, que se ergusobre uma montanha solitárianuma região selvagem da Valúsia. Éconhecido desde tempomemoriais como Espectro d

Silêncio.- Ah! — exclamou Kul

repentinamente interessado n

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conversa — Meus amigos, isso sié algo que eu gostaria de dar um

olhada.

- Milorde — disse Kuthulos —não é bom se intrometer nas coisafeitas por Raama, pois ele era maisábio que qualquer outro homemOuvi contar a lenda segundo a quagraças às suas artes, ele conseguiu

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aprisionar um demônio; bem, nãocom suas artes, mas através de seu

conhecimentos das forças naturaise não um demônio, mas algumelemento que ameaçava a própriraça. O poder desse elemento ficevidenciado pelo fato de que nemsequer Raama foi capaz de destruo; a única coisa que conseguiu

fazer foi aprisioná-lo.

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- Já basta. — disse Kulmpaciente — Raama está morto htantos milênios que até m

confunde imaginar. Cavalgarei parr ao encontro do Espectro dSilêncio. Quem me acompanha?

Todos os que ouviram sua

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palavras, juntamente com cemMatadores Vermelhos - a força d

combate mais poderosa da Valúsi—, acompanharam Kull quandeste deixou a cavalo a cidade realnas primeiras horas do amanhecerCavalgaram entre as montanhas dZalgara, e depois de muitos dias dmarcha, se encontraram diante duma montanha solitária, que selevava sombria sobre o planalto eem cujo cume, se erguia o grand

vulto de um castelo tão negroquanto a noite.

- Este é o lugar. — disse Brule

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Ninguém mora num raio de ceéguas deste castelo, nem morou

aqui desde quando o homem capaz de lembrar. Tudo isto sencontra abandonado, como umregião maldita.

Kull parou seu grande cavalo olhou. Ninguém disse nada, e o rese deu conta daquela estranhquietude, quase intolerávelQuando falou, todos ssobressaltaram. Ao rei, parecia qu

ondas de quietude mortarradiavam daquele tenebroso

castelo, que se erguia sobre

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montanha. Nenhum pássarcantava nos arredores, nenhum

sopro de vento movia os galhos daárvores esquálidas. Enquanto ocavaleiros de Kull subiam pelnclinação, o ruído dos cascos do

cavalos sobre as rochas pareceuressoar terrivelmente à distânciaaté morrer sem eco.

Pararam diante do castelo, quali se erguia como um monstroescuro, e Kuthulos tento

novamente convencer o rei:- Pense, Kull! Se quebrares ess

selo, podes deixar solto no mundo

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um monstro cujo poder e frenessejam irresistíveis para os homens.

Kull, impaciente e incapaz de sconter por mais tempo, o afastoupara um lado. Sentia-se possuídpor uma caprichosa perversidadeum defeito muito comum entre oreis; e, embora habitualmente smostrasse razoável, agora já havitomado sua decisão e não estavdisposto a permitir que nada nemninguém o afastassem do caminho

escolhido.- Há inscrições antigas ness

selo, Kuthulos. Leia o que dizem.

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De má vontade, Kuthulodesmontou e os demais lh

mitaram, exceto os soldados, qupermaneceram montados em seucavalos, como imagens de bronzesob a pálida luz do sol. O castelo serguia sobre eles como uma caveirsem órbitas, pois não se via janelalguma em nenhuma parte, e sóhavia uma grande porta de ferrosegura por uma tranca fechada. Aque parece, o edifício não tinh

mais que uma só câmara.Kull deu umas poucas ordens

relativas à disposição das tropas, e

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se mostrou irritado ao descobrique tinha de levantar a voz de

forma desproporcionada para quos comandantes entendessem suapalavras. As respostas que lhdirigiram chegaram até ele comoque apagadas e distantes.

Ele se aproximou da portaseguido por seus quatro camaradasAli, de uma estrutura existentunto à porta, pendia um gongo d

aspecto curioso, aparentemente d

ade, de cor esverdeada, emborKull não pudesse ter certeza dqual era a cor, pois esta mudou e se

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transformou diante de seupróprios olhos atônitos, de modo

que às vezes seu olhar parecipenetrar nas profundezas de algoenquanto que outras vezes ele tinha impressão de estar olhandoapenas a superfície. Junto agongo, havia um martelo, feito domesmo e estranho material. Elepegou e golpeou levemente comele, e ficou boquiaberto e quaseensurdecido pelo estrondo que s

seguiu, como se todo o som dTerra houvesse se concentrado ali.

- Leia as inscrições, Kuthulos.

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ele ordenou novamente.O escravo se inclinou para

frente, com uma expressão dconsiderável respeito, pois nãocabiam dúvidas de que aquelapalavras haviam sido esculpidas npedra pelo próprio Raama.

- Que aquilo que foi, volte a ser— ele entoou — Tenham cuidadofilhos dos homens! — Ele sergueu, com uma expressãotemerosa no rosto: — É um aviso

Um aviso do próprio Raama! Tenhcuidado Kull! Tenha cuidado!

Mas Kull suspirou impaciente

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desembainhou a espada, cortou oselo e logo golpeou a grande barr

de metal. Golpeou várias vezes, maconsciente do relativo silêncio comque caíam seus golpes. Finalmentecaiu a barra e a porta se abriu.

Kuthulos deu um grito. Kurecuou, sobressaltado... A câmarestava vazia? Não! Não viu nadanão havia nada pra ver e, noentanto, sentiu o ar pulsando a seuredor, como se algo se ondulasse do

fundo daquela câmarnauseabunda, produzindo ondanvisíveis. Kuthulos se apoiou e

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seu ombro e lhe gritou; e suapalavras chegaram até ele, como s

houvessem tido que vencer umdistância.- O silêncio! Isto é a alma d

todo o silêncio!O som parou completamente, o

cavalos caíram, e os cavaleiros sedesmoronaram de bruços ao chão permaneceram estendidos sobre poeira, agarrando as própriacabeças com as mãos e soltando

gritos que não produziam somalgum.

Só Kull permaneceu erguido

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com a inútil espada erguida à sufrente. Silêncio!

O mais profundo e absoluto dosilêncios! Ondas palpitantes dmais imóvel dos horrores. Ohomens abriram as bocas gritaram, apesar de não fazeremnenhum som.

O silêncio penetrou na alma dKull; encaixou seus ganchos aredor de seu coração, envioutentáculos de aço ao seu cérebro

Ele agarrou a própria testaatormentado; o crânio pareciquerer explodir, se despedaçar. N

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onda de horror que lhe envolveuKull teve visões avermelhadas

colossais: o silêncio estendendo-spor toda a Terra, pelo universnteiro. Homens que morriam e

silêncio, balbuciando de formninteligível; o rugido dos rios, o

estalo das ondas dos mares, o somdos ventos, tudo se desvaneceu edeixou de existir. Todo o som ficoafogado pelo silêncio. Um silêncique destroçava a alma, que

despedaçava o cérebro, que fazidesaparecer todo sinal de vidsobre a Terra, que se elevav

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monstruosamente para os céusesmagando o próprio canto da

estrelas.

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E foi então que Kull conhece

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um medo, um horror e um terronsuperáveis; algo cruel, assassino

da alma. Enfrentando sua visãfantasmagórica, ele vacilou ecambaleou como um bêbado, forde si por causa do medo. Ohdeuses! Que houvesse um sommesmo que fosse apenas o maieve, o mais fraco dos ruídos. Ku

abriu a boca como os demais quuivavam atrás dele, e o coraçãoquase lhe saiu do peito em seu

esforço sobre-humano para gritar.A quietude palpitante zombo

dele. Kull bateu com a espada n

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soleira de ferro da porta. E as ondapalpitantes continuavam fluindo da

câmara, agarrando-o, rasgando-ozombando dele, como um sesensível e cheio de vida.

Ka-nu e Kuthulos permaneciamóveis. Tu se retorcia sobre

ventre, segurando a cabeça com amãos, uivando sem som algumcomo um chacal moribundo. Brulse revolvia sobre a poeira, como umobo ferido, e agarrava cegamente

ainha de sua espada.Agora, Kull quase podia ver

forma do silêncio, o terrível silêncio

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que surgia de seu espectro parfazer estourar os crânios do

homens. Se retorcia, se revolvia eespasmos e sombras cruéis, e ridele! Vivia! Kull cambaleouperdeu o equilíbrio; e, ao cair, seu

raço estendido bateu no gongoEle não ouviu som algum, mapercebeu um claro palpitar, umsobressalto das ondas que lhenvolviam, uma leve retiradnvoluntária destas, como a mão do

homem que se afasta abruptamentdas chamas.

Ah, o ancião Raama havi

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deixado um salvo-conduto para raça, mesmo depois de sua morte

De repente, o cérebro atordoado dKull compreendeu o enigma.mar! O gongo era como o marmudava suas tonalidades verdesnunca estava quieto, o mesmoparecia profundo apesar dsuperficial, e nunca permanecia emsilêncio.

O mar! Vibrante, pulsanterangendo dia e noite sem descanso

esse era o maior inimigo dosilêncio. Tonto e sentindprofundas náuseas, conseguiu

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agarrar o martelo de jade. Ooelhos lhe dobraram, mas ele s

firmou, apoiando-se com uma damãos ao batente da portasegurando o martelo com a outrasustentando-o com um desesperomortal. O silêncio voltou a surgirraivoso, envolvendo-o.

Mortal, quem é você para sopor a mim, que sou mais velhoque os deuses? Antes que houvessvida, eu já existia, e continuare

existindo muito depois de a vida sextinguir. Antes que nascesse som invasor, o universo estava em

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silêncio, e voltará a ficá-lo, pois meestenderei por todo o cosmos

matarei o som... matarei o som.matarei o som! Matarei o som!O rugido do silêncio reverbero

pelas cavernas do cérebrodesmoronado de Kull, como ucântico monótono e abismalenquanto ele golpeava o gongo umvez após outra... e outra, e maioutra.

E, a cada golpe, o silênci

recuava; centímetro a centímetro, iretrocedendo. Para trás, para trás para trás. Kull renovou a força do

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golpes que dava com o marteloAgora já podia percebe

debilmente o distante som dogongo, por cima de vazionimagináveis de quietude, como s

alguém, no outro lado do universogolpeasse uma moeda de prata como prego de uma ferradura de cavaloE, a cada diminuta vibração de somo vacilante silêncio se sobressaltavae se encolhia; os tentáculos sencurtavam, as ondas se contraíam

o silêncio se encolhia.Para trás, para trás, cada ve

mais para trás. Agora, o

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fragmentos que restavam seergueram no umbral e, atrás d

Kull, os homens sussurravam e spunham de joelhos, com amandíbulas penduradas e oolhares vazios. Kull arrancou gongo da estrutura que o prendia, avançou em direção à porta. Ercomo o lutador que se dispõe a dao último golpe. Não havia acordpossível para ele. Desta vez,grande porta se fecharia par

sempre sobre o horror. Todouniverso deveria estar parado parcontemplar um homem que, por s

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só, justificava a existência dahumanidade e que escalava a

sublimes alturas da glória em susuprema expiação.Ele parou na soleira da porta, s

defrontando com as ondas quainda pendiam ali, sem deixar dgolpear o gongo. Todo o infernpareceu fluir a seu encontro, vindodaquela coisa cuja última fortalezele invadia. Agora, todo o silênciovoltava a ficar encerrado na câmara

obrigado a recuar devido aoestrondos inconquistáveis do somum som concentrado a partir d

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todos os ruídos e sons da Terraaprisionado pela mão perita que h

tempos havia conquistado tanto osom quanto o silêncio.E aqui, o silêncio reuniu a

forças que lhe restavam para lançaum último ataque. Infernos de frisilencioso e de chamadas sem ruídoformavam redemoinhos ao redor dKull. Aqui havia uma coisaelementar e real. O silêncio eraausência de som, havia dito

Kuthulos, o escravo que agora sarrastava e balbuciava em um nadavazio.

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Aqui havia algo mais que umausência, porque se tratava de uma

ausência cuja máxima ausência stransformava numa presença, umlusão abstrata transformada num

realidade material. Kull não recuoucego, atordoado, assombradoquase insensível à furiosa investiddas forças cósmicas sobre ele, sobrsua alma, seu corpo e sua menteEnvolto pelos ondulantetentáculos, o ruído do gongo

morreu novamente, mas Kull nãdeixou de golpeá-lo com o marteloSeu torturado cérebro oscilou, ma

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ele fixou os pés contra o batente dporta e se lançou poderosament

para a frente. Encontrou umverdadeira resistência materialcomo uma onda de fogo sólidomais quente que a própria chama mais fria que o próprio geloApesar de tudo, continuoempurrando e sentiu que aquilocedia... cedia.

Centímetro a centímetro, passa passo, foi abrindo caminho no

nterior da câmara da morteempurrando o silêncio à sua frenteobrigando-o a recuar mais e mais

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A cada passo que dava, sentia umtortura demoníaca que lhe fazi

gritar; cada um de seus passos erum inferno que lhe destroçavaCom os ombros abatidos, a cabeç

aixa, os bracos se levantando ecaindo com um ritmo espasmódicocomo a puxões, Kull continuoabrindo caminho, e grandes gotade sangue se acumularam sobrsua testa, descendoncessantemente.

Atrás dele, os homencomeçavam a se levantarcambaleantes e atordoados, fracos

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tontos pelo silêncio que havinvadido seus cérebros. Olhara

para a porta, onde o rei continuavautando sua batalha mortal pelouniverso. Brule se arrastou às cegapara a frente, levando consigo espada, ainda atordoado deixando-se levar unicamente poseu instinto tenaz que lhmpulsionava a seguir o rei, mesmo

que aquele caminho conduzisse aonferno.

Kull obrigou o silêncio a recuamais e mais, passo a passo, e sentiuque este enfraquecia pouco

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pouco, que ficava cada vez menorAgora, o som do gongo havi

aumentado, e continuavaumentando sua potência. Enchiamoradia, a Terra, o céu inteiro. Osilêncio se encolhia diante dele; e medida que diminuía, que se viobrigado a encolher sobre smesmo, foi adquirindo uma formhorrenda, que Kull percebeu sepoder vê-la. Seu braço parecimorto, mas fez um poderoso

esforço e redobrou a potência dogolpes. Agora o silêncio estavencolhido num canto, diminuindo

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cada vez mais. Mais um últimgolpe! E todo o som do universo s

acumulou num só rugido, numuivo, numa perturbadora explosãoque abrangeu tudo. O gongexplodiu em um milhão ddiminutos fragmentos, e o silênciogritou!

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O Soar do Gongo

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Em algum lugar, na agitadescuridão, iniciou-se um latejar

Uma cadência pulsante, sem soalgum, mas vibrante de verdadeenviando seus largos tendõeondulantes que fluíram através doar irrespirável. O homem se agitoutateou a seu redor com mãos dcego e se sentou. A princípio teve mpressão de estar flutuando sobre

as ondas uniformes e regulares dum oceano negro, que subia

descia com uma monótonregularidade que, de algum modohe produzia dor física. Estav

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muito consciente da pulsação do are estendeu as mãos como s

pretendesse segurar as ondas quhe escapavam. Mas essas pulsaçõeestavam no ar que o rodeava, ousomente no cérebro que havidentro de seu crânio? Nãconseguia compreender e, entãohe ocorreu uma idéia fantástica:

sensação de encontrar-se presodentro de seu próprio crânio.

O latejar diminuiu, s

centralizou; ele sustentou a cabeçdolorida com as mãos e tentouembrar. Lembrar... o quê?

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- Isso é muito estranho —murmurou — Quem, ou o que so

eu? Que lugar é esse? O quaconteceu e por que estou aquiSempre terei estado aqui?

Ele se pôs de pé e tentoobservar a seu redor. A maior daescuridões se encontrou com seuolhar. Forçou os olhos, manenhum sinal de luz veio a seuencontro. Começou a caminhapara frente, vacilante, com as mão

estendidas diante dele, buscando uz de uma forma tão instintiva

como podia fazer uma planta.

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- Certamente isso não é tudo. —murmurou — Tem que haver alg

mais... o que é diferente disto? Auz! Eu sei... Me lembro da luz, manão lembro o que é a luzCertamente, conheci um munddiferente deste.

À distância começou a apareceuma fraca luz cinzenta. Se apressona direção dela. O brilho ficou maiamplo, até ele ter a sensação davançar por um longo corredor, que

a se alargando mais e mais. Entãode repente, ele saiu à fraca luz daestrelas e sentiu o vento frio em seu

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rosto.- I sto é a luz — murmurou —

mas ainda não é tudo.Sentiu e reconheceu umsensação de altura assustadoraAltura por cima dele, inclusive coseus olhos, e também por debaixodele, como se grandes estrelareluzissem em um majestosooceano cósmico e cintilanteFranziu o cenho, abstraídoenquanto contemplava esta

estrelas.Então, se deu conta de que nã

estava sozinho. Uma forma alta

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vaga se elevava diante dele, sob auz das estrelas. Levo

nstintivamente a mão à esquerdada cintura, e depois a deixou láflácida. Estava nu, e nenhuma armpendia em seu flanco.

A forma aproximou-se mais,ele viu então que se tratava de umhomem, aparentemente muitovelho, mas suas feições eramndistintas e irreais à fraca luz.

- És novo? — perguntou a figur

com uma voz clara e profundacomo o soar de um gongo de jade.

D iante desse som, um repentin

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fragmento de recordações surgiuno cérebro do homem que havi

ouvido a voz.Esfregou o queixodesconcertado.

- Agora me lembro. — disse —Sou Kull, rei da Valúsia... Mas o questou fazendo aqui, semvestimentas nem armas?

- Nenhum homem pode levanada consigo quando cruza oportal. — disse o outro

sombriamente — Pense, Kull dValúsia. Não sabe como chegou ataqui?

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- Eu estava em pé, diante dporta da sala de conselho —

respondeu Kull, perplexo —,embro que o vigia da torre exteriosoou o gongo para indicar a hora, então, de repente, o estrondo dogongo se transformou em umselvagem e repentino fluxo de sonsque parecia querer destruir tudoTudo se escureceu à minha volta epor um instante, umas faíscavermelhas se acenderam diante d

meus olhos. Logo, acordei em umcaverna, ou numa espécie dcorredor, sem lembrar de nada.

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- Passastes pelo portal; isssempre parece difícil de entender.

- Então, estou morto? Por ValkaAlgum inimigo devia estar maguardando por entre as colunas dopalácio e me atacado quando euestava falando com Brule, guerreiro picto.

- Não disse que estás morto. —replicou a figura magra — Àvezes, o portal não se fechtotalmente. Isso já ocorreu antes.

- Mas que lugar é este? Éparaíso ou o inferno? Este não émundo que conheci desde qu

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nasci, e essas estrelas... Nunca atinha visto antes. Essa

constelações são muito maigrandiosas e brilhantes do que aque eu havia visto em minha vida.

- Existem outros mundosuniversos que estão tanto dentrocomo fora dos universos. —disse oancião — Estás em um planetdiferente daquele em que nascesteestás em um universo diferente esem dúvida, em uma dimensão

diferente.- Então, devo estar morto.- O que é a morte, se não um

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travessia de eternidades e umcruzar de oceanos cósmicos? Ma

eu não disse que estás morto.- Então, onde estou, em nome dValka? — rugiu Kull, com suescassa paciência já esgotada.

- Teu cérebro de bárbaro sagarra a realidades materiais —respondeu o outro comtranqüilidade — O que importonde te encontras, ou se estámorto, como diz? Fazes parte d

grande oceano que é a vida, quanha todas as praias, e tanto faze

parte dele em um lugar como em

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outro, e é certo que finalmenteregressarás à fonte que deu origem

a toda vida. Enquanto isso, te achasujeito à vida durante toda eternidade, com tanta certezquanto se acham sujeitos umárvore, uma rocha, uma ave ou ummundo. E chamas de morte o fatde abandonar teu diminuto planete separar-se de tua bruta formfísica?

- Mas ainda tenho meu corpo.

- Eu não disse que estás mortocomo tu dizes. Quanto a isso, podser que estejas em teu diminuto

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planeta, ao menos pelo que sabesHá mundos dentro dos mundos

universos dentro dos universosExistem coisas demasiadpequenas ou demasiado grandepara a compreensão humana. Cadgrão de areia das praias da Valusicontém incontáveis universodentro de si mesmos, e elemesmos, em seu conjunto, fazemparte do grande plano de todos ouniversos, como o sol que tu

conheces. Teu Universo, Kull dValúsia, pode ser um grão na praide um poderoso reino

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Ultrapassastes as fronteiras daimitações materiais. Possa ser qu

te encontres em um universo quforma a pedra preciosa que levavasno trono da Valúsia, ou essuniverso quem sabe se encontra nteia de aranha que há ali, sobre grama, a teus pés. Te digo que tamanho, o espaço e o tempo sãorelativos e não existem nrealidade.

- Certamente você é um deus

não? — perguntou Kull, cocuriosidade.

- A simples acumulação d

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conhecimentos e a aquisição dsabedoria não torna a ninguém um

deus. — respondeu o outro commpaciência — Veja!Uma de suas mãos se ergue

nas sombras e apontou em direçãoàs grandes e resplandecentegemas que eram as estrelas. Kuolhou e se deu conta de que stransformavam com rapidez. O quacontecia era um constantondular, como uma mudanç

ncessante de desenhos e objetos.-As estrelas "sempre-eternas

mudam a seu próprio ritmo, com

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mesma rapidez com que surgem desaparecem as raças dos homens

Agora mesmo, enquantobservamos esses que são planetashá seres que surgem do lodoprimitivo, que começam a subipelos longos e lentos caminhos dcultura e da sabedoria, enquantooutros estão sendo destruídos comseus mundos moribundos. Tudsso é vida e forma parte da vida

Para eles, parecem bilhões de anos

para nós, não é mais que ummomento. Toda a vida. Um bilhãde anos é como um momento, do

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ponto de vista da eternidade.Kull observou fascinado

enquanto as enormes estrelas e apoderosas constelações piscavamrilhantes, se apagavam e

desapareciam, e outras, igualmentradiantes, ocupavam seus lugarespara serem suplantadas à sua vepor outras.

Então, de repente, a agitadescuridão voltou a fluir sobre eleapagando todas as estrelas, como s

fosse uma espessa névoa, e elouviu um som fraco e familiar.

Estava de pé, recuando. A luz d

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sol atingiu seus olhos, as altacolunas e paredes de mármore d

um palácio, as amplas janelacobertas de cortinas, através daquais penetrava a luz do sol, comoouro fundido. Passou a mão rápide aturdida por todo o corpoapalpando suas roupas e a espadque pendia em sua cintura. Estavcoberto de sangue; uma correntvermelha lhe brotava de um cortesuperficial na têmpora. Mas a maio

parte do sangue que cobria seucorpo e suas roupas não era seu. Aseus pés, sobre um horripilant

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charco vermelho, jazia o que antehavia sido um homem. O som qu

escutara cessou, produzindo ecos.- Brule! O que é isso? O quaconteceu? Onde eu estava?

- Você estava prestes a fazer viagem aos reinos da morte. —respondeu o picto com umexpressão impiedosa, enquantoimpava a lâmina de sua espada —

Esse espião esperava postado atráde uma das colunas, e avançou

sobre você como um leopardo, nomomento em que você virou emminha direção para dizer-me algo

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Quem planejou a sua morte devexercer um grande poder, par

enviar um homem assim para morte certa. Se ele não tivessgirado a espada na mão e golpeadoobliquamente em vez de golpeareto, como fez, você teria terminadodiante dele com uma brecha nocrânio, ao invés de estar aqui agorade pé, meditando sobre a causa dum ferimento superficial.

- Mas, certamente, iss

aconteceu há horas. — disse KulBrule se pôs a rir.

- Ainda está atordoado, me

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senhor. Do momento em que elsaltou sobre ti e você caiu no chão

até o momento em que lhatravessei o coração, nenhumhomem poderia contar sequer odedos da mão. E durante o tempem que você permaneceu caído nochão, sobre seu sangue, até omomento que despertou, nãotranscorreu mais que o dobro desstempo. Está vendo? Tu,conselheiro-chefe, ainda não

chegou com as bandagens; ele saiuapressado para buscá-las quandovocê foi ferido.

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- Se você está dizendo, deve terazão. — disse Kull — Mas nã

entendo muito bem: pouco antes dser atacado, ouvi o soar do gongoque indicava a hora, e ele aindestava soando quando recuperei osentidos... Brule, o tempo eespaço não existem, pois realizei mais longa viagem de minha vida, vivi incontáveis milhões de anodurante o tempo que demorou parcessar o soar do gongo.

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O Altar e o Escorpião

- Deus das sombras rastejantesconcedei-me vossa ajuda!

Um jovem magro estavajoelhado na penumbra, com seutrêmulo corpo branco comomarfim. O polido chão de mármorera frio sob seus joelhos, mas seucoração estava ainda mais frio que apedra.

Por cima dele, no alto, unido àsombras mascaradas, se erguia umgrande teto de lápis-lazúli

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sustentado por paredes dmármore. Diante dele, reluzia u

altar dourado, e sobre este brilhavuma enorme imagem de cristal: umescorpião, talhado com umhabilidade que superava a arte.

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- Grande escorpião — continuoo jovem com sua invocação —ajuda a teu servo! Tu bem sabecomo, em tempos passados, Gonrda Espada, meu grand

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antepassado, morreu diante de teualtar, nas mãos de um punhado de

árbaros assassinos que tentavamprofanar tua santidade. Através daocas de teus sacerdotes

prometeste ajuda à raça de Gonrem todos os anos futuros.

"Grande escorpião! Jamais uhomem ou mulher de meu sangute lembrou de tua promessa! Maagora, em minha hora de maiamarga necessidade, apelo diant

de ti e lhe rogo para que lembres doteu juramento, pelo sangue bebidopela espada de Gonra, pelo sangu

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derramado das veias de Gonra."Grande escorpião! Thuron,

sumo-sacerdote da sombra negra, meu inimigo. Kull, rei da Valúsiacavalga de sua cidade de capitéipúrpuras, para arrasar com fogo aço os sacerdotes que lhdesafiaram e que continuamoferecendo sacrifícios humanos aodeuses antigos das sombras. Maantes que o rei possa chegar e nosalvar, eu e a mulher que amo

seremos colocados, nus, sobre oaltar negro do templo da escuridãoeterna. Thuron assim jurou

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Entregará nossos corpos às antigae horrendas abominações, e nossa

almas ao deus que vive para semprnas sombras negras."Kull senta-se agora no trono d

Valúsia e agora acode em nossajuda, mas Thuron governa estcidade das montanhas e mpersegue. Ajuda-nos, grandescorpião! Lembra de Gonra, quentregou sua vida por ti, quando oselvagens atlantes levaram a espad

e a tocha à Valúsia".A delgada figura do rapaz s

prostrou e a cabeça abateu-se sobr

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seu peito, num gesto de desesperoA grande imagem reluzente d

altar devolveu-lhe um brilho geladosob a luz fraca, e não demonstrounenhum sinal, diante de seudevoto, que indicasse ter ouvidoaquela invocação ardente.

De repente, o jovem se ergueusobressaltado. Passos rápidosoaram sobre os largos degraus, nparte externa do templo. Umovem lançou-se pela porta envolt

nas sombras, como uma labaredranca soprada pelo vento.

- Thuron... está vindo para cá! —

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ela balbuciou, arremessando-se noraços de seu amado.

O rosto do jovem empalideceuele apertou mais ainda a garota, aomesmo tempo em que olhavareceoso em direção à porta. Unpassos, pesados e sinistrosressoaram sobre as escadas dmármore e uma figura ameaçadorapareceu sob a verga da porta.

Thuron, o sumo-sacerdote, erum homem alto e magro, como um

gigante cadavérico. Seus olhorilhavam como ferozes manchas

sob as sobrancelhas cheias, e

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delgada linha de sua boca se abriunum riso silencioso. A únic

vestimenta que usava era umatanga de seda, através da quaestava introduzida uma cruel adagcurva, e carregava um chicote curtoe pesado em sua mão delgada poderosa.

Suas duas vítimas agarraram-suma à outra, e fitaram seu inimigocom os olhos muito abertos, comopássaros que miram assombrados

uma serpente. E os movimentoentos e ondulantes de Thuron, a

avançar na direção deles, não foram

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muito diferentes do sinuosodeslizar de uma serpente.

- Thuron, tome cuidado! —exclamou o jovem corajosamenteainda que com a voz vacilante

debilitada pelo terror que s

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apoderava dele — Se não teme rei, nem tem piedade de nós, não s

atreva a ofender o grandeescorpião, sob cuja proteção noencontramos.

Thuron lançou uma gargalhadapoderoso e arrogante.

- O rei! — zombou — Qusignifica o rei para mim, quandosou mais poderoso que qualquerei? O grande escorpião? Ho, hoUm deus esquecido, uma divindad

da qual só se lembram as crianças mulheres. Atreve-se a opor seuescorpião contra a sombra negra

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Estúpido! Agora já não pode salvarhe nem o próprio Valka, o deus d

todos os deuses! Você estdestinado a ser sacrificado ao deuda sombra negra.

Avançou em direção aos jovenacovardados e os agarrou peloombros, afundando na carne macisuas unhas, fortes como garrasTentaram resistir, mas ele pôs-se rir e, com uma força incrívelergueu-os no ar e os suspendeu

assim, com os braços estendidoscomo um homem que balança um

ebê. Suas gargalhadas rangentes

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metálicas encheram a estânciaarrancando ecos de malign

zombaria.Sustentou o rapaz entre ooelhos, ao mesmo tempo em qu

amarrava as mãos e os pés daovem, que soluçava sob suas mão

cruéis. Logo, após colocá-lmpiedosamente no chão, atou o

rapaz do mesmo modo. Entãrecuou e contemplou sua obra. Osoluços assustados da moç

ressoaram no silêncio, rápidos ofegantes. Após um momento dsilêncio, o sumo-sacerdote falou:

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- Foram uns estúpidos apensarem que podiam escapar d

mim! Os homens de seu sangusempre me afrontaram no conselhoe na corte. Agora, haverá de pagapor isso e a sombra negra beberseu sangue. Ho, ho! Eu governagora a cidade, seja quem for o rei.

"Meus sacerdotes pululam pelaruas, armados até os dentes, nenhum homem se atreve a mdesafiar. Se o rei pudesse montar

cavalo agora mesmo, ele nãoconseguiria abrir caminho entrmeus homens e chegar a tempo d

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hes salvar".Seus olhos percorreram

nterior do templo e finalmenterepousaram sobre o altar dourado o silencioso escorpião de cristal.

- Ho, ho! Que estúpidos que sãem terem depositado sua fé numdeus que os homens deixaram dadorar há muito tempo! Um deuque nem sequer tem um sacerdotque o atenda, e ao qual só spermitiu um santuário devido

embrança de sua grandeza. Udeus que só é reverenciado popessoas ingênuas e mulhere

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estúpidas.

"Os verdadeiros deuses sã

escuros e sangrentos! Lembrem-s

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de minhas palavras quandoencontrá-los, daqui a pouco, sobr

um altar de ébano, atrás do qual saninha eternamente uma sombrnegra. Antes de morrerem, vocêconhecerão os verdadeiros deusesos deuses poderosos e terríveis quvieram de mundos esquecidos dos âmbitos perdidos da escuridãoDeuses que nasceram nas gélidaestrelas, e que moram em sóinegros, muito além da luz d

qualquer estrela. Conhecerãoterrível verdade do inominávelante cuja realidade não se encontr

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nenhuma semelhança terrena, macujo símbolo é a sombra negra".

A moça deixou de soluçargélida, e guardou um atordoadosilêncio, como o jovem. Por trádaquelas ameaças, ambopercebiam um fosso horrível numano de sombras monstruosas.

Thuron avançou um passo edireção a eles, inclinou-se estendeu as mãos como garras parapoderar-se deles e erguê-los sobr

seus ombros. Lançou umgargalhada quando eles tentaramrecuar para se afastarem dele. Seu

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dedos fecharam-se como forquilhasobre o delicado ombro da jovem...

Um grito agudo abalousilêncio de cristal, despedaçando-oao mesmo tempo em que Thurodava um salto no ar e caía de

ruços ao chão, retorcendo-se rangendo os dentes. Uma pequencriatura afastou-se, escorregadia, desapareceu pela porta. Os gritode Thuron se transformaram nugemido que interrompeu-se em su

nota mais alta. Logo, o silêncio caisobre eles como uma brummortal.

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Finalmente, o jovem sussurroumpressionado:

- O que foi isso?- Um escorpião. — foi a respostda garota, pronunciada em vo

aixa e trêmula — Arrastou-ssobre meu peito nu, sem me causao menor dano e, quando Thuron magarrou, ele o picou.

Voltou a fazer silêncio. Logo,ovem voltou a falar, com vo

vacilante.

- Não se vê nesta cidadnenhum escorpião, há muito maitempo do que os homen

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conseguem lembrar.- O grande escorpião chamo

este, para que viesse em nossajuda. — sussurrou a moça — Odeuses nunca esquecem, e o grandescorpião cumpriu seu juramentoMostremos a ele o nossagradecimento!

E, amarrados como estavam, dpés e mãos, os jovens amanteviraram os rostos de onde estavame elogiaram o grande escorpião

silencioso e brilhante que havisobre o altar. Permaneceram assidurante muito tempo, até que o

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som distante de muitos cascoprateados e o estrondo das espada

ndicou-lhes a chegada do rei.

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A Maldição do CrânioDourado

Rotath da Lemúria estav

morrendo. O sangue havia paradde escorrer do profundo corte despada sob seu coração, mas

pulsação em suas têmporamartelava como tímbales. Rotathazia num chão de mármore

Colunas de granito se erguiam aseu redor, e um ídolo prateadoencarava, com olhos de rubi, ohomem que jazia a seus pés. A

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ases das colunas estavamentalhadas com estranho

monstros; sobre o santuário, soavum vago sussurro. As árvores, qucercavam e escondiam aquelemisterioso templo, espalhavamongos galhos ondulantes sobre ele

e estes galhos palpitavam comfolhas que farfalhavam ao vento. Dvez em quando, grandes rosanegras espalhavam suas pétalaescuras no chão. Rotath estav

morrendo, e usava seus últimosuspiros para invocar maldiçõesobre seus matadores: sobre o re

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desleal que o traiu e sobre aquelchefe bárbaro, Kull da Atlântida

que lhe dera o golpe mortal.Acólito dos deuses sem nome,morrendo num santuáriodesconhecido, no topo cheio dfolhas da montanha mais alta dLemúria... os olhos de Rotatardiam com um terrível fogogelado. Um cortejo de glóriaesplendor passava pelos olhos desua mente. A aclamação d

adoradores, o rugir de trombetaprateadas, as sombras sussurrantede templos poderosos e místicos

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onde grandes asas se moviamnvisíveis... E então, intrigas,

furioso ataque dos invasores.morte!Rotath amaldiçoou o rei d

Lemúria — o rei a quem elensinara temíveis mistérios antigoe abominações esquecidas. Ele forum tolo em revelar seus poderes um fraco, que, tendo aprendido temê-lo, pediu a ajuda de reiestrangeiros. Como pareci

estranho que ele, Rotath da Pedrada-Lua e do Asfódelo, feiticeiromágico, fosse expirar no chão d

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mármore, vítima da mais materiadas ameaças: uma espada num

mão forte.Rotath amaldiçoou as limitaçõeda carne. Ele sentiu seu cérebro sdesintegrando, e amaldiçoou todoos homens, de todos os mundosEle os amaldiçoou em nome dHotath e Helgor, de Ra, Ka e Valka.

Ele amaldiçoou todos ohomens vivos e mortos, e todas agerações não- nascidas pelo

próximos cem milhões de anosmencionando Vramma, Jaggtanoga, Kaama e Kulthas. E

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amaldiçoou a humanidade emnome do templo dos Deuse

Negros, dos rastros das Serpentedas garras dos Lordes Macacosdos livros encadernados a ferro dShuma-Gorath.

Ele amaldiçoou a deusa dvirtude e da luz, falando os nomede deuses esquecidos até pelosacerdotes da Lemúria. Ele invocoas escuras sombras monstruosados mundos mais antigos,

daqueles sóis escuros que sescondiam eternamente por trádas estrelas.

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Ele sentiu as sombras s

acumularem a seu redor. Ele estavmorrendo rapidamente. E, sfechando a seu redor, num ressoasempre próximo, ele sentiu odemônios com garras de tigres quhe aguardavam a chegada. Viu

seus corpos de sólido azeviche e agrandes cavernas negras de seuolhos. Atrás, pairavam as sombra

rancas daqueles que morreram

sobre seus altares, em horrendosuplício. Como brumas ao luar, eleflutuavam, grandes olho

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uminosos se fixavam nele em tristeacusação, uma multidão infinita.

Rotath sentiu medo, e sentindmedo, suas maldições ficaram mairuidosas, e suas blasfêmias maiterríveis. Com um selvagearrebatamento de fúria, eldepositou uma maldição em seupróprios ossos, os quais deveriamtrazer morte e horror para os filhodos homens. Mas, mesmo enquantfalava, ele sabia que se passariam

anos e eras, e seus ossos virariampó naquele esquecido santuárioantes que qualquer pé humano

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perturbasse o silêncio do localEntão, ele reuniu seus último

poderes para uma última invocaçãoaos seres medonhos aos quaiservira, uma última façanha dmagia. Ele pronunciou umfórmula de gelar o sanguemencionando um terrível nome.

E logo, ele sentiu poderosaforças elementares se moveremSentiu seus ossos ficarem duros quebradiços. Um frio qu

transcendia a frieza terrestrpassou sobre ele, e ele jazeumóvel. As folhas sussurraram e

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dolo prateado riu com seus frioolhos de pedras preciosas.

Os anos se tornaram séculos,os séculos se tornaram eras. Ooceanos verdes se ergueram escreveram um épico poema emesmeralda, e o ritmo deste foterrível. Tronos desabaramtrombetas prateadas se calarampara sempre. As raças humanapassaram, como ventos de fumaçnum verão. Os ruidosos mares

verdes como jade, afundaram aterras, e todas as montanhasubmergiram — até mesmo o

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monte mais alto da Lemúria.Um homem empurrou para u

ado as trepadeiras no caminho olhou fixamente. Uma barbespessa lhe escondia o rosto, e ama sujava-lhe as botas. Acima e

seu redor, estava a espessa selvatropical em sufocante e exóticfertilidade. Orquídeas flamejavam sussurravam a seu redor.

A admiração estava em seuolhos arregalados. Ele olhava entr

destroçadas colunas de granitosobre um desagregado chão dmármore. As trepadeiras s

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entrelaçavam abundantementecomo serpentes verdes, entr

aquelas colunas, e arrastavam suaextensões sinuosas pelo chão.Um estranho ídolo, há muit

caído de um pedestal quebradoazia sobre o chão e olhava para o

alto com rubros olhos imóveis. Ohomem notou a natureza destcoisa corroída, e um forte tremor osacudiu. Ele olhou, novamentncrédulo, para a outra coisa qu

azia no chão de mármore, encolheu os ombros.

Ele adentrou o santuário. Olho

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para os entalhes nas bases dacolunas sombrias, admirado com o

aspecto profano e indefinível domesmos. Acima de tudo, o cheirdas orquídeas pairava como um

ruma pesada.Esta pequena ilha, de pântano

uxuriantes, foi outrora o pico duma grande montanha, refletiu ohomem, e ele se perguntou questranho povo havia erguido aqueltemplo... e deixado a cois

monstruosa jazendo diante dodolo caído. Ele pensou na fama qu

suas descobertas lhe trariam... no

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aplauso de grandes universidades de poderosas sociedades científicas

Ele se inclinou sobre o esqueletono chão, notando os inumanamentongos ossos dos dedos das mãos,

curiosa estrutura dos pés, aprofundas órbitas oculares emforma de cavernas, o saliente ossofrontal, o aspecto geral do grandcrânio abobadado, que diferia tãoterrivelmente da humanidade comoele a conhecia.

Qual artesão, há muito falecidoteria dado forma àquela coisa comtão incrível habilidade? Ele s

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nclinou mais perto, notando oarredondado encaixe da

articulações, as leves depressõenas superfícies lisas onde ficavamos músculos. E se sobressaltoquando a estupenda verdade surgiunele.

Isto não era trabalho de arthumana... aquele esqueleto já havisido coberto por carne, e havicaminhado, falado e vivido. E istera impossível, lhe dizia seu

cérebro oscilante, pois os ossoeram de ouro maciço. As orquídea

alançavam sob as sombras da

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árvores. O santuário jazia esombras púrpuras e negras. O

homem meditou longamente acimdos ossos e se maravilhou. Compoderia ele saber sobre um antigomundo de feitiçaria, grande o

astante para servir ao ódio eternoconferindo àquele ódio umsubstância concreta, impenetráveàs destruições do Tempo?

O homem pôs a mão na caveirdourada. Um grito súbito, mortal

estridente quebrou o silêncio. Ohomem no santuário cambaleougritando, deu um único passo

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vacilante e então caiu de pontacabeça, para jazer com os membro

contorcidos no chão marmóreo cheio de trepadeiras.As orquídeas se derramara

sobre ele numa chuva sensual, esuas mãos, que agarravamcegamente, rasgaram-nas emestranhos pedaços enquanto elgritava. Caiu o silêncio, e umvíbora se arrastou vagarosamentede dentro do crânio dourado.

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A Cidade Negra(fragmento)

Os olhos frios de Kull, rei d

Valúsia, se nublaram dperplexidade ao pousarem nohomem que tão abruptamente s

dirigira à presença real, e que agorse encontrava diante do reitrêmulo de ira. Kull suspirou; elconhecia os bárbaros que oserviam, afinal não era ele próprioum atlante de nascença? Brule,Lanceiro, irrompendo rudement

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na câmara do rei, havia arrancadode sua armadura quaisque

emblemas que lhe foram dadopela Valúsia, e agora estava despidde qualquer sinal que o mostrasscomo aliado do império. E Kusabia o significado deste gesto.

- Kull! — vociferou o pictopálido de fúria — Quero justiça!

Kull suspirou novamente. Haviocasiões em que paz tranqüilidade eram coisas a serem

desejadas, e em Kamula, ele achoque as tivesse encontrado. Kamulaa sonhadora... mesmo enquanto el

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esperava o furioso picto continuasuas injúrias, os pensamentos d

Kull vagavam de volta aos diaânguidos e preguiçosos quhaviam passado desde sua chegada esta cidade montanhosa, cujopalácios de mármore e lápis-lazúlforam construídos, camada sobrcamada, ao redor da colina emforma de cúpula que formava ocentro da cidade.

- Meu povo tem sido aliado d

mpério por mil anos! — o picto feum gesto rápido e furioso com opunho fechado — Agora, um d

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meus guerreiros pode searrebatado debaixo do meu nariz

no próprio palácio do rei?Kull se empertigousobressaltado:

- Que loucura é esta? Quguerreiro? Quem o capturou?

- Você precisa descobrir. —rosnou o picto — Num momentoele estava lá, recostado contra umcoluna de mármore... no seguinte.záz! Havia desaparecido, deixand

apenas um repugnante mau cheiroe um grito assustador como rastros

- Talvez um marido ciumento.

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— ponderou Kull. Brulnterrompeu rudemente:

- Grogar nunca olhou parmulher alguma... nem mesmo as dsua própria raça. Estes kamulianoodeiam a nós, pictos. Eu vejo istno olhar deles.

Kull sorriu:- Você está sonhando, Brule

este povo é muito indolente amante do prazer para odiar alguém. Eles amam, cantam

compõem poemas... Suponho quvocê pensa que Grogar foarrebatado pelo poeta Talígaro,

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cantora Zareta ou o príncipMandara?

- Não me importo! — rosnoBrule — Mas isto eu lhe digo, KulGrogar derramou seu sangue feitágua pelo império, e ele é o meumelhor chefe dos arqueiromontados. Vou achá-lo, vivo omorto, mesmo que eu tenha drasgar Kamula, pedra por pedraPor Valka, darei esta cidade dalimento para as chamas,

apagarei as chamas com sangue...Kull se ergueu de sua cadeira.- Leve-me até o local onde vi

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Grogar pela última vez. — ele dissee Brule cessou suas injúrias e, ma

humorado, mostrou o caminho.Saíram da câmara, através duma porta interna, e desceram umcorredor sinuoso, lado a lado, tãodiferentes no aspecto quanto doihomens poderiam ser, emborguais na flexibilidade do

movimento, na rapidez do olhar na intangível selvageria quendicava o bárbaro.

Kull era alto, de ombros largospeito profundo — volumoso, porémflexível. Seu rosto era marrom

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devido ao sol e ao vento; seu negrocabelo, de corte reto, era como

uba de um leão; seus olhos cinzasfrios como uma espada lampejandoatravés de braças de gelo.

Brule era típico de sua raça: destatura média, constituído com economia selvagem de umpantera, e com a pele bem maiescura que a do rei.

- Estávamos no Salão das Jóia— grunhiu o picto — Grogar

Manaro e eu. Grogar estavrecostado contra uma coluna quhavia dentro da parede, quando

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deslocou todo o peso contra parede... e desapareceu diante d

nossos olhos! Um painel virou pardentro, e ele sumiu... e tivemoapenas um vislumbre de negroucura lá dentro, e uma cen

repugnante fluiumomentaneamente para fora. MaManaro, que estava ao lado dGrogar, sacou a espada naquelmomento, e enfiou a boa lâmina nabertura, de modo que o painel não

se fechou completamente. Nós noarremetemos contra ele, mas nãocedeu e eu corri atrás de você

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deixando Manaro segurar a espaddele na fenda.

- E por que você arrancou seuemblemas valusianos? —perguntou Kull.

- Eu estava furioso. —resmungou o lanceiro, malhumorado e evitando os olhos dKull. O rei acenou com a cabeçasem responder. Era a atitudnatural e irracional de um selvagemenfurecido, para o qual não aparec

nenhum inimigo natural para secortado e dilacerado.

Adentraram o Salão das Jóia

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cuja parede mais afastada ficavadentro da pedra natural da colin

onde Kamula foi construída.- Manaro jurou ter ouvido usussurro como o de uma música. —grunhiu Brule

- Lá está ele, inclinado e comouvido na rachadura. Olá, Manaro!

Kull franziu a sobrancelha, aver que o valusiano alto não mudoude posição nem deu atenção aochamado. Estava realment

nclinado contra o painel, uma damãos agarrando a espada qusegurava a entrada secreta, e um

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dos ouvidos grudado na estreitfenda. Kull percebia a escuridã

quase material daquela fina faixa denegrume — parecia-lhe que, alémdaquela abertura desconhecida, escuridão se escondia como umcoisa viva e sensível.

Ele caminhou impaciente pardiante, e deu uma pesada palmadno ombro do soldado. E Manarestremeceu e se afastou da paredendo cair duro aos pés de Kull, co

os olhos vitrificados de horrormirando inexpressivos para o alto.

- Valka! — praguejou Brule —

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Ele foi apunhalado... fui um tolo edeixá-lo sozinho aqui...

O rei sacudiu a cabeça leonina:- Não há sangue nele... olhe parseu rosto.

Brule olhou e praguejou. Afeições do valusiano morto estavamparalisadas numa máscara dhorror... e a impressão eraclaramente a de um ouvinte.

Kull se aproximocautelosamente da fenda na parede

e logo chamou Brule com uaceno. De algum lugar alédaquele portal misterioso, saía um

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tênue e lastimoso som, semelhantao de uma fantasmagórica músic

de flauta. Era tão fraco que mal souvia, mas trazia em sua músictodo o ódio e veneno de midemônios. Kull encolheu ogigantescos ombros.

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A Cidade Negra (versãofinal)

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Os olhos frios de Kull, rei dValúsia, se nublaram dperplexidade ao pousarem nohomem que tão abruptamente sdirigira à presença real, e que agorse encontrava diante do reitrêmulo de ira. Kull suspirou; el

conhecia os bárbaros que oserviam, afinal não era ele próprioum atlante de nascença? Brule,

Lanceiro, irrompendo rudementna câmara do rei, havia arrancadode sua armadura quaisque

emblemas que lhe foram dado

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pela Valúsia, e agora estava despidde qualquer sinal que o mostrass

como aliado do império. E Kusabia o significado deste gesto.- Kull! — vociferou o picto

pálido de fúria — Quero justiça!Kull suspirou novamente. Havi

ocasiões em que paz tranqüilidade eram coisas a seremdesejadas, e em Kamula, ele achoque as tivesse encontrado. Kamulaa sonhadora... mesmo enquanto el

esperava o furioso picto continuasuas injúrias, os pensamentos dKull vagavam de volta aos dia

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ânguidos e preguiçosos quhaviam passado desde sua chegad

a esta cidade montanhosa, cujopalácios de mármore e lápis-lazúlforam construídos, camada sobrcamada, ao redor da colina emforma de cúpula que formava ocentro da cidade.

- Meu povo tem sido aliado dmpério por mil anos! — o picto fe

um gesto rápido e furioso com opunho fechado — Agora, um d

meus guerreiros pode searrebatado debaixo do meu narizno próprio palácio do rei?

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Kull se empertigousobressaltado:

- Que loucura é esta? Quguerreiro? Quem o capturou?- Você precisa descobrir. —

rosnou o picto — Num momentoele estava lá, recostado contra umcoluna de mármore... no seguinte.záz! Havia desaparecido, deixandapenas um repugnante mau cheiroe um grito assustador como rastros

- Talvez um marido ciumento.

— ponderou Kull. Brulnterrompeu rudemente:

- Grogar nunca olhou par

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mulher alguma... nem mesmo as dsua própria raça. Estes kamuliano

odeiam a nós, pictos. Eu vejo istno olhar deles.Kull sorriu:- Você está sonhando, Brule

este povo é muito indolente amante do prazer para odiar alguém. Eles amam, cantamcompõem poemas... Suponho quvocê pensa que Grogar foarrebatado pelo poeta Talígaro,

cantora Zareta ou o príncipMandara?

- Não me importo! — rosno

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Brule — Mas isto eu lhe digo, KulGrogar derramou seu sangue feit

água pelo império, e ele é o meumelhor chefe dos arqueiromontados. Vou achá-lo, vivo omorto, mesmo que eu tenha drasgar Kamula, pedra por pedraPor Valka, darei esta cidade dalimento para as chamas, apagarei as chamas com sangue...

Kull se ergueu de sua cadeira.- Leve-me até o local onde vi

Grogar pela última vez. — ele dissee Brule cessou suas injúrias e, mahumorado, mostrou o caminho.

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Saíram da câmara, através duma porta interna, e desceram um

corredor sinuoso, lado a lado, tãodiferentes no aspecto quanto doihomens poderiam ser, emborguais na flexibilidade do

movimento, na rapidez do olhar na intangível selvageria quendicava o bárbaro.

Kull era alto, de ombros largospeito profundo — volumoso, porémflexível. Seu rosto era marrom

devido ao sol e ao vento; seu negrocabelo, de corte reto, era como uba de um leão; seus olhos cinzas

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frios como uma espada lampejandoatravés de braças de gelo.

Brule era típico de sua raça: destatura média, constituído com economia selvagem de umpantera, e com a pele bem maiescura que a do rei.

- Estávamos no Salão das Jóia— grunhiu o picto — GrogarManaro e eu. Grogar estavrecostado contra uma coluna quhavia dentro da parede, quando

deslocou todo o peso contra parede... e desapareceu diante dnossos olhos! Um painel virou par

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dentro, e ele sumiu... e tivemoapenas um vislumbre de negr

oucura lá dentro, e uma cenrepugnante fluiumomentaneamente para fora. MaManaro, que estava ao lado dGrogar, sacou a espada naquelmomento, e enfiou a boa lâmina nabertura, de modo que o painel nãose fechou completamente. Nós noarremetemos contra ele, mas nãocedeu e eu corri atrás de você

deixando Manaro segurar a espaddele na fenda.

- E por que você arrancou seu

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emblemas valusianos? —perguntou Kull.

- Eu estava furioso. —resmungou o lanceiro, malhumorado e evitando os olhos dKull. O rei acenou com a cabeçasem responder. Era a atitudnatural e irracional de um selvagemenfurecido, para o qual não aparecnenhum inimigo natural para secortado e dilacerado.

Adentraram o Salão das Jóia

cuja parede mais afastada ficavadentro da pedra natural da colinonde Kamula foi construída.

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- Manaro jurou ter ouvido usussurro como o de uma música. —

grunhiu Brule- Lá está ele, inclinado e comouvido na rachadura. Olá, Manaro!

Kull franziu a sobrancelha, aver que o valusiano alto não mudoude posição nem deu atenção aochamado. Estava realmentnclinado contra o painel, uma da

mãos agarrando a espada qusegurava a entrada secreta, e um

dos ouvidos grudado na estreitfenda. Kull percebia a escuridãquase material daquela fina faixa de

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negrume — parecia-lhe que, alémdaquela abertura desconhecida,

escuridão se escondia como umcoisa viva e sensível.Ele caminhou impaciente par

diante, e deu uma pesada palmadno ombro do soldado. E Manarestremeceu e se afastou da paredendo cair duro aos pés de Kull, co

os olhos vitrificados de horrormirando inexpressivos para o alto.

- Valka! — praguejou Brule —

Ele foi apunhalado... fui um tolo edeixá-lo sozinho aqui...

O rei sacudiu a cabeça leonina:

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- Não há sangue nele... olhe parseu rosto.

Brule olhou e praguejou. Afeições do valusiano morto estavamparalisadas numa máscara dhorror... e a impressão eraclaramente a de um ouvinte.

Kull se aproximocautelosamente da fenda na paredee logo chamou Brule com uaceno. De algum lugar alédaquele portal misterioso, saía um

tênue e lastimoso som, semelhantao de uma fantasmagórica músicde flauta. Era tão fraco que mal s

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ouvia, mas trazia em sua músictodo o ódio e veneno de mi

demônios. Kull encolheu ogigantescos ombros. A músicdemoníaca fez sua pele formigarAté o inexorável Brule ficou pálidde nojo, quando o som da flautadiabólica se infiltrou pela abertura.

- Parece o tipo de música, cocujo som dançam os mortos nopisos escarlates do inferno. —disse, com um estremecimento

ncontido.Kull encolheu os ombros

empurrou a parede de mármor

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cor-de-pêssego, que não se moveuApoiou o ombro contra a parede

empurrou. Poderosos feixes dmúsculos se avolumaram em seupescoço, e lhe percorreram acostas e peito como sinuosaserpentes, sob as roupagens d

rocado. Era como tentar empurraum acantilado de granito puroBrule adicionou a própria força àsuas tentativas, mas isso tampoucoserviu. Agora aborrecido, Kull tiro

as roupas luxuosas, despindo umtorso poderoso que brilhou como

ronze azeitado sob a luz do sol.

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Segurou o cabo da espada dManaro e tentou usá-la com

alavanca, mas também nãoconseguiu nada. Então, começoutatear com as mãos ao longo dparede, junto à coluna, em busca dmola oculta na qual Grogar haviasem dúvida, tropeçado. De repenteouviu um clique metálico, abafadopela parede de pedra, e o painel safastou para um lado ao se deslizasuavemente e girar sobre um

dispositivo de rodas.Um abismo negro se abri

diante deles, como a boca de um

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poço que conduz ao inferno domitos mais obscuros. Do interio

daquela boca negra, saiu umaforada de ar enjoativo e úmidocarregado com um indescritíveodor fétido. E a horrível flautpareceu soar então com mais forç— mais próxima e misteriosa. Sesom espectral arrancou um calafrioglacial das costas de Kull.

Brule colocou um vaso dronze na abertura, para que

porta secreta não se fechasse.- O que faremos, Kull?

perguntou — Quer que eu v

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uscar mais homens?O rei negou com um gesto d

cabeça, fazendo a cabeleira negralançar de um lado a outro.- Não podemos fazer isso, Brule

Enquanto perdemos tempo aquGrogar pode estar enfrentando... sValka sabe o quê!

Brule sorriu com uma caretfelina, e os dentes brancoflamejaram em seu rosto

ronzeado.

- Bem, de qualquer forma, parque precisamos dos demaisBastam você e eu, ó rei, juntos

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com as espadas na mão.Kull assentiu com um gesto,

seus olhos furiosos tentarampenetrar as trevas. Avançou umpasso em direção àquela escuridãodesconhecida.

- Vamos!Brule só se atrasou o temp

necessário para pegar uma tochresinosa do aro que a sustentava nparede. Acendeu-a com os carvõede um turíbulo de prata, e logo s

ançou à boca escura da porta, atrádos calcanhares de Kull.

Estavam sobre uma estreit

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plataforma de pedra sólida. Abaixoum abismo negro parecia cair

cair, como se descesse às maiprofundas entranhas da terraDegraus de pedra desciam eespiral para a garganta daquelpoço negro. Das profundezadesconhecidas, chegava até eles umar frio e enjoativo, levando em suaasas invisíveis aquela misteriosmelodia. O rei e o guerreirniciaram a descida dos degraus d

pedra em espiral, movendo-se emsilencioso cuidado.

A escada era velha, muito velha

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Os pés de muitas gerações haviadesgastado a pedra durant

séculos. Um lodo pálido se agarravà pedra úmida e escorregadia dodegraus, sob seus pésContinuaram sua descida paraescuridão, passo a passo, com tocha lançando faíscas de lualaranjada, que jogavam uma luzoscilante e enganosa diante delesAs sombras se sacudiam

rincavam contra a parede de tosca

pedra úmida.De vez em quando, rudement

entalhados na parede, apareciam

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petróglifos monstruososvagamente blasfemos

misteriosamente estranhos, quhes causavam arrepios nas costasEra como se as mãos que otivessem cinzelado fossem tãoalienígenas e inumanas quanto amentes, em cujas profundezacorrompidas se conceberamaqueles símbolos monstruosos.

O rei ficou tenso, seus olhoemitiam frias labaredas cinzas, ao

mesmo tempo em que tentavampenetrar as profundezas escuras lde baixo.

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- Escute! O que foi isso?O ulular fantasmagórico havi

se elevado num crescendo defrenesi demoníaco, como um somrangente e agudo, que pareciquerer rasgar os nervos, como odedos dotados de garras de umharpista poderiam rasgar e quebraas cordas de seu instrumento. Nmais alto deste som agudoperceberam um gritofantasmagórico que lhes gelou o

sangue.- Por Valka! — balbuciou Brule

embora sua exclamação fosse quas

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mais uma oração.Tinha os olhos acesos e branco

sob a luz da tocha.O grito morreu, transformadnum gorgolejo, como se houvesssido estrangulado por uma mãomplacável. A ele, seguiu-se u

silêncio mortal, enquanto os ecoreverberavam por todo o poço, eproduziam uma torrente de ecoque o devorou todo. O ruíddaquele grito fez o sangue gelar em

suas veias. Era o último grito, cheide desespero, de uma almarrastada à margem definitiva do

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terror e da loucura. Kull jamaihavia imaginado que, de lábio

humanos, pudesse surgir tal notde angústia e pânico impotente. Elapertou as mandíbulas, e supoderosa mão agarrou o cabo despada, com uma fúria que lhembranqueceu os nós dos dedos.

- Vamos! — ele grunhiu.E continuou a descida pelo

degraus cobertos de lodoescorregadio.

Finalmente, a escada espiraladterminou num chão uniforme dpedra umedecida, sumida num

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negrura gelada. O oscilante brilhalaranjado da tocha revelou um

fileira dupla de colunas toscamenteentalhadas, que se estendiam pelcaverna escura como a poderossala de um templo obscuro ddeuses antigos. Com as espadas epunho, os dois homens desceramrapidamente em direção a esta navde colunas, tão vastas e poderosaquanto as árvores mais eretas titânicas. Rostos monstruosos o

contemplavam, profundamentetalhados nas escuras pedras eretasNão eram rostos humanos

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observou Kull com um acarrancudo. Mas não se deteve po

sso.No final, a nave de colunas sabria para um enorme anel dpedras eretas. No centro, havia ualtar de cristal negro: um cubogigantesco de obsidianresplandecente. De cada ladochamas gêmeas e azuladapiscavam em largas urnas de latãoardendo na escuridão como o

olhos acesos de uma bestgigantesca e inimaginável.

Brule agarrou o braço nu d

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Kull, fazendo esforço para reprimiuma exclamação.

Escondido sobre os degraus quconduziam ao altar, nu como umebê, havia um homem sentado

que tocava uma flauta. A cacofoniaululante e demoníaca de sumelodia enlouquecedora se elevavansuportavelmente forte, batendo o

cérebro como martelos amortecidoque golpeiam implacáveis a própricidadela da razão. Kull emitiu u

grunhido lá do fundo da garganta viu, claramente revelado, o rosto dohomem. O flautista lançou a cabeç

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para trás, extasiado, ao mesmotempo em que aumentava o som de

sua canção demoníaca.Era o poeta Talígaro!Talígaro, o poeta mimado

sedoso e lânguido, cujas rimamelindrosas traziam frenesi a todesta metrópole de sonhos; Talígaroo tímido e afetado poeta... agorencolhido como um animal, nu coberto de suor, tocava a flautacomo um bacante enlouquecido

prostrado servilmente diante de umaltar pagão.

Então, apareceram os outro

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fiéis, que se deslizaram em grupode dois e três, saindo de entre a

colunas. Estavam envoltos ecapas de veludo negro, com acabeças encapuzadas. Mas, quanda melodia enlouquecedora selevou num atropelado frenesitiraram as capas e começaram a sprostrar diante do reluzente cubode cristal, da cor do ébano.

Lá estavam os nobres senhores de Kamula: homens

mulheres com os quais participarde festas, com os quais haviconversado durante sua prolongad

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e indolente estadia nesta cidaderguida ao redor de uma colina. L

estava o gordo Ergon, barão dcosta setentrional, movendo-scomo um sapo nu, fazendo

alançar obscenamente sua pançgorda. E lá estava também Nargoo filho de uma casa antiga ehonrosa, completamente nu à ludas chamas gêmeas de safiraNargol, que era sempre tão rígidoaristocrático!

Foi então que ele viu o questava sobre o altar negro.

Era Grogar, que jazi

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esparramado, preso por argolas dferro nos tornozelos e pulsos. Se

corpo nu brilhava de umidadedevido a centenas de diminutocortes, que salpicavam sua figurade bronze com o cálido líquidogotejante do sangue. Tinha o rostvoltado para Kull, e quando o recontemplou aqueles olhos dmirada fria e vazia, aquelmandíbula caída que deixava a bocaaberta, percebeu, pela contração

dos lábios, de onde havia surgidoaquele grito horrível e agonizantecheio de desespero, que tinham

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ouvido enquanto desciam pelescada de pedra, depois de ter tido

que suportar tormentonacreditáveis. E aquela coisa nuasalpicada de sangue se atropelavestupidamente e se deslizaventamente sobre o altar negro

como a essência da cobrcondenada que se deslizava sobreos solos de vermelho vivo dopróprio inferno.

Dois olhos flamejaram! Ku

ficou rígido, e um suor frio brotouem pequenas gotas sobre seu torsonu. Do alto do altar, brilharam dua

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esferas gêmeas, dotadas de umpálida chama verde... e s

moveram!A aguda e rangente melodia dflauta se elevou mais ainda, comose tentasse atrair algo. Odançarinos se entregaram a umsérie de movimentos selvagenscom os braços erguidos e acabeças jogadas para trás. Aquelrito horripilante estava a ponto dealcançar seu apogeu.

Lentamente, com umondulação que se torcia e enroscavsobre si mesma, o gigantesco verm

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desceu, deslizando-se pela pedrtosca da mais alta das colunas

Ninguém sabia de que gretdesconhecida conseguira sair, maa música e o movimento dodançarinos o haviam feito sair dsua moradia tenebrosa.

A brilhante lesma negra, dtrinta metros de comprimento, ercomo um rio deslizante de lodogelado. Dois olhos em forma ddiscos brilhavam suavemente

acima da mandíbula aberta, da quaabava um líquido estragado e

repugnante. Aquela cois

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deslizante se dirigia lentamente aoaltar.

Estremecido até o fundo de sualma, Kull se perguntou quantomilhares de vezes, nas longas erado passado, aquele pesadeloputrefato havia se arrastado

para fora de seu esconderijocom a intenção de... alimentar-se.

Os antigos símbolos gravadonas paredes de rocha do abismonão eram tão estranhos para o rei

pois mesmo na distante e selvagemAtlântida, ele tinha ouvidpronunciar em voz baixa aquel

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nome terrível: Zogthuu! Zogthuu,que se desliza na noite, o

espantoso, repugnante e imortadeus-verme, cujo culto havia sidoexterminado há muitos séculos... que agora aparecia vivo nos negroabismos existentes sob Kamula!

O maligno verme, como um rifétido de azeite negro, pairou sobro altar, contemplando, com oolhos semicerrados, o picto nuApesar de sua loucura, Grogar viu

soube qual seria o horror definitivodestinado a se tornar seu fimLançou um grito terrível, capaz d

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amedrontar a alma, e que deve tehe rasgado o pescoço...

Kull então se lançou como utigre enfurecido!O selvagem vermelho que havi

nele despertou em seu peito. Umfúria incontida se apossou delcomo uma maldição rubra, nublousua visão já turva e fez chegar seus lábios um grunhido de ir

estial. Saltou como uma panterase plantou em meio aos dançarino

servis, prostrados ao seu redor, coma poderosa espada desembainhadaOs fiéis se lançaram sobre ele, ma

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seu aço relampejou à direita esquerda, e os homens caíram par

trás, agarrando os cotos dos quairotava sangue, onde antes havimãos.

Saltou até o pé do altar, ondTalígaro, com olhos de louco, omirou inexpressivamente. O açfrio cruzou o ar, como umrelâmpago, e sua labareda glaciaafundou no pútrido coração dopoeta. A flauta demoníaca caiu

daqueles dedos que a seguravamdebilmente, sem energia.

Logo, montou sobre o altar

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ficando entre o impotente picto e cabeça oscilante do verm

horrendo. Aqueles olhos reluzentee inumanos lhe miravam, com umabareda de um jade fosforescent

de intensidade brilhante. Kudevolveu o olhar, atravessando penumbra que o envolvia, olhandopara as profundezas, para a próprialma de Zogthuu. E lá, bem nfundo dos olhos do vermmonstruoso, Kull viu algo qu

despertou um temor primitivo petrificante em sua alma, um terroamais experimentado por qualque

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outro homem mortal; sua carnficou paralisada, como se estivesse

subitamente à mercê do forte soprode um poderoso vento geladosurgido das profundidades dpesadelo do abismo negro donfernos cósmicos, situados além

do espaço e do tempo.Porque lá dentro, nos olho

ardentes do verme monstruosorilhava uma espantos

nteligência — fria, solitária

torturada além de todo tormentoque se pudesse imaginar.

Uma bílis azeda se elevou

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repugnante, na garganta de KulPois, naquela repugnante longitud

de baba gelatinosa, se escondiuma mente pensante, consciente horrivelmente sensível.

Encerrar um cérebro vivo nprisão fétida desta coisfantasmagórica constituía umdéia que ultrapassava os efeitos de

dez mil infernos. A este castigeterno e imortal os deuses haviamcondenado um dos seus, que devi

ter cometido algum crimmemorável, cuja maldad

ultrapassava toda imaginação

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humana.Kull golpeou como um home

enlouquecido. O aço brilhantassobiou e afundou na massgelatinosa, que não lhe ofereceuresistência alguma. Um enormpedaço de substância fétida sdesprendeu e caiu ao chão de pedrcom um ruído surdo. Mas Zogthunão pareceu sentir nada; supalpitante carne amebóide nãoofereceu a menor resistência ao aço

de Kull. Os golpes, dados um atrádo outro como um pilãoatravessavam o verme demoníaco

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sem lhe causar dano algum.A petrificada tristeza, que s

escondia para sempre naqueleolhos terríveis e inteligentes, nãodesapareceu com nenhumpestanejar de dor. O reluzentcorpo babante continuoudeslizando sobre o altar, e amandíbulas, babantes e sempresas, se abriram, em busca dcarne de Kull.

Passo a passo, o rei se vi

obrigado a recuar, até que seuombros nus encostaram nsuperfície quente da alta urna d

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atão, onde bailavam umas chamaazuladas. Mais um momento, e

verme estaria sobre ele. Kull sabique não podia rechaçar aquela coisdeslizante que avançava implacávelTampouco Brule poderia ajudá-lopois, em algum lugar às suacostas, percebeu o ruído da luta doguerreiro picto, que detinha horda de fiéis enlouquecidos. Sumente buscou desesperadamentuma saída!

Zogthuu continuou fluindo atele, como um rio lodoso de azeitnegro, e então, um brilho d

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nspiração surgiu nos olhos de KulVoltou-se para um lado, n

momento em que o vermdemoníaco se lançava para a frentecomo uma cobra. Agarrou com aduas mãos a urna de latão e sacudiu, soltando-a do pedestal nclinando-a sobre aquela cois

negra e rastejante. A urna caiu echeio sobre o lombo de Zogthuu.

O azeite se derramou da pesadurna, ensopando os ondulante

anéis negros da besta; e, umnstante depois, o fogo seguiu o

rastro brilhante do azeit

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derramado... e Zogthuu sncendiou como uma gigantesc

tocha viva!Uma labareda azul envolvetoda a longitude retorcida de seucorpo, de um extremo a outro, comflamas que chamuscavam eabrasavam como mil ferros detortura ao vermelho vivo. E, agorsim, agora uma dor enlouquecidapareceu nos olhos reluzentes doverme. Durante todos os eons d

pesadelo de sua existência eternaZogthuu talvez nunca houvessexperimentado a fúria de uma dor

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exceto pelo tormento interno de sualma, encerrada na repugnant

prisão de um corponimaginavelmente asquerosoAgora, uma aguda dor vermelhflamejava em seus olhos grandes; eas mandíbulas, sem presas nemíngua, se abriram num grito

silencioso.O azeite havia encharcad

profundamente a carne esponjosa gelatinosa. Em poucos instantes,

enorme verme não era mais quuma massa de fluido ardente, quenundava o estrado, formando uma

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enorme poça pútrida de lodoardente. Kull saltou como um

mola até onde estava Bruleofegante, rodeado pela pilha dcorpos ensangüentados dos fiéimortos.

- Não resta nenhuma esperançpara Grogar. — gemeu BruleAquele cão do Nargol me lançouma adaga, me agachei para evitáa e a lâmina afundou na gargant

de Grogar.

- Que Valka acolha o espírito dpobre coitado. — disse Kulcarrancudo — Mas é melhor assim

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Se estivesse vivo, não seria mais dque um doido varrido. Em troca

uma morte limpa, causada por umâmina de aço...- Sim! É a morte de u

guerreiro! Kull apontou paraescada distante.

- Vamos sair deste maldito poçoantes que fiquemos assados.

Enquanto subiam a escadariespiralada, a mente de Kucontinuava se vendo perseguid

por aquela coisa que ele tinha vistonos olhos moribundos de Zogthuuapenas um instante antes do

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monstro se desintegrar numconfusa e estranha mistura de lodo

ardente.Perguntou a si mesmo se, poacaso, aquela inteligência torturade triste, que havia existido duranteras incontáveis por trás daqueleolhos brilhantes, dentro de seupútrido corpo de verme, lhe havidirigido um último e imperturbáveolhar de patética gratidão por tehe soltado, finalmente, de su

prisão repugnante, permitindoentrar assim na noite eterna dmorte.

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Talvez...Acima deles, através da port

que ainda permanecia parcialmentaberta, entrava o ar fresco e limpodo mundo superior, e a luz

rilhante do sol que iluminava ummundo onde, certamente, jamaipoderiam existir os horrores quhaviam presenciado lá embaixo.

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O Feiticeiro e o Guerreiro(fragmento)

Três homens estavam sentado

diante de uma mesa, jogando. Pelparapeito de uma janela abertasussurrava uma brisa suave

soprando as tênues cortinas evando aos jogadores o perfumede rosas, parreiras e plantas verdes

Três homens estavam sentadodiante de uma mesa. Um deles erum rei; outro, o príncipe de umantiga linhagem, e o outro era o

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chefe de uma nação terrível árbara.

- Ponto! — disse Kull, rei dValúsia, enquanto movia uma dafiguras de marfim — Meu magoameaça seu guerreiro, Brule.

Brule acenou com a cabeça. Nãera um homem tão corpulentoquanto o rei,

mas era de compleição firme —compacto, embora esbeltamentconstituído. Kull era o tigre, Brul

era o leopardo. Brule era um pictoescuro como toda sua raça. Feiçõemóveis sobre uma cabeça elegante

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pescoço forte, ombros maciçamentcompostos e peito profundo. Este

traços, com suas pernas e braçomusculosos, eram típicos da naçãoà qual ele pertencia. Mas, em uaspecto, Brule diferia dos homende sua tribo, pois, enquanto oolhos destes eram, em sua maioriamarrom cintilante ou ferozmentnegros, os dele eram de umprofundo azul vulcânico. Em alguugar no seu sangue, havia um

vaga descendência de celtas, oudaqueles selvagens disseminadoque viviam em cavernas de gelo

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perto do Círculo Ártico.- Um mago é um homem difíc

de derrotar — disse este homem —neste jogo, ou no jogo verdadeiro rubro da batalha... bem, houve umvez em que minha vida pendeu n

alança do poder entre um magopicto e eu... ele tinha seus feitiços, eu, uma lâmina bem-forjada...

Ele fez uma pausa para bebeprofundamente de um copoescarlate de vinho, que s

encontrava diante de seu cotovelo.- Conte-nos a história, Brule.

nsistiu o terceiro jogador.

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Ronaro, príncipe da grande casde Atl Volante, era um jove

esbelto e elegante, com uma cabeçesplêndida, belos olhos escuros um agudo rosto intelectual. Ele ero patrício... o mais elevado tipo denteligência aristocrática qu

qualquer terra já havia produzidoOs outros dois, por sua vez, erasua antítese. Ele nasceu nupalácio; quanto aos outros, umhavia nascido numa cabana d

vime, e o outro numa cavernaRonaro remontava às suas origendois mil anos, através de um

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inhagem de duques, cavaleirospríncipes, homens de estado

poetas e outros. Brule conseguiremontar seus ancestraivagamente por uns poucos séculose mencionava entre eles chefevestidos de pele, guerreiropintados e emplumados, xamãcom máscaras de caveira de bisão colares com ossos de dedos... umou dois rei de ilhas, cujas corteeram em cabanas de lama, e um ou

dois herói lendários, semideificados por proezas de forçfísica ou de massacre. Kull ne

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sequer sabia quem eram seupróprios pais.

Mas, nos semblantes dos trêsrilhava uma igualdade além dogrilhões de nascimento circunstância — a aristocracia doHomem. Estes homens erapatrícios naturais, cada um ao seumodo. Os ancestrais de Ronareram reis; os de Brule, chefes eroupas de pele; os de Kull podeter sido escravos ou chefes tribais

Mas, ao redor dos três, havia aquelelemento indefinível que destaca ohomem superior e destrói a ilusão

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de que todos os homens nascemguais.

- Bem — os olhos de Brule sencheram de lembrançapensativas —, aconteceu no

início de minha juventude; simna minha primeira incursão dguerra. Ah, eu já havia matado uhomem ou mais nas brigas dpescaria e nas festas tribais, maainda não tinha sido ornamentadocom as cicatrizes do guerreiro do

clã... — ele apontou o peito nuonde os ouvintes viram trêpequenas marcas horizontais, ma

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perceptíveis no poderoso peitoronzeado de sol, do picto.

Ronaro o observava comnfalível interesse, enquanto elfalava. Estes bárbaros ferozes, cosua vitalidade primitiva epetulância direta, intrigavam oovem príncipe. Anos na Valúsia

como um dos mais fortes aliados dompério, haviam bordado um

mudança externa no picto — não ohaviam domesticado, mas dado

ele um verniz de cultura, educaçãoe reserva. Mas, debaixo daquelverniz, brilhava o cego selvagem

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negro de sempre. Esta mudançocorrera mais extensamente em

Kull, outrora guerreiro dAtlântida, agora rei da Valúsia.- Kull e Ronaro — disse Brule —

nós, das Ilhas, somos todos de usangue, mas de várias tribos, e cadtribo tem costumes e tradiçõepeculiares a cada uma. Todos nóreconhecemos Nial, dos Tathelcomo o rei principal, mas seugoverno é flexível. Ele não interfer

em nossos assuntos; nem cobrmpostos, ou taxas como chamam

os valusianos, de ninguém, exceto

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dos Nargi, dos Dano e doMatadores de Baleia, que vivem n

lha de Tathel com sua própritribo. A estes ele protege controutras tribos, e por essa razão, elcoleta impostos. Mas ele não tommpostos de minha tribo, os Bornis

nem de qualquer outra tribo. Nenterfere quando duas tribo

entram em guerra... a não ser qualguma ataque as três que lhepagam tributo. Quando a guerra

utada e vencida, ele arbitra sobre oassunto, e seu julgamento definitivo: quais mulhere

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roubadas devem ser devolvidasqual o pagamento em canoas d

guerra a ser feito, qual o preço a sepago em sangue, e assim podiante. E, quando os lemurianos, oceltas, ou qualquer naçãoestrangeira ou bando dsaqueadores nos atacam, ele mandrecado para que todas as triboesqueçam suas rixas e lutem lado ado. O que é uma coisa boa. El

poderia ser o tirano supremo, s

quisesse, pois sua própria tribo muito forte; e, com a ajuda dValúsia, poderia fazer o qu

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quisesse... mas ele sabe queembora possa, com suas tribos

aliados, esmagar todas as outratribos, nunca haveria panovamente, mas revolta enquantoum Borni, um Sungara, uMatador de Lobos ou quaisquer udos homens das tribos estivessvivo.

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O Feiticeiro e o Guerreiro(versão final)

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Três homens estavam sentado

diante de uma mesa, concentradoem um jogo com peças talhadas emmarfim. Acima do parapeito danela aberta, penetrava uma fracrisa, carregada com o fort

perfume das rosas do jardim quhavia mais adiante, iluminado pelua. Três homens sentados diant

de uma mesa. Um era um rei,segundo um príncipe de linhagem

nobre e antiga, e o terceiro o chefde uma nação bárbara e terrível.

- Veja! — disse Kull, rei d

Valúsia, enquanto movia uma da

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figuras de marfim sobre o tabuleiro— Meu feiticeiro ameaça o se

guerreiro, Brule.Brule concordou, pensativo,estudou a posição das peças. Nãera um homem tão corpulentoquanto o rei, embora fosse dconstituição firmemente amarradacompacta e, no entanto, ágil. Serei Kull era como um tigre, Brulera como um leopardo. Este Brulera um picto, selvagem e moreno

como todos de sua raça, qumostrava nu o corpo bronzeadoexceto pela tanga de couro e o

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cinturão feito de discos de prata.S eus traços imóveis e sua cabeç

orgulhosamente levantadcombinavam muito bem com seupescoço grosso e musculoso, comos fortes ombros delgados e com opeito largo. Esta musculaturaelegante e poderosa, constituía umdas características de sua tribo

árbara e guerreira, das IlhaPictas, mas havia um aspecto nelque diferia dos companheiros d

sua tribo. Enquanto eles possuíareluzentes olhos negros, os seuardiam com um estranho

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profundo azul. Alguma parte dseu sangue devia estar misturad

com alguma vaga descendência doceltas, ou daqueles selvagendisseminados que viviam emcavernas de gelo no frio norteperto da distante e fabulosa Thule.

Brule contemplopensativamente o tabuleiro e sorriucom expressão inexorável.

- Ameaçado? Talvez. Massempre difícil derrotar um

feiticeiro, Kull, seja neste jogo, ono jogo sangrento da guerra. AhHouve um tempo em que minh

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própria vida dependeu doequilíbrio de poder entre um

feiticeiro picto e eu mesmo. Elpossuía encantamentos, e eudispunha apenas de minha espadde ferro bem forjada.

Bebeu profundamente da taçde vinho tinto, perto de seucotovelo.

- Conte-nos sua história, óBrule. — pediu o terceiro jogador.

Ronaro, príncipe da grande cas

de Atl Volante, era um joveesbelto e elegante, dotado de umesplêndida cabeça, extraordinário

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olhos escuros e um rosto de olhantenso e inteligente. Neste trio tã

estranhamente mal formadoRonaro era o patrício inato, o tipmais nobre produzido pela ilustraristocracia do antigo reino dValúsia. Os outros dois eram, dcerto modo, sua antítese. Ronarhavia nascido em um palácio; ooutros, um havia visto pelprimeira vez a luz do dia pelabertura de uma cabana feita d

arbustos, e o outro de uma cavernaRonaro podia seguir sua árvorgenealógica até dois mil anos atrás

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através de uma variada série deduques e cavaleiros, príncipes e

estadistas, poetas e reis. Até Bruleo picto selvagem, sabia algo sobreseus ascendentes e podia citá-loaté remontar-se um ou dois séculono passado, e entre eles haviamcapitães vestidos de peleguerreiros coroados com plumassábios xamãs com máscaras dcaveira de bisões e colares feitocom ossos de dedos humanos

podia chegar até o rei de uma ilhou duas, e um herói lendário semidivinizado pelas festas qu

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celebravam as habilidadeguerreiras e o valor sobre-humano

Quanto a Kull, entretanto, seuantepassados eram um mistérioNem sequer conhecia os nomes dseus pais. Havia surgido daprofundezas de uma escuridão semnome, para transformar-se em rede um glorioso império.

Mas, nos semblantes destes trêhomens brilhava uma igualdadeque superava os obstáculos do

nascimento ou da circunstância: aristocracia natural da verdadeirmasculinidade.

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Apesar de suas origenspassados tão diferentes, estes trê

homens haviam nascido patrícioscada um a seu modo. Oantepassados de Ronaro eram reisos de Brule, chefes selvagens, equanto aos de Kull, poderiam tesido escravos... ou deuses! Mas cadum deles possuía essa aurndefinível que distingue o homem

verdadeiramente superior despedaça a ilusão daqueles qu

maginam que todos os homennascem iguais.

- Bem — começou a dizer Brule

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com os olhos azuis escurecidos posombras melancólicas —, isso

aconteceu no começo de minhuventude. Sim, foi duranteminha primeira incursão guerreircontra a tribo de Sungara. Até essdia, nunca havia percorrido vereda da guerra. Bom, na verdadeá havia tido um vislumbre do qu

significa matar a um homem, emrigas de pesca e em festas tribais

mas nunca havia lutado contra o

nimigos do meu povo, nem haviganhado as cicatrizes próprias doAssassinos de Lanças, o cl

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guerreiro de elite de meu povo.E ao dizer isto, apontou o peit

nu, onde Kull e Ronaro puderaobservar as três cicatrizeshorizontais, que brilhavam com um

ranco pálido contra a pelronzeada de seu poderoso peito.

Enquanto Brule continuavfalando, o príncipe Ronaro lhobservou com um crescentnteresse. Estes bárbaros, com sua

atitudes tão simples e diretas, e su

vitalidade rústica e primitiva, nãodeixavam de intrigar e fascinar oovem nobre. Os anos que havi

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passado na Valúsia de torrepúrpuras, como aliado respeitado

do império, haviam produzido ummudança exterior no picto; se bemque isso não havia mudado sunatureza interna, o tempo havia lhdado ao menos uma certa aparêncide cultura e afabilidade social. Masso era apenas pouco mais que um

verniz e, por debaixo da superfícieardia a velha e vermelha ira doselvagem. Quanto a Kull, um

mudança muito mais ampla havialterado a atitude do atlante, emconsonância com as mais pesada

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responsabilidades de um rei. MaBrule continuou falando, e Ronar

prestou toda a sua atenção à lenta reflexiva voz do guerreiro picto.- Você, Kull, e também você

Ronaro, são de raças e naçõediferentes, mas nós, das Ilhassomos todos do mesmo sanguemas de muitas tribos, e cada tribopossui seus costumes e tradiçõeque lhes são próprios e peculiaresCada uma delas conta com se

próprio chefe. Todos nóreconhecemos Nial de Tatheli, qugoverna as ilhas como dono

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senhor, ainda que dirija as rédeado reino com mãos leves.

"Ele não se intromete em nossoassuntos pessoais, nem impõtributos ou taxas, como dizem opovos civilizados, exceto aos nargios danyo e os assassinos de baleiaque habitam a ilha de Tathel e quse acham sob sua proteção. Delerecebe tributos, mas nunca dos dmeu povo, os bornis, nem dnenhuma outra tribo. Tampouco

ele interfere quando duas triboentram em guerra, a menos algumtribo invada as três que lhe pagam

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tributo. E uma vez que se hajivrado e ganhada a guerra, arbitr

entre as tribos envolvidas ncontenda, para decidir qumulheres raptadas devem sedevolvidas, que pagamentos dguerra devem ser feitos, que preçode sangue deve pagar-se pelmatança, e assim sucessivamente. Esuas decisões são definitivas eabsolutas.

"E, quando os lemurianos, o

celtas, os atlantes, ou qualqueoutra nação estrangeira ou bandode saqueadores nos atacam, el

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ordena a todas as tribos esqueçamsuas disputas e lutem lado a lado

Assim, já chegou a acontecer quornis e sungaras, o povo dos loboou a tribo da ilha vermelha teremutado uns juntos aos outros

esquecendo todas as suadesavenças. E é bom que isso sejassim. Ele poderia ser um tiransupremo, se quisesse, pois suprópria tribo é muito forte; e, com ajuda da Valúsia, ele poderia faze

o que quisesse... mas ele sabe queembora pudesse, com suas tribos aliados, esmagar todas as outra

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tribos, nunca haveria panovamente.

"Na época da qual estofalando, os sungaras eram nossonimigos. Haviam atravessado oimites de nosso território

queriam tomar certo vale que eranosso terreno de caça preferidoNial já sabia, desde muito, maquando organizamos a guerra, elnão interveio. Eu, como joveguerreiro, que não estava aind

treinado para a batalha, fui commeus camaradas. No começo msenti entusiasmado, pois por fim

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experimentaria pela primeira vez fama da guerra. Ansiava recebe

estas orgulhosas cicatrizes sobrmim, naquele peito então lisoassim como homens anseiam amulheres, o ouro ou as coroasSomente se eu demonstrassminhas habilidades na guerrapoderia ser iniciado e admitidoentre os Assassinos da Lança,pertencer assim à elite dguerreiros desse orgulhoso clã

Decidi me destacar sobre todos odemais jovens da minha idade, nisso consistiu meu erro... E a

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encontrei minha oportunidadeMas me adiantei demais n

narração de minha história".Enquanto escutava pensativocom o queixo apoiado sobre supoderosa mão, a mente de Kuvisualizou passagens de suprópria infância nos bosques, aomesmo tempo em que Brulcontinuava narrando sua história.

- Os feiticeiros de minha tribnos pintaram o rosto de azul, que

sagrado para os deuses do céu, embeberam as nossas lanças espadas de bronze com a co

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mágica. Meu coração se enchia coum grande orgulho, porque eu

Brule, era o único entre todos odemais guerreiros que não levavaâmina de sílex ou bronze, mas sim

uma espada de bom ferro forjadoEsta era minha primeira incursão,para esse acontecimento tãomportante para mim, meu pai pô

em minhas mãos sua própriespada de ferro. Havia comprado-anos antes de um mercador d

Valúsia, e não havia outra espadcomo aquela em toda a nação BornNem sequer os membros coroado

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de plumas da elite, os pertencenteao famoso clã guerreiro, levavam

uma arma tão poderosa."Antes do amanhecer, nopusemos em marcha através do

osques verdes e da névocinzenta, e cruzamos os amploalagados, nos dirigimos para adistantes montanhas que selevavam como figuras púrpuras e

rumosas, através da neblina, comovelhos reis envoltos em túnicas d

veludo dormitando sobre seupoderosos tronos.

"A água dos alagados estava fri

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e pegajosa, e enquanto vadeávamos, rasgávamos a capa de

podridão verde que se haviacumulado na superfície, e um odonauseabundo invadiu nossonarizes, como um fedonsuportável procedente dos poço

mais profundos do infernoAvançamos em uma compridfileira uniforme, com cadguerreiro marchando perto dochefe de seu clã. Estava difíci

vermos uns aos outros, pois o sohavia começado a rasgar o ar tênucom uma radiação escarlate e seu

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raios cálidos não fizeram mais doque engrossar a névoa que s

elevava sobre as quietas águascomo a fumaça de um bosquncendiado. Não demorou, e eu m

perdi em meio àquela névoranca. Isso se deveu em parte

meu próprio erro, pois, em minhânsia de ultrapassar os demaiovens, me adiantei muito, m

distanciando deliberadamentdeles.

"Tudo era um silêncio pesado sonolento, um calor úmido, o fedoda água poluída, os lentos

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obstinados chapinhares de minhacoxas se movendo através das água

estagnadas. A empunhadura dminha espada, envolta em tiras dcouro, estava úmida por causa dosuor das palmas de minhas mãosMinha respiração era agitada e sproduzia de forma superficial earquejante, e meu coração baticom avidez e golpeava com forçcontra a jaula das minhas costelas.

"Então, uns juncos vermelho

arranharam minha barriga e coxassaí da água e deslizei com rapidez em silêncio por entre um prado d

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alta relva, cheia de gotas e cobertade orvalho. Agora, havia m

adiantado bastante em relação nossa tropa, e antes de se levantar anévoa, já me encontrava subindo amontanhas. Não se percebiamenor sinal ou som de nossonimigos, os guerreiros sungaras,

meu próprio povo ainda sencontrava muito atrás, perdido naneblina.

"O vale pelo qual lutávamos s

achava adiante, depois de umescarpa rochosa. Não demorei esubir como uma cabra montanhes

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entre os grandes e impressionantepedregulhos rodeados de dur

argila e granito desgastado pelotempo. A poeira roçava por debaixode minhas sandálias úmidas. Nãdemorou muito, e minhas pernaúmidas e nuas se achavam cobertade um pó arenoso até a metade dminha coxa.

"Foi então quando me encontrecom meu inimigo.

"Encontrava-se de pé sobre u

espaço plano, no alto de um grandrochedo que dominava a extensãodo terreno coberto pela névoa

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como a cabeça de um titã caídotransformada em pedra eterna pel

mplacável petrificação de milênioncomensuráveis. Vimos um aoutro no mesmo e fugas instante.

"Era Aa-thak, o rei feiticeiro dosungaras, alto e feroz como umfalcão de bronze, com seu corpodelgado horrivelmente coberto dpeles, plumas e miçangas de core

rilhantes. Sete caveiras humanaestavam penduradas em uma tira

de couro negro que levava presa aopescoço. A caveira de um leãgigantesco formava seu capacete, e

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os caninos de marfim da mandíbulsuperior traçavam sombras sobre

as sobrancelhas pintadas. Nãusava armas, mas em uma mão deaspecto ágil apoiava um grande

astão de comando, de madeirnegra talhada com bárbaros rostodemoníacos e terríveis glifos dalguma espécie de idioma mágicoApesar de toda a minha animoscoragem juvenil, o coração mafundou no peito ao vê-lo, pois

sabia da má sorte que havia tidoAnsiava e estava disposto a mediminha habilidade guerreira, meu

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valor masculino e o fio da espadade ferro do meu pai, mas... qu

guerreiro pode lutar contra oncrível poder da mais negra damagias?

"Ao ver-me, seus olhorelampejaram como uma chamdourada, com o olhar feroz dofalcão que está de caça e se acendao detectar a presa impotente. Mdei conta então de que ele havia scolocado ali para deter os nosso

guerreiros com sua feitiçaria, e aoevantar o bastão de ébano talhado

contra mim, o reconheci como

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sendo a vara e o cetro de seu podemágico, pois eu tinha visto um

parecido nas mãos do xamã dminha própria tribo. Eu mesmohavia visto produzir, com essemesmo bastão, estranhamaravilhas diante das imagens dodeuses, durante as festas e osacrifícios da estação. Mas não nguerra. Nós, os bornis, nãutilizamos a magia na guerra. O vsungara, entretanto, se propunha

utilizar as forças negras de ummagia ímpia contra nossodesprevenidos guerreiros.

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"Apesar do sangue ter mgelado nas veias com um temo

supersticioso, meu coração sendureceu com um acesso de raivae fúria, transformado em um punhode ferro, ao dar-me conta desttruque sujo de nossos ignóbeinimigos.

"Aa-thak se adiantou um passsobre a plana superfície dorochedo, fechando- me o caminho me apontando o seu bastão negro

Durante todo esse tempo, seurilhantes olhos de falcão s

fixaram intensamente nos meus

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como dois pedaços de carvãogêmeos acesos. Seus lábios, duros

delgados, tão cruéis quanto o bicodo falcão, pronunciaram um nomeante cujas terríveis sílabas amontanhas pareceram gemer e arochas estremeceram debaixo dnós.

"I nstintivamente, levanteminha espada contra ele, como sme dispusesse a me defender dum ataque. Quando o abal

formigante de sua magia mgolpeou e me aturdiu o corpo dcabeça aos pés, o ferro da espada s

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pôs em vermelho vivo contra palma de minha mão, e apesar da

tiras de couro que envolviam empunhadura, me chamuscoucomo ferro em brasa. Durante umomento minha visão enfraqueceumeus músculos se amaciaram comcera quente, meu cérebro caiuenvolto pelas brumas... Mas isto fosó por um momento! A espada dferro parecia zumbir quente emminha mão, e o intumescimento

desapareceu repentinamente dmeu cérebro.

"Seus olhos me mirara

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assustados. Seu semblante rígidperdeu a dura segurança de su

expressão. Então me dei conta dque, de algum modo, sem sabecomo nem por que, o ferro frio dminha velha espada haviabsorvido ou desviado pocompleto toda a força do ataque dsua bruxaria.

"Voltou a dirigir-me um olhar dforça gelada. Minha consciêncicambaleou de novo, como o pisca

da chama de uma vela atingida pouma repentina lufada de ventoEntretanto, mais uma vez, o ferr

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da arma absorveu ou refletiu o raiode poder mágico que ele havi

dirigido contra mim."O tempo pareceu ficasuspenso. O mundo afundounosso redor, envolvendo- nos comoum globo de pesado cristal. Nadexistia dentro daquela esfera dsilêncio, exceto o feiticeiro e oguerreiro. Encontrávamos-nos eum ponto morto, como stivéssemos empatado, como em um

ogo. Seus feitiços eram anuladopelo meu ferro. Não podia mvencer com seu estranho poder

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mas eu tampouco podia avançaum só passo contra as paralisante

ondas de força que me obrigavam permanecer onde estava, como setivesse criado raízes na rocha. E nópermanecemos assim, naquele becosem saída".

- O que aconteceu então? —perguntou Kull, depois de molhargarganta. O picto sorriu com umcareta.

- Lancei minha espada par

frente e cortei seu bastão em doiscom a mesma facilidade com quum machado pode cortar um

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árvore pequena — respondeu Brulpondo-se a rir — Não podia move

os pés, mas sim arremessar âmina. Logo afundei sessentcentímetros de ferro em suaentranhas, derrotamos os sungarae os fizemos recuar entre gritosMais tarde, Nial de Tatheli decidiem nosso favor, e aquele valecontinuou sendo nosso parsempre. E foi assim que me torneum Assassino da Lança! É

movimento mais simples nesperado que quebra toda

situação de ponto morto, do mesmo

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modo que eu quebro o seu xequemate, ó rei...

E sua mão desceu então sobretabuleiro de jogo e moveu sua peçaapoderando-se do feiticeiro dmarfim de Kull.

Brule e Ronaro se puseram a riKull emitiu um grunhido dtristeza, e um sorriso de admiraçãose estendeu sobre seu rostoranzinza e impassível.

- Você ganhou a partida, Brule,

não posso questionar nada. Minhsimpatia sempre estará do lado doguerreiro contra o feiticeiro. A

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magia fracassa, como não pode sede outro modo, contra a fort

vontade e a inteligência do homemdo mesmo modo que meu cérebrocambaleia sob os efeitos dessvinho tão forte, porque de outroeito, me daria conta da armadilh

que havia me feito.Mas apesar de tudo, pediu mai

vinho e propôs jogar outra partida.

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Com Este Machado, EuGoverno!

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1) "Minhas canções são cravos para

o ataúde de um rei"

- O rei deve morrer à meia-noiteQuem havia falado assim er

alto e magro; uma cicatriencurvada, perto de sua boca, lhedava um aspecto insolitamentesinistro. Os que lhe escutaramconcordaram, com olhare

rilhantes. Eram quatro: u

homem baixo e gordo, com umrosto tímido, uma boca débil e unolhos exagerados que lhe davam

um aspecto de permanent

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curiosidade; um sombrio gigantepeludo e primitivo; um

homem alto e nervudo, com aroupagens de bufão, cujos olhoazuis emitiam um brilho que nãoparecia ser de todo sensato; e umanão robusto, anormalmente largode ombros e com braçocompridos.

O que falara primeiro sorriu, duma forma glacial.

- Façamos o juramento que nã

pode ser quebrado, o juramento dadaga e do fogo. Confio em vocêsoh, sim, claro que sim. Mas é muit

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melhor que cada um de nós tenha segurança mais absoluta. Observ

tremores em alguns de vós.- Fica muito bem que tu o digasArdyon. — disse o homem baixogordo — De qualquer modo, já éum proscrito, um fora-da-lei, cujcabeça foi posta a prêmio. Tenmuito o que ganhar e nada perder, enquanto nós...

- Tens muito que perder e muitmais a ganhar. — lhe interrompeu

o proscrito, imperturbável — Mchamaste, me fez sair de meuesconderijo nas montanhas, par

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que os ajudasse a derrubar o reiTenho preparado os planos, tenh

posto a arapuca, mantido a isca estou preparado agora pardestruir a presa, mas pra issotenho que estar seguro do vossoapoio. O jurareis?

- Já basta de estupidez! —exclamou o homem de intensoolhos azuis — Sim, o juraremoeste amanhecer e, à noite, teremoo rei dançando na corda. "Oh,

canto dos carros de guerra e orumor das asas dos abutres!".

- Podes deixar suas canções par

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outro momento, Ridondo. — dissArdyon com uma gargalhada —

Este é o momento para usar aadagas, e não as rimas.- Minhas canções são cravo

para o ataúde de um rei! —exclamou o menestrel, ao mesmotempo em que sacava uma adagaonga e fina. — Varlets, traga aqu

uma vela. Eu serei o primeiroprestar o juramento!

Um escravo sombrio

silencioso trouxe uma vela, Ridondo se espetou no pulsofazendo brotar sangue. Um apó

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outro, todos os demais imitaramhe o exemplo e logo sustentaram

cuidadosamente os pulsoensangüentados, para que o sanguainda não pingasse. Se tomaradepois as mãos e formaram umcírculo, com o círio aceso no centroe fizeram avançar os pulsos até elede modo que as gotas de sangucaíram em cima e, enquanto chama diminuía, repetiram:

- Eu, Ardyon, um homem se

terra, juro cumprir o prometido guardar silêncio, e que meuuramento seja inquebrável.

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- E também juro eu, Ridondoprimeiro menestrel da corte d

Valúsia!- E o mesmo juro eu, Enarocomandante da Legião Negra!disse o gigante.

- E o mesmo juro eu, Ducalonconde de Komahar! — disse o anão

- E o mesmo juro eu, KaanubBarão de Blaal! — disse o home

aixo e gordo, com uma trêmulvoz aguda.

A luz da vela tremeluziu e sapagou, esmagada pelas gotas corde-rubi que caíram sobre ela.

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- Que assim se apague a vida dnosso inimigo — concluiu Ardyon.

Soltou as mãos de seus colegas fitou-lhes um após outro, com umdesprezo cuidadosamente oculto. Oproscrito sabia que os juramentopodiam romper-se, inclusive o"inquebráveis", mas também sabique Kaanub, de quem maidesconfiava, era um homemsupersticioso. Valia a pena levar emconsideração qualquer possíve

custódia, por mais leve que pudessparecer.

- Amanhã... — disse Ardyon

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ruscamente — Ou melhor, hojmesmo, pois já amanhece, Brule,

assassino da lança e mão direita dorei, parte em direção a Grondar, ncompanhia de Ka-nu, o embaixadopicto; irão acompanhados por umescolta de pictos e uma boquantidade dos MatadoreVermelhos, a guarda pessoal do rei

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- Efetivamente... — assenti

Ducalon com certa satisfação —Esse plano foi teu, Ardyon, mas eo fiz funcionar. Disponho de uparente no conselho de Grondar,

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foi bastante simples convencer o rede Grondar a solicitar a presença d

Ka-nu. E, como está claro que Kuquer honrar Ka-nu acima dqualquer outro, deve iacompanhado de escolta suficiente

O fora-da-lei assentiu com ugesto.

- Bem. Por fim, através dEnaros, consegui corromper uoficial da guarda vermelha. Estnoite, logo antes da meia-noite

esse oficial afastará seus homendo dormitório do rei, com opretexto de investigar algum ruído

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suspeito, ou algo parecidoPreviamente, nós estaremo

nfiltrados no palácio, misturadocom os cortesãos, e estaremoesperando, os cinco, e dezesseidesesperados, a quem fiz convocapara que descessem de suamontanhas, e que agora se achamescondidos em diversos lugares dcidade. Assim, pois, seremos vinte um contra um só...

Pôs-se a rir. Enaros assenti

com um gesto, Ducalon sorriu couma careta,

Kaanub se pôs pálido e Ridond

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esfregou alegremente as mãos, cantou entoadamente:

- Por Valka, que todorecordarão esta noite, quandosoarem as cordas douradas! Aqueda do tirano, a morte dodéspota... que canções poderecompor!

Seus olhos se incendiaram couma selvagem luz fanática, e ooutros se viraram a olhá-lo, comexpressões de dúvida. Todos, excet

Ardyon, que inclinou a cabeça paresconder uma careta. Logo,proscrito se ergueu de repente:

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- Já basta! Que cada um voltagora a seu posto habitual, e qu

nem uma só palavra, ato ou olhatraiam o que está na mente dtodos nós. — Hesitou por umomento, olhou para Kaanubacrescentou: — Barão, a palidez dvosso rosto os delata. Se Kull sencontra convosco e lhe miras comaqueles penetrantes olhos cinzas, oderrubarás. Será melhor que sdirijas à vossa mansão e espere lá

até que lhe chamemos. Porque, coquatro, bastamos.

Kaanub quase esteve a ponto d

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cair, devido à sua reação de alegriae foi embora, balbuciando

ncoerências. Os demais saudarao proscrito, com um gesto, e sretiraram.

Ardyon se espreguiçou comum grande felino e sorriu. Chamoum escravo e chegou um tipo daspecto sombrio, em cujo ombro svia a cicatriz, marcada a fogo, qusinalizava os ladrões.

- Amanhã, sairei até a sacada

deixarei que o povo da Valúsia mcontemple. — disse Ardyon

ebendo a taça que lhe aproximava

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— Faz meses, desde que mchamaram para descer da

montanhas, que tenho mescondido como uma ratazanatenho vivido no próprio coração dmeus inimigos, me afastando duz durante o dia, encolhido

mascarado pelas noites, quandotinha que caminhar por becos semsaída e corredores escuros à noiteE, no entanto, consegui o que essesenhores rebeldes não haviam

conseguido. Trabalhar através delee de muitos outros agentes, muitodos quais nem sequer viu o meu

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rosto, dedicado a semear odescontentamento e a corrupção

por todo o império. Tenhsubornado e agitado ofuncionários, estendido a revoltentre o povo e, em resumotrabalhado na sombra, preparado ocaminho para a queda do rei quagora se senta, coroado no mesmosol. Ah, meu amigo, quase haviesquecido que fui um estadistaantes de um proscrito, até qu

Kaanub e Ducalon mandaram muscar.

- Trabalhas com estranho

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colegas. — disse o escravo.- São homens débeis, poré

fortes nas suas maneiras de atuar— replicou languidamente oproscrito — Ducalon é um homeastuto, ousado e audaz, e temparentes que ocupam altos postona corte, mas está submerso npobreza e as propriedadedespojadas que possui se achamsobrecarregadas de dívidas. Enaronão é mais que uma besta feroz

forte e valente como um leão, comuma influência considerável entreos soldados, mas de resto um inútil

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pois lhe falta o cérebro que merecter. Kaanub é astuto ao seu modo

não deixa de ser um pequenotramante, mas é estúpido e umcovarde; avaricioso, mas possuidode uma imensa riqueza, que temsido essencial aos meus propósitosQuanto a Ridondo, não é mais dque um poeta louco, cheio dplanos concebidos nos pêlosvaloroso mas inconstante; umfavorito entre o povo, graças às sua

canções, que sabem rasgar acordas de seus corações. Ele é nossmelhor aposta para alcançar

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popularidade, uma vez qutenhamos alcançado nosso

propósito.- Quem subirá ao trono, então?- Kaanub, sem dúvida, isto é, a

menos o que ele crê! Tem, em suaveias, um rastro de sangue real, osangue daquele rei a quem Kumatou com as próprias mãos. Ugrave erro por parte do rei atualSabe que ainda restam homens qufanfarroneiam descender da velh

dinastia, mas os deixou com vidaTão logo, Kaanub conspira parapoderar-se do trono. Ducalo

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deseja recuperar o benefício qudesfrutava no antigo regime, para

poder elevar suas possessões e seutítulo, até recuperar a antiggrandeza perdida. Enaros odeiKelkor, o comandante doMatadores Vermelhos, e crê qudeveria ser ele a ocupar esse postoDeseja se tornar o comandante dtodos os exércitos da ValúsiaQuanto a Ridondo... bah!desprezo e admiro ao mesmo

tempo. É um verdadeiro idealistaVê em Kull o estrangeiro,

árbaro, o selvagem rude, com a

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mãos manchadas de sangue, quapareceu do mar para invadir uma

nação pacífica e agradáveldealizou ao rei que Kuassassinou, esquecendo-lhe natureza vil. Esquece todas adesumanidades, sob as quais o paígemeu durante seu reinado, e é omais apto para fazer o povoesquecer. Já canta o Lamento pelrei, no qual santifica o vilão evilipendia Kull como "o selvage

de coração negro". Kull ri dessacanções e tolera Ridondo, mas amesmo tempo se pergunta por qu

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o povo se revolta contra ele.- Mas, por que Ridondo odei

Kull?- Porque é um poeta, e os poetaodeiam a quem detêm o poder, e sevoltam até os tempos do passadoem busca de alívio para seusonhos. Ridondo é uma tocha acesde idealismo, e ele mesmo sconcebe como um herói, como umcavaleiro sem marcha que se erguepara derrubar o tirano.

- E vós?Ardyon pôs-se a rir e esvaziou

conteúdo de sua taça.

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- Eu tenho idéias próprias. Opoetas são perigosos, porque crêem

no que cantam em cada momentoEu, por minha vez, creio no qupenso. E acho que Kaanub nãpoderá conservar o trono por muitotempo. Há uns poucos meses, eu jhavia perdido todas as minhaambições, exceto a de assaltapovoados e caravanas enquantovivesse. Agora, no entanto... agorveremos.

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2) "Naquele momento, fui o

libertador, e agora..."

Uma habitação estranhament

vazia, em contraste com os ricotapetes nas paredes e os tapeteafofados que cobriam o chão. Um

pequena escrivaninha, atrás da qua

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se achava sentado um homem. Uhomem que se destaca entre um

milhão, e não só devido ao seutamanho insólito, sua altura ouseus grandes ombros — emborapor si só, estas característicacontribuíssem para causar estefeito —, mas devido a seu rostomoreno e imóvel, capaz dsustentar qualquer olhar, e a seurígidos olhos cinzas, que poderiammpor, com seu frio magnetismo,

vontade de seu dono sobre odemais.

Cada movimento que realizava

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por mais rápido que fosse, faziressaltar os rígidos músculos d

aço, e o cérebro se conectava comesses músculos, numa perfeitcoordenação. Não havia nada ddeliberado, nem de pré-concebidonesses movimentos; ou bem ssentia perfeitamente satisfeito nodescanso, ainda que sassemelhasse a uma estátua d

ronze, ou bem se achava emmovimento, com essa rapidez felin

que nublava a visão de quemtentasse seguir seus movimentos.

Agora, este homem apoiava

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queixo sobre o punho, com ocotovelos apoiados sobre

escrivaninha, e observavaobscuramente o homem que sencontrava de pé, diante dele. Estúltimo estava ocupado, por ummomento, em seus próprioassuntos, dedicado a amarrar onós do peito. E mais, assobiavdistraidamente, uma atitudestranha e pouco convencionalsobretudo tendo-se em conta que s

encontrava na presença de um rei.- Brule... — disse o rei — Esta

questões de estado me cansam

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como nem uma batalha o faria.- Isso faz parte do jogo, Kull.

comentou Brule — É o rei, e devrepresentar esse papel.- Desejaria cavalgar com você

acompanhar-lhe até Grondar. —disse Kull, com uma expressão dnveja — Tenho a impressão de qu

se passaram muitos anos, desde última vez que tive um cavalo entreas pernas, mas Tu me assegura quhá assuntos que exigem minh

presença aqui. Maldito seja!"Há meses, muitos meses —

prosseguiu, com uma crescent

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melancolia ao não obter respostafalando com total liberdade —

derrubei a velha dinastia e mapoderei do trono da Valúsia, como qual eu sonhara desde que era umgaroto, criado nos territórios dohomens de minha tribo. Isso fofácil. Agora, ao olhar para trás e veo longo e duro caminho percorridoao pensar naqueles tempos dtrabalhos, matanças e tribulaçõesme parece que são como outro

tantos sonhos. De um aldeãatlante que era, passei pelas galerada Lemúria, nas quais trabalhe

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durante dois anos como remadoescravo; logo fui um proscrito fora

da- lei nas montanhas da Valúsiadepois um prisioneiro em suamasmorras, um gladiador em suaarenas, um soldado em seuexércitos, até me tornar seucomandante e, finalmente, seu rei.

"O problema comigo, Brule,que não sonhei mais além. Semprhavia fantasiado até o momento dapoderar-me do trono, mas não

mirei mais longe. Quando o reBorna caiu morto a meus pés e lharranquei a coroa ensangüentada

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alcancei os limites máximos dmeus sonhos. Desde então, tud

tem sido um labirinto de ilusões erros. Me preparei para apoderarme do trono, mas não parconservá-lo.

"Ao derrubar Borna, o povo maclamou; naquele momento, fui oibertador, e agora... agor

murmuram e dirigem olharesombrios às minhas costas, cospemna minha sombra quando acham

que não os olho. Colocaram umestátua de Borna, esse suíno mortono Templo da Serpente, e o pov

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comparece a ela para chorar, paraclamá-lo como um monarc

santificado, que foi assassinado poum bárbaro com as mãomanchadas de sangue. Quandocomo um soldado, dirigi seuexércitos à vitória, a Valúsia deixoude lado o fato de que eu era umestrangeiro; agora, não consegume perdoar por isso.

"E agora, no Templo dSerpente, vão queimar incenso e

memória a Borna... exatamente omesmos homens a quem seucarrascos cegaram e mutilaram

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pais cujos filhos morreram namasmorras, maridos cuja

mulheres foram raptadas para fazeparte de seu harém. Bah! Ohomens são uns estúpidos."

- Em grande parte, Ridondo éresponsável por isso. — disse opicto, apertando em mais um

uraco o cinto da espada — Entocanções que enlouquecem ohomens. Pendure-o, em suaroupas de palhaço, na torre mai

alta da cidade. Que componhrimas para os abutres.

Kull sacudiu sua cabeça leonina

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- Não, Brule, está fora do mealcance. Um poeta é maior qu

qualquer rei. Me odeia e, nentanto, me agrada a sua amizadeSuas canções são mais poderosaque meu cetro, pois, uma e outrvez, quase rasgou-me o coraçãoquando decidiu cantar para mimEu morrerei e serei esquecido, masuas canções viverão eternamente.

O picto encolheu os ombros.- Como queira. Continua send

o rei, e o povo não pode lhe fazecair. Os Matadores Vermelhos sãseus até o último homem, e tem

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toda a nação picta atrás de siAmbos somos bárbaros, ainda qu

tenhamos passado a maior parte dnossas vidas neste país. E agora voembora. Não tem nada a temersalvo uma tentativa de assassinatoque tampouco há de temer, tendoem conta o fato de que sua pessose acha protegida, dia e noite, poum esquadrão de MatadoreVermelhos.

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Kull ergueu a mão, num gest

de despedida, e o picto deixou sala, com o ruído metálico de suarmadura.

Naquele momento, outrhomem reclamou sua atençãoembrando a Kull que, a um rei,

tempo nunca lhe pertence ponteiro.

Este homem era um jovenobre da cidade, chamado Seno Va

Dor. Este famoso e joveespadachim se apresentou ante orei, com evidentes sinais d

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experimentar uma grandperturbação mental. Sua capa d

veludo estava enrugada e, aoajoelhar-se ao chão, o penacho lhcaiu lastimavelmente. Suvestimenta exibia manchas, comose, em sua agonia mental, houvessdescuidado por completo datenção a seu aspecto pessoal, poalgum tempo.

- Meu rei e senhor — disse etom de profunda sinceridade —, s

o glorioso passado de minhfamília significa algo para VossMajestade, se minha própri

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ealdade significa algo para vóspelo amor de Valka, conceda-me o

que lhe peço.- Diga do que se trata.- Meu rei e senhor, amo a um

donzela. Sem ela, não posso viverSem mim, ela morrerá. Não consigcomer nem dormir, só de pensanela. Sua beleza me persegue dianoite, a radiante visão de sua divinformosura...

Kull remexeu-se, inquieto, e

seu assento. Nunca havia amaduma mulher.

- Nesse caso, em nome de Valka

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casa-te com ela.

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- Ah! — exclamou o jovem —

Esse é o problema, porque elauma escrava chamada Ala, qupertence a um tal Ducalon, condde Komahar. E, nos livros negros dei valusiana, se diz que um nobre

não pode casar-se com uma escravaFoi sempre assim. Tenho mdirigido à nobreza, e sempre receboa mesma resposta: "Nobre e escravonão podem contrair matrimônio". É

terrível. Me dizem que, nunca antena história do império, se conheceuo caso de um nobre que quisess

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casar-se com uma escrava. O qusso representa para mim? Apelo

ti, como último recurso.- Não estaria esse Ducalodisposto a vendê-la?

- O faria, mas isso dificilmentmudaria a situação, porque elcontinuaria sendo uma escrava, eum homem não pode se casar comsua própria escrava. Só a desejcomo esposa. Qualquer outra saídnão seria mais que uma vazia

zombaria de todo conteúdo. Desejmostrá-la ante o mundo, envoltem peles de arminho e coberta d

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óias, como a esposa de Val DorMas isso não ocorrerá, a menos qu

me ajude. Ela nasceu escrava, dcem gerações de escravos, continuará sendo escrava enquantoviver, e seus filhos o serão. E, comtal, não pode casar-se com umhomem livre.

- Em tal caso, abraça vocmesmo a escravidão, para ficar aoado dela. — sugeriu Kull, olhand

atentamente o jovem.

- É isso o que desejo. —respondeu Seno com tantfranqueza e rapidez que Kull lh

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acreditou de imediato — Chegueiprocurar Ducalon e lhe disse: "Ten

uma escrava a quem amo; desejocasar-me com ela. Toma-me, entãocomo escravo para que assim eupossa, assim, estar perto dela". Else negou sem rodeios, horrorizadoEstava disposto a me vendê-la, e ata me entregá-la, mas não quipermitir que eu me tornasse seuescravo. E meu pai tem jurado, dforma inquebrável, matar-me se eu

degradar, desse modo, o bom nomedos Val Dor. Não, meu rei e senhosó você pode me ajudar.

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Kull chamou Tu e lhe propôscaso. Tu, o conselheiro-chefe

sacudiu a cabeça, pesaroso.- Está escrito nos grandes livroencadernados a ferro, tal e quaSeno havia dito. Essa sempre foiei, e essa continuará sendo sempr

a lei. Nenhum nobre pode casar-scom uma escrava.

- E por que eu não posso mudaessa lei? — perguntou Kull.

Tu colocou diante dele um

tabuleta de pedra, na qual forgravada a lei.

- Esta lei existe há milhares d

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anos. A vês, Kull? Foi esculpidnesta tabuleta pelos primeiro

egisladores, já faz tantos séculosque um homem poderia passar noite toda contando-os e nãoacabaria. Nem vós, nem qualqueoutro rei pode mudar isso.

Kull experimentorepentinamente a nauseante debilitante sensação de impotênciaalgo que ultimamente havicomeçado a invadi-lo com certa

freqüência. Parecia-lhe que realeza não era mais que outrforma de escravidão; sempre fizera

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o que queria contra a vontadalheia, abrindo caminho entre seu

nimigos com sua grande espadaComo poderia prevalecer agorcontra amigos solícitos respeitosos, que se inclinavamdiante dele e o lisonjeavam, e queentretanto, se mostravamnflexíveis a tudo que era novo, que

se entrincheiravam atrás docostumes com tradição antiguidade, e desafiavam

tranqüilamente a quem se atrevessa mudar algo?

- Retire-se. — disse ao jovem

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com um gesto fatigado de sua mão— Sinto muito, mas não posso t

ajudar.Seno Val Dor saiu da sala comcoração destroçado, a cabeça e oombros inclinados, os olhoapagados e arrastando os pés aocaminhar, como se nada tivessmportância alguma para ele.

3) "Pensei que fosses um tigre

humano"

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Um vento frio soprou por entros bosques verdes. Um fio de prat

abriu caminho, como uma feridapor entre as grandes árvores, daquais pendiam trepadeiras de core

vivas. Um pássaro cantou e a suavuz solar de fim de verão sedeslocou por entre os ramo

entrelaçados, para cair em forma d

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aveludados desenhos dourados negros de luz e sombra sobre

terra coberta de capim. Em meioesta quietude pastoril, deitava-seuma jovem escrava, com o rostooculto entre os suaves braço

rancos, e chorava como se ocoração lhe fora sido dilacerado. Opássaros cantavam, mas ela estavasurda; o riacho a chamava, mas elaera muda; o sol brilhava, mas elera cega. Todo o universo era com

um vácuo negro, onde só a dor e aágrimas eram reais.

Em seu estado, ela não ouviu o

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passos rápidos, nem viu o homemalto, de ombros largos, que surgiu

de dentro da vegetação espessa ficou ali, em pé diante ela. Não sdeu conta de sua presença, até quele se ajoelhou, levantou-a em seu

raços e limpou-lhe os olhos comas mãos, tão suavemente como ofaria uma mulher.

A jovem escrava ergueu o olhae contemplou um rosto impávido moreno, com uns rígidos e frio

olhos cinzas que, agora, sencontravam estranhamenteabrandados. A julgar por se

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aspecto, sabia que este homem nãoera um valusiano, e em tempos tão

difíceis, não era bom que umovem escrava como ela fossesurpreendida por um estranhonum bosque solitário, sobretudo sele fosse um estrangeiro. Nentanto, se sentia desgraçaddemais para ter medo e, além domais, o homem parecia gentil.

- O que está havendo, garota? —ele perguntou.

E, como uma mulher que sencontre na dor mais extrema tenda expor seus sofrimentos a qualque

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um que demonstre interesse simpatia, ela sussurrou:

- Oh, senhor, sou uma mulhemuito desgraçada. Amo a uovem nobre.

- Seno Val Dor?- Sim, senhor. — respondeu ela

olhando-o com surpresa — Comsabe? Deseja casar-se comigohoje, depois de haver tentado emvão obter o consentimentorecorreu ao próprio rei. Mas o rei s

negou a ajudá-lo.Uma sombra passou pelo rost

moreno do estranho.

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- Seno disse que o rei se negou?- Não, o rei convocou

conselheiro-chefe e discutiu comele, por um momento, mas acaboucedendo. Oh! — soluçou — Já sabieu que seria inútil! As leis dValúsia são inalteráveis, nãomportam o quão sejam cruéis njustas! São maiores que o própri

rei.A jovem sentiu os músculos do

raços sustentando-a, inchados

endurecidos, transformados emgrandes cabos de ferro. Pelo rostdo estranho passou uma expressão

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de impotência.- Com certeza... — murmuro

em voz baixa — As leis da Valúsisão maiores que o rei.Contar-lhe seus problema

havia ajudado um pouco a jovemque agora secou os olhos. Aescravas estão acostumadas suportar problemas e sofrimentosmesmo este, que havia lhdilacerado a vida.

- Seno odeia o rei? — pergunto

o estranho. Ela negou com ugesto da cabeça.

- Não. Ele entende que o rei nã

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pode fazer nada.- E você?

- Eu... o quê?- Você odeia o rei?Os olhos da garota s

acenderam.- Eu! Quem sou eu, oh senho

para odiar um rei? J amais mocorrera tal coisa.

- Me alegra ouvir-lhe dizer essapalavras. — disse o homem, comum tom de voz pesado. — Afinal, o

rei não é mais que um escravoaprisionado por correntes maipesadas.

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- Pobre homem. — elexclamou, apiedada, ainda que sem

compreender totalmente. E logacendeu sua cólera: — Mas odeiessas leis cruéis às quais o povoobedece! Por que não podemudar as leis? O tempo nunca ficparado! Por que as pessoas de hojdevem se ver governadas por leique foram feitas por nossoantepassados bárbaros, há milharede anos? — Ela se detev

subitamente e olhou, temerosa, aoseu redor. — Não o diganinguém. — sussurrou, apoiando

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cabeça, suplicante, sobre o ombrode seu acompanhante — Não

próprio de uma mulher, e muitomenos uma escrava, que seexpresse de forma tãodesavergonhada diante de alguémSeria açoitada por meus senhoresse eles tomassem conhecimento.

O homem corpulento sorriu.- Pode ficar tranqüila, garota

Nem o próprio rei se sentiriofendido por seus sentimentos. N

verdade, creio que ele está bastantde acordo contigo.

- Tens visto o rei? — pergunto

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ela, com uma curiosidade infantique superou, por um momento,

desgraça que sentia.- Freqüentemente.- E é verdade que ele mede mai

de dois metros e quarenta daltura? — perguntou com avidez —E que tem chifres sob a coroa, comdizem as pessoas?

- De modo algum. — elrespondeu, rindo — Lhe falta maide meio metro para alcançar

altura que descreve, pois, quanto aotamanho, poderia ser meu irmãogêmeo. Não chegamos nem a u

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centímetro de diferença.- E é tão amável quanto vós?

- Às vezes, quando não se sentagitado por assuntos de governoque não compreende, e pelsuperficialidade de umas pessoaque nem sempre podemcompreendê-lo.

- É realmente um bárbaro?- É, na realidade: nasceu

passou sua primeira infância entros bárbaros pagãos que habitam o

país da Atlântida. Teve um sonho o realizou. Como era um grandutador e um selvagem espadachim

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como era muito hábil no combate agradava muito aos mercenário

árbaros do exército valusianoterminou por transformar-se emrei. Mas o trono cambaleia sob eleporque é um guerreiro, não umpolítico, e sua habilidade com espada de nada lhe serve agora.

- E é muito prejudicado?- Nem sempre. — respondeu

homem corpulento, com umsorriso. — Às vezes, quando escap

para desfrutar a sós de umapoucas horas de liberdadecaminhando entre os bosques, s

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sente quase feliz, sobretudoquando encontra uma garot

formosa como...A jovem lançou um gritorepentinamente aterrorizada, ficou de joelhos diante dele.

- Oh, meu senhor, tendpiedade! Não o sabia... tu és o rei!

- Não temas. — Kull se ajoelhode novo a seu lado e a envolveucom um braço, notando que garota tremia dos pés à cabeça —

Antes, disse que era amável...

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- E o sois, meu senhor. — elsussurrou debilmente — Eu.pensei que fosses um tigrhumano, a julgar pelo que dizem ohomens, mas agora vejo que soiafável e terno, ainda que... sejas orei, e eu...

De repente, completamentconfusa e perplexa, ela se levantouem um pulo, pôs- se a correr e logo

desapareceu. Perceber que o rei, quem só sonhara ver algum dia, distância, era o homem a quem

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havia contado suas aflições, encheu de vergonha e confusão,

produziu-lhe um terror quasfísico.Kull deu um suspiro e s

evantou. Os assuntos do palácivoltavam a reclamar sua atenção, etinha que voltar para defrontar-scom problemas, de cuja natureznão tinha mais que uma vaga eremota idéia, e sobre cuja soluçãonão tinha nenhuma idéia.

4) "Quem quer morrer primeiro?"

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Vinte pessoas deslizavamfurtivamente, através do máximo

silêncio que rodeava os corredoree salões do palácio. Seus pésigilosos, calçados com sapatos dcouro macio, não produziam omenor ruído sobre os tapetes fofoou as lajes de mármore claro. Atochas colocadas entre os nichos, aongo dos corredores e salõesrilhavam com tonalidade

vermelhas e se refletiam nas adaga

desembainhadas, nas espadas dâminas largas e nos machado

afiados.

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- Alto, alto todos! — dissArdyon, que se deteve um instant

para olhar atrás, pra seuseguidores — Pare com essmaldita respiração ruidosa, sejquem for. O oficial da guardnoturna deslocou todos os guardade todos os corredores e patamarede escada, mediante ordem diretou embriagando-os, mas devemoter cuidado. É uma sorte para nóque esses malditos pictos, os lobo

ágeis, estejam de farra noconsulado ou a caminho dGrondar. Silêncio! Para trás, aí ve

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a guarda!

Se amontoaram todos atrás d

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uma enorme coluna, capaz desconder um regimento inteiro d

homens, e esperaram. Quase qumediatamente, apareceram dehomens, altos e bronzeadosvestidos com armaduras vermelhasque avançavam como se fossemestátuas de ferro. Iam fortementarmados e, nos rostos de algundeles, se observava uma ligeirancerteza. O oficial que o

comandava estava bastante pálido

Seu rosto estava riscado por durainhas e levou uma das mãos

frente, para limpar o suor, no

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momento em que a guarda passoudiante da enorme coluna, atrás d

qual se escondiam os assassinosEra um homem jovem, e esttraição a um rei não lhe era nadfácil.

Passaram diante deles, coruído metálico de armas, desapareceram pelo corredor.

- Bem. — disse Ardyon em voaixa, com um sorriso — Fo

cumprido o prometido. Agora Ku

dorme desprotegido. Depressatemos muito que fazer! Se nopegam assassinando-o, estaremo

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perdidos, mas um rei morto stransforma facilmente num

simples lembrança. Se apressem!- Sim, depressa! — dissRidondo em voz baixa.

Se apressaram pelo corredor, jsem tomar precauções, e pararamdiante de uma porta.

- Aqui! — apontou Ardyon —Enaros, abra-me esta porta.

O gigante lançou todo o sepeso contra o painel, e se produziu

um rugido de trancas e um estalode madeira. A porta cedeu e sabriu toda para dentro.

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- Entrem! — gritou Ardyonncendiado pela intenção d

assassinar.- Entrem! — rugiu RidondoMorte ao tirano...

Todos pararanvoluntariamente. Kull o

enfrentava. Não era um Kull seroupas, desperto repentinamentde um sono profundo, confuso desarmado diante daquelecarniceiros, como uma ovelh

desamparada, mas um Kuplenamente desperto e ferozparcialmente vestido com

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armadura de um MatadoVermelho, com uma longa espad

na mão.Kull havia se levantadtranqüilamente, uns poucominutos antes, incapaz de dormirHavia tido a idéia de pedir ao oficiada guarda que entrasse em seuaposento, para conversar um poucocom ele; mas, ao olhar pelo olhomágico da porta, o viu à frente dseus homens, afastando-se

mediatamente, na mentdesconfiada do rei bárbaro, surgiua suspeita de que se cometia um ato

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de traição contra a sua pessoa. Nesequer lhe ocorreu chamar o

homens para que voltassem, poimaginou que também faziam partda conspiração. Não havia nenhu

om motivo para que se produzissesta deserção. Assim que Kucomeçou a vestir tranqüilamente armadura que sempre tinha à mãoe mal tinha acabado de fazê-loEnaros se lançou contra a porta eabriu.

Por um momento, a cenpareceu ficar congelada. Os quatrnobres rebeldes que s

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encontravam junto à porta e odezesseis proscritos desesperado

que lhes seguiam, se viramcontidos simplesmente pelo terríveolhar do gigante silencioso que serguia no meio do quarto real, coma espada preparada.

- Matem-no! — gritou Ardyonentão — É apenas um contra vintee está sem o capacete!

Com um grito que se elevou ato teto, todos os assassinos entraram

no aposento. O primeiro de todofoi Enaros. O fez como um tourançando o ataque, com a cabeç

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nclinada e a espada baixa, disposta rasgar-lhe as entranhas. Ku

saltou para partir a seu encontrocomo um tigre poderia fazer contrum touro, e todo o peso dpoderosa força do rei se concentrouno braço que empunhava a espadaA grande lâmina reluziu no artraçando um arco sibilante, e sespatifou contra o capacete docomandante. Lâmina e capacete sencontraram estrondosamente

romperam-se ao mesmo tempoEnaros rolou sem vida sobre o chãoenquanto Kull recuou, segurando

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punho da espada, do quadesaparecera a maior parte d

âmina.- Enaros! — exclamou surpresoquando o capacete destroçadodeixou à mostra a cabeça esmagada

Logo, o resto do grupo sarremessou sobre ele. Sentiu queponta de uma adaga lhescorregava ao longo das costelas, eançou o atacante para o lado, com

um poderoso movimento de seu

raço esquerdo. Amassou a espadquebrada entre os olhos de outroatacante e o deixou sem sentidos

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sangrando no solo.- Que quatro de vocês vigiem

porta! — gritou Ardyon, que smovia na beirada daquelredemoinho de aço.

Temia que Kull, com seuenormes peso e velocidadepudesse abrir caminho entre eles escapar. Quatro dos rebelderecuaram e postaram-se diante dúnica porta do quarto. Nesse exatmomento, Kull saltou até a pared

e retirou dela um velho machado dguerra, que possivelmente estiverpendurado ali durante cem anos.

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De costas contra a paredeencarou-os por um momento e logo

saltou adiante. Kull não era uutador defensivo! Sempre era elque levava o combate ao campo donimigo. Um só movimento d

machado serviu para estender umdos proscritos ao chão, com umombro gravemente fendido. Emovendo o machado em sentidocontrário, ele amassou o crânio dooutro. Uma espada se estatelou

então, contra o peito de suarmadura, de tal modo que, se nãoa tivesse vestido, morreria al

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mesmo. O que mais lhe preocupavera proteger a cabeça, que estav

descoberta, assim como os espaçoentre o peito e as costas, pois armadura valusiana era intrincada ele não havia tido tempo paramarrá-la completamente. Jsangrava dos ferimentos recebidona face, nos braços e nas pernasmas seus movimentos eram tãorápidos e mortais, e tão grande suhabilidade como combatente, que

apesar de contarem com todas apossibilidades a seu favor, oassassinos vacilaram em seu

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ataque. Além do mais, seu númerá se via consideravelment

reduzido.Por um momento, o cansaracom uma chuva de golpes eestocadas, mas logo retrocederam o rodearam, enquanto ele, por suvez, investia e detia seus golpesum par de cadáveres estendidos aochão constituía uma silenciosmostra da estupidez do planodaqueles assassinos.

- Cavalheiros! — gritou Ridondnum acesso de raiva, jogando partrás o capuz que lhe cobria

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cabeça, mirando seucompanheiros com expressão d

cólera selvagem — Se acovardamdiante do combate? O déspota devcontinuar vivendo? A ele!

Se precipitou para a frente, maKull, ao reconhecê-lo, deteveestocada com um tremendo golpcurto; e logo, com um empurrão, ofez retroceder cambaleantefazendo-o cair de pernas bemabertas sobre o solo. O rei recebeu

no braço esquerdo, uma estocadde Ardyon, e o proscrito só salvou vida ao agachar-se diante do

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machado de Kull, vendo-sobrigado a recuar. Um do

andidos se agachou e lançou-scontra as pernas de Kull, confiantem derrubá-lo desta maneira, masdepois de resistir por um brevnstante contra o que parecia um

sólida torre de ferro, levantou oolhar só a tempo de ver como omachado descia sobre ele, mas nãode evitá-lo. Enquanto isso, um dseus colegas havia erguido a espad

com ambas as mãos, e descarregoua com tal força, que cortou a placque cobria o ombro esquerdo d

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Kull, e feriu-lhe o mesmo. Nunstante, o peito de Kull s

encontrou cheio de sangue.Ducalon, em sua selvagempaciência, driblou seus atacante

à direita e esquerda, e sarremessou para a frente com umselvagem estocada dirigida contra acabeça de Kull. Este se agachoutempo, e a espada passouassobiando por cima, cortando-lhuma mecha do cabelo. Evitar o

golpes de um anão como Ducalondifícil para um homem da altura dKull.

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O rei girou sobre os calcanharee golpeou desde o flanco, como o

salto de um lobo, traçando umamplo arco para baixo. Ducalocaiu para trás, com todo o ladoesquerdo dilacerado, pelo qual she derramavam os pulmões.

- Ducalon! — exclamou Kulofegante — Eu reconheceria essanão no inferno!...

Se endireitou para defender-sdas loucas investidas de Ridondo

que voltou a atacar sem proteger-searmado apenas com uma adagaKull saltou para trás e levantou

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machado.- Ridondo! Para trás! — grito

com voz aguda — Não te faremal...- Morra, tirano! — gritou, po

sua vez, o enlouquecido menestrelque se lançou de cabeça sobre o rei

Kull retrocedeu o golpe que sdispunha a dar, até que foi tardedemais. Somente ao sentirmordida do aço sobre seu flancodesprotegido, desferiu o machado

num frenesi de desespero cego.Ridondo caiu ao chão, com

crânio esmagado, e Kull voltou

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recuar contra a parede, enquanto osangue brotava da ferida em seu

flanco, através dos dedos da mãoque ele havia, instintivamenteevado até lá.

- Em frente, agora! A ele! —rugiu Ardyon, preparado parencabeçar o ataque.

Kull apoiou as costas contraparede e ergueu o machadoOferecia uma imagem terrívelprimitiva. As pernas bem afastadas

a cabeça inclinada, uma mãoavermelhada agarrando-se à paredem busca de apoio, a outr

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sustentando o machado no altoenquanto suas ferozes feiçõe

permaneciam congeladas numexpressão de ódio, e os olhos friomiravam através de uma bruma desangue, que dificultava sua visãoOs homens vacilaram; era possíveque o tigre estivesse a ponto dmorrer, mas ainda era capaz deproduzir a morte.

- Quem quer morrer primeiro— provocou Kull, através dos lábio

esmagados e ensangüentados.Ardyon saltou como só um lob

o faria, se deteve quase em pleno

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ar, com a incrível velocidade quhe caracterizava, e caiu prostrado

para evitar a morte que lhassobiava na forma da lâminavermelhada do machado. Agitofreneticamente os pés para afastarse dali e girou até um lado, bem tempo de evitar o segundo golpque lhe dirigiu Kull, uma verecuperado de seu falido primeirontento. Desta vez, o machad

afundou a muito pouco

centímetros das pernas de Ardyonque girava precipitadamente sobresi mesmo.

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Outro impaciente se arremessounaquele instante, seguido sem

muita convicção por seucompanheiros. O primeirmaginou chegar diante dele e lh

alcançar, antes que pudesse ergueo machado do chão, e acabar comsua vida, mas não levou em conta velocidade dos movimentos do reiou iniciou seu ataque um segundotarde demais. De qualquer forma,machado traçou um arco até o alto

golpeando por baixo; o homem sdeteve bruscamente, e umavermelhada caricatura de se

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humano saiu catapultada para tráscontra as pernas de seu

companheiros.Neste momento, passoapressados soaram metalicamentno corredor externo, e os quvigiavam a porta gritaram:

- Vêm soldados!Ardyon soltou uma praga e seu

homens lhe abandonaram dmediato, como ratazanas qu

abandonam o barco que afunda. S

precipitaram pra fora do aposentocoxeando e deixando atrás de srastros de sangue. No corredor, s

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ouviram gritos e iniciou-se perseguição.

À exceção dos mortos moribundos que jaziam no chãoKull e Ardyon ficaram a sós noaposentos reais. Os joelhos de Kuse dobravam, e ele se apoioupesadamente contra a parede, semdeixar de vigiar o proscrito com oolhos de um lobo moribundoNesta extrema situação, não fugide Ardyon sua cínica filosofia:

- Tudo parece estar perdidoparticularmente a honra. —sussurrou — E, no entanto, o re

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morre de pé e...Fossem quais fossem o

pensamentos que lhe passarampela mente, não chegaram a seexpressos, pois, nesse instanteançou-se contra Kull ao ver qu

este usava o braço que segurava omachado, para limpar o sangue quhe cegava a visão. Um homem co

a espada preparada pode ser mairápido que um homem ferido, quse vê roubado pela surpresa, e que

só pode golpear com um machadoque pesa como chumbo em seufatigado braço.

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Mas, no exato momento em quArdyon iniciava sua investida, Sen

Val Dor apareceu na porta e, da

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mesmo, arremessou pelo ar algoque brilhou, pareceu cantar

terminou seu vôo ao afundar nopescoço de Ardyon. O proscritcambaleou, deixou cair a espada despencou ao chão, aos pés de Kulnundando o mármore com

torrente de uma jugular cortadacomo testemunha muda de queentre as habilidades de combate dSeno incluía-se o arremesso de facaKull observou, desconcertado,

proscrito morto, e os olhos semvida de Ardyon lhe devolveram uolhar aparentemente zombeteiro

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como se seu dono ainda mantivessa inutilidade dos reis e proscritos

das conspirações e contraconspirações.Logo, Seno se apressou e

oferecer seu apoio ao rei, e o quartoogo se viu invadido por homen

armados, que vestiam o uniformda grande família Val Dor, e Kupercebeu que uma jovem escravahe sustentava pelo outro braço.

- Kull, Kull, estás morto?

perguntou Val Dor, cujo rosto sencontrava mortalmente pálido.

- Ainda não. — respondeu o re

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com voz rouca — Cuide dferimento em meu lado esquerdo

Se eu morrer, será por causa dele.profundo... Ridondo me escrevenele uma canção de morte... mas odemais não são mortais. Costure-rapidamente, pois tenho trabalhopra fazer.

Se apressaram em obedecê-loadmirados, e quando cessou o fluxode sangue,

Kull, embora estivesse muit

pálido pela perda de sangue, sentiuque recuperava um pouco as forçasAgora, todo o palácio estav

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alvoroçado. As damas, os lordes, ohomens armados, os conselheiros

todos compareceram em tumultosem deixar de falar. Os MatadoreVermelhos se preparavam, cegos draiva, dispostos a tudo, ciumentodo fato de que tinham sido outroos que ajudaram seu rei. Quanto aovem oficial que havia comandado

a guarda, ele fugiu na escuridão e jnão se podia encontrá-lo, nem antenem depois, apesar de ter sido

seriamente procurado.Kull, que continuava mantendo

se tenazmente de pé, sem deixar d

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segurar o machado na mão, apoiado com a outra sobre o ombro

de Seno, apontou para Tu, qupermanecia ali, de pé, retorcendo amãos.

- Traga-me a tabuleta onde estescrita a lei referente aos escravos.

- Mas, meu senhor...- Faça o que lhe digo! — gritou

rei, que levantou o machado. Tu sapressou em obedecer.

Enquanto esperava e as dama

da corte lhe rodeavam para curarhe as feridas, e tentavam em vão

separar seus dedos do cabo do

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machado ensangüentado, Kuescutou a história que lhe contou o

ofegante Seno.- Ala ouviu Kaanub e Ducaloconspirarem. Havia se escondidnum canto escuro, para chorar ali sós, por causa de... nossoproblemas, e nesse momento saproximou Kaanub, que havichegado de sua mansão, e qutremia de terror por medo de quos planos pudessem fracassar, e

voltara para se assegurar de qutudo corria bem. A noite nãavançara muito, e só então Al

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encontrou uma oportunidade parsair furtivamente e vir me avisar

Mas é um longo caminho da casa dDucalon até a casa dos Val Dosobretudo se uma garota tiver qupercorrê-lo sozinha. Assim, apesade ter reunido meus homens numnstante, nós quase chegamos tard

demais.Kull se segurou com firmeza a

seu ombro.- Não o esquecerei.

Tu entrou naquele momentoTrazia, numa das mãos, a tabuletda lei, que colocou com um gesto

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reverente na mesa. Kull afastopara um lado todos os que s

nterpunham em seu caminho ficou só, de pé.- Escute-me, povo da Valúsia. —

exclamou, sustentado pelvitalidade bestial que lhe erpeculiar — Estou aqui, de pé... e esou o rei. Me feriram até quasacabarem comigo, mas sobrevivi ferimentos maciços. Escutem-meá estou farto desta situação. Nã

sou um rei, mas um escravo! Mvejo obstruído por leis, leis e maieis! Não posso punir o

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malfeitores, nem recompensar oamigos, devido à lei, aos costumes

à tradição. Por Valka! A partir dhoje, serei o rei, tanto de direitoquanto de fato. Aqui estão os doique me salvaram a vida. Econseqüência, têm plena liberdadpara se casarem e fazerem o quhes agradar.

Seno e Ala se lançaram aoraços um do outro, com gritos d

alegrias.

- Mas a lei... — exclamou Tu.- Eu sou a lei! — rugiu Kul

evantando o machado. O deixo

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cair, com um movimento rápido, e mesa se fez em pedaços. O

presentes se apertaram as mãoshorrorizados, paralisados, quascomo que esperando que o céucaísse sobre eles. Kull retrocedeucom os olhos relampejantes. A salpareceu girar por um momentodiante de seus olhos tontos.

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- Eu sou o rei, o estado e a lei! —rugiu. Tomou o cetro que estavpróximo, o partiu em dois e o

arremessou para longe de si — Est

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será meu único cetro!Brandiu o machado no alto

salpicou os pálidos nobres comgotas de sangue. Kull tomou a fincoroa com a mão esquerda, apoiou as costas contra a parede; sóeste apoio lhe impediu de cair, maseus braços ainda conservavam aforça dos leões.

- Não sou nem rei, nem cadáver— continuou rugindo, com onodosos músculos avolumados

com uma mirada terrível nos olho— Se não gostam de meu reinado.venham e tomem a coroa!

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O braço esquerdo estendeucoroa, enquanto o direito segurava

firmemente o ameaçador machadoacima dele.- Com este machado, e

governo! Este é meu cetro! Tenhme esforçado e suado para ser o reifantoche que vocês queriam que eufosse... para governar ao modo dvocês. Agora o farei à minhmaneira. Se vocês não vão lutardevem obedecer. Leis que sã

ustas permanecerão; leis que jpassaram do tempo, eudespedaçarei, como despedace

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aquela... porque eu sou o rei!Lentamente, os nobres pálidos

as damas assustadas se ajoelharame se inclinaram, em medo reverência ao gigante manchado desangue, que elevou- se acima dtodos eles, com os olhonflamados.

- Eu sou o rei!

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Espadas do Reino Púrpura

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1) "A Valúsia conspira atrás das

portas fechadas"

Uma quietude sinistra sestendia como um sudário sobre antiga cidade da Valúsia. As ondade calor dançavam de um telhado

reluzente a outro e tremulavamcontra as suaves paredes dmármore. As torres púrpuras e o

capitéis dourados pareciamsuavizar-se sob a débil brumaNenhum som, de cascos de caval

nas amplas ruas pavimentadas po

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pedras, interrompia o silênciosonolento, e os poucos pedestre

que se aventuravam a sair faziamsuas tarefas rapidamente voltavam a desaparecer dentro dacasas. A cidade parecia umEspadado Reino Púrpura reino dfantasmas.

Kull, rei da Valúsia, afastou parum lado as cortinas diáfanas olhou por cima do alizar douradoda janela, sobre o pátio de fonte

faiscantes, as sebes recortadas e aárvores podadas, em direção aomuro alto e as janelas negras da

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casas, que deteram seu olhar.- A Valúsia conspira atrás da

portas fechadas, Brule. — elgrunhiu.Seu companheiro, um poderos

guerreiro de rosto moreno estatura mediana, sorriuduramente.

- Você é desconfiado demaisKull. É o calor, que obriga o povoficar dentro de casa.

- Mas conspiram. — insisti

Kull. Ele era um bárbaro alto, dcostas largas, com a constituiçãotípica do verdadeiro lutador

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ombros largos, peito poderoso quadris delgados. Seus frios olho

cinzas meditavam tristemente sobespessas sobrancelhas negras. Seutraços indicavam claramente suaprocedência, pois Kull,usurpador, era de origem atlante.

- Certo, conspiram. Quando foque o povo deixou de conspirarndependente de quem estivess

sentado no trono? E, no seu casoseria explicável.

- Sim. — assentiu o gigantecujas sobrancelhas se apertaram —Sou um estrangeiro. O primeir

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árbaro que alcançou o tronovalusiano, desde o começo do

tempos. Enquanto fui apenacomandante de suas forçaarmadas, não levaram em conta omeu lugar de nascimento. Maagora jogam isso na minha carapelo menos com o olhar e com opensamento.

- E que importância isso podter para você? Eu também soestrangeiro. Na verdade, o

estrangeiros governam a Valúsiagora, pois o povo se tornou débil degenerado demais para governar

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si mesmo. Um atlante se senta eseu trono, apoiado por todos o

pictos, os aliados mais antigos poderosos do império. A corte estcheia de estrangeiros, os exércitoestão compostos por mercenário

árbaros, e os MatadoreVermelhos... bom, eles pelo menosão valusianos, mas são homenprocedentes das montanhas, quconsideram a si mesmos uma raçdiferente.

Kull encolheu os ombrosnquieto.

- Sei o que o povo pensa, e co

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que aversão e cólera as mais velhafamílias valusianas devem observa

a situação. Mas, que outra coisteriam, do contrário? Com Borna,mpério se encontrava em pio

situação do que comigo, apesar delter sido um valusiano nativoherdeiro direto da antiga dinastiaEste é o preço que uma nação devpagar pela decadência: de umforma ou de outra, os povos jovene fortes aparecem e tomam poss

das coisas. Ao menos, reconstruí oexércitos, reorganizei omercenários e devolvi à Valúsi

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uma certa medida de sua antiggrandeza internacional. Co

certeza, é muito melhor ter notrono um bárbaro capaz de manteunidas as diferentes facções, do qupermitir que cem mil homens comas mãos ensangüentadaperambulassem livremente pelcidade, pois isso é o que teriocorrido a esta altura, se Borncontinuasse reinando. O reindesmoronava e se dividia sob seu

pés, ameaçado por invasões detodas as partes, e os pagãogrondarianos já se preparavam par

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ançar uma incursão de proporçõeapavorantes... Pois bem, eu mate

Borna com minhas próprias mãonaquela noite caótica em que mpus à frente dos rebeldes. Aquelação impiedosa me valeu nãopoucos inimigos, mas seis mesemais tarde, eu havia terminado como caos e as contra-rebeliõesreunificado a nação, quebrado espinha dorsal da Tripla Federaçãe esmagado o poder do

grondarianos. Agora, a Valúsidorme em paz e sossegada, e entruma sesta e outra, conspira para m

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derrubar. Não tem havido fomdesde que me tornei rei, o

armazéns transbordam de grãos, onavios mercantes chegamcarregados, as bolsas domercadores estão cheias e o povocomeça a criar barriga. Mas, apesade tudo isso, continuam fofocandoe praguejam e cospem sobre minhsombra. O que querem?

O picto esboçou uma caretselvagem e respondeu com amarga

ronia:- Querem outro Borna! U

tirano com as mão

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ensangüentadas! Esquecem dngratidão dele. Você não s

apoderou do reino para favorecêos, nem o conserva em suas mãopor esse motivo. Havia alcançaduma ambição de toda a vida, e sencontra firmemente instalado notrono. Que murmurem e conspireo quanto quiserem. Você é o rei.

- Sim, sou o rei deste reinpúrpura. — assentiu Kull —continuarei sendo até o último

suspiro, até que meu fantasmpercorra o longo caminho dasombras. O que há, agora?

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Um escravo se inclinoprofundamente diante dele.

- Altíssima majestade: Nalissafilha da grande casa de bora Ballinsolicita audiência.

Uma sombra se estendeu sobro olhar do rei.

- Mais súplicas sobre sencômodo assunto amoroso. — el

disse, com um suspiro, olhandopara Brule — Talvez seja melhovocê se retirar. — E, virando-se par

o escravo, acrescentou: — Deixe-comparecer ante a minha presença

Kull se sentou numa cadeir

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forrada com veludo e olhou parNalissa. Ela só tinha uns dezenov

anos; vestida à custosa, porémsuave, moda das nobres damavalusianas, mostrava uma imagemencantadora, cuja beleza até opróprio rei bárbaro pôde apreciarSua pele era de um brancmaravilhoso, devido em parte aonumerosos banhos de leite e vinhoque tomava, mas sobretudo a umherança de formosura. Mostrava a

ochechas matizadas naturalmentpor uma delicada cor rosa, e seuábios eram cheios e vermelhos

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Sob as delicadas sobrancelhanegras, havia um par de profundo

olhos suaves, tão negros quanto omistério, e toda aquela imagem svia coroada por uma massa dfrisados cabelos negrosparcialmente presos por um finoaço dourado.

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Nalissa se ajoelhou aos pés drei, tomou nas mãos suaves aquele

dedos endurecidos pelo manejo despada e mirou-lhe os olhos, comuma expressão luminosa carregada de súplica. Dentre todaas pessoas do reino, os olhos dNalissa eram os únicos que Kupreferia não mirar. Às vezesobservava neles uma grandeprofundeza de fascinação mistério. Ela, filha cuidada

mimada da aristocracia, sabia quaieram alguns de seus própriopoderes, mas ainda não conheci

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todos, devido à sua juventude. Kulque era sábio no conhecimento do

homens e das mulheres, se davconta de que, com a maturidadeNalissa estava destinada a alcançaum poder terrível na corte e nopaís, fosse para o bem ou para omal.

- Mas, majestade — rogavagora, como uma menina que pedum brinquedo —, permita que eume case com Dalgar de Farsun. E

se transformou num cidadãovalusiano, e alcançou um alto

enefício na corte, como tu mesmo

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o dizes. Por que... ?- J á lhe disse — interrompeu-lh

o rei com impaciência —, não mmporta que você se case comDalgar, com Brule ou com o própridiabo, mas seu pai não quer quvocê se case com aquele aventureirofarsuniano e...

- Mas tu podes fazer com que elconsinta! — ela gritou.

- A casa de bora Ballin está entrmeus mais fortes partidários. —

respondeu o atlante — E Muroora Ballin, seu pai, é um dos meu

melhores amigos. Fez amizad

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comigo, quando eu não era maique um gladiador sem amigos. M

emprestou dinheiro quando eu erapenas um soldado, e apoiouminha causa quando me apoderedo trono. Quer que eu me arrisqua perder essa minha mão direitaobrigando-me a aceitar algo a quele se opõe violentamente, ountervindo em assuntos familiares?

Nalissa ainda não haviaprendido que alguns homens não

se deixam comover pelaartimanhas femininas. Suplicoutentou levá-lo na conversa, e at

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chorou. Beijou as mãos de Kulchorou sobre seu peito, chegou

sentar-se sobre seus joelhos discutiu, tudo isso diante dodesconforto do rei, mas não lhserviu de nada. Kull se mostrosinceramente compreensivo, porémnflexível. Apesar de todos o

atrativos e adulações da jovem, elsó tinha uma resposta: que aquilonão era assunto seu, que o pai delsabia melhor o que lhe convinha

que ele, Kull, não estava disposto nterferir.

Finalmente, Nalissa desistiu d

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suas tentativas e foi embora, com cabeça baixa e arrastando os pés

Ao sair do salão real, se encontrocom seu pai, que estava chegandonaquele momento. Murom borBallin, que imaginou qual seriapropósito que induzira sua filha avisitar o rei, não lhe disse nadamas o olhar que lhe dirigiu indicav

em claramente o castigo que lhreservava. A jovem subiu à cadeiraque lhe esperava, sentindo-se

desgraçada, como se o sofrimentoque a incomodava não pudesse sesuportado por nenhuma outr

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mulher. Então, sua natureza internse afirmou a si mesma. Em seu

olhos escuros, brotou a chama drebelião, e ela dirigiu umas poucae rápidas palavras aos escravos qucarregavam sua cadeira.

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Enquanto isso, o conde Murose encontrava diante de seu reicom os traços do rosto

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transformados numa máscara ddeferência formal. Kull observo

aquela expressão, e isso lhe doeuExistia formalidade entre eletodos os seus súditos e aliadosexceto com picto Brule eembaixador Ka-nu, mas aquelformalidade afetada era algo novopara o conde Murom, e Kull nãdemorou em imaginar a razão.

- Sua filha esteve aqui, conde. —ele disse bruscamente.

- Sim, majestade. — ele assenticom tom impassível e majestoso.

- Provavelmente, você sabe po

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quê. Ela deseja casar-se com Dalgade Farsun. O conde inclino

evemente a cabeça.- Se vossa majestade assideseja, não temos mais que falanisso. — ele disse, ao mesmotempo em que umas linhas duras sestendiam por seu rosto.

Inquieto, Kull se levantoucruzou a sala e se dirigiu para anela onde, mais uma vez

contemplou a cidade sonolenta

Sem se virar, disse dali:- Nem pela metade de me

reino, eu ousaria interferir em seu

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assuntos familiares, e muito menoobrigá-lo a seguir um curso de ação

desagradável para você.

O conde ficou a seu lado nu

nstante, desaparecida toda su

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formalidade anterior, com umexpressão eloqüente em seus olho

perfeitos.- Majestade, eu havia te julgadmal. Eu deveria ter percebido que.Fez gesto de que ia se ajoelhar, maKull o conteve com um gesto.

- Fique tranqüilo, conde. Seuassuntos particulares são seus. Nãposso ajudá- lo, mas você pode majudar. O ambiente me cheiraconspiração. Desde minh

uventude, aprendi a perceber operigo. Desde então, já sentiaproximidade do tigre na selva, ou

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de uma serpente no meio do capimalto.

- Meus espiões se dedicampercorrer a cidade, majestade. —disse o conde, com os olholuminados diante da perspectiv

de ação imediata — O povmurmura, como faria sob qualquegovernante, mas acabo de falar comKa-nu, no consulado, e ele me dissque eu lhe avisasse sobre a atuaçãode influências externas e dinheiro

estrangeiro. Ele disse que ainda nãsabe de nada definitivo, mas queseus pictos obtiveram certa

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nformações de um criado bêbadodo embaixador veruliano, vago

vislumbres indicativos de algumgolpe que esse governo estpreparando.

- Todos nós conhecemosgrande capacidade veruliana para mentira. — admitiu Kull, com ugrunhido — Mas Gen Dala,embaixador veruliano, é a própriessência da honra.

- Melhor ainda para ser utilizad

como fachada. Se ele não sabe naddo que sua nação planeja, melhoservirá para disfarçar esses planos.

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- Mas, o que a Verúlia ganharicom isso? — perguntou Kull.

- Gomlah, um primo distante drei Borna, se refugiou lá quandderrotaste a antiga dinastia. Sevós, a Valúsia se despedaçaria, oexércitos ficariam desorganizados enos veríamos abandonados potodos os nossos aliados, exceto opictos; os mercenários, a quem sótu consegues controlar, seagitariam contra a Valúsia, e assim

seríamos uma presa fácil para primeira nação poderosa quousasse nos atacar. Então

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apresentando Gomlah como umdesculpa para a invasão, como uma

marionete no trono da Valúsia...- Compreendo. — grunhiu Ku— Me sinto muito mais à vontadna batalha que no conselho, mas euentendo. De modo que o primeirpasso seria minha eliminação, não sso?

- Sim majestade.Kull sorriu e flexionou seu

poderosos braços.

- No fim das contas, governar àvezes dá tédio. — ele disse, aomesmo em que seus dedo

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acariciavam o cabo da espada quesempre levava no cinto.

Naquele momento, apareceum escravo e anunciou:- Tu, conselheiro-chefe do rei,

Dondal, seu sobrinho.

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Imediatamente, dois homen

entraram no salão. Tu,

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conselheiro-chefe, era um homemgorducho, de estatura mediana, qu

á se encontrava na segundmetade da vida e que mais parecicom um mercador que com umconselheiro. Tinha o cabelo ralo,rosto sulcado de rugas e, sob suasobrancelhas, havia sempre umolhar de perpétua desconfiança. Nentanto, se notava nele tanto oanos quanto as honras recebidasDe origem plebéia, ele abrir

caminho graças exclusivamente aopoder de sua habilidade e àntrigas. Antes da chegada de Kul

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ele vira surgir e desaparecer trêreis, e notava-se a tensão que isso

he havia implicado.Seu sobrinho Dondal era uovem delgado e um pouco jeitoso

com intensos olhos escuros e umsorriso agradável. Sua principavirtude consistia no fato de sabeconter a língua, e nunca repetir ninguém o que ouvia dizer na cortePor essa mesma razão, supresença era permitida em lugare

onde seu estreito parentesco comTu não lhe permitiria.

- Trata-se apenas de um

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pequena questão de estadomajestade. — disse Tu — Ess

autorização para construir um novoporto na costa ocidental. Quereassiná-la?

Kull assinou o documento. Ttirou de dentro do peito um anel dfôrma, seguro por uma pequencorrente que ele sempre usava aoredor do pescoço, e aplicou o seloreal. Este anel era, com certeza,réplica da assinatura real,

nenhum outro anel no mundo erexatamente igual, razão pela quaTu o levava sempre ao redor do

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pescoço, tanto acordado quantodurante o sono. Com exceção do

que estavam presentes nessemomento, ninguém mais sabionde era guardado o anel dassinatura real.

2) Mistério

De forma quase imperceptível,silêncio do dia havia stransformado no silêncio da noite

A lua ainda não havia saído e apequenas estrelas prateadas davampouca luz, como se sua radiação s

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visse sufocada pelo calor que aindsurgia da terra.

Os cascos de um só cavalproduziam um ressoar oco ao longde uma rua deserta. Se alguéobservasse das janelas negras dacasas, não demonstraria saber quera Dalgar de Farsun que montavo cavalo e avançava através da noitee do silêncio.

O corpo ágil e atlético do jovefarsuniano estava totalmente

coberto por uma armadura leve, ele também usava um capaceteParecia perfeitamente capaz d

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manejar a espada longa e fina, comcabo cravejado de jóias, que lh

pendia do lado; e o lenço de brilhorosa, que lhe cruzava o peitocoberto de aço, não diminuía emnada a imagem de masculinidadque oferecia.

Agora, enquanto cavalgava, leude novo o bilhete dobrado qutrazia na mão e que, meiodesdobrado, deixava à mostra aseguinte mensagem, escrita no

caracteres típicos da Valúsia: "Àmeia-noite, meu amado, noardins Malditos, do outro lado do

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muros. Fugiremos juntos".Um bilhete dramático. Os belo

ábios de Dalgar se curvaraigeiramente ao lê- lo. Bom, podidesculpar-se um pouco omelodrama de uma jovem, e elmesmo sentia muito prazer comsso. Um estremecimento de êxtas

o sacudiu, só de pensar na situaçãoAo amanhecer, já estaria do outrado da fronteira veruliana, junto

sua futura esposa. Que o cond

Murom bora Ballin se enfurecessequanto quisesse, e que o exércitovalusiano lhes seguisse o rastro

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porque, uma vez cruzada essfronteira, ele e Nalissa estariam

salvo. Se sentia bem animadoromântico; seu coração inflava comos estúpidos heroísmos típicos duventude. Ainda faltavam vária

horas para a meia-noite, mas... Coos calcanhares cobertos de aço, elfez o cavalo girar para um lado praseguir um atalho, através de umaestreitas ruas escuras.

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- Oh, lua prateada num peito dprata... — ele sussurrou em voaixa, repetindo as palavras d

amor dos versos de Ridondo

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aquele poeta louco, já morto.Então, o cavalo fungou e s

agitou, inquieto. Entre as sombrade uma porta esquálida, umndistinta forma escura se movia

gemia.Dalgar se inclinou e viu a form

de um homem. Arrastou o corppara uma área mais iluminada, percebeu que o homem aindrespirava. Algo quente e pegajosose aderiu à sua mão.

O homem era gorduchoaparentemente velho, pois seucabelo era ralo e a barba estava

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manchada de branco. Estavvestido com os farrapos de um

mendigo, mas mesmo na escuridãoDalgar notou que as mãos erasuaves e brancas por debaixo dsujeira. O sangue brotava de umfeia abertura na parte lateral dcabeça, e ele tinha os olhofechados, embora gemesse de veem quando.

Dalgar tirou um pedaço dprópria faixa para lhe estancar

ferida e, ao fazê-lo, o anel que trazinum dedo ficou emaranhado entreos pêlos da barba. Ao puxar a mão

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com um gesto impaciente, a barbse desprendeu completamente

deixando à mostra o rostosuavemente barbeado profundamente enrugado de umhomem que parecia estar no finada metade de sua vida. Dalgasoltou uma exclamação e recuou. Sevantou de um salto, perturbado e

abalado. Ele ficou ali, de pé, por umomento, sem deixar de olhafixamente para o homem que

gemia; logo, o rápido barulho docascos de um cavalo, numa ruparalela, fê-lo recuperar o

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sentidos.Ele correu pela rua, até chegar

esquina, e se aproximou docavaleiro. O homem se deteve coum movimento rápido, ao mesmotempo em que levava a mão àespada. Os cascos de seu corcearrancaram faíscas do chãopavimentado da rua, ao fazedescer o cavalo.

- O que está acontecendo? Ah.é você, Dalgar!

- Brule! — exclamou o jovefarsuniano — Rápido! Tu,conselheiro-chefe, jaz nessa rua

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Está sem sentidos, e pode ter sidassassinado.

O picto desmontorapidamente, já empunhando espada. J ogou as rédeas por cimda cabeça de sua montaria, deixou ocorcel ali, como uma estátua, seguiu velozmente Dalgar.

Ambos se inclinaram sobreconselheiro ferido, e Brulexaminou seu corpo com mãoexperientes.

- Ao que parece, não tenenhuma fratura — grunhiu o picto—, embora eu não possa sabê-lo

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com certeza, é claro. A barba havicaído quando você o encontrou?

- Não, eu puxei-acidentalmente e ela sdesprendeu...

- Nesse caso, é bem prováveque isto seja obra de algumdesalmado que não o conhecia. Amenos, é o que eu prefiro pensarSe o homem que o assaltou sabique se tratava de Tu, issosignificaria que uma negra traição

está sendo tramada na Valúsia. Eá disse a ele, mais de uma vez, qu

seria um desastre perambular pel

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cidade disfarçado desse modo, masso não é suficiente para convence

um conselheiro. Ele insistiu quedesse modo, poderia saber do questava acontecendo, que podericontrolar o pulso do impériosegundo suas próprias palavras.

- Mas, se foi obra de um ladrãopor que não o roubaram? —perguntou Dalgar — Aqui está su

olsa, com umas poucas moedas dcobre. Além do mais, quem tentari

roubar um mendigo?O lanceiro praguejou.- Tem razão. Mas, em nome d

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Valka, quem podia saber que elera Tu? Ele nunca usou duas veze

o mesmo disfarce, e só Dondalum escravo lhe ajudavam a vesti-loQuem o atacou procurava o quêAh, por Valka... ele pode morrerenquanto ficamos aqui fazendoconjecturas. Ajude-me a subi-lo nmeu cavalo.

Uma vez que o conselheirochefe foi colocado na sela sustentado pelos braços de aço d

Brule, eles percorreram as ruas edireção ao palácio. A guardaassombrada, lhes deu passagem,

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o homem inconsciente foi levado auma câmara interna e recostado

num leito, onde deu sinais drecuperar a consciência, sob ocuidados das escravas e das damada corte.

Finalmente, ele se sentouagarrou a própria cabeça com amãos. Ka-nu, o embaixador pictoo homem mais astuto do reino, snclinou sobre ele.

- Tu! Quem lhe atacou?

- Não sei. — respondeuconselheiro, ainda tonto — Nãembro de nada.

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- Você trazia algum documentmportante?

- Não.- Lhe roubaram algo?Tu apalpou as próprias roupas

ncerto. Seu olhar nublado começoua clarear, e então, repentinamentese iluminou com uma súbitcompreensão.

- O anel! O anel da assinaturreal! Desapareceu!

Ka-nu esmurrou a palma d

uma das mãos e praguejoumagoado.

- É nisso que dá levá-lo sempr

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com você! J á lhe avisei! RápidoBrule, Kelkor, Dalgar... uma v

traição está sendo preparadaCompareçam logo ao quarto do rei.Diante do dormitório rea

montavam guarda dez MatadoreVermelhos, o regimento favorito drei. Diante das rápidas perguntade Ka-nu, responderam que o retinha ido descansar há mais oumenos uma hora, que ninguémhavia tentado entrar, e que não

ouviram nenhum ruído.Ka-nu bateu à porta. Não houv

resposta. Apressado pelo pânico

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tentou abri-la, mas estava trancadpor dentro.

- Derrubem esta porta! — el

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gritou, com o rosto muito pálido um inusitado timbre de tensão n

voz.Dois dos Matadores Vermelhode tamanho gigantesco, lançaramtodo seu peso contra a porta, maesta, por ser de denso carvalho eestar protegida por faixas d

ronze, resistiu ao embate. Brule oafastou para um lado e atacou maciça porta com sua espada. Sobos pesados golpes do aço afiado,

madeira e o metal terminaramcedendo e, alguns momentodepois, Brule lançava todo seu pes

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sobre ela e adentrava os aposentospassando por cima dos restos.

Ele parou imediatamente, coum grito abafado, e olhou por cimdo ombro, enquanto Ka-narrancava desesperadamente fioda barba. A cama real estavdesarrumada, como se de fatoalguém tivesse dormido nela, manão se via o menor rastro do rei. Oquarto estava completamente vazioe só a janela aberta parecia oferece

uma explicação ao estranhodesaparecimento.

- Vasculhem as ruas! — rugiu

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Ka-nu — Vasculhem toda a cidadeQue redobrem a guarda em toda

as portas. Kelkor, alerte toda a forçdos Matadores Vermelhos. Brulreúna seus cavaleiros e ponha-se àfrente deles, até a morte se fopreciso. Apressem-se! Dalgar...

Mas o farsuniano havidesaparecido. Havia lembrado drepente que já era quase meianoite, e para ele era muito maimportante o fato de Nalissa bor

Ballin estar lhe esperando noardins Malditos, a três quilômetro

de distância dos muros da cidade

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antes de conhecer o paradeiro dorei, fosse qual fosse.

3) A assinatura do selo

Aquela noite, Kull havia sretirado cedo para seus aposentosComo de costume, se distraialguns minutos diante da porta doquarto real para conversar com guarda — velhos companheiros dregimento — e intercambia

algumas lembranças sobre ovelhos tempos, em que havicavalgado entre as fileiras dos

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Matadores Vermelhos. Logodispensou seus criados, entrou no

quarto, afastou os cobertores de sucama e se preparou pra dormirUma atitude estranha para um resem dúvida, mas já fazia tempo quKull se acostumara à vida rude dsoldado, e antes disso havia feitoparte de uma tribo de selvagensNunca havia se acostumadtotalmente a que todos os outrohe fizessem as coisas e, pelo

menos na intimidade de seu quartopreferia cuidar de si mesmo.

No exato momento em que s

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virou para apagar a vela quluminava o local, ele ouviu leve

atidas no alizar da janela. Comespada na mão, cruzou o recintocom o passo natural e silencioso duma grande pantera, e olhou parfora. As sebes e as árvores eravistas vagamente na penumbra, soba luz das estrelas. O ruído dafontes chegava distante até ele, eseu olhar não conseguiu distinguia silhueta de nenhum do

sentinelas que percorriam aqueleimites.

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Entretanto, aqui, junto a se

cotovelo, se encontrava o mistério

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Agarrada às trepadeiras qucobriam o muro, havia um

pequena figura de rosto enrugadocom o mesmo aspecto domendigos profissionais quepululavam pelas ruas mais sórdidada cidade. Parecia um senofensivo, com suas perna

delgadas e seu rosto de macaco, Kull o olhou com a testa franzida.

- J á vejo que terei de colocasentinelas sob minha janela, ou

cortar estas trepadeiras. Comconseguiu passar pela guarda?

O homem enrugado levou u

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dedo magro aos lábios, com umgesto que pedia silêncio; logo, com

a habilidade típica de um símiodeslizou uma mão através daroupas e, em silêncio, entregou umpergaminho a Kull. O reidesenrolou e leu: "Rei Kull, svalorizas um pouco a vossa vida, ouo bem-estar do reino, siga este guiaté o lugar ao qual ele voconduzirá. Não fale com ninguémNão deixe os guardas lhe verem. O

regimentos são uma efervescêncide traições, e se queres continuavivendo e conservar o trono, deve

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fazer exatamente o que vos digoConfia no portador deste bilhete"

A missiva estava assinada: "Tuconselheiro-chefe da Valúsia", e svia nela o selo do anel real.

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Kull franziu as sobrancelhasAquilo não tinha boa aparênciamas se tratava, sem dúvida, dcaligrafia de Tu, pois não deixou dobservar o traço peculiar emperceptível da última letra do

nome de Tu, que era a característicpeculiar do conselheiro, por assimdizer. Além disso, havia o selo, aquele selo não podia se

duplicado. Era a assinatura de Kull- Muito bem. — assentiu —

Espere eu me armar.

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Vestido e coberto com uma levarmadura de cota-de-malha, Kull s

dirigiu novamente à janelaAgarrou as barras, uma em cadmão, aplicou cautelosamente sutremenda força e sentiu-as cederematé lhe parecer que mesmo suaargas costas caberiam no vão

Montou sobre o alizar, se agarroàs trepadeiras e desceu por elacom a mesma facilidade com a quafizera o pequeno mendigo que lhe

precedia.Ao pé do muro, Kull seguro

seu companheiro pelo braço.

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- Como conseguiu enganarguarda? — perguntou com um

sussurro.- A quem se aproximou de mimeu mostrei o sinal do selo real.

- Isso não será suficiente agora— grunhiu o rei — Siga-me, econheço a rotina que seguem.

Transcorreram uns vintminutos, durante os quaipermaneceram deitados, à esperaatrás de uma árvore ou uma sebe

até que passasse um sentinela, avançassem para um novoesconderijo, através de breves

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rápidas corridas entre as sombrasFinalmente, chegaram junto

muralha externa. Kull tomou seguia pelos tornozelos e o levantouaté que os dedos deste sagarrassem ao alto da muralhaUma vez montado sobre ela,mendigo lhe estendeu a mão parajudá- lo, mas Kull, com um gestdepreciativo, recuou alguns passosempreendeu uma curta corridasaltou no ar e se agarrou ao

parapeito com uma das mãos, parogo elevar sua grande estrutura

com força e determinação, at

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encontrar-se no alto da muralhatudo isso com um incríve

desdobramento de força agilidade.Um instante depois, as dua

figuras estranhamentencongruentes haviam pulado ao

outro lado da muralha desapareciam, tragadas pelescuridão.

4) "Virou-se, encurralado"

Nalissa, filha da casa de borBallin, se sentia nervosa

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assustada. Sustentada por suaelevadas esperanças e pela

sinceridade de seu amor, nãoamentava a precipitação dos atoque havia praticado nas últimahoras, mas desejava que logochegasse a meia-noite, que lhtraria seu amante.

Até o momento, sua fuga havisido fácil. Não era simples prninguém abandonar a cidade apócair a noite, mas ela se afastara

cavalo da casa de seu pai poucoantes do pôr-do-sol, após dizer mãe que passaria aquela noite n

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casa de uma amiga. Foi uma sortpara ela que, às mulheres da

cidades da Valúsia, se lhepermitisse essa extraordináriiberdade, e não tivessem que s

verem reclusas nos haréns e emverdadeiras casas-prisões, comoocorria nos impérios orientaistratava-se de um costume que haviasobrevivido à grande inundação.

Nalissa saiu tranqüila pelportão oriental, e logo se dirigiu

diretamente aos Jardins Malditosituados a duas milhas a leste dcidade. Estes jardins haviam sid

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outrora o local de prazeres propriedade rural de um nobre

mas histórias de cruéis depravaçõee medonhos ritos de adoraçãodemoníaca começaram a sespalhar; e, finalmente, o povoenlouquecido pelodesaparecimento regular de suacrianças, caiu sobre os J ardinnuma turba fora de si e enforcou opríncipe diante de seus próprioportões. Vasculhando os jardins, o

povo encontrou coisas repugnantee, numa maré de repulsa e horrordestruiu parcialmente a mansão, a

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praças, os caramanchões, as grutae os muros. No entanto

construídos com mármormperecível, muitos dos edifícioresistiram tanto aos malhos dmultidão quanto aos estragos dotempo. Agora, abandonados hmais de um século, dentro daquelemuros semi-desmoronados, brotaruma verdadeira selva em miniaturae a vegetação cobria quase pocompleto as ruínas.

Nalissa escondeu o cavalo numpraça arruinada, e sentou-se sobro solo de mármore rachado

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disposta a esperar. A princípio, nãfoi ruim. O suave pôr-do- sol típic

de verão pareceu inundar paisagem, abrandando tudo comsuas doces tonalidades amareladasSe sentiu empolgada pelo vastmar esverdeado que lhe cercavasalpicado de resplendores brancoali, onde ainda se viam muros dmármore e telhados desmoronadosMas, à medida que foi caindonoite e as sombras foram invadindo

tudo, Nalissa começou a ficanervosa. A brisa noturna parecisussurrar coisas cruéis entre o

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galhos das árvores, as largas folhade palmeira e o capim alto; e a

estrelas produziam uma impressãode frieza e distância. Ela começouembrar das lendas e histórias qu

foram contadas e imaginou queacima das fortes batidas de seucoração, podia ouvir o atrito dnvisíveis asas negras, e o

murmúrio de vozes hostis.Ela rogava para que chegasse

meia-noite, e Dalgar com ela. S

Kull pudesse vêla naquelmomento, ele não pensaria nomisterioso de sua profund

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natureza, nem nos sinais do grandfuturo que a esperava. Só veria um

ovem assustada, que desejavaapaixonadamente se senticonsolada e acariciada nos braçode um homem.

Mas, em nenhum momentopassara pela mente dela a idéia dabandonar.

Parecia que o tempo nãpassava, embora transcorresse dealguma forma. Finalmente, u

rilho fraco indicou a próximsaída da lua, e ela notou que, poucoa pouco, a meia-noite s

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aproximava.Então, ouviu-se de repente u

ruído, que a fez se levantar de umsalto e sentir o coração lhe subir garganta. Em algum lugar doardins supostamente desertos, o

silêncio da noite foi rompido poum grito e um som metálico de açoUm novo grito, breve e horrível, lhgelou o sangue nas veias. Logo, sfez novamente o silêncio, como umsufocante sudário.

"Dalgar! Dalgar! Onde estvocê?". Este pensamento martelavsem parar seu cérebro atordoado

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Possivelmente, seu amante havicomparecido ao encontro e caiu

vítima de alguém... ou de algo.Ela saiu do lugar onde sescondia, com a mão no coração, oqual parecia querer estourar entras costelas. Ela começou a percorreum caminho pavimentado, e afolhas das palmeiras roçaram seudedos. Parecia estar rodeada poum abismo de sombras pulsantesvibrantes e cheias de uma maldad

sem nome. Não se ouvia o menoruído.

Diante dela, erguiam-se a

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sombras da mansão arruinada. Drepente, dois homens

encontraram. Ela lançou um únicgrito, e sua língua ficou como quepetrificada de terror. Tentou fugirmas as pernas não lhe obedecerame antes que ela pudesse fazer um sómovimento, um dos homens sapoderou dela, agarrando-a pelcintura, e colocou-a debaixo do

raço como se ela fosse ummenina pequena.

- Uma mulher. — ele grunhinum idioma que Nalissa macompreendeu, mas que reconheceu

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como Veruliano — Me dê sepunhal, que eu me encarrego de...

- Não temos tempo agora. —respondeu o outro, usando mesma língua — J ogue- a ali, coele, e depois nos encarregamos dambos. Temos que trazer Phondaaqui, antes de matar; ele quenterrogá-lo um pouco.

- De que adianta isso? —murmurou o gigante veruliano, quseguiu seu companheiro — Ele nã

vai querer falar, disso pode estacerto. Desde que os capturamos, elsó abriu a boca para no

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amaldiçoar.

Nalissa, transportada dmaneira tão infame sob o braço dseu raptor, estava gelada de pavormas sua mente funcionava a toda

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velocidade. A quem se referiam? Aquem queriam interrogar e logo

assassinar? A possibilidade de serDalgar desocupou sua mente dtemor que sentia por si mesma, encheu-lhe a alma de ira selvagem desesperada. Ela começouespernear e se retorceviolentamente, e levou um fort

ofetão, que arrancou lágrimas dseus olhos e um grito de dor dseus lábios. Resignou-se a um

humilhante submissão, e poucodepois foi lançada, semconsideração alguma, através d

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soleira de uma porta coberta pelasombras. Caiu de bruços ao chão

como um novilho.- Não seria melhor amarrá-la? —perguntou o gigante.

- De que serviria? Ela não podescapar, e tampouco desatá-loVamos, se apresse. Temos o qufazer.

Nalissa se sentou e olhotimidamente a seu redor. Ela sencontrava numa pequena câmara

cujos cantos estavam cobertos deteias de aranhas. O chão estavcoberto de poeira e de fragmento

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de mármore, soltos das paredearruinadas. Uma parte do teto havi

desaparecido, e a lua, que agora selevava lentamente, derramava suauz através da abertura. Graças

ela, pôde ver uma silhueta no chãopróxima à parede. Ela se encolheue os dentes se cravaram nos lábioscom uma horrorizada expectativaentão, com uma delirante sensaçãode alívio, percebeu que aquelhomem era corpulento demais par

ser Dalgar. Se arrastou em direção ele e olhou-lhe o rosto. Estava coas mãos e os pés amarrados, além

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de amordaçado; mas, acima dmordaça, dois frios olhos cinza

miravam fixamente os seus.- Rei Kull!Nalissa levou ambas as mãos à

têmporas, apertando-as, enquanto sala parecia cambalear diante dseu olhar abalado e surpreso. Unstante depois, seus dedos

delgados porém fortes, se puserama trabalhar sobre a mordaça. Apóuns poucos minutos de intenso

esforço, conseguiu soltá-la. Kuesticou as mandíbulas e lançouuma praga em sua própria língua

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respeitando, mesmo em tasituação, os ternos ouvidos d

ovem.- Oh, milorde, como chegastaté aqui? — perguntou a jovemretorcendo as mãos.

- Ou bem o conselheiro equem mais confio é um traidor, oueu sou um louco - grunhiu ogigante — Alguém se aproximou dmim com uma carta escrita por Tuque levava até o selo real. Eu o

segui, como me pedia a cartaAtravessamos a cidade e chegamodiante de uma porta, cuja existênci

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nem eu sequer conhecia. Esta portnão estava vigiada por ninguém, e

aparentemente é desconhecida potodos, exceto aqueles quconspiram contra mim. Uma vez doutro lado, alguém esperava comcavalos, e cavalgamos a todavelocidade até estes Jardins

Malditos. Deixamos os cavalopróximos ao muro semi-derrubadoe fui conduzido até aqui, como umestúpido cego e surdo, pronto par

o sacrifício. Ao cruzar a soleirdessa porta, uma grande rede caiusobre mim, o que me impediu d

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desembainhar a espada, e mprendeu os membros. Nu

nstante, uma dúzia de canalhaavançou sobre mim e... bom, dequalquer forma, me capturar nãofoi tão fácil quanto haviammaginado. Dois deles m

retorceram o braço, de modo qunão consegui usar a espada, madei um belo chute num deles, pude ouvir o estalo de suas costelase partindo. Consegui rasgar a red

que me prendia, com a mãoesquerda, e atravessei com minhadaga um outro, que encontrou

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morte e gritou como uma almperdida em seu último instante

Mas, por Valka, eles eram muitosFinalmente, conseguiram tiraminha armadura — Nalisspercebeu, então, que o rei só usavauma espécie de tanga —, e mamarraram e amordaçaram comovocê viu. Nem sequer o própridiabo conseguiria romper estacordas. Não vale a pena tentadesatar os nós. Pelo visto, u

daqueles homens era marinheiro, sei muito bem os tipos de nós quos marujos são capazes de fazer. E

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mesmo fui, no passado, escravonuma galera.

- Mas, o que posso fazer? —gemeu a jovem, sem deixar dretorcer as mãos.

- Pegue um pedaço grande dmármore e o desbaste até obter umado afiado. — respondeu Kul

apressado — Você tem que mcortar estas cordas.

Ela assim o fez, e seus esforçoforam recompensados quando el

conseguiu um fino pedaço demármore, cuja borda côncavaparecia tão afiada quanto uma fac

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serrilhada.- Tenho medo de cortar sua pele

senhor. — ela se desculpou, aomesmo tempo em que começava atrabalhar.

- Corte a pele, a carne e atéosso se for preciso pra me soltar. —disse bruscamente Kull, com oolhos acesos — Me deixar capturacomo um cego estúpido! Ah, qumbecil que sou! Por Valka, Hone

e Hotath! Mas quando eu puser a

mãos naqueles cães... E você? Comchegou até aqui?

- Falaremos disso mais tarde. —

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respondeu Nalissa, ofegante —Agora não temos tempo a perder.

O silêncio se fez, enquantoovem tentava cortar as duraamarras, sem o mínimo dpreocupação com as mãodelicadas, que não demoraram emficar feridas e sangrando. Maentamente, fiapo a fiapo, as cordas

foram cedendo. No entantocontinuaram suficientes parprender qualquer homem comum

quando passos pesados ressoaramna soleira.

Nalissa ficou petrificada. Ouviu

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se uma voz.- Ele está aí dentro, Phonda

amarrado e amordaçado. Há umdama valusiana com ele, a quaencontramos perambulando peloardins.

- Nesse caso vigieatentamente, para o caso de seugalanteador chegar. — disse outravoz em tom duro e rangente, comoo de um homem acostumado a seobedecido — É bem provável qu

tenha marcado encontro comalgum mentecapto por aquiQuanto a você...

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- Nada de nomes, nada dnomes, meu bom Phondar. — lh

nterrompeu uma sedosa vovalusiana — Lembre-se de nossacordo. Até que Gomlah se sentno trono, eu não sou mais que... omascarado.

- Muito bem. — grunhiuveruliano — Pois então, devo dizerhe que fez um ótimo trabalho est

noite, mascarado. Ninguém maialém de você o teria conseguido

pois só você sabia como sapoderar do selo real. Só vocconseguiria imitar tão bem a escrit

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de Tu. E, a propósito... matouvelho?

- Que importa isso? Ele morreresta noite, ou no dia em quGomlah subir ao trono. O qurealmente importa é que o rei estem nosso poder, e indefeso.

Kull pensava a toda velocidadenuma tentativa desesperada dedistinguir a voz cavernosa familiar daquele traidor. QuantoPhondar... seu rosto esboçou u

gesto cruel. Devia ser umconspiração muito importante, parque a Verúlia enviasse

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comandante de suas forçaarmadas, a fim de realizar o

trabalho sujo. O rei conhecia muitem Phondar, e em outras ocasiõeshavia até acolhido-o no palácio.

- Entre e tire-o daí. — ordenoPhondar — O levaremos à velhcâmara de torturas. Tenho algumaperguntas pra fazer a ele.

A porta se abriu e um homeentrou: era o mesmo gigante quhavia capturado Nalissa. Fechou

porta atrás dele e cruzou a salasem dirigir um só olhar à garotaencolhida num canto. Se inclino

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sobre o rei e o agarrou pelo ombroe uma perna, para levantá-lo a

pulso; então, se ouviu um golprepentino quando Kulempregando toda a sua força férreadeu um puxão convulsivo e rompeuo resto das cordas que ainda lhseguravam.

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Não ficara amarrado por tempsuficiente para lhe interromper acirculação, o que poderia afetar suforça. Suas mãos se lançaram edireção ao pescoço do gigantecomo faria uma píton, e o

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envolveram com garras de aço.O gigante caiu de joelhos. Levo

uma das mãos aos dedos que lhapertavam o pescoço, e a outra ainha da adaga. Seus dedo

envolveram como aço o pulso dKull, e a adaga saiu da bainha coum brilho metálico. Logo, seuolhos se arregalaram, ele abriu

oca e a língua saiu, flácida. Odedos se soltaram do pulso do rei, a adaga lhe caiu da mão já sem

força. O veruliano ficou flácidocom a garganta literalmentesmagada sob aquela terríve

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pressão. Kull deu um puxãaterrorizante de sua cabeça par

um lado, partindo-lhe o pescoço; oargou ao chão e lhe desembainhoua espada. Nalissa havia recolhidoadaga caída ao chão.

A luta só durara algunsegundos, e não fizera mai

arulho do que um homemevantando um outro pesado paraançá-lo sobre o ombro.

- Apresse-se! — gritou a vo

mpaciente de Phondar, do outrado da porta.

Kull, escondido como um tigr

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no interior da sala, pensourapidamente. Sabia que, lá fora

havia pelo menos um pelotão dconspiradores. Também sabia, peloruído das vozes, que, do outro doado da porta, só havia dois ou três

pelo menos por enquanto. A salonde estava não era um bom lugapara se defender. Os outros nãdemorariam em entrar para ver oque causava o atraso. Então, eltomou uma decisão e agiu

rapidamente. Chamou a garotpara seu lado.

- Quando tiver saído por ess

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porta, saia correndo e suba a escadà esquerda.

A jovem assentiu, trêmula, e eldeu-lhe uma tranqüilizadorpalmada no ombro. Logo, demeia-volta e abriu repentinamenta porta.

Os homens que estavam doutro lado esperavam ver o giganteveruliano, com o rei inerte sobre oombros. Diante daquela apariçãnesperada, ficaram boquiabertos

Kull estava de pé ante a portaseminu, agachado como um tigrhumano prestes a saltar, mostrando

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os dentes num grunhido de fúricombativa, com os olhos acesos. A

âmina da espada que empunhavdeu um giro, como uma roda dprata sob a luz da lua.

Kull viu Phondar, acompanhadpor dois soldados verulianos, e umfigura delgada que usava umamáscara negra. Passou-se apenaum instante fugaz, e ele lançou-scontra seus inimigos. A dança dmorte havia começado.

O comandante veruliano foiprimeiro a cair, ante a primeirnvestida do rei, com a cabeç

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aberta até os dentes, apesar docapacete que usava. O mascarad

desembainhou e lançou umestocada com a espada, cuja pontpercorreu a bochecha de Kull. Udos soldados, que se arremessoucontra o rei empunhando umança, foi habilmente evitado e, umnstante depois, jazia morto sobr

seu chefe. O outro soldado demeia-volta e pôs-se a corrergritando por seus colegas. O

mascarado recuou rapidamentdiante do ataque do rei, sem deixade esquivar e deter seus golpes com

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uma habilidade quase incrível. Masdiante da cansativa ferocidade d

nvestida, não teve tempo paratacar; só para se defender. Kugolpeava a lâmina de seu aço comoum ferreiro na bigorna, e cada umde seus ataques parecia prestes partir em dois aquela cabeçmascarada e encapuzada, mas onga e delgada espada valusiana

sempre se interpunha no caminhodesviava a estocada por pouco, ou

conseguia detê-la a poucocentímetros de sua pele, emborsempre o suficiente.

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Então, Kull viu que os soldadoverulianos corriam em direção

eles por entre o mato, ouviu otilintar de suas armas e seus gritoferozes. Pego ali, ao ar livre, nãdemorariam em cercá-lo e espetá-locomo a um rato. Lançou umúltima estocada maligna contra ovalusiano que recuava, e logoerguendo-se, deu meia- volta e pôsse a correr pela escada, no alto dqual Nalissa já lhe esperava.

Uma vez ali, ele se voltouencurralado. Ele a moça estavasobre uma espécie de promontório

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artificial. Um trecho da escadevava para cima, e antigamente

devia ter existido outro trecho quconduzia para baixo, mas estúltimo havia desmoronado. Kupercebeu que estavam num becosem saída. As paredes caíam aopoucos, cobertas por esculturatalhadas no muro. "Bemmorreremos aqui", pensou Kul"Mas também morrerão muitooutros".

Os verulianos se reuniram ao pda escada, sob a direção domisterioso valusiano mascarado

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Kull segurou com força o cabo despada e lançou a cabeça para trás

como um regresso inconsciente aotempos em que usava umcabeleira tão cheia quanto a de umeão.

Ele nunca havia temido a mortee não a temia agora, e, se não fosspor um único detalhe, teria dado

oas-vindas ao clamor e à loucurda batalha, como a uma velhamiga, sem lamentações inúteis. O

detalhe era a presença da garotque estava a seu lado. Ao vê-latremer e observar-lhe a palidez do

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rosto, tomou uma decisãorepentina.

Levantou a mão e gritou:- Ei, homens da Verúlia. Estoaqui, cercado! Muitos cairão anteque eu morra. Mas, se mprometerem que soltarão a moçasem lhe causar o menor dano, nãoevantarei uma só mão contra

vocês. Poderão me matar comouma ovelha.

Nalissa lançou um grito d

protesto, e o mascarado deu umgargalhada.

- Não fazemos acordos co

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quem já está condenado. Estgarota também deve

morrer, e eu não faço promessapara violá-las. Pro alto, guerreiros,ele!

Subiram a escada como umonda negra de morte, fazendo aespadas brilharem como pratcongelada sob a luz da lua. Udeles se adiantou demais. Era uenorme guerreiro brandindo umgrande machado de combate. Est

homem, que se moveu com mairapidez do que Kull esperava, fixouse um momento sobre o patama

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da escada. Kull atacou e o machaddesceu. Com a mão esquerda n

alto, ele deteve a descida da armno ar, segurando-a pelo pesadocabo — uma façanha que poucohomens conseguiriam realizar —, ao mesmo tempo golpeou com direita o lado de seu inimigo; e ofez com tal força, que a longespada atravessou a armadura, musculatura e o osso, e a lâminficou incrustada na colun

vertebral, quebrando-se.Ao percebê-lo, mal demorou u

nstante em soltar o cabo da espad

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nútil e arrancar o machado da mãodo guerreiro moribundo, qu

cambaleou para trás e caiu pelescada, seguido por uma breve cruel gargalhada de Kull.

Os verulianos hesitaram sobreescada e, mais embaixo, omascarado os animouselvagemente a se lançarem aoataque. Eles, por sua vez, smostraram mais dispostos a deixaas coisas como estavam.

- Phondar morreu. — gritou u— Por acaso, vamos receber ordende um valusiano? Estamo

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enfrentando um demônio, e nãoum homem! Salvem-se!

- Covardes estúpidos! — gritoa voz do mascarado, erguendo-snum grito felino

- Não percebem que sua únicsegurança se apóia em matar o reiSe fracassarem esta noite, sepróprio governo lhes repudiará ajudará os valusianos a caçaremvocês. Pra cima, estúpidos!possível que morram alguns, mas

muito melhor que morram unpoucos sob o machado do rei, doque morrerem todos na forca. S

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um só de vocês se atrever a recuapor esta escada, eu mesmo o

matarei!E, ao mesmo tempo em qudizia estas palavras, a longa delgada espada lhes ameaçou.

Desesperados e temerosos antseu líder, eles reconheceram verdade que havia em suapalavras, e os guerreiros svoltaram para o aço de Kull. Nmomento em que se lançaram em

massa ao que serifundamentalmente seu últimoataque, Nalissa viu sua atençã

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atraída por um movimento que sproduziu na base da parede. Um

silhueta se destacou dentre asombras e começou a subir parede vertical, escalando como ummacaco, e usando as esculturatalhadas na parede como pontos dapoio para as mãos e os pés. Aquelponto do muro estava envolto emsombras, e ela não conseguiudistinguir os traços do homem qusubia; além disso, ele usava um

pesado capacete que lançava maisombras ainda sobre seu rosto.

Sem dizer nada a Kull, qu

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estava de pé sobre o patamar, como machado preparado, ela olhou

pela beirada do muro, meio ocultatrás das ruínas do que outrordevia ter sido um parapeito. Entãonotou que aquele homem usavuma armadura completa, macontinuava sem ver seus traços. Surespiração se acelerou, e elevantou a adaga, fazendo

destemidos esforços para conteuma onda de náuseas.

Então, um braço coberto de açapareceu pela beirada, agarrandose à mesma. A moça saltou tã

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rápida e silenciosamente quantouma tigresa, e atacou o rosto

desprotegido, que se levantourepentinamente em direção à luz dua. E, no exato momento em que

adaga descia, e já não podia deter ogolpe que se dispunha a dar, elaançou um grito de surpresa

aflição. Porque, nesse último fugaz segundo, reconheceu o rostode seu amante, Dalgar de Farsun.

5) A batalha da escada

Depois de ter se afastado tã

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pouco cerimoniosamente dpresença de Ka-nu, Dalgar corre

até seu cavalo e cavalgourapidamente para o portão lesteOuvira Ka-nu dar ordens prfecharem todas as portas da cidade que não deixassem ninguém saire cavalgou como um louco para seantecipar ao cumprimento dessordem. De qualquer modo, já ermuito difícil sair pela noite, Dalgar, informado de que o

portões não estariam protegidoesta noite pelos incorruptíveiMatadores Vermelhos, tivera

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ntenção de abrir caminho à basde subornos. Agora, e

compensação, tudo dependia daudácia de seu plano.Com o cavalo coberto de suor

ele o parou diante do portão leste gritou:

- Abra a porta! Preciso chegaainda esta noite, à fronteirveruliana! Rápido! O redesapareceu! Abram caminho, ogo depois vigiem bem o portão

Em nome do rei! — Ao ver que osoldados hesitavam, eleacrescentou: — Apressem-se

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estúpidos! Talvez o rei estejcorrendo um perigo mortal

Abram!Do outro lado da cidade, etom profundo, capaz de gelar ocorações com um susto, chegou osom do grande sino de bronze dorei, que só toca quando o rei estem perigo. Os guardas ficaracomo que eletrificados. Sabiam quDalgar era muito estimado, comnobre que estava visitando

Valúsia. Acreditaram, portanto, esuas palavras e, impelidos por suvontade, lhe abriram os grande

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portões, o cavaleiro saiumediatamente em disparada feito

um raio e, um momento mais tardehavia desaparecido na escuridão.Enquanto cavalgava, esperav

que Kull não tivesse sofrido danograves, pois ele preferia aquel

árbaro simples muito mais quaos outros reis, sofisticados e semsangue, dos Sete Impérios. Spudesse, ajudaria na busca. MaNalissa estava lhe esperando, e el

á chegava atrasado.Assim que o jovem nobr

entrou nos jardins, teve a peculia

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sensação de que ali, no própriocoração da desolação e solidão

havia muitos homens presentesUm instante depois, ouviuentrechocar do aço, o som dmuitos passos apressados e gritoferozes numa língua estrangeiraDesmontou, desembainhouespada e abriu caminhocuidadosamente por entre o matoaté se ver diante da mansão emruínas. E lá, seus olhos pudera

contemplar uma cena estranha.No alto de uma escada mei

arruinada, estava em pé um gigante

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seminu e manchado de sangue, quem reconheceu de imediato

como o rei da Valúsia. Ao laddeste, se encontrava uma mulher, eDalgar mal conseguiu reprimirgrito que saiu de seus lábios. ErNalissa! As unhas morderam apalmas das mãos fechadas. Queeram aqueles homens, vestidos dnegro, que se lançavam escadaacima? Não importava. Sem dúvidalguma, pretendiam matar

mulher e Kull. Ouviu o desafio quo rei lhes lançou, oferecendo-lhes vida em troca da de Nalissa,

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sentiu-se invadido por uma onda dgratidão. Então, observou a

esculturas existentes na paredpróxima a ele, e não vacilou nemum momento. Começou a subirdisposto a morrer junto ao reiprotegendo a mulher que amava.

Havia perdido Nalissa de viste agora, enquanto subia, não satrevia a usar seu tempo parprocurá-la. Ele realizava uma tareftraiçoeira e escorregadia, na qua

não podia se descuidar. Não voltoa vê-la até chegar à beirada e sempulsionar para o alto. Então

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ouviu-a gritar, e viu a mão quedescia em direção a seu rosto

segurando um raio de prata. Ele sretraiu instintivamente, e recebeu ogolpe sobre o capacete. A adaga squebrou até o cabo, Nalissa sdesmoronou e caiu em seus braços

Ao ouvir o grito, Kull virou-sem direção a eles, com o machadono alto. Deteve- se. Reconheceufarsuniano e, mesmo naquelnstante de perigo, compreendeu o

que ocorria. Sabia por que o casaestava ali, e sorriu, realmentesatisfeito.

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O ataque parou por apenas usegundo, quando os veruliano

perceberam a presença do segundohomem sobre o patamar. Mas, eseguida, voltaram a se lançar aoataque e subiram os degraus, sob ouar, com suas lâminas brilhando e

uma expressão desesperada noolhar. Kull foi ao encontro dprimeiro, com um golpe quesmagou capacete e crânio aomesmo tempo. Logo, Dalgar ficou

seu lado e atravessou a garganta dum veruliano. Em seguida, tevnício a batalha da escada

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mortalizada por poetas menestréis.

Kull estava ali para morrer, matar antes de morrer. Não spreocupou em nada com a defesaSeu machado transformou-se numroda que semeava a morte a seuredor e, a cada golpe que davaproduzia um estalo de aço e ossosfazia brotar sangue ou arrancavum grito de agonia. Os corpos samontoavam sobre a escada, ma

os sobreviventes não vacilaram emseu ataque e voltaram à cargaavançando por cima das figuras

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ensangüentadas de seus colegas.Dalgar teve pouca

oportunidades em dar algum golpePercebeu em seguida que o melhoque podia fazer era proteger Kulque nasceu para matar, mas quepor estar sem armadura, corria ograve perigo de cair a qualquemomento.

Desse modo, ele teceu, com suespada, uma rede de aço ao redodo rei, expondo todas a

habilidades no manejo da armaSua lâmina relampejante desviavas estocadas dirigidas contra o

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coração de Kull. Seu antebraçrevestido de ferro detia cada um

dos golpes, que, de outra maneirateriam matado-o. Em duas ocasiõesrecebeu, sobre seu própriocapacete, os golpes destinados cabeça nua do rei.

Mas não é fácil proteger outrhomem, ao mesmo tempo em quse protege. Kull sangrava dos cortesofridos no rosto e no peito, de umfacada aberta na têmpora, de um

espetada na coxa e de um profundoferimento no ombro. Uma lançhavia rasgado a couraça de Dalgar

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ferindo-lhe um lado, e ele sentiu aforças lhe abandonarem. U

último esforço de seus inimigos, e ofarsuniano desmoronou e caiu aopés de Kull, ao mesmo tempo eque uma dúzia de armapontiagudas tentava tirar-lhe vida. Kull lançou o rugido de ueão, fez o machado balança

poderosamente de um lado a outroimpou o espaço diante dele e ficou

ao lado do jovem caído. O

nimigos voltaram a lançar-se aoataque.

Naquele momento, um estrondo

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de cavalos ressoou nos ouvidos deKull, e os Jardins Malditos nã

demoraram em se ver inundadopor cavaleiros enlouquecidos, quegritavam como lobos ao luar. Umchuva de flechas cruzou o ar sob asestrelas, e os homens uivaram ecaíram de bruços sobre os degrauspara ficarem imóveis, ou paraarrancarem as cruéis pontaprofundamente cravadas em seucorpos. Os poucos que não havia

recebido a carícia do machado dKull, ou das flechas, fugiram escadabaixo, só para se defrontarem com

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as sibilantes espadas curvas dopictos de Brule. E ali morrera

aqueles guerreiros verulianosutando até o último instante, comogatos inofensivos de seu falso reque lhes havia enviado a ummissão tão perigosa quanto vil estúpida, rechaçados pelos mesmoque os haviam enviado e cobertopara sempre pela infâmia. Contudomorreram como homens.

Mas houve um que não morre

ali, ao pé da escada. O mascaradfugiu enquanto ouvia o som docavalos, e agora cruzava a extensão

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dos jardins, lançado a todvelocidade sobre um extraordinário

cavalo. Havia quase chegado amuro externo, quando o lanceiroBrule se interpôs em seu caminhoDo alto promontório onde estavaKull, apoiado sobre seu machadensangüentado, os viu lutar sob uz da lua.

O mascarado havia abandonadsuas táticas defensivas. Investicontra o picto, com uma valenti

mpiedosa, e o lanceiro foi ao seuencontro, cavalo contra cavalohomem contra homem, espad

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contra espada. Ambos eracavaleiros magníficos. Seus corcéis

obedientes ao toque da brida e pressão dos joelhos, deram meiavolta, empinaram e saltaram. Masdurante todos estes movimentos, aâminas das espadas não deixaram

de assobiar, sem perder o contatouma com a outra. Brule, acontrário dos homens de sua tribousava a delgada espada reta daValúsia. Em alcance e velocidade

havia pouca diferença entre eles, Kull, enquanto observava, prendeumais de uma vez a respiração

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mordeu os lábios, quando pareceuque Brule estava prestes a cair sob

uma estocada maligna.Estes guerreiros não tiveram umomento de descanso. Lançavaestocadas e detiam-nas, rechaçavame voltavam ao ataque. De repenteBrule pareceu perder o contato coa lâmina de seu adversário, evitouuma finta e pareceu ficar ao ar livreO mascarado fincou os calcanharenos flancos de seu cavalo, de modo

que espada e cavalo saíram emdisparada para a frente ao mesmotempo. Brule se inclinou para u

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ado, e deixou que a lâminpassasse, roçando-lhe o lado d

couraça; então, sua própria lâminsurgiu reta, e o cotovelo, o pulso, ocabo e a ponta formaram uma sóinha que se iniciava em seu ombro

Os cavalos se chocaram e caírauntos, debruçados sobre a relva

Mas, em meio à confusão de patasBrule se ergueu sem haver recebido menor ferimento, enquanto alisobre a grama, o mascarado ficou

estendido, com a espada de Brulainda fincada em seu corpo.

Kull despertou de seu transe; o

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pictos uivavam de vitória feitoobos, mas ele ergueu a mão par

mpor silêncio.- J á basta! Todos são heróis! Macuidem de Dalgar, que estgravemente ferido. E, quandhouverem terminado, podemcuidar de meus próprioferimentos. Brule, como conseguime encontrar?

Brule chamou Kull para saproximar do lugar onde o

mascarado estava estendido.- Um velho mendigo lhes vi

saltarem a muralha do palácio e

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por simples curiosidade, observoupara onde se dirigiam. Lhes segui

e viu vocês saírem pela portesquecida. Eu estava cavalgandopela planície entre a muralha estes jardins, quando ouvi oestrondo do aço. Mas, quem podser este?

- Levante-lhe a máscara. — dissKull — Seja quem for, foi ele quemitou a letra de Tu, que

arrebatou dele o anel do selo e...

Brule arrancou-lhe a máscara.- Dondal! — exclamou Kull —

sobrinho de Tu! Brule, Tu nunc

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deve saber disto. Faça-o crer quDondal cavalgou contigo e morre

utando por seu rei.Brule o olhou, assombrado.- Dondal! Um traidor! Mas e

mais de uma vez, me embriaguecom ele e dormi numa de suacamas.

- Eu gostava de Dondal. — dissKull, assentindo.

Brule limpou a lâmina despada e voltou a guardá-la n

ainha, produzindo um malignosom metálico.

- O desejo é capaz d

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transformar qualquer homem numvelhaco. — ele disse, com tristez

— Ele estava muito endividado, Tu se mostrava mesquinho com eleSempre afirmava que dar dinheirodemais aos jovens não era bompara eles. Dondal se viu obrigadomanter as aparências, ainda quefosse só por orgulho, e assim caiunas mãos dos agiotas. Desse modoresulta que Tu é o maior traidor dtodos, pois sua avareza empurrou o

rapaz à traição... e gostaria que ocoração de Tu detesse a ponta dminha espada, no lugar do seu.

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E, após dizer estas palavras,picto deu meia-volta e se afastou

com expressão sombria.Kull voltou-se para Dalgar, questava meio inconsciente, enquantoos guerreiros pictos lhe enfaixavamos ferimentos com dedoexperientes. Outros se ocuparaem cuidar do rei, e enquantoimpavam e enfaixavam, Nalissa s

aproximou de Kull.- Milorde — ela disse

estendendo em sua direção apequenas mãos, agora arranhadas manchadas de sangue seco —, não

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terás agora piedade de nós e noconcederá nosso desejo... — sua vo

se quebrou por um instante, antede terminar a frase —, se Dalgaestiver vivo?

Kull pegou-a pelos delgadoombros e sacudiu-a, angustiado.

- Ah, garota, garota! Me peçqualquer coisa, menos algo que eunão possa lhe conceder. Me peçametade do meu reino, ou minhmão direita, e serão suas. Pedirei

Murom que lhe dê o consentimentpara se casar com Dalgar; irei atsuplicá-lo, mas não posso obrigá-lo

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Uns cavaleiros altos começaraentão a cruzar os jardins, com

resplandecentes armaduras qureluziam entre os pictos seminude aspecto lupino. Um homem altparou diante deles e levantou aviseira do capacete.

- Pai!Murom bora Ballin apertou

filha entre os braços, com umsoluço de agradecimento, e logo svoltou para seu rei.

- Milorde, estás gravementferido! Kull sacudiu a cabeça.

- Não é nada grave, ao menos n

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que me diz respeito, embora outrohomens possam se sentir bem pior

Mas aqui está aquele que recebeas investidas mortais dirigidacontra mim; aquele que stransformou em meu escudo capacete, de modo que, se não fosspor ele, a Valúsia estaria agoraclamando um novo rei.

Murom deu meia-volta atéovem prostrado.

- Dalgar! Está morto?

- Não lhe falta muito. —grunhiu um vigoroso picto quainda se dedicava a cuidar de seu

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ferimentos — Mas é de aço e dosso de baleia. Se for bem cuidado

conseguirá sobreviver.- Ele veio aqui para se encontracom sua filha e fugirem juntos. —disse Kull, enquanto Nalissnclinava a cabeça — Avançou po

entre o mato, e me viu lutar pominha vida e pela dela, no altodaquela escada. Ele poderia tefugido. Nada o impedia. Mas subipor esta parede inclinada, em

direção ao que, naquelemomentos, parecia uma mortcerta, e lutou a meu lado tão

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alegremente como se estivesse indoa uma festa... e nem sequer é um

súdito meu por nascimento.Murom não fazia mais do quabrir e fechar as mãos com forçaSeus olhos se iluminaram e ssuavizaram, e ele se inclinou sobra filha.

- Nalissa — ele disse com vodoce, atraindo a jovem para proteção de seu braço protegidopor aço —, ainda deseja casar-s

com este jovem temerário?Os olhos da moça fora

suficientemente eloqüentes.

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- Levantem-no com muitcuidado — dizia o rei a seu

homens —, e levem-no ao palácioCuidem para que lhe proporcionea melhor...

- Milorde — interpôs-se Muro—, rogo-te que me permita levá-lo meu castelo. Lá, ele será atendidpelos melhores médicos e, após surecuperação... bom, se essa fovossa vontade real, não acha qupoderíamos comemorá-la com um

casamento?Nalissa soltou um grito d

alegria ao ouvir aquelas palavras

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entrelaçou as mãos, beijou o pai e Kull, e partiu para acompanha

Dalgar, sem se afastar um snstante de seu lado, como umpessoa inquieta.

Murom sorriu docemente, coseu rosto aristocrático aceso.

- Veja... de uma noite de sangue de terror, nascem a alegria e afelicidade. O rei bárbaro lhe sorriue jogou ao ombro o machado sujode sangue.

A vida é assim, conde: o mal dum homem constitui a bênção doutro.

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O Rei e o Carvalho

Antes que as sombravencessem o sol, os falcões voaram

ivres,E Kull cavalgou pela estrada dfloresta, com sua espada vermelhà mão;

E os ventos sussurravam pelmundo: "O rei Kull cavalga paramar".

O sol se refletiu carmesim nmar, e caíram as longas sombracinzas;

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A lua surgiu, como uma caveirprateada, forjada pelo feitiço de um

demônio,Pois, sob sua luz, as grandeárvores se erguiam, como espectrosurgidos do inferno.

Sob a luz espectral se elevavamas árvores, como sombriomonstros inumanos;

Cada tronco parecia a Kull umfigura viva; cada galho, uma mãonodosa,

E estranhos olhos, malignosmortais, lhe miravam

horrivelmente flamejantes.

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Os galhos se retorciam comserpentes dando nós, golpeando

noite,E um grande carvalho, que sagitava austero, horrendo à vista,

Arrancou as raízes e bloqueouhe a passagem, inexorável sob uz fantasmagórica.

Se enfrentaram na estrada dfloresta, o rei e o inexorávecarvalho;

Seus grandes membro

dobraram-no em suas garras, semque ninguém falasse nada;

E, inútil em sua mão de ferro,

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adaga cortante se partiu.E, entre as árvores inclinadas

monstruosas, soou um fraco refrãoProfundamente assolado podois milhões de anos de mal, ódio dor:

"Éramos os senhores antes dohomem chegar, e seremos osenhores de novo".

Kull sentiu que um impériestranho e velho se inclinava ante apassagem do homem,

Como reinos de folhas dcapim, curvados ante um exércitode formigas,

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E o horror se apoderou dele nprincípio, como num transe.

Resistiu, com mãoensanguentadas, contra uma árvormóvel e silenciosa.

E acordou, como de upesadelo! E um vento soprava pelacampinas,

e o rei Kull, da Atlântidacontinuou cavalgandosilenciosamente para o mar.

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Os Reis da Noite

1) O César se  recostav

preguiçosamente em seu trono d

marfim...

Suas legiões de ferro vieramPara derrotar um rei numa terr

desconhecida,E uma raça sem nome.

A adaga reluziu para baixo. Ugrito agudo se transformou numarfada. A figura sobre o altar tosco

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se contorceu espasmodicamente ficou imóvel. A lâmina denteada d

sílex serrou o peito avermelhado, magros dedos ossudoshorrivelmente manchadosarrancaram o coração aindpalpitante. Sob emaranhadasobrancelhas brancas, olhos agudo

rilhavam com uma intensidadeferoz.

Além do matador, havia quatrhomens ao redor da tosca pilha d

pedras que formava o altar do Deudas Sombras. Um deles era destatura mediana, esbeltament

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constituído e parcamente vestidocujos cabelos negros eram preso

por uma fina faixa de ferro, nocentro da qual lampejava umsolitária jóia vermelha. Dos outrosdois eram morenos como oprimeiro. Mas, onde ele era esbeltoeles eram atarracados e disformescom membros nodosos e cabeloemaranhados caindo sobre testanclinadas. O rosto dele indicavnteligência e uma vontad

mplacável; o dos outros, apenauma ferocidade bestial. O quarthomem tinha pouco em comum

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com o resto. Era quase uma cabeçmais alto; e, embora seu cabelo

fosse negro como o deles, sua pelera relativamente clara e ele tinhaolhos cinzas. Ele olhava para oprocedimentos com poucaprovação.

E, na verdade, Cormac dConnacht estava pouco à vontadeOs druidas de sua própria ilhaErin, tinham estranhos rituaiobscuros de adoração, mas nenhum

como este. Árvores escuravedavam esta cena sombrialuminada por uma tocha solitária

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Um lúgubre vento noturno gemipelos galhos. Cormac estava só

entre homens de uma estranhraça, e acabava de ver o coração deum homem arrancado de seu corpoainda palpitante. Agora, o velhsacerdote, que mal parecia humanoencarava intensamente a coisatejante. Cormac estremeceu

olhando para aquele que usava aóia. Será que Bran Mak Morn, r

dos pictos, acreditava que esse

velho assassino de barba brancpoderia predizer acontecimentosobservando um sangrento coração

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humano? Os olhos escuros do reeram insondáveis. Havia estranho

abismos naquele homem, os quaiCormac não conseguicompreender — nem ele nem outrohomem.

- Os presságios são bons! —exclamou selvagemente osacerdote, falando mais para odois chefes do que para Bran —Aqui, no coração palpitante de ucativo romano, eu leio... derrot

para o exército de Roma! Triunfpara os filhos da urze!

Os dois selvagens murmurara

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entre dentes, seus olhos ferozeardendo.

- Vão e preparem seus clãs para batalha. — disse o rei, e eles safastaram pesadamente, com otípico passo simiesco de taigigantes atrofiados.

Sem prestar mais atenção asacerdote que examinava a ruínmedonha sobre o altar, Bran acenoupara Cormac. O gaélico o seguisem entusiasmo. Uma vez for

daquele pequeno bosque sombriosob a luz das estrelas, ele respiroumais à vontade. Estavam num

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elevação, observando longas eavolumadas agitações de suav

urze ondulante. Bem próximas dalcintilavam umas poucas fogueirassua escassez dando pouca evidêncidas hordas de homens tribais quse encontravam perto delas. Maialém delas, havia mais fogueiras ealém, outras mais, as quaimarcavam o acampamento dopróprios homens de Cormac: durocavaleiros e lutadores gaélicos

daquele bando que estavcomeçando a se assentar na costoeste da Caledônia — o núcleo d

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que mais tarde se tornaria o reinoda Dalriadia. À esquerda desta

fogueiras, brilhavam outras.E, mais distante ao sul, havioutras fogueiras... meros pontinhode luz. Mas, mesmo àqueldistância, o rei picto e seu aliadocelta podiam ver que estafogueiras estavam arrumadas emordem regular.

- As fogueiras das legiões. —murmurou Bran — As fogueira

que têm iluminado uma trilha aoredor do mundo. Os homens quacendem aquelas fogueiras têm

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pisado as raças sob seucalcanhares de ferro. E agora... nós

da urze, estamos encostados nparede. O que acontecerá amanhã?- Vitória para nós, diz

sacerdote. — respondeu CormacBran fez um gesto impaciente:

- O luar no oceano. Vento nacopas dos abetos. Você acha quacredito nesta pantomima? Ou qugostei da matança de umegionário? Eu tenho que encoraja

meu povo; foi para Gron e Bocaque eu deixei o velho Gonar ler opresságios. Os guerreiros lutarã

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melhor.- E Gonar? Bran riu.

- Gonar é velho demais paracreditar em qualquer coisa. Ele eralto sacerdote das Sombras, vintanos antes de eu nascer. Ele afirmser descendente direto daquelGonar que era um feiticeiro nodias de Brule, o Lanceiro, que foiprimeiro de minha linhagemNinguém sabe a idade dele... Àvezes, acho que ele é o Gona

original em pessoa!- Pelo menos — disse uma vo

zombeteira, e Cormac s

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sobressaltou quando uma figurandistinta apareceu ao seu lado —

pelo menos aprendi que, parmanter a fé e confiança do povoum sábio deve parecer um toloConheço segredos que explodiriaaté mesmo seu cérebro, Bran, se eos contasse. Mas, para que o povpossa confiar em mim, devo merebaixar às coisas que eleconsideram a magia adequada... dançar e gritar, e chocalhar peles d

cobra, e me salpicar em sanguhumano e vísceras de galinha.

Cormac olhou para o anciã

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com novo interesse. A semi-loucurde sua

aparência havia desaparecidoEle já não era mais o charlatão,xamã que resmungava feitiços. Auz das estrelas dava a ele um

dignidade, que parecia lhaumentar a própria altura, de modque ele se erguia como umpatriarca de barba branca.

- Bran, lá está sua dúvida. —raço magro apontou para o quarto

anel de fogueiras.- Sim. — assentiu lugubrement

o rei — Cormac... você sabe tant

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quanto eu. A batalha de amanhdepende daquele círculo d

fogueiras. Com as bigas dos bretõee seus próprios cavaleiroocidentais, nosso triunfo sericerto, mas... certamente, o própriodemônio está no coração de cadescandinavo! Você sabe como ecacei e apanhei este bando... comoeles juraram lutar por mim contrRoma! E agora que o chefe deleRognar, está morto, juram que s

serão liderados por um rei dprópria raça deles! Do contrárioquebrarão seu juramento

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passarão para o lado dos romanosSem eles, estamos condenados

pois não podemos mudar nossoplano.- Coragem, Bran. — disse Gona

— Toque a jóia em sua coroa dferro. Talvez ela lhe traga ajuda.

Bran riu amargamente:- Agora você fala como o pov

pensa. Não sou nenhum tolo parme enganar com palavras vazias. Oque há nesta gema? Certo que ela

estranha, e me trouxe sorte atagora. Mas agora, eu não preciso dóias, e sim da lealdade de 30

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escandinavos volúveis, que são oúnicos guerreiros entre nós qu

podem resistir ao ataque daegiões a pé.- Mas a jóia, Bran, a jóia!

persistiu Gonar.- Sim, a jóia! — gritou Bran

mpaciente — Era velha quandoAtlântida e Lemúria afundaram nmar. Foi dada a Brule, o Lanceirprimeiro de minha linhagem, peloatlante Kull, rei da Valúsia, nos dia

em que o mundo era jovem. Mas elnos será vantajosa agora?

- Quem sabe? — pergunto

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evasivamente o feiticeiro — Otempo e o espaço não existem. O

agora é tudo. Todas as coisas que jforam, são ou serão, acontecemagora. O homem está sempre ncentro do que chamamos tempo espaço. Fui ao ontem e amanhã,ambos são tão reais quanto o hoje.que é como os sonhos dfantasmas! Mas me deixe dormirfalar com Gonar. Talvez ele noajude.

- O que ele quer dizer? —perguntou Cormac, encolhendevemente os ombros, enquanto o

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sacerdote se afastava em direção àsombras.

- Ele sempre disse queprimeiro Gonar chega até ele eseus sonhos, e conversa com ele. —respondeu Bran — Eu o vi fazecoisas que pareciam além dpercepção humana. Não sei. Soapenas um rei desconhecido, comuma coroa de ferro, tentandoevantar uma raça de selvagens doimo no qual afundaram. Vamo

olhar os acampamentos.Enquanto caminhavam, Corma

se perguntava. Por qual estranh

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capricho do destino havia tahomem se erguido entre esta raç

de selvagens, sobreviventes de umaera obscura e sombria? Certamenteele era um atavismo, um tipooriginal dos dias em que os pictogovernaram toda a Europa, anteque seu império primitivo caíssdiante das lâminas de bronze dogauleses. Cormac sabia como Branse erguendo por esforços próprioda posição negligente de filho de

um chefe do clã do Lobo, haviunido grandemente as tribos durze, e agora reivindicava o reinado

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sobre toda a Caledônia. Mas segoverno era vago, e havia muito a

ser feito, antes que os clãs pictoesquecessem suas rixas oferecessem uma sólida frente d

atalha a inimigos estrangeiros. Natalha do dia seguinte, a primeiratalha acampada entre os picto

sob seu rei e os romanos, pendia ofuturo do nascente reino picto.

Bran e seu aliado caminhavapelo acampamento picto, onde o

guerreiros moreno-escuros jaziamrregularmente ao redor de sua

pequenas fogueiras, dormindo ou

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mastigando comida meio cozidaCormac estava impressionado co

o silêncio deles. Mil homenacampavam ali, mas os únicos soneram entonações ocasionais, baixae guturais. O silêncio da Idade dPedra descansava nas almadaqueles homens.

Eram todos baixos — muitodeles com membros retorcidosAnões gigantes; Bran Mak Morn ealto entre eles. Só os homens mai

velhos tinham barba, e era ralamas seus cabelos lhes caíam pertodos olhos, de modo que fitavam

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ferozmente sob as cabeleiraemaranhadas. Estavam descalços

mal-cobertos em peles de loboSuas armas consistiam em espadacurtas e farpadas, de ferro, pesadoarcos negros; flechas com pontas desílex, ferro e cobre, e marretas comcabeças de pedra. Não tinhqualquer armadura defensivaexceto por um tosco escudo dmadeira coberta de couro; muitotinham pedaços forjados de meta

dentro de suas revoltas cabeleirascomo uma leve proteção contrcortes de espadas. Uns poucos

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filhos de longas linhagens dechefes, tinham membros esbeltos

flexíveis como Bran, mas, nos olhode todos, brilhava a inextinguíveselvageria do primitivo.

Estes homens eram totalmentselvagens, pensou Cormac —piores que os gauleses, bretões germanos. Seriam verdadeiras avelhas lendas... de que elereinaram numa época em questranhas cidades se erguiam ond

hoje rola o mar? E que elesobreviveram à inundação quvarreu e submergiu aquele

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mpérios brilhantes, afundandonovamente naquela selvageria da

qual um dia haviam saído?Perto do acampamento dohomens das tribos, se encontravamas fogueiras de um grupo d

retões — membros de triboferozes que viviam ao sul dMuralha Romana, mas qumoravam nas colinas e florestas aoeste, e desafiavam o poder deRoma. Eram homen

poderosamente constituídos, comresplandecentes olhos azuis desgrenhados cabelos amarelos

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tais como os homens que saglomeravam nas praias Ceanntish

quando César trouxe as Águiapara dentro das Ilhas. Estehomens, assim como os pictos, nãousavam armadura, e estavamescassamente vestidos em panotoscamente trabalhados e sandáliade pele de cervo. Traziam pequenoescudos redondos de madeira durareforçados com bronze, para seremusados no braço esquerdo, e longa

e pesadas espadas de bronze, compontas cegas. Alguns tinham arcosembora os bretões não fossem bon

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arqueiros. Seus arcos eram maicurtos que os dos pictos, e eficaze

só a curta distância. Mas, perto dsuas fogueiras, estavam as armaque haviam feito do nome do

retões uma palavra de terror parpictos, romanos e saqueadorenórdicos. Dentro do círculo de ludas fogueiras, havia 50 carruagende bronze, com longas lâminacruéis, curvadas para os lados. Umúnica lâmina destas era capaz d

desmembrar meia dúzia de homende uma só vez. Amarrados alperto, sob o olhar vigilante dos seu

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guardas, pastavam os cavalos daigas — corcéis grandes e d

membros longos, velozes poderosos.- Quem me dera que tivéssemo

mais deles! — meditou Bran —Com mil bigas e meus arqueiros, epoderia mandar as legiões para omar.

- As tribos britânicas livrefinalmente cairão diante de Roma— disse Cormac — Parecia que ela

correriam para se juntar a você emsua guerra.

Bran fez um gesto impotente:

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- A volubilidade do celta. Elenão conseguem esquecer velha

rixas. Nossos anciãos nos disseraque eles nem sequer se uniramcontra César, quando os romanochegaram pela primeira vez. Nuncutarão juntos contra um inimigo

comum. Estes homens vieram atémim, por causa de alguma disputcom o chefe deles, mas não possoconfiar neles quando não estãorealmente lutando.

Cormac assentiu:- Eu sei. César conquistou

Gália jogando uma tribo contr

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outra. Meu próprio povo se movemuda, de acordo com o subir

descer das marés. Mas, de todos oceltas, os galeses são os mainconstantes, os menos estáveis. H

não muitos séculos, meus próprioancestrais gaélicos arrebataramErin dos galeses aqueus, porqueembora eles nos superassem emnúmero, nos enfrentaram maicomo tribos separadas do que comonação.

- E é assim que estes galeseretões enfrentam Roma. — diss

Bran — Eles nos ajudarão amanh

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Depois, não posso dizer. Mas, composso esperar lealdade de tribo

estranhas, quando não tenhocerteza de meu próprio povoMilhares se escondem nas colinasndependentes. Sou rei apenas n

nome. Deixe-me vencer amanhã,eles se reunirão ao meu estandartese eu perder, irão se dispersar comopássaros diante de um vento frio.

Um coro de ásperas boas-vindarecebeu os dois líderes, quando

entraram no acampamento dogaélicos de Cormac. Eram 500 enúmero: homens altos, d

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membros longos, quase todos dcabelos negros e olhos cinzas, com

o porte de homens que só vivempara guerra. Embora não houvessnada semelhante a uma disciplinrigorosa entre eles, havia um ar dmaior sistema e ordem prática doque existia nas linhas de batalhdos pictos e bretões. Estes homeneram da última raça celta qunvadiu a ilha, e sua civilizaçãoárbara era de uma ordem muito

mais elevada que a de seuparentes galeses. Os ancestrais dogaélicos haviam aprendido as arte

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da guerra nas vastas planícies daCítia e nas cortes dos faraós, ond

haviam lutado como mercenáriodo Egito, e muito do que haviaaprendido, eles trouxeram consigopara a Irlanda. Eles se sobressaíano trabalho com metais, e estavamarmados, não com toscas espadade bronze, mas com armas de metada mais alta categoria.

Estavam vestidos com kilts betecidos e sandálias de couro. Cad

um usava uma leve camisa de cotade-malha e um elmo sem visor, maesta era toda a sua armadur

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defensiva. Celtas — gaélicos oretões — eram propensos

ulgarem a bravura de um homempela quantidade de armadura quele usava. Os bretões quenfrentaram César achavam oromanos covardes, porque estes serecobriam em metal; e, muitoséculos depois, os clãs irlandesepensaram o mesmo dos cavaleironormandos de Strongbow, cobertoem cota-de-malha.

Os guerreiros de Cormac eracavaleiros. Não conheciam neapreciavam o uso do arco. Usavam

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o inevitável escudo redondo reforçado com metal, punhais

ongas espadas retas e levemachados de cabo curto. Seucavalos amarrados pastavam apouca distância... animais de ossograndes, não tão pesados quanto ocriados pelos bretões, porém maivelozes.

Os olhos de Bran se iluminaraenquanto os dois percorriam oacampamento.

- Estes homens são pássaros dguerra, com bicos afiados! Vejcomo afiam seus machados e

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zombam do amanhã! Comgostaria que os incursores do

outros acampamentos fossem tãofirmes quanto seus homensCormac! Eu receberia as legiõecom uma gargalhada, quando elaviessem do sul, amanhã.

Eles estavam entrando ncírculo das fogueiras doescandinavos. Trezentos homenestavam sentados ao redor delasogando, afiando as armas e

ebendo intensamente a cervejafeita com planta dos pântanos fornecida a eles por seus aliado

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pictos. Olharam para BranCormac com pouca amizade. Er

mpressionante notar a diferençentre eles e os pictos e celtas — diferença em seus olhos frios, seufortes rostos taciturnos e em seupróprios modos. Ali haviferocidade e selvageria, mas não afúria louca e explosiva do celta. Alhavia ferocidade respaldada pouma determinação sombria e umteimosia imperturbável. O ataqu

dos clãs bretões era terrível esmagador. Mas não tinhpaciência; se fossem frustrados d

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uma vitória imediata, eram capazede perder o ânimo e s

dispersarem, ou caírem em disputentre eles próprios. Haviapaciência do frio Norte azul nestemarinheiros... uma paciênciduradoura, que os manterinabaláveis até o amargo fim, vez

que estavam voltados para ummeta definida.

Quanto à estatura pessoal, eragigantes; maciços, mas com

membros longos. Sobre nãcompartilharem as idéias dos celtasobre armaduras, isso er

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demonstrado pelo fato de vestirempesadas camisas de cota-de-malh

com escamas, as quais lhealcançavam a metade das coxaspesados elmos com chifres perneiras de couro endurecidoreforçadas, assim como seucalçados, com lâminas de ferroSeus escudos eram enormesovais, feitos de madeira endurecidacouro e latão. Como armas, tinhaongas lanças com pontas de ferro

pesados machados de ferro adagas. Alguns tinham longaespadas, de lâmina larga.

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Cormac se sentia poucovontade com os frios olho

magnéticos destes homens dcabelos cor-de-palha, fixos neleEram inimigos hereditáriosembora tivessem sorte de estaremutando do mesmo lado

atualmente. Mas... estavam dmesmo lado?

Um homem se adiantou; uguerreiro alto e magro, em cujocicatrizado rosto lupino a lu

trêmula da fogueira refletiasombras profundas. Com semanto de pele de lobo, lançado sem

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cuidados sobre seus ombros largose os grandes chifres em seu

capacete lhe aumentando estatura, ele estava lá, nas sombraoscilantes, como uma coisa semihumana, uma figura meditativa do

arbarismo sombrio que estavprestes a engolfar o mundo.

- Bem, Wulere — disse o repicto —, você bebeu o hidromel doconselho e falou ao redor dafogueiras... qual a sua decisão?

Os olhos do escandinavampejaram na escuridão:

- Dê-nos um rei de noss

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própria raça para seguirmos, squiser que lutemos por você.

Bran abriu violentamente oraços:- Peça-me para arrancar a

estrelas do alto, a fim de enfeitaseus capacetes! Seus camaradas nãovão nos seguir?

- Não contra as legiões. —respondeu Wulere, de mahumor — Um rei nos guiou ntrilha viking... um rei deve no

guiar contra os romanos. E Rognaestá morto.

- Eu sou um rei. — disse Bran

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Lutarão por mim, se eu ficar nponta de sua cunha de combate?

- Um rei de nossa raça. — dissWulere teimosamente — Somotodos homens selecionados doNorte. Não lutamos por ninguémexceto por um rei, e um rei devnos liderar... contra as legiões.

Cormac sentiu uma sutil ameaçnesta frase repetida.

- Aqui está um príncipe de Erin— disse Bran — Lutará pel

homem do ocidente?- Não lutamos sob nenhu

celta, do oeste ou do leste. —

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grunhiu o viking, e um baixo roncode aprovação se ergueu do

espectadores — J á basta lutarmoao lado deles.O quente sangue gaélico s

ergueu ao cérebro de Cormac, e elafastou Bran para trás, com a mãna espada:

- O que quer dizer com issopirata?

Antes que Wulere pudessresponder, Bran se interpôs:

- Já basta! Estúpidos, perderãoatalha antes de lutarem-na, po

causa de sua loucura? E quanto a

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seu juramento, Wulfhere?- Juramos sob Rognar; quand

ele foi morto por uma flecharomana, ficamos isentos deleSeguiremos somente a um rei.contra as legiões.

- Mas seus companheiros lhseguirão... contra o povo da urze! —disse Bran com impertinência.

- Sim. — os olhos descandinavo encontraramcinicamente os dele — Mande-no

um rei, ou amanhã nos juntaremoaos romanos.

Bran rosnou. Em sua fúria, el

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dominava a cena, apequenando ohomens enormes que se erguiam

acima dele.- Traidores! Mentirosos! Tenhsuas vidas em minha mão! Simpuxem suas espadas, se quiserem.Cormac, deixe sua lâmina n

ainha. Estes lobos não vão mordeum rei! Wulere... eu poupei suavidas, quando poderia tê-laarrancado.

''Você vieram assolar os paíse

do Sul, descendo do masetentrional em suas galésDevastaram as costas, e a fumaç

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das aldeias queimadas ficoususpensa como uma nuvem sobr

as praias da Caledônia. Armei umcilada para todos vocês, enquantoestavam pilhando e queimando.com o sangue de meu povo em suamãos. Queimei seus longos navioe os embosquei quando mperseguiram. Com três vezes senúmero de arqueiros, ansiosos posuas vidas e escondidos nas colinade urze ao redor de vocês, eu lhe

poupei quando poderia tê-loflechado como lobos encurraladosPor eu tê-los poupado, você

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uraram lutar por mim".- E morreremos porque os picto

utam contra Roma? — resmungoum incursor barbudo.- Suas vidas me pertencem

vocês vieram devastar o Sul. Nãhes prometi mandá-los de volt

aos seus lares no Norte, intactoscarregados de saque. Seuramento foi o de lutar umatalha contra Roma sob me

estandarte. Então, ajudarei seu

sobreviventes a construírem naviose vocês poderão ir para ondquiserem, com uma boa parte d

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pilhagem que tomarmos daegiões. Rognar manteve se

uramento. Mas Rognar morrenuma escaramuça com batedoreromanos, e agora, você, Wulere, Criador de Discórdias, incita seucompanheiros a se desonrarem comaquilo que um escandinavo odeia: quebra do próprio juramento.

- Não quebramos juramentalgum. — rosnou o viking, e o resentiu a teimosia básica do

germano, mais difícil de combatedo que a volubilidade dos belicosoceltas — Dê-nos um rei que nã

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seja picto, gaélico nem bretão, morreremos por você. Se não.

amanhã lutaremos pelo maior dtodos os reis: o imperador dRoma!

Por um momento, Cormapensou que o rei picto, em sua fúrinegra, fosse puxar a espada e matao escandinavo. A fúria concentradaque ardia nos olhos escuros dBran, fez Wulere recuar e deitarmão sobre o cinto.

- Idiota! — disse Mak Mornnuma voz baixa que vibrava de ir— Eu poderia varrê-los da terra

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antes que os romanos fiquempróximos o bastante para lhes ouvi

os uivos de morte. Escolham: lutepor mim amanhã... ou morram estnoite, sob uma nuvem negra dflechas, uma tempestade vermelhde espadas e uma onda escura dcarruagens!

Diante da menção dacarruagens, a única arma de guerrque havia quebrado a parede descudos nórdicos, a expressão d

Wulere mudou, mas ele manteva posição.

- Será guerra. — ele diss

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teimosamente — Ou um rei parnos guiar!

Os escandinavos responderacom um breve e profundo rugido, um chocar de espadas e escudosBran, com os olhos faiscantesestava prestes a falar novamentequando uma forma branca deslizousilenciosamente para dentro doanel de fogueiras.

- Acalmem suas palavrasacalmem suas palavras. — diss

tranqüilamente o velho Gonar —Rei, não diga mais nada. Wulfhere seus companheiros lutarão por nós

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se tiverem um rei para guiá-los?- Nós já o juramos.

- Então, tenham calma — dissemago —, pois, antes que a batalhaconteça ao amanhecer, lheenviarei um rei como nenhumhomem na terra seguiu por cem mianos! Um rei que não é pictogaélico nem bretão, mas um pardiante do qual o imperador dRoma não passa de um chefe daldeia!

Enquanto eles permaneciandecisos, Gonar tomou os braço

de Cormac e Bran:

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- Venham. E vocêsescandinavos, lembrem-se de su

palavra e da minha promessa, qual nunca quebrei. Agordurmam, e não pensem emescapulirem na escuridão para oacampamento romano, pois sescaparem de nossas flechas, nãoescapariam da minha maldição oudas suspeitas dos legionários.

Assim, os três se afastaram, Cormac, olhando para trás, vi

Wulere de pé diante da fogueirapassando os dedos pela barbdourada, com um olhar de ir

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perplexa no delgado rosto malignoOs três andavam

silenciosamente através da urzondulante, sob as estreladistantes, enquanto o estranhovento noturno lhes sussurravsegredos fantasmagóricos ao redor

- Eras atrás — disse subitamento mago —, nos dias em que omundo era jovem, grandes terras serguiam onde agora ruge o oceanoNaquelas terras, se aglomerava

nações e reinos poderosos. O maiode todos estes era a Valúsia... Terrde Encantamento. Roma é um

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aldeia, comparada ao esplendor dacidades da Valúsia. E o maior rei fo

Kull, que veio da terra da Atlântidpara arrancar a coroa da Valúsia duma dinastia degenerada. Opictos, que viviam nas ilhas quagora formam os picomontanhosos de uma terrestranha no Oceano Ocidentaeram aliados da Valúsia, e o maiode todos os chefes guerreiros pictoera Brule, o Lanceiro, primeiro d

inhagem à qual os homenchamam de Mak Morn.

"Kull deu a Brule a jóia que voc

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usa agora em sua coroa de ferro, órei, após uma estranha batalh

numa terra obscura, e ao longo daeras, ela chegou até nós; semprum símbolo dos Mak Morn, usímbolo de antiga grandezaQuando o mar finalmente sergueu e engoliu a Valúsia, Atlântida e a Lemúria, só os pictosobreviveram, e eram poucos dispersos. Mas começaranovamente a lenta ascensão e

embora muitas das artes dcivilização estivessem perdidas ngrande inundação, ele

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progrediram. A arte da metalurgiestava perdida, e assim eles se

sobressaíram trabalhando a pedraE governaram todas as novas terraerguidas pelo mar e agorchamadas de Europa, até, qudescendo do norte, vieram tribomais jovens que mal se distinguiamdo macaco quando a Valúsireinava em sua glória, e quemorando em terras glaciais aoredor do Pólo, nada sabiam d

esplendor dos Sete Impériospouco sabiam da inundação quhavia varrido meio mundo.

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"E continuaram chegando.arianos, celtas, germanos, s

movendo em multidões desde ogrande berço de sua raça, que ficapróximo ao Pólo. Assim, mais umvez, o crescimento da nação pictfoi detido, e a raça lançada selvageria. Apagados da terra, nóutamos na orla do mundo, com a

costas na parede. Aqui, nCaledônia, está o último assento duma raça outrora poderosa. E

mudamos. Nosso povo se misturocom os selvagens de uma era maiantiga, aos quais mandamos para o

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Norte quando adentramos as Ilhae agora, exceto por seus chefes

como tu, Bran, um picto é estranhe repugnante de se olhar".- Certo, certo — diss

mpacientemente o rei —; mas, oque isso tem a ver com...?

- Kull, rei da Valúsia — dissmperturbavelmente o feiticeiro —

era um bárbaro em sua era, comotu és na tua, embora ele tenhgovernado um poderoso império

pelo peso de sua espada. Gonaramigo de Brule, seu primeirantepassado, está morto há cem mi

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anos, como contamos o tempo. Mafalei com ele há apenas uma hor

atrás.- Você falou com o fantasmdele...

- Ou ele com o meu? Voltei cemil anos, ou ele avançou? Se elveio a mim desde o passado, nãosou eu que falei com um homemmorto, mas ele que falou com umhomem não-nascido. O passado,presente e o futuro são um só par

o sábio. Falei com Gonar enquantele estava vivo; do mesmo modo, euestava vivo. Numa terra sem temp

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nem espaço, nos encontramos e elme disse muitas coisas.

A terra estava se iluminandcom o nascer da aurora. A urzondulava e se inclinava em longafileiras diante do vento doamanhecer, como que se curvandoem adoração ao sol nascente.

- A jóia em sua coroa é um imque atrai os eons. — disse Gonar —O sol está se erguendo... e quevem do nascer do sol?

Cormac e o rei ssobressaltaram. O sol acabava derguer uma esfera vermelha sobr

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as colinas do leste. E, bem nrilho, vigorosamente destacado

contra o aro dourado, um homemapareceu subitamente. Eles nãoviram chegar. Contra o nascimentdourado do dia, ele avultavacolossal; um deus gigantesco daurora da criação. Enquanto elandava a passos largos em direção eles, as hostes que acordavam oviram e lançaram um súbito gritode espanto.

- Quem... ou o que é? —exclamou Bran.

- Vamos ao encontro dele, Bran

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— respondeu o mago — É o rei quGonar enviou para salvar o povo d

Brule.

2) "Alcancei estas terras agora

Desde uma remota e obscurThule;

De um meio selvagem e misteriosoque jaz sublime

 À parte do Espaço... à parte dTempo".

(Edgar Allan Poe)

O exército caiu em silêncio

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enquanto Bran, Cormac e Gonaam em direção ao estranho que s

aproximava a desembaraçadopassos largos. Ao chegarem pertdele, a ilusão de tamanhomonstruoso desapareceu, maviram que ele era um homem dgrande estatura. A princípioCormac pensou que fosse uescandinavo, mas uma segundolhada lhe mostrou que nuncantes tinha visto tal homem, em

nenhum lugar. Sua constituição ermuito parecida com a dos vikingsao mesmo tempo volumosa

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esbelta... como a de um tigre. Masuas feições não eram como a

deles, e sua cabeleira leonina, dcorte reto, era tão negra quanto a dBran. Sob espessas sobrancelha

rilhavam olhos tão cinzas quantoo aço e tão frios quanto o gelo. Serosto bronzeado, forte mpenetrável, estav

completamente barbeado, e a testarga indicava uma grandenteligência, do mesmo modo que

mandíbula firme e os lábios finomostravam força de vontade ecoragem. Porém, mais do que tudo

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seu porte e a inconscientmponência leonina o marcavam

como um rei natural, umgovernante de homens.Sandálias de feitio curioso lh

calçavam os pés, e ele vestia umflexível colete de malhaestranhamente trabalhada, o quahe chegava quase aos joelhos. U

cinto largo, com uma grande fiveladourada, lhe circundava a cinturasegurando uma espada longa e fina

numa pesada bainha de couro. Secabelo estava preso por uma largfaixa compacta, de ouro, ao redo

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da cabeça.Assim era o homem que paro

diante do grupo silencioso. Elparecia levemente perplexo divertido. O reconhecimentfaiscou em seus olhos. Ele falonum Picto estranho e arcaico, aqual Cormac mal entendeu. Sua voera profunda e ressonante.

- Olá, Brule, Gonar não me dissque eu sonharia com você!

Pela primeira vez em sua vida

Cormac viu o rei pictcompletamente desestabilizado. Elabriu a boca, mudo. O estranh

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continuou:- E usando a gema que lhe de

num diadema em sua cabeça! Nnoite passada, você a usava numanel em seu dedo.

- Noite passada? — ofegou Bran- Noite passada, ou há cem m

anos... tudo é um! — murmurouGonar, em evidente deleite diantda situação.

- Eu não sou Brule. — disse Bra— Você é louco em falar assim d

um homem morto há cem mianos? Ele foi o primeiro de minhinhagem.

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O forasteiro rinesperadamente:

- Bem, agora eu sei que estosonhando! Será uma história parcontar a Brule, quando eu acordade manhã! Que eu fui ao futuro,vi homens afirmando descenderemdo Lanceiro que ainda nem scasou. Não, você não é Brule, agoreu vejo, embora você tenha os olhoe o porte dele. Mas ele é mais altotem ombros mais largos. Contudo

você tem a jóia dele... ah, bom.qualquer coisa pode acontecer numsonho, de modo que não vou

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discutir com você. Por umomento, pensei ter sido

transportado para alguma terrdurante o sono, e que estivesse nrealidade despertado num paíestranho, pois este é o sonho maiclaro que já tive. Quem é você?

- Sou Bran Mak Morn, rei dopictos caledônios. E este anciãoGonar, um feiticeiro da linhagede Gonar. E este guerreiroCormac de Connacht, um príncip

da ilha de Erin.O estranho sacudiu lentament

a cabeça leonina:

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- Estas palavras me soaestranhas, exceto Gonar... e este nã

é Gonar, embora também sejvelho. Que terra é esta?- Caledônia; ou Alba, como o

gaélicos a chamam.- E quem são aqueles guerreiro

acocorados e simiescos, que noolham de longe, boquiabertos?

- São os pictos aos quaigoverno.

- Como as pessoas fica

estranhamente distorcidas emsonhos! — murmurou o forasteiro— E quem são aqueles homens d

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cabelos desgrenhados ao redor daigas?

- São bretões... galeses do sul dMuralha.- Que Muralha?- A Muralha, construída po

Roma, para manter o povo da urzfora da Bretanha.

- Bretanha? — o tom era dcuriosidade — Nunca ouvi falanessa terra... e o que é Roma?

- O quê?! — exclamou Bran

Você nunca ouviu falar em Roma,mpério que governa o mundo?

- Nenhum império governa

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mundo. — respondeu altivamente ooutro — O reino mais poderoso d

Terra é aquele no qual eu reino.- E quem é você?- Kull da Atlântida, rei d

Valúsia!Cormac sentiu um calafrio lh

percorrer a espinha. Os frios olhocinzas estavam firmes... mas aquiloera incrível... monstruoso... antinatural.

- Valúsia! — exclamou Bran —

Ora, homem, as ondas do marolaram sobre os pináculos dValúsia há incontáveis séculos.

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Kull riu imediatamente:- Que louco pesadelo! Quand

Gonar me pôs o feitiço do sonprofundo na noite passada... ounesta noite... na sala secreta dopalácio interno, ele me disse eusonharia com coisas estranhas, masto é mais fantástico do que eumaginava. E a coisa mais estranh

é que eu sei que estou sonhando!Gonar se interpôs, antes qu

Bran falasse:

- Não discuta os atos dodeuses. — murmurou o feiticeiro —Você é rei porque, no passado, voc

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viu e aproveitou as oportunidadesOs deuses do primeiro Gonar lh

enviaram este homem. Deixe-mtratar com ele.Bran assentiu, e enquanto

exército silencioso se embasbacavem mudo espanto, Gonar lhe faloao ouvido:

- Ó grande rei, você sonha, maacaso a vida toda não é um sonhoComo pode saber se sua vidanterior não apenas um sonho, do

qual acaba de acordar? Agora nós, opovo dos sonhos, temos nossaguerras e nossa paz, e agora mesmo

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uma grande hoste se aproxima dosul, para destruir o povo de Brule

Você vai nos ajudar?Kull sorriu largamente, copuro entusiasmo:

- Sim! Já lutei batalhas esonhos antes, já matei e fui mortoe me assombrei ao acordar dminhas visões. E, às vezes, comagora, sabia que estava sonhandoVeja, eu me belisco e sinto, mas seque estou sonhando, pois já senti

dor de ferimentos violentos, emsonhos. Sim, povo de meu sonhoutarei por vocês contra outro povo

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do sonho. Onde estão eles?- E, para que desfrute mais d

sonho — disse subitamente o mago—, esqueça que é um sonho e façde conta que, pela magia doprimeiro Gonar e a qualidade dóia que você deu a Brule, a qua

agora brilha na coroa do Mornvocê tenha sido realmenttransportado para diante a umoutra era, mais selvagem, onde opovo de Brule luta por sua vid

contra um inimigo mais forte.Por um momento, o homem qu

chamava a si mesmo de rei d

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Valúsia pareceu sobressaltado; umestranha expressão de dúvida

quase de medo, lhe nublou oolhos. Logo ele riu.- Bom! Conduza-me feiticeiro.Mas agora Bran interveio. E

havia se recuperado e estavatranqüilo. Se ele pensava, comCormac, que aquilo era uma grandfarsa arranjada por Gonar, não desinais.

- Rei Kull, está vendo aquele

homens lá longe, que se apóiam emseus machados de cabos longosenquanto lhe contemplam?

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- Os homens altos, de cabelosarbas douradas?

- Sim... nosso sucesso na batalhque se aproxima depende delesEles juram que passarão para o ladodo inimigo, se não dermos a eleum rei para guiá-los... o deles estmorto. Você os guiará para

atalha?Os olhos de Kull arderam co

estima:- São homens semelhantes ao

meus próprios MatadoreVermelhos, meu melhor regimentoVou liderá-los.

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- Então venha.O pequeno grupo desceu

nclinação, através de multidões dguerreiros que avançavam ansiosaspara terem uma melhor visão doforasteiro, e logo recuavam quandoele se aproximava. Umsubcorrente de sussurros tensocorria pela horda.

Os escandinavos estavam parte, num grupo compacto. Seuolhos frios se cravaram em Kull,

ele lhes devolveu os olharesobservando cada detalhe daparência deles.

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- Wulere — disse Bran —, nóhe trouxemos um rei. Faço voc

embrar-se de seu juramento.- Deixe que ele fale conosco. —disse asperamente o viking.

- Ele não pode falar sua língua— respondeu Bran, sabendo que oescandinavos nada sabiam daendas de sua raça — Ele é u

grande rei do Sul...- Ele vem do passado. —

nterrompeu calmamente o

feiticeiro — Ele foi o maior de todoos reis, há muito tempo.

- Um morto!

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Os vikings se moveranquietos, e o resto da hord

avançou, bebendo cada palavraMas Wulfhere franziu a testa:- Um fantasma liderará homen

vivos? Você nos traz um homeque você diz estar morto. Nãseguiremos um cadáver.

- Wulere — disse Bran efúria calma —, você é um mentirosoe um traidor. Você nos deu esttarefa, imaginando-a impossível

Você está ansioso para lutar sob aÁguias de Roma. Nós lhtrouxemos um rei que não é picto

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nem gaélico nem bretão, e vocnega seu juramento!

- Então, deixe-o lutar comigo! —uivou Wulere, em fúrincontrolável, girando o machado

ao redor da cabeça num arcocintilante — Se seu morto mvencer... então minha gente lhseguirá. Se eu o vencer, você nodeixará partir em paz para oacampamento das legiões!

- Bom! — disse o mago — Estã

de acordo, lobos do Norte?Um brado feroz e um brandir d

espadas foram a resposta. Bran s

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voltou para Kull, que havipermanecido em silêncio, sem

entender nada do que foi dito. Maos olhos do atlante lampejavamCormac sentiu que aqueles olhofrios haviam visto muitas cenacomo aquela, para não entenderemalgo do que havia passado.

- Este guerreiro diz que vocdeve lutar com ele pela liderança— disse Bran, Kull, com os olho

rilhando pela crescente alegria do

combate, assentiu:- Eu já imaginava. Dê-no

espaço!

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- Um escudo e um elmo! —gritou Bran, mas Kull sacudiu

cabeça:- Não preciso de nenhum. — elgrunhiu — Para trás, e nos despaço para girarmos nossos aços!

Os homens recuaram de amboos lados, formando um sólido aneao redor dos dois homens, quagora se aproximavamcautelosamente um do outro. Kuhavia desembainhado sua espada,

a grande lâmina tremeluzia em sumão como um ser vivo. Wulerecicatrizado por cem lutas selvagens

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ançou para o lado seu manto dpele de lobo e se aproximou

cautelosamente, os olhos ferozedespontando sobre o topo de seuescudo estendido e o machadomeio erguido na mão direita.

Súbito, quando os guerreiroainda estavam a alguns metros dedistância, Kull saltou. Seu ataquarrancou um ofego de homenacostumados a atos de bravurapois, como um tigre saltando, el

cruzou o ar e sua espada se chocouno escudo rapidamente erguidoFaíscas voaram, e o machado d

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Wulere golpeou, mas Kull estavsob seu giro e, enquanto el

assobiava malignamente sobre sucabeça, ele estocou para cima e safastou novamente de um pulocomo um gato. Seus movimentoforam rápidos demais para seremacompanhados com os olhos. A

orda superior do escudo dWulere apresentava um cortprofundo, e havia um longo rasgoem sua cota-de-malha, onde

espada de Kull por pouco não havicortado a carne sob ela.

Cormac, tremendo com

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terrível vibração da luta, sperguntou sobre aquela espada

que conseguia cortar cota-de-malhdaquele jeito. E o golpe que cortoo escudo deveria ter despedaçado âmina. Mas o aço valusiano nã

apresentava um só talho! Cocerteza, esta lâmina foi forjada pooutro povo, em outra era!

Agora, os dois gigantesaltavam novamente ao ataque ecomo dois raios, suas armas s

entrechocaram. O escudo dWulere caiu em dois pedaços dseu braço, quando a espada do

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atlante o partiu, e Kull cambaleoquando o machado do escandinavo

dirigido com toda a força de seugrande corpo, desceu sobre odiadema dourado em sua cabeçaAquele golpe deveria teatravessado o ouro como manteigapara partir o crânio sob ele, mas omachado ricocheteou, mostrandoum grande corte no gume. Nnstante seguinte, o escandinavo fo

submerso por um turbilhão d

aço... uma tempestade de golpesdada com tamanha rapidez e forçaque ele foi levado para trás, como

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se na crista de uma onda, incapade lançar seu próprio ataque. Co

toda sua habilidade experimentadaele tentou aparar, com seumachado, o aço que cantava. Maele só conseguiu evitar seu destinopor poucos segundos; só conseguiupor um momento, desviar a lâminassobiante que lhe cortava a cotade-malha em pedacinhos, de tãoperto que caíam os golpes. Um dochifres lhe voou do elmo; logo,

própria cabeça do machado caiu, o mesmo golpe que cortou o cabomordeu, através do elmo do viking

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o couro cabeludo sob ele. Wulerfoi derrubado de joelhos, com um

fio de sangue lhe brotando dorosto.Kull deteve seu segundo golp

e, lançando a espada para Cormacenfrentou sem armas o atordoadoescandinavo. Os olhos de atlantresplandeciam com alegria feroz, ele rugiu algo numa línguestranha. Wulere se levantou saltou, rosnando feito um lobo, um

punhal lhe faiscando na mão. Ahorda de espectadores soltou umuivo que rasgou os céus, quando o

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dois corpos se chocaram. A mão dKull não conseguiu agarrar o puls

do escandinavo, mas o punhadesesperadamente arremetido spartiu na malha do atlante edeixando o cabo inútil cairWulere fechou os braços ao redodo inimigo, num abraço de ursoque quebraria as costelas de umhomem menor. Kull sorriu comum tigre e devolveu a abraço, e, poum momento, os dois oscilaram

sobre os pés. Lentamente,guerreiro de cabelos negros curvouo adversário para trás, até parece

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que a coluna deste ia se quebrarCom um uivo que nada tinha d

humano, Wulere arranhofuriosamente o rosto de Kultentando lhe arrancar os olhos, ogo virou a cabeça e cravou o

dentes como presas no braço doatlante. Um uivo se ergueu, quand

rotou um fio de sangue:- Ele sangra! Ele sangra! Ele nã

é fantasma, afinal de contas, maum homem mortal!

Enraivecido, Kull mudouaperto, empurrando o espumantWulere para longe e golpeando-

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terrivelmente sob a orelha com mão direita. O viking caiu de costa

a mais de três metros de distânciaDepois, uivando feito um louco, else ergueu de um salto, com umpedra na mão, e a arremessou. Sóncrível rapidez de Kull lhe salvou

rosto; mesmo assim, o fio áspero doprojétil lhe rasgou a bochecha e onflamou de loucura. Com u

rugido leonino, ele pulou sobre seunimigo, o envolveu com um

explosão irresistível de pura fúria, ogirou bem acima da cabeça como sfosse uma criança e o lançou a trê

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metros de distância. Wulere caipesadamente e ficou imóvel.

quebrado e morto.Um silêncio deslumbradreinou por um instante; logo, sergueu dos gaélicos um rugidotrovejante, e os bretões e pictos suniram a ele, uivando como lobosaté os ecos dos gritos e o estrondodas espadas sobre os escudoalcançarem os ouvidos doegionários em marcha, milhas ao

sul.- Homem do Norte cinza

gritou Bran —, manterão agora se

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uramento?As almas ferozes do

escandinavos estavam em seuolhos, quando seu porta-vorespondeu. Primitivossupersticiosos, mergulhados ntradição tribal de deuses guerreiroe heróis míticos, eles nãoduvidavam que o combatente decabelos negros fosse algum sesobrenatural, enviado pelos ferozedeuses da batalha.

- Sim! Nunca vimos um homecomo este! Morto, fantasma odemônio, nós o seguiremos, seja n

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trilha para Roma ou para Valhalla!Kull entendeu o significado

apesar de não entender as palavrasPegando suaespada de Cormac, com um

palavra de agradecimento, ele svoltou para os escandinavos quesperavam e, silenciosamentesegurou a lâmina acima da cabeçaem direção a eles, com ambas amãos, antes de devolvê-la à bainhaApreciaram a ação sem entendê-la

Manchado de sanguedespenteado, ele era ummpressionante figura de

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arbarismo majestoso e magnífico.- Venha — disse Bran, tocando

raço do atlante —; um exércitoestá marchando até nós, e temomuito a fazer. Há pouco tempo pararrumarmos nossas forças, anteque eles estejam sobre nós. Venhpara o alto daquela elevação.

Lá, o picto apontou. Eleolhavam em direção a um vale quecorria de norte a sul, se alargandodesde uma garganta estreita ao

norte até desembocar sobre umplanície ao sul. Todo o vale tinhmenos de 1600 metros d

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comprimento.- Nossos inimigos subirão est

vale — disse o picto —, porque eletêm carroças carregadas dsuprimentos e, em todos os ladodeste vale, o chão é muito ásperopara tal viagem. Aqui, nóplanejamos uma emboscada.

- Eu pensei que você tivesse seuhomens postados à espera há muitotempo. — disse Kull — E quantaos batedores que o inimigo

certamente enviará?- Os selvagens que lidero jamai

aguardariam tanto tempo num

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emboscada. — disse Bran, com utoque de amargura — Eu nã

poderia postá-los até estar certo doescandinavos. Mesmo assim, eu nãousaria postá-los antes de agora.eles podem ficar em pânico pocausa da passagem de uma nuvemou de uma folha soprada pelovento, e se dispersarem comopássaros diante de um vento frioRei Kull... o destino da nação pictestá em jogo. Sou chamado de re

dos pictos, mas meu governo atagora não passa de uma zombarioca. As colinas estão cheias de clã

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selvagens, que se recusam a lutapor mim. Dos mil arqueiros qu

estão agora sob meu comandomais da metade são de meu próprioclã.

"Uns 80 mil romanos estãmarchando contra nós. Não é umnvasão autêntica, mas muita cois

depende dela. É o começo de umtentativa de estenderem suafronteiras. Eles planejaraconstruir uma fortaleza a um dia d

marcha ao norte deste vale. Se fizerem, construirão outros fortestraçando faixas de aço ao redor do

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coração do povo livre. Se eu venceesta batalha e varrer este exército

terei uma vitória dupla. Então, atribos se unirão a mim, e a próximnvasão encontrará um muro sólido

de resistência. Se eu perder, os clãse dispersarão, fugindo para onorte até não poderem maisutando mais como clãs separado

do que como uma nação forte."Tenho 1000 arqueiros, 50

cavaleiros, 50 bigas com seu

condutores eguerreiros... 150 homens, ao

todo... e, graças a você, 300 pirata

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escandinavos fortemente armadosComo você arrumaria suas linha

de batalha?".- Bem — disse Kull —, ecolocaria barricadas no extremonorte do vale... não! Isso sugeririuma armadilha. Mas eu

loquearia com um bando dhomens desesperados, como esteque você me deu para guiarTrezentos poderiam mantergarganta por um tempo contr

qualquer número. Então, quandonimigo estivesse lutando contr

estes homens na parte estreita do

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vale, eu faria meus arqueirodispararem sobre eles, de ambos o

ados do vale, até suas fileiras sequebrarem. Depois, mantendmeus cavaleiros ocultos atrás deuma aresta e minhas carruagenatrás de outra, atacaria com ambosimultaneamente e varreria onimigo numa destruição vermelha

Os olhos de Bran brilharam:- Exatamente, rei da Valúsia

Este era meu plano exato...

- Mas, e quanto aos batedores?- Meus guerreiros são com

panteras; se escondem debaixo do

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narizes dos romanos. Aqueles qucavalgarem dentro do vale só verão

o que quisermos que eles vejamAqueles que cavalgarem sobre aresta não retornarão parnformar. Uma flecha é veloz

silenciosa."Como vê, o pivô de tudo

depende dos homens qudefendem o desfiladeiro. Deveser homens capazes de lutar a pé, de resistirem ao ataque do

pesados legionários, o temposuficiente para a armadilha sefechar. Além desses escandinavos

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não tenho tal força de homensMeus guerreiros nus, com sua

espadas curtas, nunca conseguiramagüentar tal ataque por umnstante. Nem as armaduras do

celtas são feitas para tal trabalhoalém disso, eles não lutam a pé, preciso deles em outro lugar.

"Desse modo, você vê por qupreciso tão desesperadamente doescandinavos. Agora, você estarcom eles no desfiladeiro e deterá o

romanos, até que eu possa lançar armadilha? Lembre-se, muitos dvocês morrerão".

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Kull sorriu:- Tenho corrido riscos a vid

nteira, embora Tu, o conselheirochefe, dissesse que minha vidpertence à Valúsia e que eu nãotenho o direito de arriscá-la... —Sua voz se quebrou, e uma estranhexpressão lhe percorreu o rosto —Por Valka — ele disse, rindo incert—, às vezes esqueço que isto é umsonho! Tudo parece tão real. Maé... claro que é! Bom, então se e

morrer, simplesmente acordarecomo

 já fiz no passado. Avante, rei da

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Caledônia!Cormac, indo até seu

guerreiros, se interrogavaCertamente, era tudo uma farsamas... ele ouvia as discussões doguerreiros ao redor, enquanto elese armavam e se preparavam paratomarem seus postos. O rei dcabelos negros era o próprio Neido deus celta da guerra; era um reantediluviano, trazido do passadopor Gonar; era um guerreiro mític

saído do Valhalla. Não era uhomem, afinal, mas um fantasmaNão, ele era mortal, pois havi

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sangrado. Mas os próprios deusesangravam, embora não

morressem. Assim, as controvérsiase inflamavam. Pelo menos, pensouCormac, se era tudo uma farsa parnspirar os guerreiros com

sensação de ajuda sobrenatural, eldeu certo. A crença de que Kull ermais que um homem mortal havinflamado igualmente ao celta

picto e viking, numa espécie doucura inspirada. E Cormac s

perguntava... no que ele acreditavaEste homem era certamente dalguma terra distante... Mas, e

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cada aspecto e ação dele, havia umvaga sugestão de uma diferença

maior do que mera distância despaço — uma sugestão de Tempdistinto, de abismos nebulosos gigantescos golfos de eons, jazendoentre o forasteiro de cabelos negroe os homens com quem andava econversava. Nuvens dperplexidade confundiram océrebro de Cormac, e ele gargalhoem extravagante mofa de si mesmo

3) "E os dois povos selvagens do

norte Se enfrentaram ao anoitecer,

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E ouviram e conheceram, cada um

em sua mente, Um terceiro clamorsobre o vento, Os muros vivos quedividem a humanidade, Os muros emmarcha de Roma".

(Chesterton)

O sol se inclinava em direção aeste. O silêncio jazia como umruma invisível sobre o vale

Cormac juntou as rédeas na mão

ergueu o olhar para as arestas emambos os lados. A urze ondulanteque crescia em abundânci

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naquelas elevações íngremes, nãodava evidência das centenas de

guerreiros selvagens que seescondiam ali. Na garganta estreitaque se alargava gradualmente paro sul, se encontrava o único sinal devida. Entre as paredes íngremes300 escandinavos se aglomeravamsolidamente, em sua muralha descudos em forma de cunha

loqueando o desfiladeiro. Nextremidade, como a ponta de um

ança, estava o homem quechamava a si próprio Kull, rei dValúsia. Não usava elmo — só

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grande e estranhamente trabalhadfaixa de ouro duro —, mas trazia

no braço esquerdo, o grande escudousado pelo falecido Rognar; e, nmão direita, segurava a pesadmaça de ferro empunhada pelo redo mar. Os vikings o observavammaravilhados e com selvagemadmiração. Não conseguiaentender sua linguagem, nem ele deles. Mas não eram necessáriamais ordens. Sob a direção de Bran

haviam se agrupado na garganta, sua única ordem era: defender passagem!

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Bran Mak Morn estava diante dKull. Assim, encararam um a

outro: um, com seu reino ainda ponascer, e o outro, cujo reino havise perdido nas brumas do Temppor eras incalculáveis. Reis descuridão, pensou Cormac, reianônimos da noite, cujos reinos sãoabismos e sombras.

O rei picto estendeu a mão:- Rei Kull, você é mais que u

rei... é um homem. Nós doi

podemos cair dentro de uma hora.mas, se vivermos, peça-me o ququiser.

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Kull sorriu, devolvendo o firmaperto:

- Você também é um homeque me agrada, rei das sombrasCom certeza, você é mais que uproduto de minha imaginaçãosonhadora. Talvez nos encontremoem vida desperta algum dia.

Bran sacudiu a cabeça, perplexosaltou para a sela e se afastou galope, subindo a ladeira leste desaparecendo sobre a aresta

Cormac hesitou:- Homem estranho, você

realmente de carne e sangue, ou

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um fantasma?- Quando sonhamos, somo

todos de carne e sangue... enquantoestamos sonhando. — respondeuKull — Este é o mais estranhpesadelo que já tive... mas você, quogo desaparecerá em puro nad

quando eu acordar, me parece tãoreal agora quanto Brule, KananuTu ou Kelkor.

Cormac sacudiu a cabeça comBran havia feito e, com uma últim

saudação, a qual Kull devolveu comajestade bárbara, deu a volta e safastou trotando. No topo da arest

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ocidental, ele parou. Ao sudistante, se erguia uma leve nuvem

de pó e podia-se avistar a cabeça dcoluna em marcha. Ele acreditava jpoder sentir a terra vibraevemente sob o passo calculado d

mil pés encouraçados, batendo emperfeita harmonia. Ele desmontoue um de seus chefes tribaisDomnail, tomou seu cavalo e evou para baixo da ladeira, long

do vale, onde as árvores cresciam

espessas. Apenas um ocasionamovimento vago, entre eles, davaevidência dos 500 homens que s

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encontravam ali, cada um próximoao seu cavalo, com a mão pronta

para silenciar o mais leve relincho.Oh, pensou Cormac, os própriodeuses fizeram este vale para aemboscada de Bran! O chão do valnão tinha árvores, e as ladeiranternas estavam nuas, exceto pela

urzes que chegavam até a cinturaMas, ao pé de cada aresta, no ladque se afastava do vale, onde a terra

em apagada das ladeiras rochosa

havia se acumulado, cresciamárvores suficientes para esconde500 cavaleiros ou 50 carruagens.

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No extremo norte do vale, sencontrava Kull e seus 300 vikings

em visíveis, flanqueados a cadaado por 50 arqueiros pictosOcultos no lado oeste da arestocidental, estavam os gaélicos. Aoongo do alto das ladeiras

escondidos na urze alta, havia 10pictos, com suas flechas nas cordados arcos. O resto dos pictos estavescondido nas inclinações orientaimais além, onde estavam o

retões, com suas bigas bempreparadas. Nem eles nem ogaélicos a oeste conseguiam ver o

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que acontecia no vale, mas sinaihaviam sido preparados.

Agora, a longa coluna estaventrando na larga boca do vale, eseus batedores, homens levementarmados sobre cavalos rápidosestavam se espalhando entre aadeiras. Eles galoparam quase a

alcance de um tiro de flecha dahoste silenciosa que bloqueava passagem, e então pararam. Algungiraram e correram de volta à forç

principal, enquanto outros sdesdobraram e subiram as ladeiraa meio-galope, procurando ver o

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que havia além. Aquele era momento crucial. Se percebesse

qualquer sugestão de emboscadatudo estaria perdido. Cormac, sencolhendo dentro da urze, smaravilhou com a habilidade dopictos em sumirem tãocompletamente de vista. Ele viu ucavaleiro passar a menos de ummetro de onde ele sabia haver umarqueiro, mas o romano não viunada.

Os batedores galgaram aarestas e olharam ao redor; logo, maioria deles deu a volta e desceu

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trotando as ladeiras. Cormac ssurpreendeu com sua maneir

descuidada de explorar. Ele nunchavia lutado contra romanos antese nada sabia de sua arrogante autoconfiança, de sua incrível astúciaem certas coisas e sua incríveestupidez em outras. Aquelehomens eram confiantes demaisuma sensação irradiada por seuoficiais. Haviam se passado anosdesde que uma força de caledônio

resistiria às legiões. E a maioridaqueles homens era recémchegada à Bretanha; parte de um

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egião que havia estado aquarteladno Egito. Desprezavam aos seu

nimigos e não suspeitavam denada.Mas... espere! Três cavaleiros n

aresta oposta haviam dado a volta desaparecido no outro lado. E agorum, detendo seu corcel no alto daresta ocidental, a uns 90 metros donde Cormac estava, olhoatentamente para a massa dárvores ao pé da ladeira. Corma

viu a suspeita crescer naquele rostomarrom e aquilino. Ele meio svirou, como que para chamar seu

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companheiros, e logo, ao invédisso, conduziu o cavalo ladeira

abaixo, se curvando para a frenteem sua sela. O coração de Cormadisparou. A qualquer momentoesperava ver o homem girar egalopar de volta para dar o alarmeEle resistiu ao louco impulso de serguer de um salto e atacar oromano a pé. O homem certamentpodia sentir a tensão no ar... ascentenas de olhos ferozes sobre ele

Agora, ele estava na metade ddescida da ladeira, fora da vista dohomens no vale. E agora, o so

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agudo e vibrante de um arconvisível quebrou a aflitiva

mobilidade. Com um ofegestrangulado, o romano ergueu amãos e, enquanto o corcel sempinava, ele caiu de ponta-cabeçatrespassado por uma longa flechanegra que se movera como umrelâmpago de dentro da urze. Uanão robusto saltou aparentementdo nada e agarrou as rédeastranqüilizando o cavalo que

resfolegava e guiando-o ladeirabaixo. Diante da queda dromano, homens baixos

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arqueados se ergueram da gramcomo um súbito vôo de pássaros, e

Cormac viu o reluzir de uma facaLogo, com pressa irreal, tudo sacalmou. Assassinos e mortestavam invisíveis, e só a calmondulação da urze marcava o atosombrio.

O gaélico voltou a olhar pardentro do vale. Os três que haviamcavalgado sobre a aresta leste nãohaviam voltado, e Cormac sabia qu

eles nunca o fariamEvidentemente, os outros batedorehaviam levado a notícia de que só

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um pequeno grupo de guerreiroestava pronto para disputar

passagem dos legionários. Agora, cabeça da coluna se encontravquase sob ele, e vibrou ao ver estehomens condenados, desfilandocom sua soberba arrogância. Evisão de suas esplêndidaarmaduras, seus rostos aquilinos perfeita disciplina ompressionaram tanto quanto um

gaélico é capaz de se

mpressionado.Mil e duzentos homens e

pesada armadura, marchando como

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um, de modo que o chão tremia aoseu passo! Muitos deles eram d

estatura mediana, com peitos ombros poderosos, e rostoronzeados — veterano

endurecidos por cem campanhasCormac lhes notou as azagaias, acurtas espadas afiadas e escudopesados; suas armaduras brilhantee capacetes com cristas, as águianos estandartes. Aqueles eram ohomens sob cuja passagem o

mundo havia tremido, e impériose desagregado! Nem todos eraatinos; havia bretões romanizado

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entre eles, e uma centúria — ou 10— era composta de enorme

homens de cabelos amarelos —gauleses e germanos, que lutavampor Roma tão ferozmente quanto onascidos nela, e odiavam seuparentes selvagens maiferozmente.

A cada lado, havia um enxamde cavalaria, batedores, e a colunera flanqueada por arqueiros eatiradores de funda. Um grupo d

carroças lentas carregava osuprimentos do exército. Cormaviu o comandante cavalgando em

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seu posto — um homem alto, comum rosto delgado e imperioso

evidente mesmo àquela distânciaMarcus Sulius... o gaélicoconhecia pela fama.

Um rugido gutural se erguedos legionários, ao se aproximaremde seus inimigos. Evidentementepretendiam abrir caminho atravédeles e continuarem

sem uma pausa, pois a coluna smovia implacável. A quem o

deuses destroem, eles primeiroenlouquecem — Cormac nunctinha ouvido essa frase, mas lh

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ocorreu que o grande Sulius era udiota. Arrogância romana! Marcu

estava acostumado a açoitar opovos encolhidos de um Lestdecadente; ele pouco imaginava doferro nestas raças ocidentais.

Um grupo de cavalaria sdestacou e correu para a boca dodesfiladeiro, mas era apenas umgesto. Com fortes gritozombeteiros, eles giraram distância de três lanças e atiraram

suas azagaias, as quairicochetearam inofensivamente noescudos sobrepostos do

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silenciosos escandinavos. Masíder deles se arriscou demais: ao

girar, ele se inclinou da sela earremeteu em direção ao rosto dKull. O grande escudo desviouança, e Kull devolveu o golpe com

uma serpente; a poderosa maçesmagou capacete e cabeça comouma casca de ovo, e o próprio corcecaiu de joelhos diante do impactodaquele terrível golpe. Um rugidcurto e feroz se ergueu do

escandinavos, e os pictos ao ladodeles uivaram exultantes eançaram suas flechas entre o

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cavaleiros que se retiravam. Oprimeiro sangue para o povo d

urze! Os romanos que saproximavam gritaramvingativamente e aceleraram opasso, enquanto o cavaloaterrorizado corria entre eles, comuma horrível caricatura de homemo pé preso no estribo, sendoarrastada sob os cascoretumbantes.

Agora, a primeira linha d

egionários, comprimida por causda estreiteza da garganta, sespatifou contra a sólida parede d

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escudos — se espatifou e recuou. Omuro de escudos não havia s

movido uma só polegada. Esta eraprimeira vez em que as legiõeromanas haviam se deparado comaquela formação inquebrável... mais velha de todas as linhas d

atalhas arianas... a ancestral doregimento espartano, da falangtebana, da formação macedônia, doquadro inglês.

Escudo se chocou contra escudo

e a curta espada romana buscouuma brecha naquela muralha dferro. Lanças vikings, se eriçand

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em sólidas fileiras acima, estocarame se avermelharam; pesado

machados desciam, atravessandoferro, carne e ossos. Cormac viKull, se erguendo acima doatarracados romanos na vanguarddo conflito, assentando golpecomo raios. Um robusto centuriãse lançou para a frente, com oescudo no alto e golpeando parcima. A maça de ferro se espatifoterrivelmente, despedaçando

espada, dividindo o escudodestruindo o capacete e esmagandoo crânio — tudo em um só golpe.

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A linha frontal dos romanos scurvou como uma barra de ferro ao

redor da cunha, enquanto oegionários tentavam abrir caminhoutando, através da garganta

ambos os lados, e cercar seuoponentes. Mas a passagem ermuito estreita; agachados contra omuros escarpados, os pictoançavam suas flechas negras

numa saraivada de morte. A estdistância, as pesadas seta

penetravam escudos e corseletetrespassando os homenencouraçados. A linha frontal d

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atalha rolou para trás, vermelha quebrada, e os escandinavo

pisaram seus próprios — e pouco— mortos, para fechar a brecha qua queda deles havia feitoEstendendo-se amplamente diantdeles, jazia uma linha delgada dformas destroçadas — a espumvermelha da maré que se quebravaem vão sobre eles.

Cormac havia se erguido de upulo, agitando os braços. Domnail

seus homens haviam saído dorefúgios diante do sinal, e vieramgalopando pela ladeira

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contornando a aresta. Cormamontou o cavalo trazido para ele, e

olhou impacientemente através dovale estreito. Nenhum sinal de vidaparecia na aresta leste. Ondestava Bran... e os bretões?

Lá embaixo do vale, as legiõesenfurecidas diante da inesperadoposição da pequena força diantdeles, embora não desconfiadosestavam se reunindo numformação mais compacta. A

carroças, que haviam paradoestavam novamente se movendocom dificuldade, e toda a coluna

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estava em movimento outra vezcomo se pretendesse abrir caminho

só com seu peso. Com os 10gauleses na primeira linha, oegionários avançavam de novo ao

ataque. Desta vez, com toda a forçdos 1200 homens atrás, o ataqudesmantelaria a resistência doguerreiros de Kull como um pesadaríete; iria pisoteá-los, lhevarrendo os destroços vermelhosOs homens de Cormac tremiam d

mpaciência. Súbito, Marcus Suliudeu a volta e olhou para oeste, onda linha dos cavaleiros se destacava

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contra o céu. Mesmo àqueldistância, Cormac viu seu rost

empalidecer. O romano finalmentpercebeu o metal dos homens aoquais enfrentava, e que caminhavadentro de uma armadilha. Cocerteza, naquele momento, ummagem caótica relampejou em su

mente: derrota... vergonha... ruínvermelha!

Era tarde demais para bater eretirada... tarde demais para forma

um quadro defensivo, com acarroças como barricada. Só haviuma saída possível, e Marcus

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general astuto apesar de seu errorecente, a usou. Cormac ouviu su

voz cortando o tumulto como umclarim, e, apesar de não entender apalavras, sabia que o romanogritava aos seus homens para quegolpeassem como uma rajadàquela aglomeração descandinavos — para abriremcaminho para fora da armadilhaantes que ela pudesse se fechar!

Agora os legionários

conscientes de sua situaçãodesesperadora, se lançavam decabeça e terrivelmente sobre seu

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nimigos. A parede de escudotremeu, mas não cedeu um

polegada sequer. Os rostoselvagens dos gauleses, e os durorostos marrons dos italianosolhavam ferozmente por cima doescudos fechados, em direção aoolhos flamejantes do Norte. Com oescudos tocando uns nos outroseles golpeavam, matavam emorriam numa tempestadvermelha de matança, ond

machados escarlates subiam desciam, e lanças gotejantes squebravam em espadas marcadas e

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cegas.Onde, em nome Deus, estav

Bran com suas bigas? Mais unpoucos minutos significariam condenação de todos os homenque defendiam a passagem. Jestavam caindo rapidamenteembora fechassem suas fileiraainda mais e resistissem comoferro. Aqueles homens selvagendo Norte morriam em seus postose, avultando entre suas cabeça

douradas, a negra cabeleira leoninde Kull brilhava como um símbolde matança, e sua maç

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ensangüentada derramava umchuva medonha, enquanto

salpicava miolos e sangue comoágua.Algo estalou no cérebro d

Cormac.- Estes homens morrerã

enquanto esperamos pelo sinal dBran! — ele gritou — AvanteSigam-me para o Inferno, filhos dGael!

Um rugido selvagem lh

respondeu, e, soltando as rédeasele disparou ladeira abaixo, com500 cavaleiros urrantes se

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precipitando atrás dele. E, naquelmesmo instante, uma tempestad

de flechas varreu o vale de ambosos lados, como uma nuvem negra, o terrível clamor dos pictos partiuos céus. E, sobre a aresta lestecomo uma súbita explosão dtrovão oscilante no Dia do Juízocorriam as carruagens de guerraDesceram, correndo e rugindo,adeira, com a espuma voando da

narinas dilatadas dos cavalos; seu

cascos furiosos mal pareciam tocao chão, transformando a urze altem nada. Na primeira carruagem

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com os olhos escuros ardendo, sagachava Bran Mak Morn, e entr

todos eles, os bretões nuguinchavam e chicoteavam como sepossuídos por demônios. Atrás da

igas que corriam, vinham opictos, uivando como lobos eançando suas flechas enquanto

corriam. A urze os vomitava dtodos os lados, numa onda negra.

Foi o que Cormac viu evislumbres caóticos, durante aquel

selvagem cavalgada ladeiras abaixoUma onda de cavalaria correu entrele e a linha principal da coluna

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Três longos pulos adiante de seuhomens, o príncipe gaélico

enfrentou as lanças dos cavaleiroromanos. A primeira lançricocheteou em seu escudo eerguendo-se sobre os estribos, elgolpeou para baixo, partindo umhomem das costas ao osso do peitoO romano seguinte lançou umazagaia que matou Domnail, manaquele instante o corcel dCormac se chocou com o dele, peit

a peito, e o cavalo mais leve roloude ponta-cabeça sob o impactoançando seu montador par

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debaixo dos cascos golpeantes.Depois, toda a rajada do ataqu

gaélico golpeou a cavalaria romanadespedaçando-a, espatifando-a derrubando-a. Sobre suas ruínavermelhas, os demônios urrantede Cormac golpearam a pesadnfantaria romana, e toda a linh

cambaleou diante do impactoEspadas e machados reluziram parcima e para baixo, e a força de sunvestida os levou bem para dentro

das filas aglomeradas. Alimpedidos, eles oscilaram

golpearam. Azagaias era

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arremetidas, espadas reluziam parcima, derrubando cavalo e

cavaleiro; e, grandementesuperados em número, acossadoem todos os lados, os gaélicoteriam perecido entre seunimigos, mas, naquele instante, do

outro lado, as bigas despedaçanteferiram as fileiras romanasAtacaram quase simultaneamentenuma longa linha, e, no momentodo impacto, os cocheiros desviaram

seus cavalos para o lado e correramparalelamente pelas fileirastosquiando homens como s

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estivessem ceifando trigoMorreram centenas sob aquela

âminas curvas naquele momentoe, saltando de suas bigas, gritandocomo sanguissedentos gatoselvagens, os espadachins bretõese lançaram sobre as lanças doegionários, talhando loucament

com suas espadas de cabos longosAgachados, os pictos lançaram suaflechas à queima-roupa, e logosaltaram para dentro, para talhar

furar. Enlouquecidos pela visão dvitória, estes povos selvagens eramcomo tigres feridos que não sentem

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os ferimentos, e morriam de pcom seu último suspiro

transformado num rosnado dfúria.Mas a batalha ainda não tinh

acabado. Atordoados e quebradossua formação quebrada e quasmetade dos seus já caídos, oromanos lutavam com fúriadesesperada. Encurralados etodas as direções, eles talhavam egolpeavam isoladamente; ou em

pequenos grupos, lutavam com acostas coladas às costas do aliado— arqueiros, manejadores d

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fundas, cavaleiros e pesadoegionários, misturados num

massa caótica. A confusão ercompleta, mas não a vitóriaAqueles que estavam detidos ndesfiladeiro ainda se lançavamsobre os machados vermelhos quhes barravam o caminho, enquanto

a batalha aglomerada e cerradtrovejava atrás deles. De um ladoos gaélicos de Cormaesbravejavam e talhavam; de outro

as bigas avançavam e recuavam, seretirando e voltando como furacõede ferro. Não havia retirada, pois o

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pictos haviam lançado um cordãoatravés do caminho por ond

vieram, e, tendo cortado agargantas dos seguidores doacampamento e se apossado dacarroças, lançavam suas setas numtempestade de morte sobre retaguarda da coluna destroçadaAquelas longas flechas negraperfuravam armadura e ossoespetando homens de dois em doisMas a matança não estava toda e

um lado. Pictos morriam sobestocada relampejante de azagaiae espadas curtas. Gaélicos

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comprimidos sob seus cavalos quecaíam, eram cortados em pedaços;

igas, separadas de seus cavaloseram inundadas com o sangue dseus cocheiros.

E, na extremidade estreita dvale, a batalha ainda rolava eredemoinhava. Grandes deuses.pensou Cormac, olhando entre ogolpes que pareciam relâmpagos.aqueles homens ainda defendiam garganta? Sim! Eles a mantinham

Um décimo de seu número originalmorrendo de pé, continuavdetendo os ataques frenéticos do

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egionários que diminuíam emnúmero.

Por todo o campo, se erguiarugido e o estrondo de armas, aves de rapina, voandorapidamente desde o crepúsculofaziam círculos no alto. Cormac, sesforçando para alcançar MarcuSulius através da multidão, viucavalo do romano afundar sob ele, o cavaleiro se erguer sozinho nummar de inimigos. Viu a espad

romana relampejar três vezesmatando a cada golpe; então, dparte mais revolta do conflito

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pulou uma figura terrível. Era BraMak Morn, manchado da cabeç

aos pés. Ele arremessou a espadquebrada enquanto corria, sacandoum punhal. O romano golpeoumas o rei picto se esquivou destocada e, agarrando-lhe o punhoque segurava a espada, ele enfiouvárias e várias vezes o punhaatravés da armadura brilhante.

Um enorme rugido se erguequando Marcus morreu, e Corma

com um grito, reagrupou oremanescentes de sua força ao seuredor e, batendo as esporas no

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cavalo, irrompeu através das linhadespedaçadas e cavalgou a tod

velocidade para o outro extremo dovale.Mas, ao se aproximar, viu qu

era tarde demais. Como haviavivido, assim haviam morridoaqueles ferozes lobos-do-mar, comseus rostos encarando o inimigo suas armas quebradaavermelhadas nas mãos. J azianum grupo sombrio e silencioso

preservando, mesmo na morte, algoda formação do muro de escudosEntre eles, à frente deles e ao redo

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deles, jaziam em um grandamontoado os corpos daqueles qu

haviam tentado, em vão, lheromper as fileiras. Eles não haviarecuado um passo! Haviam morridem seus postos até o últimohomem. E também não havininguém para pisar sobre suafiguras dilaceradas; aqueleromanos que haviam escapado domachados vikings, haviam sidoderrubados pelas setas dos pictos

espadas dos gaélicos por trás.Mas esta parte da batalha nã

havia acabado. No alto da íngrem

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adeira ocidental, Cormac viufinal daquele drama. Um grupo d

gauleses em armadura romanavançava sobre um único homem— um gigante de cabelos negrosem cuja cabeça brilhava uma coroadourada. Havia aço nestes homensassim como no homem que oarrastava ao seu destino. Estavamcondenados — seus camaradaestavam sendo trucidados atrádeles —, mas antes que chegass

sua vez, eles pelos menos teriam vida do chefe de cabelos negrosque havia liderado os homens d

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cabelos dourados do Norte.Avançando sobre ele por trê

direções, eles o haviam forçadoentamente a recuar para o alto dngreme parede do desfiladeiro, e

os corpos amarrotados que sestendiam ao longo de seu recuomostravam o quão ferozmente cadapasso do caminho havia sidodisputado. Aqui, neste escarpadoá era trabalho suficiente manter o

equilíbrio; mas aqueles homens ao

mesmo tempo galgavam e lutavamO escudo de Kull e sua enormmaça haviam desaparecido, e

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grande espada em sua mão direitestava tingida de escarlate. Sua cot

de malha, trabalhada com uma artesquecida, agora pendia emretalhos, e o sangue brotava de umcentena de ferimentos nomembros, cabeça e corpo. Mas seuolhos ainda resplandeciam com alegria da batalha, e seu braçocansado ainda impelia a poderosespada com golpes mortíferos.

Mas Cormac viu que o fi

chegaria antes que eles pudessemalcançá-lo. Agora, no próprio cumdo escarpado, um círculo de ponta

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ameaçava a vida do estranho rei, eaté mesmo sua força de ferro estava

diminuindo. Agora, ele partia crânio de um enorme guerreiro eno retorno do golpe, rasgava opescoço do outro; cambaleando sobuma verdadeira chuva de espadasele golpeou novamente, e suavítima lhe caiu aos pés, partida ato osso do peito. Então, quando umdúzia de espadas se ergueu acimdo cambaleante atlante para o

golpe fatal, uma coisa estranhaconteceu. O sol afundava no maocidental; toda a urze parecia nada

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num rubro oceano de sangueDestacado contra o sol poente

como havia aparecido pela primeirvez, Kull se ergueu, e então, comuma neblina se levantando, umenorme panorama se abriu atrás dorei cambaleante. Os olhoassombrados de Cormaperceberam um rápido e gigantescvislumbre de outros climas esferas — como se refletida emnuvens de verão, ele viu, ao invé

das colinas de urzes se estendendoaté o mar, uma vaga e vasta terra demontanhas azuis e brilhantes lago

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tranqüilos... os pináculos douradospúrpuras e safiras, e os muro

colossais de uma cidade enorme, tacomo a terra não havia conhecidopor muitas eras.

Então, como o sumiço de ummiragem, ela desapareceu, mas ogauleses na alta elevação haviamdeixado suas armas caírem arregalavam os olhos como homenpasmados... Pois o homechamado Kull havia desaparecido,

não havia sinal de sua partida!Como se confuso, Cormac giro

o corcel e voltou através do campo

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atropelado. Os cascos de seu cavalesparrinhavam em lagos de sangue

e retiniam nos capacetes dhomens mortos. Através do valetrovejava o grito de vitória. Matudo parecia ensombrecido estranho. Uma figura caminhavpor entre os corpos dilacerados, Cormac percebeu vagamente quera Bran. O gaélico desmontouencarou o rei. Bran estavdesarmado e ensangüentado; o

sangue lhe escorria de talhos ntesta, peito e membros; a armadurque usava estava totalmente

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despedaçada, e um talho lhe havimeio cortado sua coroa de ferro

Mas a jóia vermelha ainda brilhavsem manchas, como uma estrela dmatança.

- Estou pensando em lhe mata— disse o gaélico pesadamentefalando como um homem emtranse —, pois o sangue de homenvalentes cai sobre sua cabeça. Svocê tivesse dado o sinal de ataqumais cedo, alguns estariam vivos.

Bran cruzou os braços; seuolhos estavam assombrados:

- Golpeie se quiser; esto

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cansado de matança. O hidromel dreinar é frio. Um rei deve jogar co

as vidas dos homens e as espadanuas. As vidas de todo meu povestavam em jogo; sacrifiquei osescandinavos... sim; e meu coraçãodói dentro de mim, pois eramhomens! Mas, se eu tivesse dadoordem quando você desejava, tudopoderia ter dado errado. Oromanos ainda não estavamaglomerados na boca estreita d

garganta, e poderiam ter tidotempo e espaço para formar suafileiras de novo e nos derrotar

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Esperei até o último momento...os piratas morreram. Um re

pertence ao seu povo, e não poddeixar que nenhum de seupróprios sentimentos, ou as vidados homens, lhe influenciemAgora meu povo está salvo; mameu coração está frio em meupeito.

Cormac deixou cair lentamenta ponta de sua espada até o chão.

- Você nasceu para reinar sobr

os homens, Bran. — dissepríncipe gaélico.

Os olhos de Bran percorreram

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campo. Uma névoa de sangupairava sobre ele todo, onde o

árbaros vitoriosos saqueavam omortos, enquanto os romanos, quhaviam escapado à matança aoargarem as espadas, e agora sob

vigilância, contemplavam tudo comolhos ardentes.

- Meu reino... meu povo... estãa salvo. — disse Brancansadamente — Virão aomilhares da urze, e quando Rom

se mover novamente contra nósencontrará uma nação sólida. Maestou cansado. E quanto a Kull?

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- Meus olhos e cérebro estavaconfusos com a batalha. —

respondeu Cormac — Creio tê-lvisto desaparecer como umfantasma no pôr-do-sol. Voprocurar seu corpo.

- Não o procure. — disse Bran —Ele veio ao amanhecer... e se foi apôr-do-sol. Ele veio a nós desde a

rumas das eras, e retornou para arumas dos eons... ao seu próprio

reino.

Cormac se afastou; a noite sacumulava. Gonar se erguia comum fantasma branco diante dele.

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- Ao seu próprio reino. — ecooo bruxo — O Tempo e o Espaç

nada são. Kull retornou para sepróprio reino... sua própria coroa.sua própria era.

- Era, então, um fantasma?- Você não sentiu o aperto d

sua mão sólida? Não ouviu sua vozNão o viu comer, beber, rir, matarsangrar?

Cormac ainda continuava comque em transe:

- Então, se é possível para uhomem passar de uma era paroutra na qual não nasceu, ou vir d

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um século morto e esquecido, comoqueira, com seu corpo de carne

sangue e suas armas... então, ele tão mortal quanto o era em seupróprios dias. Kull está mortoentão?

- Ele morreu há cem mil anoscomo os homens contam o tempo— respondeu o feiticeiro —, maem sua própria era. Não morrepelas espadas dos gauleses destera. Acaso não ouvimos as lendas

sobre como o rei da Valúsia viajoupara uma terra estranha e eterna dnebulosas eras futuras, e lá lutou

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numa grande batalha? Ora, elefez! Há 100 mil anos, ou hoje!

"E, há cem mil anos — ou há umomento atrás! —, Kull, rei dValúsia, se levantou do leito deseda em sua câmara secreta erindo, falou com o primeiro Gonardizendo: 'Há, feiticeiro, realmenttive um sonho estranho, pois fupara um clima e tempo distante emminhas visões, e lutei pelo rei dum estranho povo das sombras!'. E

o grande sacerdote sorriu, apontou silenciosamente para espada vermelha e marcada, e par

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a cota-de-malha rasgada e omuitos ferimentos que o rei tinha. E

Kull, totalmente desperto de suvisão' e sentindo a dor e a fraquezdaqueles ferimentos que aindsangravam, ficou em silêncio eperplexo, e toda a vida, tempo espaço lhe pareceram um sonho dfantasmas, e ele se interrogou posso o resto de sua vida. Pois

sabedoria das Eternidades é negadaté mesmo aos príncipes, e Kull nã

poderia entender o que Gonar lhdisse mais do que você conseguentender minhas palavras".

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- Então, Kull viveu, apesar dseus muitos ferimentos — diss

Cormac —, e retornou às brumado silêncio e dos séculos. Bem... elpensou que fôssemos um sonhonós achamos que ele fosse umfantasma. E, claro, a vida não passde uma teia tecida de fantasmassonhos e ilusão, e me ocorre que oreino, nascido hoje das espadas matança neste vale uivante, não émais sólido que a espuma do ma

rilhante.FIM

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Agradecimentos

Meu agradecimento a FabríciSousa, Fernando Neeser de Aragã

Edilene Brito da Cruz de Aragãque disponibilizaram estes contotraduzidos no site Crônicas dCiméria, tornando possível a ediçãdeste e-book. Estes tradutoresdigitadores não participaramdiretamente da edição deste livroeletrônico.

Exílio da Atlântida: Tradução dFabrício Sousa O Reino da

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Sombras: Tradução de FernandNeeser de Aragão; Os Espelhos d

Tuzun Thune: Tradução dFernando Neeser de AragãoCavaleiros Além do Sol NascenteTradução de Fernando Neeser dAragão e digitação de Edilene Britda Cruz de Aragão; A Gata dDelcardes: Tradução de FernandNeeser de Aragão; A Caveira dSilêncio: Tradução de FernandNeeser de Aragão; O Soar d

Gongo: Tradução de Fabrício SousO Altar e o Escorpião: Tradução dFernando Neeser de Aragão;

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Maldição do Crânio DouradTradução de Fernando Neeser d

Aragão; A Cidade Negrfragmento): Tradução de FernandNeeser de Aragão ; A CidadNegra: Tradução de FernandNeeser de Aragão; O Feiticeiro eGuerreiro (fragmento): Tradução dFernando Neeser de Aragão;Feiticeiro e o Guerreiro: Traduçãde Fabrício Sousa; Com EsMachado, Eu Governo!: Traduçã

de Fernando Neeser de AragãoEspadas do Reino PúrpurTradução de Fernando Neeser d

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Aragão; O Rei e o CarvalhTradução de Fernando Neeser d

Aragão; Os Reis da Noite: Traduçde Fernando Neeser de Aragãodigitação de Edilene Brito da Crude Aragão

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Miscelânea

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Am-ra

(Poemas e fragmentos)

Manhã de Verão

Am-ra estava no alto de uma montanhaAo romper de uma manhã de verão; El

observava, admirado, o cair da luz daestrelas E o escarlate do leste reluzir empalidecer, Enquanto nascia a chamdo dia.

Am-ra, o Ta-an

Da terra do sol da manhã, Veio Am-ra, o

Ta-an. Banido pelos sacerdotes dos Ta

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an, Seu povo não falava seu nome. Amra, o poderoso caçador, Am-ra, filho daança, Forte e destemido como um leão

Flexível e rápido como um cervo. Pardentro da terra do tigre, Veio Am-ra, odestemido, sozinho, Com sua cesta dmadeira flexível, E sua lança com pontde pedra.

Ele viu o cervo e o bisão,

O cavalo selvagem e o urso,

O elefante e o mamute,

Para ele, a terra parecia bela.

Face a face, ele encontrou o tigre,

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E, agarrando o longo cabo de sua lança,

Olhou sem medo para o rosto qu

rosnava,

"Boa caçada!", ele gritou e riu!

Ao bisão, ele abateu ao amanhecer,

Ao cervo, no calor do dia, O cavalselvagem caiu diante dele, Ao urso d

caverna, ele realmente matou!

Ele buscava uma caverna? Não Am-raEle vivia tão selvagem e livre Quanto obo que percorre a floresta, Seu úniceto era uma árvore. Quando el

desejava comer, matava, Mas nunc

matou desnecessariamente, Pois s

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sentia um irmão do povo selvagem, Esto o Povo Selvagem sabia. Do cerv

eles falavam para Am-ra, Como parent

do tigre morto, Am-ra encontrou o tigreE o matou na planície!

Um jovem na terra dos Ta-an,

Um esguio guerreiro jovem, Gaur,

Havia seguido Am-ra na perseguição,

E lutado ao seu lado na guerra.

Ele sentia saudade do amigo Am-ra

E odiava o rosto do sumo-sacerdote,

Até que, finalmente, com uma lança el

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o abateu,

E fugiu da terra onde nasceu.

Ele seguiu as pegadas de Am-ra,

E perambulou para bem longe,

Até chegar à terra do tigre,

a entrada do dia.

Para dentro da terra do tigre,

Chegou uma raça estranha,

Atarracada, escura e selvagem,

egra de corpo e rosto.

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Para dentro do território de Am-ra,

Perambulou o bando selvagem,

ão levavam arcos, mas cada ucarregava

Uma lança de ponta de pedra em sumão.

Pararam no território de Am-ra, E

acamparam diante de sua fonte clara, Emataram o cervo e o cavalo selvagemMas fugiram do tigre e do urso.

Voltando de uma caçada, vinha Am-ra,

Com a pele de um urso pardo,

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Ele foi para a fonte de água clara,

E encontrou os homens negros lá.

Mais pareciam macacos, aquelehomens,

ão conheciam o uso do arco,

Rasgavam a carne e a comiam crua,

Pois não conheciam o fogo.

Então, a fúria cresceu no destemido Amra,

Logo ele ficou furioso.

Pois ele não ia dividir seu território

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Com um bando de homens-macaconegros.

A História de Am-ra

Quando os dias são curtos e as noitesão longas na região do povo da

cavernas, a neve cobre colina e vale, e possível cruzar o Rio da Água Amensobre o gelo, o povo das cavernas sreúne ao redor da fogueira do velhGaur, para ouvir-lhe as lendas folclore, e as histórias de sua juventudeO velho Gaur era sábio e astuto

habilidoso na arte da caça. Sua caverninha, como tapetes, peles de alce, ursoigre e leão, engenhosa

habilidosamente curtidas

ornamentadas. Sobre as parede

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pendiam, e contra as paredes snclinavam galhadas de alces, chifres d

búfalo e boi almiscarado, e presas d

rinoceronte, mamute e morsa, o marfibelamente polido e quase semprentalhado, descrevendo amor, guerra perseguição, pois Gaur era habilidosno mistério da pintura e astuto com aferramentas das artes. Gaur também erhabilidoso na guerra. Nas paredes d

sua caverna havia armas penduradashabilidosamente trabalhadas, troféus daguerras da juventude de Gaur, quandoele seguiu para lutar contra o pov

negro, as tribos do mar, os peludohomens-macaco e os Filhos da ÁguiaGaur era habilidoso em muitas coisas.

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Fragmento sem Título e Inacabado

Uma terra de selvagem e fantástic

beleza; de árvores enormes e granderios; de selvas emaranhadas sufocantes, e pradarias imensas limitadas; de penhascos elevados erríveis, úmidos e sombrios pântano

febris, de fumegantes savanas extensas grandes lagos. Uma terra de agradáve

verão, e inverno cruel e impiedoso. Umerra de beleza e terror, uma terra danimais selvagens e homens maiselvagens ainda. Enormes fera

percorriam as montanhas, planícies selva. Através das noites, caminhav

a-go- sa-na, o castanho-amarelado, Medo Que Anda Pela Noite, e Sa-go

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na, o cruel dentes-de-sabreFreqüentemente, sobre as planícies por entre os matagais das savanas, pod

ser vista a figura gigantesca de Ga-sogo, o mamute, a Colina Que Anda. Entras savanas e na selva, Go-ha-la, a BestQue Carrega Um Chifre Em Seu Narizutava pela supremacia com o A-go-nun

o Vermelho, o monstro de outra era, comchifre em forma de cone. Nos pântanos

na selva fechada, vivam os Rastejantesos portadores da Morte Que Queima. Enos pântanos e no meio da savana maiprofunda, reinava o E-ha-g-don,

monstro assustador de uma épocanterior - os dinossauros. Assim era erra onde morava meu povo, os Ta-an.

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Através da planície e savana, e pardentro de um estuário, fluía um grandrio, o Rio da Água Azul. De um lado do

rio, o lado azul, se erguiam penhascomoderadamente altos. Estes penhascose erguiam abruptamente, alguns metroatrás da margem encharcada do rio. Oopo era arredondado, se inclinand

abruptamente para trás em direção planície e terminando numa inclinaçã

brusca, de algumas meias-dúzias dmetros. No penhasco em frente ao riohavia três fileiras de cavernas, umsobre a outra; e, nestas cavernas, vivia

ribo. Os Ta-an eram umas 150 pessoafortes. Muitas delas, é claro, eramulheres e crianças, mas havia pelmenos 75 A-ga-nai, homens lutadores.

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Ah, que vida era aquela! Uma vida dbatalha; uma vida na qual o Medespreitava feroz, da vida até a morte

Pois o homem era fraco e indefesnestes dias, e o Medo sempre andava aseu lado e, à noite, Ele dormia ao seado. Mesmo no sono, ele não o deixava

mas o acompanhava em seu descansagitado e lhe perseguia os sonhos, dmodo que, no meio da noite, el

subitamente acordava sobressaltadoagarrando suas armas rudes e com suor lhe brotando da testa. Pois, quandos pensamentos de um homem acordad

eram de Medo, seus sonhos tambéeram de Medo. Durante a vida, ohomens seguiam, naqueles dias antigosperscrutando, se movendo furtiva

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cautelosamente, sempre prontos parfugirem ou lutarem como um ratencurralado. Passava seus dias co

medo e vigilância, e suas noites em sonagitado e sonhos assustadores - sonhonos quais o Medo espreitava pavoroso horrível. Assim, ele ia pela vida efinalmente, num momento de descuidoum movimento súbito nos longos capinsnos arbustos ou nos galhos altos, u

corpo grande se lançando pelo ar, umnstante de terrível agonia e medhorrível, e depois o som de ossos sendmastigados por poderosas mandíbulas

Ou mais, o correr de uma forma pesadpelo chão, o rápido ataque-relâmpagde uma cobra, o espatifar de uma árvorcaindo, o estalar que se segue ao parti

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de um galho podre, estas coisaanunciavam a Morte. Morte violenta repentina.

o verão, a terra dos Ta-an eragradável, exceto pelo Medo. A maioriadas frutas estava nas árvores, e a

selvagens uvas-do-monte floresciam nimite dos pântanos. Riachos e rio

abundavam em So- ga, assim como o

peixes; e os homens das tribos opegavam com lascas de ossosamarradas às pontas de longas fibras, oiras de couro cru. Ba-a, o cervo, e O

ha, o Rápido, enegreciam a planície cosua quantidade e, entre a floresta egrandes manadas, perambulava Go-unO Que Grunhe. Os matadores s

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fartavam com a carne dos comedores dcapim, e seus ataques aos homens eramenos freqüentes. Os homens também s

banqueteavam com os que tinhacascos, pois estes últimos eram bastantnumerosos, e tão engordados pelo longe exuberante capim, e as outravegetações ricas, que eram descuidadodo perigo e imprudentes, e a caça erboa. Os homens das tribos matavam

matavam, e não comiam no locacortavam a carne em longas tiras, parsecarem diante das fogueiras dacavernas para o inverno. As árvores, e

vegetação rasteira da selva e da florestaeram verdes e aprazíveis. As colinas penhascos eram cobertos por uma capverde de vegetação, a qual lhe

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suavizava o contorno áspero acidentado.

Fragmento sem Título e Inacabado

Assim me levantei e parti pela trilha ncolina, e me deleitei ao notar que ela m

seguia. Quando cheguei a um locamenos amplo e escarpado no meio dcolina, dei a volta ao redor de u

enorme matacão, e depois voltei à trilhe esperei com certa alegria. Ah-lalficou face a face comigo, antes de sabeque eu estava perto. Eu a peguei pelo

pulsos e a arrastei ao longo da veredpor alguma distância, antes que elvoltasse a si - de tão assombrada questava -; e logo, ela lutava como u

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pequeno demônio.

Sorrindo, eu a subjuguei com facilidade

e logo ela parou de se debater e ficome olhando ferozmente.

Animal! - ela disse - Deixe-me ir!

Zukor Na, pequena gata selvagem. zombei dela. Ela bateu furiosamente pequeno pé.

Não me chame assim! - ela disse, nuarroubo de cólera. Ri e olhei ao redor

sem achar o que eu queria. O que vai fazer comigo? - el

perguntou, um pouco assustada.

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O que eu deveria ter feito há muitempo. - respondi - Bater em você.

Você não vai! - ela gritou - Você nãovai me bater.

Você promete me deixar só?

perguntei a ela, esperando que ela mrespondesse afirmativamente.

Não! - respondeu de mau humor, comouma criança mimada.

Então, apesar dela se debater

defender, eu a enfiei sob um de meubraços e subi a trilha, desprezando mim mesmo, mas ainda determinado.

Ao chegar a um local onde crescia

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alguns arbustos ao lado da trilha, parei deixei a garota cair. Agarrando-lhe odois pulsos com uma de minhas mãos

arranquei vários galhos finos e longosSenti que o que eu estava fazendo mdegradava e rebaixava, e que eu nuncmais teria a mesma dignidade, mas msenti forçado a continuar aquilo que ehavia começado. Açoitar mulheres nãoera costume entre as tribos do

Magnard, embora fosse bastante comumsso sempre foi repulsivo para mimembora ninguém da tribo achassmpróprio bater numa criança qu

merecesse, não importa a idade ou sexo. Eu considerava Ah-lala não maique uma criança travessa, e certamenteu havia sido bastante provocado.

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Ela me observou sem se debater, até euuntar os galhos finos e puxá-la à minh

frente. Então, ela lutou com u

desespero que me surpreendeu. Quandhe subjuguei a revolta, ela arfou:

Seu animal! Açoitar uma mulher! Eu ri

Você falou em açoitar uma mulher?Qualquer um pode chicotear uma criançdesobediente.

A raiva que resplandeceu de sepequeno rosto foi tão furiosa

concentrada, que involuntariamente deum passo para trás. Seus olhos ardiacompletamente, e seus lindos lábios lhrecuavam dos pequenos dentes de um

forma surpreendente. Por um momento

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ela me olhou furiosamente e depois safastou tanto quanto meu aperto em sebraço permitiria, se recusando a olhar

Eu ficava cada vez mais desconcertaddiante da garota surpreendente. Puxei-em minha direção, e fui novamentsurpreendido ao vê-la me observandcom um olhar reprovador. Achedificuldade em fazer frente àquele olhadireto, embora eu soubesse, e el

soubesse, que ela merecia ser açoitadaMas seus olhos claros me fizeram senticomo se eu estivesse a ponto de mataum bebê inocente.

Esperava que ela começasse a lutanovamente, mas ela mudocompletamente as maneiras.

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Por favor, não me açoite, Am-ra. - elamplorou, tentando timidamente soltar a

mãos e depois desistindo - Por favor

não. Não me desonre assim, eu suplico.

Hesitei.

Am-ra - ela disse, aparentementabatida -, se me açoitar, lhe odiarei parsempre.

Que apelo ridículo! Mas, de algumforma, aquilo me desonrou mais do ququalquer outra coisa que ela me disse.

Então, furioso comigo mesmo, e furioscom ela por ter me embaraçado daqueleito, eu a girei sem muita gentileza

ergui as varas. Toda aquela fúria sobr

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o chicoteamento de uma jovem, masaída da era do espancamentoLembrem-se, antes de me condenarem

que, naquela época, tudo era primitivo direto. Éramos animais robustos e, o qucausaria horror a pessoas de uma époccivilizada, era simplesmente algcomum naquela era.

Contudo, quando desci o olhar para

garota, à qual segurava tão indefesapercebi que não conseguiria passar vara por aquela figura esguia encolhida. Com um rosnado de noj

diante de minha própria fraqueza, lanceas varas para longe.

Não vou lhe chicotear, menina. - eu

disse bondosamente, e Ah-lala abriu o

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olhos aos quais fechara tão firmementquando me preparei para chicoteá-la.

Ela se debateu para se soltar.

Então, por favor, deixe-me ir. - elmplorou.

Espere. - eu falei - Primeiro, me contpor que me perseguiu tanto. Eu, cocerteza, nunca lhe ofendi.

Você o fez também. - ela respondeundignada.

Mas como, em nome do Lobo Branco perguntei, desconcertado.

Ela pendeu a cabeça e ficou se

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responder por algum tempo, e logexplodiu numa fala tão rápida exasperada, que eu tive cert

dificuldade em entender o que ela dizia.

Você nunca me deu a menor atenção. ela bramiu - Você seguia seu caminho e

parecia não saber que eu estava nmundo! Você dedicava todo o seu tempocom... (não terminado)

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Cronologia de Kull

por Osvaldo Magalhães

Rei Kull - o Soberano de Valúsia

O Tigre de Atlântida

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A Cronologia da violenta carreira do

 Rei Kull, de Valúsia, retirada das

Crônicas Thurianas.

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Por Jim Neal

1 - EXÍLIO

Quando Kull, o exilado de Atlântida, s

ornou rei de Valúsia, ele ganhou umacicatriz na face direita - uma marca quo acompanharia pelo resto de suurbulenta carreira. Contudo, soment

alguns amigos muito próximos - Brule, anceiro, um bárbaro picto; Ka-nu

embaixador das ilhas pictas; talvez Tu,

conselheiro real valusiano - sabem dcicatriz que Kull, traz em seu coraçãoEssa mágoa foi aí colocada uma décadantes dele se sentar pela primeira vez n

rono de Topázio de Valúsia. Kull era

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então apenas um adolescente, mas jguerreiro da tribo do mar de Atlântida, deliberadamente matou uma jovem

chamada Sareeta.

Foi um ato de misericórdia para salvar mulher da tortura, mas Kull nunc

esqueceu essa experiência essexperiência. A memória dessa mortevoltou repetidas vezes assombrando-

pelo resto de sua vida. As origens dKull são um mistério para a tribo dmar, cujos caçadores o encontraramainda menino, brincando alegrement

com uma família de tigres quaparentemente o havia adotado quandbebê. Naturalmente o tigre passou a seo seu totem - seu "espírito protetor"

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quando ele se tornou um adolescente nribo de humanos.

Anos depois, quando o espírito do tigrnvadia o corpo de Kull, nos momentode crise, os outros juravam poder verpor entre as sombras, o contorno de u

enorme gato listrado envolvendo corpo do atlante. Kull deixou a tribo dmar em um pulo - alto e longo - à frent

de lanças e flechas, depois de tearremessado a adaga que deu uma mortrápida e Sareeta, prestes a ser queimadviva. O crime de Sareeta? Ela ousou s

apaixonar por um forasteiro. Com nadalém das suas sandálias e sua tangaKull atirou- se ao mar e um navio qupassava o içou das águas. No entanto,

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navio era ocupado por pirataemurianos, e o jovem ficou acorrentad

a um dos remos, escravo do galeão po

dois anos, até que conseguiu escapar nadou para uma praia ao norte dValúsia, no continente thuriano.

II - ASCENSÃO PARA O TRONO

Seguiram-se anos cruéis e sangrentosKull juntou-se aos foras-da-lei nacolinas selvagens e aprendeu a arte d

espada, a montar a cavalo e as técnicade luta com o machado de batalhaProvavelmente, durante esse tempo elserviu em um exército de mercenário

recrutado pelo Rei Asfodel IV, da

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Lemúria, para defender aquela naçãcontra uma ameaça mágica, e foi âmina de Kull que desferiu o golp

mortal no mago Rotath, o ConquistadorVoltando para Valúsia, o atlante reuniu-se com os companheiros foras-da-lei atque foi capturado pelas autoridades enviado para a arena de gladiadores nCidade das Maravilhas, capital dValúsia.

Depois de uma impressionantseqüência de vitórias, Kull foi libertadpara fazer parte do exército valusiano

chegando a comandar a temida Legiãegra, regimento particular do rei. O

ovem comandante então tornou-snadvertidamente o bode expiatório nu

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embrados por Kull no dia da sua paradriunfante. Sua cicatriz mal tinha sarad

quando ele encontrou Brule pel

primeira vez. Com Brule, Kuldescobriu a ameaça dos homensserpentes, uma antiga raça com habilidade de assumir a forma humanaVencido o perigo imediato, Kull, Brulee um bando de soldados valusianopenetraram no quartel-general do

homens-serpentes, um templo imerso nselva ao sul, e tentaram extinguir acriaturas. Lá, no entanto, o rei conheceThulsa Doom, um misterioso mago d

Grondar, cidade a leste de Valúsia. Ofeiticeiro foi convidado a acompanhar cortejo real de volta para a Cidade daMaravilhas. Na capital de Valúsia

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Thulsa Doom tentou apoderar-se dreinado, mas o seu feitiço virou contra feiticeiro, e ele naufragou para dentro d

erra - ou para algum outro lugadesconhecido.

III - O AVENTUREIRO

A feitiçaria voltou o reinado de Kullquando Kaanub, Ducalon, Enaros Ridondo usaram a ajuda do magMelikory, que criava e dava vida

criatura d e cera. Um sol forte e, maiarde, óleo e fogo desfizeraiteralmente a ameaça. Numa missão d

ajuda à ilha de Damascar, ao sul do

continente thuriano, Kull e a sua Legiã

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egra aventuravam-se no mar responderam à traição comisericórdia. De volta ao lar, Kull fe

um novo amigo, o aventureiro Zarkus, dZarfhaana, o visinho do leste de Valúsia

O lutador de machado salvou a vida d

Kull várias vezes, mas desistiu da sudesnecessariamente, em Quatar - ummetrópole antiga e quase esquecida be

além da Cidade das Maravilhas. Foi poessa época que Kull e seu exércitviajaram para a orla de Valúsia paraivrar a terra do culto ameaçador d

sombra Negra, mas achou Thuron, o sesacerdote-chefe, já morto. Descansandna cidade do prazer de Valúsia, KamulaKull e Brule descobriram a acabara

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com um outro culto do mal. De volta Cidade das Maravilhas, o que começocom um simples logro vingativo armad

para Kull acabou custando a vida do reiConvencido de que uma gata chamadSaremes podia falar, ele fez uma visitperigosa ao fundo do lago proibidoMais tarde sobreviveu ao seu segundencontro com Thulsa Doom. Entãentediado com os afazeres do estado

Kull passou a ignorar os bons conselhode Tu e quase causou um destino terrívepara o mundo inteiro. Posteriormente, monarca bárbaro de Atlântida armo

uma expedição marítima e, encontrandpiratas lemuriano, impôs-lhes fragorosderrota.

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Mas devido a uma tempestade teve devar seu navio a uma ilha para reparos

e lá conheceu o temível Culto d

Leopardo, o trágico Demontur, umditador em um lobisomem. Em casnovamente, o rei - com a ajuda de umnobre, Nalissa, e seu amante, o joveDalgar de Farsun - sobreveio a mais uataque contra a sua vida. O conselheirdo rei, Tu, contudo, perdeu um parent

favorito, mas não o orgulho por sufamília - graças a uma mentira real. Nãmuito depois desse incidente, Kulpassou por uma estranha experiênci

metafísica durante mais uma tentativa dassassinato. Quando Valúsia fonvadida pelo nordeste, Kull encontrou

derrotou a Rainha Branca Velia

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Zarfhaana, apesar da traição que ocorreem seu próprio exército.

IV - KULL DESTRONADO

Kaanub, Ducalon, Enaros e o joveRidondo ajudaram um feiticeirchamado Ardyon a fazer uma noventativa para roubar o Trono d

Topázio do monarca bárbaro dValúsia. Ducalon e Enaros foram mortoe Kull foi capturado através da magia d

feiticeiro, que revelou - somente parKull - ser Thulsa Doom disfarçadoMomentos antes de ser decapitado, Kulescapou e fugiu para um vilarej

ocupado por Kargon, um chefe fora-da

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ei, expulso com a ajuda de Brule.

Depois de alguns dias, Ridondo, cujo

olhos poéticos viram o que nenhuoutro Valusiano conseguiu ver - que averdadeira identidade do novo ReArdyon era Thulsa Doom -, reuniu-se

Kull e Brule. Eles tentaram um ataqucontra o feiticeiro, mas quase morrerae tiveram de fugir. Procurando ajud

entre os antigos companheiros foras-daei, tudo o que o monarca deposto, Brule Ridondo encontraram foi um réptivoador e um estranho culto. Kull acabo

com o monstro antes de procurar ajudem outro lugar. Lançando-se ao mar parpedir ajuda aos pictos, os três foracapturados por servos pictos de thuls

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Doom. Ridondo, relutante em lutar, foquem tramou a morte do Teyanoga, xdos pictos, e libertou Kull e Brule

Quando Kull e o menestrel partiramBrule tentou para tentar salvar seu povo

V - RETORNO PARA ATLÂNTIDA

Em uma outra ilha, Kull, com a ajuda duma feiticeira, teve uma visão do futuroe viajou para a Atlântida onde sofreoutra experiência metafísica. Um outr

choque esperava por ele: onde umdécada atrás ele deixara uma pequenvila havia uma enorme cidade. Nesscidade, criada pela feitiçaria de Sarna,

mago, Kull descobriu que o Rei era u

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antigo companheiro de infância, Om-Rae que seu antigo mentor, Khornah, era ogeneral do exército Atlante. Kull tornou

se assessor militar de Khornah apósalvar a vida de Om-Ra. Embora arelações entre o rei e o ex-rei tenhasido boas, não se podia afirmar mesmo quanto a Kull e Khornah.

Durante uma visita ao Vale do Tigre

onde ele fora achado por sua tribquando criança, Kull invocou umdivindade primitiva e foi atendido pelMulher da Lua. Ela lhe concedeu mai

uma previsão do seu futuro, incluindo visão da sua morte pela espada dThulsa Doom. Mais tarde, de volta cidade de Om-Ra, o antigo rei d

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Valúsia ficou sabendo de uma estranhaafinidade entre o mago Sarna e feiticeira Kareesha, mas não deu muit

atenção ao fato.

Em vez disso, envolveu-se em umbatalha naval com guerreiros-esqueleto

e monstro verde cheio de tentáculosQuase imediatamente, depois dessbatalha, a cidade foi atacada po

estranhos monstros vindo de uma selvchamada Grande Pântano MisteriosoLiberando uma expedição para lá, Kull Ridondo encontraram Khornah, agora d

posse de um poder mágico qucomandava os monstros para o ataqueKhornah e um monstro de cristachamado Shemenon foram derrotado

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através da magia de Sarna, e coube Kareesha - na verdade um outro aspectde Sarna - revelar a entrada pel

nferno. Acompanhando relutantementpor Ridondo, Kull começou a descerumo as profundezas da terra para salvao mundo.

o fundo do abismo, o rei teve o seconfronto final com Shemenon, que s

ransformou abruptamente no seu novmestre, Sarna. Aparentemente os doisucumbiram num lago de fogo. Aindassim, quando Kull e seus companheiro

finalmente retornaram à superfíciedescobriram indícios de que Kareesha que dividia um corpo com Sarna - terisobrevivido. A morte de Sarna

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aparentemente teve o seu efeito sobre cidade de Atlântida, pois quando Kull, Ridondo voltaram para lá, descobrira

que ela estava habitada somente por umonstro pútrido e disforme que Kulentou destruir.

VI - A BUSCA DE UMA COROA

Aparentemente Kull e Ridondançaram-se ao mar novamente,

caminho de Valúsia, numa viagem ainda

não registrada. Deve ter sido umviagem cheia de acontecimento e podese supor que uma tempestade - ou talvea magia de Thulsa Doom - tirou

embarcação do seu curso. Quando ele

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reapareceram no continente thuriano nãinha a mínima idéia de onde estavam

Só depois descobriram estar e

Grondar, um país na orla nordeste docontinente, e que era a terra nativa dThulsa Doom. Assim que chegaram erra, kull pôde recordar a cicatriz e

seu coração, ao ver uma jovem prestes ser sacrificada no tronco.

Desta vez, no entanto, Kull conseguiibertar a mulher de três figuraencapuçadas, fez uma amiga e descobriratar-se de uma guerreira que nã

recordava mais o próprio nome. Ele chamou de Laralei, por causa de velhaendas valusianas, e começaram u

romance - apesar do fato de Larale

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entar persuadi-lo a abandonar a suespada, como ela fizera. Seus momentode prazer foram interrompidos quand

Ridondo foi levado por um enormcondor-demônio comandado pelas trêfiguras encapuçadas. Ridondo foransportado para uma cidade fechad

por muros.

Durante sua procura, Kull e Larale

pararam para perguntar a direção a uajudante de feiticeiro, que envenenou mulher de cabelos negros e enviou atlante para morrer nas mãos de u

enorme demônio das sombras. Usando cabeça e os pés, Kull escapou e acabocom o demônio, voltando bem a tempde salvar Laralei. Eles encontraram

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cidade, e descobriram Ridondo preso um altar e ameaçado por uma enormserpente.

Depois de resgatar o menestrel, o ex-ree sua companheira foram bem recebidopelos cidadãos de Toranna,

descobriram que estavam em GrondarTambém ficaram sabendo da historia dcidade, cujo rei foi morto por u

monstro de outra dimensão que pegou coroa de Toranna e a levou consigo paro seu mundo. As três pessoas maipoderosas em Toranna, os magos Korr

Lo-Zann, Gar-Nak e a feiticeira Norraofereceram o trono da cidade a Kull - sele conseguisse recuperar a coroa.

Acompanhado por Ridondo, Kul

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atravessou o portão aberto pelos trêmagos e penetrou na dimensão dmonstro. Sem que os dois soubessem

Laralei também entrou e foi capturadpelo gigante que ainda usava a coroa dToranna no seu chifre central. Acriatura, Gasshga, pretendia conservar mulher como um brinquedo. Quando monstro dormiu, Kull entrou, maLaralei, que fizera um juramento contr

a violência, acordou Gasshga parsalvá-lo da espada de Kull.

Durante a batalha que se seguiu, Kul

pegou a coroa roubada e, com uruque, fez com que o monstro caísse nago de lava que circundava o se

castelo. Kull, Ridondo e Larale

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voltaram a Toranna através do portãomágico, onde uma procissão de triunfesperava o novo rei da cidade. Laralei

riste com a morte do monstro, viu Norrentando seduzir Kull. Tomando um

decisão precipitadamente, ela resolvesair da cidade, desaparecendo.

VII - REI NOVAMENTE!Antes de Kull aceitar oficialmente coroa, ele ficou sabendo da maldiçã

que a acompanhava e teve de enfrentamais uma vez a face de caveira dThulsa Doom, que transformou Norra euma velha bruxa - sua verdadeira form

e a deixou morrer de velhice diant

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dos olhos estarrecidos de Kull. ThulsDoom transportou-se levando Kull para Terra Sombria, onde eles travaram o

seu combate final - com a vantagem dmágica do lado do feiticeiro com carde esqueleto. Lutando com todas aforças, Kull de repente viu-se exaustosentado no trono de Toranna, com KorrLo-Zann prestes a colocar a coroamaldiçoada sobre sua cabeça.

Chamando o seu totem-tigre parconseguir forças, Kull pegou a coroa e colocou sobre o crânio de Thulsa Doom

ogando o mago para os braços do tronoThulsa Doom foi então condenado permanecer para sempre no trono dToranna. Durante a fuga, Kull e Ridondo

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vêem a cidade desmoronar - e Ridondmostra a coroa de Valúsia que eleroubou de Thulsa Doom. Na cidade da

Maravilhas, Kull assume novamente Trono de Topázio, para a alegria docidadãos de Valúsia. O segundo reinadode Kull foi possivelmente mais quietdo que o primeiro - mas certamente nãfoi pacifico. Brule voltou para a cortvalusiana depois de cumprir sua missã

nas ilhas pictas.Durante um tempo as coisas ficaram tãenfadonhas que o monarca começou

visitar a Casa dos Mil Espelhos, nLago das Visões. As tarefas do Estadocomeçaram a ser negligenciadas. Opovo passou a reclamar. E o Rei Kul

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vivia olhando para os espelhos do velhmago Tuzun Thune. Por fim, o monarcestava prestes a se fundir com u

reflexo... quando Brule estilhaçou espelho com sua espada ainda suja coo sangue do feiticeiro. Era tudo uplano do Barão Kaanub. Kull livrou-sda maldição dos espelhos e reassumias tarefas do governo.

VIII - KULL ENCONTRA CONAN

Logo depois desse incidente a maginegra atacou outra vez. Kull, Brule, Legião Negra e o palácio real dValúsia foram levados no tempo para

oito mil anos no futuro. Os valusiano

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estavam perdidos e confusos em um paíchamado Argos, numa parte do mundocom o nome de Hibória. Súbito, trê

estranhos chegaram ao local: um gigantde olhos azuis, que se chamava Conanda Ciméria, uma guerreira de cabelovermelhos, chamada Sonja, e uespadachim conhecido como BêlitGronar, o velho xá picto, acusou-os dserem os responsáveis por aquel

feitiçaria. Kull cruzou espada com cimério e quase perdeu a vida.

De repente, o cimério recuou, mostrou

óia de fogo que havia sumido da corode Kull, e Gronar se transformoabruptamente em algo que Conachamou de estígio. O estígio sofre

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então uma nova transformação ganhandasas de morcego, mas uma flecha atiradpelo cimério terminou com a vida d

criatura - e Kull, seu palácio e tudo maivoltaram para seu próprio tempo, eValúsia. Os três estranhos, Conan, Sonjae Bêlit, desapareceram; o Gronar reaapareceu logo depois querendo sabeonde tinha ido parar o castelo.

IX - A ÚLTIMA CAVALGADA DEKULL

em mesmo Brule soube por que, alguempo depois, o Rei Kull resolve

cavalgar sozinho, sem nenhum

companhia para um lugar nã

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especificado no litoral. Não dizendo ninguém aonde ia, Kull partiu da Cidaddas Maravilhas e penetrou numa dens

floresta de carvalhos logo apóescurecer. Nisso, um dos carvalhopareceu tê-lo atacado. Durante combate, Kull sentiu estar recebenduma comunicação telepática do seoponente troncudo, a história de uantigo império de plantas que sucumbi

antes da evolução do homem, mas quvoltaria a dominar muito depois dhomem ter sido esquecido.

Abruptamente, Kull viu-se dando sococontra o tronco de uma árvore questava simplesmente sendo agitada pelbrisa. Teria sido um sonho? Ou mai

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uma experiência metafísica? Se Kuldecidiu alguma vez sobre isso, o fatainda permanece desconhecido. Pouc

depois, o rei partiu sozinho para o marMas o que o teria atraído para lá seescolta? Ele poderia ter levado oMatadores Vermelhos, a sua força deguarda-costas pessoal, ou a Legiã

egra inteira se quisesse. Por que Brulou Ridondo não o acompanharam? Po

que ele simplesmente não navegou riabaixo da Cidade das Maravilhas diretpara o mar?

Uma possibilidade é que Kull tenhouvido dizer que Laralei foi vista lá, ealgum lugar da costa valusiana. Kulnunca desistiu de achá-la. E, embor

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ainda não tenha sido registrado até momento, há a possibilidade dele a teencontrado. Se não lá, daquela vez

então em algum outro lugar e num outrmomento. Certamente, as crônicas durbulento reinado de Kull ainda estãonge do seu fim.

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Era Hiboriana: Mistérios daEra Pré-Cataclísmica

por Dale Rippke  publicado em

 REHUPA #157 

ada empolga as pessoas como um bomistério. Os melhores são como uquebra-cabeça,trabalhando peça popeça até uma visão coerente ser feita partir de uma massa de partes caóticas

este ensaio, o primeiro de váriosolharei para vários mistérios que

famoso Robert E. Howard nã

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mencionou enquanto escrevia a estruturque sustentou seus contos de Kull Conan: uma visão do passado, chamad

“A Era Hiboriana”.

“A Era Hiboriana” foi publicada em1938, em forma de folheto, e pretendi

mostrar como se formou o pano de funddos contos de Conan. O documento estbastante completo. No entanto, Howar

escreveu uma boa quantidade de estóriaque fazem referência a partes de suhistória que “A Era Hiboriana” nãomenciona. Estas são as partes qu

contém o mistério.

Mistérios da Era do Mundo Thuriano

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Há diversos mistérios que pertencem

época da Valúsia e dos Sete ImpériosHá outros países e povos mencionadona saga? Existiu algum antes da Era PréCataclísmica? Como estavam disposto

os continentes no mundo daquela época?

O primeiro mistério da Era PréCataclísmica faz sua aparição numinha do terceiro parágrafo de “O Rein

das Sombras”, uma história do Rei KulA linha diz:

“Atrás daquelas filas terríveis orgulhosas, vieram os mercenáriosguerreiros ferozes e de aspect

selvagem, homens de Mu e Kaa-u, e da

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colinas do leste e ilhas do oeste”.

O que são e onde estão Mu e Kaa-u

Ambos são obviamente países quexistiram na época dos Sete ImpériosHoward nos fala mais alguma coissobre eles? Para simplificar, vamo

olhá-los separadamente.

Mu é apenas mencionada em dois contoda saga de Kull: “O Reino daSombras” e “Cavaleiros Além do So

ascente”. Ambos não dão outranformações que não o seu nome, e

fato de ela enviar mercenários para Valúsia nos é comunicado. Por sorte, háoutros dois contos de Howard que falade Mu. Um é uma história de Solomo

Kane “A Lua das Caveiras”, e o outro

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um fragmento chamado “A Ilha daEras”. Em “A Lua das Caveiras”sabemos que a capital de Mu tem muro

escarlates, e que ela foi engolida pelaondas na mesma época que a Atlântida“A Ilha das Eras” nos diz muito, muitomais. Mu era uma massa de terra damanho de um continente, situada no

chamados “Mares do Sul”, a área dOceano Pacífico ao sul e leste das Ilha

Lemurianas. Há vinte cidades e milhõede pessoas no continente. A capital deMu é chamada Kharath, a CidadCintilante. O povo de Mu é ligado

Lemúria, por compartilharem o mesmalfabeto e provavelmente a mesminguagem. A aventura nos conta a

história de uma guerra religiosa, onde

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deus da nação, Poseidon, é derrubado o culto ao Primeiro Deus, Xultha, restaurado. No alto das montanhas d

Valla, uma nova capital é construídachamada Na-hor, a Cidade da LuCrescente. Desta cidade, sacerdotes dXultha foram enviados aos Setmpérios, à Atlântida e a um luga

chamado “As Ilhas do Mar”. Após umempo, o deus Poseidon retorna

submerge o continente, do qual apenaos topos das montanhas de Vallapermanecem acima do mar. A cidade de

a-hor prosperou por várias eras

finalmente se transformando em ruínaperto do final da Era Hiboriana.

Kaa-u é mencionado apenas em “O

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Reino das Sombras”, na frase citadanteriormente. Especulações sobre ondé localizado, dirigem-se para a outr

única massa de terra com proporçõecontinentais mencionada na saga, a terrao sul do Continente Thuriano ocidentaSabemos, a partir de “A Rainha dCosta Negra”, que a Cidade dos Aladoé situada lá. “A Lua das Caveirasrelata que a Atlântida situou a cidade

colônia de Negari nesta área. Efinalmente, em “O Reino das Sombras”Kull se recorda do cheiro de serpentque ele sentiu em “selvas meridionais”

Se Kaa-u, como Mu, era um continenteeu acho seguro situá-lo aqui.

O segundo mistério aparece n

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fragmento de Kull, que Lin Carteransformou no conto “Mago

Guerreiro”. Um povo misterios

chamado Celtas é mencionado duavezes no conto. Os olhos de Brule sãazuis como os dos Celtas, e esteúltimos são uma raça marítima quassola as Ilhas do Sol Poente. Mas, umvez que este é um fragmento, é possíveque Howard o alterasse, caso el

decidisse terminar o conto. Lin Cartemanteve os Celtas em sua versão dhistória, então só posso supor que oCeltas eram uma tribo da Atlântida o

de uma das ilhas próximas.

O mistério final, com relação aos povoe lugares da Era Pré-Cataclísmica, di

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respeito à misteriosa civilizaçãoexistente no continente thuriano orientaque originalmente veio de um continent

sombrio e sem nome, situado a leste dLemúria. Minha crença é de que elevieram de Mu, o continente situado este da Lemúria. Após a Lemúri

afundar durante o Grande Cataclismoseus refugiados se dirigiram ao locaonde acharam que seriam bem-vindos

Lemúria e Mu compartilhavam o mesmdioma, apesar de tudo. Agora, talveseja possível que um outro continentficasse a leste de Mu, perto de onde fic

hoje a América do Sul. Também possível que boa parte da América doSul estivesse sob o mar durante a ErThuriana, e que apenas os picos d

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cordilheira dos Andes estivessem acimdo nível do mar. Estes picos poderiammuito facilmente ser as “Ilhas do Mar”

mencionadas anteriormente.

Existiram civilizações antes da ErThuriana? Vários contos falam de um

raça pré-humana, chamada “A VelhaRaça”. Menções a esta raça são feitaem “A Gata de Delcardes”, “Cavaleiro

Além do Sol Nascente” e “Os Espelhode Tuzun Thune”.

Então, onde estão situados as ilhas

continentes da Era Thuriana? Usando Atlântida como ponto central:

O Continente Thuriano fica logo a

este.

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As Ilhas do Sol Poente (Ilhas Pictasficam logo a oeste.

A Lemúria fica a sudoeste das IlhaPictas, fora da costa leste thuriana.

Mu fica ao sul das Ilhas Pictas e

sudoeste da Atlântida.

Kaa-u fica ao sudeste da Atlântida sul da Thuria ocidental.

As Ilhas do Mar ficam possivelmentao sul e ligeiramente a oeste d

Atlântida.Bastante simples, não?

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Mistérios da Era Cataclísmica 

Originalmente publicado em REHUPA

#160

“O deslocamento na crosta terrestre foão súbito quanto devastador. Ela s

moveu com tal força implacável, com taferocidade esmagadora, que pegou tudde surpresa em seu caminho. Veio comoum leviatã das profundezas do oceanocom as mandíbulas bem abertas, pronta

pra se fecharem em sua vítima. Nada sdeu conta de sua aproximação, nada foavisado de seu perigo.

Como um ladrão na noite, a forç

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mortífera se moveu secreta silenciosamente, impulsionada poforças centrífugas, com seu pode

primitivo multiplicando em forçamultiplicando em intensidade e, cooda a crescente velocidade, carrego

seu poder mortífero envolvido no gelfrio dos pólos; e com uma precipitaçãnascida do aparente desespero, elrasgou a rígida crosta dos planetas e

pedaços. Houve um momento daparente indecisão, e então a terrvirtualmente se inflamou em furiosreação, enquanto vulcões entraram e

erupção e terremotos mortais sacudirao globo.

O cataclismo veio literalmente do céu

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despedaçando a crosta terrestre ransformando o oceano num turbilhã

de morte, enquanto as águas furiosa

orraram ao longo da terra, em ondas d30 metros que não deram aviso aohabitantes, nem piedade aos vivos. Umgrande civilização foi reduzida entulho. Com o passar do tempo, apenauma lenda do sonho da Era Douradpermanecera nas mentes daqueles qu

sobreviveram. Alguns buscaramproteção nas colinas; outros, menoafortunados mas não menodeterminados, enfrentaram a naturez

com uma coragem nascida do desesperoPoucos triunfaram, mas aqueles que fizeram, perambularam pelas ruínacomo crianças selvagens. Haviam sid

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despidos de suas necessidades básicase dos seus sonhos com o futuro que civilização lhes fornecera

Desorientados, sua fé em Deus, natureza, e até mesmo em seu

companheiros, se desfez; aindmpelidos pelo instinto d

sobrevivência, eles começaram a tarefde forjar uma vida do que restara, sesaber nada do que o amanhã traria! S

passariam muitos anos, e incontáveiutas, até que o acontecimento fosssuperado; por enquanto, sem escolhaeles viveram minuto após minuto co

uma ansiedade nascida do pânicosempre se perguntando se, ou quando, erra iria se deslocar novamente”.

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Trecho de “O Martelo e o Pêndulo”, d

 Richard Noon

Dramático, não? O Grande Cataclismarrasou o mundo de sua época

mandando quase todas as civilizaçõesobreviventes de volta à idade da pedrada qual haviam se livrado milênioantes. As nações avançadas da épocdesapareceram do palco da históriacom seus sobreviventes rapidamentsucumbindo à necessidade de faze

frente a um mundo que não mais lhedaria toda suntuosidade. Das diversafontes que Robert E. Howard forneceu respeito do Grande Cataclismo,

possível especular sobre a causa e seu

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extensos efeitos.

Eu creio que o “gatilho” do GrandCataclismo foi o impacto de um cometano mar entre o pequeno continente d

Atlântida e as ilhas da Lemúria. Estmpacto iniciou um deslocamento n

crosta, que a tornou um montante se

precedentes de terremotos e datividades vulcânicas, enquanto afalhas da terra foram pressionadas eseus pontos de ruptura. O outro efeito

ongo prazo foi a quebra das capas dgelo em seus vários pólos, e subseqüente aumento do nível do marenquanto suas águas derretidas fora

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soltas aos oceanos.

Os mais atingidos pelo impact

oceânico foram as ilhas e continentepróximos. Mu foi totalmente destruídpelo tsunami e ondas de choque, e foquase completamente inundado pel

aumento do nível do mar. A Lemúriaeve praticamente o mesmo destino qu

Mu, embora uma porção bem maior d

primeira tenha conseguido ficar acimdo nível do mar. A Atlântidadesapareceu completamente, enquanto brecha do oceano central, que corria so

ele, se abriu e expeliu magma suficientpara fazer a crosta cair na brecha. Estdeslocamento se uniu à elevação dnível do mar e afogou o continente d

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Atlântida numa curta seqüência. As IlhaPictas perderam seus habitantes (apenaalguns, nas altas montanhas

sobreviveram) e foram então destruídasenquanto eram empurradas pro alto parse tornarem os picos de um novcontinente.

As áreas mais distantes do impactforam menos afetadas por ele, e mai

atingidas pelo deslocamento da crosta elevação do nível do mar. A Valúsia eos Sete Impérios foram destruídos poerremotos e atividades vulcânicas, e

ogo depois disso, pelo mar, quando onível deste se ergueu a estimados 12metros e submergiu as férteis terrabaixas. Através de um milagre do

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destino (ou dos deuses), a civilizaçãpré-humana da Stygia mais antigsobreviveu relativamente ilesa. Pode-s

argumentar que seu estilo megalítico dconstrução foi ajustado para sobreviveaos muitos terremotos da época.

A elevação do continente, rodeado poselvas (Kaa-u?), que ficava ao sul dporção oeste da massa de terra thuriana

criou uma grande quantidade ddestruição nas terras dos Sete ImpériosEla empurrou para o alto fileira apófileira de montanhas, com conseqüente

vulcões. A grande pressão causou umgrande empurrão para cima, ao sul dque um dia seria Koth. A borda oestedeste empurrão se partiu, e crio

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grandes vulcões e campos de lava cobordas afiadas. Esta área intransitáveveio a ser conhecida como as Montanha

Flamejantes de Khrosha. A elevaçãocausou, nas direções oeste e leste dmar raso que separava Thuria de Kaa-uum esvaziamento do mesmo, criando oextensos desertos da Stygia. Um grandmar foi formado a leste da civilizaçãstígia, o qual foi chamado de Ma

Oriental (Howard nunca mencionou estmar, mas ele aparece em vários doextos apócrifos). Durante a Er

Cataclísmica, o Rio Styx (Nilus

desaguou neste mar.

Após um breve períodpresumivelmente uns três anos) d

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nterminável inverno causado pelgrande aglomeração de poeira natmosfera, a Terra começou

experimentar um aquecimento, devido odo o carbono liberado pela queima d

biosfera pelos vulcões (o CO2 – gácarbônico – se tornando um grande gáde estufa). O mundo pós-cataclísmiccomeçou a se aquecer muito em poucempo. Uma tribo de selvagens

conduzida por seu líder Bori, tirovantagem disso, ao fugir para o agormorno círculo ártico, a fim de escapados vulcões, tendo no final evoluíd

para hiborianos.

O Grande Cataclismo destruiu todas aprincipais civilizações então existentes

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com exceção da antiga Stygia e de umnação sem nome, existente na costa lestdo Continente Thuriano. Além deles

apenas os povos próximos à sua herançda idade da pedra, tinham condições dsuperar os problemas que o Cataclismdespejou em seus colos.

Uma destas raças, os pictos, haviasido abrigados nas montanha

meridionais da Valúsia, como proteçãoàs invasões estrangeiras. Quando Cataclismo os surpreendeu, eleperderam contato com as Ilhas Pictas n

oeste distante. Eles voltaram a usapedra em suas armas, mas dentro dquinhentos anos conseguiram criar umrude nação, graças à sua unidade

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habilidade.

Um dos mistérios desta época foi com

os pictos conseguiram passar, de umraça de pele de bronze para indivíduode pele branca. Não é mesmo muitdifícil explicar, já que os picto

provavelmente absorveram centenas dsobreviventes valusianos de pele brancem sua composição genética. Com

passar dos anos, isso teve o efeito dclarear a pele dos pictos para uma comarrom-clara.

A outra raça bárbara a prosperar nomundo pós-cataclísmico, foram oremanescentes do reino continental doatlantes. Eles também retrocederam a

uso da pedra para a luta por suas vida

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contra os milhares de selvagens e feraque habitavam a região ao redor de seenclave. Não demorou muito até que a

ribos guerreiras atlantes entrassem econtato com a nação picta, maipoderosa.

Uma série de guerras sangrentas sseguiu, e a cultura atlante foi reduzida ribos nômades de selvagens. O

desenvolvimento cultural dos pictos fodetido, embora eles conseguissem smanter como nação pela vantagenumérica.

Foi durante este período de quinhentoanos que a raça stígia se expandiu para este, em direção ao Mar Oriental, um

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vez que ao sul havia desertos severos, ao norte, intransitáveis trincheiravulcânicas. Eu creio que as grande

cidades stígias de Kuthchemes e Pteioforam fundadas durante este período, os importantes centros de adoraçãenham sido construídos ao longo d

corrente norte do Styx.

a porção sudeste da Thuria ocidenta

uma raça chamada Zhemri está fazenddurar uma existência dificultada povulcões e terremotos. Eles são uestamento de que a habilidade do se

humano existe em qualquer lugar ondele queira viver. Aqui e ali, através doContinente Thuriano, estão espalhadogrupos de bárbaros selvagens.

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Quinhentos anos após o GrandCataclismo, outro cataclismo menoalterou a face do Continente Thuriano. O

Cataclismo Menor foi um acontecimentrelativamente local. Provavelmente, placa tectônica da borda sul dContinente Thuriano se deslizouoriginando os Montes Ilbars, e fez o MaOriental escoar na direção oeste, nucaminho quase direto ao Ocean

Ocidental, criando a grande correntezocidental do Rio Styx e o Deserto dLeste no processo. A extrema pressãocausada pelo levantamento do centro d

placa thuriana fez com que estquebrasse e se acomodasse numenorme depressão, que foi finalmentpreenchida com água e se tornou o Ma

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Vilayet. A separação final entre aporções leste e oeste do continenthuriano havia ocorrido. A oeste, o

recomeço das erupções vulcânicas erremotos completaram a ruína daribos bárbaras errantes e rudes naçõe

que haviam sido formadas, lançandodos mais uma vez de volta à Idade d

Pedra. Desse modo, o local estassentado para o surgimento do

hiborianos e a próxima era mundial.

O Mistério da Stygia Pré-Humana 

Originalmente publicado em REHUPA

#161

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“No extremo leste, os lemurianos

rebaixados até quase o plano animalescpela brutalidade da escravidãonsurgiram-se e destruíram seu

senhores. São selvagens andand

altivamente entre as ruínas de umcivilização estranha. Os sobreviventedessa civilização, que haviam escapad

da fúria de seus escravos, foramigrando rumo ao oeste. Eles atacaaquele misterioso reino pré-humano dsul e derrubam-no, substituindo su

própria cultura, modificada pelo contatcom a mais antiga. O reino novo schama Stygia, e os remanescentes dnação mais antiga parecem te

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sobrevivido, e até ter sido adoradosdepois que a raça como um todo fordestruída”.

(trecho de “A Era Hiboriana”, d

 Robert E. Howard

esse breve parágrafo, Robert EHoward dispõe uma civilizaçãmisteriosa, que havia existido desdantes do Grande Cataclismo e da quedda Era Thuriana. Quem era est

misteriosa raça pré-humana? O ensai“A Era Hiboriana”, de Howard, nãofornece nenhuma outra informação que fato de aquela raça ter existid

nicialmente.

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Devemos buscar nossas respostas eoutros lugares.

Um dos maiores mistérios da ErHiboriana para mim é a suposição dque a civilização pré-humanamencionada no ensaio, era um enclav

dos Homens-Serpente. Ele não mencionado em nenhum dos contos dKull e Conan como um fato. Até ond

posso afirmar, esta suposição é baseadem nada mais que uma dedução de que culto de uma divindade, que os homensserpente chamam de a Grande Serpente

é idêntico ao culto stígio do demoníacdeus-serpente Set.

Embora possa ser feita uma bo

conjectura de que as duas divindade

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são fundamentalmente a mesma, surguma pergunta, se os homens-serpenteram a única raça a adorar a Grand

Serpente durante a Era Thuriana. ThulsDoom, o grande feiticeiro thuriano, erum seguidor humano da GrandSerpente. E mesmo depois de Kuldestruir os Homens-Serpente e quebrao poder do deus deles, os homens aindcultuavam a Grande Serpente em se

emplo, na capital da Valúsia de KullDesse modo, parece que os homensserpente não eram os únicos adoradoresob a influência da Grande Serpente.

Surge outro problema, quando Kull jur“caçar os homens-serpente de terra eerra, de mar em mar, sem dar descanso

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até matar todos, que o bem triunfe e poder do Inferno seja quebrado”. Énarrado em histórias posteriores que el

cumpriu sua promessa e quebrou poder da Grande Serpente. Então, mparece estranho ele permitir que umnação deles permanecesse, a váriacentenas de milhas ao sul da Valúsia, aosul do Continente Thuriano. Embora sejpossível que esta nação de homens

sepente não tenha sido fundada depoida morte de Kull, isto é meramentsuposição. Devemos procurar arespostas em outro lugar.

Se alguém procurar bastantrigorosamente pelas histórias de Conansurgem pequenos fios de informaçã

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que, entrelaçados, apresentam umvisível tapeçaria no olhar sobre a raçpré-humana que viveu na Antiga Stygia

ão são uma raça de homens-serpenteembora cultuem Set.

osso primeiro pedaço de informaçã

vem da aventura “O Deus na Tigela", dHoward. A história dá uma olhada napré-história da Stygia, na seguint

citação: “Kallian Publico acreditava quela continha o diadema dos reisgigantes, dos povos que habitavaaquela terra escura antes que o

antepassados dos stígios chegassem. Elme mostrou um desenho gravado nampa, que jurava que tinha a forma d

diadema que, segundo as lendas, er

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usado pelos reis-monstros”. Agora isto nteressante! A raça pré-humana que

existia antes dos stígios chegarem era d

gigantes, mais altos que a média humanaExistiu uma raça de gigantes durante Era Thuriana? A resposta é sim!

a aventura “O Altar e o Escorpião”, dHoward, aparece um membro da “VelhaRaça” que existia antes da humanidade

Seu nome é Thuron e ele é um altsacerdote da Sombra Negra, um deumais antigo. Sua aparência é a de “uhomem alto e magro, um gigant

cadavérico. Seus olhos brilhavam compoços de fogo sob suas pesadasobrancelhas, e o fino talho de sua bocse abriu num sorriso silencioso”. El

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ambém é descrito como sendncrivelmente forte, e com o pass

sinuoso, como o deslizar de uma cobr

rastejante. De todas as descrições daraças mais antigas, a dele é a única quse ajusta à descrição dos pré-stígiocomo reis gigantes.

E tem mais. Em “A Hora do Dragão” huma riqueza de evidências sobre a raç

pré-humana e pré-stígia. Se olharmos ensaio “A Era Hiboriana” e somarmoos anos que ele abrange, descobrimoque aproximadamente 6500 anos s

passaram entre o Grande Cataclismo e Era de Conan. Ainda em “A Hora doDragão”, Conan encontra uma vampirmorta-viva chamada Akivasha e

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reconhece: “O nome daquela antigprincesa, bela e maligna, ainda existino mundo em canções e lendas, embor

dez mil anos tivessem transcorriddesde que a filha de Tuthamon sdeleitara em régias festas, no meio dosalões negros da antiga Luxor”. Elconfirma sua idade, quando declara“Dez mil anos atrás, eu morri para vivepra sempre!”. Assim, em outra

palavras, ela se tornou uma vampir3500 anos antes da Era Thuriana sedestruída no Grande CataclismoTambém somos informados que a cidad

de Luxor existiu durante a Era ThurianaAkivasha é descrita da seguinte forma“Sua pele de marfim indicava-a comuma stígia de alguma antiga famíli

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nobre, e como todas aquelas mulheresela era alta, esbelta e voluptuosa; secabelo era uma grande pilha de espum

negra, em meio à qual brilhava ucintilante rubi”. Conan acredita que elseja uma stígia, uma vez que ainda hnobres stígios de pele branca existinddurante sua vida. Sobre ela não ser, sconclui pela data, a qual mostra que elera viva vários milênios antes d

fundação da Stygia. Além disso, nota-sque ela é alta, como todas as mulherede sua raça. Um pedaço adicional dnformação acrescenta valor à teoria d

que ela é da “Velha Raça”: “Nummomento em que [Conan] falou com elaa garota virou a cabeça em sua direção ele se sobressaltou ao ver os olhos del

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brilharem como fogo dourado nescuro”. Ela tem a mesma luz brilhantnos olhos, que é descrita nos de Thuron

ós sabemos que o povo do leste, qufundou a Stygia, não tinha a pele brancaporque Howard nos diz mais. Ao

descrever uma pirâmide colossaHoward afirma: “Nenhum homem podise aproximar de uma daquelas pilha

sombrias de pedra negra sem apreensãoO próprio nome era símbolo drepulsivo horror entre as nações dnorte, e as lendas davam a entender qu

os stígios não as construíram; questavam naquela terra em qualquer datantiga e imemorial, em que o povo dpele escura adentrou a terra do grand

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rio”.

Outra peça do quebra-cabeça

adicionada, quando entende-se quAcheron não foi fundada por stígiosmas pelos “Reis-gigantes”. Em “A Hordo Dragão”, ao ver Xaltotun restituído

vida, Valerius afirma: “Ele [Xaltotunnão era um stígio. Essa parte, pelmenos, era verdade”. Deitado em se

sarcófago, Xaltotun é descrito como “uhomem alto e robusto, nu, de pelbranca, com cabelos e barba escuros”Ele não é um stígio escuro; su

aparência é a própria descrição de umembro da raça mais antiga. Ele tem omesmos olhos incandescentes“Lentamente, a inteligência brotou e

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seus olhos escuros, tornando-oprofundos, estranhos e luminosos. Ercomo se luzes místicas, há muit

submersas, flutuassem lentamentatravés dos poços noturnos descuridão” e “as luzes bruxuleantes dnferno tremeluziam em seus olhos”

Quando Xaltotun aparece após a Batalhde Valka, Conan reconhece suaaproximação como se fosse a de um

serpente. E, como um pedaço final dprova, temos a observação de Orastes, sacerdote decaído: “Nós libertamos udemônio sobre a terra, um espírit

maligno incompreensível para humanocomuns. Eu tenho estudado o mal fundo, mas há um limite para aquilo queu, ou qualquer homem da minha raça

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era, possa fazer. Meus ancestrais eramhomens limpos, sem nenhuma manchdemoníaca; apenas eu desci às covas,

posso pecar apenas ao alcance de minhndividualidade pessoal. Atrás d

Xaltotun jazem mil séculos [100.00anos] de magia negra e diabolismo, umantiga tradição do mal. Ele está além dnossa compreensão, não apenas porquseja por si só um feiticeiro, mas també

porque ele é filho de uma raça dfeiticeiros”. Mesmo considerado upouco de exagero, 100.000 anos leva raça de volta às brumas da pré-história.

A civilização pré-humana, que governoa terra do grande rio, não consiste ehomens-serpente. Os próprios textos d

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Howard sugerem que eles eram os ReisGigantes, uma raça antiga de feiticeirocom olhos incandescentes e uma manch

demoníaca no sangue. Eles exerciancrível poder mágico, devido à relaçã

com os mais antigos Deuses da infâncida terra. Eles fundaram o opressompério de Acheron após o Grand

Cataclismo. Os refugiados de pelescura do Leste os aniquilaram n

Stygia. E eles foram destruídos eAcheron pelas migrações hiborianas. Oremanescentes da Antiga Stygia e orefugiados da queda de Achero

nstalados na Stygia, seus ancestrais sornaram os nobres stígios de pel

branca da era de Conan. Eles trouxerao culto a Set para a Stygia, e suas ruína

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deram magia, mistério e terror aopovos que os sucederam. Sua influêncise estendeu por toda a vastidão da Er

Hiboriana e além.

A Primeira Grande MigraçãoOriginalmente publicado em REHUPA

#163

a região mais oriental do pré

diluviano Continente Thuriano, existiuma misteriosa raça xenófoba queoriginalmente, habitara uma terrsombria que ficava no leste distante, d

outro lado do mar (Mu). Robert Howar

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nunca nos deu um nome para estestranho povo, mas certos textoapócrifos se referem a essa gente com

os Khari. Eles eram uma antiga raça dpessoas de pele escura e rosto aquilinoe seu único e raro intercurso na épocera com o povo de pele amarelada dArquipélago Lemuriano.

Esta época idílica chegou a um fi

abrupto, quando um desastre, chamadO Grande Cataclismo, sacudiu oalicerces do mundo. A maioria daerras de Mu e Lemúria submergiu na

ondas do oceano e forçou osobreviventes a encontrarem uma noverra pra morarem.

Os Khari, através de um maravilhoso at

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de geografia, conseguiram, não apenasobreviver ao Grande Cataclismo, mamanter intacta a maior parte de su

sociedade. O mais notável dos desafioque esta raça teve de enfrentar, nesteira da catástrofe que se estendipelo mundo, era o problema dorefugiados lemurianos, adentrando aerras que eles dominavam. Ele

resolveram isso, escravizando o

emurianos, os quais agüentaram ucativeiro tão brutal que quase os reduzia um nível bestial de existência.

Aproximadamente quinze séculodepois(*), a estranha civilização doKhari foi destruída, quando os escravoemurianos se revoltara

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sucessivamente. Com suas cidades echamas, os poucos Khari sobrevivente– povo e sacerdotes – fugiram para

oeste, a fim de escaparem de sedestruídos pelas mãos de seus antigoescravos. Eles se juntaram aoexércitos, que protegiam a fronteiroeste dos bárbaros que viviam além. Aruínas de sua outrora grandioscivilização, eles deixaram para o

vingativos lemurianos.A perda de sua terra natal deve tedoído na alma dos Khari. Sobrara

apenas várias centenas deles. Para ondeles iriam? A oeste, ficam milhares dequilômetros de estepes estéreis (as quaipor fim se tornariam a Hirkânia) e,

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sudoeste deles, se estendiam arincheiras intransitáveis dos monte

Himelianos e Afghulis. Eles tinham qu

r a algum lugar, e era óbvio que nãoeriam paz com os lemurianos.

Eu especularia que, durante este tempo

os antigos sacerdotes-feiticeiroassumiram o papel da liderança. Podese imaginar que a idéia de encontrar o

conquistar uma pátria empregava ufervor quase religioso. Poderia ser equivalente Khari dos refugiadosraelitas de Moisés, vagando pel

deserto durante quarenta anos.

Resultaria no molde da alma da nação.

Desse modo, começou a Grand

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Migração Khari. Eles viajaram para sudoeste, ao longo das orlas damontanhas. Surgiram conflitos durant

sua jornada, enquanto civilizaçõenascentes estavam começando a sformarem ao longo de sua rota. Estepovos foram deslocados, destruídos oabsorvidos, normalmente comescravos. Quase imperceptivelmenteseus números começaram a aumentar.

Finalmente, eles alcançaram a área sudo Mar Vilayet. De quanto tempo somou para chegar lá, nenhuma palavra

mencionada. Pode ter levado váriagerações; pode ter levado várioséculos.

Foi aqui, na orla do Deserto Kharamun

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que lhes alcançou a palavra de umnação fabulosa, com cidades feitas destruturas de pedras ciclópicas

espalhadas como brinquedodescartados ao longo das margens de urico e fértil rio, e seu mar resultante. Istprovaria ser a Terra Prometida deles.

A terra diante deles era velha, existindodesde muito antes do Grande Cataclism

reagrupar o perfil do mundo. Esta terrmaligna foi comumente chamada dAntiga Stygia, em épocas mais tardiasEra a obscura nação pré-humana do

Reis-Gigantes de pele branca; seu nomverdadeiro perdido nas brumas dhistória (pode-se fazer a hipótese de quseu verdadeiro nome era Acheron). El

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ostentava cidades com nomes fabulososcomo Luxor, Pteon, Sabatea, Erkulum Qarnak (as duas últimas são de texto

apócrifos relativos a esta época). Eparece bem provável que a cidadsuprema desta terra era a grandcidadela meridional de Kuthchemes.

Como a nação Khari, ela sobrevivera aGrande Cataclismo razoavelment

ntacta e crescera nos anos seguintesrodeando as extensões ocidentais do Riilus e as terras que rodeavam o ma

que se encolhia a seu leste. Ela crescer

na direção norte, fundando cidades aongo das extensões do Rio Tybor

Assim como a nação Khari, ela foconstruída pela subjugação das tribo

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nômades da área e de negros das terraao sul. Vez que não houve umaverdadeira oposição na região, os Khar

iveram uma única oportunidade. ATerra dos Reis-Gigantes ficardecadente e mole porque seus senhorepré-humanos deram confiança demais sua infra-estrutura humana. Esta foi umfalha que os Khari aproveitarampiedosamente.

A primeira cidade com certmportância a enfrentar os invasore

Khari foi a cidadela de Kuthchemes. A

cidade murada, que até então nuncenfrentara nada maior que esporádicancursões nômades, se encontrou diant

de um vasto e disciplinado exército d

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nvasores, determinados a renderem-naA vasta e mal-defendida cidade caiu emcurta ordem. A captura de Kuthcheme

deu aos Khari a base para concluir restante do domínio das cidades do valdo Nilus.

Os exércitos dos Reis-Gigantes foradificultados pela insubordinação interndos súditos humanos que os abrangia

Seus feiticeiros foram impedidos poforças invisíveis, conjuradas pelosacerdotes-feiticeiros KharRefugiados, fugindo das cidades d

este, paralisaram os recursos dacidades remanescentes. A traição desfea estrutura da sociedade, enquantvárias famílias de Reis-Gigantes fizera

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acordos secretos com os Khari, parraírem o restante por um lugar n

sistema seguinte.

O império dos Reis-Gigantes sdissolveu rapidamente em sangue e fogoGrupos de refugiados, tomando o qu

podiam levar, fugiram da nação emembarcações, para o santuário dacidades acheronianas do Rio Tybor. O

remanescentes gigantes pré-humanohostis foram mortos, enquanto os Kharconsolidavam suas conquistas. A TerraPrometida ao longo do Rio Nilus agor

pertencia aos Khari. A Grande Migraçãhavia terminado.

Os conquistadores substituíram su

própria cultura nas terras ao longo d

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ilus, embora ela tenha sidamplamente modificada pelo contatcom a Antiga Raça. Eles admiraram a

grandes pirâmides escuras e pilharam arelíquias mágicas de tumbas préhistóricas. Começaram a chamar o Ri

ilus por um novo nome, o Rio StyxEles deixaram de ser os Khari nestmomento, comemorando seu novcomeço ao chamarem a si mesmo d

stígios.As traiçoeiras famílias nobres dos ReisGigantes, que ajudaram os stígios, fora

ncorporadas, como prometido, camada mais alta da sociedade stígiaEles foram a cola que manteve unida fusão das duas culturas e ajudaram

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amenizar o período de transição.

Um mistério desta era foi a razão pel

qual os stígios começaram a adorar Seto grande deus-serpente dos ReisGigantes. Eu creio que os stígiosentiram que seus velhos deuses o

abandonaram, durante a revoltemuriana, e que eles foram guiados pelntervenção divina à sua nova pátria. O

fato de Set não ter feito nada para ajudaos Reis-Gigantes não passodespercebido aos stígios de pele escuraque tomaram isso como um sinal d

própria ascensão à benevolência de SeOs stígios continuaram a cultuar Set coum fervor inigualado pelos nãoamentados Reis-Gigantes. Ela se torno

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a religião suprema do estado, e foassentada em Erkulum, a Cidade de Set.

Esta foi, então, a história da PrimeirGrande Migração. A nova nação daStygia estava formada, e os ReisGigantes se dissiparam de seu lugar

empo na história (eles logo voltariamquando as cidades do Rio Tybor sornassem a nação de Acheron). O palco

estava agora estabelecido para Segunda Grande Migração, a dohiborianos. Este será o tema de mepróximo capítulo de “Mistérios da Er

Hiboriana”.

*) – Embora

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ippke tenha mencionado um períod

de quinze séculos (1500 anos) entre oescravizamento dos lemurianos e

revolta dos mesmos, vale lembrar que o

róprio Howard menciona, no ensaio

“A Era Hiboriana”, que “a histórideles, durante milhares de anos, é uma

história de brutal servidão” (ve

Conan – Espada e Magia #1, pág, 187)ortanto, é de se imaginar que o

emurianos tenham sido escravos do

hari por, pelo menos, dois mil ano

(N. do T.).

A Chegada dos Hiboriano

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Originalmente publicado em REHUPA

# 165

A origem da tribo hiboriana remonta Era Antediluviana, antes do Grand

Cataclismo sacudir a terra. Eledescendiam de uma raça de selvagenneanderthalenses, que habitavam aextensões setentrionais do ContinentThuriano.

Então, o Grande Cataclismo ocorreu, e

mundo foi lançando no caos e nanarquia. Terras submergiram nos maree os grandes reinos do mundo foraarruinados. Maciças erupçõe

vulcânicas cobriram o Continent

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Thuriano ocidental de cinzas e de gasevenenosos.

Os proto-hiborianos fugiram para norte, em direção ao Circulo Ártico, fim de escaparem da destruição causadpelos efeitos violentos dos vulcõe

recontado em “Fragmento sem Título”THE HOWARD COLLECTOR, 1979)Eles encontraram esta região, infestad

por uma espécie nativa de ferozemacacos da neve. As tribos nômadeenfrentaram estes peludos horrorebrancos, e finalmente expulsaram-no

para dentro das terras desérticaspróximas ao Pólo Norte, onde sacreditou que eles pereceriam. Entãoeles tomaram posse desta região, s

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adaptaram a ela e prosperaram. Mesmum cataclismo menor, 500 anos após oprimeiro, pouco fez para deter se

desenvolvimento.

Por volta desta época, as tribos sautodenominavam Hibori, ou hiborianos

em honra a seu deus Bori (Bori era, nverdade, um antigo líder das triboselevado ao status de divindade com

passar dos séculos). Durante os mil anoseguintes, eles se espalharam por todaas terras vazias e, estando isoladosutavam apenas em guerras tribais.

Depois de seu deslocamento para Circulo Ártico, os hiborianos sornaram “uma raça de cabelos claros

olhos cinzas, vigorosa e guerreira, j

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exibindo uma natureza artística e poéticbem definida”. Eles viveoriginalmente da caça, embora alguma

das tribos mais meridionais criem gadoão tiveram contato com nenhuma raça

em seus 1500 anos de existência, acreditavam estarem sós.

Esta crença é despedaçada quando vênformações do extremo norte, de qu

uma extensa tribo de homens simiescohabita as terras além do Círculo ÁrticoEles são supostamente os descendentedos macacos-das-neves, que o

belicosos hiborianos haviam expulsadde suas terras milênios antes. Uguerreiro nômade hiboriano, retornandde uma jornada ao norte distante, afirm

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que eles estão evoluindo para homens dverdade e insiste pela rápida formaçãde um bando de guerreiros, par

erradicá-los daquela região.

Os hiborianos reagem às notícias codescrença e ridicularização. O jove

guerreiro é incapaz de recrutar mais quum pequeno grupo de lutadoreaventureiros, para acompanharem-no se

retorno à região do Círculo Ártico. Eledesaparecem, e não se ouve mais faladeles.

A pressão de um volumoso número dhabitantes, vivendo numa área árticcom recursos limitados, finalmentobriga algumas das tribos mai

meridionais a seguirem para climas mai

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quentes. As primeiras migraçõehiborianas vagam por terrarelativamente desocupadas

conquistando ou destruindo os pequenoclãs sem nome que encontram. Eles snstalam nestas terras, absorvendo o

remanescentes destes clãs em supopulação. Estas instalações, por suvez, são conquistadas por novas tribohiborianas, de sangue mais puro,

varridas, enquanto as pequenamigrações se tornam uma torrente, “sestendendo por séculos e eras”

(Black Colossus)

Um elemento adicional, que contribu

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para o impulso hiboriano, ocorre quanduma tribo daquela raça descobre o usda pedra, construindo rudes fortalezas

projetadas para resistirem a ataqueribais. Estas pessoas logo descarta

suas tendas de pele de cavalo, em favoda vida em casas de pedra, agrupadapara proteção. Isto, por sua vez, dorigem ao primeiro reino hiboriano, rude e bárbara nação da Hiperbórea (

Mais Antiga). O nascimento deste reinoempurra para diante muitas outras triboselas se recusam a serem subordinadas seus parentes dos castelos.

Entretanto, não demora muito para ohiborianos se depararem com Acheronuma terra governada por uma raça pré

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cataclísmica chamada de Reis-GigantesAcheron está situada como uma grandrocha no meio do fluxo da migraçã

hiboriana, forçando as tribos para oestao longo de suas fronteiras setentrionaisou para o sul ao longo de sua diviseste.

Ao sudeste da Hiperbórea, se encontra nascente nação dos Zhemri. Logo ante

das migrações hiborianas começarem sério, os Zhemri se uniram a uma raçdesconhecida (refugiados dagonianos?)que revivia a memória de sua antig

cultura. Isto, combinado às defesanaturais de terrenos montanhosospermitiu aos Zhemri desviarem crescente número de hiborianos para a

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erras a oeste deles.

O empurrão migratório para oeste ocup

as terras entre Acheron e as montanhado que iria se tornar a Cimériadeslocando as tribos aborígeneexistentes para oeste, em direção à

erras dos pictos. Linhagens hiborianase miscigenaram com aqueleaborígenes, para formarem a tribo d

Bossônia. Os bossonianos empurraraos desorganizados pictos para oeste, edireção aos sertões, e ocuparam anovas terras. As tribos hiboriana

continuam adentrando a áreacontornando Acheron e se instalando ao