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Impresso Especial 7317034806/2006-DR/MG LEEPP CORREIOS LEEPP LIVRARIA ESPÍRITA EDIÇÕES “PEDRO E PAULO” JORNAL DA MEDIUNIDADE UBERABA-MG INFORMATIVO JULHO/AGOSTO ANO 2009 N.º 18 L ançamentos Temos preços especiais para Clube do Livro INQUISIÇÃO AOS MÉDIUNS EDITORIAL O Movimento Espírita, no Brasil, infelizmente, está reeditando a implacável perseguição movida contra os médiuns, na Idade Média, pela própria Igreja Católica. Não podemos generalizar, mas há, sim, uma perseguição orquestrada por parte de alguns interessados, os quais talvez estejam querendo monopolizar a mediunidade, contra os novos médiuns que despontam no cenário da Doutrina com as suas produções. Trata-se de uma nova Inquisição que, não mais tendo ao seu dispor as fogueiras, nas quais arderam Giordano Bruno, Jan Huss, Girolamo Savonarola e tantos outros mártires, intentam agora a desmoralização dos instrumentos mediúnicos, através dos quais os Espíritos vêm combatendo, sistematicamente, a política de bastidores que vige no Movimento, a partir de algumas Federações e dos que se lhes fazem subservientes. Aliás, a partir de certas Federativas, já impera declarada censura em torno de obras que vêm incomodando o poder estabelecido. Qual a Igreja fez com o profetismo, estão tentando fechar as portas do Mundo Espiritual ou, em inegável retrocesso, de quase 3.000 anos, impor, outra vez, a proibição lavrada por Moisés, no Deuteronômio. Incrível como o Movimento Espírita está copiando a Igreja, levando-nos a concluir que a turma de sotaina está mesmo toda aí, reencarnada em nossas fileiras! No fundo, no dizer de um psicanalista, é também uma questão de mercado! Os novos médiuns, com as suas produções, vêm diminuindo espaço aos médiuns antigos, habituados a vender o que querem e a quanto querem, mesmo à custa de plágios – segundo um estudioso da Doutrina, não se trata mais de plágio mas, sim, de apropriação indébita do pensamento! Na questão de mercado, obviamente, está incluída a fama, o poder de influencia, a tola pretensão de liderança, em suma, tudo que é exatamente avesso à mensagem libertadora do Espiritismo. Não podemos nos calar. A Doutrina, para desprazer dos que almejam impor-se pela trama sutil, mas que não passa despercebida do observador atento, é absolutamente livre de ações coercitivas. Nenhuma instituição espírita, física ou jurídica, deve obediência a qualquer órgão unificador. Do ponto de vista espiritual, somos isentos de Inscrição Estadual e funcionamos com CNPJ próprio! O nosso vínculo é com a consciência e mais nada! Graças a Deus, no Espiritismo, ninguém precisa beijar o anel de quem seja. Ou precisa?! Que os médiuns, pois, cônscios de suas responsabilidades e do compromisso maior com a Verdade, continuem o seu trabalho, sem, contudo, se calarem tanto, sob o risco de, em nome de pretensa humildade, serem omissos e coniventes. Assumam o seu espaço na Mediunidade e na Opinião, sem se esquecerem de que o exemplo maior, Chico Xavier, foi médium completamente independente, com coragem bastante para mandar escrever na tabuleta que está dependurada numa das paredes do Grupo Espírita da Prece: Aqui, com o nome de Grupo Espírita da Prece, funciona o Culto do Evangelho no Lar, do irmão Francisco Cândido Xavier, em casa de sua propriedade. Cremos que é já chegada a hora de os espíritas, em geral, proclamarem a Obra Mediúnica de Chico Xavier em nível da Codificação, sem nenhum demérito para as obras da lavra de Allan Kardec. Durante 75 anos de abençoado labor, executando, fielmente, a tarefa que lhe foi confiada pelo Cristo, o médium Chico Xavier trabalhou no desdobramento e atualização do Pentateuco. Entre uma obra e outra, não há qualquer disparidade ou contradição. Ao contrário, na encetada pelo médium de Pedro Leopoldo e Uberaba é que a de Kardec se confirma e se torna muito mais abrangente. Sirva de exemplo. Com Kardec, “O Livro dos Espíritos”, resumindo os Princípios Básicos da Doutrina e outros palpitantes assuntos do século XIX, abordados de maneira magistral, se constitui de 1.019 perguntas (segundo certas traduções: 1.018!) e as respectivas respostas. Com Chico Xavier, a partir da publicação de “O Consolador”, em 1940, aos temas estudados se acrescentam 411 perguntas, versando sobre questões que, à época, Kardec não pôde abordar. Temos, então, “O Livro dos Espíritos” consideravelmente ampliado, totalizando 1.430 questões, sendo que Emmanuel, de forma didática, dividindo “O Consolador” em três partes, desdobra os aspectos científico, filosófico e religioso da Doutrina. Perguntas sobre Química, Física, Biologia, Psicologia, Sociologia e outros ramos do conhecimento humano, são respondidas por Emmanuel – um alônimo impessoal adotado por este espírito, que, por certo, funcionou como medianeiro de outros de maior elevação. Dissemos impessoal, porque este nome, “Emmanuel”, com o significado de “Deus Conosco” era, na realidade, o nome das profecias para Jesus. Emmanuel, portanto, a nosso ver, não foi sozinho o autor espiritual das obras que escreveu através de Chico Xavier! Ainda citaríamos, da lavra do próprio Emmanuel, o excelente “Religião dos Espíritos”, publicado em 1960, todo ele psicografado em 1959, em comemoração aos 100 anos de “O Livro dos Espíritos”, celebrado em 1957. São, ao todo, 91 capítulos, nos quais Emmanuel novamente comparece comentando, agora em páginas mais extensas, praticamente um décimo de “O Livro A OBRA MEDIÚNICA DE CHICO XAVIER EM NÍVEL DA CODIFICAÇÃO Carlos A. Baccelli dos Espíritos”! Ressalte-se, ainda, que, inicialmente, conforme se pode ler na obra do Dr. Canuto Abreu, “O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária”, Edições LFU – Lar da Família Universal –, a Obra Básica receberia por título o nome “Religião dos Espíritos”! Se dispuséssemos de mais espaço neste artigo e, principalmente, maior disponibilidade de tempo nas tarefas que nos absorvem presentemente, poderíamos examinar os livros da série “André Luiz”, a partir de “Nosso Lar”, cotejando-os, um a um, com os Cinco Pilares da Codificação. As referências um tanto vagas de Kardec acerca do que chamou “Erraticidade”, se detalham, de maneira impressionante, na revelação de uma cidade inteira no Além, não suspensa na atmosfera, como se fosse uma estação espacial, mas incrustada no solo de matéria rarefeita! Isto sem mencionar-se o transcendente conteúdo de outras obras, como “No Mundo Maior” e “Evolução em Dois Mundos”, para citarmos apenas mais duas. André Luiz, pseudônimo do Dr. Carlos Chagas, uma das inteligências mais brilhantes que o Brasil já produziu em todos os tempos, como Emmanuel, seu mestre, também se tornou impessoal, de vez que ele, segundo o próprio Chico Xavier afirmava, era médium de uma Falange de Espíritos, muitos deles integrantes da equipe do Espírito da Verdade, que migraram, uns no corpo, outros fora dele, para a nova Pátria do Evangelho. Em 2001, Alexandre Caroli Rocha, defendendo sua tese de Mestrado em Teoria e História Literária, no Instituto de Estudos da Linguagem, da Unicamp, efetuou minucioso estudo sobre “Parnaso de Além-Túmulo”, editado pela Federação Espírita Brasileira, em 1932. Chico contava apenas 21 de idade, quando se fez intérprete de grandes gênios da Poesia, na Língua Portuguesa! A conclusão do pesquisador mencionado é impressionante, pois, até então, nenhuma pesquisa havia sido realizada com tanta profundidade sobre a obra que fez tremer os alicerces da Academia Brasileira de Letras! A determinada altura de sua monografia, ele escreve: “Já mencionei que os conteúdos do núcleo temático de Parnaso não são novos, pois versam sobre assuntos presentes na literatura espírita anterior. Qual seria, a este respeito, a mais importante matriz da antologia? Ao testar algumas possibilidades, foi O Livro dos Espíritos (1857), de Allan Kardec, que se mostrou a fonte contendo mais pontos em comum com o núcleo temático da antologia.” Ou seja: o conteúdo de “Parnaso de Além-Túmulo” é de “O Livro dos Espíritos”, em versos! Os poetas que o escreveram, em sua 1ª edição e nas edições posteriores, como Antero do Quental, Augusto dos Anjos, João de Deus, Castro Alves, Cruz e Sousa e outros, igualmente se fizeram medianeiros dos Espíritos que zelam pelos interesses da Doutrina Espírita. Tendo se tornado espírita e médium aos 17 de idade, Chico Xavier, com 21 anos, já trabalhava no extraordinário desdobramento do Pentateuco, de que toda a sua Obra mediúnica emerge com a naturalidade que a cristalina água da fonte brota do coração da terra! Por este motivo e outros, acreditamos que os espíritas de bom senso, isentos de toda e qualquer ortodoxia ou mesmo paixão pessoal, devem já começar a aclamar a Obra Mediúnica de Chico Xavier, em seu todo homogêneo, em nível da Codificação, que, com ela, sobremodo se engrandeceu. Sem Kardec, com certeza, o Espiritismo não teria Chico Xavier, mas, sem Chico Xavier, o Espiritismo teria continuado o mesmo de exatos 152 anos atrás! (Artigo publicado originalmente na Revista Delfos de n.º 34) Tel/Fax: (17) 3421-2176 www.mariadenazare.com.br [email protected] EDITORA DIDIER

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ImpressoEspecial

7317034806/2006-DR/MG

LEEPP

CORREIOS

LEEPPLIVRARIA ESPÍRITA EDIÇÕES “PEDRO E PAULO”

JORNAL DA MEDIUNIDADE

UBERABA-MG – INFORMATIVO JULHO/AGOSTO – ANO 2009 – N.º 18

Lançamentos

Temos preços especiais para Clube do Livro

INQUISIÇÃO AOS MÉDIUNS

EDITORIAL

O Movimento Espírita, no Brasil, infelizmente, está reeditando a implacável perseguição movida contra os médiuns, na Idade Média, pela própria Igreja Católica.

Não podemos generalizar, mas há, sim, uma perseguição orquestrada por parte de alguns interessados, os quais talvez estejam querendo monopolizar a mediunidade, contra os novos médiuns que despontam no cenário da Doutrina com as suas produções.

Trata-se de uma nova Inquisição que, não mais tendo ao seu dispor as fogueiras, nas quais arderam Giordano Bruno, Jan Huss, Girolamo Savonarola e tantos outros mártires, intentam agora a desmoralização dos instrumentos mediúnicos, através dos quais os Espíritos vêm combatendo, sistematicamente, a política de bastidores que vige no Movimento, a partir de algumas Federações e dos que se lhes fazem subservientes.

Aliás, a partir de certas Federativas, já impera declarada censura em torno de obras que vêm incomodando o poder estabelecido. Qual a Igreja fez com o profetismo, estão tentando fechar as portas do Mundo Espiritual ou, em inegável retrocesso, de quase 3.000 anos, impor, outra vez, a proibição lavrada por Moisés, no Deuteronômio. Incrível como o Movimento Espírita está copiando a Igreja, levando-nos a concluir que a turma de sotaina está mesmo toda aí, reencarnada em nossas fileiras!

No fundo, no dizer de um psicanalista, é também uma questão de mercado! Os novos médiuns, com as suas produções, vêm diminuindo espaço aos médiuns antigos, habituados a vender o que querem e a quanto querem, mesmo à custa de plágios – segundo um estudioso da Doutrina, não se trata mais de plágio mas, sim, de apropriação indébita do pensamento!

Na questão de mercado, obviamente, está incluída a fama, o poder de influencia, a tola pretensão de liderança, em suma, tudo que é exatamente avesso à mensagem libertadora do Espiritismo.

Não podemos nos calar. A Doutrina, para desprazer dos que almejam impor-se pela trama sutil, mas que não passa despercebida do observador atento, é absolutamente livre de ações coercitivas. Nenhuma instituição espírita, física ou jurídica, deve obediência a qualquer órgão unificador. Do ponto de vista espiritual, somos isentos de Inscrição Estadual e funcionamos com CNPJ próprio! O nosso vínculo é com a consciência e mais nada! Graças a Deus, no Espiritismo, ninguém precisa beijar o anel de quem seja. Ou precisa?!

Que os médiuns, pois, cônscios de suas responsabilidades e do compromisso maior com a Verdade, continuem o seu trabalho, sem, contudo, se calarem tanto, sob o risco de, em nome de pretensa humildade, serem omissos e coniventes. Assumam o seu espaço na Mediunidade e na Opinião, sem se esquecerem de que o exemplo maior, Chico Xavier, foi médium completamente independente, com coragem bastante para mandar escrever na tabuleta que está dependurada numa das paredes do Grupo Espírita da Prece:

Aqui, com o nome de Grupo Espírita da Prece, funciona o Culto do Evangelho no Lar, do irmão Francisco Cândido Xavier, em casa de sua propriedade.

Cremos que é já chegada a hora de os espíritas, em geral, proclamarem a Obra Mediúnica de Chico Xavier em nível da Codificação, sem nenhum demérito para as obras da lavra de Allan Kardec.

Durante 75 anos de abençoado labor, executando, fielmente, a tarefa que lhe foi confiada pelo Cristo, o médium Chico Xavier trabalhou no desdobramento e atualização do Pentateuco.

Entre uma obra e outra, não há qualquer disparidade ou contradição. Ao contrário, na encetada pelo médium de Pedro Leopoldo e Uberaba é que a de Kardec se confirma e se torna muito mais abrangente.

Sirva de exemplo. Com Kardec, “O Livro dos Espíritos”, resumindo os Princípios Básicos da Doutrina e outros palpitantes assuntos do século XIX, abordados de maneira magistral, se constitui de 1.019 perguntas (segundo certas traduções: 1.018!) e as respectivas respostas. Com Chico Xavier, a partir da publicação de “O Consolador”, em 1940, aos temas estudados se acrescentam 411 perguntas, versando sobre questões que, à época, Kardec não pôde abordar.

Temos, então, “O Livro dos Espíritos” consideravelmente ampliado, totalizando 1.430 questões, sendo que Emmanuel, de forma didática, dividindo “O Consolador” em três partes, desdobra os aspectos científico, filosófico e religioso da Doutrina.

Perguntas sobre Química, Física, Biologia, Psicologia, Sociologia e outros ramos do conhecimento humano, são respondidas por Emmanuel – um alônimo impessoal adotado por este espírito, que, por certo, funcionou como medianeiro de outros de maior elevação. Dissemos impessoal, porque este nome, “Emmanuel”, com o significado de “Deus Conosco” era, na realidade, o nome das profecias para Jesus. Emmanuel, portanto, a nosso ver, não foi sozinho o autor espiritual das obras que escreveu através de Chico Xavier!

Ainda citaríamos, da lavra do próprio Emmanuel, o excelente “Religião dos Espíritos”, publicado em 1960, todo ele psicografado em 1959, em comemoração aos 100 anos de “O Livro dos Espíritos”, celebrado em 1957. São, ao todo, 91 capítulos, nos quais Emmanuel novamente comparece comentando, agora em páginas mais extensas, praticamente um décimo de “O Livro

A OBRA MEDIÚNICA DE CHICO XAVIER

EM NÍVEL DA CODIFICAÇÃO Carlos A. Baccelli

dos Espíritos”! Ressalte-se, ainda, que, inicialmente, conforme se pode ler na obra do Dr. Canuto Abreu, “O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária”, Edições LFU – Lar da Família Universal –, a Obra Básica receberia por título o nome “Religião dos Espíritos”!

Se dispuséssemos de mais espaço neste artigo e, principalmente, maior disponibilidade de tempo nas tarefas que nos absorvem presentemente, poderíamos examinar os livros da série “André Luiz”, a partir de “Nosso Lar”, cotejando-os, um a um, com os Cinco Pilares da Codificação. As referências um tanto vagas de Kardec acerca do que chamou “Erraticidade”, se detalham, de maneira impressionante, na revelação de uma cidade inteira no Além, não suspensa na atmosfera, como se fosse uma estação espacial, mas incrustada no solo de matéria rarefeita! Isto sem mencionar-se o transcendente conteúdo de outras obras, como “No Mundo Maior” e “Evolução em Dois Mundos”, para citarmos apenas mais duas.

André Luiz, pseudônimo do Dr. Carlos Chagas, uma das inteligências mais brilhantes que o Brasil já produziu em todos os tempos, como Emmanuel, seu mestre, também se tornou impessoal, de vez que ele, segundo o próprio Chico Xavier afirmava, era médium de uma Falange de Espíritos, muitos deles integrantes da equipe do Espírito da Verdade, que migraram, uns no corpo, outros fora dele, para a nova Pátria do Evangelho.

Em 2001, Alexandre Caroli Rocha, defendendo sua tese de Mestrado em Teoria e História Literária, no Instituto de Estudos da Linguagem, da Unicamp, efetuou minucioso estudo sobre “Parnaso de Além-Túmulo”, editado pela Federação Espírita Brasileira, em 1932. Chico contava apenas 21 de idade, quando se fez intérprete de grandes gênios da Poesia, na Língua Portuguesa! A conclusão do pesquisador mencionado é impressionante, pois, até então, nenhuma pesquisa havia sido realizada com tanta profundidade sobre a obra que fez tremer os alicerces da Academia Brasileira de Letras! A determinada altura de sua monografia, ele escreve: “Já mencionei que os conteúdos do núcleo temático de Parnaso não são novos, pois versam sobre assuntos presentes na literatura espírita anterior. Qual seria, a este respeito, a mais importante matriz da antologia? Ao testar algumas possibilidades, foi O Livro dos Espíritos (1857), de Allan Kardec, que se mostrou a fonte contendo mais pontos em comum com o núcleo temático da antologia.” Ou seja: o conteúdo de “Parnaso de Além-Túmulo” é de “O Livro dos Espíritos”, em versos! Os poetas que o escreveram, em sua 1ª edição e nas edições posteriores, como Antero do Quental, Augusto dos Anjos, João de Deus, Castro Alves, Cruz e Sousa e outros, igualmente se fizeram medianeiros dos Espíritos que zelam pelos interesses da Doutrina Espírita.

Tendo se tornado espírita e médium aos 17 de idade, Chico Xavier, com 21 anos, já trabalhava no extraordinário desdobramento do Pentateuco, de que toda a sua Obra mediúnica emerge com a naturalidade que a cristalina água da fonte brota do coração da terra!

Por este motivo e outros, acreditamos que os espíritas de bom senso, isentos de toda e qualquer ortodoxia ou mesmo paixão pessoal, devem já começar a aclamar a Obra Mediúnica de Chico Xavier, em seu todo homogêneo, em nível da Codificação, que, com ela, sobremodo se engrandeceu.

Sem Kardec, com certeza, o Espiritismo não teria Chico Xavier, mas, sem Chico Xavier, o Espiritismo teria continuado o mesmo de exatos 152 anos atrás!

(Artigo publicado originalmente na Revista Delfos de n.º 34)

Tel/Fax: (17) 3421-2176www.mariadenazare.com.br

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Página 2 JULHO/AGOSTOJORNAL DA MEDIUNIDADE

Thiago Silva Baccelli...E SE O SAL NÃO SALGAR?

Repreensível é o ato daquele que não para e pensa em relação à continuidade da vida em outras dimensões e esferas do Universo, pois a crise que vivenciamos não é apenas econômica mas também de identidade.

O que somos? De onde viemos? Para onde vamos? Questões de grande amplitude para que os filósofos da Idade Moderna possam refletir, tendo em vista que, sem a perspectiva de futuro, a vida objetiva se torna vazia, ante a subjetividade do nosso ser!

O encanto de viver revela a personalidade das criaturas, e, mesmo através de poucas palavras, fica difícil passarmos à realidade de uma percepção, apenas porque, de certa maneira, estamos todos interligados, unidos a este ambiente que é, ao mesmo tempo, hostil e acolhedor, repleto de contradições, assim como nós mesmos!

O p e n s a m e n t o f i l o s ó f i c o associado à crença religiosa pertinente a cada individualidade leva o homem a travar inquietantes reflexões, as quais remetem à necessidade do raciocínio estar sempre se expandindo no âmbito da fé e do amor.

Afinal, como é possível a um indivíduo racional conceber a Criação sem cogitar de um Criador?

E se, de repente, toda esta incerteza que ronda a mente de determinadas pessoas acerca da Imortalidade se transformasse, com a Ciência batendo o martelo e retirando mais um dos véus que obscurecem a visão espiritual de muitos – que se pensa que aconteceria?

Mudanças viriam, sem sombra de dúvida, entretanto não será de um minuto a outro que o homem se soerguerá moralmente. Não, certamente a voz da consciência soará mais forte a cada um, em determinada época...

Refletindo“A vida é a infância de nossa imortalidade”.

(Goethe)

Quando tal tempo chegar, os pensamentos de muitos irão entrar em rota de colisão com antigos e novos dogmas que, paulatinamente, deverão se firmar, com o tempo, no consciente popular...

Informações novas voltadas para o Bem surgem para quem, primeiramente, souber escutar e prestar atenção nas múltiplas oportunidades existentes, em nosso meio, de trabalhar em nome de Jesus Cristo!

Todavia quantos milênios ainda serão necessários para que a totalidade dos homens na Terra possa aderir aos ensinamentos do Meigo Rabi da Galileia?

Isso realmente é algo que não sabemos divisar, entretanto temos fé e esperança de que tudo tende a melhorar, sob a bênção e o amparo de Deus, Pai de Amor e Bondade, que não está alheio às nossas dores e dificuldades.

Refletindo sobre a vida, sob a égide da Doutrina Espírita, podemos nos t o r n a r p e s s o a s c a p a z e s d e compreender melhor o sentido da existência.

No entanto, se tal constatação elevar o orgulho de algum membro de nossas fileiras, ao ponto de que o mesmo se sinta privilegiado, recordemos a esse irmão que a carga maior de conhecimento engendrará, naturalmente, um encargo maior, em termos de responsabilidade!

O conhecimento espírita tem caráter dinâmico... Os Espíritos Amigos não colocam, em nenhum momento, um ponto-final quanto ao aprendizado que devemos auferir. Pelo contrário, permanecem a nos indicar que temos muito a expandir-nos e crescer, já que estagiamos ainda na infância da Evolução!

Para entender Jesus, não basta

apenas interpretar seus ensinos

transmitidos muitas vezes sob a

forma alegórica. É preciso também

recorrer à cultura da época, para lhes

apreender o verdadeiro sentido.

Conhecer um pouco da história

do sal pode nos ajudar a entender

este ensino do Mestre. O sal é

conhecido como o aditivo alimentar

mais antigo do mundo. O hábito de

salgar alimentos remonta há mais de

quatro mil anos antes de Cristo.

Devido ao seu valor na preparação

dos alimentos, conferindo-lhes

sabor, o sal, antigamente, ocupava

posição de destaque nas ceias,

sempre próximo do convidado mais

ilustre. Está presente em toda a

natureza sob as mais diferentes

combinações. Porém o sal de cozinha

(cloreto de sódio) é o mais

conhecido. É com ele que os grandes

mestres da culinária tornam os

alimentos mais saborosos.

Por ter sido, no passado, um

condimento raro, o sal chegou a ser

utilizado como moeda, nas transa-

ções comerciais, principalmente

entre os gregos e romanos. A palavra

salário, muito própria de nossos dias,

tem sua origem no sal, uma vez que

com ele se pagava uma parte do

ganho das legiões romanas.

No sentido religioso e mais

particularmente na tradição judaico-

cristã, o sal era usado para purificar

pessoas e objetos; o exemplo mais

característico dessa prática eram as

oferendas.

Na época de Jesus, quando

alguém era chamado de “sal da

terra”, estava-se diante de uma

pessoa confiável (grifo nosso).

Talvez, neste sentido, Ele tenha dito

a seus discípulos “vós sois o sal da

terra”, ou seja, eles estavam

preparados e credenciados a levar a

mensagem cristã a outras cidades e

regiões.

É como “sal da terra” que os

médiuns devem ser reconhecidos.

Para tanto, devem estudar a

Doutrina Espírita e o Evangelho de

Jesus. “O Livro dos Médiuns” e “O

Evangelho Segundo o Espiritismo”

devem ser seus livros de estudo e

consulta permanente. O primeiro

o f e r e c e o c o n h e c i m e n t o d a

mediunidade em seus múltiplos

Geraldo Ribeiro da SilvaGrupo Espírita Batuíra / SP

aspectos; o segundo apura as vias do

afeto e do sentimento.

Pedro de Camargo (Vinícius),

escritor e grande orador espírita do

século passado, afirma que o sal é

uma substância incorruptível e que,

além de não se deixar contaminar

pelos outros elementos, ainda

preserva os corpos que entram em

contato com ele.

Ainda de acordo com Vinícius, o

verdadeiro cristão não deve temer o

diálogo ou o contato com pessoas de

outras crenças ou de conduta moral

duvidosa; o importante, diz, é não se

corromperem nessa interação,

demonstrando firmeza de caráter.

Assim também deve ser o médium:

bom no meio dos maus; probo no

meio dos desonestos; sinceros no

meio dos hipócritas; virtuoso no

meio dos viciosos.

Jesus, que foi o maior exemplo de

perfeição moral em nosso planeta,

nos deu este testemunho, quando

conviveu ao lado de pessoas de todas

as classes sociais, sem se perturbar

nem se corromper. Muitos foram

aqueles que se modificaram, ao

simples contato com Ele. Os

exemplos mais conhecidos são os de

Zaqueu e Maria de Magdala.

Quando o Mestre declara: “Vós

sois o sal da terra”, acredito que

devemos entender esta mensagem

como um chamado; um chamado

para que busquemos o conhecimento

superior e as virtudes que nos

aproximam de Deus. Porque só

nestas condições, poderemos

realmente servir o próximo em nome

de Jesus.

“Toda pessoa que não trabalha pelo

bem de seus semelhantes é sal insípido”,

afirma Cairbar Schutel, no livro

“Parábolas e Ensinos de Jesus”. E se o

sal não salgar? Esta é a pergunta que

deve tocar profundamente nosso

coração e nos fazer refletir sobre

nosso trabalho, enquanto servidores

da seara espírita.

Portanto o médium deve ser,

sim, pessoa compenetrada de seus

deveres, na mediação das mensagens

recebidas do mundo dos espíritos.

Ter conduta ilibada. Porém deve se

empenhar para ser pessoa alegre,

amável e acolhedora, ante aqueles

que lhe busquem a presença.

“Vós sois o sal da terra, e, se o sal for insípido, com que se há

de salgar? Para nada mais presta, senão para ser lançado fora

e ser pisado pelos homens.” – Jesus, capítulo 5, versículo 13 – Mateus

Anita Queiroz, nossa estimada tia Anita, contou-nos sobre uma visão espiritual que lhe aconteceu, em tempos idos.

Ela é frequentadora do Centro Espírita “Vicente de Paulo”, desde a sua inauguração.

Em sonho, adentrou o recinto do Centro e observou que à mesa havia três homens: o Sr. Geraldo de Paiva, médium passista, assíduo frequentador da casa; Joaquim Cassiano, também médium e Presidente do Centro; e Chico Xavier, o médium por excelência.

Com admiração, ela olhou para os três, e Joaquim acenou-lhe com o dedo, chamando-a para mais perto...

Chico também abrira as mãos, fazendo-lhe sinal para achegar-se.

Anita aproximou-se do Médium e ele lhe disse:

— Anita, eu preciso falar a você... Avise ao Antônio Queiroz, seu irmão mais velho, que o seu filho mais novo está correndo perigo de vida. É necessário tomar providências urgentes para ir buscá-lo em Tocantins.

A tia acordou, tendo nítida lembrança do episódio, e sentiu que precisava agir o mais depressa possível.

Chamou seu irmão Antônio e contou-lhe tudo que transcorrera no Centro “Vicente de Paulo”, entre ela e Chico Xavier.

Márcia Queiroz Silva Baccelli

Visão EspiritualImediatamente, o tio chamou o outro

filho, José Alberto, e ambos partiram para Tocantins.

Chegando lá, Antônio encontrou Mauro, o filho mais novo, e este lhe disse, assustado:

— Meu pai, graças a Deus, que você e o José Alberto estão aqui! Eu estou correndo perigo de vida... É por causa de negócios com terras e gado que alguns homens querem me matar!

Antônio e os filhos retornaram a Uberaba imediatamente. E, graças ao aviso de Chico Xavier, tudo foi harmonizado em paz.

O recado do grande apóstolo de Jesus salvara a vida de Mauro!

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JULHO/AGOSTO Página 3 JORNAL DA MEDIUNIDADE

Terminada a reunião com a prece de Spartaco, perguntamos a Chico se poderia traduzir em palavras a visão espiritual da festa r e a l i z a d a n a C a s a Transitória. Aquiescendo, Gonçalves sugere que a faça em voz alta, para que todos ouçam. E um deslumbrante espetáculo começou a ser narrado.

Chico iniciou, dizendo que jamais tinha sentido, numa multidão compacta de duas mil pessoas, vibrações de harmonia e paz tão possantes! De uma parede a o u t r a d o P a v i l h ã o Evangélico, extensa rede fluídica de luz emitida por todos os corações presentes sustentava o ambiente, que era mantido em disciplina

No futuro, não haverá Religião que não se identifique com os conhecimentos da Física, nem Física sem conotação religiosa, porque tudo no Cosmos d e c o r r e d e u m a e n e r g i a primordial, imaginada como a q u i n t e s s ê n c i a , o r i g i n a d a primeiramente do Big Bang, coincidindo talvez com a Energia Escura de que ora se cogita no campo da Física, da qual penso que decorrem tanto as diversas formas de energia ligadas à matér ia densa quanto as acalentadas forças espirituais, de natureza extrafísica, ainda não detectadas no meio científico.

Como venho diuturnamente refletindo sobre o polêmico tema de que Ciência e Religião não se excluem totalmente, tenho cogitado sobre a possibilidade de as infinitudes matemáticas, quase sempre presentes nas equações que estruturam as diversas teorias relativas às partículas elementares de que trata a Física Quântica ou inerentes às cordas vibrantes unidimensionais que impregnam as entranhas mais sutis do Universo, sinalizarem no sentido de uma provável fronteira entre a energia básica quintes-senciada e a força cósmica, de ordem divina, que permeia o

Religião e CiênciaMario Franco

(Rio de Janeiro, RJ)

espaço infinito primordial e eterno, cujo conteúdo está certamente fora do alcance da inteligência humana.

Contudo penso que, diante da magnitude dos dilemas e aflições que atualmente atordoam a Humanidade, apesar dos avanços científicos e da surpreendente capacidade de a atual tecnologia criar maravilhas eletrônicas e acenar para um fantástico mundo material do futuro, o Espiritismo ainda detém as condições ideais para orientação, inclusive do público externo, no sentido de apontar o caminho mais coerente para a espiritualidade, através dos recursos doutrinários que envolvem o processo evolutivo por meio das vidas sucessivas e dos ensinamentos morais preservados no seio do primitivo Cristianismo, os quais constituem a base do sonho da fraternidade universal, preconizada por Jesus de Nazaré, há dois milênios.

(Infinitudes são expressões algébricas que, nas equações matemáticas, significam incon-gruência ou indeterminação.)

(Mario Franco é autor de “Enigmas do Universo – Consciência e Matéria”, em edição revista e atualizada.)

DE “O LIVRO DOS ESPÍRITOS” 146 – A alma tem, no corpo, uma sede determinada e circunscrita? — Não. Mas ela se situa mais particularmente na cabeça, entre os grandes gênios e todos aqueles que usam bastante o pensamento, e no coração dos que sentem bastante, dedicando todas as suas ações à Humanidade.

DE “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO” “A prece do dia é o cumprimento dos vossos deveres, sem exceção de nenhum, qualquer que seja a natureza deles.” (Cap. XXVII – Pedi e Obtereis)

DE “A GÊNESE” “Logo que um mundo alcança um dos seus períodos de transformação que o deve fazer galgar a hierarquia, operam-se mutações em sua população encarnada e desencarnada; é então que se realizam as grandes emigrações e imigrações.” (Cap. XI – Gênese Espiritual, item 43)

DE “O LIVRO DOS MÉDIUNS” “Médiuns presunçosos: Os que têm a pretensão de serem os únicos em relação com os Espíritos Superiores. Acreditam em sua infalibilidade e olham como inferior e errôneo tudo que não procede deles.” (Cap. XVI – Médiuns Especiais)

DE “O CÉU E O INFERNO” “O espírito se prende tanto mais à vida corporal quanto nada vê além dela; sente que lhe escapa e quer retê-la; em lugar de se abandonar ao movimento que o arrasta, resiste com todas as suas forças; pode assim prolongar a luta durante dias, semanas e meses inteiros.” (Segunda Parte – Cap. I – A Passagem)

Enquanto era comentado o tema da noite, que foi “Renascer de novo”, empunhando o lápis, a mão de Chico corria célere sobre o papel, psicografando um soneto pitoresco, pelo espírito Cornélio Pires, poeta paulista, que, à sua maneira típica, traduz o tema da noite.

Em seguida o coração de nossa Meimei envia mensagem de estímulo a Luíza, expondo as tarefas de nossa companheira, agora elevada a maiores responsabilidades. Terminada esta, o Dr. Bezerra endereça um bilhetinho ao dono da casa, pedindo-lhe seja lido a todos, antes que Chico iniciasse a leitura da mensagem acima:

“Meu filho, Jesus nos abençoe. Nossa pequena colaboração está encerrada. As páginas mediúnicas devem ser lidas, depois da prece final. Nosso irmão Cornélio Pires solicita desculpas pela página risonha, mas está em São Paulo, a cidade que ele ama tanto, e por isso se sente à vontade para comentar a reencarnação com sua veia humorística, em homenagem aos irmãos presentes.”

(Neste singelo bilhete, podemos observar o profundo respeito que os espíritos amigos sentem por tudo que se refere ao Cristianismo, com a fabulosa ética dos instrutores espirituais cuidando não chocar, magoar ou ferir a sensibilidade de qualquer coração”.)

VISITA DE CHICO XAVIER À CASATRANSITÓRIA EM 23 DE JULHO DE 1967

NASCER DE NOVO(Comentando a reencarnação com

os amigos de ideal)

Gritava Nhô Limundo, com braveza,No antigo Fazendão do Rio Fundo:“No meu sítio não quero vagabundo!...”E punha fogo às choças da pobreza.

As mulheres clamavam: “Que tristeza!”E os velhos: “Deus nos valha neste mundo!...”E, correndo e xingando, Nhô LimundoFazia fogaréu de palha acesa.

Mas o velho morreu... Estava louco,Via fogo dos pés até no coco...Rogou reencarnação quanto podia...

Hoje, é feliz na Roça do Macaco;Tem sossego, mas mora num barracoQue pega fogo, quase todo dia!

Cornélio Pires

por grupo de 500 espíritos encarregados de zelar pela tranquilidade geral.Grupos numerosos de entidades afins, familiares ligados à Obra do Amor, ali se

encontravam igualmente entre a emoção e a alegria. O pequeno coral, declamadores e cantores eram sustentados por espíritos que, na Terra, se dedicaram às tarefas da Arte. Em nossa pobreza de tradução, podemos dizer que não sabíamos se o Céu baixara a Terra ou esta se elevara àquele.

O pavilhão evangélico se transformara em morada do Sol, tal era a intensidade de luz e a riqueza de vibrações, quando a figura paternal do Dr. Bezerra de Menezes, se dirige ao coração amigo de Emmanuel a lhe sugerir psicografar a mensagem da tarde, gravando para sempre aquele encontro de luz.

O Benfeitor Espiritual, cujo olhar se perdia ainda ao longe, respeitosamente pede escusas por não poder fazê-lo, pois encontrava-se mergulhado em emoções distantes, trazendo o coração sensibilizado.

A figura venerável do Dr. Bezerra abraça-o comovido e, dirigindo-se a Meimei, a convida para a tarefa mediúnica. Olhos ainda represando lágrimas, pede perdoar-lhe a forte emoção que lhe banha o coração, escusando-se de não poder igualmente fazê-lo.

O Dr. Bezerra, osculando-lhe as mãos obreiras, dirige-se então aos corações poéticos, mananciais de eterna beleza, a cantar a glória de Deus, para que tracem, na tarde evangélica, os poemas do amor e do trabalho. Ambas reconhecidas, se postam ao lado do médium. E as suaves mãos de Auta de Souza e Maria Dolores deixaram grafadas no papel as mensagens gloriosas do Amor e da Imortalidade.

Terminando, Chico nos descreve a maravilhosa cena espiritual na prece final. Ao iniciar-se esta, todos os espíritos se colocam em ligação com o Plano Dirigente, e uma formosa luz inunda tudo.

Rosas e flores de estranha beleza descem suavemente, perfumando o ambiente, ao serem citados, na oração final, seus nomes os cristãos, que, no segundo século, foram levados ao martírio, consoante a obra “Ave Cristo”, manifestavam sua presença em forma de esplendente estrela, que se transformava em foco luminescente, acolhendo a nova chuva de outras, a formar a apoteose final daquela tarde inesquecível, testemunho vivo dos que partiram após as lutas redentoras, e que banharam com sangue, no martirológio da fé, a abençoada Terra, regando a árvore nascente da Boa Nova, para que seus frutos chegassem até nós.

Irmanados no mesmo ideal e tocados no coração por tão sublimado encontro, exclamamos, hoje como ontem e amanhã como hoje, na expansão dos nossos compromissos, novamente: “Ave Cristo de Deus, Glória da Vida, os que te amam e te seguem te glorificam e saúdam!...”

Reportagem de Joaquim Alves, contido em “O Semeador” (órgão noticioso da Federação Espírita do Estado de São Paulo), no mês de setembro de 1969, página 4.

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Página 4 JULHO/AGOSTOJORNAL DA MEDIUNIDADE

Conselho Editorial: LEEPPJornalista Responsável: Juvan de Souza NetoRegistro: SC 01359JPRevisão gramatical: Fausto De VitoDiretores: Edson de Sousa Marquez / Mário Alexandre AbudProjeto gráfico e Impressão:

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EXPEDIENTE

Antônio Baracat(Professor de Filosofia e História)

Carlos Baccelli recebe a Medalha“Chico Xavier”, em Uberaba

Há uma missão pedagógica que não podemos recusar: indicar aos que erram o que deve ser corrigido e por quê, ainda que saibamos plenamente da nossa condição de criaturas falíveis e sujeitas a equívocos. Neste sentido, este artigo é um alerta sobre o comportamento cada vez mais estranho dos dirigentes das Fede-rações Espíritas. Antes de apresentar os fatos, lembro as Questões 642/643 de “O Livro dos Espíritos”, ou seja, se não se puder fazer mais nada, que se dirijam preces em favor dos que estão cedendo aos delírios do poder e afastando a lucidez com que a Doutrina dos Espíritos quer iluminar os caminhos humanos...

É tão grave o que estão fazendo, que só muita prudência e inspiração da Espiritualidade Superior permi-tem ajuizar da melhor maneira. Foi o que busquei, quando li a edição nº 2.162-A (Maio/2009) da revista “Reformador”, Órgão Oficial da Federação Espírita Brasileira - FEB, onde consta a “Ata da Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional”, realizada em Brasília, entre 7 e 9 de novembro de 2008. Deste Conselho Federativo da FEB participam todas as Federações Estaduais e várias entidades corpo-rativas. Portanto a responsabilidade sobre os fatos aqui narrados deve ser distribuída igualmente para todos os que participam da FEB, sem exceção!

Na página 14, item 3.4, as Federações dec laram que “o Congresso, programado para 2010, não tem por objetivo homenagear a pessoa de Chico, mas destacar a importância da sua obra” (detalhes deste “congresso” estão na Internet, em www.100anoschicoxavier.com.br). Usam o nome e a imagem de Chico, mas querem separá-lo de sua obra, como se isso fosse correto. As Federações estão fazendo o oposto dos principais biógrafos e amigos de Chico Xavier, que, aliás, não foram convidados, nenhum deles, para atuar no ta l “congresso”. Para as Federações, só importa a obra do Chico, enquanto que, para os amigos, o estudo de seu itinerário existencial é fundamental, até porque, se Chico não fosse quem é, sua obra nem teria sido produzida, não é mesmo?

Mais adiante, declaram os objetivos do “congresso”. Dentre eles, um é surpreendente: “respeitar o direito à privacidade pessoal e espiritual de Chico Xavier”! É a primeira vez que ouço falar de “privacidade pessoal e espiritual” no Espiritismo! Paulo de Tarso, dois mil anos atrás, alertou que, se há uma coisa que não temos, é privacidade, pois onde estamos há “grande nuvem de testemunhas” (Hebreus, 12:1), e Allan Kardec fez sistemática confirmação deste postulado paulino (Questões 456 e seguintes de “O Livro dos Espíritos”). Logo, se não tem sentido falar em “privacidade pessoal e espiritual”, ainda mais de Chico

Convém Ouvi-lo

Xavier, que, em 92 anos de encarnação, dialogou ininterruptamente com os espíritos, o que exatamente as Fede-rações pretendem com esse “objetivo” congressual?

Enviei pedidos de esclarecimento às Federações, mas a resposta foi o silêncio. Restou refletir, com a ajuda do meu anjo da guarda, para entender o que as Federações querem, e não foi difícil chegar a uma conclusão...Sabemos que, desde a noite dos tempos, na imensidão do Universo sem fim, os espíritos se comunicam entre as diversas dimensões existen-ciais, e não há o que possa impedi-los. Mas, pelo visto, os dirigentes das Federações Espíritas querem mudar isso. Não é a primeira vez que se tenta impedir o diálogo interexistencial: Moisés proibiu seu povo de falar com os “mortos” (Deuteronômio, 18:11), mas não adiantou. Tanto, que Saul e Samuel dialogaram através da médium de En-Dor (I Samuel, 28:7). E esta proibição mosaica tem sido o principal argumento do Cristianismo Dogmático, do Judaísmo e do Islamismo contra o exercício da mediunidade e a comunicabilidade dos espíritos. Porém vale lembrar que o Mestre Jesus e o próprio Moisés a revogaram, desde o encontro no Monte Tabor (Mateus, 17:3).Se não podem impedir a manifestação dos espíritos, que é mesmo que as Federações pretendem? É absurdo, mas querem desacreditar Chico! Essa estória de “respeitar a privacidade pessoal e espiritual” visa a colocar sob suspeita as manifestações mediúnicas dele...Até que ponto chega a ignorância! Como o passado pesa! Os dirigentes das Federações se curvam tanto aos ancestrais hábitos politicistas e eclesiais, que até a lei mosaica ressuscitam! Para tentar controlar o Movimento Espírita, não hesitam em passar por cima das verdades mais óbvias da Doutrina Consoladora... Se bem que isso é perda de tempo, porque não vão conseguir calar nem Chico nem qualquer outro espírito: “O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do espírito.” (João, 3:8) Depois de desencarnar, Chico já psico-grafou mensagens e livros, por sinal todos muito bons. São sínteses doutri-nárias e orientações práticas seguras e sensatas. Além disso, ele tem sido lembrado nas narrativas de outros benfeitores espirituais, como o Dr. Inácio Ferreira, que nos dão notícias de algumas de suas atividades do Lado de Lá. Pelo visto, a intenção de Chico é continuar ativo e dando seu recado. E, já que é assim, convém ouvi-lo.

Em concorrida reunião na sede da ACIU - Associação Industrial e Comercial de Uberaba, a Câmara de Vereadores de Uberaba, no último dia 1º de julho

outorgou ao médium e orador Carlos Baccelli a Medalha “Chico Xavier”

CARTA INÉDITA DE CHICO XAVIER ACARLOS BACCELLI E SUA ESPOSA

Vocês me emocionaram intensamente com a mensagem de felicitações pelos cinquenta e sete anos de tarefa mediúnica, marcados no próximo dia 8. Creiam que lágrimas de alegria e reconhecimento me subiram do coração para os olhos, diante da bondade com que se lembram desse dia, que realmente muito significa para mim.

A mensagem expressiva que me endereçaram me reconduziu a memória até a noite de 8 de Julho de 1927. Era uma noite quase gelada e os companheiros que se acomodavam junto à mesa me seguiram os movimentos do braço, curiosos e comovidos. A sala não era grande, mas, no começo da primeira transmissão de um comunicado do Mais Além, por meu intermédio, senti-me fora de meu próprio corpo físico, embora junto dele. No entanto, ao passo que o mensageiro escrevia as dezessete páginas que nos dedicou, minha visão habitual experimentou significativa alteração. As paredes que nos limitavam o espaço desapareceram. O telhado como que se desfez e, fixando o olhar no alto, podia ver estrelas que tremeluziam no escuro da noite. Entretanto, relanceando o olhar no ambiente, notei que toda uma assembléia de entidades amigas me fitavam com simpatia e bondade, em cuja expressão adivinhava, por telepatia espontânea, que me encorajavam em silêncio para o trabalho a ser realizado, sobretudo, animando-me para que nada receasse quanto ao caminho a percorrer.

Quem seriam aqueles amigos que os companheiros não percebiam? Até então, quando conseguia enxergar os protetores espirituais em grupo, a certa distância, no

espaço natural, supunha, dentro da minha ingenuidade, fossem eles “habitantes do arco-íris”, pois, em meus raciocínios estreitos, não podia pensar de modo diferente.

Sob emoção forte, imaginei que estavam eles, os “meus queridos amigos residentes no arco-íris”, ali ao meu lado, pela primeira vez, reunidos no piso de uma casa terrestre. O frio na peça em que nos achávamos reunidos dera lugar a um calor suave que me envolveu, e reconheci que esse aquecimento inesperado partia deles em minha direção... Com mais segurança, conscientizei-me no meu próprio corpo, a fim de ler a mensagem recebida para os circunstantes.

Mais de meio século transcorreu sobre aquele painel inesquecível. Os janeiros repetidos somaram alegrias e provas, dificuldades e esperanças, e eis-me agora a

indagar de mim próprio se os queridos amigos Baccelli e Márcia estariam, na noite de 8 de Julho de 1927, entre os meus “amigos do arco-íris”, endereçando-me votos de boa jornada, na tarefa que começava... Creio que sim – mas creio sinceramente –, diante do estímulo incessante ao trabalho espiritual que recebo de vocês dois, em cada uma de nossas reuniões, junto do público heterogêneo que nos assiste.

E, por guardar comigo semelhante convicção, venho dizer-lhes nesta carta: “muito grato, queridos amigos!”. Perdoem-me, se os tenho no coração, com o carinho no qual os vejo, seguindo os passos de nossos queridos Thiago e Marcela.

Creiam que, muitas vezes, nos tempos últimos, quando o desgaste físico me convida ao refazimento e ao repouso, me lembro de que os terei, junto de mim, nas reuniões que partilhamos, e a satisfação de vê-los e dialogar com os dois supera as minhas impressões de abatimento e me observo na alegria de usufruir-lhes o convívio, rumando feliz para o trabalho espiritual que ficou sendo tão nosso.

Esta carta, amados amigos, tem a dupla finalidade de agradecer-lhes a linda mensagem que me enviaram (que nada fiz por merecer) e de lhes pedir desculpas pelo fato de consagrar-lhes a afeição tão grande com que os tenho comigo. Às vezes, penso que a muita afetividade aborrece aqueles corações para os quais se dirige, mas creiam que não alimento ideias possessivas e que o meu carinho por ambos é entretecido por meus votos constantes a Jesus para que estejam sempre mais felizes.

Sei que vocês dois me compreendem, e a certeza disso me reconforta. Agradecendo-lhes por tudo de Bom e Belo que representam para mim, peço-lhes receber o

afetuoso apreço e a muita gratidão do servidor reconhecido, Chico Xavier

Uberaba, 5-7-84 Queridos amigos Baccelli e Márcia: Deus nos abençoe.

Na foto, Baccelli aparece com a esposa Márcia, a filha Marcela e a neta Ellys