ii ciclo de encontros de juventude
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Material do II Ciclo de Encontros de Juventude destinado aos jovensTRANSCRIPT
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Governo do Estado de São PauloJosé Serra
Secretaria de Relações InstitucionaisJosé Henrique Reis Lobo
Coordenadoria Estadual de JuventudeMariana Montoro Jens
Secretaria de Economia e PlanejamentoFrancisco Vidal Luna
Fundação Prefeito Faria Lima - Cepam
Felipe Soutello
Produção Editorial | Gerência de Comunicação e Marketing do Cepam
Coordenação | Adriana Caldas
Editoração de Texto e Revisão | Eva Célia Barbosa, Marcia Labres (estagiária),
Maria Thereza Venuzo, Michele Yogui (estagiária) e Silvia Galles
Direção de Arte | Jorge Monge
Assistente de Arte | Carlos Papai
Estagiários | Ivan Varrichio, Janaína Alves da Silva e Joice Yukie Kariya
Tiragem | 800 exemplares
Nosso iNtuito, neste ii Ciclo de Encontros Regionais de Políticas Públicas de Juven-
tude, é dar a vocês a oportunidade de conhecerem e se apropriarem das ferramentas
oferecidas pelo governo na implementação de políticas públicas para a juventude.
o ii Ciclo, que está começando, vem para consolidar o trabalho da Coordenadoria Esta-
dual de Juventude e a nossa parceria com o Cepam. o objetivo é ampliar as discussões
sobre diversos temas que envolvem a juventude, não só entre os gestores, mas também
entre os jovens de todo o Estado. Neste ano, os encontros serão ampliados para 30,
com dois dias de atividades em cada região, ficando ainda mais abrangentes. também
serão realizadas oficinas de comunicação para que vocês se tornem correspondentes
regionais e divulguem as iniciativas de sua cidade no Portal da Juventude Paulista.
É importante saber que o governo de são Paulo, num projeto inédito, por meio de
um convênio entre a Coordenadoria Estadual de Juventude e o Centro de Estudos de
Políticas Públicas (Cepp), está concluindo o mapeamento de iniciativas de arte e cultura
feitas por jovens ou para os jovens, em todo o Estado. o resultado dessa pesquisa
proporcionará o acesso a inúmeras informações e projetos culturais voltados para os
mais de dez milhões de pessoas como vocês.
Estamos caminhando no rumo certo. A realização deste ii Ciclo é um sinal de que as
ações estão direcionadas para um público cada vez mais interessado em debater e
difundir as políticas públicas de juventude. o governo quer fazer de você um cola-
borador atuante e multiplicador das ações em sua cidade, ampliando a rede jovem
paulista no Estado. sucesso!
José Henrique Reis Lobo secretário de Relações Institucionais
© CooRdENAdoRiA EstAduAl dE JuvENtudE
Coordenadora Mariana Montoro Jens
Equipe técnica Carol Godoi Hampariam, Eneida Moratto Lopes,
Raquel Cristina Dias Rodrigues, Renata Carolo Nepomuceno e Tathiana
Segolim Anselmo
tExto
Ana Carolina Moreno ([email protected])
Renata Carolo Nepomuceno ([email protected])
Tathiana Segolim Anselmo ([email protected])
sitEs iNsPiRAdoREs
Blogue Novo em Folha http://novoemfolha.folha.blog.uol.com.br
Blogue Ponto Media http://ciberjornalismo.com/pontomedia
www.museudalinguaportuguesa.com.br
AgRAdECimENtos
Paulo Fehlauer ([email protected])
Pedro Markun ([email protected])
o PúbliCo JovEm paulista é numeroso e diverso. Há algumas décadas, esse grupo
populacional passou a demandar políticas públicas específicas nas áreas de saúde,
educação, trabalho, esporte, cultura, entre outras. No âmbito do governo do Estado,
a resposta veio de diferentes maneiras, por meio de programas e ações elaboradas
e gerenciadas por suas várias secretarias.
No entanto, a Coordenadoria Estadual de Programas para a Juventude constatou que
as informações sobre as ações do governo do Estado voltadas para os jovens não se
encontravam sistematizadas, organizadas e centralizadas. Cada secretaria disponibili-
zava, à sua maneira, os conteúdos que consideravam necessários, sem que houvesse
um lugar em que estivessem reunidos e divididos por temas de interesse.
Esse fato levou à construção de um canal de comunicação que permitisse ao jovem
conhecer seus direitos e saber como acessar as inúmeras políticas públicas desti-
nadas a ele, transformando as garantias em verdadeiro exercício. Essa ferramenta
inovadora e interativa ganhou formas com o Portal da Juventude Paulista (www.
juventude.sp.gov.br).
o primeiro objetivo – e desafio – foi reunir em um só lugar todas as informações de
interesse do público jovem. depois, criar condições para que o portal fosse um espaço
aberto a todos, que aproximasse grupos e indivíduos interessados em aprofundar a
discussão sobre a juventude, além de possibilitar a participação de todos.
Em 2009, ao investir nesses objetivos e no seu aprimoramento, surgiu a necessi-
dade de ampliar o número de pessoas que alimentam o portal diariamente. A ideia
central desse novo desafio é permitir que não só os profissionais da Coordenadoria
de Juventude mantenham o site funcionando, mas que o próprio jovem cidadão seja
o ator/protagonista desse espaço.
Juntou-se, ao desejo de proporcionar maior participação do jovem no portal, o diag-
nóstico do i Ciclo de Encontros Regionais de Juventude, realizado em parceria com
o Cepam, nas 15 Regiões Administrativas do Estado, no primeiro semestre de 2008,
que apontou a necessidade de maior aproximação e diálogo (in loco) com os jovens
de todo o Estado. dessa forma, eles seriam apresentados à coordenadoria e ao Portal
da Juventude e convidados a se tornar correspondentes regionais do mesmo.
No entanto, não bastaria criar um espaço virtual e esperar que o público fosse até
ele. Era fundamental participar dos espaços já existentes, ter contato com o público e
agregar conteúdo ao que já estava sendo produzido sobre o tema. Era preciso conhecer
a fundo as demandas e realidades dos jovens, bem como as atuais ferramentas que
utilizam para se relacionar com o mundo: as redes sociais interativas.
Nasceu, então, a proposta de realizar, mais uma vez com o Cepam, o ii Ciclo de
Encontros Regionais de Juventude, com dois dias de duração, e um integralmente
dedicado aos jovens.
Para que a ideia pudesse sair do papel, contamos com a colaboração de alguns
parceiros que atuam com a juventude na cidade de são Paulo. Foram eles: Artigo 19,
instituto sala 5, museu da Pessoa, onda Jovem e Projeto/Revista viração. A eles, o
nosso muito obrigado: todos cooperaram para a elaboração e finalização do formato
desses encontros com os jovens paulistas.
Certamente, o contato com os jovens das 15 Regiões Administrativas do Estado de
são Paulo, que ocorrerá durante o ii Ciclo de Encontros Regionais, contribuirá para o
aperfeiçoamento dos programas do Poder Público estadual voltados à juventude. Além
disso, com esse projeto, o Portal da Juventude Paulista passará de mero endereço
virtual a aglutinador de pessoas interessadas no tema e terá um conteúdo cada vez
mais interessante, dinâmico, informativo e interativo.
Esperamos que este primeiro grupo de jovens participantes não seja o único e
que se constitua numa rede interligada e atuante; e que o portal seja, de fato, da
juventude paulista.
Mariana Montoro Jens Coordenadora Estadual de Juventude
Felipe Soutello Presidente do Cepam
APRESENTAÇÃOPREFÁCIO
INTRODUÇÃO.............................................................................11
1. MATERIAL DE APOIO PARA OS CORRESPONDENTES
REGIONAIS DO PORTAL DA JUVENTUDE
1.1 Histórico da Coordenadoria de Juventude ....................................151.2 Portal da Juventude Paulista .........................................................161.3 Rede de Correspondentes Regionais do Portal da Juventude ......201.4 Perguntas mais Frequentes............................................................21
2. SEJA VOCÊ O DONO DO SEU ESPAÇO! ....................................25
3. VENDO O MUNDO COM OUTROS OLHOS ................................313.1 o que Pode virar uma Notícia .......................................................313.2 o Que Faz um Jornalista ...............................................................32
4. CONSTRUINDO UMA HISTÓRIA4.1 Planejamento: da Pauta à Publicação ...........................................374.2 Estrutura: o que É bom não Faltar no seu texto ............................38
5. ESTILOS DE TEXTO5.1 introdução ......................................................................................435.2 Reportagem Factual .......................................................................435.3 Reportagem Especial .....................................................................455.4 Retranca / Personagem .................................................................485.5 Entrevista .......................................................................................495.6 Artigo..............................................................................................535.7 Editorial ..........................................................................................565.8 Crônica ...........................................................................................58
6. CONHEÇA A NOVA GRAMÁTICA6.1 Reforma ortográfica .......................................................................636.2 Alguns Erros mais Comuns ............................................................68
No muNdo AtuAl, o acesso à informação ocorre em uma velocidade cada vez maior. A
rápida evolução das tecnologias digitais de comunicação tem possibilitado a promoção
de inéditos patamares de interação entre seus usuários. As novidades aparecem e
aproximam todos cada vez mais!
o público que mais navega no ritmo dessas mudanças é justamente o jovem. Porém, uma
lacuna ainda não foi suprida: há uma distância entre o que o governo oferece – programas,
ações e eventos – e aquilo que o jovem conhece e utiliza. Para solucionar este problema,
a Coordenadoria Estadual de Juventude resolveu criar o Portal da Juventude Paulista,
site que reúne diversas informações de interesse do público jovem em um só lugar.
mas, apenas informar não é o suficiente. É imprescindível que os jovens possam ali-
mentar e fortalecer esse espaço virtual, já que são atores desse mundo de conexões
cada vez mais velozes.
Pensando em sensibilizar esse público para que também participe, envie informações
e seja dono desse espaço, surgiu o projeto de capacitação dos correspondentes
regionais do Portal, que acontecerá durante o ii Ciclo de Encontros Regionais de
Juventude, no qual o jovem será apresentado ao conceito de correspondentes re-
gionais e convidado e orientado a participar dessa rede de comunicadores a fim de
potencializar sua atuação.
o material a seguir foi pensado e criado para auxiliar os jovens nas oficinas que
serão realizadas em suas respectivas regiões. Nele, estão descritos o histórico da
coordenadoria, sua missão, seus desafios, o Portal da Juventude, a rede de corres-
pondentes regionais e uma série de dicas para quem pretende encarar o desafio de
ser um interlocutor com o Estado e porta-voz de seu município.
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II CIClo de enContros regIonaIs de PolítICas PúblICas de Juventude
1. MaterIal de aPoIo Para
os CorresPondentes
regIonaIs do Portal da Juv
entude PaulIsta
www.Juventude.sP.gov.br
1.1 HISTÓRICO DA COORDENADORIA DE JUVENTUDE
A Coordenadoria de Juventude foi criada dentro do governo do Estado devido à ne-
cessidade de um olhar diferenciado e de uma definição de prioridades e abordagens
específicas na condução das políticas públicas voltadas aos jovens.
desde sua criação, até o ano de 2006, a coordenadoria fazia parte da secretaria da
Juventude, Esporte e lazer. Era uma instância realizadora de ações voltadas diretamente
à população jovem dessa faixa etária. No entanto, em 2007, ocorreu a sua transferência,
da secretaria do Esporte para a recém-criada secretaria de Relações institucionais.
Como decorrência, veio também uma atribuição diferente da anterior: a coordenadoria
passou a constituir uma instância articuladora das diferentes secretarias e gestores
de políticas públicas relacionadas à juventude. Além disso, foi também a partir do
início de 2007 que a faixa etária que compreende a juventude foi expandida de 15 a
24 anos para 15 a 29 anos.
de fato, a decisão de colocar a coordenadoria entre as competências da secretaria de
Relações institucionais diz muito a respeito do que se planeja para ela, para o jovem no
Estado de são Paulo e para a sociedade paulista: reafirmar que há uma preocupação
destacada com a juventude, mas que dela não se tratará isoladamente.
A mudança entre secretarias pautou-se na compreensão de que a juventude é
um assunto transversal a todos os demais temas de interesse da população e do
próprio governo.
Colocada em uma posição de articulação, a coordenadoria tem sua atuação potencia-
lizada: promove condições para que as mais diversas políticas públicas, relacionadas
a diferentes temas, atendam às particularidades do público jovem – tanto em suas
características e potencialidades, como em suas necessidades.
16 171. MaterIal de aPoIo Para os CorresPondentes regIonaIs do Portal da Juventude PaulIsta
vale ressaltar que os jovens são um público estrategicamente muito importante em
um cenário de mobilização social, desenvolvimento e mudança, pois aqueles que têm
entre 15 e 29 anos estão assumindo as rédeas da sua vida e decidindo quem vão ser
para si, para a família e para o mundo.
MISSÃO
Contribuir para a articulação, eficácia e eficiência das políticas públicas voltadas à
população jovem em aplicação no território do Estado de são Paulo.
DESAFIOS
As políticas públicas de juventude estão relacionadas diretamente com as áreas de
educação, saúde, emprego, desenvolvimento social, habitação, justiça, entre outras.
Assim, não há política pública de juventude que não encontre um elo com temas já
previstos pelo governo para a sociedade. No entanto, quando as diversas políticas
não são executadas de forma complementar e articulada, corre-se o risco de gerar
tanto a sobreposição de políticas públicas quanto lacunas no atendimento. Por isso
a necessidade de um olhar transversal.
Apesar dos inúmeros avanços nessa área, ainda há muitos desafios a serem supe-
rados. o principal deles é a escassez de canais de comunicação que permitam que o
jovem conheça seus direitos e tenha acesso às políticas públicas, desenvolvidas
por e para ele.
Pensando nisso, o governo do Estado de são Paulo criou, por meio da Coordenadoria
Estadual de Juventude, uma ferramenta inovadora para se comunicar com o jovem
paulista: o Portal da Juventude Paulista (www.juventude.sp.gov.br) e para garantir sua
constante atualização de forma cada vez mais interativa decidiu implantar o projeto
Correspondentes Regionais do Portal da Juventude.
1.2 PORTAL DA JUVENTUDE PAULISTA
o portal foi lançado em junho de 2008 com o objetivo de estreitar as relações do
governo do Estado de são Paulo com você que reside, trabalha e estuda em são
Paulo. trata-se de um website com formato e linguagem diferentes das demais website com formato e linguagem diferentes das demais website
páginas oficiais.
No portal, você encontra as mais diversas informações relacionadas ao universo juvenil
e divididas nos links descritos a seguir. links descritos a seguir. links
INSTITUCIONAL
Histórico – conta a trajetória e a atuação da Coordenadoria Estadual de Juventude,
desde sua criação até os dias de hoje.
Missão – explica os objetivos da coordenadoria.
Equipe – apresenta “quem é quem” na coordenadoria e quais são suas responsa-
bilidades.
Prestando contas – possibilita o acesso aos relatórios anuais de atividades da
coordenadoria.
Conheça nossos parceiros – links e informações de todos aqueles que nos apoiam, links e informações de todos aqueles que nos apoiam, links
nos ajudam e fazem a diferença.
Programas – apresenta e explica os diferentes programas oferecidos pelo governo do
Estado para o jovem. Reúne informações sobre as secretarias de saúde, de Educação,
do trabalho, entre outras.
Rede de gestores – um espaço de referência para quem pensa e executa as políticas
públicas de juventude nos diversos municípios paulistas. Há leis e materiais de interesse
que auxiliam os gestores municipais nas atividades e desafios cotidianos.
18 191. MaterIal de aPoIo Para os CorresPondentes regIonaIs do Portal da Juventude PaulIsta
NOTíCIAS
Últimas notícias – todas as informações que foram publicadas no portal estão
organizadas e divididas conforme a seção à qual a notícia pertence, com acesso
facilitado por temas.
Fotos – galeria dos diversos eventos realizados pela coordenadoria ou por nossos
parceiros (fóruns, encontros, reuniões, debates, etc.).
AGENDA
Contém informações sobre todos os eventos que vão rolar nas 15 regiões do Estado,
além de dicas de passeios, encontros, reuniões, oficinas, data de inscrição para
vestibulares, etc.
FÓRUM
Reúne todos os fóruns criados no portal. Cada fórum é independente e pode abordar
diferentes assuntos e/ou temas.
Por ser aberto, todos podem participar dando opiniões, sugestões e fazendo comen-
tários. você pode, por exemplo, criar um grupo de discussões da sua cidade! Já
imaginou que legal?
visite! Participe!
BLOGUE
A seção tem o objetivo de falar, informalmente, sobre o que está rolando na coorde-
nadoria: reuniões, eventos, expectativas, aniversários na equipe, etc.
FALE CONOSCO E [email protected] GOV.BR
o Fale Conosco é o canal direto com a coordenadoria. você pode utilizá-lo para en-
viar um texto de sua autoria para ser publicado no portal, uma matéria para a seção
minha Cidade, informações sobre um evento bacana que você ficou sabendo e tudo
o que estiver relacionado ao universo jovem. use e abuse dessa ferramenta, porque
é com ela que vamos conseguir, cada vez mais, diminuir as distâncias geográficas e
melhorar o portal!
AS CINCO SEÇõES
o portal contém cinco seções, para facilitar o seu acesso: divirta-se, Estude, trabalhe,
viva com saúde e Faça Política.
saiba um pouco mais sobre cada uma delas.
Divirta-se – informações sobre lazer, shows, exposições, cinema, oficinas e mais
um monte de coisas bacanas que rolam diariamente em todo o Estado!
Estude – dicas legais sobre escolas, cursos e vestibular. Além de manter você infor-
mado sobre datas de inscrição, cursos técnicos, escolas, universidades...
Trabalhe – é o lugar certo para você buscar informações sobre o primeiro emprego,
concursos abertos, empresas e oNgs que oferecem estágio profissionalizante e
tudo mais!
Viva com saúde – saiba o que fazer para evitar os problemas de saúde que mais
afetam o jovem hoje e encontre dicas de como viver bem e com saúde!
Faça política – você não acha importante participar da melhoria das políticas públicas
de juventude da sua cidade? Não acha legal ajudar a não poluir o meio ambiente?
Quer montar um grêmio no colégio? Fique ligado! Aqui é o lugar para tirar todas as
suas dúvidas e ter ideias bacanas para ajudar a mudar o mundo!
E se você pensa que para por aí, surpreenda-se: em todas as seções você encontra o
+ a Fundo e o Comigo Foi Assim. são entrevistas com pessoas que falam um pouco
mais sobre determinado assunto ou contam experiências pessoais.
você acha que acabou? Então prepare-se. Fora isso, ainda tem a seção minha Cidade
que a coordenadoria criou para garantir um espaço democrático no qual as notícias
de todos os municípios possam aparecer! Essa seção funciona da seguinte maneira:
são 15 páginas, uma de cada Região Administrativa do Estado, com mapas, links,
dados e notícias locais. E cada página regional ainda disponibiliza um link exclusivo link exclusivo link
para cada cidade da região!
E quer saber o melhor de tudo isso? É que você encontra todas essas informações em
um só lugar (www.juventude.sp.gov.br)!
20 211. MaterIal de aPoIo Para os CorresPondentes regIonaIs do Portal da Juventude PaulIsta
1.3 REDE DE CORRESPONDENTES REGIONAISDO PORTAL DA JUVENTUDE
você também pode colaborar para manter o portal atualizado enviando textos, novida-
des, fotos e tudo que achar importante ser divulgado. A ideia do Portal da Juventude
é ser um espaço público e contar com a participação de todos. Qualquer um pode
contribuir e divulgar notícias, desde que tenha conteúdo direcionado ao jovem.
o desejo da Coordenadoria de Juventude é que o conteúdo possa ser produzido por
vocês, jovens paulistas, cidadãos ativos, participativos e comprometidos com o mundo
à sua volta.
Os jovens que contribuírem constantemente para a manutenção do Portal
formarão a rede de Correspondentes Regionais do Portal da Juventude.
Este material que você tem em mãos faz parte do ciclo de capacitação de Correspon-
dentes Regionais do Portal da Juventude. Recebê-lo significa que você foi escolhido na
sua cidade e agora passará por uma capacitação especial da equipe da Coordenadoria
Estadual de Programa para a Juventude. Aproveite! tire suas dúvidas e comece hoje
mesmo a mandar textos, fotos e vídeos.
Ah! se você tem um amigo ou conhecido que não está participando da capacitação,
mas que tem interesse em ser um Correspondente Regional, peça para ele entrar em
contato com a gente por e-mail ([email protected] ([email protected] r).
Você sabia que qualquer pessoa pode contribuir com o
Você sabia que qualquer pessoa pode contribuir com o
Portal da Juventude na divulgação de notícias? Um dos
Portal da Juventude na divulgação de notícias? Um dos
objetivos desse espaço é estimular você, jovem paulista,
objetivos desse espaço é estimular você, jovem paulista,
a exercer um papel ainda mais ativo na nossa sociedade.
a exercer um papel ainda mais ativo na nossa sociedade.
Participe, construa, divulgue!Participe, construa, divulgue!
1.4 PERGUNTAS MAIS FREQUENTES
QUE é A REDE DE CORRESPONDENTES REGIONAIS?
É um grupo de jovens que escreve regularmente para o Portal da Juventude. Eles
compartilham o que veem, sentem e percebem em suas cidades. você pode ser um
Correspondente Regional enviando reportagens, artigos, depoimentos, entrevistas,
fotos, vídeos, poesias, etc.
Em suma, o Correspondente Regional é qualquer jovem que se interessa em mostrar
sua cara, sua opinião e sua cidade.
Queremos que esta seja uma rede permanente de encontro e construção!
POR QUE SER UM CORRESPONDENTE REGIONAL?
você terá sua voz ampliada por um veículo que é acessado mensalmente por milhares
de pessoas. Além disso, a rede de correspondentes pretende ser um espaço de par-
ticipação, troca e diálogo entre os jovens de todos os cantos do Estado. você
poderá saber o que acontece com jovens de outros municípios, realizar intercâmbios
diversos e divulgar sua opinião sobre informações e acontecimentos.
COMO FUNCIONA?
É fácil. você só precisa enviar o material para publicarmos no portal. isso pode ser
feito por e-mail ([email protected]).
Além disso, você pode escrever seu texto em qualquer ferramenta da internet e colocar
a tag juventudesp – automaticamente, esse conteúdo chegará até nós.
Não se preocupe em seguir um padrão, o que nos interessa é conhecer e estarmos
próximos de você e da sua cidade.
você não vai ficar fora dessa, vai?
www.
Juventude.sP
.gov.br
II CIClo de enContros regIonaIs de PolítICas PúblICas de Juventude
2. s
eJa
voCÊ
odo
nodo
seu
esPa
Ço!
www.Juventude.sP.gov.br
2. seJa voCÊ o dono do seu
esPaÇo!
mostrar sua cara, falar o que você pensa, expor-se, pode dar um frio na barriga... mas
é preciso superar essa primeira sensação e ir em frente. você pode começar fazendo
um blogue pessoal!
Existem vários sites que permitem fazê-lo gratuitamente. Alguns deles são:
www.wordpress.com
www.blogspot.com
www.blogger.com.br
Cada um deles disponibiliza ferramentas diferentes para você usar. Há links para sites
de amigos, galerias de fotos e integração entre vários sites. o mais importante é que
você decide sobre o que será publicado e como vai fazê-lo.
muitas pessoas criaram seus blogues (quem escreve adora!) e algumas ficaram
até famosas.
Apesar de não ter a abrangência de um jornal de circulação nacional ou um noticiário
de televisão, seu blogue vai ser lido por alguém em algum lugar e a informação
vai ser passada adiante. Portanto, arregace as mangas, descubra histórias legais e
comece a produzir!
veja a seguir os depoimentos de duas pessoas que criaram suas próprias páginas e
começaram a escrever. uma delas é o conhecido marcelo tas e o outro é o estagiário
da Coordenadoria de Juventude, o bryan!
26 272. seJa voCÊ o dono do seu esPaÇo!
MARCELO TAS
marcelo tristão Athayde de souza, mais conhecido pelo pseudônimo de marcelo tas,
nasceu em ituverava, no dia 10 de novembro de 1959. Ele é diretor, apresentador,
escritor e roteirista de televisão.
PoR QuE tER um bloguE?
Tas – Comecei por puro instinto. Para testar minhas ideias em público. Hoje tornou-se
o meu principal trabalho. tenho um contrato com a UOL, atualizo diariamente e produzo
vídeos exclusivos para serem postados no blogue.
A iNtERNEt É um iNstRumENto dE dEmoCRAtizAção ou dE ExClusão?
Tas – A internet é só ferramenta. Pode ser um excelente auxílio na democratização do
conhecimento. É ágil, fácil de usar, aberta... mas, sozinha, a internet não tem poderes
mágicos. Não resolve a criminosa desigualdade social instalada no País há séculos.
voCê lidA Com divERsAs mídiAs. QuAl É A diFERENçA dA iNtERNEt PARA
As outRAs?
Tas – velocidade e interação. Ao contrário da tv, do rádio e dos jornais, por exemplo,
a internet é uma mídia em que você vai até ela. você tem participação ativa. Escolhe
onde clicar. E tem a capacidade de emitir sua opinião, interagir. É uma revolução brutal
que ainda não soubemos assimilar nem valorizar.
Acesse: marcelotas.blog.uol.com.br
BRyAN
bryan Jonnes cursa Jornalismo, é um futuro personal stylist e produtor de moda que
adora andar sem rumo pelas ruas de são Paulo. Criou o blogue para falar sobre o que
quisesse e para discutir ideias.
PoR QuE tER um bloguE?
BJ – Para estar em contato com a web, conhecer pessoas diferentes, falar o que penso,
ser ouvido e treinar o que aprendo no curso de Jornalismo.
A iNtERNEt É um iNstRumENto dE dEmoCRAtizAção ou dE ExClusão?
BJ – democratização. Porque rompe barreiras e fronteiras, faz com que as pessoas se
libertem de modismos impostos pela grande mídia e oferece um espaço no qual qualquer
pessoa pode escrever e ter sua própria página.
QuE voCê ACHA dA CRiAção dE um bloguE PARA os CoRREsPoNdENtEs
REgioNAis do PoRtAl dA JuvENtudE?
BJ – super interessante! isso fará a gente entender mais o perfil do jovem paulista e
nos aproximar de tudo aquilo que rola em todos os cantos do Estado.
Acesse: http://bryanjonnes.wordpress.com/
Um blogue é uma ferramenta acessível a todos. Atualmente, muitas
empresas utilizam esse recurso para divulgar seus produtos;
jornalistas, para emitir suas opiniões; e até professores passaram
a fazer uso dos blogues como ferramenta de aprendizagem. Para
criar um blogue, basta ter vontade de escrever sobre determinado
assunto. é fácil, rápido, e o que é melhor – de graça!
www.
Juventude.sP
.gov.br
3. v
endo
o Mu
ndo
CoM
outr
osol
Hos
II CIClo de enContros regIonaIs de PolítICas PúblICas de Juventude
www.Juventude.sP.gov.br
3. vendo o Mundo CoM outro
s olHos
Para você, que pretende ser um Correspondente Regional do Portal da Juventude,
escrever matérias ou, quem sabe, até um dia, seguir a carreira de jornalista, aí vão
algumas dicas valiosas!
mais do que preparar você para ser um Correspondente Regional, as dicas apresen-
tadas a seguir tem a intenção de ajudá-lo a produzir e divulgar suas ideias
para o mundo. Por isso, fique à vontade para usar o conteúdo a seguir da maneira
que achar melhor. Aliás, você pode repassar essas informações do jeito que elas estão
ou criar sua própria versão!
3.1 O QUE PODE VIRAR UMA NOTíCIA
A notícia é produzida pelo jornalista e consumida pelo público. transmitir uma notícia
quer dizer traduzir um fato em uma linguagem acessível para quem não viu o fato
acontecer de perto. Como há bilhões de pessoas no mundo e inúmeros fatos que
ocorrem diariamente, deve existir um critério de seleção para definir quais deles serão
divulgados para o resto da população, ou seja, quais virarão notícia.
os principais critérios são:
Se o fato é novo – uma coisa que nunca aconteceu antes sempre ganha mais
importância do que um fato corriqueiro (exemplo: um jovem da sua cidade ganhou o
campeonato estadual).
Se o fato é útil – assuntos que afetam a população diretamente sempre são de
interesse dos leitores; quanto mais efeito o fato tem, maior a relevância (exemplo:
prorrogaram a data para a inscrição no vestibular).
Se o fato está próximo dos leitores – cada jornal tem um tipo de público e, por-
tanto, esse fato pode ou não ser notícia (exemplo: um buraco que surgiu em uma rua
da sua cidade pode ser noticiado em um jornal do município, mas não deve ir para o
Jornal Nacional).
32 333. vendo o Mundo CoM outros olHos
Se o fato acontece com uma personalidade – alguns fatos só viram notícia porque
envolvem pessoas famosas (exemplo: muitas mulheres enfrentam o câncer todos os
anos, mas, quando ocorreu com a atriz Patrícia Pillar, os jornais noticiaram).
3.2 O QUE FAz UM JORNALISTA
se, a partir de agora, você vai escrever, publicar sua opinião e/ou os fatos que con-
sidera relevante, anote algumas dicas.
A primeira regra importante é o compromisso com a verdade. Em hipótese alguma
uma informação falsa deve entrar no texto jornalístico. É claro que errar é humano,
e, por isso, um dos verbos importantes da sua lista de tarefas é o CHECAR. Cheque
sempre o que realmente aconteceu, o local exato, a data do evento e o número de
pessoas envolvidas. o texto nunca deve ser publicado, se ainda há alguma dúvida.
Para acabar com todos os pontos de interrogação, o único jeito é perguntar para
quem sabe. Pergunte sempre!
outra função obrigatória de quem quer ser jornalista é colocar o público em pri-
meiro lugar. Antes de agradar a algum chefe ou a quem estiver entrevistando, é
preciso pensar nos fatos mais relevantes para quem vai ler o texto.
isso não quer dizer que as outras pessoas envolvidas devam ser desconsideradas.
Quem concede entrevista merece o respeito de ter suas frases publicadas
sem edição ou alteração de sentido, ainda que não haja espaço para tudo o que
foi dito. Aliás, não é raro que alguém entre na justiça contra um jornal pela publicação
de informações incorretas.
Para evitar esse tipo de problema, recomendamos que você sempre tenha um bloco
de notas e caneta em mãos, para anotar tudo o que as pessoas dizem durante a
entrevista. Quando for falar com alguma autoridade, ou sobre um assunto mais sério,
é sempre bom, se possível, levar um gravador.
www.
Juventude.sP
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4. C
onst
ruIn
douM
a HI
stÓr
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II CIClo de enContros regIonaIs de PolítICas PúblICas de Juventude
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www.Juventude.sP.gov.br
4. ConstruIndo uMa HIstÓrI
a
4.1 PLANEJAMENTO: DA PAUTA à PUBLICAÇÃO
o processo de produção de uma boa matéria tem várias etapas e começa de uma maneira
bem simples: a partir da observação. Treinar o olhar para estar sempre atento(a)
à sociedade e, assim, perceber quando há uma boa história a ser contada.
veja quais são as etapas para preparar uma matéria jornalística:
Pauta – é a ideia inicial, que guiará todo o processo de coleta de informações.
(Exemplo: quero saber se o crescimento econômico está influenciando no índice de
gravidez na adolescência.)
Apuração – é a parte “fisicamente” mais trabalhosa. O jornalista precisa ir para as
ruas, pesquisar dados, procurar especialistas. Afinal, sua função não é se basear
no “achismo” para contar uma história, mas sim traduzir as informações apuradas de
modo que os leitores possam compreendê-las. (Exemplo: Para descobrir se minha pauta é
sólida, vou buscar um gráfico do crescimento econômico nos últimos anos e compará-lo
com o índice de gravidez na adolescência no mesmo período; depois, posso entrevistar
alguma médica ginecologista para falar sobre essa comparação e, além disso, posso
buscar casos de outros países para ver se esse é um comportamento mundial.)
Redação – é a produção do texto e segue as regras do estilo de texto escolhido. Para
muitas pessoas, essa é a parte mais trabalhosa – o problema é o famoso “bloqueio
mental”. é importante, nesse momento, tentar organizar todas as informações
e definir a importância e a relação que cada uma tem com as demais. Assim,
fica mais fácil “costurar” um texto ao mesmo tempo informativo, coerente e agradável
de ler. No texto, misturamos as informações que as fontes nos dão: algumas escrevemos
usando nossas próprias palavras, outras colocamos entre aspas, seguindo exatamente
o que o(a) entrevistado(a) disse. (Exemplo: Começo mostrando os números principais
no lide e a justificativa principal dos especialistas; depois posso contar a história de
alguma adolescente cuja mãe deu à luz enquanto também era adolescente, comparando
as gerações; fornecer mais dados, baseados, inclusive, no padrão mundial, e finalizar
com informações sobre prevenção à gravidez e os riscos de se ter filhos muito cedo.)
38 394. ConstruIndo uMa HIstÓrIa
Edição – muita gente pensa que basta só escrever, mas, na verdade, não existe texto
que não possa ser melhorado depois de relido. Nessa etapa é que você vai ver se o
texto está longo ou curto demais, se há muitas palavras repetidas, se contém
algum erro de digitação ou gramática, se faz sentido, se as informações e
números estão corretos, etc. Há sempre o que mudar durante a edição! A atenção
aos detalhes contribui, e muito, para que o produto final seja ainda melhor.
4.2 ESTRUTURA: O QUE é BOM NÃO FALTAR NO SEU TEXTO
o lide que citamos anteriormente é muito comum porque já traz consigo muitas in-
formações essenciais para um texto informativo. mas é necessário também lembrar
de outros detalhes que não podem faltar:
Fonte – nunca escreva sobre algo do qual você apenas ouviu falar. é necessário
comprovar um fato para poder publicá-lo sem correr o risco de prejudicar
alguém. se sua amiga disse que a vendinha da esquina foi assaltada, vá até o dono da
venda para confirmar a informação antes de escrever sobre a violência no bairro.
O outro lado – alguém denunciou uma irregularidade dentro da sua escola? ouça a
diretora também antes de publicar a notícia. mesmo que ela se negue a responder
às perguntas, é sua obrigação ceder espaço para que ela se explique ou prove que a
denúncia é falsa, se for o caso.
Fatos – pensa que esse item não deveria estar aqui? Pois reflita novamente: às
vezes, é muito comum escolhermos um assunto que daria uma boa reportagem, mas
não conseguirmos falar objetivamente sobre ele. Parece que está na ponta da língua,
mas falta alguma coisa... Nesse caso, falta o fato. o dado, o número, o documento,
o evento. É preciso dar um jeito de traduzir essa ideia vaga em algo concreto e real
para transmitir ao leitor.
Imagens – a importância de uma imagem vai além do clichê sobre as “mil palavras”.
Às vezes, uma matéria só é publicada se há uma foto comprovando aquilo que o
repórter está relatando. sem contar que as fotografias ajudam a atrair a atenção dos
leitores e suavizam a leitura. uma imagem sempre deve levar consigo uma legenda que
explique o que está retratado, de modo a acrescentar informações, e não meramente
descrever o que qualquer um pode ver com os próprios olhos.
Como descobrir pautas interessantes que podem virar matérias?
Em primeiro lugar, é preciso ler sobre os assuntos que você mais
tem interesse e gostaria de escrever. Para isso, acesse os meios
de comunicação (sites , revistas, jornais, rádio, tevê, etc.) que
tenham credibilidade jornalística. Além disso, fique atento ao
que acontece em sua cidade, em seu bairro, escola ou trabalho,
sempre avaliando o que realmente vale a pena ser noticiado – ou
seja, não é interessante apenas para você, mas, sim, para um
grande grupo de pessoas.
www.
Juventude.sP
.gov.br
5. e
stIl
osde
teXto
II CIClo de enContros regIonaIs de PolítICas PúblICas de Juventude
42
www.Juventude.sP.gov.br
5. estIlos de teXto
5.1 INTRODUÇÃO
Abra o jornal e vá folheando as páginas. se você prestar atenção, verá que cada uma
tem um tipo de texto diferente. Em algumas (geralmente nas primeiras páginas), não
há assinatura do texto e o conteúdo é bastante opinativo. Em outras, várias notícias
dividem o espaço. Algumas possuem chamadas em letras maiores, seguidas de notas
menores ou continuações da matéria principal e apresentam a assinatura do(a) repórter.
o conteúdo, nesses casos, tende a ser o mais informativo e imparcial possível.
Já nas páginas de cultura ou esporte, há colunas com a foto do autor que escreve
regularmente naquele espaço, com uma linguagem mais informal e valorizando a
interatividade com os leitores. Nesses casos, há mais adjetivos do que nas páginas
informativas e até mesmo peças de ficção!
Cada estilo de texto serve para um propósito diferente, porque há várias
maneiras de transmitir uma informação para alguém. todos têm seus limites
e suas regras, afinal, não é possível escrever uma notícia factual, ou seja, apoiada
em fatos, com mais opinião do que informação, por exemplo. A seguir, conheça os
estilos mais comuns encontrados nos veículos de comunicação.
5.2 REPORTAGEM FACTUAL
É o estilo de texto mais fiel ao princípio básico do jornalismo: reportar fatos. A
reportagem factual também é conhecida como notícia, matéria ou nota. Pode ter
vários tamanhos e abordar diversos temas (como cidades, polícia, economia, esporte,
cultura, etc.).
A forma mais tradicional de começar uma reportagem factual é pelo “lide”, aquele
primeiro parágrafo que resume as informações principais do resto do texto. Para se
montar um lide, o jeito mais fácil é responder às seguintes perguntas: O quê? Quem?
Quando? Como? Onde? Por quê?.
44 455. estIlos de teXto
Essas indagações, quando esclarecidas, já apresentam uma ideia geral do que acon-
teceu, quem esteve envolvido, o motivo por tudo isso ter acontecido e, ainda, situa
o fato no seu local e hora.
Esse tipo de construção também é conhecido por “pirâmide invertida”, já que leva as
principais informações no início, para depois seguir com os detalhes menos relevantes,
mas ainda assim de interesse do leitor.
o texto é construído de forma a prender a atenção de quem começou a ler e despertar
seu interesse para que vá até o final da matéria. mas também serve para a pessoa,
que não puder ler tudo, ao menos ser informada do que é mais importante saber.
veja um exemplo de reportagem factual descrita a seguir.
TíTULO: MENINA é ATROPELADA NA zL
Autores: Ana Carolina moreno, Elisa Estronioli, oswaldo Faustino
veículo: Jornal da Tarde (30 de dezembro de 2007)
O atropelamento de uma menina de 5 anos na Avenida Aguiar da Beira, em Haia do
Carrão, região do Aricanduva, na zona leste, provocou um protesto dos vizinhos por
melhores condições de segurança para os pedestres. O ato acabou em confronto com
a Polícia Militar. Luana Silva Vieira, 5 anos, chegou a ser socorrida no Pronto-Socorro
do Jardim Iva, mas não resistiu.
O acidente aconteceu às 19h15 de anteontem. A menina, que nunca era autorizada
a cruzar a avenida sem a ajuda de adultos, acabou saindo de casa com um amigo,
também de 5 anos, para comprar balas no mercado. “Estava esquentando a janta e
achava que minha filha de 15 anos estava cuidando da Luana”, contou a mãe da vítima,
Maria Leonice da Silva Marques, 42.
Luana ia na frente do amigo e não chegou ao fim das seis pistas da avenida. Seu
amigo nada sofreu.
Ela foi atingida por um Gol branco, guiado por Flávio Rodrigues Siqueira, 24 anos.
Segundo testemunhas, ele dirigia acima dos 60 km/h permitidos e, ao perceber a
aglomeração de pessoas, fugiu sem prestar socorro. Horas depois, a PM o prendeu
em casa, pois vizinhos anotaram a placa do carro. Ele foi indiciado por homicídio
culposo no 41o DP.
De acordo com os moradores do bairro, Luana seria a quarta pessoa a morrer por
causa do abuso de velocidade dos motoristas na avenida, em 2007. Um ciclista de
70 anos e duas crianças, uma delas de 4 anos, também fariam parte das estatísticas.
Revoltados, às 22h de sexta-feira, os vizinhos fecharam um sentido da via com pneus
e atearam fogo. O Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar as chamas e coube
aos policiais militares dispersar a multidão. Mas, segundo o pastor Renato da Silva,
a PM levou pedradas de alguns jovens e revidou com balas de borracha e bombas
de gás de efeito moral, que acabaram atingindo até quem não protestava. “Jogaram
bombas na rua e o gás entrou nas casas”, contou a irmã de Luana, Karine, 18 anos, que
ficou dentro de casa. A vizinha dela, Sueli Soares de Jesus, 42, disse que seu marido
foi atingido nos olhos pelo gás, mas que a família foi impedida pela PM de sair da
casa. “Tivemos que jogar água com açúcar nos olhos dele”, contou.
Ontem, algumas crianças do bairro exibiam, além das balas de borracha e cápsulas
de bomba de gás que restaram do confronto, cicatrizes de ferimentos no rosto e nas
pernas. “Isso dói muito”, contou um menino de 10 anos atingido na pálpebra esquerda.
A Polícia Militar não comentou a operação.
RUAS FECHADAS
Os motoristas que passavam pela Avenida Aguiar da Beira ontem de manhã não tinham
alternativa senão diminuir a velocidade, por causa das viaturas policiais e das dezenas
de moradores que ocuparam a via depois do enterro de Luana, às 11h, na Vila Formosa.
“Só quem não sabe o que aconteceu passa rápido agora”, contou um vizinho.
Às 14h, a avenida foi interditada pelos moradores em três trechos, e permanecia
fechada às 19h de ontem. Desta vez, a Polícia Militar, ficou apenas olhando.
5.3 REPORTAGEM ESPECIAL
dentro de uma redação de jornal, os repórteres dividem suas tarefas em textos que
precisam escrever “para o dia” e os “especiais”. os primeiros são aqueles que abor-
dam fatos – corriqueiros ou não – considerados “quentes”, ou seja, precisam ser
publicados naquele dia.
Já as matérias especiais também falam de assuntos quentes, mas contêm uma pro-
fundidade que não pode ser apurada em apenas um dia. Para esse tipo de
texto, o jornalista pesquisa fontes, entrevista diversos especialistas, procura números
atualizados (e, de preferência, inéditos), busca personagens, marca fotos, prepara
gráficos mais elaborados para ilustrar sua reportagem e dispõe de mais espaço para
escrever o texto principal e as retrancas (veja sobre elas mais adiante).
46 475. estIlos de teXto
Na maioria das vezes, a reportagem especial é publicada durante os finais de semana
no jornal, quando o leitor tem mais tempo, interesse e concentração para
ler sobre um tema.
veja abaixo um exemplo desse estilo de texto, que ocupou uma página inteira de
jornal em um sábado.
TíTULO: RICOS RECLAMAM MAIS
Autores: Ana Carolina moreno e Felipe grandin
veículo: Jornal da Tarde (11 de agosto de 2007)
Os paulistanos que mais exercem seu direito de cobrar ações da prefeitura são justa-
mente os que já recebem os melhores serviços do Poder Público. Essa é a conclusão do
relatório da Ouvidoria-Geral do Município, que relacionou as reclamações recebidas
entre março e junho com o nível de acesso aos direitos humanos em cada região.
O resultado mostra que, onde há melhor infraestrutura, educação e nível socioeconô-
mico, os moradores reclamam quase três vezes mais do que em bairros com condição
de vida precária. “Fizemos o cruzamento de dados para confirmar o que observávamos
empiricamente”, explica a ouvidora do órgão, Maria Inês Fornazaro.
Um claro exemplo comparativo é o das subprefeituras de Pinheiros, na zona oeste, e
de Guaianases, no extremo leste. Com cerca de 250 mil habitantes, Pinheiros, onde
a garantia de direitos humanos é alta, registrou 81 reclamações junto à ouvidoria
no segundo trimestre, a maioria sobre jardinagem. Em Guaianases, moram 270 mil
pessoas, mas só 8 relatórios de insatisfação chegaram até o órgão. Lá, a garantia de
direitos básicos é precária.
“Jogam uma favela por dia aqui no meio do mato, sem luz, sem água, sem asfalto”,
diz a doméstica e estudante de direito Marli Medeiros, presidente da Associação de
Moradores Nova Jerusalém, em Fazenda do Carmo, entre Guaianases e Itaquera. A
líder comunitária acredita que nos bairros pobres não há costume de cobrar o governo.
“Na favela, o Estado é o traficante, a cultura é não se meter com ninguém para não
arrumar problema.”
Já em áreas nobres, os moradores não hesitam em reclamar, apesar de o problema
mais grave ser a poda malfeita das árvores. “Eles só deixam o tronco. As pessoas
entram em pânico porque estão tirando um patrimônio do bairro”, diz Célia Marcondes,
presidente da Sociedade dos Amigos e Moradores do Bairro Cerqueira César (Samorcc).
Segundo ela, a maioria defende seus direitos diretamente com a prefeitura. “Só falam
com a Samorcc em último caso.”
Enquanto alguns “sofrem” com a falta de folhas, quem vive em Parada de Taipas
enfrenta um problema mais grave, a falta d’água. “É o maior sacrifício. Tem que pegar
com balde no cano da Sabesp”, reclama o vigia Rogério da Silva, de 26 anos, que mora
em uma rua sem asfalto nem luz. Ele nunca reclamou com a prefeitura e nem sabe
como falar com a ouvidoria. “Não dá tempo, tenho que trabalhar.”
DESPERDíCIO
O Sistema Interurbano de Monitoramento dos Direitos Humanos foi lançado em 2006,
custou quase R$ 70 mil e levou seis meses para ficar pronto. Mas, até hoje, só foi
usado pela ouvidoria. Segundo o presidente da Comissão Municipal de Direitos Hu-
manos, José Gregori, ele foi criado para diminuir a subjetividade que cerca o tema e
dar recursos para ações mais eficazes do governo para reduzir a desigualdade social.
“Aí a bola passa para os executores das políticas públicas.”
POR qUE POBRES NãO PROCURAM A OUVIDORIA
quatro hipóteses explicariam por que as pessoas de baixa condição social quase não
procuram a Ouvidoria do Município: quem já vive em condições precárias é menos
exigente; os canais entre população e prefeitura, apesar de gratuitos, ainda são de
difícil acesso; os serviços ainda são desconhecidos pela população; e parte dos pau-
listanos vive em áreas irregulares e tem receio de procurar a ouvidoria. “Mas essas
hipóteses não se excluem”, diz a ouvidora, Maria Inês Fornazaro.
A conclusão do relatório não surpreendeu os especialistas em direitos humanos e
segurança pública da capital. Segundo Denis Mizne, diretor executivo da ONG Instituto
Sou da Paz, os dados mostram que parte da população é excluída múltiplas vezes.
“Não é conformismo, é falta de cultura de cobrança, de saber que o Poder Público
não está aqui para te fazer favor”, afirma.
A coordenadora do Núcleo de Violência e Justiça da PUC-SP, Luzia Fátima Baierl,
acrescenta que “os mais pobres não sabem que informação é arma”, e a causa do
problema é a falta de educação básica. “Saber é poder”, explica Luzia. Já o coorde-
nador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, Mário de Oliveira Filho, vê no
relatório uma ferramenta. “É uma possibilidade de a prefeitura levar conhecimento
aos menos informados.”
48 495. estIlos de teXto
COMO RECLAMAR SEUS DIREITOS
156 – O telefone geral da prefeitura registra todos os pedidos dos moradores e os
repassa para os órgãos responsáveis.
Subprefeitura – A solicitação pode ser registrada pessoalmente, na Praça de Aten-
dimento das subprefeituras.
SAC – Pela Internet, é possível cadastrar solicitações de serviços do governo municipal.
Endereço: http://sac.prefeitura.sp.gov.br
Ouvidoria – Se o problema não for resolvido, ligue gratuitamente para 0800 17-5717
e registre a reclamação.
5.4 RETRANCA / PERSONAGEM
Para evitar a publicação de textos muito longos, o jornal geralmente divide a matéria
em um texto principal (também conhecido como “abre”, se ficar no topo da página)
e suas retrancas. Estas são notas mais curtas, que abordam o mesmo tema,
só que de um ponto de vista diferente. A retranca pode ser escrita em forma de
entrevista ou texto corrido e geralmente contém mais detalhes sobre um dos dados
citados na primeira matéria.
Em alguns casos, a retranca traz a história de uma pessoa que está passando ou
já passou pelo assunto tratado na matéria principal. Essa pessoa é chamada de
“personagem” e é constantemente usada para humanizar e exemplificar os números
publicados no texto. Em outras palavras, uma personagem prova que aquele dado é
real e afeta as pessoas na pele.
o exemplo que mostramos na seção Reportagem Factual foi publicado com uma
retranca que traz mais informações sobre uma das personagens e sobre o problema
que causou o evento reportado pelo jornal. leia a seguir.
TíTULO: MORADORES EXIGEM FAROL PARA PEDESTRE
Autor: Ana Carolina moreno
veículo: Jornal da Tarde (30 de dezembro de 2007)
A baixinha e bagunceira Luana vivia com cinco irmãos mais velhos e a mãe em uma casa
construída por um mutirão de moradores em 2003. As pistas lisas da Avenida Aguiar da
Beira eram o segundo sinal de que a urbanização chegara à favela Haia do Carrão.
Mas a via tem 3 km com placas de velocidade, sem obstáculos. Assim, atravessá-la
para ir ao mercado, à creche e ao posto de saúde se tornou perigoso: pelo menos duas
crianças e um idoso, além de Luana, teriam morrido atropelados este ano. Rachas
são comuns. “Os motoristas se sentem estimulados a acelerar, sem respeitar”, disse
o líder do bairro, José Antonio da Silva. Os moradores querem lombada eletrônica e
faixa de pedestres.
O subprefeito Vicente Marques diz ter enviado dois ofícios à Companhia de Engenharia
de Tráfego (CET) pedindo os equipamentos. A CET afirma que colocou sinalização
básica na avenida e estuda alternativas. Também disse que o Conselho Nacional de
Trânsito proibiu a lombada eletrônica.
Luana era uma de centenas de crianças no bairro. “É muito duro perder um filho assim”,
lamentou a mãe dela, Maria Leonice. (A.C.M.)
5.5 ENTREVISTA
Alguns personagens ou especialistas podem ter uma relevância maior em um deter-
minado momento da cobertura jornalística.
Nesse caso, uma simples matéria tem menos impacto do que uma entrevista (ainda
mais se for exclusiva!). Pode ser que você consiga entrevistar o ganhador de um prêmio
na comunidade ou um rapper famoso que veio até o bairro fazer um show. talvez você
descole um horário para conversar com um vereador recém-eleito, o subprefeito ou
um pesquisador que produziu algum dado bacana para o seu público.
também conhecida por “pingue-pongue”, a entrevista apresenta um texto introdu-
tório, no qual você explica quem é o(a) entrevistado(a), citando as principais posições
tomadas durante a conversa. Em seguida, você coloca as principais perguntas feitas
e as respostas. lembre-se do conselho sobre o gravador, ou pelo menos tenha um
bloco de notas e uma caneta confiável!
No meio jornalístico, um “personagem” é um entrevistado que pode
servir de exemplo sobre o assunto em questão. Ex.: uma matéria sobre
os desafios do vestibular pode trazer como personagem uma pessoa
prestes a ingressar na universidade com alguma história bacana pra
contar sobre isso. Esse é um recurso que traz credibilidade para o
texto e ainda o torna mais interessante.
50 515. estIlos de teXto
leia a seguir um exemplo de entrevista que usou uma personagem.
TíTULO: SARAMAGO ELOGIA ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA
Autor: Rodrigo Fonseca
veículo: site O Globo (10 de setembro de 2008)
Prestes a lançar A viagem do Elefante, o 44o livro de uma carreira consagrada com o
prêmio Nobel de Literatura, José Saramago pede licença a seus compromissos com
a prosa sempre que o assunto é a adaptação cinematográfica dirigida por Fernando
Meirelles de seu Ensaio sobre a Cegueira. Co-produção entre o Brasil, o Canadá e o
Japão, o longa-metragem, estrelado por Julianne Moore, estreia nesta sexta-feira
sob as bênçãos do escritor português. Desde maio, logo após a exibição da produção
na abertura do Festival de Cannes, Saramago se mostrou satisfeito com o que viu.
Nesta entrevista ao GLOBO, feita por e-mail, o autor de Memorial do Convento, que
completa 86 anos em novembro, chama de “brilhante” o trabalho de Meirelles na
direção. Em tom de parábola, o filme fala de uma misteriosa epidemia capaz de gerar
perda de visão em massa, levando suas vítimas a um doloroso processo de quarentena.
Admitindo completo desprezo pela ditadura dos efeitos especiais na telona, Saramago
avalia sua relação com o cinema e analisa duas graves catástrofes contemporâneas:
a cegueira política e a miopia artística.
NO FILME DE FERNANDO MEIRELLES, ASSIM COMO NO SEU LIVRO, A EPI-
DEMIA DE CEGUEIRA É RETRATADA COMO UMA CATáSTROFE, SERVINDO
COMO METáFORA PARA DESARMONIAS SOCIAIS CONTEMPORâNEAS. O
qUE SIGNIFICA SER CEGO NO MUNDO PóS-11 DE SETEMBRO?
Saramago: Já estávamos cegos antes do 11 de setembro. O mundo é muito maior que
Nova York, e o terrorismo é apenas um dos males de que a humanidade tem sofrido
desde sempre e quem sabe se para sempre. Peço perdão pelo que o termo “apenas”
possa parecer restritivo. Se não nos limitássemos a olhar, se víssemos de fato o que
temos diante dos olhos todos os dias, se tudo isso tivesse um efeito real na nossa
consciência, então não poderia haver nada capaz de deter o movimento geral de protesto
que se desencadearia a escala mundial contra o terrorismo da Al-qaeda, mas também
contra essa enfiada maldita de calamidades que fizeram deste mundo um inferno, o
único, porque é impossível que haja outro como este. Costumo dizer que o ser humano
é um animal doente. Os fatos o confirmam. quanto ao Ensaio sobre a Cegueira, sou
o primeiro a dizer que não passa de uma pálida imagem da realidade.
LOGO APóS A ExIBIçãO DE ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA EM CANNES, EM
MAIO, O SENHOR ExALTOU AS qUALIDADES DO FILME. HOJE, COMO O SE-
NHOR AVALIA O TRABALHO DE FERNANDO MEIRELLES NA TRANSPOSIçãO
DE SEU TExTO PARA O CINEMA?
Saramago: O resultado da adaptação de Fernando Meirelles é mais do que satis-
fatório. Considero-o até brilhante. O essencial da história está ali, como seria de
esperar, mas, sobretudo, encontrei na narrativa fílmica o mesmo espírito e o mesmo
impulso humanístico que me levaram a escrever o livro. Nem Fernando Meirelles nem
eu pensamos que vamos salvar a humanidade, mas somos conscientes de que, quer
como artistas, quer como cidadãos, levamos a cabo um trabalho responsável.
O SENHOR CONHECE A OBRA CINEMATOGRáFICA DE MEIRELLES?
Saramago: Vi e apreciei como devia Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel. quando dei o
“sim” a Fernando, sabia o que fazia. Suponho que os brasileiros devem estar orgulho-
sos de que um dos seus seja um dos melhores realizadores de cinema da atualidade.
quanto à minha relação com o cinema internacional, para além da irritação profunda
que me causam os chamados efeitos especiais, reconheço que não o acompanho com
regularidade. O caráter absorvente do meu trabalho de escritor distrai-me da obrigação
de princípio de acompanhar de perto outras manifestações artísticas, sem esquecer
a distância física a que me encontro dos grandes centros (o autor vive entre Lisboa e
a Ilha de Lanzarote, na Espanha).
ALÉM DE MEIRELLES, O qUE MAIS O SENHOR CONHECE DO CINEMA BRASI-
LEIRO? E EM RELAçãO AO CINEMA PORTUGUêS? O NONAGENáRIO MANOEL
DE OLIVEIRA, O MAIS IMPORTANTE CINEASTA DE SEU PAíS, ESTá ENTRE
SEUS “DIRETORES DE CABECEIRA”?
Saramago: A resposta anterior já antecipou em grande parte o que poderia dizer
sobre este assunto. Não sou de todo ignorante do que se tem feito em Portugal e
Brasil, mas o meu conhecimento é demasiado parcelar para que me permita uma
opinião fundada. Admiro Manoel de Oliveira, evidentemente, mas confesso que não
está entre os que chamo de meus diretores de cabeceira.
PASSADOS qUASE 13 ANOS DA PUBLICAçãO DE ENSAIO SOBRE A CEGUEI-
RA, qUE DILEMAS O SENHOR ACREDITA qUE A PERSONAGEM DA MULHER
DO MÉDICO, INTERPRETADA POR JULIANNE MOORE, AINDA SINTETIzA?
O SENHOR RELEU O LIVRO A FIM DE SABER A ATUALIDADE DA PARáBOLA
NELE REPRESENTADA?
52 535. estIlos de teXto
Saramago: Muitas das “mulheres do médico” são homens. São todas aquelas pessoas
que estão conscientes do verdadeiro caráter do mundo em que vivem e que sofrem por
não ver sinais positivos de mudança, mas também pela sua própria impotência perante
o desastre que se tornou a vida humana. Não li o livro recentemente. Aliás, não é meu
costume reler o que escrevi. Obviamente, releio as provas. Mais do que isso, não.
qUAL É A MAIOR CEGUEIRA LITERáRIA DO MUNDO CONTEMPORâNEO?
Saramago: Considero a literatura talvez a menos cega das expressões artísticas atuais.
Em muitos dos livros que têm sido escritos, se forem atentamente lidos, encontrar-se-á,
além de claras denúncias da dramática situação a qual chegamos, abundante e subs-
tancial matéria de reflexão. Assim, que o leitor esteja disposto a abandonar a sua mais
ou menos confortável cadeira de espectador do mundo.
O qUE NOS ESPERA EM SEU NOVO LIVRO, A VIAGEM DO ELEFANTE, qUE A
COMPANHIA DAS LETRAS PROMETE PARA NOVEMBRO?
Saramago: O meu próximo livro, A Viagem do Elefante, não é um romance, mas sim
um conto, uma narrativa que, apesar das suas 250 páginas, não perde nunca a sua
natureza de conto. Pelo contrário, reivindica-a. A história parece simples, o relato
do que acontece a um elefante que é levado de Lisboa a Viena, mas a simplicidade,
neste caso, é uma mera aparência. O leitor julgará por si mesmo.
NO SEU BLOGUE (HTTP://BLOG.JOSESARAMAGO.ORG), O SENHOR ADIANTA
qUE A VIAGEM DO ELEFANTE SERá UMA TRAMA CORAL, NARRADA A Vá-
RIAS VOzES. DE qUE MANEIRA ESSE ENREDO VAI ABORDAR A qUESTãO DA
SOLIDARIEDADE, TEMA qUE NORTEIA ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA E VáRIOS
OUTROS LIVROS SEUS?
Saramago: As questões da coralidade e da solidariedade, embora presentes, são
algo marginais ao miolo da história. Como é meu costume, uma vez mais, a epígrafe
do livro resume e anuncia o que virá depois: “Sempre acabaremos chegando aonde
nos esperam”. A frase só aparentemente é enigmática.
TRêS DÉCADAS APóS A PUBLICAçãO DE OBJECTO qUASE, LIVRO qUE MARCA
SUA ESTREIA COMO CONTISTA, O SENHOR RETOMA O FORMATO EM SEU
NOVO LIVRO. O SENHOR PRETENDE CONTINUAR A INVESTIR NOS CONTOS?
Saramago: Não creio, ainda que me tenha atrevido a chamar conto a Viagem do
Elefante… De todo modo, tomo nota da sugestão.
5.6 ARTIGO
você consegue contar nos dedos quantas dissertações já escreveu para as aulas de Portu-
guês? Pois o artigo não é muito diferente de uma redação dessas: expõe uma linha de
raciocínio na introdução, apresenta argumentos favoráveis e contrários e, por
fim, encerra-se em uma conclusão contendo a posição do autor do texto.
No jornal, a sessão de artigos é, na maioria das vezes, assinada por pessoas que não
são jornalistas. Pode ser um economista renomado, um ex-ministro, o governador do
Estado, o diretor de alguma oNg. também pode ser alguém com um cargo menos
pomposo, mas com domínio do assunto e boa escrita. É por isso que existe sempre
um curto currículo do(a) autor(a) no final do texto.
um artigo bem elaborado pode incitar um debate, criar uma polêmica e, ainda que
cause uma bagunça, ele faz as pessoas pensarem e aprenderem mais sobre
um determinado tema.
TíTULO: MUNDO SUSTENTÁVEL
Autor: xico graziano
veículo: Jornal O Estado de S. Paulo (2 de junho de 2009)
A natureza está em alta nesta semana. Em 5 de junho celebra-se o Dia Mundial do
Meio Ambiente. Governos, escolas, empresas e ONGs programam significativos
eventos. Bonitos discursos serão ouvidos. Há o que comemorar?
O meio ambiente é assunto recente na história da humanidade. Um impactante rela-
tório, intitulado Os Limites do Crescimento, publicado em 1972 pelos especialistas do
Clube de Roma alertava para o colapso nos recursos naturais. Foi um marco teórico.
No mesmo ano, a ONU promoveu a Conferência de Estocolmo sobre o Ambiente Hu-
mano. Representantes de 113 países recomendaram, pela primeira vez, a utilização
de políticas públicas em defesa do meio ambiente. Governos entraram na briga.
Antes disso, cientistas e entidades civis já se movimentavam pela causa ecológica. A
primeira ONG, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), surgiu
em 1947, na Suíça. No Canadá, apareceu em 1971 o greenpeace. O agrônomo José
Lutzenberger, na mesma época, formou a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente
Natural (Agapan). Logo depois, José Goldemberg e Fábio Feldmann despontaram com
sua luta idealista.
54 555. estIlos de teXto
Dois livros cumpriram papel fundamental na tomada da consciência ecológica. Primeiro,
o impressionante Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, publicado em 1962. Sua
contundente crítica contra a contaminação por agrotóxicos dos pinguins da Antártida
varreu o mundo. A vida do planeta estava ameaçada. Segundo o marcante ensaio
População, Recursos e Ambiente, escrito por Paul e Anne Ehrlich e publicado em 1970.
O foco crítico dos cientistas norte-americanos recaía sobre as nefastas consequências
da explosão demográfica. Assim se inicia o livro: “... essa massa humana ameaça
destruir a maior parte da vida no planeta. A própria humanidade está agora muito
próxima da destruição total”. Apavorante.
Obviamente, os donos do poder reagiram a essas posições, amenizando-as. Influenciado
pelo catolicismo, até hoje o ambientalismo menospreza a demografia. Mas a questão
ambiental entrou, para não mais sair, na agenda do desenvolvimento mundial. E os
resultados da luta começaram a aparecer. Uma década após as denúncias de Rachel
Carson, os perigosos inseticidas organoclorados, extremamente contaminantes, como
o DDT e o BHC, começaram a ser mundialmente banidos. Grande vitória.
O então chamado Terceiro Mundo demorou a participar da agenda ambiental. Justa-
mente o Brasil capitaneou a posição conservadora dos países periféricos. O governo
militar da época defendia claramente o “direito de poluir”, incentivando as empresas
“sujas”. Importava o progresso material.
A opinião pública, todavia, exigia a tomada de decisões. Em 1974, o eminente Paulo
Nogueira Neto assumiu, no âmbito federal, a Secretaria Especial de Meio Ambiente.
Em São Paulo, Franco Montoro criou, em 1983, o Conselho Estadual do Meio Am-
biente, germe da atual secretaria de Estado. O ambientalismo oficializava-se. Até
desaguar na Conferência da ONU realizada no Rio de Janeiro em 1992. Avançavam
os compromissos.
Percebe-se que o mundo descobriu há pelo menos quatro décadas o problema eco-
lógico. E, aos trancos e barrancos, resolveu enfrentá-lo. Os céticos, ou pessimistas,
valorizam o fracasso e continuam vendo o fim do mundo. Os crédulos, ou otimistas,
destacam o sucesso e enxergam o futuro promissor. quem tem razão?
De certa forma, ambos. Veja o caso das florestas. Em São Paulo se anuncia a proteção
do cerrado remanescente e a recuperação da vegetação ciliar de mata atlântica. Uma
página virada no desmatamento. Mas em outros locais, principalmente no bioma da
Amazônia, as portas da derrubada florestal continuam abertas. Arde a motosserra.
O Rodoanel de São Paulo expressa a moderna fase da agenda ambiental. Concebido
para aliviar o trânsito da capital, reduzindo a poluição atmosférica, seu soerguimento
causa fortes impactos na região dos mananciais. Por isso, no licenciamento ambiental,
exigências e condicionantes foram rigidamente definidas, visando a mitigar ou com-
pensar tais prejuízos sobre a biodiversidade e os recursos hídricos. Resultado: o zelo
ambiental tornou o trecho sul do Rodoanel um exemplo para a engenharia brasileira.
Há quem não acredite nessas informações positivas. Esse é o ponto a destacar. Ronda
a questão ambiental um problema de comunicação. Sempre sobressai a notícia ruim,
o lado negativo. Faz parte da origem. O ambientalismo iniciou-se como denúncia das
mazelas do crescimento. Era preciso aparecer, chamar a atenção, subir em árvores
para que não as derrubassem.
Esse denuncismo até hoje permeia o movimento ambientalista. Primo do discursismo
e parente do sensacionalismo, ambos alimentam-se das desgraças para sobreviver.
Uma nova fase, porém, se cristaliza entre as organizações e lideranças do terceiro
setor: o ambientalismo de resultados. Significa menos conversa, mais gestão. Difícil
para quem se acostumou a gritar, mas absolutamente necessário para concretizar os
sonhos da mudança civilizatória. Ação efetiva.
Existe ainda muita lição de casa a fazer, no lixo, no esgoto, no desperdício, na energia
limpa. A luta dos ambientalistas, entretanto, certamente é vitoriosa e qualquer ganho
na agenda ambiental deve sempre ser comemorado, todos os dias. Embora com sofre-
guidão, constroem-se as bases do novo desenvolvimento. Brota o mundo sustentável.
Falta uma tarefa, a maior de todas, para impulsionar o processo: investir fortemente
na educação ambiental das crianças. Mudança de valores, com novas atitudes,
somente se consegue dando prioridade à sala de aula, com professores conscientes
e valorizados.
Demora uma geração, mas fica irreversível.
Xico Graziano, agrônomo, é secretário do Meio Ambiente do Estado de São
Paulo. E-mail: [email protected]
56 575. estIlos de teXto
5.7 EDITORIAL
Politicamente, o editorial é o texto mais importante de um jornal, pois representa a posi-
ção coletiva da redação do jornal a respeito dos assuntos em alta na sociedade. É também
a página mais lida pelas autoridades, do vereador ao Presidente da República.
Curiosamente, o editorial, assim como o artigo, se parece muito com as dissertações
que você precisa fazer na aula de Português: é um texto opinativo e impessoal que
traz argumentos para defender uma determinada posição ou ideologia. Por representar
a opinião de uma empresa, diferentemente do artigo, o editorial não é assinado
por uma pessoa.
TíTULO: A CONCORDATA DA GM
veículo: Jornal O Estado de S. Paulo (2 de junho de 2009)
Junho começou com otimismo nas bolsas americanas, como se o mercado festejasse
novidades muito animadoras. Mas a grande notícia prevista para o dia 1o e confirmada
logo de manhã não era nada animadora: a General Motors (GM) pediu concordata em
Nova York. A empresa, maior produtora de automóveis do mundo até o ano passado,
fechará 14 fábricas até 2011. Nos próximos 40 dias terá de transferir seus ativos para
uma nova empresa, controlada pelo governo dos Estados Unidos e com participação
minoritária de trabalhadores e credores. Havia, sem dúvida, motivo para comemoração:
com mais US$ 30 bilhões do tesouro americano, US$ 9,5 bilhões do governo canadense
e mais a conversão de dívidas em ações, seria possível salvar da ruína um dos símbolos
do poderio industrial americano. Outro símbolo, a Chrysler, em concordata desde 30
de abril, já havia sido salvo no último instante. Esta recessão, descrita por muitos
como a mais severa do segundo pós-guerra, tem arrasado vários dos grandes ícones
do capitalismo, aí incluídos os maiores bancos. Este detalhe é uma das marcas da
crise atual: os erros, desta vez, foram bastante graves para abalar seriamente grupos
considerados, até há pouco tempo, quase indestrutíveis.
A grande concordata desta segunda-feira mereceu discurso do chefe de governo. O
colapso da GM e da Chrysler “seria devastador para o país”, disse o presidente Barack
Obama, justificando a intervenção oficial nas duas companhias. O socorro, lembrou o
presidente, vai ter um custo elevado para os cidadãos, mas a alternativa, segundo ele,
seria muito pior. Mas o socorro a essas grandes empresas não encerra os problemas:
“Dias difíceis estão à frente”, disse Obama. “Mais empregos serão perdidos, mais
fábricas serão fechadas, mais revendedores fecharão suas portas, assim como muitos
fornecedores de autopeças.”
O governo, segundo o presidente, é “um acionista relutante” e não tentará adminis-
trar o dia a dia da GM. A condução da tarefa será entregue a um executivo, Al Koch,
especializado em reestruturar empresas. Ele já ajudou a companhia a renegociar com
os credores a conversão de seus créditos em ações.
Seria perda de tempo discutir se o governo americano deveria ou não permitir a quebra de
alguns dos maiores grupos bancários e industriais do país. Essa decisão poderia satisfazer o
senso de justiça de algumas pessoas, mas o custo seria excessivo para dezenas de milhões
de outras. O governo pode ser um acionista relutante, como disse o presidente dos Esta-
dos Unidos, mas sua omissão produziria, certamente, consequências dolorosas. O mesmo
argumento pode justificar as ações – ou boa parte delas – de vários governos europeus.
Mas não basta salvar as empresas “grandes demais para quebrar”. Se os governos se
limitarem a resgatar os grandes grupos, estarão alimentando o risco moral mais do que
em qualquer episódio anterior. Desta vez, o desastre atingiu alguns dos maiores bancos
suíços e alguns dos maiores americanos, como o Citibank, e indústrias do porte da GM,
da Opel e da Chrysler. Isto só foi possível porque os padrões administrativos atingiram
níveis de lassidão inadmissíveis na maior parte das empresas. A crise financeira pode
ter devastado companhias bem administradas, mas sem condições de resistir a pressões
tão fortes. Mas esse não é o caso das grandes indústrias socorridas pelos governos
nem dos bancos classificados, tradicionalmente, como de primeiríssima linha.
Os problemas foram desencadeados no setor financeiro e hoje não há dúvida quanto
às causas principais: as operações de risco foram levadas a níveis dificilmente ima-
gináveis, graças a uma combinação de ganância irresponsável, erros de avaliação
política e escandalosas deficiências de regulação. Onde a regulação funcionou e
a política monetária foi conduzida com alguma prudência, os lances de maior risco
foram limitados. Com a crise do sistema financeiro, as fraquezas de grandes grupos
empresariais foram expostas. A GM já vinha acumulado prejuízos há vários anos. Por
quanto tempo continuaria operando, se os bancos não houvessem entrado em colapso
e jogado a economia na recessão? Deu-se pouca atenção, até agora, a esse tipo de
problema, como se o descontrole, a supervisão deficiente e o risco moral afetassem
apenas o setor financeiro.
58 595. estIlos de teXto
5.8 CRôNICA
os jornais têm espaço disponível para um texto diferente. A crônica é geralmente
escrita por jornalistas que também são escritores(as) e recebem um espaço fixo
semanal para preencher. Não precisa ser necessariamente tema fictício, longo ou
poético. o importante é que sejam escritos pelo(a) “dono (a) do espaço” que, com o
passar do tempo, acaba ganhando seus próprios fãs dentro do jornal ou revista.
um exemplo de crônica de ficção (inspirada em casos muito comuns na época do
verão): crianças são carregadas pelas chuvas nos córregos a céu aberto que correm
pela periferia da Região metropolitana.
TíTULO: GABRIEL E O CÓRREGO DOS MILAGRES
Autor: gilberto Amendola
veículo: Jornal da Tarde (abril de 2008)
Gabriel era o menino debruçado na janela da casa debruçada sobre o córrego. Gabriel
era o menino que vivia naquele desastre iminente, desafiando a Lei da Gravidade e os
agentes da prefeitura. Gabriel era o menino que não se incomodava com o mau cheiro,
os mosquitos da dengue e a sujeira. Gabriel era o menino que queria uma bicicleta.
De tanto querer, o córrego trouxe a tal bicicleta. O menino só teve que se atirar na
água marrom e resgatar o seu presente. Coincidência? Sorte? Acho que não. Dias
depois, Gabriel pediu uma bola de futebol e também foi atendido pelo córrego. Depois,
sonhou com um álbum de figurinhas, o uniforme do Corinthians, um chapéu de caubói
e com um Big Mac. Sim, é isso mesmo que você está pensando. O córrego trouxe tudo
o que o menino pediu.
Não demorou para que a família de Gabriel estranhasse o súbito “enriquecimento”
do garoto. “Com que dinheiro você comprou essa bicicleta?”, “De onde veio esse
Playstation 3?”, “O que esse macaquinho tá fazendo aqui em casa?” Interrogado pelos
parentes, Gabriel contou a verdade.
É claro que ninguém acreditou. Ser sincero sobre o córrego rendeu uma surra do pa-
drasto e a chacota dos irmãos mais velhos. A mãe, coitadinha, pensou que o caçula
tivesse virado ladrão. “Virei não, mãe.” Vendo o desapontamento da mãe, Gabriel
puxou-a pela mão. Nas margens do córrego, o menino falou. “Você quer um fogão
novo, não é? Então espera um pouco...”
Em menos de 30 segundos, um fogão surgiu boiando nas águas daquele córrego fedido.
“Milagre, milagre”, gritou a mãe. Logo, a família inteira veio ajudar a mulher a tirar
o fogão do córrego. Gabriel convenceu a família inteira. O irmão ganhou uma moto;
a irmã, um computador, o padrasto; uma caixa de 51; o primo, um binóculo e o tio...
“Me arruma uma loira peituda”. Parece mentira, mas o córrego também atendeu a
esse pedido. Era só Gabriel desejar que o córrego atendia.
A fama do córrego dos milagres espalhou-se por São Paulo. Diariamente, centenas de
ônibus de excursão estacionavam nas proximidades da casa de Gabriel. Tinha gente
capaz de matar só para ficar um minuto com o menino. “Me pede uma Ferrari”, “me
pede um tevê de plasma”, “me pede um dinossauro de verdade”, “me pede um disco
autografado pelo Paul McCartney”.
Um dia o céu escureceu de repente. Um dilúvio caiu na cidade. O córrego transbordou e
destruiu a casa do menino milagreiro. Todos escaparam com vida. “Mas cadê o Gabriel?”
Ninguém mais encontrou o garoto. O córrego tinha atendido seu último desejo.
www.
Juventude.sP
.gov.br
6. C
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gra
MátI
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II CIClo de enContros regIonaIs de PolítICas PúblICas de Juventude
www.Juventude.sP.gov.br
6. ConHeÇa a nova graMátIC
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6.1 REFORMA ORTOGRÁFICA
Já que agora você virou um comunicador, é importante estar ligado nas mudanças
ortográficas do acordo assinado pelos países lusófonos1 em 1990 e que começaram
a vigorar em janeiro de 2009.
Para ajudá-lo a ficar por dentro de tudo, apresentamos aqui um texto de Carlos Al-
berto Faraco, professor titular (aposentado) de linguística e língua Portuguesa da
universidade Federal do Paraná e membro da Comissão para a definição da Política
de Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da língua Portuguesa do ministério
da Educação.
o texto foi originalmente publicado no site da Rádio CbN de Curitiba (www.cbncuri-
tiba.com.br) e está disponível para download no site do museu da língua Portuguesa
(www.museudalinguaportuguesa.org.br).
ENTENDA O CASO
A língua portuguesa tem dois sistemas ortográficos: o brasileiro e o português, adotado
por macau (na China) e pelos países africanos: Angola, Cabo verde, guiné-bissau,
guiné Equatorial, são tomé e Príncipe, moçambique e timor.
você já ouviu alguém falando português de Portugal? Reparou como é parecido, apesar
de apresentarem algumas palavras diferentes? Notou que a pronúncia muda? Então,
entendemos quase tudo, mas temos que prestar atenção, não é?
o mesmo acontece com a escrita, que possui dois sistemas ortográficos. As diferenças
não são substanciais e não impedem a compreensão dos textos escritos numa ou noutra
ortografia. No entanto, a dupla ortografia dificulta a difusão internacional da língua
1 lusófonos: têm a língua portuguesa como língua materna.(http://pt.wikipedia.org/wiki/lus%C3%b3fonos)
64 656. ConHeÇa a nova graMátICa
(por exemplo, os testes de proficiência2 têm de ser duplicados), além de aumentar os
custos editoriais, na medida em que o mesmo livro, para circular em todos os territórios
da lusofonia, precisa normalmente ter duas impressões distintas.
o Dicionário Houaiss, por exemplo, foi editado em duas versões ortográficas para
poder circular em Portugal e em outros países lusófonos. Essa situação motivou um
esforço de unificação que se consolidou no Acordo ortográfico que, em princípio, já
está vigorando e devemos colocá-lo em uso.
Observação importante: A mídia costuma apresentar o acordo como uma unificação
da língua. Há, nessa maneira de abordar o assunto, um grave equívoco. o acordo
não a modifica (nem poderia, já que a língua não é passível de ser alterada por leis,
decretos e acordos). Apenas unifica a ortografia. Algumas pessoas – por absoluta
incompreensão do sentido do acordo e talvez induzidas por textos imprecisos da
imprensa – chegaram a afirmar que a abolição do trema (prevista na Reforma orto-
gráfica) implicaria a mudança da pronúncia das palavras (não diríamos mais o “u” de
linguiça, por exemplo). isso não passa de um grosseiro equívoco: o acordo só altera
a forma de grafar algumas palavras. A língua continua a mesma.
AS MUDANÇAS
Para nós, brasileiros, são poucas as mudanças. Atingem a acentuação de algumas
palavras e operam algumas simplificações nas regras de uso do hífen.
ACENtuAção
a) Fica abolido o trema:
palavras como lingüiça, cinqüenta, seqüestro passam a ser grafadas linguiça, cin-
quenta, sequestro.
b) desaparece o acento circunflexo do primeiro -o em palavras terminadas em -oo:
palavras como vôo, enjôo, abençôo passam a ser grafadas voo, enjoo, abençoo.
c) desaparece o acento circunflexo das formas verbais da terceira pessoa do plural
terminadas em -eem: palavras como lêem, dêem, crêem, vêem passam a ser grafadas
leem, deem, creem, veem.
2 teste de proficiência: mede as habilidades e as competências em determinada língua.
d) deixam de ser acentuados os ditongos abertos -éi e -ói das palavras paroxítonas:
palavras como idéia, assembléia, heróico, paranóico passam a ser grafadas ideia,
assembleia, heroico, paranoico.
e) Fica abolido, nas palavras paroxítonas, o acento agudo no -i e no -u tônicos
quando precedidos de ditongo: palavras como feiúra, baiúca passam a ser grafadas
feiura, baiuca.
f) Fica abolido, nas formas verbais rizotônicas (que têm o acento tônico na raiz), o
acento agudo do -u tônico precedido das letras g ou q e seguido de -e ou -i.
Essa regra alcança algumas poucas formas de verbos como averiguar, apaziguar, arguir:
averigúe, apazigúe e argúem passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem.
g) deixa de existir o acento agudo ou circunflexo usado para distinguir palavras paro-
xítonas que, tendo respectivamente vogal tônica aberta ou fechada, são homógrafas
de palavras átonas:
Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão do verbo parar, e
para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão do verbo pelar, e pela(s), combinação
da preposição per e o artigo a(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga
e popular de por e lo(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (ê), substantivo, e pelo(s)
combinação da preposição per e o artigo o(s); pera (ê), substantivo (fruta), pera (é),
substantivo arcaico (pedra) e pêra, preposição arcaica.
Observação 1: A Reforma ortográfica ocorrida em 1971 aboliu os acentos circunflexos
diferenciais. manteve-os apenas para a forma verbal “pôde”. o texto do acordo mantém
essa exceção e acrescenta, facultativamente, o uso do acento na palavra “fôrma”.
Observação 2: o acordo manteve a duplicidade de acentuação (acento circunflexo
ou agudo) em palavras como econômico/económico, acadêmico/académico, fêmur/
fémur, bebê/bebé.
Entendeu-se que, como essa acentuação reflete o timbre fechado (mais frequente
no brasil) e o timbre aberto (recorrente em Portugal e demais países lusófonos) das
pronúncias cultas das vogais nesses contextos, ela não deveria ser alterada. Em
princípio, nada muda, para nós brasileiros. A novidade é que as duas formas passam
a ser aceitas em todo o território da lusofonia e devem ambas constar nos dicionários.
66 676. ConHeÇa a nova graMátICa
Assim, se um brasileiro, que hoje é obrigado a usar o acento circunflexo, grafar com
o agudo não estará cometendo erro gráfico.
o CAso do HíFEN
o hífen é, tradicionalmente, um sinal gráfico mal sistematizado na ortografia da língua
portuguesa. o texto do acordo tentou organizar as regras de modo a tornar seu uso
mais racional e simples.
a) manteve sem alteração as disposições anteriores sobre o uso do hífen nas palavras
e expressões compostas. determinou apenas que se grafe de forma aglutinada (ou
seja, junto) certos compostos nos quais se perdeu a noção de composição (mandachuva
e paraquedas, por exemplo).
Para saber quais palavras perderam o hífen, teremos de esperar a publicação do novo
vocabulário ortográfico pela Academia das Ciências de lisboa e consultar o editado
pela Academia brasileira de letras. É que o texto do acordo prevê a aglutinação, dá
alguns exemplos, e termina o enunciado com um etc. – o que, infelizmente, deixa em
aberto a questão.
b) No caso de palavras formadas por prefixação, houve as seguintes alterações: – só se
emprega o hífen quando o segundo elemento começa por h.
Ex.: pré-história, super-homem, pan-helenismo, semi-hospitalar.
Exceção: manteve-se a regra atual que descarta o hífen nas palavras formadas com
os prefixos des- e in- e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial (desumano,
inábil, inumano).
– e quando o prefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento.
Ex.: contra-almirante, supra-auricular, auto-observação, micro-onda, infra-axilar.
Exceção: manteve-se a regra atual em relação ao prefixo co-, que em geral se
aglutina com o segundo elemento, mesmo quando iniciado por o (coordenação,
cooperação, coobrigação).
Com isso, fica abolido o uso do hífen:
– quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes ser
duplicadas.
Ex.: antirreligioso, antissemita, contrarregra, infrassom.
Exceção: manteve-se o hífen quando os prefixos terminam com r, ou seja, hiper-,
inter- e super-.
Ex.: hiper-requintado, inter-resistente, super-revista.
– quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal
diferente.
Ex.: extraescolar, aeroespacial, autoestrada, autoaprendizagem, antiaéreo, agroin-
dustrial, hidroelétrica.
Observação: Permanecem inalteradas as demais regras do uso do hífen.
o CAso dAs lEtRAs k, w, y
Embora possuam uso restrito, elas foram incluídas em nosso alfabeto, que passa,
então, a ter 26 letras.
importante deixar claro que essa medida nada altera o que está estabelecido. Ape-
nas fixa a sequência dessas letras para efeitos da listagem alfabética de qualquer
natureza. Adotou-se a convenção internacional: o k vem depois do j, o w depois do
v e o y depois do x.
o CAso dAs lEtRAs mAiúsCulAs
se compararmos o disposto no acordo com o que está definido no atual Formulário Orto-
gráfico Brasileiro, veremos que está simplificado o uso obrigatório das letras maiúsculas.
Elas ficaram restritas a nomes próprios de pessoas (João, maria, dom Quixote), lugares
(Curitiba, Rio de Janeiro), instituições (instituto Nacional da seguridade social, ministério
da Educação) e seres mitológicos (Netuno, zeus), a nomes de festas (Natal, Páscoa,
Ramadão), na designação dos pontos cardeais quando se referem a grandes regiões
(Nordeste, oriente), nas siglas (FAo, oNu), nas iniciais de abreviaturas (sr., gen., v. Exª)
e nos títulos de periódicos (Folha de s. Paulo, gazeta do Povo).tornou-se facultativo o
uso da letra maiúscula em nomes que designam os domínios do saber (matemática ou
matemática), nos títulos (Cardeal/cardeal seabra, doutor/doutor Fernandes, santa/
santa bárbara) e nas categorizações de logradouros públicos (Rua/rua da liberdade),
de templos (igreja/igreja do bonfim) e edifícios (Edifício/edifício Cruzeiro).
68 696. ConHeÇa a nova graMátICa
APRECIAÇÃO GERAL
o acordo é, em geral, positivo. Em primeiro lugar, porque unifica a ortografia do por-
tuguês, mesmo mantendo algumas duplicidades. Por outro lado, simplifica as regras
de acentuação, limpando o Formulário ortográfico de regras irrelevantes e que se
aplicavam a poucas palavras. A simplificação das regras do hífen é também positiva:
torna um pouco mais racional o uso desse sinal gráfico.
6.2 ALGUNS ERROS MAIS COMUNS
Erros gramaticais e ortográficos sempre devem ser evitados. Alguns, no entanto, como
ocorrem com maior frequência, merecem atenção redobrada. Abaixo, separamos para
você alguns dos erros mais comuns do idioma. use esta relação como um roteiro para
fugir deles!
1. “Mal cheiro”, “mau-humorado”. mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau
cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). igualmente: mau humor, mal-
intencionado, mau jeito, mal-estar.
2. “Fazem” cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos.
/ Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.
3. “Houveram” muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável: Houve
muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / deve haver muitos casos iguais.
4. “Existe” muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normal-
mente o plural: Existem muitas esperanças. / bastariam dois dias. / Faltavam poucas
peças. / Restaram alguns objetos. / sobravam idéias.
5. Para “mim” fazer. mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer,
para eu dizer, para eu trazer.
6. Entre “eu” e você. depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. /
Entre eles e ti.
7. “Há” dez anos “atrás”. Há e atrás indicam passado na frase. use apenas: Há
dez anos ou dez anos atrás.
8. “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A meu ver, a seu ver, a
nosso ver.
9. “Venda à prazo”. Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja
subentendida a palavra moda: salto à (moda de) luís xv. Nos demais casos, também
não se usa crase: a salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.
10. “Porque” você foi? sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use
por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. /
Explique por que razão você se atrasou. Porque (junto) é usado nas respostas: Ele se
atrasou porque o trânsito estava congestionado.
11. Vai assistir “o” jogo hoje. Assistir como presenciar exige a: vai assistir ao jogo, à
missa, à sessão. outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) à população.
/ Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou
ao amigo. / Respondeu à carta. / sucedeu ao pai. / visava aos estudantes.
12. Preferia ir “do que” ficar. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a
ficar. “é preferível” segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem glória.
13. O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com vírgula o sujeito do
predicado. Assim: o resultado do jogo não o abateu. outro erro: o prefeito prometeu,
novas denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o complemento: o prefeito
prometeu novas denúncias.
14. Não há regra sem “excessão”. o certo é exceção. veja outras grafias erradas e,
entre parênteses, a forma correta: “paralizar” (paralisar), “beneficiente” (beneficente),
“xuxu” (chuchu), “previlégio” (privilégio), “vultuoso” (vultoso), “cincoenta” (cinquenta),
“zuar” (zoar), “frustado” (frustrado), “advinhar” (adivinhar), “benvindo” (bem-vindo), “as-
cenção” (ascensão), “pixar” (pichar), “impecilho” (empecilho), “envólucro” (invólucro).
15. Quebrou “o” óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. da mesma
forma: meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.
POR QUE ESCREVER BEM?
Entender o português é fundamental para comunicar-se de
maneira plena. Escrever corretamente garante que a mensagem
seja perfeitamente compreendida pelo leitor/interlocutor.
Até mesmo para subverter a gramática, é preciso conhecê-la
primeiro, em profundidade.
70 716. ConHeÇa a nova graMátICa
16. Comprei “ele” para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto
direto. Assim: Comprei-o para você. também: deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a,
mandou-me.
17. Nunca “lhe” vi. “lhe” substitui a ele, a eles, a você e a vocês e por isso não
pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o deixou.
/ Ela o ama.
18. “Aluga-se” casas. o verbo concorda com o sujeito que é oculto, mas é plural:
Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-
se terrenos. / Procuram-se empregados.
19. “Tratam-se” de. o verbo seguido de preposição não varia nesses casos: trata-
se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. /
Conta-se com os amigos.
20. Chegou “em” São Paulo. verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a
são Paulo. / vai amanhã ao cinema. / levou os filhos ao circo.
21. Atraso implicará “em” punição. implicar é direto no sentido de acarretar,
pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.
22. Vive “às custas” do pai. o certo: vive à custa do pai. use também em via de, e
não “em vias de”: Espécie em via de extinção. / trabalho em via de conclusão.
23. Todos somos “cidadões”. o plural de cidadão é cidadãos. veja outros: caracteres
(de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.
24. O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito,
intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). da mesma forma:
flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.
25. A última “seção” de cinema. seção significa divisão, repartição, e sessão
equivale a um intervalo de tempo, função: seção eleitoral, seção de esportes, seção
de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.
26. Vendeu “uma” grama de ouro. grama, peso, é palavra masculina: um grama
de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a
atenuante, a alface, a cal, etc.
27. “Porisso”. duas palavras: por isso, como de repente e a partir de.
28. Não viu “qualquer” risco. É a palavra “nenhum”, e não “qualquer”, que se em-
prega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo.
/ Nunca promoveu nenhuma confusão.
29. A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se
(inaugura-se) amanhã.
30. Soube que os homens “feriram-se”. o “que” atrai o pronome: soube que os
homens se feriram. / A festa que se realizou... o mesmo ocorre com as negativas, as
conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes
se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito...
/ Aqui se faz, aqui se paga. / depois o procuro.
31. O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha. veja outras confusões desse
tipo: o “fuzil” (fusível) queimou. / Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo)
vicioso, “cabeçário” (cabeçalho).
32. Não sabiam “aonde” ele estava. o certo: Não sabiam onde ele estava.
Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer chegar.
/ Aonde vamos?
33. “Obrigado”, disse a moça. obrigado concorda com a pessoa: “obrigada”, disse
a moça. / obrigado pela atenção. / muito obrigados por tudo.
34. O governo “interviu”. intervir conjuga-se como vir. Assim: o governo interveio.
da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. outros verbos deri-
vados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera,
entrevimos, condisser, etc.
35. Ela era “meia” louca. meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta,
meio amiga.
36. “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para a terceira pessoa, o
certo é fique: Fique você comigo. / venha pra Caixa você também. / Chegue aqui.
37. A questão não tem nada “haver” com você. A questão, na verdade, não tem
nada a ver ou nada que ver. da mesma forma: tem tudo a ver com você.
72 736. ConHeÇa a nova graMátICa
38. A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural, e regular: A corrida custa 5 reais.
39. Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: vou
pegar o livro emprestado. ou: vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare
nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.
40. Foi “taxado” de ladrão. tachar com ch é que significa acusar de: Foi tachado
de ladrão. / Foi tachado de leviano.
41. Ele foi um dos que “chegou” antes. um dos que faz a concordância no plural:
Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um
dos que sempre vibravam com a vitória.
42. “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de indica arredondamento e não
pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram.
43. Ministro nega que “é” negligente. Negar introduz subjuntivo, assim como
embora e talvez: ministro nega que seja negligente. / o jogador negou que tivesse
cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar
a empresa.
44. Tinha “chego” atrasado. “Chego” não existe. o certo: tinha chegado atrasado.
45. Tons “pastéis” predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não
varia: tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o
plural é o normal: ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.
46. Lute pelo “meio-ambiente”. meio ambiente não tem hífen, nem hora extra,
ponto de vista, mala direta, pronta entrega, mão de obra, dia a dia, projeto piloto,
etc. o sinal aparece, porém, em matéria-prima, primeira-dama, vale-refeição, meio-
de-campo, micro-ondas, etc.
47. Queria namorar “com” o colega. o com não existe: Queria namorar o colega.
48. O processo deu entrada “junto ao” STF. Processo dá entrada no stF. igualmente:
o jogador foi contratado do (e não “junto ao”) guarani. / Cresceu muito o prestígio
do jornal entre os (e não “junto aos”) leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não
“junto ao”) banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não “junto ao”) Procon.
49. As pessoas “esperavam-o”. Quando o verbo termina em m, -ão ou -õe, os
pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no.
/ dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.
50. Vocês “fariam-lhe” um favor? Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos,
vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do pretérito ou particípio. Assim: vocês
lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca
“imporá-se”). / os amigos nos darão (e não “darão-nos”) um presente. / tendo-me
formado (e nunca tendo “formado-me”).
51. Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco minutos. Há indica pas-
sado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não pode ser
substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco
minutos. / o atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há
(faz) pouco menos de dez dias.
52. Blusa “em” seda. usa-se de, e não em, para definir o material de que alguma coisa
é feita: blusa de seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua de madeira.
53. A artista “deu à luz a” gêmeos. A expressão é dar à luz, apenas: A artista deu
à luz quíntuplos. também é errado dizer: deu “a luz a” gêmeos.
54. Estávamos “em” quatro à mesa. o “em” não existe: Estávamos quatro à mesa.
/ Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.
55. Sentou “na” mesa para comer. sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima
de. veja o certo: sentou-se à mesa para comer. / sentou ao piano, à máquina, ao
computador.
56. Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu. Embora popular, a locução
não existe. use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu.
57. O time empatou “em” 2 a 2. A preposição é por: o time empatou por 2 a 2.
Repare que ele ganha por e perde por. da mesma forma: empate por.
58. à medida “em” que a epidemia se espalhava. o certo é: À medida que a epi-
demia se espalhava... Existe ainda na medida em que (tendo em vista que): É preciso
cumprir as leis, na medida em que elas existem.
74 756. ConHeÇa a nova graMátICa
59. Não queria que “receiassem” a sua companhia. o i não existe: Não queria
que receassem a sua companhia. da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste,
receeis (só existe i quando o acento cai no e que precede a terminação -ear: receiem,
passeias, enfeiam).
60. Eles “tem” razão. No plural, têm é assim, com acento. tem é a forma do singular.
o mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm;
ele põe, eles põem.
61. A moça estava ali “há” muito tempo. Haver concorda com estava. Portanto:
A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho havia (fazia)
poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (o havia se impõe quando
o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito do indicativo.)
62. Não “se o” diz. É errado juntar o se com os pronomes o, a, os e as. Assim, nunca
use: Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz isso), vê-se-a, etc.
63. Andou por “todo” país. todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o
país (pelo país inteiro). / toda a tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. sem o,
todo quer dizer cada, qualquer: todo homem (cada homem) é mortal. / toda nação
(qualquer nação) tem inimigos.
64. “Todos” amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: todos os amigos o
elogiavam. / Era difícil apontar todas as contradições do texto.
65. Favoreceu “ao” time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o
time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores.
66. Ela “mesmo” arrumou a sala. mesmo, quanto equivale a próprio, é variável: Ela
mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à polícia.
67. Chamei-o e “o mesmo” não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no
lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / os funcionários
públicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos servidores (e
não “dos mesmos”).
68. Vou sair “essa” noite. É este que designa o tempo no qual se está ou objeto
próximo: esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este jornal (o
jornal que estou lendo), este século (o século 20).
69. A temperatura chegou a 0 “graus”. zero indica singular sempre: zero grau,
zero-quilômetro, zero hora.
70. A promoção veio “de encontro aos” seus desejos. Ao encontro de expressa
uma situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus desejos. de encontro
a significa condição contrária: A queda do nível dos salários foi de encontro às (foi
contra) expectativas da categoria.
71. Comeu frango “ao invés de” peixe. Em vez de indica substituição: Comeu frango
em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.
72. Se eu “ver” você por aí... o certo é: se eu vir, revir, previr. da mesma forma: se
eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser;
se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.
73. Ele “intermedia” a negociação. mediar e intermediar conjugam-se como odiar:
Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar também
seguem essa norma: remedeiam, que eles anseiem, incendeio.
74. Ninguém se “adequa”. Não existem as formas “adequa”, “adeque”, etc., mas ape-
nas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc.
75. Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as pessoas em que depois do
d vem e e i: explode, explodiram, etc. Portanto, não escreva nem fale “exploda” ou
“expluda”, substituindo essas formas por rebente, por exemplo. Precaver-se também
não é conjugado em todas as pessoas. Assim, não existem as formas “precavejo”,
“precavês”, “precavém”, “precavenho”, “precavenha”, “precaveja”, etc.
76. Governo “reavê” confiança. Equivalente: governo recupera confiança. Reaver
segue haver, mas apenas nos casos em que haver apresenta a letra v: Reavemos,
reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem “reavejo”, “reavê”, etc.
77. Disse o que “quiz”. Não existe z, mas s, nas pessoas de querer e pôr: quis,
quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.
78. O homem “possue” muitos bens. o certo: o homem possui muitos bens. verbos
em -uir só têm a terminação ui: inclui, atribui, polui. verbos em -uar é que admitem
ue: continue, recue, atue, atenue.
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79. A tese “onde”... onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. /
veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em
que ele defende essa idéia. / o livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na
entrevista em que...
80. Já “foi comunicado” da decisão. uma decisão é comunicada, mas ninguém
“é comunicado” de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) da
decisão. outra forma errada: A diretoria “comunicou” os empregados da decisão.
opções corretas: A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi
comunicada aos empregados.
81. “Inflingiu” o regulamento. infringir é que significa transgredir: infringiu o regu-
lamento. infligir (e não “inflingir”) significa impor: infligiu séria punição ao réu.
82. A modelo “pousou” o dia todo. modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião,
viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer) com eminente
(ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito).
83. Espero que “viagem” hoje. viagem, com g, é o substantivo: minha viagem. A
forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite também “comprimentar”
alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é
extensão. igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado).
84. O pai “sequer” foi avisado. sequer deve ser usado com negativa: o pai nem sequer
foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.
85. Comprou uma TV “a cores”. veja o correto: Comprou uma tv em cores (não se diz
tv “a” preto e branco). da mesma forma: transmissão em cores, desenho em cores.
86. “Causou-me” estranheza as palavras. use o certo: Causaram-me estranheza
as palavras. Cuidado, pois é comum o erro de concordância quando o verbo está
antes do sujeito. veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e não “foi
iniciado” esta noite as obras).
87. A realidade das pessoas “podem” mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo
não deve influir na concordância. Por isso: A realidade das pessoas pode mudar. / A
troca de agressões entre os funcionários foi punida (e não “foram punidas”).
88. O fato passou “desapercebido”. Na verdade, o fato passou despercebido, não
foi notado. desapercebido significa desprevenido.
89. “Haja visto” seu empenho... A expressão é haja vista e não varia: Haja vista
seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.
90. A moça “que ele gosta”. Como se gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta.
igualmente: o dinheiro de que dispõe, o filme a que assistiu (e não que assistiu), a
prova de que participou, o amigo a que se referiu, etc.
91. é hora “dele” chegar. Não se deve fazer a contração da preposição com artigo
ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o
amigo tê-lo convidado... / depois de esses fatos terem ocorrido...
92. Vou “consigo”. Consigo só tem valor reflexivo (pensou consigo mesmo) e não
pode substituir com você, com o senhor. Portanto: vou com você, vou com o senhor.
igualmente: isto é para o senhor (e não “para si”).
94. Já “é” 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são
8 horas. / Já é (e não “são”) 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.
94. A festa começa às 8 “hrs.”. As abreviaturas do sistema métrico decimal não
têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não “kms.”), 5 m, 10 kg.
95. “Dado” os índices das pesquisas... A concordância é normal: dados os índices
das pesquisas... / dado o resultado... / dadas as suas ideias...
96. Ficou “sobre” a mira do assaltante. sob é que significa debaixo de: Ficou sob
a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. sobre equivale a em cima de ou a
respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: o animal
ou o piano têm cauda e o doce, calda. da mesma forma, alguém traz alguma coisa e
alguém vai para trás.