encontros poéticos_31_março_2014

102
Encontrando o mar em triedro com Gui Oliva e Sylvia Cohin Encontro poético seguindo Leda Mello a partir de “Desabro” Num encontro poético sobre o “QUERER” Encontro poético entre mágica, magias e magos.... Série Conciso Sem Siso XXIV distribuindo o coração Vida-Vitrine em triedro com Gui Oliva e Cleide Canton Traduzindo Sylvia Cohin em “O traçado do destino” Traduzindo Caio Amaral em “Acredite” (natal 2006/2007) Na trilha do trem... encontrando Gui Oliva e Humberto Poeta Traduzindo Caio Amaral em “Que belo é” Traduzindo Caio Amaral em “Chuva de paixão” “Cantando a vida” em ciranda Catando versos Homenagem ao Dia da Poesia 2010 Na cadência dos trilhos Triedro: Manuel Jorge Monteiro de Lima, Joaquim Marques e Gui Oliva Vento Sudeste Encontro entre Odir (de passagem), Carmo Vasconcelos, Eugênio de Sá e Antônio Barros (Tiago) Encontro de poetas amigos numa tarde de domingo Tema: VOAR: Sylvia Cohin, Vera Mussi, E. Gonçalves, M. Milhazes, Lêda Mello, A.Cordeiro, ELCarreon, Gui Oliva, Eneisa) Vida: Sylvia Cohin com versão espanhol de Roseanna/Argentina e francês de Michèle/Brasil Fragmetos: Regina Coeli e Cleide Canton “Encontro de natal”: Eugênio de Sá, Luiz Poeta, J.J.Oliveira Gonçalves, Odir Milanez, Glória Marreiros, Antônio Barroso (Tiago) e Carolina Ramos No abraço de Cleide Canton e do ‘abençoado Neptuno’, os versos de António Barroso (Tiago) e Regina Coeli

Upload: michelechristine

Post on 25-Nov-2015

49 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

  • Encontrando o mar em triedro com Gui Oliva e Sylvia Cohin

    Encontro potico seguindo Leda Mello a partir de Desabro

    Num encontro potico sobre o QUERER

    Encontro potico entre mgica, magias e magos....

    Srie Conciso Sem Siso XXIV distribuindo o corao

    Vida-Vitrine em triedro com Gui Oliva e Cleide Canton

    Traduzindo Sylvia Cohin em O traado do destino

    Traduzindo Caio Amaral em Acredite (natal 2006/2007)

    Na trilha do trem... encontrando Gui Oliva e Humberto Poeta

    Traduzindo Caio Amaral em Que belo

    Traduzindo Caio Amaral em Chuva de paixo

    Cantando a vida em ciranda

    Catando versos Homenagem ao Dia da Poesia 2010

    Na cadncia dos trilhos Triedro: Manuel Jorge Monteiro de Lima, Joaquim

    Marques e Gui Oliva

    Vento Sudeste Encontro entre Odir (de passagem), Carmo Vasconcelos,

    Eugnio de S e Antnio Barros (Tiago)

    Encontro de poetas amigos numa tarde de domingo Tema: VOAR: Sylvia

    Cohin, Vera Mussi, E. Gonalves, M. Milhazes, Lda Mello, A.Cordeiro,

    ELCarreon, Gui Oliva, Eneisa)

    Vida: Sylvia Cohin com verso espanhol de Roseanna/Argentina e francs de

    Michle/Brasil

    Fragmetos: Regina Coeli e Cleide Canton

    Encontro de natal: Eugnio de S, Luiz Poeta, J.J.Oliveira Gonalves, Odir

    Milanez, Glria Marreiros, Antnio Barroso (Tiago) e Carolina Ramos

    No abrao de Cleide Canton e do abenoado Neptuno, os versos de Antnio Barroso (Tiago) e Regina Coeli

  • POE-MAR Sylvia Cohin

    Porto, 04.11.2007

    vi o desenho na espuma

    do vulto de uma sereia

    fazendo verso na areia

    de um poema que se esfuma

    na fria da mar cheia.

    vi o mar enfurecido

    a fustigar o rochedo;

    entre as fendas do penedo,

    vi um bzio recolhido

    na concha com seu segredo...

    vi meu barco impetuoso

    enfrentando com braveza

    o aoite da correnteza,

    oscilante, mas teimoso,

    a vencer sua proeza...

    vi prantos boiando ngua e o mar engolir sedento

    os gemidos de um lamento

    molhando a franja da angua

    que reveste o pensamento.

    vi o sonho flutuante

    no horizonte condensado.

    um farol iluminado,

  • um apelo embriagante,

    ao barqueiro extenuado.

    vi tambm um pescador...

    navegava alheio ao mar

    entregue ao rduo labor

    e a Netuno protetor,

    ensimesmado, a remar

    MEU-O-MAR

    Gui Oliva

    Santos,SP 13/11/07

    meu o mar se apresenta

    fugidio e arrogante

    desatento e petulante

    nem o sol mais o esquenta

    insiste em mar vazante.

    meu o mar s faz marola,

    no explode mais na praia,

    vai e vem s de tocaia

    com onda a cantar parola,

    paralisa minha catraia...

    meu o mar secou luar

    e a lua envergonhada

    retirou-se acanhada

    no podendo mergulhar

    disse adeus encabulada

    meu o mar espantou dunas

  • lgrimas que so chorosas

    ventos de areias penosas

    a espraiarem em brumas

    suas guas dolorosas

    meu o mar j desbotou

    perdeu o verde, o azul anil

    descoloriu tom pueril

    toda sua cor naufragou

    assim, de mim, partiu sutil.

    TEUO-MAR Michle Christine

    BH, BR nov/2007

    teu mar adormeceu

    a cor dos delrios,

    o cheiro dos lrios,

    os brilhos...

    teu mar amanheceu

    farrapos de festa,

    pegadas na areia,

    conchas dispersas...

    teu mar faz volteios,

    permeios e candeios,

    roda-onda-pio...

  • teu mar, um dia, sem alteios

    quebra-se em ondas

    no meu corao.

    Incio

  • (1) DESABRO

    Lda Mello

    Largo

    ao sabor do vento

    o que no foi levado a srio...

    Talvez,

    numa volta da vida,

    o encontrem

    ... e j passou.

    Arapiraca (AL), BRASIL

    (2) O AMOR QUE A DOR SORRI Luiz Poeta ( sbacem-rj ) - Luiz Gilberto de Barros

    s 18 h e 35 min do dia 4 de maio de 2007 do Rio de Janeiro

    Especialmente para os versos de Lda Mello

    Tu fechas tuas malas... guardas nelas

    As tuas solides... e foram tantas

    To expressivas, tristes... no revelas

    A dores que sofreste... meu Deus... quantas...

    Tu jogas tuas flores... secas... queres

    Que o vento as dissolva nas estradas;

    O amor muito estranho, no esperes

    A paz... nas dores mais desesperadas.

    O vo iminente, o cu... lindo;

    A fantasia surge e a dor...sorrindo

  • Parece te dizer que essa magia

    De transformar tristeza em seduo

    Repousa dentro do teu corao

    E acorda quando encontra... a fantasia.

    (3) RETENHO

    Michle Christine

    Guardo

    luz das estrelas

    o amor que virou enfado...

    Num claro qualquer,

    da imortalidade,

    o encontrem

    ... no passou, saudade.

    Belo Horizonte (MG)

    29/04/2007

    (4) DESABRO Bernardino Matos

    Gosto de sentir o vento,

    para receber de frente,

    algum que se faz presente,

    na verdade do lamento.

    Por no sabermos ouvir,

    esquecemos de viver,

    e jamais vamos saber,

    quem acaba de partir.

    Fortaleza,30/04/07

    (5) SOU POEMA

  • Roseli Busmair

    Sou poema saindo duma aventura Se vou ouvindo sons em seu regao

    De tanto calor, todinha me enlao

    E l vagueio, aprisionada cintura

    Sou poema se ternas mos me afagam

    Ainda, estremecida ao calor do abrao,

    Alo um vo alm por sobre todo espao,

    Planando aos ventos que me tragam

    Sou poema muito triste se perdida

    Entre as nuances indelveis desta lida,

    Sinto algo arredio ao nosso amor...

    Sou poema de um alegre esplendor

    Quando ao entrelaar-me cuma flor Meu corao se lana e volta a vida!

    PR_BR_Abril_2007

    (6) DOR DE AMOR... Ciducha

    Deitou-se no horizonte

    num repouso ausente

    quem um dia foi o meu querido;

    seu sono de sombra

    seu sono de luz

    to dolorido!

    Seu sonho....talvez de amor!

    No inverno,as foras tuas requeimam

    Erguido e s no topo da vida

    s a imagem do tempo que passou!

    Os profundos e negros amargores

    no tem luz,sol,sombras,

    nem flores......

    Apenas lgrimas e dores

    Feliz de quem no sofre,nem as sente.

  • to triste a dor destes amores

    E sinto que me inundam derepente

    negros rancores.....

    Carregando comigo,

    a dor e a saudade desse amor antigo!

    02/05/2007.

    Incio

  • Gui Oliva

    eu quero pouco...muito pouco

    alm de um amor louco,

    eu quero um sorriso

    dado de corao aberto,

    eu quero um sono

    sonho sereno,

  • santificado...satisfeito,

    ento ele me desperta,

    e faz-se verdadeiro,

    eu quero a ateno

    da palavra na hora certa,

    eu quero a crtica

    que me faa mais esperta

    para erros no trilhar,

    eu quero beijo de bom dia

    para o meu dia clarear,

    eu quero outro de boa noite

    para espantar fantasma

    que me aoite,

    e para o sol dessa noite

    fazer-me brilhar como estrela,

    quero um bolero, uma valsa,

    um tango danar,

    talvez eu queira

    ser musa de um poema,

    eu quero mos deslizando

    em carcias pelo meu corpo,

    ai...acho que no quero

    to pouco... muito o que desejo,

    quero algum que me ensine,

  • para que eu possa,

    aprender a amar.

    Santos/SP - 04/10/06

    Michle Christine

    eu quero muito mais, quero o direito e o avesso dos desejos,

    experimentar muitos erros, quero tempestades sem zelos,

    atenes distradas, amores desprotegidos

    e o deleite do vinho sabor vermelho-vivo.

    Quero esgotar foras nos tangos lascivos

    e beijos, muitos beijos sufocativos.

    Quero o pecado do afago mais ousado,

    o inteiro da hora, e a frao milsima do tempo logrado.

    Quero som, quero msica, quero notas

    quero girar um solo em tempo cambalhota,

    quero danar a dimenso do movimento

    e encolher-me, medrosa, no mistrio de uma sonata ao vento.

    Quero o tremor que faz vibrar a sinfonia

    e das serenatas quero apenas a nostalgia.

    Quero despir-me de vestes, de vus e de preceitos

    e poupar-me de todos os conceitos.

    Quero banhar-me nas frias cachoeiras,

    e aventurar-me nas trilhas forasteiras,

    quero caminhos, quero rios, mares e rochedos

    e quero porto para todos os meus enredos.

  • Quero paz, insensatez e agonia,

    quero noite, quero dia

    quero ser, estar, ficar ou ir embora

    quero a folia do agora.

    Quero atentar verbos, credos, desenredos e medos

    quero a paixo e todos seus segredos,

    quero enloucar-me nos ecos da solido

    e adormecer ofegante nos braos da emoo.

    Belo Horizonte/MG - 14/01/08

    Carmo Vasconcelos

    No quero um amor constante

    quero instante e paixo!

    Um instinto animal

    na entrega ocasional

    que anseia por unio...

    Unio no programada

    por isso mais desejada

    ansiada por no tida

    proibida, censurada

    vestida cor de emoo

    de preconceito despida

    Quero esse tremer de mo

    esse sussurro ofegante

    esse desejo vibrante

    pendente de aquietao...

    O pensamento ardente

    ansiando teu corpo quente

    se entregando quase a medo

    perdido em meu enredo

    qual Julieta e Romeu

    Tudo volpia e segredo

    romance ainda no lido

    verso ainda no rimado

    calvrio no percorrido

    teu desejo extenuado

  • dentro em meu corpo vertido...

    E nesse suor escorrido

    pegajoso e molhado

    correr meu corpo pelo teu

    Quero chamar-te "querido"

    em meu urgente chamado

    por no ter-te sempre ao lado

    como um mvel esquecido

    e dizer-te "meu amor"

    sussurrando ao teu ouvido...

    Jamais ver-te arrefecido

    por ser eu disco riscado

    ou lareira sem calor

    Quero este corpo que arde

    pelo meu vcio impune

    enraivecer de cime

    se no chegas ou vens tarde

    para meus lbios beijar

    com o teu beijo de lume...

    Quero expiar meu castigo

    na nsia de estar contigo

    ao ter de por ti esperar

    Quero esse teu corpo-cho

    alma-cu em poesia

    macieza de colcho

    doce cheiro a maresia...

    Que importa a cama vazia

    se nela ficas latente

    na lembrana que no esquece

    na memria viva e quente

    no desejo que me aquece

    No quero rotas nem metas

    quero esse amor vadio

    chorado pelos fadistas

    pintado pelos artistas

    cantado pelos poetas

    trazendo brilho de estrelas

    entrando pelas janelas...

    Vaticnio de profetas

    acalento e arrepio

    No quero regras nem leis

    amor firmado em papis

    em rabiscos abstractos

    na frieza dos contratos...

    Mas ler nesse amor um hino

    que gritando o verbo amar

  • faa explodir, rebentar

    numa ansiedade cantante

    o meu louco corao

    No quero um amor constante

    quero instante e paixo!

    Lisboa/Portugal/2005

    Humberto -Poeta

    Nem o mais e nem o menos,

    sem sins ou nos de somenos,

    deve usar quem pouco erra.

    Para enganos evitar,

    diz a frase lapidar

    que no se d tanto ao mar,

    e nem se d tanto terra..

    Tambm quero algum assim,

    sem pejo nenhum de mim

    e que ao extremo me excite!

    Que me ame sem preconceito

    na intimidade do leito,

    pois o amor pra ser bem feito

    no tem norma nem limite.

    Mas que me ame de verdade,

    com toda a sinceridade

  • que um grande afeto requer.

    sem laivos de v parmia,

    sonho haurir dessa alma gmea

    nem tanto o ardor de uma fmea,

    mas o amor de uma mulher!

    Eme Paiva

    No quero tanto seu beijo de boa noite

    Quero essa sua mo atrevida

    que me excita e convida

    ao amor!

    Quero o silncio das teorias...

    do conceito de certo e errado e destinto.

    Quero ser laica... ser leiga...

    Deixar levar-me o instinto...

    Quero sua boca... sua lngua...

    o dialeto de seu gemido, saber!

    Sim!

    No quero o som de seu salmo,

    mas o rtmo de sua folia!...

    Quero sua coreografia

    em mim!

  • Quero sua manha... sua sanha

    seu queixo...

    sua barba que me arranha...

    sua boca que em mim passeia

    e me assanha

    a mais no poder!

    Quero seu tato em meus mapas

    sem fronteiras,

    meus montes, meus vales, minhas fontes,

    descerrando as porteiras do meu recato,

    seguindo destemido por minhas pontes,

    meus rios, meus leitos...

    deslizando do embalo de minhas corredeiras,

    ao desatar de suas cascatas...

    s radincias que, nos elevados mirantes,

    se pode ver!!

    Depois...

    quero seu beijo de boa noite

    e adormecer!

    21.01.08

    Rosenna

  • Que es lo que yo quiero?..

    quiero noches interminables

    bailando contigo un tango

    y quiero en su comps

    desatar mi loca pasin.

    Quiero soar sin dormir

    disfrutar de este...

    nuestro amor prohibido,

    sentr alegra en mi corazn...

    que mi sueo no sea fantasa

    y saborear tus besos con satisfaccin.

    Que es lo que yo quiero?..

    quiero en tus brazos desfallecer,

    embrujada sin importarme nada ,

    de esta vida slo quiero tu querer!..

    Buenos Aires-Argentina - janeiro 2008

    Que o que eu quero?..

    quero noites interminveis

    danando contigo um tango

    e quero no seu compasso

    desatar minha louca paixo...

    Quero sonhar sem dormir

    desfrutar deste...

    nosso amor proibido,

    sentir alegria no meu corao...

    que meu sonho no seja fantasia

    e saborear teus beijos com satisfao.

    Que o que eu quero?..

    quero nos teus braos desfalecer,

    enfeitiada sem me importar nada,

    desta vida s quero teu querer!..

    Buenos Aires-Argentina - janeiro 2008

    Lilia Machado

    Eu quero assumir a culpa do beijo

    Quero a culpa do desejo

  • Quero, neste ensejo,

    Seus lbios benfazejos.

    Quero a culpa da noite de lasciva

    E, alm de suas mos atrevidas,

    Quero voc, sem limite, em minha vida!

    Quero a culpa do seu gozo

    Quero assumir, sem engodo,

    Seus gemidos de prazer...

    Quero lenis amassados

    Travesseiros jogados

    E voc extasiado!

    Quero assumir seu cansao

    Quero apertar nossos laos

    Numa noite s de amor!

    Anna Peralva

    A sinceridade assumida,

    sem armaduras mascarando

    os sentimentos.

    Perder-me na loucura da paixo...

    Saborear adocicados beijos,

    saciar os desejos reprimidos

    e represados...

    Encontrar-me na serenidade do prazer,

  • ser decifrada em prosa e verso,

    revelar em meu reflexo

    a pura emoo,

    sem condies,

    com rendies.

    Ser livre e plena,

    misteriosa e infinita.

    Sem elos que me prendam

    opacidade da solido.

    Eu quero ser

    uma semente intacta

    a florescer no aconchego do abrao,

    vivendo o amor sem barreiras

    e sem limites.

    Ser mulher de corpo e alma.

    Tocar... Sentir...

    Trocar de identidade

    em momentos de rara intensidade.

    Unir as metades,

    sendo ao mesmo tempo:

    ousada e tmida,

    voraz e mansa

    audaciosa e precavida

  • casta e pecadora.

    Sussurrar palavras que

    no sejam esquecidas,

    pois que nelas estarei contida,

    irracional e incontida,

    lcida e consciente,

    segura e presente.

    Eu quero a vida por inteiro,

    deixar marcas da minha passagem...

    No ser s uma imagem passageira,

    j que doarei meu rastro de luz

    nas estradas do corpo

    onde hei de aportar

    e levarei desse mundo

    o que nele eu deixar.

    Incio

  • MAGIA

    Gui Oliva

    Toda a magia da poesia se aconchega

    na imensido iluminada do Universo,

    e sensveis almas de poetas ali versejam

    brilhando, estelares, os seus versos ...

    MGICA

    Michle Christine

    Nas noites mais prateadas

    meu aconchego ao cu aberto

    onde tento encontrar

    numa estrela iluminada,

    os meus sonhos dispersos.

  • E os poetas, no seu alento amoroso

    arrimam os sonhos da gente

    que se encaixam em nossa alma ansiosa

    em feitio de rimas, prosas e versos.

    MAGOS

    Sylvia Cohin

    Faces ocultas, srios, encapuzados pelo manto de mistrios,

    dedilham rimas para os seus fonemas.

    E dessa forma, com tal maestria,

    criam poemas plenos de alquimia!

    Porto, 16.12.2007

    MAGIA

    Anna Peralva

    Na face encoberta,

    um entrelace de emoes

    em sutis disfarces...

    Sonhos ocultos aprisionados

    nos vultos das sensaes...

    O verbo se inquieta

  • e conjuga a magia

    das palavras certas!

    Alquimia?...

    Ali nasce o poeta!

    Em lavas de inspiraes

    numa alma sem embaraces,

    um visionrio desperta!

    16/12/2007-RJ

    MAGIA

    Carmo Vasconcelos

    Magia extrair da tinta escura

    duma pena esquecida e inerte

    a mgica e alqumica mistura

    das claras essncias que a alma verte

    astros inventar na escurido

    Desenhar sis em papiros sem cor

    Vestir de letras-luz a inspirao

    Com um poema nu fazer amor

    17/12/2007

    Lisboa, 1.55 horas, 6 de temperatura

  • MAGOS

    Humberto - Poeta

    Devotos dos Merlins e das Morganas,

    edificando em sonho astrais nirvanas,

    fazem da rima um rico florilgio.

    S aos poetas Deus doou a primazia

    de extrair do vernculo a magia

    e da mente o poema que extasia,

    qual se fosse bruxedo ou sortilgio!

    MAGIA

    Marise Ribeiro

    Nas entrelinhas do devaneio

    o poeta cria a vida e a morte,

    pinta a coragem e o receio,

    e nem se preocupa com a sorte...

    mgico, msico e amante,

    fazendo de tudo um pouco...

    E nesse sonho to delirante

    o poeta sempre um louco...

    Verseja, grita, esbraveja...

  • V estrelas at na escurido,

    e toda a magia que almeja

    a de enfeitiar um corao ...

    18/12/07

    Incio

  • SRIE CONCISO SEM SISO XXIV

    -1-

    RIFO O MEU

    Gui Oliva

    Rifa-se um corao aguado pois,

    cercado de gua, o danado,

    parece verter contidas lgrimas

    no interior, que se acumulam,

    e assim resistem exposio.

    Chora ento,

    esse desalentado solitrio,

    chora por dentro,

    no circundante pericrdio

    mas, o choroso nessa situao

    mesmo sozinho o corao!

    Santos/SP 04/06/07

    -2-

    RIFE NO!

    Fala Syl

    Rife no! Mesmo alagado

    tens no peito um mar de amor

    que desse jeito aluado

    palpita tanto calor!

  • -3-

    RIFE SIM!

    Eliane Couto Triska

    E a poesia a arrematar-lhe inteiro,

    Num desfecho, para ele, inusitado.

    corao, devoto e soldadeiro,

    Para sempre lhe ser fiel escravo.

    Canoas, junho, 2009/RS

    -4-

    D!

    Michle Christine

    D o teu corao aos teus amigos

    Alagado ou escravo abrigo,

    pericrdio onde o amor est prescrito

    e lugar onde cabe o infinito.

    Belo Horizonte, junho/2009

    -5-

    RIFE SIM

    Vera Mussi

    H na vida do "corao sozinho"

    Muitas vidas e intensa emoo...

    Resta pois,

    Rifar tamanha iluso!

    A seguir, depois...

    Resolver a situao

    Escolher o melhor caminho...

    Entre os dois :

    O da velha razo

    Em evidente exposio !

    -6-

    DOE!

    Anna Peralva

    No rife a fascinao que l existe,

    a luz do sentimento lhe traz

    inspirao,

    o sonhar do amar sempre insiste

    em outra alma afim encontrar!

    Alagado ou no, um nobre corao

    que palpita e sopra versos de amor.

    Doe! Tem sempre um algum

    solitrio

    que suas lgrimas haver de secar!

    RJ - 12/06/2009

    -7-

    CORAO RIFADO

    Maria Luiza Bonini

    -8-

    REPARTA

    Marly Caldas

  • Meu corao rifado

    Teve como num sonho

    Meu amor, premiado

    Indulgente ganho

    Meu corao agora te pertence

    ainda que j a ti havia doado

    No meu legado a vida

    L deixei gravado

    Quis a sorte ser amiga

    Simplesmente outorgada

    Pelo que foi escrito

    teu meu corao

    Agora, por ato sacramentado

    Por que rifar?

    Ele to valioso

    E tantos dele precisam

    inclusive voc

    Ento por que rifar?

    D um pedacinho pr quem precisa

    Tanta gente sem amor

    E voc com esse corao transbordando

    Pense s quanta felicidade distribuir

    Ento amiga mude de inteno

    Reparta seu corao

    E se ver envolvida de muita gratido....

    R.J.-12/06/09

    -9-

    SIM, RIFE!

    Eme Paiva

    Preciso , que venha a poesia,

    arrematar os seus dons alados...

    Que o sol lrico do amor

    Faa arco-ris, sobre esse peito,

    assim magoado...

    Ver, ento, que no est sozinho,

    pois vem o carinho,

    morar ao seu lado!

    E a Poesia, quando o arrebatar,

    o declarar sempre ocupado!

    -10-

    EU COMPRO!

    Marise Ribeiro

    Se o seu corao vem com amor,

    acessrio essencial vida

    Se o seu corao amigo

    e no usa de enganosas artimanhas

    Se o seu corao tem f

    e no teme o dia de amanh

    Se o seu corao se compadece

    com um irmo que adoece...

    Eu compro!

    H sempre um corao farsante

  • Precisando de um transplante!

    13/06/09

    Incio

  • VIDA VITRINE

    Gui Oliva

    Por que ser? quase um atavismo,

    quando a melancolia inaugura espao,

    a fuga desenfreada do realismo da vida,

    procura por um outro rol de fantasia.

    Por que ser? necessrio cumprir ritual,

    extenuar-se pelas escadarias da galeria

    transpor alamedas de granito e alvenaria,

    mais um dia a rolar um silncio abissal.

    Por que ser? s com o olhar j se compraz,

    mirar manequins de gesso vestidos, moda vero

    vir ver o que entrou em liquidao no magazine.

  • Por que ser? e como ser que est sendo capaz

    de esquecer, abandonar a abulia de tamanha iluso,

    como se a vida passasse, inclume, pela sua vitrine.

    Santos/SP 24/10/07

    PAINEL

    Cleide Canton

    Exposta a olhos puros, condensada,

    evocando o passado no presente

    descortina a lembrana mais ousada

    que se mostra sempre viva, latente.

    Sem reparos, desnuda inconseqncias,

    erros muitos, acertos, tentativas,

    buscas tantas perdidas em pendncias

    ocultas em respostas evasivas.

    No painel cada passo registrado,

    cada cena, cada ato inacabado,

    cada tempo a seu tempo respeitado.

    Intensa, sem rodeios conta a vida

    cada feito, cada fase esquecida

    no momento final, de despedida.

    SP, 26/10/2007

    14:00 horas

  • VITRINE-PEREGRINE

    Michle Christine

    Confesso a minha vida-vitrine

    Imersa entre fugas e suedines,

    para que a rotina no se amofine

    e os avessos no me contaminem.

    Descortino assim na fantasia

    os meus mais cansados desalentos

    nos melhores pensamentos

    de magia, alegoria e calmaria.

    Um ritual que cansa e faz trana

    entre alvio e tapeao.

    Pode ser abulia ou dissimulao,

    mas constante aliviao.

    Vida no pode ser vitrine toda vida,

    mas vitrine pode at virar guarida

    quando se est ferida.

    Vida-vitrine.

    Vitrine-peregrine.

    Pelerine da minha solido.

    01/11/2007

    (reedio 2008)

    Incio

  • La Trace du Destin

    Sylvia Cohin le 19, fvrier, 2007

    Traduction: Michle Christine

    Pour Rogrio, in memoriam

    Pour Joo Hlio, in memoriam

    Soudain,

    Rien quen un instant, la ville pleure en un sanglot

    qui s'parpille dans l'ther,

    et contamine la nation...

    Entre l'horreur et le dsespoir

    le peuple triste et terrass

    pleure et demande le clmence,

    tourdi, inconsolable...

    Soudain,

    Rien quen un instant, se forme un long cordon

    hommes, femmes, passants,

    dans un geste immense,

    se rapprochent doucement

    et leurs larmes vont arroser...

    le sol o gt la semence...

    Soudain,

    Rien quen un instant, Entirement contenues dans la main

    la ville,

  • la foule,

    et la nation...

    Le Temps a cess d'avoir

    la dimension attendue

    par des causes qui ne se voient pas

    et la vie sest arrte,

    et le Temps fou courir...

    Soudain,

    Rien quen un instant, il se dit ici et l,

    qu'une lumire a brill dans le ciel

    la Terre a descendu et est repartie,

    aussi rapidement qu'elle est arriv...

    Mais c'est sur quelle a suivi

    la Trace du Destin

    en laissant pour ceux qui restent,

    les empreintes de pas d'un garon...

    Ce pome, originalement offert au Garon Rogrio, qui est si

    tt parti, a t ddi aussi au Citoyen Brsilien Joo Hlio,

    qui quelques jours ensuite nous a t arrach. Ce fait a dtermin

    l'dition de ce pome et le changement de posture de la Posie qui au

    del du cri d'amour et de douleur, est aussi une vhmente protestation

    que nous laissons 'dans l'ther 'de la mmoire de la Vie.

    Je transcris au-dessous les mots gnreux de la "Tante Eme" :

    ...Je trouve que, si tu voulais, tu pourrait le consacrer, in

    memoriam, aussi Joo, puisque le pome, est totalement cohrent

    et actuel, envers ce qui sest pass...

    Avec les remerciements l'amie Soninha Valle qui, affectueusement,

    a offert le formatage du dessin.

    L'auteur, Sylvia Cohin

  • dans le 19, fvrier, 2007 (date de publication)

    O Traado do Destino

    Sylvia Cohin

    19.02.2007

    Para Rogrio, in memoriam

    Para Joo Hlio, in memoriam

    De repente,

    no mais que num instante,

    chora a cidade um pranto

    que se espalha pelo ter,

    e contamina a nao...

    Entre o horror e o desespero

    o povo triste e aterrado

    chora e pede por clemncia,

    aturdido, inconformado...

    De repente,

    no mais que num instante,

    forma-se um longo cordo

    homens, mulheres, passantes,

    num gesto de imensido,

    se aproximam docemente

    e seu pranto vai regando

    o cho daquela semente...

    De repente,

    no mais que num instante,

    coube todinha na mo,

    a cidade,

    a multido,

    e a nao...

    O Tempo deixou de ter

    a dimenso esperada

    por causas que no se v

    e a vida ficou parada,

    e o Tempo louco a correr...

    De repente,

    no mais que num instante,

    conta-se por a,

    que uma luz brilhou no cu

    desceu Terra e partiu,

    to veloz quanto chegou...

    Mas certo que seguiu

    o Traado do Destino

    deixando pra quem ficou,

  • as pegadas de um menino...

    Este poema, originalmente ofertado ao Menino Rogrio, que to cedo

    partiu,

    foi estendido tambm ao Cidado Brasileiro Joo Hlio, que dias depois

    foi arrancado de ns. Este fato determinou a edio deste poema e a

    mudana de postura da Poesia que alm de grito de amor e dor,

    tambm

    de veemente protesto que deixamos 'no ter' da memria da Vida.

    Transcrevo abaixo as palavras generosas da "Tia Eme":

    "...Acho at que, se voc quisesse, poderia dedic-lo, in memoriam,

    tambm ao Joo, que ele, o poema, est totalmente

    coerente e atual, para com o ocorrido..."

    Com os agradecimentos amiga SoninhaValle que carinhosamente.

    se prontificou a oferecer o formato.

    A autora, Sylvia Cohin

    em 19.02.2007 (data de publicao)

    Incio

  • Acredite na...

    Paz da Terra

    Natureza e no seu equilbrio

    Energia do Universo

    Fora da mente

    F e na perseverana

    Paixo e o seu poder

    Maravilha do amor

    Infinita bondade de DEUS

    Que viver mais e muito melhor!

    Croyez...

    Caio Amaral

    (traduction: Michle Christine)

    la paix sur la Terre

  • la nature et son quilibre

    l'nergie de l'Univers

    la force de l'esprit

    la foi et la persvrance

    la passion et son pouvoir

    la beaut de l'amour

    l'infinie bont de DIEU

    Ainsi vous allez vivre plus et beaucoup

    mieux!

    Crea!

    Caio Amaral

    (traduccin by Betty)

    Paz de la Tierra

    En la naturaleza y su equilibrio

    Energia del universo

    Fuerza de la mente

    Fe y la perseverancia

    Pasion y su poder

    Maravilla del amor

    Infinita bondad de Dios

    Que viver mas y mucho mejor!

    Incio

  • Trilha Trem

    Gui Oliva

    Em cada compasso eu sentia um n

    que desatinava a me fazer sonhar,

    cada minuto era um e no o queria s

    sem voc da, no galanteio, a cortejar.

    Nesta toada lgrima no deveria vir mas vem,

    se, ao contrrio, o riso solto, a alma trilha

    por aqueles trilhos de um certo trem,

    trenzinho do caipira, dedilha mestre Villa.

    E rodeio assim nesse volteio,

    rodopio, cantarolando um estribilho

    do vem no vai imaginei o desafio,

    ser que voc chegaria de afogadilho?

  • mas... locomotiva Maria Fumaa apitou partida

    e o anunciado, foi de voz doda,

    partiu comboio da estao da vida,

    devagarzinho,

    meu olhar perdeu-se e lgrima escapou,

    e foi o trem se afastando de mansinho,

    nem reparou... entristeci...

    porque voc se atrasou!

    Santos/SP 13/02/08

    O Trem de Ferro

    Humberto - Poeta

    O trem na estao d o berro

    e os nossos bilhetes marco;

    num ruidoso trem de ferro

    com meu amor eu embarco.

    Bem juntinhos eu e ela

    comeamos a viagem;

    vira um cinema a janela

    que vai filmando a paisagem!

    E mais tarde, ao restaurante,

    eu a levo pela mo

    comer algo estimulante

    para o corpo e o corao.

    At num trem bem simplrio

    h momentos de esplendor,

  • pois no vago-dormitrio

    recrudesce o nosso amor!

    Para o casal que se afina,

    que se ama e se quer bem,

    pro amor no virar rotina,

    bom mesmo viajar de trem!

    Recado Potico

    Michle Christine

    No trem de uma nova trilha

    o amor no te far armadilha.

    Encontrars o teu lao no espao

    aberto de uma janela.

    No esperes, no tenhas cautela.

    Atrelas o lao ao teu abrao,

    deixa-o entrar.

    Por certo, confesso,

    a felicidade na tua vida

    far guarida.

    Incio

  • Que belo !

    Caio Amaral

    A aurora de um novo dia

    O som do vento nas plancies

    O renascer de uma esperana

    Planar nas asas da paz interior

    O encanto e a beleza do cu azul

    A fora da paixo e o poder do amor

    A leveza de uma cano de Beethoven

    O brilho da lua e a luz que irradia o sol

    O silncio de uma serena noite de vero

    A calma da criana que dorme ao colo da me

    O canto dos pssaros nas tardes de primavera

    O suave embalo de uma onda na calma do mar

    O tenro ato de flutuar em nuvens de carinho e amor

    Ouvir a palavra: TE AMO!

    Comment c'est beau !

  • Caio Amaral

    (traduction par Michle Christine)

    Laube d'un nouveau jour

    Le bruit du vent dans les plaines

    La renaissance d'un espoir

    Glisser dans les ailes de la paix intrieure

    La merveille dun ciel bleu La force dune passion et le pouvoir de l'amour

    La lgre musique de Beethoven

    La luminosit de la lune et la lumire qui rayonne le soleil

    Le silence d'une rafrachissante nuit d't

    La calme de l'enfant qui dort sur les bras de sa mre

    Le chant des oiseaux aux aprs-midi du printemps

    Le doux bercement d'une vague dans la mer

    Le tendre acte de flotter dans les nuages de tendresse et de lamour

    couter le mot : JE T'AIME!

    Incio

  • CHUVA DE PAIXO

    Caio Amaral

    Saudade que morre no encanto de uma paixo

    Desce como granizo em forma de carinho

    chuva de prata com raios de amor

    Irrompe sob a beleza do arco-ris

    Se eleva na beleza do sol em pleno vero

    Resplandece em mares de uma doce iluso

    PLUIE DE PASSION

    Caio Amaral

    (Traduction par Michle Christine)

    Nostalgie qui meurt dans l'enchantement d'une passion

  • Tombe comme grle dans une forme d'affection

    C'est une pluie d'argent avec rayons d'amour

    clate sous la beaut de l'arc-en-ciel

    S'lve dans la beaut du soleil en plein t

    Et brille dans les mers dune douce illusion

    Incio

  • CANTANDO A VIDA em ciranda

    *******

    "A vida uma sucesso de momentos,

    Um contnuo ir e vir,

    Uma estao de chegadas e partidas,

    Um misto de tristezas e contentamentos."

    Alceu Costa

    *******

    A vida tem momentos de brisa calma e serena,

    em outros apresenta-se como um dilvio,

    mas sei que s a vivo assim mais plena,

    quando fao da Poesia meu refgio.

    Gui Oliva

    *******

    A vida um tango choroso e delirante,

    preciso, corajoso, serpenteante,

    conjunto, ardncia e suavidade,

    tambm paixo, beleza, vinho e saudade.

    Michle Christine

    *******

    A vida perfeita composio divina,

  • uma cano em suave melodia,

    paz no gorjeio da ave que livre trina

    e na leveza do ser em luz, pura estesia!

    Anna Peralva

    *******

    A vida a verdade e o grande ensinamento, Que indica o caminho certo para unio.

    A direo exata para chegar ao Criador,

    ponte de aprendizagem para nossa valorizao.

    Jos Ernesto Ferraresso

    *******

    A vida um presente do criador,

    a ponte que liga nossos pensamentos,

    mostrando o caminho da verdade e do amor.

    Viver com sabedoria um blsamo tranquilizador.

    faffi/Silvia Giovatto

    *******

    Incio

  • PROJETO DE PREFCIO

    Sbias agudezas... refinamentos...

    - no!

    Nada disso encontrars aqui.

    Um poema no para te distrares

    como com essas imagens mutantes de caleidoscpios.

    Um poema no quando te detns para apreciar um detalhe

    Um poema no tambm quando paras no fim,

    porque um verdadeiro poema continua sempre...

    Um poema que no te ajude a viver e no saiba preparar-te para a morte

    no tem sentido: um pobre chocalho de palavras.

    (Mrio Quintana)

  • Incio

  • Na cadncia dos trilhos

    Aniversariante

    Manuel Jorge Monteiro de Lima

    H sessenta e nove anos, colocado

    Num trem que correu vertiginoso,

    E eu cada vez mais vagaroso

    A olhar pelas janelas, o passado.

  • L fora, tudo passa sem parar,

    quo velozes so minhas lembranas

    a par das minhas tantas esperanas

    que imagino, divagando a sonhar.

    Sentado no vago, as arvores passam

    Elas que correm de volta ao passado,

    Eu sigo em frente, um pouco confiado

    Nas sortes do destino, que me cassam.

    Do meu trem, vejo o caos se esvaindo

    As intempries abraando a confuso

    Eu, num fingimento de doce alienao

    Sigo no trem, sentado, cantando e rindo.

    TREM DA VIDA

    Joaquim Marques

    Somos levados em alta velocidade...

  • P'lo trem da vida em que todos viajamos

    Partimos da estao da mocidade...

    E a esta, alguma vez, jamais voltamos.

    O trem vai correndo a toda a brida

    Os olhos se deliciam na paisagem

    No pra em estaes; no h sada

    Pois direto o curso da viagem...

    Enquanto viajamos podemos contar

    As estaes por onde o trem passa...

    Em velocidade louca sem nunca parar.

    Um tnel escuro, muda a paisagem!

    Uma luz ao fundo, lentamente, grassa...

    Estao de chegada... E fim de viagem!...

    PORTUGAL

    23-3-2010

    Trem que vem e no volta

    Gui Oliva

  • Embarquei nesse trem da vida

    de incio eram trajetos de trilhos calmos,

    tudo era alegria, folia na trilha seguida

    corria clere a fazer-me crescer a palmos.

    Atravessou tneis que pareciam sem sada

    e parou nas estaes e seus percalos,

    apitava cruel quando a partida era doda,

    reagia minhalma leve e de ps descalos.

    Esse trem trilhou caminhos, enfrentou desvios

    anda agora em batente de trilho mais cadenciado,

    no deixa passageira sofrer quenturas ou calafrios,

    trem que chega e no volta ao trilhado no passado.

    Santos/Brasil

    31/03/2010

    Incio

  • VENTO SUDESTE (Em dcimas sujeitas a mote)

    Odir, de passagem; Carmo Vasconcelos; Eugnio de S, Antnio Barroso (Tiago)

    O mote:

    "Do vento do sudeste algum recado

    perdido na distncia inatingvel."

    VENTO SUDESTE Odir, de passagem

    Escuto o vento enquanto a noite tenta fazer-se fria e me afastar do mundo

    feito todo de mar, de um mar profundo que rasteia no raso, em vaga lenta. E o vento inventa sons, e me atenta

  • com uma voz de mulher, quase inaudvel, provinda de alm-mar, que fao crvel

    mesmo que saiba ser desordenado do vento do sudeste algum recado perdido na distncia inatingvel..

    Escuto o vento, enquanto a noite alerta

    o lucilante das estrelas guias, enquanto o mar me embala fantasias,

    enquanto a musa dentro em mim desperta. Noite sem lua, lbrica, deserta

    nos excertos do tempo irredutvel, a me falar de amor quase impossvel, muito embora eu j tenha descartado

    do vento do sudeste algum recado perdido na distncia inatingvel.

    Escuto a voz do vento, que apregoa doutros mares cantigas amorosas

    lembrando versos meus, antigas prosas que minha musa dediquei toa.

    E escuto-lhe a voz, que ainda ecoa numa estria de adeus inconcebvel

    um adeus definito, irrecorrvel, ainda que ouvir me seja dado

    do vento do sudeste algum recado perdido na distncia inatingvel.

    ***

    J.Pessoa 18/Fev/2011

    VENTO SUDESTE Carmo Vasconcelos

    Enquanto em seus murmrios canta a noite,

    e, impudica, a lua despe prs amantes seus ternos raios de luz, acariciantes,

    fustiga-me a tua ausncia como aoite. No h lua nem estrela que me acoite

    esta dor da saudade inextinguvel, este insano querer-te, irreprimvel;

    e espero, em desespero tresloucado, do vento do sudeste algum recado

    perdido na distncia inatingvel.

    Mas o vento que sopra vem do Norte,

  • dessas paragens, surdas tua voz, e assim, o vento oposto deixa a ss quem triste desespera nesta sorte.

    E nessa angstia negra, cor da morte, sabendo desse amor inacessvel,

    mas entregue paixo irrestringvel, ainda peo, num pranto derramado, do vento do sudeste algum recado,

    perdido na distncia inatingvel.

    Sons dbeis que me alcanam, chegam vagos, ambguos - que me iludem, promissores;

    so versos encantando mil amores, mas que minh'alma toma por afagos.

    Do cacho que desejo, escassos bagos, vinho breve pra sede inexaurvel!

    Mas... pese, embora, o longe intransponvel, recorro a Deus pra no me ser negado

    do vento do sudeste algum recado perdido na distncia inatingvel.

    ***

    Lisboa/Portugal - 20/Fev/2011

    VENTOS E BRISAS Eugnio de S

    Foi um lamento da brisa que passou O que se ouviu gemer pla ramaria

    Contando de um amor que se extinguia Chorando nessa dor quem mais amou.

    Que sempre o vento ouve quem chamou E os sentimentos de quem lhe sensvel Que ouviu as preces de um povo imbatvel

    Que rezava pra ver o pano enfunado Do vento do sudeste algum recado

    Perdido na distncia inatingvel.

    Se a tempestade a alma nos assola E o turbilho dEolo bravo e pavoroso

    Mais sentimos no peito o xtase amoroso E mais ao seu abrigo a gente se consola

    Com um bom vinho e o som de uma vitrola Partilhados com um amor irreprimvel

  • D'algum que ora nos imprescindvel E espera connosco o sopro abenoado

    Do vento do sudeste algum recado Perdido na distncia inatingvel.

    de bonana o dia, amaina o vento, Mas o amor que partilhmos no perdura

    E um espanto nos enche d'amargura Num esprito apostado em cismar lento.

    Pois quem nos soube amar, nos deu alento, Levou consigo esse sonho impossvel E ficamos suspensos de dor indizvel

    Voltando a ouvir na voz do nosso fado, Do vento do sudeste algum recado

    Perdido na distncia inatingvel.

    *** Bogot 24/Fev/2011

    VENTO SUDESTE

    Antnio Barroso (Tiago)

    O vento que me esfria o rosto quente e que faz ondular campos de flores,

    transporta, no seu dorso, mais odores que aqueles que eu aspiro, livremente.

    Minha alma, inebriada, logo sente quando chega, todo ufano e aprazvel,

    com um ar to risonho e to visvel, que eu espero tenso, ansioso e apressado,

    do vento do sudeste algum recado perdido na distncia inatingvel.

    Se o vento se transforma em tempestade,

    eu penso como belo ser s brisa que faz uma carcia, se precisa,

    e afaga meu corpo, com suavidade. Mas, em toda a tormenta, a novidade

    na voz do seu rugir indiscutvel, saber que, de longe, inda possvel

    receber, por correio improvisado, do vento do sudeste algum recado

    perdido na distncia inatingvel.

  • Se o vento sossegar os seus furores,

    eu ficarei esperando ouvir cantar as musas, em sonatas de encantar,

    que o vento, quando amaina, traz amores que se colam nos beijos, com sabores

    ao mel colhido em colmeia invisvel que, para amantes se torna acessvel. E eu continuo esperando, enamorado,

    do vento do sudeste algum recado perdido na distncia inatingvel.

    ***

    Parede Portugal (24-02-2011)

    ]

    Incio

  • Encontro de Poetas Amigos numa tarde de domingo.

    Tema: Voar

    "Papillons"

    na liberdade das asas a vertigem do voo... na brisa... o rumo

    no tempo... o semforo na crislida, a marca de largada...

    no infinito a promessa de chegada?

    no relgio... o recado dos ponteiros.

    Cest la vie!...

    Sylvia Cohin

    Domingo de um tempo de voo Porto, 29.04.2007

    Cest la vie

    Meu corao se nega a voar ... S deseja amar o voo livre !

    Para onde voar? ... ainda no conheo a direo !!!

    Ah! o tempo dos relgios ...

  • guardado em outro corao !!!

    O tempo marca os minutos. Na madrugada perde o sono ...

    Entra nos sonhos, minutos e segundos ... Todos os dias e longas noites !

    Pensando no amor que no perdeu o espao... Por que o eterno pernoite?

    Por qu? Onde se escondeu o abrao?

    Faltou a asa dupla da crislida esquecida no infinito...

    Abandonada... A grande liberdade! A grande largada...

    A grande chegada !!!

    Cest ma vie !!

    Vera Mussi Num Domingo em So Paulo

    29.04.2007

    Metamorfose

    Dentro do meu casulo Vivo a transformao Sem contemplar a luz

    Aguardo... Sem pressa vou evoluindo

    Crescendo e me esforando Espero o fludo de Deus Um sinal de liberdade

    Nesse esforo Me transformo Borboletando

    Amando Busco a felicidade

    Num voo de esperana Colorindo a vida

    Enfeitando os sonhos Transformando

    A dor Em amor!

    Eliane Gonalves

  • Metamorfose

    Quem serei afinal, eu?

    Comear a andar sem mim Coisa estranha

    adestrador mgico das normas Cad minhas formas?

    Nasci diferente temente, cheia de pernas Cad minhas antenas?

    Nem sabia, apenas me escorria Pelas folhas, pelos galhos

    desajeitada, at desrespeitada Lenta

    Horizonte e ar pelas minhas preces

    nem pensar em voar

    Magia de casulo, mos do criador

    vu de seda, cores a amostra pndulo fumegante

    Final de espera, surpresa,

    quimera!!! Eu, alada?

    Buliosa, em gua de orvalho nas manhs frescas

    da Primavera, flores e universo Em todos os lugares Eterno lepidptero.

    Marcos Milhazes

    "Borboletas"

    H que se compreender a beleza e o mistrio

    da metamorfose. No h o que se perguntar.

    H o que se ver e sentir, voo por voo,

    at que se cumpra o tempo.

    Lda Mello Numa nostlgica tarde de domingo...

    Arapiraca(AL) - Brasil, 29.04.2007

  • Devaneios sem p nem cabea.

    E muito menos asas. Minha asa t meio quebrada,

    Meu corao agitado e minha barriga reclamando que j passa das 2 horas.

    Meu time entra em campo daqui a pouco Esta cano me deixa triste e com vontade de voar Estou com vontade de escrever um conto ertico

    e de comer peixe daqui a pouco no quilo da esquina. Tem uma montanha de livros pra organizar

    e transformar em tijolos. Ontem, conversei com uma mulher extraordinria.

    Mas perdi uma asa no caminho e a outra est quebrada. Perdi os caminhos das paixes em algum botequim no meio da estrada.

    O que me ocorre so sonhos nas madrugadas sem fim e nos dias sem sol.

    Algum me lembra que sonho que se sonha junto realidade. Mas, como sonhar juntos se meus sonhos no tm p nem cabea?

    Ou apenas lembram cidades que no existem ou rios que no tm fim?

    No sei voar. Apenas caminho at o restaurante a quilo. O que eu quero dizer com isso?

    Se eu soubesse, no escreveria. Estaria vivendo o voo. Voo no se escreve. Voo se vive.

    Menino, larga esse livro do Fernando Pessoa, que a comida t esfriando.

    Eta, ns...

    Vou at o restaurante, que o peixe est frito e aumentando minha fome.

    Aldo Cordeiro Aldo, o faminto

    Rio de Janeiro, 29. 04.2007

    Voar

    Voar, privilgio das almas... Ento voe alma minha,

    v para o infinito, onde ficam as estrelas...

    E deixe-as salpicarem com seu brilho a esperana e claridade,

    para que eu alcance a felicidade, reencontrando meu amor...

    Voe alma minha... Sem pressa de voltar...

  • quem sabe, junto s estrelas, poder encontrar, entre as mais brilhantes,

    a luz da minha vida, que em uma triste despedida,

    o infinito foi buscar, pra de presente me dar... E resolveu por l ficar...

    E com sua luz brilhante e inconfundvel... O cu ajuda clarear...

    Mas o infinito tem milhares de estrelas... Diga que volte, ou que venha me buscar...

    para juntos podermos voar...

    Edna Liany Carreon 29.04. 2007

    Ser borboleta para amar

    quero voar j passei

    fase de larva mas... mira

    com a ateno dessa lupa do olhar

    embora o tempo

    passe rpido, ainda

    vivo pupa... quero

    polinizar amores, seco e estico

    as asas porm crislida,

    ainda no aprendi voar...

    fico, assim, impedida de amar

    Gui Oliva

    Numa segunda de sol em Santos 30/04/07

  • VOAR

    Eneisa

    Quem me dera, sair... pode voar, Como um pssaro gigante.

    Ir para os ares...Poder sonhar ver de cima tudo, logo ali e to distante

    Poder sonhar...com esse mundo vendo-o lindo e puro. Ah, se eu pudesse!...

    Voaria...Sentiria, a to sonhada felicidade! Ter voc, meu amor, para sempre...

    Ah, se eu pudesse voar... Sentir-me leve, leve com pluma.

    Para alcanar voc, no soprar da luz Tal uma divindade

    to distante que ests de mim, Sensual e provocante, me rende e me seduz...

    Nos amaramos to plenamente,

    Em nuvens de xtase, nos teramos eternamente...

    Seriamos um s! Sonhar, voar, amar...juntos! Quero voc comigo,

    Vamos, meu amor, do voo ao sonho... Venha para mim, eu te acolho neste passeio ao infinito

    Porque eu o amo muito. Eternamente, completa que sou,

    to e somente, Voando com voc, meu grande amor...

  • Vida... vida vida minha

    Castelo de verdades, etrea fantasia

    Vida, vida minha ardor e utopia,

    crena permanente urgente fugidia

    Vida a girar carrossel

    Minha vida, tanto sentir, quanto amar...

    Curso trepidante,

    sereno,

  • spero... intrigante pleno

    estigmas, enigma

    Vida que escorre e passa, gua de rio

    sinuoso turvo, caudaloso Vida apressada,

    viagem... escalada

    Fica!

    No ouses fugir. Fica.

    Preciso de ti. Falta escrever o pedao

    da Vida que no vivi.

    Sylvia Cohin (Brasil, 2003)

    Portugal, 26.08.2007

    Verso Espanhol: Rosenna/Argentina

    Vida... vida mi vida

    Castillo de verdades, etrea fantasa

    Vida, mi vida

    ardor y utopa, creencia permanente

    urgente fugitiva

    Vida girando

    como carrusel Mi vida,

    tanto sentr, cuanto amor...

    Curso trepidante, sereno,

    spero... intrigante pleno

    estigmas, enigma

  • Vida que escurre y pasa, agua de ro

    sinuoso turbio, caudaloso Vida apresurada, viaje... escalada

    Qudate!

    No oses hur.

    Qudate. Preciso de t.

    Falta escribir el pedazo de la Vida que no viv.

    Sylvia Cohin (Brasil, 2003)

    Portugal, 26.08.2007

    Verso Francs: Michle/Brasil

    La vie ... la vie ma vie

    Chteau des vrits fantaisie thre

    La vie, ma vie

    ardeur et utopie croyance permanente

    fugitive urgente

    La vie qui se tourne comme un carrousel

    Ma vie autant que sentir et aimer...

    Le cours passionnant

    serein, Rugueux ... intrigante

    plein stigmates, nigme

  • La vie qui flux et se passe, eau d'une rivire

    sinueux est trouble et se fait rage

    Vie presse, voyages... escalade

    Reste l !

    Ne tavise pas de s'enfuir.

    Reste l !. J'ai besoin de toi.

    Donne la pice manquante De ma vie que je n'ai pas vcu.

    Sylvia Cohin (Brsil, 2003)

    Portugal, 26.08.2007

    Incio

  • Amigos Pares

    Amigos leitores

    Amigos simplesmente

    O prazer a que nos leva a escrita, a criao, no se confunde com o prazer da

    leitura.

    O primeiro, onde cada qual se esmera para produzir o melhor,

    um parto onde a espera provoca uma ansiedade maior,

    uma preocupao com o resultado que compense

    e que se possa dizer: Brotou!

    O prazer da leitura aquele que sentimos ao receber um presente

    que pode ser grande, pequeno ou mesmo nenhum,

    dependendo do gosto de cada leitor.

    Agradar no tarefa fcil e o criador de qualquer obra sabe muito bem disso,

    apesar do seu esmero e da sua dedicao.

    Regina Coeli e eu

    encontramos muito prazer em escrever em parceria

    e vibramos quando podemos dizer:

    Brotou!

    E brotou "Fragmentos",

    uma troca de vises diferentes, mas convergentes.

    Hoje estamos dando um lao

  • no presente que oferecemos a vocs

    com muito carinho e sem pretenso alguma,

    a no ser a "vontade" de agrad-los,

    antecipadamente agradecendo a sua leitura.

    Regina Coeli e Cleide Canton

    Setembro de 2013

    ****

    FRAGMENTOS

    Regina Coeli

    No mais que de repente aconteceu

    e aquele olhar brilhou intensamente

    e o meu sonhou ainda reticente

    ganhar pra compensar o que perdeu...

    Se tantas emoes em apogeu,

    o peito agora nega o qu'inda sente

    e agarra-se verdade do que mente

    e diz ser claridade o que um breu...

    Tranquem-se as bocas tolas e vazias

    e o pranto sequem, olhos sonhadores,

    que os ps farejam iluses baldias...

    O que amar, seno sorrir em dores,

    acreditar so bnos agonias

    que explodem em ilusrias lindas flores?

    Rio, 19 de fevereiro de 2011

    Cartas de alforria

    Escritos de Regina Coeli

    ****

    APOGEU

    Cleide Canton

    "Se tantas emoes em apogeu"

    explodem nesse peito cristalino,

    as lgrimas perdidas no citrino

  • salpicam de dourado um vu de breu.

    Retalhos de um amor que se viveu

    na clausura de um sol j vespertino,

    se cosem sob o olhar quase divino

    que sonha e ainda canta o que sofreu.

    O que o amor seno a fantasia

    que endeusa e bem completa a alegoria

    calando a voz e a tese de um ateu?

    a vida revestida de euforia,

    o sonho que navega na poesia,

    na rima que no fim no se perdeu.

    SP, 20/03/2011

    15:15 horas

    ****

    ESCORA

    Regina Coeli

    "Na rima que no fim no se perdeu"

    eu teo a veste do que no vestia

    e busco olhar sedenta o novo dia

    espera do que no me aconteceu...

    Trazer de volta um sonho como o meu

    e dar ao verso um tom em euforia

    nele achar da vida a simetria

    no trao solitrio do meu eu...

    E a cruz que se carrega em solido

    a mesma que reveste a tez do verso

    e o escora pra enfrentar o furaco...

    No verso forte, puro, controverso,

    a rima ento bafeja o corao

    e traz tona o amor, to submerso!

    Rio, 26 de maro de 2011.

    ****

  • SIMETRIA

    Cleide Canton

    "Eu teo a veste do que no vestia"

    e trano as franjas soltas, rebuscadas,

    abrindo os ns das telas malformadas

    no entardecer de um sonho em agonia.

    Na letra de uma triste sinfonia,

    as pausas se definem em ciladas

    que sondam, nos finais das madrugadas,

    o muito que restou da simetria.

    Um novo manto, embora inacabado,

    por sobre os ombros deita, imaculado,

    deixando em desespero a solido.

    a vida a despertar com a fragrncia

    da garra que persiste e, na constncia,

    encontra o que energiza um corao.

    SP, 27/03/2011

    14:50 horas

    ****

    VRTICE

    Regina Coeli

    "Encontra o que energiza um corao",

    assim sacode o p a nossa vida

    to sbia, to bravia e destemida

    e a no deixar um filho seu no cho...

    Os ps tropeam, bravos os passos vo

    beber em doce aleia, a mais florida,

    sumo de amor na paz ali sentida,

    que afaga e faz sorrir o corao...

    O que uma flor? A flor um mimo em cor,

    mui caprichosamente trabalhada

    ela nos vem amar no desamor...

  • As ptalas colorem a passada

    num tempo de viver, seja o que for,

    qual dia que renasce em madrugada...

    Rio, 28 de maro de 2011.

    ****

    SINUOSAS

    Cleide Canton

    "Beber em doce aleia, a mais florida",

    a cor de cada sonho que viceja

    dar luz ao olhar que lacrimeja

    pela mgoa que outrora foi vivida.

    E colhe-se uma flor, a mais luzida

    do galho em ousadia que a corteja

    sabendo que ali mesmo ela sobeja

    e do seu velho altar ser banida.

    A cor do sonho muda, relutante,

    sem mesmo perceber s'inda constante

    o belo que brotou num arrebol.

    Ao vento vo as ptalas caindo,

    as cores e o perfume vo sumindo...

    Sementes sero sempre ao mesmo sol.

    SP,29/03/2011

    11:30 horas

    ****

    SONHAR

    Regina Coeli

    "A cor do sonho muda, relutante",

    percorre estranhas vias, sinuosas,

    agouros a jardins com belas rosas

    que aps brilharem morrem num instante.

    Os sonhos so as rosas num distante;

  • eles to lindos; elas, majestosas,

    at que realidades dolorosas

    aos sonhos cortem voos de ir adiante...

    Os sonhos choram, tristes titubeiam,

    guardam da rosa ainda o seu perfume;

    felizes elas vivem... E eles anseiam...

    E despertando o amor, que seu lume,

    os sonhos chispam raios que clareiam

    a linha do infinito, que seu cume!

    Rio, 31 de maro de 2011.

    ****

    AGOUROS

    Cleide Canton

    "Agouros a jardins com belas rosas"

    litigam entre si, sem compaixo,

    enquanto o justiceiro corao

    resguarda, do furor, as primorosas.

    E voam sobre o cume das rochosas

    distantes da esperteza do vilo

    os sonhos que se deitam no perdo

    tecendo suas vestes luminosas.

    Das rosas o perfume resguardado

    das garras, da maldade do pecado

    que trilha o mesmo rumo, em contramo.

    Os sonhos so as rosas transformadas,

    sem vcios de abordagens rebuscadas

    e livres do temor da escurido.

    SP,31/03/2011

    12:50 horas

    ****

  • POESIA

    Regina Coeli

    "Das garras, da maldade do pecado"

    que corta com sua lngua de serpente,

    a rosa se ergue e luze intensamente

    do cho e da tristeza do seu fado,

    pois no ser um sonho malogrado

    a condenar sombra o que se sente:

    uma vontade de seguir em frente,

    amando o qu'inda no se fez amado.

    Altiva a rosa, ento recende em cor,

    namora o sol num mar de fantasia,

    vem perfumar a pedra e o mais que for,

    sorrindo a ptala que no sorria.

    E dos confins do sonho emerge o amor

    e esculpe a rosa em rocha com poesia.

    Rio, 04 de setembro de 2013.

    ****

    ENCONTRO

    Cleide Canton

    "Pois no ser um sonho malogrado"

    se em frascos pequeninos, resistentes

    a todos os tropeos dissidentes,

    dessas rosas o olor for resguardado.

    Mantm o seu frescor mui cobiado

    por tantos novos sonhos emergentes

    em busca dos segredos insolventes

    ocultos do domnio do pecado.

    A essncia pura, basta-se por si.

    Constri a nova rosa e ela sorri

    em versos esculpidos no rochedo.

    No passo a passo dana em harmonia

  • o encontro de poema com poesia

    traando um novo rumo, um novo enredo.

    So Carlos, 04 de setembro de 2013

    14:00 horas

    ****

    ENLEVO

    Regina Coeli

    "A essncia pura, basta-se por si",

    quem sabe esta a chave do segredo,

    ter sempre o corao num bom enredo

    com rosa em flor, poesia em frenesi?

    Mgoas e dores, podem ir daqui,

    fechada foi minha estao do medo,

    que ser feliz bom, e o tempo cedo

    quando se acorda ao som de um bem-te-vi...

    A Vida passa, passa de mansinho,

    e rima sonhos, poemas e iluses

    numa lio que vem de um passarinho,

    driblando ventos, brisas, furaces,

    nada exigindo pra fazer o ninho

    onde vicejam novos coraes.

    Rio, 04 de setembro de 2013.

    ****

    ETERNO

    Cleide Canton

    "Quando se acorda ao som de um bem-te-vi"

    a flor do amor desponta num sorriso

    reabrindo os portais do paraso

    onde o perfume mora... E chega aqui!

    Os medos da estao eu j esqueci.

    Dores de amor se esvaem sem prvio aviso

    na magia do tempo, que preciso,

  • e se esgota levando o que vivi.

    O que resta precioso e tem sabor

    de manjares servidos com rigor

    em banquetes que nunca tem finais,

    pois eterno o que vem aps o fim,

    o que traz o meu eu de volta a mim

    sem passado e sem ranos vesperais.

    So Carlos, 05 de setembro de 2013

    12:10 horas

    ****

    TODO

    Regina Coeli

    Pois eterno o que vem aps o fim,

    quanta sabedoria vem e fala

    ao corao e alma, que se embala

    vendo eclodir perfume em seu jardim!

    Aquele pranto que morou em mim

    saiu pra ver o sol e agora cala,

    sentindo etreo o tempo que ainda exala

    o sonho de uma nuvem de onde eu vim...

    Belo sonhar, Vida pr seu manto

    no trono que Ela tem em primazia

    e do qual fao o meu maior encanto.

    A rosa o brilho meu de todo o dia

    pra depurar o Amor, faz-lo santo

    quando se pe o sol, pra ser poesia.

    Rio de Janeiro/RJ, 11 de setembro de 2013.

    ****

    Ilustrao das prprias autoras

    Incio

  • Tirai-me tudo, mas deixai-me o xtase Emily Dickinson

    esse xtase que adivinhamos nos olhos de Maria na "adorao

    ao Seu filho, Jesus", que a mestria de Rembrandt to bem

    reproduziu.

    esse xtase que procuramos na poesia que criamos, onde o que

    estril queremos tornar frtil, onde os vazios queremos preencher

    com a verdade, onde as acusaes queremos que se extingam

    na esperana da redeno das conscincias, onde o nosso

    corao queremos franquear num manifesto de amor pelo prximo.

    esse xtase que constitui a essncia do Ser poeta, assim somos

    ns, meus irmos; procurando sempre, na exiguidade fsica

    dos nossos braos abertos ao mundo, abarcar a vastido dos

    horizontes onde se esparsa o sonho, qui na expectativa do

    conhecimento da fonte da admirvel utopia que o configura.

    E. S

  • Feliz Natal

    Poeta, meu irmo Eugnio de S

    Sei que tu s, amigo, companheiro; Um projecto de Deus feito de amor

    Como um poema raro, alvissareiro,

    Que a cada verso mais amansador.

    Porque s de Cristo a doce emanao

    E dEle recolheste o que penhor; A humanidade, a terna mansido

    Com que almejas um mundo bem melhor.

    Neste soneto aqui te trago, irmo

    Com a fraternidade que te dou a mo

    A evocao de um Cristo redentor.

    E nela a minha f que este Natal

    O lembres como um Ser a ti igual; Um justo paladino, um... sonhador.

    ( Dedicado aos seus Pares e Amigos )

    Amigos de verdade Luiz Poeta

    Luiz Gilberto de Barros s 7 h e 40 minutos do dia 28 de abril de 2013 do Rio de Janeiro Brasil

    Amigos no se perdem, s se ausentam

    E testam, sem nenhuma precauo, As nossas solides que se alimentam

    Do que a lembrana traz... por distrao.

    No partem os amigos de verdade...

    Nosso abandono, sim, quer companhia

    E quando a solido sente saudade

  • Invade o corao, por rebeldia.

    Amigos de verdade compreendem Ausncias... e a distncia eventual

    Desperta emoes que surpreendem

    A essncia do amor mais fraternal.

    A amigo verdadeiro no nos cobra

    Presenas nem nos torna exclusivos Pois quando Deus constri a sua obra

    Modela o seu amor nos seres vivos.

    E o modo mais sensato de lembr-los ,

    t-los no peito, no pensamento,

    muito mais que v-los, am-los Na dimenso maior de um sentimento.

    Saudades nunca so meras lembranas, Senti-las de verdade resgatar

    O dom de amar, to prprio das crianas

    Que brincam de viver e de sonhar.

    E quando, a mais sublime emoo

    Faz da saudade o verdadeiro abrigo, Quem nos visita torna-se o irmo

    Que um dia transformou-se em nosso amigo.

    Ao P da Letra... J.J. Oliveira Gonalves

    Amigo - ao p da letra - de verdade raro neste mundo de Ambio!

    Eis que virou o Amor banalidade J uma mo no lava a outra mo!

    Nuana desse Amor a Amizade Que nasce sem nos dar explicao!

  • Sinnimo de F e de Lealdade

    Tem, sim, irmo do outro, o corao!

    Amigo para sempre! E qualquer hora

    hora de a Amizade celebrar

    Em franciscano abrao de Igualdade!

    Ah, amigo se conhece pelo olhar...

    E di quando um deles vai embora Na Alma: Doces Rastros de Saudade!

    Porto Alegre, 17 de Dezembro/2013. 15h40min

    Feliz Natal Odir Milanez

    Neste Natal, amigo, o que eu queria era cobrir de azul todas as flores,

    ver o choro chorando de alegria,

    calar a dor que di em nossas dores!

    Da fome ver o fim! Que bom seria

    sustasse o cu das secas os horrores. Em um Natal assim eu me faria

    feliz, festasse o cho verdosas cores!

    Mas minhalma me aduz a ser abraos,

    a superar meus sensos de perdo,

    de amizade acenando novos laos.

    Com o princpio da vida em comunho,

    em um soneto estendo-te os meus braos: Feliz Natal, poeta meu irmo!

    JPessoa/PB

    22.12.2013

    oklima

  • Era Natal Glria Marreiros

    As luzes brilhavam das grandes janelas, Mostrando, nas mesas, os ricos manjares.

    As frutas e os doces lembravam pomares

    Pintados com arte, exibidos nas telas.

    Danavam nas montras cus densos de estrelas,

    Encantos do tempo voando nos ares. Prespios sorriam em grandes altares

    E a cera pingava dos cotos das velas.

    Bem junto das luzes estava a mulher

    Que dera o seu corpo, vendera prazer,

    Agora embrulhada em papel de jornal.

    Olhava as janelas, do fundo da rua,

    Pedia uma cdea, untada de lua, Pra dar ao seu filho, porque era Natal.

    Aos meus amigos, Feliz Natal Antnio Barroso (Tiago)

    H festa de Natal, amor profundo

    Pelo Menino que inda ir nascer

    Sabendo que, depois, ir morrer Para haver salvao em todo o mundo.

    Desde o familiar ao vagabundo, Quem honesto, com todo o prazer,

    Abraa o seu irmo, pra lhe dizer Que tudo o que quiser seja fecundo.

    Dia de convidar: - Anda comigo,

    Come deste meu po, s meu amigo,

  • Recebe o meu abrao fraternal.

    A minha orao mando para os cus Pra que chegue depressa, e pea a Deus,

    Que d, aos meus amigos, Feliz Natal.

    Parede - Portugal (19/12/2013)

    A ti, caro Irmo Poeta, desejo, com emoo,

    que o Natal te enfeite a meta

    com Amor e Inspirao!

    Carolina Ramos

    Obs.: um repasse de Eugnio de S

    Incio

  • Assusta-me o privilgio de apresentar este trabalho.

    No entanto, a ousadia maior que o medo.

    Dizer de um perfeito envolvimento

    entre os sonhares de dois grandes poetas pouco.

    Dizer da plena sintonia, da profundidade,

    das vises claras e coesas, dos recursos metafricos,

    da afinidade com a perfeio que um soneto exige

    para ser declarado "soneto"

    ainda pouco para retratar a beleza

    que se mostra iluminada e coroada

    nos versos de Antnio Barroso (Tiago) e Regina Coeli.

    Abenoado Netuno que, imitando Moiss,

    abriu os oceanos para este encontro de almas

    que hoje nos oferece este enlevo,

    esta demonstrao de amor despretensioso,

    voltado apenas para a beleza

    que advm da busca pela perfeio no versejar.

    Conseguiram, Tiago e Regina!

    justo que sejam lidos por todos os amantes do soneto

    e por todos aqueles que no o apreciam,

    mas que conseguem dar o valor a tudo que merece ser valorizado.

  • Tiago escreve:

    "Neptuno, deus dos mares, conseguiu

    Secar todo esse mar que nos separa

    E, com habilidade muito rara,

    Dois vastos continentes reuniu".

    Regina escreve:

    "E o deus dos mares trouxe realidade

    O mar. E todo um sonho, encantador,

    Adormeceu nos braos da saudade".

    Versos abenoados! Que sejam imortalizados!

    E digo a eles:

    Entre tantas agruras eu me vejo

    perdida aqui, num barco ainda sem rumo,

    que ao ver tanta beleza s desejo

    usar a mesma linha no meu prumo.

    Do cho um voo lento ento assumo

    a viso bem maior do meu ensejo

    de dar, a quem merece, este meu beijo

    e abraos nestas linhas que resumo.

    So versos bem talhados, consistentes,

    repletos de ternuras persistentes

    vagando sob a lua, sem temor!

    So versos que rubricam a amizade,

    levando para alm da eternidade

    as verdadeiras falas de um amor.

    So Carlos/Brasil, 09 de fevereiro de 2014

    22:10 horas

    Cleide Canton

  • MEA CULPA Antnio Barroso (Tiago)

    Amiga, h tanto tempo no te escrevo

    Que nem ouso rogar o teu perdo,

    Mesmo que, agora, te preste ateno,

    Pedir uma desculpa no me atrevo.

    Se, no campo, tivesse achado um trevo

    Com quatro folhas, como tradio,

    Ia p-lo, a correr, na tua mo,

    Mostrar minha amizade, com enlevo.

    Prometo, na resposta, ser mais lesto,

    Aceito a minha culpa, o teu protesto,

    Mas o meu tempo curto, to escasso!...

    Mas amiga, s pra mim, to importante Que vou arranjar tempo, doravante,

    Para que se no quebre o nosso lao.

    Parede Portugal (29/01/2014)

    SEM CULPAS Regina Coeli

    Jamais se h de quebrar o nosso lao,

    Prendendo em ns as fitas da verdade,

    Ainda que doa a mais cruel saudade

    Nascida desse tempo to escasso.

    No por protesto, se um muxoxo fao

    pra mudar a dura realidade

    E vencer esta angstia que me invade

    Por no ter o calor do teu abrao.

    Quando achares, garboso, esse teu trevo

    De quatro folhas, Tiago, terno amigo,

    Ser sorte pra mim... sonhar me atrevo...

    Amizade sincera, doce abrigo,

    luar lembrando a lua em branco enlevo,

    Sou a me esquecer... se estou contigo.

    Rio de Janeiro/RJ, 29 de janeiro de 2014.

  • O TEMPO CURTO Antnio Barroso (Tiago)

    Minha amiga, to bom saber de ti,

    Que est, a minha falta, perdoada,

    Assim, fico com a alma descansada,

    Porque respondeste, e eu no te perdi.

    Se, muito mais cedo, eu no te escrevi,

    Foi porque a minha vida atribulada

    No me permite ter tempo para nada

    E sempre a correr, daqui para ali.

    So netos que precisam de assistncia,

    Uma me centenria, em permanncia,

    E ainda os filhos, num vai vem constante.

    Apesar de tudo isto acontecer,

    Jamais eu me poderia esquecer

    Dos amigos que lembro a cada instante.

    Parede Portugal (30/01/2014)

    VAI-SE O TEMPO... Regina Coeli

    O tempo escorre, vai ele passando

    Por entre os dedos de aturdida mo

    Que o quer pegar, mas pega a solido

    Que um dia parte... No se sabe quando.

    O tempo teia que se vai enredando

    Nas vias desgastadas da emoo;

    Muitos j sentem, outros sentiro

    No tempo um incio que se vai findando...

    Etrea nuvem que no cu dispersa

    Floridos sonhos, lindas fantasias,

    Ser o tempo uma iluso perversa?

    Eu nada sei, apenas que aos meus dias

    Ds-me teu tempo na gentil conversa

    E nos amigos versos que me envias.

    Rio de Janeiro/RJ, 04 de fevereiro de 2014.

  • NA VOLTA DO CORREIO Antnio Barroso (Tiago)

    Chegou, agora mesmo, senti chegar,

    E perplexo fiquei, no sei que diga,

    So palavras amigas duma amiga,

    Em versos to lindos que no tm par.

    Quedei-me, ento, sozinho, p'ra escutar

    O vento que me diz, numa cantiga,

    Com msica dum pobre que mendiga,

    Um pouco de sossego a meditar.

    E um obrigado surge, de rompante,

    Neste mesmo momento, neste instante,

    Preciso que l chegue, e bem depressa.

    Pois, tendo a minha amiga outros amigos,

    Uns perto dela, e outros j antigos,

    No quero que, por isso, ela me esquea.

    Parede / Portugal (06/02/2014)

    ESCOLHAS Regina Coeli

    Tal qual um bom sapato para o p

    Fazendo belo o tom de uma passada,

    quele amigo leal de caminhada

    Oferto a minha flor e um beijo at.

    Santa lealdade... Nela eu boto f!

    Embora a sinta hoje apequenada,,

    Insisto em cr-la um sol na madrugada

    Clareando em raios pra mostrar "que "...

    Creio no amigo que do verso vem,

    Faz da metfora a mais linda flor

    Para enfeitar o meu jardim tambm...

    E a esse amigo, seja de onde for,

    Estendo os braos, porque ele um Bem

    Que eu prezo muito e por quem tenho Amor.

    Rio de Janeiro/RJ, 06 de fevereiro de 2014.

  • NO MEU JARDIM Antnio Barroso (Tiago)

    Essa flor que mandaste, para mim,

    Com perfumes de sensibildade,

    Embrulhada em palavras de amizade,

    Coloquei-a no meio do meu jardim.

    Tratei-a com cuidado e, por fim,

    Quando a pude observar, mais vontade,

    Sorriu-me, com brandura e com bondade,

    Entre uma rosa branca e um jasmim.

    Quando ora, devagar, abro a janela,

    O meu olhar se alonga e pousa nela

    E fico, assim, o tempo que preciso.

    Se vejo a flor sorrir de encantamento,

    Uma imagem se cola ao pensamento,

    J tenho, em meu jardim, o paraso.

    Parede / Portugal (07/02/2014)

    METFORA Regina Coeli

    Rosa vermelha... sangue derramado

    Por sobre ptalas de ento brancura

    Fez essa flor sangrar na desventura

    De a torpes cravos seu amor ter dado.

    Se a rosa branca e um jasmim ao lado

    Formam um par de olor e de candura,

    Nenhum jardim ver sua terra impura

    Se sorve rubra rosa algum pecado.

    Se entrega toda ao sol a rubra flor

    E o ama quanto mais completamente

    Ele a cobrir de enlevo e de calor...

    Sempre fragrante a rosa, etereamente

    H de se dar (sem pejo e sem pudor)

    Tambm ao luar, porque ela o que sente.

    Rio de Janeiro/RJ, 08 de fevereiro de 2014.

  • VARINHA DE CONDO Antnio Barroso (Tiago)

    Regada, com carinho, a rosa abriu,

    De repente, subtil, vinda do nada,

    Eis que ficou pairando, linda fada

    Que lhe deu forma humana, e ela sorriu.

    E o cetro de Regina lhe surgiu,

    Brilhando, sob o sol, na madrugada,

    Coeli, Coeli, assim era chamada

    P'la fada que, de pronto, se sumiu.

    Quando ela se esfumou, pelos espaos,

    Quis acolher a rosa nos meus braos

    Mas o mar se interps, perdendo a calma.

    Agora, espreito a rosa, to discreto,

    Que a vejo construindo o seu soneto

    Com palavras amigas que entram na alma.

    Parede / Portugal (09/02/2014)

    REDENO Regina Coeli

    Celebro o verso como uma orao

    A aquietar os meus sutis desejos,

    Meus ternos sonhos, vidos dos beijos

    Que ousei sonhar em noite de vero.

    Depois o inverno foi uma estao

    A silenciar a lira em seus arpejos,

    Caiu no outono aquele rol de ensejos,

    Morreu de fome uma infeliz paixo.

    Meu verso ento sonhou a primavera,

    Correu no espao, foi alm do mar

    E sussurrou sua ltima quimera:

    " Teu verso, Tiago, meu sagrado altar." Assim, ajoelho toda a minha espera

    E em teu jardim serei rosa a rezar.

    Rio de Janeiro/RJ, 10 de fevereiro de 2014.

  • DESPERTAR Antnio Barroso (Tiago)

    Como acordar dum sonho to bonito

    E entrar no mundo rude, costumeiro?

    Talvez, se a correr, for ver primeiro

    Se recebi, de longe, algum escrito?

    Ento, ouo as palavras, e acredito,

    So rosas a chegar desse canteiro,

    Num soneto to puro e verdadeiro

    Que, para responder, me deixa aflito.

    Quando findo a leitura, dou por mim

    Beijando as rosas todas do jardim,

    Sob os raios de sol vindos dos cus.

    Mil versos leio, em livros e folhetos,

    Costumo receber muitos sonetos,

    Porm nenhuns to lindos como os teus.

    Parede / Portugal (11/02/2014)

    OSIS Regina Coeli

    Meus olhos fecho e vou ao Infinito,

    Que l que mora a Vida dadivosa,

    Um cho perene a cultuar a rosa,

    Meu doce sonho, meu sonhar bonito.

    E l vou eu, vou sussurrando o grito,

    L minha lida toda cor-de-rosa,

    Sem feias guerras ou atitude prosa

    A macular a tez do que bendito.

    Meu verso chora... Carpe... Ento sorri

    Quando retiro o vu de uma tristeza

    E reabro em mim o sol, pensando em ti.

    E sob um cu, azul de sutileza,

    Floresce a rosa rubra (que eu senti

    No mais em mim florir...) ao verso presa.

    Rio de Janeiro/RJ, 12 de fevereiro de 2014.

  • BARCO VELA Antnio Barroso (Tiago)

    E l vai ele, vai, sulcando o espao

    Soneto feito nau de era moderna,

    Se o leme, comanda uma mo fraterna,

    O verso empurra as velas, sem cansao.

    A musa sobe ao mastro, passo a passo,

    E fica-se em viglia quase eterna,

    O comandante, enquanto a nau governa,

    Transporta, com cuidado, o meu abrao.

    No poro seguem todos meus desejos

    Envoltos em papel da cor dos beijos,

    Em caixa almofadada de conforto.

    E as musas vo soprando, com af,

    P'ra ver se a nau chega, inda de manh

    E sua ncora lana num bom porto.

    Parede / Portugal (12/02/2014)

    CAIS Regina Coeli

    Largas no espao a voz do teu soneto,

    A nau moderna na manso dos ares,

    Fazendo doces todos os pesares

    Cada quarteto e cada teu terceto.

    To simples, vestes rico teu poemeto

    Um barco azul na imensido dos mares

    E multicor no teu abrao aos lares

    Que o guardam ao peito como um amuleto.

    Ao imagin-la, sinto a nau valente,

    Vibrando as velas no vencer dos dias

    E suaves musas a soprar pra frente.

    Se a nau adentra as minhas cercanias,

    Pensar que sou seu cais me faz contente...

    E nela ancoro as minhas fantasias.

    Rio de Janeiro/RJ, 13 de fevereiro de 2014.

  • NA PRAIA Antnio Barroso (Tiago)

    Fui praia e deitei-me sobre a areia

    Com a espuma do mar, meus ps beijando,

    E, com ele, vinha orquestra acompanhando

    Maravilhosos cantos de sereia.

    E, neste quadro lindo, que me enleia,

    Medito na mensagem que, sonhando,

    L de longe, bem longe, estou esperando

    Num soneto que trace uma epopeia.

    Mas eis que j chegou, montando o vento,

    E, nele, debrucei meu pensamento

    Para o ler, com sossego e muita paz.

    Ento, vontade grande se extravasa,

    Correr, muito depressa, a minha casa,

    S para responder... se for capaz.

    Parede / Portugal (14/02/2014)

    PEDIDO AO MAR Regina Coeli

    Sobre tuas guas, mar, eu j chorei

    Timidamente pelo teu mistrio

    De vagas tantas, doce refrigrio

    A tantas lgrimas que em ti deixei.

    Busquei sentir-te e compreender a lei

    Que alm de Vida faz-te cemitrio

    Ao que banal e ao que parece srio,

    E as tuas guas muito mais amei.

    Na placidez com que tu vens praia

    Ou aoitando em fria os teus rochedos,

    Ah... dubiedade que em mim bate e espraia...

    Mar, encapela em ondas os meus medos

    E bem longe, entre espumas, sobressaia

    Um terno beijo em meio aos meus segredos...

    Rio de Janeiro/RJ, 15 de fevereiro de 2014.

  • O FADO E O SAMBA Antnio Barroso (Tiago)

    Fui, ontem, minha amiga, ouvir o fado

    Em letra de cano, que nos amarra,

    Sai, rouca, nos acordes da guitarra,

    Num som clido, triste, amargurado.

    Ento, l bem detrs, do outro lado,

    Surge um outro fadista que se agarra

    s cordas da viola to bizarra,

    Num canto, em desafio, continuado.

    Isto fez-me lembrar nosso dueto

    Que, singrando, soneto aps soneto,

    Viaja entre o Brasil e Portugal.

    Aqui, ouve-se o fado em noite fria,

    A, na tarde quente, h a alegria

    De quem prepara, em samba, o carnaval.

    Parede / Portugal (16/02/2014)

    A E AQUI Regina Coeli

    O fado, caro amigo, eleva a alma

    Que, triste, sangra as cordas da viola,

    Bebe das notas que a guitarra evola

    E nelas purga a santa dor que acalma.

    Alegre, o samba puxa sempre a palma,

    Se sapateia com seus ps de mola

    E ao rosto pinta o riso que consola

    Tudo que di, e o corao espalma.

    Se no Brasil o surdo na avenida

    Me bate fundo, eu lembro Portugal

    Vibrando em cordas pra escorar a Vida.

    Mas a cuca, em lgubre ritual,

    Geme o Brasil da gente to esquecida

    Que apenas feliz no carnaval...

    Rio de Janeiro/RJ, 16 de fevereiro de 2014.

  • UM DIA... Antnio Barroso (Tiago)

    Neptuno, deus dos mares, conseguiu

    Secar todo esse mar que nos separa

    E, com habilidade muito rara,

    Dois vastos continentes reuniu.

    Ento, olhando em volta, ele sorriu,

    Ps Regina e Tiago cara a cara,

    Satisfeito p'lo feito que alcanara,

    Foi ler nossos sonetos e sumiu.

    Feliz, eu nem queria acreditar

    Que os deuses conseguissem nos juntar

    Com a vontade frrea, que faz lei.

    Trocmos frases, versos, to bonitos...

    Poemas, lado a lado, foram ditos...

    Depois, tudo acabou, porque acordei.

    Parede / Portugal (17/02/2104)

    NO MESMO DIA... Regina Coeli

    Tu te acordaste, o sonho continuou.

    Teve um final diverso para mim;

    Netuno trouxe rosas de um jardim

    E em sua mo a mais bela murchou...

    Leu os sonetos, tudo o encantou,

    Era feliz por ter juntado, enfim,

    Tiago e Regina pra fazer o fim

    Apotetico que o deus sonhou...

    " Tiago se foi... pranteou a murcha flor, Sufoco em mim a mais linda ansiedade:

    O verso que ele no cantou pro amor..."

    E o deus dos mares trouxe realidade

    O mar. E todo um sonho, encantador,

    Adormeceu nos braos da saudade.

    Rio de Janeiro/RJ, 18 de fevereiro de 2014.

  • A MAGIA DO SONHO Antnio Barroso (Tiago)

    Foi apenas um sonho... de encantar...

    Mas o homem, sem o sonho, no nada,

    Vive uma vida triste, amargurada,

    Com a lgrima sempre em seu olhar.

    O sonho deixa marca, ao acordar,

    cena que perdura, e relembrada

    Quando, longe, clareia a madrugada,

    E meigo raio de sol nos vem beijar.

    O sonho um embrulho com um lao

    Que aperta, para dar um grande abrao,

    Que inventa situaes, e que sorri.

    O sonho! Ah! O sonho o maior bem

    Que corre pela terra de ningum,

    Que faz, de longe, estar perto de ti.

    Parede / Portugal (18/02/2014)

    POR QUE SONHO? Regina Coeli

    O sonho so estrelas que eu no vejo,

    Mas tocam em mim quais raios de luar,

    a minha boca pronta pra beijar

    Sem mesmo haver uma inteno de beijo.

    O sonho muito mais do que um desejo,

    a onipotncia em insistir andar

    Por via que em nenhum lugar vai dar,

    Pois menos vale o ganho do que o ensejo.

    O sonho no cho, habita o espao

    Das mentes que se entregam ao seu destino

    E se comprazem na impresso do abrao.

    Meu sonho todo meu, um suave hino,

    a minha fita soando em ti, meu lao,

    s tu a me apertar... Sonho e imagino.

    Rio de Janeiro/RJ, 19 de fevereiro de 2014.

  • VARINHA DE CONDO Antnio Barroso (Tiago)

    Se houvesse, como disse, uma varinha

    De condo, de fada milagreira,

    O sonho acabaria de maneira

    Que era realidade, muito minha.

    Metia as personagens na salinha

    Onde sempre sonhei, a vida inteira,

    E dava-lhes vida, sem canseira,

    Para, depois, falarmos ao que vinha.

    Se abraos eu sonhei, abraaria,

    Mas se pensei em beijos, beijaria,

    E, se andasse, no sonho, de mo dada,

    Colava a minha mo tua mo

    E diria varinha de condo,

    "Podes ir, no preciso de mais nada".

    Parede / Portugal (19/02/2014)

    SONHAR... Regina Coeli

    "Colava a minha mo tua mo",

    Mavioso som vibrando ao meu ouvido

    Como um estribilho suave e repetido

    Enchendo o ar de uma feliz cano...

    Sonhar... Sonhar... Deixar a emoo

    Me dominar a cada poema lido

    Num sussurrar anglico e sentido

    Ao meu vibrante e etreo corao...

    Num sonho livre como passarinhos Que voam cedo, ainda em madrugada,

    Pra construir os seus sagrados ninhos ,

    Meu verso treme e sente emocionada

    A mo que colo tua em mil carinhos,

    Sonhando em ns a prpria Vida, amada.

    Rio de Janeiro/RJ, 20 de fevereiro de 2014.

  • OUTRO DIA... Regina Coeli

    No infinito uma fada eu encontrei,

    Guardadora de rosas perfumadas

    Por aleias compridas como estradas

    Por onde andei, andei, voei, voei...

    Era tanto perfume, que eu pensei

    Fossem ondas de amor espiraladas,

    Fossem notas de lira harmonizadas

    Com as foras do cosmos e a sua lei.

    No vi mar, no vi terra, s o espao

    Embriagado em divinal frescor,

    E eu me abracei, sentindo o teu abrao...

    Chegaste, ento, em nuvem de vapor

    Com teu soneto, num etreo lao,

    Pra rubra rosa inda a sonhar o amor.

    Rio de Janeiro/RJ, 20 de fevereiro de 2014.

    (originalmente escrito em 17-02-2014)

    CICLOS Regina Coeli

    Os olhos reabro, volto ao cotidiano,

    Vazias mos e o peito em emoo,

    Acendo a luz que vem do corao

    Pra alumiar-me as horas neste plano.

    A cada aurora se renova o ano.

    Cada meu dia pura construo,

    Vinda do verso toda a minha ao

    Em que o abstrato cuida o que humano.

    Meu verso fiel e verdadeira escora,

    afetuoso amigo que me diz:

    "Escreve, e manda a tua dor embora!"

    Mandei. E amei no verso como eu quis.

    E encheu de amor o verso mundo afora.

    E amar em verso ser tambm feliz.

    Rio de Janeiro/RJ, 20 de fevereiro de 2014.

    (originalmente escrito em 12-02-2014)

  • Arte Final - Cleide Canton