hornsup nº13
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http://www.hornsup.net Revista de música gratuita para download com 56 páginas com entrevistas, matérias. colunas e resenhas de CDs e shows. Entrevistas: Sick Of It All, Lacuna Coil, Dark Tranquility, Cancer Bats, The Ocean, Carnifex, Danko Jones, Seven Stitches e A Wilhelm Scream. Resenhas de CDS: 43. Ao vivo: Suicide Silence, Despised Icon, Extreme Noise Terror, Mudhoney, Marduk, Manowar, Social Distortion,Kool Metal Fest 2010, More Than A Thousand e WASP. Sorteio de prêmiosTRANSCRIPT
1hornsup #11
www.hornsup.net q 43 resenhas de CDs q 9 entrevistas q 10 resenhas de showsnº
13 -
Jun
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ho 1
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entrevistas:
Lacuna coil Dark tranquility Cancer bats Carnifex the ocean danko jones seven stitchesa wilhelm scream
ao vivo: suicide silencec napalm death/suffocation c despised Icon c extreme noise terror...
herois da resistencia
videos!sick of it alldanko jones
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4 hornsup #2
5hornsup #2
7hornsup #13
índice
26
18
Editorial 8Ganhe! 8Noticias 9PT saudacoes 9Old school 11agenda 12sangue novo 14rec 16Artwork 16top 5 17sick of it all 18lacuna coil 22dark tranquility 24cancer bats 26carnifex 28the ocean 30danko jones 32seven stitches 34a wilhelm scream 36Resenhas 38Ao vivo 48
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hornsup #138
Nº13 • Junho/Julho 2010
Editor-chefeMatheus Moura
Colaboradores nesta ediçãoAndré Henrique Franco, André Pires, Andréa
Ariani, Flávio Santiago, Igor Lemos, Italo
Lemos, João Antonio, João Henrique, Luigi
“Lula” Paolo, PT
FotosCarina Martins, Cindy Frey, Flávio Santiago,
Flávio Hopp, Katja Kuhl, Maurício
Santana, Miguel Duarte, Ron Boudreau,
Steve Brown
Design, Paginação, WebdesignMatheus Moura
RevisãoAndréa Ariani
Publicidade/[email protected]
Websitewww.hornsup.net
Myspacewww.myspace.com/hornsupmag
Envio de material
Portugal/EuropaHORNSUP
Att: Matheus Moura
Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC
2725 Algueirão-Mem Martins
Portugal
BrasilIgor Lins Lemos
Rua José de Holanda nº 580 Aptº 603
Torre - Recife/PE - Brasil
CEP: 50710-140
HORNSUPRua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC2725 Algueirão-Mem Martins
Portugal
Editorialheaven and hell Nos últimos meses, o cenário da música
pesada perdeu diversos dos seus repre-
sentantes. Vimos uma legião de fãs chorar
a partida de um monstro sagrado (Ronnie
James Dio). Sentimos a despedida prema-
tura de um músico prodigioso e promis-
sor (The Rev). Demos adeus a uma figura
única (Peter Steele) e, recentemente, vimos
como uma banda sofre com a morte de um
amigo (Paul Gray). É triste, mas o legado
deixado por eles permanece. A ideia que
nunca mais os veremos é dura, portanto,
gosto de pensar que eles nunca se vão,
pois cada vez que ouvirmos a tua música,
eles estarão ali. A lembrança de todos
bons momentos que esses artistas nos
proporcionaram, e ainda proporcionam, é
imortal. O sentimento é imortal. Por isso,
não quero que “descansem em paz”, quero
que continuem me “perturbando” pois só
assim sinto que ainda estão aqui e nunca
vão me deixar. Condolências aos famili-
ares, amigos e aos milhões de fãs em luto.
Bem, nem tudo são más notícias. Essa
edição assinala o segundo aniversário da
revista HORNSUP. Venho reforçar minha gra-
tidão para com a equipe de colaboradores
e, acima de tudo, para com os leitores que
nos tem apoiado.
Obrigado, pessoal!
Matheus Moura
Edittooorriiaal
Ganhe!Gannhhee!!
Uma (1) t-shirt da banda Holy Week Ends
www.myspace.com/holyweekends
Vencedores das promoções HORNSUP #12 - Kamala: Christiano Callegaro (santo Angelo/RS), Cássio Bruno
Moret (Mundo Novo/MS) / Public Pervert: Thiago Duarte (Rio de Janeiro/RJ), Saulo Chaves (Campos dos
Goytacazes/RJ) / Contrive: Hezrom Lima (Campina Grande/PB)
Procura-se
Estamos sempre em busca de novos colaboradores. Se acha que pode se tornar parte de
nossa equipe, envie um e-mail para [email protected] mostre do que é capaz!
A HORNSUP nº 13 oferece aos seus leitores os seguintes prêmios:
Para concorrer às promoções visite www.hornsup.net
e saiba com se inscrever.Sorteio: 30 de Julho de 2010
Um (1) álbum “Vol.4: Make Friends and
Enemies” do More Than A Thousand
www.myspace.com/morethanathousand
Um (1) álbum “Vida Convicta” do Frontal
www.myspace.com/frontalonline
RONNIE JAMES DIOR.I.P.
Ronnie James Dio, lendário cantor de Heavy
Metal (Dio, Heaven & Hell, Black Sabbath,
Rainbow), faleceu as 7:45 da manhã do
dia 16 de Maio de 2010. Em Novembro do
ano passado, Dio foi diagnosticado com
um câncer no estômago e estava fazendo
sessões de quimioterapia. Em Abril, Dio
apareceu no Revolver Golden Gods Awards,
em Los Angeles, para receber o prêmio de
“Melhor Vocalista”. No início de Maio, o
Heaven & Hell cancelou seus planos para
uma turnê de verão na Europa devido ao
tratamento de Dio. A banda comunicou que o
vocalista não estava “bom o sufi ciente para
fazer uma turnê”. Ronnie James Dio cantou
com o Elf, Rainbow, Black Sabbath e sua
própria banda, Dio. Outros projetos musicais
incluíram o projeto benefi cente “Hear ‘n Aid”.
Ele é amplamente aclamado como um dos
mais poderosos cantores do Heavy Metal,
conhecido por sua poderosa voz e por popu-
larizar o gesto “chifres do diabo” na cultura
Metal. Recentemente esteve envolvido com o
Heaven & Hell. Dio tinha 67 anos.
PARKWAY DRIVEEm busca da verdade
O Parkway Drive já terminou as gravações de
seu terceiro álbum em Los Angeles (EUA) com
o produtor Joe Barresi (Queens Of The Stone
Age, Bad Religion). O registro se chamará
“Deep Blue” e tem planos de chegar às lojas
em 29 de Junho pela Epitaph Records. De acor-
do com o vocalista Winston McCall, o álbum
é “basicamente sobre a busca da verdade em
um mundo que parece ser desprovido disso”.
AnthraxBelladonna is back
Os rumores se confi rmaram. O vocalista Joey
Belladonna está de volta ao Anthrax. Bella-
donna faz sua estreia no primeiro show da
turnê que reúne o “Big Four” (Metallica, Slayer,
Megadeth e Anthrax) na Europa. Assim que
terminarem essa turnê, voltam aos Estados
Unidos, e começam a compor um novo álbum,
que deve sair no começo de 2011.
notíciasnottícccciiiaass
36 CRAZYFISTSNáufragos
Dia 27 de Julho será lançado nos EUA pela
Ferret Music (26 de Julho na Europa pela
Roadrunner), o novo álbum do 36 Crazyfi sts,
“Collisions And Castaways”. O álbum foi pro-
duzido pela guitarrista Steve Holt e está sendo
mixado por Andy Sneap (Megadeth, Opeth). A
banda já divulgou a tracklist que deve conter
11 faixas. O álbum terá as participações es-
peciais de Adam Jackson (vocalista do Twelve
Tribes), Raithon Clay (Plans To Make Perfect) e
Brandon Davis (Across The Sun).
AUGUST BURNS RED / BLESSTHEFALLAgosto em chamas
Duas forças emergentes do Metal moderno
norte-americano estarão juntas em solo sul-
americano durante o mês de Agosto: August
Burns Red e Blessthefall. Ambas vem com um
novo disco na bagagem, lançados em 2009:
“Constellations” e “Witness”. No Brasil, a turnê
tem duas datas confi rmadas: dia 21, em São
Paulo e dia 22, em Curitiba. Argentina, Chile,
Colômbia e Venezuela também estão na rota
da turnê. Maiores informações serão divulga-
das futuramente em www.liberationmc.com.
kornVolta às origens
O nono álbum de estúdio do Korn, que se
chamará “Korn III - Remember Who You Are”,
tem data de lançamento marcada para 13 de
Julho e será o primeiro da banda pela Road-
runner Records. O Korn já revelou o artwork
e a tracklisting desse novo trabalho, que
contará com a produção de Ross Robinson, o
homem por trás de “Korn” e “Life Is Peachy”,
os dois primeiros álbuns do grupo. Esse será
o primeiro álbum da banda com a participação
do baterista Ray Luzier como membro perma-
nente do grupo.
por André Henrique Franco
ê
hornsup #13 9
Quando o HC leva uma surraAgora que já tomei a distância necessária, vai aí a opinião de alguém que entende alguma coisa de documentários, Thrash Metal e Hardcore: “Get Thrashed” dá uma surra descomunal no “Ameri-can Hardcore”. Mas, assim, é uma SENHORA surra. Primeiro minuto do primeiro round, a la Mike Tyson circa 1987 - o que aliás quase coin-cide no tempo com o ápice do Thrash.
Antes que a intelligentsia HC comece a tirar os livros da prateleira e parta para o ataque, faz-se necessária uma ressalva: falo do fi lme e não dos gêneros. É o documentário sobre Thrash que está milhões de anos-luz à frente do documentário sobre HC americano, na minha nem-tão-modesta opinião. Qual gênero musical é melhor? Qual cena foi mais signifi cativa? Outra discussão.
“GT” é mais abrangente e menos pretensioso. “AHC” é preconceituoso, elitista, unilateral.
“GT” foi feito por apaixonados por Thrash Metal. Ponto. “AHC” foi feito por quem pretende ensinar Hardcore, ter prevalência sobre a maneira como este capítulo da música e do comportamento americanos vão entrar para a História.
Toda vez que assisto ao “American Hardcore”, leio nas entrelinhas “olha aqui, pessoal, es-queçam o que não está neste documentário; se uma banda ou uma cena apareceram pouco aqui é porque não tiveram relevância; como pensadores, líderes intelectuais da bagaça, cabe a nós pinçar o que vocês devem conhecer sobre Hardcore americano”.
“Get Thrashed”, ao contrário, dá voz aos vira-latas, aos carregadores de piano, às bandas que não faziam e ainda hoje não fazem parte do establishment. Por isso, tem mais cores, mais humor, mais realidade e muito, muito, muito mais emoção que “AHC”.
Acredito piamente num conceito básico deste tipo de fi lme: documentário não é jornalismo. Não há obrigação em ouvir todos os lados. Docu-mentário é um recorte, a opção do diretor por um olhar específi co sobre um assunto. Ainda que ele escolha fazer um retrato geral de determinado tema, isto também signifi ca ser pontual, por mais ambíguo que soe. Afi nal, havia a possibilidade de abordar uma história de vários jeitos e o realiza-dor se decidiu por um caminho específi co: falar tudo sobre aquele assunto.
“American Hardcore” peca ao vender como total uma versão apenas parcial. Exclui as bandas e as cenas que “queimam o fi lme” da academia. Usam um photoshop histórico para esvaziar, por exem-plo, o papel da cena de Nova York no Hardcore americano.
É mais ou menos como se alguém fi lmasse um documentário sobre Hardcore no Brasil, incluísse só bandas melódicas ou só bandas straight edge ou só bandas de São Paulo e colocasse no título “Hardcore Brasileiro”.
De novo: escolhas podem ser feitas livremente no universo dos documentários. “American Hard-core” fez a escolha errada.
Minha sugestão: “Get Thrashed”.
pt saudações
hornsup #1310
notíciasnottícccciiiaassSLIPKNOTMorre o baixista Paul Gray
Paul Dedrick Gray, 38 anos, baixista do
Slipknot, foi encontrado morto no dia 24 de
Maio por um funcionário do hotel TownePlace
Suites, onde estava hospedado, em Urbandale,
Iowa (EUA). Autópsia e exames toxicológicos
foram feitos para determinar os fatores da
morte de Paul. Segundo a polícia, não havia
nenhuma evidencia de crime. Em Abril desse
ano, foi anunciado que Paul havia se juntado
ao HAIL!, grupo que também conta com Tim
“Ripper” Owens (Beyond Fear, ex-Judas Priest,
Iced Earth), Paul Bostaph (Testament, Slayer,
Exodus) e Andreas Kisser (Sepultura). Ele
chegaria para substituir o membro original
David Ellefson, que não pode continuar na
banda devido aos seus compromissos com o
Megadeth. Segundo informações, os familiares
de Paul ligaram para o hotel, pois não es-
tavam conseguindo falar com ele por telefone.
O funcionário do hotel encontrou o baixista
sozinho, já morto e ligou para a polícia.
UNDEROATHAs baquetas trocam de mãos
O Underoath contratou o baterista Daniel
Davison (ex-Norma Jean) para susbtituir Aaron
Gillepsie, que deixou a banda e que agora se
dedicar exclusivamente ao seu projeto, The
Almost. A banda entrou em estúdio no dia 24
de Maio para gravar o follow up de “Lost In
The Sound Of Separation”, juntamente com os
produtores Matt Goldman e Jeremy SH Griffi th.
soilworkPânico sueco
Os suecos do Soilwork irão por nas ruas seu
mais novo trabalho, “The Panic Broadcast”, em
2 de Julho na Europa e 13 de Julho na América
do Norte via Nuclear Blast Records. O CD foi
mixado no Fascination Street, na Suécia, por
Jens Bogren (Opeth, Katatonia, Paradise Lost).
Esse será o primeiro disco com o guitarrista
Peter Wichers desde seu retorno à banda em
2008. Também será a estréia de outro guitar-
rista, Sylvain Coudret. O artwork foi uma cria-
ção de Bartosz Nalezinski. Segundo o vocalista
Björn “Speed” Strid, a arte representa a ilusão
da mente e o estado de pânico.
despised iconCapítulo fi nal
Os canadenses do Despised Icon divulgaram
através de sua página ofi cial no Myspace que
estão encerrando suas atividades. De acordo
com o update: “O tempo chegou para nós
seguirmos em frente. Alguns de nós chegaram
recentemente a um novo capítulo em suas
vidas, começando famílias, comprando casas
e buscando outras carreiras para fazer tudo
acontecer. Escrever música, fazer turnês e
sair de casa por meses está lentamente se
tornando impossível por causa disso. Nós
todos decidimos que seria melhor puxar a
tomada agora e terminar as coisas da maneira
correta”. Entretanto, a banda irá cumprir todas
as datas agendadas até o fi nal do ano.
NORMA JEANNavalha afi ada
Após lançarem 4 álbuns pela Solid State
Records, o Norma Jean se prepara para
debutar pelo selo Razor & Tie. O novo álbum
do grupo, intitulado “Meridional”, chegará às
lojas em 13 de Julho e contará com 11 faixas.
O registro teve produção de Jeremy Griffi th e
conta com o artwork de Jason Oda. O Norma
Jean está confi rmado para a edição 2010 do
Rockstar Mayhem Festival, onde tocará no
Mayhem Festival Stage.
dark tranquilityDa Suécia para a América Latina
Os suecos do Dark Tranquillity irão fazer uma
turnê latino-americana e tem duas datas
confi rmadas no Brasil: dia 12 de Junho em
São Paulo (Carioca Club) e dia 13 em Curitiba
(Hangar Bar). Os shows em território brasileiro
encerram a turnê, que passa também por
México, Colômbia, Peru, Chile, Argentina e
Uruguai. Essa será a primeira apresentação
da banda no Brasil. O último álbum do Dark
Tranquillity, “We Are The Void”, foi lançado em
24 de Fevereiro pela Century Media. Ingressos
podem ser comprados pelo site:
www.ticketbrasil.com.br.
Tesouros do
Headbanging é vidawww.youtube.com/watch?v=RIbxhE1TEtk
Mario Bros. em 2 guitarraswww.youtube.com/watch?v=aZpD0btOZx8
Ozzy de cerawww.youtube.com/watch?v=sY9PeJOZpeA
Tony Danza no Tony Danzawww.youtube.com/watch?v=OlQTn7gI8cw
notíciasnottícccciiiaassTYPE O NEGATIVENota de falecimento
Petrus T. Ratajczyk, mais conhecido como Peter
Steele, frontman do Type O Negative, faleceu
em 14 de Abril aos 48 anos. Peter morreu
devido a problemas cardíacos. Segundo a
banda ele, ironicamente, vinha desfrutando de
um longo período de sobriedade e melhoras
em sua saúde. Seu falecimento se deu logo
após o início da composição do novo álbum
da banda, que seria o follow up de “Dead
Again”, lançado em 2007.
HASTE THE DAYO Rei Lobo
É pela Solid State Records que sairá o novo
disco do Haste The Day, “Attack Of The Wolf
King”. O registro chega às lojas em 29 de
Junho e contou com produção de Andreas
Magnusson (The Black Dahlia Murder, Oh
Sleeper). A banda está reformulada. Permanecem
o vocalista Stephen Keech e o baixista Michael
Murphy e participam pela primeira vez de um
full length pela banda os guitarristas Dave
Krysl (ex-New Day Awakening) e Scotty Whelan
(ex-Phinehas) e o baterista Giuseppe Capolupo
(ex-Once Nothing)
HEAVEN SHALL BURNTerceiro episódio
“Invictus”, o novo álbum da banda alemã
Heaven Shall Burn, já foi lançado na Europa e
chega a América do Norte em 8 de Junho, via
Century Media Records. O registro foi gravado
no Antfarm Studio (do produtor Tue Madsen),
em Aarhus, Dinamarca, com os dois guitarris-
tas da banda, Maik Weichert e Alexander Dietz,
responsáveis pela produção do CD. “Invictus”
é a terceira parte da saga “Iconoclast” (a
primeira parte é o álbum “Iconoclast”, de
2008, e a segunda é o DVD “Bildersturm”, de
2009). A faixa “Given In Death” conta com a
participação da vocalista Sabine Weniger e do
guitarrista Sebastian Reichl, ambos da banda
Deadlock.
Funeral for a friendA saída de um amigo
O guitarrista Darran Smith deixou o Funeral For
A Friend após 9 anos junto com a banda. Com
a saída de Darran, o baixista Gavin Burrough
assume a guitarra e a banda chamou Richard
Boucher (Hondo Maclean, Ghostlines) para
ser seu novo baixista. A banda se encontra
atualmente em processo de composição de
um novo álbum.
Abre aspas...
“Eu não preciso de drogas para ter uma vida trágica”
Eddie Vedder (Pearl Jam)
hornsup #13 11
Old SchoolClaro que este deveria ser um Old School
especial. Não só pelo seu devido lugar na
história do Heavy Metal, mas também pela
homenagem ao maior representante que o
Metal já teve: o eterno Ronnie James Dio.
Não foi à toa que Dio passou por grandes
bandas no cenário, como o Rainbow e o Black
Sabbath. Seu carisma, sua interpretação e seu
amor pelo Heavy Metal, o lançaram como uma
estrela única, sem comparações e admirado
por todos – como profi ssional e como pes-
soa. Imagine sair do Black Sabbath, talvez a
mais importante banda da história, por livre e
espontânea vontade e se lançar em uma car-
reira solo? Havia funcionado para o Ozzy, mas
funcionaria novamente para um “substituto”?
E a ousadia não parou aí. Nada de chamar
produtores famosos para alavancar essa nova
carreira. O próprio Dio resolveu produzir o
álbum, escrever todas as letras e participar
de todas as composições e arranjos. E nada
de músicos famosos, um bando de moleques
desconhecidos fariam o serviço: Vinny Appice
na bateria, Vivian Campbell na guitarra e
Jimmy Bain no baixo e teclados, estes com-
partilhados com o próprio Ronnie. Logo na
capa - uma das mais famosas e polêmicas do
mundo, com um padre acorrentado em deses-
pero afogando-se sob o olhar de um demônio
fazendo o popular “chifrinho” com as mãos,
imortalizado por Dio - percebia-se que “Holy
Diver” era um clássico imediato. “Stand Up
and Shout” é uma música rápida e poderosa,
já de cara mostrando que o gigante de aproxi-
madamente 1,50 m não veio pra brincadeira.
Segue com o clássico “Holy Diver”, que mostra
o ótimo aprendizado que Dio fez em seus
anos de Black Sabbath (e especialmente pelo
disco “Heaven and Hell”). Vinny Appice – aqui
um garoto de praticamente 19 anos, mostra
uma interessante técnica de bateria com um
“atraso” que seria motivo de estudo nos
diversos anos seguintes. Seguem “Gypsy”,
“Caught in a Middle”, a fantástica “Don’t Talk
to Strangers” e “Straight through the Heart”,
que até aqui já cunharam o que seriam as
marcas registradas de Dio, fi rmando-o como
um dos maiores ícones do Heavy Metal.
“Invisible” talvez seja a única música mais
regular de todo o álbum, mas antes que você
possa pensar que a coisa vai esfriar - Look
Out – vem a também clássica “Raibow in
the Dark”, com uma melodia incrível, e um
solo de Campbell de tirar o fôlego. Pra fechar
com chave de ouro, “Shame on the Night” já
deixava o clima de ansiedade no aguardo do
dio“Holy Diver”
(1983)
próximo álbum – isto em 1983. Era inexplicável
como saia uma voz com aquele poder de um
corpo tão pequeno, com um carisma único
e uma atenção aos fãs como pouco se viu.
“Holy Diver” não é apenas um álbum de Heavy
Metal, mas uma aula de música, de vontade
e de paixão pelo que se faz, aplicada pelo
nosso eterno professor Ronnie James Dio, em
uma das melhores classes que o “Old School”
poderia aplicar. Não apenas “Holy Diver”, mas
toda sua música e sua lembrança viverão para
sempre. Muitas pessoas começaram a amar o
Heavy Metal por esse álbum, e muitas outras
ainda o farão. Obrigado por tudo, Ronnie.
Sentiremos sua falta. Luigi “Lula” Paolo
0 -
hornsup #1312
notíciasnottícccciiiaassJOB FOR A COWBOYFesta do peão
Pela primeira vez na América do Sul, o Job For
A Cowboy fará duas apresentações no Brasil:
em 17 de Julho, em São Paulo e em 18 de
Julho, em Curitiba. Em seguida, a banda per-
correrá as principais cidades de outros cinco
países do continente: Buenos Aires (Argen-
tina), Santiago (Chile), Quito (Equador), Bogotá
(Colômbia) e Caracas (Venezuela). Os caras
trarão em seu repertório toda a brutalidade de
seu novo álbum, “Ruination”, lançado no ano
passado pela Metal Blade Records. O show
de São Paulo será realizado no Carioca Club,
enquanto o de Curitiba será no John Bull Music
Hall. Para informações adicionais visite
www.liberationmc.com.
BIOHAZARDEm Julho no Brasil
O Biohazard se apresentará em São Paulo
no dia 10 de Julho juntamente com a banda
paulistana Questions. O show será no Carioca
Club. A banda também passará por Colômbia,
Chile e Argentina. No dia 11, o Biohazard deve
se apresentar no Araraquara Rock Festival, em
Araraquara, interior de São Paulo. A última
passagem do quarteto pelo Brasil aconteceu
em Maio de 2008, na primeira edição do festi-
val Maquinaria. Ingressos para o show de São
Paulo podem ser adquiridos pelo site:
www.ticketbrasil.com.br.
SHADOWS FALLDebut sul-americano
A banda americana Shadows Fall anunciou
uma turnê latino-americana que passará por
México, Chile, Argentina e terminará no Brasil
no dia 1 de Julho, no Hangar 110, em São
Paulo. Essa turnê será referente ao álbum
“Retribution”, lançado em 2009. Segue o
pronunciamento ofi cial no Myspace do grupo:
“Estamos muito felizes em anunciar que nós
estaremos fazendo a nossa primeira turnê
na América do Sul em Junho. Mantenham os
olhos abertos, pois mais uma data ainda vai
ser anunciada”.
IN THIS MOMENTEstrelas e armas
“A Star Crossed Wasteland”, o novo álbum do
In This Moment, será lançado dia 13 de Julho
pela Century Media. O disco foi gravado no
The Wolves Den Studio em Las Vegas (EUA)
e tem produção de Kevin Churko (Ozzy Os-
bourne, Five Finger Death Punch). O primeiro
single do novo CD será a música “The Gun
Show”, que irá receber um vídeo em suporte,
dirigido por David Brodsky, que já trabalhou
com a banda no clipe “Forever”.
LACUNA COILEm Julho no Brasil
Acontece no dia 16 de Junho a primeira
apresentação do Lacuna Coil pelo Bra-
sil. Liderados pela bela vocalista Cristina
Scabbia, os italianos farão uma turnê pela
América Latina, que terá início em 8 de
Junho, no México, e percorrerá Venezu-
ela, Colômbia, Equador, Chile e Argentina,
antes de fecharem a turnê em São Paulo.
A única apresentação no Brasil será no
Espaço Lux, em São Bernardo do Campo.
O Semblant foi confi rmado como banda de
apoio para a passagem do Lacuna Coil em
solo brasileiro. A banda vem divulgar seu
mais recente disco, “Shallow Life”, lançado
em Abril de 2009 pela Century Media/EMI.
Maiores informações podem ser conferidas
em www.liberationmc.com.
SOUNDGARDENNudedragons
Desde o polêmico post de Chris Cornell no
Twitter, no dia 1º de Janeiro de 2010, muitas
especulações têm surgido sobre o retorno
do Soundgarden. A espera pela volta da
banda teve fi m em 16 de Abril, quando
o grupo fez o seu primeiro show desde
1997, sob o nome de Nudedragons (um
anagrama para Soundgarden), no Showbox
At The Market, em Seattle, terra natal da
banda. Chis Cornell (vocalista), Kim Thayil
(guitarrista), Ben Shepherd (baixista) e Matt
Cameron (baterista) estavam ensaiando para
o primeiro show confi rmado de reunião do
grupo, dia 8 de Agosto, no festival Lolla-
palooza, que será realizado em Chicago.
Esse show do dia 16 de Abril foi anunciado
somente um dia antes pela banda e todos
os ingressos foram vendidos em apenas 15
minutos.
TERROR / H2ONada a provar
Após anunciarem a turnê do Terror com o
Sick Of It All, a Liberation Music Company
teve que adiar a vinda do S.O.I.A. devido a
grandes compromissos da banda relacio-
nados ao lançamento de seu novo disco,
“Based On A True Story”. Em substituição,
o H2O vem ao Brasil e cumprirá todas as
datas programadas anteriormente ao lado
do Terror. A turnê sul-americana começará
pelo Brasil, em Curitiba, dia 31 de Julho e
São Paulo, dia 1º de Agosto. Na seqüência,
passarão por Argentina, Chile, Venezuela e
Colômbia. Essa será a quinta passagem do
Terror pelo território brasileiro. Já o H2O
vem celebrar o seu 15º ano de existên-
cia nos presenteando com as músicas de
“Nothing To Prove”, seu mais recente disco.
Acesse www.liberationmc.com para maiores
detalhes.
agendaageennnddaa
www.lineupbrasil.com.br
Brasil:
Junho:02 - A Wilhelm Scream - Drakkar Music Hall, Porto Alegre/RS04 - A Wilhelm Scream - John Bull Music Hall, Curitiba/PR05 - A Wilhelm Scream - Clash Club, São Paulo/SP06 - A Wilhelm Scream - Rock’n’Drinks, Rio de Janeiro/RJ12 - Cro-Mags/Death Before Dishonor - Inferno Club, São Paulo/SP12 - Dark Tranquility - Carioca Club, São Paulo/SP13 - Dark Tranquility - Hangar Bar, Curitiba/PR19 - Lacuna Coil - Espaço Lux, São Bernardo do Campo/SP27 - Theater of Tragedy - Carioca Club, São Paulo/SP
Julho:01 - Shadows Fall - Hangar 110, São Paulo/SP10 - Biohazard - Carioca Club, São Paulo/SP17 - Job For a Cowboy - Carioca Club, São Paulo/SP18 - Job For a Cowboy - John Bull Music Hall, Curitiba/PR24 - Escape the Fate - Carioca Club, São Paulo/SP25 - Escape the Fate - John Bull Music Hall, Curitiba/PR31 - Terror/H2O - John Bull Music Hall, Curitiba/PR
Agosto:o1 - Terror/H2O - Inferno Club, São Paulo/SP21 - August Burns Red/ Blessthefall - São Paulo/SP22 - August Burns Red/ Blessthefall - Curitiba/PR
Portugal:
Junho:01 - God is an Austronaut - CAE São Mamede, Guimarães02 - God is an Austronaut - Santiago Alquimista, Lisboa10, 11 e 12 - Festival Metal GDL c/ Unleashed, Born From Pain, Gama Bomb... - Parque de feiras e exposições, Grândola16 - Cynic - Musicbox, Lisboa16 - 7 Seconds - Santiago Alquimista, Lisboa22 - Behemoth, Exodus, Decapitated... - Cine-Teatro, Corroios24 - Between The Buried and Me - Porto Rio, Porto
Julho:06 - Rise Against - Coliseu dos Recreios, Lisboa08, 09 e 10 - Festival Optimus Alive!10 c/ Faith No More, Deftones, Pearl Jam, Alice in Chains... - Passeio Marítimo, Algés14 - Deep Purple - Coliseu dos Recreios, Lisboa16, 17 e 18 - Festival Caos Emergente c/ Mayhem, Necrophagist, The Ocean, Dew-Scented, Sirenia... - Vila Maior, São Pedro do Sul22 - Valient Thorr - Musicboix, Lisboa23 - Valient Thorr - Plano B, Porto28, 29, 30 e 31 - Festival Paredes de Coura c/ Gallows, Enter Shikari... - Praia do Tabuão
13hornsup #2
hornsup #1314
Sangue Novo
por Igor Lemos
Slaughter At TheEngagement PartyPrepare-se para perder seus braços em uma
Hardcore Dance. Eis que chega ao mercado
a banda Slaughter At The Engagement Party.
Misturando traços do Metalcore com o
Deathcore, estes húngaros trazem, de fato,
um material direto, brutal e com uma pega-
da bem rápida, sem tantas lapidações (o
que é mais interessante). Com pouco mais
de um ano de existência já conseguiram ar-
rumar uma turnê com nomes como Carnifex
e Veil Of Maya. Daí as coisas começaram a
andar cada vez mais, tendo lançado um EP
com cinco faixas, intitulado simplesmente
por “I Killed Everyone, Will You Marry Me?”.
Após aprender algumas palavras em hún-
garo devido as minhas partidas de Worms
Armageddon na internet, eis que trago uma
banda européia que, acredite, fi cará no seu
player por um bom tempo. Ideal para os fãs
de breaks violentos e ausência de melodias.
Szia!
www.myspace.com/fenevad
Resist The ThoughtMuitas bandas que trago para o Sangue Novo,
apesar de fazerem um som pesado, trazem
muitas características de desapego à seriedade,
priorizando a diversão. Aqui estamos diante de
uma sonoridade contrária à fi rulas e brincadei-
ras. Os australianos do Resist The Thought, com
infl uências tanto do Metal europeu (Suécia,
principalmente) e americano, mostram ao mun-
do como fazer paredes de guitarras e uma dose
altíssima de brutalidade. Em vários momentos
você irá se lembrar de vocais próximos do In
Flames ou dos alemães do Caliban ou Heaven
Shall Burn. Contudo, o que realmente importa
é que estamos diante de um conjunto que tem
uma imagem a destacar. Em uma terra em que
vivemos saturados de novos nomes de bandas
todos os dias, é naqueles que se dedicam a
fazer o seu melhor que os frutos, possivelmente,
serão colhidos no futuro. Se você quer apostar
em uma novidade do Metalcore, pegue esses
caras e ponha suas fi chas.
www.myspace.com/resistthethought
Her name in bloodApós mostrar esta banda para vários
amigos, todos amantes do Metalcore, che-
gamos a uma mesma resposta: não é todo
dia que se ouve algo tão bom vindo do
Japão. Tudo bem que o grupo Her Name In
Blood não é o que existe de mais origi-
nal, mas vale a audição por dois motivos:
curiosidade e diversão. A forma descompro-
missada que possuem em tocar Metal faz
toda a diferença. O video clipe da música
“Decadence”, onde mais parece uma festa
do que um show de som pesado. Break-
downs bem encaixados, vocais potentes
e interessantes links de guitarras farão a
alegria daqueles que já estão cansados de
ouvir a velha e conhecida cena americana
e européia. Aproveite então essa chance e
adquira o debut destes caras. Não é só de
Animes que o Japão vive, meu caro.
www.myspace.com/hnib
Amarna ReignApós trazer bandas do Japão, Hungria e Aus-
trália, voltemos ao habitual solo americano.
Como líderes mundiais nas sonoridades
que mais ouço, minha exigência fi ca cada
vez maior em trazer um nome dos Estados
Unidos para esta coluna. E Amarna Reign
fez por merecer. Variando nas melodias
vocais com a usual gritaria do Metalcore, a
junção de elementos técnicos com passagens
memoráveis faz da banda uma excelente
pedida. Apesar de não possuírem um grande
nome na cena underground, já me deixaram
satisfeito com este trabalho: um EP de sete
músicas que é superior a diversos trabalhos
de bandas gabaritadas que vêm lançando
verdadeiros fi ascos em 2010. Se você se
Haunted ShoresApós levar um chute (dizem as más línguas)
da banda Periphery, o vocalista Chris Barretto,
que fi cou neste incrível grupo de 2008 até
o início de 2010, acaba por lançar um novo
trabalho. Tendo como produtor e guitarrista
(apenas em estúdio) o criador do Periphery,
o virtuoso “Bulb” e o também guitarrista
Mark Holcomb, Haunted Shores se mostra
mais como um ensaio de um grande grupo
do que um nome consolidado. Não tenho
dúvidas de que chegarão alto no mercado,
vide à criatividade nas composições e a
grande capacidade de Barretto nos vocais.
Basta você conferir as faixas existentes no
Myspace desta dupla (ou trio?). Logica-
mente ainda estão formando as bases para
poder alçar o vôo, mas já deixo com vocês
Silencio do CaosFinalizando mais uma edição da coluna
Sangue Novo, entrego para vocês um nome
nacional. Sabemos que vivemos em um país
que sofre, constantemente, com problemas
na produção das músicas, com qualidade
bastante inferior ao que é feito por muitos
gringos. Porém, se você é um verdadeiro
amante do peso, saberá deixar este peque-
no entrave de lado e se deixará levar pelo
interessante som deste grupo de Teresópo-
lis, Rio de Janeiro. Formada em Setembro
de 2008, já conseguiram me impressionar
com a ferocidade nos vocais e os potentes
riffs de guitarra. Porém, impossível não citar
o animalesco trabalho de bateria, dando ao
grupo um outro nível. Apesar de se considera-
impressiona com nomes como Soilwork, Zao
e Haste The Day, então vá ao Myspace destes
caras e prove por você mesmo a quantas
anda a “nova” safra do Metalcore americano.
www.myspace.com/amarnareign
esse nome. Ponha em seu bloco de notas e
não pare de conferir constantemente, pois,
em breve, algo de grande virá por aí.
www.myspace.com/hauntedshores
rem uma banda de Metalcore, acredito que vão
além deste gênero, brincando com facilidade
nas vertentes do Metal, como o Thrash, por
exemplo. Se é de sangue nacional que vocês
precisam, o nome é Silêncio do Caos.
www.myspace.com/silenciodocaos
hornsup #13 15
Lançamentosjunho/julho
Korn
“Korn III: Remember Who You Are”
Soilwork
“The Panic Broadcast”
Parkway Drive“Deep Blue”
Ozzy Osbourne – “Scream”
Heaven Shall Burn – “Invictus”
Whitechapel – “A New Era Of Corruption”
Norma Jean – “Meridional”
Avenged Sevenfold – “Nightmare”
Godsmack – “The Oracle”
The Haunted – “Roadkill”
Exodus – “Exhibit B: The Human Condition”
Nevermore – “The Obsidian Conspiracy”
In This Moment – “A Star Crossed Wasteland”
Sonic Syndicate – “We Rule The Night”
^
Artwork
Como entrou para o ramo do design gráfi co?Comecei manipulando programas a três
anos atrás. Fazia umas artes no Fireworks
na época. Fiz um logo pra um amigo, sem
pretensão, que fez uma camiseta. Nisso tudo,
me caiu a fi cha do que poderia fazer. Na
época, estava em uma fase difícil da minha
vida. Me apliquei muito a aprimorar e aprender,
o que me deu força. Por acaso, meus primei-
ros trabalhos forma para um amigo o dono
de uma marca de camisetas.
O que costuma usar para desenvolver seu trabalho? No PC, uso praticamente só Illustrator e
Photoshop. Pesquiso e uso muita referência
de fotos onde insiro um sketch digital. Sou
amante de tipografi a também. Modifi co muita
fonte, customizo e estou de dedicando a criar
algumas.
Jeferson Fernandes é o nome do ilus-trador gaúcho que se esconde atrás da denominação Mutations ArtWork. Inter-rogado pela HORNSUP, ele revela alguns pormenores do seu ofício.
http://mutationsartwork.deviantart.com
hornsup #1316
Tem trabalhos feitos em diferentes áreas. Como conseguiu? Correu atrás ou os clientes acabaram por encontrá-lo?No início foi difícil (ainda estou no inicio..
haha). Sempre gostei de estilos variados
em música underground, não foi complicado
criar para vários estilos, mas tudo começou
a bombar a partir de um concurso para o
rapper Esoteric que ganhei lá fora. Me deu
certa visualização lá. Aqui no Brasil foi meio
de boca a boca e depois que me fi liei a 360
Graus Records teve um maior avanço. Muitos
dos trampos eu fui atrás também. Twitter e
Facebook me ajudam muito.
A Mutations é o seu princinpal “ganha pão” ou entra como um extra?Não apenas meu ganha pão, é minha vida.
Me dedico plenamente. Dinheiro e notorie-
dade são consequências do trabalho bem
executado.
Para uma pessoa que gostaria de começar agora no ramo de ilustração digital, quais dicas pode dar?Pra quem começa, recomendo pesquisar
referências de artistas, encontrar o estilo que
você mais se sente à vontade. Não tenho
nenhuma graduação, foi tudo no amor. Ver e
ler muitos tutoriais, praticar muito, pesquisar.
Dedicação completa, amor a arte. Matheus
Moura
Onde e com quem estão gravando?Estamos gravando no estúdio Pucci,
com Henrique (baterista do Paura).
O EP “Hereditas” foi gravado lá e fi cou muito
bom, então, nada melhor do que tentar apri-
morar um trabalho positivo, outras bandas
do underground pesado paulistano gravaram
com ele e o resultado foi acima da média.
Já tem tudo acertado, tipo nome do álbum, número de faixas, participações epeciais, covers...Temos algumas situações acertadas, o álbum
terá o nome de “Ódio Instintivo Contra Toda
Realidade”. Provavelmente serão 14 faixas
inéditas e uma regravação de uma de nossas
músicas. Participações especiais? Sincera-
mente, existe a possibilidade, mas é provável
que não aconteça no momento, assim como
covers, que é algo que não chegamos a um
consenso entre nós do que seria mais legal.
Fale um pouco sobre o álbum? O que podemos esperar?A parte lírica do álbum segue a ideia do EP,
uma crítica aos meios religiosos que funda-
mentaram conceitos éticos e morais de nossa
sociedade por várias gerações; situações
que foram determinantes para estabelecer a
divisão e fortalecimento das classes sociais,
que geram tanta crueldade e injustiça - por
isso o nome do álbum. Sobre a parte musi-
cal, posso dizer que será um álbum pesado
e extremo, com infl uências diversas do Punk,
Crossover e Death Metal. Considero este, de
fato, o nosso primeiro full lenght. Ele mostra
a verdadeira identidade do Desalmado,
coisa que no “Hereditas” ainda não estava
“Ódio Instintivo Contra Toda Realidade” foi o nome dado ao novo registro do Desalmado, que está sendo gravado no estúdio Pucci em São Paulo. O guitarrisra Estevam Romena deu a HORNSUP alguns detalhes sobre o que vem por aí.
www.myspace.com/desalmado
completa. Acho que fi zemos um grande
trabalho. Para quem gosta de música pesada
e extrema, é seguro dizer que tem algo bem
legal chegando.
Grindcore não é pra todos, portanto tem um público bem restrito. Quando planejam um lançamento qual o tamanho do feeedback que esperam?Esperamos críticas positivas, as negativas que
sejam construtivas. Quanto maior o número
de pessoas ouvindo a nossa música, maior
a possibilidade de criarmos em alguns, um
mecanismo de refl exão sobre o que ocorre a
nossa volta. Temos a noção que o público do
Grindcore é restrito. Esperamos com o novo
álbum, tornar a nossa música mais abrangente
a outros públicos do underground. O retorno
mais bacana que podemos ter é ver nosso tra-
balho sendo divulgado boca a boca de forma
positiva, é isso que sempre fi zemos.
Vão ter algum tipo de suporte pra esse lançamento?Não, sem suporte, sem ampla divulgação,
sem empresários, sem grana de terceiros ou
apoio. Nos habituamos a ser independentes,
essa é a condição que existe para nós e a
única que trabalhamos, isso permite a liber-
dade e autonomia sobre nosso trabalho, que
ele seja reconhecido pela sua competência e
fi delidade ao estilo. Se um dia houver alguma
parceria, que seja dentro do mesmo ideal,
nenhum ideal mudou o sistema, mas no
Desalmado quem faz o sistema somos nós.
Matheus Moura
Desalmado
http://attack.hornsup.net
“Scenes from a memory”Dream Theater
Esse disco representa
uma nova etapa no de-
senvolvimento do Rock
Progressivo. Além de
destacar a habilidade
musical, ele foi um tra-
balho muito bem aceito
pelo público de fora do
estilo, mostrando que mesmo num período
onde padronizações musicais eram impostas,
as regras podem e devem ser quebradas.
Sem dúvida, Mike Portnoy inspirou toda a
nova geração
“Black Album”Metallica
Esse disco expos, no
início dos anos 90, uma
mega produção, músicas
pesadas que colocaram
o Metallica no posto de
maior banda do mundo
na época. Me lembro
que eu tinha 10 anos
MEU TOP 5Rafael Pensado
Mindflow
quando o ouvi pela primeira vez e o sino de
“Wherever I May Roam” me tirava o sono. Lars
Ulrich na época foi um dos maiores bateristas
do cenário.
“Moving Pictures”Rush
Na minha opinião, a
maior banda do gênero
que já existiu. Infl u-
enciou a maioria das
bandas que infl uenciam
as bandas de hoje.
Sem dúvida, é um
disco atemporal. “Tom
Sawyer” poderia ser escrita hoje e seria uma
música atual. Neil Peart dispensa qualquer tipo
de comentário.
“Sultans of Swing”dire straits
O Dire Straits é uma ban-
da que inspira músicos
até hoje. Composições
e melodias simples, as
sensações criadas nesse
disco infl uenciam muitos
compositores de diversos
gêneros musicais. Uma
das minhas bandas favoritas.
“Blizzard of Oz”Ozzy Osbourne
Depois de sair do Black
Sabbath, poucas pes-
soas acreditariam no
que estava por vir. Ozzy
e Randy Rhoads fi zeram
juntos uma das maiores
parcerias de sucesso
da história do Rock,
sempre acompanhando de ótimos bateristas
como Tommy Aldridge, Deen Castronovo,
Randy Castillo...
18
entrevista
hornsup #13
Com todas as cores da realidade
A Física impõe limites divertidos ao Homem, mas às vezes é a Biologia que ri por último. Por isso, muita cautela com as ironias. Se a pergunta maldosa for “que banda dos anos 1980 ainda tem pique para subir ao palco com alguma nobreza?”, a resposta - de boca cheia - pode ser “Sick Of It All!”. A banda mais simpática da cena novaiorquina está com CD novo na praça. “Simpática” não é exatamente a quali-dade que alguém da turma NYHC mais deseje, mas não há como negar: os caras são muito gente fi na. Numa entrevista exclusiva à HORNSUP, o baterista Armand Majidi fala sobre “Based On A True Story”, admite que o Sick Of It All quase acabou pouco tempo atrás, relembra a infância no Irã e revela qual seu cover favorito no álbum tributo ao SOIA.
Foto
: Cin
dy F
rey
19hornsup #13
Da última vez em que conversamos, em 2006, você estava morando em Oklahoma, se não me engano, e o
Pete (Koller, guitarrista), em algum lugar da Flórida. Eu sei que o Roger Miret (Agnostic Front) hoje vive em Phoenix e outros caras da cena Hardcore de Nova York se mudaram da cidade. Você acha que essa cena consegue sobreviver com seus ícones morando fora?Na verdade, eu estava em Wisconsin. Só
fi quei por um ano e meio - ainda que a
cerveja fosse excelente por lá. Estou de volta
a Nova York. O negócio é que Nova York
é absurdamente cara comparada a outras
partes do país. Nós todos ganhamos a vida
excursionando pelo mundo, principalmente
pela Europa. Então, às vezes você olha para
as suas contas e pensa se não seria melhor
experimentar viver em outro lugar (dos EUA)
e manter o custo de vida mais baixo. Todo
nós sentimos que Nova York é a nossa casa
e é essa sensação que mantém a música no
mesmo clima (de NYHC).
Como tem sido a vida por aí com Obama no comando?Você acha que há algo de fato novo, fora a
fi gura mais agradável dele? Democratas e
Republicanos são ambos controlados pelos
mesmos interesses corporativos. O lobby que
rola em Washington é o que controla tudo -
o que, no fi m das contas, é corrupção com
outro nome. Quanto mais você se informa,
mais você se dá conta de como só Estados
Unidos são corruptos. E de como os políticos
são capazes de colocar à venda a saúde e o
bem-estar do povo.
Eu sei que você cresceu em Teerã. Como foi sua infância por lá? O que você acha do presidente Mahmoud Ahmadinejad?Crescer em Teerã foi legal, embora eu vivesse
meio protegido por lá. Eu era um moleque
meio-americano, meio-iraniano que falava in-
glês, então, eu não me misturava muito com
os iranianos mesmo como você imagina. A
revolução (de 1979, que transformou o Irã de
uma monarquia autocrática, comandada por
xás, numa república islâmica, sob o domínio
de aiatolás) teve um impacto enorme na
maneira como eu enxergo política e religião.
Não há muitas pessoas que tenham passado
por algo parecido com isso. Eu fi co impres-
sionado que os americanos não percebam
o quanto levantes e protestos podem fazer
diferença em suas vidas. Eles se sentem im-
potentes. Tendo visto um levante popular que
mudou um país completamente, eu sei que
tudo é possível. O atual clima político no Irã
é terrível, mas a razão é a natureza religiosa
do governo. Eu não acho que Ahmadinejad
seja muito diferente de outros linha-dura que
vieram antes dele. Talvez um pouco mais
falastrão contra os sionistas (judeus nacio-
nalistas) - outro exemplo brilhante de como
política e religião se misturam.
Bom, vamos ao novo CD. Vocês tiveram sucesso na missão de impedir o vazamento dos sons antes do lançamento ofi cial. Foi ideia de vocês ou da gravadora?O plano principal foi da gravadora, mas a
gente também tomou bastante cuidado. Eu
acho que a grande diferença foi a gravadora
conseguir distinguir quem são as pessoas
confi áveis na imprensa hoje em dia.
Ainda faz sentido lançar um álbum? Quer dizer, vocês mantém aquele conceito dos tempos do vinil que a era do CD absorveu: um monte de músicas lançadas a cada ano ou a cada dois anos, talvez um pouco mais. Por que não lançar uma música online logo depois de acabar de compô-la? Ou talvez três, cinco sons... Entenda, eu não estou criticando, só estou colocando a discussão na mesa e imaginando se vocês pensam em como trabalhar sua música na era digital. Acredite ou não, você é a primeira pessoa a
perguntar algo assim ou sugerir que a gente
faça algo que não sejam álbuns. Quando você
assina contrato com uma gravadora por um
número X de discos, você fi ca comprometido a
este número, e qualquer coisa fora do formato
de um álbum tem de ser aprovado por eles.
Eu suponho que eles só dispensem algo que
eles achem ruim. Então, pode parecer que
a gente coloca na net uma merda qualquer
só porque é novo. Se a gente não tivesse
contrato, seria uma história diferente. Teríamos
liberdade total para lançar o que a gente
quisesse, quando a gente quisesse.
“Based On A True Story” tem um pouco de cada disco do Sick Of It All. É o seu álbum defi nitivo?De certo modo, é sim, e eu estou contente que
você reconheça isso. Algumas músicas são puro
Hardcore old school, embora soem polidas com
a produção do Tue Madsen. O que se destaca
em relação aos nossos CDs anteriores, no en-
tanto, é o fato de os vocais fazerem mais parte
da música do que nunca. Vários sons têm um
toque de melodia quase o tempo todo, o que
só aparecia aqui e ali no passado.
Vocês dizem que “Death Or Jail” é, de alguma forma, dedicada a velhos amigos que escolheram caminhos diferentes do de vocês. Você tem ideia de quantos amigos perdeu pelo caminho? Qual foi a perda mais chocante ou mais dolorosa?Nós só perdemos uns dois amigos para o
mundo do crime. Outros, perdemos assas-
sinados, para as drogas ou suicídio, mas isso
é diferente. O mais chocante foi um amigo
tão ligado à nossa turma, que a casa dele
era o ponto de encontro para a galera toda.
Era um cara bacana, que parecia no caminho
certo, mas acabou envolvido com drogas,
descambou para violência, o que o levou a
matar alguém e assim foi. A vida dele tomou
um rumo trágico, difícil de explicar...
Vocês lançaram alguns álbuns com uma pegada bem voltada para o Punk-melódico. “Based On A True Story” tem os seus momentos “Yours Truly” aqui e ali, mas, na maior parte do tempo, segue as pegadas do “Death To Tyrants”. O que levou vocês de volta para aquela vibe dos tempos do “Scratch The Surface”?
20
entrevista
hornsup #13
Eu acho que a gente soa melhor quando toca
este tipo de música. Eu sempre preferi as
coisas mais pesadas do SOIA e nossos álbuns
sempre tiveram sons assim. Agora, se forem
feitos certinhos, os sons melódicos são muito
bons também. Eu acho que nosso desejo
de quebrar a expectativa do que se espera
de uma banda de NYHC nos tornou mais
atraentes para pessoas de outras cenas. Por
isso, nosso público hoje é tão diversifi cado.
O Sick Of It All já esteve, algum dia, perto de acabar?Alguns anos atrás, tivemos um momento
assim, mas resolvemos. Todos temos nossos
momentos, mas reconhecer o quanto a banda
é importante ajuda a chegar a um ponto em
que você consegue engolir seu orgulho.
No aniversário de 20 anos do SOIA, Lou (Koller, vocalista) costumava dizer no palco algo do tipo “olha, a gente já tá nessa há 20 anos sem um hit no rádio ou na MTV”. Algu-mas bandas seminais do Hardcore/Punk são hoje paródias delas mesmas. Outras, ainda mantêm a dignidade, como vocês, o Agnostic Front, Bad Religion etc. Por que ainda faz sentido ir em frente com o Sick Of It All?Eu sei lá se faz sentido... Eu não sei se algo
faz sentido. A gente está na banda já há um
bom tempo e enquanto a gente curtir e nos-
sos fãs curtirem, deve fazer sentido. A música
tem a habilidade de lidar com o tempo
melhor que outras coisas. E as conexões
pessoais que são feitas a partir da música
garantem sua sobrevivência.
Como é tocar sons como “My Life” ou “It’s Clobbering Time” com os fi os grisalhos tentan-do dominar a cena da cabeça e da barba?Eles obrigam a gente a comprar tinta pra
cabelo! Sério, envelhecer é estranho, mas,
às vezes, você se sente de um jeito e, de re-
pente, dá aquela espiada no espelho - “Putz!
Meu visual não condiz com meu estado de
espírito...”. Tocar Hardcore é saudável, uma
maneira de manter uma sensação jovial,
independente de quantos fi os grisalhos
pipocarem.
Neste ponto da sua carreira, é possível que vocês sejam infl uenciados por bandas que começaram depois de vocês?Claro. Toda banda é um trabalho em
andamento. Qualquer banda com quem a
gente toque e chame nossa atenção afeta
nosso jeito de tocar. Nos anos 1990, fomos
infl uenciados por bandas como o Helmet, o
Snapcase e o Pennywise. Todos começaram
depois da gente. Você pode perceber que
certos trechos de sons nossos podem ser
comparados com sons de outras bandas.
Tipo, “esta parte parece com aquela parte
do Indecision”, “esta parte parece Dropkick
(Murphys)” e por aí vai.
Eu talvez coloque você numa saia justa, mas não custa tentar: qual seu cover favorito no “Our Impact Will Be Felt”?Eu gosto muito da versão do Ignite para
“Ceasefi re” porque mudou bastante em rela-
ção à original. A melodia que eles colocaram
no vocal fez a música soar mais deles do que
nossa. Achei que fi cou fantástica. PT
www.myspace.com/sickofi tallny
Sick Of It AllBased on a True StoryCentury Media
Uns dizem que é o Agnostic Front, já outros
afi rmaram que é o Madball, mas, para mim,
os verdadeiros reis do NYHC atendem pelo
nome de Sick Of It All. Como sabem, quem
é rei, nunca perde a majestade e “Based On
A True Story” é mais uma prova da grandeza
desses “rapazes” que irão comemorar seus
25 anos de carreira no ano que vem. Se
acompanharam a reascensão da banda com
“Death To Tyrants” em 2006, saibam que
esse novo registro mantém o mesmo nível de
pegada e estilo. Posso dizer que ambos são
bem próximos, visto que a sonoridade em si
é bem semelhante, além do que, contaram
novamente com as mãos habilidosas do
produtor dinamarquês Tue Madsen. Como
de costume, o descarrego é curto e grosso:
14 “disparos” em pouco mais de 30 minutos
são mais que sufi cientes. “Death or Jail”, o
primeiro single, não abre, escancara o álbum.
“Dominated” põe a casa abaixo com um
groove fantástico (além de ensinar a separar
as sílabas). A cadência de “Lowest Commom
Denominator” é tão efi caz quanto a veloci-
dade de “Good Cop”. Mais um álbum que
pode fi gurar facilmente dentre os melhores
da grande trajetória do grupo. O mais interes-
sante no disco é notar a capacidade de in-
jetar novidades sem sairem de dentro do seu
próprio habitat natural. Ou seja, conseguem
trazer a tona um Sick Of It All interessante,
vivo, dinâmico e, ao mesmo tempo, automati-
camente reconhecível e essencial. Mais do
mesmo...só que melhor! Matheus Moura
[8]
“Death or Jail”
21hornsup #13
22
entrevista
hornsup #13
Foto
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23hornsup #13
Vazio inteior
Uma das bandas mais aguardadas pelo público brasileiro está prestes a fazer a sua estréia no país no próximo mês de Junho. Esta visita foi a razão que levou a HORNSUP a bater um papo com Andrea Ferro, a voz masculina do Lacuna Coil.
Quais são as infl uências musicais da banda?Começamos a banda em 1996 e
ouvíamos bastante Dark Metal como Type
O Negative, Tiamat, Paradise Lost, etc.
Depois, com o decorrer dos anos, começa-
mos a ouvir outros estilos e abrimos nossa
mente referente a isso.
Sei que bandas odeiam ser rotuladas sop-bre o seu estilo de som, visual, etc, mas em que categoria você acha que o Lacuna Coil se encaixa melhor musicalmente falando? Seria uma banda gótica ou uma banda de Metal?Acho que o Lacuna Coil é um mix de Rock,
Metal e Dark atmosférico, se assim posso
defi nir o nosso som.
O que você tem ouvido ultimamente?Os novos álbuns do Deftones e Godsmack.
Qual é a sua banda favorita no momento?Eu não tenho nenhuma banda favorita há
muitos anos. Tenho ouvido muitos estilos e
bandas diferentes e é nisso que me dedico
e me apaixono a cada dia mais.
O que tem a dizer sobre “Shallow Life”, o seu mais recente álbum?“Shallow Life” é o nosso álbum mais “in
your face”, pois possui uma certa variedade
de estilos e isso veio como uma evolução
natural da banda. Claro que foi uma
pequena mudança para nós e também será
para alguns de nossos fãs.
O processo de composição de “Shallow Life” foi diferente em relação aos trabalhos anteriores?Sim, nós trabalhamos mais juntos nesse ál-
bum. As idéias partiam de todos, o que foi
bem válido. Às vezes criávamos as músicas
apenas pelas linhas de vocais e sem termos
o instrumental gravado, ou seja, tivemos
bastante trabalho no estúdio, mas o resul-
tado fi nal agradou a todos.
No que foi inspirado o título do álbum “Shallow Life”?Na vida como um todo, na maneira em que
vivemos hoje em dia, os tais tempos modernos.
O título pode ser visto como uma versão
positiva e negativa. Algumas vezes você
precisa ser breve e fazer algo para si
próprio, e outras vezes você precisa reagir,
levantar e lutar e não ser apenas superfi -
cial. Eu penso no fato que estamos mais
velhos e experientes e que essa refl exão foi
que nos inspirou em relação ao nome do
álbum.
As melodias do novo álbum estão muito atrativas, era nisso que a banda estava focada quando compôs o álbum?Sim, nós quisemos ter os vocais um pouco
mais proeminentes em algumas das can-
ções e ter uma estrutura fl uente em cada
acorde.
Quais as melhores e piores coisas em estar em uma banda? A melhor com certeza é o fato de podermos
viver disso, de podermos tocar e fazer as
coisas com paixão, conhecer o mundo viajando
e divulgando nossa música, é algo que
gostamos muito. A pior é o fato de fi carmos
longe de nossas famílias, amigos e de
sacrifi carmos grande tempo de nossa vida
privada.
Qual o seu hobby favorito, além da música?Futebol, videogames, ler livros e gibis,
cozinhar e visitar restaurantes para comer
com os amigos
Qual a opinião da banda sobre download ilegal e sobre redes sociais, acha que isso ajuda ou atrapalha em relação a divulgação da banda? Eu aprovo o uso de Internet para baixar
músicas, desde que seja feito com critérios
e que os fãs a utilizem apenas para terem
uma prévia de como está o trabalho
das bandas; pois, em minha opinião, a
qualidade de um MP3 é bem inferior se
comparado ao ouvirmos um CD original.
Por isso, acredito que um verdadeiro fã
vá optar por ter um material de qualidade
consigo. Já em relação a redes sociais, acho
que pode ser um meio de divulgação, mas
não acho que as pessoas devam colocar
tudo de suas vidas nesse tipo de coisa.
Tudo é válido desde que seja usado com
moderação e cautela.
Quais os 3 álbuns levaria para uma ilha deserta?Type O Negative - “October Rust”
AC/DC - “Back In Black”
Alice In Chains - “Dirt”
O que os brasileiros podem esperar dos shows do Lacuna Coil, terá alguma surpresa ou novidades nesse show? Por ser nossa primeira vez no país, o
público pode esperar uma mistura de músi-
cas novas com material antigo da banda.
Tentaremos agradar a todos os gostos, es-
taremos com toda nossa energia para esse
show e esperamos que os brasileiros, assim
como nós, se divirtam muito.
Mande um recado para os fãs brasileiros. Brasil, estamos chegando, não se esqueçam
do show e tenho certeza que teremos uma
grande noite. Nos vemos lá. Flávio Santiago
www.myspace.com/lacunacoil
entrevista
hornsup #1324
Foto
: Katja K
uhl
Depois de vinte e um anos de banda, o Dark Tranquillity não quer viver das glórias do passado, e continua a todo vapor com o novo material de “We Are The Void”, o mais recente álbum da banda. O guitarrista e um dos fundadores do Dark Tranquillity, Niklas Sundin, conversou com a HORNSUP para contar de onde vem toda essa força.
Tranquilidade só no nome
Um novo DVD no fi nal de 2009 e um novo álbum no começo deste ano. Depois de mais de vinte anos de
banda, com uma história respeitada dentro da cena Heavy Metal, qual a motivação da banda atualmente? Acredito que a motivação é a mesma de
sempre: o desejo de criar boas músicas e
fazer algo que nos tenhamos orgulho por
muito tempo. Se você tem isso em mente,
não importa se você está tocando por
dois meses ou trinta anos, mas é sempre
lisonjeiro saber que outras pessoas são
inspiradas por isso. Eu realmente penso que
existe mais energia e vontade na banda hoje
do que há dez anos.
A saída de Michael Niklasson (baixista de 1998 até 2008) – depois de todos esses anos com a banda – afetou o novo álbum? Talvez não musicalmente, mas acredito que interpessoalmente sua decisão teve algum impacto para a banda. Na verdade não. Talvez soe meio “áspero”,
mas a mudança na formação foi uma alte-
ração necessária, e apenas afetou a banda
para melhor. Claro que sempre é um pouco
triste quando rompemos com um membro
da banda que passou dez anos conosco,
mas se tornou óbvio, a relativamente um
bom tempo, que o Michael não estava tão
interessado com a parte de turnês quanto
o resto de nós, e essas coisas não estavam
funcionando mais.
O novo álbum soa mais “nervoso” e “triste” que os demais. É uma nova direção para a banda? É defi nitivamente mais obscuro e depressivo.
Eu não tenho ideia do que acontecerá com
nossa música no futuro – provavelmente le-
vará ainda um longo tempo antes de sequer
começar a pensar sobre o próximo álbum;
mas eu, pessoalmente, espero que “We Are
The Void” seja um trampolim para algo mais
extremo e diferente. No entanto, nós nunca
decidimos essas coisas de antemão.
Qual o plano para a turnê do álbum? Mais músicas novas, mais músicas antigas... Acredito que seja difícil decidir um setlist com tantos anos de banda e tanto material “clássico” para os fãs. Será uma turnê extensa; a maior parte de
2010 já está marcada, mesmo que algumas
coisas ainda não sejam 100% ofi ciais. As
decisões sobre o setlist podem ser bem
difíceis, mas nós sentimos pela situação.
Quando fazemos nossos próprios shows e
somos os “headliners”, tocamos por noventa
minutos, então podemos incluir o que
quisermos. Quando estamos como banda
de suporte, como a turnê que estamos no
momento, nos podemos tocar por trinta
minutos, o que torna a escolha mais difícil.
Qual o processo de composição da banda para esse álbum? A turnê “moderada” do ano passado foi para escrever o novo álbum? Exatamente. Nos não podemos realmente es-
crever enquanto estamos na estrada, então
nós decidimos não fazer muitos shows em
2009 para podermos nos focar no processo
de composição e gravação do novo álbum.
O processo foi o mesmo de sempre – todos
os membros surgem com diferentes “riffs” e
ideias feitas em casa, e então nós tentamos
tudo e montamos as partes boas em músi-
cas reais no estúdio de ensaio.
O novo álbum está completo para audição no Myspace. Esta é uma ideia da banda ou da gravadora? Você acredita que este é o novo comportamento para os dias de hoje, “experimentar o álbum” antes de comprá-lo? Qual seu sentimento em relação ao down-load ilegal de músicas? Foi uma ideia da gravadora. Eu quero pensar
o menos possível sobre a parte comercial
das coisas, então realmente não tenho ideia
se este modelo é algo para o futuro, ou
como as coisas vão se desenvolver. Todo o
assunto sobre o download e o declínio do
CD físico pode facilmente encher um livro
inteiro. São tempos excitantes, como tenho
certeza que essas coisas vão parecer radical-
mente diferentes em apenas quatro ou cinco
anos, e ninguém tem certeza absoluta do
que irá acontecer.
A banda parece bem ativa nas mídias soci-ais, como o Myspace e o Facebook. É uma maneira de estar próximo aos fãs ou apenas merchandising? Vocês realmente leem os comentários dos fãs (claro, não todos os comentários) e refl etem sobre algum comen-tário bom ou ruim?Eu creio que realmente lemos a maioria
dos comentários que recebemos, mas
nós nunca deixamos as reações dos fãs
interferirem no processo criativo. Toda
essa coisa do networking social é obvia-
mente boa para a promoção, mas todos
nós somos pessoas “da velha escola” que
essencialmente considera que é um pouco
esquisito que pessoas sejam tão exibi-
cionistas online.
Como está indo a cena Heavy Metal na Suécia, e como a banda sente a responsabi-lidade de ser uma “referência” em seu país? Afi nal, vocês são os pioneiros do chamado “Death Metal Melódico” sueco. Eu realmente não penso desta maneira, e
não considero que eu ou o Dark Tranquillity
façamos parte de uma cena em especial. Nós
fazemos nosso negócio, e claro que fi camos
agradecidos com qualquer interesse que
recebamos, mas simplesmente não estou
muito interessado no que o resto do mundo
está fazendo ou como está a cena Heavy
Metal sueca em relação a isso, ou a outros
países. Existe uma tonelada de pessoas que
tem uma opinião forte sobre isso, mas eu
não sou uma delas! (risos)
Sei que a banda compõe bastante, e sempre tem muito materiais disponíveis para os ál-buns, e assim, muitas músicas são “deixadas de lado”. Vocês reutilizam em outros álbuns? “We Are The Void” tem alguma música de outra fase da banda, ou são apenas canções novas? Ficou alguma música “de lado” nesse álbum? Sim, nós jogamos fora pelo menos 95% de
todas as músicas que trabalhamos. Parece
bastante, mas considere que todos os seis
membros da banda compõem músicas em
algum nível, então nós facilmente acabamos
com 500 ou 600 “riffs” para escolher quando
estamos compondo um álbum. Algumas das
coisas que descartamos podem ser bem
legais por si só, mas difícil de colocar em um
arranjo de uma música do Dark Tranquillity
naquele momento. Nós então talvez guar-
demos isto para utilizar depois, para ver se
conseguimos fazer algo real com aquilo em
uma próxima vez. Um bom exemplo disso
é “Iridium”, do álbum novo. Eu escrevi a
maioria dela já em 1998, e nós tentamos
trabalhar nela em todos os álbuns desde
então, mas sempre algo estava faltando.
Desta vez, nós arranjamos para fazer soar
completa e, portanto poderia ser incluída em
“We Are The Void”.
Algum plano para uma turnê na America do Sul? Alguma mensagem para seus fãs aqui no Brasil? Nós estamos defi nitivamente indo para a
América do Sul este ano, e torcemos para
que possamos colocar o Brasil na agenda.
Nunca cabe a nós decidir onde vamos tocar
exatamente, mas obviamente nós adoraría-
mos ir para o seu país pela primeira vez. Va-
mos esperar pelo melhor! Luigi “Lula” Paolo
25hornsup #13
www.myspace.com/dtoffi cial
26
entrevista
Morcegos canadenses
Super simpático e descontraído, Liam Cormier, vocalista da banda canadense Cancer Bats, conversou com a HORNSUP a respeito do novo álbum, “Bears, Mayors, Scraps and Bones”, também sobre a cena do seu país e como se diverte fazendo vídeo clipes.
Acho que esse álbum tem uma abordagem mais séria e direta com que o álbum anterior, “Hail Destroyer”. Estou certo?
Sim, concordo plenamente. Acho que con-
seguimos descobrir extamente o que iríamos
fazer com esse álbum e todos nós queríamos
dar um passo a frente em relação ao que já
haviamos feito antes. As guitarras estão mais
pesadas, o som da bateria está mais “cheio”
e eu quis realmente evoluir nos vocais e nas
letras. Ficamos surpresos com o resultado e
acho que é o melhor álbum que já fi zemos.
Como vê “Bears, Mayors, Scraps And Bones” em relação ao álbum aterior?“Hail Destroyer” (o álbum anterior) foi o
ponto de partida para esse novo álbum. Nós
usamos o mesmo estúdio, portanto já sabía-
mos com o que íamos lidar e o que iríamos
fazer. Fomos só testando novos pedais e
equipamentos. No caso da bateria, optamos
por um estúdio maior para conseguir um som
mais potente. A grande diferença é que dessa
vez queríamos captar o nosso peso e energia
ao vivo, pois acho que é o que faltava nos
outros álbuns. Por isso, ensaimos o máximo
possível para que pudéssemos tocar junto
com as gravações da bateria.
Quando pensaram em fazer o vídeo de “Sabo-tage” não passou pela sua cabeça chamar os Beastie Boys para participar?É engraçado você falar nisso, pois foi daí que
surgiu a ideia para o vídeo clipe. Estáva-
mos falando como seria divertido ir a Nova
Iorque, tentar encontrar com os Beastie Boys
e pertguntar se poderíamos fazer um cover
da música deles. Depois pensamos melhor
e vimos que seria muito difícil e caro fazer
as coisas assim, por isso, adaptamos a ideia
e fi zemos com atores de uma maneira mais
engraçada e acho que fi cou melhor.
“Bears, Mayors, Scraps And Bones” já tem dois vídeos. Pretendem lançar mais um?Nós adoramos fazer os vídeo clipes e pre-
tendemos fazer muitos mais para esse disco.
Possivelmente estaremos gravando em breve
um vídeo para a música “Scared To Death”.
Se dependesse de mim, faria vídeos de todas
as músicas, mas isso depende de dinheiro.
Acho super divertido fazer os vídeos. Espero
que nosso álbum seja como “Thriller” (Mi-
chael Jackson) e tenha 7 singles!
hornsup #13
27hornsup #13
Cancer BatsBears, Mayors, Scraps and BonesRoadrunner
Selvagem e totalmente “in-your-face”. Assim
é o terceiro álbum dos canadenses do Cancer
Bats, “Bears, Mayors, Scraps and Bones”.
Incansável na sua mistura de Punk, Metal e
Rock, a banda continua ganhando terreno
à base de berros e riffs e parecem cada vez
melhores nisso. A sensação de descontração
e divetimento de “Hail Destroyer”, o álbum
anterior, perde espaço para uma atitude mais
séria, com músicas complexas e que exigem
um pouco mais do ouvinte. Os gritos de Liam
Cormier e as 6 cordas de Scott Middleton con-
tinuam a ser a atração principal, porém agora
de uma forma mais explícita e agressiva. O
álbum já abre com a arrastadona “Sleep This
Away” que tem um “cheirinho” de Sludge à
lá Converge. Em “Trust No One” prevalece
a velocidade e o feeling Punk duro e reto,
que também pode ser ouvido em “Snake
Mountain”. “Dead Wrong” e “Black Metal
Bicicle” trazem o groove matador característico.
Uma mistura turbinada de Hardcore com
Southern Rock que só o Cancer Bats tem o
poder de debitar. O álbum todo é repleto
de músicas legais como a explosiva “We Are
The Undead” ou a semi-dançante “Scared to
Death”, porém, ainda deixam alguma lenha
pra queimar no fi nal. No encerramento temos
“Raised Rights”, uma parede intransponível
de Stoner Metal que é seguida do cover
super descolado e bem humorado de “Sabo-
tage” dos Beastie Boys. Acredito que seja do
melhor que já fi zeram até hoje. Trilha sonora
para uma briga de bar. Matheus Moura
[8]Boa parte dos teus vídeos tem algum tipo de piada. Todo esse divertimento refl ete a maneira que são como banda?Gostamos de nos divertir e não nos levar
muito à sério. Gostamos de misturar os
vídeos engraçados com os sérios. O vídeo de
“Hail Destroyer” era sério, por isso, brin-
camos um pouco com o vídeo de “Lucifer’s
Rocking Chair” e “Sabotage”. Nos divertimos
muito, então decidirmos fazer um vídeo sério
novamente com “Dead Wrong”.
Há muitas bandas canadenses crescendo e conquistando o mundo nese momento. É o NWOCHM (New Wave of Canadian Heavy Metal)?(risos) Gostei dessa. Sim, acho que a cena
no Canadá está incrível e estamos fi cando
conhecidos pelas nossas banda de Metal e
Stoner como Cursed, Barn Burner, Bison BC e
3 Inches of Blood. Também temos excelentes
bandas canadenses de Hardcore como Come-
Back Kid, Fucked Up, Career Suicide, Vicious
Cycle entre outras. Acho muito legal que
tantas bandas estejam fazendo turnês pelo
mundo e mostrando a cena do Canadá.
Acha que a popularidade do Cancer Bats acaba ajudando outras bandas canadenses e vice-versa?Posso dizer com certeza que fomos ajudados
por nossos amigos do Alexisonfi re, Comeback
Kid e Billy Talent. Essas três bandas já nos le-
varam em turnês, aparecem em fotos usando
nossas camisetas e falam da gente em
entrevistas. Se não fosse por essas bandas
serem tão legais, não estaríamos aqui hoje.
Nós fazemos a mesma coisa sempre que pos-
sível e chamamos bandas amigas pras turnês.
Na verdade, é recompesar pelo que fi zeram
pela gente.
Tocaram aqui em Portugal ano passado. Como foi?A última vez que tocamos em Portugal foi o
melhor show de toda turnê. O show estava
“sold out” e tinha muita gente cantando e
curtindo com a gente. Todas outras bandas
que tocaram nessa noite eram incríveis, como
o We Are The Damned. Foi uma noite muito
boa. Me senti mal por fi car tanto tempo sem
tocar aí, mas já decidimos que vamos passar
aí com esse novo álbum. Portugal é muito
radical para deixarmos passar batido.
Como banda, como se vêem daqui a 5 anos?Espero que daqui à 5 anos ainda esteja-
mos gravando discos, fazendo turnês e nos
divertindo. Acredito que enquanto as pessoas
quiserem ouvir a música que adoramos tocar,
nós estaremos trabalhando duro e fazendo
muitas turnês.
Hoje em dia há uma enxurrada de bandas descartáveis que apenas copiam ou seguem modas. Que bandas originais tem ouvido recentemente?Uma banda que me surpreendeu ultimamente
é o Shinebuilder. São basicamente uma super
banda de Stoner Metal com membros do The
Melvins, Sleep, St. Vitus e Neurosis, portanto,
não tem com ser ruim. Escutamos esse disco
provavelmente todos os dias na van. Numa
vertente totalmente diferente, adoramos
o novo álbum do Dead to Me, “African
Elephant”. Fazem um Beat Up Punk super
divertido. Boas vibrações quando você quer
relaxar após um dia de Metal barulhento.
Matheus Moura
www.myspace.com/cancerbats
28
entrevista
Os escolhidos do inferno
David Koresh foi o líder do Ramo Davidiano, uma seita protestante que teve início dentro da Igreja Adventista. Em 1993, agentes federais incendiaram o prédio aonde se reuniam, nas proximidades da cidade de Waco, no Texas, matando a maioria dos seguidores e o próprio Koresh. É daí que surge o as-sombroso nome do terceiro full-length do Carnifex, o brutal “Hell Chose Me”. Em entrevista a HORNSUP, o vocalista Scott Lewis fala sobre o processo de escrita e gravação do novo registro e também sobre as incansáveis turnês e suas maiores inspirações.
hornsup #13
29hornsup #13
foi o conceito do vídeo e a qual foi a parte mais difícil em relação as gravações?Não havia muito conceito, a não ser tentar
fazer um vídeo interessante com a limitada
quantia de dinheiro que tínhamos. Nosso ob-
jetivo era fazê-lo emocionante e divertido, mas
também dark e pesado como a música.
Após lançarem seu debut álbum, “Dead In My Arms”, pela This City Is Burning Records, assinaram um contrato com a Victory Records, por onde lançaram seus dois últimos discos, “The Diseased And The Poisoned” (2007) e “Hell Chose Me” (2010). Como aconteceu essa parceria com a Victory? Estão satisfeitos com o selo?Na época que assinamos com a Victory,
estávamos em turnê em tempo integral em
suporte ao disco “Dead In My Arms”. A Victory
percebeu o nosso trabalho duro e veio até nós
com uma oferta. Eles foram o primeiro selo a
nos procurar.
A banda também é conhecida por estar sempre envolvida em turnês e pelas suas apresentações matadoras ao vivo. Suas próximas paradas incluem a “Hell Chose Me European Tour 2010” ao lado de Veil Of Maya e Suffokate e o “The Summer Slaughter Tour 2010” nos meses de Julho e Agosto. Quais são as expectativas para esses shows?Nós defi nitivamente passamos muito tempo
na estrada, não há dúvida quanto a isso.
Nossa próxima turnê européia será muito
excitante para nós, porque é o nosso primeiro
giro europeu completo como headliners. Nós
fi zemos uma breve turnê no verão passado
com o suporte do The Faceless e os shows
foram ótimos. Esse pacote irá verdadeiramente
intensifi car-se e os nossos fãs europeus são
uns dos melhores que existem. Quanto ao
Summer Slaughter, nos Estados Unidos, essa é
uma outra turnê que estamos muito animados
em fazer parte. Muitos amigos e grandes ban-
das nessa turnê. Nós estaremos tocando um
de nossos sets mais brutais para essa turnê.
O Carnifex já enfrentou diversos problemas como qualquer outra banda que está na ativa. Desde turnês canceladas e vans quebradas até constantes trocas de membros. O quanto isso afeta a banda? A coisa mais importante que você pode fazer
quando enfrenta uma situação adversa é
aprender a enfrentá-la. Nós apenas tentamos
permanecer focados em nossos objetivos
e tentamos não nos concentrar em coisas
negativas. Sempre haverá coisas de que
você pode se queixar, mas há muitas outras
maneiras melhores de gastar seu tempo e
energia. Nós lembramos dos bons momentos
e aprendemos com os maus momentos.
Quais bandas o Carnifex tem como inspiração?Essa questão seria respondida de maneira
diferente dependendo de qual membro fosse
respondê-la. Então irei tentar escolher algumas
de nossas maiores inspirações como um todo.
Suffocation, Bleeding Through, Unearth, The
Black Dahlia Murder, Carcass, Nine Inch Nails,
Zao, Iron Maiden, Immortal, Cradle Of Filth, Be-
hemoth, Dying Fetus. A lista poderia continuar
para sempre, mas essas são algumas das nos-
sas favoritas. André Henrique Franco
www.myspace.com/carnifexmetal
Nos conte um pouco sobre o início do Carnifex. Como se conheceram, da onde surgiu a idéia de formarem uma banda,
quais foram as maiores difi culdades, etc... ?O Carnifex começou no verão de 2005. Na
época, eram apenas 4 amigos se reunindo
para tocar Metal e se divertir. Todos nós
nos encontramos em outras bandas naquela
altura e vivíamos na mesma cidade. Acho que
uma das chaves para se ter uma banda que
continue crescendo é a mentalidade dos seus
membros. Você tem que estar disposto a olhar
para a banda pelo que ela pode proporcionar
e não ter algum tipo de meta inatingível ou
expectativa. Mantenha-se realista e focado em
escrever músicas que você gosta e se divertir
com os amigos, e o resto virá.
Qual a origem do nome Carnifex?É um nome do século 14 para uma área ou
pessoa que lida com execuções. Vimos a pa-
lavra em um romance de vampiros e fi camos
vidrados nisso.
O terceiro full length da banda, “Hell Chose Me”, saiu em 16 de Fevereiro. Quais as principais diferenças entre este disco e os anteriores? Acham que este é o melhor álbum do Carnifex até agora?A maior diferença em “Hell Chose Me” foi o
processo de escrita da banda. Eu já expliquei
isso em algumas entrevistas, mas, basica-
mente, a maneira mais fácil de se resumir isso
é escrever, re-escrever e escrever novamente.
Estivemos quase 6 meses fora de turnês
para escrever e gravar “Hell Chose Me” e não
poderíamos estar mais felizes com o resultado.
Eu sei, com certeza, que este é o nosso
melhor álbum.
Como foi o processo de gravação de “Hell Chose Me”? Onde gravaram, quem foram os responsáveis pela produção e mixagem? Enfi m, uma visão geral de todo o processo no qual trabalharam neste novo disco.As gravações de “Hell Chose Me” foram as
mais diretas que já fi zemos. Quando chega-
mos ao estúdio, já tínhamos gravado o álbum
inteiro por nós mesmos em um processo de
pré-produção. Parece que todas as bandas por
aí estão usando esse termo hoje em dia, então
eu irei explicar o que é isso. Pré-produção
é uma versão bem básica do esqueleto das
faixas que você pretende gravar em estúdio.
Nós a usamos como uma ferramenta para
organizar as músicas, padrões vocais e para
ajudar-nos e guiar-nos na direção geral do
registro. É uma ferramenta incrível quando
usada corretamente. O álbum foi gravado e
mixado por Zack Ohren, no Sharkbite Studios,
em Oakland, Califórnia. Nós fi camos pouco
menos de um mês em seu estúdio.
O nome da faixa-título do novo álbum é bem forte. Qual o conceito por trás da letra de “Hell Chose Me”? Em relação ao álbum como um todo, existe algum tema recorrente? Quem é o responsável pelas letras?O conceito da faixa-título é uma mistura da
verdadeira história de David Koresh e minha
ideia fi ctícia da música sendo escrita de sua
perspectiva em primeira pessoa. Isso também
diz respeito ao tema ou a ideia geral do
álbum. Eu diria que é uma dor externa se
manifestando em sua auto-depressão e a
separação do conforto ou da esperança. E um
sentimento geral de auto-depreciação.
O vídeo da faixa título do novo álbum já pode ser visto on line. É um clipe bem brutal. Qual
30
entrevista
O centro de todas as coisas
Prepara-se para mais uma viagem proporcionada pelos alemães do The Ocean. Uma viagem ao centro do universo, ao centro da religião e ao centro da razão. Nossos guias são os guitarristas Jona Nido e Robin Staps, que vão descascando para HORNSUP as diversas camadas do seu novo álbum, “Heliocentric”.
O novo vocalista é incrível. Onde o encontaram?Jona: Quando o Mike Piant (antigo
vocalista) deixou a banda, Julien Fehlmann,
nosso técnico de som, falou sobre um cara
de uma banda que ele havia gravado uns
tempos atrás. Começamos a fazer as audições
e tivemos mais de 100 candidatos do mundo
inteiro, mas esse cara, Loïc (Rossetti), fez
a audição com a música “Firmament” e sua
linha vocal foi exatamente igual a que pode
ouvir agora no disco. Depois disso, leva-
mos 5 minutos para decidir que ele era o
escolhido.
Já tinham todas as músicas escritas antes de escolhê-lo? Pergunto porque ele encaixa perfeitamente na suavidade e paixão exposta nesse álbum. Soa como se as músicas fos-sem feitas para ele.Jona: Na verdade, já tínhamos todas músicas
escritas antes dele se juntar a nós. Portanto,
se sua voz encaixa tão bem é porque ele
sabia exatamente que tipo do voz nós
queríamos quando escrevemos as músicas.
Tivemos sorte em encontrá-lo. Ele é uma
cantor incrível e um cara muito trabalhador.
Ele nunca está satifeito consigo próprio e
isso faz com que seja fácil trabalhar com
ele, pois não tem aquela postura “essa é
a minha linha vocal, gostem ou não”. Ele
nunca desiste e sempre dá o seu melhor. O
Robin (Staps, guitarrista) gravou as vozes
com ele em Berlim e me lembro dele dizer
que nunca havia trabalhado com um vocalista
assim. Loïc tem um condicionamento físico
inacreditável. É capaz de fazer 50 takes
de uma vez e, algumas vezes, esteve 6, 7
horas gravando direto e ainda terminou o
dia com os vocais berrados. Sua capacidade
de cobrir um vasto espectro vocal abriu
novas portas para nós. Ele também é muito
criativo e deu diversas ideias no decorrer
das gravações.
Que tipo de pesquisa fez para elaborar as músicas? Tem ajuda de algum tipo de espe-cialista ou coisa parecida?
Robin: Não. Isso seria meio bobo, não acha? Os
conceitos e ideias abordados no álbum podem
parecer “distantes” para algumas pessoas,
mas tudo isso tem a ver com coisas que já
venho pensando há muito tempo. A primeira
vez que fui exposto ao radicalismo cristão eu
tinha 16 anos e vivia nos Estados Unidos numa
“host family” (famílias que acolhem jovens de
intercâmbio) conservadora de religião batista.
Nessa época tinha discussões diárias com a
minha “irmã”, que tentava me convencer que os
dinossauros nunca existiram e que a Terra teria
apenas 5.000 anos de idade; e que todo mundo
que pensava diferente, incluindo eu, estava
enganado. Eu fi quei chocado e ao mesmo tempo
espantado, pois como uma pessoa tão jovem
já tinha passado por essa “lavagem cerebral”.
A partir daí, me dediquei a estudar fi losofi a, in-
clusive me formei nisso e tenho pensado nessas
questões religiosas nos últimos anos. Portanto,
não é um assunto que saiu do nada ou que eu
precisasse de alguma ajuda para entender. São
coisas que dedico meus pensamentos todos os
dias e acho que são realmente importantes!
hornsup #13
31hornsup #13
Heliocentrismo é a teoria que diz que a Terra e os planetas giram em torno do Sol, que o mesmo está parado e é o centro do universo. Acredita que os fenômenos astronômicos pos-sam mudar o mundo? Robin: Não sou astrônomo, mas tento acredi-
tar nos fatos sempre que possível, espe-
cialmente quando são sobre temas que não
sou especialista, portanto, não tenho muito
a dizer. Nós estamos discutindo religião em
contraponto com o heliocentrismo. Ok, há
astronomia envolvida no debate, pois foi
isso que marcou o declínio do cristianismo.
Entretanto, abordamos muito mais a temática
religiosa do que a astrológica.
O heliocentrismo representa a vitória da ciên-cia sobre a religião. A epifania da revolução científi ca, mas a música “Epiphany” é sobre a epifania cristã. Por quê?Robin: “Epiphany” é uma música polêmica
sobre o conceito da santíssima trindade e as
contradições envolvidas. Todos sabem que o
1º mandamento manifesta que o cristianismo
é um religião monoteísta. Ao mesmo tempo,
a mitologia católica cria o incrível número de
5.000 santos, que devem ser considerados,
no mínimo, como semi-deuses, já que são
capazes que fazer coisas que os serem huma-
nos normais não são, como curar doenças,
etc. Depois temos a virgem Maria, que vem
em segundo plano e também é considerada
uma deusa. E o conceito da santíssima
trindade: o Pai, O Filho e o espírito Santo.
Todas as tentativas, que eu li, do clero em
explicar ou relacionar esse conceito com o
paradigma monoteísta são simplesmente
ridículas, nebulosas e acabam criando ainda
mais mistérios e contradições do que expli-
cando alguma coisa. É aterrador ver quantas
pessoas ainda levam ao pé da letra os
textos bíblicos, em culturas onde em outros
aspectos é utilizado o pensamento racional,
com nas culturas islâmicas, por exemplo. Eles
não sofreram transformações no processo de
“iluminação” das culturas cristãs ociden-
tais. Nossas sociedades testemunharam o
crescimento e o impacto da ciência natural
moderna. O conjunto de valores e ideolo-
gias trazidos pelo processo de “iluminação”
dominou nossa forma de pensar no dia-a-dia
e são os fundamentos da nossa sociedade;
por outro lado, ainda temos muitos supersti-
ciosos que não estão conformados com as
descobertas da ciência moderna. Em razão da
infl uência histórica e poder da igreja, nossa
cultura tem que coexistir com um conjunto de
valores limitadores. É hora de quebrar o ciclo
da incoerência, e “Heliocentric” é a nossa
contribuição: um lembrete sobre o legado de
Charles Darwin. O que nos leva a próxima
faixa... (no álbum, a faixa seguinte chama-se
“The Origin of Species”, nome da teoria de
Charles Darwin).
O conceito do próximo álbum, “Antropocentric” será mais religioso do que científi co, acredito eu. Pode dizer qual será a abordagem?Robin: Sinceramente, não quero adiantar
muito sobre isso. Musicalmente será pro-
vavelmente mais técnico e pesado, apesar de
achar “Heliocentric” bastante pesado, tirando
as três faixas com piano. Liricamente, con-
tinuará na temática religiosa, agora de um ân-
gulo mais pessoal. Terminamos “Heliocentric”
com o argumento de Richard Dawkins que se
baseia na futilidade da premissa da existência
de um criador e na tautologia das explicações
religiosas para essa premissa. Esse é o ponto
de partida de “Antropocentric”.
Vê a si próprio como um homem de fé ou da ciência?Robin: Acho que já sabe a minha posição,
certo? Sou completamente a favor da
evolução de pensamento e isso envolve
acabar com o cristianismo de uma vez por
todas, para assim livrar a humanidade dos
seus velhos fantasmas afi m que complete o
seu processo histórico.
Como um coletivo, o The Ocean já teve dúzias de membros. Atualmente vocês cinco parecem bem unidos. Essa formação é pra durar?Jona: Robin levou 10 anos para construir
essa banda e acredito que agora fi nalmente
ele está trabalhando com pessoas confi áveis
e que sacrifi cariam tudo pela banda. Além
disso, andamos em turnês pelo mundo afora
pelos últimos 2 anos, o que nos tornou
grandes amigos. Nunca se sabe o que irá
acontecer no futuro, mas acredito que esse
será o The Ocean por algum tempo e faremos
de tudo para manter as coisas assim.
Todos os teus lançamentos são bem pensa-dos. Aposto que tem mais 2 ou 3 álbuns na sua cabeça nesse momento. Estou errado?Robin: Sim, está errado (risos). Eu trabalho
um projeto de cada vez. Isso me possibilita
concentrar toda minha paixão e energia em
um foco. Mas, tenho algumas ideias vagas
sobre os próximos álbuns...
O “Antropocentric” já está terminado? Se sim, por que não lançar um álbum duplo com fi zeram com o “Precambrian”?Jona: Ainda estamos gravando as vozes do ál-
bum, além de partes de bateria. Obviamente
ainda falta mixar e masterizar, mas já temos
todas músicas compostas.
Robin: Decidimos lançar separadamente para
não sobrecarregar as pessoas. “Precambriam”
era um monstro de 85 minutos de músicas
complicadas. Achamos que era muito material
para as pessoas entenderem e processarem
de uma vez só. Fico grato que muita gente
tenha se dado ao trabalho de entendê-lo.
Umas semanas atrás, conheci uma garota na
Irlanda que realmente absorveu o álbum. Ela
disse que era um dos seus discos favoritos
de todos os tempos e ela sabia todas as
letras e riffs... foi emocionante ver aquilo,
mas nem todo mundo vai tão fundo. O perigo
é que você acaba perdendo a atenção do
ouvinte quando ataca com uma quantidade
muito grande de informação. Quando terminei
de escrever as músicas de “Heliocentric”, eu
sabia imediatamente que tinha alí um álbum
pronto, sem tirar nem por. Está tudo bem
compacto e encaixado na perfeição, mesmo
antes de eu colocar o conceito lírico nas
músicas. Ao mesmo tempo, o Jona escreveu
outras músicas que não fi cavam bem com
o que tinha feito. A partir daí resolvemos
escrever 2 álbuns de raiz.
Vocês nunca pensaram em lançar um álbum simples? Apenas com guitarra, baixo, bateria e voz e sem nenhuma temática?Robin: Claro. Estou esperando o momento
certo para começar uma banda DIY D-Beat.
Não tenho mesmo tempo. Com o The Ocean
pode vir a acontecer também. Não posso pre-
ver o futuro. Sabe, tentamos sempre oferecer
algo com as letras e conceitos. Todos estão
convidados a experimentar e buscar alguma
inspiração. Porém, não é preciso que se
importe com religião, com heliocentrismo ou
com as letras em geral, desde que balancem
as cabeças nos show e curtam o som. Pra
mim, isto já está bom. Pessoalmente, quando
eu gosto de uma banda, fi co curioso para
saber do que estão falando e quem são es-
ses caras. Aí, acababo investigando e leio al-
gumas letras. Isto é uma faca de dois gumes:
se as letras forem estúpidas, posso acabar
por perder o interesse, por outro lado, se
forem boas, abre novas portas para eu ter um
relacionamento mais profundo e signifi cativo
com essa banda. Matheus Moura
The OceanOption Paralysis Season of Mist
The Ocean. Andei pensando e conclui o nome
condiz exatamente com a identidade da ban-
da no que diz respeito a sua grandiosidade e
imprevisibilidade. Esse ex-coletivo, que agora
se vê reduzido a 5 indivíduos, é incapaz de
simplesmente gravar músicas e fazer álbuns.
Tudo o que tocam tem signifi cado, tem razão
de ser e profundidade, tanto a nível musical
quanto intelectual. “Heliocentric” é o primeiro
dos dois álbuns que irão lançar esse ano. A
temática é centrada do heliocentrismo, como
o próprio nome indica. Heliocentrismo é a
teoria que afi rma que o Sol está no centro
do universo sendo que os planetas giram em
torno dele. É o contrário do geocentrismo
defendido por Pitolomeu na antiguidade,
aonde julgada que o planeta Terra era o
centro de tudo. Apesar de ser tratarem
de assuntos astronômicos, “Heliocentric”
não se prende a isso e sim a idéia que o
heliocentrismo foi uma vitória da ciência e
do pensamento racional sobre a religião e a
crendice. Baseado nisso, se desenrolam dez
faixas que abordam determinadas nuances e
acontecimentos relacionados a temática. Em
termos musicais, encontramos um The Ocean
menos violento, principalmente quando
deparamos com faixas como “Epiphany” e
“Ptolemy Was Wrong” que são acústicas e
acompanhadas por piano. Por outros lado,
apresentam uma elemento-chave, que tornou
possível o sucesso desse novo registro: o vo-
calista Loïc Rossetti. Sorte ou destino, chame
como quiser, mas o fato de terem esbarrado
com esse frontman abriu novos horizontes ao
grupo. A prestação de Loïc é irrepreensível.
Nos vocais limpos imprime uma sensibilidade
incrível e quando é preciso agressividade,
seus berros mantém essa característica. Com
certeza, sem ele, “Heliocentric” não teria o
mesmo brilho. O trabalho apresentado aqui
respeita o processo de constante evolução
do The Ocean e ainda vai um pouco além.
Inteligente, envolvente e inebriante, assim é
“Heliocentric”. Matheus Moura
[9]
www.myspace.com/theoceancollective
32
entrevista
Direto e reto
hornsup #13
“Full Of Regret”
Foto
: Ron B
oudre
au
33hornsup #13
O Danko Jones volta mais pesado do que nunca em “Below the Belt”, novo álbum que a própria banda diz ser o melhor de sua carreira até o momento. Conversamos com o guitarrista e vocalista deste Pow-er trio, o próprio Danko Jones, que diz que acima de rótulos e tendências, o que eles querem é fazer boa música – para os fãs e para a banda.
Você defi niu “Below the Belt” como seu melhor álbum até agora. O que mudou no som da banda para chegar a este
resultado? O que os fãs podem esperar desse álbum? Acho que nossa composição melhorou. Nós
fi zemos um esforço consciente para fi carmos
mais pesados e rápidos neste álbum. O que as
pessoas podem esperar? Apenas mais músicas
do caralho!
Como é trabalhar com Matt De Matteo (produ-tor de álbuns anteriores da banda, como “Sleep is the Enemy”) novamente? Porque trazê-lo de volta? Como é o relacionamento - musicalmente - dele com a banda? O som parece mais pesado com De Matteo...O Matt é parceiro. É fácil trabalhar com ele,
e, além disso, ele mora perto, então também
foi uma escolha de conveniência. Matt é um
grande produtor, mas nós nunca mudamos a
maneira como fazemos música para se ajustar
a um determinado produtor que estivermos
trabalhando. Nós apenas escrevemos um
monte de novas canções.
A banda se sentiu pressionada para fazer um grande álbum devido às críticas ao album anterior “Never Too Loud”? Aliás, quais seus pensamentos a respeito de “Never Too Loud”? Pressionada? Nós amamos “Never Too Loud”,
senão nunca o teríamos lançado. “Never Too
Loud” foi nossa homenagem ao Rock clássico,
e nós descobrimos rapidamente que a maioria
das pessoas, apesar de demonstrar um amor
pelo Rock, realmente não gosta dele mais
lento. Queríamos fazer este álbum rápido e
pesado, não porque estavam demandando
isto, mas sim porque estávamos sentindo
falta de escrever e tocar este tipo de música
por nós mesmos. As demos para “Never Too
Loud” foram pesadas e brutais do seu jeito.
Eu vou admitir e dizer que “Never Too Loud”
foi um pouco produzido demais, mas não
menos “Rock”. Músicas como “Still in the
High School”, “Code of the Road”, “Forest for
the Trees” e “Let’s get Undressed” agitam pra
caralho!
Quem teve a ideia para os vídeos no Youtube sobre cada música do novo álbum? Sei que você iniciou um vídeo blog há alguns anos, mas parou de atualizar. Vocês leem as reações dos fãs nos comentários dos vídeos?
A Bad Taste (n.e.: gravadora da banda)
queria que nós fi zéssemos, e achei que era
uma ótima ideia. Você não apenas tem uma
amostra de cada música, você chega à música
onde nós estamos, e vê o quão louco viajar
por aí pode ser. Um dia nós estamos em casa
e no dia seguinte estamos em Denver, e na
outra semana estamos em algum outro lugar
do centro-oeste.
Em 2009 vocês tocaram no “Maquinaria Festival” aqui no Brasil, com outras bandas como Evanescence, Panic at the Disco e Duff McKagan, e muitas pessoas disseram que foi o melhor show do festival. Porém, muitas pessoas no Brasil ainda não conhecem a
banda. Por que você acha que isso acontece? Distribuição, interesses comerciais, estratégia da gravadora, algo assim? É um simples caso de dinheiro para o marketing.
Todas as bandas que você citou têm ou tiveram
milhões de dólares despejados em suas bandas
para marketing e promoção. Nós estamos em
uma gravadora de Punk Rock pequena da Sué-
cia, e não temos esse tipo de fundos.
A banda tem feito diversas turnês com diferen-tes bandas de diferentes estilos musicais – do Punk ao Metal, por exemplo – e seu som pa-rece encaixar em qualquer categoria do Rock. O que você acha sobre esses rótulos, como “Danko é uma banda de Punk” ou “Danko é uma banda de Stoner”? Vocês se consideram de algum desses gêneros, ou “é apenas rock e vocês gostam”? Nós somos uma banda de Hard Rock. E é isso.
Vocês já tiveram algum tipo de problema com alguma outra banda durante uma turnê? Re-centemente vocês tocaram com o Guns n’ Ros-es no Canadá, banda famosa por problemas (como atrasos e problemas interpessoais).O Guns n’ Roses foi incrível conosco. Trataram-
nos muito bem. Toda a banda e a equipe
técnica foram muito legais com a gente. O Axl
também foi muito receptivo. Cantei “Nightrain”
com Axl e Sebastian Bach, e cantei “Patience”
com Axl e Tommy Stinson (n.e.: atual baixista
do GnR). Nossa experiência com o GnR foi
fantástica. Eu faria tudo novamente em um
segundo!
Vocês estão testando as músicas novas nos últimos shows. Como está sendo a reação dos fãs? As músicas estão funcionando ao vivo? Sim, estamos testando as músicas, e é mais
pela gente, para acertarmos as músicas do
que para alguém realmente gostar delas.
Acredito que uma vez que eles estejam famil-
iarizados com as músicas no álbum, fi caram
mais por dentro delas, e nós estaremos mais
ensaiados e polidos para tocá-las por aí.
Você pode nos contar um pouco sobre o vídeo de “Full of Regret”? É quase um pequeno fi lme, com estrelas como Elijah Wood (de “Senhor dos Anéis”) e Selma Blair (de “Hell-boy”), além de algumas lendas do Rock como Lemmy Kilmister (Motörhead) e Mike Watt (ex-Minutemen). Toda a ideia do vídeo veio dos Diamond Brothers (produtora de vídeo responsável pelo clip de “Full of Regret”)? Sim, é um tipo de pequeno fi lme! Os Diamond
Brothers dirigiram e vieram com as ideias para
o vídeo. Já somos amigos há alguns anos, e
eles são amigos do Elijah Wood, e ele con-
cordou em participar do vídeo. Então, Selma
Blair entrou porque ela é amiga do produtor.
Então nós decidimos participar e chamamos o
Lemmy, e mandei um e-mail para o Mike Watt.
Os dois aceitaram o que não só foi emocio-
nante, como realmente deixou o vídeo acima
da média. Todas estas quatro pessoas, esses
medalhões, foram incríveis dentro e fora das
câmeras. Eles detonam, e eu acho que o vídeo
vai fi car fodidamente incrível.
Algum plano para um novo DVD ao vivo? Sei que os fãs estão esperando...Existem planos para um DVD ao vivo há
anos... anos. Nós não tivemos tempo para
realmente trabalhar nele. Mas enquanto isso,
nós estamos compilando material, o que é
algo bastante demorado.
Na turnê deste novo álbum, podemos esperar alguma nova visita ao Brasil? Alguma mensa-gem para seus fãs por aqui? Se o Brasil nos quiser de volta, nós estaremos
aí em um minuto! Nós amamos o Brasil e
ainda há lugares onde não tocamos e agora
devemos ir. Luigi “Lula” Paolon
Danko JonesBelow The Belt Bad Taste
Se alguém hoje em dia consegue fazer Hard
Rock empolgante, enérgico e relevante,
esse alguém chama-se Danko Jones. O trio
canadense, que leva o nome do guitar-
rista/vocalista, conta ainda como John ‘JC’
Calabrese no baixo e Dan Cornelius na
bateria. O novo álbum, “Below The Belt”,
envolve várias tendêcias do Rock, ensopa
tudo em gasolina e ateia fogo. Enquanto
muitos “rockers” andam mais preocupados
com sua aparência ou em dar “pitis”, é
reconfortante saber que Danko tem colhôes
e atitude, num pacote só e sem drama.
A aparente simplicidade em trazer à tona
músicas tão marcantes, esconde uma vasta
gama de estilos que se cruzam formando
a identidade do álbum. Tanto pode ouvir a
raiz mais Punk Rock em “(I Can’t Handle)
Moderation” como o puro Hard Rock em
“Like Dynamite”. Todas faixas tem carisma
sufi ciente pra entrarem na sua memória e
fazerem com que “bata o pézinho” sem dar
conta disso. No fi ller, only killer! “Below
The Belt” mostra o sucesso alçando por
Danko em absorver o que de melhor fi zeram
AC/DC, Kiss ou Thin Lizzy, e espremer dessa
“matéria-prima” a sua essência, adicionando,
claro, o seu toque pessoal, além de alguma
modernidade. A atitude de rocker mulheren-
go e briguento expressa nas letras é acom-
panhada por riffs inesquecíveis gerando
momentos de pura diversão com em “Active
Volcanos” (a arte de saber usar o cow bell),
“Full of Regret” (o single e a faixa mais
completa do álbum) e “I Wanna Break Up
With You”. Um disco que deve fi gurar entre
os melhores disco de Rock do ano e levar
o nome Danko Jones a um patamar mais
elevado. Matheus Moura
[8]
www.myspace.com/dankojones
34
entrevista
Caçadores
Em razão do lançamento de “When The Hunter Becomes The Hunted”, álbum de estreia do Seven Stitches, a HORNSUP saiu à caça de Pica e Bixo, respectivamente, vocalista e guitarrista da banda. Feliz-mente conseguimos capturá-los, sem nenhuma resistência, para uma conversa.
Finalmente colocaram na rua o vosso primeiro álbum. Como se sentem?Pica: Eu diria que além de felizes e com
uma enorme vontade de mostrar a força e
energia destas músicas ao vivo, nós estamos
também aliviados (risos). Foi um longo caminho
que percorremos até o lançamento do nosso
álbum. Muita coisa se perdeu pelo caminho e
muita coisa se conquistou. Houveram alturas
em que a música fi cou para segundo plano
pois a nossa amizade e sanidade eram mais
importantes, mas conseguimos e ele está cá
fora. Apesar do lançamento estar a acontecer à
“conta-gotas”, acredito que assim que o com-
boio arrancar de uma vez tudo vai correr bem.
Estamos apenas presos por pequenos detalhes
a nível de promoção e da chegada do álbum as
lojas que eu acredito que será muito em breve
mesmo.
Bixo: O sentimento é mesmo de realização,
pois foi mesmo um longo caminho até aqui
chegarmos. Desde que iniciamos a banda, o
nosso objetivo sempre foi o de fazer álbuns e
chegar a uma sonoridade dentro da que temos
neste momento. Mas sabíamos desde início
que para isso era preciso muitos ensaios e
dedicação aos nossos instrumentos de forma a
que cada um melhorasse o sufi ciente para que,
numa fase de composição, as nossas opções e
caminhos fossem o mais alargados possíveis.
E assim conseguirmos construir um conjunto
de músicas que gostamos e sentimos que são
coesas, mas sem serem sempre idênticas! É que
não gostamos de soar sempre iguais e andar
sempre em andamentos idênticos, gostamos
de ouvir música assim! Mas não gostamos de
a fazer! (risos) Daí que estamos contentes e
realizados com o que conseguimos fazer.
Agora só falta mesmo é meter o álbum a
chegar aos ouvidos do pessoal e dar concertos
para metermos em “prática” o que criámos,
pois os concertos para nós vão ser um culminar
de um logo trabalho e uma oportunidade única
de fazer a nossa “caçada”! E esperamos fazer
muitas!
Qual a ideia por trás do nome “When The Hunter Becomes the Hunted”?Pica: A ideia surgiu depois de uma refl exão
sobre o estado de tudo o que nos rodeia,
da imensa luta que a natureza trava contra o
estúpido Humano; e como a força desta pode
ser devastadora para nós e para toda a nossa
ganância e egocentrismo. Depois essa ideia
foi crescendo em mim e no que ia escrevendo
e partilhando com o Bixo, e fui-me aperce-
bendo que este título ia muito além desta
luta: Humanos vs Natureza; era também uma
luta constante de todos nós conosco próprios,
com os erros que cometemos e como eles nos
consomem, como os atos mais insignifi cantes
podem mover todo um mundo, lá esta é o
chamado efeito borboleta. No fundo, foi um ex-
plorar do mundo, dos nossos atos, dos nossos
erros, dos nossos medos, e da nossa força.
Bixo: Tá dito! Basicamente, eu acho que o
“Homem” anda realmente a foder isto tudo!
Mas desde sempre, não é só de agora, e a
Natureza anda a manifestar-se de uma maneira
bastante mais regular, basta ter passado uns
minutos em frente à TV na hora do noticiário
neste último ano, por exemplo. Assistiu-se a
catástrofes que mataram muita gente, muitos
“inocentes”. Mas, parece que tem de ser! Para
se juntar forças e criar uma união à nível mun-
dial, só através e em prol de uma desgraça! E
que dizem de existir essa união e força sem
haver mortos e uma desgraça? Se calhar o
mundo e a nossa curta vida seriam bem mais
interessantes, não? São estas questões que
gostávamos que nem existissem! Mas existem,
e pelo andar da carruagem não vai ser nesta
vida que vão desaparecer.
O artwork é forte e agressivo. Tem algum signifi cado no que diz respeito a temática do álbum?Pica: Tinha mesmo que ser (risos). O artwork
é um grande trabalho do João, que foi uma
batalha gigante pois nunca nos conhecemos
pessoalmente, então foi chamada atrás de
chamada, email atrás de email, mas ele é muito
bom e absorveu a nossa ideia. Espelha bem a
ideia do álbum e a energia e peso das músicas.
Bixo: Como o Pica disse e bem, o João fez
um excelente trabalho e estamos bastante
satisfeitos com o resultado. Foi para nós
uma experiência nova pois até agora nunca
tínhamos trabalhado desta maneira! Por
telemóvel, mas correu bem e isso era o mais
importante. Obrigado João pela dedicação,
empenho e paciência. O artwork consegue de
hornsup #13
35hornsup #13
uma maneira não muito óbvia representar sem
dúvida a temática do álbum, desde a solidão,
egocentrismo, etc. No fundo, a auto-destruição
que o Homem exerce sobre si mesmo, num
cenário de uma Natureza prestes a “rebentar”,
e era isso mesmo que pretendíamos, o artwork
passar a “visão” do que se vai passar quando
meterem o CD a rodar.
A banda sofreu algumas modifi cações na forma-ção. Fale sobre os novos componentes e o que eles trouxeram para esse álbum.Pica: São chatos (risos). Não, sem desprimor
para o Gingado e para o Pedro que eram parte
da banda e que nos deixaram, o André Tavares
e o André Pereira trouxeram para a banda o que
nos faltava, ou seja, além de bons executantes
são malta com ideias e importantes no caminho
que as músicas acabaram por levar. Digamos
que já tínhamos tudo praticamente fi nalizado, e
que eles vieram dar um toque que importante,
além disso são bêbados muito competentes o
que era um requisito essencial (risos).
Bixo: Competentes?! Têm dias! (risos) Acima
de tudo são boa gente! Que sabem e gostam
de tocar, e era mesmo isso que precisávamos.
Após a saída do Gingado e depois o Zé Black,
estivemos um tempo sem ninguém, tivemos o
César de Cryptor Morbious Family para fazer uns
concertos conosco, mas, no entanto não fazia
parte da banda, apenas nos “desenrascou” ao
vivo, e era eu que ia inventando os riffs e na
sala de ensaios com Nelson e o Pica dávamos
forma às músicas, e como deves saber vais
começando a ouvir os outros instrumentos
naturalmente, mas não havia ninguém para os
tocar! E era preciso alguém! Foi brutal para mim
e também para a banda, claro; a entrada deles
pois além de eu não ter de gravar tudo como
já tinha feito no Split CD com os Switchtense,
foram eles que pegaram nas músicas e cada
um fez a sua parte, e da forma como o fi zeram!
Eu provavelmente não iria fazer da mesma
forma pois não ouvia as coisas assim! Mas uma
banda é isto mesmo, é cada um poder empregar
e criar consoante os seus gostos e capacidades as
suas partes, e assim, quando vamos para palco
cada um pode desfrutar do que inventou e sentir
que tudo junto soa a Seven Stitches, daí que a
entrada deles foi fundamental e juntos consegui-
mos dar este passo importante, agora, siga malta!
Venha o próximo!
Nota-se uma grande evolução com esse álbum, tanto a nível instrumental como de composição. Quais os fatores que acredita que determinem essa evolução?Pica: Na minha opinião, foi uma evolução muito
grande como músicos o que se passou durante
o longo processo de composição deste álbum.
Destaco o grande trabalho do Bixo em todo o
processo de composição; é muito bom ouvir es-
tas músicas e perceber o que ele fez por elas; e
o quanto isso nos ajudou a mim e ao Nelson a
evoluirmos e a juntos fazermos as nossas músi-
cas, aquelas que nos dão um enorme prazer
tocar, e isso nota-se bastante ao ouvir este
álbum, as músicas são mais coesas, têm solos,
na minha opinião, muito peculiares e intensos.
Têm blastbeats e ritmos que não usávamos no
passado, em resumo é um ÁLBUM.
A produção toda fi cou “em casa”, já que tiveram o André Tavares a cuidar disso. Que infl uência isso teve no resultado fi nal?Pica: O André é teimoso, muito teimoso (risos),
mas ao mesmo tempo, muito talentoso, o que
despertou em nós algumas lutas (saudáveis),
umas ganhas por ele, outras por nós. Eu gosto
muito de gravar as minhas vozes com ele, pois
ele tem bons pontos de vista, percebe-me, mas
por vezes é demasiado “by the rules”; e eu sou
mais de fazer coisas com instinto, desde que
me soe bem pode marcar a diferença e ser uma
mais-valia para a música, então tivemos que
encontrar um ponto de equilíbrio entre nós e
acho que o conseguimos muito bem.
Bixo: Teve muita! Ele veio ajudar, sem dúvida,
a sermos mais “profi ssionais” e a ajudar-me
a incutir nestes gajos esse espírito, pois até
então era eu a dizer, principalmente ao Nelson
que temos de tocar com metrônomo, temos de
fazer as divisões de compassos, etc e perceber
o que estamos a fazer na sua totalidade, que
isso é essencial principalmente para o feeling
que a música vai ter depois de terminada, mas
como os “santos da casa não fazem milagres”,
foi preciso vir um gajo de fora para meter esta
merda na ordem! (risos) E deixarmos de ser
preguiçosos, incluindo eu, pois também andava
um bocado encostado! Resumindo, foi bom
trabalhar com ele quer como guitarrista quer
como produtor ou técnico, e temos de lhe agra-
decer o fato de ser um excelente profi ssional
e devido a isso poderemos utilizar os estúdios
onde trabalha, que têm mesmo excelentes
condições, e que nos deu a possibilidade de ter
um trabalho muito profi ssional, sem o sermos.
Qual foi a maior difi culdade que encontram como banda até lançarem esse álbum?Pica: Para mim foi, sem dúvida, mantermo-nos
(eu, o Bixo e o Nelson) juntos como grandes
amigos que somos há muitos anos, pois foi um
longo processo onde todos mudamos muito em
que tivemos que lutar muito uns pelos outros.
As saídas e entradas são uma realidade que
acontece e que tens que superar, mas a perda
de amigos essa é dura e felizmente se for pre-
ciso ir ao fundo do poço buscar algum de nós,
hoje tenho a certeza que os outros vão lá.
Bixo: Sim basicamente é isso mesmo. Nós além
de uma banda somos mesmo grandes amigos
e eu sempre meti a amizade em primeiro lugar,
se um anda como costumamos dizer com os
“cornos no ar” ou anda fodido com a vida,
sabe que pode sempre contar com a ajuda,
e por vezes sem se aperceber que anda a
tomar decisões erradas e a querer caminhos
menos felizes para a sua vida, há sempre um
que se joga para a frente e abre os olhos ao
outro, eu tenho muito o lema de que “amigo
é aquele que ajuda quando um gajo precisa e
não quando dá jeito ajudar” e daí que a maior
difi culdade foi mesmo encontrar uma altura em
que todos estão de bem com a vida, unidos
e a querer a mesma coisa, estaremos juntos a
tocar e a fazer aquilo que mais gostamos, mas
fi nalmente conseguimos aqui chegar e agora
parece que estamos estáveis a todos os níveis,
tirando o fi nanceiro, esse é que estamos na
merda, mas que se foda (risos)!
Como correu a turnê de divulgação?Pica: Ainda não correu. Como te disse estamos
um pouco atrasados no processo de divulga-
ção, temos 2 festivais (Filth Fury Fest e Metal
GDL) em Maio e Junho e assim que o álbum
chegar á imprensa e ás lojas vamos tentar fazer
umas datas de divulgação pelo país e tentar
algo lá fora, acredito que de uma forma natural
as coisas vão aparecendo.
O álbum saiu em Portugal via Raging Planet. Já receberam algum feedback tanto do público quanto da crítica?
Seven StitchesWhen The Hunter Becomes The HuntedRagingplanet
Acredito que o que “salta aos ouvidos” logo
a primeira audição deste álbum de estreia
dos rapazes de Grândola, Portugal, seja o
gigantesco passo no processo evolutivo.
Não diria que era inesperado, mas “When
The Hunter Becomes The Hunted” deve
surpreender muita gente de forma positiva. O
Seven Stitches já havia dados provas do seu
poderio em doses reduzidas (EPs, Split), mas
agora podemos saborear o produto completo.
Os dois novos membros, André Tavares e An-
dré Santos, respectivamente, guitarra e baixo,
deram um novo impulso a sonoridade da
banda, principalmente o primeiro André, que
também trabalhou como produtor do álbum.
Esse é um dos pontos fortes do registo: a
produção. Até agora não tinham conseguido
transmitir com clareza toda técnica e brutali-
dade que depositam nas músicas. A produção
é boa o sufi ciente para colocá-los lado a lado
com nomes estrangeiros que gozam de maior
popularidade nesse segmento. Aliado a isso,
temos boas composições, ricas em variedade
e recheiadas por uma infi nidade de riffs. As
música não se baseiam em refrões, tão pouco
em melodias (pelo menos no que toca a voz),
focam-se num bombardeio metálico maciço.
“When The Hunter Becomes The Hunter” tem
muito a ver com uma frase que a banda usa
com frequencia: “Viva o Metal!”. O álbum é
sobretudo uma celebração do Metal portu-
guês de qualidade. Matheus Moura
[8]
Pica: Ainda é cedo, já recebemos alguns
feedback de malta que tem o álbum e de
alguma imprensa, bem positivas por sinal,
mas estamos a aguardar que a partir deste
mês comecem a sair as reviews em sites e
revistas, mas até agora tem sido bom ainda
por cima porque cada pessoa que nos fala do
álbum tem tido uma opinião muito própria e
tenho me apercebido que têm falado de várias
músicas diferentes o que me deixa satisfeito,
pois sei que não fi zemos um álbum com uma
ou duas músicas mas sim com nove, e pelas
opiniões sinto que quem o tem ouvido tem se
apercebido disso.
Bixo: O álbum ainda não se encontra nas lojas,
apenas tem o CD quem foi ao concerto de
apresentação ou comprou através da banda,
e desse pessoal temos recebido boas críticas,
aliás para mim todas as criticas são boas, seja
a dizer que gostam ou que não gostam, desde
que sejam sinceras, excelente. É um sinal que
se preocupam e nos ouviram e dedicaram
o seu tempo a ouvir a nossa música, e isso
respeitamos e agradecemos, sempre! Mas
acima de tudo, temos recebido muitas opiniões
do género “epá, não estava à espera de uma
coisa assim!” o que por algumas vezes fi camos
sem perceber se isso é bom ou mau. (risos) O
tempo o dirá! Matheus Moura
www.myspace.com/sevenstitchespt
36
entrevista
Com as malas prontas
Prestes a desembarcar no Brasil para a sua primeira turnê pelo país, conversamos com Nuno Pereira, vocalista da banda A Wilhelm Scream. Nuno falou com a HORNSUP sobre cinema, turnês, álbuns fa-voritos e downloads na Internet.
hornsup #13
37hornsup #13
Quais bandas tem ouvido ultimamente ou que simplesmente infl uenciaram o A Wilhelm Scream?
Às vezes gostamos de ouvir Thin Lizzy, outras
vezes ouvimos Propagandhi, depende da
situação, o fato é que curtimos músicas rápi-
das e em clima de festa.
Vocês se consideram uma banda Punk ou Hardcore? Como avaliam o cenário musical atualmente?Nós tentamos não nos rotular, nesse ou
naquele estilo, apenas fazemos nosso som e
as pessoas defi nem como quiserem. Referente
a cena musical, atualmente acho que continua
a mesma de sempre. Claro que há algumas
coisas que não gostamos, mas praticamente
tem sido a mesma merda de antes. (risos)
A banda anteriormente era conhecida pelo nome Smackin’ Isaiah, porque a mudança para A Wilhelm Scream?Gostamos de nomes únicos e ímpares. Acho
que todos procuram uma forma de serem
únicos e autênticos, não acha? Tentamos mu-
dar nosso nome para Bon Jovi, mas creio que
esse nome já existe, não é? (risos)
Quais os prós e os contras em se ter uma banda e sair por ai em turnês excursionando?Os prós evidentemente são as turnês e a pos-
sibilidade de conhecer lugares novos, pessoas
diferentes e suas culturas e poder mostrar
nossa música a todos que se interessarem
por ela, pois adoramos fazer isso e conquistar
novos fãs. Os contras são o fato de fi carmos
longe de nossos amigos, familiares e fi carmos
mais suscetíveis a gripes e doenças devido ao
clima diferente que cada país possui.
A banda conhece alguma banda brasileira ou algo sobre nossa cena musical?A única coisa que vi referente ao Brasil foi
o show do Iron Maiden no Rock in Rio, daí
podemos ver como os fãs brasileiros são lou-
cos e esperamos que essa loucura seja vista
em nossos shows.
Fiquei sabendo que são grandes fãs de cinema e fi lmes em geral, qual é o fi lme favorito de vocês? Bem gostamos de “The Big Lebowski”,
“Snatch”, “O Poderoso Chefão” e a lista
não para por aí, são muitos os nossos fi lmes
favoritos.
A banda é grande fã dos fi lmes do Michael Moore?Eu vi a maioria de seus fi lmes e li dois de
seus livros. É engraçado e informativo, mas,
você tem que tentar absorvê-lo pouco a pouco
e refl etir sobre os problemas citados no fi lme
e nos livros.
Qual foi a banda favorita ou a que mais gosta-ram de estar excursionando?
Bem, não temos banda ou bandas favoritas,
pois quando estamos em turnê, compartil-
hamos dos momentos bons e ruins de uma
excursão, isso já faz com que as bandas que
nos acompanham sejam nossas favoritas por
nos aguentar e vice-versa. (risos)
Atualmente qual ou quais tem sido os àlbuns prediletos para se ouvir durante a turnê atual?Para mim atualmente tenho ouvido Mariachi El
Bronx e o novo álbum do Flatliners.
Qual a opinião da banda sobre downloads ilegais na internet e as redes sociais para divulgação do trabalho da banda?Acho válido, se tiverem que fazer ou divulgar,
que o façam, saiam propagando nossa música,
mas não se esqueçam de comprar uma
camiseta da banda.
Mande uma mensagem para os fãs da banda no Brasil e na América do Sul.Estamos muito felizes e empolgados de estar
no Brasil e podermos mostrar nosso trabalho.
E se vocês realmente forem a nossos shows,
preparem-se para suar muito e certifi quem-se
de trazer uma cueca a mais para esse show,
pois a que estarão usando fi cará toda enchar-
cada. (risos) Flávio Santiago
www.myspace.com/awilhelmscream
hornsup #1338
resenhas
As I Lay DyingThe Powerless RiseMetal Blade
[9]
No ano de 2003, chega a minha coleção o segundo
trabalho de estúdio da banda de Metalcore, As I Lay
Dying. Com músicas como “94 Hours” e “Forever”
difi cilmente eu pensaria que se tratava de mais um
número no mundo da música. A confi rmação do bom
trabalho veio com o terceiro full-lenght, intitulado
“Shadows Are Security”. Faixas como “Confi ned” e
“Through Struggle” me fi zeram mexer bastante a
cabeça e aprendê-las na guitarra com grande anima-
ção. Concretizado no mundo do Metalcore até então,
chega ao mercado o quarto material dos caras, o “An
Ocean Between Us”. Maturidade, profi ssionalismo e
o título de umas melhores bandas de Metalcore do
mundo foram apenas alguns pontos da excelente fase
que apresentaram no ano de 2007. Pouco menos
de três anos depois, nos deparamos com o quinto e
mais recente trabalho de estúdio, o conceituado “The
Powerless Rise”. Com a produção do guitarrista Adam
Dutkiewicz (guitarrista da Killswitch Engage) e Daniel
Castelman, a gravadora Metal Blade tem muito do
que se orgulhar. O álbum começa com a violenta “Be-
yond Our Suffering”, que não dá tempo ao ouvinte
de saber em que local se encontra, tamanha a raiva
disparada nos vocais de Tim e a precisão do baterista
Jordan Mancino. Porém, o que mais me chamou
atenção foi o quanto estão aprimorando os trabalhos
de guitarra, partindo para solos cada vez mais bem
elaborados e no tempo necessário que cada música
exige. Começaram bem. “Anodyne Sea” vem na
mesma pegada, mostrando que As I Lay Dying já não
é mais aquela banda que possui breakdowns soltos
- tudo faz sentido agora. As melodias vocais de
Josh Gilbert podem ser consideradas um dos pontos
altos aqui, além de mais passagens brilhantes nas
guitarras. “Without Conclusion” traz mais elementos
melódicos nas seis cordas, porém, é em “Parallels”
que mostram a razão de terem chegado tão longe no
circuito do Metal. Irretocável. Melodia e brutalidade
na medida certa. Você começa a notar, facilmente,
que o som deles está mais encorpado, com um nível
altíssimo de maturidade no que é feito. “The Plague”
(com um belo solo), “Anger and Apathy” (com suas
passagens mais cadenciadas) e “Condemned” (agres-
sividade máxima), realizam uma ótima sequência de
três faixas. Claro que ainda há mais elementos im-
portantes no álbum, mas quem se importa? Se és um
fã de Metalcore, eis o único lançamento de 2010 que
não pode fi car de fora da sua lista. Chegaram ao mo-
mento mais alto da carreira, com o melhor trabalho
de estúdio. Onde será que irão chegar desta forma?
A nota para este álbum vai como uma medalha pelo
que foi proporcionado a toda à comunidade Metalcore
e, ao mesmo tempo, serve como aula de como se
fazer um material longe de clichês. Igor Lemos
destaquedessttaaqqqqqquue
Foto
: Cin
dy F
rey
hornsup #13 39
War of AgesEternalFacedown
Conhecido pela junção de elementos do Power
Metal com o Metalcore, os cristãos do War
Of Ages chegam de vez com o quarto álbum
de estúdio, ao qual resolveram dar o nome
de “Eternal”. Como já venho resenhando e
ouvindo Metalcore há muito tempo, cada vez
fi ca mais inatingível a nota máxima, ou seja,
a perfeição. Esse é mais um caso em que não
há nada de novo sendo ouvido, porém, ainda
assim há pontos positivos. O primeiro deles
é a inserção de vocais melódicos, vide a
brilhante faixa de abertura “Collapse” e “Failure”.
O instrumental é um show, um banho de
virtuosismo. Diversas faixas trazem solos e
passagens bem construídas, como exemplo
“Desire”, que conta com a participação de
Tim Lambesis, o conhecido frontman do As I
Lay Dying. E não fi ca por aí. Na faixa título há
a presença de Sonny, o vocalista do P.O.D.!
E, devo pontuar, fi cou bem interessante essa
mistura. A última participação especial é do
baixista/vocal limpo do As I Lay Dying, Josh
Gilbert, na música “Lack Of Clarity”. Esse é
o melhor álbum da War Of Ages, de longe.
Porém, ainda estão presos a estruturas
lineares em várias composições. Os refrões
melódicos são bons, porém, me lembraram
algo vinculado à Shadows Fall. É o que eu
disse anteriormente, é muito difícil atingir a
perfeição. Considero até uma cobrança desne-
cessária em relação às bandas de Metalcore,
porém, assim o faço. Em resumo, um álbum
coeso, com belos trabalhos de guitarra,
composições memoráveis, no melhor que o
Metalcore tem a apresentar. Fiquei satisfeito,
mas está muito “arrumadinho” pro meu
gosto. Contudo, não perca esse full-lenght de
vista. Igor Lemos
Dream EvilIn The NightCentury Media
Em seu quinto trabalho os suecos do Dream
Evil vem com o álbum “In The Night”. Um dos
grandes atrativos da banda era a presença no
line-up do guitarrista grego Gus G., líder do
Firewind e o mais recente substituto de Zakk
Wylde na banda de Ozzy Osbourne, o que
talvez pode ajudar a popularidade do Dream
Evil. Agora, além do guitarrista Fredrik Nordström
temos Mark Black à frente da guitarra princi-
pal. A banda traz um álbum que ainda marca
um período de transição entre os estilos dos
guitarristas, tais diferenças podem ser notadas
logo nas primeiras faixas do álbum, como
“Immortal” que apesar de bons arranjos se
torna um pouco repetitiva, mas a banda com-
pensa com as excelentes “Bang your Head”
e “In The Night”. No decorrer do álbum há
momentos de deslizes como em “In The Fires
Of The Sun” com melodias previsíveis e que
em pouco acrescentam e também em acertos
como em “Kill, Burn, Be Evil”, “Good Night-
mare” e “The Return”, o que faz este álbum
ser apenas mediano, em relação aos trabalhos
anteriores da banda, mas quem for realmente
fã desta banda sueca, com certeza irá adquirir
esse trabalho, independente do que for dito.
Flávio Santiago
TaprootPlead the FifthVictory
Não faço ideia da época em que vocês
conheceram Taproot, porém, posso falar por
mim. Há 10 anos atrás, exatamente em Junho
de 2000, eis que cai no mercado o terceiro
álbum da Taproot, intitulado simplesmente
de “Gift” - e que presente! Com composições
sólidas, como “Smile” e “Mirror’s Refl ection”,
conseguiram chegar a Billboard e abrir
um caminho de sucesso para o mais bem
sucedido full-lenght da carreira, o excelente
“Welcome”, que nem preciso dizer, é o meu
preferido, vide as composições como “Mine”,
“Poem”, “Art”, “Myself”, “When” e outras.
Após esses dois trabalhos, conseguiram fazer
algo incrível: lançar “Blue-Sky Research” e
“Our Long Road Home”, dois álbuns lastimáveis,
com poucos momentos de destaque e que
nem de longe soavam pesados como os
dois anteriormente. E aí? Desistir de Taproot?
Negativo. “Plead The Fifht” chega como um
belo pedido de desculpas. Não é o melhor
trabalho do conjunto, porém, traz aquela
agressividade e guitarras semelhantes ao
início da carreira. “Now Rise” inicia muito
bem, com gritos que há muito tempo não
eram ouvidos. “Game Over” vem com aquelas
habituais guitarras Nu Metal que eu estava
morrendo de saudades. Claro, saudades,
Taproot era uma das minhas bandas de
cabeceira. “Fractured (Everything I Said
Was True)”, primeiro single, é uma das
melhores músicas que ouvi dos caras. Um
refrão pegajoso e um ritmo pula-pula que
só traz boas recordações. “Release Me”,
“Trophy Wifi ” e “No View Is True” também
merecem destaque. Lógico que há faixas
chatas, em que o ouvinte irá se lembrar dos
dois últimos álbuns. Portanto, ainda não
estão completamente recuperados. Mas,
como eu disse, o pedido de desculpas que
fi zeram está aceito. Vamos ver como será o
caminho daqui para frente. Fiquei bastante
esperançoso. Igor Lemos
Public PervertQuestioning BeliefsIndependente
Extremamente progressivo e quase psicodé-
lico é “Questioning Beliefs”, segundo EP da
banda portuguesa Public Pervert. O trabalho
conta com as participações de Dinho (New
Mecanica), Nuno Fadigas (Dr. Zilch) e Rute
Fevereiro (Enchantya e Black Widows). As
quatro faixas trazem consigo uma carga
emocional e consegue, sem muito esforço,
arrebatar o ouvinte para um universo para-
lelo e cheio de paradigmas e nos convida
a mergulhar de cabeça nessa grandiosa
essência musical proposta pelos músicos. A
bela e caótica “Recycle Jesus” é um turbilhão
muitas coisas e ao mesmo tempo é simples
como olhar pro céu num dia de sol. A doce
“Mr. Blue” faz seu pensamento ir longe sem
que você perceba que os pouco mais de
cinco minutos da música passaram (talvez
os cinco minutos mais rápidos que já ouvi).
“Perfect Enemy” tráz batidas sincopadas
e mais cadenciadas que desembocam e
um interlúdio suave que precede a virada
que culmina no ponto alto da faixa. E pra
fi nalizar “Sinsual” talvez a faixa mais direta
e menos complexa da todas sem muita
fi rula, mas o jeito intimista e sorrateiro está
lá. Indicadíssimo para quem quer beber de
outras fontes ou curte som mais progressivo.
Odilon Herculano
[8]
[6]
[7]
[7]
The Dillinger Escape PlanOption ParalysisSeason of Mist
“Option Paralysis” é o quarto full-lengh dos
norte-americanos do The Dillinger Espace
Plan e um dos mais sinceros produzidos
pela banda. Essa sinceridade que men-
ciono está relacionada com a essência do
álbum, pois o mesmo enquadra-se em uma
abordagem conceitual. O conceitualismo
em questão difi cilmente poderia ser mais
pessimista, já o quinteto quer mostrar que
“as mais variadas opções (option) musicais
contemporâneas deixam você paralisado
(paralysis), visto que é bastante raro
encontrar algo que valha a pena receber
atenção”. E a crítica não resume-se apenas
a esse aspecto artístico-musical, mas se es-
tende a uma concepção do próprio homem,
pois é notával que toda essa globalização
e inter-comunicação tem mantido o homem
uniforme em relação a outras culturas. A fi m
de preservar a singularidade da banda, o
“Option Paralysis” abarca todos os fatores
presentes da realidade não-ortodoxa do The
Dillinger Escape Plan com pleno sucesso,
a exemplo da faixa de abertura “Fare-
well, Mona Lisa”; este single mistura uma
tremenda pancadaria que gira em torno de
uma crise existencial que tenta impor uma
transcendência relacionada à primitividade
da alma dos seres. “Gold Teeth on a Bum”,
“Widower” e “Parasitic Twins “ retratam a
síntese do “Option Paralysis”: mudanças
bruscas de ritmo regadas à brutalidade e
formas únicas de experimentalismo; como
sempre, entre o Jazz, o Fusion Rock, e o
Death Metal (como muitos chamam, Math-
core). Pode-se dizer sem medo que esse
quarto CD de estúdio é não apenas um dos
melhores desse primeiro semestre de 2010,
mas um dos mais primorosos da carreira
da já consagrado The Dillinger Escape Plan.
Então, para os que desejam romper com
a linearidade da música contemporânea, o
álbum em questão é uma excelente pedida
para esse momento pois é repleto de
emoção, técnica e maturidade. Italo Lemos
[9]
40
resenhas
Jesse MalinLove it to LifeSide One Dummy
No principio você acha que é The Clash,
depois você acaba achando que é Rolling
Stones ou Bob Dylan. Essas são as im-
pressões que fi cam nas primeiras audições
do novo disco de Jesse Malin - cantor
americano, que nada mais faz do que um
Rock Pop modernoso com cara de setentista.
Talvez dai as referências. E fazem até jus
às suas infl uências musicais e cinematográ-
fi cas que vão desde Bad Brains, Ramones,
Tina Turner e Tom Waits, quanto de Woody
Allen, Scorsese e Humphrey Bogart. Jesse
Malin é jovem, estiloso, gosta da câmera, de
boas imagens, faz pose de Rocker e usa de
todos esses recursos no seu mais recente
lançamento. Ele já passou pelo Hardcore da
banda Heart Attack e pelo glam punk do D
Generation e desde 2000 faz seu trabalho
solo. Seis álbuns e dois EPs depois, ”Love
it to Life” é o sétimo dessa fase da carreira,
gravado junto com um coletivo de amigos,
na autodenominada banda The St. Marks
Social. Com uma visão muito particular
sobre as ruas, o pessimismo das pessoas e
tudo isso, somado ao estilo rocker de ser,
pode se transformar em canção, Jesse diz
que compor as músicas de “Love it..” foi
como ver o mundo através dos olhos de
J.D. Salinger, o recentemente falecido autor
de “O Apanhador nos Campos de Centeio”.
Sobre o conceito, precisa explicar mais?
Trabalho elogiado por publicações como
Mojo, Q e Alternative Press, “Love It To Life”
foi lançado em Abril e disponibilizado para
download. Mas sua versão física também
está sendo vendida nos EUA e Europa. Das
onze músicas, destaques para o primeiro
single e primeiro video clipe: “Burning the
Bowery”. Ótima produção com rockinho pra
cima, musica fácil com cara de hit. “Disco
Ghetto”, igualmente boa, tem riffs mais ex-
perimentais e não-linerais e som suingado.
Outra bem bacana é “All the Way From Mos-
cow” (olha a referência das ruas ai). “Lonely
heart”, baladona triste, fecha o disco e
nessa você tem certeza que é o Mick Jagger
que esta cantando. E isso não soa exata-
mente como uma má crítica. Andréa Ariani
ValkyrjaContaminationMetal Blade
Da enxurrada de defi nições estilísticas
que norteiam o Black Metal fi ca difícil, nos
tempos de hoje, defi nir ao qual estilo uma
banda pertence. Mas isso não gera dúvida
quando se fala de Valkyrja. É Black Metal.
Mesmo que os radicais de plantão e suas
miríades de estilos e sub-estilos torçam o
nariz. “Contamination” traz músicas elaboradas
com o pior que há no ser humano. Nota-se
uma esquizóide relação com a natureza e
o processo de devastação que a metástase
humana provoca. A capa de compleição mini-
malista demonstra a prepotência negativa
do poder do bicho homem. E nessa senda
de destruição é que surge um álbum pra
ser ouvido com atenção. Camadas sonoras
remetem ao estado misantrópico. O vocal
nem screamer e nem gutural revela-se uma
singela surpresa. Guitarras passeiam unísso-
nas. O baixo incessante junto com a bateria
completa a harmonia destruidora. A banda
aponta pra uma evolução sem esquecer
as lições do passado. Em alguns trechos
percebe-se uma sonoridade grave. Coisa rara
dentro do estilo. Gravação excelente. Tim-
bres limpos. Equalização de alto nível. Curio-
samente as últimas faixas são as melhores.
“The Womb of Disease” amacia o ser com
uma introdução soturna, depois explode em
um torvelinho de louvor ao caos generalizado.
Nem o solo límpido e melodioso do fi nal
deslegitima o torpor musical. “Welcoming
Worms” é um verdadeiro libelo pró-putrefa-
ção. Agonia, sensação iminente de morte,
desespero. Veloz, crua, devastadora. “A
Cursed Seed in the World” traz em caval-
gadas o profeta disseminando a excelência
destrutiva da humanidade sobre o planeta.
Um verdadeiro épico para se ouvir ao
entardecer. “The adversarial Incentive within
all” fi naliza o disco entre a contemplação da
dor e ruína da fúria. Excelente escolha para
fi nalizar um obra. Maturidade sonora é essa
impressão que Valrkyrja passa. E que venha
2012! João Antonio
Bleeding ThroughBleeding ThroughRise
“Bleeding Through” é o nome do novo fi lho-
monstro deste sexteto de Orange County,
mostrando um grande momento da banda.
Este é o sexto álbum de estúdio, sendo o
primeiro pela Rise Records e marca a estréia
de Dave Nassie, guitarrista que tem em seu
currículo grandes bandas como Suicidal
Tendencies/Infectious Grooves e No Use For
A Name. Toda a fúria e a brutalidade que o
Bleeding Through carrega desde o começo da
carreira parecem estar ainda mais “envenenadas”
neste novo trabalho. “A Ressurection” abre
o tracklist com um instrumental sinfônico
que prepara a faixa seguinte “Anti-Hero”
para destruir tudo e todos com momentos
rápidos à lá Black Metal com o bom e velho
Thrash Metal com Hardcore no qual fazem
muito bem. “Your Abandonment” começa com
uma bela atmosfera sinfônica de Black Metal
executada pela tecladista Marta que por
sinal, fez passagens muito interessantes no
decorrer de todo o álbum, dando um clima
especial e específi co a cada faixa executada.
“Salvation Never Found” tem o seu lado
melódico no refrão, com vocais limpos de
Brandan Schieppati que soam um pouco
diferentes, porém não menos interessante,
que a época “The Truth”. Solos de guitarras
trazem um sabor diferente em “Divide The
Armies”. Aqui vale destacar também as melo-
dias vocais no refrão que são bem legais. No
geral, os riffs matadores e a bateria rápida/
esmagadora são muito bem executados em
todo o disco, sendo obviamente, um dos
ingredientes mais importantes pra toda essa
raiva sonora contida em cada uma das faixas
apresentadas. A primeira impressão deste
novo lançamento do Bleeding Through pode
até parecer como um “mais do mesmo”
porém, em uma audição mais atenciosa, é
fácil perceber mais um grande trabalho que
mistura competência e agressividade na dose
certa. João Henrique
DestinityXI Reasons To SeeLifeforce
O Destinity é da França. Antes um cenário
totalmente relegado ao underground do
Metal, a cena francesa vem tendo boa ex-
posição graças a uma nova safra de bandas,
encabeçada pelo excelente Gojira. Porém,
este veterano quinteto de Lyon tem uma
história própria, originada em 1996. O Destinity
abandonou sua raíz Black Metal melódico/
sinfônico, e hoje faz um som Death/Thrash
muito na linha do que fazem também outro
veterano, os suecos do Impious. Eu disse
suecos? Pois é, a Suécia é fonte de inspiração
primordial para a banda neste momento.
Tanto é que vem sendo comum a banda
excursionar com bandas suecas. “XI Reasons
To See” soa como se a Destinity pegasse
alguns bons momentos de In Flames, Amon
Amarth, Hypocrisy, The Haunted, Soilwork, At
The Gates e, com seu próprio estilo de com-
posição, criasse algo que, apesar de parecer
como um apanhado de clichês, funciona.
Funciona porque agrada logo na primeira
audição. É assim com “A Dead Silence”, que
oferece um refrão matador, impossível não
curtir. E os bons momentos vão se suce-
dendo no álbum. Inusitados vocais limpos
em “When They Stand Still” fi caram muito
bem encaixados. “To Touch The Ground” é
uma faixa lenta e melódica, mas com força
para convencer. Hypocrisy vem na cabeça
na hora. “Your Demonic Defense” tem uma
combinação de riff esperto com refrão que
cola logo de cara. O curioso é que o backing
vocals do grupo fi cam a cargo do baterista
e membro fundador Morteüs. E sua partici-
pação é constante, deve ser curioso vê-lo ao
vivo cuidando de alguns vocais enquanto se
encarrega de todo o trampo com as peles.
“In Sorrow” é outro destaque positivo do
álbum. Nem tudo é perfeito, há momentos
que essa inspiração de bandas suecas atinge
ao exagero. Ao ouvir “Rule Of The Rope”,
dá-se a impressão que uma música do
Amon Amarth entrou erroneamente no seu
player. Fora o refrão cantando por Morteüs,
que remete ao material do Destinity, todo o
resto é Amon Amarth puro. Por sorte, “Silent
Warfare” muda isso; agora o que ouvimos é
The Haunted! “Negative Eyes Control” e “Self
Lies Addiction” voltam a deixar de lado as
“homenagens”, trazendo ótimos trabalhos de
guitarras, vocais potentes, backing vocals,
como já dito, inusitados e interessantes, e
um belo trabalho de bateria. Impossível não
gostar se você curte o Metal de Gotemburgo
e seus derivados. Garanto que “XI Reasons
To See” possui muito mais pontos positivos
do que gastas repetições de clichês. André
Pires
hornsup #13
[6]
[8]
[7]
[7]
41hornsup #13
Misery IndexHeirs To ThieveryRelapse
O Misery Index vem a público mais uma
vez com ”Heirs To Thievery”, seu quarto
álbum, e que pode ser carinhosamente
chamado de “os 38 minutos mais frené-
ticos e insanos dos últimos tempos”.
Posso dizer que as onze novas faixas que
compõem o registro são verdadeiramente
devastadoras e impressionantemente
vigorosas sejam nos arranjos ou no urros
do baixista/vocalista Jason Netherton. Você
começa a audição de “Heirs to Thievery”
e literalmente tem a nítida impressão que
a coisa é somente ladeira a baixo, esses
caras de Baltimore mantém seu ritmo de
explosão, e o plano é juntamente esmagar
seus tímpanos faixa após faixa. Realmente
uma metralhadora sonora que paira com
maestria na linha tênue da fronteira entre
o Death Metal e o Grindcore. Embora possa
não ser um trabalho inovador, a dose de
brutalidade é bastante impressionante.
Destaque para as faixas “The Carrion Call”
e “You Lose” que foram as que mais dei
repeat, mas o trabalho completo é um pe-
tardo e vale a pena “ganhar” algum tempo
para ouví-lo de cabo a rabo. Recomen-
dadíssimo. Odilon Herculano
I Am Abomination To Our ForefathersGood Fight
Se você lê a coluna “Sangue Novo”, que
venho fazendo desde a #1, irá se lembrar
que a banda I Am Abomination entrou na
edição de número 3. Na época, escrevi o
seguinte: “I Am Abomination consegue ser
uma das grandes promessas para entrar
em uma gravadora de grande porte e ter
o seu trabalho divulgado pelo mundo”.
Atualmente, estão no selo Good Fight Music
(Madball, Cancer Bats). É aquela velha
sorte que venho dando às bandas que
aparecem nesta abençoada coluna, diga-se
de passagem. Se você quer se aventurar
em um mundo sonoro da junção do Metal
Progressivo com o Post-Hardcore, estás no
lugar certo. Com suas letras políticas na
faixa “Since 1776”, o grupo abre o álbum
de forma impactante, com belos lances de
guitarras. E é realmente isso que impres-
siona: os incríveis trabalhos nas seis
cordas aliados aos vocais melódicos de Phil
Druyor. Em alguns momentos você irá, com
certeza, relacionar este conjunto com o Pro-
test The Hero. “Cataclysm” é um exemplo.
“The Deceiver”, outra composição mar-
cante, apresentará links sensacionais e um
refrão pra lá de pegajoso. Mas é em “Rock
N’ No Soul” que mostram todo o talento.
A postura do grupo, nesta faixa, é de se
colocarem como realmente são, sem pagar
pau para modinhas, formas de se vestir
ou tocar, ou seja, querem ser autênticos.
“Invisible Titans” perde um pouco a força
do full-lenght, sendo uma música mais do
mesmo. Porém, “Greetings From Easter
Island” retoma passagens inteligentes. No
fi nal das contas, curti bastante o trabalho
deles, mas ainda faltou algo para terem
uma nota maior. Cada detalhe foi muito
bem pensado, entretanto, em excesso,
usado como único recurso, começa a torrar
o saco, como uma banda de Deathcore que
usa breakdown da primeira a última faixa.
Essa é uma importante observação para
conseguirem um destaque ainda maior no
cenário - congestionado - do “Metal” ou
seja lá como eles quiserem se rotular. Vale
a audição. Igor Lemos
Cast a FireThese Troubled WatersReal Gana
Quando li que a banda portuguesa Cast
a Fire nasceu de um projeto solo de seu
vocalista Bruno Mira, confesso que fui
ouvir meio descrente, achando se tratar
de uma “banda de um homem só”. Logo
de cara, o trabalho de produção gráfico
da banda causou boa impressão, o que foi
ajudando a quebrar a resistência inicial.
E que boa surpresa! Mesmo Bruno sendo
o responsável pelas músicas, o trabalho
soa realmente como de uma banda coesa
e pesada, fazendo um Heavy Metal de
primeira linha. A produção musical não
chega a impressionar, pois senti que as
guitarras e os vocais de Bruno poderiam
ter convivido de uma forma mais harmo-
niosa (em alguns momentos, a voz parece
estar mais alta do que deveria). A bateria
e o baixo poderiam ter soado mais pesa-
dos – mas aí já é um gosto pessoal. Mas,
nada disso compromete as ótimas com-
posições do álbum, que começa com um
ritmo bem acelerado, que, infelizmente, vai
perdendo força até o meio do álbum (de
um total de 10 músicas). “I Never Forget”
é uma música pesada, que abre o disco
já mostrando toda a versatilidade vocal
de Bruno, que consegue criar os climas
certos para cada diferente situação. Em
seguida, vem a melhor música do álbum
disparada, a excelente “Whisper (Calling
You)”, que, para mim, é um hit instantâneo.
O álbum mantém o peso até a bela “True
Lovers Die”, seguida do interlúdio musical
“Prelude to Infinity” que anuncia a última
e interessante música pesada do álbum,
“Ash, Dust and Memories”, que mostra
divisões musicais interessantes em suas
diversas partes, chegando a parecer até
progressiva. O álbum termina com três
belas baladas: “Still Mystery”, a faixa
título “These Troubled Waters” e “Vasto
Infinito Negro”, a única cantada na língua
pátria. Das três, a música título é a mais
interessante, mas todas são belíssimas
baladas. Porém, foi no final do álbum que
eu senti mais o “projeto solo” de Bruno,
diferente do início mais “rock”. Bruno
Mira é um artista completo: sabe compor,
cantar e tocar de maneira competente e
sabe qual rumo a seguir. Heavy Metal de
primeira que não deixa nada a dever a
outras grandes bandas do gênero. Por ser
um debut album, acredito que muita coisa
boa do Cast a Fire ainda vem por aí. Luigi
“Lula” Paolo
Soulfl yOmenRoadrunner
“Bleed”? “Jumpdafuckup”? De quem são
essas músicas mesmo? Enfim, as coi-
sas mudam, épocas mudam, mas o que
sempre permanece é o que já está no
sangue da pessoa, e isso é bem notável
ao vermos a carreira do velho Max Caval-
era. A proposta do Soulfly, pelo menos a
princípio, era de experimentar elementos
novos, fazer coisas mais alternativas, sem
esquecer do peso. Conforme o tempo foi
passando Max e companhia foram voltan-
do para a sujeira, no bom sentido é claro,
de ser ainda mais “roots” mandando
novamente aquele bom e velho Thrash/
Death Metal do mais cru possível com
bastantes influências de Punk/Hardcore à
lá Discharge. “Omen” é o sétimo disco da
carreira do Soulfly apresentando defini-
tivamente essa tal de “volta às raízes”.
Após “Prophecy” de 2004, “Dark Ages” e
“Conquer” foram os álbuns responsáveis
por essa nova fase da banda. A entrada
do grande guitarrista Marc Rizzo em 2004
[7] [8]
[7]
parece ter dado um empurrão e tanto nas
novas composições da banda trazendo
toda sua técnica, velocidade e agres-
sividade para somar ainda mais na bru-
talidade do som do Soulfly. De fato, em
nenhum dos álbuns, o Soulfly deixou de
introduzir elementos diferentes em suas
músicas. A banda sempre dá um jeito de
criar aquelas atmosferas interessantes
meio que abrasileiradas com violões e
percussões seja para encaixar no meio de
músicas ou para servir de introduções.
Porém, em “Omen” esses elementos não
estão mais tão presentes assim. Este é
definitivamente um dos trabalhos mais
“direto e reto” possível, quase que
pegando a mesma alma do outro projeto
de Max, o Cavalera Conspiracy. Da primei-
ra a décima música é uma porrada só,
sem frescuras (já que a décima primeira
faixa é a Soulfly VII, última música do
disco que fecha com um instrumental
mais tranquilo). Riffs matadores, acom-
panhados da bateria rápida e cadenciada
dão o peso ideal proposto pelo álbum,
assim como o vocal de Max Cavalera que
tem aquele poder de sempre: bruto, sujo
e agressivo. O disco ainda tem a par-
ticipação de Tommy Victor do Prong na
faixa “Lethal Injection” e de Greg Puciato
do The Dillinger Escape Plan na música
“Rise Of The Fallen”. A edição limitada do
álbum, vem bem mais recheada contendo
3 faixas a mais como bônus track e um
DVD com 17 músicas gravadas do festival
With Full Force. João Henrique
[7]
42
resenhas
Miss LavaBlues for the Dangerous MilesRaging Planet
“Chegou enfi ando o pé na porta”. É isso que
senti escutando o primeiro álbum do Miss
Lava, banda de Rock portuguesa, que chegou
com muita vontade de mostrar o seu trabalho.
O primeiro álbum apresenta composições
sólidas, pois teve um bom tempo para serem
trabalhadas antes do registro fi nal, e o Miss
Lava mostra que o fi zeram bem, pois as
músicas são diretas, pesadas e certeiras. O
baixo distorcido que abre o álbum com “Don’t
Tell a Soul” dá o tom do que será o álbum,
que tem um ar “vintage”, talvez pelo baixo
distorcido e as levadas de bateria mais clás-
sicas. Gostei bastante da levada arrastada
de “Ain’t Got the Time”, uma das melhores
do álbum, além de “Blind Dog” e “Scorpion”
que também merecem destaque, esta última
a maior música com mais de oito minutos de
duração – em geral as músicas são curtas,
raramente ultrapassando os cinco minutos.
Em geral, as faixas são bem divertidas, Rock
and Roll em seu estado puro, porém achei
que, em determinados momentos, algumas
melodias são bem parecidas, o que pode dar
o que eu chamo de “efeito AC/DC”, onde tudo
parece uma música só. Mas assim como o
AC/DC, o resultado fi nal é música boa. Rock
and Roll dos bons e longa vida ao Miss Lava.
Vale ressaltar a interessante e provocativa
arte do álbum, que junto às músicas dão
o clima de Rock psicodélico muito bom de
ouvir. Luigi “Lula” Paolo
FrontalVida ConvictaOne Voice
Mesmo em tempos tão difíceis em que tudo
se dilui e é relegado ao esquecimento, soa
reconfortante ver que alguns poucos ainda
persistem incansáveis em seu trajeto de
transformação do real. Contrariando o destino
irrefutável de um dia sermos meras máqui-
nas de consumo desenfreado. O Frontal traz
neste álbum um verdadeiro massacre de ódio
revolucionário. “Vida Convicta” agrada desde
o artwork à masterização. Tudo extremamente
profi ssional e de bom gosto. “Terrorismo” com
introdução do áudio do ataque de Osama ao
WTC prepara o ouvinte pro redemoinho que
se segue. Riffs incessantes dão início ao um
crossover aniquilador, breakdown com vocal
declamado no melhor estilo panfl etário. Com
som de pratos cristalinos inicia-se “Sobre Ser
Libertário”, grita por liberdade, ódio e ação.
“Nova Terra” destrona qualquer desesperança.
Traz a veia anarquista num incêndio de poesia
revolucionária. Induz à uma transformação
interior antes de tudo. A faixa que intitula o
álbum é pura cadência headbanger, break-
downs poderosos, guitarras uníssonas num
trabalho belíssimo, vocal berrando até o ester-
tor mas entende-se tudo, backing vocals no
melhor estilo Hardcore novaiorquino. “Elo de
Amor” é sucinta em sua mensagem, louva uma
estrutura de família isenta de sectarismos, pre-
conceitos e delimitações. Faixa rápida, quase
minimalista. Um tapa no ouvido. “Foto-simu-
lação” a faixa mais longa do álbum também
é a mais trabalhada, puro discurso ativista,
convida o povo às ruas. Finaliza o álbum com
classe e dando o recado com clareza. “Se
desordem é liberdade seremos subversores da
ordem” – Karne Krua. João Antonio
AlkonostPut’ NeprojdennyjVic
Com 15 anos de estrada, a banda russa
Alkonost fi nalmente começa a ser conhecida
fora de seu país natal. Em parceria com a Vic
Records, o grupo relança mundialmente este
“Put’ Neproydenny”, de 2006, para enfi m ter o
alcance merecido. O leste e norte europeu já
começam a conhecer melhor o Alkonost, que
iniciou com um Doom/Pagan Black Metal e, após
a inclusão de um vocal feminino, faz uma inte-
ressante fusão entre Folk, Symphonic e Gothic
Metal. Por não ter perdido suas raízes Doom (a
melancolia continua intacta), a princípio parece
um encontro de My Dying Bride com Nigthwish
antigo, mas seria uma defi nição muito rasa
para a banda. Cantando tradições do folclore
russo e, o melhor, em sua língua pátria, o que
traz uma excentricidade muito bem vinda ao
som. A ótima vocalista Alena Pelevina solta a
voz operística e dá conta do recado. O baixista
Alexey “Alex Nightbird” Solovyov, único vocalista
nos primeiros trabalhos do grupo, agora toma
conta dos backing vocals, um gutural rasgado
que acrescenta um tom visceral nas músicas
em que participa. E sua participação já é logo
abrindo o álbum, em “Golos Lesov”. A faixa-títu-
lo possui um riff viciante, ótima orquestração e,
claro, a bela voz de Alena. Durante todo o disco,
é ela quem imprime o lado mais melancólico,
sacro, enquanto guitarras, bateria, baixo e
teclado trazem o sopro da melodia pagã. “Noch’
Pered Bitvoj” é talvez a que mais se assemelha
com os trabalhos antigos do Nightwish, mas o
toque Folk russo a faz diferenciada. É interes-
sante notar a ocupação das duas guitarras,
que não invadem o som, mas também não se
escondem, deixando espaço sufi ciente para
os vocais e os ótimos arranjos de teclado de
Almira Fathullina. Andrey “Elk” Losev e Dmitriy
Sokolov, com seus intrumentos, conduzem toda
a melodia e contribuem para o som do Alkonost
ser tão equilibrado e agradável. “More-Son” é
hipnótica, melancólica, arrastada. Alena continua
nos maravilhando em “Dumy Moi-Zamicy Dal
Nie...” sétima e última faixa do álbum. Apesar
de apenas sete músicas, “Put’ Neproydenny”
conta com quase 55 minutos de ótimo Gothic
Folk Metal. A Rússia é pouco para o Alkonost!
André Pires
Woe of TyrantsThrenodyMetal Blade
Um álbum totalmente orientado para guitarras
é a melhor forma de descrever “Threnody”,
o novo trabalho da banda americana Woe of
Tyrants. Uma trama cheia de meandros e fi rulas
que vai sendo tecida da forma mais intricada e
devastadora possível seguindo pelas dez faixas
do registro que seguem massacrando por mais
ou menos quarenta minutos os ouvidos. Bum-
bos vertiginosamente rápidos pulsando como
uma metralhadora giratória, não se importando
com que está a sua volta e servindo de susten-
tação para as guitarras ultra-hiper-mega traba-
lhadas e simetricamente se completando. Com
canções marcantes como “Venom Eye”, com
um vocal extraordinário e instrumental idem, é
disparada a melhor faixa do álbum. O registro
ainda conta com outros destaques como “The
Venus Orbit”, “Singing Surrender” e “Creatures
of the Mire”; você simplesmente se delicia com
o show de técnica encontrado nessas faixas.
“Threnody” é tema perfeito para aquele dia
estressante no trampo, onde sua vontade no
fi nal do dia é chutar bundas e quebrar crânios.
Seja como for, se você curte um Metal bem
conduzido não pode fi car ai parado. Ouvidos à
obra! Odilon Herculano
Veil of Maya[id]Sumerian
Desde 2004 este grupo americano vem fazen-
do barulho no meio underground. Cultuado
pelos seus intermináveis breakdowns secos,
aliados às dissonâncias de guitarras, Veil Of
Maya chega para destruir tudo o que ver pela
frente com seu mais novo trabalho, terceiro
LP na carreira, intitulado simplesmente por
“[id]”. De fato, venho acompanhando todas
as bandas da gravadora Sumerian Records.
Por conhecer o time que este selo possui, já
dá pra notar uma coisa bem interessante logo
de cara: as afi nações baixas unidas aos já
comentados breaks secos. Contudo, não veja
isso como um ponto negativo. Fato é que as
músicas da Veil Of Maya estão arquitetadas
a fazer o ouvinte sair pulando que nem um
louco, porém, o conjunto não é só isso. Essa
sombra do Meshuggah nem assusta a origi-
nalidade dos caras. Começando pela faixa
título, “[id]” apresenta uma postura futurística
dos samplers, junto aos breakdowns, que já
dão a cara da agressividade do grupo. Daí
em diante “Unbreakable”, “Dark Passenger”
e “The Higler” são vários murros no ouvido.
Faixas monstruosas, técnicas e de bom gosto.
A precisão de Sam Applebaum na bateria é
assustadora. Em uma análise mais breve, o
full-lenght tem pontos altos, com instrumen-
tais variando de forma bela, porém, senti
falta de passagens mais lentas ou tirando
um pouco os breaks das músicas. É, de certa
forma, uma fórmula da Veil Of Maya. “Mowgli”
me deu alguns momentos sem tantas para-
das na música, mas, de repente, lá estão os
breakdowns – e é uma faixa interessante.
Gostaria apenas que Veil Of Maya ousasse
um pouco mais. Em suma, um álbum foda,
ainda cabendo um destaque para a música
“Namaste”. Indicado aos que gostam de um
barulho “comportadinho”. Igor Lemos
hornsup #13
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43hornsup #12
PeripheryPeripherySumerian
A revelação de 2010! Aliás, será que estamos
realmente falando de uma banda recente?
Nem tanto. Formada em 2005, Periphery
acabou por se tornar uma espécie de hit no
Myspace. Após passar séculos sem nenhum
vocalista, apenas lançando músicas instru-
mentais, acabam vindo com a promessa de
se tornarem um conjunto, com um frontman,
a entrada de uma voz, tão necessária para
fi nalizar esta obra de arte. Porém, as coisas
não foram tão fáceis assim. Em pouco tempo,
diversos vocalistas passaram pela banda,
sempre cedendo lugar a um próximo. Ainda
neste ano de 2010, acabam por efetuar como
titular Spencer Sotelo. Decisão melhor que
essa não poderia ter. Bom, muito foi falado,
mas para os que não conhecem, o que raios é
Periphery? Não é tão fácil responder. Imagine
uma mistura de um Meshuggah modernizado,
com passagens melódicas nos vocais e um
banho de criatividade que difi cilmente você
verá novamente tão cedo. Isso é Periphery:
Metal Progressivo com elementos do Mathcore
e Experimental. Tanto virtuosismo acabou
por gerar atenção de vários selos e caíram
em uma casa muito bem vinda, a Sumerian
Records. Se você espera por violência, apenas
dê o play. “Insomnia” já começa com as três
(sim, três) guitarras (de sete cordas) realizando
breakdowns. Logicamente não param por aí,
inserindo links e elementos progressivos. Não
demora muito para que os gritos se trans-
formem em vocais melódicos, que acabam por
corroborar em um refrão pegajoso, trocando a
atmosfera rápida para passagens mais caden-
ciadas. Lentidão momentânea. Você não irá se
deparar na brutal “The Walk”. “Letter Experi-
ment” começa com um ritmo pula-pula con-
tagiante. Caro ouvinte, prenda-se ao mundo
que a Periphery monta nesta faixa, umas das
composições mais marcantes que ouvi ulti-
mamente. “Jetpacks Was Yes!” é o oposto da
segunda faixa, deixando de lado a pancadaria,
para a entrada total de melodias. Daí chega a
música que mais aguardei: “Light”. Finalmente
pronta em um full-lenght. Como tive o prazer
de aguardar o que cada segundo do álbum
teria a me oferecer, deixarei a resenha neste
ponto, destacando mais algumas faixas:
“Buttersnips”, “Icarus Lives!” (primeira a ter
clipe) e a longa “Racecar” (15 minutos). A es-
pera que mais valeu a pena nos últimos anos.
Há muito tempo não dava uma nota máxima e
essa banda tem todos, simplesmente todos os
requisitos necessários: originalidade, presença,
produção, instrumental e o fenomenal alcance
em apenas um debut. Como diz a crítica
americana: se tornarão grandes - em breve.
Igor Lemos
[10]Living Sacrifi ceThe Infi nite OrderSolid State
Sete para alguns é considerado como um núme-
ro azarado ou que representa algo não muito
verdadeiro (na minha terra tem um dito popular
que afi rma que sete é numero de mentiroso).
Mas deixemos as esquisitices e regionalidades
de lado e falemos de “The Infi nite Order”, o
sétimo álbum da banda americana Living Sacri-
fi ce. Que é uma óbvia continuação do trabalho
antecessor da banda, “Conceived In Fire”, de
2002 (não tomem isso como um demérito, a
intenção é o oposto). Com levadas que tem um
tempero todo especial que mescla as passagens
entre a velocidade e o groove, com melodias
que fecham na perfeição. Somando elementos
que são a base para formar um som peculiar e
que tanto se aproxima do Heavy Metal extremo
- com berros ensandecidos, mas que dá deixas
para esporádicas linhas vocais mais limpas.
Como toda banda cristã que se preze todo esse
barulho, tem a sagrada incumbência de procla-
mar a furiosa e onipotente existência de Deus e
contestar os não-cristãos e infi éis. Merecem uma
atenção especial “Overkill Exposure”,”Nietzsche’s
Madness” e “Apostasy”. Essa última possui uma
introdução acústica à base de violinos que vão
crescendo para explodir em distorção galopante;
mostra a vontade da banda em fazer algo
diferente. Posso dizer que esse é um puta álbum
e que se você não ouvir o azar é só seu. Odilon
Herculano
EndayGreen SmokeIndependente
Por mais que a biografi a diga o contrário, o
Enday nasceu, sim, com grandes ambições. O
que se confi rma pelo belíssimo trabalho visual
de seu site e Myspace. Jovens cantando os
problemas da juventude (amores e amizades,
entre eles), fazendo o dito novo Rock, que
alguns rotulam de Emo. São de Portugal,
mas ao contrário de bandas brasileiras, por
exemplo, preferem cantar em inglês (estra-
tégico para os objetivos, sacam?). Se quiser
comparar vai encontrar um quinquilhão de
similares, mas esse não é exatamente o
caso. A banda foi formada em 2005 e vinha
fazendo shows de divulgação com apenas
o EP “Drowning in Pictures” lançado. Com
o ótimo retorno dos shows, conseguiram
contrato com a gravadora americana Cal
Rock. E eis que no último dia 12 de Maio,
“Green Smoke”, o debut álbum, foi lançado
numa festa em Lisboa, com uma série de
convidados em que houve também a exibição
do videoclipe do single “Bitter Sweet Twist”.
Com a produção de Miguel Marques e
Rodrigo Fortes, a masterização fi cou a cargo
de Alan Douches, produtor de The Chemical
Brothers, Sepultura, Mastodon, Fallout Boy
e Fat Boy Slim. As 10 músicas do disco já
estavam sendo disponibilizadas no Myspace
da banda e antes do álbum ser lançado, os
fãs e curiosos já sabiam o que iam encontrar.
O Rock é despretensioso, para fazer mais
curtir e dançar do que exatamente fazer gerar
grandes refl exões. Bons destaques são a
videoclipada “Bitter Sweet Twist”, a balada
“Blank Pages”, “Stars Serenade” que é uma
das melhores, “Highpressure” que é extrema-
mente pop e tem tudo pra emplacar e “Tell
me a Secret” que fecha a sequência. Essa
última, inclusive, já tem clipe gravado e terá
estréia assim que a turnê de “Green Smoke”
começar. Mais do que perpetuar o amor e um
futuro de paz e esperança, o Enday só tem a
ambição de viajar o mundo com a sua música
e tocar o seu coração. Andréa Ariani
BurzumBelus Byelobog
É impossível dissociar o Black Metal e
Burzum. Afi nal, a banda, que na verdade re-
sponde por apenas um homem Varg Vikernes, é
um ícone e precussora, junto com Mayhem e
Darkthrone, da cena Black Metal norueguesa, a
mais representativa do mundo. A banda sem-
pre foi rodeada por um manto de trevas. Das
igrejas queimadas, até a morte de Eurony-
mous, Vikernes sempre atraiu o tipo errado
de atenção. Depois que ele foi condenado
por assassinato e incêndio criminoso, foi para
a cadeia, onde trabalhou em projetos solo.
“Belus” é o primeiro álbum do Burzum desde
que Varg Vikernes foi solto da prisão ano
passado, e o primeiro gravado poe eles em
17 anos. De cara nota-se que a produção do
álbum, apesar de ainda típica de álbuns de
Black Metal, é melhor que dos seus antigos
trabalhos. Toda a desconfi ança que cercava
uma volta do Burzum à suas raízes pode
ser enterrada. A expectativa se confi rmou,
“Belus” é sim um genuíno álbum do Burzum.
Mas por que então uma nota não tão boa? O
problema são os momentos entediantes. Os
mais de onze minutos de “Glemselens Elv”
e mais de oito de “Morgenroede”, além dos
nove minutos da faixa de conclusão “Belus’
Tilbakekomst” fazem o ouvinte esperar
ansiosamente se algo interessante irá ocorrer.
Somadas as três faixas, é quase meia hora de
Black Metal atmosférico, instrumental, repeti-
tivo e sem sentido. As músicas podem até te
agradar, mas foram alongadas de tal forma
que o negócio fi ca realmente chato. Quando
você ouve as músicas mais curtas, e, princi-
palmente, as com vocais, “Belus” mostra sua
força, pois Vikenens é um dos mais profanos
vocalistas do gênero. Além disso, elas trazem
algumas novas experimentações, como um
vocal limpo, falado, presente por exemplo
numa das boas faixas do álbum, “Belus’
Doed”, e um senso melódico antes não visto
em seus álbuns anteriores. Para um cara
como Varg Vikenens, que sempre criou riffs
crus, um certo grau de melodia é com certeza
uma tendência inovadora. O multi-instrumen-
tista continua mestre em criar atmosferas
desoladoras, que nos deixa perplexos, em
transe. “Glemselens Elv” é soberba, tensa,
fria, maligna, excelente. Em “Kaimadalthas’
Nedstigning” o cara continua testando suas
novas idéias, e sua parte mais crua, assim
como a rápida “Sverddans” assemelha-se
[8]
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muito com o material encontrado no hoje
clássico “Hvis Lyset Tar Oss”. Ou seja, Varg
conseguiu manter a essência da banda, incluir
novas sonoridades e produzir fi nalmente um
material que agradará seus fãs. André Pires
[6]
44
resenhas
The Breathing Process Odyssey: (Un)DeadCandlelight
Após assistir a um clipe dessa banda, há al-
guns meses atrás, pensei que poderiam vingar
quando lançassem um novo álbum. E, de fato,
acertei. Com maestria realizam uma junção
do Death Metal com o Black Metal sinfônico.
Nada de tempos quebrados do Deathcore ou
brincadeiras aqui e ali. É pura brutalidade,
com batidas velozes em uma atmosfera
envolvente. Se você é fã dos gêneros, então
comece a se preparar, pois a faixa de abertura,
“Hours”, é uma verdadeira pancada. “Leveler”
traz melodias belas no teclado enquanto o
baterista dispara o seu pedal duplo. Sim, não
é nada de inovador, mas também não entram
no time de grupos clichês. Em “Vultures”
encontramos novos dinamismos, seja através
de melodias vocais ou passagens mais cati-
vantes nas guitarras, em um ritmo mais lento,
porém, sempre pesado. Uma das melhores do
full-lenght. Ao fi nal da música, os vocais da
guitarrista Sara Loerlein aparecem ainda mais
evidentes, deixando o que era bom, melhor.
“Pantheon Unraveling” acaba com a calmaria,
e já atravessa uma estaca nos tímpanos do
mortal que adquirir este material. Se você
simpatiza com as linhas da Winds Of Plague
(mas sem tantos breakdowns), vai curtir essa
faixa. A faixa título, “Odyssey (Un)dead” traz
um dueto nos vocais melódicos. Ficou interes-
sante, mas não sei se cabia no contexto do
álbum. “Hordes” me chamou bastante atenção
pelas mudanças atmosféricas, indo para dedilha-
dos belíssimos até a agressividade extrema.
Coloque-a como uma das grandes pedidas do
álbum. “Wind Ritual” quebra mais uma vez o
clima sombrio, trazendo os belos vocais de
Sara novamente. Não tem como o ouvinte fi car
sem viajar nessa composição. Irretocável. Ainda
não é o masterpiece da banda, mas, com
certeza, souberam sair do ninho do Deathcore
do trabalho anterior e entram em uma nova
posição no cenário do Metal extremo. Simples-
mente empolgante. Igor Lemos
SevendustCold Day Memory7 Bros./Asylum
”Cold Day Memory” é o oitavo disco de es-
túdio da carreira do Sevendust que é mar-
cado principalmente pelo retorno de Clint
Lowery ao posto de guitarrista da banda na
qual tinha abandonado no fi nal do ano de
2004 para formar ao lado de seu irmão, Co-
rey Lowery, o Dark New Day. Assim como nos
demais álbuns, o Sevendust sempre presen-
teou os seus fãs, ou até mesmo os apenas
“apreciadores de sua música”, com grandes
composições em todos os seus álbuns,
grandes hits, músicas marcantes e toda sua
potencialidade na parte instrumental que
também nunca deixa por menos. A voz de
Lajon Witherspoon parece parar no tempo.
É a mesma de sempre, na melhor qualidade
possível. Com uma personalidade única,
a sua voz forte, suave e raivosa é um dos
fatores mais importantes para o destaque
do Sevendust na mídia durante toda a sua
carreira. Devo dizer que seu desempenho
é sempre o principal destaque de cada
álbum lançado. “Cold Day Memory” é mais
um trabalho recheado de boas músicas.
A sonoridade é praticamente a mesma
de sempre, guitarras pesadíssimas com
a cozinha baixo-bateria dando o suporte
ideal com muito peso e bastante groove. A
faixa de abertura “Splinter” talvez seja uma
das músicas mais poderosas da carreira
da banda. Possui ótimos breakdowns que
são realmente empolgantes, mesclando
agressividade e melodia na dosagem certa.
“Forever” vem logo em seguida sem deixar
esfriar. Mostra mais uma vez o peso com
muita energia destacando novamente o
grande baterista Morgan Rose que usa e
abusa mais uma vez de seu double-bass,
dando um sabor ainda mais agressivo
do que o de costume. A terceira faixa,
“Unraveling”, é o primeiro single para a
divulgação deste novo trabalho. A música é
uma daquelas baladas poderosas tradicio-
nal do Sevendust. Com certeza, “Cold Day
Memory” é mais um grande disco a entrar
na bagagem dos caras, contendo 12 músi-
cas pra nenhum fã botar defeito. Além das
faixas mencionadas, destaco ainda “Ride In-
sane”, “Confessions (Without Faith)” e “The
End Is Coming”. João Henrique
Scream of the Soul Pathfi nder Independente
O Scream of the Soul é uma banda de
Portugal, que lança seu EP de estreia “Path-
fi nder”, mostrando um Rock mais clássico
com infl uências variadas, principalmente de
bandas como Deep Purple (mais perceptível
pelo uso dos teclados) em seu início. Uma
proposta interessante por ser um Rock
simples e direto, apesar de ainda não apre-
sentar uma direção clara – o que talvez não
dê pra sentir apenas com as quatro músicas
no EP. Apesar de bem executado, sente-se
a falta de experiência da banda, que pode
ter um futuro promissor pela interessante
proposta (se for bem produzido no futuro). A
música “Verbal Weapon” é de longe a melhor
música, com os interessantes vocais de
Ana Silva e refrão cativante, com a duração
certa que um “hit” deve ter. Bem produzida,
fi caria uma música ainda mais interessante.
O EP segue com “I’m not”, que mostra
ótimas idéias harmônicas que, infelizmente,
se repetem em demasia, tornando a música
desnecessariamente longa. A boa ideia de
linha de voz em “The Curse” fi ca um pouco
cansativa e repetitiva com o passar de
seus 04:25 minutos, enquanto “The End”
mostra novamente o bom trabalho vocal de
Ana Silva, mas peca no solo de guitarra,
que poderia ter sido trabalhado de forma
diferente e também podendo ser menor.
Enfim, uma banda com um futuro promis-
sor, mas que precisa encontrar direcio-
namento e produção rapidamente. Luigi
“Lula” Paolo
Old Man’s ChildSlaves of the World Century Media
“Slaves of the World” foi originalmente
lançado em 2009 mas só agora tem sua
edição brasileira via Century Media, e embora,
seja um dos nomes mais atuantes no Black
Metal moderno, se é que podemos usar essa
expressão. O multi-instrumentista Galder fi cou
conhecido mesmo na cena após se tornar
um integrante do Dimmu Borgir. Felizmente,
ele nunca deixou de lado o Old Man’s Child
e agora coloca na praça o mais novo álbum
do grupo. É natural que as faixas acabem
pegando um pouco do jeito do Dimmu Borgir,
especialmente dos álbuns mais recentes. Algu-
mas linhas de voz e riffs de guitarra são bem
parecidos, mas sem aquele exagero sinfônico
que Shagrath gosta tanto. Galder, aliás, faz
questão de esconder os teclados atrás de
uma parede generosa de guitarras distorcidas.
A produção é cristalina e caprichada e foi
assinada novamente por Fredrik Nordström,
que já cuidou dos trabalhos mais recentes do
Old Man’s Child, e de bandas como In Flames,
Arch Enemy e, é claro, o Dimmu Borgir. Além
de Galder, a formação conta apenas com o
baterista Peter Wildoer (Darkane, Pestilence),
que cumpre seu papel sem grandes inovações
nem desafi os. “Slaves of the World”, aliás,
é mais ou menos isso. Um Black Metal mais
puxado para o Thrash, algumas passagens
dispensáveis, alguns destaques positivos, mas
razoável em sua maior parte. Flávio Santiago
Haven DeniedSymbiosysIndependente
“Symbiosys” é segundo trabalho da banda
portuguesa Haven Denied, o mesmo vem dois
anos após o lançamento do seu homônimo
debut album. Confesso que comecei a ouvir o
registro sem saber muito o que esperar, mas
depois da primeira rodada no meu mp3 player,
tive a convicção de que o trabalho da banda
lusitana é tudo, menos óbvio. O quinteto tem
uma postura mutante durante todo o registro,
onde hora imprime mais velocidade as canções,
como em ”I’ve Never Been Proud Of Me”, e em
outras passagem a agressividade, é colocada
em maior evidência, como na faixa “Ruined
Inside” (a melhor na minha opinião). Existem
os momentos em que a banda puxa todo o foco
para si e nos transporta para cenários mais inti-
mistas e minimalistas, é o exemplo de “Eremita”
e “Murmures de La Foret”. “Symbiosys” é como
um bom vinho, tem que ser apreciado devagar
para que o sabor seja acentuado. Com um
trabalho de guitarra muito bem feito, e solos
bem executados e proporcionais às músicas, a
banda consegue dar nome e sobrenome ao seu
som. E como nem tudo são fl ores, as músicas
fi cam devendo o um pouco mais de pegada.
Ideal para aqueles dias em que você tá de saco
cheio de ouvir o mesmo de sempre. Odilon
Herculano
hornsup #13
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[7]
45hornsup #13
Bullet for My Valentine FeverJive/Sony
Bullet For My Valentine é uma banda que,
logicamente, não precisa de apresentação.
Então, irei pular essa parte, pois há muito
que falar deste 3º trabalho de carreira,
intitulado simplesmente de “Fever”. Meu
conhecimento acerca do BFMV é de mais
ou menos 2004, pouco antes de lançarem
o EP “Hand Of Blood”. Daí, dispararam
no mercado o excelente “The Poison”, o
único álbum que recebeu disco de ouro
da gravadora Trustkill. 500.000 cópias não
é pouca coisa. Como sabemos, realizam
uma mistura de Hard Rock com Metalcore,
sempre com predomínio do Metal. Porém,
com “Scream Aim Fire” a mesa começou
a virar, sendo um full-lenght que não me
agradou muito. Então, chegamos à bifurca-
ção no 3º material. Qual caminho seguir?
A agressividade do 1º material ou o lado
mais pop do 2º? Qual será o escolhido?
Infelizmente, caíram na mediocridade de
criarem composições radio friendly, chatas,
e pra lá de enjoativas (ao menos para os
fãs do “The Poison”). Ao dar o play, logo
me empolguei com os breakdowns de “Your
Betrayal”, de fato, uma faixa empolgante,
com momentos memoráveis. Minha espe-
rança foi aumentando, já que me deram
um gostinho de que viria algo bom por
aí, ainda que estivesse me lembrando um
Trivium mais pop. “Fever”, segunda faixa,
eu prefi ro nem comentar, de tão entediado
que fi quei. Daí chega “The Last Fight”, a
música que mais ouvi até então. E daí pra
frente? Quase nada me agradou. Passando
pela balada “A Place Where You Belong”, a
letra pseudo-adolescente de “Pleasure and
Pain” (faça o favor de não ouvir) e outros
fi ascos. “Fever” acabou por entrar na minha
lista de decepções de 2010. Logicamente
não perderam o virtuosismo que sempre co-
locaram em cada faixa, mas está longe de
ser um grande álbum. Apesar dos números
dizerem o contrário: chegaram ao 3º lugar
da Billboard com 71.000 cópias na primeira
semana e em 1º da Billboard em Rock e
Alternativo. Não aconselho irem de cara a
este trabalho. Apenas indicado aos fãs da
fase mais Pop do grupo. Igor Lemos
MistweaverTales From The GraveCasket
Vindo de uma país europeu com pouca
tradição metálica, a Espanha, o Mistweaver
difi cilmente conseguirá mudar a visão que
temos da cena espanhola. Isso porque, neste
quinto álbum, a banda ainda não consegue
convencer. Mesmo contando com músicos
competentes, produção OK, bons arranjos
que procuram se diferenciar uma das outras,
“Tales from the Grave” não desce. A banda
se auto-intulada como “uma mistura de
Death e Doom”. Ora, de Doom Metal não
há absolutamente nada aqui. O que temos
é um MeloDeath com forte infl uência em
Heavy/Power Metal medieval. Então espere
introdução com nome de “Fairytale”, alusões
ao folclore fantástico, sensação de “luta de
espadas” em meio à batidas mais rápidas de
bateria (por que fazem isso?), e um teclado
bem chatinho, que, muitas vezes invade
o espaço em que deveriam permanecer
com as guitarras. O estilo, ao menos, tem
tudo para “colar” um som ou outro no seu
subconsciente após algumas ouvidas. Aqui,
nada acontece. Toda nova audição que faço
do álbum é praticamente como se fosse a
primeira, e quase nunca empolga. Há vários
bons momentos, mas, em sua maioria, soam
como grandes clichês; dá aquela sensação
de não estar ouvindo nada original, como em
“Voices From The Grave”. “Smell Of Death” é
outra: começa com um dedilhado bacana, até
entrar um riff Power Metal do tipo “já ouvi
isso antes”. Então, o vocal assume o con-
trole e a mesmice volta a tomar conta. Não
encontrei uma única música que me deu von-
tade de ouví-la outra vez. Várias teriam esse
potencial, como “May God Deliver Death” e
“Through the Gate of Timeless Departure”,
mas algo as impede de serem grandiosas. Ah,
quando chegar em “Another Endless Night”,
faça o favor de pular de faixa. Parece mesmo
que o destino do Mistweaver é o mesmo da
cena de seu país: continuar no anonimato do
Metal. André Pires
Trash TalkEyes & Nines Hassle
Teleportado para minhas mãos através
da cosmogonia tecnológica: Trash Talk
estabelece uma certa confusão em minha
mente calejada. “Eyes Nines” soa confuso,
doentio e quase sem rumo; e isso é o melhor
de tudo. Momentos fortuitos que beiram o
Crustcore, em outros instantes uma atmosfera
pós-Punk toma conta. Ouvi uma, duas três,
depois perdi a conta. E quando dei por mim,
estava meneando a cabeça ao som quase
sem querer. É um álbum repleto de energia.
Riffs básicos. Hormônios explodindo em
intelecto e revolta. “Vultures” talvez seja um
desafi o do tempo, pois não parece ter só 56
segundos, vinheta que parece música, é algo
realmente diferente. “Flesh Blood” meio ar-
rastada com vocal esgoelado, passagens que
remetem ao industrial, depois mais porrada
Hardcore. “Explode” soa tal qual um hino
de revolta, refrão pegajoso, passagem meio
indie rock, fi naliza ecoando no miolo. “Hash
Wednesday” é sombria, timbres crus, traz
á tona o lado melancólico da banda; faixa
longa colocada estrategicamente na metade
do álbum, supostamente com a intenção
óbvia de equilíbrio. Dito e feito. “Envy”
volta destronando, mais uma vinheta com
cara de música, tempo curto, variedade bem
aplicada. E sem corte, uma faixa emenda na
outra. “Rabbit Holes” é ânsia pura, do jeito
que começa termina, sem avisar pegando o
ouvinte de surpresa. “I Do” começa com um
clima down, e quando menos se espera já
acabou. “Trudge” é reta, com vocais acelera-
dos. Nesta faixa percebe-se um destaque
melhor da bateria e do baixo. “On A Fix” é
verdadeiro inferno, faixa perfeita para uma
roda apocalíptica de gente trucidando-se em
prazer tribal. “Eyes Nines” fi naliza o disco
com estilo; traz um fi nal mais cadenciado,
com ênfase tribal nos tambores. O som
desaparece num fade-out, deixando apenas
a microfonia como lembrança. João Antonio
Annotations Of An AutopsyThe Reign Of DarknessNuclear Blast
Formado em 2006, o grupo inglês Annota-
tions of an Autopsy iniciou sua carreira com
um Death Metal que fl erta fortemente para o
famigerado Deathcore. E como muitas ban-
das do estilo (Job For A Cowboy é o maior
exemplo), o direcionamento para o Brutal
Death Metal mais tradicional parece ser inevi-
tável. E é exatamente o que este quinteto
faz neste segundo álbum, “The Reign of
Darkness”. Logo após uma desnecessária in-
tro, o Death Metal tradicional, foco atual do
grupo hoje, já é percebido em “In Snakes I
Bathe”, faixa que tem uma segunda metade
interessante, mas que, ao todo, não foge
do usual. “Into the Black Slumber” é outra
que bebe diretamente do Death Metal do
início dos 90. Pórem o Annotations Of An
Autopsy agrada mais quando se lembra de
seu passado recente, e manda uns break-
downs nervosíssimos, como em “Emptness”
(uma das que eu realmente gostei, que riff
foda!) e em “Born Dead”. Breakdowns que,
vale dizer, aparecem em pouca quantidade e
hoje são mais bem feitos e encaixados, pois
a o material antigo da banda é de qualidade
risível. “Catastrophic Hybridization” talvez
seja o som mais maduro do álbum todo, por
mesclar bem o Death Metal mais moderno,
tão em voga atualmente, com o Death
tradicional, que sempre abre nossos sorrisos
quando é bem executado. Ótimo trampo
de bateria, a propósito. “Bone Crown” tem
participação nos vocais de Erik Rutan (Hate
Eternal, ex-Morbid Angel). E, sinceramente,
se não houvesse essa informação disponível,
difi cilmente perceberia que o som tem um
vocal convidado, tamanha a semelhança com
o que é encontrado no resto do álbum. Por
falar em vocal, chegamos no ponto chave
da banda. Infelizmente, se o vocalista fosse
outro e não Steve Regan, este “The Reign
[4] [5]
of Darkness” seria bem mais interessante.
O cara faz alguma variação em “Portrait of
Souls”, mas nada que chame a atenção, uns
pig squeals aqui e ali, e só. De resto, é o
mesmo gutural retão, cavernoso, que fi ca
quase ao fundo dos instrumentos, não fosse
tamanha produção em cima para dar-lhe
algum destaque. Tivéssemos aqui um sujeito
que alternasse os guturais com um vocal
mais Thrash in your face, daria a certas
músicas, como a já citada “Emptness”, e a
destruidora “Cryogenica”, um outro patamar.
Enfi m, é uma defi ciência que a banda terá
que aprender a conviver. Vale a audição pra
quem está antenado com novidades na por-
radaria extrema. André Pires
[6]
[7]
hornsup #1346
CivicThe Awakening Independente
Eu, particularmente, não conhecia o Civic,
banda portuguesa de Rock/Metal que ganhou
o concurso de bandas promovido pelo Rock
in Rio em 2004 (escolhida entre aproximada-
mente 500 bandas), e que lança agora, seu
segundo trabalho de estúdio, “The Awakening”;
um álbum conceitual que conta a história de
um personagem em coma, que durante este
estado, recebe novas percepções da vida para
um novo “acordar”. Isto justifi ca as 20 faixas
do álbum, pois, algumas são apenas passagens
para dar a sensação de continuidade necessária
para a história. Proposta bem interessante,
com uma produção impecável que garante a
boa viagem durante a audição. As músicas são
curtas e diretas o ajuda a ouvir o álbum como
um todo e tornar imperceptível a quase uma
hora de tempo total. Quando comentei que o
Civic é uma banda de Rock/Metal foi justamente
pela banda mesclar bem os gêneros, como
exemplifi ca bem a ótima música “Gift”, com um
refrão leve (apesar das letras no geral serem
mais pesadas) que poderia ser facilmente clas-
sifi cado como o Rock Moderno, mas que possui
gritos e guitarras pesadas típicas do Metal. O
mesmo acontece na excelente “Nightmares By
the Moonlight’. E assim o álbum fl ui, com óti-
mos momentos como “We are Fire”, “Entwine”
(com uma bela passagem em português),
“Come Swinging” (uma das minhas preferidas),
“Running with Scissors” e “The Unwritten Law”.
Uma excelente surpresa, sei que escutarei esse
álbum por uns bons meses. Além da ótima
produção, vale destacar os ótimos músicos
Francisco Marques (Guitarra), Pedro “Sheriff”
Martinho (Baixo) e André Spranger (Bateria),
e a especial versatilidade do ótimo vocalista
Sérgio Francisco. Luigi “Lula” Paolo
Beneath The SkyIn Loving Memory Victory
Eis que os americanos da Beneath The Sky rea-
parecem após um hiato de menos de um ano ,
com seu terceiro álbum de estúdio, o sucessor
do ótimo “The Day the Music Died”. “In Loving
Memory” é um banho de breakdowns secos,
vocais rasgados e melodias que, cá entre nós,
não são as mais criativas do mundo, mas, sen-
do essa banda, não faz tanta diferença, já que
são ótimos no que fazem. Não é para todos
que dou esse desconto, diga-se de passagem.
“Sorry, I’m Lost” e “Tears, Bones, and Desire”
apresentam-se agressivas, perpassando pelos
elementos já citados. Contudo é em “Terror
Starts at Home” que as coisas começam a fi car
doentias. A abertura da faixa já é brutal, com
ótimos pedais duplos e os enfurecidos gritos
de Joey Nelson. “A Tale from the Northside” é
uma música perfeita para quem quiser quebrar
seu pescoço. Dá para sentir, claramente, que
não estão aqui para brincadeira. Será que é de
graça que adquiriram um número grande de fãs
em solo americano? Prove por si mesmo ao se
deparar com a faixa título “In Loving Memory”
(belíssimas passagens melódicas nos vocais,
sendo uma excelente quebra no ritmo violento
do full-lenght) e “Static” (alguém anotou a
placa do trator que passou?). Devo dizer que es-
tava com saudades deste grupo e fi co contente
com o trabalho que desenvolveram. Lógico,
ainda podem me surpreender muito mais,
entretanto já fi co satisfeito por terem mostrado
que não jogaram fora o sonho de enlouquecer
o fi el público do Metalcore. Se prepare para um
álbum demoníaco que fará você pirar por um
longo, longo tempo. Igor Lemos
Lockfi st 669Dead in a SecondIndependente
Se você ainda é daqueles que se surpreendem
com coisas produzidas no Brasil, taí mais uma
boa para te deixar boquiaberto. Poderia até pa-
recer o mais novo de uma extensa discografi a,
mas “Dead in a Second” é apenas o segundo
disco do Lockfi st 669. Digo isso porque tem
o frescor da novidade, mas com a maturi-
dade de quem já tem uma longa estrada. O
quarteto paulista é da cidade de São José dos
Campos, uma das que, junto com Campinas
e Pindamonhangaba, é bem conhecida por
revelar boas bandas de Rock. Formada em
2005, no próximo mês a banda completa cinco
anos. Com mudanças de formação, disco bem
comentado em sites e revistas especializados,
shows com Krisiun e Napalm Death, somaram
experiências e com essa bagagem começaram
a gravar “Dead in a Second”. Muito bem pro-
duzido, o disco foi lançado no início deste ano
e está disponibilizado para download gratuito
no site ofi cial da banda. O som une a energia
do melhor do Thrash aliado ao poder do bom
Hardcore novaiorquino. Hatebreed e Slayer são
referencias imediatas. Com oito faixas, quatro
delas também disponíveis no Myspace, o disco
abre com a pedreira “The Flaw”. Com uma
média de 4 a 5 minutos por música, é tão bom
que você nem nota a duração. Outro destaque
é “Cross Child” - cover da também banda
brasileira The Mist, gravada originalmente no
clássico “Ashes to Ashes, Dust to dust” de
1993. Talvez, se só ouvisse mais “End of a Era”
seria sufi ciente para entender mas, daí vem
“FUD” e qualquer incerteza (fazendo trocadilho
com signifi cado do titulo “Fear, Uncertainty
and Doubt”) de que você vai pirar no som, se
desfaz. Depois desse arregaço, o disco curiosa-
mente fecha com a música titulo. Não bastasse
tudo isso ainda há a participação de Antonio
Costa do Ophiolatry nos backing vocals em “Just
Words”, e de Fernandão (ex-Pavilhão e Rodox,
atual Endrah) ignorante na bateria de “Shallow
Graves”. Tá curioso amigo? Boa surpresa é
pouco. Andréa Ariani
Hell in HeavenSunset DuelIndependente
O Hell in Heaven é uma banda portuguesa
de Southern Metal formada em Lisboa que
já está na ativa desde 2005. Os caras fazem
um som que vai do Progressivo ao Metal
misturando Rock´n Roll com gritos esgoe-
lados. “Sunset Duel” é um EP contendo 5
faixas bem diversifi cadas, com riffs bem
interessantes e bem marcantes de guitarras
que variam entre o peso com belas harmo-
nias além de ter um instrumental criativo
no melhor estilo Sludge/Southern Metalcore.
Além dos vocais gritados, um vocal melódico
também se faz presente em algumas pas-
sagens como na faixa “Doom Theory” e na
música “Bleeding Hearts for Mass Destruc-
tion”, que não chega a ser tão cantado e
sim apenas menos gritado.“Sunset Duel” é
um bom EP, é bem gravado e bem produ-
zido. Vale lembrar que as músicas foram
gravadas com o antigo vocalista da banda.
O quinteto já dividiu palco com bandas
como Cancer Bats, Decades of Despair e
Eternal Tango, o que não é nada mal. João
Henrique
Upon a Burning Body This World is OursSumerian
Estamos diante da nova aquisição da
gravadora Sumerian Records. Se você curte
Born of Osiris, After the Burial, The Faceless,
Enfold Darkness ou Periphery, sabe que
estamos diante de nomes que primam pelo
peso e a técnica. De fato, os estreantes
Upon a Burning Body, vindos do Estado
norte-americano do Texas, tem muito a
mostrar ao mundo. Com um álbum consis-
tente, demonstraram não apenas o que é
fazer breakdowns a la Deathcore, mas como
fazer bem feito. Através da faixa de abertura,
não poderiam ter dado um título melhor:
“Showtime”. “Welcome to the family” é a
única frase gritada nesta introdução, em
meio a paredes de guitarras, não deixando
o ouvinte se enganar: a banda chegou para
cativar. E, para isso, usam como homena-
gem fi lmes em que o Al Pacino estrelou:
“Carlito’s Way” e “Donnie Brasco”, faixas 2
e 3, são uma das várias honrarias feitas ao
ator. E que músicas! Porrada no ouvido sem
dó, com uma batida precisa, com grande
domínio dos pedais e viradas. Diga-se
de passagem, as guitarras farão o show
no moshpit. “Righteous Kill” e “Scarface”
(memorável, hein) continuam a sequência
de violência, com destaque ao vocalista
Danny, um monstro nos guturais. “Intermis-
sion” acaba por se tornar uma das melhores
faixas com os gritos em grupo, um símbolo
do Hardcore. Ainda cabe destacar “Heat” e
“Devil’s Advocate”. Porém, uma pergunta
fi ca no ar: qual a razão de parabenizar um
grupo que se prende ao “usual” Deathcore?
Amor pelo que fazem e na dose certa, sem
excesso, sem frescura, com bom uso de
técnica, criatividade e a promessa de que,
em breve, estaremos na família UABB, como
bem retratam no início do debut. Dê uma
chance aos caras e verás que é inegável a
qualidade do quinteto. Como a nota deve
ser a mais neutra possível, será 8, mas se
fosse pelo gosto pessoal e a quantidade
de vezes que já ouvi esse álbum, seria 10.
Igor Lemos
[8]resenhas
[8]
[8]
[5]
[8]
47hornsup #9
hornsup #1348
Suicide silenceInferno Club03/04/10São Paulo/SP (Bra)
Previstos inicialmente para se apresentarem
no Brasil somente no domingo de Páscoa,
dia 04 de Abril, os californianos do Suicide Silence, devido à boa venda de ingressos
para essa primeira passagem da banda pelo
Brasil, tiveram que agendar uma apresen-
tação extra na capital paulista. Assim como
no show principal, o palco da devastação
seria o Inferno Club. Uma chuva torrencial
caiu em São Paulo pouco antes do show
começar e uma fi na garoa ainda incomo-
dava os presentes na fi la, que começava a
se formar do lado de fora do Inferno. Sem
enrolações, a banda convidada para a aber-
tura do evento já se encontrava no palco,
prontos para aquecer o público. O Chainsaw Disaster veio com tudo. Mostraram-se muito
seguros e puderam executar seu som brutal,
bem no estilo Deathcore; cheio de break-
downs e vocais guturais. Tocaram músicas
como “Death Sentence”, “Disaster”, “Mosh
Or Die”, “Death Kiss”, “The Bastard Son”
e “Iraq”. A galera empolgou bastante e o
mosh já pegava fogo, com socos e pontapés
sendo desferidos. Uma boa escolha para a
abertura da casa. Mas esse foi só o aperitivo.
Todos aguardavam ansiosamente os caras
do Suicide Silence, que vinham divulgar seu
mais recente lançamento, o álbum “No Time
To Bleed”, que saiu pela Century Media no
ano passado. E não poderiam iniciar o setlist
de outra maneira, a não ser com “Wake Up”,
primeiro single e música que abre o novo
CD. Logo na sequência emendaram “Lifted”
e “Smoke”, seguindo a ordem do disco. A
banda mandou muito bem ao vivo e não
poupou energia. O vocalista Mitch, todo
tatuado e com o cabelo escorrendo sobre
seu rosto, já se tornou uma fi gura clássica, e
desferia gritos sem dó sobre os fãs, além de
fazer a sua característica “Pterodactyl dance”
de cima das caixas de retorno. Sua voz alter-
nava entre os berros estridentes e guturais
de maneira natural e bem fl uída. De volta
ao setlist, “Unanswered” veio quebrando
tudo. Essa música faz parte do primeiro CD
do grupo,”The Cleansing”, de 2007. Com um
breakdown matador, trouxe muita brutalidade
ao pit. A destruição seguiu com “Bludgeoned
To Death”, “Wasted” e “Price Of Beauty”,
de uma tacada só. A dupla de guitarristas
Chris Garza e Mark Heylmun, assim como
o baixista Dan Kenny, se mostraram bem
entrosados e entusiasmados com o público
brasileiro, sempre interagindo com os fãs.
Eram sincronizados até nos headbangs! O
baterista Alex Lopez completava o quinteto
com uma precisão e violência necessárias ao
som do Suicide Silence. Antes do começo da
próxima faixa, “Disengage”, o vocalista Mitch
pediu ao público para que se dividissem em
dois, formando um grande corredor em frente
ao palco. Era a hora da famosa Wall Of Death,
uma verdadeira batalha que explodiu com o
início da música. Para fechar a primeira apre-
sentação do Suicide Silence em solo brasileiro,
tocaram “No Time To Bleed” e pra fechar “No
Pity For A Coward”, que estremeceu as estrutu-
ras do Inferno. Mas a galera pedia ‘one more
song’ e os caras atenderam de imediato. Após
uma breve pausa, voltaram para uma última
faixa. Porém, a última música tocada não foi de
autoria do Suicide Silence e sim um cover de
“Engine No. 9” do Deftones, uma banda muito
admirada pelos caras. O público foi a loucura e
a empolgação foi generalizada. Um cover bem
brutal, que a banda já havia gravado e lançado
em seu segundo EP, chamado “Green Monster”,
de 2008. Apesar do curto setlist (algo comum
em apresentações do Suicide Silence), a energia
e o peso da banda se fi zeram presentes no
Inferno Club. Após o show os integrantes
ainda cumprimentaram pacientemente os fãs
e distribuiram inúmeras garrafas de água e
palhetas. Com certeza no fi nal do dia, todos
sairam felizes. André Henrique Franco
Foto: Maurício Santana
ao vivo
Suicide Silence
Despised IconMusicbox14/04/10Lisboa (Por)
Foi um olá e um adeus. É verdade. A estréia
do Despised Icon em Portugal foi também
a despedida, já que a banda canadense irá
encerrar suas atividades após o término de
todas turnês que já tem agendadas. Com
isso em mente, o pessoal que apareceu no
Musicbox queria era aproveitar o momento.
As bandas portuguesas Forgodly Sorrow e
Utopium, e a francesa As They Burn, foram
responsáveis pelo início do combate. A pouca
idade e inexperiência do Forgodly Sorrow,
acabou chamando mais a atenção do público
do que a sonoridade em si. Não que tenham
sido péssimos, só que os presentes estavam
mais preocupados em criticar as roupas e
os movimento à lá Crabcore, do que ouvir o
que foi tocado. Foi uma prestação mediana
de uma banda iniciante, altamente infl uen-
ciada por essas novas tendências do Metal.
Nem mais, nem menos. Ainda tem que comer
muito feijão. Já o Utopium apresentou algo
49hornsup #13
extreme noise terrorInferno Club26/03/10São Paulo/SP (Bra)
Antes mesmo do início do show, os dias 26 e
27 de Março de 2010, já estavam destinados a
entrar na história do underground paulistano,
afi nal era a primeira passagem da lendária
banda inglesa Extreme Noise Terror pelo Brasil.
Foram 25 anos de espera e os fãs dos mais
diversos estilos compareceram ao Inferno Club.
O show ainda contou com a participação mais
que especial de outra lendária banda brasileira,
os Ratos de Porão e também da banda Social Chaos (no dia 26 de Março), que fez um show
poderoso, barulhento e agradou bastante
ao público que ainda chegava. Logo após,
foi a vez dos veteranos Ratos de Porão que,
independente do set que fosse tocado, já teria
a noite ganha e elogiada pelos fãs, tamanha a
diversidade e variedade de suas músicas. Com
clássicos como: “FMI”, “Igreja Universal”, “Aids,
Pop, Repressão”, “Beber Até Morrer”, “Croco-
dila” e “Agressão Repressão”. João Gordo e
seus companheiros literalmente fi zeram a casa
de shows se transformar num inferno, eram fãs
gritando, dando stage dives e fazendo mosh-
pits por todo o lugar, realizando assim uma
apresentação digna para a noite que só estava
começando. Com um certo atraso, a banda
inglesa enfi m sobe ao palco e é ovacionada
pelos fãs, que comemoravam o fi m do longo
jejum. Dean Jones (vocal), Adam Catchpole
(vocal), Woodie Jones (guitarra), Ollie Jones
(guitarra), Staff (baixo) e Zac O’Neil (bateria)
Extreme Noise Terror
fi zeram um show intenso e mostraram músicas
das diversas fases da banda como: “Deceived”,
“Work For Never” e “We The Helpless”. A banda
retribuia a empolgação dos fãs com um set list
enérgico e insano. Dá-lhe mais cacetadas como:
“Religion Is Fear”, “Show Us You Care”, “Raping
The Earth”, “Believe What I Say”, “False Profi t”
e “Third World Genocide”. Com esse set a
banda parecia estar se desculpando de alguma
maneira pela longa ausência em tocar pelas ter-
ras tupiniquins com seus petardos e agradando
até os fãs mais exigentes. Show primoroso,
insano e brutal, como tem que ser a um
show do Extreme Noise Terror. Texto e foto:
Flávio Santiago
mais encorpado e estimulante. Trouxeram um
Grindcore com algumas alegorias bem interes-
santes. No meio da desgraceira Grind intro-
duzem algum balaço arrastado (Sludge) que
dá algum dinamismo. A presença de palco
também foi muito boa. O Utopium tem mais
lenha para queimar e acredito que dá próxi-
ma vez que os ver, estão ainda melhores. Fui
totalmente sem expectativas sobre o As The Burn, pois não os conhecia. Logo na primeira
música fi quei paralizado. O som do Musicbox
estava muito bom e os caras no palco debi-
tam uma pressão incrível. Deathcore do tipo
“breakdown-atrás-de-breakdown”. Porém, lá
pela terceira música, minha impressão já era
outra. O som permancia excelente igual e isso
se tornou um problema. Depois de uma ar-
rancada fantástica, se meteram dentro de um
loop infi nito de breakdowns, sendo que tudo
soava igual e morno. De qualquer forma, foi
o sufi ciente para esquentarem as turbinas
para o Despised Icon. Mesmo com um set
relativamente curto, os canadenses não
deixaram pedra sobre pedra. Bombas como
“Day of Mourning”, “Furtive Monologue” e
“MVP” explodiram atirando estilhaços por
todo Musicbox. A violência do som se refl etia
no moshpit, onde bracos e pernas (e pos-
sivelmente dentes) voaram pelo ar como se
estivessem combatendo ninjas invisíveis. A
brutalidade era equiparada a técnica, já que
a banda teve uma prestação profi ssional de
precisão cirúrgica (props para os monstro das
baquetas, Alexandre Pelletier). O Despised Icon
não deixou dúvidas sobre o seu poder de
destruição. Vai deixar é saudades. Matheus
Moura
Foto: Carina Martins
Despised icon
50 hornsup #13
MudhoneyClash Club21/05/10São Paulo/SP (Bra)
O Mudhoney já é uma banda bem conhe-
cida pelo público brasileiro. Nesses últimos
anos esteve sempre passando pelo país com
shows avassaladores, mas, talvez, esse tenha
sido o melhor de todos. A banda parecia
inspirada em palco e foi muito feliz na es-
colha das músicas, muitas delas não tocadas
há algum tempo em shows por aqui. Nem
a apresentação em dois shows gratuitos,
dentro do Projeto Virada Cultural, diminuiram
ou refl etiram em relação ao público que fez
questão de presenciar a banda e lotou o
Clash Club. A banda subiu ao palco por volta
das 22 hs e começaram com as músicas
do seu último trabalho, “The Lucky Ones”,
como “I’m Now” e “Inside Out Over You”.
O que já foi um bom aperitivo aos fãs que
disputavam palmo a palmo um espaço na
frente ao palco. Com uma carreira repleta de
álbuns, alguns hits já puderam ser ouvidos
logo ao início do show como: “You Got It”
e “Suck You Dry”, este último é o marco
de uma geração. Aliás, geração essa que
parecia cantar em peso cada refrão. O clima
de festa estava no ar, algumas músicas que
não eram tocadas há muito tempo por aqui,
foram executadas com primor, dentre elas
“Blinding Sun”, “Judgement, Rage, Retribu-
tion” e “Let it Slide”, o que causou comoção
de muitos fãs que pareciam não acreditar no
que estavam ouvindo. Os sucessos absolu-
tos não fi caram de fora, dentre eles “Good
Enough”, “Touch me I´m sick” e “‘N’Out of
Grace”, aliás música essa que marcou um
dos pontos altos do show, com direito a ruí-
dos estridentes arrancados pela guitarra de
Steve Turner; um dos melhores desse gênero
e a alma do Mudhoney. A interação entre a
banda e o público era perfeita. As pessoas
pareciam hipnotizadas pelos sons emitidos
pela guitarra de Turner, e pelo resto da
banda, até que a música recomeça com uma
quase pirueta de Mark Arm que retorna ao
palco. É incrível como uma banda que pos-
sui mais de 20 anos de estrada continua a
nos proporcionar shows com o mesmo vigor
de outrora. Para fi nalizar a primeira parte
do show visceral, “Hate The Police” cantada
aos berros por Mark Arm, e por toda o Clash
Club, logo após a banda ainda retorna para
mais 2 músicas e o público sai do show com
total saitisfação e a banda com o seu dever
realizado. Que volte o Mudhoney por muito
mais vezes ao Brasil, para o bem da boa
música. Texto e Foto: Flávio Santiago
ao vivo
Mudhoney
mardukHangar 11016/04/10São Paulo/SP (Bra)
Os suecos do Marduk estão pela quarta
vez no nosso país, sendo que agora vieram
acompanhados pelos franceses do Ad
Hominem que debutava em solo brasileiro.
A noite ainda contou com a abertura das
bandas Incinerad, Querion e Unearthly. De-
staque para o show da banda Unearthly que
mesmo com um set reduzido, devido a apre-
sentação das bandas principais, conseguiu
passar seu recado aos fãs. As demais ban-
das de abertura sofreram com o curto tempo
e má regulagem do som, o que nos faz
questionar a real necessidade de se colocar
tantas bandas na abertura de eventos como
esse. Afi nal, é ruim para as bandas, que
tem pouco tempo e condições inferiores de
poder mostrar seus trabalhos, e pior para os
fãs que se desgastam com muitas atrações,
e esse caso específi co perderam boa parte
da apresentação da banda principal, por
conta da circulaçao de transporte público na
cidade, que se extende somente até a meia-
noite. Após as apresentações das bandas de
abertura é chegada a hora da primeira atração
internacional, os franceses do Ad Hominem. Tocando um Black Metal calcado nos anos
90, o quarteto impôs um ritmo próprio aos
presentes. Com uma ótima presença de
palco e visual agressivo, executaram músicas
do seu último CD, “Dictator - A Monument of
Glory”, entre outras, fazendo um apanhado
geral da carreira em quase uma hora de
show, que agradou bastante aos fãs que já
conheciam banda. Saldo mais que positivo
para a banda, que encerrarou o show sob
aplausos. Hora de esperar pelo Marduk,
enquanto os suecos se preparavam, um som
fúnebre era tocado nos PA’s, dando uma
ideia do que viria a seguir. E quase meia
hora depois, Morgan Steinmeyer Håkansson,
Magnus “Devo” Andersson, Lars Broddesson
e o vocalista Daniel “Mortuus” Rosten, aden-
traram o palco do Hangar 110 e começam
o massacre sonoro com a poderosa “With
Satan And Victorious Weapons”, do álbum
“World Funeral”. De todas as vezes que
a banda veio ao país, essa parecia ser a
melhor delas no que diz respeito a quali-
dade do som, dando o toque que faltava
nas apresentações anteriores da banda.
Em turnê do álbum “Wormwood”, a banda
tocou três músicas, foram elas: “Into Utter
Madness”, “Phosphorous Redeemer” e “To
Redirect Perdition”, que agradou bastante
aos fãs. O show também foi marcado pelo
desfile de clássicos de toda a carreira
da banda como: “On Darkened Wings”,
“Blooddawn”, “Still Fucking Dead”, “Be-
yond The Grace Of God” e “Materialized in
Stone”. Com fãs agitando e insandecidos,
a banda não ficou atrás e correspondeu
com uma energética presença de palco,
com destaque para Morgan e Mortuus.
Para finalizar o massacre, as clássicas
“Baptism By Fire” e “Wolves” que quase
levou o Hangar 110 abaixo, finalizando as-
sim a melhor apresentação dos suecos no
Brasil. Texto e Fotos: Flávio Santiago
Marduk
51hornsup #13
manowarCredicard Hall08/05/10São Paulo/SP (Bra)
Após 12 longos anos desde sua última apre-
sentação no extinto festival Monsters of Rock,
o Manowar retorna ao país para 3 shows. O
público respondeu a altura e compareceu em
bom número ao Credicard Hall em São Paulo.
A banda encarregada da abertura dos 3 shows
no Brasil foi o Kings of Still, que foi bem
recebida pelos fãs. Com um set que abrangia
musícas próprias e covers de Accept e Dio,
foram aplaudidos e cumpriram o seu papel
na noite, que já tinham os seus protagoni-
stas. E com um atraso de 30 minutos que
pareciam intermináveis, eis que surgem no
palco após a intro clássica “Ladies and gentle-
men, from United States all hail ... Manowar”.
Os primeiros acordes de “Hands of Doom”
foram ouvidos para delírio dos fãs, seguida
de “Call to Arms”, ambas do álbum “Warriors
of the World”. Havia uma preocupação inicial
por conta das músicas contidas nos últimos
set lists em shows ao redor do mundo, que
abrangiam apenas músicas mais recentes,
excluindo os clássicos que fi zeram história da
banda. Para tristeza de muitos, isso foi con-
fi rmado. Ainda esperançosos, os súditos fi éis
do Metal agitavam, empunhavam bandeiras,
camisetas e faziam o símbolo característico
da banda (punhos cerrados para cima), mas
com o decorrer do show foram ouvidas apenas
músicas como “Die with Honor” e “Swords
in the Wind”. Não que as composições fos-
sem ruins, mas sempre fi ca a expectativa de
clássicos para shows como esse, ainda mais
pelo fato da banda ter se ausentado do país
por 12 longos anos. Com isso, o show vai
caminhando entre solos de guitarra de Karl
Logan e solos de baixo de Joey Demayo, que
aliás, protagonizou um dos pontos altos do
show. Conversando em inglês inicialmente,
mas depois em português, Joey prometeu não
abandonar seus súditos por mais 12 anos
e ainda chamou ao palco um fã para tomar
cerveja ao “estilo Manowar”, e depois tocar
guitarra com a banda. Tudo com a inspiração
de 3 garotas seminuas, aonde a tríade máxima
do Metal podia ser vista (sexo, drogas e rock
n` roll). Isso começou a ser o divisor de águas
no show. Embora a maioria aplaudisse a
performance das garotas, algumas pessoas já
mostravam sinais de insatisfação, devido ao
excesso de “bla, blá, blá” e poucas músicas.
Logo após tocam “Die for Metal”, também do
álbum “Gods of War”. Daí o que se pode ver
até o fi nal da apresentação foram músicas
como “Sleipnir”, “Let’s the Gods Decide”, “Loki
Gods of Fire”, “Thunder in The Sky” e “Sons of
Odin”, que aliás teve sua letra cantada errada
por Eric Adams que demonstrava ligeiro estado
de embriaguez. O saldo fi nal para os fãs foi
uma mescla de alegria por rever a banda após
um longo período e poder cantar algumas
músicas que podem ser futuros clássicos e in-
satisfação pelo aparente desleixo da banda em
palco e não tocando músicas que marcaram
gerações e que foram responsáveis pela venda
de mais de 9 milhões de discos no mundo.
Com isso até coro de pessoas gritando Iron
Maiden, pode ser ouvido ao fi nal do show
e até queima de camiseta promovida por
um fã mais exaltado. Texto e Foto: Flávio
Santiago
Manowar
social distortionVia Funchal17/04/10São Paulo/SP (Bra)
Enfi m, o dia mais esperado havia chegado
para os mais de 5.000 fãs que lotaram ao Via
Funchal e aguardaram mais de duas décadas
para poder conferir a esse show. A noite tinha
clima de festa com todas as fi guras carimba-
das do underground paulistano e excursões de
outras cidades. Tudo isso para poder conferir
a primeira passagem do Social Distortion pelo
Brasil. Para tal festa foi convidada a banda
argentina All the Hats, que fez um show
competente e conseguiu prender a atenção do
púbico que ainda adentrava ao Via Funchal. A
banda além de tocar canções próprias ainda
fez uma cover de Rancid, que serviu para
incendiar mais o clima de expectativa para o
show principal. Tarefa encerrada pelo All the
Hats e uma rápida troca de palco para que
enfi m os legítimos donos da festa pro-
movessem o show mais que aguardado por
todos. Para isso teriam que tentar resumir
mais de duas décadas em apenas horas de
show, mas Mike Ness e cia., pareciam não
estar preocupados com isso e trataram de
fazer o que melhor sabem, boa música. Para
isso iniciam o show com a instrumental
“Road Zombie”, emendando com “Under
my Thumb”, logo após veio “Bye Bye Baby”
seguida de um dos primeiros hits da banda,
“Bad Lucky”. O público se rende em defi ni-
tivo aos acordes de guitarra de Mike Ness.
Quando os fãs pareciam se recuperar do
primeiro petardo da noite, eis que uma se-
quência com “Don´t Drag me Down” e “The
Creeps”, recoloca o público novamente em
órbita. Era visível a emoção dos fãs demon-
strada de diferentes maneiras. Uns canta-
vam, outros choravam, outros pulavam sem
parar, era um show único. Era a chance de
extravazar toda a alegria e satisfação daquele
momento. Mike Ness pediu desculpas pela
demora em tocar no país e prometeu outro
show no ano que vem. Levou ao palco um
fã de 11 anos e disse que ele representava
a “nova escola” do Rock. Discursos à parte,
o show prosseguia como uma festa digna,
para os poucos privilegiados que compa-
receram. Com “Sick Boy”, “Reach for the
Sky” e “Ball and Chain”, arrancava mais
suspiros e emoções distintas dos fãs. O
show basicamente eram de hits e canções
que marcaram a carreira da banda, mas
ainda houve espaço para uma nova canção,
“Still Alive”, que foi bem recebida pelo pú-
blico. Com o show caminhando para o fi m,
alguns sucessos ainda foram tocados, dentre
eles “Nickel and Dimes” e “Prison Bound”,
essa sem dúvida cantada em uníssono por
todos e um dos pontos altos do show. Para
encerrar a festa com chave de ouro, tivemos
a cover de “Ring of Fire” de Johnny Cash.
Fim de show, saldo pra lá de positivo e a
sensação de alma lavada pelo longo jejum.
Texto e Foto: Flávio Santiago
Social Distortion
52 hornsup #13
Kool metal Fest 2010Espaço Victory15/05/10São Paulo/SP (Bra)
SuffocationPela primeira vez no país, os americanos
do Suffocation, tocaram dentro da edição
do festival Kool Metal Fest em São Paulo,
ao lado das bandas Napalm Death, Violator, D.E.R e Western Day. Havia uma grande
expectativa por conta dos fãs para essa
apresentação e Frank Mullen e cia. não
decepcionaram. Com um som preciso e
técnico, os americanos deram uma aula de
Death Metal. O som da casa, estupidamente
alto, ajudou na proposta da banda e com
músicas como “Catatonia”, “Infecting The
Crypts” e “Liege of Inveracity” fi zeram o
Espaço Victory quase vir abaixo. A banda
constantemente, através de Frank Mullen,
tentava manter contato com o público, seja
para agradecer a boa recepção ou para pas-
sar mensagens, ora políticas, ora religiosas.
Set reduzido devido ao fato de estarem em
um festival, diminui a apresentação da ban-
da, mas antes do fi m, mais alguns petardos
ainda foram soltados como: “Blood Oath”,
“Entrails of You”, “Breeding The Spawn”,
“Pierced from Within” e “Thrones of Blood”.
Sem dúvidas, um show primoroso e aplau-
dido por todos, além de servir como um
ótimo cartão de visita ao público brasileiro.
Agora é torcer para que a banda retorne ao
país, desta vez como headliners e puderem
assim mostrar mais de seu trabalho.
Napalm DeathEm seu retorno ao país os ingleses do
Napalm Death foram encarregados de
encerrar a edição do Kool Metal Fest, após
a poderosa apresentação do Suffocation.
A pressão de fazer um bom show pare-
ceu não abalar a banda que já é bem
conhecida do público brasileiro, e após
uma pausa que parecia interminável para
ajustes no som, eis que adentram ao palco
Mark “Barney” Greenway, Shane Embury,
Mitch Harris e Danny Herrera. Após uma
breve intro, o massacre sonoro começa
com “Strong Arm” do álbum “Time Waits
for no Slave”, último trabalho lançado
pela banda. Logo após veio “Unchallenged
Hate” e “Suffer the Children” para delírio
geral do público que formava circle pits
e faziam stage dives para desespero dos
seguranças à frente do palco. O vocalista
Barney Greenway, com sua performance
insana, não parava um minuto em palco
Só parava para anunciar a próxima música
ou para fazer algum discursso político, o
que servia para um breve descanso. Logo
o caos era retomado e com “Silence is
Deafening” do excelente álbum “The Code
is Red”. Mais pancadaria e brutalidade
era oferecida ao público, e mesmo após
a morte do guitarrista Jesse Pintado, a
banda provou que ao vivo não perdeu
em nada seu poder ofensivo, e que Mitch
Harris dá conta do recado. Como o show
era de divulgação de seu último trabalho,
“Time Waits for No Slave”, mais músicas
eram mostradas aos fãs como “Life and
Limb” e “Diktat” que receberam o aval
positivo do público. Mas como o show do
Napalm Death também é sinal de grandes
clássicos. Eis que eles aparecem, dentre
eles: “From Enslavement to Obliteration”,
“Scum”, “You Suffer” e a cover clássica de
“Nazi Punks Fuck Off ” (Dead Kennedys).
Para encerrar a mais uma apresentação
devastadora, a brutal “Siege of Power” dá
o ponto final ao show e a esse festival
que provou que música extrema também
tem o seu espaço e pode ser rentável,
pois mesmo em dia de Virada Cultural
(evento musical gratuito oferecido pela
Prefeitura de São Paulo) levou um bom
público ao local. Parabéns a organização
do Kool Metal Fest por acreditar na força
do Metal e suas vertentes. Texto e Foto:
Flávio Santiago
ao vivo
Napalm Death
Suffocation
53hornsup #13
more than a thousandMusicbox01/05/10Lisboa (Por)
Aconteceu no Musicbox, em Lisboa, o
encerramento da turnê nacional de divulga-
ção de “Vol. 4: Make Friend and Enemies”,
o novo álbum do More Than A Thousand.
Perante a uma casa cheia, os setubalenses
mostraram ao público as suas músicas
novas. Para acompanhá-los trouxeram o
Hills Have Eyes e Men Eater. Os também
setubalenses do Hills Have Eyes tem na
bagagem um novo álbum, “Black Book”, e
é sobretudo nele que baseiam o seu set. A
boa disposição do Metalcore meio Rocker
era contagiante. “Hey Hater!” foi o ponto
alto da apresentação dessa banda nunca
decepciona nas suas atuações ao vivo. O
More Than A Thousand fez uma boa escolha
nos seus parceiros para esse show, já que
a seguir ao Hills Have Eyes, entrou o Men
Eater, outra banda que dispensa comen-
tários, seja a respeito de sua música ou
em relação aos seus concertos. Já vi o Men
Eater diversas vezes, sendo que é sempre
um pouco diferente, porém, mantendo o
alto nível. Dessa vez, o som do Musicbox
não colaborou muito, mas mesmo assim,
o Stoner Metal poderoso se fez sentir em
músicas como “First Season” (que abriu o
show), “Heartbeating Locomotiva”, “Man
Hates Space” e “Lisboa”. O fato do novo
álbum do More Than A Thousand ainda
não ter sido lançado até última data dessa
turnê, não impediu que baseasem a maior
parte do setlist nele. Abriram com toda
força com a faixa-título, “Make Friend and
Enemies”. As músicas novas: “First Bite”,
“It’s Alive (How I Made a Monster” e “Black
Hearts” já estavam disponíveis online para
audição (as duas primeiras no Mysapce e
a última na edição nº 12 da HORNSUP) e
foram logo reconhecidas e cantadas pelos
presentes. Era visível o entusiasmo tanto
da banda quanto do público, afi nal esse
encontro em Lisboa já não acontecia a
algum tempo. Os momentos de maior força,
obviamente, residiram nas músicas mais
conhecidas como “It’s the Blood, There’s
Something in the Blood” e “Walking On The
Devil’s Trail”. Depois desse show, a banda
embarcou numa turnê, sendo que depois
retornam a Portugal para se apresentar em
alguns festivais, incluindo o Rock in Rio-
Lisboa. Matheus Moura
Fotos: Miguel Duarte
More Than A Thousand
hornsup #1354
ao vivo
WASP
waspSantana Hall10/04/10São Paulo/SP (Bra)
Para você que nasceu muito depois de 1984,
quando a banda objeto desta resenha estava
no auge do seu sucesso e não acompanha
tanto assim o Metal, deve ser perguntar: quem
afi nal é Wasp? Dizer que eles são contem-
porâneos de, por exemplo, Iron Maiden,
Ozzy, Twisted Sister, Judas Priest e que não
conseguiram manter na mesma proporção, ao
longo dos anos, exatamente o mesmo sucesso
mundial desses, ajuda a explicar muitas
coisas. Uma delas foi o tumulto que quase se
formou na porta do Santana Hall. A casa não
é mesmo uma unanimidade de lugares legais
para ver shows em São Paulo e qualquer
evento de Rock lá sempre rende alguma
história de desorganização. Essa desconfi -
ança triplicou quando um show que estava
marcado para começar pontualmente às 18h30
(como impresso no ingresso), já estava com
um pouco mais de uma hora de atraso. Das
datas anunciadas da turnê brasileira, Curitiba,
(a cidade da noite anterior a SP) teve o show
cancelado, como sempre em circunstâncias
muito esquisitas e não explicadas até então.
Cercadas de expeculações, empurra-empurra
na entrada, bate-boca em uma das comu-
nidades da banda no Orkut, e do suposto
estrelismo do vocal Blackie Lawless, esse
foi o clima do show do considerado primo
pobre das grandes estrelas do Metal ainda em
atividade. Entende agora porque é compreen-
sível (mas não aceitável) o clima de tumulto?
Fosse algum dos outros citados, difi cilmente
algo assim aconteceria. Lawless é, sim, estrela
mas não só no sentido glamouroso da coisa,
mas no de ter o culhão de honrar um nome
e manter uma banda como essa tanto tempo
na estrada, e não no sentido negativo como
alguns gostam de pintar. Exigir um mínimo de
qualidade para mostrar o que sabe fazer, está
longe de ser estrelismo, seja para qual catego-
ria de artista for. Agora, para você que acom-
panhava a banda desde o início, foi a grande
oportunidade de vê-los por aqui, depois de
quase 30 anos. Sendo Lawless o único mem-
bro da formação original, a banda é composta
atualmente por Doug Blair (guitarra e backing
vocals), Mike Duda (baixo) e Mike Dupke
(bateria). O show, como não poderia deixar
de ser, resgasta todo aquele circo dos shows
de Metal. Não chega a ser um mega show
como do Iron (porque o lugar não permite)
nem a megalomania do Manowar (que aliás
deixaria muito a desejar meses depois como
aconteceu recentemente). Mas cercado dos
hoje ditos clichês que cercearam os primórdios
do estilo. E como isso continua sendo legal e
uma pena ter se perdido com o tempo. Com
a intro de “Mephisto Waltz”, abriram o show
com muitas luzes, gritaria num Santana Hall
a essa hora abarrotado por um público que
dos clássicos aos novos sons sabia todos de
cor. Camisa preta de manga comprida e uma
serra cortada acoplada em cada uma delas,
Lawless fazia inclusive gracinhas, as vezes,
arrumar os ainda longos cabelos nas serras,
usadas como espelho. Ele tem total domínio
de palco e impressiona o sincronismo do
vocal ao vivo com os clipes reproduzidos no
telão. Espantosa também a qualidade de som
ao vivo. Dezenove discos lançados, incluindo
compilações, o Wasp, parafraseando o título
de sua coletânea tocou o “The best of the
best” de seu extenso repertório. Destaques
para “L.O.V.E. Machine” (do classico auto-intit-
ulado primeiro álbum), seguida da dobradinha
do mais recente disco (“Babylon”, de 2009)
“Crazy” e “Babylon’s Burning”. Rolou ainda
“Hellion”, “I don’t Need No Doctor” além de
“Heaven’s Hung in Black” e “Blind In Texas” no
bis. Os sons novos continuam com a mesma
energia dos discos antigos. Quem sabe sabe e
mesmo sem a popularidade, quem se importa?
Antes mesmo do show começar e de saber
sobre o que aconteceria com o Dio, escutei
um diálogo assim: - Wasp, Manowar, Metallica
vindo por Brasil. Quando esses caras vem a
gente tem que ir. - Pois é.. O que vai acontecer
com a gente? De quem a gente vai gostar
quando esses caras acabarem? Se alguém tiver
uma resposta convincente, me avise. Enquanto
tiver tempo, corra pra ver. Andréa Ariani
Foto: Flávio Hopp
55hornsup #11