família desenvolve cultivo orgânico e facilita o 'descanso' da terra
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Relata a experiencia de Seu Virgílio e Dona Raimunda que a mais de cinquenta anos convivem com a região.TRANSCRIPT
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 8 • nº1587
Junho/2014
A família do Sr Virgilio Viana dos Santos (73) e Dona
Raimunda Rabelo dos Santos (68), residem na Comunidade
de Araçás, no município de Fátima – Bahia onde
conquistaram uma cisterna de enxurrada do Programa Uma
Terra e Duas Aguas (P1+2) e Fundação Banco do Brasil
(FBB)
Família desenvolve cultivo orgânico e facilita o “descanso” da terra
Fatima - BA
Araçás surgiu a partir da grande povoação nativa da planta do mesmo nome, cujo fruto é da
mesma família da goiaba e da jabuticaba, vindo da língua Tupy (planta que tem olhos).
Passa por essa comunidade uma estrada de chão (rodagem), ainda em uso, bem antiga,
desde o tempo do império, e também conhecida e citada em vários livros e relatos. Partindo do
litoral de Sergipe, passando pelo sertão de Canudos, até o rio São Francisco. A estrada foi
construída para o transporte de animais (bovinos, eqüinos...) pelos latifundiários, que através dos
comboieiros, boiadeiros e tropeiros a movimentavam. Depois, com mantimentos e viajantes. Por
ela, teriam passados Antonio Conselheiro e seguidores, lampião, coronéis, militares (com destino a
Canudos), religiosos, etc.
O Sr Virgílio e D. Raimunda tiveram cinco filhos. Todos
foram criados na roça. A família desenvolve a agricultura
Orgânica em uma área com pouco mais de 2,0 hectares,
desde o preparo do solo feito com animais até a colheita.
Na propriedade há uma diversidade de culturas: milho,
feijão, mandioca, abobora, batata doce, fava grande, soja,
hortaliças, plantas medicinais e fruteiras como a pinha,
goiaba, banana, manga, seriguela, coco, maracujá e umbu.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia
Curiosamente, a família dá o ‘descanso’ da terra a cada 7
anos: “Nós plantamos por 06 anos toda a área e no 7º ano, conforme o
mandamento de Deus a gente deixa uma pequena parte da terra pra plantar
e a outra parte da terra a gente deixa sem plantar”. E acrescenta: “no
começo achei difícil, mas acreditei e observei que em uma tarefa tava colhendo 03
sacos (180KG) de feijão, após o descanso cheguei a colher 08 sacos (480KG) de
feijão”.
Realização Apoio
Outra curiosidade é que a família conserva as sementes que são produzidas na propriedade.
A seleção das sementes é bastante observada pela família e bem criteriosa. A exemplo do milho que
ao colher as espigas, as melhores são retiradas em separados, posteriormente debulha-se os grãos
das partes iniciais e finais das espigas para consumo e a parte central da espiga é guardada para
sementes. Dessa pratica o Sr Virgilio diz: “o nascimento (germinação) é por igual, as plantas tem o mesmo tamanho
(uniformes), é difícil ter doença ou praga (resistentes), rende mais (produção) e alimenta mais (demanda/renda).’’
Dona Raimunda também valoriza muito a alimentação da família: “não comemos galinha e ovos de granja e nem carne bovina. Comemos carne de soja e carne de ovelha ou cabra.
Substituímos o café pela cevada e o açúcar é o escuro (orgânico)”.
Dona Raimunda costura pra família, cuida do quintal e da criação de galinhas, afim de
complementar a renda da família de forma diversificada e ecologicamente sustentável.
A família também motiva em animação a comunidade religiosa e participa das atividades coletivas
na comunidade.