controle de qualidade - módulo i
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Programa de Educação Continuada a Distância
Curso de Controle de Qualidade
Aspec. Gerais
Aluno:
Educação a Distância: Parceria entre site Farmácia On-line, Conselho Regional de Farmácia e Sindicato
dos Farmacêuticos de Mato Grosso do Sul
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CURSO DE Controle de Qualidade
Aspec. Gerais
MÓDULO I
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MÓDULO I
RESUMO DA SITUAÇÃO DA INDUSTRIA FARMACÊUTICA NO BRASIL
Este primeiro item, aparentemente não tem relação com o curso mas,
considerando que, a qualidade do medicamento não só é sua concentração ideal e
conformidade de compostos e, sim, uma estrutura complexa, que abrange desde a
produção da matéria prima até a aplicação do medicamento no consumidor, cabe,
inicialmente, fazer-se um apanhado histórico do medicamento no mundo e
particularmente no Brasil.
Fontes de medicamentos a nível mundial:
Síntese 50%
Microbiana 12%
Minerais 7%
Plantas 25%
Animais 6%
O custo do desenvolvimento de um novo medicamento envolve investimentos de
cerca de 25 a 28 milhões de US$ e pelo menos 10 anos de desenvolvimento para que
possa estar disponíveis ao mercado, garantidas todas suas potencialidades e conhecidos
todos (ou pelo menos a maioria) dos efeitos adversos, de sobre-dosagem e interações.
De uma relação de 40.000 produtos com potencial farmacológico somente uma tem
aprovação como medicamento, considerando-se primeiramente sua ação fisiológica
(efetividade, eficiência e segurança) e secundariamente seu custo de produção e a
viabilidade de comercialização.
Nos últimos 60 anos a proporção de medicamentos aprovados para
comercialização é oriundo em 90% de firmas industriais e seus laboratórios de pesquisa
particulares ou eventualmente ligadas a instituições de pesquisa e/ou ensino
(principalmente nos EUA); 9% oriundos de laboratórios de universidades (principalmente
na Europa) e 1% laboratórios de pesquisa do Governo. Neste campo amplamente
dominado pelos EUA, detém a patente de cerca de 80% dos produtos medicamentosos e
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Europa (Suíça e Alemanha) com cerca de 15%. O investimento nos EUA nesta área
supera os US$ 650 milhões sem considerar as pesquisas sobre câncer e AIDS.
Por outro lado a OMS (Organização Mundial de Saúde), regula a produção
industrial de medicamentos, tentando colocar a situação de “medicamentos necessários”
numa situação para países de primeiro a terceiro mundos.
Exerce também um papel de “controle” sobre como medicamentos são testados já
que a aprovação para consumo humano depende de órgãos como o FDA. Várias são as
denúncias que foram veiculadas de que, em países subdesenvolvidos, as populações são
usadas como cobaias de países desenvolvidos, nos testes de medicamentos. Um
exemplo, bastante citado na literatura é o caso do Bactrim pediátrico, indicado para
crianças a partir dos 6 meses, enquanto que a bula americana advertia que somente era
segura para indivíduos após os 12 anos.
A Universidade tem papel relevante neste contexto pela formação de
pesquisadores e, em alguns casos, do desenvolvimento tecnológico na área.
O controle e inspeção de medicamentos estão a cargo de algumas instituições
como o FDA e comissões da DAB (no Brasil pela Secretaria Nacional de Vigilância
Sanitária)
A pesquisa de novos medicamentos e, a avaliação dos medicamentos atualmente
utilizada, está dividida mundialmente a cargo de pesquisadores independentes, na
elaboração de trabalhos científicos, de “empregados” de industrias farmacêuticas
(cientistas que tem seu trabalho recompensado pela indústria) e por atividades planejadas
comercialmente.
As perguntas que os que os cientistas se fazem (ou deveria fazer) podem ser
resumidas nas seguintes:
“Porque esses objetivos foram escolhidos?”
“A quem esses produtos beneficiarão?”.
“Quais serão os subprodutos indesejáveis?”
Nestas questões devem estar incluídas pendências como, a dependência de
matéria prima e insumos básicos para a formulação de um número bastante grande de
medicamentos que são na sua maioria encontrados em países de terceiro mundo.
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Numa avaliação global do interesse na produção de um determinado medicamento
(interesses que variam da conceituação social à comercial), deve-se perguntar:
Qual o interesse dos produtos?
Como pode se situar a saúde dos consumidores?
Existe excessiva quantidade de produtos?
Existe a venda indiscriminada de produtos desnecessários (quando não perigosos)
à população alvo?
Existe venda indiscriminada de medicamentos restritos e proibidos?
Existe a crença exagerada dos efeitos benéficos dos medicamentos
industrializados frente a outras alternativas terapêuticas?
Em países em que o controle do uso de medicamentos não está efetivamente
controlado, o uso maciço de técnicas publicitárias para médicos com intenção de
aumentar a demanda, consegue proporcionar um retorno financeiro compensador para os
investimentos feitos na pesquisa do mesmo (que não são poucos). Nesta hora a verve
comercial da industria suplanta os dotes sociais do medicamento.
MEDICAMENTO NO BRASIL
Extinta DIMED – portarias 27 e 28 e outros dispositivos
Publicações da ABIFARMA – “Valor da receita médica”
São os principais pontos de reflexão a respeito do efeito de comercialização do
remédio no Brasil e a divergência entre a utilização como ferramenta de saúde e como
produto economicamente rentável.
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A INDUSTRIA DE MEDICAMENTOS NO BRASIL (resumo)
Até a década de 30 a indústria nacional resumia-se no aproveitamento de produtos
e conhecimentos de produtos naturais. Na década de 40, com o “pool” industrial, a
descoberta dos antibióticos (somente obtidos com esquemas de produção especializada)
e o avanço nas técnicas químicas de síntese produtos, os países com alto potencial
industrial lideram a produção e conseqüentemente a comercialização mundial de
medicamentos.
As indústrias nacionais se ressentem da falta de apoio governamental, ficam à
margem da produtividade pela de tecnologia (não conseguem evoluir) e pela falta de uma
indústria química de base são obrigadas a se render (comercialmente) ao poder evolutivo
das empresas multinacionais. Assim podemos relacionar:
Evolução tecnológica monopólio estrangeiro desnacionalização
Outro fator importante na estabilidade das empresas nacionais foi à dificuldade de
obtenção de matéria prima, importada, cara (em virtude da cotação monetária) e em
muitas circunstâncias não disponível à empresa nacional. Alie-se a isto o inicio da
discussão da Política de patentes, ainda hoje um obstáculo para o desenvolvimento da
Industria Farmacêutica Nacional.
O propósito mercantilista da indústria multinacional, cada vez mais presente, com
influências políticas em nível nacional, coloca o Brasil numa situação de economia de
escala onde a padronização de produtos não tem o componente clínico nem social, cria
um sistema de massificação do consumo de medicamentos, com nítidas intenções
comerciais.
A complexidade tecnológica envolvida na produção atual de medicamentos (tanto
quali como quantitativamente) não foi acompanhada pela indústria nacional e
conseqüentemente o tipo de concorrência praticada no mercado deu nítida vantagem às
industrias multinacionais, numa estrutura bastante simples.
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OLIGOPÓLIOS E MONOPÓLIOS
(custos escala massa)
Nesta realidade o consumidor perde autonomia de escolha e passa a contar com a
confiança que deposita em outro profissional da saúde que indica, prescreve e administra
o produto medicamentoso. Cria-se assim uma rotina:
“Utilidade do produto através de um pressuposto: O MÉDICO”
Ainda como causas do baixo rendimento da Indústria no Brasil estão: o
desenvolvimento tardio, devido à falta de facilidades; descontrole da política de
investimentos e planos econômicos dúbios que, entre outras coisas, criam dificuldades
em obtenção, manutenção e crescimento de recursos de capital, manutenção,
treinamento e captação de recursos humanos e principalmente a não existência de uma
Indústria química de base (*apoio), o que se traduz em uma dependência tecnológica e de
material externa.
“Não existe uma Indústria farmacêutica do Brasil, mas somente uma Industria
farmacêutica no Brasil” - 80% das industrias farmacêuticas são transnacionais
Finalizando, outros fatores, não menos importantes como os privilégios (isenção
fiscal), não existência de concorrência, fiscalização legislativa vigente ineficiente, baixo
custo de produção (Política salarial), domínio da importação de matéria prima, sub-
faturamentos, super-faturamento, cooptação de quadros científicos e financiamentos
privilegiados (50 a 75%) do capital de giro, são responsáveis pelo atual quadro da
distribuição (comércio) de medicamentos no Brasil.
Existe um claro “Divórcio” entre destinação dos produtos, do quadro nosológico do
país, com componentes, que, às vezes chegam a situações completamente absurdas:
Ex: tônico vitamínico “deixa de se alimentar para comprá-lo”
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O ponto culminante em toda a estrutura do medicamento no Brasil resume-se
numa situação que mostra claramente a política do setor: a CEME (Central de
medicamentos): iniciou mudou acabou.
Por estes motivos apresentados a palavra CONTROLE de medicamentos se
reveste de uma definição muito maior que simplesmente sua dosagem.
QUALIDADE
- O que é qualidade?
- Como definir qualidade?
São perguntas que devem surgir automaticamente quando se produz algo para um
determinado segmento da comunidade.
Exemplo:
Na produção de parafusos, numa metalúrgica, cada parafuso deve obedecer a uma lista
de parâmetros, pra ter sua utilidade específica atendida:
• especificações (para que serve, tipo de rosca. etc...).
• material usado (aço, ferro, latão,...)
• como deve ser feito (normas, rotinas, maquinário,...).
• controle para saber se todos estão de acordo com um padrão (um parafuso deve
ser igual ao outro, não importando em que máquina ele foi feito, dia da semana,
matéria prima disponível,....)
Para harmonizar especificações, (ou para que o produto tenha as mesmas
especificações) existem Normas Internacionais que, entre outras determinações, definem
as características (destino, função, material que deve ser usado, medidas que devem ser
obedecidas, etc...).
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Algumas normas mais conhecidas internacionalmente:
• DIN (Deutche Industrie Normen)
• ASTM (American Standarts)
• ISO
• No Brasil ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)
Para adequar a linha de produção às normas gerais são propostas normas internas
de modo a atender padronizações e exigências (como fazer, que material usar/comprar,
em que condições fabricar, quais testes devem ser feitos e como checar)
Num produto farmacêutico (comparativamente) o procedimento é o mesmo
(respeitadas as peculiaridades), em que normas específicas são publicadas
internacionalmente (e a nível nacional) de modo que um produto farmacêutico produzido
num país tenha as mesmas características em qualquer parte do mundo. O órgão mais
ativo e respeitado mundialmente é o FDA (Food and Drug Administration) que junto com a
OMS (Organização Mundial de Saúde), elabora normas, define metodologias, aprova e
reprova substâncias para uso como medicamentos. Derivado destas publicações (na
maioria) encontra em cada país, compêndios oficiais, as Farmacopéias, elaboradas por
comissão de especialistas, que levando em conta as peculiaridades regionais elaboram
as normas de como cada medicamento deve ser elaborado e controlado no âmbito de sua
jurisdição. Muitos países adotam farmacopéias de outros. Algumas farmacopéias de
projeção internacional:
USP – United Stades Pharmacopeia - americana
BP – Britsh Pharmacopoeia - inglesa
DAB – Deutches Artznei Buch – alemã
JP – Japan Pharmacopeia – japonesa
Farmacopéia Internacional
No Brasil, obedecemos a Farmacopeia Brasileira em sua 4ª Edição.
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Em relação aos remédios (compostos que possuem em sua formulação substâncias
ativas farmacologicamente) podemos ter duas visões distintas:
O produto acabado de laboratório, produzido em lotes, distribuído para vários locais e
vendidos em farmácias ou usado em hospitais.
O produto de manipulação, preparado em farmácias de manipulação, à partir de
substâncias puras, obedecendo-se uma receita médica, individual e válida dentro de um
período restrito.
As normas que definem especificamente os produtos são as das FARMACOPEIAS e
no Brasil as normas de como estes devem ser produzidos são estabelecidos pela
SECRETARIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA.VISÃO DE QUALIDADE
Do PRODUTO Padrões de referência (Farmacopeias)
Farmacopeia Brasileira
United Stades Pharmacopoeia (USP)
British Pharmacopoiea (BP)
Deutches Arztneibuch (DAB)
The Martindale Extra Pharmacopoeia
Da CONFECÇÃO DO PRODUTO Padrões de instalação da empresa (Vigilância
Sanitária)
Do PADRÃO DE INDUSTRIALIZAÇÃO Normas (DIN,.ASTM, ABNT, etc...)
Do PADRÃO EMPRESARIAL Visão interna da empresa do ponto de vista comercial e
de atendimento à clientela e, de como as demais normas devem ser obedecidas.
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Para que estes padrões sejam obedecidos, uma visão da Qualidade se reflete na área
interna da empresa (seja uma grande empresa farmacêutica, seja um laboratório de
manipulação). além dos preceitos estabelecidos em Lei
- A CHEFIA: a presença, sua disponibilidade, sua participação, seu conhecimento
são itens fundamentais para o desenvolvimento de qualquer empresa. No caso
farmacêutico acrescente-se a idéia de que o produto que está industrializando e/ou
manipulando como destino um ser humano doente.
- OS FUNCIONÁRIOS cuja disposição, conhecimento, grau de instrução, e
principalmente a preocupação com o próximo são pontos fundamentais na elaboração de
um produto medicamentoso
- AS INSTALAÇÕES que devem estar orientadas técnica e funcionalmente (atendendo
os requisitos oficiais) podem proporcionar ao cliente (numa farmácia) um ambiente
acolhedor.
- OS PRODUTOS DISPONÍVEIS numa farmácia devem atender o máximo possível dos
casos e, quando não disponíveis, imediatamente, viabilizar alternativas para em primeiro
momento atender ao paciente.
- A CLIENTELA ATENDIDA deve ser definida em função da localização, dos padrões
sociais pertinentes nesta localização de modo à proporcionar um atendimento condizente.
- O EQUIPAMENTO DISPONÍVEL definido pela linha de produção e/ou atendimento,
devem atender em quantidade e qualidade as necessidades dos produtos
A FARMÁCIA como intermediário entre o laboratório produtor ou como manipulador de
um produto, e o usuário final deve ter um lema, que ao meu ver é a questão mais
importante de qualidade: – “Atendimento a um público especial com uma condição mental
não normal (doente ou alguém conhecido, doente) tem um componente psicológico
(emocional) importante”.
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O atendimento de um cliente, com atenção, pode ser fator importante de cura.
Do ponto de vista estritamente biológico temos:
Paciente Medicamento Efeito farmacológico Cura
Portanto a Farmácia constitui um elo na cadeia de atendimento ao cliente (paciente),
com vistas a um pleno restabelecimento de sua condição de saúde, fornecendo-lhe um
produto seguro que vai atendê-lo e com um atendimento profissional e consciente tem-se
um componente de Qualidade.
Qualidade de atendimento:
• ser cortês sem ser pedante
• ser eficiente sem ter postura de “sabe tudo”.
• ser aconselhador sem ser abelhudo
• ser benemérito sem exageros
• ter cliente a visão de um paciente sem tratá-lo como doente
Resumindo temos:
QUALIDADE
ESTRUTURA
Condições de fabricação e dispensação do produto
PRODUTO/PRODUÇÃO
Obediência aos parâmetros oficiais das Farmacopéias
TESTES DE CONFORMIDADE
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Testes físicos, químicos, microbiológicos e físico-químicos que atestem a confiabilidade
do produto
TESTES DE INTEGRIDADE
Testes de estabilidade nas diversas condições de transporte, estoque e apresentação de
modo a garantir que o produto seja e esteja nas condições oferecidas e indicadas.
APRESENTAÇÃO DA EMPRESA/PRODUTO
Condições de atendimento do paciente, visual da farmácia, relação interpessoal.
ASPECTO GERAL – acompanhamento global desde do recebimento da matéria prima até
a venda do produto final ao cliente
Reflexão: Na atual situação de dependências econômicas, baixa valorização do produto
brasileiro, como encarar um paciente em sua farmácia solicitando-lhe um medicamento,
mesmo sabendo que ele é desnecessário para sua atual condição de saúde, mas que é
necessário para a manter o “status” de comercialização da farmácia?
------ FIM MÓDULO I -----
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