boratreinar ed8

23
Edição 8 - Março/2015 ROBERTO TADAO ‘DUMAos 36 anos, ele curte a boa fase como técnico e atleta ROBERTO TADAO ‘DUMAos 36 anos, ele curte a boa fase como técnico e atleta DESVENDAMOS A CORRIDA DOS TRIATLETAS PROFISSIONAIS. ELES CORREM BEM MESMO DEPOIS DE NADAR E PEDALAR

Upload: paulo-henrique-prudente

Post on 08-Apr-2016

238 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Boratreinar ed8

Ed

ição

8 -

Mar

ço/2

015

ROBERTO

TADAO

‘DUM’Aos 36 anos, ele curte a boa

fase como técnico e atleta

ROBERTO

TADAO

‘DUM’Aos 36 anos, ele curte a boa

fase como técnico e atleta

DESVENDAMOS A CORRIDA DOS TRIATLETAS PROFISSIONAIS. ELES CORREM BEM MESMO DEPOIS DE NADAR E PEDALAR

Page 2: Boratreinar ed8
Page 3: Boratreinar ed8

Amigo

leitor,

A Revista Boratreinar é uma publicação

independente com reportagens, redação,

diagramação e edição de Paulo Henrique

Prudente - Mtb. 20.644-RJ

[email protected]

Como alguns dos principais triatletas brasileiros, entreeles Ariane Monticelli (foto), conseguem uma boacorrida, mesmo depois de nadar e pedalar

Batemos um papo com Sérgio Dantas, subtenente doBOPE. Na seção “Eu e a corrida” ele conta como oesporte interfere na sua vida pessoal e profissional

Pedimos a dez corredores especialistas em longasdistâncias em trilhas que apontassem sua prova favoritaem territótio nacional

Depois algum tempoausente, aBoratreinar voltacom mais uma edição, a oitava. Vamos voltara falar de corrida e um pouco de triathlon.Desta vez nosso personagem é o ‘polivalente’Roberto Tadao, o Dum (foto). Atleta e treina-dor da Rio Saúde - consultoria esportiva quefundou há 10 anos - Dum venceu em 2014 adesafiadora Mizuno Uphill Marathon, queentra para sua lista de conquistas e bonsresultados. Lista que inclui corridas, provas detriathlon e ironmans.A edição traz ainda Gabriel Rodrigues, corre-dor de Niterói, que revela na seção “Meuquintal” seu lugar favorito para treinar. Traze-mos ainda uma reportagem sobre economiade corrida. Você sabe para que serve, comoadquirir e como aprimorar?Contamos também a história de umaescolinha de talentos que desafia as dificulda-des no Distrito Federal.Aproveite mais esta edição e sinta-se àvontade para sugerir outras matérias.

O editor

Page 4: Boratreinar ed8

“Minha prova preferidano Brasil é o XTerra Endurance Ilhabela.

A prova de 80K reúne uma variação de terreno ealtimetria que sempre me fez planejar as estratégias

para cada momento da prova. E o fator temperatura écrucial. A edição de 2014 foi muito especial por que

reuniu os grandes nomes das provas longas no Brasile sou aquele tipo de atleta que gosta de competir em

provas com o nível elevado. Diferente de outrasprovas no Brasil a edição de 2014 reuniu cerca de dezatletas com chances claras de levar o título da etapa.Provas assim te fazem elevar o seu nível atlético. Não

gosto de provas onde há dois ou três atletas fortesdisputando a posição no pódio. Ilhabela 2014

reuniu tudo que um atleta precisapara elevar seu nível”.

“Minha prova é aMaratona dos Perdidos, em

Tijucas do Sul, Santa Catarina. Aprova é na Serra do Mar quase

100% em trilhas e montanha. E éisso que me atrai. Já estive lá duasvezes: no primeiro ano venci e nosegundo fui o vice-campeão daprova. Este ano espero estar

lá novamente.”

CHICO SANTOS

IAZALDIR FEITOZA

DESAFIOS DETIRAR O FÔLEGODez feras da trail run revelam para você qualsua prova favorita no Brasil. Maratona dosPerdidos, XTerra Ilhabela, Desafio das Serras,Half Mission, XC Búzios e Indomit Bombinhassão as preferidas. Desafio pessoal, percurso,distância, belezas naturais e boa organizaçãosão os ingredientes necessários para atrair osmelhores do Brasil.Confira. Quem sabe você não se anima afazer uma destas provas.

DESAFIOS DETIRAR O FÔLEGO

Page 5: Boratreinar ed8

“Muitas provas noBrasil me dão um friozinho na barriga.

Mas o meu grande desafio sempre será aIndomit Bombinhas. Por ser em meu quintalde treino, é sempre uma grande oportunidade

de mostrar a familiares e amigos o domque tenho. Lógico que isso mexe

comigo, afinal já venci cincovezes essa prova. E cada vitória

teve um sabor diferente”

GILIARD PINHEIRO

“De 2011 a 2014 meu alvo foi oXTerra Endurance Ilhabela/50K. Semprequis vencê-la, mas só consegui em 2014,

depois de focar bem os treinos. Em 2011 lidereia prova até o km 35, quando fui superado poroutro atleta, por falta de energia ou por uma

estratégia muito ousada. Ter liderado até ali mefez treinar até vencê-la. Fui segundo em

2011 e 2012. Em 2014 fiz os 80K e em 2014 voltei aos 50k

para vencer”

JOSÉ VIRGÍNIO

“Gosto de provascomo a Trail Run XC Búzios,

que alternam trechos de trilhasfechadas com trechos abertos e

‘mais corridos’. A XC Búzios consegueser uma prova dura, mas corrida, com

trechos de paralelepípedo, asfalto,trilhas e estrada de terra. Alémda qualidade da organização

e Búzios ser umlugar incrível”.

ROBERTO TADAO ‘DUM’

Page 6: Boratreinar ed8

MANU VILASECA

“Infelizmente não corri provas como Maratonados Perdidos, KTR ou Half Mision, que tenho certeza de que

eu ia gostar muito. Das que corri, sem dúvida destacaria o XTerra deIlhabela, por ser uma prova bastante mista, que exige que o corredor seja muito

versátil. No primeiro ano que corri, choveu muito. A prova ficou bem lenta, mas issoacabou sendo um aliado para mim. Corri muito tempo sozinha, de noite, debaixo dechuva, e por mais que isso pareça ruim, me deixou bem. Gostei muito da trilha do

Bonete e a trilha que vai até a Praia de Castelhanos. Embora eu não goste deasfalto, o trecho de 15K não deixou de ser mentalmente desafiador.

Lembro que a canadense Tracy Garneau sofreu muito nessa parte. É uma prova que possui uma boa altimetria econsidero que ela seja um bom termômetro para as

provas fora do Brasil”

“Já fiz muitas provas incríveisaqui pelo Brasil... 80k, 50k, 42k e 21k...

Mas de todas uma é especial. Especial porque foi lá que tudo começou! Bombinhas... Na época a prova se

chamava K42 e percorria praias incríveis e trechos de trilhas bemvariados. Pra mim ela é especial porque foi a primeira vez que

cruzei a linha de chegada em primeiro lugar em uma provaimportante no circuito nacional. Me recordo com detalhes de

cada minuto daqueles 42k, e ainda me emociono quandolembro da expressão de surpresa do meu marido quando

soube do meu resultado. Desde 2011, todos os anosvolto para competir em Bombinhas... Lugar

que me proporcionou tanta felicidade!”

ROSÁLIA CAMARGO

“Minha prova inesquecível foi aHalf Mision em Serra Fina, Minas Gerais.

Sempre fui atleta de pista e de asfalto e senti asdificuldades em correr e andar numa montanha. Sempre corri

no limite e neste prova cheguei a caminhar 1K em 18minutos.Fiquei assustado com este ritmo e

cheguei em 3o lugar na prova. Ali eu vique tinha condições de correr entre os

melhores atletas de trailrun do Brasil.”

MÁRCIO SOUZA

Page 7: Boratreinar ed8

“Busco provas que ofereçam longas distâncias,beleza natural e boa organização. A Maratona dos Perdidos tem

todas essas características. Nela eu já vivi tudo que amo no esporte trail: um percurso totalmente de montanhas e trilhas com uma altimetria verdadeirade corrida de montanhas, com belas paisagens. Essa prova exige muito dos

equipamentos e é preciso estar sempre muito bem equipado para explorar umamontanha. A prova tem percurso duro e técnico, com subidas intermináveis

e descidas bem travadas. Já fiz muitas provas internacionais e possodizer que temos um grande evento de trail no Brasil. Esta prova é

referência competitiva e desafiadora. A Maratona dos Perdidosnos mostra o que é trail run de verdade”

CARLOS MAGNO

“A prova que mais me marcou atéagora foi o Desafio das Serras 2014. Competi em

dupla com meu amigo Carlos Magno, e mesmo não sendocampeões, conseguimos o segundo lugar, que foi uma vitória, pois só

quem estava lá viu a briga das três primeiras duplas. Os tempos forammelhores que o solo. Tendo dois dias de percurso duríssimo, em um lugarincrível que ficou de recompensa pela superação na competição. Sendo

essa prova nos moldes do El Cruce o clima é muito bom nosacampamentos. Pessoas novas, novas amizades e, claro,

a parceria com seu dupla. Aproveito para deixar a ideiapara todo corredor fazer uma prova assim, e em

dupla, para aproveitar momentosde companheirismo e amizademesmo em uma competição

esportiva”.

RAFAEL SODRÉ

Reportagem, edição

e diagramação

Paulo Henrique Prudente

Fotos

Acervo pessoal

Reportagem, edição

e diagramação

Paulo Henrique Prudente

Fotos

Acervo pessoal

Page 8: Boratreinar ed8
Page 9: Boratreinar ed8

O MEUquintal“Sinto-me no quintal de casa quandotreino na Estradas das Paineiras e chegoao Mirante Dona Marta. O treino é cerca-do de verde com lindos visuais da Cidadedo Rio de Janeiro.

Quando treino lá me sinto livre eespiritualemnte forte. Pronto para encararos desafios da minha vida. Não sãotreinos tão longos. Lá costumo fazer 20Kno total, sendo 10K de subida e 10K dedescida, que proporcionam um bom treinode força e resistência.

Retornei há pouco tempo os treinos naEstrada das Paineiras, mas pretendofazê-lo pelo menos duas vezes porsemana. Até por que se ficar muito temposem ir lá me sinto meio preguiçoso.

O lugar me deixa renovado e cheio dedisposição pra cumprir minhas metas edesafios pessoais e profissionais.”

Gabriel Rodrigues tem 27

anos e corre há pouco

mais de dois anos

Page 10: Boratreinar ed8

Você é atleta de ponta no triathlon e na corrida. Em

determinados períodos da sua carreira você focava um

ou outro? Qual a modalidade de sua preferência?

No começo me dediquei mais ao triathlon e a corrida erausada apenas como treino. Passei a dar mais atenção àcorrida em 2008 depois do meu terceiro Ironman. O triathlonjá não interessava tanto e eu precisava de novos desafios.Nesse mesmo período, comecei a conhecer um pouco maisas ultramaratonas e achei que seria interessante. Mas atéhoje eu nado e pedalo, apenas nas provas é que eu tenhofocado mais a corrida.

O que te dá mais visibilidade?

Hoje é a corrida. O triathlon atende apenas a um públicoespecífico e o alto custo e a falta de um atleta de ponta noRio de Janeiro acaba dificultando o crescimento do esporte.A corrida é mais democrática. É um esporte mais barato emais fácil de treinar.

Como foram estes últimos anos profissionalmente?

Não tenho do que reclamar. Durante um período eu abri mãode treinar para me dedicar à minha assessoria esportiva, aRio Saúde. Aos poucos, com o seu crescimento, eu conseguivoltar a uma rotina razoável de treinos que me possibilitouvoltar a competir em alto nível. Hoje eu consigo correr atécinco vezes na semana. E tento pedalar dois dias e nadaroutros dois. A única coisa que realmente atrapalha são oshorários dos treinos e o descanso, mas eu tento me adaptarcomo posso.

Você tem um filho de 15 anos, ele te acompanha?

O Pedro é meu companheiro de treinos (risos). Temos um treinoque já acontece há mais de cinco anos com o Alexandre Ribeiroe dois dos seus três filhos no Bosque da Barra. Duas vezes nasemana às 15h. O horário não é o ideal mas temos que adaptarnossos horários de trabalho com o colégio deles. E podercompartilhar desse momento com eles, não tem preço.

Como encaixa seus treinos com família e trabalho?

Os treinos são encaixados de acordo com os espaços noscompromissos profissionais. Além da Rio Saúde, eu souprofessor de uma escola municipal há 12 anos. Na verdadefoi meu primeiro trabalho. Sou filho de professores e quandoeu estava acabando a faculdade, por incentivo deles, fiz umconcurso e ingressei na carreira. Hoje a minha vida é priorizadada seguinte forma: o Pedro, a Rio Saúde e os treinos. Masacredito que quando queremos, conseguimos fazer tudo comqualidade, sem ter que abrir mão de nada. Um grande vantagemé que consigo usar o meu trabalho na Rio Saúde para treinarjunto. E isso já otimiza bastante o meu tempo.

ROBERTO TADAORoberto Tadao, o Dum, começou a praticar esporte pra valer

em 1997, na adolescência, para perder peso, Com 14 anos

chegou a perder 15 quilos. Naquele mesmo ano inscreveu-se

na primeira prova: um biathlon da federação de triathlon do

Rio e terminou a temporada como campeão estadual da faixa

etária. No ano seguinte ganhou uma bike dos irmãos e

começou a praticar triathlon.

Competiu como profissional e hoje, com 36 anos e dedicando-se

mais à corrida, é um dos destaques no grupo dos chamados

amadores de elite. Vencedor da Mizunho Uphill Marathon em

2014, Dum ainda encontra tempo para tocar a Rio Saúde

Consultoria Esportiva e curtir o filho Pedro, de 15 anos.

Page 11: Boratreinar ed8

Você ainda faz planos para competir profissi-

onalmente ou isso já não é prioridade?

Profissionalmente não. O esporte cresceu muitoe para ter condições de viver do esporte eu teriaque abrir mão de muita coisa que hoje eu nãotenho mais vontade, como meu trabalho, otempo da minha família e da minha vida social.Mas enquanto puder, vou continuar tentandotreinar e competir bem.

As vitórias te acomodam ou te estimulam a

treinar mais para se manter no topo?

Ganhar uma prova é sempre legal. Vencer umaprova me estimula ainda mais a continuar trei-nando, mas já não é a coisa mais importante...Eu curto muito competir, participar dos eventos,compartilhar aquele momento com meus amigose alunos. E, honestamente, o resultado é umdetalhe. Ganhando ou não eu gosto de participardas provas.

O que o esporte representa na sua vida? Se

vê sem ele?

Hoje eu posso dizer que literalmente o esporte éa minha vida. Trabalho com o esporte, meu filho écriado através do esporte e eles fazem parte atédos meus momentos de lazer. Em volta dele giratoda a minha vida e isso é muito gratificante. Vejoo esporte como a principal ferramenta de transfor-mar o mundo. É através dele que aprendemos edesenvolvemos os principais valores da vida. Gostode praticar qualquer esporte, não só as três modali-dades do triathlon.

Qual sua prova inesquecível?

Tenho muitas provas importantes, mas profissio-nalmente a Mizuno Uphill foi, sem dúvida, a maisimportante.

Alguém já disse que você serve de exemplo e

inspiração?

Já sim. Fico feliz pelo reconhecimento mas tentomostrar que o esporte é muito mais do que umbom resultado. Acredito que todos tem o seumérito, independente do resultado final.

2014Campeão da Mizuno Uphill Marathon (recordista da prova)

200711o lugar entre os profissionais no Ironman Brasil

200812o lugar entre os profissionais no Ironman Brasil

2010Campeão da Bertioga-Maresias 75K (recordista da prova)

2013Campeão por equipes do Red Bull Kirimbawa-Floresta Amazônica

2002Campeão Brasileiro Universitário de triathlon

MOMENTOSinesquecíveis

Page 12: Boratreinar ed8

Economiadecorrida

Economiadecorrida

Page 13: Boratreinar ed8

Mas como melhorar ou aprimorar nossa economiade corrida? Para começar é preciso que o estilo decorrer seja o mais natural possível, já quemodificações bruscas implicam um maior gastoenergético. Contudo, deve-se sempre aperfeiçoareste estilo através de algumas correções eaperfeiçoamento na biomecânica e na forma derespirar. Christiano Marques, treinador da MarkesRunning, explica que a postura adequada éimportante para uma melhor eficiência mecânica, oque permite uma maior economia de energia para omovimento realizado.

“Para muitos, correr é apenas colocar um pé após ooutro, não se esquecendo de alterná-los. Masconforme a distância e a velocidade aumentam,pequenos erros na postura ficam mais evidentes ecom isso causam maior desperdício de energia, oque pode levar a uma fadiga precoce. Além dotreinamento específico (a corrida), os educativossão um grande aliado para aprimorar a técnica emelhorar a economia de corrida.”

Coordenador técnico do Mitokondria Clube deCorrida, Antônio Calos Ferreira treina corredoresdesde a década de 80. Ele explica que na prática,melhorar a economia de corrida oueficiência de movimento, significa gastar menoscalorias para uma mesma velocidade e esforço.Além das diferenças no estilo de corrida de cadaum, interferem na economia de corrida e em comoela será aprimorada, os defeitos posturais, tipos depisada, alinhamento de coluna, quadril, tornozelos,etc. Um problema pode ocasionar outro, gerandouma menor economia de corrida.

“Uma pisada pronada ou supinada severa podedesencadear problemas no joelho e no quadril,comprometendo uma biomecânica eficiente. Oaprimoramento da mecânica do movimento,corrigindo eventuais erros e executando osexercícios educativos, melhora o condicionamentofísico geral e especifico do esporte. E se vocêconsegue diminuir as calorias gastas em umadeterminada velocidade, gastando o mesmonúmero de calorias que anteriormente gastava, vaiconseguir correr mais rápido.”

Com o passar do tempo, após anos seguidos detreinamento, os atletas de endurance parecem atingirum certo nível de performance dificílimo de sersobreposto. Certamente, este nível de desempenhoestá relacionado diretamente com os fatores queinfluenciam o condicionamento e consequentementeos resultados.

São fatores de características fisiológicas (potênciaaeróbica máxima, limiar anaeróbico, limiarventilatório, concentração de ácido lático);antropométricas (peso, altura, percentual de gorduracorporal); biológicas (idade, capacidade pulmonar,capacidade cardiovascular), e nutricionais(alimentação e suplementação).

Márcia Ferreira, treinadora e ex-atleta profissional,explica que o desenvolvimento destes fatores,associado à carga genética e disposição, será oingrediente para a formação de um bom atleta. Mascomo continuar evoluindo quando já não há o queextrair dessas características?

“A economia de corrida também influi na performancedos atletas. Pode-se dizer que entre os mais bemtreinados e com habilidade e potência aeróbicamáxima semelhantes a economia de corrida é aresponsável pelas variações de desempenho”, diz atreinadora.

A expressão ‘economia de corrida’, para a ciênciaesportiva, refere-se a algo semelhante ao que ocorrecom os veículos motorizados, ou seja, a economia decombustível. Corredores, assim como os veículosprecisam de combustível para ter um bomdesempenho e tal como estes também apresentam oconsumo bastante variado. Porém, no caso doscorredores, o combustível será proveniente doalimento. “Conceitualmente, economia de corrida édefinida como o custo energético na execução do atode correr, ou seja, o volume de O2 consumido parauma distância percorrida. Além do nível detreinamento, interferem na economia de corrida, osexo (homens são mais econômicos), idade,composição corporal e capacidade muscular dearmazenar energia”, explica Márcia Ferreira.

Page 14: Boratreinar ed8

Em setembro de 2013, o espanhol Javier Gomez sagrou-secampeão mundial de triathlon numa prova memorável emLondres. Depois de nadar 1.500m e pedalar 40K, o espanholfechou os 10K da corrida em 29:34, contra 29:36 e 29:50 dosegundo e do terceiro colocados. A prova foi decidida nos 200metros finais, em um sprint espetacular.

Certamente para ter uma boa corrida é preciso treinar corrida.É o princípio da especificidade. Mas há peculiaridades notreinamento de triatletas que podem melhorar a corrida doscorredores puros, fazendo com que ganhem segundosimportantes numa performance que aparentemente tenhachegado ao seu auge. Selecionamos seis triatletas que estãoentre os melhores corredores do triathon nacional.

Eles contam como são suas rotinas de treino de corrida paratrês distâncias diferentes: maratona no Ironman; meia-maratona no meio Ironman ou 70.3; e 10K no triathlonolímpico.

Ironman: o atleta corre uma maratonadepois de nadar 3.800m e pedalar 180k

Meio-Ironman ou 70.3: o atleta correuma meia-maratona depois de nadar1.900m e pedalar 90K

Olímpico: o atleta corre 10K depois denadar 1.500m e pedalar 40K

FIQUE POR DENTRO

“A maior diferença entre os treinos de um corredor e de umtriatleta é que nós temos outros treinos envolvidos. Não é rarosair para correr 30K um dia depois de ter pedalado 180k. Aspernas ficam pesadas, exatamente o que sofremos numaprova. Não acho que seja menos duro para um corredor purose concentrar nos treinos para uma maratona. Acho que umamaratona bem feita dói tanto quanto fazer um ironman.

Meus treinos de corrida são sempre parte de um treino detransição. Pedal e depois corrida. Rodagens com variação deintensidade e dois treinos de velocidade em pista porsemana. Gosto muito de combinar pedal, corrida, pedal,corrida, pedal, corrida... Quase cinco horas de treino duro.Com tudo isso, numa semana chego a correr 120K.

Até acho que o corredor puro tem mais o quepassar para o treino de corrida de um triatleta. Oseducativos e a facilidade de correr em umdeterminado ritmo. Mas vendo o aspecto dadisciplina é claro que o triatleta tem que se dedicarmuito, treinar pelo menos cinco vezes por semanapara completar um short triathlon. A disciplina nostreinos, na alimentação, tudo conta. E aindaprecisamos descobrir algo que nos mantenhamotivado e nos faça ir além. No meu caso, querocorrer a maratona de um ironman sub 3h”.

por Paulo Prudente

Ariane Monticelli fez três provas de

ironman em 2014 e nas três fez a melhor

corrida. Marcou 3h02min no IM Brasil, em

Florianópolis

Ariane Monticeli

Desvendamos a CORRIDAdos nossos melhores triatletas

Page 15: Boratreinar ed8

“Acho que a principal diferença é que não temos como adiar otreino ou ficar enrolando. Temos sempre que otimizar por quetemos outras duas modalidades para treinar. Fora isso, outragrande diferença é que o nosso principal treino de corrida éfeito, normalmente, depois de uma sessão de ciclismo comduração e intensidade moderadas. Mas as rodagens e ostreinos de velocidade em pista são bem parecidos.

Na corrida, o foco maior é a intensidade, com no máximo umtreino de rodagem e um educativo por semana. Também doistreinos de transição onde encaixamos a corrida logo depoisda bike. Acho que o meu treinamento, por mais que seja difícilfocar em apenas uma modalidade, tem variações que podembeneficiar os corredores, como o fortalecimento muscularproporcionado pelo ciclismo e o aeróbico proporcionado pelanatação.

Há quem diga que uma temporada de treinos com triatletaspode ser bom para um corredor. O triatleta não é um super-homem, embora muitos até achem que são. Somos atletascomo qualquer corredor, nadador ou ciclista. Mas é claro queo triathlon pode te fazer ser uma pessoa muito mais forte. Naverdade, ele ajuda o ‘casca grossa’ a ficar mais ‘casca grossa’ainda, e alguns molengas a ficarem menos molengas.

Correr uma maratona depois de nadar 3.800 metros e pedalar190K não é fácil. Acredito que é preciso treino, talento epaixão. Correr a maratona num ironman abaixo de 3h não étão absurdo assim. Abaixo de 2h50min, além do treino épreciso um pouco mais de talento, o que no caso doscorredores puros pode representar uns 25 minutos a menos.Mas é sempre preciso muito treinamento.

Há uma diferença entre fazer o ironman uma vez por conta dodesafio e passar várias vezes por todo o duro e desgastanteprocesso de treinamento. Para ir lá, sofrer e tentar baixarcada vez mais o tempo, só mesmo com muita paixão”.

Igor Amorelli

Igor Amorelli, campeão do Ironman Brasil,

correu a maratona da prova em 2h52min

Page 16: Boratreinar ed8

Guilhereme Manocchio

“Normalmente o triatleta já vem sobrecarregado de umvolume e intensidade de outros esportes, e o corredor puroconsegue focar exclusivamente na corrida. Portanto o volumede treinos de um corredor puro normalmente é maior e aparte de velocidade mais focada para o ritmo proposto naprova. Mesmo na prova, a matemática do corredor é maisprecisa já que sabe como vai começar a prova, o triatleta jávem desgastado do ciclismo e da natação e às vezes háoutras variáveis para manter um pace desejado.

Meus treinos de corrida têm de tudo um pouco, mas em 2014não fiz muito volume. Foquei mais na biomecânica, emtreinos de potência. Tenho facilidade para segurar por umbom tempo o ritmo. Minha dificuldade é aumentar avelocidade.

Acho que o corredor pode aprender com um triatleta que parase sobressair em algo é preciso se dedicar muito. E como aproposta dele é correr, que deva correr mais e melhor que ostriatletas, afinal todo seu tempo de treino é empregado nessamodalidade. As desculpas ficam sem sentido.

Treinando com um triatleta o corredor verá como é treinar odia inteiro tentando dar sempre o seu melhor. Mas é assimem todos os esportes de alto rendimento. Qualquertreinamento com pessoas mais disciplinadas e com boasideias traz algum ganho, independente do esporte.

Corro há muitos anos e em 2014 fiz a meia-maratona do meioironman em 1h17min. Neste dia específico eu queria muito. Ocorpo inteiro doía e eu estava no meu limite, como seestivesse em outra atmosfera. Adoro competir dessa forma. Otempo foi surpresa para mim, mas foi fruto da situação quevivi no momento.

Correr rápido se constrói com tempo e dedicação, mas nadavem de imediato. No triathlon, como são três esportes issosempre acontece. Treinamos e o resultado vem com apenasanos de prática. O caminho para o auge é longo.

Ainda não corri uma meia maratona pura, mas acho que otempo não seria muito diferente, a não ser que treinasseespecificamente para isso. Ainda espero fazer a corrida deum meio ironman em 1h11min”.

Car

de u

Guilherme Manocchio correu os 21K

de um meio-ironman em 1h17min

Page 17: Boratreinar ed8

“Não tenho ideia de como é treinar só corrida. Mas acreditoque o que mais difere é a dosagem do nosso treino. Temosque dosar os três treinos e não perder o foco em nenhumneles. A modalidade que mais gosto é a corrida, mas é o quemenos preciso melhorar, então é importante dosar. Corroquase todo dia, mas acho que corredores puros devem treinarmais de uma sessão de corrida por dia.

Meus treinos são bastante variados. Faço muita transiçãobike/corrida, pista uma vez na semana, e encaixamosrodagens com alguma intensidade e treinos longos também.Tem de tudo. Acho que treinos em equipe ajudam qualquermodalidade. Não precisa necessariamente treinar comtriatleta. Cada esporte tem sua dificuldade e cada pessoa temsua superação. Mas a força mental provém da vontade decada um e do objetivo. Com certeza treinos duros, difíceis, farão de você uma pessoa mais forte mentalmente.

Para se superar é preciso um muito de tudo: paixão, treino, vontade, concentração na prova, buscar sempre quemestiver na sua frente e saber que a prova só termina na linhade chegada. Isso tudo com certeza me faz querer correrrápido. De nada vale o talento sem o treino para lapidá-lo.

Em 2014 na minha melhor corrida nos 21k fiz 4:05 de pacemédio. Este ano quero correr os 21k com pace médio abaixode 4min. Normalmente corro melhor em provas de triathlon.Já estou melhor adaptada em correr depois de pedalar.”

Carol Furriela

“O fato de termos de pensar a corrida depois do ciclismo fazcom que nossos treinos de corrida sejam treinos de transição.É sempre corrida depois do ciclismo. No meu caso, façomuita rodagem no início da temporada, depois os treinospassam a ser de velocidade e educativos. Normalmente seriasó isso, mas como tenho a corrida como ponto fraco, continuofazendo volume, mesmo quando os treinos ficam maisintensos.

Acho que o triatleta pode aprender muito sobre a corridanuma temporada de treinos com um corredor puro, por conta

Pâmella Oliveira

do trabalho específico. Neste aspecto o trabalho em grupopode favorecer muito. Tanto numa assessoria esportivaquanto em uma equipe de alto rendimento o treinamento emgrupo tem um nível mais elevado. Todos se beneficiam com omelhor de cada um.

Mas um corredor também pode ganhar muito num treino comtriatletas. Não é fácil correr bem os 10K depois de nadar epedalar num ritmo forte. É preciso ter talento, treinar muito equerer vencer. Só assim é possível suportar o cansaço e ador e tirar o melhor de si. É preciso muita força mental.

Um triatleta sabe sofrer, sabe correr sempre cansado. Onosso foco no objetivo independente das circunstâncias é umexemplo a ser seguido pelos corredores. Quando doer,cansar, desanimar, o corredor pode lembrar que há umamodalidade em que o atleta já nadou e pedalou antes defazer exatamente aquilo que ele está fazendo.

Meu objetivo é chegar em 2016 fazendo os 10K no triathlonna casa dos 34min. Meu melhor tempo até agora é 35:30".

Pâmella Oliveira integra a Seleção

Brasileira de triathlon e busca vaga nos

Jogos Olímpicos de 2016

Na página 14, Diogo Sclebin

rol Furriela correu os 21K

um meio-ironman em 1h25min

Page 18: Boratreinar ed8

“Acredito que o que treinamos na nataçãoe no ciclismo levamos para nossaperformance na corrida. O treinamentodessas modalidades gera ganho nacapacidade aeróbica também na corrida,mesmo que o gesto motor sejacompletamente diferente. Dificilmente umatleta de corrida que treina 60K semanaiscorre melhor do que um triatleta que treinao mesmo volume. Mesmo a recuperaçãodo triatleta, com a prática das outrasmodalidades em baixa intensidade, podeser mais eficaz.

Meus treinos de corrida têm um volumesemanal de 70K, divididos em quatro oucinco sessões. Na semana de base podechegar a 85K. Na semana de umacompetição importante não passa de 45K.Não costumo treinar em intensidade muitobaixa. Mas no meu day off corro cerca deuma hora num ritmo de 12Km/h do inicio ao fim. Para mim, isso ébem lento.Faço os educativos no meio do treinamento, mas sóno inicio do ano. São dois ou três dias na semana com treinosde intensidade. Faço um volume de tiros próximo a 7K comvelocidade entre 17 e 20Km/h. Uma vez por semana faço umlongo de no máximo 20K num ritmo médio de 15km/h.

Paixão é necessário. Diria que mais até do que talento. No iniciode qualquer carreira profissional, em qualquer esporte, pouco ou

“Antes existia um foco maior no ciclismo e menos trabalhona corrida. Inevitavelmente, os triatletas corriam maisdevagar. O próprio biotipo do atleta mudou bastante. Hojesão mais longilíneos, com menos massa muscular na zonada coxa. Mudanças que ocorreram essencialmente nosúltimos 15 anos.

Enquanto um corredor, mesmo que corra 250k numa semana,terá treinado de 15 a 20 horas. Já um triatleta, em semanas decarga muito elevada chega a treinar 40 horas. E deve-se levarem conta que os esforços nestas modalidades não são tãotraumáticos quanto os da corrida. Certamente, alguém quetentasse treinar 40 horas de corrida por semana, não serecuperaria e estaria condenado a lesões. A biomecânica de

Diogo Sclebin

nada se ganha. Mas no triathlon, alémdisso, muito se gasta, e por muitotempo. Então, para ter sucesso eseguir na luta, por quase umadécada – tempo para se tornar umbom profissional - o praticante temque ter muita paixão.

Principalmente por que quando seestá começando a prática deesportes como triathlon e corrida, aevolução é facilmente percebida.Mas quanto mais se evolui, mais setorna difícil evoluir, e mais se tornamnecessários os trabalhos em outrasáreas. No início, treinar basta, já é onecessário para se evoluir. Mas numdeterminado momento o atleta tem

que se preocupar com tudo. Alimentação, sono, pequenosdetalhes passam a fazer diferença. Ser realmente bom e melhorardepende do quanto de sacrifício estamos dispostos a fazer.

Eu me sacrifico, entre outras coisas, para baixar minha corridados 30 minutos no triathlon olímpico. Isso é preciso para lutarpor uma medalha numa etapa do mundial. Meu melhor temponuma prova foi 30:55. Espero tirar esse minuto antes dosJogos Olímpicos de 2016".

Bruno Sclebin integra a Seleção Brasileira

de triathlon e busca vaga nos Jogos

Olímpicos de 2016

corrida também tem atraído cada vez mais a atenção dostreinadores. Muitos deles são treinadores de natação, com umasensibilidade apurada quanto aos aspectos técnicos.

Conseguem-se hoje, tempos de corrida na pista bastanteinteressantes até para corredores puros. Algumas triatletasconseguem trabalhar em repetições de 1k, o tempo de 3min/k.Já os homens conseguem fazer 2:35min/k. A introdução decompetições mais curtas aumentou a intensidade competitivaem certos eventos, com benefícios claros na velocidade dadistância olímpica. É um pouco como os corredores de pistade 1,500 e 5.000m, quando passam para a meia e para amaratona. Eles tem uma velocidade de base bem superior ávelocidade de competição.”

SÉRGIO SANTOS, TÉCNICO DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE TRIATHLON

Page 19: Boratreinar ed8
Page 20: Boratreinar ed8

O ambiente no entorno não é o ideal para a formação de umtalento do esporte. Mas é ali mesmo, num bairro pobre deCeilândia Norte, na periferia do Distrito Federal, que os atletasValdenor Pereira dos Santos e Anízio da Costa tentam, com aajuda do atletismo, no chão de terra batida, mudar a vida de cerca200 jovens carentes de 6 a 18 anos. Fundada em 12 de março de2010 a Escola de Talentos (ou Projeto ESCOT) vem desde entãooferecendo a estes jovens, oportunidades sociais, culturais,recreativas e, sobretudo, esportivas. “É preciso esforço ededicação. E também acreditar que um dia estes jovens vãorealizar seus sonhos. Longa das ruas e de uma malha perversaque envolve o consumo de drogas”, afirma Anízio, fundador ediretor do projeto, que também ajudou a fundar o Instituto JoaquimCruz.

Sem patrocínio ou apoio de órgãos do governo – como outrostantos projetos pelo Brasil - Escola de Talentos busca não só aformação de novos talentos no atletismo. Embora esta a finalidadedo projeto, os jovens recebem a orientação necessária paratornarem-se cidadãos de bem. E para proporcionar isso, Anízio eValdenor contam com ajuda de voluntário e doações de parceiros,que tornam possível a oferta de reforço escolar, uniforme epequenos equipamentos.

Nascido em São Raimundo Nonato, no Piauí, Valdenor Pereira dosSantos, hoje com 44 anos, está entre os 10 melhores corredoresbrasileiros da história, dos 5k à maratona, (segundo dados daCBAt) e ainda detém a melhor marca de um brasileiro nas 10milhas (46:19). O corredor construiu sua carreira de atleta emBrasília e agora retribui mostrando o caminho correto às crianças eaos jovens de Ceilândia Norte. “A cada um milhão desponta umtalento. Dificilmente acharemos diamantes, mas sabemos que oBrasil tem muitos deles espalhados por aí, principalmente embairros e comunidades e escolas menos favorecidas das cidadesbrasileiras. Por isso acredito que o trabalho de base é fundamentalpara encontrá-los e lapidá-los”, diz Valdenor.

Em 2012, a Escola de Talentos tornou-se um clube e passou acompetir oficialmente nos eventos locais e nacionais, organizados

O poder do CHÃOde terra batida

pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).Na oportunidade o projeto foi apadrinhado porRonaldo da Costa, ex-recordista mundial damaratona, ratificando a seriedade do trabalhorealizado pela dupla na periferia do Distrito Federal.Hoje, a Escola de Talentos já coleciona bonsresultados em competições como as OlimpíadasNacionais Escolares, Campeonato Brasileiro Mirim,Jogos da Juventude e algumas provas oficiais decorrida em pista e rua.

Hoje, pela proximidade, quase todos os jovens doprojeto têm Ronaldo da Costa como referência, masValdenor garante que os grandes corredoresbrasileiros são conhecidos pelos pequenoscorredores de Ceilândia. “Atualmente a falta dereconhecimento e divulgação de nossos ídolos doesporte deixa a desejar, fazendo que todos fiquemno esquecimento e anonimato. Mas podemos dizerque todos do projeto conhecem a história de nossosídolos brasileiros. Além de Ronaldo, admirado peloque fez e pela pessoa que é, os jovens sabem quesão Joaquim Cruz, Marilson dos Santos, MaurrenMaggi, Carmem de Oliveira, Lucélia Peres e Anízioda Costa, entre outros”, diz Valdenor, quecertamente faz parte desta lista.

Anízio da Costa acredita que os projetos sociais de atletismodesempenham com louvor suas ações sociais, educativas eesportivas, mas apesar disso, pouca importância recebem dasautoridades. Segundo o ex-corredor, há casos que além de nãoajudar, o governo até atrapalha. “Há um descaso total. Chegam adificultar a vida de quem realmente trabalham de sol a sol,queimando a cara na poeira, no frio e na chuva. Existem muitossonhadores como eu pelo Brasil, mas a verdade é que poucosjovens aderem á prática da corrida. Isso é lamentável, visto que éum esporte fácil de praticar e de baixo custo. Numa olimpíada, ofutebol precisa de pelo menos 30 pessoas para se ganhar uma

Page 21: Boratreinar ed8

medalha. Já no atletismo, um só atleta pode correr até três provase ganhar três medalhas. Do ponto de vista de resultados, há umagrande diferença de investimento a longo prazo”, reclama Anízio.

Mesmo vivendo diariamente as dificuldades da falta de apoio epatrocínio, os jovens da Escolinha de Talentos ainda esperam queo atletismo – em especial as corridas – lhes proporcione uma fontede renda. Anízio vê aí a principal diferença para os seus tempos decorredor. Para ele, hoje os atletas preocupam-se muito emconseguir um patrocínio e escolher provas com premiação, nãotento em obter bons resultados “Os tempos mudaram muito. Ascorridas de rua cresceram e os atletas buscam nelas uma opçãode renda. Mas o atletismo é para poucos. Um esporte sofrido que

não oferece boas condições de trabalho. Espera-se ganhardinheiro em curto prazo e a performance a longo prazo nãosignifica muito”, garante Anízio, lembrando que há algum tempo acompetitividade era maior e que o fato de o dinheiro não ter tantaimportância o ajudou a ser o homem que é hoje. “

“Eu não tive muita sorte no atletismo. Não fui um atleta de ótimosresultados. Mas nesse aspecto me tornei um líder como serhumano e um transformador social na busca de valores e docrescimento do cidadão. Tudo isso fez a diferença pra chegaraonde eu cheguei, acreditando que tudo e possível”, completa oex-atleta.

Page 22: Boratreinar ed8

“Comecei a correr para...... seguir meu pai que corria pela equipe da empresa

onde trabalhava. Isso foi em 1985.

Continuo correndo por que...... foi a corrida ela que me abriu as portar para várias

oportunidades que tive e tenho na vida pessoal e

profissional. Mas também pelo amor ao atletismo e

hoje pelas montanhas, pelas viagens e pela qualidade

de vida.

Quando estou correndo...... tenho ideias, resolvo problemas e descarrego as

energias negativas.

Correr sozinho...... é bom para fortalecer a minha mente do atleta. A

corrida é um esporte individual.

Um dia de corrida é um dia...... de missão cumprida.

A corrida faz com que no meu trabalho...... eu seja referência entre os policiais mais novos,

afinal, mesmo tendo 27 anos de PMERJ mantenho o

mesmo preparo físico de quando entrei na corporação.

Sem a corrida minha vida ficaria...... comum.

Meu sonho é correr...

e a corridaSÉRGIO DANTAS

Sérgio Dantas tem 46 anos e ésubtenente do Batalhão de Opera-ções Especiais (BOPE) da PolíciaMilitar do RJ. Patrocinado pela New

Page 23: Boratreinar ed8