boff clod ov como trabalhar pov o

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  • 7/24/2019 Boff Clod Ov Como Trabalhar Pov o

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    Como Trabalhar

    Com oPovo

    Clodovis Boff

    7 Edio

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    'u&est9es para li&ar ativamente a " 5 vida ...................................................................................................................%$Contra o risco oposto de desli&ar a vida da " ...............................................................................................................%)

    Captulo 10 - Como relacionar or&ani>ao eclesial e or&ani>ao social do povo ........................................................ .......... ... %)

    Captulo %3 - Tcnicas do trabalho popular ................................................................................................................ ........ .%)A. ecursos ....................................................................................................................................................................%+D. 6ecanismos .................................................................................................................................................. ......... ... %+

    C. A9es diretas .............................................................................................................................................................%+/plo&o .................................................................................................................................................................................%+

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    Captulo 1 - Introduo: A arte do trabalho popularProcuramos explicitar neste livreco as condies e orientaes concretas que ajudam no trabalho

    popular !o se pretende ditar aqui os mandamentos ou receitas de como trabalhar com povo de modoconcreto "rata#se apenas de examinar como est$ se dando hoje esse trabalho expor as indicaes outend%ncias mais fecunda que a pr&pria pr$tica est$ su'erindo

    ( evidente que isso no vai sem an$lise cr)tica "entaremos nessa parte or'ani*ar as principais liesque se podem tirar da experi%ncia trabalho junto ao povo E junto com a or'ani*ao+ daremos al'umajustificao mais pr&xima das linhas ou orientaes que forem sendo postas

    !ada do que , dito aqui deve ser entendido de modo do'm$tico -sso+ sobretudo por que o trabalhopopular , uma arte e no uma ci%ncia E uma arte vai#se aprendendo na pr$tica "anto mais que se trataaqui de uma das artes mais dif)ceis. a de lidar com 'ente Por isso+ com toda despretenso que se colocamaqui indicaes pr$ticas /mais que orientaes0 de como fa*er trabalho popular Elas devero sercompletadas e corri'idas com outras experi%ncias e outras reflexes sobre essas experi%ncias

    1&crates+ um dos maiores educadores do 2cidente+ tinha tal consci%ncia da dificuldade de educar quedi*ia no pretender ser mestre de nin'u,m nem ter disc)pulos+ mas antes ami'os 3 4ironia+ socr$tica4exprime a consci%ncia da pr&pria i'nor5ncia e , o principio da sabedoria no trabalho junto ao povo ( aatitude mais ori'in$ria de todo a'ente popular

    Assumir o risco!o existem propriamente re'ras fixas de trabalhar com o povo 2 que existem so apenas bali*as+setas indicadoras Cada um tem que assumir o risco+ pois o risco fa* parte de todo aprendi*ado que sefunda principalmente na experi%ncia 3certa#se no trabalho popular atrav,s de 4tentativas e erros4 (imposs)vel dar sempre certo Em nenhum lu'ar talve* mais do que aqui vale o dito de que , fa*endo que seaprende 6ai a import5ncia do processo como tal 4( no chacoalhar da carroa que as ab&boras seacomodam4 41e hace camino al andar4 /3 achado0

    -sso no quer di*er que se deva proceder sem crit,rios ou precaues8 que se deva ir em frentesimplesmente+ de acordo com a conhecida afirmao. 4vai#se 9 luta+ depois se ver$4 !o !o , permitidoaqui nenhum tipo de pra'matismo fr)volo ou ativismo 'rosseiro "otalmente ao contr$rio. quanto maisdelicada a tarefa+ mais ateno+ vi'il5ncia e seriedade se h$ de ter+ tanto na pr$tica quanto na compreensoda pr$tica Pois+ se 4a experi%ncia ensina4+ importa ouvir e aprender as lies da experi%ncia E isso no ,poss)vel sem reflexo cuidadosa da pr&pria experi%ncia 3ssumir o risco+ sim+ mas o risco calculado

    3crescentemos+ nesse ponto+ que h$ correntes distintas de trabalho popular 3l'umas privile'iam opapel do a'ente e outras+ ao contr$rio+ enfati*am a import5ncia das 4bases4 ou dos 'rupos populares E h$ainda as que tentam encontrar um 4justo equil)brio4 entre essas duas tend%ncias fundamentais

    6e nossa parte+ referimo#nos de modo especial ao campo de nossa pr&pria experi%ncia+ que , o dapastoral popular as , preciso di*er que tal campo recobre freq:entemente a vasta $rea do trabalhopopular em 'eral 6e fato+ uma pastoral libertadora procura favorecer toda forma de afirmao e promoopopular. educativa+ sindical+ partid$ria+ etc

    A quem se destina esse trabalho

    6iri'imo#nos aqui ao a'ente de trabalho popular. educador+ profissional liberal+ t,cnico+ pol)tico+sindicalista+ padre+ etc "emos em mente principalmente o chamado 4a'ente externo4 # aquela pessoa oua'%ncia que 4vai4 trabalhar junto ao povo Contudo+ o que se di* aqui vale tamb,m para o 4a'ente interno4+o 4a'ente popular mesmo4+ isto ,+ aquele que sur'e do pr&prio povo e a) exerce um papel educativo ou

    pol)tico!a verdade+ a distino entre 4a'ente externo4 e 4a'ente interno4 se enfraquece e quase desaparece na

    medida em que o 4a'ente externo4 se insere no universo popular tornando#se povo e na medida tamb,m emque o 4a'ente interno4 ou 4popular4 cresce em experi%ncia e qualificao no seu trabalho 3li$s+ , a pr&priadin5mica do trabalho popular que leva a essa aproximao pro'ressiva

    3ssim+ a partir de um certo momento da caminhada+ , estreita a diferena que separa um 4a'enteexterno inserido4 ou 4populari*ado4 e um 4a'ente interno experimentado4 ou 4popular4 Contudo+ sempresobra a diferena inapa'$vel do pr&prio passado ou ori'em de classe # coisa que no trabalho deixa de sersi'nificativa+ at, pelo contr$rio

    1e aqui 'uardamos a distino entre 4a'ente externo4 e 4a'ente interno4 , para levar em conta osproblemas espec)ficos que cada um deles tem+ sobretudo o primeiro+ em particular nos in)cios do trabalhocom o povo

    !otemos tamb,m que nesse texto falaremos normalmente em 4povo4+ compreendendo por esse termo oconjunto das classes oprimidas ou subalternas Entenderemos sempre 4povo4 no no sentido 4cl$ssico4 /de4nao40+ mas no sentido 4classista4 /de 4classes populares40 6e resto+ , como 4povo4 que o pessoalcostuma se autodenominar nos 'rupos de trabalho popular Por ve*es+ 4povo4 querer$ di*er simplesmente a

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    comunidade popular com a qual se est$ trabalhando!esse caso+ embora o sentido /conceituai0 seja distinto+ a si'nificao /objetiva0 , a mesma. referimo#

    nos no fundo 9 mesma coisa

    Caixa de ferramentas e no receiturio

    3s colocaes e indicaes aqui expressas querem ser claras e pr$ticas E a pr&pria nature*a dotrabalho que exi'e isso+ bem como os destinat$rios # todos a'entes+ ou seja+ 'ente de ao Estes+ com

    efeito+ buscam diretivas concretas e operativas+ fundadas na ao e reflexo+ em vista de melhorar seupr&prio trabalhoEvidentemente+ aqui no , poss)vel aprofundar as questes te&ricas que as proposies pr$ticas

    supem ;efletiremos apenas na medida em que a teoria pode esclarecer+ fundar ou justificar de modoimediato as indicaes concretas aqui su'eridas !um outro escrito 43'ente de Pastoral e Povo4 /in ;EB+ v?@=+ p A>#A

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    indefinio Eis al'uns traos 4caracter)sticos4 de sua ideolo'ia.> Posio em cima do muro+ que pode ser expressa nas se'uintes atitudes.# 2scilao ora 9 direita e ora 9 esquerda+ donde a pouca firme*a nos compromissos8# oportunismo+ que fa* tomar a posio mais conveniente ao momento8# pretenso ao neutralismo pol)tico8# crena nas solues ne'ociadas a qualquer preo /colaboracionismo de classe0

    A Hosto por teorias abstratas+ que se exprime em. # bri'as de id,ias e no de pr$ticas /para fu'ir aocompromisso08

    # tend%ncia 9 intelectuali*ao dos problemas+ a fu'ir para as nuvens+ a adotar um universalismo va*io+ adesmateriali*ar as coisas8

    # revolucionarismo ret&rico+ sem maiores conseq:%ncias8# sectarismo pol)tico+ com traos de fanatismo e ressentimento8# pretenso intelectualista de diri'ir o processo hist&rico e 'uiar o povo8# moralismo na compreenso e soluo das questes sociais

    I -ndividualismo+ manifestado em.# isolacionismo social e ideol&'ico /4quantas cabeas tantas sentenas408# e'o)smo de interesses /4cada um por si408# falta de esp)rito de corpo+ de classe /j$ que no existe como classe definida08# privatismo na soluo dos problemas /4depende de cada um408# interiori*ao espiritualista dos conflitos na forma de 4crises existenciaisJ etc

    Pois bem+ , de toda essa mentalidade+ e dos interesses que ela escondeKmanifesta+ que o a'ente#classe#m,dia deve se despojar se quer se aproximar das classes populares para servi#-as !a verdade+mais que de uma converso+ trata#se c uma definio de classe ( claro+ essa definio s& pode ser feita nopr&prio processo de relacionamento com o povo Pois , a) que se pode8 identificar e superar as pr&priasalienaes classe Evidentemente+ a disposio para isso deve ser pr,via enquanto representa umaabertura ao questionamento e 9 mudana 1em essa disposio de fundo+ no existe trabalho popular quetransforme a pessoa !esse n)vel no h$ automatismo

    # que se h de manter: !alores uni!ersais

    Limos o que o a'ente deve deixar E que deve 'uardar para repassar ao povoF6eve 'uardar todos os valores humanos e culturais que so teis para a luta e a libertao do povo !a

    verdade+ nem tudo o que , da classe m,dia , de classe m,dia -sto ,. nem tudo o que a classe m,dia viveou adota , caracter)stico dela !o se pode confundir a nature*a de certos valores+ que por si mesmo so

    universais+ embora monopoli*ados injustamente por uma classe+ e sei uso ou funo ideol&'ica "emos+pois+ que distin'uir o que , pr&prio da classe /classista0 e o que , humano e universal+ e que foi apropriadaile'itimamente por ela 3contece aqui+ na ordem dos valores e habilidades v$rias+ o que sucede com osmeios de produo. estes so propriedade privada+ mas sua destinao , coletiva 3 questo no ,+ pois+destru)#los mas se apropriar deles+ no sem antes reor'ani*$#los profundamente

    2ra+ entre os valores da classe /sem serem de classe0 que o a'ente de classe m,dia deve 'uardarpodem#se contar.

    # habilidades t,cnicas teis a todo o povo. ler+ escrever+ contar+ curar+ bater a m$quina+ encaminhar umprocesso+ etc8

    # informaes de car$ter hist&rico e de atualidade8# capacidade te&rica para analisar a realidade e sistemati*ar conhecimentos8# valores de car$ter humano+ como o cultivo da subjetividade /que na classe m,dia s& tem de viciado seu

    lado exclusivo e excludente0+ etc

    "odos esses valores representam rique*as que no se h$ de abandonar+ sob pena de deixar o pr&priopovo privado de al'o a que tem direito e que precisa conquistar Portanto+ esses valores devem serpassados+ comunicados ao povo e de certo modo democrati*ados ou sociali*ados

    Como passar ao po!o !alores de ori"em no-popular

    !aturalmente+ a sociali*ao desses valores no se d$ sem mais Ela supe+ em primeiro lu'ar+ umarelao peda'&'ica correta+ que prescreva o momento+ a medida e o modo de sua comunicao !ada+pois+ de ir despejando em cima do povo 4nossas4 rique*as+ assim sem mais nem menos+ a pretexto de queo povo foi por muito tempo privado delas e que a'ora che'ou o momento de receb%#las

    Em se'undo lu'ar+ importa refundir esses valores+ que v%m sempre revestidos de uma forma de classe/4pequeno#bur'uesa40 Por isso+ precisam ser purificados e mesmo convertidos para poderem serassimilados cota proveito pelas classes populares -sso , evidente+ por exemplo+ com respeito 9 ci%ncia+que+ embora tenha vocao universalista+ foi criada e elaborada pela bur'uesia e carre'a+ em suaexpresso cultural /lin'ua'em+ instrumentos de produo cientifica+ etc0+ as marcas de nascena /inclusivea teolo'ia e o marxismo0

    !a verdade+ 4tudo o que se recebe+ se recebe pelo modo de quem recebe4 # di*iam os mestres

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    medievais 3ssim+ valores universais+ vividos at, ento por uma classe+ s& podem enriquecer uma outraquando recebidos e assimilados se'undo os esquemas dessa outra classe Lalores universais+ de queforam portadoras e fruidoras as classes dominantes+ s& podem ser vividos corretamente pelo povo ao mododeste+ isto ,+ popularmente E isso vale tanto para o ter+ como para o poder+ o saber e mesmo o crer 6ondese v% que no , s& o a'ente que deve se converter+ mas tamb,m deve#se converter a rique*a que elecarre'a consi'o em seu trabalho popular

    Con!erso do a"ente interno$3 questo da mudana ideol&'ica e pol)tica /converso ou definio de classe0 foi aqui referida aoa'ente externo as o a'ente interno tamb,m pode ser chamado 9 converso+ justamente na medida emque tem o opressor introjetado dentro de si e que por isso pensa e a'e se'undo modelos alienados 2ra+ talsituao no , rara entre os diri'entes das associaes populares /pele'os+ etc0

    !esse caso+ o pr&prio a'ente oprimido necessita de converso. converso 9 pr&pria classe e 9 sualibertao coletiva Evidentemente o processo de converso aqui obedece a uma din5mica pr&pria ( adin5mica do pr&prio trabalho popular de que estamos aqui tratando 2u seja. , no processo dareflexoKao que o a'ente popular alienado pode se converter /sobretudo se for apenas in'%nuo0 ou entose revelar e desmascarar /se for mal#intencionado0 as tudo isso ver#se#$ melhor mais adiante

    Captulo % - # papel particular do a"ente

    2 a'ente externo no , s& diferente do povo por sua extrao eKou situao de classe+ mas tamb,m porsua+ posio no processo ou caminha da de libertao !a verdade+ ele , um a'ente e como tal tem umpapel+ mais que especial+ espec)fico E isso vale tamb,m para o a'ente popular

    Esse papel pode ser pol)tico+ t,cnico+ pastoral+ educativo !a falta de um termo melhor e maisapropriado+ poder)amos talve* falar em funo peda'&'ica+ para en'lobar todas as funes de crescimentointe'ral da comunidade ou do povo /cf a paid,ia 're'a0 -mporta que o a'ente+ al,m de reconhecer seucar$ter de classe+ reconhea e assuma sua posio espec)fica junto ao povo "al posio pode serdesi'nada como alteridade ou diferena peda'&'ica

    6e fato+ , uma iluso se di*er ou se pretender 4i'ual ao povo4 2 i'ualitarismo+ como tentativa e mesmocomo apar%ncia ou impresso de puro achatamento entre o a'ente e o povo+ deve ser desmascarado comouma farsa

    3 i'ualdade entre o a'ente e o povo se d$ num outro n)vel+ mais profundo que o da mera c&pia oumacaqueao Como veremos ainda+ a i'ualdade consiste na identificao numa mesma causa ou projeto

    fundamental+ numa mesma pr$tica ou luta e+ por fim e o quanto poss)vel+ num mesmo universo cultural1e al'u,m , ou se torna a'ente , porque tem al'o a oferecer ao povo+ tem uma contribuio particular adar 9 sua caminhada 2 a'ente , a'ente porque , diferente ( isto que precisa ser visto e assumido

    3'ora+ o fato de ser diferente no coloca de per si o a'ente fora ou acima do Povo "rata#se antes ai deum servio que deve ser prestado sem arro'5ncia e quase por imposio hist&rica 3ntes de isso ser umt)tulo de 'l&ria ou m,rito+ , uma obri'ao ,tica e uma misso social objetiva 43i de mim se no trabalharcom o povoM4 # poderia di*er o a'ente imitando 1 Paulo

    Por isso s& quem no entende sua posio real no processo de crescimento popular pode pretender sejadiri'ir o povo ou ser absolutamente i'ual a ele 3parecer acima do povo ou desaparecer no meio do povono interessa finalmente ao povo -sso , desajud$#lo "rata#se+ sim+ de estar ao lado ou no meio do povo+sendo o que se ,+ sem fantasias ou m$scaras+ e fa*endo de sua diferena um servio

    Como caracteri*ar o a'entePoder)amos aqui+ mais que definir+ descrever ou caracteri*ar essa funo pr&pria do a'ente em sua

    diferena peda'&'ica /sempre no sentido amplo da paid,ia 're'a+ como formao inte'ral do homeminte'ral0 Lamos caracteri*ar a funo do a'ente atrav,s de um esquema que falar$ por si mesmo

    Dois modelos de agente ou educador

    Modelo do agente (animador) Contra modelo do agente (paternalista)

    > ( como um parteiro /maieuta0. auxilia a me a dara lu*

    # ( como um 'enitor ou pai. en'endra realmente ofilho

    A ( como um a'ricultor. cuida da terra para queprodu*a bons frutos

    # ( como um arteso ou fabricante. manipula ascoisas para produ*ir outras

    I ( como um m,dico. trata do corpo para queconserve ou recupere a sade

    # ( como um 'eneral. d$ ordens para avanar ourecuar+ etc

    Expresses de sua funo especfica

    # 3tivar ener'ias internas+ despertar+ suscitar+ # -nfluir atrav,s de uma fora de fora e de cima+estimular infundir lu* e saber# -ndu*ir+ animar+ fa*er#fa*er # Condu*ir+ levar+ fa*er#sem#mais# 1ervir+ ajudar+ reforar+ contribuir+ secundar+assessorar

    # Ga*er no lu'ar+ servir#se de+ arrastar+ presidir

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    # 6ar condies+ propiciar+ facilitar+ dar lu'ar+ fa*erespao

    # Criar+ produ*ir+ causar+ instaurar+ construir

    # Coordenar foras em presena+ articular+ a'enciar # 2rdenar /e coordenar0+ mandar+ liderar+administrar

    # Estar no meio+ animando # Estar 9 frente ou acima+ puxando

    Atitudes ou qualidades tpicas

    # 3teno+ ausculta+ abertura # -nterveno+ iniciativa# Cuidado+ respeito+ paci%ncia # Cora'em+ a'ressividade# Gine*a+ tato # Esperte*a+ 4t$tica4

    2bservemos aqui que as fi'uras do a'ente ou educador como parteiro+ a'ricultor e m,dico nos vieram+entre outras menos feli*es /oleiro+ domador0+ da tradio 're'a e foram utili*adas especialmente por Plato+em 'eral na boca de 1&crates -mporta notar que so simples comparaes+ que+ como tais+ sempreclaudicam por uma+ ou v$rias partes+ em particular aqui a do m,dico

    Essas fi'uras podem evidenciar uma alteridade peda'&'ica exa'erada se as tomarmos como profissesas indicam corretamente a especificidade da ao peda'&'ica # trabalho a partir de dentro # se nosfixarmos na funo ou pr$tica concreta desses tr%s persona'ens "rata#se a)+ na verdade+ de uma distinode funes e no de uma diviso de cate'orias ou pessoas

    6e fato+ ser a'ente no , uma qualidade li'ada 9 pessoa+ mas 9 sua funo 6a) porque o que , outroou diferente no , tal ou tal pessoa mas+ sim+ o lu'ar que al'u,m ocupa no 'rupo /animador+ coordenador+etc0 3li$s+ o a'ente no , s& a'ente e nem sempre E+ na base de tudo+ pessoa humana 2 a'ente ,tamb,m a'ido 1eu lu'ar ou funo diferencial , uma exi'%ncia do 'rupo e no um predicado de suapessoa

    Por isso+ a funo peda'&'ica /como tamb,m a pol)tica0 , absolutamente relativa 6e resto+ o a'enteverdadeiro atua+ sim+ e com todo o seu vi'or pr&prio+ mas sempre na m$xima discrio e fa*endo#se notar omenos poss)vel+ seja pelos t)tulos+ seja pela publicidade E porque a mod,stia , intr)nseca ao car'o dea'ente+ assim como a intermit%ncia /a'enteKa'ido0 e evanesc%ncia de seu trabalho+ como se ver$ lo'o emse'uida

    3ssim+ a alteridade que o a'ente deve reconhecer e assumir , a alteridade de uma funo pr&pria dentroe a servio do 'rupo e no uma alteridade de dist5ncia ou de superioridade

    Autonomia do po!o: ob&eti!o do trabalho popular1im+ porque o processo educativo tem como objetivo essencial a autonomia do educando 3utonomia

    como autodeterminao ou autodireo+ e no propriamente como independ%ncia absoluta+ pois o homemvive necessariamente em situao de depend%ncia mtua devido ao seu car$ter social

    -sso si'nifica que o a'ente+ como fi'ura educativa+ est$ fadado a ir desaparecendo+ at, se tornar de tododispens$vel Pois importa que o povo che'ue a 4caminhar com as pr&prias pernas4+ livre de qualquer tutela

    Evidentemente+ o trabalho de um a'ente no processo popular leva inicialmente o povo a uma certadepend%ncia do a'ente "al depend%ncia se d$ precisamente naquilo que o a'ente tra* de novo. umacompet%ncia+ uma capacidade de convocao+ uma contribuio t,cnica ou cultural+ etc "al depend%nciainicial , absolutamente natural e pertence 9 dial,tica do processo educativo 3 verdadeira questo , oprocesso. para onde levaF

    Com efeito+ a realidade , que o povo vive numa situao objetiva de opresso e alienao+ ou seja+ dedepend%ncia e sujeio frente 9s classes dominantes Certo+ o povo resiste+ luta e ataca as+ sem o 4salto4

    da consci%ncia cr)tica+ para o qual a presena de urna mediao educativa , indispens$vel+ a reao popularpermanece no n)vel elementar+ fra'ment$rio e desor'ani*ado

    3 valori*ao do povo e de seu potencial cultural e pol)tico no deve fa*er esquecer a situaodominante que ele vive e sofre e que , justamente a dominao de classe !o fosse isso+ o povo j$ estariano poder e no teria maiores problemas 1em dvida+ aqui e ali o povo conse'ue se impor+ mas no conjuntoest$ oprimido /at, que 4classes populares4 si'nificarem 4classes subalternas40

    Por isso mesmo+ todo o esforo do a'ente , reforar o poder do povo at, que este atinja sua autonomiaou auto'esto entendida como controle de suas pr&prias condies de vida 6ai que a 'rande questo doa'ente educador , se sua ao leva o povo ao crescimento e 9 liberdade cada ve* maior ou ao contr$rio-sso supe que a interfer%ncia do a'ente externo v$ diminuindo em proporo inversa+ at, que o povopossa se aprumar so*inho

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    'tapas de crescimento de uma comunidade

    Poder#se#ia di*er que essa caminhada rumo 9 autonomia passa por tr%s fases.>0 -nicialmente+ o a'ente trabalha para o povo ( como se o carre'asseA0 6epois+ o a'ente trabalha corra o povo ( como se o amparasse para que tente caminhar com as pr&prias

    pernasI0 Ginalmente+ o a'ente trabalha como o povo ( como se o povo N$ pudesse caminhar por pr&pria conta

    !esse ponto+ o a'ente no sai do cen$rio8 muda apenas de papel Ele continua parte viva da caminhada

    mas sem mais a funo do in)cio+ pois esta j$ foi incorporada pelo povo ou por 'ente do povo ( nessesentido que o educador desaparece como educador+ no naturalmente como pessoaEvidentemente+ para que tal processo de autonomi*ao acontea+ , preciso que o pr&prio a'ente faa o

    caminho inverso. o de sua identificao e educao pro'ressiva a partir do povo !a verdade+ o processopeda'&'ico , duplo. consiste no encontro rec)proco do a'ente e seu saber com povo e seu saber E issoacontece em contexto de reciprocidade+ di$lo'o e partilha vital ( s& no interc5mbio de saberes que oprocesso educativo se desenvolve+ seja do lado do a'ente como do lado do povo

    -sso tudo vale para o a'ente na medida em que , educador e no na medida em que , diri'ente Poisaquela funo , por nature*a passa'eira /embora haja sempre uma 4educao permanente4+ se'uindo+contudo+ outra din5mica0+ enquanto que esta ltima , permanente Ouanto 9 funo de direo+ ela tamb,mdever$ ser incorporada de modo crescente pelo povo+ at, que este produ*a seus pr&prios diri'entes Esse ,um elemento fundamental para a autonomia popular+ para o que diremos al'uma coisa mais a frente

    Captulo ( - Insero: Condio pr)!ia indispens!el

    *ensa-se a partir dos p)s e das mos

    Limos que a situao de partida do trabalho popular , a diviso social do trabalho e de classe Limostamb,m que a funo fundamental do a'ente , se situar no meio do povo para contribuir+ de dentro+ 9 suaautolibertao 6issemos outrossim que isso tudo supe uma converso de classe+ converso essa que seexprime no compromisso ou en'ajamento com as classes populares

    3'ora+ para que isso tudo possa se reali*ar+ , absolutamente necess$rio que o a'ente se insira no meiopopular Ouando se fala aqui em insero+ entende#se por esse conceito uma presena ou contacto f)sicocom o universo popular "rata#se ai de participar concretamente da vida do povo+ de conviver com ele+ deestabelecer com ele um lao or'5nico

    1em esta insero real o a'ente.

    # no ter$ condies objetivas de se desfa*er de suas taras de classe8# no poder$ evitar o autoritarismo ou relaes de dominao no exerc)cio de seu papel peda'&'ico8# e tamb,m no ter$ condies de assumir uma m)stica e uma metodolo'ia realmente libertadoras # como

    ainda veremos mais adiante1e a consci%ncia se nutre das experi%ncias concretas /como o viram os fil&sofos+ dos 're'os at, arx+

    passando pelos escol$sticos08 se se pensa a partir dos p,s /lu'ar social0 e das mos /Pr$ticas0+ ,indispens$vel que se entre em contato vivo e participante com a vida do povo caso se queira entend%#la etrabalh$#la

    ( evidente que a insero f)sica+ local mesmo+ no basta as , uma condio indispens$vel efundamental

    A lio de uma experi+ncia importante

    Goi no campo da pastoral popular que se andou mais lon'e nesse sentido !o h$ a'%ncia educativa nasociedade brasileira que levou mais a s,rio a necessidade da insero e encarnao concreta nos meiospopulares que a -'reja Goi todo um movimento que a'itou o corpo inteiro da -nstituio eclesial numa linhade 4passar para o povo4+ 4mover#se para a periferiaJ+ 4inserir#se nos bairros populares4+ etc Essa tend%ncialevou bispos a deixarem seus pal$cios para se instalarem em casas populares nas re'ies pobres dacidade8 condu*iu padres a percorrerem as favelas e as $reas rurais+ antes abandonadas8 arrastou lei'oscristos a se lanarem no meio dos pobres em frentes de opresso e crise particulares8 envolveu sobretudoas Con're'aes reli'iosas no sentido de deixarem as 4'randes obras4 e irem morar nos bairros pobrespara a) trabalharem com o povo8 obri'ou mesmo te&lo'os e outros intelectuais cristos a assumiremcompromissos concretos com 'rupos populares

    3 diferena do que se passou em outras instituies e correntes+ inclusive partid$rias+ esse movimento'eral e crescente de insero foi favorecido pela mobili*ao de toda a -nstituio eclesial+ que 'arantiuassim continuidade e or'anicidade ao movimento8 e tamb,m e sobretudo por uma m)stica de converso+

    encarnao e enose /despojamento0 que lana suas ra)*es no mais profundo da pr&pria f, cristEsta experi%ncia levou 9 convico /e esta pode servir de lio 'eral para o trabalho popular0 de quesem insero concreta no pode haver um trabalho popular correto E+ portanto+ uma pr,#condio b$sica+

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    indispens$vel+ embora insuficiente+ que o a'ente se identifique o mais poss)vel com o povo mediante umcontato vivo com este 3 fecundidade pastoral e pol)tica desta experi%ncia representa uma convico j$ hojeindiscut)vel e um 'anho definitivo do trabalho popular

    ,ipos de insero

    Contudo+ as formas objetivas ou expresses concretas de insero podem ser maiores ou menores Elasadmitem 'raduaes distintas Podemos aqui indicar esses 'raus ou formas crescentes de insero.

    >0 Contatos vivos ( a forma mais elementar de sentir a realidade do povo "rata#se ai de uma presenapassa'eira+ e descont)nua com o mundo da pobre*a e opresso Esse , o n)vel m)nimo necess$rio para sepoder assumir realmente a causa do povo e reali*ar o pr&prio en'ajamento por sua libertao Pois mesmovivendo num lu'ar social no#popular+ qual seja o da pr&pria classe+ , poss)vel colocar#se politicamente aolado do povo as esse compromisso s& pode ser mantido de forma correta e continuada somente 9condio de existir urna vinculao or'5nica m)nima do a'ente com o povo Por outro lado+ o limite dessem)nimo+ expresso por contactos saltu$rios+ , esse. no permitir um real encharcamento cultural no mundopopular+ com o peri'o de se tornar apenas uma esp,cie de turismo

    A0 Participao re'ular "emos aqui j$ um modo de insero mais avanado !este+ escolhe#se umacomunidade de refer%ncia ou de incardinao+ cuja vida se acompanha de forma constante ou em cujaspr$ticas concretas /pastoral+ sindical+ etc0 se toma parte de modo cont)nuo

    I0 oradia orar num bairro popular , uma forma de mer'ulhar mais a fundo nas condies de vida dosoprimidos 3 vanta'em desse n)vel de insero , a assimilao do universo social+ sobretudo cultural+ dos

    oprimidos por efeito de impre'nao que ele permite 3li$s+ , a esta forma particular que se fa* aluso hojequando se fala em insero nos meios populares

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    Captulo . A mstica do trabalho popular!a rai* do trabalho popular e da pr&pria insero encontramos um conjunto de convices e motivaes

    fundamentais que fundam e animam o compromisso do a'ente com o povo"ocamos aqui numa *ona de profundidade que raramente , explicitada+ mas que subja* na rai* da

    pr$tica de todo a'ente Como chamar esse n)vel profundo+ obscuro e terroso+ em que a pr$tica hist&ricadeita suas ra)*esF !a falta de outra palavra melhor+ chamemos isso de m)stica -deolo'ia+ filosofia detrabalho+ ,tica ou concepo de vida seriam outras desi'naes+ mas menos adequadas para o quequeremos aqui explicitar

    1em m)stica+ qualquer m,todo de trabalho popular se torna facilmente t,cnica de manipulao e asre'ras metodol&'icas acabam se transformando em f&rmulas r)'idas e sem alma

    6escrevemos aqui os princ)pios de vida ou as atitudes de fundo que presidem ao m,todo de ao com opovo e que podem se enfeixar sob o nome de m)stica do trabalho popular

    1- Amor ao po!o

    Povo tem aqui um contedo concreto de conjunto de pessoas ( o pessoal+ a 'ente+ a comunidade !o, um conjunto de entidades abstratas e anRnimas+ que+ naturalmente+ seria imposs)vel amar

    1em amor ao povo+ sem simpatia e bem querer para com as pessoas do povo+ no , poss)vel umtrabalho libertador Para isso+ importa um contacto vivo com o povo 1& a partir da) pode se estabelecercom ele uma 4conexo sentimental4 /Hramsci0 que seja fecunda

    !o raro se encontram a'entes+ mesmo reli'iosos+ que alimentam muitas ve*es inconscientemente umprofundo despre*o pelos oprimidos+ mesmo quando os ajudam com 'rande dedicao as fa*em#no porcomiserao+ vendo no outro um simples objeto de sua 'enerosidade

    1& a compaixo+ como sentimento de identificao afetiva e efetiva profunda+ no sentido etimol&'ico dotermo+ v% no outro o sujeito de um direito+ de que foi injustamente lesado+ e reivindica o outro como i'ual asi 3 comiserao d$ com arro'5ncia+ enquanto a compaixo oferece quase pedindo perdo

    !o , muito dif)cil perceber quando um a'ente quer realmente bem ao povo e ,+ por sua ve*+ queridopor ele. , quando as relaes entre um e outro so de i'ualdade fundamental 2 sinal mais evidente dissose encontra na liberdade de palavra que o povo tem diante do a'ente 2 falar franco e mesmo cr)tico ,)ndice de uma relao fraterna e madura

    Passemos por cima do a'ente autorit$rio+ que odeia e despre*a o povo /at, seu 4cheiro40Evidentemente+ diante dele+ o povo tem a palavra presa as com o a'ente paternalista+ que parece amar opovo e ser querido por ele+ as coisas no se passam de modo muito diferente 3 atitude do povo diante dele

    , de expectativa+ de 'ratido servil e de depend%ncia E o sinal mais claro desta depend%ncia , a palavra#eco+ a palavra#reflexo. o povo di* o que o a'ente espera que ele di'a e no aquilo que ele mesmorealmente pensa

    3mar o povo , amar o povo#sujeito e jamais o povo#objeto G+ am$#lo em ra*o de fim e nunca de meio/Sant0+ ainda que seja para a 4revoluo4 ou a 4sociedade nova4

    Ouerer bem ao povo , querer o seu bem ( lutar por sua i'ualdade /opta aequalem. 3'ostinho0 (+ emsuma+ buscar sua autonomia ais que uma re'ra+ tal , o crit,rio do amor verdadeiro. se ele autonomi*a ouescravi*a+ se liberta ou submete

    Ouando falamos aqui em amor ao povo+ inclu)mos nessa atitude de fundo uma car'a inclusive afetiva!a verdade+ se na base da relao peda'&'ica /sempre no sentido da paid,ia0 no h$ essa rai* de afeioe ternura+ no se vai muito lon'e 4DaT que endurecerse+ pero sin perder -a ternura jam$s4 /Che0

    2 trabalho popular h$ de ser um 4ato amoroso4 /P Greire0 2u melhor+ h$ de se desenvolver dentro deum 4espao amoroso4 1em essa atitude espiritual+ toda metodolo'ia cai no behaviorismo+ transformando#se

    em tecnolo'ia da estimulao

    A Confiana no po!o

    Esta motivao fundamental , decorr%ncia da anterior Pois amar o outro como sujeito , amar suaspossibilidades e seu futuro ( amar o que ele ,+ para que venha a ser o que pode e deve ser

    2 a'ente no ama o povo porque este , oprimido 1eria isso pietismo 2 a'ente o ama porque+ sendolivre+ est$ oprimido 3ma#o porqu% deveria ser reconhecido e se encontra humilhado

    !a verdade+ a pobre*a do povo , empobrecimento 1ua fraque*a , enfraquecimento 1ua i'nor5ncia ,desconhecimento !o que o povo tenha sido j$ uma ve* rico+ forte e s$bio !o 2 que h$ , que ele foiproibido de se desenvolver+ impedido de crescer+ reprimido em suas potencialidades e coibido em suasaspiraes

    Por isso mesmo+ todo trabalho popular , uni trabalho de libertao+ a'ora no sentido material do termo.desobstruo+ desimpedimento do que tolhe a vida e o desenvolvimento

    2ra+ acreditar nas potencialidades do povo e em seu destino hist&rico fa* parte das convices maisprofundas do a'ente realmente popular E se a essa convico v%m se acrescentar motivaes de ordemreli'iosa /o povo corpo Povo de 6eus+ etc0 ento ela se potencia ao extremo

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    Por isso+ ao p, do trabalho popular deve haver essa confiana b$sica no povo Confiana em suasabedoria e capacidade de compreenso Confiana em sua 'enerosidade e capacidade de bataConfiana em sua palavra

    Evidentemente+ a confiana no povo no , in'enuidade e irresponsabilidade Existem as preparaes eprecaues necess$rias as todas essas provid%ncias peda'&'icas tomam lu'ar no seio dessa atitudeprimeira. confiar no povo como sujeito principal da hist&ria 2 contr$rio disso , o medo E medo do povo s&o t%m os d,spotas+ por sua fora+ e os diri'entes paternalistas+ por sua pretensa fraque*a

    Portanto+ mais que uma fora atual+ o povo det,m um potencial+ uma fora em reserva+ 9 espera de suaativao e pronta para seu desdobramento "rata#se de um 4potencial pol)tico4 E tamb,m de um 4potencialevan'eli*ador4 /Puebla+ >>

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    !a verdade+ entre a disposio subjetiva+ 'enerosa e s,ria+ de servir e a reali*ao objetiva da mesmah$ mil armadilhas 1ervir ao povo facilmente toma a forma de servir#se do povo Liver pelo povo muitasve*es no passa de um viver do povo E aqui aparece o v)cio do paternalismo

    Contudo+ h$ um crit,rio infal)vel para desfa*er todos os equ)vocos do servio. se com ele se cria maisautonomia ou mais depend%ncia8 se ele liberta ou se amarra

    Existe+ sim+ uma aut%ntica troca de servios /no saber+ poder e ter0 entre o a'ente e a comunidade asesta troca # e isso , importante notar # no se d$ entre dois termos homo'%neos Pois a'ente e povo noso entidades com a mesma posio e+ portanto+ com o mesmo peso hist&rico "rata#se+ por conse'uinte+de uma troca desi'ual 2 a'ente coloca suas capacidades a servio de um projeto maior+ que , o do povo!o , o povo que entra no projeto do a'ente+ mas , este que entra no do povo 2 todo maior no , oa'ente+ mas sins o povo 2 povo no foi feito para o a'ente mais sim o a'ente para o povo

    Com a disposio ,tica e espiritual do servio+ o a'ente coloca o povo no centro de suas atenes astrata#se+ mais uma ve*+ do povo#sujeito e no do povo#objeto E colocar o povo#sujeito no centro ,consider$#lo dono de seu destino e art)fice de sua caminhada (+ em suma+ levar a s,rio sua liberdade esua autonomia+ sua potencialidade V e sua esperana

    !o que se exija aqui a entre'a da personalidade do a'ente /sacrificium personnae0+ mas justamentesua incorporao no processo de libertao a t)tulo de membro vivo e atuante+ que serve se afirmando e seafirma servindo

    Q /espeito 0 liberdade do po!o

    Considerar o povo como sujeito+ confiar nele e em seu potencial hist&rico implica em respeitar o povoquanto 9 sua palavra+ sua caminhada e sua iniciativaEm primeiro lu'ar+ o povo deve ser respeitado em sua palavra 1eja l$ o que di'a+ mesmo de alienado

    ou conservador+ o povo deve ser ouvido com ateno e respeito!ada mais deseducativo do que+ com palavras ou 'estos+ exprimir desd,m+ aborrecimento ou averso a

    respeito da opinio # qualquer que seja # de al'u,m do povo "al atitude inibe a pessoa+ redu*#-a ao mutismoe a afasta do trabalho comum

    !o que esse respeito implique automaticamente aprovao as qualquer critica que se possa ou devafa*er a uma palavra do povo s& se mostra construtiva na base e a partir de uma atitude fundamental derespeito e escuta anteriores

    6e fato+ a conscienti*ao , um processo de autoconscienti*ao+ ou melhor+ de interconscienti*ao!o , inculcao doutrin$ria ou matraca'em ideol&'ica Ela se d$ no di$lo'o entre todos+ a'enciado peloa'ente Por isso mesmo a palavra do povo deve ser dita e ouvida em plena liberdade

    !esse sentido+ a parresia que reinava nas assembl,ias pol)ticas 're'as e no anncio dos primeiroscristos /3t I+ etc0+ ou seja+ o falar franco+ sinal e meio de liberdade+ exi'e+ em contrapartida+ escutarespeitosa e atenta

    Em se'undo lu'ar+ respeito pela hist&ria do povo e por sua pr$tica em curso1abemos que o povo no , um espao vir'em+ mas um terreno bali*ado por aes passadas e

    presentes Pois bem+ , da maior import5ncia reconhecer e valori*ar ao m$ximo esse capital de lutas e desaber /inclusive reli'ioso0 acumulado pelo povo 1& assim , poss)vel eventualmente reinvestir esse capitalem cima de pr$ticas e de propostas que avancem para a libertao ou de reforar sua caminhada com acontribuio pr&pria do a'ente

    Em terceiro lu'ar+ respeito pela iniciativa do povo 3lude#se aqui 9s propostas ou su'estes do povo /dabase0 e 9 sua ao criativa e espont5nea

    2ra+ o povo ,+ em ltima inst5ncia /no em primeira0+ jui* de seus interesses e ele , tamb,m o a'enteprincipal /no nico0 de sua execuo

    !o que o a'ente no deva problemati*ar e mesmo pessoalmente desaprovar iniciativas populares+mas+ para ter esse direito+ ele deve comear por respeitar a liberdade de iniciativa do povo e sua decisofinal

    Evidentemente+ junto com o respeito+ e mais na base ainda+ importa nutrir uma atitude de escuta+ umadisposio ao aprendi*ado 9 cr)tica e 9 correo por parte do a'ente -sso tudo si'nifica humildade+ kenose/esva*iamento0 e abertura 9 metania /converso0 Pois , nesse cho profundo que lanam suas ra)*es erad)culas as pr$ticas e as estruturas de dominao do homem pelo homem E aqui , preciso ser radical E arai* do homem , seu corao+ ou seja+ sua liberdade

    stica da libertao inte"ral

    Eis a) al'umas atitudes fundamentais que esto por tr$s do trabalho popular e que confi'uram umaesp,cie de m)stica desse trabalho 6amo#nos conta de que+ no fundo no fundo+ trata#se aqui de umaespiritualidade+ embora sob traos seculares Efetivamente+ aqui , o esp)rito que est$ em questo

    E tal questionamento atin'e sua radicalidade m$xima quando reveste a forma reli'iosa+ como pudemosintuir ao lon'o da exposio acima+ em particular no ltimo ponto Por isso+ a m)stica acima s& atin'e suaexpresso plena como m)stica reli'iosa+ especialmente como m)stica evan',lica

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    6e resto+ a pr&pria m)stica do trabalho popular se funda numa viso 'eral do mundo e da hist&ria 3 visopressuposta aqui , a de um mundo e uma hist&ria abertos ao transcendente ( a de um humanismo radical+por outras+ a de uma libertao inte'ral Por isso+ o trabalho popular+ para ser verdadeiramente pol)tico+ temque ser mais que simplesmente pol)tico. tem que ser radicalmente humano e por isso tamb,m reli'ioso "al, a pressuposio fundamental de tudo o que aqui se di* quanto ao trabalho popular de contedoprevalentemente /embora no exclusivamente0 pol)tico

    Captulo 2 - Ao 3 reflexo - m)todo do trabalho popular"ornamos aqui m,todo como o conjunto de re'ras ou diretri*es pr$ticas que servem para orientar uma

    ao concreta+ no caso o trabalho do povoEssa inteno ,+ talve*+ por demais pretensiosa Por isso+ seria+ melhor falar em linhas de ao+ pistas

    ou simplesmente de indicaes ou bali*as pr$ticas para a ao concreta2 que aqui vai se expor prov,m da experi%ncia e reflexo do trabalho popular ( esta mesma experi%ncia

    refletida que sustenta e le'itima as indicaes que aqui vo se dar!osso esforo ser$ apenas de recolher estas lies da pr$tica+ de explicit$#las e or'ani*$#las( preciso tamb,m di*er que o trabalho popular tem aqui um car$ter decididamente pol)tico Galando mais

    claramente+ ele visa a transformao da sociedade !o que a pol)tica seja tudo+ mas tal , mais prementedesafio hist&rico /no certamente o nico e nem o principal em si0 que o povo oprimido est$ vivendo hoje

    "rataremos a se'uir do trabalho popular em 'eral+ deixando a questo da pastoral popular para maistarde

    Como se d$ o trabalho popularF Ele se d$ dentro deste quadro 'eral. a com!inao entre ao ereflexo Gala#se tamb,m na dial,tica pr$xisKteoria 6e fato+ as questes sociais se resolvem atrav,s dapr"tica e da compreenso da pr$tica /cf tese L--- de arx sobre Geuerbach0

    Portanto+ , nesta articulao entre as mos /a'ir0 e a cabea /pensar0 que se d$ o trabalho com o povono sentido de mudar as relaes sociais Esta , a 4junta4 que puxa o carro da hist&ria 3 unio da pr$tica eda teoria , a relao motora do trabalho popular Uma pr$tica sem teoria , uma pr$tica ce'a ou+ nom$ximo+ m)ope !o enxer'a bem ou no enxer'a lon'e Enfia os p,s pelas mos e no vai 9 rai* dosproblemas -sto ,. de'rada#se em ativismo e+ na melhor das hip&teses+ em reformismo /muda coisas dosistema+ mas no muda o pr&prio sistema0

    !o se resolvem os problemas apenas com o esforo+ a luta e o compromisso+ 4enfrentando4+ 4botandopra quebrarJ+ 4na marra4 ( preciso ainda a inteli'%ncia da situao para ver as possibilidades de aoCaso contr$rio+ o que se fa* , 4dar murros em ponta de faca4 ( o que se chama 4voluntarismo4 2ra+ nem

    tudo depende da boa vontade ou da fora de vontade( evidente. , menos poss)vel ainda resolver os problemas ficando em discusses infindas e propostas4radicais4 Pois nada substitui a ao direta e concreta 6e fato+ uma teoria sem pr$tica , inefica* paramudar o inundo ( como ter olhos e no ter mos E s& a pr$tica+ como ao concreta+ que transforma omundo E a teoria existe em funo da pr$tica Esta deve sempre ter a prima*ia sobre toda reflexo

    Portanto+ todo o trabalho popular necessita dessas duas coisas+ li'adas entre si. teoria /reflexo+ estudo+an$lise+ compreenso0 e pr$xis /ou pr$tica+ ao+ compromisso+ luta0

    "rata#se mais exatamente de dois momentos de um mesmo processo ou de dois tempos de uma mesmacaminhada libertadora -mportante , que esses dois momentos estejam sempre articulados ou interli'adosentre si 3ssim+ a ao deve estar sempre iluminada e orientada pela reflexo e a reflexo+ vinculada ereferida 9 ao /feita ou a se fa*er0

    Em resumo+ pode#se di*er que todo o trabalho popular+ como trabalho pol)tico+ se processa dentro dadial,tica teoria#pr$xis Ele compreende a formao da consci%ncia e a formao da experi%ncia ou ao

    3o lcida e lucide* ativa

    Captulo 4 - Corno iniciar um trabalho com o po!oEis ai uma per'unta concreta e freq:ente 3qui vo al'umas su'estes indicadas pela pr$tica

    > *articipar da caminhada

    3ntes de qualquer trabalho com o povo+ importa # e , bom aqui repeti#lo # estar+ de al'uma forma ou deoutra+ inserido no meio do povo ( preciso estar participando de sua vida+ nem que seja apenas porcontatos e visitas E s& a participao na vida e na luta do povo que d$ base a uma pessoa ou a'%nciacomear um trabalho junto a ele Pois , s& dessa maneira que uma pessoa ou a'%ncia 'anha a confianado povo e adquire poder de convocao e mobili*ao popular

    Esse , o primeiro momento do trabalho popular. tomar p, na realidade+ banhar#se no ambiente em que

    se vai trabalhar Esse passo pode tomar a forma mais elaborada de uma sonda'em em torno de al'umproblema /sade+ reli'io+ etc0 sentido pela comunidade em questo Conv,m+ contudo+ que tal empresaenvolva+ o quanto poss)vel e desde o in)cio+ a participao de 'ente da pr&pria comunidade

    ( evidente que as coisas so mais f$ceis quando al'u,m entra num trabalho j$ iniciado por outros+ pois

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    ai basta acompanhar por um tempo os que j$ esto a) envolvidos

    A *artir dos problemas reais

    2s problemas sentidos pela comunidade aparecem como particularmente reais quando tomam a formade um conflito+ de uma necessidade premente+ de um anseio ou demanda+ de um interesse concreto ( daterra da realidade+ especialmente da realidade contradit&ria+ que pode nascer um trabalho popularpromissor Pois , em torno de necessidades ou interesses vitais que o povo pode se mexer+ e no a partir

    de esquemas e propostas de cima ou de fora+ por melhores que sejam

    I 'ncaixar-se o quanto poss!el na caminhada do po!o

    3 ao do a'ente busca se enxertar sobre as iniciativas+ lutas e mesmo aes embrion$rias j$ em curso6a) a import5ncia de descobrir+ j$ desde o primeiro passo+ o modo como o povo est$ rea'indo aosproblemas que tem !o se trata+ pois+ de criar coisas paralelas 9s do povo ou de comear tudo do *eroabsoluto+ quando j$ existem respostas ou elementos de resposta para o problema em pauta 2 quantoposs)vel+ importa sempre aproveitar o que j$ existe e+ a partir de dentro+ desdobrar esse primeiro embrioPode tratar#se de uma ao dita espont5nea porque no ou pouco or'ani*ada Pode ser um 'rupo j$existente+ uma associao determinada+ com seus diri'entes populares pr&prios

    ( evidente que+ com respeito a este ou aquele trabalho+ , poss)vel que no haja realmente nada numacomunidade definida /alfabeti*ao creche+ sindicato+ Comunidade eclesial de base+ etc0 Ento , precisocomear+ mas sempre a partir de al'um ponto de insero+ sobre o qual se enxerta a pr&pria proposta

    9ilo"o

    "oda educao se passa numa din5mica de di$lo'o !o , preciso aqui retomar todo Paulo Greire+ maslembrar al'uns pontos importantesEm primeiro lu'ar+ importa evitar todo endoutrinamento+ que , o de enfiar na cabea do povo sistemas

    de id,ias ou esquemas de ao j$ montados Educar no , endoutrinar Evitar+ pois+ todo autoritarismopeda'&'ico Essa forma de educao+ que consiste em transferir o conhecimento do a'ente para o povo+ foichamada de 4concepo banc$ria4 da educao Esta 4condu* forosamente diviso da sociedade emduas partes+ uma das quais est$ por cima da sociedade4 /"ese --- de arx sobre Geuerbach0 (+ portanto+uma forma autorit$ria de educao+ pois supe que uma parte saiba+ fale e ensine e a outra i'nore+ escute eaprenda

    3 isso se contrape outra id,ia de educao # a dial&'ica ou dialo'al !esta+ o a'ente e o povo refletemjuntos+ coletivamente+ sobre os problemas comuns N$ que se trata de questes que tocam a todos+ todost%m coisas a di*er e comunicar "rata#se+ pois+ de fa*er sempre uma reflexo coletiva+ uma discussoparticipada por todos

    2 papel do a'ente aqui , animar o debate e estimular a participao de todos no mesmo ( facilitar quea palavra corra livre e solta+ como a bola num futebol bem entrosado2 di$lo'o se aprende Ele est$ situado entre a conversa informal /como a que se passa numa fam)lia ou

    num botequim0 e o discurso /de um pol)tico ou de um professor0 2 di$lo'o exi'e uma certa disciplina. a de

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    escutar e falar /sem acavalamentos0 e a de centrar o debate em torno de um problema definido /sem fa*erdi'resses0 6a) a import5ncia do papel do animador ou coordenador

    !ote#se que o di$lo'o se fa* em torno da pr$tica 3 pr$tica , a refer%ncia constante do di$lo'o e noid,ias ou ideais Ouando di*emos pr$tica di*emos 4realidade4 ou 4vida4 do povo 43 vida social ,essencialmente pr$tica4 /"ese L--- de arx sobre Geuerbach0

    3 pr$tica , mediao peda'&'ica 2 povo aprende fa*endo -mporta+ pois+ tirar as lies da vida Para amaioria do povo+ o aprendi*ado no passa pelos livros+ mas pela realidade viva 3 mediao no , cultural/escola+ biblioteca+ leituras+ etc0+ mas pr$tica !o , tanto pelo 4Capital4 de arx que o trabalhador saber$ oque , explorao+ mas sobretudo por sua pr&pria experi%ncia de f$brica e sua luta no sindicato !o ,simplesmente por ar'umentos que o povo se convencer$ de que tem fora e pode se libertar+ mas untes porsua ao concreta e efetiva /uma 'reve+ uma manifestao de rua+ etc0 4( na pr$tica que o homem temque demonstrar a verdade+ isto ,+ a realidade+ o poder+ a concretude de seu pensamento4 /"ese -- de arxsobre Geuerbach0

    Educar no , convencer ( pensar a pr&pria pr$xis !o , com ra*es que se poder$ provar ao povoquem so os opressores+ mas com aes concretas e com reflexes sobre elas

    Claro+ a ao por si s&+ sem reflexo+ no educa Para ser educativa+ a ao precisa ser di'erida+assimilada E essa , a funo da reflexo as de uma reflexo 4em mutiro4+ ou seja. dialo'ada

    Esse lao da reflexo com a ao no deve ser entendido de modo r)'ido Essa relao vale em 'erai+de modo que a refer%ncia 9 ao deve ser a pr$tica peda'&'ica normal no trato com o povo as no h$dvida. o povo pode tamb,m aprender com a experi%ncia hist&rica e social dos outros /e no s& da pr&pria0+

    projetar uma pr$tica /e no s& pens$#la a posteriori0+ fa*er dedues l&'icas /e no s& indues0+ etc1eja como for+ uma id,ia s& se fixa na alma do povo quando se enra)*a no cho de sua pr&pria vida 1eeste cho no est$ preparado+ pouco adianta semear

    6i'amos tamb,m+ para evitar toda confuso+ que quando falamos aqui de pr$xis como mediaopeda'&'ica trata#se de uma pr$xis falada e refletida !o se trata nesse momento da pr$xis concreta comotal Pois uma coisa , a pr$xis como objeto de reflexo e outra , a pr$xis como ao direta ( nessaambi':idade que cai a expresso. 43 educao se d$ na pr$xis4 Pois no momento educativo+ que , o dareflexo+ a pr$xis aparece evidentemente como assunto de conversa -sso supe necessariamente umdistanciamento da pr$xis direta como tal !esse primeiro momento+ fala#se em torno da pr$xis+ mas no se4pratica4 ainda concretamente Contudo+ , essa fala sobre a pr$xis que permite dar 9 pr$xis direta umcontedo e uma direo conscientes

    A *articipao

    !unca se enfati*ar$ demais a import5ncia da participao viva de todos na reflexo Liver emcomunidade ou sociedade , participar Pol)tica , basicamente participao

    "udo comea com a participao na palavra+ no di$lo'o+ nas decises !uma reunio de reflexo no h$apenas um treino ou preparao 9 vida pol)tica N$ se d$ ai vida pol)tica na medida em que acontece apartilha do saber+ do pensamento e dos projetos

    -ndependentemente dos contedos /se so diretamente pol)ticos ou no0+ uma reunio deve mostrar+ porsua din5mica participat&ria+ que se trata de democracia+ do poder popular E isso+ mesmo quando se cuidade pro'ramar uma procisso ou um piquenique

    6e fato+ a luta no , apenas contra os a'entes da opresso+ externos ao povo+ mas tamb,m contra asrelaes de opresso+ internas ao povo+ 9 sua consci%ncia e 9 sua pr$tica quotidiana Pol)tica , participar+ ,lutar contra toda opresso+ seja encarnada em a'entes concretos+ seja em comportamentos determinadosPor isso+ a pol)tica se d$ tamb,m na vida quotidiana+ desde uma conversa at, 9 arrumao de urna sala

    6esse ponto de vista+ , preciso prestar muita ateno na contradio que ocorre freq:entemente entre

    uma proposta libertadora e um processo autorit$rio que visa implement$#la8 entre uma meta democr$tica eum m,todo impositivo

    2ra+ deve haver homo'eneidade ou coer%ncia entre uma coisa e outra. entre contedos e formas+projetos e processos+ metas e m,todos -mposs)vel fa*er a democracia+ 4prendendo e arrebentando4 3libertao acontece no caminho ou no , libertao 3 i'ualdade comea j$ ou nunca vai acontecer

    6onde se v% que a pol)tica como participao , uma dimenso interna de toda pr$tica coletiva. familiar+reli'iosa+ etc Contudo+ isso no elimina+ antes completa+ a questo da pr$tica pol)tica espec)fica+ comcontedo+ formas e objetivos pr&prios Pois essa , a 'rande questo e a causa principal da educao hoje

    I Comunidade

    3 educao se d$ no contexto da comunidade Esta , o espao do di$lo'o Espao e sujeito 3comunidade , como um 4intelectual coletivo4 E junto que o povo se educa Um , professor do outro Um ,aluno do outro !o 'rupo se d$ a partilha das experi%ncias e das lies que a vida ensinou Como o povo ,4sujeito hist&rico4 do poder+ assim , tamb,m o 4sujeito coletivo4 do saber

    2 'rupo de reflexo , como uma 4escola popular4 em que a 'ente do povo , ao mesmo tempoeducadora e educando 2 texto do aprendi*ado , o livro da vida Por isso+ o di$lo'o se d$ em torno da vida

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    /problemas e lutas02 a'ente ai , parte do processo+ mas parte espec)fica Ele tem o papel particular de facilitar a partilha ou

    a sociali*ao do saber popular 2 a'ente , um a'enciador da palavra coletiva Ele , uri articulados.coordena as pessoas entre si e as pessoas com o assunto da vida /ou da pr$xis0

    1em dvida+ o a'ente pode provocar a comunidade a dar um salto em frente Ga*endo parte do 'rupo ede sua caminhada+ ele pode e deve contribuir para o crescimento da comunidade atrav,s do que elemesmo v% e sabe Essa funo se exerce especialmente no momento da decodificao ou compreensocritica e sistem$tica da realidade+ como veremos mais adiante

    3 comunidade aparece+ portanto+ para o trabalho popular como a 'rande mediao peda'&'ica #mediao como espao e como instrumento 6e fato+ ela , mediao.

    # de conscienti#ao. nela e por ela se 'anha uma consci%ncia cada ve* maior e arais critica da realidade8# departicipao. nela e por ela aprende#se a entrar no jo'o do dar e receber+ do falar e escutar+ do a'ir e ser

    a'ido+ enfim do assumir o pr&prio lu'ar e papel na transformao coletiva da realidade8# de solidariedade. nela e por ela adquire#se consci%ncia de classe e se constr&i a unio em torno de um

    mesmo projeto de base8# de rno!ili#ao. nela e por ela descobrem#se+ assumem#se e enfrentam#se os desafios comuns+ etc

    6onde se pode apreender a import5ncia do 'rupo como unidade peda'&'ica+ ao mesmo tempo palco eator da pr&pria consci%ncia+ como h$ de s%#lo da pr&pria exist%ncia

    Captulo - )todo de reflexo com o po!o . primeiro tempo: !erUsamos aqui os tr%s tempos do m,todo da reflexo. ver+ jul'ar e a'ir Esse m,todo comeou com a

    3o Cat&lica+ mas , a'ora usado mais ou menos sistematicamente nos documentos episcopais latino#americanos+ na 4"eolo'ia da Wibertao4 e na pastoral popular /CEBXs+ etc0

    "rata#se de um m,todo simples+ pr$tico e j$ lar'amente difundido !a verdade+ para aqu,m de seu usopastoral ou cat&lico+ ele exprime o movimento mesmo da conscienti*ao 3l,m disso+ ele tradu*convenientemente os 'anhos concretos da reflexo sobre a educao popular e tem a virtude de disciplinar+sem forar+ o di$lo'o popular no 'rupo

    2 primeiro tempo da reflexo em 'rupo /ver0 corresponde justamente 9 necessidade de 4partir darealidade4 3 reflexo en'ancha exatamente a). no concreto da vida

    2 di$lo'o arranca+ portanto+ das 4questes4+ 4problemas4+ 4desafios4+ enfim da 4vida concreta4 do povoEsta ,+ ali$s+ a pr$tica da educao popular Parte#se sempre da questo. 4Oual , o problemaFJ+ 4Ouais soos maiores desafios sentidos pelo povo do lu'arF4+ 4Ouais as lutasF4+ etc

    2 m,todo aqui parte 4de baixo4+ 4das bases4 Gala#se tamb,m em 4m,todo indutivo4+ por deslancharantes de fatos que de doutrinas

    Essa prioridade dos 4problemas4+ 4fatos4 ou 4vida4 , uma prioridade puramente metodol&'ica e noaxiol&'ica /moral0 ou reli'iosa 2 primeiro da reflexo ou na ao no , necessariamente o primeiro nainteno ou no desejo

    /ealidade: nem ob&eti!ismo nem sub&eti!ismo

    4Partir da realidade4 parece mais claro do que , Oue , essa 4realidade4 de que se deve partir e em tornoda qual se vai dialo'arF ( a realidade do po$o+ isto ,+ a realidade tal como o povo a vive e sente

    Portanto+ no se trata+ em primeiro lu'ar+ de uma realidade bruta e externa+ tal como um analista de forapudesse apreend%#la+ ou tal como o a'ente externo a entenderia !o+ trata#se da realidade que envolve opovo e na qual o povo est$ envolvido 3qui+ conv,m evitar a iluso do o!%eti$ismo+ que entende a realidade

    como al'o de meramente objetivo+ de exterior ao povo!o se trata tamb,m da realidade tal como se exprime nos desejos expressos+ nas expectativasmanifestas e nos interesses imediatos do povo 3 questo donde arranca+ o processo da reflexoconscienti*adora no ,. 42 que , que voc%s queremF4 1e se entra por ai+ cai#se no su!%eti$ismo+ onde semovem as id,ias alienadas do povo+ seus sonhos ut&picos e seus desejos falseados

    ( claro+ se o 'rupo manifesta um desejo ou expectativa determinada deve ser respeitado e levado as,rio as o a'ente tem o dever de questionar tal desejo+ de problemati*ar tal expectativa D$ que partirevidentemente da) enquanto ponto de partida t$tico ou did$tico ( poss)vel que+ na discussoquestionadora+ tal expectativa se mostre insistente e consistente Ento+ h$ que tomar aquele ponto comoponto de arranco metodol&'ico

    /ealidade: problemas e lutas do po!o

    4Partir da realidade4 ,+ em primeiro lu'ar+ partir de situaes que afetam a vida do povo "rata#se aqui deproblemas que so sentidos como 4desafios4 e que pedem soluo "rata#se particularmente de 4conflitos4que atin'em a vida do povo e exi'em uma tomada de posio

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    4Partir da realidade4 ,+ tamb,m+ partir das respostas que o povo est$ dando aos problemas e conflitos1o suas lutas. de fu'a+ resist%ncia ou avano 3qui se levam em conta as pr$ticas concretas do povo"rata#se aqui de perceber o aspecto positivo da realidade. as reaes do povo 9s suas dificuldades reais

    Pela reflexo das pr$ticas e lutas do povo se pode captar tanto o n)vel de consci%ncia como o estado deexist%ncia em que se acha uma comunidade determinada Pois , na pr$tica que se revela e se d$ a unioentre o aspecto subjetivo /inteno+ saber+ si'nificao0 e o aspecto objetivo /circunst5ncia+ condies+situao0 da 4realidade concreta4 em que vive o povo

    ( preciso+ portanto+ no esquecer de incluir na 4realidade do povo4 a componente importante que , a suapr$tica. reaes+ respostas e lutas do povo !o se fixar+ pois+ apenas nas situaes objetivas 3li$s+ paraum 'rupo que j$ tem uma certa caminhada+ as pr$ticas j$ fa*em parte inte'rante o mesmo principal dapr&pria situao Pois ai+ a situao no , mais tanto a opresso sofrida /4problemasJ0+ mas a reao ativa 9opresso /4lutas40

    E isso , tanto mais importante quando se quer caminhar em linha de continuidade com o que j$ existe+mesmo 'erminalmente+ na caminhada do povo

    /e!iso de um trabalho

    4Partir da realidade4 pode ser+ em certos casos+ partir de uma ao determinada em termos de revisoou avaliao !esta se toma uma operao bem definida para ser submetida a critica e ao discernimento

    3 import5ncia de avaliar um trabalho , situ$#lo dentro de uma trajet&ria ou de um projeto mais amplo

    Pois , a) dentro que ele adquire um sentido. se si'nifica um avano+ um desvio ou+ quem sabe+ um recuo1em isso+ o trabalho arrisca de se perder como al'o de isolado e aned&tico3 reviso deve evidentemente ser feita em conjunto+ com todos os envolvidos+ inclusive para se perceber

    como se deu o envolvimento de cada parte /comisses v$rias+ etc0 no todo3l,m disso+ a avaliao tem a virtude de res'atar retroativamente erros cometidos na execuo Pois um

    erro reconhecido e corri'ido , um acerto Um fracasso assumido j$ , um passo em frente !ada h$ deirrevers)vel e definitivamente perdido em termos de processo hist&rico

    !aturalmente+ no basta assumir os erros moralmente ( preciso ainda e sobretudo descobrirracionalmente suas causas 1& assim se podero deles tirar lies para evit$#los no futuro

    !a verdade+ o erro no deve ser entendido como o contr$rio da caminhada+ mas como parte inte'rante einevit$vel da mesma -mposs)vel haver percurso sem acidentes ou obst$culos 2 realismo manda contarcom eles e no se decepcionar ou desesperar quando acontecem

    Essa concepo do erro vale sobretudo para o a'ente externo+ especialmente reli'ioso 6e fato+ o

    a'ente externo custa se habituar a este fato. que o povo vive na opresso8 que , continuamente reprimido evencido8 que sua condio dominante , a de ser constantemente derrubado no cho+ embora se levantesempre8 que vive sendo derrotado+ ainda que no destru)do

    E isso vale mais ainda para o a'ente pastoral Pois este parece ter mais dificuldade em admitir o risco/por excesso de 4prud%ncia40 e em absorver o erro /por *elo exa'erado de 4pure*a40

    as esta parte ne'ativa , apenas um aspecto da reviso -mporta perceber tamb,m e mais ainda ospontos de lu*+ os sinais de vida e as foras de esperana+ por menores que sejam+ dentro da caminhadamaior

    6e resto+ tal , a descoberta ulterior que fa* o a'ente externo quando convive com o povo 1uperado ochoque inicial 9 vista da opresso permanente do povo+ ele se d$ conta que o povo oprimido tem umaintensidade de vida impressionante -sso ele pode not$#lo na capacidade de sofrer+ na 'enerosidade emlutar+ nas ami*ades+ nas relaes familiares e amorosas+ nas festas e devoes+ etc Ler$ ento que tudoisso revela uma fora e um vi'or que deixam para tr$s+ de anos#lu*+ a vacuidade+ frivolidade e balofo da

    vida bur'uesa e de suas manifestaesUma condio importante quanto 9s revises , o a'ente /mas isso vale para todos0 manter asolidariedade a todo preo com o po$o+ tamb,m e sobretudo nos momentos de fracasso esmo no erro+ apresena do a'ente , fundamental+ no certamente para se solidari*ar com o erro+ mas para ajudar acomunidade a assumi#lo e res'at$#lo ( s& nesse sentido e com essa inteno que vale o dito. 4( prefer)velerrar com o povo que acertar sem ele4

    !esse contexto tem lu'ar tamb,m a autocr)tica+ na medida em que , sincera e livre+ e a h,tero#critica+ namedida em que , fraterna e respeitosa

    Captulo 1; - Se"undo tempo: &ul"aro que dissemos h$ pouco sobre a avaliao de um trabalho j$ tinha#se antecipado a este se'undo

    tempo. o jul'ar as nisso no h$ problema 2 ritmo em tr%s tempos. ver+ jul'ar e a'ir no deve ser

    aplicado de modo r)'ido 2 mais das ve*es esses tr%s momentos se superpem nas diferentesintervenes E isso sem inconveniente+ antes oportunamente 3 import5ncia da distino no est$ na suasucessividade /que pode ter uma utili*ao pr$tica+ ou melhor+ pra'm$tica+ tal como or'ani*ar e disciplinar odesenvolvimento de um encontro0+ mas em indicar+ se no os tempos+ pelo menos os elemento ou n)veis

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    essenciais de uma reflexo. os dados ou descrio de uma situao /ver0+ sua an$lise /jul'ar0 e a ao quese impe em conseq:%ncia

    4Nul'ar4+ nesse se'undo momento /ou elemento0+ tem valor de analisar+ examinar+ refletir o que h$ 4portr$s4 do que aparece+ o que tem 4por baixoJ do que est$ acontecendo

    Esta tentativa de superar as apar%ncias , que define a 4consci%ncia cr)tica4 "rata#se de ver e captar ascausas ou 4rai*es4 da situao

    -sso , necess$rio+ porque a realidade social+ a partir da qual se arranca+ no , simples e transparenteEla , complexa+ contradit&ria e opaca

    Esta tarefa , reali*ada+ como sempre+ em conjunto as no , simplesmente 9 fora+ de refletir que seche'a 9s ra*es dos problemas 3l,m de di$lo'o , preciso dial,tica 2 passo 4transitivo4 da 4consci%nciain'%nua4 9 4consci%ncia cr)tica4 no se d$ espontaneamente 6onde o papel indispens$vel do a'ente Poissem teoria critica no h$ pr$xis transformadora

    Este tem uma funo particularmente importante no momento exato da explicao ou compreenso doassunto em pauta. uma situao ou uma luta 3qui no basta 4trocar id,ias4 Precisa#se estudar e aprender

    # "rau de consci+ncia poss!el

    Em termos metodol&'icos+ trata#se de passar da 4consci%ncia real4 para a 4consci%ncia poss)velJ 2useja. o que importa , ver qual , o passo que a comunidade deve dar em frente para ver melhor e maisclaramente poss)vel Gala#se aqui tamb,m em 4elevar o n)vel de consci%ncia4 do povo

    3 noo de 4consci%ncia poss)velJ+ ou do 4novo passo4 ou 4nova lu*4 no processo de conscienti*ao ,importante para se fa*er frente a toda tentativa de doutrinarismo que quer enfiar na cabea do povo todo umsistema te&rico+ uma ideolo'ia pr,#fabricada Uma teoria social 'lobal /tal a an$lise dial,tica0 se transformaem do'matismo quando , usada assim+ de modo catequ,tico e do'm$tico

    ( claro que o a'ente tem por obri'ao oferecer ao povo ou colocar 9 sua disposio instrumentoste&ricos de interpretao social as isso deve ser feito peda'o'icamente+ isto ,. se'undo o interesse dopovo e ao modo dele 3ssim+ a populari*ao da an$lise cr)tica da realidade social deve se'uir osinteresses+ o ritmo e a cultura /ou modo de ser e pensar0 do povo !o fundo+ a questo da teoria cr)tica di*sociedade no est$ sendo atualmente o que+ mas o como !o , tanto questo de ci%ncia quarto depeda'o'ia e metodolo'ia

    E , evidente que o 4'rau de consci%ncia poss)vel4 vai junto com o 4'rau de ao poss)vel4 ( preciso+pois+ proporcionar o 'rau de consci%ncia 9s exi'%ncias da pr&pria realidade e pr$tica

    3'ora+ se o a'ente acelera artificialmente a formao da consci%ncia com relao ao processo da pr$tica

    concreta+ cria#se a) um descompasso peri'oso+ uma esp,cie de contradio entre a cabea e as mos+entre a teoria e a pr$tica Essa defasa'em leva 9s formas est,reis de radicalismo. revolucionarismo+conspiracionismo+ revolta+ utopismo+ etc

    *ercepo crtica do sistema como um todo

    Em termos de m,todo+ talve* se deva aqui levar mais em conta a diferena entre as duas fasesfundamentais da consci%ncia. a in'%nua , a cr)tica+ com suas respectivas din5micas

    Pois , de se notar que 4novo passo4 no si'nifica apenas saber mais al'uma coisa acerca da pr&priarealidade -sso vale numa primeira fase+ at, que se d% o salto qualitativo da 4consci%ncia critica4 Esta+ j$ deposse a uma viso 'eral da sociedade+ passa a questionar o sistema todo 3 partir de ento+ 4novo passo4 ,uma nova lu* e uma compreenso maior do mesmo sistema em sua 'lobalidade

    Por isso mesmo nada impede que possa haver um estudo mais sistem$tico e or'5nico da sociedade+

    especialmente para 'ente do povo j$ mais experimentada e num contexto mais livre de formao te&rica3li$s+ cursos assim se revelam necess$rios a partir de certo momento da caminhada popular+ em funomesmo da pr$tica que se vai assumindo as aqui a teoria cr)tica ou dial,tica da an$lise social precisaainda ser redefinida dentro do universo da cultura e lin'ua'em do povo e+ mais ainda+ ser redescoberta erecriada a partir de sua pr&pria experi%ncia e pr$tica 1& assim ela mant,m sua vitalidade e seu car$terinstrumental 2u seja. s& assim ela poder$ ser controlada pelo povo e submetida aos seus interesses maisaltos

    #

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    6este modo+ no campo da metodolo'ia pastoral+ o 4ver4 deve j$ incluir o 4jul'ar4 anal)tico ( ento um4ver4 cr)tico+ que+ em epistemolo'ia teol&'ica+ se convencionou chamar de 4mediao s&cio#anal)tica4 N$ o4jul'ar4 representa ento um momento especial e pr&prio+ que no encontra correspondente adequado nametodolo'ia da reflexo popular comum as voltaremos ainda 9s questes espec)ficas que coloca om,todo da pastoral popular

    Basta aqui notar a diferena de terminolo'ia e mesmo de momentos /ou elementos0 nos diferentestrabalhos populares 2 que+ contudo+ no vem quebrar a din5mica metodol&'ica como tal. esta se verificaaqui e l$ sob formas distintas+ mas dentro de um movimento s&

    Captulo 11 - ,erceiro tempo: a"ir2 di$lo'o h$ de levar para o compromisso+ para a ao de transformao !o+ evidentemente+ que tal

    deva ocorrer em cada encontro+ mas no processo 'eral da reflexoOuando se fala aqui em 4a'ir4+ trata#se naturalmente de propostas de ao e no ainda da ao concreta

    como tal

    # passo poss!el

    Para o a'ir+ , da maior import5ncia ater#se 9 re'ra da 4ao poss)vel4+ ou do 4passo poss)vel4 Poroutras. h$ que perceber qual , o 4hist&rico vi$vel4 !o o que se 4'ostaria4 de fa*er !em o que se 4deveria4fa*er as o que se 4pode4 efetivamente fa*er

    Ouerer fa*er mais que o poss)vel , como querer 4dar o passo maior do que a perna4 ( queimar asetapas 2ra+ , nesse peri'o que pode cair o a'ente+ mais tentado de idealismo /ou irrealismo0 que o povo+em 'eral

    Ouerer 4forar a barra4 pode ser contraproducente e resultar em recuo 3qui o revolucionarismo tem omesmo efeito que o reacionarismo. os extremos se tocam -sso acontece quando no se analisamcorretamente as possibilidades da situao+ ou seja. as condies concretas de luta

    2s dois erros nesse sentido so conhecidos.a0 o voluntarismo+ quando s& se conta com a disposio subjetiva do povo+ sem levar em conta as condies

    reais da ao e a correlao das foras em presena8b0 o espontane)smo+ quando se confia que o processo vai por si s& levar a luta de modo determin)stico

    Para encontrar o caminho certo da ao no se pode nem superestimar e nem subestimar asdificuldades do povo e a fora de seus advers$rios 3 apreciao concreta das relaes de foras em jo'o

    deve ser obra Vdos que esto em questo Por isso+ nesse terceiro tempo+ o trabalho do a'ente externodeve ficar mais recuadoEm particular+ numa situao em que a correlao de foras , extremamente desi'ual ou desfavor$vel

    tomar a ofensiva e atacar , temeridade 1i'nifica buscar o fracasso E empurrar o povo para l$ , umairresponsabilidade !essas condies+ sustentar as posies j$ conquistadas+ resistir+ no ceder+ ou+ na piordas hip&teses+ recuar um pouco para no ceder de todo+ ou seja. adotar uma posio de conservar oquanto poss)vel os passos dados+ si'nifica+ j$ uma vit&ria Oualificar

    tudo isso de tradicionalismo ou conservadorismo , fruto de uma cabea idealista+ que toma seus sonhospela realidade

    Oual seja o passo poss)vel # isso no se sabe apenas por an$lise+ mas tamb,m por experi%ncia e portato pol)tico Por isso+ nada dispensa o risco Em ocasies que parecem oportunas+ , preciso tentar D$chances que se perdem e no voltam mais 6e resto+ h$ possibilidades hist&ricas que s& se tornam tais apartir da confiana e ousaV dia dos que nelas se empenham ( o sentido do 4fa*er a hora+ sem esperar

    acontecer4

    *ara dar um passo em frente

    3 caminhada do povo pode ser acelerada+ em primeiro lu'ar+ por estas chances ou oportunidadeshist&ricas /air&s0 "rata#se de conjunturas ricas+ em que se d$ uma esp,cie de condensao hist&rica (uma crise+ um fato marcante+ uma eleio+ uma perse'uio+ etc 1e aproveitados+ esses momentos podemser uma ocasio propicia para a comunidade dar um salto qualitativo

    Existe um se'undo elemento que favorece a acelerao da consci%ncia e or'ani*ao do povo ( ocontacto com a experi%ncia ou pr$tica viva de outros 'rupos mais avanados "al contacto pode se dar napr&pria pr$tica ou mesmo em encontros de reflexo Estes marcam para muitos um ponto de arranco ou umsalto decisivo !a verdade+ povo no , apenas o povo com que se trabalha ( uma entidade social maiorcom o qual se mant,m laos hist&ricos

    Em terceiro lu'ar+ o que favorece ainda a marcha do povo , o ambiente social que se cria e que

    impre'na de certo modo a todos ( o que sucede nas $reas j$ mais trabalhadas por todo um processo deluta e em al'umas i'rejas que t%m uma pastoral de conjunto assumida+ de corte popular

    6e todos os modos+ importa 'uardar o ritmo da caminhada+ sem queimar etapas e sem tamb,m ficarpatinando Esta questo toca sobretudo o a'ente+ pela facilidade e tend%ncia que tem em totali*ar o

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    processo hist&rico na pr&pria cabea 3o contr$rio do povo+ que reali*a sua totali*ao a partir dasexperi%ncias e das projees que elas permitem 2u seja. a partir das mos e do que elas plasmam

    Gorar o passo s& pode levar a iniciativas sect$rias e 9 diviso no meio do povo !a verdade+ aprecipitao artificial e sect$ria da luta s& pode ser assumida por poucos+ resistindo a 'rande maioria porquestes de simples bom senso

    3ssim+ pretender+ desde o primeiro encontro+ que um 'rupo se comprometa na pol)tica direta ,+ o maisdas ve*es+ pRr o 'rupo a perder 4( melhor dar um passo com mil do que mil passos com um4 Por isso+importa sobretudo que a discusso che'ue a um consenso fundamental+ seno 9 unanimidade+ quando setrata de comprometer todo o 'rupo numa ao vital

    'tapas e tipos de ao

    ( claro+ para or'ani*ar concretamente um trabalho+ para sua preparao imediata , convenientedistribuir as v$rias tarefas e tirar uma comisso ou 'rupo especial para viabili*ar as decises coletivas

    Em termos das etapas da caminhada+ a experi%ncia mostra que um 'rupo vai normalmente das tarefasde n)vel comunit$rio /entreajuda0+ passando pelas lutas de bairro /melhorias0+ che'ando 9s do sindicato at,9 questo do sistema pol)tico 'lobal /partido+ etc0

    Ouanto aos tipos de ao concreta+ sabe#se que existem.a0 aes autRnomas do povo /mutires+ etc08b0 aes reivindicativas /abaixo#assinados+ manifestaes+ etc08c0 e aes de or'ani*ao+ seja para fundar ou para recuperar al'um &r'o popular /sindicatos+ associaes+

    etc0( s& o discernimento coletivo que poder$ decidir se tal ou tal melhoria deve ser exi'ida das autoridadescompetentes ou se deve ser assumida pela pr&pria comunidade 3 re'ra+ contudo+ parece ser. o que um&r'o pblico pode e deve dar+ seja dele exi'ido+ assumindo o povo s& o que no h$ condies de obter deoutro modo

    Ouanto 9s aes de or'ani*ao+ elas t%m a virtude de permitir a continuidade e a coeso da caminhadado povo Pois elas di*em respeito justamente aos instrumentos de luta do povo e no a lutas parciaisEstas+ uma ve* findas+ podem fa*er recair o processo Com a or'ani*ao no se tem apenas ovos+ masuma 'alinha poedeira de ovos 3ssim+ mediante a or'ani*ao+ sempre somada 9 reflexo permanente+pode#se manter a continuidade e o crescimento do trabalho 6ai sua import5ncia fundamental

    Captulo 1 - 6II7 etodolo"ia da ao direta: 1=7 a"ir con&untamente

    3qui colocaremos al'umas indicaes concretas para o momento da pr$tica direta 1o al'umassu'estes soltas+ que a experi%ncia mesma ensinaEssas indicaes so normalmente levadas em conta no momento anterior # o da reflexo+

    particularmente na hora do 4a'ir4+ ou seja+ da elaborao das propostas de ao Por isso+ poderiam ter sidocolocadas l$+ pois , l$ que elas ho de ser ajui*adas as porque devem ser levadas em contaparticularmente no processo mesmo da ao+ vamos coloc$#las nesta seo

    Esta parte # a da ao direta # depende muito mais do tato+ da habilidade /a metis 're'a0 e por isso daexperi%ncia que de estudos e reflexes 1e a educao j$ , uma arte /um saber#fa*er0+ a pol)tica /entendidaaqui como toda forma de ao coletiva0 o , mais ainda

    E evidente que a experi%ncia hist&rica oferece lies para todos as a experi%ncia dos outros nodispensa que+ em nome pr&prio+ cada um faa a sua 3 experi%ncia como tal , intransmiss)vel+ embora noo sejam seu relato e seus ensinamentos

    A"ente: a"ir &unto

    Evidentemente a primeira qualidade de uma ao coletiva , sua coeso ou entrosamento interno 2imperativo da unio vale para todos+ mas mais ainda para o a'ente !o momento da ao /do 4pe'a40 oa'ente+ mesmo e sobretudo o externo+ h$ que estar junto com o povo

    1e a reflexo se fa* junto+ em termos de di$lo'o ou partilha da palavra+ a ao tamb,m deve serexecutada conjuntamente Portanto+ importa acompanhar o povo em sua caminhada

    Com efeito+ o a'ente+ embora venha de fora+ fa* parte do processo e do povo Ele assumiu a causa dosoprimidos e sua caminhada Por isso deve acompanh$#los e assumir com eles

    as qual , o lu'ar do a'ente no processo vivo da aoF ( claro+ o a'ente no pode substituir o povo+adiantar#se e se tomar como o representante do povo -sso s& , poss)vel ao a'ente interno+ realmentepopular+ ou ao a'ente externo que est$ f)sica e or'anicamente inserido no meio do povo+ seja pela moradia+seja pelo trabalho

    >u"ar da direo na ao direta

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    2 a'ente externo no deve normalmente ter a liderana da ao popular as isso no quer di*er queno possa e deva ir junto+ participar+ acompanhar+ enfim+ marcar presena Claro+ trata#se sempre de umapresena qualificada # o povo o sabe+ bem como todos os que eventualmente esto confrontados com a ditaao+ como os opressores

    Por seu lado+ a direo ou coordenao de uma iniciativa popular deve+ ela tamb,m+ estar bemposicionada Namais a'indo s& "amb,m no se trata de estar necessariamente 9 frente+ no prosc%nio doteatro Uma visibilidade ostensiva pode prejudicar a ao coletiva Primeiro+ porque revela o car$ter diri'istede uma ao. esta se mostrar$ como controlada por cpulas 1e'undo+ porque expe a direo 9 mira dosataques advers$rios+ comprometendo assim toda a ao 2 povo caminha como tartaru'a. com a cabeaprote'ida

    3ssim+ a ao popular deve ser e+ por isso mesmo+ parecer uma ao coletiva+ assumida por todos Porisso+ o lu'ar normal da direo no , atr$s+ prote'ida das balas+ mas tamb,m nem 9 frente+ expostafacilmente ao ataque+ por,m+ no meio do povo Claro+ no para se defender+ mas para animar a luta

    Captulo 1% - 6II7 etodolo"ia da ao direta: =7 ?alori@ar cada passodado

    3s id,ias de 4pol)tica4+ 4revoluo4+ 4hist&ria4 e 4pr$xis4 suscitam ima'ens de 'rande*a e excel%nciainatin')veis Elas carre'am uma tal conotao de sonho e utopia que condensam todo o desejo de plenitudede uma exist%ncia alienada 2 a'ente+ por ser um intelectual+ , particularmente vulner$vel a essa seduo

    idealista E que se d$ a) mais import5ncia ao projeto que ao processo 1im+ mudana do sistema. , o quese quer+ mas , mais ainda o que se fa*!o h$ dvidas. h$ momentos de ruptura+ de saltos em frente as estes s& acontecem ap&s um lar'o

    per)odo de 4acumulao pol)tica4Esta , que cria as condies de uma 4revoluo4Por isso mesmo+ , preciso comear e se'uir em frente E se comea sempre como a semente "odos os

    comeos verdadeiros so comeos de humildade Uma comunidade cresce a partir dos pequenosproblemas que sente e tem possibilidade de solucionar /4passo poss)vel40

    2ra+ os 4pequenos problemas4 no se opem aos 4'randes problemasJ !a dial,tica social+ os4pequenos problemas4 no so tanto parte dos 'randes # os nicos di'nos de ateno 1o antes reflexo etraduo dos 'randes

    6e fato+ para poder entender corretamente qualquer problema+ por menor que seja+ , preciso situ$#lodentro do seu contexto social mais amplo Por exemplo+ quando se toma a questo da fam)lia+ da escola ou

    da sade+ acaba#se sempre levantando o problema do sistema social vi'ente 1eja l$ qual for a porta deentrada+ che'a#se sempre ao ncleo da questo+ que , o modo de or'ani*ao social Ouer di*er que umproblema particular , caminho do universal

    Claro+ esta vinculao /que d$ a si'nificao pol)tica de um problema determinado0 pode ser maior oumenor Certamente ela no es'ota o sentido daquele problema /a pol)tica no , tudo0+ mas ela indica hojeseu sentido dominante

    Por tudo isso+ o a'ente h$ de estar extremamente atento a cada passo+ a cada pequena luta do povo+desde uma reunio participada+ at, uma marcha+ passando por uma ao de entreajuda ou a reali*ao deum projeto de promoo social

    Basta que aqui se si'am dois crit,rios b$sicos.>Y0 que aquela ao v$ na boa direo+ isto ,+ que si'nifique um passo em frente na linha da mudana

    do sistema8AY0 que a ao seja assumida peio povo como sujeito possivelmente prota'Rnico da mesma

    Lalori*ar as pequenas lutas no , nelas se compra*er+ mas consider$#las dinamicamente como de'rausnecess$rios para uma ascenso maior ( justamente porque a caminhada , lon'a e o termo luminoso quecada passo+ por menor que seja+ possui seu valor pr&prio

    Captulo 1( - 6II7 etodolo"ia da ao direta: %7 Articular ospassos com o ob&eti!o final

    B!eis da ao

    Em toda ao popular importa levar em conta estes tr%s n)veis.>Y0 o objetivo final+ que , concretamente a transformao da sociedade+ o sur'imento de uma nova

    sociedade Esse objetivo pode ser mais ou menos definido+ Pode ter traos ainda ut&picos /ideal de uma

    sociedade reconciliada0 ou j$ pol)ticos /como o projeto 4socialista40 3 definio do objetivo ou idealhist&rico depende do pr&prio processo de crescimento da consci%ncia e das lutas de um povo8AY0 as estrat,'ias+ que constituem as 'randes linhas de ao+ ou seja+ que traam o caminho para

    che'ar ao objetivo final8IY0 as t$ticas+ que so os passos concretos dados dentro das estrat,'ias para se che'ar 9 meta ou

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    objetivo -mporta+ neste sentido+ valori*ar as 4astcias4 que o povo adota para poder sobreviver e ludibriarseus opressores Esta 4arte dos fracos4 espera ainda um maior reconhecimento e aproveitamentopeda'&'ico e pol)tico

    2 quanto poss)vel+ , preciso ser claro nos objetivos+ firme nas estrat,'ias e flex)vel nas t$ticas Glex)velnas t$ticas si'nifica que se pode e deve 9s ve*es alterar a t$tica e at, recuar quando as circunst5ncias oexijam Em particular+ , preciso ter uma 'rande sensibilidade no sentido de acompanhar e respeitar adin5mica viva da ao popular no momento em que ela se processa /numa manifestao+ por ex0 3) osdiri'entes t%m que juntar habilmente a firme*a da estrat,'ia com a elasticidade das t$ticas+ para noquebrar o movimento em curso e permitir assim que o povo se afirme e avance

    Estes tr%s n)veis se reprodu*em em escala menor para qualquer projeto social mesmo parcial

    # passo !ale por sua orientao

    2 importante , que qualquer ao se mantenha orientada na direo de seu objetivo final as orientadadialeticamente+ como um caminho de montanha que+ apesar de todas as suas voltas /t$ticas0+ vaifundamentalmente /estrat,'ia0 para o cume /objetivo0 2u como o rio+ que contornando montanhas ousaltando em cachoeira /t$tica0 se'ue firme /estrat,'ia0 na direo do mar /meta final0

    Ento+ o que conta no , o passo como tal+ mas sua orientao+ isto ,+ sua articulao com o projeto'lobal da ao 2 peso de uma ao lhe , dado por seu rumo ou direo

    !esse sentido+ , falsa a disjuntiva sum$ria. reforma ou revoluo Pois uma reforma pode ter contedorevolucion$rio ( quando assume uma orientao revolucion$ria+ isto ,+ quando si'nifica um passo a mais

    na linha da transformao social 3 disjuntiva real ,. reformismo versus revoluo+ pois a) a reforma nocoloca mais em perspectiva a criao de uma nova sociedade+ mas a simples continuidade /melhorada0desta

    Por outro lado+ a fora transformadora de uma ao pode ser naturalmente maior ou menor -ssodepende dos crit,rios j$ mencionados. o quanto ela avana na direo de uma nova sociedade+questionando necessariamente a atual e o quanto a ao , assumida pelos oprimidos # crit,rio esse queno fa* seno uma s& coisa com o anterior+ como sua condio essencial

    *ara que a luta no esmorea depois de uma !itria

    3 articulao passo#objetivo no , ainda entre aes diversas+ como veremos no pr&ximo ponto+ masentre uma ao material e seu objetivo ideal+ que aquela ao vai encarnando 3 relao ,+ pois+ entre umainst5ncia real e uma inst5ncia de representao /um projeto+ um hori*onte+ etc0 6onde a import5ncia doideol&'ico /teoria e projeto0 para o pr$tico

    3 articulao passo#objetivo , uma s)ntese pr$tico#te&rica. , um ato pr$tico porque se d$ na ao+ mas ,tamb,m al'o de te&rico porque essa ao deve se situar dentro de um projeto+ o que somente , poss)velatrav,s da reflexo

    Por isso+ para se manter a continuidade de um trabalho+ que arrisca sempre de se satisfa*er com suasconquistas parciais+ , preciso.

    >Y0 umpro%eto &istrico+ que v$ se definindo de forma crescente e que constitua a meta da caminhada+como o destino da via'em para o viajante8

    AY0 uma reflexo+ que v$ medindo continuamente a dist5ncia entre o que est$ ai e o destino final8IY0 por fim uma organi#ao+ que leve 9 frente de modo constante a caminhada+ a'indo e refletindoGaltando um desses tr%s elementos+ a luta 4cai4

    A instDncia utpica

    2 projeto hist&rico adquire um perfil concreto no seio da utopia+ do ideal ou do sonho Ento+ a4sociedade justa4 'anha os traos de um 4socialismo4 bem determinado

    Contudo+ a inst5ncia ut&pica ou escatol&'ica no desaparece Ela inspira a criao de projetos hist&ricose alimenta a esperana dentro da caminhada concreta 43i das revolues que no sonhamM4 /P Greire0

    3 condio que seja uma via'em ao futuro a partir do presente e em funo dele+ o sonho ut&pico d$sade e vi'or 9 pr$tica 6a) a import5ncia de a comunidade viver momentos de poesia e celebrao dofuturo absoluto Para isso a reli'io oferece recursos sem i'ual e uma 4esperana contra toda esperanaJ

    otor da hist&ria , a luta pela justia+ sim+ mas animada pelo desejo+ pela fantasia e pelo cantoM

    Captulo 1 - 6II7 etodolo"ia da ao direta: (=7 Somar forasPara uma comunidade avanar+ al,m de unir as foras dentro+ , preciso se unir com outras foras fora

    dela -sso se d$ em v$rias direes>0 ultiplicar os 'rupos que t%m o mesmo objetivo seja ele reli'ioso+ sindical+ partid$rio+ cultural+ etc Hrupos

    homo'%neos t%m mais facilidade de se unir e lutar por objetivos comuns 3ssim acontece com uma rede deCEBXs+ uma Gederao sindical+ etc

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    A0 Wi'ar#se a outros 'rupos populares. associaes de moradores+ clubes de mes+ sindicatos+ CEBXs+ etcClaro+ tal unio s& pode se dar em torno de objetivos bem concretos+ tal uma luta de interesse comum

    I0 Envolver todo o bairro ou mesmo o munic)pio rural em al'uma ao coletiva de interesse comum

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    saibam tanto se auto'erir como resistir+ criticar e mudar os respons$veis do poder /mesmo entendido comocoordenao0

    3 formao de 4animadores4 populares , um dos aspectos mais importantes para a autonomia do povoPois at, que os diri'entes do povo no so populares /ou pelo menos populari*ados0+ o povo ser$ sempremal representado. acaba sendo primeiro substitu)do+ depois preterido e finalmente subju'ado por seuspretensos 4lideres4

    Captulo 14 - *astoral popular: confronto reli"io3!ida3 f&rmula 'eral teoriaKpr$xis se tradu* em termos pastorais na f&rmula f,Ka'ap, !a 4pastoral social4 fala#

    se mais comumente em evan'elhoKvida ou reli'ioKcompromissoEm particular+ em nosso contexto latino#americano de hoje+ essa f&rmula 'eral se concreti*a em

    f,Kpol)tica E para desi'nar o m,todo de unir esses dois termos fala#se em 4comparaoJ+ 4interpelaoJ+4confronto4+ 4correlao4 e at, em 4dial,tica4

    Oual , o ponto de partida da pastoral popularF ( o ponto de partida comum a todo trabalho popular. arealidade do povo -sso se pode ver na pr$tica peda'&'ica de Nesus /par$bolas+ mila'res+ etc0+ comotamb,m na melhor tradio pastoral da -'reja

    Contudo+ a realidade do povo , a realidade do povo e no necessariamente a do a'ente 2ra+ do pontode vista pastoral+ a realidade do povo pode ser tanto um problema material /doena+ empre'o+ etc0 comouma questo reli'iosa /um batismo+ uma b%no+ etc0 -sso depende do tipo de comunidade e do seu 'raude consci%ncia

    6e todos os modos+ seja que se entre pelo reli'ioso ou ento pelo social+ o importante , que se li'uesempre uma coisa com a outra. que o reli'ioso leve at, o social e que o social passe pelo reli'ioso ( nessadial,tica que se desenvolve a pastoral popular

    as porque a pr$tica+ nesse campo+ levanta al'umas questes particulares e su'ere al'umasorientaes+ queremos aqui nos deter em al'uns pontos

    Efetivamente+ at, a'ora explicitamos a metodolo'ia do trabalho popular em 'eral+ independentementede seus contedos espec)ficos. sindical+ partid$rio+ sanit$rio+ pastoral+ etc 3'ora temos que nos deter umpouco na metodolo'ia da pastoral popular em funo de seu contedo pr&prio. a viv%ncia da f, pelo povo

    Captulo 15 - Corno li"ar f) e *oltica

    # po!o sempre li"a f) e !ida$Por um lado+ coloca#se freq:entemente a questo. como levar um 'rupo+ que 4s& fica na re*a4+ a seen'ajar ativamente nas questes sociaisF E esta ,+ na verdade+ uma per'unta objetiva

    Por outro lado+ di*#se que a li'ao f,Kpol)tica , um problema de a'entes /e0 intelectuais+ sendo que opovo+ ao contr$rio+