avaliaçao ingestão dri

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22/04/2020 1 Avaliação da adequação da ingestão de nutrientes utilizando a abordagem das DRIs Prof a Associada Lígia A Martini HNT 211 - 2020 www.nap.edu üInstitute of Medicine of the National Academies. Dietary Reference Intakes for Energy, Carbohydrates, Fiber, Fat, Protein, and Amino Acids (macronutrients). (2002). National Academy Press, Washington, DC. 2002 üInstitute of Medicine of the National Academies. Dietary reference intakes: aplications in dietary assesment. National Academy Press, Washington, DC. 2000 üMarchioni DML, Previdelli AN, Gorgulho BM, Steluti J. Uso das recomendações nutricionais para avaliação de consumo de indivíduos. In : Philippi ST & Aquino RC. Recomendações Nutricionais nos estágios de vida e nas doenças crônicas não transmissíveis. Manole, Barueri. 2017. pp 149- 165 üFisberg RM, Sales CH, Castro MAC. Usos das recomendações nutricionais para avaliação de consumo de grupos populacionais. In : Philippi ST & Aquino RC. Recomendações Nutricionais nos estágios de vida e nas doenças crônicas não transmissíveis. Manole, Barueri, 2017. pp 166-185 Referências Estabelecida em 1997 pelo IOM ( Institute of Medicine) elaborada por grupo de experts USA e Canadá EAR = Estimated average requirement Necessidade Média Estimada RDA = Recommended Dietary Allowances Ingestão Dietética Recomendada AI = Adequate Intake Ingestão Adequada UL = Upper Level Limite superior tolerável de ingestão Dietary Recommended Intake - DRIs

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Page 1: Avaliaçao Ingestão DRI

22/04/2020

1

Avaliação da adequação da ingestão de nutrientesutilizando a abordagem das DRIs

Profa Associada Lígia A MartiniHNT 211 - 2020

www.nap.edu

üInstitute of Medicine of the National Academies. Dietary Referenc eIntakes for Energy, Carbohydrates, Fiber, Fat, Protein, and Amino Acids(macronutrients). (2002). National Academy Press, Washington, DC. 2002

üInstitute of Medicine of the National Academies. Dietary referenc eintakes: aplications in dietary assesment. National Academy Press,Washington, DC. 2000

üMarchioni DML, Previdelli AN, Gorgulho BM, Steluti J. Uso dasrecomendações nutricionais para avaliação de consumo de indivíduos. In :Philippi ST & Aquino RC. Recomendações Nutricionais nos estágios de vidae nas doenças crônicas não transmissíveis. Manole, Barueri. 2017. pp 149-165

üFisberg RM, Sales CH, Castro MAC. Usos das recomendações nutricionaispara avaliação de consumo de grupos populacionais. In : Philippi ST &Aquino RC. Recomendações Nutricionais nos estágios de vida e nas doençascrônicas não transmissíveis. Manole, Barueri, 2017. pp 166-185

Referências

Estabelecida em 1997 pelo IOM (Institute of Medicine) elaborada por grupo de experts USA e Canadá

EAR = Estimated average requirementNecessidade Média Estimada

RDA = Recommended Dietary AllowancesIngestão Dietética Recomendada

AI = Adequate IntakeIngestão Adequada

UL = Upper LevelLimite superior tolerável de ingestão

Dietary Recommended Intake - DRIs

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ü Efeitos fisiológicos durante a vida

ü Prevenção de doenças crônicas

ü Estabelecimento de nível de ingestão que não traz riscos a saúde

ü Manutenção da qualidade de vida

• Avaliar dieta de indivíduos/ grupos

• Planejar guias alimentares

• Rotulagem de alimentos

Para quê serve?

É o nível de ingestão diária do nutrienteestimado para attender as necessidadesde 50% de indivíduos saudáveisem um particular estágio de vida e sexo

EAR (Estimated Average Requeriments)Necessidade média estimada

EAR

É o nível de ingestão do nutriente estimado para atender a necessidade de 98% de indivíduos de um determinado grupo segundo estágio de vida e sexo

RDA (Recommended Dietary Allowance)Recomendações Dietéticas

EAR RDA

2 DP

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AI (Adequate intake)Ingestão Adequada

Quantidade do nutriente ingerida por grupos de individuos saudáveis naimpossibilidade de estimar RDAs

EAR RDA2 DP

AI

• RDA e AI são valores de ingestão que podem minimizar o risco de desenvolver determinadas condições negativas relacionadas a um determinado nutriente

• Não necessariamente implicam em recuperar indivíduos depletados ou desnutridos e não atende as necessidades de

determinadas doenças que requerem ingestões elevadas

UL (Tolerable Upper Intake Level)Limite Superior Tolerável de Ingestão

É o valor mais alto de ingestão continuade um nutriente que aparentemente não oferece nenhum efeito adverso à saúdeem quase todos os indivíduos em um estágio de vida e sexo

EAR RDA2 DP

AI UL

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UL - Limite Superior Tolerável de Ingestão

ü NÃO é um nível de ingestão recomendado

ü À medida que a ingestão aumenta para além da UL, aumenta o risco potencial de efeitos adversos à saúde

ü O estabelecimento da UL deriva do crescimento das práticas de fortificação de alimentos e do uso de suplementos.

ü O UL se baseia na ingestão total do nutriente, compreendendo os alimentos, alimentos fortificados e suplementos

ü Os ULs não estão estabelecidos para todos os nutrientes

üA não existência de UL não significa que o nutriente se ingerido em excesso não apresente risco

Dietary Reference Intake (DRI)

Dados clínicos, bioquímicos, antropométricos

Necessidades de Nutrientes

Planejament ode Dietas

Grupo Indivíduos

EAR (AI)UL

RDA(AI)UL

Ingestão de Nutrientesa

a= alimentos + suplementos

Avaliação de Dietas

EAR (AI)UL

EAR (AI) UL

Grupo Indivíduos

Avaliação da ingestão em Grupos PopulacionaisFisberg et a l. Rev is ta de Saúde Públ ic a,2013.

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Utilizando a EAR como ponto de corte

ü Necessidade e Ingestão são valores independentes

ü A distribuição da necessidades é simétrica em torno da EAR (média = mediana)

ü Conhecer a ingestão média do grupo

ü A variabilidade da ingestão entre os indivíduos do grupo deve ser maior que a variabilidade das necessidades dos indivíduos

A prevalência de ingestão inadequada, é calculadacomo proporção do grupo com ingestão abaixo da mediana das necessidades (EAR)

Probabilidade (Z < EAR)

Z = EAR - média da ingestão do grupodesvio padrão da ingestão do grupo

DRIs em Grupos Populacionais

Ex: Ingestão Zn em adolescentes sexo feminino

Média da Ingestão = 11,1DP = 3,8EAR = 7,3

Z = 7,3 – 11,13,8

Z= -1 p = 0,158

Conclusão

15,6% das adolescentes tem ingestão de Zn inadequada

Sales et al, Br J Nutr, 2017

DRIs em Grupos Populacionais

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Consumo de Fósforo de 39 adolescentesde sexo masculino uma escola pública.

Dados referentes a três R24h

Fosforo

3200,03000,0

2800,02600,0

2400,02200,0

2000,01800,0

1600,01400,0

1200,01000,0

800,0600,0

400,0200,0

0,0

P

Freqüencia

30

20

10

0

MédiaEAR Média: 970 mg/dDP:331mg/dZ: 0,25EAR:1055 mg/d

•60 % de inadequação•40 % adequação

Quando o nutriente não tem EAR ?ü Pode-se comparar com valores de AI Calcula-se a proporção de

indivíduos que alcançaram a AI

Observação: Quando a média de ingestão do nutriente é igualou superior aos valores de AI pode-se sugerir que a probabilidade do grupo apresentar inadequação na ingestão é baixa

79%

84%

90%

83%

77%

Proporção de mulheresque alcançaram a AI

DRIs em Grupos Populacionais

Objetivos Recomendação Energia - FAO

Subsidiar ações governamentais práticas como:

ü Avaliar disponibilidade de alimentos,ü Planejar ações para produção de alimentosü Investigar quantas pessoas não alcançam a recomendação de energia

ü Possibilitar governos e organizações a planejar, monitorar e avaliar programas e politicas alimentares

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Fórmulas para adultos

Adequação de Energia - Grupos Populacionais

Avaliação da ingestão de indivíduos

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Avaliação da ingestão em Indivíduos

Na avaliação do indivíduo deve ser considerado:

ü Dados clínicosü Dados antropométricosü Estilo de vida, fumo, álcool, atividade físicaü Tipos de alimentosü Padrão habitual de alimentaçãoü Informação de ingestão de nutrientes dos

recordatórios ou registros alimentares

A ingestão do nutriente atende a necessidade do

indivíduo ?

ü Ingestão habitual: média de ingestãovariabilidade da ingestãoimpossível obter com precisão

ü Necessidade: Necessidade do indivíduo é desconhecida.Deve basear-se na distribuição das necessidades de um grupo de pessoas (EAR + CV)

Ingestão X Necessidade

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Apesar de não conhecermos nem anecessidade nem a ingestão habitual doindivíduo, ainda assim podemos fazerinferências sobre a adequação da dieta

ADEQUAÇÃO APARENTE

Fazemos isso comparando a média daingestão do indivíduo com a média danecessidade.

Para fazer esta comparação necessitamos

üMédia de n dias de ingestão do indivíduo

üVariabilidade intrapessoal da ingestão üMédia da necessidade (EAR)üVariabilidade da necessidade

Média da ingestão do nutriente

ü Estimar de forma mais acurada possível a ingestão dietética (alimentos + suplementos)

ü Uso de medidas repetidas:Mais de um R24 hRegistro de 3 diasRegistro de 7 dias

ü A precisão da média depende diretamente do número de dias avaliados

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Variabilidade intraindividual

üO comitê (DRIs) recomenda utilizar aestimativa da variação individual obtidaem estudos populacionais e não aobservada naquele indivíduo que estásendo avaliado

üOlhar a tabela a variabilidadeintraindividual do nutriente examinado

Média da necessidade

Como raramente temos como conhecera necessidade do nutriente naqueleindivíduo, usamos a EAR

EAR = média da necessidadedo nutriente para um determinado

estágio de vida e gênero

Variabilidade da necessidade

Como também há variação das necessidadesentre os indivíduos, necessitamos estimaresta variação = CV

CV - 10% e 15% (niacina)

DP = 0,1*EAR, niacina= 0,15*EAR

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Usando a EAR

Calcular a diferença (D) entre a ingestão média observada (M) e o valor da EAR do nutriente

D = M - EAR

DRIs em Indivíduos

Conhecer o desvio padrão da diferença D

O desvio padrão de D = DPD depende:

• Desvio padrão das necessidades (EAR) = 10 a 15%

• Desvio padrão da ingestão (variabilidade intra-

pessoal)

• Número de dias de ingestão disponível

DRIs em Indivíduos

Aplica-se então uma fórmula

Z = D/DPd = _____média - EAR__________

(VariânciaN + VariânciaIngestão/n)

Medida de probabilidade da ingestão estar adequada

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1)Média - EAR = 55 mg

Mulher de 40 anos Ingestão de Mg = 320 mg EAR = 265 mg

DPnecessidade = 26,5 mgDPingestão = 86 mg

2)DPD = Vn + (Vi ÷ n ) Variância = (DP)2

DRIs em Indivíduos

Vn = (DPn)2 = (26,5)2 Vn = 703,3 mg

Vi = (DPi)2 = (86)2 Vi = 7396 mg

n = 3 dias

DPD = Vn + (Vi ÷ n )

DRIs em Indivíduos

DPD= 56 mg DPD= 703,3 + 7396 ÷ 3

Razão entre D e o DPD (z)

Z= D/DPD= 55/56 = 0,98

D = 55 mg

DPD= 56 mg

DRIs em Indivíduos

Na tabela da curva Z o valor de p (probabilidade) que equivale a 0,98 é 0,83

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Conclusão do exemplo

A probabilidade da ingestão dessa mulher ter ingestão Mg adequada para seu estágio de

vida é de 83%

DRIs em Indivíduos

Situações em que essa abordagem não pode ser utilizada:

1. quando a distribuição da ingestão diária do nutriente não for normal (CV > 60 a 70%)

Nutriente Adultos 19-50 anos

Mulheres (n=2480)

Homens (n=2538)

DP CV (%) DP CV (%)

Vit. A (µg) 1300 152 1160 115

Vit. E (mg) 5 76 7 176

Magnésio (mg) 86 38 122 38

DRIs em Indivíduos

2. A distribuição das necessidades do grupo não é normal

Ex. Fe em mulheres em idade fértil

Situações em que essa abordagem não pode ser utilizada:

Nessas situações nenhuma alternativa pode ser oferecida

DRIs em Indivíduos

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De forma prática:

ingestão observada < EAR ingestão entre a EAR e a RDA

ingestão igual ou acima da RDA

ingestão muito acima da RDA

Ingestão inadequada

Ingestão adequada

muitos dias de observação

poucos dias de observação

DRIs em Indivíduos

E quando o nutriente tem somente AI ?

Representa a ingestão (não a necessidade), queprovavelmente, excede a verdadeira necessidade de quase todos os indivíduos do mesmo gênero e grupo etário.

DRIs em Indivíduos

Se a ingestão habitual do indivíduo excede aAI pode ser concluído, quase com certeza, quea ingestão do nutriente está adequada

Se a ingestão habitual está abaixo da AI nãoé possível estimar, quantitativamente, aprobabilidade de inadequação

Possibilidades

DRIs em Indivíduos

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Ingestão em relação aAI

Interpretação Qualitativa Sugerida

> ou = a AI A ingestão média e stáprova velmen te adequada seobservada por um grandenúmero de dias

< que a AI Nada se pode infe rir quan toao consumo do nutriente

Para os nutrientes cuja distribuição da ingestãonão é normal

DRIs em Indivíduos

ü É o nível de ingestão diár ia crônica de 1 nutriente(alimentos, suplementos, água e alimentosfortificados), que provavelment e não coloca em risco enão causa efeitos adversos

ü UL não representa a ingestão ótima ou desejável

Usando a UL

DRIs em Indivíduos

A UL deve ser usada somente

quando ingestão observada é elevada a

ponto de sugerir algum problema

DRIs em Indivíduos

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Para os nutrientes cuja ingestão não apresenta distribuição normal

Ingestão em relação a UL

Interpretação Qualitativa Sugerida

> ou = a UL Risco potencial de efei tosadve rso s se obse rvada po r umgrande número de dias

< que a UL A ingestão é p rova velmentesegura se observada po r umgrande número de dias

DRIs em Indivíduos

üParâmetros antropométricos (peso, altura)

üIdade, gênero

üNível de atividade física

üVariabilidade

Energia

DRIs em Indivíduos

Mulher, 33 anos, atividade física leve (Coeficiente deNAF = 1,12), 1,63 metros e 55 quilos

Energia (kcal) = 354,1 – (6,91 x 33) + 1,12 x (9,36 x 55 + 726 x 1,63) = 2028 kcal/dia

Considerar 2 DP

2028 kcal ± 2 x 160 = 1708 - 2348 kcal/dia

Exemplo

Sexo femininoEER = 354 - 6,91 x Idade + NAF x (9,36 x Peso + 727 x Altura)

Desvio Padrão = 160

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ü Diferente dos outros nutrientes – marcador biológico: peso corporal

ü IMC de indivíduos – desequilíbrio entre ingestão egasto energético.

Avaliação da ingestão de energia

Indivíduos com peso saudável (IMC 18,5 a 24,9 kg/m2)

Ingestão de energia habitual é adequada

ResumoUsos das DRIs para avaliação da

ingestão de nutrientes

EAR: usada para examinar aprobabilidade da ingestão habitualestar inadequada

RDA: a ingestão habitual igual ou acimadeste nível tem baixa probabilidadede estar inadequada

AI: a ingestão habitual igual ou acimadeste va lor tem uma baixa probabi lidadede inadequação

UL: a ingestão habitual acima deste va lorcoloca o indivíduo em risco de efeitosadversos devido à ingestão excessiva donutriente

ResumoUsos das DRIs para avaliação da

ingestão de nutrientes

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