safo e horacio
Post on 12-Aug-2015
105 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Safo 137 L-Pquero dizer-te uma coisa, mas me tolhe
o pudor [
...
fosse, o teu, um desejo por algo nobre e bom
não te estalassem na língua umas palavras feias,
nenhum pudor velaria os teus olhos
[e o que é certo tu dirias]
Tradução: Joaquim Brasil Fontes
Fonte: FONTES, J.B. Eros, tecelão de mitos. São Paulo: Iluminuras. 2002.
1 comentários
Marcadores: Joaquim Brasil Fontes, literatura grega, lírica grega, Safo
TERÇA-FEIRA, JANEIRO 26, 2010
Safo: fragmento 2 L-PVem de Creta até este puro santuário,
onde há para ti um querido bosque
de macieiras, altares que se acen-
-dem com incensos:
Lá águas frescas murmuram através de ramos
de macieiras, sombreia-se com rosas
todo o solo, e de trementes folhagens
derrama-se um feitiço: o sono.
Lá viceja um prado, pasto de corcéis,
com flores de primavera, e os ventos
sopram docemente:
Aqui, Cípris, tu conquistaste
néctar mesclado a festividades
vertendo-o com delicadeza
em nossos dourados cálices.
Outras fontes do fragmento:
Hermógenes, As formas do estilo, 2.34:
"E (sc. sobre os prazeres) pode-se descrever com simplicidade aqueles que não são torpes, como a beleza de uma
região, plantas diversas, a variedade dos rios e tantas outras coisas. É que estes incutem prazer aos olhos, ao serem
vistos, e aos ouvidos, quando alguém os anuncia, como fez Safo:
“ à sua volta, águas frescas murmuram através de ramos de macieiras”, e “das trementes folhagens derrama-se um
feitiço: o sono”. e o que mais é dito antes desses versos e depois.
Ateneu, o Banquete dos eruditos:
E segundo a bela Safo:
“Vem, Cípris,
Vertendo com delicadeza
Em nossos dourados cálices
Néctar mesclado a festividades”
Aos meus e aos teus companheiros.
(Tradução de Rafael Brunhara)
0 comentários
Marcadores: literatura grega, lírica grega, Safo, traduções
SÁBADO, DEZEMBRO 12, 2009
'Safo': Antologia Grega1. (7.489)
Eis as cinzas de Timas: morta pouco antes de casar-se,
Perséfone a acolheu em seu quarto sombrio.
Assim que ela morreu, as amigas, tão jovens quanto ela,
cortaram-se os cabelos com ferro afiado.
2. (7.505)
Menisco, pai de Pelagon, pescador, deixou-lhe na tumba
rede e remo, mementos de sua vida mísera.
Tradução: José Paulo Paes. in: Poemas da Antologia Grega ou Palatina. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
0 comentários
Marcadores: antologia grega, José Paulo Paes, literatura grega, lírica grega, Safo
DOMINGO, NOVEMBRO 15, 2009
Safo: Fragmentos 49, 55, 102 e 13049
Eu te amava, Átis, outrora...
...parecias-me pequenina e sem encantos.
55
Morta, jazerás: e não mais memória de ti
haverá então, nem saudade; pois não tiveste parte nas rosas
da Piéria. Invisa no palácio de Hades
vaguearás, entre débeis cadáveres esvoaçante.
102
Doce mãe, já não posso mais tecer a trama
por desejo a um rapaz domada pela esguia Afrodite.
130
Eros, de novo, que os membros deslassa, perturba-me:
doce e amargo, invencível monstro.
0 comentários
Marcadores: literatura grega, lírica grega, Safo, traduções
SEGUNDA-FEIRA, NOVEMBRO 02, 2009
Safo 34 VAstros ao redor da bela lua
De pronto ocultam sua luz fanal
quando plena ela mais fulge
argêntea
sobre a terra.
0 comentários
Marcadores: literatura grega, lírica grega, Safo, traduções
SEXTA-FEIRA, NOVEMBRO 21, 2008
Safo - EpitalâmioAo alto o teto
hímen!
erguei, carpinteiros.
hímen!
Vem-se o esposo: rival
hímen!
é de Ares, e homem
mais alto do que alto!
hímen!
Tradução: Pedro Alvim, in: Safo de Lesbos. SP: Ars Poética. 1993.
0 comentários
Marcadores: literatura grega, lírica grega, Pedro Alvim, Safo
SEXTA-FEIRA, FEVEREIRO 08, 2008
Safo 31 - Tradução de Elpino DurienseIgual aos Deuses me parece aquele
Que defronte de ti se assenta, e te ouve
De perto docemente conversando,
Docemente sorrindo.
Isto no peito o coração me assombra,
Que depois que te eu vi, jamais me veio
Voz alguma à garganta, antes quebrada
A língua se entorpece,
Eis já de veia em veia sutil fogo
Lavrando vai: c'os olhos nada vejo;
E sinto de contínuo em meus ouvidos
um túrbido zumbido.
Geladas bagas por meu corpo correm,
Um frígido tremor me toma toda;
O rosto amarelece (*), e quase morta
Nem respirar já posso.
(*) Nota do tradutor: O texto diz: "Estou mais verde que a erva"; mas esta imagem por muito vulgar não sairia bem
em nossa língua; como já notou o douto tradutor português de Longino, pelo que lhe substituímos o rosto
amarelece, lembrando-nos da Eglóga X, dos Segadores de Ferreira, que nos diz na altepenúltima oitava: "A mão te
treme, o rosto amarelece,"
2 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, literatura grega, lírica grega, Safo
SEGUNDA-FEIRA, DEZEMBRO 24, 2007
Safo: fragmentosNão minto: eu me queria morta.
Deixava-me, desfeita em lágrimas:
"Mas, ah, que triste a nossa sina!
Eu vou contra a vontade, juro,
Safo". "Seja feliz", eu disse,
"E lembre-se de quanto a quero.
Ou já esqueceu? Pois vou lembrar-lhe
Os nossos momentos de amor.
Quantas grinaldas, no seu colo,
— Rosas, violetas, açafrão —
Trançamos juntas! Multiflores
Colares atei para o tenro
Pescoço de Átis; os perfumes
Nos cabelos, os óleos raros
Da sua pele em minha pele!
[...]
Cama macia, o amor nascia
De sua beleza, e eu matava
A sua sede" [...}
Cai a lua, caem as plêiades e
É meia-noite, o tempo passa e
Eu só, aqui deitada, desejante.
— Adolescência, adolescência,
Você se vai, aonde vai?
— Não volto mais para você,
Para você volto mais não.
Tradução: Décio Pignatari
0 comentários
Marcadores: Décio Pignatari, literatura grega, lírica grega, Safo
QUARTA-FEIRA, DEZEMBRO 19, 2007
Safo 50 DO amor - súbita brisa
que nas folhas tropeça -
meu coração deixou tremente.
[Tradução de Jorge de Sena]
0 comentários
Marcadores: Jorge de Sena, literatura grega, lírica grega, Safo
DOMINGO, DEZEMBRO 16, 2007
Safo - fr.170Morrer é um mal – assim decidiram os deuses
eles que não morrem.
[Tradução: Joaquim Brasil Fontes]
0 comentários
Marcadores: Joaquim Brasil Fontes, literatura grega, Safo
Safo- fr. 2 L-PHá um murmúrio de águas frescas, através
dos ramos das macieiras, as rosas ensobram
todo o solo, e das folhas trémulas
escorre o sonho.
[vv.5-8. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira]
0 comentários
Marcadores: literatura grega, lírica grega, Maria Helena da Rocha Pereira, Safo
QUARTA-FEIRA, NOVEMBRO 28, 2007
Safo 105 L-PTal uma doce maçã rubra, que brilha no alto dos ramos,
mesmo no cimo de tudo, esquecida dos que andavam na colheita,
- esquecida não, é que não conseguiram antingi-la.
[Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira]
0 comentários
Marcadores: literatura grega, lírica grega, Maria Helena da Rocha Pereira, Safo
SEXTA-FEIRA, OUTUBRO 12, 2007
Safo: gênese do poemavem
lira quelônia
divina:
vira
sompoema
(Tradução: Haroldo de Campos)
0 comentários
Marcadores: Haroldo de Campos, literatura grega, lírica grega, Safo
Safo 5Morto o doce adônis
e agora citeréia
que nos resta?
lacerai os seios donzelas
dilacerai as túnicas
(Tradução Haroldo de Campos)
0 comentários
Marcadores: Haroldo de Campos, literatura grega, lírica grega, Safo
TERÇA-FEIRA, SETEMBRO 18, 2007
Safo, fr. 31 - Outra traduçãoDitosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.
Sinto um fogo sutil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.
Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frêmito me abala... eu quase morro... eu tremo.
Tradução: Décio Pignatari
Tradução de Jaa Torrano.
0 comentários
Marcadores: Décio Pignatari, literatura grega, lírica grega, Safo
Safo - fr.55 LPQuando morreres, hás-de jazer sem que haja no futuro
Memória de ti nem saudade. É que não tiveste parte
Nas rosas de Piéria. Invisível, andarás a esvoaçar
No Hades, entre os mortos impotentes.
Tradução: Maria Helena da Rocha Pereira.
0 comentários
Marcadores: literatura grega, lírica grega, Maria Helena da Rocha Pereira, Safo
SEGUNDA-FEIRA, SETEMBRO 10, 2007
Safo Fr.34Em torno a silene esplêndida
os astros
recolhem sua forma lúcida
quando plena ela mais resplende
alta
argêntea
[Fr.34 LP]
Tradução: Haroldo de Campos
0 comentários
Marcadores: Haroldo de Campos, literatura grega, lírica grega, Safo
DOMINGO, MAIO 20, 2007
Safo - Ode a AnactóriaDizem: O renque de carros ou de soldados
ou de navios é sobre a terra negra
a suprema beleza. Digo: é aquilo que
se ama.
Muito fácil fazer isto compreensível
a todos: - Helena, a que superou
toda beleza de humanos, ao mais nobre
marido
deixou atrás e foi a Tróia num navio.
Nem da filha nem dos pais queridos
nada se recordou, mas seduziu-a
Cípris.
Nas mãos de Cípris, é maleável a mente.
Eros faz nosso pensamento revirar-se
leve e faz-me lembrar agora Anactória
longe.
Quisera eu ver o encanto de seu andar
e a luz brilhante de seu rosto,
não carros da Lídia ou guerreiros
com armas.
(Tradução de Jaa Torrano)
0 comentários
Marcadores: Jaa Torrano, literatura grega, lírica grega, Safo
QUINTA-FEIRA, MAIO 10, 2007
Safo - Hino a AfroditeAfrodite imortal de faiscante trono
filha de Zeus tecelã de enganos peço-te:
a mim nem mágoa nem náusea domine
Senhora o ânimo
Mas aqui vem - se há uma vez
a minha voz ouvindo de longe
escutaste e do pai deixando a casa
áurea vieste
atrelado o carro. Belos te levavam
ágeis pássaros acima da terra negra
contínuas asas vibrando vindos do céu
através do ar,
e logo chegaram. Tu ó venturosa
sorrindo no rosto imortal indagas
o que de novo sofri, a que de novo
te evoco,
o que mais desejo de ânimo louco
que aconteça. "Quem de novo convencerei
a acolher teu amor?" "Quem, Safo, te faz sofrer?"
"Se bem agora fuja, logo te perseguirá,
se bens teus dons recuse, virá te dar,
se bem não ame, logo amará - ainda que
ela não queira."
Vem junto a mim ainda agora, desfaz
o áspero pensar, perfaz quanto meu ânimo
anseia ver perfeito. E tu mesma - sê
minha aliada.
(Tradução de Jaa Torrano)
0 comentários
Marcadores: Jaa Torrano, literatura grega, lírica grega, Safo
SÁBADO, MAIO 05, 2007
SafoParece-me par dos deuses
ser o homem que ante de ti
senta-se e de perto te ouve
a doce voz
e o riso desejoso. Sim isso
me atordoa o coração no peito:
tão logo te olho, nenhuma voz
me vem
mas calada a língua se quebra,
leve e sob a pele um fogo me corre,
com os olhos nada vejo, sobrezum-
bem os ouvidos
frio suor me envolve, tremo
toda tremor, mais verde que relva
estou, pouco me parece faltar-me
para a morte.
Mas tudo é ousável e sofrível...
(Tradução de Jaa Torrano)
Horácio, Ode II, 16Surpreso no amplo mar Egeu, o nauta,
logo que nuvem atra esconde a lua
e estrela alguma arde no céu, aos deuses
pede descanso;
descanso pede a furibunda Trácia,
pede-o o meda de aljavas enfeitado,
Grosfo, porque, com gemas e ouro, nunca
podem comprá-lo.
Pois o ouro e o consular litor não tiram
as agitações míseras do espírito
e os cuidados que os tetos sobrevoam,
ricos de ornatos.
Vive com pouco e bem aquele a quem
pátrio saleiro esplende à mesa simples
e não lhe rouba o sono, o medo e a inveja,
sórdido vício.
Por que, assim, tanto, intrépidos, visamos,
se a vida é breve? Buscar outra terra,
sob outro sol? Mas quem, fugindo a pátria,
foge a si mesmo?
Navios de bronze o mórbido cuidado
escala; equestre esquadrões persegue,
mais rápido que o cervo, mais veloz
que Euro soprando.
Alegre no presente, que a alma odeie
os cuidados futuros, e a amargura,
adoce-a, a rir: felicidade inteira,
essa não há.
Morte precoce arrebatou Aquiles,
longa velhice consumiu Titono,
talvez o fado me conceda aquilo
que te negou.
Cercam-te cem rebanhos a mugir
de vacas sículas, relincha-te a égua,
a quadriga apta, lãs três vezes tinta
de áfrico múrice
para o teu uso tens; a mim, me deu
pequeno campo, o sopro das camenas
gregas e o dom de desprezar o vulgo,
Parca veraz.
Tradução de Bento Prado de Almeida Ferraz.
Fonte: FERRAZ, Bento Prado de Almeida; PRADO, Anna Lia Amaral de Almeida (org.) Horácio: Odes e Epodos, SP:
Martins Fontes, 2003.
0 comentários
Marcadores: Bento Prado de Almeida Ferraz, Horácio, literatura latina
SEXTA-FEIRA, OUTUBRO 30, 2009
Horácio, IV. 2Pindarum quisquis studet aemulari,
Iulle, ceratis ope Daedalea
nititur pinnis, uitreo daturus
nomina ponto.
Monte decurrens uelut amnis, imbres 5
quem super notas aluere ripas,
feruet inmensusque ruit profundo
Pindarus ore,
laurea donandus Apollinari,
seu per audacis noua dithyrambos 10
uerba deuoluit numerisque fertur
lege solutis,
seu deos regesque canit, deorum
sanguinem, per quos cecidere iusta
morte Centauri, cecidit tremendae 15
flamma Chimaerae,
siue quos Elea domum reducit
palma caelestis pugilemue equomue
dicit et centum potiore signis
munere donat, 20
flebili sponsae iuuenemue raptum
plorat et uiris animumque moresque
aureos educit in astra nigroque
inuidet Orco.
Multa Dircaeum leuat aura cycnum, 25
tendit, Antoni, quotiens in altos
nubium tractus; ego apis Matinae
more modoque
grata carpentis thyma per laborem
plurimum circa nemus uuidique 30
Tiburis ripas operosa paruus
carmina fingo.
Concines maiore poeta plectro
Caesarem, quandoque trahet ferocis
per sacrum cliuum merita decorus 35
fronde Sygambros;
quo nihil maius meliusue terris
fata donauere bonique diui
nec dabunt, quamuis redeant in aurum
tempora priscum. 40
Concines laetosque dies et urbis
publicum ludum super impetrato
fortis Augusti reditu forumque
litibus orbum.
Tum meae, si quid loquar audiendum, 45
uocis accedet bona pars, et: 'O sol
pulcher, o laudande!' canam recepto
Caesare felix;
teque, dum procedis, io Triumphe!
non semel dicemus, io Triumphe! 50
ciuitas omnis, dabimusque diuis
tura benignis.
Te decem tauri totidemque uaccae,
me tener soluet uitulus, relicta
matre qui largis iuuenescit herbis 55
in mea uota,
fronte curuatos imitatus ignis
tertius lunae referentis ortum,
qua notam duxit niueus uideri,
cetera fuluus.
Aquele que pretende emular Píndaro,
Em penas com dedálea cera unidas,
Se estriba, ó Julo, que há de dar o nome
Ao vítreo pego.
Solto rio da serra, a quem as chuvas
Sobre as sabidas margens empolaram,
Tal ferve, e com profunda boca rue
Píndaro imenso.
Digno por certo da Apolínea láurea,
Ou por audazes ditirambos novas
Palavras volve, e com seus ritmos corre
De regras soltos:
Ou deuses canta, e reis de deuses sangue,
Pelos quais os centauros com merecida
Morte caíram; caiu da tremenda
Quimera a flama.
Ou conta aqueles que da élea palma a casa
Torna divinos, e o cavalo e o atleta,
E os brinda com uma dádiva mais nobre
Que cem estátuas:
Ou à flébil esposa o jovem chora
Roubado, e o valor e o espr'ito e os áureos
Costumes leva aos astros, e os ressalva
De Orco escuro.
Muita aura eleva, Antônio, ao Dirceu cisne,
Quando ele às altas regiões das nuvens
Desprega o voo: e eu da matina abelha
com gênio e arte,
Que com muita fadiga em torno ao bosque
E às ribas do orvalhado Tibur colhe
Gratos tomilhos, trabalhosos versos
Pequeno formo.
Tu cantarás poeta com mor plectro
A César merecido louro ornado,
Quando pelo sagrado outeiro arraste
Feros sicambros:
Nada maior,nem melhor que ele ao mundo
Os fados e os propícios deuses deram;
Nem hão de dar, inda que os tempos volvam
Ao ouro antigo.
E os ledos dias cantarás, e os jogos
Solenes da cidade, quando a vinda
Do forte Augusto conseguir, e o foro
livre de pleitos.
Então de minha voz grã parte soe
(se mereço que se ouça): Ó sol formoso,
De louvor e digno, eu cantarei, já tendo
Feliz a César.
E enquanto ele passar; viva ó Triunfo,
Diremos muita vez; toda a cidade
Dirá: viva ó Triunfo, e incensaremos
Os pios deuses.
A ti dez touros, e outras tantas vacas,
Desempenhem; a mim, tenro novilho,
Que a mãe deixando, em largos pastos cresce
Para meus votos;
Na fronte imita os encurvados fogos
Da lua, que ao terceiro dia nasce:
Aonde a mancha tem, níveo parece,
No mais é louro.
Tradução: Elpino Duriense
0 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, Horácio, literatura latina, lírica latina
SEXTA-FEIRA, JUNHO 05, 2009
Horácio, III. 2Angustam amice pauperiem pati
robustus acri militia puer
condiscat et Parthos ferocis
uexet eques metuendus hasta
uitamque sub diuo et trepidis agat
in rebus. Illum ex moenibus hosticis
matrona bellantis tyranni
prospiciens et adulta uirgo
suspiret, eheu, ne rudis agminum
sponsus lacessat regius asperum
tactu leonem, quem cruenta
per medias rapit ira caedes.
Dulce et decorum est pro patria mori:
mors et fugacem persequitur uirum
nec parcit inbellis iuuentae
poplitibus timidoue tergo.
Virtus, repulsae nescia sordidae,
intaminatis fulget honoribus
nec sumit aut ponit securis
arbitrio popularis aurae.
Virtus, recludens inmeritis mori
caelum, negata temptat iter uia
coetusque uolgaris et udam
spernit humum fugiente pinna.
Est et fideli tuta silentio
merces: uetabo, qui Cereris sacrum
uolgarit arcanae, sub isdem
sit trabibus fragilemque mecum
soluat phaselon; saepe Diespiter
neglectus incesto addidit integrum,
raro antecedentem scelestum
deseruit pede Poena claudo.
Robusto moço na milícia forte
Aveze-se à pobreza estreita, amigos;
E com a lança temível cavaleiro
Vexe os ferozes partos;
Viva ao relento, e em trepidos trabalhos:
A ele das hostis muralhas vendo
A matrona do rei beligerante
Suspire, e a adulta virgem:
Ah! não provoque o régio esposo, rude
Nas guerras, ao leão, feroz se o tocam;
A quem cruentas iras arrebatam
Por meio das matanças.
Pela pátria morrer é doce, e honroso.
Segue a morte o varão também, que foge;
Nem aos moços perdoa, que covardes
Timídas costas voltam.
A virtude com não manchadas honras
De sórdida repulsa isenta, brilha;
Nem de aura popular a arbítrio toma,
Ou depõe as machadas.
Abrindo o ceú aos que morrer não devem
Tenta a virtude insólito caminho;
Turba vulgar e úmida terra engeita
Com as fugitivas azas.
Tem o fiel silêncio também prêmio
Seguro: quem revela o sacrifício
Da arcana Ceres, não consinto, viva
Na mesma casa, ou solte
Comigo o batel frágil; ofendido
Os bons aos maus ajuntou às vezes Jove;
Raras vezes a pena com pé tardo
Deixou inulto o crime.
0 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, Horácio, literatura latina, lírica latina
SÁBADO, JANEIRO 03, 2009
Horácio, I,20Vile potabis modicis Sabinum
cantharis, Graeca quod ego ipse testa
conditum leui, datus in theatro
cum tibi plausus,
care Maecenas eques, ut paterni
fluminis ripae simul et iocosa
redderet laudes tibi Vaticani
montis imago.
Caecubum et prelo domitam Caleno
tu bibes uuam; mea nec Falernae
temperant uites neque Formiani
pocula colles.
Ordinário sabino por pequenas
taças, claro Mecenas cavaleiro,
tu beberás, que eu mesmo sigilara
guardado em talha grega;
quando o teatro te aplaudiu de modo
que as ribas do paterno rio, e o eco
engraçado do Monte Vaticano
te repetiu louvores.
Cécubo, e uva no lagar Caleno
bebe embora espremida, que meus copos
nem falernas videiras os temperam,
nem formiano outeiro.
Tradução de Elpino Duriense.
Fonte:
A lyrica de Quinto Horacio Flacco. Lisboa: Imprensa régia, 1807.
0 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, Horácio, literatura latina, lírica latina
SÁBADO, JULHO 26, 2008
Horácio II.7O saepe mecum tempus in ultimum
deducte Bruto militiae duce,
quis te redonauit Quiritem
dis patriis Italoque caelo,
Pompei, meorum prime sodalium,
cum quo morantem saepe diem mero
fregi, coronatus nitentis
malobathro Syrio capillos?
Tecum Philippos et celerem fugam
sensi relicta non bene parmula,
cum fracta uirtus et minaces
turpe solum tetigere mento;
sed me per hostis Mercurius celer
denso pauentem sustulit aere,
te rursus in bellum resorbens
unda fretis tulit aestuosis.
Ergo obligatam redde Ioui dapem
longaque fessum militia latus
depone sub lauru mea, nec
parce cadis tibi destinatis.
Obliuioso leuia Massico
ciboria exple, funde capacibus
unguenta de conchis. Quis udo
deproperare apio coronas
curatue myrto? Quem Venus arbitrum
dicet bibendi? Non ego sanius
bacchabor Edonis: recepto
dulce mihi furere est amico.
Ó tu, comigo muita vez exposto,
Sob mando de Bruto, ao lance extremo,
Quem te tornou Quirite aos pátrios deuses,
E aos céus da Itália, Varo,
De meus sócios primeiro? com que muitas
Vezes gastei bebendo o tardo dia,
Coroado os cabelos luzidios
Com os aromas sírios.
Contigo a filipense guerra, e a fuga
Veloz segui, deixando torpe o escudo,
Quando os minaces, rota a hoste, ó pejo!
Com o rosto o chão te tocaram.
A mim salvou-me de entre imigos pávido
Por densos ares o veloz Mercúrio,
A ti sorveu-te a onda em nova guerra
por estuosos mares.
A Jove presta pois o prometido
Banquete, e o corpo em longa guerra lasso
Sob o meu louro estende, nem perdões
Às talhas, que te esperam.
Do Mássico, por quem já tudo esquece,
As lisas taças enche: de amplas conchas
Cheiros entorna: quem traz presto crôas
De úmido aipo, ou mirto?
Quem fará Vênus árbitro do vinho?
Eu não menos bacante, que os edonios,
com furor beberei, com o amigo salvo,
Enlouquecer é doce.
Tradução: Elpino Duriense
0 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, Horácio, literatura latina, lírica latina
SEXTA-FEIRA, MAIO 09, 2008
Horácio, I, 1.Maecenas atauis edite regibus,
o et praesidium et dulce decus meum,
sunt quos curriculo puluerem Olympicum
collegisse iuuat metaque feruidis
euitata rotis palmaque nobilis
terrarum dominos euehit ad deos;
hunc, si mobilium turba Quiritium
certat tergeminis tollere honoribus;
illum, si proprio condidit horreo
quicquid de Libycis uerritur areis.
Gaudentem patrios findere sarculo
agros Attalicis condicionibus
numquam demoueas, ut trabe Cypria
Myrtoum pauidus nauta secet mare.
Luctantem Icariis fluctibus Africum
mercator metuens otium et oppidi
laudat rura sui; mox reficit rates
quassas, indocilis pauperiem pati.
Est qui nec ueteris pocula Massici
nec partem solido demere de die
spernit, nunc uiridi membra sub arbuto
stratus, nunc ad aquae lene caput sacrae.
Multos castra iuuant et lituo tubae
permixtus sonitus bellaque matribus
detestata. Manet sub Ioue frigido
uenator tenerae coniugis inmemor,
seu uisa est catulis cerua fidelibus,
seu rupit teretis Marsus aper plagas.
Me doctarum hederae praemia frontium
dis miscent superis, me gelidum nemus
Nympharumque leues cum Satyris chori
secernunt populo, si neque tibias
Euterpe cohibet nec Polyhymnia
Lesboum refugit tendere barbiton.
Quod si me lyricis uatibus inseres,
sublimi feriam sidera uertice.
De reis avós Mecenas descendente,
Ó meu amparo, ó doce glória minha:
A uns apraz alevantar no circo
Olímpica poeira, e das ferventes
Rodas a meta salva, e a palma nobre,
Que os alça aos Deuses árbitros da terra:
A este, se dos móbiles Quirites
Porfia a turba erguê-lo às mores honras:
Àquele, se guardou em seu celeiro,
Quanto das eiras líbicas se varre.
A quem folga com a enxada os pátrios campos
Fender nunca moveras com as atálicas
Fortunas, a que em cíprio lenho corte
o mar Mirtôo pavoroso nauta.
Temendo o mercador ábrego em luta
Com o mar icário, louva o ócio e os campos
Do ninho seu: mas logo os rotos vasos
Concerta indócil a sofrer pobreza.
Um do Massico anejo os copos ama,
E tirar parte ao dia inteiro, uma hora
Jazendo sob o verde medronheiro,
Ora à branda matriz da sacra linfa.
A muitos o arraial, e o som da tuba
Com os clarins misturado apraz, e as guerras
ódios das mães. Atura ao frio Jove
O caçador, e a tenra esposa esquece;
Ou vissem fiéis cães a corça, ou Marso
Javardo entrasse nas torcidas malhas.
A ti, das doutas frentes prêmio, as eras
Com os Deuses supernos me misturam;
A mim gélido bosque, e leves coros
Das ninfas, e dos sátiros, me extremam
Do povo: se nem tolhe Euterpe as frautas,
Nem foge de afinal Polínia a lira
Lésbia. Se aos vates líricos me ajuntas,
Ferirei com a sublime frente os astros.
Tradução: Elpino Duriense.
0 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, Horácio, literatura latina, lírica latina
DOMINGO, ABRIL 13, 2008
Horácio, Ode III.1Odi profanum uolgus et arceo.
Fauete linguis: carmina non prius
audita Musarum sacerdos
uirginibus puerisque canto.
Regum timendorum in proprios greges,
reges in ipsos imperium est Iouis,
clari Giganteo triumpho,
supercilio mouentis.
Est ut uiro uir latius ordinet
arbusta sulcis, hic generosior
descendat in campum petitor,
moribus hic meliorque fama
contendat, illi turba clientium
sit maior: aequa lege Necessitas
sortitur insignis et imos,
omne capax mouet urna nomen.
Destrictus ensis cui super impia
ceruice pendet, non Siculae dapes
dulcem elaboratum saporem,
non auium citharaequecantus
Somnum reducent: somnus agrestium
lenis uirorum non humilis domos
fastidit umbrosamque ripam,
non Zephyris agitata tempe.
Desiderantem quod satis est neque
tumultuosum sollicitat mare,
nec saeuus Arcturi cadentis
impetus aut orientis Haedi,
non uerberatae grandine uineae
fundusque mendax, arbore nunc aquas
culpante, nunc torrentia agros
sidera, nunc hiemes iniquas.
Contracta pisces aequora sentiunt
iactis in altum molibus: huc frequens
caementa demittit redemptor
famulis dominusque terrae
fastidiosus: sed Timor et Minae
scandunt eodem quo dominus, neque
decedit aerata triremi et
post equitem sedet atra Cura.
Quod si dolentem nec Phrygius lapis
nec purpurarum sidere clarior
delenit usus nec Falerna
uitis Achaemeniumque costum,
cur inuidendis postibus et nouo
sublime ritu moliar atrium?
Cur ualle permutem Sabina
diuitias operosiores?
Aborreço o profano vulgo e afasto.
Calai-vos: eu das musas sacerdote
Às virgens, e aos meninos versos canto,
Nunca até agora ouvidos.
Sobre o próprio rebanho os reis tremendos,
Nos mesmos reis tem Jove império,claro
Com giganteo triunfo, que o universo
Com o sobrolho abala.
Disponha um mais árvores à linha
Do que outro: ao campo desça um candidato
com mor nobreza: este mais pretenda
Por costumes, e fama:
Outro tenha mor turba de clientes:
Com lei igual sorteia a fatal morte
Os altos, e os pequenos; a grande urna
Revolve os nomes todos.
A quem sobre a cerviz ímpia a espada
Nua pende, nem siculos banquetes
Darão doce sabor, nem cantos de ave,
Ou doce lira trará sono.
O sono brando dos agrestes homens
Os humildes alvergues não desdenha,
Nem as umbrosas ribas, nem os Tempes
Dos Zéfiros movidos.
A quem deseja quanto lhe é bastante,
Nem o revolto mar lhe dá cuidado,
Nem seva força do cadente Arturo,
Ou do nascente Capro:
Nem do granizo as vinhas açoitadas,
Ou mendaz a terra, a árvore culpando
Ora água, ora astros, que as campinas torram,
Ou iníquios invernos.
Com os molhos lançados no alto pego
O peixe sente os mares estreitados:
Aqui contino com os serventes lança
Cimentos o empreiteiro,
E da terra o senhor enfastiado:
Mas sobe o medo, e as ameaças, onde
O dono: nem da brônzea nau se arreda,
Com cavaleiros de ancas
Monta o escuro cuidado: se ao doente
Nem frígio jaspe abranda, nem a púrpura,
Mais que os astros brilhante, nem falerna
Vide, ou aquimênio nardo;
Por que alçarei com pórticos, que invejem,
E por um novo estilo, átrio sublime?
Por que o sabino vale por riqueza
Trocarei mais penosas?
Tradução: Elpino Duriense in: Obras completas de Horácio.São Paulo: Edições Cultura. 1941.
1 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, Horácio, literatura latina, lírica latina
SEGUNDA-FEIRA, JANEIRO 21, 2008
Horácio 4, 7: Outra traduçãoDiffugere nives, redeunt iam gramina campis
arboribusque comae;
mutat terra vices et decrescentia ripas
flumina praetereunt;
Gratia cum Nymphis geminisque sororibus audet
ducere nuda choros.
immortalia ne speres, monet annus et almum
quae rapit hora diem.
frigora mitescunt zephyris, ver proterit aestas
interitura, simul
pomifer autumnus fruges effuderit, et mox
bruma recurrit iners.
damna tamen celeres reparant caelestia lunae;
nos ubi decidimus,
quo pius Aeneas, quo Tullus dives et Ancus,
pulvis et umbra sumus.
quis scit an adiciant hodiernae crastina summae
tempora di superi?
cuncta manus avidas fugient heredis, amico
quae dederis animo.
cum semel occideris et de te splendida Minos
fecerit arbitria,
non, Torquate, genus, non te facundia, non te
restituet pietas;
infernis neque enim tenebris Diana pudicuni
liberat Hippolytum,
nec Lethaea valet Theseus abrumpere caro
viucula Pirithoo.
Já fugiram as neves, torna aos campos
A relva, e a grenha às àrvores:
Muda a terra a estação, no leito correm
os rios já minguados:
Com as ninfas e irmãs gêmeas ousa a graça
Guiar despida os coros,
O ano, e a hora, que o almo dia rouba,
Te avisam, que não esperes
Coisa imortal: os frios se amaciam
Com os zéfiros, o estio
A primavera calca, precedeiro,
Quando espalhar os frutos
O pomífero outono: eis volta o inverno
Inerte; mas as luas
Presto reparam os celestes danos.
Nós mal caímos, onde
Éneas pio, rico Tulo e Anco
Já somos pó e sombra.
Quem sabe, os tempos de manhã se ajuntam
Aos de hoje os altos deuses?
Foge às àvidas mãos do herdeiro, quanto
Dás a teu gênio amigo.
Como uma vez morreres, e a esplendente
Sentença te der Minos,
Nem linhagem, Torquato, nem facúndia,
Nem virtude te livra;
Que nem das trevas infernais Diana
Casto Hipólito salva,
Nem as prisões de letes Teseu pode
Quebrar ao seu Piritôo.
[Tradução: Elpino Duriense]
0 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, Horácio, literatura latina, lírica latina
SEXTA-FEIRA, JANEIRO 18, 2008
Horácio 4,7Vão-se as neves e torna a grama aos campos
E as árvores as folhas;
O ano muda a terra,volta o rio
às margens, decrescendo.
graças e ninfas, gêmeas, ousam nuas
reger coros de dança.
Nada esperes do eterno, os anos fogem,
dias, horas te advertem.
Menos frios, mais zéfiros, Verão
expulsa primavera
por sua vez defunta às mãos do Outono,
que, com todos seus frutos,
pelo estéril Inverno é sucedido.
Céleres meses os celestes males
vão reparando; e nós
lá onde estão Enéias, Anco, Tulo...
Sombra e pó somos.
Mas quem sabe darão os deuses outro
tempo, esgotado o nosso?
-Ao menos salvarás de teus herdeiros
Torquato, o que gozaste:
Quando Minos esplêndido julgar-te
após morreres, não
te ressuscitarão tua eloquência,
tua estirpe, teus dotes:
Nem Diana do inferno arranca seu
Hipólito pudico,
Nem forças Teseu tem para livrar
seu Piritôo querido.
[Tradução: Mário Faustino]
0 comentários
Marcadores: Horácio, literatura latina, lírica latina, Mário Faustino
QUINTA-FEIRA, DEZEMBRO 20, 2007
Horácio, I.27Natis in usum laetitiae scyphis
pugnare Thracum est; tollite barbarum
morem uerecundumque Bacchum
sanguineis prohibete rixis.
Vino et lucernis Medus acinaces
immane quantum discrepat; impium
lenite clamorem, sodales,
et cubito remanete presso.
Voltis seueri me quoque sumere
partem Falerni? Dicat Opuntiae
frater Megyllae quo beatus
uolnere, qua pereat sagitta.
Cessat uoluntas? Non alia bibam
mercede. Quae te cumque domat Venus
non erubescendis adurit
ignibus ingenuoque semper
amore peccas. Quicquid habes, age,
depone tutis auribus. A! miser,
quanta laborabas Charybdi,
digne puer meliore flamma.
Quae saga, quis te soluere Thessalis
magus uenenis, quis poterit deus?
uix inligatum te triformi
Pegasus expediet Chimaera.
Entre os copos brigar ao prazer dados,
É dos trácios:tirai bárbara usança,
E comedidos resguardai a Baco
de sanguinosas rixas.
Quão longe está do vinho, e das lucernas,
O medo alfange! Moderai, ó sócios,
Esse alarido ímpio e recostados
ficai ao curvo braço.
Quereis que eu também parte do severo
Falerno beba? De Megila Opuncia
Diga o irmão, com que golpe, com que seta,
Afortunado morra.
Não quer? Pois eu não bebo de outra sorte:
Qualquer que seja o teu amor, não ardes
Em vergonhosas chamas; sempre pecas
Por um amor decente.
Eia tudo que tens, em meus ouvidos
fiéis depõe! Ah! Mísero mancebo,
Em qual Caribde lidas afanado,
Digno de melhor chama!
Qual bruxa, ou mago com os tessálios filtros,
Qual Deus soltar-te poderá! Apenas
Te livrará, o Pégaso, ligado
à triforme Quimera.
[Tradução: Elpino Duriense]
0 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, Horácio, literatura latina, lírica latina
Horácio, Ode I.8Lydia, dic, per omnis
te deos oro, Sybarin cur properes amando
perdere, cur apricum
oderit Campum, patiens pulueris atque solis,
cur neque militaris
inter aequalis equitet, Gallica nec lupatis
temperet ora frenis.
Cur timet flauum Tiberim tangere? Cur oliuum
sanguine uiperino
cautius uitat neque iam liuida gestat armis
bracchia, saepe disco
saepe trans finem iaculo nobilis expedito?
quid latet, ut marinae
filium dicunt Thetidis sub lacrimosa Troia
funera, ne uirilis
cultus in caedem et Lycias proriperet cateruas?
Ó Lídia, dize, pelos Deuses todos
Te rogo, por que a Sibaris te apressas
perder com teus amores?
Por que aborrece o campo descoberto,
Afeito ao pó e ao sol? por que soldado
Com os iguais não cavalga,
Nem com os dentados freios doma as bocas
Galezas? Por que teme o flavo Tibre
Tocar? E por que cauto
Mais que o vipéreo sangue, o óleo evita?
Nem traz os braços já das armas roxos
Ilustre arremessando
Ora o disco, ora o dardo além da meta?
Por que se encobre como o filho, dizem,
Fez da marinha Tétis,
Perto dos lacrimosos fins de Tróia;
Por que o traje viril o não lançasse
à morte, e às lícias tropas?
[Tradução: Elpino Duriense]
0 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, Horácio, literatura latina, lírica latina
DOMINGO, DEZEMBRO 16, 2007
Horácio I.5Quis multa gracilis te puer in rosa
perfusus liquidis urget odoribus
grato, Pyrrha, sub antro?
cui flavam religas comam
simplex munditiis? Heu quotiens fidem
mutatosque deos flebit et aspera
nigris aequora ventis
emirabitur insolens,
qui nunc te fruitur credulus aurea,
qui semper vacuam, semper amabilem
sperat, nescius aurae
fallacis. Miseri, quibus
intemptata nites. Me tabula sacer
votiva paries indicat uvida
suspensisse potenti
vestimenta maris deo.
Que delicado moço, em muitas rosas,
Banhado em cheiros líquidos te afaga,
Ó Pirra, sob a bela gruta? A flava
coma para quem atas,
Singela nos enfeites? Ai que vezes
A fé, e os Deuses chorará mudados,
E estranhará novel de ver os mares
com negro vento irosos.
O que ora de ti bela goza crédulo;
Que doutro sempre isenta, sempre amável
Te espera, e ignora, quanto a aura engana.
Desgraçados aqueles,
A quem tu brilhas não tratada: sacra
Parede no votivo amostra,
Que eu pendurei ao Deus, senhor dos mares,
os úmidos vestidos.
[Tradução: Elpino Duriense]
Transcriação de Haroldo de Campos
0 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, Horácio, literatura latina, lírica latina
Horácio I.11Tu ne quaesieris - scire nefas -, quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. Ut melius, quidquid erit, pati,
seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias! Vina liques et spatio brevi
spem longam reseces. Dum loquimur, fugerit invida
aetas: carpe diem, quam minimum credula postero.
Saber não cures, (é vedado) os deuses
A ti qual termo, qual a mim marcaram,
Nem consultes, Leuconoe,os babilônios
Cálculos, porque assim melhor já sofras
Tudo quanto vier, ou te dê Jove
Muitos invernos, ou só este, que ora
o Mar tirreno nas opostas rochas
Quebra. Tem siso, o vinho côa, e corta
em vida breve as longas esperanças.
Ínvida idade foge: colhe o dia,
Do de amanhã mui pouco confiando.
[Tradução: Elpino Duriense]
0 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, Horácio, literatura latina, lírica latina
QUARTA-FEIRA, OUTUBRO 17, 2007
Horácio I.14O nauis, referent in mare te noui
fluctus. O quid agis? Fortiter occupa
portum. Nonne uides ut
nudum remigio latus,
et malus celeri saucius Africo
antemnaque gemant ac sine funibus
uix durare carinae
possint imperiosius
aequor? Non tibi sunt integra lintea,
non di, quos iterum pressa uoces malo.
Quamuis Pontica pinus,
siluae filia nobilis,
iactes et genus et nomen inutile:
nil pictis timidus nauita puppibus
fidit. Tu, nisi uentis
debes ludibrium, caue.
Nuper sollicitum quae mihi taedium,
nunc desiderium curaque non leuis,
interfusa nitentis
uites aequora Cycladas.
Ó nau, ao mar te tornam novas ondas!
O que fazes? Com força o porto aferra.
Por ventura não vês, que as amuradas
Estão de remos nuas?
Que pelo ligeiro Àbrego ferido
O mastro geme, gemem as antenas?
E sem amarras mal as quilhas podem
sofrer soberbos mares?
Não tens velas inteiras, não tens deuses,
Que em novo perigo sossobrada invoques,
Inda que tu, ó Pôntico pinheiro,
De nobre selva filho,
Inútil geração e nome ostentes:
Tímido nauta nas pintadas popas
não se afiança. Aguarda, se não queres
ser ludíbrio dos ventos.
Tu, que tédio solícito me deste
Há pouco, ora saudade e grão cuidado,
Dos mares foge aparcelados entre
As Cicladas luzentes.
[Tradução: Elpino Duriense]
0 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, Horácio, literatura latina, lírica latina
SEXTA-FEIRA, OUTUBRO 12, 2007
Horácio, 1.9Garçom, faça o favor,
nada de luxos persas.
Nem me venha com estes
enfeites de tília.
Rosas? Não quero rosas,
Se alguma ainda esquiva
Resta da primavera.
Para mim basta o mirto.
O simples mirto.
O mirto com você
também combina,
Puer, garçom-menino,
ministro do meu vinho,
Que o vai servindo,
enquanto eu vou bebendo
Sob a cerrada vinha.
[Tradução: Haroldo de Campos]
0 comentários
Marcadores: Haroldo de Campos, Horácio, literatura latina, lírica latina
SÁBADO, SETEMBRO 15, 2007
Horácio I, 3Sic te diua potens Cypri,
sic fratres Helenae, lucida sidera,
uentorumque regat pater
obstrictis aliis praeter Iapyga,
nauis, quae tibi creditum
debes Vergilium; finibus Atticis
reddas incolumem precor
et serues animae dimidium meae.
Illi robur et aes triplex
circa pectus erat, qui fragilem truci
commisit pelago ratem
primus, nec timuit praecipitem Africum
decertantem Aquilonibus
nec tristis Hyadas nec rabiem Noti,
quo non arbiter Hadriae
maior, tollere seu ponere uolt freta.
Quem mortis timuit gradum
qui siccis oculis monstra natantia,
qui uidit mare turbidum et
infamis scopulos Acroceraunia?
Nequicquam deus abscidit
prudens Oceano dissociabili
terras, si tamen impiae
non tangenda rates transiliunt uada.
Audax omnia perpeti
gens humana ruit per uetitum nefas;
audax Iapeti genus
ignem fraude mala gentibus intulit;
post ignem aetheria domo
subductum macies et noua febrium
terris incubuit cohors
semotique prius tarda necessitas
leti corripuit gradum.
Expertus uacuum Daedalus aera
pennis non homini datis;
perrupit Acheronta Herculeus labor.
Nil mortalibus ardui est;
caelum ipsum petimus stultitia neque
per nostrum patimur scelus
iracunda Iouem ponere fulmina.
Assim a deusa poderosa em Chipre,
Assim os irmãos de Helena, brilhantes
Astros, e o rei dos ventos, só com jápis,
Prendendo os mais, te reja,
Ó nau, que és de Vergílio devedora,
Que a ti se confiou, rogo-te, o ponhas
Salvo nas terras áticas e guardes
Metade de minha alma.
Enzinho e tresdobrado bronze havia
Em torno ao peito, quem ao pego iroso
O baixel frágil cometeu primeiro;
Nem já temeu o ábrego.
Com os aquilões brigando impetuoso,
Híadas tristes, nem de Noto a raiva;
Que é de Adria o mor senhor, ou erguer queira,
Ou amainar as ondas.
Que gênero temeu de morte aquele,
Que a olhos secos viu nadantes monstros,
Que viu túrgido mar, e Acroceraunos
Infamados cachopos?
Em vão, próvido Deus com o oceano
As terras retalhou insociáveis,
Se contudo os baixéis ímpios trespassam
Os não tocandos mares.
Audaz a sofrer tudo, a gente humana
Por defesas maldades se despenha;
Audaz a prole de Jápeto às gentes
Com fraude iníqua o fogo
Trouxe: depois que o fogo à casa etérea
Se furtou, a magreza e nova tropa
De febre sobreveio à terra e o fado
Vagaroso da morte,
Dantes remota, apressurou o passo
Tentou com penas ao mortal não dadas,
Dédalo o ar vazio: o Aqueronte
Rompeu trabalho hercúleo.
Nada aos mortais é árduo: cometemos
Loucos o mesmo céu; e não deixamos
Com os nossos crimes, que deponha Jove
Os iracundos raios.
(Tradução: Elpino Duriense)
0 comentários
Marcadores: Elpino Duriense, Horácio, literatura latina, lírica latina
SÁBADO, MAIO 05, 2007
Horácio # 3Ode III, 30
Mais perene que o bronze um monumento
ergui, mais alto e régio que as pirâmides,
nem o roer da chuva nem a fúria
de Áquilo o tocarão, tampouco o tempo
ou a série de anos. Imortal
em grande parte, a morte só de pouco
de mim se apossará. Que eu semprenovo,
acrescido em louvor, hei de crescer
enquanto ao Capitólio suba o Sumo
sacerdote e a calada vestal. Aonde
violento o Áufido espadana, aonde
depauperado de água o Dauno agrestes
povos regeu, de humilde a poderoso
dirão que eu passei: príncipe, o primeiro
em dar o eólio canto ao modo itálico.
Assume os altos méritos, Melpómene:
cinge-me a fronte do laurel de Apolo.
(Tradução de Haroldo de Campos).
0 comentários
Marcadores: Haroldo de Campos, Horácio, literatura latina, lírica latina
Horácio # 2Ode I, 5
Quem, Pirra
agora
se lava em rosas
(pluma e latex)
na rosicama do
teu duplex?
Quem,
onda a onda,
do teu cabelo
desfaz a trança
platino-blonda?
Pobre coitado
inocente inútil
vai lamentar-se
para toda a vida.
Um deus volúvel
mais do que a brisa
muda em mar negro
seu lago azul.
Pensava que eras
dócil-macia
toda ouro mel.
Não és. Varias
(Ah quem se fia
no fútil brilho
desse ouropel!)
Eu, por meu turno,
todo ex-aluno,
esta oferenda
ao deus Netuno
padripotente
no teu vestíbulo
deixo suspensa
(vide a legenda):
VMIDA AINDA
A TVNICA
(Tradução de Haroldo de Campos)
0 comentários
Marcadores: Haroldo de Campos, Horácio, literatura latina, lírica latina
DOMINGO, ABRIL 29, 2007
HorácioOde I, IX (Tradução de Paulo Leminski)
Não me perguntes
Saber não presta
Leuconoe
Que fim os deuses nos preparam
Nem arrisque
Números de Babel
Como se fosse o máximo – o que vier: fature
Se o pai te concedeu vários invernos
Ou o último
Agora o mar Tyrrheno cepilha pedras de naufragar
Filtre o vinho
Sorva os coos
Prazo breve
Corta
A espera
A era já era
Antes do tempo de dizer
Estamos conversados
Pega este dia
Crer no próximo
Não vale um nihil
0 comentários
Marcadores: Horácio, literatura latina, lírica latina, Paulo Leminski
top related